Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 ISSN 1517-8595 167 UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL PARA DESTOXICAÇÃO DO FARELO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM SECADOR ELÉTRICO DE BANDEJA Maria Susana Silva1, Suyare Araujo Ramalho2, Lidiane Costa Macedo3, Jane Jesus da Silveira Moreira4 , Narendra Narain5, Gabriel Franscisco da Silva6 RESUMO O farelo da mamona é rico em proteína, mas devido a sua toxidez não pode ser ingerida por animais sem tratamento adequado de destoxicação, sendo utilizado apenas como adubo. Os processos de destoxicação mais utilizados ocorrem por via térmica, química, enzimática ou processos combinados. O planejamento experimental é importante para verificar as variáveis que mais interferem no processo de destoxicação, permitindo minimizar o custo e o número de experimentos envolvidos na investigação experimental. Este trabalho tem como objetivo verificar a influência da utilização do planejamento experimental fatorial para o processo de destoxicação do farelo de mamona (Ricinus communis L.) por via térmica em secador elétrico de bandeja. As conclusões do trabalho avaliaram que o uso do secador elétrico de bandeja modelo PE 100 semi-industrial para o tratamento térmico do farelo de mamona utilizando o planejamento 22 proporciona a redução de mais de 95% do teor de ricina com o teor de proteínas igual a 23,86%. Palavras-chave: destoxicação, farelo de mamona, planejamento fatorial, ricina, secagem USE OF EXPERIMENTAL METHODOLOGY FOR PLANNING DETOXIFICATION OF THE MEAL CASTOR BEAN (Ricinus communis L.) ON ELECTRIC TRAY DRYERS ABSTRACT The castor bean meal is most rich in protein; however, due to its toxicity it cannot be ingested by animals without adequate detoxification treatment – for this reason it is only used as a fertilizer. The detoxification process is carried out most often by a combination of thermal, chemical or enzymatic processes. The experimental planning is important for checking the variables that most affect the process of detoxification, allowing for the minimization of the cost and number of experiments involved in experimental research. This paper discusses the influence of the use of factorial experimental planning on the process of detoxification of castor oil (Ricinus communis L.) by thermal-electric dryer tray. The study evaluates the use of the electric dryer tray model PE 100 semi-industrial used for the heat treatment of castor oil by using the planning 22 that provides a reduction of over 95% of the content of ricin and a protein content of 23.86%. Keywords: detoxification, castor oil, factorial design, ricin, drying Protocolo 13-2011-19 de 4 de julho de 2011 1 Mestre em Engenharia Química. Universidade Federal de Sergipe. Tel: (79) 21056556. E-mail: [email protected] Mestranda em Engenharia de Alimentos. Universidade Federal de Sergipe. Tel: (79) 21056535. E-mail: [email protected] 3 Mestranda em Engenharia Química. Universidade Federal de Sergipe. Tel: (79) 21056556. E-mail:[email protected] 4 Professora do Departamento de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal de Sergipe.Tel: (79) 21056535. E-mail: [email protected]; 5 Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal de Sergipe. Tel: (79) 21056535. E-mail: [email protected] 6 Professor do Departamento de Engenharia Química. Universidade Federal de Sergipe. Tel: (79) 21056556. E-mail:[email protected] 2 168 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. INTRODUÇÃO O farelo da mamona é rico em proteína, mas devido a sua toxidez não pode ser ingerida por animais sem tratamento adequado de destoxicação, sendo utilizado apenas como adubo. Os processos de destoxicação mais utilizados ocorrem por via térmica, química, enzimática ou processos combinados. A toxidez da mamona ocorre devido a três componentes: a ricina, a ricinina e o complexo alergênico CB-1A. A ricina é a toxina mais letal representando aproximadamente 1,5% da torta de mamona. A ricinina é um alcalóide e representa 0,23% da torta não representando tanto perigo quanto a ricina. O fator alergênico (CB-1A) é uma proteína estável com grande capacidade alergênica aos indivíduos, principalmente por inalação, cujo teor na torta sem cascas e gorduras varia de 6,1 a 9,0%. O planejamento experimental é importante para verificar as variáveis que mais interferem no processo de destoxicação, permitindo minimizar o custo e o numero de experimentos envolvidos na investigação experimental. Este trabalho tem como objetivo discutir a influência da utilização do planejamento experimental fatorial para o processo de destoxicação do farelo de mamona (Ricinus communis L.) por via térmica em secador elétrico de bandeja. As conclusões do trabalho são verificadas na superfície de resposta do planejamento experimental 22 do farelo em função do teor final de ricina. Planejamento experimental fatorial completo Os planejamentos fatoriais completos são indicados quando se conhecem quais as variáveis mais significativas para o sistema em estudo e se quer avaliar quantitativamente sua influencia sobre a resposta de interesse. Ao iniciar os estudos o primeiro passo deve ser a escolha dos fatores e a resposta de interesse. Escolhem-se variáveis que influenciam o fenômeno estudado, e proporcionam uma resposta experimental ou função resposta. A resposta é a propriedade em que se tem interesse, que pode ser qualitativa ou quantitativa (pureza, composição química, concentração, temperatura, etc), dependendo da escolhas das características do sistema que se investiga (Fargin et al. 1985). No planejamento fatorial completo, os experimentos devem ser realizados em todas as possíveis combinações de níveis de fatores. Em cada um desses experimentos, o sistema é submetido a um conjunto de combinações de níveis definidos, o conjunto dessas combinações é chamada de matriz de planejamento. Cada linha da matriz define um experimento correspondente a uma combinação de níveis superior e inferior de cada fator. Normalmente, os níveis superiores e inferiores são identificados com os símbolos (+) e (-) , respectivamente. A faixa correspondente ao menor e maiores nível atribuído denomina-se de domínio experimental do planejamento (Muniz, 2005). Em geral se houver n1 níveis do fator 1, n2 níveis do fator 2,... e nk do fator K, o planejamento será um fatorial n1x n2x ...nkx. O planejamento mais simples de todos é aquele em que todos os fatores são estudos em dois níveis. Para K fatores, isto é, K variáveis controladas pelo experimentador, um planejamento completo de dois níveis exige a realização de 2x2x...x2 = 2k ensaios diferentes (Barros Neto et al., 2002). Os efeitos das variáveis principais e suas interações podem ser calculados usando a diferenças das médias das respostas obtidas. A significância estatística atribuída aos dos efeitos pode ser estimada, baseada no intervalo de confiança considerado (95%), usando a distribuição de Student, ou através da analise de gráficos normais. O modelo estatístico usado para descrever as respostas de um planejamento fatorial é formulado em termos dos efeitos por unidade de variação dos fatores. A dependência da resposta analisada (Y) com as variáveis experimentais (Xi) pode ser aproximada por uma equação polinomial (Equação 01). Ү = b0 + ∑ bix1 + ∑ bijxixj ( 01) onde, b0, bi, bij são constantes, x1 representa as variáveis independentes e xixj suas interações. Os resultados podem ser expressos na forma de diagramas de interações, contorno, superfícies e cubos para representar e interpretar as relações existentes entre as respostas e os fatores estudados. No presente trabalho foi utilizado o planejamento experimental 22 variando a temperatura e o tempo de exposição de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. secagem, apenas o ponto central foi feito em triplicata. Procedimento experimental O farelo utilizado foi obtido a partir das sementes de uma mistura de variedades de mamona que foram trituradas e passaram por prensagem mecânica seguida de extração química a frio do óleo com hexano, na proporção de 150 ml para cada 50g de farelo. Para a realização dos ensaios foram utilizados 100g do farelo por amostra, sendo que foram utilizadas no máximo duas amostras por bandeja e sete bandejas por ensaio. Foi utilizado um secador modelo PE 100 semi-industrial (Figura 1). A temperatura de trabalho do secador vai desde a temperatura ambiente até 90ºC, área total de secagem com 5,85 m2 com capacidade de 75 kg. 169 Tabela 1: Condições experimentais no secador Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 Níveis + + 0 0 0 T (ºC) 70 70 90 90 80 80 80 t(horas) 2 6 2 6 4 4 4 As análises da ricina residual nas amostras foram realizadas no Laboratório de Análise de Flavor do Núcleo de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Sergipe por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector de arranjos de diodo (CLAE/DAD). A exposição dos resultados serão apresentados na forma gráficos e Tabelas, em função dos valores de temperatura, tempo de tratamento, perda de massa em cada amostra e degradação de ricina. As amostras foram analisadas conforme os procedimentos descritos a seguir. a) Análises físico-químicas Fonte:Pardal, 2009 Figura 1: Secador PE 100 semi industrial O controle da temperatura foi feito através de termopares distribuídos da seguinte forma: na entrada da câmara de secagem, na bandeja central e na amostra. Foram coletadas amostras mediante intervalos de uma hora para obtenção do teor de ricina e a perda de massa do produto. Também foram realizadas análises de proteínas e umidade total depois de cada ensaio. Foram feitos ensaios em função do planejamento experimental 22 variando a temperatura e o tempo de exposição de secagem, apenas o ponto central foi feito em triplicata (conforme Tabela 1). Foram realizadas as seguintes análises físico-químicas para as amostras de farelo: Proteína: pelo método Micro Kjedahl, sendo o fator 6,38 multiplicado pela percentagem de nitrogênio encontrada (AOAC, 2005); Proteína: Caracterização de Proteínas por Meio de Reações de Coloração (Moore, 1968). Umidade: determinado pelo método nº 012/IV do IAL (2008), e expressa em g/100g; b) Determinação do teor de ricina Neste trabalho isolou-se a ricina presente no farelo da mamona e analisaram-se as amostras utilizando Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector de arranjos de diodo (CLAE/DAD). Tal método utiliza uma coluna C18 de 15 cm, fase móvel de ACN:H2O (90:10, v:v), fluxo da fase móvel de 0,8 mL. Tais parâmetros permitem que a análise do composto em questão seja realizada em cerca de 10 minutos. Onde primeiro se extrai a ricina Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 170 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. para depois purificar e, por último, analisar no cromatógrafo (Kabat, 1947; Anandan, 2005). experimentos em função do tempo podem ser observadas nas Figuras 2 e 3, a seguir. O teor de proteína do farelo de mamona após o tratamento térmico em ambos os secadores sofreu reduções, como pode ser observado na Tabela 2, porém essas reduções não excluem o potencial do farelo para como alimento animal. RESULTADOS E DISCUSSÕES A variação da razão de umidade e a temperatura da amostra de secagem durante os 1,1 70°C 80°C 90°C 1,0 0,9 0,8 0,7 R.U 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo (horas) Figura 2: Variação da Razão de Umidade (RU) em função do tempo de secagem. Temperatura da amostra (°C) 80 70 60 50 40 70°C 80°C 90°C 30 20 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (min) Figura 3: Temperatura da amostra em função do tempo de secagem Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. Tabela 2: Teor de proteína em função da temperatura e do tempo de secagem Temp. (°C) 70 80 90 T (horas) 0 2 6 0 4 0 2 6 Proteínas totais (%) 38,15 29,67 24,6 38,15 25,41 38,15 23,92 23,21 Após o processo de extração e purificação da ricina, foi realizado o teste qualitativo para comprovar a presença ou não de proteína ricina na solução extraída do farelo para cada ensaio de secagem (Tabela 3). Para isso, utilizou-se a solução de Ninhidrina que provoca o desenvolvimento de uma coloração arroxeada na solução, indicando a presença da proteína. Embora estes testes não comprovem a isenção total da ricina, eles são de extrema importância para se verificar rapidamente a eficiência dos tratamentos empregados, demonstrando o efeito da temperatura e do tempo de tratamento em relação à ricina presente no farelo de mamona. Observa-se que os tratamentos a 80 ºC por 4 horas e a 90ºC por 6 horas não tiveram presença de coloração ao serem testados com Ninhidrina, indicando a possibilidade da ausência da ricina no extrato ou a redução da proteína a concentrações muito baixas, 171 insuficientes para provocar a reação de desenvolvimento de cor. Tabela 3: Resultado qualitativa da presença da ricina Temp. (°C) - Tempo Verificação (horas) Qualitativa da Ricina 0 forte coloração 2 forte coloração 6 fraca coloração 4 cor não observada 2 forte coloração 6 cor não observada 70 80 90 As analises de determinação de ricina por CLAE/DAD foram identificada pelo tempo de retenção de 3,7 e pelo espectro de absorção UV que segundo Alderton et al (2001), Gaigalas et. al (2007)), a absorção máxima no espectro do UV ocorre a 280nm, com o fluxo móvel de 0.8mL/min no tempo total de 10min de análise. Nas Figuras 4 e 5 pode ser observado respectivamente o espectro de absorbância da amostra e o cromatograma da amostra padrão sem tratamento térmico no comprimento de 214 e 280 nm. Figura 4: Espectro de absorção da ricina no HPLC UV Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 172 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. Figura 5: Cromatograma da ricina a 280nm e 214 nm respectivamente De acordo com os resultados de dosagem da ricina por CLAE/DAD, a redução do teor de ricina foi observado em todos os ensaios de secagem, para os quais quanto maior a temperatura e o tempo de secagem, maior o percentual de ricina eliminado, de acordo com a Figura 6. O melhor resultado alcançado foi para o tratamento a 90°C por seis horas, que apresentou um percentual menor que 1% de ricina, conforme mostrado na Tabela 4. O tratamento a 90°C por seis horas não detectou a presença de ricina na cromatografia, o que não significa que a eliminação da toxina tenha sido 100%, para comprovar a total destoxicação, é necessário fazer análises de maior sensibilidade, como é o caso dos testes biológicos (ELISA), para garantir que a ricina está ausente no farelo. No entanto, os resultados dos testes qualitativos, baseados em reações químicas entre a proteína e o reagente adicionado (Ninhidrina), concordam com os resultados indicados pela quantificação da ricina em CLAE, para os quais os tratamentos nos quais se observa o maior percentual de redução da ricina são os mesmos para os quais os teste qualitativos deram negativo para a presença de ricina, ou seja, ausência de coloração roxa. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. 173 100 70°C 80°C 90°C Teor de Ricina (%) 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo (horas) Figura 6: Teor de Ricina x Tempo de tratamento Tabela 4: Teor de Ricina em função do tempo de tratamento e temperatura TEMPO TEOR DE TEMP (°C) (horas) RICINA (%) 70 80 90 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 6 100,00 71,68 65,87 54,39 52,32 38,66 17,91 100 56,73 38,23 20,94 14,56 100 48,53 25,65 15,97 8,16 2,09 <1 O uso do secador para o tratamento térmico do farelo de mamona apresentou resultados satisfatórios para a temperatura de 90°C por seis horas, tendo em vista que obteve redução em aproximadamente 100% do teor de ricina e o teor de proteínas final foi 23,86%. Foi observado que os valores da toxina no tratamento a 70°C atingiu 38,66 % na quinta hora de tratamento e já com 80°C atingiu um percentual de 38,23 na segunda hora do processo. Avaliando o planejamento experimental utilizado temos os resultados na nossa matriz, conforme mostra a Tabela 5 a seguir: Tabela 5: Matriz de Planejamento Ensaio T (ºC) T (h) X1 X2 Ricina (%) 1 2 3 4 5 70 90 70 90 80 2 2 6 6 4 -1 1 -1 1 0 -1 -1 1 1 0 65,87 25,65 17,91 0,8 14,56 Essa matriz de planejamento possibilitará a elaboração de uma representação gráfica, superfície de resposta e o cálculo dos efeitos dos fatores manipulados sobre a resposta investigada (Tabela 6). Tabela 6: Efeitos calculados para o planejamento fatorial 22 da destoxicação 27,56 Média Global Efeitos principais: E1 28,665 E2 -36,405 Efeito de interação: E12 11,555 Admitindo inicialmente, que a superfície de resposta na região investigada seja uma Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 174 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. função linear, com o planejamento, foi possível obter o seguinte modelo (Equação 2). onde X1 e X2 são as variáveis codificadas (tempo e temperatura) e y é o teor de ricina. Y = 21,86 – 14,3X1 – 18,2X2 + 5,778X1X2 (2) A análise de variância (Tabela 7) traz dados a respeito da significância estatística deste modelo linear. Tabela 7: Análise da Variância (ANOVA) para o modelo linear Fonte de Soma quadrática Média variação Quadrática Regressão 2281 760 Resíduo 303 101 Falta de ajusta 303 303 Erro puro 0,24 0,12 Total 2583 Como o Freg = MQR/MQr = 7,53, deve ser maior do que o Ftabelado para ser considerada uma regressão significativa, entretanto verifica-se que o valor de Freg comparando esse valor com F3,3 = 9,28 (do nível de 95%) não indica uma regressão significativa, como também evidência a falta de ajuste, devido ao alto valor de Ffaj = MQfaj/MQep = 2537,19, que é muito maior do que o F1,2 = 18,51. Essa falta de ajuste pode ser verificada graficamente observando (Figura 7) que a distribuição dos resíduos não parece ser aleatória. A superfície de resposta e as curvas de nível utilizaram os dados do planejamento experimental com secador elétrico de bandeja foi feita por análise estatística, utilizado o programa Statistica 7.0 (Figura 8 e 9). G.L. F Calculado 3 3 1 2 6 7,53 2537,19 Figura 7: Residual vs observado Figura 8:Superfície de resposta do tratamento por secagem Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.2, p.167-176, 2012 Utilização de metodologia de planejamento experimental para destoxicação do farelo de mamona....... Silva et al. 175 7 6 Tempo (horas) 5 4 3 2 60 65 70 75 80 85 90 95 100 80 60 40 20 0 Temperatura (°C) Figura 9: As curvas de nível do tratamento por secagem Analisando a superfície de resposta e as curvas de nível podemos observar que seria necessário aproximadamente 95°C e 6,5 horas de secagem para eliminação total da ricina. Os resultados da superfície de resposta e das curvas de nível (Figura 8 e 9) não garantem 100% de eficiência do tratamento, sendo necessário continuar a pesquisa realizando testes toxicológicos com animais e outros testes biológicos que tem uma detecção melhor da ricina, para confirmar que a melhor condição de tratamento. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que: - Este trabalho comprova que existe potencialidade para utilização dos resíduos agroindustriais da mamona na alimentação de animais. - As conclusões são decorrentes dos resultados obtidos e das análises do teor de ricina realizadas, por meio de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector de arranjos de diodo (CLAE/DAD). - Em todos os ensaios a Razão de Umidade (R.U) diminuiu em função do tempo de secagem. - O comportamento do teor de proteína do farelo de mamona após o tratamento térmico em ambos os secadores sofreu reduções, porém essas reduções não são significativas para a utilização como alimento animal. - O uso do secador elétrico de bandeja modelo PE 100 semi-industrial para o tratamento térmico do farelo de mamona apresentou resultados satisfatórios para a temperatura de 90°C por seis horas, tendo em vista que obteve redução em aproximadamente 100% do teor de ricina e o teor de proteínas final foi 23,86%. - Foi observado que os valores da toxina no tratamento 70°C atingiu 38,66 % na quinta hora de tratamento e já com 80°C atingiu um percentual de 38,23 na segunda hora do processo. - O planejamento fatorial 22 foi importante para verificar quais são as melhores condições experimentais para a destoxicação com o secador. - A analise estatística linear não possui uma regressão estatística significativa e indicou uma grande falta de ajuste nos dados para o planejamento 22, isso demonstra que é necessário fazer novos experimentos utilizando a regressão quadrática para garantir uma regressão significativa e ajuste dos dados. 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