SOCIOLOGIA – Profº. Sérgio Peixoto Programação I. O conhecimento em Ciências Sociais - introdução ao estudo da sociedade - Teoria e Método II. Relação Homem/Natureza: a questão do Trabalho na perspectiva antropológica e sociológica III. Indivíduo, identidade e socialização IV. Estrutura e estratificação social / as desigualdades sociais V. Mudança / transformação social - movimentos sociais / direitos / cidadania VI. Política / Estado - dominação e poder VII. Cultura e diversidade cultural VIII. A Indústria Cultural e a Ideologia . I. O CONHECIMENTO EM CIÊNCIAS SOCIAIS – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIEDADE . O Capitalismo Industrial e as idéias iluministas. O século XIX, o surgimento da Sociologia. . As principais correntes teóricas - Émile DURKHEIM TEORIAS SOCIOLÓGICAS – E. DURKHEIM A sociologia volta-se o tempo todo para os problemas que o homem enfrenta no dia-a-dia de sua vida em sociedade. Todos os homens possuem conhecimentos práticos de como agir, como participar de instituições, de grupos, etc. Assim, todos possuem um certo senso comum acerca da sociedade - ou seja, uma série de conhecimentos adquiridos na prática de como agir em situações coletivas. Nesse sentido, a sociologia está próxima de nossos problemas diários. Mas, por outro lado, a sociologia não se limita a repetir os ensinamentos do senso comum. Ela pretende ser um conhecimento científico sobre a realidade social e, enquanto tal, visa estabelecer teorias, bem como confrontá-las com a realidade. Essas teorias já não são tão simples como as idéias que temos sobre a sociedade. As teorias implicam conceitos - ou seja, a representação dos objetos reais por meio de palavras que os definem e caracterizam. Assim, quando um sociólogo fala em fatos sociais não está apenas usando uma palavra no seu sentido corriqueiro, mas utilizando um conceito que designa alguns aspectos da realidade social. DURKHEIM e os fatos sociais Para o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-19 17), a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na consciência dos indivíduos, mas que são construídas exteriormente, isto é, fora das consciências individuais. Em outras palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria, e é por isso que os indivíduos devem obedecer a elas. As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em conjunto. O indivíduo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que vão criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos, constituições, etc. Como indivíduos isolados, temos de aceitá-las, sob pena de sofrermos castigos por violá-las. Seguindo essas idéias, Durkheim afirma que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da Sociologia, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no indivíduo (como na psicologia). Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos. Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora dos indivíduos quando eles nascem. Coercitivos, porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do grupo. É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o que é um fato social. O indivíduo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas de conduta necessárias para a vida em sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias à organização da vida social. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, apesar da morte dos indivíduos. O que a criança aprende na escola? Idéias, sentimentos e hábitos que ela não possui quando nasce, mas que são essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo, é aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país. E necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga no decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia participar da vida em sociedade. Outro conceito importante para Émile Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações transmitem umas às outras. Há ainda muitos outros exemplos de instituições: a Igreja, o Exército, a família, etc. Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras de ação que lhe são exteriores — ou seja, que não foram criadas por ele — e são coercitivas — limitam sua ação e prescrevem punições para quem não obedecer aos limites sociais. As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum. As idéias de Durkheim acerca da sociedade também irão levá-lo a propor um certo método para a Sociologia. O método de uma ciência consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta, suas pesquisas. Como Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele estabelecerá como regra básica de seu método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem coisas, isto é, como se fossem objetos que existem independentemente de nossas idéias e vontades. Com isso, Durkheim enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve ter em relação à sociedade: ele deve descrever a realidade social, sem deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais. Tomazi, N. D.(coord) Iniciação à Sociologia. São Paulo, Atual, 2000 Solidariedade mecânica, para Durkheim, era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos. Solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal. Durkheim e a sociologia científica Durkheim se distingue dos demais positivistas porque suas idéias ultrapassaram a reflexão filosófica e chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade. O empirismo positivista, que pusera os filósofos diante de uma realidade social a ser especulada, transformou-se, em Durkheim, numa rigorosa postura empírica, centrada na verificação dos fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados através de dados coletados diretamente pelo cientista. Encontramos em seus estudos um inovador e fecundo uso da matemática estatística e uma integrada utilização das análises qualitativa e quantitativa. Observação, mensuração e interpretação eram aspectos complementares do método durkheimiano. Para isso, Durkheim procurou estabelecer os limites e as diferenças entre a particularidade e a natureza dos acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e sociológicos. Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisa que, embora norteado por princípios das ciências naturais, guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo. Ainda que preocupado com as leis gerais capazes de explicar a evolução das sociedades humanas, Durkheim ateve-se também às particularidades da sociedade em que vivia, aos mecanismos de coesão dos pequenos grupos e à formação de sentimentos comuns resultantes da convivência social. Distinguiu diferentes instâncias da vida social e seu papel na organização social, como a educação, a família e a religião. Pode-se dizer que já se delineava uma apreensão da sociologia em que se relacionavam harmonicamente o geral e o particular. Havia busca, ainda que não expressa, da noção de totalidade. Essa noção foi desenvolvida particular-mente por seu sobrinho e colaborador Marcel Mauss, em seus estudos antropológicos. Em vista de todos esses aspectos tão relevantes e inéditos, os limites antes impostos pela filosofia positivista perderam sua importância, fazendo dos estudos de Durkheim um constante objeto de interesse da sociologia contemporânea. Aos poucos começa a se desenvolver na sociologia também a preocupação com o particular. Costa, Cristina. Sociologia. Introdução à ciência da sociedade. São Paulo, Moderna, 1997. TEXTO 1: Sobre como tratar os fatos sociais Os fatos sociais devem ser tratados como coisas — eis a proposição fundamental de nosso método, e a que mais tem provocado contradições. [...] Com efeito, não afirmamos que os fatos sociais sejam coisas materiais, e sim que constituem coisas do mesmo tipo que as coisas materiais, embora de maneira diferente. Com efeito, que é coisa? A coisa se opõe à idéia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior. É coisa todo objeto de conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender, senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisas não é, pois, classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com relação a eles, certa atitude mental. Seu estudo deve ser abordado a partir do princípio de que se ignora completamente o que são, e de que suas propriedades características, assim como as causas desconhecidas de que estas dependem, não podem ser descobertas nem mesmo pela mais atenta das introspecções. (Émile Durkheim. Fatos sociais: o estudo das representações coletivas. ln: M. M.Foracchi ei. S. Martins. Sociologia e sociedade — Leituras de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro:LTC, 1977. p. 23.) TEXTO 2 - SOCIOLOGIA FUNCIONALISTA – A BUSCA DO EQUILÍBRIO SOCIAL A Sociologia Funcionalista apresenta-se muito diversificada em suas manifestações, admitindo em geral dois preceitos norteadores de sua análise: 1. A interpretação sociológica nasce de um sistema organicista, que estabelece identidade entre as sociedades humanas e os organismos biológicos; 2. Esse sistema organicista mantém relações funcionais com todas as suas partes, componentes, aspectos e fases, ocorrendo mútua determinação entre eles. Assim, o sistema organicista determina-os e é por eles determinado. O funcionalismo sociológico prestigia o conceito de sistema, sendo ele o fundamento das investigações, de onde derivam suas análises de estrutura e de processo. O conceito de sistema não se identifica com a sociedade historicamente existente. Aos poucos, com o correr do tempo, tal conceito começa a disfarçar seu teor organicista, sua identidade com os organismos biológicos, ocultando também seu caráter conservador, preocupado com a continuidade da ordem social instituída. Para o funcionalismo, o sistema organicista, antes identificado com os organismos biológicos, define-se agora como sistema social, significando o conjunto de modelos socialmente aceitos, destinados a guiar e a regular o comportamento dos membros de cena sociedade. O conceito de sistema social permite a formulação dos conceitos de estrutura e de processo, no sentido funcionalista. A capacidade analítica do conceito de estrutura tem conquistado tamanha força na interpretação funcionalista que, nas últimas décadas, o próprio Funcionalismo acabou recebendo a denominação de Estruturalfuncionalismo. Para esse, a estrutura reproduz os elementos estáticos da sociedade, compreendendo todas as relações básicas e padronizadas dessa sociedade, no interior de um grupo e entre os seus grupos. Ainda em termos estruturalfuncionalistas, o processo faz conhecer todas as alterações na sociedade, decorrentes das relações dos indivíduos, mostrando, pois, seus elementos dinâmicos. O processo social modifica a estrutura social, ás vezes levemente, de forma quase imperceptível. O funcionalismo sociológico expõe algumas características em suas interpretações: 1. Elas normalmente se prendem aos fatos, excluindo as idéias religiosas, filosóficas, políticas ou quaisquer outras; 2. Os fatos recolhidos nas pesquisas tomam valor relativo, sendo aproximados e comparados entre si, sem destacar nenhum deles; 3. As pesquisas adquirem finalidade prática, visando a orientar a ação política. Originário das proposições de Auguste Comte, o Funcionalismo surge com a Sociologia, mas sua fonte primeira e fundamental acha-se na obra sociológica de Émile Durkheim (1858-1917). Evaldo Vieira, Sociologia da Educação - reproduzir e transformar, Ed. FTD, SP, 1996. QUESTÕES 01. (UEL) A Sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve juntamente com o avanço do capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. Sobre a emergência da sociologia, considere as afirmativas a seguir. I. A Sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade social e a concentração populacional nos centros urbanos. II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização. III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cientificismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento. IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III. b) II e III. c) II e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV. 02. (UEL) “A despeito de se viver na era dos direitos, são significativos os homicídios no mundo inteiro, as condições sub-humanas a que são submetidas centenas de milhões de pessoas [...]. No Brasil, aí estão assassínios praticados por graúdos mandantes que se servem de pistoleiros profissionais, trabalho escravo, tráfico de mulheres, menores para prostituição, a deplorável guerra do tráfico de drogas e as chacinas em grandes cidades brasileiras, em pleno século XXI [...]. Pelo número de concepções, leis, tratados, etc., está-se na era dos direitos. No plano da efetivação dos direitos, para utilizar a expressão de Lipovetsky [...], não se estaria na era do vazio [de direitos]?” [Situações sociais desse tipo são analisadas por alguns sociólogos a partir da consideração de que nos encontramos em] “uma condição social em que as normas reguladoras do comportamento perderam a sua validade, [onde] a eficácia das normas está em perigo”. (Folha de São Paulo, São Paulo, ago. 2004.) Assinale a alternativa que indica o conceito utilizado por Emile Durkheim (1858-1917) para definir uma “condição social” do tipo descrito no texto. a) Anomia. b) Fato social. c) Coerção social. d) Consciência coletiva. e) Conflito social. 03. (UEL) Um jovem que havia ingressado recentemente na universidade foi convidado para uma festa de recepção de calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia informação sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, imaginando que a festa seria formal, compareceu vestido com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam trajando roupas esportivas, causou estranheza, provocando risos, cochichos com comentários maldosos, olhares de espanto e de admiração. O calouro não estava vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre o seu comportamento. As regras que regem o comportamento e as maneiras de se conduzir em sociedade podem ser denominadas, segundo Émile Durkheim (1858-1917), como fato social. Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim. I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas. e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas. 04. (UEL) Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma lei da história que a solidariedade mecânica, a qual a princípio é quase única, perca terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne preponderante”. Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67. Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples, organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por semelhança, também chamada de solidariedade mecânica. Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do aprofundamento da especialização profissional. De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que: a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica para a solidariedade mecânica, em função da multiplicação dos clãs. b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica, as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica. c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica, em função da intensificação da divisão do trabalho. d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho, as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade. e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade e, por isso, tendem a desaparecer progressivamente.