O APOIO PEDAGÓGICO NO CONTEXTO ESCOLAR: REFLEXÕES SOB A ÓTICA
DE VIVÊNCIAS DE ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DOCENTE¹
ANTUNES, Sanira C.²; CARVALHO, Bruna P. de³; SOUZA, Carmem R. S. e. 4
¹ Trabalho produzido na disciplina de Estágio curricular supervisionado III – Apoio Pedagógico –
Centro Universitário Franciscano - UNIFRA.
² Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil.
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Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil.
4
Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil.
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
Este artigo emergiu das vivências obtidas no decorrer da disciplina de Estágio curricular
supervisionado III – Apoio Pedagógico, do Curso de Pedagogia, do Centro Universitário Franciscano
– UNIFRA. O trabalho visou possibilitar a aproximação entre teorias estudadas durante o curso de
Pedagogia e a prática educativa, verificar de que maneira se constituí o contexto escolar e atender as
fragilidades evidenciadas pela escola, onde realizou-se o estágio; no que tange as questões
referentes ao apoio pedagógico. Os procedimentos metodológicos basearam-se na elaboração e
desenvolvimento de um projeto, solicitado pela escola de incentivo à leitura, que teve por resultados
uma ótima receptividade dos educandos e da gestão escolar para com as proposições das
atividades, bem como a evidência do desejo demonstrado pelas crianças de maior acesso à leitura,
além de fomentar uma maior procura por parte dos educadores às obras organizadas na biblioteca.
Concluiu se que a vivência do estágio forneceu conhecimentos fundamentais quanto às práticas
pedagógicas escolares e serviu como base para futura atuação educacional frente ao universo
complexo e repleto de peculiaridades que constituem a escola, espaço que integra e é integrado pela
sociedade e que necessita de profissionais comprometidos e conscientes de todos os processos que
envolvem o processo educacional.
Palavras-chave: estágio; apoio pedagógico; leitura.
INTRODUÇÃO
Este trabalho refere-se a um artigo, produzido com base nas vivências e percepções
obtidas no decorrer da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III – Apoio
Pedagógico. Como justificativa para tal estudo, tem-se a relevância da concretização de
experiências como esta, dentro do contexto real que envolve a escola, para a formação
docente e mostra-se fundamental evidenciar um olhar reflexivo entre teoria e prática.
Assim, tem - se por objetivos possibilitar a aproximação entre as teorias estudadas
durante o curso de Pedagogia e a prática educativa, verificar de que maneira se constituí o
contexto escolar e atender as fragilidades evidenciadas pela escola, onde se realizou o
estágio; no que tange as questões referentes ao apoio pedagógico. Optamos por
desenvolver o estágio em uma escola municipal de ensino fundamental, localizada na
cidade de Santa Maria – RS, que possui cerca de 250 alunos matriculados e fundada no ano
de 1958.
As atividades realizadas na escola focaram as ações de apoio pedagógico
correspondentes às dimensões que a Pedagogia pode abranger, em diferentes setores da
escola. As ações desenvolvidas concentraram-se na biblioteca da escola.
Em concordância com essas práticas, e para a efetivação do estágio, houve a
construção de um projeto, que foi apresentado ao longo do desenvolvimento deste texto. O
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projeto referiu-se a questões importantes levantadas e solicitadas pela própria gestão da
escola e foi construído e desenvolvido pelas acadêmicas, então estagiárias.
METODOLOGIA
Este artigo consiste em um Relato de experiências e evidencia uma abordagem
qualitativa quanto ao levantamento e análise de dados e resultados obtidos por meio das
vivências do estágio e do desenvolvimento e concretização do projeto de estágio.
Frente a problemática levantada pela escola, sobre professores e alunos raramente
frequentarem a biblioteca, optamos por desenvolver um projeto, que foi intitulado como “Baú
Literário” e que teve por objetivos desenvolver o hábito da leitura, como base para o
enriquecimento das aprendizagens dos educandos e para a construção do senso crítico,
reconhecer a importância da leitura na vida do educando, no cotidiano escolar e fora dele.
O projeto foi desenvolvido tendo como público alvo crianças pertencentes a uma turma
de 3ª ano da escola e ocorreram no turno da tarde, nas respectivas datas de 24 a 31 de
Maio de 2010.
As atividades do Baú Literário incidiram na reunião de livros de história infantil em um
baú, que foi levado até a sala de aula para que a turma conhecesse e desenvolvesse a
atividade proposta. Cada aluno leu um livro, de sua escolha e teve uma semana para a
realização da leitura e elaboração de um fichamento.
No dia da entrega dos fichamentos, que culminaram em uma síntese do livro lido, os
alunos foram convidados a irem à biblioteca, para conhecerem as mudanças
organizacionais no local e comentarem sobre as histórias que leram. Para finalização da
atividade, como encerramento do projeto de estágio, foi contada uma história às crianças,
intitulada de “O espelho mágico”, de forma lúdica, através de um tapete contador de
histórias, confeccionado pelas estagiárias.
DESENVOLVIMENTO
Durante o primeiro contato com a escola, dialogamos com a equipe diretiva,
especialmente com a diretora e vice-diretora, sobre quais seriam os aspectos importantes a
serem trabalhados na escola, para que assim fosse possível, auxiliar no desenvolvimento de
propostas como meio de solução pedagógica frente à (s) dificuldade (s) relatada (s).
Assim, concentramos as atividades na organização da biblioteca, como foi solicitado.
A mesma deveria ser organizada, os livros catalogados por ano escolar e assunto para
receber os professores e alunos da instituição, e para que estes pudessem localizar as
obras que mais lhe interessassem com mais facilidade (pouco acesso).
Obtivemos uma ótima receptividade por toda a comunidade escolar e partimos para a
organização da atividade. Organizamos primeiramente os livros didáticos, e constatamos
que existiam, e ainda existem, na biblioteca grandes coleções pouco ou quase nada usadas
pelos professores. Optamos por organizar os livros didáticos por séries e anos
correspondentes, a começar da alfabetização até o 9º ano.
O que chamou mais atenção, foi o fato de que na biblioteca existem grandes
prateleiras com livros expostos para acesso dos alunos e professores, só que estes referem
se apenas aos didáticos e a enciclopédias, já que os livros para os professores e os de
literatura juvenil e infantil, além dos clássicos brasileiros e estrangeiros, crônicas, poesias,
etc. estão chaveados em grandes armários. Este fato nos preocupou, pois sabe-se que,
[...] ler e escrever são tarefas na escola, em cada sala de aula e na
biblioteca, esta como o espaço convergente de todas as atividades. É nela
que se [...] se favorece a convivência dos diferentes segmentos da
comunidade escolar, pertencendo, portanto, a todos os usuários e, ao
mesmo tempo, não sendo propriedade exclusiva de uns ou de outros. A
escola que não olha para sua biblioteca, que não a vê como espaço do
professor [...] e do aluno, descura da leitura e da escrita que realiza. Ler e
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escrever, portanto, implica redimensionar nossas práticas e nossos espaços
(NEVES, et al. 2007, p. 15)
Ao ser questionada sobre o motivo das obras literárias estarem trancadas nos
armários e não estarem nas prateleiras, visíveis e de livre acesso aos alunos, a gestão da
escola, representada pela figura da diretora, respondeu-nos que o motivo seria a falta de
cuidado com os livros e a possibilidade de haver furto das obras da biblioteca, por parte dos
próprios alunos. Seguimos com a organização dos livros, desta vez, àqueles trancados nos
armários e nos surpreendemos com a riqueza e a qualidade dos livros, para professores,
adolescentes e crianças.
Obras extremamente belas e significativas, desde livros sobre formação de leitores,
temas transversais e dicionário de libras para professores, além de obras de poesia,
curiosidades, e até mesmo educativas como uma coleção de ensino de história da arte para
crianças, obras de alta qualidade, enviadas pelo Ministério da Educação, através do FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Organizamos a biblioteca, tanto os armários, quanto as estantes, classificando as
obras em: Livros para professores, livros de crônicas, poesias e contos, suspense e
aventura, romance, clássicos brasileiros e estrangeiros, livros de curiosidades, história e
cultura, literatura juvenil, literatura infantil, poesias para crianças, livros específicos para
alfabetização, assim como livros educativos para crianças, com os temas como meio
ambiente, saúde e cidadania e educação para o trânsito.
Todas as prateleiras foram identificadas por etiquetas, contendo o tipo de obra, para
que incentivasse a escolha dos livros e para que fosse mais facilitada a busca dos leitores
ou futuros leitores às obras. Essa preocupação emerge do princípio de que a biblioteca é:
[...] espaço privilegiado, em que se dá o encontro do leitor com diversas
formas de registro de conhecimento. É nesse espaço, também que pode se
estabelecer
o
diálogo
entre
indivíduos
que
compartilham
informações,impressões, experiências” [...]” é importante que esse local seja
agradável e ofereça condições para interação entre os sujeitos e para
apropriação de informações por parte dos leitores. Quanto maiores as
oportunidades de diálogo, tanto melhores serão as trocas de experiências
(PEREIRA, 2009, p. 45).
A leitura é base fundamental e indissociável dos saberes escolares, pois permeia
todas as disciplinas do currículo, assim, é preciso que essa ocorra em todos os ambientes
da escola, desde a sala de aula até a biblioteca, como evidenciado anteriormente.
Isso porque, a leitura e a escrita possibilitam a expressão e a comunicação entre as
pessoas, e durante essa comunicação permite que haja “a construção de novos modos de
compreender o mundo, de novas representações sobre ele” (PCNs, 1997, p. 22), o que
acaba por trazer o conhecimento e a conscientização frente à realidade em que vivemos, e
assim há a possibilidades de formação de um cidadão com pleno senso crítico e capaz de
efetuar uma possível transformação social.
A importância da leitura no cotidiano escolar refere-se também ao enriquecimento
cultural e desenvolvimento integral da criança, portanto, “tornar o livro parte integrante do
dia-a-dia das nossas crianças é o primeiro passo para iniciarmos o processo de sua
formação como leitor” (CRAIDY & KAERCHER, 2001, p.83).
A pouca frequência de visitações à biblioteca, por vezes é justificada por problemas
enfrentados em quase todas as instituições de ensino, a inexistência de um profissional
habilitado para trabalhar na biblioteca, impasse este que urgentemente deve ser resolvido,
pois percebe-se que a biblioteca passa muito mais tempo fechada do que aberta, por não ter
ninguém que fique diariamente como responsável. Este fato, infelizmente; acaba por causar
limitações nos processos de ensino e aprendizagem, já que o acesso a diferentes gêneros
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textuais é essencial para o fomento ao hábito da leitura, que enriquece e agrega novos
conhecimentos vocabulares à formação dos educandos.
RESULTADOS
Durante a realização do projeto as crianças ficaram entusiasmadas, e surgiram
questionamentos por parte das mesmas, que queriam saber se a biblioteca iria permanecer
aberta sempre, para que elas pudessem visitá-la mais vezes, tanto que quatro alunas, após
a apresentação da história,no momento de culminância do projeto, optaram por permanecer
na biblioteca, mesmo durante o intervalo, encantadas lendo livros que nem imaginavam
existir.
Após apresentar a organização da biblioteca à direção, foi sugerido à diretora que a
próxima reunião pedagógica fosse realizada no ambiente da biblioteca, para que as
mudanças fossem de conhecimento de todos, pois seria uma ótima maneira de reapresentar
o espaço aos professores.
A importância de ações como esta para a escola e para o enriquecimento da nossa
formação, como futuras educadoras, vão ao encontro do que nos diz Pimenta e Lima,
quando citam que,
[...] ao transitar da universidade para a escola e desta para a universidade,
os estagiários podem tecer uma rede de relações, conhecimentos e
aprendizagens, não com o objetivo de copiar, de criticar apenas os
modelos, mas no sentido de compreender a realidade para ultrapassá-la
(2009, p. 111).
Isso reforça a afirmação de que o ensino superior enriquece o contexto escolar e que
este por sua vez traz para o conhecimento teórico-científico das universidades, uma prática
educativa fundamental e capaz de embasar a pesquisa e demonstrar como a realidade
escolar de fato se constituí, para que assim haja uma reflexão sobre a coerência entre as
concepções teóricas e a complexidade do contexto escolar, da construção da prática
educativa .
CONCLUSÕES
No decorrer da realização do estágio supervisionado em Apoio Pedagógico, foi
possível observar de perto as dificuldades encontradas pela escola, bem como as
concepções de educação presentes no contexto escolar.
Constatamos que a escola, mesmo cometendo alguns equívocos que necessitam ser
repensados, é um local aberto para novas propostas, pois reconhece o valor dessa troca de
saberes entre a escola e o ensino superior, o que tem como grande valia para melhoria de
suas ações educativas.
A vivência do estágio proporcionou conhecimentos fundamentais quanto às práticas
pedagógicas escolares, pois aproximou os saberes aprendidos durante diversos semestre
do Curso de pedagogia da realidade escolar, e forneceu embasamento para uma futura
atuação educacional frente ao universo complexo e repleto de peculiaridades que
constituem uma escola, espaço que integra e é integrado pela sociedade e que necessita de
profissionais competentes, responsáveis em sua prática e cientes de todos os processos
que envolvem o meio educacional.
REFERÊNCIAS
CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis E. P. da Silva. Educação Infantil: pra que te
quero?. Porto Alegre: Artmed, 2001.
NEVES, Iara Conceição B.; SOUZA, Jusamara V.; SCHÄFFER, Neiva O.; GUEDES, Paulo
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C.; KLÜSENER, renita. (Orgs.) Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 8. ed. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2007
PEREIRA, Andreá Kluge. Biblioteca na escola. Brasília: Ministério da Educação – MEC,
Secretaria de Educação Básica, 2009.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro L. Estágio e Docência. 4. ed. São Paulo:
Cortez, 2009.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua
Portuguesa : Ensino de primeira à quarta série. Brasília, 1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf>. Acesso em: 26 de Junho, 2010.
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