UNEF UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO: ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA FEIRA DE SANTANA - BAHIA NOVEMBRO DE 2010 0 CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO: ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da UNEF - Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana / FAESF - Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana. Autorizada pela Portaria Ministerial nº 1263, de 25 de abril de 2002, publicada no D.O.U em 26 de abril de 2002. Orientador: Professor especialista Andrews Ferreira Pedra Branca. FEIRA DE SANTANA - BAHIA NOVEMBRO DE 2010 1 TERMO DE APROVAÇÃO CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO: ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da UNEF - Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana / FAESF - Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana, área de concentração Ciências Sociais. Os componentes da banca de avaliação, abaixo listados, consideram este trabalho aprovado. Orientador : Andrews Ferreira Pedra Branca, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Faculdade São Bento). ____________________________________________ Professora membro da banca: Lílian Mattos Santos Pedra Branca, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Faculdade São Bento). ____________________________________________ Professor convidado: Genivaldo Conceição Oliveira, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Mestre em Linguística pela UT at Austin, Estados Unidos da América. ____________________________________________ Feira de Santana, Bahia, 25 de novembro de 2010. 2 Que o fim seja compreendido como a oportunidade de darmos início a algo novo. A minha mãe Lucy Oliveira. Está mulher nordestina de fibra e caráter moral inalienável, religiosa, caridosa, amiga e amável, uma pessoa singular na bondade e plural na generosidade, pessoa que me apoiou e apoia quando sempre necessito. Ao meu pai José Augusto. De quem herdei o amor pela fotografia e a têmpera da personalidade. A minha filha Carla Patrícia, esta pequena joia. Me faz lembrar que podemos produzir algo infinitamente melhor do que nos mesmos. Aos meus irmãos José Augusto Junior e Luís Cláudio, por esta amizade que transcende o terreno. A Patricia de Lacerda, Meirivan Santos, Edilma Moura, Iêda Pereira, Débora Guedes, Luziane Pereira e todas as mulheres da minha vida. As que passaram anos, meses, dias e horas ao meu lado. Que me fizeram sentir: forte e frágil, repleto e vazio, alegre e triste, amado e odiado, mas, acima de tudo, humano. 3 AGRADECIMENTOS Os primeiros passos em direção ao conhecimento é perceber a própria ignorância. A minha família, meus pais Jose Augusto e Lucy Oliveira; meus irmãos Luís Claudio e José Augusto Junior e a minha sempre e infinitamente amada filha, Carla Patricia de Lacerda Silva. A memória do meu imortal amigo e irmão, Gilson Carlos Silva Pereira (Gilson Alves - in memoriam), que ao me presentar o livro de autoria de Jô Soares, ‘O homem que matou Getúlio Vargas’, escreveu: “Amigo é o irmão que a gente pode escolher. Gostaria de registrar a alegria de tê-lo como irmão. Feira de Santana, 24 de dezembro de 1998.”. A Vanuza Rios, Sérgio Jones e Joilton Freitas. Aos meus poucos e significativos amigos. As pessoas que de forma diversa, percebendo ou não, se tornaram mestres em minhas vidas. Ensinando-me coisas novas ou ensinando-me a rever antigos conceitos. Ao Ser Supremo, que tem o nome pronunciado de diversas formas, nas diferentes religiões e culturas da humanidade. Compreendido de múltiplas maneiras, detém apenas uma face, que nos toca de forma singular e desta maneira tentamos compreendê-lo e aceitá-lo. 4 RESUMO Este trabalho analisa a historicidade e características do hipertexto no webjornalismo, com estudo de caso de três notícias publicadas no Jornal Grande Bahia online. Estas notícias foram selecionadas usando critérios de noticiabilidade, como proximidade, abrangência, etc. Elas foram publicadas em períodos distintos e estão inter-relacionadas. O que nos conduz a outras características do webjornalismo, descritas por Machado e Palacios (2003) como: hipertextualidade, memória, instantaneidade e atualização contínua. O próprio webjornal foi analisado sob o prisma da Teoria da Notícia de Sousa (2010) e sobre os critérios de veículos de Comunicação de Massa propostos pelos estudos de Lévy (1999), Monteiro (2001) e Serra (2007). Palavras-chave: hipertexto, cibercultura, não-linearidade, multi-linearidade, webjornalismo, tecnocosmo, redes telemáticas. 5 ABSTRACT This work analyses the historicity and characteristics of Hypertext in webjornalismo, with case study of three news published in the Journal Large Bahia online. These news were selected using criteria such as proximity noticiabilidade, comprehensiveness, etc. They were published in different periods and are interrelated. What leads to other features of webjornalismo, described by Machado and Palacios (2003) as: hypertextuality, memory, immediacy and continuous update. Webjornal himself was analyzed in the prism of Theory news de Sousa (2010) and on criteria for vehicles of mass communication studies proposed by Lévy (1999), Monteiro (2001) and Serra (2007). Keywords: Hypertext, cyberculture, nonlinearity, multi-linearity, webjornalismo, tecnocosmo, telematic networks. 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Placa celebrando o "Nascimento da Internet" na Universidade de Stanford, Estados Unidos. ........................................................................................................................ 25 Figura 2: O browser Google Chrome, apresenta no topo, a barra de navegação com endereço IP: http://www.jornalgrandebahia.com.br/ ................................................................ 31 Figura 3: Ilustração conceitual do Memex ........................................................................ 39 Figura 4: Elipses ilustram a delimitação da abrangência das terminologias. O Jornalismo Eletrônico abrange todo o sistema, enquanto o webjornalismo é o jornalismo aplicado na rede, ou web. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) ................................................................... 51 Figura 5: Teoria Unificada da Notícia, equação e definição das forças. (SOUSA, 2010, p.10) .......................................................................................................................................... 57 Figura 6: Imagem ilustra disposição das colunas. ............................................................. 60 Figura 7: Ao clicarmos no link do Google, foi aberta uma nova janela com a página do JGB. Fica aparente as características propostas por Palacios: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e Instantaneidade de Acesso. .................... 68 Figura 8: Acionando o hiperlink listado pelo Google, o internauta é remetido à notícia. Conceito de Memória, de Palacios, é comprovado pelo uso prático dos links......................... 69 Figura 9: O jornal é acessado através de um browser. A URL descreve a página de entrada do JGB. ........................................................................................................................ 70 Figura 10: Imagem captura a tela, onde são verificáveis os hiperlinks e o hipertexto em forma de vídeo, oriundo da globo.com. .................................................................................... 72 Figura 11: Imagem oriunda da captura de tela comprova a reprodutibilidade da notícia na web. A postagem pode ser encontrada, acessado a URL: www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=64587099. ........................................................ 73 Figura 12: Após lerem a notícia, participantes do fórum iniciam um debate sobre o programa JN no Ar e sobre a entrevista exclusiva que Ernesto Paglia concedeu ao JGB. ...... 73 7 Figura 13: À esquerda está à página decodificada pelo browser e, à direita, a imagem exibe os códigos que trafegam pela Internet. ........................................................................... 74 Figura 14: A notícia foi publicada em 9/6/2010 às 16:44:26. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=19186. ................................................ 84 Figura 15: Captura de tela da notícia: Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB. ................................................................................................. 85 Figura 16: A notícia foi publicada em publicada em 29/9/2010 às 04:22:57. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22893 ....................................... 86 Figura 17: Captura de tela da notícia: Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo. .... 88 Figura 18: A notícia foi publicada em publicada em 30/9/2010 às 15:42:04. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22969 ....................................... 89 Figura 19: Captura de tela da notícia: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que declara sobre Feira de Santana: vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade. ....................................................................................................................................... 94 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Pesquisa objetiva comprovar a baixa circulação de jornais impressos diários, levando em consideração a população total do município. ...................................................... 20 Tabela 2: Lévy (1993) propõe seis características que abrangem as múltiplas possibilidades de interpretações do hipertexto. (idem, p.25-26). ............................................. 43 Tabela 3: Resumo das definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e disseminação de informação no jornalismo contemporâneo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) ......................................................................................................................................... 50 Tabela 4: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de outubro 2010 a 31 de outubro de 2010. Apontando: 100.779 visitas únicas, 9 minutos e 38 segundos de tempo gasto por cada visitante e 3.487.876 de páginas visualizadas. ................................................. 65 Tabela 5: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de agosto 2010 a 31 de agosto de 2010. Apontando: 121.627 visitas únicas, 8 minutos de tempo gasto por cada visitante e 5.948.358 páginas visualizadas. .............................................................................. 65 9 SUMÁRIO 1 Introdução .......................................................................................................... 12 1.1 Epistemologia e Metodologia Científica ....................................................................... 14 1.2 Apresentação .............................................................................................................. 17 2 O surgimento da Internet e da Web .................................................................. 21 2.1 Computador pessoal ................................................................................................... 21 2.2 Internet x Web ............................................................................................................. 22 2.3 ARPAnet, o começo .................................................................................................... 23 2.4 Web 1.0, o início.......................................................................................................... 25 2.5 Web 2.0, a evolução .................................................................................................... 27 2.6 Os blogs, bilhões de páginas e usuários ..................................................................... 28 2.7 A Internet no Brasil ...................................................................................................... 29 2.8 Os primeiros webjornais .............................................................................................. 31 2.9 A Internet e uso da Web .............................................................................................. 31 3 A Internet como meio de comunicação............................................................ 33 4 O surgimento do hipertexto .............................................................................. 36 4.1 O hipertexto na Idade Média ....................................................................................... 37 4.2 O moderno hipertexto .................................................................................................. 38 4.3 Lévy e o conceito de hipertexto ................................................................................... 41 5 A Internet e o uso do Hipertexto ....................................................................... 44 5.1 Não-linearidade ........................................................................................................... 44 5.2 Não-linearidade x Multilinearidade .............................................................................. 46 5.3 O hipertexto no webjornalismo .................................................................................... 46 6 O jornalismo na Web ......................................................................................... 48 6.1 Etapas do desenvolvimento do Webjornalismo ........................................................... 51 6.2 Características do jornalismo desenvolvido para web ................................................. 53 6.3 Formatos das notícias dentro do webjornal ................................................................. 55 7 Teoria da notícia ................................................................................................. 56 8 Estrutura do Jornal Grande Bahia .................................................................... 58 8.1 A equipe ...................................................................................................................... 58 8.2 Estrutura da página inicial ........................................................................................... 59 8.3 Estrutura das páginas internas .................................................................................... 62 8.4 Relatório de audiência do JGB .................................................................................... 63 10 8.5 Linha editorial .............................................................................................................. 66 9 Identificando o webjornalismo.......................................................................... 67 10 O hipertexto no Jornal Grande Bahia............................................................. 70 11 Considerações finais ....................................................................................... 75 12 Referências ....................................................................................................... 77 13 Anexos .............................................................................................................. 84 11 1 INTRODUÇÃO Para ser universal, basta falar de sua aldeia. Dostoievski A opção pelo estudo do hipertexto em sítio jornalístico online advém da expansão do uso da Internet como meio de disponibilização de conteúdos jornalísticos. Faggion (2010): “Essa realidade tecnológica veio para exercer uma influência tal na vida das pessoas a ponto de hoje o computador não apenas ser o responsável pela solução de problemas mais complexos, mas também um dos responsáveis por uma nova cultura” (idem, p. 4). A Hipertextualidade é considerada um elemento da pós-modernidade por inúmeros estudiosos, Ferrari (2007) aborda: “Considerado uma linguagem híbrida, o hipertexto é capaz de se revigorar a partir da dicotomia entre oralidade e escrita, tornando muito positivo este movimento de ruptura, que vários autores identificam com pós modernidade”, (idem, p. 9) Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria. (LÉVY, 1993, p. 7) Durante palestra, Lévy reafirmou a importância da Internet na sociedade atual, desconsiderando o argumento de que o problema da Internet é a dificuldade ao acesso das pessoas. "A Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou pelo menos 3000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever. A Internet tem apenas 10 anos", ponderou. "O importante é ver o índice de pessoas plugadas", concluiu. (COVAS, 2010, p. 1) Pierre Lévy descortina a importância da Cibercultura nas relações humanas pósmodernas. Sua episteme provoca e esclarece a profundidade deste novo espaço de comunica12 ção que se constitui no ciberespaço1 e nos veículos que surgem através dele. No caso específico de estudo, o hipertexto através do Jornal Grande Bahia, será um dos teóricos da comunicação a serem citados em nossa pesquisa. Desta episteme, decorre a opção por uma abordagem pós-moderna, tendo como base os estudos de Pierre Lévy. O Estudo de Caso, parte do recorte de duas matérias e de uma entrevista publicada no sítio jornalístico Jornal Grande Bahia, com os seguintes títulos: ‘Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB’. Publicada na editoria Mídia em 9/6/2010 às 16:44:26 (AUGUSTO, 2010, p. 1). ‘Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo’. Publicada na editoria Manchete em 29/9/2010 às 04:22:57 (AUGUSTO, 2010, p. 1). ‘Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que declara sobre Feira de Santana: vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade’. Publicada na editoria Manchete em 30/9/2010 às 15:42:04 (AUGUSTO, 2010, p. 1). Critérios clássicos como: notoriedade, proximidade, relevância e atualidade, foram utilizados para seleção das notícias (GRADIM, 2002, p. 23-24). Além do fato delas estarem inter-relacionas em momentos distintos de sua produção e publicação e de possuírem características de hipertextualidade com os hiperlinks, inter-relacionados e extra-relacionados. O jornalismo, sobretudo de influência norte-americana, se consolidou sobre o fundamento da objetividade. Ou seja, o conhecimento produzido pelo jornalismo se baseia elementarmente na rigorosa observação dos fatos, que seriam “estáveis, absolutos e disponíveis a qualquer consciência” (Gomes, 1991, p. 25). Isso implica que o jornalista deve produzir seu relato a partir das características do fato, constatadas com base nos parâmetros estabelecidos pela realidade que lhe é própria. Os repórteres, portanto, esperam o acontecer dos fatos (e esperam também estar na hora e no lugar que eles acontecem), procurando capturá-los e torná-los de conhecimento público, isto é, reportá-los. Tuchman (1983) considera impossível a separação entre o relato de um fato e o juízo de valor sobre ele. Segundo ela, todo conhecimento do fato envolve uma forma específica de como isso se faz, isto é, determina-se a “trama da faticidade” como toda realidade possível e 1 Segundo Lévy (1999) a palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibson, no romance de ficção científica ‘Neuromonte’. O próprio Lévy define ciberespaço como um espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. (idem, 92) 13 desenvolve-se o aparato institucional que forma a imprensa imbricada em torno daquela estrutura (idem, p.112). A cobertura jornalística então seria “uma realización artificiosa afinada según modos específicos de comprender la realidad social. Esos modos de comprender, constituidos como procesos y prácticas de trabajo específicos, legitiman el status quo” (ídem, p. 230). 1.1 Epistemologia e Metodologia Científica Gil (1999) aborda que embora o termo ciência signifique conhecimento, é preciso levar em conta outros saberes, que também formam o conhecimento humano, a exemplo do conhecimento vulgar, religioso e em certa acepção, o filosófico. “Pode-se considerar a ciência como uma forma de conhecimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada – se possível, com auxílio da linguagem matemática -, leis que regem os fenômenos.” Estes fenômenos podem ser comprovados por meio da observação e da experimentação, dadas as circunstâncias idênticas em que eles foram postulados. (idem, p. 20) Pode-se definir ciência mediante a identificação de suas características essenciais. Assim, a ciência pode ser caracterizada como uma forma de conhecimento objetivo, racional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento cientifico é objetivo porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do pesquisador. É racional porque se vale, sobretudo da razão, e não de sensação ou impressões, para chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidade cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamentalmente á elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita demostrar a veracidade das informações. Finalmente, é falível porque, ao contrario de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar. (GIL, 1999, p. 20-21) Gil (1999) destaca que as ciências podem ser classificadas de duas grandes categorias: formais e empíricas. As formais tratam de entidades de ideias e de suas relações, a exemplo da matemática e da lógica formal. As ciências empíricas estão classificadas em naturais e sociais. “Dentre as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Astronomia e a Biologia. Dentre as ciências sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Politica, a Economia e a História. A Psicologia, a despeito de apresentar algumas características que a aproximam das ciências naturais, constitui também uma ciência social. Isto porque, ao tratar do estudo do comportamento humano, trata-o sobretudo a partir da interação entre indivíduos.”. (idem, p. 21) O método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir determinado conhecimento. E para que o conhecimento possa se tornar científico 14 é necessário identificar e sistematizar as operações mentais e as técnicas necessárias para verificação deste conhecimento científico. (GIL, 1999, p. 26). A objetividade, entretanto, não é facilmente obtida por causa de sua sutileza e implicações complexas. Todo o conhecimento do mundo é afetado pelas predisposições dos observadores. Quanto mais as observações se afastam da realidade física, maiores as possibilidades de distorção. (GIL, 1999, p. 45) O tema da monografia: O hipertexto no Webjornalismo: Estudo de Caso Jornal Grande Bahia. Tem como objeto de estudo o Hipertexto no webjornalismo, seguindo uma epistemologia pós-moderna, com base nos estudos de Pierre Lévy. O problema identificado questiona de que forma o hipertexto é utilizado no Jornal Grande Bahia. A hipótese trabalhada analisa que, embora seja um elemento natural do ciberespaço, e que toda página disposta na web é um hipertexto, todos os hipertextos formam um grande hipertexto. Elementos da hipertextualidade ainda são pouco utilizados no Jornal Grande Bahia, devido a deficiência de domínio técnico e tecnológico desta linguagem. O pesquisador, desde a escolha do problema, recebe influência do seu meio cultural, social e econômico. A escolha do problema tem a ver com grupos, instituições, comunidades ou ideologias com que o pesquisador se relaciona. Assim, na escolha do problema de pesquisa podem ser verificadas muitas implicações, tais como relevância, oportunidade e comprometimento. (GIL, 1999, p. 50 a 51 apud TRUJILO FERRARI, 1982, p. 188) A opção por trabalhar com a HP (Hermenêutica de Profundidade) deve-se ao fato do pesquisador “poder analisar o contexto sócio histórico e espaço-temporal que cerca o fenômeno pesquisado, pode empreender análises discursivas, de conteúdo, semióticas ou de qualquer padrão formal que venha a ser necessário; pode analisar a ideologia como vertente social importante, conferindo um caráter potencialmente crítico à pesquisa, o que vem a ser destacado por Thompson (1998) em sua obra Ideologia e cultura moderna. O referencial metodológico da HP inclui formas de análise complementares entre si, partes de um processo interpretativo complexo.”. (VERONESE, GUARESCHI, 2006, p. 87) O que distingue o debate moderno sobre o conhecimento dos debates anteriores é o facto de a ciência moderna ter assumido a sua inserção no mundo mais profundamente do que qualquer outra forma de conhecimento anterior ou contemporânea: propôs-se não apenas compreender o mundo ou explicá-lo, mas também transformálo. Contudo, paradoxalmente, para maximizar a sua capacidade de transformar o mundo, pretendeu-se imune às transformações do mundo. Nos termos da consciência de si próprios que a ciência e os cientistas tenderam, dominantemente, a formar desde os tempos da revolução científica até um período muito recente, o privilégio epistemológico que a ciência moderna se arroga pressupõe que a ciência é feita no mundo, mas não é feita de mundo. (VERONESE, GUARESCHI, 2006, p. 86 apud SANTOS, 2004, p. 18) O método segue os preceitos científicos da Pesquisa Bibliográfica (GIL, 1999, p. 65) e da Pesquisa Descritiva, objetivando através da descrição do fenômeno, a partir de estudiosos, 15 identificar a recorrência e aplicabilidade do hipertexto no webjornal, assim bem como suas limitações (GIL, 1999, p. 44). Usaremos teóricos da comunicação que abordam os aspectos técnicos a exemplo de J.B. Pinho, Pollyana Ferrai, Marcos Palacios, Maria Clara Aquino, Danilo Oliveira, Luciana Mielniczuk, dentre outros. Para abordar a parte epistemológica usaremos os estudos de Pierre Lévy publicados nos Livros: Cibercultura, As tecnologias da inteligência e O que é virtual. Esta articulação de abordagens epistêmicas forma o resultado desta monografia. As teorias são muito importantes no processo de investigação em ciências sociais. Eles proporcionam adequada definição de conceitos, bem como o estabelecimento de sistemas conceituais; indicam lacunas nos conhecimentos; auxiliam na construção de hipóteses; explicam, generalizam e sintetizam os conhecimentos e sugerem a metodologia apropriada para investigação. (GIL, 1999, p. 36 apud Trujillo Ferrari, 1982, p. 119) A abordagem técnica da pesquisa segue o formato de Estudo de Caso. Realizado a partir de uma análise profunda de um ou de poucos objetos, o que permite o conhecimento amplo e detalhado do objeto estudado. O Estudo de Caso é uma forma de estudo empírica que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade e pode ser utilizado em pesquisas exploratórias, além das pesquisas descritivas e explicativas. (GIL, 1999, p. 72-73) Ele é utilizado com frequência crescente por parte dos pesquisadores sociais, em função das possibilidades que abrange: explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamento e experimentos. (GIL, 1999, p. 72-73) A pesquisa no jornalgrandebahia.com.br surgiu como uma necessidade subjetiva, um desejo de validá-lo do ponto de vista científico, a partir de uma pesquisa aprofundada. A pesquisa permite compreender os mecanismos que limitam o uso do hipertexto. As possibilidades de convergências das mídias em uma notícia são amplas, embora seja mais comum, a publicação de um texto ilustrado com uma fotografia, como no jornalismo impresso. Compreender melhor os mecanismos da hipertextualidade e seu uso, podem nos levar a um melhor entendimento dos motivos da baixa convergência midiática em uma mesma notícia online. Está é a necessidade cientifica. 16 1.2 Apresentação A escolha do sítio jornalístico jornalgrandebahia.com.br (JGB) surge da necessidade de analisar a recorrência das teorias e técnicas jornalísticas digitais em seu uso prático. O sítio tem sede em Feira de Santana, o que nos levou a utilizar como forma de escolha dele, critério jornalístico de proximidade2, que possui duas dimensões: a temática e a geográfica. Fernandes (2010) aborda que a questão temática supre a necessidade de grupos sociais que buscam trocar informações, têm afinidades por temas diversos e expectativas em comum. A geográfica diz respeito à proximidade espacial, que está inserida de modo direto na convivência cotidiana das pessoas, gerando um grau de interação e afetividade ainda maiores (idem, p. 6-7). Fernandes (2010) afirma que “Fontcuberta (1993 : 45) ressalta que a proximidade é um dos fatores mais poderosos na hora de eleger uma notícia. Mas que essa proximidade não deve ser entendida apenas como geográfica, mas também social e inclusive psicológica. ” (idem p. 67). Estudos científicos conduzem a uma intepretação compartilhada por pesquisadores que preconizam sobre a atividade jornalística: “A essência da prática jornalística não mudou. O bom jornalista continua sendo aquele capaz de apurar uma boa matéria, escrever um bom texto, fazer um bom título. Aquele que dá a informação rápida, objetiva, crítica, pluralista e independente. O papel do jornalista multimídia se expande, ele se torna mais flexível e completo, exige novas habilidades. Para trabalhar na internet, ele precisa ousar e tentar novas formas de comunicar; conhecer as especificidades do meio, entender e aprender a usar as ferramentas; ser cada vez mais um contador de histórias.” (JORGE; PEREIRA, 2009, p.59 apud SCHIARETTA, 2006) Outro a discorrer do papel do jornalista nos tempos pós-modernos é Pablo Marmorato, jornalista do Clarín Global, pertencente jornal argentino Clarín: “Hoje o jornalista tem que fazer de tudo um pouco. Não há mais diferenças entre um fotógrafo, um cinegrafista, um redator. Parece que a realidade obriga todos a incorporar novas ferramentas. O jornalista multimídia tem que entender de tudo, até de desenho gráfico. Tem que ser capaz de editar uma foto, de editar um vídeo, um podcast. Creio que é também uma questão de custo para as empresas. Em vez de mandar uma equipe de quatro pessoas para cobrir uma guerra, agora mandam só uma (...) que vai cobrir a invasão do Iraque com uma câmara e um telefone via satélite. E produz quatro informes por dia.” (JORGE; PEREIRA, 2009, p.59-60 apud JORGE, 2007) 2 A primeira categoria de considerações diz respeito ao acontecimento a transformar em notícia; a segunda, diz respeito ao conjunto dos processos de produção e realização; a terceira, diz respeito à imagem que os jornalistas têm acerca dos destinatários e a última diz respeito às relações entre os mass media existentes no mercado informativo. (WOLF, 1995, p.179-180). 17 Implicação com o objeto de estudo Enquanto aluno do Curso de Comunicação Social com habilitação em jornalismo. entendo que o jornalista contemporâneo deve adotar a ação de multimidialidade como forma de produção e exposição dos conteúdos. Ao adotar esta ação de multimeios de produção e divulgação, também foi levado em consideração o reduzido número de jornais impressos, bem como a sua circulação na cidade de Feira de Santana. O JGB nasce a partir de estudos acadêmicos realizados por mim, enquanto aluno do curso de comunicação social da UNEF. Compreendendo que o jornalismo impresso está em declínio, enquanto o webjornalismo em situação de ascensão. Vislumbrei a oportunidade de começar um empreendimento jornalístico que nascia em conjunto com uma nova cultura, denominada por Lévy de Cibercultura. A ideia inicial é que ele emulasse um jornal impresso no espaço da Internet. Em março de 2008, participei do Curso de Extensão em Jornalismo Digital, oportunidade em que solicitei uma avalição do professor doutor Sérgio Augusto Soares Mattos, sobre o sítio jornalístico: “O sítio copia as formas do jornal impresso no espaço da Internet e não utiliza em profundidade as ferramentas da hipertextualidade” (Mattos, 29/03/2008). A cultura de consumo do jornalismo online local, em Feira de Santana, era incipiente, pois não existiam webjornais. A ideia de não adotar um formato moderno, objetiva transferir a credibilidade atingida pelo jornal impresso no espaço da Internet e paulatinamente migrar para um modelo próprio de webjornalismo. Crise no jornalismo impresso Ao acompanhar as análises do Centro Knight, ligada a Universidade do Texas, Austin, Estados Unidos, que publica temas concernentes ao universo jornalístico em seu sítio: Centro Knight for Journalism in the America3. A partir do pressuposto empírico analítico, chegou-se a conclusão, em 2007, ano de lançamento do JGB, que o jornalismo impresso sofria perda continuadas de leitores, enquanto o jornalismo online estava em plena expansão. Diversas matérias foram publicadas pelo Centro Knight e reproduzidas no JGB na editoria4 de mídia, sobre o fechamento de veículos de comunicação impressos nos Estados Unidos, conforme destacamos: Com Newsweek à venda, uma era se desfaz (MAGRO, 2010, p. 1). Editorial Reed fecha 23 revistas especializadas nos Estados Unidos (MAGRO, 2010, p.1). O 3 4 http://knightcenter.utexas.edu/ Editoria: Cada uma das seções de um veículo de imprensa, que está a cargo de um editor. 18 triste canto pelo jornal impresso (MAGRO, 2010, p. 1). Circulação de jornais nos EUA registra queda acentuada(MAGRO, 2010, p.1). Outra matéria do Centro Knight aborda a ampliação da oferta de edições de notícias online: Veja prepara novo site para concorrer com grandes portais (MAGRO, 2010, p. 1). O JGB publicou dentre outras matérias: Jornal do Brasil circula em papel pela última vez (MAGRO, 2010, p. 1). E reproduziu o editorial: A nova fase digital do Jornal do Brasil (BRASIL, 2010, p.1). Elas anunciam o fim do jornal impresso mais antigo do Brasil e a adesão ao modelo online de jornalismo. O que evidencia a perda de leitores de jornais e revistas impressas e a migração para o jornal online, disponibilizado através de sítios de notícias na Internet. No relatório O estado da imprensa 2006, elaborado pela Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia (EUA), nota-se que as receitas publicitárias dos jornais norte-americanos tendem a, cada vez mais, enfrentar um crescente processo de migração para outros meios, principalmente para a internet. Essa fuga publicitária é, como constatam os especialistas em mídia, resposta imediata à queda no número de leitores. Se em 1984 cerca de 63,3 milhões de norte-americanos liam 1,6 mil jornais, em 2005 eram 45,2 milhões de leitores optando por 1,4 mil diários. Entre 1990 e 2005, a tiragem dos impressos nos Estados Unidos caiu 15%, o equivalente a mais de 9 milhões de exemplares, em dias da semana. A cereja desse bolo indigesto são as crescentes demissões no setor, que só na primeira metade dessa década dispensou pelo menos 3,8 mil jornalistas naquele país. (FERRARI, 2007, p. 44) Tiragem de jornais impressos em Feira de Santana. Pesquisa de Campo, realizada em outubro de 2010. Veículo Jornal Fundação A 15/10/1912 Tarde Editor Sede, circulação e tiragem Florisvaldo Tem sede em Salvador. O jornal é diário com distribui- Mattos ção nacional. Em Feira de Santana o jornal conta com 1.000 assinantes e são vendidos 600 exemplares nas bancas. Jornal 20/12/1978 Correio Jornal 22/06/1998 Sergio Tem sede em Salvador. O jornal é diário com distribui- Costa ção nacional. A empresa não forneceu os dados. João Au- Tem sede em Feira de Santana. O jornal é mensal com Feira gusto Oli- distribuição regional e conta com tiragem de 6000 Negócios veira exemplares. 19 Jornal 22/12/1996 Folha do Kenna Tem sede em Feira de Santana. O jornal é diário, mas Martins não circula as segundas-feiras. Sua distribuição é esta- Estado dual. Ele tem tiragem diária de 4.400 jornais (usando o conceito de média ponderada). Jornal 17/09/1909 Folha do Hugo Na- Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário, varro Silva Norte com tiragem semanal de 2.500 jornais. Jornal Noite 20/09/1998 e Cristóvão Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário, Aguiar circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta Dia Jornal Tribuna circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta com tiragem semanal de 5.000 jornais. 10/04/1999 Valdomiro Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário, Silva circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta Feirense com tiragem semanal de 2.000 jornais. O município de Feira de Santana possuí 591.707 habitantes5 e circulam diariamente 9.157 jornais impressos. Para os jornais semanais, foi usando o conceito de média ponderada. Foi atribuído ao Jornal Correio, os mesmos valores do Jornal A Tarde, em função de ambos possuírem as mesmas características de público alvo. Conclusão: Um jornal impresso para cada 64 habitantes. Tabela 1: Pesquisa objetiva comprovar a baixa circulação de jornais impressos diários, levando em consideração a população total do município. 5 IBGE: Estimativa da população feirense para 2009: 591.707. Área da unidade territorial 1.363 (Km²). Código do Município: 291080. 20 2 O SURGIMENTO DA INTERNET E DA WEB “Se uma tecnologia de comunicação desempenha uma função essencial, então é porque simboliza, ou catalisa, uma ruptura radical existente em simultâneo na ordem cultural da sociedade.” (Dominique Wolton) Antes de compreendermos o conceito de hipertexto é importante termos ideia do meio em que este conceito é aplicado em sua plenitude, a Internet, e dentro da Internet, a Web. Sendo que está passa por constantes modificações e aprimoramentos. Também se faz necessário o entendimento da importância do computador6 no processo de codificação e decodificação das mensagens que trafegam pela Internet. A sociedade atual move-se em torno das pessoas, das suas histórias, de seus costumes, suas experiências de vida, enfim, da informação individualizada. Naturalmente, o processo de comunicação está relacionado de modo íntimo com esse macromercado de seres humanos que precisam de informação e comunicação todos os dias, da mesma maneira que precisam do ar que respiram. Com a mídia eletrônica, as informações diferenciam-se de outros meios tradicionais como, por exemplo, a impressão ou a transmissão por ondas eletromagnéticas. Ela perde sua característica unívoca, de relação um para um, pra transforma-se em dado com múltiplo significados e leituras. (FERRARI, 2007, p. 7) 2.1 Computador pessoal Com a disseminação dos computadores pessoais (PC’s), formados por unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações. (LÉVY, 1999, p.43) existiu uma ampliação da base de computadores interconectados à rede. “Os órgãos de tratamento de informação ou "processadores", que hoje se encontram em chips, efetuam cálculos aritméticos e lógicos sobre os dados. Eles executam em grande velocidade e 6 Computador: Máquina capaz de receber, armazenar e enviar dados, e de efetuar, sobre estes, seqüências previamente programadas de operações aritméticas (como cálculos) e lógicas (como comparações), com o objetivo de resolver problemas. 21 de forma extremamente repetitiva um pequeno número de operações muito simples sobre informações codificadas digitalmente.” (LÉVY, 1999, p. 33). Os primeiros computadores (calculadoras programáveis capazes de armazenar os programas) surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945. Por muito tempo reservados aos militares para cálculos científicos, seu uso civil disseminou-se durante os anos 60. Já nessa época era previsível que o desempenho do hardware aumentaria constantemente. (LÉVY, 1999, p. 31) A Digital Equipment apresenta, em 1965, o PDP-8, o primeiro minicomputador comercial, com preço competitivo (AQUINO, 2006, p. 4). Em julho de 1975, foi aberta em Los Angeles, a primeira loja de computadores e em 1973, Anthony Smit, publica o livro From Books to Bytes. “A palavra bit7, pronunciada pela primeira vez em 1946 por John Stukey, um estatístico de Princeton, não tinha conotações literárias. Era uma abreviação de binary digit, "dígito binário", a menor unidade de informação digitalizada.”. O sistema digital baseia-se na codificação numérica de “0” e “1”. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 281) Um computador é uma montagem particular de unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações. Mas computadores de marcas diferentes podem ser montados a partir de componentes quase idênticos, e computadores da mesma marca contêm peças de origens muito diferentes. Além disso, os componentes do hardware (sensores, memórias, processadores etc.) podem ser encontrados em outros lugares que não os computadores propriamente ditos: cartões inteligentes, terminais de bancos, robôs, motores, eletrodomésticos, automóveis, copiadoras, fax, câmeras de vídeo, telefones, rádios, televisões, até os nós das redes de comunicação... em qualquer lugar onde a informação digital seja processada automaticamente. Por último, e mais importante, um computador conectado ao ciberespaço pode recorrer às capacidades de memória e de cálculo de outros computadores da rede (que, por sua vez, fazem o mesmo), e também a diversos aparelhos distantes de leitura e exibição de informações. Todas as funções da informática são distribuíveis e, cada vez mais, distribuídas. O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente da rede universal calculante. Suas funções pulverizadas infiltram cada elemento do tecnocosmos. No limite, há apenas um único computador, mas é impossível traçar seus limites, definir seu contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em lugar algum, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si. (LÉVY, 1999, p. 44) 2.2 Internet x Web É muito comum a confusão entre os termos Internet e Web (WWW - WORLD WIDE WEB). A primeira foi lançada na década de 1960 e tinha por objetivo interconectar os computadores domésticos em uma rede independente do sistema militar oficial de comunicações dos Estados Unidos. Desta forma, em caso de guerra o serviço de comunicação poderia continuar ativo através da rede de dados dos civis. Enquanto Web é um recurso ou serviço oferecido na Internet, que consiste num sistema distribuído de acesso a informações, as quais são apresen7 Bit: Unidade mínima de informação em um sistema digital, que pode assumir apenas um de dois valores (ger. 0 ou 1). 22 tadas na forma de hipertexto, com elos entre documentos e outros objetos (menus, índices), localizados em pontos diversos da rede. (FERREIRA, 2004) Internet versus World Wide Web: Contradizendo a crença popular, esses dois termos não são sinônimos. A Internet se refere à rede de computadores conectados que trocam informações. A World Wide Web se refere a um modo de acesso à informação através da Internet usando o hypertext transfer protocol (http) e os navegadores da Web. Ela não inclui outros protocolos como e-mail, mensagem instantânea e transferência de arquivo (FTP). (BRIGGS, 2007, p. 18) 2.3 ARPAnet, o começo A palavra Internet é definida como: conjunto de redes de computadores ligadas entre si por roteadores e gateways (dispositivo ou programa que permite a ligação entre redes que utilizam protocolos de comunicação diferentes, compatibilizando-os). Dentro da Internet funcionam diversos serviços como correio eletrônico, salas de bate-papo (chats), página de Web, também transitam dados e voz. Para realizar este trafego, ela utiliza o sistema Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) traduzido como: Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Internet. (FERREIRA, 2004) Em 1960, Donald Watt Davies, do Laboratório Nacional de Física da Grã-Bretanha, apresentou a ideia da quebra de mensagens em pacotes de informação ou blocos de mensagens, usando a expressão "transferência de pacote". Para definir o procedimento. Para colocar em rede computadores com interfaces diferentes e linguagens distintas, era necessário utilizar microcomputadores para agir como decodificadores, ficaram conhecidas nos Estados Unidos como IMPs. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300) A ARPA (Advanced Research and Projects Agency - Agência de Pesquisas em Projetos Avançados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos) foi fundada em 1957 como parte da resposta do governo estadunidense ao lançamento pelos Soviéticos, atual Rússia, em 4 de outubro de 1957, do satélite Sputnik. Os estudos da ARPA tinham objetivo de conectar as bases militares e os departamentos de pesquisa do governo americano, formando uma rede, que foi estabelecida em 1968 e 1969, com o nome de ARPAnet, dando início a atual Internet. (BRIGGS; BURKE, 2004, p.301). Briggs e Burke ( 2004) “O primeiro deles chegou ao campus da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em janeiro de 1969, quando Leonard Kleinrock os instalou e usou em seu laboratório; em dois anos, a ARPANet era totalmente operacional.” (idem, p. 300) Em 1962, Joseph Carl Robnett Licklider foi designado para liderar as pesquisas desenvolvidas na ARPA (Advanced Research Projects Agency) com o objetivo de 23 aperfeiçoar o uso militar da tecnologia de computadores. No estado atual, uma única bomba nuclear do inimigo poderia eliminar completamente qualquer forma de comando ou controle entre o Pentágono e as instalações militares norte-americanas espalhadas pelo mundo. (PINHO, 2003, p. 22). Os cientistas Vinton G. Cerf (Vint Cerf) e Robert Elliot Kahn (Bob Kahn) desenvolveram o conceito de TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Este protocolo, teoricamente, permitia o crescimento ilimitado da rede. No modelo concebido pelos pesquisadores, o TCP/IP oferece bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação em camadas, cada uma cuidando de uma tarefa, o que permite a aplicação em diferentes plataformas de hardware8. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 328) Os pacotes de informações enviadas pelos computadores da Internet contêm porções de dados e informações especiais de controle e endereçamento necessários para levar os pacotes aos seus destinos e remonta-los na sua forma original. Essa tarefa é realizada por um protocolo original – Transmission Control Protocol (TCP) –, que define as regras para os procedimentos de comunicação em uma rede. Por sua vez, o Internet Protocol (IP) cumpre a função de descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. (PINHO, 2003, p. 42) No início dos anos 80, o desenvolvimento e utilização do TCP/IP como protocolo para a troca de informações na ARPAnet (Advanced Research Projects Agency Network), possibilitou a conexão entre redes diferentes, aumentando a sua abrangência. Em 1983 houve a separação entre as aplicações militar e civil. O segmento militar passou a ser denominado de Milnet e o civil manteve o nome ARPAnet, que começou a se chamar progressivamente de Internet. (PINHO, 2003, p. 28) Em 1984 a National Science Foundation (NSF), órgão independente do governo americano, passou a ser responsável pela manutenção da ARPAnet. Em 1986 a NSF criou cinco centros de supercomputação interconectados por ligações de alta velocidade, formando a NFSnet. (PINHO, 2003, p. 29). “A NSF cria o Internet Network Information Center (InterNIC), que atribui números IP únicos a quem pedir e é também o gestor da raiz (topo da hierarquia) do Domain Name System (DNS) mundial. A InterNIC (http://www.internic.net) ainda armazena informações sobre a rede mundial e mantém um banco de dados com informações sobre toda a comunidade da Internet.” (PINHO, 2003, p. 34). Em 1990, a ARPAnet foi transformada em NSFnet (National Science Foundation’s Network), o que possibilitou a conexão com outras redes, inclusive fora dos Estados Unidos, passando a interconectar centros de pesquisa e universidades em todo o mundo. Estava formada a Internet. Inicialmente era utilizada como uma ferramenta de troca de informações no meio acadêmico. (MONTEIRO, 2001, p. 29) 8 Hardware: Componente, ou conjunto de componentes físicos de um computador ou de seus periféricos. 24 O termo Internet foi cunhado com base na expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection between computer NETworks”. Assim, a Internet é a rede das redes, o conjunto das centenas de redes de computadores conectados em diversos países dos seis continentes para compartilhar a informação e, em situações especiais, também recursos computacionais. As conexões entre elas empregam diversas tecnologias, como linhas telefônicas comuns, linhas de transmissão de dados dedicados, satélites, linhas de microondas e cabos de fibra óptica. (PINHO, 2003, p. 41) Segundo Pinho (2003) os governos, empresas ou instituições não são responsáveis pelo controle da rede mundial. Os padrões e as normas da Internet são estabelecidos pela comunidade. “Cada organização instala e mantém a sua própria parte na rede, permitindo ainda que as informações enviadas por ela transitem pelas suas rotas isentas de qualquer custo.”. (idem, p. 41). Fisicamente, a Internet equivale a superstada da informação, um mecanismo de transporte que conduz os dados por milhões de computadores interligados. “Os pacotes de informação viajam então por meio das redes que compõem a Internet, seguindo um caminho que passa por muitos níveis diferentes de redes em vários tipos de linhas de comunicação.”. (idem, p. 42) Figura 1: Placa celebrando o "Nascimento da Internet" na Universidade de Stanford, Estados Unidos. 2.4 Web 1.0, o início A World Wide Web (Teia de Alcance Mundial) surgiu em 1989. Tim Berners-Lee, físico inglês, pesquisador do CERN(Organização Europeia para a Investigação Nuclear), laboratório de partículas físicas, localizado nos arredores de Genebra, apresentou estudo que definia um modelo para a gestão da informação. Briggs e Burke (2004) citam Berners-Lee: ““Suponha 25 que eu tenha a possibilidade de programar meu computador para criar um espaço em que tudo possa ser ligado a tudo”, especulava ele.” (idem , p.302). Neste trabalho ele defendia a tese de uma rede mundial de computadores conectada por hiperlinks, ligações para outras páginas de Web, baseadas na Internet. Estas ligações seriam realizadas a partir de textos, imagens e áudio. A Internet e a WWW ou world wide web (que quer dizer algo como “teia de alcance mundial”, em inglês) não são sinônimos, embora frequentemente utilizemos esses termos como tal. Na realidade, a WWW é um espaço que permite a troca de informações multimídia (texto, som, gráficos e vídeo) através da estrutura da internet. É uma das formas de utilização da Rede, assim como o e-mail (correio eletrônico), o FTP (File Transfer Protocol) ou outros menos conhecidos atualmente. (FERREIRA, 2005) Seguindo com os estudos, em 1990, Berners-Lee, apresentava as ferramentas necessárias para o funcionamento da rede, criando: o protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol), a linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o primeiro navegador (chamado World Wide Web) e as primeiras páginas da Web (blocos de textos contendo links), que buscavam explicar o funcionamento da própria WWW. (MONTEIRO, 2001, p. 29) A web é provavelmente a parte mais importante da internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas, usam um sinônimo mesmo de internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de descrição de páginas HTML e o método de identificação e recursos URL. (PINHO, 2003, p. 33) Estas duas características, leitura e ligação a outras páginas, marcam o conceito fundamental da WEB 1.0. Não existindo qualquer tipo de interação com o leitor/usuário, que passa a ser mero receptador da informação apresentada. Outra característica é que o internauta, paga pelos programas que utiliza e para que funcionem, devem ser instalados em um computador pessoal (PC). No mesmo período, o acesso público a um programa de navegação (Mosaico), descrito na seção de negócios do New York Times de dezembro de 1993 como "a primeira janela para o ciberespaço", tornou possível atrair usuários — na época chamados "adaptadores" — e provedores, os pioneiros em programas cujas origens já foram descritas. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300) As páginas da Web 1.0 são estáticas, sem dinamismo ou interação. O modelo de indexação e hierarquia segue o conceito de Taxonomia (os dados são indexados por categorias e subcategorias, similar a estrutura de pastas do PC) (AQUINO, 2007, p.3). “World Wide Web é uma função da Internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou hiperdocumento 26 (compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextos que a alimentam,” (LÉVY, 1999, p. 27) 2.5 Web 2.0, a evolução Neste processo de expansão da Web, surgiu a NASDAQ, a bolsa de valores das empresas pontocom. Em 2000, devido a elevado movimento especulativo e baixos resultados financeiros, várias empresas da Web com ações na bolsa fecharam. Deste processo surgem novas empresas pontocom, que possuíam características bem distintas das anteriores. Tim O’Reilly emprega o termo Web 2.0 para definir este renovado modelo de Web/negócio. (AQUINO, 2007, p. 6) Um dos primeiros colapsos foi o da empresa sueca Boo.com, no verão de 20006, seguido de uma notável diminuição no valor das ações da Amazon, uma das empresas mais conhecidas na Internet, que negocia com livros: ela perdeu um quinto de seu valor na Wall Street em um dia. Em um guia da e-conomy, em abril de 2000, The Economist falava não em flutuações, mas em “rodopios”. (BRIGGS e BURKE, 2006, p. 304) A principal característica da Web 2.0 é a interação com o usuário e com os diversos sítios existentes. O conteúdo de um site pode ser distribuído e reinserido em outras páginas, este processo é denominado de Mashup (conteúdos de terceiros), que utiliza ferramentas computacionais como: RSS, Atom, XML, Widgets, API’s, JavaScript, dentro outras. O próprio site pode ser personalizado pelo internauta, modificando diversas configurações como layout e tipos de assuntos a serem visualizados. Surgem as redes sociais a exemplo do Orkut e mais recentemente o Twitter. O leitor/usuário que pagava para ter programas instalados em seu computador passa a contar com softwares gratuitos que rodam diretamente na Internet, é a computação nas nuvens (Could Computing). A Internet deixa de ser tratada como rede e passa a ser uma plataforma. Encarando como a “segunda geração de serviços online”, Primo (2006, online) caracteriza a web 2.0 como potencializadora das formas de publicação, compartilhamento e organização de informações. Para Tim O’Reilly, criador do termo, a web 2.0 não tem limites rígidos, mas sim um núcleo gravitacional, já que é encarada como uma plataforma, na qual os próprios usuários controlam seus dados, que não mais depende de pacotes fechados de software, mas de serviços que rodam no browser, online. A arquitetura é edificada sob a cooperação, como chama O`Reilly, uma “arquitetura de participação”, na qual os dados possuem origem remixável e podem ser transformados, o que traduz a idéia do “beta eterno”, onde tudo está sempre sendo construído de forma colaborativa, no intuito de atender às necessidades dos usuários. Com tudo isso, o que se busca é a formação de uma inteligência coletiva e, porque não dizer, uma memória coletiva. (AQUINO, 2007, p. 6) 27 O conceito de convergência tecnológica atinge novo patamar. As páginas da Web passam a hospedar em um mesmo espaço: vídeos, áudios, imagens, texto e espaço para comentários. O internauta passa a interagi, recepcionado, comentando e postando conteúdos multimeios, que podem ser visualizados e redistribuídos instantaneamente, inclusive para outros dispositivos, como os telefones celulares. O sistema passa a ser indexado obedecendo ao conceito de Folksonomia, ou seja, conteúdos classificados a partir de palavras chaves, que criam relacionamentos diretos. Dentro desse novo contexto da web emerge uma nova forma de representação, organização e recuperação de informações que funciona com base no hipertexto, subverte antigas formas de taxonomia4 e converge com os ideais de cooperação derivados da noção de web 2.0: a folksonomia que traduz o neologismo entre os termos folk e taxonomia, criado pelo arquiteto da informação Thomas Vander Wal (PRIMO, 2006, online). Trata-se de um sistema de indexação de informações que permite a adição de tags (etiquetas) que descrevem o conteúdo dos documentos armazenados. Baseada na livre organização, a folksonomia traz um novo tipo de link, a tag, criada pelos próprios usuários da web, que assim, de forma coletiva representam, organizam e recuperam os dados na Rede. (AQUINO, 2007, p. 3-4). 2.6 Os blogs, bilhões de páginas e usuários Com a criação gratuita de blogs (diários pessoais) e das redes sociais, a Web cresceu e passou a ter bilhões de páginas e internautas. Neste ambiente, como organizar e encontrar conteúdos de acordo com a necessidade de cada um? A resposta surge com os programas de pesquisa de páginas, ou buscadores. Neste contexto a estrela mais reluzente é a Google. O sistema algorítmico adotado pela corporação permite realizar pesquisas com eficiência e precisão. (AQUINO 2006, p. 10) A inovação tecnológica permitiu a criação de novas ferramentas de publicação e de estruturação das páginas noticiosas. Hoje, é possível inserir variados elementos, além dos básicos – (enviar e-mail e imprimir) -: incluir comentários, adicionar a sites de bookmarks (favoritos), escolher o melhor conteúdo, eleger critérios de credibilidade por meio de votação, RSS (Really Simple Syndication), newsletter, verificar estatísticas de acesso, postagem de conteúdo via blog, fotolog e sistemas de open source, como Wikipedia, por exemplo, e melhorar o desempenho da busca por meio de palavras-chave inseridas no texto, entre outros. A utilização de gerenciadores de conteúdo com interfaces amigáveis, com ferramentas de edição de áudio, vídeo, imagem, flash, slide show, permitem realizar todo o processo de produção em uma redação online. (MOHERDAUI, 2007, p. 5) O primeiro a introduzir o blog na prática jornalística foi Kevin Cullen, que descreve sua experiência: BRIGGS (2007) “O blog parecia melhor do que o artigo do jornal. Ele não era muito longo, talvez tivesse de 300 a 400 palavras, mas aquelas palavras extras continham algumas boas citações, alguns dados estatísticos importantes, e um pouco mais de cor. Era, sem dúvida, uma melhor leitura. Sem ter de espremer palavras num espaço limitado, a Internet 28 provou ser melhor para mim, como escritor e também para os leitores, do que a versão impressa.” (idem, p. 54) Kevin Cullen, repórter do The Boston Globe, foi introduzido na prática do blog durante a Copa do Mundo de 2006, quando era o correspondente americano do Goethe Institut. Simultaneamente, ele estava escrevendo para a seção de esportes do The Globe. “No dia seguinte, comparei meu texto que foi publicado no jornal com o que eu escrevi para o blog”, escreveu Cullen no número de Dezembro de 2006 do Relatório Nieman. (BRIGGS, 2007, p. 56) 2.7 A Internet no Brasil Em 1987, pesquisadores da área de tecnologia e de informática de todo o país se reuniram na USP (Universidade de São Paulo) com o governo federal e a EMBRATEL (Empresa Braisleira de Telecomunicações), estatal federal responsável pela gestão do sistema de comunicação telefônica do país (privatizada durante o governo Fernando Henrique Cardoso). O objetivo da reunião era formar uma rede de comunicação nacional, com objetivos acadêmicos. (MOURA, 2002, p. 21) Em 1988 o Brasil deu inicio a conexão entre computadores através da Bitnet9 (Because it‘s Time to Network) através das instituições: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com objetivo de desenvolver contato com instituições de outros países e compartilhar dados por meio da rede de computadores. Em 1989, o Brasil associasse a rede de comunicação global, conectando a Fapesp ao Fermilab (Laboratório de Física de Altas Energias de Chicago (EUA). No mesmo ano, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) implanta a rede Alternex, dando início a uma nova rede de comunicação. (MOURA, 2002, p. 21-22) A RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) foi criada em setembro de 1989 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com o objetivo de construir uma infraestrutura de Rede Internet Nacional para a comunidade acadêmica. Ela começou a ser montada em 1991 e 9 BITNET, acrônimo para "Because It's Time Network", foi criada em 1981, como rede remota. Era administrada pelo CREN (Corporation for Research and Educational Networking) em Washington. Usada para fornecer serviços de correio eletrônico e de transferência de arquivos entre computadores de grande porte em instituições educacionais e de pesquisa na América do Norte e do Sul, Europa e Japão. A BITNET utilizava o protocolo NJE (Network Job Entry) da IBM em vez do TCP/IP, mas podia trocar mensagens de correio eletrônico com a Internet e deu origem ao software Listserv para a manutenção de listas de debates. Até o início dos anos 90, a BITNET tinha relativa importância na conectividade mundial, mas foi definitivamente suplantada pela maior abrangência da Internet. 29 em 1994, atingia todas as regiões do país. Desde então, o backbone10 RNP, passou a possuir pontos de presença em todos os estados brasileiros. (SOBRE A RNP, 2010, p. 1) De 1994 a 1996, a RNP dedicou-se à implantação de uma infraestrutura que integraria todos os estados brasileiros numa conexão mais rápida. Com vinte estados conectados, os BBSs (Bullettin Boars Systems) já ofereciam os serviços de e-mail e acessos à rede nacional. (MOURA, 2002, p. 23) A partir de 1994, a RNP implantou uma infraestrutura integrando vinte estados brasileiros, através de conexões mais rápidas. Os sistemas BBSs (Bullettin Boars Systems) ofereciam serviços de e-mail e acessos à rede nacional (MOURA, 2002, p. 23). Até 1995, no Brasil, o acesso à Internet era restrito a professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de pesquisa. O governo federal cria em 1995, o Comitê Gestor da Internet (CGI), com objetivo de traçar os rumos da implantação, administração e uso da Internet no Brasil. Ainda em 1995, surgiu a primeira publicação nacional especializada em Internet, denominada de Internet World, e, a Escola Técnica Federal do Ceará, apresenta o primeiro chat11. (MOURA, 2002, p. 23) Em maio de 1995, teve início a abertura da Internet Comercial no país. Neste período, a RNP passou por uma redefinição de seu papel, estendendo seus serviços de acesso a todos os setores da sociedade. Com essa reorientação, a RNP ofereceu apoio para consolidar a Internet comercial no Brasil, criando o Centro de Informações Internet/BR para dar suporte no surgimento de provedores e usuários da rede. (SOBRE A RNP, 2010, p. 1) No dia 31 de maio de 1995, o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia promulgaram a Portaria Interministerial 147, constituindo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (http://www.cg.org.br), com os objetivos de assegurar a qualidade e a eficiência dos serviços ofertados, a justa e livre competição entre provedores, e a manutenção de padrões de conduta de usuários e provedores. (PINHO, 2003, p. 39) No contexto de redes de computadores, o backbone (espinha dorsal) designa o esquema de ligações centrais de um sistema mais amplo, de elevada velocidade. Os operadores de telecomunicações, por exemplo, mantêm sistemas internos de elevadíssimo desempenho para comutar os diferentes tipos e fluxos de dados (voz, imagem, texto, etc.). Na Internet, encontram-se hierarquicamente divididos, vários backbones: os de ligação intercontinental, que derivam dos backbones internacionais, que por sua vez derivam dos backbones nacionais. 10 Backbones: Rede de computadores capaz de transmitir e processar dados em alta velocidade, responsável por garantir o tráfego de informações entre redes menores a ela ligadas. Ou, a parte de uma rede de computadores, ou sua estrutura física, que suporta o maior tráfego de informações. 11 Chat: Forma de comunicação através de rede de computadores, similar a uma conversação, na qual se trocam, em tempo real, mensagens escritas, áudios e vídeos, se configurando em um bate-papo online ou virtual. 30 Neste nível, encontram-se várias empresas que exploram o acesso à rede e a disponibilizam para o usuário final. (ROSE, 2007, p. 9) 2.8 Os primeiros webjornais O primeiro jornal impresso do mundo, a utilizar a Internet como meio de comunicação, com uma interface própria para distribuição de conteúdos, foi o estadunidense, New York Times. O Jornalista Sérgio Charlab, em 1995, lançou o JB Online. Configurando-se na primeira versão brasileira de um webjornal. (MOURA, 2002, p. 45) 2.9 A Internet e uso da Web A Internet é formada por conjuntos de computadores que estão conectados e trocam informação. O Servidor Web é um tipo especial de computador, que armazena, distribui e apresenta a informação na Internet. Isto é feito através da URL (Uniform Resource Locator – Localizador Padrão de Recursos). Ele fica localizado na parte superior do browser e se configura no endereço IP (Internet Protocol – Protocolo da Internet) que funciona como a identidade numérica de um servidor da Web. (BRIGGS, 2007, p. 16-17) Figura 2: O browser Google Chrome, apresenta no topo, a barra de navegação com endereço IP: http://www.jornalgrandebahia.com.br/ 31 Para utilizar a Web é necessário um navegador Web, também conhecido como browser. Trata-se de um software12 utilizado para acessar a Internet com a função de codificador e decodificador as informações disponibilizadas na Web. São exemplos de browsers: Internet Explorer, Safari, Google Chrome, Firefox, etc. Estes programas realizam três tarefas distintas: Busca e localiza informações, recupera a informação e a traz de volta para usuário e converte a informação para exibição no seu computador. Ao realizar estas atividades, ele armazena na memória cache13 do computador, as informações da página exibida através de um monitor, (BRIGGS, 2007, p. 16). Em 1993 surge o primeiro navegador, denominado de Mosaic O Netscape Navigator é lançado em 1994, sua interface mais agradável conquista em pouco temo, 65 milhões de usuários. (MOURA, 2002, p. 19) O grande avanço aconteceu entre setembro de 1993 e março de 1994, quando uma rede até então dedicada à pesquisa acadêmica se tornou a rede das redes, aberta a todos. A rede era "frouxa" e não tinha proprietário, embora dependesse das agências de comunicação. No mesmo período, o acesso público a um programa de navegação (Mosaico), descrito na seção de negócios do New York Times de dezembro de 1993 como "a primeira janela para o ciberespaço", tornou possível atrair usuários — na época chamados "adaptadores" — e provedores, os pioneiros em programas cujas origens já foram descritas. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300) 12 Software: Em um sistema computacional, o conjunto dos componentes que não fazem parte do equipamento físico propriamente dito e que incluem as instruções e programas (e os dados a eles associados) empregados durante a utilização do sistema. 13 Cache: Dispositivo de memória, de capacidade reduzida e alta velocidade, que funciona associado a um dispositivo de armazenamento de grande capacidade, porém mais lento, mantendo cópia temporária de dados acessados com mais frequência ou mais recentemente, com o objetivo de agilizar o processamento de tais dados. 32 3 A INTERNET COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO “Vivemos um destes raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventada” (Pierre Lévy) A Internet é um meio de comunicação interpessoal. Mas é possível classificarmos a Internet como um meio de comunicação de massa? O Dicionário de Comunicação diz que os meios de comunicação de massa possuem as seguintes características: são operados por organizações amplas e complexas, envolvendo diversos profissionais com diferentes habilidades; são capazes de difundir suas mensagens para milhares ou até milhões de pessoas, utilizando recursos tecnológicos (os veículos de massa), sustentados pela economia de mercado (através da publicidade, principalmente); falam para uma audiência numerosa, heterogênea, dispersa geograficamente e anônima; e, principalmente, exercem uma comunicação de um só sentido, ainda que possuam algum sistema de feedback (retorno sobre a ação comunicacional). (MONTEIRO, 2001, p. 31) Por um lado, a internet possui de certa forma ao menos as três primeiras características citadas: um site do tipo portal, por exemplo (como Terra, Universo Online, entre outros) é uma organização ampla e complexa (a) que – através de um aparato tecnológico sofisticado (inúmeros computadores, linhas telefônicas dedicadas, conexões via satélite ou fibra ótica, etc.), sustentado por verbas publicitárias (b) – difunde conteúdos para uma audiência numerosa, heterogênea, geograficamente dispersa e anônima (c). Exatamente como acontece na comunicação de massa. (MONTEIRO, 2001, p. 31-32) Monteiro (2001) aborda que a Internet também permite que “apenas uma pessoa, utilizando apenas um computador simples e uma linha telefônica, sem grandes despesas, faça o mesmo, disponibilizando conteúdos para potencialmente a mesma audiência”. Ou seja, exatamente o contrário do que acontece na comunicação de massa. (idem, p. 32) 33 Na Internet a comunicação não ocorrer em um só sentido, em função das características da hipertextualidade. Permitindo que leitor/internauta defina o caminho para acessar os conteúdos, de acordo com as suas necessidades. Podendo, inclusive em vários momentos, promover um retorno (feedback) da informação acessada de forma instantânea. “A sua postura deixa de ser a do receptor passivo. Em outras palavras, sai o espectador e entra em cena o usuário.”. (MONTEIRO, 2001, p. 32) Podemos classificar a Internet como um meio híbrido. Capaz de produzir comunicação dirigida e pessoal, mas também, de Comunicação de Massa, a exemplo dos portais de notícias e das agências de comunicação online, cito: Agência Brasil, Agência Senado, Rádio ONU. A sua classificação dependerá do uso que está sendo feito da Rede. Por ser hibrida, ela é caracteriza como uma “tecnologia revolucionária, que trará aspectos nunca antes previstos ao cenário da comunicação, como veremos a seguir”. (MONTEIRO, 2001, p. 32) A Internet é uma ferramenta de comunicação bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Cada um dos aspectos críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da Internet como instrumento de informação. (PINHO, 2003, p. 49) John Thompson - A mídia e a modernidade Serra (2007) utiliza o conceito de comunicação de massa definida por John Thompson14, a partir de quatro características fundamentais: (idem, p. 143) a) A produção e a difusão de bens simbólicos que é armazenada, distribuída e descodificada para os potenciais destinatários. Esta transformação dos bens simbólicos em informação permite que eles se tornem indefinidamente reprodutíveis e sejam disponibilizados como mercadorias a uma massa indefinida de receptores. (SERRA, 2007, p. 143-144) b) A cisão entre a produção e a recepção dos bens simbólicos, os meios de comunicação de massa generalizam um processo que acontecia com a escrita, ou seja, a mediação dos bens simbólicos pelos meios técnicos em que são fixados e pelos quais são transmitidos. (SERRA, 2007, p. 143-144) 14 John Thompson, professor de sociologia na Universidade de Cambridge e membro do Jesus College. Thompson estuda o processo da expansão das redes de comunicação, o fluxo de informação desde os inícios da imprensa até a globalização ocorrida nos últimos séculos. 34 c) A extensão da disponibilidade das formas simbólicas no tempo e no espaço. (SERRA, 2007, p. 143-144) d) A circulação pública das formas simbólicas. Ao contrário do que acontece com meios como o telefone, as formas simbólicas transmitidas pela comunicação de massa destinam-se a uma pluralidade indeterminada de receptores, estando disponíveis para todos indivíduos que disponham dos meios técnicos, capacidades e recursos para os adquirir. (SERRA, 2007, p. 143-144) A Internet é um meio em que confluem, de forma digital, todos os outros meios. Para McLuhan o conteúdo ou a mensagem de qualquer meio é sempre um outro meio. Na Internet podem ser observadas as múltiplas categorias de comunicação: a difusão (da informação) massiva e unidirecional, mas também a comunicação interpessoal e bidirecional; a comunicação escrita, mas também a audiovisual; a comunicação síncrona, mas também a assíncrona. (SERRA, 2007, p. 175). A Internet revolucionou o mundo do computador e das comunicações como nada antes dela. A invenção do telégrafo, telefone, rádio e computador lançaram as bases para esta integração de capacidades sem precedentes. A Internet é, simultaneamente, uma aptidão para emissão a nível mundial, um mecanismo para a disseminação da informação e um medium para a colaboração e interacção entre os indivíduos e os seus computadores, sem olhar à localização geográfica. (SERRA, 2007, p. 171) Pierre Lévy e as categorias Lévy (1999) avalia que podem ser distinguidas três grandes categorias de dispositivos comunicacionais: um-todos, um-um e todos-todos. Fazem parte da categoria ‘um-todos’: jornal impresso, o rádio e a televisão. Neste contexto, um centro emissor envia suas mensagens a um grande número de receptores passivos e dispersos. Na categoria “um-um” se classificam: correio e telefone. Os indivíduos se comunicam de ponto a ponto. Por último, na categoria ‘todos-todos’ está o ciberespaço, com sua característica original, possibilitando que exista comunicação progressiva e cooperativa. (LÉVY, 1999, p. 63) Junto ao crescimento das taxas de transmissão, a tendência à interconexão provoca uma mutação na física da comunicação: passamos das noções de canal e de rede a uma sensação de espaço envolvente. Os veículos de informação não estariam mais no espaço mas, por meio de uma espécie de reviravolta topológico todo o espaço se tornaria um canal interativo. A cibercultura aponta para uma civilização da telepresença generalizada. Para além de uma física da comunicação, a interconexão constitui a humanidade em um contínuo sem fronteiras, cava um meio informacional oceânico, mergulha os seres e as coisas no mesmo banho de comunicação interativa. A interconexão tece um universal por contato. (LÉVY, 1999, p. 127) 35 4 O SURGIMENTO DO HIPERTEXTO Palavra de origem anglo-saxônica15, o hipertexto encontrasse incorporado ao idioma português, sendo definido como uma forma de apresentação ou organização de informações escritas, em que blocos de texto estão articulados por remissões, de modo que, em lugar de seguir um encadeamento linear e único, o leitor pode formar diversas sequências associativas, conforme seu interesse. Também é classificado como conjunto de textos estruturados, organizados e disponibilizados em meio eletrônico computadorizado, ou não, no qual as remissões correspondem a comandos ou orientações que permitem ao leitor passar diretamente aos elementos associados. (FERREIRA, 2004) A palavra “texto” em um sentido amplo, não excluí sons e imagens, os hiperdocumentos16 também podem ser chamados de hipertextos. Em oposição ao texto linear o hipertexto é um texto estruturado em rede, constituído por nós, que são os elementos de informação, parágrafos, páginas, imagens, sequências musicais. Estes nós são marcados e inter-relacionados por links, ligações onde são utilizadas referencias, notas, ponteiros, botões, sublinhas, cores, algo que indique a passagem de um nó para o ouro. (LÉVY, 1999, p. 55-56) Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira. (LÉVY, 1993, p. 33) O hipertexto utilizado nas redes telemáticas permite em uma mesma interface a coexistência de textos, sons e imagens. A inovação está na possibilidade das interconexões quase 15 Nelson, Ted (1965). "Complex information processing: a file structure for the complex, the changing and the indeterminate." Proceedings of the 20th ACM Annual Conference (August 24-26, 1965, Cleveland, Ohio) pp. 84-100. 16 Segundo Leiro (1994) os nós são as unidades de informações em um hiperdocumento que podem conter um ou mais tipos de dados: texto, figuras, fotos, sons, sequências animadas, código de informação e outros. Em Noções básicas de hipertexto de Cláudia Correia e Heloísa Andrade. 36 instantânea através de links. O que pode ser feito não apenas a partir de trechos de um determinado texto, mas entre textos fisicamente dispersos e localizados em diferentes suportes que se integram a teia de informação constituída a partir da Web. (MIELNICZUK; PALACIOS, 2010, p. 1) 4.1 O hipertexto na Idade Média De acordo com Burke (2004) e Chartier (2002) a ideia de hipertexto não nasce com a Internet, nem com a web ele surgiu muito antes do advento da Internet, nos séculos XVI e XVII com a marginalia. Que tem como ideia básica a remissão a um novo texto ou breve explicação sobre um determinado tema, inserido em um espaço à parte do texto original (AQUINO, 2007, p. 4). Eram índices pessoais, citações de textos, remissões a outras partes ou outros textos, feitas pelos leitores dos livros da época, anotadas nos cantos das páginas e depois transferidas para um caderno de para que posteriormente pudessem ser consultadas. (FERREIRA, 2005) Desde as mais antigas formas de comunicação gestual e do uso da linguagem falada e escrita, até os mais recentes desenvolvimentos da tecnologia computacional, a produção, o intercâmbio, o armazenamento e a circulação de informações e conteúdos simbólicos têm sido aspectos centrais da vida social. [...] O surgimento das tecnologias da comunicação como novas bases de poder simbólico é um processo que tem sua origem no final do século XV. As técnicas de impressão, originalmente desenvolvidas por Gutenberg, se espalharam pelos centros urbanos da Europa. (OLIVEIRA, 2007, p. 2) Aquino (2006) aborda: “na idade média os livros eram acorrentados às mesas das bibliotecas e lidos em voz alta. Os comentários dos leitores eram anotados com ilustrações e notas de rodapé remissivas aos textos nas margens das páginas que iam acumulando-se ao longo das leituras. Devido a uma modificação na dobradura promovida pelo editor veneziano Aldo Manucio, o livro tornou-se portátil, possibilitando a sua maior difusão e assim, o livro tornou-se disponível para apropriação pessoal. Um dos exemplos do uso passado da escrita hipertextual é Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizava anotações nas margens das páginas de seus escritos. Manuscritos do artista, que pretendia escrever um livro sobre as propriedades físicas e os efeitos geográficos da água, datados de 1508, foram encontrados na Itália pelo colecionador de arte inglês Thomas Howard. Em 1681 Henry Howard, neto de Thomas, presenteou a Royal Society com os documentos, que posteriormente foram transferidos para o Museu Britânico em 1831” (idem, p. 2-3). 37 Palacios (1999): “Textos literários supostamente não-lineares não são novidade. Para citar apenas alguns exemplos, temos O Jogo de Amarelinha, de Júlio Cortazar (1966), Composition numéro 1, de Marc Saporta (1965), Se numa noite de inverno um viajante...(1981), de Italo Calvino, O Dicionário Kazar (1988), de Milorad Pavitch, o famoso conto de Jorge Luis Borges sobre "O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam" (1941), etc, etc, etc. Cada uma dessas obras tem uma estrutura específica e busca "quebrar" a linearidade da narrativa de uma forma particular. ” (idem p. 111-112). Dois pesquisadores, Monteiro e Aquino fazem abordagens distintas quanto ao surgimento da escrita hipertextual. A Rede de Alcance Mundial ou Web trouxe novos elementos para os meios de comunicação, criando inúmeras possibilidades, no sentido da democratização da informação. Novos elementos surgiram através da Internet e da Web, os meios de comunicação passaram a contar com um canal que reúne diversas mídias, texto, áudio, vídeo, imagens estáticas e dinâmicas em um mesmo espaço. Monteiro alerta quanto ao processo de exclusão digital, em função do baixo acesso a este tipo de tecnologia, por segmentos da população. (MONTEIRO, 2001, p. 27) Com o avanço da globalização, termo utilizado somente nas últimas décadas, mas que surgiu nos tempos das primeiras trocas mercantis, o mundo hoje vem passando por significantes transformações na sua forma de organização. Vivemos hoje o que Castells (2002) denomina de “sociedade da informação”, cuja estrutura em forma de redes configura o novo espaço global. A economia mundial guia-se sob as rédeas de uma nova mercadoria: a informação; e a comunicação medida por computador, além de influenciar o andamento do mercado mundial, possibilita a entrada nesta nova morfologia social. (AQUINO, 2006, p. 1) 4.2 O moderno hipertexto Ferrari (2007) identifica o hipertexto como um elemento da pós-modernidade. Ela considera uma linguagem híbrida, capaz de revigorar a partir da divisão entre oralidade e escrita (idem, p. 9). Palacios e Ribas (2007) afirma que a hipertextualidade é uma condição fundante do jornalismo na Internet. O jornalismo torna-se hipertextual, pois se utiliza das redes digitais. Sendo o hipertexto uma interconexão de “textos”, formados por blocos de informação. Com capacidade de possuir ou acumular uma ou mais formas midiáticas: escrita, som, foto, animação, vídeo, etc. Sendo necessário a interconexão para forma o elo. Possibilitando aos usuários uma leitura não linear, através da navegação pelos hiperlinks. (idem, p. 37). Os hipertextos, seja online ou offline são informações textuais combinadas com imagens, sons, organizadas de forma a promover uma leitura (ou navegação) nãolinear, baseada em indexações e associações de ideias e conceitos, sob a forma de links. Os links funcionam como portas virtuais que abrem caminhos para outras in38 formações. O hipertexto é uma obra com várias entradas, onde o leitor/navegador escolhe seu percurso pelos links. (LEMOS, 2002, p. 130) Vannevar Bush A primeira referência à estrutura hipertextual, foi publicada em forma de artigo na revista The Atlantic Monthly em julho de 1945, pelo matemático e físico americano, Vannevar Bush (1890-1974) com o título: As We May Think (Como podemos pensar). Bush questionava os métodos de organização de informação utilizados na comunidade científica, baseados em ordem hierárquica. Segundo o autor, deveria ser buscado um método inspirado na maneira como a mente humana funciona, ou seja, através de associações, pulando de uma informação para a outra, através de referências não-lineares. (MONTEIRO, 2001, p. 30) A principal crítica de Bush (1945, online) em As We May Think10 era aos sistemas de indexação de informações da época, por serem alfabéticos, ou numéricos, ou por classes e subclasses, ou seja, sempre dotados de alguma espécie de hierarquia que fazia com que diversas vezes o pesquisador fosse obrigado a reiniciar uma busca em função da falta de conexão entre os assuntos. Como o próprio título do ensaio de Bush diz (As We May Think – “Como podemos pensar”), ele acreditava que as informações deveriam ser armazenadas e depois consultadas através de um esquema similar ao pensamento humano, ou seja, de forma associativa. (AQUINO, 2007, p. 6-7) Figura 3: Ilustração conceitual do Memex Em As We May Think, Bush expressa o conceito de trilhas associativas, onde a mente humana organiza as informações de forma associativa, aleatória e não sequencial. Ele utiliza este conceito para esboçar o Memex, aparelho conceitual formado por uma mesa de trabalho, com telas de projeção, teclado, botões e alavancas. O conteúdo é armazenado em microfilmes e pode ser recuperado a partir da indexação por códigos e mnemônicos17. Mecanismos mecânicos procediam avanço ou retrocesso da publicação em exibição. Uma placa transparente possibilitaria ao usuário proceder: anotações, imagens e memorandos, possibilitando a micro17 Mnemônica: Arte e técnica de desenvolver e fortalecer a memória mediante processos artificiais auxiliares, como, p. ex.: a associação daquilo que deve ser memorizado com dados já conhecidos ou vividos; combinações e arranjos; imagens. 39 filmagem e armazenamento. “As trilhas associativas seriam os elos, hoje, chamados links hipertextuais, que conectariam as informações umas às outras em meio à grande quantidade de dados armazenada.” O Memex permaneceu como um conceito acadêmico, sem jamais ser construído. Em 1946, logo após a publicação do artigo de Bush, surge o primeiro computador eletrônico, o ENIAC – Eletronic Numeric Integrator and Calculator – projetado por John W. Mauchly e J. Presper Eckert e construído na Universidade da Pensilvânia, extremamente pesado e cujo funcionamento dependia de uma grande quantidade de cabos telefônicos. Ao longo dos anos, após a invenção do transistor por John Bardeen, William Shockley e Walter Brattain, outros computadores foram sendo construídos e evoluídos por máquinas cada vez menores e mais rápidas. (AQUINO, 2006, p. 4) Na década de 50, o diretor do Augmentation Research Center (ARC) do Stanford Research Institute (Instituto de Pesquisa de Stanford), Douglas Engelbart, testou telas com múltiplas janelas de trabalho. Com a ajuda do mouse18, manipulavam informações representadas na tela por um símbolo gráfico, através das conexões associativas (hipertextuais) em bancos de dados ou entre documentos escritos por autores diferentes. Em 1968, Engelbart desenvolveu um processo denominado de On-line System (NLS). Este sistema incorporava algumas ideias de Bush e tinha o objetivo proporcionar para os pesquisadores um ambiente de trabalho online. (AQUINO, 2006, p. 4) Ted Nelson Filósofo e sociólogo estadunidense nascido em 1937, Theodor Holm Nelson19 (Ted Nelson) é um dos pioneiros da Tecnologia da Informação. Em 1963 ele criou os termos: hipertexto e hipermídia20, publicados no vigésimo congresso ACM, no ano de1965, na cidade de Cleveland, Ohio. Aquino (2006) “Com o surgimento da Internet, em 1969, quando os membros da Secretaria de Defesa dos Estados Unidos precisavam trocar informações a uma longa distância e através de um rápido acesso, uma forma de editoração textual, que já existia desde a Idade Média, foi-se desenvolvendo e acabando por determinar a estrutura editorial básica da rede mundial de computadores: o hipertexto. (idem, p. 1-2) Ted Nelson concebeu em 1960, o que ele denominou de Projeto Xanadu. Baseado em hipertexto, o Projeto Xanadu seria uma biblioteca universal, podendo ser comparado à concep- 18 Mouse: Dispositivo periférico de apontamento, que controla a posição de um cursor na tela e que conta com um ou mais botões, usado para indicar e selecionar opções, ícones e outros elementos de interface. 19 Nelson, Ted (1965). "Complex information processing: a file structure for the complex, the changing and the indeterminate." Proceedings of the 20th ACM Annual Conference (August 24-26, 1965, Cleveland, Ohio) pp. 84-100. 20 Hipermídia: Conjunto de informações apresentadas na forma de textos, gráficos, sons, vídeos e outros tipos de dados, e organizadas segundo o modelo associativo e de remissões, próprio do hipertexto. 40 ção original da Biblioteca de Alexandria construída por Alexandre III da Macedônia (Alexandre, o Grande, nasceu em 20 de julho de 356 a.C. em Pella e morreu em 10 de junho de 323 a.C na Babilônia). Inspirado por seus preceptores, entre eles o mais destacado filósofo de todos os tempos, Aristóteles, Alexandre institui a construção da Biblioteca de Alexandria, um complexo de bibliotecas, museus e escolas. Ponto de encontro dos principais pensadores da cultura helênica. Ela foi concebida com o objetivo de colecionar e preservar toda a literatura existente e promover a pesquisa. A instituição continha importante acervo da literatura grega além de obras estrangeiras, traduzidas ou não. (AQUINO, 2006, p. 4) Mesmo sem nunca ter saído do papel, o Projeto Xanadu, de Ted Nelson relembra o intuito de Alexandre (o armazenamento de documentos), porém com um diferencial: a conexão entre os documentos armazenados. Nelson foi mais ambicioso nos seus pensamentos e com o projeto pretendia unir livros, enciclopédias, jornais, revistas, documentos particulares e corporativos, enfim, todas as publicações do mundo disponibilizando-as para acesso dos leitores de forma interligada. Da mesma forma que Bush, Ted Nelson pretendia que as informações, ligadas umas as outras, pudessem ser acessadas de forma arbitrária e não de forma seqüencial. Assim, o termo hipertexto acabou sendo cunhado pelo filósofo quando da propositura do Xanadu. No entanto, a aplicação da prática hipertextual só foi sendo efetivamente utilizada e disseminada com o desenvolvimento da World Wide Web. (AQUINO, 2006, p. 4) Andries Van Dam Em 1967, foi implementado o primeiro hipertexto do mundo, através do sistema computacional na Universidade de Brown (Providence, RI), em parceria com a IBM (BUGAY e ULBRICHT, 2000, p. 70). Andries Van Dam liderou um grupo de pesquisadores no desenvolvimento do Sistema de Edição de Hipertexto, que foi usado no Centro Espacial Lyndon B. Johnson, no Texas (EUA), com objetivo de produzir a documentação para as missões Apolo21. Este mesmo grupo criou, posteriormente, o sistema Fress, uma continuação do Sistema de Edição de Hipertexto. Os sistemas inicialmente “tinham a funcionalidade básica do hipertexto de ligar e saltar para outros documentos, mas a maioria da sua interface do usuário era baseada em texto e requeria especificações indiretas do usuário para os saltos.”. (BUGAY e ULBRICHT, 2000, p. 70) 4.3 Lévy e o conceito de hipertexto Pierre Lévy aborda nas três publicações: As tecnologias da inteligência (1993), O que é virtual? (1996) e Cibercultura (1999), a questão da hipertextualidade como elemento da co- 21 O Projeto Apollo (Projecto Apollo - Project Apollo - Projecto Apolo) foi um conjunto de missões espaciais coordenadas pela Nasa (agência espacial dos EUA) entre 1961 e 1972 com o objetivo de colocar o homem na Lua. O projeto culminou com o pouso da Apollo 11 no solo lunar em 20 de julho de 1969. 41 municação na web e afirma: “O hipertexto [...] representa sem dúvida um dos futuros da escrita e da leitura.”. (LÉVY, 1993, p. 19) O hipertexto é dinâmico, está perpetuamente em movimento. Com um dos dois cliques, obedecendo por assim dizer ao dedo e ao olho, ele mostra ao leitor uma de suas faces, depois outra, um certo detalhe ampliado, uma estrutura complexa esquematizada. Ele se redobra e desdobra à vontade, muda de forma, se multiplica se corta e se cola outra vez de outra forma. Não é apenas uma rede de microtextos, mas sim um grande metatexto de geometria variável, com gavetas, com dobras. (LÉVY, 1993, p. 41) Lévy (1993) afirma que o tremo hipertexto tem o objetivo de exprimir a ideia de escrita/leitura não linear em um sistema de informática e que ao entrar em um espaço interativo de manipulação, de associações e de leitura, a imagem e o som adquirem um estatuto de textos. “Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a comunicação. [...] Constituindo-se em uma rede de interfaces.”. (idem, p. 29, 33, 37). Princípios gerais do hipertexto propostos por Lévy Princípio de me- A rede hipertextual está em constante construção e renegociação. Ela pode tamorfose permanecer estável durante um certo tempo, mas esta estabilidade é em si mesma fruto de um trabalho. Sua extensão, composição e desenho estão permanentemente mudança, através dos atores envolvidos: humanos, palavras, imagens, traços de imagens ou de contexto, objetos técnicos, componentes destes objetos, etc. Princípio de he- Os nós e a conexões de uma rede hipertextual são heterogêneos. Na memóterogeneidade ria serão encontradas imagens, sons, palavras, diversas sensações, modelos, etc., e as conexões serão lógicas, afetivas, etc. Princípio de mul- O hipertexto se organiza em um modo “fractal”. Qualquer nó ou conexão, tiplicidade e de quando analisado, pode revelar-se como sendo composto por toda uma encaixe das esca- rede, e assim por diante, indefinidamente, ao longo da escala dos graus de las precisão. Princípio de ex- A rede não possui unidade orgânica, nem motor interno. Seu crescimento e terioridade sua diminuição, sua composição e sua recomposição permanente dependem de um exterior indeterminado: adição de novos elementos, conexões com 42 outras redes, excitação de elementos terminais. Princípio de to- Nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. Neles, o pologia curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. Não há espaço universal homogêneo onde haja forças de ligação e separação, onde as mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca deve utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra, ou então será obrigado a modificá-la. A rede não está no espaço, ela é o espaço. Princípio de mo- A rede não tem centro, ou melhor, possui permanentemente diversos cenbilidade dos cen- tros que são como pontas luminosas perpetuamente móveis, saltando de tros um nó a outro, trazendo ao redor de si uma ramificação infinita de pequenas raízes, de rizomas, finas linhas brancas esboçando por um instante um mapa qualquer com detalhes delicados, e depois correndo para desenhar mais à frente outras paisagens do sentido. Tabela 2: Lévy (1993) propõe seis características que abrangem as múltiplas possibilidades de inter- pretações do hipertexto. (idem, p.25-26). 43 5 A INTERNET E O USO DO HIPERTEXTO Sobre o uso do hipertexto na Internet, Aquino (2007) diz que o “hipertexto mental funciona, em partes, já que a nossa memória muitas vezes falha, mas ainda assim nossas lembranças são recuperadas através de uma rede de associações mentais que criamos em cada momento em que precisamos recuperar alguma informação. As lembranças, de acordo com autores como Halbwachs (2004); Sepúlveda (2003); Bartlett (SEPÚLVEDA, 2003); Casalegno (2006) entre outros, são possíveis não apenas com fragmentos de memória individual, ou seja, estes autores afirmam que a memória é sempre coletiva, na medida em que o homem é um ser social, que mantém experiências com outros homens e que assim sua memória é formada em conjunto com memórias alheias.”. (idem p. 3) Entretanto, o suporte digital traz uma diferença considerável em relação aos hipertextos que antecedem a informática: a pesquisa nos sumários, o uso dos instrumentos de orientação, a passagem de um nó a outro são feitos, no computador, com grande rapidez, da ordem de alguns segundos. Por outro lado, a digitalização permite a associação na mesma mídia e a mixagem precisa de sons, imagens e textos. De acordo com esta primeira abordagem, o hipertexto digital seria definido como informação multimodal disposta em uma rede de navegação rápida e "intuitiva". Em relação às técnicas anteriores de ajuda à leitura, a digitalização introduz uma pequena revolução copernicana: não é mais o navegador que segue os instrumentos de leitura e se desloca fisicamente no hipertexto, virando as páginas, deslocando volumes pesados, percorrendo a biblioteca. Agora é um texto móvel, caleidoscópico, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade frente ao leitor. (LÉVY, 1999, p. 56) 5.1 Não-linearidade Aquino (2007) afirma de forma categórica que a navegação não-linear não surge com a Internet, nem com a Web. O pensamento associativo é característico do ser humano, que em uma simples reflexão pode perder-se em um complexo de significações. “Ao ler um livro, assistir a um filme, escutar uma música, travar relações de comunicação, estamos constantemente formando um hipertexto mental, na medida em que pulamos de um assunto a outro estabelecendo relações entre os mesmos.” Qualquer fenômeno que envolva significação é um 44 hipertexto, pois a construção de sentido é feita através dos elementos comunicacionais ou de forma associativa. (idem p. 2) Uma das características marcantes da narrativa na Web é a fragmentação do discurso. Acessar diferentes blocos de informação através de links possibilita uma dinâmica singular ao webjornalismo. O que permite ao leitor/internauta22 acessar diferentes visões informacionais sobre um mesmo tema. Para alguns autores, a exemplo de Lévy, 1993; Landow, 1997; Rich, 1999, o hipertexto possibilita uma leitura não-linear. Liestol, 1994 e Palacios, 2000, consideram que ao estabelecer determinada leitura, o usuário mantém certa linearidade, específica, provisória e provavelmente única. Oferecendo múltiplas possibilidades de continuidade, sendo mais adequada a utilização do termo ‘multilinear’ para o acesso do hipertexto. (PALACIOS; RIBAS, 2007, p. 39) Palacios (1999) afirma que diferente da narrativa hipertextual da Web, a narrativa tradicional chega sempre a um fim, seja através de um livro ou filme. No hipertexto o Fechamento não se dá de forma convencional (idem, p.3). “É perfeitamente válido afirmar-se que cada leitor, ao estabelecer sua leitura, estabelece também uma determinada "linearidade" específica, provisória, provavelmente única.”. A cada nova leitura do mesmo texto, novas “linearidades” podem surgir, oferecendo múltiplas possibilidades de continuidade. (idem, p. 115). Para entender os conceitos de Linearidade e Não-linearidade, é necessária a distinção entre Discurso (Discourse) e História ou Estória (Story) no âmbito da Narrativa. Christian Metz faz a seguinte observação: A narrativa é uma sequencia duplamente temporal, entre o tempo dos fatos narrados e o tempo da narrativa (o tempo do significado23 e o tempo do significante24). O que possibilita as rupturas temporais, a exemplo dos saltos temporais que um personagem vivencia em uma história, no primeiro momento uma criança, passa pela adolescência e em minutos chega a vida adulta. Os fatos são narrados como flashes que marcam as passagens do tempo. “O que nos leva a pensar que uma das funções da narrativa é inventar um esquema temporal em termos de um outro esquema temporal." (PALACIOS, 1999, p. 115) Existe uma distinção entre a Linha do Discurso e a Linha da História na narrativa. Num filme ou numa novela, o Discurso é sempre linear. Ao assistirmos a um filme, para termos uma noção mais exata, devemos assisti-lo do começo ao fim. O que represente uma sequencia 22 Internauta: Usuário da Internet, rede mundial de computadores, ou, Usuário intensivo da rede Internet, que ocupa grande parte de seu tempo explorando os recursos por ela oferecidos. 23 Significado: Aquilo que uma língua expressa acerca do mundo em que vivemos ou acerca de um mundo possível. 24 Significante: A expressão oral de uma língua. 45 de imagens gravadas e projetadas frame a frame. Ao lermos uma novela, temos que decodificar letra por letra, que formam palavras que formam frases e estas as páginas do texto. “A sequência temporal discursiva é unidirecional.”. (PALACIOS, 1999, p. 115-116) Na Linha da História, no entanto, isso não é necessariamente verdade. Com efeito, na maioria das narrativas, não existe uma sincronia entre Discurso e História. Gunnar Liestøl em seu artigo "The Readers Narrative in Hypertext"8 toma o exemplo do filme Cidadão Kane, de Orson Welles, para ilustrar esse ponto: a história é contada através de muitos flash-backs, mostrando uma anacronia entre os elementos da história e os elementos do discurso. O primeiro elemento no tempo do Discurso é a morte de Kane em seu quarto em Xanandu, que na linha da História é quase o último. Além disso, podemos relacionar História e Discurso em termos de Duração, ou seja, o tempo que leva para se narrar um evento na História, comparado com o tempo dos eventos no universo ficcional. (PALACIOS, 1999, p. 116) 5.2 Não-linearidade x Multilinearidade A partir de um processo de leitura, o discurso armazenado (virtual) se atualiza. Independente da sua forma, hipertextual ou tradicional, levando a linearidades discursivas forjadas pelo leitor. Esta ideia sugere a Multi-linearidade do Hipertexto, em contraposição à Unilinearidade do texto tradicional, e mesmo no texto tradicional, leituras regressivas são possíveis, criando Multi-linearidade. “A palavra “browser”, utilizada para designar os programas de leitura de hipertexto, provém do verbo pré-informático “to browse”, que significa (entre outras coisas) percorrer páginas a esmo.”. (PALACIOS, 1999, p. 117-118) Em conclusão, parece-nos que a apropriação das ideias trabalhadas por Liestøl levam a uma melhor caracterização do Hipertexto enquanto estrutura discursiva MultiLinear, um termo que consideramos muito mais preciso e mais apropriado do que Não-Linear, por traduzir mais adequadamente a multiplicidade de possibilidades de construção e Leitura abertas pelo Hipertexto. (PALACIOS, 1999, p. 118) 5.3 O hipertexto no webjornalismo Oliveira (2007) afirma que a produção de conteúdo no Webjornalismo se coloca como um desafio para jornalistas e para as empresas de comunicação. Novas ferramentas de produção de conteúdo e novas práticas de leitura multilinear e hipertextual passaram a integrar o campo do jornalismo na atualidade. À medida que o jornalismo online evolui, mais se domina a convergência das mídias no meio Internet. Ficando claras as distinções entre o jornalismo online e os demais meios de comunicação. “O hipertexto tem sido colocado como o principal elemento para o desenvolvimento do Webjornalismo”. “Estudos apontam que o hipertexto foi 46 o principal mecanismo pela passagem da mera reprodução do jornal impresso no espaço da Internet para um jornalismo hipermidiático e interativo.”. (idem p. 1) Assim como a imprensa revolucionou o modo de vida social das sociedades modernas, as novas tecnologias da informação, especialmente a Internet, têm produzido grandes transformações socioculturais e político-econômicas no mundo contemporâneo. A Internet, por sua vez, tem alterado o modo de vida e de produção e trocas simbólicas, especialmente por meio do hipertexto. Novas formas de apropriação e produção do conhecimento vêm-se desenvolvendo a partir da última década, com a expansão da Internet. A Web trouxe também um novo paradigma junto à prática jornalística. (OLIVEIRA, 2007, p. 2) Oliveira (2007) afirma que o hipertexto é um modo de interagir com os textos e não só uma ferramenta como os processadores de textos. A partir de uma ação multilinear o leitor assume o papel de coautor. Refutando a noção aristotélica25 de linearidade, proporcionando ao leitor uma nova prática de leitura hipertextual/multilinear, elementos que fazem parte do jornalismo contemporâneo. O uso do hipertexto pelo leitor/usuário/internauta está levando os webjornais a alteraram as rotinas produtivas. Isto ocorre em função do uso dos mecanismos de interatividade proporcionados pelas Novas Tecnologias de Informação (NTC). Através dos mecanismos de feedback26: comentários, correio eletrônico, chats , fóruns, grupos de discussão, entrevistas on-line, informações complementares, etc, o leitor/usuário/internauta interfere na produção e veiculação dos conteúdos. Este processo de retroalimentação, interatividade, do hipertexto, tem proporcionado o crescimento exponencial do jornalismo online. (idem, p. 3-4, 6-7) Segundo Peruzzo (2006), a hipertextualidade no jornal pode ser potencializada mediante vários mecanismos já descritos por J. South (2001), citados e complementados por Sérgio Capparelli (2002, p. 20-21): a) antecipação d e um fato pela web; b) versão expandida da reportagem; c) conexões dentro da reportagem com documentos relacionados ou com sites; d) interrupção da reportagem em segmentos conectados; e) antecedentes da reportagem; f) informações sobre o repórter; g) perfil de personagens históricas; h) glossário on-line : i) materiais complexos (relatórios de governo, arquivos jurídicos, agendas, minutas); j) transcrições de entrevistas ou discussões; l) listas ou sumários; m) listas de sites relevantes; n) fotos; o) gráficos; p) gráficos com animação; q) arquivos de áudio; r) arquivos de vídeo; s) conteúdo imersivo (3-D, vídeo de 360 graus e áudio). (OLIVEIRA, 2007, p. 4-5) 25 Aristotélico: O grupo das doutrinas de Aristóteles, filósofo grego (384-322 a.C.), e de seus seguidores. São temas centrais do aristotelismo a teoria da abstração e do silogismo, os conceitos de ato e potência, forma e matéria, e substância e acidente, doutrinas todas que serviram à criação da lógica formal e da ética, e que exerceram e ainda exercem enorme influência no pensamento ocidental. (FERREIRA, 2004) 26 Feedback: Realimentação e retroalimentação. Volta a um sistema, de parte do que ele eliminou, de forma a obter-se algum controle sobre esta eliminação. (FERREIRA, 2004) 47 6 O JORNALISMO NA WEB O jornalismo na Web passa por um processo de pesquisa e sistematização constante. Alguns termos são entendidos de forma diferenciada por teóricos da comunicação. Ainda não existe um consenso sobre as terminologias a serem utilizadas para definir esta nova forma de produção de conteúdos. Autores estadunidenses preferem os termos “jornalismo on-line” ou “jornalismo digital”, enquanto os espanhóis aplicam o termo “jornalismo eletrônico”. Também são aplicadas as nomenclaturas: jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 40) Algumas tentativas já foram realizadas no sentido de estabelecer definições mais precisas para estes termos, vejamos, por exemplo, o que dizem Bastos (2000) e Machado (2000). Bastos, após realizar um levantamento bibliográfico apresentando a opinião de diversos outros autores, utiliza o termo jornalismo eletrônico para englobar o jornalismo online e o jornalismo digital (JE = JO + JD). Para ele, integrada às práticas do jornalismo assistido por computador está a pesquisa online, a qual ele denomina de jornalismo online. O jornalismo online, seria então, a pesquisa realizada em redes, onde as informações circulam, em tempo real e cujo objetivo é a apuração jornalística (pesquisa de conteúdos, recolha de informações e contato com fontes). As possibilidades referentes à disponibilização de informações jornalísticas na rede são denominadas, pelo autor, de jornalismo digital. Fica evidente a preocupação com a esfera da produção: nas definições propostas por Bastos, fazer apuração é jornalismo online; desenvolver e disponibilizar produtos é jornalismo digital. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 40-41) Luciana Mielniczuk propõe um sistema que privilegia os meios tecnológicos, como fator para determinar em que tipo de prática jornalística, seja na instância da produção ou na instância da disseminação de informações jornalísticas, está identificado à atividade. Ela afirma que o termo jornalismo eletrônico é o mais abrangente de todos, tendo em vista o fato de que a aparelhagem tecnológica que se utiliza no jornalismo é em sua maior parte de natureza eletrônica, seja ela analógica ou digital. Ao utilizar aparelhagem eletrônica para a captura das informações, ou para a disseminação das mesmas, exerce-se o jornalismo eletrônico. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 41) 48 O termo jornalismo digital refere-se às tecnologias oriundas dos sistemas de codificação binária e utilizadas nas práticas jornalísticas. Por exemplo, um gravador de som que armazena a informação captada em uma fita magnética é um aparelho eletrônico analógico e não digital. O gravador que utiliza a memória flash para armazenar a informação captada, é um dispositivo digital, pois as informações são armazenas em forma de códigos binários. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p.41-42) A palavra online remete a ideia de conexão em tempo real, em um fluxo de informação contínuo e quase instantâneo. Também pode ser classificada como operação realizada em conexão com outros pontos do sistema, permitindo compartilhamento de informações e colaboração no processamento, através de consultas e atualizações imediatas em bases de dados remotas. Para que se enviem as informações de forma online, é necessário que elas estejam codificadas digitalmente. Ou seja, é impossível mandar uma a fita magnética pela Internet. É necessária a decodificação das informações contidas na fita magnética em um sistema binário, digital. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 43) A cibernética é uma ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas (FERREIRA, 2004). O ciberespaço é definido como um espaço hipotético ou imaginário, no qual se encontrar imersos aqueles que pertencem ao mundo da eletrônica, da informática. Enquanto o ciberjornalismo remete a ideia do jornalismo praticado com auxílio de tecnológicas oferecidas pela cibernética, ou jornalismo praticado com o auxílio do ciberespaço. “A utilização do computador para gerenciar um banco de dados na hora da elaboração de uma matéria é um exemplo da prática do ciberjornalismo.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 42-43) Mielniczuk adota o termo Webjornalismo, referindo-se a parte específica da Internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma amigável. “A Internet envolve recursos e processos que são mais amplos do que a web, embora esta seja, para o público leigo, sinônimo de Internet. Conforme Canavilhas (2001), a nomenclatura encontra-se relacionada com o suporte técnico: para designar o jornalismo desenvolvido para a televisão, utilizamos telejornalismo; o jornalismo desenvolvido para o rádio, chamamos de radiojornalismo; e chamamos de jornalismo impresso àquele que é feito para os jornais impressos em papel.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 43) O quadro a seguir, foi elaborado por Luciana Mileniczuk e apresenta de forma resumida, as terminológicas e suas definições: 49 Definição Nomenclatura utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos Jornalismo eletrônico Jornalismo digital ou emprega tecnologia digital, todo e qualquer procedimento Jornalismo multimídia que implica no tratamento de dados em forma de bits Ciberjornalismo envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço Jornalismo online é desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real Webjornalismo diz respeito à utilização de uma parte específica da Internet, que é a web Tabela 3: Resumo das definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e disseminação de informação no jornalismo contemporâneo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) Mielniczuk elabora um sistema elíptico para delimitar os campos de abrangências das nomenclaturas e alerta para o fato destas delimitações não serem excludentes, mas complementares. Pois, perpassam, e se enquadram em formas concomitantes, e em distintas elipses. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) Na rotina de um jornalista contemporâneo estão presentes atividades que se enquadram em todas as nomenclaturas definidas. Vejamos pois, ao consultar o arquivo da empresa na qual trabalha, o profissional poderá assitir a uma reportagem gravada em fita VHS (jornalismo eletrônico); usar o recurso do e-mail para comunicar-se com uma fonte ou mesmo com seu editor (jornalismo online); consultar a edição anual condensada – editada em CD-ROM – de um jornal (jornalismo digital); verificar dados armazenados no seu computador pessoal (ciberjornalismo); ler em sites noticiosos disponibilizados na web material que outros veículos já produziram sobre o assunto (webjornalismo). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 45) 50 Figura 4: Elipses ilustram a delimitação da abrangência das terminologias. O Jornalismo Eletrônico abrange todo o sistema, enquanto o webjornalismo é o jornalismo aplicado na rede, ou web. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) 6.1 Etapas do desenvolvimento do Webjornalismo Segundo Mielniczuk, surgiram ao longo de uma década de webjornalismo, diversas tentativas de desenvolvimento tecnológico para disponibilização de conteúdos jornalísticos online. Estudos desta evolução apontam para a divisão em três categorias distintas, que são abordados pelos pesquisadores: Pavlik (2001), Silva Jr, (2002) e Palacios (2002). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 45) John Pavlik (2001) descreve as fases do webjornalismo, como foco a produção de conteúdos e identificando três fases. A primeira fase é denominada de “modelo-mãe”, os sites reproduzem o material jornalístico, produzido inicialmente para outros meios. Na segunda fase os jornalistas criam conteúdos originais para a web, passando a utilizar hiperlinks. A terceira fase, caracteriza-se pela produção de conteúdos jornalísticos desenvolvidos especificamente para a web, além do reconhecimento científico como novo meio de comunicação. “O aspecto mais importante desta fase, segundo o autor, são as experimentações de novas formas de storytelling. Ele cita a possibilidade de narrativas imersivas que permitem ao leitor navegar através da informação em multimídia.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 46) 51 Silva Junior ao estabelece três estágios de desenvolvimento para identificar o período histórtico em que se encontra o sítio jornalístico: Transpositivo, Perceptivo e Hipermidiático. O estágio Transpositivo, ocorre nos primeiros jornais online. O formato e a organização seguem o modelo do jornal impresso. Sendo uso mais fechado, reproduzindo em novo suporte, com bastante fidelidade, o referente pré-existente como origem simbólico. No estágio Perceptivo, alguns recursos tecnológicos são agregados, permanecendo o caráter transpositivo, mas com uma organização própria para a rede. O Hipermidiático é mais recente, existe uso de recursos hipertextuais e convergências midiáticas, além da disseminação do mesmo conteúdo jornalístico através de diversas plataformas e serviços informativos. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 46-47) A sistematização de Silva Jr. difere de John Pavlik, enquanto Silva Junior abordas as etapas de desenvolvimento do webjornalismo a partir da disseminação dos conteúdos nas redes digitais, Pavlik observa produção de conteúdos noticiosos, como forma de diferenciar as fases do desenvolvimento do webjornalismo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 47-48) Luciana Mielniczuk propõe uma classificação a partir da esfera do produto aplicado no webjornal, com possibilidades de se pensar as questões da produção e disseminação das informações. A trajetória do webjornalismo também é dividida em fases ou momentos: produtos de primeira geração ou fase da transposição; produtos de segunda geração ou fase da metáfora; e produtos de terceira geração ou fase da exploração das características do suporte web. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 48) Webjornalismo de primeira geração – “Num primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes jornais impressos, que passavam a ocupar o espaço na Internet. [...] Os produtos desta fase, em sua maioria, são simplesmente cópias para a web do conteúdo de jornais existentes no papel. A rotina de produção de notícias é totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos [...]. A disponibilização de informações jornalísticas na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo enquanto um meio que apresenta características específicas.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 48-49) Webjornalismo de segunda geração – “Favorecidas pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da estrutura técnica da Internet, podemos identificar uma segunda tendência nas iniciativas para o jornalismo online na web, quando mesmo ‘atrelado’ ao modelo do jornal impresso, começam a ocorrer experiências na tentativa de explorar as características específicas 52 oferecidas pela rede. Nesta fase, o jornal impresso é utilizado como metáfora para a elaboração das interfaces dos produtos. [...] Ao mesmo tempo em que se ancoram no modelo do jornal impresso, as publicações para a web começam a explorar as potencialidades do novo ambiente, tais como links com chamadas para notícias de fatos que acontecem no período entre as edições; o e-mail passa a ser utilizado como uma possibilidade de comunicação entre jornalista e leitor ou entre os leitores, através de fóruns de debates; a elaboração das notícias passa a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto; surge as seções ‘últimas notícias’. A tendência, salvo exceções, ainda é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 49-50) Webjornalismo de terceira geração – “O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente para a Internet. São sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma versão para a web de um jornal impresso já existente. Um dos primeiros e, talvez, principal exemplo desta situação seja a fusão entre a Microsoft e a NBC, uma empresa de informática e uma empresa jornalística de televisão, ocorrida em 1996 (Estado, 1997). O www.msnbc.com é um site de jornalismo mas que não surgiu como decorrência da tradição e da experiência do jornalismo impresso. [...] Neste estágio, [...] os produtos jornalísticos apresentam: - recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa jornalística; - recursos de interatividade, como chats com a participação de personalidades públicas, enquetes, fóruns de discussões; apresentam opções para a configuração do produto de acordo com interesses pessoais de cada leitor/usuário; - a utilização do hipertexto não apenas como um recurso de organização das informações da edição, mas também como uma possibilidade na narrativa jornalística de fatos; atualização contínua no webjornal e não apenas na seção ‘últimas notícias’.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 50) 6.2 Características do jornalismo desenvolvido para web Palacios ao estudar o jornalismo desenvolvido na web, aborda os estudos de Bardoel e Deuze, onde identifica a existência de quatro elementos distintivos que o caracterizam: Interatividade, Customização de Conteúdo, Hipertextualidade. Seguindo com os estudos, Palacios estabelece seis características: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextuali53 dade, Personalização, Memória e Instantaneidade de Acesso, o que possibilita a atualização continua. “Estas características refletem as potencialidades oferecidas pela Internet ao jornalismo desenvolvido para a Web.”. Nem todas as características oriundas das Novas Tecnologias de Comunicação (NTC), são efetivamente aproveitadas utilizadas nos jornais online. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 17) Multimidialidade/Convergência – A multimidialidade refere-se à convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico. A convergência torna-se possível em função do processo de digitalização da informação e sua posterior circulação e/ou disponibilização em um mesmo espaço, a Internet. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 18) Interatividade – “[...] a notícia online possui a capacidade de fazer com que o leitor/usuário sinta-se mais diretamente parte do processo jornalístico. [...] pela troca de e-mails entre leitores e jornalistas, através da disponibilização da opinião dos leitores, como é feito em sites que abrigam fóruns de discussões, através de chats com jornalistas, etc. [...] a navegação pelo hipertexto também pode ser classificada como uma situação interativa. Adota-se o termo multi-interativo para designar o conjunto de processos que envolvem a situação do leitor de um jornal na web. Diante de um computador conectado à Internet e ao acessar um produto jornalístico, o usuário estabelece relações”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 18-19) Hipertextualidade – Consiste na interconexão entre textos através do hiperlink (link). O que possibilita acesso a textos diversos, mas inter-relacionados com a notícia inicial, ou textos complementares (fotos, sons, vídeos, animações, etc). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 19) Customização do Conteúdo/Personalização – “Também denominada individualização, a personalização ou costumização, consiste na opção oferecida ao Usuário para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses individuais.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 19) Memória – Segundo Palacios, a web possibilita o acumulo e acesso online das informações publicadas com custos mais reduzidos do que em outras mídias. O fato dos textos estarem interconectados através de hiperlinks transforma a memória em uma construção coletiva. Possibilitando um crescimento exponencial dos conteúdos disponibilizados na Internet. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 20) 54 Instantaneidade/Atualização Contínua – A digitalização das informações jornalísticas, aliada às redes telemáticas, proporciona um processo de disponibilização quase instantâneo destes conteúdos. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 20) 6.3 Formatos das notícias dentro do webjornal Luciana Mielniczuk divide os espaços que identificam o tipo da informação em três características: Cobertura Cotidiana, Especiais e Últimas Notícias: (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 51) Coberturas Cotidianas – São formadas pelas notícias rotineiras dos veículos. Geralmente são mais resumidas e ilustradas por fotografias, eventualmente podem possuir links para arquivos de áudio e vídeo. O que não ocorre com Últimas Notícias. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 51) Especiais – São formadas por notícias mais extensas, elaboradas com intervalo de tempo maior e ocupam lugares específicos no webjornal, ficam expostas por mais tempo, são ilustradas através da múltiplo meios, texto, imagem, ilustração e som. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 52) Últimas Notícias – As notícias tem o caráter de notas, textos curtos. Buscam transmite um determinado fato o mais próximo de tempo possível do tempo em que eles transcorrem. Nos webjornais brasileiros são denominados de “Plantão” ou “Últimas Notícias”. A maior parte dos textos disponibilizados é oriunda das agências de notícias. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 51) 55 7 TEORIA DA NOTÍCIA A teoria cientifica objetiva delimitar conceitualmente os fenómenos que explica ou prevê. A teoria do jornalismo deve ser vista como uma teoria da notícia. Pois ela resulta do processo jornalístico de produção da informação, ou seja, a notícia é um fenômeno que deve ser explicado e previsto pela teoria do jornalismo. Qualquer que seja a teoria do jornalismo, objetiva delimitar o conceito de notícia. (SOUSA, 2010, p.2) É preciso também notar que o conceito de notícia tem uma dimensão que poderíamos classificar como táctica e uma dimensão que poderíamos classificar como estratégica. A dimensão táctica esgota-se na teoria dos géneros jornalísticos. Nessa dimensão, distingue-se notícia de outros géneros, como a entrevista ou a reportagem. Todavia, a dimensão estratégica encara a notícia como todo o enunciado jornalístico. Esta opção é aquela que interessa à teoria do jornalismo enquanto teoria que procura explicar as formas e os conteúdos do produto jornalístico. (SOUSA, 2010, p.2-3) Teoria da Notícia Unificada, segundo Sousa As diversas teorias que tentam explicar o conceito do que é notícia, esbarram nas suas próprias limitações históricas. Desenvolvidas a partir de um olhar do presente histórico e sob suas influências socioculturais, não conseguem explicar na sua totalidade os conceitos do que é notícia. Sousa em sua sistematização, busca definir a parir de uma formulação matemática/social o que é notícia, que forças atuam para que ela exista e seja válida. Sua teoria, denominada de “Teoria Unificada da Notícia” cuja equação: N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt), aborda conceitos amplos e presentes nas diversas culturas. Há autores que consideram que as explicações que têm sido avançadas para explicar os formatos e conteúdos das notícias são insuficientes para se edificar uma teoria do jornalismo e por vezes são também antagónicas e contraditórias. O mais referenciado defensor lusófono desta tese é, provavelmente, Nelson Traquina (2001; 2002). (SOUSA, 2010, p.4) Sousa parte de um conceito matemático, exemplo: teoria da relatividade explicita que a energia é diretamente proporcional ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz (E =mc2). Para formular o conceito de uma Teoria da Notícia. A partir dos estudos teóricos de 56 Shoemaker e Reese (1991; 1996) e de Schudson (1988), Sousa (1997; 2000; 2002), procurou unificar os conceitos através de uma fórmula matemática, clara e breve. (SOUSA, 2010, p.9) A teoria unificada da notícia de Sousa tem o seguinte enunciado: a notícia é o resultado da interação simultaneamente histórica e presente de forças de matriz pessoal, social (organizacional e extra-organizacional), ideológica, cultural, do meio físico e dos dispositivos tecnológicos, tendo efeitos cognitivos, afectivos e comportamentais sobre as pessoas, o que por sua vez produz efeitos de mudança ou permanência e de formação de referências sobre as sociedades, as culturas e as civilizações. (SOUSA, 2010, p.9-10) N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt)27 Nomenclatura Definição Fp - Força pessoal As notícias resultam parcialmente das pessoas e das suas intenções, da capacidade pessoal dos seus autores e dos atores que nela e sobre ela intervêm. A Força Social é constituída: Fso (Força Aócioorganizacional) e Fseo (Força Social Extraorganizacional) As notícias são fruto das dinâmicas e dos constrangimentos do sistema social (força social extra-organizacional- Fseo), particularmente do meio organizacional em que foram construídas e fabricadas (força sócioorganizacional- Fso). Fi - Força ideológica As notícias são originadas por conjuntos de ideias que moldam processos sociais, proporcionam referentes comuns e dão coesão aos grupos, normalmente em função de interesses, mesmo quando esses interesses não são conscientes e assumidos. Fc - Força cultural As notícias são um produto do sistema cultural em que são produzidas, que condiciona quer as perspectivas que se têm do mundo quer a significação que se atribui a esse mesmo mundo (mundividência). Fh - Força histórica As notícias são um produto da história, durante a qual agiram as restantes forças que enformam as notícias que existem no presente. Fmf - Força do meio As notícias dependem do meio físico em que são fabricadas. físico Fdt - Força dos disposi- As notícias dependem dos dispositivos tecnológicos usados no seu protivos tecnológicos cesso de produção. A tradução matemática da parte da teoria que diz respeito à construção da notícia é uma função em que N = notícia, está ligada de forma proporcional ao produto das forças (f). Ou seja, o conjunto de forças determina o que é notícia. Figura 5: Teoria Unificada da Notícia, equação e definição das forças. (SOUSA, 2010, p.10) 27 Ao enunciar a teoria em formato de fórmula (N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt.Fh), Jorge Pedro Sousa, nascido em 1967, professor e pesquisador de jornalismo na Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal), comete um equivoco ao repetir a Força Histórica (Fh) duas vezes. Neste trabalho foi eliminada a repetição. 57 8 ESTRUTURA DO JORNAL GRANDE BAHIA O Jornal Grande Bahia (JGB) foi criado em 18 de janeiro de 2007, inicialmente como o nome Jornal Feira Hoje. Com. Br (domínio: jornalfeirahoje.com.br). Em 20 de agosto de 2010, o conteúdo, cerca de 20 mil noticias, foi transferido para o Jornal Grande Bahia (domínio: jornalgrandebahia.com.br), em 29 de outubro de 2010, o jornal passou a contar com 23.793 notícias publicadas. “Este nome foi sugestão de Joilton Freitas. Na época buscávamos um nome que desse a ideia de um jornal estadual”, afirma Sérgio Jones, editor do JGB. A Locaweb Serviços de Internet S/A. é a empresa responsável pelo sistema de banco de dados do jornal, ou seja, pelo armazenamento e segurança das notícias publicadas. Segundo o relatório IDC LA IT Services 2009, categoria Infrastructure Hosting Services, la é líder em hospedagem de sítios no Brasil e na América Latina. Possuí 12 anos de experiência e parcerias com 19 mil desenvolvedores, além de oferecer soluções de Internet, Data Center e Comunicação. Em outubro de 2010, a Locaweb informou que possuía: 221.014 clientes, com 2.540.000 serviços de E-mails, hospedando 355.576 sítios, sendo responsável pela manutenção de 587.684 domínios de Internet. (LOCAWEB, 2010, p.1) A Locaweb provê um conjunto de soluções corporativas, entre servidores e outros serviços dedicados, que garantem desempenho, segurança, confiabilidade e flexibilidade às suas aplicações empresariais. Para oferecer tudo isso, a Locaweb conta com dois data centers próprios no Brasil. Ambos foram projetados e construídos utilizando práticas de TI verde, desde a concepção de seus espaços até a utilização de equipamentos adequados e tecnologias modernas, atendendo também a rigorosos padrões internacionais de operações e segurança. (LOCAWEB; DATA CENTER, 2010, p.1) 8.1 A equipe O JGB trabalha com o conceito de jornalismo colaborativo, ou seja, os profissionais podem publicar seus textos onde quer que eles estejam sem a necessidade de ocuparem o mesmo 58 local de trabalho. A redação do webjornal fica situada na Rua Barão de Cotegipe, número 878, 1º andar, sala 101, Bairro Centro, em Feira de Santana. Ele é editado pela empresa: Carlos Augusto Oliveira da Silva Me, CNPJ 00.404.143/0001-69. No controle dos fluxos de notícias participam: Carlos Augusto Oliveira da Silva, diretor do veículo e Sérgio Antônio Costa Jones, na condição de editor. Vanuza Rios de Oliveira atua como secretaria-assistente e José Carlos dos Santos Silva é o responsável pelo departamento comercial. De forma colaborativa, o jornal conta com: Antônio José Laranjeira na condição de colunista social, além os blogs assinados por: Alberto Peixoto, Alexandru Solomon, Bruno Peron Loreiro, Carlos Lima, Carlos Silva, Décio Nascimento, Emiliano José, Jamerson Ribeiro, João Herkenhoff, Juarez Duarte Bomfim, Julio César Cardoso, Ligia Motta, Marcelo Vinicius, Oldack Miranda, Amorim Neto, Sandro Penelú, Sérgio Tarcitano e Vasco Vasconcelos. Além das pessoas citadas, assinam blogs: Carlos Augusto, Carlos Silva e Sérgio Jones. Dois links, Opinião e Sociedade em Debate, dão acesso à publicação de artigos enviados por leitores do jornal, ou, oriundos, em sua maior parte, do sítio Observatório da Imprensa. É importante notar que o número de blogs ativos pode variar de acordo com o fluxo de postagens. Pessoas que postam depois de períodos longos, acima de um mês, são desativadas do sistema pelos administradores dos conteúdos, Carlos Augusto e Sérgio Jones. O objetivo é manter pessoas que atualizem sempre os conteúdos, o que leva a rotatividade de colaboradores. 8.2 Estrutura da página inicial A página inicial do webjornal, também conhecida como index, é formada por uma tabela, com 1024 pixels de largura, dividida por três colunas horizontais: topo, editorias principais, rodapé. No topo estão dispostas: local e data da publicação, opção de impressão e favoritos, além de links para os canais de vídeo e áudio. É oferecida a opção de pesquisa, além de espaços para a logomarca do jornal e anúncios publicitários em forma de banners. 59 Figura 6: Imagem ilustra disposição das colunas. Na segunda coluna horizontal estão dispostos links para os principais conteúdos postados no jornal. Eles foram divididos por editorias e objetivam hierarquiza as notícias, sendo classificadas de: Manchete, Política 1, Política 2, Feira 1, Feira 2, Cidades, Salvador, Estadual, Nacional, Congresso, Economia, Mídia e Últimas Notícias. A opção pela subdivisão de uma mesma editoria é devido à ocorrência de fatos relevantes ao longo do dia, sendo que “ao optarmos por Feira 1 e Feira 2, mantemos na capa do jornal, duas notícias sobre a cidade. Isto ocorre em função da reduzida quantidade de profissionais na redação, ou seja, o ideal é que um webdesign28, orientado pelo editor realizasse modificações na capa do jornal, de acordo com o fluxo de notícias postadas. Na terceira coluna horizontal, também denominado de rodapé, consta o termo de direito autoral, endereços e telefones do jornal, além de um link geral de RSS (sistema realmente simples de distribuição de informações) cujo objetivo é disponibilizar para diversas plataformas tecnológicas, um resumo hipertextual das últimas vinte notícias postadas no JGB. Este resumo conta com: título da notícia, os primeiros 500 caracteres da primeira linha do corpo da 28 Webdesign: conjunto das atividades e técnicas de design gráfico e de editoração eletrônica aplicadas à preparação de sites e páginas na web. (PINHO, 2003, p. 275) 60 notícia, nome do autor da postagem, além da data e hora da publicação. Este sistema é atualizado instantaneamente e pode ser acessado através do endereço: www.jornalgrandebahia.com.br/rss/. Na vertical, o sítio foi dividido em quatro colunas. A primeira coluna da esquerda, possuí 160 pixels de largura, sendo composta por links, divididos em editorias principais e secundárias. As editorias principais são denominadas de: colunista social, justiça, mundo, educação, entretenimento, blogs, artigos, reportagem fotográfica, sobre a empresa, interatividade e links diversos com conexões externas. Ela é hierarquizada por editorias, sendo que o primeiro item, Todas Notícias, leva o leitor/usuário/internauta a uma página com o títulos publicados de forma cronológica inversa, ou seja, da data presente para o passado. Podendo efetuar pesquisas por palavras chaves, datas ou listagem dos conteúdos disponibilizados no jornal. Cada editoria: Colunista, Judiciário, Mundo, Educação e Entretenimento, Especiais, Reportagem Especial, Blogs, Artigos, Fotografia, JGB - A empresa, JGB – Interatividade, Visitas e Newsletter, conta com sub editorias correspondentes aos enunciados. Todos os links da primeira coluna vertical são dedicados exclusivamente a criar vínculos com os diversos conteúdos do jornal. Comparado com os webjornais, G1, Folha e Estadão, este formato de divisão está uma geração atrasada. Os modernos webjornais deslocaram todos os links pra o rodapé A segunda coluna vertical, possuí 468 pixels de largura, nela é destacada a Manchete do webjornal. O tipo da fonte é Arial, o jornal trabalha com as cores azul e preta, sendo que a cor azul é usada para títulos e a preta para os subtítulos, intertítulos e corpo dos parágrafos. O título é composto por 140 caracteres no máximo e obedece a postagem máxima de textos SMS (Short Message Service – Serviços de Mensagens Curtas) usadas em trocas de mensagens entre telefones, web e redes sociais, a exemplo do Twitter. Seguido do título, um breve resumo, criado de forma automática pela programação do sistema e contendo no máximo 250 caracteres, oriundo do primeiro parágrafo da manchete. Tanto o título, como o resumo são hiperlincados com o conteúdo. Ou seja, acionando o hiperlink, o internauta é remetido ao conteúdo completo da notícia, através de uma nova janela. Abaixo da Manchete, é disponibiliza uma galeria de fotos, com máximo de seis imagens. A galeria conta com miniaturas das fotos dispostas, além de legenda com máximo de 215 caracteres. As imagens são hiperlincadas com conteúdos do jornal ou conteúdos externos. O 61 editor pode postar uma imagem que ao ser acionada remeta para uma página externa a exemplo do New York Times (nytimes.com). Na sequência são depostos banners no formato 468x60 pixel, intercalados por notícias, formados por: Título, resumo, data e hora. Ao final da coluna é disponibilizada uma galeria de fotos que utiliza a linguagem Java. Esta galeria conta com um título, não existe a presença de resumo, ela é atualizada mensalmente. Nela são postadas no máximo 30 fotografias. Sendo que todas as publicações da página inicial, também chamada de Index ou Home, são hiperlincadas com o conteúdo completo. A terceira coluna vertical é composta pelas editorias secundárias. Nelas estão dispostos apenas os títulos das notícias, a exceção é do Colunista Social, que conta com título e resumo. No final da coluna é disponibilizado um canal de vídeo, áudio e as cinco últimas fotos publicadas. Podem ser vistos na página inicial, ou o usuário pode optar por acionar o hiperlink para uma página, onde terá acesso a um breve comentário sobre o conteúdo. No caso das fotos o usuário e remetido às respectivas notícias postadas. A quarta coluna vertical possuí 120 pixels de largura. Ela é dedicada à publicidade comercial ou institucional, são disponibilizados banners nos formatos de arquivo: JPEG, GIF ou Flash. A exceção da galeria de fotos da segunda coluna vertical, todo o sistema funciona de forma automática, ou seja, uma vez postada à notícia, ela automaticamente aparece na página inicial. Isto ocorre em função da deficiência de pessoal. O ideal seria que o jornal contasse com um editor e um webdesigne, responsáveis pela organização do conteúdo na página inicial. Uma vez que o conteúdo fosse liberado, eles analisam a melhor forma de apresentá-lo na página inicial. 8.3 Estrutura das páginas internas As páginas internas do JGB são dívidas em três colunas horizontais e três colunas verticais. As três colunas horizontais e a primeira e a quarta coluna vertical são fixas, ou seja, aparecem em todas as páginas do JGB. A segunda coluna vertical, possuí 720 pixels de largura. No alto da página é indicada em que editoria a notícia está inserida, um link direciona para o RSS e outro leva para um índice com todas as publicações da editoria. Na segunda linha, consta a data e hora da publicação, se existem comentários e um sistema de compartilhamento da informação, onde o conteúdo disposto pode ser disponibilizado para diversos serviços da web. A terceira linha é formada pelo título da notícia, e caso tenha sido utilizada é disposta na 62 quarta linha um subtítulo. Na quinta linha é disponibilizado o corpo da notícia. No final da notícia, ela é assinada pelo responsável. Na sequência é disposto um espaço para comentário com os campos: Nome, E-mail e comentário limitado a 500 caracteres, com a observação: O comentário é de total responsabilidade do internauta que o inseriu. O JGB reserva-se o direito de não publicar mensagens com palavras de baixo calão, publicidade, calúnia, injúria, difamação ou qualquer conduta que possa ser considerada criminosa. Existe um botão de enviar, mas nenhuma resposta é verificada ao acioná-lo, o que pode levar o internauta a não saber se o sistema funciona ou se sua mensagem foi corretamente envida. Os portais de notícias também estão optando por cadastros completos dos comentaristas, reduzindo a possibilidade de anonimato. No JGB permanece um modelo simplificado de comentário. Por último, aparece uma chamada com o título: Leia Também, onde são dispostos os últimos cinco textos publicados. Sistemas mais modernos indexam esta listagem de acordo com o conteúdo postado. De qualquer maneira, uma das características do jornalismo na web é que o internauta pode ler sempre as notícias anteriores, ou seja, usando a Memória (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 20), e uma chama pode ser interessante para mantê-los por mais tempo no webjornal. Não se tem conhecimento sistematizado para afirmar quais dos dois sistemas tem melhor efeito sobre os internautas. Abaixo da listagem, repete-se o link, ‘Ver todas as publicações de (nome da editoria)’. Na sequência é disposto um banner no formato 768x90 pixel, que por limitação da coluna, 720 pixels de largura, é exposto com corte abrupto. As paginas dos blogs seguem a estrutura citada anteriormente, sendo que no topo, é identificado o autor do blog, com breve resumo sobre sua biografia. 8.4 Relatório de audiência do JGB A audiência de um sítio pode ser medida com precisão através do relatório de visitas do sistema de hospedagem. No caso do JGB, o relatório é fornecido pelo sistema da Locaweb e não existe neste processo, qualquer nível de interferência da direção do webjornal junto aos indicadores de audiência. Esta precisão é possível porque cada computador, ou aparelho, conectado a rede tem um IP (Internet Protocolo) independente e cada vez que existe uma conexão a um determinado sítio, fica registrado o número do IP, além da sua localização geográfica. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1) 63 O sistema de relatório é protegido por senha, o que impossibilita a terceiros terem acessos aos dados estatísticos do sítio. Os itens expostos na tabela abaixo utiliza a opção de Resumo Estatístico, que mostra os totais e médias das: Sessões, Impressões de Páginas, Hits, e Bytes, para o intervalo de tempo selecionado, neste caso, o período de um mês. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1) Metodologia de Cálculo: a sessão é uma série de Hits para seu website em um determinado intervalo de tempo por um visitante. As visualizações de páginas são requisição de página web feita pelo navegador do visitante ao servidor web; isto exclui imagens, JavaScript, e outros tipos de arquivos anexados. Hit é qualquer requisição com sucesso ao servidor web pelo navegador de um visitante e Bytes, trata-se do tráfego de rede em bytes gerado pelos arquivos requisitados durante o intervalo selecionado. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1) 64 Relatório de visitas do Jornal Grande Bahia Intervalo de tempo: 01/10/2010 - 31/10/2010 Total de Sessões 100.779,00 Total de Impressões de Página 3.487.876,00 Total de Hits 5.759.197,00 Total de Bytes Transferidos Média de Sessões por dia 71,68 GB 3.250,94 Média de Impressões de Página por dia 112.512,13 Média de Hits por Dia 185.780,55 Média de Bytes Transferidos por dia 2,31 GB Média de Impressões de Páginas por Sessão 34,61 Média de Hits por Sessão 57,15 Média de Bytes por Sessão 745,76 KB Duração média da Sessão 00:09:38 Tabela 4: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de outubro 2010 a 31 de outubro de 2010. Apontando: 100.779 visitas únicas, 9 minutos e 38 segundos de tempo gasto por cada visitante e 3.487.876 de páginas visualizadas. Relatório de visitas do Jornal Grande Bahia Intervalo de tempo: 01/08/2010 - 31/08/2010 Total de Sessões Total de Impressões de Página Total de Hits Total de Bytes Transferidos Média de Sessões por dia 121.627,00 5.948.358,00 10.468.365,00 118,96 GB 3.923,45 Média de Impressões de Página por dia 193.043,81 Média de Hits por Dia 338.017,77 Média de Bytes Transferidos por dia 3,84 GB Média de Impressões de Páginas por Sessão 49,20 Média de Hits por Sessão 86,15 Média de Bytes por Sessão Duração média da Sessão 1 MB 00:08:00 Tabela 5: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de agosto 2010 a 31 de agosto de 2010. Apontando: 121.627 visitas únicas, 8 minutos de tempo gasto por cada visitante e 5.948.358 páginas visualizadas. 65 8.5 Linha editorial O JGB toma como base os princípios editorias da rede de comunicação, BBC de Londres, que no Brasil atua através da BBC Brasil. Por ser uma entidade de jornalismo pública com independência editorial, optamos por seguir os mesmos preceitos jornalísticos. Participando da Academia BBC de Jornalismo29, o JGB busca manter sua linha editorial atualizada e em sincronia com os valores éticos da sociedade. "A BBC, por meio da sua Academia de Jornalismo, começa a compartilhar com seu público os padrões em que se baseia a sua produção jornalística. Este novo espaço do site da BBC Brasil explicará ao leitor os princípios que regem o trabalho da sua equipe, como objetividade, imparcialidade, independência e transparência." Rogério Simões, Diretor da BBC Brasil. Dentre os princípios publicados no manual da BBC e seguidos pelo JGB, destacam-se: a busca pela exatidão da notícia; checar junto às fontes, as informações antes da publicação; abordagem justa e transparente; nas entrevistas os profissionais devem ser corteses com o entrevistado, mantendo uma postura crítica e respeitosa, evitando apelos emotivos. O direito de resposta deve ser universal e aberto, sempre que solicitado. “O JGB não segue os princípios de imparcialidade propostos pela BBC, por entender que a ‘Imparcialidade é Mito’, como aborda o professor doutor Sérgio Mattos, em seu livro homônimo. O Jornal Grande Bahia tem opinião e aplica sempre que necessária. Optando por abordagens críticas com relação a fatos que ocorrem na sociedade.”, Sérgio Jones, editor. Conteúdos das matérias objeto de analises Para analisarmos a hipertextualidade no Jornal Grande Bahia, partimos do recorte de três notícias, inter-relacionadas em momentos distintos de sua produção. A primeira notícia afirmava que a Rede Globo preparava um novo programa. As outras duas desvendam a primeira e a comprovas (ver anexos com integra das notícias). 29 Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/academiajornalismo.shtml 66 9 IDENTIFICANDO O WEBJORNALISMO É necessário verificarmos alguns fatores que definem se o Jornal Grande Bahia pode ser identificado como webjornal. Se pode ser configurado como um veículo de comunicação de massa. E se os critérios de noticiabilidade foram corretamente aplicados para identificar e produzir as notícias, objeto de estudo de caso. Monteiro (2001) diz que os meios de comunicação de massa possuem as seguintes características: são operados por organizações amplas e complexas, envolvendo diversos profissionais com diferentes habilidades; são capazes de difundir suas mensagens para milhares ou até milhões de pessoas, utilizando recursos tecnológicos (os veículos de massa), sustentados pela economia de mercado (através da publicidade, principalmente); falam para uma audiência numerosa, heterogênea, dispersa geograficamente e anônima. (idem, p. 31) Conforme aponta o relatório de visitas do JGB, o conteúdo do jornal foi acessado por 100.779, o que comprova a teoria de um emissor e vários receptadores. Outro fator a ser considerado é a troca de informações entre os dois veículos de comunicação, Tv Globo e JGB. É importante notar que o relato de nomes e a indicação de trocas telefônicas e e-mails caracterizam a forma mais comum de levantamento de informações jornalísticas. Levando em consideração a segunda notícia, onde novos contatos telefônicos são realizados e novos nomes aparecem, pode-se afirma que as informações estão baseadas em fatos. Tendo em vista que os registros telefônicos e e-mails são formas de comunicação que utilizam empresas que não estão sob o controle nem da Tv Globo e nem do JGB. Taís registros, seriam fáceis de ser verificados, caso fosse necessário, ou um simples telefonema para a Tv Globo, onde poderia se verificar se houve efetivamente troca de informações. Luciana Mielniczuk adota o termo Webjornalismo, referindo-se a parte específica da Internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma amigável. O JGB está enquadrado 67 neste tipo de comunicação, além de estar também no referido Jornalismo Eletrônico, que engloba todas as etapas do jornalismo praticado no Ciberespaço. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 43-44) Em que geração o webjornal está inserido? Esta questão nos conduz aos conceitos teóricos de Luciana Mielniczuk, que caracterizam o Webjornalismo de terceira geração, como sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma versão para a web de um jornal impresso já existente. Os produtos jornalísticos apresentam recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa jornalística e recursos de interatividade [...]” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 50). Nas matérias apresentadas, são identificáveis hiperlinks, formas automáticas de redistribuição dos conteúdos e espaço para comentários. Palacios estabelece seis características para o jornalismo praticado na web: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização, Memória e Instantaneidade de Acesso, o que possibilita a atualização continua (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 17). Todas estas categorias foram verificadas e são funcionais no JGB. Utilizando os sistemas de pesquisa do Google (mecanismos de pesquisa online), solicitamos que fossem listados, ‘Jornais de Feira’, o resultado é apresentado na figura abaixo. Figura 7: Ao clicarmos no link do Google, foi aberta uma nova janela com a página do JGB. Fica aparente as características propostas por Palacios: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e Instantaneidade de Acesso. 68 Foi realizada uma nova pesquisa no Goolge. Utilizando o título das notícias publicadas, objeto de estudo de caso, ficou comprovado o efeito memória, descrito por Palacios. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 17). Conforme documenta a imagem abaixo, objeto de captura de tela (Print Screen). Figura 8: Acionando o hiperlink listado pelo Google, o internauta é remetido à notícia. Conceito de Memória, de Palacios, é comprovado pelo uso prático dos links. Uma nova questão é posta. As notícias publicadas se caracterizam como algo que deva ser noticiado? Elas têm valor de notícia? Utilizado os conceitos formulados por Sousa, na ‘Teoria Unificada da Notícia’ cuja equação: N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt), podemos dizer que as notícias tem força pessoal, social, ideológica, cultural, do meio físico e força dos dispositivos tecnológicos. O jornalista identifica o que é notícia pelo grau de importância dos atores envolvidos e do assunto em questão. A importância do veículo de comunicação, Tv Globo, e seu destaque no cenário nacional, determina uma predominância ideológica. É cultural devido à importância como produtor de conteúdos que refletem cultura. Meio físico e tecnologia foram necessários para a produção das três notícias. 69 10 O HIPERTEXTO NO JORNAL GRANDE BAHIA A questão que se coloca, é se os conteúdos apresentados para análises desta monografia se caracterizam como hipertextos? Tim Berners-Lee desenvolveu as ferramentas necessárias para o funcionamento da rede, criando: o protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol), a linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o primeiro navegador (chamado World Wide Web) e as primeiras páginas da Web (blocos de textos contendo links), que buscavam explicar o funcionamento da própria WWW. (MONTEIRO, 2001, p. 29) A imagem abaixo foi obtida a partir do processo de captura de tela, nela é identificado o browser Safari, da empresa Apple. Na Barra de endereço da URL consta: http://www.jornalgrandebahia.com.br/. Onde ‘http’ designa o tipo de linguagem (Hyper Text Transfer Protocol), ‘www’ (World Wide Web) e ‘jornalgrandebahia.com.br’ a URL (Uniform Resource Locator – Localizador Padrão de Recursos), fica localizado na parte superior do browser e se configura no endereço IP (Internet Protocol – Protocolo da Internet) que funciona como a identidade numérica de um servidor da Web. (BRIGGS, 2007, p. 16-17) Figura 9: O jornal é acessado através de um browser. A URL descreve a página de entrada do JGB. 70 Analisando o exposto, podemos dizer que qualquer página na web é um hipertexto. Estes conjuntos de hipertextos estão ligados em rede e formam um imenso hipertexto. Conforme descreve Lévy (1999) : “World Wide Web é uma função da Internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou hiperdocumento (compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextos que a alimentam,” (idem, p. 27). Portanto, os conteúdos disponibilizados no JGB formam um hipertexto. Lévy (1996) explica que o hipertexto, hipermídia ou multimídia, levam a um processo antigo de artificializasão da leitura. “Se ler consiste em selecionar, em esquematizar, em construir uma rede de remissões internas ao texto, em associar a outros dados, em integrar as palavras ao texto e as imagens a uma memória pessoal em reconstrução permanente, então os dispositivos hipertextuais constituem de fato uma espécie de objetivação, de exteriorização, de virtualização dos processos de leitura.”. (idem, p.43) O pesquisador francês diz que a leitura é um processo de construção mental elaborativa e remissiva. O hipertexto do JGB detém em maior ou menor grau as características dispostas. Ou seja, de leitura não-linear, multi-linear, faz parte de um processo de colaboração na construção do texto por parte do leitor/internauta, onde o fechamento nunca ocorre e a cada novo leitor ou nova leitura, pode ser levado a um nível diverso de imersão no conteúdo. A possibilidade de acrescentar novas informações ao texto a partir dos comentários, passam a ideia de que o assunto nunca se encerra. O navegador pode se fazer autor de maneira mais profunda do que percorrendo uma rede preestabelecida: participando da estruturação do hipertexto, criando novas ligações. Alguns sistemas registram os caminhos de leitura e reforçam (tornam mais visíveis, por exemplo) ou enfraquecem as ligações em função da maneira como elas são percorridas pela comunidade dos navegadores. (LÉVY, 1996, p, 45) Todo o texto é um imenso hipertexto, fragmentado em partes, e reunificado em uma única página. As palavras, áudios, imagens estáticas, vídeos, ilustração, links com outras páginas e notas explicativas, todos estes elementos podem ser visualizados em maior ou menor grau de uso, nas páginas das três notícias, objeto de estudo. A possibilidade de redistribuição automática dos conteúdos torna o controle sobre a informação publicada, impossível de ser efetivada. A notícia passa a ser um elemento permanente da cibercultura. Enfim, os leitores podem não apenas modificar as ligações igualmente acrescentar ou modificar nós (textos, imagens, etc.), conectar um hiperdocumento a outro e fazer assim de dois hipertextos separados um único documento, ou traçar ligações hipertextuais entre uma série de documentos. Sublinhemos que essa prática encontra-se hoje em pleno desenvolvimento na Internet, notadamente na World Wide Web. Todos os textos públicos acessíveis pela rede Internet doravante fazem virtualmente parte de um imenso hipertexto em crescimento ininterrupto. Os hiperdocumentos 71 acessíveis por uma rede informática são poderosos instrumentos de escrita-leitura coletiva. (LÉVY, 1996, p, 45-46) Estas características podem ser verificadas na terceira notícia publicada: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia. O texto publicado no JGB conta com links para as notícias anteriormente publicadas sobre o tema e com um vídeo da globo.com. O vídeo não está postado no sistema ou canais do Jornal Grande Bahia, trata-se de um hipertexto que atua em camada, ou seja, o vídeo está no sistema da Rede Globo, sendo reproduzido no JGB. A imagem abaixo, captura a tela em que estas características são verificáveis. Figura 10: Imagem captura a tela, onde são verificáveis os hiperlinks e o hipertexto em forma de vídeo, oriundo da globo.com. Outra demonstração prática das características de reprodutibilidade do hipertexto na web é a reprodução da mesma notícia. A ‘Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia’ foi reproduzida por Lukas Baiano, em um sítio denominado: SkyscraperCity (www.skyscrapercity.com), especializado na postagem de informações sobre as cidades do mundo. 72 Figura 11: Imagem oriunda da captura de tela comprova a reprodutibilidade da notícia na web. A postagem pode ser encontrada, acessado a URL: www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=64587099. Outra constatação prática é a possibilidade de se acrescentar informações através de comentários que podem surgir do texto originalmente publicado, ou de fóruns de discussões, sobre o tema exposto. Ainda na notícia reproduzida por Lukas Baiano, pode-se identificar um link que remete ao texto original do Jornal Grande Bahia, além de comentários postados por participantes do fórum que discute as cidades. Figura 12: Após lerem a notícia, participantes do fórum iniciam um debate sobre o programa JN no Ar e sobre a entrevista exclusiva que Ernesto Paglia concedeu ao JGB. Lévy (1996) expõe com precisão esta característica hipertextual dizendo que “O computador não é um centro mas um pedaço, um fragmento da trama, um componente incompleto da rede calculadora universal. Suas funções pulverizadas impregnam cada elemento do tecnocosmo. No limite, só há hoje um único computador, um único suporte para texto, mas tornou73 se impossível traçar seus limites, fixar seu contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em nenhum, um computador hipertextual, disperso, vivo, pulsante, inacabado, virtual, um computador de Babel: o próprio ciberespaço.” (idem, p.47). Outra verificação possível de ser realizada é a existência de códigos linguísticos específicos para programação. Estes códigos são decodificados pelo browser, o que permite uma demonstração inteligível, amigável do conteúdo que trafega pelo ciberespaço. Na imagem abaixo, foi utilizado o browser Google Chrome, versão 7.0.517.41, acionando com o botão direito do mouse na opção ‘Exibir código fonte da página’ uma nova página é apresentada com várias linhas de programação. A informação digital (traduzida para 0 e 1) também pode ser qualificada de virtual na medida em que é inacessível enquanto tal ao ser humano. Só podemos tomar conhecimento direto de sua atualização por meio de alguma forma de exibição. Os códigos de computador, ilegíveis para nós, atualizam-se em alguns lugares, agora ou mais tarde, em textos legíveis, imagens visíveis sobre tela ou papel, sons audíveis na atmosfera. (LÉVY, 1999, p. 47) Figura 13: À esquerda está à página decodificada pelo browser e, à direita, a imagem exibe os códigos que trafegam pela Internet. 74 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS “O virtual não “substitui” o “real”, ele multiplica as oportunidades para atualizálo.” (Pierre Lévy) Todos os conteúdos disponibilizados através da Internet, e que utilizam a web, formam um imenso hipertexto. Pelas características abordadas anteriormente, pode-se afirmar que o Jornal Grande Bahia é um veículo de comunicação de massa, descrito como webjornal e que utiliza o hipertexto. Seus conteúdos estão dispostos na web e se tornam parte do tecnocosmo, da cibercultura e da inteligência coletiva, “[...] que é um dos principais motores da cibercultura.”. (LÉVY, 1999, p. 29) A linguagem da Internet é matemática, digital, binária, universal. Tudo que se veicula através da web é mensurável. Uma letra no ciberespaço é decodificada em códigos binários, o mesmo ocorre com a imagem e o som, tudo é digital. Lévy (1999) “Digitalizar uma informação consiste em traduzi-la em números. [...] Uma imagem pode ser transformada em pontos ou pixels (picture elements) [...] Um som também pode ser digitalizado [...]” (idem, p, 50) A palavra "virtual" pode ser entendida em ao menos três sentidos: o primeiro, técnico, ligado à informática, um segundo corrente e um terceiro filosófico. [...] Na acepção filosófica, é virtual aquilo que existe apenas em potência e não em ato, o campo de forças e de problemas que tende a resolver-se em uma atualização. O virtual encontra-se antes da concretização efetiva ou formal (a árvore está virtualmente presente no grão). No sentido filosófico, o virtual é obviamente uma dimensão muito importante da realidade. Mas no uso corrente, a palavra virtual é muitas vezes empregada para significar a irrealidade — enquanto a "realidade" pressupõe uma efetivação material, uma presença tangível. A expressão "realidade virtual" soa então como um oxímoro, um passe de mágica misterioso. Em geral acredita-se que uma coisa deva ser ou real ou virtual, que ela não pode, portanto, possuir as duas qualidades ao mesmo tempo. Contudo, a rigor, em filosofia o virtual não se opõe ao real mas sim ao atual: virtualidade e atualidade são apenas dois modos diferentes da realidade. Se a produção da árvore está na essência do grão, então a virtualidade da árvore é bastante real (sem que seja, ainda, atual). (LÉVY, 1999, p. 47) 75 Pode-se afirmar que as notícias publicadas em webjornais tem uma validade maior do que as publicadas em um jornal impresso. Pelas características da própria web, elas são mais universais, se constituindo em um elemento amplificado da comunicação. A questão da verdade e sentido são elementos da própria subjetividade de entendimento do que real ou virtual. Em um jornal impresso estão narradas histórias que virtualizam uma realidade, o mesmo ocorre com o webjornal. A aceitação do que está exposto, dar-se-á pela verificação da inteligência coletiva. Quanto mais os processos de inteligência coletiva se desenvolvem — o que pressupõe, obviamente, o questionamento de diversos poderes —, melhor é a apropriação, por indivíduos e por grupos, das alterações técnicas, e menores são os efeitos de exclusão ou de destruição humana resultantes da aceleração do movimento tecnosocial. O ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se justamente como um dos instrumentos privilegiados da inteligência coletiva. É assim, por exemplo, que os organismos de formação profissional ou de ensino à distância desenvolvem sistemas de aprendizagem cooperativa em rede. [...] O ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das principais condições de seu próprio desenvolvimento. [...]o crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. (LÉVY, 1999, p. 29) Analisando as possibilidades de aplicação dos recursos hipertextuais, pode-se afirmar que o Jornal Grande Bahia, mesmo sendo classificado como webjornal de terceira geração, não utiliza em profundidade os recursos da hipertextualidade. 76 12 REFERÊNCIAS AQUINO, Maria Clara. Hipertexto 2.0, folksonomia e memória coletiva: Um estudo das tags na organização da web. Revista E-Compós, Ago. 2007. AQUINO, Maria Clara. Um resgate histórico do hipertexto: O desvio da escrita hipertextual provocado pelo advento da Web e o retorno aos preceitos iniciais através de novos suportes. Revista UNIrevista, v.1, n.3, Jul. 2006. AUGUSTO, Carlos. 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Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. CHAT. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM CACHE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. COMPUTADOR. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. CIBERNÉTICA. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. EDITORIA. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. FEEDBACK. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. HARDWARE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. HIPERTEXTO. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. HIPERMÍDIA. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. INTERNAUTA. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. 82 INTERNET. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. MARGINALIA. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. MOUSE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. ONLINE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. SOFTWARE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. TCP/IP. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. WEB. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM. 83 13 ANEXOS DEPARTAMENTO DE PROJETOS ESPECIAIS DA TV GLOBO TROCA INFORMAÇÕES COM O JGB Figura 14: A notícia foi publicada em 9/6/2010 às 16:44:26. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=19186. Roberto De Martin, Produtor para desenvolvimento de Projetos Especiais de Jornalismo da TV Globo, manteve contato com do diretor do Jornal Grande Bahia. Com. Br, Carlos Augusto, com o objetivo de trocar informações sobre o município de Feira de Santana. Segundo De Martin, O núcleo TV Globo vem desenvolvendo um estudo que pode levar ao lançamento de um programa dedicado à realidade das cidades brasileiras. Abordando práticas positivas como exemplo a ser copiado, e, criticando os aspectos negativos. Roberto explica que o objetivo é “traçar uma espécie de perfil desses municípios”. Este é o segundo contato trocando entre o produtor Roberto De Martin e o jornalista Carlos Augusto. Algo que vem ocorrendo com frequência na redação do JGB, troca de informa84 ções entre os grandes veículos de imprensa da Bahia e do Brasil com o Jornal Grande Bahia. Com. Br. O JGB é parceiro oficial da Rádio ONU de Nova York e do Deutsche Welle da Alemanha. Mantendo-se na linha do jornalismo crítico estadunidense e do HardTalk da BBC de Londres. Figura 15: Captura de tela da notícia: Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB. 85 ERNESTO PAGLIA E A EQUIPE DO JN NO AR VISITAM FEIRA DE SANTANA NESTA QUARTA E O JORNAL GRANDE BAHIA É CONTATADO PELA PRODUÇÃO DA TV GLOBO Figura 16: A notícia foi publicada em publicada em 29/9/2010 às 04:22:57. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22893 A preparação da visita da equipe da equipe JN no Ar à Feira de Santana começou a algum tempo atrás, através de contatos mantidos entre Roberto De Martin, produtor para desenvolvimento de Projetos Especiais de Jornalismo da TV Globo e Carlos Augusto. Estes contatos tinham com o objetivo trocar informações sobre o município de Feira de Santana, além de outros municípios baianos. Ontem, O JGB foi mais uma vez contatado pela produção. Eles nos informaram que Feira de Santana foi escolhida para visita da equipe do JN no AR, através de sorteio, realizado durante a apresentação do Jornal Nacional. A produção nos agradeceu o apoio e como forma de cortesia profissional, colocou a equipe de jornalismo, liderada por Ernesto Paglia, à nossa disposição para entrevista. A produtora nos questionou sobre a possibilidade de pouso do avião do JN no aeroporto de Feira de Santana. Informamos que o mesmo, até recentemente encontrava-se fechado para reformas, mas que a informação poderia ser conferida através da ANAC. + Sobre O JN no Ar A produção do JN no Ar decola ainda nesta terça-feira do município de Paraíso do Tocantins com destino à Feira de Santana. Esta é a última semana do projeto JN no Ar, que percorre todos os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. 86 O repórter Ernesto Paglia é o comandante da equipe de oito profissionais que viaja a bordo do um avião executivo francês, com 700 quilos de equipamento eletrônico a bordo. Nos 27 dias que o projeto estará, literalmente, no ar, Paglia entrará ao vivo de uma cidade no "Jornal Nacional". Os jornalistas contam ainda com o apoio de um segundo avião apresentado por Paglia como "um 4x4 dos ares", que ajudará no deslocamento nos locais sem rodovias. (Com informações do O Globo) Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB Assista ao vídeo do sorteio Acesse o site do JN no Ar Equipe do JN no Ar mostra como será o trabalho pelo Brasil Ernesto Paglia convida você a ser mais um tripulante do JN no Ar Bonner diz que JN no Ar vai apresentar mosaico do Brasil Os bastidores do JN no Ar, a cobertura ‘a jato’ das Eleições 2010 na Globo Geovanna mostra os bastidores do 'JN no Ar', a cobertura ‘a jato’ das Eleições 2010 87 Figura 17: Captura de tela da notícia: Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo. 88 ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ERNESTO PAGLIA, QUE DECLARA SOBRE FEIRA DE SANTANA: VOCÊS TEM O DESAFIO DE MODERNIZAR O ARRUAMENTO DO CENTRO DA CIDADE Paglia: “Acho que uma cidade como Feira de Santana merecia um aeroporto funcionando a pleno vapor”. Figura 18: A notícia foi publicada em publicada em 30/9/2010 às 15:42:04. Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22969 Responsável pelo quadro jornalístico JN no AR, Ernesto Paglia concedeu entrevista exclusiva por telefone ao diretor do Jornal Grande Bahia, Carlos Augusto, às 19:20 horas do dia 29 de setembro, quando Paglia se encontrava em Salvador a menos de uma hora de colocar no ar, o especial sobre Feira de Santana. A entrevista contou com a colaboração dos profissionais da Tv Globo, Roberto De Martin e Alfredo Bokel. Durante o colóquio, Ernesto Paglia aborda alguns dos aspectos urbanísticos de Feira de Santana, curiosidades e processo de produção do JN no AR. Em uma frase, o jornalista sintetiza o sentimento de quem percorreu parte do Brasil: “É preciso que o Estado esteja à frente, projetando a infraestrutura, para não ser aquele gigante com pés de barro do passado”. O JN no Ar foi iniciado ha 39 dias, com objetivo de percorrer algumas das principais cidades brasileiras, possibilitando uma visão plural da sociedade, ou, como o editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, gosta de afirmar: “um mosaico do Brasil”. JGB - Como você avalia os aspectos urbanísticos de Feria de Santana? Ernesto Paglia - Nós passamos cerca de quatro horas na cidade. Seria muita ousadia da minha parte, fazer avaliações mais profundas como a questão urbanística. O que eu pude notar 89 é que em alguns lugares do centro, sem dúvida, as ruas parecem que estão estreitas para o trânsito. O que é algo comum a outras capitais do país. E vocês se qualificam entre as grandes metrópoles brasileiras. Vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade. Nós também ficamos parados no Anel de Contorno. O que se constitui em um desafio para os governantes e autoridades: ampliar o Anel de Contorno. E ter um Anel é algo maravilhoso. Eu moro em São Paulo e até hoje se constrói o anel rodoviário. Vocês tem o privilégio de terem construído o Anel Rodoviário, que tira o trânsito pesado do centro da cidade. Trânsito oriundo das grandes rodovias que se encontram ai [Feira de Santana]. Parece que o crescimento da cidade foi maior do que a capacidade do Anel de Contorno. Isto se constitui em mais um desafio. Algo que vocês já poderiam ter resolvido. Repito, não sou especialista e também passei poucas horas na cidade. Mas, como observador, como usuário do Anel, ficou evidente que ele está superlotado. Inclusive abordo isto em minha matéria, por ter tido a confirmação de várias fontes. O que eu vi hoje: o congestionamento, trânsito carregado, vias sobrecarregadas, o Anel que contornava a cidade e hoje não contorna mais. Ele foi engolido pelo crescimento da cidade. Este crescimento é bem vindo, mas deve ser acompanhado pelo crescimento da infraestrutura. Isso não é um desafio que é só de Feira de Santana. O Brasil inteiro está enfrentando isto. Está onda de crescimento. Ocorre a partir de uma década e meia de estabilidade econômica do país. Que está crescendo e vai crescer muito mais. É preciso que o Estado esteja à frente, projetando a infraestrutura, para não ser aquele gigante com pés de barro do passado. Agente não pode continuar se desenvolvendo como um adolescente. Uma hora tem os braços maios compridos dos que as pernas, outra hora, têm a cabeça maior do que o corpo. Para nós é importante que seja um crescimento equilibrado. É o que os especialistas chamam de crescimento sustentável. Só assim, conseguiremos romper a barreira do país em desenvolvimento e se transformar em um país desenvolvido. JGB – Paglia, produzir um material jornalístico que vai ao ar no mesmo dia, contando com uma estrutura móvel, não é algo fácil de ser feito. Você teve alguma dificuldade em realizar o seu trabalho em Feira de Santana? Ernesto Paglia - Não, agente está bastante estruturado. Depois de quase 40 dias, qualquer dúvida que existisse, já foi sanada. O nosso ´modos operandi`, vamos dizer assim, nossa logística, está bem programada. Primeiro trabalhamos com duas equipes, que filmam simulta90 neamente. Uma vai comigo e com o editor de Internet do Jornal Nacional, Alfredo Bokel. Outra vai com a chefe de produção do Jornal Nacional, Adriana Caban. Além de dois cinegrafistas de primeira linha, que vão se revezando, um dia, um sai comigo, outro dia, sai com a Adriana, que são: Lúcio Rodrigues e Dennys Leutz. Você veja que nós temos uma capacidade de produção grande. Por isto que a gente consegue em três, quatro horas, produzir o material que você verá hoje no Jornal Nacional. Esperamos que tenhamos conseguido capturar um instantâneo da vida de Feira de Santana, hoje [29/09/2010]. Para a gente poder compor este imenso mosaico do país. Que pretende, amanhã [30/09/2010], quando completamos com a última peça, uma cidade do Rio Grande do Sul, fornecer um retrato do país. Uma panorâmica para poder informar ainda melhor o nosso telespectador. Para que ele possa ter um voto ainda mais consciente. Então hoje, para se te dar uma ideia, quando era mais ou menos, meio-dia, na nossa ilha de edição, que está montada aqui no aeroporto de Salvador, a nossa editora de imagens estava aqui esperando. Então a gente mandou os primeiros discos [unidades de arquivamento de imagens de vídeos digitais] através de um portador. Ela recebeu os primeiros discos por volta de uma e meia da tarde e começou a colocar tudo para dentro do computador [através do computador é feito a edição não linear das imagens (corte, seleção e sequenciamento dos vídeos)]. Quando nós chegamos por volta das três e meia da tarde, eu já vinha escrevendo o texto pelo caminho [no deslocamento de Feira de Santana a Salvador]. A distância foi uma aliada, eu cheguei com o texto pronto. A minha colega recebeu às três e meia, quatro horas [15:30, 16 horas]. E desse horário até as seis, seis e pouco [18 horas]. Ela fez a montagem [gravação do texto na voz de Ernesto Paglia e colagem com as sequências das imagens]. Revisamos, batemos o martelo, com o produto final e já foi mandado para o Rio de Janeiro [A entrevista foi concedida às 19:20 horas do dia 29/09]. A reportagem já está no Rio de Janeiro. O tempo é bem apertado. JGB – Você foi bem recebido pelo público de Feira de Santana? Pelas pessoas que você entrevistou? Ernesto Paglia - Muito bem, com grande simpatia. A repercussão que o projeto JN no Ar está tendo, abre portas. As pessoas, para a minha surpresa, devo confessar, estão festejando, torcendo para que as suas cidades sejam sorteada. Por um momento eu temi que as pessoas 91 tivessem a sua cidade exposta sob os aspectos negativos. Nem sempre é agradável ouvirmos sobre as mazelas de cada lugar. Mas, parece que as pessoas estão vendo isto de forma muito positiva. Elas estão percebendo que nós esta fazendo uma cobertura equilibrada. Que mostramos de uma forma muito justa, o que tem de bom e o que tem de ruim em cada lugar. O que tem de ruim eu nem diria. Mas o que tem de desafio para ser superado. E com isto, eu acho que as pessoas que se veem espelhadas neste retrato que a gente faz a cada noite, gostam do que veem. Mesmo que tenham criticas e que não gostem daquela situação, elas gostam de ver que a cobertura foi equilibrada, foi justa. Espero ter isto ocorra na próxima cidade que nos espera. Que nos recebam de braços abertos. Como fomos recebidos em Feira de Santana. Onde tivemos algumas surpresas agráveis. Fiquei sabendo de uma fábrica de aviões. Sinceramente desconhecia. Ao mesmo tempo, foi chato perceber que esta fábrica de aviões esta ao alado de um aeroporto que está desativado. Aeroporto que poderia comportar o avião do JN no Ar. O aeroporto está totalmente desequipado, desmobilizado, desativado mesmo. São contrastes de uma cidade que cresceu muito e que ainda precisa equalizar estas situações. Acho que uma cidade como Feira de Santana merecia um aeroporto funcionando a pleno vapor. Saiba + Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB Áudio da entrevista exclusiva com Ernesto Paglia Assista ao vídeo do sorteio Feira de Santana, BA, tem o maior centro de abastecimento do Norte e Nordeste Repentistas cantam para o JN no Ar em Feira de Santana (BA) Só a lanchonete funciona no aeroporto Vendedor pede ajuda pra ter notícias da mãe Quando as arcas de Noé cruzam os ares Acesse o site do JN no Ar 92 Blog JN no Ar mostra bastidores das passagens pelo país Reveja todas as reportagens que foram ao ar Assista aos vídeos: Feira de Santana, BA, tem o maior centro de abastecimento do Norte e Nordeste Repentistas cantam para o JN no Ar em Feira de Santana 93 Figura 19: Captura de tela da notícia: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que declara sobre Feira de Santana: vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade. 94 95 Silva, Carlos Augusto Oliveira da S586h O hipertexto no webjornalismo: estudo de caso Jornal Grande Bahia / Carlos Augusto Oliveira da Silva – Feira de Santana: O autor, 2010. 94f;il: Monografia apresentada a Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana para obtenção do titulo de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. 1. Jornalismo 2. Webjornalismo 3. Hipertexto 4. Jornal Grande Bahia I. Silva, Carlos Augusto Oliveira da II. Pedra Branca, Andrews Ferreira III. UNEF IV. Título V. Série CDU: 070:004 Responsável Técnico: Elthon Luiz da Silva Santos CRB – 5 - 1209 96