ATENDIMENTO ESPIRITUAL NA CASA ESPÍRITA 2008 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL 1 ÍNDICE 1 – APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 3 2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA ................................................................................. 7 2.1 – Introdução ............................................................................................................... 7 2.2 – A Casa Espírita ........................................................................................................ 8 2.3 – Perfil do Trabalhador ........................................................................................... 13 2.4 – Palavras Finais ...................................................................................................... 15 2.5 – Referências Bibliográficas..................................................................................... 17 3 – ATENDIMENTO FRATERNO ..................................................................................... 19 3.1 – Introdução ............................................................................................................. 19 3.2 – Atendimento Fraterno: Definição ......................................................................... 20 3.3 – Condições necessárias para o Atendimento Fraterno .......................................... 23 3.4 – Preparação para o Atendimento Fraterno ........................................................... 25 3.5 – Estágios do Atendimento Fraterno ....................................................................... 32 3.6 – Atendimento iniciado pelo Atendido..................................................................... 34 3.7 – Atendimento iniciado pelo Atendente ................................................................... 35 3.8 – Dinâmica do Atendimento..................................................................................... 35 3.9 – Palavras Finais ...................................................................................................... 37 3.10 – Referências Bibliográficas ................................................................................... 39 4 – EVANGELHO NO LAR ................................................................................................ 42 4.1 – Introdução ............................................................................................................. 42 4.2 – Implantação do Evangelho no Lar........................................................................ 44 4.3 – Dinâmica do Estudo .............................................................................................. 46 4.4 – Palavras Finais ...................................................................................................... 48 4.5 – Referências bibliográficas ..................................................................................... 50 5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS ......................................................................... 52 5.1 – Introdução ............................................................................................................. 52 5.2 – A Visita .................................................................................................................. 52 5.3 – Preparando a Visita Fraterna ............................................................................... 56 5.4 – A Tarefa ................................................................................................................. 58 5.5 – Observações Gerais ............................................................................................... 63 5.6 – Palavras Finais ...................................................................................................... 64 5.7 – Referências Bibliográficas..................................................................................... 65 6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO ...................................................................................... 67 6.1 – Introdução ............................................................................................................. 67 6.2 – Reunião de Irradiação ........................................................................................... 68 6.3 – A Equipe ................................................................................................................ 72 6.4 – Reunião: Condições de Realização........................................................................ 78 6.5 – Palavras Finais ...................................................................................................... 83 6.6 – Referências Bibliográficas..................................................................................... 85 7 – PASSE ESPÍRITA ......................................................................................................... 88 7.1 – Introdução ............................................................................................................. 88 7.2 – O Passe ................................................................................................................... 89 7.3 – O Passista ............................................................................................................... 96 7.4 – Como Aplicar o Passe ............................................................................................ 99 7.5 – Por que Aplicar o Passe....................................................................................... 101 7.6 – Porque Receber o Passe....................................................................................... 104 7.7 – Conclusão ............................................................................................................. 106 7.8 – Referências Bibliográficas................................................................................... 110 2 1 – APRESENTAÇÃO “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”. Paulo (Gálatas, 6:9). A União Espírita Mineira – UEM, por meio de seu Setor de Atendimento Espiritual – SATES, promove ações junto aos Conselhos Regionais Espíritas – CRE, com o propósito de oferecer subsídios para o atendimento espiritual exercitado nos Centros Espiritistas. Desde a Codificação da Doutrina dos Espíritos pelo nobre Allan Kardec a expansão de seus ensinamentos e a dinamização de seus conteúdos força-nos a efetuarmos, periódica e conjuntamente com nossos confrades, o exercício de avaliação dos trabalhos, sopesar as prioridades, investir na qualificação das ações, dinamizar conhecimentos e informações trazidos do Plano Espiritual, para que possamos melhor compreender as tarefas para as quais nos candidatamos nos Centros Espíritas. O SATES, nesse processo, tem a humílima função de dar suporte e compilar as informações vindas das experiências das diversas Casas Espíritas do Estado e do país, com o propósito de promover o intercâmbio entre os trabalhadores da Seara de Jesus. Estamos falando de uma tarefa intermediária, interativa e, principalmente, comprometida com a causa da Doutrina e do Evangelho de Jesus. Entendemos que a Evolução é uma Lei Divina irrevogável, da qual ninguém poderá fugir. Acreditamos, ainda, que o Espiritismo é uma doutrina educativa. Educativa, pois com ele temos acesso ao conhecimento que desvela nosso próprio ser. Um tipo de conhecimento diferente daquele que é veiculado pelos Institutos educacionais terrenos, já que seu objeto não é tangível e se processa principalmente nos escaninhos de nossas almas. Em muitos momentos, quando estamos obrando nas Casas Espíritas, ocorrem-nos dúvidas sobre como procedermos diante de uma determinada circunstância inusitada. Esses momentos de dificuldades são extremamente produtivos, por nos revelar nossa necessidade de interagir com irmãos de luta doutrinária, acolhendo conselhos, compreendendo orientações e aceitando críticas. A finalidade deste conjunto de apostilas é a de, por alguma forma, tentar suprir essas carências e prover-nos na necessidade. Trata-se de um material didático elaborado pela contribuição direta e indireta de tantas pessoas, amigos e espíritos, que seria impossível aqui enumerá-los. Contudo, aproveitamos para agradecer a cada um pela contribuição dada. 3 A União Espírita Mineira, através do SATES, pretende promover grupos de qualificação de frentes de trabalhos, tendo em mente novos campos de atuação e mantendo suas bases cada vez mais ajustadas ao Evangelho de Jesus e à Doutrina dos Espíritos. Este trabalho em momento algum, como tem sido repetido reiteradas vezes, pretende esgotar os temas apresentados e muitos menos limitar a atuação dos trabalhadores das Casas Espíritas, que há anos desenvolvem suas tarefas sob as bênçãos do Alto. Assim, o SATES lança uma proposta de unificação e integração com os trabalhadores espíritas, no sentido de incentivá-los a ler os módulos e auxiliar-nos a implementar melhorias nos textos, que em momento algum pretendem determinar regras a serem cumpridas ou, ainda, modificar procedimentos eficientes hauridos pela luta de muitos anos. Ao contrário, o Atendimento Espiritual deve se revestir de ações fraternas contínuas para com os que freqüentam a Casa Espírita e os que nela obram diariamente. Em que pese o esforço despendido para reunir em 05 (cinco) módulos que tratam de algumas tarefas que consideramos de grande importância, afirmamos que o trabalho maior é o que é feito pelo Mestre Jesus, pois só ele é capaz de escrever nas páginas de nossa alma as regras divinas fundamentais à elevação de nossos espíritos, à sublimação de nossos sentimentos e à nossa transformação em seres de Bem. No mundo moderno, é notável a necessidade de nos capacitarmos constantemente, pois são inegáveis os grandes progressos alcançados pela Humanidade, em todos os setores. Nesses diversos espaços, devemos tentar viver o Cristianismo Redivivo pautado no amor dedicado ao próximo e na construção de um ambiente fraterno. Essas experiências com o Outro são exercitadas nas diversas frentes de trabalhos voluntários oferecidos pelas Casas Espíritas. Foram essas vivências, ao longo de muitos anos, que nos proporcionou este material de reflexão e estudo que destaca temas como: Recepção: momento de acolhida aos irmãos que solicitam ajuda e orientação, muitas vezes, em estado de desequilíbrio físico, emocional e espiritual. Nessa tarefa é preciso carinho e paciência, na sincera disposição de servir e orientar. Atendimento Fraterno: oferecido aos que procuram e/ou freqüentam a Casa Espírita em busca de esclarecimentos e consolo para seus sofrimentos; Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita: é uma orientação de caráter moral e consolador, que leva aos ouvintes a palavra do Mestre. Passe e Magnetização da Água: recursos espirituais diretamente aplicados às necessidades individuais daqueles que buscam ajuda no Espiritismo; 4 Visita aos Lares e hospitais: momento em que equipes de visitação aos lares e/ou hospitais procuram levar conforto através da palavra evangélica e do passe magnético; Evangelho no Lar: procura incentivar e esclarecer sobre os benefícios hauridos na intimidade dos lares, quando este hábito é efetivado. O Culto do Evangelho no Lar, que propicia a reunião da família em torno da palavra do Mestre, traz a oportunidade de reunião da família, aproximando uns aos outros; Irradiação Mental: reuniões em que são efetuados estudos e preces por todos os que procuram a Casa Espírita em busca de socorro. É importante destacar que o SATES, neste momento em que apresenta este material didático, tem como meta oferecer orientação às Casas Espíritas na implantação e manutenção dessas atividades e, concomitantemente, receber auxílio de todos para aprimorar ainda mais este projeto. O objetivo do SATES é oferecer apoio aos órgãos unificadores, estimulando os que buscam o Espiritismo e os que já trabalham nas Casas Espíritas ao progresso individual e coletivo. O Espiritismo é uma doutrina que tem por ponto fulcral a fé raciocinada e incentiva a busca do estudo edificante. Educar é para nós Espíritas um dos pontos relevantes para a iluminação e a conquista do discernimento, tão necessários no momento em que vislumbramos o Mundo de Regeneração. Para isso esperamos poder continuar servindo a Jesus e contamos com o apoio de toda comunidade espírita para divulgar, implantar, transformar, opinar e criticar este trabalho. 5 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA “- De onde vens, irmão?’ ‘O rapaz admirou-se de tanta afabilidade e delicadeza, num homem a quem via pela primeira vez. Por que lhe dava o título familiar, reservado ao círculo mais íntimo dos que nasciam sob o mesmo teto?’ ‘- Por que me chamais irmão, se não me conheceis? – interrogou comovido.’ ‘Mas o interpelado, renovando o sorriso generoso, acrescentava: ’ ‘- Somos todos uma grande família em Cristo Jesus.” Emmanuel (10 – p.58) 6 2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA 2.1 – Introdução “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. Jesus (Jo, 10:9). “No turbilhão dos conflitos que asfixiam as melhores aspirações do povo, é necessário sejamos o apoio fraterno e providencial de quantos se colocam em busca de um roteiro para as esferas mais altas”. Emmanuel (11). Em breves linhas a proposta desta apostila é refletir e, a partir daí, rever a prática da RECEPÇÃO no Centro Espírita, que para muitos, pela constância com que são exercidas, tornam-se repetições de movimentos automáticos, que não demandam cuidados especiais por serem considerados preliminares. A RECEPÇÃO Espírita deve seguir algumas diretrizes procedimentais, tendo em vista a necessidade dos grupos dinamizarem seus setores de tarefas, a fim de atender a demanda que surge no dia-a-dia. Inúmeros são os irmãos infelizes, desiludidos, desinformados, curiosos que vão buscar, nos Centros Espíritas, as mais variadas respostas para suas dúvidas, soluções para seus problemas, fenômenos de curas, contato com espíritos, familiares ou mentores, etc. Enfim, um bom percentual de pessoas chegam aos ambientes espiritistas com idéias equivocadas sobre o que irão encontrar. Assim, é valioso o esclarecimento para o iniciante. É preciso que, logo nos primeiros contatos, de modo adequado e fraterno, o RECEPCIONADO fique ciente de que um Centro Espírita comprometido com a Doutrina Espírita e com o Evangelho de Jesus, é um lugar em que ele poderá obter consolo e orientação para as suas necessidades, desde que desenvolva a fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seguir as orientações do Evangelho de Jesus. Por isso, os trabalhadores e divulgadores da Doutrina Espírita, na intenção de ajudar os que sofrem, ao incentivarem o neófito ou o necessitado a procurar o Centro Espírita, precisam compreender a importância do convite e observarem a forma adequada para promovê-lo. É um erro apresentar o Centro Espírita como o remédio para todas as doenças, criando no irmão fragilizado falsas esperanças e promessas infundadas de soluções instantâneas. Há aqueles que chegam a indicar nomes de pessoas, tarefeiros da casa, como os únicos capazes de “resolver o caso”; um equívoco grave que gera complicações no ambiente e obstáculos no atendimento ao irmão necessitado. 7 A Doutrina Espírita ensina que a dor de hoje, o sofrimento da alma que assola tantas pessoas e as mazelas convertidas em doenças somatizadas no corpo físico só poderão ser curados se as causas forem trabalhadas e, que a alma que sangra hoje, ontem derramou sofrimento; o corpo carcomido pelas deformações e doenças físicas, em muitos casos, serviu de vaso para os exageros desnecessários; os desregramentos viciosos que desviam valores e levam a excessos materiais, podem ser reflexos de carências em tempos pretéritos. Adentrar o ambiente de uma Casa Espírita é atitude séria e requer cuidados especiais do trabalhador consigo e com o semelhante, dedicação e fidelidade com a Doutrina dos Espíritos e o Evangelho de Jesus, humildade para aceitar os óbices da vida e perseverança para modificar situações e hábitos que envenenam as almas. Quando Jesus esteve entre nós, foi visitado por uma multidão de necessitados que o procuravam em busca de conforto e conhecimento espiritual. A todos recepcionava o Mestre com carinho e respeito para com as suas dificuldades. Hoje, 2000 anos depois, a multidão de sofredores, dentre os quais nos incluímos, busca o Senhor desejosa de encontrar o alívio para o sofrimento moral, vezes sem conta, exteriorizado no sofrimento físico. A Casa Espírita, com suas várias portas de entrada, quais sejam, a mediunidade, a exposição doutrinário-evangélica, a evangelização infantil, o estudo sistematizado da doutrina, entre outras, representa o Cristo e sua mensagem através dos princípios que fundamentam a Doutrina dos Espíritos. Assim, recepcionar os que buscam estas Casas de Luz é tarefa de suma importância, que exige do trabalhador disposição íntima para servir como digno instrumento da providência divina em favor de todos. A recepção aos que aportam nas Casas Espíritas deve, portanto, basear-se nas ações do Cristo, documentadas na Boa Nova. Como exemplo, observemos a rogativa de Jesus em favor de seus discípulos: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo...” (Jo, 17:24) Portanto, os primeiros a terem consciência disso deverão ser aqueles que se postam a frente da Casa, nas tarefas que exigem contato direto com o público, para orientar com sabedoria e auxiliar com amor os primeiros passos dos sedentos de consolo, luz e amor. 2.2 – A Casa Espírita “Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; E ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou...” (Mt, 13:1-2). 8 O centro que essa organização criará não será uma individualidade, mas um foco de atividade coletiva, atuando no interesse geral e onde se apaga toda autoridade pessoal. (12 - p. 362) O próprio codificador da Doutrina dos Espíritos já nos aponta a seriedade e o compromisso que deveremos assumir frente à Casa Espírita e sua estruturação. Kardec chamou-nos ao trabalho em uma organização que tem como atividade o atendimento à coletividade. Em outras palavras, é o ingresso em um educandário moral e espiritual que propicia condições, através do estudo, do trabalho, da oração e da fraternidade, para operar junto aos que baterem à porta. Destarte, não podemos olvidar que o templo espírita é refúgio de almas acometidas pelas necessidades, lar em que a solidariedade, a caridade e o amor devem constituir-se em metas a serem atingidas por todos. Ao RECEPCIONISTA da Casa Espírita cabe a nobre tarefa de acolher pessoas, elucidando de maneira simples, mas convicta, a missão abençoada e evangelizadora da Doutrina Espírita e as tarefa-amor desenvolvidas em seu templo. Esse tarefeiro deverá utilizar uma linguagem clara, com definição exata dos termos utilizados pela nomenclatura espírita. Quem procura a Casa Espírita: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”Jesus (Jo, 13:35). O Evangelho dá-nos a senha divina através da qual o discípulo é reconhecido: pelo amor dedicado ao próximo. O RECEPCIONISTA é o primeiro com quem o recém-chegado à Casa Espírita tem contato, daí advirem alguns cuidados que devem ser observados. Com algumas exceções, a maioria das pessoas que procura uma Casa Espírita traz em sua intimidade muitas indagações acerca do que poderá encontrar. Não obstante, é comum que o visitante se apresente com diversos estados emocionais, razão pela qual o RECEPCIONISTA necessita estar preparado para acolher fraternalmente o RECEPCIONADO. A seguir, discorreremos, com base no material didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado PREPARAÇÃO DE TRABALHADORES PARA ATIVIDADES ESPÍRITAS (01), sobre alguns desses estados emocionais dos visitantes, com o intuito de facilitar a tarefa do RECEPCIONISTA, preparando-o para as diversas possibilidades oferecidas pelo trabalho: 9 Caso apresente estados de ANGÚSTIA, cabe ao RECEPCIONISTA a utilização da habilidade fraternal, própria do homem de boa vontade que se consagra ao serviço do Senhor e não à especulação curiosa e destrutiva, encaminhando-o para o ATENDIMENTO FRATERNO. Este irmão, recém-chegado, traz seu sofrimento sufocado na garganta, sem conseguir, em muitas circunstâncias, expressar-se, solicitando do RECEPCIONISTA habilidade no trato para que abra seu coração. Quando foi movido pela CURIOSIDADE, sede inesgotável da alma que não se sacia com facilidade, característica comum de espíritos vigorosos, deve o RECEPCIONISTA, munido de genuína fraternidade, explicar-lhe que a leitura e o estudo das obras de Allan Kardec, concomitantes à freqüência às Reuniões de Explanação da Doutrina e do Evangelho, esclarecerão suas dúvidas. Ao que se apresenta DESANIMADO, deve o RECEPCIONISTA, confiante da tutela de Jesus, saber elevar o ânimo e a auto-estima do irmão enfermo, acolhendo-o de coração aberto. “O desânimo é veneno que corrói lenta, surdamente, a vida” (02), “... é um verme destruidor nas melhores realizações de nossas vidas.” (03). Ao DESCONFIADO, deve o RECEPCIONISTA mostrar-se seguro e sincero em suas intenções de auxiliar o irmão. A atmosfera de desconfiança poderá ser convertida em serenidade por meio de uma atitude sincera, respaldada pela Doutrina dos Espíritos e pelo Evangelho de Jesus, capaz de transmitir segurança. “Servir é criar simpatia, fraternidade e luz” (03). Se o visitante mostra-se EQUILIBRADO, o RECEPCIONISTA deverá dialogar com naturalidade e cortesia, atento, porém; pois o aparente estado de equilíbrio do visitante pode ocultar uma condição adversa. “O equilíbrio nasce da união fraternal e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos uns aos outros...” (04). Lembremo-nos: a educação “é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas do espírito eterno.” (03). O FALANTE é um enfermo que, muita vez, não se deu conta de sua situação e quase sempre não ouve ninguém. Por falar excessivamente pode ter-se perdido nas teias da irreflexão. O RECEPCIONISTA, sabedor desse possível sofrimento do irmão, deve procurar dar-lhe atenção, sem excessos, de modo breve e com gentileza. “A gentileza é filha dileta da renúncia e guarda consigo o dom de tudo transformar em favor do infinito bem”. (03). “Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste nos processos da evolução.” (05). 10 O INIBIDO pode estar, na verdade, sinalizando comportamentos que foram motivos de quedas no passado. Portanto, deve-se compreender essa postura como um esforço reeducativo. O RECEPCIONISTA, em respeito sincero ao irmão recém-chegado, deverá ser discreto ao estimulá-lo à conversação. Há pessoas que não pretendem ser reconhecidas ou abordadas; para com estas a prudência apresenta-se necessária. “Eu, a sabedoria, habito com a prudência; eu possuo conhecimento e discrição.” (Provérbios, 8:12). Por outro lado, quando o recepcionado se apresenta ZANGADO, pode estar sofrendo constantes incômodos com seus próprios pensamentos e atos. Deve o RECEPCIONIOSTA acatar com mansidão seu desabafo e ajudá-lo. A mansidão é adquirida apenas por aqueles que conseguiram superar seus instintos agressivos, e, em razão disso, por estar em estágio evolutivo diferente, tem o dever de demonstrar compreensão e amor ao próximo. Estando o irmão recém-chegado AGITADO, e, por desconhecer as causas de tal aflição, é necessário que o RECEPCIONISTA mantenha-se sereno e brando. A serenidade fornece suprimento de paz para os óbices e a “brandura é apanágio das almas que (...) adquiriram fortaleza moral que ninguém pode atingir, nem perturbar...” (06). Muitos outros perfis poderiam ser aqui, descritos, contudo o mais importante é que, independente da situação, TODOS, sem distinção, devem ser acolhidos fraternalmente na Casa Espírita. Ao RECEPCIONISTA abnegado cabe a tarefa de orientar os visitantes sobre os horários de funcionamento das tarefas promovidas pela Casa; sobre a conduta, quando perguntados, que deverão adotar na intimidade do sagrado lar espírita e, por fim, informá-los sobre cursos e tratamentos que a Casa dispõe. As dúvidas apresentadas pelos visitantes (por mais banais que possam parecer) são merecedoras de respostas claras, objetivas, diretas, naturais, seguras e, sobretudo, afetuosas. Nunca de modo ríspido, sem olhar para o questionador. O RECEPCIONISTA deve falar olhando para seu interlocutor, a fim de lhe transmitir confiança. “Os olhos são a luz do corpo. É por meio deles que o homem se orienta e se guia, não só em seus passos como no juízo que faz das coisas” (03). É compreensível que algumas pessoas tenham pelo RECEPCIONISTA, aquele que o orientou no ambiente espírita, uma simpatia especial e, agradecidos, queiram estender as conversações de despedidas. Contudo, o RECEPCIONISTA esclarecido e sabedor de que apenas serviu de instrumento para as realizações do mais Alto, deve conduzir os momentos finais de permanência no recinto espírita em oração, tornando as despedidas simples e gentis, sem excessos ou alterações de tons vocais. 11 A conclusão do trabalho de recepção poderá representar um importante momento de troca de vibrações fraternais a serem dinamizadas no tempo, fixando na mente do acolhido vibrações impregnadas de sinceridade, de amizade e de consolação. Quem recepciona na Casa Espírita: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos...” (Tiago, 3:17). “O Mestre fortifica-se nos cooperadores que não cogitam de prerrogativas e remuneração, que servem onde, como e quando determina a Sua Vontade sábia e soberana. São os Obreiros da Boa Vontade.” (03 – André Luiz, “Nosso Livro”). O RECEPCIONISTA é um trabalhador tão importante para o funcionamento da Casa como qualquer outro. Ao contrário do que muitos acreditam, o tarefeiro da Casa Espírita é quem mais necessita do auxílio da Espiritualidade. Faz-se mister entender a indispensabilidade do trabalho para a transformação do ambiente e o aprimoramento do ser no progresso individual. Conforme preceitua o Espírito do venerável Emmanuel: “Nos círculos mais elevados do espírito o trabalho não é imposto. A criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade” (05). Podem ocorrer, nos círculos terrenos, muitas vezes, interferências que prejudicam, através do desânimo, entre outras situações, o trabalhador. Urge, nesses momentos de fragilidade, que o RECEPCIONISTA busque auxílio na associação fraterna do templo espírita; deve confiar no poder da oração, que o eleva ao cimo da divindade; deve compreender com humildade, que ele, obreiro da Seara do Mestre Jesus, encontra-se num estágio de evolução anterior aos dos espíritos elevados que trabalham sem imposição, e, em razão disso, dever ser vigilante, primar pela disciplina e perseverar em seus propósitos. Apenas para fins didáticos, vamos dividir a tarefa de amor ao próximo do RECEPCIONISTA em dois momentos, quais sejam: a) recepção: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.”(Hebreus, 13:2). “Ato ou efeito de receber; em dias determinados, visitas” (07). Na Casa Espírita, a recepção consiste na valorização integral de quem chega, eliminando distâncias e falsas posições hierárquicas. Para tanto, é necessário que o RECEPCIONISTA acolha fraternalmente, 12 procurando conhecer o motivo da vinda e oferecer os recursos de que a Casa Espírita dispõe para atender o recepcionado na sua necessidade. “O afeto, a confiança e a ternura devem ser tão espontâneos quanto as águas cristalinas de um manancial.” (13) b) encaminhamento: “Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo...”.(Atos, 5:19-20). O RECEPCIONISTA deve acompanhar o visitante, caso haja necessidade de fazê-lo, até o local de sua destinação, direcionando-o sempre que necessário. “A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.” (14) 2.3 – Perfil do Trabalhador “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.”(Mt, 18:4). “(...) o aspecto principal de sua tarefa [trabalhador] é o de ouvir e orientar, carinhosamente, as pessoas que procuram o Centro Espírita em busca de lenitivos para as suas dores e necessidades (...)” (08). Como foi mencionado anteriormente, o trabalhador espírita é um necessitado das bênçãos de Deus. Não é, em hipótese alguma, alguém que desfruta de condição melhor do que aquele que adentra o ambiente espírita pela primeira vez. Sabedor dessa verdade é que o RECEPCIONISTA deve esforçar-se, assim como Jesus, “para aproveitar o mínimo para produzir o máximo” (09), diligenciando-se para obter (01): a) Conhecimento doutrinário-evangélico sólido; b) Conduta moral segura; c) Envolvimento e comprometimento com as tarefas da Casa Espírita; d) Treinamento adequado para a tarefa que vai executar, e recapitulação periódica; e) Participação ativa nos grupos de estudo da Casa Espírita; f) Conhecimento das normas do Centro Espírita e das atividades do Movimento Espírita. Dinâmica da Tarefa: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o gostoso.”Jesus (Lc, 19:5-6). 13 O RECEPCIONISTA deverá estar atento para diversas situações. A título de reflexão, sem o intuito de criar sistemas fechados, apontaremos alguns procedimentos que a experiência, fraternalmente, outorga. Assim na realização de sua tarefa deve o RECEPCIONISTA: a) Procurar ser fiel à tarefa por ele exercida com a simplicidade de um coração sincero e estar disposto a doar-se. b) Nunca prometer soluções imediatistas, lembrando-se que a maioria dos problemas atuais, e, por conseguinte de nossos irmãos, são efeitos de ações infelizes no passado. c) Tratar com honestidade as questões propostas pelo visitante e não ter receio em solicitar ajuda de outro irmão de doutrina nos casos mais complexos. d) Evitar comentários sobre quaisquer grupos ou crenças religiosas, recordando-se que a base do Espiritismo é o Amor ensinado pelo Mestre Jesus e que quem ama o próximo não lhe atira impropérios. e) Procurar administrar o tempo de atendimento, de modo que ninguém seja privilegiado em detrimento de outro. É imprescindível lembrar-se que nos ambientes espíritas todos somos seres necessitados e não existe ninguém que deva receber tratamento diferenciado. f) Ser amável e cortês. Aprender a sorrir para o próximo. As pessoas que sorriem com sinceridade e amor pela Obra Divina e pela vida tendem a transmitir confiança e credibilidade. g) Evitar o excesso de intimidade, sem, contudo, ser ríspido ou indiferente. Buscar na fraternidade de Jesus para com os necessitados, o modelo a ser seguido. h) Comunicar-se de forma clara e objetiva, lembrando-se que o visitante, em muitos casos, não conhece termos utilizados no cotidiano da prática do espiritismo cristão. Falar pausadamente, perguntar se há dúvidas quanto ao que foi explicado, ter paciência para repetir as informações dadas de maneira serena e amável. i) Não permitir que o local da Recepção torne-se um ambiente barulhento; se necessário pedir com carinho para os amigos, conhecidos ou desconhecidos, manterem-se em prece ou procurarem local adequado para conversações. j) Observar, como qualquer outro trabalhador de Casas Espíritas, o modo correto de vestir-se para as tarefas. A higiene corporal é notada por todos. Além disso, o obreiro de Jesus deve procurar vestir-se bem, sem exageros. Decotes, perfumes fortes, maquiagem excessiva, roupas transparentes, etc. são totalmente dispensáveis para a prática do Amor e da Caridade. 14 k) Aprender a lidar com as críticas. Ter em mente que somos todos enfermos e quando somos criticados devemos tentar responder com cortesia. O Mestre Jesus, Governador Espiritual de nosso planeta, ensinou-nos amorosamente que as críticas devem ser combatidas pela força do Amor. l) Ter disciplina no cumprimento dos horários; procurar chegar pelo menos 15 (quinze) minutos antes do início da tarefa, a fim de poder preparar-se com tranqüilidade. Não sendo possível, chegar silenciosamente e assumir seu posto de trabalho, mantendo a mente em prece constante. m) Avaliar diariamente o modo como a tarefa foi executada. Verificar com lucidez e humildade as possíveis falhas, a fim de que elas possam ser superadas. O Trabalhador Espírita: O trabalhador espírita, em sua grande maioria: a) chega à Casa Espírita como Espírito necessitado de orientação e socorro; “Vinde a mim todos vós que estai oprimidos...” (Mateus, 11:28). b) passa por período de tratamento para aliviar os problemas que o afligem; c) percebe, esclarecido pelo estudo, que vícios e imperfeições morais indicam desarmonias enraizadas em si e que estes podem acarretar vínculos com espíritos oportunistas, também, nas mesmas faixas de desarmonias; d) recebe o Atendimento Espiritual e, concomitantemente, a “laborterapia”, isto é, o trabalho-amor a serviço do próximo. e) transforma esse serviço fraterno em um grande esforço de auto-iluminação. (01) “Tomai a vossa cruz e segui-me”.(Mateus, 16:24). 2.4 – Palavras Finais “Avança hoje na estrada pedregosa das obrigações retamente cumpridas e, amanhã, em te despedindo do corpo escuro da carne, teu coração, convertido em estrela de amor, será com Jesus um marco celeste, orientando as almas perdidas, no vale das sombras para que atinjam contigo a glória do Eterno Bem.” (15) O Atendimento Espiritual, em sendo o conjunto de ações fraternas, contínuas, dirigidas aos freqüentadores da Casa Espírita, contempla atividades planejadas e organizadas no sentido de atender necessidades específicas dos que buscam amparo no Espiritismo. 15 Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção aos que chegam à Casa Espírita, acolhendo-os e orientando-os de acordo com os princípios doutrinários e evangélicos. Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontram-se, pois, a RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a receber, acolher e orientar os que buscam consolo para suas dores e necessidades; o ATENDIMENTO FRATERNO; a implantação do EVANGELHO NO LAR; as VISITAS AO LARES E HOSPITAIS e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. Esse conjunto de atividades tem como função aprimorar os envolvidos nos trabalhos, por meio do exercício perseverante da caridade. Que em nossa tarefa-amor, possamos sempre ter em mente que o trabalho é do Cristo, e que só a Ele devem ser reportados os êxitos e só Ele pode nos sustentar nos momentos de provação. 16 2.5 – Referências Bibliográficas (01) Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Preparação de Trabalhadores para as Atividades Espíritas. – Evangelho, Espiritismo e Educação. (02) BOURDIN, Antoinette. Entre Dois Mundos. Tradução de M. Quintão. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. 216p. (03) XAVIER, Francisco Cândido. Dicionário da Alma. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2004. (04) ______________________. Contos desta e doutra Vida. Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]. 9ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993. (05) ______________________. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. (06) CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas do Espiritismo Cristão. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993. (07) Dicionário Aurélio. Org. Aurélio Buarque de Hollanda. (08) O espiritismo de A a Z: glossário. Geraldo Campetti Sobrinho (coordenador...et al.) 3ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. (09) XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002. (10) XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estevão: episódios históricos do Cristianismo primitivo. Romance ditado pelo Espírito de Emmanuel. 26ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1992. (11) XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 6ª Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1982. (12) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa. 15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003. (13) XAVIER, Francisco Cândido. Ave, Cristo! Episódios da História do Cristianismo no século III. Romance ditado pelo Espírito de Emmanuel. 13ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (14) XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (15) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 13ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994. 17 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL ATENDIMENTO FRATERNO “Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando, num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia”. (Mateus, 13:1-2) 18 3 – ATENDIMENTO FRATERNO 3.1 – Introdução “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou.” ( João, 13:13) “(...) A missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus, para que todos mobilizem as suas possibilidades divinas no caminho da vida.”Emmanuel (08) “A missão da doutrina é consolar e instruir, em Jesus...”, esse trecho, extraído do livro O Consolador, descortina para aqueles que desejam servir na Seara de Jesus preceitos relevantes no concerto atual do Planeta em vias de Regeneração. Em face disso, refletiremos, nesta oportunidade, sobre um tema que não pode tratado na Casa Espírita desvinculado de bases evangélicas: o ATENDIMENTO FRATERNO. Seguir o Evangelho é exercitar a fraternidade e o amor ao próximo, acolhendo e orientando os necessitados que procuram alívio para seus problemas. Para Allan Kardec: A fraternidade, na rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres dos homens relativamente uns aos outros; ela significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência; é a caridade evangélica por excelência e a aplicação da máxima: ‘Agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem conosco’ (...) A fraternidade diz: “Cada um por todos e todos por um” (02) Com base nas palavras do Codificador, iniciamos o estudo deste tema tão essencial para as Casas Espíritas: o ATENDIMENTO FRATERNO, promovendo reflexões que possam ser somadas às diversas experiências diariamente auferidas na Obra de Jesus. Vale lembrar que não há neste trabalho a pretensão de prescrever fórmulas ou metodologias a serem aplicadas nessa tarefa; ao contrário, a proposta é simplesmente apontar diretrizes que possam ser adequadas e aplicadas à terapêutica de AMOR sintetizada no ATENDIMENTO fraternal. O ATENDIMENTO FRATERNO é um trabalho estruturado para receber irmãos em sofrimento, que procuram na Doutrina Espírita a solução ou o alívio para problemas de toda ordem. Eles, na maioria das vezes, já vêm de outras experiências no campo do auxílio e procuram o Centro Espírita, como "último recurso" para seus males. Muitas vezes, cépticos, esses indivíduos necessitam de boa dose de estímulo para permanecerem firmes na decisão de encontrar respostas para suas perguntas. O ATENDIMENTO FRATERNO não deve ser comparado às diversas terapias existentes, pois o seu objetivo principal é incentivar os que procuram viver os postulados cristãos, a partir do labor na Seara do Mestre que as diversas frentes de trabalho podem oferecer. A terapêutica espírita é a do AMOR de Jesus, que envolve os irmãos enfermos em confiança e ternura, ao mesmo tempo em que os ampara e procura esclarecê-los sobre os 19 sofrimentos e vicissitudes necessários ao burilamento moral e, por conseguinte, ao progresso espiritual dos seres. Apoiado nos postulados espíritas e evangélicos, o ATENDIMENTO FRATERNO desempenha o papel de receber, esclarecer, amparar, reajustar e redirecionar idéias. Não propõe a extirpação das dores, das doenças e/ou dos sofrimentos, no entanto, abre novas possibilidades de entendimento para que o ATENDIDO encontre equilíbrio, através de esforços próprios, para, posteriormente, buscar os recursos convenientes à renovação de energias, harmonização, autoconhecimento e auto-iluminação. Trata-se, portanto, de uma prática que complementa o conjunto das atividades fraternas da Casa Espírita: a RECEPÇÃO, a VISITA AOS LARES E HOSPITAIS, a implantação do EVANGELHO NO LAR e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO através do recurso da prece. Dessa maneira, este trabalho deve ser feito com seriedade, disciplina, amor e preparo. O ATENDENTE FRATERNO da Casa Espírita deve saber que sua tarefa é, na maioria das vezes, o primeiro contato que o assistido tem com o Espiritismo e ter consciência da relevância desse momento primevo. Torna-se, pois, necessário, que os Centros Espíritas, que se propõem a esse atendimento, tenham ciência da importância e gravidade da tarefa que estão a empreender, a fim de aprimorar permanentemente as atividades. (03) “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João, 16:13). 3.2 – Atendimento Fraterno: Definição “E Jesus, porém, (...) disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes”.Jesus (Mt, 9:12 ). A acepção da palavra atender, extraída do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (04), é “dar atenção a, ouvir; estar disponível para ouvir; receber em audiência...”. Sem maiores especulações, podemos inferir que o verbo, no mundo dos homens, está ligado à idéia de doação, atenção, etc. Posto desse modo cabe aos trabalhadores espíritas uma definição que reúna os significados conhecidos pela ciência da linguagem humana com a ciência do mundo espiritual. Sabemos que ATENDIMENTO FRATERNO é um auxílio individual e estruturado, oferecido àquele que procura ou ao que freqüenta a Casa Espírita em busca de 20 esclarecimentos referentes a dúvidas específicas, ou de consolo para o seu sofrimento físico, social, psíquico e moral. “Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a paisagem da aflição” (05). O ATENDENTE FRATERNO tem por missão procurar a todo custo atuar com “mãos do amor” prontas a ajudar o irmão que o procura a mudar a paisagem do sofrimento, da aflição e da dor. A fim de explorar um pouco mais essa reflexão, subdividimos este item, apenas para tornar-se mais didático. Nas subdivisões, apresentaremos sucintamente os objetivos almejados pelos que fazem parte do processo de ATENDIMENTO FRATERNO na Casa Espírita. Finalidade da Casa Espírita: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei.” Jesus. (Mateus, 11: 28) Não é novidade para ninguém as intensas e variadas crises morais, religiosas, sociais, econômicas, identitárias, etc., que mergulham os seres e marcam profundamente os tempos atuais. Em razão disso, assistimos ao crescimento espantoso de tragédias, doenças graves, escândalos, fenômenos naturais de grandes proporções, vilipêndio de valores morais; enfim, a humanidade parece estar mergulhada no caos. Um caos que certamente foi produzido por nós mesmos, em vivências anteriores, quando negligenciamos as instruções deixadas pelos Espíritos Amigos. Neste mar de sofrimento, dores, aflições, provas e expiações, a Misericórdia de Deus, sempre atuante em nosso favor, oferece-nos os espaços espirituais, ou Casas Espíritas, como lenitivos para nossos sofrimentos e educandário para nossa ascensão moral e espiritual. Assim esclarece o Espírito de Emmanuel: “Levantam-se educandários em toda a Terra. Estabelecimentos para a instrução primária, universidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das instituições que visam à especialização profissional e científica, na atualidade, encontramos no templo espírita a escola da alma, ensinando a viver” (07) Como podemos depreender dessas palavras, aos Centros Espíritas foi outorgada a missão de receber e esclarecer aqueles que chegam sobrecarregados pelas preocupações e doenças terrenas. Em face disso, não podemos olvidar a finalidade de socorrer os que sofrem, aqui já mencionada. Apenas para ratificar, as Casas Espíritas, espalhadas pelo Orbe Terreno são 21 verdadeiros pronto-socorros para os enfermos que nelas adentram. Estes são acolhidos e tratados com as terapêuticas do amor e do Evangelho de Jesus. Consoante as palavras do Mestre, procura-se nesses templos de tratamento explicar que “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ele” (Jô, 11:4), além de exortar os colaboradores a cumprirem os desígnios do Governador Espiritual de nosso planeta, que é “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí.” (Mt 10:8). Finalidade dos Envolvidos na tarefa: a) A Equipe Aprender como fazer o ATENDIMENTO FRATERNO é desenvolver uma atividade de doação, que rejeita o império do “eu” e promove a união pelas vias da unificação. André Luiz nos traz valorosa instrução sobre o tema: “O cascalho do personalismo excessivo ainda é o grande impedimento da jornada. (...) Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em seus altares não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. (...) E o nosso grupo não se constituiu ao acaso” (01) Em outras palavras, o dedicado Espírito de André Luiz exorta os espíritas para a importância do trabalho em equipe, a fim de que nos lembremos que quem conduz o barco, ou seja, o chefe da missão, é Jesus. Portanto, a tarefa deve ser pautada pela confiança coletiva entre os trabalhadores e o labor individual, que modifica hábitos e burila espíritos devedores. b) O atendente “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei, e os profetas”. Jesus (Mt, 7:12) O versículo de Mateus sintetiza a finalidade do papel exercido pelo ATENDENTE FRATERNO: fazer pelo outro aquilo que deseja que o outro faça consigo. Pois bem, a partir dessas palavras pode-se concluir que o MAIOR NECESSITADO, nesse encontro de conversação fraterna, é aquele que se posiciona como ATENDENTE. O enfermo é o obreiro da Casa Espírita, por ser ele quem necessita ajustar-se a partir do trabalho humilde, auxiliando irmãos sofredores. A tarefa do ATENDIMENTO FRATERNO solicita alguém com condições morais para ouvir o sofrimento alheio, base doutrinário-evangélica para lidar com as situações 22 inusitadas e maturidade para não ser induzido e encantado por influências menos dignas. Posteriormente, falaremos um pouco mais sobre as características desse trabalhador. c) O Atendido O ATENDIDO que procura este auxílio oferecido pelas Casas Espíritas, na maioria das situações, tem como meta buscar orientações e esclarecimentos que possam consolar e minorar seus conflitos internos e externos. Auxiliar o ATENDIDO a conscientizar-se, reconhecer, sentir, conhecer-se, decidir, escolher e transformar-se, em certas situações, traduz-se em árdua tarefa para o ATENDENTE FRATERNO, visto que seu papel de ajudar não pode ser confundido com um suposto direito de julgar e impor condutas ao ATENDIDO. Deve o ATENDENTE FRATERNO amparar, sem personalismos, mas com amor fraternal, a fim de que possa orientar o ATENDIDO quanto à melhor maneira de conhecer a Doutrina Espírita, um modo seguro para compreender suas provações e certificar-se da promessa do Consolador de que nenhuma de suas ovelhas se perderia. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”. Jesus. (Jo, 14:16). 3.3 – Condições necessárias para o Atendimento Fraterno “E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e assentando-se, ensinava do barco a multidão.” Jesus (Lc, 5:3) Para iniciar a tarefa é preciso começar por algum lugar, as condições favoráveis indicam o ponto de partida conveniente, para facilitar o diálogo sério e intencional, no qual o ATENDIDO será envolvido logo que adentre o recinto nas vibrações fraternas. O ATENDENTE FRATERNO deve estar atento e, principalmente, manter uma conduta criteriosa na verificação do espaço principal que é a intimidade do Atendido, para jamais invadi-lo. Cada um possui sua subjetividade, que o faz singular aos olhos de Deus e, por isso, deve ser merecedor de todo respeito, conforme alerta Jesus no Evangelho de Mateus: “E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz....” (Mt, 10:12). Todavia, outros espaços, além da intimidade do ATENDIDO, devem ser observados e, assim, entendemos ser prudente tratar de alguns deles. Iniciaremos falando da atmosfera física que envolve o ATENDIMENTO FRATERNO, ou seja, o local em que acontecerá a entrevista, o modo como esta será 23 conduzida, a postura de ambos e o preparo anterior, que deve ser considerado de grande relevância para o momento do atendimento. Todo ATENDIMENTO FRATERNO deverá ser analisado pelo Atendente como o primeiro e, talvez o único, pois, muitas vezes, ele não terá acesso à história do ATENDIDO. Por isso, é natural certa dose de ansiedade que a prece sincera e a preparação minimizarão. Vejamos, mesmo assim, os fatores que condicionam ou influenciam na tarefa do ATENDIMENTO FRATERNO: a) O Ambiente Físico O ATENDIMENTO FRATERNO pode ser realizado em quase todos os lugares, mas sendo uma atividade espírita, a Casa Espírita é o local mais indicado. Os Benfeitores Espirituais, em várias obras, ressaltam a proteção magnético-espiritual das Casas Espíritas como viga imprescindível para sustentar as diversas terapêuticas espirituais, de caráter doutrinário. A Casa Espírita deve oferecer condições possíveis, ou seja, favorecimento para que o Atendimento tenha um caráter velado. A atividade pode ser realizada em um ambiente com músicas suaves e previamente selecionadas, com cadeiras, mesa e livros doutrinários. É de bom alvitre que o ATENDIMENTO FRATERNO, seja realizado livre de barulhos e/ou quaisquer objetos que ofereçam oportunidade para distrações ou conversações fúteis. O objetivo maior é proporcionar uma atmosfera espiritualmente favorável para um bom diálogo, pautado pela serenidade, fé, confiança e respeito mútuos. Quanto às roupas usadas pelo Atendente, a sugestão é que sejam confortáveis e adequadas ao trabalho, de cores sóbrias e discretas. Quanto à disposição dos móveis, a indicativa é que o ATENDENTE FRATERNO utilize aquela que propicie maior conforto e equilíbrio. Alguns Atendentes optam por uma mesa que defina a distância: duas cadeiras em posição de 90 graus. O motivo é simples, o ATENDIDO fica mais à vontade para olhar para o Atendente quando quiser, e em outros momentos pode olhar para frente, sem ter obstáculos em seu caminho. Essa posição oferece conforto, evitando constrangimentos. “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e abrindo a sua boca, os ensinava...” (Mt, 5:1-2). Nesta passagem, observamos que o Mestre transpunha os obstáculos materiais, convidando a multidão e os discípulos para segui-Lo, monte acima da consciência espiritual para a abertura dos pórticos do próprio coração. 24 b) Interrupções Externas As circunstâncias externas que podem e devem ser evitadas incluem interferências e interrupções. A concentração do ATENDENTE FRATERNO no trabalho e do ATENDIDO na exposição merece respeito. Em virtude disso, devemos instituir um ambiente de tranqüilidade e confiança. Por alguns instantes convidamos o ATENDIDO a desligar-se do mundo exterior e mergulhar em seu mundo interior. As condições para que não haja interrupções ou interferências devem ser previamente ajustadas entre a equipe de trabalho e, ainda, entre o ATENDIDO e o ATENDENTE. À equipe deve ser solicitado o mínimo de intervenções durante o ATENDIMENTO FRATERNO e ao ATENDIDO que ele se esqueça, pelo menos por alguns segundos, do mundo externo (uma boa dica é desligar os celulares antes do início da conversa). Caso haja necessidade, pode a equipe indicar com placas nas portas os locais em que estão acontecendo os atendimentos. “Não há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do coração”.(10) c) Fatores Internos Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a paisagem da aflição. (11) Os chamados fatores internos envolvem o ATENDENTE, o ATENDIDO e as circunstâncias do encontro. Entendemos, por essa razão, tratar-se de tema extremamente complexo e importante para a manutenção dos trabalhos da Casa Espírita. Sob esse ponto de vista, devemos trazer para uma reflexão criteriosa alguns itens que, de alguma sorte, fazem parte dos sujeitos envolvidos no ATENDIMENTO FRATERNO. Posto assim acredita-se ser mais didático pensar o perfil dos irmãos que ajudam e são ajudados, em tópicos específicos, como os que se seguem, já que: “Auxiliar espontaneamente é refletir a Vida Divina por intermédio da vida de nosso ‘eu’ que se dilata e engrandece, à proporção que nos desdobramos no impulso de auxiliar”.(12) 3.4 – Preparação para o Atendimento Fraterno A preparação para todas as tarefas na Casa Espírita é de muita importância e o ATENDIMENTO FRATERNO requer cuidados especiais para que possa ser executado conforme o planejamento dos Espíritos Mentores da Casa. O ATENDENTE chama para si o jugo, mas deve aprender com Jesus, que é manso e humilde de coração. A preparação do ATENDENTE antecede ao momento da entrevista. O preparo, em muitos casos, demanda tempo. O Atendente não deve ser escolhido pelo seu verniz exterior, 25 mas por sua vontade, consciência, necessidade de auxiliar na Seara do Mestre e pelo amor que irradia. Na condição de pequenino e insignificante colaborador, não pode o ATENDENTE esquecer-se de que a Obra é de Jesus e que nela ele é apenas um partícipe menor. O ATENDENTE FRATERNO deve ser uma pessoa com condições morais acima da média; deve ser um estudioso do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, além de conhecer autores e obras edificantes escritas por espíritas de notório reconhecimento. A maturidade é outra característica importante, pois, sem ela, ele pode aventurar-se por caminhos complicados e prejudiciais à tarefa. “(...) a aceitação e a vivência dos princípios morais do Evangelho de Jesus são condições fundamentais a serem cumpridas, a fim de que as Inteligências Superiores outorguem ao Homem Terrestre o diploma de maioridade espiritual que lhe permitirá o ingresso efetivo no mundo de relações com a Comunidade Cósmica a que pertence”. (15) Não cabe ao ATENDENTE propor diagnósticos precoces, antecipar circunstâncias (mesmo que ele seja um médium ostensivo); não é tarefa sua fazer julgamentos de valores sobre as atitudes do ATENDIDO e infundir no irmão necessitado a pseudo-idéia de importância ou superioridade de sua função naquele momento e na Casa Espírita. Conforme os ensinamentos do Mestre Jesus: “... não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença (ou hábitos) a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensam como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranqüilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura.” (09) Assim, o ATENDENTE FRATERNO não necessita identificar sua posição na Casa Espírita, o que faz na vida profissional ou social. Em caso de ser questionado, deve explicar sem pretender estender-se o que lhe compete fazer na tarefa ou até onde pode facilitar o ingresso do ATENDIDO nas terapêuticas espirituais. Características do Atendente: No Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, o significado para a palavra característica é: função; e valor; aquilo que caracteriza; distintivo, particularidade do sujeito. No caso do ATENDENTE FRATERNO, o que caracteriza sua atividade é estar sempre pronto para receber aqueles que procurarem a Casa Espírita, em busca de consolo e orientação. Daí a importância de estar preparado para as situações mais diversas. Algumas das características que serão apontadas a seguir podem ser desenvolvidas, sem perda de identidade, para um bom desempenho da tarefa. 26 Vejamos, a seguir, algumas diferentes características do ATENDENTE destacadas pela Apostila de Atendimento Fraterno, do Grupo Espírita Bezerra de Menezes (03): a EMPATIA é requisito básico para o ATENDENTE FRATERNO; é um estado de identificação que promove a compreensão entre as pessoas envolvidas num processo relacional, é uma espécie de tendência que faz com que um indivíduo se coloque na situação do outro e se solidarize com ele. Além da empatia destacamos outros traços essenciais aos Atendentes: a princípio, pode ocorrer que o ATENDENTE FRATERNO ingresse na tarefa pelo DESEJO DE AJUDAR os irmãos sofredores. Com o tempo, entretanto, após estudar e conhecer os meandros da doutrina e da tarefa-amor, por si mesmo irá perceber que ele é o maior beneficiado no processo. O desejo transformar-se-á em NECESSIDADE DE AJUDAR. O Apóstolo Paulo, no Evangelho Segundo o Espiritismo é decisivo ao afirmar que: “Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor.” (09) Compreendendo o ATENDENTE que no exercício de sua tarefa ele é o maior recebedor das bênçãos divinas, oportunizadas e acrescidas a cada entrevista, este a desempenhará com a RESPONSABILIDADE própria daqueles que trazem consigo o desejo sincero de ajudar, evitando tudo o que possa bloquear o ATENDIMENTO FRATERNO. O ATENDENTE deve responsabilizar-se por seus atos perante os Atendidos, evitando a qualquer custo linguajar vulgar, críticas ou maledicências. Segue-se, logicamente, outra condição interna: HONESTIDADE consigo mesmo, para ser honesto com o ATENDIDO. Quando o ATENDENTE FRATERNO não consegue assimilar o que o ATENDIDO expôs, é muito mais lúcido dizer: “Desculpe-me, não compreendi, pode explicar novamente?”; do que se fazer de entendido. A maioria dos Atendidos sente-se mais à vontade com Atendentes que lhes pareçam seres humanos falíveis. Em vista disso, pode o ATENDENTE FRATERNO solicitar detalhes, se necessário, para melhor compreender o relato do Atendido. Quando os motivos que o levaram a procurar pelo auxílio da Casa Espírita não ficarem muito claros, deve pedir, com tranqüilidade esclarecimentos. A honestidade recíproca desta natureza pode incluir, às vezes, dizer ao ATENDIDO que ele não tem uma solução pronta. Os problemas que surgem no ATENDIMENTO FRATERNO são os mais diversos e o ATENDENTE não deve propor diagnósticos precoces, 27 fazer promessas de curas ou confundir problemas de ordem orgânico-psíquico com influências espirituais. A CONFIANÇA é resultante de um relacionamento honesto. No ATENDIMENTO FRATERNO, a confiança é um dos fatores mais importantes para o bom andamento das atividades. Quanto mais o ATENDENTE FRATERNO investe no autoconhecimento, mais qualificadas serão suas ações, por ter descortinado suas próprias limitações. Sabedor do amparo dos Benfeitores Espirituais, que suprem as limitações humanas, a conduta do ATENDENTE volta-se para a apresentação da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus, despersonalizando o atendimento. O CARINHO empreendido na entrevista de atendimento aproxima as almas envolvidas na tarefa. Quando o ATENDIDO percebe que o ATENDENTE está fazendo o melhor, a reciprocidade tende a criar condições internas que poderão incentivá-lo a seguir as orientações dadas pelo Atendente. Frases tipo: “Confiemos em Jesus”, “Estamos amparados pelos Espíritos Amigos”, podem auxiliar, mas não bastam. É imprescindível que o ATENDIDO seja envolvido pelo clima do amor, da fraternidade, do respeito e do carinho no Atendimento. O ATENDENTE FRATERNO, como qualquer ser humano, comunica-se de muitas formas sutis, pelas quais o ATENDIDO pode perceber seu ânimo. Assim, é imprescindível ter em mente que a expressão facial revela muito. Movimentos e gestos completam o quadro, apoiando, negando, confirmando, rejeitando ou embaraçando. O tom de voz é ouvido pelo ATENDIDO e o faz decidir se existe confirmação das palavras, ou se essas não passam de máscaras. Para o melhor ou para o pior, o ATENDENTE FRATERNO está exposto ao ATENDIDO, e quase tudo que faz ou deixa de fazer é anotado e pesado pela mente do observador. Daí ser necessário ao ATENDENTE FRATERNO a sintonia constante com o Mais Alto, a fim de que não lhe falte amparo antes, durante e depois da tarefa. OUVIR com amor e DISCERNIR com sabedoria são pressupostos para um Atendimento favorável. Muitas vezes os Atendentes principiantes ficam tão preocupados com o que irão dizer em seguida que criam dificuldades em ouvir e absorver o que está sendo narrado pelo ATENDIDO. Lembremo-nos: “...o silêncio é o melhor remédio onde não podemos auxiliar” (11). Talvez leve algum tempo descobrir que, em geral, o que dizemos é muito menos importante do que nos parece. A prudência e o silêncio interior, no momento do Atendimento, livram o ATENDENTE da ansiedade e do entusiasmo e, com isso, ampliam-lhe a capacidade de auscultar a problemática do irmão. 28 É inegável a necessidade do ATENDIDO de falar sobre seus padecimentos, contudo, o ATENDENTE deve lembrar-se do ensinamento de Jesus: “Dá a quem te pedir.” (Mt, 5:42). Não podemos avançar os limites impostos pelo outro; o servidor espírita aguarda pronto para servir, todavia é necessário que lhe seja solicitado o auxílio. Características do Atendido: O ATENDIDO tem como característica o fato de necessitar de algum tipo de ajuda. Marcado por circunstâncias desafiadoras, ele pode apresentar-se de diversas maneiras. Ao ATENDENTE cabe a tarefa de recebê-lo com carinho e vigilância. Daí a importância de estar preparado para as situações mais diversas. Vejamos, a seguir, algumas diferentes personalidades destacadas na Apostila de Atendimento Fraterno, do Grupo Espírita Bezerra de Menezes (03): O DESESPERADO que procura a Casa Espírita deve contar com a tolerância do ATENDENTE FRATERNO. Geralmente, a pessoa se desespera por não confiar na Providência Divina, por potencializar seu problema além do necessário e por estar desequilibrado. Nesses casos o tratamento deve ser objetivo, por exemplo, encaminhamento para a terapêutica do Passe e Reuniões Públicas. Para Allan Kardec, “O desespero é uma rebeldia à vontade do Onipotente, sempre punido com o prolongamento da causa que o produziu, até que haja completa submissão” (13). Apenas através da docilidade e do entendimento poderá o ATENDENTE FRATERNO conduzir o enfermo para o esclarecimento. O Educador lionês ensina-nos, com respeito ao DESANIMADO, que “O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade.” (09). Para esse perfil de enfermidade deverá o ATENDENTE ser cauteloso com as palavras, em alguns casos o desânimo pode indicar problemas de ordem psicológica que requerem tratamentos com os médicos terrenos. O DESCRENTE traz consigo o discurso da arrogância, pois não admite suas falhas, mas ao mesmo tempo espera que outros o convençam de que está errado. Deve o ATENDENTE, convicto de sua tarefa-amor, deixar claro que o papel da Casa Espírita se restringe a ajudar apenas aqueles que desejam receber esse auxílio. Com carinho e os recursos da espiritualidade deverá elucidá-lo de que não há, em toda a Comunidade Espírita comprometida com os desígnios do Mestre, o desejo de promover pregações proselitistas. 29 O “Fanatismo religioso é sectarismo que encarcera a liberdade de consciência, pretendendo uma liberdade dirigida na esfera do pensamento, que torna o homem escravo de postulados que lhe proíbem a expansão da alma pela idéia e pela razão.” (14). O FANÁTICO existente em qualquer grupo religioso tende a assumir posturas radicais, não aceitando outro tratamento além do espiritual. Nestas circunstâncias, deve o ATENDENTE FRATERNO tentar orientá-lo acerca da verdadeira proposta divina, que coloca as terapêuticas terrenas para nos auxiliarem. O ESPIRITUALISTA, pela própria confusão feita com o termo ESPÍRITA, é aquele que em algum momento de sua jornada terrena experienciou atividades em outros núcleos religiosos. Muitos desses irmãos, mesmo admitindo o descontrole de suas vidas, chegam afirmando desejar trabalhar na Casa Espírita, pedindo mensagens, dizendo-se médiuns, etc. O ATENDENTE deve avaliar o caso com serenidade e vigilância e procurar esclarecer os caminhos percorridos (TRAJETÓRIA EDUCATIVA1) até chegar ao exercício de uma tarefa. Com honestidade e fraternidade pode o ATENDENTE indicar obras doutrinárias básicas para que o ATENDIDO receba informações e convidá-lo a participar das Reuniões Públicas da Casa. Muito parecido com o caso anterior, o MÉDIUM já chega com o diagnóstico pronto de sua mediunidade. Alguns afirmam ser a mediunidade ostensiva a razão de suas perturbações e doenças. O ATENDENTE FRATERNO pode encaminhá-lo para outro tarefeiro mais experiente no assunto ou, então, procurar tecer esclarecimentos elucidativos, visando a despertar no ATENDIDO o hábito da prece e do estudo doutrinário-evangélico. QUEM PERDEU ENTES QUERIDOS, comumente, chega aos templos espíritas desejoso de contatos com o mundo espiritual, objetivando recados ou cartas desses entes que partiram. Deve-se tentar confortar essa pessoa, não prometendo mensagens, mas preces pela família que ficou e pelo irmão que partiu para a Pátria Espiritual. Francisco Candido Xavier, médium e lídimo instrumento da Espiritualidade Maior, afirmava que o telefone (na legítima comunicação espiritual) toca do Mundo Espiritual, para os planos terrenos. Destarte, se for oportuno pode o atendente oferecer livros espíritas que possam esclarecer sobre as vicissitudes terrenas. QUEM DESEJA RESOLVER PROBLEMA ALHEIO, freqüentemente parente e/ou amigo de pessoas desequilibradas, procura a Casa Espírita suplicante por lenitivos e curas para aqueles irmãos. Trata-se de pessoas que sofrem pelo outro e estão desejosos para retirálos do contexto em que se encontram. O ATENDENTE FRATERNO deve esclarecer como se 1 APOSTILA DE PREPARAÇÃO DE TRABALHADORES PARA ATIVIDADES ESPÍRITAS - UEM 30 dá o auxílio espírita nesses casos; pode indicar que o nome do intercedido seja inserido no livro de irradiações espirituais e solicitar do intercessor que estude obras doutrinárias para melhor compreender o contexto e não deixar de fazer preces por ele. “A prece intercessória é aquela que se faz em favor de alguém. Podemos orar por nós e por nosso semelhante. O atendimento aos pedidos feitos na prece está condicionado às necessidades e ao mérito daquele por quem se ora. Também serão levados em conta os méritos do intercessor.” (17) O SÁBIO é aquele que procura a Casa Espírita em busca de ajuda, porém sente necessidade de mostrar que é muito inteligente e conhecedor de tudo, por ter cursado várias escolas e porque ocupa posições de “status” no plano terreno. Se o ATENDENTE FRATERNO não for experiente, este ATENDIDO monopolizará a conversa, transformando o ATENDIMENTO FRATERNO em palestra ou monólogo pessoal. O “sábio” sente-se no dever de evidenciar ao atendente sua superioridade intelectual, ignorando que esses atributos terrenos nada significam na Pátria Espiritual. Deve o ATENDENTE, nessas circunstâncias, buscar inspiração através da prece e procurar agir com cautela, desviando-se de disputas cognitivas. Com humildade, mas firmeza, esclarecer a função educadora da Casa Espírita e convidá-lo a conhecer as obras Doutrinárias. A indicação de O Livro dos Espíritos, para esse perfil de pessoa pode ser adequada. Reflitamos: “(...) O verdadeiro sábio é muito humilde, sabe que ignora um infinito em comparação ao pouco que aprendeu”.(18) O PORTADOR DE DOENÇA ORGÂNICA procura a Casa Espírita convicto de ali encontrar a cura milagrosa e instantânea para seu mal. Em muitos casos já tentou tratamentos da medicina humana e não obteve resultado. Assim, vem sozinho ou acompanhado de amigos e familiares “cegos” de esperança. É tarefa de o ATENDENTE FRATERNO acolhê-lo com carinho e atenção, informando-o que a etiologia da doença pode ser de ordem interna ou externa. Não é correto prometer curas, mas ajudar que o ATENDIDO compreenda o processo evolutivo em que está inserido. Conforme orientações espirituais que seguem: “A doença é um dos recursos naturais para processar renovação da vida através da morte do corpo físico e não um castigo que põe em dúvida a natureza amorosa de Deus.” (19) “Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela.” (20) Apesar de tudo, o ATENDENTE deve lembrar-se sempre que a Doutrina Espírita é Consoladora e jamais sufocar no ATENDIDO o desejo de obter algum benefício. Ao ATENDENTE FRATERNO cabe, em todas as circunstâncias, incentivar a fé raciocinada. 31 “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus” Paulo. (Romanos, 14:22) 3.5 – Estágios do Atendimento Fraterno As divisões ou estágios do ATENDIMENTO FRATERNO fundem-se de forma tal que é difícil isolá-los. Eles apresentam-se como movimentos rápidos. No entanto, para uma organização didática, faz-se importante indicá-los ao ATENDENTE: a) Abertura ou exposição do problema b) Desenvolvimento c) Encerramento a) Abertura: No estágio da abertura é situado o assunto ou problema que motivou o ATENDIMENTO FRATERNO. Essa fase em geral termina quando ambos, Atendido e Atendente, compreendem o que deve ser discutido e concordam que o será. (Caso haja alguma dissidência é prudente que o Atendimento seja encerrado ou agendado para outro momento). Na realidade, o ATENDIMENTO FRATERNO, poderá não se ocupar exclusiva, ou mesmo principalmente, de um único assunto. Outros pontos podem ser levantados e o que parecia tão central no início pode ter sua importância diminuída e ser substituído por outro tópico. Pode ocorrer que, na medida em que o ATENDIDO se sinta à vontade durante a entrevista, ele se permita discutir qual é o assunto principal, alterando desse modo, em parte ou integralmente, o foco do Atendimento. b) Desenvolvimento: Uma vez que o assunto foi exteriorizado, passa então a ser examinado, desenvolvido. O objetivo principal do atendimento foi alcançado e a maior parte do tempo será dinamizado no exame mútuo do assunto, tentando-se verificar todos os aspectos e tirando-se algumas conclusões. Esse é o momento que a experiência na tarefa e o conteúdo doutrinárioevangélico têm um papel importantíssimo na anamnese das causas do problema. A leitura de trechos de uma das obras da Codificação, ou de alguma obra complementar (como as ditadas pelos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes e tantos outros legitimados pela autoridade divina a proferirem ensinamentos edificantes) poderá fortalecer o ATENDIDO, ajudando-o, de forma mais didática, a compreender as orientações recebidas. 32 c) Encerramento O estágio três – encerramento – sob muitos aspectos se assemelha ao estágio um – o contato inicial – embora se efetue de maneira inversa. Nem sempre o encerramento é fácil. O ATENDENTE FRATERNO iniciante, em particular, talvez não compreenda como deixar o ATENDIDO perceber que o tempo está se esgotando. Talvez receie fazê-lo sentir-se "mandado embora”. O próprio Atendente talvez não esteja preparado para encerrar a entrevista. Ambos podem encontrar dificuldade em se separarem. Muitas coisas podem ser ditas sobre a fase de encerramento do ATENDIMENTO FRATERNO, mas há dois fatores básicos: Os dois participantes do ATENDIMENTO FRATERNO devem ter consciência de que o encerramento está ocorrendo, e aceitar esse fato, em particular o ATENDENTE. Durante a fase de encerramento, nenhum assunto novo deverá ser introduzido ou discutido; caso exista material novo, deve-se marcar outro ATENDIMENTO FRATERNO para discuti-lo. É responsabilidade de o ATENDENTE lidar com esses dois fatores do modo mais eficaz. A tarefa se torna mais fácil à medida que o atendente avalia progressivamente sua importância e se sente à vontade diante dela. A menos que o ATENDIDO seja particularmente experiente ou sensível, nem sempre saberá quanto tempo resta à sua disposição e o ATENDENTE pode ajudá-lo indicando que o encerramento está próximo. Há muitos estilos de encerramento, e a escolha de um deles dependerá do próprio ATENDIMENTO FRATERNO, do Atendente e do Atendido. Às vezes, as cortesias habituais serão suficientes para levar a entrevista ao seu final. O importante é o fato de que as afirmações de encerramento devem ser curtas e diretas. Quando não há o que acrescentar, quanto mais falar, menos significativo será, e mais longo e difícil o encerramento. No ambiente da Casa Espírita o estímulo fraterno e a doçura na fala já bastam ao ATENDIDO. Ocasionalmente, um resumo final mais explícito é necessário para verificar se o ATENDENTE FRATERNO e o ATENDIDO se entenderam. Uma abordagem um pouco diferente é pedir ao ATENDIDO que coloque como compreendeu o que houve durante o Atendimento. Essa dica é para auxiliá-lo na fixação das possíveis orientações ou garantia de possíveis soluções que ele encontrou. O encerramento é especialmente importante porque o que ocorre durante esse último estágio tende a determinar a impressão do Atendido sobre o ATENDIMENTO FRATERNO como um todo. O ATENDENTE precisa estar certo de que deu a ele total oportunidade de se 33 expressar, e nessa fase final não deve haver atropelos, para evitar a impressão de que o ATENDIDO está sendo rejeitado. O que quer que fique para o fim – passos de revisão, ou resumo das questões – deverá ser analisado sem pressa, com paciência, prática, atenção, reflexão e fraternidade. Cada ATENDENTE FRATERNO pode desenvolver um estilo que o satisfaça e facilite sua tarefa. O ATENDIMENTO FRATERNO é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência. Cada Atendente descobrirá com a experiência, a fé e a reflexão seu próprio estilo e os meios para trabalhar melhor. Em seguida, apenas para reflexão, serão apontadas fases distintas no Atendimento que facilitam o encaminhamento das idéias. 3.6 – Atendimento iniciado pelo Atendido Após uma breve e fraterna saudação é indicado ao ATENDENTE FRATERNO deixar o ATENDIDO expor exatamente o que o trouxe, o que há de especial para contar. O melhor a fazer é ajudá-lo a iniciar a narrativa, se necessitar de ajuda (o que acontece normalmente) e ouvir o mais atentamente possível o que ele tem a dizer. Se o Atendente acreditar que algo deve ser dito, deve fazê-lo de forma rápida e neutra, para não interferir no encaminhamento do relato. Algumas frases precisam ser evitadas, como, por exemplo, “Qual o seu problema?” ou “O que veio fazer aqui?”, pois, por melhor que seja a intenção, elas podem soar mal, criando barreiras no início do Atendimento. O Servidor da Casa Espírita, através de sua experiência, já é capaz de entender as dificuldades vividas pelo recém-chegado. Assim, antes de enchê-lo de perguntas procure criar um clima de acolhimento para deixá-lo confortável. O ATENDENTE FRATERNO deve confiar no Amparo Espiritual, que interfere em alguns momentos no campo mental do ATENDIDO e o beneficia, aclarando suas idéias e direcionando o diálogo fraterno. É comum o Atendido preparar o início da exposição e o assunto seguir por outra direção. Neste estágio, pode ser gerado um obstáculo: em razão da ansiedade do ATENDIDO para expor seu drama, ele inicia a narrativa de uma maneira descontrolada. Nesses casos, o ATENDENTE FRATERNO poderá fazer uma introdução do Atendimento, falando dos objetivos da Doutrina, gerando, assim, vibrações tranqüilizantes e balsâmicas. Em alguns casos, a prudência indica a interferência do ATENDENTE FRATERNO sem deixar claro que ele está intercedendo, pois há pessoas que não gostam do simples fato de se sentirem auxiliadas. 34 Observação: O Atendente deve estar atento, para as interferências negativas, que visam tumultuar a mente do Atendido, trazendo idéias difíceis, sem sentido ou, ainda, que levam o Atendido a sentir mal-estar durante o encontro. Caso isso aconteça, é imperioso manter a calma, a vigilância e a oração. “É necessário que Ele (o Cristo) cresça e que eu diminua.” (Jô, 3:30) 3.7 – Atendimento iniciado pelo Atendente Partindo do pressuposto que o ATENDIMENTO FRATERNO acontece na Casa Espírita, entre amigos ou companheiros de tarefas, entre dirigentes e trabalhadores, é comum nesta modalidade de Atendimento que o ATENDENTE inicie o diálogo, preambulando com assuntos corriqueiros. Nestes casos o ATENDENTE FRATERNO deve ser cuidadoso ao solicitar o diálogo. O ATENDENTE deve mostrar interessado pelos motivos que provocou o ATENDIMENTO FRATERNO, para evitar ansiedade e promover a confiança por parte do ATENDIDO. Em seguida, o ATENDENTE FRATERNO deve se colocar na condição de ouvinte prestimoso e amigo, sem nenhuma idéia preconcebida. 3.8 – Dinâmica do Atendimento No dicionário Aurélio a palavra dinâmica significa “parte da mecânica que estuda o movimento dos corpos, relacionando-os às forças que o produzem”. Adequando a significação ao contexto do ATENDIMENTO FRATERNO, a dinâmica é importantíssima para não estancar os procedimentos. Mas, para o ATENDENTE FRATERNO, a tarefa deve ser assumida como extensão do Atendimento Espiritual, por isso ela é apenas um dos meios e não o fim. Assim, os fatores tempo e disciplina devem anteceder ações precipitadas e personalistas. “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.” Jesus. (Jo, 4:35). Vejamos, pois, os tópicos que se seguem: a) Objetividade: O tempo é um fator importantíssimo para o ATENDIMENTO FRATERNO, a fim de que a tarefa não se torne uma sessão de análise ou um ambiente de confissão. O tempo deve ser dimensionado para que a conversa seja produtiva e objetiva. Além disso, a tarefa necessita de uma dinâmica que ofereça oportunidades para que outras pessoas sejam atendidas. 35 Percebendo que o tempo está esvaindo-se, o ATENDENTE pode afirmar: “desculpe, mas temos só mais 10 minutos”. Na situação em que o tempo foi insuficiente, educadamente o ATENDENTE solicita desculpas e interrompe. É preferível, em alguns casos, deixar o assunto em aberto do que discursar, pretensiosamente, em segundos. Em conformidade com o ATENDIDO poderá o ATENDENTE agendar um novo momento ou um encaminhamento que possa auxiliá-lo. Havendo vários atendimentos, o ATENDENTE, se possível, pode fazer uma pequena pausa entre um e outro, para apaziguar-se, concentrando-se para o novo Atendimento. Quando o ATENDIMENTO FRATERNO for único, esse tipo de estruturação de tempo não é muito importante, mas a parte integrante da atmosfera geral do trabalho não deve ser olvidada e os limites devem ser colocados com clareza. Às vezes, as pessoas continuam falando, sem perceberem que estão se repetindo. Talvez não saibam como finalizar, levantar e sair. b) Tempo do Atendimento: Partindo do princípio que o ATENDIMENTO é FRATERNO o Atendente deve estipular o tempo de duração, apenas para direcionar a conversa. Em geral, um bom diálogo pode ser realizado entre 30 a 45 minutos, havendo necessidade de estender, é melhor não fazê-lo por muito tempo. Se o assunto for encerrado antes do prazo estipulado, o Atendimento pode ser encerrado sem constrangimentos. c) Disciplina: Para que o ATENDENTE tenha autoridade no tempo, ele deve ser o próprio exemplo de disciplina. Jamais atrasar o início do ATENDIMENTO FRATERNO. Todo atraso gera desconforto, angústia e desconfiança. Em caso de impedimentos plausíveis, o ATENDENTE deve se justificar, para evitar críticas ou embaraços no transcorrer do Atendimento. Humildade e simplicidade respaldam nossas ações. Recomendações Importantes: O ATENDENTE FRATERNO desenvolverá, ao longo do tempo e experiência, estratégias e técnicas próprias para auxiliar com amor os que buscam as Casas Espíritas. As orientações e comentários desta Apostila em momento algum pretendem por termo às 36 questões relativas ao tema. Ao contrário, deseja-se que estes apontamentos possam ser aprimorados e dinamizados pelos tarefeiros. Apenas para finalizar, enumeraremos alguns pontos, já comentados, que podem dinamizar o trabalho: a) Evitar apontar erros. “Os erros são obras de nossa inexperiência, redundando em maturidade espiritual” (12), no entanto, precisamos ter serenidade e humildade para aceitá-los e endireitar as veredas através do perdão e do autoperdão. b) Aprender a ouvir. Manter a mente em prece para ouvir e selecionar com discernimento o conteúdo informado pelo visitante. Prestar atenção no que ele diz, como se comporta, o que prioriza em sua exposição, etc. Expressar interesse e dar atenção ao que ele relata. c) Avaliar diariamente os atendimentos. Verificar com lucidez as possíveis falhas e delinear estratégias inteligentes de superá-las. Nunca se esqueça que você deve pedir auxílio aos irmãos mais experientes. d) Não permitir que o ATENDIMENTO torne-se uma mini-sessão mediúnica. Podem ocorrer situações em que o enfermo, perturbado por influências espirituais, dê passividade diante do ATENDENTE. Cabe a este interromper com a autoridade sincera daqueles que obram com Jesus. Posteriormente, deve relatar ao Coordenador da tarefa o ocorrido e, se necessário, encaminhar o irmão para terapêuticas apropriadas. e) No dia da tarefa, bem como no anterior e no posterior, o ATENDENTE FRATERNO deve evitar excessos de toda ordem, mantendo-se em prece e atitudes positivas, a fim de atrair a proteção de Benfeitores Espirituais. f) Quando indagado sobre temas doutrinários que não domina, seja sincero e admita sua deficiência; nunca, porém, queira inventar respostas vazias e mentirosas, como nos ensina o Espírito de Emmanuel: “Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindível ao êxito, nem desdenhará a cooperação, que é companheira dileta do amor.” (21) 3.9 – Palavras Finais “Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da evolução”.(22) O Atendimento Espiritual, como o conjunto de ações fraternas, contínuas, dirigidas aos freqüentadores da Casa Espírita, contempla atividades planejadas e organizadas no sentido de atender necessidades específicas aos que buscam 37 amparo no Espiritismo. Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção às pessoas que chegam à Casa Espírita, acolhendo-as e orientando-as de acordo com os princípios Doutrinários e Evangélicos. Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, o ATENDIMENTO FRATERNO que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe levar lenitivo e luz evangélica aos que buscam conforto nas dificuldades, explicações para as dúvidas, encaminhamento para compreensão dos problemas e consolo nos momentos de dores. 38 3.10 – Referências Bibliográficas (01) XAVIER, Francisco Cândido. Autores Diversos. Relicário de Luz. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1962. (02) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa. 15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003. (03) Material Didático fornecido pelo Grupo Espírita Bezerra de Menezes - Atendimento Fraterno na Casa Espírita. (04) HOUAISS, Antonio (1915-1999). VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001. (05) FRANCO, Divaldo Pereira. Lampadário Espírita. Pelo Espírito de Joanna de Ângelis. 5ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1991. (06) FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Conselho Federativo Nacional. Orientação ao Centro Espírita. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1988. (07) XAVIER, Francisco Cândido. Estude e Viva. Rio de Janeiro: FEB. (08) EMMANUEL, (Espírito). O Consolador. 23ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001. (09) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 16ª Edição de bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2004. (10) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Rio de Janeiro: FEB. 2004. (11) ______________________. Correio Fraterno. Por Diversos Espíritos. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1991. (12) JACINTHO, Roque. Intimidade. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (13) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução Manuel Justiniano Quintão. 55ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. (14) Ó, Fernando do. Uma Luz no meu Caminho. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1984. (15) SANT´ANNA. Hernani T. Universo e Vida. Pelo Espírito Áureo. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1994. (16) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2003. (17) FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Departamento de Infância e Juventude. Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-juvenil. Rio de Janeiro: FEB, 1982.(18) BRAGA, Ismael Gomes. Elos Doutrinários. 3ª Edição. Revisada. Rio de Janeiro: FEB, 1978. (18) BRAGA, Ismael Gomes. Elos Doutrinários. 3ª ed. ver. Rio de Janeiro:FEB, 1978. 39 (19) MIRANDA. Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, Cap. 23. 1991. (20) XAVIER, Francisco Cândido. Instruções Psicofônicas. Recebidas de vários Espíritos, no “Grupo Meimei”, Org. Arnaldo Rocha. 6ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. 20. (21) XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito de Emmanuel. 23ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. (22) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 9ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. Cap. 3. 1991. BENJAMIN. Alfred. A Entrevista de Ajuda. Trad. Urias Corrêa Arantes. 3ª Edição. São Paulo: Martins Fontes. 1985. FRANCO. Divaldo Pereira. Atendimento Fraterno (Apostila). Pelo Espírito de Manoel Philomeno de Miranda. Salvador. Bahia, 1997. Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Recepção e Atendimento Fraterno na Casa Espírita. Projeto 1868 – Evangelho, Espiritismo e Educação. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002. XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. 40 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL EVANGELHO NO LAR “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”. (Apocalipse, 3:20) 41 4 – EVANGELHO NO LAR 4.1 – Introdução “... e se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir...”. (Mc, 3:25) “De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida”. (01, capítulo 17). O convívio no lar, com Jesus, através do estudo em família do seu Evangelho de Amor, é uma necessidade de todos. Nós, Espíritos encarnados em luta na escola bendita do Planeta Terra, precisamos encontrar forças para enfrentar com fé e perseverança óbices do caminho evolutivo. Desse modo, encontramos na prática do EVANGELHO NO LAR os recursos a nos facilitarem a iniciativa. O EVANGELHO NO LAR, como integrante do conjunto de atividades das Casas Espíritas que visam ao apoio, ao conforto e à orientação daqueles que as freqüentam, deve ser o veículo de conexão desta com os lares, ao incentivar o estudo em conjunto do Evangelho de Jesus. A prática do EVANGELHO NO LAR integra, na Casa Espírita, o conjunto de atividades que compõem o ATENDIMENTO ESPIRITUAL juntamente com a RECEPÇÃO e o ATENDIMENTO FRATERNOS, as VISITAS AOS LARES E HOSPITAIS e a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO. A prática do EVANGELHO NO LAR não pretende ser a cura de todos os males, mas pode oferecer harmonização necessária para o reequilíbrio familiar, trazendo a paz e a serenidade de espírito a todos. Desse modo, esta prática é luz a irradiar aquele que, no agrupamento doméstico, decidiu seguir os passos dos cristãos comprometidos com o Mestre de nossas vidas. Lembremo-nos, sempre, de que o EVANGELHO NO LAR conscientiza a família da necessidade de renovação dos valores morais e espirituais tendo os ensinamentos de Jesus como diretriz: “625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?” - “Jesus.” (02) Portanto, o objetivo desta apostila é facultar ao trabalhador espírita subsídios para a implantação do EVANGELHO NO LAR, não só como mais uma atividade de estudo, mas, primordialmente, como fonte de sustentação, de reflexão sobre a vida e de oportunidade para a vivência da fraternidade em família. 42 Objetivos: Tendo em vista a importância do núcleo familiar nesse momento de transição, conforme elucida André Luiz: “A família consangüínea é uma reunião de almas em processo de evolução, reajuste, aperfeiçoamento ou santificação. O homem e a mulher, abraçando o matrimônio por escola de amor e trabalho, honrando o vínculo dos compromissos que assumem perante a Harmonia Universal, nele se transformam em médiuns da própria vida, responsabilizando-se pela materialização, a longo prazo, dos amigos e dos adversários de ontem, convertidos no santuário doméstico em filhos e irmãos. (...) - A família física pode ser comparada a uma reunião de serviço espiritual no espaço e no tempo, cinzelando corações para a imortalidade.” (03 – Cap. 30) Assim, cabe a nós, nos reencontros da oportunidade reencarnatória, buscar sintonia de sentimentos na vida doméstica, através de trabalho, paciência e humildade, renúncia e boavontade. Portanto, a família consangüínea representa a realização imediata de confraternização e harmonização, quando somos defrontados com nossos reflexos, que no dizer de Emmanuel são devolvidos pelo pretérito: “A família consangüínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro essencial de nossos reflexos.” (04) “Disse-lhes pois Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.” (João, 7:6) “A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento?” (05 – Cap. 01). O EVANGELHO NO LAR traz à família sustentação moral nas adversidades, apoio no trato com membros do grupo doméstico, bem como é o sustentáculo seguro para as dificuldades espirituais. Além disso, o estudo do EVANGELHO NO LAR convida a família a buscar os elementos necessários para uma vivência nos moldes da conceituação evangélico-moral trazida por Jesus. Entretanto, outras finalidades podem ser apontadas, tais como: a) Estudar o Evangelho de Jesus, através da Codificação Kardequiana e das obras subsidiárias, em especial as ditadas por Emmanuel. b) Estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo de maneira seqüencial para compreender as lições de Jesus em espírito e verdade. c) Criar o hábito do estudo e da oração em família, fortalecendo a amizade e o sentimento de fraternidade. 43 d) Criar no ambiente doméstico momentos de paz, saneando os pensamentos, elevando os sentimentos, o que facilita o amparo dos Mensageiros do Bem. e) Fortalecer nos integrantes do Lar a coragem, a esperança, a alegria e a boa-vontade para com todos. “Quando o Evangelho penetra o lar, o coração abre mais facilmente a porta ao Mestre Divino” (05 – p. 12) “(...) Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” Allan Kardec (02- Questão 774) 4.2 – Implantação do Evangelho no Lar Quando se trata do estudo do EVANGELHO NO LAR, todos os familiares deverão ser convidados, estimulados e motivados a participar, inclusive as crianças. Se os membros da família não puderem ou não quiserem participar do estudo, uma só pessoa poderá realizá-lo, ainda que sozinha, na certeza de que o Lar e os outros familiares serão beneficiados. Não há obrigatoriedade em relação à implantação do estudo do EVANGELHO NO LAR. Entretanto, uma vez iniciada a prática, uma equipe Espiritual será designada, pela Misericórdia Divina, para acompanhar aquele esforço de iluminação da família, sustentando o estudo, fluidificando a água, dispersando fluidos deletérios formados por pensamentos e palavras em desajustes e aplicando passes nos mais necessitados (passes espirituais). Em virtude disto, necessário se faz o comprometimento com este estudo, especialmente no que se refere ao dia e à hora previamente escolhidos. Disciplina e pontualidade, boa-vontade e participação são exigências que se fazem com relação ao EVANGELHO NO LAR. A reunião será semanal e deverá ter a duração aproximada de 30 (trinta) minutos, mas não deve exceder 1 (uma) hora. Se houver a participação de crianças, deve-se optar pelo tempo mínimo. Além disso, os pais devem incentivá-las a participar do estudo. Nestes casos, podem utilizar livros apropriados ao seu entendimento, liberando as crianças, em aproximadamente 10 (dez) minutos, para que fiquem no mesmo ambiente realizando atividades tranqüilas, como colorir ou ler, sempre utilizando material de valor pedagógico e evangélico. Em seguida, os adultos poderão realizar, normalmente, o estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ou outra obra apropriada), convidando as crianças, ao final, para as vibrações e a prece de encerramento. A pontualidade no início da reunião, a disciplina, a perseverança e a constância no estudo são imprescindíveis. É recomendado o estudo 44 seqüencial de O Evangelho Segundo o Espiritismo, além de outras páginas evangélicas, com a participação ativa de todos. Ninguém deverá ser obrigado a falar, mas sugere-se que o convite para comentar a passagem lida seja feito a todos os participantes. A série formada pelos livros Fonte Viva, Vinha de Luz, Pão Nosso e Caminho, Verdade e Vida, todos ditados por Emmanuel a Chico Xavier, forma uma opção de alto teor evangélico e doutrinário. Poesias, histórias, cantos ou narrativas espíritas poderão enriquecer a reunião. O Lar onde o Evangelho é estudado, com perseverança e boa-vontade, torna-se, ainda, foco irradiador para os lares vizinhos nos quais, por vezes, o Mestre ainda não foi convidado a entrar. Durante o EVANGELHO NO LAR desaconselha-se qualquer tipo de manifestação mediúnica. O local apropriado para as comunicações de Espíritos desencarnados é, sem sombra de dúvida, as reuniões mediúnicas das Casas Espíritas. Assim, deve-se evitar a passividade mediúnica. Em se manifestando algum Espírito, o responsável pela reunião de estudo, ou alguém mais experiente, deve solicitar ao irmão desencarnado que se apresente para comunicação na Casa Espírita, a fim de receber as devidas orientações. Em caso de inexperiência dos participantes e sendo a manifestação francamente hostil, deve-se trazer a pessoa à consciência, chamando-a pelo seu nome insistentemente e solicitando que os demais permaneçam em prece. Pode-se colocar uma garrafa d’água ou um copo para cada pessoa presente, conforme a escolha da família, a fim de ser fluidificada. Caso a família opte por uma jarra d’água e haja algum dos presentes com necessidades especiais, pode-se separar apenas a água destinada a esta pessoa. Sempre que necessário, poderão ser aplicados passes magnéticos (humanos), desde que haja pessoas com experiência nesse trabalho entre os membros do grupo ali reunido. Além dos familiares, vizinhos e amigos, poderão ser convidados a participar dos estudos visitantes que estiverem no lar na hora habitual da reunião. Se a visita não se sentir confortável para participar, a família deverá encaminhá-la a um local separado, onde aguardará o término da reunião para a confraternização amigável. A família não deverá, sob o pretexto de que a visita pertence a outra religião, deixar de se reunir no horário habitual. Também não deverão servir de empecilho à realização do estudo, os passeios ou viagens adiáveis, festas, reuniões ou outros acontecimentos, que possam vir a desvincular a família de seus propósitos. 45 É aconselhável escolher um lugar da casa que ofereça privacidade, para evitar interferências inconvenientes. Sugere-se que os celulares sejam desligados e que seja abaixada a campainha do telefone fixo da residência. A cada reunião o responsável poderá designar algum membro para responder ao interfone ou à campainha, a fim de esclarecer sobre aquele momento de preces e recolhimento em que a família se encontra. Em especial, no dia da Reunião de Estudo do Evangelho no Lar, o ambiente doméstico deverá ser preservado, por meio de atitudes e pensamentos de paz e cordialidade, bem como de conversações dignas e edificantes. A música de boa qualidade poderá fazer parte desta preparação durante o estudo do EVANGELHO NO LAR. Conversações menos dignas e atitudes inconvenientes antes, durante ou depois do estudo devem ser evitadas, para que sejam preservados os fluidos espirituais dispersados no ar, pela Equipe responsável pelo culto. 4.3 – Dinâmica do Estudo Antes de se iniciar a reunião, serão distribuídas as tarefas do estudo, escolhendo-se os participantes que farão as preces e as leituras. A coordenação do estudo deverá ficar a cargo do membro da família que maiores condições apresentar para a tarefa. Caso todos tenham o mesmo nível de conhecimento evangélico-doutrinário, pode-se fazer um rodízio à escolha da família, ficando a coordenação delegada a cada membro em um determinado dia do mês (ex.: primeira semana, segunda semana, etc.). A dinâmica de estudo do EVANGELHO NO LAR é composta de prece inicial, leituras e comentários, vibrações e prece de encerramento. Vejamos: a) Prece Inicial: Proferida pelo dirigente ou por quem ele escolher; deverá ser concisa, simples e objetiva, pedindo-se a Deus e a Jesus, bênçãos de paz e alegria. (aproximadamente 2 minutos). Há famílias que fazem rodízio entre os filhos, na coordenação das atividades, incentivando-os nas responsabilidades espirituais. b) Leituras e Comentários: Conforme dito anteriormente, a leitura principal poderá ser de um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, feita de forma seqüencial ou aleatória, e, em seguida, de página evangélico-doutrinária. Poderão ser usados os livros da Codificação, o Novo 46 Testamento, Vinha de Luz, Fonte Viva, Caminho, Verdade e Vida e Pão Nosso, de Emmanuel, psicografados por Chico Xavier. É possível aproveitar o EVANGELHO NO LAR para o estudo de livros doutrinários, tais como O Livro dos Espíritos, o Que é o Espiritismo (duas ou três perguntas por vez) e outros. É importante que todos participem ativamente dos comentários, contribuindo para esclarecer o assunto e enriquecer o aprendizado. (aproximadamente 20 a 50 minutos, dependendo do tempo total escolhido pela família). Devem-se evitar comparações ou críticas que possam desmerecer pessoas ou religiões. Os comentários não deverão ser feitos de forma pessoal, nem utilizados para sanar quaisquer contendas ou indisposições entre os membros da família. Pode-se, contudo, reservar alguns instantes após o EVANGELHO NO LAR para discutir questões familiares, uma vez que a disposição de todos estará renovada pelos bálsamos espiritualizantes deixados no ambiente doméstico pela equipe responsável pelo estudo. Nessa oportunidade, assuntos do dia-a-dia podem ser apresentados à discussão, com o objetivo de serem analisados sob a ótica de seu conteúdo moral, por exemplo, relacionamento familiar, boletim escolar das crianças, etc. De todos os assuntos discutidos, deve o dirigente retirar o aspecto moral e a lição educativa que possa contribuir para a reflexão e a mudança de comportamento dos participantes. Se a família optar por uma leitura complementar, ela poderá ser feita a partir das obras anteriormente citadas. Neste caso, apenas a pessoa que fizer a leitura deverá comentar, trazendo as orientações para o dia-a-dia da família e procurando a ligação que, certamente haverá, com o estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. (aproximadamente 10 a 15 minutos). c) Vibrações: Durante a oração pode-se vibrar pelo lar, pelos familiares e amigos, pelos enfermos e necessitados, encarnados e desencarnados e, principalmente, pelos desafetos. Pode-se pedir pelos governantes e, finalmente, vibrar em benefício dos participantes e da fluidificação das águas. (3 min.) d) Prece de encerramento: Simples, clara e concisa, em agradecimento a Deus, a Jesus e aos Amigos Espirituais, pelas bênçãos do estudo e aprendizado, e pela alegria da convivência fraternal. (2 min.) 47 Observações Importantes: É comum, na implantação do EVANGELHO NO LAR, o surgimento de diversos empecilhos na hora de sua realização, como se se quisessem por à prova a intenção e a persistência dos interessados. Os mais recorrentes são: Visitas inesperadas: a presença de visitas não deverá impedir a realização do estudo, convidando-se os visitantes a dele participarem, se isso lhes aprouver, explicando-lhes antes o assunto, com franqueza e humildade. Campainhas da porta ou telefones: um dos participantes deverá ser escalado para atender ambos os casos. Recomenda-se não deixar o telefone fora do gancho, mas os celulares podem ser desligados. Sonolência: tanto as crianças quanto os adultos sonolentos devem ser orientados para que respirem fundo, tomem água, lavem o rosto, façam uma prece, a fim de evitar sugestões hipnóticas. Inquietação das crianças: é normal que, de início, as crianças chorem, façam birra, fiquem inquietas, puxem e mexam em tudo; talvez, a melhor solução, seja ignorar tais procedimentos, motivando-as com livros e revistas apropriadas, ou dando-lhes algum tipo de responsabilidade na preparação ou na realização do estudo (trazer água, apanhar livros, fazer uma prece, etc.). 4.4 – Palavras Finais “O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte, onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa Nova surgiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo. Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum”.Emmanuel - Revista Reformador - julho de 1952 - p. 165 Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, a implantação do EVANGELHO NO LAR que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a orientar, ensinar e esclarecer aqueles que buscam a Casa Espírita e têm interesse sério no estudo do Evangelho de Jesus, para auferir, através dele, consolo para suas dores, necessidades, espirituais e físicas. 48 Que em nossa tarefa-amor de implantação do EVANGELHO NO LAR, possamos sempre ter em mente que o trabalho é do Cristo, só a Ele devem ser reportados os êxitos e só Ele pode nos sustentar nos momentos de provação. O Evangelho no Lar Bezerra de Menezes “Trabalhemos pela implantação do Evangelho no lar, quando estiver ao alcance de nossas possibilidades. A seara depende da sementeira. Se a gleba sofre o descuido de quem lavra e prepara, se o arado jaz inerte e se o cultivador teme o serviço, a colheita será sempre desengano e necessidade, acentuando o desânimo e a inquietação. É importante nos unamos todos no lançamento dos princípios cristãos no santuário doméstico. Trazer as claridades da Boa Nova ao templo da família é aprimorar todos os valores que a experiência terrestre nos pode oferecer. Não bastará entronizar as relíquias materiais que se reportem ao Divino Mestre, entre os adornos da edificação de pedra e cal, onde as almas se reúnem sob os laços da consangüinidade ou da atração afetiva. É necessário plasmar o ensinamento de Jesus na própria vida, adaptando-se lhe o sentimento à beleza excelsa. Evangelho no Lar é Cristo falando ao coração. Sustentando semelhante luz nas igrejas vivas do lar, teremos a existência transformada na direção do Infinito Bem. O Céu, naturalmente, não nos reclama a sublimação de um dia para outro nem exige de nós, de imediato, as atitudes espetaculares dos heróis. O trabalho da evangelização é gradativo, paciente e perseverante. Quem recebe na inteligência a gota de luz da Revelação Cristã, cada dia ou cada semana transforma-se no entendimento e na ação, de maneira imperceptível. Apaga-se nas almas felicitadas por essa bênção o fogo das paixões, e delas desaparecem os pruridos da irritação inútil que lhe situa o pensamento nos escuros resvaladouros do tempo perdido. Enquanto isso ocorre, as criaturas despertam para a edificação espiritual com o serviço por norma constante de fé e caridade, nas devoluções a que se afeiçoam, de vez que compreendem, por fim, no Senhor, não apenas o Amigo Sublime que ampara e eleva, mas também o orientador que corrige e educa para a felicidade real e para o bem verdadeiro. Auxiliemos a plantação do cristianismo no santuário familiar, à luz da Doutrina Espírita, se desejamos efetivamente a sociedade aperfeiçoada no amanhã. Em verdade, no campo vasto do mundo as estradas se bifurcam, mas é no lar que começam os fios dos destinos e nós sabemos que o homem na essência é o legislador da própria existência e o dispensador da paz ou da desesperação, da alegria ou da dor a si mesmo. Apoiar semelhante realização, estendendo-se no círculo das nossas amizades, oferecendo-lhes o nosso concurso ativo, na obra de regeneração dos espíritos na época atormentada que atravessamos, é obrigação que nos reaproximará do Mentor Divino, que começou o seu apostolado na Terra, não somente entre os doutores de Jerusalém, mas também nos júbilos caseiros da festa de Caná, quando, simbolicamente, transformou a água em vinho na consagração da paz familiar. Que a Providência Divina nos fortaleça para prosseguirmos na tarefa de reconstrução do lar sobre os alicerces do Cristo, nosso Mestre e Senhor, dentro da qual cumpre-nos colaborar com as nossas melhores forças”. Do livro "Temas da Vida". Edição CEU – Evangelho no Lar “E Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra: serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado”. (Isaías, 60:21) 49 4.5 – Referências bibliográficas (01) XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Pelo Espírito de Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. (02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2003 (03) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito de André Luiz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. (04) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. (05) XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 33ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração). ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002 EMMANUEL, (Espírito). O Consolador. 23ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001. EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005. 50 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS “(...) estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mateus, 25:6, 39-40) 51 5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS 5.1 – Introdução “Um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. - No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar”. Jesus. (Lc, 10:33- 35). O objetivo deste trabalho é esclarecer sobre a atuação da EQUIPE DE VISITAÇÃO em lares e hospitais e, ainda, destacar a responsabilidade exigida para a execução desta tarefa. Imperioso lembrar que, cada tarefeiro em visita aos lares e hospitais necessita exercitar atenção redobrada, visto que estará diante de situações, às vezes, inusitadas e de pessoas com necessidades diversas. Estas circunstâncias exigem da equipe boa orientação, equilíbrio, segurança, boa vontade e disponibilidade íntima para estar realmente a serviço do Cristo. A Doutrina Espírita, como o Consolador Prometido, oferece aos seres humanos todas as possibilidades de entendimento dos conceitos acima citados, bem como elucida os motivos pelos quais nos encontramos envolvidos. O trabalhador da EQUIPE DE VISITA é aquele que, adentrando lares e hospitais, em nome do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, leva aos enfermos da alma a consolação e o amparo para que tenham forças e esperanças, a fim de que possam lidar com a doença com a necessária harmonia interior. 5.2 – A Visita “E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe; e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde”. Jesus (Mt, 8:5-7). Vejamos, agora, aspectos importantes para uma EQUIPE DE VISITAÇÃO, que atua nos lares e hospitais. Conforme está registrado no Dicionário da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, a palavra Visita, s.f., refere-se ao “ato ou efeito de visitar; ato de ir ver alguém por dever, afeição, interesse ou caridade”. “Chamo-me Caridade; sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me, pois conheço a meta a que deveis todos visar. Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o coração amargurado, venho dizer-vos: Oh! meus amigos, que de misérias, que de lágrimas, quanto tendes de fazer para secá-las todas! (...). Acompanhai-me, pois, meus amigos a fim de 52 que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha bandeira. Nada temais; eu vos conduzirei pelo caminho da salvação, porque sou - a Caridade.” (01 – XIII - 13) A caridade é, pois, um dos objetivos da VISITA FRATERNA, e ela se concretiza no ato de levar lenitivo a enfermos que se encontram com dificuldade de locomoção, aos acamados e aos necessitados da terapia do Evangelho, que propicia equilíbrio e harmonia, através dos passes e da prece. Outro objetivo é colaborar com a família que deseja implantar o Evangelho no Lar, exemplificando, na prática, como se deve proceder. Embora não haja rituais a serem considerados quando se reúne a família para a leitura e comentários do Evangelho, o apoio e o incentivo da EQUIPE DE VISITA levam aos lares o estímulo necessário para perseverarem neste encontro semanal. Entretanto, a EQUIPE DE VISITA, via de regra, é convidada aos lares e hospitais quando ocorrem situações de enfermidades físicas e espirituais. O pedido para receber uma EQUIPE DE VISITA no lar pode originar-se: a) de solicitação do paciente; b) de solicitação de alguém que o represente (familiar, amigo, etc.); c) por encaminhamento do ATENDIMENTO FRATERNO; d) por orientação da própria EQUIPE DE VISITA. É importante ressaltar que, não se deve negar a visita em situações em que não haja, a princípio, uma orientação do ATENDIMENTO ESPIRITUAL. Quando o pedido parte do paciente, este deverá ser analisado com atenção e amor. Dependendo da gravidade, a solicitação deve ser atendida, como solução temporária, até que seja possível receber a orientação dos trabalhadores da EQUIPE do ATENDIMENTO ESPIRITUAL. Já nas solicitações por terceiros, deverá haver discernimento e cautela, pois o visitado pode não desejar receber a equipe. Por isso, são imprescindíveis a ciência e a autorização do paciente para que o atendimento seja realizado, exceto em casos de pessoas que se encontrem impossibilitadas de tomar decisões próprias. Nas demandas oriundas de pedidos da equipe do ATENDIMENTO FRATERNO, podem ocorrer situações em que seja oportuno às equipes comunicarem-se, a fim de trocarem impressões e definirem o melhor atendimento ao solicitante. Entretanto, as decisões deverão ser sempre pautadas no bom senso, na confiança, na vontade de servir e no amparo imprescindível da prece. “Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo- 53 lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa.” (02 – cap. 26) Na Prática Cristã: “Meus filhos, na sentença: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; (...) Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão (...)”. (01 – cap. XV, item 10) As narrativas evangélicas asseguram-nos as inúmeras intervenções de Jesus junto aos necessitados. Estes fatos são registros de legítimo ATENDIMENTO ESPIRITUAL, diferentemente de ações meramente materiais. Ele, o MESTRE, atende, orientando; supre, libertando; socorre, ensinando; e ilumina, para a Vida Eterna. “Depois Jesus encontrou-o no Templo e disse-lhe: eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior”.Jesus (Jo, 5:14). Sua misericórdia e seu amor sustentam, ainda hoje, a saúde da humanidade. Suas ações sempre foram por amor, independente da raça, credo ou condição social. Em superioridade moral, o Mestre conhecia (e conhece) as necessidades de cada um. Assim, ao longo do tempo, beneficia os homens individualmente, considerando a necessidade e o merecimento de cada um. Devemos compreender que, o atendimento em lares e hospitais feito pelas EQUIPES DE VISITA objetivam a uma terapêutica complementar, iniciada na Casa Espírita. A meta do trabalho cristão será sempre levar ao VISITADO palavras de bom ânimo, de confiança e de fé, extraídas do Evangelho do Senhor, além dos recursos da prece e do passe. Como servidores do Cristo, os tarefeiros devem estar cientes de que só JESUS – O TERAPEUTA POR EXCELÊNCIA – é quem PROMOVE a libertação definitiva do necessitado. Por isso, a despersonalização das ações é um dos pilares de sustentação da tarefa. “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciando o evangelho. E bem aventurado é aquele que se não escandalizar em mim.” Jesus. (Mt, 11: 4- 6). A Equipe Espírita deve ter consciência da seriedade do trabalho. Através das terapias da prece e do passe, de leituras e de palavras que edificam, os sofrimentos poderão ser minimizados, abrindo espaço para reflexões, que conduzem os indivíduos, envolvidos naquele campo de ação, a reverem conceitos e (pré) conceitos e, sobretudo, a retomarem princípios morais, que devem nortear a vida de todos nós. 54 A tarefa de VISITA contribui para a conquista do equilíbrio e da harmonia no lar, visto que, também, estarão envolvidos os irmãos desencarnados ligados àquele ambiente. A terapêutica através do passe e da prece revitaliza e revigora o VISITADO para que ele, no momento oportuno e se for de seu desejo, seja encaminhado à Casa Espírita para receber orientações doutrinário-evangélicas pertinentes. Amparados pelo Evangelho, os tarefeiros, imbuídos da fé e da vontade de servir, exercitam a caridade habilitando-se ao serviço com Jesus. Trabalho em Equipe: “E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique”.Jesus. (Lc, 5:7). A tarefa de visita é um trabalho feito essencialmente em equipe. Deve-se evitar fazer a visita sozinho, mesmo quando nos achamos treinados o suficiente para a tarefa. Trabalhar em conjunto garante boas condições para a visita ao paciente, e, em caso de manifestação espiritual por parte do VISITADO, a ação em conjunto adquire feições producentes e previdentes. A EQUIPE DE VISITA deve mostrar ao VISITADO que o local ideal para realização de atividades mediúnicas é a Casa Espírita. Para isso, ele deverá estudar a Doutrina e educar suas faculdades psíquicas em ambiente propício. No caso dos médiuns integrantes da EQUIPE DE VISITA, apesar de serem intermediários da Espiritualidade no sublime exercício do bem, devem abster-se da prática mediúnica ostensiva. O trabalho em equipe possibilita, sobretudo, a continuidade das visitas, visto que as orientações da EQUIPE definem os tratamentos que devem ser respeitados, quanto à seqüência e ao número de visitas, como um médico terreno que prescreve a dosagem do medicamento. A impossibilidade de comparecimento de algum membro da equipe deverá ser suprida pelos demais, garantindo a eficácia do tratamento. Vale ressaltar que, a aplicação de passes no lar, merece atenção redobrada da EQUIPE DE VISITA, que deve estar investida de simplicidade e discrição, para transmitir ao VISITADO tranqüilidade, fator importantíssimo para assimilação dos recursos magnético-espirituais. “E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante de sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.” Jesus. (Lc, 10:1) 55 5.3 – Preparando a Visita Fraterna “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz”. Paulo. (Efésios, 6:14-15) A visita fraterna é uma atividade que requer, como todas as demais, uma preparação adequada e constante. Pelo fato de ser uma engrenagem do ATENDIMENTO ESPIRITUAL, todo o cuidado no conjunto da obra será pouco. Por se tratar de um trabalho essencialmente espiritual, as mais variadas dificuldades podem surgir, seja por influência espiritual ou por descuido da própria Equipe. Por isso, a responsabilidade, o equilíbrio e a vigilância no trabalho são alguns aspectos imprescindíveis para o bom andamento da atividade. Desde o recebimento da solicitação, o contato para agendamento, a confirmação, o trajeto, a chegada no local, o transcorrer da visita, o encerramento, a saída do ambiente, até a conclusão das visitas – nos casos de mais de uma visita –, o trabalhador deve estar em prece e respaldado pelos bons pensamentos. Primeiro Contato: “E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz”.Jesus. (Mt, 10:12-13) Por telefone ou pessoalmente, quando ciente da orientação espiritual, o tarefeiro fala ao visitado (ou responsável) sobre a preparação do “ambiente espiritual” no dia da visita. Por exemplo, o trabalhador visitante deve orientá-lo a evitar contendas, excessos na alimentação e uso de bebida alcoólica. A tranqüilidade é essencial. Por outro lado, a equipe deverá estar vigilante quanto as posturas e expressões antes, durante e depois da tarefa, tendo sempre em mente que a EQUIPE DE VISITA apenas oferece orientações doutrinárias e carinho aos visitados. Encontro da Equipe: “E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos”.Jesus. (Mt, 12:49) O local de encontro dos visitantes é escolhido pelo grupo. A maior parte das EQUIPES DE VISITA se encontra na Casa Espírita, ambiente propício para harmonização, mas isso não é obrigatório. Cumprimentos sem exageros, telefones celulares desligados, prece, leitura e comentário de uma mensagem doutrinário-evangélica são 56 preliminares da tarefa, a partir deste momento, cada visitante coloca sua mente a serviço do Cristo. Trajeto: De ônibus, a pé ou de carro – o importante é manter a sintonia elevada. Reclamações (mesmo do trânsito), lamentações, piadas, assuntos polêmicos e desnecessários, desarmonizam a vibração mental. Música suave, hinos, leitura de mensagens edificantes, prece ou silêncio facilitam a concentração na tarefa. “E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades.” Jesus. (Mt, 14:13) A Chegada: “Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntouse muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.” Jesus. (Mt, 13:1-2). Humildade e respeito – todos os lares são um templo sagrado de Deus. A orientação do ATENDIMENTO ESPIRITUAL dará encaminhamento à visita. Nela estarão descritas as necessidades dos visitados. A equipe deve abster-se de tecer comentários, principalmente do tipo: “Os Espíritos prescreveram vários passes porque a situação aqui é muito ruim... ou muito difícil... ou complicada... etc.” Carinho e atenção são de real importância. Se necessário, uma breve explicação sobre os fundamentos da Doutrina, bem como sobre os benefícios obtidos através dos passes e da água fluidificada. A primeira reunião comumente consome um tempo maior para que sejam feitos os esclarecimentos. IMPORTANTE: No caso de famílias não espíritas, a equipe deve lembrar que a Doutrina Espírita não é proselitista. Ao chegar para visitas subseqüentes, a pergunta: – “você está melhor?” deve ser evitada. Causa constrangimento e pode dar a entender que a equipe tem algum mérito na terapêutica. Sabemos que o mérito vem de Deus. “...vou preparar-vos lugar.” Jesus. (João, 14:2). “Quando aplicar passes e demais métodos da terapêutica espiritual, fugir à indagação sobre resultados e jamais temer a exaustão das forças magnéticas. O bem ajuda sem perguntar.” (03 – cap. 28). Se o ambiente do lar ou do hospital se apresentar triste e doloroso para 57 VISITADO e familiares, confiemos nos poderes do Alto. A melhora se dará de acordo com o empenho e merecimento dos Espíritos envolvidos, encarnados ou desencarnados. 5.4 – A Tarefa Prece Inicial: “Os Espíritos hão dito sempre: A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração”.(01 - Cap. XXVIII. Preâmbulo). A prece inicial deve ser proferida em bom tom de voz, suficiente para que todos possam ouvir e compreender e acompanhada mentalmente pelos presentes. Ela deve representar nosso sentimento mais puro, com simplicidade, objetividade, sinceridade e amor, a fim de colaborar com os trabalhos do Plano Superior através da sintonia. Por isso, todos nós somos capazes de proferir uma prece, independente da capacidade intelectual de cada um. Através da prece conversamos com Deus pela linguagem do Amor. Lembremos que a mais bela oração, registrada pela História de Humanidade, foi ensinada pelo Mestre Jesus e é o legítimo roteiro para orarmos a Deus. Leituras e Comentários: Logo depois da prece dá-se a leitura de uma mensagem cristã, seguida de comentários. Tal procedimento harmoniza a todos, encarnados e desencarnados, trazendo equilíbrio, conduzindo os pensamentos em uma só sintonia, buscando a reflexão sobre a conduta íntima individual diante dos Desígnios Superiores. É como uma medicação eficaz, que abre o campo mental para receber a intervenção da Espiritualidade. A leitura atende as necessidades dos enfermos, familiares, tarefeiros e desencarnados; conforme ensina Paulo: Toda escritura inspirada por Deus, É proveitosa ( ...) para instrução na justiça. (II Carta a Timóteo, 3:16). Os visitantes devem ter atenção ao uso das palavras, a EQUIPE DE VISITA deve sempre se colocar na posição daqueles que estão em busca do aprendizado; para tal deve se comentar os ensinamentos sempre utilizando “nós”, ao invés de“você(s)” ou “eu”, e, é prudente, também, evitar relatos pessoais. Quando for necessário, para o entendimento e o crescimento do grupo, deverá a equipe expor um fato sem identificação dos personagens. 58 Além de ser um comportamento pautado pela boa educação, tal atitude leva o orador a posicionar-se com humildade perante os temas abordados, já que todos somos aprendizes. A palavra deverá ser utilizada para fortalecer o paciente. Assim, é desnecessário destacar os problemas do VISITADO. Relevante é auxiliá-lo, revigorando energias através da autoconfiança, sem desenvolver a fragilidade ou a autopiedade. Após a leitura e comentários, se alguém (familiar ou paciente) quiser falar, devemos ouvi-lo com atenção e interesse. Muitos enfermos aguardam uma oportunidade como esta para “desabafar” e um dos melhores lenitivos que podemos levar a alguém é justamente SABER OUVIR. Observações: a) Há situações em que a EQUIPE DE VISITA pode suprimir as leituras por motivos como: i. A visita tem que ser breve, por solicitação do visitado/enfermo ou familiares. ii. O paciente não apresenta equilíbrio para uma VISITA mais demorada. iii. Quando a visita ocorrer em hospitais, havendo tempo definido para cada visitante. Nessas e noutras possíveis situações o bom senso deve prevalecer. b) Os visitantes que são médiuns videntes e sensitivos devem manter discrição e silêncio sobre entidades desencarnadas e percepções durante a visita. Comentários sobre tais situações podem ser feitos com a equipe, de forma equilibrada, após o encerramento, desde que sejam para o aprendizado do Grupo e nunca por simples curiosidade ou para exibição de potenciais mediúnicos. c) Devemos lembrar que o sofrimento tem sempre uma causa justa pela Lei de Deus, mas podemos superá-lo através da perseverança e confiança no Poder do Alto, pois somente o Pai conhece verdadeiramente nossas necessidades. d) Apoiados na assertiva que diz: “a cada um segundo suas obras”, é bom evitar frases ou sugestões do tipo: “você tem que fazer...”; “você não pode...”; etc.. Deve-se evitar, ainda: i. fugir do tema central da leitura; ii. ser moralista, proibindo ou acusando; afinal, temos nossos próprios vícios; iii. desestimular – “é muito difícil...” iv. bocejar durante a leitura (pode sugerir cansaço ou indiferença); 59 v. perguntar sobre doenças ou particularidades por mera curiosidade; vi. chorar ou descontrolar-se; vii. discutir, debater, criando clima de tensão; viii. falar “não concordo”: a expressão poderá ser recebida de forma agressiva; ix. tomar partido de um ou de outro quando houver desacordo; x. fazer afirmações inverossímeis: “Você está me ouvindo, sei que está!” – dito a um surdo ou a uma pessoa com dificuldades mentais; xi. dizer que o sofrimento é necessidade cármica (quando a circunstância favorecer, podese explicar, à luz da Doutrina Espírita, a necessidade do aprendizado. Essa postura é diferente de afirmações como: “pagamento de dívida”, “castigo”, etc.). xii. indicar ou desaprovar terapias alternativas; xiii. interferir em orientações médicas; xiv. colocar o Espiritismo acima de outras religiões. O Passe: – Nos processos de cura, como devemos compreender o passe? Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais. (04 – Questão 98) O ambiente e o local devem ser acordados entre EQUIPE DE VISITA e os VISITADOS, desde que não se torne condição imprescindível para a aplicação do passe, ou que dê a impressão de que ele não poderá ser ministrado sem tais preparações: a) paciente sentado; b) paciente deitado; c) luz forte ou fraca; etc. Todo excesso prejudica. O ambiente ideal é calmo e silencioso. O mais relevante nessa terapêutica é sintonizar as mentes: a) na doação de amor; b) na vontade de auxiliar; c) na confiança e na serenidade. “E Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.” Jesus. (Mt, 8:3) 60 O Atendimento a crianças: Para lidar com crianças e adolescentes são necessários cuidados e compreensão redobrados. Além de visões ou percepções mediúnicas comuns em crianças até os 7 (sete) anos de idade, a EQUIPE DE VISITA deve estar preparada para encontrar atitudes adversas, tais como, agressividade, revolta, hiperatividade, medo, traumas, processos obsessivos, etc. Necessário se faz que a equipe esteja preparada para enfrentar essas situações com calma e serenidade. Propor música adequada à percepção da criança ou do adolescente, com temas enfocados na Evangelização Infantil ou na Juventude Espírita; fazer leitura de livros apropriados à faixa etária do VISITADO; designar que o membro da equipe cujo perfil mais se adapte à atuação junto à criança ou ao jovem conduza a tarefa. Essas são algumas das ações que poderão ser tomadas a fim de minimizar as dificuldades que poderão surgir. “ ...Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica...” (04 – Questão 109) Brincadeiras e curiosidades podem alterar o comportamento das crianças e jovens. É necessário cativar-lhes a confiança para o bom desempenho da tarefa. Caso eles perguntem sobre gestos e falas durante o passe ou comentários feitos sobre as leituras, estas devem ser respondidas com atenção e incentivo a novos conhecimentos de acordo com a capacidade de percepção (faixa etária) de quem questiona. A equipe deve utilizar livros apropriados à compreensão de crianças a partir de 5 (cinco) anos, por exemplo: o livro Pai Nosso – Ditado pelo Espírito Meimei, a Francisco Cândido Xavier, editora da FEB, entre outros da Doutrina Espírita, podem ser úteis. Música: “A harmonia, a ciência e a virtude são as três grandes concepções do Espírito: a primeira o arrebata, a segunda o esclarece, a terceira o eleva. Possuídas em toda a plenitude, elas se confundem e constituem a pureza.” (05 – cap. Música Espírita). A música pode ser utilizada para elevação vibracional em favor do VISITADO e do lar. Ela age como tranqüilizante, trazendo equilíbrio e harmonia às pessoas e ao ambiente. Se o VISITADO, por vontade própria, pedir para colocar alguma música de fundo ou solicitar ao grupo que cante, não há contra-indicações, desde que seja realizado de maneira discreta, sem criar dependências nas pessoas. 61 Nos Hospitais: “E aconteceu que, quando voltou Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o estavam esperando”. Jesus. (Lc, 8:40). Quando solicitada a ir ao Hospital, para realizar a VISITA FRATERNA, A EQUIPE DE VISITA deverá seguir em primeiro lugar as determinações do hospital quanto a horário, dia de visita, número de visitantes, uso de crachá de identificação. Devemos ressaltar que, surgem ocasiões em que a visita é apenas de apoio ao enfermo e aos familiares sem haver a necessidade do passe ou de leituras. A EQUIPE DE VISITA deve entrar no ambiente com cautela e amor, para não levar a falsa impressão de “curadores” ou portadores de esperanças de curas vãs. Humildade e caridade para consigo e para com o próximo devem ser constantes nesses momentos. Enfermos do corpo e da alma, os VISITADOS, quando hospitalizados, e seus familiares, apresentam, com freqüência, irritação, pessimismo, tristeza, nervosismo, revolta. Deve a EQUIPE DE VISITA entender esses casos como características próprias de quem se sente castigado ou esquecido. Na maioria dos casos, a família do VISITADO também é necessitada do carinho e da atenção da EQUIPE DE VISITA. Diante desta condição, a EQUIPE DE VISITA deve se apresentar serena e emocionalmente controlada, bem preparada para lidar com esses quadros caracterizadores da enfermidade do corpo e da alma. Caso contrário, melhor não colocar em risco o ATENDIMENTO ESPIRITUAL. Colocar-se diante do paciente, já tão debilitado e angustiado, apresentando qualquer repugnância por sua condição física, além de falta de caridade anula o objetivo da visita, que é levar alegria, esperança e, sobretudo, amor, como nos ensina o Mestre. Devemos estar atentos para: a) não atrapalhar a atuação dos médicos e enfermeiros; b) não interferir no tratamento, mesmo quando se tem conhecimento técnico específico; c) lembrar que a visita dos familiares é mais importante para o enfermo que a presença da EQUIPE DE VISITA; d) manter precaução quanto à higiene, evitando contaminações para si e para o VISITADO. “A caridade não dispensa a prudência”. (03 – cap. 3) Prece Final: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado 62 aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”.Jesus. (Jo, 17:11-12). A prece final marca o encerramento da visita e pode ser proferida por qualquer um dos presentes, familiares ou visitantes. É o agradecimento por tudo que foi oferecido ao VISITADO: fluidos regeneradores (passes), a terapia do Evangelho e a oportunidade de trabalho oferecida aos visitantes; pelo amparo e misericórdia de Deus, pelo amor de Jesus por todos e pelo auxílio dos Amigos Espirituais. Quando o objetivo da EQUIPE DE VISITA for a Implantação do Evangelho no Lar, o roteiro a ser seguido será o do próprio culto que se realiza em casa, orientando a família sobre os procedimentos e esclarecendo quanto à não utilização de quaisquer ritos, símbolos, etc., tratando o momento como um encontro da família, que deve ser feito com simplicidade, amor e união. Fim da Tarefa: Devemos estar cientes de que somos meros intermediários. O verdadeiro interventor é Jesus, a quem devemos agradecer sinceramente, e os Benfeitores Espirituais que viabilizam os recursos necessários em nosso favor: todo o bem vem de Deus. Tarefa cumprida, agora é o momento da oração na intimidade dos tarefeiros. Eles podem pedir ao Pai que os VISITADOS consigam obter a saúde espiritual necessária e que a harmonia seja estabelecida nos lares. Desfeito o grupo, cada um segue em paz, tendo como companheira inseparável a vigilância. Pensamentos ou comentários infelizes atraem entidades na mesma sintonia. 5.5 – Observações Gerais “Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja”.Jesus. (Jô, 17: 25- 26). a) O tempo de uma visita no lar varia de 20 a 40 minutos. b) O tempo destinado a leitura seguida de comentários varia de acordo com a participação, interesse e a disponibilidade da equipe em função de outros compromissos, como outra visita na seqüência, por exemplo. Considerando tais circunstâncias, esta etapa pode ser cumprida entre 10 a 15 minutos. 63 c) O bom senso e a atenção definem o tempo dos comentários a fim de evitar correria ou causar cansaço pela excessiva demora; deve ser lembrado que essa atividade é uma visita e não uma conferência pública; d) Importante lembrar que a tarefa tem acompanhamento de uma Equipe Espiritual, com compromissos e afazeres e que não é uma visita social; e) Os tarefeiros espíritas devem cultivar o hábito da leitura, não só das obras básicas, mas também de obras complementares de conteúdo evangélico-doutrinário que os sustentarão, mantendo a vibração, a sintonia elevada e servindo de base fundamental para a visita. “E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens”.Paulo. (Colossenses, 3:23) 5.6 – Palavras Finais “Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se à assistência, em favor dos irmãos menos felizes, visitando e distribuindo auxílios a enfermos e lares menos aquinhoados. Quem ajuda hoje, amanhã será ajudado”. (01 - cap. VI, item 4). Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, a VISITA A LARES E HOSPITAIS que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a levar lenitivo aos que necessitam e, em contrapartida, oportunizar os trabalhadores da Casa Espírita a exercerem a caridade, o amor, a disciplina e outros atributos edificantes que nos levam ao caminho do Bem. “E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviou-os.” Jesus. (Mt, 8:14-15). 64 5.7 – Referências Bibliográficas (01) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (02) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005. (03) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004. (04) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito de Emmanuel. 27ª ed. Rio de Janeiro: FEB.2007. (05) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa. 15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003. ORSINI, Marcelo de Oliveira. Visita aos Lares e Hospitais. 1ª. Ed. Belo Horizonte: FEIG, 2001. 248 p. APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005. APOSTILAS DA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA: Atendimento Espiritual. (no prelo) 65 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO “E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus”. (Atos, 4: 31) 66 6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO 6.1 – Introdução “(...) o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos”.André Luiz (06 – Cap. “Os efeitos da prece”) Esta Apostila tem como meta traçar singelas orientações e sugestões acerca das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, destacando, conforme a epígrafe nos elucida, a importância da prece em grupo e da comunhão com Deus. Objetiva, ainda, contextualizar a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO no conjunto de tarefas desenvolvidas no Centro Espírita, ressaltando a importância de sua interligação com estas atividades. Muitos casos recepcionados na Casa Espírita e encaminhados à equipe de ATENDIMENTO FRATERNO e/ou de VISITA NO LAR, podem necessitar de apoio adicional auferido nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. A conexão entre estas frentes de trabalho é imprescindível para que possamos obter os recursos disponibilizados pela Misericórdia Divina. Desse modo, as tarefas-amor desenvolvidas desde a RECEPÇÃO da Casa Espírita, passando pelo ATENDIMENTO FRATERNO, a VISITA NO LAR, a implantação do EVANGELHO NO LAR, as reuniões de TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO, entre outras, são recursos que sustentam o conjunto de atividades fraternas levadas a efeito pelos seareiros do Cristo. Neste módulo de estudo, em que abordaremos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO em seu desenvolvimento, serão analisados tópicos que acreditamos serem relevantes para a obtenção do concurso divino e do lenitivo para os sofrimentos terrenos. Assim, destacamos, por exemplo, a função e a responsabilidade dos integrantes; o ambiente físico e espiritual; os requisitos preparatórios necessários; a finalidade da comunhão com o mundo espiritual propiciada pela prece; os auxílios auferidos nos momentos de sintonia mental edificante; e a importância do Evangelho de Jesus e dos preceitos doutrinários dos Espíritos, codificados por Allan Kardec, como base para a tarefa de tratamento e irradiação; dentre outros assuntos afins. Sabemos que a Doutrina Espírita, Terceira Revelação de Deus à humanidade, através do Consolador Prometido, tem suas raízes no plano espiritual e cumpre manter-se ligada a ele para que haja um proveitoso intercâmbio entre os mundos. Desse modo, nós, espíritas encarnados devemos aproveitar os momentos de interação com o mundo espiritual, no firme 67 propósito de angariar ensinamentos e experiências de amigos abalizados que, mesmo sem a roupagem da carne, conhecem o mundo terreno e apresentam-se prontos a auxiliar-nos em nosso crescimento evolucional rumo ao Bem. Nesse contexto, a oração - recurso poderoso na dinamização dos vínculos entre a diversidade de mundos habitados e na promoção do socorro aos irmãos em sofrimento – associada ao conjunto de atividades desenvolvidas na Casa Espírita, forma ambiente fecundo para o cultivo do amor, da compreensão e da experimentação daqueles que abraçam a tarefa. Por esta razão, aos estudos evangélico-doutrinários devem entremear-se a prece, a perseverança, o amor, a disciplina e o trabalho nas ações promovidas pelos grupos em prol do Mundo Regenerado. No que se refere às REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, o objetivo principal é o exercício da prece irradiada em conjunto, voltada às necessidades espirituais e físicas dos irmãos enfermos que estão em processos terapêuticos na Casa Espírita, em seus lares ou hospitais. Vale ressaltar, ainda, que, nessas atividades podem ocorrer, orientações, encaminhamentos e informações conforme a dedicação do grupo, a vontade dos pacientes e o merecimento dos envolvidos. Enfim, o objetivo deste trabalho é dizer aos irmãos de ideal - com simplicidade e fidelidade à Doutrina Espírita - que a terapêutica da prece sincera é “divino movimento do espelho de nossa alma rumo à Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza”.(06). Destarte, contamos com o apoio do Mestre Jesus e dos Benfeitores Espirituais, a fim de que não nos desviemos dos objetivos previamente traçados pelo Altíssimo e que possamos auxiliar, de algum modo, a propagação do Amor fraternal entre os irmãos de jornada. A seguir, iniciamos um roteiro aos voluntários da Divina Obra, coordenada pelo Mestre Jesus e seus assistentes espirituais encarnados e desencarnados. Que a serenidade e o discernimento possam acompanhar-nos neste percurso! 6.2 – Reunião de Irradiação “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Jesus (Mt, 18:20). Definição: O que é uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO e a que fim ela se destina? Comecemos por partes. O que é uma reunião? Conforme o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra significa “...ato, processo ou efeito de reunir; junção de uma coisa a outra; 68 agrupamento de coisas geralmente similares ou de mesma natureza...” Entendendo que o primeiro termo está claro a todos, analisemos o significado de irradiação: para melhor exposição de nossos objetivos, devemos informar aos irmãos de fé que o tratamento de enfermidades da alma e do corpo, nas Casas Espíritas, é obtido pela irradiação da oração e da fé dinamizada nas diversas frentes. Jesus, no Evangelho de Mateus, prometeu-nos que, se nos reuníssemos em Seu nome, Ele viria estar entre nós. Verifica-se, assim, que a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO pode ser compreendida como um momento em que pessoas afins se agrupam para um trabalho intercessório que pode alternar a orientação, o pedido, o agradecimento e o louvor. “A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas, que importa seja grande o número de pessoas reunidas para orar, se cada uma atua isoladamente e por conta própria?! Cem pessoas juntas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão quais verdadeiros irmãos em Deus, e mais força terá a prece que lhe dirijam do que a das cem outras.” (04 - cap. XXVII, item 15) Com base nessas informações, tentaremos traçar uma linha de raciocínio para melhor entendermos a prática do concurso fraternal da prece, uma atividade simples e perfeitamente acessível aos trabalhadores das Casas Espíritas. Em O Livro dos Médiuns - no capítulo XXIX, item 331 - Allan Kardec afirma que “uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe, tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for”, a fim de que os seus “participantes possam haurir o verdadeiro ensinamento ofertado pelos Espíritos de Luz”.(05). O Codificador, ao definir a REUNIÃO, não muda sua acepção, mas, acrescenta-lhe uma importante análise sobre as vantagens que dela podem auferir seus participantes, através da evidente oportunidade de instrução e esclarecimento; da obtenção de vibrações de paz, equilíbrio e saúde; do despertamento íntimo, do soerguimento no Bem e da libertação consciente por meio de questões, experiências e situações que ali são trazidas. O Espírito de André Luiz nos dá uma importante informação sobre a tarefa de equipe, na obra Relicário de Luz: Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em seus altares não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. “Muito se pedirá àquele que muito recebeu”. E o nosso grupo não se constituiu ao acaso. (07) Posto assim pode-se inferir que, para participar de uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, o grupo deverá estar imbuído não só de espírito de serviço e seriedade, mas 69 de sincero desejo de modificar os hábitos, através do exercício disciplinar do silêncio, do recolhimento, da comunhão fraternal de idéias, do sentimento genuíno de desprendimento, da afabilidade verdadeira e do desejo de instruir-se, tendo como base os ensinos dos Espíritos, codificados pelo Apóstolo lionês. Sabedores que a autêntica beneficência provém dos Espíritos Superiores, como registra o Espírito de Emmanuel, em Religião dos Espíritos, deve-se realizar o melhor “(...) conforme os ditames do coração, mas não te esqueças de que, no fundo da consciência, ajudar com desinteresse e instruir sem afetação, é a única maneira – a mais justa e a mais alta – de servirmos ao Nosso Pai”.(08). Finalidade da Reunião de Irradiação: A finalidade da reunião é cooperar com os irmãos enfermos, através de tratamento espiritual solicitado pelo eflúvio da oração e dispensado pela espiritualidade. A equipe de trabalho deverá ser formada por tarefeiros comprometidos com suas funções fraternais e com a auto-educação evangélico-doutrinária. Oração: Recurso Primordial Para implementar a auto-educação, contamos com o poder da prece em grupo: vibração e comunhão universal que nos aproxima do Criador. Léon Denis, em O Grande Enigma, afirma que a prece: ...é a expressão mais alta [de] comunhão das Almas. (...) é um transporte do coração, um ato de vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder infinito e a ele submeter-se em todas as coisas: “Pedi e recebereis!” Tomada neste sentido, a prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura, pelo menos por um instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna. É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas alturas celestes onde aumenta as suas forças, onde se impregna das irradiações da luz e do amor divinos. (20) Vale esclarecer que, a prece não é prática exclusiva de religiosos ou de homens dotados de aptidões especiais, ao contrário, nossa proposta para esse estudo é aquilatar a prece nos momentos mais simples de nossas vidas, como, por exemplo, no cumprimento de nossas obrigações cotidianas. (...) Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de 70 suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo-á recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus. (01) Pela força da prece em grupo os participantes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO recolhem em silêncio, sob a forma de socorro íntimo, para si e para os demais, emanações de fluidos sutis, que irão impregnar de amor e, ao mesmo tempo, balsamizar os sofrimentos daqueles que padecem. A comunhão das Almas em prece é lenitivo divino para milhares de espíritos, daí, a importância de que o trabalho seja realizado com sinceridade e dedicação e, acima de tudo, que possa cumprir os objetivos traçados pelos servidores do Mestre Jesus. A prece sincera é o mais eficiente sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu de que dispomos. Por isso, ela deverá expressar sentimentos profundos e NUNCA REPETIÇÕES automatizadas de palavras e/ou mantras. O Espírito de Emmanuel certifica-nos que: Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida. (09) Apesar de ser, na maioria das vezes, uma reunião privada, a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO poderá contar com a presença dos irmãos que serão assistidos nos trabalhos do dia, desde que o local ofereça acomodações adequadas a eles. Recomenda-se manter o ambiente propício à concentração, ao recolhimento e à oração sem, contudo, estimular a dispersão ou o sono nos participantes. Além dos presentes, poderão ser anotados nomes de enfermos no Livro (ou Caderno) de Preces para Irradiação a distância. Ideoplastia: Recurso de Harmonização dos Fluidos Antes de prosseguir, é necessário que todos compreendamos o que vem a ser e o significado de ideoplastia. Ideoplastia [do grego idéa = idéia, aparência + plásso ou plátto = modelar + -ia] – 1. Modelagem da matéria pelo pensamento. 2. A materialização do pensamento, criando formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam. (10). Ela é uma faculdade que tem o pensamento de plasmar uma idéia e exercer ação direta sobre a matéria. Observemos o que nos assevera o insigne Codificador Allan Kardec: Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se, pois dizer, sem receio de errar, que há, nesses fluídos, ondas e raios de pensamentos, que cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros. Há mais: criando imagens fluídicas, o 71 pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (11) O dirigente estimula os médiuns e demais integrantes a plasmarem imagens que podem variar desde uma paisagem completa a apenas uma flor. Essa materialização do pensamento através de fluidos servirá como substância energética e de sustentação para que os bons espíritos possam atuar manipulando as energias necessárias aos trabalhos. Recomenda-se que as sugestões ideoplásticas sejam acessíveis a todos, para garantir a sintonia e sincronia dos trabalhos. O pensamento é força criadora capaz de produzir energias boas ou más. Na verdade, o pensamento é como uma usina geradora de energia que será manipulada criando condições para contribuir nas diversas terapêuticas, orientações espirituais e materiais. 6.3 – A Equipe Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhe será feito por meu Pai, que está nos céus. Jesus (Mt, 18:19). A integração fraterna da equipe de trabalho da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO propicia, dentre outras coisas, conforme nos elucida Allan Kardec, a simpatia dos Bons Espíritos e o afastamento dos maus. Para tanto, a equipe deve objetivar os seguintes pontos: a) Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos; b) Cordialidade recíproca entre os membros; c) Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã; d) Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos dos Espíritos e do aproveitamento de seus conselhos; (...) e) Exclusão de tudo o que, nas comunicações pedidas aos espíritos, apenas exprima o desejo de satisfação da curiosidade; f) Recolhimento e silêncio respeitosos, durante as confabulações com os Espíritos; g) União de todos (...) pelo pensamento (...); h) (...) médiuns isentos de orgulho, de amor-próprio e de supremacia; e com um só desejo de serem úteis... (05 - item 341) A equipe de tarefeiros da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é normalmente formada por um grupo que pouco se altera. Salvo exceções, os integrantes dessa reunião, com o tempo, fortalecem seus laços de fraternidade e união. Quando a equipe se forma sob os auspícios do Trabalho, do Amor e da Esperança, observamos uma agregação dos seres, que em muitos casos, inicia-se em outros planos de existência e se efetiva como verdadeiro compromisso na 72 atualidade. Para analisarmos a importância da integração do grupo, podemos recorrer ao Evangelho de Jesus no seguinte registro: “...e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. (...) E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.” (Atos, 2:42-44). Nesse trecho temos a exemplificação genuína da idéia de conjunto que, ligado pela oração e pela fé, persevera na Obra de Jesus. Podemos depreender do versículo citado que a idéia de comunhão - integração pelo pensamento e sentimento de amor fraternal – é condição necessária na REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, pois a ação dos Espíritos Elevados se enfraquece e se aniquila, quando reina a antipatia entre os membros de um grupo. Segundo Léon Denis, para se obter a intervenção assídua da Esfera Superior, “...é preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica, se estabeleça nos corações, e que todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum, ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade"(12). O venerável Espírito de Emmanuel destaca a importância do conjunto quando analisa o trabalho em equipe, em uma Casa Espírita, ressaltando que é razoável notar que todo trabalho é ação de conjunto. “Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja cooperação os mecanismos do bem não funcionam em harmonia”.(13) Essa orientação de Emmanuel vai ao encontro das citadas anteriormente, em que há alusão à perseverança, associada ao estar junto, em comunhão. Nesse conjunto, cada companheiro é indicado à tarefa precisa e todos se sentem vinculados ao compromisso da conjunção de esforços, visando a um objetivo comum, e ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade. No capítulo XXX, intitulado Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de O Livro dos Médiuns, artigo 17, encontramos uma prescrição de Allan Kardec acerca dos critérios relacionados aos participantes das reuniões da Sociedade Parisiense. Segundo o Codificador, “as sessões serão particulares ou gerais; nunca serão públicas”. Kardec pretende assinalar que as reuniões particulares possibilitam a abordagem de assuntos de estudo que requeiram mais tranqüilidade e concentração; ou, ainda, a abordagem de temas nos quais seja conveniente o aprofundamento, antes de tratá-lo em reuniões gerais; não sendo possível, por isso, a presença de qualquer pessoa que possa promover o desconforto ou desequilíbrio do ambiente. Diante de tais orientações, podemos concluir que a reunião mediúnica de irradiação é uma prática, cuja realização demanda delimitação de participantes e de suas respectivas 73 funções. Conforme nos esclarece o Espírito de Emmanuel, no livro Instruções Psicofônicas, o êxito da reunião mediúnica de irradiação, como corpo de serviço no plano terrestre, exige três elementos essenciais: o orientador, o médium, o assistente “(...) O primeiro é o cérebro que dirige, o segundo é o coração que sente, o terceiro é o braço que ajuda”.(14). Tendo em vista os elementos essenciais que integram uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, é importante ressaltar a necessidade de seleção criteriosa dos participantes, antes que o trabalho seja iniciado, a fim de não termos, mais tarde, inadequação no desempenho dos papéis específicos. Falemos, então, um pouco sobre os participantes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO: a) Dirigentes; b) Vibracionais; c) Passistas; d) Enfermos e acompanhantes. É importante frisar que, na REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO bem orientada, não haverá participantes além dos integrantes acima apresentados. E quanto aos companheiros cujo desejo é o de visitar uma reunião com o intuito de fazer observação construtiva, André Luiz, no livro Desobsessão, esclarece-nos que “essas visitas (...) devem ser recebidas apenas de raro em raro, e em circunstâncias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos (...), principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres” (15). Assim, nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, cada integrante atenderá uma função específica, assumindo importante papel para seu desenrolar. Para tanto, espera-se dos integrantes “(...) uma atitude de confiança, atenção, meditação, concentração no bem, paciência e compreensão, durante o desenrolar dos trabalhos”. (01) A seguir, objetivando oferecer mais esclarecimentos sobre o tema, apresentamos brevemente cada participante distintamente. Dirigente: No dicionário O Espiritismo de A a Z, publicado pela FEB, encontramos como definição para a palavra dirigente a seguinte consideração: O dirigente da reunião é aquele que preside os trabalhos, encaminhando todo o seu desenrolar. É o responsável, no plano terrestre, pela reunião. (...) Deve ser uma pessoa que conheça profundamente a Doutrina Espírita e, mais que isto, que viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral imprescindível aos labores dessa ordem. Esta autoridade é fator primacial, pois uma reunião 74 dirigida por quem não a possui será, evidentemente, ambiente propício aos Espíritos perturbadores. O dirigente precisa ser, pois, alguém em quem o grupo confie, uma pessoa que represente para os encarnados a diretriz espiritual, aquela que na realidade sustenta e orienta tudo o que ocorre. Ele é o representante da direção existente na Espiritualidade, o pólo catalisador da confiança e da boa-vontade de todos. Posto dessa forma verifica-se que esse componente da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, entre seus encargos, deve gerir os acontecimentos, dirigir o grupo e ser o diretor espiritual. Ou seja, além da experiência em lidar com pessoas diferentes, o dirigente deve possuir profundo conhecimento evangélico-doutrinário, que o habilite a dirimir possíveis conflitos nos diferentes planos: físico e espiritual. O dirigente é o mediador entre os Coordenadores Espirituais da tarefa e seus participantes encarnados e desencarnados. Em algumas ocasiões corre o risco de ser mal compreendido, por ser “obrigado” em várias circunstâncias a remanejar funções, promover alterações de procedimentos e, até mesmo, solicitar dos participantes algumas mudanças de posturas. Em razão disso, a firmeza e a doçura nas decisões, a retidão moral e a certeza de estar cumprindo fielmente as determinações do Alto são caracteres desse componente, porque ele (ou ela) deve contar com o respeito de todos os presentes no ambiente e com a proteção dos Mentores da Casa Espírita. Suas decisões traduzem os interesses da coletividade, NUNCA suas vaidades pessoais. Entre outros requisitos e deveres, André Luiz, no livro Conduta Espírita, capítulo 3, recomenda ao dirigente: Ser atencioso, sereno e compreensivo no trato com os enfermos encarnados e desencarnados, aliando humildade e energia, tanto quanto respeito e disciplina na consecução das próprias tarefas. (...) Impedir, sem alarde, a presença de pessoas (...) agitadas. (....) Desaprovar o emprego de rituais, imagens, símbolos, assegurando a pureza e simplicidade (...) Fugir de julgar-se superior somente por estar na cabine de comando. Não é a posição que exalta o trabalhador, mas sim o comportamento moral com que se conduz dentro dela. (16) Em suma, o dirigente ou coordenador da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é alguém que, como qualquer ser de boa vontade, apresenta-se para a tarefa e dedica-se com carinho à Doutrina. O que novamente ratifica a fundamental importância de seu preparo, sendo imprescindível que ele procure estudar; exercitar a democracia com autoridade, sem autoritarismo; ser líder e amigo de todos e ter muito amor no coração. Médium Vibracional: Sustentação 75 E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. Jesus. (Lc, 10:2). Quem são os médiuns vibracionais ou os chamados médiuns de sustentação? São pessoas de boa vontade e compromisso, que se apresentam para a tarefa da Casa Espírita, pois, em virtude de serem conhecedores da oportunidade oferecida para o trabalho, procuram fazer o melhor para os outros: servindo com humildade, benevolência, desinteresse, bondade, otimismo, caridade e amor. Pensemos sobre o texto a seguir, do Espírito de Batuíra, extraído do livro Vozes do Grande Além: Clareemos o cérebro no estudo renovador e limpemos o coração com o esmeril do trabalho, e, então, compreenderemos que o Senhor nos emprestou os preciosos dons que nos valorizam a existência, não para rendermos culto às facilidades sem substância, engrossando a larga fileira dos pedinchões e preguiçosos inveterados, mas sim para que sejamos dignos companheiros da luz, caminhando ao encontro de seu amor e de sua sabedoria, com os nossos próprios pés. Saibamos, assim, aprender a servir para merecer. (17) Todos aqueles que se colocam à disposição da Espiritualidade para a tarefa-amor e intercedem por outrem pelo recurso primoroso da oração, compreenderam a proposta da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO. Por isso, para compor a reunião basta estar imbuído da vontade de “servir para merecer”, iluminando a mente com o estudo edificante e o trabalho sincero. Diferentemente do que alguns acreditam, os participantes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO são seres que receberam o convite e souberam aproveitar a oportunidade, desenvolvendo a capacidade de servir. Através do recurso da oração eles se tornam pilares das reuniões e têm grande valor, podendo, inclusive, influenciar positiva ou negativamente nos resultados auferidos, conforme o equilíbrio e a concentração desprendidos durante a tarefa. “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” (I Coríntios, 5:6) Passistas e Orientadores: Como os médiuns vibracionais, que atuam sustentando através da oração e da mente os trabalhos de intercâmbio entre os planos espiritual e material, as presenças de passistas e orientadores são de grande relevância nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. A tarefa do orientador, de acordo com o número de participantes da reunião, pode ser exercida pelo dirigente ou coordenador (como já havíamos dito anteriormente). Esclarecer, sob a ótica espírita é: 76 ...clarear o raciocínio; é levar (...) [a entidade atendida], (...) através de uma série de reflexões, a entender determinado problema que ela traz consigo e que não consegue resolver; ou fazê-la compreender que as suas atitudes representam um problema para terceiros, com agravantes para ela mesma. É levá-la a modificar conceitos errôneos, distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara, concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor. (18) . O esclarecimento justo e sincero somado ao amadurecimento e desejo de mudança promove grandes transformações e libertações de almas em profundo sofrimento. Educar não é impor de modo rude formas de procedimentos adequados, mas, ao contrário, é um exercício de boa vontade, paciência e persistência, que acomoda o conteúdo no coração do aprendiz. Não cabe ao tarefeiro julgar comportamentos ou ajuizar valores, mesmo que eles pareçam vergonhosos aos olhos humanos. O esclarecedor, nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO deve, humildemente, com carinho, paciência e Evangelho Vivo auxiliar aos necessitados, iluminando-os através do conhecimento e do estudo doutrinário-evangélicos. Não havendo manifestações mediúnicas ostensivas nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, o esclarecimento será baseado apenas nos estudos realizados e nas orientações dadas aos pacientes, pertinentes às respectivas terapêuticas. O passista é um médium que doa seus melhores fluidos aos sofredores. O passe é uma doação, e só se pode dar quando se possui; portanto, é fundamental que o passista goze de boa saúde, tanto do corpo físico quanto da mente O passe harmoniza o espírito e equilibra as energias do ambiente redistribuindo-as conforme a necessidade e o merecimento de cada participante. O concurso geral, prestado pelo conjunto dos companheiros encarnados nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO - sejam eles dirigentes, vibracionais, esclarecedores ou passistas-, pode ser exemplificado pelas observações do Espírito de André Luiz, relatadas na obra Missionários da Luz: Vários ajudantes de serviço recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico. (...) Esse material - explicou-me ele, bondosamente - representa vigorosos recursos plásticos para que os benfeitores de nossa esfera se façam visíveis aos irmãos perturbados e aflitos ou para que materializem provisoriamente certas imagens ou quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas infelizes. Com os raios e energias, de variada expressão, emitidos pelo homem encarnado, podemos formar certos serviços de importância para todos aqueles que se encontrem presos ao padrão vibratório do homem comum, não obstante permanecerem distantes do corpo físico. (...) Alexandre chamava a si um dos diversos cooperadores que manipulavam os fluidos e forças recolhidas na sala. (...) Em todos os serviços, o material plástico recolhido das emanações dos colaboradores encarnados satisfez eficientemente. Não era mobilizado apenas pelos amigos de mais nobre condição, que necessitavam fazerem-se visíveis aos comunicantes; era empregado também na fabricação momentânea de quadros transitórios e de idéias-formas, que agiam beneficamente sobre o ânimo dos infelizes, em luta consigo mesmos. (...) (19) 77 As considerações do Espírito de André Luiz são extremamente esclarecedoras, pois nos informam que todo participante de REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO desempenha função relevante, para que o TODO do serviço funcione tão harmoniosamente quanto seja possível. Pacientes e Visitantes: Cada grupo, com o passar do tempo e as experiências hauridas, vai formando um perfil específico e próprio de trabalho. É importante lembrar o valor dessa comunhão, quando estes estão sintonizados nas vibrações do Bem. No entanto, cada participante possui uma individualidade própria que deve ser respeitada e que pode interferir nos padrões vibratórios da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO. Diante dessa certeza, entendemos não existir uma “fórmula” unificada e universal para a realização desses encontros nos templos espíritas, salvo a fidelidade que cada componente deve ter com a prática do Bem com Jesus. Através das irradiações da prece coletiva, muitos irmãos são atendidos, sofrimentos são amenizados, espíritos esclarecidos, etc., e, nem sempre é necessária a divulgação desses resultados. Desse modo, devemos tentar preservar o ambiente da reunião, com o propósito de que ele não seja “contaminado” por energias que possam enfraquecer ou desviar os nossos ideais evangélico-doutrinários. De conformidade com o exposto, cabe ao coordenador da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, tutelado pelos Mentores da tarefa, optar em manter os pacientes encarnados presentes ou, ainda, permitir que visitantes assistam aos trabalhos. Imbuído de autoridade moral e proteção espiritual, o dirigente está apto a deliberar em nome do grupo o melhor procedimento a ser seguido. Por outro lado, os participantes devem aceitar com resignação e amor sua decisão, para que os trabalhos sejam conduzidos harmoniosamente. 6.4 – Reunião: Condições de Realização Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam se encontrarão na assembléia. (...) O que atrai (a proteção de Jesus) não é o maior ou menor número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez ou vinte (...) (04 – Cap. XXVIII, item 5). 78 Em termos práticos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é dividida em duas partes: a primeira destina-se a breves leituras doutrinárias e exposição sucinta dos casos a serem atendidos, assim como aplicação da terapêutica do passe aos irmãos em tratamento. No segundo momento, os tarefeiros incumbidos do trabalho deverão colocar-se em colóquio com Deus e em sintonia com o grupo. As rogativas, os agradecimentos e os louvores devem ser discretos e sinceros, descrevendo, caso a reunião comporte, as recomendações sugeridas pela Espiritualidade. Entendemos não existirem fórmulas herméticas para a realização de um encontro de TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO com fulcro na oração, pois, conforme o próprio Mestre Jesus nos ensinou: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Ambiente Físico e Espiritual: Não pretendendo o Espiritismo criar rituais e roteiros a serem praticados durante os encontros de seus seguidores e, muito menos, recriar templos em que haja ostentações hierárquicas de postos e riquezas, sugerimos que a simplicidade que marcou o verdadeiro exemplo que temos para seguir: Jesus (questão 625, de O Livro dos Espíritos) permaneça entre os componentes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. Dessa forma, sobre o ambiente físico e espiritual, o que podemos orientar é que ele seja saneado e respeitosamente preparado para promover auxílios em nível espiritual e físico. O ambiente físico (a sala ou local em que ocorrerão as reuniões) deve ser limpo e simples, se possível reservado apenas para as tarefas de tratamentos espirituais e atividades evangélicodoutrinárias, ou seja, reuniões de caráter administrativo-financeiro devem ocorrer em outros espaços da Casa Espírita, a secretaria ou a biblioteca, por exemplo. A sala de REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, por receber muitos irmãos sofredores, deve ser mantida e resguardada como um santuário sagrado, em que apenas conversas edificantes possam ocorrer, evitando-se assim celebrações, falatórios desnecessários, maledicências, intrigas, etc. Enfim, como em um hospital, em sua ala mais sensível (blocos cirúrgicos e UTIs), o ambiente deve ser preservado para manter-se calmo e equilibrado. Concomitantemente ao preparo físico ocorre o saneamento espiritual. Quando nos empenhamos na tarefa, com toda certeza contamos com os bons espíritos para a proteção de todos. Por essa razão, muito antes de ter início o trabalho no plano físico, os Mentores e Trabalhadores espirituais já iniciam o preparo do ambiente e o equilíbrio das energias 79 vibratórias salutares que ali serão manipuladas. Dessa maneira, justifica-se o ISOLAMENTO COM O MUNDO EXTERIOR através de atitudes como: a) evitar ornamentos e objetos estranhos à reunião, que possam sugerir pensamentos descontextualizados com a tarefa; b) abolir o uso de velas, defumadores, incensos, vestimentas especiais, amuletos, símbolos, ídolos, ou quaisquer outros objetos que sugiram a implantação de rituais; c) manter um comportamento respeitoso. O silêncio é uma prece, quando não podemos trazer mensagens edificantes. As gargalhadas, os encontros efusivos e escandalosos, o falatório desnecessário e os gritos não são condizentes com este ambiente, altamente espiritualizado. d) desligar aparelhos celulares e/ou quaisquer outros eletrônicos. Não basta deixá-los no modo “silencioso” ou “vibratório”. Lembremo-nos: as atitudes e as interferências são físicas e espirituais. e) Antes de iniciar a reunião, os componentes devem procurar atender suas necessidades de ordem física, tais como sede e desejo de ir ao banheiro, para que a concentração, durante os trabalhos, não seja comprometida. f) concentrar-se nas preces, hinos e orientações, buscando sinceramente o desligamento com os barulhos advindos de outros ambientes externos; g) NEUTRALIZAR PERTURBAÇÕES INTERNAS, pela concentração em pensamentos positivos e edificantes. Procurar fixar a mente em imagens naturais, que suscitem a beleza e a grandeza da criação Divina. Ter em mente que, durante a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, os problemas de ordem pessoal deverão ficar em segundo plano, a fim de privilegiar os enfermos que buscam atendimento. h) nunca fixar o pensamento em questões particulares ou evocar, mentalmente, por espíritos já desencarnados. Como já nos dizia o médium Chico Xavier “o telefone deve tocar do plano espiritual para a dimensão dos encarnados”. Por desconhecermos as condições de parentes e amigos desencarnados no plano espiritual devemos nos recolher em preces por eles, sem exigir manifestações que não sejam possíveis ou que causariam dificuldades e sofrimentos. Estas e outras sugestões (que certamente surgirão ao longo da jornada) devem ser observadas por todos e, quando necessário, o dirigente deverá solicitar a mudança de postura daqueles que não cooperarem. 80 Partes da Reunião: Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância com o espírito de caridade que ele personifica. Tal o caráter de que se devem revestir-se as reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons Espíritos. (04 – XXVIII, item 5) A REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO deve ter INÍCIO sempre com uma Prece Inicial invocando a Deus ou a Jesus a proteção do ambiente, pedindo o amparo dos bons espíritos para os componentes da tarefa e discernimento a todos para a compreensão das orientações e dos objetivos programados para o encontro. Não há fórmulas ou preces prontas, a melhor oração é aquela que brota na simplicidade de um coração sincero. Inicia-se a primeira parte da reunião, em que é feito um estudo evangélico-doutrinário coordenado pelo dirigente e auxiliado por um dos integrantes. O estudo tem por objetivo o norteamento da reunião. Em muitas ocasiões, ele antecipa os atendimentos e os rumos subseqüentes da tarefa. Nesse momento pode surgir uma dúvida: O que estudar antes das REUNIÔES MEDIÚNICAS? Normalmente, sugere-se que o grupo estude trechos das obras básicas da Codificação do Espiritismo, o Pentateuco codificado por Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese. O Evangelho de Jesus, escrito pelos evangelistas e apóstolos do cristianismo, também é recomendado, bem como as obras de outros autores espíritas, como os Espíritos de Bezerra de Menezes, Emmanuel, Joanna de Angelis, André Luiz, entre outros recomendados pelas Federativas Espíritas. O estudo, no entanto, não pode tornar-se muito extenso e cansativo. O objetivo não é encharcar os participantes de intelectualismo, mas simplesmente preparar o curso dos trabalhos, equilibrando as vibrações ambientes. Encerrada a primeira fase, com os estudos e comentários, inicia-se a segunda parte da reunião. Novamente o dirigente convida os participantes a manterem-se confiantes no trabalho e propõe uma ideoplastia (ver item 6.2), que possa sustentar a concentração dos participantes. No curso normal de uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO a condução flui conforme o planejado pelos Protetores Espirituais. Cabe, nesses momentos, confiar na ação e proteção divina e entregar-se aos trabalhos. Mesmo assim, não se dispensa a vigilância e a prece 81 constantes. Pode o dirigente, no meio dos trabalhos, solicitar que alguém faça uma prece pelo grupo, a fim de garantir o ambiente vibracional. Os participantes, através de intuições ou “quadros mentais”, poderão receber orientações individuais, generalizadas e/ou coletivas, mensagens de consolo, auxílios às entidades enfermiças e sofredoras. Para tanto, deve-se manter o ambiente de oração no mais alto grau de respeito, até que os Mentores indiquem ao dirigente o momento de encerrar os trabalhos. O encerramento deve ser feito com uma prece a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos pelo amparo e proteção. Agradecer sempre, aos Benfeitores espirituais, as bênçãos hauridas, os atendimentos ocorridos e a oportunidade do trabalho. Os assuntos trabalhados durante a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO devem ser registrados em pequenas atas ou, quando permitido, em gravações. O objetivo desses registros, que devem ser mantidos reservados, é avaliar o andamento das reuniões. Sem estabelecer julgamentos. Cabe ao dirigente observar e comparar os acontecimentos durante a tarefa, a receptividade dos pacientes ao tratamento, sua própria postura na coordenação e a condução da equipe. Após o término da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, quando o ambiente favorecer, é importante ouvir os participantes e as impressões vividas por cada um. O coordenador deve ser gentil ao ouvir, mas disciplinado e firme para interromper e evitar que o que deveria ser apenas um breve comentário torne-se uma palestra individualista. Por fim, deve o dirigente lembrar aos participantes que apesar de encerrada no plano físico, a tarefa e o tratamento poderão estender-se durante o sono, aproveitando para relembrar a importância da prece e vigilância no retorno aos lares. Requisitos para Integrar uma Reunião de Irradiação: Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos. (Mt, 22:14) “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Esta instrução está associada à responsabilidade daquele que recebe o conhecimento. Muitos são convidados ao banquete, mas nem todos dele poderão servir-se. Meditemos com o coração sobre a mensagem de Jesus. Pensando a educação como precioso instrumento de modificação moral, Allan Kardec nos esclarece, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVII, item 4, que “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” É preciso esforço individual, a ser empregado na 82 reforma íntima, para que o trabalho do grupo seja eficaz. Portanto, vale relembrar a importância de cultivarmos virtudes e hábitos como: a) confiança; b) perseverança; c) fé; d) caridade; e) concentração; f) harmonia; g) disciplina; h) retidão moral; i) vontade de servir; j) amor; k) estudo constante; l) humildade; m) vontade de ajudar; n) simplicidade; o) responsabilidade; p) assiduidade; q) pontualidade. Essas e muitas outras características enumeradas aqui poderiam ser desenvolvidas em reflexões filosóficas de profunda sabedoria. Porém, não nos cabe promovê-las. É preciso que aquele que tem o interesse despertado e estimulado ao trabalho, pela conscientização de suas responsabilidades, coopere espontaneamente, seguindo apenas os impositivos de seu coração e mente. Os requisitos são diversos e variáveis, todavia os citados até aqui, associados ao poder da oração garantem a realização dos desígnios da Providência Divina. 6.5 – Palavras Finais Se andarmos na luz como Ele está, temos comunhão uns com os outros... (I João, 1:7) As orientações propostas neste estudo não podem resumir-se num corpo fechado e estanque de regras a serem cegamente cumpridas. Pelo contrário, o desafio do Movimento Espírita, no século XXI, é caminhar com Jesus, dinamizando suas palavras; descerrar novos valores enfeixados na codificação kardequiana e cumprir com fidelidade o compromisso assumido na arregimentação de aquisições positivas para o Mundo de Regeneração. 83 Doar-se como o Apóstolo Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou”.(Atos, 3:6), é o nosso desafio para o AGORA. Devemos assim, perseverar e sermos coerentes em nossas realizações, lembrando-nos de que não é a posição que exalta o homem de bem, mas seu o comportamento moral e a retidão com que este se conduz dentro dela. Os méritos ou sucessos obtidos nas tarefas executadas através dos Centros Espíritas, pelas frentes de trabalho, que envolvem, dentre outros, a RECEPÇÃO, o ATENDIMENTO FRATERNO, o incentivo e a implantação do EVANGELHO NO LAR, as VISITAS AOS LARES e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO pertencem ao Senhor da Vida. Desse modo, tenhamos a certeza que, para o trabalhador devotado do Cristo, nunca faltarão auxílios de sustentação. Os Amigos Espirituais, quando encontram disposição íntima de melhoramento e serviço, procuram investir recursos que beneficiam o trabalho que realizamos e nos auxiliam na superação das dificuldades. É o que nos esclarece o instrutor Alexandre, em Missionários da luz: “Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, podemos ministrar o benefício espiritual com relativa eficiência. Todos os enfermos podem procurar a saúde; todos os desviados, quando desejam, retornam ao equilíbrio. Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos completamente bons, seria impossível a redenção humana. Qualquer cota de boa vontade e espírito de serviço recebe de nossa parte a melhor atenção. (...) Quando nos referimos às qualidades necessárias aos servidores desse campo de auxílio, a ninguém desejamos desencorajar, mas orientar as aspirações do trabalhador para que sua tarefa cresça em valores positivos e eternos”. (19) 84 6.6 – Referências Bibliográficas (01) APOSTILAS DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA: Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Brasília-DF: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2005. (02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2003 (03) KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. (04) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (05) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002 (06) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração). (07) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973. (08) EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005. (09) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005. (10) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001. (11) KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. (12) DENIS, Leon. No Invisível. 19ª edição. Tradução Leopoldo Cirne. Brasília: FEB. 1987. (13) EMMANUEL, (Espírito). Livro da Esperança. 4ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1983. (14) EMMANUEL, (Espírito). Instruções Psicofônicas. 7ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1995. (15) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Desobsessão. 9ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Brasília: FEB, 1987. (16) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004. (17) XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além. Diversos Espíritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: FEB.2003. (18) SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão. 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. 85 (19) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (20) DENIS, Leon. O grande enigma. 10ª edição. Rio de Janeiro: FEB. 1992. 86 SATES SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL PASSE ESPÍRITA “E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te”. (Atos, 3:6) 87 7 – PASSE ESPÍRITA 7.1 – Introdução A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santa e religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora. (01 – Cap. 26, item 10) O PASSE compõe as terapêuticas utilizadas na Casa Espírita e visa a auxiliar o irmão necessitado na busca do equilíbrio de suas energias vitais e na harmonização mental. Conforme postulado pela Doutrina dos Espíritos, “o passe é um dos veículos de que se utilizam os Bons Espíritos para atender aos necessitados, de acordo com a vontade de Deus, e não para atender aos homens...” (02, p. 32). Em rápidas reflexões, a proposta desta apostila é, além de complementar as outras apostilas como, por exemplo, a RECEPÇÃO, o ATENDIMENTO FRATERNO, as VISITAS aos LARES e HOSPITAIS, a implantação do EVANGELHO NO LAR e as reuniões de PRECES E IRRADIAÇÕES, refletir e, a partir daí, rever a prática do PASSE no Centro Espírita, que para muitos, pela constância com que ocorre, acaba por torna-se uma seqüência de repetições automáticas carentes de sentimento fraterno. O PASSE utilizado como manipulação de fluídos magnéticos é uma prática muito antiga, tendo sido registrada em textos do Velho Testamento “Josué, filho de Num, ficou cheio do Espírito de Sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto suas mãos. Os israelitas obedeceram-lhe, assim, como o Senhor tinha ordenado a Moisés” (Deu, 34:9-12). Na Antiguidade não cristã os magos da Caldéia e os brâmanes da Índia curavam pela aplicação do olhar, e, no Egito, “as multidões acorriam ao templo da deusa Isis, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos.” (06). No Novo Testamento, temos registros de curas obtidas pelo intermédio dos evangelistas e cristãos, nele muitos são os relatos sobre os feitos de Jesus que pela imposição da mão, pelo toque ou pelo sopro limpava os enfermos e aliviava os sofredores. Na atualidade, inúmeros são os irmãos infelizes, desiludidos, doentes do corpo e da alma que buscam, nos Centros Espíritas, lenitivos para suas aflições. Por isso, é valioso o esclarecimento para o recém-chegado. É preciso que, logo nos primeiros contatos, de modo adequado e fraterno, ele fique ciente de que um Centro Espírita, comprometido com a Doutrina Espírita e com o Evangelho de Jesus, é um lugar em que ele poderá obter a 88 terapêutica do PASSE, conjugado com orientações para as suas necessidades, desde que desenvolva a fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seu desejo de curar-se. A Doutrina Espírita permitiu-nos entender que vivemos imersos num gigantesco mundo fluídico, que nossos pensamentos utilizam esses fluídos como veículo e, ainda, que através de técnicas e estudos podemos empregar essas energias magnéticas em benefício próprio e de outrem. Pela dedicação à vivência evangélica e à prática do Bem aprimoramos nossos hábitos e transformamos nossos impulsos inferiores em energias positivas a serem canalizadas no exercício do amor fraternal. O labor na Casa Espírita, principalmente na tarefa do PASSE, é atitude séria e requer cuidados especiais do trabalhador, além de dedicação e fidelidade à Doutrina dos Espíritos e ao Evangelho de Jesus. A Casa Espírita, com suas várias frentes de auxílio ao próximo, necessita capacitar e qualificar seus trabalhadores para as tarefas do dia-a-dia, pois são eles os que primeiro devem ter consciência da importância da missão que têm a cumprir. Posto isso, passaremos a desenvolver algumas reflexões necessárias ao uso da terapêutica do PASSE, considerando que por promover contato direto com o público, exige esta tarefa muita dedicação e amor por parte de quem se dispõe a exercê-la. “A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra da sabedoria; a outro, uma palavra de ciência por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito”. (I Cor, 12:7-9) 7.2 – O Passe Numa consulta ao Dicionário da Língua Portuguesa, organizado pelo Professor Aurélio Buarque de Hollanda, verificamos que a palavra “Passe”, S. m. é o “Ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la.” Para a Doutrina dos Espíritos o PASSE é: “ (...) uma transfusão de energias, alterando o campo celular. (...) Na assistência magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. (...) O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo, com o respeito e a confiança que o valorizam”. (07) Para o passista, o PASSE é sublime oportunidade de trabalho de doação fluídica em que o cooperador dedicado a auxiliar o irmão, por extensão, é ajudado e amparado pelos assistentes do Bem. 89 A compreensão da importância do PASSE passa pelo entendimento de alguns conceitos, tais como: a) DEUS – “inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas” (03 – q.1) b) ESPÍRITO – “O princípio inteligente do Universo” (03 – q. 23) c) FLUÍDO CÓSMICO – “é a matéria elementar primitiva, cujas modificações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o de transformação do fluído em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados. (04 – Cap. IV e X) d) FLUÍDOS MAGNÉTICOS – “ligam todos os mundos entre si no Universo, como todos os Espíritos, encarnados ou não. É um laço universal pelo qual Deus nos ligou a todos, como que para formamos um único ser e para nos facilitar a ascensão ao seu seio, conjugando-nos as forças. Os fluídos se reúnem pela ação magnética. Tudo em a natureza é magnetismo. Tudo é atração produzida por esse agente universal.” (05) A seguir tentaremos compreender o mecanismo do passe aplicado nas Casas Espíritas. Mecanismo do Passe: Ao contrário do que podem pensar algumas pessoas, nós, espíritos vinculados ao orbe terrestre, estamos constantemente irradiando e recebendo fluidos do meio em que habitamos, dos encarnados ou não, numa transmissão tão natural e automática que, na maioria das vezes, escapa à nossa percepção. Sempre que pensamos e sentimos, estamos movimentando fluidos ou energias. Cada estado de alma, cada pensamento, cada emoção vivida, cada sensação corresponde à emissão e/ou à absorção de um tipo de energia, que entra pelos centros de força espiritual, mediante a sua natureza, incorporando-se à tessitura do perispírito (corpo espiritual) e trazendo-nos estados de mal-estar ou de bem-estar. André Luiz narra, em Mecanismos da Mediunidade, o processo de assimilação e de retenção das energias pelo paciente durante o PASSE magnético: Estabelecido o clima de confiança, qual acontece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o 90 necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro. Ao toque da energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados o próprio enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emite ondas mentais características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue. (08 – p. 160-161) Neste ponto, vale destacar que, tanto quem recebe como quem doa (atendido e passista), ambos, de acordo com o merecimento assimilarão os recursos vitais emanados pela movimentação de energia. Aqui, cabe-nos um parêntese para detalharmos, sob a orientação de André Luiz, o processo de assimilação de correntes mentais, promovido pela prece sincera que facilita o recebimento de recursos vitais: “Vimos aqui o fenômeno da perfeita assimilação das correntes mentais que preside habitualmente a quase todos os fatos mediúnicos. (...) A emissão mental de Clementino, condensando-lhe o pensamento e a vontade, envolve Raul Silva em profusão de raios que lhe alcançam o interior, primeiramente pelos poros, que são miríades de antenas sobre as quais essa emissão adquire o aspecto de impressões fracas e indecisas. Essas impressões apoiam-se nos centros do corpo espiritual, que funcionam à guisa de condensadores, atingem, de imediato, os cabos do sistema nervoso, a desempenharem o papel de preciosas bobinas de indução, acumulando-se aí num átimo e reconstituindo-se, automaticamente, no cérebro, onde possuímos centenas de centros motores, semelhantes a milagroso teclado de eletroímãs ligados uns aos outros e em cujos fulcros dinâmicos se processam as ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas, através do pensamento ou da palavra”. (07 – Cap. 5) Não menos importante, é o papel do passe magnético, que em forma de energias circulantes percorre a estrutura física e espiritual do paciente e do(s) passista(s), promovendo curas e dispersões de fluidos, processo aqui narrado por André Luiz: Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magnetize naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência, se recomponha para o equilíbrio indispensável. (09 – Cap. XV, 2ª Parte) Tipos de Passe: A tipologia apresentada a seguir deve ser entendida apenas como sugestão quanto à aplicação do PASSE NA CASA ESPÍRITA. Em momento algum deverá o passista ficar preso à rigidez das regras. Consideramos que o tarefeiro comprometido com a Doutrina e com o Evangelho nunca estará desamparado em sua lide diária. No entanto, devido aos excessos de gesticulações, movimentos improvisados e falatórios desnecessários ocorridos durante a 91 aplicação do passe, nos próximos tópicos, trataremos de métodos e técnicas que podem ser utilizados, para facilitar o trabalho do PASSE. Assim, o PASSE foi dividido em sete tipos distintos, quais sejam: a) Passe Magnético; b) Passe Espiritual; c) Passe Humano-Espiritual; d) Passe Mediúnico; e) Passe Coletivo; f) Autopasse; g) Passe à Distância. a) PASSE MAGNÉTICO: é aquele ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio passista. Normalmente, trata-se de pessoa portadora de abundante força magnética, que a transfere ao doente. O magnetizador mantém sua força mediante alimentação, ginástica, repouso, controle sexual e mente positiva. O magnetizador pode exercer algum tipo de atividade profissional científica, e negar a existência de Deus e a colaboração dos espíritos. Informa-nos Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que “...O magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde.” (01 – Cap. 26, 10) b) PASSE ESPIRITUAL: é aquele ministrado pelos próprios espíritos sem o concurso de intermediários. Amplamente utilizados pelas entidades superiores que, desse modo, encaminham recursos curadores para o necessitado, muitas vezes, sem que ele próprio perceba. Observada a sintonia e considerado o mérito ou a necessidade do paciente, os Espíritos agem com a maior eficiência. O PASSE espiritual deve ser divulgado como sendo um recurso acessível a todos, a fim de que um número maior de pessoas possam se valer dele, fixando seus recursos curativos, para tanto, basta a oração sincera, que coloca o paciente em estado receptivo. O passe espiritual oferece ainda, a vantagem de evitar que o interessado fique na dependência da presença do passista. O passe espiritual é o que se verifica pela doação fluídica direta dos Espíritos ao paciente, sem interferência de médiuns. Na prática dos encarnados, contudo, a presença do médium, nesse caso, serve apenas como “canal” dos fluidos espirituais. (02) c) PASSE HUMANO-ESPIRITUAL: é aquele no qual os Espíritos combinam seus fluidos com os do passista. O encarnado, rogando o auxílio dos benfeitores, é ajudado por sua 92 vontade sincera, por seu sentimento puro e por seu pensamento conectado ao dos bons Espíritos, que lhe aumenta, valoriza e sutiliza os fluídos, associando-os aos seus próprios, mais leves e eficazes e os dirigem aos centros de energias do paciente, que convergem os benefícios para os órgãos necessitados. Não podemos nos esquecer de que o concurso dos espíritos poderá ser espontâneo ou provocado por uma prece sincera do passista e do paciente. A prece é recurso valoroso, pois o fluido humano está, na maioria das vezes, sempre impregnado de impurezas físicas e morais; já os fluidos dos bons espíritos são mais puros e, em razão disso, suas propriedades são mais ativas. Neste contexto, a prece funciona como um elo fluídico entre encarnados e desencarnados. d) PASSE MEDIÚNICO: é aquele no qual os Espíritos atuam através de um encarnado mediunizado, utilizando-se das faculdades medianímicas deste. Em virtude das sutilezas do processo mediúnico e da necessidade dos Centros Espíritas de atenderem um número elevado de pacientes, desaconselhamos essa modalidade de passe, posto que, durante sua aplicação, algumas situações impróprias poderiam surgir, desestabilizando o trabalho do passista e/ou do grupo. Entre esses inconvenientes, podemos citar: i. possibilidade de perguntas que fogem, pela sua natureza, aos objetivos da Doutrina Espírita e, por conseqüência, da tarefa do passe; ii. tendência a atribuir aos espíritos comunicantes superioridade que eles podem ou não possuir; iii. despreparo do assistido para presenciar manifestações mediúnicas, fato que poderá impressioná-lo negativamente, atrapalhando o objetivo da tarefa; iv. e, por fim, possibilidade de diferenciação entre os passistas, o que é indesejável no ambiente da Casa Espírita. e) PASSE COLETIVO: “O passe coletivo é o passe aplicado por um ou mais passistas a um grupo de pessoas. É comum nas casas espíritas o uso do passe coletivo no início ou ao final das reuniões públicas, procurando-se levar o benefício a todos os freqüentadores. Ele também pode ser executado dividindo-se os pacientes em pequenos grupos, sendo o passe aplicado a cada um desses grupos sucessivamente.(...) Deve-se ter muito cuidado para não passar uma imagem de uma apresentação teatral. Os resultados do passe coletivo podem ser tão bons quanto os do passe individual, desde que aplicado com método e após conveniente preparação dos pacientes. Deve-se recorrer ao passe coletivo sempre que o número de passistas for insuficiente para atender individualmente a todos os necessitados”. (10) 93 f) AUTOPASSE – trata-se da oração, da prece sincera proferida com o fito de obter bons fluidos e auto-harmonia. Assim, o autopasse é um cuidado necessário de que o passista deve se utilizar antes e após a tarefa, pois ele purifica os pensamentos, otimizando as energias. Ao iniciar e ao concluir a aplicação de passes, é importantíssimo que o passista proceda à limpeza do seu próprio envoltório fluídico, através do que se costuma chamar autopasse. O autopasse inicial tem o objetivo de retirar componentes fluídicos inadequados que se tenham agregado ao organismo do passista, em virtude de suas atividades anteriores. No final, o autopasse visa a libertar o passista de fluidos que tenha, inadvertidamente, captado dos pacientes. (...) Para concluir o autopasse, deve o passista estabelecer uma ligação mental com as regiões vibratórias superiores e imaginar que está sendo banhado por uma luminosidade suave que vai envolvendo-o lentamente, primeiro a cabeça, depois o tronco e os braços, e assim progressivamente, até atingir os pés. O passista deve manter assim por alguns momentos, deixando que as vibrações superiores restabeleçam seu equilíbrio e harmonia. (10 – cap. 2) g) PASSE A DISTÂNCIA: Muito difundido no meio espírita através da irradiação, em que o médium sintoniza-se com o paciente a distância e por ele canaliza fluidos salutares e benéficos. Para sua concretização operam Espíritos especializados, tendo na prece o veículo indispensável dos recursos curadores. Sua eficiência está na dependência exclusivamente de fatores mentais, pelo que são dispensáveis a anotação, a leitura de cada nome ou as preces individuais. Importante, contudo, é que o interessado, no momento do passe, esteja em prece ou numa tarefa edificante e, de outro lado, que o médium, também em comunhão com benfeitores espirituais, mentalize o enfermo para o qual deseja ajuda espiritual. Modalidades de Aplicação de Passes: No exercício do PASSE, verificam-se geralmente dois aspectos principais: a) Dispersão: retirada de fluidos doentios, chamada limpeza fluídica e a redistribuição das cargas fluídicas recebidas ou doadas; b) Concentração: canalização de fluídos curadores em áreas que necessitem de tratamento e harmonia energética. PASSE DE DISPERSÃO: Este passe tem a propriedade de espargir e suprimir fluidos negativos, porém ele não se limita apenas a este único objetivo, ele também “exerce o papel 94 de reordenar as camadas fluídicas do paciente, dando a elas a estabilidade devida”; comporta-se como um redistribuidor de cargas energéticas, evitando a concentração destas em locais isolados. Geralmente executado com as mãos espalmadas e estendidas na linha mediana do corpo, de onde próximo aos membros inferiores, se abrem os braços em sentido inclinado e com movimento rápido. Ao fim de cada movimento, fechar e abrir as mãos para trás, mentalizando a dispersão dos fluídos agregados nas mãos. Atentemos, todavia, para a posição mental do médium, pois não é o simples arcar de dedos que fará com que os fluidos dispersem, suas disposições e seu comando mental nesse sentido são indispensáveis. (02) PASSE LONGITUDINAL: Amplamente adotado, são aqueles ministrados ao longo do corpo, da cabeça aos pés e de cima para baixo, com as mãos abertas e os braços estendidos. Inicia-se na altura da cabeça, descendo lentamente e com flexibilidade até os membros inferiores. Destina-se à dispersão dos fluídos ou a sua distribuição eqüitativa por todo o corpo. Não ocorrendo ao passista intuição sobre a conveniência de aplicação de outra modalidade de passe, o passe longitudinal atenderá a todas as necessidades. PASSE CIRCULAR: Este passe é executado com a palma das mãos ou com os dedos em movimentos rotatórios. Enquanto uma das mãos permanece espalmada, de preferência à altura da região frontal, a outra se movimenta em círculos sobre a região afetada. Ele é muito benéfico em áreas com maior concentração e movimentação de fluídos. Se aplicado sobre o cérebro o passe circular pode favorecer o transe mediúnico; quando demorado, pode torna-se desconfortável tanto para o passista quanto para o paciente. PASSE TRANSVERSAL: Este passe tem grande poder dispersivo, mas pode apresentar alguns inconvenientes quanto ao seu uso na Casa Espírita. Vejamos o motivo: são executados com os braços distendidos à frente e as mãos, inicialmente, posicionadas a uma distância do paciente entre 30 e 50cm; (...) O operador, colocado de pé e defronte do magnetizado, estende os dois braços diante, as mãos abertas, com a palma e os polegares para baixo; nessa posição, ele abre rapidamente e com muita energia os braços no sentido horizontal e depois volta com vivacidade à posição primitiva para recomeçar logo a seguir da mesma maneira. (02) PASSE PERPENDICULAR: Como os passes transversais, esta modalidade de passe é extremamente dispersiva. Ele é aplicado a uma distância de 5cm do corpo do paciente, com as mãos estendidas sobre a cabeça e descendo-se rapidamente, sendo uma pela frente e a outra 95 por trás do corpo do paciente. Conforme podemos deduzir, por uma questão de praticidade e economia espacial, este passe é impróprio para a Casa Espírita, porque tanto o passista quanto o paciente devem se movimentar durante sua aplicação e ambos deverão permanecer de pé. SOPRO CURATIVO (ou INSUFLAÇÃO): Esta modalidade terapêutica apresenta-se de dois modos distintos, tanto quanto ao método como ao objetivo, vejamos: a) Insuflação ou sopro frio: executado a uma distância de 30cm do paciente, é uma seqüência de sopros rápidos e vigorosos sobre a área que se deseja atuar. O efeito desse método é refrigerante e calmante e funciona como precioso processo de dispersão. b) Insuflação ou sofro quente: ao contrário da modalidade anterior, esta é executada na forma de contato físico: coloca-se um lenço sobre a parte que se deseja magnetizar; após uma longa inspiração o passista deverá colocar sua boca sobre o lenço e começar a soprar uma expiração muito forte e mais prolongada possível. O procedimento poderá ser repetido se necessário por aproximadamente 06 (seis) vezes. O efeito favorece a concentração de fluídos. Esta técnica, mesmo sendo eficiente, apresenta inconvenientes ao ser aplicada na Casa Espírita. Contudo poderá ser utilizada com êxito por passistas que observem determinados fatores de ordem educativa, moral e alimentar. Somados a esses, é necessário que ele goze de boa saúde física, principalmente, no que se refere aos órgãos ligados aos aparelhos respiratório e digestivo, além do bom funcionamento do aparelho coronário. 7.3 – O Passista O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige muita colaboração de nossa parte. (11 – Calderaro, Espírito) Quem pode aplicar o passe? Em princípio, toda pessoa saudável, de boa vontade e disposição sincera para auxiliar o próximo pode aplicar passe. Pela fidelidade e disciplina no desempenho de suas obrigações, o tarefeiro melhora a si mesmo e aproxima-se de benfeitores dispostos a auxiliá-lo nas tarefas do Centro Espírita. Assim, para que o trabalhador possa servir com adequação é necessário que cultive alguns hábitos, que lhe assegurarão tutela de qualidade. São requisitos indispensáveis ao desempenho da tarefa do PASSE: a) REQUISITOS FÍSICOS b) REQUISITOS INTELECTUAIS c) REQUISITOS MORAIS 96 Requisitos Físicos: Deve o passista observar os seguintes itens: a) Buscar a limpeza de seu corpo, como condição mínima de higiene, que assegure a própria saúde e a do assistido; b) Procurar alimentar-se em quantidades proporcionais à sua condição orgânica. A deficiência acarreta desgaste; o excesso compromete o equilíbrio celular; c) Observar a qualidade dos alimentos ingeridos, sempre disciplinado pelo bom senso; certos alimentos oferecem maior concentração energética; d) Abster-se do álcool, fumo e outras substâncias tóxicas que prejudicam as funções psíquicas e orgânicas, comprometendo os fluídos transmitidos na tarefa, o que pode prejudicar a saúde do paciente, cujas condições físicas ou psíquicas devem merecer o máximo de atenção e cuidado; e) Esforçar-se para controlar e/ou suprimir o uso da carne, pelo menos no dia da tarefa deve ser feita a abstinência, pois a digestão desse alimento é mais demorada e exige maior desgaste de energias do tarefeiro; f) Primar pelo equilíbrio mental, psíquico e orgânico. Quando enfermo ou em desequilíbrio, deve o passista abster-se da tarefa; g) Observar e controlar a conduta sexual. Sexo desregrado é responsável por sérios danos à estrutura psíquica, orgânica e espiritual; h) Superar a atração pelo jogo de azar e outros vícios, os quais nos ligam psiquicamente a entidades em desequilíbrio, estabelecendo um processo de simbiose prejudicial a todos; i) Evitar atividades que exijam excessos e esgotamentos desnecessários, a fim de manter as reservas de energia vital em condições de servir. Requisitos Intelectuais: a) Ter conhecimentos específicos sobre o passe, seus efeitos, aplicações; a fim de que comentários e/ou práticas não doutrinários sejam evitados; b) Buscar conhecimento sobre os mecanismos que envolvem a tarefa com irmãos mais experientes, para melhor se preparar quando imprevistos surgirem e poder orientar outros irmãos espíritas se solicitado; c) Participar de grupos de estudos relacionados ao passe, às curas, às irradiações, aos tratamentos e aos centros de força humanos. A ausência de estudo significa estagnação e pode emperrar a dinamização da tarefa. 97 Requisitos Morais: a) Cultivar as virtudes e manter a conduta cristã, através da perseverança e da assiduidade no trabalho com os amigos espirituais; b) Ter disposição sincera de ajudar o próximo, encarando-o como irmão e filho de Deus; c) Conhecer e aceitar a posição de simples intermediário de recursos do mais Alto, não alimentando orgulho ou vaidade; d) Interessar-se constantemente pelo esclarecimento doutrinário; pelo aprimoramento da fé raciocinada de quem trabalha alicerçado nos ensinamentos de Jesus; e) Buscar a reforma íntima com base no Evangelho de Jesus e na procura constante do aperfeiçoamento moral; f) Tentar sublimar os impulsos negativos que geram desequilíbrios, buscando domínio sobre si mesmo; g) Controlar os sentimentos e emoções, mantendo uma atitude cristã e decidida em todas as circunstâncias; h) Fazer uso de palavras, gestos e ações positivas e edificantes. Quando um candidato ao trabalho de PASSE revela sincera disposição de servir, a Espiritualidade passa a prestar-lhe a mais efetiva assistência, a fim de que sua boa vontade seja utilizada e suas possibilidades ampliadas. Desde que possua disposição o trabalhador poderá ser utilizado, cabendo-lhe, no entanto, empenhar-se constantemente no esforço auto-educativo para estar à disposição de entidades especializadas, nas circunstâncias de emergência. Havendo possibilidade e oportunidade, deve o passista procurar conhecer pelo menos algumas noções de anatomia e fisiologia. A anatomia trata das partes do corpo humano, a fisiologia das funções de seus órgãos. Sempre que possível é de bom alvitre estudar os assuntos relacionados aos princípios fundamentais da Doutrina Espírita: a) Deus b) Jesus c) Espírito/ Perispírito d) Evolução/Livre Arbítrio/Causa e efeito e) Reencarnação/Pluralidade dos mundos habitados f) Imortalidade da alma/Vida futura/Plano Espiritual g) Mediunidade/Influência dos Espíritos em nossa vida/Influência dos Espíritos na natureza. 98 7.4 – Como Aplicar o Passe Para obter melhor resposta da emissão e recepção dos fluidos manipulados durante o Passe, o passista deve preparar-se convenientemente, a seguir alguns pontos a serem observados: Atitude íntima do Passista: a) Prece, suplicando o amparo do Alto e colocando-se a serviço do bem, com Jesus. Pela oração o passista pode sorver do plano espiritual as energias renovadoras e, posteriormente, aplicá-las em favor do irmão assistido; b) Concentração apenas na tarefa a ser desempenhada; c) Confiança e desejo de ajudar, condicionado à vontade de Deus; d) Serenidade para registrar intuitivamente orientações durante a aplicação do passe; e) Mentalização positiva para a recuperação do enfermo. Postura do Passista: O passe deve ser sempre silencioso e ministrado com simplicidade e naturalidade. Lembre-se de que para receber, transmitir e fixar energias basta utilizar exclusivamente a mente O passista deve manter-se sereno e gentil com os pacientes, sem propiciar conversações. DEVE EVITAR: a) Gestos bruscos, que possam machucar alguém; b) Gesticulações excessivas, que beiram à teatralização; c) Suspiros, bocejos, murmúrios, gritos, falas, cantigas e respiração ofegante. Alguns passistas acentuam a respiração durante o passe, deve-se procurar evitar a emissão de ruídos; d) Esfregar as mãos e estalar de dedos; e) Tocar o atendido ou passar a mão pelo seu corpo, sob qualquer pretexto. Observações Importantes: a) Se o passista tiver conhecimento sobre a matéria que relaciona os centros de força, os plexos correspondentes e suas localizações, poderá atuar mais livremente sobre as zonas afetadas do organismo do paciente, se para tanto for intuído. 99 b) As mãos espalmadas com naturalidade devem guardar uma distância de mais ou menos 20 centímetros do paciente. NUNCA TOQUE O PACIENTE durante a aplicação do passe. c) O passe em equipe pode ser ministrado por dois ou até quatro passistas, quando evidenciada a sua necessidade ou por orientação espiritual. d) Não há tempo estipulado para a duração do passe. Cabe ao passista usar o bom senso e obedecer à inspiração do momento, normalmente ele dura o tempo equivalente a uma prece sincera. e) O passe prolongado acumula mais fluídos o que pode torna-se irritante, especialmente no organismo de crianças, idosos e enfermos. f) O número de pessoas a serem atendidas não deve influenciar na duração do passe. O passista deve manter-se sereno e empenhado no atendimento com o máximo de interesse e espírito de caridade, para que o trabalho não resulte em mero automatismo. g) Desde que haja imperiosa necessidade, o passista poderá dar tantos passes quantos forem solicitados, confiante no inesgotável manancial da misericórdia de Deus. h) Quanto ao esgotamento gerado pela tarefa, cabe ao passista, mesmo reconhecendo sua qualidade de simples intermediário, buscar não só poupar suas reservas energéticas, evitando excessos, como encontrar meios naturais que o auxilie na recuperação. Reflexos: “Na execução da tarefa, o passista pode, algumas vezes, experimentar sensações relacionadas com o problema do paciente. Como está imbuído do desejo de ajudar o semelhante, é compreensível que sintonize com ele a ponto de experimentar reflexos de seu padecimento. Toda tarefa de assistência pede abnegação. Mas o passista dispõe de recursos para eliminar reflexos e poderá abreviar tal providência, tendo a mente voltada para a prece e a perseverança no bem. Nos passes aplicados em pessoas sob a atuação de espíritos em desequilíbrio, o passista poderá registrar reflexos negativos desde a hora em que se propõe a ajudar, podendo perdurar ainda depois do passe. É compreensível que os espíritos envolvidos na trama obsessiva, conhecendo-lhe a predisposição de colaborar pretendam arrefecer-lhe o ânimo, afastando-o do caminho do enfermo. Fé, perseverança no trabalho são a melhor medida para superação desses obstáculos”.(06) 100 7.5 – Por que Aplicar o Passe “Como o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, todos nós podemos impor as mãos e curar, se temos amor aos nossos semelhantes e o desejo ardente de os aliviar”. (12 – cap. 15) Parece-nos justo procurarmos saber o motivo pelo qual o PASSE é tão utilizado nos meios espíritas e, inclusive, no plano espiritual. A reposta mais adequada a esta pergunta pode estar ligada aos efeitos benéficos que ele gera, cominados com a vantagem de não ter qualquer contra-indicação, podendo, assim, ser ministrado em todas as pessoas, em qualquer idade, com qualquer tipo de enfermidade. Os resultados do passe sempre serão positivos, podendo variar conforme a disposição mental, a confiança, a fé e a resignação de quem o recebe. Pois, apenas para relembrarmos, num sentido amplo e respeitadas as peculiaridades, os efeitos do passe independem de quem o aplica, principalmente se levarmos em conta que o médium é um aparelho utilizado pelos espíritos que tutelam a tarefa. O passe é recurso da Providência Divina e deve ser valorizado tanto pelo passista como pelo paciente. Jesus com freqüência, em sua jornada pela Terra, aplicava passes: Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim. Porque dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos partiu dali. (Mt, 13:14-15) E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E tocou-lhe na mão e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. (Mt, 8:14-15) E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. (Mc, 1:41-42) E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava. (Lc, 4:40) Com base nos versículos apresentados, é natural, portanto, que, na condição de candidatos a aprendizes do Mestre, procuremos imitá-lo. Porque assim fizeram os apóstolos, obtendo resultados magníficos e da mesma forma, também, agiram e agem muitos outros, que em nome do amor de Jesus procuram atender o semelhante no anonimato. André Luiz, na obra Missionários da Luz, esclarece: Todos, com maior ou menor intensidade, poderão prestar concurso fraterno, (...) porquanto, revelada a disposição fiel de cooperador a serviço do próximo, (...) as autoridades de nosso meio designam entidades sábias e benevolentes que orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio valor. (13) 101 Quando Aplicar o Passe: Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam, porque esta é a Lei e os profetas. (MT, 7:12) Numa menção fiel ao livro de Jacob Melo (02), deduzimos que se pode aplicar o passe quando: a) O paciente demonstrar sincero desejo em obter tal benefício, salvo nos casos em que o paciente, em crise, não tiver condições de manifestar sua vontade. b) Servir de recurso terapêutico total, complementar, reparatório ou preparatório. c) O paciente se encontrar sob influência obsessiva, hipnotizado ou em estado sonambúlico, o passe é altamente significativo como “EVANGELHOTERAPIA”. d) O paciente atender indicações do receituário da Casa Espírita. e) O médium for solicitado em casos sérios ou urgentes; f) Existirem condições ambientais e fluídicas propícias, como, por exemplo, nas reuniões com esta finalidade. g) Solicitado para atender pessoas impedidas de sair de casa ou hospitalizadas. h) Após reuniões doutrinárias, para pessoas que precisem ou queiram recebê-lo. i) Nas reuniões mediúnicas, de tratamentos e irradiações, como auxílio aos médiuns, durante atendimento aos espíritos em sofrimento. Deve-se evitar aplicar o passe quando: a) O paciente é refratário por decisão própria, provocando o desgaste fluídico do médium. b) O paciente simplesmente não quer tomar o passe. c) O paciente procura o passe apenas por curiosidade, com zombaria, desrespeito, cinismo e descrença. d) O paciente se recusa a seguir o tratamento recomendado, no sentido de assistir às reuniões doutrinárias, evitar os vícios e buscar a reforma íntima. e) O médium não se sentir confiante ou estiver imerso na dúvida. f) O médium estiver nutrido de sentimentos negativos e não puder superá-los. g) O passista possuir vícios como fumo, álcool, tóxicos; e/ou alimentar-se desregradamente; e/ou praticar atividades excessivamente desgastantes. h) Estiver fazendo uso de remédios controlados, que afetem suas percepções. i) Encontrar-se em idade muito avançada, com visível esgotamento fluídico ou na infância ou na adolescência. 102 j) Estiver doente ou estafado física ou mentalmente. k) Antes não tiver sido feita uma prece ou pequena reflexão evangélico-doutrinária. l) Não existir passista preparado para a tarefa. No entanto, devemos observar as condições e a necessidade da tarefa, pois como afirmou Chico Xavier ao ser perguntado sobre “Como deveríamos agir com pessoas que nos procuram em horários impróprios?”, este esclarece: (...) Todo trabalho para expressar-se em eficiência e segurança reclama disciplina. Aprendamos a controlar os horários de ação espiritual, a fim de que a perturbação não venha aparecer, em nossas tarefas, sob o nome de caridade. Peçamos a Jesus nos inspire e abençoe para isso. A ordem preside o progresso e, por isto mesmo, não podemos perder a ordem de vista, sob pena de desequilibrar, embora sem querer, o nosso próprio trabalho. (02) Onde Aplicar o Passe: No Centro Espírita: O local mais conveniente para aplicar passe é o Centro Espírita, que, pela natureza de suas atividades, constitui-se como núcleo mais importante de assistência a encarnados e desencarnados. Quando for possível, o Centro deverá ter uma sala previamente destinada à aplicação de passes, com funcionamento em dias e horários pré-estabelecidos. É, ainda, conveniente que, antes de se iniciar o serviço de PASSE, seja feita uma rápida explicação sobre ele, pois sempre há pessoas que ali comparecem pela primeira vez, e o irmão orientado, ainda que superficialmente sobre o assunto, pode oferecer condições para melhor receber e fixar os benefícios da terapêutica. É indispensável iniciar e interromper (quando necessário) a tarefa do passe com uma prece. Nos dias em que for grande o número de candidatos ao passe, é recomendável realizar o trabalho por turmas (veja o item IV – Passe Coletivo), repetindo-se os esclarecimentos e as preces quantas vezes forem necessárias. Esclarecer aos atendidos que: a) não se deve conversar com o passista durante a aplicação do passe; b) basta receber um passe de um passista; c) evitar a preferência por este ou aquele passista; d) durante o recebimento da terapêutica deve o paciente permanecer em prece; e) o passe, conforme o merecimento de cada um, facilita ou proporciona a cura, alivia o sofrimento ou fortalece o enfermo. 103 A redução da luz durante o passe favorece a manipulação, pelos Espíritos, de certos fluídos, porque promove a serenidade íntima dos encarnados e facilita a meditação no bem. Todavia, nos casos em que não haja possibilidade de reduzir a luminosidade, deve-se optar pela claridade. Para sua tranqüilidade e para evitar mal-entendidos, o passista procurará não ficar só com o necessitado, principalmente quando se tratar de pessoas de sexo diferente. Em todo trabalho coletivo deve haver prudência por parte dos responsáveis, evitando-se o contato de portadores de moléstias contagiosas com os demais presentes. Nos lares: sempre que houver impossibilidade de o doente se locomover, é justo que se dê passe na residência. Isso, porém, só enquanto durar o impedimento. A equipe VISITA OS LARES E HOSPITAL deve lembrar-se da prece inicial e da prece de encerramento da atividade de assistência espiritual. O grupo deve limitar-se ao trabalho fraterno, evitando que a sua visita assuma caráter social. Outros lugares: as circunstâncias podem nos levar a dar passes em outros lugares, como hospitais, locais de trabalho, entre outros. Nesses casos, como já foi dito anteriormente deverá o médium passista utilizar seu bom senso, sopesando a necessidade e a circunstância que envolve a tarefa. 7.6 – Porque Receber o Passe Quando doentes da alma ou do corpo, é natural que desejemos nos restabelecer. Para tanto, muitas vezes, recorremos às medicações terrenas, que são extremamente úteis, e, também, ao passe, como apoio, complemento e refrigerante de nossas dores. O passe é fluidoterapia de grande eficácia e devemos utilizar seus benefícios durante o tempo em que nos encontramos necessitados, porém, devemos evitar o hábito de tomar passes, sem motivos que o justifiquem, lembremos da exortação contida no livro Missionários da Luz, a nos informar que: Na espiritualidade, existem limites. (...) Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas conseqüências de seus próprios atos. Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los. (13) 104 Como Receber o Passe: a) Observando o merecimento diante da Justiça Divina, a ação mais ou menos intensa dos recursos magnéticos, depende do grau de aceitação por parte do paciente. b) Durante o passe o paciente deve conserva-se sereno, sentado, de pé ou deitado, na posição que mais lhe convier. c) Recomenda-se não cruzar braços e pernas por causa da polaridade do nosso corpo e para não acumular energias, pois os fluídos como o sangue, devem percorrer livremente por todo o corpo. d) Sensações de calor, frio, formigamento, transpiração excessiva e tonteira podem verificar-se durante o passe. Trata-se de estados passageiros, que terminam com o passe. e) Não há necessidade de tirar os sapatos, relógios, aliança, níqueis ou outros objetos de metal para receber o passe. f) Tanto o paciente quanto o passista devem buscar a conexão com o Plano Divino. Não são os objetos que portamos que causam inconvenientes, mas nossa atitude com relação à vida. Quando Receber o Passe: a) Quando temos evidente necessidade e enquanto essa perdurar. Tal qual se dá com o remédio, que se toma pelo tempo em que persistir a enfermidade. O passista deve orientar o paciente a não desprezar a medicação terrena, reservando o passe para o momento mais indicado. Em certos casos, o uso de ambos é a medida mais aconselhável. b) O passe deve ser utilizado com critério e responsabilidade. Quando exercido sob a vibração da prece com vistas ao bem legítimo o passe pode ser utilizado por qualquer pessoa espírita ou não que abrigue a fé em seu coração. A incredulidade é uma barreira a atuação dos Espíritos em nosso favor. A necessidade do passe deve ser positivada pelo próprio doente, pelo passista ou pela Espiritualidade quando se manifesta a respeito. c) No caso de obsessão, o passe pode promover o afastamento temporário do obsessor para que o encarnado receba auxílio mais eficiente. Lembremos, no entanto, que a 105 solução definitiva do processo reside no esclarecimento evangélico-doutrinário dos envolvidos. 7.7 – Conclusão Para concluir este trabalho, gostaríamos de frisar que o passista deve, sempre que houver oportunidade, oferecer ao paciente meios para que ele encontre o caminho de sua recuperação, com Jesus. Como recurso da Casa Espírita o PASSE pode ser utilizado sem restrições e como complemento para as outras frentes ligadas ao ATENDIMENTO ESPIRITUAL. A seguir oferecemos um quadro ilustrativo sobre os Centros Vitais e, ao final, transcrevemos as mensagens “O PASSE” e “CURA PRÓPRIA” de Emmanuel, como um ósculo divino a orientar nossos propósitos. CENTROS VITAIS: 1º CORONÁRIO 2º CEREBRAL 3º LARÍNGEO 4º CARDÍACO 5º ESPLÊNICO 6º GÁSTRICO 7º GENÉSICO Ponto de integração entre as forças do espírito e as forças fisiopssicossomáticas. Assimila os estímulos do Plano Superior. Dele parte a corrente de energia vital com ação sobre a matéria mental e transmite aos demais centros os reflexos de nossos sentimentos, idéias e ações. Influência decisiva sobre os demais. Sustenta os sentidos; Marca a atividade das glândulas endócrinas Administra o sistema nervoso Respiração; Fonação; Emotividade; Circulação Atividade do sistema hemático dentro das variações do meio e volume sanguíneo. Digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos. Modelagem de novas formas entre os homens. Estímulos criadores com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas. 106 107 O Passe “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. (Mateus, 8:17) Meu amigo, o passe é transfusão de energias físio-psíquicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício. Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescentes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes. Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos reconfortantes. No clima da prova e da angústia és portador da necessidade e do sofrimento. Na esfera da prece e do amor um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade para que recebas remédio e assistência. Ajuda o trabalho de socorro aqui mesmo com esforço da limpeza interna. Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas de criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam. O mal é sempre a ignorância, e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranqüilidade. Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro. Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro. Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos. O passe exprime, também, gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto com infantilidade e ninharias. Se necessitas de semelhante intervenção recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por nós todos, porque, de conformidade com as letras sagradas, “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. 108 A CURA PRÓPRIA “Pregando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades”. (Mateus, 9:35) Cura a catarata e a conjuntivite, mas corrige a visão espiritual de teus olhos. Defende-te contra a surdez, entretanto, retifica o teu modo de registrar as vozes e solicitações variadas que te procuram. Medica a arritmia e a dispnéia, contudo, não entregues o coração à impulsividade arrasadora. Combate a neurastenia e o esgotamento, no entanto, cuida de reajustar as emoções e tendências. Persegue a gastralgia, mas educa teus apetites a mesa. Melhora as condições do sangue, todavia, não o sobrecarregues com os resíduos de prazeres inferiores. Guerreia a hepatite, entretanto, livra o fígado dos excessos em que te comprazes. Remove os perigos da uremia, contudo, não sufoques os rins com venenos de taças brilhantes. Desloca o reumatismo dos membros, reparando, porém, o que fazes com teus pés, braços e mãos. Sana os desacertos cerebrais que te ameaçam, todavia, aprende a guardar a mente no idealismo superior e nos atos nobres. Consagra-te à própria cura, mas não esqueças a pregação do Reino Divino aos teus órgãos, eles são vivos e educáveis. Sem que teu pensamento purifique e sem que a tua vontade comande o barco do organismo para o bem, a intervenção dos remédios humanos não passará de medida em trânsito para a inutilidade. (14) Emmanuel 109 7.8 – Referências Bibliográficas (01) KARDEC. Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (02) MELO, Jacob. O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática. 15ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira - FEB, 2004. (03) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Evandro Noleto Bezerra. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB. 2006 (04) KARDEC, Allan. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 35ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1992. (05) CAMPETTI SOBRINHO. Geraldo (Coordenador)... et al.. O Espiritismo de A a Z: glossário. 3ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. (06) Material Didático do Grupo Espírita Maria Dolores, São Paulo, consulta efetuada no site www.mariadolores.org.br/passes.htm - dia 16/06/2008. (07) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 22ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (08) XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 2001. (09) XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 21ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 2003. (10) GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Espírita. Rio de Janeiro: FEB. 1994. (11) XAVIER, Francisco Cândido. No Mundo Maior. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 18ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993. (12) DENIS, Leon. No Invisível. 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1981 (13) XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1987. (14) XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me. Pelo Espírito de Emmanuel. 8ª. Ed. Matão São Paulo: O Clarim. 1996. pág. 51 e 131. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002 XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. 110