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ZERO HORA > TERÇA | 23 | MAIO | 2006
Passo Fundo Menina de quatro anos e bebê de seis meses foram assassinados com facadas no peito em
residência na periferia do município, e polícia, que investiga o crime, descarta possibilidade de latrocínio
Mistério cerca morte de crianças
TADEU VILANI
Passo Fundo/Casa Zero Hora
CLEBER BERTONCELLO*
O brutal assassinato de duas
crianças, ao meio-dia de ontem, em Passo Fundo, norte do
Estado, chocou os moradores e
criou um desafio para a polícia:
desvendar o que ocorreu na casa de número 315 da Rua João
Pereira Bilhar, na Vila Valinhos, periferia do município.
REPRODUÇÕES
A
riane Toledo, quatro
anos, e Gabriel
Toledo Fraga,
seis meses,
morreram
com facadas
no peito. A Ariane Toledo
mãe deles, a
dona de casa Iara Toledo Moraes, 24
anos, foi ferida com uma facada no
peito, mas não corre risco de vida.
As duas crianças foram encontradas deitadas numa cama de casal,
lado a lado, pelo cabeleireiro Benjamin Fraga, 31 anos, que há cerca de
dois anos e meio mora com Iara. Ele
é pai do bebê e padrasto da menina.
Segundo disse a policiais, ao chegar
em casa e ver a mulher e as crianças
feridas, Fraga ligou para um irmão,
que então avisou a Brigada Militar.
Quando a ambulância chegou à
residência, somente a dona de casa
estava viva. Ela foi levada ao Hospital São Vicente de Paulo.
Mãe disse que assaltante
teria invadido a casa
Uma faca do tipo de churrasco foi
encontrada sob a cama onde estavam as vítimas. A suspeita inicial foi
de que Iara tivesse matado os filhos e
tentado o suicídio. Um bilhete com
palavras de despedida, sem assinatura, foi encontrado em um armário do
quarto. No hospital, a dona de casa
negou essa versão e disse que um homem desconhecido invadiu a casa.
Ao constatar que não havia dinheiro
no local, ele teria esfaqueado a mulher e, em seguida, assassinado as
crianças. Avó das vítimas, Terezinha
Moraes, 48 anos, assistiu inconsolável à saída do caixão com os corpos
de dentro da casa. Para ela, a filha
não pode ser a autora das facadas:
– Quero justiça e que o verdadeiro
culpado seja punido.
Para o delegado Rodrigo Bozzetto,
da Delegacia de Proteção à Criança e
ao Adolescente (DPCA), somente as
investigações desvendarão os fatos.
– Há muitas evidências e contradições. Mas considero a hipótese de
latrocínio remota – disse Bozzetto.
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* Colaborou Roberta Salinet/RBSTV
Enquanto assistia à saída dos caixões com os corpos, Terezinha, avó das vítimas, disse não acreditar que sua filha possa ter sido a responsável pelos crimes
Lajeado Polícia tenta esclarecer quem
espancou vítima em um quarto de motel
Acareação deve
apontar assassino
de empresário
Lajeado/Correspondente
TAÍS GRÜN
Um dia após o enterro de seu
vice-presidente, Luiz Amaro
Baptista, 44 anos, vítima de latrocínio na semana passada, no
Vale do Taquari, a Sociedade
Olímpica de Venâncio Aires
(Sova) passou a segunda-feira
com as portas fechadas, em sinal de luto.
A
suspensão das atividades, ontem, simbolizou a dor, a comoção e a revolta de amigos, familiares
e colegas de trabalho do empresário,
morador de Lajeado, encontrado
morto em Taquari, no sábado.
– A gente ainda não sabe bem o
que aconteceu. A única certeza que
temos é a de que o Baptista era
uma pessoa do bem, organizada,
responsável, incapaz de fazer mal a
quem quer que
fosse – diz a presidente da Sova e
amiga desde a
adole s c ê n c i a ,
Naide Teresinha
Heck, de Venâncio Aires.
Luiz Baptista
Muito abalada,
a mãe do empresário, Gládis, 66
anos, evita falar com a imprensa e
ler jornais. Baptista era seu único filho vivo. Há 12 anos, também de
forma trágica, o caçula da família,
Luiz Augusto Baptista, de 18 anos,
morreu vítima de um acidente de
trânsito quando voltava de uma festa.
Havia pelo menos cinco anos que
Luiz Amaro Baptista trabalhava no
Vale do Taquari. Antes de assumir o
comando do Centro de Registro de
Veículos Automotores e do Cartório
de Registro Civil, há dois anos e
Suspeitos de ficha limpa
De acordo com o delegado regional da
Polícia Civil do Vale do Taquari, João Selig, os jovens Eduardo Cezimbra da Fonseca, 21 anos, e Jaime Mallmann, 25
anos, conheceram-se em Roca Sales,
para onde o primeiro, natural de Rio
Grande, havia se mudado com um amigo, há pouco mais de um mês.
Fonseca, criado por uma avó na Vila
da Quinta, saiu da terra natal, na Região
Sul, para assumir o primeiro emprego em
um curtume, do qual foi demitido na semana passada, por excesso de faltas.
meio, em Lajeado, o empresário,
graduado em Direito e Engenharia
Química, chegou a trabalhar em outro cartório, no município de Ilópolis.
Ontem, devido ao excesso de serviço, as duas empresas de Lajeado
tiveram expediente normal. Os funcionários também evitaram comentar a morte do empresário.
Suspeitos se acusam
pela morte do empresário
Os dois suspeitos do crime, presos
pela polícia entre o começo da noite
de sábado e a madrugada de domingo, deverão passar por uma acareação.
A polícia tenta esclarecer quem espancou Baptista até a morte em um
quarto de motel. Eduardo Cezimbra
Mallmann, natural de Estrela, mora em
Roca Sales com a mãe e uma irmã. Desempregado, sonhava com a carreira de
modelo. Os dois são filhos de pais separados e não têm antecedentes criminais.
Horas antes do crime, na terça-feira
passada, a dupla já planejava ir a Lajeado roubar dinheiro e o Audi do empresário Luiz Amaro Baptista, que conhecia
Mallmann havia pelo menos um ano e
meio. Segundo Selig, ambos haviam comentado a intenção com amigos, mas
“ainda não ficou claro o motivo da morte”.
da Fonseca, 21 anos, de Rio Grande,
e Jaime Mallmann, 25 anos, de Estrela, cumprem mandados de prisão
temporária de 30 dias no Presídio
Estadual de Lajeado.
Em depoimento à polícia, os suspeitos de latrocínio, confessaram o
roubo do veículo Audi de Baptista, o
uso de seus cartões de crédito, a fuga a Rio Grande – onde o carro foi
localizado na quinta-feira – e a ocultação do cadáver no interior de Taquari.
Contudo, nenhum deles confessa
ter desferido os pontapés contra a
cabeça de Baptista, o que teria causado a a morte de Baptista. Segundo
o delegado de polícia Rodrigo Zucco,
o inquérito deverá ser concluído nos
próximos dias.
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Mistério cerca morte de crianças