1 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Levantamento histórico e análise da formação de atletas das escolinhas de boxe da prefeitura de São José dos Campos. Guilherme Romário de Lima Suelen Regina Souza Tiago Reis Trajano São José dos Campos/SP 2013 2 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LEVANTAMENTO HISTÓRICO E ANÁLISE DA FORMAÇÃO DE ATLETAS DAS ESCOLINHAS DE BOXE DA PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. GUILHERME ROMÁRIO DE LIMA SUELEN REGINA SOUZA TIAGO REIS TRAJANO Relatório final apresentado no Curso de Educação Física como complementação dos créditos necessários para obtenção do titulo de Graduado em Educação Física. Orientador: Profº Ms. Cláudio Alexandre Cunha São José dos Campos/SP 2013 3 Resumo O município de São José dos Campos é uma das cidades que mais investe no esporte dentro do estado de São Paulo. Dentro desse investimento encontra-se a detecção e desenvolvimento de uma base esportiva para as mais diversas modalidades nas quais a cidade possui diferentes títulos e vitórias. Este trabalho busca evidenciar e dissertar sobre o desenvolvimento das escolinhas de boxe olímpico da cidade de São José dos campos, comparando os resultados conquistados com os diversos dados literários sobre o desenvolvimento de base esportiva e iniciação esportiva, a fim de comparar e evidenciar resultados do desenvolvimento dos anos de trabalho desde seu início até o momento atual. Concluímos que apesar do pouco tempo de existência das escolinhas de boxe no município de São José dos Campos o projeto vem mostrando resultados significativos em âmbito estatual, nacional e internacional. Palavras chaves: Boxe, São José Campos, iniciação esportiva. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................6 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................9 3 OBJETIVOS ...................................................................................... 10 3.1 Objetivo geral .................................................................................10 3.2 Objetivos específicos ......................................................................10 4 METODOLOGIA .................................................................................11 5 REVISÃO DE LITERATURA/ DISCUSSÃO ........................................12 5.1 Desenvolvimento de atletas ............................................................ 12 5.2 Detecção de talentos ......................................................................15 5.3 Iniciação esportiva ..........................................................................18 5.3.1 Primeiro Contato com o esporte ................................................18 5.3.2 Idade de iniciação .....................................................................19 5.3.3 Boxe e a Literatura ....................................................................19 5.4 Projetos de iniciação esportiva ....................................................... 20 5.4.1 Evolução de projetos esportivos no Brasil .................................20 5.4.2 Projetos de incentivo a iniciação esportiva na cidade de São José dos Campos .................................................................................21 5.5 Escolinhas de Boxe de São José dos Campos ............................... 22 5.5.1 Formação de atletas nas escolinhas .........................................24 5.6 Resultados de atletas das escolinhas .............................................25 5.7 Análise entre os resultados das escolinhas de boxe e 5 os processos utilizados na detecção de talentos ............................... 27 5.7.1 Formação de atletas em São José dos Campos......................... 27 5.7.2 Resultados das escolinhas x Literatura ......................................28 6 CONCLUSÃO ..................................................................................... 30 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................31 6 1 INTRODUÇÃO O boxe é um dos mais antigos esportes de combate ainda praticados atualmente, visto que se encontra registros na literatura de combates com datas de 4 a 5 mil anos a.C. (VIERA; FREITAS, 2007). Os combates eram praticados sobre o nome que originou a modalidade “Pugilato ou Pugilismo”, palavra advinda do grego que significa combates com as mãos (OLIVEIRA; ROSA, 1924). Porém ao longo dos anos o esporte como a própria sociedade foi se modificando e tornam-se mais adequado a sua época, passando em vista desses argumentos, por várias modificações em sua estrutura, regras e formas de ensino da técnica e da prática. Atualmente o boxe é praticado em 90% dos países e na sua grande maioria com representante em ambos os sexos (AIBA, 2012), sendo desde 1904 a modalidade integrante do quadro de esportes olímpicos do Comitê Olímpico Internacional (VIERA; FREITAS, 2007). A partir dessa integração da modalidade no quadro olímpico, começou a ser necessário o desenvolvimento do treinamento de base em diferentes países para que o nível das competições se mantivesse. Dentre os países que mais se destacaram ao longo desse período encontram-se Estados Unidos, Rússia e durante muitos anos dentro do cenário pugilistico Cuba, produzindo em seu país os melhores boxeadores olímpicos durante muitas décadas (FUENTES, 2007). No Brasil o esporte vem se destacando com os últimos resultados de jogos olímpicos e mundiais (AIBA, 2012), o que vem tornando o esporte cada vez mais popular. Os esportes de combates em geral vem em uma ascensão midiática com a alta divulgação por parte da mídia das Artes Marciais Mistas (MMA) o que vem tornando os esportes de lutas mais atraentes aos olhos da população (REIS; SOUZA, 2012). Em São José dos Campos o esporte começa a ser divulgado e trabalhado através da iniciativa pública desde 2005, quando a secretaria de esportes da cidade iniciou um trabalho de boxe com a população através da criação das escolinhas de boxe, onde a primeira a ser criada foi no Bairro Campos dos Alemães (ESPORTES E LAZER, 2006). Atualmente são cinco locais onde as aulas são oferecidas pela cidade, todos apoiados pela prefeitura de (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013). 7 Essa disseminação das aulas foram de suma importância para a identificação, captação e desenvolvimento de atletas de alto rendimento, iniciando os trabalhos com os alunos desde as categorias de base, onde a idade mínima para participação nas aulas é de 11 anos. A partir dos trabalhos realizados nas escolinhas de boxe, hoje a cidade conta com um total de 40 medalhas conquistadas por alunos formados na base das escolinhas onde o foco maior é a captação de atletas (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013), diante desses dados percebemos que nesses 8 anos de existências das escolinhas, a formação de atletas se mostra significante positivamente diante do curto período de existência das mesma até a atualidade. O apoio do poder público se fez de suma importância na conquista desses resultados, Ferreira (2007) cita a participação do estado e o apoio do sistema público como quesito fundamental para a prática esportiva, mesmo não havendo categorias de base para o boxe dentro do projeto da secretaria de esportes da cidade, o apoio financeiro dado para as equipes principais e a estrutura oferecida para a pratica das aulas proporcionam maiores chances de se captar um atleta dentro dessas unidades. O aporte financeiro para o atleta fez com que o mesmo permaneça na modalidade já que suas necessidades pessoais podem ser supridas através desse apoio sendo revertido em bolsa auxílio para que ele possa se manter treinando. A formação e o desenvolvimento do atleta deverá ter uma visão não somente o alto rendimento, mas também o seu processo de ensino aprendizagem (ANTUNES, 2005). Segundo Greco (2000) existe seis fases para uma formação esportiva sendo elas: básica geral, fase de orientação, fase de direção, fase de especialização e alto rendimento, fase de lazer e saúde, e por fim fase de readaptação. Borms, 1997 apud Gaya et al. , 2003 tem o conceito de um indivíduo com talento como desempenho superior ou atípico e a elevada estabilidade no desempenho em relação aos outros com algumas características somáticas, psicológicas, funcionais e de envolvimento social com um desenvolvimento a cima da média e uma probabilidade superior de acertos, para isso utiliza-se a Curva de Gauss ou Curva Normal que representa a distribuição de certas características populacionais que ocorre com maior frequência e com regularidade. 8 O presente estudo pretende levantar dados históricos das escolinhas e relacioná-lo ao projeto de formação de atletas buscando analisar os resultados obtidos ao longo dos 8 anos de existência das aulas de boxe na cidade, oferecidas e com aporte da prefeitura de São José dos Campos e comparando com a dificuldades da formação de atletas no meio esportivos. 9 2 JUSTIFICATIVA O seguinte estudo se faz importante por criar uma fonte de consulta para a cidade de São José dos Campos sobre o progresso da modalidade boxe olímpico além de apontar os principais fatores que influenciaram os resultados e o desenvolvimento da mesma. Este projeto contribui também como fonte de inspiração para novos projetos em outras regiões, apontando os pontos positivos e negativos da iniciação e desenvolvimento de um atleta através de um bom trabalho de base e investimentos em uma modalidade. 10 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Realizar um levantamento histórico e análise da formação de atletas nas Escolinhas de Boxe da Prefeitura de São José dos Campos. 3.2 Objetivos específicos - Evidenciar o trabalho das escolinhas de base de São José dos Campos como modelo de escola para iniciação da modalidade boxe. - Mostrar o trabalho dos atletas e técnicos das escolinhas, seus resultados. - E contribuir com fonte de dados para futuras pesquisas sobre base esportiva. 11 4 METODOLOGIA O presente projeto será elaborado embasado nas informações disponíveis na literatura atual, sendo que estes dados serão revisados, analisados e organizados de forma coerente para o desenvolvimento deste trabalho. 12 5 REVISÃO DE LITERATURA/DISCUSSÃO 5.1 Desenvolvimento do atleta Figura 1- Fases de formação esportiva Fonte: http://www.efdeportes.com/efd83/esport.htm Segundo Antunes (2005) a formação e o desenvolvimento de um atleta devem seguir certos parâmetros para que não ocorra para o esporte a perda daquele indivíduo por ter realizado algum tipo de treinamento em que ainda não estava preparado. Além de uma visão para o alto rendimento de um indivíduo deverá ter também uma visão voltada para o processo de ensino-aprendizagem, devendo ocorrer principalmente para crianças e adolescentes. As fases de formação esportiva (Figura 1) foram adaptadas por Greco (2000) com o início na fase Básica Geral, dando sequência, fase de Orientação, fase de Direção, fase de Especialização e Alto rendimento ou fase de Lazer e Saúde e por último a fase de Readaptação. Segundo Greco (2000) após a iniciação básica geral inicia-se a fase de orientação podendo ser uma orientação técnica de dois tipos de modalidades 13 esportivas que sejam integrantes entre si. Para as crianças e adolescentes que não demonstram potencial no esporte de alto rendimento será necessário serem guiados para manterem sua prática como um meio de proporcionar saúde e lazer, isso deverá ocorrer na fase de direção. E por fim a fase de readaptação para atletas que encerraram suas atividades de alto rendimento utilizando assim o esporte para o provimento de saúde e do lazer. O processo de formação de um atleta deve ter um início básico geral que irá desenvolver habilidades e capacidades motoras simples na faixa etária de 11 a 12 anos de idade, a partir dos 13 anos de idade o atleta se especializa com treinamentos técnicos, físicos e táticos próprio de uma modalidade já determinada. Com o desenvolvimento do atleta na fase anterior inicia-se a fase de alto rendimento onde ocorre um aprimoramento para chegar a melhor condição daquele indivíduo para o alcance de seus objetivos (ANTUNES, 2005). Com uma preocupação errônea em busca de resultados imediatos, intensidade e cargas elevadas, treinamentos específicos e invariáveis com uma procura no desenvolvimento em uma modalidade definida o treinador acaba equivocando-se em sua filosofia e método de treinamento podendo assim gerar consequências ruins para a criança como desgastes psicológicos pelas grandes pressões proporcionadas a elas, lesões pela alta carga e intensidade dos treinamentos, baixo desenvolvimento da aptidão motora desmotivando e levando o indivíduo abandonar a prática esportiva (BOMPA, 2002). Segundo Bompa, Sullivan e Anderson (apud CARDOSO; SILVA, 2010) a indicação para iniciar a prática esportiva com crianças é a partir de 6 anos de idade, pelo fato de o desenvolvimento de suas capacidades motoras já estarem apropriadas para atividades como saltar, arremessar e correr, Oliveira e Paes (apud CARDOSO; SILVA, 2010) indicam ainda práticas como lançar, chutar, o saque, quicar e cortar, movimentos mais utilizados em modalidades esportivas. Essa fase continuará com o seu desenvolvimento até o fim dos 9 anos de idade sendo estimuladas as atividades Lúdicas e brincadeiras com uma ênfase no desenvolver de habilidades em geral. Nessa faixa etária não é indicado que as crianças tenham seus treinamentos com um foco para somente uma modalidade e que também sejam evitadas as competições. 14 Aos 10 anos a criança ainda não está adaptada a ser exposta a um treino muito intenso e a ter cobranças e exigências de seu desempenho e rendimento. Nesta fase do desenvolvimento são poucas as diferenças entre garotos e garotas antes da puberdade, isto em relação ao ganho de habilidades motoras e força, podendo praticar atividades juntos e também competir entre eles (BOMPA, 2002; SULLIVAN; ANDERSON, 2004 apud CARDOSO; SILVA, 2010). A partir dos 11 até os 14 anos de idade, a compreensão e a memória da criança em relação às regras e estratégias da modalidade já estão desenvolvidas ao ponto de serem ensinadas nos treinos e competições, o rendimento pode não ser o mesmo que deveria estar sendo apresentado, pelo fato de estarem no início da puberdade, isto não é falta de desenvolvimento de suas capacidades nas atividades executadas (SULLIVAN; ANDERSON, 2004 apud CARDOSO; SILVA, 2010). Nesta etapa a ética e o jogo justo devem ser apresentados ao indivíduo, acrescentando de uma forma leve a moderada a intensidade do treinamento, porém não voltados ao desempenho e rendimento e sim buscando um crescimento nas aptidões e habilidades motoras, passadas na primeira fase. Esse período que a criança inicia sua prática no esporte tem uma grande importância na aprendizagem geral e para sua motivação no qual está relacionada à autoimagem, sua valorização e socialização (OLIVEIRA; PAES, 2004 apud CARDOSO; SILVA, 2010). A partir dos 15 aos 18 anos de idade inicia-se a especialização do indivíduo em uma determinada atividade esportiva. Nessa fase deverão ser observadas três peculiaridades para o posicionamento do indivíduo em relação a uma modalidade esportiva, são elas: motivação, idade e o biótipo. O desenvolvimento do atleta nessa fase tem uma base em seus movimentos de automatização e refino (OLIVEIRA; PAES, 2004). Nesta fase os atletas já adquiriram certa evolução na modalidade onde o risco de obter algum tipo de lesão reduz favoravelmente, podendo assim suportar uma maior intensidade nos exercícios em relação às fases anteriores. A partir desse período o indivíduo precisa aplicar o que foi ensinado utilizando suas capacidades motoras nas práticas de sua modalidade. Uma base que poderá ser utilizada mais tarde é o desenvolvimento da motricidade em geral, para o treinamento de habilidades técnicas que são específicas da modalidade a ser exercida (CARDOSO; SILVA, 2010). 15 Segundo Bompa (apud CARDOSO; SILVA, 2010) o desenvolvimento das capacidades técnicas do indivíduo nessa fase faz com que não aja a necessidade de correções pelo professor, porém para o alcance dos objetivos do atleta é de grande importância ter uma formação segura nas fases iniciais e treinamentos bem elaborados para uma evolução constante. Entretanto, não há somente indivíduos que se desenvolveram da mesma forma. Uma das crianças pode não ter alcançado o mesmo objetivo do jeito esperado e não ter evoluído suas habilidades motoras, entra nesse momento a intervenção do treinador que deverá verificar se isso está ocorrendo por alguma deficiência da criança ou de um atraso em seu desenvolvimento. Algumas dificuldades em determinadas habilidades dos atletas deverão estar sendo observadas e estimuladas nos treinamentos para sua evolução e melhoria (SULLIVAN; ANDERSON, 2004 apud CARDOSO; SILVA, 2010). 5.2 Detecção de talentos Segundo Borms (1997 apud GAYA et al., 2003) talento em um indivíduo na área esportiva tem o significado de que ele dispõe de algumas características somáticas, psicológicas, funcionais e de envolvimento social, tendo grande porcentagem de acertos e um grau elevado em seu desenvolvimento em atividades esportivas. A identificação de um indivíduo que tenha um talento em determinada modalidade esportiva pode ser realizada pela verificação de algumas características que se sobressai em relação aos outros atletas, como um desempenho a cima da média em suas capacidades e habilidades onde ocorre uma estabilidade elevada das duas por intermédio de sua manutenção, tornando o indivíduo um atleta excepcional no meio de onde está inserido. Em geral o conceito de talento é demonstrado em duas classes, desempenho superior ou atípico e a elevada estabilidade no desempenho, elas precisam de uma definição detalhada para ser base de uma metodologia. O desempenho superior ou atípico segundo Gaya et al. (2003) vem de conceitos estatísticos de normalidade que por sua vez é a probabilidade em que um acontecimento ocorre com base na curva normal ou curva de Gauss (Figura 1). 16 Figura 2- Curva Normal ou Curva de Gauss Fonte:http://200.198.193.106/arquivos/snear/talentoEsportivo/baseTeoricaTalentoEsportivoDesportoE xcelencia.pdf A curva de Gauss (Figura 2) é um valor normal pertencente a uma particularidade populacional onde ocorre frequentemente e com maior regularidade, Gaya et al. (2003), analisando a proposta do Programa Nacional de Identificação e Desenvolvimento de Talentos Esportivos (Talent Search Program) do Instituto Australiano de Esporte (Australian Institute of Sport, s.d.) observou que os indivíduos que tem o desempenho superior ou atípico são aqueles que encontram-se além de dois desvios padrão da média. Portanto, será necessário que o indivíduo esteja inserido entre outros para que se possa identificá-lo, verificando assim se ele está posicionado acima dos critérios de normalidade (Índices superiores ao percentil 98). A identificação de um indivíduo que tenha talento em meio à população em que reside é pela medida do Escore Z (GAYA et al., 2003). Z= X – M µ 17 Sendo que: X= valor obtido numa determinada variável M= média da população µ= desvio padrão A média do escore Z é zero tendo um desvio padrão 1, permitindo a partir de números demonstrar em que parte da curva de Gauss o indivíduo está inserido. O indivíduo que é considerado talentoso a partir de um padrão de análise numa distribuição normal estará posicionado acima de dois desvios padrão que está próximo do percentil 98 na distribuição normal de uma população. Permitindo obter uma comparação de capacidades diferentes (força, velocidade, resistência, etc.), o escore Z oferece uma avaliação ampla dos indicadores de desempenho (MATSUDO et al., 2007). O CELAFISC (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul) buscando valores normais de diferentes variáveis de aptidão física da população realizou vários projetos sendo avaliadas mais de 20.000 crianças e adolescentes, a partir dos dados obtidos desenvolveu critérios padrões de referência utilizando 5.200 escolares, sendo esse número dividido pelos dois gêneros (MATSUDO et al., 2007). Uma comparação foi feita a partir da análise dos resultados das equipes esportivas com os valores padrões de referência em termos de valores propriamente ditos, diferença do percentual e a sua posição em relação à média da população em unidades de desvio padrão a partir do escore Z. Se num teste de impulsão vertical um indivíduo de 13 anos saltasse 32 cm (X), considerando a média populacional da sua idade igual a 28 cm (M), com um desvio padrão de 4 cm (µ) chegaria a um escore Z de: Z= X – M µ > Z= 32 - 28 4 > Z= 1 18 De acordo com as propriedades da curva de Gauss o indivíduo que se encontra com um escore Z= 1 está um desvio padrão acima da média da população (MATSUDO et al., 2007). Segundo Ericsson et al. (1993 apud PAOLI et al., 2008) afirmam que no desenvolvimento das habilidades o talento é somente uma fração na formação do atleta, sendo que há uma relação do tempo de prática com o nível de desempenho, portanto independente das habilidades naturais e da estrutura biológica, a formação completa de um atleta de qualquer modalidade será realizada no mínimo com dez anos de treinamento intenso. Para que ocorra o desenvolvimento dessas habilidades os objetivos específicos a serem alcançados, a dedicação nas competições e nos treinamentos e o tempo de prática passam a ser necessários para se ter uma evolução. O autor ainda determina que o compromisso com o treinamento e o número total de horas de treino tem uma relação com o nível de desempenho que o indivíduo terá no futuro. Starkes et al. (1996 apud PAOLI et al., 2008) dizem que para se obter êxito no esporte, mesmo o atleta que tenha o seu talento próprio, o mesmo deverá trabalhar muito para o alcance de seus objetivos. A diferença de um jogador para o outro é o talento individual, pois, as semelhanças nas condições físicas dos indivíduos estão muito próximas uma das outras. A habilidade técnica, inteligência e a liderança são fatores para serem analisados, pois podem determinar o processo na seleção esportiva. A metodologia de treino utilizada é de grande importância para a identificação, detecção e seleção do atleta desenvolvendo todo o seu potencial, porém é necessário trabalhar as virtudes e minimizar as limitações do indivíduo. 5.3 Iniciação esportiva 5.3.1 Primeiro Contato com o esporte. A iniciação esportiva é, basicamente, o primeiro contato de uma criança com modalidades esportiva organizadas de maneira competitiva e planejada (RAMOS; 19 NEVES, 2008). É neste período que a criança começa a prática, regular e orientada, de alguma modalidade esportiva (SANTANA, 2005 apud RAMOS; NEVES, 2008). Após esse período é comum encontrar na literatura que devesse partir para especialização, buscando resultados em longo prazo, para que etapas do desenvolvimento físico e psicológico da criança não sejam afetadas pelo treinamento (MOCELIN et al., 2012 ; SILVEIRA et al., 2012). 5.3.2 Idade de iniciação Em concordância com os autores citados nos dois primeiros capítulos dessa revisão, a iniciação esportiva deve ser feita a partir dos 11 – 14 anos de idade devida a maior maturidade para compreensão e do próprio processo competitivo (ARENA; BÖHME, 2000). Essa inserção feita na idade correta evita que sejam causados traumas e frustrações para a criança ou adolescente (SILVEIRA et al., 2012). Ao fazer com que a iniciação esportiva seja de forma correta, são garantidos aos alunos todos os benefícios que a atividade física pode gerar, além de preservarmos a integridade psicológica, sem estafarmos, estressarmos ou queimar etapas de desenvolvimento dos mesmos (BOMPA, 2002). 5.3.3 Boxe e a Literatura No boxe amador, a competição esportiva dá-se a partir dos 13 anos de idade, na categoria infantil (CBBOXE, 2013). Esse quadro vem a favorecer para que a especialização não seja feita de forma precoce neste esporte, pois a falta de categorias com faixa etárias menores faz com que a procura e o treinamento de crianças possa ser mais geral, fazendo com que o primeiro contato com este esporte não prejudique a maturação e desenvolvimento motor das crianças (ANTUNES, 2005), deixando que a especialização do indivíduo fique exclusivamente para a sua fase melhor de desenvolvimento, ou seja, dos 15 aos 18 anos (CARDOSO; SILVA, 2010). O que nos leva a crer que na fase competitiva os praticantes que iniciaram 20 previamente na modalidade, tenham seu desenvolvimento e maturação respeitados, fazendo com que os atletas e praticantes dessa modalidade não possuam sequelas ou traumas provenientes de competições ou treinamentos exaustivos de alto rendimento (BOMPA, 2002), demonstrando que esta modalidade aparenta ter as características necessárias para aprimorar a condição física e motora de praticantes, sem pular etapas, respeitando as fases de desenvolvimento do individuo e não causando desgastes psicológicos e físicos excessivos a quem quer que a pratique. 5.4 Projetos de iniciação esportiva 5.4.1 Evolução de projetos esportivos no Brasil Os projetos de iniciação esportiva do Brasil, já vinham em grande desenvolvimento teórico desde 1997 (SANTOS et al., 1997). Naquele ano foi publicada uma proposta de desenvolvimento onde já apontavam maneiras de se desenvolver o esporte, de forma que o país utilizasse o esporte plenamente, não só para competições, mas também para lazer, entretenimento, crescimento turístico e grande gerador de empregos (SANTOS et al., 1997). Em 2007 o doutorando, Ferreira (2007) publicou um comparativo entre as políticas adotadas pelo Brasil e as de seis países desenvolvidos, demonstrando que quando se fala de políticas para o esporte de alto rendimento ainda existia muito a ser mudado. Neste mesmo artigo Ferreira (2007) diz que “Em comparação com todos os países pesquisados, os recursos financeiros do estado para o esporte são bastante reduzidos.” E ainda elucida sobre a problemática falta de escolas esportiva, falta de atividades esportivas extracurriculares e a escassa cooperação entre clubes e escola, ou seja, apesar de passados 10 anos o Brasil ainda tinha muito a fazer pelo esporte. Em 2012, fica evidente a existência de polos de desenvolvimento de atletas no Paraná com mais de 100 treinadores distribuídos em 20 municípios (MOCELIN et al., 2012; SILVEIRA et al., 2012). No estado de São Paulo pelo menos cinco secretarias de esporte já estavam envolvidas com a iniciação esportiva desde 2000 fora clubes particulares que também realizavam o mesmo trabalho (ARENA; BÖHME, 2000), 21 ainda não se encontrava na literatura evidencias de que os problemas citados por Ferreira (2007) haviam ou não sido resolvidos, porem percebesse que o país começa a traçar um rumo correto para o esporte. 5.4.2 Projetos de incentivo a iniciação esportiva na cidade de São José dos Campos Em São José dos Campos, o esporte tem um quadro de destaque junto a Secretaria de Esporte e Lazer, a qual possui diversas escolinhas de modalidades na cidade, além de possuir dois programas grandes de incentivo aos atletas: - Lei do FADENP (Fundo de Apoio ao Desporto Não Profissional) que é uma lei que garante a manutenção das equipes que representam a cidade através de verbas públicas destinadas ao salário de professores e técnicos, bolsas auxilio para atletas, transporte para as equipes, auxilio alimentação e equipamentos em geral para a modalidade (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013). Apesar de serem voltadas ao esporte de alto rendimento, algumas modalidades mantidas pela lei do FADENP contam com professores de iniciação esportiva, que por vezes podem ser até mesmo o próprio técnico da equipe principal. - Programa Atleta cidadão que é um programa de incentivo as categorias de base da cidade que também dispõe de verba publica. Este projeto disponibiliza auxílio deslocamento aos atletas e mantem um acompanhamento do desenvolvimento físico e nutricional além do aspecto tático e técnico (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013). - Projeto olho magico, voltado para detecção de talentos esportivos nas escolas da região, através da aplicação de testes de aptidão física e maturação, os encaminhando as equipes do Fadenp, atleta cidadão ou os aproveitando no núcleo de pré-equipe (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013). - Núcleo de pré-equipe, que atende os alunos selecionados nas escolas, os quais não puderam ser aproveitados nas equipes principais ou por excesso de praticantes ou por qualquer outro motivo. O núcleo de pré-equipe visa levar a estes 22 indivíduos um contato mais profundo com o esporte através de competições entre os polos, os quais treinam o ano todo para estas competições internas, propiciando assim a vivencia de um ambiente de competição saudável e não hostil (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2013). 5.5 Escolinhas de Boxe de São José dos Campos A criação de bases para desenvolvimento e prática do boxe na cidade de São José dos Campos se originou com a necessidade de desenvolver atletas da cidade e difundir o esporte na região, motivos que nasceram com a inclusão da modalidade no quadro de medalhas do evento esportivo de suma importância para o esporte das cidades do estado de São Paulo, os Jogos Abertos do Interior, em 2005 (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2005). Com a inclusão da modalidade na competição, a criação das escolinhas se tornou fundamental para que, além dos atletas de alto rendimento que representavam a cidade na competição, a população da cidade também tivesse contato com o esporte em questão. Foi a partir desses princípios que as bases foram criadas em 2006, sendo primeiramente em dois locais, no Bairro do Alto da Ponte e no Bairro Campo dos Alemães (ESPORTES E LAZER, 2006). Com o crescimento da modalidade e os resultados positivos obtidos pela equipe de alto rendimento mantida pelo projeto FADENP (Fundo de Apoio ao Desporto Não Profissional) da prefeitura de São José dos Campos, a comunidade foi se interessando ainda mais pela modalidade e tornando as aulas oferecidas um atrativo para a prática, e, com o aumento dos alunos houve então a necessidade da expansão das escolinhas. Hoje, oito anos após a iniciação do trabalho, a Secretaria de Esportes e Lazer conta com cinco locais de ministração de aulas e cerca de 100 alunos no somatório das unidades (DAEC, 2012). As unidades de aula desde o seu início já mostravam a eficácia do esporte, sendo oferecida como opção a prática de forma gratuita, formando logo no seu segundo ano de existência três atletas preparadas para integrar a equipe de boxe feminino do FADENP, equipe esta que representou a cidade nos Jogos Abertos do 23 Interior de 2007 em Praia Grande (MUSEU DOS ESPORTES, 2013) sagrando-se vice-campeã por equipe da modalidade na competição (VALEPARAIBANO, 2007). Das três atletas formadas das escolinhas duas eram da unidade do Alto da Ponte e uma do Campo dos Alemães (FARIA, 2006). Essas atletas formadas dentro do projeto social da cidade obtiveram medalhas e títulos em campeonatos paulistas, brasileiros e Jogos Abertos do Interior (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2012) sendo este a competição de maior destaque para a cidade, pois o mesmo mostra os resultados dos investimentos feitos pelas prefeituras no esporte em suas respectivas cidades. Os Jogos Abertos do Interior Horácio “Baby” Barione acontecem desde 1936, porém foi a partir de 1939 que se tornou a competição oficial do estado de São Paulo, sendo organizada pela Secretaria de Esportes do estado desde então (BARROS; TEGANI, 2008). Atualmente conhecido como olimpíadas caipiras o JAI se tornou uma das maiores competições da América, superando em número de atletas o maior de todos os eventos esportivos, os Jogos Olímpicos, onde em 2012 nas Olimpíadas de Londres somaram um total de 10.500 atletas participantes (CHARLTON, 2012). Por sua vez, os Jogos Abertos do mesmo ano recebeu em sua cidade cede, Bauru, um número total de 13.300 atletas em sua edição (GLOBOESPORTE, 2012). Só por esses números o evento mostra tamanha importância, pois é onde as cidades do estado mostram de fato o trabalho que vem sendo feito em termos de investimento esportivo na sua região, e São José dos Campos vem como uma cidade considerada “potência esportiva” sendo que só no boxe subiu no pódio com o título por equipe em todos os anos desde que a cidade criou uma equipe representante da modalidade na competição, sagrando-se campeã por equipe nas três últimas edições sempre com atletas da própria cidade integrando as equipes (MUSEU DO ESPORTE, 2012), mostrando o trabalho que vem sendo realizado na base das escolinhas e a importância da sua criação junto à comunidade joseense. 24 5.5.1 Formação de atletas nas escolinhas O objetivo principal das escolas de boxe mantidas pela prefeitura de São José dos Campos era primeiramente, a difusão do esporte para a comunidade e dentro disso trabalhar a captação de novos talentos para a modalidade. Dentro desses oito anos de existência das escolinhas de boxe da secretaria de esportes da cidade, centenas de alunos passaram pelas unidades de aula (DAEC, 2012), e desses alunos, atletas se destacaram, mesmo com o pouco tempo de existência do projeto, e obtiveram títulos brasileiros, paulistas e internacionais, com conquistas na categoria infantil, cadete, e juvenil, masculino e feminino e por fim adulto feminino (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 2012). O suporte do poder público dentro desse projeto para que a formação dos atletas oriundos da comunidade obtivessem resultados positivos, apesar do pouco tempo de existência do mesmo, se fez de total importância. Ferreira (2007) aponta cinco quesitos importantes para a construção do esporte de alto rendimento, sendo eles: (1) a organização esportiva (2) a participação da ciência do esporte (3) a participação do sistema educacional (4) o sistema de apoio público e privado (5) disposição de infraestrutura e recurso materiais. Dentro desses preceitos apontados por Ferreira (2007), dois deles expõe a importância do poder público na aplicação do esporte, quando cita a organização do estado e o apoio do poder público no desenvolvimento do esporte de alto rendimento. Os apoios, através da criação de polos para a prática esportiva, e a organização de equipes competitivas, financiadas através de recursos públicos, tornaram possível o trabalho com formação de atletas em São José dos Campos. A prefeitura através de projetos esportivos nos polos oferece aos mesmos oportunidades para a prática através de estrutura física e de materiais, e nas categorias principais atuando também com o suporte financeiro para que os mesmo possam se manter atuando no meio esportivo, onde eles contam também com o auxilio ao desenvolvimento da 25 educação e formação profissional através do auxilio a cursos universitários (SARDINHA, 2010), abrangendo através dessas atitudes, o total apoio ao desenvolvimento esportivo e permitindo os profissionais utilizarem-se de políticas públicas para evolução da modalidade dentro das comunidades e tornando esses alunos referências esportivas dentro do meio de convivência do mesmo. Não só do desenvolvimento de atletas se fez foco no trabalho de boxe com a comunidade joseense, mas a prática do boxe recreativo como inclusão social também se faz presente nas unidades e se mostra importante no processo público de incentivo ao esporte como cita Barros e Tegani (2008), Wilpert (2005), onde esporte é capaz da criação de um ambiente saudável e feliz para se viver em comunidade oferecendo, dessa forma uma interação social que permite o desenvolvimento do individuo advindo do social para o pessoal, benefícios obtidos através da pratica esportiva com o alcance da melhora da qualidade vida, entrando como foco na construção do projeto esportivo como atividade de lazer e o alcance do bem estar do individuo. A visão macro da prática social onde se levou o esporte de forma simples e acessível através dos meios públicos à população facilitou a aproximação de novos talentos para a modalidade, e o apoio do poder público propiciou o caminho desses indivíduos ao esporte de alto rendimento, mostrando que a partir de simples iniciativas, as descobertas de novos talentos esportivos se tornam muito mais fáceis e a inclusão da população em geral faz com que o retorno de resultados e a continuação de investimentos permaneçam ativos. 5.6 Resultados de atletas das escolinhas Dentro do período de trabalho que esta sendo realizado com foco no alto rendimento, São José dos Campos apresenta resultados significativos no meio competitivo. Com as bases sendo formadas em 2006 (ESPORTES E LAZER, 2006) já no ano seguinte, em 2007 a cidade aparece no quadro estadual com meninas oriundas das bases despontando, com uma medalha de ouro no Campeonato Paulista, 2 pratas e 1 bronze na mesma competição (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, 26 2007), e a conquista de um campeonato infantil no mesmo ano também por um atleta formado na base da escolinha (BALDINI, 2007). Ainda em 2007 o campeonato brasileiro de boxe feminino realizado no Distrito Federal também trouxe retorno em termos de resultados, as três atletas joseenses que participaram da competição obtiveram medalhas, sendo duas pratas nas categorias até 64kg e até 69kg, e uma medalha de bronze na categoria até 52kg (CBBOXE, 2007), outro resultado expressivo no mesmo ano foi a conquista de medalhas na mais importante competição para a cidade, os Jogos Abertos do Interior, onde foram conquistadas pelas atletas de São José dos Campos, na equipe feminina, uma prata por Mirela Moreno e uma medalha de bronze pela atleta Adriana Vieira contribuindo e muito para a 3ª colocação da equipe no geral da modalidade (MUSEUS DE ESPORTES, 2007). Com resultados expressivos em todos os anos de existências das escolinhas o tri- campeonato paulista por equipe (FEBESP, 2012), o tri- campeonato dos jogos abertos do interior por equipe (MUSEUS DE ESPORTES, 2012) são os que denotam bem a importância do trabalho de base feito na cidade nesses oito anos de existência do projeto. As conquistas dos atletas da casa não param por aí, a equipe de boxe São José dos Campos possui no currículo de seus atletas 5 títulos nacionais, sendo 2 na categoria cadete, 2 na categoria juvenil e um na categoria feminino adulto (CBBOXE, 2010), e mais 10 medalhas entre pratas e bronzes, somando um total de 15 medalhas em competições nacionais (CBBOXE, 2007-2012). A respeito de nível internacional, o trabalho feito nas categorias de base da cidade com o boxe, também já rendeu frutos para a modalidade com a conquista do vice-campeonato continental de boxe juvenil em 2012 no equador pelo atleta joseense Victor Araújo representando a seleção brasileira na competição (CBBOXE, 2012). 27 5.7 Análise entre os resultados das escolinhas de boxe e os processos utilizados na detecção de talentos. 5.7.1 Formação de atletas em São José dos Campos Segundo Irútia e Xavier (2009) a formação de atletas de alto rendimento acontece através de três processos: detecção, captação e seleção. - O primeiro processo chamado de detecção ocorre através da avalição da existência das aptidões individuais e as habilidades específicas para praticar do esporte em questão, onde se inicia o aprofundamento das características técnicas da modalidade. Em São José dos campos esse processo ocorre logo nas escolinhas de base esportiva, onde alunos na sua fase de desenvolvimento de orientação adentram na modalidade, juntamente a outros com fases de desenvolvimento mais avançadas. Nesse primeiro momento serão passadas as técnicas e instruções da modalidade de maneira geral a fim de se desenvolver as habilidades motoras e aptidões físicas juntamente com o prazer de se praticar a modalidade. - A segunda etapa desse processo, a captação, nada mais é que a inserção de fato do individuo no alto rendimento, começando pela modificação dos objetivos e características do treinamento. Em São José dos campos isso ocorre a partir do momento que o professor detecta no aluno o potencial para ser atleta, devidas suas facilidades e adaptações a modalidade desde o seu ingresso na escolinha de boxe. Neste momento o aluno se encontra em sua fase desenvolvimento de direção por isso, o aluno começa a fazer treinos mais próximos a realidade da modalidade e até lutas combinadas entre alunos de outras escolinhas de boxe, para que se verifique se ele realmente tem o potencial que o professor acreditou que ele tivesse e para ter certeza se o aluno tem interesse em participar de embates e competições de uma forma um pouco mais seria. - A terceira fase chamada de seleção, onde o individuo já atleta é avaliado segundo suas potencialidades competitivas, traçando através desta avaliação objetivos competitivos, podendo ser eles de nível nacional, internacional ou olímpico. 28 Voltando para a realidade de São José dos Campos, o processo de seleção é iniciado a partir da indicação do aluno para a equipe principal da cidade, o FADENP. Neste ponto o aluno já se encontra na sua fase de desenvolvimento de especialização por tanto os treinos são cada vez mais intenções e específicos para a modalidade a fim de preparar o aluno, que neste momento começa a virar um atleta, para as competições vigentes do ano. Observando as comparações feitas acima, verificamos que todas as fases desse processo são claramente identificadas no trabalho de captação de atletas nas escolinhas de boxe de São José dos Campos, a fase do processo pode ser identificada quando o aluno inicia sua pratica da modalidade ainda como aluno nas escolinhas com o objetivo meramente recreativo e condicionador, nessa etapa quando identificada as características necessárias para a prática do esporte em alto rendimento dá-se inicio ao aprofundamento técnico do aluno já com objetivos diferenciados dos demais alunos, onde o foco é apenas recreativo. Este indivíduo parte para a especialização técnica visando o alto rendimento. O segundo processo da etapa de formação de atletas oriundos das escolinhas a captação acontece com a transição do aluno para atleta, onde o mesmo deixa de participar das aulas recreativas e passa participar dos treinamentos de alto rendimento, onde as características e o objetivo do trabalho tem o foco competitivo. A terceira é ultima fase desse processo é a iniciação do aluno transformado em atleta em competições de nível nacional e internacional, trançando através das características do mesmo as metas competitivas a serem atingidas. 5.7.2 Resultados das escolinhas x Literatura Levando-se em consideração o tempo de evolução de cada etapa do processo de formação e o tempo necessário para as fases de especialização, onde é recomendável que se inicie a vida esportiva no alto rendimento aos 11 anos, e o mesmo entrará em sua fase de amadurecimento aos 18 (ANTUNES, 2005). Conclui que levaria se no mínimo 10 anos para a formação de um atleta em alto-rendimento preparado para obter resultados significativos. 29 Observando essa perspectiva de formação de atletas, o projeto das escolinhas de boxe na cidade de São Jose dos Campos mostra resultados expressivos mesmo com apenas 8 anos de existência, o que se estivesse em concordância com os autores apresentados estaria conquistando somente nos próximos anos os resultados que já foram obtidos. As conquistas dos atletas do projeto já se concretizaram no segundo ano de existência, fruto de uma boa detecção de atletas e desenvolvimento de base (IRÚTIA; XAVIER, 2009). Observamos ainda que os atletas que obtiveram essas conquistas não estavam em sua fase de desenvolvimento de orientação, tendo mais de 14 anos de idade quando ingressaram nas escolinhas e em pouco tempo conseguindo seus resultados. 30 6 CONCLUSÃO Conclui-se que apesar dos poucos anos de existência do trabalho de base nas escolinhas de boxe de São José dos Campos mantidas pela prefeitura da cidade, o projeto que visa à detecção e captação de atletas para a modalidade e disseminação do esporte, já mostra resultados expressivos quanto ao trabalho de alto rendimento esportivo, com uma quantidade significativa de medalhas no âmbito nacional, internacional, e também em relação aos Jogos Abertos do Interior, competição de grande expressão para a cidade. 31 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, A.C. Formação esportiva: privilégio de alguns ou oportunidade para todos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. ano 10, n. 83, 2005. ARENA, S. S. e BÖHME, M. T. S. 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