EXPERIÊNCIA DOCENTE NO PIBID: ABORDANDO O ENSINO DE
MATEMÁTICA EM UMA TURMA DE 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Jaqueline Silva
Lorruama da Silva Costa
Roseli Cristina P. Santana
Vanessa Ventura Rodrigues
Profª supervisora Carla Rafaela Bezerra
Introdução:
Como em todas as licenciaturas, o estudante de Pedagogia precisa vivenciar
práticas educativas em sua formação inicial que favoreçam a iniciação à docência,
constituindo-se de extrema relevância para o seu futuro profissional a oportunidade de
adquirir e trocar experiências com profissionais que já
possuem certificação ou
habilitação para lecionar. Em busca desse crescimento profissional foi que procuramos
por meio do PIBID nos envolver com a iniciação à docência, com foco no ensino da
Matemática, procurando combinar propostas educativas com a experiência prática do
professor supervisor, que contribui muito com o processo, sendo uma experiência real
em sala de aula.
A partir de observações da prática do professor elaboramos planejamentos de
aulas com propostas interdisciplinares, para, além de atender as necessidades de
aprendizagens dos alunos, fazê-los participantes do processo, utilizando situações que
os levassem a se reconhecer nas atividades.
O planejamento mostrou-se algo desafiador, era necessário atender a diferentes
níveis de aprendizados, como também saber lidar com a heterogeneidade dos alunos,
porém propondo atividades de seus contextos diários, refletindo em conjunto, mediando
a prática.
Conhecer a teoria e saber combiná-la com a prática exige um pouco de reflexão
por parte de qualquer profissional, e em se tratando da área da educação muito mais,
pois a cada momento nos deparamos com situações diversas. A reflexão se faz
importante sobre as metodologias utilizadas para atingir o nosso objetivo, quais recursos
necessários para tal, sempre atendendo a proposta curricular e as necessidades de
aprendizados dos alunos. Para Libânio (1994), teoria e prática devem estar
interpenetradas, a teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática
orientada teoricamente.
Uma atuação profissional sólida não conta apenas com vocação natural, mas
empenho próprio, em busca de conhecimento, técnicas que possa valorizá-lo
futuramente, quando se tratando de iniciação a docência principalmente, portanto o
PIBID, vem possibilitar essa oportunidade.
Toda vivência realizada na escola tem sido partilhada nas reuniões e discussões
semanais com o grande grupo do PIBID, o que tem contribuído muito para a realização
de futuras experiências dos pibidianos envolvidos nesse processo, o que nos leva a
repensar a polivalência dos professores de Pedagogia, no que se refere à formação para
ensinar Matemática aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental.
Objetivos:
O presente relato tem como objetivo apresentar a experiência no Programa de
Iniciação a Docência – PIBID, no ensino da Matemática, no qual realizamos além dos
estudos sobre a prática, realização de atividades em uma turma de 2º ano do 1º ciclo de
uma escola Municipal do Recife.
Procuramos atender a proposta do PIBID para o ensino da Matemática para os
anos iniciais, atuando com alunos do segundo ano, que ainda estão se apropriando do
SEA, sendo mediadores nas atividades que envolvem o contexto diário fazendo-os
participantes.Utilizamos o material concreto, pois de acordo Piaget, essa fase ainda
precisa do concreto para chegar a abstração. Faz-se presente nas atividades o sistema de
numeração decimal, adição, subtração, situação com problemas aditivos, etc.
Metodologia:
Os estudos semanais sobre os temas a serem trabalhados eram realizados no
grande grupo, no sentido de trocar experiências, gerando conhecimento, nos
enriquecendo, com metodologias atualizadas a partir de diversas pesquisas da área.
Utilizamos planejamentos com situações rotineiras que permeiam o contexto
diário dos alunos, compra e venda no geral, tipo mercado, lojas de roupas entre outros,
onde eles pudessem fazer um contraponto com o seu cotidiano. Realizamos um
planejamento com o sistema monetário, no qual tínhamos o objetivo de fazê-los
conhecer a origem do dinheiro, o uso do mesmo no dia a dia das pessoas. Realizamos
situações no qual os alunos podiam manipular dinheiros fictícios, realizar compras,
somar valores, e representar graficamente esses valores.
De acordo com Piaget crianças na fase operatório-concreto ainda precisam do
concreto para atingir o abstrato, portanto, as atividades impressas foram combinadas
com objetos manipuláveis. Além de explorar o sistema monetário, também
introduzimos os jogos didáticos, que ajudaram muito na compreensão dos alunos.
Para que os alunos ficassem motivados para a resolução de problemas matemáticos,
pensamos em situações cotidianas dos mesmos, onde eles identificassem as
nomenclaturas e se interessassem por esse tema. Primeiramente explicamos a história
do dinheiro, falamos sobre o escambo e quando tornou-se necessária a presença de uma
padronização única para trocas, sendo assim imprescindível para a sociedade a criação
do dinheiro, fizemos inferências, deixando - os cientes que essas necessidade
apareceram em várias sociedades e que não foi do dia para noite que chegaram nesta
padronização, quando cada civilização se adequava a realidade de sua economia tornouse necessária a invenção que reflete a evolução da humanidade.
Com isso, acreditamos que por conhecerem a situação e se sentirem a vontade no
espaço, os alunos se motivariam a resolver a proposta. Eles interagiam ativamente nas
aulas e fazíamos indagações sobre o que eles já sabiam sobre o assunto.
Propomos para a turma fazer coletivamente um cartaz contendo datas e as
cédulas atuais e antigas, para exemplificar de forma sistemática a evolução da moeda.
Trabalhamos com dinheiros impressos para manipulação dos mesmos, fazendo-os
colocarem em prática o sentido do dinheiro em nossa sociedade, levamos problemas
matemáticos sobre compras, contendo troco, e fizemos que os mesmos refletissem sobre
o valor de cada cédula e moeda, apresentando para os mesmos que quando nos
referimos de dinheiro, temos que colocar o $ (cifrão), explicamos também a importância
da vírgula neste tipo de conta.
Confeccionamos uma quitanda no intuito de ajudar os alunos aprenderem de
uma maneira lúdica. Eles compravam determinado produto, nós indagávamos sobre
valores, quantidade de cédulas que possuíam e se o dinheiro que cada um tinha era
suficiente para pagar a compra efetuada, anotando em uma folha a quantidade que
recebia. Levamos também roupas com suas respectivas etiquetas de preços, para ver se
os alunos conseguiam dar o troco certo e identificar o valor de cada cédula. Muitos
tiveram dificuldade em registrar os números referentes as suas compras, especialmente
por envolver números decimais.
Fizemos também o jogo do boliche monetário, no qual a soma dos valores
monetários de todas as garrafas era feita com a participação de toda a turma, sendo
assim uma atividade prazerosa que proporcionava a contagem oral, pois apesar de
saberem fazer o uso do dinheiro em situações orais, poucos conseguem registrá-los
fazendo relação com os números decimais e suas operações.
De acordo com os
parâmetros curriculares nacionais um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno
que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os
jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a
potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja
desenvolver (BRASIL, 1997, P. 48-49).
Segundo Vygotsky, através do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera
cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações. Segundo ele, o brinquedo
estimula a curiosidade e a autoconfiança, proporcionando desenvolvimento da
linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
'' Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a
possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos
que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da
situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é
grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática,
apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a
seus processos de aprendizagem.''(BORIN,1996,9)
Em uma das regências também trabalhamos a noção de “ ímpar e par”. De
forma lúdica e descontraída, discorremos o conteúdo, e como recursos fizemos uso de
músicas, brincadeiras e atividades impressas. Tivemos a cooperação dos alunos que
interagiram conosco e com a turma nos momentos em que era necessário formar pares
nas atividades propostas.
Considerações finais: A experiência no PIBID nos proporciona a pensar, no empenho
da nossa formação, na busca pelo conhecimento não apenas na teoria, mas saber
relacionar com a prática, buscando técnicas e metodologias atuais, considerando
diversas pesquisas na área que possa nos levar a uma valorização maior do magistério,
encontrando solidez na iniciação a docência, adquirindo uma identidade própria no
exercício da futura profissão.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros
Curriculares Nacionais.Brasília:MEC/SEF,1997.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática/ José Carlos Libâneo- São Paulo: Cortez, 1994coleção magistério. 2º grau. Série formação do professor.
MOURA, Manoel Oriosvaldo de. A Atividade de ensino como unidade formadora.
Bolema, Rio Claro, v. 12, p.29-43, 1996.
BORIN,J.Jogos e resolução de problemas:uma estratégia para as aulas de
matemática.São Paulo:IME-USP;1996.
VYGOTSKY, Lev. Smenovich. A Formação Social da Mente. 6ª ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.
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