Polícia > | 39 | ZERO HORA > TERÇA | 23 | MAIO | 2006 Passo Fundo Menina de quatro anos e bebê de seis meses foram assassinados com facadas no peito em residência na periferia do município, e polícia, que investiga o crime, descarta possibilidade de latrocínio Mistério cerca morte de crianças TADEU VILANI Passo Fundo/Casa Zero Hora CLEBER BERTONCELLO* O brutal assassinato de duas crianças, ao meio-dia de ontem, em Passo Fundo, norte do Estado, chocou os moradores e criou um desafio para a polícia: desvendar o que ocorreu na casa de número 315 da Rua João Pereira Bilhar, na Vila Valinhos, periferia do município. REPRODUÇÕES A riane Toledo, quatro anos, e Gabriel Toledo Fraga, seis meses, morreram com facadas no peito. A Ariane Toledo mãe deles, a dona de casa Iara Toledo Moraes, 24 anos, foi ferida com uma facada no peito, mas não corre risco de vida. As duas crianças foram encontradas deitadas numa cama de casal, lado a lado, pelo cabeleireiro Benjamin Fraga, 31 anos, que há cerca de dois anos e meio mora com Iara. Ele é pai do bebê e padrasto da menina. Segundo disse a policiais, ao chegar em casa e ver a mulher e as crianças feridas, Fraga ligou para um irmão, que então avisou a Brigada Militar. Quando a ambulância chegou à residência, somente a dona de casa estava viva. Ela foi levada ao Hospital São Vicente de Paulo. Mãe disse que assaltante teria invadido a casa Uma faca do tipo de churrasco foi encontrada sob a cama onde estavam as vítimas. A suspeita inicial foi de que Iara tivesse matado os filhos e tentado o suicídio. Um bilhete com palavras de despedida, sem assinatura, foi encontrado em um armário do quarto. No hospital, a dona de casa negou essa versão e disse que um homem desconhecido invadiu a casa. Ao constatar que não havia dinheiro no local, ele teria esfaqueado a mulher e, em seguida, assassinado as crianças. Avó das vítimas, Terezinha Moraes, 48 anos, assistiu inconsolável à saída do caixão com os corpos de dentro da casa. Para ela, a filha não pode ser a autora das facadas: – Quero justiça e que o verdadeiro culpado seja punido. Para o delegado Rodrigo Bozzetto, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), somente as investigações desvendarão os fatos. – Há muitas evidências e contradições. Mas considero a hipótese de latrocínio remota – disse Bozzetto. ➧ [email protected] * Colaborou Roberta Salinet/RBSTV Enquanto assistia à saída dos caixões com os corpos, Terezinha, avó das vítimas, disse não acreditar que sua filha possa ter sido a responsável pelos crimes Lajeado Polícia tenta esclarecer quem espancou vítima em um quarto de motel Acareação deve apontar assassino de empresário Lajeado/Correspondente TAÍS GRÜN Um dia após o enterro de seu vice-presidente, Luiz Amaro Baptista, 44 anos, vítima de latrocínio na semana passada, no Vale do Taquari, a Sociedade Olímpica de Venâncio Aires (Sova) passou a segunda-feira com as portas fechadas, em sinal de luto. A suspensão das atividades, ontem, simbolizou a dor, a comoção e a revolta de amigos, familiares e colegas de trabalho do empresário, morador de Lajeado, encontrado morto em Taquari, no sábado. – A gente ainda não sabe bem o que aconteceu. A única certeza que temos é a de que o Baptista era uma pessoa do bem, organizada, responsável, incapaz de fazer mal a quem quer que fosse – diz a presidente da Sova e amiga desde a adole s c ê n c i a , Naide Teresinha Heck, de Venâncio Aires. Luiz Baptista Muito abalada, a mãe do empresário, Gládis, 66 anos, evita falar com a imprensa e ler jornais. Baptista era seu único filho vivo. Há 12 anos, também de forma trágica, o caçula da família, Luiz Augusto Baptista, de 18 anos, morreu vítima de um acidente de trânsito quando voltava de uma festa. Havia pelo menos cinco anos que Luiz Amaro Baptista trabalhava no Vale do Taquari. Antes de assumir o comando do Centro de Registro de Veículos Automotores e do Cartório de Registro Civil, há dois anos e Suspeitos de ficha limpa De acordo com o delegado regional da Polícia Civil do Vale do Taquari, João Selig, os jovens Eduardo Cezimbra da Fonseca, 21 anos, e Jaime Mallmann, 25 anos, conheceram-se em Roca Sales, para onde o primeiro, natural de Rio Grande, havia se mudado com um amigo, há pouco mais de um mês. Fonseca, criado por uma avó na Vila da Quinta, saiu da terra natal, na Região Sul, para assumir o primeiro emprego em um curtume, do qual foi demitido na semana passada, por excesso de faltas. meio, em Lajeado, o empresário, graduado em Direito e Engenharia Química, chegou a trabalhar em outro cartório, no município de Ilópolis. Ontem, devido ao excesso de serviço, as duas empresas de Lajeado tiveram expediente normal. Os funcionários também evitaram comentar a morte do empresário. Suspeitos se acusam pela morte do empresário Os dois suspeitos do crime, presos pela polícia entre o começo da noite de sábado e a madrugada de domingo, deverão passar por uma acareação. A polícia tenta esclarecer quem espancou Baptista até a morte em um quarto de motel. Eduardo Cezimbra Mallmann, natural de Estrela, mora em Roca Sales com a mãe e uma irmã. Desempregado, sonhava com a carreira de modelo. Os dois são filhos de pais separados e não têm antecedentes criminais. Horas antes do crime, na terça-feira passada, a dupla já planejava ir a Lajeado roubar dinheiro e o Audi do empresário Luiz Amaro Baptista, que conhecia Mallmann havia pelo menos um ano e meio. Segundo Selig, ambos haviam comentado a intenção com amigos, mas “ainda não ficou claro o motivo da morte”. da Fonseca, 21 anos, de Rio Grande, e Jaime Mallmann, 25 anos, de Estrela, cumprem mandados de prisão temporária de 30 dias no Presídio Estadual de Lajeado. Em depoimento à polícia, os suspeitos de latrocínio, confessaram o roubo do veículo Audi de Baptista, o uso de seus cartões de crédito, a fuga a Rio Grande – onde o carro foi localizado na quinta-feira – e a ocultação do cadáver no interior de Taquari. Contudo, nenhum deles confessa ter desferido os pontapés contra a cabeça de Baptista, o que teria causado a a morte de Baptista. Segundo o delegado de polícia Rodrigo Zucco, o inquérito deverá ser concluído nos próximos dias. ➧ [email protected]