UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA EM ANIMAIS SELVAGENS E EXÓTICOS CENTRO DE ESTUDOS E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES EM UNAÍ E REGIÃO Juliana Mori Unaí, fev. 2008 JULIANA MORI Aluna do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos da UCB CENTRO DE ESTUDOS E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES EM UNAÍ E REGIÃO Trabalho monográfico de conclusão do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos, apresentado à UCB como requisito parcial para obtenção do título de especialização profissionalizante latu sensu. Orientadora: Profa. Wiviane Maria Chaves de Figueiredo. Unaí, fev. 2008 CENTRO DE ESTUDOS E MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES EM UNAÍ E REGIÃO Elaborado por Juliana Mori Aluna do curso de Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens e Exóticos da UCB Foi analisado e aprovado com grau: ............................ Unaí, _______ de ____________________ de 2008. _______________________________ Professor Orientador Unaí, fev. 2008 ii Dedico este trabalho aos meus pais, meu irmão, meu marido e aos amigos, pelo apoio recebido. iii Agradecimentos À minha família, pelo apoio e incentivo a este estudo; À minha orientadora Profa. Wiviani Maria Chaves de Figueiredo, que guiou meu caminho de forma coerente; À Polícia Militar do Meio Ambiente de Unaí, pela parceria e confiança em meu serviço. iv RESUMO A região de Unaí, pelas suas características físicas, sócio-econômicas e culturais, é um local onde se observa intensa agressão do homem à natureza, como a construção de usina hidrelétrica, desmatamentos, queimadas, poluição, tráfico de animais silvestres, caça, pesca, etc. Conseqüentemente, há uma alta incidência de animais silvestres feridos, doentes ou apreendidos fora do seu habitat natural. Com o objetivo primordial de conservação do meio ambiente, propõe-se a realização de um Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS), onde serão atendidos, de forma mais ágil e com mão-de-obra especializada, os pacientes encaminhados por órgãos fiscalizadores. Além do atendimento clínico-cirúrgico, o CEMAS proporcionará a realização de pesquisas e educação ambiental à sociedade. Para discutir o assunto e justificar a implantação do projeto, foram feitos: uma revisão de literatura, uma análise de dados (obtidos numa clínica veterinária da cidade), um estudo dos meios e dos custos para a sua realização. ABSTRACT Unai, due to its physical, geographical, social-economical and cultural characteristics, is a region where environmental aggression by mankind is conspicuous with a hydroelectric powerhouse construction, deforestation, burnings, pollution, wildlife smuggling, hunting, fishing etc. Consequently, there is a high incidence of injured and sick wild animals which are captured out of their natural habitat. Focusing on the environment preservation, it is proposed herein the opening of a Wildlife Research and Management Centre (CEMAS) where patients, which will be delivered by supervisor bodies, will be taken care of more efficiently by specialized professionals. Besides clinical and surgical attendance, the CEMAS will conduct researches and provide environmental education to the community. In order to elaborate the issue and justify the project, the following procedures have been conducted: a literature review; a data analysis (collected from a vet clinic in Unai town); a study of means and costs to implement the project. v SUMÁRIO Página RESUMO ............................................................................................................. v ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................... vii ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... viii PARTE 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8 2. OBJETIVO ....................................................................................................... 11 3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 11 3.1 O Bioma Cerrado ..................................................................................... 11 3.2 A ação do homem na mortalidade de animais silvestres em Minas Gerais ................................................................................................................... 14 3.3 Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS) ............... 18 3.3.1 Estudo científico ............................................................................. 20 3.3.2 Educação ambiental ........................................................................ 21 3.3.3 Soltura ............................................................................................. 21 3.3 Educação ambiental ................................................................................. 26 3.4 Definição e principais características de uma Organização da sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ..................................................................... 26 4. METODOLOGIA ............................................................................................ 23 4.1 Estudo do atendimento atual dos animais silvestres em Unaí ................. 23 4.2 Custos de Implantação do CEMAS ......................................................... 29 4.2.1 Instalações ....................................................................................... 29 4.2.2 Materiais e Equipamentos ............................................................... 30 4.2.3 Funcionários .................................................................................... 31 4.2.4 Orçamento Final .............................................................................. 31 4.3 Captação de recursos pela OSCIP ............................................................ 32 5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 32 6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 34 vi LISTA DE TABELAS Págin a TABELA 1: ESTIMATIVA DE RIQUEZA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ANIMAIS E VEGETAIS NO BIOMA CERRADO............................................ 12 TABELA 2: DIVERSIDADE DAS ORDENS DE MAMÍFEROS COM OCORRÊNCIA NO CERRADO, NÚMERO DE ESPÉCIES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO.......................................................................... 13 TABELA 3: ENDEMISMO NO BIOMA CERRADO........................................ 14 TABELA 4: DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS AMEAÇAS PARA A FAUNA EM MINAS GERAIS............................................................................. 15 TABELA 5: RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA FAUNA AMEAÇADA DE MINAS GERAIS, SEGUNDO AS CATEGORIAS DE AMEAÇA E EXTINTA DA IUCN – UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS (2001).................................................................................................................... . TABELA 6: RELAÇÃO DOS ANIMAIS SILVESTRES ATENDIDOS PELA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007.......................................................................................... TABELA 7: DISTÂNCIA DE UNAÍ EM RELAÇÃO AOS CETAS (CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES) DE MINAS GERAIS................. 18 25 28 TABELA 8: CUSTO RESUMIDO DE IMPLANTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DO CEMAS.................................................................................. 30 TABELA 9: CUSTO INICIAL RESUMIDO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DO CEMAS.......................................................................... 30 TABELA 10: GASTO MENSAL COM ENCARGOS TRABALHISTAS DE FUNCIONÁRIOS DO CEMAS............................................................................ 31 TABELA 11: CUSTO TOTAL RESUMIDO DA FASE DE IMPLANTAÇÃO DO CEMAS........................................................................................................... 31 TABELA 12: CUSTO RESUMIDO DE MANUTENÇÃO MENSAL DO CEMAS................................................................................................................. vii 31 LISTA DE FIGURAS Página FIGURA 1: MAPA HIDROGRÁFICO DE MINAS GERAIS............................ 9 FIGURA 2: MAPA DE ESTRADAS CACHOEIRAS E GRUTAS DE UNAÍ E REGIÃO............................................................................................................ 10 FIGURA 3: NÚMERO TOTAL DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM CADA BIOMA, NO BRASIL.......................................................................................... 17 FIGURA 4: PORCENTAGEM DE SOLTURA, ÓBITO E CATIVEIRO DOS ANIMAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ, NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007..................... 20 FIGURA 5: PROCEDIMENTO DO ANIMAL NO CEMAS.............................. 28 Viii 1. INTRODUÇÃO Unaí situa-se no noroeste de Minas Gerais, na região do Planalto Central Brasileiro e ocupa uma área de 8.464 Km2 de extensão territorial sendo, portanto, o segundo maior município do Estado (IBGE, 2007). Localiza-se a 600 Km de Belo Horizonte, 350 Km de Goiânia e a 100 Km de Paracatu. Limita-se ainda com os municípios de Cabeceira Grande, Uruana de Minas, Dom Bosco, Natalândia, Buritis, Arinos, Cristalina e Paracatu (UNAÍ, 2007). Segundo dados do IBGE de 2007, a população de Unaí é composta por 74.495 habitantes. Na área educacional o município tem 26 escolas municipais, 12 escolas estaduais, 03 colégios particulares e 12 cursos de nível superior. Quanto à infra-estrutura de transporte terrestre, Unaí está ligada por três rodovias, quais sejam: a BR 251 (170 Km de Unaí a Brasília), MG 188 (100 Km de Unaí a Paracatu) e MG 121 (150 Km de Unaí a Buritis e Arinos). Possui ainda um aeroporto municipal, com pista asfaltada e, cinco aeroportos privados com pista natural (UNAÍ, 2007). A topografia é formada por 60% de solo plano, 25% de terreno ondulado e 15% montanhoso. Sua altitude máxima é de 1001m (Serra do Bebedouro) e mínima a 521m (Foz do Rio Preto). Sendo que o ponto central da cidade está a 575m acima do mar (ASPECTOS, 2004). A vegetação típica da região é o Cerrado e o clima é tropical mesotérmico. As temperaturas variam entre máximas de 35ºC e mínimas de 10ºC, com média anual de 24ºC. O índice pluviométrico anual é de 900 a 1.350mm, sendo dezembro o mês mais úmido e julho o mais seco. O período de estiagem é de maio a setembro (UNAÍ, 2007). A bacia hidrográfica é do Rio São Francisco (FIGURA 1), constituída pelas bacias do rio Preto e Urucuia. Possui rios, cachoeiras e grutas (FIGURA 2), ainda pouco explorados pelo homem, onde há ainda grande variedade de espécies animais e vegetais. FIGURA 1: MAPA HIDROGRÁFICO DE MINAS GERAIS. Fonte: Unaí Net, 2001. FIGURA 2: MAPA DE ESTRADAS CACHOEIRAS E GRUTAS DE UNAÍ E REGIÃO. Unaí tem a maior área irrigada da América Latina, com 35 mil hectares, e a segunda maior bacia leiteira do Estado, com 200 mil litros/dia. Possui o segundo maior rebanho de corte de Minas, com 300 mil cabeças e é o detentor do segundo maior PIB agrícola do Estado. Apresenta o melhor nível tecnológico do País na produção de grãos, sendo o maior produtor brasileiro de feijão e o primeiro de soja e milho de Minas Gerais (UNAÍ, 2007; IBGE, 2007). Por todas estas características físicas, climáticas, sócio-econômicas e culturais, a região, portanto, é caracterizada pela grande intervenção do homem na natureza. Recentemente houve a construção de uma usina hidrelétrica e são freqüentes as queimadas, poluição dos rios por defensivos agrícolas, presença de carvoeiras clandestinas, tráfico de animais, caça, pesca e outras agressões ao meio ambiente. Assim, nota-se um crescente número de vítimas da fauna silvestre, os quais não recebem atendimento médico-veterinário adequado, por ausência de um local apropriado e pela escassez de profissionais especializados. 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é propor a implantação de um Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS), para a preservação da fauna regional de cerrado, por meio da recuperação de animais e adequada destinação dos mesmos, realização de pesquisas e educação ambiental junto à população. 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 O Bioma Cerrado O Bioma Cerrado situa-se em maior parte no Planalto Central brasileiro. Ocupa 24% do território nacional, pouco mais de dois milhões de quilômetros quadrados. É a segunda maior formação vegetal do país depois da Amazônia, ocupando 21% do território nacional. Além disso, concentra um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais (BIOMA, 2007). A área central do Cerrado limita-se com quase todos os biomas, exceto com os Campos Sulinos e os ecossistemas costeiro e marinho. Há porções de Cerrado na Amazônia, na Caatinga e na Mata Atlântica, as quais são remanescentes de um processo de contração e expansão dessas áreas, provocado por alterações climáticas ocorridas anteriormente. Desse modo, houve grande enriquecimento de espécies no Cerrado a partir de biomas vizinhos, o que tornou rica a sua biodiversidade (BIOMA, 2007). Cerca de 82,6% das espécies de aves desse bioma são dependentes das áreas florestais da Mata Atlântica e da Amazônia. Provavelmente essas aves invadiram o Cerrado pelas porções sudeste e noroeste. Quanto aos mamíferos, 82% das espécies, incluindo formas terrestres não voadoras, morcegos, aquáticos e semi-aquáticos estão associados às Matas de Galeria e, que correspondem à parte dos ambientes florestais existentes no Cerrado (BIOMA, 2007). O Cerrado é a savana tropical mais diversificada do mundo. O número de espécies vegetais supera 6.000 e de animais 320 mil. A riqueza de espécies de peixes, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados pode ser visualizada na TABELA 1. Dentre os mamíferos a riqueza chega a 199 espécies TABELA 2. TABELA 1: ESTIMATIVA DE RIQUEZA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ANIMAIS E VEGETAIS NO BIOMA CERRADO Grupo Cerrado Brasil (%) Brasil Mundo Invertebrados 67.000 20,0 335.000 ? Plantas 6.600 12,0 55.000 280.000 Peixes 1.200 45,0 2.700 24.800 Aves 837 49,9 1.600 9.700 Mamíferos 212 40,5 524 4.600 Répteis 180 38,5 468 6.500 Anfíbios 150 29,0 517 4.200 Fonte: Agência de informação Embrapa , TABELA 2: DIVERSIDADE DAS ORDENS DE MAMÍFEROS COM OCORRÊNCIA NO CERRADO, NÚMERO DE ESPÉCIES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO Grupo Espécies Endêmicas Didelphiomorpha (marsupiais: gambás) 17 02 Xenarthra (tatus, tamanduás e preguiças) 11 Chiroptera (morcegos) 80 Primatas (macacos, sagüis, micos) 07 Carnivora (cães selvagens, lobos, gatos selvagens, lontras, etc.) 22 Cetacea (baleias e golfinhos) 02 Perissodactyla (antas) 01 Artiodactyla (porcos selvagens; cervos e veados, etc.) 06 Rodentia (roedores) 52 Lagomorpha (lebres e coelhos) 01 Total 199 Ameaçadas 03 01 03 10 01 16 04 19 21 Fonte: Agência de informação Embrapa , Quando uma espécie é endêmica e ameaçada de extinção, ela poderá desaparecer completamente do planeta. Atualmente são reconhecidos 21 mamíferos ameaçados de extinção no Brasil. O nível de endemismo dos mamíferos do Cerrado corresponde a 9,5 % das espécies. No caso das aves, estima-se 837 espécies e o nível de endemismo no Cerrado corresponde a 3,4% do total. Para o grupo, 23 espécies são consideradas como ameaçadas de extinção. A diversidade de répteis pode chegar a 177 espécies, com 17% de endemismo e uma espécie ameaçada de extinção (TABELA 3). TABELA 3: ENDEMISMO NO BIOMA CERRADO Grupo Espécies Endêmicas % Endemismo 7.000 3.080 44 Mamíferos 199 19 9,5 Aves 837 29 3,4 Anfíbios 150 42 28 Peixes 1.200 350 29 Répteis 177 20 17 Plantas Fonte: Agência de informação Embrapa , 3.2 A ação do homem na mortalidade de animais silvestres em Minas Gerais O crescimento desordenado da agropecuária, queimadas, poluição das águas e reflorestamento com árvores exóticas, contribuem para a extinção da fauna e flora nativas (TABELA 4) (DINIZ, 1997; REVISÃO, 2007). Com o território reduzido, muitas espécies selvagens, em busca de alimento, se aproximam das áreas urbana e rural, para atacarem plantações e criações domésticas, provocando atrito com o homem. Assim, muitos animais são vítimas de agressões com armas de fogo, envenenamento, armadilhas ou atacadas por animais domésticos. Além disso, é costume regional o hábito da caça de subsistência, para ingestão de carne de capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), anta (Tapirus terrestris), cutia (Dasyprocta sp), veado-campeiro (Mazama gouazopira), jacaré-anão (Paleosuchus palpebrosus), além de outros. TABELA 4: DIAGNÓSTICO DAS PRINCIPAIS AMEAÇAS PARA A FAUNA EM MINAS GERAIS. PRINCIPAIS AMEAÇAS % Destruição de habitat 31,40 Desmatamento 24,91 Fogo 8,77 Poluição 7,02 Perseguição ou apanha 6,49 Perda de fonte alimentar 4,40 Ameaças indiretas 3,51 Caça, pesca 3,33 Comércio ilegal 2,46 Construção de hidrelétricas 2,28 Desequilíbrio ecológico 1,75 Introdução de espécies exóticas 1,58 Patógenos / parasitas 0,70 Turismo 0,70 Hibridismo 0,35 Atropelamento 0,35 Total 100 Fonte: REVISÃO 2007 Observa-se ainda atropelamentos da fauna silvestre, principalmente em rodovias, devido ao intenso tráfego de caminhões e automóveis. Na época de colheita, uma grande quantidade de grãos cai no asfalto durante o transporte, atraindo conseqüentemente, roedores e aves às rodovias, que por suas vezes atraem outros animais, como os predadores e carniceiros, causando assim, acidentes com graves ferimentos e óbitos destes indivíduos. No período de seca, que na região dura em média cinco meses, intensifica-se o número de animais vítimas de queimadas, seja por graves queimaduras ou por falta de alimento e abrigo. Segundo IBAMA (2006), 48 mil animais silvestres são apreendidos anualmente por órgãos fiscais no país. Unaí e região estão na rota do tráfico de animais silvestres, principalmente de passeriformes e psitacídeos. Moradores locais retiram os filhotes dos ninhos e os vendem a preços bem abaixo de mercado para os intermediários (caminhoneiros, motoristas de ônibus e comerciantes). Estes por suas vezes revendem aos traficantes, que encaminham a “mercadoria” para grandes centros consumidores como São Paulo e Rio de Janeiro (GUADIX, 2000). É freqüente também a apreensão, pela Polícia do Meio Ambiente, de animais criados ilegalmente em cativeiro. Desse modo, devido à intensa agressão do homem na natureza podemos observar, de acordo com o mapa (FIGURA 3), que Unaí localiza-se na região de cerrado, o qual é o segundo bioma com maior número de espécies ameaçadas de extinção (MAPAS, 2003). FIGURA 3: NÚMERO TOTAL DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM CADA BIOMA, NO BRASIL. Numa análise mais detalhada quanto ao grau de extinção em Minas Gerais, segundo REVISÃO (2007), o grupo de aves foi o que apresentou o maior percentual de espécies ameaçadas de extinção, correspondendo a 41,24% do total de táxons avaliados (TABELA 5), seguido pelos invertebrados, peixes e mamíferos. Os menores percentuais relacionam-se ao grupo da herpetofauna, no qual se incluem os anfíbios e os répteis com 10 e 6 espécies, respectivamente. Quanto ao grau de ameaça, a proporção de espécies com um maior risco de extinção foi apontada pelo grupo de peixes, sendo que, 82% da ictiofauna ameaçada em Minas Gerais estão relacionados como Criticamente em Perigo. Para a fauna em geral, grande parte dos táxons encontrase na maior categoria de ameaça (Criticamente em Perigo) da IUCN, isto é, 107 (ou aproximadamente 39%) do total das 274 espécies ameaçadas. As categorias Em Perigo e Vulnerável corresponderam a 31% e 29% das espécies listadas. TABELA 5: RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA FAUNA AMEAÇADA DE MINAS GERAIS, SEGUNDO AS CATEGORIAS DE AMEAÇA E EXTINTA DA IUCN – UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS (2001). CATEGORIAS (IUCN, 2001)1 Grupos EX RE EW CR EN VU Taxonômicos Total Total Relativo 2 % Mamíferos 0 1 0 7 21 16 45 16,42 Aves 0 0 0 51 39 23 113 41,24 Répteis 0 0 0 1 1 4 6 2,20 Anfíbios 0 0 0 3 0 7 10 3,65 Peixes 0 0 0 37 6 6 49 17,88 Invertebrados 0 0 0 8 18 25 51 18,61 Total2 0 0 0 107 85 81 274 100 0,00 0,36 0,00 39,05 31,0 29,5 100 2 6 Total relativo % 1: EX=Extinta, RE=Regionalmente Extinta, EW=Extinta na Natureza, CR=Criticamente em Perigo, EN=Em Perigo, VU=Vulnerável, NT= Quase Ameaçada, DD=Deficiente de Dados, LC= Não Ameaçada ; 2: Excluindo-se as espécies classificadas nas categorias Não Aplicável (113) e as indicadas, mas não avaliadas (6). Fonte: REVISÃO (2007). 3.3 Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres (CEMAS) O CEMAS é um local de recepção de animais silvestres, provenientes de resgates ou apreensões por órgãos fiscalizadores, onde são realizados triagem, atendimento médico-veterinário e acompanhamento biológico, para a plena recuperação do paciente e sua possível soltura (BRANCO, 2003). A estrutura física deve ser composta por: departamento veterinário; biotério; quarentena; recintos para répteis, aves e mamíferos; área de visitação pública; auditório e museu, para trabalhos de educação ambiental. Para que um CEMAS funcione adequadamente deve haver pelo menos um biólogo, um médico veterinário e tratadores, devidamente treinados para desempenharem suas funções. O trabalho da equipe consiste em seguir o seguinte protocolo (FIGURA 4): • Registrar a entrada do indivíduo; • Identificar a espécie; • Determinar o sexo, quando possível; • Pesquisar informações sobre o histórico do animal (se é de vida livre ou de cativeiro, local de origem, alimentação anterior, etc); • Proceder a marcação individual, de acordo com norma específica; • Realizar exames laboratoriais; • Tratamento individual, quando necessário; • Quarentena; • Formular a alimentação adequada; • Determinar se o animal poderá ser solto na natureza ou permanecer em cativeiro. Entrada do animal Coleta material análise de para • • • • • • Avaliação médica Exames complementares Tratamento clínico Tratamento cirúrgico Reabilitação Nutrição . Identificação da espécie . Reabilitação . Avaliação biológica . Acompanhamento biológico Exames de análise clínica Saída do animal Soltura Morte Laudo .Necropsia .Exame histopatológico Preparação da peça biológica Cativeiro Museu Fonte: BRANCO, 2003 FIGURA 4: PROCEDIMENTO DO ANIMAL NO CEMAS. 3.3.1 Estudo científico As informações que se pode obter de cada indivíduo encaminhado a um CEMAS são de grande valia e não podem ser desperdiçadas. Para a viabilidade do estudo científico o CEMAS deve ter parceria e convênio com universidades e instituições de pesquisa. Além de estudos com material biológico desses animais, é possível obter informações de interesse em saúde pública, desenvolver projetos específicos para fauna ameaçada em extinção, promover inventário dos animais da região e outros (BRANCO, 2003). 3.3.2 Educação ambiental A educação ambiental será direcionada principalmente às crianças, pois serão formadoras de opinião para as futuras gerações. Portanto, será possível a realização de projetos de preservação do meio ambiente nas escolas públicas e privadas da região, uma vez que a educação é um forte recurso de preservação da natureza e um processo eficaz para a manutenção das espécies animais. Para isso o CEMAS utilizará alguns recursos como: palestras, material áudio-visual, campanhas de conscientização na comunidade e visitação pública à sede da instituição. A área de visita do público será restrita ao museu, ao auditório e aos recintos de alguns animais que, após avaliação por profissionais, forem julgados inaptos a sobreviverem na natureza, por estarem condicionados ao convívio humano ou por necessitarem de cuidados especiais. Outro ponto preocupante, em que o CEMAS poderá oferecer orientações, é para a comunidade rural, que frequentemente sofre invasões de animais selvagens em suas plantações ou ataques aos animais domésticos. 3.3.3 Soltura Os animais que, após exames clínico e laboratorial, forem julgados sadios serão encaminhados ao IBAMA; destinados ao seu local de origem, quando possível; ou para áreas rurais de soltura. Estas áreas serão selecionadas através de parceria com donos, de propriedades rurais do município, que manifestarem interesse em colaborar com o trabalho, que consiste na criação de viveiros para readaptação, soltura, reintrodução e repovoamento das espécies (RODRIGUES, 2006). 3.4 Definição e principais características de uma Organização da sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Inicialmente será montada uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), para a viabilidade da implantação e manutenção de recursos do CEMAS. As OSCIP normalmente são sociedades civis, sem fins lucrativos, de direito privado e de interesse público. Possui lei própria, a 9.790 de 1999. Para se qualificar, a instituição interessada tem que se enquadrar em alguma das finalidades reconhecidas pela legislação, como passíveis para se pleitear a qualificação como OSCIP, as quais são: • Promoção da assistência social. • Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico. • Promoções gratuitas da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações. • Promoções gratuitas da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações. • Promoção da segurança alimentar e nutricional. • Defesa, preservação, conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável. • Promoção do voluntariado. • Experimentação sem fins lucrativos de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito. • Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direito e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar. • Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais. • Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas acima. Os recursos financeiros necessários à manutenção da instituição poderão ser obtidos por: I – Termo de Parceria, Convênios e Contratos com o Poder Púbico para financiamento de projetos na sua área de atuação. II - Contratos e acordos firmados com empresas e agências nacionais e internacionais. III - Doações, legados e heranças. IV – Rendimentos de aplicações de seus ativos financeiros e outros, pertinentes ao patrimônio sob a sua administração. V - Contribuição dos associados. VI – Recebimento de direitos autorais etc. 4. METODOLOGIA 4.1 Estudo do atendimento atual dos animais silvestres em Unaí Como foi descrita anteriormente, a região de Unaí e entorno compreendem uma extensa área de Cerrado com grande intervenção do homem na natureza, seja na destruição da flora nativa, com conseqüente redução de habitat da fauna; como no tráfico de animais silvestres. Desse modo, a Polícia do Meio Ambiente realiza freqüentes apreensões de aves, as quais muitas são filhotes ou se encontram desnutridas e mutiladas e, ainda, recebe animais vítimas de atropelamentos, queimados e outros. Aqueles julgados aptos à soltura são reintroduzidos à natureza, sem processo de readaptação. Os filhotes e as aves acostumadas ao convívio humano são encaminhados a colaboradores, denominados “fiel depositário”, que muitas vezes não possuem o conhecimento sobre hábitos alimentares, transmissão de doenças e manejo adequado. Os animais feridos ou doentes são encaminhados para clínicas veterinárias da cidade, as quais não possuem infra-estrutura e conhecimento clínicocirúrgico específicos, para os atenderem adequadamente. Desse modo, os pacientes ficam instalados até a recuperação total em sala de internação para cães e gatos, sob o risco de contraírem ou transmitirem doenças para pessoas e animais domésticos. Necessitam ainda de ambiente mais tranqüilo, para minimizar o estresse e, local isolado para quarentena. Na cidade há atualmente três clínicas veterinárias e, somente a Clínica Veterinária Pet Stop Unaí atendeu, de janeiro de 2005 a dezembro de 2007, 78 pacientes da fauna silvestre (TABELA 6). A FIGURA 5 representa a porcentagem de animais em cativeiro, os que vieram a óbito e os que foram reintroduzidos à natureza. Sabe-se que outros veterinários de Unaí atenderam animais silvestres, contudo não há dados arquivados, nem ficha clínica desses pacientes. Foram solicitados à Polícia Militar do Meio Ambiente os boletins de ocorrência, de toda a fauna apreendida nos últimos cinco anos, mas por problemas no sistema de informática do batalhão não foi possível a realização de tal pesquisa. TABELA 6: RELAÇÃO DOS ANIMAIS SILVESTRES ATENDIDOS PELA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007. NOME POPULAR Arara Canindé NOME CIENTÍFICO Ara ararauna CASO CLÍNICO Fraturas de asa. PÓSTRATAMENTO Cativeiro N° DE CASOS 05 Arara Canindé Ara ararauna Filhote desnutrido apreendido pelo tráfico Cativeiro 01 Arara Canindé Ara ararauna Fratura de bico por traumatismo. Óbito 01 Arara Canindé Arara Canindé Ara ararauna Paresia de membros. Óbito 01 Ara ararauna Fratura de fêmur da pata direita. Cativeiro 01 Arara Canindé Ara ararauna Paresia dos traumatismo. Cativeiro 01 Arara Canindé Ara ararauna Deficiência nutricional. Cativeiro 05 Arara Vermelha Ara chloroptera Perfuração esquerdo. Cativeiro 01 Beija-flor Amazilia fimbriata Hipoglicemia. Soltura 01 Cágado Trachemis sp Ferimento na cabeça. Cativeiro 01 Carcará Caracará plancus Filhotes com osteometabólica. Soltura 02 Caititu Tayassu tajacu Óbito 01 Codorna Nothura maculosa Ferimentos nos membros e na cavidade oral, miopatia de captura. Ferimento no dorso por atropelamento. Soltura 01 Corujaburaqueira Speotyto cunicularia Perfuração ocular e caquexia. Óbito 01 Corujaburaqueira Speotyto cunicularia Fratura exposta de rádio e ulna. Óbito 01 Corujaburaqueira Speotyto cunicularia Desidratação e caquexia. Soltura 01 Coruja Suindara Tyto alba Fratura exposta de rádio e ulna, necrose e caquexia. Óbito 01 Garça Ardea alba Fratura exposta de rádio e ulna. Óbito 02 Garça Ardea alba Fratura exposta de rádio e ulna. Soltura 01 Gatomourisco Puma yaguarondi Filhote desnutrido diarréia. Cativeiro 01 Gavião quiriquiri Guariba Falco sparverius Filhote apreendido pelo tráfico Soltura 01 Alouatta sp Óbito 01 Guariba Alouatta sp Óbito 01 Guariba Alouatta sp Fratura exposta de fêmur e dos dígitos da mão direita, com necrose, desidratação e caquexia. Filhote c/ desidratação, ferimentos na mão e depressão intensa. Filhote c/ desidratação e depressão intensa. Cativeiro 01 Guariba Alouatta sp Óbito 01 do membros globo por ocular doença e com Macho adulto com lesões perfuro-cortantes por todo o corpo. Guariba Alouatta sp Fêmea adulta desidratada, com queimaduras de 3° grau em todos os membros, face e cauda. Filhote desidratado e desnutrido. Óbito 01 Jibóia Boa constrictor Óbito 01 Lobo Guará Chrysocyon brachyurus Adulto macho c/ ferimentos à bala, lesões em membros, desidratação e caquexia. Filhote atropelado c/ fratura de fêmur. Cativeiro 01 Lobo Guará Chrysocyon brachyurus Cativeiro 01 Lobo Guará Chrysocyon brachyurus Filhote c/ queimaduras em todos os membros, desidratação e caquexia. Filhote agredido por cão. Cativeiro 01 Macacoprego Cebus robustus Cativeiro 01 Onça parda Puma concolor Filhote c/ desidratação e perda de peso. Soltura 01 Onça parda Puma concolor Filhote c/ desidratação e perda de peso. Cativeiro 01 Papagaio Amazona sp Penas das asas cortadas. Cativeiro 04 Papagaio Amazona sp Filhote com inglúvio. Cativeiro 01 Papagaio Amazona sp Filhotes apreendidos por tráfico. Soltura 09 Papagaio Amazona sp Amputação de mandíbula. Cativeiro 01 Papagaio Amazona sp Úlcera de córnea. Cativeiro 01 Papagaio Amazona sp Fraturas de asa e pata. Cativeiro 02 Periquito Brotogeris sp Ferida na traumatismo. Óbito 01 Periquito Brotogeris sp Filhotes órfãos. Cativeiro 04 Quati Nasua nasua Filhote desidratado, desnutrido e com ectoparasitos. Soltura 01 Quero-quero Vanellus chilensis Fratura exposta de tíbia. Óbito 01 Raposa do campo Pseudalopex vetulus Fêmea adulta atropelada com fratura na coluna lombar. Óbito 01 perfuração cabeça de por Sagüi Callithrix sp Filhotes c/ necessidade aleitamento artificial. Soltura 02 Sagüi Callithrix sp Filhote com paresia por lesão cerebral. Cativeiro 01 Seriema Cariama cristata Fraturas de carpo e tíbia. Soltura 01 Seriema Cariama cristata Fratura de tíbia e miíase. Óbito 01 Tamanduá Mirim Tamanduá tetradactyla Filhote órfão (mãe atropelada) desnutrido. Cativeiro 01 Tucano de bico verde Ramphastos dicolorus Filhotes tráfico. Cativeiro 02 Tucano Toco Ramphastos toco Ferida no tórax e fratura de carpo, por traumatismo. Soltura 01 TOTAL 78 apreendidos de pelo Os animais silvestres apreendidos pela Polícia do Meio Ambiente, que passaram pela Clínica Veterinária Pet Stop Unaí, apenas para a realização de perícia técnica, não estão incluídos nesta tabela. Assim, podemos citar os mais frequentemente periciados como: sofrê (Icterus jamacaii), azulão (Cyanocompsa brissonii), bicudo (Oryzoborus crassirostris), curió (Oryzoborus angolensis), canário-da-terra (Sicalis flaveola brasiliensis), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e outros. Porém, foi feita ainda perícia em animais como: jacaré-anão, veado-campeiro, ouriço-caixerio (Coendou prehensilis) e jaguatirica (Leopardus pardalis). 28% Soltura Óbito Cativeiro 50% 22% FIGURA 5: PORCENTAGEM DE SOLTURA, ÓBITO E CATIVEIRO DOS ANIMAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET STOP UNAÍ, NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2007. De acordo com VELOSO (2006), o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) / MG possui apenas quatro CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), localizados em Montes Claros, Governador Valadares, Belo Horizonte e Juiz de Fora (TABELA 7). Portanto, devido à distância destes em relação a Unaí, os animais apreendidos não são encaminhados ao local especializado. Para compensar financeiramente uma viagem até Unaí, com o objetivo de levar os animais até um centro de reabilitação autorizado, o órgão espera acumular o maior número de espécimes possível. Enquanto isso, os animais ficam alojados em recintos improvisados. TABELA 7: DISTÂNCIA DE UNAÍ EM RELAÇÃO AOS CETAS (CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES) DE MINAS GERAIS Cidade Distância – Km Montes Claros 584 Governador Valadares 946 Belo Horizonte 600 Juiz de Fora 860 Cidades adjacentes como Arinos, Vazante, Brasilândia, Buritis, Riachinho, João Pinheiro, Paracatu e Bonfinópolis enviam freqüentemente, para Unaí, animais que necessitam de assistência médico-veterinária. 4.2 Custos de Implantação do CEMAS Os recursos necessários para a implantação do CEMAS serão assim divididos sucintamente: • Instalações • Materiais e equipamentos • Funcionários Para que não haja desperdícios e pela escassez de recursos, a primeira fase de implantação do CEMAS inclui, apenas, o mínimo necessário de instalações, materiais e equipamentos, para que possa receber adequadamente animais apreendidos, com segurança e qualidade no serviço. Posteriormente, haverá outro projeto para aumentar a infra-estrutura do local de acordo com a demanda de animais. 4.2.1 Instalações O terreno para a implantação do CEMAS será utilizado por um contrato de comodato. O orçamento inclui a construção do muro ao redor do terreno, recintos, cozinha, banheiro, escritório, auditório, museu, ambulatório veterinário, sala de internação e vestiário. TABELA 8: CUSTO RESUMIDO DE IMPLANTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DO CEMAS. Instalações Custo de implantação da obra – R$ Mão-de-obra 16959,00 Materiais de construção e 35587,98 acabamento Total 52546,98 4.2.2 Materiais e Equipamentos TABELA 9: CUSTO INICIAL RESUMIDO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DO CEMAS. Item Custo total – R$ Materiais de manejo 1598,98 Materiais hospitalares 1746,62 Equipamentos veterinários 3581,80 Equipamentos de escritório 1285,50 Equipamentos de imagem e som 700,00 Equipamentos de informática 2500,00 Bens de consumo 147,09 Total 11559,99 4.2.3 Funcionários TABELA 10: GASTO MENSAL COM ENCARGOS TRABALHISTAS DE FUNCIONÁRIOS DO CEMAS. Nível de Número de profissionais Custo mensal com encargos trabalhistas –R$ Nível superior 02 8512,00 Nível médio 01 807,50 escolaridade Total 9319,50 4.2.4 Orçamento Final TABELA 11: CUSTO TOTAL RESUMIDO DA FASE DE IMPLANTAÇÃO DO CEMAS. Fase de implantação Custo – R$ Instalações 52546,98 Materiais e Equipamentos 11559,99 Total 64106,97 TABELA 12: CUSTO RESUMIDO DE MANUTENÇÃO MENSAL DO CEMAS. Manutenção mensal Bens de consumo (material de limpeza, de Custo R$ 29,54* higiene e de escritório) Materiais hospitalares e medicamentos 145,55* veterinários Funcionários 9319,50 Água – SAAE 25,00* Energia elétrica – CEMIG 250,00* Telefonia fixa 200,00* Total 9319,50 *Valores estimados. 4.3 Captação de recursos pela OSCIP O CEMAS buscará verbas governamentais com o Ministério Público de Unaí, Fundo Municipal de Apoio ao Meio Ambiente e verba federal, através de projetos apresentados ao Ministério do Meio Ambiente. Como medida compensatória, órgãos governamentais podem exigir compensações ambientais das empresas, que causem impacto negativo ao meio ambiente, na forma de verbas para programas de proteção à fauna. O convênio com Faculdades de Medicina Veterinária e de Biologia da região irá viabilizar programas de pesquisa, através de laboratórios, corpo docente e discente, enquanto o CEMAS oferece material biológico, estágios e cursos de capacitação. As empresas privadas poderão patrocinar o projeto, para vincularem sua logomarca a programas ambientais. 5. CONCLUSÃO Em plena era de aquecimento global, com desmatamentos, desenvolvimento agropecuário e, conseqüente redução do habitat da fauna silvestre, qualquer esforço no sentido de preservar a natureza é de grande importância, para o meio ambiente e para o bem-estar do homem. Desse modo, é obrigação do governo e da sociedade civil planejar ações de proteção e utilização racional de recursos da natureza, por meio de conhecimentos técnico-científicos, controle e monitoramento constantes. O Município de Unaí, pela sua localização e por todas as suas características sócio-econômicas, climáticas, territoriais, hidrográficas e pelo tipo de vegetação, corresponde a um lugar estratégico para implantação de um CEMAS. O índice de mortalidade de animais silvestres da região, que necessitam de cuidados especiais é preocupante, sendo que há ocorrência de espécies ameaçadas de extinção. Este projeto, portanto, proporcionará agilidade e melhor qualidade no atendimento aos animais feridos ou doentes, uma vez que o tratamento de tais pacientes é considerado sempre emergencial. O CEMAS além de recuperar um indivíduo, ao utilizar-se de um manejo adequado e um atendimento médico-veterinário especializado possui uma grande importância na divulgação da educação ambiental, a qual é um método primordial para a preservação da flora, da fauna e dos recursos naturais. 6. BIBLIOGRAFIA ASPECTOS Físicos. Desenvolvido por Prefeitura Municipal de Unaí, 2004. Disponível em< www.prefeituraunai.mg.gov.br/pronto_para_futuro/index.php?page=aspectos_fisicos.ht m > Acesso em: 08/02/08. BIODIVERSITAS. Desenvolvido pela Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte, 2003. Disponível em < www.biodiversitas.org.br/listas-mg/ > Acesso em: 1 fev. 2008. BIOMA cerrado. Desenvolvido pela Embrapa, 2005-2007. Disponível em< http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/ag01/Abertura.html > Acesso em: 1 fev. 2008. BRANCO, A. M. Plano de trabalho para implantação de um projeto CEMAS Centro de Manejo de Animais Silvestres pela esfera não governamental. São Paulo, 2003. Disponível em< www.forumnacional.com.br/projeto_cemas_resumido_dra_angela_maria_branco.pdf > Acesso em: 8 out. 2007. CENTROS de Triagem de Animais Silvestres. Desenvolvido por Ibama. Disponível em< www.ibama.gov.br/fauna/cetas.php > Acesso em: 8 dez. 2007. COUTO, C. Secretaria do Meio Ambiente instala centro para cuidar de animais silvestres. São Paulo, 12 set. 2002. Disponível em< http://www.fflorestal.sp.gov.br/destaque/120902_cemas.htm > Acesso em: 8 out. 2007. DINIZ, L.S.M Primatas em cativeiro: manejo e problemas veterinários: enfoque para espécies neotropicais. 1. ed. São Paulo: Ícone, 1997. 196 p. DIRETRIZES e procedimentos para a destinação de fauna apreendida/recolhida, quando a opção for retorno à natureza. Desenvolvido pelo Ibama. 10 jan. 2005. Disponível em< http://www.ibama.gov.br/consulta/fauna/anexos/anexoI_destinacao.pdf > Acesso em: 10 out. 2007. GUADIX, F. Tráfico de animais silvestres. EcoReporter, 31 out. 2000. Disponível em< http://www.ecoviagem.com.br/ecoviagem-brasil/ecoreporter/trafico-de-animaissilvestres.asp > Acesso em: 7 jan. 2008. HÖFLING, E.; CAMARGO, H. F. A. Aves no Campus. 3. ed. São Paulo: USP, 2002. 157p. IBAMA propõe “Guardiões da fauna”: solução para o comércio ilegal de animais silvestres ou sinal de uma situação limite? Animais silvestres. Jun. 2006. Coordenação de Felipe Jordani. Desenvolvido por ARCA BRASIL. Disponível em < www.arcabrasil.org.br/noticias/060630_animais_silvestres.htm > Acesso em: 8 jan. 2008. IBGE – cidades@. Desenvolvido por IBGE, 2007. Disponível em < www.ibge.gov.br:80/cidadesat/topwindow.htm?1 > Acesso em: 1 fev. 2008. MANEJO de fauna em cativeiro. Desenvolvido por Ambiente Brasil, 2000-2007. 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