IV Colóquio Latino-americano de Biopolítica
II Colóquio Internacional de Biopolítica e Educação
Bens Comuns, Tecnologias de Governo, Contracondutas
3 a 6 de setembro de 2013
Bogotá, D.C., Colômbia
(Biblioteca Luis Ángel Arango)
Primeira Circular
Apresentação
Nos inícios do século XX, o sueco Rudolf Kjellén introduziu o conceito de biopolítica.
Várias décadas depois, sem fazer nenhuma referência dos trabalhos de Kjellén, Michel
Foucault usou esse termo para definir uma das dimensões fundamentais da política
moderna: o governo da vida biológica da população. Desde 1974 até 1979, esta
problemática ocupou o âmago das suas reflexões. Apesar disso, nenhum do seus livros
publicados em vida está dedicado inteiramente a tal problemática e ela só foi
abordada na última parte da Vontade de saber. Recentemente, com a publicação de
quase todos seus cursos no Collège de France, a biopolítica abriu uma nova
perspectiva na leitura da obra de Foucault e levou a novos desenvolvimentos que têm
dominado uma parte importante da reflexão política nas últimas décadas, na Europa,
nos Estados Unidos e na América Latina.
Sob a luz desses trabalhos, no ano de 2008 e 2009 foram realizados o I e o II Colóquio
Latino-americano de Biopolítica, organizados no Chile por uma rede de universidades;
no ano de 2011, o III Colóquio Latino-americano de Biopolítica e o I Colóquio
Internacional de Biopolítica e Educação foi organizado pela Universidade Pedagógica
da Província de Buenos Aires — UNIPE, na Argentina. No marco desses últimos
encontros, os participantes da Colômbia ficaram encarregados de organizar o IV
Colóquio Latino-americano de Biopolítica e o II Colóquio Internacional de Biopolítica e
Educação, com o propósito de continuar a reflexão nesse campo, no contexto latinoamericano, envolvendo o maior número possível de países e especialistas da região.
Eixos temáticos do colóquio 2013
O comité científico do IV Colóquio Latino-americano de Biopolítica e do II Colóquio
Internacional de Biopolítica e Educação, sediado na Colômbia, resolveu centrar a
discussão ao redor de três eixos: bens comuns, tecnologias de governo e
contracondutas.
O primeiro eixo faz referência às lutas pelos bens comuns que assinalam hoje a rota
para o que Hardt e Negri chamam de “agenda política do século XXI”. Bens como a
água, o ar, as florestas, a terra, o conhecimento, a atmosfera e o espaço cibernético —
que são patrimônio comum das espécies — vêm sendo submetidos à valorização
capitalista em países ricos em biodiversidade, como são aqueles da América Latina.
Por se tratar de bens comuns e não de recursos públicos, tais elementos devem ser
protegidos da sua captura tanto por parte da “forma Estado” quanto da “forma
empresa”, na medida em que é ali que está em jogo a própria vida. Não se trata tanto
de lutas pela “conservação do meio ambiente” — gerenciadas pelo Estado e pelas
organizações particulares —, mas sim de lutas pela autonomia política dos sujeitos, na
medida em que é através do autogoverno das comunidades e do exercício dos seus
saberes particulares que se pode evitar a sua privatização. Nesse sentido, salientamos
a necessidade de separar conceitualmente o comum — conhecimento e cultura
comum — das disposições governamentais e institucionais que procuram regular o
acesso a ele.
Os desafios que derivam de pensar a liberdade do comum, assunto que implica tanto a
promoção dos benefícios quanto a limitação das formas nocivas do comum — a
privatização, a destruição, a alienação —, bem como as possiblidades de expansão das
potências produtivas comuns, resultam para nós centrais para pensar o devir da
educação, no contexto do II Colóquio de Biopolítica e Educação. Hardt e Negri aludem a
uma iniciativa educacional global que garanta o livre acesso ao comum e favoreça o
desdobramento da potência singular, na perspectiva de aprender como trabalhar com
a linguagem, os códigos, as ideias e os afetos, mas também, trabalhar com os outros.
Tal projeto é compatível com a defesa da educação pública ou se contrapõe a ela? Até
onde a subjetividade, que hoje se percebe como alicerce do desenvolvimento
econômico, poderá escapar das constrições que impõe o novo capitalismo, quando
esse se opõe a formas de organização criativa da produção de caráter solidário? Seria
uma quimera potenciar uma pedagogia do autogoverno que nos leve a sermos capazes
de governar autonomamente a riqueza comum?
Um segundo eixo tem a ver com as tecnologia de governo ou conjunto de técnicas,
procedimentos e práticas de condução das condutas de si e dos outros. Tais
tecnologias de governo constituem, nos seus desdobramentos, diferentes formas de
subjetivação. Assim por exemplo, as técnicas disciplinares produzem um sujeito dócil
e obediente, as técnicas liberais inauguram um sujeito agente que interage com o meio
para se autorregular e as técnica neoliberais promovem a criação de um sujeito auto
responsável, dono de si mesmo, flexível, gestor independente dos seus ativos
intelectuais e seus recursos, ou seja, um indivíduo empresário de si mesmo tal como
se percebe nas políticas educacionais, na gestão dos recursos energéticos, nos
assuntos relacionados com a segurança alimentar, com a saúde, com o combate contra
o terrorismo, etc.
Em particular, espera-se que, para dinamizar as discussões do II Colóquio de
Biopolítica e Educação, neste eixo sejam tratadas as seguintes questões: que tipos de
novas tecnologias neoliberais têm surgido no campo da educação e na pedagogia?
Como se articulam técnicas disciplinares, liberais e neoliberais nas instituições
educacionais contemporâneas? Que tipo de relações seria possível estabelecer entre
alguns discursos ou práticas pedagógicas e determinadas tecnologias de governo?
O terceiro eixo tem a ver com a noção de contraconduta. Foucault articulou a
dimensão ética da experiência histórica — repensada em termos daquelas práticas de
liberdade através das quais podemos nos construir de outro modo, como sujeitos —
com a dimensão política concernente à transformação de um campo histórico e as
relações de poder institucionalmente estabilizadas que condicionam ali as nossas
práticas. Como desenhar genealogias das contracondutas na América Latina e quais
são as repercussões das nossas atuais possibilidades de ação política? Qual o papel de
tais genealogias nas práticas artísticas ou corporais? E, finalmente, que repercussões
pode ter a ênfase de Foucault na dimensão ética da ação política para inventar, na
atualidade, outros modos de ser que transformem o campo da experiência face à
expansão global do capitalismo e seus modos de sujeição, na atual contingência das
sociedades latino-americanas?
Palestrantes internacionais
Roberto Espósito (Italia)
Thomas Lemke (Alemania)
Arnold Davidson (Estados Unidos)
Silvia Grinberg (Argentina)
Edgardo Castro (Argentina)
Alfredo Veiga-Neto (Brasil)
Sylvio Gadelha (Brasil)
Nikolas Rose (Inglaterra)
Miguel de Beistegui (Inglaterra)
Comité organizador
Coordenação geral: Santiago Castro-Gómez (Pontificia Universidad Javeriana,
Colombia) e Amalia Boyer (Pontificia Universidad Javeriana, Colombia)
Coordenação executiva: Ruth Amanda Cortés Salcedo (IDEP e Universidad Santo
Tomás, Colômbia) e Adrián Perea Acevedo (Universidad Distrital, Colômbia)
Gustavo Chirolla (Pontificia Universidad Javeriana, Universidad El Bosque, Colômbia)
Oscar Saldarriaga (Pontificia Universidad Javeriana) Edgardo Castro (Conicet,
Universidad Pedagógica de la Provincia de Buenos Aires, Argentina)
Isabel Cassignoli (Universidad Arcis, Chile)
Silvia Grinberg (Conicet, Universidad de San Martín, Argentina)
Alfredo Veiga-Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil)
Javier Sáenz (CES, Universidad Nacional de Colombia)
Humberto Cubides (IESCO, Universidad Central, Colômbia)
Mónica Zuleta (IESCO, Universidad Central, Colômbia)
Olga Cecilia Díaz (Universidad Pedagógica Nacional, Colômbia)
Carlos Ernesto Noguera (Universidad Pedagógica Nacional, Colômbia)
Carlos Manrique (Universidad de Los Andes, Colômbia)
Laura Quintana (Universidad de Los Andes, Colômbia)
Zandra Pedraza (Universidad de Los Andes, Colômbia)
Jorge Eliécer Martínez (Universidad de La Salle, Colômbia)
Oscar Pulido Cortés (Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia)
Absalón Jiménez Becerra (Universidad Distrital, Colômbia)
José Luis Jiménez (Universidad Santo Tomás, Colômbia)
Instituições organizadoras e de apoio
Pontificia Universidad Javeriana, Instituto para la Investigación Educación y el
Desarrollo Pedagógico (IDEP), Universidad Pedagógica Nacional, Universidad Distrital
Francisco José de Caldas, Universidad de los Andes, Universidad Nacional de
Colombia, Universidad Central - IESCO, Universidad del Bosque, Universidad de La
Salle, Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia, Universidad Santo Tomás y
Biblioteca Luis Ángel Arango.
Agenda
Envio de resumos
Até 21 de janeiro de 2013.
Divulgação dos Trabalhos aprovados
Até 21 de fevereiro de 2013.
Envio do Trabalho completo
Até 6 de maio de 2013.
Submissão de Trabalhos
Os interessados em apresentar trabalhos deveram enviar um texto resumo para
avaliação, sem dados do autor, com até 1000 palavras e, em arquivo à parte, um breve
resumo do curriculum vitae do autor.
O tempo previsto para as comunicações é de 20 minutos seguidos de 10 minutos de
debate.
Idioma: português ou espanhol.
Na segunda circular, será informado o site onde se poderá realizar a inscrição e obter
mais informações (relativas ao evento, à inscrição etc.).
Data limite para inscrições de participantes sem comunicações:
Até 1º de agosto de 2013.
Inscrição gratuita, vagas limitadas
Mail de Contato: [email protected]
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