UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA TESE DE DOUTORADO MICROPARTÍCULAS DE QUITOSANA ESTRUTURADAS COM AEROSIL®: ESTABILIDADE, ADSORÇÃO, ENCAPSULAÇÃO E LIBERAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ATIVAS Bento Pereira da Costa Neto Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de M L da Mata – PPGEQ/UFRN Coorientadora: Drª Maria Inês Ré – IPT/SP/ École des Mines d'Albi-Carmaux (EMAC- França) Natal/RN Maio/2014 BENTO PEREIRA DA COSTA NETO MICROPARTÍCULAS DE QUITOSANA ESTRUTURADAS COM AEROSIL®: ESTABILIDADE, ADSORÇÃO, ENCAPSULAÇÃO E LIBERAÇÃO DE SUBSTANCIAS ATIVAS Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química – PPGEQ, da Universidade Federal do Rio Grande de Norte – UFRN, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Engenharia Química, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata e coorientação da Dra. Maria Inês Ré. Natal/RN Maio/2014 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / CT / DEQ Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”. Costa Neto, Bento Pereira da. Micropartículas de quitosana estruturadas com aerosil®: estabilidade, adsorção, encapsulação e liberação de substâncias ativas / Bento Pereira da Costa Neto. Natal, 2014. 164 f.: il. Orientador: Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata. Coorientador: Maria Inês Ré. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de Pós-graduação em Engenharia Química. 1. Quitosana - Tese. 2. Polissacarídeos - Tese. 3. Nanocompósitos - Tese. 4. Sílica - Tese. I. Mata, Ana Lúcia de Medeiros Lula da. II. Ré, Maria Inês. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF CDU 547.995(043.2) COSTA NETO, Bento Pereira da - Micropartículas de quitosana estruturadas com aerosil®: estabilidade, adsorção, encapsulação e liberação de substancias ativas. Tese de Doutorado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Área de Concentração: Engenharia Química. Subárea de concentração: Secagem. Natal/RN, Brasil. Orientadora: Profª Drª Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata – PPGEQ/UFRN. Coorientadora: Drª Maria Inês Ré – IPT/SP/ École des Mines d'Albi-Carmaux. Resumo: Micropartículas biodegradáveis são utilizadas como sistemas de liberação controlada de fármacos e estão em constante desenvolvimento e aperfeiçoamento. Quitosana representa uma alternativa interessante de biomaterial devido às suas características físico-químicas e biológicas. Micropartículas de quitosana apresentam-se como sistemas promissores para carreamento e liberação controlada de fármacos e vacinas principalmente por vias não invasivas de administração como as vias de mucosa. O controle da velocidade e da capacidade de intumescimento destes sistemas em meio ácido são os principais fatores limitantes que precisam ser superados para que micropartículas de quitosana possam ter todo o seu potencial de aplicação explorado no campo farmacêutico. Existem muitos estudos referentes a modificações da estrutura de micropartículas de quitosana através de técnicas diversas (reticulação química, blendas com outros polímeros, síntese de novos materiais híbridos orgânico-inorgânico) com a finalidade de modificar estas propriedades que comprometem o uso da quitosana no desenvolvimento de sistemas de liberação controlada. A proposta deste trabalho foi de conceber e desenvolver um novo tipo de veículo para liberação controlada à base de quitosana. Nanopartículas de sílica (Aerosil) foram incorporadas à uma solução de quitosana para gerar micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica à partir da evaporação do solvente (água) através de um processo de secagem por spray drying. As micropartículas obtidas foram caracterizadas através de espetroscopia infravermelho, difração de raios X, calorimetria diferencial de varredura, análise termogravimétrica, microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica de transmissão foram utilizadas para caracterizar as micropartículas. Também foram avaliadas a estabilidade ácida, capacidade de sorção de umidade, propriedades de liberação e ensaios biológicos. As micropartículas nanoestruturadas com sílica hidrofóbica (Aerosil® R972) apresentaram maior degradação térmica, menor afinidade de água, melhor estabilidade ácida e capacidade de retardar liberação da rifampicina e cloridrato de propranolol (modelos de drogas) em condições fisiológicas simuladas. Estudos de biocompatibilidade in vitro indicaram baixa citotoxicidade e baixa capacidade de ativar a produção de óxido nítrico das células, sendo compatível com uma baixa ação próinflamatória. Os resultados obtidos encorajaram estudos complementares sobre a utilização das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® como sistemas carreadores de fármacos por via oral ou nasal. Palavras-chave: Quitosana, spray drying, nanocompósitos, liberação controlada. ABSTRACT Biodegradable microspheres used as controlled release systems are important in pharmaceutics. Chitosan biopolymer represents an attractive biomaterial alternative because of its physicochemical and biological characteristics. Chitosan microspheres are expected to become promising carrier systems for drug and vaccine delivery, especially for non-invasive ways oral, mucosal and transdermal routes. Controlling the swelling rate and swelling capacity of the hydrogel and improving the fragile nature of microspheres under acidic conditions are the key challenges that need to be overcomed in order to enable the exploration of the full pharmaceutical potential use of these microparticles. Many studies have focused on the modification of chitosan microsphere structures with cross-linkers, various polymers blends and new organic-inorganic hybrid systems in order to obtain improved properties. In this work, microspheres made of chitosan and nanosized hydrophobic silica (Aerosil R972) were produced by a method consisting of two steps. First, a preparation of a macroscopically homogeneous chitosan-hydrophobic silica dispersion was prepared followed by spray drying. FTIR spectroscopy, X-ray powder diffraction, differential scanning calorimetry, thermal gravimetric analysis, scanning electron microscopy (SEM) and high-resolution transmission electron microscopy (TEM) were used to characterize the microspheres. Also, the were conducted acid stability, moisture sorption capacity, release properties and biological assays. The chitosan-hydrophobic silica composite microspheres showed improved thermal degradation, lower water affinity, better acid stability and ability to retard rifampicin and propranolol hydrochloride (drug models) release under simulated physiological conditions. In vitro biocompatibility studies indicated low cytotoxicity and low capacity to activate cell production of the pro-inflammatory mediator nitric oxide. The results show here encourage further studies on the use of the new chitosan-hydrophobic silica composite microspheres as drug carrier systems via oral or nasal routes. Key-words: Chitosan, spray drying, nanocomposite, drug delivery AGRADECIMENTOS A minha Coorientadora, Maria Inês Ré, pela paciência, apoio, oportunidade e suporte para meu crescimento científico, permanente dedicação e disponibilidade para me orientar neste trabalho. A minha orientadora, Dra. Ana Lúcia, pela oportunidade oferecida, por suas orientações acadêmicas e pelos valorosos ensinamentos. A minha esposa, Gidyonne, pelo companheirismo, paciência, orações, pelas muitas madrugadas mal dormidas sempre ao meu lado, estendendo a mão. A Professora Dra. Bartira Rossi Bergmann (UFRJ) pela realização dos ensaios biológicos. Aos amigos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Adriano Marim, Kleber Lanigra e David Freitas pelas contribuições neste trabalho. Ao IPT pela oportunidade de realizar os ensaios experimentais no Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas. Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química pela oportunidade de melhorar minha qualificação profissional. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, pelo apoio financeiro concedido para a realização deste trabalho. A todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, expresso minha sincera gratidão. Sumário Capitulo 1. Introdução..................................................................................................01 Capitulo 2. Revisão bibliográfica.................................................................................05 2.1. Microestruturas de encapsulação de princípios ativos.........................................06 2.2. Quitosana.............................................................................................................07 2.2.1. Características.....................................................................................07 2.2.2. Micropartículas de quitosana..............................................................09 2.3. Preparação de micropartículas de quitosana .......................................................10 2.4. Alteração das propriedades da quitosana.............................................................14 2.4.1. Reticulação da quitosana.....................................................................15 2.4.1.1. Reticulação química.........................................................15 2.4.1.2. Reticulação física.............................................................16 2.5. Considerações gerais sobre a sílica......................................................................21 2.6. Propriedades de encapsulação, de proteção, de adsorção e de liberação de substâncias ativas .................................................................................................24 2.6.1. Encapsulação e liberação de princípios ativos....................................25 2.6.2. Dissolução ou liberação do fármaco de formas farmacêuticas sólidas..................................................................................................29 2.6.3. Modelos matemáticos no estudo do perfil de dissolução....................32 2.6.4. Princípios ativos utilizados - cloridrato de propranolol e rifampicina..........................................................................................33 2.6.5. Estudo de estabilidade de princípios ativos.........................................35 2.6.5.1. Manitol.............................................................................37 2.7. Propriedades adsorventes.....................................................................................39 2.7.1. Adsorção de proteína...........................................................................41 2.8. Ensaios biológicos...............................................................................................44 Capitulo 3. Preparação e caracterização de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica.........................................................................................45 3.1.Metodologia experimental.........................................................................................46 3.1.1.Dispersão das sílicas Aerosil R972 e Aerosil 200 na solução de quitosana.......................................................................................................47 3.1.2. Determinação do ângulo de contato entre Aerosil R972 e mistura água-etanol (gota séssil)...................................................................................................47 3.1.3. Medida da viscosidade das suspensões de quitosana e sílica.........................48 3.1.4. Secagem das dispersões de quitosana e sílica por spray drying.....................48 3.1.4.1. Ensaios preliminares..........................................................................48 3.1.4.2. Produção de micropartículas de quitosana-sílica...............................49 3.1.5. Caracterização das micropartículas................................................................50 3.1.5.1. Granulometria....................................................................................51 3.1.5.2. Densidade aparente............................................................................51 3.1.5.3. Diâmetro aerodinâmico......................................................................51 3.1.5.4. Área especifica...................................................................................52 3.1.5.5. Microscopia eletrônica de varredura e de transmissão......................52 3.1.5.6. Carga superficial-potencial zeta.........................................................52 3.1.5.7. Teor de umidade.................................................................................52 3.1.5.8. Análise termogravimétrica.................................................................52 3.1.5.9. Calorimetria diferencial de varredura................................................53 3.1.5.10. Difratometria de raios X..................................................................53 3.1.5.11. Sorção dinâmica de vapor................................................................53 3.1.5.12. Caracterização biológica..................................................................54 3.1.5.12.1. Produção de óxido nítrico por macrófagos..........................54 3.1.5.12.2. Citotoxicidade......................................................................55 3.2. Resultados e discussão..............................................................................................56 3.2.1. Dispersão das sílicas na solução de quitosana.............................................56 3.2.1.1. Definição do procedimento de dispersão da sílica Aerosil 200.........56 3.2.1.2. Determinação do ângulo de contato entre Aerosil R972 e uma mistura água-etanol (gota séssil)......................................................................58 3.2.1.3. Definição do tempo de homogeneização em HAP...........................59 3.2.2. Efeito da sílica na viscosidade das suspensões de quitosana.......................59 3.2.3. Secagem das suspensões de quitosana nanoestruturadas com sílica por spray drying: definição das condições de processo.............................................60 3.2.4. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200: produção e caracterização físico-química..............................................................62 3.2.4.1.Caracterização física....................................................................62 3.2.4.2.Propriedades térmicas..................................................................65 3.2.4.3. Caracterização estrutural micropartículas...................................70 3.2.4.3.1. Difração de Raios-X.....................................................70 3.2.4.3.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier..........................................................................................72 3.2.4.4. Estudo de sorção dinâmica de vapor...........................................75 3.2.4.5. Ensaios biológicos preliminares com micropartículas nanoestruturadas com Aerosil 200 e Aerosil R972..................................76 3.3. Conclusões parciais..................................................................................................78 Capitulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas temperatura....................................................................................................................79 4.1. Metodologia Experimental.......................................................................................80 4.1.1. Estudo de estabilidade física das micropartículas nanoestruturadas com sílica em meio ácido............................................................................................80 4.1.2. Estudo da estabilidade de manitol encapsulado nas micropartículas nanoestruturadas com sílica quando exposto a condições de estresse de umidade e temperatura ......................................................................................................81 4.1.2.1. Produção de micropartículas de quitosana, manitol e sílicas........................................................................................................81 4.1.2.3. Estocagem em condições controladas de temperatura e umidade....................................................................................................83 4.1.2.4. Análise de DRX..........................................................................83 4.1.2.5. Teste de contato das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 com atmosfera úmida (vapor d’agua) em microscópio eletrônico de varredura..................................................................................................83 4.2. Resultados e discussão..............................................................................................85 4.2.1.Estudo de estabilidade física das micropartículas nanoestruturadas com sílica em meio ácido........................................................................................................85 4.2.1.1. Micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®........................85 4.2.2. Estudo da estabilidade de manitol encapsulado nas micropartículas nanoestruturadas com sílica quando exposto a condições de estresse de umidade e temperatura ......................................................................................................87 4.2.2.1. Efeito da secagem na estrutura cristalina do manitol..................87 4.2.2.2. Efeito da exposição das micropartículas a condições de estresse de umidade e temperatura........................................................................88 4.2.2.2.1.Manitol..........................................................................88 4.2.2.2.2.Micropartículas de quitosana, quitosana nanoestruturadas com sílica, Aerosil® 200, Aerosil® R972 (sem manitol)........................................................................................88 4.2.2.2.3.Micropartículas nanoestruturadas de com quitosana, quitosana Aerosil®, (com manitol)........................................................................................90 4.2.2.2.4. Teste de contato das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 com atmosfera úmida (vapor d’agua) em microscópio eletrônico de varredura ambiental......................................................................90 4.3. Conclusões parciais..................................................................................................92 Capitulo 5. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e sílica Aerosil R972 como matrizes de encapsulação e liberação de princípios ativos de interesse farmacêutico...................................................................................93 5.1. Metodologia experimental........................................................................................94 5.1.1 Produção de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica como matrizes de encapsulação...........................................................................94 5.1.1.1. Encapsulação de cloridrato de propranolol.................................94 5.1.1.2 Encapsulação de rifampicina.......................................................95 5.1.2.Caracterização das micropartículas contendo ativos..................................96 5.1.2.1.Granulometria..............................................................................96 5.1.2.2.Morfologia....................................................................................96 5.1.2.3.Análise do estado sólido por difração de raios-x e calorimetria diferencial de varredura............................................................................96 5.1.2.4. Eficiência de encapsulação.........................................................97 5.1.2.5. Avaliação do perfil de liberação in vitro.....................................97 5.1.2.5.1. Cloridrato de propranolol.............................................97 5.1.2.5.2. Rifampicina..................................................................98 5.1.2.5.3. Modelo cinético............................................................98 5.2. Resultados e discussão..............................................................................................99 5.2.1. Características das micropartículas............................................................99 5.2.1.1. Granulometria, morfologia e eficiência de encapsulação...........99 5.2.1.2. Análise do estado sólido por difratometria de raios-x e calorimetria exploratória diferencial..................................................................102 5.2.1.2.1.Difração de raios –X...................................................102 5.2.1.2.2.Calorimetria exploratória diferencial..........................104 5.2.1.3. Avaliação do perfil de liberação dos ativos in vitro..................106 5.2.1.4. Modelos matemáticos...............................................................107 5.3. Conclusões parciais................................................................................................109 Capitulo 6. Capacidade de adsorção e dessorção de uma proteína (albumina de soro bovina) pelas micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica...............................................................................................................................110 6.1. Metodologia experimental......................................................................................111 6.1.1 Capacidade de adsorção de BSA em função do pH da solução tampão...111 6.1.2.Capacidade de adsorção em função da concentração de BSA..................111 6.1.3. Estudo cinético da adsorção da BSA.......................................................112 6.1.4. Medida do potencial zeta em função da quantidade de proteína BSA adsorvida............................................................................................................112 6.1.5. Estudo da dessorção da BSA...................................................................113 6.1.6.Caracterização das micropartículas contendo BSA..................................113 6.1.6.1. Análise granulométrica............................................................113 6.1.6.2.Espectrofotometria no infravermelho por transformada de fourier.....................................................................................................114 6.2. Resultados e discussão............................................................................................115 6.2.1.Capacidade de adsorção de BSA em função do pH.......................................................................................................................115 6.2.2. Capacidade de adsorção em função da concentração de BSA.................116 6.2.3.Velocidade de adsorção das proteínas......................................................118 6.2.4. Relação entre quantidade de BSA adsorvida e potencial zeta das micropartículas...................................................................................................119 6.2.5. Estudo de dessorção da BSA...................................................................121 6.2.6. Análise granulométrica............................................................................124 6.2.7. Espectrofotometria no infravermelho por transformada de Fourier........124 6.3. Conclusões parciais................................................................................................126 Capitulo 7. Conclusão geral e perspectivas...............................................................127 Referências...................................................................................................................131 Anexo............................................................................................................................161 Publicações...................................................................................................................164 Lista de Figuras Figura 2.1. Representação de cápsulas e esferas: a) fármaco dissolvido no núcleo oleoso; b) fármaco adsorvido à parede polimérica; c) fármaco retido na matriz polimérica; d) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica (Schaffazick et al., 2003).................................................................................................06 Figura 2.2. Estrutura química da quitosana.....................................................................08 Figura 2.3. Representação esquemática do funcionamento do equipamento “spray dryer” (Ré, 2006).............................................................................................................11 Figura 2.4. Representação esquemática do número de Peclet.........................................12 Figura 2.5. Reação de formação da sílica pelo processo sol-gel.....................................21 Figura 2.6. Reação de formação da sílica pelo processo em fase de vapor.....................22 Figura 2.7. Diagrama apresentando possíveis arranjos de grupos silanóis e siloxanos na superfície da sílica fumegada (Zuravlev, 2000)..............................................................23 Figura 2.8. Tratamento de sílica fumegada hidrofóbica (adaptado de Jonat, 2005)................................................................................................................................24 Figura 2.9. Processos de encapsulação do ibuprofeno e recobrimento da sílica mesoporosa por quitosana (adaptado de Chen & Zhu, 2012)..........................................27 Figura 2.10. Processos de liberação do ibuprofeno nos diferentes pHs (adaptado de Chen & Zhu, 2012)..........................................................................................................27 Figura 2.11. Fórmula molecular do cloridrato de propranolol........................................33 Figura 2.12. Estrutura molecular da rifampicina.............................................................34 Figura 2.13. Estrutura química do manitol......................................................................37 Figura 2.14. Difratogramas do α Manitol, β Manitol e δ Manitol...................................38 Figura 3.1. Fluxograma de obtenção das micropartículas de quitosana-sílica................46 Figura 3.2. Representação esquemática da medida do ângulo de contato líquido-sólido em função da concentração do etanol na solução água/etanol em uma pastilha de Aerosil R972.................................................................................................................................48 Figura 3.3. Secador tipo Spray Dryer Büchi B 190. Fonte: arquivo pessoal, 2013.........49 Figura 3.4. Esquema de um sistema de sorção dinâmica de vapor (Goalard, 2005).......54 Figura 3.5. Diâmetro das partículas de sílica Aerosil 200 em função do tempo de dispersão em HAP...........................................................................................................57 Figura 3.6. Microfotografias (MEV) de partículas de quitosana nanoestruturadas com sílica: a) sílica Aerosil 200 introduzida na solução de quitosana sem dispersão; b) sílica Aerosil 200 dispersa na solução de quitosana em homogeneizador de alta pressão (HAP)...............................................................................................................................57 Figura 3.7. Variação do ângulo de contato entre sílica Aerosil R972 e solução água/etanol em função da concentração do etanol..........................................................58 Figura 3.8. Diâmetro das partículas de sílica Aerosil R972 em função do tempo de dispersão em HAP (homogeneização a 800 bar).............................................................59 Figura 3.9. Influência da concentração de sílica sobre a viscosidade da solução aquosa de quitosana.....................................................................................................................60 Figura 3.10. Micrografias (microscopia eletrônica de varredura) dos produtos secos gerados por spray drying. A e B: F1; C e D: Fi4; E e F: Fo4..........................................64 Figura 3.11. Micrografias (microscopia eletrônica de transmissão) do produto seco gerado por spray drying: Fi4:A e B; Fo4:C e D.............................................................65 Figura 3.12. Potencial zeta das micropartículas de quitosana, micropartículas compósitas de quitosana e Aerosil R972 e Aerosil 200 em função do pH......................66 Figura 3.13. Potencial zeta das micropartículas de quitosana, micropartículas compósitas de quitosana e Aerosil R972 e Aerosil R972 em função do pH...................66 Figura 3.14. Termogramas de TG das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2 (16,5%), (c) Fi3 (31,7%), (d) Fi4 (46%), (e) Aerosil 200...................................................................................................................................67 Figura 3.15. Termogramas de TG das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972.................................................................................................................................68 Figura 3.16. Termogramas de DSC das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200..........................................69 Figura 3.17. Termogramas de DSC das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972.................................................................................................................................70 Figura 3.18. Difratogramas de raios X das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200.....................................71 Figura 3.19. Difratogramas das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972.................................................................................................................................72 Figura 3.20. Espectro FTIR das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200..........................................73 Figura 3.21. Espectro FTIR das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972.................................................................................................................................74 Figura 3.22. Isotermas de sorção de umidade das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972.......................................................................................75 Figura 3.23. Isotermas de sorção de umidade das micropartículas com uma concentração de Aerosil 200 de 58% (em massa) nas micropartículas quitosanasílica.................................................................................................................................76 Figura 3.24. Falta de estimulação da produção de óxido nítrico por macrófagos...........77 Figura 3.25 A citotoxicidade de macrófagos...................................................................77 Figura 4.1. Esquema do protocolo experimental para medida da estabilidade das micropartículas nanoestruturadas em meio ácido............................................................81 Figura 4.2. Efeito do teor de sílica na estabilidade em meio ácido das micropartículas de quitosana nanoestruturadas..............................................................................................86 Figura 4.3. Difratograma do manitol: (a) Manitol; (b) Manitol obtido via spray drying...............................................................................................................................87 Figura 4.4. Difratograma do manitol no início do estudo (T0) e após os 180 dias de exposição (T180).............................................................................................................88 Figura 4.5. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Micropartículas de quitosana; (b)Aerosil® R972; (c)Aerosil® 200...............................89 Figura 4.6. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® R972; (b) micropartícula nanoestruturada com Aerosil® 200............................................................................................................89 Figura 4.7. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Formulação Fm3; (b) Formulação Fm2; (c) Formulação Fm1............................................................90 Figura 4.8. Microscopias das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 em atmosfera úmida...........................................91 Figura 5.1. Imagens MEV de micropartículas de quitosana e sílica contendo cloridrato de propranolol................................................................................................................101 Figura 5.2. Imagens MEV de micropartículas de quitosana e sílica contendo rifampicina.....................................................................................................................102 Figura 5.3. Difratogramas das micropartículas de quitosana e sílica contendo cloridrato de propranolol...............................................................................................................103 Figura 5.4. Difratogramas das micropartículas de quitosana e sílica contendo rifampicina.....................................................................................................................103 Figura 5.5. DSC comparativo do cloridrato de propranolol incorporado às micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® e Livre(Referência) : 5°C/min, 25200°C, N2 - primeiro ciclo de aquecimento................................................................ 104 Figura 5.6. DSC comparativo do cloridrato de propranolol incorporado às micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®200 e Livre(Referência)_ 5°C/min_25200°C : 5°C/min, 25-200°C, N2 - segundo ciclo de aquecimento..............................105 Figura 5.7. DSC das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® e rifampicina de referência. Ciclo de aquecimento 25-110-25-300°C; N2; 5°C/min..............................106 Figura 5.8. Representação gráfica dos perfis de liberação do cloridrato de propranolol em tampão fosfato pH 6, 37°C......................................................................................106 Figura 5.9. Representação gráfica dos perfis de liberação da rifampicina em HCl 0,1M, 37°C...............................................................................................................................107 Figura 6.1. Capacidade de adsorção (mg.g-1) da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® em função do pH (25°C)............................................116 Figura 6.2. Capacidade de adsorção da BSA (mg.g-1) em função da concentração inicial de BSA no meio de adsorção(mg.ml-1) (pH 6, 25°C)...................................................117 Figura 6.3. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®....................................................................................118 Figura 6.4. Capacidade de adsorção (mg.g-1) da BSA em função do pH nas micropartículas de quitosana.........................................................................................119 Figura 6.5. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6................................120 Figura 6.6. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6, temperatura 25°C, concentração de 5mg.ml-1, tempo de adsorção de 2h...................................................121 Figura 6.7. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6, temperatura 25°C, concentração de 5mg.ml-1, tempo de adsorção de 2h...................................................121 Figura 6.8. Perfil de liberação da BSA em diferentes pHs............................................122 Figura 6.9 Espectros infravermelos (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® R972; (b) Quitosana; (c) Aerosil® R972; (d) BSA; (e) Micropartícula com BSA adsorvida na superfície..................................................................................................125 Figura 6.10. Espectros infravermelos (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® 200; (b) Quitosana; (c) Aerosil® 200; (d) BSA; (e) Micropartícula com BSA adsorvida na superfície...................................................................................................................125 Lista de Tabelas Tabela 2.1. Exemplos de diferentes categorias de fármacos em partículas de quitosana e suas vias de administração...............................................................................................10 Tabela 2.2. Exemplos de microesferas de quitosana preparadas pela técnica de spray drying...............................................................................................................................14 Tabela 2.3. Poliânions que formam complexos de polieletrólitos com quitosana e exemplos de aplicações...................................................................................................17 Tabela 2.4. Principais características da reticulação química e física de hidrogéis de quitosana..........................................................................................................................18 Tabela 2.5. pH em algumas regiões e fluidos corporais.................................................31 Tabela 2.6. Relação de alguns tampões em função do pH..............................................31 Tabela 2.7. Ordem/modelos de cinética de dissolução avaliados....................................33 Tabela 2.8. Picos característicos em DRX para os polimorfos do manitol (Hulse et al 2009)................................................................................................................................38 Tabela 3.1. Condições operacionais usadas nos experimentos de spray drying..............50 Tabela 3.2. Efeito do modo e do tempo de dispersão na granulometria da sílica hidrofílica (Aerosil® 200) dispersa na solução aquosa de quitosana..............................56 Tabela 3.3. Influência da concentração de sílica sobre a viscosidade da solução aquosa de quitosana.....................................................................................................................60 Tabela 3.4. Condições operacionais e dados dos ensaios preliminares..........................61 Tabela 3.5. Características físicas das micropartículas (quitosana/Aerosil 200)............63 Tabela 3.6. Características físicas das micropartículas (quitosana/Aerosil R972)..........64 Tabela 3.7. Parâmetros térmicos, obtidos a partir de análise termogravimétrica............68 Tabela 4.1. Formulações das micropartículas de quitosana, manitol e sílicas para estudo de estocagem sob condições controladas de temperatura (40°C) e umidade (75%).......82 Tabela 4.2. Estabilidade em meio ácido (HCL 0,1N) das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®......................................................................................84 Tabela 5.1. Formulações de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo cloridrato de propranolol..................................................................................94 Tabela 5.2. Formulações de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo rifampicina.......................................................................................................95 Tabela 5.3. Modelos cinéticos usados na avaliação dos perfis de liberação de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica..............................................99 Tabela 5.4. Granulometria e eficiência de encapsulação das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo cloridrato de propranolol e rifampicina.....................................................................................................................100 Tabela 5.5. Coeficiente de correlação linear (R2) obtido através de linearização do perfil de liberação do cloridrato de propranolol......................................................................108 Tabela 5.6 - Constante de liberação (k) segundo a equação da reta ajustada pelo modelo de primeira ordem; Porcentagem de cloridrato de propranolol e rifampicina liberada no tempo.............................................................................................................................108 Tabela 6.1. Quantidade de BSA adsorvida sobre as micropartículas de quitosana.......................................................................................................................115 Tabela 6.2. Quantidade de BSA adsorvida em função da concentração inicial de BSA no meio de adsorção (tampão fosfato, pH 6, 25°C)............................................................116 Tabela 6.3. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsorções sobre Qt...................................................................................................................................118 Tabela 6.4. Quantidade de BSA adsorvida nas micropartículas de quitosana em função do tempo........................................................................................................................119 Tabela 6.5.Valores do Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6.....................................................................................................................................120 Tabela 6.6. Valores do perfil de liberação da BSA em diferentes pHs.................................................................................................................................123 Tabela 6.7. Coeficiente de correlação linear (R2) obtido através de linearização do perfil de dessorção da BSA.....................................................................................................123 Tabela 6.8- Parâmetros cinéticos do modelo de Higuchi..............................................123 Tabela 6.9. Análise granulométrica das micropartículas antes e após adsorção da BSA...............................................................................................................................124 Lista de Abreviaturas e Siglas BET: Braunauer, Emmet e Teller; BSA: Albumina do soro Bovino; DSC: Análise de Calorimetria Diferencial de Varredura; DTA: Análise térmica diferencial; DP: Desvio padrão. DRX: Difração de raios-X; DVS: Sorção dinâmica de vapor; MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura; MET: Microscopia Eletrônica de Transmissão; pI: Ponto isoelétrico; TG: Análise Termogravimétrica; μg/mƖ: Microgramas por mililitro; mg/mƖ: Miligramas por mililitro; μm: Micrômetro(s) nm: Nanômetro(s) µƖ: Microlitro(s) mƖ: Mililitro(s) min.: Minuto(s) h: Hora(s) λ: Comprimento de onda CAPÍTULO 1 Introdução Capítulo1. Introdução Tese de doutorado Introdução O termo quitosana, mais que um biopolímero, pode ser usado para representar uma família de polímeros de diferentes massas molares e graus de desacetilação, com diferentes porcentagens de grupos amina primários na cadeia polimérica. Esta família de polímeros é derivada da quitina, um polissacarídeo geralmente obtido de carapaças de crustáceos marinhos como caranguejos e camarões. A quitosana reúne uma série de características físico-químicas (grupos amina e grupos hidroxila, carga positiva em condições acidas, capacidade de formação de filme), além de características biológicas (biocompatibilidade, biodegradabilidade, atoxicidade, efeito antimicrobiano, características bioadesivas) muito interessantes, que a tornam um material atrativo para campos de aplicação tão distintos como tratamento de agua, uso na agricultura ou aplicações biomédicas. A quitosana também exibe, a capacidade de se ligar a substancias como proteínas, íons metálicos e mesmo células tumorais, podendo ser incorporada em hidrogéis e sistemas de liberação controlada de fármacos, de interesse para administração de medicamentos pelas vias oral, nasal ou transdérmica. A quitosana oferece vantagens para o desenvolvimento de sistemas nano ou microparticulados de liberação controlada de substancias ativas. Uma destas vantagens reside no uso de processos que não envolvem o uso de solventes orgânicos como os clorados, ainda muito utilizados para geração de micro/nanopartículas poliméricas, já que a quitosana se dissolve em meios aquosos sob condições acidas. No entanto, a estabilidade de micropartículas de quitosana nas diferentes condições fisiológicas de pH ácido ou alcalino) é também uma das condições para o desenvolvimento de formulações robustas cujo conteúdo substancia encapsulada possa ser liberado de forma controlada. Por exemplo, micropartículas de quitosana para uma aplicação nasal devem ser otimizadas em termos de tamanho e cargas superficiais para garantir uma boa mucoadesividade. Micropartículas de quitosana tem demostrado boas propriedades de mucoadesividade devido à interação entre suas cargas positivas e as cargas negativas da mucosa nasal. Por outro lado, micropartículas de quitosana absorvem agua, e perdem a rigidez e a forma física após intumescimento, o que pode resultar em uma sensação de desconforto no caso da administração nasal (sensação de entupimento da cavidade nasal), além da liberação não controlada do fármaco. Um outro exemplo é a considerável limitação do uso de micropartículas de quitosana para a liberação Bento Pereira da Costa Neto 2 Capítulo1. Introdução Tese de doutorado controlada de fármacos por via oral. Elas rapidamente absorvem agua e dissolvem no meio gástrico, levando a liberação imediata do fármaco encapsulado. Para superar estas limitações das micropartículas de quitosana é possível modificar a estrutura da quitosana através de reticulações químicas, compondo misturas de quitosana e polímeros sintéticos como álcool polivinílico ou desenvolvendo membranas hibridas de material orgânico e inorgânico. Reticulações químicas representam uma alternativa bastante explorada para melhorar as propriedades de liberação controlada e propriedades mecânicas da quitosana. Os grupos amina da quitosana são capazes de estabelecer ligações químicas com o agente reticulante como aldeídos (glutaraldeído, formaldeído, gliceraldeído), enquanto seus grupos hidroxilas são capazes de estabelecer ligações com a epiclorohidrina. A reticulação química da quitosana, apesar de eficaz no controle de propriedades como capacidade de absorção de água ou estabilidade física em meio ácido, apresenta controvérsias devido ao caráter toxico dos reticulantes mais eficazes (glutaraldeído, por exemplo). Uma outra maneira de alterar a capacidade de intumescimento e a estabilidade da quitosana em meio ácido é a formação de nanocompósitos de quitosana e argilas como materiais de revestimento. Argilas são constituídas de camadas de silicato, que hidratadas, se separam e formam estruturas tridimensionais com cargas negativas capazes de interagir com as cargas positivas da quitosana. Vários trabalhos relatam a formação de nanocompósitos de quitosana e argilas diversas como montimorilonitica ou rectorita para recobrimento de comprimidos e formação de um filme nanocompósito capaz de controlar o intumescimento e a estabilidade gástrica de comprimidos revestidos além de permitir uma liberação do fármaco controlada no tempo. Além das argilas, a quitosana também pode ser combinada com sílica para a síntese de materiais híbridos de quitosana-sílica por processo de sol-gel sob condições acidas e para formação de diferentes estruturas tais como materiais porosos e membranas compósitas. Desta forma, o objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma forma alternativa de controlar as propriedades de micropartículas de quitosana (capacidade de sorção de umidade, estabilidade em meio ácido, estabilidade em condições de estresse de temperatura e umidade, carga superficial e liberação de princípios ativos) através da combinação, por processo físico, de quitosana com sílica fumegada nanométrica. Para isso, dois diferentes tipos de sílica foram testados, uma sílica de caráter hidrofílico (Aerosil® 200) e outra de caráter mais hidrofóbico (Aerosil® R972). A incorporação Bento Pereira da Costa Neto 3 Capítulo1. Introdução Tese de doutorado das nanopartículas de sílica (Aerosil) nas micropartículas de quitosana foi realizada através de um processo de secagem por spray drying. O trabalho realizado é apresentado em sete capítulos. O Capítulo 2 resume a revisão sobre os sistemas de liberação controlada desenvolvidos à base de quitosana. O enfoque deste trabalho são aplicações farmacêuticas e a revisão concentra-se particularmente neste campo de aplicação. O Capítulo 3 descreve as diferentes etapas de desenvolvimento de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica e as técnicas utilizadas para a caracterização destes sistemas. Os Capítulos 4, 5 e 6 apresentam respectivamente as propriedades destas microesferas referentes à capacidade de encapsular, reter, proteger diferentes substâncias ativas. Finalmente, o Capítulo 7 apresenta as principais conclusões oriundas deste trabalho bem como as perspectivas para a continuidade desta linha de pesquisa. Bento Pereira da Costa Neto 4 CAPÍTULO 2 Revisão bibliográfica Capítulo 2. Revisão bibliográfica 2.1. Tese de doutorado Microestruturas de encapsulação de princípios ativos Define-se microencapsulação como uma tecnologia de empacotamento de sólidos, gotículas de líquido ou materiais gasosos em finas camadas poliméricas que podem liberar seu conteúdo a taxas controladas e condições específicas (Sparks, 1981). O material encapsulado é conhecido como ativo e o material de revestimento é denominado de membrana ou parede (Gibbs et al., 1999). Dentre as principais estruturas utilizadas para encapsulação de princípios ativos estão as partículas poliméricas, as partículas lipídicas, os lipossomas e as ciclodextrinas. As vantagens desses sistemas são a melhoria da estabilidade química e física dos princípios ativos, melhoria da biodisponibilidade, manutenção do ativo no tecido alvo, muitas vezes, possibilitando a penetração deste em zonas corpóreas de difícil acesso, solubilização de ativos hidrofóbicos, redução de efeitos colaterais e da toxicidade, assim como do número de doses e frequência de administração, proporcionando maior conforto ao paciente e, consequentemente, a maior adesão ao tratamento (Lasic, 1993; Szejtli, 1988). As micropartículas são divididas em duas classes: microcápsulas e microesferas. A microcápsula consiste, em geral, de uma camada de polímero que atua como filme protetor, isolando a substância ativa e evitando os efeitos de sua exposição inadequada. Essa membrana desfaz-se através de estímulos específicos, liberando a substância em locais específicos ou na taxa mais adequada ao tratamento. Nas microesferas, o material ativo encontra-se disperso em uma matriz sólida de polímero (Ré, 2000). A Figura 2.1 representa essa diferença entre cápsulas e esferas. Cápsulas Esferas Parede polimérica Matriz polimérica Núcleo Fármaco a) b) c) d) Figura 2.1- Representação de cápsulas e esferas: a) fármaco dissolvido no núcleo oleoso; b) fármaco adsorvido à parede polimérica; c) fármaco retido na matriz polimérica; d) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica (Schaffazick et al., 2003). Bento Pereira da Costa Neto 6 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado O processo de encapsulação polimérica pode ser aplicado às formulações de produtos farmacêuticos e agrícolas, na indústria de cosméticos e em revestimentos Além do controle da velocidade de liberação do material encapsulado, a encapsulação pode ser realizada com a finalidade de mascarar gosto e odor, ou para facilitar a estocagem e o transporte do produto encapsulado (Janssen, 1995). Há um grande número de polímeros biodegradáveis, podendo ser naturais ou sintéticos, embora poucos deles sejam biocompatíveis. Entre os polímeros sintéticos frequentemente empregados no desenvolvimento de sistemas de liberação de princípios ativos os polímeros e co-polímeros dos ácidos lático e glicólico são os mais utilizados devido a sua segurança e uso autorizado para aplicações em humanos (Amass et al., 1998). Já entre os polímeros naturais utilizados na produção de micropartículas podemos citar a albumina (Sitta et al., 2013), gelatina (Bueno, 2008), colágeno (Montanha, 2013), quitosana (Mantripragada & Jayasuriya, 2014.), entre outros. No entanto, a quitosana é um polímero natural abundante, tendo uma produção de baixo custo e ecologicamente interessante (Dias et al., 2013). Quitosana é o material de interesse deste trabalho e a revisão bibliográfica se concentrará a seguir na apresentação e uso deste polímero para o desenvolvimento de sistemas particulados 2.2. Quitosana 2.2.1 Características A quitina é um polissacarídeo encontrado com facilidade na natureza. Sua constituição química é formada apenas pela estrutura 2-acetamida 2-desoxi-b-Dglicose (N-acetil-D-glicosamina), diferenciando-se da celulose pelo grupo N-acetil. A quitina é encontrada nas formas onde sua estrutura é formada por cadeias paralelas e antiparalelas, ß por cadeias paralelas e γ com sua estrutura não totalmente definida, todas encontradas na natureza (Ravi Kumar, 2000). A quitina, matéria-prima da quitosana, atualmente é obtida principalmente do exoesqueleto de crustáceos, como o caranguejo e o camarão, que até há pouco tempo era um resíduo descartável da indústria pesqueira. No exoesqueleto de crustáceos, além da quitina existem quantidades de carbonato de cálcio, carbonato de magnésio, pigmentos e proteínas (Torres, 2006). Bento Pereira da Costa Neto 7 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Devido à sua origem natural, a quitosana (Figura 2.2) não pode ser definida como uma estrutura química única, mas, como uma família de polímeros de diferentes pesos moleculares e graus de desacetilação, definida em termos da porcentagem de grupos amino primários na cadeia principal do polímero (Sonia & Sharma, 2011). OH OH - O H H H O H H H H HO OH H H OH NH 2 H H H O O OH NH 2 - O H OH OH NH 2 Figura 2.2. Estrutura química da quitosana. A quitosana tem propriedades físico-químicas (grupos hidroxilo e amino reativos, alta carga positiva em condições ácidas, boa formação de filmes) e biológicas (biocompatibilidade, biodegradável, ausência de toxicidade, efeitos antimicrobianos e características mucoadesivas), que a tornam um material atraente para o uso como material funcional de elevado potencial de aplicação em áreas tão diferentes como biomédica (Berger et al., 2004; Dasha et al., 2011; Alvesa & Manoa, 2008), alimentos (Duttaa et al.,2009; Devlieghere et al.,2004; Shahidi et al.,1999; Onsoyen & Skaugrud, 1990), tratamento da água (Alvesa & Manoa, 2008; Zenga et al., 2008; Divakaran & Pillai, 2001; Peter, 1995), agrícola (Onsoyen & Skaugrud, 1990; Peter, 1995; Zhang et al., 2003), entre outros. A quitosana na forma de solução ou gel possui arranjo conformacional variado, na forma esférica, fibrilar e espiralada. O arranjo estrutural é influenciado pela temperatura, pH, distribuição média das massas moleculares, e grau de desacetilação. A distribuição dos grupos acetilados e desacetilados, ou seja, dos grupos N-acetil e amino presentes na cadeia polimérica ocorre de forma randômica (Torres, 2006). As soluções de quitosana, obtidas de procedimentos de solubilização, normalmente, possuem características hidrofílicas (grupos amino). A partir das alterações de sua estrutura elas podem intensificar a sua natureza hidrofílica ou apresentar características hidrofóbicas (grupos imino). Essas interações hidrofóbicas diferem de outros tipos de interações como as eletrostáticas, pontes de hidrogênio e de van der Waals por não serem resultados de interações coesivas entre as moléculas, mas sim, pela estabilização dos resíduos laterais presentes na cadeia polimérica que devem Bento Pereira da Costa Neto 8 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado ser resguardados do contato com moléculas de água (Torres, 2006). Desbrières et al (1996) pesquisaram as interações hidrofóbicas na estabilização das estruturas reticuladas. Essas interações foram influenciadas pelo grau de desacetilação da quitosana, através da distribuição dos grupos N-acetil e amino ou imino, ampliação da concentração do reticulado, acréscimo da temperatura da amostra, pH do meio, com a ionização do grupo amino quando em solução ácida, grau de reticulação, com a reação do grupo amino de características hidrofílicas com o grupo aldeído formando base de Schiff com características hidrofóbicas, entre outros fatores. A quitosana tem a capacidade de se ligar a certos materiais, incluindo as proteínas, os íons metálicos e até mesmo células tumorais. Além disso, a quitosana pode ser incorporada em hidrogéis e micropartículas que demonstram grande potencial em sistemas de liberação de princípios ativos via oral, nasal ou transdérmica [Lee et al., 2009; Agnihotri et al., 2004; Gordon et al.,2010; Bansal et al., 2011; Gavini et al., 2008). 2.2.2. Micropartículas de quitosana A obtenção de micropartículas de quitosana tem sido estudada desde a década de 80. Dentre inúmeras possíveis técnicas de obtenção, somente quatro técnicas principais têm sido investigadas: (a) secagem por atomização (spray drying); (b) coacervação simples ou complexa (Braga, 2013); (c) gelificação ionotrópica (Kiill, 2012); e (d) emulsificação com evaporação de solvente, (Rutz, 2013). Micropartículas de quitosana têm sido usadas como potencial carreador para liberação prolongada de fármacos e macromoléculas, vetorização, aumento de biodisponibilidade de substâncias degradáveis e aumento da absorção de substâncias hidrofílicas através de camadas epiteliais (Oliveira, 2005). A Tabela 2.1 apresenta as principais classes de fármacos que vem sendo investigadas com partículas de quitosana, com diferentes vias de administração testadas. Bento Pereira da Costa Neto 9 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Tabela 2.1. Exemplos de diferentes categorias de fármacos em partículas de quitosana e suas vias de administração Classe do Fármaco Fármaco Via de administração Referência Bacteriostática Dapsona Pulmonar Oliveira,2010 Oral Raffin et al., 2003 Anti-inflamatórios Indometacina Agentes Cardíacos Propranolol Oral / Nasal Dandagi et al., 2007 Antibiótico Tetraciclina Oral Denobile & Nascimento, 2004 Esteroides Progesterona Intramuscular Pimentel ,2010 Terapia gênica DNA Intramuscular Aral et al., 2000 2.3. Preparação de micropartículas de quitosana Na gelificação ionotropica, uma solução de quitosana é preparada e extrudada através de uma agulha em uma solução aquosa de tripolifosfato ou outro ânion sob agitação. As esferas são removidas da solução iônica por filtração, lavadas com água destilada, secas em temperatura ambiente. Uma das vantagens apresentadas por este método é a não utilização de agentes de reticulação que podem induzir efeitos tóxicos e outros efeitos indesejáveis (Dumitriu & Chornet, 1998). Na coacervação simples, o polímero é solubilizado e então é adicionado um soluto, o qual forma um derivado do polímero insolúvel com a consequente precipitação. O processo de coacervação usa o fenômeno de desolvatação parcial dos polímeros e sua agregação em resposta a trocas químicas ou físicas no meio (Porte & Couarraze, 1994). Micropartículas de quitosana também podem ser preparadas pela coacervação complexa. Estas micropartículas são formadas pela interação interiônica entre polímeros de cargas opostas. Bartkowiak (2001) revisou a influência dos parâmetros mais pronunciados que podem ser usados para modular as propriedades de micropartículas binárias. Estes parâmetros foram divididos em duas categorias; a primeira inclui a massa molar do poliânion, pH, força iônica e concentração de ambos polieletrólitos, que podem ser manipuladas simultaneamente para controlar as propriedades mecânicas e estruturais. O segundo grupo, a massa molar do poliânion e o tempo de reação, influenciam somente a resistência mecânica (Oliveira, 2005). A emulsificação com evaporação de solvente é o método é o mais usado para a microencapsulação, por ser considerado o método mais simples. Este método envolve a Bento Pereira da Costa Neto 10 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado formação de uma emulsão entre a solução polimérica e uma fase contínua imiscível, sendo aquosa formará uma emulsão O/A e se oleosa formará uma emulsão A/O. A emulsão formada é submetida à agitação até a maior parte do solvente orgânico evaporar, levando a solidificação das microesferas. As microesferas podem então ser lavadas, centrifugadas e liofilizadas para obter microesferas secas (Oliveira, 2005). A técnica de spray drying é uma tecnologia empregada em vários segmentos industriais (farmacêuticos, materiais cerâmicos, plásticos, resinas, etc). Os benefícios da técnica de spray drying é a obtenção reprodutível de partículas, aplicabilidade da técnica tanto com materiais sensíveis quanto resistentes à temperatura, capacidade de processar diversas matérias-primas e a flexibilidade na formulação. Os fatores de formulação e os parâmetros de processo determinam as propriedades das partículas produzidas (Wendel&Çelik, 1997). O procedimento envolve quatro estágios sequenciais: (a) Atomização dos materiais de alimentação através de um bico atomizador; (b) Contato das gotículas produzidas com o ar; (c) Secagem (d) Coleta do produto sólido (micropartículas) obtido (Broadhead et al., 1992, Ré 2006) (Figura 2.3). Figura 2.3. Representação esquemática do funcionamento do equipamento “spray dryer” (Ré, 2006). Bento Pereira da Costa Neto 11 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Em comparação com as diferentes técnicas de microencapsulação utilizadas, a secagem por spray drying apresenta a vantagem de ser um processo de etapa única. Além disso, apresenta rapidez, pequena dependência sobre as características de solubilidade do fármaco e do polímero e facilidade de escalonamento. Essas características demonstram sua adequação como método de encapsulação de fármacos (Ré, 1998; Ré, 2002; He et al., 1999; Huang et al., 2003). A utilização da técnica de secagem por atomização na obtenção de micropartículas consiste basicamente em dispersar o adjuvante e o fármaco em um solvente ou sistema adequado, e atomizar via aspersor para originar microgotas. Estas, ao entrarem em contato com o ar em temperatura próxima ou superior ao ponto de ebulição do solvente, proporcionam a evaporação do mesmo de forma rápida e dinâmica, formando assim as micropartículas (Masters, 1985; Fu, et al., 2002). Micropartículas contendo um agente ativo podem ser preparadas por spray drying a partir de sistemas homogêneos (soluções) ou heterogêneos (dispersões). No caso de soluções, o ativo e o polímero estão co-dissolvidos em um mesmo solvente. No caso de dispersões, partículas finamente divididas do ativo são incorporadas a uma solução polimérica. A solução ou suspensão é atomizada e seca em secadores spray drying. Com a evaporação do solvente, o polímero precipita e aprisiona o sólido disperso (suspensão-mãe) ou os cristais precipitados (solução-mãe). A microestrutura gerada é mais usualmente conhecida como microesfera em aplicações médicas e farmacêuticas (Ré, 2006). O número de Peclet, Pe (Figura 2.4), é um número adimensional relevante no estudo de fenômenos de transporte em fluxos fluidos, e pode ser usado para representar o efeito esperado nas variáveis estudadas em secagens por spray dryer: temperatura de secagem e diâmetro do bico nebulizador. Dsol R(t) Vf Figura 2.4. Representação esquemática do número de Peclet Bento Pereira da Costa Neto 12 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado O número de Peclet estabelece um balanço entre efeitos convectivos e difusivos em uma gota submetida à evaporação para a qual a energia é fornecida pelo ar de secagem: Pe = Vf.R/Dsol (Equação 2.1) onde : Vf = velocidade de secagem (avanço do fronte de secagem); R = Raio da gota, Dsol = coeficiente de difusão dos constituintes da formulação liquida (sílica e quitosana). As variações de Vf, Dsol e R alteram características físicas das partículas formadas como tamanho, velocidade de secagem (aumento da capacidade de evaporação do processo e da difusão interna dos constituintes da formulação liquida com o aumento da temperatura do ar de secagem). Quando Pe < 1, a velocidade de evaporação é lenta comparada à difusão dos componentes no interior da gota e seu tamanho e densidade variam gradualmente. Os constituintes da formulação (no caso as moléculas da quitosana em solução e as partículas de sílica) tem tempo suficiente para difundir através da gota. Nestas circunstâncias, a partícula formada terá uma estrutura densa com uma densidade próxima à dos materiais que a constituem. Quando Pe > 1, a velocidade de evaporação é muito rápida comparada aos efeitos internos difusivos e a superfície da gota atinge rapidamente a supersaturação crítica que leva à formação de uma crosta sólida. A partir dessa etapa, a difusão interna passa a ser controlada pela barreira física que a crosta representa e que reduz a velocidade de evaporação do solvente. Esta condição leva à formação de partículas maiores e de menor densidade. He et al. (1999) analisaram a influência dos parâmetros de processo de spray drying (vazão de alimentação, fluxo de ar, tamanho do bico e temperatura de entrada) sobre o tamanho de microesferas de quitosana e seu potencial zeta. O diâmetro das microesferas obtidas utilizando o bico padrão (0,5 mm) foi 3,63 μm, e 4,83 μm quando um bico de 1,0 mm foi usado. Com a ampliação da vazão de alimentação (15 mƖ/min), as microesferas aumentaram de diâmetro. Quando o fluxo de ar foi reduzido de 10 para 6 l/min ocorreu um pequeno aumento aparente no tamanho das partículas de 3,32 a 3,81 μm. Microesferas com um pequeno tamanho de partícula foram produzidas usando altas vazões de ar, e a temperatura de entrada teve pequena influência sobre o tamanho das partículas. Os parâmetros de processo (tamanho do bico, vazão de alimentação e fluxo Bento Pereira da Costa Neto 13 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado de ar) afetaram o tamanho das microesferas resultantes, porém mantiveram a sua densidade de cargas na superfície devido ao mesmo nível de reticulação. Micropartículas de quitosana têm sido obtidas para diferentes propostas de aplicação/interesses por meio do uso da técnica de spray drying, bem como com diferentes fármacos. A tabela 2.2 apresenta alguns exemplos da literatura. Tabela2.2. Exemplos de microesferas de quitosana preparadas pela técnica de spray drying 2.4. Fármaco Aplicação/Interesse Referência Betametasona Liberação pulmonar Huang et al., 2003 Diclofenaco Liberação gástrica Beck et al., 2004 Cetoprofeno Liberação controlada Braga, 2005 Cloridrato de tacrina Liberação nasal Saladini et al., 2013 Metformina Liberação mucosa bucal Sander et al., 2013 Alteração das propriedades da quitosana A quitosana possui uma série de vantagens, particularmente para o desenvolvimento de nano/microesferas como sistema carreador de princípios ativos. Algumas de suas vantagens incluem a sua capacidade de controlar a liberação desses princípios ativos e evitar o uso de solventes orgânicos durante a produção de sistemas particulados, uma vez que é solúvel em solução aquosa ácida. No entanto, a estabilidade das microesferas de quitosana sob diferentes condições fisiológicas é um pré-requisito para uma aplicação bem sucedida. Por exemplo, micropartículas destinadas a administração nasal devem ser otimizadas em termos de tamanho de partícula e mucoadesividade. A quitosana apresenta propriedades mucoadesivas, devido à interação eletrostática entre as cargas positivas e as superfícies mucosas carregadas negativamente. No entanto, micropartículas de quitosana absorvem água, intumescem e tornam-se frágeis, perdendo rigidez e forma, podendo obstruir as narinas e dificultar a administração intranasal. No caso do uso de micropartículas de quitosana como sistemas carreadores de liberação sustentada para uma administração oral, outro problema de estabilidade pode ser observado: rápida solubilização em condições gástricas levando à rápida liberação de substâncias encapsuladas nas micropartículas (Alpar et al., 1996; Salcedo et al., 2012). Bento Pereira da Costa Neto 14 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado A fim de superar estes problemas que limitam o uso de micropartículas de quitosana como veículos de administração de substancias ativas por vias oral ou nasal, é possível modificar a estrutura da quitosana através da introdução de ligações cruzadas (reticulações) pela combinação da quitosana com polímeros sintéticos, tal como poliacetato de vinila (PVA) (Parida et al., 2011) ou ainda através do desenvolvimento de membranas híbridas com estruturas orgânicas-inorgânicas (Wang et al., 2007). 2.4.1. Reticulação da quitosana A reticulação interliga as cadeias poliméricas por agentes de reticulação para a formação de uma estrutura tridimensional. As propriedades dos matériais reticulados dependem principalmente da sua densidade de reticulação, ou seja, a razão molar de agente reticulante por unidade monomérica do polímero (Peppas, 1986). A reticulação pode ocorrer simultaneamente ao processo de obtenção das micropartículas em diferentes técnicas de preparação, ou com micropartículas préformadas por diferentes técnicas. As micropartículas de quitosana também podem ser classificadas como hidrogéis, os quais são definidos como redes macromoleculares intumescidas em água ou fluidos biológicos (Peppas, 1986, Langer & Peppas, 2003). A reticulação de hidrogéis de quitosana pode ser dividida em duas classes: do tipo química ou física e serão descutidas a seguir. 2.4.1.1. Reticulação química Nessa reticulação os agentes são moléculas de massa molar menor que a massa molar das cadeias entre duas reticulações consecutivas (Peppas, 1986). Berger et al. (2004) revisaram a reticulação de hidrogéis de quitosana, dividindo os hidrogéis covalentemente reticulados em três tipos com relação a sua estrutura: quitosana reticulada consigo mesma, rede polimérica híbrida e rede polimérica semi ou completamente interpenetrada. Nos três tipos de estruturas de reticulação química, as ligações covalentes são as principais interações que formam a rede, mas outras interações não podem ser excluídas (Wang et al., 2001). A ligação cruzada é uma forma comum de melhorar as propriedades de liberação controlada e a resistência mecânica através da introdução de uma estrutura de rede tridimensional (Chen et al., 2013). Por conseguinte, o movimento de solutos através das membranas de polímero reticulado pode ser controlado com precisão pelo controle desta Bento Pereira da Costa Neto 15 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado estrutura de rede. Os grupos amina e hidroxila disponíveis na quitosana são sítios ativos capazes de formar uma série de ligações. Atualmente, os agentes de ligação cruzada mais utilizados envolvendo ligações com grupos amina da quitosana são aldeídos, tais como o glutaraldeído (Gupta & Jabrail, 2007; Ramachandran et al., 2011; Mirzaei et al., 2013), de formaldeído (Du et al., 2009; Singh et al., 2006) ou glioxal (Yang et al., 2005; Moniera et al., 2010). Epicloridrina, uma molécula bifuncional que contem dois grupos funcionais, é outro reagente de reticulação altamente reativo com o grupo hidroxila da quitosana (Coelho et al., 2007; Sahin et al., 2011). Redes de quitosana reticulada são úteis no campo farmacêutico para a formulação de sistemas de carreamento de novos fármacos, como microesferas, nanoesferas e filmes/membranas. Contudo, a aceitação de tais produtos com ligações cruzadas depende da quantidade de agente de reticulação presentes nos produtos finais. Nesse sentido, a toxicidade dos aldeídos é limitada na reticulação das micropartículas de quitosana quando se refere ao campo farmacêutico (Harris et al., 2010; Mi et al., 2000). Para superar a toxicidade dos agentes reticulante, Oliveira et al. (2005) estudaram o uso potencial de D- gliceraldeído e L-gliceraldeído como agente de ligação cruzada biocompatível, uma vez que está presente no organismo humano como produto metabólico da frutose. Foi estudada a morfologia, tamanho de partícula, carga de superfície e propriedades de capacidade de absorção de água das microesferas de quitosana reticuladas [Oliveira et al.,2005; Oliveira et al.,2006). 2.4.1.2. Reticulação física A reticulação física pode ser feita através de diferentes tipos de reticulação, entre elas a reticulação iônica, complexos de polieletrólitos, complexação da quitosana/PVA e quitosana enxertada. A reticulação iônica ocorre por interação de íons com os grupos amino da quitosana positivamente carregados. A natureza destas interações é a mesma daquela que aconteceu com complexos de polieletrólitos. A diferença reside no fato que à massa molar dos agentes de reticulação iônica são menores que os da reticulação com complexos de polieletrólitos. Berger et al. (2004) classificam como reticulação iônica, as entidades que são moléculas iônicas ou íons com massa molar bem definido. Em contra partida, com complexos de polieletrólitos, os agentes reticulantes são polímeros com uma distribuição grande de massa molar. Outra forma de reticulação física são os nanocompósitos de argila/quitosana, sintetizados como materiais de revestimento para retardar o intumescimento provocado Bento Pereira da Costa Neto 16 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado por soluções aquosas ácidas e melhorar estabilidade do compósito no fluido gástrico. Argilas são compostas de camadas de silicato, as quais podem ser separadas e formarem estruturas tridimensionais quando são hidratadas em água. Eles têm carga negativa e pode interagir com a quitosana. Verificou-se que a quitosana reage com vários tipos de argilas, tais como montmorillonita (Hua et al., 2010; Wang et al., 2005; Salcedo et al., 2012; Na & Dulz, 2007), magadiíta (Liu et al., 2007), rectorite (Wang et al., 2007) ou de silicato de alumínio e magnésio (Khunawattanakul et al., 2011) para os comprimidos de libertação modificada. Nanocompósitos de quitosana/montmorillonita têm sido propostos como uma nova rota de liberação de princípios ativos para administração oral, combinando as propriedades mucoadesivas com baixa solubilidade em meio ácido (Salcedo et al., 2012). Os poliânions comumente utilizados na preparação de complexo de polieletrólitos com quitosana e exemplos de aplicações como sistemas de liberação controlada estão apresentados no Tabela 2.3. Tabela 2.3. Poliânions que formam complexos de polieletrólitos com quitosana e exemplos de aplicações. Classe química Polieletrólito Ácido hialurônico Polissacarídeos Grupo ácido -COO- Alginato -COO- Dextrana -OSO3- Aplicação Liberação controlada gentamicina -COO- Takka & nicardipina Acartürk, 1999 Liberação controlada Sakiyama et al., por via oral 2001 liberação controlada no cólon Proteína Colágeno Ácido Polímeros sintéticos polifosfórico Polifosfato Bento Pereira da Costa Neto -COO-OPO3-OPO3- Lim et al., 2000 Liberação controlada Vetorização e Pectina Referência Munjeri et al., 1997 Liberação controlada Zhang et al., propranolol 1997 Liberação sustentada da 6-mercaptopurina Liberação controlada da 6-mercaptopurina Mi et al., 1999a Mi et al., 1999b 17 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado A escolha entre a utilização da reticulação física ou química da quitosana será baseada principalmente na necessidade de cada aplicação, levando-se em conta as propriedades geradas por cada tipo de reticulação. A Tabela 2.4 apresenta um resumo das características revisadas e discutidas por Berger et al. (2004 a,b) que são geradas pela reticulação química e física de hidrogéis de quitosana. Tabela 2.4. Principais características da reticulação química e física de hidrogéis de quitosana Reticulação química Preparação Simples Reticulação física Simples e condições brandas pH dependente em meio pH dependente em meio ácido ácido e básico Tipo de reticulação Irreversível Reversível Toxicidade Questionável Boa Propriedades mecânicas Alta Baixa Dissolução Baixa Alta Escalonamento Simples Complicado Intumescimento/liberação Recentes estudos sobre a obtenção de materiais constituídos de quitosana com sílica têm sido realizados. Como se sabe, ossos, dentes, carapaças de animais e conchas são constituídos de materiais organo-inorgânicos, nos quais proteínas e lipídios formam uma matriz estrutural para a deposição de compostos inorgânicos como cristais de hidroxiapatita, carbonato de cálcio, fosfato de cálcio e sílica (Reis, 2007). A produção de materiais híbridos à base de quitosana e sílica tem sido realizada de forma a aproveitar as características estruturais da quitosana, que possui uma estrutura de cadeia regular e pode formar soluções verdadeiras em meios ácidos, o que facilita o seu uso no processo sol-gel. Os derivados da quitosana e a própria quitosana podem apresentar interações específicas com a superfície de gel de sílica, como ligações químicas ou adsorção específica (Muzzarelli & Muzzarelli, 2002). Rashidova et al., (2004) realizaram um estudo com o objetivo de produzir um material híbrido na forma de pó através da inclusão da quitosana na cadeia de polisiloxana durante a formação da sílica-gel na policondensação hidrolítica do tetraetilortossilicato, através do processo sol-gel. O FTIR revelou bandas de absorção a Bento Pereira da Costa Neto 18 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado 1090, 1020 e 3400 cm-1, relacionadas à presença de ligações químicas do tipo Si-O-Si, Si-O-C e NH2 livres e grupos OH, respectivamente. Não foram observadas bandas de absorção dos grupos amidas da quitosana, no campo de 1650 cm -1, nem de grupos silanol no campo de 960 cm-1. Este resultado foi considerado um forte indício da formação das seguintes interações: a) ligações de hidrogênio entre os grupos silanol da sílica e grupos amidos e hidroxilas da quitosana; b) ligações iônicas entre os grupos silanol da sílica e os grupos aminos da quitosana. Em outro estudo (Yang, Wang & Tan, 2004), géis porosos de quitosana e sílica foram preparados através da mistura do tetrametilortossilicato, precursor da sílica, com a quitosana em solução aquosa de ácido acético a 1% utilizando-se o processo sol-gel. A proposta do estudo foi avaliar a capacidade do gel formado em servir como material carreador para enzimas, no caso a glicose-oxidase. A quitosana pode formar hidrogéis resistentes com agentes de ligações cruzadas, como o glutaraldeído. Entretanto, todo o esforço para realizar a secagem do hidrogel para a obtenção do aerogel não tem trazido bons resultados, devido à alta deformação e contração do gel de quitosana (Reis, 2007). Esse comportamento é esperado já que a quitosana possui caráter altamente polar com afinidade para formar ligações de hidrogênio com cadeias adjacentes. Portanto, a adição de um material inorgânico como a sílica poderia tornar o gel mais resistente a deformações. Em um estudo, hidrogéis contendo uma fase sólida de quitosana e sílica foram sintetizados através do uso de uma solução aquosa de quitosana em ácido acético a 1 % para catalisar a hidrólise e a condensação do tetraetilortossilicato, alcóxido precursor da sílica. As amostras variaram na proporção quitosana/sílica de 0,1 a 1,1 e o tempo de geleificação variou de 1 a 4 horas para as várias amostras sintetizadas. As propriedades físicas dos materiais mostraram uma forte dependência da proporção quitosana/sílica. Quando a quantidade de quitosana aumentou, a contração do material diminuiu significantemente. Isto mostrou que a quitosana inibiu a contração de geleificação a despeito do fato de que a quitosana possui alto caráter polar e capacidade de formar ligações de hidrogênio entre as partículas de sílica adjacentes. Estas ligações poderiam explicar tal comportamento, já que elas podem reduzir as reações de condensação dos grupos hidroxilas superficiais com as partículas de sílica vizinhas, desta forma, inibindo a contração do gel. Portanto, amostras com alto conteúdo de quitosana podem reduzir o empacotamento da estrutura do gel, trazendo como consequência maior capacidade de absorver água quando em contato com soluções-tampão. A quantidade de quitosana Bento Pereira da Costa Neto 19 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado presente também afetou a área superficial dos aerogéis secos, que diminuiu com o aumento da quantidade de quitosana. Isto poderia ser explicado pela presença de impurezas na quitosana ou pequenas porções do polímero que não se dissolveram completamente no processo sol-gel (Ayers & Hunt, 2001). Sílica tem sido utilizada na geração de micropartículas por spray drying. Beck et al. (2004) produziram micropartículas revestidas com nanopartículas produzidas por spray-drying, utilizando o diclofenaco como fármaco modelo. Trabalhos anteriores apresentaram o processo para secar nanopartículas poliméricas carregadas de drogas utilizando dióxido de silício como adjuvante. O fármaco foi associado ao dióxido de silício e nanopartículas de Eudragit foram utilizadas como revestimento orgânico. O Eudragit foi selecionado devido à resistência gástrica. O potencial de aplicação das micropartículas foi avaliado em termos de rendimento de processo, eficiência de encapsulação, análises morfológicas e perfis de liberação in vitro em meios de buffers (pH 1.2, 5,0 e 7,4). Os resultados mostraram a viabilidade das micropartículas inorgânicas revestidas com nanopartículas para a liberação gástrica do diclofenaco. Yun et al. (2008) desenvolveram uma nova estratégia para obtenção de argila dispersa em uma matriz polimérica pelo método de spray drying. As medidas feitas em microscopia eletrônica e em microscopia eletrônica de transmissão mostraram que o processo de secagem pelo método de spray drying produz microesferas de argila/polímero no qual a argila é presa e dispersa dentro da matriz polimérica. A argila/poli (metil metacrilato) foi adicionada à microesfera com sucesso. Os nanocompósitos aumentaram as estruturas sem qualquer perturbação da nanoestrutura da argila dispersa na microesfera original. A microscopia eletrônica de transmissão e análise de raio-X de pequeno-ângulo mostram que as partículas de argila possuem um grau excelente de dispersão. Os resultados mostram também que as microesferas obtidas pelo método de spray drying constituem um excelente precursor para processos como extrusão ou mistura de fundição com outros polímeros para obtenção de nanocompósitos. Quando a quitosana está presente na solução, ela pode interagir com as partículas de sílica através de uma variedade de interações, incluindo as ligações Si-O-C e ligações de hidrogênio, que, por sua vez, mantém as partículas de sílica relativamente próximas umas das outras, facilitando a formação dos aglomerados. Desta forma, as partículas de quitosana serviriam como conexão entre as partículas de sílica (unidade primária) e os aglomerados de partículas (unidade secundária) (Hu et al., 2001). Bento Pereira da Costa Neto 20 Capítulo 2. Revisão bibliográfica 2.5. Tese de doutorado Considerações gerais sobre a sílica O termo sílica refere-se aos compostos de dióxido de silício, SiO2, nas suas várias formas incluindo sílicas cristalinas e amorfas. A sílica amorfa se divide em dois grupos: naturais e sintéticas. As sílicas sintéticas ocorrem em diversas formas e são classificadas em sílica coloidal, sílica gel, sílicas fumegadas e precipitada (Prado, 2005; Sales, 2003). Na obtenção da sílica amorfa, existem parâmetros específicos que são controlados independentemente como: área superficial, volume do poro, tamanho do poro e diâmetro das partículas. Estes parâmetros governam o comportamento físicoquímico da sílica. Portanto, qualquer alteração nos métodos de obtenção de sílica amorfa afetará o comportamento físico-químico deste material (Vansant, 1995). As sílicas sintéticas amorfas são obtidas por dois tipos diferentes de processo: o processo de fase líquida (LPP) e o processo em fase de vapor (VPP). Um dos processos LPP de destaque é o processo sol-gel. O processo sol-gel envolve reações de hidrólise e condensação do alcóxidos metálicos que resultam na formação de uma rede de óxido, como mostrado na Figura 2.5, onde R= CH3, C2H5 ou C3H7 (Pagliaro, 2009): Si(OR)4 + R'(Si(OR)3 + 7H2O↔ Si(OH)4 + R'(SiOH)3 + 7ROH (Hidrólise) Si(OH)4 + R'(SiOH)3↔ (OH)3Si-O-SiR'(SiOH)3 + H2O (Condensação) Figura 2.5. Reação de formação da sílica pelo processo sol-gel. Hidrólise e condensação ocorrem simultaneamente em solução aquosa. Na condensação, partículas estáveis de tamanho coloidal são formadas. Em seguida, o sol se condensa na forma de hidrogel. A terminologia ‘sol’ refere-se a uma dispersão estável de partículas sólidas coloidais em um líquido, enquanto que a terminologia ‘gel’ é atribuída para sistemas constituídos por um esqueleto sólido contínuo de partículas coloidais ou polímeros encerrando uma fase contínua líquida. O processo sol-gel de obtenção de sílica é muito utilizado devido à sua capacidade de formar produtos puros e homogêneos em temperaturas brandas. A sílica também pode ser obtida por processo que envolve alta temperatura, designado de processo em fase de vapor, VPP. A sílica obtida por este processo é conhecida como sílica fumegada. Ela é obtida pela hidrólise a alta temperatura (> 1000°C) do tetracloreto de silício (SiCl4) na presença de hidrogênio e oxigênio, conforme Figura 2.6. Bento Pereira da Costa Neto 21 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado 2 H2 + O2 → 2 H2O SiCl4 + 2 H2O → SiO2 + 4 HCl Figura 2.6 Reação de formação da sílica pelo processo em fase de vapor. A sílica é formada quando o tetracloreto de silício reage com o hidrogênio para formar gotículas de dióxido de silício, construindo partículas primárias que estão ligadas entre si em cadeias lineares. As características da sílica produzida podem ser controladas por uma variação da concentração dos reagentes, da temperatura da chama e do tempo de presença na câmara de combustão. Esse processo resulta na obtenção de sílica pura com baixa quantidade de grupos silanóis, baixo teor de água com partículas de tamanho menor (Hewitt, 2007). Em solução aquosa ou sob condições hidrotérmicas, as sílicas fumegadas formam as chamadas sílicas coloidais ou sílicas mesoporosas (Brinker & Scherer, 1990; Iler, 1979). A sílica fumegada é utilizada como agente reforçante de compostos de silicone e polímeros orgânicos. Polímeros sem aditivos possuem baixa resistência mecânica. Adicionando se sílica fumegada à borracha, por exemplo, sua resistência mecânica no alongamento e ruptura aumenta, permitindo que este composto possa ser alongado e deformado sem quebrar. As sílicas fumegadas são inodoras, insípidas e quimicamente inertes, o que favorece sua utilização em aplicações de interesse de indústrias farmacêuticas, cosméticas, alimentícias, de plásticos, adesivos, compósitos e, especificamente, em tintas e vernizes. Estudos comprovam que nos seres humanos, a sílica fumegada amorfa é atóxica, por via oral, pele ou olhos, e por inalação (Stein, 2001). Quando inalado o pó se dissolve no fluido do pulmão e é rapidamente eliminado. Em caso de ingestão, a sílica é excretada nas fezes e há pouca acumulação no organismo. Após a absorção através do intestino a sílica é eliminada através da urina sem modificação em animais e seres humanos (Jacc, 2006). A sílica apresenta-se em unidades tetraédricas SiO4 distribuídas aleatoriamente, possuindo grupos siloxanos (Si-O-Si) em seu interior e uma vasta população de grupos silanóis (Si-OH) na sua superfície, como mostrado na Figura 2.7. Os grupos silanóis presentes na superfície da sílica se distribuem aleatoriamente e, dependendo da maneira como se encontram dispostos, podem ser denominados: - isolados ou livres, onde existe apenas um grupo OH ligado a um átomo de silício; - vicinais ou em ponte, que caracterizam os dois grupos silanóis ligados a dois diferentes átomos de silício da rede Bento Pereira da Costa Neto 22 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado inorgânica; geminais, que consistem em dois grupos de hidroxilas ligados a um mesmo átomo de silício (Zuravlev, 2000). H H H Silanóis Geminais Silanóis Isolados O O O SiH3 O SiH2 SiH3 - H3Si H O - - O + H SiH3 H O + H3Si O + H Silanóis Vicinais SiH3 H Silanóis Vicinais SiH2 SiH2 SiH2 SiH2 - O O O Siloxanos de Superfície Figura 2.7. Diagrama apresentando possíveis arranjos de grupos silanóis e siloxanos na superfície da sílica fumegada (Zuravlev, 2000). Estes três tipos de grupos silanóis não são equivalentes quanto ao comportamento de adsorção ou de reatividade química. As hidroxilas vicinais interagem fortemente com as moléculas de água e são as responsáveis pelas excelentes propriedades de adsorção de água da sílica, que são exploradas, por exemplo, nas operações de secagem a gás industrial (Napierska et al, 2010). As sílicas fumegadas são hidrofílicas, no entanto podem ser tratadas tornando-se hidrofóbicas. Dessa forma, uma sílica de caráter hidrofílico devido à presença dos grupos silanóis na superfície, poderá adquirir um caráter hidrofóbico, justamente pela predominância dos grupos siloxanos na superfície (Lind et al., 2003). Os compostos mais comuns utilizados nos tratamentos de superfície (físico ou químico) da sílica amorfa hidrofílica para a produção de sílica hidrofóbica são: dimetildiclorossilano, hexametildissilazano e polidimetilsiloxanos. • Dimetildiclorossilano → ≡Si–O–[Si(CH3)2–O–]x = 1 – 3 • Hexametildissilazano → ≡Si–O–Si(CH3)3 • Polidimetilsiloxanos → ≡Si–O–[Si(CH3)2–O–]x = 3 - 6(10) Bento Pereira da Costa Neto 23 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado O tratamento de superfície não altera as propriedades do sólido, por exemplo, diâmetro de partícula, cinética de dissolução do dióxido de silício de polímero inorgânico (sílica, SiO2). Entretanto, ele altera as propriedades físico-químicas como redução da absorção de umidade (Jacc, 2006). A reação da sílica ativa com material de natureza orgânica permite converter a sílica hidrofílica em material hidrofóbico. Quando a superfície dos grupos silanol reage com compostos como organosilicones (grupo alquilo), estes são ligados à superfície, tornando-os hidrofóbicos. O prefixo R (Repelente) caracteriza estes produtos. Através do tratamento hidrofóbico, a densidade dos grupos silanol por nm2 diminui aproximadamente de 2 para tipos hidrofílicos e 0,75 para os tipos hidrofóbicos. Os grupos silanol hidrofílicos são convertidos com dimetildiclorossilano para formar grupos dimetilsililos ligados quimicamente na superfície da sílica, tal como mostra a Figura 2.8 (Jonat, 2005). Figura 2.8. Tratamento de sílica fumegada hidrofóbica (adaptado de Jonat, 2005). 2.6. Propriedades de encapsulação, de proteção, de adsorção e de liberação de substâncias ativas Sistemas particulados para encapsulação são desenvolvidos com diferentes finalidades: Imobilizar; Proteger; Estruturar; Assegurar a liberação sob estímulos e condições especificas (local, temperatura e pH por exemplo). Micropartículas de quitosana modificadas pela presença de sílica fumegada podem ter uma ou várias destas finalidades. Em particular, o interesse do trabalho é avaliar a potencialidade de uso destas micropartículas nanoestruturadas com sílica para Bento Pereira da Costa Neto 24 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado proteger contra fatores externos (umidade, por exemplo), encapsular e liberar fármacos sob condições especificas e adsorver proteínas. 2.6.1. Encapsulação e liberação de princípios ativos Por definição, o termo “sistema de liberação de fármacos” refere-se à tecnologia utilizada para aperfeiçoar a liberação de um fármaco, onde o princípio ativo deve ser liberado, de maneira apropriada, melhorando a resposta terapêutica. Os sistemas de liberação oferecem vantagens quando comparados a outros de dosagem convencionais (Duran, Marcato, Teixeira, 2007), tais como: •Maior eficácia terapêutica, com liberação progressiva e controlada do ativo; •Diminuição significativa da toxicidade e maior tempo de permanência na circulação; •Natureza e composição dos veículos, além de proteção contra mecanismos de instabilidade e decomposição da substância ativa (inativação prematura); •Administração segura, sem reações inflamatórias locais; •Diminuição do número de doses devido à liberação progressiva; •Possibilidade de direcionamento a alvos específicos. Existem três mecanismos gerais pelos quais os fármacos são liberados a partir de sistemas poliméricos: (1) difusão do fármaco a partir do sistema de liberação; (2) reação química ou enzimática que será a degradação do sistema, ou clivagem do fármaco a partir do sistema; e (3) ativação do sistema de liberação através de osmose ou intumescimento. Uma combinação destes mecanismos também é possível (Langer, 1998). Nestes tipos de sistema de liberação, o ativo irá difundir do interior da partícula e as características físico-químicas do ativo e do polímero irão governar o perfil de liberação controlada. O controle difusivo pode ser otimizado com a utilização de materiais estímulos-resposta, que por meio de estímulos de temperatura, pH, força iônica, força elétrica, compostos químicos, enzimas e ultrassom aumentam ou diminuem a difusão do ativo pela matriz polimérica (Benita, 1996). De qualquer modo, a liberação do fármaco para o meio fisiológico é estendida há um tempo maior quando comparado ao fármaco na sua forma livre, sendo estas características um dos principais fatores para a pesquisa e desenvolvimento de sistemas microparticulados (Filho & Oliveira, 1999). As recentes tecnologias requerem materiais com combinação de propriedades que não são encontradas nos materiais convencionais. Materiais híbridos orgânicoinorgânicos são obtidos pela combinação de componentes orgânicos e inorgânicos e Bento Pereira da Costa Neto 25 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado constituem alternativa para a produção de novos materiais multifuncionais, com larga faixa de aplicações. Normalmente as características desejadas não são encontradas em um único constituinte e a combinação adequada dos componentes tem levado à formação de materiais que apresentam propriedades complementares (Nadia & Prado, 2005). Híbridos orgânico-inorgânicos são materiais de grande interesse em aplicações comerciais devido às suas propriedades mecânicas, ópticas e térmicas, que combinam a estabilidade térmica e química dos materiais cerâmicos, com a processabilidade e a flexibilidade dos compostos e polímeros orgânicos (Hiratsuka, Santilli, Pulcinelli, 2005). A quitosana é um biopolímero importante para a síntese de híbridos bioinorgânicos à base de sílica devido a propriedades como alta resistência mecânica, alta hidrofilicidade, boa capacidade de formação de filmes e partículas (Chernev et al., 2008). Sílica-quitosana tem-se destacado como um material híbrido de promissora aplicação, apresentando excelentes propriedades térmicas, mecânicas óticas e de adsorção. A afinidade entre a sílica e a quitosana reside nas hidroxilas e os grupos amina presentes na estrutura da quitosana com facilidade na formação de ligações ponte de hidrogênio com os grupos silanóis da sílica (Silva et al., 2011; Muslim, 2010). Um exemplo da utilização da sílica em um material hibrido como carreador de princípios ativos foi o estudo realizado por Chen e Zhu (2012). Eles produziram nanopartículas de sílica mesoporosa recobertas com quitosana para nano-carreamento e liberação do Ibuprofeno em uma estreita faixa de pH (6,8 e 7,4). No processo de produção, o ibuprofeno foi incorporado aos poros da nanopartículas de sílica mesoporosa, em seguida a sílica foi recoberta com quitosana através de ligações de hidrogênio (Figura 2.9). Bento Pereira da Costa Neto 26 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Figura 2.9. Processos de encapsulação do ibuprofeno e recobrimento da sílica mesoporosa por quitosana (adaptado de Chen & Zhu, 2012). Na liberação realizada em pH 7,4 as moléculas de quitosana se encontravam em estado agregado e ordenado, impedindo eficazmente a liberação do princípio ativo. No entanto, na liberação realizada em pH 6,8 as cadeias de quitosana foram protonadas fazendo com que se espaçassem, o que facilitou a liberação do ibuprofeno (Figura 2.10). Figura 2.10. Processos de liberação do ibuprofeno nos diferentes pHs (adaptado de Chen & Zhu, 2012). Nos estudos com lipossomas, Mohanraj et al. (2010) desenvolveram um sistema híbrido de sílica e lipossoma contendo insulina encapsulada. Eles avaliaram a proteção que as nanopartículas de sílica produziam nos lipossomas e as propriedades de liberação Bento Pereira da Costa Neto 27 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado controlada da insulina. Foi observado que o revestimento das nanopartículas de sílica na superfície dos lipossomas as protegeram contra a degradação das enzimas digestivas. O estudo de liberação de insulina comprovou que a taxa de liberação do princípio ativo a partir dos lipossomas revestidos com sílica foi reduzida em comparação com os lipossomas sem revestimento. Nesse estudo foi confirmado que a cinética de liberação dos lipossomas e a estabilidade no meio podem ser controladas através da inclusão de uma camada de nanopartículas de sílica na superfície dos lipossomas. Liu et al. (2004) produziram membranas de quitosana pura e híbridas de quitosana com sílica, utilizando-se o GPTMS (γ-glycidoxypropyltrimethoxysilane) como precursor alcóxido da fase inorgânica. As membranas foram analisaram por FTIR e comparadas em relação à capacidade de inchamento e propriedades mecânicas. A sílica foi incorporada à quitosana em diversas proporções mássicas (5, 10, 20, 30, 40 e 50%) com o intuito de melhorar as suas propriedades mecânicas e biológicas. A reação da quitosana com a sílica foi evidenciada pela diminuição de intensidade da banda 1550 cm-1 referente ao dobramento do grupo NH e pelo aparecimento da banda a 920 cm-1 referente à ligação Si-OH estiramento. A banda de absorção a 1000-1100 cm-1, referente ao grupo Si-O-C, mostrou intensidade aumentada. O grau de inchamento da quitosana em água foi diminuído significativamente com a incorporação de sílica. Os testes mecânicos mostraram que a quitosana híbrida mostrou-se mais frágil e com menor resistência à tração e percentual de alongamento quando comparada à membrana de quitosana pura. Estudos realizados bionanocompósitos por dispersando Chrissafis et nanopartículas al. (2008) sílica produziram (SiO2) em vários polímeros biocompatíveis como poli (vinil pirrolidona) (PVP), quitosana e poli (álcool vinílico) (PVA). Para a obtenção dos bionanocompósitos foi utilizado o método de evaporação do solvente. Por microscopia eletrônica de varredura (MEV) verificou-se a dispersão de nanopartículas de sílica em todas as matrizes poliméricas dos compósitos com baixo teor de sílica. Interações entre os grupos funcionais dos polímeros e do grupo hidroxila da SiO2 foram reveladas por FTIR. Propriedades mecânicas como resistência à tração melhoraram substancialmente com o aumento do teor de sílica nos bionanocompósitos. A análise termogravimétrica (TGA) mostrou que as matrizes poliméricas foram estabilizadas contra decomposição térmica pela adição de sílica devido a um efeito barreira. Bento Pereira da Costa Neto 28 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Sun et al. (2012) desenvolveram uma nova matriz de nanopartículas de sílica juntamente com quitosana de modo a investigar a viabilidade de utilização de quitosana para regular a taxa de liberação do fármaco a partir da sílica porosa e obter um sistema de liberação sustentada de drogas por via oral. Para atingir este objetivo, foi sintetizada uma matriz de sílica e incorporou-se cadeias de quitosana na superfície da sílica por ligações hidrogênio. O método de evaporação de solvente foi adotado para carregar o fármaco modelo carvedilol nos compósitos sílica/quitosana. Ao contrário da abordagem convencional para a preparação de formulações onde as partículas de droga são estabilizadas com agentes tensoativos ou polímeros, a sílica mesoporosa pode reter a droga num espaço menor, variando de 2 a 50 nm, e permite que o medicamento possa se dispersar de forma eficiente. Esta técnica aumentou a estabilidade da droga e aumentar a taxa de dissolução do fármaco. A sílica foi combinada com a quitosana para sintetizar materiais híbridos de sílica/quitosana pelo processo sol-gel sob condições ácidas, com vários tipos de estruturas, tais como materiais porosos e membranas compósitas [Gordon et al., 2010; Khunawattanakul et al., 2011; Chrissafis, et al., 2008; Gandhi & Meenakshi, 2012; Witoon et al., 2009). 2.6.2. Dissolução ou liberação do fármaco de formas farmacêuticas sólidas Em sistemas biológicos, a dissolução de medicamentos pode ser definida como o processo pelo qual um fármaco é liberado de sua forma farmacêutica, tornando-se disponível para ser absorvido pelo organismo (Abdou, 1995; Storpirtis & Consiglieri, 1995). Através do ensaio de dissolução in vitro, pode-se avaliar a velocidade e a extensão de liberação do fármaco no meio avaliado. O resultado é expresso em porcentagem do fármaco dissolvido em um dado período de tempo. O teste de dissolução é requisito fundamental tanto na fase de desenvolvimento quanto após aprovação do produto. Nos primeiros estágios do desenvolvimento farmacocinético, a dissolução é útil para identificar variáveis críticas na produção, escolher entre diferentes formulações, aperfeiçoá-las e fazer avaliações de risco. Durante a fase de produção são importantes para a liberação dos lotes e testes de estabilidade. Também são muito úteis para avaliar o impacto que certas mudanças, como equipamento ou local de fabricação podem ter sobre o produto (Marcolongo, 2003; Brasil, 2003, Manadas et al., 2002). Bento Pereira da Costa Neto 29 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado O estudo de dissolução é exigido para todas as formas farmacêuticas sólidas orais, onde a absorção do fármaco é necessária para que o produto exerça seu efeito terapêutico. A dissolução nos líquidos do trato gastrointestinal é um passo limitante para que as formas farmacêuticas sólidas dispersos/suspensos em líquidos sejam capazes de transpor membranas biológicas e exercer seus efeitos clínicos, pois a rapidez do processo de dissolução pode afetar a velocidade e extensão da absorção de fármacos e consequentemente sua atividade farmacológica (Rolim et al., 2005). O conhecimento dos fatores que afetam a dissolução e seu controle favorece a obtenção de resultados reprodutíveis. Alguns requisitos devem ser avaliados antes da validação do método, pois contribuem para a adequabilidade do mesmo, tais como: utilização de equipamento calibrado, condições sink, influência do filtro e estabilidade da solução amostra. (Marcolongo, 2003). A definição do termo sink pode variar de acordo com a fonte bibliográfica. Pode ser definido como não menos que três vezes o volume do meio necessário para obter a solução saturada do fármaco dentro da faixa de 500-1000 mƖ. Entretanto, atualmente se aceita que um volume do meio de dissolução correspondente a 5 a 10 vezes o volume de saturação é adequado para manter as condições de sink. Isto deve ser mantido para evitar que a velocidade de dissolução seja artificialmente influenciada pela aproximação de saturação durante a realização do teste. Condições de sink são obtidas naturalmente in vivo, portanto, estudos de dissolução in vitro devem ser conduzidos obedecendo a esse parâmetro visando se aproximar ao máximo das condições de dissolução in vivo (Oliveira, 2006). Inúmeras variáveis podem interferir nos resultados de um ensaio de dissolução, podendo ser dependentes do sólido a ser dissolvido (liberação do soluto da matriz e solubilização), do meio de dissolução ou relacionado ao processo de fabricação. Todos devem ser considerados, mas alguns devem ser rigorosamente monitorados para obtenção de resultados confiáveis. Dentre os fatores que afetam os resultados de dissolução e envolvem a formulação (Dias, 2009), pode-se listar: A solubilidade do fármaco a ser dissolvido no meio de dissolução – é o fator que mais afeta a velocidade de dissolução; A superfície livre das partículas – relacionada ao diâmetro médio das partículas e a porosidade; Velocidade de agitação do sistema; Temperatura e pH do meio de dissolução. Bento Pereira da Costa Neto 30 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado A importância do pH no contexto farmacêutico está relacionada a diversas situações de relevância. O pH exerce uma influência na solubilidade das substâncias, na estabilidade química, na compatibilidade fisiológica com os tecidos orgânicos onde a forma farmacêutica será aplicada de forma a minimizar a irritação e o desconforto na aplicação (Tabela 2.5, Thompson, 2004) e finalmente na garantia do efeito terapêutico esperado para o medicamento (Thompson, 2004; Ferreira, 2002). O ajuste do pH de uma formulação é importante ainda na aplicação do produto, na compatibilidade fisiológica desta com o pH dos tecidos. Tabela 2.5. pH em algumas regiões e fluidos corporais Região do Corpo Pele Rosto Axila Cabelos Saco conjuntival Conduto auditivo Vaginal pH ~5,5 4,7 -5,5 6,1 - 6,8 ~5,0 7,3 -8,0 6,0 - 7,8 4,0 - 4,5 Fluidos ou secreções Líquido retal Lágrima Secreção nasal adulto Secreção nasal crianças Suco gástrico Saliva Sangue pH 7,2 - 7,4 ~7,4 5,5 - 6,5 5,0 - 6,7 1,0 - 3,0 6,9 7,4 A escolha de um sistema tampão deve se basear na faixa de pH da formulação que se deseja tamponar, compatibilidade e na via de administração da forma farmacêutica. Alguns sistemas tampões são exclusivamente de uso externo (ex. tampões contendo ácido bórico ou borato de sódio) e outros podem ser aplicados também para uso interno (ex. tampão citrato, tampão fosfato). A Tabela 2.6 relaciona alguns tampões em função da faixa de pH e uso. Tabela 2.6. Relação de alguns tampões em função do pH Faixa de pH 1,0 - 3,0 2,5 - 6,5 3,6 - 5,6 6,0 – 8,0 2,8 – 8,0 8,0 – 9,0 9,0 – 11,0 6,8 – 9,1 11,0 – 13,0 Tampão HCl Tampão citrato Tampão acetato Tampão Fosfato Tampão ácido cítrico/ fosfato dissódico Bicarbonato de sódio Bicarbonato de sódio/Carbonato de sódio Tampão borato NaOH Bento Pereira da Costa Neto Uso Externo, Interno e oftálmico Externo e Interno Externo, Interno e oftálmico Externo, Interno e oftálmico Externo, Interno e oftálmico Externo e Interno Externo e Interno Externo e oftálmico Externo e Interno 31 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado 2.6.3. Modelos matemáticos no estudo do perfil de dissolução O modelo denominado cinética de ordem zero baseia-se na liberação lenta da substância ativa a partir de formas farmacêuticas que não desagregam, desde que sua área não se modifique e que não se atinja condições de equilíbrio, ou seja, a velocidade de difusão do fármaco, do interior para o exterior da matriz, é menor que a respectiva velocidade de dissolução, formando uma solução saturada, que permite a cedência constante do fármaco (Lopes; Sousa; Costa, 2005). As formas farmacêuticas que seguem este perfil liberam a mesma quantidade de fármaco por unidade de tempo, o qual é o modelo ideal para as formas farmacêuticas de liberação prolongada como é o caso dos comprimidos matriciais, sistemas osmóticos e das formas revestidas (Manadas; Pina; Veiga, 2002). A aplicação do modelo de cinética de primeira ordem aos estudos de dissolução foi proposta pela primeira vez por Gibaldi e Feldman em 1967 e mais tarde por Wagner em 1969. Este modelo tem sido também, muito empregado para descrever a absorção e/ou eliminação de alguns fármacos. As formas farmacêuticas que seguem este perfil de dissolução, tais como as que contêm fármacos hidrossolúveis em matrizes porosas, liberam o fármaco de forma proporcional à quantidade remanescente no seu interior de tal modo que a quantidade de fármaco liberada por unidade de tempo diminui (Manadas; Pina; Veiga, 2002). Entre os anos de 1961 e 1963, Higuchi desenvolveu diversos modelos teóricos destinados a liberação de fármacos, tanto pouco solúveis como muito solúveis, contidos em matrizes sólidas e semi-sólidas (Agnes; Ortega, 2003). O modelo Higuchi é frequentemente utilizado para descrever a velocidade de liberação controlada do fármaco a partir de um sistema matricial. Este modelo descreve o mecanismo de liberação dos fármacos como um processo de difusão baseado na lei de Fick, estando dependente da raiz quadrada do tempo. O modelo Higuchi pode ser aplicado com maior exatidão a matrizes unidimensionais pouco solúveis, que não apresentam capacidade de intumescimento (Lopes; Sousa; Costa, 2005). No modelo Hixon Crowell a velocidade de liberação é limitada pela velocidade de dissolução das partículas do fármaco e não pela difusão que possa ocorrer através da matriz polimérica. Este modelo tem sido usado para descrever o perfil de liberação tendo em vista a diminuição da superfície das partículas de fármaco à medida que a dissolução ocorre (Lopes; Sousa; Costa, 2005). A tabela 2.7 resume a ordem e os modelos de cinética de dissolução. Bento Pereira da Costa Neto 32 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Tabela 2.7. Ordem/modelos de cinética de dissolução avaliados. Ordem/modelo Ordem zero Primeira ordem Higuchi Hixson-Crowell Equação Q = Q0 – K.t ln Q = ln Q0 – K.t Qt = K.t1/2 1/3 Q = Q01/3 – K.t Q: concentração de ativo dissolvido em um tempo t; t: tempo de dissolução; Q0: Concentração inicial do ativo na solução; K: constante de velocidade de dissolução. 2.6.4. Princípios ativos utilizados - cloridrato de propranolol e rifampicina Dois princípios ativos foram utilizados nos estudos de liberação controlada desta tese. Um princípio de caráter hidrofílico (cloridrato de propranolol) e outro princípio ativo de caráter hidrofóbico (rifampicina). O Cloridrato de propranolol (Figura 2.11) é um bloqueador beta-adrenérgico, que bloqueia igualmente os receptores β1 e β2. Também é indicado na terapêutica preventiva do infarto do miocárdio, arritmias cardíacas e tremor essencial (Rang et al., 2007). O cloridrato de propranolol inibe a ação de agentes adrenérgicos e reduz a taxa de batimento e a força de contração muscular do coração, na redução da permeabilidade da membrana para os íons sódio, potássio e cálcio e possui uma ação anestésica local (Sweetman, 2002). Figura 2.11. Fórmula molecular do cloridrato de propranolol. Entre as principais desvantagens na utilização do propranolol por via oral nas formas farmacêuticas convencionais são os efeitos adversos resultantes da ação dos β bloqueadores: bradicardia, depressão cardíaca, broncoconstrição, hipoglicemia (originada pela liberação de glicose em resposta à adrenalina), fadiga (resultante da redução do débito cardíaco) e extremidades frias, proveniente da perda da vasodilatação mediada pelos receptores beta (Rang et al., 2007). Portanto, uma maneira de minimizar esses efeitos indesejados seria a liberação do fármaco de forma controlada, pois o Bento Pereira da Costa Neto 33 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado mesmo permaneceria por um maior tempo na faixa terapêutica, evitando a concentração sub-terapêutica e a superdosagem (Alves, 2011). A rifampicina pertence à classe dos fármacos hidrofóbicos possuindo baixa solubilidade em água e alta permeabilidade intestinal (Mehta; Kaur; Bhasin, 2007). A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento da tuberculose é à base de rifampicina em associação com outros fármacos, principalmente isoniazida, pirazinamida e etambutol, para evitar o surgimento do fenômeno de resistência bacteriana. A rifampicina, 3(4-metil-1-piperalizil-iminometil) (Figura 2.12) é um pó cristalino vermelho, com ponto de fusão entre 183-188°C. É muito solúvel em clorofórmio e dimetilsulfóxido, solúvel em acetato de etila, metanol e tetrahidrofurano e levemente solúvel em acetona e tetracloreto de carbono. A solubilidade em água varia em função do pH. Em pH 2, a solubilidade é igual a 100 mg/mƖ, em pH 5,3 é reduzida para 4,0 mg/mƖ e em pH 7,5 a solubilidade é de 2,8 mg/mƖ (Gallo, Radaelli, 1976). O caráter ácido da rifampicina é associado aos grupos hidroxilas nos carbonos C1, C4 e C5 (pKa=1,7). A função básica é associada ao grupamento amina da piperazina (pKa=7,9) (Connors et al., 1986). Figura 2.12. Estrutura molecular da rifampicina. O sucesso do tratamento depende da compreensão e adesão do paciente, já que o esquema de dosagem deve ser rigorosamente obedecido. Os fármacos associados e encapsulados trazem algumas vantagens tais como: a diminuição no número de administrações, maior adesão ao tratamento, diminuição do surgimento de bacilos resistentes, facilidade na prescrição, facilidade de gerenciamento de estoque, facilidade de transporte e distribuição, menor gasto com produção e diminuição dos gastos do Ministério da Saúde nos programas de tratamentos da tuberculose (Se, et al., 2002). Bento Pereira da Costa Neto 34 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Os efeitos adversos encontrados com o uso da rifampicina podem ser icterícia assintomática; mal-estar abdominal, dor muscular e articular, alteração da função hepática em pacientes que já tenham comprometimento desse órgão, prurido e erupção cutânea; coloração vermelho-alaranjada da urina, fezes, saliva, escarros, suor e lágrimas, reação do tipo imunológica em pacientes com tratamento intermitente, com doses elevadas, de até 1200 mg, podendo ocorrer dispinéia, chiado, púrpura e leucopenia (Korolkovas & França, 2002). 2.6.5. Estudo de estabilidade de princípios ativos O estudo de estabilidade acelerada de princípios ativos é necessária à seleção de um método indicador de estabilidade, que pode ser definido como o procedimento que permite a determinação seletiva do fármaco na presença de seus produtos de alteração. A exposição dos fármacos a elevadas taxas de temperatura e umidade de forma significativa, possibilita conversões polimórficas indesejáveis (Miller; Raw; Yu, 2005). O polimorfismo é a habilidade uma molécula adquirir mais de uma forma ou estrutura cristalina (Hilfiker, 2006). Diferentes direções no crescimento do cristal durante o processo de cristalização geram alterações, essas variações no crescimento causam alterações nas propriedades físico-químicas e provocam altercações entre os polimorfos como: forma, dureza, solubilidade, densidade, faixa de fusão, entre outras consequências (Raw et al., 2004). O polimorfismo em fármacos pode resultar não apenas na diminuição na atividade farmacológica, mas também pode gerar compostos tóxicos dentre os produtos de degradação da substância (Miller; Raw; Yu, 2006). Segundo a Legislação Brasileira vigente, os testes de estabilidade acelerada são destinados acelerar a degradação química ou mudanças físicas de um produto farmacêutico pelo uso de condições de estresse forçadas. Os fatores ambientais, tais como temperatura, umidade, luz e calor, os fatores relacionados ao próprio produto (propriedades físico-químicas das substâncias ativas e dos excipientes), a forma farmacêutica e sua composição, o processo de fabricação e o tipo e as propriedades dos materiais de embalagem têm ação direta sobre a estabilidade dos produtos farmacêuticos (BRASIL, 2005). O teste de estresse é definido como teste de estabilidade para fármacos e medicamentos sob condições extremas. A investigação da estabilidade intrínseca do fármaco fornece abordagens de formulação e indica tipos de adjuvantes, aditivos de proteção específicos e de acondicionamento, que provavelmente melhorarão a Bento Pereira da Costa Neto 35 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado integridade do fármaco e do produto. Demonstrando-se assim, que o conhecimento do comportamento químico pode ser usado para garantir a estabilidade da forma farmacêutica desejada (Reynolds et al., 2002; Aulton, 2005). As alterações na estabilidade são, portanto, um impacto sobre a segurança, eficácia e qualidade do medicamento. Nessas circunstâncias, é importante ter controles adequados sobre as diferentes formas polimórficas dos diferentes fármacos para assegurar a reprodutibilidade da biodisponibilidade dos produtos durante o seu armazenamento. Diante disto, observa-se a importância da avaliação das características dos fármacos quanto à presença de polimorfismo e estabilidade da formulação farmacêutica, visto que quaisquer alterações influenciam diretamente nas características dos fármacos. Stulzer & Silva (2006) produziram grânulos de captopril (fármaco utilizado para tratamento de hipertensão arterial) em leito fluidizado utilizando os polímeros etilcelulose, metilcelulose e polivinilpirrolidona. Três formulações distintas de comprimidos foram produzidas a partir dos grânulos revestidos. O estudo de estabilidade acelerado foi realizado durante 3 meses em diferentes condições de temperatura, umidade relativa e luz ultravioleta. Os resultados obtidos mostraram que o revestimento foi adequado para promover um aumento da estabilidade do fármaco, especialmente para os grânulos revestidos com etilcelulose. Alves (2007) aplicou a análise térmica, DRX e outras técnicas físico-químicas e analíticas para o desenvolvimento e controle de qualidade de fármacos e medicamentos para tratamento de tuberculose, em especial a rifampicina. Estas técnicas permitiram: avaliar a estabilidade e o processo de decomposição da rifampicina e dos excipientes, utilizados em formulações farmacêuticas; diferenciar os dois tipos de formas polimórficas; desenvolver estudos para determinação de parâmetros cinéticos e avaliar as possíveis interações entre a rifampicina e excipientes. Lima (2008) estudou a estabilidade acelerada do anti-hipertensivo enalapril. A estabilidade das formulações contendo o maleato de enalapril foi afetada quando expostas a altos níveis de temperatura e umidade, sendo verificada por cromatografia líquida de alta eficiência a formação de dois produtos de degradação: enalaprilato e dicetopiperazina. Santos, Aragão e Furlan (2009) avaliaram as possíveis alterações físicas e químicas da solução de paracetamol 200mg/mƖ através da estabilidade acelerada. Cada amostra foi armazenada em condições ambientais diferentes e foi analisada no momento Bento Pereira da Costa Neto 36 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado inicial, após 60 dias e após 90 dias. As amostras foram examinadas segundo a Farmacopeia brasileira, quarta edição, nos requisitos de aspecto, pH e doseamento. Através do referido estudo, foi possível verificar que o método de espectrofotometria em UV não é recomendado para estudos de estabilidade térmica de solução de paracetamol, por sofrer interferência de seu produto de degradação. Silva (2010) desenvolveu uma formulação inédita com os fármacos isoniazida (H), pirazinamida (Z) e rifampicina (R), associados em comprimidos dose fixa combinada (DFC) para serem utilizados no tratamento dos casos novos da tuberculose. Neste estudo foi realizado teste de estabilidade em duas formulações à 40 ± 2 °C / 75 ± 5% UR. Os ensaios de estabilidade acelerada de três meses objetivaram o acompanhamento da degradação química e/ou mudança física dos comprimidos de DFC, da mistura física em condições forçadas de armazenamento (BRASIL, 2005). Para tanto, foram empregadas técnicas DRX, DSC e CLAE. Evidenciaram interação para as concentrações utilizadas nas formulações propostas demonstrando instabilidade para a associação. 2.6.5.1. Manitol O manitol é um álcool hexa-hídrico usado em produtos farmacêuticos, principalmente como diluente (10-90% em massa) em formulações de comprimidos (Hulse et al., 2009). Sua estrutura química é dada na Figura 2.13. Figura 2.13. Estrutura química do manitol (fórmula bruta C6H14O6) O manitol apresenta diferentes formas polimórficas (α, β e δ) como representado pelos seus respectivos difratogramas de raios-X (Figura 2.14). Como pode-se notar a difração de raios-x é uma técnica discriminativa para identificar as diferentes formas do manitol e é a técnica que tem sido usada para acompanhar variações polimórficas deste produto em diferentes condições de produção ou estocagem. A Tabela 2.8 apresenta os picos característicos em difratograma de raios-X destes 3 polimorfos do manitol (Hulse Bento Pereira da Costa Neto 37 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado et al, 2009). Em condição ambiente a forma β-manitol é a forma termodinamicamente estável. Figura 2.14. Difratogramas do α Manitol, β Manitol e δ Manitol. Tabela 2.8. Picos característicos em DRX para os polimorfos do manitol (Hulse et al 2009) Polimorfo Alfa (α Manitol) Beta (β Manitol) Delta (δ Manitol) Posição do pico (valores de 2) 9,57 e 13,79 10,56; pico relativamente intenso em 14,71 (presente em alfa e delta mas pouco expressivos) Pico extremamente intenso a 9,74; sem outros picos até 14,66 O manitol foi escolhido como ativo a ser introduzido nas micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica devido ao fato de que, no processo de secagem por spray drying, é possível que o manitol apresente diferentes formas polimórficas ou mistura de polimorfos com material amorfo. Isto pode ocasionar mudanças nas propriedades do sólido (Haleblian & Mccrone, 1969). Como consequência, muitas das propriedades importantes para a área farmacêutica são afetadas quando o manitol é usado como excipiente como, por exemplo: velocidade de dissolução e, consequentemente, biodisponibilidade, densidade aparente e verdadeira, forma do cristal, compactação e escoamento do pó, além da estabilidade química e física dos fármacos (Haleblian & Mccrone, 1969; Vippagunta; Brittain; Grant, 2001). Bento Pereira da Costa Neto 38 Capítulo 2. Revisão bibliográfica 2.7. Tese de doutorado Propriedades adsorventes A adsorção é um fenômeno de superfície em que uma quantidade finita de moléculas de um fluído (adsorbato), adere à superfície de um sólido (adsorvente). Pode ser classificada como adsorção química ou física dependendo da intensidade das forças envolvidas. A adsorção física abrange forças do tipo não covalente, em decorrência da sobreposição de várias interações. Na adsorção química, as forças envolvidas no fenômeno são do tipo covalente, ocorrem entre adsorbato e adsorvente, e os efeitos interativos provocados por essas ligações, entre os sítios ativos e os íons do adsorbato, ocorrem frequentemente na superfície do adsorvente (Adamson, 1990). Na adsorção, a noção das propriedades de equilíbrio e de cinética é de extrema importância para determinação das características de processo e da escolha do adsorvente. Um sistema adsorbato-adsorvente está em equilíbrio quando não há mais variações na concentração do adsorbato no meio em estudo (Torres, 2006). Ao se comparar o desempenho de sistemas de adsorção, alguns parâmetros têm importância fundamental, tais como a estabilidade química do sistema, a composição do meio, a capacidade máxima de adsorção do adsorvente (q m) e a constante cinética de dissociação do complexo: molécula de interesse e adsorvente (Kd). O método do tanque agitado emprega uma série de frascos, na forma mais apropriada ao experimento, com diferentes concentrações do adsorbato, em contato com certa quantidade de adsorvente. O sistema tem valores de temperatura, pH e agitação controlados durante o experimento até que se atinja o equilíbrio. Após equilíbrio, as amostras são analisadas quanto ao adsorbato remanescente na fase fluida (Pereira, 1999). O balanço de massa da Equação 2.2 é usado para determinar a quantidade adsorvida partindo de uma concentração inicial de adsorbato. (Equação 2.2) Onde Q é a massa adsorvida de adsorbato por grama de adsorvente, V é o volume da solução, Ci é a concentração inicial de adsorbato, Cf é a concentração final de adsorbato no equilíbrio e m é a massa de adsorvente. Equilíbrios de fases podem ser representados por isotermas, curvas que relacionam os dados de concentração da fase adsorvida no equilíbrio e a concentração remanescente de adsorbato na fase fluida. Bento Pereira da Costa Neto 39 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado Alguns modelos matemáticos podem ser usados com o objetivo de descrever esses dados obtidos (Torres, 2006). A cinética de adsorção fornece o tempo necessário para que esse equilíbrio seja atingido. Os valores obtidos são influenciáveis pelos parâmetros da fase fluida, características geométricas do adsorvente, velocidade de agitação, temperatura e solvente da fase fluida. Existem vários modelos matemáticos que podem ser usados para descrever o comportamento cinético do sistema adsorbato-adsorvente em estudo (Torres, 2006). Segundo Gerard et al. (1997), quando a molécula é relativamente pequena, ela se torna facilmente acessível aos ligantes imobilizados na matriz porosa, e o balanço global e dinâmico da adsorção acontece rapidamente. Com isso, o equilíbrio local se torna válido. A isoterma de Langmuir representa um modelo simplificado no caso de adsorção de proteínas, uma vez que este modelo assume: (a) sistema ideal; (b) as moléculas são adsorvidas e aderem à superfície do adsorvente em sítios definidos e localizados; (c) cada sítio pode acomodar uma e somente uma molécula adsorvida; (d) a energia da molécula adsorvida é a mesma em todos os sítios da superfície e não depende da presença ou ausência de outras moléculas adsorvidas nos sítios vizinhos; e (e) todos os sítios de adsorção têm a mesma afinidade com as moléculas de proteína. As curvas das isotermas de Langmuir são obtidas de acordo com as Equações 2.3 e 2.4, nas formas normal e linearizada, respectivamente. Nestas expressões, Qe representa a quantidade adsorvida no equilíbrio; Ce é a concentração em solução no equilíbrio; Kads e Qmax têm os seus significados já mencionados. Tais curvas referentes a esse modelo (Ce/Qe em função de Ce) apresentam, para muitos casos, uma equação da reta que será utilizada nos cálculos para obtenção dos valores de Qmax e Kads, a partir dos coeficientes linear e angular que estas retas apresentam. (Equação 2. 3) (Equação 2.4) Bento Pereira da Costa Neto 40 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado 2.7.1. Adsorção de proteína A adsorção de proteínas em matrizes poliméricas é uma questão de interesse em vários processos. O fenômeno envolve a proteína (adsorbato), o adsorvente (polímero) fixo ou em suspensão, a existência de sítios de adsorção e diversos tipos de interação. As interações entre as proteínas e os adsorventes são combinações de forças intermoleculares importantes no entendimento dos eventos de adsorção que ocorrem muitas vezes em ambientes complexos. Além disso, as características do solvente presente no meio são de fundamental importância (Branden e Tooze, 1991). As proteínas são polímeros de aminoácidos envoltos em uma estrutura tridimensional, principalmente por interações dipolo-dipolo, ligações de hidrogênio, por interações de Van der Waals e por ligações covalentes. As proteínas exibem cadeias laterais hidrofóbicas preferencialmente no seu interior enquanto as cadeias laterais hidrofílicas se localizam principalmente na sua superfície. Desta forma as proteínas podem ser consideradas como polieletrólitos capazes de se dissolverem em água, um exemplo é a BSA que possui solubilidade em água de 585 mg/mƖ (Kozinski & Lightfoot, 1972). A estabilidade das proteínas em solução baseia-se na competição entre as interações solvente-soluto com interações intramoleculares, necessárias para manter a estrutura das proteínas (Hidalgo & Hansen, 1969). A proteína albumina do soro bovino (BSA) é uma das proteínas mais vastamente pesquisadas em todo mundo. São várias as pesquisas sobre a estrutura e as propriedades da BSA assim como suas interações com outros materiais. Araujo (1996) adotou duas técnicas experimentais para a obtenção de isoterma de adsorção de proteínas em solução líquida utilizando-se resinas macroporosas trocadoras de íons como sólido adsorvente. A técnica de experimentos em tanques agitados permitiu impetrar informações sobre a cinética de adsorção e também as isotermas de equilíbrio para dois adsorventes, ambos contendo grupos do tipo amino quaternário, na adsorção da BSA. A outra técnica, experimentos em colunas de adsorção, permitiu obter as curvas do tipo breakthrough e consequentemente a isoterma de equilíbrio para apenas um dos adsorventes na adsorção da mesma proteína. O tratamento matemático das isotermas através do modelo de Langmuir conduziu aos dois parâmetros do modelo para uma temperatura de 240 C para o sistema BSA. A modelagem matemática das curvas cinéticas obtidas permitiu aperfeiçoar os parâmetros que exprimem a convecção externa e a difusão interna às partículas para os experimentos em tanques agitados para o sistema BSA. As curvas indicaram um Bento Pereira da Costa Neto 41 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado comportamento similar para colunas operando em leito fixo e em leitos fluidizados. Nos experimentos em leito fixo, foi obtido o parâmetro tempo estequiométrico, que possui importância na interpretação da adsorção com relação ao balanço de massa e à ampliação de escala do processo. Rezwan et al. (2005) estudaram a adsorção da BSA, (carregada negativamente) e da lisozima (carregada positivamente) a pH = 7,4 em partículas de sílica sem revestimento e com revestimento de AlOOH (AlOOH2 +) numa faixa de pH desde ácido a básico, por análise de potencial zeta e por espectroscopia de UV-Visível. Os autores observaram que a albumina se adsorve em maior quantidade nas partículas de sílica com revestimento, enquanto a lisozima apresenta maior afinidade para as partículas de sílica sem revestimento. Estes resultados sugerem que neste pH, as interações de atração eletrostática governam o processo de adsorção das duas proteínas, em superfícies de óxidos. Torres (2006) produziu microesferas de quitosana com tamanho controlado e porosidade influenciada pela técnica de Spray dryer e coagulação. As microesferas produzidas foram modificadas quimicamente com anidrido acético, epicloridrina e glutaraldeído com objetivos de aperfeiçoar suas características iniciais de resistência e estabilidade. As microesferas obtidas foram analisadas quanto às suas propriedades estruturais, capacidade de adsorção e dessorção. As microesferas foram utilizadas em sistemas de adsorção em banho finito e coluna de leito fixo. Os adsorbatos utilizados foram as proteínas: BSA, lisozima e um concentrado protéico (condição real) obtido do soro do leite. As proteínas BSA e lisozima apresentam pontos isoelétricos distintos de 4,8 e 11, respectivamente, permitindo assim avaliar o sistema adsorvente-adsorbato pelas isotermas de adsorção, cinética de equilíbrio, capacidade de dessorção e regeneração dos adsorventes, em condições distintas de pH. Li et al. (2008) produziram micropartículas de quitosana recobertas com alginato, visando sua utilização na adsorção de antígenos. O método utilizado para produção das micropartículas foi à gelificação ionotrópica e a albumina do soro bovino (BSA) foi utilizada como proteína-modelo. As micropartículas foram produzidas e, em seguida, a BSA foi adicionada a solução contendo as micropartículas de quitosana/alginato. Esta solução permaneceu sob agitação em condições controladas de laboratório. Para determinar adsorção da BSA nas micropartículas de quitosana, os pesquisadores centrifugaram a mistura e avaliaram a concentração de BSA livre no sobrenadante. Os resultados indicaram uma eficiência de adsorção de 60%. Na Bento Pereira da Costa Neto 42 Capítulo 2. Revisão bibliográfica Tese de doutorado dessorção da BSA in vitro, as micropartículas foram dispersas em solução tampão fosfato (pH 7,4) a uma temperatura de 37ºC e 100 rpm. Os resultados de dessorção indicaram uma liberação de mais de 95% da BSA em 5 horas. Ferreira (2009) estudou interação da albumina do soro bovino (BSA) com substratos sintéticos. Foi estudado a viabilidade de substratos de vidro, quartzo, mica e ITO (óxido de índio e estanho) modificado com quitosana, phtalocyanines (Ni, Fe e Ni) e poli (alilanina hidroclorada) (PAH) na adsorção de BSA em forma dos filmes produzidos pela técnica camada por camada. Os filmes foram estudados por UV-Vis e espectroscopia de fluorescência estática e resolvida no tempo. A caracterização morfológica dos filmes foi realizada por microscopia de força atômica e microscopia óptica. Os resultados mostram que os filmes de BSA / HAP cresceram com eficiência quatro vezes maior do que os filmes feitos de quitosana, que o quartzo tem a melhor janela de trabalho de UV-vis e há uma relação entre o pH da BSA e o tempo vida de fluorescência do filme resultante. Sari (2011) estabeleceu parâmetros de trabalho utilizando micropartículas de quitosana produzidas por coacervação simples, de modo a padronizar a utilização da quitosana como matriz de adsorção proteica, em processos de formulação de vacinas. Inicialmente, foi avaliada a influência do tensoativo sobre a metodologia de quantificação de proteínas totais, que posteriormente foi utilizada na medida da eficiência de adsorção da BSA. Em seguida, foi determinada a concentração do agente precipitante para precipitação da quitosana e formação de micropartículas. Finalmente, foi determinada a eficiência de adsorção BSA. Verificou-se que o tensoativo, Polisorbato 80, possui significativa influência na leitura de amostras proteicas pelo método de Bradford (1976), a 595 nm em espectrofotômetro, à medida que o tensoativo Poloxamer não apresentou influência. A concentração de agente precipitante, a solução de Na2SO4 (sulfato de sódio) a 20% (m/v), foi estabelecida em 1,5 mƖ, para uma solução de 50 mƖ de quitosana a 0,25% (m/v), na presença de 1,25% (m/v) de tensoativo Poloxamer. A eficiência de adsorção pela metodologia proposta variou de 32,55% a 40,37% para a faixa de concentração inicial de 0,5 a 3,0 mg/mƖ de BSA. A metodologia proposta se mostrou aplicável para a formulação de vacinas de liberação controlada contra o botulismo em animais. Bento Pereira da Costa Neto 43 Capítulo 2. Revisão bibliográfica 2.8. Tese de doutorado Ensaios biológicos A avaliação de segurança de compostos como drogas, cosméticos, aditivos alimentares, pesticidas e produtos químicos industriais está crescendo ano a ano. Ensaios de citotoxicidade estão entre os primeiros métodos de bioensaios in vitro utilizados para prever a toxicidade de substâncias para vários tecidos. Eles são utilizados para determinação de proliferação, viabilidade e ativação celular. Por isso, surge a necessidade de ensaios confiáveis, sensíveis e quantitativos, que possibilitem a análise de um grande número de testes em estudos pré-clínicos (Xenometrix, 2014). Análise colorimétrica para quantificação de integridade de membrana e viabilidade celular em resposta à exposição a compostos farmacêuticos, químicos e ambientais e também a nutrientes (Xenometrix, 2014). A citotoxicidade é determinada pela quantificação dos danos à membrana. A enzima intracelular lactato desidrogenase (LHD) é rapidamente liberada das células danificadas para o sobrenadante da cultura de células. O consumo de NADH (nicotinamida adenina dinucleótido hidreto), medido cineticamente no sobrenadante da célula, é correlacionado com a quantidade de LDH liberada (LDHe). A viabilidade celular é inversamente proporcional à quantidade de LDH liberada (Xenometrix, 2014). Bento Pereira da Costa Neto 44 CAPÍTULO 3 Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.1. Tese de doutorado Metodologia experimental As micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica foram obtidas por processo de spray drying através de um estudo experimental que foi desenvolvido em diferentes etapas sucessivas, como esquematizado na Figura 3.1. Solubilização da quitosana em meio ácido (aquoso) (a) Etapa de dispersão de sílica na solução aquosa de quitosana Secagem por spray drying (b) Obtenção de microparticulas de quitosana-silica (c) Caracterização das microparticulas de quitosana-silica Figura 3.1. Fluxograma de obtenção das micropartículas de quitosana-sílica Primeiramente definiu-se o procedimento experimental de dispersão das nanopartículas de sílica (Aerosil 200 et Aerosil R972) na solução de quitosana. Diferentes técnicas de dispersão foram testadas, dentre elas: ultrassom, ultra turrax e homogeneizador de alta pressão (HAP). Uma vez definida a técnica de dispersão, procedeu-se o estudo de sensibilidade paramétrica variando-se condições de processo e de formulação e verificando-se o efeito destas variáveis nas características dos produtos obtidos como granulometria, capacidade de sorção de umidade, estabilidade ácida, carga superficial e liberação de princípios ativos. O procedimento experimental, as técnicas de caracterização empregadas e os resultados obtidos são apresentados a seguir. Os materiais e equipamentos utilizados na realização de todo o trabalho de tese são apresentados no Anexo 1. Bento Pereira da Costa Neto 46 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado 3.1.1. Dispersão das sílicas Aerosil R972 e Aerosil 200 na solução de quitosana Para este estudo, preparou-se 100 ml de uma solução de quitosana a 1% em massa, cujo pH foi ajustado para 5 com ácido acético glacial. Com a finalidade de promover uma boa dispersão das nanopartículas de sílica, à esta solução adicionou-se lentamente 1 g de sílica Aerosil 200 utilizando-se três diferentes métodos de dispersão: agitação mecânica pelo uso de um ultraturrax, homogeneização por alta pressão (HAP) e uso de ultrassom. A dispersão com ultra turrax (Heidolph Diax 900) foi realizada sob agitação de 27050 rpm (método 1). A dispersão com HAP (APL 50 –Artepecas) foi realizada sob uma pressão de 600 bar (método 2). Na dispersão com sonda de ultrassom (Elma, Modelo T460) foi utilizada frequência ultrassônica de 35 kHz (método 3). O grau de dispersão foi avaliado através do monitoramento do diâmetro das nanopartículas de sílica (aparelho LS 230 COULTER ® granulometer) em função do tempo durante 10 minutos. A dispersão de sílica Aerosil R972 na solução aquosa de quitosana necessitou o desenvolvimento de um procedimento específico em função de suas características hidrofóbicas e tendência à aglomeração em meio aquoso devido à não afinidade com este meio. A estratégia empregada foi o uso de um solvente orgânico (etanol) miscível com a solução aquosa de quitosana e capaz de molhar a sílica Aerosil R972. A composição do meio contendo o co-solvente foi determinada analisando-se o ângulo de contato deste meio com Aerosil R972 em função da proporção água-etanol, descrito a seguir (item 2.2.2). 3.1.2. Determinação do ângulo de contato entre Aerosil R972 e mistura água-etanol (gota séssil) Através deste método da gota séssil, uma gota de líquido é depositada sobre a superfície de um sólido por meio de micro-seringa. A gota é analisada com uma lente e o ângulo de contato é medido através de um goniômetro. O valor do ângulo de contato da gota de líquido depende da energia de superfície da amostra e da tensão superficial do líquido e varia de 0 a 180 graus. Como regra geral, um líquido molha um substrato quando o ângulo de contato formado entre o líquido e o sólido é menor que 90° (Martinez, 1998). Bento Pereira da Costa Neto 47 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Para os ensaios, pastilhas de sílica hidrofóbica (1 x 0,5 cm) foram preparadas e uma gota de solução etanol/água (EtOH/H2O) em diferentes proporções volumétricas (0, 5, 10, 15 e 20% etanol v/v) foi depositada na superfície das mesmas, como esquematizado na Figura 3.2. Figura 3.2. Representação esquemática da medida do ângulo de contato líquido-sólido em função da concentração do etanol na solução água/etanol em uma pastilha de Aerosil R972. 3.1.3. Medida da viscosidade das suspensões de quitosana e sílica Neste estudo, avaliou-se o efeito da adição da sílica na viscosidade de uma solução de quitosana de 1% (massa/volume). Essa solução de quitosana de baixo peso molecular a 1% (m/v) foi preparada solubilizando-se a quitosana em água e ajustando-se o pH para 5,5 – 6,0 com 0,5 M NaOH. A esta solução adicionou-se uma massa de sílica Aerosil 200 ou Aerosil R972, variando de 0 a 1,1g. As viscosidades destas suspensões foram medidas em viscosímetro Brookfield, com coleta automática dos dados pelo software Rheocalc V3.1-1. A temperatura de ensaio foi de 25 ± 0,2 ºC, mantida por banho termostático. A velocidade aplicada foi de 5 rpm, utilizando spindle SC4-31. 3.1.4. Secagem das dispersões de quitosana e sílica por spray drying 3.1.4.1. Ensaios preliminares Testes preliminares foram inicialmente realizados com soluções de quitosana em concentrações de 1% e de 2% (massa/volume) para obtenção das micropartículas via spray dryer. O equipamento utilizado para a secagem foi um mini-secador spray dryer Büchi B 190 com capacidade nominal de evaporação de 1,5 kg H2O/h, dotado de um Bento Pereira da Costa Neto 48 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado sistema de aquecimento de ar, um sistema de injeção e um sistema de exaustão de gases (Figura 3.3). O spray dryer operou continuamente com taxa de alimentação de 3ml/min, com fluxos co-correntes de ar e solução de quitosana e com um bico atomizador tipo duplo fluido com mistura externa de fluidos (liquido a secar e ar). O material particulado produzido foi aspirado e coletado por um ciclone conectado à extremidade inferior do secador. Os finos não retidos no ciclone foram coletados por um filtro manga colocado na linha de evacuação de gás do laboratório. Figura 3.3. Secador tipo Spray Dryer Büchi B 190. Fonte: arquivo pessoal, 2013. Nesta fase de ensaios preliminares, investigou-se o efeito das seguintes variáveis: Temperatura de entrada do ar de secagem: 105°C ou 150°C; Diâmetro do orifício do bico atomizador: 0,5 mm ou 0,7mm. Os produtos da secagem foram analisados pelo diâmetro, carga superficial, densidade (ρtap), diâmetro aerodinâmico e teor de umidade das micropartículas secas, descritos posteriormente. 3.1.4.2. Produção de micropartículas de quitosana-sílica Após a série de ensaios preliminares avaliando-se o efeito de variáveis do processo de secagem, fixou-se as condições experimentais para a produção de amostras de micropartículas de quitosana/sílica. Bento Pereira da Costa Neto 49 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Para produção destas micropartículas, o seguinte procedimento experimental foi utilizado: A solução de quitosana (1g) de 80 ml foi preparada solubilizando o polímero em água ultra pura contendo 3% w/v de ácido acético. A solução foi mantida em agitação mecânica por aproximadamente 30 min. Após a completa dissolução da quitosana o pH foi ajustado para 5,5-6,0 com NaOH 0,5 M. Com o intuito de facilitar a dispersão das nanopartículas de sílica na solução de quitosana, essas foram primeiramente dispersas no meio adequado. As nanopartículas de Aerosil R972 foram dispersas em etanol e as nanopartículas de Aerosil 200 em água ultra pura. Em seguida a suspensão de sílica (aproximadamente 25ml de etanol ou 20 ml de água) foi adicionada à solução de quitosana e mantida agitação de 200 rpm. Posteriormente, a suspenção contendo quitosana e sílica foi homogeneizada, a fim de quebrar partículas agregadas, usando-se um homogeneizador de alta pressão (model APV- 2000, Stansted Fluid Power, APV, USA) operando a 800 bar por cinco ciclos de homogeneização. As condições experimentais usadas no spray dryer para a produção das micropartículas são apresentadas na Tabela 3.1. Tabela 3.1. Condições operacionais usadas nos experimentos de spray drying. Formulação 1 2 3 4 5 6 Vazão de alimentação (mƖ/min) 3 3 3 3 3 3 Vazão do ar de atomização (NL/h) 600 600 600 600 600 600 Tipo de Aerosil* R972 R972 R972 200 200 200 Concentração de Sílica na solução (1%) 1 0,5 0,1 1 0,5 0,1 Temperatura de entrada - Tentrada (ºC) 105 105 105 105 105 105 Temperatura de saída - Tsaída(ºC) 80 80 80 80 80 80 * Aerosil 200: sílica fumegada hidrofílica. Aerosil R972: Sílica fumegada hidrofóbica; 3.1.5. Caracterização das micropartículas Após a secagem, os produtos secos obtidos foram caracterizados quanto à granulometria, densidade aparente, diâmetro aerodinâmico, área superficial, morfologia e potencial zeta. Bento Pereira da Costa Neto 50 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.1.5.1. Tese de doutorado Granulometria As distribuições de tamanho de partícula foram determinadas utilizando análise de difração a laser no espalhamento diferencial de intensidade de polarização (PIDs) modo óptico (Beckman Coulter, modelo LS 230, Miami, FL). As amostras das micropartículas nanoestruturadas com sílica foram dispersas em óleo minfoil, até que a obscuração necessária fosse alcançada (aproximadamente 40% PIDS). O diâmetro médio de partícula foi expresso como o diâmetro médio volumétrico (d 4.3), equivalente ao diâmetro de uma esfera que possui a mesma área projetada que a partícula. A polidispersão é dada por um índice de distribuição de tamanho de partícula (span), calculada pela Equação 3.1: Span = (d0,9 - d0,1)/ d0,5 (Equação 3.1) onde d0,1, d0,5 e d0,9 representam os diâmetros acumulados de 10, 50 e 90 % das partículas, respectivamente. As medidas foram realizadas em triplicata. 3.1.5.2. Densidade aparente. A densidade aparente das amostras foi medida em um aparelho automático modelo AutoTap, marca Quantachrome. A densidade aparente de mínimo empacotamento (ρb) foi obtida pesando-se a massa de amostra M (5g) introduzida em um recipiente de volume conhecido (V1 = 25 mƖ). A densidade aparente compactada (ρt) foi determinada após 3000 batidas realizadas automaticamente pelo aparelho e medindo-se o novo volume (V2) ocupado pela amostra. Este número de batidas foi fixado após testes preliminares indicarem que um número superior a 3000 vezes resultava numa variação desprezível do volume da amostra compactada. 3.1.5.3. Diâmetro aerodinâmico O valor do diâmetro aerodinâmico (da) (Dellamary, et al., 2000) foi obtido através da relação envolvendo o diâmetro médio (D 4,3) e a densidade aparente compactada (ρtap), definida pela Equação 3.2: (Equação 3.2) Bento Pereira da Costa Neto 51 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.1.5.4. Tese de doutorado Área especifica A área especifica foi medida por meio da técnica de Brunauer, Emmett e Teller (BET) usando o equipamento PAEA 2010, Micromeritics (EUA). As amostras de micropartículas foram pesadas (0,5 g) em tubos de vidro e pré-tratadas para remoção da umidade em uma estufa com circulação de ar a 50 º C durante 12h. No intervalo de validade da isoterma do BET, a área específica foi calculada a partir da inclinação e intercepção da linha formada por cinco pontos de medição. O volume e o diâmetro médio dos poros das micropartículas foram obtidos pela técnica de Barrett-Joyner-Halenda (BJH). Eles são calculados através de gás adsorvido para uma pressão relativa próxima da saturação (P/Po≈1) (Webb & Orr, 1997). 3.1.5.5. Microscopia eletrônica de varredura e de transmissão As partículas foram observadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) (JEOL JSM-6360LV, Japão) após recobrimento com ouro e por microscopia eletrônica de transmissão (TEM) (Philips CM120 80kV) após a incorporação das micropartículas em resina epóxi e corte em micrótomo para análise TEM. 3.1.5.6. Carga superficial-potencial zeta O potencial zeta foi avaliado por mobilidade electroforética utilizando um DelsaNano C (Beckman Coulter, EUA). Todas as amostras foram dispersas em água deionizada e o pH foi ajustado (4,0 a 7,4) por adição de HCl 0,5 M ou NaOH 0,5 M. Cada valor potencial zeta relatado é uma média de 10 determinações. 3.1.5.7. Teor de umidade O teor de umidade foi medido por titulação de Karl Fisher em metanol seco usando um titulador DL38 (Mettler-Toledo, Suíça). As medições foram realizadas em triplicata. Os espectros de FTIR foram obtidas através de um espectrofotômetro Nicolet FTIR-6700 (Thermo Scientific, EUA), utilizando uma pastilha de KBr na faixa de 500 – 4500 cm-1, resolução de 4 cm-1. 3.1.5.8. Análise termogravimétrica As curvas TG das amostras foram obtidas por um TG - Mettler Toledo, modelo SDTA851. Foi utilizado um suporte de amostra padrão de cerâmica de alumina (Al 2O3). As amostras foram pesadas em balança de precisão Mettler Toledo, modelo XS205. As Bento Pereira da Costa Neto 52 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado análises foram realizadas sob uma atmosfera de oxigénio a uma velocidade de fluxo de 50 mƖ.min-1, de 0 a 800°C a uma taxa de aquecimento de 10 ° C.min -1. O conteúdo inorgânico das micropartículas foi determinado pela pesagem da cinza restante após a degradação completa das amostras à 800 º C. 3.1.5.9. Calorimetria diferencial de varredura Os termogramas de DSC das amostras foram obtidos através de um Calorímetro Diferencial de Varredura DSC822 (Mettler Toledo) usando um suporte de amostra de alumínio selado, sendo as amostras pesadas numa balança de precisão Mettler Toledo marca, modelo XS205. As análises foram realizadas sob uma atmosfera de oxigénio a uma velocidade de fluxo de 50 ml.min-1 na faixa de temperaturas 20-450° C, a uma taxa de aquecimento de 10° C.min-1. 3.1.5.10. Difratometria de raios X Para a análise de DRX, as amostras foram prensadas em um porta-amostras de alumínio e os dados foram coletados em um difratômetro de raios X Shimadzu, XRD 6000, na radiação CuKα (λ = 1.5418 A), operando a 40 KV e 40 μA tensão e corrente do tubo, respectivamente. A varredura foi feita no intervalo de 5 a 50 °(2Θ), com um passo de 0,02 °(2Θ) e 5 seg/passo. Os resultados foram obtidos a partir dos programas XRD-6000 software. 3.1.5.11. Sorção dinâmica de vapor A cinética de sorção de vapor de água foi medida usando-se um aparelho DVS-2 (Surface measurement systems Ltd, London, UK). O DVS-2 mede a adsorção e dessorção de vapor por gravimetria usando uma microbalança. A Figura 3.4 mostra um esquema do sistema de sorção dinâmica de vapor utilizado (Goalard, 2005). Bento Pereira da Costa Neto 53 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.4. Esquema de um sistema de sorção dinâmica de vapor (Goalard, 2005). A umidade relativa em torno da amostra foi controlada pela mistura de correntes de gás, seca e saturada de água em proporções controladas por um controlador de vazão. A temperatura foi mantida constante. Antes de ser exposta a qualquer vapor de água, a amostra foi seca a 0% de umidade relativa para remover qualquer água presente. Em seguida, a amostra foi exposta a uma umidade relativa desejada e a adsorção de água foi medida. Isto foi realizado através de uma série de umidades relativas a 25°C. A quantidade de água adsorvida e/ou dessorvida foi expressa como uma porcentagem da amostra seca. Aproximadamente, 100 mg de amostra foi pesada e colocada em atmosfera de umidade relativa variável, em ciclos de sorção - dessorção, a passos de 10 % por hora na faixa de 0 – 90 % de umidade relativa. A sorção de equilíbrio para cada passo de umidade foi determinada pela variação da massa em relação ao tempo de 0,007 dm/dt. 3.1.5.12. Caracterização biológica 3.1.5.12.1. Produção de óxido nítrico por macrófagos Os macrófagos foram obtidos por lavagem peritoneal de ratos BALB/c. As células peritoneais foram deixadas aderidas a 96 poços das microplacas de cultura (TPP) em 4x 105 células/poço em 100 μl de meio DMEM (Meio de Eagle modificado por Dulbecco). Após 1 h, a 37 º C e 5% de CO2, as células não-aderentes foram removidas e os macrófagos aderentes foram cultivados durante mais 48 horas na presença ou ausência de concentrações crescentes de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica em 200 μl de meio DMEM mais 10% inativado pelo calor de soro fetal de vitelo e 1% de DMSO (Dimetilsulfóxido). Para a estimulação positiva, as células foram Bento Pereira da Costa Neto 54 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado cultivadas com 1 μg.mƖ-1 de lipopolissacarídeo (LPS). As células não tratadas foram cultivadas em meio isolado. No final da incubação, as placas de cultura foram centrifugadas a 500 rpm durante 5 minutos, e a produção de óxido nítrico foi indiretamente determinada nos sobrenadantes das culturas de células por seu produto de oxidação de nitrito usando o método colorimétrico de Griess (Green et al., 1982). 3.1.5.12.2. Citotoxicidade A liberação de lactato desidrogenase citoplasmática (LDH) é indicativo de lise celular. Os macrófagos foram cultivados e tratados com as micropartículas nanoestruturadas com sílica como já descrito (item 3.2.5.12.1). No final da incubação, os sobrenadantes foram recolhidos. Para máxima liberação, as células foram cultivadas em 2% de Triton X-100, e para a liberação espontânea, as células foram cultivadas em meio isolado. A atividade de LDH foi determinada por um kit comercial colorimétrico (a partir de Doles), de acordo com as instruções do fabricante. A porcentagem de liberação específica foi calculada através da seguinte Equação: (teste de liberação – liberação espontânea) x 100 (Equação 3.3) (máxima liberação – liberação espontânea) Bento Pereira da Costa Neto 55 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.2. Tese de doutorado Resultados e discussão 3.2.1. Dispersão das sílicas na solução de quitosana 3.2.1.1. Definição do procedimento de dispersão da sílica aerosil 200 Como descrito anteriormente, três diferentes técnicas de dispersão foram testadas: dois métodos envolvendo agitação mecânica (uso de uma turbina ultra turrax e de um homogeneizador de alta pressão) e uso de ultrassom, com o monitoramento do diâmetro das nanopartículas de sílica. Os resultados são apresentados na Tabela 3.2. Tabela 3.2. Efeito do modo e do tempo de dispersão na granulometria da sílica hidrofílica (Aerosil 200) dispersa na solução aquosa de quitosana Diâmetro das partículas de sílica (µm) t (min) Dispersão com Dispersão com Dispersão com Ultrassom (µm) Ultra Turrax (µm) HAP (µm) 2 30,4 ± 3,3 22,1 ± 3,4 0,6 ± 0,1 4 28,4 ± 2,9 17,2 ± 3,9 0,4 ± 0,1 6 27,3 ± 1,1 14,6 ± 0,1 0,3 ± 0,1 8 26,9 ± 2,6 13,5 ± 0,5 0,3 ± 0,1 10 25,2 ± 2,1 11,4 ± 1,1 0,2 ± 0,1 A Tabela 3.2 mostra que as partículas de sílica hidrofílica, apesar de terem uma dimensão nanométrica enquanto partículas primárias (20 nm, segundo o fabricante) apresentam tendência a permanecerem aglomeradas como indica a medida de tamanho na escala micrométrica. Os aglomerados formados têm um tamanho característico próximo de valores citados na literatura e em fichas técnicas dos produtos comerciais entre cerca de 0,2 e 0,3 μm (Bittnar et al., 2009). A Tabela 3.2 apresenta que a melhor dispersão destes aglomerados é obtida com a passagem da suspensão em homogeneizador de alta pressão (HAP), com o qual se atinge a dispersão máxima esperada (0,1-0,3µm). O método de dispersão em homogeneizador de alta pressão foi escolhido para a continuidade do trabalho. Novos ensaios foram realizados, aumentando a pressão de homogeneização e realizando-se medidas de tamanho a cada 3 minutos (Figura 3.5). Bento Pereira da Costa Neto 56 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.5. Diâmetro das partículas de sílica Aerosil 200 em função do tempo de dispersão em HAP O efeito positivo do procedimento de dispersão desenvolvido nesta etapa do trabalho pode ser comprovado através de imagens de microscopia eletrônica de varredura das micropartículas obtidas após secagem por spray drying de suspensões de quitosana e sílica submetidas ao procedimento descrito em comparação a micropartículas produzidas a partir da dispersão da sílica por simples agitação mecânica após introdução da mesma na solução aquosa de quitosana (Figura 3.6). Figura 3.6. Microfotografias (MEV) de partículas de quitosana nanoestruturadas com sílica: a) sílica Aerosil 200 introduzida na solução de quitosana sem dispersão; b) sílica Aerosil 200 dispersa na solução de quitosana em homogeneizador de alta pressão (HAP). Bento Pereira da Costa Neto 57 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.2.1.2. Tese de doutorado Determinação do ângulo de contato entre Aerosil R972 e uma mistura água-etanol (gota séssil) A sílica Aerosil R972 é hidrofóbica e, portanto, difícil de ser dispersa em solução aquosa. Para assegurar a dispersão da sílica Aerosil R972 na solução de quitosana, optou-se pela adição de etanol ao sistema. Para determinar a concentração adequada de etanol a ser adicionada, mediu-se o ângulo de contato de uma soluçãoetanol contendo de 0 a 25% v/v de etanol sobre pastilhas de Aerosil R972 (dimensão 1 x 0,5 cm). A Figura 3.7 apresenta a variação do ângulo de contato formado por uma gota de uma mistura água-etanol sobre a pastilha de Aerosil R972 em função do volume de etanol na mistura. Os resultados mostram que a transição de meio não molhante (Θ>90º) para meio molhante (Θ<90º) se fez para uma mistura água-etanol com concentração em álcool próxima de 15% v/v. Este valor corrobora com a faixa de valores apresentados na literatura para ângulo de contato entre sílica hidrofóbica e uma mistura água-etanol, como sendo em torno de 20% v/v (Cugniet, 2003). A partir destes resultados, fixou-se a concentração de 20% de etanol em volume como co-solvente para garantir a completa dispersão do Aerosil R972 na solução aquosa de quitosana. Figura 3.7. Variação do ângulo de contato entre sílica Aerosil R972 e solução água/etanol em função da concentração do etanol. Bento Pereira da Costa Neto 58 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.2.1.3. Tese de doutorado Definição do tempo de homogeneização em HAP A sílica Aerosil R972 foi dispersa na solução de quitosana utilizando-se o mesmo procedimento desenvolvido para a dispersão da sílica Aerosil 200, ou seja, homogeneização em HAP. O tempo de dispersão foi igualmente estudado através do acompanhamento do diâmetro dos agregados de sílica após passagem pelo homogeneizador nas mesmas condições fixadas para a sílica Aerosil 200. A Figura 3.8 apresenta os resultados obtidos. Uma melhor dispersão da sílica hidrofílica é observada nos primeiros 10 min. Figura 3.8. Diâmetro das partículas de sílica Aerosil R972 em função do tempo de dispersão em HAP (homogeneização a 800 bar). 3.2.2. Efeito da sílica na viscosidade das suspensões de quitosana A viscosidade da quitosana em solução aquosa é influenciada por muitos fatores, tais como: grau de desacetilação do polímero, peso molecular, concentração, força iônica, pH e temperatura. Geralmente com o aumento da temperatura, a viscosidade da dispersão polimérica diminui. Contudo, a mudança do pH pode levar a diferentes resultados, dependendo do tipo de ácido empregado. Por exemplo, com ácido acético, a viscosidade da quitosana tende a aumentar com a diminuição do pH (Li et al., 1997). A viscosidade desempenha também um papel importante na determinação das propriedades de micropartículas produzidas pela técnica de spray drying, podendo alterar propriedades tais como morfologia, tamanho e eficiência de encapsulação (Ré, 1998). Bento Pereira da Costa Neto 59 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado As medidas de viscosidade efetuadas em função do teor de sílica são dados na Tabela 3.3 e estão representados graficamente na Figura 3.9. Os resultados mostram que a viscosidade das suspensões varia entre 20 e 70 cp com a adição de sílica, o que não representa um problema para a nebulização destas suspensões através do bico atomizador do spray dryer utilizado. Figura 3.9. Influência da concentração de sílica sobre a viscosidade da solução aquosa de quitosana. Tabela 3.3. Influência da concentração de sílica sobre a viscosidade da solução aquosa de quitosana. Proporção teórica de massa Quitosana:Sílica 1:0 10:1 10:2 10:3 10:4 10:5 10:6 10:7 10:8 10:9 10:10 10:11 Bento Pereira da Costa Neto Viscosidade (cp) Viscosidade (cp) (Aerosil 200) (Aerosil R972) 20,3 ± 0,1 21,3 ± 0,2 22,1 ± 0,2 22,9 ± 0,1 23,6 ± 0,1 24,6 ± 0,1 25,8 ± 0,1 26,8 ± 0,1 28,1 ± 0,1 29,5 ± 0,9 30,7 ± 0,3 31,7 ± 0,1 20,3 ± 0,1 28,2 ± 0,2 29,5 ± 0,1 31,8 ± 0,4 34,4 ± 0,1 37,1 ± 0,3 41,3 ± 0,2 44,6 ± 0,1 48,1 ±0,3 51,8 ± 0,8 60,4 ± 0,5 69,2 ± 0,2 60 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado 3.2.3. Secagem das suspensões de quitosana nanoestruturadas com sílica por spray drying: definição das condições de processo Os ensaios preliminares mostraram que as soluções com uma concentração mássica de quitosana maior que 1% eram muito viscosas para garantir, durante a atomização, a formação de gotas com tamanho e morfologia controlados. Estes primeiros resultados levaram à escolha de uma concentração de quitosana em solução de 1% (massa/volume) para o desenvolvimento deste trabalho de doutorado. Os ensaios de secagem de formulações preparadas com ambas as sílicas, Aerosil 200 e Aerosil R972 foram realizados, variando-se condições de secagem como temperatura de entrada do ar de secagem (105°C e 150°C) e diâmetro do bico atomizador (0,5 e 0,7mm) com o intuito de verificar o impacto de condições que podem influenciar o tamanho das gotas e a velocidade de secagem. As condições de operação e características físicas das micropartículas são apresentadas na Tabela 2.3. Tabela 2.3. Condições operacionais e dados dos ensaios preliminares Aerosil - R972 R972 200 200 Tentrada (ºC) 105 ± 2 105 ± 2 150 ± 2 105 ± 2 150 ± 2 Bico(mm) 0,5 0,5 0,7 0,5 0,7 d4,3(µm) 5,1 ±0,1 5,9 ±0,1 5,7 ±0,1 4,6 ±0,1 4,0 ±0,1 ρtap (g/cm3) 0,55 ±0,1 0,20 ±0,1 0,18 ±0,1 0,77 ±0,1 0,78 ±0,1 Da (µm) 3,78 2,61 2,45 4,06 3,57 % umidade 6,2 ±0,9 4,1 +0,1 4,7 +0,1 3,7 ±0,1 4,9 ±0,1 PZ (mV) 34,8 ±2,2 16,8 ±0,21 14,1 ±0,56 14,2 ±0,35 9,6 ±0,63 Tinlet : Temperatura de entrada; ρtap :densidade aparente; Da: diâmetro aerodinâmico; PZ : potencial zeta. Analisando-se as condições de maior temperatura (maior velocidade de secagem), maior bico atomizador (maiores gotas) dos ensaios realizados nesta etapa do trabalho (Tabela 2.3), pode-se observar que: De uma maior temperatura poderia se esperar uma maior gota (formação mais rápida da crosta sólida na superfície). No entanto, comparativamente aos ensaios realizados à menor Tentrada, as gotas são inicialmente maiores (maior bico), o que torna difícil a comparação direta entre tamanhos de partículas que são, de qualquer modo, bastante próximos. Bento Pereira da Costa Neto 61 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Maior umidade, provavelmente por causa da formação da crosta sólida que torna o processo de evaporação mais lento para um mesmo tempo de residência no secador. Menor potencial zeta, provavelmente pela retenção de água que compete com a quitosana na formação de pontes de hidrogênio com os grupos silanóis dissociados da sílica. No caso das partículas de sílica, observa-se que as mesmas, quando dispersas em meio aquoso, adquirem carga superficial negativa devido ao processo de dissociação de grupos silanol (=Si–OH) de sua superfície (Behrens e Grier, 2001), representado por = SiOH SiO- + H+ . Os grupos amina da quitosana, por sua vez, encontram-se dissociados (NH3+) na dispersão formada com a sílica em meio ácido e pontes de hidrogênio podem se formar entre estes grupos reduzindo a carga da quitosana que é positiva na ausência da sílica (+34,8 ±2,2mV, Tabela 3.4). Nota-se ainda na Tabela 3.4 uma grande diferença de densidade aparente entre as partículas secas de quitosana nanoestruturadas com as diferentes sílicas, Aerosil 200 e Aerosil R972. Este comportamento foi investigado nas etapas seguintes do trabalho e será discutido posteriormente. Com base nos dados obtidos nos ensaios iniciais e não observando variação extensa dos dados analisados na Tabela 3.4, optou-se por dar continuidade ao estudo com a temperatura mais baixa (~105ºC) e com o bico atomizador de 0,5mm. A proporção mássica entre quitosana e sílica é o parâmetro de estudo da próxima etapa do trabalho (item 3.2.4). 3.2.4. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil: produção e caracterização 3.2.4.1. Caracterização física Definida as condições operacionais no spray dryer e a concentração de quitosana na solução (1%), a concentração de Aerosil foi o parâmetro de estudo considerado. Foram estudadas sete formulações. Bento Pereira da Costa Neto 62 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado As formulações com Fi em sua sigla representam as amostras cuja a formulação possui Aerosil 200 e as formulações com Fo em sua sigla representam as amostras cujas formulações possuem Aerosil R972. A primeira formulação (F1) se refere às micropartículas de quitosana sem a presença de sílica. As formulações Fi2 e Fo2 possuem 0,1% de Aerosil. As formulações Fi3 e Fo3 possuem 0,5% de Aerosil. As formulações Fi4 e Fo4 possuem 1,0% de Aerosil na solução polimérica de quitosana. As micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil foram caracterizadas quanto ao diâmetro das partículas, densidade aparente, diâmetro aerodinâmico, teor de umidade e potencial zeta. As Tabelas 3.5 e 3.6 resumem os resultados para ambas sílicas. As Tabelas 3.5 e 3.6 mostram que, apesar do aumento da viscosidade das dispersões, o aumento da concentração de Aerosil praticamente não afetou o diâmetro médio para as diferentes amostras. Nenhuma relação direta pode ser estabelecida entre a concentração de Aerosil e o diâmetro das partículas, o que sugere que o método de produção das partículas gera uma distribuição de tamanho dentro de uma faixa estreita, independentemente da concentração de sílica. No entanto, verifica-se que as partículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil R972 são menores que as partículas nanoestruturadas com Aerosil 200, provavelmente, devido à maior viscosidade das suspensões contendo Aerosil R972. Tabela 3.5. Características físicas das micropartículas (quitosana/Aerosil 200) Micropartículas produzidas por Formulação spray drying Quitosana: Aerosil 200 Diâmetro (µm) ρtap Da TU PZ 3 Visc. (g/cm ) (µm) (%) Amostra PTM D4,3 D0,1 D0,5 D0,9 Span (mV) (cp) 20,3 5,11 1,89 6,54 17,50 2,39 5,5 6,2 34,8 3,8 ±0,1 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,5 ± 2,1 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,9 ±2,2 21,3 4,82 1,15 4,38 8,96 1,78 0,46 6,6 14,1 10:1 3,1 Fi2 ± 0,2 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,2 ±0,1 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,1 ±0,1 24,6 4,89 2,43 4,56 8,25 1,27 0,77 4,4 13,9 2:1 4,3 Fi3 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,1 ± 0,3 ± 0,1 ± 0,1 ±0,1 ±1,1 30,7 4,63 2,38 4,01 6,69 1,08 0,77 3,7 14,2 1:1 4,1 Fi4 ± 0,3 ± 0,1 ± 0,4 ± 0,5 ± 0,4 ± 0,1 ± 0,1 ±0,1 ±0,3 PTM: Proporção teórica de massa; Visc: viscosidade; Da: diâmetro aerodinâmico; TU: teor de umidade; AS: área superficial; PZ: potencial zeta. F1 1:0 Bento Pereira da Costa Neto 63 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Tabela 3.6. Características físicas das micropartículas (quitosana/Aerosil R972) Micropartículas produzidas por spray drying Formulação Quitosana: Aerosil R972 Amostra PTM Diâmetro (µm) Visc. (cp) D4,3 D0,1 D0,5 D0,9 Span ρtap (g/cm3) Da (µm) TU (%) 20,3 5,1 1,9 6,5 17,5 2,4 0,55 6,2 3,8 ±0,1 ±0,1 ±0,1 ±0,5 ±2,1 ±0,1 ±0,1 ±0,9 28,2 6,6 0,9 5,9 15,3 2,4 0,38 6,6 10:1 4,1 Fo2 ±0,2 ±0,5 ±0,1 ±0,1 ±0,6 ±0,1 ±0,1 ±0,1 37,1 7,9 2,6 6,7 14,1 1,7 0,28 5,3 2:1 4,2 Fo3 ±0,4 ±0,1 ±0,1 ±0,1 ±0,6 ±0,2 ±0,1 ±0,1 60,4 5,9 2,1 5,1 10,5 1,6 0,20 4,1 1:1 2,6 Fo4 ±0,4 ±0,1 ±0,1 ±0,8 ±0,5 ±0,1 ±0,1 ±0,1 PTM: Proporção teórica de massa; Visc: viscosidade; Da: diâmetro aerodinâmico; umidade; AS: área superficial; PZ: potencial zeta. F1 1:0 AS (m2/g) PZ (mV) 3.0 34,8 ±0.2 ±2,2 4.1 15,8 ±0.3 ±0,2 8.8 15,5 ±0.3 ±0,5 21.7 16,8 ±0.7 ±0,2 TU: teor de A umidade residual analisada por Karl Fisher comprovou que o aumento de concentração de Aerosil nas micropartículas de quitosana diminuiu a umidade residual em ambos os casos. A Microscopia Electrônica de Varredura (MEV) e a Microscopia Electrônica de Transmissão (MET) foram as técnicas utilizadas para analisar a estrutura de superfície das amostras. Microscopias das amostras F1, Fi4 e Fo4 (MET e MEV) são apresentadas nas Figuras 3.10 e 3.11, respectivamente. Como mostrado por estas micrografias, as micropartículas consistem de estruturas esféricas. Figura 3.10. Micrografias (microscopia eletrônica de transmissão) do produto seco gerado por spray drying: Fi4:A e B; Fo4:C e D. Bento Pereira da Costa Neto 64 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.11. Micrografias (microscopia eletrônica de varredura) dos produtos secos gerados por spray drying. A e B: F1; C e D: Fi4; E e F: Fo4. Para complementação dos dados, o potencial zeta das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil, micropartículas de quitosana, as nanopartículas de Aerosil foram analisadas em função do pH e os resultados são apresentados nas Figuras 3.12 e 3.13. Observa-se que as cargas superficiais das micropartículas de quitosana (F1) são positivas no intervalo de pH de 4,5 a 7,4. Devido às suas características catiônicas, a quitosana pode interagir com o material carregado negativamente da sílica Aerosil, também apresentado na Figuras 3.12 e 3.13. No entanto, apesar dessas interações eletrostáticas prováveis, as cargas superficiais das micropartículas nanoestruturadas permaneceram sempre positivas, mesmo para Fi4 e Bento Pereira da Costa Neto 65 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Fo4, que são estruturas fortemente carregadas com sílica na superfície. Quando se compara as cargas superficiais das amostras nanoestruturadas com Aerosil R972 e Aerosil 200 (Fo4 e Fi4, respectivamente) em pH 7,4, observa-se uma pequena diminuição da carga das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil 200 (+14,25 mV) com as micropartículas nanoestruturadas com Aerosil R972 (+16,8 mV), o que pode ser devido à carga mais negativa da sílica Aerosil 200 (maior número de grupos silanóis na superfície). Figura 3.12. Potencial zeta das micropartículas de quitosana, micropartículas compósitas de quitosana e Aerosil R972 e Aerosil 200 em função do pH. Figura 3.13. Potencial zeta das micropartículas de quitosana, micropartículas compósitas de quitosana e Aerosil R972 e Aerosil R972 em função do pH. Bento Pereira da Costa Neto 66 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.2.4.2. Tese de doutorado Propriedades térmicas A análise termogravimétrica (TG) e análise térmica diferencial (DSC) foram realizadas sob atmosfera de oxigênio para determinação do conteúdo inorgânico das micropartículas nanoestruturadas e para investigação da estabilidade térmica. A Figura 3.14 apresenta as curvas termogravimétricas das micropartículas nanoestruturadas com diferentes concentrações de Aerosil 200, em comparação com as micropartículas contendo apenas quitosana. Pode-se notar que estas micropartículas de quitosana se degradam na faixa de 198 - 243°C (Tpico a 226°C). Figura 3.14. Termogramas de TG das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2 (16,5%), (c) Fi3 (31,7%), (d) Fi4 (46%), (e) Aerosil 200. Os principais resultados destas análises são o deslocamento da temperatura de decomposição para valores mais elevados, que se observa para as amostras contendo 16,5% (Fi2), 31,7% (Fi3) e 46% (Fi4) de Aerosil 200, como mostrado na Figura 3.14 e na Tabela 3.6 que resume os parâmetros térmicos obtidos da análise termogravimétrica para os dois diferentes tipos de formulações (Fi e Fo). O teor de material inorgânico restante após a completa degradação térmica do material orgânico a 800 ° C (Tabela 3.7): variou de 16 % a 46 % nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil 200 e de 21 % a 58 % nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil R972. Bento Pereira da Costa Neto 67 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Tabela 3.7. Parâmetros térmicos, obtidos a partir de análise termogravimétrica Temperatura de decomposição da quitosana Quitosana: Aerosil (Proporção mássica teórica) Material inorgânico (%) * Tonset (°c) Tpeak (°C) F1 1:0 0 198 226 Fi2 10:1 16,5±0,3 205 252 Fi3 2:1 31,7±0,4 214 238 Fi4 1:1 46,0±0,7 269 297 Fo2 10:1 21,5±0,3 217 248 Fo3 2:1 39,9±0,4 251 282 Fo4 1:1 58,1±0,7 252 285 Amostra *cinza restante após a degradação completa das amostras a 800°C Por sua vez, a Figura 3.15 apresenta as curvas de TG das micropartículas nanoestruturadas com diferentes cargas de Aerosil R972. No estudo com a sílica Aerosil R972 foi observado, para as amostras 21,5% (Fo2), 39,9% (Fo3) e 58,1% (Fo4), a mesma influência da sílica na temperatura de decomposição da quitosana (Tabela 2.6). Este resultado sugere que a adição das nanopartículas de Aerosil promove a estabilização contra a degradação oxidativa da quitosana. Em resumo, quando os resultados das micropartículas de quitosana pura são comparados com os resultados de micropartículas quitosana nanoestruturadas com Aerosil, em termos de comportamento térmico, existem diferenças importantes, o que pode ser devido à interação entre quitosana e Aerosil. Figura 3.15. Termogramas de TG das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972. Bento Pereira da Costa Neto 68 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Os resultados das análises de DSC são apresentados na Figura 3.16. Os termogramas de DSC mostram largos picos endotérmicos ao longo de um grande intervalo de temperaturas (<100 º C), o que é atribuído à perda de água devido à evaporação de água absorvida. Figura 3.16. Termogramas de DSC das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200. O evento principal destas curvas de calorimetria mostradas na Figura 3.16 é um pico exotérmico centrado em torno de 200-300°C para quitosana (F1) e micropartículas nanoestruturadas (Fi2, Fi3 e Fi4), devido à degradação térmica das micropartículas. O pico das micropartículas de quitosana pura é lido em 226°C. Com a adição de Aerosil 200, este pico exotérmico deslocou-se para a região de temperaturas mais elevadas (252-297°C). Já com Aerosil R972 (Figura 3.17), o pico exotérmico centrado em torno de 250310°C para quitosana (F1) e micropartículas nanoestruturadas (Fo2, Fo3 e Fo4) pode ser atribuído à degradação térmica das micropartículas. Com a adição de Aerosil R972, este pico exotérmico foi deslocado para a região de temperaturas de 288-309°C. Bento Pereira da Costa Neto 69 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.17. Termogramas de DSC das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972. Em suma, pode-se concluir que as análises de DSC confirmaram os resultados já demonstrados por análise TGA para ambas as sílicas estudadas: o aumento do teor de Aerosil 200 e de Aerosil R972 nas formulações aumentou a estabilidade térmica das micropartículas de quitosana. 3.2.4.3. Caracterização estrutural 3.2.4.3.1. Difração de Raios X A difratometria de raios X baseia-se na propriedade intrínseca de cada cristal em desviar, em um ângulo específico, a direção dos raios X emitidos sobre ele. O ângulo de desvio da radiação é único para cada forma do cristal permitindo assim caracterizá-lo. A denotação matemática deste desvio é descrita pela lei de Bragg (Kahn, 2004; Cuffini, Pitaluga e Tombari, 2009). Uma vantagem da difratometria de raios X de pós está na possibilidade de uma relação linear entre a intensidade dos picos de identificação da Bento Pereira da Costa Neto 70 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado forma cristalina e sua concentração, permitindo a quantificação de diferentes polimorfos em misturas com várias formas ou o acompanhamento das transformações polimórficas ou em formas amorfas (hidratadas ou não). Os padrões de difração de raios-X (Figuras 3.18 e 3.19) mostram que as nanopartículas de Aerosil, as micropartículas de quitosana e as micropartículas nanoestruturadas podem ser identificadas como amorfas, devido à inexistência de picos cristalográficos associados a planos cristalinos específicos presentes na estrutura. Figura 3.18. Difratogramas de raios X das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200. Bento Pereira da Costa Neto 71 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.19. Difratogramas das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972. 3.2.4.3.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de fourier A estrutura de ligação das micropartículas foi investigada por espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR). Os espectros das micropartículas de quitosana pura (F1) (Figuras 3.20.a e 3.21.a) mostraram uma banda de absorção larga a 3444 cm-1 atribuída às vibrações de estiramento dos grupos OH, as quais são sobrepostas à vibração de alongamento do NH. A característica de absorção da quitosana é a banda a 1595 cm-1, atribuída à vibração de estiramento do grupo amino da quitosana e 1325 cm-1 que é atribuída a vibração de CH. O pico em 1085 cm-1 faz referência ao estiramento vibracional do grupo CO (Souza et al., 2009; Krishna et al., 2006). Os picos em torno de 895 e 1155 cm-1 correspondem às vibrações de estiramento dos grupos C-O-C na estrutura de sacarídeo da quitosana (Miya et al., 1980; Radhakumary et al., 2003). Os espectros de FTIR das amostras Fi2, Fi3 e Fi4 (Figura 3.20) apresentam picos característicos da quitosana e Aerosil 200. Bento Pereira da Costa Neto 72 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.20. Espectro FTIR das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil 200: (a) F1, (b) Fi2, (c) Fi3, (d) Fi4, (e) Aerosil 200. Os espectros de FTIR da Aerosil 200 (Figura 3.20.e) revelaram uma banda larga em 3445 cm-1 que corresponde ao estiramento de bandas OH de moléculas de água ligadas por ligações de hidrogênio (H-O-H ∙∙∙ H) e SiO-H - estiramentos dos silanóis pontes de hidrogênio ligados à molécula de água (SiO-H∙∙∙H2O) (Brinker & Scherer, 1990). As bandas de absorção correspondentes às moléculas de água referentes a vibrações de deformação aparecem em 1635 cm-1 (Socrates, 2001). A adsorção de moléculas de água na superfície das micropartículas de sílica é devido à existência dos grupos silanóis na superfície e, portanto, à natureza hidrófila da sílica Aerosil 200. As intensas vibrações das ligações covalentes entre o silício e o oxigénio aparecem principalmente no intervalo de 1200-1000 cm-1 revelando a existência de uma rede densa de sílica, em que os átomos de oxigénio desempenham o papel das pontes entre as duas ligações do silício (Duran et al., 1986). Por outro lado, o estiramento simétrico do Si-O-Si aparece em 800 cm -1 (Brinker & Scherer, 1990). Os espectros FTIR das micropartículas nanoestruturadas mostram as bandas características de ambos: quitosana e Aerosil 200 (Figuras 3.20.b a 3.20.d). Eles são Bento Pereira da Costa Neto 73 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado semelhantes, no entanto, várias bandas características foram deslocadas, deformadas ou mesmo desapareceram, sobretudo na região entre 800 e 1600 cm -1. Também para a quitosana, a banda de absorção de amida II (1595 cm -1) foi deslocada para um menor comprimento de onda (1.558 cm-1) e as bandas características da quitosana em 1155 e 895 cm-1 são observadas com fraca intensidade ou desapareceram (ver Figura 3.20.d), sugerindo que estes grupos estão possivelmente interagindo com Aerosil 200. Figura 3.21. Espectro FTIR das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972: (a) F1, (b) Fo2 (21.5%), (c) Fo3 (39.9%), (d) Fo4 (58.1%), (e) Aerosil R972. Os espectros de FTIR de Aerosil R972 (Figura 3.21.e) mostraram um pico de absorção a cerca de 1109 cm-1, atribuído às vibrações de estiramento assimétricas das ligações Si-O-Si do óxido de silício, enquanto que o pico em 810 cm-1 pode ser atribuído à deformação simétrica das ligações Si-O-Si. Estas são as bandas típicas de absorção para Si-O-Si (Prado et al., 2005). Os espectros FTIR das micropartículas nanoestruturadas mostram as bandas características de ambos: quitosana pura e Aerosil R972 (Figuras 3.21.b à 3.21.d). Eles se apresentam de forma semelhante, no entanto, várias bandas características também foram deslocadas, deformadas ou desapareceram, especialmente na região entre 1000 e 1400 cm-1. Bento Pereira da Costa Neto 74 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Também para a quitosana, a banda de absorção de amida II (1595 cm -1) foi ligeiramente deslocada para um menor comprimento de onda (1.560 cm -1) e as bandas características em estrutura da quitosana em 1032, 1155 e 895 cm -1 são observadas com menor intensidade ou mesmo desapareceram (ver Figura 3.21.d). Isso constitui uma evidência de que os grupos dessas bandas interagem com Aerosil R972. 3.2.4.4. Sorção dinâmica de vapor (DVS) O objetivo deste estudo foi verificar possíveis efeitos de “barreira” das sílicas Aerosil 200 e Aerosil R972 contra absorção de umidade pelas micropartículas de quitosana nanoestruturadas. As isotermas de equilíbrio de sorção de umidade (DVS) são representadas graficamente na Figura 3.22 (primeiro ciclo de sorção), para as amostras formuladas com sílica Aerosil R972 (F1, Fo2, Fo3 e Fo4), enquanto que para a sílica Aerosil 200 o estudo foi realizado apenas para a formulação com maior teor de sílica (Fi4) e os resultados são dados na Figura 3.23. Embora dois ciclos tenham sido realizados para cada material (sorção e dessorção), a umidade de dessorção a partir do primeiro ciclo foi reversível. Subsequentemente, estes dados estão sendo omitidos para maior clareza entre as amostras. Figura 3.22. Isotermas de sorção de umidade das micropartículas com diferentes concentrações de Aerosil R972. Bento Pereira da Costa Neto 75 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Figura 3.23. Isotermas de sorção de umidade das micropartículas com uma concentração de Aerosil 200 de 58% (em massa) nas micropartículas quitosana-sílica. As Figuras 3.22 e 3.23 mostram que a presença de ambas as sílicas modifica a capacidade de adsorção de umidade das micropartículas de quitosana nanoestruturadas. Mais especificamente, a Figura 3.22 mostra que quanto maior a concentração de Aerosil R972 nas micropartículas menor a adsorção de umidade. Essa propriedade das micropartículas de reduzirem a adsorção de umidade pode ser apontada como uma vantagem para encapsulação de fármacos, visto que a exposição dos fármacos à umidade possibilita conversões polimórficas indesejáveis (Miller; Raw; Yu, 2005). O teor de massa absorvida na umidade de 70% foi escolhido como parâmetro de comparação entre as amostras que apresentaram maior concentração de sílica e menor absorção de umidade: Fo4 (Aerosil R972) e Fi4(Aerosil 200). A amostra nanoestruturada com Aerosil R972 absorveu 11,9% enquanto que a amostra nanoestruturada com Aerosil 200 absorveu 13,6%. A menor massa absorvida de umidade na amostra Fo4 era esperada devido ao caráter hidrofóbico da Aerosil R972. 3.2.4.5. Ensaios biológicos preliminares com micropartículas nanoestruturadas com aerosil 200 e aerosil r972 As micropartículas com maior concentração de Aerosil (Fi4 e Fo4) foram escolhidas para testes biológicos. A capacidade para ativar os macrófagos para produzir óxido nítrico foi testada como uma indicação do potencial pró-inflamatório. Bento Pereira da Costa Neto 76 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Tese de doutorado Micropartículas contendo apenas quitosana pura (F1) foram também testadas como controle. A Figura 3.24 apresenta que concentrações de ambas partículas da ordem de 1000 μg/mƖ não estimulam os macrófagos para produzir óxido nítrico, compatível com uma baixa ação pró-inflamatória. A capacidade das amostras de induzir citotoxicidade foi avaliada pela capacidade em induzir a liberação de LDH do citoplasma de macrófagos. Figura 3.24. Falta de estimulação da produção de óxido nítrico por macrófagos. Representante de dois experimentos diferentes, utilizando diferentes lotes de amostras. A Figura 3.25 apresenta que, apesar das suas concentrações similares necessárias para produzir 50% de lise celular (IC50, 220 μg.ml -1 e 237 μg.ml-1, respectivamente), em concentrações inferiores a 100 μg.ml -1, F4 é menos (p <0,05) citotóxica do que F1. Juntos, estes resultados indicam que as amostras não são propensas a induzir a inflamação, e que a nanoestruturação com 58% de Aerosil R972 (F4) rendeu as micropartículas mais biocompatíveis. Este efeito é devido ao fato da sílica Aerosil R972 impedir a forte interação eletrostática catiônica da quitosana com a membrana celular carregada negativamente. Figura 3.25 A citotoxicidade de macrófagos. Representante de dois experimentos diferentes, utilizando diferentes lotes de amostras. Bento Pereira da Costa Neto 77 Capítulo 3. Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica 3.3. Tese de doutorado Conclusões parciais Através dos resultados obtidos nesta etapa do trabalho, pode-se concluir que o processo de secagem via spray drying possibilitou a obtenção de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica. A introdução de sílica na estrutura das micropartículas de quitosana resultou em uma mudança nas propriedades físicas e químicas quando comparada às micropartículas de quitosana pura. Foi observado que as partículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil R972 possuíam diâmetros médios superiores aos das partículas nanoestruturadas com Aerosil 200, provavelmente, devido à maior viscosidade das suspensões contendo Aerosil R972. A incorporação de sílica nas partículas de quitosana também diminuiu a umidade residual em ambos os casos. Outro dado analisado foi a carga superficial das micropartículas. O potencial zeta das micropartículas de quitosana é de aproximadamente +35mV. A carga superficial das micropartículas nanoestruturadas com sílica caem para valores da ordem de +10 à +17mV. Estes dados de potencial zeta comprovam a presença de sílica na superfície das micropartículas de quitosana, em ambos os casos (Aerosil 200 e Aerosil R972). As análises de sorção dinâmica de vapor confirmaram para ambas micropartículas que o aumento da concentração de sílica nas micropartículas, resulta em redução da capacidade das micropartículas nanoestruturadas em absorver umidade, quando comparadas às micropartículas sem sílica. Estudos in vitro indicaram baixa citotoxicidade e baixa capacidade de ativar a produção de óxido nítrico das células, sendo compatível com uma baixa ação próinflamatória. Juntas, essas informações incentivam a exploração das micropartículas nanoestruturadas com sílica desenvolvidas neste trabalho como novos sistemas de carreamento de princípios ativos através de vias orais ou mucosas. Bento Pereira da Costa Neto 78 CAPÍTULO 4 Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.1. Tese de doutorado Metodologia experimental O capítulo 3 deste manuscrito mostra o potencial de dois tipos de sílica fumegada com diferentes químicas de superfície (hidrofílica e hidrofóbica) em alterar propriedades de microesferas de quitosana tais como modificação de carga de superfície (potencial zeta) e efeito na estabilidade térmica das micropartículas (alteração da temperatura de degradação). O presente capítulo reúne os principais resultados de dois diferentes estudos de estabilidade e verificação do efeito “barreira” da nanoestruturação das micropartículas de quitosana com sílica Aerosil® 200 e Aerosil® R972. O primeiro método baseia-se no fato de que a quitosana é solúvel em pH ácido. Dessa forma, o propósito deste estudo de estabilidade em meio ácido foi medir o efeito dos dois diferentes tipos de sílica na solubilidade das micropartículas nanoestruturadas. A propriedade medida é a porcentagem de luz transmitida através de uma suspensão de micropartículas em meio ácido. O efeito “protetor” foi também avaliado através de um segundo estudo realizado utilizando-se uma forma solida de manitol de baixo grau de cristalinidade, capaz de evoluir para uma forma solida mais estável quando exposta a condições de estocagem envolvendo umidade elevada. Para este estudo, diferentes tipos de microesferas nanoestruturadas com sílica foram produzidas por spray drying contendo manitol. Estes produtos foram submetidos a condições controladas de temperatura e umidade durante um período de 6 meses. Durante este período, avaliou-se o efeito da exposição às condições de umidade e temperatura fixadas caracterizando-se amostras das micropartículas por técnica de difratometria de raios-X para análise do estado sólido. A metodologia utilizada e os resultados obtidos são apresentados neste capítulo. 4.1.1. Estudo de estabilidade física das micropartículas nanoestruturadas com sílica em meio ácido A estabilidade das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica foi determinada pela incubação de 0,5% (m/v) de suspensão das micropartículas em HCl 0,1 N por 60 minutos e medida da transmissão de luz das amostras em 500 nm (Spectrophotometer CINTRA 10E, GBC Melbourne, Australia) (Berthold et al., 1996; Dhawan et al., 2005), segundo esquema do protocolo experimental dado na Figura 4.1. Bento Pereira da Costa Neto 80 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado Micropartículas quitosana/sílica (0.5% em peso/volume) 0.1N HCl t =60 min T=25°C ALTA TRANSMISSÃO micropartículas são dissolvidas BAIXA TRASMISSÃO micropartículas não são dissolvidas (Alta estabilidade) Espectrofotômetro UV-VIS Cintra 10E T (500 nm) Figura 4.1. Esquema do protocolo experimental para medida da estabilidade das micropartículas nanoestruturadas em meio ácido. 4.1.2. Estudo da estabilidade de manitol encapsulado nas micropartículas nanoestruturadas com sílica quando exposto a condições de estresse de umidade e temperatura 4.1.2.1. Produção de micropartículas de quitosana, manitol e sílica Para este estudo, nove formulações sólidas foram preparadas por spray drying para serem comparadas após estocagem sob condições controladas de temperatura e umidade. São elas: - Micropartículas de quitosana/sílica contendo manitol (Fm1 e Fm2). o O manitol foi adicionado à suspensão quitosana–sílica antes de ser homogeneizada no HAP. - Micropartículas de quitosana contendo manitol (Fm3) Bento Pereira da Costa Neto 81 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado o A quitosana foi dissolvida em água juntamente com o manitol. - Manitol (Fm6) o Uma solução aquosa de manitol foi seca via spray dryer para produção de um sólido de baixa cristalinidade ou amorfo; - Microesferas de quitosana e sílica Aerosil® 200 (Fm4) - Microesferas de quitosana e sílica Aerosil® R972 (Fm5) - Microesferas de quitosana (Fm7) - Aerosil® 200 (Fm8) - Aerosil® R972 (Fm9) As formulações correspondentes encontram-se resumidas na Tabela 4.1. Tabela 4.1. Formulações das micropartículas de quitosana, manitol e sílicas para estudo de estocagem sob condições controladas de temperatura (40°C) e umidade (75%). Formulação Fm1 Fm2 Fm3 Fm4 Fm5 Fm6 Fm7 Fm8 Quitosana (g) 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 - Aerosil 200 (g) 1,0 1,0 1,0 Aerosil R972 (g) 1,0 1,0 - Manitol (g) 0,5 0,5 0,25 1,0 - Agua (g) 99 80** 99 99 80** 99 99 99 Fm9 - - 1,0 - 80** ** 80 ml de agua + 20 mƖ de etanol para dispersar a sílica Aerosil R972 Todas as formulações, Fm1 a Fm9, foram secas em spray dryer de bancada modelo B 190 marca BUCHI com temperatura de entrada de 105±2ºC, temperatura de saída de 80±3ºC e taxa de alimentação de 3 ml/min. O atomizador duplo fluido com abertura do bico de 0,5 mm foi usado nestes experimentos. Bento Pereira da Costa Neto 82 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.1.2.2. Tese de doutorado Estocagem em condições controladas de temperatura e umidade Foram pesados aproximadamente 2,5 g de cada formulação (Fm1 a Fm9) e acondicionados em placas de vidro. As amostras foram submetidas a condições de estresse com temperatura de 40ºC ± 2 e umidade relativa de 75% ± 5 por um período de seis meses (Brasil, 2005), através do uso de dessecador e solução saturada de NaCl para controle da umidade relativa e uso de incubadora para o controle da temperatura. 4.1.2.3. Análise de DRX As formulações Fm1 a Fm9 submetidas às condições de estresse relatadas no item 4.1.1.2. foram analisadas por DRX. As amostras foram prensadas em porta amostras de alumínio e os dados foram coletados em um difratômetro de Raios-X Shimadzu, Modelo XRD – 6000, na radiação CuKα (λ = 1.5418 A), operando com 40 KV e 40 μA de tensão e corrente do tubo, respectivamente. A varredura foi feita no intervalo de 5 a 50 °(2Θ), com um passo de 0,02 °(2Θ) e 5 seg/passo. Os resultados foram obtidos a partir dos programas XRD-6000 software. 4.1.2.4. Teste de contato das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 com atmosfera úmida (vapor d’agua) em microscópio eletrônico de varredura Contrariamente a um microscópio eletrônico de varredura convencional que opera sob vácuo na câmera de observação, o sistema de vácuo de um microscópio eletrônico de varredura ambiental permite a introdução de um gás dentro da câmera e atinge pressões até 10 torrs. Nestas condições de pressão, as amostras não condutoras podem ser observadas em estado natural sem metalização. A escolha do gás permite igualmente observar as amostras em um meio ambiente especifico (umidade elevada por exemplo). Aplicando-se este princípio, e utilizando-se um microscópio eletrônico de varredura ambiental XL30 ESEM FEG (Philips) observou-se amostras de micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil® R972 em comparação a amostras de quitosana pura. A observação foi feita de forma dinâmica em uma atmosfera de vapor de água com um porta-amostra resfriado por efeito Peltier. O controle da pressão de vapor d’água e da temperatura permitiu a variação da umidade na câmera de observação (observação dinâmica das amostras sob efeito da absorção de umidade). Bento Pereira da Costa Neto 83 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado O vácuo foi feito na câmera de observação seguido de purga afim de substituir o ar por vapor de agua. No final da primeira purga, a amostra foi resfriada à 2°C com uma pressão de 0,3 torr. Aumentou-se progressivamente a pressão, introduzindo-se vapor de agua na câmera de observação (valor de umidade não conhecido) e mantendo-se a temperatura à 2°C. Bento Pereira da Costa Neto 84 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.2. Tese de doutorado Resultados e discussão 4.2.1. Estudo de estabilidade física das micropartículas nanoestruturadas com sílica em meio ácido 4.2.1.1. Micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil® Os dados de transmissão de luz na Tabela 4.2 são apresentados como porcentagens. O HCI 0,1 N é a amostra-referência que representa a transmissão de 100%. Microesferas de quitosana (F1) foram dissolvidas no meio ácido, o que conduz a um meio mais transparente (92% de transmissão). No entanto, se as partículas não se dissolvem, a transmissão de luz através do meio diminui. Uma vez que a diminuição da turvação é diretamente dependente da dissolução das micropartículas, a transmissão é uma medida da concentração de micropartículas não dissolvidas. Em resumo, uma baixa transmissão indica alta estabilidade das micropartículas em meio ácido (lenta taxa de dissolução), enquanto uma transmissão elevada implica que as micropartículas foram dissolvidas em HCl. Tabela 4.2. Estabilidade em meio ácido (HCL 0,1N) das micropartículas nanoestruturadas com silica Aerosil® Quitosana: Amostra Tipo de Aerosil® Aerosil® (Proporção mássica Material inorgânico Transmissão (%) (%) teórica) F1 - 1:0 0 92,1±0.3 Fo2 R972 10:1 21,5±0.3 72,9±0.4 Fo3 R972 2:1 39,9±0.4 30,0±0.8 Fo4 R972 1 :1 58,1±0.7 10,6±2.8 Fi2 200 10:1 16,5±0,3 81,4±3,2 Fi3 200 2:1 31,7±0,4 14,1±0,4 Fi4 200 1 :1 46,0±0,7 8,0±0,6 Bento Pereira da Costa Neto 85 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado A Tabela 4.2 apresenta que o aumento da concentração de dois diferentes tipos de sílica Aerosil® nas micropartículas reduziu a porcentagem de transmissão de luz através da suspensão, o que sugere que as micropartículas dissolveram mais lentamente. Presumidamente, esta estabilidade em meio ácido deve-se ao revestimento da superfície das micropartículas com a sílica (estável em meio ácido), impedindo assim o contato entre o ácido e a quitosana, a qual, de outra forma, se dissolveria. Assim, uma maior concentração de sílica Aerosil®200 ou Aerosil® R972 resulta em melhores condições de estabilidade das micropartículas quitosana-sílica em meio ácido. A Figura 4.2 compara o efeito do teor de ambas as sílicas na estabilidade em meio ácido das micropartículas de quitosana nanoestruturadas (% transmissão de luz). Nota-se que, a sílica Aerosil® R972 é eficaz no controle da estabilidade das micropartículas em concentrações superiores a 58% enquanto que menores concentrações de sílica Aerosil® 200 (>42%) asseguram a mesma estabilidade (uma % transmissão de cerca de 10% é tomada neste trabalho como referência para uma estabilidade boa em meio ácido). Tal comportamento é provavelmente devido à química de superfície destas sílicas: a sílica hidrofílica (Aerosil® 200) apresenta maior número de grupos hidroxila o que promover maior interação com a quitosana através de ligações hidrogênio e, consequentemente, podendo conferir maior estabilidade em meio ácido. Figura 4.2. Efeito do teor de sílica na estabilidade em meio ácido das micropartículas de quitosana nanoestruturadas. Bento Pereira da Costa Neto 86 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado 4.2.2. Estudo da estabilidade de manitol encapsulado nas micropartículas nanoestruturadas com sílica quando exposto a condições de estresse de umidade e temperatura 4.2.2.1. Efeito da secagem na estrutura cristalina do manitol A difração de raios-X (DRX) é o método mais rápido e simples de se determinar as informações básicas sobre a estrutura de um material cristalino. Consequentemente, este método foi utilizado para avaliar o estado sólido de cada amostra. Para o estudo de estabilidade acelerada, uma amostra de manitol seco por spray drying foi produzida a fim de se obter material sólido de baixa cristalinidade ou mesmo amorfo. A secagem por spray drying geralmente produz compostos amorfos, devido ao rápido processo de secagem, o que impede a organização de uma fase cristalina (Asada et al, 2004). A Figura 4.3 permite a comparação entre duas formas sólidas do manitol: o produto comercial e a amostra Fm6, produzida da secagem por spray drying de uma solução aquosa de manitol. A amostra comercial apresenta picos característicos do delta-manitol (9,57) e do beta-manitol (14,71). A amostra Fm6 apresenta picos característicos das fases beta-manitol e alfa-manitol (13,79), no entanto, observa-se também uma perda considerável de intensidade dos picos. Este tipo de comportamento provavelmente traduz uma modificação do estado sólido ou de morfologia das micropartículas secas após secagem por atomização, mais provavelmente, de morfologia. Figura 4.3. Difratograma do manitol: (a) Manitol; (b) Manitol obtido via spray drying. Bento Pereira da Costa Neto 87 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.2.2.2. Efeito da exposição das micropartículas Tese de doutorado a condições de estresse de umidade e temperatura 4.2.2.2.1. Manitol O efeito da exposição das microparticulas de manitol obtidas da secagem por spray drying à temperatura de 40ºC ± 2 e umidade relativa de 75%± 5 durante 180 dias é avaliado comparando-se os difratogramas de raios-X das micropartículas de manitol (Fm6) antes (T0) e após (T180) exposição (Figura 4.4). As micropartículas Fm6 consistiam de uma mistura de beta-manitol e alfa-manitol (forma menos estável). Os seis meses de exposição às condições de temperatura e umidade descritas levou a uma transformação polimórfica total à forma mais estável do manitol (beta-manitol). Figura 4.4. Difratograma do manitol no início do estudo (T0) e após os 180 dias de exposição (T180). 4.2.2.2.2. Micropartículas de quitosana, quitosana nanoestruturadas com sílica, Aerosil® 200, Aerosil® R972 (sem manitol) Antes de analisar o efeito da incorporação do manitol nas formulações com quitosana pura (Fm3) e com quitosana e sílica (Fm1 e Fm2), o efeito da exposição de micropartículas de quitosana pura (Fm7), de micropartículas de quitosana e Aerosil® 200 (Fm4), de micropartículas de quitosana e Aerosil® R972 (Fm5), de micropartículas de Aerosil® 200 (Fm8) e de micropartículas de Aerosil® R972 (Fm9) foi primeiramente analisado (micropartículas ‘brancas’). Bento Pereira da Costa Neto 88 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado Os difratogramas de raios-X destas amostras antes e depois da exposição podem ser comparados através das Figuras 4.5 e 4.6. A forma dos difratogramas revela estruturas de baixa (ou nenhuma) cristalinidade. Através de ambas as figuras pode-se verificar que os difratogramas de raios-X de todas estas estruturas preparadas sem manitol (micropartículas “brancas”) permaneceram invariáveis frente às condições de temperatura e umidade a que foram submetidas por um período de 6 meses. Figura 4.5. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Micropartículas de quitosana; (b)Aerosil® R972; (c)Aerosil® 200. Figura 4.6. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® R972; (b) micropartícula nanoestruturada com Aerosil® 200. Bento Pereira da Costa Neto 89 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.2.2.2.3. Micropartículas de quitosana, quitosana Tese de doutorado nanoestruturadas com Aerosil®, (com manitol) Os difratogramas de raios-X das amostras contendo manitol encapsulado pelas micropartículas de quitosana (Fm3) e de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® 200 (Fm4) e com Aerosil® R972 (Fm5) são apresentados na Figura 4.7. Quando comparado ao sistema de micropartículas de quitosana (a1 e a2) e o sistema de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® R972 (b1 e b2) e Aerosil® 200 (c1 e c2), se verifica menor evolução dos picos característicos da forma beta-manitol. Ou seja, a exposição a condições de estresse de umidade e temperatura favorece a evolução da estrutura polimórfica do manitol, no entanto, esta evolução é mais lenta quando a sílica está presente nas micropartículas, o que pode ser atribuído ao efeito “barreira” à umidade que estas novas estruturas (quitosana nanoestruturada com sílica) representam. Figura 4.7. Difratogramas das formulações no início do estudo de estabilidade acelerada indicado pelo número 1 e no final dos 180 dias indicado pelo número 2. (a) Formulação Fm3; (b) Formulação Fm2; (c) Formulação Fm1. 4.2.2.2.4. Teste de contato das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 com atmosfera úmida (vapor d’agua) em microscópio eletrônico de varredura ambiental Um acompanhamento visual do contato das micropartículas com uma atmosfera carregada em umidade (não conhecida, análise qualitativa) foi feita à temperatura ambiente dentro de um microscópio eletrônico de varredura ambiental. A Figura 4.8 mostra a evolução da morfologia através da observação direta das partículas em contato com vapor de água. Como pode-se notar, o efeito “barreira” Bento Pereira da Costa Neto 90 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas Tese de doutorado observado com o manitol concorda com a observação nestas micrografias onde observase que as micropartículas de quitosana pura (parte inferior do campo de observação) absorvem a umidade mais rapidamente que as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® R972 (parte superior do campo de observação). Microparticulas de quitosana nanoestruturada s com Aerosil R972 Microparticulas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil R972 Microparticulas de quitosana Microparticulas de quitosana Microparticulas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil R972 Microparticulas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil R972 Microparticulas de quitosana Microparticulas de quitosana Figura 4.8. Microscopias das micropartículas de quitosana e de micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 em atmosfera úmida. Bento Pereira da Costa Neto 91 Capítulo 4. Estudos de estabilidade de micropartículas nanoestruturadas 4.3. Tese de doutorado Conclusões parciais Comparativamente às micropartículas de quitosana pura, as micropartículas nanoestruturadas com sílica apresentam: Maior estabilidade em meio ácido. Reduzida reatividade à umidade, estabelecendo um efeito “barreira à absorção de umidade”. Bento Pereira da Costa Neto 92 CAPÍTULO 5 Micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e sílica Aerosil R972 como matrizes de encapsulação e liberação de princípios ativos de interesse farmacêutico Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos 5.1. Tese de doutorado Metodologia experimental Nesta etapa do trabalho, testou-se a potencialidade das micropartículas de quitosana nanoestruturadas desenvolvidas nesta tese de doutorado como sistemas de encapsulação e liberação de princípios ativos de interesse farmacêutico. Duas moléculas de interesse farmacêutico e características diferentes (solubilidade em meio aquoso) foram escolhidas para este estudo: 1. Rifampicina, molécula pouco solúvel em água para liberação em meio ácido (pH 1.2); 2. Cloridrato de propranolol, molécula solúvel em água para liberação em meio básico (pH 7.4). A metodologia utilizada e os resultados obtidos são apresentados a seguir. 5.1.1. Produção de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica como matrizes de encapsulação 5.1.1.1. Encapsulações de cloridrato de propranolol Para este estudo, quatro diferentes formulações sólidas foram obtidas por spray drying para serem comparadas quanto à eficiência de encapsulação e liberação in vitro: - Micropartículas de quitosana/Aerosil® 200 contendo cloridrato de propranolol (Ficp). o O cloridrato de propranolol foi adicionado à suspensão quitosana– sílica antes de ser homogeneizada no HAP. - Micropartículas de quitosana/Aerosil® R972 contendo cloridrato de propranolol (Focp). o O cloridrato de propranolol foi adicionado à suspensão quitosana– sílica antes de ser homogeneizada no HAP. - Micropartículas de quitosana contendo cloridrato de propranolol (Fqcp) o A quitosana foi dissolvida em água juntamente com o cloridrato de propranolol. - Cloridrato de propranolol (Referência) As formulações correspondentes encontram-se resumidas na Tabela 5.1. Bento Pereira da Costa Neto 94 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado Tabela 5.1. Formulações de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo cloridrato de propranolol. Formulação Ficp Focp Fqcp Referência (CP) Quitosana (g) 1,0 1,0 1,0 - Aerosil 200(g) 1,0 - Aerosil R972(g) 1,0 - Cloridrato de propranolol(g) 0,1 0,1 0,05 0,1 Água (g) 99 80** 99 99 ** 80 ml agua + 20 ml etanol para dispersar a silica Aerosil ® R972 5.1.1.2. Encapsulação de rifampicina Para este estudo, quatro diferentes formulações sólidas foram preparadas por spray drying para serem comparadas quanto à eficiência de encapsulação e liberação in vitro: - Micropartículas de quitosana/Aerosil® 200 contendo rifampicina (Fir). o A rifampicina foi adicionada à suspensão quitosana–sílica antes de ser homogeneizada no HAP. - Micropartículas de quitosana/Aerosil® R972 contendo rifampicina (For). o A rifampicina foi adicionada à suspensão quitosana–sílica antes de ser homogeneizada no HAP. - Micropartículas de quitosana contendo rifampicina (Fqr) o A quitosana foi dissolvida em água juntamente com a rifampicina. - Rifampicina (referência) As formulações correspondentes encontram-se resumidas na Tabela 5.2. Tabela 5.2. Formulações de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo rifampicina. Formulação Fir For Fqr Referência (R) Quitosana (g) 1,0 1,0 1,0 - Aerosil 200(g) 1,0 - Aerosil R972(g) 1,0 - Rifampicina (g) 0,1 0,1 0,05 0,1 Água (g) 99 80** 99 99 ** 80 ml agua + 20 ml etanol para dispersar a silica Aerosil ® R972 Bento Pereira da Costa Neto 95 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado 5.1.2. Caracterização das microparticulas contendo ativos 5.1.2.1. Granulometria Estas medidas foram realizadas utilizando-se um granulômetro laser MasterSizer 3000 (Malvern Instruments, Inglaterra) com um intervalo de leitura de 0,01-3500 μm. As amostras foram dispersas em óleo mineral e adicionadas ao aparelho até obtenção da boa obscuração. Os resultados foram analisados à partir da distribuição granulométrica em volume ou pelos valores D4,3 et D3,2 que indicam respectivamente o diâmetro médio em volume e o diâmetro médio em superfície-volume (ou diâmetro de Sauter). A polidispersão é dada por um índice de distribuição de tamanho de partícula (span), calculada pela Equação 3.1 (Capitulo 3). 5.1.2.2. Morfologia As imagens foram obtidas com um microscópio eletrônico de varredura Philips XL30 FEG (Philips, USA), tensão de aceleração de 20 kV. 5.1.2.3. Análise do estado sólido por difração de raios-X e calorimetria diferencial de varredura Difratometria de raios-X. Para a análise de DRX, as amostras foram prensadas em um porta amostras de alumínio e os dados foram coletados em um difratômetro de raios X (Philips X’Pert), na radiação CuKα (λ = 1.5418 A), operando a 45 KV e 40 mA tensão e corrente do tubo, respectivamente. A varredura foi feita no intervalo de 8 à 40 °(2Θ), com um passo de 0,02 °(2Θ) e 5 seg/passo. Calorimetria diferencial de varredura. Os termogramas de DSC das amostras foram obtidos através de um Calorímetro Diferencial de Varredura DSC Q200 (TA Instruments, França). As análises foram realizadas sob uma atmosfera de nitrogênio a uma velocidade de fluxo de 50 ml.min-1, a uma taxa de aquecimento de 10° C.min-1. A faixa de temperatura dependeu do tipo de amostra: Para o cloridrato de propranolol 2 ciclos de aquecimento-resfriamento foram realizados. As amostras foram analisadas à 5°C/min de 25 à 200°C; Para a rifampicina, foi realizado um primeiro ciclo de aquecimento de 25°C à 110°C para eliminar a agua residual. A amostra foi em seguida aquecida de 25 à 300°C à 5°C/min. Bento Pereira da Costa Neto 96 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos 5.1.2.4. Tese de doutorado Eficiência de encapsulação Para o cálculo da eficiência dos ativos (cloridrato de propranolol e rifampicina) pelas micropartículas foi realizada a seguinte metodologia: uma massa de 0,1g de partícula foi pesada e dispersa em 10 ml de solvente (etanol para cloridrato de propranolol e metanol para rifampicina). A dispersão foi filtrada em membrana de 0,22 µm de diâmetro de poro e lavada com 40 ml de solvente (etanol ou metanol). A membrana foi introduzida em um dessecador até a evaporação total do solvente, em seguida foi imersa em um erlenmeyer no qual foram adicionados 100 ml de 0,1 M HCl e deixados em agitação magnética (100 rpm) por 2 horas. O teor de cloridrato de propranolol nas micropartículas nanoestruturadas foi determinado através de espectrofotometria no UV, no comprimento de onda 290 nm, de acordo com a farmacopeia britânica (BP, 2000). As concentrações de cloridrato de propranolol presentes na superfície das micropartículas (dissolvido no etanol) e encapsulado (determinada após dissolução dos micropartículas em HCl) foram determinadas à partir das equações das retas obtidas pelas curvas de calibração nos respectivos meios, etanol e HCl, sendo todas as leituras realizadas em triplicata. O teor de rifampicina nas micropartículas nanoestruturadas foi determinado através de espectrofotometria no UV, no comprimento de onda 334 nm, de acordo com a farmacopeia brasileira (5ª Ed.). As concentrações de rifampicina livre (dissolvida no metanol) e encapsulada (determinada após dissolução das partículas em HCl) foram determinadas à partir das equações das retas obtidas pelas curvas de calibração nos respectivos meios, metanol e HCl, sendo todas as leituras realizadas em triplicata. 5.1.2.5. Avaliação do perfil de liberação in vitro 5.1.2.5.1. Cloridrato de propranolol O perfil de liberação das micropartículas contendo cloridrato de propranolol foi monitorado por um período de 4 horas, através da medida da absorção no UV em 290nm (Pérez et al.,2000; Cerchiaraa et al., 2005; BP, 2000). Uma massa de aproximadamente 0,5 g de micropartículas foi dispersa em 500 ml de solução tampão fosfato pH 6, simulando o meio nasal. O sistema foi mantido sob agitação (100 rpm), a 37 ± 1°C. Alíquotas de 5,0 ml foram coletadas através de uma seringa hipodérmica equipado com um filtro Millipore 0,4 mm e substituído com o mesmo volume de solução de tampão pré-aquecida para manter um volume constante (Dandagi et al., 2007). Bento Pereira da Costa Neto 97 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado O ensaio de liberação foi realizado em triplicata e as leituras das medidas de absorção em quintuplicata. A porcentagem de ativo liberada é apresentada em função do tempo (em horas), com os respectivos desvios-padrão. 5.1.2.5.2. Rifampicina Segundo a Farmacopeia USP 29 e a Farmacopeia brasileira (5ª Ed.), o meio oficial de dissolução para cápsulas/comprimidos de rifampicina é HCl 0,1M, pois simula o meio presente no estômago. A dissolução de fármacos hidrofóbicos como a rifampicina é uma tarefa difícil, pois o fármaco não é molhado facilmente pelo meio aquoso de dissolução, formando aglomerados que flutuam na superfície e sua solubilidade se mostra dependente do pH (Panchanula & Bhardwaj, 2008). Para a determinação do perfil de liberação das micropartículas contendo rifampicina em HCl 0,1M, uma massa de aproximadamente 0,5 g de micropartículas foi dispersa em 500 ml de solução HCl 0,1M. Como a solubilidade da rifampicina nesse meio é de 200mg/ml, à 37°C (Sigma, 2014), o volume de 500 ml utilizado corresponde a 20 vezes o volume de saturação, sendo adequado para manter as condições ‘sink’. O sistema foi mantido sob agitação (100 rpm), a 37°C ± 1. Foram coletadas alíquotas de 5,0 ml através de uma seringa hipodérmica equipada com um filtro Millipore 0,4 mm, sendo este mesmo volume substituído com volume equivalente de solução de HCl 0,1M pré-aquecida para manter um volume constante (Dandagi et al., 2007). A concentração de rifampicina dissolvida no meio de dissolução foi monitorada durante 2 horas, através da medida da absorção no UV em 334 nm (Dias, 2009). A porcentagem de ativo liberada foi apresentada em função do tempo (min.), com os respectivos desvios-padrão. O ensaio de liberação foi realizado em triplicata e as leituras das medidas de absorção em quintuplicata. 5.1.2.5.3. Modelo cinético Os resultados obtidos a partir dos perfis de liberação do cloridrato de propranolol e da rifampicina das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica foram submetidos a testes de modelos cinéticos com o objetivo de identificar o mecanismo de liberação e a cinética correspondente. Os modelos testados foram (Tabela 5.3): de primeira-ordem, de Higuchi e de Hixson-Crowell (Serra, Storpirtis, 2007; Mahle, et al., 2008). A constante de velocidade de dissolução (k), correspondente ao Bento Pereira da Costa Neto 98 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado coeficiente angular, foi determinada matematicamente a partir da equação da reta de regressão que melhor definiu os perfis de dissolução. Tabela 5.3. Modelos cinéticos usados na avaliação dos perfis de liberação de micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Modelo Primeira ordem Hixson-Crowell Equação æQ ö ln çç t ÷÷ = K1t èQ ø com K1 : constante de ordem 1 æ ö1/3 ' Q 1- ç1- t ÷ = K HCt ç Q ÷ è ø com KHC : constante de Hixson-Crowell Qt = K H t Higuchi com Kh : constante de Representação gráfica ( ) ln Q t x tempo é uma reta Gráfico de 3 Qt' x tempo é uma reta Gráfico de Q x √t é uma reta Natureza do mecanismo Liberação dependente da concentração do ativo dissolvido Liberação controlada pela dissolução acompanhada por uma variação da área especifica e do diâmetro das partículas Liberação controlada pela difusão Higuchi onde Q0 representa a quantidade inicial da molécula na solução (geralmente, Q0 = 0), Qt é a quantidade dissolvida no tempo t (%), Qt' é a quantidade não dissolvida no tempo t (%) e K1, KHC et KH são as constantes dos modelos de primeira ordem, de Hixson-Crowell e de Higuchi, respectivamente. 5.2. Resultados e discussão 5.2.1. Características das micropartículas 5.2.1.1. Granulometria, morfologia e eficiência de encapsulação A Tabela 5.4 apresenta características como granulometria e eficiência de encapsulação das micropartículas contendo rifampicina ou cloridrato de propranolol. As Figuras 5.1 e 5.2 mostram respectivamente as imagens MEV das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo cloridrato de propranolol e rifampicina. Os resultados das análises granulométricas (Tabela 5.4) mostram que a incorporação de ambos os ativos, cloridrato de propranolol e rifampicina nas micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica representa uma redução de tamanho, comparando-se as granulometrias das partículas obtidas com a granulometria dos cristais de ambas as moléculas inicialmente utilizadas (produtos comerciais) ou as imagens MEV (Figuras 5.1 e 5.2). Bento Pereira da Costa Neto 99 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado Tabela 5.4. Granulometria e eficiência de encapsulação das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo cloridrato de propranolol e rifampicina. Molécula farmacêutica (PA) PA : quitosana: Sílica (proporção mássica) Eficiência de encapsulação (%) Granulometria (µm) Span Cloridrato de propranolol 0,1:1:0 84,86 ± 0,03 - - Formulação Matriz Fqcp Quitosana Focp Quitosana / Aerosil R972 Cloridrato de propranolol 0,1:1:1 83,73 ± 2,12 Ficp Quitosana / Aerosil 200 Cloridrato de propranolol 0,1:1:1 76,68 ± 0,66 Fqr Quitosana Rifampicina 0,1:1:0 77,94 ± 0,30 For Quitosana / Aerosil R972 Rifampicina 0,1:1:1 53,46 ± 1,00 Fir Quitosana / Aerosil 200 Rifampicina 0,1:1:1 66,76 ± 0,50 Referência (CP) - Cloridrato de propranolol - Produto comercial Referência (R) - Rifampicina - Produto comercial D10 1,89 μm D[3,2] 4,10 μm D50 6,54 μm D[4,3] 7,51 μm D90 14,20 μm D10 1,65 μm D[3,2] 3,06 μm D50 3,86 μm D[4,3] 4,34 μm D90 7,67 μm - 1,88 1,56 - D10 1,65 μm D[3,2] 3,50 μm D50 5,27 μm D[4,3] 6,15 μm D90 11,80 μm D10 2,07 μm D[3,2] 3,95 μm D50 5,16 μm D[4,3] 6,11 μm D90 11,70 μm D10 23,6 μm D[3,2] 51,9 μm D50 76,3 μm D[4,3] 86,5 μm D90 165,0 μm D10 39,4 μm D[3,2] 42,2 μm D50 286,0 μm D[4,3] 303,0 μm D90 602,0 μm 1,93 1,87 1,85 1,97 No caso da rifampicina, as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e Aerosil R972 apresentam uma granulometria bastante similar representada por um diâmetro médio d[4,3] de cerca de 6 µm, numa faixa granulométrica variando de cerca de 2 µm (d10) à 12 µm(d90). Estas micropartículas são caracterizadas por uma eficiência de encapsulação de rifampicina de 53% ( For, Aerosil R972) à 66% (Fir, Aerosil 200), menores que a eficiência de encapsulação das micropartículas constituídas apenas de quitosana ( Fqcp, 78%). Bento Pereira da Costa Neto 100 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado No caso do cloridrato de propranolol, as micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil R972 são maiores que as micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil 200. A capacidade de encapsular o cloridrato de propranolol é superior que à de encapsular rifampicina por ambas as sílicas [77% (Ficp, Aerosil 200) à 84% (Focp, Aerosil R972)]. Fqcp: cloridrato de propranolol – produto comercial Ficp: cloridrato de propranolol - quitosana-Aerosil Focp: cloridrato de propranolol - quitosana-Aerosil 200 (0.1g; 1g;1g) R972 (0.1g; 1g;1g) Ficp: cloridrato de propranolol - quitosana-Aerosil Focp: cloridrato de propranolol - quitosana-Aerosil 200 (0.1g; 1g;1g) R972 (0.1g; 1g;1g) Figura 5.1. Imagens MEV de micropartículas de quitosana e sílica contendo cloridrato de propranolol. Bento Pereira da Costa Neto 101 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado Fqr: rifampicina – produto comercial Fir: rifampicina - quitosana-Aerosil 200 (0.1g; 1g;1g) For: rifampicina - quitosana-Aerosil R972 (0.1g; 1g;1g) Fir: rifampicina - quitosana-Aerosil 200 (0.1g; 1g;1g) For: rifampicina - quitosana-Aerosil R972 (0.1g; 1g;1g) Figura 5.2. Imagens MEV de micropartículas de quitosana e sílica contendo rifampicina. 5.2.1.2. Análise do estado sólido por difratometria de raios-x e calorimetria exploratória diferencial 5.2.1.2.1. Difração de Raios -X A Figura 5.3 apresenta de forma comparativa os difratogramas de raios-X do produto comercial cloridrato de propranolol e das micropartículas nanoestruturadas com ambas as sílicas estudadas neste trabalho contendo este mesmo produto (solubilizado e Bento Pereira da Costa Neto 102 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado seco por spray drying). A não presença de picos nos difratogramas das micropartículas analisadas confirma a formação de um produto amorfo por spray drying em ambos os casos. Um mesmo comportamento é observado no caso da rifampicina (Figura 5.4). Figura 5.3. Difratogramas das micropartículas de quitosana e sílica contendo cloridrato de propranolol. Figura 5.4. Difratogramas das micropartículas de quitosana e sílica contendo rifampicina. Bento Pereira da Costa Neto 103 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado 5.2.1.2.2. Calorimetria exploratória diferencial Cloridrato de propranolol. A Figura 5.5 apresenta primeiramente o termograma para o produto comercial cloridrato de propranolol. Dois ciclos de aquecimentoresfriamento foram realizados para este produto. No primeiro ciclo mostrado na Figura 5.3, identifica-se uma fusão à 164°C com um ∆H de 124,7J/g. Durante a fase de resfriamento o produto permanece amorfo, sem traço de recristalização. Os termogramas das micropartículas nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e Aerosil R972 (Ficp e Focp) também mostrados nesta mesma figura apresentam picos endotérmicos entre 25°C e 250°C, associadas com as sílicas, porém estes termogramas não apresentam o pico referente à fusão do cloridrato de propranolol à 164°C. A Figura 5.6 mostra os resultados do segundo ciclo de aquecimento realizado para as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200, que confirma que estas micropartículas não apresentam nem o pico de recristalização nem de fusão do cloridrato de propranolol. Estes resultados confirmam a natureza amorfa das micropartículas também identificadas por difratometria de raios-X. . Figura 5.5. DSC comparativo do cloridrato de propranolol incorporado às micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® e Livre(Referência) : 5°C/min, 25-200°C, N2 - primeiro ciclo de aquecimento Bento Pereira da Costa Neto 104 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado Figura 5.6. DSC comparativo do cloridrato de propranolol incorporado às micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®200 e Livre(Referência)_ 5°C/min_25-200°C : 5°C/min, 25-200°C, N2 - segundo ciclo de aquecimento. Rifampicina. A Figura 5.7 apresenta os termogramas das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica contendo rifampicina, em comparação ao termograma do produto de referência. Na amostra de referência (rifampicina) foi realizado um primeiro ciclo de aquecimento de 25°C a 110°C para eliminação da água absorvida pela amostra. Esta evaporação de água é representada pelo pico endotérmico a cerca de 100°C visto na Figura 5.7. A amostra foi, em seguida, aquecida à 25-300°C a 5°C / min. Uma transformação exo-endo-exo é identificada entre 150°C e 210°C, que pode corresponder à cristalização da forma polimórfica II seguido da fusão deste polimorfo e de sua recristalização na forma I. Este ciclo se termina com um evento exotérmico de degradação da forma I à 250°C. A Figura 5.7 apresenta também os termogramas das micropartículas Fir e For em comparação à este da amostra de referência. Estes termogramas apresentam picos endotérmicos entre 100 e 200°C, provavelmente, devido à sílica que podem mascarar as transformações observadas entre 150°C e 250°C para a amostra referência. Outra hipótese para o não aparecimento dos picos característicos das transformações polimórficas da rifampicina observadas no produto de referência (cristalino) é a amorfização da rifampicina pelo processo de produção das micropartículas. Pode-se Bento Pereira da Costa Neto 105 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado observar que próximo a 270°C há um pico exotérmico muito provavelmente referente à degradação da quitosana. Figura 5.7. DSC das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® e rifampicina de referência. Ciclo de aquecimento 25-110-25-300°C; N2; 5°C/min. 5.2.1.3. Avaliação do perfil de liberação dos ativos in vitro A determinação da cinética de liberação dos dois princípios ativos a partir das micropartículas de quitosana/Aerosil® foi avaliada após a determinação da concentração do fármaco dissolvido no meio de liberação ao longo do tempo. Os resultados expressos em porcentagem de fármaco liberado no tempo podem ser observados nas Figura 5.8 e 5.9, para cloridrato de propranolol e rifampicina, % liberação de Cloridrato de Propanolol respectivamente. 100 80 60 Referência Fqcp Focp Ficp 40 20 0 0 1 2 3 4 Tempo (h) Figura 5.8. Representação gráfica dos perfis de liberação do cloridrato de propranolol em tampão fosfato pH 6, 37°C. Bento Pereira da Costa Neto 106 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado Na Figura 5.8 observa-se que as micropartículas de quitosana pura liberam rapidamente o cloridrato de propranolol no meio de dissolução. O efeito burst observado nas micropartículas de quitosana está relacionada principalmente à protonação do grupo amina da quitosana em meio aquoso (pKa = 6,3-6,7) Torres (2006) que faz com que a quitosana se solubilize no meio de dissolução de pH 6, ocasionando a rápida liberação do ativo (Goosen, 1996; Roberts, 1992). O efeito da presença das sílicas é observado nas primeiras duas horas, o que se traduz por uma dissolução mais lenta, sobretudo com a sílica Aerosil 200 (Ficp). O mesmo efeito é constatado para as micropartículas contendo rifampicina (Figura 5.9). A distribuição do fármaco preferencialmente no interior e não na superfície das partículas, facilita o controle da liberação do ativo. Porém, um dos fatores que influenciam essa liberação mais lenta nas micropartículas nanoestruturadas com sílica é a interação da sílica com a quitosana que fortalece a parede da micropartícula tornando-a menos permeável ao meio e diminuindo o efeito de protonação da quitosana. Figura 5.9. Representação gráfica dos perfis de liberação da rifampicina em HCl 0,1M, 37°C. 5.2.1.4. Modelos matemáticos Para descrever a cinética de dissolução do cloridrato de propranolol e da rifampicina a partir das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica, 3 diferentes modelos cinéticos foram testados: primeira ordem, de Higuchi e de HixsonCrowell. O modelo matemático que melhor descreve a cinética de dissolução das formulações (60 min) foi selecionado após a construção das curvas dos modelos citados acima e análise da regressão linear (Tabela 5.5). O ajuste dos valores demonstrou que as Bento Pereira da Costa Neto 107 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos Tese de doutorado micropartículas nanoestruturadas com sílica (Ficp, Focp, Fir, Focp) apresentaram uma velocidade inicial de liberação que se aproximou mais do modelo de primeira ordem, na qual a quantidade liberada do fármaco em função do tempo é dependente da quantidade de fármaco remanescente na formulação. Como pode-se observar na Tabela 5.6, para ambos os fármacos, as micropartículas nanoestruturadas com sílica hidrofílica (Aerosil 200) apresentaram uma liberação inicial de liberação mais rápida. Por exemplo, as micropartículas de quitosana contendo sílica hidrofílica (Fqcp) liberam um percentual de cloridrato de propranolol de 50% em 15 min (K=2,9 min-1), enquanto que as micropartículas contendo sílica hidrofílica (Ficp) liberam cerca de 35% (K=1,7 min-1). Tabela 5.5. Coeficiente de correlação linear (R2) obtido através de linearização do perfil de liberação do cloridrato de propranolol Amostra Ordem/Modelo R2 - 1º Ordem R2 - Higuchi Ficp Focp Fqcp 0,9990 0,9934 0,7613 0,9932 0,9971 0,7887 R2 - HixonCrowell 0,9954 0,9914 0,6249 Fir For Fqr 0,9707 0,9461 0,3465 0,9708 0,8688 0,5315 0,9715 0,8572 0,3045 Tabela 5.6. Constante de liberação (k) segundo a equação da reta ajustada pelo modelo de primeira ordem; Porcentagem de cloridrato de propranolol e rifampicina liberada no tempo. Amostra K(min-1) Ficp Focp Fqcp 1,73 2,91 - Fir For Fqr 0,05 0,06 - Bento Pereira da Costa Neto % liberada no tempo 15 min 35,1 50,1 95,2 37,9 31,8 86,9 % liberada no tempo 30 min 56,0 71,4 98,2 52,4 62,3 97,0 % liberada no tempo 60 min 82,4 94,6 99,1 63,5 84,2 97,2 108 Capítulo 5. Encapsulação e liberação de princípios ativos 5.3. Tese de doutorado Conclusões parciais Nesta etapa do trabalho investigou-se a possibilidade de uso das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e sílica Aerosil R972 como matrizes de encapsulação e liberação de dois princípios ativos de interesse farmacêutico: rifampicina como molécula pouco solúvel em agua para liberação em meio ácido (pH 1.2) e cloridrato de propranolol como molécula solúvel em agua para liberação em meio básico (pH 7.4). Os resultados obtidos comprovaram o efeito da nanoestruturação das micropartículas de quitosana na capacidade de reter e liberar princípios ativos com características hidrofílicas ou hidrofóbicas, baseando-se na análise dos perfis de liberação in vitro dos ativos-modelo utilizados. Comparativamente a outros métodos de encapsulação para efeito de liberação modificada/controlada, o método proposto neste trabalho é interessante visto sua capacidade de retenção dos ativos no interior das micropartículas que é superior à 50% e nos melhores casos chegando à 80%, superior ao que se obtém com técnicas que utilizam sistemas aquosos, como por exemplo 38 % no caso da rifampicina encapsulada (Zaniboni et al. 2001) pela técnica de liofilização a partir de metilcelulose e ftalato de hidroxipropilmetilcelulose ou 37 % no caso do propranolol encapsulado por Pérez e et al., pela técnica de emulsão A/O (Perez et al, 2000). A cinética de liberação foi modificada por dois mecanismos: aumento da solubilidade pela amorfização dos fármacos (comprovada por DRX) e efeito ‘barreira à difusão’ estabelecido pela estrutura das micropartículas compósitas. Este efeito barreira levou à diminuição do efeito burst quando comparado às micropartículas de quitosana, sugerindo que este tipo de formulação poderá ser otimizado a fim de prolongar a liberação do ativo no tempo. A quantidade liberada do fármaco em função do tempo é dependente da quantidade de fármaco remanescente na formulação (ajuste pelo modelo cinético de primeira ordem). Bento Pereira da Costa Neto 109 CAPÍTULO 6 Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina 6.1. Tese de doutorado Metodologia experimental Nesta etapa do trabalho, as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e Aerosil R972 foram analisadas quanto às suas propriedades estruturais e capacidade de adsorção e dessorção. O adsorbato utilizado foi a proteína BSA (albumina de soro bovina) que apresenta um ponto isoelétrico de 4,8. O objetivo foi de verificar se as modificações físico-químicas das microparticulas de quitosana alteram o número de sítios de adsorção e as características dos grupos funcionais inicialmente presentes na cadeia macromolecular devido a interações com as silicas. 6.1.1. Capacidade de adsorção de BSA em função do pH da solução tampão Nos ensaios de adsorção, 8 mg de cada tipo de micropartícula de quitosana nanoestruturadas com sílica foram incubados com 20 mg de BSA em um total de 4 ml de PBS em diferentes pHs (4, 5, 6, 7,4, 8), ajustados com fosfato monossódico monohidratado e fosfato dissódico heptahidratado. As amostras foram mecanicamente agitadas (150 rpm) à temperatura ambiente (25°C). Após 2 horas, as amostras foram centrifugadas a 8000 rpm por 5 min. As concentrações de BSA foram dosadas nos sobrenadantes pelo método de Bradford para a determinação da quantidade adsorvida nas micropartículas. Os ensaios de capacidade de adsorção de BSA em função do pH da solução tampão foram realizados em triplicata. 6.1.2. Capacidade de adsorção em função da concentração de BSA Nos ensaios de capacidade de adsorção em função da concentração de BSA, 8 mg de cada tipo de micropartícula de quitosana nanoestruturadas com sílica foram incubados em solução tampão fosfato (PBS) pH 6 contendo concentrações variadas de BSA (0,2 - 0,4 - 0,6 - 0,8 - 1 - 5 e 10 mg/ml). As amostras foram mantidas sob agitação constante de 150 rpm à temperatura ambiente (25°C). Após 2 horas, as amostras foram centrifugadas a 8000 rpm por 5 min. As concentrações de BSA foram dosadas nos sobrenadantes pelo método de Bradford para a determinação da quantidade adsorvida nas micropartículas. Os ensaios de capacidade de adsorção em função da concentração de BSA foram realizados em triplicata. Bento Pereira da Costa Neto/2009 111 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Para o cálculo da capacidade máxima adsortiva foi utilizado o modelo para isotermas de equilíbrio de Langmuir. Para tanto, se considera que a adsorção se dê mediante formação de uma monocamada na superfície do adsorvente, podendo as moléculas do adsorvato serem adsorvidas até o completo preenchimento dos sítios adsortivos disponíveis no adsorvente. O modelo da Isoterma de Langmuir é representado pelas Equações 6.1 e 6.2: Equação de Languimir Forma linearizada (Equação 6.1) (Equação 6.2) sendo que: qmax = parâmetro de Langmuir que representa a capacidade máxima adsortiva do adsorvente (mg g-1) e k = constante de adsorção de equilíbrio, que expressa a afinidade entre o adsorvente e adsorvato (Ɩ.g-1). 6.1.3. Estudo cinético da adsorção da BSA Os experimentos de cinética de adsorção da BSA nas micropartículas de quitosana nanoestruturada com sílica foram conduzidos em solução tampão fosfato (PBS) pH 6 contendo uma concentração inicial de BSA de 5 mg.ml -1. Esta concentração de BSA foi fixada a partir dos resultados dos ensaios realizados na etapa anterior de estudo da capacidade de adsorção em função da concentração de BSA (item 6.1.2). As amostras foram colocadas sob agitação constante de 150 rpm à temperatura ambiente (25°C) até se atingir o equilíbrio de adsorção. As concentrações de BSA foram dosadas nos sobrenadantes pelo método de Bradford para a determinação da quantidade adsorvida nas micropartículas. Estes ensaios foram realizados em triplicata. 6.1.4. Medida do potencial zeta em função da quantidade de proteína BSA adsorvida Os experimentos foram realizados medindo-se o potencial zeta das microparticulas dispersas na soluçao tampão pH 6 contendo uma concentração inicial de de 5 mg.ml-1 de BSA. As amostras foram colocadas sob agitação constante de 150 rpm à Bento Pereira da Costa Neto 112 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado temperatura ambiente (25°C) e leituras do potencial zeta foram feitas periodicamente até a neutralização das cargas. Esses ensaios foram também realizados em triplicata. 6.1.5. Estudo da dessorção da BSA A dessorção da proteína adsorvida nas micropartículas foi investigada como segue: Uma massa de aproximadamente 4 mg de micropartículas foi dispersa em 4 ml de solução tampão fosfato (pH 5,5 e pH 7,4), mantendo assim o volume do meio de dissolução com uma concentração maior que 20% da concentração de saturação da BSA (condição sink, Lai, 2006). O sistema foi mantido sob agitação (150 rpm), a 37°C ± 1. Foram coletadas alíquotas de 20 µl através de uma pipeta de precisão e o volume de meio retirado era reposto para manter um volume constante. A porcentagem da BSA dessorvida no tampão PBS foi fixada em função do tempo (horas), com os respectivos desvios-padrões. O perfil de dessorção da BSA das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica foi monitorado por um período de 6 horas, através da medida da absorção no UV em 595 nm (Bradford, 1976). O ensaio de dessorção foi realizado em triplicata e as leituras das medidas de absorção em quintuplicata. Os resultados obtidos a partir do perfil de dessorção foram submetidos a cálculos matemáticos com o objetivo de determinar a cinética de dessorção da BSA presente na superfície das micropartículas. A equação de regressão da reta foi determinada através das porcentagens dissolvidas em função do tempo, utilizando-se os modelos cinéticos de ordem zero, de primeira-ordem, segunda-ordem, Higuchi e Hixson-Crowell (Serra, Storpirtis, 2007; Mahle, et al., 2008). 6.1.6. Caracterização das micropartículas contendo BSA 6.1.6.1. As Análise granulométrica distribuições granulométricas das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica com BSA adsorvida na superfície foram analisadas por difração laser em granulômetro LS 230 COULTER ®. O tamanho médio de partículas foi expresso com o diâmetro médio em volume (D[4,3]). Bento Pereira da Costa Neto 113 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina 6.1.6.2. Tese de doutorado Espectrofotometria no infravermelho por transformada de fourier Os espectros de infravermelho foram obtidos no modo de transmissão em um espectrômetro de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) da Nicolet, modelo 6700, utilizando 32 varreduras por amostra na faixa de 500 – 4000 cm-1, resolução de 4 cm-1 e intervalo de 2 cm-1. Bento Pereira da Costa Neto 114 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina 6.2. Tese de doutorado Resultados e discussão 6.2.1. Capacidade de adsorção de bsa em função do pH A presença de grupos amino livres na quitosana é responsável por sua natureza policatiônica em soluções ácidas. Com isso, para pHs < 6,5 a quitosana apresenta seus grupos amino na forma protonada NH3 +. As micropartículas estão positivamente carregadas em pH < 6,5 com mais grupos NH2 convertidos a NH3+ na medida que o pH diminui. Interações eletrostáticas entre as microesferas e a proteína BSA (pI = 4,8) serão repulsivas em pHs > 6,5 e pHs < 4,7, mas tornam-se atrativas em pHs entre 4,87 e 6,5 (Torres, 2006) A Figura 6.1 representa a capacidade de adsorção (mg.g-1) da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® em função do pH. Como pode-se constatar, a capacidade de adsorção da BSA pelas micropartículas é fortemente dependente do pH do meio de adsorção. A capacidade de adsorção do BSA nas micropartículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® é favorecida na faixa compreendida entre 5 e 6 com diminuição nos valores de adsorção em pHs acima de 6,5. As interações eletrostáticas podem explicar a diminuição observada na capacidade de adsorção em valores de pH acima de 6,5, com a repulsão entre as cargas de mesmo sinal presentes na superfície do adsorvente e da BSA. Entretanto, a capacidade de adsorção máxima da BSA foi observada próximo ao ponto isoelétrico (pH 6) das micropartículas de quitosana, conforme Tabela 6.1. Tabela 6.1. Quantidade de BSA adsorvida sobre as micropartículas de quitosana Aerosil® R972 Aerosil® 200 (mg/g) (mg/g) 4 342,4 ± 0,7 265,6 ± 3,7 5 375,5 ± 0,2 298,6 ± 4,9 6 521,3 ± 0,6 451,5 ± 5,4 7,4 344,2 ± 1,1 321,9 ± 4,0 8 324,6 ± 0,7 296,0 ± 2,6 pH Bento Pereira da Costa Neto 115 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.1. Capacidade de adsorção (mg.g-1) da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® em função do pH (25°C) 6.2.2. Capacidade de adsorção em função da concentração de bsa Os dados experimentais referentes à quantidade de BSA adsorvida em função da concentração inicial de BSA no meio são apresentados na Tabela 6.2 e representados graficamente na Figura 6.2. Tabela 6.2. Quantidade de BSA adsorvida em função da concentração inicial de BSA no meio de adsorção (tampão fosfato, pH 6, 25°C) Concentração da Solução de BSA (mg/ml) Capacidade de adsorção Aerosil® 200 (mg/g) Capacidade de adsorção Aerosil® R972 (mg/g) 0,2 0,4 0,6 0,8 1 5 10 74,1 ± 0,1 175,1± 0,1 271,0± 0,1 364,2 ± 0,1 449,9 ± 0,1 451,5 ±0,1 440,5 ± 0,1 82,1 ± 0,1 180,5 ± 0,1 275,4 ± 0,1 369,5 ± 0,1 487,6 ± 0,1 521,3 ± 0,1 519,1 ± 0,1 Bento Pereira da Costa Neto 116 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.2. Capacidade de adsorção da BSA (mg.g-1) em função da concentração inicial de BSA no meio de adsorção(mg.ml-1) (pH 6, 25°C) Nota-se através destes resultados que a quantidade de BSA adsorvida é diretamente proporcional à concentração inicial da proteína no meio aquoso para concentrações iniciais até 5mg BSA/ml. A capacidade de adsorção é sextuplicada quando a concentração inicial de BSA em solução passa de 0,2 mg/ml para 5 mg/ml. No entanto, o aumento da concentração inicial de BSA além deste valor não resultou em aumento da capacidade de adsorção desta proteína pelas micropartículas, o que sugere preenchimento e saturação dos sítios de adsorção na superfície das micropartículas à 5 mg/ml nas condições estudadas (tampão fosfato, pH 6, 25°C). Esses resultados são superiores a valores relatados na literatura referentes à adsorção de BSA em micropartículas de quitosana reticuladas quimicamente da ordem de 134 mg.g -1 Lima (2011) ou, ainda inferior, da ordem de 5 mg.g-1 (Torres, 2006). A Figura 6.3 apresenta as isotermas de adsorção de Langmuir, construídas de acordo com a Equação 6.1 a partir dos dados extraídos da Figura 6.2. Os valores dos coeficientes de correlação R2 (Tabela 5.3), de cada reta, indicam uma boa adequação do modelo proposto com os dados experimentais. Isso sugere que as reações de adsorção estudadas são baseadas em possíveis processos de quimiossorção, ou seja, as interações entre os grupos presentes na superfície das micropartículas e os grupos ligantes da BSA são majoritariamente de natureza química (Adamson & Gast, 1997), tornando a adsorção entre as espécies envolvidas bem mais fortes em relação a processos que apresentassem somente interações de caráter puramente físicas. Bento Pereira da Costa Neto 117 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.3. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®. Os valores das constantes de adsorção (Kads) e das quantidades máximas adsorvidas (Qmax) da BSA nas micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® são dados também na Tabela 6.3. Tabela 6.3. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsorções sobre Q t. Qt Micropartículas Kads (mg/g) Qmáx (mg/g) R2 Aerosil 200 1,0 476,2 0,991 Aerosil R972 1,8 555,6 0,991 6.2.3. Velocidade de adsorção das proteínas Pode-se observar que a adsorção foi rápida no início, tendendo a um estado de equilíbrio após 60 min, como mostram a Figura 6.4 e a Tabela 6.4. Na primeira fase deste processo de adsorção, a superfície das micropartículas estava relativamente livre de BSA (Figura 6.4) e as proteínas que entraram em contato com a superfície das micropartículas ligaram-se instantaneamente aos sítios de adsorção na superfície das Bento Pereira da Costa Neto 118 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado micropartículas. A taxa de adsorção era controlada pelo número de moléculas de BSA que difundiram do meio aquoso até a superfície das micropartículas. Figura 6.4. Capacidade de adsorção (mg.g-1) da BSA em função do pH nas micropartículas de quitosana. Tabela 6.4. Quantidade de BSA adsorvida nas micropartículas de quitosana em função do tempo Tempo (min) 0 15 30 45 60 120 Aerosil® 200 (mg/g) 6,26 ± 2,11 165,41 ± 1,54 359,44 ± 1,78 417,56 ± 1,89 452,43 ± 0,86 465,84 ± 2,93 Aerosil® R972 (mg/g) 8,05 ± 0,3 168,11 ± 0,2 380,01 ± 0,1 460,48 ± 0,4 506,97 ± 0,5 530,22 ± 0,6 6.2.4. Relação entre quantidade de bsa adsorvida e potencial zeta das micropartículas O princípio físico da adsorção da proteína BSA é a competição entre o ganho de energia potencial obtido pelos monômeros ao se ligar com a superfície atrativa das micropartículas e a perda na entropia da cadeia associada com a redução no número de possíveis configurações das cadeias quando elas se encontram no estado adsorvido. A Figura 6.5 e a Tabela 6.5 apresentam a evolução do potencial zeta das micropartículas em função do tempo. Bento Pereira da Costa Neto 119 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.5. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6 Tabela 6.5.Valores do Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6 Tempo (min) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 ζ [mv] Aerosil® 200 11,96 ± 1,11 10,05 ± 0,41 8,14 ± 1,31 6,10 ± 0,45 4,12 ± 1,27 3,04 ± 1,3 2,46 ± 1,02 2,44 ± 1,08 2,43 ± 1,2 2,42 ± 1,12 ζ [mv] Aerosil® R972 10,57 ± 0,95 8,63 ± 1,28 6,55 ± 1,92 4,51 ± 1,15 2,61 ± 0,54 1,60 ± 0,60 1,16 ± 1,17 1,13 ± 1,19 1,12 ± 1,14 0,10 ± 1,03 Para facilitar a interpretação dos dados experimentais relacionando velocidade de adsorção e variação do potencial zeta das micropartículas de quitosana, os dados apresentados nas Figuras 6.4 e 6.5 foram associados para uma representação conjunta nas Figuras 6.6 e 6.7. Nota-se que inicialmente a quantidade adsorvida é diretamente proporcional ao tempo de exposição das micropartículas no meio contendo BSA, o que corresponde à ocupação dos sítios livres da superfície das micropartículas. Nesta fase, a adsorção é acompanhada pela redução do potencial zeta das micropartículas. Após cerca de 40 min, o processo desacelera-se tornando-se bem mais lento, até cessar com a ocupação total dos sítios livres da superfície das micropartículas (potencial zeta próximo de zero). Bento Pereira da Costa Neto 120 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.6. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6, temperatura 25°C, concentração de 5mg.ml-1, tempo de adsorção de 2h. Figura 6.7. Potencial Zeta em função adsorção da BSA em pH 6, temperatura 25°C, concentração de 5mg.ml-1, tempo de adsorção de 2h. Estes resultados revelam uma capacidade máxima de adsorção de proteína BSA pelas micropartículas de sílica Aerosil R 972 de 533 mg/g e de cerca de 465 mg/g pelas micropartículas de sílica Aerosil 200. 6.2.5. Estudo de dessorção da BSA O perfil de liberação da BSA foi seguido ao longo de 6 horas em dois diferentes meios (pH 5,5 e pH 7,4) à temperatura de 37°C., tendo-se quantificado as amostras do sobrenadante pelo método de Bradford (1976). Bento Pereira da Costa Neto 121 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Para ambas as condições testadas (pH 5,5 e pH 7,4), o sistema exibiu um efeito de liberação rápida inicial (“burst”) nos primeiros 30 min (cerca de 40-50%), seguido de um segundo período de menor velocidade de dessorção da BSA, até que o equilíbrio fosse atingido (75-80% de dessorção), como mostram a Figura 6.8 e a Tabela 6.6. A dessorção da BSA através das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica é interessante comparada a dados da literatura referentes à dessorção de BSA de micropartículas de quitosana reticuladas quimicamente com aldeídos ou epicloroidrina: de 34% (Torres, 2006) à 52% (Fernandes, 2011). O ‘burst’ inicial pode ser atribuído ao fato de que a BSA encontra-se adsorvida através de interações iônicas et que podem ser desestabilizadas em um meio iônico (solução tampão pH 7,4 e 5,5). No caso da Aerosil 200 nota-se que a dessorção é menos favorecida em pH 5,5. Este comportamento pode ser atribuído à estrutura hidrofílica desta sílica com maior probabilidade de estabelecer pontes de hidrogênio com a quitosana. Figura 6.8. Perfil de liberação da BSA em diferentes pHs Bento Pereira da Costa Neto 122 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Tabela 6.6. Valores do perfil de liberação da BSA em diferentes pHs Tempo (h) 0,25 0,5 1 2 4 6 pH 7,4 Aerosil® R972 Aerosil® 200 53,65 ± 2,78 50,83 ± 1,87 64,04 ± 1,45 63,19 ± 1,26 69,10 ± 2,33 70,64 ± 1,77 73,87 ± 3,18 76,16 ± 3,41 75,13 ± 2,11 80,47 ± 2,42 75,79 ± 4,75 80,25 ± 2,74 pH 5,5 Aerosil® R972 Aerosil® 200 58,34 ± 1,22 41,50 ± 1,98 67,94 ± 2,47 54,90 ± 3,11 74,55 ± 1,52 60,80 ± 0,70 79,70 ± 2,59 64,10 ± 2,33 84,48 ± 3,23 70,02 ± 1,49 86,05 ± 2,67 69,70 ± 1,27 Um modelo cinético para a dessorção da BSA foi testado através da linearização do perfil de dessorção onde obteve-se o coeficiente de correlação, R2, de cada amostra nos diferentes modelos (ordem zero, primeira ordem, Higuchi e Hixson-Crowell). O modelo cinético que melhor representa os dados experimentais é o modelo de Higuchi. A Tabela 6.8 apresenta o parâmetro cinético calculado pelo modelo (constante de liberação kH). Perfis de dessorção em duas etapas, uma liberação rápida inicial seguida por uma liberação mais lenta, são frequentemente descritos pelo modelo de Higuchi (Ogawa e Plepis, 2002). Tabela 6.7. Coeficiente de correlação linear (R2) obtido através de linearização do perfil de dessorção da BSA. Amostra R972 pH 7,4 R972 pH 5,5 200 pH 7,4 200 pH 5,5 Ordem/Modelo R2- Ordem 0 R2 - 1º Ordem R2 - Higuchi 0,8577 0,9148 0,8936 0,8405 0,8922 0,9496 0,9334 0,8750 0,9153 0,9586 0,9431 0,9014 R2 - HixonCrowell 0,9209 0,9388 0,8809 0,6933 Tabela 6.8- Parâmetros cinéticos do modelo de Higuchi Amostra Aerosil® R972 pH 7,4 Aerosil® R972 pH 5,5 Aerosil® 200 pH 7,4 Aerosil® 200 pH 5,5 Bento Pereira da Costa Neto R2 KH (min-0,5) 0,91 3,87 0,96 4,10 0,94 4,99 0,90 4,82 123 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado 6.2.6. Análise granulométrica As micropartículas de quitosana-Aerosil® foram analisadas por difração a laser em aparelho LS 230 COULTER® granulometer. Neste estudo acompanhou-se a variação da granulometria das micropartículas antes e logo após a adsorção da BSA. Os resultados são dados na Tabela 6.9, mostrando que as micropartículas triplicam de tamanho (2,8 a 3 vezes) com o intumescimento na solução tampão fosfato durante os experimentos. Tabela 6.9. Análise granulométrica das micropartículas antes e após adsorção da BSA Amostras D4,3 D0,1 D0,5 D0,9 Span Mpfóbica 5,9 ± 0,1 2,1 ± 0,1 5,1 ± 0,8 10,5 ± 0,5 1,6 ± 0,1 Mpfílica 4,6 ± 0,1 2,4 ± 0,4 4,0 ± 0,5 6,7 ± 0,4 1,1 ± 0,1 MpfóbicaBSA 16,6 + 0,3 4,6 ± 0,3 13,7 ± 0,33 32,2 ± 0,6 2,0 ± 0,2 MpfílicaBSA 14,2 ± 0,2 5,0±0,8 12,7 ±0,61 27,3±1,5 1,86 ±0,1 Mpfóbica: Micropartículas nanoestruturadas com Aerosil R972; Mpfílica: Micropartículas nanoestruturadas com Aerosil 200; MpfóbicaBSA: Micropartículas nanoestruturadas com Aerosil R 972 contendo BSA; MpfílicaBSA: Micropartículas nanoestruturadas com Aerosil 200 contendo BSA. 6.2.7. Espectrofotometria no infravermelho por transformada de fourier Análises de FTIR foram realizadas para investigação do tipo de interação entre BSA e as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica. A região escolhida nos espectros IR concentra as principais bandas referentes aos grupos da quitosana: estiramento vibracional C-O de álcool primário a 1068 cm-1 (1090 cm-1-grupo éter); aminas alifáticas a 1070 a 1100 cm-1. As bandas de amida I (1652cm-1) são provenientes do estiramento vibracional C = O e a banda de amida II (1531) do acoplamento vibracional do C-N e do estiramento vibracional do N-H, referentes a BSA. Os resultados de FTIR corroboram a presença de BSA na superfície das micropartículas nanoestruturadas com Aerosil®, como indicado nas Figuras 6.9 e 6.10. Bento Pereira da Costa Neto 124 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina Tese de doutorado Figura 6.9 Espectros infravermelos (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® R972; (b) Quitosana; (c) Aerosil® R972; (d) BSA; (e) Micropartícula com BSA adsorvida na superfície. Figura 6.10. Espectros infravermelos (a) Micropartícula nanoestruturada com Aerosil® 200; (b) Quitosana; (c) Aerosil® 200; (d) BSA; (e) Micropartícula com BSA adsorvida na superfície. Bento Pereira da Costa Neto 125 Capítulo 6. Adsorção e dessorção de albumina de soro bovina 6.3. Tese de doutorado Conclusões parciais As micropartículas de quitosana nanoestruturadas com Aerosil® foram capazes de adsorver a BSA utilizada como proteína-modelo. As micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® R972 apresentaram maior capacidade de adsorção de BSA (cerca de 530 mg.g-1) em comparação às micropartículas nanoestruturadas com Aerosil® 200 (aproximadamente 450 mg.g -1). Ficou evidente a influência do pH do meio sobre os valores obtidos de adsorção e dessorção. O modelo de Langmuir se ajustou bem aos dados experimentais obtidos. Bento Pereira da Costa Neto 126 CAPÍTULO 7 Conclusão geral e perspectivas Capítulo 7. Conclusões gerais e pespectivas Tese de doutorado Conclusões gerais A proposta deste trabalho foi de conceber e desenvolver um novo tipo de veículo para liberação controlada à base de quitosana nanoestrutura com nanopartículas de sílica fumegada. Diferentemente dos materiais híbridos à base de sílica-quitosana hoje sintetizados por processo de sol-gel, o processo de associação aqui proposto é de natureza física (sílicas Aerosil foram incorporadas à uma solução de quitosana para gerar micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica à partir da evaporação do solvente por spray drying). Primeiramente definiu-se o procedimento experimental de dispersão das nanopartículas de sílica (Aerosil 200 et Aerosil R972) na solução de quitosana. Diferentes técnicas de dispersão foram testadas, dentre elas: ultrassom, ultra turrax e homogeneizador de alta pressão (HAP). Uma vez definida a técnica de dispersão, procedeu-se o estudo de sensibilidade paramétrica variando-se condições de processo e de formulação e verificando-se o efeito destas variáveis nas características dos produtos obtidos como granulometria, capacidade de sorção de umidade, estabilidade ácida, carga superficial e liberação de princípios ativos. Através dos resultados obtidos na primeira etapa do trabalho, pode-se concluir que a introdução de sílica na estrutura das micropartículas de quitosana resultou em uma mudança nas propriedades físicas e químicas quando comparada às micropartículas de quitosana pura. Dentre outras, a presença de sílica nas micropartículas ocasionou: - Redução considerável da carga superficial das micropartículas que passou de +35mV (quitosana pura) para valores da ordem de +10 à +17mV quando nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 ou Aerosil R972. - Redução da capacidade das micropartículas nanoestruturadas em absorver umidade, quando comparadas às micropartículas sem sílica. - Aumento da estabilidade térmica das micropartículas de quitosana (alteração da temperatura de degradação da quitosana). - Maior estabilidade em meio ácido. Além disso, a sílica Aerosil® 200 (hidrofílica) parece ter maior interação com a quitosana, provavelmente devido a um maior número de ligações hidrogênio que podem ser Bento Pereira da Costa Neto 128 Capítulo 7. Conclusões gerais e pespectivas Tese de doutorado estabelecidas através do maior número de grupos hidroxila em sua superfície, o que torna mais lenta a dissolução da quitosana em meio ácido comparativamente à sílica Aerosil® R972 (hidrofóbica). - Reduzida reatividade à umidade, estabelecendo um efeito “barreira à absorção de umidade”, verificada através da proteção à evolução polimórfica do manitol encapsulado nestas partículas e submetidas a condições de estresse de umidade e temperatura durante 6 meses. Este efeito “barreira à absorção de umidade” foi comprovado através de análise de imagem MEV (teste dinâmico de exposição à umidade e visualização simultânea). Estudos in vitro indicaram baixa citotoxicidade e baixa capacidade de ativar a produção de óxido nítrico das células, sendo compatível com uma baixa ação próinflamatória. Juntas, essas informações incentivam a exploração das micropartículas nanoestruturadas com sílica desenvolvidas neste trabalho como novos sistemas de carreamento de princípios ativos através de vias orais ou mucosas. Testou-se assim a potencialidade das micropartículas de quitosana nanoestruturadas com ambas as sílicas, hidrofílica (Aerosil® 200) e hidrofóbica (Aerosil® R972) desenvolvidas nesta tese de doutorado como sistemas de encapsulação e liberação de princípios ativos de interesse farmacêutico. Duas moléculas de interesse farmacêutico e características diferentes (solubilidade em meio aquoso) foram escolhidas para este estudo: - rifampicina como molécula pouco solúvel em agua para liberação em meio ácido (pH 1.2); - Cloridrato de propranolol como molécula solúvel em agua para liberação em meio básico (pH 7.4). Os resultados obtidos comprovaram o efeito da nanoestruturação das micropartículas de quitosana com os dois tipos de sílica testados na capacidade de reter e liberar princípios ativos com características hidrofílicas ou hidrofóbicas, baseando-se na análise dos perfis de liberação in vitro dos ativos-modelo utilizados. Comparativamente a outros métodos de encapsulação para efeito de liberação modificada/controlada, o método proposto neste trabalho é interessante visto sua capacidade de retenção dos ativos no interior das micropartículas que é superior à 50% e nos melhores casos chegando à 80%. Finalmente, as micropartículas de quitosana nanoestruturadas com sílica Aerosil 200 e Aerosil R972 foram analisadas quanto às suas propriedades estruturais Bento Pereira da Costa Neto 129 Capítulo 7. Conclusões gerais e pespectivas Tese de doutorado e capacidadede adsorção e dessorção. O adsorbato utilizado foi a proteína BSA (albumina de soro bovina). O objetivo foi de verificar se as modificações físico- químicas implementadas sobre a quitosana alteram o número de sítios de adsorção e as características dos grupos funcionais inicialmente presentes na cadeia macromolecular devido a interações com as sílicas. Os resultados obtidos mostraram que as micropartículas nanoestruturadas com sílica são capazes de adsorver e dessorver BSA, em quantidades interessantes quando comparadas a dados encontrados na literatura : adsorção da ordem de 460-530 mg.g-1 em comparação a capacidades inferiores à 134 mg.g-1 ; - dessorção de 75-80% em comparação a 34-52%), o que pode ser promissor para outros tipos de proteínas visto a importância da quitosana como adsorvente em processos de recuperação e/ou purificação de bioprodutos de alto valor agregado, como proteínas. Perspectivas Na continuidade deste trabalho, seria interessante prosseguir com: Aprofundar estudo físico-químico de caracterização das interações entre as micropartículas nanoestruturadas com as sílicas estudadas; Determinar cinéticas de liberação de outras moléculas de caráter hidrofóbico e hidrofílico para melhor compreensão do mecanismo de liberação dos ativos encapsulados nestas micropartículas nanoestruturadas com sílica; Prosseguir com a investigação referente à capacidade de uso destas micropartículas como adsorventes (testes de adsorção-dessorção com novas proteínas). Bento Pereira da Costa Neto 130 Referências bibliográficas Referências bibliográficas Tese de doutorado Referências bibliográficas 1.ADAMSON, A.W.; GAST, A.P.; Physical chemistry of Surfaces. 6th ed. New York: John Wiley & Sons, 1997. 2.AGUIAR, M. R. M. P., GEMAL, A. L. E SAN GIL, R. A. S. 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Bento Pereira da Costa Neto 160 Anexo 1 Materiais e equipamentos utilizados MATERIAIS Quitosana de baixo peso molecular (75-85% de desacetilação) - Sigma-Aldrich; Sílica hidrofóbica (Aerosil R972) com área superficial de 110±20 m2/g e tamanho de partículas primárias de 16 nm - Evonik Degussa GmbH; Sílica hidrofílica (Aerosil 200) 200 ± 25 m2/g e tamanho de partículas primárias de 12 nm - Evonik Degussa GmbH ; Manitol Oral USP - Henrifarma; Albumina do soro bovino - Sigma-Aldrich; Rifampicina – produto comercial fornecido pela Farmanguinhos; Cloridrato de propranolol – Sigma-Aldrich; Ácido acético glacial (protonação da quitosana) - Sigma-Aldrich; Álcool etílico absoluto PA ACS para a dispersão de Aerosil R972 e análise de granulométrica – MERCK. Etanol absoluto (álcool etílico) PA ACS – MERCK. Metanol PA – MERCK Tampão fosfato em diferentes pHs. Água ultrapura; EQUIPAMENTOS ASAP 2010, Micromeritics; Autoclave Horizontal AB 25, PHOENIX; Autotap, TAPPED DENSITY ANALYZERS da Quantachrome Balança analítica Ohaus, Modelo E12140. Balança de precisão Marca Mettler Toledo, Modelo XS205; Banho termostático Haake DC 30; Beckman Coulter - LS230 Laser Diffration Particle Size Analyzer; Centrífuga Selecta, Modelo Medifriger-BL; Difratômetro de Raios-X Shimadzu, Modelo = XRD – 6000. Dissolutor Nova Ética, modelo 299; DSC- Marca Mettler Toledo, Modelo DSC822; Espectrofotômetro Cintra, Modelo Cintra 10E; Espectrômetro da Nicolet, modelo 6700; Estufa a vácuo EDG, modelo Edgcon 5P; Homogeneizador de pistão de alta pressão – APL 50 –Artepecas; Incubadora Nova Ética, Modelo 430; Karl Fischer marca Mettler Toledo modelo DL38; Medidor de potencial Zeta - DelsaNano C, Beckman Coulter; Metalizador Baltec MED 010; Microscópio Eletrônico de Transmissão Philips, Modelo CM120; Microscópio Eletrônico de Varredura Jeol, Modelo JSM-6360LV; pHmetro DIGIMED, Modelo DM 21; Potencial Zeta Marca Beckman Coulter, Modelo Delsa™Nano C Spray Dryer Büchi, Modelo B 190; Surface área and Pore Size Analyser – Micromeritics – Modelo Gemini V; Tensiometer Dataphysics DCAT 21; TG - Marca Mettler Toledo, Modelo SDTA851; Ultrassom Elma, Modelo T460; Ultraturrax, Heidolph Diax900; Viscosímetro Brookfield – Modelo DV-III Ultra. PUBLICAÇÕES Revistas internacionais - B.P. DA COSTA NETO , A.L.M.L. DA MATA , MILENE V. LOPES, B. ROSSI-BERGMANN, M.I. RÉ Preparation and evaluation of chitosan–hydrophobic silica composite microspheres: Role of hydrophobic silica in modifying their properties. Powder Technology 255 (2014) 109–119. Congressos internacionais (com comitê de leitura/reviewers) - B. P. DA COSTA NETO, MARIA INÊS RÉ, A. L. M. L. DA MATA, B. L. DA SILVA COSTA, B. ROSSI-BERGMANN. Alternative way for tailoring acid stability, barrier and/or adsorbent properties of chitosan microspheres. XXI International Conference on Bioencapsulation, 28-30 agosto 2013 - Berlin, Germany. - M. I. RE, B. P. DA COSTA NETO, A. L. M. L. DA MATA, B. L. DA SILVA COSTA, B. ROSSI-BERGMANN. An effective and reproducible way of tailoring chitosan microspheres properties for intranasal delivery of drugs and vaccines, 7ème Colloque Science et Technologie des Poudres, 4 - 6 Julho 2012, Toulouse, France. - B. P. DA COSTA NETO, A. L. M. L. DA MATA, M. V. LOPES, B. ROSSI‐BERGMANN, MARIA INES RÉ. Spray‐dried chitosan/nanosio2 microspheres with improved acid stability and barrier properties, Journée d'Information APGI & SANOFI - Le séchage en milieu industriel, 05 de abril 2013, Castres, France.