64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 A SUBSÉRIE ANTHOCAULICAE (ARISTOLOCHIA, ARISTOLOCHIACEAE) NA MATA ATLÂNTICA 1 2 3 Joelcio Freitas *, Elton J. de Lírio , Favio González 1 2 Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico 3 do Rio de Janeiro. Instituto de Ciencias Naturales, Universidad Nacional de Colombia. * [email protected]. Introdução Aristolochia, com cerca de 500 espécies, é o maior gênero da família Aristolochiaceae [1].Todas as espécies da América do Sul pertencem à seção Gymnolobus Duchartre subseção Hexandrae (Duch.) O.C. Schmidt. Aristolochia série Hexandrae (Duch.) F. González subsérie Anthocaulicae F. Gonzalez compreende 22 espécies, que ocorrem principalmente em florestas pluviais de Belize à Bolívia, e são caracterizadas por possuírem racemos caulifloros a ramifloros, com nós extremamente curtos subtendidos por folhas reduzidas a pequenas brácteas [2]. No presente trabalho é apresentada a diversidade da subsér. Anthocaulicae para a Mata Atlântica, a ampliação de ocorrência e a primeira descrição dos frutos e sementes de A. bahiensis F. González, até então desconhecidos, e uma nova espécie, A. subglobosa J. Freitas, Lirio & F. González. entre estas são o formato e tamanho do perianto e a distribuição alopátrica, uma vez que as outras duas espécies são distribuídas na Floresta Amazônica [2,3]. A. subglobosa foi encontrada somente no município de Vila Valério – ES. É similar a A. bahiensis, A. daemoninoxia M. T. Masters e A. guentheri O. C. Schmidt, mas se diferencia destas pela folha não peltada; siringe inequilátera (ausente nas outras espécies), limbo da flor amplamente ovado a obovado, base arredondada, ápice obtuso, margem ondulada e cápsula subglobosa. Todos estes caracteres são diagnósticos para a subsér. Anthocaulicae. O epíteto específico se refere ao formato subgloboso da cápsula, atípico na subsér., onde cápsulas cilindrícas são típícas. Metodologia O material foi obtido por meio de coletas e consultas aos herbários COL, MBML, RB, SP, SPSF e VIES. O material coletado foi depositado no MBML com duplicatas para o COL. A identificação foi por meio de literatura especializada e material e/ou fotografia de tipos. Resultados e Discussão Duas espécies da subsér. Anthocaulicae ocorrem na Mata Atlântica, ambas endêmicas do bioma: A. bahiensis e A. subglobosa. A primeira descrita com base em dois espécimes com flores do estado da BA [3], tem sua ocorrência ampliada para o ES, estes são os primeiros registros da espécie após o protólogo. O fruto é uma cápsula cilíndrica, hexagonal, com deiscência acrópeta e séptos inteiros e as sementes ovadas, espessas, não aladas, concavo-convexas, verrucosas, com rafe proeminente. Esse conjunto de caracteres é característico da maioria das espécies da subsér. O fato de as sementes serem espessas, não aladas, localizadas próximas ao solo ou no sub-bosque da floresta, podem ser adaptações para dispersão a curtas distâncias, que contrastam com outros grupos do gênero, especialmente a sér. Thyrsicae F. Gonzalez (e.g. A. maxima Jacq.) e seção Dipharus Klotzsch (e.g. A. ringens Vahl), que tem cápsulas expostas no dossel ou em lugares abertos, sementes planas, aladas, dispersas por vento ou riachos [2,4]. Cápsulas e sementes de A. bahiensis são similares a duas espécies: A. guentheri O. C. Schmidt e A. klugii O. C. Schmidt, as quais não podem ser usadas para separar estas três espécies, no entanto, as principais diferenças Figura 1. A. subglobosa A. Racemo com flores antes da antese, vista lateral. B. Racemo com uma flor durante a antese em vista frontal. As setas indicam as brácteas. Conclusões A descrição da nova espécie e a nova ocorrência para o estado do ES de A. bahiensis, ampliou o conhecimento acerca da subsér. Anthocaulicae para a Mata Atlântica. O ES passa a ser o estado deste bioma com o maior número de representantes para a subsér. Agradecimentos Aos curadores dos herbários visitados e à CAPES pelo concedimento de bolsa ao segundo autor. Referências Bibliográficas [1] González, F. 2011. A new pseudostipule-bearing species of Aristolochia (Aristolochiaceae) from Bahía and Espírito Santo, Brazil. Brittonia 63: 430–435. [2] González, F. 1990. Aristolochiaceae. Flora de Colombia. Monografia No. 12. Colombia. Universidad Nacional de Colombia, Instituto de Ciencias Naturales. [3] González, F. 1998. Two new species of Aristolochia (Aristolochiaceae) from Brazil and Peru. Brittonia 50: 5–10. [4] González, F. & Stevenson. D. W. 2002. A phylogenetic analysis of the subfamily Aristolochioideae (Aristolochiaceae). Revista de la Academia Colombiana de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales 26(98): 25-60.