UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA ILHÉUS – BAHIA 2011 RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) como requisito final para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Área de Concentração: Uso de Recursos Naturais Orientador: Prof. Dr. José Adolfo de Almeida Neto ILHÉUS – BAHIA 2011 B813 Braga, Rita de Cássia Silva Braga e. Análise de indicadores de biodiversidade na avaliação de impacto do ciclo de vida / Rita de Cássia Silva Braga e Braga. – Ilhéus, BA : UESC , 2011. xiii, 105 f. : il. Orientador : José Adolfo de Almeida Neto. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Inclui referências e apêndice. 1. Impacto ambiental – Avaliação. 2. Biodiesel. 3. Biodiversidade. 4. Indicadores ambientais. 5. Delphi, Método. I. Título. CDD 363.7 RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA Ilhéus, 14/02/2011 _____________________________________________ José Adolfo de Almeida Neto – DS (UESC/DCAA) (Orientador) _____________________________________________ Sofia Campiolo – DS (UESC/DCB) _____________________________________________ Danielle Maia de Souza – DS (Universidade de Bayreuth - Alemanha) Dedico a vocês... minha mãe Rute e meu pai Joveniano Braga (in memorian) meu esposo Oswaldo e meus amados filhos Newiton e João Paulo. Para muitas filosofias e religiões AGRADECER significa não apenas reconhecer a ação generosa de alguém para conosco....é sim...um movimento de gratidão e amor a todas as criaturas do universo pela simples razão de sermos todos UM. Imbuída desse sentimento é que agradeço... A DEUS, razão maior por ter me permitido chegar até aqui com VIDA...SAÚDE e FÉ. Ao meu esposo, Oswaldo pelo incentivo e apoio em todos os momentos. Aos meus adoráveis e amados filhos Newiton e João Paulo, dois tesouros dados por DEUS. Aos meus pais, Joveniano Braga (in memorian) e Rute e aos meus irmãos e irmãs. Saibam que são muito importantes na minha vida. A minha família inteira por fazerem parte da minha vida. Ao professor Max de Menezes (in memorian) por ser o grande entusiasta do PRODEMA e de todos os mestrandos. Ao professor José Adolfo, pela orientação e incentivo na busca do conhecimento. Às “colegas de apartamento” e mais que isso às amigas Paty e Poli, mesmo cientes do quão difícil é dividir o dia a dia com o outro, aceitamos o desafio. A Ittana pela receptividade e os ensinamentos da vida como mestranda. Meu carinho por você é muito grande. A minha amiga Jaque pelo carinho e acolhimento. A Luluzinha “minha filhinha” que amarei sempre. A Fabi por ter me acolhido quando fui ser aluna especial na sua turma e por fim ficamos amigas. A Léa um presente de DEUS que espero ter por toda vida. A Camille que com todo carinho abriu as portas do AP e me acolheu, serei sempre grata. Aos colegas e amigos profissionais das diversas áreas que me auxiliaram na realização do préteste da pesquisa (Marcinha, Tiago, Léa, Liana, Dani, Jaqueline e Jaque do doc PRODEMA). Aos membros do Grupo Bioenergia e Meio Ambiente da UESC, pela oportunidade de exercitar a diversidade e a interdisciplinaridade. À turma XII do PRODEMA em especial aos amigos conquistados durante o tempo do mestrado, e para não ser injusta não citarei nomes, pois sei que cada um de vocês sabe o lugar que ocupam em minha vida. Aos membros do Colegiado do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela oportunidade. Aos vários pesquisadores-professores que nos proporcionaram momentos únicos de aprendizado e reflexão. Ao casal de professores que tenho um carinho especial, Paulo Hellmeister e Raquel Oliveira. Ao professor Marcelo Inácio pela contribuição na reta final com a análise estatística. A Maria Schaun que mesmo nos momentos de silêncio tinha algo a nos dizer. Lembrarei sempre de você com muito carinho. Aos pesquisadores das áreas: Avaliação do Ciclo de Vida: Cássia Ugaya, Danielle Maia, Maria Cléa e Ottar Michelsen. Biocombustíveis: Iracema Nascimento, Rosenira Serpa da Cruz e Osvaldo Stella, Cultivos Energéticos: Fabio Pinto, Jonas Souza, José Roberto, José Stanley. Ecologia e Biodiversidade: Deborah Faria, Eduardo Mariano, Regina Sambuichi e Talita Fontoura. Sem a valorosa contribuição de todos vocês, ilustres mestres e doutores seria impossível a concretização desse estudo. Ao grupo de Biodiesel da CEPLAC, pelo apoio e vários esclarecimentos sobre a cultura do Dendê. Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado. Ao PRODEMA por oportunizar o crescimento acadêmico. “O Saber se aprende com os mestres. A sabedoria só com o corriqueiro da vida...e, por falar em vida... o que importa, não é o ponto de partida, mas a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher” (Cora Coralina) Análise de Indicadores de Biodiversidade na Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida RESUMO A crise energética mundial promove o desafio de compatibilizar demanda por energia e preservação dos recursos ambientais, tendo como uma de suas vertentes a substituição da matriz energética de origem fóssil por fontes alternativas com menor potencial de impacto. Nesse sentido, os biocombustíveis surgem como alternativa, especialmente relacionados ao potencial de mitigação das emissões de gases estufa. Para que os biocombustíveis sejam efetivamente considerados uma alternativa ambientalmente sustentável é imprescindível uma avaliação com base no seu ciclo de vida, especialmente considerando os potenciais impactos da fase agrícola de produção da matéria-prima, como a perda de biodiversidade associada à mudança no uso da terra. Com o objetivo de identificar, selecionar e escolher o◦(s) melhor◦(es) modelo◦(s) de avaliação de impacto do uso da terra para aplicação na avaliação do ciclo de vida de biocombustíveis, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma consulta Delphi com especialistas das seguintes áreas do conhecimento: biocombustíveis (BIOCOMB), cultivos energéticos (CULTEN), ecologia e conservação da biodiversidade (ECOBIO) e avaliação do ciclo de vida (ACIVID). Foram identificados dezesseis modelos de interesse para o estudo na literatura especializada, cinco deles foram pré-selecionados: riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada; riqueza de espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB); proporção de espécies de aves e mamíferos ameaçados ou em perigo de extinção, riqueza de espécies (SR), escassez inerente do ecossistema (ES) e vulnerabilidade dos ecossistemas (EV), combinados com a qualidade da biodiversidade (Q biodiversidade) e diversidade de espécies de plantas vasculares. Para a pré-seleção foram considerados os critérios: representatividade, mensurabilidade, consistência, aplicabilidade, dependência local, escala e transferência. Vinte e dois especialistas foram consultados através de um painel Delphi, distribuídos em quatro áreas do conhecimento relacionadas à temática do estudo. Foram realizadas duas rodadas de consulta aos especialistas, sendo verificado que, na 1ª rodada houve grande heterogeneidade de opiniões entre os especialistas e entre as 4 (quatro) áreas pré-definidas, não havendo convergência para a escolha de um modelo ou indicador. Na 2ª rodada, a opinião dos especialistas convergiu no sentido de priorizar modelos com seguintes indicadores: (i) a complexidade estrutural dos ecossistemas; (ii) diversidade funcional; e (iii) a associação de parâmetros qualitativos e quantitativos, enquanto uma parte dos modelos propostos tendem a captar elementos distintos da biodiversidade, apontando a riqueza de espécies de plantas vasculares como o melhor indicador, especialmente, por considerando a disponibilidade de dados em escala global. A disponibilidade de informações em escala global e regional limita a aplicação de muitos modelos e indicadores. Diante desta limitação e considerando as diferentes escalas de aplicação em níveis local, regional ou global, conclui-se que não houve consenso na definição de um modelo ideal, que seja capaz de sintetizar a complexidade dos diferentes aspectos associados à biodiversidade. Sugere-se como foco dos próximos estudos, a realização de levantamentos de dados que permita a aplicação de modelos que considerem a mudança da paisagem e a complexidade estrutural dos ecossistemas, incluindo a sua diversidade funcional. A análise interdisciplinar dos resultados deve ser considerada com bastante relevância, tendo em vista a complexidade e interdependência de fatores disciplinares envolvidos. Palavras-chaves: Delphi., Bioenergia, Biodiesel, Avaliação do Ciclo de Vida e Categorias de Impacto. Analysis of Indicators of Biodiversity in the Impact's Assessment of Life Cycle ABSTRACT The world energy crisis promotes the challenge of reconciling the demand for energy and environmental resources, and as one of its aspects, the replacement of the energy produced from fossil fuels by alternative sources with less potential impact. In this sense, biofuels emerge as an alternative, especially related to the mitigation's potential of greenhouse gas emissions. To biofuels be actually considered an environmentally sustainable alternative, it's essential an assessment based on their life cycle, especially considering the potential impacts of agricultural production's stage of raw material, like loss of biodiversity associated with the change in land use . In order to identify, select and choose the best model(s) of impact's assessment of land use to application in the life cycle's assessment of biofuels, was performed a literature search and a Delphi consultation with experts in the following subject areas: biofuels (BIOCOMB), energy crops (CULTEN), ecology and biodiversity conservation (ECOBIO) and life cycle's assessment (ACIVID). Were identified sixteen models of interest to study in the specialized literature, five of them were pre-selected: species' richness of vascular plants in the occupied and transformed area, species richness (SR), ecosystem scarcity (ES) and conditions for maintenance of biodiversity (CMB); species' proportion of birds and mammals threatened or in extinction risk, species richness (SR), inherent scarcity of the ecosystem (ES) and ecosystem vulnerability (EV), combined with the biodiversity quality (biodiversity Q ) and diversity of vascular plants' species. For pre-selection criteria were considered: representativeness, measurability, consistency, applicability, local dependency, scale and transfer. Twenty-two experts were consulted using a Delphi panel, divided into four areas of knowledge related to the thematic study. Two rounds of consultation with the experts were realized, with the results of the first round showing great diversity of opinions among the experts and between the 4 (four) pre-defined areas, without convergence for the choice of a model or indicator. In the second round , the opinion of the experts converged to give priority to models with the following indicators: (i) the structural complexity of ecosystems, (ii) functional diversity, and (iii) the combination of qualitative and quantitative parameters, while some of the proposed models tend to capture different elements of biodiversity, pointing to the species richness of vascular plants as the best indicator, especially by considering the availability of data on a global scale. The availability of information on global and regional scale limits the application of many models and indicators. In the face of this limitation and considering the different scales of application at the local, regional or global levels, it is concluded that there was no consensus on the definition of an ideal model able to synthesize the complexity of the various aspects related to biodiversity. Thus, as a focus of future studies, the collection of data should focus on the application of models that consider the changing of landscape, and the structural complexity of ecosystems, including their functional diversity. Considering the complexity and interdependence of the disciplinary factors involved in this kind of analysis, the interdisciplinary analysis of the results should be considered with adequate diligence. Keywords: Delphi., Bioenergy, Biodiesel, Life Cycles's Assessment and Impact's Categories. Lista de Tabelas Tabela 1. Características desejáveis de um indicador (Milà i Canals, 2007) ........................... 42 Tabela 2. Resumo da escolha e opinião dos especialistas ........................................................ 63 Lista de Quadros Quadro 1. Principais categorias de impactos ambientais consideradas na ACV...................... 24 Quadro 3. Modelos para avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados .................... 50 Quadro 3. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados ....................... 51 Quadro 4. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra da 2ª rodada Delphi .................. 57 Lista de Figuras Figura 1. Uso da terra por um processo de transformação, ΔQ representa a mudança inicial na qualidade da terra, e a área sombreada representa o impacto da transformação (MILÀ I CANALS, 2007). ...................................................................................................................... 26 Figura 2. Uso da terra por um processo de ocupação, sem alteração na qualidade da terra durante o processo de ocupação (ΔQ = 0, a área sombreada representa o impacto de ocupação). (MILÀ I CANALS, 2007)...................................................................................... 27 Figura 3. Modelo de pressão – estado – resposta, adaptado de (OECD, 2003). ...................... 29 Figura 4. Esquema do modelo de Köllner. ............................................................................... 34 Figura 5. Fluxograma simplificado das etapas de aplicação da consulta Delphi ..................... 45 Figura 6. Comparação da aplicabilidade média (Índice de Aplicabilidade – IAN) para os cinco indicadores de biodiversidade da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por área de conhecimento. ...................................................................................................................... 52 Figura 7. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média das áreas de conhecimento da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por critério de avaliação. ................................................................................................................................. 53 Figura 8. Comparação do IAN entre a 1ª (A) e a 2ª rodada (B) o – para os indicadores de biodiversidade por área de conhecimento. ............................................................................... 58 Figura 9. Comparação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de ACIVID para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ............. 59 Figura 10. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de CULTEN para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi ............ 60 Figura 11. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de BIOCOM para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ........... 60 Figura 12. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de ECOBIO para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ............ 61 Figura 13. Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade com a média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas. ............ 62 Sumário 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14 2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 18 2.1. Biodiversidade e Conservação .......................................................................................... 18 2.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) .................................................................................. 21 2.3. Categorias de Impacto em ACV........................................................................................ 23 2.4. Categoria ambiental uso da terra ...................................................................................... 25 2.5. Indicadores Ambientais ..................................................................................................... 28 2.5.1. Indicadores de biodiversidade e modelos propostos para uso da terra em AICV. ....... 30 2.6. Biocombustíveis ................................................................................................................ 39 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 41 3.1. Delimitação, caracterização e etapas da pesquisa ............................................................. 41 3.2. Levantamento, pré-seleção e avaliação dos indicadores ................................................... 41 3.3. O Delphi ............................................................................................................................ 42 3.3.1. Escolha dos especialistas .............................................................................................. 45 3.3.2. Elaboração do questionário........................................................................................... 46 3.3.3. Envio do questionário ................................................................................................... 47 3.3.4. Tratamento estatístico ................................................................................................... 48 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 50 4.1. Levantamento e pré-seleção dos modelos ......................................................................... 50 4.2. 1ª rodada da consulta Delphi ............................................................................................. 51 4.3. Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada ........................................ 55 4.4. 2ª rodada da consulta Delphi ............................................................................................. 56 4.5. Discussão dos resultados do Delphi .................................................................................. 63 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 67 6. PERSPECTIVAS .............................................................................................................. 69 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 70 APÊNDICE A - MATRIZES PARA ESCOLHA DOS INDICADORES ............................... 75 APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS ESPECIALISTAS............................... 83 APÊNDICE C - CRITÉRIOS E INDICADORES PRÉ-SELECIONADOS ........................... 91 APÊNDICE D - ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DA CONSULTA DELPHI ............. 97 APÊNDICE E - RETORNO DA 1ª RODADA DELPHI ........................................................ 98 APÊNDICE F - ANÁLISES ESTATÍSTICAS ...................................................................... 101 1. INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea lida com a necessidade de compatibilizar desenvolvimento socioeconômico e equacionar a relação do homem com o meio ambiente natural, de tal forma que a preocupação com os impactos decorrentes de suas ações seja uma premissa fundamental no planejamento e nas propostas de desenvolvimento, especialmente com referência à produção e uso da energia. A energia, em suas diversas formas, é um dos principais constituintes da sociedade moderna. Assim, o desenvolvimento socioeconômico e os elevados padrões de vida demandam processos produtivos cada vez mais complexos, que compartilham um denominador comum: a disponibilidade de um abastecimento adequado e confiável de energia (HINRICHS, 2003). De forma mais incisiva, nas últimas décadas, tem havido um incentivo internacional para a substituição da matriz energética mundial de origem fóssil por fontes renováveis, tidas como ambientalmente sustentáveis, especialmente relacionado ao seu potencial de mitigação das emissões de gases-estufa, associados à combustão dos derivados fósseis. Uma alternativa apontada como importante fonte de energia renovável é a produção de biocombustível, a partir de espécies oleaginosas, obtendo o biodiesel como produto final. O governo Federal, como forma de incentivar e regulamentar a produção, uso e comercialização do biodiesel, lançou oficialmente em janeiro de 2005, por meio de um programa interministerial, o PNPB – Programa Nacional de Uso e Produção do Biodiesel, tendo como principal objetivo a promoção da inclusão social no contexto do desenvolvimento regional, favorecendo a inclusão da agricultura familiar no mercado da produção de bioenergia (ACCARINI, 2006; COUTO et al., 2006). O PNPB define biodiesel como: “biocombustível derivado de biomassa renovável, sendo um produto biodegradável, não tóxico, que reduz a emissão de gases tóxicos oriundos do escapamento dos veículos, e os gases que provocam o efeito estufa e chuva ácida”. O mesmo documento aponta que a emissão de dióxido de carbono (CO2) é reduzida em cerca de 7% com o uso da mistura B5 (adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional) ou 9,5% com B20 (adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional) e até 46% com B-100 (biodiesel puro) (PNPB, 2004; CONAB, 2006). O Biodiesel é um produto com múltiplas potencialidades, podendo ser utilizado como substituto parcial ou total do diesel e, quando misturado, pode variar de baixas concentrações (1 a 5%), como um aditivo, ou na forma de misturas mais concentradas, como: B20 (20%), B30 (30%) e B50 (50%) (CONAB, 2006). Dentre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel destaca-se o dendê (Elaeis guineensis), uma palmeira de origem africana, que se desenvolve em áreas tropicais úmidas e com um dos maiores potenciais para a produção de óleos vegetais atingindo, em áreas comerciais, produtividades médias de até 5,0 toneladas de óleo por hectare e ano (FGV, 2003). No Brasil, as primeiras indústrias de extração de óleo de palma se estabeleceram na Bahia, na década de 50, mas a organização da agroindústria só ocorreu na década de 70, no estado do Pará, com a implantação da primeira empresa produtora de óleo, sendo atualmente o estado que concentra a produção de aproximadamente 85% do óleo de dendê do Brasil, (KALTNER et al. 2003). No contexto mundial, os principais produtores de dendê são: Indonésia, Malásia, Nigéria e Colômbia, ficando o Brasil como o 11º produtor mundial (FAO, 2008). Na Região Sul da Bahia predomina o uso da variedade dura em detrimento da variedade tenera, resultado do cruzamento entre as matrizes africanas, dura e pisífera. Como resultado, a produtividade média estadual encontra-se abaixo de 1.000 kg de óleo por hectare e ano (CEPLAC, 2008). Diante disso e como forma de aproveitar o potencial edafoclimático para implantação e ampliação do cultivo de oleaginosas aptas à produção do biodiesel, com destaque para o dendê, o governo da Bahia lançou, em 2006, O PROGRAMA DE BIODIESEL DA BAHIA, cujo objetivo estratégico constitui na produção de combustível proveniente de matéria-prima 100% renovável e sua posterior introdução na matriz energética estadual e nacional. (BAHIA, 2010) Nesse contexto, o estado possui uma disponibilidade de área da ordem de 854.000 (oitocentos e cinquenta e quatro mil) hectares, em áreas litorâneas, que se estendem desde o Recôncavo Baiano até os tabuleiros do Sul da Bahia (CEPLAC, 2008). Nessa perspectiva, mesmo considerando a importância da substituição da matriz energética por fontes renováveis, faz-se necessário ponderar que a substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis, desconsiderando uma avaliação ambiental, não representa garantia na redução das emissões dos gases do efeito estufa (GEE), principalmente quando há um incentivo à expansão agrícola para produção de biodiesel. Miller Jr. (2003) destaca que o crescimento exponencial das atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas, pode ser responsável pela mudança no clima da terra, capaz de interferir na dinâmica das áreas agrícolas, nas reservas hídricas, além de alterar e reduzir a biodiversidade. Para Lindeijer (2005), a expansão de áreas para cultivos energéticos deve ser avaliada do ponto de vista da mudança no uso da terra devendo, esta, ser uma preocupação mundial, uma vez que a terra fornece as funções essenciais para a manutenção da vida, incluindo a ciclagem de nutrientes, além de ser o habitat de todas as formas de vida do planeta. Diante do exposto, para que o biodiesel produzido a partir do dendê seja uma alternativa ambientalmente sustentável, é imprescindível uma avaliação sistêmica, com base no seu ciclo de vida, considerando especialmente os potenciais impactos no uso da terra, e o consequente efeito sobre a biodiversidade. Para avaliar o desempenho ambiental da produção agrícola, uma ferramenta importante tem sido a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conhecida na literatura internacional com Life Cycle Assessment que, como o próprio nome sugere, avalia todo o ciclo de vida do produto ou processo, desde a obtenção da matéria prima até o descarte, ou combustão, no caso dos biocombustíveis. Os estudos ambientais com base na ACV, inicialmente mais voltados para produtos e processos industriais, não contemplavam aspectos ambientais típicos de produtos e processos agropecuários (ANTÓN et al., 2007; MILÀ I CANALS et al., 2007). A ACV considera categorias de impacto agrupadas em: impactos relativos à poluição e impactos relacionados à depleção dos recursos naturais, sendo importante mencionar que a categoria de impacto adotada para o desenvolvimento dessa pesquisa será uso da terra, com foco na perda da biodiversidade. A categoria ambiental uso da terra tem sido avaliada a partir de dados empíricos da ocorrência de espécies indicadoras, associadas a determinado ecossistema (plantas vasculares), em função do tipo de uso da terra e tamanho da área. Na avaliação, leva-se em conta tanto o dano local da área ocupada ou que teve o seu uso transformado, como a qualidade regional do ecossistema considerado (MILÀ I CANALS et al., 2007; GARRAIN et al., 2009). Dada a importância de se avaliar essa categoria no âmbito da ACV e reconhecendo as limitações e a complexidade de mensurar a perda da biodiversidade, faz-se necessário o estudo de indicadores ambientais apropriados. Segundo Milà i Canals (2003), indicadores ambientais são substitutos para os atributos ambientais, que não podem ser medidos diretamente. Os indicadores de biodiversidade devem permitir a determinação das características bióticas ou abióticas, refletindo o estado de um ecossistema, do habitat ou de outros componentes da biodiversidade, sendo uma expressão da diversidade da comunidade, (MILÀ I CANALS, 2007; TREWEEK et. al., 2006). Considerando, por um lado, a importância desta temática na orientação do desenvolvimento tecnológico e das políticas públicas na área de biocombustíveis e, por outro, a ausência de indicadores adequados para avaliar a perda de biodiversidade, no contexto da ACV, esta pesquisa objetiva estudar indicadores ambientais de biodiversidade relacionados à categoria de impacto uso da terra para aplicação na avaliação do ciclo de vida de biocombustíveis. Para isso, os seguintes objetivos específicos foram contemplados: i) Identificar os principais indicadores utilizados na avaliação da categoria ambiental uso da terra; ii) selecionar os principais indicadores para a avaliação da perda de biodiversidade; iii) escolher o(s) indicador(es) mais adequado(s) para aplicação em estudos de ACV de biocombustíveis, como o biodiesel produzido a partir de óleo de dendê (Elaeis guineensis). A inclusão da problemática da perda da biodiversidade no debate científico do biodiesel é essencial para garantir uma visão sistêmica e mais ampla na avaliação da sustentabilidade da produção dos biocombustíveis e permitir uma comparação mais equânime do seu desempenho ambiental com seu concorrente fóssil – diesel, avançando com as pesquisas nesta área, que têm se concentrado na análise das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de outras categorias ambientais, em que majoritariamente favorecem o diesel. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Biodiversidade e Conservação O termo biodiversidade foi introduzido em 1988 pelo biólogo evolucionista E. O. Wilson, um dos principais especialistas nessa área, sendo amplamente empregado nos debates científicos e políticos, especialmente nas últimas duas décadas. Em 1992, durante a Convenção da Diversidade Biológica – CBD, o termo biodiversidade foi definido como “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte, incluindo a diversidade dentro da espécie, entre as espécies e a diversidade de ecossistemas” (CBD, 2005). A biodiversidade desempenha um papel fundamental no funcionamento dos ecossistemas e na disponibilidade de serviços importantes para os seres humanos, que vão desde a simples oferta de matérias primas, a alimentos, medicamentos e cosméticos. Sua perda, por outro lado, pode trazer consequências negativas para diversos aspectos do bemestar humano, como: a segurança alimentar, a vulnerabilidade ambiental, os desastres naturais, o abastecimento de energia e o acesso à água potável. (HASSAN; SCHOLES; ASCH, 2005). Tudo isso interfere sobremaneira nas relações econômicas, sociais e ambientais, gerando consequências, muitas vezes irreversíveis, podendo comprometer substancialmente a sobrevivência de todas as formas de vida na terra. Para direcionar esforços, no sentido de proteger a biodiversidade, é preciso concebê-la sobre todos os níveis que a envolvem e entender todas as suas dimensões, que vão desde a diversidade de espécies, aos níveis mais complexos de diversidade de ecossistemas. A Agência Americana de Desenvolvimento Internacional (USAID) pontua que as espécies são consideradas a unidade fundamental da vida e os elementos essenciais dos ecossistemas, constituídas geralmente de um grupo identificável de organismos capazes de produzir descendentes viáveis. Algumas espécies desempenham um papel maior nos ecossistemas do que outras: espécies com forte influência (espécies-chave) são as que, se extintas, provocam repercussões significativas em pelo menos uma ou mais espécies do ambiente e com um efeito significativo sobre todo o ecossistema, podendo ter uma influência dominante sobre sua estrutura (USAID 2005). A diversidade genética refere-se à variação no gene e fornece um mecanismo para que as populações se adaptem ao meio ambiente. Quanto maior o número de variações, maior a chance dos indivíduos se adaptarem às mudanças do meio, reproduzindo estas características de adaptação nas gerações futuras, resultando num processo conhecido por evolução, sendo um dos elementos fundamentais da diversidade biológica (USAID, 2005). Neste contexto, emerge o conceito de redundância (hipótese de redundância) e hipótese de Rivett, sobre a "complementariedade" de funcões exercidas em um ecossistema. A hipótese de redundância propõe que algumas espécies possuem habilidade de expandir seus nichos no ecossistema e com isso compensar a extinção de espécies vizinhas. O ponto central dessa hipótese é a idéia de que as espécies podem ser separadas por grupos funcionais. Desta forma, espécies pertencentes a um mesmo grupo funcional possuem maior probabilidade de expandir seus nichos, quando comparadas a espécies de grupos funcionais distintos (WALKER, 1992) A hipótese Rivett, fundamenta-se na idéia de que algumas espécies podem ser extintas sem causar perturbações evidentes, implicando na existência de espécies redundantes. (EHRLICH; EHRLICH, 1981). Por fim, a diversidade de ecossistemas que envolvem os diversos processos ecológicos e as comunidades, constituindo outro aspecto central da biodiversidade. As espécies interagem umas com as outras, através de uma variedade de relações ecológicas, para formarem o que os biólogos chamam de ecossistemas, sendo definido como a interação de uma comunidade natural (vida biológica), com seu ambiente físico e químico e os processos ecológicos resultantes dessa interação (USAID, 2005). A diversidade de vida na terra distribui-se entre a diversidade de habitats que, com suas especificidades, abrigam todos os tipos de organismos que possuem adaptações para sobreviverem em vários ambientes, que vão desde florestas tropicais e cavernas a fontes salinas e hidrotermais, ambientes considerados hostis para abrigar qualquer forma de vida. (USAID, 2005). Daí a importância da preservação de todos os tipos de ecossistemas, uma vez que a perda ou fragmentação desses habitats pode comprometer a vida de espécies que, muitas vezes, dependem exclusivamente desses ambientes. Nesse sentido, a biodiversidade das florestas tropicais é influenciada por inúmeras atividades humanas, associadas a processos que operam em diferentes escalas temporais e espaciais, desde a agropecuária (tradicional e moderna), a silvicultura, a urbanização e outras ações antrópicas que, juntas, contribuem para acelerar os padrões de desmatamento, fragmentação florestal e intensificação do uso dos solos (GARDNER et.al., 2009). De acordo com Hassan; Scholes e Asch (2005) as atividades humanas têm aumentado a taxa de extinção em pelo menos 100 (cem) vezes, se comparada à taxa natural. Pontua, ainda, que praticamente todos os ecossistemas do planeta Terra têm sido drasticamente transformados, por meio de ações humanas, sendo que a expansão das atividades agrícolas desempenha um papel central nestas transformações. Há uma clara evidência de que os vários tipos de uso da terra exercem danos aos ecossistemas, reduzindo a diversidade de espécies, através da alteração e da diminuição de habitats de plantas e animais, sendo que a mudança no uso da terra tem sido considerada a principal causa para o aumento drástico do número de espécies ameaçadas de extinção, contribuindo para o declínio da biodiversidade (MARRIS, 2009). Uma das maiores preocupações com a perda de biodiversidade tem incidido sobre a extinção de espécies, principalmente por se desconhecer quantas espécies existem na Terra ou quão rápido elas tem desaparecido. Estudos apontam que menos de dois milhões de espécies foram catalogadas e as estimativas totais variam entre sete e oitenta milhões (USAID, 2005). Cabe aos estudiosos da área de conservação buscar alternativas capazes de mitigar os efeitos da ocupação humana nos ecossistemas naturais e, com isso, possibilitar meios para implantação de políticas ambientais que venham garantir a preservação da diversidade de vida do planeta. Para isso, algumas estratégias de conservação da biodiversidade têm sido desenvolvidas, como: o incentivo por meio de instrumentos de mercado; pagamentos diretos pelos serviços do ecossistema ou transferências de direitos de propriedade particulares, podendo fornecer incentivos econômicos para a conservação da biodiversidade e para o uso dos ecossistemas de forma sustentável; prevenção e intervenção precoce, que sido considerada a mais bem sucedida estratégia de conservação (HASSAN; SCHOLES; ASCH, 2005). Outra estratégia de conservação, que merece ser destacada, envolve a criação de Unidades de Conservação, instituídas no Brasil pelo SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei. 9.985/2000). Nesse sentido, é importante salientar que nem sempre as estratégias de conservação da biodiversidade com base em áreas protegidas constituem alternativas seguras para garantir a sobrevivência das espécies, especialmente por essas áreas possuírem limites geográficos definidos, se levados em conta o tamanho e a conectividade entre os fragmentos, além da dificuldade em se mediar conflitos provenientes do uso e ocupação da terra. Outro ponto de discussão fundamental constitui-se na limitação dos indicadores de biodiversidade, utilizados e aceitos atualmente como os indicadores que avaliam a riqueza de espécies, que capta valores quantitativos, mas não engloba aspectos relativos à distribuição dessas espécies nos ecossistemas. 2.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) O ambiente natural tem passado por sérias transformações ao longo da história da ocupação humana, o que levou a sociedade a buscar alternativas de gestão dos recursos naturais, baseando-se no que preconizam os princípios do Desenvolvimento Sustentável, que busca compatibilizar desenvolvimento e crescimento econômico com a preservação dos recursos naturais para as presentes e futuras gerações. Visando garantir a sustentabilidade ambiental, diversas ferramentas têm sido desenvolvidas nos últimos anos, com o objetivo de auxiliar na concepção de produtos e processos ambientalmente menos impactantes, destacando-se a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conhecida na literatura internacional com Life Cycle Assessment, definida pela ISO (International Organization Standartization) como uma “compilação e avaliação das entradas e saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema-produto ao longo do seu ciclo de vida” (ISO, 2006)). A avaliação inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, envolvendo extração e processamento de matérias-primas; fabricação, transporte, e distribuição; uso/ reuso/ manutenção; reciclagem e disposição final. De acordo com Milà i Canals (2007), a ACV teve origem na crise energética dos anos sessenta e setenta, período em que as indústrias entenderam a necessidade de encontrar soluções energéticas eficientes para seus produtos. Recentemente, tem crescido o uso desta ferramenta na avaliação ambiental de produtos de origem agrícola, sendo uma metodologia que permite avaliar os impactos nos diferentes compartimentos ambientais e fases do processo de produção e uso dos biocombustíveis, incluindo desde a fase agrícola de produção da matéria prima como, por exemplo, o cultivo de oleaginosas, passando pela extração do óleo vegetal, produção do biodiesel, até o seu uso final como combustível (ciclo de vida). Outra característica da ACV é a avaliação dos impactos numa perspectiva sistêmica, podendo incluir os impactos gerados nas cadeias de produção à montante e a jusante dos processos de produção relacionados diretamente à cadeia de produção do biodiesel, sendo conhecida por este motivo como avaliação do “berço ao túmulo” (ISO, 2006) Para Narayanaswamy et. al. (2002), a ACV é uma ferramenta para avaliar os impactos ambientais de um produto ou processo em todo seu ciclo de vida, a partir de culturas, através de transformação de alimentos, utilização e eliminação de resíduos associados ao seu uso final. Isto inclui a identificação e quantificação de energia e materiais usados e os resíduos liberados para o meio ambiente. Os estudos de ACV dos bicombustíveis apontam para algumas vantagens destes com relação aos seus concorrentes fósseis, quando se considera a maioria das categorias de impactos ambientais relacionados à produção e consumo dos combustíveis. (SCHMIDT 2008; MICHELSEN 2008). Entretanto, pesquisas realizadas na última década evidenciam que, no caso dos bicombustíveis, a mudança no uso da terra, se associada à expansão agrícola, é capaz de impactar significativamente os componentes ambientais: biodiversidade, solos, recursos hídricos e atmosfera e, a depender do tipo de manejo e dos cenários de referência adotados, resultarem em indicadores de sustentabilidade ambiental desfavoráveis, com relação a outras alternativas energéticas. (LINDEIJER, 2000, MILÀ I CANALS, 2003; SCHMIDT, 2008). Para que os impactos ambientais sejam considerados em todas as suas dimensões e a ACV utilizada como uma ferramenta eficaz na mitigação dos impactos ambientais de produtos e processos, a ISO (2006) preconiza a compartimentalização desses impactos em categorias ambientais, as quais são fundamentais para permitir uma organização e hierarquização na avaliação ambiental de determinado processo. 2.3. Categorias de Impacto em ACV De acordo com a ISO 14044 (ISSO 2006b), os estudos que envolvem a avaliação ambiental devem considerar a seleção de categorias e classificar os impactos relevantes que são atribuídos a essas categorias de impacto em função da sua capacidade em contribuir para diferentes problemas ambientais como: o consumo de recursos naturais e as emissões para a atmosfera entre outros impactos significativos. Neste sentido, as categorias de impacto ambiental de ponto médio, ou intermediárias, podem ser agrupadas nas seguintes categorias de ponto final: uso de recursos naturais, saúde humana e qualidade do ecossistema, As principais categorias de impactos ambientais utilizadas em ACV, suas características individuais e os indicadores utilizados para avaliação estão sinteticamente apresentados no Erro! Fonte de referência não encontrada.. A categoria ambiental de ponto final qualidade do ecossistema dentro da ACV tem sido avaliada a partir de danos ao funcionamento deste sistema, expressos na percentagem de espécies desaparecidas de determinada área, devido aos impactos das atividades humanas (GOEDKOOP; SPRIENSMA 2000). Esta definição não é homogênea e exige uma divisão em subcategorias ou categorias de ponto médio, para um tratamento adequado: - a categoria aquecimento global envolve uma série de etapas, iniciando com a liberação de gases do efeito estufa, que podem resultar em alterações climáticas, com consequentes impactos na saúde humana e nos ecossistemas (HAUSCHILD, 2009). - a categoria ecotoxicidade é expressa como a percentagem de todas as espécies presentes no ambiente sob estresse tóxico (PAF - Potentially Affected Fraction) (GOEDKOOP; SPRIENSMA 2000) - a acidificação e eutrofização, tratadas com uma única categoria de impacto que, neste caso, o dano causado a espécies indicadoras (plantas vasculares) é avaliado a partir de modelos matemáticos (LINDEIJER, 2000); - e a categoria ambiental uso da terra, que tem sido avaliada a partir de dados empíricos da ocorrência de espécies indicadoras associadas a determinado ecossistema (plantas vasculares) em função do tipo de uso da terra e tamanho da área. Na avaliação, leva-se em conta tanto o dano local à área ocupada, ou que teve o seu uso transformado, como a qualidade regional do ecossistema considerado (CANALS et al., 2007; GARRAIN et al., 2009). Quadro 1. Principais categorias de impactos ambientais consideradas na ACV CATEGORIAS AMBIENTAIS (ponto médio) Utilização de recursos energéticos Aquecimento global Toxicidade humana DEFINIÇÃO Somatório da energia utilizada nas fases de extração, distribuição e transporte, acrescido da energia consumida. Aquecimento provocado pela emissão de dióxido de carbono na atmosfera a partir do uso de combustíveis fósseis. Avaliação da atividade de substâncias tóxicas como causa de incapacidade ou morte em seres humanos. INDICADOR MJ/cal Kg de CO2 equivalente Liberação de 1,4 diclorobenzeno Acidificação atmosférica Avaliação das emissões de NOx, SOx e NH3 Kg de SO2 equivalente Eutrofização aquática Avaliação da presença de nitratos e fosfatos nos ambientes aquáticos provenientes de Kg de PO4 lançamentos de efluentes domésticos equivalente contaminando os corpos aquáticos e o solo. Salinização da terra Avaliação do acúmulo sistemático de sal em determinadas áreas devido ao manejo ha de terra salinizada insustentável do uso e ocupação da terra. Uso da terra – Perda da biodiversidade Avaliação quantitativa da perda da Fração de espécies nativas biodiversidade em áreas cultivadas a partir do que desaparecem por região uso e ocupação da terra. e por ha de terra cultivada. Fonte: Adaptado de NARAYANASWAMY, et al., 2002. Para Weidema (2002), a categoria de impacto uso da terra em ACV tem sido utilizada para designar os impactos ambientais relacionados à ocupação física e transformações no uso da terra. Para Milá i Canals et al. (2007) essa categoria de impacto atribui importância à perda da biodiversidade, pela ocupação e transformação de uma área e a redução da qualidade físico-química do solo, pela ocorrência de processos erosivos, de compactação, salinização e outros processos associados à degradação das propriedades biológicas e físico-químicas do solo. O indicador perda de biodiversidade, quando associado à AICV de biocombustíveis, objetiva avaliar a qualidade ambiental de áreas cultivadas, de acordo com o número de espécies da fauna ou flora eliminadas a partir da expansão das áreas de produção agrícolas, utilizando alguns critérios qualitativos com base na avaliação indireta da biodiversidade, com base em aspectos qualitativos. A salinização do solo é outra categoria que merece atenção na mensuração dos impactos associados ao uso da terra, estando relacionada à aplicação de sais em determinadas áreas, devido aos processos de irrigação e fertirrigação. Sua avaliação está relacionada às alterações na qualidade do solo, definida por Milá i Canals (2003) a partir do desempenho de funções de suporte à vida, incluindo: a produção biótica, a ciclagem de nutrientes e a regulação do clima. A produção biótica é umas das principais funções do solo, estando diretamente relacionada às atividades antrópicas. 2.4. Categoria ambiental uso da terra Milà i Canals (2003) define o termo uso da terra como uma atividade humana que ocupa determinada área da Terra. De forma bastante ampla, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) define Terra como sendo a área da superfície do globo terrestre com as características que incluem todos os atributos estáveis e cíclicos da biosfera, situados verticalmente acima e abaixo desta área, incluindo: solo, geologia, hidrologia, fauna e flora, bem como os resultados das atividades humanas passadas e presentes. (FAO, 1976). Para Canals, (2007), o termo uso da terra no contexto da ACV pode ser definido como um tipo específico de intervenção ambiental, identificado no inventário do ciclo de vida de um produto ou serviço, que ocasionará modificações na capacidade do solo em realizar suas funções (CANALS et al. 2007). De acordo com Michelsen (2008), para a avaliação de impacto do uso da terra, devem ser considerados os seguintes parâmetros: tempo de ocupação da terra, extensão da área afetada, tempo de recuperação da terra, tipo inicial e final do uso da terra, além da situação de referência, ou seja, os parâmetros iniciais de qualidade utilizados para comparar os impactos. O mesmo autor aponta que os processos de ocupação e transformação da terra devem ser descritos quantitativamente, com o objetivo de determinar a qualidade da terra e prever cenários: antes, durante e pós-ocupação (MICHELSEN, 2008). Milà i Canals et al. (2007) diferencia os dois processos, pontuando que a transformação da terra refere-se à fase inicial de mudança no seu uso, enquanto que a ocupação está ligada à fase do uso produtivo da área, propriamente dita. A produção de biocombustíveis, portanto, pode afetar importantes sistemas globais, isto é, habitats naturais como as florestas e outras áreas inexploradas que, em seu conjunto, constituem o núcleo da biodiversidade global. Nesse sentido, a mudança no uso da terra relacionada à expansão agrícola pode, em maior ou menor grau, interferir de maneira irreversível na dinâmica e nas funções ecológicas dos ecossistemas, com potenciais impactos nos componentes ambientais: biodiversidade, solos, recursos hídricos e atmosfera. (HO, 2006 apud SCHMIDT et al., 2009). De acordo com Schmidt et. al. (2009), as implicações do uso da terra para produção de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis são muitas vezes referidas como uma troca entre a redução dos gases do efeito estufa (GEE), por um lado, e os impactos na biodiversidade e na segurança alimentar, por outro. Com isso, se o processo de transformação de áreas naturais em áreas antropizadas não for seguido de um processo de uso e ocupação da área, e esta permanecer abandonada após a transformação, a perda da qualidade ambiental inicial, provocado pelo processo de transformação, será gradualmente revertida em direção à recuperação da qualidade ambiental inicial, devido a forças da natureza (Figura 1) (MILÀ I CANALS, 2007). Figura 1. Uso da terra por um processo de transformação, ΔQ representa a mudança inicial na qualidade da terra, e a área sombreada representa o impacto da transformação (MILÀ I CANALS, 2007). Figura 2. Uso da terra por um processo de ocupação, sem alteração na qualidade da terra durante o processo de ocupação (ΔQ = 0, a área sombreada representa o impacto de ocupação). (MILÀ I CANALS, 2007) Mesmo que um processo de ocupação de uma área não altere a qualidade da terra, a ocupação provoca um retardo da atuação das forças naturais de recuperação, equivalente ao tempo de ocupação da área (Figura 2) (MILÀ I CANALS, 2007). Milà i Canals (2007) ressalta que o uso da terra geralmente consiste da atuação conjunta desses dois processos: de uma transformação, seguida por um ou vários processos de ocupação e o processo de ocupação, podendo ser acompanhado por pequenas mudanças na qualidade da área transformada. A mudança no processo de ocupação e transformação da terra para fins de agricultura, silvicultura, mineração ou urbanização, podem provocar impactos ambientais significativos do ponto de vista da biodiversidade da área, relacionados a significativas alterações na composição de espécies da superfície do solo, além de exercer efeitos indiretos sobre a biodiversidade e a qualidade do solo propriamente dito, com impactos significativos nos componentes ambientais responsáveis pela manutenção das funções vitais dos ecossistemas terrestres (MÜLLER-WENK, 1998; WEIDEMA, 2002; LINDEIJER ET AL., 2002; MILÀ I CANALS, 2007). Diante disso, o futuro da biodiversidade, em especial das florestas tropicais, depende cada vez mais da gestão efetiva dos recursos naturais e das paisagens modificadas pelo homem, representando um desafio para estudiosos da área de biologia da conservação e planejamento do uso e ocupação da terra (GARDNER et.al., 2009). Neste contexto, encontra-se a motivação para inclusão da categoria ambiental uso da terra, mais especificamente da perda da biodiversidade, no contexto da ACV dos biocombustíveis. A sua consideração busca garantir uma visão sistêmica e mais ampla na avaliação da sustentabilidade ambiental de produtos que dependem de área agrícola no seu ciclo de vida, possibilitando uma comparação mais equânime, por exemplo, do desempenho ambiental do biodiesel com seu concorrente fóssil – o diesel, ampliando os horizontes da avaliação para além da análise restrita das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de outros gases poluentes. Nesse sentido, destaca-se a importância dos indicadores como ferramentas nos estudos, com foco na mitigação dos efeitos da mudança no uso da terra, considerando tanto as mudanças no uso da terra (transformação), quanto o uso da terra p.p. dito (ocupação), associados à perda da biodiversidade. 2.5. Indicadores Ambientais A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define o termo indicador como um parâmetro ou um valor dele derivado que aponta e fornece informações sobre o estado de um fenômeno, ambiente, área, com uma extensão significativa. (OECD, 2003). A partir dessa concepção desenvolveu o modelo de PSR – pressão – estado - resposta ( Figura 3), que destaca as relações de causa-efeito, contribuindo para a tomada de decisão na mitigação dos impactos ambientais, oriundos das diversas atividades antrópicas (OECD, 2003). De acordo com Ribeiro et. al. (2006), os indicadores devem ser selecionados de forma que contribuam para atender os seguintes princípios: capacidade de identificar os elementos de pressão sobre o meio ambiente, o estado do meio ambiente decorrente dessas pressões e as respostas sociais a tais pressões, informando não apenas o estágio atual, mas as tendências de qualidade do meio ambiente e do estoque de recursos naturais. Desta forma, o autor descreve que indicadores de pressão, são aqueles que procuram responder sobre as causas do problema. Indicadores desta natureza incluem emissões e acumulação de resíduos. Os indicadores de estado destacam o estado do meio ambiente, mensurado por meio da qualidade do ar no meio urbano, a qualidade das águas superficiais ou subterrâneas, as concentrações de substâncias tóxicas ou o número de espécies em risco de extinção. Indicadores de resposta, respondem sobre o que tem sido feito para resolução do problema, o que inclui os compromissos internacionais, taxas de reciclagem ou de eficiência energética. Figura 3. Modelo de pressão – estado – resposta, adaptado de (OECD, 2003). Os indicadores, além da sua relevância técnica, devem estar disponíveis ou serem de fácil acesso, devendo-se considerar as limitações para sua obtenção, seja pelo custo de produção, escala de representatividade, assim como pela sua capacidade de compartilhamento nos níveis local, regional e nacional (OECD, 2002 e RIBEIRO et. al., 2006). Nessa perspectiva, tomando como premissa o modelo da OECD, o estado da biodiversidade pode ser afetado por pressões específicas que estão sendo avaliadas, como também por uma infinidade de outros fatores, denominados por efeitos cumulativos. Tal característica dificulta a identificação de indicadores genéricos, que possam ser aplicáveis em qualquer situação (CESWORKING, 2006). No âmbito da ACV, indicadores ambientais são substitutos mensuráveis dos atributos ambientais que não podem ser medidos diretamente, determinando as características bióticas ou abióticas que refletem o estado de um ecossistema, do habitat ou de outros componentes da biodiversidade, e selecionados com base na expressão dos componentes ambientais e pela sua sensibilidade às práticas de gestão e uso da terra (MILA I CANALS, 2007; TREWEEK et. al., 2006). Os indicadores devem ser apresentados sempre associados a sua aplicação e, na maioria das vezes, a aplicabilidade é considerada mais importante que o próprio indicador em si. Com isso, o grande desafio constitui em encontrar indicadores genéricos que possam ser aplicáveis em qualquer situação e em diferentes escalas. (CESWORKING, 2006). Nessa perspectiva, a partir das estatísticas ambientais disponíveis, os indicadores devem ser de fácil construção, capazes de simplificar uma realidade complexa, por meio de atributos ambientais mensuráveis, os quais não poderiam ser medidos diretamente. (SMEETS; WETERINGS 1999 apud MILÀ I CANALS, 2007). 2.5.1. Indicadores de biodiversidade e modelos propostos para uso da terra em AICV. A quantidade de estudos com base na ACV dos biocombustíveis, que consideram a perda da biodiversidade associada à mudança no uso da terra na sua avaliação, é considerada reduzida, além de restringirem-se apenas às análises preliminares. Este fato está diretamente associado à falta de procedimentos metodológicos cientificamente validados para avaliação nesta área do conhecimento, limitando a aplicação da ferramenta ACV como instrumento para a tomada de decisão. Nesse contexto, os especialistas em ACV têm envidado esforços para a escolha de indicadores possíveis de associar os impactos decorrentes dos processos de uso da terra e a perda de biodiversidade. Para Mattson (2000), a biodiversidade da forma, como é definida pela UNEP 2002, não pode ser medida diretamente, especialmente se considerarmos a complexidade dos ecossistemas e a própria diversidade genética. Por este motivo, diferentes abordagens têm sido conduzidas, no sentido de encontrar indicadores que atendam aos objetivos específicos de cada estudo. Ecologistas afirmam que o termo diversidade de espécies é de difícil definição e mensuração e apontam formas de medi-la, incorporando informações sobre o número (riqueza de espécies) e a abundância relativa de indivíduos em cada espécie (abundância de espécies) (HAMILTON, 2005). O mesmo autor afirma que a diversidade pode ser medida por meio de índices matemáticos conhecidos como Índices de Diversidade (ID), sendo os mais usuais: o índice de Simpson e o de Shannon-Weaver, ambos calculados a partir das proporções de cada espécie (pi) na amostra total de indivíduos, ou seja, combinando informações sobre a riqueza e a abundância de espécies numa única medida, observando padrões de abundância de espécies, os chamados modelos de abundância. Cabe salientar que, embora existam medidas mais eficazes do que a riqueza de espécies para mensurar a biodiversidade, há um consenso entre os estudiosos da área sobre a dificuldade de disponibilidade de dados, associados a determinados usos da terra em ecossistemas específicos, principalmente se considerarmos as especificidades de cada espécie e as funções que cada uma desempenha no ecossistema. Segundo a OECD (2002a), um índice pode ser compreendido como o resultado da agregação de vários indicadores, podendo ser constituído por vários níveis de agregação (OECD, 2002a). Milà i Canals et. al. (2006) afirma que há pouco consenso sobre os melhores indicadores de uso terra, principalmente devido ao pouco conhecimento acerca do que se quer proteger, incluindo a biodiversidade, os serviços ambientais e o uso econômico dos recursos naturais. Diversos modelos têm sido propostos para avaliação da categoria uso da terra, levando em consideração, além da perda da biodiversidade, outros componentes ambientais que interferem direta e indiretamente na qualidade da terra. Os modelos para avaliação qualitativa da terra consideram aspectos referentes à qualidade física e química do solo e, para tanto, analisam a massa do solo erodida, o acúmulo de metais pesados e teor de fósforo e potássio (COWELL; CLIFT, 2000, MILA I CANALS; ROMANYÀ; COWELL, 2006; MATTSON; CEDERBERG; BLIX, 2000). Especificamente para avaliar a perda da biodiversidade, inúmeros modelos com potencial para aplicação na ACV têm sido desenvolvidos, com destaque para: Ruedi Müller-Wenk (1998) O autor propõe um modelo de uso da terra com base em dados da Suíça, que leva em consideração o percentual de espécies de plantas vasculares ameaçadas de extinção, tomando como base dados históricos do grau de intensidade de uso da terra, se baixo ou alto, além de informações acerca das espécies ameaçadas de extinção. A partir destes dados, o autor realiza um cálculo da redução na extensão de atividades de alta intensidade, de modo que haja uma redução significativa no percentual de espécies ameaçadas de extinção. O autor faz um levantamento das espécies de plantas vasculares que existiam em 10 regiões da Suiça, sem mencionar o ano de referência para os dados, sendo que cada espécie é classificada de acordo ao grau de ameaça: Ex – extintas, E – em perigo, V – vulneráveis, R – espécies raras ou potencialmente vulneráveis e U – não ameaçadas. Através deste levantamento, foi constatado que todas as espécies correm algum risco de desaparecer na Suiça. Portanto, pode-se elaborar a função de dano, de acordo a intensidade de uso da terra e o grau de ameaça das espécies de plantas vasculares, que do número total de 2696 espécies, 1.815 (67%) não estão sob ameaça de extinção, 223(8%) correspondem às espécies raras ou potencialmente vulneráveis, 579 (22%) espécies mais vulnerávies à extinção e 79 (3%) são consideradas extintas ou em processo de extinção. Daí, pode-se determinar um percentual atual de espécies de plantas vasculares potencialmente ameaçadas (Sp%threat) por meio da equação [1]: Para Müller-Wenk (1998) a escolha de plantas vasculares como indicador deve-se ao fato de ser um grupo grande dentro do total de espécies europeias, de modo que possuam certa representatividade de todos os seres vivos. O autor enfatiza que embora outras categorias de impacto, em especial a acidificação atmosférica, a eutrofização e a ecotoxicidade exerçam influência na perda de espécies e a emissão de gases do efeito estufa comprometa a diversidade de espécies no futuro, não apenas na Europa, mas em todo o mundo, essa perda está diretamente relacionada à mudança no uso da terra. Erwin Lindeijer (2000) O autor afirma que a biodiversidade local expressa o valor intrínseco da natureza de uma determinada região. Com base nesta premissa, propõe medir a biodiversidade usando apenas a diversidade de espécies de plantas vasculares como indicador. Segundo o autor, a escolha deste grupo taxonômico deve-se ao fato de possuírem disponibilidade de dados em escala mundial. Para o autor, a diversidade de espécies pode ser medida em diferentes escalas, devendo ser normalizada em um parâmetro, conforme exemplificado na equação 2. Smap __ Sref cell = α* LOG (Amap/ Aref cell) [2] Sendo que Smap representa o mapa da área que os dados foram coletados e Srefcell é um mapa de referência em que cada metro quadrado deverá conter 10 espécies. De acordo com o autor, essa relação permite a comparação de dados de vários sistemas, mas é preciso escolher uma área onde a diversidade de espécies seja elevada, o que permite uma comparação entre a mudança no uso da terra com uma situação, antes e após a intervenção, estabelecendo uma relação de causa e efeito. Thomas Köllner (2003) Köllner (2003) estabelece uma relação entre o uso da terra e a qualidade ambiental e, para isso, utiliza como indicadores a diversidade de espécies de plantas vasculares, associada aos diferentes tipos de uso da terra e a um fator de vulnerabilidade do ecossistema. Köllner (2003) apud por Souza (2010) propõe a modelagem de impactos do uso da terra, segundo a diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização para as escalas local e regional, para 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso. O dano total ao ecossistema, resultante das análises de danos regional e local, é finalmente expresso através da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que ocorrem em certa região. O autor utiliza o termo “regional species pool” para expressar o conjunto de espécies de uma determinada região. O modelo tem como base fatores qualitativos dos impactos ao ecossistema no que se refere à perda de espécies e quantitativo, que consiste na quantificação dos impactos de uso de terra na diversidade de espécies em escalas regionais e locais, os quais são, posteriormente, agregados em um fator único (KÖLLNER, 2003). A Fonte de dados Análise de efeitos Riqueza de espécies Análise danos/benefícios Validade e análise de incertezas Meta-análise dos Transformação dos (2003) de plantas de um tipo um resumo Figura 4 representa esquemático do modelo de Köllner dados utilizando a específico de uso do solo. relação entre espécies-área efeitos em danos/benefícios. Fator de caracteriza ção local (EDPlocal) Avaliação de incertezas com simulação Monte Carlo Escala Local Agregação em um fator de caracterização total (EDPtotal) Escala Regional Estatísticas de áreas na Suiça (BFS 99) Intensidade de uso do solo Fator caracterização regional DPregional) Atlas de tipos de vegetação da Suiça em ameça de extinção Análise de correlação da intensidade de uso do solo e espécies perdidas Transformação dos efeitos em danos/benefícios. Riqueza de espécies de plantas da Suiça (EDVFlora) Espécies de plantas potencial/te perdidas Figura 4. Esquema do modelo de Köllner. Fonte: Adaptado de Köllner (2003) apud (SOUZA, 2010). Weidema e Lindeijer (2001) Julgamento qualitativo da validade e confiabilidade Os autores propõem avaliar a perda de biodiversidade a partir de três fatores: dois deles referem-se às características do ecossistema (vulnerabilidade e escassez) e o terceiro, à riqueza de espécies. A escassez inerente do ecossistema é expressa como o inverso do potencial de área que poderia ser renaturalizada, caso não houvesse nenhuma atividade; a vulnerabilidade do ecossistema é indicada pelo número relativo de espécies afetadas por uma mudança na área do ecossistema, expressa numa relação espécie-área. Aliada a isso, os autores propõem a combinação desses fatores na composição de um indicador adequado de biodiversidade, que inclua aspectos quantitativos e qualitativos. Os autores afirmam que o fator mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza de espécies, ou seja, o número de espécies por região. Para normalizar a riqueza de espécies (SR), de modo que o valor da menor pontuação seja a unidade do ecossistema, divide-se pela riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas (SRmin), chegando-se à equação [3]: nSR = SR/SRmin. [3] A escassez do ecossistema é inversamente proporcional à área, ou seja, quanto menor for a área de um ecossistema mais escasso ele se apresenta. A equação [4] expressa esta relação: ES = 1/Apot. [4] Por outro lado, a vulnerabilidade do ecossistema apresenta uma relação direta de proporcionalidade, ou seja, quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais vulnerável e pressionado ele se apresenta. Desta forma, os autores consideram que o número de espécies seja um bom indicador para avaliar a biodiversidade de um determinado ecossistema. A vulnerabilidade do ecossistema (EV) indica o número relativo de espécies afetadas por alterações (transformação ou ocupação) no uso da terra, em seu habitat natural, expressos pela curva “espécie x área” (SCHILLING 2007). Para se chegar a um índice de biodiversidade, os três fatores são combinados através de uma multiplicação, associando a qualidade da terra com a perda ou o ganho de biodiversidade, expresso na equação [5], resultando num índice que mede a quantidade de espécies que se perde por m2 de área por ano, durante o processo de ocupação. Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc [5] No modelo proposto por Weidema e Lindeijer (2001), seis classes de uso da terra são divididas em três grupos, de acordo com a hipótese de redução de espécies de plantas vasculares. São eles: (i) áreas urbanas e agricultura (culturas temporárias e permanentes); (ii) pastagens com alta e baixa produtividade e áreas desérticas (por ação antrópica); e (iii) áreas em processo de regeneração, após desflorestamento. Ottar Michelsen (2008) Propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a escassez do ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer, 2001) e as condições da biodiversidade mantida (CMB), sendo a qualidade em um determinado local e tempo, avaliada como um produto desses três fatores, conforme a equação [6]: Q = ES x EV x CMB [6] De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas dão informações sobre o valor intrínseco da biodiversidade de uma área. Por outro lado, o indicador relativo às Condições da Biodiversidade Mantida (CMB) fornece informações sobre as condições atuais do ecossistema, avaliadas segundo a condição da biodiversidade da área, ou seja, intacta ou reduzida. A CMB é um índice composto por indicadores, conhecidos por serem importantes para se chegar ao índice para as condições da manutenção da biodiversidade. O autor sugere a identificação de fatores-chave (KF) propostos por Larsson (2001). Dentre 17 fatores-chave (KFi) identificados, apenas três são inicialmente apontados por serem os mais importantes para se avaliar a biodiversidade nas florestas boreais da Europa. São eles: a quantidade de madeira em decomposição; a percentagem de áreas abandonadas e a introdução de espécies de árvores exóticas. Neste sentido, cada fator-chave é analisado de acordo com dois parâmetros, utilizando a seguinte escala de pontuação numérica: 0 = nenhum impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto. A metodologia proposta prevê a possibilidade de distinguir o impacto do uso da terra a partir de vários tipos de manejo florestal em diferentes ecorregiões. Jannick Schmidt (2008) O indicador, proposto por Schmidt (2008), avalia a diversidade de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de “espécie x área”. Para tanto, o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em 100m2 é multiplicado pela duração da ocupação. O cálculo do indicador é realizado por meio da multiplicação dos seguintes fatores: (i) área ocupada; (ii) número de espécies afetadas, em uma área padrão; (iii) vulnerabilidade do ecossistema; e (iv) duração da ocupação e recuperação da terra. É importante observar que a distinção entre espécies raras e em extinção e entre espécies invasoras ou endêmicas não foi indicada. O autor propõe fatores de caracterização segundo diferentes tipos de uso da terra para a Dinamarca, extrapolando os dados para o Norte da Europa, para a Malásia e Indonésia (Sudeste da Ásia). Schmidt (2008) propõe equações que simplificam seu modelo. A Eq. [7] descreve o cálculo do fator de vulnerabilidade do ecossistema, que assim como em Weidema e Lindeijer (2001) e em Köllner (2000) é derivada do número de espécies, calculada por meio da curva espécie versus área (S= a*Ab), sendo normalizada com o número de espécies da região (SOUZA, 2010). [7] Na Eq. [7], “b” é o fator de acumulação de espécies para uma área relativa com baixa intensidade de uso da terra (LI). O valor de “b” é de 0,22 para a Dinamarca e 0,23 para Malásia e Indonésia. O fator b/LI representa a vulnerabilidade do Ecossistema e "c” é o parâmetro para riqueza de espécies. Considerando que o modelo proposto lida apenas com usos da terra de baixa intensidade, Schmidt (2008) realizou o cálculo da forma apresentada na Eq. [8], na qual ALI(pp), ALI(f&w) são, respectivamente, a área permanente de pastagens e de florestas com baixa intensidade de uso, e ALI(total) é a área total (alta e baixa intensidade de uso). [8] O valor de LIcountry calculado para a Dinamarca corresponde a 0,24, enquanto para a Malásia e Indonésia, o valor encontrado foi 0,56. Realizando o cálculo apontado na Eq. [8], foi possível encontrar o fator de vulnerabilidade do ecossistema para a Dinamarca (0,92) e para Malásia e Indonésia (0,41). Tempos de recuperação Para o cálculo do tempo de recuperação – trec –, Schmidt (2008) utilizou os valores estimados por Köllner (2003) – trec.K –, para o norte da Europa, tendo-se como referência o fator de relaxamento (trelax) igual a 100, para latitudes 40° e altitudes de 0-1000m. Para o sudeste da Ásia, o autor utilizou o fator de relaxamento como correção (índice 71, para latitude 0° e altitude 0-1000 m), relativamente ao fator europeu. [9] Fatores de caracterização Para os fatores de caracterização para ocupação e transformação, Schmidt (2008) utiliza, respectivamente, as Eq. [10] e Eq. [11]. Na Eq. [12], o cálculo do fator de caracterização é realizado por meio da subtração de valores do estado de referência para o relaxamento natural e do uso da terra em questão. S100 representa a diversidade de espécies em uma área padrão de 100m². [10] Na Eq. [11], trec indica o tempo de recuperação para o uso da terra em questão. [11] Diversos indicadores têm sido utilizados para mensurar a biodiversidade no campo da ecologia, porém quando se considera as especificidades de cada ecorregião, especialmente os fatores ecológicos e as diferenças climáticas e geofísicas, estas podem se constituir como fatores limitantes ao uso e aplicação destes indicadores. Embora a inserção da categoria ambiental uso da terra na ACV seja uma discussão recente e metodologicamente complexa, especialmente no que se refere à definição de indicadores para sua quantificação, constitui-se em uma etapa de significativa importância para embasar estudos que forneçam parâmetros seguros aos tomadores de decisão na formulação de políticas públicas, considerando aspectos ecológicos e ambientais relevantes para a produção de bicombustíveis (ANTÓN et al., 2002). 2.6. Biocombustíveis Com a crise energética e ambiental mundial, o desafio tem sido compatibilizar a crescente demanda por energia e a proteção ambiental. Com isso, surgem alternativas energéticas, a exemplo dos biocombustíveis, cuja produção vem para atender a demanda em ritmo crescente, estimulada pelo crescimento populacional. A produção de biocombustíveis, conforme destaca a EPE (2009), além dos aspectos econômicos positivos, deve estar alinhada com os objetivos internacionais de mitigação do aquecimento global. O termo biocombustível1 é definido como combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (BRASIL, 2005). No Brasil, o governo federal tem incentivado a produção de biocombustível, especialmente o biodiesel, por meio do PNPB – Programa Nacional de Uso e Produção de Biodiesel, lançado oficialmente no ano de 2005, como um programa interministerial concebido com o objetivo de incentivar a produção e uso do biodiesel. O PNPB considera as três principais vertentes da sustentabilidade: a social, através da inclusão de agricultores familiares, a econômica, através da promoção do desenvolvimento de regiões economicamente desfavorecidas e a ambiental, através da redução de emissões atmosféricas oriundas dos motores de combustão ciclo diesel. Diversas oleaginosas apresentam potencial para produção de biodiesel, com destaque para o pinhão manso (Jatropha curcas), a soja (Glycinea max) e o dendê (Elaeis guineensis), palmeira de origem africana, que se desenvolve em áreas tropicais úmidas e que apresenta um 1 Autores ligados aos movimentos sociais têm proposto a utilização do termo “agrocombustível” no lugar dos biocombustíveis, para designar os combustíveis produzidos a partir de cultivos energéticos, como: a cana-de-açúcar e as oleaginosas. Tal proposição está baseada no argumento de que o prefixo “bio” em muitas línguas está associado aos conceitos de “verde”, “ecológico”, “orgânico”, “renováveis” e que os “biocombustíveis” produzidos a partir de cultivos energéticos, em geral, possuem sistemas produtivos intensivos no uso de insumos agroquímicos sintéticos, derivados de petróleo e utilizam sistemas agrícolas baseado em monocultivos (GOMES et al., 2009). dos maiores potencias de produção de óleos vegetais, atingindo em áreas comerciais, produtividades médias de até 5.000 kg de óleo por hectare e ano (COUTO et al.,2006). Embora o biodiesel seja apontado como uma alternativa ambientalmente vantajosa, quando comparado ao seu concorrente de origem fóssil, ao considerarmos o ciclo de vida completo, da produção ao uso final do combustível, impactos significativos, especialmente relacionados à fase agrícola, podem relativizar o desempenho comparativo entre os dois combustíveis utilizados em motores diesel. Nessa perspectiva, Dutra e Almeida Neto (2003) apontam que a fase mais crítica da cadeia de produção do biodiesel é a produção da matériaprima, que se concentra na fase agrícola de produção do óleo vegetal. Para Fernandes (2009), o ciclo de vida dos combustíveis, derivados fósseis ou da biomassa pode ser considerado sistema energético, com atividades de extração, processamento, distribuição e uso final do combustível/energia e, ocasionalmente, ser responsável por significativos impactos ambientais na sociedade moderna. Com isso, os efeitos adversos podem não se restringir tão somente ao nível local onde se realizam as atividades de produção ou de consumo da energia, com impactos diretos na qualidade do solo na biodiversidade, mas se estenderem ao nível regional ou global, se considerarmos categorias de impacto como aquecimento global, toxicidade humana, dentre outras. Uma abordagem mais detalhada permite observar que impactos ambientais significativos podem ocorrer tanto na transformação, como na ocupação de áreas para produção da matéria-prima utilizada na produção de biocombustíveis, como a alteração da cobertura vegetal existente e a interferência no estoque de carbono no solo e na biomassa da superfície, no caso da transformação e a geração de emissões de poluentes associadas aos processos produtivos, durante a fase de ocupação. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Delimitação, caracterização e etapas da pesquisa A presente pesquisa, do ponto de vista dos seus objetivos, caracteriza-se como uma pesquisa exploratória que, segundo Gil (1991), visa proporcionar ao pesquisador a familiaridade com o tema, para o qual o conhecimento e a compreensão ainda são insuficientes ou incipientes. Quanto à natureza, enquadra-se como do tipo quanti-qualitativa, combinando elementos que permitem uma abordagem qualitativa com aspectos que podem ser quantificados e avaliados estatisticamente. Para o alcance dos objetivos propostos, a pesquisa foi dividida em duas etapas distintas, onde a primeira é caracterizada como pesquisa documental, por meio de consulta a fontes bibliográficas secundárias, empíricas e teóricas, incluindo: periódicos científicos nacionais e internacionais, dissertações e teses, relatórios técnicos, publicações oficiais e anais de congressos. Nesta etapa, foi realizado o levantamento e a pré-seleção dos indicadores para avaliar impactos do uso da terra na biodiversidade. A segunda etapa consistiu na realização de uma consulta a especialistas de 4 (quatro) áreas do conhecimento, relevantes ao problema da pesquisa, utilizando-se da técnica Delphi, ou método de consulta Delphi (GORDON e HELMER, 1964). O uso da técnica Delphi se justifica nesta pesquisa por se tratar de um tema complexo, que envolve conhecimentos especializados derivados de diversas disciplinas e áreas do conhecimento. Esta técnica permite consultar a opinião desses especialistas, independente da sua distribuição geográfica, além de possibilitar um intercâmbio de opiniões entre os especialistas das diferentes áreas, com vistas à identificação de uma posição consensual, ou aspectos consensuais e dissensões sobre o tema. 3.2. Levantamento, pré-seleção e avaliação dos indicadores Inicialmente, foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica para pré-seleção dos indicadores, a partir de consulta ao portal de periódicos da Capes e em periódicos especializados nas áreas de Avaliação do Ciclo de Vida, Ecologia e Conservação e Indicadores Ambientais. Por meio deste levantamento foram escolhidos dezesseis indicadores, dentre os inúmeros encontrados, que serviram de base para a segunda etapa da pesquisa. Para essa seleção, utilizaram-se como critérios: a sua aplicabilidade, a frequência e a relevância da sua utilização em publicações da área de ACV, uso da terra e indicadores de biodiversidade. Uma vez definido o grupo inicial de indicadores, eles foram organizados em uma matriz de avaliação e enviados aos especialistas selecionados para a consulta Delphi. A avaliação foi realizada com base numa escala discreta variando de 0 a 2, sendo 0 não aplicável, 1 parcialmente aplicável e 2 aplicável para o indicador com relação aos sete atributos mencionados anteriormente. Tabela 1. Características desejáveis de um indicador (Milà i Canals, 2007) CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO Representatividade Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria ambiental uso da terra (“land use”) no aspecto perda de biodiversidade (“loss of biodiversity”); Mensuralidade Como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação quantitativa dos atributos relevantes quanto a degradação ou proteção da biodiversidade; Consistência Devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o estudo. Aplicabilidade As informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis e serem de simples uso, possibilitando ser utilizada por não especialistas em biodiversidade. Dependência local Os indicadores devem refletir a dependência local associada á biodiversidade, e serem relevantes para os objetivos do estudo. Escala Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a atender os objetivos e escopo do estudo. Transferência Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores usados devem ser transferíveis e aceitos internacionalmente, permitindo a comparação de estudos realizados em diferentes situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas cultivadas em diferentes ecossistemas (óleo de dendê na Amazônia, óleo de soja no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina). Fonte: Milà i Canals, (2007) 3.3. O Delphi O método, técnica ou consulta Delphi consiste em consultar especialistas acerca de um determinado tema, utilizando um questionário, sem a necessidade de um contato presencial. A consulta pode ser repetida, quantas vezes forem necessárias, para a obtenção de uma resposta satisfatória ao problema proposto. O Delphi originalmente nasceu na RAND Corporation, Califórnia, em 1950, tendo sido utilizado pela primeira vez para conduzir uma pesquisa na Força Aérea Americana com fins militares. Uma década depois se popularizou ao ser aplicado em previsões tecnológicas e no planejamento corporativo (DALKEY, 1969). No Japão, na década de 60, o Delphi foi utilizado para obter informações sobre o futuro da área de ciência e tecnologia e, posteriormente, se expandiu no ocidente em estudos que envolvem previsões tecnológicas e avaliação de problemas sociais (GORDON; HELMER, 1964). A partir deste momento, o Delphi, que se caracteriza por ser um método de pesquisa qualitativa, passou a ser cada vez aplicado em outras áreas do conhecimento, tendo sido cada vez mais utilizado para pesquisas nas áreas acadêmicas, empresariais, agricultura, educação, transporte, gestão e planejamento estratégico (GORDON; HELMER, 1964; STEINERT, 2009). Consensualmente, o Delphi caracteriza-se por seu um método que estrutura um processo de comunicação efetivo, capaz de possibilitar a interação de um grupo de indivíduos com vistas a solucionar um problema complexo, sobre o qual se dispõe de pouca informação registrada (STEINERT, 2009). É um método de fácil aplicação, que se distingue dos demais métodos qualitativos, pelo anonimato dos participantes, pela interação com feedback controlado e permitir análises estatísticas das respostas do grupo (DALKEY, 1969). Destacam se algumas características importantes do método: O primeiro aspecto da interação Delphi é que os especialistas são consultados pelo menos duas vezes sobre a mesma questão e, por meio da repetição, os participantes têm a possibilidade para alterar suas opiniões e rever seus julgamentos, em função da opinião dos demais especialistas consultados; O anonimato permite que as respostas de um participante não exerçam influência direta nas respostas dos demais, além de preservar a identidade dos respondentes, não expondo as suas opiniões individuais; A terceira característica que é o feedback controlado objetiva dar retorno aos participantes, após o final de cada rodada da consulta, informando e comparando a opinião dos outros respondentes com as respostas individuais de cada especialista, por meio de tabulações estatísticas simples. O Delphi parte da hipótese de que o julgamento coletivo, produto da interação entre os julgamentos individuais de especialistas, pode trazer resultados mais satisfatórios do que a simples justaposição dos julgamentos individuais. Em linhas gerais, é uma técnica que busca a resposta mais consensual de um grupo de especialistas, acerca de um problema para o qual não se dispõe de métodos mais objetivos e quantitativos para ser utilizado (PATARI, 2010). Não existe a exigência de um número mínimo ou máximo participantes, podendo variar de um pequeno grupo até um grupo numeroso, dependendo do tipo de problema a ser investigado e da população e/ou amostra definida em cada estudo. Nesta pesquisa, a escolha do método Delphi justificou-se, principalmente, por se tratar de uma temática recente, ainda pouco estudada, principalmente quando consideramos a inserção da categoria de impacto uso da terra na avaliação de impacto do ciclo de vida. Outro fator relevante na escolha do método foi a diversidade de modelos e a falta de consenso de opiniões na escolha do(s) melhore(s) ou mais indicado(s) para avaliar a perda da biodiversidade neste contexto. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta um fluxograma das várias etapas de aplicação da consulta Delphi. Figura 5. Fluxograma simplificado das etapas de aplicação da consulta Delphi Fonte: Elaboração própria 3.3.1. Escolha dos especialistas A escolha dos especialistas para a consulta Delphi foi realizada a partir da identificação das áreas do conhecimento relevantes ao problema científico do estudo. Foram identificadas quatro áreas de conhecimento envolvidas na avaliação de indicadores de biodiversidade para aplicação na AICV dos biocombustíveis: Avaliação do Ciclo de Vida (ACIVID), Cultivos Energéticos (CULTEN), Biocombustíveis (BIOCOM) e Ecologia e Conservação da Biodiversidade (ECOBIO). A orientação para a escolha dos especialistas se deu com base, inicialmente, no currículo Lattes do profissional e o no currículo acadêmico, no caso de especialistas estrangeiros e, em seguida, através de indicações por outros especialistas, considerando a disponibilidade e o interesse em participar do estudo. Os especialistas da área de ACIVID foram selecionados com base em consultas às suas publicações, por meio do portal de periódicos disponíveis para acesso, contatos institucionais entre grupos de discussão que trabalham com Avaliação do Ciclo de Vida em instituições nacionais e internacionais, destacando-se a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Universidade Federal de Santa Catarina, Rede Peruana do Ciclo de Vida e Norwegian University of Science and Technology. Para a escolha dos especialistas em CULTEN, buscou-se pesquisadores especializados nos aspectos agronômicos, necessários à produção agrícola, com destaque para instituições de produção, pesquisa e ensino que desenvolvem estudos em cultivos típicos do trópico úmido, destacando-se: a CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, a Universidade Estadual de Santa Cruz e uma empresa privada de plantio comercial de dendê, com sede localizada no estado do Pará. Na área de BIOCOM, foram selecionados especialistas das seguintes instituições: Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade Federal da Bahia e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), instituições com reconhecida experiência acadêmica e de pesquisa neste setor. Para escolha dos especialistas em ECOBIO, foram consultadas instituições atuantes nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, com foco no Bioma da Mata Atlântica, destacandose: a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os especialistas foram contatados via correio eletrônico, telefone e/ou contato pessoal. Ao concordarem com a participação na pesquisa, foi enviada uma carta-convite explicando em que consiste o Delphi, o objetivo da pesquisa e a importância da participação deles como especialistas na área. Aos que concordaram em participar, foi enviado o questionário (apêndice B) junto com o apêndice explicativo (apêndice C III). 3.3.2. Elaboração do questionário O questionário foi elaborado em linguagem adequada ao entendimento, por um grupo multidisciplinar, de forma simplificada visando, ao mesmo tempo, atender aos objetivos da pesquisa e não exigir um período longo de dedicação dos respondentes. Foram seguidas as seguintes recomendações para elaboração de consultas Delphi: tornar o questionário simples de ser respondido; evitar questões ambíguas; limitar o número de questões e permitir complementações dos respondentes (MARTINO 1993) apud (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000). Para validação do questionário e da metodologia adotada na condução do Delphi, foi realizado um pré-teste com um grupo de estudantes de Mestrado e Doutorado com formação multidisciplinar, visando simular as condições da pesquisa. A partir dos resultados e retornos do pré-teste, foram realizadas alterações e ajustes, bem como foi possível estimar e otimizar o tempo gasto para responder ao questionário. 3.3.3. Envio do questionário Após o término da etapa de elaboração e estruturação do questionário, o mesmo foi enviado via correio eletrônico aos 22 (vinte e dois) especialistas (apêndice D), identificados numericamente, para facilitar a tabulação dos dados e garantir a preservação do anonimato, conforme prevê o método Delphi. Alguns especialistas, principalmente de instituições próximas à UESC, instituição sede da pesquisa, receberam pessoalmente os questionários, por solicitação própria, na forma impressa. Após envio dos e-mails, foi confirmado o recebimento dos arquivos, através de contato telefônico e ressaltada a importância de cumprimento do prazo fornecido para o retorno do questionário. Antes de expirar o prazo estipulado para devolução do questionário respondido, foram enviados novos e-mails aos especialistas, solicitando o envio e se disponibilizando para esclarecimentos, caso tivessem qualquer dúvida ou dificuldade em responder ao Delphi, além de ressaltar a importância da participação na pesquisa. Após esse novo contato alguns especialistas solicitaram mais esclarecimentos acerca da consulta e o pedido de envio de referências bibliográficas para melhor compreensão do objeto de investigação abordado no Delphi. Ficou evidenciado que essa estratégia foi correta, pois a partir da interação entre pesquisador e especialista, o retorno dos questionários ocorreu de forma mais rápida. O tempo de retorno dos questionários variou de algumas semanas até aproximadamente quatro meses, prazo limite determinado pelo autor da pesquisa. Dos 22 questionários enviados, 16 (dezesseis) retornaram na 1ª rodada da consulta, correspondendo a aproximadamente 70%, percentual considerado satisfatório, quando comparado com os resultados encontrados na literatura, que informam abstenções entre 30 a 50% de retorno para a 1ª rodada de pesquisas dessa natureza (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000). Dos seis especialistas que não retornaram dentro prazo, após terem sido novamente requisitados, um encaminhou e-mail informando da incapacidade técnica em colaborar com a pesquisa. Os demais responderam informando que devido às inúmeras ocupações profissionais, não haviam ainda conseguido responder, e que, tão logo fosse possível, dariam um retorno. Por limitação de tempo para conduzir as demais etapas do Delphi, incluindo a sistematização dos dados, o envio de feedback aos respondentes e o preparo da 2ª rodada, a 1ª rodada foi encerrada com cerca de 79% dos questionários devolvidos. Dos 16 (dezesseis) questionários recebidos, 01 (um) não foi contabilizado, por não ter atendido às regras estabelecidas na pesquisa. 3.3.4. Tratamento estatístico Os dados obtidos com a consulta Delphi foram tratados por meio da estatística descritiva que, segundo Morettin et. al. (2006), trata da organização e descrição dos dados (dedutiva); pretende somente descrever e analisar um dado grupo, sem tirar quaisquer conclusões ou inferências sobre um grupo maior. Os dados podem ser apresentados através de gráficos ou tabelas, além do cálculo de coeficientes. Para a 2ª rodada Delphi, os questionamentos foram reestruturados com a inserção de quatro novos indicadores sugeridos pelos especialistas das áreas de ACIVID e ECOBIO, perfazendo um total de nove, considerando os cinco anteriormente enviados, (apêndice E). Tendo em vista a inclusão de quatro novos indicadores na 2ª rodada, a partir da avaliação dos resultados da 1ª rodada Delphi, foi aplicado o teste dos sinais, com o objetivo de realizar comparações entre as duas rodadas, identificando convergências e divergências na opinião dos especialistas entre estas duas etapas da pesquisa. O teste de sinais é um teste não paramétrico, no qual se define, em cada par, a diferença dos scores (valores) antes e depois do procedimento investigatório, baseando-se apenas no sentido das diferenças dos scores, registrados sob a forma de sinais: (+) e (−). Os pares com resultados iguais - considerados empatados - são eliminados dos cálculos pelo programa. Quando o número de pares (não empatados) for maior que 30, calcula-se a probabilidade pela curva normal N (0,1), caso contrário, utiliza-se a distribuição binomial. Para a aplicação do teste, foi utilizado o programa Bioestat, um pacote estatístico com ampla utilização na área das ciências biomédicas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Levantamento e pré-seleção dos modelos Após levantamento bibliográfico, foram selecionados dezesseis modelos, considerando a aplicabilidade e a relevância para os objetivos do presente estudo, além da disponibilidade de dados. A escolha dos modelos deve-se ao fato de apresentarem maior disponibilidade de dados em escalas regional e local para a Europa, principalmente onde está concentrada a maior parte dos estudos, além de serem modelos-objeto de décadas de estudo ao longo da trajetória das pesquisas nessa área específica do conhecimento. Os modelos préselecionados estão apresentados no Erro! Fonte de referência não encontrada.. Quadro 2. Modelos para avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados MODELOS / INDICADORES 1- Modelo com base em dados da Suiça - % de espécies de plantas vasculares ameaçadas de extinção. 2- Diversidade de espécies de plantas vasculares AUTOR(ES) Muller-Wenk (1998) 3- Efeitos potenciais de um conjunto de espécies (SPEP) 4- Apenas descrições qualitativas 5- A riqueza de espécie (SR), a escassez de ecossistema Inerente (ES), a Köllner (2000) Mattsson et al. (2000) Weidema & Lindeijer (2001) vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – combinados de Qualidade (Qbiodiversidade) 6- Com base em Köllner (2003) e Müller-Wenk(1998) - realiza a avaliação de impactos do uso da terra em escala local e regional 7- Aplicação do conceito de hemerobia (escala intensiva de uso, %). 8- Riqueza de espécies indicadoras (SRI) e indicador de raridade ecossistêmica (ERI). 9- O método de biótopos (quatro categorias de biótopos). 10- Indicadores baseados na termodinâmica ecossistêmica. 11- Indicadores com base na proporção de aves e mamíferos que estão ameaçados, ou em perigo de extinção. 12- Indicadores com base na incolumidade, a integridade, a fragmentação, o endemismo, a escassez dos ecossistemas. 13- Impactos da paisagem. 14- Impactos na biodiversidade e na manutenção das funções vitais do ecossistema. 15- Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da Biodiversidade (CMB). 16- Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada. Fonte: Elaboração própria Lindeijer (2000) Goedkoop & Spriensma (2001) Brentrup et al. (2002) Vogtländer et al. (2004) Kyläkorpi et al. (2005) Wagendorp et al. (2006) Schenck (2006) Mila i Canals et al. (2006) Garrain (2007) Garrain (2007) Michelsen (2008) Schmidt (2008) Dos dezesseis modelos mais utilizados em ACV para avaliar a categoria uso da terra (Erro! Fonte de referência não encontrada.), foram pré-selecionados cinco (Quadro 3) para integrarem a 1ª rodada da consulta Delphi, considerando os atributos definidos por Milà i Canals (2003). Na escolha de modelos ambientais é importante considerar a capacidade de identificação dos potenciais impactos dos produtos e processos a serem avaliados, bem como, a capacidade do modelo ou indicador para simplificar adequadamente a realidade. Quadro 3. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados Código Modelos Propostos por: I1 I2 Diversidade de espécies de plantas vasculares A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema (ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para avaliar a qualidade da terra em termos de biodiversidade (Qbiodiversidade). Lindeijer (2000) Weidema & Lindeijer (2001) I3 Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção Schenck (2006) I4 Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB). Michelsen (2008) I5 Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada Schmidt, 2008 Fonte: Elaboração própria 4.2. 1ª rodada da consulta Delphi A Figura 6Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o resultado da 1ª rodada Delphi, sintetizado através de um Índice de Aplicabilidade Normalizado – IAN, calculado a partir dos resultados obtidos dos questionários. Este índice permitiu a comparação entre a avaliação da aplicabilidade dos modelos de biodiversidade, obtido a partir das respostas dos especialistas das quatro áreas: ACIVI, CULTEN, BIOCOM e ECOBIO, com a média dos valores obtidos por todas as áreas, variando de não aplicável (0) a aplicável (1). 1,00 0,90 0,80 0,70 I1 0,60 I2 0,50 I3 0,40 I4 0,30 I5 0,20 0,10 0,00 ACV ACIVID C.CULTEN Energéticos Bioenergia BIOCOM Biodiversidade ECOBIO Todas as áreas M Figura 6. Comparação da aplicabilidade média (Índice de Aplicabilidade – IAN) para os cinco indicadores de biodiversidade da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por área de conhecimento. Considerando todas as quatro áreas no seu conjunto (dezesseis respondentes), o IAN não indicou favorecimento de nenhum indicador em específico, variando entre 60% e 70% para todos os cinco indicadores. Observa-se, através da Figura 6, que o IAN calculado para a média dos especialistas em ACIVID foi ligeiramente superior ao da média de todos os especialistas para todos os cinco indicadores, não tendo se diferenciado nenhum indicador em especial, com um IAN variando entre 70 e 80% para todos os indicadores. O IAN proposto pelos especialistas em CULTEN não apresentou variação significativa, se comparado à média de todos os especialistas para I1, I2, I3, e I4, sendo o I5 mais favorecido, atingindo um índice acima de 80%. Comparando a média dos especialistas em BIOCOM, observa-se que o IA proposto foi superior ao da média de todas as áreas para os I2, I3, I4 e I5, e inferior para I1, tendo sido favorecido o I2 (~80%), o que indica que a área de atuação dos profissionais envolvidos pode exercer influência na escolha dos indicadores. Para os especialistas em ECOBIO, o IAN proposto foi ligeiramente superior ao da média dos quatro especialistas para o I1 e inferior para os demais indicadores, sendo o I5, o que apresentou o menor IAN (~40%), tendo apontado o I1 como o indicador mais favorecido, com IAN de 70%. A Figura 7 mostra a comparação do Índice de Aplicabilidade Normalizado – IAN dos indicadores de Biodiversidade dos especialistas em ACIVID, CULTEN, BIOCOM e ECOBIO, com a média das quatro áreas por critério, seguindo a mesma escala de valoração (0) não aplicável a (2) aplicável. Observa-se que o IA proposto pelos especialistas em ECOBIO foi inferior ao IAN médio, considerando todas as áreas, para todos os critérios, sendo que a Aplicabilidade e a Transferabilidade apresentaram o menor IAN, ~40%. O IAN calculado para os especialistas em ACIVID foi ligeiramente inferior ao da média das demais áreas para os critérios representatividade e mensurabilidade com IAN 50%, sendo superior aos outros cinco critérios, destacando-se dependência local, e transferabilidade como os mais bem aceitos, alcançando IAN entre 80- 95%. 1,00 0,90 0,80 ACV ACIVID 0,70 C. CULTEN Energéticos 0,60 Bioenergia BIOCOM 0,50 Biodiversidade ECOBIO 0,40 Todas as áreas 0,30 0,20 0,10 0,00 Represent. Measurab. Consist. Aplicab. Depend.Local Escala Transferab. Figura 7. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média das áreas de conhecimento da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por critério de avaliação. Para os especialistas em BIOCOM o IAN foi ligeiramente superior ao da média de todas as áreas nos quesitos representatividade, mensurabilidade, aplicabilidade e dependência local, variando de 70 a 90%, e inferior no item dependência local (~90%), alcançando o maior valor para o IAN. O IAN proposto pelos especialistas em CULTEN foi ~70%, ligeiramente superior ao da média de todos os especialistas para os critérios mensurabilidade, consistência e escala, ligeiramente inferior, ~65% para os critérios aplicabilidade e dependência local e para os critérios (representatividade, e transferabilidade), tendo os critérios mensurabilidade e escala alcançado os maiores valores para o IAN, variando entre 80% e 90%. Os especialistas em ECOBIO sugeriram a inserção de dois novos modelos, o que justifica, em parte, os baixos IAN obtidos pelos cinco critérios apresentados na 1ª rodada Delphi. Um dos indicadores propostos tem seu foco na complexidade estrutural dos ecossistemas, explorando a existência de uma relação positiva entre a diversidade de aves e habitat e a complexidade estrutural (MACARTHUR e MACARTHUR, 1961). O outro indicador proposto toma como base os estudos de Weidema e Lindeijer (2001), seguindo os critérios para escolha dos hotspots (MYERS, 2000). Neste caso, o indicador para avaliar a perda de biodiversidade será a riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema. Sendo a riqueza de espécies, o número total de espécies de plantas vasculares na área (Sr/Srmin.); a escassez do ecossistema, a proporção inversa da área remanescente do ecossistema, além da vulnerabilidade, e do número de espécies endêmicas e/ou ameaçadas, dividido pelo número total de espécies. Um dos especialistas em ACV (ACIVID) enfatizou a limitação da escolha de um único modelo para avaliar a perda da biodiversidade. Levou em consideração que cada modelo apresenta um ponto em particular, que contribui, de alguma forma, para o avanço cada vez maior da concepção de um modelo mais adequado para a avaliação de impactos do uso da terra em AICV. O mesmo especialista, sugeriu a inclusão de um modelo que não havia sido contemplado na pré-seleção. Este modelo foi originalmente proposto por Köllner (2003), por ser um dos mais referenciados na atualidade, especialmente por ter sido fruto de uma metaanálise de dados existentes. Köllner (2003) propõe a modelagem de impactos do uso da terra, segundo a diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização, para as escalas local e regional, incluindo 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso. O dano total ao ecossistema, resultante das análises de dano regional e local é expresso através da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que ocorrem em certa região. Os especialistas sugeriram alterações no questionário Delphi enviado na 1ª rodada, como: melhoria da apresentação dos modelos, explicação mais detalhada e ampliação da escala. Os especialistas em BIOCOM e em CULTEN, embora não tenham sugerido a inclusão de nenhum indicador específico, fizeram considerações importantes sobre a expansão de áreas para o plantio de dendê destinado à produção de biodiesel. Destacaram que devem ser observados, por exemplo: (i) critério para escolha de áreas com potencial de expansão da cultura, as terras marginais de baixa produtividade; (ii) possibilidade futura; (iii) relações entre clima e meio ambiente; (iv) atores sociais envolvidos na política de produção e uso de biocombustíveis e (v) produção orgânica sustentável do biodiesel. De acordo com o especialista em CULTEN, participante da consulta Delphi, a produção orgânica, caso mantenha os níveis de produtividade próximos aos obtidos com o cultivo convencional no futuro, traria benefícios para a biodiversidade como um todo, uma vez que o uso excessivo de adubos sintéticos causa danos ao solo e consequentes impactos adversos, todos com componentes ambientais do ecossistema. 4.3. Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada Considerando o avanço das pesquisas na área de ACV, nota-se que existe uma tendência pela opção por indicadores que quantificam a biodiversidade de forma direta, como os propostos por Lindeijer (2000), Schenck (2006), Schmidt (2008), que avaliam a diversidade e a riqueza de espécies com base em dados existentes de inventários de fauna e flora. Este conjunto de indicadores apresenta a limitação da dependência de informações, que muitas vezes, não estão disponíveis para todas as regiões do globo. Aspecto relevante, que deve ser levado em conta na escolha de um indicador ou grupo de indicadores, especialmente quando se considera que a ACV busca ser uma ferramenta de aplicação global. Embora o critério mais usualmente utilizado para selecionar a diversidade da espécie como um indicador único para a biodiversidade seja a disponibilidade de dados com qualidade em escala global, a combinação de números de espécies e de indivíduos como um indicador - como, no caso índice do Shannon-Weaver -, não se aplica em uma escala global para todos os tipos de uso da terra. (LINDEIJER, 2000). Outro conjunto de especialistas opta por mensurar a biodiversidade de forma indireta, conforme propõe Weidema & Lindeijer (2001) e Michelsen (2008), levando em consideração além da diversidade/riqueza de espécies, valores intrínsecos como: (i) a escassez e a vulnerabilidade do ecossistema e (ii) as condições para a manutenção da biodiversidade. 4.4. 2ª rodada da consulta Delphi A 2ª rodada da consulta Delphi seguiu os mesmos procedimentos adotados na rodada anterior: os questionários foram enviados aos respondentes via e-mail ou entregues pessoalmente. Juntamente com o novo questionário, foram enviados aos especialistas participantes os resultados da 1ª rodada, possibilitando que cada participante tivesse acesso ao conjunto de resultados obtidos e pudesse reavaliar sua opinião a partir da comparação com a opinião dos demais profissionais consultados. O apêndice E apresenta um modelo da documentação enviada aos especialistas na 2ª rodada. Para esta etapa, foram incluídos 04 (quatro) novos indicadores sugeridos pelos especialistas na rodada anterior, além dos cinco já apresentados. Os questionários foram enviados aos mesmos profissionais que responderam à 1ª, tendo tido o retorno de doze questionários. O Quadro 4, apresenta os 9 (nove) modelos de impactos de uso da terra enviados aos especialistas na 2ª rodada da consulta Delphi. Uma terceira rodada de aplicação da consulta Delphi poderia ter acontecido, mas em virtude do tempo disponível para a concretização deste estudo, não foi possível a realização, o que possivelmente poderia avançar ou não na direção de uma convergência de opiniões entre as posições dos especialistas, na escolha do modelo mais adequado para avaliar a perda de biodiversidade no contexto da ACV de biocombustíveis. Para avaliar se houve mudança de opinião por parte dos especialistas, após a apresentação dos resultados da 1ª rodada, aplicou-se o teste dos sinais, a partir da subtração dos dados da segunda variável dos dados da primeira, nesse caso da pontuação na 2ª e 1ª rodada respectivamente, os sinais das diferenças foram registrados tendo sido ignorados os pares com valores iguais (Apêndice F). Quadro 4. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra da 2ª rodada Delphi Código Indicadores de Biodiversidade Propostos por: I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000) I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema (ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para avaliar a qualidade da terra em termos de biodiversidade (Qbiodiversidade). Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB). Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada Efeitos potenciais sobre um conjunto de espécies (SPEP) Weidema & Lindeijer (2001) I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Indicadores com base na complexidade estrutural dos ecossistemas. Riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema (Adaptado de Weidema, Lindeijer (2001)). Indicador com base em parâmetros de espécies e ecossistemas Schenck (2006) Michelsen (2008) Schmidt, 2008 Köllner, (2003) Faria (2010) Sambuichi (2010). Souza (2010) Fonte: Dados da pesquisa Após a realização do teste dos sinais (apêndice F) aceitou-se a hipótese nula, tendo sido constatado que não houve mudança significativa de opinião dos especialistas entre as duas rodadas. Por outro lado, considerando as opiniões dos especialistas por área e as especificidades e complexidade envolvidas na avaliação da biodiversidade, é pouco provável que se pudesse alcançar uma mudança significativa na direção de uma convergência de opiniões das quatro áreas de conhecimento propostas neste estudo. A Figura 8 apresenta os resultados da 1ª e 2ª rodadas, a qual permite comparar as diferenças entre as convergências e divergências das opiniões dos especialistas na escolha do melhor modelo. 1,00 1,00 0,90 0,90 0,80 0,80 B 0,70 0,70 ACIVID 0,60 CULTEN 0,50 BIOCOM 0,40 0,30 ACIVID 0,60 ECOBIO 0,40 Todas as áreas 0,30 0,20 0,20 0,10 0,10 0,00 CULTEN 0,50 BIOCOM ECOBIO Todas as àreas 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 8. Comparação do IAN entre a 1ª (A) e a 2ª rodada (B) o – para os indicadores de biodiversidade por área de conhecimento. Embora numa análise superficial dos resultados apontados nas figuras 8 (A e B), seja possível observar as diferenças do conjunto das opiniões dos especialistas entre a 1ª e a 2ª rodadas, indicado pelo valor do IAN em cada uma das rodadas, o teste estatístico não apontou a convergência de opiniões entre as duas rodadas (Apêndice F). Analisando porém, área por área, nota-se que os resultados não possuem um comportamento homogêneo. Como resultado, observa-se que não houve mudança significativa entre os resultados da 1ª e 2ª rodadas para os especialistas em ACIVID (. Com a inserção de novos indicadores observou-se que o IAN do I2 variou de 70 a 80% não tendo, nenhum indicador, obtido a preferência dos especialistas. Os especialistas em CULTEN apresentaram uma variação na resposta, se comparados o IAN da 1ª com o da 2ª rodada. Observou-se que houve alteração nas respostas, enquanto na 1ª rodada o I5 foi o indicador favorecido, na 2ª rodada os especialistas optaram pelo I4, com IAN acima de 80%. Tanto na 1ª quanto na 2ª rodada não foi constatada nenhuma preferência por um indicador em especial, entre os especialistas em BIOCOM. Não foi constatada também, nenhuma mudança significativa da opinião dos especialistas entre as duas rodadas, com exceção do I2, o qual o IAN variou de 80% na 1ª para 67% na 2ª rodada. Os especialistas em ECOBIO não apontaram preferência por nenhum indicador em especial, mas observa-se que o IAN variou para todos os indicadores de uma rodada para outra, não tendo sido uma variação significativa, exceto para o I2 que passou de 73% para 67%. Para os especialistas em ECOBIO houve uma convergência para a escolha do I7, com IAN próximo de 70%. Por fim, quanto ao IAN dos indicadores para todas as áreas, observa-se que não houve mudanças entre as duas rodadas. Na 1ª rodada o IAN variou entre 60% para o I1 até ~70 % para o I5 e na 2ª rodada 60 e 57%, respectivamente, para I1 e I5. 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 I Rodada 0,50 II Rodada 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 9. Comparação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de ACIVID para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. Quando se compara o IAN das áreas entre a 1ª e a 2ª rodadas, observa-se que para os especialistas em ACIVID não houve mudança de opinião para os I3, I4 e I5, enquanto para o I1 e I2 pode ser observado um ligeiro aumento no valor do IAN calculado para a 2ª rodada. Enquanto na 1ª rodada o I1 foi ligeiramente favorecido com IAN acima de 70%, na 2ª rodada o I6 foi o indicador que alcançou a maior pontuação, com IAN acima de 80% (Figura 9Figura 9). 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 I Rodada 0,40 II Rodada 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 10. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de CULTEN para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi Os especialistas em CULTEN mudaram de opinião na 2ª rodada, tendo sido observado que o indicador I5, favorecido na 1ª rodada, com IAN próximo de 90%, foi preterido pelos indicadores I4 e I8, com IAN acima de 80% (Figura 10). 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 I Rodada 0,40 II Rodada 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 11. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de BIOCOM para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. Os especialistas em BIOCOM mantiveram a média de pontuação para I1, I3 e I4, tendo reduzido a pontuação para os indicadores I2 e I5. Observa-se que, enquanto na 1ª rodada o I2 foi o indicador favorecido, com IAN próximo de 80%, na 2ª rodada seu IAN foi reduzido para menos de 70%. Os indicadores I3 e I4 foram os que receberam a maior pontuação na 2ª rodada (Figura 11). 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 I Rodada 0,40 II Rodada 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 12. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de ECOBIO para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. Dentre todas as áreas avaliadas, a dos especialistas em ECOBIO foi a que mais alterou sua pontuação na 2ª rodada (Figura 12). O IAN, para todos os cinco indicadores utilizados na 1ª rodada, foi reduzido. Enquanto na 1ª rodada o I1 foi o indicador favorecido, com IAN acima de 70%, na 2ª rodada os especialistas em ACIVID apontaram o I7, como sendo o indicador mais favorável, com IAN acima de 70% (Figura 13) Vale ressaltar que embora alguns estudos considerem importante incorporar o conceito de espécies–chave na escolha dos indicadores de biodiversidade, tanto pelo papel que exercem no funcionamento dos ecossistemas, como por atuarem como indicadores da degradação da qualidade do habitat natural, os especialistas em ECOBIO optaram por favorecer na escolha, grupos taxonômicos que possuem dados de qualidade em escala global, como o grupo das plantas vasculares. Essa escolha pelo modelo ideal tem sido apontada na literatura como uma das principais dificuldades, conforme destacam TREWEEK, 2006; SCHENCK, 2006; GARDNER et al. 2009, confirmada pelos especialistas das áreas ECOBIO e ACIVID, em se incorporar aspectos referentes à diversidade genética, de habitats ou de ecossistemas. Ao comparar o resultado da média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas, observa-se que não houve alteração no sentido de convergência de opiniões entre os especialistas, para favorecer um modelo ou um indicador específico. Observa-se, porém, que o I8 obteve um IAN levemente superior aos demais indicadores na avaliação dos especialistas, porém sem diferença estatisticamente significativa. 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 I Rodada 0,50 II Rodada 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Figura 13. Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade com a média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas. 4.5. Discussão dos resultados do Delphi A Tabela 2, abaixo, sintetiza as principais opiniões dos especialistas nas duas rodadas de aplicação do Delphi Tabela 2. Resumo da escolha e opinião dos especialistas 2 Especialista Área ACIVID Indicador escolhido I6 3 ACIVID I1 e I4 7 8 11 12 ACIVID ECOBIO ECOBIO ECOBIO I1 I2 I3 I8 I1 I3 I7 I9 I7 I8 13 14 15 16 20 21 22 CULTEN CULTEN CULTEN CULTEN BIOCOM BIOCOM BIOCOM I4 I9 I4 I7 I8 I6I4 I7 I8 I2 I3 I4 I5 I8 I6 I4 I8 Comentário/Sugestão A escolha do modelo tem relação direta com a escala de aplicação, especialmente quando se quer avaliar um determinado impacto. . Nenhum indicador é 100% aplicável quando se avalia os critérios separadamente, outro aspecto ponderado foi a limitação da escala utilizada na pesquisa. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A escolha de um índice único parece ser uma saída simplista para sistemas naturais que são intrinsecamente complexos. Uma idéia seria a um conjunto de variáveis únicas associadas a variáveis locais. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Fonte: Dados da pesquisa O uso de indicadores que possibilitem o monitoramento dos impactos e a busca de diretrizes que apontem melhoria do desempenho ambiental de produtos e processos têm sido cada vez mais estimulado por pesquisadores de diversas áreas e por tomadores de decisão, nos âmbitos empresarial, governamental e acadêmico. Com relação aos indicadores ambientais, especificamente os modelos utilizados para avaliação da perda de biodiversidade associada à mudança no uso da terra, os resultados da 1ª rodada não apontaram para uma convergência de um modelo específico, uma vez que a maioria dos pesquisadores opta por usar apenas uma espécie associada a alguns fatores de qualidade dos ecossistemas, como representante das demais, considerada uma limitação desse tipo de modelo, conforme destacam Michelsen, (2008) e Souza (2010) sobre a dificuldade acerca da disponibilidade de dados, que associem as mudanças de uso da terra ao impacto sobre espécies. Souza (2010) destaca que os modelos de avaliação de impacto do uso da terra tendem a utilizar as mesmas espécies para representar o conjunto da biodiversidade de uma determinada área: as espécies de plantas vasculares. Isto, possivelmente, se deve ao fato deste grupo taxonômico possuir uma maior disponibilidade e melhor qualidade de dados em escala global. A autora afirma, ainda, que é necessária a inserção de outros grupos taxonômicos, como forma de reduzir as incertezas dos modelos na representação da biodiversidade como um todo. Comparando os resultados das duas rodadas, observou-se que a opinião dos 15 (quinze) especialistas não exerceu influência na opinião de cada um em particular, ficando evidente que, além da área afetada, a diversidade genética, o grau de endemismo e as espécies invasoras, ainda deve ser considerada a área de formação do especialista como fator determinante na escolha do modelo, o que justifica as limitações e dificuldades encontradas no estudo. Outro aspecto relevante a ser considerado, indicado pelo especialista 2, diz respeito aos critérios para escolha de um modelo, indicador ou grupos de indicadores de aplicação global. O mesmo pontuou que a “representatividade” na sua avaliação foi um pouco influenciada por estar, neste momento, trabalhando com biodiversidade funcional, tendo nesse caso favorecido o indicador I7 em detrimento dos demais. Com relação ao critério “escala”, o especialista 3 acrescenta limitações no modelo de Thomas Köllner (2003), considerado ideal para a Suíça, mas relativiza quanto à possibilidade da aplicação do modelo no Brasil, devido às dimensões territoriais do país. Quanto à “mensurabilidade”, sua posição foi bastante desfavorável diante da possibilidade de se encontrar um indicador que consiga realizar uma avaliação quantitativa, abrangente dos atributos relevantes. Sugeriu alterar a escala de valoração proposta, para permitir diferenciar comparativamente modelos propostos no questionário da consulta Delphi. Em termos de escala de aplicação, o especialista indica que dois dos indicadores propostos podem ter relevância em termos de escala de aplicação, mas terem um nível de relevância diferenciado. Cita como exemplo, que o I1 é aplicável, em uma escala local e mesmo global, mas deve ser considerada a complexidade definida para o modelo. Outro aspecto destacado por este especialista refere-se à possibilidade de que dois indicadores sejam semelhantes, mas o processo de cálculo seja distinto, devendo neste caso ser avaliado não apenas o indicador, mas o modelo como um todo, citou como exemplo os indicadores I1 e I5. O posicionamento do especialista 3 converge na mesma direção para o critério "representatividade", na avaliação dos modelos, reafirmando sobre a limitação quanto à representação da biodiversidade, através de um indicador ou modelo. Para este especialista, todos os indicadores propostos na consulta Delphi capturam alguns aspectos da biodiversidade, deixando de representar outros. Opinião semelhante o especialista manifestou quanto ao critério “mensurabilidade”. Ainda argumenta que o uso de plantas vasculares como único parâmetro na avaliação da diversidade, conforme previsto em I1, I5 e I6, é inadequado, já que esses grupos taxonômicos representam, em geral, uma pequena fração da biodiversidade de uma determinada área. Em acordo com esta posição, Michelsen (2008) destaca que quando se pensa em avaliar a perda da biodiversidade do ponto de vista de uma única espécie, deve-se considerar que a maioria dos estudos aponta a inexistência de correlação entre a riqueza de espécies de um grupo taxonômico e a riqueza de espécies de outros grupos. A mesma limitação pode ser constatada para I2, I3 e I8, ainda que tenham sido acrescentados para estes modelos aspectos qualitativos, como: (i) escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas; (ii) condições para a manutenção da biodiversidade e (iii) complexidade estrutural dos ecossistemas associados à riqueza e diversidade de plantas vasculares. Concluindo sua opinião, o especialista 3 aponta vantagens nos indicadores I2, I4, I7 e I9, por considerarem parâmetros estruturais que avaliam tanto os aspectos quantitativos de levantamento de espécies, quanto aspectos qualitativos dos ecossistemas. Algumas afirmações que foram pontuadas na 2ª rodada da consulta Delphi merecem ser destacados: (i) a importância de se identificar quais aspectos da intervenção humana estão sendo levados em consideração para a escolha dos modelos; (ii) e em que situação se encontram os ecossistemas em termos de vulnerabilidade, escassez e distribuição de espécies, de tal modo que os modelos ou indicadores propostos estejam em compatibilidade com o modelo PSR (Pressão – Estado – Resposta). Neste sentido, considera-se mais apropriado que as alterações ecológicas decorrentes de mudança no uso da terra sejam avaliadas a partir do registro das variações na composição de espécies, possibilitando a inserção de outros grupos taxonômicos. Outro fator que deve ser considerado é o número total de espécies. No entanto, cabe salientar que uma limitação seria sua aplicabilidade em escalas regional e local. Quanto aos impactos físicos do uso da terra, um indicador de biodiversidade ideal deveria considerar o grau de endemismo das espécies, em detrimento do número total de espécies. No entanto, os dados atualmente disponíveis sobre a biodiversidade em escala mundial não permitem essa distinção. Neste caso, o ideal é a atualização na base de dados sobre biodiversidade em escala mundial, de tal forma que seja possível avaliar a biodiversidade seguindo critérios específicos para cada espécie, bioma e ecorregião. A Tabela 2 apresenta um resumo das opiniões dos especialistas, com o(s) indicador(es) preferencial(is) e principais comentários do questionário. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A consulta Delphi evidenciou a falta de consenso na proposição de um modelo ideal para a avaliação da perda da biodiversidade, dentro do escopo proposto neste estudo. Os resultados obtidos coincidem com os encontrados na literatura, mais especificamente, nos estudos de aplicação e escolha de modelos de uso da terra em AICV na Dinamarca, Noruega, Nova Zelândia e em outros países, relacionados à avaliação ambiental da produção de cultivos energéticos. Considerando o estado da arte nesta temática, os especialistas apontam a necessidade de priorizar aspectos qualitativos, como a complexidade estrutural dos ecossistemas, a vulnerabilidade e escassez, as condições para a manutenção da biodiversidade e a diversidade funcional, no uso de modelos para incorporação da categoria ambiental biodiversidade dentro do escopo da Avaliação Impacto do Ciclo de Vida (AICV). Quanto aos critérios para a escolha dos modelos a serem utilizados, embora cada especialista ou área de conhecimento contemple características específicas, houve uma convergência destacando o critério dependência local, como o fator de maior relevância, uma vez que os modelos, embora necessitem ser de aplicação global, devem ser dependentes quanto à representatividade local de cada ecossistema e dos diferentes tipos de uso da terra. Ainda que, estatisticamente, não tenha havido uma opinião consensual entre os participantes da consulta Delphi, os especialistas da área de ECOBIO, autores da proposição de dois novos modelos na 2ª rodada do Delphi, destacaram as limitações da proposição de um único indicador ou grupo de indicadores com aplicação global, especialmente quando se considera a complexidade dos ecossistemas naturais, com suas múltiplas interações entre diferentes populações, entre níveis tróficos e entre os meios biótico e abiótico. Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa e, considerando o fato da ACV ser uma ferramenta proposta para aplicação global, considera-se essencial que o aprofundamento da discussão dos modelos de avaliação da perda da biodiversidade no contexto da AICV seja desenvolvido de forma interdisciplinar, incluindo especialistas das áreas centrais da avaliação ambiental e da biologia da conservação. Diante dessas considerações e tendo em vista a diversidade de modelos de avaliação de impactos do ciclo de vida, esse estudo confirmou a dificuldade em se estabelecer uma única via na utilização de indicadores de biodiversidade. Dentre os fatores que determinam esta limitação, destacam-se a diversidade de habitats, os diferentes modos e intensidades de uso e manejo agrícola relacionados ao uso da terra. Cabe salientar que, embora os resultados não tenham apontado para uma convergência de opinião dos especialistas no sentido de favorecer um indicador em particular, os especialistas das áreas de ACIVID e ECOBIO pontuaram a necessidade de associar parâmetros qualitativos e quantitativos aos modelos existentes de avaliação da categoria de impacto uso da terra, para que possam representar melhor a realidade de cada ecorregião. A aplicação da técnica Delphi, neste estudo, possibilitou a socialização do conhecimento categoria de impacto uso da terra em ACV, além de uma melhor compreensão acerca da cronologia dos modelos de avaliação de impactos do ciclo de vida; proporcionou uma análise sistêmica do seu potencial e limitações, através da interação entre as opiniões das principais áreas do conhecimento relevantes à temática, contribuindo para a inclusão desta categoria de impacto na ACV de produtos e processos relacionados à sustentabilidade ambiental. De todas as categorias de impacto estudadas na ACV, a categoria o uso da terra, com enfoque no componente biodiversidade, apresenta-se como uma das menos evoluídas, considerando, em especial, a concepção dos modelos de AICV, uma vez que suas características de dependência local não permitem uma extrapolação direta para as escalas global, regional e local, conduzindo a diferentes opiniões sobre qual modelo possibilita uma melhor avaliação, de modo a retratar a realidade em cada ecorregião. Os trabalhos mais recentes indicam como perspectiva a ser estudada, a incorporação de alguns novos elementos na discussão, com destaque para a mudança na paisagem. A sua incorporação é justificada por constituir um fator com influência direta na distribuição das espécies e no modo como elas se relacionam com o ambiente para a manutenção do funcionamento dos ecossistemas. Outro elemento indicado nestes estudos foi a complexidade estrutural dos ecossistemas, incluindo a diversidade funcional, bem como as interações ali estabelecidas. 6. PERSPECTIVAS A mudança no uso da terra tem sido apontada como uma das principais causas do declínio da biodiversidade. Nesse contexto, alguns modelos de AICV têm sido propostos para avaliar os impactos nesse componente essencial dos ecossistemas terrestres. No entanto, fatores ecológicos, diferenças climáticas e geofísicas, além das especificidades de cada bioma são desafios na escolha desses modelos. Para que haja avanços nessa área de estudo sugere-se que pesquisas futuras sejam dedicadas ao levantamento de dados de campo, que venham possibilitar a aplicação de modelos consolidados em situações reais e proporcionar uma análise interdisciplinar dos resultados e do potencial de aplicação em diferentes tipos e intensidade de uso da terra em escala local, regional e global, conforme previsto na ACV. 7. 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APÊNDICE A - MATRIZES PARA ESCOLHA DOS INDICADORES ACV - 2 Indicadores Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 1 2 2 0 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0,64 0,71 0,57 0,64 0,64 0,79 0,64 0,64 0,71 0,61 0,83 0,67 1,00 0,50 0,50 0,56 ACV - 3 Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 1 1 2 1 2 2 2 11 1 1 2 1 1 1 2 9 1 1 1 1 1 1 2 8 1 1 2 1 2 2 2 11 1 1 1 1 2 1 2 7 1 1 2 1 2 2 2 7 1 1 2 1 2 2 2 7 1 1 2 1 2 2 2 7 1 1 2 1 2 2 2 7 0,46 0,46 0,69 0,46 0,78 0,67 1,0 ACV - 7 Indicadores Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 1 2 1 2 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 0,93 0,93 0,93 0,86 0,71 0,86 0,64 0,93 0,86 0,78 0,94 1,00 0,61 0,94 0,83 0,83 Indicadores Escolhidos - ACV Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 3 4 6 5 5 5 5 33 4 5 6 4 4 4 5 32 3 4 4 5 4 4 5 29 4 5 5 4 5 4 5 32 3 4 5 4 5 3 4 28 4 5 6 4 5 5 5 34 5 4 4 4 4 4 4 29 4 5 5 4 5 5 5 33 4 5 5 4 5 5 5 33 Pontuação dos indicadores e critérios por área Indicadores I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 0,50 0,67 1,00 0,83 0,83 0,83 0,83 0,79 0,67 0,83 1,00 0,67 0,67 0,67 0,83 0,76 0,50 0,67 0,67 0,83 0,67 0,67 0,83 0,69 0,67 0,83 0,83 0,67 0,83 0,67 0,83 0,76 0,50 0,67 0,83 0,67 0,83 0,50 0,67 0,67 0,67 0,83 1,00 0,67 0,83 0,83 0,83 0,81 0,83 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,69 34 41 46 38 42 39 43 I8 I9 0,67 0,83 0,83 0,67 0,83 0,83 0,83 0,79 0,67 0,83 0,83 0,67 0,83 0,83 0,83 0,79 0,63 0,76 0,85 0,70 0,78 0,72 0,80 Dendê - 13 Indicadores Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 2 2 2 2 1 2 2 2 1 2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 2 1 1 2 2 1 2 1 2 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 2 2 2 1 1 2 2 1 1 1 2 1 1 2 2 2 2 0,71 0,79 0,64 0,86 0,71 0,64 0,71 0,79 0,86 0,89 0,72 0,83 0,72 0,56 0,78 0,72 Dendê - 14 Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 2 1 2 0,64 1 2 2 1 2 1 2 0,79 2 2 2 2 2 1 1 0,86 2 2 2 1 1 2 1 0,79 2 2 2 1 1 1 1 0,71 2 2 2 2 1 1 2 0,86 2 2 2 2 1 1 2 0,86 1 2 2 2 1 2 1 0,79 0,72 0,83 0,83 0,67 0,61 0,56 0,67 Dendê - 15 Indicadores Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 2 2 2 1 2 1 1 11 2 2 1 1 2 2 0 10 2 2 2 1 2 1 0 10 2 1 2 1 2 2 0 10 2 2 1 1 2 1 1 10 2 2 2 2 2 1 1 12 1 2 1 1 2 1 0 8 2 2 2 1 2 2 0 11 2 1 1 1 2 1 0 8 0,94 0,89 0,78 0,56 1,00 0,67 0,17 Dendê - 16 Indicadores Critérios I1 Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 1 1 1 1 1 1 0 0,43 Indicadores Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0,86 0,86 0,86 0,86 0,43 0,43 0,86 0,43 0,78 0,78 0,78 0,78 0,78 0,78 0,00 Indicadores escolhidos – Dendê I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 5 5 4 4 4 3 2 27 7 7 6 5 7 7 3 42 6 8 8 5 7 5 3 42 8 6 8 7 7 7 3 46 8 7 7 5 6 7 3 43 6 7 6 5 6 4 3 37 6 6 5 6 5 4 4 36 8 7 8 6 6 7 4 46 6 5 6 6 5 6 3 37 60 58 58 49 53 50 28 Pontuação dos indicadores e critérios Indicadores Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério I1 0,63 0,63 0,50 0,50 0,50 0,38 0,25 0,48 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 0,88 0,88 0,75 0,63 0,88 0,88 0,38 0,75 0,75 1,00 1,00 0,63 0,88 0,63 0,38 0,75 1,00 0,75 1,00 0,88 0,88 0,88 0,38 0,82 1,00 0,88 0,88 0,63 0,75 0,88 0,38 0,77 0,75 0,88 0,75 0,63 0,75 0,50 0,38 0,66 0,75 0,75 0,63 0,75 0,63 0,50 0,50 0,64 1,00 0,88 1,00 0,75 0,75 0,88 0,50 0,82 0,75 0,63 0,75 0,75 0,63 0,75 0,38 0,66 0,83 0,81 0,81 0,68 0,74 0,69 0,39 Bioenergia - 20 Indicadores I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade 1 2 1 2 1 2 2 1 2 0,78 Mensurabilidade 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0,83 Consistência 1 1 1 1 1 2 1 1 2 0,61 Aplicabilidade 1 1 2 1 1 2 1 1 1 0,61 Dependência Local 2 2 1 2 2 2 1 1 2 0,83 Escala 2 1 2 1 2 2 1 1 2 0,78 Transferência 1 2 2 2 1 2 2 1 2 0,83 0,71 1,00 0,64 0,50 0,86 Critérios IAN por critério 0,71 0,79 0,79 0,79 Bioenergia - 21 Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade 1 2 1 2 1 1 1 2 1 0,67 Mensurabilidade 0 1 2 1 1 1 1 1 1 0,50 Consistência 0 1 0 2 2 1 1 2 1 0,56 Aplicabilidade 1 1 2 2 1 1 1 2 2 0,72 Dependência Local 2 1 2 1 1 1 2 2 1 0,72 Escala 1 2 1 2 1 1 1 1 1 0,61 Transferência 1 2 1 2 2 1 1 1 0 0,61 0,43 0,71 0,64 0,79 0,50 IAN por critério 0,86 0,64 0,50 0,57 Bioenergia - 22 Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade 1 1 2 1 1 1 1 2 2 0,67 Mensurabilidade 1 1 2 1 1 1 2 2 2 72 Consistência 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,50 Aplicabilidade 1 1 1 1 1 0 0 0 1 0,39 Dependência Local 2 1 2 2 1 2 2 2 0 0,83 Escala 1 1 1 1 1 2 1 1 2 0,67 Transferência 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0,33 0,57 0,50 0,71 0,79 0,71 IAN por critério 0,57 0,43 0,57 0,50 Indicadores escolhidos por área I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade 3 5 4 5 3 4 4 5 5 38 Mensurabilidade 3 4 6 4 4 4 4 4 4 37 Consistência 2 3 2 4 4 4 3 4 4 30 Aplicabilidade 3 3 5 4 3 3 2 4 4 31 Dependência Local 6 4 5 5 4 5 5 5 4 43 Escala 4 4 4 4 4 5 3 4 5 37 Transferência 3 5 4 4 3 4 3 3 3 32 IAN por critério 24 28 30 30 25 29 24 29 29 Indicadores Critérios Indicadores Pontuação dos Indicadores e critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 0,67 0,67 0,67 0,5 0,83 0,83 0,67 0,69 0,67 0,67 0,50 0,33 0,83 0,50 0,5 0,57 0,83 0,67 0,67 0,67 0,83 0,67 0,5 0,69 0,83 0,67 0,67 0,67 0,67 0,83 0,5 0,69 I6 I7 I8 I9 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 1 2 1 1 2 2 1 2 2 2 1 2 1 1 0,5 1 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério Indicadores 0,5 0,5 0,33 0,5 1 0,67 0,5 0,57 I1 0,83 0,67 0,50 0,5 0,67 0,67 0,83 0,67 0,67 1 0,33 0,83 0,83 0,67 0,67 0,71 0,83 0,67 0,67 0,67 0,83 0,67 0,67 0,71 0,5 0,67 0,67 0,5 0,67 0,67 0,5 0,60 Biodiversidade - 8 I2 I3 I4 I5 0,70 0,69 0,56 0,57 0,80 0,69 0,59 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 1 0,5 1 1 0 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0,29 0,14 0,71 0,79 0,67 0,72 0,61 0,56 0,78 0,67 0,61 Indicadores Biodiversidade - 11 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério Indicadores 1 1 0 1 0 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 2 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 0,57 0,50 0,07 0,50 0,07 0,50 0,50 0,50 0,64 Biodiversidade - 12 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 1 0 0 1 2 2 0 1 0 0 1 2 2 0 1 1 0 0 2 2 1 2 2 2 0 1 1 1 2 1 2 0 1 1 2 1 2 2 0 0 0 2 0,44 0,56 0,39 0,44 0,39 0,39 0,39 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério Indicadores 0 1 1 0 1 1 0 2 2 1 1 0 0 1 1 1 1 0 2 2 0 0,61 0,56 0,50 0,17 0,61 0,61 0,39 0,43 0,29 0,50 0,50 0,43 0,50 0,64 0,64 0,50 Indicadores escolhidos I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 1 2 0 1 3 2 0 9 3 3 2 2 4 4 3 21 5 5 5 3 4 4 4 30 4 4 4 2 4 4 4 26 5 5 5 3 3 2 4 27 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 4 4 3 4 5 5 3 28 2 3 3 2 3 3 2 18 4 5 3 3 2 2 3 22 3 2 2 1 4 4 2 18 31 33 27 21 32 30 25 Pontuação dos indicadores e critérios I2 I3 I4 I5 I6 Indicadores I1 I7 I8 I9 0,50 0,50 0,33 0,33 0,67 0,67 0,50 0,50 0,83 0,83 0,83 0,50 0,67 0,67 0,67 0,71 0,67 0,67 0,67 0,33 0,67 0,67 0,67 0,62 0,83 0,83 0,83 0,50 0,50 0,33 0,67 0,64 Critérios Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 0,67 0,67 0,50 0,67 0,83 0,83 0,50 0,67 0,33 0,50 0,50 0,33 0,50 0,50 0,33 0,43 0,67 0,83 0,50 0,50 0,33 0,33 0,50 0,52 0,50 0,33 0,33 0,17 0,67 0,67 0,33 0,43 0,17 0,33 0,00 0,17 0,50 0,33 0,00 0,21 0,57 0,61 0,50 0,39 0,59 0,56 0,46 Soma de todas as áreas Indicadores I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade 15 18 17 20 15 17 20 21 20 163 Mensurabilidade 16 19 23 17 17 19 19 20 19 169 Consistência 15 18 17 19 16 18 17 21 20 161 Aplicabilidade 16 14 18 16 13 14 15 16 17 139 Dependência Local 20 18 18 21 18 20 18 20 17 170 Escala 17 18 15 19 16 18 15 20 18 156 Transferência 13 15 15 14 10 15 15 16 15 128 IAN por critério 15 18 17 20 15 17 20 21 20 Critérios Média de todas as áreas Indicadores Critérios I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representatividade Mensurabilidade Consistência Aplicabilidade Dependência Local Escala Transferência IAN por critério 0,63 0,67 0,63 0,67 0,83 0,71 0,54 0,67 0,75 0,79 0,75 0,58 0,75 0,75 0,63 0,71 0,71 0,96 0,71 0,75 0,75 0,63 0,63 0,73 0,83 0,71 0,79 0,67 0,88 0,79 0,58 0,75 0,63 0,71 0,67 0,54 0,75 0,67 0,42 0,63 0,71 0,79 0,75 0,58 0,83 0,75 0,63 0,72 0,83 0,79 0,71 0,63 0,75 0,63 0,63 0,71 0,88 0,83 0,88 0,67 0,83 0,83 0,67 0,80 0,83 0,79 0,83 0,71 0,71 0,75 0,63 0,75 0,82 0,85 0,81 0,70 0,86 0,79 0,65 APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS ESPECIALISTAS Att: Prezada Senhora, Temos a honra em convidá-la para participar no Projeto de Mestrado Intitulado “Impactos Ambientais da Produção de Biodiesel de Dendê no Estado da Bahia: Aplicação de Indicadores de Uso da Terra na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)”, na qualidade de especialista dentro de uma consulta utilizando o método Delphi, para orientar a escolha do(s) melhor(es) indicador(es) para a categoria de impacto perda da biodiversidade. O referido projeto tem como objetivo geral: Avaliar indicadores ambientais relacionados à categoria de impacto uso da terra na avaliação ambiental do biodiesel do óleo de dendê produzido no estado da Bahia Brasil, e objetivos específicos: - Levantar os principais indicadores utilizados na avaliação da categoria ambiental uso da terra; - Selecionar os principais indicadores chaves para a avaliação da qualidade dos ecossistemas e da perda de biodiversidade; - Escolher um dos indicadores para conduzir um estudo de ACV para o biodiesel de óleo de dendê produzido na região Sul do Estado da Bahia. Informo que o método Delphi prevê o anonimato do especialista em todas as fases da pesquisa e que, caso a senhora aceite participar, disporá de 15 dias para emitir a sua opinião. O tempo para resposta às perguntas está estimado entre 60 e 90 minutos. Gostaríamos também de solicitar a sua indicação de possíveis pesquisadores da área que pudéssemos contatar para participar da pesquisa. Agradecendo antecipadamente a sua atenção e disponibilidade, Atenciosamente, Rita de Cássia Silva Braga e Braga Formulário para escolha dos indicadores para avaliar a categoria de impacto perda da biodiversidade. Dados cadastrais do especialista Nome completo: Endereço de email: Telefone Formação Acadêmica: Titulação: Instituição(ões) à(s) qual(is) está vinculado: Sobre o método Delphi O método Delphi consiste na consulta a especialistas acerca de determinado por meio de um questionário que pode ou não ser até que haja convergência das respostas. O Delphi, parte da hipótese de que o julgamento coletivo traz resultados mais satisfatórios que a resposta de um só indivíduo. Em linhas gerias o método Delphi é uma técnica para a busca de um consenso de opiniões de um grupo de especialistas acerca de eventos futuros. Diante da importância de se identificar indicadores ambientais capazes de avaliar os efeitos da mudança no uso da terra na biodiversidade, esse instrumento pretende consultar especialistas nacionais e internacionais que trabalham com Análise do Ciclo de Vida (ACV), na literatura internacional conhecido com Life Cycle Assessment (LCA) Ecologia e Conservação, a fim de selecionar o indicador ou os indicadores mais adequados para esse fim. O presente questionário objetiva avaliar indicadores considerando uma série de características propostas em (Milá i Canals, 2003). Foram pré-selecionados cinco (05) indicadores, dentre mais de uma dezena encontrados na literatura. A pré-escolha considerou o potencial de aplicação do indicador para avaliação da perda biodiversidade dentro de um estudo de ACV e a disponibilidade de informações e recursos para realizar um estudo de caso para o óleo de dendê no Estado da Bahia. Orientações para a avaliação dos indicadores: 1. Dentre os indicadores propostos no quadro 1, na sua opinião qual ou quais são os mais apropriados para avaliar a perda da biodiversidade? Utilizar como critério para avaliação as características desejáveis para um indicador propostos em (Milá i Canals, 2003). 2. Além dos indicadores para avaliação da biodiversidade propostos para este estudo, a Sra sugeriria algum outro indicador que tenha interesse para ACV de biocombustíveis? Em caso positivo, favor incluí-lo como “I6“ e utilizar a última coluna do quadro 1 para avaliar a sua pertinência com relação aos atributos propostos. Quadro A: Matriz para escolha dos indicadores Indicadores I1 I2 I3 I4 I5 I6 Representatividade [1] [2] [1] [2] [2] [Código] Mensurabilidade [2] [2] [2] [2] [1] [Código] Consistência [2] [2] [2] [2] [2] [Código] Aplicabilidade [2] [2] [2] [2] [1] [Código] Dependência Local [1] [1] [1] [2] [2] [Código] Escala [2] [2] [2] [2] [1] [Código] Transferência [2] [2] [2] [2] [2] [Código] Critérios Legenda: 0 = Não aplicável; 1 = Parcialmente Aplicável; 2 = Aplicável Características desejáveis para um indicador (Milá i Canals, 2003): Representatividade – Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria ambiental uso da terra (“land use”) no aspecto perda de biodiversidade (“loss of biodiversity”); Mensurabilidade – como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação quantitativa dos atributos relevantes quanto a degradação ou proteção da biodiversidade; Consistência – devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o estudo. Aplicabilidade – as informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis e serem de simples uso, possibilitando ser utilizada por não especialistas em biodiversidade. Dependência local – os indicadores devem refletir a dependência local associada á biodiversidade, e serem relevantes para os objetivos do estudo. Escala - Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a atender os objetivos e escopo do estudo. Transferência - Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores usados devem ser transferíveis e aceitos internacionalmente, permitindo a comparação de estudos realizados em diferentes situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas cultivadas em diferentes ecossistemas (óleo de dendê na Amazônia, óleo de soja no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina). Quadro 2: Indicadores de biodiversidade pré-selecionados Código Indicadores propostos Autores I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema (ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – combinados com a qualidade da biodiversidade (Q biodiversidade) Lindeijer (2000) I2 I3 I4 I5 Weidema & Lindeijer (2001) Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção Schenck (2006) Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB) Michelsen (2008) Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada Schmidt, 2008 Breve descrição dos indicadores I1 O indicador Diversidade de espécies de plantas vasculares: proposto por Lindeijer, (2000) propõe que a biodiversidade de uma determinada área seja medida utilizando a diversidade (número de espécies ou riqueza) de plantas vasculares. I2 Weidema e Lindeijer (2001) propõe avaliar a perda de biodiversidade medindo a riqueza de espécies por meio de dois fatores: a escassez inerente do ecossistema , que é expressa como o inverso do potencial de área que poderia ser renaturalizada caso não houvesse nenhuma atividade; e a vulnerabilidade do ecossistema indicado pelo número relativo de espécies afetadas por uma mudança na área do ecossistema expressa numa relação espécie-área. Aliado a isso propõe a combinação desse fatores para chegar a um indicador adequado de biodiversidade, de forma quantitativa e qualitativa. Os autores afirmam que a medida mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza de espécies, ou seja, o número de espécies por região. Para normalizar SR (riqueza de espécies) de modo que o valor da menor pontuação seja a unidade do ecossistema, divide-se pela riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas chegando a: nSR = SR/SRmin; Escassez do ecossistema - quanto menor for a área de um ecossistema mais escasso ele se apresenta, isso implica que a escassez inerente de um ecossistema pode ser expressa por uma relação inversa entre a área potencial do ecossistema, resultando na seguinte fórmula: ES = 1/Apot Vulnerabilidade do Ecossistema – quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais vulnerável e estressado ele é, assim, assumimos que o número de espécies são um bom substituto para avaliar a biodiversidade de um local. A vulnerabilidade dos ecossistemas deverá indicar o número relativo de espécies afetadas por uma mudança na área do ecossistema. Expressos pela curva espécie área Combinando os fatores de biodiversidade Para se chegar a um índice de biodiversidade os três fatores são combinados através da mutiplicação, de forma a refletir a qualidade da biodiversidade. Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc I3 O indicador proposto por Schenk, 2006 sugere como indicador para avaliação da biodiversidade de uma determinada área, que seja analisada a proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção e para isso utiliza o livro vermelho da fauna ameaçada de extinção. I4 Michelsen (2008) propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a escassez do ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer, 2001) e as condições para a manutenção da biodiveresidade (CMB), sendo a qualidade em um determinado local e tempo podendo ser avaliada como um produtos desses três fatores. Q = ES x EV x CMB De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas dão informações sobre o valor intrínseco da biodiversidade de uma área, enquanto o indicador relativo às Condições para Manutenção Biodiversidade (CMB) oferece informações sobre as condições atuais para a biodiversidade da área, ou seja, se está intacta ou reduzida. Para se chegar ao índice para as condições da biodiversidade mantida o autor sugere a identificação dos fatores chave (KF) (Larsson, 2001) por meio do uso de uma escala 0 = nenhum impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto. I5 O indicador proposto por Schimidt, 2008 avalia a riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de espécie área, em que se multiplica o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em 100m2 a duração da ocupação e o tempo de renaturalização da transformação associado a um fator de vulnerabilidade do ecossistema. Referências ISO. 2000. ISO 14042:2000. Environmental management. Life cycle assessment. Life Cycle impact assessment. International Organisation for Standardisation (ISO). (Switzerland). LINDEIJER, E. 2000b. Biodiversity and life support impacts of land use in LCA. Journal of Cleaner Production 8: 313-319, 2000. CANALS, LM. (2003): Contributions to LCA Methodology for Agricultural Systems: Site-dependency and soil degradation impact assessment. PhD thesis, Barcelona, Spain, Autonomous University of Barcelona. Available at <http://www.tdx.cesca.es/ TDX-1222103154811/> MICHELSEN, O. 2008. Assessment of land use impact on biodiversity: Proposal of a new methodology exemplified with forestry operations in Norway Int J LCA 13 (1) 22-3. SCHENCK, R.C. 2001. Land Use and Biodiversity Indicators for Life Cycle Impact Assessment. Int. J. LCA 6(2): 114 – 117. disponível em http://www.springerlink.com/content/346068w2l142229/ acesso em 08/04/2009 SCHMIDT, J.H (2008b), Development of LCIA Characterization Factors for Land Use Impacts on Biodiversity. J. of Cl. Production, 16(18), 1929–1942. WEIDEMA B.P & LINDEIJER E (2001): Physical impacts of land use in product life cycle assessment. Final report of the EURENVIRON-LCAGAPS subproject on land use. Department of Manufacturing Engineering and Management, Technical University of Denmark, Lyngby. Avaliação do Ciclo de Vida – ACV (LCA) A metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida definida pela SETAC (Society of Environmental Toxicology and Chemistry) como: “o processo objetivo de avaliar as cargas ambientais associadas com um produto, processo ou atividade através da identificação e quantificação do uso de energia e matéria e de emissões ambientais, o impacto do uso de energia e material e das emissões, e a determinação de oportunidades de melhorias ambientais. A avaliação inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, envolvendo extração e processamento de matérias-primas; fabricação, transporte, e distribuição; uso/ reuso/ manutenção; reciclagem; e disposição final”. A ISO 14042 (ISO 2000) de forma complementar define ACV como um conjunto de procedimentos sistemáticos que permite compilar e avaliar as entradas e saídas de materiais em um sistema e os potenciais impactos ambientais de um produto ou sistema, considerando todo seu ciclo de vida. De acordo com esta mesma norma, o ciclo de vida de um determinado produto compreende etapas consecutivas e interligadas, iniciando-se na fase de aquisição de matéria prima, passando por todos os processos produtivos chegando até a fase de uso e destinação final do produto. No caso específico de produtos de origem agrícola e do ponto de vista da avaliação ambiental de biocombustíveis, o foco da ACV direciona-se para estudos quem envolvem a mudança no uso da terra. APÊNDICE C - CRITÉRIOS E INDICADORES PRÉ-SELECIONADOS Características desejáveis para um indicador (Milá i Canals, 2003): CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria Representatividade ambiental uso da terra (land use) no aspecto perda de biodiversidade (loss of biodiversity); Como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação quantitativa dos atributos relevantes quanto a degradação ou Mensuralidade proteção da biodiversidade; Devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o Consistência estudo. As informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis e serem de simples uso, possibilitando ser utilizada por não Aplicabilidade especialistas em biodiversidade. Os indicadores devem refletir a dependência local associada á Dependência local biodiversidade, e serem relevantes para os objetivos do estudo. Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a Escala atender os objetivos e escopo do estudo. Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores usados devem ser transferíveis e aceitos internacionalmente, permitindo a comparação de estudos realizados em diferentes situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de Transferência biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas cultivadas em diferentes ecossistemas (óleo de dendê na Amazônia, óleo de soja no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina). Código Indicadores de Biodiversidade Propostos por: I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000) I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema (ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para avaliar a qualidade da terra em termos de biodiversidade (Qbiodiversidade). Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB). Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada Efeitos potenciais sobre um conjunto de espécies (SPEP) Indicadores com base na Complexidade estrutural dos ecossistemas. Riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema (Adaptado de Weidema, Lindeijer (2001)). Indicador com base em parâmetros de espécies e ecossistemas I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Weidema & Lindeijer (2001) Schenck (2006) Michelsen (2008) Schimidt, 2008 Kollner, (2003) indicador incluso por sugestão do especialista 2 Indicador sugerido pelo Especialista 8 (2010) Indicador sugerido pelo Especialista 11 (2010). Indicador sugerido pelo Especialista 2 (2010) Breve descrição dos indicadores I1 - indicador Riqueza de espécies de plantas vasculares: proposto por Lindeijer (2000), o autor propõe que a biodiversidade de uma determinada área seja medida utilizando a (número de espécies ou riqueza) de plantas vasculares. I2 - Weidema e Lindeijer (2001) propõe avaliar a perda de biodiversidade por meio de três fatores: dois deles referem-se ás características do ecossistema (vulnerabilidade e escassez) o terceiro se refere a riqueza de espécies. A escassez inerente do ecossistema que é expressa como o inverso do potencial de área que poderia ser renaturalizada caso não houvesse nenhuma atividade; e a vulnerabilidade do ecossistema indicado pelo número relativo de espécies afetadas por uma mudança na área do ecossistema expressa numa relação espécieárea. Aliado a isso os autores propõem a combinação desses fatores para chegar a um indicador adequado de biodiversidade, de forma quantitativa e qualitativa. Os autores afirmam que a medida mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza de espécies, ou seja, o número de espécies por região. Para normalizar SR (riqueza de espécies) de modo que o valor da menor pontuação seja a unidade do ecossistema, divide-se pela riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas chegando a: nSR = SR/SRmin; Escassez do ecossistema - quanto menor for a área de um ecossistema mais escasso ele se apresenta, isso implica que a escassez inerente de um ecossistema pode ser expressa por uma relação inversa entre a área potencial do ecossistema, resultando na seguinte fórmula: ES = 1/Apot Vulnerabilidade do Ecossistema – quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais vulnerável e pressionado ele se apresenta. Desta forma, os autores consideram que o número de espécies seja um bom indicador para avaliar a biodiversidade de um determinado ecossistema. A vulnerabilidade dos ecossistemas indica o número relativo de espécies afetadas por alterações (transformação ou ocupação) no uso da terra, em seu habitat natural, expressos pela curva “espécie x área” (SCHILLING 2007). Combinando os fatores de biodiversidade Para se chegar a um índice de biodiversidade os três fatores são combinados através da mutiplicação, de forma a refletir a qualidade da terra segundo a perda ou ganho da biodiversidade, expresso na equação abaixo, resultando no quantitativo de espécies que se perde por m2 de área ao ano, durante o processo de ocupação. Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc I3 - O indicador proposto por Schenck (2006) sugere como indicador para avaliação da biodiversidade de uma determinada área a proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção e para isso utiliza o livro vermelho da fauna ameaçada de extinção (SCHENCK 2006). I4 - Michelsen (2008) propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a escassez do ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer, 2001) e as condições para a manutenção da biodiversidade (CMB), sendo a qualidade em um determinado local e tempo podendo ser avaliada como um produto desses três fatores. Q = ES x EV x CMB De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas dão informações sobre o valor intrínseco da biodiversidade de uma área. Por outro lado, o indicador relativo às Condições para Manutenção Biodiversidade (CMB) fornece informações sobre as condições atuais do ecossistema, avaliadas segundo a condição da biodiversidade da área, ou seja, intacta ou reduzida. CMB é um índice composto por indicadores conhecidos por serem importantes para a biodiversidade e para se chegar ao índice para as condições da biodiversidade mantida o autor sugere a identificação de fatores chave (KF) (Larsson, 2001). Segundo Souza (2010) o autor dentre 17 fatores-chave (KFi) identificados apenas três são inicialmente apontados para se avaliar as florestas da Europa. Sendo: a quantidade de madeira em decomposição; a percentagem de áreas abandonadas e a introdução de espécies de árvores exóticas, assim sendo, cada fator-chave é analisado de acordo com dois parâmetros e para cada um desses, é construída uma escala de pontuação numérica, que consiste em 0 = a nenhum impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto. I5 - O indicador proposto por Schmidt (2008) avalia a riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de espécie x área. Para tanto, o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em 100m2 é multiplicado pela duração da ocupação. Já o tempo de renaturalização da terra associado a um fator de vulnerabilidade do ecossistema. I6 - Kollner (2003) estabelece uma relação entre o uso da terra e a qualidade ambiental e para isso utiliza como indicadores a diversidade de espécies de plantas vasculares, associada aos diferentes tipos de uso da terra e a um fator de vulnerabilidade do ecossistema. Köllner (2003) citado por Souza (2010) propõe a modelagem de impactos do uso da terra, segundo a diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização para as escalas local e regional, para 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso. O dano total ao ecossistema, resultante das análises de dano regional e local, é finalmente expresso através da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que ocorrem em certa região, o autor utiliza o termo “regional species pool” para expressar o conjunto de espécies de uma determinada região. I7 - O especialista 8 propõe um indicador com base na Complexidade estrutural dos ecossistemas, conforme destacam MacArthur & MacArthur (1961) cujos estudos mostram a existência de uma relação positiva entre a diversidade de aves e habitat complexidade estrutural. De acordo com a hipótese da complexidade do hábitat "(Simpson 1949) tem sido geralmente assumida uma ligação entre as oportunidades de nicho e a diversidade local de espécies (August, 1983). Em uma recente revisão sobre os estudos que avaliam a relação da heterogeneidade de habitat e a diversidade de espécies, Tews et al. (2004) mostrou que a maioria das pesquisas sobre o tema relatou a existência de relações positivas, e as variações sobre este resultado podem ser atribuídas, principalmente, a dois fatores: a diferenças na maneira como as diferentes espécies ou grupos biológicos percebem seus habitats, e a escala na qual os estudos são desenvolvidos (Atauri & Lucio, 2001). I8 - O especialista 11 propôs um indicador modificado baseado nos critérios para indicação de Hotspots (Myers 2000) e no indicador proposto por Weidema e Lindeijer (2001). O indicador para avaliar a perda de diversidade será é a riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema. Riqueza de espécies: número total de espécies de plantas vasculares na área (Sr)/Srmin Escassez do ecossistema: 1/ proporção de área remanescente do ecossistema Vulnerabilidade: número de espécies endêmicas e (ou) ameaçadas/número total de espécies. I9 - O especialista 2 propõe a construção de um indicador com base parâmetros relacionados a espécies e ecossistemas. A escala de resolução espacial do modelo é para escorregões brasileiras, definidas segundo (OLSON et al. 2001). Em relação a espécies, foram considerados o grau de endemismo e o grau de ameaça, para cada uma das ecorregiões brasileiras. O grau de ameaça é obtido através da Lista Vermelha de espécies em extinção, segundo a IUCN (2001). No que tange aos ecossistemas, foram definidos o grau de escassez e o grau de vulnerabilidade da ecorregião. Ao contrário de outros modelos em ACV, a autora utiliza dados de riqueza de espécies de vertebrados pertencentes a quatro classes do filo chordata: (i) Mammalia (mamíferos); (ii) Reptilia (répteis); (iii) Aves; e (iv) Amphibia (anfíbios), disponibilizados pelo WWF (2009). Os tipos de uso da terra empregados foram àqueles definidos pelo IBGE (IBGE, 2006). A distinção entre os impactos de transformação e ocupação é realizada segundo Milà i Canals et al. (2007) e Weidema e Lindeijer (2001). Como referência para a comparação dos impactos resultantes do uso da terra, Souza (2010) utiliza a situação próxima do natural, definida por cenários de recuperação da terra: a vegetação natural potencial. Os tempos de recuperação estimados para cada um dos biomas do Brasil são estimados, baseado em Köllner (2003 Referências ATAURI, José A.; LUCIO, José V. de (2001) The role of landscape structure in species richness distribution of birds, amphibians, reptiles and lepidopterans in Mediterranean landscapes. Landscape Ecology, 16, 147–159. AUGUST, Peter V. (1983). The role of habitat complexity and heterogeneity in structuring tropical mammal communities. Ecology, 64, 1495–1507. IBGE, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Uso da Terra. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. (Manuais Técnicos em Geociências, 7). 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Disponível em: APÊNDICE D - ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DA CONSULTA DELPHI APÊNDICE E - RETORNO DA 1ª RODADA DELPHI Att: Prezado Senhor, Agradecemos a sua participação como um dos especialistas da área de Dendê na consulta Delphi do Projeto de Mestrado intitulado “Impactos Ambientais da Produção de Biodiesel de Dendê no Estado da Bahia: Aplicação de Indicadores de Uso da Terra na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)”, com o objetivo de orientar a escolha do(s) melhor(es) indicador(es) de perda de biodiversidade para aplicação em Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (AICV) na categoria ambiental uso da terra (Land use). A consulta Delphi prevê a possibilidade de realização de mais de uma rodada, até que os objetivos previstos na pesquisa sejam alcançados. Tendo como base para sua reavaliação, estou enviando um retorno sintético da rodada anterior, onde foram consultados 22 especialistas de quatro áreas de conhecimento, tendo obtido retorno de 16 respondentes. Nesta 2ª rodada o Senhor terá oportunidade de reavaliar sua posição frente a opinião média de todos os especialistas e dos especialistas da sua área de conhecimento. Esperando continuar contando com antecipadamente a sua atenção e disponibilidade, Atenciosamente, Rita de Cássia Silva Braga e Braga sua preciosa colaboração, agradeço 1. Síntese dos resultados preliminares da 1ª rodada Após receber o retorno dos questionários, os dados foram tabulados e analisados em conjunto, considerando uma comparação entre a avaliação do especialista 16 (Dr. José Stanley com os valores médios do grupo de especialistas em dendê e com todos os especialistas estão apresentados nas Figuras 1 e 2. 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 Especial ista 0,50 Dendê 0,40 Todas as áreas 0,30 0,20 0,10 0,00 I1 I2 I3 I4 I5 Figura 1: Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade - IA) dos indicadores de biodiversidade do especialista 16 com a média do grupo e de todas as áreas por indicador (variando de 0 (não aplicável) até 1 (aplicável)). Observa-se na Figura 1, que o IA proposto pelos especialistas em Dendê não apresentou variação significativa se comparado à média de todos os especialistas para I1, I2, I3, e I4, sendo o I5 o maior IA. Enquanto a avaliação do especialista 16 foi nitidamente superior para todos os cinco indicadores. Considerando todas as áreas no seu conjunto (dezesseis especialistas) o IA não indicou favorecimento de nenhum indicador em específico, variando entre 60 e 70% para todos os cinco indicadores. Os especialistas em dendê indicaram o favorecimento do I5 ficando com um índice acima de 80%, enquanto o Especialista 16 foi claramente favorável a todos os cinco indicadores variando entre 80 - 90%. Especialista 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 Dendê Todas as áreas Represent. Measurab. Consist. Applicab. Local Depend. Scale Transferab. Figura 2: Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IA) dos indicadores de biodiversidade do especialista 16 com a média do grupo e de todas as áreas por critério (variando de 0 (não aplicável) até 1 (aplicável)). Observa-se na Figura 2, que o IA proposto pelos especialistas em dendê foi ligeiramente superior ao da média de todos os especialistas para os critérios (Mensurabilidade, Consistência e Escala), ligeiramente inferior para os critérios Aplicabilidade e Dependência local e para os critérios (Representatividade e Transferabilidade, não houve variação. O IA do especialista 16 foi nitidamente superior para os critérios Representatividade, Mensurabilidade, Consistência Dependência Local e Escala (100%),equilibrado para os critérios Aplicabilidade e Transferabilidade (50 - 70%) , Considerando todas as áreas no seu conjunto (dezesseis especialistas) o IA indicou a Dependência local como o critério com maior aplicabilidade (~75%), divergindo com a avaliação dos especialistas em dendê que o IA indicou os critérios Mensurabilidade e Escala (~ 80 - 90%) e do especialista 16 que indicou os critérios Representatividade, Mensurabilidade, Consistência Dependência Local e Escala (100%) e foi desfavorável ao critério Aplicabilidade com IA 50%. 2. 2ª Rodada da consulta Delphi 2.1 Orientações para avaliação dos indicadores: 3. Dentre os 05 (cinco) indicadores propostos inicialmente (Quadro 1), mais 03 (três) indicadores incluídos a partir da 1ª rodada, avalie, com base nos critérios propostos por (Milá i Canals, 2003), o(s) indicador(es) mais apropriados para avaliar a perda da biodiversidade. 4. Além da escolha do(s) indicadores, o (a) Sr(a) pode comentar sobre qualquer aspecto relativo à pesquisa? Quadro 2. Matriz para seleção dos indicadores do especialista 16 – 2ª Rodada I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 Representativeness [] [] [] [] [] [] [] [] [] Measurability [] [] [] [] [] [] [] [] [] Consistency [] [] [] [] [] [] [] [] [] Applicability [] [] [] [] [] [] [] [] [] Local Dependency [] [] [] [] [] [] [] [] [] Scale [] [] [] [] [] [] [] [] [] Transferability [] [] [] [] [] [] [] [] [] Indicators Criteria Legenda: 0 = não aplicável; 1 = parcialmente aplicável; 2 = aplicável APÊNDICE F - ANÁLISES ESTATÍSTICAS Indicador I (I1) Resultados Tamanho da amostra (n) = 13 Número de sinais positivos = 5 Número de sinais negativos = Número de escores empatados = p (Binomial) = 0.5000 Poder do teste = 0.5000 4 4 Indicador II (I2) Resultados Tamanho da amostra (n) = 13 Número de sinais positivos = 5 Número de sinais negativos = Número de escores empatados = p (Binomial) = 0.5000 Poder do teste = 0.5000 4 4 Indicador III (I3) Resultados Tamanho da amostra (n) = 13 Número de sinais positivos = 5 Número de sinais negativos = Número de escores empatados = p (Binomial) = 0.6230 Poder do teste = 0.6241 5 3 Indicador IV (I4) Resultados Tamanho da amostra (n) = 13 Número de sinais positivos = 5 Número de sinais negativos = Número de escores empatados = p (Binomial) = 0.5000 Poder do teste = 0.5000 6 2 Indicador V (I5) Resultados Tamanho da amostra (n) = 13 Número de sinais positivos = 6 Número de sinais negativos = Número de escores empatados = p (Binomial) = 0.2539 Poder do teste = 0.7475 3 4