Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso Linguagens Audiovisuais: Estudo e análise do cinema como referência na publicidade Autora: Evelyn Lúcia da Silva Orientadora: MSc Raquel Cantarelli Brasília – DF 2013 EVELYN LÚCIA DA SILVA LINGUAGENS AUDIOVISUAIS: ESTUDO E ANÁLISE DO CINEMA COMO REFERÊNCIA NA PUBLICIDADE Monografia apresentada ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em publicidade e propaganda. Orientadora: MSc. Raquel Cantarelli Brasília 2013 Monografia de autoria de Evelyn Lúcia da Silva, intitulada: Linguagens audiovisuais: estudo e análise do cinema como referência na publicidade, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social- Habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em 24/06/2013 defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: __________________________________________________ MSc. Raquel Cantarelli Orientadora Comunicação Social -UCB __________________________________________________ Ana Carolina Kalume Comunicação Social - UCB __________________________________________________ Anelise Molina Comunicação Social- UCB Brasília 2013 AGRADECIMENTO Primeiramente agradeço a Deus pelas vitórias e por ter guiado meus caminhos nesse processo de estudante de comunicação. A minha mãe, minha avó e meu avô pelo apoio moral e confiança. Aos meus amigos da faculdade pela batalha de cada semestre, e as minhas amigas de longa data pela amizade e conforto. E a todos professores pelos conhecimentos compartilhados e ensinados. O que cinema mostra não é somente um outro mundo, o do sonho e do irreal, mas nosso mundo mesmo transformado num misto de real e imagem-cinema, um real fora-do-cinema, mas de maneira nenhuma irreal. Gilles Lipovestky e Jean Serroy RESUMO SILVA, Evelyn Lúcia. Linguagens audiovisuais: estudo e análise do cinema como referência na publicidade. 2013. Comunicação Social, Habilitação em Publicidade e Propaganda, Universidade Católica de Brasília. O presente projeto buscou compreender no âmbito da linguagem publicitária bem como a do cinema, relacionando ambas as linguagens e explorando as características que compõem as mesmas, como também seus referenciais. Para tanto, será feito um estudo exploratório para entendermos as linguagens, destacando que a publicidade usa aspectos da cinematografia para compor seus filmes publicitários. Tanto a publicidade quanto o cinema, se inovam e se reinventam em suas linguagens a partir da modernidade, para alcançarem seus objetivos em comum: o consumo do espectador. O consumo se transformou em um valor simbólico cultural, por isso estudar o mesmo e fatores que levam a ele é importante para a publicidade ajustar sua estratégia de comercialização. Percebeu-se que pelo fato do cinema ser bem aceito pelo público principalmente pela sua narrativa de contar histórias, os curtas publicitários que são desenvolvidos a partir da cinematografia, serão mais frequentes em grandes marcas para persuadir com precisão o público. Palavras-chave: Consumo, Linguagem, Audiovisual, Cinema, Publicidade. Abstract This project aimed to understand the extent of language of advertising and the cinema, seeing both languages by exploring the characteristics that make them, as well as its references. Therefore, an exploratory study will be done to understand the languages, highlighting that advertising uses aspects of cinematography to compose their commercials. Such as the publicity, the cinema innovate and reinvent themselves in their languages from modernity, to achieve their common goals: the consumption of the consumer / viewer. Consuming became a cultural symbolic value, so studying it and the factors that lead to it is important to adjust your advertising marketing strategy. It was perceived that because the Cinema is well accepted by the general public primarily for its narrative of storytelling, the short commercials that are developed from the cinematography, will be more frequent in large brands to persuade the public accurately. Keywords: Consumption, Language, Audiovisual, Cinema, Advertising. Sumário 1-Introdução .....................................................................................................................................10 2-Objetivo Geral ...............................................................................................................................12 2.1- Objetivos Específicos .............................................................................................................12 3-Justificativa ...................................................................................................................................12 4-Metodologia ..................................................................................................................................13 5 – Consumo .....................................................................................................................................14 5.1- Consumo Cultural ..................................................................................................................17 6- A Linguagem Audiovisual ............................................................................................................18 6.1- A Linguagem Publicitária.......................................................................................................21 6.2 - A Linguagem do Cinema.......................................................................................................26 7- O filme publicitário.......................................................................................................................28 7.1- Análise...................................................................................................................................30 8- Conclusão .....................................................................................................................................33 9-Cronograma ...................................................................................................................................35 Referências Bibliográficas ................................................................................................................36 1-Introdução A publicidade está muito presente em qualquer ambiente, e sua característica principal é a criatividade e a persuasão. A Publicidade na sua origem divulgava certo produto ou marca com o intuito de informar especificamente a forma de uso, os benefícios e as características de um produto ou serviço. Era uma mensagem explícita e descritiva, pois a mentalidade e a realidade do público, bem como o contexto mercadológico, eram diferentes do que vivemos. Em constante transformação, mas com uma linguagem própria, a publicidade busca adequar-se as novas tecnologias, os diversos meios de comunicação bem como as transformações sociais, e comportamentais dos consumidores. A linguagem publicitária tem a criatividade como um meio, um caminho para se inovar e atingir seu objetivo de persuasão. Já seus usos, as estratégias são várias, como a retórica que se conceitua “como a arte de persuadir, de convencer e de levar à ação por meio da palavra, é fácil ver que é esse também o papel da linguagem da propaganda” (SANDMANN, 2007, p.12), tipos de emulação, figuras de linguagens, entre outros. Na publicidade existem muitos formatos, que mexem com diferentes sentidos. Porém aqui iremos nos ater ao vídeo publicitário. Este tem por característica expor e apresentar um produto ou serviço, através do audiovisual. Estes filmes são nomeados também como comerciais ou curtas publicitários por conter uma narração propagando determinado material. No meio televisivo, em função dos padrões colocados pelas emissoras, há regras e limites para divulgar esses filmes, estes não podem ultrapassar 60’(segundos) de vídeo, a não ser em casos de lançamentos de certo produto. Com o advento de um novo meio, a internet, empresas tem optado para a divulgação de seus produtos e serviços a um formato de filme publicitário com uma duração mais longa, contando histórias com determinado gênero (que é característico no cinema), e com uma qualidade de produção maior para cativar seu públicoalvo. A publicidade tem buscado na arte, cinema, referências para criar suas peças. As relações de ambas as linguagens sempre existiram, mas hoje é mais perceptível a referência da narrativa do cinema nos filmes publicitários, principalmente os que são divulgados na internet. Como o cinema é uma arte que narra histórias transformando-as em um espetáculo 10 audiovisual, o público tem uma maior afinidade com essa linguagem. Por isso a narrativa do cinema é uma referência artística para os filmes publicitários. As linguagens possuem suas próprias regras e características. A publicidade objetiva persuadir através de estratégias de comunicação. E o cinema uma arte de massa que conta uma história de início, meio e fim, com o intuito de atingir o imaginário para empolgar, embelezar e dar prazer. Como a narrativa do cinema interfere na persuasão da publicidade? Ambas as linguagens são responsáveis por gerar uma narrativa audiovisual, com vistas à atração do público. Nesta relação, da publicidade e do cinema, o filme publicitário e o cinematográfico servirão como base para compreendermos a narrativa de cada um, e entendermos que elementos do cinema estão inseridos na composição desses vídeos publicitários. A condição comunicacional destes e a forma persuasória se diferenciam de acordo com a marca, o produto e o objetivo da mensagem. Como o consumo se tornou em um hábito social, os filmes publicitários relatam um estilo de vida que encanta, diferente que o público-alvo vive, atingindo o imaginário destes. Mostrando assim que determinado produto possa transformar mesmo se for por um instante o convívio, a rotina dos indivíduos. Ribeiro (2008) destaca que a publicidade busca na indústria do cinema um maior nível de qualidade em suas produções. A partir dessa premissa propomos o seguinte questionamento: De que forma a influência da linguagem cinematográfica atrai e envolve o público nos filmes publicitários? O cinema relata histórias oriundas da literatura para cativar o público, e alguns curtas publicitários divulgados na internet também estão com essa narrativa histórica, para assim estimular o interesse do público/ espectador. Para a autora a qualidade de toda a produção de um filme publicitário possui um nível mais elevado, para assim atingir seu objetivo que é o consumo do público-alvo, através da sedução e persuasão. Por tanto, entender o consumo e principalmente os fatores que levam um sujeito a consumir é importante para a publicidade. Por que o papel comunicacional desta é socializar o espectador de acordo com o perfil social, gostos, costumes, focalizando na atmosfera cultural do sujeito, para assim compor melhor uma peça, um filme, para persuadir com precisão o público predestinado. 11 Na pesquisa, além de abordar o consumo, a linguagem publicitária e o âmbito audiovisual do cinema e do filme publicitário, será feito citação e análise de filmes de ambas as linguagens. Para assim ser feito um estudo exploratório. 2-Objetivo Geral O objetivo do presente trabalho é buscar elementos característicos da cultura de massa e do cinema, que influenciam na criação de filmes publicitários divulgados na internet. 2.1- Objetivos Específicos Entender o consumo como algo significativo e percursor da cultura de massa; Identificar o conceito e as referências da linguagem cinematográfica que atuam na construção de filmes publicitários; Citar e analisar filmes do âmbito cinematográfico e publicitário para a compreensão das narrativas das linguagens (publicitária e do cinema). 3-Justificativa O aprofundamento da pesquisa é apropriado pela percepção de que a publicidade buscou e busca incessantemente nos dias atuais novas maneiras e ideias para seu recurso persuasivo. Por exemplo, as primeiras propagandas eram feitas por meio de cartazes ou pelo rádio, a mensagem divulgada focalizava nas propriedades e benefícios que determinado produto ou serviço possuía. Pois a realidade e as ambições daquela época eram outras, o público estava se acostumando com a comercialização dirigida a eles, através de mensagens e figuras envolventes. 12 Com as transformações humanas, políticas e econômicas, a publicidade também se modificou em sua linguagem para assim atingir seu objetivo. Nas mensagens publicitárias, direcionando a análise para os filmes publicitários, a publicidade compõe sua criação a partir de criatividade, de referências e do seu público para assim informar e seduzir. Diante de observações de filmes publicitários vistos em blogs, sites e no youtube, é perceptível que com o mundo digital o público em geral tem acesso a internet e ficam constantemente online, seja no celular ou no computador. Por isso empresas e marcas estão apostando em vídeos publicitários com duração maior e que contam histórias, características presente na cinematografia. Por tanto com as constantes mudanças sociais, culturais e econômicas a publicidade também precisa se transformar para auxiliar a prospecção de clientes, lucro e posicionamento para marcas/empresas. Assim o presente projeto é relevante para entendermos que mesmo nos dias atuais a publicidade, focalizando nos curtas publicitários usufrui das características presentes na linguagem do cinema para atingir com precisão esse público mais exigente com o que consome e envolto com o digital. Pois o cinema provoca admiração com a massa possuindo uma linguagem artística envolvente. 4-Metodologia A pesquisa busca esclarecer que os filmes publicitários são formatos estratégicos para emitir uma mensagem de um produto ou serviço para os indivíduos. Pois a publicidade utiliza de muitas formas persuasivas para compor uma campanha, uma peça ou toda a comunicação de uma marca ou empresa para atingir um público específico, “a comunicação publicitária não pode limitar-se a dar informações baseada simplesmente numa fria realidade. Ela precisa conceber imagens que tornem o produto encantador, para que esse adquira sentido e se saliente diante dos valores da sociedade de consumo” (MUNIZ, 2005, p. 70). A pesquisa divide-se em 02 etapas, conforme descrito abaixo: 1ª ETAPA – Levantamento bibliográfico de autores para o estudo do desenvolvimento do trabalho. 13 1.1 Primeiramente será feito um estudo do consumo como elemento cultural que se tornou por meio da cultura de massa (cinema e principalmente da publicidade). 1.2 A seguir serão estudados os perspectivos conceitos e características da linguagem publicitária através da visão das obras direcionadas a explicar o que se entende por publicidade, como a utilização de estratégias persuasivas. Em relação a linguagem cinematográfica, esta vai ser abordada e explicada como sendo um meio de comunicação voltado para o entretenimento, bem visto e criticado pelos indivíduos. Serão utilizados autores, tanto de livros como de artigos para conceituar e sintetizar o âmbito que a publicidade e o cinema possuem. 2ª ETAPA – Análise do projeto. 2.1 Entender o que compõem e caracteriza a linguagem do cinema e da publicidade e o que contribuem para compor suas produções. 2.2 O objetivo será relacionar a narrativa cinematográfica como um meio para a construção de certos filmes publicitários, citando e analisando estes filmes como o cinematográfico através de um estudo exploratório. 5 – Consumo Para analisar a publicidade precisamos primeiramente olhar para o consumo. O consumo surgiu a partir do capitalismo, sistema sócio econômico no qual os meios de produção e o dinheiro são privados, ou seja, possuem um dono(s). Estes são as minorias e os camponeses, trabalhadores e operários são maiorias que vivem de salários em troca da força de trabalho. Assim com a produção em grande escala surgiu o indivíduo consumidor. Com as constantes transformações e o aumento nas produções, a rotatividade lucrativa precisava continuar e crescer, por isso o consumo passou de uma necessidade para auto realização. (Info Escola, 2013) O consumo em nossa sociedade atual é conhecido por “consumo de massa”, esse conceito surgiu a partir dos anos 1920 no fim da Primeira Guerra Mundial, quando os Estados Unidos obteve uma boa fase econômica, assim com o progresso tecnológico e uma abundância nos créditos produziu massivamente utensílios em grande quantidade, fazendo 14 com que o custo fosse barato e as massas começaram a consumir. Mas o hábito social de consumir só se tornou um costume, um estilo de vida a partir dos anos 1950. (BARBERO, 2009, p.198) Se o consumo se tornou conhecido como consumo de massa, a definição desta é, Mas que é uma massa? É um fenômeno psicológico pelo qual os indivíduos, por mais diferente que seja seu modo de vida, suas ocupações ou seu caráter, “estão dotados de uma alma coletiva que lhes faz comporta-se de maneira completamente diferente de como se comportaria cada indivíduo isoladamente.” (BARBERO, 2009, p.56) No século XIX, o consumo de produtos como alimentação, higiene, vestuário, saúde, eram precisos para necessidades básicas dos indivíduos, não havia preocupação com marca ou preços baixos ou elevados, pois a concorrência era restrita. As compras eram feitas principalmente pela parte masculina, pois possuíam livre arbítrio para frequentarem qualquer local. Com o progresso a partir dos anos que se seguiam e com a virada do século a mulher começou a trabalhar fora de casa pelo aumento da produção industrial e a ter renda e gosto para consumir produtos para a sua imagem feminina. Se antes a compra de produtos atendia a necessidades básicas, hoje satisfaz necessidade de estima e auto realização. O consumo se tornou um elemento importante para a sociedade econômica e capitalista, por isso a demanda de produtos do mesmo segmento e serviços aumentou, e para atenderem essa disputa na indústria usufruíram da publicidade, do ponto de venda, entre outros para serem vistos e sobressaírem da concorrência. O consumo se tornou objeto de estudo no âmbito da comunicação, principalmente na publicidade e no marketing, pois é importante entendermos o por quê e os fatores que levam um indivíduo a adquirir bens materiais. Portanto o comportamento de compra é influenciado por alguns fatores como os sociais, pessoais, psicológicos e principalmente os culturais. Pois de acordo com seu crescimento a criança aprende valores, preferências, percepções e é exposta ao comportamento da família, escola, entre outros. No fator cultural há as subculturas, que produzem características próprias e socialização específicas para alguns indivíduos. E entre as subculturas estão inseridas as religiões, as nacionalidades, os grupos sociais, raciais e as regiões geográficas. (KOTLER, 2009) 15 Com estas divisões culturais, não podemos esquecer as classes sociais que fazem parte da sociedade e são importantes para análise, pois possuem modos, gostos, linguagem e preferências diferentes uma das outras. Para Kotler entender as preferências das classes é importante para profissionais de marketing quanto para publicitário, principalmente para entendermos a escolha de determinada classe social com a preferência de certos meios de comunicação. Por exemplo, classes altas preferem revistas e livros, as classes mais baixas dão um maior valor para a televisão. Nesta, consumidores de classe baixa assistem a novelas e programas esportivos, enquanto as classes altas preferem noticiários e filmes. Nos fatores sociais, as tribos, grupos sociais, família, obter status para ter um papel importante na sociedade, são alguns quesitos que influenciam o consumo. Os fatores psicológicos também são importantes como incentivadores no processo de compra, como as necessidades, que se tornam um motivo para o indivíduo agir. Conhecer algumas condições culturais como os fatores que levam um sujeito ao consumo é fundamental para a publicidade, pois as pessoas estão vulneráveis com tantos anúncios e peças, que similar o público, quanto ao canal e o recurso persuasório é atingir o objetivo buscado. Além dos fatores que influenciam o comportamento de compra, o indivíduo como citado, pertence a uma cultura que é dotada de tradições, símbolos, modos de vida, entre outros. E com a motivação da publicidade e dos meios de comunicação surgiu à cultura de massa (informações, preferências, estilo de vida que atingi a massa). PERUZZOLO cita a relação da cultura de massa com o homem. Fala que para escapar da rotina, do trabalho monótono, o indivíduo busca na cultura de massa diversão, lazer e consumir. E o cinema e a publicidade (como objetos de estudo) transmitem esse escapamento na vida. Tanto o cinema como a publicidade são produzidos para o mesmo intuito: o consumo. Mas para atingirem o mesmo e formar suas criações, precisam pensar no público, se ajustar nos padrões de sua própria linguagem, no comportamento da sociedade e no argumento de hoje. Por isso que os filmes cinematográficos são idealizados e classificados por gêneros para alcançar diversas pessoas (massa) e a publicidade dirige suas peças para determinados perfis. 16 5.1- Consumo Cultural O consumo em nossa sociedade tornou-se constante e muitas vezes exagerado nas classes A, B, C e até mesmo D. Por esse motivo o termo cultura do consumo surgiu pelo fato de que os bens materiais consumidos são importantes e benéficos pelo valor social que podem acarretar para um sujeito. Com as transformações no capitalismo, no meio econômico e social, o ser humano também se transformou em alguns quesitos, como o comportamento, atitudes e sentimentos, e essas mudanças são visíveis no estilo de vida do indivíduo. E o que complementa esse modo de viver é o consumo. Para Canclini (1993, p. 34 apud TOALDO e JACKS, 2013, p.4), o processo da apropriação de produtos e seu uso, são predominantes o valor simbólico e a dimensão que pode acarretar socialmente no ato de consumir. Ressalta também que adquirir bens representa para um indivíduo diferenciação, posicionamento no mundo e satisfação. Por tanto a compra carrega um significado. A melhor expressão do modo como o consumo se converteu em elemento de cultura acha-se na mudança radical sofrida pela publicidade, por essa época, quando passou a invadir tudo, transformando a comunicação inteira em persuasão. (Barbero, 2009, p.198) Pertencer à sociedade de consumo é limitado com o auxílio da publicidade, pois esta motiva um indivíduo a adquirir um produto/serviço e também a aproximar a marca a um sujeito. Quando o objetivo principal da publicidade se tornou persuadir em vez de apenas propagar informações e benefícios de bens materiais ou não materiais, se firmou como idealizadora dos desejos, representações e até mesmo frustrações dos indivíduos. Com essa intenção, a publicidade para persuadir e o cinema para atrair e encantar há um sincretismo nas linguagens do mass media, ou seja, unifica o real e o imaginário para suceder o máximo do consumo. Outra característica presente na composição da cultura de massa para alcançar com precisão a massa, é a vulgarização da cultura. Este termo define-se como um processo de interpretação de mensagens culturais de ontem para adaptá-las para o público moderno de hoje (PERUZZOLO, 1975). Desta forma, a linguagem se transforma para se adequar ao comportamento e experiências atuais para que o consumidor/espectador se identifique. 17 Outro atributo nas culturas de massa é cosmopolizar a mensagem, ou seja, no cinema o conteúdo transmitido busca não só atingir uma cultura ou um povo, e sim refletir em todo o mundo, como exemplo se tem Hollywood (indústria cinematográfica) onde seus filmes atingem todos os cantos do mundo. E a publicidade mesmo com a mensagem sendo construída para um povo, utiliza as principais características dessa cultura para que o contexto possa se tornar cosmopolita. “Grande parte da arte de hoje é criada para o consumo em massa. É a arte-indústria, a arte-utilidade, a arte-massa” (PERUZZOLO, 1975, p.311) Assim o diálogo entre a produção cultural e as necessidades culturais dos consumidores definiu o consumo cultural. E para tornar o consumo concreto, a cultura de massa utiliza uma mensagem que se dirige a um público não especificado, geral, e a linguagem audiovisual (cinema e o filme publicitário) por atiçar os sentidos do indivíduo, será o fundamento do projeto. 6- A Linguagem Audiovisual Compreende-se que a verdade é construída de diferentes maneiras pela linguagem, a partir da perspectiva de quem a reapresenta. Portanto, a linguagem é instrumento de representatividade, uma vez que a verdade como tal só existe no universo natural. (GONÇALVES, 2006, p.17) A linguagem na essência humana são palavras oral ou escrita que nos dão informações para nos comunicarmos com outrem. E essa comunicação representa um significado, um sentido informacional de sobrevivência. Peruzzolo cita Wiener que diz que a linguagem não é exclusiva dos seres vivos, mas é também atribuída para máquinas construídas pelo homem. Se a linguagem possibilita a comunicação de indivíduo para outro, uma máquina pode transmitir um comunicado para um sujeito. A linguagem é um instrumento de comunicação. “Instrumento social de elaboração coletiva para utilização coletiva” (PERUZZOLO, 1972, p. 52). Portanto é considerada um meio de comunicação de massa como os meios audiovisuais (máquinas, aparatos tecnológicos construídos pelo homem). O audiovisual desperta a atenção do público, com a junção do áudio, da imagem e do movimento, tornando a comunicação em uma experiência sensorial como diz Ana Ribeiro (2008). 18 O audiovisual se tornou um meio de comunicação coletivo com o surgimento do cinema. Os irmãos Lumière queriam mostrar a realidade com a reprodução dos primeiros filmes na idealização do cinematógrafo (máquina técnica que descobriram com sequências de fotografias obtendo um movimento), com a inclusão de sequências de acontecimentos. Com o olhar de quem estava atrás da câmera o cinema surgiu juntamente com uma linguagem visual. A percepção de que com alguns movimentos na câmera, a mudança de planos, e a escolha de outros enquadramentos para mudar a expectativa do filme e da história, são exemplos de que a linguagem do cinema foi surgindo aos poucos. Uma cena é pensada e montada diante da visão de um diretor, por que no objeto a ser filmado há um significado (expressões, emoções, etc) a ser exposto para o público. Assim o movimento da câmera muda, as dimensões do plano são arquitetadas perante o contexto histórico da cena, entre outros quesitos. Por isso o filme é pensado através do olhar do telespectador, ou seja, precisa ser criado enfatizando o sentido de toda cena, de todo a obra fílmica e sua história. Deve constantemente ou nos primeiros minutos de filme despertar a atenção do espectador. O importante em uma obra audiovisual é o seu espaço, o seu contexto, pois é onde a narrativa de determinada linguagem audiovisual se concentrará. (RIBEIRO, 2008) Abrangendo a definição da narrativa “Histórias são narradas desde sempre” (CHIAPPINI, 1986, p.5). Fatos, experiências e conselhos eram relatados através de uma narração para comunicar, conduzir para os ouvintes conhecimentos presenciados. Muitas vezes o assunto que será narrado foi comtemplado ou somente imaginado, então, “quem narra, narra o que viu o que viveu, o que testemunhou, mas também o que imaginou, o que sonhou, o que desejou”. (CHIAPPINI, 1986, p. 6). Ribeiro (2008) reflete que na narrativa audiovisual, o enredo a ser contado deve comtemplar-se no tempo e no espaço característico que o espectador se encontra, ou seja, a narrativa e seu contexto precisa ter sentido na percepção do público. Pois a narrativa audiovisual é construída a partir do espectador/ consumidor e seu âmbito social. Por isso que a narrativa é aliada à linguagem, para que a história a ser contada seja montada com a percepção no contexto audiovisual que será transmitida, para obter um resultado positivo na produção de sentido para o público. 19 Um dos elementos característicos do cinema é a profundidade que a tela transmite, utilizando o espaço para nos dar a impressão de realidade, fazendo aflorar nossos sentimentos. Os aspectos técnicos do cinema é tão importante quanto à narrativa do mesmo, pois a escolha de enquadramentos, deslocamento de câmera para mostrar o que é para ser visto e entendido para o espectador, entre outras técnicas, foram compondo a linguagem do cinema através da seleção e montagem de imagens. O som como um elemento importante que compõe o audiovisual, foi se inserindo na cinematografia aos poucos, até se tornar característico na representação e se tornar um fator muito útil na composição de um filme. Hoje a trilha sonora é importante não só para complementar o filme, mas para ajudar a montar um personagem e fazer parte da encenação de uma cena, como aconteceu no filme musical de 2012, Os Miseráveis, onde no momento exato do acontecimento havia um pianista próximo dos atores para tornar mais verídica a atuação. Mesmo com a edição e montagem do som e do filme, a sonoridade tornou-se um elemento importante na narrativa cinematográfica. Desta forma a linguagem audiovisual é composta pelos elementos citados (som, imagem, movimento e escrita). Com o surgimento, transformações e inovações na linguagem do cinema, este foi um ponto de partida para o aparecimento de outras produções como a televisão, vídeos cassetes, DVDs e a internet. Por isso os novos meios audiovisuais buscaram referenciais na linguagem cinematográfica, mas com o passar dos anos adquiriram suas próprias narrativas e técnicas audiovisuais. A linguagem audiovisual se caracteriza em aspectos técnicos e também em funções narrativas. E a função comunicativa central do cinema para Barbero (2009) é a poética, com a intenção de transformar a realidade em um arquetípico do indivíduo, por isso sua narrativa é carregada de valor simbólico que reflete para uma magia. Enquanto na tela televisiva a linguagem é construída pela funcionalidade, transmitindo uma imediatez1 espelhado no nosso cotidiano. A publicidade é um pouco semelhante, por que uni aspectos do cotidiano com o espetáculo, propagando sedução. A maioria dos filmes publicitários, no qual será argumento de análise do projeto, preocupam-se com o ritmo, cortes, técnicas e persuasão rápida. Expressam e divulgam objetividade para seduzir, principalmente os que são transmitidos na televisão, pois devem ter 1 Palavra retirada do livro de Martin Barbero. 20 segundos de duração. Mas com o aparo tecnológico da internet e seu espaço, a narrativa dos filmes mudou para se transformarem em curtas publicitários ou minifilmes como Lipovetky e Serroy relatam. Considerando que cada meio audiovisual é construído por um contexto comunicacional, o cinema e a publicidade exploram a realidade adaptando-a na dimensão de cada linguagem. Para assim atingir uma grande parcela de indivíduos, a massa. 6.1- A Linguagem Publicitária Para entendermos a linguagem publicitária e suas transformações é preciso esclarecer a evolução da publicidade brasileira a partir da história, verificando o texto publicitário na mídia impressa. Carrascoza (2007) relata que o primeiro anúncio foi divulgado no jornal Gazeta do Rio de Janeiro, que trazia a seguinte mensagem: “Quem quiser comprar uma morada de casas de sobrado com frente para Santa Rita, fale com Joaquina da Silva, que mora nas mesmas casas” (RAMOS apud, CARRASCOZA, 2007, p. 72). Os primeiros anúncios eram publicados nos jornais da época, similares aos que conhecemos hoje, eram os chamados classificados. Os anúncios ofereciam vários serviços como a venda de casas, escravos, ama de leite; ofertavam aluguéis de escravos, cozinheiros, aulas de idiomas, remédios, animais, charutos, cafés, entre outros. Com o surgimento de novos jornais, o anúncio foi mudando com o aparecimento de desenhos e suas respectivas ilustrações. Ao longo dos anos o anúncio publicitário foi crescendo tanto no tamanho como na questão textual, linguística e informacional dos produtos. A publicidade limitava-se a dizer que ‘na rua tal, número tal, vende-se tal coisa', mas logo se afastou desse modelo, passando a adotar uma lógica e uma linguagem próprias, nas quais a sedução e a persuasão substituem a objetividade informativa (LAGNEAU, 1974, p. 131 apud CARVALHO, 2000, p. 12). Os anúncios e suas ilustrações migraram do preto e branco para duas cores, e evoluiu de vozes de vendedores ambulantes para artistas, poetas e escritores na propaganda. Além dos jornais e revistas, almanaques tornaram-se veículos assíduos de anúncios publicitários. A publicidade brasileira obteve um real reconhecimento de profissionalismo em 1914, na cidade de São Paulo com o surgimento da primeira agência, a Eclética. 21 Para o esclarecimento do conceito e do que compõe a linguagem publicitária, será salientado o conceito de linguagem na visão de Elizabeth Gonçalves (2006) onde ela compara a linguagem com a leitura, conceituando esta como “ler é interpretar signos, é captar a realidade significante dos signos, saber ler quer dizer chegar a conhecer o significado pela interpretação do significante”. Essa leitura refere-se a qualquer signo como a leitura de um livro, de um anúncio, de um filme, de uma fotografia, ou a própria leitura de uma realidade, ou seja, os signos são constituídos por significantes 2 (palavras, imagens em movimentos, fotos, fatos) que são entendidos e interpretados de acordo com determinado contexto social e cultural de cada indivíduo ou comunidade. Portanto a publicidade possui sua linguagem própria para que através do processo criativo represente um produto ou serviço através da junção da realidade social e o imaginário, a fim de seduzir o público-alvo. A propaganda e sua linguagem se tornaram persuasiva e frequente no contexto mercadológico e social quando as mercadorias foram produzidas em massa e a demanda de empresas com o mesmo segmento e com os valores dos produtos similares aumentaram. Assim a publicidade tornou-se cada vez mais necessária com sua técnica de persuasão para estimular o mercado e o consumo. Como a linguagem publicitária se insere na representatividade a serviço de um produto ou empresa, visa compreender técnicas e estratégias de comunicação para alcançar e seduzir certo público. Podemos relacionar a linguagem da publicidade com o processo de comunicação de Lasswell (Quem, diz o quê, através de que canal e com que efeito?). Na publicidade o emissor é o anunciante e o receptor é o leitor, o ouvinte ou o telespectador; a mensagem é a linguagem, ou seja, sua estratégia de persuasão e escrita; o canal é o meio de comunicação, e por último o efeito, que é alcançar o objetivo através da sedução do público afim do mesmo consumir o significado (produto/serviço). (SCHRODER e VESTERGAARD, 2000) Assim, “a linguagem pode cumprir várias funções na comunicação” (VESTERGAARD/SCHRODER, 2000, p.16), na publicidade não é diferente, como as funções conotativa (imperativa, apelativa), estética (poética), emotiva (expressiva), referencial (denotativa), fática e metalinguística. Considera-se a função conotativa, como sendo apelativa, impõe algo através de uma ordem ou sugestão para o público, o envolvendo para ter um futuro e prévio comportamento. 2 Parte material do signo 22 Na função poética compreende-se como inovar na sua mensagem utilizando figuras de linguagem como rima repetição, entre outros, para emocionar e despertar a atenção do público constituindo na mensagem sonoridade e ritmo. A função emotiva designa a prevalência da 1ª pessoa, a mensagem se torna mais pessoal, exibindo opiniões, avaliações, sentimentos próprio. Informar os benefícios do produto, serviço ou ideia é função referencial, o foco no contexto e no produto, deixando de lado a preocupação de dirigir a mensagem para o receptor e no emissor. A função fática utiliza formas para chamar a atenção do público, pretendendo verificar se o canal de comunicação está despertando a atenção do público. Por fim a função metalinguística que representa a linguagem falando de si mesmo, ou seja, um determinado código falando dele mesmo. Essas funções de linguagem podem ser caracterizadas como técnicas de persuasão para tornar uma mensagem envolvente, mais compreendida, memorizada e suasória. São presentes tanto em códigos textuais, verbais e visuais. Figueiredo fala que persuadir “tem mais a ver com concordar com algo que o consumidor já pensa e, por meio dessa concordância, trazê-lo para o produto que se quer anunciar” (FIGUEIREDO, 2005, p.53). Desta forma a persuasão é estudada para cada público específico, pois este possui suas próprias características, gostos, personalidade, e um convívio social diferenciado dos demais. Por isso a publicidade precisa unir os valores tanto do produto quanto do consumidor para assim a mensagem ser obtida e adquirida pelo consumidor por suas semelhanças. Qualquer que seja o objeto de persuasão, é mister ter em conta a pessoa a quem se quer persuadir, é preciso conhecer seu espírito, seu coração, que princípios ela abraça, que coisas ela ama; e em seguida assinalar, na coisa de que se trata, que relações ela tem com os princípios reconhecidos com os objetos deliciosos pelos encantos que se lhe atribuem. De sorte que a arte de persuadir consiste antes em concordar do que convencer, assim como os homens se governam mais por capricho que por razão (VANOYE, 2003, p. 147 apud FIGUEIREDO, 2005, p. 53). O estudo da persuasão possui alguns processos, o mais antigo e que pode ser usado perfeitamente para a publicidade foi sugerido há 2.300 anos por Aristóteles. O filósofo afirmou que para persuadir um indivíduo é necessário passar por quatro etapas, no qual são, o Exórdio, Narração, Provas e Peroração. Trazendo para repensar essas etapas para a publicidade, a explicação seria: o exórdio tem como objetivo chamar a atenção do consumidor; a narração tem como pressuposto envolver o consumidor à uma situação, história, contexto; a prova tem como função, justificar as vantagens do produto anunciado; e por último a peroração que visa concluir, confirmar, incentivar a ação, reafirmar a marca ou produto. 23 Além do processo de persuasão de Aristóteles, surgiram outros modelos de persuasão através da mensagem. Derbaix organizou algumas sequências, mas a hierarquia AIDA de Elmo Lewis em 1898 (Portal do Marketing, 2011), possui um papel mais significativo tratando da apreensão da mensagem com o consumidor. A função AIDA, significa por ordem, atenção, interesse, desejo e ação (FIGUEIREDO, 2005). Na publicidade, os métodos persuasivos e as estratégias de comunicação são pensados e esquematizados depois que a publicidade buscar como referência a sociedade, a atmosfera cultural que vivemos. Para assim atingir o imaginário do público-alvo, com o retrato de uma família completa, amores e felicidade como nos contos de fada, aventura, beleza, perfeição, diversão com os amigos, diversão nos afazeres domésticos, entre outros. Esses referenciais que componham a linguagem publicitária são importantes para a construção de peças publicitárias, pois assim seduzem e preenchem a identidade dos indivíduos. O objetivo de vender um produto ou serviço vem com a ideia de procurar nas aspirações humanas o conceito para a composição publicitária. A ideologia e os valores dominantes de uma cultura prevalecem na linguagem publicitária, e alguns aspectos se destacam como: o valor do tradicional unido com o moderno; a juventude e a beleza; o sexo; a festividade com os amigos; trajes; ecologia; vestir-se de acordo com as tendências da moda; sucesso pessoal ou profissional manifestado pela riqueza; preocupação com o status social. Assim, a publicidade transforma coisas e objetos simples em uma magnitude de embelezamento que convence o sujeito. CARVALHO (2000) ressaltou que a publicidade utiliza de procedimentos de vanguarda para provocar interesses, informar, convencer, para enfim acontecer o ato da compra. Esse processo de acordo com De Plas & Verdier (1979, p.32) possuem cinco etapas: Impacto fisiológico, escolha de meio, lugar; Impacto psicológico, despertar do interesse; Manutenção da atenção, criação de ambiente otimista; Convencimento, desenvolvimento da argumentação; Determinação de compra, persuasão e sedução (CARVALHO, 2000, p. 14). A criação publicitária possui o processo de simbolização, que tem como objetivo apropriar-se de ideias, acontecimentos e da imaginação de determinado grupo social ou cultura para construir sentidos e significados na mensagem publicitária. Essa transferência de significações e ideias de membros sociais para com a comunicação de peças ou anúncio é conhecida como “sistemas referentes”, no qual “corresponde a realidades do mundo exterior, 24 é usado no interior dos anúncios e de que forma este cria o seu próprio sentido e se torna capaz de significar” (PINTO, 1997, p.27). A sedução na linguagem publicitária pode ser considerada como um recurso da retórica, e usufruir das proposições racionais na publicidade eram algo frequente, no qual ainda é utilizado para determinado público ou produto, mas o que está prevalecendo é a proposição emocional, utilizar esse quesito para ativar o imaginário dos indivíduos é uma das características na linguagem sedutora da publicidade. Enfatizando esse aspecto emocional podemos relaciona-lo com uma estratégia de mensagem que se encaixa nesse propósito, no qual são segundo Carrascoza (2007) os anúncios narrativos, que contam uma história, usufruem de uma narração diferente do padrão publicitário, no qual é a descrição. Esse formato existe há décadas, mas é relevante levarmos a discussão essa mensagem persuasiva na publicidade. Com essa característica nos anúncios o produto passa a ser um simples elemento incluído na história, de forma sutil, contrariando o esquema aristotélico. (p.161) Além de anúncios impressos, os filmes publicitários usufruem da característica do anúncio narrativo, não só no quesito textual e oral, mas em todo o seu contexto audiovisual. A narrativa audiovisual publicitária, precisa ser idealizada de uma maneira que atinja o público e que este entenda o objetivo da mensagem para que desta forma seja interpretada da maneira exata. A publicidade vende emoções, status social, desejo e estima (importância; valor), estes podem ser vistos como uma fórmula ou composição criativa para divulgar determinada marca/ produto fazendo com que estes se transformem nas qualidades e preceitos que foram anunciados, na percepção do público atingido pela mensagem. Se no início o propósito das peças e anúncios publicitários era divulgar os atributos e benefícios de produtos ou marcas, hoje em dia essa fase mudou com a imposição do que o consumo pode acarretar na vida do público, propondo para os mesmos uma não realidade. Estes recursos tem como propósito a persuasão dos indivíduos predestinados à mensagem por meios habilidosos de convicção. Assim a principal tarefa da linguagem publicitária é através da criatividade utilizar recurso e elementos persuasivos para levar o destinatário a um possível ato de consumo, pois se a publicidade não for eficaz o seu objetivo em atingir o público será inútil. 25 O propósito final da publicidade é a venda, mas é existente outros pontos específicos no interesse de marcas e empresas, no qual é obter uma fatia do nicho de mercado inserido, uma fidelização com o cliente, credibilidade de marca com o público, ser uma marca com um posicionamento no mercado e dando valor ao branding (visão, percepção na mente dos consumidores sobre determinada empresa, marca, organização, produto, entre outros). A linguagem publicitária, como uma das linguagens sociais, utilizando elementos característicos da sociedade, da época e do meio, também recorta a realidade e enfatiza aspectos que revelam o mundo que se quer “vender” ou o ponto de vista que se deseja construir. (Gonçalves, 2006, p.14) 6.2 - A Linguagem do Cinema O cinema surgiu de uma invenção técnica pelos irmãos Lumière, e tornou-se uma arte nova e moderna sem antecedentes como outras artes. Na percepção de Walter Benjamin o cinema pode ser retratado da seguinte maneira, seu efeito não depende de cada foto (de cada diagrama), mas do trabalho de edição em que as próprias tomadas, sua combinação com o som e a sequência narrativa constroem algo que não estava nem no som, nem nas imagens separadas, nem em cada cena, mas no conjunto, no efeito produzido por um todo que se constrói na recepção. (FILHO, 2009, p. 58) Surgiu uma linguagem quando o filme foi cortado para selecionar determinadas cenas, ou seja, editado para se encaixar da maneira que o diretor achasse significativo para a história. Por tanto, a cinematografia como a publicidade possui meios de expressão que se forma em uma linguagem, que provem da escrita; da imagem fílmica; enquadramentos, e suas dimensões; os ângulos da câmera que está inserido o plano geral, plano de conjunto, plano médio, plano próximo, close-up, plano detalhe, que determina a distância da câmera e do sujeito ou objeto; profundidade de campo; tempo; espaço; iluminação; expressividade na filmagem; sonoridade; o olhar técnico da produção e da direção, e a história que querem transmitir. Além da parte técnica, a boa narrativa de um filme fez com que o cinema se tornasse uma arte moderna de sucesso muito presente em nosso cotidiano, assim sua linguagem se aprofunda também na narrativa. 26 O cinema e sua narrativa representam a vida, a cultura e o comportamento humano usufruindo do imaginário de uma maneira tão ilusória e ao mesmo tempo realista, que o próprio referente, o espectador, imaginam uma parte da história do filme presente em seu cotidiano, na sua vida. Se o filme for inspirado em contos de fadas, os “felizes para sempre” sugere principalmente a uma menina ou mulher a sonhar com a sua própria história, mesmo tendo a visão que a realidade é totalmente diferente do final feliz. LIPOVETSKY e SERROY (2009) ressaltam que a narrativa é uma característica da linguagem cinematográfica importante e imprescindível, pois nem mesmo o filme pode ser excluído da escrita e seu contexto. E este é observar o curso do mundo, ou seja, buscar informações a partir de acontecimentos, culturas, comportamentos sociais, transformando esses referenciais em histórias, acompanhadas com sonhos, imaginário e encantamento. As histórias de um filme são uma continuidade de imagens, cenas que com o auxílio de elementos técnicos do cinema formam uma ideia que montadas se formam em uma narrativa. E essas fictícias histórias são categorizadas em gêneros. Barbero entende estes como uma unidade significativa do conteúdo da comunicação de massa, sendo caracterizado como ficção ou não. Através do gênero que o público e o sistema de produção irão ter sentido com o texto do mass media. Com essas categorias ou classificações no meio fílmico, o sujeito tem a tendência de se identificar com uma específica, ou mais, se entretendo ou imaginando que os acontecimentos fictícios fizessem parte da sua realidade, seja o começo, o meio ou o fim de um filme. Se o cinema buscou referenciais no contexto humano, hoje se tornou o inverso, os espectadores objetivam mesmo por um instante que sua vida tenha uma semelhança com uma história do cinema. Dependendo do gênero, já temos uma provável ideia de como poderá ser o contexto do filme e até deduzirmos o final da história. Essas deduções acontecem principalmente em filmes comerciais, hollywoodianos, onde cada gênero aparenta ter um contexto narrativo definido, mudando somente o cenário, os personagens e o transcorrer da história. Mesmo constatando o final dos acontecimentos, o público gosta de finais felizes, onde a princesa ou a mocinha fica com o príncipe ou mocinho, o herói com o merecimento da vitória, o vilão com a derrota, entre outros. 27 Como Barbero (2009) os autores Lipovetsky e Serroy (2009) relacionam o cinema como uma arte de massa por que atinge uma grande parcela de público, sem distinção de classe, sexo, idade, religião ou nação. O cinema é uma arte democrática, dirigida para qualquer indivíduo sem exigir um conhecimento específico, possuindo assim uma essência cosmopolita, a arte que o mundo conhece, principalmente com o surgimento da fábrica que cria sonhos, a indústria de Hollywood. De acordo com Barbero (2009) a sociedade de massa intensificou a individualidade, oferecendo uma liberdade maior, capacitando a liberação das emoções, das sensações, dos prazeres, e da capacidade de expressão moral dos indivíduos. Assim a cultura de massa uniu os objetivos, os gostos, a cultura da sociedade de massa possibilitando uma comunicação voltada à população, disseminando o conteúdo para os meios de comunicação. Se antes o livro era o único a separar a cultura entre as classes, o jornal possibilitou esse fluxo, e o cinema e o rádio intensificou o encontro, a união da cultura popular que tornou cultura de massa. Se o cinema é considerado como uma arte moderna por ter sido descoberto em uma época moderna, sua principal característica é está sempre inovando para o gosto do público, com uma boa produção além das suas técnicas e boa narrativa para o encantamento do espectador. Além de o cinema ser considerado também como uma arte de massa, pode ser definida como uma arte coletiva, pois um filme é um processo construtivo que dezenas de pessoas participam. O que caracteriza a estrutura fílmica de acordo com Lipovetsky e Serroy é primeiramente a história, a sucessão do começo, do meio e do fim; em segundo vem à importância do gênero (romance, comédia, drama, ação, policial, entre outros.), dando uma referência para o espectador, e por fim baseado no sistema hollywoodiano, a star, ou seja, as estrelas, os artistas se tornaram tão importantes como a história, transmitem credibilidade ao filme. 7- O filme publicitário O filme publicitário é uma estratégia de comercialização, onde seu principal objetivo é o lucro, vender um produto, um serviço, uma marca ou uma ideia. Comparando-o com o filme 28 cinematográfico, ambos possuem começo, meio e fim, em sua história. Mas com objetivos, contextos e narrativas diferentes. O diálogo entre a publicidade e o cinema não é nova, ambas são referenciais entre si, mas possuem diferenças. Enquanto o cinema é denominado como uma arte, a publicidade é uma comunicação voltada para o campo de comercialização. Mas essa diferença não muda as relações de ambas e o objetivo que possuem em comum é uma comunicação que seduz e atrai o público através de sua linguagem. (LIPOVETSKY e SERROY, 2009, p.236) Tendo a linguagem do cinema como partida, os primeiros filmes publicitários buscaram no cinema referência para produzir um comercial em desenho animado. Além das técnicas, a publicidade utilizou as celebridades para compor suas peças. (LIPOVETSKY e SERROY, 2009, p.228). O cinema e a publicidade se enfrentam nas telas, enquanto o vídeo publicitário é caracterizado por ritmo e cortes rápidos, tornaram-se agressivos para filmes cinematográfico e menos admirado quanto ao público. Podemos considerar que a publicidade principalmente tendo a internet como meio de apoio para transmitir uma produção além dos 60 segundos, está se redefinindo nos vídeos publicitários. Pois transmite para sua comunicação mercadológica, princípios, regras e técnicas do cinema moderno para inovar suas estratégias e a relação com o expectador, o público. Desta forma, a publicidade vem se tornando mais divertida, emocionante e valorizada aos olhos do consumidor. “Embora esses filmes estivessem todos centrados num dos modelos da marca, não se tratava em absoluto de um clipe publicitário, mas de um roteiro original contando uma história.” (LIPOVETSKY e SERROY, 2009, p.235) A partir de uma produção cinematográfica mais frequente nos comerciais ou curtas publicitários, é visível que esse desenvolvimento na produção e na narrativa dos filmes publicitários se tornará cada vez mais frequente. Pois a publicidade em si busca constantemente inovar para seguir o ritmo das mudanças humanas, sociais, mercadológica, econômica, entre outros. Seguindo o caminho desses curtas publicitários ou minifilmes, a publicidade alcançará mais determinado público-alvo, pois dependendo do perfil ou categoria de espectador, estes estão mais tempo no mundo virtual do que na televisão. (LIPOVETSKY, 2009) Ribeiro, fala que o conceito e a estrutura da publicidade é muito importante, pois além da criatividade utilizada é fundamental a forma que a mensagem é transmitida, permitindo 29 assim um espaço para o espectador relacionar as significações presentes no anúncio e situá-las de um plano explícito para um implícito, no qual é o seu mundo social. A publicidade incluída no contexto audiovisual é atrativa por que possui quesitos que dimensionam a percepção dos espectadores, pois imaginam a história, as ações que veem além da tela, se inserem no mundo reproduzido (RIBEIRO, 2008, p.14). A partir de composições, técnicas, personagens, narrativa, formando um determinado contexto, a propaganda persuadi o indivíduo através da surpresa, do riso, das lágrimas, da dramatização, do romance e outros. Essas motivações se tornam eficaz, principalmente para o público direcionado, pois cada perfil consumidor e cada indivíduo possuem personalidade mais ou menos acentuada que outrem. Se essas motivações forem interpretadas positivamente, o papel da publicidade se tornará cumprido por mérito da imagem audiovisual realizada. Mesmo dependendo de uma junção de signos sociais para criar e anunciar determinado produto ou marca, o conjunto da linguagem publicitária usufrui de alguns recursos. Como o recurso de personalização no qual visa à utilização de personalidades conhecidas rente ao público, personagens, celebridades, é um método constante para atingir a identidade do individuo, principalmente aqueles que possuem gosto para com o trabalho da personalidade ou o sujeito que quer ser igual a uma celebridade. 7.1- Análise Uma das relações do cinema e da publicidade é que são dirigidos à massa, atingem uma grande parcela de pessoas com as mais diversas personalidades. O cinema como percursor do audiovisual buscou na literatura a composição de sua narrativa, e o filme publicitário buscou na sétima arte agregar técnicas audiovisuais e agora mais a fundo na narrativa para auxiliar na sua produção. Na cultura de massa, o primeiro passo é se adequar ao gênero, pois classifica o conteúdo comunicacional do meio e de sua linguagem. No cinema, o gênero é um filme de comédia ou de ação. Na publicidade é empregado como formatos e usos. Os filmes publicitários de perfumes, por exemplo, usufruem de elementos como a elegância, sensualidade, luxo, beleza, belo cenário em uma estética que sensibiliza e se tornou muita usada. No curta publicitário Trésor Midnight Rose da marca Lâncome, de 2011, a narrativa é construída em um gênero romanesco. Tendo como cenário a França, Paris 30 considerada a cidade luz e do amor é palco de uma paixão de dois jovens que se conhecem, se encontram e por fim quando achamos que não acontecerá o final feliz, somos comtemplados com o mesmo. O romance é um gênero característico do cinema e admirado principalmente pelo público feminino, consumidora em potencial de perfume, é conhecido na maioria das culturas, mesmo se não reconhecerem o cenário que alimenta o conteúdo da comunicabilidade do filme, identificam a mensagem. Na publicidade a personalização é uma estratégia de sedução e comercialização. No cinema as estrelas fazem de um filme um sucesso. No Trésor Midnight Rose, a personagem é uma jovem atriz, Emma Watson, que construiu sua carreira em Hollywood e faz o papel da mocinha apaixonada. É perceptível que o público-alvo desse filme seja jovens meninas que estão na fase de sonharem em terem uma história como nos contos de fadas ou nos filmes românticos da cinematografia. Por ser uma marca conhecida mundialmente, os produtos são dirigidos para classe A e B, grupo esse mais exigente com o que consome. Assim a publicidade, uniu neste vídeo a ficção, o imaginário, o conto de uma história e uma estrela (característica do cinema) para seduzir o público específico e aumentar a notoriedade do produto e da marca. Como disse Lipovestky e Serroy, a publicidade tomou Hollywood como modelo, transformando uma marca em uma star, inovando, comovendo, divertindo, criando sonhos. Os anúncios que contam uma história usufruem de uma narração diferente do padrão publicitário, no qual é a descrição. Esse formato existe há décadas, mas é relevante levarmos a discussão essa mensagem persuasiva na publicidade. Com essa característica nos anúncios o produto passa a ser um simples elemento incluído na história, de forma sutil, contrariando o esquema aristotélico. (CARRASCOZA, 2007) Estes anúncios também são presentes no texto impresso, mas como o audiovisual é uma linguagem mais completo, atiça mais a atenção do público. Compor filmes como os citados, usufruindo da narrativa do cinema e também se preocupar com aspectos técnicos de câmera, iluminações, som, constrói uma história digna de um gênero fílmico. Mas para adotar essa estratégia para persuadir com precisão o público, a internet é a ferramenta mais apropriada, pois a duração de um filme publicitário não importa, e sim a maneira que vai chamar a atenção do sujeito para com o anúncio. 31 A publicidade tem a vantagem de conduzir uma mensagem para um público específico. Receber o estudo do público-alvo e entender seus gostos, sexo, personalidade, onde eles estão e em qual canal estão mais ativos, é um benefício para criar uma propaganda. Já o cinema, atingi a massa em todos os sentidos (sexo, classe, religião, culturas, entre outros), tendo os gêneros como base para dar sentido e desenvolver o contexto fílmico. Analisando filmes publicitários nacionais de cerveja (muito analisado e discutido), o formato desses vídeos se tornou uma estratégia de comercialização. Retratam mulheres com traços harmoniosos que seduzem com um andado, com um olhar, com um sorriso, com uma cerveja na mão, e principalmente pelo corpo escultural. O cenário é constituído pelo sol, praia, festa, bar, com amigos e sempre expondo alegria e curtição. Em um único filme publicitário é presente todos esses elementos, de maneira rápida e curta, por serem divulgados na televisão. Todo o contexto desses anúncios é característico da nossa cultura brasileira e é por isso que mesmo sendo um clichê esses feitio continua sendo produzido e persuadindo o público. A cerveja como um produto cultural atingi todos os públicos, da classe A à D. Por isso se tornou em uma estratégia de comunicabilidade, uni a ideologia e o objetivo adequado para o público se identificar. Os filmes cinematográficos, como característica da cultura de massa, se adaptam conforme a modernidade do mundo, unindo o real ao imaginário. Mas a sua produção como diz Lipovestky, principalmente em Hollywood, precisa ser digestiva para conquistarem o público e receberem retorno com a produção feita. Por isso que muitos filmes de alguns gêneros acabam se tornando um clichê e os personagens estereotipados. Por mais bem dirigido, produzido e com uma ótima narrativa, certos filmes cinematográficos precisam limitar-se à alguns elementos para obter sucesso em sua narrativa. Como o filme Drive de 2011, caracterizado como drama e policial. A história narra a vida de um motorista que trabalha como mecânico, dublê em cenas de velocidade, e a noite utiliza sua habilidade no volante para ajudar ladrões a escaparem do local do crime. O personagem passa uma séria expressão, e é curioso que nos momentos de perigo em que se passa história está sempre com uma jaqueta com uma figura de um escorpião, como se representasse a vestimenta de um super herói. Quando está sem ela o personagem parece frágil. No decorrer dos fatos acaba se envolvendo com a máfia e participando de uma fuga perigosa, para salvar a 32 vida de sua vizinha e de seu filho. O motorista é um herói moderno que não salva o mundo, mas protege a mulher que se apaixona e sua família. Este filme mostra que o cinema é uma arte de massa que desperta o desejo, aflora os sentimentos, encanta, reinventa o mito e se adapta com as aspirações sociais e humanas para assim impressionar o sujeito. O herói e o vilão são recriados para se ajustar a nossa realidade, a nossa percepção; o amor acompanha a construção da história mostrada em um único beijo; e a violência é o escapatório para solucionar e acabar com os problemas em questão. Por tanto, o cinema se tornou reconhecido através da narração de histórias, tornando um meio de comunicação dirigido a massa, se reinventando, e sendo base de referência de outras linguagens. 8- Conclusão Com a sociedade capitalista em que vivemos, o consumo se tornou um complemento no modo de viver das pessoas. Adquirir um produto/serviço não é mais uma necessidade básica, a motivação agora é satisfazer seus próprios desejos e alimentar a estima. Essa mudança de comportamento aconteceu quando a concorrência aumentou e a publicidade se tornou incessante como um meio de sobrevivência para os capitalistas. A publicidade foi se reinventando para atrair e seduzir o público. Antes era totalmente descritiva, beneficiava as características dos produtos, pois era o que importava para aquela época. Mas com o advindo tecnológico, os meios de comunicação e as transformações sociais, a propaganda usufruiu da cultura popular para construir uma mensagem, dirigindo-a para a coletividade (massa). Os meios de comunicação e a publicidade compõem a cultura de massa, para fazer os indivíduos se divertirem e consumirem, pois estes são um escapamento da vida monótona que muitos têm. Uma das características que compõem a cultura de massa é a unificação do real e do irreal, e a publicidade e o cinema usufruem desse fundamento para atrair e conquistarem seu público, para estes consumirem o produto e a obra fílmica. Outro atributo que desperta a atenção dos indivíduos é o audiovisual, pois é uma experiência sensorial, e o filme cinematográfico e o publicitário se inserem nessa linguagem. O cinema como idealizador do audiovisual e sua linguística, serviu de referência na construção do âmbito audiovisual da propaganda. 33 Mesmo tendo sua própria linguagem persuasória, a publicidade buscou nas técnicas e na linguagem cinematográfica um referencial para construir seus filmes. Mas hoje além das técnicas é perceptível a alusão da narrativa, característica fiel do cinema, para ajudar na composição de suas criações e assim seduzir o público-alvo. Para entendermos ambas as linguagens e analisar a influência do cinema nos filmes publicitários, bem como as referencias da construção do mesmo, a pesquisa exploratória proporciona uma visão geral e compreensiva do estudo e das hipóteses levantadas. Compreendi que a estrutura para um filme de sucesso hoje é por ordem é a história, o gênero, importância para o espectador, e por fim as estrelas. Nos filmes publicitários a estrutura básica e muito utilizada para seduzir o público é, entender este, como também sua ideologia (contexto social e cultural); usufruir de uma estratégia de comercialização, como o modo persuasório, a função de comunicação ou de linguagem; adquirir a função AIDA. Mas tendo o cinema como referência no conteúdo textual, esses curtas publicitários possuem um roteiro original, contam uma história. Usufruir dessa narrativa substitui recursos estereotipados. Por tanto entender o contexto social para compor a criação publicitária, e principalmente a referencia do cinema, como sua narrativa para construir os filmes publicitários será mais frequente em grandes marcas, para atrair mais o público e ter uma alternativa a mais no seu formato. 34 9-Cronograma Ano 2013 Mês Fev Mar Abr Mai Jun Jul Levantamento Bibliográfico Desenvolvimento do projeto Análise dos filmes publicitários Revisão da monografia Entrega do projeto Defesa do projeto 35 Referências Bibliográficas LIVROS BARBERO, Jesús Martin. Dos meios às Mediações- Comunicação, cultura e hegemonia. 6ª edição, Rio de Janeiro. Editora UFRJ, 2009. CARRASCOZA, João Anzanello. A evolução do texto publicitário. 6ª edição, Editora Futura, 2007. CARVALHO, Nelly de, Publicidade a linguagem da Sedução. 3ª edição, São Paulo. Editora Afiliada, 2000. FILHO, Gino Giacomini. Consumidor versus Propaganda. 3ª edição, Editora Summus Editorial, 1991. FILHO, Ciro Marcondes. Dicionário da Comunicação. 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