Gratuito Directora Director: Graça Franco: Francisco Sarsfi rsfie eld Editor Editor: ditor: Raul E Santos Raul Santos Lisboa Lis Lisb Li Lisboa boa b oa Hoje H e Quinta Po to Por Porto Porto Amanhã Am Sexta manhã h Grupo Renascença Grupo Renascença www.rr.pt www www.rr.pt .rr.pt rr www.rfm.pt www.rfm.pt www.mega.fm www.radiosim.pt Segunda-feira 18 Julho de 2007 Quarta-feira 3 Fevereiro de 2010 Gratuito CIRURGIAS: Governo vai negociar com Misericórdias - EUA: Chefe da “secreta” acredita em novo ataque terrorista ÚLTIMAS Cândida Almeida critica abusos na apresentação de recursos Leia mais “Big Brother” fiscal Proposta do PS divide opiniões » Pág.8 A proposta prevê a divulgação, na Internet, dos rendimentos anuais brutos dos contribuintes. » Pág.6 Conselho de Estado Finanças Regionais “pairam” sobre reunião Olivier Hoslet/EPA A polémica questão que divide PS e PSD pode marcar a reunião de logo, ao fim da tarde. » Pág.7 Gripe A Portugal cancela encomenda de vacinas O cancelamento foi negociado pela própria ministra Ana Jorge com a Glaxo. » Pág.7 Défice Portugal “à grega” recebe novos avisos Bruxelas encontra paralelismo entre as situações das contas públicas de Portugal e da Grécia. A Comissão Europeia advertiu hoje o Governo para a necessidade de adoptar medidas adicionais de correcção do défice orçamental. » Pág. 6 Évora OE 2010 Mudanças de regulamento são apontadas como causa para o surgimento de tantos candidatos. » Pág.5 Rosa Lobato Faria Professores contra Funeral marcado para congelamento de salários amanhã à tarde Leilão Página1 termina hoje a série de entrevistas sectoriais sobre o Orçamento de Estado 2010, em que ouviu os principais representantes de vários grupos profissionais. Os professores fecham o ciclo. São entrevistadas figuras mediáticas da contestação ao Governo: Mário Nogueira, da FENPROF, e João Dias da Silva, da FNE. Ambos concordam nas críticas ao congelamento dos salários. » Págs.3 e 4 Obra de Giacometti pode chegar a 20 milhões A obra, de 1961, é a primeira das esculturas de Giacometti em tamanho real. » Pág.12 A 3 de Fevereiro... OPINIÃO O órfão do Buíça José Miguel Sardica » Pág.5 Sete candidatos na eleição para reitor Morreu uma escritora tardia que tratou bem a língua portuguesa, disse a editora de Rosa Lobato Faria, falecida ontem, aos 77 anos. » Pág.2 1536: fundação de Buenos Aires » Pág.14 DESTAQUE Rosa Lobato Faria Uma escritora tardia que tratou bem a língua portuguesa Escreveu poesia toda a vida, mas só tarde começou a editar romances. A sua vida de 77 anos, foi também marcada por presenças nos palcos, no cinema e na televisão. O funeral de Rosa Lobato Faria é amanhã à tarde, em Lisboa. PÁG. Mário Santos/Porto Editora 02 O corpo da escritora e actriz Rosa Lobato Faria está na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. O funeral é amanhã, no cemitério dos Olivais, depois de uma missa, marcada para as 14h00. Rosa Lobato Faria morreu ontem, aos 77 anos, num hospital de Lisboa. O conhecido autor de novelas recordou a mulher que conheceu pouco tempo depois de ter começado a carreira, durante as gravações da telenovela “Vila Faia” e que acabou por se tornar uma “amiga”. Reacções de pesar Rosa Lobato Faria começou a publicar tarde, aos 63 anos. “O pranto de Lúcifer”, de 1995, foi o seu primeiro romance. O último - “As Esquinas do Tempo” - saiu em 2008. O essencial da sua poesia está reunido no volume “Poemas Escolhidos e Dispersos”, editado em 1997. Esteve várias décadas ligada à televisão, desde que se estreou na RTP como locutora nos anos 60 do século passado, tendo integrado, como actriz, várias telenovelas e séries televisivas. Como actriz, Rosa Lobato Faria participou, por exemplo, nas novelas “Vila Faia”, “Origens” e “Ninguém como tu” e entrou em séries de comédia como “Humor de perdição”, assinada por Herman José, e “A minha sogra é uma bruxa”. No cinema entrou recentemente nos filmes “Tráfico” (1998) e “A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América (2003)”, ambos de João Botelho. Rosa Lobato Faria escreveu ainda letras para canções, muitas delas concorrentes a festivais da canção. Em declarações à Renascença, Manuel Alberto Valente, da Porto Editora, destacou a escrita poética de Rosa Lobato Faria e a forma como bem tratava a língua portuguesa. O Ministério da Cultura emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de Rosa Lobato Faria, homenageando a actriz e escritora com “admiração e saudade”. “Poetisa, romancista, argumentista, cronista e actriz de teatro, cinema e televisão”, Rosa Lobato Faria deixa um “legado que atesta a sua criatividade e extrema sensibilidade e que perpetuará como fonte de inspiração para novas gerações”, refere a nota. O Presidente da República enviou condolências à família da escritora, numa mensagem em que a considera uma “figura notável”. O argumentista Tozé Martinho considerou, em declarações à agência Lusa, que a morte de Rosa Lobato de Faria é “uma triste notícia” e constitui uma “perda significativa” para a indústria das artes. Romance, poesia e televisão GRUPO RENASCENÇA, 2010 OE 2010 Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF Orçamento para a educação é insuficiente O secretário-geral da FENPROF e rosto mais mediático da contestação ao processo de avaliação dos docentes, Mário Nogueira considera que o Orçamento de Estado (OE) para 2010 mais não é do que um reflexo de uma “política de continuidade” que, no passado, não resultou. Nogueira diz que o orçamento para a educação é insuficiente e fala em estagnação. » Hugo Monteiro PÁG. 03 Página1 – Os analistas dizem que o Ministério da Educação é dos que sai mais beneficiado por este OE. Concorda? Mário Nogueira – Temos de olhar para o orçamento da educação no seu todo. O aumento para o sector será de 0,8%. Se recordarmos que em 2009 o aumento foi de 0,5%, nós ficamos a perceber que, neste momento, o investimento e a despesa com a educação ainda nem sequer atinge os níveis de há seis anos atrás. Entre 2004 e 2008, o orçamento para a educação perdeu, em peso relativo dentro do OE, dois pontos percentuais. Até em relação ao PIB tivemos um decréscimo significativo de 4,8% para 4,2%. O que nós temos nestes dois anos é abaixo, ainda, daquela que foi a perda até 2008. Nós não podemos, sequer, falar em investimento na educação, nem num aumento da despesa com o sector. E isto é tanto mais preocupante numa altura em que estamos no início de um processo de alargamento da escolaridade obrigatória que, necessariamente, tem que levar a uma maior despesa em investimento. P1 – Este investimento é insuficiente para esse alargamento? MN – Eu penso que sim. Nós temos, na educação préescolar, um processo que vai fazer com que, pelo menos, no grupo etário dos cinco anos, ela passe a ser, na prática, obrigatória. Mas a aposta que o Governo faz não é na rede pública do ensino pré-escolar, mas sim quase exclusivamente na resposta privada. Depois, aquilo que nós temos são jovens que entraram para o sétimo ano de escolaridade este ano e que já têm um processo de escolaridade de 12 anos. Isto significa, obviamente, mais edifícios e edifícios renovados. Mas não basta. É preciso uma aposta no recurso material, nos equipamentos e nos recursos humanos. Não basta pôr quadros interactivos nem basta ter equipamentos desenvolvidos tecnologicamente e esquecermos que é precisa uma formação contínua de professores, para a sua utilização na sala de aula. É preciso uma maior aposta nos recursos humanos e nas suas competências. Quanto às famílias, se vamos ter jovens nas escolas até aos 18 anos, num país em que se pode entrar no mercado de trabalho aos 16, nós só podemos tornar apelativa a permanência na escola, se as famílias perceberem que ela qualifica e que serve para ter um emprego de qualidade. Tem de haver uma aposta no ensino tecnológico e profissional. Tem de haver uma aposta grande na acção social escolar. P1 – Então, não vê qualquer ponto positivo neste OE? MN – Na parte da educação, não se trata de ver qualquer ponto positivo… Aquilo que temos nem é positivo nem negativo. O que não vemos é, de facto, um inves- timento efectivo na educação. Mesmo nos edifícios. Se olharmos para o programa dos edifícios escolares, tendo uma verba de 163 milhões de euros previstos, tem um decréscimo para quase um quarto relativamente ao ano passado. Provavelmente não estamos num momento em que se possa dizer que há um corte maior e que há alterações pela negativa, mas também não vamos ter pela positiva. Portanto, estamos a falar de estagnação, de políticas de continuidade que no passado não tiveram sucesso. Mesmo com a manipulação de números feita pelo Executivo anterior. P1 –Para essa estagnação de que fala, contribui, também, o congelamento de salários? MN – É evidente! Se nós queremos ter professores que sejam bons, que sejam os melhores, temos de ter uma profissão que, também do ponto de vista material, do ponto de vista de carreira, seja apelativa. Se não for, se as condições de trabalho continuarem a degradarse, o que é que nós vamos ter? Vamos ter os nossos melhores profissionais a abandonar a escola e a irem para as aposentações. Os professores, tal como, de modo geral, todos os trabalhadores da administração pública, perderam, nos últimos dez anos, cerca de 8% do valor real do seu salário. O congelamento, ou a não actualização dos salários, vai significar a manutenção dos valores nominais, logo uma perda real de poder de compra. P1 – Estas são razões para voltarmos a ter os professores nas ruas? Já apelou publicamente á participação dos professores na manifestação de sexta-feira... MN – Aí é evidente que a presença dos professores é importante. Sabemos que não é uma presença em massa, uma vez que é uma iniciativa mais geral, mas os professores vão estar presentes naquela acção que é de toda a função pública. Quanto ao resto, voltar a estar na rua por razões mais de ordem profissional, mais da educação, vamos ver... Nós não temos como objectivo da nossa acção vir para a rua fazer manifestações ou greves. Nada disso. Nós temos de valorizar a nossa profissão, dignificar o seu exercício e melhorar as escolas, a qualidade do ensino e a capacidade de resposta que a escola portuguesa tem. Esse é o nosso objectivo. Se, para o atingir, tivermos de recorrer a formas de luta, fá-lo-emos. Mas as melhores lutas são aquelas que não são necessárias. Mas se tiverem que ser desenvolvidas, nós já mostramos que não hesitamos. GRUPO RENASCENÇA, 2010 OE 2010 João Dias da Silva, secretário-geral da FNE Congelamento de salários e novas regras para as reformas são motivo de preocupação A pouco mais de uma semana do início da discussão, no Parlamento, da proposdta de Orçamento de Estado (OE) para 2010, o secretário-geral da Federação Nacional dos Sinciatos da Educação (FNE) critica o Governo por não ter assumido compromissos sobre as regras de acesso à aposentação. João Dias da Silva critica, também, o congelamento de salários da Função Pública. Espera agora melhores resultados na negociação com o Governo. » PÁG. 04 Hugo Monteiro Página1 – Não temos ouvido a FNE criticar este OE... É sinal de que ele é o que estava à espera? João Dias da Silva – Aquilo que a FNE tem feito é ver-se reconhecida nas posições que a UGT e a FESAP, que nós integramos, têm feito sobre esta matéria. Nós contestamos vigorosamente aquilo que é a determinação de congelamento salarial dos trabalhadores da administração pública, logo para os professores. Também contestamos a alteração radical das condições de acesso à aposentação, em desrespeito por aquilo que foram compromissos assumidos pelo Governo e que repentinamente, agora, o Governo corrige em total desconsideração por esse acordo que havia entre o Estado e os trabalhadores da administração pública, no caso concreto os professores e os trabalhadores não docentes, quanto às condições em que as pessoas poderiam aceder à aposentação e quanto ao cálculo do valor da respectiva pensão. P1 – São razões para termos, em breve, novos protestos de professores? JDS – Haverá negociação e a nossa primeira aposta é no espaço negocial. Cremos que no espaço de negociação que agora vai ocorrer possa haver a consideração de soluções diversas por parte do Governo. Nós partimos para protestos e para acções quando esgotamos aquilo que as acções negociais podem permitir. Portanto, para já, a nossa opção é por investir na negociação no sentido de corrigir estas perspectivas do Governo. Depois veremos o que é que poderemos fazer, se não tivermos acolhimento por parte do Governo. P1 – Mas o Ministério da Educação é dos mais beneficiados nesta proposta de OE... JDS - ... No que diz respeito à educação pré-escolar! Aí consideramos significativo que essa aposta seja não apenas pelo reforço da responsabilidade do Estado na oferta da educação pré-escolar. Nós queremos que se atinja rapidamente o objectivo da universalização da educação pré-escolar ao nível dos cinco anos. Porque essas são medidas que não têm apenas a ver com a conjuntura ou com ir buscar financiamentos, ou com o crescimento daquilo que é a oferta. Estas medidas têm impacto no futuro, na qualidade daquilo que vierem a ser os percursos profissionais das crianças que agora forem mais cedo para a educação pré-escolar. Toda a investigação científica tem demonstrado que há um impacto positivo resultante da entrada mais cedo na educação pré-escolar, em termos de qualidade do percurso escolar no futuro e, portanto, o investimento que se fizer hoje no crescimento da educação pré-escolar e no aumento da frequência desse nível de ensino, a partir dos três anos de idade, é um investimento que tem reflexos na qualidade dos resultados escolares no futuro. P1 – O mesmo se passa em relação ao esforço que é feito nos investimentos para a tecnologia nas escolas e, também, na requalificação das escolas? JDS – Trata-se de aspectos que, na nossa perspectiva, têm impacto no combate à crise e na resposta às necessidades de emprego. A requalificação do parque escolar, quer através das escolas secundárias, quer através das parcerias que estão a ser realizadas com os municípios, quer para a requalificação de escolas de 2º e 3º ciclos, quer para a criação de centros escolares, são medidas que têm impacto imediato no emprego nos diferentes municípios. Portanto, são mecanismos de combate à crise, mas que também têm impacto futuro na qualidade das instalações para o desenvolvimento de processos educativos de qualidade. P1 – São apostas que surgem num orçamento de contenção... JDS - ... Mas que não podia deixar de conter alguns sinais de resposta à crise. Estes são alguns pequenos sinais de combate à crise e que têm a ver com a aposta em pequenas e médias empresas que possam estar no mercado com trabalho garantido em obras de reparação, construção e requalificação de equipamentos escolares. Obras que podem ser feitas com recurso a mão-de-obra local e com custos que são desenvolvidos localmente. São respostas nacionais à crise de emprego que está instalada. P1 – Mas este tinha mesmo de ser um orçamento de contenção? JDS – Um orçamento que deve inverter uma lógica de crescimento do défice. Podemos é discutir quais as variáveis em que o Governo faz opções de diminuição de crescimento do défice. E aí podemos discordar. Mas nós entendemos que este Orçamento não podia deixar de ser um OE que tivesse sinais relevantes de combate ao crescimento sistemático do défice a que temos assistido. P1 - Critica umas medidas, aplaude outras... Que nota dá a este Orçamento? JDS – Nove em vinte... Próximo da positiva, mas ainda não chegou lá. GRUPO RENASCENÇA, 2010 OPINIÃO PÁG. 05 O órfão do Buíça José Miguel Sardica Professor da Universidade Católica Portuguesa Há para aí constituída uma «Associação Promotora do Livre Pensamento» (APLP), liderada por um putativo historiador de seu nome Luís Vaz. Zangados com o Presidente da República, com a direita (porque é reaccionária), e com a esquerda (porque não é suficientemente fracturante), Luís Vaz e a sua APLP não compreendem por que razão o programa das comemorações do centenário da República – iniciadas no passado Domingo, no Porto – não incluiu a devida homenagem a Manuel dos Reis Buíça e a Alfredo Luís Costa, os dois homens que assassinaram D. Carlos e o Príncipe D. Luís Filipe em Fevereiro de 1908, pelo (reclamam eles) importante contributo que os regicidas deram para o fim da monarquia. A argumentação aduzida é risível, mas revela sobretudo um fundo perturbador. Luís Vaz acha o tributo cívico a Buíça e Costa uma forma de recordar “o legítimo direito à indignação”, que a APLP “promove e continua a propalar”, expressa pelos dois através das balas que vararam o landau régio, o pescoço de D. Carlos e a cara de D. Luís Filipe. Luís Vaz convidou todos os cidadãos a rumarem com ele às campas dos regicidas, não para “festejar a morte” (isso fica “para as instituições que acreditam no transcendente”!), mas em memória de “princípios libertários e acções tendentes à construção de uma pátria sem opressões classistas”. Luís Vaz explica que a APLP agendou a homenagem para 31 de Janeiro, véspera da efeméride do regicídio, por isso corresponder “ao momento em que todos os actores dos factos ocorridos se encontravam vivos e aptos a modificarem as suas opções” (!!). Não sei de onde saiu este órfão espiritual do Buíça. Mas descortinar em D. Carlos um “opressor classista”, na monarquia um “sistema totalitário” (outra das pérolas dele), e no regicídio uma manifestação de liberdade fundada no “direito à indignação” é moralmente inqualificável e historicamente uma asneira. D. Carlos foi um rei liberal, chefiando um regime liberal, e foi exactamente por isso que o republicanismo teve tempo, espaço e liberdade para crescer e se afirmar como alternativa. Havia crispação em 1908? Sem dúvida. Os tempos não eram fáceis, e as posições políticas estavam ao rubro. Havia confrontos entre o poder e a rua, que levaram à prisão de alguns líderes de esquerda? Sem dúvida. Mas a prisão (aliás muito temporária) era no Carmo, não no Tarrafal. E quando Afonso Costa por lá passou, a “totalitária” polícia deixava-o dormir até às 10 da manhã, fornecia-lhe livros, fazia-lhe recados e mandava-lhe vir o jantar do Restaurante Tavares (ele próprio assim o contou). Os que depois viriam a ser presos pela “Formiga Branca”, a polícia secreta da muito “democrática” República, ou pela PIDE, a polícia secreta do moralmente condenável Estado Novo, jamais tiveram um tratamento igual. A boa história, a história honesta e rigorosa, serve a verdade dos factos e não os delírios políticos de uma agenda do presente. Dito isto, cada um é livre de escrever o que quiser, e de ser criticado por isso. Não posso, portanto, deixar de constatar e de lamentar – e faço-o como cidadão democrático, para lá de qualquer simpatia monárquica ou republicana – que em 2010 ainda haja uma associação de “livre pensamento” que acha louvável expressá-lo a tiros de carabina. O passado está cheio de Robespierres libertários. Toda a gente sabe, contudo, que para eles o “diálogo” era um monólogo e que quem, pensando livremente, não pensava como eles acabava na guilhotina, no “gulag” ou na câmara de gás. Universidade de Évora Sete candidatos na eleição para reitor » Rosário Silva Sete professores da Universidade de Évora disputam hoje a eleição para o cargo de reitor. Trata-se da primeira eleição do representante máximo da Academia, realizada pelo Conselho Geral, órgão que nasceu dos novos estatutos, criados no seguimento do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. O novo reitor é eleito pelos 25 membros do Conselho Geral, sendo improvável que a disputa se decida à primeira volta. O novo regime jurídico que, pela primeira vez na história das universidades portuguesas abre as portas a pro- fessores não catedráticos, é uma das causas para que o acto eleitoral seja disputado por tantos candidatos. É, no entanto, um aspecto positivo, na opinião da candidata Manuela Magno, uma vez que revela vontade de participação na vida da instituição, pautada nos últimos anos por “despachos e mais despachos que chegavam da reitoria, infelizmente muitos deles cheios de contradições e erros”. Carlos Braumann, professor de Matemática, é também candidato e considera positivo o elevado número de candidatos, sinal dos “novos desafios a que a instituição tem de se adaptar”. GRUPO RENASCENÇA, 2010 06 Bruxelas traça paralelismo entre Grécia e Portugal e exige medidas adicionais A Comissão Europeia advertiu hoje o Governo para a necessidade de adoptar medidas adicionais de correcção do défice orçamental. A ideia foi expressa pelo Comissário Europeu das Finanças, Joaquin Almunia, que traçou um paralelismo entre o caso de Portugal e o da Grécia. “As políticas aplicadas pelo Governo português terão de ser reforçadas, porque os resultados do défice público de 2009 e as perspectivas para 2010 foram revistas em alta”, disse Almunia, hoje, em Bruxelas, especificando que esse paralelismo é evidente no que diz respeito à perda permanente de competitividade e a um défice público que não tem origem na crise, mas que é sobretudo estrutural. “Estes países têm défices públicos elevados e há componentes cíclicos e conjunturais que têm de ser atacados. No caso da Grécia e de Portugal, mais do que no caso de Espanha, as necessidades de financiamento externo são enormes, num momento em que os níveis de crescimento estão em baixo”, disse o comissário. Grécia sob vigilância apertada A Comissão Europeia aprovou hoje uma série de “recomendações para garantir” que o Governo grego aplique um programa de reformas que permita uma diminuição do défice orçamental para 3% do PIB até 2012. Pela primeira vez, são utilizados “instrumentos de vigilância orçamental e económica previstos” nos tratados europeus. As propostas da Comissão Europeia deverão ser aprovadas pelos ministros das Finanças da União a 16 de Fevereiro. Considerando a estratégia grega “ambiciosa”, Bruxelas lançou um processo de infracção para obrigar as autoridades de Atenas a ter um sistema de estatísticas fiáveis. A 15 de Janeiro, o Governo grego apresentou à Comissão o seu Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) actualizado para o período 2010-2013, que prevê a redução do défice orçamental em quatro pontos percentuais, para 8,7% por cento do PIB em 2010 e, posteriormente, para 5,6 em 2011, 2,8 em 2012 e 2,0 em 2013. “Big Brother” fiscal Lei das Finanças Regionais Proposta do PS gera reacções antagónicas Basílio Horta O bastonário da Ordem dos Economistas encara como positiva a publicidade dos rendimentos dos contribuintes, desde que haja respeito pela identidade e privacidade do cidadão. Em declarações, esta manhã, à margem da Conferencia Anual da Ordem dos Economistas, Murteira Nabo mostrou-se favorável à proposta do PS que prevê a divulgação, na Internet, dos rendimentos anuais brutos dos contribuintes, no âmbito de um conjunto alargado de medidas contra a corrupção. Murteira Nabo diz que a medida vigora noutros países, de que é exemplo a Noruega, com bons resultados. Outra opinião recolhida pela Renascença foi a do economista João Ferreira do Amaral. O habitual colaborador do Página1 admite que a medida gere controvérsia, mas diz que não se opõe a ela. Opinião diferente tem o fiscalista Saldanha Sanches, para quem a proposta do PS pressupõe uma interferência desnecessária na privacidade dos cidadãos. Crítico da proposta é também António Bagão Félix. O antigo ministro das Finanças desferiu duras críticas, esta manhã, à proposta socialista, durante os trabalhos das jornadas parlamentares do CDS-PP, afirmando que a medida constitui um convite à fraude e à evasão fiscal. No plano partidário, o PS garante que a proposta apresentada prevê a manutenção do sigilo no que diz respeito às declarações fiscais dos contribuintes. Já o Bloco de Esquerda apoia a ideia, sublinhando que saúda todas as medidas que tenham por objectivo o combate à fraude e à evasão fiscal. defende posição do Governo O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP), Basílio Horta, considera inadmissível o cenário de uma eventual demissão do ministro das Finanças, na sequência de uma revisão da Lei das Finanças Regionais. Basílio Horta sustenta a sua posição no facto de Teixeira dos Santos ser uma peça essencial do actual executivo. O presidente da AICEP, que falava à margem da inauguração do novo centro de competências da Nokia Siemens, discorda da introdução de alterações à Lei das Finanças Regionais que permitam dotar a Madeira de novos recursos financeiros, manifestando, assim, concordância face à posição assumida pelo Governo. Basílio Horta sustenta que o actual momento económico exige rigor nas contas públicas. GRUPO RENASCENÇA, 2010 EPA NACIONAL PÁG. Défice NACIONAL PÁG. 07 Conselho de Estado Lei das Finanças Regionais pode marcar reunião A grave situação das contas públicas e o difícil diálogo entre os partidos são o pano de fundo para a reunião do Conselho de Estado, convocada para hoje por Cavaco Silva, e que tem início marcado para as 17h00, no Palácio de Belém. O Presidente da República quer ouvir os conselheiros sobre o actual estado do país e as possíveis soluções. A existência de um Governo de maioria relativa aliada a uma crise económica e financeira levou já o Presidente a lançar o que chamou de desafio de regime: as palavras foram ouvidas no discurso de Ano Novo, em que Cavaco alertou para a difícil situação das contas públicas e para a necessidade de encontrar consensos interpartidários. Lei das Finanças Regionais presente De difícil consenso entre os partidos está a polémica Lei das Finanças Regionais, que poderá também entrar como tema na reunião de hoje. Na última noite, em entrevista à RTP/N, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, voltou a dizer que a questão é essencial para o Governo e que não se surpreenderia se fosse o tema forte do Conselho de Estado. O PSD considera infundado o eventual debate, no Conselho de Estado, sobre a Lei das Finanças Regionais. O deputado Guilherme Silva lembrou, em declarações à Renascença, que a revisão da Lei das Finanças Regionais é uma negociação que deve ocorrer no âmbito da Assembleia da República. O deputado social-democrata sustenta, por outro lado, que o assunto só deverá ser motivo de análise no Conselho de Estado se servir para esclarecer a alegada ameaça de demissão do Ministro das Finanças. No PS, o deputado Vítor Baptista insiste que o impasse sobre a Lei das Finanças Regionais retira credibilidade ao orçamento o que, do seu ponto de vista, põe em causa a governabilidade. Quinta convocatória de Cavaco A reunião de hoje será a quinta do órgão de consulta do Presidente da República desde que Cavaco Silva tomou posse, em 9 de Março de 2006, e a primeira na XI Legislatura. De acordo com a Constituição, o Conselho de Estado é composto por 19 conselheiros por inerência dos cargos que desempenham ou que ocuparam e por membros designados pelo Chefe de Estado e eleitos pela Assembleia da República. Entre os actuais conselheiros de Estado estão os antigos chefes de Estado Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio, o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o Primeiro-ministro, José Sócrates, os Presidentes dos Governos Regionais da Madeira e dos Açores, Alberto João Jardim e Carlos César, Marcelo Rebelo de Sousa, Anacoreta Correia, Leonor Beleza, Francisco Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Capucho e Gomes Canotilho. Gripe A Portugal cancela encomenda de dois milhões de vacinas O Ministério da Saúde negociou com o laboratório que vendeu as vacinas da gripe A o cancelamento da encomenda de dois milhões de doses. As negociações com a Glaxo envolvem a própria ministra Ana Jorge e decorrem já há algum tempo. O laboratório já aceitou cancelar a venda de cerca de 30% da encomenda que Portugal fez, segundo garantiu à Renascença fonte do gabinete da ministra das Saúde. A informação foi também confirmada por Marta Mello Breyner, porta-voz do laboratório Glaxo Smith Kline. serviram para vacinar os chamados grupos de risco, ou seja, cerca de 30% da população. O Ministério da Saúde e a Glaxo vão continuar a a negociar. Meio milhão de pessoas vacinadas Até à última semana, terão sido vacinados no território cerca de 500 mil pessoas A ministra queria que a Glaxo absorvesse todas as vacinas que não fossem utilizadas, argumentando ter comprado seis milhões de doses porque as primeiras indicações da OMS eram para que a cada pessoa fossem administradas duas doses. Após vários países terem feito as encomendas, soubese que, afinal, bastaria uma dose para proteger as pessoas contra o H1N1, excepto no caso de bebés e crianças pequenas. Os seis milhões de doses que o Governo encomendou GRUPO RENASCENÇA, 2010 08 É preciso alterações à lei para evitar abusos na apresentação de recursos A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, disse à Renascença que a “Operação Furacão” se transformou num caos por causa das alterações aos Códigos Penais. Em entrevista ao programa “Terça à Noite” - também disponível em vídeo em www.rr.pt - Cândida Almeida disse ainda que no âmbito dessa operação, que investiga, há já cinco anos, crimes de branqueamento, fuga de capitais e evasão fiscal, terá, pelo menos, 13 processos que vão terminar em acusação. A directora do DCIAP sublinhou que muitos processos e, em particular, os chamados mega-processos, sofrem atrasos decorrentes do facto de o sistema ser “garantístico”. Isso faz com que haja, muitas vezes, abusos na apresentação de recursos, pelo que se impõe, neste caso, alterações à lei. O “caso Portucale”, um processo sobre alegado tráfico de influências para aprovação de um projecto turístico do Grupo Espírito Santo, em Benavente, constitui, segundo Cândida Almeida, um exemplo de um processo vítima de atrasos provocados por sucessivos recursos. Lentidão é “exasperante” Quanto ao caso que envolveu Lopes da Mota, Cândida Almeida lamenta o sucedido, mas salienta que a lei fala mais alto. “Independentemente das pessoas envolvidas serem nossas amigas, nós temos o dever de ser leais para o cidadão que serviços”, sublinhou a directora do DCIAP. Nesta entrevista ao “Terça à Noite”, Cândida Almeida disse subscrever as palavras do ministro Pedro Silva Pereira, segundo o qual a lentidão da justiça portugue- sa é “exasperante”. “A morosidade da justiça é um problema muito complexo. Normalmente, fala-se da crise na justiça e são os tribunais os culpados, entre aspas, mas não é assim. Há causas imputáveis aos magistrados, aos funcionários, às polícias que investigam, mas também há o próprio sistema que é garantístico e permite recursos e recursos”, insistiu a directora do DCIAP. Carrosséis Feirantes pedem perdão aos lisboetas Os responsáveis pela Associação Portuguesa de Empresários de Diversão (APED) estão hoje a circular com dois veículos nas ruas de Lisboa, a pedir desculpa à população pelos “incómodos causados” pelos dias de concentração. “Desculpem, mas nós tínhamos razão” é o mote da iniciativa, que se destina a “pedir desculpas a todos as crianças, empresas e cidadãos”, disse o presidente da APED, Luís Paulo Fernandes. De acordo com este responsável, a marcha dos dois camiões está a contar com a adesão dos lisboetas, que “saúdam” os intervenientes à medida que estes percorrem as ruas. “Estamos até surpreendidos, porque pensávamos que éramos mal vistos pela população, mas afinal estávamos enganados”, afirmou Luís Paulo Fernandes, que desde a manhã percorre as ruas da cidade em direcção a Algés, local onde terminará a marcha que se iniciou no Parque das Nações. Na quinta-feira, os empresários dos carrosséis de todo o país irão juntar-se em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, numa concentração nacional destinada a apelar aos trabalhadores do sector para que submetam os respectivos equipamentos às inspecções. “Aqueles que não quiserem fazer as inspecções serão denunciados”, garantiu o presidente da APED, acrescentando ser essa a sua “obrigação”, tal como “pedir perdão aos cidadãos”. O presidente da APED disse ainda que a concentração de quintafeira deverá reunir cerca de 500 empresários do sector. LUSA NACIONAL PÁG. Cândida Almeida no “Terça à Noite” GRUPO RENASCENÇA, 2010 INTERNACIONAL PÁG. 09 Ponto de vista Nova política dos EUA Parceria Renascença/VER Davos a atravessar crise de meia-idade? » Helena Oliveira Francisco Sarsfield Cabral Jornalista Há meses, os Estados Unidos desistiram de montar mísseis antimíssil na Polónia e na República Checa. Estão agora a instalá-los no Bahrain, Qatar, Koweit, Emiratos Árabes Unidos e em alguns cruzadores navegando no Golfo. Os EUA cercam o Irão com armas defensivas, já que este país não desiste das armas atómicas. A nova política americana faz militarmente frente a Teerão e, assim, tranquiliza Israel e os países árabes vizinhos do Irão – sem invasões. Parece uma opção sensata, até porque o método das invasões já mostrou os seus limites. Viu-se no Iraque. E vê-se no Afeganistão, onde o aumento de efectivos militares americanos parece incapaz de pacificar o país. Já se fala em reintegrar talibãs que renunciem à violência. As Forças Armadas norte-americanas são actualmente constituídas por voluntários profissionais e não (como no tempo da guerra do Vietname) por gente obrigada a serviço militar. Ora a multiplicação de teatros de guerra no estrangeiro esgotou a capacidade militar norte-americana em matéria de recursos humanos. As invasões, por ora, acabaram. Dalai Lama Pequim reafirma oposição a encontro com Barack Obama A China reafirmou hoje a sua “firme oposição” ao planeado encontro do Presidente norteamericano com o Dalai Lama, já confirmado pela administração norte-americana. “A China opõe-se firmemente à visita do Dalai Lama aos Estados Unidos e é firmemente contra o contacto do Presidente com o Dalai Lama - qualquer seja o nome e a forma que assuma”, disse o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que “esta posição é clara e consistente”. Para o Governo de Pequim, o Dalai Lama, que vive exilado na Índia há mais de meio século, “é o líder de um grupo separatista e não uma figura meramente religiosa”. O líder espiritual tibetano visita este mês os Estados Unidos, devendo o encontro com o Presidente Obama decorrer no dia 16. Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, lembrou que, durante a visita à China, em Novembro passado, Barack Obama “disse aos dirigentes chineses que iria encontrar-se com o Dalai Lama e é isso que tem intenção de fazer”. “Repensar, Redesenhar e Reconstruir” foi o mote para a convenção mundial que, todos os anos, reúne líderes dos mais variados sectores da sociedade para discutir o estado de alma dos desafios globais que pairam sobre o nosso planeta. Contudo, Davos, que comemorou este ano o seu 40º aniversário, parece estar a perder o vigor que outrora o caracterizou. Os temas foram vários, os consensos muito poucos. O VER não foi à montanha, mas a montanha chegou ao VER, numa das cimeiras mais “web 2.0” de que há memória. O 40º aniversário do Fórum Económico Mundial (FEM) parece coincidir com uma espécie de crise de meiaidade como a que o mundo está a atravessar. Cerca de 2500 líderes – executivos de topo e políticos – a par de alguns ilustres convidados e representantes de organizações não governamentais de variadíssimos sectores da sociedade, reuniram-se durante cinco dias em Davos, naquela que é considerada a reunião anual para ajudar a resolver problemas globais, discutir novas ideias e promover o networking. Contudo, parece ser do senso comum que o mundo está também a ficar cansado, não só de ser maltratado, mas também de depositar esperanças em reuniões megalómanas, cujos resultados deixam a desejar. Seria necessária uma reunião de cinco dias, à beira de uma montanha plantada, para se identificar os problemas globais mais prementes? Sim. Pelo menos, foi esse um dos temas no Fórum que, em conjunto com um estudo produzido pelo FEM, chegou às seguintes conclusões: - a crise financeira obrigou à necessidade de alterar a forma como se pensa em riscos globais e as maneiras como são geridos; - continua a existir um subinvestimento na agricultura e nas energias renováveis; - as doenças crónicas continuam a ser subestimadas; - os níveis de consciencialização dos crimes globais e da corrupção continuam a apresentar valores demasiado baixos. Leia mais em: http://www.ver.pt/ conteudos/ver_mais_responsabilidade.aspx?docID=991. GRUPO RENASCENÇA, 2010 10 Iraque Eurogendfor decide envio de força até domingo Novo atentado faz 20 mortos em Kerbala Portugal e os outros cinco países da força de Gendarmerie Europeia (Eurogendfor) têm até ao próximo domingo para dizer se concordam com o envio de uma missão para o Haiti. A hipótese de envio de um contingente desta estrutura, que reúne as chamadas gendarmeries europeias, ganhou ontem força numa reunião realizada em Roma, mas falta o mais importante: o aval político de cada país membro. As actuais necessidades do Haiti encaixam no perfil desta força, que combina a natureza militar com a experiência policial, e em cujos critérios de criação está incluída a vocação para actuar em cenários de catástrofe. Da reunião saiu, por isso, a decisão de enviar rapidamente a cada um dos Governos duas perguntas essenciais para que o processo possa ser posto em marcha: Se concordam com a missão e se estão disponíveis para contribuir com elementos – o que, no caso de Portugal, corresponde à GNR, força fundadora da Eurogendfor. As respostas terão que chegar a Itália até dia 7 de Fevereiro. A confirmarse, a missão poderá ter um máximo de 300 homens, podendo estar pronta em finais de Fevereiro, princípios de Março. Tendas com ajuda portuguesa A Cáritas do Haiti, através de um financiamento da sua congénere portuguesa, adquiriu 272 tendas para 1100 pessoas. Este investimento corresponde a 100 mil euros, proveniente da campanha “Cáritas Ajuda Haiti”, e insere-se no programa de emergência da Cáritas Haitiana, assinala a organização católica, na sua página oficial. A campanha da Cáritas Portuguesa contabiliza donativos no valor de 713.967 euros, a aplicar nas acções de emergência e reconstrução a favor das vítimas do sismo. A explosão de uma bomba instalada num atrelado de uma mota matou pelo menos 20 pessoas e deixou outras 100 feridas, num atentado contra peregrinos xiitas a caminho da cidade santa iraquiana de Kerbala. É o terceiro atentado contra peregrinos xiitas em dois dias: ontem três pessoas morreram na explosão de uma bomba colocada num veículo militar, a 80 quilómetros de Kerbala. Na véspera, uma bombista suicida provocou a morte de mais outras 40 pessoas, nos arredores de Bagdad. São esperadas centenas de milhões de pessoas para as celebrações do Arbain – marcando os 40 dias de luto por Hussein, neto do profeta Maomé. As peregrinações e celebrações xiitas são alvo frequente de rebeldes islamitas sunitas, como a Al-Qaeda no Iraque. Nos últimos meses tem vindo a assistir-se também a um aumento dos ataques na capital, com a aproximação das eleições legislativas no país, agendadas para 7 de Março. Paquistão Nuclear Irão disposto a fazer cedências Abedin Taherkenareh/EPA INTERNACIONAL PÁG. Haiti O Irão aceita a proposta da comunidade Internacional e diz-se pronto para enviar urânio enriquecido para o estrangeiro, em troca de combustível para as suas centrais nucleares, com fins pacíficos. “Não temos problemas em enviar urânio enriquecido para o estrangeiro”, afirmou o Presidente Mahmoud Ahmadinejad. “Nós dizemos: damos-lhe os nossos 3,5% de urânio enriquecido e iremos obter o combustível. Pode levar entre quatro a cinco meses até chegarmos a combustível”, explicou o líder do regime de Teerão, num aparente sinal de cedência às intenções da comunidade internacional. A Casa Branca reage com desconfiança e apela ao Irão que comunique as suas intenções à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Oito mortos em explosão junto a escola Os Estados Unidos confirmaram a morte de três soldados norte-americanos num atentado que matou, pelo menos, oito pessoas na inauguração de uma escola no nordeste do Paquistão. Entre as vítimas mortais estrangeiras estão os soldados norte-americanos que treinavam os guardasfronteiriços do Paquistão, precisou o porta-voz do exército paquistanês, general Athar Abbas. “Quatro jornalistas paquistaneses e sete alunos ficaram feridos”, disse o chefe da polícia do distrito de Lower Dir, na zona de Maidan. Zarin indicara que havia entre os mortos membros de uma organização não governamental (ONG) internacional. Os estrangeiros membros de uma ONG, cujo nome ainda não foi divulgado, estariam no interior dos seus carros no momento da explosão. GRUPO RENASCENÇA, 2010 RELIGIÃO PÁG. 11 Passo a rezar Justiça e Paz “Leva contigo a tua oração” Comissões Europeias propõem taxa nas transacções O Apostolado da Oração vai oferecer, a partir de 17 de Fevereiro, de segunda a sexta-feira, um ficheiro áudio que pretende “ajudar as pessoas a sintonizarem-se com Jesus Cristo e a rezar com o mundo, no mundo e pelo mundo”. “Trata-se de uma prece diária de 10 a 12 minutos, com música de fundo, introdução, uma leitura – normalmente o Evangelho do dia – e pontos de oração inspirados na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola”, explicou o jesuíta Francisco Martins, ao programa Ecclesia. O acesso à oração é gratuito e pode ser feito através do site www.passo-arezar.net. O ficheiro será disponibilizado de véspera, podendo ser guardado no computador, enviado por correio electrónico ou seguir para outro destino, através da transferência para um leitor de música digital ou para um dispositivo de armazenamento portátil – uma pen-drive, por exemplo. Com este projecto, a oração supera os limites horários e geográficos e adapta-se à mobilidade urbana. “As pessoas já não rezam só dentro das igrejas. A partir de agora, podem fazê-lo diante do computador, no trânsito, nos transporte, onde for. A iniciativa quer responder à necessidade de rezar onde o ritmo da vida impõe”, referiu o religioso. O conceito, inspirado no site “pray-as-you-go”, concebido pelos Jesuítas ingleses, quer “chegar à cultura da vida daqueles que rezam todos os dias e que, no encontro com Jesus Cristo, ganham força para transformar o mundo”. A Renascença cederá os estúdios para as gravações e editará os sons. Vozes e escolha dos conteúdos serão asseguradas por voluntários. O projecto conta, igualmente, com o apoio da Ecclesia e do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Francisco Martins está convicto de que o sucesso do passo-a-rezar.net deverá ser medido, não só pelo número de visitas ao site e quantidade de ficheiros transferidos, mas também “pela qualidade da oração das pessoas”. Ecumenismo Terminou reunião do Líbano entre Igreja Católica e Igrejas Ortodoxas Orientais O sétimo encontro da comissão internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais terminou, no Líbano, “num clima amigável e cordial”, segundo referiu o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper. Kasper e o metropolitano de Damiette, Anba Bishoy, que é também secretário-geral do Sínodo da Igreja Copta, presidiram aos trabalhos em que participaram delegados da Igreja Católica e representantes da Igreja Copta Ortodoxa, da Igreja Etíope Ortodoxa, da Igreja Ortodoxa Síria, do Catholicossato de todos os Arménios, da Igreja Apostólica Arménia e da Igreja Síria do Malabar. A comunhão das Igrejas Ortodoxas Orientais separou-se do resto da Igreja depois do Concílio de Calcedónia, no século IV, não estando em comunhão nem com a Igreja Católica nem com as Igrejas Ortodoxas bizantinas, como a Igreja Grega, a Russa, e a dos restantes países do leste europeu. No âmbito dos trabalhos, os membros da Comissão encontraram o presidente do Líbano, Michel Sleiman, e visitaram o patriarca da Igreja Maronita, Cardeal Nasrallah Pierre Sfeir, que destacou o facto de o documento final apresentar “a tradição eclesiológica comum a todas essas Igrejas, que permaneceu abundante e salutar, apesar dos 1500 anos de separação”. Em conferência de imprensa, o Cardeal Walter Kasper destacou a “importância da participação dos fiéis no diálogo”, uma vez que “a unidade da Igreja diz respeito a todo o povo de Deus e não somente aos teólogos”. O próximo encontro da Comissão internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais terá lugar em Roma, no Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em Janeiro de 2011. A Conferência das Comissões Europeias Justiça e Paz defende a introdução de uma taxa sobre as transacções internacionais, com o objectivo de gerar rendimentos destinados à ajuda ao desenvolvimento. As comissões propõe mesmo o valor de 0,005% para a taxa, no quadro de um pacote de medidas proposto às nações do continente. A actual situação económica “serviu para lembrar o potencial destrutivo do crescimento não regulado e dos modelos de desenvolvimento que falham na resolução das questões relacionadas com a desigualdade e a justiça social”, lê-se no documento intitulado “Solidariedade em tempo de crise”, distribuído em Portugal pela Comissão Nacional Justiça e Paz. A “única esperança” para dar uma resposta de longo prazo à conjuntura “assenta num compromisso renovado para com a solidariedade e a cooperação, à escala global”, lê-se no texto, onde se constata que a luta contra a pobreza e a exclusão social, a que a União Europeia dedica 2010, “é tão essencial para o futuro de todas as nações como a protecção do sistema financeiro”. Neste sentido, as Comissões Europeias Justiça e Paz defendem a necessidade de criar “regulações” que assegurem que as actividades económicas e financeiras não sejam conduzidas “em detrimento do desenvolvimento humano” e em contradição com as “obrigações em termos de solidariedade”. Os Estados são igualmente convidados a promover a transparência, estabelecendo um padrão que dê a conhecer as empresas que se comprometerem a respeitar aquelas normas. O pacote de propostas preconiza a adopção de uma política de desenvolvimento que encoraje a melhoria das condições para o trabalho digno, bem como o corte das medidas “injustas” ligadas à ajuda ao desenvolvimento. As Comissões Europeias Justiça e Paz sublinham, ainda, que os Estados desenvolvidos devem adoptar medidas que combatam e reduzam as causas das alterações climáticas e apoiem os países em desenvolvimento nos seus esforços neste campo. GRUPO RENASCENÇA, 2010 CULTURA PÁG. 12 Escultura Obra-prima de Giacometti à escala real vai a leilão » Pedro Rios É uma das obras mais importantes de Alberto Giacometti e vai hoje a leilão em Londres, ao início da noite. O suíço (1901-1966) ficou conhecido pelas esculturas cultu as de pequenas dimensões – do tamanho de um lápis ápis ou rche I” mesmo de uma unha -, mas “L’ Homme Qui Marche (O Homem que Caminha I) é uma das suas rarass esculturas em bronze produzidas à escala real. A obra, de 1961, com 1,83 metros de altura, é a primeira das esculturas de Giacometti em tamanho o real a ser leiloada em 20 anos, anunciou a leiloeira Sotheby’s. theby’s. “Obra-prima incontestável da escultura de Giacometti, ometti, ‘L’Homme Qui Marche I’ é também uma das obras ras mais icónicas da arte moderna. Representa o ponto mais alto da experimentação de Giacometti com a forma a humana, combinando o tamanho monumental e imponente ponente com a riqueza dos detalhes à superfície. Ao capturar apturar um momento de transição no movimento da figura, gu ura ra, Giacometti criou, ao mesmo tempo, uma imagem em modesta de um homem comum e um símbolo potente de humanidade”, refere o catálogo do leilão. “Giacometti era um dos maiores escultores do século XX e o seu estilo est distinto, em que reduz a forma humana ao essencial, essenc em figuras da espessura de um lápis, foi muito admirado”, referiu Helena Newman, da Sotheby’s, à World Radio Switzerland. Sotheby’s A obra foi fo criada para uma praça de Nova Iorque, mas acabou acab por não ter a utilização prevista. Tem um valor estimado entre os 12 milhões e os 18 milhões de libras (entre 13,7 milhões e os 20,5 milhões de euros). No leilão, leilã dedicado à arte impressionista e moderna, estará também em destaque um das pinturas de paisagem mais célebres de Gustav Klimt, “Kirche “ in Cassone” (Igreja em Cassone), bem como obras de Paul Cézanne, Renoir, Pissaro, Sisley, Schiele, Magritte, Miró e Ernst, sa entre outros. e Lisboa Festival Culturgest inaugura novas exposições John Mayer e Xutos no Rock in Rio As exposições “A Privilege of Autovalorization”, com mais de 50 esculturas e fotografias do belga Koenraad Dedobbeleer, e “and/or”, com obras do espanhol Asier Mendizabal, são inauguradas sexta-feira na Culturgest, em Lisboa. “A Privilege of Autovalorization” ficará instalada na Galeria 1 do edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, enquanto “and/or” estará na Galeria 2, ambas comissariadas por Miguel Wandschneider e com inauguração prevista para as 22h00 de sexta. A primeira é a mais extensa exposição já realizada por Koenraad Dedobbeleer (nascido em 1975 em Halle, na Bélgica), reunindo cerca de 50 peças criadas desde 2003 até à actualidade, nas quais o artista aborda a realidade urbana e as formas de apresentação da arte. Nas suas esculturas, Dedobbeleer apropriase de formas e objectos que encontra - por exemplo, objectos abandonados ou funcionais - submetendo-os a transformações, por vezes mínimas. Partindo desses objectos, emprega outros materiais na sua recriação, associa-os a outros objectos e formas, faz alterações de escala, ou da utilização da cor. Na mesma data é inaugurada na Galeria 2 a exposição “and/or”, com esculturas e instalações do artista espanhol Asier Mendizabal (nascido em 1973 em Ordizia, Espanha), sobre a relação entre signo e representação. Obras de Asier Mendizabal (em baixo) Mendizabal problematiza no seu trabalho o pae Koenraad Dedobbeleer pel político da arte fazendo uma crítica radical da ideologia enquanto “domesticação da potência do signo por um conjunto de significados estabelecidos e consensualizados por uma parte da sociedade”, informa a Culturgest. Esta exposição na Culturgest é a primeira mostra individual do artista numa instituição fora do seu país de origem, depois da que realizou no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, em 2008. Ambas as exposições ficarão patentes até 18 de Abril. O músico norteamericano John Mayer vai actuar pela primeira vez em Portugal em Maio, no festival Rock in Rio John Mayer Lisboa, anunciou ontem a organização. O músico acaba de lançar “Battle Studies” e estará em digressão pela Europa durante a Primavera. O álbum, que vendeu mais de 200 mil cópias na semana de lançamento nos Estados Unidos, é o quarto registo de estúdio de John Mayer. Gravado em casa, na Califórnia, é um disco mais intimista que os anteriores. Aos 32 anos, Mayer soma vários prémios Grammy, cerca de 12,5 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo e um lote de colaborações que inclui Eric Clapton, BB King, Herbie Hancock, Jay-Z e Alicia Keys. A organização anunciou também a presença dos Xutos & Pontapés no Palco Mundo. A banda de Zé Pedro e Tim, que celebrou 30 anos em 2009, é já presença habitual no festival (participou nas três edições anteriores). O Rock in Rio está marcado para os dias 21 e 22 e de 27 a 29 de Maio no Parque da Bela Vista. GRUPO RENASCENÇA, 2010 DESPORTO PÁG. 13 Ponto Final Suprema humilhação Ribeiro Cristóvão Jornalista Quando começavam a surgir sinais de algum desgaste no aparelho portista, por força de uma já indisfarçável crise interna, a que se juntavam algumas débeis exibições da equipa de futebol, eis que surge o salvatério vestido de verde e branco para uma jornada de Taça inesquecível. Sabia-se que de um lado e de outro havia receios de que a crise, que também ainda não fora erradicada do clube da capital, pudesse ganhar maiores proporções num jogo de bota-fora. Esperavamse, por isso, algumas cautelas de ambos os lados. Porém, o Sporting resolveu ir mais longe. E assim deixou à vista, desde o início, um medo tão confrangedor quanto incompreensível que em nada poderia ajudar à construção de um resultado conveniente. Assim, perante uma situação tão real, os campeões só tinham uma coisa a fazer: tomar a iniciativa e marcar golos. E fizeram-no, com abundância. De tal modo que foram capazes de construir um resultado de que a história vai guardar um notável registo, e para o qual o adversário não só vai ser incapaz de encontrar desculpas, como dele poderá sofrer duras consequências a muito curto prazo. O FC Porto fez, segundo o seu treinador, a melhor exibição da temporada. Poderá ser um exagero e, sobretudo, uma afirmação defensiva para a sua própria imagem, mas a avaliação assim feita não anda longe da realidade. É como se, agora, esteja a começar tudo de novo, esquecendo que há já alguns atrasos difíceis de recuperar. Do outro lado, o termómetro volta a descer abaixo de zero. Quando em Alvalade se pensava que este confronto decisivo poderia ser a rampa de lançamento para a recuperação que já tardava, a angústia aumenta face à ideia de que a Taça da Liga lhe traz agora uma prenda chamada Benfica. Já fora do campeonato e agora varrido da Taça de Portugal de forma humilhante, para uma equipa sem classe, já pouco haverá a fazer. Nem o tradicional e sempre repetido “levantar a cabeça” vai conseguir enganar os incautos, que ainda acreditavam estar ali, em construção, uma equipa para garantir o futuro. Taça de Portugal Sporting de Braga tenta chegar às meias-finais O Sporting de Braga recebe hoje, às 18h15, o Rio Ave, em jogo dos quartosde-final da Taça de Portugal,depois de terem sido conhecidos os castigos aplicados a Vandinho e Mossoró. Os dois são ausências certas frente aos vila-condenses, que também não vão poder contar com o ponta de lança João Tomás, que se transferiu para o Al-Sharjah, dos Emirados Árabes Unidos. À hora de fecho desta edição, já se joga a outra partida a contar para a Taça de Portugal, na qual o Pinhalnovense, única equipa da II Divisão em prova, recebe a Naval 1.º de Maio. A eliminatória fica completa amanha, com a recepção do Paços de Ferreira ao Desportivo de Chaves. Ontem, o FC Porto venceu o Sporting por 5-2, qualificando-se para as meias-finais da prova. I Liga Benfica recebe União em jogo antecipado Benfica e União de Leiria encontramse, às 21h00, no Estádio da Luz, numa partida antecipada da 20.ª jornada da I Liga. Airton foi chamado pelo treinador Jorge Jesus e pode estrear-se no Benfica, um mês depois de ter chegado a Lisboa. Ronny não vai jogar na União de Leiria. Se pontuar, o Benfica passa para a liderança isolada da I Liga, à condição, uma vez que irá ter mais uma partida do que o líder Braga. FIFA/Ranking Ouça a crónica de Ribeiro Cristóvão às 22h30, em Bola Branca Ténis/Fed Cup Portugal entra a perder A tenista portuguesa Neuza Silva perdeu frente à croata Ajla Tomljanovic por dois sets a zero, com os parciais 6-7 e 4-6, no primeiro encontro do agrupamento B do Grupo I da Zona Europa-África da Fed Cup, que é disputado no Jamor. No primeiro set, Neuza Silva desperdiçou três set points e acabou por perder a partida para a croata de apenas 16 anos. Portugal mantém quinto lugar Portugal manteve o 5º lugar do ranking da FIFA no mês de Fevereiro, com 1176 pontos. Na tabela, que continua a ser liderada pela Espanha, o destaque vai para o Egipto, vencedor da CAN, que subiu 14 posições e entrou para o “top-10”. O Brasil continua a ser a segunda selecção mais cotada na hierarquia da FIFA. GRUPO RENASCENÇA, 2010 ONTEM E HOJE PÁG. 14 A 3 de Fevereiro de 1536... Primeira fundação de Buenos Aires » Ana Cabrita Foi num dia 3 de Fevereiro que Pedro de Mendonza, soldado espanhol, primeiro Governador do Rio da Prata, fundou, na margem sul do estuário do Rio da Prata, um porto, defendido por dois fortes, a que chamou Nuestra Señora del Buen Aire. Ali se estabeleceram os descobridores que acompanhavam Mendonza, numa paz trocada por mantimentos com os índios quirandíes que habitavam o local. A paz não durou muito e, no final desse mesmo ano de 1536, os índios atacaram as defesas da cidade, arrasando-a e incendiando-a. Juan de Garay protagoniza a segunda fundação da cidade em 1580 e ainda lhe complica mais o nome ao chamar-lhe Ciudad de la Santissima Trinidad y Puerto de Nuestra Señora del Buen Ayre. Até 1776, a cidade pouco cresceu, mas, nesse ano, foi nomeada capital do vice-reino do Rio da Prata, o que lhe impulsionou o desenvolvimento comercial, económico e cultural. Actualmente, Buenos Aires é, de certo modo, uma metáfora da própria Argentina. Concentra, nas suas ruas e, principalmente, nos arredores, mais de metade da população do país, além de ser o centro político, económico e cultural de todo o país. É uma metrópole com personalidade própria, aberta à arquitectura, à cultura e à arte de todo o mundo: cosmopolita e contraditória, dinâmica e tradicional, histórica e vanguardista. Caminito era um bairro pobre de pescadores, que pintavam as suas casas com as sobras das tintas dos barcos. Daí o insólito das cores, cada casa com uma diferente, tradição que se mantém e que torna Caminito local de visita obrigatória Também não faltam atractivos turísticos: monumentos, igrejas, museus, galerias de arte e teatros, praças, parques e jardins, modernos centros comerciais e feiras de antiguidades, hotéis simples e de primeira categoria, restaurantes típicos e de cozinha internacional, além do encanto - sempre presente - do tango. Viver Buenos Aires é percorrer a memória incontornável de três personagens: Eva Péron - a Evita dos Pobres, mulher do Presidente Juan Domingo Péron, cuja memória acabou por suplantar a do marido - Carlos Gardel - o mais famoso cantor de milongas e tangos que a Argentina conheceu - e de Jorge Luis Borges, o contista, poeta, ensaísta e crítico mais proeminente da literatura argentina. Os três convivem nas ruas e nas memórias de uma cidade orgulhosa, organizada e alegre. Viver Buenos Aires é deixar-se levar pela idiossincrasia “portenha” e promete ser uma fonte inesgotável de descobertas. Olhar Esta miniatura da histórica locomotiva “Adler” é uma das novidades apresentadas na Feira Internacional do Brinquedo, que começa amanhã em Nuremberga, na Alemanha. Estarão presentes mais de 2600 expositores. Até dia 9. Foto: Daniel Karmann/DPA/EPA GRUPO RENASCENÇA, 2010 ÚLTIMAS PÁG. Impostos Lei Finanças Regionais EUA Daniel Bessa admite aumentos e critica baixa do IVA Portas desafia Sócrates a dizer que não quer governar Chefe da “secreta” acredita em novo ataque terrorista O antigo ministro da Economia Daniel Bessa disse hoje que foi um erro reduzir a taxa de IVA de 21% para 20%. A tese foi defendida por Bessa na conferência anual da Ordem dos Economistas, numa altura em que foi sugerida, pelo governador do Banco de Portugal, a eventual necessidade de aumentar a carga fiscal nos próximos anos. Para Daniel Bessa, há aumentos de impostos que são aceitáveis. O líder do CDS, Paulo Portas, desafiou hoje o Primeiro-ministro a “ter coragem” de dizer abertamente que “não quer governar o país” e que quer provocar uma crise política a pretexto das finanças regionais. “Se alguém quer uma crise política tenha a coragem de dizer que não quer governar o país na situação em que o deixou. Voltou o pântano e voltaram aqueles que querem abandonar o país no momento mais difícil”, disse Paulo Portas, numa alusão à demissão de António Guterres. O líder do CDS-PP discursava no encerramento das jornadas parlamentares do partido, que decorreram no Minho. Para Paulo Portas, “é uma falta de respeito” um Primeiro-ministro ameaçar sistematicamente com o esticar da corda”. Um novo ataque terrorista contra os Estados Unidos, nos próximos meses, é dado como “certo”, pelo director dos serviços secretos norte-americanos, Dennis Blair. “Consideramos que, enquanto Osama Bin Laden e Ayman al-Zawahiri não estiverem mortos ou em cativeiro, a Al-Qaeda vai conservar a sua firme vontade de atacar” os Estados Unidos, disse Dennis Blair – citado pela CNN - perante uma comissão do Senado sobre os Serviços Secretos. A Al-Qaeda continua a pretender lançar “um ataque de grande envergadura visando fazer um número elevado de vítimas e/ou prejudicar a economia norte-americana”, sublinhou Blair. 15 A fechar... TEMPO Ministério com prazo para negociar com Misericórdias O Ministério da Saúde comprometeu-se hoje a negociar o novo acordo com as Misericórdias até ao final de Março. LISBOA Sócrates promete continuar a investir na ciência e tecnologia PORTO O Primeiro-ministro disse hoje, no centro Nokia Siemens de Alfragide, que o Governo vai manter os investimentos nas áreas da Ciência e Ensino Superior. Estradas: 64 mortos em Janeiro QUINTA SEXTA 16ºC/10ºC 15ºC/10ºC 14ºC/9ºC 15ºC/10ºC 17ºC/13ºC 16ºC/12ºC 15ºC/10ºC 15ºC/9ºC 21ºC/16ºC 21ºC/18ºC 16ºC/11ºC 18ºC/13ºC FARO COIMBRA Os acidentes nas estradas portuguesas provocaram em Janeiro 64 mortos, mais três do que em igual período de 2009, dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. MADEIRA Patriarca em Coimbra O Patriarca de Lisboa lembrou hoje, na Semana de Formação Permanente na Diocese de Coimbra, que “é preciso redescobrir o Concílio e o seu desafio de estar atento aos sinais que nos vêm do seio desse mundo que mudou”. AÇORES Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro, Luís Manuel David Soromenho de Alvito e Luiz Gonzaga Torgal Mendes Ferreira. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.