PROJETO DE APARATO EXPERIMENTAL PARA AVALIAÇÃO DE INCRUSTAÇÕES EM TUBULAÇÕES HORIZONTAIS A incrustação de sais inorgânicos é o mecanismo de deposição de minerais sólidos sobre superfícies susceptíveis como metais, rochas etc. O processo resulta da precipitação de sais solúveis inorgânicos que se aderem a parede da tubulação e é influenciado por mudanças na temperatura e no pH, que alteram a solubilidade dos cristais incrustantes presentes no meio aquoso, ou ainda pela combinação dos fatores: mudança de pressão, impurezas, aditivos, variação da taxa de fluxo, expansão do fluido e evaporação de gás. Incrustação em trocador de calor Incrustação em tubulação O estudo pretende avaliar o efeito da incidência de um campo eletromagnético sobre trechos da tubulaçao como meio de mitigação da formação de incrustação. O experimento recria as situações de concentração de sais e pressão encontradas na industria de petróleo e leva em consideração o trabalho com o Carbonato de Cálcio (CaCO3) por ser um mineral inorgânico inerte encontrado facilmente na natureza e também um dos maiores causadores de incrustações salinas. Índice: 1. Instalações físicas 2. Estudo das incrustações 3. Procedimento experimental Instalações Físicas Associado ao projeto está a implantação no prédio do Laboratório de Tecnologia de Poços (LTP) uma infra-estrutura laboratorial dedicada ao atendimento de pesquisas nas áreas de perfuração, completação e intervenção de poços de petróleo. O projeto do aparato experimental foi concebido com parâmetros de operação abrangentes a fim de atender a diferentes cenários e necessidades de medição. O Rig Multipropósito, como é chamado, possui tubulações de 1” , 2” e 3” de diâmetro e comprimento total de até 300m. Sua configuração permite opera-lo em circuito aberto ou fechado com escoamentos monofásicos ou multifásicos água/óleo e, eventualmente, gás. Um sistema de bombeamento robusto é capaz de pressurizar a tubulação a até 260bar e permite vazões de 1 a 18m3/h. Medidores de temperatura e pressão a cada vinte metros acompanham as caracteristicas do escoamento e junto com medidores de fluxo mássico(coriolis) e ultrassônico compõem a intrumentação do equipamento. Os reagentes químicos que formam o carbonato de cálcio são bombeados individualmente para a tubulação a partir de dois tanques de 1m3. ® Um separador água/óleo é utilizado quando a mistura for bifásica(sem emulsões). Opera sobre pressão ambiente e vazão de até 1m3/h. Estudo das incrustações SeparadorO de Água e Óleo estudo do processo físico-químico de formação das incrustações tem inicio na destina-se a interação separar emulsivos em água. águaO ou efluentes. É de uma dosóleos sais comnão seu solvente, usualmente potencial de incrustação m materiais não corrosivos (PP, PVC em De regime solução está diretamente ligado )a operando sua solubilidade. fato, alaminar deposição de sais inorgânicos poderá ocorrer soluções salinas de alta concentração. té 60ºC. Através dosó módulo deemplacas o separador de óleo, nsidade entre o óleo e a água em que está contido, fazendo com A alteração de propriedades como pressão e temperatura afeta o chamado índice . Quanto maior for a diferença de densidade, maior a cristalinas eficácia incrustações salinas. pode se apresentar em três3será diferentes: de saturação. No casoEledo carbonato de cálcio(CaCO )formas a variação de pressão está mulsivos não fortemente serãoAragonita separados na 2003). emulsão nãoesse setipo verifica a ocorre associada a sua pois solubilidade. Por esse motivo, de incrustação Calcita, e Vaterita (Patnaik, com maior frequência em regiões onde há maior queda de pressão. e de captação do óleo separado, através de vertedor 2.6.1constante Calcita e óleo, totalmenteTrata-se desenvolvido pela QUIMITANK®, que torna da forma polimórfica detrês Cálcio maiscristalinas estável a da natureza. O carbonato de cálcio aparece de na Carbonato natureza em formas através de calhas coletoras e tubulação, até um recipientediferentes: Calcita, Aragonita e Vaterita. A Calcita apresenta a forma trigonal-romboédrica. Com relação à dureza, possui valor 3 do equipamento É dotado de bloco separador que pode ser na escala Mohs. - Calcita ra limpezas periódicas sear o Trata-se da forma de éCarbonato de Cálcio estável da Criada natureza. A Vale lembrar que apolimórfica escala Mohs a mais utilizada emmais mineralogia. pelo Calcita apresenta a forma trigonal-romboédrica. Com relação à dureza, possui valor 3 alemão Friedrich Mohs, em 1812, ela atribui valores de 1 a 10 à resistência que um na escala Mohs. determinado de mineral oferece ao risco. O valor de 1 é dado ao talco e 10 ao diamante separador - Aragonita água e óleo QUIMITANK ® (Gemology) É bem menos estável do que a Calcita. A Aragonita possui uma solubilidade maior e nte, dá-se por gravidade, passando porSuabaixo placa divisória, apresenta a forma ortorrômbica. dureza nada escala Mohs está entre 3,5 e 4 unidades. Ela é mais densa e aderente que a Calcita. elo bloco separador, que tem a finalidade de diminuir a velocidade 2.6.2 Aragonita - Vaterita mpo para que o óleo flote (suba para a superfície) de onde será ÉAbem menos estável do que amais Calcita. Aragonita possui Também uma solubilidade Vaterita é a forma polimórfica rara deACarbonato de Cálcio. é conhecida como µ-CaCO3. Assim como a Aragonita, ela é uma forma metaestável em maior e apresenta a forma ortorrômbica. Sua dureza na escala Mohs está entre 3,5 e 4 alidade de regular essa camada óleo nasolubilidade superfície, funcionando condições ambientes.de Possui a maior das três formas. unidades. Ela é mais densa e aderente que a Calcita. Quando exposta a água, a Vaterita pode se converter em Calcita nível do efluente, ou seja: rosqueando no sentido horário, (aobaixas nível temperaturas) ou Aragonita (a temperaturas superiores a 60oC). Possui formato entido anti-horário ohexagonal. nível subirá de maneira que se pode regular a da. ão emulsionados, é que essa camada esteja entre 10 e 20mm de assim que apenas óleo vá para as calhas coletoras. (diluídos em água), deverão passar pelo processo de “quebra de sar pelo separador. 2.6.4 Mecanismo de incrustação Quimitank Equipamentos e Serviços Industriais Ltda. Como já foi dito, a pressão exerce efeito fundamental na incrustação por Rua Victória Pena Giorgi, 486 de - Parque Carbonato de Cálcio. Isso porque, durante produção óleo emMarajoara poços deIIpetróleo, a Figura 3 - Estruturas cristalinasa de Calcita e Aragonita (Pengelly trust). C.E.P.: 09112-170 - Santo André - S.P. pressão tende a cair naturalmente. Quando essa pressão fica abaixo da pressão de bolha, Fone: 2324-1988 Fax: 55 11 4458-1288 ocorre o desprendimento natural de gás carbônico da mistura. Pela relação de Le 2.6.3 Vaterita e-mail: [email protected] Em que tubulações pressurizadas, um mecanismo de incrustação ocorre Chatelier estabelece as leis de deslocamento de equilíbrio químico,importante a reação abaixo devido A perdas de écarga localizadas e distribuídas queCarbonato diminuemdeaCálcio. pressãoTambém da linhaé Vaterita a forma polimórfica mais rara de será deslocada no sentido da ocorrência da produção de CO2 e, portanto, também de acarretando então o desprendimento natural de gás carbônico da mistura, o que desloca o conhecida como !-CaCO3. Assim como a Aragonita, ela é uma forma metaestável em CaCO . 3 químico no sentido da produção de CO2 e, portanto, também de CaCO3. equilíbrio condições ambientes. Possui !! a maior!solubilidade das três formas. !" ! !!"#! ! !"!#! ! !!"! ! !!! ! ! Quando exposta a água, a Vaterita pode se converter em Calcita (a baixas Outra consequência da desassociação do superiores gás carbônico é o aumento doformato pH da temperaturas) ou também Aragonita temperaturas 60ºC). Outro fato não (a pode ser deixado de lado. Comaa saída do Possui gás carbônico, solução deixando o carbonato da cálcio ainda menos solúvel e, assim, aumentando a hexagonal. o pH dadesse solução aumenta. Isso torna o Carbonato de Cálcio ainda mais insolúvel e, deposição mineral. assim, a deposição desse mineral tende a aumentar. Além do fator pressão, a temperatura exerce papel no processo de incrustação. O mecanismo de formação de incrustações é, em teoria, composto de 5 fases 8 Ao contrário do que acontece com muitos minerais, a solubilidade do carbonato diminui principais: nucleação, transporte para a superfície, adesão à superfície, remoção e à medida que a temperatura aumenta. envelhecimento. Em resumo, podemos verificar que a deposição tende a aumentar com o aumento • Nucleação, fase inicial, quando nenhum sinal de material incrustado pode ser da temperatura, aumento do pH,dediminuição da pressão diminuição salinidade total. visto, mesmo após o início funcionamento do ecircuito em da questão. Essa fase pode chegar a durar algumas horas. 2.6.5 Índices específicos • Transporte para a superfície, também citado na literatura como transporte de Para o caso específico do Carbonato de Cálcio, uma série de índices foram massa, essa fase é a mais compreendida hoje em dia. É nela que o movimento das criados comdoo centro intuito de o comportamento desse em ocorre. água, óleo e gás. partículas do descrever escoamento para as paredes da mineral tubulação Dentre eles, podemos citar: • Adesão à superfície. Nem todo material transportado para a superfície se adere a ela. As forças que atuam no material enquanto ele se aproxima das paredes exerce 2.6.5.1 Índice de saturação de Langelier (LSI) um papel fundamental. Por outro lado, propriedades da partícula - densidade, elasticidade, superfície e estado, e da superfície de - rugosidade e Cálcio tipo deem material, Este índice se propõe a predizer a estabilidade Carbonato de água. também afetam consideravelmente a adesão do material à superfície da tubulação. Ele indica se o mineral vai se precipitar, se dissolver ou entrar em equilíbrio. Langelier remoção em paredes ou não desenvolveu,Aem meados de de material 1930, um incrustado método de predição de pHdenatubos qual a pode água estará • Remoção. começar logo que a deposição tem início. saturada de carbonato (pHs). O LSI é expresso por uma o pH medido o pHs (LSI = pH A espessura de diferença material entre incrustado em umae parede cresce com– o • Envelhecimento. tempo, até que atinge a estabilidade. A partir daí a força de deposição, que mantém o pHs). Dessa forma, tem-se: material incrustado, pode mudar com o tempo devido a mudanças na estrutura cristalina i. LSI > 0: Água supersaturada com tendência à deposição de carbonato; do sal depositado. Essas mudanças podem ocorrer devido a processos de desidratação ii. LSI =dos 0: Água equilíbrio com o do carbonato; ou polimerização grãos.saturada, Assim em sendo, essa força material incrustado pode aumentariii.ou diminuir o passar do tempo. LSI < 0:com Água insaturada com tendência a dissolver carbonato. 9 Procedimento experimental O planejamento experimental levou em conta parâmetros de outros trabalhos semelhantes disponíveis na literatura cientifica. Entre todos os artigos publicados nenhum se assemelha à escala aqui proposta, no entanto a tabela a seguir compara os parâmetros do Rig Multipropósito com os dos experimentos. Uma avaliação dos resultados obtidos em trabalhos anteriores indica de fato uma tendência na redução das incrustações. Efeito da aplicação de campo eletromagnético em função da frequência. 550 ppm de CaCO3.(Tijing, 2010) Efeito da aplicação de campo eletromagnético em função da velocidade de escoamento. 330ppm de CaCO3. (Tijing, 2010) Quanto às resultados esperados com a incidência de um campo eletromagnético pode-se então dizer que as seguintes mudanças serão investigadas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Formação de Calcita no lugar de Aragonita; Crescimento dos cristais; Retardo na precipitação de Carbonato de Cálcio Menores espessuras de material incrustado; Mudanças na dureza; Mudanças no pH; Mudanças na condutividade. A fim de validar os métodos de prevenção de incrustações e permitir o acompanhamento das mudanças estruturais do cristal depositado, serão utilizados equipamentos analíticos dentre os quais se destacam: ensaios de dureza, análise por microscópio eletrônico, teste de alcalinidade, análise do tamanho de partículas, teste de condutividade, pesagem de material incrustado, teste de difração por raio- X, entre outros. Medições são feitas tanto no material incrustado quanto em amostras de fluido obtidas durante o experimento.