A ARTICULAÇÃO DOS PROGRAMAS DE COMBATE À POBREZA COM A ESCOLA Gisele C. Costa1 Introdução Com as conseqüências sociais provocadas pela a aplicação dos programas de ajustes estruturais na América Latina, os programas de transferência de renda passaram a ser condicionantes necessários entre os países da região e as agências internacionais que administram a relação econômica entre o centro do capitalismo e sua periferia. Desde a década de 1990 pelo menos 85% dos vinte países latino americanos aplicaram ou aplicam programas de transferência de renda focalizados em grupos e subgrupos sociais considerados mais pobres. Nos últimos doze anos a crescente presença dos programas de transferência de renda na América Latina coincidiu com a ascensão dos governos de Frente Popular, o que coloca em discussão as táticas utilizadas por esses governos como mediadoras na relação simultânea com a classe trabalhadora e com as instituições financeiras internacionais que fiscalizam e impõem programas sociais que vão ao encontro dos interesses da burguesia nacional e internacional. Nesse período histórico de retirada de direitos trabalhistas e revisão do que venha a ser direitos sociais na América do Sul, a vinculação dos programas de transferência de renda condicionada com a educação, nos remete às indagações: Qual o papel que a educação cumpre nesse contexto? Quais são os objetivos de sua junção ao chamado combate à pobreza? O objetivo do presente trabalho é apresentar um estudo introdutório dos atuais programas de transferência de renda condicionada sul-americanas e seu vínculo com a educação, tendo como objeto o programa boliviano Bono Juancito Pinto e o programa brasileiro Bolsa Família, com vistas a contribuir para a elucidação do seguinte questionamento: são políticas neoliberais re-significadas pelos governos de esquerda? Ou 1 Graduanda do curso de pedagogia da Universidade Estadual Paulista – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Campus Bauru – São Paulo – Brasil). Integrante do grupo de pesquisa “América Latina e Marx: Movimentos Sociais, Partidos, Estado e Cultura” – CNPq. Desenvolve pesquisa sobre a área de Educação no atual quadro político sul-americano. políticas progressistas que visam romper com a estrutura secular de pobreza, ignorância e exploração da classe trabalhadora? Nossa hipótese é que as políticas focais sul-americanas, na educação, cumprem dupla função: Em médio prazo garantir certificação de formação de mão-de-obra com um nível mínimo necessário para o seu aproveitamento pelo capital enquanto exército de reserva na sua característica flutuante e, sincronicamente contribuir enquanto parte dos novos direitos sociais focalizados para a compensação da política de retirada de direitos ligados ao trabalho formal. Nesse sentido, o serviço escolar estaria socializado com crianças e jovens provenientes do estrato mais pauperizado da classe trabalhadora, mas o conhecimento produzido pelo gênero humano, mesmo que fragmentado, estaria privatizado, no sentido de ser negado para esses sujeitos, num cenário em que se aprofunda a mudança do caráter social da escola. Esse trabalho analisa, portanto, os programas de transferência de renda condicionada aplicados nesse período histórico, com ênfase no movimento de ruptura e continuidade praticado pelos governos de Frente Popular no Brasil e na Bolívia, manifestado por um lado pela manutenção do Estado Mínimo e por outro lado no permanente diálogo com e controle da classe trabalhadora, intermediado entre outros, pelos programas sociais focalizados em diversos setores da sociedade civil, em especial o Programa Bolsa Família e Bono Juancito Pinto. A seção 2 faz uma breve historicidade de como se deu o processo de teorização e aplicação dos chamados programas de combate à pobreza dentro do Estado Democrático de Direito, com a descrição dos programas Bono Juancito Pinto e Bolsa Família. A parte a seguir analisa as articulações políticas que transformou educação em serviço educacional para atender as necessidades do capital, entre elas a vinculação da escola com os programas de transferência de renda. São tratadas na seção 4 as determinações que permitem as Frentes Populares no Brasil e na Bolívia de produzir e reproduzir os programas de combate à pobreza. Gênese dos programas de combate à pobreza A crise do capital materializada nos anos de 1970 proporcionou na América Latina o aumento da dívida externa junto aos credores internacionais e contribui indiretamente, na década seguinte, para o enfraquecimento dos regimes ditatoriais que já eram alvos de críticas provenientes de diversos setores da sociedade civil. A retomada do Estado Democrático de Direito com eleições diretas e multipartidárias na América do Sul pode ser compreendida no contexto das mudanças de caráter global que ocorreram na esfera econômica, política e social, que se anunciaram no final da década de 1970 e se estenderam até o final dos anos oitenta. A crise do modelo econômico keynesiano, em 1973, que combinou baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação nos principais países do centro do capitalismo, possibilitou a implementação do Estado mínimo defendido pelos teóricos da Escola de Chicago (ANDERSON, 1996 p. 9.). Sincronizada à crise do modelo de Bem Estar, destacou-se no âmbito político a derrocada dos Estados operários burocratizados do leste europeu, e o fim da bipolaridade entre os dois blocos que hegemonizavam a política mundial. No contexto de liberalização econômica e queda dos regimes ditatoriais, a democracia representativa passou a ser teorizada e defendida, por meio dos organismos internacionais e pelos países centrais, como o regime político mais avançado a ser implementado, visto que as pressões populares por liberdades democráticas e contra os efeitos da crise econômica tanto no leste europeu como na América do Sul desgastaram os regimes stalinistas e os governos militares sul-americanos. O sufrágio universal foi apresentado, nesse período histórico citado, como a alternativa que diluiria os antagonismos entre capital e trabalho, com vistas a atenuar as lutas pela emancipação da classe trabalhadora, na medida em que todos passam a ser tratados como cidadãos, e podem participar dos rumos do país, por meio do voto. Então os direitos políticos manifestaram-se como a solução para o problema da desigualdade social, pois torna todos iguais perante o poder executivo, legislativo e judiciário, independentemente de sua origem de classe. Todavia, as pressões populares que conseguiram debilitar até sucumbir os regimes militares latino-americanos foram canalizadas para as vias institucionais do Estado Democrático de Direito que manteve o modelo econômico neoliberal. O aprofundamento do Estado mínimo expôs as debilidades da democracia liberal, por meio das políticas aplicadas pelos governantes eleitos, os quais mediante o estatuto jurídico de representantes do conjunto dos cidadãos em maioria, implementaram as propostas do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Assim orientados e supervisionados pelas agências internacionais, os países sul-americanos promoveram os ajustes estruturais. (CHOSSUDOVSKY, 1999 p.26.). As implicações sociais que foram geradas pela reforma macroeconômica que tinha por meta privatizar as empresas estatais, mercantilizar a educação e saúde e, flexibilizar os contratos de trabalho para cumprir os compromissos da dívida externa, agravaram a desigualdade secular entre a massa trabalhadora e as elites latino americanas. Os conflitos sociais iniciados em 1989 pela revolta popular em Caracas contra o programa de ajuste estrutural já demonstravam que as recomendações do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, também resultariam no acirramento da luta de classes na região. Para evitar que as conseqüências da política austera e da reestruturação produtiva transformassem-se em ameaças ao projeto de Estado Mínimo, imprescindível para o capital em seu estágio de crise, ou que as revoltas populares fossem canalizadas pelas organizações classistas que se baseassem programaticamente na ruptura com o modelo econômico e com o sistema capitalista, as próprias agências internacionais que supervisionavam os programas de ajustes estruturais, desde o final dos anos oitenta idealizaram e condicionaram sua relação econômica com os países periféricos com a aplicação de programas de combate à pobreza: Desde o final dos anos 80, a “diminuição da pobreza” tornou-se uma condicionante dos acordos de empréstimos do Banco Mundial. Ela está subjacente ao objetivo do serviço da dívida: a “redução sustentável da pobreza”, sob o domínio das instituições de Bretton Woods, implica cortes nos orçamentos do setor social e o redirecionamento das despesas, segundo um critério seletivo e simbólico “a favor dos pobres”. O Fundo Social de Emergência (FSE) estabelecido (segundo o modelo Bolívia - Gana) oferece supostamente um mecanismo flexível para “administrar a pobreza”, enquanto, ao mesmo tempo, desmantela as finanças públicas do Estado. Os pobres são definidos nesse esquema como “grupos-alvos”. O FSE exige uma abordagem de “engenharia social”, um esquema político para “administrar a pobreza” e aliviar a inquietação social a um custo mínimo para os credores. Os chamados “programas com metas estabelecidas” destinados a “ajudar pobres”, combinados com a “recuperação do custo” e a “privatização” dos serviços de saúde e educação, são considerados um meio “mais eficiente” de liberar programas sociais. (CHOSSUDOVSKY, 1999 p.58). Como cumprimento das condicionalidades impostas pelas agências internacionais para o refinanciamento da dívida externa e com o público-alvo definido, na década de 1990 os governos conservadores da América Latina aplicaram programas de transferência de renda condicionada, não autóctones em termos de idealização, focalizando suas ações nos grupos classificados como extremamente pobres e pobres. 2 Na América do Sul destacaram-se dois programas de transferência de renda articulados com a educação: O Programa Bolsa Escola no Brasil, executado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e o Programa Bono Esperanza, na Bolívia, implementado na cidade de El Alto na região de La Paz, pelo governo conservador de José Luís Paredes, em 2004. Com a ascensão da Frente Popular, esses programas foram redimensionados, deixando de serem 2 A classificação de pobres e extremamente pobres é feita com base arbitrária do Banco Mundial que considera extremamente pobres pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1,25 ou pobres aquelas que sobrevivem com esse valor, sendo que os indivíduos que ultrapassam esse valor (US$ 1,25) são consideradas não-pobres. programas governamentais para tornarem-se uma política de Estado, assumindo a forma de focalização: O Programa Bono Juancito Pinto, na Bolívia e o Programa Bolsa Família no Brasil. Esses programas são convergentes na população-alvo que atingem e nos objetivos formais que apresentam, eles consistem em transferência de renda com condicionalidades para que as famílias economicamente mais vulneráveis matriculem e mantenham seus filhos na escola e desse modo o Estado consiga diminuir a evasão escolar. O Programa Bolsa Família foi sancionado pela lei federal 10.836/2004 e oferece uma ajuda financeira que varia de 22 a 200 reais para famílias com renda per capita de até 140 reais e que possuam crianças e adolescentes de até 15 anos, jovens de 16 a 17 anos ou pessoa de qualquer idade na extrema pobreza (BRASIL, 2004). Já o programa boliviano Bono Juancito Pinto originado pelo decreto nº. 28889/2006, durante a primeira gestão do presidente Evo Morales, beneficia anualmente com 200 bolivianos (U$ 28,25) núcleos familiares com crianças no 1º a 8º grau primário e estudantes de educação especial, independentemente da idade. (BOLÍVIA, 2006). PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA Elegibilidade Valor Condicionalidades Escolares Família com renda per R$ 68,00 mensais Não precisa ter crianças ou adolescentes na escola capita de até R$ 70,00 Famílias com renda per R$ 22,00 mensais. Cada Freqüência escolar mínima de capita de até R$ 140,00 família pode ter até três 85% da criança e adolescente. com crianças e adolescente benefícios, ou seja, R$ de até 15 anos 66,00. Famílias do programa que R$ 33,00 mensais. Cada Freqüência escolar mínima de tenham adolescentes de 16 Família pode ter até dois 75% do adolescente a 17 anos freqüentando a benefícios, ou seja, R$ escola 66,00. Fonte: Ministério do desenvolvimento social e combate à fome PROGRAMA BONO JUANCITO PINTO Elegibilidade Valor Condicionantes escolares Crianças de 1º a 8º grau primário matriculadas em B$ 200,00 bolivianos anuais. Crianças freqüentar regularmente a escola escolas públicas Fonte: Ministerio de Planificación del Desarrollo-Bolívia O Combate à pobreza articulado com a freqüência escolar No Estado democrático burguês, os direitos têm uma abrangência mais extensa, em que a população alvo é o conjunto dos cidadãos. Diversamente, os serviços podem ser privados ou públicos, sempre com distribuição focalizada à população alvo especifica, no primeiro tipo, para os que tem poder aquisitivo para adquiri-los e, no segundo, para os contingentes populacionais em maior vulnerabilidade e que se constituem em potencial ameaça à coesão social, seja pela via da delinqüência, ou por meio dos movimentos sociais classistas. Se, no período do Estado de Bem Estar, os direitos eram distribuídos a partir da condição de trabalhadores assalariado, na conjuntura neoliberal os direitos sociais, ora convertidos em serviços, são distribuídos aos contingentes de trabalhadores que se concentram, em sua maioria, no mercado informal com proventos muito abaixo do salário mínimo. Essa diferenciação entre dois modelos econômicos de Estado burguês se explica pela estratificação da classe assalariada em pobres e extremamente pobres e reflete nas práticas sociais intermediada pelas políticas públicas no setor educacional. Ao condicionar o beneficio monetário à freqüência escolar do beneficiado, os programas Bono Juancito Pinto e Bolsa Família se propõem a reduzir a evasão escolar provocada, entre outros, pelo trabalho infantil, assim ao receber o beneficio em dinheiro, as famílias devem encaminhar regularmente seus filhos à escola. Esse condicionante coloca para as instituições escolares duas tarefas: Formar e sustentar capital humano e, fazer com que os indivíduos rompam com o ciclo de ignorância e miséria que receberam como herança das gerações pregressas em seu ambiente parental: (...) A partir de outra perspectiva, o conceito amplo de redes de segurança é definida pela gestão social do risco. Nesse sentido, argumenta-se que quando o risco se torna um fato, as pessoas afetadas vão comprometer sua segurança ou até mesmo se sentir compelidas pelas circunstancias a sacrificar a capacidade futura de suas famílias. Por conseguinte, é necessário prever tais contingências, criando mecanismos para ajudar a reduzir a vulnerabilidade de determinados grupos sociais e preservar o capital humano e social. (CEPAL, 2009, p.24). O vínculo das instituições escolares com o combate à pobreza via programas de transferência de renda resgata para o âmbito educacional a teoria de Theodoro Schutz que sustenta que a educação é o elemento mais importante para o desenvolvimento econômico geral e individual. Essa teoria ficou conhecida como teoria do capital humano: A idéia-chave é de que a um acréscimo marginal de instrução, treinamento e educação, corresponde um acréscimo marginal de capacidade de produção. Ou seja, a idéia de capital humano é uma “quantidade” ou grau de educação e de qualificação, tomado como indicativo de um determinado volume de conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas, que funcionam como potencializadoras da capacidade de trabalho e de produção. Desta suposição deriva-se que o investimento em capital humano é um dos mais rentáveis, tanto no plano geral do desenvolvimento das nações, quanto no plano da mobilidade individual. (FRIGOTTO, 1995 p.41). Se no período pós Segunda Guerra Mundial, a teoria de Schutz já era passível de crítica por impor à educação um caráter economicista filiado exclusivamente às demandas do capital e uma perspectiva ahistórica na qual o saber escolar é responsável pela mobilidade social e individual sem a presença do conflito entre as classes, no período da década de 1990 e anos 2000 a teoria do capital humano se mostra mais insustentável, sobretudo, pelos desdobramentos que os ajustes estruturais tiveram no setor educacional. A proposta do Bono Juancito Pinto de formar capital humano via transferência de renda condicionada com a freqüência escolar ou mesmo a proposta aparente do Bolsa Família de permitir que setores pauperizados exerçam o direito social ligado ao saber se mostram inviável pelas características que a própria escola apresenta desde a implementação do Estado mínimo. As reformas macroeconômicas que foram aplicadas na América Latina articularem-se no setor educacional pelos ajustes promovidos, por meio, do Consenso de Washington e baseou-se em dois vertes: desvincular cada vez mais a educação do âmbito estatal, transformando-a de direito social universal em serviço educacional individualizado, possibilitando a mercantilização do saber escolar e no âmbito da jurisdição descentralizar o financiamento e centralizar os planejamentos em esfera federal. (GENTILI, 1998 p. 25). A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) colocou-se como órgão mentor das táticas que deveriam ser adotada pelos governos neoliberais para atender as exigências das agências internacionais e com a aparência de discurso tecnocrático apresentou-se justificativas baseadas n a “falta de eficiência” estatal para financiar e administrar o setor: (...) A comissão Internacional da UNESCO como porta-voz do neoliberalismo do século XXI formula um conjunto de recomendações, estratégias e táticas, para impor a contra-reforma, sobre a dupla base de governos fortes e regras acordadas em um contexto de “participação democrática”. A UNESCO recomenda aos políticos e aos governos que tomem decisões sobre a educação e definam estratégias que incluam a demanda, a avaliação, a descentralização, a autonomia, a necessidade de uma regulamentação do sistema, as limitações financeiras e a implementação das novas tecnologias”. (VERGEL, 2008 p.70). Para os ideólogos da reforma educacional, as instituições escolares eram vítimas da má gestão do Estado interventor que não aplicou a eficiência da competitividade na educação, deriva-se dessa justificativa a necessidade de transferência da educação para o mercado, deixando de ser um direito social de abrangência universal para focalizar-se, em dois grupos: os que podem adquirir no setor privado, ou setores mais pobres incluídos na escola pública também mercantilizada. No início dos anos noventa verificou-se nas instituições escolares o esvaziamento de conteúdo, a educação alicerçou-se na pedagogia das competências, na qual o professor transformou-se em técnico para desenvolver as habilidades necessárias no discente para que esse último atenda os imediatismos do capital, o que não significa sobrevivência empregatícia num mercado de trabalho cada vez mais volúvel. Para tanto foi preciso acabar com o que os liberais categorizaram como educação conteudista. Nessa mesma linha, a meritocracia passou a mediar à relação do Estado com os educadores, e as conseqüências dessa mediação verificou-se nos vencimentos do corpo docente e na redução dos quadros de educadores contratados, uma vez que para a lógica liberal, a crise na educação é um problema de gestão, visto que não é a falta de investimento, mas a má administração dos recursos, para os teóricos neoliberal-tecnocráticos a ausência de docentes é inverídica, o verdadeiro problema baseia-se na falta de capacitação desses profissionais. Os desdobramentos do Estado Mínimo na educação dos países latino-americanos materializaram-se como concepção de educação mínima, baseada em manter as instituições e esvaziar o conteúdo pedagógico. (PERRENOUD, 2001 pp. 8-12). As mudanças que se manifestaram na educação agravaram a desigualdade social e a exploração da classe proprietária dos meios de produção sobre a classe produtora, já que o espaço oficial de socialização do saber – a escola- sofreu bruto avanço do capital e os alunos proletários foram privados dos saberes mais elementares, que nos marcos do capitalismo são indispensáveis à aquisição de contrato de trabalho não precarizado. De modo, que a freqüência escolar já não garante às crianças e jovens da classe trabalhadora a certeza de uma vida adulta como assalariado formal. A crise que se encontra a escola pública no Brasil se expressa nos dados referentes ao analfabetismo funcional. Cerca de 87,7 % dos analfabetos entre 7 e 14 anos freqüentam a escola. (FERNANDES NETO, 2009 p. 36). Esses dados demonstram que apesar das crianças e jovens brasileiros estarem freqüentando mais as instituições escolares devido ao Programa Bolsa Família, com uma diferença percentual de 3,6 pontos de presença a mais que os alunos não–beneficiários, essa situação não se reflete em aprendizagem já que na progressão do ensino os beneficiários têm 3,5 pontos percentuais a menos de aprovação em comparação com os não-beneficiários. (COUTINHO & SANTANA, 2008 p. 34). Na Bolívia as seqüelas da política de Estado mínimo na educação foram provocadas, sobretudo, pela lei 1565 de junho de 1994, que implementou a descentralização (municipalização do ensino), além de aplicar a lógica de mercado, por meio, daquilo que os legisladores neoliberais chamaram de qualidade de educativa , que constitui, entre outros, em aumentar a oferta do serviço educacional para os que pudessem adquirir-lo e criar redes assistenciais voltadas para os menos favorecidos. (IMEM, 2010 p.7). A vitória eleitoral do partido Movimento ao Socialismo (MAS) não resolveu substancialmente os problemas enfrentados pelo setor educacional boliviano. A lei educacional 070 aprovada em dezembro de 2010 pelo governo Morales, intitulada como Nueva Ley de Educación “Avelino Siñani - Elizardo Perez” coloca-se mais como um projeto de diálogo com as bases sociais do governo, em especial com os setores ligados aos povos originários, que uma resposta às reivindicações dos trabalhadores em geral 3. Verifica-se na redação da lei educacional do governo do MAS um conteúdo mais etnocêntrico que classista, de modo que admite-se na nova legislação o ensino privado, e a focalização, justificando implicitamente a aplicação de programas como o Bono Juancito Pinto e explicitamente permite a divisão de classes no Estado Plurinacional da Bolívia. (Bolívia, 2010). Observa-se que o modelo de escola condicionado para crianças e jovens pobres, via Bono Juancito e Bolsa Família, não cria capital humano em seu sentido clássico e tampouco diminui o contingente de mão-de-obra reserva, uma vez esse modelo de escola corresponde 3 O projeto inicial da Lei Avelino Siñani-Elizardo Perez apresentado pelo governo Morales em 2006, objetivava a permanência da descentralização do ensino implementada em 1994. O rechaço docente a essa posição, em especial dos docentes da área urbana forçou o governo a recuar. No entanto alguns setores ligados a Confederación de Trabajadores de Educación Urbana de Bolívia (CTEUB) e pelos docentes da Federación de Maestros Urbanos de La Paz argumentam que a nova lei não apresenta avanço qualitativo, por manter a educação privada e consequentemente aceitar a divisão de classes na sociedade boliviana. aos anseios do período histórico presente, no qual os níveis salariais e ampliação dos postos de trabalho estão determinados pela mundialização do capital e consequentemente pela mundialização do exercito de reserva que permite que o capital transnacional se desloque para regiões onde o custo do capital variável possibilita maior extra de mais-valia. Frentes populares: a produção e reprodução dos programas de combate à pobreza Durante a década de noventa, o cenário de desemprego e miséria se agravou em todo subcontinente, nesse período dos cerca de 530 milhões de latino-americanos, 200 milhões eram considerados pobres e 80 milhões não tinham acesso a alimentos básicos de sobrevivência. (COGGIOLA, 2010 p.35). No início dos anos 2000 a crise social também significou conflitos sociais causados, sobretudo, pelos anos ininterruptos de privatização das empresas estatais, arrochamento salarial, cortes de verbas em áreas sociais e fechamento de postos de trabalho. Na Argentina o desemprego chegou a 20% e o subemprego a 40 % somente no ano de 2002. (ITURBE, 2003 p.60). Nesse cenário de luta de classes, as massas populares, com destaque para a América Andina (Equador e Bolívia) provocaram um processo de crise institucional com insurreições abertas. No Brasil e no Uruguai, embora o descontentamento dos assalariados, desempregados e dos movimentos sociais não tenham causado crises anti-sistêmicas, os efeitos sociais dos ajustes estruturais colocaram esses países no quadro da crise do modelo neoliberal. Esse panorama de acirramento dos conflitos classistas produziu o ressurgimento das Frentes Populares na América Latina, ainda que o desenvolvimento tenham sido desigual entre elas, sendo que algumas apareceram com fruto direto de processos revolucionários que desarticularam momentaneamente as instituições do Estado Democrático de Direito e outras como composições entre antigos grupos dominantes com direções majoritárias dos trabalhadores. A característica histórica dos governos de Frente Popular é a conciliação de classe que os partidos, centrais sindicais e movimentos populares fazem com setores importantes da burguesia, ao ocupar ministérios e um lugar predominante na configuração parlamentar de um país. Apoiados nas organizações sindicais e populares conciliatórias, esses governos não são incompatíveis com o modo de produção capitalista e buscam, sobretudo, desviar qualquer mobilização proletária que ultrapasse os limites do regime e do modo de produção capitalista, ou seja, qualquer mobilização que questione a propriedade privada. (CAPA, 1993 p.63). Os diversos governos de Frente Popular que emergiram na América Latina nos últimos doze anos aplicaram ou aplicam programas de transferência de renda 4. Todavia, pelas semelhanças de propostas e execução do programa Bolsa Família e Bono Juancito Pinto, nos deteremos no frentepopulismo brasileiro e boliviano. Com o objetivo central de manter a ordem econômica do capital internacional e, simultaneamente ter sustentabilidade política nas organizações sindicais e populares, os governos de esquerda não objetivaram romper com o bloco político e econômico que hegemonizam o poder, mas aplicou uma forma de governabilidade que não ameaçasse a ordem institucional e econômica vigorante, cristalizou-se então, um pacto social entre representantes formais dos trabalhadores e setores burgueses de grande expressão para a que manutenção dos ajustes não desencadeasse confrontos entre classes. Os governos frente populistas que ascenderam não se diferenciaram substancialmente dos governos tradicionalmente conservadores que governaram da América do Sul, deram continuidade às políticas macroeconômicas provenientes das agências internacionais criadas pelo acordo de Bretton Woods, assim mantiveram a mercantilização dos serviços públicos, não expropriaram o capital privado e em termos salariais mantiveram a política de arrocho. No entanto, se mostraram peculiares as táticas adotadas pelos governos de Frente Popular para a continuidade das mesmas diretrizes econômicas e sociais que as precederam e, sejam eles originados de confrontos diretos entre classes, como na Venezuela, Bolívia e Equador, ou ainda na modalidade preventiva como os governos brasileiro e uruguaio, recorreram à política focal teorizada pelo Banco Mundial para obterem equilíbrio econômico, político e social. Com base nos programas compensatórios, que não são contraditórios aos ajustes estruturais, mas sim parte deles, foram implementadas políticas focalizadas em quase todas as áreas sociais: (...) Essa nova maioria sul-americana conduz a um consenso político em torno de programas de combate à pobreza. Governos e oposições, da esquerda à direita, tornam-se signatários desse compromisso renovado, reorientando seu cálculo estratégico não mais exclusivamente para políticas universalistas de saúde, educação e previdenciária, mas, sobretudo, para políticas dirigidas aos mais pobres, com focos e autorias bastante claros. São estes agora os setores em efervescência social, nem sempre tão organizados como no passado, porém, sob os quais repousam as chances de popularidade governamental, de confiança nas instituições e, em última análise, de reprodução da legitimidade do regime democrático. (COUTINHO E SANT`ANNA, 2008 p.27) 4 Uma das características comum nos novos governos de Frente Popular na América Latina é a aplicação dos programas de combate à pobreza. Na Argentina se aplica o programa Plan Familias, no Uruguai o programa Ingresso Ciudadano, na Venezuela o programa Missiones, no Paraguai o programa Tekoporã e no Equador o programa B. de desarrollo solidario. As determinações que possibilitam a implementação do programa Bono Juancito Pinto e Bolsa Família, são históricas, mas ao mesmo tempo conjunturais. São históricas por trazerem elementos seculares e são conjunturais pelo limite estrutural que os programas de transferência de renda e os governos que os aplicam têm dentro da dinâmica da luta de classes. A base material que consolidou nos governos frentepopulistas, os programas compensatórios, foi o tripé formado pela pobreza cristalizada durante décadas entre os trabalhadores latino-americanos, o crescimento econômico mundial que possibilitou a máquina pública desloca-se recursos para a área social e o aparelhamento das organizações classistas que passaram a defender com a propaganda oficial, os programas de transferência de renda condicionada junto ao trabalhadores. O cenário onde se instalaram os programas Juancito Pinto e Bolsa Família é convergente pela miséria secular que se cristalizou durante o período colonial e republicano na Bolívia e no Brasil. A pobreza caracterizada também pelas questões raciais se reproduziu nesses países pela divisão internacional do trabalho e o lugar que a América Latina historicamente teve no desenvolvimento do capitalismo. Assim, verifica-se que os programas de combate à pobreza encontram razão de ser pelo próprio infortúnio que o capitalismo causou aos trabalhadores boliviano e brasileiro. Calcula-se que atualmente o Brasil tenha cerca de 64 milhões de pessoas são pobres e, na Bolívia dos 9,3 milhões de habitantes, 7,9 milhões de pessoas que não tem acesso a condições básicas de sobrevivência. (CEPAL, 2010 p.13). Esse quadro de pobreza que poderia se transformar em situações limites forçou os organismos institucionais do capital a planejar e supervisionar a administração da miséria. De modo que, ainda nos anos noventa e início dos anos 2000, os governos tradicionalmente neoliberais da Bolívia e do Brasil aplicaram programas de transferência de renda condicionada que foram redimensionados posteriormente pelas Frentes Populares – Governo Morales na Bolívia e Governo Lula no Brasil. É importante destacar que os governos latino-americanos caracterizados como Frente Popular ao assimilar a política de combate à pobreza, não estão sendo originais em termos de governos conciliatórios que aplicam programas de transferência de renda. Na França, durante o governo de Frente Popular de François Miterrand (Partido Socialista) em 1988, instituiu-se o programa Renda Mínima de Inserção (RMI) que consistia em benefício monetário para toda pessoa de 25 anos ou mais, cuja renda não atingisse 2.600 francos (cerca de 500 dólares naquele período). Apresenta-se como outro aspecto relevante na análise da reprodução dos programas de combate à pobreza pelas Frentes Populares atuais, o crescimento econômico mundial que permitiu que esses governos aplicassem políticas sociais paralelas aos programas de transferência de renda condicionada, que têm impacto imediato no cotidiano dos trabalhadores mais pauperizados. Ao contrário dos governos tradicionalmente de direita, as Frentes Populares no Brasil e na Bolívia não executaram os programas de combate à pobreza de forma isolada. O governo Lula e o Governo Morales criaram uma gama de programas sociais que atingissem os trabalhadores em diversas áreas, sem que a política econômica fosse alterada. Na Bolívia, além do Bono Juancito Pinto, o governo do MAS criou também o Renta Dignidad para pessoas pobres com mais de 60 anos e o Bono Juana Azurduy para ajudar mulheres grávidas.(RADHUBER, 2010 p.113-114). No Brasil o Bolsa Família pertence ao programa Fome Zero que articula os programas Aquisição de Alimentos, Restaurantes Populares, distribuição de cestas básicas para comunidades indígenas, quilombolas e os atingidos por barragens, além do programa de criação de cisternas nos municípios do Nordeste. (COGGIOLA, 2010 p.43). Essa política resultou, entre outros, em respaldo eleitoral para o bloco político que compõe a Frente Popular. Entre 2003 e o ano de 2010, o governo federal destinou aos Estados do Ceará e Pernambuco mais de 10 bilhões de reais em beneficio distribuído pelo Bolsa Família, atendendo cerca de 2 milhões de famílias. Nesses Estados na eleição presidencial de 2006, Lula recebeu respectivamente no segundo turno 75% e 82% dos votos válidos. (BRASIL, 2010). Pela característica das Frentes Populares de aparelhar as direções dos movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos, a relação das organizações classistas se alteraram com a política dos programas de transferência de renda. No Brasil, as críticas que as organizações dirigiam ao programa Bolsa Escola, pejorativamente chamado de Bolsa Esmola durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, se transformaram em apoio com a ascensão do governo do Partido dos Trabalhadores em 2003, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a aplicação do Programa Bolsa Família: “Defendemos todas as políticas públicas que contribuam para resolver os problemas emergenciais das famílias de trabalhadores pobres do campo e da cidade, como a cesta básica e o programa Bolsa Família.”. 5 5 Declaração do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, 06 de julho de 2009. Disponível in: www.mst.org.br , acessado no dia: 20 de janeiro de 2011. Essa institucionalização dos movimentos populares não se explica somente pelo caráter ideológico de seus programas que se propõem a administrar o capital. A base de sustentabilidade que as direções classistas dão à Frente Popular justifica-se, também pela relação material que o aparato estatal estabelece com os movimentos. O programa Bolsa Família, por exemplo, cadastrou cerca de 226 mil famílias acampadas, sendo a grande maioria pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Observa-se ainda, que durante o primeiro mandato do governo Lula o número de famílias que ocuparam terras no Brasil caiu de 65.552, em 2003, para 44.364, em 2006. (COGGIOLA, 2010 p.46). Na Bolívia a posição das direções majoritárias diante do governo Morales não difere dos movimentos sociais brasileiros diante do Partido dos Trabalhadores. Na aprovação da nova lei educacional boliviana que admite focalização para os alunos menos favorecidos, a direção majoritária dos docentes apoiou o governo. 6 A capitulação das organizações de esquerda diante das Frentes Populares coloca-se como legitimação da política de continuidade dos ajustes estruturais, já que o Bolsa Família e o Bono Juancito Pinto são coerentes com o Estado mínimo e com o modo de produção capitalista, e não propostas alternativas a eles. A posição política dos dirigentes de alguns setores do movimento operários e social, juntamente com a política de compensação aplicada pelas Frentes Populares, via máquina pública, desarticula os trabalhadores em suas reivindicações que não estão atreladas ao aparato do Estado e que ultrapassam os limites dos programas sociais compensatórios. Conclusões A escola burguesa na sua vertente neoliberal articulada com os programas compensatórios cumpre o papel de certificar minimamente os indivíduos que potencialmente comporão as fileiras de desempregados, visto que pelos próprios critérios de benefícios desses programas, o público alvo é composto em sua maioria por núcleos primários desassistidos pelo emprego formal. Ainda que esse certificado signifique para o aluno, letramento e não alfabetização ou o inverso, para o capital essa certificação é importante para impor o valor da força de trabalho, já que o exército de mão-de-obra reserva deve apresentar requisitos mínimos para ser 6 O dirigente da Confederación de Maestros Urbanos, Federico Pinaya declarou que a lei tem seus méritos por incluir educação técnica e tecnológica e não só produtiva. Declaração feita ao jornal boliviano El Deber em 20 de dezembro de 2010. Disponível in: www.eldeber.com.bo acessado no dia: 10/01/2011. eventualmente aproveitado. Não por acaso que entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para ser atingidos até 2015 está a conclusão do ciclo básico e ensino fundamental em todos os países em desenvolvimento, assim como a criação de programas de transferência de renda para viabilizar esse objetivo. (PNUD, 2000). Nessa relação escola / combate á pobreza, o caráter social da escola tende a se transformar e aumentar a crise de identidade social que as instituições educacionais vêm sofrendo por décadas seguidas. Por ser espaço concebido como indispensável para a socialização de conhecimento produzido pelo gênero humano e intermediador das práticas sociais, a instituição escolar pública, gratuita e laica tornou-se, ao longo da história e dos conflitos de classes, direito incondicional de todos em quase todas as cartas magnas de diversos Estados, no entanto a filiação crescente da escola com os programas de transferência de renda, muda seu caráter de direito social incondicional para condicionador de acesso a novos direitos, direitos focalizados que já não são direitos trabalhistas, mas que estão garantidos pela miséria de toda ordem, originada, por meio, do desemprego ou precarização do trabalho, além de aprofundar o processo de desescolarização da escola que já não tem como central o desenvolvimento mínimo das faculdades mentais e físicas dos indivíduos, mas que terminam por perpetuar a miséria intelectual que é inerente à divisão social do trabalho. 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