UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Setor de Tecnologia Faculdade de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação no Processamento de Energia em Sistemas Fotovoltaicos Monofásicos Conectados à Rede Elétrica Márcio do Carmo Barbosa Rodrigues Juiz de Fora, MG – Brasil Maio de 2004 IInnvveerrssoorr B Boooosstt M Muullttiinníívveell eem mC Coorrrreennttee ee ssuuaa A Applliiccaaççããoo nnoo PPrroocceessssaam meennttoo ddee E Enneerrggiiaa eem m SSiisstteem maass FFoottoovvoollttaaiiccooss M Moonnooffáássiiccooss C Coonneeccttaaddooss àà R Reeddee E Ellééttrriiccaa Márcio do Carmo Barbosa Rodrigues Dissertação submetida ao corpo docente da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica. Aprovada por: _______________________________________ Prof. Henrique Antônio Carvalho Braga, Dr. Eng. (Orientador) _______________________________________ Prof. Edson Hirokazu Watanabe, D. Eng. _______________________________________ Prof. Pedro Gomes Barbosa, D. Sc. Juiz de Fora, MG – Brasil Maio de 2004 “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.” Madre Teresa de Calcutá A meus pais, José do Carmo e Maria Elisa Agradecimentos Ao único e verdadeiro Deus: Criador, Salvador e Santificador, que é bom e misericordioso. Bendito e louvado seja hoje e sempre! Aos meus pais, José do Carmo e Maria Elisa, ao meu irmão, Cláudio, e à minha namorada, Glau, pelo amor incondicional e por partilharem comigo todos os momentos, me apoiando e incentivando nas dificuldades e se alegrando em cada vitória conquistada. Aos meus “amigos-irmãos” da Família JUDAC, dos Ministérios Ágape, Kerigma e Kyrie, enfim, todos da Paróquia de São Pedro pelas orações e momentos de partilha. Ao professor Henrique por sempre ter confiado em meu potencial, pela orientação, desde o início da Graduação, na minha formação profissional e pessoal e pela amizade cultivada nesses anos de trabalho. Ao professor Pedro pela amizade, por estar sempre disponível em compartilhar seus conhecimentos e pela valiosa contribuição no desenvolvimento e na revisão deste trabalho. Ao professor Watanabe por ter aceitado compor a banca examinadora deste trabalho, revisando-o e enfrentando uma viagem Rio-Juiz de Fora-Rio para participar da apresentação pública. Ao amigo professor Estevão, pelas brilhantes idéias que tornaram possível a concepção da nova topologia de inversor multinível em corrente proposta neste trabalho. Ao meu amigo Cley, acadêmico do curso de Engenharia Elétrica da UFJF, pelo suporte técnico na implementação do protótipo do sistema proposto neste trabalho e nos ensaios realizados em laboratório. Aos meus amigos, companheiros do Mestrado em Engenharia Elétrica da UFJF e do Laboratório de Sistemas Eletrônicos (LABSEL/UFJF), dos quais cito, especialmente: Carlos, Débora, Dudu, André Diniz, Carletti e Gambôa. A todos professores e alunos da Faculdade de Engenharia da UFJF que não foram citados e que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Ao povo brasileiro, que com os impostos, nem sempre justos, cobrados de seu suor, custeou toda minha formação, da Educação Infantil ao Mestrado. À CAPES, ao CNPQ, à FCT e outras instituições e órgãos de fomento que deram suporte financeiro ao desenvolvimento deste trabalho. Sumário Simbologia........................................................................................ ix Resumo............................................................................................. xiv Abstract............................................................................................. xv Capítulo 1 – Introdução.................................................................... 1 1.1 – Fontes Alternativas de Energia.................................................................................... 4 1.1.1 – Energia Hidrelétrica (Pequenas Centrais Hidrelétricas) ................................. 5 1.1.2 – Biomassa ............................................................................................................... 6 1.1.3 – Energia Eólica....................................................................................................... 7 1.1.4 – Célula a Combustível............................................................................................ 9 1.1.5 – Energia Solar......................................................................................................... 12 1.1.5.1 – Energia Solar Fototérmica........................................................................ 14 1.1.5.2 – Energia Solar Fotovoltaica....................................................................... 15 1.1.5.3 – Características dos Painéis Fotovoltaicos............................................... 18 1.2 – Sistemas Fotovoltaicos de Geração de Energia Elétrica.......................................... 20 1.3 – Objetivos e Metodologia............................................................................................... 23 1.4 – Publicações Resultante desta Pesquisa........................................................................ 24 1.5 – Estrutura do Trabalho................................................................................................... 24 Capítulo 2 – Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica................... 26 2.1 – Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica................................................................... 27 2.2 – Topologias com Único Estágio Inversor (Não-Isoladas)........................................ 29 2.3 – Topologias com Único Estágio Inversor (Isoladas)................................................. 33 2.4 – Topologias com Múltiplos Estágios de Conversão (Isoladas)................................ 34 2.5 – Topologias com Múltiplos Estágios de Conversão (Não-Isoladas)....................... 37 2.6 – Quadros Resumo........................................................................................................... 38 vi Sumário 2.7 – Conclusões Parciais....................................................................................................... 40 Capítulo 3 – Conversores Multiníveis em Corrente.......................... 42 3.1 – Conceitos Fundamentais............................................................................................... 43 3.1.1 – Associação Paralela de Chaves Semicondutoras.............................................. 43 3.1.2 – Associação Paralela de Conversores Estáticos................................................. 45 3.1.3 – Associação Paralela de Células de Comutação................................................. 47 3.1.3.1 – A Célula Multinível em Corrente............................................................ 49 3.1.4 – Principais Características da Operação MNC................................................... 50 3.2 – Conversores CC-CC MNC........................................................................................... 51 3.3 – Retificadores MNC........................................................................................................ 55 3.4 – Inversores CSI MNC..................................................................................................... 58 3.5 – Conclusões Parciais....................................................................................................... 61 Capítulo 4 – Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica..................... 62 4.1 – O Inversor Boost MNC 2 Células............................................................................... 63 4.2 – Operação com Modulação Multinível em Corrente................................................. 66 4.2.1 – Estratégia Três Níveis.......................................................................................... 67 4.2.2 – Estratégia Cinco Níveis........................................................................................ 68 4.2.3 – Análise Matemática............................................................................................... 70 4.2.3.1 – Limiar de Inversão..................................................................................... 79 4.2.3.2 – Dimensionamento dos Indutores........................................................... 81 4.2.3.2.1 – Indutor de Entrada.................................................................... 82 4.2.3.2.2 – Indutor de Equilíbrio................................................................ 84 4.2.3.3 – Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores......................... 85 4.2.3.3.1 – Chaves Semicondutoras............................................................ 86 4.2.3.3.2 – Diodos......................................................................................... 88 4.2.3.4 – Minimização do Conteúdo Harmônico.................................................. 90 4.2.4 – Simulação do Inversor Boost MNC.................................................................. 95 4.2.4.1 – Modelo dos Painéis Fotovoltaicos.......................................................... 96 vii Sumário 4.2.4.2 – Seleção dos Componentes do Circuito.................................................. 98 4.2.4.3 – Resultados de Simulação.......................................................................... 99 4.2.5 – Considerações Práticas......................................................................................... 102 4.2.5.1 – Sincronismo e simetria do acionamento das chaves............................. 102 4.2.5.2 – Resistência do Indutor de Equilíbrio...................................................... 104 4.2.5.3 – Impedância Característica da Rede Elétrica........................................... 106 4.2.5.4 – Adequação do Conteúdo Harmônico da Corrente Sintetizada.......... 108 4.3 – Operação com PWM Senoidal Multinível em Corrente.......................................... 109 4.3.1 – Estratégia de Chaveamento PWM Senoidal MNC.......................................... 110 4.3.2 – Análise Matemática............................................................................................... 115 4.3.2.1 – Estágios de Operação............................................................................... 116 4.3.2.2 – Análise Harmônica da Corrente de Saída.............................................. 123 4.3.2.3 – Limiar de Inversão..................................................................................... 129 4.3.2.4 – Dimensionamento dos Indutores........................................................... 130 4.3.2.4.1 – Indutor de Entrada.................................................................... 130 4.3.4.4.2 – Indutor de Equilíbrio................................................................ 133 4.3.2.5 – Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores......................... 138 4.3.2.5.1 – Chaves Semicondutoras............................................................ 139 4.3.2.5.2 – Diodos......................................................................................... 140 4.3.2.6 – Filtro de Linha........................................................................................... 141 4.3.3 – Simulação da Operação PWM Senoidal MNC do Inversor Boost MNC 2 Células.................................................................................................................................. 145 4.4 – Quadros Resumo........................................................................................................... 149 4.5 – Conclusões Parciais....................................................................................................... 151 Capítulo 5 – Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC..................................................... 154 5.1 – Descrição do Protótipo Desenvolvido....................................................................... 155 5.1.1 – Circuito de Potência............................................................................................. 156 5.1.1.1 – Seleção do Arranjo Fotovoltaico............................................................. 157 5.1.1.2 – Seleção dos Indutores............................................................................... 158 5.1.1.3 – Seleção das Chaves Semicondutoras e Diodos..................................... 159 5.1.1.4 – Projeto dos Dissipadores de 161 Sumário viii Calor.......................................................... 5.1.1.5 – Projeto do Filtro de Linha........................................................................ 165 5.1.1.6 – Quadro Resumo dos Componentes do Circuito de Potência............. 166 5.1.2 – Circuito de Acionamento das Chaves................................................................ 167 5.2 – Simulação Incluindo Elementos Parasitas.................................................................. 170 5.3 – Resultados Experimentais............................................................................................. 173 5.3.1 – Avaliação da Taxa de Distorção Harmônica da Corrente Injetada na Rede Elétrica................................................................................................................................. 179 5.3.2 – Avaliação do Fator de Potência.......................................................................... 184 5.3.3 – Avaliação do Rendimento da Topologia Proposta.......................................... 185 5.4 – Conclusões Parciais....................................................................................................... 187 Capítulo 6 – Conclusões Finais & Trabalhos Futuros...................... 189 Referências Bibliográficas................................................................ 195 Apêndice A – Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice®.... 203 Apêndice B – Definição das Figuras de Mérito Relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica......................................................... 219 Apêndice C – Projeto do Indutor do Filtro de Linha........................ 223 Simbologia 1. Símbolos adotados em expressões matemáticas Símbolo α δp Significado Ângulo elétrico associado à transição do nível zero ao nível I / 2 Profundidade de penetração Unidade rad, ° cm ∆ ii ∆ ib ∆tθ ∆t φ ϕ1 γ η θ ω A Ae Aw B máx Cf Ondulação na corrente do indutor de entrada Ondulação na corrente do indutor de equilíbrio Intervalo de tempo relacionado ao ângulo θ Intervalo de tempo Ângulo elétrico associado ao intervalo de permanência no nível I / 2 Ângulo de fase da componente fundamental Ângulo elétrico associado à transição do nível I / 2 ao nível I Rendimento Ângulo elétrico Freqüência angular de oscilação da rede elétrica Fator de idealidade da junção p-n (modelo de painel PV) Área efetiva de um núcleo de ferrite Área da janela de um núcleo de ferrite Máxima densidade de fluxo magnético em um núcleo de ferrite Capacitor do filtro de linha A A s s rad, ° rad, ° rad, ° % rad, ° rad/s --cm2 cm2 T F D d (t ) f fs FD FP h I ib i D1 iD2 ii iinv io I os i PV Razão cíclica Variação da razão cíclica em função do tempo Freqüência de oscilação da rede elétrica Freqüência de chaveamento Fator de deslocamento Fator de potência Ordem de um determinado harmônico Valor da corrente no patamar superior de uma forma de onda MNC Corrente no indutor de equilíbrio Corrente no diodo D1 Corrente no diodo D2 Corrente no indutor de entrada Corrente na saída do inversor boost MNC 2 células (antes do filtro) Corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC 2 células Corrente de saturação reversa (modelo de painel PV) Corrente gerada em um painel (ou arranjo) fotovoltaico ----Hz Hz ------A A A A A A A A A x Simbologia Valor de pico da portadora triangular (PWM) A Î ref Valor de pico do sinal de modulante (PWM) A I ref (T ) s is iS1 iS 1 H iS 2 I mp Valor do sinal modulante em um período de chaveamento A Corrente injetada na rede elétrica Corrente na chave S1 Corrente na chave S1H Corrente na chave S2 Corrente de potência máxima de um painel fotovoltaico A A A A A I sc A J máx Lb Lf Corrente de curto-circuito de um painel fotovoltaico Valor de pico da corrente consumida pelo filtro de linha na freqüência da rede Máxima densidade de corrente elétrica em um condutor de cobre Indutor de equilíbrio Indutor do filtro de linha A/cm2 H H lg Espessura do entreferro de um indutor mm Li Ls ma Ma mf Indutor de entrada Indutância característica da rede Índice de modulação de amplitude Índice de modulação de amplitude em um período de chaveamento Índice de modulação de freqüência H H ------- n Número de células MNC de um conversor Número de espiras de um indutor ----- Número de painéis conectados em série necessário para inversão Potência de saída do sistema PV Potência máxima de um painel fotovoltaico Resistência das chaves e diodos de uma célula MNC Resistência série do indutor de equilíbrio Resistência série do indutor de entrada Resistência série (modelo de painel PV) Resistência “shunt” (modelo de painel PV) Potência aparente Área necessária à seção transversal do condutor de cobre de um indutor Período de oscilação da rede elétrica Temperatura das células fotovoltaicas Taxa de distorção harmônica Intervalo de tempo em que uma chave está em condução Período de chaveamento Valor eficaz da tensão da rede elétrica --W W Î T Î Z f n esp N PVsérie Po Pm r rLb rLi Rs Rsh S S Cu T TCel THD t on Ts V A Ω Ω Ω Ω Ω VA cm² s K --s s V xi Simbologia v D1 Vi v Lb v Li ~ vLi V Li VLi , ∆t VLb VLb , ∆t Vmp Tensão sobre o diodo D1 Valor médio da tensão de entrada do sistema PV Tensão sobre o indutor de equilíbrio Tensão sobre o indutor de entrada Componente CA da tensão sobre o indutor de entrada Valor médio da tensão sobre o indutor de entrada Valor médio de ~ v Li no intervalo ∆t Valor médio da tensão sobre o indutor de equilíbrio Valor médio da tensão sobre o indutor de equilíbrio no intervalo ∆t Tensão de potência máxima de um painel fotovoltaico V V V V V V V V V V vo V oc v PV vs vS1 ~ vS 1 VS 1 vS2 Zf Tensão na saída do conversor CC-CC boost MNC 2 células Tensão de circuito aberto de um painel fotovoltaico Tensão terminal de um painel (ou arranjo) fotovoltaico Tensão da rede elétrica Tensão sobre a chave S1 Componente CA da tensão sobre a chave S1 Valor médio da tensão sobre a chave S1 Tensão sobre a chave S2 Impedância do filtro de linha na freqüência da rede V V V V V V V V Ω 2. Acrônimos e abreviaturas Símbolo AF AFC a-Si BF CA CBA CC CCM CdTe CIS CLAGTEE COBEP CSI c-Si DMFC EMI FD FP Significado Alta freqüência Célula a combustível alcalina Silício amorfo Baixa freqüência Corrente alternada Congresso Brasileiro de Automática Corrente contínua Modo de condução contínuo Telureto de cádmio Disseleneto de cobre e índio Congresso Latino-Americano: Geração e Transmissão de Energia Elétrica Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência Inversor de corrente (current-source inverter) Silício cristalino (monocristalino ou policristalino) Célula a combustível a metanol direto Interferência eletromagnética Fator de deslocamento Fator de potência xii Simbologia GTO IEEE IGBT LCI MCFC MNC MOSFET MPP MPPT m-Si PAFC PCC PCH PEFC p-Si PV PWM rms SBA SOBRAEP SOFC THD TRIAC UL VSI Gate turn-off thyristor Institute of Electrical and Electronics Engineers Insulated gate bipolar transistor Inversor comutado pela linha Célula a combustível a carbonato fundido Multinível em corrente Metal-oxide-semiconductor field-effect transistor Ponto de potência máxima de um painel fotovoltaico Rastreador do ponto de potência máxima de um painel fotovoltaico Silício monocristalino Célula a combustível de ácido fosfórico Ponto de acoplamento comum Pequena central hidrelétrica Célula a combustível de eletrólito polimérico Silício policristalino Fotovoltaico Modulação por largura de pulso Valor médio quadrático Sociedade Brasileira de Automática Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência Célula a combustível de óxido sólido Taxa de distorção harmônica Bidirectional triode Underwriters Laboratories Inc. Inversor de tensão (voltage-source inverter) 3. Símbolos de Unidades de Grandezas Físicas Símbolo Ω ° °C A dB F H Hz J K m m2 rad rad/s rpm s Significado Ohm grau trigonométrico grau Celsius Ampère Decibel Farad Henry Hertz Joule Kelvin Metro metro quadrado radiano radiano por segundo rotações por minuto segundo xiii Simbologia T V W Wh Wp Tesla Volt Watt Watt-hora Watt-pico 4. Prefixos numéricos Prefixo p n µ m c k M G T Valor 10-12 10-9 10-6 10-3 10-2 103 106 109 1012 xiv Resumo da Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFJF como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica (M. E. E.) INVERSOR BOOST MULTINÍVEL EM CORRENTE E SUA APLICAÇÃO NO PROCESSAMENTO DE ENERGIA EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS MONOFÁSICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA Márcio do Carmo Barbosa Rodrigues Maio de 2004 Orientador: Henrique Antônio Carvalho Braga Área de Concentração: Instrumentação e Controle Este trabalho apresenta uma nova topologia de inversor multinível em corrente e sua aplicação no processamento e condicionamento de energia em sistemas fotovoltaicos (PV) monofásicos conectados à rede de energia elétrica. A estrutura proposta permite que um sistema fotovoltaico opere com alto fator de potência, injetando na rede elétrica uma corrente praticamente senoidal e em fase com a tensão no ponto de acoplamento comum entre o sistema PV e as cargas. Os principais atrativos da utilização da técnica multinível em corrente (MNC) são a divisão equilibrada de corrente entre chaves semicondutoras, redução da taxa de variação de corrente nos dispositivos do circuito e conseqüente diminuição da interferência eletromagnética (EMI) conduzida e irradiada, além da possibilidade de ajuste ou minimização do conteúdo harmônico de formas de onda de corrente. A análise desta nova topologia de inversor multinível em corrente é documentada neste estudo, incluindo resultados de simulação computacional, para dois diferentes modos de operação: modulação MNC e modulação por largura de pulso (PWM) senoidal MNC. Adicionalmente, são incluídos detalhes da implementação de um protótipo de pequena escala de um sistema fotovoltaico monofásico baseado na estrutura proposta, empregando PWM senoidal MNC, bem como resultados experimentais que confirmam os conceitos teóricos desenvolvidos. xv Abstract of Thesis presented to the Master Program in Electrical Engineering of UFJF as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Electrical Engineering (M. E. E.). BOOST CURRENT MULTILEVEL INVERTER AND ITS APPLICATION ON ENERGY PROCESSING OF SINGLE-PHASE GRID-CONNECTED PHOTOVOLTAIC SYSTEMS Márcio do Carmo Barbosa Rodrigues May, 2004 Supervisor: Henrique Antônio Carvalho Braga Program Area: Instrumentation and Control This work presents a new current multilevel inverter topology and its application on energy processing and conditioning of single-phase grid-connected photovoltaic (PV) systems. The structure allows a high power factor operation of a photovoltaic system, injecting a quasi-sinusoidal current into the grid, with virtually no displacement in relation to the voltage at the point of common coupling among the PV system and the loads. The major appeals of using the current multilevel (CML) technique are the equalized current sharing among semiconductor switches, decrease of the current slope in the circuit devices and a consequent reduction of conducted and radiated electromagnetic interference (EMI), in addition to the possibility of adapting or minimizing current waveforms harmonic content. The analysis of this new current multilevel inverter topology is reported in this study, including computer simulation results, for two different operation modes: CML modulation and CML sinusoidal pulse-width modulation (PWM). Moreover, implementation details of a small-scale prototype based on the proposed structure, employing CML sinusoidal PWM, are included, as well experimental results that confirm the developed theoretical concepts. Capítulo 1 Introdução O Sol é a fonte primária de luz e calor da Terra, responsável pela manutenção das condições necessárias para a existência de vida neste planeta. A energia fornecida pelo Sol à superfície da Terra a cada minuto é superior à demanda energética mundial durante um ano inteiro [1], o que permite considerar este astro como uma fonte inesgotável de energia [2], [3]. Além disso, o Sol é responsável, direta ou indiretamente, pela origem e manutenção de outras fontes de energia. A radiação solar induz a circulação atmosférica em larga escala, provocando os ventos, que podem ser aproveitados através de turbinas eólicas. Os ventos e o calor do Sol causam a evaporação da água, que retorna ao solo e aos rios através da chuva. A água que flui através dos rios fornece a energia cinética necessária para mover turbinas hidráulicas, gerando energia elétrica. Através do processo de fotossíntese, as plantas absorvem e armazenam a energia solar nas ligações químicas de suas moléculas orgânicas. A matéria orgânica que compõe estas plantas é conhecida como biomassa e pode ser usada para produzir energia elétrica, combustíveis ou produtos químicos. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) foram gerados no interior da crosta terrestre a partir de resíduos de animais e plantas que, originalmente, necessitavam da radiação solar para seu desenvolvimento. O elemento químico mais abundante na Terra, o hidrogênio, não se apresenta naturalmente como um gás, mas pode ser encontrado em muitos compostos orgânicos e na água, combinado com outros elementos químicos como oxigênio e 2 Capítulo 1- Introdução carbono. O hidrogênio pode ser utilizado na produção de eletricidade através das chamadas células a combustível [3] e [4]. Existem outras formas de energia que não possuem um grande vínculo com a energia solar, como a energia geotérmica, a energia das marés e a energia nuclear. Dentre os tipos de energia citados, a energia nuclear e a energia proveniente de combustíveis fósseis são chamadas de não-renováveis. Como os processos envolvidos em sua conversão são irreversíveis e estes recursos naturais não se restabelecem naturalmente, nem podem ser repostos pelo homem, fatalmente irão se esgotar. Estes processos de conversão também geram resíduos prejudiciais ao meio-ambiente [3]. As outras fontes de energia são denominadas fontes renováveis, pois possuem mecanismos naturais de restabelecimento ou podem ser repostas através da intervenção humana. Estas fontes de energia são consideradas limpas, pois não geram resíduos prejudiciais e, quando bem planejadas, não geram conseqüências para o meio-ambiente [3]. Devido à essa característica, as fontes de energia renováveis são também chamadas de fontes de energia “green”, denominação muito utilizada na língua inglesa [5]. A maior parte da energia elétrica gerada no mundo é proveniente de usinas termelétricas, que utilizam fontes não-renováveis como carvão mineral, derivados de petróleo ou gás natural, como ilustra a Fig. 1.1. Representam uma parcela significativa da capacidade de geração mundial as usinas hidrelétricas e nucleares. Outras fontes de energia, como eólica e solar, participam em apenas cerca de 1 % da geração mundial instalada [8]. 2175 GW 694 GW 358 GW 35 GW Fig. 1.1 – Origem e capacidade de geração de energia elétrica no mundo em 2000 [8]. 3 Capítulo 1- Introdução Entretanto, são notados esforços no mundo inteiro na busca de alternativas energéticas para substituir a principal fonte de energia da atualidade: o petróleo. A duração das reservas mundiais de petróleo, prevista com base no consumo atual, é de cerca de 40 anos, sendo que 65 % das reservas munidas de petróleo se encontram no Oriente Médio, região com graves conflitos políticos e étnicos [6]. Grandes companhias internacionais do setor petrolífero estão investindo em desenvolvimento de equipamentos na área de energia renovável, como por exemplo, a British Petroleum com a BP Solar e a Shell com a compra, em outubro de 2002, da divisão de energia solar da Siemens, criando a Shell Solar. Além dos problemas em relação ao esgotamento das reservas de petróleo, existe a grande preocupação mundial com a preservação do meio-ambiente e com as conseqüências ambientais associadas ao aumento de poluentes na atmosfera, principalmente dos chamados gases de efeito estufa – dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), entre outros – resultantes da queima de combustíveis fósseis [5] e [7]. Como resultado, observa-se um alto crescimento na geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como eólica e solar fotovoltaica, conforme ilustrado na Fig. 1.2 [5]. 30 25 20 25,7 16,8 15 10 5 0 3 2,1 1,6 1,4 1,2 0,6 Fig. 1.2 – Taxa de crescimento média anual da contribuição de algumas fontes de energia na geração de energia elétrica em todo o mundo entre 1990 e 1998 [5]. Já no Brasil, onde a geração de energia elétrica através de aproveitamentos hidráulicos é predominante na matriz energética, como ilustrado na Fig. 1.3, a utilização de novos tipos de energia renovável teve um grande crescimento após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92. Após este evento foram implantados, até o ano 2000, mais de 250 kW de Capítulo 1- Introdução 4 sistemas de energia solar fotovoltaica e 2,3 MW de sistemas eólicos, a partir de doações internacionais e com o apoio de centros de pesquisa, concessionárias de energia e governos estaduais. A utilização da energia de pequenos aproveitamentos hidroelétricos e do bagaço de cana, além da biomassa de diversas origens, vem se consolidando e expandindo a partir da reestruturação do setor elétrico e dos incentivos oferecidos à utilização dessas fontes e à cogeração de energia elétrica [9]. A preocupação e o interesse por diferentes formas de aproveitamento de energia para conversão em eletricidade aumentaram após a crise do sistema elétrico brasileiro e racionamento de energia elétrica passados no ano de 2001. Todos esses aspectos relacionados à escassez de fontes de energia, à crise do sistema elétrico e ao meio-ambiente constituem uma grande motivação ao estudo das formas de aproveitamento de fontes de energia renováveis alternativas, bem como ao desenvolvimento de novas tecnologias a serem empregadas nos processos de conversão de diferentes formas de energia em energia elétrica. Fig. 1.3 – Origem e capacidade de geração de energia elétrica no Brasil em 2002 [10]. 1.1 – Fontes Alternativas de Energia Renovável Existem diversas fontes de energia renovável consideradas alternativas. Neste tópico serão abordados aspectos gerais sobre as principais formas de aproveitamento de algumas fontes de energia renovável e limpa, dando ênfase para a geração de energia Capítulo 1- Introdução 5 elétrica. Uma atenção maior será dispensada ao aproveitamento solar fotovoltaico, que é o alvo principal deste trabalho. Serão estudadas as seguintes fontes e formas de aproveitamento de energia: q hidrelétrica (pequenas centrais hidrelétricas); q biomassa; q eólica; q célula a combustível; q solar. 1.1.1 – Energia Hidrelétrica (Pequenas Centrais Hidrelétricas) A energia hidrelétrica tem grande contribuição na formação da matriz energética brasileira. Este tipo de energia renovável é responsável por cerca de 85% da energia elétrica produzida no Brasil [10], sendo esta energia proveniente de usinas de grande porte, com enormes reservatórios de água, inundando grandes áreas nas proximidades das usinas, provocando grandes alterações no meio-ambiente e na sociedade local. Estas usinas são localizadas, geralmente, longe dos grandes centros consumidores, necessitando de longas linhas de transmissão para levar a energia gerada aos centros de carga. Nos últimos anos, com a crescente preocupação ecológica e com as mudanças institucionais e regulamentares no setor elétrico brasileiro, incentivando a entrada de novos agentes na indústria de energia elétrica, o interesse pela construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de até 30 MW de potência e baixo impacto ambiental, aumentou consideravelmente [7] e [9]. Esses empreendimentos visam atender demandas próximas aos centro de carga, em áreas periféricas ao sistema de transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola nacional, promovendo o desenvolvimento de regiões remotas do país [7]. Estima-se que o potencial hidráulico remanescente possível de ser explorado por meio das PCHs no Brasil seja da ordem de 7 GW [9]. Espera-se adicionar cerca 5 GW de potência ao sistema elétrico brasileiro, em PCHs, nos próximos dez anos [7]. Mesmo com a tendência de um aproveitamento mais intenso da geração hidrelétrica de pequeno porte, a geração de energia em grandes usinas permanecerá prevalecendo e tendo seu lugar garantido na matriz Capítulo 1- Introdução 6 energética do Brasil. 1.1.2 – Biomassa A biomassa vem sendo utilizada para produção de energia praticamente em toda a história da humanidade. Até o século XVIII a lenha era a principal fonte de energia no mundo. A partir dos séculos XIX e XX, com o aumento do uso de combustíveis fósseis, a participação da biomassa na matriz energética global foi diminuindo até que começou a ser considerada como uma fonte alternativa de energia. Hoje em dia, a madeira continua sendo o tipo de biomassa mais utilizado, entretanto existem muitos outros tipos de biomassa que podem ser utilizados como resíduos agrícolas, subprodutos industriais e lixo orgânico. A biomassa pode ser utilizada na geração de energia elétrica, na produção de combustíveis utilizados em automóveis e na produção de produtos químicos utilizados na composição de produtos como plástico, tecidos, fibras sintéticas, etc., geralmente fabricados a partir de derivados de petróleo [3] e [4]. O uso da biomassa tem o potencial de reduzir significativamente a emissão de gases de efeito estufa. A queima de biomassa gera praticamente a mesma quantidade de dióxido de carbono que a queima de combustíveis fósseis, entretanto, cada vez que uma nova planta cresce, dióxido de carbono é removido da atmosfera. Assim a emissão líquida de dióxido de carbono será zero enquanto novas plantas estiverem sendo plantadas com finalidade de produção de energia através da biomassa [4]. Gases provenientes de depósitos de lixo podem ser utilizados na geração de energia elétrica utilizando microturbinas, que são essencialmente turbinas a combustão muito pequenas (do tamanho de uma geladeira) que operam em altas velocidades de rotação (de 50 mil a 120 mil rpm). Com este tipo de tecnologia é possível a geração de energia elétrica com baixos níveis de emissão de poluentes, especialmente NOx (óxidos de nitrogênio), na atmosfera [8]. No Brasil destaca-se a utilização do bagaço de cana como combustível para a geração de energia mecânica e elétrica nas usinas de produção de açúcar e álcool no interior de São Paulo, em alguns casos otimizada através de sistemas de cogeração, Capítulo 1- Introdução 7 aumentando a eficiência do processo. Destaca-se também a geração de energia elétrica a partir da casca de arroz, no Rio Grande do Sul, que além de absorver dióxido de carbono do ar e não produzir substâncias tóxicas, permite que as cinzas da casca de arroz, ricas em cálcio, sejam utilizadas em hortas e lavouras da região e como aditivo na produção de cimento, ou ainda como isolante térmico em indústrias siderúrgicas. Outra contribuição relevante é a utilização do licor negro, subproduto da fabricação de celulose, para a geração de energia elétrica, com destaque para as usinas termelétricas existentes no Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia [7] e [9]. Segundo o Balanço Energético Nacional de 1999, a participação da biomassa na produção de energia elétrica é resumida em cerca de 3 %, dividida entre o bagaço de cana (1,2 %), os resíduos madeireiros da indústria de papel e celulose (0,8 %), resíduos agrícolas e silvícolas diversos (0,6 %) e a lenha (0,2 %) [7]. 1.1.3 – Energia Eólica A energia eólica é a energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento) e vem sendo utilizada pela humanidade há milhares de anos. Seu aproveitamento ocorre através da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação, através de cata-ventos e moinhos para trabalhos mecânicos, como bombeamento de água ou moagem de grãos, ou com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, para a geração de energia elétrica. No final do século XIX foram registradas as primeiras tentativas de produção de eletricidade através de aerogeradores, entretanto, somente na década de 1970, com a crise do petróleo é que houve interesse e investimentos para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial [7]. Mais de 50 mil empregos foram criados e uma sólida indústria de componentes e equipamentos foi desenvolvida. Atualmente, a indústria de turbinas eólicas vem acumulando crescimentos anuais acima de 30 % e movimentando cerca de US$ 2 bilhões em vendas por ano (1999) [11]. Estima-se que o potencial eólico bruto mundial seja de aproximadamente 498.400 TWh/ano, o que significa mais de 30 vezes o consumo atual de eletricidade no mundo. Porém, devido a restrições sociais como a existência de áreas densamente 8 Capítulo 1- Introdução povoadas ou industrializadas e a restrições naturais como regiões muito montanhosas, o potencial considerado como tecnicamente aproveitável é de cerca de 53.000 TWh/ano. Ainda assim, o potencial de geração de energia eólica corresponde a quatro vezes o consumo atual mundial de eletricidade [7]. Para que a geração de energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade seja de, pelo menos, 500 W/m2 a uma altura de 50 m do solo, o que requer uma velocidade mínima do vento entre 7 e 8 m/s [7]. O limite superior para a velocidade do vento (furling speed), por questões estruturais das turbinas, é de 30 m/s [5]. No Brasil, os melhores potenciais para a geração de energia eólica estão localizados na faixa litorânea das regiões Norte e Nordeste, onde a velocidade média do vento, a 50 m do solo é superior a 8,5 m/s. Outras regiões que se destacam são o Vale do São Francisco, o Sudoeste do Paraná e o Litoral Sul do Rio Grande do Sul [7] e [11]. Na Fig. 1.4 é mostrado o mapa de ventos do Brasil, com as velocidades médias dos ventos a 50 m do solo nas regiões brasileiras [11]. Fonte: Centro Brasileiro de Energia Eólica [11]. Fig. 1.4 – Mapa de ventos do Brasil. A tecnologia de fabricação de turbinas eólicas mais consolidada utiliza eixo de 9 Capítulo 1- Introdução rotação horizontal, três pás e gerador de indução, muito embora existam tecnologias que utilizem geradores síncronos ou de corrente contínua [7] e [12]. O rendimento máximo teórico de uma turbina eólica é da ordem de 60 %, entretanto, levando em consideração as perdas nos outros componentes do sistema (pás, rotor, transmissão, caixa multiplicadora e gerador) o rendimento estimado de um sistema eólico simples fica em torno de 20 % [12]. As turbinas eólicas, quanto ao seu porte, podem ser classificadas como pequenas, médias e grandes. As turbinas pequenas possuem potência nominal inferior a 500 kW; as médias possuem potência nominal entre 500 kW e 1000 kW; e as grandes, potência nominal superior a 1000 kW. Na Fig. 1.5 são mostradas fotografias destes três tipos de turbinas [7]. (a) (b) (c) Fig. 1.5 – Tipos de turbinas eólicas (classificação em relação à potência nominal): (a) Pequena; (b) Média; (c) Grande. 1.1.4 – Célula a Combustível As células a combustível, do inglês fuel cells, também denominadas pilhas a combustível, são dispositivos eletroquímicos que possuem a capacidade de converter hidrogênio e oxigênio em energia elétrica e calor, sem a necessidade de combustão, de forma eficiente e com baixa emissão de poluentes [13] – [16] . A primeira célula a combustível foi construída em 1839, por Sir William Grove, porém só despertou grande interesse mundial por volta de 1960, quando foi escolhida como fonte de energia para as espaçonaves do projeto espacial dos Estado Unidos [14]. Alguns especialistas chegam a prever que as células a combustível representarão para este século o que o computador representou para o século XX [13]. O princípio de funcionamento de uma célula a Capítulo 1- Introdução 10 combustível é ilustrado na Fig. 1.6. Fig. 1.6 – Princípio de funcionamento de uma célula a combustível. Uma célula combustível é composta de um eletrodo negativo (anodo), que repele elétrons, um eletrodo positivo (catodo), que atrai elétrons e uma membrana eletrolítica (catalisador) colocada entre estes eletrodos. O combustível hidrogênio (H2) pressurizado é inserido através do anodo da célula a combustível, sendo forçado em direção ao catalisador. Quando uma molécula de H2 entra em contato com o catalisador, ela se divide em dois íons H+ e dois elétrons (e–). Os elétrons fluem através do anodo atraídos pelo eletrodo positivo do catodo, circulando por um circuito externo à célula combustível, realizando trabalho. Enquanto isso, no catodo da célula combustível, existem moléculas de oxigênio (O2) entrando e sendo forçadas em direção ao catalisador, separando-se em dois átomos de oxigênio. Cada átomo desses possui uma carga fortemente negativa, que atrai dois íons H+, fazendo com que estes passem através da membrana eletrolítica1, chegando ao catodo. No catodo, cada átomo de oxigênio se combina com dois íons H+ e dois elétrons (que passaram através do circuito externo), formando uma molécula de água, que é rejeitada para o meio-ambiente. Este processo produz uma tensão de cerca de 0,7 V, em corrente contínua. Para conseguir níveis de tensão maiores, várias células devem ser combinadas, formando uma pilha de células a combustível [14]. Existem vários tipos de células a combustível, com diferentes características e aplicações, com suas vantagens e desvantagens. O princípio de funcionamento descrito no 1 O íon transportado pode variar de acordo com o tipo de célula a combustível. 11 Capítulo 1- Introdução parágrafo anterior é o de uma célula a combustível de eletrólito polimérico (PEFC, do inglês polymer electrolyte fuel cell), também conhecida como PEMFC (proton exchange membrane fuel cell), que é uma das mais simples tecnologias existentes. Na Tabela 1.1 é apresentado um quadro comparativo entre diferentes tipos de células a combustível [13] – [19]. Tabela 1.1 – Tipos de células a combustível. Tipo Sigla PEFC Nome (inglês) Polymer Electrolyte Fuel Cell Célula a Combustível de Eletrólito Polimérico Polímero condutor de prótons Nome (português) Eletrólito PAFC AFC DMFC MCFC SOFC Phosphoric Acid Fuel Cell Alkaline Fuel Cell Direct Methanol Fuel Cell Molten Carbonate Fuel Cell Solid Oxide Fuel Cell Célula a Combustível de Ácido Fosfórico Célula a Combustível Alcalina Ácido Fosfórico 90-100% (H3PO4) KOH concentrado Célula a Combustível Metanol Direto de Óxido Sólido ZrO2 Polímero Carbonatos (zircônia (metanol direto) fundidos (CO32-) dopado) Célula a Combustível a Carbonato Fundido Íon transportado H+ H+ OH- H+ CO32- O2- T (°C) 20 – 120 160 – 220 70 – 80 60 – 130 550 – 660 850 – 1000 Rendimento 40 – 50 % 40 % – 45 % 60 % 40 % 60 % 50 % - 60 % Potência Nominal 50 – 250 kW Até 200 kW 300 W – 5 kW (∗) 10 kW – 2 MW 100 kW Vantagens Alta densidade de potência. Operação flexível. Mobilidade. Maior desenvolvimento tecnológico. Tolerância a CO (até 1%). Cinética de redução de oxigênio favorável. Não precisa de reformador. Tolerância a CO/CO2. Eletrodos à base de Ni. Reforma interna. Alta eficiência (cinética favorável). Reforma interna Desvantagens Custo da membrana. Contaminação do catalisador com CO. Vida útil limitada pela corrosão. Vida útil limitada por contaminação do eletrólito com CO2. Aplicações Transporte, geração distribuída. Cogeração, geração distribuída. (∗ ) Transporte, espaço. Cruzamento de Corrosão do Problemas de combustível catodo. Interface materiais. através do trifásica de Expansão eletrólito sem difícil controle. térmica. gerar energia. Baixa potência, transporte, geração distribuída. Cogeração, geração distribuída ou centralizada. Cogeração, geração distribuída ou centralizada. Informação não encontrada na literatura técnica estudada. O combustível utilizado nas células a combustível é o hidrogênio. Como dito anteriormente, este elemento, apesar de abundante, é difícil de ser encontrado naturalmente como gás (H2), mas pode ser obtido em compostos orgânicos, como os Capítulo 1- Introdução 12 hidrocarbonetos, presentes em recursos naturais renováveis (biomassa) e não-renováveis (carvão, petróleo e gás natural). O processo de extração do hidrogênio de um combustível é realizado por um equipamento chamado reformador. As células a combustível que utilizam reformadores não são totalmente não-poluentes, pois no processo da reforma do combustível são emitidos gases como CO e CO2. Entretanto, os níveis de emissão de poluentes são muito menores que os produzidos por fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis. O hidrogênio pode ser obtido ainda a partir da eletrólise da água. Existem pesquisas em células a combustível regenerativas, nas quais a água é separada em hidrogênio e oxigênio através de eletrólise, com eletricidade gerada através de energia solar fotovoltaica. Estes átomos de hidrogênio e oxigênio alimentam a célula combustível, que gera eletricidade e produz calor e água. A água é então utilizada para produzir mais hidrogênio e oxigênio, através de eletrólise, reiniciando o processo [14]. O rendimento do processo de geração de energia é muito variável entre os diferentes tipos de célula a combustível. Devido às altas temperaturas de funcionamento das células a combustível, torna-se interessante a eficientização do processo de geração de energia elétrica através de sistemas de cogeração. 1.1.5 – Energia Solar A radiação solar pode ser aproveitada de diversas maneiras. Pode ser utilizada diretamente, para aquecimento de fluidos e para a geração indireta de potência mecânica ou elétrica. Também pode ser aproveitada diretamente para a iluminação e climatização de ambientes. Pode ainda ser convertida diretamente em energia elétrica através dos efeitos termoelétrico e fotovoltaico [2], [4] e [20]. Na Fig. 1.7 é mostrado um diagrama que sintetiza os tipos de aproveitamento da energia solar e suas aplicações [20]. Os índices médios anuais de radiação solar no Brasil são apresentados na Fig. 1.8 [21] e [7]. As maiores médias anuais de irradiação solar são encontradas na região Nordeste, com destaque para o Vale do São Francisco. Os menores índices são encontrados no Litoral Sul-Sudeste, na Amazônia Ocidental, no Amapá e no Leste do Pará. É interessante ressaltar que mesmo as regiões com menores índices de radiação solar apresentam grande potencial de aproveitamento energético deste tipo de recurso natural 13 Capítulo 1- Introdução [7]. Fig. 1.7 – Tipos de aproveitamento da energia solar e suas aplicações. Fonte: Atlas de Irradiação Solar do Brasil [21]. Fig. 1.8 – Radiação solar no Brasil: média anual típica (Wh/m²dia). 14 Capítulo 1- Introdução 1.1.5.1 – Energia Solar Fototérmica Este tipo de aproveitamento de energia solar é feito principalmente pelos chamados coletores solares e concentradores solares. Os coletores solares são utilizados em aplicações predominantemente residenciais, mas há uma demanda significativa e aplicações em outros setores, como edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes, hotéis, entre outros. A energia solar é captada através de coletores instalados nos telhados de residências ou edificações. A radiação solar incidente no coletor é absorvida e utilizada para aquecimento de água, geralmente a temperaturas inferiores a 100 °C, para uso em higiene pessoal e lavagem de utensílios e ambientes. Deste modo, substituindo chuveiros e aquecedores elétricos por coletores solares, torna-se possível diminuir em aproximadamente 25% o consumo de energia elétrica em uma residência [7]. Para o suprimento de água quente de uma residência típica (com três ou quatro moradores) são necessários cerca de 4 m2 de coletor solar instalados em seu telhado [7]. Os coletores solares também estão sendo utilizados em sistemas de aquecimento de piscinas. Na Fig. 1.9 são mostrados coletores solares utilizados em residências [4]. Fig. 1.9 – Coletores solares. O aproveitamento da energia solar aplicado a sistemas que requerem temperaturas mais elevadas ocorre através de concentradores solares. Estes equipamentos captam a radiação solar incidente numa área relativamente grande e a concentram numa área muito menor. Assim consegue-se com que a temperatura da área menor seja elevada de forma considerável. A superfície refletora (espelho) dos concentradores solares é parabólica ou 15 Capítulo 1- Introdução esférica, de modo que os raios solares que nela incidam sejam refletidos para uma superfície bem menor (foco), onde se localiza o material a ser aquecido. Os sistemas parabólicos de alta concentração chegam a atingir temperaturas elevadas2, podendo ser utilizados para geração de vapor e, conseqüentemente, de energia elétrica [7]. A necessidade de focalizar a radiação solar em um determinado ponto exige que um concentrador solar possua algum dispositivo de orientação, o que acarreta custos adicionais ao sistema. Podem ser vistos na Fig. 1.10 dois tipos de concentradores solares [4], [7] e [22]. (b) (a) Fig. 1.10 – Concentradores solares: (a) disco-parabólico; (b) cilindro-parabólico. 1.1.5.2 – Energia Solar Fotovoltaica A energia solar pode ser convertida diretamente em energia elétrica por meio dos efeitos da radiação solar sobre determinados elementos. Nos semicondutores ocorre o chamado efeito fotovoltaico, relatado por Edmond Becquerel em 1839, que consiste da excitação dos elétrons destes materiais na presença de luz solar, produzindo energia elétrica [2]. Detalhes sobre a física do efeito fotovoltaico e funcionamento das células solares podem ser vistos em [22] . Apenas em 1956, com o desenvolvimento da microeletrônica iniciou-se a produção industrial de células fotovoltaicas, com a finalidade de atender a 2O espelho parabólico de Odeillo (França) chega a atingir temperaturas de até 3800 °C [7]. Capítulo 1- Introdução 16 programas espaciais, havendo avanços significativos nos processos de fabricação. Com a crise mundial de energia de 1973/74, houve o início da produção de células fotovoltaicas para uso terrestre, auxiliando no fornecimento de energia [2]. Devido aos altos custos, da ordem de US$ 300/Wp, este tipo de aproveitamento da energia solar mostrava-se viável apenas em localidades remotas onde, por algum motivo, a rede elétrica não era estendida. Entretanto, devido à produção em larga escala e aos avanços tecnológicos nos processos de fabricação das células, nota-se uma constante queda no preço dos painéis fotovoltaicos. Atualmente, módulos de silício cristalino custam cerca de US$ 1,72/Wp e existem previsões de que chegarão a custar US$ 1,00/Wp em 2007 [23]. Isto faz esta tecnologia se tornar economicamente interessante também em aplicações conectadas à rede elétrica pública [1]. Neste caso, os painéis fotovoltaicos são incorporados ao telhado ou à fachada de casas ou edifícios e injetam energia elétrica na rede, suprindo parcial ou totalmente as cargas locais. Existem vários tipos de painéis fotovoltaicos existentes no mercado, destacando-se os de silício cristalino (c-Si), os de silício amorfo hidrogenado (a-Si), os de telureto de cádmio (CdTe) e os de disseleneto de cobre e índio (CuInSe2 ou CIS). O silício cristalino (monocristalino ou policristalino) é a tecnologia mais tradicional e utiliza lâminas cristalinas relativamente espessas (300 µm – 400 µm) com diâmetro de cerca de 10 cm. As outras tecnologias mencionadas são baseadas em películas delgadas (filmes finos, com espessura da ordem de 1 µm) de material ativo semicondutor. Estas células fotovoltaicas de filme fino são a grande promessa no que se refere à redução dos preços dos painéis fotovoltaicos, pois utilizam menos material e energia nos seus processos de fabricação [1]. Na Tabela 1.2 é mostrado um resumo das principais características de cada tecnologia existente na atualidade [1] e [7]. Na Fig. 1.11 são mostrados alguns tipos de painéis fotovoltaicos [1]. Uma consideração interessante a ser feita é em relação ao posicionamento dos painéis. No Hemisfério Sul, para se obter uma melhor insolação durante o ano todo, principalmente durante o inverno, onde a oferta solar é menor, recomenda-se instalar os painéis com sua face superior direcionada para o norte, com uma inclinação equivalente à latitude local acrescida de 10° a 15° [1]. Os sistemas fotovoltaicos são comumente chamados de sistemas PV (do inglês photovoltaic). Esta nomenclatura será adotada neste trabalho como abreviação do verbete fotovoltaico. 17 Capítulo 1- Introdução Tabela 1.2 – Tipos de células fotovoltaicas. Tipo Nome Sigla1 Apresentação Eficiência (%) Laboratório Comercial Vantagens Desvantagens Alto custo de produção2 Menor eficiência e diferença no custo final de produção pouco significativa Silício monocristalino m-Si Lâminas cristalinas 24,7 12 – 14 Robustez e confiabilidade Silício policristalino p-Si Lâminas cristalinas 19,8 11 – 13 Robustez e confiabilidade 8–9 Menor custo de produção, versatilidade e boa aparência estética Diminuição da eficiência com o tempo3 7–9 Baixos custos de produção e boa aparência estética Toxicidade e baixa abundância dos elementos químicos envolvidos 9 – 10 Potencial de atingir eficiências relativamente altas e boa aparência estética Toxicidade e baixa abundância dos elementos químicos envolvidos Silício amorfo hidrogenado Telureto de Cádmio Disseleneto de Cobre e Índio a-Si CdTe CIS Filmes finos Filmes finos Filmes finos < 15 ~ 16 ~ 18 As células de silício monocristalino e policristalino são comumente referidas apenas como de silício cristalino, tendo a sigla (c-Si). 2 Devido à pureza do material utilizado (silício fundido de alta pureza: 99,99% a 99,9999%) necessita-se de um processo de fabricação rigorosamente controlado, tendo altos gastos energéticos associados. 3 Existe uma diminuição da eficiência do painel com o tempo, que se estabiliza após perda de 15 a 20% da eficiência inicial, o que ocorre após aproximadamente 1 ano de funcionamento. Os fabricantes já incluem esta margem de degradação nas especificações dos painéis. 1 (a) (b) Fig. 1.11 – Painéis fotovoltaicos: (a) Silício cristalino; (b) Silício amorfo. 18 Capítulo 1- Introdução 1.1.5.3 – Características dos Painéis Fotovoltaicos Na folha de dados de um painel PV, fornecida por seu fabricante, são apresentados os seguintes parâmetros: q Tensão de circuito aberto, Voc ; q Corrente de curto-circuito, I sc ; q Potência máxima, Pm ; q Tensão de potência máxima, Vmp ; q Corrente de potência máxima, I mp . A condição padrão na qual são apresentadas as características dos módulos é definida para uma insolação de 1000 W/m² (irradiação recebida na superfície terrestre em um dia claro, ao meio-dia) e uma temperatura nas células de 25 °C. Nestas condições se dá a potência máxima do painel PV, Pm , cuja unidade usual é Wp (Watt-pico) [2]. Na Fig. 1.12 são mostradas as curvas características típicas de um painel fotovoltaico. O ponto onde o painel é capaz de fornecer sua potência máxima, usualmente denominado MPP (do inglês maximum power point), é destacado nos dois gráficos. (a) (b) Fig. 1.12 – Curvas características típicas de um painel fotovoltaico: (a) Corrente-tensão; (b) Potência-tensão. 19 Capítulo 1- Introdução A intensidade luminosa e a temperatura do painel têm grande influência sobre o comportamento de um painel PV. A corrente gerada aumenta com o aumento da irradiação solar que atinge o painel. Já o aumento da temperatura faz com que a eficiência do módulo caia, abaixando assim, os pontos de operação de máxima potência gerada. Estas variações podem ser observadas na Fig. 1.13. λ1 > λ2 > λ3 T1 > T2 > T3 (a) (b) Fig. 1.13 – Variação das características de um painel PV devido à: (a) Variação na irradiação solar incidente; (b) Variação na temperatura das células. A curva característica apresentada na Fig. 1.12(a) é representada analiticamente por (1.1) e pode ser sintetizada através do circuito equivalente exibido na Fig. 1.14 [24]. Este tipo de modelagem é muito útil no estudo de novas topologias de sistemas de processamento de energia fotovoltaica. Fig. 1.14 – Circuito equivalente de um painel PV. 20 Capítulo 1- Introdução q ( v +i R AkTCel i PV = I sc − PV PV s − I os e Rsh v PV + i PV Rs ) − 1 , (1.1) onde: i PV e v PV I sc Rs R sh I os A = 1,92 Corrente e tensão no painel Corrente gerada (curto-circuito) Resistência série Resistência “shunt” Corrente de saturação reversa do painel Fator de idealidade da junção p-n −23 k = 1,38 ⋅ 10 J/K Constante de Boltzmann TCel Temperatura das células, K 1.2 – Sistemas Fotovoltaicos de Geração de Energia Elétrica O aproveitamento da energia solar fotovoltaica pode ser feito através de sistemas autônomos (ou isolados, stand-alone), sistemas híbridos (mais de uma fonte de energia) ou sistemas interligados à rede elétrica. Cada uma dessas possibilidades exige uma configuração mínima para o processamento e condicionamento da energia gerada, para que possa ser aproveitada de forma eficiente e com qualidade pelas cargas atendidas. Os sistemas fotovoltaicos autônomos geralmente necessitam um sistema de armazenamento de energia, visto a característica intermitente da geração solar, o que é feito geralmente através de baterias. O uso de baterias é responsável pelo aumento do custo e diminuição da vida útil do sistema: enquanto um painel fotovoltaico tem a vida útil garantida pelos fabricantes superior a 20 anos, uma bateria tem a sua em torno de 5 anos. Sistemas híbridos, que geralmente são independentes da rede elétrica, também necessitam de armazenamento de energia em baterias. Para que o armazenamento seja feito de forma eficiente, sem sobrecarregar ou descarregar demasiadamente as baterias, são utilizados sistemas controladores de carga. Existem alguns sistemas autônomos que não utilizam nenhum tipo de armazenamento de energia, como é o caso dos sistemas de Capítulo 1- Introdução 21 irrigação, onde toda energia gerada é utilizada no bombeamento de água, que é consumida imediatamente ou estocada em reservatórios [2]. Os sistemas autônomos são atualmente os sistemas fotovoltaicos mais competitivos, no sentido econômico, com as formas convencionais de geração de energia elétrica pois são uma ótima alternativa para atender pequenas demandas, em localidades rurais, remotas ou de difícil acesso, onde torna-se proibitiva a extensão das linhas de transmissão do sistema elétrico [1]. Para a utilização da energia fotovoltaica para atender cargas em corrente alternada (CA) é necessária a utilização de inversores. A Fig. 1.15 mostra os componentes de um sistema fotovoltaico autônomo e as possibilidades do aproveitamento da energia gerada, tanto em CC como em CA. A Fig. 1.16 mostra um sistema de geração de energia elétrica híbrido solar-eólico-diesel. No Brasil, sistemas autônomos para atender áreas remotas e comunidades carentes, sem energia elétrica, estão sendo incentivados por programas governamentais como o PRODEEM (Programa para o Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios) [3], [7]. Fig. 1.15 – Componentes de um sistema fotovoltaico autônomo. Os sistemas interligados à rede de energia elétrica dispensam o uso de baterias, pois atuam como usinas geradoras operando em paralelo com o sistema elétrico. Podem ser do tipo central fotovoltaica ou integrados a prédios urbanos. No primeiro caso, a planta fotovoltaica é de grande porte e está geralmente situada em áreas mais afastadas de centros urbanos, pois as superfícies envolvidas, relativamente grandes, requerem áreas de baixo custo, para que a instalação seja viável. Os sistemas integrados a prédios urbanos são Capítulo 1- Introdução 22 incorporados à fachada ou ao telhado do prédio, de modo que, virtualmente, não ocupam espaço nenhum, sendo geralmente de potências mais modestas que os primeiros [1]. Fig. 1.16 – Componentes de um sistema de geração de energia elétrica híbrido. Em sistemas fotovoltaicos residenciais interligados à rede elétrica, sempre que for gerada mais energia que a demandada pelas cargas locais, o excedente de energia é injetado na rede elétrica. Neste caso o sistema interligado de energia elétrica funciona como uma grande bateria, armazenando energia nos reservatórios de água de usinas hidrelétrica (não consumindo esta energia). Nestes sistemas, torna-se necessária a utilização de um medidor de energia elétrica bidirecional [1]. Em vários países da Europa, as concessionárias são obrigadas a comprarem a eletricidade de origem fotovoltaica por um preço cerca de quatro vezes maior que o preço da energia fornecida por elas ao setor residencial [26]. Na Fig. 1.17 são mostrados os componentes de um sistema fotovoltaico interligado à rede. O sistema de condicionamento de energia pode ser composto por várias configurações, empregando as mais diversas topologias de conversores estáticos. Este sistema de condicionamento de energia é o alvo principal deste trabalho e será estudado nos próximos capítulos. Fig. 1.17 – Componentes de um sistema de geração de energia fotovoltaica interligado à rede de energia elétrica. 23 Capítulo 1- Introdução 1.3 – Objetivos e Metodologia O principal objetivo deste trabalho é a proposição da aplicação de uma nova topologia de inversor multinível em corrente (MNC) no processamento e condicionamento de energia em sistemas fotovoltaicos conectados à rede de energia elétrica. Esta nova topologia é composta pela conexão em cascata de um conversor CCCC multinível em corrente, do tipo boost, e um inversor CSI, conectados em cascata. Um diagrama de blocos do sistema proposto é mostrado na Fig. 1.18. Com a topologia proposta, pode-se injetar na rede elétrica uma corrente praticamente senoidal, com baixo conteúdo harmônico e em fase com a tensão no ponto de acoplamento comum entre o sistema PV e as cargas da instalação. Adicionalmente, é proporcionada uma divisão equilibrada da corrente total do circuito entre as chaves do conversor CC-CC, característica muito interessante em aplicações de potências mais elevadas. Fig. 1.18 – Diagrama de blocos da nova topologia proposta. A metodologia empregada neste trabalho envolve a revisão bibliográfica de trabalhos publicados em periódicos e congressos nacionais e internacionais especializados, modelagem matemática de conversores estáticos, emprego de ferramentas computacionais para simulação da topologia proposta e realização de estudos experimentais visando a validação dos conceitos teóricos desenvolvidos. 24 Capítulo 1- Introdução 1.4 – Publicações Resultantes desta Pesquisa q “A Current Five-Level Boost Inverter Applied to a Grid-Connected Photovoltaic System”, apresentado no VII Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP’2003), em Fortaleza (CE), setembro de 2003; q “Inversor Boost Multinível em Corrente Aplicado ao Processamento de Energia em Sistemas Fotovoltaicos”, apresentado no I Seminário de Potência, Automação e Controle (I SEMPAC), em Juiz de Fora (MG), outubro de 2003; q “Uma Visão Topológica Sobre Sistemas Fotovoltaicos Monofásicos Conectados à Rede de Energia Elétrica”, apresentado no V Congresso Latino-Americano: Geração e Transmissão de Energia Elétrica (V CLAGTEE), em São Pedro (SP), novembro de 2003; q “Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Baseado no Inversor Boost Multinível em Corrente”, a ser apresentado no XV Congresso Brasileiro de Automática (CBA’2004), em Gramado (RS), setembro de 2004. 1.5 – Estrutura do Trabalho A organização deste trabalho é feita por meio da divisão em capítulos. O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre topologias de sistemas fotovoltaicos conectados à rede de energia elétrica. São discutidas as principais características desejadas para um sistema fotovoltaico deste tipo, levando em consideração recomendações internacionais que visam regulamentar a conexão de sistemas PV à rede de energia elétrica. Várias topologias são apresentadas e analisadas, trazendo uma visão geral sobre os tipos de conversores estáticos que vêm sendo empregados neste tipo de aproveitamento de energia renovável. No Capítulo 3 são introduzidos os principais conceitos relacionados aos conversores multiníveis em corrente, visando formar uma base teórica adequada para a proposição de novas topologias de inversores MNC. São apresentadas as principais características e aplicações dos conversores MNC, com uma atenção especial direcionada Capítulo 1- Introdução 25 aos conversores estáticos que foram tomados como fonte de inspiração para a concepção da nova topologia de inversor MNC proposta neste trabalho. A descrição e formalização da nova topologia de inversor MNC aplicada a sistemas PV proposta neste trabalho é mostrada no Capítulo 4, onde desenvolve-se uma análise detalhada da estrutura, definindo seus estágios de operação, apresentando suas principais formas de onda idealizadas e analisando o conteúdo harmônico da corrente sintetizada pelo inversor. São desenvolvidas expressões matemáticas úteis para o dimensionamento das chaves semicondutoras, diodos e indutores da topologia, bem como para a definição do arranjo fotovoltaico a ser utilizado. É apresentada, também, a validação por meio de simulação computacional dos conceitos teóricos desenvolvidos neste capítulo. O Capítulo 5 relata a implementação de um protótipo de pequena escala para o sistema proposto, bem como apresenta os resultados experimentais obtidos a partir de medições no protótipo, com o objetivo de validar experimentalmente os conceitos teóricos propostos neste trabalho. As principais conclusões do trabalho desenvolvido e sugestões para trabalhos futuros compõem o Capítulo 6. Finalmente são apresentadas as referências bibliográficas e apêndices, estes envolvendo as listagens dos arquivos utilizados nas simulações computacionais apresentadas neste trabalho, definições de figuras de mérito relacionadas à qualidade de energia elétrica e o projeto físico do indutor do filtro de linha utilizado na implementação do protótipo do sistema proposto. Capítulo 2 Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica A energia solar fotovoltaica vem se mostrando uma alternativa muito interessante para suplementar a geração do sistema de energia elétrica. Devido à contínua queda no preço dos painéis, este tipo de aproveitamento da energia solar, antes atrativo apenas em regiões remotas ou na zona rural, começa a se tornar uma solução economicamente viável para a utilização em aplicações urbanas como, por exemplo, em pequenas unidades monofásicas de geração de energia elétrica conectadas à rede, instaladas nos telhados de residências ou em fachadas de prédios. Existem sistemas fotovoltaicos conectados à rede com potências de 100 W a vários megawatts, sendo que a potência da maioria dos sistemas PV residenciais se encontra na faixa de 1 kW a 5 kW [27]. Nestes sistemas, toda a energia gerada é injetada no ponto de acoplamento comum (PCC, do inglês point of common coupling) entre a rede e as cargas, suprindo ou auxiliando no suprimento da demanda local. O excedente de geração, caso Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 27 exista, é injetado no sistema interligado de energia elétrica, que funciona como uma grande bateria, armazenando energia nos reservatórios de água de usinas hidrelétricas. Durante os períodos onde a geração é insuficiente (por exemplo, à noite ou em períodos de baixa insolação), as cargas locais são alimentadas totalmente pela rede elétrica da concessionária. Nestes sistemas PV, torna-se necessária a utilização de um medidor de energia elétrica bidirecional, para registrar o consumo e geração da residência. Conforme introduzido no capítulo anterior é necessário utilizar um sistema de processamento e condicionamento da energia solar convertida através do efeito fotovoltaico, como interface entre o painel PV e a rede elétrica, a fim de adequar a freqüência e os níveis de tensão, permitindo que operem em paralelo. Neste capítulo será apresentada uma revisão bibliográfica sobre as topologias utilizadas em conversores estáticos aplicados à geração de energia fotovoltaica, com ênfase em aplicações monofásicas conectadas à rede elétrica. Esta revisão não pretende mostrar todas as possibilidades de topologias que estão sendo aplicadas atualmente, mas sim, exibir uma amostra deste universo que é a conversão estática e o processamento de energia. Serão apresentadas topologias publicadas em revistas e congressos de sociedades nacionais (SOBRAEP, SBA) e internacionais (IEEE, IEE, EPE). A adaptação da revisão bibliográfica apresentada neste capítulo foi objeto de publicação de artigo científico no “V Congresso Latino-Americano: Geração e Transmissão de Energia Elétrica”, em novembro de 2003 [28]. 2.1 – Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Além do processamento da energia fotovoltaica, os sistemas PV devem apresentar algumas características relacionadas à segurança, eficiência e qualidade de energia. Existem algumas normas e recomendações internacionais como a IEEE Std 929-2000 e a UL 1741 que abordam diversos aspectos em relação à conexão de sistemas fotovoltaicos à rede elétrica [29] e [30]. Os sistemas PV devem possuir proteções que o desconectem da rede elétrica quando esta estiver, por algum motivo, desligada, evitando assim, o chamado ilhamento (do inglês islanding), que é a energização de uma parte da rede elétrica que deveria estar Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 28 desligada. Devem existir também proteções que tirem o sistema de operação quando a tensão ou a freqüência da rede estiverem fora de padrões pré-determinados. A recomendação IEEE Std 929-2000 apresenta sugestões para os limites de operação do conversor. Um sistema PV conectado à rede elétrica deve apresentar baixos níveis de distorção harmônica, a fim de evitar efeitos prejudiciais a outros equipamentos conectados à mesma rede. As características harmônicas do inversor devem estar em conformidade com a Seção 10 da recomendação IEEE Std. 519-1992, que depende do nível de curto circuito no ponto de acoplamento comum [31]. A figura de mérito utilizada para avaliar essas características harmônicas é a taxa de distorção harmônica, também denominada distorção harmônica total (THD, do inglês total harmonic distortion), cuja definição é apresentada no Apêndice B. Para um caso geral, a IEEE Std. 929-2000 recomenda que a THD seja inferior a 5%, quando o inversor estiver operando na sua potência nominal [29]. O isolamento galvânico entre os painéis fotovoltaicos e a rede elétrica pode ser feito através de transformadores de baixa ou alta freqüência. Neste último caso, o transformador é parte constituinte do conversor CC-CC isolado. Existe uma tendência nos sistemas mais modernos em utilizar transformadores de alta freqüência [32]. Em vários sistemas fotovoltaicos, a fim de uma diminuição de custos e de complexidade, o isolamento galvânico dos painéis não é utilizado, o que traz dificuldades em relação ao aterramento dos mesmos. O isolamento dos painéis, embora não seja uma exigência de normas como a IEEE Std 929-2000, nem uma obrigatoriedade em países como Alemanha e Estados Unidos, é um requisito necessário em outros, como, por exemplo, Itália e Reino Unido. Assim, não existe uma uniformidade quanto aos requisitos de isolação e aterramento por parte dos organismos de normalização internacionais, tais como IEEE e IEC, dentre outros [33]. Uma característica opcional, porém interessante, é a existência de um sistema de busca (ou rastreamento) do ponto de potência máxima (MPPT, do inglês maximum power point tracking), que pode aumentar em até 11% a energia gerada, representando apenas cerca de 2% do custo total do sistema de conversão [34], [35]. Existem diversas configurações de sistemas monofásicos de processamento de energia fotovoltaica, empregando as mais diversas topologias de conversores estáticos, operando com chaveamento em baixa ou em alta freqüência. Neste capítulo, estas Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 29 topologias serão dividas em quatro grupos: q Topologias com único estágio inversor (não-isoladas); q Topologias com único estágio inversor (isoladas); q Topologias com múltiplos estágios de conversão (isoladas); q Topologias com múltiplos estágios de conversão (não-isoladas). Os diagramas de blocos, representando cada um destes tipos de topologias numa visão macroscópica, são mostrados na Fig. 2.1. Fig. 2.1 - Classificação dos tipos de sistemas fotovoltaicos monofásicos: Topologia com: (a) único estágio inversor, não-isolada; (b) único estágio inversor, isolada; (c) múltiplos estágios de conversão, isolada; (d) múltiplos estágios de conversão, não-isolada. 2.2 – Topologias com Único Estágio Inversor (NãoIsoladas) A forma mais simples de condicionar a energia fotovoltaica para injetá-la na rede é através da utilização de um inversor fazendo diretamente a interface entre painel PV e rede elétrica. Existem inversores de tensão (VSI, do inglês voltage-source inverter) e inversores de corrente (CSI, do inglês current-source inverter). No final da década de 1980, a maioria dos sistemas de processamento de energia fotovoltaica eram baseados em inversores CSI tiristorizados, comutados pela linha, como o circuito da Fig. 2.2, cuja potência chegava a atingir muitos kilowatts [33]. Esta topologia é Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 30 conhecida como LCI (do inglês, line-commutated inverter). Suas principais vantagens são sua robustez, simplicidade e alta eficiência. Entretanto, tais sistemas apresentam um baixo fator de potência, injetando na rede uma corrente com elevada distorção harmônica e alto fator de deslocamento, o que precisa ser compensado através de filtros especiais. Fig. 2.2 - Inversor tiristorizado comutado pela linha (LCI). A fim de melhorar o conteúdo harmônico e o fator de deslocamento da corrente injetada na rede elétrica foram propostas diversas topologias de inversores CSI e VSI. Uma topologia interessante, comutada na freqüência da rede, originalmente aplicada a células a combustível, é a proposta por Martins et al em [36]. Na Fig. 2.3 é apresentada sua adaptação a sistemas PV. Este inversor de corrente é capaz de injetar na rede uma corrente quase senoidal, com baixa distorção harmônica. A chave auxiliar pode ser um TRIAC. Operando em baixa freqüência, esta topologia não apresenta perdas por chaveamento e não necessita a utilização de filtro de EMI (interferência eletromagnética). A principal desvantagem é a necessidade de um indutor, L , de valor relativamente alto, construído com núcleo de ferro-silício. Fig. 2.3 - Inversor monofásico comutado em baixa freqüência de alto fator de potência. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 31 Os inversores VSI, como o mostrado na Fig. 2.4, associados a técnicas de modulação em largura de pulso (PWM, do inglês pulse width modulation), utilizando chaveamento em alta freqüência, são amplamente utilizados. Com um controle baseado em PWM senoidal, torna-se relativamente simples a síntese de uma corrente com baixa distorção harmônica com esta topologia. No trabalho proposto por Kuo et al em [37], o controle do ponto de máxima potência (MPPT) é incorporado ao inversor, otimizando sua operação. Entretanto, o algoritmo de controle torna-se relativamente mais complexo. A freqüência de chaveamento utilizada foi 18 kHz. A principal desvantagem da utilização direta de inversores VSI é a necessidade da associação de vários painéis fotovoltaicos em série (no caso citado, 14 painéis em série), a fim de manter a tensão no barramento CC maior que o pico da tensão da rede elétrica, uma vez que a tensão de circuito aberto de um painel fotovoltaico comercial típica fica em torno de 30 V [32]. Outra desvantagem do chaveamento em alta freqüência é o fato das perdas por chaveamento passarem a ser significativas. A fim de diminuir estas perdas por chaveamento podem ser utilizadas técnicas de comutação suave. Na Fig. 2.5 é mostrada uma topologia de inversor CSI com comutação suave, proposta por Oishi et al em [38]. Pode-se notar um aumento na complexidade do hardware utilizado. Fig. 2.4 – Inversor VSI monofásico full-bridge. Como os painéis fotovoltaicos geram tensão e corrente CC em seus terminais, torna-se interessante a aplicação de inversores multiníveis em tensão para conectá-los à rede, utilizando-os como fontes de tensão independentes. Na Fig. 2.6 são mostradas duas topologias de inversores PWM multiníveis em tensão utilizadas em sistemas fotovoltaicos propostas em [39] e em [40], por Agelides et al e Calais & Agelides, respectivamente. Ambas topologias operam em 5 níveis de tensão. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica Fig. 2.5 – Tipo de inversor CSI monofásico com comutação suave. (a) (b) Fig. 2.6 – Inversores PWM multiníveis em tensão: (a) Inversor full-bridge com chave bidirecional adicional; (b) Conexão em cascata de inversores. 32 Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 2.3 – Topologias com Único Estágio 33 Inversor (Isoladas) Nenhum dos inversores exibidos na seção anterior apresenta isolamento galvânico entre os painéis fotovoltaicos e a rede elétrica. A fim de realizar o isolamento entre a rede e os painéis, algumas topologias utilizam um transformador de baixa freqüência, com núcleo de ferro-silício, na saída do inversor. Neste caso, a indutância de dispersão do transformador pode ajudar na filtragem da corrente injetada na rede e pode-se utilizar um número reduzido de painéis fotovoltaicos conectados em série. Como exemplo, pode-se citar a topologia utilizada por Souza et al em [41], mostrada na Fig. 2.7. Fig. 2.7 – Inversor VSI PWM isolado. A seguir apresenta-se uma topologia muito interessante. Trata-se de um inversor multinível em tensão, disponível no mercado norte-americano, patenteada por Thomas [42]. Esta topologia é composta por três inversores VSI monofásicos full-bridge, cujas saídas são conectadas aos primários de três transformadores, como mostra a Fig. 2.8. Os enrolamentos secundários destes transformadores são conectados em série e suas relações de transformação são escolhidas como múltiplas umas das outras. Um inversor deste tipo, com n transformadores é capaz de gerar 3 n níveis de tensão em sua saída, sintetizando uma tensão quase senoidal, através de chaveamento em baixa freqüência [33]. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 34 Fig. 2.8 – Inversor multinível em tensão isolado. 2.4 – Topologias com Múltiplos Estágios de Conversão (Isoladas) Através do uso de conversores CC-CC isolados com transformadores de alta freqüência, com núcleo de ferrite, é possível reduzir o peso e o volume dos equipamentos. As desvantagens existentes no uso de conversores CC-CC isolados estão nas topologias ligeiramente mais complexas e na existência de perdas devido ao chaveamento em alta freqüência. Estes sistemas fotovoltaicos, geralmente, são compostos por dois ou mais estágios de processamento de energia em cascata. O sistema proposto por Demonti & Martins em [43], utiliza um conversor CC-CC flyback, em cascata com um inversor VSI PWM, como mostra a Fig. 2.9. Ambos conversores são chaveados em 25 kHz. O conversor CC-CC é responsável pelo isolamento galvânico dos painéis e pela adequação do nível da tensão aplicada à entrada do inversor, que deve ser superior ao pico da tensão da rede elétrica. O inversor VSI, junto com o filtro de saída, é responsável pela síntese de uma corrente com baixa distorção harmônica e alto fator de potência (quase unitário). Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 35 Fig. 2.9 – Sistema PV utilizando o conversor CC-CC flyback em cascata com inversor VSI. O uso de conversores do tipo flyback é mais adequado a níveis de potência até cerca de 100 W, como o do caso anterior. Para potências maiores, podem ser utilizados outros conversores CC-CC como o full-bridge ([44], [45]) ou o push-pull ([46], [47]). Na Fig. 2.10 é mostrada uma aplicação utilizando o conversor CC-CC full-bridge, proposta por Bose et al em [44]. Neste sistema, o conversor CC-CC realiza a busca do ponto de máxima potência dos painéis e sintetiza uma corrente senoidal retificada, operando numa freqüência de chaveamento entre 10 kHz e 16 kHz. O inversor utilizado é composto por transistores e é chaveado na freqüência da rede, realizando a inversão de polaridade da corrente sintetizada no estágio anterior, injetando uma corrente senoidal na rede elétrica. Na Fig. 2.11 e na Fig. 2.12 são mostrados dois sistemas que utilizam o conversor CC-CC push-pull. No primeiro, proposto por Merwe & Merwe [46], a função de cada etapa é muito semelhante às etapas correspondentes do sistema da Fig. 2.10. Já o sistema da Fig. 2.12, proposto por Demonti et al [47], é composto por três estágios: um conversor CC-CC push-pull, um conversor CC-CC buck e um inversor CSI. O primeiro estágio é chaveado em 20 kHz e proporciona a isolação galvânica dos painéis, além de elevar a tensão a níveis convenientes aos próximos estágios (por volta de 400 V). O segundo estágio é responsável por sintetizar uma corrente senoidal retificada, sendo também chaveado em 20 kHz. Já o terceiro estágio é um inversor, chaveado na freqüência da rede e tem a mesma função do inversor do sistema apresentado na Fig. 2.10. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 36 Fig. 2.10 – Sistema PV utilizando o conversor CC-CC full-bridge em cascata com inversor CSI. Fig. 2.11 – Sistema PV utilizando o conversor CC-CC push-pull em cascata com inversor VSI. Fig. 2.12 – Sistema PV utilizando com três estágios de processamento de energia. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 37 2.5 – Topologias com Múltiplos Estágios de Conversão (Não-Isoladas) Com a finalidade de reduzir a complexidade e o custo do sistema de condicionamento de energia, algumas topologias não utilizam isolamento galvânico entre os painéis e a rede elétrica. O preço pago por esta simplificação é a dificuldade no aterramento dos painéis e a conseqüente exposição de partes energizadas do equipamento. No caso de aplicações residenciais, os painéis fotovoltaicos são geralmente incorporados aos telhados das edificações, em locais de difícil acesso, o que permite uma operação relativamente segura dos sistemas de conversão não-isolados. Um arranjo simples, porém eficiente, é composto por um conversor CC-CC boost em cascata com um inversor VSI ([26], [48]), ambos chaveados em alta freqüência, como pode ser visto na Fig. 2.13. O conversor boost é responsável pelo rastreamento do ponto de máxima potência do painel PV e pela elevação da tensão. O inversor VSI tem a função de injetar uma corrente senoidal, com baixa distorção harmônica na rede elétrica. No sistema proposto por Blauth et al em [26], o inversor VSI pode operar também como filtro ativo, compensando as características reativas e harmônicas de cargas vizinhas. Dois sistemas fotovoltaicos interessantes, utilizando o conversor CC-CC buck-boost em cascata com um inversor VSI, são apresentados em [49] e em [50] e mostrados na Fig. 2.14. O princípio de operação desses sistemas é semelhante. O primeiro estágio é chaveado em alta freqüência, operando em modo de condução descontínua, sendo responsável pela síntese de uma corrente que acompanha o módulo de uma senóide. Já o segundo estágio, operando em baixa freqüência, realiza a inversão de polaridade da corrente e sua filtragem, injetando na rede uma corrente praticamente senoidal. Fig. 2.13 – Sistema PV utilizando o conversor boost em cascata com um inversor VSI. Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 38 (a) (b) Fig. 2.14 – Sistemas PV utilizando o conversor buck-boost em cascata com um inversor VSI: (a) Buck-boost convencional; (b) Buck-boost duplo. 2.6 – Quadros Resumo Um sumário das principais características das topologias apresentadas neste capítulo é feito na Tabela 2.1. Cada topologia é referenciada pelo número da respectiva figura onde foi apresentada. Os estágios de processamento de energia foram classificados em duas categorias, de acordo com a freqüência de chaveamento: alta freqüência e baixa freqüência, com as siglas AF e BF, respectivamente. Considerou-se estágio de baixa freqüência aquele cujas chaves comutam numa freqüência de, no máximo, duas vezes a freqüência de oscilação da rede elétrica. O termo “alto FP” utilizado se refere a um fator Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 39 de potência perto da unidade e o termo “baixa THD” foi utilizado para um taxa de distorção harmônica inferior a 5%. Tabela 2.1 – Principais características das topologias apresentadas. Topologia Estágios Tipo de Inversor Isolamento Galvânico AF BF Fig. 2.2 – 1 CSI Fig. 2.3 – 1 Fig. 2.4 1 Fig. 2.5 Corrente injetada na rede THD FP Não alta Baixo VSI Não baixa Alto – VSI Não baixa Alto 1 – CSI Não baixa Alto Fig. 2.6(a) 1 – VSI Não baixa Alto Fig. 2.6(b) 1 – VSI Não Baixa Alto Fig. 2.7 1 – VSI BF Baixa Alto Fig. 2.8 – 1 VSI BF Baixa Alto Fig. 2.9 2 – VSI AF Baixa Alto Fig. 2.10 1 1 CSI AF Baixa Alto Fig. 2.11 2 – VSI AF Baixa Alto Fig. 2.12 2 1 CSI AF Baixa Alto Fig. 2.13 2 – VSI Não baixa Alto Fig. 2.14(a) 1 1 VSI Não Baixa Alto Fig. 2.14(b) 1 1 VSI Não Baixa Alto Na Tabela 2.2 é apresentada a quantidade de componentes (chaves semicondutoras, diodos, indutores e capacitores) utilizados em cada topologia. O número de indutores e capacitores, apresentado neste quadro resumo, não leva em consideração os componentes utilizados nos filtros passivos de saída (passa-baixas) dos sistemas de conversão e o número de diodos não inclui o diodo usualmente conectado em série com Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 40 os painéis PV (utilizado para evitar que haja fluxo de energia da rede para os painéis). Tabela 2.2 – Quantidade de componentes utilizados em cada topologia apresentada. Topologia Chaves Semicondutoras Diodos Indutores Capacitores Fig. 2.2 4 – 1 – Fig. 2.3 5 4 1 2 Fig. 2.4 4 4 – 1 Fig. 2.5 6 2 3 2 Fig. 2.6(a) 6 8 – 2 Fig. 2.6(b) 8 8 – 2 Fig. 2.7 4 4 – 1 Fig. 2.8 12 12 – 1 Fig. 2.9 5 5 – 2 Fig. 2.10 8 9 1 2 Fig. 2.11 6 6 – 1 Fig. 2.12 7 7 2 1 Fig. 2.13 5 5 1 1 Fig. 2.14(a) 5 5 1 2 Fig. 2.14(b) 6 7 1 2 2.7 – Conclusões Parciais Este capítulo apresentou uma revisão bibliográfica sobre as principais topologias de sistemas de conversão de energia fotovoltaica em energia elétrica aplicadas a sistemas monofásicos conectados à rede de energia elétrica. O principal objetivo deste tipo de Capítulo 2- Topologias de Conversores Estáticos Aplicadas a Sistemas PV Monofásicos Conectados à Rede Elétrica 41 aproveitamento fotovoltaico é suplementar o consumo de energia elétrica de instalações residenciais, comerciais ou industriais. A operação de sistemas fotovoltaicos interligados à rede elétrica exige a consideração de uma série de aspectos relacionados à segurança, eficiência e qualidade de energia. Estes sistemas devem possuir capacidade de evitar o ilhamento e injetar na rede uma corrente com baixa distorção harmônica e em fase com a tensão no ponto de acoplamento comum. É interessante a utilização de um sistema de rastreamento do ponto de máxima potência dos painéis, a fim de maximizar a capacidade de geração do sistema. O isolamento galvânico entre os painéis e a rede elétrica permite o aterramento dos mesmos, evitando riscos de choques elétricos em suas carcaças. Entretanto, como numa aplicação residencial, os painéis PV são geralmente instalados em locais de difícil acesso (no telhado, tipicamente), pode-se dispensar o isolamento galvânico e operar com os painéis sob um potencial diferente do terra da instalação, sem aumento no risco de acidentes, a fim de reduzir custos do sistema de conversão. Existem esforços no mundo todo na regulamentação de sistemas de processamento de energia fotovoltaica. Este é um campo muito interessante de estudo, pois atualmente são encontradas muitas divergências entre as recomendações tecidas por diferentes organismos de regulamentação. Outrossim, no Brasil ainda não existe praticamente nada relacionado a este tipo de regulamentação. As topologias relatadas apresentam as mais diversas configurações, com arranjos de várias estruturas básicas estudadas na Eletrônica de Potência. Foram abordadas as principais características, vantagens e desvantagens da utilização de cada topologia. Estas características foram reunidas, no final do capítulo, em forma de tabela, a fim de proporcionar uma melhor visão do conteúdo apresentado. Devido à grande quantidade de informação compilada, o estudo realizado facilita a seleção da topologia mais adequada a uma determinada aplicação, bem como, serve como ponto de partida para a proposição de novas topologias e soluções para o condicionamento e processamento de energia fotovoltaica. Dentro deste contexto, no próximo capítulo será apresentada uma visão geral sobre conversores multiníveis em corrente, com o objetivo de formar um arcabouço teórico para a proposição de uma nova topologia de inversor multinível em corrente aplicada a sistemas fotovoltaicos. Capítulo 3 Conversores Multiníveis em Corrente Neste capítulo são introduzidos conceitos relacionados aos chamados conversores multiníveis em corrente (MNC), apresentando suas principais características e aplicações, bem como algumas topologias de interesse, objetivando a formação de uma base teórica adequada para a idealização de novas topologias, como a proposta neste trabalho. Embora a técnica multinível tenha sido inicialmente aplicada e bem difundida de modo a produzir níveis intermediários de tensão em conversores estáticos, considerar-se-á, no desenvolvimento do texto, uma operação multinível em corrente, a fim de enfatizar a aplicação desejada. Muitos dos conceitos apresentados também se aplicam, de uma forma dual, a conversores multiníveis em tensão. Uma revisão bibliográfica cuidadosa sobre conversores multiníveis, em tensão e/ou em corrente, é encontrada em [53]. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 43 3.1 – Conceitos Fundamentais Muitas vezes, no processamento de energia, é interessante promover a distribuição da corrente total do conversor estático entre as chaves semicondutoras que o compõem, possibilitando a utilização de componentes de menor custo e melhor estabelecidos no mercado em sua construção ou, ainda, a operação em níveis de corrente maiores do que os permitidos pelo “estado-da-arte” de um determinado dispositivo semicondutor. A forma mais intuitiva de realizar esta divisão de corrente entre chaves é através da associação destes componentes em paralelo. Entretanto, esta não é uma tarefa simples, pois não consiste apenas em conectar os terminais de potência das chaves em paralelo. É necessário um projeto cuidadoso, de modo a evitar problemas muito comuns como falta de sincronismo na entrada em condução (ou no desligamento) das chaves, variações bruscas de tensão ou corrente nos dispositivos e instabilidade térmica. Como alternativa, pode-se recorrer à associação paralela de conversores estáticos ou à associação paralela de células de comutação (conceito que será definido adiante) [51]– [53]. 3.1.1 – Associação Paralela de Chaves Semicondutoras A associação convencional de chaves semicondutoras em paralelo representa a primeira alternativa para se aumentar a capacidade de condução de corrente em aplicações de altas potências. Contudo, componentes como transistores bipolares, MOSFETs, IGBTs, entre outros, possuem comportamento não-linear e seu paralelismo é uma tarefa que exige atenção especial, não sendo segura a sua realização da mesma forma feita com componentes passivos lineares, tais como resistores e capacitores. No caso do paralelismo de chaves semicondutoras a entrada em condução ou bloqueio destes componentes podem ser afetados por elementos parasitas do circuito (geralmente associados ao layout da placa de circuito impresso e aos fios e cabos) e por divergências do comportamento dinâmico destes dispositivos. Atrasos no bloqueio podem ocorrer principalmente com transistores bipolares e com IGBTs, devido ao tempo de armazenagem (storage time) e ao efeito da corrente de cauda, respectivamente. A Fig. 3.1 ilustra o que ocorre em uma associação paralela de um par de dispositivos quaisquer, 44 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente quando um componente assume toda a corrente durante o início de condução ou desligamento do par [51] e [52]. (a) (b) Fig. 3.1 – Chaveamentos com desequilíbrio de corrente em um par paralelo: (a) Entrada em condução; (b) Desligamento. Para viabilizar a associação de transistores bipolares torna-se necessário o emprego de resistores de emissor, como mostrado na Fig. 3.2. Caso estes elementos não sejam utilizados, apenas uma das chaves pode assumir permanentemente a corrente total circuito. Como a tensão de saturação coletor-emissor ( VCE , sat ) de um transistor bipolar possui coeficiente de temperatura negativo, seu valor diminui com o aumento da corrente de coletor neste dispositivo. Isto faz a chave semicondutora tornar-se um melhor caminho para a corrente no circuito. Com o aumento da corrente de coletor, ocorre um aumento da temperatura do componente. Esta realimentação determinará, por fim, uma temperatura superior à suportada pelo dispositivo semicondutor, resultando na sua destruição. Este fenômeno é conhecido como desequilíbrio térmico (thermal runaway) e pode ocorrer, também, em IGBTs de tecnologia epitaxial (punch-through, ou PT). O desequilíbrio térmico não ocorre em MOSFETs e em IGBTs de tecnologia homogênea (non-punch-through, ou NPT), que são dispositivos que apresentam coeficiente de temperatura positivo [51]. Entretanto, os problemas de layout e de divergência na Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 45 comutação das chaves são fatores que devem ser considerados [51] e [52]. Fig. 3.2 – Associação paralela de transistores bipolares usando resistores de emissor. 3.1.2 – Associação Paralela de Conversores Estáticos De forma semelhante à associação paralela de chaves semicondutoras, pode-se também realizar a associação paralela de conversores estáticos. Esta técnica consiste em repartir a corrente total de um conversor entre um número determinado de conversores menores. Em determinados casos, é possível a obtenção de níveis intermediários de corrente, sintetizando uma forma de onda composta por degraus, o que caracteriza a chamada operação multinível em corrente, que será descrita detalhadamente adiante. Uma associação de dois conversores boost em paralelo é apresentada na Fig. 3.3(a). Esta configuração foi proposta originalmente como uma forma de superar as limitações tecnológicas dos componentes e, recentemente, tem sido aplicada na correção de fator de potência de fontes chaveadas [54] – [56]. Esta técnica é denominada conversão interleaved, referente à interconexão de múltiplos conversores para os quais a freqüência de chaveamento é a mesma, mas os pulsos de comando são defasados. A técnica pode ser estendida a um número qualquer de elementos e aplicada a outros conversores CC-CC, como o conversor buck, conforme ilustra a Fig. 3.3(b) [51] e [52]. 46 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente (a) S1 S2 I/2 L2 (b) D1 D2 I/2 L1 Lf I Fig. 3.3 – Associação de conversores CC-CC em paralelo: (a) Boost; (b) Buck. Na Fig. 3.4 é apresentado um exemplo da associação paralela de inversores VSI, onde a corrente da carga é igualmente partilhada entre as chaves ativas. Esta topologia pode ser aplicada a inversores trifásicos e ser generalizada para um número (par) maior de inversores em paralelo. Uma desvantagem é a necessidade do uso de indutores acoplados, que são, geralmente, de implementação mais complexa. Exemplificando a associação paralela de inversores CSI, pode-se citar a topologia exibida na Fig. 3.5 [58], proposta com a finalidade de aumentar a capacidade de potência dos inversores CSI e viabilizar a redução do ruído e das perdas no acionamento de motores de indução. Esta topologia foi a pioneira na implementação de multiníveis em corrente [51] e [52]. Fig. 3.4 – Associação de inversores VSI em paralelo. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 47 Fig. 3.5 – Associação de inversores CSI trifásicos em paralelo. 3.1.3 – Associação Paralela de Células de Comutação Uma forma mais básica de se propor conversores com capacidade de compartilhamento de tensão ou corrente entre estruturas menores é tratá-los a partir de células de comutação. A célula de comutação, também conhecida como “chave PWM”, é uma estrutura de três terminais na qual se encerra toda a não-linearidade existente em um conversor estático [59]. Seu funcionamento é baseado na operação complementar de duas chaves eletrônicas conectadas a um ponto comum, podendo ser representada pelas duas maneiras indicadas na Fig. 3.6. Portanto, quando Sn estiver em condução, Sn' estará bloqueada, e vice-versa. Entre os terminais T1 e T2 haverá sempre uma fonte de tensão (ou laço capacitivo), enquanto o terminal comum, C , estará sempre conectado a uma fonte de corrente (ou ramo indutivo). A célula de comutação pode ser encontrada em uma grande variedade de conversores estáticos, e pode assumir diferentes configurações. Dependendo da natureza do conversor, a célula de comutação pode ser composta de chaves controladas (MOSFET, IGBT, GTO, etc.) e chaves passivas (diodos). Arranjos típicos da célula de comutação para alguns conversores estáticos típicos são exibidos na Fig. 3.7 [51] e [52]. Nos conversores CC-CC, os terminais T1 e T2 comumente recebem a denominação A (ativo) e P (passivo), respectivamente, sendo que entre os terminas P e C existirá uma chave passiva 48 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente (diodo). Na Fig. 3.8 é apresentada a identificação da célula de comutação nos seis conversores CC-CC não-isolados. (a) (b) Fig. 3.6 – A célula de comutação: (a) Representação simplificada; (b) Esquema “real”. (a) (b) (c) Fig. 3.7 – Arranjos típicos para a célula de comutação: (a) Conversor CC-CC; (b) Inversor VSI; (c) Inversor CSI O estudo de conversores estáticos utilizando o conceito da célula de comutação permite uma abordagem mais simplificada e passível de generalização, tanto sob o aspecto do número de níveis e divisão da corrente, quanto sob o ponto de vista do tipo do conversor. Dentro deste contexto, foi proposta por Braga em [51] uma estrutura genérica de divisão e de produção de níveis intermediários de corrente. Esta estrutura é denominada “Célula Multinível em Corrente” e pode ser empregada em praticamente todos os conversores estáticos. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 49 Fig. 3.8 – Identificação da célula de comutação em conversores CC-CC não isolados: (a) Buck; (b) Boost; (c) Buck-Boost; (d) Ćuk; (e) Sepic; (f) Zeta. 3.1.3.1 – A Célula Multinível em Corrente A “Célula Multinível em Corrente” [51], ou simplesmente, “Célula MNC”, permite o paralelismo eficiente de chaves semicondutoras, possibilitando o uso de dispositivos com níveis nominais de corrente inferiores ao total envolvido na aplicação, podendo viabilizar a operação em níveis de potência superiores aos permitidos pelo “estado-da-arte” [60]. Além disso, com a estratégia de chaveamento adequada é possível a síntese de formas de onda de Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 50 corrente compostas por degraus, de conteúdo harmônico reduzido. Esta característica será extremamente explorada neste trabalho. A representação genérica da Célula MNC é apresentada na Fig. 3.9. Fig. 3.9 – Célula MNC genérica. A conexão de duas ou mais Células MNC é feita através de indutores, denominados indutores de equilíbrio (também denominados indutores de divisão ou de grampeamento). De forma semelhante à célula de comutação genérica, as chaves indicadas com mesmo índice possuem funcionamento complementar. Deve existir uma fonte de tensão (ou laço capacitivo) conectada entre os terminais T1 e T2 , e o terminal C deve estar ligado a uma fonte de corrente (ou ramo indutivo). A seguir serão descritas as principais características e vantagens da operação multinível em corrente e apresentada a aplicação da Célula MNC a diversos conversores estáticos, objetivando este tipo de operação. 3.1.4 – Principais Características da Operação MNC Uma forma de onda multinível pode ser definida como aquela que possui, além dos patamares (ou níveis) máximo e mínimo, um número finito de patamares intermediários. A Fig. 3.10 traz a ilustração de algumas formas de onda multiníveis. Considera-se um conversor multinível em corrente aquele que apresenta, em alguma parte do circuito, corrente elétrica com forma de onda multinível [52]. 51 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente (a) (b) (c) Fig. 3.10 – Formas de onda multiníveis: (a) Três níveis; (b) Cinco níveis; (c) “N” níveis. Como principais atrativos da utilização da técnica multinível em corrente, pode-se citar [51] e [52]: q Divisão equânime da corrente entre chaves semicondutoras (característica associada ao paralelismo das células de comutação); q Redução da taxa de variação de corrente ( di / dt ) sobre chaves semicondutoras; q Redução da interferência eletromagnética (EMI) conduzida e irradiada; q Possibilidade de ajuste ou minimização do conteúdo harmônico de formas de onda de corrente. 3.2 – Conversores CC-CC MNC Na aplicação da célula MNC em conversores CC-CC, cada arranjo de chaves com operação complementar é composto por uma chave autocomutada e por um diodo de livre circulação (ou free-wheeling). Isto é ilustrado na Fig. 3.11, utilizando duas células MNC, para os seis conversores CC-CC não-isolados, onde os terminais T1 e T2 recebem a denominação A e P , respectivamente [61]. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 52 Fig. 3.11 – Aplicação de duas células MNC em conversores CC-CC não-isolados: (a) Buck MNC; (b) Boost MNC; (c) Buck-Boost MNC; (d) Cùk MNC; (e) Sepic MNC; (f) Zeta MNC. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 53 De acordo com a estratégia de chaveamento empregada, dois modos de operação podem ser definidos para estes conversores. Por simplicidade, pode-se tomar um caso particular, como o do buck com duas células MNC, da Fig. 3.11(a), de modo a exemplificálos. Se as chaves S1 e S2 forem acionadas com pulsos idênticos, o circuito opera em um modo de chaveamento convencional, com sua corrente de entrada, ii , variando entre dois patamares, como ilustrado na Fig. 3.12, para um caso idealizado. Com esta estratégia de chaveamento consegue-se a divisão equilibrada da corrente total do circuito entre as chaves S1 e S2 . Fig. 3.12 – Operação convencional do conversor buck com 2 células MNC (formas de onda idealizadas). Agora, acionando as chaves S1 e S2 com pulsos, de mesma largura e freqüência, porém com um certa defasagem, a corrente de entrada do conversor passa a apresentar três patamares diferentes, definindo uma operação multinível em corrente. Isto é mostrado na Fig. 3.13, também para uma situação ideal. Neste caso, também é possível obter a 54 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente divisão equânime da corrente total do circuito entre as chaves S1 e S2 . Todos os aspectos envolvidos nestes modos de operação são descritos minuciosamente em [51] e [52]. Fig. 3.13 – Operação multinível do conversor buck com 2 células MNC (formas de onda idealizadas). 55 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 3.3 – Retificadores MNC O conceito da célula MNC pode ser aplicado também a retificadores controlados. Neste caso, entre os terminais T1 e T2 deverá existir uma fonte de tensão alternada, enquanto que a saída deve possuir um filtro de corrente capaz de manter o nível e a qualidade da corrente CC, característica compatível com cargas como motores de corrente contínua. Na Fig. 3.14 é apresentado um retificador monofásico a duas células MNC [51]. Nesta estrutura a corrente de saída CC, I o , é dividida entre as chaves de forma equilibrada e a corrente de entrada, drenada da fonte de tensão, pode assumir até cinco níveis, apresentando conteúdo harmônico reduzido. Um ponto crítico deste retificador é o acionamento de suas chaves, que envolve uma lógica relativamente complexa. Fig. 3.14 – Retificador monofásico a duas células MNC. Um retificador com alto fator de potência, com operação multinível em corrente, de características semelhantes ao anterior, porém utilizando uma estrutura consideravelmente mais simples, foi proposto recentemente por Teixeira [52] e [62]. Esta topologia, apresentada na Fig. 3.15, é composta por um retificador a diodos de onda completa, em ponte, conectado em cascata com um conversor buck MNC duas células. Neste retificador, a corrente de saída também é dividida, de forma equilibrada, entre as chaves S1 e S2 , e uma corrente em até cinco níveis pode ser drenada da rede elétrica, permitindo uma operação com baixa distorção harmônica e alto fator de potência. Pela Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 56 natureza de sua composição, esta topologia foi denominada como “Retificador Buck MNC”. Devido à extrema relevância desta estrutura na concepção da nova topologia de inversor MNC proposta neste trabalho, são apresentadas, na Fig. 3.16, suas principais formas de onda, obtidas através de simulação computacional utilizando o software PSpice. Nesta simulação foram utilizados os seguintes parâmetros: L1 = 60 mH, Lo = 100 mH, R o = 5 Ω e v s = 127 2 sen(2 π 60 t ) . A freqüência de chaveamento utilizada foi 120 Hz e os pulsos de comando das chaves, com ângulos de atraso α = 12,6° e φ = 26,8° , foram ajustados de modo a sintetizar uma forma de onda cinco níveis na entrada do retificador. A definição formal destes ângulos e uma discussão sobre otimização do conteúdo harmônico de uma corrente em cinco níveis serão tecidas no Capítulo 4. A listagem desta simulação encontra-se no Apêndice A. Pode-se observar, das formas de onda da Fig. 3.16, que a corrente total da carga foi dividida, de uma forma equilibrada, entre as chaves S1 e S2 , sendo que a primeira assume a ondulação da corrente de saída. Foi obtida, para a corrente de entrada, uma THD = 16,478%, com fator de deslocamento praticamente unitário, resultando numa operação com fator de potência igual a 0,9863. É possível, ainda, a adaptação de outros conversores CC-CC além do buck na concepção de retificadores MNC de alto fator de potência. Para isso, é necessário que estes conversores apresentem entrada do tipo fonte de tensão, como é o caso do buck-boost e do zeta [63], conforme mostrado na Fig. 3.17. Fig. 3.15 – Retificador buck MNC duas células monofásico. 57 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente Fig. 3.16 – Principais formas de onda do Retificador buck MNC duas células (simulação): (a) Pulsos de comando: S1 e S2 (x1,1); (b) Corrente na chave S1; (c) Corrente na chave S2; (d) De cima para baixo: correntes nos indutores Lo e L1; (e) Corrente na entrada do retificador (traço mais grosso) e tensão de alimentação (traço mais fino, com escala reduzida em 5 vezes). (a) (b) Fig. 3.17 – Outros retificadores MNC: (a) Buck-boost; (b) Zeta. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 58 3.4 – Inversores CSI MNC Os inversores CSI possuem como entrada uma fonte de corrente CC com baixa ondulação, obtida através de uma forte filtragem de corrente, realizada por meio de indutores. Este tipo de inversor vem sendo empregado predominantemente na geração de corrente alternada com freqüência variável, para acionamento de motores de indução ou síncronos em velocidade variável. Em aplicações de alta potência, não é aconselhável utilizar modulação PWM senoidal de alta freqüência para a redução de conteúdo harmônico, devido ao aumento das perdas de chaveamento. Os inversores CSI MNC surgem como alternativa de eliminação ou minimização de harmônicos da corrente CA de saída, por utilizarem modulação com chaveamento em baixa freqüência. A aplicação da célula MNC a um inversor CSI leva ao circuito mostrado na Fig. 3.18 [51] e [64]. Esta topologia é capaz de fornecer à carga uma corrente em até cinco níveis, dividida de forma equilibrada entre suas chaves. Se forem empregados GTOs (gate turn-off thyristors) como chaves ativas, fica dispensado o uso de diodos, uma vez que os GTOs são unidirecionais em corrente. Todavia, independente da chave semicondutora utilizada, serão necessárias oito chaves autocomutadas para a implementação dos cinco níveis na corrente de saída. De forma semelhante ao retificador da Fig. 3.14, um outro ponto crítico deste tipo de topologia é a complexidade da estratégia de acionamento de suas chaves. Na Fig. 3.19 são apresentados os pulsos de comando necessários para sintetizar uma forma de onda de corrente de saída com cinco níveis. Fig. 3.18 – Inversor CSI MNC 2 células monofásico. 59 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente io Ii / 2 Ii S1 on S2 on t off off S3 S1’ S2’ S3’ S4’ t on off S4 t t on off t on off off on on t on t off off t t Fig. 3.19 – Formas de onda idealizadas do Inversor CSI MNC 2 células: Estratégia de chaveamento e forma de onda da corrente de saída. Uma nova topologia de inversor CSI MNC pode ser desenvolvida, de forma análoga, tendo como inspiração o retificador buck MNC (Fig. 3.15). Esta topologia, proposta nesse trabalho, é denominada “Inversor Boost MNC”, sendo composta por um conversor CC-CC boost, conectado em cascata a um inversor CSI monofásico. Seu circuito, utilizando duas células MNC na composição do conversor boost, é apresentado na Fig. 3.20. Esta estrutura é capaz de fornecer à carga uma corrente com até cinco níveis, empregando chaveamento em baixa freqüência. É proporcionada, também, uma divisão equânime da corrente entre as chaves componentes do conversor boost ( S1 e S2 ). São utilizadas seis chaves em sua composição, sendo que praticamente toda a lógica de síntese de uma operação MNC é concentrada nas chaves S1 e S2 , que devem ser chaves semicondutoras autocomutadas (MOSFETs ou IGBTs, por exemplo). As chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L , que compõem os dois braços do inversor de corrente, são responsáveis apenas por inverter o sentido em que a corrente circula pela carga. Caso este inversor de corrente 60 Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente esteja com sua saída conectada à rede elétrica, tiristores podem ser utilizados para sintetizar estas chaves, eliminando a necessidade do uso de diodos conectados em série com cada chave, o que simplifica ainda mais o circuito. Uma análise cuidadosa desta topologia será realizada no próximo capítulo. Fig. 3.20 – Inversor boost MNC 2 células. Através da mesma linha de raciocínio, outras topologias de inversores CSI MNC podem ser concebidas utilizando conversores CC-CC que apresentem saída do tipo fonte de tensão, como o buck-boost e o sepic. Estas topologias, utilizando duas células MNC, são sugeridas na Fig. 3.21 e podem ser objeto de estudo de futuros trabalhos seguindo a linha de pesquisa de inversores CSI MNC. (a) (b) Fig. 3.21 – Outras possibilidades de inversores CSI MNC: (a) Buck-boost; (b) Sepic. Capítulo 3- Conversores Multiníveis em Corrente 61 3.5 – Conclusões Parciais Este capítulo apresentou uma breve introdução aos conceitos relacionados aos conversores multiníveis em corrente. Foram apresentadas suas principais características e aplicações, assim como algumas topologias selecionadas, formando um arcabouço teórico suficiente para a proposição de novas estruturas com operação multinível em corrente. A divisão de corrente entre dispositivos semicondutores foi discutida em uma seqüência lógica, iniciando com o paralelismo de chaves, passando pelo paralelismo de conversores estáticos e, finalizando, com o paralelismo de células de comutação (conceito que também foi descrito neste capítulo). Assim, foi definida a célula multinível em corrente, tendo como objetivo proporcionar a divisão equilibrada da corrente total de um circuito entre as chaves que o compõem. Mediante o emprego de uma estratégia de chaveamento adequada, a célula MNC pode ser utilizada para implementar a modulação multinível em corrente. Além de proporcionar um paralelismo eficiente entre chaves semicondutoras, a operação multinível em corrente traz outros benefícios como a diminuição da taxa de variação de corrente nas chaves ( di / dt ), a diminuição da interferência eletromagnética conduzida e irradiada e a possibilidade de ajuste e/ou redução do conteúdo harmônico de formas de onda de corrente. Com a aplicação da célula multinível em corrente em conversores estáticos surgem novas famílias de conversores CC-CC, retificadores e inversores CSI, cujos circuitos foram exibidos neste capítulo. Uma atenção especial foi dedicada ao conversor CC-CC buck MNC, ao retificador buck MNC e ao inversor CSI MNC, todos com duas células MNC, pois foram utilizadas como fonte de inspiração e base para a proposição da nova topologia proposta neste trabalho. Particularmente, foram exibidos resultados de simulação para o retificador buck MNC devido à sua dualidade com esta nova topologia. O entendimento de seu funcionamento torna a apresentação da nova topologia extremamente natural. Esta nova topologia, que recebe o nome de “Inversor Boost Multinível em Corrente” é analisada detalhadamente no próximo capítulo. Adicionalmente, outras novas topologias de inversores MNC foram aqui sugeridas, baseadas nos conversores buck-boost e sepic, podendo ser exploradas em trabalhos futuros, nesta mesma linha de pesquisa. Capítulo 4 Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Este capítulo apresenta uma nova topologia de inversor multinível em corrente, designada por “Inversor Boost MNC”, e sua aplicação a sistemas fotovoltaicos conectados à rede de energia elétrica. Dependendo do número de células MNC e da estratégia de chaveamento utilizada, pode-se sintetizar uma corrente com diferentes números de níveis na saída do inversor. Entretanto, no desenvolvimento deste capítulo, será considerada uma configuração com duas células MNC, capaz de produzir até cinco níveis na corrente de saída do inversor, utilizando um número reduzido de dispositivos semicondutores. Serão explorados dois modos de operação desta topologia, empregando modulação multinível em corrente e modulação por largura de pulso senoidal multinível. Uma formalização minuciosa dos conceitos relacionados a esta topologia será exposta, trazendo a descrição dos estágios de operação do conversor e expressões matemáticas importantes no estudo e no projeto deste tipo de sistema, incluindo uma discussão sobre Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 63 as características harmônicas da corrente sintetizada pelo inversor. A simulação computacional da topologia, que confere consistência aos resultados teóricos, será apresentada para cada modo de operação. De modo a reproduzir com maior fidelidade o comportamento da topologia em sistemas fotovoltaicos, estas simulações empregarão um modelo matemático de painel PV, adequado para utilização em simulação de circuitos elétricos. Grande parte dos conceitos exibidos neste capítulo foram apresentados, de uma forma sintética, no “VII Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP’2003)” [65]. 4.1 – O Inversor Boost MNC 2 Células A idealização de uma nova topologia de inversor multinível em corrente surge com a combinação das características de um conversor CC-CC boost MNC 2 células e de um inversor CSI, conforme ilustrado na Fig. 4.1. Um inversor CSI necessita de uma fonte de corrente constante, “firme”, no seu lado CC, de modo a permitir sua operação convencional. Com suas chaves (e diodos) conduzindo alternadamente, a tensão senoidal existente entre os pontos T1 e T2 é vista como retificada em seu lado CC, ou seja, entre os pontos C + e C − (Fig. 4.1(b)). Na entrada do conversor CC-CC boost MNC também é necessária uma fonte de corrente “firme”, para garantir sua operação em modo de condução contínua, (CCM, do inglês continuous conduction mode). Já na sua saída a corrente pode ser composta por degraus, assumindo até três níveis e a tensão entre os pontos P e A é, geralmente, constante (Fig. 4.1(a)). Ao realizar a conexão destas duas topologias em cascata, ligando os pontos P e A aos pontos C + e C − , respectivamente, dá-se origem ao inversor boost MNC 2 células (Fig. 4.1(c)). Dois elementos das topologias originais são excluídos: a fonte de tensão “ Vo ” e a fonte de corrente “ I cc ”. Isso se deve ao fato de que, nesta nova topologia, o inversor CSI se comporta, no ponto de vista do conversor boost MNC, como uma fonte de tensão, cuja forma de onda é uma senóide retificada. Já o conversor boost MNC se comporta, no ponto de vista do inversor CSI, como uma fonte de corrente, só que agora composta por degraus, com forma de onda multinível. Assim é Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 64 possível, com simplicidade, o ajuste ou a minimização do conteúdo harmônico da corrente sintetizada na saída do inversor, que pode assumir até cinco níveis. C+ 2 Células MNC io P D1 Ii Vo Lb C S1 S2H S1H D2 vs Icc T1 T2 S1L vC+C- S2 A S2L vPA C_ (a) io D1 D2 P=C+ Lb C S2H S1H T1 is T2 vs Ii S1 S2 vo S1L S2L A=C_ Fig. 4.1 – Idealização do inversor boost MNC 2 células: (a) Conversor boost MNC 2 células; (b) inversor CSI; (c) inversor boost MNC 2 células. A aplicação desta nova topologia a um sistema fotovoltaico monofásico conectado à rede de energia elétrica é exibida na Fig. 4.2. A fonte de corrente, na entrada do conversor boost MNC, é composta por um arranjo de painéis fotovoltaicos conectado a um filtro indutivo, o indutor de entrada Li , que alimenta o circuito através do ponto comum da célula MNC. Adicionalmente, um capacitor, C PV , é inserido entre os painéis PV e o indutor de entrada, proporcionando um desacoplamento entre os painéis e a rede elétrica. Assim, é possível uma diminuição na ondulação (ou ripple) de tensão e, conseqüentemente, na ondulação de corrente nos terminais do arranjo fotovoltaico. O valor da capacitância deste componente pode ser reduzido com o ônus de um aumento na ondulação de tensão nos painéis. É interessante salientar que este capacitor não é necessário para o correto funcionamento da topologia, entretanto, seu uso permite uma operação mais estabilizada dos painéis PV, facilitando a implementação de um sistema de rastreamento de seus Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 65 pontos de máxima potência (sistema MPPT), capaz de otimizar o funcionamento de um sistema PV [24] e [35]. A utilização deste capacitor possibilita, caso seja necessário, desconectar os painéis PV do inversor (manutenção, por exemplo), sem a preocupação com o risco de ocorrência de sobretensões (devido à interrupção abrupta de corrente no indutor de entrada). Um diodo é inserido entre os painéis PV e o capacitor de entrada para evitar que este se descarregue sobre o arranjo fotovoltaico, o que resultaria em perda de energia. Este tipo de configuração é encontrado em várias topologias de sistema PV, como pôde ser visto no Capítulo 2. Fig. 4.2 – Sistema PV baseado no inversor boost MNC 2 células. Praticamente toda a lógica responsável pela realização de uma modulação MNC ou PWM senoidal MNC concentra-se no comando das chaves do conversor boost MNC, a saber, S1 e S 2 , que devem ser chaves autocomutadas (MOSFETs ou IGBTs, por exemplo). As chaves da ponte inversora ( S1H , S1L , S2 H e S 2L ) são responsáveis apenas pela inversão da polaridade da corrente de saída do inversor, de modo a ser injetada com a mesma fase da tensão da rede. Caso estas chaves sejam unidirecionais em corrente (tiristores, por exemplo), torna-se desnecessário o uso dos diodos conectados em série com cada chave. As altas correntes nominais admissíveis em tiristores tornam a utilização deste tipo de dispositivo muito interessante em aplicações de altas potências. Apesar da possibilidade do uso de tiristores, pode-se optar pelo uso de chaves autocomutadas, a fim de proporcionar maior flexibilidade e rapidez na desconexão entre o inversor e a rede elétrica, no caso de falta ou operação do sistema elétrico fora da faixa recomendada (tensão e freqüência) [29]. Para uma maior generalização do estudo desenvolvido neste 66 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica capítulo, considerar-se-á o uso de chaves ideais unidirecionais em corrente (cf. Fig. 4.2) ao invés de tiristores (como na Fig. 4.1), permitindo que a escolha do tipo de dispositivo semicondutor empregado no circuito seja feita de acordo com a necessidade do sistema a ser projetado. Com as estratégias de chaveamento apresentadas a seguir, a corrente proveniente dos painéis PV é dividida de forma equilibrada entre as chaves do conversor boost MNC, permitindo o uso de chaves semicondutoras de corrente nominal reduzida. Mais ainda, como essas estratégias de chaveamento empregam freqüências de comutação relativamente baixas, podem ser utilizados componentes mais lentos, como IGBTs de primeira geração. Essas características permitem, também, o emprego de componentes mais consolidados no mercado, muitas vezes produzidos em larga escala, cujo custo geralmente é reduzido. 4.2 – Operação com Modulação Multinível em Corrente O objetivo da operação multinível em corrente é, além de propiciar uma divisão equilibrada da corrente total entre as chaves do conversor boost MNC, sintetizar uma forma de onda multinível na corrente injetada na rede, por meio de chaveamento em baixa freqüência, possibilitando o ajuste de seu conteúdo harmônico. De acordo com a estratégia de chaveamento adotada pode-se operar com uma corrente de saída em três ou cinco níveis2. Em ambos os casos, a freqüência de chaveamento das chaves do conversor boost MNC, f s , é igual à freqüência fundamental da tensão v o , que é a tensão da rede retificada. Assim, fs = 2 f , (4.1) onde f é a freqüência de oscilação da tensão da rede elétrica. Não se considera aqui o caso da operação com corrente de saída em dois níveis, onde as chaves do conversor boost MNC ficariam sempre bloqueadas, fazendo desnecessário o uso deste conversor. Neste caso, 2 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 67 Escrevendo em termos de período, Ts = T , 2 (4.2) com T = 1 / f . Na composição de uma forma de onda são definidos alguns pontos, onde ocorrem as transições de um nível para outro. Por conveniência, a referência a estes pontos é muitas vezes feita por meio de ângulos elétricos, ao invés de instantes de tempo. Essa abordagem é muito utilizada em retificadores controlados (ângulo de disparo) e inversores comutados pela linha (ângulo de extinção). Deste modo, toda a análise da operação com modulação multinível em corrente será desenvolvida utilizando uma abordagem angular, com θ = ω t , ao invés da escala de tempo, t . Algumas vezes pode ser necessária a conversão entre esses dois sistemas, que pode ser realizada através da seguinte transformação: θ ∆ t θ = Ts , π (4.3) onde ∆ tθ corresponde ao intervalo de tempo, em segundos, relacionado com o ângulo θ , dado em radianos. Deste modo, um período de oscilação da tensão da rede equivale a 2 π rad. Por exemplo, para f = 60 Hz , tem-se Ts ≈ 8,33 ms . Assim, ∆ tθ = θ ⋅ 8,33 ⋅ 10 − 3 ≈ 2 ,65 ⋅ 10 − 3 ⋅ θ . π (4.4) 4.2.1 – Estratégia Três Níveis Se o mesmo sinal é utilizado no comando das chaves S1 e S 2 , a corrente sintetizada pelo inversor possui forma de onda com três níveis. A Fig. 4.3 mostra os pulsos de comando aplicados a todas as chaves para este tipo de operação e a forma de onda de corrente, ideal, sintetizada na saída do inversor. Pode-se observar que a lógica de acionamento das chaves S1 e S 2 é inversa, ou seja, a corrente é injetada na rede quando a operação seria idêntica a de um inversor comutado pela linha (LCI). Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 68 essas chaves estão bloqueadas. Com esta estratégia de chaveamento é alcançada uma divisão equilibrada da corrente total entre as chaves S1 e S 2 e entre os diodos D1 e D2 . O objetivo da apresentação deste modo de operação é puramente didático, visto que a síntese de uma forma de onda de corrente com três níveis é possível com um inversor CSI convencional, tornando desnecessária a utilização do conversor boost MNC neste caso. Assim a operação em três níveis não é almejada neste trabalho, mas sim a operação em cinco níveis. Fig. 4.3 – Estratégia de comando para operação em três níveis. 4.2.2 – Estratégia Cinco Níveis A síntese de uma forma de onda de corrente com cinco níveis na saída do inversor é obtida com a estratégia de chaveamento ilustrada na Fig. 4.4. Neste caso, as chaves S1 e S 2 são acionadas com pulsos de mesma duração, porém defasados de um ângulo φ . Novamente pode-se observar a lógica inversa do comando destas chaves. A forma de Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 69 onda da corrente de saída apresentada nesta figura é idealizada, caso onde o ramo de entrada do circuito e o indutor de equilíbrio, Lb , são considerados como fontes de corrente ideais. Fig. 4.4 – Estratégia de comando para operação em cinco níveis. De modo a garantir uma operação em cinco níveis e a divisão equilibrada da corrente entre as chaves do conversor boost MNC, os indutores de entrada e de equilíbrio devem operar em modo de condução contínua. A ondulação da corrente nestes elementos deve ser relativamente baixa para não desfigurar a forma de onda multinível, comprometendo o seu conteúdo harmônico e a divisão equilibrada da corrente total do circuito entre as chaves S1 e S 2 . Para realizar o dimensionamento destes indutores, bem como das chaves semicondutoras, é necessário o estudo dos estágios de operação da topologia, desenvolvendo expressões matemáticas que representem o comportamento do circuito. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 70 4.2.3 – Análise Matemática Expressões matemáticas que relacionam as grandezas elétricas de um circuito podem ser obtidas de uma forma simplificada através da consideração de algumas condições idealizadas. Assim, na análise matemática do inversor boost MNC 2 células, serão feitas algumas considerações, aproveitando também as características de simetria existentes no funcionamento da topologia. Primeiramente, considera-se que o sistema esteja operando em regime permanente pulsado, modo de condução contínua (CCM), utilizando componentes ideais e uma ondulação desprezível na corrente dos indutores. Pode-se considerar que o circuito está sendo alimentado por uma fonte de tensão constante ideal (com impedância de saída nula), referida como Vi no circuito equivalente da Fig. 4.5. Esta aproximação é perfeitamente aceitável e justificável, visto que o capacitor de entrada, C PV , deve ser um elemento capaz de armazenar energia suficiente para realizar o desacoplamento entre a tensão dos painéis PV e a tensão da rede elétrica, tendo características semelhantes a de uma fonte de tensão real. A análise pode ser realizada do ponto de vista do conversor CC-CC boost MNC, devido à simetria de sua operação em relação aos semiciclos da tensão da rede elétrica, permitindo a definição dos estágios de operação da topologia para apenas um destes semiciclos, conforme ilustrado na Fig. 4.6. Adicionalmente, a fonte de tensão senoidal (que representa a rede elétrica) pode ser “refletida” para o lado CC do sistema, passando a ser representada como uma fonte de tensão senoidal retificada ideal (com impedância de saída nula), referida como v o no circuito equivalente da Fig. 4.5, onde as chaves que compõem a ponte inversora foram consideradas autocomutadas e unidirecionais em corrente. Sendo V o valor eficaz da tensão da rede elétrica e ω = 2 π f sua freqüência angular, tem-se: v o ( t ) = 2 V sen ( ωt ) . (4.5) Finalmente, considera-se que as correntes que fluem através do indutor de entrada, Li , e do indutor de equilíbrio, Lb , são iguais a I e I / 2 , respectivamente. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 71 Fig. 4.5 – Circuito equivalente do inversor boost MNC 2 células. Fig. 4.6 – Divisão dos estágios de operação do inversor boost MNC 2 células. Do circuito da Fig. 4.5 podem ser extraídas, com a simples aplicação das leis de Kirchhoff, algumas relações que são muito úteis para a descrição do funcionamento do sistema, a saber: tensão nos indutores (de entrada e de equilíbrio) e corrente de saída. Com o conhecimento das tensões nos indutores é possível obter, de forma simples, expressões matemáticas para a realização do dimensionamento destes componentes, o que será apresentado mais adiante. Essas relações são válidas para todos os estágios de operação do sistema e são apresentadas pelas equações (4.6), (4.7) e (4.8), respectivamente. v Li = Vi − vS1 (4.6) v Lb = vS1 − vS 2 (4.7) 72 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica i o = i D1 + iD2 (4.8) Os estágios de operação, conforme descritos na Fig. 4.6, são analisados a seguir. ESTÁGIO I q S1 e S 2 em condução; q Início: θ = 0 ; Término: θ = α ; q Duração: ∆θ = α . Neste estágio, com as chaves S1 e S 2 em estado de condução, a tensão senoidal retificada, da fonte v o , polariza reversamente os diodos D1 e D2 . Assim a corrente na saída do conversor boost MNC é nula. O circuito equivalente para o estágio I é apresentado na Fig. 4.7. A Tabela 4.1 traz os valores das principais tensões e correntes do circuito neste estágio. Estes valores serão muito importantes para a obtenção das formas de onda teóricas do sistema. Fig. 4.7 – Circuito equivalente para o estágio I. Tabela 4.1 – Valores das principais tensões e correntes do circuito (estágio I). vS1 = 0 iS1 = 2I iD1 = 0 vS 2 = 0 iS 2 = 2I iD2 = 0 v Li = Vi v Lb = 0 io = 0 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 73 ESTÁGIO II q S1 bloqueada e S 2 em condução; q Início: θ = α ; Término: θ = α + φ ; q Duração: ∆θ = φ . Quando a chave S1 é bloqueada, o diodo D1 entra em livre circulação (ou freewheeling), conduzindo metade da corrente do indutor de entrada. A tensão na chave S1 passa a ser igual à tensão senoidal retificada da fonte v o . Como a chave S 2 continua em condução, o diodo D2 permanece reversamente polarizado. Assim, a corrente na saída do conversor boost MNC é igual a I /2. Durante este estágio, a tensão da fonte v o aparece sobre o indutor de equilíbrio. Deste modo, a tensão sobre este elemento varia de 2 V sen (α ) a 2 V sen(α + φ) neste intervalo. O circuito equivalente para o estágio II é mostrado na Fig. 4.8 e os valores das principais tensões e correntes do circuito são apresentados na Tabela 4.2. Fig. 4.8 – Circuito equivalente para o estágio II. Tabela 4.2 – Valores das principais tensões e correntes do circuito (estágio II). vS1 = v o iS1 = 0 iD1 = 2I vS 2 = 0 iS 2 = 2I iD2 = 0 v Li = Vi − vo v Lb = v o i o = 2I Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 74 ESTÁGIO III q S1 e S 2 bloqueadas; q Início: θ = α + φ ; Término: θ = π − α − φ ; q Duração: ∆θ = π − ( 2α + 2 φ) . Com o bloqueio da chave S 2 , o diodo D2 fica em série com o indutor de equilíbrio e entra em livre circulação. Neste estágio, o diodo D1 também se encontra conduzindo em livre circulação, pois S1 continua bloqueada. Assim, a corrente de saída assume seu valor máximo, ou seja, I . A tensão sobre ambas as chaves é igual à tensão da fonte v o , que atinge seu valor máximo, igual a 2 V , valor de pico da tensão da rede, em θ = π / 2 . Neste instante a tensão sobre o indutor de entrada assume seu valor mínimo, que é igual a Vi − 2 V . A Fig. 4.9 mostra o circuito equivalente para o estágio III e os valores de suas principais tensões e correntes são apresentados na Tabela 4.3. Fig. 4.9 – Circuito equivalente para o estágio III. Tabela 4.3 – Valores das principais tensões e correntes do circuito (estágio III). vS1 = v o iS1 = 0 iD1 = 2I vS 2 = v o iS 2 = 0 iD2 = 2I v Li = Vi − vo v Lb = 0 io = I Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 75 ESTÁGIO IV q S1 em condução e S 2 bloqueada; q Início: θ = π − α − φ ; Término: θ = π − α ; q Duração: ∆θ = φ . Neste estágio, a chave S1 entra em condução e assume a corrente que fluía através do diodo D1 (que se encontra reversamente polarizado pela tensão da fonte v o ). Como a chave S 2 continua bloqueada, o diodo D2 permanece conectado em série com o indutor de equilíbrio, continuando em livre circulação. Deste modo, a corrente na saída do conversor boost MNC é igual a I /2. A tensão sobre o indutor de equilíbrio tem o comportamento simétrico ao seu comportamento durante o estágio II, ou seja, varia de − 2 V sen(α + φ) a − 2 V sen(α ) . O circuito equivalente para o estágio IV é mostrado na Fig. 4.10 e os valores das principais tensões e correntes do circuito são apresentados na Tabela 4.4. Fig. 4.10 – Circuito equivalente para o estágio IV. Tabela 4.4 – Valores das principais tensões e correntes do circuito (estágio IV). vS1 = 0 iS1 = 2I iD1 = 0 vS 2 = v o iS 2 = 0 iD2 = 2I v Li = Vi v Lb = − vo i o = 2I 76 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica ESTÁGIO V q S1 e S 2 em condução; q Início: θ = π − α ; Término: θ = π ; q Duração: ∆θ = α . Quando S 2 é acionada novamente, ela passa a assumir toda a corrente que fluía através do diodo D2 . Como S1 também está em condução, a corrente de saída passa a ser nula. Este estágio de operação é idêntico ao estágio I, sendo representado pelo mesmo circuito equivalente, mostrado na Fig. 4.7. Os valores das principais tensões e correntes são os mesmos apresentados na Tabela 4.4. Do ponto de vista do conversor CC-CC boost MNC, acionando as chaves da ponte inversora da forma exibida na Fig. 4.4, não há diferença entre os semiciclos positivo e negativo da tensão da rede. Deste modo, estes estágios de operação se repetem, de forma idêntica, no semiciclo negativo da tensão da rede. Conhecendo o comportamento do circuito em cada estágio de operação, é possível esboçar as formas de onda idealizadas de suas das principais tensões e correntes, conforme mostra a Fig. 4.11. Mantendo as chaves S1H e S 2L acionadas durante o semiciclo positivo da tensão da rede elétrica e as chaves S2 H e S1L durante o semiciclo negativo, obtém-se uma corrente em cinco níveis, em fase com a tensão, na saída do inversor. As formas de onda do sistema, do ponto de vista da ponte inversora, são apresentadas na Fig. 4.12. Com o conhecimento das formas de onda das principais tensões e corrente do sistema é possível desenvolver expressões matemáticas importantes para o dimensionamento dos componentes do inversor boost MNC e definição de sua operação, o que será exposto nas seções a seguir. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 77 Fig. 4.11 – Formas de onda idealizadas das principais tensões e correntes do inversor boost MNC 2 células. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Fig. 4.12 – Principais formas de onda (ponto de vista da ponte inversora). 78 79 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 4.2.3.1 – Limiar de Inversão Define-se como limiar de inversão o menor valor da tensão de entrada, Vi , necessário para que o sistema opere como um inversor, injetando energia na rede elétrica. Este parâmetro influi diretamente no dimensionamento de um sistema fotovoltaico, pois define quantos painéis PV deverão ser conectados em série de modo a garantir a operação correta do sistema. Considere o circuito da Fig. 4.13(a), onde é mostrada a etapa de entrada do inversor boost MNC duas células. Para que o sistema seja capaz de operar como um inversor é necessário haver fluxo de corrente entrando no nó C (ponto comum da célula MNC), ou seja, a corrente ii deve fluir da fonte Vi para o indutor Li . Li rLi D1 ii Ii rLi C Vi VLi S1 vS1 Vi (a) VS1 (b) Fig. 4.13 – Etapa de entrada do inversor boost MNC: (a) Circuito real; (b) Circuito equivalente CC. O limiar de inversão pode ser determinado pela análise do circuito equivalente CC da etapa de entrada do inversor boost MNC, exibido na Fig. 4.13(b). Neste caso, a resistência série dos fios do indutor de entrada, designada por rLi , deve ser levada em consideração, de modo a evitar a violação da lei das tensões de Kirchhoff. Isto se deve ao fato de um indutor comportar-se como um curto-circuito em CC, o que implicaria na conexão de duas fontes de tensão, de valores diferentes, em paralelo. Com efeito, esta resistência, é responsável pela limitação e, portanto, pela definição do valor da corrente de entrada do sistema, dados a tensão de entrada e o valor médio da tensão na chave S1 ( VS1 ). Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff no circuito da Fig. 4.13(b), tem-se: 80 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Vi = rLi ⋅ I i + VS1 , (4.9) V − VS 1 Ii = i . rLi (4.10) ou De (4.10) pode-se observar que a corrente no indutor Li fluirá no sentido desejado, ou seja, será positiva, quando: Vi > VS1 . (4.11) O valor médio da tensão na chave S1 pode ser facilmente calculado, já que sua forma de onda é conhecida e de simples representação matemática. Esta forma de onda foi exibida na Fig. 4.11 e é repetida na Fig. 4.14, sendo expressa, em um período de chaveamento, por: 0 ; 0 ≤ θ < α ou π − α − φ ≤ θ < π ; vS 1 (θ ) = 2 V sen (θ ); α ≤ θ < π − α − φ. (4.12) Fig. 4.14 – Forma de onda da tensão na chave S1 . Deste modo, VS 1 = 2V 1 π 1 π− a−φ vS 1 (θ ) dθ = ∫ 2 V sen (θ ) dθ = [cos (α ) − cos (π − α − φ)] . ∫ π 0 π α π Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 81 Logo, VS 1 = 2V [cos (α ) + cos (α + φ)]. π (4.13) De (4.11) e (4.13) conclui-se que, para o sistema se comportar como um inversor, deve-se ter: Vi > 2V [cos (α ) + cos (α + φ)] . π (4.14) Com o conhecimento da tensão de entrada, da resistência série do indutor Li e dos ângulos α e φ , pode-se calcular o valor da corrente do patamar superior da forma de onda multinível, I . De (4.10) e (4.13), I= Vi − 2V [cos (α ) + cos (α + φ)] π rLi (4.15) 4.2.3.2 – Dimensionamento dos Indutores Na análise desenvolvida até aqui, sempre foi considerado que os indutores de entrada e de equilíbrio se comportam como fontes de corrente CC ideais, ou seja, sem ondulação de corrente. Entretanto, tratando-se de elementos reais, sempre haverá alguma ondulação de corrente, oriunda dos processos de carga e descarga destes elementos durante os estágios de operação do circuito. Quanto maior o valor de cada indutor, menor será a ondulação de corrente e as formas de onda se aproximarão de formas de onda ideais. Porém, a obtenção de indutores com altos valores de indutância esbarra em limitações tecnológicas atuais. Fatores como volume, peso e custo podem tornar inviável a realização de um projeto. Portanto, deve-se admitir uma certa ondulação que não degrade a operação multinível em corrente e possibilite a utilização de indutores que tornem viável a implementação do projeto. Assim, o dimensionamento dos indutores de entrada e de equilíbrio constitui parte importante no projeto do inversor boost MNC. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 82 4.2.3.2.1 – Indutor de Entrada Sabe-se que a tensão e a corrente no indutor de entrada se relacionam por v Li = Li di i . dt (4.16) Esta expressão pode ser linearizada, simplificando os cálculos, sem introduzir grandes erros no dimensionamento deste indutor. Considerando que a corrente no indutor de entrada varie linearmente, conforme mostra a Fig. 4.15, pode-se escrever VLi ≈ Li ∆ ii , ∆t (4.17) onde ∆ ii é a máxima ondulação de corrente admitida no indutor de entrada. O parâmetro ∆ t é uma função dos ângulos elétricos α e φ e representa o intervalo de tempo em que ocorre essa ondulação de corrente (dado em segundos). VLi é o valor médio da tensão sobre o indutor de entrada durante o intervalo de tempo ∆ t . Fig. 4.15 – Tensão e corrente (linearizada) no indutor de entrada. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 83 Rearranjando (4.17) tem-se: V Li = Li ∆t . ∆ ii (4.18) Da Fig. 4.15 pode-se observar que, no intervalo entre θ = π − α − φ e θ = π + α , a corrente no indutor de entrada possui uma variação igual a ∆ ii . Observa-se, também, que a tensão sobre Li é constante e igual à tensão de entrada, Vi , durante este intervalo. Assim, Li = Vi (π + α ) − (π − α − φ) Vi 2α + φ ⋅ = ⋅ . ω ∆i i ω ∆ii Portanto, V (2 α + φ) . Li = i 2 π f ∆i i (4.19) A ondulação de corrente pode ser expresso em porcentagem da corrente CC no indutor de entrada, ou seja, ∆ ii % = ∆ ii ⋅ 100 . I (4.20) A partir de (4.20), pode-se reescrever (4.19) como: V (2 α + φ ) Li = 50 ⋅ i . π f I ∆i i % (4.21) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 84 4.2.3.2.2 – Indutor de Equilíbrio A expressão utilizada para dimensionar o indutor de equilíbrio pode ser obtida de forma análoga à adotada para o indutor de entrada. Adaptando (4.18), tem-se: V Lb = Lb ∆t . ∆ ib (4.22) Neste caso, a corrente no indutor de equilíbrio tem uma variação de ∆ ib entre α e α + φ , o que pode ser visto na Fig. 4.16. Deste modo o intervalo de tempo ∆ t é igual a φ/ ω . O valor da tensão média em Lb neste intervalo é dado por: VLb = 1 α+φ 1 α+φ ( θ ) θ = v d 2 V sen (θ ) dθ Lb φ ∫α φ ∫α VLb = 2V [cos (α ) − cos (α + φ)] φ (4.23) Fig. 4.16 – Tensão e corrente (linearizada) no indutor de equilíbrio. Assim, pode-se escrever (4.22) como: Lb = 2V [cos (α ) − cos (α + φ)]⋅ φ = 2 V [cos (α ) − cos (α + φ)]. φ ⋅ ∆ ib ω 2 π f ∆ ib (4.24) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 85 Neste caso também se pode expressar a ondulação de corrente em porcentagem da corrente CC neste indutor. Assim, ∆ ib % = ∆ ib ⋅ 100 . I /2 (4.25) A partir de (4.25), pode-se reescrever (4.24) como: Lb = 100 2 V π ⋅ f ⋅ I ⋅ ∆ ib [cos (α ) − cos (α + φ)]. (4.26) % 4.2.3.3 – Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores A seleção de chaves semicondutoras e diodos é realizada de modo a conciliar as características elétricas requeridas pelo sistema às características elétricas suportadas por estes dispositivos. A especificação das chaves semicondutoras, dependendo da tecnologia empregada, é baseada nos valores médio e de pico, ou nos valores eficaz (rms, do inglês root mean square) e de pico, de corrente que este dispositivo é capaz de conduzir. Leva-se em consideração, também, a tensão máxima que a chave suporta quando está em estado de bloqueio. A faixa de freqüência de operação do dispositivo é também outro fator importante. Quanto à seleção do tipo de chave semicondutora a ser empregada, considerase a discussão da seção 4.1. Já para os diodos, o projeto é feito com base nos valores médio e de pico de corrente e na máxima tensão reversa suportados pelo dispositivo. Deve-se observar, também, a faixa de freqüência na qual o componente é capaz de operar. É interessante salientar que, no caso da operação com modulação MNC, com chaveamento em baixa freqüência, é possível a utilização de dispositivos “lentos”, como IGBTs de primeira geração e diodos retificadores, que são componentes de mais baixo custo. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 86 4.2.3.3.1 – Chaves Semicondutoras Como pode ser observado na Fig. 4.11, para um caso idealizado, as correntes nas chaves S1 e S2 possuem formas de onda defasadas no tempo, porém idênticas. Isso permite que a análise e as expressões desenvolvidas para a chave S1 também possam ser aplicadas para a chave S2 . Cabe ressaltar que, numa situação real, essas formas de onda não são idênticas, pois cada chave assume a ondulação de corrente do indutor conectado ao ponto comum de sua respectiva célula de comutação, o que faz com que seus valores de pico sejam diferentes. No entanto, pode-se considerar a análise baseada numa situação ideal válida, pois a divergência entre as formas de onda de corrente das chaves de um conversor MNC geralmente é discreta, com seus valores médios iguais. O mesmo se aplica para valores rms. Além disso, é muito comum a especificação de chaves com capacidade de corrente ligeiramente superior à exigida em um determinado projeto, de modo a aumentar sua confiabilidade. De acordo com o exposto, as expressões desenvolvidas para S1 , com base em suas formas de onda de tensão e de corrente idealizadas (Fig. 4.17) serão consideradas válidas também para S2 . Fig. 4.17 – Formas de onda de tensão e corrente idealizadas para S1 . Na Fig. 4.17 pode-se observar que a maior tensão que S1 deve ser capaz de suportar quando está bloqueada é igual a 2 V , valor de pico da tensão senoidal da rede elétrica. O valor médio da corrente em S1 pode ser calculado por: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica IS1 = 1 π π ∫0 i S 1 ( θ ) dθ = (2 α + φ ) 2π I. 87 (4.27) Já o valor eficaz da corrente nesta chave é dado por: I S 1 ( rms ) = 1 π π ∫0 [i S 1 ( θ )] 2 dθ = I 2 ⋅ 2α + φ . (4.28) π As chaves da ponte inversora ( S1H , S1L , S2 H e S 2L ) são percorridas por correntes com formas de onda idênticas, com defasagem de π rad para chaves de um mesmo braço, como pode ser visto na Fig. 4.12. Esta afirmação é válida tanto para um caso ideal quanto para um caso real. Deste modo, todas as chaves podem ser especificadas utilizando as expressões desenvolvidas para a chave S1H , cujas formas de onda de tensão e corrente idealizadas são mostradas na Fig. 4.18. Fig. 4.18 – Formas de onda de tensão e corrente idealizadas para S1H . As chaves da ponte inversora devem ser capazes de suportar, quando bloqueadas, ao valor de pico da tensão da rede elétrica, ou seja, S1H é dado por: 2 V . O valor médio da corrente em Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica I S 1H = 88 π−α−φ π− α I 1 2π 1 α+φ I iS 1H (θ) dθ = ∫α 2 dθ + ∫α + φ I dθ + ∫π − α − φ 2 dθ . (4.29) ∫ 0 2π 2π Cuja solução resulta em: I S1 H = I (π − 2 α − φ ) . 2π (4.30) O valor eficaz da corrente em S1H é calculado por: I S1H (rms ) = 2 π−α−φ 2 π−α I 2 1 2π 1 α+φ I 2 [ ( ) ] i θ d θ = d θ + I d θ + d θ S 1 H ∫α + φ ∫π − α −φ 4 4 2 π ∫α 2 π ∫0 (4.31) Cuja solução é dada por: I S 1H (rms ) = I 2 2 π − 4α − 3 φ . π (4.32) 4.2.3.3.2 – Diodos Uma metodologia análoga à utilizada para as chaves pode ser adotada para determinar a corrente média e a tensão reversa em cada diodo do circuito. As características dos diodos do conversor boost MNC podem ser determinadas a partir da análise das formas de onda da Fig. 4.19. As considerações apresentadas para D1 são válidas, também, para D2 . Do circuito da Fig. 4.5, pela lei das tensões de Kirchhoff, pode-se escrever: v D1 = vS 1 − v o (4.33) O pico da tensão reversa sobre o diodo D1 ocorre em θ = π − α − φ . Neste ângulo elétrico ocorre a transição do estágio III para o estágio IV. Assim, a tensão sobre 89 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica S1 é nula (está em condução) e v o = 2 V sen (α + φ ) . Com estes valores e, a partir de (4.33), conclui-se que o diodo D1 deve ser capaz de suportar uma tensão reversa igual a 2 V sen (α + φ ) . Fig. 4.19 – Tensões e corrente idealizadas utilizadas para determinar as expressões de dimensionamento dos diodos D1 e D2 . A corrente média em D1 é dada por: I D1 = 1 π π 1 π − α −φ I ∫0 i D 1 ( θ ) dθ = ∫α π 2 dθ = (π − 2 α − φ ) 2π I. (4.34) No caso do uso de diodos, conectados em série com S1H , S1L , S2 H e S 2L , na implementação das chaves unidirecionais em corrente na ponte inversora, estes podem ser Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 90 dimensionados pela corrente média dada por (4.30). Como estes diodos são conectados diretamente à rede elétrica, devem ser capazes de suportar o valor de pico da tensão CA, igual 2 V , quando polarizados reversamente. 4.2.3.4 – Minimização do Conteúdo Harmônico A forma de onda de corrente sintetizada pelo inversor boost MNC pode ser formada por até cinco diferentes níveis (ou patamares), definidos pelos ângulos α e φ , como pode ser visto na Fig. 4.20. Estes patamares são − I , − I / 2 , 0, I / 2 e I . Os ângulos α e γ = α + φ são denominados ângulos de transição. De acordo com os valores atribuídos a estes ângulos, a “aparência” da forma de onda cinco níveis é alterada. Isto significa que as características harmônicas e o valor eficaz da forma de onda também variam. Assim, com a escolha dos ângulos de transição convenientes, pode-se ajustar o conteúdo harmônico para que se enquadre dentro de certas características desejadas. Podese, por exemplo, eliminar uma determinada componente harmônica da corrente ou minimizar a sua distorção harmônica [51] e [52]. No caso em questão deseja-se minimizar o conteúdo harmônico da corrente injetada na rede, o que permite maximizar o fator de potência do sistema fotovoltaico. Fig. 4.20 – Forma de onda cinco níveis e seus ângulos de transição. A figura de mérito utilizada para quantizar a distorção harmônica de uma forma de onda é a taxa de distorção harmônica3 (ou distorção harmônica total, THD, do inglês total harmonic distortion) [66]. Para a forma de onda da Fig. 4.20 tem-se: 3 Vj. definições apresentadas no Apêndice B. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica THD = I S2 ( rms ) I 12 ( rms ) 91 (4.35) −1, onde I s (rms ) é o valor eficaz da forma de onda de corrente cinco níveis e I 1 ( rms ) é o valor eficaz de sua componente fundamental. Para a minimização da THD da corrente sintetizada pelo sistema é necessário expressar (4.35) em função dos ângulos α e φ . A simetria da forma de corrente da Fig. 4.20 simplifica consideravelmente o cálculo de seu valor eficaz: I s ( rms ) = π 1 2π 2 1 2 2 i d 4 is (θ ) dθ = ( ) θ θ = ⋅ s ∫ ∫ 0 0 2π 2π () () π 2 2 γ I 2 2 I d dθ , θ + ∫ ∫ γ 2 π α 2 (4.36) que resulta em: I s ( rms ) = I 1 ⋅ (2 π − α − 3γ ) . 2π (4.37) Com γ = α + φ , (4.37) pode ser reescrita como I s ( rms ) = I 1 ⋅ (2 π − 4α − 3φ) . 2π (4.38) O valor eficaz da componente fundamental da corrente da Fig. 4.20 pode ser obtido através da expansão de is em série de Fourier. Embora, para a otimização do conteúdo harmônico de is , seja necessário desenvolver apenas o primeiro termo de sua série de Fourier, apresenta-se aqui o desenvolvimento do termo geral da série, que pode ser muito útil em trabalhos futuros. Deste modo, a série de Fourier da corrente is é dada por: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica ∞ a0 is (θ ) = + ∑ [a h cos (hθ) + bh sen (hθ)], 2 h =1 92 (4.39) onde, ah = 1 2π is (θ) cos (θ) dθ , π ∫0 (4.40) ( h = 0 ,1, 2 ,... ) e bh = 1 2π i s (θ ) sen (θ ) dθ , π ∫0 (4.41) ( h = 1,2 ,3 ,... ) O valor eficaz da h -ésima componente harmônica de is é dado por: I h (rms ) = a h2 + b h2 2 (4.42) A forma de onda de is possui simetria ímpar, quarto de onda [66]. Assim, (4.40) e (4.41) podem ser reescritas como (4.43) e (4.44), respectivamente. ah = 0 (4.43) 4 π2 i (θ ) sen (θ ) dθ; h ímpar bh = π ∫0 s 0 ; h par (4.44) e Desenvolvendo (4.44) para h ímpar, tem-se: bh = π 4 γI 2I 2 sen ( h θ ) d θ + I sen ( h θ ) d θ = π h [cos (hα ) + cos (hγ )] ∫ ∫ γ π α2 (4.45) Como γ = α + φ , tem-se bh = 2I {cos (hα ) + cos [h (α + φ)]}. πh ( h = 1,3, 5,... ) (4.46) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 93 Substituindo (4.43) e (4.46) em (4.42) chega-se a: I h (rms )= 2 I {cos (hα ) + cos [h (α + φ)]}. πh (4.47) ( h = 1,3, 5,... ) O valor eficaz da componente fundamental de is pode ser obtido através de (4.47), para h = 1 . Logo, I 1 (rms )= 2 I [cos (α ) + cos (α + φ)] . π (4.48) Com a substituição de (4.38) e (4.48) em (4.35), obtém-se a expressão exata para cálculo da THD da forma de onda de corrente da Fig. 4.20: THD = π (2 π − 4α − 3φ ) 4 [cos (α ) + cos (α + φ )]2 −1 . (4.49) A partir de (4.49) pode-se determinar os ângulos α e φ ótimos, que levam a uma THD mínima. A minimização de (4.49) é uma tarefa árdua, se realizada analiticamente. No entanto, uma solução numérica pode ser obtida de forma simples, utilizando o algoritmo apresentado na Fig. 4.21, de forma semelhante à abordagem empregada em [52]. Neste algoritmo, é mais conveniente utilizar os ângulos de transição, substituindo α + φ por γ . Assim, (4.49) pode ser reescrita como: THD = π (2 π − α − 3 γ ) 4 [cos (α ) + cos ( γ )]2 −1 . (4.50) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 94 α=0 α otim = 0 γ=0 γ otim = 0 THDotim = 100 ∆ θ = 0 ,0001 rad α≥ THD = π ? 2 π (2 π − α − 3γ ) 4 [cos (α ) + cos (γ )]2 φ otim = γ otim − α otim α otim φ otim THDotim −1 α otim = α THD < THDotim ? γ = γ +∆θ γ≥ γ otim = γ THDotim = THD π −α ? 2 α = α + ∆θ Fig. 4.21 – Algoritmo para determinação dos ângulos α e φ ótimos. Com o objetivo de determinar os ângulos ótimos com precisão de centésimos de grau, utilizou-se um passo de cálculo ∆ θ = 0 ,0001 rad no processamento do algoritmo da Fig. 4.21. Os valores ótimos obtidos são apresentados na Tabela 4.5. 95 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Tabela 4.5 – Otimização do conteúdo harmônico de uma forma de onda cinco níveis. α otim 12,85° φ otim 28,99° THD otim 16,421% Cabe ressaltar que estes valores se referem a uma forma de onda ideal. Em um caso real, existe uma certa ondulação de corrente, que aparece em cada patamar devido à ondulação de corrente nos indutores do circuito. Considerando que o projeto seja desenvolvido de modo a garantir uma ondulação aceitável na corrente destes elementos, estes resultados são uma boa aproximação de uma situação real. Ainda em um caso real, a transição de um nível para outro ocorre de modo menos abrupto, devido às características da chave semicondutora utilizada e das indutâncias parasitas do circuito. Isto permite obter uma taxa de distorção harmônica ligeiramente menor que a calculada teoricamente. Em [52] a THD obtida experimentalmente foi igual a 15,29%, para α = 12 ,6° e φ = 26 ,8° . A partir de (4.48), considerando que o fator de deslocamento na operação com modulação MNC é unitário e com v s = 2 V sen (2 π f t ) , pode-se determinar a potência ativa injetada na rede, Po : Po = 2V I [cos (α ) + cos (α + φ)] . π (4.51) 4.2.4 – Simulação do Inversor Boost MNC A validação dos conceitos descritos até aqui pode ser realizada por meio da simulação computacional da topologia proposta. O circuito da Fig. 4.2 foi modelado e simulado utilizando o software PSpice. A modelagem dos painéis fotovoltaicos, a seleção dos componentes do circuito e formas de onda simuladas são apresentada nesta seção. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 96 4.2.4.1 – Modelo dos Painéis Fotovoltaicos A fim de obter maior fidelidade na simulação computacional da aplicação do inversor boost MNC a sistemas fotovoltaicos, foi implementado, para o software PSpice®, um modelo para painéis fotovoltaicos. A modelagem foi realizada tendo como base o circuito equivalente de um painel PV, apresentado na Fig. 1.14 [24]. Este circuito equivalente é repetido na Fig. 4.22, facilitando o entendimento do texto. Fig. 4.22 – Circuito equivalente de um painel fotovoltaico. O painel fotovoltaico escolhido para ser modelado foi o BP SX-120 [25], fabricado pela BP Solar, pois é o painel PV disponível no Laboratório de Sistemas Eletrônicos (LABSEL) da UFJF e utilizado na montagem do protótipo do sistema proposto, que será apresentado no Capítulo 5. Suas especificações são apresentadas na Tabela 4.6. Na modelagem do painel fotovoltaico foi considerada uma irradiação incidente de 1000 W/m² e uma temperatura das células de 25 °C, conforme os dados fornecidos em sua folha de dados. A definição dos parâmetros do circuito equivalente do painel fotovoltaico foi realizada de forma empírica. No software de simulação computacional de circuitos elétricos PSpice, o ajuste do valor da tensão de joelho ( V j ) de seu modelo de diodo genérico (Dbreak) é restrito. Pode-se ter, no máximo, V j = 10 V . Assim, foram utilizados dois diodos do tipo “Dbreak” conectados em série para implementação do diodo Dsh , de modo a possibilitar o ajuste dos parâmetros deste tipo de modelo de diodo de acordo com as características requeridas na modelagem do painel PV. Na Fig. 4.23 é apresentado o modelo desenvolvido para o painel fotovoltaico em questão (circuito equivalente, incluindo valores dos componentes e parâmetros dos modelos). As curvas características modeladas são exibidas na Fig. 4.24. Na Tabela 4.6 é realizada a comparação dos parâmetros obtidos por simulação com as especificações do painel fornecidas pela BP Solar [25]. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 97 Fig. 4.23 – Modelo do painel PV BP SX-120 (circuito equivalente). (a) (b) Fig. 4.24 – Curvas características do painel PV BP SX-120 (modelo). (a) corrente-tensão; (b) potência-tensão. Tabela 4.6 – Comparação entre os parâmetros obtidos com o modelo desenvolvido e os fornecidos na folha de dados do painel PV BP SX-120 (1 kW/m²; 25 °C). Parâmetro Folha de dados [25] Modelo Erro relativo (%) Voc 42,1 V 42,343 V 0,5772 I sc 3,87 A 3,867 A 0,0775 Pm 120 W 118,02 W 1,6499 Vmp 33,7 V 34,774 V 3,1869 I mp 3,56 A 3,416 A 4,0449 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 98 4.2.4.2 – Seleção dos Componentes do Circuito Nesta seção serão dimensionados os indutores do inversor boost MNC 2 células e definido o arranjo fotovoltaico a ser utilizado na simulação, com base nas expressões matemáticas desenvolvidas na seção 4.2.3. A seleção dos componentes do circuito para a realização da simulação da topologia é quase um exemplo de projeto. A principal diferença é que não haverá a preocupação em especificar tensão ou corrente nominal de cada componente. O sistema será simulado utilizando os ângulos ótimos apresentados na Tabela 4.5, ou seja, α = 12 ,85° e φ = 28 ,99° . Considerando que a tensão da rede elétrica é dada por v s (t ) = 127 2 ⋅ sen (2 π ⋅ 60 ⋅ t ) , pode-se calcular, através de (4.14), a menor tensão de entrada necessária para que o sistema funcione como um inversor: Vi > 127 2 π [cos ( 12 , 85° ) + cos ( 12 , 85° + 28 , 99° )] = 98 , 547 V . (4.52) De (4.52) e, a partir dos dados da Tabela 4.6, define-se o número de painéis que deve ser conectado em série, N PVsérie , para que o sistema possa operar como inversor, dado em função da tensão de potência máxima do BP SX-120: N PVsérie ≥ 98 ,547 98 ,547 = = 2 ,924 . Vmp 33 ,7 (4.53) Conclui-se, então, que é necessário utilizar três painéis do tipo BP SX-120, conectados em série, para alimentar o inversor boost MNC 2 células. Deste modo, a potência de pico do sistema será dada por múltiplos inteiros de 360 Wp. Para esta simulação será considerado um arranjo fotovoltaico de trinta painéis (dez conjuntos de três painéis conectados em série, ligados em paralelo), totalizando 3600 Wp, compatível com a faixa de potência onde se encontra a maioria dos sistemas PV residenciais [27]. Considerando as dimensões do painel PV em questão (0,969m×1,456m), este arranjo fotovoltaico ocuparia, em uma situação prática, uma área de 30,4013 m². Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 99 Os indutores serão dimensionados com base no ponto de potência máxima dos painéis PV com o objetivo de otimizar o valor das indutâncias utilizadas no conversor CCCC boost MNC 2 células. Com o arranjo fotovoltaico considerado, os painéis PV estão operando como fontes de corrente e, como existem dez conjuntos de painéis conectados em paralelo, o valor médio da corrente de entrada do inversor boost será dado por: I = 10 I mp = 10 × 3 , 56 A = 35 , 6 A ; (4.52) Vi = 3 × 33 , 7 V = 101 , 1 V . (4.54) e a tensão de entrada será: É interessante salientar que o sistema não operará em seu ponto de potência máxima nesta simulação, pois nenhum tipo de controle (ou ajuste de ângulos) com esta finalidade está sendo levado em consideração. No entanto, o dimensionamento do arranjo fotovoltaico e dos indutores baseados na corrente de potência máxima e na tensão de potência máxima é perfeitamente aceitável. A partir de (4.21) e (4.26), admitindo uma ondulação de 10 % na corrente dos indutores, tem-se, utilizando os valores dos ângulos em radianos, L i = 50 ⋅ 101 , 1 ( 2 ⋅ 0 , 2243 + 0 , 506 ) π ⋅ 60 ⋅ 35 , 6 ⋅ 10 = 72 mH (4.55) e, Lb = 100 2 ⋅ 127 [cos (0 ,2243) − cos (0,2243 + 0 ,506)] = 62 mH . π ⋅ 60 ⋅ 35 ,6 ⋅ 10 (4.56) 4.2.4.3 – Resultados de Simulação O sistema da Fig. 4.2 foi simulado, na plataforma PSpice®, utilizando o modelo para o arranjo fotovoltaico e os valores de indutores descritos na seção anterior. As chaves do circuito foram implementadas utilizando o componente “Sbreak”, do PSpice, que é Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 100 uma chave controlada por tensão. A resistência de condução de cada chave foi considerada igual a 0,1 Ω . Para os diodos foi utilizado o modelo genérico “Dbreak”. O capacitor de entrada, C PV , foi adotado como sendo igual a 1000 µF . Os resultados obtidos nessa simulação são exibidos na Fig. 4.25. Fig. 4.25 – Simulação da operação multinível em corrente do inversor boost MNC 2 células: (a) comando das chaves S1 e S2; (b) corrente nos indutores de entrada e de equilíbrio; (c) corrente nas chaves S1 e S2; (d) corrente nos diodos D1 e D2; (e) tensão (escala reduzida em 3 vezes) e corrente no arranjo PV; (f) corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC (3 níveis); (g) comando das chaves da ponte inversora; (h) corrente na chave S1H (mesma corrente que em S2L); (i) corrente na chave S1L (mesma corrente que em S2L); (j) corrente injetada na rede e tensão da rede (escala reduzida em 5 vezes). Da Fig. 4.25 pode-se observar a composição da operação multinível em corrente, com a forma de onda multinível sendo construída complementarmente ao acionamento das chaves S1 e S2 . Visualmente percebe-se a divisão bem equilibrada da corrente entre as chaves do conversor boost MNC, confirmada pelos valores médios de corrente Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 101 apresentados na Tabela 4.7. A ligeira diferença entre os valores médios das correntes apresentadas se deve à ondulação de corrente nos indutores. O maior desequilíbrio, da ordem de 10 %, ocorre entre os diodos, pois D1 assume a ondulação do indutor de entrada, o que implica em uma redução no valor médio da sua corrente. Este pequeno desequilíbrio seria compensado com a utilização de um indutor de maior indutância, admitindo uma ondulação de corrente menor que a empregada no seu dimensionamento. Porém, este desequilíbrio não é crítico, uma vez que diodos são elementos que suportam altas correntes nominais. Já para as chaves, obteve-se uma distribuição da corrente bem equilibrada. Tabela 4.7 – Valores médios das correntes (simulação) Ii Ib I S1 I S2 I D1 I D2 29,20 A 15,14 A 4,42 A 4,38 A 9,68 A 10,73 A Nesta simulação obteve-se VPV = 112 ,90 V e I PV = 29 ,20 A, o que mostra que o sistema não está operando no ponto de potência máxima, como já era esperado. A potência de entrada do sistema ficou em 3296,68 W. A corrente injetada na rede apresentou valor eficaz igual a 22,96 A, THD = 16 , 43 % e ângulo de deslocamento de sua componente fundamental igual a 2,05° ( FD ≈ 1 ), resultando em uma operação com FP = 0 ,9861 . A potência de ativa, entregue à rede, foi igual a 2914,10 W. A taxa de distorção harmônica apresentada foi calculada, pelo PSpice, para 100 harmônicos, com freqüência central em 60 Hz. O espectro harmônico da corrente injetada na rede é apresentado na Fig. 4.26. Os resultados obtidos podem ser considerados extremamente interessantes, tratando-se de um sistema com chaveamento em baixa freqüência. Porém, a THD da corrente injetada na rede é alta, considerando-se um sistema fotovoltaico, que requer distorção harmônica de corrente inferior a 5% [29]. Uma estratégia de chaveamento, empregando PWM senoidal multinível em corrente, capaz de reduzir o Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 102 conteúdo harmônico da corrente injetada na rede é proposta na seção 4.3. Antes, porém, serão discutidas, sinteticamente, algumas considerações práticas em relação à operação com modulação MNC que vêm a reforçar o uso do PWM senoidal MNC. Fig. 4.26 – Espectro harmônico da corrente injetada na rede. 4.2.5 – Considerações Práticas Em situações práticas, existem algumas características que podem interferir no funcionamento ideal de um conversor MNC. Essas características são discutidas detalhadamente em [51] e [52]. Nesta seção, será apresentado um breve resumo dessas características de “não-idealidade” e suas formas de compensação. Além disso, apresentase uma discussão relacionada à adequação do sistema proposto aos requisitos de qualidade de energia para um sistema fotovoltaico. 4.2.5.1 – Sincronismo e simetria do acionamento das chaves As chaves que compõem a topologia proposta devem ser acionadas de forma sincronizada com a tensão da rede elétrica. Para que o sistema opere corretamente, as Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 103 chaves do conversor CC-CC boost MNC devem ainda ser acionadas com pulsos de mesma duração, distribuídos de forma simétrica dentro de um período da tensão da rede, retificada. Considere as formas de onda da Fig. 4.27, onde ∆ tα e ∆ tφ correspondem aos intervalos de tempo associados aos ângulos elétricos α e φ . Para garantir uma operação multinível em corrente, bem como o equilíbrio de corrente nas chaves, as seguintes condições devem ser satisfeitas [52]: Ts = T 2 (4.57) ∆ t α (1 ) = ∆ t α ( 2 ) = ∆ t α (4.58) ∆ tφ (1 ) = ∆ tφ (2 ) = ∆ t φ (4.59) Fig. 4.27 - Sincronismo do acionamento das chaves S1 e S2 . Caso (4.57), (4.58) e (4.59) não sejam satisfeitas, ocorrerá um desequilíbrio degenerativo de corrente nas chaves, ainda que S1 e S2 sejam acionadas com pulsos de mesma duração. Isto pode acontecer no caso onde os pulsos de comando forem ajustados com ∆ tα e ∆ tφ baseados, por exemplo, para uma freqüência de oscilação da rede elétrica de 60 Hz, e esta, por algum motivo, estiver oscilando numa freqüência ligeiramente diferente. Em [52] é mostrado que uma pequena diferença nos tempos ∆ tα (1 ) e ∆ tα (2 ) é Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 104 capaz de descaracterizar a operação multinível em corrente e desequilibrar a distribuição da corrente entre as chaves. O mesmo é observado para ∆ tφ (1 ) e ∆ tφ (2 ) . Para solucionar este tipo de problema, foi proposta por Teixeira, em [52], uma estratégia de chaveamento alternativa, que consiste em trocar, a cada período de chaveamento, os pulsos de comando das chaves S1 e S2 , como mostrado na Fig. 4.28. Assim, o equilíbrio de corrente é alcançado a cada dois períodos de chaveamento, necessitando apenas do sincronismo do circuito com a rede. A desvantagem no emprego desta estratégia de chaveamento é o aumento da ondulação de corrente nos indutores. Fig. 4.28 – Estratégia de chaveamento alternativa. 4.2.5.2 – Resistência do Indutor de Equilíbrio Na prática, um indutor apresenta características que não são levadas em consideração em uma situação ideal, como a sua resistência elétrica, perdas magnéticas e saturação de seu núcleo. Em particular, a resistência elétrica do indutor de equilíbrio exerce grande influência na divisão equilibrada da corrente entre as chaves de um conversor MNC. Esta resistência elétrica pode ser modelada por um resistor, rLb , associado em série com o indutor de equilíbrio, como mostra a Fig. 4.29(a). Esta influência pode ser entendida a partir do circuito equivalente CC, em regime permanente, mostrado na Fig. 4.29(b), onde r representa a resistência das chaves e diodos da célula MNC [51] e [52]. 105 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica D1 r Li r r rLb Lb ii rLb r ib Vi Ib‘ D2 S1 S2 r Ii Ib r (a) (b) Fig. 4.29 – Modelagem da influência da resistência do indutor de equilíbrio: (a) Representação pela resistência série; (b) Circuito equivalente CC em regime permanente. No circuito da Fig. 4.29(b), observa-se que a corrente de entrada, I i , não se divide igualmente entre os dois ramos ligados ao nó C , pois eles apresentam caminhos com resistências elétricas diferentes. O ramo superior é formado pela resistência r e o ramo inferior é formado pela associação série de r e rLb . O valor da corrente em cada ramo pode ser obtido pela expressão de divisor de corrente. Assim, Ib = r ⋅ Ii , 2 r + rLb (4.60) I b' = r + rLb ⋅ Ii . 2r + rLb (4.61) e Dessas expressões, pode-se concluir que quanto maior o valor de rLb em relação a r , maior será o desequilíbrio de corrente. Algumas técnicas podem ser empregadas para compensar este tipo de desequilíbrio de corrente nas chaves [51]: q Controle do desequilíbrio estático por meio de um conveniente ajuste na largura de pulso das chaves; q Controle dinâmico da largura de pulso das chaves; q Compensação resistiva. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 106 As duas primeiras técnicas são soluções complexas: na primeira é necessário o ajuste adequado das razões cíclicas das chaves; no segundo é utilizado um sistema de controle em malha fechada para garantir a divisão equilibrada de corrente, indo contra o princípio de conversores MNC de proporcionar, naturalmente, uma divisão equânime entre suas chaves. Já o uso de compensação resistiva não é conveniente em um sistema fotovoltaico, uma vez que diminuiria a eficiência do sistema de conversão de energia. O uso da modulação PWM senoidal MNC pode ser uma alternativa simples e eficiente para minimizar este tipo de desequilíbrio, como será visto mais adiante. A estratégia de chaveamento alternativa apresentada na seção anterior também é capaz de eliminar o desequilíbrio de corrente causado pela presença da resistência série do indutor de equilíbrio. A desvantagem no emprego desta estratégia de chaveamento é o aumento na ondulação de corrente nos indutores, o que exige o uso de elementos com maiores valores de indutância (quando comparado com o acionamento convencional das chaves). 4.2.5.3 – Impedância Característica da Rede Elétrica Numa situação prática, a impedância característica da rede elétrica deve ser levada em consideração. Esta impedância é composta, para um sistema monofásico, pela reatância de dispersão do transformador de distribuição, referida ao secundário, somada à reatância equivalente dos cabos alimentadores da rede. Como esta impedância é predominantemente indutiva, pode ser modelada como uma indutância, Ls , conectada em série com uma fonte de tensão senoidal, como mostrado na Fig. 4.30, onde o inversor boost MNC é representado por uma fonte de corrente com forma de onda cinco níveis. Agora, em um caso real, a tensão no ponto de acoplamento comum não é mais senoidal pura. Quando ocorre a transição de um nível de corrente para outro, a corrente que flui por Ls varia bruscamente. Isso provoca o surgimento de altos picos (spikes) de tensão sobre Ls , pois v Ls = L s ( di s / dt ) . Como a tensão no PCC é dada por v s = vCA − v Ls , aparecem altos picos de tensão, que podem chegar a alguns quilovolts [52], também no PCC, o que pode prejudicar o funcionamento do próprio sistema MNC ou outros dispositivos da mesma instalação. O sistema MNC torna-se, então, uma fonte de distúrbios de tensão e de interferência eletromagnética conduzida, degradando a qualidade de energia elétrica da Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 107 instalação. Fig. 4.30 – Efeito da impedância característica da rede elétrica. Para eliminar ou, pelo menos, minimizar este tipo de distúrbio podem ser utilizados circuitos snubber adequados nas chaves S1 e S2 , de modo a reduzir a taxa de variação da corrente sintetizada. Uma outra possibilidade é o uso de um filtro linha, composto por um resistor e um capacitor, entre o sistema MNC e o PCC. Estes tipos de compensação são ilustrados na Fig. 4.31 [52]. (b) (a) Fig. 4.31 – Compensação dos distúrbios de tensão: (a) Snubber; (b) Filtro de linha. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 108 4.2.5.4 – Adequação do Conteúdo Harmônico da Corrente Sintetizada Como já foi dito anteriormente, a corrente injetada na rede por um sistema PV monofásico deve apresentar uma taxa de distorção harmônica inferior a 5%, quando o sistema opera em sua potência nominal. A THD obtida por simulação para o inversor boost MNC ficou em torno de 16%, ou seja, mais de três vezes a THD sugerida, para um caso genérico, na IEEE Std. 929-2000 [29]. Apesar de esta ser uma recomendação (e não uma norma) e de que os limites superiores para a THD podem variar de acordo com o a contribuição do sistema PV em relação ao nível de curto-circuito da instalação na qual está conectado [29] e [31], é de bom senso buscar a diminuição da distorção harmônica da corrente injetada na rede, aumentando os atrativos do sistema proposto. Para isso, uma primeira alternativa seria utilizar um filtro de linha, que além de minimizar os efeitos do sistema MNC na tensão no PCC, possibilitasse uma filtragem eficiente dos harmônicos da corrente injetada na rede. Poderia ser utilizado um filtro RLC, de segunda ordem, como mostrado na Fig. 4.32. Como pôde ser visto na Fig. 4.26, o espectro harmônico da corrente sintetizada pelo inversor boost MNC possui todos os harmônicos ímpares, ou seja, nas freqüências de 180 Hz, 300 Hz, 420 Hz, e assim por diante. Assim, a freqüência de corte do filtro de linha deve ser suficientemente baixa, de modo a atenuar esses harmônicos indesejados. Isto resultaria em valores de capacitâncias e indutâncias da ordem de dezenas de µF e dezenas de mH, respectivamente, indesejados para um filtro de linha, pois podem formar um laço de baixa impedância na freqüência da rede devido à ressonância entre estes elementos, fazendo com que o sistema PV seja visto como uma carga pela rede elétrica. Fig. 4.32 – Filtro de linha de segunda ordem. Uma segunda alternativa seria a síntese de mais níveis intermediários de corrente com a utilização de mais células MNC, ajustando o conteúdo harmônico da corrente sintetizada, por meio do ajuste dos ângulos de transição convenientes, de modo a eliminar Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 109 os harmônicos de menor ordem, facilitando o dimensionamento do filtro de linha. Porém, a utilização de mais células MNC aumenta consideravelmente a complexidade da estrutura. Uma forma mais simples de eliminar os harmônicos de baixa ordem, próximos a freqüência da rede é através da modulação da corrente sintetizada através de PWM senoidal. De fato, com PWM senoidal, os harmônicos múltiplos da freqüência da rede são eliminados. Isso pode ser conseguido sem o uso de altas freqüências de chaveamento, de modo a não comprometer a eficiência da estrutura (mantendo as perdas por chaveamento desprezíveis). A operação do inversor boost MNC empregando PWM senoidal multinível em corrente será discutida a seguir. 4.3 – Operação com PWM Senoidal Multinível em Corrente O objetivo do emprego de modulação por largura de pulso senoidal no inversor boost MNC é reduzir a taxa de distorção harmônica da corrente injetada na rede pelo sistema PV. Isto é obtido por meio da eliminação dos harmônicos múltiplos da freqüência da rede. Como é conhecido da literatura técnica [66], com o emprego de PWM senoidal os harmônicos de mais baixa ordem de uma forma de onda aparecem em bandas laterais, a partir da freqüência de chaveamento. Deste modo, a filtragem desses harmônicos pode ser realizada com grande simplicidade. No caso do inversor boost MNC, como a modulação da corrente é feita no “lado CC” do inversor, a modulação será realizada utilizando uma senóide retificada, ao invés de uma senóide, como em um PWM senoidal convencional. Será demonstrado, nas próximas seções, que o resultado obtido é semelhante ao obtido com uma modulação por largura de pulso senoidal convencional. Assim, a denominação PWM senoidal será adotada também para este caso. Será empregado um PWM senoidal com freqüência de chaveamento relativamente baixa, de modo que o sistema possa continuar a operar com perdas por chaveamento desprezíveis e alta eficiência. Quantitativamente, pode-se considerar razoável que, numa operação com freqüência de chaveamento inferior a 10 kHz, as perdas por chaveamento são aceitáveis. A estratégia de comando das chaves S1 e S2 , capaz de proporcionar uma Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 110 operação multinível em corrente no sistema, é definida por analogia à empregada em inversores VSI multipulso [67], sendo apresentada na próxima seção. Já as chaves da ponte inversora são acionadas da mesma forma que na operação com modulação MNC. Desta forma, continua-se com uma estratégia de comando das chaves extremamente simples. 4.3.1 – Estratégia de Chaveamento PWM Senoidal MNC A modulação PWM senoidal, também referenciada como modulação Seno- ∆ PWM ou PWM-senoidal-triangular [66] e [67], é uma estratégia de chaveamento muito utilizada em inversores, onde os pulsos de acionamento das chaves são produzidos através da comparação entre uma onda portadora triangular, de freqüência f s , e um sinal senoidal, de freqüência f , modulando o chaveamento do inversor de modo a se obter tensões ou correntes CA controladas na sua saída. A implementação de uma modulação PWM senoidal é ilustrada na Fig. 4.33. Neste caso, os harmônicos aparecem em bandas laterais nos múltiplos da freqüência de chaveamento (em torno de f s , 2 f s , 3 f s ,K ), conforme amplitude Fig. 4.33(c). Fig. 4.33 – PWM senoidal: (a) portadora e sinal modulante; (b) sinal modulado em PWM senoidal; (c) espectro harmônico do sinal modulado em PWM senoidal. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 111 São definidas duas figuras de mérito para a caracterização do PWM senoidal. O índice de modulação de amplitude, m a , é dado por: ma = Iˆ ref Iˆ T , (4.62) onde Î T é o valor de pico da portadora triangular (geralmente mantido constante) e Î ref é o valor de pico do sinal de referência (modulante) 4. O índice de modulação de freqüência, m f , é definido por: f mf = s . f (4.63) Basicamente, esses parâmetros caracterizam a forma como os harmônicos são distribuídos no espectro de freqüência. É conhecida, da literatura técnica a aplicação de PWM senoidal em inversores VSI, operando com forma de onda de tensão CA multinível [66]. Com o uso de portadoras convenientemente defasadas entre si, pode-se cancelar algumas componentes harmônicas da tensão de saída. Em [67] é mostrado que se forem utilizados n inversores VSI conectados em série, modulados por ondas triangulares defasadas entre si de 2π / n rad, os harmônicos devidos aos chaveamentos irão aparecer, em raias laterais, a partir de n f s . Mais ainda, ocorre o cancelamento dos harmônicos cuja freqüência da raia central não é múltipla inteira de n f s e a tensão de saída apresenta 2n − 1 níveis. Esta técnica pode ser estendida, por analogia, a inversores multiníveis em corrente. Para um inversor com n células MNC, serão utilizadas n portadoras triangulares de freqüência f s , defasadas de 2π / n rad entre si. Cada portadora, ao ser comparada com o sinal de referência, dá origem aos pulsos de comando das chaves de uma célula MNC. Assim, será sintetizada, na saída do inversor, uma forma de onda multinível em corrente, Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 112 cujos harmônicos aparecem em raias laterais, centrados em h n f s , onde h = 1, 2 ,3 ,... , representa a ordem dos harmônicos. Já o sinal de referência para a modulação e o número de níveis da forma de onda da corrente de saída dependerá da topologia empregada. Para o inversor CSI MNC o sinal de referência é uma senóide, de freqüência f , e a forma de onda de saída pode apresentar até n + 1 níveis. Os circuitos e a implementação do PWM senoidal (sinal modulante e portadoras) para o inversor CSI MNC com 1, 2 e 3 células MNC são ilustrados na Fig. 4.34. (a) defasagem: π rad defasagem: 2π/3 rad (b) (c) Fig. 4.34 – PWM senoidal para o inversor CSI MNC: (a) 1 célula MNC (inversor CSI convencional); (b) 2 células MNC; (c) 3 células MNC. No caso do inversor boost MNC, a modulação da corrente de saída é realizada no lado CC do inversor (mais precisamente, no conversor CC-CC boost MNC). Por isso, o sinal de referência utilizado para a modulação por largura de pulso deve ser uma senóide retificada, de freqüência 2 f . Com o acionamento das chaves da ponte inversora de forma sincronizada com o sinal de referência (modulante), consegue-se obter uma modulação da corrente de saída semelhante a de um PWM senoidal convencional (como se o sinal modulante fosse de freqüência igual a f ). A forma de onda da corrente de saída pode apresentar até 2n + 1 níveis. Os circuitos e a implementação do PWM senoidal (sinal 4 É interessante observar que estes sinais são tensões do circuito de controle do conversor. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 113 modulante e portadoras) para o inversor boost MNC com 1, 2 e 3 células MNC são exibidos na Fig. 4.35. (a) defasagem: π rad defasagem: 2π/3 rad (b) (c) Fig. 4.35 – PWM senoidal para o inversor boost MNC: (a) 1 célula MNC; (b) 2 células MNC; (c) 3 células MNC. As afirmações expostas nos parágrafos anteriores podem ser verificadas por meio da observação das formas de onda apresentadas na Fig. 4.36. As formas de onda e espectros harmônicos apresentados nesta figura foram obtidos por meio de simulações computacionais no PSpice, considerando condições idealizadas, onde adotou-se f = 60 Hz , f s = 1 kHz e m a = 1,0 , e são exibidos de forma normalizada (em relação ao valor do patamar superior da forma de onda de corrente, I ). Pode-se observar que a amplitude de cada harmônico oriundo dos chaveamentos é menor quando se utiliza o inversor boost MNC para sintetizar a corrente modulada em PWM senoidal. A análise da forma de onda da corrente de saída para o inversor boost MNC será desenvolvida na seção 4.3.2.2. As listagens dos arquivos utilizados nestas simulações são apresentadas no Apêndice A. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 1 célula MNC 2 células MNC 114 3 células MNC (a) (b) (c) (d) Fig. 4.36 – PWM senoidal MNC: (a) Formas de onda para o inversor CSI MNC; (b) Espectros harmônicos correspondentes para o inversor CSI MNC; (c) Formas de onda para o inversor boost MNC; (d) Espectros harmônicos correspondentes para o inversor boost MNC. Para que o inversor boost MNC possa sintetizar, em sua saída, uma forma de onda multinível em corrente modulada por largura de pulso senoidal é necessário adotar uma estratégia de chaveamento conveniente. Da mesma forma que na operação com modulação MNC, a principal lógica da topologia concentra-se nas chaves S1 e S2 . As chaves da ponte inversora são responsáveis apenas em condicionar o sentido no qual a corrente é injetada na rede. Na Fig. 4.37 é apresentada a estratégia de chaveamento utilizada na implementação do PWM senoidal multinível para o inversor boost MNC 2 células, que é o objetivo deste trabalho. Como dito anteriormente, são utilizadas duas ondas triangulares (portadoras), defasadas de π rad entre si, e o sinal de referência (modulante) é uma senóide retificada, pois a modulação é realizada no “lado CC” do Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 115 inversor. Assim, é possível a síntese de uma forma de onda de corrente CC com até três níveis na saída do conversor CC-CC boost MNC 2 células. Após inversão, a corrente sintetizada pode apresentar até cinco níveis. Na seção 4.3.2.2 será demonstrado que este tipo de modulação possui características extremamente semelhantes a um PWM utilizando sinal de referência senoidal. Este tipo de modulação será doravante referenciado como PWM senoidal MNC. Fig. 4.37 – Estratégia de chaveamento PWM senoidal para o inversor boost MNC 2 células. 4.3.2 – Análise Matemática Nesta seção será formalizada a operação PWM senoidal do inversor boost MNC 2 células, definindo os seus estágios de operação e analisando as características da corrente sintetizada na saída do inversor, justificando este tipo de operação. Como realizado para a operação com modulação MNC, serão apresentadas algumas expressões matemáticas úteis Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 116 no dimensionamento dos componentes do sistema. Serão consideradas as mesmas condições idealizadas descritas na seção 4.2.3. A convenção das correntes e tensões adotadas nesta modelagem é mostrada na Fig. 4.38. Observe que a corrente de saída do inversor é referida como iinv . Num caso prático, a corrente injetada na rede, is , não será igual à corrente na saída do inversor, pois será conectado um filtro passa-baixas entre a saída do inversor e a rede elétrica, de modo a eliminar os harmônicos oriundos dos chaveamentos. Este filtro não será considerado no desenvolvimento da análise da operação do sistema, nem no desenvolvimento das expressões dedicadas ao dimensionamento dos componentes, o que permite simplificar consideravelmente o estudo matemático do sistema, sem trazer prejuízo algum aos resultados obtidos. A inclusão do filtro de linha no sistema sob estudo será abordada, oportunamente, na seção 4.3.2.6. Fig. 4.38 – Convenção das correntes e tensões utilizadas na análise da operação PWM senoidal MNC. 4.3.2.1 – Estágios de Operação Na seção 4.2.3 foram definidos estágios de operação para o inversor boost MNC 2 células, quando operando com modulação MNC, em função de ângulos elétricos, tendo como base um semiciclo da tensão da rede. Já para a modulação PWM senoidal MNC, a definição dos estágios de operação não pode ser feita desta forma, pois, além da freqüência de chaveamento ser muito maior que a freqüência da rede, os instantes em que ocorrem as mudanças na topologia do circuito também variam em função de m a . Os estágios de operação serão definidos, então, em função do estado de condução das chaves S1 e S2 . Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 117 Deste modo, podem ser definidos quatro estágios de operação, discriminados na Tabela 4.8. Tabela 4.8 – Estágios de operação para a modulação PWM senoidal MNC. Estágio S1 S2 I ON ON II ON OFF III OFF ON IV OFF OFF A razão cíclica (ou duty cycle), D , é definida em um período de chaveamento como: t D = on , Ts (4.64) onde t on é o tempo em que cada chave fica em estado de condução durante um período de chaveamento, conforme ilustrado na Fig. 4.39. Nesta figura considera-se que f s >> f , o que permite considerar que a corrente de referência é praticamente constante em um período de chaveamento [66] e [67]. Assim, para cada período de chaveamento, t on = t on1 = t on2 = (1 − M a ) ⋅ Ts , (4.65) onde M a = I ref ( T ) / Iˆ t e I ref ( T ) é o valor da corrente de controle dentro de um s s período de chaveamento Ts . Substituindo (4.65) em (4.64), D = 1 − Ma , que é, também, válida apenas dentro de um período de chaveamento. (4.66) 118 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Fig. 4.39 – Detalhe do PWM senoidal MNC para um período de chaveamento. O valor de pico da portadora triangular é sempre constante, porém a corrente de referência varia de um período de chaveamento para outro. A variação da corrente de referência da modulação por largura de pulso no tempo é expressa por: i ref ( t ) = Iˆ ref sen ( 2 π f t ) . . (4.67) A partir de (4.66) e (4.67), pode-se expressar a variação da razão cíclica em função do tempo, d(t ) , como: d(t ) = 1 − m a sen (2 π f t ) . A representação gráfica de (4.68) é exibida na Fig. 4.40. (4.68) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 119 Fig. 4.40 – Variação da razão cíclica das chaves em função do tempo na operação PWM senoidal MNC ( m f >> 1 ). Sabendo que as portadoras triangulares são defasadas de π rad entre si e, a partir (4.68), pode-se concluir que o sistema possui duas seqüências de transição entre os estágios de operação: q SEQÜÊNCIA I: Estágio I ð Estágio II ð Estágio I ð Estágio III ð Estágio I ü A corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC varia entre os níveis “0” e “ I /2”, conforme ilustrado na Fig. 4.41(a); ü q Ocorre quando d(t ) ≥ 0 ,5 , ou seja, quando m a sen (2 π f t ) ≤ 0 ,5 . SEQÜÊNCIA II: Estágio III ð Estágio IV ð Estágio II ð Estágio IV ð Estágio III ü A corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC varia entre os níveis “ I /2” e “ I ”, conforme ilustrado na Fig. 4.41(b); ü Ocorre quando d(t ) < 0 , 5 , ou seja, quando m a sen (2 π f t ) > 0 , 5 . Como 0 ≤ sen (2 π f t ) ≤ 1 , pode-se afirmar que esta seqüência ocorre apenas quando m a > 0 ,5 . Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 120 io Seqüência I I/2 t Estágio: III I II I III I II (a) (b) Fig. 4.41 – Seqüências de chaveamento: (a) Seqüência I; (b) Seqüência II. De fato, para 0 < m a ≤ 0 ,5 , não é possível que as chaves estejam bloqueadas de forma concomitante. Neste caso, a corrente sintetizada pelo conversor CC-CC apresentará dois níveis e, conseqüentemente, a corrente na saída do inversor será de três níveis (ambas moduladas por PWM senoidal, com freqüência de chaveamento igual a 2 f s ). No caso de m a > 0 ,5 , a corrente na saída do conversor CC-CC será de três níveis e a corrente na saída do inversor será de cinco níveis. Assim, será preferencial a operação com m a > 0 ,5 . Cabe ressaltar que, dependendo de m a , m f e do sincronismo entre a portadora e o sinal modulante, as seqüências de chaveamento podem iniciar de “pontos” diferentes. Entretanto, as transições ocorrerão respeitando sempre a mesma ordem. Por exemplo, suponha que o circuito esteja operando com m a sen (2 π f t ) > 0 , 5 . A transição entre os estágios de operação pode ocorrer da seguinte forma: Estágio II ð Estágio IV ð Estágio III ð Estágio IV ð Estágio II e assim por diante, conforme ilustrado na Fig. 4.41(b). Observa-se que esta seqüência de transição de estágios de operação obedece à seqüência de chaveamento II. Da mesma forma que realizado para a modulação MNC, a Tabela 4.9 traz os valores das principais tensões e correntes do sistema. A partir do exposto, pode-se traçar as formas de onda idealizadas do sistema para a modulação PWM senoidal MNC. A Fig. 4.43 mostra as formas de onda, no ponto de vista do conversor CC-CC boost MNC 2 células, para m a = 0 ,9 e m f = 15 (para facilitar a visualização das mudanças de seqüências de chaveamento). Na Fig. 4.42 são mostradas as principais formas de onda vistas pelo lado do inversor de corrente. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Tabela 4.9 – Principais tensões e correntes para a modulação PWM senoidal MNC. Estágio I II III IV i S1 I /2 I /2 0 0 iS 2 I /2 0 I /2 0 vS 1 0 0 vo vo vS 2 0 vo 0 vo iD1 0 0 I /2 I /2 iD2 0 I /2 0 I /2 io 0 I /2 I /2 I vLi Vi Vi Vi − v o Vi − v o v Lb 0 − vo vo 0 2 2 2 Fig. 4.42 – Formas de onda idealizadas (ponto de vista da ponte inversora). 121 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Fig. 4.43 – Formas de onda idealizadas (ponto de vista do conversor CC-CC). 122 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 123 4.3.2.2 – Análise Harmônica da Corrente de Saída A análise do conteúdo harmônico de um sinal modulado por largura de pulso senoidal não é trivial, pois requer o uso de ferramentas matemáticas complexas, como as funções de Bessel. No entanto, é possível realizar esta análise de forma aproximada, conforme proposto em [67], sem cometer grandes erros, empregando ferramentas matemáticas mais simples, como a série de Fourier, muito utilizada no estudo de Eletrônica de Potência. Seja o circuito da Fig. 4.38, onde se observa que a corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC, i o , é dada pela soma das correntes que fluem pelos diodos D1 e D2 , como expresso pela equação (4.8). Em outras palavras, a corrente i o é composta pela soma das correntes sintetizadas pelas células MNC do circuito. O mesmo pode ser dito para a corrente na saída do inversor boost MNC, antes da filtragem, iinv . Deste modo, a análise da corrente iinv será realizada superpondo a influência da corrente sintetizada por cada uma das células MNC da estrutura. Considere, primeiramente, a análise da contribuição da célula MNC composta por S1 e D1 , que será referenciada por célula 1. Da mesma forma que na seção anterior, pode-se considerar que a tensão de referência é constante em um período de chaveamento, pois, por hipótese, m f >> 1 (ou seja, f s >> f ). A forma de onda da corrente em D1 , em um período de chaveamento, é exibida na Fig. 4.44, onde os ângulos elétricos são definidos de modo que um período de chaveamento seja equivalente a 2 π rad, ou seja, ωsTs = 2 π . iref ,iT1 Iref ^ IT iD1 I/2 sTs Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 124 Fig. 4.44 – Forma de onda da corrente em D1 . Esta forma de onda pode ser representada analiticamente por sua série de Fourier: ∞ a iD1 (t ) = 0 + ∑ [a h cos (hωt ) + b h sen (hωt )] . 2 h =1 (4.69) Como a forma de onda de iD1 possui simetria par, tem-se: ah = 2 π i D1 (θ) cos(hθ ) dθ , π ∫0 (4.70) onde h = 0 ,1,2 ,... e θ = ωs t , e bh = 0 , (4.71) onde ( h = 1,2 ,3 ,... ). Por semelhança de triângulos, tem-se que δ = (1 − M a ) ⋅ 2 π , (4.72) que equivale ao tempo em que a chave S1 está em condução em um período de chaveamento. Desenvolvendo (4.70), a h = i D1 h = 2 π − 2δ I I Maπ cos ( h θ ) d θ = cos (hθ )dθ ∫ 2 π 0 π ∫0 ∴ a h = i D1 h = I sen (hπM a ) , πh (4.73) que é válida para h = 1, 2 ,3 ,... (deve-se ter h ≠ 0 ). O termo “ a 0 / 2 ” de (4.69) é o valor médio da corrente em D1 , podendo ser calculado por: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica I a I I I D1 = 0 = 2 ⋅ (2 π − δ ) = ⋅ [2 π − (1 − M a ) ⋅ 2 π] = M a 2 2π 4π 2 125 (4.74) Substituindo (4.73) e (4.74) em (4.69), chega-se a: iD1 (t ) = MaI ∞ I +∑ ⋅ sen (hπM a ) ⋅ cos (h ωs t ) 2 π h h =1 (4.75) Na prática, o sinal de referência utilizado para o PWM senoidal não é constante, conforme suposto. No caso do inversor boost MNC, este sinal varia de acordo com (4.67). Como m f >> 1 , o índice de modulação de amplitude, designado por M a , em (4.75), pode ser substituído, sem grandes erros, por M a = m a sen ( ωt ) [67]. Assim, a corrente em D1 será dada por: iD1 (t ) = ∞ ma I I ⋅ sen (ωt ) + ∑ ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) , h 2 π h =1 [ ] (4.76) que é válida apenas para 0 < m a ≤ 1 . A corrente na saída do inversor, iinv , considerando a estratégia de chaveamento adotada para as chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L , pode ser expressa, em função da corrente na saída do conversor CC-CC, i o , como: i o (t ) ; sen (ωt ) ≥ 0 iinv (t ) = − i o (t ) ; sen (ωt ) < 0 (4.77) Levando em consideração apenas a contribuição da corrente sintetizada pela célula 1, tem-se: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 126 ∞ ma I I ⋅ sen (ωt ) + ∑ ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) ; sen (ωt ) ≥ 0 πh 2 h =1 iinv , cel 1 (t ) = ∞ I ma I − ⋅ sen ω − ( t ) ∑ πh ⋅ sen h π ma sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) ; sen (ωt ) < 0 2 h =1 [ ] [ ] (4.78) Observando as primeiras parcelas da expressão anterior, pode-se, pela aplicação da definição de função modular, juntá-las em uma só, ou seja, ma I ⋅ sen (ωt ) . 2 (4.79) Sabendo que sen (− θ) = −sen (θ) , pode-se juntar, também, as segundas parcelas de (4.78): ∞ I ∑ πh ⋅ sen [h π ma sen (ωt ) ]⋅ cos (h ωs t ) . (4.80) h =1 Logo, iinv , cel 1 (t ) = ∞ ma I I ⋅ sen (ωt ) + ∑ ⋅ sen [h π ma sen (ωt ) ]⋅ cos (h ωs t ) , 2 π h h =1 (4.81) que é análoga à expressão da tensão de saída, aproximada, de um inversor VSI, desenvolvida em [67]. Assim, mostra-se que a utilização de um sinal senoidal retificado como referência para a modulação por largura de pulso das chaves S1 e S2 e um conveniente acionamento das chaves da ponte inversora, implementa um PWM senoidal para o inversor boost MNC. Como a portadora triangular utilizada na geração dos pulsos de comando das chave S2 é defasada de π rad em relação à portadora associada a S1 , a contribuição da célula 2 (associada a S2 e D2 ) na corrente de saída do inversor, seguindo o mesmo raciocínio adotado para a célula 1, pode ser expressa por: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 127 ∞ ma I I ⋅ sen (ωt ) + ∑ ⋅ sen [h π ma sen (ωt ) ]⋅ cos [h ( ωs t + π )] . (4.82) iinv , cel 2 (t ) = 2 πh h =1 Superpondo as contribuições de cada célula MNC, a corrente na saída do inversor é dada por: iinv = i inv , cel 1 + i inv , cel 2 . (4.83) Com a soma das contribuições das duas células MNC, os harmônicos devidos aos chaveamentos, de ordem ímpar ( h = 1,3, 5,... ), são cancelados e a corrente na saída do inversor fica: iinv (t ) = m a I ⋅ sen (ωt ) + 2I ⋅ sen [h π m a sen (ωt ) ]⋅ cos (h ωs t ) . π h h par ∑ (4.84) Da expressão anterior verifica-se que a componente fundamental da corrente de saída é diretamente proporcional ao índice de modulação de amplitude, m a . Portanto, a faixa de variação 0 < m a ≤ 1 , onde (4.84) é válida, é chamada de faixa linear [66]. A solução analítica desta equação envolve Funções de Bessel. Entretanto, a expansão de seus termos em série de Fourier mostra que os harmônicos devido ao chaveamento aparecem em bandas laterais, centrados em 2ωs , 4ωs , 6ωs e assim por diante [67]. Assim, pode-se dizer que ocorre uma multiplicação da freqüência de chaveamento por dois. Este tipo de desenvolvimento não será abordado neste trabalho. Como ilustração, na Fig. 4.45 são exibidos a forma de onda e o espectro harmônico da corrente na saída do inversor boost MNC para um caso particular ( m a = 0 ,9 e m f = 50 ). O espectro harmônico foi obtido numericamente, a partir da transformada de Fourier rápida (FFT, fast Fourier transform). Nesta figura considerou-se f = 60 Hz , f s = 3 kHz e os valores de amplitude são normalizados em relação ao nível de corrente do patamar superior da forma de onda cinco níveis, I . Os harmônicos foram calculados para h ≤ 200 . Pode-se observar que os harmônicos aparecem em torno de 6 kHz, 12 kHz, 18 kHz, e assim por diante. Essa característica facilita consideravelmente o projeto do filtro, conectado entre o inversor boost MNC e a rede elétrica. Com um filtro de segunda ordem, é possível praticamente eliminar os harmônicos devido aos chaveamentos, o que 128 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica justifica o emprego deste tipo de modulação no sistema proposto. (a) (b) Fig. 4.45 – Corrente sintetizada pelo inversor boost MNC para ( m a = 0 ,9 e m f = 50 ): (a) Forma de onda; (b) Espectro harmônico. A partir de (4.84) é possível determinar a potência ativa injetada na rede, Po . Considerando que seja utilizado um filtro com ganho unitário na freqüência da rede e que provoque um certo deslocamento angular, ϕ 1 , na corrente da componente fundamental, com v s = 2 V sen (2 π f t ) , tem-se: Po = m aV I cos (ϕ1 ) . 2 (4.85) 129 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 4.3.2.3 – Limiar de Inversão O procedimento para determinar a menor tensão de entrada necessária para que o sistema opere como inversor é semelhante ao realizado na seção 4.2.3.1, para a operação com modulação MNC, visto que o circuito sob estudo é o mesmo. A diferença entre as duas análises é que, agora, a forma de onda de tensão da chave S1 não possui uma representação matemática tão simples. Seguindo uma linha de raciocínio similar à adotada na seção anterior (4.3.2.2), ou seja, partindo de um caso simplificado, onde as grandezas relacionadas são constantes e, posteriormente, inserindo as contribuições de suas variações, pode-se expressar analiticamente a tensão sobre a chave S1 por: vS1 (t ) = ∞ 2 2 V sen (ωt ) ma 2 V ma 2 V − cos (2ω t ) + ∑ ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ω s t ) 2 2 πh h =1 [ ] (4.86) Na equação (4.11) afirma-se que, para que o sistema opere como inversor, a tensão de entrada5 deve ser maior que o valor médio da tensão na chave S1 , que, de acordo com (4.86), é dado por m a 2 V / 2 . Assim, para que o sistema opere como um inversor devese ter: Vi > ma 2 V . 2 (4.87) De (4.10) e (4.86) pode-se determinar o valor médio da corrente de entrada, I : I= 5 Vi − ma 2 V 2 . rLi (4.88) Lembrando que estão sendo levadas em consideração as mesmas aproximações adotadas na seção 4.2.3, ou seja, a tensão de entrada é considerada como uma fonte de tensão CC ideal. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 130 4.3.2.4 – Dimensionamento dos indutores Na seção 4.2.3.2 foi realizado o dimensionamento dos indutores de entrada e de equilíbrio para a operação com modulação MNC, por meio da linearização da equação (4.16). Para a operação com PWM senoidal MNC será adotada a mesma metodologia, associada a algumas considerações, a partir da observação de características relacionadas ao funcionamento do circuito, pois, neste caso, as expressões analíticas que representam as tensões nos indutores não são triviais, possuindo rico espectro harmônico. 4.3.2.4.1 – Indutor de Entrada A tensão sobre o indutor de entrada é dada por (4.6). Substituindo (4.86) nesta equação, vem: vLi (t ) = Vi − ∞ 2 2 V sen (ωt ) ma 2 V ma 2 V + cos (2ω t ) − ∑ ⋅ sen [h π m a sen (ωt ) ]⋅ cos (h ω s t ) 2 2 πh h =1 (4.89) Analisando (4.89) observa-se que o valor médio da tensão sobre o indutor de ( ) entrada é dado por Vi − ma 2 V / 2 , que, respeitando (4.87), é diferente de zero. Sabese que a aplicação de uma tensão CC, não-nula, em um indutor ideal faz com que a corrente neste elemento cresça linear e indefinidamente (como uma função rampa). Este comportamento não é observado na corrente do indutor de entrada, que é uma corrente CC, com uma pequena ondulação. Mais ainda, considerando que são painéis fotovoltaicos que alimentam o inversor boost MNC, o valor médio da corrente no indutor de entrada é limitado, pois as maiores correntes extraídas de um painel PV ocorrem na sua região de operação com características de fonte de corrente. Para compatibilizar a análise desta seção com a desenvolvida na seção anterior torna-se necessário, então, incluir no modelo do indutor de entrada a sua resistência série, como mostrado na Fig. 4.46(a). Assim, evita-se incoerência no estudo realizado e a violação da lei das tensões de Kirchhoff na etapa de entrada do inversor boost MNC 2 células. O circuito da Fig. 4.46(a) pode ser analisado a partir de seus equivalentes CC e CA. O circuito equivalente da etapa de entrada do inversor boost MNC 2 células é mostrado na Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 131 Fig. 4.46(b), onde VLi = Vi − ma 2 V , 2 (4.90) é a componente CC da tensão sobre o indutor de entrada. A consideração de rLi é imprescindível para o estudo do circuito equivalente CC, pois evita incongruências em sua análise. Já o circuito equivalente CA é apresentado na Fig. 4.46(c). Neste circuito, a resistência série do indutor de entrada foi omitida, pois é desprezível diante do valor da reatância indutiva deste elemento, que apresenta altos valores de indutância (da ordem de mH). Neste caso, não ocorre violação de nenhuma das leis de circuitos elétricos. As tensões ~ v Li e ~ vS 1 representam, respectivamente, as componentes CA das tensões sobre Li e S1 . A partir de (4.89), tem-se que: ∞ 2 2 V sen (ωt ) ma 2 V ~ v Li = cos (2 ω t ) − ∑ ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) . 2 πh h =1 (4.91) [ ] Fig. 4.46 – Etapa de entrada do inversor boost MNC 2 células: (a) Inclusão da resistência série do indutor de entrada; (b) Circuito equivalente CC; (c) Circuito equivalente CA. Do circuito da Fig. 4.46(c), pode-se escrever que: ~ d ii ~ v Li = Li . dt (4.92) Esta equação pode ser aproximada, para um determinado intervalo de tempo ∆t , 132 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica onde ocorre uma certa variação ∆ i i da corrente CA do indutor de equilíbrio, ou seja, VLi , ∆t ≈ Li ∆ ii , ∆t (4.93) Li = VLi , ∆t ∆t , ∆ ii (4.94) ou onde VLi ,∆t é o valor médio de ~ vLi no intervalo ∆t . Inspecionando (4.91), nota-se que a tensão CA sobre o indutor de entrada é composta por uma componente na freqüência da tensão da rede, retificada (2 ω) , e infinitas componentes devidas aos chaveamentos. Como Li é um filtro de corrente (do tipo passa-baixas), é razoável realizar seu dimensionamento para minimizar a ondulação vinculada à componente harmônica em 2ω , que é a componente de menor freqüência em seu espectro. Com efeito, ao atenuar esta componente harmônica, os harmônicos oriundos dos chaveamentos também são atenuados. A componente harmônica da corrente em Li , na freqüência 2ω , pode ser obtida através da solução da equação diferencial (4.92). Sua forma de onda é exibida na Fig. 4.47, junto com a forma de onda da tensão ~ v Li na freqüência 2ω . Nesta figura pode-se observar a corrente no indutor de entrada atinge metade de sua variação máxima, ou seja, ∆ i i / 2 , em ∆t = π /( 4ω) . O valor médio de ~ v Li neste intervalo é calculado por: m 2V 1 π m 2V VLi , ∆t = VLi , ( π ) = π ∫ 4 ω a cos (2 ωt )dt = a . 0 2 π 4ω 4ω (4.95) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 133 Fig. 4.47 – Variação da tensão e da corrente em Li para a componente de freqüência 2ω . Então, de (4.94) tem-se ma 2 V π ⋅ π 4ω = ma 2 V . Li = ∆ ii 2 ∆ ii ω 2 (4.96) A partir de (4.20) pode-se expressar (4.96) em função da variação porcentual da corrente no indutor de entrada: Li = 50 2 V ma . I ∆ ii % ω (4.97) 4.3.2.4.2 – Indutor de Equilíbrio A queda de tensão sobre o indutor de equilíbrio é dada por (4.7). Como as chaves são comandadas por pulsos gerados a partir de portadoras triangulares, defasadas de π rad entre si, pode-se expressar a tensão sobre S2 adaptando (4.86), com a substituição de cos (h ωst ) por cos [h(ωs t + π )] . Com as devidas manipulações algébricas, a tensão sobre Lb fica: Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica v Lb (t ) = ∑ h ímpar 4 2 V sen (ωt ) πh [ ] ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) . 134 (4.98) Como pode ser observado da equação anterior, não é possível obter uma aproximação similar à realizada para Li , pois não há, de forma explícita, um harmônico de baixa ordem que possa ser tomado como base para o dimensionamento de Lb . Alternativamente, pode-se observar a forma de onda de tensão sobre Lb , exibida na Fig. 4.48, buscando entender o processo de variação da corrente no indutor de equilíbrio (lembrando: a tensão em um indutor é diretamente proporcional à variação de corrente no mesmo). No intervalo de tempo em que v Lb é nula, não há variação de corrente no indutor de equilíbrio. Já no intervalo de tempo ∆t , onde v Lb ≠ 0 , ocorre uma certa variação da corrente no indutor de equilíbrio, ∆ib , conforme ilustrado na Fig. 4.45. Como v Lb ora é positiva (igual a v o , no estágio III), ora é negativa (igual − v o , no estágio II), a corrente no indutor de equilíbrio aumenta e diminui (em módulo), respectivamente, oscilando em torno de seu valor médio, I / 2 . Fig. 4.48 – Forma de onda de tensão sobre Lb . Por hipótese, a freqüência de chaveamento é muito maior que a freqüência da rede (fundamental), ou seja, m f >> 1 . Assim, pode-se considerar que, dentro de um certo intervalo de tempo ∆t , correspondente ao tempo que uma das chaves ( S1 ou S2 ) está em condução, a tensão da rede, que aparece sobre Lb , pode ser considerada constante, 135 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica igual a VLb ,∆t . Pode-se escrever, então: VLb , ∆t ≈ Lb ∆ ib , ∆t (4.99) que permite aproximar o valor do indutor de equilíbrio, de modo a garantir uma certa variação de corrente ∆ib por: Lb ≈ VLb , ∆t ⋅ ∆t . ∆i b (4.100) vLb VLb , ∆t t VLb , ∆t iLb t ib I/2 t Fig. 4.49 – Processo de variação da corrente em Lb (formas de onda linearizadas). Na Fig. 4.48 é possível observar que o intervalo de tempo ∆t varia de período em período, em função do valor da tensão rede, referência para o PWM senoidal MNC. Para um período de chaveamento, ∆t = t on é dado por (4.65). Como o PWM senoidal MNC é realizado por meio de uma senóide retificada, substitui-se, em (4.65), M a por m a sen (ωt ) . Logo, ∆t = (1 − m a sen (ωt ) )Ts . (4.101) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 136 Uma situação semelhante ocorre com o valor da tensão VLb , ∆t , pois, mesmo considerando seu valor constante durante um período de chaveamento, ocorre uma variação de período em período, em função da tensão da rede retificada. Conforme a Tabela 4.9, tem-se: 2 V sen (ωt ) ; Estágio III VLb , ∆t = − 2 V sen (ωt ) ; Estágio II (4.102) que pode ser utilizada em um instante de tempo qualquer. Para o projeto do indutor de equilíbrio, define-se uma certa ondulação de corrente admissível, dada em valor absoluto. Assim, com a parte de (4.102) referente ao estágio III e com (4.101), pode-se reescrever (4.100) de forma genérica: Lb ≈ 2 V sen (ωt ) ⋅ (1 − ma sen (ωt ) )Ts ∆ ib . (4.103) A equação anterior mostra que a ondulação de corrente no indutor de equilíbrio, ∆ ib , é variável, pois o valor de Lb é constante e o numerador da expressão é uma função que varia no tempo. Para dimensionar o indutor de equilíbrio convenientemente, deve-se limitar a máxima ondulação de corrente neste elemento. Deste modo, é necessário rearranjar (4.103), a fim de determinar em que instante de tempo, ou em que ângulo elétrico, ocorre esta máxima ondulação de corrente: ∆ ib = 2 V Ts sen (θ ) ⋅ (1 − m a sen (θ ) Lb ), (4.104) onde θ = ωt . Considerando um período6 da tensão senoidal da rede, retificada, ou seja, 0 ≤ θ < π , pode-se eliminar os módulos da expressão anterior: 6 Repare que, agora, os ângulos elétricos estão sendo definidos em função da tensão da rede elétrica. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 2 V Ts ⋅ sen (θ ) ⋅ [1 − m a sen (θ ) ] . Lb ∆ ib = 137 (4.105) Para que o valor da máxima ondulação de corrente em Lb seja obtido, basta determinar qual ângulo elétrico maximiza a seguinte função: sen (θ) ⋅ [1 − m a sen (θ)] . (4.106) Isto é realizado por meio da determinação das raízes de: d {sen (θ) ⋅ [1 − m a sen(θ)]} = 0 . dθ (4.107) Desenvolvendo (4.107), cos(θ) ⋅ [1 − 2 ma sen (θ )] = 0 . (4.108) Esta equação possui duas raízes, para 0 ≤ θ < π : θ' = Substituindo essas 1 π . e θ' ' = arcsen 2 2 m a raízes em (4.106), obtém-se (4.109) 1 − ma e 1 /(4m a ) , respectivamente. Como 0 < m a ≤ 1 , a segunda raiz sempre levará a um máximo absoluto de (4.106). Isto pode ser observado graficamente na Fig. 4.50. Assim, a máxima ondulação de corrente no indutor de equilíbrio é dada por: ∆ i b , máx = 2 V Ts 1 . ⋅ Lb 4m a (4.110) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 138 Fig. 4.50 – Representação gráfica da variação dos pontos de máximo de (4.105) em função de m a . Logo, o indutor de equilíbrio é dimensionado por: Lb = 2V . 4 m a f s ∆ i b , máx (4.111) Expressando a ondulação de corrente em porcentagem do valor médio da corrente no indutor de equilíbrio, de forma similar à equação (4.25), tem-se Lb = 50 2 V . ma f s I ∆ ib % (4.112) 4.3.2.5 – Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores O dimensionamento das chaves semicondutoras e dos diodos do inversor boost MNC, operando com modulação PWM senoidal MNC, leva em consideração a discussão desenvolvida na seção 4.2.3.3. Como agora existem chaveamentos em freqüências mais elevadas, deve-se ter uma atenção maior com a faixa de freqüência em que o dispositivo semicondutor é capaz de operar. 139 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 4.3.2.5.1 – Chaves Semicondutoras Como as formas de onda de corrente e tensão para S1 e S2 são similares, apenas defasadas no tempo, o dimensionamento destas chaves será realizado tendo como base os parâmetros relacionados à S1 . Seguindo a mesma linha de raciocínio adotada nas seções anteriores, pode-se expressar a corrente na chave S1 por: ∞ 2 I ma I 1 m ωt ) + ⋅ sen h π m a sen (ωt ) ⋅ cos (h ωs t ) iS1 (t ) = − a ⋅ I − ∑ cos 2 ( h 2 2 π πh h =1 π 1 − 4h ( [ ) ] (4.113) Da equação anterior, tem-se que o valor médio da corrente em S1 é dado por: 1 m I S1 = − a ⋅ I . 2 π (4.114) Da análise do funcionamento o circuito sabe-se que os valores de pico da corrente e da tensão em S1 são iguais a I / 2 e 2 V , respectivamente. As chaves S1 e S2 são comutadas na freqüência f s . As chaves da ponte inversora podem ser dimensionadas a partir dos parâmetros relacionados à S1H , pois são submetidas às mesmas tensões e correntes (a única diferença é que são defasadas no tempo). Da análise do funcionamento da topologia, sabe-se que o valor de pico da tensão sobre S1H é igual a 2 V . A forma de onda de corrente, idealizada, em S1H é exibida na Fig. 4.51. Durante o semiciclo positivo da tensão da rede, esta corrente é composta pela soma das correntes nos diodos D1 e D2 , o que faz com que o pico da corrente nesta chave seja igual a I . No semiciclo negativo, esta corrente é nula. Assim, intuitivamente, o valor médio da corrente em S1H é igual à metade da soma dos valores médios das corrente dos diodos D1 e D2 . Uma vez que o valor médio da corrente nestes diodos é igual, tem-se que: I S 1 H = I D1 . (4.115) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 140 De (4.76), após alguma manipulação algébrica, pode ser obtido o valor da corrente média neste diodo. I S1H = ma I . π (4.116) Fig. 4.51 – Forma de onda de corrente em S1H (idealizada). Embora as chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L sejam comutadas na freqüência da rede elétrica, f , elas devem ser capazes de operar numa freqüência igual a 2 f s , pois esta é a freqüência de variação da corrente que flui por estas chaves. Caso seja necessário dimensionar as chaves utilizando valores eficazes, estes podem ser calculados numericamente, com auxílio de algum software matemático. Para S1 e S2 isto é feito a partir de (4.113). Já para as chaves da ponte inversora, o valor eficaz é igual à metade do valor eficaz da corrente de saída, iinv , dada pela equação (4.84). 4.3.2.5.2 – Diodos De forma semelhante à realizada para as chaves semicondutoras, os diodos D1 e D2 podem ser dimensionados tendo como base os parâmetros definidos para D1 . A corrente neste dispositivo é dada por (4.76). Substituindo sen (ωt ) , no primeiro termo do lado direito desta expressão, por sua série de Fourier, tem-se: I m a I ∞ 2 m a I + ∑ cos ( 2 ω ) + ⋅ sen π sen ( ω ) ⋅ cos ( ω ) iD1 (t ) = h t h m t h t , a s 2 π πh h =1 π 1 − 4h ( ) [ ] (4.117) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 141 donde o valor médio da corrente em D1 é dado por: I D1 = ma I . π (4.118) A tensão sobre D1 é dada por (4.33). Assim, o pico da tensão reversa sobre este componente é igual a 2 V . Os diodos D1 e D2 devem ser diodos rápidos, que suportem operar na freqüência f s . No caso do uso de diodos, conectados em série com S1H , S1L , S2 H e S 2L , na implementação das chaves unidirecionais em corrente na ponte inversora, estes podem ser dimensionados, no que se refere à corrente e freqüência de operação, levando em consideração a discussão desenvolvida na seção anterior para S1H . Como estes diodos são conectados diretamente à rede elétrica, devem ser capazes de suportar o valor de pico da tensão CA, igual 2 V , quando polarizados reversamente. 4.3.2.6 – Filtro de Linha Idealmente, com o emprego de PWM senoidal MNC, a corrente sintetizada na saída do inversor boost MNC possui um espectro harmônico igual ao exibido na Fig. 4.45(b). Com um filtro de segunda ordem, RLC, é possível eliminar (ou atenuar) os harmônicos oriundos dos chaveamentos, de modo que uma corrente senoidal (e em fase com a tensão no PCC) seja injetada na rede. Entretanto, na prática, aparecem algumas componentes harmônicas, de baixa amplitude, entre f e 2 f s , devido à presença de uma certa ondulação na corrente dos indutores, o que faz com que a corrente injetada na rede não seja uma senóide pura, mas sim, uma corrente com baixa THD. Existem outras características práticas que devem ser consideradas no projeto de um filtro passa-baixas que seja adequado para a aplicação desejada. Essas características são abordadas nesta seção. O filtro deve ser conectado ao inversor boost MNC conforme mostrado na Fig. 4.52, com seu ramo capacitivo diretamente ligado à saída do inversor. Como a Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 142 corrente iinv é “chaveada”, a conexão do indutor L f em série com o inversor resultaria em sobretensões no circuito. Fig. 4.52 – Circuito equivalente da etapa de saída do inversor boost MNC. O filtro deve possuir ganho unitário em baixas freqüências, de modo a não amplificar a corrente da componente fundamental nem os harmônicos devidos à ondulação de corrente nos indutores. Deve, também, ser capaz de atenuar adequadamente os harmônicos oriundos dos chaveamentos (cerca de -20 dB em 2 f s já é satisfatório). O pico de ressonância, próximo à freqüência de corte do filtro, não pode amplificar os harmônicos de baixa freqüência (devidos à ondulação de corrente nos indutores). Quanto à fase, esta deve ser próxima de zero na freqüência da rede. Estes requisitos podem ser obtidos com o auxílio da análise da resposta em freqüência do filtro, por meio de diagramas de Bode. Para isso, é necessário conhecer a função de transferência is (s ) / i inv (s ) do filtro. Colocando a fonte de tensão que representa a rede elétrica em repouso e utilizando uma análise no domínio da freqüência, o circuito da Fig. 4.52 fica como o circuito da Fig. 4.53. Fig. 4.53 – Determinação da função de transferência do filtro de linha. Pela análise deste circuito, com algumas manipulações algébricas, chega-se à função de transferência do filtro de linha: 143 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica sR f C f + 1 is (s ) . = 2 iinv (s ) s L f + Ls C f + sR f C f + 1 ( ) (4.119) Esta função de transferência pode ser escrita, na forma canônica [68], como: s (2 ξϖ 0 ) + ϖ 20 is (s ) = , iinv (s ) s 2 + s(2 ξϖ 0 ) + ϖ 02 (4.120) com ϖ0 = 1 (L f + L s ) C f (4.121) e ξ= Rf (L f + L s )C f 2 (L f + L s ) (4.122) . Os valores de ξ e ϖ 0 (e, conseqüentemente os de R f , L f e C f ) devem ser ajustados de modo que o filtro atenda às características supracitadas. Na Fig. 4.54 é apresentado o diagrama de Bode onde são traçadas as assíntotas da resposta em freqüência de um filtro de linha adequado às características desejadas (dito “bem dimensionado”). Módulo 0 dB f fc 2 fs Freqüência -20 dB Fase 0° 90° Freqüência 144 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica Fig. 4.54 – Diagrama de Bode (assíntotas) típico de um filtro de linha bem dimensionado. Finalmente, deve-se verificar se a impedância equivalente do filtro, na freqüência da rede, não é muito pequena, o que faria com que o conjunto inversor+filtro fosse visto como uma carga pela rede. Isto implicaria em uma operação com péssimo fator de deslocamento. A impedância do filtro, na freqüência da rede, Z f , pode ser calculada do circuito da Fig. 4.55, que é originado do circuito da Fig. 4.52, com a fonte de corrente em repouso e com os elementos designados no domínio da freqüência, para s = j ω . 2 V∠0° Fig. 4.55 – Determinação da impedância do filtro de linha na freqüência da rede. Após algumas manipulações algébricas, chega-se a: ( ) − ω 2 Ls + L f C f + jωR f C f + 1 Zf = . j ωC f (4.123) Assim, o valor de pico da corrente consumida da rede pelo filtro, Î Z f , é dado por: ) IZ f = 2V , (4.124) Zf que deve ser muito menor que o valor de pico da componente fundamental da corrente sintetizada pelo inversor, dado por (4.84), ou seja: 2V << m a I . Zf (4.125) Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 145 Resumindo, as características desejadas para o filtro de linha são: q Ganho unitário em baixas freqüências (próximas à freqüência da rede); q Atenuação em, pelo menos, 20 dB das freqüências em torno de 2 f s ; q Pico de ressonância reduzido; q Fase zero na freqüência da rede; ) I Z f << m a I . q 4.3.3 – Simulação da Operação PWM Senoidal MNC do Inversor Boost MNC 2 Células A validação dos conceitos relacionados à operação PWM senoidal MNC da topologia proposta pode ser feita por meio de simulação computacional. Deste modo, foram inseridas no sistema já modelado no PSpice, algumas adaptações. Foi implementada a modulação por largura de pulso senoidal e foi incluído um filtro de linha, conectado na saída do inversor. Foi utilizado o modelo do mesmo arranjo fotovoltaico da simulação apresentada na seção 4.2.4. As chaves do circuito foram implementadas utilizando o componente “Sbreak”, do PSpice, cujas resistências de condução foram consideradas iguais a 0,1 Ω . Para os diodos foi utilizado o modelo genérico “Dbreak”. O capacitor de entrada, C PV , foi adotado como sendo igual a 1000 µF . Os indutores de entrada e de equilíbrio foram dimensionados a partir de (4.97) e (4.112), respectivamente, considerando uma ondulação de corrente de 10 % do valor médio da corrente em cada elemento. Para isso, foi adotado I = 10 ⋅ I mp = 35,6 A , de acordo com a discussão da seção 4.2.4.2. Os valores utilizados foram Li = 60 mH e Lb = 9 , 3 mH . As chaves S1 e S2 foram comutadas em 3 kHz e o índice de modulação de amplitude utilizado no PWM senoidal foi igual a 0,9. Foi considerada uma rede elétrica de 60 Hz, com tensão eficaz de 127 V. O filtro de linha foi definido com os seguintes elementos: R f = 3 ,3 Ω , C f = 15µF e L f = 0 ,8 mH . Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 146 Para esta simulação não será apresentada a seleção dos componentes, como feito na seção 4.2.4.2, pois um projeto completo do sistema, operando com PWM senoidal é apresentado no próximo capítulo, que aborda a implementação de um protótipo do inversor boost MNC 2 células. Os resultados obtidos nesta simulação, com tensões e correntes convencionados conforme a Fig. 4.56, são apresentados na Fig. 4.57. Fig. 4.56 – Convenção das tensões e correntes apresentadas na simulação. Na Fig. 4.57 é possível perceber, visualmente, a divisão bem equilibrada da corrente entre as chaves do conversor boost MNC, confirmada pelos valores médios de corrente apresentados na Tabela 4.10. A ligeira diferença entre os valores médios das correntes apresentadas se deve à ondulação de corrente nos indutores. A maior diferença, inferior a 3 %, ocorre entre os diodos, pois D1 assume a ondulação do indutor de entrada, o que implica em uma redução no valor médio da sua corrente (o que também ocorre na operação com modulação MNC). Tabela 4.10 – Valores médios das correntes (simulação) Ii Ib I S1 I S2 I D1 I D2 35,10 A 17,59 A 7,60 A 7,43 A 9,94 A 10,16 A Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 147 Fig. 4.57 – Formas de onda para a operação PWM senoidal MNC do inversor boost MNC 2 células (simulação): (a) comando de S1; (b) comando de S2; (c) corrente em S1; (d) corrente em S2; (e) corrente nos indutores de entrada e de equilíbrio; (f) corrente em D1; (g) corrente em D2; (h) corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC (3 níveis); (i) comando das chaves da ponte inversora; (j) corrente em S1H; (k) corrente em S1L; (l) tensão (escala reduzida em 4 vezes) e corrente no arranjo PV; (m) corrente sintetizada pelo inversor (5 níveis); (n) corrente injetada na rede e tensão da rede (escala reduzida em 4 vezes). Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 148 Com o emprego de chaveamentos em maiores freqüências, foi possível reduzir o valor da indutância dos indutores de entrada e de equilíbrio. Para o indutor de entrada a redução7 foi de 16,67 % e, para o indutor de equilíbrio, foi de 84,5 %. A grande diferença na redução da indutância destes dois elementos do circuito se deve ao fato que estes são submetidos a tensões com formas de onda totalmente diferentes. As expressões desenvolvidas para o dimensionamento dos indutores se mostraram válidas, pois a ondulação de corrente nestes elementos, apresentada na simulação, foi próxima da esperada. Nesta simulação obteve-se VPV = 100 , 42 V e I PV = 35,10 A, levando o sistema a uma operação próxima ao seu ponto de potência máxima, por coincidência, uma vez que não foi adotado nenhum tipo de controle com esta finalidade. A potência de entrada do sistema ficou em 3524,70 W, com contribuição de cada painel do arranjo fotovoltaico igual a 117,49 W. A corrente injetada na rede apresentou valor eficaz igual a 22,25 A, THD = 4 ,694 % e ângulo de deslocamento de sua componente fundamental igual a -5,74° ( FD = 0 , 995 ), resultando em uma operação com FP = 0 ,9939 , com potência injetada na rede igual a 2811,6 W. A taxa de distorção harmônica apresentada foi calculada, pelo PSpice, para 100 harmônicos, com freqüência central em 60 Hz. Os espectros harmônicos da corrente sintetizada na saída do inversor e da corrente injetada na rede são apresentados na Fig. 4.58. Os resultado obtidos confirmam os desenvolvimentos teóricos apresentados, bem como mostram que o sistema se enquadra nos requisitos de qualidade de energia elétrica sugeridos em [29]. 7 Em comparação com os valores calculados em 4.2.4.2. Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 149 (a) (b) Fig. 4.58 – Análise harmônica: (a) Corrente sintetizada na saída do inversor (antes do filtro); (b) corrente injetada na rede. 4.4 – Quadros Resumo Nesta seção é apresentado um resumo das expressões utilizadas para o dimensionamento dos componentes de um sistema PV baseado no inversor boost MNC 2 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 150 células, desenvolvidas no decorrer deste capítulo. Com isso, é fornecida uma referência rápida, muito útil no projeto de um sistema deste tipo. Na Tabela 4.11 é apresentado um resumo das expressões matemáticas, utilizadas para o projeto de um sistema empregando modulação MNC. Já na Tabela 4.12, são trazidas as informações referentes à operação com PWM senoidal MNC. Tabela 4.11 – Dimensionamento dos componentes (modulação MNC). Especificação Limiar de inversão Indutor de entrada Indutor de equilíbrio Chaves S1 e S2 Chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L Diodos D1 e D2 Tensão de bloqueio Corrente média Tensão de bloqueio Corrente média Tensão de bloqueio Corrente média Expressão Matemática 2V Vi > [cos (α ) + cos (α + φ)] π V (2 α + φ ) Li = 50 ⋅ i π f I ∆i i % Lb = 100 2 V π ⋅ f ⋅ I ⋅ ∆ ib [cos (α ) − cos (α + φ )] % 2V (2 α + φ ) 2π I 2V I (π − 2α − φ ) 2π 2 V sen (α + φ ) (π − 2 α − φ ) 2π ⋅I Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 151 Tabela 4.12 - Dimensionamento dos componentes (PWM senoidal MNC). . Especificação Limiar de inversão Indutor de entrada Indutor de equilíbrio Chaves S1 e S2 Chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L Diodos D1 e D2 Tensão de bloqueio Corrente média Tensão de bloqueio Corrente média Tensão de bloqueio Corrente média Expressão Matemática m 2V Vi > a 2 50 2 V ma Li = I ∆ ii % ω Lb = 50 2 V ma f s I ∆ ib % 2V 1 ma − ⋅I 2 π 2V ma I π 2V ma I π 4.5 – Conclusões Parciais Neste capítulo foi apresentado o inversor boost MNC 2 células, uma nova topologia de inversor multinível em corrente, proposta neste trabalho, e sua aplicação a sistemas fotovoltaicos monofásicos conectados à rede elétrica. Dois possíveis modos de operação desta topologia foram analisados: operação com modulação MNC e operação com PWM senoidal MNC. A concepção desta nova topologia, associando as características de um inversor CSI convencional às de um conversor CC-CC boost MNC, foi abordada de forma didática, de modo a tornar o desenvolvimento do texto mais agradável e acessível. A topologia de inversor MNC proposta representa um avanço no estudo de conversores multiníveis em corrente, pois traz simplificações, tanto no ponto de vista topológico, quanto no ponto de vista do acionamento das chaves. O inversor boost MNC 2 Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 152 células é uma topologia que utiliza seis chaves semicondutoras, das quais apenas duas devem ser, obrigatoriamente, autocomutadas. Justamente estas duas chaves, que compõem o conversor CC-CC boost MNC 2 células, são as contempladas com a divisão de corrente proporcionada pela operação MNC. Esta topologia é capaz de sintetizar uma corrente em até cinco níveis em sua saída. Contrapondo, a topologia de inversor MNC capaz de sintetizar uma corrente em cinco níveis, que havia sido apresentada em trabalhos anteriores a este, emprega oito chaves autocomutadas, acionadas por uma estratégia de chaveamento complexa. Já o inversor boost MNC emprega uma lógica de chaveamento extremamente simples, seja na operação com modulação MNC ou na operação com PWM senoidal MNC. Em ambos os casos, as chaves da ponte inversora são comutadas em sincronismo com a rede elétrica e toda a lógica da operação MNC se concentra nas chaves do conversor CC-CC boost MNC 2 células. A análise matemática da estrutura proposta foi desenvolvida de forma rigorosa, para seus dois modos de operação. Foram definidos os estágios de operação, com a análise do comportamento das principais tensões e correntes do circuito, permitindo traçar suas formas de onda idealizadas. A análise do conteúdo harmônico da corrente sintetizada na saída do inversor foi abordada, permitindo a determinação dos ângulos ótimos para a operação com modulação MNC e a verificação da distribuição de seu espectro harmônico para a operação com PWM senoidal MNC. A partir desta análise, foi possível determinar analiticamente a potência ativa injetada na rede pelo sistema. Foram desenvolvidas, também, expressões úteis para o dimensionamento dos indutores, dispositivos semicondutores e do arranjo fotovoltaico do sistema. Uma referência rápida às principais expressões relacionadas ao dimensionamento dos componentes do sistema foi apresentada no final do capítulo, com o objetivo de proporcionar um projeto rápido destes elementos. A validação dos conceitos abordados neste capítulo foi realizada por meio de simulação computacional, utilizando o software PSpice. Com o objetivo de tornar as simulações mais fiéis a um sistema fotovoltaico real, foi desenvolvido um modelo, adequado para simulação no software utilizado, do painel PV disponível em laboratório. Para a operação com modulação MNC foi apresentado um exemplo de projeto, apresentando “passo-a-passo” a seleção do arranjo fotovoltaico e dos elementos utilizados na simulação. Esta seleção dos componentes do circuito foi omitida para a operação com PWM senoidal MNC, visto que um projeto detalhado para este caso será apresentado no Capítulo 4- Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação a Sistemas PV Conectados à Rede Elétrica 153 próximo capítulo, que aborda a implementação de um protótipo do sistema proposto. Os resultados obtidos nas simulações, para os dois modos de operação do sistema, foram extremamente satisfatórios, estando em conformidade com os conceitos teóricos apresentados. Algumas considerações práticas relacionadas à operação com modulação MNC foram apresentadas, de forma resumida, reforçando a importância da busca de alternativas para a modulação MNC. Os problemas de desequilíbrio de corrente nas chaves e de distorção da tensão da rede, bem como a adequação do conteúdo harmônico da corrente sintetizada pelo inversor a recomendações internacionais relacionadas à conexão de sistemas PV à rede elétrica, como a IEEE Std. 929-2000, foram discutidos. Embora uma THD em torno de 16 % possa ser considerada baixa, visto o emprego de chaveamento em baixa freqüência, ela implica que o sistema não está em conformidade com esta recomendação. Com o emprego da modulação por largura de pulso senoidal MNC, com chaveamento em freqüências relativamente baixas, foi possível sintetizar uma corrente com até cinco níveis na saída do inversor que, após filtragem (RLC), pôde apresentar uma THD inferior a 5 %, sem comprometer a eficiência do sistema com o aumento excessivo das perdas por chaveamento. Isto faz com que o sistema esteja em conformidade, no que se refere à qualidade de energia elétrica, com a recomendação citada. Além disso, observase que os problemas práticos apresentados na operação com modulação MNC são eliminados ou, pelo menos, minimizados, com o emprego de PWM senoidal MNC. Diante do exposto, no próximo capítulo será apresentada a implementação do protótipo de pequena escala de um sistema PV monofásico conectado à rede de energia elétrica, baseado no inversor boost MNC 2 células operando com PWM senoidal MNC, com o objetivo de validar experimentalmente os conceitos teóricos apresentados, dando mais consistência aos mesmos. Capítulo 5 Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC A nova topologia proposta neste trabalho foi analisada minuciosamente no capítulo anterior, onde os conceitos teóricos desenvolvidos foram verificados por meio de simulação computacional. Embora uma estrutura qualquer possa ser validada pela análise de resultados de simulação computacional, a obtenção de resultados experimentais traz mais consistência aos conceitos teóricos associados à topologia. Assim, o próximo passo na validação da teoria desenvolvida no Capítulo 4 é a implementação de um protótipo em laboratório, possibilitando confrontar resultados teóricos e experimentais. Este capítulo trata da descrição do protótipo desenvolvido, apontando detalhes práticos importantes de implementação do sistema, bem como apresenta resultados experimentais que confirmam os conceitos teóricos propostos. Neste capítulo é apresentada uma descrição do protótipo implementado, detalhando, na forma de um exemplo de projeto, os passos adotados na implementação de um sistema fotovoltaico baseado no inversor boost MNC 2 células. Conforme discutido no capítulo anterior, o protótipo implementado baseia-se na operação com PWM senoidal Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 155 MNC da topologia proposta, pois é mais adequada a um sistema PV conectado à rede de energia elétrica. De modo a adequar a disponibilidade de componentes e painéis fotovoltaicos em laboratório, foi implementado o protótipo de um sistema PV em escala reduzida, utilizando o menor arranjo fotovoltaico necessário para a operação do inversor boost MNC conectado à rede elétrica. Finalmente, são apresentados e analisados os resultados experimentais obtidos por meio de medições no protótipo implementado. Os principais resultados descritos neste capítulo foram incluídos em um artigo técnico, selecionado para apresentação no XV Congresso Brasileiro de Automática (CBA 2004) pelo corpo de revisores da Sociedade Brasileira de Automática (SBA) [77]. 5.1 – Descrição do Protótipo Desenvolvido Foi desenvolvido em laboratório um sistema PV monofásico, conectado à rede de energia elétrica, baseado no inversor boost MNC. A rede de energia elétrica local possui V = 127 V (valor eficaz) e f = 60 Hz . Devido à disponibilidade em laboratório, foi utilizado um arranjo fotovoltaico de 360 Wp, composto por três painéis PV do tipo BP SX-120, fabricados pela BP Solar [25]. Foi adotada uma freqüência de chaveamento f s = 3 kHz para as chaves S1 e S2 . Deste modo tem-se um PWM senoidal MNC com m f = 50 . Já o índice de modulação de amplitude considerado para o projeto dos componentes do sistema foi considerado como m a = 0 ,9 . O circuito completo do inversor boost MNC pode ser dividido em duas partes básicas: q circuito de potência; q circuito de acionamento das chaves. O circuito de potência é o módulo principal do protótipo, responsável pelo processamento da energia solar convertida pelos painéis fotovoltaicos, composto pelas chaves semicondutoras, diodos e indutores, ou seja, a nova topologia de inversor MNC Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 156 propriamente dita. O circuito de acionamento das chaves é constituído pelos circuitos de sincronismo e geração dos pulsos de comando das chaves e pelos drivers ou circuitos responsáveis pela interface entre os circuitos lógicos e o circuito de potência. O circuito de acionamento das chaves é responsável pela implementação do PWM senoidal MNC. Estes circuitos são descritos detalhadamente a seguir. 5.1.1 – Circuito de Potência A apresentação do circuito de potência será realizada na forma de um exemplo de projeto. Nesta seção é abordada a seleção do arranjo fotovoltaico, dos indutores, das chaves semicondutoras e dos diodos do protótipo desenvolvido, bem como o projeto dos dissipadores e do filtro de linha utilizados. A seleção dos componentes é feita empregando as equações desenvolvidas no Capítulo 4, buscando, dentro do possível, uma adequação à disponibilidade de componentes em laboratório. O esquema elétrico do circuito de potência é mostrado na Fig. 5.1, onde as chaves semicondutoras autocomutadas são MOSFETs, que foram escolhidas para implementar as chaves ativas da topologia devido à sua disponibilidade em laboratório. Vale recordar que os conjuntos ( S1H , D1H ), ( S1L , D1L ), ( S2 H , D2 H ) e ( S2 L , D2 L ), que implementam as chaves unidirecionais em corrente da ponte inversora, poderiam ser substituídos por tiristores. Nessa figura, podese observar a inclusão de um capacitor, C lc , entre o conversor CC-CC boost MNC e a ponte inversora, que não existe na topologia idealizada. Como é sabido da análise da topologia, na operação correta do PWM senoidal MNC, a corrente no instante de comutação das chaves da ponte inversora (cruzamento por zero da tensão senoidal da rede) é nula, logo não é preciso que haja um “tempo vivo” no chaveamento da ponte inversora, sobrepondo em um pequeno intervalo de tempo, os períodos de condução de chaves de um mesmo braço. Entretanto, por segurança, para evitar sobretensões nos componentes do circuito de potência caso haja falha no PWM senoidal MNC, um pequeno capacitor de snubber, C sn = 100 nF , foi incluído entre o conversor CC-CC e a ponte inversora como proteção, de modo a garantir que sempre haja caminho para circulação da corrente dos indutores de entrada e de equilíbrio. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 157 Fig. 5.1 – Esquema elétrico do circuito de potência. 5.1.1.1 – Seleção do Arranjo Fotovoltaico O arranjo fotovoltaico é definido de acordo com a potência desejada para o sistema e de modo a proporcionar uma tensão superior ao limiar de inversão8 na entrada do inversor boost MNC 2 células. A menor tensão de entrada necessária para que o sistema opere como um inversor é dada por (4.84). Assim, Vi > m a 2 V 0 ,9 ⋅ 2 ⋅ 127 = 2 2 ∴Vi > 81 V . (5.1) Deste modo, o arranjo fotovoltaico deve possuir um número mínimo de painéis conectados em série, a fim de que a tensão de entrada seja superior a 81 V. No circuito prático, ainda existe um diodo conectado em série com o arranjo fotovoltaico, cuja tensão de polarização direta (cerca de 1 V) deve ser levada em consideração. Os painéis fotovoltaicos disponíveis em laboratório são do tipo BP SX-120, cuja tensão no ponto de potência máxima é igual a 33,7 V [25]. Conforme discutido no Capítulo 4, é razoável realizar o projeto do arranjo fotovoltaico considerando seus parâmetros no ponto de potência máxima. Logo, a configuração adotada utiliza três painéis fotovoltaicos 8 Vj. seções 4.2.3.1 e 4.3.2.3. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 158 conectados em série, resultando em uma tensão de entrada em torno de 100 V. Devido à limitação da disponibilidade de painéis PV para serem utilizados no protótipo do sistema proposto, foi utilizado um arranjo fotovoltaico com apenas três painéis. Entre o arranjo PV e o indutor de entrada foi conectado um diodo retificador, DPV , de 6 A / 800 V (especificado por “6A8”) e um capacitor eletrolítico, C PV , de 1000 µF / 250 V. Vale salientar que o diodo DPV está sobre-dimensionado, tendo sido escolhido de acordo com a disponibilidade de componentes. 5.1.1.2 – Seleção dos Indutores Os indutores de entrada e de equilíbrio foram dimensionados considerando a entrada do circuito igual a 3,56 A, ou seja, igual à corrente de potência máxima dos painéis PV [25]. Para o indutor de entrada, adotando uma ondulação de corrente igual a 10 % do valor médio da corrente elétrica neste elemento, a partir de (4.94), tem-se: Li = 50 2 V m a 50 ⋅ 2 ⋅ 127 ⋅ 0 ,9 = 3,56 ⋅ 10 ⋅ (2 π ⋅ 60 ) I ∆ ii % ω ∴ Li ≈ 600 mH . (5.2) Devido ao alto valor de indutância e à corrente nominal necessários, este indutor deve ser construído com núcleo de ferro-silício, minimizando suas dimensões físicas (proporcionais a Li I 2 e dependentes da densidade de fluxo magnético de saturação do núcleo). Um indutor de 600 mH / 5 A foi fabricado sob encomenda9 e utilizado no protótipo do sistema. Já o indutor de equilíbrio, a partir de (4.109), para uma ondulação de corrente de 10 %, deve ter uma indutância igual a: 9 Fabricado pela Powerbras Indústria Eletrônica LTDA. (www.powerbras.com.br). Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC Lb = 159 50 2 V 50 2 ⋅ 127 = m a f s I ∆ ib % 0 ,9 ⋅ 3000 ⋅ 3 ,56 ⋅ 10 (5.3) ∴ Lb = 93 mH . A corrente nominal para este indutor deve ser superior a 1,78 A (metade da corrente de entrada do circuito). Como já existia um indutor de 60 mH / 12,5 A, com núcleo de ferro-silício, disponível em laboratório, optou-se em utilizar este elemento na implementação do protótipo, devido a restrições orçamentárias. A partir de (4.109), verifica-se que a ondulação de corrente para este valor de indutância é igual a 15,56 %, o que ainda é um valor aceitável. Cabe ressaltar que a freqüência de chaveamento do circuito se encontra dentro da faixa de aplicação de núcleos de ferro-silício na construção de indutores e transformadores [69]. 5.1.1.3 – Seleção das Chaves Semicondutoras e Diodos O dimensionamento das chaves semicondutoras e dos diodos pode ser realizado para uma situação de sobrecarga do sistema, permitindo sua operação de uma forma mais segura em condições normais. Na seleção das chaves e diodos do protótipo foi considerada uma sobrecarga de 25 % em relação a corrente de potência máxima, ou seja, I = 1,25 ⋅ 3 ,56 = 4 , 45 A ≈ 4,5 A . (5.4) De acordo com a disponibilidade de componentes em laboratório, optou-se pelo uso de MOSFETs na implementação das chaves autocomutadas do sistema. Tanto MOSFETs quanto diodos são especificados pela corrente média que o dispositivo é capaz de conduzir e pela máxima tensão de bloqueio do componente, além da freqüência de chaveamento a qual estiverem submetidos. Todas as chaves e diodos do circuito, com exceção de DPV , são submetidos, quando em estado de bloqueio, a uma tensão de até 2V . Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 160 A corrente média nas chaves S1 e S2 é calculada por (4.111). Assim, 1 m 1 0 ,9 I S1 = − a ⋅ I = − ⋅ 4 ,5 2 π 2 π ∴ I S 1 = 0 ,9685 A . (5.5) Já as chaves e diodos da ponte inversora têm o valor médio de suas correntes elétricas dado por (4.113), ou seja, I S1 H = m a I 0 ,9 ⋅ 4 ,5 = π π ∴ I S 1H = 1,2892 A (5.6) O valor médio da corrente nos diodos D1 e D2 é dado por (4.115), que é uma expressão idêntica a (4.113). Logo: ∴ I D1 = 1,2892 A (5.7) As chaves S1 e S2 são comutadas em 3 kHz, o que faz com que os diodos D1 e D2 sejam comutados (bloqueio e livre circulação) com a mesma freqüência. Já as chaves da ponte inversora (conjuntos MOSFET+diodo), apesar de serem comutadas na freqüência da rede elétrica (60 Hz), não devem ser chaves “lentas”, pois suas correntes elétricas variam numa freqüência igual a 2 f s , ou seja, 6 kHz. De acordo com os parâmetros calculados, e levando em consideração também a disponibilidade em laboratório, foram escolhidos os componentes IRF740 e MUR860 como MOSFETs e diodos do circuito, respectivamente. As principais características elétricas destes componentes são apresentadas na Tabela 5.1. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 161 Tabela 5.1 – Características elétricas dos componentes empregados no protótipo. Parâmetro Corrente média (A) Corrente de pico (A) Tensão de bloqueio (V) Queda de tensão direta (V) Resistência de condução (Ω) MOSFET IRF740 [71] 10 40 400 --0,55 Diodo MUR860 [72] 8 100 600 1,5 --- 5.1.1.4 – Projeto dos Dissipadores de Calor A capacidade natural de um dispositivo semicondutor de transportar o calor gerado em sua junção, devido ao efeito Joule, muitas vezes não é suficiente para manter sua temperatura de junção dentro de seus limites físicos, o que pode acarretar na sua destruição. Daí surge a necessidade do emprego de dispositivos que venham a facilitar o transporte de calor da junção para o ambiente externo ao componente. Esses dispositivos são os chamados dissipadores de calor (ou radiadores de calor). Geralmente, no projeto de um conversor estático é necessário o emprego de dissipadores de calor para as chaves semicondutoras e diodos, de modo a aumentar a confiabilidade da operação do mesmo. Dentre as possibilidades de acondicionamento dos MOSFETs e diodos do circuito do inversor boost MNC em dissipadores de calor, optou-se pela configuração mostrada na Fig. 5.2. Os MOSFETs e diodos de uma mesma célula MNC ( S1 e D1 ; S2 e D2 ) foram montados sobre o mesmo dissipador, pois possuem comportamento complementar (no que se refere a condução e bloqueio) e um ponto comum de conexão no circuito, o que facilita o layout da placa de circuito impresso do circuito de potência. Já para os dispositivos da ponte inversora, cada par que implementa uma chave unidirecional em corrente ( S1H e D1H ; S1L e D1L ; S2 H e D2 H ; S 2L e D2 L ) foi montado sobre o mesmo dissipador, única e exclusivamente em função do layout da placa de circuito impresso do circuito de potência. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 162 DISSIPADOR ISOLADOR (MICA) IRF740 MUR860 ISOLADOR (MICA) PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO Fig. 5.2 – Configuração escolhida para acondicionar os MOSFETs e diodos nos dissipadores de calor. Dada a configuração da Fig. 5.2, é possível desenhar um circuito análogo térmicoelétrico genérico, para cada par MOSFET-diodo, para modelar o transporte de calor da junção dos dispositivos para o ar, conforme mostrado na Fig. 5.3 [66] e [70]. Nesta figura, as resistências térmicas que modelam a dificuldade de se transportar calor de um ponto do circuito ao outro são designadas pela letra grega Θ , seguida do índice que indica os pontos onde são conectadas. Os índices “M” e “D” são referentes aos parâmetros do MOSFET e do diodo, respectivamente. As resistências térmicas junção-encapsulamento ( Θ jc ) e temperaturas máximas admissíveis na junção do IRF740 e do MUR860 são apresentadas na Tabela 5.2. A potência dissipada em cada MOSFET pode ser calculada por (5.8). 2 PM = rds (on ) ⋅ I M , (5.8) onde rds (on ) é a resistência de condução do IRF740 e I M = I S 1 ou I M = I S 1H , dependendo do MOSFET sob análise. Já a potência dissipada em cada diodo é dada por: PD = VF ⋅ I D , (5.9) onde VF é a queda de tensão direta do MUR860 e I D = I D1 ou I D = I S 1H , dependendo do diodo sob análise. 163 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC Fig. 5.3 – Circuito análogo térmico-elétrico genérico (para cada par MOSFET-diodo). Tabela 5.2 – Características térmicas dos componentes empregados no protótipo. Parâmetro Máxima temperatura na junção (°C) Resistência térmica junção-encapsulamento (°C/W) Símbolo MOSFET IRF740 [71] Diodo MUR860 [72] T j , máx 150 175 Θ jc 1 2 O projeto do dissipador consiste em determinar o valor máximo de sua resistência térmica ( Θ sa ) que permita retirar calor da junção dos dispositivos de modo que sua temperatura não exceda seus limites físicos, evitando a destruição do componente. Usualmente, no projeto de um dissipador, considera-se a temperatura de trabalho da junção do dispositivo semicondutor igual a 70 % ou 80 % de T j , máx . Assim, tem-se T jM = 0 ,8 ⋅ 150 = 120 °C para os MOSFETs e T jD = 0 ,8 ⋅ 175 = 140 °C para os diodos. A temperatura ambiente, Ta , deve ser considerada igual a 40 °C em ambientes onde não existe um controle rígido da temperatura. A resistência térmica encapsulamento-dissipador ( Θ cs ) típica para os MOSFETs e diodos (encapsulamento TO-220 AB), utilizando isolador (mica) e pasta térmica, é igual a 2,5 °C/W. A partir do circuito da Fig. 5.3 pode-se escrever as expressões que determinam o maior valor de Θ sa admissível para cada chave. 164 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC Para os MOSFETs, Θ saM ≤ ( ) ( ) T jM − Ta − Θ jcM + Θ cs ⋅ PM . PM + PD (5.10) Para os diodos, Θ saD ≤ T jD − Ta − Θ jcD + Θcs ⋅ PD . PM + PD (5.11) O dissipador deve ser escolhido de modo que sua resistência térmica atenda (5.10) e (5.11) simultaneamente. Assim, Θ sa ≤ min (Θ saM , Θ saD ) . (5.12) A Tabela 5.3 traz um resumo dos valores calculados no projeto dos dissipadores do inversor boost MNC 2 células. Os resultados exibidos para os pares ( S1 e D1 ) e ( S1H e D1H ) representam os cálculos efetuados para todas as chaves do circuito de potência. Tabela 5.3 – Projeto dos dissipadores de calor. Dispositivo S1 D1 S1H D1H Potência Dissipada (W) 0,5159 1,9338 0,914 1,9338 Máxima Θ sa admissível para o dispositivo (°C/W) 31,9 37,3 26,97 32,06 Máxima Θ sa admissível para o conjunto (°C/W) 31,90 26,97 Para todos os pares MOSFET-diodo utilizou-se o mesmo tipo de dissipador, cuja Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 165 resistência térmica Θ sa , estimada a partir de [66], é igual a 23,7 °C/W e atende às necessidades de dissipação de calor de todos os dispositivos semicondutores. 5.1.1.5 – Projeto do Filtro de Linha A seleção dos valores dos componentes do filtro de linha foi realizada de forma empírica, seguindo os princípios discutidos na seção 4.3.2.6. A configuração escolhida é apresentada na Tabela 5.4. Tabela 5.4 – Elementos do filtro de linha. L f = 3 mH C f = 4 ,7 µH R f = 4 ,7 Ω O indutor do filtro de linha foi construído com um núcleo de ferrite EE 65/26, com 90 espiras de fio 16 AWG. O projeto deste indutor, baseado em [73] – [75], é apresentado no Apêndice C. A análise da resposta em freqüência do filtro pode ser realizada por meio do diagrama de Bode traçado a partir da equação (4.116). Este diagrama de Bode, considerando a indutância característica da rede, Ls , igual a 0,5 mH é mostrado na Fig. 5.4. O ganho e a fase do filtro em 60 Hz ficaram em 0,02 dB e -0,00115°, respectivamente. A impedância do filtro em 60 Hz é igual a 563 ∠ − 89 ,5° Ω , que faz com que o filtro consuma uma corrente capacitiva de 0,3197 A da rede elétrica, nesta freqüência. As freqüências em torno de 2 f s (ou seja, 6 kHz) são atenuadas em 24,7 dB. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 166 Fig. 5.4 – Diagrama de Bode do filtro de linha. 5.1.1.6 – Quadro Resumo dos Componentes do Circuito de Potência A Tabela 5.5 traz um resumo dos componentes empregados no circuito de potência a fim de permitir uma rápida referência aos tipos e valores dos elementos utilizados. Tabela 5.5 – Quadro resumo dos componentes do circuito de potência. Elemento Painéis Fotovoltaicos DPV Tipo ou Valor 3 × BP SX-120 Diodo retificador 6A8 C PV 1000 µF / 250 V (eletrolítico) Li 600 mH / 5 A (CC) – núcleo de ferro-silício Lb 60 mH / 12,5 A (CC) – núcleo de ferro-silício S1 , S2 , S1H , S1L , S2 H e S 2L D1 , D2 , D1H , D1L , D2 H e D2 L MOSFET IRF740 Lf 3 mH / 4,5 A(rms) – núcleo de ferrite Rf 4,7 Ω / 5 W Cf 4,7 µF / 250 V (poliéster) Diodo MUR860 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 167 5.1.2 – Circuito de Acionamento das Chaves O circuito de acionamento das chaves é composto pelos circuitos de sincronismo e geração dos pulsos de comando das chaves e pelos drivers ou circuitos responsáveis pela interface entre os circuitos lógicos e o circuito de potência. O diagrama funcional do circuito de acionamento das chaves é apresentado na Fig. 5.5. Fig. 5.5 – Circuito de acionamento das chaves (diagrama funcional). O PWM senoidal MNC é realizado por meio da comparação de duas ondas triangulares de 3 kHz, defasadas de 180° entre si, com uma tensão senoidal retificada (cuja amplitude pode ser ajustada, permitindo a variação do valor de m a ). A tensão senoidal retificada é uma cópia da tensão da rede elétrica, obtida por meio de um transformador abaixador. Deste modo, os pulsos de comando das chaves S1 e S2 variam de forma sincronizada com a tensão da rede elétrica. Estas chaves são acionadas utilizando o driver integrado IR2104, através de sua saída inversora (LO), que é referenciada ao terra do circuito de acionamento das chaves [76]. Os pulsos que comandam as chaves da ponte inversora são gerados de forma simples, a partir da comparação de uma cópia da tensão da rede, obtida com o mesmo Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 168 transformador abaixador utilizado na modulação por largura de pulso, ao nível de referência (terra) do circuito de acionamento. Como já foi dito anteriormente, não é necessária a preocupação em evitar que as chaves de um mesmo braço da ponte sejam bloqueadas simultaneamente, como ocorre com inversores CSI convencionais. Esses pulsos são aplicados às chaves S1H , S1L , S2 H e S 2L por meio de dois drivers com isolamento magnético, pois os terminais de referência para o acionamento destes MOSFETs (terminais source) não são conectados aos mesmos pontos do circuito de potência. Neste caso, não é possível utilizar o driver integrado IR2104, nem outro de sua família, de tecnologia bootstrap, pois este tipo de circuito integrado não suporta a conexão direta à rede elétrica. Os drivers isolados utilizados são adaptações dos circuitos de acionamento empregados em [51] e [52]. O esquema elétrico destes drivers é mostrado na Fig. 5.6. O esquema elétrico completo do circuito de acionamento das chaves é exibido na Fig. 5.7. Uma fotografia do protótipo do sistema PV baseado no inversor boost MNC 2 células é mostrada na Fig. 5.8. Nesta figura pode-se observar a presença de alguns “jumpers” inseridos na placa de circuito impresso do circuito de potência com a finalidade de possibilitar a medição da corrente nos principais ramos deste circuito. Estes jumpers são responsáveis pelo aumento da indutância parasita nos ramos em que estão conectados. Isto pode provocar sobretensões nos instantes de desligamento das chaves da estrutura. No entanto, não se observou elevações exageradas nas tensões sobre os elementos do circuito, em testes com tensão reduzida, o que fez desnecessário o uso de snubbers de sobretensão [66]. Este fato vem comprovar a boa qualidade do layout e da confecção da placa de circuito impresso do protótipo desenvolvido. Fig. 5.6 – Driver com isolamento magnético. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC Fig. 5.7 – Circuito de acionamento das chaves. 169 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 170 Fig. 5.8 – Foto do protótipo do sistema PV baseado no inversor boost MNC 2 células. 5.2 – Simulação Incluindo Elementos Parasitas Uma forma de verificar se os resultados obtidos em medições no protótipo montado em laboratório refletem os conceitos teóricos é por meio do confrontamento com uma simulação computacional que represente a situação encontrada na prática. Por isso, nesta seção é apresentada a simulação computacional de um circuito elétrico que modela o protótipo do sistema PV baseado no inversor boost MNC 2 células, mostrado na Fig. 5.9. Fig. 5.9 – Circuito utilizado na simulação incluindo elementos parasitas. Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 171 Nesta simulação são utilizados os mesmos valores de capacitores e indutores e o modelo do mesmo arranjo fotovoltaico da Tabela 5.5. Para as chaves e diodos, optou-se em utilizar os modelos “Sbreak” e “Dbreak” do Pspice, pois foi observado que uso dos modelos correspondentes aos componentes verdadeiros (IRF740 e MUR860, disponíveis neste software) introduz problemas de convergência na simulação do sistema. Para o componente “Sbreak” foi considerada uma resistência de condução igual a 0,55 Ω. São incluídos alguns elementos parasitas, de modo a tornar a simulação computacional mais próxima da realidade. As resistências série dos indutores de entrada e de equilíbrio são consideradas como 1,2 Ω e 0,3 Ω, que são seus respectivos valores medidos em laboratório. A indutância característica da rede foi considerada igual a 0,5 mH. As principais formas de onda de corrente e da tensão de saída (PCC) do circuito são apresentadas na Fig. 5.10. Outras formas de onda de tensão são exibidas na Fig. 5.11 Fig. 5.10 – Simulação incluindo elementos parasitas (principais formas de onda): (a) corrente nos indutores de entrada e de equilíbrio; (b) corrente em S1; (c) corrente em S2; (d) corrente em D1; (e) corrente em D2; (f) corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC (3 níveis); (g) corrente em S1H; (h) corrente em S1L; (i) corrente sintetizada pelo inversor (5 níveis); (j) corrente injetada na rede e tensão da rede (escala reduzida em 40 vezes). Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 172 Fig. 5.11 – Simulação incluindo elementos parasitas (formas de onda de tensão): (a) tensão no indutor de entrada; (b) tensão no indutor de equilíbrio; (c) tensão em S1; (d) tensão em S2; (e) tensão em S1H; (f) tensão em S1L. Nesta simulação foi obtida uma corrente com THD = 3,303 %, com ângulo de defasagem da componente fundamental igual a -4,628°, resultando num FP = 0,9962. Os valores médios das correntes nos indutores, chaves e diodos do conversor CC-CC boost MNC 2 células são apresentados na Tabela 5.6. Pode-se observar uma divisão bem equilibrada da corrente entre as chaves S1 e S2 e entre os diodos D1 e D2 , mesmo com a consideração da resistência série do indutor de equilíbrio, o que confirma que a operação com PWM senoidal MNC é capaz minimizar este tipo de desequilíbrio de corrente. A Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 173 potência de entrada do sistema obtida foi de 311,3 W, sendo que 283,8 W foram entregues à rede elétrica. Como as resistências série dos indutores e de condução das chaves foram incluídas na simulação, este resultado pode ser utilizado para estimar o rendimento teórico do sistema. Assim, o rendimento teórico do sistema ficou em 91,18 %. As formas de onda das figuras anteriores podem ser utilizadas como referência para comparação dos resultados experimentais que serão apresentados a seguir. Tabela 5.6 – Verificação do equilíbrio de corrente da operação MNC. Ii Ib I S1 I S2 I D1 I D2 3,523 A 1,6319 A 0,8155 0,6993 A 1,076 A 0,9324 A 5.3 – Resultados Experimentais As principais formas de onda obtidas para o protótipo desenvolvido são apresentadas nesta seção. A aquisição destas formas de onda foi realizada utilizando o osciloscópio digital TDS 524A, da Tektronix. As correntes nos principais ramos do circuito de potência foram medidas utilizando ponteiras de corrente A622, da Tektronix, na escala de 100 mV/A. As medições de tensão do circuito de potência foram efetuadas utilizando o sensor de efeito Hall LV 25-P, fabricado pela LEM, com relação de 50:1. Para minimizar o erro na medição da fase da corrente injetada na rede elétrica, esta foi medida utilizando um sensor de efeito Hall semelhante ao utilizado para as medições de tensão. Este sensor é o LA 55-P, também fabricado pela LEM, e a relação de medição utilizada foi de 1 V/A. Todas as formas de onda apresentadas aqui foram obtidas com m a = 0 ,9 . Na Fig. 5.12 são apresentadas as principais formas de onda do circuito de acionamento das chaves. As portadoras triangulares, com defasagem de 180° entre si, são exibidas na Fig. 5.12(a). A portadora 1 é obtida a partir do gerador de sinais CFG250, da Tektronix e a portadora 2 é obtida pelo circuito defasador mostrado na Fig. 5.7. A composição do PWM senoidal MNC é detalhada, para uma das portadoras triangulares, na Fig. 5.12(b). Os pulsos de 174 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC comando das chaves S1 e S2 , tomados na saída dos drivers IR2104 são apresentados na Fig. 5.12(c). Na Fig. 5.12(d) são apresentados os pulsos de comando das chaves da ponte inversora, na saída do driver com isolamento magnético. Pode-se observar nesta figura que estes pulsos são sincronizados com a tensão da rede de energia elétrica. (5 V/div; 200 µs/div) (5 V/div; 500 µs/div) (a) (b) (5 V/div; 2 ms/div) (10 V/div; 5 ms/div) (c) (d) Fig. 5.12 – Principais formas de onda do circuito de acionamento das chaves: (a) portadoras triangulares defasadas de 180° entre si; (b) detalhe do PWM senoidal para uma das portadoras; (c) pulsos de comando de S1 e S2; (d) pulsos de comando das chaves da ponte inversora e sincronismo com a tensão da rede. As principais formas de onda do circuito de potência são apresentadas na Fig. 5.13. As tensões sobre os indutores de entrada e de equilíbrio são exibidas na Fig. 5.13(a) e na 175 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC Fig. 5.13(b), respectivamente. As formas de onda de tensão sobre as chaves do conversor boost MNC 2 células são mostradas na Fig. 5.13(c) e as formas de onda de tensão sobre as chaves de um dos braços da ponte inversora são exibidas na Fig. 5.13(d). Todas essas formas de onda apresentam boa conformidade com os resultados teóricos. (100 V/div; 2 ms/div) (100 V/div; 2 ms/div) (a) (b) (100 V/div; 2 ms/div) (100 V/div; 5 ms/div) (c) (d) Fig. 5.13 – Principais formas de onda de tensão do circuito de potência: (a) tensão sobre o indutor de entrada; (b) tensão sobre o indutor de equilíbrio; (c) tensões nas chaves S1 e S2; (d) tensões nas chaves S1H e S1L. Na Fig. 5.14 são apresentadas as principais formas de onda de corrente medidas no protótipo desenvolvido. As medições foram realizadas em um dia com grandes variações de insolação, o que pode trazer ligeira divergência entre algumas medições, já que não Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 176 foram realizadas simultaneamente. As correntes nos indutores de entrada e de equilíbrio são exibidas na Fig. 5.14(a). As correntes nas chaves e diodos do conversor CC-CC boost MNC 2 células são mostradas na Fig. 5.14(b) e Fig. 5.14(c), respectivamente. Na Fig. 5.14(d) é exibida a corrente na saída do conversor CC-CC, com três níveis. As correntes nas chaves de um braço da ponte inversora são mostradas na Fig. 5.14(e). A forma de onda da corrente sintetizada na saída do inversor, antes do filtro, com cinco níveis, é mostrada na Fig. 5.14(f). Pode-se observar uma divisão bem equilibrada entre a corrente nas chaves e nos diodos do conversor CC-CC boost MNC 2 células, com S1 e D1 assumindo a ondulação de corrente em Li (como na simulação). Apesar do equilíbrio da divisão de corrente poder ser verificado visualmente pelas formas de onda de corrente nos indutores (Fig. 5.14(a)), os valores médios das correntes nestes elementos, nas chaves e diodos do conversor CC-CC medidos são apresentados na Tabela 5.7, de modo a proporcionar uma análise quantitativa da divisão de corrente. Destas medições observa-se que o desequilíbrio da divisão da corrente entre os indutores (ou entre as células MNC) ficou em 3,3%. O desequilíbrio no compartilhamento da corrente total de entrada do sistema entre os diodos ficou em 2,5 % e, entre as chaves, ficou em 11,15 %. Estes valores porcentuais de erro vêm reforçar a verificação da capacidade de divisão de corrente entre os componentes das células MNC. A principal causa de divergência na divisão de corrente é a resistência série do indutor de equilíbrio, conforme discutido no Capítulo 4. Tabela 5.7 – Verificação do equilíbrio de corrente da operação MNC. Ii Ib I S1 I S2 I D1 I D2 2,996 A 1,548 A 0,590 0,664 A 0,942 A 0,918 A Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC (1 A/div; 5 ms/div) (a) (1 A/div; 2 ms/div) (b) (1 A/div; 2 ms/div) (c) (2 A/div; 5 ms/div) (d) (2 A/div; 5 ms/div) (e) (2 A/div; 5 ms/div) (f) 177 Fig. 5.14 – Principais formas de onda de corrente do circuito de potência: (a) correntes nos indutores de entrada e de equilíbrio; (b) correntes nas chaves S1 e S2; (c) correntes nos diodos D1 e D2; (d) corrente na saída do conversor CC-CC boost MNC 2 células (3 níveis); (e) correntes nas chaves S1H e S1L; (f) corrente na saída do inversor (5 níveis). Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 178 Na Fig. 5.15 são apresentadas as formas de onda da corrente injetada na rede e da tensão da rede no ponto de acoplamento comum. A corrente injetada na rede apresentou uma THD = 4,62 %, com ângulo de defasagem da componente fundamental igual a -3,889 °, resultando numa operação com FP = 0,9966. Este valor de taxa de distorção harmônica de corrente faz com que o sistema proposto esteja em conformidade com a IEEE Std. 929-2000, no que se refere à qualidade de energia elétrica. O espectro harmônico da corrente injetada na rede, para 51 harmônicas, obtido com o software WaveStar é mostrado na Fig. 5.16. Nesta figura pode-se verificar que a amplitude de cada harmônico é inferior a 2,4 % da amplitude da componente fundamental da corrente injetada na rede. A análise da variação da THD da corrente injetada na rede, do FP e do rendimento do protótipo em função da potência processada e do índice de modulação de amplitude é abordada nas próximas seções. Fig. 5.15 – Corrente injetada na rede (2 A/div; 5ms/div) e tensão no PCC (50 V/div; 5 ms/div) Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 179 Fig. 5.16 – Espectro harmônico da corrente injetada na rede (valores de amplitude expressos em % da componente fundamental). 5.3.1 – Avaliação da Taxa de Distorção Harmônica da Corrente Injetada na Rede Elétrica A avaliação do comportamento da THD da corrente injetada na rede é extremamente importante para o conhecimento pleno da funcionalidade e utilidade do sistema. Nesta seção é desenvolvida uma análise, por meio de gráficos, da variação da THD da corrente injetada na rede em função das potências de saída e de entrada e da corrente de entrada do sistema. O comportamento da THD da corrente injetada na rede em função da potência de entrada do sistema é incluído nesta análise, pois permite avaliar quando o sistema está operando em sua capacidade nominal (ou potência máxima dos painéis PV), onde a THD deve ser menor do que 5 %. Já a análise da variação da THD de is em função da corrente de entrada do sistema (corrente drenada dos painéis PV) permite avaliar o comportamento da operação MNC. Quanto menor a corrente na entrada do sistema, mais significativa é a ondulação de corrente nos indutores, o que pode distorcer a forma de onda de corrente multinível e comprometer o PWM senoidal MNC. Estas análises são realizadas para índices de modulação de amplitude iguais a 0,8, 0,9, 1,0 e 1,1, sendo que uma atenção especial é dada para o caso onde m a = 0 ,9 , pois corresponde à situação de projeto do sistema. Foi incluído um caso de sobre-modulação Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 180 ( m a = 1,1 ) para verificar o comportamento do sistema neste tipo de situação (que pode ser explorada por alguma estratégia de rastreamento do ponto de máxima potência dos painéis) [66]. Os valores de THD da corrente injetada na rede elétrica foram obtidos com o software WaveStar. A potência de entrada e de saída do sistema foram calculadas por (5.13) e (5.14), respectivamente. Pi = VPV ⋅ I PV . (5.13) Po = V ⋅ I s1 ⋅ cos (ϕ 1 ) , (5.14) onde I s 1 e ϕ 1 são, respectivamente, o valor eficaz e o ângulo de fase (em relação à tensão no PCC) da componente fundamental da corrente injetada na rede, obtidos com o software WaveStar. Na Fig. 5.17 é apresentado o comportamento da THD da corrente injetada na rede em função da variação da potência injetada na rede elétrica (potência de saída do sistema). Pode-se observar que para uma potência de saída em torno de 120 W, a THD já é menor que 10 %. A THD torna-se inferior a 5 % quando uma potência ligeiramente superior a 300 W é injetada na rede. O comportamento da THD da corrente injetada na rede em função da potência de saída do sistema, para outros valore de m a é mostrado na Fig. 5.18. Para m a = 0 ,8 e m a = 1,0 , obteve-se um comportamento similar ao obtido para m a = 0 ,9 . Para m a = 1,1 , observa-se ligeiro aumento na THD da corrente injetada na rede. 181 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC ma=0.9 60 50 THD (%) 40 30 20 10 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) Fig. 5.17 – Variação da THD em função da potência de saída do sistema ( m a = 0 ,9 ). 60 THD (%) ma=0.8 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) 60 THD (%) ma=1.0 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) 60 THD (%) ma=1.1 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) Fig. 5.18 – Variação da THD em função da potência de saída do sistema (avaliação com variação de m a ). Na Fig. 5.19 é mostrado o comportamento da THD da corrente injetada na rede em função da potência fornecida pelos painéis PV para m a = 0 ,9 . Observa-se que o sistema sintetiza uma corrente com THD inferior a 5 %, quando opera próximo à sua potência nominal (potência máxima dos painéis PV). Neste caso, a THD obtida foi igual a 182 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 4,62 %. Um comportamento semelhante é obtido para m a = 0 ,8 e m a = 1,0 , como pode ser visto na Fig. 5.20. Não foi possível levar o sistema a operar próximo às condições nominais para m a = 1,1 , mas a THD obtida para este caso chegou a 6,32 % ma=0.9 60 50 THD (%) 40 30 20 10 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Pi (W) Fig. 5.19 – Variação da THD em função da potência de entrada do sistema ( m a = 0 ,9 ). 60 THD (%) ma=0.8 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Pi (W) 60 THD (%) ma=1.0 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Pi (W) 60 THD (%) ma=1.1 40 20 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Pi (W) Fig. 5.20 – Variação da THD em função da potência de entrada do sistema (avaliação com variação de m a ). O comportamento da THD da corrente injetada na rede em função da corrente drenada dos painéis fotovoltaicos é mostrada na Fig. 5.21, para m a = 0 ,9 , e na Fig. 5.22, 183 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC para outros valores de m a . Como esperado, em todos os casos, observa-se a diminuição da THD da corrente injetada na rede com o aumento da corrente drenada dos painéis. Quanto maior a corrente de entrada do sistema, melhor definidos são os níveis da corrente sintetizada pelo inversor, tornando o PWM senoidal MNC melhor caracterizado, reduzindo a amplitude dos harmônicos espúrios que surgem entre f e 2 f s . ma=0.9 60 50 THD (%) 40 30 20 10 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 Ipv (A) Fig. 5.21 – Variação da THD em função da corrente de entrada do sistema ( m a = 0 ,9 ). 60 THD (%) ma=0.8 40 20 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 Ipv (A) 60 THD (%) ma=1.0 40 20 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 Ipv (A) 60 THD (%) ma=1.1 40 20 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 Ipv (A) Fig. 5.22 – Variação da THD em função da corrente de entrada do sistema (avaliação com variação de m a ). 184 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 5.3.2 – Avaliação do Fator de Potência O fator de potência é calculado a partir de (5.15), onde os valores de ϕ 1 e THD foram obtidos com o software WaveStar. cos (ϕ 1 ) FP = (5.15) 1 + THD 2 A curva que representa o comportamento do fator de potência em função da potência injetada na rede elétrica, para m a = 0 ,9 , é apresentada na Fig. 5.23. Observa-se que o sistema opera com alto fator de potência, apresentando FP > 0 ,95 a partir de 75 W de potência de saída. O maior fator de potência obtido nas medições foi igual a 0,9966, correspondente a uma potência de saída em torno de 330 W. Uma operação com alto fator de potência também foi obtida para outros valores de m a , como pode ser visto na Fig. 5.24. ma=0.9 1 0.9 0.8 0.7 FP 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) Fig. 5.23 – Variação do FP em função da potência de saída do sistema ( m a = 0 ,9 ). 185 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 1 ma=0.8 0.8 FP 0.6 0.4 0.2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) 1 ma=1.0 0.8 FP 0.6 0.4 0.2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) 1 ma=1.1 0.8 FP 0.6 0.4 0.2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) Fig. 5.24 – Variação do FP em função da potência de saída do sistema (avaliação com variação de m a ). 5.3.3 – Avaliação do Rendimento da Topologia Proposta O rendimento, η, de um sistema qualquer é dado pela relação entre suas potências de entrada e saída, em porcentagem, ou seja, P η = o ⋅ 100% , Pi (5.16) onde Pi e Po são calculadas através de (5.13) e (5.14), respectivamente. A avaliação do rendimento da topologia em função da potência ativa injetada na rede elétrica é apresentada, graficamente, para m a = 0 ,9 , na Fig. 5.25. O rendimento obtido experimentalmente ficou entre 88 % e 96 %. A média dos valores de rendimento calculados a partir das medições no protótipo é igual a 93,17 %, que é um valor próximo do estimado na simulação incluindo elementos parasitas da Seção 5.2. Na Fig. 5.26 é apresentada a avaliação do rendimento da topologia para outros valores de m a . Como esperado, de acordo com (4.82), os maiores valores de rendimento ocorrem para 186 Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC m a = 1,0 . Para este caso, a média dos rendimentos obtidos experimentalmente ficou em 94,56 %. ma=0.9 100 93.17 90 média 80 70 Rendimento (%) 60 50 40 30 20 10 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Po (W) Fig. 5.25 – Variação do rendimento em função da potência de saída do sistema ( m a = 0 ,9 ). Rendimento (%) 100 93.17 80 média 60 40 20 ma=0.8 0 0 50 100 150 200 250 300 250 300 250 300 350 Po (W) Rendimento (%) 100 94.56 80 média 60 40 20 ma=1.0 0 0 50 100 150 200 350 Po (W) Rendimento (%) 100 93.78 80 média 60 40 20 ma=1.1 0 0 50 100 150 200 350 Po (W) Fig. 5.26 – Variação do rendimento em função da potência de saída do sistema (avaliação com variação de m a ). Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 187 5.4 – Conclusões Parciais Este capítulo apresentou a implementação do protótipo de um sistema fotovoltaico conectado à rede de energia elétrica baseado no inversor boost MNC 2 células, operando com PWM senoidal MNC, e os respectivos resultados experimentais obtidos. O protótipo foi implementado com características em escala reduzida, com o objetivo de conciliar a validação dos conceitos teóricos descritos no Capítulo 4 com a disponibilidade de painéis fotovoltaicos em laboratório. O protótipo implementado foi dividido em duas partes principais, de modo a tornar sua apresentação mais organizada: o circuito de potência e o circuito de acionamento das chaves. O circuito de potência engloba os elementos principais da topologia proposta (painéis PV, chaves, diodos, indutores, etc.) e é responsável pelo processamento e condicionamento da energia convertida pelo arranjo fotovoltaico. Este circuito foi montado em uma placa de circuito impresso com layout apropriado para um sistema experimental acadêmico, incluindo pontos de medição das correntes (jumpers) nos principais elementos da topologia. O circuito de potência foi descrito no texto na forma de um exemplo de projeto para o inversor boost MNC 2 células operando com PWM senoidal. Por sua vez, o circuito de acionamento das chaves é constituído pelo circuito de sincronismo e geração de pulsos e dos drivers que acionam os MOSFETs do circuito de potência. Toda a lógica responsável pela composição do PWM senoidal MNC encontra-se neste circuito. O sincronismo com a tensão da rede elétrica e geração dos pulsos de acionamento das chaves foram implementados utilizando amplificadores operacionais e comparadores de uso geral, como o LM324 e o LM339, respectivamente. Cada chave do conversor CC-CC boost MNC foi acionada utilizando o driver integrado IR2104, enquanto o acionamento das chaves da ponte inversora empregou dois drivers com isolamento magnético, devido à necessidade de saídas referenciadas a diferentes pontos do circuito de potência. Uma grande conformidade foi observada entre os resultados experimentais obtidos nas medições efetuadas no protótipo implementado e os obtidos por meio de simulação computacional (que foi realizada incluindo elementos parasitas). Isto vem a evidenciar a validação do modelo empregado na simulação da seção 5.2 e dos conceitos teóricos Capítulo 5- Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Monofásico Baseado no Inversor Boost MNC 188 desenvolvidos no Capítulo 4. Foram apresentadas as principais formas de onda de tensão e corrente do inversor boost MNC 2 células, para m a = 0 ,9 . A taxa de distorção harmônica, o fator de potência e o rendimento do protótipo implementado foram avaliados, por meio de gráficos, para diversos níveis de potência processada. Nestas análises observou-se, também, o efeito da variação do índice de modulação de amplitude, incluindo um caso de operação com sobre-modulação. O sistema proposto apresentou um bom desempenho, seja do ponto de vista da eficiência, da qualidade de energia elétrica ou da divisão equilibrada da corrente entre as chaves do conversor CC-CC boost MNC 2 células. Nas condições de projeto obteve-se uma corrente injetada na rede com THD igual a 4,62 %, em conformidade com a recomendação IEEE Std. 929-2000. Para este caso, o ângulo de defasagem da componente fundamental ficou em -3,889 °, resultando numa operação com FP = 0,9966. Isto significa que foi possível injetar na rede uma corrente praticamente senoidal e em fase com a tensão no PCC. Como esperado, a topologia proposta apresentou alta eficiência na conversão de energia, com rendimento médio igual a 93,17 %. Os principais focos de perda de energia no inversor são as resistências parasitas dos indutores. No caso das chaves, com o emprego de uma freqüência de chaveamento de 3 kHz, prevalecem as perdas por condução, sendo praticamente desprezíveis as perdas por chaveamento. A utilização do PWM senoidal MNC mostrou-se capaz de proporcionar uma divisão bem equilibrada da corrente entre as chaves e diodos do conversor CC-CC boost MNC, que foi obtida sem a inclusão de nenhuma técnica de compensação devido à presença de elementos parasitas. Os resultados apresentados neste capítulo constituem um passo muito importante, não só no estudo da topologia proposta, mas também no estudo de conversores MNC em geral, pois evidenciam a confiabilidade do sistema proposto, permitindo vislumbrar sua aplicação em sistemas fotovoltaicos de maiores potências, onde a técnica MNC apresenta suas melhores vantagens, e, também, a aplicação do PWM senoidal MNC a outras topologias de inversores e retificadores multiníveis em corrente. Capítulo 6 Conclusões Finais & Trabalhos Futuros Neste trabalho foi apresentada uma nova topologia de inversor multinível em corrente e sua aplicação no processamento e condicionamento de energia em sistemas fotovoltaicos monofásicos conectados à rede de energia elétrica. A estrutura proposta, baseada no conversor CC-CC boost MNC 2 células, permite que um sistema fotovoltaico opere com alto fator de potência, injetando na rede elétrica uma corrente praticamente senoidal e em fase com a tensão no ponto de acoplamento comum entre o sistema PV e as cargas. Os principais atrativos da utilização da técnica multinível em corrente são a divisão equilibrada de corrente entre chaves semicondutoras (característica associada ao paralelismo de células de comutação), redução da taxa de variação de corrente ( di / dt ) nos dispositivos do circuito e conseqüente diminuição da interferência eletromagnética (EMI) conduzida e irradiada, além da possibilidade de ajuste ou minimização do conteúdo harmônico de formas de onda de corrente. Esta nova topologia de inversor MNC é composta pela conexão em cascata de um conversor CC-CC boost MNC, empregando duas células MNC, e um inversor CSI convencional, como mostrado na Fig. 4.1. Devido à forma de sua composição, a topologia apresentada neste trabalho foi denominada “inversor boost MNC 2 células”. Na configuração proposta, apenas duas chaves devem ser, obrigatoriamente, autocomutadas. Capítulo 6- Conclusões Finais & Trabalhos Futuros 190 Estas são as chaves que compõem o conversor CC-CC boost MNC, responsáveis pela modulação da corrente de saída do inversor. A corrente total do circuito é divida de forma equilibrada entre essas chaves. As chaves da ponte inversora têm apenas a função de condicionar convenientemente a polaridade na qual a corrente sintetizada é injetada na rede, podendo ser implementadas com o emprego de tiristores, como em um inversor comutado pela linha (LCI). Duas técnicas de modulação da corrente sintetizada pela estrutura proposta foram abordadas neste trabalho: modulação MNC e PWM senoidal MNC. Ambas as técnicas permitem a síntese de uma corrente com até cinco níveis na saída do inversor, empregando estratégias de comando simples e chaveamentos em freqüências relativamente baixas (120 Hz e 3 kHz, respectivamente), de modo a proporcionar uma operação mais eficiente do sistema (com perdas por chaveamento desprezíveis). Estas técnicas possibilitam, ainda, a divisão equilibrada de corrente entre as chaves do conversor CC-CC boost MNC. O inversor boost MNC 2 células representa um avanço no estudo de conversores multiníveis em corrente, pois oferece uma série de vantagens, quando comparado à topologia de inversor MNC capaz de operar em cinco níveis, proposta em trabalhos anteriores. Esta emprega oito chaves semicondutoras, que devem ser autocomutadas, acionadas por uma estratégia de chaveamento complexa. É necessário, ainda, o uso de dois indutores de equilíbrio. Já a topologia aqui proposta necessita, obrigatoriamente, de apenas duas chaves condutoras autocomutadas, que são comandadas com uma estratégia de chaveamento simples, seja para a operação com modulação MNC ou com PWM senoidal MNC. Outra vantagem é a necessidade de apenas um indutor de equilíbrio. Cabe ressaltar que, devido às baixas freqüências de chaveamento utilizadas, os valores das indutâncias necessárias para implementar uma operação MNC são relativamente altos (da ordem de dezenas a centenas de mH), constituindo um ponto crítico para as duas topologias. A redução do número de elementos (chaves semicondutoras autocomutadas, diodos e indutores) se deve basicamente pela forma de concepção das topologias. O primeiro inversor MNC proposto foi criado a partir da aplicação da célula MNC a inversores CSI, enquanto a topologia proposta neste trabalho é concebida por meio da aplicação da célula MNC a conversores CC-CC. A operação do inversor boost MNC 2 células empregando modulação MNC Capítulo 6- Conclusões Finais & Trabalhos Futuros 191 permite a síntese de uma corrente com até cinco níveis, baixo conteúdo harmônico, na saída do inversor e chaveamento em baixa freqüência. Com o acionamento das chaves de forma sincronizada com a tensão da rede elétrica, obtém-se uma operação com fator de deslocamento praticamente unitário e alto fator de potência. A menor THD que pode ser obtida, teoricamente, com este tipo de modulação é de 16,421 %, que resulta em um FP = 0 ,9861 (considerando-se o fator de deslocamento unitário). Tratando-se de uma técnica de modulação que emprega chaveamento em baixa freqüência, os resultados obtidos com o uso da modulação MNC são extremamente interessantes. No entanto, para uma aplicação em sistemas fotovoltaicos conectados à rede de energia elétrica, a corrente sintetizada na saída do inversor com este tipo de modulação possui um conteúdo harmônico alto. Segundo a recomendação IEEE Std. 929-2000 a THD da corrente injetada na rede por um sistema de processamento de energia fotovoltaica deve ser, tipicamente, inferior a 5 % (operação em condições nominais). Uma forma de diminuir o conteúdo harmônico da corrente injetada na rede pelo sistema proposto é através do emprego de modulação por largura de pulso senoidal. O inversor boost MNC mostrou-se uma topologia conveniente para a aplicação, de forma análoga, de técnicas de PWM senoidal aplicadas a inversores VSI multipulso (que possuem operação multinível em tensão), adaptadas para utilização em células MNC. Esta adaptação foi denominada PWM senoidal MNC. Para o caso do inversor boost MNC 2 células, o PWM senoidal MNC é implementado por meio da comparação de um sinal senoidal retificado, sincronizado com a tensão da rede elétrica, com duas portadoras triangulares, defasadas de 180° entre si, cada uma dando origem aos pulsos de comando de uma das chaves do conversor CC-CC boost MNC 2 células. Já as chaves da ponte inversora permanecem sendo comutadas na freqüência da rede. Com esta estratégia de comando, a forma de onda sintetizada na saída do inversor pode ter até cinco níveis e os harmônicos devidos aos chaveamentos aparecem em bandas laterais a partir do dobro da freqüência de chaveamento (definida pela freqüência das portadoras triangulares). Essa característica faz com que a eliminação dos harmônicos oriundos dos chaveamentos seja extremamente simples. Assim, com um filtro de linha de segunda ordem, ajustado de forma conveniente, conectado na saída do inversor, uma corrente praticamente senoidal, com baixa distorção harmônica e em fase com a tensão no PCC, pode ser injetada na rede. Utilizando este tipo de modulação, o sistema proposto passa a estar em conformidade com a IEEE Std. 929- Capítulo 6- Conclusões Finais & Trabalhos Futuros 192 2000, no que se refere à distorção harmônica de corrente. Mais ainda, problemas como desequilíbrio na divisão da corrente entre os indutores e distorção da tensão no PCC, que podem surgir na operação com modulação MNC, são minimizados com o emprego do PWM senoidal MNC. Adicionalmente, a modulação PWM senoidal MNC é uma estratégia de chaveamento conveniente para a implementação de um sistema de controle capaz de rastrear o ponto de potência máxima do arranjo fotovoltaico, o que não foi explorado neste trabalho. A motivação do estudo de sistemas de energia renovável, bem como uma breve descrição de algumas destas principais fontes alternativas de energia foram apresentados no Capítulo 1. No Capítulo 2 foi apresentada uma revisão bibliográfica sobre topologias de sistemas fotovoltaicos conectados à rede de energia elétrica. Foram discutidas as principais características desejadas para um sistema fotovoltaico deste tipo e abordados vários tipos de topologias, desde as mais simples, utilizando apenas um inversor CSI ou VSI, às mais complexas, empregando vários estágios de processamento de energia e isolamento galvânico dos painéis. A partir do estudo desenvolvido, foi vislumbrada a possibilidade de aplicação de conversores multiníveis em corrente em sistemas PV conectados à rede. Assim, no Capítulo 3, foram apresentadas as principais características e aplicações dos conversores MNC, com o objetivo de formar um arcabouço teórico adequado para a proposição de novas topologias de inversores MNC, para aplicação em sistemas PV. Dentre as topologias estudadas, uma atenção especial foi direcionada ao inversor CSI MNC, ao conversor CC-CC buck MNC e ao retificador buck MNC, que foram fontes de inspiração para a nova topologia proposta neste trabalho: o inversor boost MNC. Adicionalmente, foi sugerida a possibilidade de implementação de outras novas topologias de inversores MNC, baseadas nos conversores CC-CC sepic MNC e zeta MNC. O Capítulo 4 trouxe a descrição e formalização da nova topologia de inversor MNC aplicada a sistemas PV proposta neste trabalho. Para os dois modos de operação abordados neste trabalho (modulação MNC e PWM senoidal MNC), foi desenvolvida uma análise detalhada da estrutura, definindo seus estágios de operação, apresentando suas principais formas de onda idealizadas e analisando o conteúdo harmônico da corrente sintetizada pelo inversor. Foram apresentadas expressões matemáticas úteis para o dimensionamento das chaves semicondutoras, diodos e indutores da topologia, bem como Capítulo 6- Conclusões Finais & Trabalhos Futuros 193 para a definição do arranjo fotovoltaico a ser utilizado. Os conceitos teóricos desenvolvidos foram verificados por meio de simulações computacionais. A implementação de um protótipo de pequena escala e os resultados de medições que validam experimentalmente os conceitos propostos neste trabalho (já verificados por simulação computacional) são apresentados no Capítulo 5. Assim, garante-se maior consistência aos conceitos propostos teoricamente. Nos ensaios laboratoriais foi possível, em condições próximas às nominais, injetar na rede uma corrente com THD igual 4,62 %, com ângulo de defasagem da componente fundamental igual a -3,889 °, resultando numa operação com FP = 0,9966. Isto significa que foi possível injetar na rede uma corrente praticamente senoidal e em fase com a tensão no PCC e que o sistema opera em conformidade com a IEEE Std. 929-2000. Como esperado, a topologia proposta apresentou alta eficiência na conversão de energia, com rendimento médio igual a 93,17 %. Além disso, a utilização do PWM senoidal MNC mostrou-se capaz de proporcionar uma divisão bem equilibrada da corrente entre as chaves e diodos do conversor CC-CC boost MNC, que foi obtida sem a adoção de técnicas de compensação devido à presença de elementos parasitas. Os resultados obtidos em medições validam os conceitos teóricos propostos e evidenciam a confiabilidade da nova topologia apresentada neste trabalho, constituindo um passo muito importante no estudo de conversores MNC e suas aplicações. Alguns tópicos podem ser sugeridos como trabalhos futuros, de modo a aperfeiçoar o sistema implementado, bem como a definir novas diretrizes dentro da linha de pesquisa da aplicação de conversores MNC a sistemas de energia renovável, conforme listado abaixo: q Implementação de um sistema digital de rastreamento do ponto de potência máxima do arranjo fotovoltaico (empregando microcontroladores ou DSPs, por exemplo) para o inversor boost MNC 2 células; q Implementação de um protótipo do inversor boost MNC para um sistema fotovoltaico conectado à rede de energia elétrica com maior potência nominal (da ordem de alguns kW); q Estudo da compatibilidade eletromagnética (EMC) da topologia proposta; q Avaliação do comportamento do sistema proposto em condições críticas (falta de Capítulo 6- Conclusões Finais & Trabalhos Futuros 194 energia da concessionária, islanding, etc.); q Aplicação do inversor boost MNC 2 células no processamento de outras fontes alternativas de energia como, por exemplo, células a combustível; q Estudo da viabilidade da aplicação de outras possíveis topologias de inversores MNC, baseadas nos conversores CC-CC buck-boost MNC e sepic MNC, em sistemas fotovoltaicos; q Estudo minucioso das recomendações internacionais para conexão de sistemas fotovoltaicos à rede de energia elétrica, de modo a propor uma adequação destas ao sistema elétrico brasileiro; q Adaptação do sistema proposto para atuar na compensação de reativos e harmônicos da instalação na qual está conectado. Referências Bibliográficas [1] RÜTHER, R., “Panorama Atual da Utilização da Energia Solar Fotovoltaica e o Trabalho do Labsolar nesta Área”, em Fontes Não-Convencionais de Energia – As Tecnologias Solar, Eólica e de Biomassa. Terceira Edição, Labsolar (Laboratório de Energia Solar) / NCT (Núcleo de Controle Térmico de Satélites), Departamento de Engenharia Mecânica – UFSC, 2000. [2] Energia Solar – Princípios e Aplicações. Centro de Referencia para Energia Solar e Eólica Sérgio de Sálvio Brito (CRESESB) – CEPEL. Disponível em: www.cresesb.cepel.br/tutorial/tutorial_solar.pdf (acessado em 23/04/04). [3] GALDINO, M. A. E., LIMA, J. H. G., RIBEIRO, C. M., SERRA, E. T., O Contexto das Energias Renováveis no Brasil. Revista da DIRENG – Diretoria de Engenharia Aeronáutica. Disponível em: www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Direng.pdf (acessado em 23/04/04). [4] Clean Energy Basics, National Renewable Energy Laboratory, Departamento de Energia (DOE) – EUA. Disponível em: http://www.nrel.gov/clean_energy (acessado em 23/04/04). [5] RAHMAN, S., “Green Power: What Is It and Where Can We Find It?”, IEEE Power & Energy Magazine, vol. 1, no. 1, pp. 30-37, 2003. [6] BP Statistical Review of World Energy June 2002, British Petroleum. Disponível em: http://www.bp.com/liveassets/bp_internet/globalbp/STAGING/global_assets/downloa ds/B/BP_statistical_review_of_world_energy_2002_print.pdf (acessado em 23/04/04). [7] Atlas de Energia Elétrica do Brasil, Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 2002. Disponível em: www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/livro_atlas.pdf (acessado em 23/04/04). [8] PÜTTGEN, B., MACGREGOR, P. R., LAMBERT, F. C., “Distributed Generation: Semantic Hype or the Dawn of a New Era?”, IEEE Power & Energy Magazine, vol. 1, no. 1, pp. 22-29, 2003. 196 Referências Bibliográficas [9] Situação e Perspectivas das Fontes de Energia Renovável no Brasil – Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em: www.mct.gov.br/clima/comunicnova/clima/comunic_old/renov.htm (acessado em 23/04/04). [10] Operação do Sistema Interligado Nacional – Dados Relevantes de 2002, CD-ROM. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). [11] Centro Brasileiro de Energia Eólica (www.eolica.com.br). [12] Energia Eólica – Princípios e Aplicações. Centro de Referencia para Energia Solar e Eólica Sérgio de Sálvio Brito (CRESESB) – CEPEL. Disponível em: www.cresesb.cepel.br/tutorial/tutorial_eolica.pdf (acessado em 23/04/04). [13] Programa Brasileiro de Células a Combustível – CTEnerg – CGEE. Disponível em: http://www.mct.gov.br/Temas/Desenv/PBCaC%20-2009Jul021%20com%20linhas.pdf (acessado em 23/04/04). [14] Fuel Cells 2000 – The Online Fuel Cell Information Center (www.fuelcells.org). [15] ELLIS, M. W., VON SPAKOVSKY, M. R., NELSON, D. J., “Fuel Cell Systems: Efficient, Flexible Energy Conversion for the 21st Century”, Proceedings of the IEEE, vol. 89, no. 12, pp.1808-1818, 2001. [16] FAROOQUE, M., MARU, H. C., “Fuel Cells – The Clean and Efficient Power Generators”, Proceedings of the IEEE, vol. 89, no. 12, pp.1819-1829, 2001. [17] CHENG, K. W. E., SUTANTO, D., HO, Y. L., LAW, K. K., “Exploring the Power Conditioning System for Fuel Cell”, Proceedings of the PESC’2001, pp. 2197-2202, 2001. [18] LAUGHTON, M. A., “Fuel Cells”, IEE Engineering Science and Education Journal, pp.716, February, 2002. [19] Grupo Electrocell Células a Combustível (www.electrocell.com.br). [20] Green Solar (www.green.pucminas.br). Referências Bibliográficas 197 [21] Atlas de Irradiação Solar do Brasil – LABSOLAR/EMC/UFSC – INMET, 1998. Disponível em: www.labsolar.ufsc.br/portug/atlas/Arquivo/atlas98.pdf (acessado em 10/12/2003). [22] FRAIDENRAICH, N., LIRA, F., Energia Solar: Fundamentos e Tecnologia de Conversão Heliotérmica e Fotovoltaica. Editora Universitária - UFPE, 1995. [23] FAIRLEY, P., “BP Solar Ditches Thin-Film Photovoltaics”, IEEE Spectrum, vol. 40, no. 1, pp. 18-19, January, 2003. [24] KOUTROULIS, E., KALAITZAKIS, K., VOULGARIS, N. C., “Development of a Microcontroller-Based, Photovoltaic Maximum Power Point Tracking Control System”, IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 15, no. 1, pp. 46-54, 2001. [25] Folha de dados do painel fotovoltaico BP SX-120. Disponível em: www.bpsolar.com/ContentDocuments/123/BP_SX_120_Data_Sheet.pdf (acessado em 23/04/04). [26] BLAUTH, Y. B., WISBECK, J. O., KRENZINGER, A., “Condicionador de Energia para Painéis Solares com Melhoria do Conteúdo Harmônico e do Fator de Potência da Instalação”, Anais do XIV Congresso Brasileiro de Automática (CBA 2002), pp. 251-256, Natal, Setembro, 2002. [27] KROPOSKI, B., DE BLASIO, R., “Technologies for the New Millenium: Photovoltaics as a Distributed Resource”. IEEE Power Engineering Society Summer Meeting, 2000. [28] RODRIGUES, M. C. B., TEIXEIRA, E. C., BRAGA, H. A. C., “Uma Visão Topológica Sobre Sistemas Fotovoltaicos Monofásicos Conectados à Rede de Energia Elétrica”, CD-ROM do V Congresso Latino-Americano: Geração e Transmissão de Energia Elétrica (V CLAGTEE), São Pedro, Novembro, 2003. [29] IEEE Std. 929-2000, “Recommended Practices for Utility Interface of Photovoltaic Systems”, 2000. [30] UL Subject 1741, “Standard for Static Inverters and Charge Controllers for Use in Photovoltaic Power Systems”. Referências Bibliográficas 198 [31] IEEE Std. 519-1992, “Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems”, 1992. [32] KJAER, S. B., PEDERSEN, J. K., BLAABJERG, F., “Power Inverter Topologies for Photovoltaic Modules – A Review”, Proceedings of the 37th IEEE Industry Applications Society Conference (IAS’2002), pp. 782-788, 2002. [33] CALAIS, M., MYRZIK, J., SPOONER, T., AGELIDES, V. G., “Inverters for SinglePhase Grid Connected Photovoltaic Systems – An Overview”, Proceedings of the IEEE 33rd Power Electronics Specialists Conference (PESC’2002), vol. 4, pp. 1995-2000, 2002. [34] ANDERSEN, M., ALVSTEN, B., “200 W Low Cost Module Integrated Utility Interface for Modular Photovoltaic Energy Systems”, Proceedings of the 1995 IEEE IECON (IECON 21), pp. 572-577, 1995. [35] ENSLIN, J. H. R., WOLF, M. S., SNYMAN, D. B., SWIEGERS, W., “Integrated Photovoltaic Maximum Power Point Tracking Converter”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 44, no. 6, December, 1997. [36] MARTINS, G. M., POMILIO, J. A., BUSO, S., “A Single-Phase Low-Frequency Commutation Inverter for Renewables”, Anais do VI Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP 2001), pp. 735-739, Florianópolis, Novembro, 2001. [37] KUO, Y. C., LIANG, T. J., CHEN, J. F., “Novel Maximum Power-Point-Tracking Controller for Photovoltaic Energy Conversion System”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, Vol. 48, No. 3, pp. 594-601, June, 2001. [38] OISHI, H., OKADA, H., ISHIZAKA, K., ITOH, R., “Single-Phase Soft-Switched Current-Source Inverter for Utility Interactive Photovoltaic Power Generation System”, Proceedings of the 2002 IEEE Power Conversion Conference (PCC 2002), Osaka, Japão, 2002. [39] AGELIDES, V. G., BAKER, D. M., LAWRANCE, W. B., NAYAR, C. V., “A Multilevel PWM Inverter Topology for Photovoltaic Applications”, Proceedings of the IEEE International Symposium on Industrial Electronics (ISIE’97), 1997. [40] CALAIS, M., AGELIDES, V. G., “A Transformerless Five Level Cascaded Inverter Based Single Phase Photovoltaic System”, Proceedings of the IEEE 31st Power Electronics Referências Bibliográficas 199 Specialists Conference (PESC’2000), pp. 1173-1178, 2000. [41] SOUZA, K., DAHER, S, ANTUNES, F., “A Single-Phase Inverter for PV Systems”. Anais do VI Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP 2001), pp. 215-219, Florianópolis, Novembro de 2001. [42] THOMAS, G. H., Power Inverter for Generating Voltage Regulated Sine Wave Replica, US Patent no. 5373433. [43] DEMONTI, R., MARTINS, D. C., “Photovoltaic Energy Processing for Utility Connected System”, Anais do VI Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP 2001), pp. 735-739, Florianópolis, Novembro, 2001. [44] BOSE, B. K., SZCZESNY, P. M., STEIGERWALD, R. L., “Microcomputer Control of a Residential Photovoltaic Power Conditioning System”, IEEE Ind. Appl. Soc. Annual Meeting, pp. 852-859, September, 1984. [45] GOW, J. A., BLEIJS, J. A. M., “A Modular DC-DC Converter and Maximum Power Tracking Controller for Medium to Large Scale Photovoltaic Generating Plant”, CD-ROM of the 8th European Conference on Power Electronics and Applications (EPE’99), Lausanne, Suíça, 1999. [46] MERWE, G., MERWE, L., “150 W Inverter – An Optimal Design for Use in Solar Home Systems”, Proceedings of the IEEE International Symposium on Industrial Electronics (ISIE’98), Vol. 1, pp. 57-62, June, 1998. [47] DEMONTI, R., MARTINS, D. C., BARBI, I., “Static Conversion System for Treatment of the Solar Energy and Interconnection with the Mains Power Supply”, CDROM do V Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP 99), Foz do Iguaçu, 1999. [48] GOW, J. A., MANNING, C. D., “Photovoltaic Converter System Suitable for Use in Small Scale Stand-Alone or Grid Connected Applications”, IEE Proc. on Electr. Power Appl., vol. 147, no. 6, pp. 535-543, November, 2000. [49] KANG, F. S., KIM, C. U., PARK, S. J., PARK, H. W., “Interface Circuit for Photovoltaic System Based on Buck-Boost Current-Source PWM Inverter”, Proceedings of the 28th IEEE Industrial Electronics Society Conference (IES’2000), pp. 3257-3261. Referências Bibliográficas 200 [50] CHOMSUWAN, K., PRISUWANNA, P., MONYAKUL, V., “Photovoltaic GridConnected Inverter Using Two-Switch Buck-Boost Converter”, Proceedings of the 29th IEEE Photovoltaic Specialists Conference, pp. 1527-1530. [51] BRAGA, H. A. C., Conversores Multiníveis em Corrente. Tese de Dr. Eng., INEP/UFSC, Florianópolis, SC, Brasil, 1996. [52] TEIXEIRA, E. C., Retificador Monofásico de Elevado Fator de Potência Baseado no Conversor Buck Multinível em Corrente. Dissertação de M. E. E., UFJF, Juiz de Fora, MG, Brasil, 2002. [53] BRAGA, H. A. C., BARBI, I., “Conversores Estáticos Multiníveis: Uma Revisão”, Revista Controle & Automação, Sociedade Brasileira de Automática (SBA), pp. 20-28, vol. 11, no. 01, 2000. [54] GARTH, D. R., MULDOON, W. J. BENSON, G. C., COSTAGUE, E. N., “MultiPhase, 2 Kilowatt, High Voltage, Regulated Power Supply”, IEEE Power Conditioning Specialists Conference Record, pp. 110-116, 1971. [55] MIWA, B. A., OTTER, D. M., SCHLECHT, M. F., “High Efficiency Power Factor Correction Using Continuous-Inductor-Current Mode”, Proceedings of the IEEE APEC’92, pp. 557-568, 1992. [56] REDL, R., BALOGH, L., “Power-Factor Correction with Interleaved Boost Converters in Continuous-Inductor-Current Mode”, Proceedings of the IEEE APEC’93. [57] MATSUI, K. et al, “A Technique of Parallel Connections of Pulse-Width Modulated NPC Inverters by Using Current Sharing Reactors”, IEEE PESC’93, pp. 1246-1251. [58] HOMBU, M. et al, “A Multiple Current Source GTO Inverter with Sinusoidal Output Voltage and Current”, IEEE IAS’87. [59] VORPÉRIAN, V. “Simplified Analisys of PWM Converters Using the Model of the PWM Switch; Part I: Continuous Conduction Mode”, VPEC Newsletter Current, pp. 1-9, 1998. [60] BRAGA, H. A. C., BARBI, I., “A New Technique for Parallel Connection of Commutation Cells: Analysis, Design, and Experimentation”, IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 12, no. 2, March, 1997. Referências Bibliográficas 201 [61] BRAGA, H. A. C., BARBI, I., “Current Multilevel DC-DC Converters”, Anais do III Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP’95), 1995. [62] TEIXEIRA, E. C., BRAGA, H. A. C., “Um Retificador Monofásico com Elevado Fator de Potência Baseado no Conversor Buck Multinível em Corrente”, Revista Eletrônica de Potência, Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (SOBRAEP), vol. 7, no. 1, pp. 62-70, Novembro, 2002. [63] ANDRADE, A. F., TEIXEIRA, E. C., BRAGA, H. A. C., “A Family of High Power Factor Rectifiers Based on DC-to-DC Current Multilevel Converters”, CD-ROM of the 2003 IEEE International Symposium on Industrial Electronics (ISIE’2003), Rio de Janeiro, June, 2003. [64] ANTUNES, F., BRAGA, H., BARBI, I., “Application of a Generalized Current Multilevel Cell to Current-Source Inverters”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 46, no. 1, pp. 31-38, February, 1999. [65] RODRIGUES, M. C. B., TEIXEIRA, E. C., BRAGA, H. A. C., “A Current FiveLevel Boost Inverter Applied to a Grid-Connected Photovoltaic System”, CD-ROM do VII Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP’2003), Fortaleza, Setembro, 2003. [66] MOHAN, N., UNDELAND, T. M., ROBBINS, W. P., Power Electronics: Converters, Applications, and Design. Second Edition, John Wiley & Sons Inc., 1995. [67] BARBOSA, P. G., Compensador Série Síncrono Estático Baseado em Conversores VSI Multipulso. Tese de D. Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000. [68] OGATA, K., Engenharia de Controle Moderno. Segunda Edição, McGraw-Hill, 1993. [69] LEE, R., WILSON, L., CARTER, C. E., Electronic Transformers and Circuits. Third Edition, John Wiley & Sons Inc., 1988. [70] POMILIO, J. A., Eletrônica de Potência. Apostila da disciplina Eletrônica de Potência da FEEC/UNICAMP, 2000. [71] INTERNATIONAL RECTIFIER: Folha de dados do IRF740 (www.irf.com). [72] ON SEMICONDUCTOR: Folha de dados do MUR860 (www.onsemi.com). Referências Bibliográficas 202 [73] ERICKSON, R., Fundamentals of Power Electronics. Chapman&Hall, 1997. [74] SOUZA, F. P., Correção do Fator de Potência de Instalações de Baixa Potência Empregando Filtros Ativos. Tese de Dr. Eng., INEP/UFSC, Florianópolis, SC, Brasil, 2000. [75] MARTIGNONI, A., Transformadores. 8ª edição, Editora Globo. [76] INTERNATIONAL RECTIFIER: Folha de dados do IR2104 (www.irf.com). [77] RODRIGUES, M. C. B., DUTRA, C. A. C., TEIXEIRA, E. C., BARBOSA, P. G., BRAGA, H. A. C., “Protótipo de um Sistema Fotovoltaico Baseado no Inversor Boost Multinível em Corrente”, XV Congresso Brasileiro de Automática (CBA 2004), Gramado, Setembro, 2004 (no prelo). Apêndice A Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice®® A.1 – Retificador Buck MNC (Fig. 3.16) * arquivo retif_mnc.net D_D5 0 $N_0001 Dbreak D_D3 $N_0001 $N_0002 Dbreak D_D6 0 $N_0003 Dbreak D_D4 $N_0003 $N_0002 Dbreak V_Vs $N_0001 $N_0003 DC 0 AC 0 +SIN 0 180 60 0 0 0 R_R1 $N_0004 0 5 L_L2 $N_0005 $N_0004 100mH IC=0 L_L1 $N_0006 $N_0005 60mH IC=0 V_Vdisp2 gateS2 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 {(alfa+fi)/(360*f)} 100n 100n {(1/(2*f))-((2*alfa+fi)/(360*f))} + {1/(2*f)} V_Vdisp1 gateS1 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 {alfa/(360*f)} 100n 100n {(1/(2*f))-((2*alfa+fi)/(360*f))} + {1/(2*f)} X_S2 gateS2 0 $N_0007 $N_0006 retif_mnc_S2 D_D2 0 $N_0006 Dbreak V_V_IS2 $N_0007 $N_0002 0V V_V_IS1 $N_0008 $N_0002 0V X_S1 gateS1 0 $N_0008 $N_0005 retif_mnc_S1 D_D1 0 $N_0005 Dbreak .subckt retif_mnc_S2 1 2 3 4 S_S2 3 4 1 2 Sbreak 203 204 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® RS_S2 1 2 1G .ends retif_mnc_S2 .subckt retif_mnc_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak RS_S1 1 2 1G .ends retif_mnc_S1 A.2 – Painel Fotovoltaico BP SX-120 (Fig. 4.24) * arquivo celulaPV.net D_D4 $N_0001 0 Dbreak-X D_D3 $N_0002 $N_0001 Dbreak-X I_I4 0 $N_0002 DC 3.87 R_R1 $N_0002 0 142.5 R_R2 $N_0002 PV+ .1 I_Ipv PV+ 0 DC 0 AC 0 +PWL 0 0 1 3.87 .model Dbreak-X(Is=5e-8 Cjo=.1pF Rs=.1 Vj=10 N=44.5) A.3 – Inversor Boost MNC 2 Células (Fig. 4.25) * arquivo simul_invboostmnc.net V_Vdisp1a gateS1H 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 0 100n 100n {(1/120)} {1/60} V_Vdisp1b gateS1L 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 {(1/120)} 100n 100n {(1/120)} {1/60} V_Vdisp1 gateS1 0 DC 0 AC 0 +PULSE 15 0 {alfa/(360*f)} 100n 100n {(1/(2*f))((2*alfa+fi)/(360*f))} + {1/(2*f)} V_Vdisp2 gateS2 0 DC 0 AC 0 +PULSE 15 0 {(alfa+fi)/(360*f)} 100n 100n {(1/(2*f))((2*alfa+fi)/(360*f))} + {1/(2*f)} * inicio do modelo do arranjo PV D_D11pv $N_0001 $N_0002 Dbreak-X D_D12pv $N_0002 $N_0003 Dbreak-X R_Rsh11pv $N_0001 $N_0003 142.5 I_I11pv $N_0003 $N_0001 DC 3.87A R_Rs12pv .1 D_D13pv Dbreak-X D_D14pv Dbreak-X D_D15pv Dbreak-X D_D16pv R_Rsh12pv 142.5 I_I13pv I_I21pv 3.87A D_D21pv Dbreak-X D_D22pv Dbreak-X D_D23pv Dbreak-X D_D24pv Dbreak-X D_D25pv Dbreak-X D_D26pv R_Rsh21pv 142.5 R_Rsh23pv R_Rsh13pv $N_0004 $N_0003 $N_0004 $N_0005 $N_0005 $N_0006 $N_0007 $N_0008 $N_0008 0 Dbreak-X $N_0004 $N_0006 0 $N_0007 DC 3.87A $N_0009 $N_0010 DC $N_0010 $N_0011 $N_0011 $N_0009 $N_0012 $N_0013 $N_0013 $N_0014 $N_0015 $N_0016 $N_0016 0 Dbreak-X $N_0010 $N_0009 $N_0015 0 $N_0007 0 142.5 142.5 205 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® I_I22pv 3.87A I_I12pv 3.87A R_Rs22pv .1 R_Rs23pv .1 R_Rs13pv .1 $N_0014 $N_0012 DC R_Rs11pv R_Rs21pv I_I23pv R_Rs31pv I_I31pv 3.87A D_D31pv Dbreak-X D_D32pv Dbreak-X R_Rsh31pv 142.5 R_Rs32pv .1 R_Rsh22pv 142.5 I_I32pv 3.87A D_D33pv Dbreak-X D_D34pv Dbreak-X R_Rsh32pv 142.5 R_Rs33pv .1 I_I33pv D_D35pv Dbreak-X D_D36pv R_Rsh33pv R_Rs41pv I_I41pv 3.87A D_D41pv Dbreak-X D_D42pv Dbreak-X R_Rsh41pv 142.5 R_Rs42pv .1 I_I42pv 3.87A D_D43pv Dbreak-X D_D44pv Dbreak-X R_Rsh42pv 142.5 R_Rs43pv .1 I_I43pv D_D45pv Dbreak-X D_D46pv R_Rs51pv $N_0001 PV .1 $N_0010 PV .1 0 $N_0015 DC 3.87A $N_0017 PV .1 $N_0018 $N_0017 DC $N_0006 $N_0004 DC $N_0012 $N_0009 $N_0015 $N_0014 $N_0007 $N_0006 $N_0017 $N_0019 $N_0019 $N_0018 $N_0017 $N_0018 $N_0020 $N_0018 $N_0012 $N_0014 $N_0021 $N_0020 DC $N_0020 $N_0022 $N_0022 $N_0021 $N_0020 $N_0021 $N_0023 $N_0021 0 $N_0023 DC 3.87A $N_0023 $N_0024 $N_0024 0 Dbreak-X $N_0023 0 142.5 $N_0025 PV .1 $N_0026 $N_0025 DC $N_0025 $N_0027 $N_0027 $N_0026 $N_0025 $N_0026 $N_0028 $N_0026 $N_0029 $N_0028 DC $N_0028 $N_0030 $N_0030 $N_0029 $N_0028 $N_0029 $N_0031 $N_0029 0 $N_0031 DC 3.87A $N_0031 $N_0032 $N_0032 0 Dbreak-X $N_0033 PV .1 I_I51pv 3.87A D_D51pv Dbreak-X D_D52pv Dbreak-X R_Rsh51pv 142.5 R_Rs52pv .1 I_I52pv 3.87A D_D53pv Dbreak-X D_D54pv Dbreak-X R_Rsh52pv 142.5 R_Rs53pv .1 I_I53pv D_D55pv Dbreak-X D_D56pv R_Rsh53pv R_Rs61pv I_I61pv 3.87A D_D61pv Dbreak-X D_D62pv Dbreak-X R_Rsh61pv 142.5 R_Rs62pv .1 I_I62pv 3.87A D_D63pv Dbreak-X D_D64pv Dbreak-X R_Rsh62pv 142.5 R_Rs63pv .1 I_I63pv D_D65pv Dbreak-X D_D66pv R_Rsh63pv R_Rs71pv I_I71pv 3.87A D_D71pv Dbreak-X D_D72pv Dbreak-X R_Rsh71pv 142.5 R_Rs72pv .1 I_I72pv 3.87A D_D73pv Dbreak-X D_D74pv Dbreak-X $N_0034 $N_0033 DC $N_0033 $N_0035 $N_0035 $N_0034 $N_0033 $N_0034 $N_0036 $N_0034 $N_0037 $N_0036 DC $N_0036 $N_0038 $N_0038 $N_0037 $N_0036 $N_0037 $N_0039 $N_0037 0 $N_0039 DC 3.87A $N_0039 $N_0040 $N_0040 0 Dbreak-X $N_0039 0 142.5 $N_0041 PV .1 $N_0042 $N_0041 DC $N_0041 $N_0043 $N_0043 $N_0042 $N_0041 $N_0042 $N_0044 $N_0042 $N_0045 $N_0044 DC $N_0044 $N_0046 $N_0046 $N_0045 $N_0044 $N_0045 $N_0047 $N_0045 0 $N_0047 DC 3.87A $N_0047 $N_0048 $N_0048 0 Dbreak-X $N_0047 0 142.5 $N_0049 PV .1 $N_0050 $N_0049 DC $N_0049 $N_0051 $N_0051 $N_0050 $N_0049 $N_0050 $N_0052 $N_0050 $N_0053 $N_0052 DC $N_0052 $N_0054 $N_0054 $N_0053 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® R_Rsh72pv 142.5 R_Rs73pv .1 I_I73pv D_D75pv Dbreak-X D_D76pv R_Rsh73pv R_Rs81pv I_I81pv 3.87A D_D81pv Dbreak-X D_D82pv Dbreak-X R_Rsh81pv 142.5 R_Rs82pv .1 I_I82pv 3.87A D_D83pv Dbreak-X D_D84pv Dbreak-X R_Rsh82pv 142.5 R_Rs83pv .1 I_I83pv D_D85pv Dbreak-X D_D86pv R_Rsh83pv R_Rs91pv I_I91pv 3.87A D_D91pv Dbreak-X D_D92pv Dbreak-X R_Rsh91pv 142.5 R_Rs92pv .1 I_I92pv 3.87A D_D93pv Dbreak-X D_D94pv Dbreak-X I_I93pv D_D95pv Dbreak-X D_D96pv I_I101pv 3.87A R_Rs101pv D_D101pv Dbreak-X D_D102pv Dbreak-X R_Rsh101pv 142.5 I_I102pv 3.87A $N_0052 $N_0053 $N_0055 $N_0053 0 $N_0055 DC 3.87A $N_0055 $N_0056 $N_0056 0 Dbreak-X $N_0055 0 142.5 $N_0057 PV .1 $N_0058 $N_0057 DC $N_0057 $N_0059 $N_0059 $N_0058 $N_0057 $N_0058 $N_0060 $N_0058 $N_0061 $N_0060 DC $N_0060 $N_0062 $N_0062 $N_0061 $N_0060 $N_0061 $N_0063 $N_0061 0 $N_0063 DC 3.87A $N_0063 $N_0064 $N_0064 0 Dbreak-X $N_0063 0 142.5 $N_0065 PV .1 $N_0066 $N_0065 DC $N_0065 $N_0067 $N_0067 $N_0066 $N_0065 $N_0066 $N_0068 $N_0066 $N_0069 $N_0068 DC $N_0068 $N_0070 $N_0070 $N_0069 0 $N_0071 DC 3.87A $N_0071 $N_0072 $N_0072 0 Dbreak-X $N_0073 $N_0074 DC $N_0074 PV .1 $N_0074 $N_0075 $N_0075 $N_0073 $N_0074 $N_0073 $N_0076 $N_0077 DC 206 D_D103pv $N_0077 $N_0078 Dbreak-X D_D104pv $N_0078 $N_0076 Dbreak-X R_Rsh102pv $N_0077 $N_0076 142.5 R_Rs103pv $N_0079 $N_0076 .1 I_I103pv 0 $N_0079 DC 3.87A D_D105pv $N_0079 $N_0080 Dbreak-X D_D106pv $N_0080 0 Dbreak-X R_Rsh103pv $N_0079 0 142.5 R_Rsh43pv $N_0031 0 142.5 R_Rsh92pv $N_0068 $N_0069 142.5 R_Rsh93pv $N_0071 0 142.5 R_Rs102pv $N_0077 $N_0073 .1 R_Rs93pv $N_0071 $N_0069 .1 * fim do modelo do arranjo PV V_Vs $N_0081 $N_0082 DC 0 AC 0 +SIN 0 180 60 0 0 0 X_S1L gateS1L 0 $N_0083 0 simul_invboostmnc_S1L X_S2H gateS1L 0 $N_0084 $N_0082 simul_invboostmnc_S2H X_S2L gateS1H 0 $N_0085 0 simul_invboostmnc_S2L X_S1H gateS1H 0 $N_0086 $N_0081 simul_invboostmnc_S1H V_V_iS2 $N_0087 0 0V V_V_iS1 $N_0088 0 0V X_S1 gateS1 0 $N_0089 $N_0088 simul_invboostmnc_S1 X_S2 gateS2 0 $N_0090 $N_0087 simul_invboostmnc_S2 V_V_io $N_0091 vo 0V D_D2H vo $N_0084 Dbreak D_D2L $N_0082 $N_0085 Dbreak L_Li $N_0092 $N_0089 72mH IC=0 D_D2 $N_0090 $N_0091 Dbreak D_D1 $N_0089 $N_0091 Dbreak L_Lb $N_0089 $N_0090 62mH IC=0 D_Dpv PV $N_0092 Dbreak C_Cpv $N_0092 0 1000u D_D1H vo $N_0086 Dbreak D_D1L $N_0081 $N_0083 Dbreak .subckt simul_invboostmnc_S1L 1 2 3 4 S_S1L 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1L 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S1L .subckt simul_invboostmnc_S2H 1 2 3 4 S_S2H 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2H 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S2H 207 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® .subckt simul_invboostmnc_S2L 1 2 3 4 S_S2L 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2L 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S2L .subckt simul_invboostmnc_S1H 1 2 3 4 S_S1H 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1H 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S1H .subckt simul_invboostmnc_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S1 .subckt simul_invboostmnc_S2 1 2 3 4 S_S2 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_S2 .model Dbreak-X(Is=5e-8 Cjo=.1pF Rs=.1 Vj=10 N=44.5) A.4 – Avaliação do Número de Níveis e Espectro Harmônico de Inversores MNC (Fig. 4.36) A.4.1 – Inversor CSI MNC 1 Célula (Inversor CSI Convencional) * csi_1cel_pwm.net + ( (0,0) (0.01,15) ) E_E3 X_S1L gateS1L 0 $N_0001 $N_0002 gateS1L 0 TABLE { V(gateS1, 0) } csi_1cel_pwm_S1L + ( (0,15) (0.01,0) ) X_S1 R_RL $N_0004 $N_0006 csi_1cel_pwm_S1 I_I1 0 $N_0001 DC 6A D_D1 $N_0003 $N_0004 Dbreak D_D3 $N_0005 0 Dbreak X_S3 gateS1L 0 $N_0004 $N_0005 D_D6 $N_0007 0 Dbreak gateS1 0 $N_0001 $N_0003 10 csi_1cel_pwm_S3 D_D5 X_S3L $N_0002 $N_0006 Dbreak gateS1 0 $N_0006 $N_0007 csi_1cel_pwm_S3L V_Vsref .subckt csi_1cel_pwm_S1L 1 2 3 4 S_S1L RS_S1L seno 0 DC 0 AC 0 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_1cel_pwm_S1L +SIN 0 {10*ma} 60 0 0 0 V_Vt1 +PULSE -10 $N_0008 0 DC 0 AC 0 .subckt csi_1cel_pwm_S1 1 2 3 4 10 S_S1 0 {1/(2*fs)-1n} 3 4 1 2 Sbreak {1/(2*fs)} 1n {1/fs} RS_S1 E_E1 .ends csi_1cel_pwm_S1 gateS1 0 TABLE { V(seno, $N_0008) } 1 2 1G 208 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® .subckt csi_1cel_pwm_S3 1 2 3 4 .subckt csi_1cel_pwm_S3L 1 2 3 4 S_S3 S_S3L 3 4 1 2 Sbreak RS_S3 3 4 1 2 Sbreak RS_S3L 1 2 1G 1 2 1G .ends csi_1cel_pwm_S3L .ends csi_1cel_pwm_S3 A.4.2 - Inversor CSI MNC 2 Células * arquivo: csi_2cel_pwm.net E_E1 gateS1 0 TABLE { V(seno, $N_0014) } D_D7 X_S2L $N_0001 $N_0002 Dbreak gateS2L 0 $N_0003 $N_0001 + ( (0,0) (0.01,15) ) E_E2 gateS2 0 TABLE { csi_2cel_pwm_S2L V(seno, $N_0015) } I_Ip $N_0003 $N_0004 DC 3A + ( (0,0) (0.01,15) ) $N_0005 0 Dbreak E_E4 D_D8 X_S4L gateS2 0 $N_0002 $N_0005 gateS2L 0 TABLE { V(gateS2, 0) } csi_2cel_pwm_S4L + ( (0,15) (0.01,0) ) X_S1L E_E3 gateS1L 0 $N_0004 $N_0006 gateS1L 0 TABLE { csi_2cel_pwm_S1L V(gateS1, 0) } X_S1 + ( (0,15) (0.01,0) ) gateS1 0 $N_0004 $N_0007 R_RL csi_2cel_pwm_S1 D_D2 $N_0008 $N_0009 Dbreak X_S2 gateS2 0 $N_0003 $N_0008 $N_0009 $N_0002 .subckt csi_2cel_pwm_S2L 1 2 3 4 csi_2cel_pwm_S2 S_S2L I_I1 0 $N_0003 DC 6A RS_S2L D_D4 $N_0010 0 Dbreak .ends csi_2cel_pwm_S2L X_S4 10 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G gateS2L 0 $N_0009 $N_0010 csi_2cel_pwm_S4 .subckt csi_2cel_pwm_S4L 1 2 3 4 D_D3 $N_0011 $N_0012 Dbreak S_S4L I_In $N_0012 0 DC 3A RS_S4L D_D6 $N_0013 $N_0012 Dbreak .ends csi_2cel_pwm_S4L D_D1 $N_0007 $N_0009 Dbreak X_S3 gateS1L 0 $N_0009 $N_0011 S_S1L D_D5 RS_S1L $N_0006 $N_0002 Dbreak gateS1 0 $N_0002 $N_0013 1 2 1G .subckt csi_2cel_pwm_S1L 1 2 3 4 csi_2cel_pwm_S3 X_S3L 3 4 1 2 Sbreak 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_2cel_pwm_S1L csi_2cel_pwm_S3L V_Vsref seno 0 DC 0 AC 0 .subckt csi_2cel_pwm_S1 1 2 3 4 +SIN 0 {10*ma} 60 0 0 0 S_S1 V_Vt1 $N_0014 0 DC 0 AC 0 RS_S1 10 .ends csi_2cel_pwm_S1 +PULSE -10 0 {1/(2*fs)-1n} 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G {1/(2*fs)} 1n {1/fs} V_Vt2 +PULSE $N_0015 0 DC 0 AC 0 10 -10 0 {1/(2*fs)} 1n {1/fs} {1/(2*fs)-1n} .subckt csi_2cel_pwm_S2 1 2 3 4 S_S2 RS_S2 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 209 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® S_S3 .ends csi_2cel_pwm_S2 3 4 1 2 Sbreak RS_S3 .subckt csi_2cel_pwm_S4 1 2 3 4 S_S4 1 2 1G .ends csi_2cel_pwm_S3 3 4 1 2 Sbreak RS_S4 .subckt csi_2cel_pwm_S3L 1 2 3 4 1 2 1G S_S3L .ends csi_2cel_pwm_S4 3 4 1 2 Sbreak RS_S3L .subckt csi_2cel_pwm_S3 1 2 3 4 1 2 1G .ends csi_2cel_pwm_S3L A.4.3 - Inversor CSI MNC 3 Células I_Ip X_S1L $N_0001 $N_0002 DC 3A gateS1L 0 $N_0002 $N_0003 E_E3 gateS1L 0 TABLE { V(gateS1, 0) } csi_3cel_pwm_S1L + ( (0,15) (0.01,-15) ) X_S1 E_E2 gateS1 0 $N_0002 $N_0004 gateS2 0 TABLE { csi_3cel_pwm_S1 V(seno, $N_0011) } D_D3 $N_0005 $N_0006 Dbreak + ( (0,-15) (0.01,15) ) D_D6 $N_0007 $N_0006 Dbreak E_E4 X_S3 gateS1L 0 $N_0008 $N_0005 +PULSE -10 V(gateS2, 0) } + ( (0,15) (0.01,-15) ) csi_3cel_pwm_S3 V_Vt1 gateS2L 0 TABLE { $N_0009 0 DC 0 AC 0 E_E5 10 V(seno, $N_0012) } 0 {1/(2*fs)-1n} gateS3 0 TABLE { {1/(2*fs)} 1n {1/fs} + ( (0,-15) (0.01,15) ) I_In D_D1 V_Vt2 $N_0006 $N_0010 DC 3A $N_0011 0 DC 0 AC 0 X_S15 $N_0004 $N_0008 Dbreak gateS3 0 $N_0017 $N_0018 +PULSE -10 10 {1/(3*fs)} {1/(2*fs)- csi_3cel_pwm_S15 1n} {1/(2*fs)} 1n {1/fs} D_D16 V_Vt3 Dbreak $N_0012 0 DC 0 AC 0 $N_0019 $N_0017 +PULSE -10 10 {2/(3*fs)} {1/(2*fs)- X_S13 1n} {1/(2*fs)} 1n {1/fs} csi_3cel_pwm_S13 X_S2L D_D14 gateS2L 0 $N_0001 $N_0013 csi_3cel_pwm_S2L Dbreak D_D8 $N_0014 $N_0010 Dbreak X_S16 X_S4 gateS2L 0 $N_0008 $N_0015 gateS3L 0 $N_0008 $N_0020 $N_0021 $N_0008 gateS3L 0 $N_0022 $N_0019 csi_3cel_pwm_S16 csi_3cel_pwm_S4 I_I1 D_D4 $N_0015 $N_0010 Dbreak X_S14 X_S2 gateS2 0 $N_0001 $N_0016 $N_0022 $N_0001 DC 6A gateS3 0 $N_0022 $N_0021 csi_3cel_pwm_S14 D_D15 csi_3cel_pwm_S2 D_D2 $N_0016 $N_0008 Dbreak E_E1 gateS1 0 TABLE { I_I2 $N_0018 0 Dbreak $N_0010 0 DC 6A D_D13 V(seno, $N_0009) } E_E6 + ( (0,-15) (0.01,15) ) V(gateS3, 0) } $N_0020 0 Dbreak gateS3L 0 TABLE { 210 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® + ( (0,15) (0.01,-15) ) .subckt csi_3cel_pwm_S2 1 2 3 4 I_Ii 0 $N_0022 DC 9A D_D7 $N_0013 $N_0017 Dbreak S_S2 R_RL $N_0008 $N_0017 RS_S2 X_S3L 10 gateS1 0 $N_0017 $N_0007 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S2 csi_3cel_pwm_S3L D_D5 X_S4L $N_0003 $N_0017 Dbreak gateS2 0 $N_0017 $N_0014 S_S15 RS_S15 csi_3cel_pwm_S4L V_Vsref .subckt csi_3cel_pwm_S15 1 2 3 4 seno 0 DC 0 AC 0 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S15 +SIN 0 {10*ma} 60 0 0 0 .subckt csi_3cel_pwm_S13 1 2 3 4 .subckt csi_3cel_pwm_S1L 1 2 3 4 S_S13 S_S1L RS_S13 RS_S1L 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S13 .ends csi_3cel_pwm_S1L .subckt csi_3cel_pwm_S16 1 2 3 4 .subckt csi_3cel_pwm_S1 1 2 3 4 S_S16 S_S1 RS_S16 RS_S1 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S16 .ends csi_3cel_pwm_S1 .subckt csi_3cel_pwm_S14 1 2 3 4 .subckt csi_3cel_pwm_S3 1 2 3 4 S_S14 S_S3 RS_S14 RS_S3 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S14 .ends csi_3cel_pwm_S3 .subckt csi_3cel_pwm_S3L 1 2 3 4 .subckt csi_3cel_pwm_S2L 1 2 3 4 S_S3L S_S2L RS_S3L RS_S2L 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S3L .ends csi_3cel_pwm_S2L .subckt csi_3cel_pwm_S4L 1 2 3 4 .subckt csi_3cel_pwm_S4 1 2 3 4 S_S4L S_S4 RS_S4L RS_S4 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G 3 4 1 2 Sbreak 1 2 1G .ends csi_3cel_pwm_S4L .ends csi_3cel_pwm_S4 A.4.4 – Inversor Boost MNC 1 Célula * arquivo: ideal_3npwm_defas.net * V(gateS1a)} V_Vdisp1a E_GAIN6 gateS2a 0 VALUE {-1 0 gateS1a 0 DC 0 AC 211 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® +PULSE -15 15 0 100n 100n {(1/120)} V(ref, $N_0011) } {1/60} + ( (0,15) (0.01,0) ) X_S2b gateS1a 0 $N_0001 0 .subckt ideal_3npwm_defas_S2b 1 2 3 ideal_3npwm_defas_S2b X_S1b gateS2a 0 $N_0002 0 4 ideal_3npwm_defas_S1b S_S2b X_S2a RS_S2b gateS2a 0 $N_0003 $N_0004 $N_0004 $N_0001 .subckt ideal_3npwm_defas_S1b 1 2 3 Dbreak X_S1a 1 2 1G .ends ideal_3npwm_defas_S2b ideal_3npwm_defas_S2a D_D19 3 4 1 2 Sbreak-X gateS1a 0 $N_0005 $N_0006 4 ideal_3npwm_defas_S1a S_S1b D_D20 RS_S1b $N_0006 $N_0002 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends ideal_3npwm_defas_S1b Dbreak V_V24 $N_0007 $N_0006 0V X_S1 gateS1 0 $N_0008 0 .subckt ideal_3npwm_defas_S2a 1 2 3 ideal_3npwm_defas_S1 4 I_I9 0 $N_0008 DC 4A S_S2a V_V7 $N_0009 $N_0010 0V RS_S2a D_D21 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G $N_0009 $N_0005 .ends ideal_3npwm_defas_S2a $N_0009 $N_0003 .subckt ideal_3npwm_defas_S1a 1 2 3 Dbreak D_D18 4 Dbreak V_Vt1 +PULSE $N_0011 0 DC 0 AC 0 0 10 0 {1/(2*fs)-1n} RS_S1a 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends ideal_3npwm_defas_S1a {1/(2*fs)} 1n {1/fs} E_ABS4 S_S1a ref 0 VALUE {ABS(V($N_0012))} .subckt ideal_3npwm_defas_S1 1 2 3 D_D1 $N_0008 $N_0010 Dbreak 4 R_RL $N_0004 $N_0007 S_S1 V_Vsref 10 $N_0012 0 DC 0 AC 0 1 2 1G .ends ideal_3npwm_defas_S1 +SIN 0 10 60 0 0 0 E_E4 RS_S1 3 4 1 2 Sbreak-X gateS1 0 TABLE { A.4.5 – Inversor Boost MNC 2 Células * arquivo ideal_5npwm_defas.net X_S2b gateS1a 0 $N_0001 0 0 $N_0002 0 ideal_5npwm_defas_S2b V_Vdisp1a gateS1a 0 DC 0 AC X_S1b gateS2a 0 ideal_5npwm_defas_S1b +PULSE -15 15 0 100n 100n {(1/120)} X_S2a {1/60} ideal_5npwm_defas_S2a gateS2a 0 $N_0003 $N_0004 212 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® D_D19 $N_0004 $N_0001 + ( (0,15) (0.01,0) ) Dbreak X_S1a gateS1a 0 $N_0005 $N_0006 .subckt ideal_5npwm_defas_S2b 1 2 3 ideal_5npwm_defas_S1a 4 D_D20 S_S2b $N_0006 $N_0002 RS_S2b Dbreak V_V24 gateS2 0 $N_0008 1 2 1G .ends ideal_5npwm_defas_S2b $N_0007 $N_0006 0V X_S2 3 4 1 2 Sbreak-X 0 ideal_5npwm_defas_S2 .subckt ideal_5npwm_defas_S1b 1 2 3 I_I10 4 $N_0009 $N_0008 DC 2A I_I9 0 $N_0009 DC 4A S_S1b V_V7 $N_0010 $N_0011 0V RS_S1b D_D21 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G $N_0010 $N_0005 .ends ideal_5npwm_defas_S1b $N_0010 $N_0003 .subckt ideal_5npwm_defas_S2a 1 2 3 Dbreak D_D18 4 Dbreak V_Vt1 +PULSE S_S2a $N_0012 0 DC 0 AC 0 0 10 0 {1/(2*fs)-1n} +PULSE 1 2 1G .ends ideal_5npwm_defas_S2a {1/(2*fs)} 1n {1/fs} V_Vt2 RS_S2a 3 4 1 2 Sbreak-X $N_0013 0 DC 0 AC 0 10 0 0 {1/(2*fs)-1n} E_ABS4 .subckt ideal_5npwm_defas_S1a 1 2 3 4 {1/(2*fs)} 1n {1/fs} ref 0 VALUE S_S1a 3 4 1 2 Sbreak-X {ABS(V($N_0014))} RS_S1a D_D1 $N_0009 $N_0011 Dbreak .ends ideal_5npwm_defas_S1a D_D2 $N_0008 $N_0011 Dbreak R_RL $N_0004 $N_0007 X_S1 gateS1 0 .subckt ideal_5npwm_defas_S2 1 2 3 10 $N_0009 0 4 ideal_5npwm_defas_S1 S_S2 E_GAIN6 RS_S2 gateS2a 0 VALUE {-1 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends ideal_5npwm_defas_S2 * V(gateS1a)} V_Vsref 1 2 1G $N_0014 0 DC 0 AC 0 .subckt ideal_5npwm_defas_S1 1 2 3 +SIN 9 0 60 0 0 0 E_E4 gateS1 0 TABLE { 4 S_S1 V(ref, $N_0012) } 3 4 1 2 Sbreak-X + ( (0,15) (0.01,0) ) RS_S1 E_E5 .ends ideal_5npwm_defas_S1 gateS2 0 TABLE { V(ref, $N_0013) } A.4.6 – Inversor Boost MNC 3 Células 1 2 1G 213 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® * arquivo: ideal_7npwm_defas.net E_GAIN6 gateS2a 0 VALUE {-1 D_D3 $N_0014 $N_0009 Dbreak E_E7 gateS3 0 TABLE { V(ref, $N_0015) } + ( (0,15) (0.1,0) ) * V(gateS1a)} V_Vdisp1a gateS1a 0 DC 0 AC E_E6 gateS2 0 TABLE { 0 V(ref, $N_0016) } +PULSE -15 15 0 100n 100n {(1/120)} + ( (0,15) (0.1,0) ) {1/60} E_E4 X_S2b gateS1a 0 $N_0001 0 0 $N_0002 0 gateS2a V(ref, $N_0011) } + ( (0,15) (0.1,0) ) ideal_7npwm_defas_S2b X_S1b gateS1 0 TABLE { V_Vt2 $N_0016 0 DC 0 AC 0 ideal_7npwm_defas_S1b +PULSE 0 10 {1/(3*fs)} {1/(2*fs)- X_S2a 1n} {1/(2*fs)} 1n {1/fs} gateS2a 0 $N_0003 $N_0004 ideal_7npwm_defas_S2a V_Vt3 D_D19 +PULSE 0 10 {2/(3*fs)} {1/(2*fs)- $N_0004 $N_0001 1n} {1/(2*fs)} 1n {1/fs} Dbreak X_S1a $N_0015 0 DC 0 AC 0 gateS1a 0 $N_0005 $N_0006 ideal_7npwm_defas_S1a .subckt ideal_7npwm_defas_S2b 1 2 3 D_D20 4 $N_0006 $N_0002 S_S2b Dbreak V_V24 RS_S2b $N_0007 $N_0006 0V V_V7 $N_0008 $N_0005 .subckt ideal_7npwm_defas_S1b 1 2 3 Dbreak D_D18 $N_0008 $N_0003 E_ABS4 ref 0 VALUE R_RL $N_0004 $N_0007 V_Vsref $N_0010 0 DC 0 AC 0 10 .subckt ideal_7npwm_defas_S2a 1 2 3 4 S_S2a $N_0011 0 DC 0 AC 0 0 1 2 1G 10 +SIN 0 10 60 0 0 0 V_Vt1 RS_S1b 3 4 1 2 Sbreak-X .ends ideal_7npwm_defas_S1b {ABS(V($N_0010))} 0 {1/(2*fs)-1n} gateS1 RS_S2a 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends ideal_7npwm_defas_S2a {1/(2*fs)} 1n {1/fs} X_S1 4 S_S1b Dbreak +PULSE 1 2 1G .ends ideal_7npwm_defas_S2b $N_0008 $N_0009 0V D_D21 3 4 1 2 Sbreak-X 0 $N_0012 0 ideal_7npwm_defas_S1 .subckt ideal_7npwm_defas_S1a 1 2 3 D_D1 $N_0012 $N_0009 Dbreak 4 D_D2 $N_0013 $N_0009 Dbreak S_S1a I_I9 0 $N_0012 DC 9A RS_S1a I_I10 $N_0012 $N_0013 DC 6A I_I11 $N_0013 $N_0014 DC 3A X_S2 gateS2 0 $N_0013 0 gateS3 ideal_7npwm_defas_S3 1 2 1G .ends ideal_7npwm_defas_S1a .subckt ideal_7npwm_defas_S1 1 2 3 4 ideal_7npwm_defas_S2 X_S3 3 4 1 2 Sbreak-X 0 $N_0014 0 S_S1 RS_S1 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G 214 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® .ends ideal_7npwm_defas_S1 .subckt ideal_7npwm_defas_S3 1 2 3 .subckt ideal_7npwm_defas_S2 1 2 3 4 4 S_S3 S_S2 RS_S2 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G RS_S3 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends ideal_7npwm_defas_S3 .ends ideal_7npwm_defas_S2 A.5 – Inversor Boost MNC 2 Células com PWM Senoidal MNC (Fig. 4.57) * arquivo: simul_invboostmnc_PWM.net V_Vdisp1a gateS1H 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 0 100n 100n {(1/120)} {1/60} V_Vdisp1b gateS1L 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 15 {(1/120)} 100n 100n {(1/120)} {1/60} * inicio do modelo do arranjo PV D_D11pv $N_0001 $N_0002 Dbreak-X D_D12pv $N_0002 $N_0003 Dbreak-X R_Rsh11pv $N_0001 $N_0003 142.5 I_I11pv $N_0003 $N_0001 DC 3.87A R_Rs12pv $N_0004 $N_0003 .1 D_D13pv $N_0004 $N_0005 Dbreak-X D_D14pv $N_0005 $N_0006 Dbreak-X D_D15pv $N_0007 $N_0008 Dbreak-X D_D16pv $N_0008 0 Dbreak-X R_Rsh12pv $N_0004 $N_0006 142.5 I_I13pv 0 $N_0007 DC 3.87A I_I21pv $N_0009 $N_0010 DC 3.87A D_D21pv $N_0010 $N_0011 Dbreak-X D_D22pv $N_0011 $N_0009 Dbreak-X D_D23pv $N_0012 $N_0013 Dbreak-X D_D24pv Dbreak-X D_D25pv Dbreak-X D_D26pv R_Rsh21pv 142.5 R_Rsh23pv R_Rsh13pv I_I22pv 3.87A I_I12pv 3.87A R_Rs22pv .1 R_Rs23pv .1 R_Rs13pv .1 R_Rs11pv R_Rs21pv I_I23pv R_Rs31pv I_I31pv 3.87A D_D31pv Dbreak-X D_D32pv Dbreak-X R_Rsh31pv 142.5 R_Rs32pv .1 R_Rsh22pv 142.5 I_I32pv 3.87A D_D33pv Dbreak-X D_D34pv Dbreak-X $N_0013 $N_0014 $N_0015 $N_0016 $N_0016 0 Dbreak-X $N_0010 $N_0009 $N_0015 0 142.5 $N_0007 0 142.5 $N_0014 $N_0012 DC $N_0006 $N_0004 DC $N_0012 $N_0009 $N_0015 $N_0014 $N_0007 $N_0006 $N_0001 PV .1 $N_0010 PV .1 0 $N_0015 DC 3.87A $N_0017 PV .1 $N_0018 $N_0017 DC $N_0017 $N_0019 $N_0019 $N_0018 $N_0017 $N_0018 $N_0020 $N_0018 $N_0012 $N_0014 $N_0021 $N_0020 DC $N_0020 $N_0022 $N_0022 $N_0021 215 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® R_Rsh32pv 142.5 R_Rs33pv .1 I_I33pv D_D35pv Dbreak-X D_D36pv R_Rsh33pv R_Rs41pv I_I41pv 3.87A D_D41pv Dbreak-X D_D42pv Dbreak-X R_Rsh41pv 142.5 R_Rs42pv .1 I_I42pv 3.87A D_D43pv Dbreak-X D_D44pv Dbreak-X R_Rsh42pv 142.5 R_Rs43pv .1 I_I43pv D_D45pv Dbreak-X D_D46pv R_Rs51pv I_I51pv 3.87A D_D51pv Dbreak-X D_D52pv Dbreak-X R_Rsh51pv 142.5 R_Rs52pv .1 I_I52pv 3.87A D_D53pv Dbreak-X D_D54pv Dbreak-X R_Rsh52pv 142.5 R_Rs53pv .1 I_I53pv D_D55pv Dbreak-X D_D56pv R_Rsh53pv R_Rs61pv I_I61pv 3.87A D_D61pv Dbreak-X D_D62pv Dbreak-X $N_0020 $N_0021 $N_0023 $N_0021 0 $N_0023 DC 3.87A $N_0023 $N_0024 $N_0024 0 Dbreak-X $N_0023 0 142.5 $N_0025 PV .1 $N_0026 $N_0025 DC $N_0025 $N_0027 $N_0027 $N_0026 $N_0025 $N_0026 $N_0028 $N_0026 $N_0029 $N_0028 DC $N_0028 $N_0030 $N_0030 $N_0029 $N_0028 $N_0029 $N_0031 $N_0029 0 $N_0031 DC 3.87A $N_0031 $N_0032 $N_0032 0 Dbreak-X $N_0033 PV .1 $N_0034 $N_0033 DC $N_0033 $N_0035 $N_0035 $N_0034 $N_0033 $N_0034 $N_0036 $N_0034 $N_0037 $N_0036 DC $N_0036 $N_0038 $N_0038 $N_0037 $N_0036 $N_0037 $N_0039 $N_0037 0 $N_0039 DC 3.87A $N_0039 $N_0040 $N_0040 0 Dbreak-X $N_0039 0 142.5 $N_0041 PV .1 $N_0042 $N_0041 DC $N_0041 $N_0043 $N_0043 $N_0042 R_Rsh61pv 142.5 R_Rs62pv .1 I_I62pv 3.87A D_D63pv Dbreak-X D_D64pv Dbreak-X R_Rsh62pv 142.5 R_Rs63pv .1 I_I63pv D_D65pv Dbreak-X D_D66pv R_Rsh63pv R_Rs71pv I_I71pv 3.87A D_D71pv Dbreak-X D_D72pv Dbreak-X R_Rsh71pv 142.5 R_Rs72pv .1 I_I72pv 3.87A D_D73pv Dbreak-X D_D74pv Dbreak-X R_Rsh72pv 142.5 R_Rs73pv .1 I_I73pv D_D75pv Dbreak-X D_D76pv R_Rsh73pv R_Rs81pv I_I81pv 3.87A D_D81pv Dbreak-X D_D82pv Dbreak-X R_Rsh81pv 142.5 R_Rs82pv .1 I_I82pv 3.87A D_D83pv Dbreak-X D_D84pv Dbreak-X R_Rsh82pv 142.5 R_Rs83pv .1 I_I83pv $N_0041 $N_0042 $N_0044 $N_0042 $N_0045 $N_0044 DC $N_0044 $N_0046 $N_0046 $N_0045 $N_0044 $N_0045 $N_0047 $N_0045 0 $N_0047 DC 3.87A $N_0047 $N_0048 $N_0048 0 Dbreak-X $N_0047 0 142.5 $N_0049 PV .1 $N_0050 $N_0049 DC $N_0049 $N_0051 $N_0051 $N_0050 $N_0049 $N_0050 $N_0052 $N_0050 $N_0053 $N_0052 DC $N_0052 $N_0054 $N_0054 $N_0053 $N_0052 $N_0053 $N_0055 $N_0053 0 $N_0055 DC 3.87A $N_0055 $N_0056 $N_0056 0 Dbreak-X $N_0055 0 142.5 $N_0057 PV .1 $N_0058 $N_0057 DC $N_0057 $N_0059 $N_0059 $N_0058 $N_0057 $N_0058 $N_0060 $N_0058 $N_0061 $N_0060 DC $N_0060 $N_0062 $N_0062 $N_0061 $N_0060 $N_0061 $N_0063 $N_0061 0 $N_0063 DC 3.87A Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® D_D85pv $N_0063 $N_0064 Dbreak-X D_D86pv $N_0064 0 Dbreak-X R_Rsh83pv $N_0063 0 142.5 R_Rs91pv $N_0065 PV .1 I_I91pv $N_0066 $N_0065 DC 3.87A D_D91pv $N_0065 $N_0067 Dbreak-X D_D92pv $N_0067 $N_0066 Dbreak-X R_Rsh91pv $N_0065 $N_0066 142.5 R_Rs92pv $N_0068 $N_0066 .1 I_I92pv $N_0069 $N_0068 DC 3.87A D_D93pv $N_0068 $N_0070 Dbreak-X D_D94pv $N_0070 $N_0069 Dbreak-X I_I93pv 0 $N_0071 DC 3.87A D_D95pv $N_0071 $N_0072 Dbreak-X D_D96pv $N_0072 0 Dbreak-X I_I101pv $N_0073 $N_0074 DC 3.87A R_Rs101pv $N_0074 PV .1 D_D101pv $N_0074 $N_0075 Dbreak-X D_D102pv $N_0075 $N_0073 Dbreak-X R_Rsh101pv $N_0074 $N_0073 142.5 I_I102pv $N_0076 $N_0077 DC 3.87A D_D103pv $N_0077 $N_0078 Dbreak-X D_D104pv $N_0078 $N_0076 Dbreak-X R_Rsh102pv $N_0077 $N_0076 142.5 R_Rs103pv $N_0079 $N_0076 .1 I_I103pv 0 $N_0079 DC 3.87A D_D105pv $N_0079 $N_0080 Dbreak-X D_D106pv $N_0080 0 Dbreak-X R_Rsh103pv $N_0079 0 142.5 R_Rsh43pv $N_0031 0 142.5 R_Rsh92pv $N_0068 $N_0069 142.5 R_Rsh93pv $N_0071 0 142.5 R_Rs102pv $N_0077 $N_0073 .1 R_Rs93pv $N_0071 $N_0069 .1 * inicio do modelo do arranjo PV X_S1L gateS1L 0 $N_0081 0 simul_invboostmnc_PWM_S1L X_S2L gateS1H 0 $N_0082 0 simul_invboostmnc_PWM_S2L X_S1H gateS1H 0 $N_0083 $N_0084 simul_invboostmnc_PWM_S1H V_V_iS2 $N_0085 0 0V V_V_iS1 $N_0086 0 0V X_S1 gateS1 0 $N_0087 $N_0086 simul_invboostmnc_PWM_S1 216 X_S2 gateS2 0 $N_0088 $N_0085 simul_invboostmnc_PWM_S2 V_V_io $N_0089 vo 0V D_D2H vo $N_0090 Dbreak D_D2 $N_0088 $N_0089 Dbreak D_D1 $N_0087 $N_0089 Dbreak D_Dpv PV $N_0091 Dbreak C_Cpv $N_0091 0 1000u D_D1L $N_0084 $N_0081 Dbreak L_Li $N_0091 $N_0087 60mH IC=0 L_Lb $N_0087 $N_0088 9.3mH IC=0 V_Vt1 $N_0092 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 10 0 {1/(2*3000)-1n} {1/(2*3000)} 1n {1/3000} V_Vsref $N_0093 0 DC 0 AC 0 +SIN 0 9 60 0 0 0 E_ABS1 ref 0 VALUE {ABS(V($N_0093))} E_E1 gateS1 0 TABLE { V(ref, $N_0092) } + ( (0,15) (0.01,0) ) V_Vt2 $N_0094 0 DC 0 AC 0 +PULSE 10 0 0 {1/(2*3000)-1n} {1/(2*3000)} 1n {1/3000} E_E2 gateS2 0 TABLE { V(ref, $N_0094) } + ( (0,15) (0.01,0) ) D_D2L $N_0095 $N_0082 Dbreak X_S2H gateS1L 0 $N_0090 $N_0095 simul_invboostmnc_PWM_S2H D_D1H vo $N_0083 Dbreak V_V_iinv $N_0096 $N_0084 0V V_Vs $N_0097 $N_0095 DC 0 AC 0 +SIN 0 180 60 0 0 0 R_Rf $N_0098 $N_0095 3.3 C_Cf $N_0096 $N_0098 15u L_Lf $N_0096 $N_0097 0.8m .subckt simul_invboostmnc_PWM_S1L 1 2 3 4 S_S1L 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1L 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S1L .subckt simul_invboostmnc_PWM_S2L 1 2 3 4 S_S2L 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2L 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S2L .subckt simul_invboostmnc_PWM_S1H 1 2 3 4 S_S1H 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1H 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S1H .subckt simul_invboostmnc_PWM_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S1 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S1 217 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® .subckt simul_invboostmnc_PWM_S2 1 2 3 4 S_S2 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S2 S_S2H 3 4 1 2 Sbreak-X RS_S2H 1 2 1G .ends simul_invboostmnc_PWM_S2H .subckt simul_invboostmnc_PWM_S2H 1 2 3 4 Rs=.1 Vj=10 N=44.5) .model Dbreak-X(Is=5e-8 Cjo=.1pF A.6 – Simulação do Sistema PV Baseado no Inversor Boost MNC 2 Células, Incluindo Elementos Parasitas (Fig. 5.10 e Fig. 5.11) R_R31 $N_0014 $N_0003 invboostPWMMNC_completo.net D_D32 $N_0014 PV Dbreak L_Li R_RLi $N_0001 $N_0015 1.2 R_RLb $N_0017 $N_0016 .3 arquivo: R_R17 PV $N_0001 600mH IC=0 $N_0003 $N_0002 D_D21pv 100 $N_0003 $N_0004 Dbreak-X D_D22pv $N_0004 $N_0002 D_D23pv $N_0002 $N_0005 $N_0002 $N_0003 DC D_D25pv $N_0006 $N_0007 D_D24pv $N_0005 $N_0006 $N_0006 $N_0002 DC D_D2L $N_0010 $N_0020 V_Vdisp1L gateS1L 0 DC 0 AC +PULSE 15 0 0 10n 10n {(1/(2*f))V_Vdisp1H gateS1H 0 DC 0 AC +PULSE 0 15 0 10n 10n {(1/(2*f))(2*10n)} {1/f} {Isc} R_R27 $N_0011 $N_0019 0 Dbreak-X D_D26pv D_D1L (2*10n)} {1/f} Dbreak-X I_I9 $N_0016 $N_0018 Dbreak 0 {Isc} R_R15 $N_0015 $N_0018 Dbreak D_D2 Dbreak Dbreak-X I_I6 D_D1 Dbreak Dbreak-X I_I8 $N_0002 $N_0006 100 0 $N_0006 DC {Isc} $N_0007 0 Dbreak-X $N_0006 0 D_D2H Dbreak V_V_iS2 V_Vs 100 $N_0021 $N_0022 $N_0016 $N_0023 0V $N_0013 $N_0010 DC 0 C_Cf $N_0008 $N_0009 4.7u AC 0 R_Rf $N_0009 $N_0010 4.7 +SIN 0 180 60 0 0 0 V_V5n 1 $N_0008 $N_0011 0V L_Lb L_Lf $N_0008 $N_0012 3m IC=0 L_Ls $N_0012 $N_0013 0.5m V_V_iS1 C_C6 PV 0 1000u D_D1H $N_0015 $N_0017 60m $N_0015 $N_0024 0V $N_0021 $N_0025 218 Apêndice A- Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice® S_S1H Dbreak V_V3n RS_S1H $N_0021 $N_0018 0V C_C9 $N_0021 0 X_S1 gateS1 $N_0024 0 gateS2 0 .subckt invboostPWMMNC_completo_S1L 1 2 3 4 invboostPWMMNC_completo_S1 X_S2 1 2 1G .ends invboostPWMMNC_completo_S1H 100n 0 3 4 1 2 Sbreak-X $N_0023 0 S_S1L 3 4 1 2 Sbreak-X invboostPWMMNC_completo_S2 RS_S1L X_S1H .ends invboostPWMMNC_completo_S1L gateS1H 0 $N_0025 $N_0011 .subckt invboostPWMMNC_completo_S2L invboostPWMMNC_completo_S1H X_S1L gateS1L 0 $N_0019 0 gateS1H 0 $N_0020 0 RS_S2L 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends invboostPWMMNC_completo_S2L invboostPWMMNC_completo_S2L X_S2H 1 2 3 4 S_S2L invboostPWMMNC_completo_S1L X_S2L 1 2 1G gateS1L 0 $N_0022 $N_0010 invboostPWMMNC_completo_S2H .subckt invboostPWMMNC_completo_S2H V_Vt1 1 2 3 4 +PULSE $N_0026 0 DC 0 AC 0 0 10 0 {1/(2*fs)-1n} S_S2H 3 4 1 2 Sbreak-X {1/(2*fs)} 1n {1/fs} RS_S2H V_Vsref .ends invboostPWMMNC_completo_S2H $N_0027 0 DC 0 AC 0 1 2 1G +SIN 0 9 60 0 0 0 E_ABS2 ref 0 VALUE E_E5 gateS1 0 TABLE { V(ref, $N_0026) } + ( (0,15) (0.01,0) ) V_Vt2 +PULSE $N_0028 0 DC 0 AC 0 10 0 0 {1/(2*fs)-1n} {1/(2*fs)} 1n {1/fs} E_E6 gateS2 0 TABLE { V(ref, $N_0028) } + ( (0,15) (0.01,0) ) .subckt invboostPWMMNC_completo_S1 1 2 3 4 S_S1 RS_S1 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends invboostPWMMNC_completo_S1 .subckt invboostPWMMNC_completo_S2 1 2 3 4 S_S2 RS_S2 3 4 1 2 Sbreak-X 1 2 1G .ends invboostPWMMNC_completo_S2 .subckt invboostPWMMNC_completo_S1H 1 2 3 4 .model Dbreak-X(Is=5e-8 Rs=.1 Vj=10 N=44.5) {ABS(V($N_0027))} Cjo=.1pF Apêndice B Definição das Figuras de Mérito Relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica Este apêndice apresenta as definições das figuras de mérito que são utilizadas neste trabalho com o objetivo de avaliar a operação de um determinado dispositivo, no que se refere à sua influência na qualidade de energia elétrica de sua instalação. Essas figuras de mérito são a taxa de distorção harmônica ou distorção harmônica total (THD , do inglês total harmonic distortion), o fator de deslocamento ( FD ) e o fator de potência ( FP ). Geralmente, estes indicadores são definidos para uma carga conectada à rede elétrica de uma determinada instalação [66]. Contudo, neste trabalho, deseja-se avaliar o comportamento de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, ou seja, de geradores de energia elétrica. Assim, é necessário adaptar a convenção adotada para o sentido da corrente do sistema a ser avaliado, de modo que as mesmas definições possam ser utilizadas, tanto para cargas quanto para geradores, conforme ilustrado na Fig. B.1. É interessante ressaltar que, para um sistema com presença de harmônicos, a tradicional definição de fator de potência como cosseno do ângulo entre tensão e corrente pode mascarar sua real operação. Atualmente é necessário lançar mão de uma definição que Apêndice B- Definição das Figuras de Mérito Relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica 220 incorpore os efeitos dos harmônicos no valor do fator de potência [66]. Fig. B.1 – Convenção de tensão e corrente adotada para definição das figuras de mérito. (a) carga; (b) gerador. Sejam P e S , respectivamente, as potências ativa e aparente de uma carga (gerador) que esteja drenando (injetando) uma corrente is (t ) , cujo valor eficaz é I s , da (na) rede elétrica, cuja tensão é dada por vS (t ) = 2 V sen (ω t ) . Define-se fator de potência por: FP = P , S (B.1) onde, P= 1 T vS (t ) iS (t ) dt T ∫0 (B.2) e S = V Is . . (B.3) A corrente da rede, pode ser decomposta em série de Fourier, sendo expressa na forma mostrada em (B.4). iS (t ) = 2 I s 1 sen (ω1 t − ϕ1 ) + ∑ h≠1 2 I s h sen (ωh t − ϕ h ) (B.4) Apêndice B- Definição das Figuras de Mérito Relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica 221 Onde ω1 = ω é a freqüência fundamental da forma de onda de corrente. Substituindo (B.4) em (B.2) e observando que as integrais que contém produto de funções com freqüências distintas são nulas, obtém-se: P= 1 T 2V sen (ω t )⋅ 2 I s 1 sen (ωt − ϕ1 ) dt = V I s 1 cos(ϕ1 ) T ∫0 (B.5) A substituição de (B.3) e (B.5) em (B.1) resulta em: FP = V I s 1 cos (ϕ1 ) V Is = Is1 Is ⋅ FD , (B.6) donde é definido o fator de deslocamento: FD = cos (ϕ 1 ) (B.7) . A taxa de distorção harmônica é definida por [66]: THD = I s2 − I s2 1 I s1 (B.8) Usualmente costuma-se multiplicar o valor de THD por 100 % para obter o seu valor em porcentagem. Substituindo (B.8) em (B.6), obtém-se a expressão utilizada para o cálculo do fator de potência, levando em consideração a presença de harmônicos [66]: FP = . FD 1 + THD2 (B.9) Para se obter fator de potência unitário, que é o desejável, é necessário que a taxa de distorção harmônica e o deslocamento angular da componente fundamental da Apêndice B- Definição das Figuras de Mérito Relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica 222 corrente consumida pela carga em relação à tensão da rede sejam nulos, ou seja, THD = 0 e FD = 1 . Para um sistema sem harmônicos, o fator de potência é igual ao fator de deslocamento, conforme a definição original (clássica) de fator de potência, o que permite que (B.9) seja utilizada também para este caso. Na avaliação da operação de um determinado sistema, o ângulo de defasagem da componente fundamental, ϕ 1 , deve ser levado em consideração, definindo se o fator de deslocamento correspondente é “adiantado” ou “atrasado”. Neste trabalho, foi escolhido utilizar referência ao ângulo ϕ 1 ao invés do FD no relatório dos resultados simulados e experimentais obtidos. Apêndice C Projeto do Indutor do Filtro de Linha O projeto do indutor utilizado no filtro de linha foi realizado seguindo os procedimentos e informações encontrados em [73]–[75]. Para o filtro de linha dimensionado no Capítulo 5, necessita-se de um indutor L f = 3 mH . Considerando que os parâmetros do filtro de linha foram ajustados de forma conveniente, a corrente que flui através do indutor L f deve ser praticamente senoidal, com baixo conteúdo harmônico, pois é a corrente que é efetivamente injetada na rede. Pode-se aproximar, então, com a eliminação dos harmônicos em (4.81), a corrente no indutor do filtro de linha por: is (t ) = m a I sen (ωt ) (C.1) Conforme discutido no Capítulo 5, será considerado no projeto do indutor do filtro de linha, I = 4 ,5 A . Considerar-se-á, também, o índice de modulação de amplitude m a = 1 , de modo que o indutor projetado possa ser utilizado, sem saturação de seu núcleo, em toda a faixa de operação linear do sistema ( 0 ≤ m a ≤ 1 ). Assim, com ω = 2 π ⋅ 60 rad/s, 224 Apêndice C- Projeto do Indutor do Filtro de Linha is (t ) = 4 , 5 sen (2 π ⋅ 60 ⋅ t ) . (C.2) Optou-se, devido à disponibilidade em laboratório, o uso de núcleo de ferrite na construção do indutor de filtragem. Seu dimensionamento é feito a partir do produto das áreas mostrado na Fig. C.1. (a) (b) Fig. C.1 – Produto de áreas. (a) área efetiva; (b) área da janela. O produto de áreas do núcleo de ferrite a ser utilizado deve ser: Ae ⋅ Aw ≥ L f ⋅ i s ( pico ) ⋅ is ( RMS ) ⋅ 10 4 K w ⋅ Bmáx ⋅ J máx , onde, is ( pico) = 4 ,5 A , is ( pico ) = 4 ,5 / 2 = 3 ,182 A , Bmáx = 0 , 3 T , K w = 0,5 e J máx = 300 A/cm 2 . Logo: (C.3) 225 Apêndice C- Projeto do Indutor do Filtro de Linha 3 ⋅ 10 −3 ⋅ 4 ,5 ⋅ 3,182 ⋅ 10 4 Ae ⋅ Aw ≥ ≈ 9 ,546 cm 4 . 0 , 5 ⋅ 0 , 3 ⋅ 300 (C.4) O núcleo de ferrite com carretel disponível em laboratório é o EE 65/26, que possui o produto de áreas igual a: [Ae ⋅ Aw ]ESCOLHIDO = 5 ⋅ (1,2 ⋅ 2 ,3 ⋅ 2 ) = 27 ,64 cm 4 . (C.5) Este produto de áreas é quase três vezes maior que o necessário para a construção do indutor. Utilizando um núcleo com maior área efetiva (conseqüentemente, maior produto de áreas) consegue-se reduzir o número de espiras do indutor, tornando mais fácil sua construção. O número de espiras, n esp é dado por: n esp = L f ⋅ is ( pico ) ⋅ 10 4 . n esp = Bmáx ⋅ Ae (C.6) 3 ⋅ 10 −3 ⋅ 4 ,5 ⋅ 10 4 = 90 espiras . 0 ,3 ⋅ 5 (C.7) O tamanho total do entreferro (gap) pode ser estimado por: lg = 2 n esp ⋅ μ 0 ⋅ Ae ⋅ 10 −2 Lf = 90 2 ⋅ 4 π ⋅ 10 - 7 ⋅ 5 ⋅ 10 − 2 3 ⋅ 10 − 3 = 0 ,16 mm . (C.8) Este valor deve ser utilizado como ponto de partida para o tamanho do entreferro, que deve ser variado até que a indutância desejada seja conseguida [75]. Para a determinação dos condutores, devem ser levadas em consideração a área do condutor de cobre a ser utilizado (relacionada à corrente conduzida pelos condutores) e o diâmetro do condutor (relacionado às perdas por efeito pelicular, já que o indutor terá, na prática, componentes harmônicas de alta freqüência, da ordem de 6 kHz, oriundas dos 226 Apêndice C- Projeto do Indutor do Filtro de Linha chaveamentos). O parâmetro profundidade de penetração ( δ p ) determina o máximo raio que um condutor pode ter quando está trabalhando em uma determinada freqüência, f op . No caso em questão, f op = 2 f s . δp = 7 ,5 7 ,5 = = 0 ,0968 cm . 3 f op 2 ⋅ 3 ⋅ 10 (C.9) Sendo assim, o maior diâmetro de fio que pode ser usado é 0,1936 cm, o que permite que até o fio 13 AWG seja utilizado [73]–[75]. A área do fio necessário para a confecção das espiras do indutor do filtro de linha é dada por: SCu = I s (rms ) J máx = 3,182 = 0 ,0106 cm 2 . 300 (3.19) Assim, optou-se por utilizar o fio 16 AWG, cuja área da seção transversal é igual a 0,013088 cm², na construção do indutor do filtro de linha. Resumindo, o indutor projetado utiliza um núcleo de ferrite EE 65/26, com 90 espiras de fio 16 AWG.