Clipping Nacional de Educação Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2015 Capitare Assessoria de Imprensa SHN Qd2Edifício Executive Office Tower Sala 1326 Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br Valor Econômico 22/01/15 POLÍTICA Cid Gomes articula frente partidária Por Raquel Ulhôa e Murillo Camarotto O ministro da Educação Cid Gomes mantém a intenção de formar um novo partido - ou uma nova frente partidária - em consequência da aglutinação de siglas da base aliada do governo consideradas de esquerda. "A tese que defendo é que a presidente Dilma Rousseff precisa de uma sustentação mais equilibrada para seu governo", afirma Cid a interlocutores. Ele ainda nega a intenção de deixar o Pros. O ministro da Educação diz não ter conversado com Dilma sobre a articulação. O único encontro que teve para tratar do assunto foi com o ex-ministro de Dilma e senador eleito Fernando Bezerra (PSB), que tem defendido o retorno de sua sigla à base governista. Cid estimula a articulação de Bezerra para tirar o PSB da alegada "independência" em relação ao governo Dilma. "Voltar para a base é o correto. A história do PSB não é essa", argumenta, nas conversas com aliados. Seu raciocínio é que o governo hoje está sustentado em "duas pernas" - PT e PMDB -, cujas bancadas são relativamente equilibradas no Congresso, e precisa de outras duas forças de sustentação: uma mais à esquerda e outra de centro. Cid argumenta que "uma mesa não se sustenta sobre duas pernas", até porque o PMDB, na sua opinião, é um aliado que não oferece muita segurança. Mesmo assim, ressalva que a articulação "não é nada contra o PMDB". Contudo, se porventura o PMDB vier a falhar, três pernas podem sustentar uma mesa. O ministro Gilberto Kassab (Cidades), do PSD, que articula a refundação do PL, já cumpre o papel de terceira "perna". Ou seja, o PSD ou o partido que sucedê-lo seria a força de centro, na opinião de Cid Gomes. Portanto, Cid se vê na tarefa de estimular o agrupamento de siglas menores da base de Dilma que estão pulverizadas - e, por isso mesmo, frágeis - e são consideradas mais de esquerda, como PDT e PCdoB. E atrair para o novo partido ou frente descontentes do PSB, PV, do PPS e até do PMDB e do PSDB. "O ideal seria a formação de um grande partido, mas, se isso não for possível, de uma frente. Se também não for possível, pelo menos a formação de um bloco parlamentar. E, se ainda não der, pelo menos que o grupo se reúna na véspera das votações para conversar", diz Cid sobre a estratégia. A decisão de não deixar o Pros, segundo ele, está tomada. Considera "cruel" sua vida partidária "pregressa", tendo sido do PMDB, PSDB, PPS e PSB, antes do Pros. Quase sempre seguindo o irmão, Ciro Gomes. Valor Econômico 22/01/15 EMPRESAS Escolas vão à Justiça contra regras do Fies Por Thiago Resende A pressão de empresas do setor de educação contra as mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) passou agora a ser uma disputa judicial. A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) entrou com uma ação questionando a legalidades das alterações de normas do programa feitas pelo governo federal em portarias publicadas nos últimos dias de 2014. "Não acreditamos em uma solução política para isso. Portanto, buscamos uma saída jurídica", disse a presidente da entidade, Amábile Pácios, ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O processo está tramitando na 8ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. "O Ministério da Educação (MEC) não foi notificado" sobre o caso, se limitou a comentar a pasta. No mandado de segurança apresentado pela Fenep, a entidade se opõe à nota de corte para o acesso ao Fies. Uma das medidas incorporadas nas portarias é que apenas alunos que obtiverem 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderão entrar no programa. "Quem usa o Fies é estudante de escola pública, que geralmente apresenta qualidade de ensino mais baixa. O governo, assim, penaliza duas vezes esse aluno, pois também dificulta o acesso ao financiamento", avaliou Amábile. Além disso, questiona alteração no método do governo para pagar às universidades as mensalidades dos estudantes beneficiados pelo Fies. Agora, a cada ano, as instituições vão receber o valor correspondente a oito meses e os outros quatro meses ficarão para o ano seguinte. "É a lei do calote", afirmou ela. Outro argumento da federação é que as mudanças não poderiam ser adotadas por meio de portarias. "Naturalmente a estipulação desses critérios deveria se apresentar condizente com os propósitos e fins visados por essa política pública, bem como em consonância com os direitos fundamentais dos educandos a serem financiados", de acordo com o mandado. Ontem, dez parlamentares se reuniram com o ministro da Educação, Cid Gomes, para tratar das alterações nas regras do Fies. "Isso é um contrato que as empresas fizeram com o governo. Não pode ser interrompido", disse o deputado federal Gastão Vieira (PMDB-MA), que participou do encontro. Segundo ele, o ministro da Educação disse que o assunto está sendo discutido pela secretariaexecutiva da pasta. "Esperamos que haja um entendimento para essa questão. A gente está preocupado", frisou Vieira, que falou em nome do grupo formado por parlamentares do PSDB, PTB, DEM e outros partidos. Representantes da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes) também foram ontem até o MEC para uma reunião com o secretárioexecutivo da pasta, Luiz Cláudio Costa, mas o encontro não havia sido encerrado até o fechamento desta edição. A entidade já se reuniu há alguns dias com o secretário para tratar sobre as mudanças nas regras do financiamento. Até o começo da noite de ontem, o MEC negava a existência de qualquer reunião a respeito do tema. Valor Econômico 22/01/15 Ministro estuda mais rigor para Fies Por Thiago Resende O ministro da Educação, Cid Gomes, defendeu ontem a elevação da nota de corte para que os alunos tenham acesso ao financiamento estudantil (Fies) e disse que estuda aumentar as exigências para as universidades participantes. "Vou pensar para frente e em qualidade. Se estão com medo, vão ficar com medo mais ainda", disse, referindose às instituições que pedem a revisão da nota de corte. "É pouco essa exigência de patamar 450 [pontos no Enem para acessar o Fies] e vou defender mais rigor. Em vez de rigor no aluno, posso exigir rigor no curso. Só vou aceitar financiar matrícula nos cursos bons, com conceito excelente." EMPRESAS O GLOBO 22/01/15 PANORAMA POLÍTICO A fonte secou A bancada da Educação se reuniu com o ministro Cid Gomes (Educação). Os 12 deputados pediram, ontem, uma solução para o problema do setor privado. Universidades particulares reclamam que, com a mudança nas regras do Fies, menos alunos serão beneficiados pelo programa, e elas podem ter de fechar as portas. O GLOBO 22/01/15 O PAÍS Cresce número de menores em restrição de liberdade Dados mais recentes mostram que eram 20 .532 em 2012; em 2008, eram 16.868 ANDRÉ DE SOUZA BRASÍLIA- A quantidade de adolescentes que sofrem algum tipo de restrição de liberda devem aumentando ano após ano. Eram 16.868 em 2008, número que chegou a 20.532 em 2012, um crescimento de 21,7%. Os números são da edição do "Levantamento Anual dos/as Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa" , realizado pela Secretar ia de Direitos Humanos (SDH) da Presidência. O relatório foi concluído em setembro do ano passado com dados de 2012 e mostra ainda que 30 adolescentes morreram em unidades socioeducativas, a maioria devido a brigas. queda no número de adolescentes em situação de restrição de liberdade, entre eles Rio de Janeiro. Foi no Rio Grande do Norte a queda mais significativa: 53,9%. Nos outros estados, houve oin verso, com destaque para Alagoas: aumento de 588,75%. Considerado-se só o período entre 2011 e 2012, o número diminuiu em 12 unidades da Federação com destaque novamente para o Rio Grande do Norte: queda de 44,88%. O maior aumento, de 124,9%, também foi em Alagoas. Apesar do aumento, o relatório fez uma leitura positiva dos números. Isso porque o ritmo de crescimento diminuiu. A quantidade de adolescentes nessa situação subiu 4,78% entre 2011 e 2012. O aumento, considerado pequeno pela SDH, é menor que o observado entre 2010 e 2011: 10,7%. EM 2012, 30 MORTES O crescimento não foi uniforme em todo o país. Entre 2008 e 2012, 13 unidades da Federação tiveram O levantamento constatou que 30 adolescentes em privação de liberdade morreram em 2012. Foram 11 mortes por conflitos interpessoais e nove por conflitos generalizados. Houve cinco suicídios, duas mortes súbitas, uma execução em área externa, um óbito em decorrência de fuga, e uma morte para a qual não há informação. Sete mortes foram em Pernambuco. São Paulo teve cinco óbitos, seguido por Distrito Federal (quatro), Goiás três, Minas, Paraná e Tocantins(dois cada) e Rio de Janeiro, Santa Catarina, Ceará, Paraíba e Espírito Santo (uma cada). São Paulo continua sendo o estado onde há mais adolescentes em situação de restrição de liberdade, tanto em números absolutos como proporcionalmente. Em 2012, eram 8.497, ou 0,37% da população entre 12 e 21 anos, contra 0,1% da média nacional. Em 2012, os crimes mais comuns cometidos pelos adolescentes f oram roubo (38,7%), tráfico de drogas (27,05%) e homicídio (9,03%). O GLOBO 22/01/15 SOCIEDADE Da escola pública ao sonho da universidade federal LAURO NETO lauro. neto@ oglobo.com. br Estudantes da Baixada tiram nota mil na redação e agora vivem a expectativa de uma boa classificação no Sisu Larissa Moraes e Lohraine Souza não se conheciam até esta reportagem. Mas as duas têm uma história em comum. Com 18 anos, ambas moram em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, estudaram na rede pública de ensino, fizeram o cursinho PréVestibular Social do Cederj ( PVS) por dois anos e tiraram nota mil na redação do Enem 2014. Agora, querem realizar um mesmo sonho: cursar uma universidade federal. Larissa optou por Direito; Lohraine, por Letras. Realização. Lohraine (à esquerda) quer cursar Letras; e Larissa, Direito Atentas diariamente ao Sisu — que já tem mais de 2,2 milhões de inscritos —, elas vivem a expectativa de se classificar para o primeiro semestre. Até ontem, Larissa estava na quarta colocação de 21 vagas na UFRJ para cotistas de baixa renda formados na rede pública, depois de no primeiro dia ocupar o segundo lugar. Por isso, ela trocou sua segunda opção da UFF para a UFRRJ: — A minha nota está acima da de corte, mas sempre existe o medo de não passar, por causa da concorrência. Também aguardo o resultado da Uerj. Tirei conceito A na primeira fase, mas não fui tão bem na segunda. Já Lohraine trocou o turno da manhã pelo da noite, quando caiu da terceira para 15ª posição em 30 vagas reservadas para pretos, pardos e índios de baixa renda na habilitação Português/Espanhol, também na UFRJ: — Estou confiante, mas, como pode haver alguma surpresa, achei melhor trocar para o turno da noite (que é menos concorrido). Além do Sisu, fui aprovada em Turismo no Cefet-RJ. Quando souberam da nota máxima na redação, as duas tiveram reações bem parecidas. — Fiquei tremendo e chorei de alegria, pois não esperava receber essa nota. Percebi que, quanto mais árdua é a trajetória, maior é a felicidade de conseguir o objetivo. Na hora, lembrei de tudo que passei e vi que o esforço valeu a pena — conta Larissa. Lohraine soube da nota mil em redação em Buenos Aires: — Fiquei tremendo e chorando por muito tempo. Demorou um pouco para a ficha cair. FOLHA DE SÃO PAULO 22/01/15 EDITORIAL Ensino público e justo Não faltam estudos a mostrar que a posse de um diploma superior propicia significativo acréscimo de renda ao longo da vida. Alguém que curse uma universidade pública e gratuita, desse modo, obterá amplo benefício pessoal do investimento que todos os contribuintes fizeram na sua formação. deficiências. A mais saliente é que não se concebe a adoção dessa prática por uma única universidade. A consequência provável seria uma diminuição relativa na demanda por suas vagas, pois acarretaria ao candidato bem-sucedido um ônus inexistente em outras instituições. Claro está que a coletividade tem interesse na preparação de especialistas, como médicos e engenheiros. Não parece descabido, apesar disso, defender que os beneficiários ofereçam à sociedade, além de bons serviços profissionais, alguma compensação para retribuir recursos neles aplicados. Isolada, a USP também enfrentaria dificuldade para montar um sistema de alocação eficiente, capaz de encaminhar os formandos a postos de trabalho. Isso só parece exequível com a participação de todas as faculdades públicas num sistema nacional ou estadual de colocação. Ademais, há dúvidas sobre a constitucionalidade de tornar obrigatório esse serviço social. Pouco se discute o assunto no Brasil, porém, porque a gratuidade das universidades públicas se tornou um tabu. Age bem, assim, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, ao reviver a questão da equidade com a sugestão de que egressos da academia paulista prestem um serviço social em contrapartida pelo privilégio de nela estudar. Um médico recém-formado, por exemplo, poderia trabalhar por certo período no SUS; um engenheiro, engajar-se em projetos de habitação popular. A ideia embrionária foi apresentada por Zago no Conselho Universitário da USP. A discussão da proposta certamente apontará suas Se a noção do ressarcimento vier a prosperar como deveria, por seu conteúdo de justiça, seria preciso agregar ao debate outras formas de efetivá-lo. Cobrar mensalidades de quem puder pagar seria a mais óbvia --desde que acompanhada de um programa de bolsas ou financiamento subsidiado--, mas conta hoje com renhida oposição. Outro mecanismo é a cobrança de pequena alíquota adicional no Imposto de Renda dos diplomados, que garantiria um fluxo contínuo de verbas para as combalidas universidades públicas. A USP, por seu tamanho e excelência, teria muito a ganhar com isso. FOLHA DE SÃO PAULO 22/01/15 TENDÊNCIAS & DEBATES Vergonha nacional ARNALDO NISKIER Quando em um universo de 6 milhões de alunos só 250 tiveram nota máxima na redação, precisamos exigir do Estado providências urgentes Estamos vivendo em nosso país tempos sombrios em matéria de qualidade do ensino, especialmente se considerarmos a educação pública. Os resultados do Enem são catastróficos. Houve uma queda de 7,3% no desempenho médio em matemática. Na redação foi pior ainda: 9,7%. Vamos caminhando para o fundo do poço. Dos 5,9 milhões de candidatos, 529 mil tiraram nota zero na redação sobre publicidade infantil. Ou seja, são estudantes que concluíram o ensino médio, sabe-se lá Deus como, mas padecem dos males do analfabetismo funcional. São incapazes de raciocínios elementares. O que esperar dessa geração? Quando em um universo de quase 6 milhões de alunos só 250 tiraram a nota máxima (mil) na indispensável redação, pode-se inferir que estamos diante de uma fase caótica, a exigir providências que não podem mais tardar. Só o discurso bonito não produz efeitos práticos. O argumento de que houve um suave aumento nas notas em ciências humanas, ciências da natureza e linguagens não convence. Na média, de um ano para o outro, houve uma diminuição de 1% na nota geral. É com esse quadro que vamos oferecer competentes recursos humanos para ampliar o atendimento ao ensino superior? Todos dizem que poderíamos estar com 10 milhões de universitários (temos 7 milhões), mas de que vale crescer o número com pessoas literalmente incompetentes? A análise do fenômeno da redação enseja curiosas observações. Metade dos que tiraram zero receberam essa nota porque houve fuga do tema. Ou seja, embromação. Cerca de 13 mil copiaram o texto motivador e ainda houve 955 que ofenderam direitos humanos. Não se pode culpar a escolha do tema pelo resultado, pois se os alunos tivessem sido bem preparados com uma boa base de leitura, isso não teria ocorrido. Em uma conversa de horas com o ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas, um profundo conhecedor do nosso vernáculo, ouvimos também críticas ao enunciado das questões. Foi taxativo: "Nem eu, com a minha experiência, seria capaz de responder a todas as perguntas sobre língua portuguesa. Fiquei abismado com a falta de objetividade. Aliás, fiquei abismado também com a mania da pegadinha, que empolgou os examinadores". Como se vê, há problemas em todas as frentes. A educação básica cresceu em números, é certo, mas não corresponde às expectativas no que tange à qualidade. Enquanto se discute o sexo dos anjos, os resultados concretos estão aí, diante de todos, mostrando que há um longo caminho a ser percorrido. O curioso é que, em todo esse processo, pouco se fala na 22/01/15 formação e no aperfeiçoamento dos professores. Temos quase 3 milhões deles no Brasil inteiro, mas é sabido que a qualidade do que se ministra nos cursos de magistério deixa muito a desejar. Para acabar com essa vergonha, só uma ampla reforma. ARNALDO NISKIER, 79, doutor em educação, é membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) no Rio de Janeiro FOLHA DE SÃO PAULO 22/01/15 COTIDIANO USP Reitor pede que diretores reabram casos de abuso DE SÃO PAULO - O reitor da USP, Marco Antonio Zago, pediu que os diretores das faculdades da USP reabram sindicâncias de casos antigos de estupro na instituição --o tema veio à tona após denúncias de abuso sexual no curso de medicina. O pedido foi feito nesta quarta (21) em CPI da Assembleia Legislativa que investiga casos de violações de direitos humanos na USP. Deputados questionaram a credibilidade das sindicâncias. Foi citado o caso de uma aluna abusada na Faculdade de Medicina que afirmou à CPI não ter tido acesso ao documento com seu depoimento. O ESTADO DE S. PAULO 22/01/15 METRÓPOLE 22/01/15 O ESTADO DE S. PAULO 22/01/15 ECONOMIA Faculdades particulares entram na Justiça contra novas regras do Fies 22/01/15 CORREIO BRAZILIENSE 22/01/15 BRASIL EDUCAÇÃO » Prazo para inscrição no Sisu acaba hoje » DANIELA GARCIA Estudantes que fizeram a edição do Exame Nacional do Ensino Médio de 2014 podem se inscrever até as 23h59 de hoje para se candidatar a uma vaga por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A orientação do Ministério da Educação (MEC) é que os candidatos não deixem para fazer o processo no site http:// sisu.mec.gov.br/ no fim do dia. Até as 14h de ontem, o sistema registrou 2.247.694 inscritos. Na Universidade de Brasília (UnB), medicina é o curso com a maior nota de corte: 829,25, pontuação ligeiramente maior que a da última terça-feira (826,54). É recomendável verificar a atualização das pontuações mínimas, divulgadas às 2h de hoje no site do programa. A nota de corte é apenas uma referência, e não assegura a classificação final no Sisu. Para o cálculo dela, o sistema considera a quantidade de vagas disponíveis e o número de inscritos no dia anterior. Como faltam apenas algumas horas para o fim do prazo de inscrições, os estudantes precisam chegar logo a uma decisão em relação às opções de graduação e de instituição. Em comparação com o primeiro balanço parcial, os 15 cursos mais concorridos da UnB apresentaram variação. Farmácia (veja quadro), por exemplo, passou a exigir 15 pontos a mais. Na terça-feira, a nota de corte registrada era de 757, 03. Nesta primeira edição do Sisu 2015, o sistema vai ofertar 205.514 vagas, em 5.631 cursos de 128 instituições. Para a UnB, são 1.982 oportunidades em 84 graduações. Há três opções de modalidade de ingresso: pelo sistema de cotas sociais, pela ampla concorrência ou por outras ações afirmativas eventualmente adotadas pela instituição. A inscrição está restrita ao estudante que tenha participado do Enem em 2014. Fica impedido de se inscrever aquele que tenha tirado zero na prova de redação. É necessário informar o número de inscrição e a senha usados no Enem de 2014. Mais de 6,2 milhões de estudantes fizeram o exame nacional no ano passado. 22/01/15 CORREIO BRAZILIENSE 22/01/15 OPINIÃO A internet é inocente Dad Squarisi [email protected] Mais de meio milhão de zeros no Enem? A notícia surpreendeu. Não pela nota. Mas pela quantidade de reprovados. Explicações caíram do céu e saltaram do inferno. Entre elas, a falta de familiaridade com o tema, a fuga do tema, a incompreensão do tema. Muitos responsabilizaram a internet pela calamidade do Enem. A rede teria o poder de deseducar. Quem escrevia deixou de escrever. Será? Jornais, revistas, sites, blogues estão ao alcance de um toque. Ninguém precisa ir à banca comprar a informação. Cartas viraram lembranças de tempos idos e vividos. Deram vez a mensagens eletrônicas que vão e vêm em segundos. O Google relegou ao esquecimento enciclopédias que há pouco enchiam as estantes de orgulho. Em bom português: mudamos o suporte, mas continuamos a ler e a escrever. Em vez de papel, a tela. Culpar o suporte pelo fracasso da moçada é baratear o problema. O buraco é mais embaixo. Lê mal e escreve mal quem nunca aprendeu a ler bem e a escrever bem. O retrato exibido pelo Enem é obra da escola. Não entender o tema constitui problema de leitura. Não conseguir desenvolvê-lo, de escrita. Criança é curiosa. Adora aprender. Estimula-se com desafios. Enfrenta embates. Mas … cadê? Encontra salas de aula do século 19, professores sem compromisso, material didático modernoso — sem foco e não raras vezes com erros grosseiros, confunde em vez de ensinar. Com internet ou sem internet, o resultado não muda. Sem o domínio das habilidades de leitura e escrita — fruto de estudo, disciplina e treino — esperar nota azul nesse cenário é ignorância, má-fé ou ingenuidade. Somos poliglotas na nossa língua. “Não falamos português”, ensinou Saramago. “Falamos línguas em português.” A mãe de todas elas — a norma culta — abre o caminho da liberdade. Com trânsito nas possibilidades do idioma, torna-se possível escolher. Gírias, regionalismos, estrangeirismos, abreviaturas, internetês & cia. ilimitada têm vez no universo da comunicação. Usálos no contexto correto pressupõe conhecimento — o saber que a escola sonega aos brasileiros. CORREIO BRAZILIENSE 22/01/15 OPINIÃO A ausência da biblioteca escolar e o meio milhão de zeros no Enem » MURILO BASTOS DA CUNHA Professor da Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília Nos últimos dias, uma das notícias mais comentadas no Brasil foi o fato de que na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 529.373 estudantes tiraram zero. Dos 6.193.565 estudantes que prestaram o Enem em 2014, 8,5% zeraram a prova de redação, enquanto apenas 250 conseguiram a nota máxima. Esse meio milhão de notas zero é um número chocante e provocou inúmeras reações na mídia, reclamações dos professores e dirigentes das escolas e também do público em geral. Nas notícias que li e nos programas de rádio ou de televisão que tive a oportunidade de ouvir ou assistir não vi nenhuma menção à falta de biblioteca nas escolas do ensino fundamental e médio. Aqui, não valeria a pena especular se esse meio milhão de zeros não teve como um dos fatos geradores a ausência da biblioteca escolar? Será que esse meio milhão de jovens brasileiros não foi privado de usar o potencial informativo dessas bibliotecas? Será que a falta desse espaço de leitura e estudo também não provocou perdas perante os professores desses jovens? É sabido que, em nosso país, a biblioteca não faz parte dos componentes de uma escola. Em decorrência disso, em 2010, foi aprovada a Lei nº 12.244, dispondo que até 2020 toda escola deveria ter biblioteca. Como sabemos, em nosso país existem leis que pegam e outras que são letras mortas. Em 2012, tentando fazer com que a Lei nº 12.244 pegasse, o Instituto Ecofuturo lançou a campanha “Eu quero a minha biblioteca”. Dados dessa importante e cívica iniciativa mostraram que: — para a lei ser cumprida no prazo, 53 bibliotecas deveriam ser construídas por dia no Brasil; — O estado com menor percentual de bibliotecas por escolas era o Maranhão: apenas 12,6% das escolas tinham bibliotecas. Já o Rio Grande do Sul, com 62,4%, era o com maior percentual. Dados do Instituto Ecofuturo mostraram correlação positiva entre a existência da biblioteca na escola e a qualidade do aprendizado por parte dos alunos: “o impacto chega a ser de 156% de melhoria no índice de aprovação escolar e de 46% na redução da taxa de abandono”. A triste realidade da falta de biblioteca é agravada pelo baixo hábito de leitura. Não estou falando somente dos alunos que, atualmente, ficam mais antenados nas redes sociais acessadas pelos telefones celulares. Falo também da formação precária dos professores que, geralmente, não são leitores. Assim, muitos mestres não motivam seus alunos a lerem, pois eles também não são leitores regulares. Além da criação da biblioteca escolar, é importante se pensar nos recursos humanos qualificados para gerir o local. Similar à educação física, em que não se pensa em contratar profissional que não seja graduado, na biblioteca é básico que se pense no bibliotecário e no assistente. Eles são profissionais habilitados a dinamizarem esse espaço no ambiente escolar. Na unidade de ensino que conta com esse serviço é salutar que se pare com a ineficaz tradição de deslocar para o setor professores com algum problema de saúde, senhoras grávidas ou mesmo os alérgicos ao pó do giz. Sem o devido pessoal qualificado, não poderá cumprir o importante papel que lhe é reservado no contexto escolar. 22/01/15 Quer um exemplo da importância da leitura? Pois bem. O tema de redação da última prova do Enem, essa que teve meio milhão de notas zero, foi “publicidade infantil em questão no Brasil”. A ideia de que as bibliotecas são componente essencial no processo educativo é aceita por todo educador. No entanto, como vimos anteriormente, é pequeno o percentual das escolas que têm esse vital equipamento. Anísio Teixeira, um dos grandes educadores brasileiros, no modelo da Escola Nova, defendeu, a uns 70 anos atrás, a biblioteca como algo importante na moderna escola. Será que ainda teremos que esperar mais 70 anos para a biblioteca ser integrante da escola brasileira? A biblioteca escolar pode fazer com que o novo slogan governamental — “Brasil, Pátria Educadora” — seja algo real e factível. Nosso país precisa de muita leitura, de bons livros, impressos ou eletrônicos, de boas bibliotecas.