Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde Mestrado em Educação Física e Desporto Especialização no Desenvolvimento da Criança Relação do Perfil Psicomotor e Desempenho Cognitivo em Crianças com e sem Dificuldades de Aprendizagem Daniela Filipa Silva Pinto Orientadora: Professora Doutora Eduarda Maria Coelho Coorientadora: Professora Doutora Isabel Mourão-Carvalhal Vila Real, Julho de 2014 I Dissertação apresentada para obtenção do grau de mestre em Desenvolvimento da Criança no Curso de Mestrado em Educação Física e Desporto conferido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro II “A acção faz a cognição e a cognição faz a acção” Fonseca, 2001 “A psicomotricidade educa o movimento, ao mesmo tempo em que estabelece relações profundas com a inteligência e afectividade.” Santos, 2007 III Índice Índice de Tabelas ............................................................................................. V Índice de Figuras ............................................................................................. VI Índice de Siglas .............................................................................................. VII Agradecimentos ............................................................................................. VIII Resumo ........................................................................................................... IX Abstract ............................................................................................................ X 1. Introdução ................................................................................................... 1 2. Artigos ........................................................................................................ 8 2.1 - Perfil psicomotor e capacidade intelectual em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem ......................................................... 9 2.2 - Influência do Perfil Psicomotor e Estatuto Socioeconómico no Desempenho Cognitivo ................................................................. 18 3. Conclusão Geral ....................................................................................... 33 4. Propostas futuras ...................................................................................... 36 4.1 – Investigação .............................................................................. 37 4.2 – Atividades sugeridas ................................................................. 38 5. Referências Bibliográficas ......................................................................... 44 6. Anexos ...................................................................................................... 49 a) Protocolo Bateria Psicomotora, de Vítor da Fonseca ................ 50 b) Protocolo Matrizes Progressivas Coloridas de Raven ............... 55 c) Outputs MANOVA..................................................................... 57 d) Outputs Correlações e Regressões .......................................... 69 IV Índice de Tabelas Tabela 1 – Análise descritiva dos dados da BPM e MPCR .............................. 11 Tabela 2 – Média e Desvio Padrão das variáveis significativas resultantes da MANOVA ......................................................................................................... 12 Tabela 3 – Efeitos principais e interações das variáveis independentes das MPCR e BPM................................................................................................................. 13 Tabela 4 – Correlação das MPCR com fatores psicomotores e variáveis socioeconómicas ............................................................................................. 23 Tabela 5 – Regressão Linear para o desempenho cognitivo ........................... 24 V Índice de Figuras Figura 1 – Efeito das DA x Género nas MPCR................................................ 13 Figura 2 – Efeito das DA x Escolaridade na BPM ........................................... 13 Figura 3 – Interação entre DA x Escolaridade na Equilibração........................ 13 Figura 4 – Interação entre DA x Escolaridade na Praxia Global ...................... 13 Figura 5 – Interação entre DA x Escolaridade na Praxia Fina ......................... 13 Figura 6 – Efeito das DA x Escolaridade nas MPCR ....................................... 67 Figura 7 – Interação entre DA x Escolaridade na Tonicidade .......................... 67 Figura 8 – Interação entre DA x Escolaridade na Lateralização ...................... 67 Figura 9 – Interação entre DA x Escolaridade na Noção do Corpo ................. 67 Figura 10 – Interação entre DA x Escolaridade na Estruturação Espácio-Temporal ........................................................................................................................ 67 VI Índice de Siglas BPM – Bateria Psicomotora DA – Dificuldades de Aprendizagem DAE – Dificuldades de Aprendizagem Espefícicas E – Equilibração EET – Estruturação Espácio-temporal ESE – Estatuto socioeconómico L – Lateralização LD – Learning Disabilities MPCR – Matrizes Progressivas Coloridas de Raven NC – Noção do Corpo NJCLD – National Joint Commitee on Learning Disabilities PF – Praxia Fina PG – Praxia Global SES – Socioeconomic Status T - Tonicidade VII Agradecimentos Foram muitos, aqueles que contribuíram para a concretização de mais uma etapa de grande importância e significado na minha vida, sem os quais, tal conquista seria de duro e difícil acesso. Assim, refiro-me em particular: - à Professora Doutora Eduarda Coelho, pela sua competência e dedicação na orientação deste trabalho, bem como todo o apoio e paciência dispensadas; - à Professora Doutora Isabel Mourão, pela sua competência e conhecimentos dispensados; - à UTAD, pela oportunidade de aceder a este mestrado, como complemento da minha formação académica; - aos Diretores das escolas envolvidas no estudo, bem como professores, por toda a colaboração e compreensão para a realização das avaliações; - às crianças, pela sua boa disposição, participação, entusiasmo, curiosidade, empenho e vontade de ajudar nos momentos de avaliação; - à Adriana e Filó, por todo incentivo, partilha de ideias, momentos de estudo, de boa disposição, brincadeiras e enorme companheirismo; - ao meu avô João, pois sem ele não seria possível a concretização de mais uma etapa; - aos meus pais, por todo o amor, conselhos, apoio incondicional e entrega ao longo de todo este trabalho; - à minha irmã, por querer que eu vá sempre mais além e não me deixar parar, pela companhia nas viagens, por todas as opiniões e amizade sinceras; - ao William, por toda a paciência e carinho dispensados, por amenizar as minhas inseguranças, ansiedades, frustrações e medos. De uma forma geral, Muito Obrigada a todos! VIII Resumo O presente estudo tem como objetivo geral verificar a relação do perfil psicomotor e desempenho cognitivo em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem (DA). Esta investigação foi dividida em dois estudos, fazendo-se, numa primeira fase, uma abordagem mais geral sobre a interação das DA, do género e do ano de escolaridade no perfil psicomotor e desempenho cognitivo e, numa segunda fase, um estudo mais específico sobre a influência do perfil psicomotor e estatuto socioeconómico (ESE) no desempenho cognitivo. Deste modo, o primeiro estudo visava verificar a interação das DA, do género e do ano de escolaridade no perfil psicomotor e desempenho cognitivo e o segundo verificar a influência do perfil psicomotor e ESE no desempenho cognitivo. A amostra foi constituída por 139 crianças (66 raparigas e 73 rapazes), com idades compreendidas entre os 6-10 anos de idade (7.95±1.05), do ”Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para caracterizar o perfil psicomotor foi utilizada a Bateria Psicomotora (BPM), para avaliar o desempenho cognitivo as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR), bem como um questionário para a recolha de dados relativos ao estatuto socioeconómico. Os resultados do primeiro estudo apresentam um efeito das DA no perfil psicomotor e no desempenho cognitivo de crianças do 1º ciclo. As crianças com DA e mais novas apresentam valores inferiores no perfil psicomotor; enquanto os rapazes com DA demonstram um desempenho cognitivo inferior. No segundo estudo, encontrou-se uma associação positiva entre a maioria dos fatores psicomotores e as MPCR nas crianças com e sem DA, verificando-se ainda uma associação positiva das variáveis socioeconómicas nas sem DA. Os resultados da regressão linear, revelaram uma influência da estruturação espácio-temporal e da praxia fina no desempenho cognitivo das crianças com DA; enquanto nas crianças sem DA, a equilibração e a estruturação espácio-temporal são as variáveis significativas. Concluindo, a estruturação espácio-temporal e a praxia fina são duas variáveis que se evidenciam na relação do perfil psicomotor com o desempenho cognitivo. IX Abstract The present study has the general objective to verify the relationship of psychomotor profile and cognitive performance in children with and without learning disabilities (LD). This research was divided into two studies, making initially, a more general approach about the LD’s interaction, gender and grade in the psychomotor profile and cognitive performance and, afterwards, a more specific study about the impact of psychomotor profile and socioeconomic status (SES) on cognitive performance. Therefore, the first study aimed to verify the interaction of LD, gender and grade in the psychomotor profile and cognitive performance and the second one, verify the influence of psychomotor profile and SES on cognitive performance. The sample consisted in a group of 139 children (66 girls and 73 boys) aged 6-10 years old (7.95±1.05), from the "Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil", Universidade of Trás-os-Montes e Alto Douro. To characterize the psychomotor profile was used the Psychomotor Battery (BPM), to evaluate cognitive performance were used the Raven Coloured Progressive Matrices (MPCR), as well as a question sheet to collect data on the socio-economic status. The results of the first study show an effect of LD on psychomotor profile and cognitive performance of children in elementary school. Children with DA and younger show a lower psychomotor profile; while boys with LD show a lower cognitive performance. In the second study, we found a positive association between the majority of psychomotor factors and MPCR in children with and without LD, verifying a positive association of socioeconomic variables in children without LD. When it comes to linear regression, there is an influence of the spatiotemporal structure and thin praxis in cognitive performance of children with LD; while in children without LD, balance and spatiotemporal structure are the significant variables. In conclusion, the spatiotemporal structure and thin praxis are the two variables that manifest themselves in the relationship between the psychomotor profile and the cognitive performance. X 1.Introdução 1 1.Introdução Psicomotricidade, segundo Fonseca (2007b), “traduz a solidariedade profunda e original entre a actividade psíquica e a actividade motora” e “é hoje concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio e o instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa”. Para Frimodt (2004), a psicomotricidade baseia-se na relação entre a mente e o corpo, integrando os aspetos cognitivos, emocionais, simbólicos e corporais do individuo no seu contexto psicossocial. Magalhães (2006) define-a como o ramo da ciência que estuda o movimento como forma de ajudar o desenvolvimento físico e mental do individuo, tendo como objetivo associar o “acto ao pensamento, o gesto à palavra, e as emoções aos símbolos”, fazendo com que o movimento seja inteligente, ou psiquicamente elaborado e controlado (Fonseca, 2001b). Inicialmente, a psicomotricidade estava quase exclusivamente ligada às patologias. No entanto, atualmente é tida como uma terapia corporal, tendo três áreas essenciais de atuação: 1- Educação: pois possibilita o desenvolvimento global da criança e potencia as aprendizagens, sendo o corpo o “objeto” de interação com o meio. 2- Reeducação: visto que atua na compensação dos atrasos motores, tentando corrigir através de técnicas adequadas os défices detetados através das baterias de avaliação. 3- Terapia: uma vez que atua a nível das emoções e afetos, com o auxílio de jogos corporais, favorecendo a adaptação ao meio onde se enquadra (Levy, 2000). É nas áreas de reeducação e terapia que a psicomotricidade intervém nas DA, com o intuito de facilitar a “estimulação global de todos os canais sensoriais e percetivos (visual, auditivo, táctil, vestibular e cinestésico) que estão na base de todas as aprendizagens, fundamental para o processamento adequado da informação e uma resposta coerente ao nível do desempenho da criança” (Associação Portuguesa de Psicomotricidade, s.d.). Segundo Hamill (1990), a definição de DA que oferece maior consenso é a do National Joint Commitee on Learning Disabilities (NJCLD), definindo-as como um grupo heterogéneo de desordens, manifestadas na aquisição e utilização da fala, linguagem, leitura, escrita e aritmética. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, resultantes de uma possível disfunção do sistema nervoso central. 2 Esta definição respeita três critérios fundamentais: os critérios de discrepância, que dizem respeito à diferença entre potencial e rendimento, capacidade e desempenho e, aptidão e realização, nas áreas académicas; os critérios de exclusão, referindo que as crianças com DA têm características sensoriais, físicas, mentais, emocionais e de inteligência normais; e, por último, os critérios de especificidades, através do qual se pretende saber se existem subtipos dentro das DA, ou seja, dificuldades de aprendizagem específicas (DAE) (Peixoto, 2008). Assim sendo, para se chegar a este diagnóstico de DA, deve-se ter em consideração os seguintes parâmetros do perfil de aprendizagem da criança: atenção e concentração; velocidade de processamento de informação simultânea ou sequencial de informação visual, auditiva e tatilquinestésica; discriminação, análise e síntese percetiva; memória de curto tempo; cognição (input-integração e outputplanificação); expressão verbal; e psicomotricidade, ao nível dos seus sete fatores psicomotores (Fonseca, 2007a). As DA, para Fonseca (1991 cit. por Lapa, 2006), “são uma desarmonia do desenvolvimento normal, caracterizado por uma imaturidade psicomotora que inclui perturbações nos processos receptivos, integrativos e expressivos da imagem simbólica. As DA traduzem uma irregularidade biopsicossocial do desenvolvimento global da criança, que normalmente envolve, na maioria dos casos, problemas de lateralização e de praxia ideo-motora, deficiente estruturação perceptivo motora, dificuldades de orientação espacial e sucessão temporal e outros factores inerentes a uma desorganização psicomotora, que impede a ligação entre os elementos constituintes da linguagem, e as formas concretas da expressão que os simboliza.” Como foi referido anteriormente, as crianças com DA não têm problemas de ordem sensorial, física, emocional ou de inteligência. No entanto, muitas são as que ouvem bem, mas não escutam, veem bem, mas não prestam atenção aos pormenores, movimentam-se com desenvoltura, mas apresentam dispraxias, paratonias, disdiadococinésias e sincinésias, evidenciando problemas essencialmente ligados aos sistemas funcionais de aprendizagem de Luria (Fernandes, 2009). Os sistemas funcionais de Luria dividem o cérebro em três unidades básicas, estando a primeira unidade responsável pelos processos de alerta e atenção; a segunda pela receção, integração, codificação e processamento sensorial; e, por fim, a terceira unidade está encarregue da execução motora, planificação e avaliação (Fonseca, 2001a). Todos estes processos estão implicados para que a aprendizagem decorra de uma forma natural, porém, é a segunda unidade funcional de Luria que implica a maioria das aprendizagens precoces, como as tónico-emocionais e posturo-motoras, 3 bem como as aprendizagens pré-escolares e escolares que se seguem. É de realçar que estas funções são propensas à especialização hemisférica, verificando-se estes distúrbios quando tal não acontece. (Fonseca, 2001a). Entendendo a criança na sua globalidade, é imperativo que se fomente a psicomotricidade precocemente, como forma de prevenção e, em casos mais tardios, como terapia na abordagem das DA, pois esta visa o seu desenvolvimento integral (psicomotor, cognitivo, afetivo, social). É de salientar que as primeiras manifestações de défices cognitivos ocorrem no âmbito motor (Dorneles e Benetti, 2012). A cognição refere-se ao ato de conhecer, usando a razão. Já o conhecimento é a ponte de comunicação entre as células nervosas, levando-nos a compreender as sensações, sentimentos, pensamentos, atividades motoras, emoções, o processo de aprendizagem e memória, bem como as possíveis causas das doenças mentais (Afonso, 2011; Marques, 2000). É através destas comunicações entre neurónios que surgem os comportamentos cognitivos, que constituem os “pré-requisitos necessários para novas tarefas de aprendizagem”. (Marques, 2000). Esta envolve, também, vários processos e produtos mentais superiores, como sejam o conhecimento, a consciência, a inteligência, o pensamento, a imaginação, a criatividade, a produção de planos e as estratégias para a resolução de problemas, a conceptualização e a simbolização, entre outros, pelos quais percebemos (atenção), elaboramos (codificação) e transformamos (planificação) o meio que nos envolve (Fonseca, 2001a). A motricidade é a base das primeiras aprendizagens, sendo esta expressa pelos movimentos reflexos. Estes são a primeira forma do bebé se comunicar com o mundo externo e é através das reações que ele obtém com os seus movimentos que ele reúne e armazena as primeiras informações, (Wallon, 1989, cit. por Rodrigues, 2011). É de grande importância para o desenvolvimento psicológico de uma criança a exploração do movimento e a representação das relações entre si e o meio. Desta forma salienta-se a relevância que o trabalho que engloba a parte motora e cognitiva tem, na vertente de favorecer e melhorar o desenvolvimento da aprendizagem das crianças (Cezário, 2008). Todas as crianças têm uma experiência pessoal que engloba conhecimentos corporais, motores e cognitivos e se esses conhecimentos forem transportados e ampliados para novas situações que lhes são apresentadas, ela conseguirá mais facilmente, encontrar soluções para os problemas com que se depara no dia-a-dia, sejam relativas à planificação motora, à organização espácio-temporal ou outra competência envolvida (Cezário, 2008; Rodrigues, 2011; Saraiva e Rodrigues, 2011). 4 Muitas crianças não conseguem adquirir as competências escolares básicas, pois necessitam de um desenvolvimento motor e cognitivo que não possuem e não conseguem dominar o movimento que essas competências lhe exigem (Cezário, 2008). Desta forma, Picq e Vayer (1988, cit. por Cezário, 2008), afirmam que as competências escolares básicas “são exercícios psicomotores, pois para fixar sua atenção, a criança deve controlar-se tendo domínio sobre o próprio corpo e para que possam utilizar meios de expressão gráfica ela precisa ver, lembrar-se e descrever num sentido bem definido. A estas correlações, que se processam durante o período educativo, torna-se impossível separar por meio da educação, as funções motoras, neuromotoras e perceptivo motoras das funções puramente intelectuais.” Le Bouch (1987) afirma que a “educação motora tem influência no desenvolvimento de crianças com dificuldades escolares, como problemas de atenção, leitura, escrita, cálculo e socialização”. Com isto é possível verificar que um bom desenvolvimento motor é de grande importância para a educação do corpo e, desta forma, para o desenvolvimento global da criança, auxiliando na prevenção das DA (Rodrigues, 2011). Vários autores defendem que o movimento é o resultado final da cognição (Siqueira e Gurgel-Giannetti, 2011). Nas crianças com DA, o desempenho cognitivo revela-se na discrepância existente entre aquilo que se espera dela e o que realmente consegue realizar, manifestando dificuldades quando tem de salientar algum pormenor de uma tarefa ou manter a sua atenção por um determinado período de tempo (Kowalsky e Sherrill, 1992, cit. por Lapa, 2006). Para adquirir as competências necessárias para a fala, por exemplo, a somatognosia, a perceção auditiva e visual, a orientação espacial e temporal têm de estar presentes, para que haja a noção de ritmo e sequência, promovendo a fala de forma mais fluida (Oliveira, 2006). A aquisição da escrita, para que ocorra naturalmente e da forma esperada, necessita que a coordenação fina, para precisar os traçados e fazer a preensão do instrumento de escrita, tesoura, o equilíbrio e controlo tónico, para manter a postura adequada e o grau de tónus necessário no braço e mão para não fazer uma letra ilegível, a dominância lateral, percebendo o seu lado mais ágil, a coordenação óculomanual e a organização espácio-temporal, para os processos matemáticos (noção de ordem) estejam presentes e sem défices (Coura e Cavalari, 2010). Já a aquisição da leitura faz-se acompanhada dos processos de simbolização, codificação, descodificação, verbalização, memorização, atenção, análise e síntese do que vê e ouve, coordenação óculo-manual, lateralidade (esquerda para a direita) e orientação espácio-temporal (sucessão das palavras no texto) (Oliveira, 2006). 5 Todas as aquisições referidas anteriormente relacionam a motricidade com as variadas áreas cerebrais por ela responsável, desde as áreas pré-motora e motora do córtex frontal, diretamente ligadas ao planeamento, imaginação, associação de informações e memória. Através das atividades motoras é favorecido o equilíbrio afetivo e emocional que ativam o sistema límbico e, com isto, contribui para um melhor funcionamento do hipocampo, que é responsável pelo processamento de informações. Por último, esta relação verifica-se pela ativação cortical e aumento da atividade cerebral, derivadas do aumento da irrigação sanguínea e à utilização de várias estruturas cerebrais responsáveis pelo planeamento, execução e controlo das atividades motoras (Filho, 2010). Para que estas aquisições sejam feitas dentro do esperado, existe outro fator de grande relevância: o estatuto socioeconómico, pois a falta de estimulação na infância, implica o desenvolvimento do pensamento lógico mais tarde do que o esperado (Majumbar e Nudi, 1971). Quando este estatuto é baixo condiciona a aquisição de bens culturais, bem como a disponibilidade e conhecimentos por parte dos pais para acompanharem a vida escolar dos filhos (Soares, 2004), ao que se associam elevadas taxas de insucesso e abandono escolar (STEP/BIT, 2003; Pellino, 2009). Simões (2000) tendo como base vários dados, verificou que existe dificuldade em separar a relação do ESE do desempenho cognitivo, daí sugerir-se que as crianças intelectualmente superiores têm um ESE médio ou superior. Conclusões como as de Sibley & Etnier (2003), de Dwyer, Sallis, Blizzard, Lazarus & Dean (2001), de Nelson & Gordon-Larsen (2006), de Carlson, Fulton, Lee, Maunard, Brown, Kohl & Dietz (2008), de Tomporowski, Davis, Miller & Naglieri (2008) e Trudeau & Shepard (2008), demonstram que existe uma relação entre a atividade física, o desempenho cognitivo e o sucesso académico, sendo que as crianças fisicamente ativas são mais rápidas nas suas respostas, ativam e utilizam mais áreas cerebrais, têm maior sucesso académico e não são afetadas pelo tempo que despendem nessas atividades em detrimento do menor tempo despendido para o estudo. Como foi possível verificar pelos estudos apresentados, muitos são os que abordam as relações entre a atividade física e o desempenho cognitivo. No entanto, no que diz respeito à relação do perfil psicomotor e desempenho cognitivo, as investigações são escassas. Com isto, o objetivo deste trabalho é verificar a relação entre o perfil psicomotor e o desempenho cognitivo em crianças com e sem DA e, para isso, optou-se pela elaboração de dois artigos, sendo que um faz uma abordagem mais geral sobre a interação das DA, do género e do ano de escolaridade no perfil 6 psicomotor e desempenho cognitivo e, o segundo faz um estudo mais específico sobre a influência do perfil psicomotor e ESE no desempenho cognitivo. 7 2.Artigos 8 2.1- Perfil psicomotor e desempenho cognitivo em crianças com e sem dificuldades de aprendizagem Daniela Pinto1, Eduarda Coelho1, Isabel Mourão1 1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Resumo O objetivo deste estudo foi verificar a interação das dificuldades de aprendizagem (DA), do género e ano de escolaridade no perfil psicomotor e desempenho cognitivo, em crianças do 1º ciclo do Ensino Básico. A amostra foi constituída por 139 crianças (66 raparigas e 73 rapazes), com idades compreendidas entre os 6-10 anos de idade (7,95±1,05), do ”Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para obter o perfil psicomotor foi utilizada a Bateria Psicomotora (BPM) e para avaliar o desempenho cognitivo as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR). Relativamente à BPM, 49,6% das crianças têm perfil normal e 50,4% bom. Ao nível das MPCR, 15,1% são intelectualmente superiores, 41% acima da média, 21,6% intelectualmente médias e 22,3% abaixo da média. Os resultados da MANOVA demonstram que existe um efeito das DA (p=0,000) e do ano de escolaridade (p=0,000) no total da BPM e MPCR. A interação entre as DA e o ano de escolaridade apenas foi significativa no total da BPM (p=0,012) e entre as DA e o género foi significativa nas MPCR (p=0,043). Concluindo, verificou-se um efeito das DA no perfil psicomotor e no desempenho cognitivo de crianças do 1º ciclo. As crianças com DA e mais novas apresentam valores inferiores no perfil psicomotor; enquanto os rapazes com DA demonstram um desempenho cognitivo menor. Palavras-chave: perfil psicomotor, desempenho cognitivo, crianças, dificuldades de aprendizagem Abstract The objective of this study was to assess the interaction of learning disabilities (DA), gender and grade in psychomotor profile and intellectual capacity of children from the 1st cycle of Basic Education. The sample consisted of 139 children (66 girls and 73 boys) between 6-10 years (7.95±1.05), of “Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”. For the psychomotor profile was used Psychomotor Battery (BPM) of Vítor da Fonseca, and the Raven Coloured Progressive Matrices (MPCR) to assess nonverbal intellectual ability. Regarding BPM, 49.6% have normal profile and 50.4% good. In terms of MPCR, 15.1% are intellectually superior, 41% above average, intellectually averages 21.6% and 22.3% below the average. The results of the MANOVA showed a significant effect of DA (p=0.000) and grade (p=0.000) in the total quality of BPM and 9 total of MPCR. The interaction between DA and the grade was only significant in the overall BPM (p=0.012). The interaction between DA and gender was significant in the outcome of MPCR (p=0.043). In conclusion, we verified a DA effect on psychomotor profile and on children intellectual capacity. Children with DA and younger have lower values of psychomotor profile, while boys with DA showed lower levels in intellectual capacity. Keywords: Profile psychomotor; intellectual capacity; children; learning disabilities. Introdução A definição de Dificuldades de Aprendizagem (DA) que ainda oferece maior consenso, segundo Hammill (1990), é a do National Joint Commitee on Learning Disabilities (NJCLD), pois define-as como um grupo heterogéneo de desordens, manifestadas na aquisição e utilização da fala, linguagem, leitura, escrita e aritmética. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, resultantes de uma possível disfunção do sistema nervoso central. A BPM, desenvolvida por Vítor da Fonseca (2007), permite traçar o perfil psicomotor e identificar as áreas menos desenvolvidas, com o intuito de detetar e identificar crianças com DA. São vários os estudos que concluíram que as crianças com DA apresentam resultados inferiores no perfil psicomotor comparativamente às sem DA, realçando como áreas fracas a estruturação espácio-temporal e a praxia fina, onde estão envolvidas a atenção e a planificação dos movimentos (Dewey, Kaplan, Crawford & Wilson, 2002; Moreira, Fonseca & Diniz, 2000; Sanches, Guerra, Luft & Andrade, 2004). Neto, Almeida, Caon, Ribeiro, Caram e Piucco (2007) verificaram que os rapazes têm mais dificuldades na equilibração e as raparigas na noção do corpo e estruturação espácio-temporal. Nos estudos de Moreira et. al (2000), Staviski, Silva, Oliveira e Beltrame (2007), Amaro, Jatobá, Santos e Neto (2010) e Medina-Papst e Marques (2010), identificaram as áreas fracas nas crianças com DA como sendo a equilibração, a noção do corpo, a estruturação espácio-temporal, a praxia global e a praxia fina, sem discriminação do género relativamente a estes fatores. Outras das variáveis relacionadas com o estudo das DA é o desempenho cognitivo, sendo este diferente em função do género e idade. Os estudos de Vogel (1990), Simões (2000), Lynn e Irwing (2004) e Rueda (2005), demonstram que o desempenho é melhor nas crianças sem DA, aumenta com a idade e os rapazes apresentam valores superiores. Posto isto, o objetivo deste estudo é verificar a interação das DA, do género e ano de escolaridade no perfil psicomotor e desempenho cognitivo, em crianças do 1º Ciclo do 10 Ensino Básico, com vista a verificar quais são os fatores psicomotores mais afetados e de que forma é que implica um comprometimento ao nível do desempenho cognitivo. Metodologia Amostra A amostra foi constituída por 139 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (7,95±1,05), 66 (47,5%) raparigas e 73 (52,5%) rapazes, frequentando 10 (7,2%) o 1º ano, 34 (24,5%) o 2º ano, 45 (32,4%) o 3º ano e 50 (36%) o 4º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico, de três escolas públicas de Vila Real. Através da sinalização dos professores, feita com base nos resultados e desempenhos verificados ao longo das aulas, estas crianças foram divididas em dois grupos: 62 com dificuldades de aprendizagem (44,6%), e 77 sem dificuldades de aprendizagem (55,4%). Foram utilizados como critérios de inclusão na amostra frequentarem o 1º Ciclo do Ensino Básico e como de exclusão estarem sinalizados com défice cognitivo, abrangidos pelo artigo 3/2008 (Necessidades Educativas Especiais) e serem de etnia cigana. Instrumentos e Procedimentos Para a recolha dos dados foi utilizada a Bateria Psicomotora (BPM) de Vítor da Fonseca para a avaliação do perfil psicomotor e, as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR), para o desempenho cognitivo. As MPCR desenvolvidas por John Raven em 1947, e validadas para português por Simões (1994), avaliam o desempenho cognitivo, na componente não-verbal e destinam-se a crianças dos 5 os 11 anos de idade. Este teste é constituído por 36 itens que possuem uma lacuna, que deve ser preenchida por uma das 6 hipóteses que lhes é apresentada. Cada item é cotado com 1 ponto quando respondido corretamente e 0 quando incorretamente, variando a cotação final entre 0-36. Este teste permite-nos obter três resultados: o bruto, o percentil e a classificação qualitativa. Devido ao resultado final deste teste poder não corresponder ao potencial real do sujeito, foi verificada a consistência da pontuação, através da subtração dos totais parciais e dos esperados, tendo sido eliminadas as crianças que apresentavam uma discrepância superior a 2. As MPCR foram aplicadas individualmente, com uma duração média de 5 a 7 minutos. Foi calculada a consistência interna da escala através do Alpha de Cronbach, tendo sido obtido o valor de 0,837, o que revela uma boa consistência interna. 11 A Bateria Psicomotora desenvolvida por Fonseca em 1985, para crianças entre os 4 e 12 anos, permite-nos obter um perfil psicomotor. Esta bateria é constituída por 7 fatores psicomotores, nomeadamente: Tonicidade - do nascimento aos 12 meses - e Equilibração – dos 12 meses aos 2 anos (que constituem a 1ª Unidade Funcional de Luria), Lateralização – dos 2 aos 3 anos, Noção do Corpo – dos 3 aos 4 anos - e Estruturação Espácio-Temporal – 4 aos 5 anos (2ª Unidade Funcional), Praxia Global – 5 aos 6 anos - e Praxia Fina – 6 aos 7 anos (3ª Unidade Funcional de Luria). As tarefas apresentadas dividem-se pelos 26 subfactores, atribuindo-se uma classificação de 1 a 4 em cada tarefa. O valor final da BPM calcula-se através da soma de cada subfactor, variando entre 7-28, permitindo ainda obter uma classificação qualitativa (Fonseca, 2007). Esta bateria foi aplicada individualmente, com uma duração média de 45 minutos. Foi calculada a consistência interna da bateria através do teste reteste (estabilidade temporal), tendo sido obtido o valor de 0.887 para a primeira unidade, 0.732 para a segunda unidade e 0.969 para a terceira unidade, sendo 0.800 no total da BPM, o que revela uma boa consistência interna. A análise dos dados foi feita com o recurso ao programa Statistical Package for Social Scienses, versão 17 para Windows. Para descrever os dados iniciou-se pelo cálculo do valor máximo, mínimo, média e desvio padrão, para as variáveis continuas; frequência e percentagem para as ordinais. Comprovou-se a normalidade da distribuição dos dados através da simetria e da curtose. Foi calculada a MANOVA 2x2x2, utilizando como variáveis independentes o nível de escolaridade (1º e 2º anos, 3º e 4º anos), género e as DA, e como dependentes utilizamos o total bruto das MPCR, o total quantitativo e os fatores psicomotores da BPM. Resultados A tabela 1 apresenta a análise descritiva das variáveis dependentes deste estudo. Tabela 1:Análise Descritiva dos casos da BPM e MPCR Desempenho Cognitivo (MPCR) Percentil Classificação - Intelectualmente Superior - Acima da Média - Capacidade Intelectual Média - Abaixo da Média BPM Total Classificação - Bom (22-26) - Normal (14-21) N Min. Máx. Média DP Freq. % 139 10 95 62,99 25,77 -- -- ----- ----- ----- ----- ----- 21 57 30 31 15,1 41,0 21,6 22,3 139 15 25 21,10 2,29 -- -- --- --- --- --- --- 70 69 50,4 49,6 12 Com base nos dados apresentados, é possível verificar que tanto o resultado das MPCR como da BPM se encontram em valores médios. Verifica-se que a maior parte das crianças apresentam um desempenho cognitivo acima da média nas MPCR (41%) e com um perfil psicomotor Normal e Bom na BPM. Tabela 2: Média e Desvio Padrão das variáveis significativas resultantes da MANOVA MPCR BPM Bruto Total T E L Fatores Psicomotores NC EET PG PF Feminino (n=66) 26,74±4,81 21,61±1,92 3,12±0,45 3,17±0,37 3,55±0,50 2,94±0,51 2,98±0,63 2,42±0,50 3,48±0,42 Masculino (n=73) 25,38±5,29 20,64±2,50 3,01±0,46 2,95±0,41 3,51±0,56 2,77±0,50 2,85±0,68 2,40±0,58 3,23±0,59 1º-2º anos (n=44) 23,77±5,00 19,75±2,61 2,97±0,49 2,96±0,46 3,57±0,55 2,53±0,54 2,41±0,67 2,28±0,64 3,07±0,61 3º-4º anos (n=95) 27,07±4,81 21,73±1,82 3,11±0,43 3,10±0,39 3,51±0,52 3,00±0,43 2,91±0,66 2,47±0,48 3,48±0,44 Com DA (n=62) 24,42±5,07 20,26±2,44 2,98±0,47 3,01±0,44 3,58±0,50 2,64±0,45 2,66±0,65 2,32±0,58 3,12±0,59 Sem DA (n=77) 27,32±4,75 21,78±1,91 3,13±0,43 3,10±3,40 3,48±0,55 3,03±0,49 3,11±0,60 2,48±0,50 3,54±0,39 Género Escolaridade DA p≤0,05* T- Tonicidade; E – Equilibração; L- Lateralização; NC – Noção do Corpo; EET – Estruturação Espácio-Temporal; PG – Praxia Global; PF – Praxia Fina A tabela 3 apresenta os efeitos principais e as interações obtidos pela MANOVA. Verifica-se um efeito principal da escolaridade e DA no resultado das MPCR e da BPM, apresentando as crianças do 3º e 4º anos e as sem DA valores superiores (tabela 2). No entanto, a interação da escolaridade e DA apenas é significativa na BPM e o género e DA nas MPCR. Da análise da figura 1 verifica-se que não existe um efeito das DA no género feminino nos resultados das MPCR. No entanto, relativamente ao género masculino, a presença de DA prejudica o desempenho cognitivo. Na figura 2 observamos que as DA têm um efeito no total da BPM, sendo o impacto superior no 1º e 2º anos. Tabela 3: Efeitos principais e interações das variáveis independentes das MPCR e BPM Efeitos Principais - Género - Escolaridade - DA Interações 2 níveis - Escolaridade x DA - Género x Escolaridade - Género x DA p≤0,05* MPCR Bruto Total T E Fatores Psicomotores L NC EET 0,284 0,010* 0,006* 0,076 0,000* 0,000* 0,466 0,189 0,059 0,024* 0,161 0,068 0,638 0,660 0,445 0,128 0,000* 0,000* 0,846 0,548 0,005* 0,010* 0,869 0,180 0,334 0,529 0,867 0,002* 0,690 0,561 0,694 0,882 0,861 0,867 0,637 0,284 PG PF 0,654 0,000* 0,000* 0,808 0,128 0,037* 0,080 0,000* 0,000* 0,242 0,981 0,062 0,034* 0,870 0,378 0,011* 0,570 0,124 T – Tonicidade; E – Equilibração; L – Lateralização; NC – Noção do Corpo; EET – Estruturação Espácio-Temporal; PG – Praxia Global; PF – Praxia Fina Verifica-se um efeito do género na equilibração, apresentando as raparigas valores superiores. A escolaridade e DA apresentam um efeito na noção do corpo, 13 estruturação espácio-temporal e praxia fina, verificando-se valores superiores nas crianças do 3º e 4º anos e nas sem DA. As DA apresentam também um efeito na praxia global. A interação entre escolaridade e DA é significativa na equilibração, praxia global e praxia fina. Na figura 3 verifica-se que as crianças com DA do 3º e 4º anos apresentam valores superiores na equilibração, enquanto nas sem DA o padrão inverte-se, apresentando valores superiores as do 1º e 2º anos. Da análise da figura 4, pode-se verificar que as crianças com DA do 1º e 2º anos, apresentam valores inferiores na praxia global, comparativamente aos do 3º e 4º anos. Figura 1 – Efeito das DA x Género nas MPCR Figura 3: Interação entre DA x Escolaridade na Equilibração Figura 2 – Efeito das DA x Escolaridade na BPM Figura 4: Interação entre DA x Escolaridade na PG Figura 5: Interação entre DA x Escolaridade na PF Na figura 5 verifica-se um impacto superior da DA na praxia fina, apresentando as crianças do 3º e 4º anos valores superiores. Discussão Da análise dos resultados obtidos podemos referir que o nível de escolaridade e a presença de DA são os fatores determinantes do perfil psicomotor das crianças, sendo a noção do corpo, a estruturação espácio-temporal, a praxia global e fina as suas áreas fracas. Verifica-se que as crianças com DA e as mais novas apresentam valores 14 inferiores no desempenho cognitivo e no perfil psicomotor. Verifica-se também um efeito isolado do nível de escolaridade e DA no desempenho cognitivo, não sendo significativa a interação entre as duas variáveis. Diversos estudos concluíram também que as crianças do 1º ciclo do Ensino Básico com DA apresentam resultados inferiores no perfil psicomotor em relação às crianças sem DA (Dewey et. al 2002; Fonseca, 1994; Moreira et. al, 2000; Sanches et. al, 2004), não havendo diferenças significativas entre géneros (Moreira et. al, 2000; Sanches et. al, 2004). Os nossos resultados são semelhantes aos de Sanches et. al (2004), visto que as crianças com DA também obtiveram perfis normais ou bons. Contrariamente aos nossos resultados, Medina-Papst & Marques (2010) verificaram que as crianças mais velhas apresentam um perfil psicomotor mais fraco. O nosso estudo evidenciou que a noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global e praxia fina são áreas fracas das crianças com DA, o que está de acordo com outras investigações (Amaro, Jatobá, Santos & Neto, 2010; Medina-Papst & Marques, 2010; Moreira et. al, 2000; Neto et. al, 2007; Staviski et. al, 2007). Constatámos que dois dos quatro fatores psicomotores sinalizados como fracos enquadram-se na segunda unidade funcional, que é considerada pela literatura como responsável pela receção, integração, codificação e processamento sensorial, sendo estes processos responsáveis pela maioria das aprendizagens precoces (como as tónico-posturais e posturo-motoras) e aprendizagens pré-escolares e escolares (Fonseca, 2001). Ainda, estas áreas fracas, como a equilibração, evidenciam algum défice vestibular, propriocetivo e tónico-postural, que se repercute na praxia global, onde é necessária a planificação do movimento, implicando processos de controlo mais eficientes, autónomos e organizados. Ao nível da praxia fina, que exige substratos neurológicos mais complexos e especialização hemisférica, estão inerentes os processos de reaferência espacial, implicando desta forma, a noção do corpo e estruturação espácio-temporal bem desenvolvidas. Neste estudo verificou-se que a variável DA e a escolaridade diferenciam o desempenho cognitivo das crianças, contudo a existência de DA apenas discrimina os resultados obtidos pelos rapazes, apresentando estes valores inferiores. Tal como no nosso estudo, Simões (2000) verificou que os rapazes de idades mais novas apresentaram resultados inferiores às raparigas, invertendo-se a situação com o aumento da idade. O mesmo autor justifica este facto pelas diferenças relativas a mecanismos genéticos e aos cromossomas; diferenças neuronais nas estruturas e especialização cerebral, dominância hemisférica e velocidade de mielinização; diferenças no funcionamento do sistema endócrino e ritmos de maturação; e fatores 15 socioculturais, nomeadamente processos de socialização ou atribuição de papéis e estatutos. Relativamente à equilibração, verifica-se que as crianças mais velhas com DA apresentam valores superiores, enquanto as crianças mais novas sem DA apresentam valores superiores. Contrariamente ao nosso estudo, Gobbi, Menuchi, Uehara e Silva (2003) e Ghiggino, Bahiana & Nunes-Junior (2011) verificaram que as crianças mais novas apresentaram valores inferiores relativamente às mais velhas, o que se pode dever ao facto das crianças mais pequenas terem maior peso na região superior do corpo, estando o seu centro de gravidade em regiões mais altas do tronco. Outros fatores que podem justificar estas diferenças é que com o aumento da idade há o avanço da maturação, crescimento, comportamentos e habilidades motoras, bem como, a experiência favorece a ocorrência destes resultados. Concluindo, as crianças sinalizadas com DA apresentam um perfil psicomotor normal ou bom, mas inferior às sem DA, apresentando como áreas fracas a noção do corpo, a estruturação espácio-temporal e a praxia global e fina. O impacto das DA no perfil psicomotor verifica-se mais nas crianças do 1º e 2º anos de escolaridade. As crianças mais novas, com DA e do sexo masculino apresentaram valores inferiores no desempenho cognitivo. Sugerimos a realização de mais investigações similares a esta, dada a inconsistência dos resultados obtidos comparativamente às investigações existentes, especificamente, às diferenças no perfil psicomotor por idade. Referências Bibliográficas Amaro, K. N., Jatobá, L., Santos, A. P. M. & Neto, F. R. (2010). Desenvolvimento motor em escolares com dificuldades na aprendizagem. Movimento & Percepção, 11(16), 39-47. Dewey, D., Kaplan, B. J., Crawford, S. G. & Wilson, B. N. (2002). Developmental coordination disorder: Associated problems in attention, learning and psychosocial adjustment. Research in Human Movement Science, 21, 905-918. Fonseca, V. (2001). Cognição e Aprendizagem – Abordagem Neuropsicológica ou Psicopedagógica (1ª ed.). Lisboa: Âncora Editora. Fonseca, V. (2008). Dificuldades de Aprendizagem: Abordagem neuropsicológica e psicopedagógica ao insucesso escolar (4ª ed.). 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Journal of Learning Disabilities: a Review of the literature, 23(1), 44-52. 17 2.2- Influência do Perfil Psicomotor e Estatuto Socioeconómico no Desempenho Cognitivo de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem Daniela Pinto1, Eduarda Coelho1, Isabel Mourão1 1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Resumo O objetivo deste estudo foi verificar a influência do perfil psicomotor e do estatuto socioeconómico no desempenho cognitivo de crianças do 1º ciclo do Ensino Básico, com e sem dificuldades de aprendizagem (DA). A amostra foi constituída por 139 crianças (66 raparigas e 73 rapazes), com idades compreendidas entre os 6-10 anos de idade (7,95±1,05), do ”Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Para obter o perfil psicomotor foi utilizada a Bateria Psicomotora (BPM), para avaliar o desempenho cognitivo as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR), bem como um questionário para obter o estatuto socioeconómico. As associações verificaram-se significativas em praticamente todos os fatores psicomotores, nos dois grupos, sendo que as variáveis do estatuto socioeconómico só o foram nas crianças sem DA. A regressão linear demostrou que 41,5% da variância das MPCR, nas crianças com DA, foi explicada por cinco fatores psicomotores e total da BPM, sendo a estruturação espácio-temporal e a praxia fina estatisticamente positivas. Já nas crianças sem DA, 46,8% da variância das MPCR foi explicada por cinco fatores psicomotores e total da BMP, bem como profissão da mãe e habilitações da mãe e do pai, sendo a equilibração e a estruturação espácio-temporal estatisticamente positivas. Palavras-chave: Perfil psicomotor; Desempenho Cognitivo; Estatuto socioeconómico; Dificuldades de Aprendizagem. Abstract This study objective is to assess the impact of psychomotor profile and socioeconomic status in cognitive performance of children of the 1st cycle of basic education, with and without learning difficulties (LD). The sample consisted of 139 children (66 girls and 73 boys), between 6-10 years (7.95±1.05) of the "Gabinete de Promoção do Desenvolvimento Infantil", University of Trás-os-Montes and Alto Douro . To obtain the psychomotor profile was used Psychomotor Battery (PMB) to assess cognitive performance the Raven Colored Progressive Matrices (RCPM), as well as a questionnaire for socio-economic status. The associations found are significant in almost all psychomotor factors in both groups, with the variables of socioeconomic status were only in children without LD. Linear regression demonstrated that 41.5 % of 18 the variance of the RCPM in children with LD, was accounted for five psychomotor factors and totals from the PMB, being the spatiotemporal structure and thin praxis statistically positive. For the children without LD, 46.8 % of the variance from the RCPM was explained by five psychomotor factors and total from PMB, as well the mother and father professional qualifications, being the balancing and space-time structuring statistically positive. Keywords: Psychomotor Profile; Cognitive Development; Socioeconomic Status; Learning Difficulties. Introdução Segundo Hamill (1990), a definição do National Joint Commitee on Learning Disabilities (NJCLD) relativa ao conceito de Dificuldades de Aprendizagem (DA) é a que oferece maior consenso ao definir DA como um grupo heterogéneo de desordens, manifestadas na aquisição e utilização da fala, linguagem, leitura, escrita e aritmética. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo e resultantes de uma possível disfunção do sistema nervoso central. A cognição refere-se ao ato de conhecer, usando a razão. Já o conhecimento é a ponte de comunicação entre as células nervosas, levando-nos a compreender as sensações, sentimentos, pensamentos, atividades motoras, emoções, o processo de aprendizagem e memória, bem como as possíveis causas das doenças mentais (Afonso, 2011; Marques, 2000). É através destas comunicações entre neurónios que surgem os comportamentos cognitivos, que constituem os “pré-requisitos necessários para novas tarefas de aprendizagem” (Marques, 2000). Segundo Fonseca (1997, cit. por Afonso, 2011), “é no cérebro, que a aprendizagem se opera, implicando inúmeros processos, que no deficiente se encontram lentificados e rígidos e, nalguns casos, pouco controlados e inibidos”. A cognição é um fator envolvido nas DA, sendo que esta “em termos multicomponenciais, envolve a contribuição e a coesão-coibição de vários subcomponentes, nomeadamente da atenção, da percepção, da emoção, da memória, da motivação, da integração e da monitorização central, do processamento sequencial e simultâneo, da planificação, da resolução de problemas e da expressão e comunicação da informação”. Esta envolve vários processos e produtos mentais superiores, como sejam o conhecimento, a consciência, inteligência, pensamento, imaginação, criatividade, produção de planos e estratégias para a resolução de problemas, conceptualização e simbolização, entre outros, pelos quais percebemos 19 (atenção), elaboramos (codificação) e transformamos (planificação) o meio que nos envolve (Fonseca, 2001). O desempenho cognitivo refere-se a um conjunto de competências que podem ser ensinadas e avaliadas separadamente, relacionando-se com a cultura (Fonseca, 2001). Nas crianças com DA, o desempenho cognitivo revela-se na discrepância existente entre aquilo que se espera dela e o que realmente consegue realizar, manifestando dificuldades quando tem de salientar algum pormenor de uma tarefa ou manter a sua atenção por um determinado período de tempo (Kowalsky e Sherrill, 1992, cit. por Lapa, 2006). Esta pode caracterizar-se pelo frustrante contacto inicial com a leitura, sendo o processo de descodificação desgastante e a fluência e compreensão da leitura comprometidas, inibição para a aquisição de novas aprendizagens, bem como fraca atenção, nomeadamente no tempo gasto e o tempo necessário para a realização da tarefa (processamento de informação) e a seleção da informação pertinente (Fernandes, 2009 e Lopes, 2010). O perfil psicomotor, para Fonseca (2007b), é o que caracteriza e determina quais as dificuldades e potencialidades entre o psiquismo e o motor de uma criança, num determinado momento do seu desenvolvimento, relacionando-se com o desempenho cognitivo. Com a conquista do seu corpo, com um esquema corporal organizado, a criança sente que tem domínio sobre ele e passa a encará-lo como um meio para aprender e se exprimir, através da linguagem verbal e não-verbal, bem como das relações com o outro e com o meio (Paes, 2001). O movimento do corpo, podendo surgir nas mais variadas formas, desperta a atenção, raciocínio, lógica, compreensão e pensamento, possibilitando a aprendizagem, bem como a linguagem verbal (Oliveira, 2006). Para que tal ocorra, há necessidade da criança ter domínio sobre o seu gesto e os objetos que manipula, uma vez que estes implicam uma constante adaptação da força muscular, segurança e controlo da coordenação motora global, bem como do equilíbrio e da coordenação óculo-manual (Paes, 2001). Segundo vários estudos apresentados por Moreira, Fonseca e Diniz (2000) sobre a caraterização motora e psicomotora de populações com dificuldades na adaptação escolar, observaram que o baixo rendimento escolar existiam em paralelo com perfis psicomotores e performances motoras igualmente baixas, evidenciando diferenças em relação às crianças com uma adaptação normal ao ensino. Sanches et. al (2004) realizaram um estudo com o objetivo de analisar o perfil psicomotor e aspetos relacionados com o processo de aprendizagem. Analisando os 20 resultados, verificou-se que as crianças que apresentaram maiores dificuldades motoras nas atividades de estruturação espácio-temporal e praxia fina tinham dificuldades escolares mais evidentes. Em 2007, o estudo realizado por Nogueira, Carvalho e Pessanha, visava analisar a influência do aspeto psicomotor na etapa de alfabetização. Com base nisso obtiveram as seguintes conclusões: as competências psicomotoras em conjunto com o desenvolvimento da linguagem são boas aliadas para a alfabetização, pois apresentavam dificuldades de perceção corporal, problemas de postura, dificuldades em coordenar movimentos e seguir ritmos e sequências, dificuldades na discriminação das posições dos sinais gráficos p/b, d/t, q/p, t/f, dificuldade na organização do tempo, dificuldade em organizar a escrita na folha, saindo das margens, não respeitando as linhas e demonstrando muito cansaço nestas atividades de escrita, devido à má praxia global. Peixoto (2008), realizou uma investigação que tinha como um dos seus objetivos comparar o desempenho cognitivo em crianças com e sem DA. Através do QI e do fator ‘g’, observou que, em média, as crianças sem DA apresentam resultados melhores do que as com DA. Segundo estudos realizados por Sibley & Etnier (2003), de Dwyer, Sallis, Blizzard, Lazarus & Dean (2001), de Nelson & Gordon-Larsen (2006), de Carlson, Fulton, Lee, Maunard, Brown, Kohl & Dietz (2008), de Tomporowski, Davis, Miller & Naglieri (2008) e Trudeau & Shepard, 2008), foi possível verificar uma relação significativa, ainda que modesta em alguns casos, entre a atividade física e o desempenho cognitivo, pois as crianças mais ativas demonstraram maior rapidez nas suas respostas e uma maior ativação de várias áreas cerebrais, obtendo assim, melhores resultados académicos. O estatuto socioeconómico (ESE) é outro fator que se relaciona com o desempenho cognitivo, uma vez que a falta de estimulação na infância, implica o desenvolvimento do pensamento lógico mais tarde do que o normal (Majumbar e Nudi, 1971). Os primeiros vínculos, cuidados, estimulações necessárias para um bom desenvolvimento da criança, são fornecidos, primeiramente, pela família (Almeida, Santos, Bastos, Pedromônico, Almeida-Filho e Barreto, 2005). Quando este estatuto é baixo condiciona a aquisição de bens culturais, bem como a disponibilidade e conhecimentos por parte dos pais para acompanharem a vida escolar dos filhos (Soares, 2004), ao que se associam elevadas taxas de insucesso e abandono escolar (STEP/BIT, 2003; Pellino, 2009). Segundo Hackman, Farah & Meaney (2010), as atitudes parentais, bem como as suas expetativas e formas de se relacionar com as crianças, são fatores que se relacionam com o ESE, experiências cognitivas estimulantes e com o bem-estar infantil, uma vez 21 que, quando os pais têm um ESE elevado, estimulam mais e de forma mais variada os seus filhos. Esta estimulação pode englobar conversas mais ricas, maiores hábitos de leitura bem como um maior leque de experiências de ensino. No que diz respeito à aplicação das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, nos países e regiões mais desfavorecidas economicamente, verifica-se que as suas normas são mais baixas do que as regiões mais favorecidas. É de salientar que estas diferenças existem, mesmo tratando-se de um teste não-verbal. Tal facto pode deverse a fatores hereditários (determinantes da mobilidade social do individuo) e fatores ambientais (falta de interesse a este tipo de testes bem como a não familiarização com os processos de pensamento que são exigidos para a sua resolução). Apesar deste não ser um teste favorável a nenhum grupo sociocultural especifico, o processo intelectual mais presente, o raciocínio - atividade mental que leva a uma conclusão baseada na observação de uma situação (Blaye e Lemaire, 2007) – é mais estimulado em crianças pertencentes a um ESE médio ou superior (Angelini, Alves, Custódio, Duarte e Duarte, 1992; Simões, 2000). Com base em vários dados, há dificuldade em separar a relação do ESE do desempenho cognitivo, daí sugerir-se que as crianças intelectualmente superiores têm um ESE médio ou superior (Simões, 2000). Através de um estudo de Farah, Shera, Savage, Betancourt, Giannetta, Brodsky, Malmud & Hurt (2006), verificou-se que desde a pré-escola e no decorrer da infância, as crianças com ESE mais baixo apresentam um desempenho inferior às crianças com ESE mais elevado, nomeadamente nos testes de inteligência e desempenho escolar. Num estudo desenvolvido por Barrigas e Fragoso (2012), com o objetivo de avaliar a relação entre a maturidade, desempenho académico, capacidade de raciocínio e ESE, verificou-se que o desempenho académico aumentou, em ambos os sexos, quando o ESE aumentou também. De salientar que a influência do ESE no desempenho académico é determinante para a ocorrência de insucesso escolar, particularmente, nas raparigas, em detrimento do fator maturidade (Leroy e Symes, 2001). Com base no anteriormente exposto, o presente estudo pretende verificar a influência do perfil psicomotor e do estatuto socioeconómico no desempenho cognitivo de crianças do 1º ciclo do Ensino Básico, com e sem dificuldades de aprendizagem (DA). Metodologia Amostra A amostra foi constituída por 139 crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade (7,95±1,05), 66 (47,5%) raparigas e 73 (52,5%) rapazes, 22 frequentando 10 (7,2%) o 1º ano, 34 (24,5%) o 2º ano, 45 (32,4%) o 3º ano e 50 (36%) o 4º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico, de três escolas públicas de Vila Real. Através da sinalização dos professores, feita com base nos resultados e desempenhos verificados ao longo das aulas, estas crianças foram divididas em dois grupos: 62 com dificuldades de aprendizagem (44,6%), e 77 sem dificuldades de aprendizagem (55,4%). Foram utilizados como critérios de inclusão na amostra frequentarem o 1º Ciclo do Ensino Básico e como de exclusão estarem sinalizados com défice cognitivo, abrangidos pelo artigo 3/2008 (Necessidades Educativas Especiais) e serem de etnia cigana. Instrumentos e Procedimentos Para a recolha dos dados foi utilizada a Bateria Psicomotora (BPM) de Vítor da Fonseca para a avaliação do perfil psicomotor e, as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR) para o desempenho cognitivo. As MPCR desenvolvidas por John Raven em 1947, e validadas para português por Simões (1994), avaliam o desempenho cognitivo, na componente não-verbal e destinam-se a crianças dos 5 os 11 anos de idade. Este teste é constituído por 36 itens que possuem uma lacuna, que deve ser preenchida por uma das 6 hipóteses que lhes é apresentada. Cada item é cotado com 1 ponto quando respondido corretamente e 0 quando incorretamente, variando a cotação final entre 0-36. Este teste permite-nos obter três resultados: o bruto, o percentil e a classificação qualitativa. Devido ao resultado final deste teste poder não corresponder ao potencial real do sujeito, foi verificada a consistência da pontuação, através da subtração dos totais parciais e dos esperados, tendo sido eliminadas as crianças que apresentavam uma discrepância superior a 2. As MPCR foram aplicadas individualmente, com uma duração média de 5 a 7 minutos. Foi calculada a consistência interna da escala através do Alpha de Cronbach, tendo sido obtido o valor de 0,837, o que revela uma boa consistência interna. A Bateria Psicomotora desenvolvida por Fonseca em 1985, para crianças entre os 4 e 12 anos, permite-nos obter um perfil psicomotor. Esta bateria é constituída por 7 fatores psicomotores, nomeadamente: Tonicidade - do nascimento aos 12 meses - e Equilibração – dos 12 meses aos 2 anos (que constituem a 1ª Unidade Funcional de Luria), Lateralização – dos 2 aos 3 anos, Noção do Corpo – dos 3 aos 4 anos - e Estruturação Espácio-Temporal – 4 aos 5 anos (2ª Unidade Funcional), Praxia Global – 5 aos 6 anos - e Praxia Fina – 6 aos 7 anos (3ª Unidade Funcional de Luria). As tarefas apresentadas dividem-se pelos 26 subfactores, atribuindo-se uma classificação de 1 a 4 em cada tarefa. O valor final da BPM calcula-se através da soma de cada 23 subfactor, variando entre 7-28, permitindo ainda obter uma classificação qualitativa (Fonseca, 2007). Esta bateria foi aplicada individualmente, com uma duração média de 45 minutos. Foi calculada a consistência interna da bateria através do teste reteste (estabilidade temporal), tendo sido obtido o valor de 0.887 para a primeira unidade, 0.732 para a segunda unidade e 0.969 para a terceira unidade, sendo 0.800 no total da BPM, o que revela uma boa consistência interna. O ESE foi obtido através de um questionário elaborado para o efeito, o qual foi entregue às crianças para os seus pais responderem. Este consistia na resposta a questões referentes às habilitações literárias (categorizada em analfabeto, ensino básico, preparatório, secundário e superior) e à profissão exercida pelos pais (utilizando a Classificação Nacional de Profissões foi categorizada em superior, média, média-baixa, baixa e domésticos/outros). A análise dos dados foi feita com o recurso ao programa Statistical Package for Social Scienses, versão 17 para Windows. Para descrever os dados iniciou-se pelo cálculo do valor máximo, mínimo, média e desvio padrão, para as variáveis continuas; frequência e percentagem para as ordinais. Comprovou-se a normalidade da distribuição dos dados através da simetria e da curtose. Foi calculado o coeficiente de correlação para selecionar as variáveis a integrar no modelo de regressão linear. Resultados Na tabela 4 apresentamos as correlações estatisticamente significativas entre os fatores psicomotores e o ESE com as MPCR, nas crianças com e sem DA. Tabela 4 – Correlação entre o desempenho cognitivo, os fatores psicomotores e as variáveis socioeconómicas MPCR Com DA Sem DA r p r p r P -- -- .243* .033 .227** .007 Equilibração .306* .016 .301** .008 .319** .022 Noção do Corpo .372** .003 .478** .000 .490** .000 Estruturação Espácio-Temporal .563** .000 .534** .000 .591** .000 Praxia Global .319* .011 -- -- .289** .001 Praxia Fina .599** .000 .502** .000 .595** .000 Total .553** .000 .546** .000 .590** .000 Profissão da Mãe -- -- -.325** .004 -.307** .000 Habilitações do Pai -- -- .256** .026 .223* .012 Habilitações da Mãe -- -- .246** .032 .242** .006 Tonicidade BPM Estatuto Socioeconómico Total p≤0.05* 24 Nas crianças com DA, estas associações são significativas na equilibração (r=.306), noção do corpo (r=.372), estruturação espácio-temporal (r=.534), praxia global (r=.319), praxia fina (r=.599) e total da BPM (r=.553). Já nas crianças sem DA, as associações significativas são semelhantes às referidas anteriormente, à exceção da praxia global e adicionando a tonicidade. Nas crianças sem DA, relativamente ao ESE, a associação é significativa na profissão da mãe (r=.325), nas habilitações do pai (r=.256) e da mãe (r=.246). Nenhuma variável do ESE se correlacionou significativamente com o desempenho cognitivo nas crianças com DA. No total das crianças, estas associações são significativas na tonicidade (r=.227), na equilibração (r=.319), na noção do corpo (r=.490), na estruturação espácio-temporal (r=.591), na praxia global (r=.289), na praxia fina (r=.595), no total da BPM (r=.590), na profissão da mãe (r=-.307), nas habilitações do pai (r=.223) e nas habilitações da mãe (r=.242). Na tabela 5 são apresentados os resultados da regressão linear para o desempenho cognitivo por presença ou não de DA. Tabela 5 – Regressão Linear para o desempenho cognitivo MPCR Com DA (n=62) Total (n=139) β ʈ Sig. β ʈ Sig. β ʈ Sig. -- -- -- .071 .628 .532 .026 .275 .784 Equilibração -.042 .278 .782 .367 3.109 .003* .220 2.332 .021* Noção do Corpo -.019 -.134 .894 .197 1.375 .174 .141 1.223 .224 Estruturação .436 2.202 .032* .423 2.826 .006* .469 3.640 .000* Tonicidade BPM Total Sem DA (n=77) Espácio-Temporal ESE Praxia Global .100 .679 .500 -- -- -- .122 1.274 .205 Praxia Fina .513 2.858 .006* .200 1.602 .114 .333 2.981 .004* Total -.249 -.679 .500 -.239 -1.106 .273 -.337 -1.530 .129 Profissão da Mãe -- -- -- -.138 -1.091 .279 -.211 -2.170 .032* Habilitações do Pai -- -- -- .101 .957 .342 .033 .364 .717 Habilitações da Mãe -- -- -- -.080 -.618 .539 -.125 -1.163 .247 r²=.415; p=.000 r²=.468; p=.000 r²=.462; p=.000 *p≤0.05* Para as crianças com DA, 41,5% da variância do desempenho cognitivo foi explicada pelas variáveis equilibração, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global, praxia fina e total da BPM. Destas, apenas a estruturação espácio-temporal (β=.436; p=.032) e a praxia fina (β=.513; p=.006) mostraram-se preditoras, sendo esta associação significativa e positiva. 25 Relativamente às crianças sem DA, 46,8% da variância do desempenho cognitivo foi explicada pelas variáveis tonicidade, equilibração, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia fina, total da BPM, profissão da mãe e habilitações do pai e da mãe. Apenas a equilibração (β=.367; p=.003) e a estruturação espácio-temporal (β=.423; p=.006) mostraram-se preditoras, sendo esta associação significativa e positiva. Para o total das crianças, 46,2% da variância do desempenho cognitivo foi explicada pelas variáveis tonicidade, equilibração, noção do corpo, estruturação espáciotemporal, praxia global, praxia fina, total da BPM, profissão da mãe, habilitações do pai e habilitações da mãe. Destas, apenas a equilibração (β=.220; p=.021), a estruturação espácio-temporal (β=.469; p=.000) e a profissão da mãe (β=-.211; p=.032) mostraramse preditoras, sendo esta associação significativa e positiva. Discussão Da análise dos resultados obtidos podemos referir que, nas crianças com DA, verificaram-se associações positivas na equilibração, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global, praxia fina e total da BPM; enquanto nas sem DA, excetuando-se a praxia global, todos os referidos são significativos, incluindo-se ainda a tonicidade, a profissão da mãe e as habilitações dos pais; no total das crianças, verificaram-se associações positivas na tonicidade, equilibração, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global, praxia fina, total da BPM, profissão da mãe, habilitações do pai e habilitações da mãe. Pode referir-se também que através da regressão linear, 41,5% da variância do desempenho cognitivo, nas crianças com DA, foi explicada pelas variáveis anteriormente descritas, sendo a estruturação espácio-temporal e a praxia fina estatisticamente significativas. Nas sem DA, 46,8% da variância do desempenho cognitivo foi explicada pelas variáveis acima referidas, sendo a equilibração e a estruturação espácio-temporal estatisticamente significativas. Já no total da BPM, 46,2% da variância do desempenho cognitivo foi explicada pela tonicidade, equilibração, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global, praxia fina, total da BPM, profissão da mãe, habilitações do pai e habilitações da mãe, sendo a equilibração, estruturação espácio-temporal e a profissão da mãe estatisticamente significativas. Segundo Fonseca (2007b), é possível verificar que a tonicidade é a função principal de alerta e vigilância que propicia as condições energéticas e seletivas, sem as quais não existiria nenhuma atividade mental. A sua regulação é feita pela formação reticulada, que tem excelentes capacidades de combinar e coordenar as informações sensoriais 26 com as motoras, fornecendo assim, uma ponte entre o corpo e o cérebro e entre o cérebro e o meio. Por sua vez, os problemas ao nível do equilíbrio podem revelar problemas vestibulares, fortemente envolvidos na postura e nos processos de aprendizagem e, sinais de desatenção, o que dificulta a concentração na realização de tarefas. “O cérebro, para estar mais apto a aquisições complexas, tem necessidade de transferir as funções motoras mais simples para centros automáticos; daí a repercussão dos problemas posturais em todas as funções de aprendizagem, sejam psicomotoras ou psicolinguísticas.” Já os problemas de integração sensorial demonstram a dificuldade existente para captar, processar e expressar a informação adequadamente, estando envolvidos aqui a noção do corpo e a estruturação espácio-temporal (espaciais – sistema visual e temporais – sistema auditivo) (Fonseca, 2007b). É através da noção do corpo que a criança recebe, analisa e armazena a informação vindas do corpo, resumindo a potencialidade da aprendizagem, visto que envolve um processo percetivo multissensorial complexo e integra e retém a globalidade das experiencias afetivas vividas (Fonseca, 2007b). Para que haja aprendizagem, a capacidade de estruturar e organizar o espaço é fundamental e, para isso, é necessário que as relações entre as informações vestibulares, táctilo-quinestésicas e posturais estejam bem desenvolvidas. Caso isso não ocorra, a criança terá grandes dificuldades em observar os objetos e os seus detalhes, bem como perceber as diferenças e semelhanças entre eles, comprometendo assim o desenvolvimento cognitivo (Fonseca, 2007b). Através da praxia global é feita a organização e programação da atividade voluntária, tendo como função a automatização dos movimentos globais complexos, sendo necessária uma adequação de movimentos e posturas à ação a desenvolver. As suas dificuldades expressam-se na forma de apraxias que podem ser ideomotoras, ideacionais, construtivas ou específicas (Fonseca, 2007b). Por sua vez, a praxia fina tem subjacente a si a “função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção e durante as manipulações de objetos que exigem controlo visual, para além de abrangerem as funções de programação, regulação e verificação das actividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas” (Fonseca, 2007b). No que diz respeito aos fatores socioeconómicos aqui presentes, vários estudos (González, 2001; Livingstone e Stowe, 2001; Mclaren e Dick, 2001) demonstram que os pais com maiores habilitações académicas podem dar maior assistência académica e familiar aos seus filhos, condicionando estas os resultados escolares das crianças, 27 mantendo-se assim a relação entre habilitações académicas dos pais e educação dos filhos. À semelhança do presente estudo, Sanches et. al (2004) realizaram uma investigação com o objetivo de analisar o perfil psicomotor e aspetos relacionados com o processo de aprendizagem. Analisando os resultados, verificou-se que as crianças que apresentaram maiores dificuldades motoras nas atividades de estruturação espáciotemporal e praxia fina tinham dificuldades escolares mais evidentes. Tal deve-se ao facto de serem dois fatores essenciais na aprendizagem escolar, visto que com a sua estimulação adequada, está a estimular-se e educar a inteligência. Tanto nas crianças sem DA como no total da amostra, a equilibração e a estruturação espácio-temporal, mostraram-se preditoras, sendo esta associação significativa e positiva, o que se deve ao facto de ambas estarem fortemente relacionadas com os processos de aprendizagem, concentração, realização de tarefas, localização no espaço e conjugação de informações vinda do exterior (Fonseca, 2007b). A associação com a profissão da mãe, apenas se dá na amostra total. Esta associação pode dever-se ao facto destas crianças terem maior independência, responsabilidade, maturidade e apresentarem maior confiança noutros adultos (Pelt, 1998, cit. por Gomide, 2009). Segundo Oliveira e Caldana (2004), a profissão da mãe é favorável ao desempenho cognitivo, nomeadamente quando estas se enquadram em áreas da Psicologia e da Psicanálise, visto que aplicam as suas competências académicas às necessidades dos seus filhos e com isso sentem maior gratificação e prazer na sua educação. Gilbert e Brownson (1998, cit. por Gomide, 2009) salientam os benefícios existentes para as crianças, pelo facto das mães trabalharem, podendo isto contribuir para o aumento das habilidades sociais e intelectuais das crianças. Através deste estudo, foi possível perceber que a estruturação espácio-temporal se realçou tanto nas crianças com e sem DA, como na amostra total. Tal deve-se ao facto da necessidade que as crianças têm de, no momento que entram na escola precisarem de alguns “pré-requisitos” que teve de adquirir até então, como a noção de perto, longe, dentro, fora, em cima, em baixo, que são fundamentais para a aprendizagem da escrita. Estas competências são adquiridas ao gatinharem e rastejarem atrás dos brinquedos, ao explorarem o subir e descer e, na atualidade, tal é dificultado pela inibição de movimentos e espaço diminuto (apartamentos) que as crianças têm para brincar. Desta forma, as suas noções de espaço ficam deficitárias (Santos, 2004). Assim sendo, é possível verificar que este fator psicomotor tem grande relevância no desenvolvimento da criança, tendo um papel fundamental na aprendizagem escolar. Quando este está pouco desenvolvida ou indefinida, é possível observar-se que a 28 criança troca, acrescenta, inverte ou omite letras nas frases; tem dificuldade em escrever em cima da linha e na horizontal; tem dificuldade em distinguir as letras m/n, ou/on, b/p, b/d, p/q; salta letras ou linha durante a leitura; tem dificuldades nos cálculos matemáticos; não percebe os espaços entre as letras; e realiza as tarefas escolares com lentidão (Lima, 1997). Como foi referido anteriormente, o corpo tem grande importância para a aquisição de tais noções, visto que ele é a referência que a criança tem para adquirir a perceção do mundo que a rodeia e para tal ela necessita de explorar o meio de forma a apreender os conceitos de dimensão, forma, ordem, continuidade e separação dos objetos. Com o desenvolvimento do seu esquema corporal, ela consegue situar-se no espaço, em relação às pessoas e objetos que a rodeiam. Posteriormente, quando consolidadas as noções de espaço, serão adquiridas as noções de duração, velocidade, sucessão, peso, volume, que tanta importância têm nos processos de aprendizagem (Simão, 2008). Salienta-se ainda a importância da sequência que se deve seguir para adquirir uma nova habilidade: experiência corporal, passagem para o material concreto, posteriormente recurso a gravuras e figuras e, por fim, utilização de lápis e papel (Santos, 2004). Referências Bibliográficas Afonso, C. A. S. C. (2011). Qual o impacto no desempenho cognitivo pela aplicação do plano nacional de matemática adaptado a uma criança com défice cognitivo ligeiro. Dissertação de mestrado, Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Lisboa, Portugal. Angelini, A. L., Alves, I. C. B., Custódio, E. M., Duarte, W. F. & Duarte, J. L. M. (1992). Manual Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial. São Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia. Almeida, S.A., Santos, D. 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Com o primeiro estudo foi possível verificar um efeito das DA no perfil psicomotor e no desempenho cognitivo nas crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico. Verificou-se também que as crianças com DA e mais novas apresentaram valores inferiores no perfil psicomotor e os rapazes mais novos e com DA demonstram um desempenho cognitivo menor. As crianças com DA apresentaram como áreas fracas a noção do corpo, a estruturação espácio-temporal, praxia global e praxia fina. Através do segundo estudo foi possível verificar que existiram associações significativas em praticamente todos os fatores psicomotores nos dois grupos. No entanto, as variáveis socioeconómicas só se verificaram nas crianças sem DA. Ainda se verificou que 41,5% da variância do desempenho cognitivo, nas crianças com DA, foi explicada por 5 fatores psicomotores e total da BPM, sendo a estruturação espáciotemporal e a praxia fina significativas; nas crianças sem DA 46,8% da variância do desempenho cognitivo foi explicada por cinco fatores psicomotores e total da BPM, como a profissão da mãe e habilitações da mãe e do pai, sendo a equilibração e a estruturação espácio-temporal significativas. De uma forma geral, foi possível perceber que os fatores que se evidenciam mais em ambos os estudos foram a estruturação espácio-temporal e a praxia fina, responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo e função de coordenação óculo-manual, bem como programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas, respetivamente, reforçando a importância da psicomotricidade na aquisição de competências académicas. Assim sendo, importa referir que para a aquisição de uma nova competência escolar, é de grande relevância que haja primeiramente a experimentação com o corpo para se criar noção real dos conceitos a adquirir, passar para o material concreto a ser usado, depois recorrer a gravuras e figuras e, no final, utilizar o lápis e papel, estimulando o abstrato. Daí ser relevante ter em atenção o importante papel que o desenvolvimento da psicomotricidade tem como meio de desenvolver a concentração, capacidade de aprendizagem, posturas adequadas em contexto de sala de aula, bem como a sua autoestima e autoimagem. Como foi perceber ao longo do primeiro estudo realizado, as crianças com DA, apresentaram valores mais baixos no perfil psicomotor, nomeadamente em fatores 34 psicomotores predominantemente ligados à aprendizagem, o que demonstra que um acompanhamento e estimulação precoce nessas áreas, é de grande importância para fomentar um percurso escolar dentro do esperado. Deste modo, é de salientar os benefícios de um diagnóstico clinico e educacional atempado para prevenir possíveis desordens académicas, nomeadamente na leitura, escrita e cálculo. Importa realçar que é necessário dar-se maior atenção à estimulação e exploração motora da criança desde pequena, para assim, estarmos a contribuir realmente para o seu bom e integral desenvolvimento, que as beneficiará a nível académico, pessoal, afetivo e social. 35 4.Propostas Futuras 36 4.1. Investigação Após a conclusão deste estudo, achamos pertinente realizar investigações que: 1. Especifiquem as diferenças existentes no perfil psicomotor por idades, dada a inconsistência dos resultados obtidos comparativamente às investigações existentes; 2. Verifiquem a influência da escola e ambiente familiar no desempenho cognitivo e perfil psicomotor das crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico. 3. Verifiquem a influência do ensino pré-escolar no perfil psicomotor e desempenho cognitivo das crianças. 4. Verifiquem o efeito da dominância lateral óculo-manual, no desempenho cognitivo. 5. Verifiquem as diferenças no perfil psicomotor e desempenho cognitivo de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico, que vivem em zonas do litoral e do interior de Portugal. 37 5.2. Atividades Sugeridas Neste capítulo, vão ser referidas sugestões de atividades que podem desenvolvidas com crianças que apresentem DA. A ordem de apresentação das mesmas não implica que estas tenham que ser abordadas neste seguimento. O mesmo se aplica aos materiais utilizados, uma vez que estes podem ser substituídos por semelhantes que favoreçam a aquisição das mesmas competências pretendida. Atividades Competências a desenvolver Materiais Jogo da Memória – Inicialmente são colocados vários objetos sobre a mesa/chão. A - Vários objetos, desde criança decora os objetos presentes e fecham os olhos. Retirar gradualmente os Memorização; Rapidez de raciocínio; animais, frutas, letras, objetos para a criança detetar os que faltam, a sua função, o som característico. utensílios de cozinha; Motricidade Fina; Atenção e - Variação 1: enquanto está de olhos fechados, trocar os objetos de lugar para Concentração; Comunicação verbal e identificar as diferenças ocorridas. não-verbal. Encontra as diferenças - São apresentadas duas imagens semelhantes, num cartaz Rapidez de raciocínio; Estruturação grande, com algumas diferenças, e é solicitado à criança que as nomeie. Devem ser espacial; usados termos como “em cima”, “ao lado”, entre outras. - Pano para esconder objeto; - Lenço para vendar. Comunicação Motricidade Fina; verbal; Atenção - Imagens das semelhanças e Concentração. Letras Dançarinas – São apresentados à criança várias imagens de letras. De seguida, é pedido à criança que desenhe com o seu dedo na palma da mão no Noção espacial; Rapidez de raciocínio; técnico e nomeie, a letra que viu. Variação: utilizar cordas, areia, plasticina, o próprio Motricidade corpo. Pode optar-se por utilizar letras em 3D, em detrimento das imagens. Fina; Atenção e - Letras em papel/cartolina ou 3D Concentração; Memorização. 38 Atitude Inversa – Os utentes estão em pé, num círculo e devem estar atentos às Coordenação; Perceção Auditiva; indicações que serão dadas. Quando se disser “Em pé”, eles têm de se sentar e Atenção e Concentração; Associação assim sucessivamente com os mais diversos movimentos. - Nenhum palavra-gesto. Descobre o corpo – O terapeuta vai tocando em diversas partes do seu corpo. A criança com os olhos fechados deve ser capaz de nomear as partes tocadas. No Noção do corpo; Dissociação final, pode mostrar-se uma imagem do corpo de uma criança e nomear as partes segmentar; Comunicação verbal e nãotocadas anteriormente. - Imagem do corpo de menina ou menino. verbal; Postura. - Variação: referir partes do corpo que a criança tem de indicar no terapeuta. Enfiamentos – É dado à criança um fio, mais ou menos largo, e algumas peças Motricidade fina; preensão dos objetos; (cubos, pirâmides, cilindros, entre outros) de várias cores. concentração e atenção; conceitos de dimensão; equilíbrio; postura. Ultrapassar os obstáculos – No espaço da sala, devem ser colocados obstáculos, Orientação de vários os tamanhos. Será dado à criança um mapa do circuito a percorrer, Leitura e de localização mapas; peças espacial; Avaliação de utilizando os termos espaciais, bem como indicações que ao passar por cada objeto distâncias; Equilíbrio; Postura; Marcha; tem de o nomear e caracterizar. Consoante cada criança, colocam-se mais ou menos Estimular objetos e exige-se uma caracterização mais ou menos específica. a - Fio de enfiamentos com perceção táctil - Obstáculos a colocar no circuito na exploração do espaço; Atenção e Concentração. Corpo e Música – A criança é convidada a mover-se ao som e ritmo da música. Favorecer a expressão rítmica; - Gravador de música e Deve adequar os seus movimentos aos mais diversos géneros musicais Estimular a criatividade; Atenção e vários géneros musicais apresentados. Concentração; Equilíbrio - Variação 1: Quando a música para, a criança tem de adotar uma posição estática. dinâmico; - Variação 2: Quando a música para, a criança tem de imitar a posição do terapeuta. motora; Tomada de consciência do Agilidade; estático e Coordenação 39 espaço pessoal e comum. Preenche os espaços – Com o recurso a um painel grande, com os espaços de diversas palavras por preencher, são fornecidas à criança várias letras de esponja Orientação com um aplique para colar no mesmo. As palavras escolhidas complexificam-se gráfica; espacial; Construção consoante as capacidades da criança. Num grau mais adiantado, pode optar-se por Desenvolvimento pequenas frases. A atividade inicia-se com a apresentação da Construção das de palavras; vocabulário; imagem Equilíbrio; Postura. - Papel de cenário; - Marcador preto; - Letras em esponja; - Aplique para as letras; correspondente à palavra a descobrir. - Fita-cola Números fugitivos – Painel grande com várias contas sem os resultados ou com a Ler os números e colocá-los - Papel de cenário; falta de algum algarismo. A criança tem de proceder à sua resolução e colocar no corretamente; Organização espacial; - Marcador preto; painel os números que faltam. Trabalhar símbolos como «+» e «x»; - Letras em esponja; «<» e «>»; Equilíbrio; Postura. - Aplique para as letras; - Fita-cola Sentimentos e emoções – São abordados vários sentimentos, pedindo-se de Estimular a comunicação não verbal; seguida que a criança as expresse. Para facilitar, o próprio terapeuta as deve fazer. Facilitar as relações Esta atividade deve ser acompanhada por um espelho para que a criança veja a sua Atenção e Concentração; Associação imagem facial e deve ser permitido que a criança tateie a face do terapeuta, se palavra-expressão; Exploração necessário, como forma de moldar a sua. sentimentos e emoções. Encestar – Existem vários cestos, cada um com uma cor diferente, espalhados pelo Favorecer espaço. O terapeuta vai dando à criança uma bola de cada vez, com as cores dos corporal; a Praxia interpessoais; de consciencialização Global e Fina; cestos. A criança tem de dizer a cor da bola e encestar no cesto respetivo. No Equilíbrio estático e dinâmico; Noção entanto, só o pode fazer depois de realizar a tarefa correspondente à cor. Por de cores e sua exemplo, verde – motricidade fina; azul – noção do corpo; amarelo – estruturação Estruturação temporal. - Espelho nomeação; - Cestos e bolas da mesma cor; - Materiais referentes às tarefas a realizar dentro de cada cor. 40 temporal. Em busca dos números e letras perdidas – O terapeuta deve espalhar pelas Orientação espacial; Atenção e paredes, chão, entre objetos, as várias letras e números perdidos pelo espaço. De concentração; Dissociação de letras e seguida a criança tem de as encontrar e nomeá-las. números; Postura; Equilíbrio. Era uma vez – O terapeuta conta uma história à criança, que deve ser adequada à Atenção e - Letras e números variados Concentração; sua idade e dificuldades Com base na mesma fazer perguntas sobre as Memorização; Estruturação espáciopersonagens, o ambiente onde estão, se houver descrição de sons ou emoções temporal; Comunicação verbal e nãopedir-se à criança que as imite. Estas informações devem ser fornecidas com o verbal; Exploração de - História expressões - Fantoches algarismos; - Papel de cenário; recurso da mimica. Variante: A leitura da história pode ser acompanhada por faciais. fantoches. Associar quantidades a números – Num painel grande pelas várias paredes do Reconhecimento de espaço, estão imagens de objetos em diversas quantidades. A criança, através dos Estruturação espacial; Concentração e números que lhe são dados, tem de associar a quantidade de imagens a um número atenção; Sequência numérica. e colocá-lo no devido lugar. - Imagens dos objetos; - Números; - Fita-cola e tesoura Bola Mágica – A criança desloca-se pelo espaço com uma bola na mão, mas seguindo as indicações dadas, fazendo os gestos adequados, como se esta fosse Atenção e Concentração; Adequação - Bola um cubo de gelo, uma pena, uma pedra, algo quente, cheirosa, pegajosa, com do tónus; Associação palavra-gesto. espinhos. Saco Mágico – Existe um saco com bolas de diversas texturas que lhe vão sendo Atenção e Concentração; Estimular a - Saco dadas e a criança tem de referir o que sente. propriocepção; Adequação do tónus; - Bolas de diferentes texturas Identificação de objetos pelo tacto. 41 Mexe o corpo – O terapeuta dá indicações das partes do corpo que quer que a Noção criança mova. Primeiramente indica apenas uma parte, de seguida duas e, Dissociação posteriormente, acrescenta noções de esquerda e direita. corpo; - Variação: associar um som ao movimento a realizar. Postura; tonicidade; Equilíbrio; Força de direita e esquerda; segmentar; Noção Comunicação do - Nenhum não-verbal; muscular. Ritmo do tambor – O terapeuta marca o ritmo no seu tambor e a criança tem de Estruturação acompanhar com palmas, bater de pés e marcha. rítmica; Organização temporal; Concentração e atenção; Memorização; Postura; Imitação; Equilíbrio; Discriminação - Tambor sonora; Marcha. Bowling maluco – Colocam-se pinos de cores diferentes e cada um com um número Noção ou letra, no chão. Eles têm de estar afastados entre si. A criança tem de se deslocar de distância; espácio-temporal; pelo espaço, não podendo ficar muito perto dos pinos. Seguindo as indicações do concentração; terapeuta, por exemplo, pino amarelo com o número 4, a criança deve lançar a bola dissociação de forma a acertar no pino nomeado. estruturação atenção equilíbrio de cores e e e - Pinos - Tesoura postura; - Bola números; - Números e letras organização da informação. - Cola Sequências temporais – Imagens de sequências temporais, coladas em ponto Estruturação espácio-temporal; Noção grande nas paredes da sala. A criança ao deslocar-se pelo espaço analisa-as e de sequência; Comunicação verbal. - Papel de cenário; - Imagens de sequências; ordena-as corretamente. - Tesoura e fita-cola. Manta de retalhos – Uma manta de retalhos é pendurada numa das paredes da Dissociação de cores, Números, letras; sala, onde cada quadrado tem cores, letras e números diferentes. Seguindo as Organização espacial; Precisão do indicações do terapeuta, a criança deve acertar nos locais definidos. lançamento; Noção de distância e Sugestão: A manta de retalhos pode ser feita com a ajuda da própria criança. velocidade; Postura. - Manta de retalhos - Bola 42 Embalando o corpo – A criança deve estar deitada sobre um colchão, Relaxamento muscular; Respiração; Contacto físico; confortavelmente. O terapeuta deve ir massajando os membros, tronco, cabeça, Postura; mãos, pés, dedos da criança, primeiramente com movimentos mais fortes, seguidos Relacionamento com o - Manta ou cobertor terapeuta; - Colchão de movimentos suaves. Noção do corpo. Estimular os sentidos – Utilizar os princípios da Terapia Snoezelen. Através dos Atenção e Concentração; Estimular - Colchões diversos estímulos visuais, olfactivos, tácteis e auditivos, estar em contacto mais todos os sentidos e consciencialização próximo com a criança e promover um momento agradável no seu dia. - Cremes corporal; Favorecer a confiança no - Luzes outro; Proporcionar experiências novas; - Música suave Promover o relaxamento. 43 6.Referências Bibliográficas 44 6.Referências Bibliográficas Afonso, C. A. S. C. (2011). Qual o impacto no desempenho cognitivo pela aplicação do plano nacional de matemática adaptado a uma criança com défice cognitivo ligeiro. Dissertação de mestrado, Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Lisboa, Portugal. Associação Portuguesa de Psicomotricidade (s.d.). Psicomotricidade: Práticas Profissionais [Folheto]. Cruz Quebrada: Associação Portuguesa de Psicomotricidade. Case-Smith, J., Heaphy, T., Marr, D., Galvin, B., Koch, V., Ellis, M. G. e Perez, I. (1998). 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Esta avaliação só é conseguida através da aplicação das seguintes tarefas: A nível da Tonicidade, avalia-se a Extensibilidade dos membros inferiores, no grupo dos adutores, quando a criança está sentada, com apoio póstero-lateral das mãos, afastando as pernas esticadas, o máximo possível. Deve ser analisada a amplitude do afastamento das pernas, bem como o grau de resistência através da palpação simples e suave; dos extensores da coxa, pedindo à criança que se deite em decúbito dorsal e que eleve as pernas até fletir as coxas sobre a bacia, sendo observada a extensão máxima das pernas e o grau de resistência e consistência dos músculos posteriores da perna e coxa; e por fim do quadricípite femoral, pedindo à criança que se deite em decúbito ventral e que flita as pernas até à vertical. O observador deve afastar lateralmente os pés, verificando a que alturas estão os bordos externos dos pés do chão, bem como o afastamento máximo entre si e a distância da linha média dos glúteos e calcanhar de cada pé. Quanto à avaliação dos membros superiores, avalia-se os deltoides anteriores e peitorais, pedindo à criança que se mantenha de pé, com os braços pendentes e descontraídos. O observador ajuda na aproximação máxima de cotovelos atrás das costas, verificando se se tocam ou medir a que distâncias ficam um do outro; os flexores do antebraço, avaliando o ângulo formado pelo antebraço e pelo braço após extensão máxima do antebraço e a supinação da mão, ajudada pelo observador; e os extensores do punho, através da flexão máxima da mão sobre o antebraço, estando o observador a pressionar suavemente o polegar, verificando se este toca no antebraço ou medindo a que distância fica. De seguida avalia-se a Passividade dos membros inferiores, estando a criança sentada numa cadeira ou mesa com altura suficiente para os pés não tocarem no solo e fazendo mobilizações das pernas no sentido ântero-posterior, observando os movimentos efetuados. De seguida, mobilizar o pé, de forma a fazer uma rotação interna assistida e rapidamente interrompida, observando a amplitude e frequência dos movimentos passivos, a resistência e contrações dos pés. É importante verificar as reações emocionais aos exercícios. Posteriormente avaliam-se os membros superiores, estando a criança de pé e com os braços pendentes, ao mesmo tempo que o observador faz deslocamentos anteriores, balanços e oscilações ântero-posteriores, acima da articulação do punho, 50 avaliando a amplitude, frequência, resistência e contrações. De seguida, mobilizar-se bruscamente as mãos e ver o grau de liberdade e abandono das extremidades. Para se avaliar as Paratonias, pede-se à criança que descontraia o máximo possível, enquanto o observador vai mobilizando os membros superiores e, posteriormente, os membros inferiores, suave e passivamente. A mobilização dos braços deve ser efetuada até à posição vertical, verificando-se possíveis resistência ao movimento e o grau de liberdade existente quando o observador os deixa cair. O mesmo procedimento se deve repetir com os antebraços e pernas. Nas Diadococinésias, a criança deve estar sentada, com os antebraços fletidos sobre os braços, com os cotovelos apoiados em cima da mesa e com os braços em extensão anterior sem apoio. Desta forma, deve fazer movimentos rápidos de pronação e supinação, simultâneos e alternados, com e sem apoio dos cotovelos. Por fim, para se avaliar as Sincinésias, a criança deve manter-se sentada com ambas as mãos em cima da mesa e fazer a contração máxima, com a mão dominante, de uma bola de espuma compacta com 5 cm de diâmetro, observando-se movimentos de imitação e crispação contralaterais, peribucais e linguais. O próximo fator a ser avaliado é a Equilibração, através de quatro subfactores: Imobilidade, Equilíbrio Dinâmico e Equilíbrio Estático. Na Imobilidade a criança deverá manter-se na posição orto-estática durante 60 segundos, com os olhos fechados e os braços pendentes ao longo do corpo, com apoio palmar das mãos e dedos na face lateral da coxa, com os pés juntos, simétricos e paralelos, desta forma avaliando o seu controlo vestibular e cerebeloso da postura. O Equilíbrio Estático é semelhante ao anterior, tendo mais três provas de 20 segundos cada. As crianças de 4 e 5 anos devem realizá-las de olhos abertos e a partir dos 6 anos com os olhos fechado, tendo em ambos os casos, as mãos apoiadas nos quadris. A primeira tarefa é de apoio retilíneo, em que a criança deve colocar um pé à frente do outro, encostando o calcanhar de um pé à ponta do outro. A segunda é de manutenção do equilíbrio na ponta dos pés, em que criança deve colocar-se de pés juntos e manter-se em equilíbrio no terço anterior dos mesmos. A terceira e última tarefa é a de apoio unipedal, estando nas mesmas condições das tarefas anteriores, deve apoiar-se num só pé, fletindo a perna contrária pelo joelho, fazendo um ângulo reto. O Equilíbrio Dinâmico é composto por quatro tarefas: Marcha Controlada, em que a criança deve evoluir no solo em cima de uma linha reta de 3 m de comprimento, de modo a que o calcanhar de um pé toque na ponta do outro, mantendo sempre as 51 mãos nos quadris; Evolução na Trave, em que a criança vai repetir o exercício anterior, mas em cima da trave e fazê-lo para a frente, para trás, para a direita e esquerda; Saltos com Apoio Unipedal, em que a criança percorre 3 m em saltos de apoio unipedal, registando-se o pé escolhido e voltando a repetir-se com o pé contrário; e Saltos com Pés Juntos, fazendo o mesmo procedimento para a frente, trás e de olhos fechados. De seguida, surge o terceiro fator psicomotor, a Lateralização que se avalia através das seguintes tarefas: Lateralização Ocular, pedindo-se à criança que olhe através de um canudo de papel e depois de uma folha de papel com um buraco no centro, de forma a espreitar com o olho dominante. Para se confirmar esta preferência deve pedir-se à criança que foque um determinado ponto e o siga. Os objetos devem ser entregues na linha média do corpo da criança; Lateralização Auditiva, pedindo-se à criança que ausculte um relógio de corda e depois simule falar ao telefone, demonstrando qual o seu ouvido dominante; Lateralização Manual, em que se sugere à criança que simule escrever e que depois simule cortar um papel com uma tesoura; e, por fim, Lateralização Pedal, sugere-se à criança que dê um passo à gigante, partindo de uma posição de pés paralelos e depois simule enfiar umas calças, registando-se o primeiro pé de enfiamento. Como quarto fator psicomotor, surge a Noção do Corpo, que está dividida em Sentido Cinestésico, Reconhecimento Direita-esquerda, Auto-imagem, Imitação de Gestos e Desenho do Corpo. Para a tarefa de Sentido Cinestésico a criança deve estar em pé, de olhos fechados e nomear os vários pontos do corpo em que o observador vai tocando. As crianças de 4-5 anos devem nomear oito pontos e acima dos 6 anos, dezasseis. Na prova de Reconhecimento direita-esquerda, é pedido à criança a resposta motora aos pedidos verbais do observador. Por exemplo: “Mostra-me a tua mão direita” ou “Cruza a tua perna direita sobre o teu joelho esquerdo”. Se salientar que os pedidos às crianças de 4-5 anos são simples, unilaterais e em si própria e nas crianças acima de 6 anos já serão de localização bilateral, contra lateral e reversível. A tarefa de Auto-imagem é realizada com a criança de olhos fechados, com os braços estendidos lateralmente, as mãos fletidas e os indicadores estendidos, devendo a criança executar um movimento lento e de flexão do braço até tocar com as pontas dos indicadores na ponta do nariz. Repetir duas vezes com cada mão. Para a Imitação de Gestos a criança deve estar de pé em frente ao observador e depois de observar atentamente as quatro posturas e gestos realizados, deve imitálos. 52 Por último, no Desenho do Corpo, pede-se à criança que faça um desenho do seu corpo o melhor que souber. O quinto fator psicomotor é a Estruturação Espácio-Temporal, composto por Organização, Estruturação Dinâmica, Representação Topográfica e Estruturação Rítmica. A tarefa de Organização consiste no deslocamento da criança numa distância de 5 m, contando os passos em voz alta. De seguida, voltar a fazer o mesmo percurso, mas acrescentando mais um passo, no caso das crianças de 4-5 anos e, mais três passos, nas crianças com mais de 6 anos. Por último, repetir o exercício, mas com menos um ou três passos respetivamente. Para a Estruturação Dinâmica pede-se à criança que observe durante 3 a 5 segundos as fichas apresentadas de três a cinco fósforos, devendo em seguida reproduzir o que viu, seguindo a orientação da esquerda para a direita. Na Representação Topográfica, o observador em conjunto com a criança reproduzir o mais fielmente possível o espaço em que se encontram, identificando os diversos locais através de números. De seguida deve posicionar a criança, desenhando nessa planta o percurso que a criança deve realizar posteriormente. Já para a Estruturação Rítmica, pede-se à criança que ouça com muita atenção a sequência de batimentos produzidos pelo observador, para em seguida imitá-los. A Praxia Global é o sexto fator psicomotor a ser avaliado e divide-se em quatro tarefas, Coordenação Óculo-manual, que consiste no lançamento de uma bola de ténis, estando a criança em pé, para dentro de um cesto de papéis posicionado em cima de uma cadeira e a 1,50m de distância, para crianças de 4-5 anos e a 2,50m para criança acima de 6 anos; Coordenação Óculo-pedal, onde se pede à criança que chute uma bola de ténis para passar entre as pernas da cadeira, a uma distância igual à tarefa anterior; Dismetria, que se observa durante as duas tarefas anteriores, de forma a percecionar a sua adaptação visuoespacial e visuoquinestésica dos movimentos orientados face a uma distância ou alvo; e, por fim, Dissociação, dividida pelos membros superiores em que se pede à criança (em pé) que realize batimentos das mãos em cima da mesa, pelos membros inferiores, pedindo à criança que repita a tarefa anterior, mas com os pés a bater no chão e, coordenação, envolvendo a combinação das duas tarefas anteriores, todas elas segundo as indicações fornecidas pelo observador. Por último, surge o sétimo fator psicomotor, Praxia Fina, composto por Coordenação Dinâmica Manual, Tamborilar e Velocidade-precisão. A tarefa de Coordenação Dinâmica Manual realiza-se com a criança sentada, onde se pede para ele fazer e depois desmontar uma pulseira de clips o mais 53 depressa possível. Esta é composta por cinco clips para crianças de 4-5 anos e por dez para crianças acima dos 6 anos. Para a prova de Tamborilar, o observador demonstra à criança como é que os dedos devem estar colocados, realizando círculos na transição de dedo para dedo, desde o indicador para o mínimo, seguido do inverso. De seguida, a criança, que está sentada, imita os mesmos movimentos, realizando três sequências separadas e uma em simultâneo, avaliando-se as duas mãos. Para finalizar toda a avaliação, surge a tarefa de Velocidade-precisão, pede-se à criança que se sente e que realize o maior número de pontos e cruzes num espaço de 30 segundos, tendo como referências espaciais o quadriculado do papel e a sequência da esquerda para a direita. 54 b) Protocolo Matrizes Progressivas Coloridas de Raven As MPCR foram aplicadas individualmente, na forma de caderno, estando a criança de frente para o avaliador. No total, todo o processo demorou entre 5 a 7 minutos com cada criança. Antes de começar a aplicação, era pedido à criança os seus dados biográficos, ficando estes registados na folha de respostas. De seguida, era-lhe explicado o que tinha de fazer, através de uma ficha de exemplo (A1). Desta forma, era-lhe apresentada uma imagem com uma lacuna, que ela teria de preencher, indicando uma das seis hipóteses possíveis, sendo apenas uma a correta. Todas as opções apresentadas tinham a forma certa para completar a lacuna, mas não o desenho. A primeira opção tinha a forma certa, mas o desenho não era aquele. A segunda opção não tem desenho nenhum. A terceira está completamente errada e a sexta opção está quase certa. Era relembrado que só uma das opções era a correta, esperando que ela indicasse qual. Se a opção escolhida não fosse certa, voltava-se a fazer a explicação de forma a não ficarem quaisquer dúvidas. Caso contrário, seguia-se para a matriz A2, pedindo para indicar a opção que faltava na lacuna. Se a criança errasse, era explicada novamente a matriz A1 e pedido que resolvesse a A2. Se a opção fosse correta, seguia-se para A3 com o mesmo processo. Na matriz A4, antes que a criança tivesse tempo de responder, pedia-se que olha-se com atenção o desenho, para olha bem para cada uma das opções antes de escolher, relembrando que apenas uma era correta. Independentemente da sua escolha estar correta ou não, confirmava-se se era mesmo essa a opção que pretendia. Em caso afirmativo, passava-se para a matriz seguinte. Caso contrário, pedir-lhe para mostrar então qual era o que estava certo. Se for mesmo essa a opção final, considerava-se essa, senão perguntava-se novamente qual era o correto, considerando-se essa resposta como a final. A matriz A5 era avaliada da mesma forma da A4. Entre a matriz A1 e A5, quando surgia a necessidade, era mostrada e explicada novamente a matriz de exemplo, pedindo-lhe para tentar de novo a matriz que causou duvidas. Na matriz A6 era solicitada, mais uma vez, atenção para a sua resolução, relembrando que apenas uma opção era certa. Salientava-se para ela pensar bem antes de escolher. 55 À medida que a criança ia resolvendo as matrizes, está instrução era dada apenas quando se fazia necessário. Quando se passava para a série Ab, apontava-se cada uma das opções, perguntando qual é que faltava no desenho. Pedia-se sempre que prestasse atenção, olhando para cada uma das opções que lhe eram facultadas. Nas matrizes Ab1 até Ab5, depois da criança ter indicado a sua opção, quer estivesse certa ou errada, era-lhe perguntado se era a sua escolha definitiva. Se não fosse, proceder de igual forma à da série A. Depois da matriz Ab5, já se pedia apenas para prestar atenção e indicar a sua escolha, não questionando se tinha certeza ou não dessa mesma escolha. Sempre que era necessário repetia-se essa explicação nas restantes matrizes da séria Ab e, por fim, da série B. 56 c) Outputs MANOVA Between-Subjects Factors Value Label Género Grupo Ano de Escolaridade N 1 Feminino 66 2 Masculino 73 1 COM DA 62 2 SEM DA 77 1 1º e 2º ano 44 2 3º e 4º ano 95 Descriptive Statistics Ano de Matrizes de Raven Total Género Grupo Escolaridade Feminino COM DA 1º e 2º ano 25,14 5,956 7 3º e 4º ano 27,15 3,703 20 Total 26,63 4,360 27 1º e 2º ano 24,25 5,413 12 3º e 4º ano 27,96 4,678 27 Total 26,82 5,145 39 1º e 2º ano 24,58 5,470 19 3º e 4º ano 27,62 4,266 47 Total 26,74 4,805 66 1º e 2º ano 21,18 3,678 17 3º e 4º ano 24,17 5,691 18 Total 22,71 4,986 35 1º e 2º ano 27,38 3,378 8 3º e 4º ano 27,97 4,567 30 Total 27,84 4,309 38 1º e 2º ano 23,16 4,589 25 3º e 4º ano 26,54 5,295 48 Total 25,38 5,285 73 1º e 2º ano 22,33 4,697 24 3º e 4º ano 25,74 4,919 38 SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA Mean Std. Deviation N 57 SEM DA Total Tonicidade Total Feminino COM DA SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total Total 24,42 5,078 62 1º e 2º ano 25,50 4,861 20 3º e 4º ano 27,96 4,579 57 Total 27,32 4,747 77 1º e 2º ano 23,77 4,978 44 3º e 4º ano 27,07 4,818 95 Total 26,03 5,090 139 1º e 2º ano 2,886 ,6094 7 3º e 4º ano 3,110 ,3999 20 Total 3,052 ,4611 27 1º e 2º ano 3,092 ,4481 12 3º e 4º ano 3,204 ,4345 27 Total 3,169 ,4360 39 1º e 2º ano 3,016 ,5069 19 3º e 4º ano 3,164 ,4183 47 Total 3,121 ,4467 66 1º e 2º ano 2,835 ,4329 17 3º e 4º ano 3,006 ,5263 18 Total 2,923 ,4839 35 1º e 2º ano 3,125 ,5418 8 3º e 4º ano 3,073 ,3895 30 Total 3,084 ,4182 38 1º e 2º ano 2,928 ,4792 25 3º e 4º ano 3,048 ,4415 48 Total 3,007 ,4550 73 1º e 2º ano 2,850 ,4773 24 3º e 4º ano 3,061 ,4606 38 Total 2,979 ,4746 62 1º e 2º ano 3,105 ,4740 20 3º e 4º ano 3,135 ,4130 57 Total 3,127 ,4266 77 1º e 2º ano 2,966 ,4875 44 3º e 4º ano 3,105 ,4318 95 Total 3,061 ,4531 139 58 Equilibração Total Feminino COM DA SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total Lateralização Feminino COM DA SEM DA Total 1º e 2º ano 2,986 ,4488 7 3º e 4º ano 3,215 ,3083 20 Total 3,156 ,3555 27 1º e 2º ano 3,233 ,2934 12 3º e 4º ano 3,156 ,4126 27 Total 3,179 ,3778 39 1º e 2º ano 3,142 ,3671 19 3º e 4º ano 3,181 ,3693 47 Total 3,170 ,3663 66 1º e 2º ano 2,653 ,4288 17 3º e 4º ano 3,117 ,4091 18 Total 2,891 ,4749 35 1º e 2º ano 3,162 ,4207 8 3º e 4º ano 2,970 ,4027 30 Total 3,011 ,4086 38 1º e 2º ano 2,816 ,4828 25 3º e 4º ano 3,025 ,4071 48 Total 2,953 ,4426 73 1º e 2º ano 2,750 ,4520 24 3º e 4º ano 3,168 ,3580 38 Total 3,006 ,4439 62 1º e 2º ano 3,205 ,3410 20 3º e 4º ano 3,058 ,4144 57 Total 3,096 ,3998 77 1º e 2º ano 2,957 ,4617 44 3º e 4º ano 3,102 ,3946 95 Total 3,056 ,4209 139 1º e 2º ano 3,57 ,535 7 3º e 4º ano 3,65 ,489 20 Total 3,63 ,492 27 1º e 2º ano 3,58 ,515 12 3º e 4º ano 3,44 ,506 27 Total 3,49 ,506 39 1º e 2º ano 3,58 ,507 19 59 Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total Noção do Corpo Total Feminino COM DA SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA 3º e 4º ano 3,53 ,504 47 Total 3,55 ,502 66 1º e 2º ano 3,59 ,507 17 3º e 4º ano 3,50 ,514 18 Total 3,54 ,505 35 1º e 2º ano 3,50 ,756 8 3º e 4º ano 3,47 ,571 30 Total 3,47 ,603 38 1º e 2º ano 3,56 ,583 25 3º e 4º ano 3,48 ,545 48 Total 3,51 ,556 73 1º e 2º ano 3,58 ,504 24 3º e 4º ano 3,58 ,500 38 Total 3,58 ,497 62 1º e 2º ano 3,55 ,605 20 3º e 4º ano 3,46 ,537 57 Total 3,48 ,553 77 1º e 2º ano 3,57 ,545 44 3º e 4º ano 3,51 ,523 95 Total 3,53 ,529 139 1º e 2º ano 2,429 ,5469 7 3º e 4º ano 2,800 ,4255 20 Total 2,704 ,4784 27 1º e 2º ano 2,833 ,5449 12 3º e 4º ano 3,230 ,3950 27 Total 3,108 ,4765 39 1º e 2º ano 2,684 ,5669 19 3º e 4º ano 3,047 ,4572 47 Total 2,942 ,5141 66 1º e 2º ano 2,353 ,3356 17 3º e 4º ano 2,800 ,4000 18 Total 2,583 ,4294 35 1º e 2º ano 2,575 ,7363 8 3º e 4º ano 3,053 ,3711 30 60 Total Total COM DA SEM DA Total Estruturação Espácio- Feminino COM DA Temporal Total SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA Total 2,953 ,4996 38 1º e 2º ano 2,424 ,4944 25 3º e 4º ano 2,958 ,3978 48 Total 2,775 ,4999 73 1º e 2º ano 2,375 ,3970 24 3º e 4º ano 2,800 ,4080 38 Total 2,635 ,4516 62 1º e 2º ano 2,730 ,6233 20 3º e 4º ano 3,137 ,3894 57 Total 3,031 ,4910 77 1º e 2º ano 2,536 ,5366 44 3º e 4º ano 3,002 ,4283 95 Total 2,855 ,5118 139 1º e 2º ano 2,429 ,5794 7 3º e 4º ano 3,025 ,4833 20 Total 2,870 ,5649 27 1º e 2º ano 2,600 ,8057 12 3º e 4º ano 3,256 ,5041 27 Total 3,054 ,6751 39 1º e 2º ano 2,537 ,7182 19 3º e 4º ano 3,157 ,5034 47 Total 2,979 ,6343 66 1º e 2º ano 2,041 ,4529 17 3º e 4º ano 2,933 ,5456 18 Total 2,500 ,6708 35 1º e 2º ano 2,900 ,5581 8 3º e 4º ano 3,250 ,4939 30 Total 3,176 ,5206 38 1º e 2º ano 2,316 ,6283 25 3º e 4º ano 3,131 ,5312 48 Total 2,852 ,6838 73 1º e 2º ano 2,154 ,5124 24 3º e 4º ano 2,982 ,5088 38 Total 2,661 ,6489 62 61 SEM DA Total Praxia Global Total Feminino COM DA SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total Praxia Fina Total Feminino COM DA 1º e 2º ano 2,720 ,7164 20 3º e 4º ano 3,253 ,4943 57 Total 3,114 ,6030 77 1º e 2º ano 2,411 ,6697 44 3º e 4º ano 3,144 ,5150 95 Total 2,912 ,6614 139 1º e 2º ano 2,114 ,4670 7 3º e 4º ano 2,515 ,5214 20 Total 2,411 ,5301 27 1º e 2º ano 2,467 ,5694 12 3º e 4º ano 2,411 ,4406 27 Total 2,428 ,4768 39 1º e 2º ano 2,337 ,5489 19 3º e 4º ano 2,455 ,4740 47 Total 2,421 ,4954 66 1º e 2º ano 2,076 ,5761 17 3º e 4º ano 2,422 ,6103 18 Total 2,254 ,6109 35 1º e 2º ano 2,588 ,8871 8 3º e 4º ano 2,520 ,4063 30 Total 2,534 ,5283 38 1º e 2º ano 2,240 ,7141 25 3º e 4º ano 2,483 ,4887 48 Total 2,400 ,5826 73 1º e 2º ano 2,088 ,5367 24 3º e 4º ano 2,471 ,5594 38 Total 2,323 ,5778 62 1º e 2º ano 2,515 ,6938 20 3º e 4º ano 2,468 ,4226 57 Total 2,481 ,5024 77 1º e 2º ano 2,282 ,6428 44 3º e 4º ano 2,469 ,4792 95 Total 2,410 ,5411 139 1º e 2º ano 3,000 ,7000 7 62 SEM DA Total Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total BPM Total Feminino COM DA SEM DA Total 3º e 4º ano 3,460 ,3515 20 Total 3,341 ,4956 27 1º e 2º ano 3,400 ,3766 12 3º e 4º ano 3,663 ,2924 27 Total 3,582 ,3386 39 1º e 2º ano 3,253 ,5379 19 3º e 4º ano 3,577 ,3311 47 Total 3,483 ,4238 66 1º e 2º ano 2,647 ,4875 17 3º e 4º ano 3,250 ,5803 18 Total 2,957 ,6113 35 1º e 2º ano 3,550 ,4721 8 3º e 4º ano 3,477 ,4415 30 Total 3,492 ,4426 38 1º e 2º ano 2,936 ,6389 25 3º e 4º ano 3,392 ,5044 48 Total 3,236 ,5912 73 1º e 2º ano 2,750 ,5657 24 3º e 4º ano 3,361 ,4790 38 Total 3,124 ,5914 62 1º e 2º ano 3,460 ,4122 20 3º e 4º ano 3,565 ,3866 57 Total 3,538 ,3934 77 1º e 2º ano 3,073 ,6117 44 3º e 4º ano 3,483 ,4353 95 Total 3,353 ,5314 139 1º e 2º ano 19,57 2,370 7 3º e 4º ano 21,75 1,517 20 Total 21,19 1,981 27 1º e 2º ano 21,25 2,094 12 3º e 4º ano 22,19 1,688 27 Total 21,90 1,847 39 1º e 2º ano 20,63 2,290 19 3º e 4º ano 22,00 1,615 47 63 Masculino COM DA SEM DA Total Total COM DA SEM DA Total Total 21,61 1,921 66 1º e 2º ano 18,00 1,871 17 3º e 4º ano 21,00 2,249 18 Total 19,54 2,548 35 1º e 2º ano 21,38 2,774 8 3º e 4º ano 21,73 1,799 30 Total 21,66 2,004 38 1º e 2º ano 19,08 2,676 25 3º e 4º ano 21,46 1,989 48 Total 20,64 2,502 73 1º e 2º ano 18,46 2,105 24 3º e 4º ano 21,39 1,911 38 Total 20,26 2,442 62 1º e 2º ano 21,30 2,319 20 3º e 4º ano 21,95 1,747 57 Total 21,78 1,917 77 1º e 2º ano 19,75 2,607 44 3º e 4º ano 21,73 1,824 95 Total 21,10 2,288 139 Tests of Between-Subjects Effects Type III Sum of Source Dependent Variable Corrected Model Matrizes de Raven Total Squares df Mean Square F Sig. 759,453 a 7 108,493 5,046 ,000 Tonicidade Total 1,783 b 7 ,255 1,257 ,277 Equilibração Total 4,326 c 7 ,618 4,024 ,001 ,730 d 7 ,104 ,360 ,924 Noção do Corpo Total 11,275 e 7 1,611 8,485 ,000 Estruturação Espácio- 22,575 f 7 3,225 11,178 ,000 3,380 g 7 ,483 1,708 ,112 13,154 h 7 1,879 9,537 ,000 233,060 i 7 33,294 8,910 ,000 71855,816 1 71855,816 3342,211 ,000 Lateralização Temporal Total Praxia Global Total Praxia Fina Total BPM Total Intercept Matrizes de Raven Total 64 Tonicidade Total 1010,277 1 1010,277 4985,303 ,000 Equilibração Total 1023,729 1 1023,729 6666,592 ,000 Lateralização 1367,243 1 1367,243 4721,850 ,000 Noção do Corpo Total 831,500 1 831,500 4379,963 ,000 Estruturação Espácio- 858,907 1 858,907 2977,059 ,000 623,471 1 623,471 2205,883 ,000 1193,684 1 1193,684 6058,142 ,000 47520,077 1 47520,077 12716,544 ,000 24,918 1 24,918 1,159 ,284 Tonicidade Total ,108 1 ,108 ,534 ,466 Equilibração Total ,807 1 ,807 5,253 ,024 Lateralização ,064 1 ,064 ,223 ,638 Noção do Corpo Total ,444 1 ,444 2,341 ,128 Estruturação Espácio- ,058 1 ,058 ,202 ,654 Praxia Global Total ,017 1 ,017 ,059 ,808 Praxia Fina Total ,613 1 ,613 3,110 ,080 11,969 1 11,969 3,203 ,076 167,900 1 167,900 7,809 ,006 Tonicidade Total ,737 1 ,737 3,637 ,059 Equilibração Total ,518 1 ,518 3,375 ,068 Lateralização ,170 1 ,170 ,586 ,445 Noção do Corpo Total 2,928 1 2,928 15,422 ,000 Estruturação Espácio- 4,247 1 4,247 14,720 ,000 Praxia Global Total 1,254 1 1,254 4,438 ,037 Praxia Fina Total 5,123 1 5,123 26,000 ,000 66,072 1 66,072 17,681 ,000 147,671 1 147,671 6,869 ,010 Tonicidade Total ,353 1 ,353 1,743 ,189 Equilibração Total ,305 1 ,305 1,986 ,161 Lateralização ,056 1 ,056 ,195 ,660 4,892 1 4,892 25,771 ,000 Temporal Total Praxia Global Total Praxia Fina Total BPM Total Género Matrizes de Raven Total Temporal Total BPM Total GRUPO2 Matrizes de Raven Total Temporal Total BPM Total AnoEscolaridade2 Matrizes de Raven Total Noção do Corpo Total 65 Estruturação Espácio- 10,617 1 10,617 36,798 ,000 ,663 1 ,663 2,347 ,128 2,678 1 2,678 13,589 ,000 71,488 1 71,488 19,131 ,000 173,353 1 173,353 8,063 ,005 Tonicidade Total ,006 1 ,006 ,028 ,867 Equilibração Total ,052 1 ,052 ,339 ,561 Lateralização ,009 1 ,009 ,031 ,861 Noção do Corpo Total ,220 1 ,220 1,159 ,284 Estruturação Espácio- 1,021 1 1,021 3,539 ,062 Praxia Global Total ,222 1 ,222 ,784 ,378 Praxia Fina Total ,473 1 ,473 2,402 ,124 BPM Total 6,790 1 6,790 1,817 ,180 Género * Matrizes de Raven Total 7,803 1 7,803 ,363 ,548 AnoEscolaridade2 Tonicidade Total ,081 1 ,081 ,399 ,529 Equilibração Total ,024 1 ,024 ,159 ,690 Lateralização ,006 1 ,006 ,022 ,882 Noção do Corpo Total ,042 1 ,042 ,223 ,637 Estruturação Espácio- ,000 1 ,000 ,001 ,981 Praxia Global Total ,008 1 ,008 ,027 ,870 Praxia Fina Total ,064 1 ,064 ,324 ,570 BPM Total ,102 1 ,102 ,027 ,869 GRUPO2 * Matrizes de Raven Total ,819 1 ,819 ,038 ,846 AnoEscolaridade2 Tonicidade Total ,191 1 ,191 ,940 ,334 1,584 1 1,584 10,313 ,002 Lateralização ,045 1 ,045 ,156 ,694 Noção do Corpo Total ,005 1 ,005 ,028 ,867 Estruturação Espácio- ,398 1 ,398 1,380 ,242 Praxia Global Total 1,290 1 1,290 4,565 ,034 Praxia Fina Total 1,302 1 1,302 6,606 ,011 25,760 1 25,760 6,893 ,010 Temporal Total Praxia Global Total Praxia Fina Total BPM Total Género * GRUPO2 Matrizes de Raven Total Temporal Total Temporal Total Equilibração Total Temporal Total BPM Total 66 Género * GRUPO2 Matrizes de Raven Total 28,750 1 28,750 1,337 ,250 ,021 1 ,021 ,101 ,751 Equilibração Total ,208 1 ,208 1,355 ,247 Lateralização ,127 1 ,127 ,437 ,510 Noção do Corpo Total 7,005E-5 1 7,005E-5 ,000 ,985 Estruturação Espácio- ,617 1 ,617 2,139 ,146 Praxia Global Total ,003 1 ,003 ,011 ,916 Praxia Fina Total ,392 1 ,392 1,989 ,161 3,337 1 3,337 ,893 ,346 2816,432 131 21,499 Tonicidade Total 26,547 131 ,203 Equilibração Total 20,117 131 ,154 Lateralização 37,932 131 ,290 Noção do Corpo Total 24,869 131 ,190 Estruturação Espácio- 37,795 131 ,289 Praxia Global Total 37,026 131 ,283 Praxia Fina Total 25,812 131 ,197 489,530 131 3,737 97748,000 139 Tonicidade Total 1330,850 139 Equilibração Total 1322,680 139 Lateralização 1766,000 139 Noção do Corpo Total 1168,880 139 Estruturação Espácio- 1239,240 139 847,780 139 1601,910 139 62611,000 139 3575,885 138 Tonicidade Total 28,330 138 Equilibração Total 24,442 138 Lateralização 38,662 138 Noção do Corpo Total 36,144 138 * AnoEscolaridade2 Tonicidade Total Temporal Total BPM Total Error Matrizes de Raven Total Temporal Total BPM Total Total Matrizes de Raven Total Temporal Total Praxia Global Total Praxia Fina Total BPM Total Corrected Total Matrizes de Raven Total 67 Estruturação Espácio- 60,369 138 Praxia Global Total 40,406 138 Praxia Fina Total 38,966 138 722,590 138 Temporal Total BPM Total Figura 6- Efeito das DA x Escolaridade nas MPCR Figura 8 - Interação entre DA x Escolaridade na Lateralização Figura 7 - Interação entre DA x Escolaridade na Tonicidade Figura 9 - Interação entre DA x Escolaridade na Noção do Corpo Figura 10 - Interação entre DA x Escolaridade na Estruturação Espácio-Temporal 68 d)Outputs Correlações e Regressões Correlação - com DA Correlations a Matrizes Noção Estruturação de Profissão Profissão Habilitações Habilitações Raven do Pai Profissão do Pearson Pai Correlation da Mãe 1 Sig. (2- do Pai Idade Total Total Espácio- Praxia Praxia Corpo Temporal Global Fina BPM Total Total Total Total Lateralização Total ,048 -,050 ,195 -,005 ,739 ,732 ,174 ,971 50 50 ** -,070 ,141 ,004 ,000 ,630 ,328 50 50 50 ** 1 -,632 ** Total ** ,341 * da Mãe Tonicidade Equilibração do * -,066 -,068 ,935 ,036 ,649 ,638 ,405 ,529 50 50 50 50 50 50 50 ,073 ,258 -,283 * ,085 ,013 ,123 -,020 ,053 ,613 ,071 ,047 ,558 ,930 ,393 ,892 ,713 50 50 50 50 50 50 50 50 50 ** -,086 -,112 -,239 -,127 -,072 ,110 -,133 -,100 ,000 ,550 ,438 ,095 ,378 ,617 ,446 ,359 ,489 ,880 ,424 50 50 50 50 50 50 50 50 -,426 ,015 ,000 ,002 50 50 50 50 * 1 ,012 -,298 -,120 -,091 tailed) N Profissão da Pearson Mãe Correlation Sig. (2- ,341 ,015 -,400 ** -,563 50 tailed) N Habilitações do Pearson Pai 50 -,632 ** -,400 ,606 50 ,022 -,116 Correlation Sig. (2- ,000 ,004 50 50 tailed) N 50 50 50 50 69 Habilitações da Pearson Mãe -,426 ** -,563 ** ,606 ** 1 -,009 ,060 ,041 -,105 ,069 -,010 -,010 -,021 ,085 -,018 ,948 ,681 ,776 ,468 ,636 ,945 ,946 ,885 ,557 ,901 50 50 50 50 50 50 50 50 50 ** ,136 ,306 ,000 ,291 ,016 ,455 ,003 ,000 ,011 ,000 ,000 62 62 62 62 62 62 62 62 62 62 ** 1 Correlation Sig. (2- ,002 ,000 ,000 50 50 50 50 ,048 -,070 -,086 -,009 ,739 ,630 ,550 ,948 50 50 50 50 -,050 ,141 -,112 ,060 ,732 ,328 ,438 ,681 ,000 50 50 50 50 62 ,195 ,073 -,239 ,041 ,136 ,341 ,174 ,613 ,095 ,776 ,291 ,007 50 50 50 50 -,005 ,258 -,127 -,105 tailed) N Matrizes de Pearson Raven Total Correlation Sig. (2- 50 1 ,555 * ,097 ,372 ** ,563 ** ,319 * ,599 ** ,553 ** tailed) N Idade Pearson ,555 ,341 ** ,513 ** ,057 ,419 ** ,661 ** ,482 ** ,673 ** ,720 ** Correlation Sig. (2- ,007 ,000 ,657 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000 62 62 62 62 62 62 62 62 62 ** 1 ** -,031 ,236 ** ,047 ,000 ,812 ,065 ,002 ,719 ,001 ,000 62 62 62 62 62 62 62 62 ** 1 ** ,249 tailed) N Tonicidade Pearson Total Correlation Sig. (2- ,457 ,392 ,399 ** ,534 ** tailed) N Equilibração Pearson Total Correlation 62 62 * ** ,306 ,513 ,457 -,091 ,426 ** ,501 ,560 ** ,685 ** 70 Sig. (2- ,971 ,071 ,378 ,468 50 50 50 50 ,012 -,283 * -,072 ,935 ,047 50 ,016 ,000 ,000 ,479 ,001 ,000 ,051 ,000 ,000 62 62 62 62 62 62 tailed) N Lateralização Pearson 62 62 62 62 ,069 ,097 ,057 -,031 -,091 1 -,064 ,061 ,187 ,074 ,239 ,617 ,636 ,455 ,657 ,812 ,479 ,621 ,640 ,145 ,567 ,061 50 50 50 62 62 62 62 62 62 62 * ,085 ,110 -,010 ** -,064 1 ,036 ,558 ,446 ,945 50 50 50 50 -,066 ,013 -,133 -,010 ,649 ,930 ,359 ,946 50 50 50 50 -,068 ,123 -,100 -,021 ,638 ,393 ,489 ,885 50 50 50 50 Correlation Sig. (2tailed) N Noção do Pearson Corpo Total Correlation Sig. (2- -,298 62 62 62 ** ** ,236 ,003 ,001 ,065 ,001 ,621 62 62 62 ,372 ,419 ,426 ,609 ** ,362 ** ,523 ** ,678 ** ,000 ,004 ,000 ,000 62 62 62 62 62 ** 1 tailed) N Estruturação Pearson Espácio- Correlation Temporal Total Sig. (2- 62 62 ** ** ,563 ,661 ,000 ,000 ,392 ** ,501 ** ,061 ,609 ,002 ,000 ,640 ,000 62 62 ,379 ** ,609 ** ,826 ** ,002 ,000 ,000 62 62 62 62 ** 1 tailed) N Praxia Global Pearson Total Correlation Sig. (2- 62 62 62 62 * ** ,047 ,249 ,187 ,362 ,011 ,000 ,719 ,051 ,145 ,004 ,002 62 62 62 62 62 ,319 ,482 ** ,379 ,371 ** ,602 ** ,003 ,000 62 62 tailed) N 62 62 62 71 Praxia Fina Pearson Total Correlation Sig. (2- -,120 -,020 ,022 ,085 ,405 ,892 ,880 ,557 50 50 50 50 -,091 ,053 -,116 -,018 ,529 ,713 ,424 ,901 50 50 50 50 ** ,599 ,673 ** ,000 ,000 ,399 ** ,560 ** ,074 ,523 ** ,609 ** ,371 ** ,001 ,000 ,567 ,000 ,000 ,003 62 62 62 62 62 62 1 ,801 ** ,000 tailed) N BPM Total Pearson 62 62 ** ** ,553 ,720 ,534 ** ,685 ** ,239 ,678 ** ,826 ** ,602 ** 62 62 ** 1 ,801 Correlation Sig. (2- ,000 ,000 ,000 ,000 ,061 ,000 ,000 ,000 ,000 62 62 62 62 62 62 62 tailed) N 62 62 62 *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). **. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). a. Grupo = COM DA 72 Correlação - sem DA Correlations a Matrizes Noção Estruturação de Profissão Profissão Habilitações Habilitações Raven do Pai Profissão do Pearson Pai Correlation da Mãe 1 Sig. (2- ,302 ** do Pai da Mãe -,729 ** Tonicidade Equilibração Total -,398 Idade Total Total -,141 -,079 -,029 ,093 ,224 ,499 ,806 ,422 ,502 76 ,000 ,000 76 76 76 76 ** 1 Espácio- Praxia Praxia Corpo Temporal Global Fina BPM Total Total Total Total Lateralização Total ** ,008 do * -,038 ,024 ,032 ,746 ,215 ,097 76 76 76 76 76 ** -,144 -,285 -,078 -,260 * -,247 -,144 -,192 tailed) N Profissão da Mãe Pearson ,302 -,368 ** -,679 ** 76 76 76 76 ** - -,200 ,001 -,325 Correlation Sig. (2- ,363 ,008 ,001 ,000 76 76 76 ** 1 -,107 -,349 ** -,349 * ** ,004 ,001 ,367 ** ,084 ,995 ,357 ,002 ,002 ,216 ,013 ,001 76 76 76 76 76 76 ** ,122 ,142 ,192 tailed) N Habilitações do Pearson Pai 76 -,729 ** -,368 ,418 ** 76 76 76 76 * * -,005 -,148 ,026 ,026 ,966 ,202 ,894 ,003 ,005 ,294 ,222 ,097 76 76 76 76 76 76 76 76 * -,041 ** ,079 ,256 ,255 -,016 ,331 ** ,319 Correlation Sig. (2- ,000 ,001 76 76 ,000 tailed) N Habilitações da Pearson Mãe -,398 ** -,679 ** 76 76 ** 1 ,418 76 76 * * ,246 ,255 ,233 ,023 ,332 ** ,343 ,326 ** ,327 ** Correlation 73 Sig. (2- ,000 ,000 ,000 76 76 76 ,032 ,026 ,043 ,727 ,841 ,003 ,002 ,498 ,004 ,004 76 76 76 76 76 76 76 76 ** ,204 tailed) N Matrizes de Pearson Raven Total Correlation Sig. (2- -,141 -,325 ** ,256 * 76 ,246 * ,224 ,004 ,026 ,032 76 76 76 76 76 76 1 ,314 ** ,243 * ,301 ** ,045 ,478 ** ,534 ,502 ** ,546 ** ,005 ,033 ,008 ,697 ,000 ,000 ,076 ,000 ,000 77 77 77 77 77 77 77 77 77 77 ** 1 ,008 -,149 ** ,011 ,202 ,179 ,942 ,194 ,468 ,000 ,000 ,926 ,079 ,120 77 77 77 77 77 77 77 ** -,023 ,202 ,115 ,096 ,000 ,844 ,078 ,321 ,404 ,006 ,000 77 77 77 77 77 77 77 77 ** 1 ,038 ,025 -,067 ,143 ,194 ,358 ,741 ,831 ,560 ,214 ,091 ,001 77 77 77 77 77 77 tailed) N Idade Pearson -,079 -,363 ** ,255 * ,255 * ,314 -,084 ,390 ** ,419 Correlation Sig. (2- ,499 ,001 ,026 ,026 ,005 76 76 76 76 77 77 77 -,029 -,200 -,005 ,233 * ,008 1 ,806 ,084 ,966 ,043 76 76 76 76 ,093 ,001 -,148 -,041 ,422 ,995 ,202 ,727 76 76 76 76 tailed) N Tonicidade Pearson Total Correlation Sig. (2- * ,243 ,033 ,942 ,410 ,312 ** ,458 ** tailed) N Equilibração Pearson Total Correlation Sig. (2- 77 77 ** -,149 ,301 ,008 ,194 ,410 ,000 ** tailed) N 77 77 77 77 74 Lateralização Pearson -,078 -,107 -,016 ,023 ,045 -,084 -,023 ,038 ,502 ,357 ,894 ,841 ,697 ,468 ,844 ,741 76 76 76 76 ** ,216 ,025 ,049 ,499 ,002 ,059 ,831 ,673 ,000 77 77 77 77 77 77 ** 1 ** ,206 ,000 ,072 ,000 ,000 77 77 77 77 77 ** 1 ,174 1 ,342 ** Correlation Sig. (2tailed) N Noção do Pearson Corpo Total Correlation Sig. (2- -,260 * -,349 ** ,331 ** ,332 ** ,024 ,002 ,003 ,003 76 76 76 76 77 77 77 77 ** ** ,202 ,025 ,000 ,000 ,078 ,831 ,002 77 ,478 ,390 ,342 ,610 ,513 ** ,734 ** tailed) N Estruturação Pearson Espácio- Correlation Temporal Total Sig. (2- -,247 * -,349 ** ,319 ** ,343 ** 77 77 77 77 ** ** ,115 -,067 ,000 ,000 ,321 ,560 ,059 ,000 77 77 77 77 77 ,534 ,419 ,216 ,610 ,032 ,002 ,005 ,002 76 76 76 76 -,038 -,144 ,122 ,079 ,204 ,011 ,096 ,143 ,025 ,746 ,216 ,294 ,498 ,076 ,926 ,404 ,214 76 76 76 76 77 77 -,144 -,285 * ,142 ** ,194 ,561 ** ,690 ** ,131 ,000 ,000 77 77 77 77 ,206 ,174 1 ,831 ,072 ,131 77 77 77 77 ** ,158 tailed) N Praxia Global Pearson Total Correlation Sig. (2- 77 ,158 ,452 ** ,169 ,000 77 77 tailed) N Praxia Fina Pearson Total Correlation ,326 ** 77 77 ** ,202 ,502 ,312 ,049 ,513 ** ,561 1 ,674 ** 75 Sig. (2- ,215 ,013 ,222 ,004 76 76 76 76 ** ,192 ,097 ,001 ,097 ,004 76 76 76 76 ,000 ,079 ,006 ,091 ,673 ,000 ,000 ,169 77 77 77 77 77 77 ,000 tailed) N BPM Total Pearson -,192 -,367 ,327 ** 77 77 ** ,179 ,546 ,458 ** ,358 ** ,499 ** ,734 ** ,690 ** ,452 ** 77 77 ** 1 ,674 Correlation Sig. (2- ,000 ,120 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 77 77 77 77 77 77 77 tailed) N 77 77 77 **. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). a. Grupo = SEM DA 76 Regressão Linear - com DA b Model Summary Model R 1 ,644 R Square a Adjusted R Std. Error of the Square Estimate ,415 ,351 11,263 a. Predictors: (Constant), Praxia Global Total, Equilibração Total, Noção do Corpo Total, Praxia Fina Total, Estruturação EspácioTemporal Total, BPM Total b. Grupo = COM DA b,c,d ANOVA Model 1 Sum of Squares df Mean Square Regression 4944,348 6 824,058 Residual 6977,014 55 126,855 11921,362 61 Total F Sig. 6,496 ,000 a a. Predictors: (Constant), Praxia Global Total, Equilibração Total, Noção do Corpo Total, Praxia Fina Total, Estruturação Espácio-Temporal Total, BPM Total b. Grupo = COM DA c. Dependent Variable: Matrizes de Raven Total d. Weighted Least Squares Regression - Weighted by Idade Coefficients a,b,c Standardized Unstandardized Coefficients Model 1 B (Constant) Std. Error 11,960 5,661 Equilibração Total -,484 1,743 Noção do Corpo Total -,207 Estruturação Espácio- Coefficients Beta t Sig. 2,113 ,039 -,042 -,278 ,782 1,544 -,019 -,134 ,894 3,427 1,556 ,436 2,202 ,032 Praxia Fina Total 4,476 1,566 ,513 2,858 ,006 BPM Total -,524 ,772 -,249 -,679 ,500 ,874 1,287 ,100 ,679 ,500 Temporal Total Praxia Global Total a. Grupo = COM DA b. Dependent Variable: Matrizes de Raven Total 77 Coefficients a,b,c Standardized Unstandardized Coefficients Model 1 B (Constant) Std. Error 11,960 5,661 Equilibração Total -,484 1,743 Noção do Corpo Total -,207 Estruturação Espácio- Coefficients Beta t Sig. 2,113 ,039 -,042 -,278 ,782 1,544 -,019 -,134 ,894 3,427 1,556 ,436 2,202 ,032 Praxia Fina Total 4,476 1,566 ,513 2,858 ,006 BPM Total -,524 ,772 -,249 -,679 ,500 ,874 1,287 ,100 ,679 ,500 Temporal Total Praxia Global Total a. Grupo = COM DA b. Dependent Variable: Matrizes de Raven Total c. Weighted Least Squares Regression - Weighted by Idade Regressão Linear - sem DA b Model Summary Model R 1 ,684 R Square a Adjusted R Std. Error of the Square Estimate ,468 ,395 10,413 a. Predictors: (Constant), Habilitações da Mãe, Equilibração Total, Noção do Corpo Total, Habilitações do Pai, Tonicidade Total, Praxia Fina Total, Profissão da Mãe, Estruturação Espácio-Temporal Total, BPM Total b. Grupo = SEM DA b,c,d ANOVA Model 1 Sum of Squares df Mean Square Regression 6289,575 9 698,842 Residual 7156,986 66 108,439 13446,562 75 Total F 6,445 Sig. ,000 a 78 a. Predictors: (Constant), Habilitações da Mãe, Equilibração Total, Noção do Corpo Total, Habilitações do Pai, Tonicidade Total, Praxia Fina Total, Profissão da Mãe, Estruturação EspácioTemporal Total, BPM Total b. Grupo = SEM DA c. Dependent Variable: Matrizes de Raven Total d. Weighted Least Squares Regression - Weighted by Idade Coefficients a,b,c Standardized Unstandardized Coefficients Model 1 B Std. Error (Constant) 1,232 7,076 Equilibração Total 4,277 1,376 Noção do Corpo Total 1,935 Estruturação Espácio- Coefficients Beta t Sig. ,174 ,862 ,367 3,109 ,003 1,407 ,197 1,375 ,174 3,406 1,205 ,423 2,826 ,006 Praxia Fina Total 2,390 1,492 ,200 1,602 ,114 BPM Total -,594 ,537 -,239 -1,106 ,273 Tonicidade Total ,792 1,261 ,071 ,628 ,532 Profissão da Mãe -,507 ,465 -,138 -1,091 ,279 Habilitações do Pai ,456 ,476 ,101 ,957 ,342 Habilitações da Mãe -,544 ,881 -,080 -,618 ,539 Temporal Total a. Grupo = SEM DA b. Dependent Variable: Matrizes de Raven Total c. Weighted Least Squares Regression - Weighted by Idade 79 80