O cinema moderno segundo a Nouvelle Vague francesa: Godard, Anna Karina e os tipos femininos. Luciane Carvalho Iniciação científica voluntária Orientador: prof. dr. Pedro Plaza Pinto Introdução/Objetivos A pesquisa refere-se à parte da obra do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, analisando os filmes Uma mulher é uma mulher (1961), Viver a vida (1962) e Bande à part (1964). O objetivo da pesquisa foi realizar um estudo da linguagem cinematográfica e da representação das personagens de Anna Karina nas obras em questão, entendendo-as como reflexo de mudanças no contexto do cinema moderno na década de 1960. Método Perpassando por considerações sobre texto, estrutura narrativa, dados visuais e sonoros e efeitos no espectador, foram levantadas questões interpretativas do filmes enquanto fontes históricas. Para a abordagem da questão do feminino foram consideradas as ideias de MULVEY (1983), onde defende que o olhar cinematográfico clássico sobre as mulheres está condicionado a um padrão inconsciente originário do sistema patriarcal, o prazer no olhar. Referências BAECQUE, Antoine de. Cinefilia: invenção de um olhar, história de uma cultura, 1944-1968. São Paulo: Cosac Naify, 2010. MULVEY, Laura. Prazer Visual e cinema narrativo. In: XAVIER, Ismail (org). A Experiência do Cinema: antologia. Rio de Janeiro: Edições Graal; Embrafilme, 1983. p. 437-453. Resultados/Discussão A observação do feminino nos filmes demandou a análise da linguagem cinematográfica para sua melhor compreensão. Godard propõe nas suas obras a problematização do sistema clássico-narrativo e da transparência do discurso cinematográfico. Compreendemos que as personagens de Anna Karina são mostradas ao espectador dentro do sistema patriarcal mencionado por MULVEY (1983). Seu corpo é fetichizado, colocado em frente à câmera para ser apreciado como algo belo. Entretanto, suas personagens não estão completamente passivas, aceitando sua condição de fetiche para a satisfação do prazer visual. São mulheres em conflito com as intenções das personagens masculinas, que têm seus desejos e objetivos próprios. Anna Karina representa a “mulher que se emancipou da psicologia e dos esboços tipificados onde o cinema patriarcal a acuava, para se tornar uma espécie de espelho caleidoscópico que reflete as experiências formais dos jovens cineastas.” (BAECQUE, 2010. p. 330). Conclusões Godard considerava fundamental realizar filmes contemporâneos, mostrando no calor da hora a juventude. Anna Karina deu vida às personagens propostas por seu companheiro, transformando-se numa espécie de encarnação da nova onda de mulheres francesas, com seus costumes e comportamentos potencialmente renovadores.