Departamento de Engenharia Química e Biológica Avaliação do meio isolante de um transformador através da simulação das suas condições de funcionamento Relatório de Estágio apresentado para a obtenção do grau de Mestre em Processos Químicos e Biológicos Autor Ana Patrícia Simões Polido Orientador Doutor Luís Miguel Neves Moura de Castro Instituto Superior de Engenharia de Coimbra Engenheira Ana Rita Violante Fábrica SIEMENS S.A. Coimbra, Dezembro, 2012 “Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas." Charles Chaplin Agradecimentos Em primeiro lugar quero agradecer ao meu orientador no Departamento de Engenharia Química e Biológica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Doutor Luís Miguel Neves Moura de Castro, por se ter disponibilizado para orientar esta dissertação, ajudando-me a enfrentar as dificuldades inerentes ao trabalho que fui realizando. De igual modo agradeço à Engenheira Ana Rita Violante, responsável pelo Laboratório de Materiais da SIEMENS, pela disponibilidade de me receber, ajudar, orientar e apoiar ao longo deste estágio. Também não posso deixar de agradecer ao Eng.º Henrique Silva e à Dr.ª Helena Veneza por tudo o que me ensinaram desde o primeiro dia na SIEMENS e por tudo o que fizeram de forma a me ajudar neste trabalho (e que não foi pouco), especialmente todas as análises que fizeram para além do seu trabalho habitual. Obrigada por tudo o que me ensinaram e pela paciência que tiveram para o fazer. Às Doutoras Maria Nazaré Pinheiro e Maria João Moreira e Eng.ª Laura Teixeira Santos, por todo o apoio prestado e tempo despendido a auxiliar-me nas técnicas de determinação do teor de água e viscosidade. Ao Eng.º David Domingues agradeço o facto de enquanto Presidente do Departamento de Engenharia Química e Biológica ter iniciado, juntamente com o Doutor Luís Castro, as conversações com a SIEMENS, originando o meu trabalho. Finalmente as pessoas mais importantes, os meus pais e irmã, sem vocês estes últimos anos não teriam sido possíveis. Sem o vosso apoio era impossível ter chegado onde cheguei. Por último, mas nem por isso menos importante, quero agradecer aos que me aturaram ao longo desta fase mas que me acompanham já há uns anos, que sabem acalmar, alegrar e me ajudaram sempre que precisei, que nunca hesitaram em dar a opinião ou mandar parar para respirar. Aquela sala será sempre a “nossa sala” e as memórias do que lá passamos nos últimos anos continuarão sempre vivas. Resumo Resumo Nos últimos anos, o desenvolvimento de novos tipos de líquidos isolantes revolucionou a indústria dos transformadores. O midel e o silicone vieram substituir o óleo mineral aumentando a segurança do transformador e diminuindo o risco ambiental, na medida em que apresentam maior biodegrabilidade, são menos nocivos e têm menor risco de explosão, visto serem mais resistentes a aumentos de temperatura. O aparecimento destes novos líquidos isolantes abriu novos campos de investigação uma vez que a maioria da informação existente sobre líquidos isolantes se refere apenas ao óleo mineral. É neste contexto que foi estabelecido um protocolo de cooperação entre o ISEC e a SIEMENS, SA, no âmbito do qual se desenvolveu o presente trabalho. O objetivo principal do estágio era conhecer o comportamento destes novos isolantes quando o transformador está em funcionamento, ou seja, estudar a degradação do óleo e do material do isolamento sólido quando em contacto com um meio isolante de um transformador, através da simulação das suas condições de funcionamento. Assim foram aplicados choques térmicos a amostras de midel e silicone, que posteriormente foram analisadas segundo vários parâmetros, como o teor de água, rigidez dielétrica, fator de dissipação dielétrico (tg δ) e gases dissolvidos. Após a realização das análises de rotina verificou-se que estas propriedades não variam substancialmente com os choques térmicos Os resultados obtidos permitiram comparar o midel e o silicone com as alterações verificadas no óleo mineral, na perspetiva de aproximar os seus comportamentos, aplicando vários critérios como o de Rogers, a razão entre óxidos e entre gases atmosféricos, tendo por base a norma IEC 60599:1999. Em termos de análises cromatográficas, foi possível observar que a formação inicial de gases não ocorre por degradação do material mas através de reações que ocorrem entre os radicais instáveis livres no óleo. Só com o decorrer do ensaio é que a formação dos gases tem como base a degradação dos materiais e consequentes reações. Do mesmo modo, o critério de Rogers permitiu determinar que a quantidade de gases formada não é substancial. Ana Patrícia Simões iii Resumo As amostras com material bem tratado têm menor teor de água, devido à cura eficaz. Do mesmo modo o material mal tratado tem maior acidez devido à insuficiência da cura que leva a uma degradação mais rápida do material. A comparação dos aparelhos de Karl-Fisher foi bem-sucedida comprovando-se a aplicabilidade dos dois na deteção de teor de água elevados. Por último, realizou-se a análise multivariável dos resultados da análise de gases dissolvidos, através da qual se determinou ser possível inferir a concentração de algumas espécies gasosas, partindo das concentrações de gás de outras espécies, abrindo assim portas a novos estudos. Palavras-chave: Midel, Silicone, transformadores, DGA, teor de água, rigidez dielétrica, tg δ, análise multivariável. O presente documento está escrito seguindo o novo acordo ortográfico. iv Ana Patrícia Simões Polido Abstract Abstract In the last few years, transformers industry was revolution by the development of new insulating liquids. Midel and silicone replaced mineral oil increasing the transformer security and decreasing environmental hazard because of their higher biodegradability, are less harmful and have less explosion risk due to their higher resistance to temperature increases. The emergence of these new insulating liquid has opened new fields of research since the majority of existing information on the insulating liquids refers only to the mineral oil. It is in this context that we established a cooperation protocol between ISEC and SIEMENS, SA, under which developed the present work. The main objective of the internship was to understand the behavior of these new insulators when the transformer is in operation, studying the degradation of oil and solid insulation material when in contact with a liquid insulating of a transformer, through the simulation of their operation conditions. Thus thermal shocks were applied to samples of Midel and silicone, which were subsequently analyzed according to various parameters such as water content, dielectric strength, dielectric dissipation factor (tan δ) and dissolved gases. After make all routine analysis can be stated that these properties do not varied substantially with thermal shocks. The obtained results allowed to compare midel and silicone with the verified alterations on the mineral oil, applying several criteria like Rogers, the ratio between oxides and atmospheric gases, based on the IEC 60599, 1999. In terms of chromatographic analysis, it was observed that the initial formation of gases occurs not by material degradation but through reactions that occur between the unstable free radicals in the oil. Only with the course of the test is that the formation of gases is based on the degradation of materials and consequent reactions. Similarly, Rogers criteria allowed to determine the amount of gas formed is not substantial. The samples with treated material have lower water content, because of effective cure. Similarly poorly treated material has higher acidity due to insufficient cure which leads to a more rapid degradation of the material. Ana Patrícia Simões v Abstract The comparison of Karl-Fisher equipment was successful proving the applicability of both the detection of high water content. Finally, a multivariable analysis of the DGA results was performed through which it was possible to infer the concentration of some gaseous species, based on the concentration of other species gases, thus opening paths to new studies. Keywords: Midel, Silicone, transformers, DGA, water content, dielectric breakdown, tg δ, multivariate analysis vi Ana Patrícia Simões Polido Índice Índice 1. Introdução ................................................................................................................................ 1 1.1. 1.1.1. Origem da SIEMENS .................................................................................................. 1 1.1.2. SIEMENS em Portugal ............................................................................................... 3 1.1.3. Organização da SIEMENS em Portugal ..................................................................... 6 1.1.4. Enquadramento ........................................................................................................ 6 1.2. Transformadores .............................................................................................................. 7 1.3. Sistema Isolante ............................................................................................................... 8 1.3.1. Isolamento gasoso .................................................................................................... 9 1.3.2. Isolamento líquido .................................................................................................. 10 1.3.3. Isolamento sólido ................................................................................................... 11 1.3.4. Envelhecimento dos isolamentos – Interação entre sistemas ............................... 12 1.4. 2. SIEMENS ........................................................................................................................... 1 Óleos Isolantes ............................................................................................................... 15 1.4.1. ÓLEO MINERAL ....................................................................................................... 16 1.4.2. ÉSTER ...................................................................................................................... 19 1.4.3. SILICONE ................................................................................................................. 20 1.4.4. Propriedades dos líquidos isolantes ....................................................................... 20 1.4.5. Comparações entre líquidos isolantes ................................................................... 22 Técnicas Analíticas .................................................................................................................. 31 2.1. Teor de água por Titulação Coulométrica e Volumétrica (IEC 60814, 1997) ................. 31 2.2. Determinação da Tensão disruptiva (IEC 60156,1995) ................................................. 33 2.3. Determinação do Fator de Dissipação Dielétrica (Tg δ) (IEC 60247, 2004).................... 37 2.4. Índice de Acidez (IEC 62021-1, 2003) ............................................................................. 40 2.5. Viscosidade ..................................................................................................................... 42 2.6. Análise de Gases Dissolvidos (IEC 60567, 2005/ IEC 60599, 1999/ IEC 61181, 2007) .... 43 Ana Patrícia Simões vii Índice 3. Simulação do Impacto Térmico num Transformador ............................................................ 49 3.1. Material .......................................................................................................................... 49 3.2. Purga dos Vials ............................................................................................................... 51 3.3. Primeira Simulação ........................................................................................................ 53 3.4. Segunda Simulação ........................................................................................................ 54 4. Resultados e discussão........................................................................................................... 59 4.1. Primeira Simulação ........................................................................................................ 59 4.2. Segunda simulação ........................................................................................................ 67 4.2.1. Análise de Gases Dissolvidos.................................................................................. 70 4.2.2. Análises de Rotina .................................................................................................. 87 4.2.3. Análises Complementares...................................................................................... 92 4.2.4. Variação do teor de água, hidrogénio e oxigénio .................................................. 93 4.2.5. Análise Multivariável.............................................................................................. 95 5. Conclusões ........................................................................................................................... 105 6. Sugestões de trabalho futuro .............................................................................................. 109 7. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 113 Anexos.......................................................................................................................................... 119 A. Procedimentos de utilização dos aparelhos de Karl-Fischer ............................................... 119 B. Calibração do Viscosímetro de Cannon-Fenske-Routine e determinação da viscosidade cinemática dos óleos.................................................................................................................... 125 C. Ficha Técnica do Midel ........................................................................................................ 127 D. Ficha Técnica do Silicone ..................................................................................................... 130 E. Resultados Experimentais da 1ª Simulação ......................................................................... 131 F. Análise Multivariável............................................................................................................ 138 viii Ana Patrícia Simões Polido Índice Índice de Figuras Figura 1.1: Evolução do logotipo da SIEMENS (SIEMENS, 2005). ..................................................... 1 Figura 1.2: Telégrafo inventado por Werner von Siemens, 1847 (SIEMENS, 2005)......................... 1 Figura 1.3: Dínamo elétrico, 1866 .................................................................................................... 2 Figura 1.4: Elétrico da Linha de Sintra, 1902. ................................................................................... 3 Figura 1.5: Localização das fábricas da SIEMENS S.A. em Portugal (adaptado de SIEMENS, S.A., 2009)................................................................................................................................................. 5 Figura 1.6: Transformador. ............................................................................................................... 7 Figura 1.7: Representação de um corte transversal de uma bobine com o objetivo de se observarem os espaços para circulação do gás. ............................................................................ 10 Figura 1.8: Mecanismo de envelhecimento (a) e taxa de envelhecimento (b) (IEC 60505, 2004). 12 Figura 1.9: Mecanismos de degradação do papel (Martins, 2009). ............................................... 13 Figura 1.10: Esquema da degradação da celulose (Homagk et al., 2008). ..................................... 14 Figura 1.11: Estrutura dos hidrocarbonetos parafínicos (Lipstein, et al., 1970) ............................ 16 Figura 1.12: Estrutura química do diterciário-butilparacresol (Milash, 1984) ............................... 17 Figura 1.13: Formação de Álcool e Cetona a partir de um hidroperóxido terciário (Lipstein et al., 1970)............................................................................................................................................... 18 Figura 1.14: Formação de Cetona e Ácido partindo de um hidroperóxido secundário (Lipstein et al., 1970). ........................................................................................................................................ 18 Figura 1.15: Formação de Aldeído e Ácido partindo de um hidroperóxido secundário (Lipstein et al., 1970) ......................................................................................................................................... 18 Figura 1.16: Estrutura do éster sintético (a) e de um éster natural (b). ........................................ 19 Figura 1.17: Estrutura molecular do Silicone. ................................................................................ 20 Figura 1.18: Imagens da resistência à ignição. a) Óleo mineral b) Midel (M&I Materials, 2011). . 28 Figura 2.1: Aparelhos de titulação utilizados nos ensaios: a) Titulador Coulométrico Metrohm modelo 831, com agitador Metrohm, modelo 728 e b) Titulador Volumétrico Metrohm modelo 633 equipado com dois doseadores modelo 645 Multi-Dosimat. ................................................. 33 Figura 2.2: BAUR Oil Tester DTA e BAUR Dieltest DTA. .................................................................. 34 Ana Patrícia Simões ix Índice Figura 2.3: Pormenor da célula e elétrodos. .................................................................................. 35 Figura 2.4: Representação gráfica do coeficiente de variação vs. Tensão de rutura média (IEC60156, 1995). ........................................................................................................................... 37 Figura 2.5: BAUR DTL. .................................................................................................................... 38 Figura 2.6: Desmontagem do aparelho com referência a alguns dos componentes mais importantes.................................................................................................................................... 39 Figura 2.7: Exemplo de Compact Titrator com Rodolino. .............................................................. 40 Figura 2.8: Viscosímetro Capilar (GERÄTE). ................................................................................... 42 Figura 2.9: Percurso dos componentes da amostra na coluna (adaptado de Damelin, 2000)...... 44 Figura 2.10: Exemplo de um cromatograma obtido através do registo dos picos nos diferentes tempos de retenção. ...................................................................................................................... 45 Figura 2.11: Esquema da Cromatografia Gasosa (adaptado de Janssen, 2010). ........................... 45 Figura 3.1: Material utilizado nos ensaios experimentais. ............................................................ 50 Figura 3.2: Exemplo do material preparado. ................................................................................. 50 Figura 3.3: Vial e cápsula utilizados nos ensaios. .......................................................................... 51 Figura 3.4: Roundtable vista lateralmente (a) e de cima (b).......................................................... 53 Figura 3.5: Esquema de preparação de amostras para a primeira simulação. .............................. 53 Figura 3.6: Esquema de preparação de amostras para a segunda simulação. .............................. 54 Figura 4.1: Concentração de metano, etano e propano, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. .......................................................................................................... 61 Figura 4.2: Concentração de hidrogénio, etileno e propileno, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. .......................................................................................................... 63 Figura 4.3: Concentração de dióxido de carbono e monóxido de carbono, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. ....................................................................... 64 Figura 4.4: Concentração de oxigénio e azoto, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. ........................................................................................................................... 66 Figura 4.5: Garrafas de alumínio com as tampas derretidas, tampas derretidas depois de removidas das garrafas e o-rings partidos. .................................................................................... 68 Figura 4.6: Amostras de midel com material mal tratado, em que se pode observar as partículas libertadas (destacadas no circulo a preto). a- 5º ciclo, b - 7º ciclo. ............................................... 69 x Ana Patrícia Simões Polido Índice Figura 4.7: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o midel purgado com árgon e com material bem tratado. ............................... 72 Figura 4.8: Representação da variação dos gases atmosféricos e dos óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o midel purgado com árgon com material bem tratado. ............................. 73 Figura 4.9: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o midel purgado com árgon e com material mal tratado. ................................ 74 Figura 4.10: Representação da variação dos gases atmosféricos e dos óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o midel purgado com árgon com material mal tratado. .............................. 75 Figura 4.11: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o silicone purgado com árgon e com material bem tratado. ............................ 76 Figura 4.12: Representação da variação dos gases atmosféricos com o tempo de ciclo, para o silicone purgado com árgon com material bem tratado. ............................................................... 77 Figura 4.13: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o silicone purgado com árgon e com material mal tratado. ............................. 78 Figura 4.14: Representação da variação dos gases atmosféricos e óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o silicone purgado com árgon com material mal tratado. ........................... 79 Figura 4.15: Variação, em atmol, dos átomos de carbono, hidrogénio, azoto e oxigénio para todas amostras de midel e silicone com material mal e bem tratado. .......................................... 81 Figura 4.16: Valores da razão R1 e R2 para as amostras em estudo. .............................................. 84 Figura 4.17: Representação gráfica da razão entre os óxidos de carbono ao logo da experiência e representação do limite. ................................................................................................................ 85 Figura 4.18: Representação gráfica da razão entre os gases atmosféricos ao logo da experiência e representação do limite. ................................................................................................................ 87 Figura 4.19: Representação da Tensão disruptiva (kV), Teor de água (ppm) e Tg δ ao longo da experiência para as amostras de midel com material tratado....................................................... 90 Figura 4.20: Representação da variação do teor de água e concentração de hidrogénio e oxigénio ao longo da experiência, para amostras de midel e silicone com material bem e mal tratado. ... 94 Figura 4.21: Representação dos valores de hidrogénio experimental vs. hidrogénio obtido por MLR................................................................................................................................................. 97 Figura 4.22: Representação dos valores de metano experimental vs. metano obtido por MLR. .. 98 Figura 4.23: Representação dos valores de etileno experimental vs. etileno obtido por MLR. .... 98 Ana Patrícia Simões xi Índice Figura 4.24: Representação dos valores de propano experimental vs. propano obtido por MLR 98 Figura 4.25: Variação da concentração de hidrogénio obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. ...... 99 Figura 4.26: Variação da concentração de metano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. ...... 99 Figura 4.27: Variação da concentração de etileno obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. .... 100 Figura 4.28: Variação da concentração de propano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. .... 100 Figura 4.29: Variação da concentração de monóxido de carbono obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos............................................................................................................................................. 101 Figura 4.30: Variação da concentração de etano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. .... 101 Figura 4.31: Variação da concentração de propileno obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. .... 102 Figura A.1: Esquema do 831 KF Coulometer com pormenor do elétrodo de platina e conjunto gerador......................................................................................................................................... 120 Figura A.2: Esquema do 633 Karl-Fisher Automat. ...................................................................... 122 Figura B.1: Viscosidade dinâmica de soluções de sacarose (Perry et al., 1997) .......................... 125 xii Ana Patrícia Simões Polido Índice Índice de Tabelas Tabela 1.1: Descrição dos critérios de avaliação de um óleo e as características dos fluídos isolantes que lhe estão associadas. ................................................................................................ 16 Tabela 1.2: Exemplo de composição dos óleos parafínicos e nafténicos (Godinho, 2009). .......... 17 Tabela 1.3: Degradação do óleo mineral (Lipstein et al., 1970). .................................................... 18 Tabela 1.4: Características que influenciam a escolha do óleo (M&I Materials, 2011). ................ 21 Tabela 1.5: Comparação dos valores limite para óleo mineral novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 60422, 2013). ............................................................................. 23 Tabela 1.6: Comparação dos valores limite para Midel novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 61099, 2010; IEC 61203, 1992). ................................................................... 24 Tabela 1.7: Comparação dos valores limite para Silicone novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 60836, 2005; IEC 60944, 1988). .............................................................. 25 Tabela 3.1: Dimensões do material utilizado no estudo. ............................................................... 51 Tabela 4.1: Duração do período de aquecimento e arrefecimento em cada ciclo experimental e tempo total de simulação............................................................................................................... 59 Tabela 4.2: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras de óleo purgado, antes de serem sujeitas a qualquer tipo de choque térmico. ....................................... 60 Tabela 4.3: Tempo de aquecimento e arrefecimento para cada ciclo e tempo total de cada ciclo e de simulação................................................................................................................................... 68 Tabela 4.4: Valores obtidos na análise de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de midel purgado com árgon, contendo material bem tratado. ........................................................ 71 Tabela 4.5: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de midel purgado com árgon, contendo material mal tratado. ............................ 74 Tabela 4.6: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material bem tratado. ........................ 76 Tabela 4.7: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material mal tratado. ......................... 78 Tabela 4.8: Balanço aos átomos constituintes das espécies gasosas (expressos em moles de átomos), para cada um dos ciclos, nas amostras de midel e silicone com material bem e mal tratado. ........................................................................................................................................... 80 Ana Patrícia Simões xiii Índice Tabela 4.9: Valores da razão entre hidrocarbonetos para as diferentes amostras ao longo da experiência. .................................................................................................................................... 83 Tabela 4.10: Concentração, em ppm, dos gases num transformador de distribuição. ................. 84 Tabela 4.11: Valores obtidos para os ensaios de rotina para as amostras de midel com material bem tratado. .................................................................................................................................. 89 Tabela 4.12: Viscosidade cinemática a 40ᵒC das amostras correspondentes aos 91 dias de ensaio. ....................................................................................................................................................... 93 Tabela 4.13: Matriz de Componentes Rodada pelo Método Varimax com normalização de Kaiser. ....................................................................................................................................................... 96 Tabela A.1: Valores de teor de água obtidos na Fábrica do Sabugo da SIEMENS S.A. e no ISEC e respetivos valores para validação. ............................................................................................... 124 Tabela B.1: Valores necessários para a obtenção da massa volúmica da solução aquosa de sacarose a 60% e respetiva massa volúmica. .............................................................................. 125 Tabela B.2: Valores necessários à determinação da constante do viscosímetro. ....................... 126 Tabela B.3: Valores de tempo de escoamento e viscosidade cinemática obtidas para as amostras de óleo. ........................................................................................................................................ 126 Tabela E.1: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, em ppm. ................................................................................... 131 Tabela E.2: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, contendo material bem tratado, em ppm. .............................. 131 Tabela E.3: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, contendo material mal tratado, em ppm. ............................... 132 Tabela E.4: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, em ppm. ............................................................................. 132 Tabela E.5: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, contendo material bem tratado, em ppm. ........................ 133 Tabela E.6: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, contendo material mal tratado, em ppm. ......................... 133 Tabela E.7: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, em ppm. ................................................................................ 134 xiv Ana Patrícia Simões Polido Índice Tabela E.8:Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, contendo material bem tratado, em ppm. ........................... 134 Tabela E.9: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, contendo material mal tratado, em ppm. ............................ 135 Tabela E.10: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, em ppm. .......................................................................... 135 Tabela E.11: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material bem tratado, em ppm. ..................... 136 Tabela E.12: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material mal tratado, em ppm. ...................... 136 Tabela F.1: Matriz dos valores globais antes da rotação. ............................................................ 138 Tabela F.2: Matriz dos valores globais após a rotação. ................................................................ 138 Tabela F.3: Valores dos factor scores para todas as amostras e ciclos. ....................................... 139 Tabela F.4: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o hidrogénio. ............................. 140 Tabela F.5: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o metano. .................................. 140 Tabela F.6: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o etileno. ................................... 141 Tabela F.7: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o propano. ................................. 141 Tabela F.8: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o monóxido de carbono. ........... 141 Tabela F.9: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o etano. ..................................... 142 Tabela F.10: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o propileno. ............................. 142 Ana Patrícia Simões xv Índice Índice de Gráficos Gráfico 1.1: Organização da SIEMENS S.A. (Siemens, S.A., 2009). .................................................. 6 Gráfico 1.2: Representação da tensão disruptiva vs. Teor de Humidade (adaptado de M&I Materials, 2011). ............................................................................................................................ 26 Gráfico 1.3: Representação da percentagem biodegradação vs. Tempo (M&I Materials, 2011). 27 Gráfico 1.4: Representação gráfica da Tensão disruptiva vs. a Temperatura no óleo mineral (M&I Materials, 2011). ............................................................................................................................ 27 Gráfico 1.5: Representação gráfica da Tensão disruptiva vs. Temperatura no Midel (M&I Materials, 2011). ............................................................................................................................ 28 xvi Ana Patrícia Simões Polido Abreviaturas Abreviaturas SA – Sociedade Anónima SARL – Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada AG – Aktiengesellschaft (sociedade anónima) EDP – Energias de Portugal PT – Portugal Telecom IPO – Instituto Português de Oncologia PET – Tomografia de Emissão de Positrões ISEC – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra GmbH – Gesellschaft mit beschränkter Haftung (Sociedade Anónima com Responsabilidade Limitada) LAT – Laboratório de Alta Tensão EIS – Sistema Isolante Elétrico DP – Degree of Polymerization (grau de polimerização) DGA – Dissolved Gas Analysis (análise de gases dissolvidos) DBPC – Diterciário-butilparacresol Tg δ ou tan δ – Fator de Dissipação Dielétrico IEC – International Electrotechnical Commission ISO/DIS – International Organization for Standardization/ Draft International Standard (Organização Internacional de Padronização/Projecto de Norma Internacional) ASTM – American Society for Testing and Materials (Sociedade Americana para Testes e Materiais) GC – Gas Chromatography (Cromatografia Gasosa) MBT – Material Bem Tratado MMT – Material Mal Tratado MLR – Multiple Linear Regression (Regressão Linear Múltipla) Exp – Experiência Ana Patrícia Simões xvii Capítulo 1 – Introduçao Introdução 1. Introdução 1.1. SIEMENS Criada em 1847 em Munique, a SIEMENS tornou-se uma das empresas da área de engenharia mais importante a nível mundial, sendo a maior da Europa. Apresenta uma vasta gama de produção, desde telemóveis a reatores nucleares para além de oferecer soluções nas áreas da siderurgia, indústria do cimento e papel, entre outras. Figura 1.1: Evolução do logotipo da SIEMENS (SIEMENS, 2005). 1.1.1. Origem da SIEMENS A sociedade que Werner von Siemens e Johann Georf Halske iniciaram, designou-se como Telegraphen- Bauanstalt Siemens & Halske (Empresa de Construção de Telégrafos Siemens e Halske) e tinha o intuito de divulgar Figura 1.2: Telégrafo inventado por Werner von Siemens, 1847 (SIEMENS, 2005). Ana Patrícia Simões Polido 1 Capítulo 1 um novo modelo de telégrafo (Figura 1.2) que não requeria conhecimentos de código morse obrigando o seu utilizador a ser alfabetizado. Iniciava-se assim um caminho promissor para a empresa que revolucionou diversas áreas como a dos transportes e comunicações. A implementação deste sistema de comunicação levou à criação de máquinas de revestimento dos fios com o material isolante. Estas máquinas seriam utilizadas na Siemens Brothers, destinada à produção de cabos, iniciando-se a instalação de cabos de telégrafo subterrâneos e submarinos. Com a obtenção da patente do dínamo elétrico (Figura 1.3) em 1866 revolucionou os sistemas elétricos, reduzindo os desperdícios. Em 1870 a Siemens & Halske já tinha várias sucursais em diversos países (SIEMENS, 2005). Apenas 9 anos depois, com a mudança da sede para Viena e reestruturação dos objetivos da empresa, surgiu o Figura 1.3: Dínamo elétrico, 1866 gerador elétrico. No final do século é criada a Siemens- Shuckertwerke dedicada à engenharia elétrica. Com esta alteração da empresa surgiriam novas áreas e oportunidades de negócio. A SIEMENS iniciou o projeto de carros de corrida e o fabrico de automóveis (Protos). Apesar do sucesso nesta vertente, nos anos 20 a produção automóvel iria desaparecer dando lugar à produção de material elétrico e eletrodomésticos (Protos). Após a 1ª Guerra Mundial inicia-se um novo ciclo de crescimento que apenas em 1929 iria ser travado. De forma a garantir a subsistência da empresa, foram montadas oficinas de produção de elétrodos, disjuntores e transformadores nas fábricas onde só havia instalação destes. No ano de 1966 surge a SIEMENS G.A. que engloba a gestão da Siemens & Halske (1947), Siemens Shuckertwerke (1903) e Siemens -Reiniger-Werke (1932), sendo esta última criada para produção de equipamento médico. Atualmente, a SIEMENS conta com sucursais em cerca de 190 países, empregando perto de 400.000 colaboradores. As suas principais áreas de atividade incluem a atividade industrial, saúde e energia, das quais se destacam: Industria, Energia, Healthcare, Infraestruturas e Cidades, SIEMENS IT Soluções e SIEMENS IT Serviços (Siemens, 2005). 2 Ana Patrícia Simões Polido Introdução 1.1.2. SIEMENS em Portugal Quando em 1876 a SIEMENS forneceu um forno contínuo com regeneração de calor à indústria do vidro na Marinha Grande, não havia previsão que em 1905 o sector industrial português beneficiasse da implantação de uma sucursal da SIEMENS em território nacional: a Companhia Portuguesa de Eletricidade Siemens Schuckertwerk Lda., sucursal da então denominada Siemens-Schuckert (SIEMENS, 2005). O território lançamento nacional da foi SIEMENS fomentado em pela instalação de unidades elétricas em Portugal, assim como a adoção do carro elétrico como meio de transporte (SIEMENS, 2005). O fornecimento do equipamento para a Central Hidroelétrica de Santa Rita e de seis máquinas a vapor com geradores para a Figura 1.4: Elétrico da Linha de Sintra, 1902. termoelétrica de Massarelos eram alguns dos grandes negócios da SIEMENS em Portugal. Contudo a 1ª Guerra Mundial tornou precária a situação da empresa em Portugal devido à expropriação de empresas de origem Alemã. Após algum tempo, regressa a Portugal como SIEMENS Lda. - Companhia de Eletricidade, pertencendo à SIEMENS & Halske AG e SIEMENS Schuckertwerke, GmbH. Em 1931, devido ao aumento do volume de negócios, a SIEMENS Lda.Companhia de Eletricidade passou a SIEMENS – Companhia de Eletricidade, S.A.R.L. pertencendo maioritariamente à SIEMENS Schuckertwerte (SIEMENS, 2005). A 2ª Guerra Mundial reverteu o crescimento da SIEMENS tendo a empresa visto alguns dos seus pertences novamente confiscados pelo estado português. A multinacional voltou aos grandes negócios em território nacional em 1947, com o fornecimento de um posto de transformação e instalação elétrica da Companhia Portuguesa de Trefilaria. Em 1965, a SIEMENS por intermédio de Portugal chega a Moçambique, participando no projeto hidrelétrico de Cahora-Bassa. Nos anos de 1955-1968, forneceu variado material para a edificação da linha de comboios de Sintra e Metropolitano de Lisboa. É nos anos 60 que a SIEMENS decide criar a unidade Motra – Equipamentos Elétricos S.A.R.L. Em 1963, deu-se início à construção da atual fábrica situada no Sabugo, com vista à produção de transformadores, motores, eletrobombas e ferramentas Ana Patrícia Simões Polido 3 Capítulo 1 elétricas. Esta fábrica conhecida atualmente como SIEMENS - Fábrica do Sabugo, foi construída tendo em conta métodos de organização de trabalho modernos, revelando-se uma unidade fabril exemplar (SIEMENS, 2005). A Fábrica do Sabugo, em 1969 produzia matrizes para memórias de computadores, circuitos integrados híbridos e componentes para amplificadores. Em 1971, com a necessidade de expandir as instalações da empresa, abriu em Évora a unidade de produção de relés. A SIEMENS tinha então 1304 colaboradores divididos pelo Sabugo, Évora e departamentos administrativos e comerciais. Na década de 70, a reestruturação da sede alemã da empresa levou a uma reestruturação das filiais. Em 1972 a designação da SIEMENS passou a SIEMENS S.A.R.L. e definiu quatro departamentos: Eletrotécnico, Telecomunicações, Eletrodomésticos e Energia e Indústria. Existiam ainda o Departamento de Administração, a Delegação Técnica do Porto, a Fábrica do Sabugo e a Fábrica de Évora. Em 1973, a Indelma – Indústrias ElectroMecânicas, S.A.R.L. no Seixal, era adquirida pela SIEMENS e passou a assegurar a existência de uma segunda linha de produção de quadros elétricos. A produção nacional foi aumentada e diversificada com a implementação da indústria eletromecânica e eletrónica (SIEMENS, 2005). Contudo mais um retrocesso na evolução da SIEMENS surgiu em 1974 com a Revolução de Abril. As dificuldades económicas geradas pela redução de encomendas, aumento de salários, aumento da inflação e recessão internacional provocaram a redução de operários e aumento de prejuízos. Em 1976/77, apesar das dificuldades o maior acionista decidiu continuar a investir no país suportando os custos do prejuízo, dando um voto de confiança à sucursal. Na década de 80, o forte crescimento da SIEMENS em Portugal levou à aquisição de terrenos em Alfragide onde seria edificada a sede da SIEMENS. Na sede teriam lugar escritórios, oficinas e centros de estudo e preparação incluindo uma escola de técnicas digitais aplicadas em telecomunicações e automação digital (SIEMENS, 2005). Em 1987, a Motra foi integrada na SIEMENS, S.A. passando a denominar-se Fábrica de Transformadores do Sabugo, onde se produzem atualmente os transformadores de baixa e média potência. Na década de 90 participou em projetos de grande relevo como na construção da primeira rede móvel nacional (1992 - PT), construção e exploração da Central Termelétrica de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro (1991 – EDP), consórcios de fornecimento para a rede de comboios de Sintra e construção de protótipos para as novas 4 Ana Patrícia Simões Polido Introdução carruagens do Metropolitano, e obteve a certificação do sistema de gestão da qualidade das suas unidades. Em 1993 mais uma crise económica gerou a redução de pessoal no Sabugo e Indelma. Contudo novos projetos na área da cablagem para a Renault e Auto-Europa voltariam a impulsionar a empresa. Nesta década inovou-se mais uma sucursal desta vez em Matosinhos dando melhores condições ao departamento comercial, instalação e assistência dos produtos SIEMENS na Região Norte (SIEMENS, 2005). Com a entrada do novo milénio, o plano de negócios SIEMENS voltou-se para os serviços do futuro, tecnologias da informação, comunicação e da indústria. Em 2001 abria um polo de investigação dedicado a segmentos sofisticados do mercado de software, tecnologias óticas, mobilidade e internet. Na área da saúde instalou no IPO de Lisboa o 1º PET SIEMENS e iniciou a disponibilização de sistemas informáticos de gestão hospitalar Na Figura 1.5 pode-se observar a atual localização de algumas fábricas em Portugal. Figura 1.5: Localização das fábricas da SIEMENS S.A. em Portugal (adaptado Ana Patrícia Simões Polido de SIEMENS, S.A., 2009) 5 Capítulo 1 1.1.3. Organização da SIEMENS em Portugal Em 1989 a gestão das sucursais da SIEMENS foi descentralizada, ou seja, cada sucursal passou a ser responsável por si mesma. A empresa encontra-se dividida em 3 sectores principais sendo apoiados por um sector de soluções e serviços. Os centros corporativos funcionam como áreas que apoiam a empresa, ajudando na definição de estratégias e objetivos. A Fábrica do Sabugo é comummente designada por E T TR FS (Sector de Energia Transmissão Transformadores – Fábrica do Sabugo). SIEMENS S.A. Comité Corporativo Executivo Sector de Energia Fábrica do Sabugo (Transformadores) Sector de Indústria Healthcare SIEMENS IT Soluções e Serviços Centros Corporativos Fábrica de Corroios (Quadros Elétricos) Laboratório de Materiais Gráfico 1.1: Organização da SIEMENS S.A. (Siemens, S.A., 2009). 1.1.4. Enquadramento A oportunidade de uma parceria entre a SIEMENS - Fábrica do Sabugo e o ISEC surgiu da necessidade de aprofundar os conhecimentos existentes sobre o comportamento dos produtos alternativos de isolamento líquido, o midel e o silicone, comparando-os ao comportamento do óleo mineral, no que se trata das análises efetuadas no controlo de qualidade dos óleos de transformador. O objetivo principal era conhecer o comportamento destes isolantes quando o transformador está em funcionamento, ou seja, estudar o comportamento do equipamento sujeito a condições específicas e averiguar em que medida estes equipamentos e os seus componentes se deterioram, afetando o tempo de vida dos transformadores. Assim foi proposto um trabalho que consistia em provocar choques térmicos a amostras de líquido isolante, com e sem material isolante, analisando-as de forma cíclica, obtendo-se então resultados que permitissem comprovar que as normas utilizadas para a análise de óleos minerais podem igualmente ser aplicadas na análise de midel e silicone. 6 Ana Patrícia Simões Polido Introdução 1.2. Transformadores As diferentes utilizações da energia elétrica que hoje em dia se podem fazer são possíveis graças aos transformadores. A importância destes equipamentos no quotidiano da sociedade é grande na medida em que são fundamentais para a produção, transporte e distribuição de energia (Chapman, 2005). Um transformador é um equipamento elétrico estático que altera a voltagem da corrente elétrica através de um campo magnético, sem no entanto afetar o fornecimento de energia (Carvalho, 2011). Esta energia assim que é produzida passa para uma subestação de transformadores, onde a voltagem é aumentada de forma a facilitar a distribuição da energia, sendo que a transformação deve ocorrer com o mínimo de perdas de energia possível. Existem diversos tipos de transformadores, dependendo da sua função: transformadores de potência (abaixadores ou elevadores), transformadores para eletrónica (tensão alternada para tensão continua) e transformadores de comunicação (para tensões e correntes fracas ou para elevar os sinais para transmitir) (Carvalho, 2011). Figura 1.6: Transformador. O local de instalação de um transformador também pode variar, podendo ser instalado em subestações, cabines terrestres (PT) ou instalações aéreas. Uma parte importante do transformador é o tipo de isolamento com que este é fabricado, sendo este o alvo de estudo do presente trabalho. Ana Patrícia Simões Polido 7 Capítulo 1 1.3. Sistema Isolante Um sistema de isolamento é formado por um conjunto de materiais isolantes, cujo objetivo é isolar o transformador de agressões físicas, químicas e térmicas que eventualmente geram falhas no funcionamento dos transformadores. A longevidade de um sistema de isolamento determina o tempo de vida de um transformador em serviço, nomeadamente a sua resistência mecânica e condições de arrefecimento e isolamento. Todavia, outros fatores tais como as reações que ocorram no seu interior e a manutenção a que é sujeito são fundamentais. As perdas elétricas causam stress térmico na parte ativa da máquina, originando envelhecimento e decomposição do isolamento líquido e sólido, nomeadamente do óleo e papel (Goodman, 1972). Num sistema de isolamento não é apenas necessário que os componentes sejam compatíveis entre si, mas também que se mantenham estáveis e compatíveis em todas as circunstâncias de funcionamento. A performance de um sistema de isolamento não é previsível, pelo que tem de ser testado, normalmente em condições mais agressivas do que as condições de funcionamento. Os testes podem ser aplicados no material ou em todo o sistema (Goodman, 1972). No caso dos transformadores da SIEMENS, os transformadores são sujeitos a testes elétricos efetuados no Laboratório de Ensaios de Alta Tensão (LAT) sendo que o acompanhamento do estado do isolamento líquido é feito pelo Laboratório de Ensaios de Materiais, no qual se realizam ainda ensaios de compatibilidade que atestam a capacidade de co-funcionamento de diferentes materiais. O núcleo ativo do sistema isolante do transformador é constituído por diferentes partes, nomeadamente o núcleo, os enrolamentos, as travessias e o óleo isolante, quando existente. Os processos de envelhecimento fazem com que a degradação do óleo tenha influência no papel e vice-versa. Mais à frente no presente documento, estão referenciadas algumas das interações. O fator mais importante no envelhecimento de um sistema isolante é a temperatura pois tem capacidade para provocar alterações mecânicas e elétricas nas propriedades do material (Kovacevic et al., 2006). O isolamento destas máquinas é o fator mais importante para o seu correto funcionamento. Um transformador cujo sistema de isolamento esteja com problemas é um transformador em risco. Os núcleos magnéticos dos transformadores são componentes ambíguos, possuem geometria variada, a natureza do composto dielétrico é variada e a temperatura à qual o isolamento funciona não é fixa. É, ainda, preciso compreender que 8 Ana Patrícia Simões Polido Introdução os sistemas de isolamento não podem ser tidos como estáticos, ou seja, como sistemas que não sofrem alterações de qualquer tipo (Goodman, 1972; Flanagam, 1993) Os requerimentos necessários do cliente, o ambiente de operação e demais características necessárias têm de ser tidas em conta na fase de projeto do equipamento, em que, também se seleciona os materiais de construção de forma a garantir que o projeto seja seguro e viável e merecedor de confiança. É esta escolha que torna o sistema de isolamento único. Cada fabricante tem métodos próprios, não havendo por isso muita descrição sobre os sistemas isolantes (Flanagam, 1993; Arifianto et al., 2009; Cookson, 1990; Fuhr et al., 1993). Apesar de existirem diversos tipos de isolamento, os três tipos principais são: isolamento líquido, sólido e gasoso, sendo que os materiais que os constituem podem ser orgânicos, inorgânicos ou uma combinação dos dois. Cada conjunto de isolamento tem características particulares, sendo a interação entre os isolamentos fundamental. A degradação do sistema isolante é assistida por fenómenos complexos que alteram os parâmetros físicos e o comportamento dos componentes, podendo encontrar-se simultaneamente vários fatores a interagir, provocando o envelhecimento do óleo e dificultando um correto diagnóstico das falhas e das suas causas (Kovacevic et al., 2006; Flanagam, 1993; Department of the Army, 1998). O designado isolamento principal do transformador é aquele que engloba os enrolamentos (bobines), núcleo, papel e papel prensado (normalmente designado por pressboard), que é simplesmente o sistema de isolamento sólido, presente em todas as máquinas (Leijon et al., 2001). 1.3.1. Isolamento gasoso Apesar de nesta secção se tratar essencialmente das características dos transformadores com enchimento a ar, é de salientar que outros gases podem ser utilizados no enchimento dos transformadores, como por exemplo o hexafluoreto de enxofre (SF6). Este composto apresenta como limitação o facto de contribuir para o agravamento do problema do aquecimento global, uma vez que o potencial de aquecimento global do SF6 é muito superior ao potencial do CO2 (Ming et al., 2000). O ar é bastante mais leve que o óleo, pelo que estes transformadores são cerca de 20-30% mais leves. Tem melhor características sonoras, são mais simples de instalar e Ana Patrícia Simões Polido 9 Capítulo 1 não necessitam de equipamento antifogo. Foi utilizado como substituto do óleo por não ser inflamável e com o objetivo de evitar fugas de óleo que causam efeitos nefastos nos solos. Este tipo de transformador é muito utilizado em sítios onde o arrefecimento é difícil de fazer, como por exemplo minas subterrâneas de carvão (Camilli, 1960; Leijon et al., 2001; Smolka et al., 2011). A circulação de um gás (ar) no transformador tem como objetivo arrefecê-lo, removendo por Figura 1.7: Representação de um corte transversal de uma bobine com o objetivo de convecção, o calor formado. O ar circula em espaços se observarem os espaços para circulação do livres entre as bobines, o que faz com que os gás. enrolamentos estejam divididos em dois. Na Figura 1.7, estão representados os espaços livres (Smolka et al., 2011). Dado que o ar tem uma baixa capacidade térmica, a quantidade de calor removida é bastante reduzida. Todavia os transformadores com um isolamento a ar podem funcionar a temperaturas mais elevadas assim como em ambientes com elevado risco de incêndio. Como o ar, comparativamente ao óleo, não tem a mesma capacidade para aumentar o isolamento, os enrolamentos (parte do isolamento sólido) necessitam de maior proteção ou seja a camada isolante deve ser maior (Department of the Army, 1998). Nos transformadores secos é necessário ter em atenção a relação papel/isolamento do fio. Caso haja reação entre o papel isolador e o isolamento do fio este isolamento pode separar-se do fio, o que causa danos severos no transformador (Goodman, 1972). 1.3.2. Isolamento líquido Os transformadores que possuem um enchimento líquido são melhores isolantes que os transformadores com enchimento a gás. A dissipação de calor é feita por convecção, através de correntes formadas a partir da variação de temperatura do óleo. Nestes casos, o líquido circula pelo transformador, saindo da cuba e entrando nos radiadores promovendo uma transferência de calor em larga escala. Na projeção de um transformador é importante ter em conta que o óleo, ao aquecer, expande, assim e para evitar acidentes, nomeadamente o rebentamento de um transformador, o óleo ocupa apenas 88% a 90% do 10 Ana Patrícia Simões Polido Introdução espaço livre do transformador. Os restantes 10% a 12% são preenchidos normalmente com árgon ou azoto, permitindo a expansão segura do líquido. O óleo apresenta características indesejáveis como o facto de arder quando exposto a chama ou aquecido até à sua ignição ou ainda o facto de certas misturas de vapor de óleo e ar explodirem quando confinadas. O óleo deve manter as suas capacidades enquanto dielétrico, um mau isolante pode originar um envelhecimento precoce de todo o sistema (Wang et al., 2010; Bolhuis et al., 2002). Para que o óleo arrefeça o mais depressa possível, a área de transferência de calor deve ser grande, por isso, as paredes da cuba possuem alhetas. Contrariamente ao que sucede em transformadores com isolamento a gás, o isolamento líquido não é apropriado para trabalhar a altas temperaturas. O óleo é colocado no interior do transformador de forma a impregnar todo o interior. Assim, necessário que esta impregnação seja feita sob pressão ou então demorará semanas até que os enrolamentos estejam embebidos devido à sua viscosidade. Um dos óleos utilizado, o óleo mineral, deriva do petróleo, tem um flash point baixo e é um recurso esgotável. Devido a este facto, cada vez mais se procura substituir o óleo mineral dos transformadores por alternativas mais seguras, nomeadamente o midel e o silicone. 1.3.3. Isolamento sólido O envelhecimento e o declínio das propriedades isolantes do isolamento sólido nos transformadores podem originar numerosas falhas, pondo em causa a vida do transformador. Caso a monitorização e prevenção de falhas do isolamento forem tidas em conta e efetuadas de modo satisfatório e regular, podem ser detetadas a tempo possíveis deficiências do sistema de isolamento, aumentando o seu tempo de vida. Todavia há que ter em conta que este isolamento é insubstituível, assim quando este sistema falha por completo, a solução não residirá na substituição do isolamento mas sim na substituição do transformador (Wang et al., 2008; Yoshida et al., 1987; Zheng et al., 2001). Dos materiais próprios do isolamento sólido, fazem parte o papel, pressboard e nomex, o fio de cobre, cobre em banda, chapa magnética, entre outros, sendo que estes devem possuir alta força tênsil e dielétrica. Os materiais com as características da celulose são utilizados há vários anos devido ao reduzido custo e facilidade de produção, Ana Patrícia Simões Polido 11 Capítulo 1 apresentando características físicas e químicas desejáveis como isolantes elétricos, mas tendo como desvantagem o facto de se degradarem com o avanço da idade do transformador (Hill et al., 1995). 1.3.4. Envelhecimento dos isolamentos – Interação entre sistemas Um transformador tem no seu interior dois tipos de isolamento que, trabalhando em conjunto, formam o sistema isolante e protegem o transformador. O isolamento sólido está sempre presente em qualquer tipo de transformador podendo depois ser adicionado um isolamento líquido ou gasoso consoante a necessidade. A deteção de falhas num dos isolamentos pode ser feita a partir de análises ao isolamento que complementa o sistema (Flanagam, 1993; Department of the Army, 1998). O envelhecimento compreende todas as alterações irreversíveis nas propriedades de um sistema isolante elétrico (EIS), através da ação de um ou mais fatores que influenciam o seu envelhecimento. Na parte a) da Figura 1.8 estão esquematizados os fatores de stress que provocam o envelhecimento e consequentes mecanismos de envelhecimento. Na parte b) da mesma figura encontra-se um gráfico representativo da velocidade de envelhecimento, relacionando-a com os passos de envelhecimento referidos na parte a) da imagem (Kovacevic et al., 2006; Bolhuis et al., 2002; IEC 60505, 2004). Figura 1.8: Mecanismo de envelhecimento (a) e taxa de envelhecimento (b) (IEC 60505, 2004). 12 Ana Patrícia Simões Polido Introdução A análise, monitorização e diagnóstico da condição do sistema isolante do transformador, levou à criação de bases de dados (essencialmente realizadas feitas pelos fabricantes) que permitem a deteção de qualquer alteração das propriedades dos materiais isolantes, assim como o seguimento do historial do transformador, o que permite, em caso de análises com resultados insatisfatórios uma comparação de forma a verificar a tendência do aparelho. Um dos materiais mais importantes do sistema de isolamento de um transformador é o papel. Este é parte integrante do isolamento sólido e contém celulose (aproximadamente 90% de αcelulose e 10% de hemicelulose) que quando se degrada cria uma espécie de goma que afeta todo o sistema isolante, não só o sólido como também o líquido, caso exista (Wang et al., 2008). A idade de um transformador está correlacionada com a condição da celulose, sendo que esta degradação pode ser por oxidação, termólise ou hidrólise (Figura 1.9), fazendo com que os produtos de Figura 1.9: Mecanismos de degradação do papel degradação no óleo aumentem e o grau de (Martins, 2009). polimerização diminua. A termólise do papel é o fator predominante, ocorrendo a temperaturas superiores a 120ᵒC (Wang et al., 2008). A hidrólise do papel é catalisada pela quantidade de água e ácidos. Uma das formas de prevenção consiste na redução da quantidade de água no papel isolante. Quando os enrolamentos estão montados na estrutura que dará origem ao transformador, estes são colocados numa mufla para que a água se evapore, passando de uma humidade de 5-10% para 0,5% (Leijon et al., 2001; Martins, 2009). O grau de polimerização (DP) é bastante importante. O grau de polimerização corresponde ao número de unidades iterativas de moléculas de celulose e é correlacionada com a concentração de compostos furânicos. O papel kraft novo possui um DP entre 1100 e 1300 e sempre que o comprimento da cadeia de moléculas diminui resulta numa redução do valor de DP, consequentemente a força mecânica do papel diminui. O papel perde toda a força mecânica e não consegue suportar nenhum stress mecânico ou movimento quando o valor de DP se encontra perto de 150. Devido à dificuldade de Ana Patrícia Simões Polido 13 Capítulo 1 amostragem do papel do isolamento, a avaliação do papel é feita com base em análise dos compostos furânicos no óleo, complementada com análise de gases dissolvidos. A degradação do sistema isolante sólido, no que refere à celulose, pode ser detetada através da Dissolved Gas Analysis (DGA) feita ao isolamento líquido, visto que a análise do papel torna-se impossível quando o transformador está em funcionamento. O grau de degradação da celulose é detetado a partir dos valores de CO e CO2, assim como a partir da relação entre estes dois gases. A concentração inicial destes é bastante baixa e, em condições normais de funcionamento, o conteúdo de CO2 aumenta com o tempo. Apesar de o aumento do valor destes gases ser um indicador da degradação do isolamento sólido, é necessário ter em conta a baixa solubilidade e alta capacidade de dispersão deste. Por isso admite-se que, apesar de esta avaliação ser um bom método de deteção, existem falhas na sua aplicação (Wang et al., 2008; Yoshida et al., 1987; Zheng et al., 2001). O papel e papel prensado (pressboard) originam ainda D-glucose, que continua a degradar-se formando anéis de compostos oxidativos dos quais resultam o furano (Figura 1.10). Figura 1.10: Esquema da degradação da celulose (Homagk et al., 2008). As análises e estudos efetuados demonstram que o aparecimento do furano também é devido à degradação o isolamento sólido. Medindo a variação de furano no óleo pode-se estimar a condição de envelhecimento do aparelho. O envelhecimento térmico envolve alterações químicas e físicas, consequências de reações de degradação, polimerização, despolimerização e envolvem efeitos termomecânicos causados pelas forças da expansão e contração térmica. O envelhecimento elétrico envolve efeitos das descargas parciais, eletrolise, perdas dielétricas e é influenciado pelos campos de força. O envelhecimento mecânico advém de falhas por fatiga, efeitos termomecânicos, rutura do isolamento, entre outros. Finalmente, o envelhecimento influenciado pelo ambiente está relacionado com reações químicas. 14 Ana Patrícia Simões Polido Introdução 1.4. Óleos Isolantes O tempo de vida de um transformador é dado pela durabilidade do isolamento sólido. Todavia, o líquido isolante é um dos componentes principais de um transformador. A combinação de um sólido e um líquido isolante é frequentemente usada nos transformadores não só para isolar componentes mas também para dissipar o calor, por convecção. O óleo seve ainda como indicador de possíveis problemas do transformador e pode auxiliar na extinção do arco elétrico (Oliva, 1977). A escolha do líquido isolante é baseada em vários fatores tais como as capacidades elétricas e dielétricas, os requisitos ambientais e o grau de inflamabilidade. A tensão disruptiva dos óleos ronda os 200 kV/cm, podendo este valor ser reduzido pela presença de humidade ou partículas, o que pode afetar o funcionamento do transformador. Pelo facto de diversos fatores poderem levar à deterioração do líquido isolante, são realizadas análises periódicas ao óleo, de forma a poder controlar e prevenir eventuais problemas no transformador. Os óleos tendem a oxidar e polimerizarem-se. Este processo é designado de envelhecimento do óleo que é ativado através da temperatura, humidade, oxigénio e luz e pode levar à inutilização do mesmo. Dependendo do tipo de critério que se pretende avaliar, as características do óleo a analisar diferem. Na Tabela 1.1 encontram-se os diferentes critérios e características usados no controlo de qualidade do óleo. No presente projeto vão estar em estudo três líquidos isolantes: óleo mineral, silicone e midel. Para estes tipos de fluido isolante as propriedades avaliadas são as mesmas, assim como os métodos de ensaio. Contudo os valores limite de cada parâmetro variam para cada tipo de óleo e também variam caso se trate de óleo novo ou usado. Nos pontos que se seguem descrevem-se os tipos de óleos e as suas propriedades. Ana Patrícia Simões Polido 15 Capítulo 1 Tabela 1.1: Descrição dos critérios de avaliação de um óleo e as características dos fluídos isolantes que lhe estão associadas. Critério Características Arrefecimento Viscosidade, Ponto de Fluidez Isolamento Elétrico Rigidez dielétrica, Fator de dissipação dielétrica, Teor de humidade, Resistividade Tempo de vida Estabilidade à oxidação, Teor de inibidor, Solubilidade Compatibilidade do material Teor de enxofre, Índice de Acidez, Enxofre Corrosivo Saúde, meio ambiente e segurança Outros Flash Point, extração de compostos de dimetilsulfóxido Densidade, Tensão Interfacial, Compostos Furânicos, DGA 1.4.1. ÓLEO MINERAL Os óleos minerais têm uma composição química complexa, tratando-se de uma mistura de hidrocarbonetos que resultam da destilação fracionada de petróleo. É formado principalmente por carbono e hidrogénio ligados em moléculas de diferentes estruturas, podendo ainda conter compostos como o azoto, o enxofre e o oxigénio. Há três estruturas básicas nos óleos minerais: hidrocarbonetos aromáticos, parafínicos e nafténicos. Estrutura molecular As estruturas parafínicas podem ser de cadeia linear ou ramificada. Os óleos com estruturas lineares têm baixa solubilidade. Por outro lado, as estruturas nafténicas são estruturas saturadas designadas por cicloalcanos, sendo que podem ser estruturas em anel com 5 a 7 carbonos. Podem possuir cadeias laterais lineares ou ramificadas, como exemplificado na Figura 1.11. Têm melhores propriedades a baixas temperaturas que as estruturas parafínicas. Figura 1.11: Estrutura dos hidrocarbonetos parafínicos (Lipstein, et al., 1970) 16 Ana Patrícia Simões Polido Introdução Por fim, as estruturas aromáticas são constituídas por anéis benzénicos, tendo, por isso, características químicas e físicas diferentes dos dois tipos de estruturas descritos anteriormente. Ao óleo mineral podem ainda ser adicionados inibidores como o 2,6-di-terc-butil-pcresol (DBPC) que têm como função a inibição do processo de oxidação e do consequente envelhecimento do óleo. Figura 1.12: Estrutura química do diterciário-butilparacresol (Milash, 1984) A variedade das estruturas dos óleos deve-se à combinação dos elementos básicos. Na Tabela 1.2 estão apresentadas as composições de dois tipos de óleos. Tabela 1.2: Exemplo de composição dos óleos parafínicos e nafténicos (Godinho, 2009). Compostos Compostos Nafténicos Compostos Aromáticos (%) (%) Parafínicos (%) Naftalénico 11 47 42 Parafínico 8 29 63 Tipo de Óleo Envelhecimento do Óleo O funcionamento do transformador aliado à ação do oxigénio, cobre e outros materiais existentes no transformador provoca o envelhecimento do óleo, o que afeta as suas capacidades enquanto líquido isolante. Por outro lado os produtos formados neste processo de degradação deterioram o papel utilizado no isolamento. A oxidação dos hidrocarbonetos dá-se por um mecanismo de peroxidação seguindo os mecanismos indicados na Tabela 1.3. As reações ocorrem em cadeia a uma temperatura específica. A formação dos hidroperóxidos origina diferentes produtos de oxidação dependendo da sua natureza, ou seja, se são terciários, secundários ou primários (Figura 1.13 a 1.15). Ana Patrícia Simões Polido 17 Capítulo 1 Tabela 1.3: Degradação do óleo mineral (Lipstein et al., 1970). Descrição da Reação Reação Formação de Radical Livre R-H→ R● Formação de Radical Peróxido R●+O2 R-O-O● Formação de Hidroperóxido R-O-O● + R’-H ROOH + R’● Transformação do Hidroperóxido em Radical Peróxido ROOH + ½ O2 ROO● + ●OH Figura 1.13: Formação de Álcool e Cetona a partir de um hidroperóxido terciário (Lipstein et al., 1970). Figura 1.14: Formação de Cetona e Ácido partindo de um hidroperóxido secundário (Lipstein et al., 1970). Figura 1.15: Formação de Aldeído e Ácido partindo de um hidroperóxido secundário (Lipstein et al., 1970) 18 Ana Patrícia Simões Polido Introdução A formação destes compostos intermediários quando na presença de oxigénio promovem o aparecimento de ácidos carboxílicos, que são os produtos que vão auxiliar o desgaste do papel e outros materiais. A geração de lama, composto de alto peso molecular, sobrevém das reações de polimerização. As lamas depositam-se nos materiais existentes no transformador, interferindo na transferência de calor do isolamento sólido para o isolamento líquido. A redução da transferência de calor por convecção tem como consequência que o calor fica retido no papel, o que leva à sua deterioração. Os inibidores que podem ser adicionados ao óleo ajudam a retardar esta oxidação. O inibidor referido anteriormente, DBPC, atuam através da reação com os radicais livres e peróxidos libertados na oxidação. Após ser libertado o radical dimeriza continuando a atuar como inibidor. 1.4.2. ÉSTER O éster utilizado no isolamento de transformadores pode ser de origem natural, quando é derivado de ácidos gordos insaturados obtido a partir de sementes comestíveis como a semente de girassol e a semente de soja. Também pode ser sintético, quando é sintetizado a partir de um álcool e um ácido. Este fluido foi desenvolvido para providenciar uma alternativa segura ao óleo mineral. Possui um bom desempenho a altas temperaturas, é resistente ao fogo, encontra-se classificado como não tóxico, e apresenta uma tolerância à humidade mais elevada, como se pode constatar no Gráfico 1.2. O éster foi bastante aplicado em transformadores existentes em áreas críticas em termos ambientais como é o caso do mar e subsolo. Este fluido é livre de sulfuretos e é estável à oxidação. Pode ser usado para isolamento de todo o transformador ou apenas para impregnar o material isolante sólido. O éster utilizado no presente trabalho é sintético e designado de midel. Figura 1.16: Estrutura do éster sintético (a) e de um éster natural (b). Ana Patrícia Simões Polido 19 Capítulo 1 1.4.3. SILICONE Surgiu em 1974 como substituto do óleo mineral devido à necessidade de substituir os óleos minerais por produtos menos inflamáveis. A combustão completa deste óleo isolante origina três produtos principais, sílica, água e dióxido de carbono. O silicone é um polímero sintético de cadeira linear (Figura 1.17), com toxicidade reduzida e química e termicamente estável. Propriedades fundamentais como a viscosidade, volatilidade e condutividade térmica dependem do peso molecular, sendo este determinado pela quantidade de moléculas que o polímero possui. O aumento do peso molecular gera um fluido com menos volatilidade e condutividade, mas maior viscosidade. Este tipo de fluido isolante é mais resistente à oxidação e outros problemas do que o óleo mineral. Figura 1.17: Estrutura molecular do Silicone. 1.4.4. Propriedades dos líquidos isolantes A qualidade do óleo está dependente de diferentes propriedades, químicas, físicas e elétricas, sendo que algumas destas devem ser testadas ao longo do período de utilização do transformador. Na Tabela 1.4 encontram-se algumas características que levam à seleção do óleo. O Fire Point indica a temperatura à qual a mistura formada pelo vapor e o ar inflama e queima durante pelo menos 5 segundos mesmo quando a fonte de ignição é removida. O Flash Point é a temperatura à qual a mistura de vapor e ar inflama, contudo a chama extingue-se quando a fonte de ignição é removida. O facto de ser completamente biodegradável é uma vantagem a nível ambiental pois significa que o isolante se degrada totalmente. A tolerância à humidade está relacionada com a capacidade que o isolante tem para resistir absorção de água do ambiente onde está. Por último, o limite de saturação a 20ᵒC é a quantidade máxima de água que o óleo, à temperatura indicada, consegue absorver. 20 Ana Patrícia Simões Polido Introdução Tabela 1.4: Características que influenciam a escolha do óleo (M&I Materials, 2011). Óleo Mineral Midel Silicone Origem Crude Sintético/Natural Sintético Fire Point 170ᵒC 316ᵒC >350ᵒC Completamente Biodegradável Não Sim Não Tolerância à humidade Baixa Excelente Baixa Flash point 150ᵒC 260ᵒC 260ᵒC Limite de saturação de água a 20ᵒC 55 ppm 2700 ppm 220 ppm Propriedades químicas As propriedades químicas que se podem destacar são a estabilidade à oxidação, a acidez, a humidade, os compostos de enxofre e o estudo da evolução dos gases. Para que um óleo tenha um bom desempenho durante o funcionamento do transformador e para que o sistema isolador seja protegido do desgaste, o óleo deve ser resistente à oxidação. As condições de operação do transformador podem provocar a oxidação que se observa devido à presença de “lama” e acidez elevada do líquido isolante. A acidez, assim como o teor de humidade, devem ser reduzidos. Estas duas propriedades presentes em valores elevados, promovem a passagem de corrente elétrica aumentando as condições favoráveis à corrosão. A presença de compostos de enxofre também deve ser monitorizada pois a sua presença no óleo aumenta as hipóteses de ocorrência de corrosão no cobre ou prata, lembrando que os enrolamentos do núcleo dos transformadores SIEMENS são em cobre (banda ou fio). Apesar de todas estas características, o fator químico mais relevante na monitorização dos fluidos isolantes é o estudo da evolução dos gases. Este tipo de análise permite controlar a formação de gases permitindo a identificação de diferentes problemas. Propriedades físicas As propriedades físicas são aquelas que influenciam a qualidade de escoamento do isolante. Podem ser destacadas sete propriedades distintas. A viscosidade deve ser baixa não só para facilitar a circulação do líquido isolante mas também para auxiliar na Ana Patrícia Simões Polido 21 Capítulo 1 dissipação do calor. O ponto de inflamação é a menor temperatura à qual o óleo liberta vapor formando uma mistura inflamável. A cor do óleo é importante na medida em que quanto mais escuro o óleo, mais deteriorado este se encontra. O Fire Point é a temperatura à qual o vapor, resultante da evaporação do fluido, incendeia e queima durante 5 segundos. Um dos ensaios mais importantes para a monitorização do óleo é a tensão interfacial. Este parâmetro indica a presença de substâncias polares no fluido, substâncias estas que interferem nas propriedades elétricas. Quanto mais alta for a tensão interfacial melhor. A capacidade de transferência de calor é influenciada pela densidade do fluido. O ponto de fluidez indica a temperatura mínima à qual o óleo escoa. Devido a esta propriedade do óleo é necessário ter em conta a temperatura do local onde o aparelho vai ser colocado em serviço. Por último, o ponto de anilina, que é indicador do poder de solvência do óleo. Propriedades elétricas Este tipo de propriedades divide-se em tensão disruptiva e fator de perdas. A tensão disruptiva é influenciada pela presença de partículas e/ou água no óleo isolante. O óleo é submetido a uma descarga crescente com um aumento de tensão fixa, até ao valor de descarga de disrupção. O fator de dissipação dielétrica ou tangente (δ) é o valor da tangente do ângulo de perdas. As propriedades dielétricas são importantes para evidenciar poluentes ionizáveis baixos ou partículas coloidais. As perdas dielétricas podem ser atribuídas à condutância do líquido. No midel novo esta propriedade é medida a 90ᵒC, enquanto que para midel usado a temperatura utilizada é a ambiente. 1.4.5. Comparações entre líquidos isolantes É necessário proceder à comparação entre os óleos de forma a compreender as vantagens e desvantagens que cada um deles apresenta. Apresentam-se dois tipos de comparação: entre o óleo novo e usado e entre os três tipos de óleo em estudo. Um óleo é considerado novo antes de sofrer qualquer teste elétrico na fábrica. Assim que é feito um teste elétrico ao transformador na fábrica o óleo passa a ter a designação de óleo usado. 22 Ana Patrícia Simões Polido Introdução Nas Tabelas 1.5 a 1.7, apresentam-se, para cada tipo de óleo, as propriedades mais relevantes, os valores limite e as normas de ensaio utilizadas. O único ensaio relevante que não se encontra contemplado neste quadro resumo é a análise de gases dissolvidos. Tabela 1.5: Comparação dos valores limite para óleo mineral novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 60422, 2013). Ensaio Aspeto Cor Óleo Novo Óleo Usado IEC 60296 Limpo e sem sedimentos ou Limpo e sem sedimentos ou (2012-11) partículas em suspensão partículas em suspensão Máximo 2 Máximo 2 ISO 2049 (1996-07) IEC 60814-2 água (1997-08) Rigidez IEC 60156 Dielétrica (1995-07) Perdas Tan (δ) a 90ᵒC IEC 60247-12 (2004-02) Índice de IEC 62021-1 Acidez (2003-06) Viscosidad ISO 3104 e a 40ᵒC (1994-10) Massa Volúmica a 20ᵒC Unidades Ensaio Teor de Fator de Valor Limite Norma de ISO 3675 (1998-06) U<72,5 kV <20 ---- U<72,5 kV <25 72,5kV<U<170 kV <10 72,5 kV<U<170 kV <15 U>170 kV <10 U>170 kV <10 U<72,5 kV >55 U<72,5 kV >30 72,5 kV<U<170 kV >60 72,5 kV<U<170 kV >40 U>170 kV >60 U>170 kV U<72,5 kV ≤0,015 U<72,5 kV ≤0,5 72,5 kV<U<170 kV ≤0,015 72,5 kV<U<170 kV ≤0,5 U>170 kV U>170 kV ≤0,2 ≤0,010 Máximo 0,03 ----- >50 U<72,5 ≤0,30 72,5kV<U<170 ≤0,20 U>170 ≤0,15 Máximo 12 Máximo 12 Máximo 0,895 Máximo 0,895 --- Como se pode verificar pela tabela acima apresentada, os valores que variam, entre óleos usados e novos, são os valores referentes ao teor de humidade, rigidez dielétrica, fator de perdas e índice de acidez. Estas variações são devido à degradação do óleo. Ana Patrícia Simões Polido 23 Capítulo 1 Tabela 1.6: Comparação dos valores limite para Midel novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 61099, 2010; IEC 61203, 1992). Ensaio Aspeto Cor Teor de água Valor Limite Norma de Ensaio IEC 60296 Midel Novo Midel Usado Limpo e sem sedimentos Limpo e sem sedimentos ou partículas em ou partículas em suspensão suspensão Máximo 200 ----- ≤200 ≤400 ≥45 ≥30 (2012-11) ISO 2211 (1973-10) IEC 60814-2 (1997-08) Rigidez IEC 60156 Dielétrica (1995-07) Fator de IEC 60247-12 ≤0,03 ≤0,01 Perdas Tan (δ) (2004-02) (ensaio a 90ᵒC) (ensaio à Tamb) Resistividade IEC 60247-14 ≥2,0 ≥6 DC (2004-02) (ensaio a 90ᵒC) (ensaio à Tamb) Índice de IEC 62021-1 Acidez (2003-6) Máximo 0,03 Máximo 2,0 Viscosidade a ISO 3104 40ᵒC (1994-10) Máximo 35 ----- Máximo 1,000 ----- Massa Volúmica a 20ᵒC ISO 3675 (1998-06) Unidades ----- ---- --- No caso do midel existem parâmetros que, no caso de um fluido isolante usado, não são avaliados. A viscosidade e massa volúmica são parâmetros que usualmente não são monitorizados em óleos novos ou mesmo em usados. A cor não é avaliada em midel usado devido ao seu valor elevado. 24 Ana Patrícia Simões Polido Introdução Tabela 1.7: Comparação dos valores limite para Silicone novo e usado, propriedades e normas de ensaio utilizadas (IEC 60836, 2005; IEC 60944, 1988). Ensaio Aspeto Cor Teor de água Ensaio Silicone Novo Silicone Usado IEC 60296 Limpo e sem sedimentos ou Limpo e sem sedimentos ou 2012-11) partículas em suspensão partículas em suspensão Máximo 35 ----- ≤50 ----- ≥40 ≥30 ISO 2211 (1973-10) IEC 60814-2 (1997-08) Rigidez IEC 60156 Dielétrica (1995-07) Fator de IEC 60247- Perdas Tan 12 (2004- (δ) 02) Permitividade a 90ᵒC Resistividade DC 13 (2004- IEC 6024714 (200402) Acidez (2003-6) Viscosidade a ISO 3104 40ᵒC (1994-10) 20ᵒC (ensaio a 90ᵒC) ----- ---- ----- --- 2,55±0,05 ----- --- 02) IEC 62021-1 Volúmica a ≤0,001 Unidades IEC 60247- Índice de Massa Valor Limite Norma de ISO 3675 (1998-06) novo: Mínimo 100 ≥1x10 11 (ensaio a 90ᵒC) (ensaio à Tamb) Máximo 0,01 ----- 40±4 ----- 0,955-0,970 ----- usado: O controlo do silicone usado é o mais simples de fazer pois são feitas poucas análises. Apesar de não ter um valor limite, o teor de água é feito para o silicone usado mas apenas para controlo e comparação com valores obtidos anteriormente para o mesmo transformador em serviço. Ana Patrícia Simões Polido 25 Capítulo 1 Na Tabela 1.4, anteriormente apresentada, encontram-se alguns parâmetros relevantes para a escolha de um óleo para o transformador. Podem ser ainda estabelecidas comparações entre os três tipos de líquido isolante. Os gráficos que se seguem são representativos de diferentes comparações que permitem compreender algumas diferenças fundamentais Como referido anteriormente, a presença de água no líquido isolante afeta a rigidez dielétrica. O Gráfico 1.2 representa uma comparação para estas propriedades. Gráfico 1.2: Representação da tensão disruptiva vs. Teor de Humidade (adaptado de M&I Materials, 2011). A relação entre teor de água e tensão disruptiva é diferente em cada óleo. Como se pode observar o midel tem uma tensão disruptiva sempre superior às dos outros fluidos. O comportamento destes parâmetros para o silicone e óleo mineral é inverso, ou seja, o aumento do teor de água leva à diminuição da rigidez dielétrica. No entanto o midel apresenta um comportamento mais estável, começando a variar a cerca de 600ᵒC. Outro fator muito importante é a biodegradação do meio isolante. No Gráfico 1.3 apresenta-se uma comparação da percentagem de biodegradação ao longo do tempo. 26 Ana Patrícia Simões Polido Introdução Gráfico 1.3: Representação da percentagem biodegradação vs. Tempo (M&I Materials, 2011). Mais uma vez o midel revela-se mais vantajoso apresentando 90% de degradação ao fim de aproximadamente 28 dias, enquanto que os restantes óleos apresentam menos de 10%. Os próximo gráficos (Gráfico 1.4 e Gráfico 1.5) comparam o aumento da tensão disruptiva (breakdown voltage) com o aumento da temperatura para amostras com diferentes teores de humidade. Gráfico 1.4: Representação gráfica da Tensão disruptiva vs. a Temperatura no óleo mineral (M&I Materials, 2011). Ana Patrícia Simões Polido 27 Capítulo 1 Gráfico 1.5: Representação gráfica da Tensão disruptiva vs. Temperatura no Midel (M&I Materials, 2011). O óleo mineral apresenta uma variação muito maior de tensão disruptiva do que o midel, sendo este bastante mais estável nas variações efetuadas. A Figura 1.18 apresenta comparações entre o tempo que dois dos óleos em análise resistem à ignição. Figura 1.18: Imagens da resistência à ignição. a) Óleo mineral b) Midel (M&I Materials, 2011). Na Figura 1.18 é possível observar que, quando sujeitos a uma fonte de ignição, o óleo mineral entra em combustão muito mais rapidamente e a temperaturas relativamente baixas, comparativamente ao midel. O midel suporta temperaturas mais altas sendo possível observar que a 230ᵒC e após um minuto não entra em combustão, enquanto que o óleo mineral ao fim de quatro segundos está totalmente em combustão. 28 Ana Patrícia Simões Polido Capítulo 2 – Técnicas analíticas Técnicas analíticas 2. Técnicas Analíticas Os métodos de análise dos óleos isolantes dos transformadores são o principal meio para determinar possíveis falhas, a sua origem e, consequentemente, poder prevenir efeitos nocivos que levem à deterioração completa do transformador. Os ensaios feitos ao óleo de transformador dividem-se em três grandes grupos: ensaios de rotina, análises cromatográficas e ensaios complementares. Destes grupos apenas alguns ensaios foram efetuados no decorrer do presente estudo. Do grupo das análises de rotina, utilizaram-se técnicas de determinação do teor de água, rigidez dielétrica, fator de dissipação dielétrica e índice de acidez. Do grupo das análises cromatográficas realizou-se a análise de gases dissolvidos (Dissolved Gas AnalysisDGA). Finalmente, em termos de ensaios complementares apenas se realizou a determinação da viscosidade. A ordem pela qual os ensaios são feitos é bastante importante. Quando é necessário fazer ensaios de DGA e apenas se dispõe de uma amostra de óleo, este ensaio deve ser realizado em primeiro lugar, visto ser o mais sensível a contaminações com origem nos gases atmosféricos. Nos ensaios de rotina, de forma a não existir contaminação da amostra por parte da humidade presente na atmosfera, a determinação do teor de água deve ser o primeiro ensaio realizado. 2.1. Teor de água por Titulação Coulométrica e Volumétrica (IEC 60814, 1997) A presença de pequenas quantidades de água no óleo isolante justifica a utilização de tituladores coulométricos dado que não só são precisos na determinação analítica, como são rápidos e simples de aplicar. O vaso de reação tem a configuração de uma célula eletrolítica com dois compartimentos separados por um diafragma, onde se encontram os elétrodos. Um compartimento contém a solução reagente (reagente de Karl-Fisher) e a amostra a analisar e o segundo compartimento contém apenas a solução reagente. O princípio de funcionamento deste método baseia-se na passagem de uma corrente constante (fraca), Ana Patrícia Simões Polido 31 Capítulo 2 sendo a quantidade total de eletricidade que passou determinada através do produto da corrente e tempo. Ocorrem reações complexas que englobam principalmente iodo (gerado electroquimicamente), dióxido de enxofre, uma base orgânica, água e um álcool no solvente orgânico, sendo estas reações exemplificadas nas Equações 2.1 e 2.2. O iodo oxida o dióxido de enxofre existente no reagente de Karl-Fisher só quando se verifica a presença de água. (2.1) (2.2) A extensão da reação entre o iodo e a água é controlada pela eletricidade consumida que limita a produção de iodo, que é proporcional a esta eletricidade (Lei de Faraday) como se pode constatar na Equação 2.3. (2.3) Estequiometricamente, uma mol de água reage com uma mol de iodo formado, de modo que 1 mg de água equivale a 10,72 C. Assim, a determinação do teor de água é feita diretamente a partir da eletricidade utilizada na eletrólise (IEC 60814, 1997). No presente trabalho foram utilizados dois tituladores de Karl-Fisher diferentes. O equipamento utilizado na SIEMENS foi um titulador coulométrico Metrohm modelo 831, equipado com um agitador Metrohm, modelo 728. O aparelho utilizado nas análises efetuadas no ISEC é um titulador volumétrico da Metrohm, modelo 633, equipado com dois doseadores modelo 645 Multi-Dosimat. Na Figura 4.1 estão representados os dois aparelhos utilizados no âmbito deste trabalho. O reagente de Karl-Fischer utilizado na SIEMENS é o “CombiCoulomat frit KarlFischer reagent for the Coulometric water determination for cells with diaphragm apura®” artigo n.º 1.09255.0500 da Merck. No ISEC foi utilizado o Karl-Fischer Reagent-S da Merck, artigo n.º 1.09248.1000. 32 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas Apesar da complexidade do princípio de funcionamento da titulação coulométrica, o manuseamento dos equipamentos e interpretação dos resultados é simples, tal como se pode ver no anexo A. A norma IEC 60814 (IEC 60814, 1997) indica vários métodos experimentais consoante a viscosidade do fluido em análise. Os métodos descritos no Anexo A são os métodos que devem ser aplicados na determinação do teor de água. Figura 2.1: Aparelhos de titulação utilizados nos ensaios: a) Titulador Coulométrico Metrohm modelo 831, com agitador Metrohm, modelo 728 e b) Titulador Volumétrico Metrohm modelo 633 equipado com dois doseadores modelo 645 Multi-Dosimat. Os procedimentos de utilização dos equipamentos estão presentes no Anexo A do presente trabalho. A utilização dos dois aparelhos em algumas amostras teve em vista a comparação de métodos de análise e resultados experimentais, como pode ser observado mais à frente no Anexo A. 2.2. Determinação da Tensão disruptiva (IEC 60156,1995) Tensão disruptiva é a capacidade de um meio isolante suportar uma corrente elétrica aplicada. A corrente aplicada não é uma propriedade básica mas sim um procedimento empírico que visa indicar a presença de contaminantes como a água ou matéria solida suspensa. O valor da tensão disruptiva dos líquidos depende do conjunto de condições usadas na sua medição. Equipamento e procedimentos normalizados são essenciais para a obtenção de resultados sem interpretação duvidosa. Ana Patrícia Simões Polido 33 Capítulo 2 Este método pode ser aplicado tanto em óleos novos como em óleos usados ou tratados e é essencial para o controlo do funcionamento do transformador, pois quando o método dá a indicação de valores fora da gama aceitável outros testes de controlo devem ser efetuados, como o caso da determinação do teor de água e a contagem de partículas. Este método deve ser aplicado a uma temperatura controlada. A amostra sujeita a corrente elétrica é colocada num recipiente próprio, sendo aplicada uma tensão alternada crescente, com um incremento de 2 kV/s, iniciando-se em zero kV e terminando na carga que origina a disrupção. Esta é a tensão no momento em que se produz o primeiro arco elétrico durante o ensaio. Tal como a deteção do teor de água, este método tem uma gama de aplicação, que para os líquidos isolantes é limitada por um valor de viscosidade cinemática até aos 350 mm2s-1 (a 40ᵒC). A Figura 2.2 representa o BAUR Oil Tester DTA no qual foram feitas algumas das análises dos ensaios realizados. Outras análises foram efetuadas no BAUR Dieltest DTA, uma versão mais antiga deste aparelho mas igualmente eficiente. Figura 2.2: BAUR Oil Tester DTA e BAUR Dieltest DTA. É extremamente importante que a célula de análise e os elétrodos estejam adequadamente limpos, pois neste ensaio o método experimental a preparação do aparelho é fundamental para obter bons resultados que permitam uma boa avaliação do óleo. A capacidade da célula de análise varia podendo ir dos 350 aos 600 mL. Deve ser feita de um material transparente, inerte e eletricamente isolante, resistente a líquidos isolantes e aos agentes de limpeza. A célula não é só formada pelo recipiente no qual se coloca o líquido. Este conjunto só está completo com uma tampa que encaixe 34 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas perfeitamente na célula, que seja feita do mesmo material e desenhada para permitir uma fácil remoção dos elétrodos. Nenhuma célula deve ser posta no aparelho sem tampa. Para cada tipo de óleo é aconselhada a utilização de uma célula diferente de forma a evitar contaminações. Quando não estão a ser utilizadas, as células devem ser guardadas com óleo, num sítio seco e sem possibilidade de ser contaminado nomeadamente por poeiras (geralmente a célula é deixada no interior do aparelho mesmo estando este desligado). Quando se dá a necessidade de utilizar a mesma célula com um óleo diferente do que vem sendo analisado, deve-se limpar a célula com um solvente e lavar e passar pelo líquido que se pretende analisar. Os elétrodos devem ser de cobre, bronze ou aço inoxidável e polidos, ter forma esférica (com diâmetro entre os 12,5 e os 13 mm) ou parcialmente esféricos, e estão colocados na horizontal no interior da célula com o eixo destes submerso 4 cm no óleo. O afastamento entre os elétrodos deve ser de 2,5 mm e este deve ser verificado sempre que se faz uma análise. Os elétrodos devem estar afastados pelo menos 12 mm das paredes da célula ou agitador A substituição dos elétrodos usados por novos deve ser feita quando aparece uma espécie de picadela que decorre das descargas elétricas. Figura 2.3: Pormenor da célula e elétrodos. Quando os elétrodos são novos ou estão a ficar baços, o processo de limpeza a que são sujeitos deve ser rigoroso. Após serem desmontados, devem ser limpos com um solvente volátil que deve ser deixado a evaporar. Depois com um papel abrasivo devem ser polidos e limpos com benzina e acetona. Após este tratamento devem ser recolocados na célula que deve ser cheia com óleo novo e colocada em teste, de forma a verificar a limpeza e a correta montagem dos elétrodos. Quando estes são limpos os resultados obtidos tendem a ser superiores aos obtidos antes da operação de manutenção. Ana Patrícia Simões Polido 35 Capítulo 2 A análise pode ou não ser feita na presença de agitação. Contudo a agitação pode ser conveniente em aparelhos com operação automática. A agitação pode ser feita de duas formas: recorrendo a um agitador magnético ou a um rotor com duas hélices. Caso se usem as hélices, estas devem ter um diâmetro efetivo de 20 a 25 mm, uma profundidade axial de 5 a 10 mm e uma velocidade de rotação entre as 250 e as 300 rpm. No caso da barra magnética, esta deve ter entre 20 a 25 mm de comprimento e 5 a 10 mm de diâmetro. Esta alternativa deve ser utilizada quando o líquido não tem partículas magnéticas, não correndo assim risco de alterar as propriedades do líquido. No caso das análises efetuadas em ambos os aparelhos para este trabalho, a agitação utilizada é feita recorrendo ao magneto. Antes de colocar a amostra em análise, esta deve ser levemente agitada (especialmente em casos em que a amostra foi recolhida à bastante tempo) e deixada a repousar. Esta agitação serve para homogeneizar a amostra, distribuindo assim as impurezas sem formar bolhas de ar, que provocam análises incorretas. Tal como para a deteção do teor de água, o óleo não deve ser deixado em contacto com o ar ambiente. Quando se liga o aparelho deve-se fazer o Auto-test. Depois seleciona-se a “medição normalizada” escolhendo a norma de ensaio utilizada, neste caso a IEC 60156:1995. Após selecionar a norma de ensaio deve-se preparar a célula colocando um pouco do óleo que se pretende analisar na célula de forma a passa-lo pelas paredes desta. Depois, verifica-se a distância entre elétrodos e volta-se a encher a célula cuidadosamente para não formar bolhas de ar. Coloca-se o magneto no interior e tapa-se. Coloca-se a célula no aparelho e inicia-se a análise. São feitos seis disparos e os cálculos são efetuados com base na voltagem medida. A tensão disruptiva é apresentada em kV e é calculada através da Equação 2.4,que dá a média de todos os disparos, na qual é o valor da tensão do disparo. ⁄ ∑ (2.4) O cálculo do desvio de padrão é outro parâmetro bastante importante. 36 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas ∑ √ (2.5) Normalmente estes resultados são impressos no papel de resultados dado pelo aparelho e o desvio padrão deve ser inferior a 12 kV. A curva representativa do coeficiente de variação vs. tensão de rutura (Figura 2.4) apresenta a gama de resultados com 95% de confiança. Quando mais o ponto experimental se aproximar da curva dos 0,5 melhor são os resultados obtidos. No caso dos aparelhos utilizados na SIEMENS os valores da média e desvio de padrão são dados pelo aparelho. No caso do BAUR Oil Tester DTA, o próprio aparelho verifica se os resultados experimentais se encontram no intervalo de 95% de confiança. Já para o BAUR Dieltest DTA, o operador tem de verificar se os resultados se enquadram. Caso os resultados não se enquadrem no intervalo de confiança, é necessário repetir os ensaios. Figura 2.4: Representação gráfica do coeficiente de variação vs. Tensão de rutura média (IEC60156, 1995). 2.3. Determinação do Fator de Dissipação Dielétrica (Tg δ) (IEC 60247, 2004) A permitividade, resistividade e o Fator de Dissipação Dielétrica (tg δ) são indicadores de qualidade e permitem avaliar a contaminação do meio isolante. Apesar de os três Ana Patrícia Simões Polido 37 Capítulo 2 parâmetros serem avaliados durante a mesma determinação experimental, apenas a determinação da tg δ vai ter relevância no presente trabalho. A dissipação e a resistividade são medidas de polarização e condutividade do óleo isolante. O fator de dissipação dielétrica indica o aumento do envelhecimento e a contaminação do óleo por poluentes ionizáveis e produtos de deterioração como a humidade, o carbono ou matérias condutoras. Este fator é influenciado pela presença de componentes polares, sendo por isso um parâmetro extremamente sensível, nomeadamente quanto à exposição à luz solar da amostra, que pode adulterar os resultados. O fator de dissipação dielétrica depende, ainda, das condições de medida, ou seja, da temperatura e da frequência de tensão à qual a amostra é sujeita. A contribuição da condutância nas perdas dielétricas é inversa à frequência de medida variando com a viscosidade do óleo. A tensão à qual o ensaio é realizado não é muito relevante dependendo do ponto de medida. Caso o gradiente de tensão seja bastante grande podem ocorrer fenómenos secundários que sejam uma desvantagem no sistema. Mesmo na ausência de esforços elétricos, a tangente do ângulo de perdas pode variar de forma significativa. Esta variação depende da relação de superfície dos elétrodos com o líquido e da temperatura à qual o ensaio é realizado. O fator de dissipação dielétrico deve ser medido assim que a temperatura esteja em equilíbrio. Durante os ensaios realizados na SIEMENS foi utilizado o aparelho BAUR DTL. A célula de ensaio é concebida de forma a ser facilmente removida e desmontada para que todas as peças possam ser limpas facilmente e a montagem da célula aconteça sem percalços que modifiquem a capacidade desta. Deve ser feita com materiais não porosos, que devem ser resistentes a temperaturas elevadas (o ensaio ronda os 90ᵒC). Figura 2.5: BAUR DTL. O procedimento de desmontagem da célula é complexo e, dado que as propriedades dielétricas são bastante sensíveis, a limpeza é fundamental para se obter bons resultados. Após retirar a célula do aparelho, esta deve ser colocada no suporte e deve-se retirar o sensor de temperatura. De seguida os vasos de enchimento da célula devem ser retirados assim como o O-Ring e os parafusos. O anel da célula deve ser desenroscado e depois 38 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas deve-se remover o O-Ring e o anel de vidro. Finalmente deve-se desapertar a peça de ligação com a célula. Na montagem da célula deve-se ter em atenção o aperto dos parafusos de forma a não riscar o anel de vidro. Colocar o anel, o O-Ring, os parafusos e o elétrodo. Após colocar o anel de plástico, devem-se pôr os vasos de enchimento e inserir o sensor de temperatura. Antes da aquisição de resultados é necessário passar a célula uma a duas vezes pelo óleo que se pretende analisar. Para o efeito coloca-se óleo na célula e deixa-se este escoar até aparecer no tubo de desarejamento. Só depois se coloca óleo na célula e se dá início ao ensaio. Figura 2.6: Desmontagem do aparelho com referência a alguns dos componentes mais importantes. O tempo que a célula demora a atingir a temperatura de ensaio depende do método de aquecimento e pode variar entre 10 e 60 minutos. A não ser que haja especificações que indiquem o contrário, a temperatura de teste deverá ser 90ᵒC. A avaliação dos dados do ensaio é simples e deve ser feito após a realização de dois ensaios experimentais. Depois de obter o pela Equação 2.6 deve-se comparar este com o valor mais elevado obtido pela análise. (2.6) Caso o valor mais elevado seja inferior ao o ensaio pode ser validado. Caso contrário devem-se continuar a efetuar análises até esta condição ser obtido. Ana Patrícia Simões Polido 39 Capítulo 2 Dos três óleos mais frequentemente utilizados pela SIEMENS (óleo mineral, midel e silicone) apenas dois são sujeitos a este teste: o óleo mineral e o midel. Na avaliação do óleo mineral, a temperatura de teste deverá ser sempre os 90ᵒC, no caso do midel e do silicone, caso este seja usado, o ensaio deve ser realizado à temperatura ambiente. 2.4. Índice de Acidez (IEC 62021-1, 2003) O índice de acidez indica a quantidade em mg de hidróxido de potássio em solução de etanol que é necessário para neutralizar os compostos ácidos que fazem parte da composição do óleo isolante. Em termos práticos o teste para a determinação da acidez do óleo vai permitir detetar a ocorrência de oxidação dos componentes do isolamento, que vai aumentar com o tempo. Os componentes ácidos detetados no óleo também podem aparecer devido aos Figura 2.7: Exemplo de Compact aditivos adicionados para prolongar a longevidade do Titrator com Rodolino. óleo. Há diversos cuidados a ter antes de iniciar o protocolo de ensaio. É necessário ligar os diversos aparelhos utilizados na determinação do índice de acidez. A aparelhagem utilizada na análise das amostras deste trabalho é formada por Compact Titrator G20 Mettler-Toledo equipado com um Sample Changer Rondolino TTL e Compact Stirrer. Os reagentes devem ser analytical grade de forma a garantir que a pureza é elevada para não alterar a precisão dos resultados. Nesta determinação os reagentes utilizados são o 2propanol como solvente de diluição e o hidróxido de potássio em solução de isopropanol (artigo nº 1.05544.1000) como solvente de titulação. É ainda importante ter bastante cuidado como elétrodo de medição de pH combinado (DGi 116-Solvent). No interior deste elétrodo existe uma membrana de vidro que deve estar cheia de solução de elétrodo e sem bolhas de ar. Antes de iniciar o ensaio deve-se retirar a proteção de lamacha permitindo que a pressão interna iguale a pressão externa. O elétrodo deve ser calibrado diariamente e verificar a sua sensibilidade. A calibração deve ser feita recorrendo à utilização de soluções tampão a diferentes pH’s: 4,01, 7,00 e 11,00. A linearidade e o gradiente obtidos por calibração devem cumprir os requisitos do fabricante 40 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas do elétrodo. Mais uma vez, a temperatura volta a ser importante dado que as soluçõestampão são padronizadas a uma temperatura específica que deve ser respeitada na calibração do elétrodo. No teste de sensibilidade apenas são utilizadas duas das soluções de pH 7 e pH 11. A sensibilidade é testada, medindo o tempo de resposta do sensor à variação de pH. Também na sensibilidade devem ser seguidos os parâmetros do fornecedor pois esta varia de equipamento para equipamento. Também de deve fazer a determinação da acidez de uma amostra de solvente puro de forma a servir de branco. A titulação deste só termina quando o pH atingir 11,5 e a variação entre duas amostras de solvente puro não for mais de 0,005 mL. O volume (médio) será denominado de e será gravado no aparelho dado que este fornece o resultado final ao operador, não sendo necessário proceder à validação de resultados. Caso a quantidade de reagente de titulação utilizado ultrapasse os 0,06 mL para atingir os 11,5 (nos dois ensaios) o solvente deve ser rejeitado pois há contaminação com CO2. Após todo o procedimento de controlo e estabilização do sistema dá-se início à experiência colocando aproximadamente 5,0g±0,1g de óleo e 30 mL±0,1 mL de solvente no copo, utilizando a bureta automática Solaris para colocar o solvente. Colocar-se o copo no Rondolino TTL. Deve-se colocar um copo com água destilada na posição zero do Rondolino de forma a permitir a lavagem do agitador entre a análise de cada amostra. Deve-se programar o aparelho e dar início à titulação que só termina quando o pH atinge o valor de 11,5. O volume gasto nesta titulação será denominado pelo aparelho por . A determinação do teor de acidez é dado automaticamente pelo Compact Titrator contudo é possível calculá-lo a partir da Equação 2.7. (2.7) Nesta equação será o volume de solução de hidróxido de potássio utilizada na titulação da amostra, em mL, o volume utilizado na titulação do branco, em mL, M é a molaridade da solução de KOH em etanol e m a massa de amostra utilizada no ensaio. Ana Patrícia Simões Polido 41 Capítulo 2 2.5. Viscosidade A viscosidade é uma característica de um fluido, associada à resistência que este oferece à mudança da sua geometria, ou seja, à sua deformação através da aplicação de uma força tangencial, ou tensão de corte. Pode também ser entendida como a força de aderência que os átomos e moléculas de um fluido exercem umas sobre as outras, bem como sobre as paredes do recipiente que envolve o fluido. A viscosidade depende, entre outras variáveis, da temperatura do fluido. Isto devese ao facto da temperatura ser uma medida de agitação atómica/molecular. Quanto mais quente estiver um determinado fluido, maior vai ser a agitação das suas moléculas e menores serão as forças que definem a aderência das moléculas entre si, o que origina uma redução da viscosidade. A determinação da viscosidade do óleo foi feita com o objetivo de comparar uma amostra sujeita a choques de temperatura e uma amostra nova, sem qualquer tipo de alteração. Para esta determinação utilizou-se um viscosímetro Cannon-Fenske-Routine conhecido como viscosímetro capilar. Este viscosímetro vai ser utilizado na determinação da viscosidade cinemática de acordo com a ISO/DIS 3105, a ASTM D 2515/D 446 e BS 188. O viscosímetro utilizado é produzido pela SCHOTTGERÄTE, Hofheim, é do tipo 51320 com capilaridade 200. A escolha da capilaridade do viscosímetro é importante para assegurar que os erros são minorados. O capilar escolhido deve garantir que o tempo de escoamento do fluido é de no mínimo 240 s. Quanto maior o tempo de escoamento menor serão os erros associados a atrasos na leitura no tempo. O viscosímetro consiste em dois tubos: o tubo capilar (1) e o tubo de ventilação (2). No final do tubo de ventilação existe um Figura 2.8: Viscosímetro Capilar (GERÄTE). reservatório (3) onde a amostra vai ficar até ser sugada, com o auxílio de uma pera de sucção colocada no tubo (1), até à esfera (6). Após tirar a pera de sucção, o líquido escoa e começa-se a marcar o tempo quando ele passa pela marca de início de ensaio (5). Nesta fase, o líquido entra na esfera de medição (8). O ensaio termina quando o líquido passa pela segunda marca (4), a marca que indica o final do ensaio. Este ensaio teve de ser 42 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas realizado a 40ᵒC visto que os valores presentes na ficha de especificação técnica para os óleos analisados estão a esta temperatura. Com o tempo de ensaio é possível calcular a viscosidade cinemática do fluido, através da Equação 2.8. (2.8) Na qual é a viscosidade cinemática em mm2/s e , é o tempo de escoamento em s. A constante do aparelho , é referente ao tempo de passagem do fluido entre as marcas colocadas no viscosímetro. Foi necessário calibrar o viscosímetro de forma a obter este parâmetro. A calibração foi feita com uma solução de sacarose a 60%, dado que os valores de viscosidade para esta substância a 40ᵒC estão tabelados (Anexo C). Após a obtenção do valor de foi possível comparar este valor com o que é fornecido pelo fabricante do aparelho. É importante referir que o valor de está associado ao viscosímetro para o qual é determinado, não podendo este valor ser utilizado noutro aparelho. 2.6. Análise de Gases Dissolvidos (IEC 60567, 2005/ IEC 60599, 1999/ IEC 61181, 2007) A determinação da quantidade de gases dissolvidos presentes no óleo é essencial para a determinação do estado de conservação do sistema isolante de um transformador em serviço. Esta análise é a mais importante de todas as que podem ser realizadas ao óleo, visto ser aquela que fornece mais informação acerca do grau de degradação. Os gases analisados são o azoto, hidrogénio, oxigénio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, metano, etano, etileno, acetileno, propano e propileno e podem ter origem na decomposição do óleo, do isolamento celulósico, falhas e outras reações (IEC 60599, 1999). A cromatografia gasosa consiste num método de separação dos componentes de uma mistura que, ao serem injetados no aparelho, vaporizam, sem se decomporem, e são arrastados por uma fase móvel para a coluna. Ou seja, este processo baseia-se na partição da substância a analisar entre a fase móvel e a fase estacionária (Willard et al, 1979). Ana Patrícia Simões Polido 43 Capítulo 2 Esta fase móvel é formada por um gás inerte puro que não pode reagir nem com a amostra nem com a fase estacionária. A fase móvel transporta os solutos ao longo da coluna (que se encontra num forno). Na coluna encontra-se a fase estacionária que consiste numa camada de líquido ou polímero sobre um sólido inerte. Os compostos previamente vaporizados vão interagir com a fase estacionária. Cada soluto é transportado a uma velocidade constante, dependendo da afinidade entre este e a fase estacionária (Figura 2.9). Este facto causa a eluição dos compostos a diferentes tempos de retenção (Willard et al, 1979). Figura 2.9: Percurso dos componentes da amostra na coluna (adaptado de Damelin, 2000). Os compostos ao passarem no detetor provocam sinais que são registados em forma de gráfico a tempos diferentes. Cada tempo de retenção de um pico identifica um composto. A área ou altura desse pico fornece dados que permitem determinar a concentração do composto na amostra injetada. Na Figura 2.10 encontra-se um exemplo de um cromatograma. Sendo o óleo uma matriz não volátil, é necessário o acoplamento de um HeadSpace ao Cromatógrafo Gasoso (GC), de forma a permitir que os componentes voláteis sejam extraídos e introduzidos rapidamente no GC. O cromatógrafo gasoso utilizado na determinação da concentração de gás nas amostras em estudo foi um GC Agilent 7890A Series equipado com um HeadSpace Sampler Agilent G1888. No interior da GC estão duas colunas da marca Agilent: Agilent Molecular Plot Q: 30m x 530 μm x 40 μm e Agilent Molecular Sieve: 30m x 530 μm x 50 μm. A representação esquemática simplificada de um GC é possível ser observada na Figura 2.11. 44 Ana Patrícia Simões Polido Técnicas analíticas Figura 2.10: Exemplo de um cromatograma obtido através do registo dos picos nos diferentes tempos de retenção. Figura 2.11: Esquema da Cromatografia Gasosa (adaptado de Janssen, 2010). Ana Patrícia Simões Polido 45 Capítulo 3 – Simulaçao do Impacto Térmico num Transformador Simulação do Impacto Térmico num Transformador 3. Simulação do Impacto Térmico num Transformador A simulação do impacto térmico num transformador teve como objetivo o estudo do efeito que picos de temperatura têm no óleo e componentes do isolamento. Para se poder estudar este efeito prepararam-se amostras que foram sujeitas a impactos de temperatura de forma a simular o ciclo de aquecimento e arrefecimento de um transformador em funcionamento. A realização desta experiência no presente trabalho dividiu-se em duas fases principais. A primeira, e mais simples, apenas foram analisados os gases dissolvidos. A segunda, mais complexa e longa, incluiu não só amostras para análise de gases dissolvidos mas também amostras que permitiram realizar as análises de rotina. Os óleos utilizados foram midel e silicone. Não houve necessidade de realizar o estudo para o óleo mineral porque as normas aplicadas no controlo de qualidade do meio isolante são feitas com base neste, não sendo portanto necessário realizar esse estudo. Além disso há que ter em conta que um dos objetivos do estágio consistia em provar que a utilização das normas dos óleos isolantes eram passiveis de serem aplicáveis à análise do midel e do silicone. 3.1. Material De forma a simular as condições exatas de funcionamento de um transformador, os materiais utilizados nas simulações são amostras do material utilizado na produção dos transformadores. Este material veio da zona de produção da Fábrica do Sabugo, tendo sido cortado para o tamanho adequado no Laboratório de Materiais da mesma. Em ambos os ensaios o material base foi cobre em fio (1) e em banda (5), chapa magnética (3), papel isolante (pressboard – psp) (4) e papel isolante (nomex) (2). Estes materiais estão representados na Figura 3.1. O cobre e a chapa magnética compõem a parte ativa do transformador. O cobre forma os enrolamentos onde a corrente elétrica é induzida e as chapas magnéticas vão transportar a corrente entre as bobines, servindo também para diminuir as perdas de Foucault (perdas por correntes parasitas que aparecem quando surge uma variação no campo magnético no núcleo, induzindo uma tensão e provocando uma força eletromotriz Ana Patrícia Simões Polido 49 Capítulo 3 que causa perdas). O papel isolante nomex é utilizado em finas camadas para envolver os enrolamentos promovendo o isolamento entre as camadas de cobre. É imperativo que, aquando do enchimento do transformador com líquido isolante, todo o material fique impregnado de forma a substituir quaisquer bolhas de ar que possam existir e para aumentar o isolamento. Assim o papel isolante psp vai facilitar a que o óleo penetre no interior do enrolamento entrando em contacto com todas as camadas de material. Figura 3.1: Material utilizado nos ensaios experimentais. Com estes materiais foram feitos pequenos módulos que serão colocados nos vials (1ª e 2ª simulação) e garrafas (2ª simulação). O objetivo destes módulos é promover o contato entre os diferentes componentes do isolamento sólido tal como acontece nas bobines do transformador. Na Figura 3.2 encontra-se um módulo finalizado. É de referir que nas duas simulações, quer para vials, quer para garrafas, o material será o mesmo assim como o arranjo do material, apenas variando as dimensões. Figura 3.2: Exemplo do material preparado. As dimensões utilizadas foram aproximadamente proporcionais às que na realidade se encontram no transformador e estão presentes na Tabela 3.1. Os materiais colocados nas garrafas (2ª simulação) têm sensivelmente o triplo da área do material colocado nos vials. 50 Ana Patrícia Simões Polido Simulação do Impacto Térmico num Transformador Tabela 3.1: Dimensões do material utilizado no estudo. Dimensões (cm) Material Vials Garrafas Chapa magnética 0,6 x 4,2 4,6 x 1,4 Nomex Papel Isolante (psp) Cobre em banda 9,0 x 3,5 19,0 x 4,9 4,5 x 0,5 7,0 x 1,0 0,7 x 14,7 20,6 x 1,5 Cobre em fio 10,0 30,0 O material pode influenciar o comportamento do óleo não apenas pela sua presença como pelo tipo de tratamento que recebe. O bom tratamento do material diminui a quantidade de água neste e vai retardar os efeitos que esta poderá ter na degradação do material. É considerado material bem tratado (MBT) quando é colocado no autoclave/estufa entre 4 a 6 horas a 120ᵒC e material mal tratado (MMT) quando é posto no autoclave/estufa durante 4 a 6 horas apenas a 100ᵒC. Para ambos os ensaios, os materiais foram divididos em dois grupos: o que iria sofrer um bom tratamento e aquele cujo tratamento iria ser insuficiente. O material vai à estufa/autoclave já dentro dos vials (Figura 3.3), enquanto o material que posteriormente vai ser colocado no interior das garrafas vai à estufa/autoclave à parte. Figura 3.3: Vial e cápsula utilizados nos ensaios. 3.2. Purga dos Vials Um transformador, no seu interior para além do material sólido tem o isolante, que é inserido no transformador a alta pressão de modo a impregnar as bobines mais rapidamente (por ser bastante viscoso a impregnação dos componentes por parte do óleo Ana Patrícia Simões Polido 51 Capítulo 3 pode durar algum tempo caso não seja feita a alta pressão). Sendo o óleo um fluido que expande quando é aquecido, este não deve ocupar todo o volume livre do transformador de forma a poder expandir sem provocar o rebentamento da tina. O espaço livre deixado para purgar o transformador com árgon deve corresponder entre 10% a 12% do seu volume. O espaço livre do transformador deve ser preenchido com gás inerte dado que este não afeta a análise de gases dissolvidos. Contudo, aquando da recolha das amostras para análise, há entrada de ar no interior do transformador (quando o óleo sai, o espaço ocupado por este tem de ser preenchido). O espaço livre do transformador que deveria estar com gás inerte fica então contaminado com gás atmosférico. A influência da purga, no meio isolante foca-se em possíveis danos causados por uma purga insuficiente ou entrada de ar no sistema e nos efeitos deste gás na análise de gases dissolvidos. As simulações vão incidir no comportamento do material e óleo nestas condições: purgado com árgon e sem qualquer tipo de purga, ou seja, na presença de ar atmosférico. Após deixar arrefecer os vials e o material, colocaram-se 15mL de óleo nos vials cujo gás de purga é o gás atmosférico e fecharam-se estes com as cápsulas indicadas para o efeito (Figura 3.3). Durante o fecho das cápsulas têm de se ter em atenção se estas ficam bem seladas para não deixar entrar ar atmosférico. Neste processo é utilizado um equipamento especial que garante a correta selagem dos vials. Os vials que devem ser purgados com árgon são colocados na roundtable sendo inicialmente purgados e depois cheios com midel ou silicone e por último encapsulados. Estas etapas são todas feitas na roundtable (Figura 3.4). A utilização deste equipamento vai permitir que tudo seja feito sem existir a necessidade de perfurar o septo da cápsula. As amostras que serviram de branco levam 18mL de líquido isolante. As amostras preparadas em garrafas para realização dos ensaios de rotina (2ª simulação) não foram purgadas com árgon. Após colocar o material e encher até deixar apenas 12% de espaço livre, as garrafas ficam somente fechadas deixando ar atmosférico no seu interior. Como já referido o ar atmosférico influencia principalmente as amostras para DGA, como das garrafas só sairá amostra para análises de rotina, a purga pode ser feita com ar. 52 Ana Patrícia Simões Polido Simulação do Impacto Térmico num Transformador Após a preparação de todas as amostras, estas foram colocadas numa estufa de forma a fazer os ciclos estipulados, findos os quais se retirava uma amostra de cada tipo de vial. Figura 3.4: Roundtable vista lateralmente (a) e de cima (b) De seguida apresenta-se a esquematização das simulações e as principais diferenças entre elas. 3.3. Primeira Simulação Na primeira simulação o objetivo principal era selecionar as situações que seriam alvo de estudo no segundo trabalho. Nesta fase experimental as amostras foram purgadas com ar e árgon, tendo-se utilizado material bem e mal tratado. As amostras em estudo vão ser preparadas seguindo o esquema da Figura 3.5. Foram preparados 5 vials de cada conjunto de amostras, tendo-se obtido no final 12 conjuntos. Óleo Isolante Gás de purga Gás de purga + Material Bem Tratado Gás de purga + Material Mal Tratado Figura 3.5: Esquema de preparação de amostras para a primeira simulação. Ana Patrícia Simões Polido 53 Capítulo 3 As amostras vão dividir-se em brancos e amostras com material. Temos assim quatro conjuntos com o óleo isolante (midel ou silicone) e o gás de purga (ar ou árgon) que serão os brancos para cada ciclo e mais oito conjuntos com o óleo isolante (midel ou silicone), o gás de purga (ar ou árgon) e o material (bem ou mal tratado). Todos os arranjos perfazem 60 amostras. Após a preparação das amostras, estas são colocadas numa estufa a 120ᵒC iniciando-se os ciclos experimentais. Foram realizados 5 ciclos de 5 dias, sendo que o choque térmico era feito de 24 em 24 horas, ou seja, a cada 24 horas a estufa era ligada (ou desligada). Os ciclos de 24 horas não puderam ser perfeitamente controlados devido aos fins de semana. As amostras foram sujeitas a uma temperatura de 120ᵒC no período de aquecimento. O arrefecimento foi feito até à temperatura ambiente. 3.4. Segunda Simulação Na segunda simulação já só foram estudadas as situações que se consideraram mais importantes de forma a se concentrarem os recursos e o estudo nas situações que realmente acontecem e são possíveis. Desta vez só se utilizou um gás de purga, o árgon, por ser o gás realmente utilizado na purga dos transformadores. Em termos de óleo isolante, continuou-se a utilizar o midel e silicone e o material sofreu o mesmo tipo de tratamento, sendo considerado material bem e mal tratado. Neste ensaio pretendeu-se não só estudar os efeitos a nível de DGA mas evoluir no estudo realizando também análises de rotina, ou seja, determinação do teor de água, rigidez dielétrica, fator de dissipação dielétrica e índice de acidez. Devido à realização destes ensaios as amostras feitas em vials serão replicadas em garrafas de alumínio com 1L de capacidade. Material Bem Tratado Óleo Isolante + árgon Material Mal Tratado Figura 3.6: Esquema de preparação de amostras para a segunda simulação. 54 Ana Patrícia Simões Polido Simulação do Impacto Térmico num Transformador As amostras (garrafas e vials) foram preparadas tendo em conta o esquema representada Figura 3.6. Foram então preparadas 28 amostras em vial, sendo estas divididas em 4 conjuntos de 7 amostras, dependendo do material e óleo. Os conjuntos são então midel com árgon e material bem tratado, midel com árgon e material mal tratado, silicone com árgon e material bem tratado e silicone com árgon e material mal tratado. Para cada amostra colocada num vial há uma amostra em garrafa que lhe corresponde, perfazendo igualmente o total de 28 garrafas divididas em 4 conjuntos. Esta simulação, para além de ter mais ciclos, estes foram mais longos funcionando contudo do mesmo modo. Foram realizados 7 ciclos de sensivelmente 14 dias, sendo que o choque térmico era feito de 24 em 24 horas, ou seja, a cada 24 horas a estufa era ligada (ou desligada). Os ciclos de 24 horas não puderam ser perfeitamente controlados devido aos fins de semana. As amostras foram sujeitas a uma temperatura de 120ᵒC no período de aquecimento. O arrefecimento foi feito até à temperatura ambiente. Ana Patrícia Simões Polido 55 Capítulo 4 – Résultados é discussao Resultados e discussão 4. Resultados e discussão Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados de toda a fase experimental realizada no decorrer do trabalho. Apresentam-se os resultados das duas simulações efetuadas, assim como a análise multivariável feita com base na segunda simulação. No caso da primeira simulação apresentam-se os resultados de DGA e a sua discussão. No entanto para a segunda simulação para além dos valores obtidos por DGA e discussão destes, apresentam-se ainda os valores obtidos para os ensaios de rotina, análises complementares, análise multivariável e a comparação entre alguns dos parâmetros, nomeadamente, o teor de água e concentração de hidrogénio e oxigénio. 4.1. Primeira Simulação Esta simulação inicial visava identificar entre os 12 tipos de arranjos estudados (identificados no capítulo 3) os arranjos que conduziam a alterações nas características do óleo isolante mais significativas, que constituiriam os arranjos a explorar na segunda fase do trabalho. Esta fase experimental foi integralmente realizada no Laboratório de Materiais da Fábrica do Sabugo. Na tabela seguinte encontram-se identificados os ciclos de aquecimento e arrefecimento a que se sujeitaram as amostras. De ciclo para ciclo os tempos de aquecimento e arrefecimento variaram consoante o período de experimentação incluía o fim de semana, em que o acesso ao laboratório não era possível. O tempo total da atividade experimental foi de 35520 minutos, ou seja, 25 dias. Pode constatar que, excetuando o 3º ciclo, o tempo de aquecimento foi sempre superior ao tempo de arrefecimento. Tabela 4.1: Duração do período de aquecimento e arrefecimento em cada ciclo experimental e tempo total de simulação. Ciclo 1º 2º 3º 4º 5º Ana Patrícia Simões Polido Tempo (min) Aquecimento Arrefecimento 5153 2047 10390 4925 13265 8345 18545 11217 23807 11713 Total 7200 15315 21610 29762 35520 59 Capítulo 4 É de referir que os ciclos são cumulativos, na medida em que os 60 vials foram todos colocados no início da experiência na estufa, sendo que se foram retirando após cada um dos 5 ciclos de aquecimento e arrefecimento, que duraram aproximadamente 5 dias, 12 vials, como amostras para análise. Nesta simulação, com vista a se poder observar as alterações que ocorreram relativamente ao estado inicial do óleo, fez-se a análise de gases dissolvidos às amostras de óleo purgadas, sem serem sujeitas a qualquer tipo de choque térmico. Estes valores encontram-se representados na Tabela 4.2, bem, como nas Figuras 4.1 a 4.4 nos resultados correspondentes ao tempo zero dias. Tabela 4.2: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras de óleo purgado, antes de serem sujeitas a qualquer tipo de choque térmico. Concentração (ppm) Midel+Árgon Silicone+Ar Gás Midel+Ar Silicone+Árgon H2 - Hidrogénio <3 <3 <3 <3 CH4 - Metano <1 <1 3 2 C2H6 - Etano <1 <1 <1 <1 C2H4 - Etileno <1 <1 4 3 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano <1 <1 1 2 C3H6 - Propileno <1 <1 7 5 CO - Monóxido de Carbono <1 <1 22 17 CO2 - Dióxido de Carbono 79 49 1221 944 O2 - Oxigénio 5569 2779 49337 38549 N2 - Azoto 16437 5334 115048 88616 Após cada ciclo foram retiradas amostras que foram analisadas em termos de gases dissolvidos por cromatografia gasosa, conforme se descreveu no Capítulo 2. As representações gráficas dos resultados de DGA encontram-se nas Figuras 4.1 a 4.4, em que as cores azul-escuro e claro correspondem às amostras de silicone com ar e árgon, respetivamente e as cores vermelho e laranja correspondem às amostras de midel também com ar e árgon. As amostras bem tratadas (MBT), que conforme se referiu anteriormente, foram previamente colocadas em estufa durante 4 horas a 120 °C, estão representadas por um circulo, enquanto que as amostras mal tratadas (MMT), que foram colocadas em estufa apenas a 100ºC durante 4 horas, se encontram representadas por um quadrado. Representam-se ainda as quatro amostras sem material que serviram de branco com as 60 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão cores referidas anteriormente, sem símbolos. Os resultados obtidos em termos de acetileno não foram considerados na análise por se terem obtido sempre valores inferiores a 1 ppm. Na Figura 4.1 encontram-se representados os resultados obtidos em todas as amostras para os alcanos (metano, etano e propano). Figura 4.1: Concentração de metano, etano e propano, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. Conforme se pode observar na figura anterior, ocorre um aumento significativo da concentração de metano no quinto dia de ensaio para as amostras de silicone com ar e ambos tipos de material e silicone purgado com árgon e material mal tratado. Este pico no Ana Patrícia Simões Polido 61 Capítulo 4 caso da amostra de silicone com árgon e material bem tratado apenas ocorreu ao fim do 12º dia. Nestas amostras a concentração deste alcano baixa e estabiliza normalmente ao 21º dia. De uma forma geral pode dizer-se que se observa uma subida de concentração de metano nos primeiros dias, que é seguida de uma descida e posterior estabilização. Também se pode afirmar que a concentração de metano é superior nas amostras de silicone quando comparadas com as de midel, e que nas amostras com material mal tratado as concentrações são superiores às que possuem o material bem tratado, e estas maiores do que as amostras sem material. Relativamente ao etano, observa-se uma formação muito reduzida desta espécie gasosa até ao 15º dia, ocorrendo um pico em todas as amostras de midel (mais significativo nas amostras com material) ao 21º dia. Nas amostras de silicone apenas ocorreu um pico no vial contendo silicone com árgon e material mal tratado, sendo que nas restantes a concentração de etano foram sempre muito reduzidas. Relativamente à produção de propano é possível verificar que as amostras que funcionaram como branco não apresentam produção de gás sendo irrelevantes para o estudo. As amostras de uma forma geral apresentam resultados crescente desta espécie gasosa até ao 21º dia, estabilizando de seguida, sendo que as amostras que contêm silicone produzem mais propano que as de midel. 62 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Figura 4.2: Concentração de hidrogénio, etileno e propileno, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. Na Figura 4.2 é possível observar que, no início dos ciclos de aquecimento ocorre a produção de hidrogénio para algumas amostras, mas que com o decorrer da experiência, a concentração deste gás decresce rapidamente, pelo que após o 15º dia de ensaio todas as amostras estabilizam com praticamente a mesma concentração de aproximadamente 5 Ana Patrícia Simões Polido 63 Capítulo 4 ppm. A produção de hidrogénio verificada no 5º dia ocorre sobretudo em amostras de silicone com material. Relativamente ao etileno verifica-se um produção muito reduzida deste gás ao longo do tempo, com valores maiores para as amostras de midel comparativamente às de silicone. Curiosamente os maiores valores de concentração deste gás foram observados nas amostras de midel sem material (cerca de 18 ppm), no final de experiência, enquanto que no extremo oposto se encontravam os brancos de silicone com concentração inferior a 1 ppm. Em temos de resultados de DGA relativos ao propileno, verifica-se, uma vez mais, que nas amostras dos brancos praticamente não ocorreu produção de gás. É, ainda, possível verificar que as amostras de silicone, no final do ensaio, apresentam maior quantidade de gás que as de midel e que de uma forma geral a concentração desta espécie gasosa cresce até ao 12º dia, mantendo-se razoavelmente estável após este período. Figura 4.3: Concentração de dióxido de carbono e monóxido de carbono, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. 64 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Relativamente às amostras dos óxidos de carbono representados na figura anterior verifica-se que nos brancos há uma produção muito reduzida de CO e CO2, o que era expectável uma vez estes gases decorrem essencialmente da degradação dos compostos celulósicos do papel de isolamento (nómex e psp). Em termos gerais há uma acréscimo de concentração de CO e CO2 no 5º dia, sendo que no CO o valor atingido ao 5º dia se mantém estável até ao 21º, subindo ligeiramente no 25º dia, enquanto que no CO2 ocorre uma ligeira diminuição até ao 12º dia estabilizando de seguida. A excepção a este comportamento ocorre no vial de silicone purgado com árgon e material bem tratado, em que em ambos os gases as espécies gasosas apenas se formam no 2º ciclo, após o que descem até ao final da experiência, ainda que mais significativamente no ciclo de aquecimento seguinte. Verifica-se, ainda, que em todas as amostras de midel ocorre maior produção destas espécies gasosas. É importante referir que as amostras que contêm material mal tratado apresentam mais quantidade de CO. De seguida apresenta-se a Figura 4.4 em que se representa as concentrações dos gases atmosféricos em cada uma das amostras ao longo desta primeira simulação. Conforme se referiu anteriormente, a origem destes gases não é fundamentalmente de falha, podendo ocorrer a formação de oxigénio em resultado da degradação dos compostos celulósicos. Ana Patrícia Simões Polido 65 Capítulo 4 Figura 4.4: Concentração de oxigénio e azoto, para todas as amostras, obtida por análise de gases dissolvidos. Em ambos os gráficos que representam a variação da concentração de gases atmosféricos (oxigénio e azoto), são claramente visíveis dois tipos de amostras: as amostras de silicone apresentam sempre maiores teores de oxigénio e quase sempre de azoto, ocorrendo uma redução da concentração de ambas as espécies gasosas ao fim do primeiro ciclo de aquecimento relativamente à concentração das amostras de óleos novos sem qualquer tipo de choque térmico ou contacto com material (ensaio a tempo zero). Após este decréscimo, e particularmente para o oxigénio, ocorre a estabilização da concentração nas amostras. Ainda nas amostras de silicone, verifica-se que para as 3 amostras que contém ar (sem material e com MMT e MBT) apresentam pra o instante inicial uma concentração de oxigénio e azoto superior à que se verifica nas amostras purgadas com árgon, conforme seria expectável. No entanto esta diferença deixa de ser nítida após o final do primeiro ciclo de aquecimento. Relativamente às amostras de midel, o comportamento é praticamente inverso, ocorrendo uma subida da concentração das espécies gasosas durante o primeiro ciclo, após o que ocorre a sua estabilização. Também nestas amostras, a concentração das 66 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão espécies gasosas nas amostras que foram purgadas com árgon apresentam concentrações de oxigénio e azoto significativamente inferiores, atenuando-se, ou mesmo eliminando-se, estas diferenças após o primeiro ciclo de aquecimento. Conforme se referiu anteriormente, com esta simulação pretendia-se selecionar o grupo de amostras a estudar mais aprofundadamente numa segunda experiência de simulação, nomeadamente as que representavam melhor a degradação do óleo do transformador, ajustando-se por isso, mais à realidade, e as que apresentavam maior variação na concentração das espécies gasosas. Assim, pode concluir-se que os casos cujo estudo é fundamental são aqueles em que o óleo é purgado com árgon e contém o material bem e mal tratado. Deste estudo preliminar, verificou-se claramente que as amostras que apenas continham óleo e gás não revelaram muitas variações tendo-se optado por isso não repetir esses ensaios. Por outro lado, constatou-se que a duração desta experiência foi insuficiente por se verificar que entre o 4º e 5º ciclo o comportamento dos óleos não se encontrava perfeitamente estabilizado, pelo que se mostrou relevante em experiências subsequentes prolongar os ciclos e realizar um maior número de etapas de aquecimento. Desta experiência, concluiu-se, ainda, que se deveria complementar o estudo realizado com análises de rotina de forma a poder relacionar os resultados desses ensaios com a variação da concentração de gases presentes no óleo. 4.2. Segunda simulação Face aos resultados da simulação anterior, optou-se por efetuar uma experiência mais extensa, ainda que com um menor número de amostras, que se focaram em amostras de óleo purgado com árgon e material mal e bem tratado. O estudo de DGA foi, ainda, complementado com um conjunto de análises de rotina, cuja execução foi repartida entre os laboratórios do ISEC e a SIEMENS. Há a registar que nesta simulação ocorreram fenómenos a nível experimental que influenciaram os resultados, dos quais se destaca o derretimento das tampas de algumas garrafas de alumínio usadas na análise de rotina, assim como a quebra dos o-rings em quase todas as garrafas, como é possível observar na Figura 4.5. As tampas que derreteram pertenciam a garrafas que se encontravam mais próximas da resistência da estufa, contudo os o-rings apresentaram uma fraca resistência à temperatura de ensaio Ana Patrícia Simões Polido 67 Capítulo 4 (120 ᵒC) tendo ficado quase todos partidos. Optou-se então por realizar a experiência com as garrafas abertas. Figura 4.5: Garrafas de alumínio com as tampas derretidas, tampas derretidas depois de removidas das garrafas e o-rings partidos. As amostras foram colocadas na estufa e aquecidas até 120 ᵒC e, quando sujeitas ao aquecimento, o septo da cápsula expandia, voltando ao normal no período de arrefecimento. Como referido anteriormente no capítulo 3, os ciclos foram de sensivelmente 14 dias, tendo-se realizado 7 ciclos. Na Tabela 4.3, encontram-se os tempos de aquecimento e arrefecimento assim como o tempo total de cada ciclo. O tempo total de experiência foi de 130649 minutos que corresponde a aproximadamente 91 dias. Tabela 4.3: Tempo de aquecimento e arrefecimento para cada ciclo e tempo total de cada ciclo e de simulação. Ciclo 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 68 Tempo (min) Aquecimento Arrefecimento 9866 5848 19902 15804 29482 26368 42469 33444 52670 43412 62927 53433 69935 60714 Total 15714 35706 55850 75913 96082 116360 130649 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão No 4º ciclo a diferença entre o tempo de aquecimento e arrefecimento é de sensivelmente 6000 minutos, que se deve sobretudo a um período de 7 dias durante o qual a estufa esteve sempre ligada a 120 °C. Este facto não afeta, contudo, os resultados, pois ao fim de um período a uma temperatura estabilizada, o sistema entra em equilíbrio não ocorrendo reações adversas que alterem os resultados. De forma a pormenorizar mais esta fase do estudo, relacionam-se os ciclos com os dias de ensaio. Assim, o 1º ciclo vai corresponder a 11 dias, o 2º ciclo a 25dias, o 3º ciclo a 39 dias, o 4ºciclo a 53 dias, o 5º ciclo a 67 dias, o 6º ciclo a 81 dias e finalmente ao 7º ciclo correspondem 91 dias, que constitui o tempo total da segunda simulação. Ao fim de 67 dias de choque térmico (5º ciclo) constatou-se que o midel em contacto com o material mal tratado começou a libertar partículas, como se pode observar na Figura 4.6, evidenciando a degradação dos materiais por ação dos choques térmicos. Figura 4.6: Amostras de midel com material mal tratado, em que se pode observar as partículas libertadas (destacadas no circulo a preto). a- 5º ciclo, b - 7º ciclo. Este fenómeno pode estar relacionado com uma cura incorreta da cola do papel aquando do tratamento do material, facto que seria expectável no material mal tratado. De referir que num transformador de distribuição em funcionamento real, esta cola vai participar em fenómenos sucessivos de deterioração dos materiais sólidos e líquidos Ana Patrícia Simões Polido 69 Capítulo 4 isolantes, o que se traduz num fenómeno que normalmente é designado por formação de lama. Conforme se referiu no capítulo 3, dos 28 vials com midel e silicone purgado com árgon e materiais bem e mal tratados e das 28 garrafas com os dois tipos de óleo também em contacto com materiais bem e mal tratados, sujeitas a choques térmicos no laboratório do ISEC, foram retiradas 8 amostras (4 vials e 4 garrafas) no final de cada um dos 7 ciclos, que foram encaminhadas para o Laboratório de Materiais da Fábrica do Sabugo, onde foram analisadas em termos de DGA e de análises de rotina. De seguida apresentam-se os resultados obtidos para cada um dos 4 arranjos em estudo. Para poder comparar os resultados do 1º ciclo com os resultados de DGA obtidos para óleos sem qualquer choque térmico utilizam-se os valores experimentais obtidos na primeira simulação e que se apresentaram na Tabela 4.2. 4.2.1. Análise de Gases Dissolvidos Para as análises de gases dissolvidos, dos onze gases analisados apenas dez serão tidos em conta, uma vez que, tal como foi aconteceu na primeira simulação, o acetileno apresentou sempre concentrações inferiores a 1 ppm, uma vez que a sua produção apenas ocorre a temperaturas superiores a 1000ᵒC (IEEE, 1992). Na representação gráfica da variação da concentração de gases separaram-se os gases atmosféricos e óxidos de carbono dos restantes, uma vez que a origem destes três grupos de gases é distinta. Os óxidos de carbono resultam da degradação dos materiais sólidos, nomeadamente, compostos com celulose presentes no psp e nomex. Nestes compostos, as ligações moleculares C-O, sendo fracas, decompõem-se a temperaturas baixas. A degradação dos compostos celulósicos também origina água em maiores quantidades do que o óleo (quando sujeitos à mesma temperatura). A formação destes óxidos é igualmente promovida pela presença de oxigénio no óleo e pelo teor de água inicialmente existente no papel. Os gases atmosféricos também são representados separadamente porque a sua principal origem não ocorre em falhas. A quantidade de oxigénio poderá ser influenciada pela degradação dos compostos celulósicos que originam os óxidos de carbono e, consequentemente, na degradação destes que poderão originar moléculas de O2 e hidrocarbonetos. 70 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Os gases podem ser originados não apenas por falhas mas também pela existência de reações químicas, nomeadamente conducentes à formação de ferrugem. Quando existe oxigénio livre no óleo que atua como catalisador, podem ocorrer reações entre o aço e a água, originando moléculas de hidrogénio, que pode, ainda, ser formado através de reações catalíticas do aço com o óleo. É ainda de referir, que sendo a luz solar catalisadora de reações que levam à formação de gases, o facto de as amostras de DGA estarem contidas em vials de vidro transparente pode ter influenciado os resultados. Uma forma de avaliar o tipo de falha existente nas amostras é através da utilização da razão entre gases (adaptação do Critério de Rogers, utilizando não três quocientes mas apenas dois) (IEC 60599, 1999). Esta avaliação será efetuada no presente trabalho, considerando quatro dos gases analisados: hidrogénio, metano, etano e etileno. Nesta avaliação a razão entre a concentração destas espécies gasosas vai ser relacionada com casos específicos de falhas ocorridas no transformador, particularmente falhas térmicas (IEC 60599,1999). Amostras de midel purgado com árgon contendo material bem tratado Na Tabela 4.4 encontram-se os valores obtidos de concentração em ppm do tratamento dos resultados de DGA, para as amostras de midel purgadas com árgon em contacto com o material bem tratado. Tabela 4.4: Valores obtidos na análise de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de midel purgado com árgon, contendo material bem tratado. Tempo (dias) Gases 0 11 25 39 53 67 81 91 Referência1) H2 <3 3 <3 <3 10 <3 3 5 100 CH4 <1 9 6 3 3 3 3 3 50 C2H6 <1 5 10 4 3 2 6 5 50 C2H4 <1 3 4 3 2 1 2 2 50 C2H2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 50 C3H8 <1 6 10 8 8 6 6 12 --- C3H6 <1 3 <1 5 5 3 2 3 --- CO <1 260 216 152 151 147 158 180 200 CO2 49 3758 2428 1631 1560 1421 1499 1759 5000 O2 2779 14388 15690 12638 15894 17672 12260 21048 --- N2 5332 35532 38277 31885 39546 41525 30539 49093 --- 1) Valores referência retirados da norma IEC 60599, 1999 (Tabela A.4). Ana Patrícia Simões Polido 71 Capítulo 4 A representação gráfica destes valores (com exceção do acetileno), apresentada nas Figuras 4.7 e 4.8, permite observar a variação dos gases com o tempo de experiência. Figura 4.7: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o midel purgado com árgon e com material bem tratado. Os gases representados na figura demonstram que a quantidade de gás produzida não é substancial. Apesar de o hidrogénio apresentar um pico de 10 ppm no dia 53, estes valores são ainda bastante inferiores aos valores de referência constantes na Tabela A.4 da norma IEC 60599, 1999 e indicados na Tabela 4.4 Todas as restantes espécies estão também bastante abaixo dos valores de referência constantes na referida norma. Na Figura 4.8 encontram-se representados os gases atmosféricos e os óxidos de carbono para as amostras de midel com material bem tratado. O monóxido e o dióxido de carbono são representados a laranja e vermelho respetivamente, estando as suas concentrações representadas no eixo secundário (à direita). Os gases atmosféricos encontram-se representados no eixo principal (à esquerda) apresentado as cores azul escura (azoto) e azul claro (oxigénio). 72 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Figura 4.8: Representação da variação dos gases atmosféricos e dos óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o midel purgado com árgon com material bem tratado. Como se pode observar os gases atmosféricos têm um comportamento similar, sendo que o azoto existe em maior quantidade, refletindo a concentração atmosférica destes gases. Apesar de as linhas representativas dos óxidos de carbono apresentarem um comportamento relativamente similar, no primeiro ciclo verifica-se um pico de concentração de dióxido de carbono, à imagem do que se observou na primeira simulação. Com o decorrer da experiência, a concentração destes gases tem tendência a estabilizar. Conforme se referiu anteriormente, a análise dos óxidos de carbono é bastante importante na prevenção e determinação da deterioração dos compostos celulósicos, pelo que se pode concluir que a degradação do material celulósico ocorre essencialmente no primeiro ciclo de choques térmicos. Amostras de midel purgado com árgon contendo material mal tratado Os valores obtidos após o tratamento dos resultados de DGA para as amostras de midel purgado com árgon contendo material mal tratado encontram-se representados na Tabela 4.5 e nas Figuras 4.9 e 4.10. Ana Patrícia Simões Polido 73 Capítulo 4 Tabela 4.5: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de midel purgado com árgon, contendo material mal tratado. Tempo (dias) Gases 0 11 25 39 53 67 81 91 Referência1) H2 <3 <3 <3 <3 6 4 3 3 100 CH4 <1 11 6 3 3 4 4 4 50 C2H6 <1 5 9 4 4 4 8 6 50 C2H4 <1 4 4 3 2 2 3 3 50 C2H2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 50 C3H8 <1 10 11 9 12 10 12 16 --- C3H6 <1 9 10 7 8 6 8 8 --- CO <1 271 251 133 181 215 218 225 200 CO2 49 4096 2569 1374 1695 1969 2104 2209 5000 O2 2779 13841 15232 10424 16751 19213 16688 21618 --- N2 5332 35272 38070 26514 42325 45958 41611 51744 --- 1) Valores referência retirados da norma IEC 60599, 1999 (Tabela A.4). A representação gráfica destes valores apresentada na figura 4.9 permite observar a variação dos gases analisados com o tempo de experiência. Figura 4.9: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o midel purgado com árgon e com material mal tratado. 74 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Comparando estes resultados com os obtidos em experiência análoga mas com material bem tratado (Figura 4.7), é possível observar que o comportamento dos gases na presente experiência é mais estável não se observando variações bruscas, como ocorria anteriormente. Na Figura 4.10, encontram-se os valores obtidos para os gases atmosféricos e para os óxidos de carbono. Figura 4.10: Representação da variação dos gases atmosféricos e dos óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o midel purgado com árgon com material mal tratado. O comportamento destas espécies gasosas observado nesta experiência é muito similar ao que se observou com o material bem tratado. Nos três primeiros ciclos, ou seja, até ao dia 39 de experiência, o comportamento do monóxido de carbono e do dióxido de carbono é similar ao comportamento dos gases representados na Figura 4.8. Contudo, a partir do dia 40, nesta experiência parece ocorrer um aumento gradual da concentração de CO2, enquanto que na experiência com material bem tratado, no período análogo, se observava a estabilização da concentração deste gás, o que parece indicar que nas amostras com material mal tratado ocorre a formação de óxidos de carbono, indicativa da degradação dos compostos celulósicos que formam o isolamento sólido do transformador. Amostras de silicone purgado com árgon contendo material bem tratado Os valores obtidos após o tratamento dos resultados de DGA encontram-se representados na Tabela 4.6 e nas Figuras 4.11 e 4.12. Ana Patrícia Simões Polido 75 Capítulo 4 Tabela 4.6: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material bem tratado. Tempo (dias) Gases 0 11 25 39 53 67 81 91 Referência1) H2 <3 6 <3 <3 <3 4 <3 <3 100 CH4 2 16 6 6 3 3 3 4 50 C2H6 <1 7 9 5 3 2 7 6 50 C2H4 3 1 1 1 <1 <1 <1 <1 50 C2H2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 50 C3H8 2 11 9 9 9 6 8 16 --- C3H6 5 4 5 4 3 2 2 3 --- CO 17 390 143 117 72 97 91 121 200 CO2 944 4118 1068 974 747 852 815 1397 5000 O2 38549 27605 22473 22772 22373 26948 21452 38327 --- N2 88616 72390 56317 57938 53497 64004 53667 94584 --- 1) Valores referência retirados da norma IEC 60599, 1999 (Tabela A.4). Por análise da tabela anterior pode verificar-se que todas as espécies gasosas apresentam concentrações inferiores aos valores indicados como de referência pela norma IEC 60599, 1999 com exceção da concentração de CO após o primeiro ciclo de aquecimento. Figura 4.11: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o silicone purgado com árgon e com material bem tratado. 76 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Pode-se observar a ocorrência de alguns picos no comportamento dos gases apresentados, contudo em níveis bastante inferiores ao de referência para o óleo mineral. Na Figura 4.12 estão representadas as concentrações dos gases atmosféricos e óxidos de carbono presentes nas amostras de silicone contendo material bem tratado. Figura 4.12: Representação da variação dos gases atmosféricos com o tempo de ciclo, para o silicone purgado com árgon com material bem tratado. É possível observar que os gases atmosféricos apresentam um comportamento similar refletindo a relação destes no ar atmosférico, revelando a sua origem comum. Os óxidos de carbono apresentam um comportamento estável a partir do segundo ciclo, evidenciando que não ocorreu grande degradação dos compostos celulósicos. Contudo no último ciclo estes valores aumentam o que poderá indiciar que o prolongamento da experiência poderia levar a valores mais importantes de degradação do material celulósico. Amostras de silicone purgado com árgon contendo material mal tratado Na Tabela 4.7 e na Figura 4.13 estão patentes os resultados do tratamento dos valores obtidos por DGA das amostras de silicone com material mal tratado. Ana Patrícia Simões Polido 77 Capítulo 4 Tabela 4.7: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA (em ppm) para as amostras dos sete ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material mal tratado. Tempo (dias) Gases 0 11 25 39 53 67 81 91 Referência1) H2 0 6 <3 <3 3 4 <3 3 100 CH4 <3 30 13 5 4 3 3 4 50 C2H6 2 8 11 7 5 2 5 6 50 C2H4 <1 2 2 1 <1 <1 <1 <1 50 C2H2 3 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 50 C3H8 <1 14 16 12 14 9 14 19 --- C3H6 2 11 13 8 7 4 5 7 --- CO 5 458 207 112 125 98 126 135 200 CO2 17 4689 1617 885 1098 858 1013 1222 5000 O2 944 31044 27503 22395 29120 24113 25477 34410 --- N2 38549 80280 68225 57023 71363 58421 63584 85316 --- 1) Valores referência retirados da norma IEC 60599, 1999 (Tabela A.4). Por análise da tabela anterior pode verificar-se que todas as espécies gasosas apresentam concentrações inferiores aos valores indicados como de referência pela norma IEC 60599, 1999, com exceção da concentração de CO após os primeiro e segundo ciclos de aquecimentos Figura 4.13: Representação da variação da concentração de gases com a variação do tempo de experiência, para o silicone purgado com árgon e com material mal tratado. 78 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Os gases apresentados possuem um comportamento semelhante ainda que mais estável que o observado para o mesmo óleo mas em conjunto com o material bem tratado. Na Figura 4.14, estão representadas as concentrações de gases atmosféricos e óxidos de carbono medidos nas amostras de silicone com material mal tratado. Figura 4.14: Representação da variação dos gases atmosféricos e óxidos de carbono com o tempo de ciclo, para o silicone purgado com árgon com material mal tratado. O comportamento quer dos gases atmosféricos quer dos óxidos de carbono é similar ao que se observou para as amostras de silicone com material bem tratado. Balanço ao número total de átomos presentes nas espécies gasosas estudadas Com vista a averiguar se a variação de concentração dos gases estudados decorria da interconversão de espécies gasosas ou da formação contínua de novas espécies gasosas, estudou-se a evolução da quantidade dos diferentes elementos presentes nas moléculas gasosas através de balanços molares efetuados aos 4 átomos de que são constituídos as espécies gasosas estudadas: C, H, O e N. Ana Patrícia Simões Polido 79 Capítulo 4 Tabela 4.8: Balanço aos átomos constituintes das espécies gasosas (expressos em moles de átomos), para cada um dos ciclos, nas amostras de midel e silicone com material bem e mal tratado. Tempo (dias) Midel + MBT Midel + MMT Silicone + MBT Silicone + MMT 0 11 25 39 53 67 81 91 C 0,002 0,097 0,065 0,044 0,042 0,039 0,041 0,125 H - 0,009 0,009 0,007 0,014 0,006 0,007 0,087 O 0,352 1,079 1,099 0,869 1,070 1,174 0,840 1,402 N 1,174 2,538 2,734 2,278 2,825 2,966 2,181 3,507 C 0,002 0,105 0,070 0,038 0,047 0,054 0,058 0,138 H - 0,011 0,010 0,008 0,011 0,008 0,009 0,087 O 0,352 1,061 1,078 0,719 1,130 1,298 1,146 1,460 N 1,174 2,519 2,719 1,894 3,023 3,283 2,972 3,696 C 0,030 0,110 0,032 0,028 0,021 0,024 0,023 0,186 H 0,003 0,014 0,009 0,008 0,007 0,007 0,007 0,228 O 3,140 1,926 1,458 1,472 1,435 1,726 1,381 2,463 N 16,435 5,171 4,023 4,138 3,821 4,572 3,833 6,756 C 0,030 0,127 0,048 0,026 0,032 0,024 0,029 0,183 H 0,003 0,019 0,014 0,009 0,009 0,008 0,008 0,230 O 3,140 2,170 1,800 1,444 1,874 1,550 1,643 2,211 N 16,435 5,734 4,873 4,073 5,097 4,173 4,542 6,094 De forma a observar melhor as variações do número de átomos ao longo do ensaio experimental, representaram-se os valores obtidos no balanço na Figura 4.15. 80 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Figura 4.15: Variação, em atmol, dos átomos de carbono, hidrogénio, azoto e oxigénio para todas amostras de midel e silicone com material mal e bem tratado. Ana Patrícia Simões Polido 81 Capítulo 4 Por análise da figura anterior, constata-se que, de uma forma geral, o número total de cada tipo de átomos se mantém relativamente estável após o início da aplicação dos choques térmicos às amostras. A exceção a este comportamento ocorre na última amostra estudada, em que se observa uma subida generalizada do número de átomos, que é de difícil explicação, uma vez que não seria expectável que após 91 dias de choques térmicos sucessivos ocorresse a formação generalizada de espécies gasosas. Esta subida decorre, essencialmente, de um pico observado em todos os conjuntos nas concentrações de propano, oxigénio e azoto. A outra exceção prende-se essencialmente com o número de átomos de carbono que após subida abrupta decorrente do primeiro ciclo de aquecimento, desce significativamente nos dois ciclos subsequentes, estabilizando após o terceiro ciclo de aquecimento/ arrefecimento. A descida observada no número de átomos de carbono presente no gás poderá estar relacionada com a possibilidade de reações ocorrentes no óleo poderem originar partículas sólidas de carbono e ceras, diminuindo o número de átomos de carbono presente nas espécies gasosas. Assim, de uma forma geral, pode afirmar-se que durante o primeiro ciclo de aquecimentos ocorre a grande formação de espécies gasosas, que depois se vão converter noutras em resultado de reações químicas ocorrentes no transformador. No entanto, a relativa estabilidade observada no número de átomos que constituem as diferentes espécies gasosas após o primeiro ciclo de aquecimento, parece indicar que a variação observada na concentração das diferentes espécies gasosas decorre essencialmente da transformação de uma noutras, e pouco da formação de novos gases. Efetivamente, uma vez que a formação de gases está relacionada com a degradação do material, e que este não se degrada instantaneamente com os choques térmicos, é possível afirmar que a formação de gases para as primeiras amostras está essencialmente relacionada com a reação entre radicais instáveis inicialmente existentes e que justificam a formação de grandes quantidades de gases ao fim do primeiro ciclo. Estes radicais reagem rapidamente recombinando-se através de reações complexas surgindo diversas moléculas como H-H, CH3-H, CH3-CH3, CH2=CH2 ou CH≡CH e hidrocarbonetos com três e quatro carbonos (ainda que em quantidades pouco relevantes). Assim, a transformação de umas espécies noutras após o período inicial explicaria a variação observada na concentração dos gases estudados, ainda que não fosse acompanhada de uma variação do número total cada tipo de átomos, conforme se constatou 82 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Analisando o número total de átomos verifica-se que as amostras de silicone apresentam valores superiores às de midel, denotando maior formação de gases. Em termos de tratamento efetuado ao material a diferença não é nítida, embora os conjuntos com material mal tratado tenham tendência a apresentar maior número de átomos de espécies gasosas do que as correspondentes amostras com material bem tratado, acentuando-se esta diferença para as amostras de silicone. Nas amostras de midel com material mal tratado, observou-se uma tendência crescente do número de átomos de carbono e oxigénio após os 53 dias de experiência, o que poderá estar relacionado com o tratamento do material. Efetivamente a cura insuficiente do material leva a uma maior degradação dos compostos celulósicos formando maiores quantidades de óxidos de carbono. Este facto não foi observável nas amostras de silicone em virtude de este apresentar características químicas mais estáveis. Adaptação do Critério de Rogers Após apresentar os resultados obtidos, é importante fazer a análise através da razão entre hidrocarbonetos, sendo que no presente trabalho se utilizaram as razões que serão denominadas por e e , , respetivamente. A utilização destas razões vai permitir avaliar o midel e o silicone segundo parâmetros utilizados para o óleo mineral, utilizando como referência valores obtidos para transformadores isolados com óleo mineral e constantes na norma IEC 60599, 1999. Na Tabela 4.9 estão presentes os valores para as razões e obtidas a partir dos valores determinados para cada gás. Tabela 4.9: Valores da razão entre hidrocarbonetos para as diferentes amostras ao longo da experiência. Tempo (Dias) Amostra Razão 0 11 25 39 53 67 81 91 Midel com material bem tratado R1 R2 0,000 0,000 2,590 0,724 0,000 0,405 0,000 0,632 0,301 0,613 0,000 0,569 0,820 0,266 0,674 0,381 Midel com material mal tratado R1 R2 0,000 0,000 5,723 0,866 0,000 0,478 0,000 0,653 0,557 0,636 0,977 0,582 1,534 0,337 1,184 0,456 Silicone com material bem tratado R1 R2 0,888 0,000 2,856 0,223 0,000 0,139 0,000 0,211 1,413 0,191 0,651 0,221 4,659 0,054 1,805 0,086 Silicone com material mal tratado R1 R2 0,888 0,000 5,218 0,194 0,000 0,142 0,000 0,200 1,358 0,166 0,580 0,161 2,232 0,143 1,054 0,108 Ana Patrícia Simões Polido 83 Capítulo 4 Como critério de comparação foram utilizados os valores constantes na norma IEC 60599:1999, para um transformador de distribuição cujo enchimento é feito com óleo mineral (Tabela 4.10) que representam a concentração de gases para 90% das observações efetuadas em transformadores (IEC 60599, 1999). Tabela 4.10: Concentração, em ppm, dos gases num transformador de distribuição. Gases Concentração (ppm) H2 - Hidrogénio 100 CH4 - Metano 50 C2H6 - Etano 50 C2H4 - Etileno 50 Para o caso descrito na Tabela 4.10, os valores das razões serão de 0,5 e 1 para R1 e R2, respectivamente, que servirão de parâmetro de comparação e se marcaram numa linha contínua horizontal nos gráficos. A Figura 4.16 representa a comparação entre as razões para as diferentes amostras. Figura 4.16: Valores da razão R1 e R2 para as amostras em estudo. 84 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Como se pode observar, apenas a razão R1 apresenta valores superiores ao valor referência, devendo-se à instabilidade dos valores de H2 e CH4, particularmente do facto de por vezes não se verificar a formação de hidrogénio. De acordo com a norma IEC 60599,1999, apesar de superior à unidade, pelo facto de a concentração das duas espécies gasosas ser muito reduzida, este quociente é não significativo, pelo que conjugado com o facto de a razão R2 ser inferior a 1 e a concentração de acetileno se encontrar abaixo do limite de deteção, estas situações configuram uma falha térmica de temperatura inferior a 300 °C, de acordo com o critério de Rogers (IEC 60599, 1999). Razão entre óxidos de carbono Outra possibilidade de análise dos resultados da DGA proposta na norma IEC 60599, 1999 é através da razão entre os óxidos de carbono. Este tipo de gás aumenta rapidamente com o aumento da temperatura, assim, e fazendo o rácio CO 2/CO é possível avaliar o grau de degradação dos componentes celulósicos. Este estudo deve ser feito fazendo a correção dos valores de CO2 de forma a precaver eventual absorção deste gás a partir do ar atmosférico. Na Figura 4.17 está presente a representação da variação da razão entre os óxidos de carbono ao longo da experiência 16,000 14,000 CO2/CO 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0,000 0 20 40 60 80 100 Tempo (dias) Midel com material bem tratado Midel com material mal tratado Silicone com material bem tratado Silicone com material mal tratado Figura 4.17: Representação gráfica da razão entre os óxidos de carbono ao logo da experiência e representação do limite. Ana Patrícia Simões Polido 85 Capítulo 4 De acordo com a norma IEC 60599, 1999, quando a degradação do papel é excessiva, a razão entre os dois gases toma valores inferiores a 3. Tal como esperado face à observação visual das amostras, os valores encontram-se todos acima do valor referência, comprovando a inexistência de degradação excessiva, apesar de ter ocorrido alguma libertação de cola do papel nomex que ficou mal curada partir do 5º ciclo nas amostras de midel com material mal tratado, que não foi evidenciada por esta análise. Por outro lado, verifica-se que as curvas das quatro amostras apresentam uma evolução semelhante, demonstrando que o comportamento entre estes óleos é semelhante. Contudo é de referir que o valor limite utilizado como referência é o do óleo mineral, não se podendo afirmar que para o caso do midel e do silicone este não deva assumir valores distintos. Razão entre gases atmosféricos A norma de interpretação de gases para o óleo mineral (IEC 60599, 1999) considera, ainda, que a razão entre a concentração de gases atmosféricos é importante no sentido em que pode revelar fugas na selagem do equipamento, entre outros fenómenos. Para óleos minerais, no equilíbrio, e atendendo à solubilidade das espécies gasosas, o valor limite para a razão entre estes dois gases é de 0,5. Esta razão pode diminuir em transformadores em serviço devido à oxidação do óleo e ao consequente envelhecimento dos compostos celulósicos, levando a que o consumo de oxigénio seja superior à sua reposição por difusão. Assim, nestes casos, é usado como valor de referência a razão de 0,3, abaixo da qual se considera que ocorre um consumo excessivo de oxigénio. Na Figura 4.18 está representada a variação da razão entre o oxigénio e o azoto ao longo do tempo e os valores de referência constante na norma em análise. 86 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão 0,550 0,500 O2/N2 0,450 0,400 0,350 0,300 0,250 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Tempo (dias) Midel com material bem tratado Midel com material mal tratado Silicone com material bem tratado Silicone com material mal tratado Figura 4.18: Representação gráfica da razão entre os gases atmosféricos ao logo da experiência e representação do limite. Pela análise da figura, pode-se afirmar que a que a norma em análise aplicável ao óleo mineral também é válida para o midel e silicone. Os valores obtidos para a razão encontram-se no intervalo desejado tendo em conta que não ocorreram fugas de gás dado que os vials se encontravam selados. É possível constatar que os valores da razão rondam os 0,4 estando centrado na gama de valores aceitável. 4.2.2. Análises de Rotina As análises de rotina vieram complementar o estudo da influência dos choques térmicos no material e óleo. Foram efetuadas a determinação do teor de água, a rigidez dielétrica, o fator de dissipação dielétrico e o índice de acidez. As variações num dos parâmetros estudados influencia os demais sendo, por isso, possível relacioná-los. O teor de água pode influenciar tanto a tensão disruptiva como, se bem que indiretamente, o fator de dissipação dielétrica (tg δ). O aumento da temperatura do óleo aumenta a solubilidade da água que, consequentemente, provoca a diminuição da viscosidade do óleo. A tensão disruptiva varia com o teor de água e com o envelhecimento do óleo. No caso do silicone, quanto maior o teor de água no óleo e quanto mais envelhecido este se Ana Patrícia Simões Polido 87 Capítulo 4 encontrar, menor a tensão disruptiva que possui. Comportamento diverso apresenta o midel, para o qual a tensão disruptiva segue o comportamento do teor de água (M&I Materials, 2011). A tg δ, não varia diretamente com a água presente na amostra. Todavia a presença de água vai promover a formação de complexos estáveis que geram produtos de oxidação que fazem aumentar a tg δ. Este parâmetro é também bastante sensível a contaminações do óleo, pelo que é necessário ter em conta a existência de partículas no óleo (partículas originárias da cola do papel nomex e da degradação dos compostos celulósicos). Contudo, uma vez que no presente trabalho estas partículas não foram contabilizadas não se pôde retirar conclusões precisas acerca deste parâmetro. Quanto mais refinado o óleo, menor a tg δ e a acidez associadas, o que pressupõe que níveis superiores de teor de água impliquem que estes parâmetros sejam mais elevados. Na Tabela 4.11 encontram-se os resultados finais de cada um dos ensaios realizados. Para as amostras de midel com material bem tratado recolhidas ao 81º dia de experiência não foi possível determinar a rigidez dielétrica, a tg δ e a acidez da amostra pois esta encontrava-se contaminada com plástico resultante do sobreaquecimento e consequente fusão da rolha da garrafa, tendo a amostra ficado com aspeto turvo. Para a amostra do dia 53 de midel com material mal tratado não foi possível determinar a tg δ pois a amostra estava contaminada com plástico derretido apresentando sedimentos, não sendo por isso possível efetuar a sua análise (tendo em vista a possibilidade de degradar o aparelho de análise). 88 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Tabela 4.11: Valores obtidos para os ensaios de rotina para as amostras de midel com material bem tratado. Ensaio 11 25 39 53 67 81 Teor Água (ppm) Tensão disruptiva (kV) Tg delta (90ᵒC) Acidez (mg/g) 92,4 65,1 0,0441 0,1307 111 65,7 0,0461 0,1323 71,8 60,9 0,0404 0,1687 115,6 50,0 0,0725 0,1812 171,0 62,6 0,0559 0,4750 130,6 ------- Teor Água (ppm) Tensão disruptiva (kV) Tg delta (90ᵒC) 61,2 77,1 0,0382 101,0 77,7 0,0513 76,4 74,9 0,0504 90,4 41,9 --- 91,8 73,0 0,0515 115,7 40,3 0,0597 Acidez (mg/g) 0,1200 0,1536 0,1621 0,2355 0,4320 0,5117 Silicone+MBT Teor Água (ppm) Tensão disruptiva (kV) Tg delta (90ᵒC) Acidez (mg/g) 12,1 68,5 0,0010 0,0050 17,2 58,4 0,0007 0,0022 32,3 55,1 0,0010 0,0048 26,3 52,0 0,0010 0,0019 16,9 50,9 0,0005 0,0022 29,5 65,3 0,0006 0,0083 Silicone+MMT Teor Água (ppm) Tensão disruptiva (kV) Tg delta (90ᵒC) Acidez (mg/g) 14,0 54,0 0,0010 0,0150 18,3 64,4 0,0007 0,0081 15,7 52,9 0,0012 0,0067 13,8 57,3 0,0010 0,0033 19,5 65,2 0,0004 0,0000 28,1 59,5 0,0004 0,0017 Midel+MBT Midel+MMT Neste tipo de estudos é expectável que um aumento de acidez do óleo seja acompanhado também de um aumento do teor de água e da tg δ, o que se observou nos resultados do midel, com exceção no período entre o 25º e 39º dias, em que em ambos os conjuntos (MBT e MMT) se observou que o teor de água e a tg δ diminuíram, enquanto a acidez continuava a aumentar. Relativamente às amostras de silicone, o comportamento dos parâmetros acidez e teor de água não seguem o padrão esperado, uma vez que oscilam frequentemente e variam, por vezes, de forma inversa. Na Figura 4.19 seguinte representam-se os resultados obtidos por forma a facilitar a visualização dos mesmos. Os valores de teor de água e tensão disruptiva estão presentes no eixo principal, sendo a tg δ representada no eixo secundário. Ana Patrícia Simões Polido 89 Capítulo 4 Figura 4.19: Representação da Tensão disruptiva (kV), Teor de água (ppm) e Tg δ ao longo da experiência para as amostras de midel com material tratado. Pela análise da figura anterior pode constatar-se que na amostra de midel com MBT, até à amostra do dia 39 o teor de água e a tensão disruptiva variam no mesmo sentido, o que está de acordo com o esperado para estas duas variáveis. Contudo entre o 90 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão dia 39 e 53 o teor de água diminui contrariamente à rigidez dielétrica, que aumenta. Após este período comportamento volta a ser o esperado, ou seja o teor de água e a tensão disruptiva aumentam ambos. Em ambos os conjuntos com midel a tg δ, nos primeiros ciclos, varia no mesmo sentido do teor de água, o que está de acordo com o esperado. Nas amostras de midel com material mal tratado os valores de rigidez apresentam uma variação no mesmo sentido do teor de água, como seria espectável. A exceção ocorre entre o dia 39 e 53 e o dia 67 e 81. A presença de sedimentos na amostra do dia 53 pode ter influenciado o valor de rigidez dielétrica. Este mesmo fator pode ter igualmente influenciado os valores do dia 81. Nas amostras de silicone com material bem tratado pode observar-se que a acidez e o teor de água não variam sempre de acordo com o esperado. Até ao dia 39 de experiência o comportamento que se observa assemelha-se ao do óleo mineral, ou seja, a tensão disruptiva diminui enquanto que o teor de água aumenta. A partir deste dia o comportamento do silicone assemelha-se ao comportamento do midel evoluindo ambos os parâmetros no mesmo sentido. A relação espectável entre a tg δ e o teor de água apenas não se verifica para as primeiras amostras. Nas amostras de silicone com MMT, o teor de água e a tensão disruptiva seguem a mesma tendência ao invés de apresentarem um comportamento oposto como seria espectável, o mesmo se passando com os valores de tg δ. É, contudo, possível observar que para alguns dos ciclos ocorre a relação esperada entre estes parâmetros. Analisando de uma forma genérica os resultados obtidos no conjunto das amostras pode concluir-se que as análises de rotina revelam valores dos parâmetros estudados que não variam substancialmente com a aplicação de choques térmicos. Assim é possível concluir que, nas condições experimentais apresentadas, os choques térmicos não alteram as propriedades dos óleos estudados. Pode, ainda, afirmar-se que de uma forma geral se observaram as considerações efetuadas anteriormente, ou seja, que a tg δ variou no mesmo sentido que o teor de água, afetando a acidez igualmente no mesmo sentido. Já a tensão disruptiva varia no sentido oposto da variação do teor de água, para amostras de silicone e no sentido da variação da água para o midel. Atendendo a todos os resultados de teor de água é possível afirmar que as amostras que contêm material bem tratado apresentam um teor de água mais baixo ao longo de toda a experiência. Este motivo deve-se ao facto da cura ser suficiente e se poder afirmar Ana Patrícia Simões Polido 91 Capítulo 4 que no início da simulação as amostras não contêm água. Assim, ao contrário do que sucede em amostras que já estavam contaminadas, os processos de degradação, nomeadamente a hidrólise, desencadear-se-ão mais tarde, atrasando todos os processos de degradação. Do mesmo modo é possível afirmar que as amostras com material mal tratado são as que apresentam um nível de acidez maior devido à cura insuficiente do papel nomex. Apesar das variações que são possíveis observar para todas as análises, é possível afirmar que estes valores não variam substancialmente com a aplicação de choques térmicos. Assim é possível concluir que, nas condições experimentais apresentadas, os choques térmicos não alteram as propriedades dos óleos. De igual modo é possível afirmar como válidas as considerações feitas anteriormente, ou seja, a tg δ varia no mesmo sentido que a variação do teor de água, afetando a acidez igualmente no mesmo sentido. Já a tensão disruptiva varia no sentido oposto da variação do teor de água, para amostras de silicone e no sentido da variação da água para o midel. Atendendo a todos os resultados de teor de água é possível afirmar que as amostras que contêm material bem tratado apresentam um teor de água mais baixo ao longo de toda a experiência. Este motivo deve-se ao facto da cura ser suficiente e se poder afirmar que no início da simulação as amostras não contêm água. Assim, ao contrário do que sucede em amostras que já estejam contaminadas, os processos de degradação, nomeadamente a hidrólise, desencadear-se-ão mais tarde, atrasando todos os processos de degradação. 4.2.3. Análises Complementares Para tentar compreender que tipo de influência os choques térmicos teriam na viscosidade do óleo efetuou-se a determinação deste parâmetro utilizando um viscosímetro de Cannon-Fenske-Routine previamente calibrado com uma solução de glucose a 60%, tendo-se realizado a determinação a uma temperatura de 40ᵒC. As amostras analisadas correspondem ao último ciclo analisado, ou seja, aos 91 dias de ensaio. Na Tabela 4.12 apresentam-se os valores obtidos para a viscosidade cinemática (cSt) das amostras de midel e silicone analisadas. 92 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Tabela 4.12: Viscosidade cinemática a 40ᵒC das amostras correspondentes aos 91 dias de ensaio. νóleo (cSt) Midel Silicone Material bem tratado Material mal tratado Material bem tratado Material mal tratado 35,29 29,33 37,10 39,87 De acordo com os dados das fichas técnicas dos fornecedores dos líquidos isolantes o midel e o silicone novos possuem viscosidades cinemáticas a 40ᵒC de 28 e 39 cSt, respetivamente. Relativamente a estes valores, a viscosidade das amostras de silicone com MMT não variaram substancialmente (2,23%). Contudo, para as amostras de midel com material bem tratado a variação é significativa (26,04%). Esta variação no valor da viscosidade está dependente dos fenómenos de degradação ocorridos não só no material mas também no óleo. A libertação de cola do papel nómex e a formação de moléculas de água influenciam este parâmetro fazendo-o variar, pelo que os resultados parecem indiciar que este fenómeno ocorreu essencialmente nas amostras com material bem tratado, contrariamente ao expectável. 4.2.4. Variação do teor de água, hidrogénio e oxigénio A variação do teor de água pode ser relacionada com a formação de oxigénio e hidrogénio no óleo. As moléculas de água podem dissociar-se e originar moléculas de hidrogénio e oxigénio aumentando a quantidade destes gases no óleo. Neste tipo de avaliação é necessário ter em conta que o oxigénio pode surgir de falhas, não se podendo assumir que todo o oxigénio está relacionado com hidrogénio em moléculas de água. De igual modo, o hidrogénio que se dissocia das moléculas de água pode originar hidrocarbonetos e não moléculas de hidrogénio. Na Figura 4.20 encontram-se as variações destes dois gases e do teor de água para as várias situações de ensaio. É de referir que no eixo secundário está sempre representada a concentração de oxigénio. Ana Patrícia Simões Polido 93 Capítulo 4 Figura 4.20: Representação da variação do teor de água e concentração de hidrogénio e oxigénio ao longo da experiência, para amostras de midel e silicone com material bem e mal tratado. 94 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Como é possível observar a variação para as amostras de midel com material bem tratado, os gases e o teor de água é similar, apesar de pequenas variações. Este facto não era o esperado atendendo a que a dissociação das moléculas de água daria origem a oxigénio e hidrogénio. Contudo não é possível tirar conclusões significativas atendendo à contribuição que o material celulósico poderá ter tido para este efeito. Para as amostras de midel com material mal tratado, acontece o mesmo fenómeno que acontecia para as amostras de midel com MBT, ou seja, não é possível relacionar diretamente as moléculas de água com o hidrogénio e o oxigénio sem conhecer as contribuições, a nível de formação de gás, dos compostos celulósicos. Nas amostras de silicone o teor de água é mais pequeno comparativamente às amostras de midel. Em termos de gases a quantidade de oxigénio no silicone é superior à do midel e a do hidrogénio mantem-se semelhante. Podemos constatar, para as amostras de silicone com material bem tratado, que a relação teor de água/oxigénio é inversa, assim como a relação teor de água/hidrogénio. Do mesmo modo a relação oxigénio/hidrogénio, segue o mesmo sentido. Assim é possível afirmar que a dissociação das moléculas de água pode originar moléculas de hidrogénio e oxigénio. Por último para as amostras de silicone com material mal tratado, consideram-se válidas as relações teor de água/oxigénio, água/hidrogénio oxigénio/hidrogénio, feitas anteriormente. Assim é possível afirmar que a dissociação das moléculas de água pode originar moléculas de hidrogénio e oxigénio. Após esta análise é possível afirmar que o teor de água, oxigénio e hidrogénio, seguem um comportamento possível de relacionar diretamente apenas para o silicone. Para as amostras de midel seria necessário conseguir quantificar a contribuição, a nível de oxigénio e hidrogénio, de outros materiais. 4.2.5. Análise Multivariável Com vista a reduzir o número de variáveis estudadas, foi aplicada a técnica estatística de análise fatorial de componentes principais ao conjunto dos resultados obtidos na análise DGA, recorrendo ao software SPSS (IBM© SPSS© STATISTICS, versão 21). Por aplicação do teste de Kaiser-Meyer-Olkin que é uma medida da adequação das variáveis à técnica estatística e permite inferir a adequabilidade da aplicação desta técnica estatística Ana Patrícia Simões Polido 95 Capítulo 4 ao conjunto de amostras, obteve-se um valor de 0,615, o que permite concluir que a validade da Análise de Componentes Principais é razoável (Field, 2000). As variáveis utilizadas para a análise de estatística multivariável foram o tempo de duração da experiência e a concentração das seguintes espécies gasosas: hidrogénio, metano, etano, etileno, propano, propileno, monóxido de carbono, dióxido de carbono, oxigénio e azoto A aplicação da técnica permitiu verificar que 4 componentes apresentam valores próprios superiores à unidade, e que o conjunto das 4 componentes identificadas permitem explicar 88,5% da variância observada nos ensaios. Na Tabela 4.13 apresentase a matriz das 4 componentes consideradas rodadas pelo método Varimax, em que cada valor (factor loading) representa a correlação entre a variável e a componente principal. No Anexo F apresentam-se os resultados globais antes e após a rotação e a os valores dos factor score. Tabela 4.13: Matriz de Componentes Rodada pelo Método Varimax com normalização de Kaiser. Variável Componente Comunalidade CP1 CP2 CP3 CP4 Tempo H2 -0,796 - - - - - - 0,914 0,808 0,890 CH4 0,910 - - - 0,934 C 2H 6 - - 0,524 -0,567 0,746 C 2H 4 - -0,795 - - 0,908 C 3H 8 - - 0,848 - 0,945 C 3H 6 CO CO2 - - 0,776 - 0,899 - - - 0,894 - - - 0,694 0,938 0,912 O2 - 0,963 - - 0,977 N2 - 0,964 - - 0,986 Valores próprios 3,468 2,884 2,014 1,373 9,739 % da variância total explicada 31,5 26,2 18,3 12,5 88,5 NOTA. Apenas se apresentam os factor loadings superiores a 0,5, sendo que os mais significativos, com valor superior a 0,7, se encontram a negrito Na matriz indicaram-se, ainda, as comunalidades das variáveis, que indicam a proporção da variância explicada pelas componentes principais e correspondem à soma dos quadrados dos factor loadings de cada variável. Os valores próprios, que 96 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão correspondem à soma dos quadrados dos factor loadings, medem a variância explicada pela respetiva componente Analisando os resultados da aplicação da Análise de Componentes Principais, verifica-se que à componente 1 se correlacionam essencialmente a concentração de metano, monóxido de carbono e dióxido de carbono, o que decorre da degradação dos compostos celulósicos que originam óxidos de carbono e ainda a reações entre hidrocarbonetos que originam metano. A esta componente encontra-se negativamente correlacionada a variável tempo, indiciando que estas espécies gasosas tendem a diminuir de concentração à medida que o tempo de ensaio vai aumentando. Na componente 2, correlacionam-se o oxigénio e o azoto e negativamente o etileno, o que é explicado pela ocorrência de reações. A degradação do etileno pode, em reação com outros produtos, levar à formação de óxidos. Na componente 3 correlacionam-se propano e o propileno mostrando que a formação destes dois compostos ocorre em simultâneo e, finalmente, na componente 4 correlaciona-se de forma significativa unicamente o hidrogénio, atestando que esta espécie gasosa não se correlaciona com nenhuma das outras espécies estudadas. Utilizando os factor scores resultantes da análise de componentes principais efetuou-se a análise de regressão linear multivariável apresentando-se a aplicação desta metodologia à formação do hidrogénio, metano, etileno e propano. No Anexo F encontram-se as tabelas com os valores obtidos por ANOVA. 12,0 10,0 y = 0,9467x R² = 0,8828 H2_MLR 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 -2,0 0 2 4 6 8 10 12 H2_ EXP Figura 4.21: Representação dos valores de hidrogénio experimental vs. hidrogénio obtido por MLR. Ana Patrícia Simões Polido 97 Capítulo 4 35,0 30,0 y = 0,9691x R² = 0,9318 CH4_MLR 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 5 10 15 20 25 30 35 CH4_EXP Figura 4.22: Representação dos valores de metano experimental vs. metano obtido por MLR. 5,0 C2H4_MRL 4,0 y = 0,9729x R² = 0,9009 3,0 2,0 1,0 0,0 -1,0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 C2H4_EXP Figura 4.23: Representação dos valores de etileno experimental vs. etileno obtido por MLR. 20,0 y = 0,9951x R² = 0,942 C3H8_MLR 15,0 10,0 5,0 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 C3H8_EXP Figura 4.24: Representação dos valores de propano experimental vs. propano obtido por MLR Verifica-se que, em todos os casos, o modelo multivariável permite prever razoavelmente a concentração experimental (coeficientes de correlação, R, de 0,943; 0,967, 0,953 e 0,972 respetivamente paras concentrações de hidrogénio, metano, etileno e propano). Ou seja, 94,3%, 96,7%, 95,3% e 97,2% dos valores de hidrogénio, metano, 98 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão etileno e propano, respetivamente, determinados por MLR são representativos dos valores experimentais que lhes correspondem. Nas Figuras 4.25 a 4.28 encontram-se representadas as variações dos gases ao longo dos ciclos obtidas experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável (presente nas Figuras 4.21 a 4.24). Concentração (ppm) 12 10 Midel com MBT Midel com MMT Silicone com MBT Silicone com MMT 8 6 4 2 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 H2_Exp H2_MLR Figura 4.25: Variação da concentração de hidrogénio obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Dado que a reta determinada por MRL para o hidrogénio tem um coeficiente de relação de 0,943, era esperado que os valores de concentração de H2 obtidos a partir da reta e experimentais, fossem semelhantes. Este facto pode-se comprovar a partir da análise da Figura 4.50. 35 Midel com MBT Midel com MMt Silicone com MBT 30 Silicone com MMT 25 20 15 10 5 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 CH4_Exp CH4_MLR Figura 4.26: Variação da concentração de metano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Ana Patrícia Simões Polido 99 Capítulo 4 Mais uma vez é possível afirmar que os valores experimentais e determinados por aplicação da reta obtida por MRL são semelhantes. Midel com MBT Midel com MMT Silicone com MBT Silicone com MMT 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 C2H4_eXP C2H4_MLR Figura 4.27: Variação da concentração de etileno obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Na Figura 4.27 comprova-se mais uma vez a boa correlação obtida a partir da regressão linear multivariável para as amostras de etileno. 20 Midel com MBT Midel com MMT Silicone com MBT 15 10 5 Silicone com MMT 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 C3H8_Exp C3H8_MLR Figura 4.28: Variação da concentração de propano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Na Figura 4.28 é possível observar que as linhas quase se sobrepõem, provando uma vez mais a eficácia do método utilizado. 100 Ana Patrícia Simões Polido Resultados e discussão Com vista a averiguar da possibilidade de inferir a concentração de algumas espécies gasosas com base na concentração das espécies que a Análise de Componentes Principais determinou como estando mais correlacionado com cada uma das componentes (metano com a componente 1, azoto com a componente 2, propano com a componente 3 e hidrogénio com a componente 4), efetuou-se a regressão linear multivariável de algumas das espécies em função destas quatro, tendo-se obtido os resultados apresentados nas Figuras 4.29 a 4.31. Concentração (ppm) 600 500 Midel com MBT Midel com MMT Silicone com MBT Silicone com MMT 400 300 200 100 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 CO_MLR CO_exp Figura 4.29: Variação da concentração de monóxido de carbono obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. 12 Midel com MBT Midel com MMT 10 Silicone com MBT Silicone com MMT 8 6 4 2 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 C2H6_Exp C2H6_MLR Figura 4.30: Variação da concentração de etano obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Ana Patrícia Simões Polido 101 Capítulo 4 14 Midel com MBT Midel com MMT Silicone com MBT 12 Silicone com MMT 10 8 6 4 2 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 0 C3H6_Exp C3H6_MLR Figura 4.31: Variação da concentração de propileno obtida experimentalmente e através da aplicação da equação determinada por regressão linear multivariável, ao longo dos ciclos. Pode-se verificar pela Figuras 4.29 a 4.31 que o modelo de regressão linear multivariável permite inferir bastante bem a concentração das restantes espécies, nomeadamente do monóxido de carbono (coeficiente de correlação entre os dados experimentais e os previstos com o modelo de 0,92) e do etileno (R=0,891). Pode-se, pois, concluir que a determinação experimental de apenas as quatro espécies gasosas anteriores permite inferir com alguma razoabilidade as restantes espécies necessárias para o DGA. 102 Ana Patrícia Simões Polido Capítulo 5 – Conclusoés Conclusões 5. Conclusões Pode-se afirmar que o trabalho experimental decorreu com sucesso, uma vez que o pressuposto que se pretendia provar foi validado, ou seja, a utilização das normas de análise do óleo mineral são válidas para a análise e avaliação do midel e silicone. A análise dos valores obtidos permite tirar algumas conclusões relevantes. Pode-se afirmar que para ambos os óleos existem ciclos de viragem, ou seja, ciclos em que o comportamento dos óleos começaria a estabilizar. Para o midel este ponto de viragem corresponde ao 5º ciclo ou 67 dias e para o silicone a alteração de comportamento dá-se ao 6º ciclo ou 81 dias. Contudo para se poder dizer com toda a certeza que estes são os pontos de viragem seria necessário prolongar a execução experimental, indo além dos 91 dias estudados. Concluiu-se, ainda, que, a longo termo os materiais mal tratados iriam continuar a libertar cola pois, a partir do 5º ciclo, os choques térmicos originaram a degradação dos compostos celulósicos. Esta libertação de cola poderá estar relacionada com a cura insuficiente do material. Em termos de análise de DGA poderão ser estabelecidas algumas conclusões importantes de forma a compreender a formação de gases em líquidos isolantes. É possível afirmar que a formação inicial de gases não ocorre por degradação do material. Estes formam-se tendo em conta as reações que ocorrem entre os radicais instáveis livres no óleo. Só com o decorrer do ensaio é que a formação dos gases tem como base a degradação dos materiais e consequentes reações. Aplicando o critério de Rogers foi possível atestar que a formação de gases não é demasiada, mantendo-se num nível aceitável, revelando falhas do tipo térmico inferiores a 300 °C, consoante seria expectável pelo tipo de estudo efetuado. Atendendo ainda às normas de interpretação de gases dissolvidos e avaliando os resultados ao nível dos óxidos de carbono é possível afirmar que a degradação ocorrida nos compostos celulósicos não foi excessiva. Por último, a razão entre os gases atmosféricos também apresenta um comportamento semelhante ao óleo mineral, sem se poder contudo assegurar que o valor limite para as amostras de midel e silicone sejam os mesmos que os do óleo mineral. Ana Patrícia Simões Polido 105 Conclusões Em termos de análises de rotina os valores não variam substancialmente com os choques térmicos. Considera-se assim que as propriedades não se alteram de modo significativo. Atendendo ao objetivo principal pode-se afirmar que a tg δ, teor de água e acidez aumentam. Este comportamento é semelhante para os três líquidos isolantes. Para a tensão disruptiva é possível afirmar que o silicone e óleo mineral seguem a mesma tendência, ou seja o aumento do teor de água leva à diminuição da rigidez dielétrica. Em termos de material, as amostras com material bem tratado têm menor teor de água, devido à cura eficaz, retardando assim os processos de degradação. Do mesmo modo o material mal tratado tem maior acidez devido à insuficiência da cura que leva a uma degradação mais rápida do material. A degradação do material vai assim libertar cola do papel nomex e auxiliar a formação de produtos como a água influenciando a viscosidade das amostras. Foi ainda possível realizar a regressão linear multivariável permitindo obter modelos de previsão aceitáveis de compostos gasosos, nomeadamente monóxido de carbono, etano, propileno, com base nos gases que mais se relacionam com as componentes obtidos pelo Método Varimax com normalização de Kaiser, o hidrogénio, o metano, o propano e o etileno. Em suma o trabalho foi bem-sucedido podendo ser melhorado efetuando outras experiências que complementem o trabalho realizado. 106 Ana Patrícia Simões Polido Capítulo 6 – Sugéstoés dé trabalho futuro Sugestões de trabalho 6. Sugestões de trabalho futuro De forma a complementar este estudo experimental baseado em choques térmicos deveriam ser estudadas amostras exatamente nas mesmas condições do presente trabalho, mas sujeitas a choques elétricos e ser analisada conjuntamente ambas as experiências, ou seja, sujeitar as amostras a choques térmicos e elétricos simultâneos. Outro estudo que seria interessante realizar seria repetir o presente trabalho mas utilizando apenas um recipiente com uma amostra suficientemente grande que permitisse efetuar as recolhas sempre no mesmo recipiente, garantindo, desta forma, que toda a amostra estaria sujeita às mesmas condições. De forma a analisar os efeitos dos estudos (térmico e elétrico) nos materiais também seria interessante separar os materiais e colocá-los em contacto com o óleo aplicando os choques elétricos e térmicos, observando assim a sua degradação e efeitos no óleo individualmente. Para todas as sugestões enunciadas anteriormente o tempo de ensaio considerado deveria ser superior a 7 ciclos, de forma a obter mais valores experimentais e mais certeza de se ter atingido a estabilidade das condições do óleo. Uma vez que com a análise de apenas 4 espécies gasosas é possível inferir relativamente às restantes, sugere-se um estudo da monitorização dos gases dos transformadores em serviço, com a utilização de equipamentos portáteis de análise de gases, uma vez que estes são limitativos nos gases a analisar. Ana Patrícia Simões Polido 109 Capítulo 7 – Référéncias Bibliograficas Referências Bibliográficas 7. Referências Bibliográficas Arifianto, I. e Cahyono, B. 2009. Power Transformer Cooling System Optimization. 9th International Conference. Harbin. Bolhuis, J. P. van, Gulski, E. e Smit, J.J. 2002. Monitoring and Diagnostic of Transformer Solid Insulation. IEEE Transaction on Power Delivery. Camilli, G. 1960. Gas-insulated Power Transformers. Proceeding of the IEEE- Part A: Power eneneering. Carvalho, J. F. dos S. 2011. Máquinas Eléctricas - Transformadores. ISEC. Coimbra. Chapman, S. J. 2005. Electric Machinery Fundamentals. McGrawHill. 4ª Edição. Cookson, A. H. 1990. 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Para amostras recolhidas em frascos de vidro ou alumínio, deve-se encher uma seringa com o líquido e rolhar o recipiente. Eliminam-se as bolhas de ar do interior da seringa colocando-a na vertical. Pesar a seringa e tarar a balança. A balança deve ser tarada pois é necessário conhecer a quantidade de amostra que vai ser injetada. Carregar no START [5] e injetar cerca de 5 mL de líquido pelo septo com silicone [10] presente no vaso gerador [8] que deve conter aproximadamente 100 mL do reagente. Voltar a pesar a seringa e inserir no comando numérico [1] o valor de massa injetado e carregar no ENTER [2]. Aguardar que a reação se dê e, quando o ponto de equivalência é detetado o aparelho volta a emitir um sinal sonoro. O resultado irá aparecer no visor [11]. Quando se pretende parar uma titulação deve-se pressionar o botão STOP [4], interrompendo o procedimento. A análise deve ser efetuada em duplicado. Quando é necessário alterar o reagente é necessário ter especial atenção aos componentes mais sensíveis, ou seja, o elétrodo de platina [13], o conjunto gerador [9] e o recipiente que contem sílica [12]. Para limpar o vaso e conjunto gerador deve retirar-se cuidadosamente os elementos 9, 12 e 13, esvaziando o conjunto gerador. Após esvaziar o vaso da reação deve-se colocar um pouco de reagente de Karl-Fisher no seu interior e agitar de forma a limpar as paredes internas. Depois desta limpeza, coloca-se aproximadamente 100 mL de reagente no interior do vaso e cerca de 6-8 mL no conjunto gerador. Antes de recolocar os elementos 9, 12 e 13 deve-se limpar, cuidadosamente, tanto estes elementos como os Ana Patrícia Simões Polido 119 Anexos orifícios de encaixe de forma a reduzir a humidade. Após a limpeza, liga-se o aparelho e a agitação e deixa-se estabilizar novamente. Figura A.1: Esquema do 831 KF Coulometer com pormenor do elétrodo de platina e conjunto gerador. Depois de determinar o teor de água é necessário proceder à validação dos resultados. O critério de validação de um ensaio na SIEMENS consiste na comparação de dois valores, obtidos através das massas, em ppm. (A.1) √ (A.2) Para o resultado ser validado é necessário que o seja inferior ao Caso esta relação não se verifique, deve-se repetir um ensaio e tentar novamente. 120 Ana Patrícia Simões Polido . Anexos Procedimento para a determinação do teor de água no óleo usando o titulador Karl-Fisher 633Automat A utilização do titulador Karl-Fisher 633 é mais complexa, envolvendo mais procedimentos técnicos e uma análise de dados intricada. Para a montagem do sistema é importante verificar o estado da sílica que se encontra sob os recipientes de âmbar e no vaso de reação. Deve-se colocar os reagentes nos frascos apropriados. O metanol deve ser colocado no recipiente da esquerda e o reagente de Karl-Fisher no da direita, colocando-se os recipientes com sílica (1) a vedar os frascos. De seguida liga-se o aparelho nos botões (6), devendo-se ligar as luzes de funcionamento (7) indicando que as unidades se encontram sob tensão e prontas a ser utilizadas. Coloca-se as alavancas (5) para a esquerda e carrega-se no botão indicado por uma seta no painel do Multi-Dosomat. Esta ação fará com que as buretas (4) se encham com os reagentes. Esta ação fica finalizada quando no medidor (15) aparecer 00,00. Colocar as alavancas novamente para a direita antes de dar início à experiência. Esta ação é fundamental pois, caso não se coloquem as alavancas para a direita ou esquerdas antes da ação pretendida, entrará ar no sistema, contaminando-o. Ligar o agitador (12) regulando a agitação no botão apropriado (13) para a posição 2-3. Colocar cerca de 15 mL de metanol no vaso de reação (14) com o auxílio do comando (16). Pressionando o batão vermelho deste, o caudal de reagente que sai do sistema (2) para o vaso é constante. Pode-se regular o caudal deste fluxo no botão ⁄ do Multi-Dosomat. É necessário ter em conta a cinética da reação na regulação da velocidade. Caso a velocidade de adição seja muito rápida é possível que o ponto de equivalência seja ultrapassado, inviabilizando a análise. O oposto também pode acontecer. Em casos em que a cinética não seja rápida, pode ocorrer o prolongamento desnecessário da titulação. Assim deve optar-se por valores entre o 3 e os 5. Regular o temporizador (9) e o seletor (10) para se poder iniciar a titulação. O temporizador deverá ser colocado na posição 30s e o seletor deverá ser rodado para a direita, para a titulação direta, posicionando-se em 1s. Esta seleção irá indicar que a posição do temporizador irá corresponder ao período de tempo no qual a diferença de potencial não deve variar. Esta diferença de potencial poderá ser observada no elemento Ana Patrícia Simões Polido 121 Anexos (8) e, só quando o ponteiro não indicar diferença de potencial é que a titulação se dá por concluída. Figura A.2: Esquema do 633 Karl-Fisher Automat. Antes de proceder à titulação do metanol é necessário neutralizar a humidade presente no sistema. Para tal deve-se carregar no botão que dará início à titulação (11). Quando está a ocorrer uma titulação, a luz por cima deste botão apaga-se. Quando o ponto de equivalência é atingido, ou seja, a titulação acaba, a luz acende-se novamente. Deve-se registar o consumo de reagente. Encher uma seringa com o líquido a analisar e pesá-la. Injetar o líquido pelo septum próprio no vaso, perto do elétrodo (3) tendo cuidado para não colocar líquido nas paredes do vaso. Voltar a pesar a seringa para determinar a massa de líquido injetado. Certificar-se que o elétrodo (3) se encontra ao nível das saídas do sistema (2). Regular o fluxo de reagente de Karl-Fisher no botão do Multi-Dosomat. Inicia-se a titulação no botão (11). Para poder validar os resultados deve-se analisar o mesmo líquido em duplicado. Após a análise do líquido é necessário determinar o título do reagente de KarlFisher. Para tal deve-se proceder de forma idêntica à indicada para análise de amostras 122 Ana Patrícia Simões Polido Anexos porém a amostra injetada será água (cerca de 5 μL). Sempre que se analisa uma amostra é necessário determinar o título do reagente de Karl-Fisher. A determinação dos resultados através deste aparelho é mais complexa. O valor do titulo é determinada a partir da Equação A.3 (A.3) Na Equação A.3, representa a massa de água injetada e é o volume de reagente utilizado. Após esta determinação, passa-se ao cálculo do teor de água em ppm. (A.4) Na Equação A.4, (mL) é o volume de reagente utilizado para titular a amostra de massa de óleo em mg. De forma a validar e comprovar que a utilização dos dois aparelhos é possível utilizara-se as Equações A.1 e A.2. Fizeram-se as médias dos dois resultados obtidos na SIEMENS e dos dois resultados do ISEC, trabalhando-se com os valores médios. Com estes valores determinaram-se os parâmetros de validação da SIEMENS, ou seja, determinou-se o valor 1 e valor 2, validando assim os resultados. Comparação entre os aparelhos de Karl-Fisher Com o objetivo de comparar os aparelhos de deteção do teor de água existentes no ISEC e na Fábrica do Sabugo, compararam-se os resultados obtidos nos dois locais. Após a obtenção dos teores de água utilizando os dois aparelhos, utilizaram-se as equações (A.1) e (A.2) presentes no Anexo A, de forma a validar os resultados obtidos. Na Tabela A.1 estão presentes os valores obtidos para a comparação entre os dois aparelhos. Os valores de validação, devem obedecer ao pressuposto referido na Anexo A, ou seja, o valor 2 deve ser menor que o valor 1 para os resultados serem aceites. Ana Patrícia Simões Polido 123 Anexos Tabela A.1: Valores de teor de água obtidos na Fábrica do Sabugo da SIEMENS S.A. e no ISEC e respetivos valores para validação. Amostra 1 Amostra 2 Teor de água (ppm) SIEMENS ISEC 311,174 309,115 503,259 496,305 Validação Valor 1 10,566 13,414 Valor 2 2,059 6,954 Como é possível observar, os valores obtidos respeitam o pressuposto, sendo assim válido utilizar qualquer um dos aparelhos. É de referir que quanto menor o teor de água na amostra mais difícil é a obtenção de resultados satisfatórios no aparelho 831 KF Coulometer (ISEC). . 124 Ana Patrícia Simões Polido Anexos B. Calibração do Viscosímetro de Cannon-Fenske-Routine e determinação da viscosidade cinemática dos óleos Para determinar a constante K do viscosímetro utilizado, foi necessário determinar a massa volúmica da solução aquosa de sacarose a 60%, visto que os valores de viscosidade dinâmica desta solução se encontram tabelados (Figura B.1), o que torna possível determinar a constante aplicando a equação 2.8, visto se ter determinado o tempo de escoamento da solução. Figura B.1: Viscosidade dinâmica de soluções de sacarose (Perry et al., 1997) A determinação das massas volúmicas a diferentes temperaturas foi feita recorrendo à técnica de picnometria. Na Tabela B.1 encontram-se os valores da massa volúmica determinados. Tabela B.1: Valores necessários para a obtenção da massa volúmica da solução aquosa de sacarose a 60% e respetiva massa volúmica. T (ᵒC) 25,0±0,5 30,0±0,5 35,0±0,5 mpicnómetro (g) 34,0887 34,0887 34,0887 Vpicnómetro (mL) 45,4118 45,4118 45,4118 msacarose (g) 58,4266 58,3641 58,2466 ρsacarose (g/mL) 1,287 1,285 1,283 Após a determinação da massa volúmica da sacarose determinou-se a constante K do viscosímetro. Na Tabela B.2 encontram-se os valores para a obtenção da constante. Ana Patrícia Simões Polido 125 Anexos Tabela B.2: Valores necessários à determinação da constante do viscosímetro. T (ᵒC) 25,0±0,5 30,0±0,5 35,0±0,5 tescomamento (s) 404 405 298 298 242 242 µsacarose bibliográfica (kg/(m.s)) ρsacarose (g/mL) 0,0440 1,286 0,0340 1,285 0,0266 1,283 Kviscosímetro (m2/s2) 8,469E-08 8,448E-08 8,880E-08 8,880E-08 8,576E-08 8,576E-08 Kmédio (m2/s2) 8,638E-08 Por fim, registam-se os tempos de escoamento das amostras de forma a obter os valores de viscosidade cinemática. Na Tabela B.3, estão registados os tempos de escoamento observados e as viscosidades determinadas a partir destes. Tabela B.3: Valores de tempo de escoamento e viscosidade cinemática obtidas para as amostras de óleo. Midel + material bem tratado Midel + material mal tratado Silicone + material bem tratado Silicone + material mal tratado 126 tescomamento (s) 408 409 407 408 340 339 340 340 429 430 430 428 463 460 462 459 νóleo (stoke) 0,3524 0,3533 0,3516 0,3524 0,2937 0,2928 0,2937 0,2937 0,3706 0,3714 0,3714 0,3697 0,3999 0,3974 0,3991 0,3965 νóleo (cst) 35,287 29,327 37,101 39,865 Ana Patrícia Simões Polido Anexos C. Ficha Técnica do Midel Ana Patrícia Simões Polido 127 Anexos 128 Ana Patrícia Simões Polido Anexos Ana Patrícia Simões Polido 129 Anexos D. 130 Ficha Técnica do Silicone Ana Patrícia Simões Polido Anexos E. Resultados Experimentais da 1ª Simulação Nas Tabelas E.1 a E.12 estão presentes os resultados de DGA efetuadas para as amostras correspondentes à 1ª simulação. Tabela E.1: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, em ppm. Gás 5 11 Tempo (dias) 15 H2 - Hidrogénio 5 5 6 4 4 CH4 - Metano 2 10 21 8 6 C2H6 - Etano <1 <1 <1 10 3 C2H4 - Etileno 2 5 8 11 17 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano <1 <1 <1 1 <1 C3H6 - Propileno <1 <1 <1 1 1 CO - Monóxido de Carbono 99 146 147 136 151 CO2 - Dióxido de Carbono 647 1036 1157 1010 942 O2 - Oxigénio 11604 21086 20501 20243 18843 N2 - Azoto 31832 49341 47231 47443 47170 TOTAL 44191 71630 69070 68868 67139 21 25 Tabela E.2: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, contendo material bem tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 3 6 4 4 4 CH4 - Metano 12 29 20 9 12 C2H6 - Etano 3 5 4 15 9 C2H4 - Etileno 4 4 4 5 6 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 5 6 8 9 9 C3H6 - Propileno 5 6 7 8 9 CO - Monóxido de Carbono 530 518 519 621 808 Ana Patrícia Simões Polido 131 Anexos CO2 - Dióxido de Carbono 8261 6000 5552 5361 7026 O2 - Oxigénio 18134 20802 17244 18709 14939 N2 - Azoto 62021 59401 49137 56434 52117 TOTAL 88977 86776 72499 81176 74938 Tabela E.3: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com ar, contendo material mal tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 10 3 3 4 5 CH4 - Metano 25 13 21 14 12 C2H6 - Etano 3 4 4 16 7 C2H4 - Etileno 3 4 4 4 5 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 2 6 7 10 7 C3H6 - Propileno 4 6 7 9 11 CO - Monóxido de Carbono 404 499 516 581 688 CO2 - Dióxido de Carbono 5932 6718 5578 5503 6037 O2 - Oxigénio 20837 21971 18702 26869 16399 N2 - Azoto 63847 60890 51043 73028 53143 TOTAL 91069 90113 75885 106038 76315 Tabela E.4: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, em ppm. Tempo (dias) 132 Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 7 6 3 3 4 CH4 - Metano 5 19 10 3 5 C2H6 - Etano <1 <1 <1 10 3 C2H4 - Etileno 2 4 5 9 18 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano <1 1 2 2 <1 Ana Patrícia Simões Polido Anexos C3H6 - Propileno <1 <1 <1 <1 1 CO - Monóxido de Carbono 121 122 109 118 156 CO2 - Dióxido de Carbono 897 927 898 937 1067 O2 - Oxigénio 17092 21911 17804 21636 22466 N2 - Azoto 37117 46882 38642 49741 55186 TOTAL 55241 69872 57473 72458 78906 Tabela E.5: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, contendo material bem tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 15 5 4 6 4 CH4 - Metano 26 22 21 15 11 C2H6 - Etano 4 5 4 16 7 C2H4 - Etileno 3 6 4 4 5 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 3 6 8 8 8 C3H6 - Propileno 3 6 7 6 9 CO - Monóxido de Carbono 358 477 443 589 643 CO2 - Dióxido de Carbono 6194 5620 5339 5895 5370 O2 - Oxigénio 17969 23534 16020 21866 15497 N2 - Azoto 48489 63965 44220 61356 51679 TOTAL 73064 93647 66069 89762 73232 Tabela E.6: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de midel purgado com árgon, contendo material mal tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 3 4 5 5 4 CH4 - Metano 10 18 29 14 12 C2H6 - Etano 3 5 5 15 8 C2H4 - Etileno 3 3 5 4 5 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 Ana Patrícia Simões Polido 133 Anexos C3H8 - Propano 4 6 8 9 9 C3H6 - Propileno 4 6 9 9 11 CO - Monóxido de Carbono 361 374 482 569 675 CO2 - Dióxido de Carbono 6203 5498 6374 5833 5668 O2 - Oxigénio 16457 19765 16995 19750 17079 N2 - Azoto 46468 50729 47393 55826 55308 TOTAL 69517 76409 71305 82034 78678 Tabela E.7: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 8 13 2 4 5 CH4 - Metano 11 28 7 9 11 C2H6 - Etano <1 <1 <1 <1 7 C2H4 - Etileno 1 1 1 <1 <1 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano <1 1 2 2 <1 C3H6 - Propileno 3 3 3 2 2 CO - Monóxido de Carbono 7 7 5 4 5 CO2 - Dióxido de Carbono 647 549 543 459 374 O2 - Oxigénio 31163 34687 33552 31554 29456 N2 - Azoto 73851 77345 73134 69695 66630 TOTAL 105691 112635 107249 101729 96488 Tabela E.8:Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, contendo material bem tratado, em ppm. Tempo (dias) 134 Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 43 13 3 7 4 CH4 - Metano 56 35 20 24 16 C2H6 - Etano 3 5 6 8 11 C2H4 - Etileno 3 2 2 2 2 Ana Patrícia Simões Polido Anexos C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 4 8 12 15 14 C3H6 - Propileno 12 18 16 16 16 CO - Monóxido de Carbono 427 449 526 379 481 CO2 - Dióxido de Carbono 7235 5593 5321 3859 4185 O2 - Oxigénio 33436 29967 32427 32891 32730 N2 - Azoto 93771 78935 79929 81205 84963 TOTAL 134990 115023 118267 118406 122424 Tabela E.9: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com ar, contendo material mal tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 32 16 5 6 6 CH4 - Metano 60 67 27 29 21 C2H6 - Etano 3 5 6 9 12 C2H4 - Etileno 3 2 2 2 3 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 5 8 10 12 14 C3H6 - Propileno 17 19 18 14 20 CO - Monóxido de Carbono 496 428 436 533 564 CO2 - Dióxido de Carbono 8890 5278 4751 5271 5203 O2 - Oxigénio 32470 35776 35990 34408 31632 N2 - Azoto 92192 91008 87398 86290 84585 TOTAL 134168 132610 128643 126574 122058 Tabela E.10: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 6 12 3 7 3 CH4 - Metano 8 32 6 18 8 C2H6 - Etano <1 <1 <1 1 <1 Ana Patrícia Simões Polido 135 Anexos C2H4 - Etileno 2 1 1 <1 <1 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano <1 2 2 2 <1 C3H6 - Propileno 3 3 3 2 2 CO - Monóxido de Carbono 5 5 4 5 4 CO2 - Dióxido de Carbono 556 590 599 594 453 O2 - Oxigénio 29480 39793 36197 40862 34605 N2 - Azoto 58815 81586 74769 88385 77475 TOTAL 88874 122023 111584 129878 112551 Tabela E.11: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material bem tratado, em ppm. Tempo (dias) Gás 5 11 15 21 25 H2 - Hidrogénio 6 13 6 5 3 CH4 - Metano 8 60 29 25 13 C2H6 - Etano <1 6 5 9 4 C2H4 - Etileno 2 3 2 2 2 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 1 9 11 15 11 C3H6 - Propileno 3 17 17 17 14 CO - Monóxido de Carbono 5 584 402 383 347 CO2 - Dióxido de Carbono 557 7403 4148 3898 3164 O2 - Oxigénio 29641 35081 35897 36966 32638 N2 - Azoto 59152 86296 85253 88421 81737 TOTAL 89374 129472 125770 129741 117934 Tabela E.12: Valores obtidos por tratamento dos resultados de DGA para as amostras dos cinco ciclos de silicone purgado com árgon, contendo material mal tratado, em ppm. 136 Gás 5 11 Tempo (dias) 15 H2 - Hidrogénio 20 6 4 7 3 CH4 - Metano 44 24 22 41 18 C2H6 - Etano 3 5 6 36 13 21 25 Ana Patrícia Simões Polido Anexos C2H4 - Etileno 2 2 2 6 3 C2H2 - Acetileno <1 <1 <1 <1 <1 C3H8 - Propano 4 8 11 17 15 C3H6 - Propileno 12 20 21 26 21 CO - Monóxido de Carbono 386 419 401 509 596 CO2 - Dióxido de Carbono 7339 5335 4653 4034 5226 O2 - Oxigénio 27776 35587 36789 39865 30669 N2 - Azoto 67398 85767 89724 103583 81793 TOTAL 102986 127174 131632 148125 118357 Ana Patrícia Simões Polido 137 Anexos F. Análise Multivariável No seguimento do estudo efetuado no ponto 4.2.5 deste trabalho, seguem-se os resultados globais antes e depois a rotação e a matriz dos factor scores. Tabela F.1: Matriz dos valores globais antes da rotação. Component Matrixa Componente 1 2 3 4 tempo -0,684 0,324 -0,005 0,485 H2 0,140 0,158 0,798 0,456 CH4 0,874 0,238 0,219 -0,258 C2H6 0,588 0,163 -0,591 -0,156 C2H4 0,549 -0,639 -0,282 0,344 C3H8 0,293 0,742 -0,364 0,420 C3H6 0,611 0,194 -0,370 0,381 CO 0,930 -0,027 0,265 0,042 CO2 0,886 -0,172 0,311 0,017 O2 0,017 0,975 0,072 -0,146 N2 0,074 0,973 0,073 -0,167 Extraction Method: Principal Component Analysis. a. 4 components extracted. Tabela F.2: Matriz dos valores globais após a rotação. Rotated Component Matrixa Componente 1 2 3 138 4 tempo -0,796 0,201 0,125 0,345 H2 0,206 0,109 -0,005 0,914 CH4 0,910 0,265 0,191 0,002 C2H6 0,383 0,061 0,524 -0,567 C2H4 0,345 -0,795 0,387 -0,082 Ana Patrícia Simões Polido Anexos C3H8 -0,047 0,472 0,848 0,023 C3H6 0,293 -0,051 0,776 -0,062 CO 0,899 -0,076 0,292 0,199 CO2 0,894 -0,192 0,182 0,209 O2 0,004 0,963 0,218 0,046 N2 0,062 0,964 0,228 0,031 Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation converged in 6 iterations. Tabela F.3: Valores dos factor scores para todas as amostras e ciclos. Midel com material bem tratado Midel com material mal tratado Silicone com material bem tratado Silicone com material mal tratado MLR 1º Ciclo FS1 1,44923 FS2 -0,96078 FS3 -1,24087 FS4 0,11418 2º Ciclo 0,63701 -0,94051 -0,27366 -1,51172 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo -0,22179 -0,21149 -0,42052 -1,25413 -0,77365 -0,25365 -0,4251 -0,41379 -1,4065 -0,57308 2,37104 -0,16772 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo -0,45213 -0,62441 1,32067 0,50027 -0,45217 -0,99656 -0,20865 -1,39774 -1,32654 -1,5178 -0,78433 0,28391 0,41666 1,21244 0,01597 0,24028 1,21707 0,08822 -1,11047 -0,56893 4º Ciclo -0,36132 -0,69795 0,61038 1,32769 5º Ciclo -0,17888 -0,45055 0,10456 0,93398 6º Ciclo -0,39434 -0,96818 1,36483 0,32004 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo -0,63755 2,36103 0,20267 -0,12664 -0,51349 1,17559 0,48616 0,51109 1,88054 -0,77319 -0,61581 -0,94432 0,84146 0,75073 -1,80092 -1,06968 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 6º Ciclo 7º Ciclo -0,63575 -0,47509 -0,7414 -0,74519 3,2152 0,50369 -0,38926 -0,50905 -0,67554 -0,92271 -1,01459 0,42577 0,8579 0,47259 2,12279 1,35557 0,66422 0,36624 0,93934 0,68518 0,70795 1,48975 -1,12098 -1,65673 -0,91348 0,41636 0,76679 1,85922 0,25361 0,44963 -1,01992 0,34642 1,60734 -0,12358 0,6282 -0,8769 -0,03812 0,84907 -1,72156 -1,27642 0,0539 0,74209 -0,05384 0,41499 Ana Patrícia Simões Polido 139 Anexos Nas Tabelas F.4 a F.10 encontram-se os valores obtidos por ANOVA para os coeficientes que vão ser utilizados para determinar as concentrações previstas. Com as Equações F.1 a F.4 obtiveram-se os valores para as concentrações de gás obtidas por MRL utilizando aos valores da Tabela F.3. As Equações F.5 a F.7 também vão permitir determinar os valores de concentração previstos, contudo não se relacionam os coeficientes com os valores de FS mas sim com as concentrações experimentais dos gases mais correlacionados com cada uma das componentes (metano com a componente 1, azoto com a componente 2, propano com a componente 3 e hidrogénio com a componente 4) Tabela F.4: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o hidrogénio. Coefficients (Dependent Variable: hydrogen) Unstandardized Coefficients Std. B Error Model 1 Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 2,539 0,170 - 14,929 0,000 REGR factor score 1 for analysis 1 0,515 0,173 0,206 2,975 0,007 REGR factor score 2 for analysis 1 0,274 0,173 0,109 1,580 0,128 REGR factor score 3 for analysis 1 -0,011 0,173 -0,005 -0,066 0,948 REGR factor score 4 for analysis 1 2,287 0,173 0,914 13,205 0,000 (F.1) Tabela F.5: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o metano. Coefficients (Dependent Variable methane) Model 1 Unstandardized Coefficients Std. B Error Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 6,000 0,302 - 19,879 0,000 REGR factor score 1 for analysis 1 5,229 0,307 0,910 17,012 0,000 REGR factor score 2 for analysis 1 1,523 0,307 0,265 4,955 0,000 REGR factor score 3 for analysis 1 1,096 0,307 0,191 3,567 0,002 REGR factor score 4 for analysis 1 0,013 0,307 0,002 0,043 0,966 (F.2) 140 Ana Patrícia Simões Polido Anexos Tabela F.6: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o etileno. Coefficients (Dependent Variable ethylene) Unstandardized Coefficients Std. B Error Model 1 Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 1,807 0,074 - 24,480 0,000 REGR factor score 1 for analysis 1 0,410 0,075 0,345 5,449 0,000 REGR factor score 2 for analysis 1 -0,943 0,075 -0,795 -12,543 0,000 REGR factor score 3 for analysis 1 0,459 0,075 0,387 6,100 0,000 REGR factor score 4 for analysis 1 -0,097 0,075 -0,082 -1,293 0,209 (F.3) Tabela F.7: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o propano. Coefficients (Dependent Variable propane) Model 1 Unstandardized Coefficients Std. B Error Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 10,786 0,165 - 65,352 0,000 REGR factor score 1 for analysis 1 -0,160 0,168 -0,047 -0,952 0,351 REGR factor score 2 for analysis 1 1,623 0,168 0,472 9,658 0,000 REGR factor score 3 for analysis 1 2,913 0,168 0,848 17,335 0,000 REGR factor score 4 for analysis 1 0,080 0,168 0,023 0,476 0,639 (F.4) Tabela F.8: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o monóxido de carbono. Coefficientsa Model 1 Unstandardized Coefficients Std. B Error Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 129,616 25,870 - 5,010 0,000 REGR factor related to H2 6,735 2,930 0,192 2,298 0,031 REGR factor related to C3H6 6,589 2,755 0,258 2,391 0,025 REGR factor related to CH3 13,764 1,340 0,902 10,268 0,000 REGR factor related to N2 -0,002 0,001 -0,447 -3,990 0,001 (F.5) Ana Patrícia Simões Polido 141 Anexos Tabela F.9: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o etano. Coefficientsa Model 1 Unstandardized Coefficients Std. B Error Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 3,596 1,261 - 2,851 0,009 REGR factor related to H2 -0,392 0,143 -0,410 -2,745 0,012 REGR factor related to C3H6 0,347 0,134 0,498 2,582 0,017 REGR factor related to CH3 0,206 0,065 0,494 3,146 0,005 REGR factor related to N2 -3,645E-05 0,000 -0,264 -1,318 0,201 (F.6) Tabela F.10: Valores dos coeficientes obtidos por ANOVA para o propileno. Coefficientsa Model 1 Unstandardized Coefficients Std. B Error Standardized Coefficients t Sig. Beta (Constant) 1,627 1,440 - 1,130 0,270 REGR factor related to H2 -0,069 0,163 -0,056 -0,421 0,678 REGR factor related to C3H6 0,736 0,153 0,828 4,796 0,000 REGR factor related to CH3 0,253 0,075 0,476 3,389 0,003 REGR factor related to N2 0,000 0,000 -0,573 -3,196 0,004 (F.7) 142 Ana Patrícia Simões Polido