Problemas Estéticos na Sociedade de Massa Ferreira Gullar Capítulo I •Há um distanciamento entre as obras de vanguarda e o gde público, que não as compreende • A massa tem carência da experiência estética, mas + a de tradição européia. (escultor africano ‣ Brancusi) Marcel Duchamp Brancus i A carência de educação estética não é a único problema, para entender as obras de vanguarda é pciso conhecer as informações históricas e teóricas que lhe garantem significado. Ex.: Boogie Woggie de Mondrian Giotto A obra é melhor entendida qto + perto de nossa experiência estiver. 1 - Antes a pintura estava mais integrada a massa.Ex.Idade Média 2 – Com o declínio do feudalismo e o surgimento da burguesia, a pintura não fala mais ao conjunto da sociedade (isolamento subjetivista). A arte serviu a burguesia até que surgissem meios + eficazes de comunicação e formação: cinema, rádio e TV. 3 – A pintura afasta-se do público (arte pela arte), deixam de idealizar a classe dominante. “Do Espiritual na Arte” – Kandinski se opõe a sociedade burguesa e suas ambições materiais. Se refugia na Teosofia – o artista se opõe ao mundo. Enqto na pintura e escultura a tendência é subjetivista, na arquitetura e Desenho Industrial o caminho é o da objetividade. Teóricos da arquitetura e do Design defendem o artesanato e o trabalho manual. “ Não quero a arte só para alguns assim como não quero a educação só para alguns.” (Morris) Mas surge o impasse: o preço desses produtos é muito mais alto do que os da indústria e acaba sendo acessível somente a elite. Discípulos de Morris: “é inútil lutar contra a máquina.” Vai se abrindo caminho para uma estética nova, que se fundamente nas possibilidades da indústria. Funcionalismo: Belo e útil coincidem, concepção de beleza racional. O funcionalismo substitui o decorativismo romântico de Ruskin. Walter Gropius critica o ensino das Escolas de Belas Artes (noção de gênio) e funda em 1919 a Bauhaus que pretende formar o artista para a indústria. Klimt Kandinski Surge, em contrapartida, a teoria estética idealista. A realidade é projeção da consciência. A arte reflete esse outro mundo. A arte abstrata, o surrealismo e o dadaísmo são entendidos como justificativa para a impossibilidade de conhecer o real qdo na verdade são a expressão (genial) da crise idealista. Os estetas não compreendem essa crise e não percebem que se o conteúdo dessas obras é irredutível a lógica por não ter tanta importância qto a forma. “ O que importa não é o que se diz, mas como se diz.” Pollock P/ Suzanne Langer a obra expressa tensões e ritmos subjetivos. Ler pg 96 Dalì Malevitch Suprematismo Vasarély op-art Os estetas contemporâneos buscam justificar os valores de uma arte desligada da realidade social. Ler pg 100 Matisse Escher Calder Brancusi Musa arte cinética Naum Gabo Cabeça O mundo contemporâneo é o da informnação, talvez por isso, o cinema seja a arte de nossa época. É realista, crítica, e atinge a massa. Cena do filme 9 Rainhas É inviável uma estética idealista: formal e subjetiva. Só uma estética dialética pode compreender ao mesmo tempo, o cinema, a literatura, a música erudita e popular, a pintura e o teatro. Capítulo II Arte popular vida cotidiana = mistura do informativo com o prático (rádio, jornais...) “ A aparição da arte ganhou a constância de objetos reais, como uma espécie de realidade paralela à do mundo concreto.” HQ – jornais cinema - esquinas Cultura de massa: • usa esquematismos (sinais) = “Sexo, amor e violência” debatidos à exaustão; • é conservadora = não abre questões novas, apenas repete e vulgariza conceitos estabelecidos pela “elite” • desempenha função ideológica (objetivo político) = transfere para a massa conceitos da classe dominante como eternos e indiscutíveis; • é alienante = visão falsa da realidade concreta, sem contradições; • permanência = a história muda, mas os personagens são sempre os mesmos (heróis que não envelhecem, mundo plano, sem profundidade). Personificam: bravura, justiça, bondade... “heróis do convencionalismo lutando contra convenções superadas” Características comuns às HQs, TV e fotonovelas não se aplicam ao cinema. 1) O esquematismo da arte de massa não é fruto de unidade de controla, mas da própria natureza dessa arte = objetivos comerciais impede o aprofundamento formal. 2) Instrumentos de comunicação geram uniformidade de conhecimento e juízos sobre a sociedade. Arte da massa Uniformidade de conhecimento e juízo Absolutismo Vive enqto mantém a comunidade alheia de si Urgência em informar pela celeridade do mundo contemporâneo. O jornal se tornou + sintético. A TV possui capacidade de síntese e rapidez maior que o jornal. Não pode mais haver tempo ocioso, tudo deve ser preenchido, tudo é televisável. Mostra-se, ás vezes, imagens díspares, “mistura de fatos”: guerra e Festival de Cannes. A essa “aglutinação de fatos” Malraux deu o nome de Museu do Imaginário: reprodução fotográfica: moeda celta ao lado de uma escultura grega... No caso da TV a mistura não alcança apenas uma forma de arte + todas as expressões do presente. Forma no espectador uma visão complexa do seu próprio mundo, vivida por milhões ao mesmo tempo = semiconsciência comum. As técnicas de reprodução próprias da época industrial inauguram uma nova idade da arte. Ex: homem do campo (préindustrial) experiência única homem urbano (industrial) mesmos programas, experiência comum. Não cabe perguntar se estas artes são mesmo artes, pois elas se incorporam tanto a vida que é impossível ignorá-las. Expõe experiências, depois se torna arte (coletiva). Ex: Chaplin, Gordo e o Magro. A arte da massa se apóia em meios técnicos próprios, ex: reprodução de originais, amplia o consumo. A xilogravura nasce como técnica de reprodução e ganha autonomia ao se tornar meio de criação. Técnicas mecânicas de gravação se aperfeiçoam até tornar sua técnica arte, ex: ilustrações. Enqto dizemos que um pintor violenta sua própria natureza ao reproduzir um quadro novamente a arte da massa se baseia numa pluralidade original. Ex: cinema A arte de massa: 1) Apreende diretamente os elementos da realidade (imagens, vozes do mundo....) 2) Recria segundo sua necessidade de expressão (aumento um aspecto, tira outro...) O cinema é o exemplo mais importante da arte de massa. O que define a arte de massa é o seu raio de ação, o vasto número de pessoas que pode atingir. Sua natureza é industrial= divisão do trabalho e trabalho em equipe. Ex: filme, propagandas... Nessa arte as qualidades podem ser secundárias, trabalhadas pela técnica: voz, interpretação... Como as artes de massa influencia as eruditas: • escritores devem prever a concorrência com best-sellers, romances policiais e folhetins • livros eruditos viram livros de bolso. Coleções em bancas de jornais. Não importa se o público entende a obra desde que ela apareça. • Confusão vida pessoal com obra: depoimentos de amigos, amantes... • a editora é forçada a encontrar sempre novos autores a lançar •Qto mais se publica + aumenta o publico ledor. Assim como o crítico não consegue ler todas as publicações não consegue visitar todas as exposições. •Como as artes de massa, as artes plásticas escapam a crítica se apoiando numa existência comercial. Ex.: obras em supermercados, artistas de rua...Choque entre a visão estética (dos críticos) e das obras como mercadorias (marchands). “A própria natureza da arte de massa a faz escapar ao controle da crítica” Ela prescinde da crítica. Diferente da arte do povo, arte popular, que tbém se realizava à margem de qquer juízo crítico, que era produto espontâneo da natureza, pré-industrial. Se limitava a certas faixas da sociedade: ex: Canções folclóricas ≠ No carro Lichtenstein A arte de massa é fruto do alto desenvolvimento tecnológico e abrange todas as áreas sociais, acabando por envolver mesmo as cultas e eruditas. Penetrável Soto Caminhamos, então, para uma arte à revelia do juízo crítico, fundada na existência comercial? Não se pode responder essa pergunta, a própria arte erudita, sob a pressão da sociedade de massa, se aproxima dessa cultura. Os processos de divulgação e informação levantam os níveis das artes de massa. Amplia sua influência conforme se integra aos problemas coletivos. Ler pg 122 -123 A arte de massa é mercadoria não significa o fim da arte mas uma nova condição que a arte passou a enfrentar com o surgimento da burguesia e o fim da arte aristocrática e impositiva do passado. O capitalismo não é um monstro, engendrou diversas mudanças, a arte de massa é uma consequência dela e sua comercialização é necessária. Ler pg 127 Há uma tendência em idealizar as condições de trabalho dos artistas no passado, mas essa arte também sofreu limitações. Ex: Idade Média: arte “popular” imposta. A transformação da arte em mercadoria gerou uma massa esquemática, mas nem toda arte de massa é negativa, a sua própria condição de mercadoria gerou outras formas de arte: cinema. A linguagem do cinema absorve recursos criados por outras formas de arte (HQ, linguagem gráfica...). A arte de massa de qualidade não é o intercâmbio de todas numa só, mas o intercâmbio entre diferentes linguagens. A linguagem da arte de massa indaga pelo homem, não enquanto ser metafísico, mas enquanto ser social, em sua realidade concreta. A complexidade da existência não advém de um ser insondável mas do caráter dialético do real = arte política. Ler pg 130 -131 Frida Kahlo O marxismo dará saúde aos enfermos