P R O G R AM A D E R E C U R S O S H U M AN O S D A A N P P A R A O S E T O R P E T R Ó L E O E PRH NO 16 G Á S - P R H - AN P / M M E / M C T UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ DESENVOLVIMENTO DE UM SENSOR PARA MONITORAMENTO “ON-LINE” DA CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA POR HIDROCARBONETOS INICIAÇÃO CIENTÍFICA BOLSISTA: MARIA LUIZA MOTA CARTIER ORIENTADOR: MARCOS AURÉLIO DE SOUZA - NOVEMBRO / 2005 – AGRADECIMENTOS Ao Professor Roberto Alves de Almeida por proporcionar a oportunidade de ter sido bolsista da ANP - Agência Nacional do Petróleo. Ao Professor Marcos Aurélio de Souza pela compreensão, atenção e generosidade. Ao Programa de Recursos Humanos da Agência nacional do Petróleo por proporcionar meios de favorecer inúmeros conhecimentos, os quais me levaram a crescer profissionalmente, e pela bolsa de iniciação científica que tanto me incentivou e motivou. Aos meus pais, professores e amigos, que direta ou indiretamente contribuíram para que meus objetivos fossem atingidos. SUMÁRIO Lista de Figuras i Lista de Tabelas iii Lista de Abreviaturas iv Lista de Símbolos v RESUMO vi ABSTRACT vii 1 Introdução 1 2 Emulsões 2 2.1 Definição e Classificação das emulsões 2 2.2 Principais aplicações de emulsões 4 2.3 Importância da medida da composição de emulsões 6 2.4 Estabilidade de emulsões óleo em água 6 3 Aspectos básicos da medida da composição 9 3.1 Medidores em linha 10 3.2 Amostragem 11 3.2.1 Sondas de Amostragem 13 3.2.1.1 Inércia das gotas 15 3.2.1.2 Efeito do ricocheteio das gotas na sonda 17 3.2.1.3 Amostragem através de aberturas laterais do tubo 17 3.2.1.4 Coalescência das gotas 19 3.3 Analisadores de emulsões 19 4 Técnicas destrutivas da medida da composição 22 4.1 Titulação e outros métodos químicos 22 4.1.1 Método de Karl-Fischer 22 4.1.1.1 Equipamento de Karl Fischer utilizado 4.1.2 Método do cloreto de acetila (CH3COCl) 24 25 4.2 Analisadores de carbono orgânico total - TOC ou total de óleo e graxa 26 4.2.1 Equipamento de análise do Total de Óleo e Graxas 27 4.3 Extração através de solvente 29 4.4 Centrifugação 29 4.5 Vaporização Instantânea (flash vaporization) 30 5. Técnicas não-destrutivas da medida da composição 31 5.1 Métodos elétricos 31 5.1.1 Métodos da Capacitância 31 5.1.1.1 Aparatos para medida de capacitância 34 5.1.2 Métodos de condutância 36 6 O Sensor 41 6.1 Descrição do Sensor 41 6.2 Descrição do Experimento 42 7 Características da Água 50 7.1 Padrões de qualidade de água para laboratório 50 7.2 Principais contaminantes presentes na água 53 7.2.1 Partículas em suspensão 53 7.2.2 Inorgânicos Dissolvidos 53 7.2.2.1 Condutividade/resistividade 54 7.2.3 Compostos orgânicos dissolvidos 55 1 7.2.4 Microrganismos 55 7.2.5 Gases Dissolvidos 56 8 Resultados 57 9 Comentários Finais 62 10 Recomendações para trabalhos futuros 64 Anexo- Tabelas 65 Referências Bibliográficas 71 i Lista de Figuras FIGURA 1 Tipos de emulsões: (a) óleo em água (O/W);(b) água em óleo (W/O) 5 FIGURA 2 Mecanismo de inversão de fases de uma emulsão O/W para W/O 5 FIGURA 3 Estabilidade de emulsões O/W 9 FIGURA 4 Estabilidade de emulsões W/O 9 FIGURA 5 Instalação de um dispositivo de passagem externa 11 FIGURA 6 Instalação de um dispositivo na linha principal 12 FIGURA 7 Diagrama esquemático de um amostrador de captura 13 FIGURA 8 Diagrama esquemático de um amostrador de coleta rápida 13 FIGURA 9 Diferentes modelos da sonda de amostragem 9 FIGURA 10 Efeito da inércia das gotas de água 16 FIGURA 11 Amostragem na lateral do tubo 18 FIGURA 12 Diagrama esquemático do analisador de TOC 27 FIGURA 13 Relaxamento dielétrico em uma emulsão W/O 32 FIGURA 14 Dependência das constantes dielétricas em alta e baixa freqüência: (a) emulsão de água em vaselina (b) emulsões altamente concentradas 34 FIGURA 15 Eletrodos sensores para a medida de capacitância 35 FIGURA 16 Condutividade elétrica vs. dados de freqüência para três emulsões diferentes de O/W 37 FIGURA 17 Célula de condutância em linha 38 FIGURA 18 Condutância como uma função da fração do volume de óleo para emulsões O/W instáveis (sem surfactante) 39 FIGURA 19 Comparação do dado experimental com o modelo de Wagner para a condutividade elétrica de emulsões O/W. 39 FIGURA 20 Esquema do protótipo do sensor. 49 FIGURA 21 Bancada com a bomba centrífuga instalada 53 FIGURA 22 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 20 ppm ( Parte I). 66 FIGURA 23 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 20 ppm ( Parte II) 67 ii FIGURA 24 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 40 ppm 68 FIGURA 25 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 100 ppm 69 FIGURA 26 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 400pm (Parte I) 70 FIGURA 27 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 400ppm (ParteII) 71 iii Lista de Tabelas TABELA 1 Analisadores de Emulsão do Tipo Destrutivo 20 TABELA 2 Analisadores de Emulsão do Tipo Não-Destrutivo 21 TABELA 3 Leituras iniciais com emulsões preparadas com óleo Albacora 43 TABELA 4 Leituras feitas com emulsões preparadas com óleo Jubarte 44 TABELA 5 Leituras para análise da estabilidade das medidas com água pura 44 TABELA 6 Leituras para análise da estabilidade das medidas com água pura utilizando-se vazão baixa e vazão alta 45 TABELA 77 Leituras realizadas com emulsões geradas de óleo Jubarte, e com vazão constante 45 TABELA 8 Leituras realizadas em intervalos de tempo regulares de 3 minutos, objetivando análise da estabilidade das leituras do sistema operando com a bomba 47 TABELA 9 Leituras realizadas em intervalos de tempo regulares de 10 minutos, objetivando análise da estabilidade das leituras do sistema operando com a bomba 48 TABELA 10 Leituras realizadas no teste de repetibilidade 48 TABELA 11 Especificações do NCCLS para Água Grau Reagente 52 TABELA 12 Padrões de Água Tipo I adotados nos EUA. 52 TABELA 13 Leituras realizadas com emulsões de 20 ppm (Parte I). 65 TABELA 14 Leituras realizadas com emulsões de 20 ppm (Parte II) 66 TABELA 15 Leituras realizadas com emulsões de 20 e 40 ppm 67 TABELA 16 Leituras realizadas com emulsões de 100 ppm 68 TABELA 17 Leituras realizadas com emulsão de 400 ppm (Parte I) 69 TABELA 18 Leituras realizadas com emulsão de 400 ppm (Parte II) 70 iv Lista de Abreviaturas TOC Carbono Orgânico Total TOG Teor de Óleo e Graxa NDIR Analisador de Infravermelho Não Dispersivo UV Ultravioleta MWS Maxwell Wagner Sillars HPLC- High Performance Liquid Cromatography NCCLS National Committee for Clinical laboratory Standards CAP College of American Pathologists AAMI Association for Advancement of Medical Instrumentation ASMT American Society for Testing and Materials OMS Organização Mundial de Saúde v Lista de Símbolos Símbolo Designação Unidade W/O O/W F m g ρ V E φM φA U U0 C L VCCl4 Emulsão de água em óleo Emulsão de óleo em água Força massa Aceleração da gravidade densidade Volume Eficiência do dispositivo de amostragem Concentração mensurada Concentração dentro da tubulação Velocidade na sonda de amostragem Velocidade à montante da sonda Concentração de óleo na amostra Valor da concentração lida no equipamento Volume utilizado de ccl4 N kg m/s2 Kg/m3 m3 ppm ppm M/s M/s ppm ppm ml Vamostra φ εl εh K Kc ε´ ε´´ Volume da amostra Concentração da fase dispersa Permissividade medida à baixa freqüência Permissividade medida à alta freqüência Condutividade da emulsão Condutividade da fase aquosa Constante dielétrica Fator de perda ml ppm F/m F/m S S F/m F/m vi RESUMO CARTIER, M. L. M. (2005). Desenvolvimento de um sensor para monitoramento “online” da contaminação da água por hidrocarbonetos. Itajubá, 2005. 72p. Monografia (Graduação) - Universidade Federal de Itajubá Este trabalho discute as principais técnicas de medição de conteúdo de água e óleo em emulsões. Enfatiza a indústria do petróleo, porém os conceitos aqui apresentados podem ser aplicados a emulsões em outros segmentos industriais, onde são de importância relevante. Uma breve consideração sobre amostragem e problemas associados, aos princípios de trabalho das técnicas de medida para diversas composições disponíveis até o momento são apresentadas. Onde possível, a limitação das técnicas foram apontadas. As técnicas disponíveis são classificadas em dois grandes grupos: as técnicas destrutivas e as técnicas não-destrutivas, dependendo se a emulsão sofrerá degradações permanentes durante a medição ou não. As técnicas destrutivas discutidas são titulação e métodos relacionados, análise de carbono orgânico total (TOC) ou total de óleo e graxa, extração através de solvente, centrifugação e vaporização instantânea. As técnicas não destrutivas discutidas são os métodos elétricos (técnicas de capacitância/condutância). Dentre os métodos descritos, selecionou-se o método elétrico como base para o desenvolvimento do protótipo do sensor. São realizados experimentos laboratoriais para verificar o grau de resposta do sensor às variações na concentração de óleo nas emulsões. Palavras-chave: medida de composição; emulsões; sensor; concentração de óleo. vii ABSTRACT CARTIER, M.L;M. (2005) Development of a sensor for on line monitoring of the water contamination with hydrocarbon. Itajubá, 2005, 72p. Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Itajubá This work discusses the main measurement techniques for water and oil content in emulsions. It emphasizes the petroleum industry, but the concepts presented here may be applied to other industrial segments where the emulsions are a relevant issue. A brief consideration about sampling and associated problems, the working principles of various composition measurement techniques available to date are presented. Where possible, the limitations of the techniques were pointed out. The techniques available are classified in two broad groups: destructive techniques and non destructive techniques, depending upon whether or not the emulsion undergoes any permanent degradation during the measurement. The destructive techniques discussed are titration and related methods, total organic carbon analysis, solvent extraction centrifugation and flash vaporization. The non-destructive techniques discussed are electrical methods (capacitance/conductance techniques). Amongst the described methods, it was selected the electrical as base for the development of the prototype of the sensor. Laboratorial experiments are made to verify the sensor answer due to the changes in emulsion oil concentration. Key-words: composition measurement, emulsions, sensor, oil concentration. 1 1 Introdução A contínua expansão da indústria de processamento de hidrocarbonetos e a crescente utilização de produtos contendo óleos nos diversos ramos da indústria (automotiva, química, de máquinas, etc), têm aumentado a ameaça da poluição de óleo no ambiente. A concentração de óleo nos efluentes de diferentes fontes industriais varia largamente de baixas até concentrações tão altas quanto 40.000 mg/L. Ao contrário do óleo livre derramado no mar, lagos e rios, a maioria dos efluentes industriais contém emulsões de óleo em água dentro de seus contaminantes básicos. Na indústria do petróleo, esta contaminação ocorre desde a fase de explotação até na fase de distribuição passando pelo transporte e refino. Para minorar os efeitos desta contaminação, diversos equipamentos têm sido empregados com a finalidade de separar o óleo da água e com isto, devolver ao ambiente uma água com valores de contaminação que não causem poluição (VERBICH, 1997). Certamente o custo relacionado ao tratamento de águas poluídas e o aumento da severidade dos regulamentos têm criado a necessidade de técnicas de monitoramento rápidas e confiáveis. Desta forma, seria muito útil a existência de um sistema de sensoriamento que pudesse continuamente monitorar a qualidade da água que está sendo tratada e no caso do tratamento não produzir a água na pureza desejada, o sensor acusar esta discrepância para que as devidas providências sejam tomadas. Assim, o objetivo deste trabalho foi o de analisar características mensuráveis de uma emulsão de óleo em água, e correlacionar estas características com a concentração da emulsão. Após os estudos teóricos, foi selecionado o melhor método para medida de concentração, e a partir dele, desenvolvido um esboço e protótipo do sistema de monitoramento. 2 2 Emulsões 2.1 Definição e Classificação das emulsões Segundo PAL (1994), uma emulsão é um sistema de duas fases óleo/água onde uma das fases está dispersa na forma de gotas na outra. A fase que está presente na forma de gotas é referenciada como “fase dispersa” e a fase que forma a matriz na quais tais gotas estão em suspensão é chamada de “fase contínua”. A fase contínua é algumas vezes referenciada como a fase externa, meio de dispersão ou meio de suspensão. As emulsões também contêm um terceiro componente, chamado de agente emulsificante ou emulsificador, o qual tem duas funções principais: (1) diminuir a tensão interfacial entre o óleo e a água, desta maneira permitindo que a formação da emulsão seja mais fácil, (2) estabilizar a fase dispersa contra a coalescência, quando esta é formada. As emulsões podem ser classificadas em três grandes grupos: (a) emulsões água em óleo, designadas como W/O; (b) emulsões óleo em água, designadas como O/W; (c) emulsões múltiplas. As emulsões W/O consistem de gotas de água dispersas na fase contínua de óleo. Este é o tipo de emulsão mais comum na indústria do petróleo e são desta maneira, chamadas de “emulsões normais”. As emulsões do tipo O/W consistem em de gotas de óleo dispersas em água. Na indústria do petróleo, as emulsões O/W são chamadas de “emulsões reversas”, pois são o inverso das emulsões mais conhecidas W/O. Emulsões múltiplas consistem de múltiplas gotas, por exemplo, a emulsão múltipla W/O/W consiste de uma ou mais gotas pequenas de água enclausuradas 3 dentro de gotas maiores de óleo, as quais, por sua vez, estão suspensas em fase contínua de água. As emulsões múltiplas não são tão comuns como as emulsões simples (PAL, 1994). Nas últimas décadas foram descobertas grandes reservas de petróleo em ambientes offshore. Segundo OLIVEIRA & CARVALHO (1998), os problemas associados ao aparecimento de emulsões e de depósitos orgânicos durante os processos de produção e movimentação destes petróleos são amplamente conhecidos pelas companhias operadoras em diferentes partes do mundo. No processo de produção de petróleo é comum a co-produção de água sob a forma emulsionada. Esta água pode se originar da própria formação produtora ou ser a conseqüência da utilização de processos de recuperação. A formação de emulsões tipo água em óleo (W/O), durante o processo de produção, é altamente indesejável tendo em vista o incremento da viscosidade do petróleo. Vários estudos têm sido conduzidos de modo a prevenir a formação desse tipo de emulsão ou mesmo, promover a inversão de fases durante o processo de produção, dando origem a emulsões tipo óleo em água (O/W) de baixa viscosidade. O processo de inversão de fases em uma emulsão está diretamente relacionado à proporção volumétrica da fase dispersa e a natureza e a quantidade do agente emulsificante. Geralmente, o aumento do conteúdo da fase dispersa favorece o processo da inversão de fases. Para gotas de mesmo diâmetro, teoricamente, a inversão de fase se processa quando sua proporção volumétrica dispersa atinge 75% em volume. Porém, este valor não deve ser considerado como um valor exato, tendo em vista que as emulsões, em geral, apresentam uma distribuição de diâmetros de gota. Na figura 1, apresentam-se emulsões do tipo O/W e W/O (OLIVEIRA & CARVALHO, 1998). 4 (a) O/W (b) W/O FIGURA 1 Tipos de emulsões: (a) óleo em água (O/W); (b) água em óleo (W/O) (OLIVEIRA & CARVALHO, 1998). Na figura 2, demonstram-se as etapas do processo de inversão de fases. Na figura 2 a, as gotas da fase dispersa estão separadas e estabilizadas por um agente emulsificante. Já na figura 2 b, há um aprisionamento da fase contínua entre as gotas da fase dispersa, gerando um desequilíbrio significativo entre as forças interfaciais. Finalmente, na figura 2 c apresenta-se a inversão das fases da emulsão. FIGURA 2 Mecanismo de inversão de fases de uma emulsão O/W para W/O (OLIVEIRA & CARVALHO, 1998). 2.2 Principais aplicações de emulsões De acordo com PAL (1994), as emulsões são encontradas em praticamente cada etapa da produção de petróleo e das operações de recuperação. Nas operações primárias de produção, onde a energia natural do reservatório (pressão) é usada para produzir o petróleo, encontram-se normalmente, emulsões de O/W. 5 Nas operações de estimulação da produção de petróleo, uma variedade de fluídos (água, soluções de polímeros aquosos, soluções de surfactantes aquosos, vapores, microemulsões, etc.) é injetada na formação com o objetivo de empurrar o óleo para o poço de produção. Geralmente, em função da composição destes fluidos, a geração de ambas as emulsões (O/W e W/O) é favorecida. Em muitas operações relacionadas com a produção de petróleo, emulsões são intencionalmente produzidas para aproveitar das vantagens e suas propriedades físicas. Por exemplo, em situações onde a taxa de produção de um determinado poço de petróleo é severamente limitada devido a viscosidade do óleo produzido, uma solução surfactante aquosa é geralmente injetada na coluna de produção para converter o óleo de alta viscosidade em uma emulsão de O/W de baixa viscosidade, causando assim uma diminuição na perda de carga. Recentemente, foi demonstrado interesse no uso de emulsões como agentes bloqueadores para controlar a permeabilidade da formação. Emulsões de alta viscosidade também estão sendo consideradas como fluidos de deslocamento para deslocar o petróleo em processos de estimulação de petróleo (PAL, 1994). 2.3 Importância da medida da composição de emulsões O conhecimento da composição de emulsões é importante tanto em aplicações na indústria do petróleo, quanto em outras aplicações específicas, principalmente devido à magnitude das propriedades das emulsões, tais como as reológicas (relacionadas com a viscosidade), as quais estão fortemente relacionadas com a composição. De acordo com PAL (1994), tais aplicações são citadas abaixo: (a) As autoridades fiscais e operadores envolvidos na produção necessitam saber as exatas taxas de produção de óleo e de água, para que assim possa se evitar pagar por água ao invés de óleo, e também para monitorar de maneira precisa a produção de cada poço com o propósito de cálculo de royalties. (b) As taxas de produção de óleo e água devem ser medidas para que ações apropriadas sejam tomadas para se evitar perdas em casos onde ocorre o 6 bombeamento de água através do poço de injeção (método secundário de recuperação envolvendo injeção de água). (c) Grande quantidade de emulsões O/W e de efluentes oleosos são gerados em refinarias de petróleo, principalmente em dessalinizadores, tanques de armazenamento de óleos crus e de produtos refinados, tanques com vazamentos, etc. A legislação ambiental brasileira exige que a concentração em todas as tubulações de esgoto seja menor do que 20 ppm. (d) A presença de água dispersa ou livre em combustíveis de aviões a jato pode causar sérios riscos em altitudes extremas, onde a água pode formar cristais de gelo, o que pode levar ao entupimento de tubos e de orifícios no sistema de combustível. Desta forma, o monitoramento do conteúdo de água em combustíveis de aviação torna-se extremamente importante. (e) Por fim, a medida do conteúdo de água em produtos da indústria alimentícia (muitos estão na forma de emulsões), e geralmente exigida por lei, principalmente para que haja o monitoramento da umidade da manteiga (limite de 16% de umidade) e um controle do conteúdo de gordura do leite, com o objetivo de criar uma base para a checagem da aceitabilidade do leite em termos de adulteração (PAL, 1994). 2.4 Estabilidade de emulsões óleo em água. A estabilidade de uma emulsão, ou sua resistência à quebra (separação das fases), depende de uma série de fatores, tais como: o tipo de agente emulsificante, a viscosidade, o peso específico, a concentração, a idade e a quantidade de agitação. (PAIVA, 2004). As emulsões de óleo em água são normalmente estabilizadas por meio de repulsão eletrostática na superfície da fase dispersa, ou seja, entre as gotas de óleo de cargas semelhantes e, pelas camadas adsorvidas que agem como uma barreira 7 interfacial para prever um contato mais próximo ou a coalescência das gotas de óleo (VERBICH et al, 1997). Nas emulsões em repouso, as substâncias estão sob a ação da força da gravidade e da força exercida pelo volume acima da partícula, e esta força é dada pela equação: F = m.g = ρ.V.g (1) Onde: F é a força; m é a massa; g é a aceleração da gravidade; ρ é a densidade; V é o Volume. Como as partículas estão em movimento dentro da emulsão, pode ocorrer um aumento de massa através da coalescência das partículas. Desta forma, é provável que ocorra uma separação das fases devido a este processo, o qual depende: da diferença de densidade entre as fases, da viscosidade, da força exercida pelo volume acima das partículas e da tensão interfacial (a qual também pode causar uma separação das fases). As emulsões são normalmente instáveis, a não ser que um agente estabilizante ou emulsificante esteja presente Os agentes emulsificantes são compostos que contém moléculas com afinidade tanto pela água como pelo óleo, ou seja, com grupos hidrofílicos e hidrofóbicos, respectivamente, os quais agem para eliminar a incompatibilidade água/óleo. Quando o óleo está em contato com a água, ocorre uma grande tensão interfacial entre as fases. O agente emulsificante atua reduzindo esta tensão interfacial, permitindo a formação da emulsão sem muito gasto de energia, além de aumentar a estabilidade do sistema (DUTCOSKY, 2000) As figuras 3 e 4 mostram o comportamento da estabilidade de emulsões de O/W e W/O 8 FIGURA 3 Estabilidade de emulsões O/W (DUTCOSKY, 2000). FIGURA 4 Estabilidade de emulsões W/O (DUTCOSKY, 2000). 9 3 Aspectos básicos da medida da composição Segundo PAL (1994), existem duas técnicas diferentes usadas para medir a composição (conteúdo de óleo e água) de emulsões: (a) medida direta da composição usando um analisador de emulsões na linha ; (b) medida indireta da composição usando amostragem e subseqüente análise laboratorial da amostra coletada. A última técnica, a qual envolve a coleta de uma amostra representativa da emulsão da tubulação ou qualquer outro equipamento do processo, e subseqüente análise da amostra em laboratório, é mais comumente usada nas operações de produção de petróleo, apesar de que o uso de métodos diretos está aumentando. No entanto, deve ser notado que a precisão do método indireto (amostragem e subseqüente análise laboratorial) é altamente dependente da representatividade da amostra que está sendo coletada. Mesmo quando o fluxo da porta de amostragem é homogêneo e a emulsão está bem dispersa, a amostra coletada pode não ser uma boa representação da composição atual no tubo. Assim, cuidado especial é necessário para assegurar uma amostragem representativa. 10 3.1 Medidores em linha Há dois métodos básicos para instalar um dispositivo de amostragem ou um analisador direto de emulsão na tubulação. Estes são conhecidos como método da passagem externa e método da linha principal, respectivamente. No método de passagem externa, o dispositivo é instalado em uma linha de passagem externa da linha principal, como mostrado na figura 5. É óbvio que a precisão desses dispositivos é altamente dependente se o fluxo o qual está na linha de passagem externa é representativo da composição da linha principal. Desta maneira, é importante que um misturador seja instalado na linha principal à montante da junção de divisão de fluxo. A maior vantagem desta técnica é que operações de reparo, calibração, remoção e reinstalação do dispositivo podem ser realizadas sem a interrupção do fluxo na linha principal. Além do mais, se o amostrador ou dispositivo direto que está sendo usado não for capaz de resistir a operações contínuas em longos períodos devido à fragilidade de seus componentes e/ou condições hostis do fluxo (presença de sujeira, fluxo não permanente, falhas, variações de temperatura), a técnica de passagem externa é recomendada de modo que o dispositivo possa ser usado continuamente em um regime dia-a-dia. FIGURA 5 Instalação de um dispositivo de passagem externa (PAL, 1994). 11 No método da linha principal, o dispositivo é instalado no tubo principal (figura 6). Enquanto a vantagem desta técnica é que a composição que está passando pelo dispositivo é a composição atual, as desvantagens são as dificuldades associadas à reparo, calibração, remoção e reinstalação do dispositivo sem a interrupção do fluxo principal. Além do mais, o dispositivo deve ser capaz de suportar as condições do fluxo principal sem sofrer desgaste substancial. FIGURA 6 Instalação de um dispositivo na linha principal (PAL, 1994). 3.2 Amostragem Amostradores “on-line” para medição do conteúdo de óleo e água são largamente usados na indústria do petróleo. Os amostradores mais comumente usados na indústria do petróleo são classificados em dois grandes grupos: amostradores de captura ou internos, e amostradores de coletas rápidas ou externos. Amostradores de captura são dispositivos que tomam pequenos volumes de fluído da linha em intervalos de tempo individuais para gerar uma amostra representativa da emulsão por um período de tempo. A atual prática internacional na indústria do petróleo é coletar 10000 capturas de aproximadamente 1 mL cada, e portanto um volume total de 10 L, antes de a amostra ser enviada para a análise laboratorial. Geralmente, o sistema de amostragem é desenvolvido para realizar a amostragem proporcional ao fluxo e o sinal do medidor de fluxo (instalado na tubulação para medida total do fluxo) é usado para definir a freqüência de amostragem (veja a figura 7). 12 FIGURA 7 Diagrama esquemático de um amostrador de captura (PAL, 1994). No amostrador de coleta rápida, uma fração muito pequena do fluxo é desviada para um vaso de coleta por uma sonda de amostragem inserida na tubulação, isto é o material é extraído continuamente da tubulação, ao invés de intervalos de tempo individuais como no caso dos amostradores de captura, até que a quantidade de amostra desejada seja coletada (figura 8). FIGURA 8 Diagrama esquemático de um amostrador de coleta rápida (PAL, 1994). A única preocupação com o uso de amostradores é que a amostra coletada pode não ser exatamente a representação da composição presente no interior da tubulação. Mesmo quando o fluxo à montante da sonda de amostragem é homogêneo, 13 a composição da amostra coletada pode diferir da composição atual no interior da tubulação. Assim, a amostragem pode fornecer resultados errôneos se não for realizada de maneira apropriada. Nos próximos parágrafos, serão discutidos algumas das sondas mais comumente usadas e os fatores que podem levar a erros de amostragem significativos. 3.2.1 Sondas de Amostragem Em qualquer método de amostragem, a sonda de amostragem tem papel muito importante. Desta maneira, o projeto e a orientação da sonda são considerações importantes em operações de amostragem. Há pelo menos quatro modelos diferentes disponíveis para a sonda de amostragem (veja a figura 9): abertura de 45º, sonda em forma de L com encaixe interno, sonda de abertura circular, e sonda em forma de L com encaixe externo; as sondas em forma de L são empregadas para amostragem de emulsão e para amostragem de sólidos na forma de lama. As sondas podem ser instaladas tanto em uma seção horizontal do tubo quanto em uma na seção vertical do tubo, apontando tanto a favor ou contra o fluxo. O arranjo de amostragem mais popular, no entanto, consiste em uma sonda em forma de L apontando contra o fluxo; em ambas as orientações horizontal e vertical. 14 FIGURA 9 Diferentes modelos da sonda de amostragem (PAL, 1994). Segundo PAL1 apud Nasr-El-Din (1984) o desempenho de qualquer dispositivo é avaliado em termos de eficiência de amostragem E, definida como: E=φM/φA (2) onde φM é a concentração mensurada (na base de volume) da fase dispersa e φA é a concentração corrente dentro da tubulação. Se a concentração das gotas dispersas não é uniforme pela seção transversal do tubo, então φA é concentração local à montante da sonda. A eficiência da amostragem pode divergir de um valor ideal de unidade devido a muitos fatores; estes incluem inércia das gotas, ricocheteio de gotas na sonda, estrutura do fluxo à frente do amostrador, e a coalescência das gotas. 1 PAL, R. (1994). Colloids Surfaces: Physicochem Engineering Aspects. apud NASR-EL-DIN, H. A. (1984). Encyclopedia of Environmental Control Technology. Houston. p. 14 15 3.2.1.1 Inércia da gotas As densidades do óleo e da água são diferentes, e desta maneira, a inércia dos mesmos volumes de óleo e água são diferentes. Esta diferença na inércia não é um problema significante no caso de emulsões O/W onde as gotas de óleo, tendo inércia menor, podem facilmente acompanhar as mudanças na direção do fluxo. No entanto, no caso de emulsões W/O, as gotas de água, tendo maior inércia, não acompanham prontamente as mudanças na direção do fluxo, e conseqüentemente erros de amostragem podem acontecer. A figura 10 ilustra o efeito da inércia das gotas de água na performance de amostragem de sondas em forma de L. A sonda é admitida ser muito fina e a espessura da parede negligenciável com seu eixo coincidindo com o eixo do tubo. Três situações são consideradas: amostragem isocinética, onde a velocidade do fluxo na sonda de amostragem (U) é a mesma que a velocidade à montante da sonda (U0), U/U0=1; amostragem sub-isocinética, onde U/U0 < 1; e amostragem super-isocinética, onde U/U0>1. 16 FIGURA 10 Efeito da inércia das gotas de água (PAL, 1994). No caso de amostragem isocinética, onde U = U0 a composição da amostra é a mesma que no tubo. A diferença entre a inércia do óleo e da água não faz nenhuma diferença. Quando a velocidade de amostragem é menor do que a velocidade na tubulação, tem-se amostragem sub-isocinética onde U < U0, uma distorção das linhas de fluxo ocorre à frente do amostrador. Enquanto as gotas de menor inércia, por exemplo, gotas de óleo em uma emulsão O/W, podem seguir a distorção das linhas de fluxo prontamente, gotas de maior inércia, por exemplo, gotas de água em uma 17 emulsão W/O, são incapazes de seguir as linhas de fluxo; ao contrário elas continuam viajando em uma linha mais ou menos retas, e conseqüentemente o conteúdo de água da amostra é significantemente maior do que a composição atual na tubulação. No caso de amostragem super-isocinética, onde U > U0 é observado uma concentração menor de água é coletada comparada com a concentração atual no interior do tubo, devido aos efeitos de inércia. Deve ser notado que se as gotas de água não são uniformes no tamanho, existe uma distribuição de tamanho das gotas. Então a distribuição do tamanho das gotas na amostra coletada será diferente da distribuição atual, no interior do tubo, quando as condições de amostragem não são isocinéticas (anisocinéticas). No caso de amostragem sub-isocinética, a concentração de pequenas gotas na amostra será menor pois gotas menores são capazes de seguir as linhas de fluxo; em amostragens super-isocinéticas, a concentração de gotas finas na amostra será maior do que do que o valor real. 3.2.1.2 Efeito do ricocheteio das gotas na sonda De acordo PAL2 apud Nars-El-Din (1989), o efeito do ricocheteio das partículas pode levar a erros significativos na amostragem. O efeito de ricocheteio ocorre quando a sonda, assumindo que ela seja no formato de L, é grossa e áspera. Quando as gotas batem nas paredes da sonda, elas perdem um pouco de sua inércia e caminham para dentro da sonda. Dessa forma, a concentração da amostra deve ser significativamente mais alta do que a atual no interior do tubo, isto é, a eficiência de amostragem deve ser maior que uma unidade, até quando a amostragem é isocinética. Para evitar o efeito do ricocheteio, ou a parede da sonda deve ser mais fina, ou a sonda deve ser estreitada com um pequeno ângulo (θ) de inclinação. PAL, R. (1994). Colloids Surfaces: Physicochem Engineering Aspects. Apud Nars-El-Din, in P.N. Cheremisinoff (Ed.), Encyclopedia of Environmental Control Technology Wastewater Treatment technology Vol. 3, Gulf publishing Co., Houston, TX, 1989, Chapter 14. 2 18 3.2.1.3 Amostragem através de aberturas laterais do tubo Geralmente, a concentração de um sistema em fluxo é determinada simplesmente pela remoção de uma amostra através de uma abertura na parede do tubo, como mostrado na figura 11. A vantagem da amostragem através da lateral do tubo, é que esta é uma técnica muito simples e barata, pois usa apenas uma pequena abertura na parede do tubo, e não obstrui o fluxo de nenhuma maneira, como no caso de amostragem com sondas. A amostragem através da abertura lateral, no entanto, quase sempre fornece resultados errôneos, particularmente se as partículas têm grande inércia, pois neste tipo de amostragem elas têm de mudar a sua direção em 90º (PAL, 1994). FIGURA 11 Amostragem na lateral do tubo (PAL, 1994). Sumariamente, podem-se obter resultados errôneos se a amostragem não for realizada entendendo-se o que está sendo feito. No entanto, deve ser notado que os erros de amostragem no caso de emulsões não são tão sérios quanto no caso de soluções sólido/líquido, principalmente porque a água e o óleo não têm densidades tão diferentes. 19 3.2.1.4 Coalescência das gotas PAL3 apud KING et al (1985), em seu estudo de amostradores W/O, observou que se a amostragem fosse feita à pequenas taxas de amostragem, isto é, subisocinética como U<0.2U0, as gotas de água demonstraram uma tendência de coalescer na frente da sonda do amostrador. Conseqüentemente, quando as sondas do tipo pitot eram instaladas em um seção vertical do tubo, com fluxo ascendente e com a sonda apontando contra o fluxo, a coalescência das gotas sob condições de amostragem sub-isocinéticas resultavam em eficiência significativamente menores do que um. As gotas maiores de água saíam da sonda, devido ao de que as forças negativas de diferença de densidade excediam as forças de arrasto viscosas que transportavam as gotas. Note que sob condições sub-isocinéticas, normalmente observa-se eficiências de amostragem maior que um, se o efeito da coalescência e da gravidade não está presente. No entanto, quando as sonda foram instaladas a favor do fluxo, a eficiência de amostragem era significantemente maior do que um sob condições de amostragem sub-isocinéticas. Isto era devido à sedimentação de gotas maiores na abertura da sonda. O desvio de um na eficiência de amostragem, sob condições anisocinéticas, foi observado ser menor quando instalado em uma seção horizontal. Assim, é recomendado que as sondas sejam instaladas horizontalmente apontando contra o fluxo, especialmente quando amostragem sub-isocinética é usada. Também foi observado que a vibração (pulsação) do fluxo aumenta a tendência de coalescência das gotas. 3.3 Analisadores de emulsões Analisadores de emulsões que fazem leituras na própria linha de fluxo ou analisadores de emulsão de laboratório podem ser classificados em analisadores do tipo destrutivo ou do tipo não destrutivo, dependendo se a emulsão sofre ou não qualquer tipo de degradação durante a fase da medição. De maneira geral, 3 PAL, R. (1994). Colloids Surfaces: Physicochem Engineering Aspects. apud KING, N.W.et al (1985) Interantional Conference Multiphase Flow. London Paper J13 20 analisadores que fazem leituras na própria linha de fluxo são dispositivos do tipo não destrutivos enquanto analisadores de laboratório podem ser do tipo destrutivo ou do tipo não destrutivo. Uma das maiores desvantagens dos métodos destrutivos é obviamente a degradação da amostra de emulsão; portanto, se análises adicionais forem necessárias e somente uma pequena quantidade de amostra está disponível, é preferível o uso de métodos não destrutivos. As tabelas 1 e 2 resumem as várias técnicas destrutivas e não destrutivas para medir a composição de emulsões. Como indicado nas tabelas 1 e 2, algumas técnicas são aplicáveis somente para análise laboratorial da amostra. Os detalhes destas técnicas são discutidos nas próximas sessões. TABELA 1 Analisadores de Emulsão do Tipo Destrutivo. Tipo Destrutivo No 1 Nome Comentário Titulação e outros métodos Laboratório químicos 2 Análise Carbono Orgânico Laboratório Total (TOC) 3 Extração através de solvente Laboratório 4 Centrifugação Laboratório 5 Vaporização Instantânea Laboratório 21 TABELA 2 Analisadores de Emulsão do Tipo Não-Destrutivo. Tipo Não-Destrutivo No 1 Nome Comentário Elétrico (Capacitância e In-line/ laboratório Condutância) 2 Microondas In-line/ laboratório 3 Dispersão de In-line/ laboratório radiação 4 Espectroscópico In-line/ laboratório 5 Ultra-sônico In-line/ laboratório 6 Densidade e In-line/ laboratório viscosidade 22 4 Técnicas destrutivas da medida da composição Segundo PAL (1994), as principais técnicas destrutivas de medida da composição incluem titulação e outros métodos químicos, análise de carbono orgânico total (TOC), conhecido como teor de óleo e graxa (TOG), extração através de solvente, centrifugação e vaporização instantânea (flash vaporization). 4.1 Titulação e outros métodos químicos Muitos métodos baseados nas reações estequiométricas com água foram propostos e testados com êxito para a medida de conteúdo de água em emulsões. Exemplos incluem a produção de acetileno pela adição de carboneto de cálcio à amostra de emulsão, a reação da água com o reagente de Karl-Fischer, e a reação da água com cloreto de acetila (CH3COCl) na presença de piridina. Aqui serão discutidos apenas os dois últimos métodos, que são os mais importantes. 4.1.1 Método de Karl-Fischer O método de K-F é o método mais popular. Este método foi testado com sucesso para baixas concentrações de água desde algumas partes por milhão até valores relativamente altos. A amostra de emulsão é dissolvida em metanol anidro (isento de água) e é titulada com o reagente K-F, uma mistura de iodina, dióxido de enxofre, piridina e metanol anidro; o iodeto presente no reagente reage com a água como segue: 23 C5H5N•I2+C5H5N•SO2+C5H5N+H2O→2C5H5N•HI+C5H5N•SO3 (3) C5H5N•SO3 + CH5OH → C5H5N(H)SO4CH3 (4) Na primeira reação, água é consumida pelo trióxido de enxofre e iodeto de hidrogênio; os reagentes e os produtos existem como complexos de piridina devido à grande presença de piridina (C5H5N). Na segunda reação, na qual ocorre quando um grande excesso de metanol está presente, o complexo de piridina-trióxido de enxofre é consumido por metanol para formar um outro complexo. Esta reação é extremamente importante para a titulação ter sucesso porque o complexo de piridina-trióxido de enxofre pode também sofrer outra reação não desejada com a água: C5H5N•SO3+H2O→ C5H5NHSO4H (5) Esta reação é evitada tendo um grande excesso de metanol no sistema. Assim a estequiometria da titulação K-F envolve 3 mole de piridina, 1 mol de iodina e 1 mol de dióxido de enxofre para cada mol de água. A prática atual é usar ambos dióxido de enxofre e piridina em excesso, de modo que, a capacidade de combinar água com o reagente dependa de seu conteúdo de iodina. No método clássico de titulação com bureta, o ponto-final é identificado pela mudança de cor. Quando toda a água na amostra foi consumida, e a cor da solução se torna amarelada, primeiramente, devido ao excesso de iodina. Atualmente, há diversos métodos de medição elétricos disponíveis para detectar o ponto final. Também, reagentes K-F sem piridina foram desenvolvidos para superar algumas das dificuldades com o reagente à base piridina. 24 4.1.1.1 Equipamento de Karl Fischer utilizado O laboratório SEPCEN da Universidade Federal de Itajubá possui um analisador para detectar a presença de água em amostras, o qual se baseia no método de Karl Fischer, porém este lança mão de técnicas elétricas para a detecção do ponto final. Na medida do conteúdo de água, a água reage com a iodina e dióxido de enxofre na presença de uma base e um álcool: H 2O + I 2 + SO2 + CH 3OH + 3RN → [ RNH ]SO4CH 3 + 2[ RNH ]I (6) Na titulação volumétrica, a iodina é adicionada como um titulador. Na técnica coulométrica (baseado na eletrólise), a iodina é eletroliticamente gerada na solução anolito (anolyte), o qual contém iodina. Enquanto a água está presente no vaso de titulação, a iodina gerada reage de acordo com a equação 6. Quando toda a água reagiu, um pequeno excesso de iodina aparece no anolito (anolyte). Esta iodina é detectada pelo eletrodo duplo de platina e a produção de iodina é cessada. De acordo com a lei de Faraday, a quantidade de iodina é proporcional a corrente gerada. Na equação 6, I2 e H2O reagem um com o outro na proporção de 1:1. Desta maneira um mole de água (18g) é equivalente a 2 x 96500 coulumbs, ou 10,72 coulumbs/ 1 mg H2O. A quantidade de água, pode assim ser determinada pela medida do consumo total de eletricidade consumida para a produção de iodina (Mettler, 1999). Quando a amostra é injetada no equipamento, é produzida a iodina e esta reage com a água, o equipamento vai aumentando a taxa da produção de iodina até um nível máximo enquanto a iodina não é detectada no eletrodo duplo de platina. No momento em que é detectada a presença de iodina nos eletrodos de platina, a taxa de produção de iodina vai diminuindo até uma taxa previamente programada no equipamento, quando é feita a leitura da energia consumida para a produção que é proporcional a quantidade de água presente na amostra (Mettler, 1999). 25 4.1.2 Método do cloreto de acetila (CH3COCl) Smith e Bryant desenvolveram com sucesso o método quantitativo para determinação de água em líquidos orgânicos. Este método é baseado no fato de que o CH3COCl reage com a água para produzir 2 mole de ácido titulável na presença de piridina. No entanto, o CH3COCl produz somente 1 mol de ácido titulável quando este reage com álcool anidro (seco) na presença de piridina: CH3COCl•C5H5N+H2O→ C5H5N•HCl+CH3COOH- (7) CH3COCl•C5H5N+C2H5OH→ C5H5N•HCl+CH3COOC2H5 (8) Uma quantidade conhecida da amostra da emulsão para analisar o conteúdo de água é adicionada para um excesso de 1,5 M de solução de reagente (uma mistura de CH3COCl e piridina) em tolueno e a mistura é agitada vigorosamente. O tempo para a reação de hidrólise para se completar a temperatura ambiente é de normalmente 2 minutos. O excesso de reagente é então decomposto pela adição de etanol anidro (seco). A mistura final é titulada com soda caustica. A titulação também é realizada com um sistema branco, ou seja, a mesma quantidade de reagente é diretamente decomposta por álcool anidro, sem a adição da amostra de emulsão. O aumento efetivo na acidez entre o sistema de amostra e o sistema branco, determinado pela titulação com soda cáustica, é uma medida direta da água na emulsão. Por exemplo, se considerar N mol do complexo de CH3COCl e X mole de água então a primeira reação (equação 7) irá produzir 2X mol de ácido titulável e a segunda reação (equação 8) produzirá (N – X) mols de ácido, um total de (N + X) mole de ácido titulável é produzido. Para o procedimento com o branco com N mols de ácido são gerados. A diferença no número de moles de ácido produzido é, desta maneira, X (PAL, 1994). O método acima foi aplicado com sucesso em sistemas com conteúdo de água que variam largamente. Em princípio, este método pode ser aplicado para ambas emulsões O/W e W/O sobre uma grande variedade de concentrações. 26 4.2 Analisadores de carbono orgânico total - TOC ou total de óleo e graxa Analisadores de carbono orgânico total (figura 12) são largamente usados para determinar o conteúdo de carbono orgânico total de emulsões diluídas O/W e de efluentes oleosos, com concentrações de óleo variando de algumas partes por bilhão até 5000 ppm. Deve ser enfatizado que este instrumento não mede o conteúdo de óleo diretamente; ele mede o conteúdo de carbono orgânico total (TOC), e desta maneira, uma curva de calibração relacionando o conteúdo de TOC com o conteúdo de óleo é necessária. O TOC de uma emulsão é medido em duas operações, em uma operação é medido o conteúdo total de carbono, orgânico e inorgânico, em outra operação, apenas o carbono inorgânico é medido devido ao dióxido de carbono, carbonatos, etc. E então se subtrai o carbono inorgânico do carbono total. O tempo necessário para a análise completa da amostra é, geralmente, de alguns minutos. O conteúdo total de carbono é determinado como segue. Uma corrente de gás suporte (oxigênio ou ar) passa continuamente através de um tubo de combustão contendo óxido de cobalto catalisador, instalado em um forno de alta temperatura (950º C). A amostra de emulsão é introduzida no gás suporte por injeção com uma micro-seringa no tubo de combustão. O carbono orgânico é consumido catalíticamente em dióxido de carbono. O carbono inorgânico é decomposto termicamente em dióxido de carbono. A corrente de gás contendo o CO2 produzido passa através de um analisador infravermelho não dispersivo (NDIR), o qual é configurado para detectar dióxido de carbono. O carbono total é medido pela altura de um pico indicado pelo analisador NDIR; o analisador é calibrado previamente com o uso de amostras de conteúdo conhecido de carbono. Depois de ter determinado o carbono total, o carbono inorgânico é determinado pela passagem do gás suporte continuamente através de uma coluna contendo chips de quartzo revestidos com ácido fosfórico e alojados em um segundo forno de baixa temperatura (150º C). A amostra, a qual pode ter dióxido de carbono dissolvido ou carbonatos é decomposta pela ação do ácido e temperatura, e o gás resultante é o dióxido de carbono. Devido à ausência do catalisador e da baixa temperatura, os compostos orgânicos passam praticamente inalterados através da coluna como vapores, e desta maneira não são detectados no analisador NDIR. 27 FIGURA 12 Diagrama esquemático do analisador de TOC (PAL, 1994). Há muitas variações da técnica descrita acima disponíveis. Por exemplo, o catalisador usado no tubo de combustão pode não ser óxido de cobalto; alguns usam óxido cúprico (900º C) ou platina (850º C). Também, o dióxido de carbono produzido pode ser reduzido primeiro a metano por outro catalisador (níquel à 450º C), e então o metano produzido pode ser medido com um detector de ionização de chama. (PAL, 1994) Outra técnica que pode ser aplicada para a análise de efluentes oleosos envolve a irradiação da amostra por luz UV, a qual converte o material orgânico em dióxido de carbono. O dióxido de carbono produzido é então detectado por meio de um analisador NDIR. 4.2.1 Equipamento de análise do Total de Óleo e Graxas O laboratório SEPCEN da Universidade Federal de Itajubá possui um analisador do total de óleo e graxas em emulsões O/W. O funcionamento deste equipamento será descrito a seguir. Antes da análise é necessário fazer uma preparação da amostra de emulsão, separando a parte de óleo da água. Para isto é utilizado o tetracloreto de carbono 28 (CCl4), um composto que é capaz de associar-se com as moléculas de óleo, mesmo quando a emulsão O/W tem micro partículas de óleo dispersas. Além disto, o CCl4 é mais denso do que a água, com densidade de 1,4. Primeiramente, devem ser utilizadas vidrarias totalmente isentas de qualquer tipo de oleosidade, pois isto pode levar a resultados errôneos. Deve-se adicionar o CCl4 ao balão volumétrico onde esta contida a amostra de emulsão e agitar-se o recipiente para que este seja capaz de seqüestrar as moléculas de óleo do recipiente. (HORIBA, 1991) Então se transfere o conteúdo do recipiente contendo a amostra e o CCl4 para um funil de separação, além disto, deve-se tomar o cuidado de adicionar CCl4 ao balão volumétrico onde estava contida a amostra para assegurar que o óleo que restou preso as paredes do recipiente também seja transferido para o funil de separação. Feito isto, deve-se agitar mais uma vez o funil de separação assegurando que todo o óleo que estava presente na amostra de emulsão foi transferido para o tetracloreto de carbono. Deve-se tomar o cuidado de anotar os volumes de tetracloreto de carbono utilizados e o volume da amostra para os cálculos de concentração. Deve-se ajustar o pH no funil de separação utilizando ácido clorídrico até o valor de 2, isto é feito para não permitir que o CCl4 forme emulsão com a água. Deixa-se o funil de separação em repouso, para que o tetracloreto e o óleo sedimentem-se no fundo do recipiente e através da válvula do funil coleta-se o tetracloreto de carbono a ser analisado. A amostra a ser analisada flui por um filtro de NaSO4 para evitar que a água passe para o balão de coleta da amostra (HORIBA, 1991). O equipamento que fará a leitura dispara um feixe de infravermelho na amostra e pode definir a quantidade de carbono através da atenuação do sinal. Para o correto funcionamento é necessário calibrar o equipamento com uma amostra de tetracloreto de carbono isenta de óleo, e também com uma amostra de tetracloreto de carbono com concentração de 200 ppm de óleo. Defini-se desta maneira, o valor mínimo e o valor máximo de leitura do equipamento. Uma vez calibrado, o equipamento está pronto para fazer a leitura da amostra, a qual é feita adicionando-se a amostra no recipiente do aparelho. A concentração da amostra é definida através da seguinte equação: 29 Onde: C= L ⋅ VCCl4 V amostra (9) C é a concentração de óleo na amostra; L é o valor da concentração lida no equipamento; VCCl4 é o volume utilizado de CCl4; Vamostra é o volume da amostra. 4.3 Extração através de solvente A extração através de solvente é normalmente usada para determinar o conteúdo de óleo em emulsões diluídas O/W com concentrações de óleo até 1000 ppm ou menor. O método envolve a extração de óleo da água em um solvente adequado (tolueno, tetracloreto de carbono, éter, clorofórmio, Freon, etc.). O conteúdo de óleo no solvente é então medido tanto com um analisador NDIR ou com um espectrofotômetro. Para quantidades muito pequenas de óleo, o material pode ser absorvido por uma coluna de carvão e recuperado com um solvente apropriado (PAL, 1994). 4.4 Centrifugação A centrifugação é uma técnica comumente usada em laboratório para determinação do conteúdo de água e de óleo. Ambas emulsões O/W e W/O, com sólidos ou não, podem ser analisadas sob uma grande gama de concentrações de água. Dependendo das características de viscosidade e de estabilidade da amostra de emulsão a ser analisada, pode-se necessitar de adição de um solvente e/ou de um desemulsificador químico para facilitar o processo de separação; algumas vezes ácido sulfúrico é adicionado para destruir o emulsificador antes da amostra ser centrifugada. 30 Um volume conhecido de amostra, não tratado ou tratado com um solvente e/ou desemulsificador, é adicionado em um tubo centrifugo o qual é calibrado e afunilado para permitir a medição precisa das amostras de emulsão que tem uma pequena porcentagem de água. Centrifugação é então realizada até que a separação completa das fases óleo e água ocorra; a separação incompleta de vários componentes pode levar a erros significativos (PAL, 1994). 4.5 Vaporização Instantânea (flash vaporization) O conteúdo de água e óleo de emulsões pode ser medido pela separação da água da emulsão usando vaporização instantânea. Esta técnica é muito eficaz para emulsões razoavelmente persistentes com concentrações de água de até 80%. Ambas emulsões O/W e W/O pode ser lidadas com facilidade. A vaporização é realizada sob pressão atmosférica e a temperaturas de 250º C, dependendo da composição da amostra de emulsão. A amostra é bombeada do vaso de alimentação para a serpentina de aquecimento, (uma serpentina dupla helicoidal de vidro), onde a alimentação é pré-aquecida até a temperatura desejada; a emulsão então é enviada rapidamente para a câmara flash, de aproximadamente 1 pol. de diâmetro e 15 pol. de altura. Os produtos coletados por cima, os quais consistem de uma mistura de vapor de água e hidrocarbonetos leves, são condensados e coletados em um recipiente de destilado, e o produto do fundo, a fração com ponto de vaporização maior, é coletado no recipiente de produto de fundo. A porcentagem de água em uma amostra de emulsão é determinada pela medida do volume total dos produtos, destilado mais o produto final e o volume de água no destilado (PAL, 1994). 31 5. Técnicas não-destrutivas da medida da composição De acordo com PAL (1994), as técnicas não-destrutivas disponíveis para a medida da composição da emulsão podem ser agrupadas como segue: elétrica, microondas, dispersão de radiação, espectroscópica, ultra-sônica, e técnicas baseadas na densidade e na viscosidade. Mas para este trabalho, será detalhado apenas o método elétrico. 5.1 Métodos elétricos Os métodos elétricos de medida de composição de emulsão são muitos populares na indústria. Ambas as técnicas baseadas na capacitância e condutância são usadas largamente. Devido a constante dielétrica (permissividade) e condutividade elétrica do óleo e água serem muito diferentes, emulsões preparadas de água e óleo exibem propriedades elétricas as quais são altamente dependentes da composição. Assim, pela medição das propriedades elétricas das emulsões pode-se inferir a composição precisamente. 5.1.1 Métodos da Capacitância A maioria das técnicas em linha usadas para monitorar o conteúdo de água de emulsões W/O em tubulações de óleo cru são baseadas na medida da constante dielétrica (capacitância). Este método, no entanto, geralmente não é adequado para emulsões O/W onde o fluído condutor (água) forma a fase continua, e, portanto, a sonda de capacitância tende a reduzir os valores lidos e fornece uma indicação errônea do conteúdo de água ou óleo. 32 A constante dielétrica de emulsões W/O aumenta rapidamente com a concentração da fase dispersa. Esta também depende grandemente da excitação dielétrica. O comportamento dependente da freqüência da constante dielétrica é conhecido como “relaxamento dielétrico” ou “dispersão dielétrica”. Como um exemplo, a figura 13 mostra o gráfico da constante dielétrica para uma emulsão água em vaselina de 47% por volume a 296 K. A constante dielétrica ε´ é inicialmente constante até uma freqüência de aproximadamente 200kHz, mas esta diminui rapidamente com o aumento na freqüência e se torna constante em freqüências altas. Este relaxamento dielétrico em emulsões W/O, ao redor de freqüências de 100 kHz – 10 MHz, ocorre devido à chamada polarização “interfacial” ou também referenciado como efeito Maxwell-Wagner-Sillars (MWS). Deve ser notado que emulsões W/O geralmente exibem dois relaxamentos dielétricos; um devido à polarização interfacial (ε´) e outro devido ao relaxamento dipolar do tipo Debye (ε’’) da fase água dispersa em torno de 10 – 100 GHz. FIGURA 13 Relaxamento dielétrico em uma emulsão de água em óleo (PAL, 1994). A freqüência de relaxamento depende dos seguintes fatores: concentração da fase dispersa (água), salinidade da água (condutividade) e temperatura. 33 Deve ser notado que apesar da freqüência de relaxamento ser uma função fortemente relacionada com a condutividade da água e temperatura, os valores da constante dielétrica de emulsões W/O, em freqüências baixas e altas, não são significantemente influenciadas por estes fatores. O valor, no entanto, é relacionado fortemente à concentração de água. As figuras 14 (a) e 14 (b) mostram gráficos típicos de valores da constante dielétrica em baixas e altas freqüências em função da concentração. Os dados mostrados na figura 14 (a) são para emulsões de água em vaselina com concentrações baixas e moderadas investigadas por PAL4 apud Clausse (1983), a concentração da fase dispersa φ varia de 0 até 0,525. Os dados mostrados na figura 14(b) são para emulsões altamente concentradas W/O. As figuras demonstram claramente a forte relação entre as constantes dielétricas e a concentração da água. Além do mais, as constantes dielétricas em freqüências baixas (ε1) são muito mais sensíveis do que as constantes dielétricas em altas freqüências (εh) com respeito ao conteúdo da água de emulsão (φ). Isto é particularmente verdade em valores altos de φ. Desta maneira, conclui-se que não é vantajoso realizar medidas de capacitância com o propósito de determinação do conteúdo de água em freqüências altas. A freqüência de excitação, no entanto, não deve ser muito baixa, caso contrário a polarização do eletrodo pode se tornar um problema. A seleção da freqüência de medição necessita, desta maneira, consideração cuidadosa de vários fatores: condutividade da água, temperatura, concentração de água, e polarização do eletrodo. De maneira geral, a medida de capacitância para o propósito de medição da composição de emulsão é realizada em freqüência na faixa de 10 kHz – 15 MHz. 4 PAL, R. (1994). Colloids Surfaces: Physicochem Engineering Aspects. apud CLAUSSE, M. (1983). Encyclopedia of Emulsion Technology. New York. chapter 9 34 FIGURA 14 Dependência das constantes dielétricas em alta e baixa freqüência: (a) emulsão de água em vaselina;(b) emulsões altamente concentradas de W/O (PAL,1994). 5.1.1.1 Aparatos para medida de capacitância Os aparatos para medida de capacitância consistem de um eletrodo sensor e circuito elétrico de suporte. Há diversos designs disponíveis para o sensor. Tanto sensores invasivos (contato direto) quanto sensores não-invasivos são amplamente usados, apesar de sensores invasivos possuirem maior sensibilidade. Os sensores invasivos, no entanto, estão sujeitos a formar uma camada de incrustração, sujeira, etc. presentes nos fluxos do processo. Um exemplo de sensor invasivo é um par de eletrodos onde um eletrodo tem a forma de um elemento tubular metálico, com um diâmetro menor do que o diâmetro interno do tubo, arranjado coaxialmente no interior do tubo, e o outro eletrodo tem a forma de uma haste posicionado axialmente no centro do tubo por meio de suportes não condutores. Outros exemplos de designs de sensores invasivos e não invasivos são dados abaixo: (I) um par de placas metálicas posicionadas no interior do tubo ou arranjadas na parede externa do tubo (não condutor); (II) um par de placas côncavas posicionadas no interior do tubo ou arranjadas na parede externa do tubo (não condutor); 35 (III) uma série de pares de placas metálicas côncavas arranjadas de modo não linear, espiralmente ao redor da parede externa do tubo (não condutor); (IV) um par de hélices metálicas contínuas arranjadas na parede externa do tubo (não condutor); (V) três pares de hélices metálicas contínuas arranjadas na parede externa do tubo (não condutor) e conectadas alternadamente em paralelo. Estas configurações são mostradas esquematicamente na figura 15. O par de hélices contínua, no entanto, é preferido pois este é menos sensível aos padrões de fluxo. Também, deve ser notado que sensores práticos de capacitância sempre possuem uma tela de cobertura para proteger o sensor de campos externos. FIGURA 15 Eletrodos sensores para medida de capacitância (PAL, 1994). Sumariamente, o método de capacitância é um método viável e preciso para a medição dos conteúdos de óleo e água de emulsões. Este método, no entanto, é genericamente restrito a emulsões externas de óleo (emulsões W/O) (PAL, 1994). 36 5.1.2 Métodos de condutância Os métodos de condutância são muito parecidos aos métodos de capacitância exceto que a condutividade elétrica (condutância) da emulsão não é monitorada pela constante dielétrica (capacitância). Este método é genericamente aplicável somente a emulsões O/W, pois as emulsões W/O têm condutividade muito baixa. A condutividade elétrica de emulsões é fortemente relacionada à concentração da fase dispersa (óleo). Pode ser notado que de acordo com o modelo de Wagner (PAL, 1994), a condutividade elétrica de emulsões O/W é independente da freqüência, devido ao fato de que o óleo é não-condutor e não-polar (exceto à baixas freqüências onde a polarização do eletrodo pode se tornar um problema). Assim, de acordo com o modelo de Wagner, a concentração de óleo em emulsões O/W pode ser calculado, considerando o fato de que as condutividades da emulsão, K, e da fase aquosa, Kc são conhecidas: φ= 2[1 − (K / K c )] [2 + (K / K c )] (10) Deve ser ressaltado, que o modelo de Wagner considera que a condutividade elétrica de emulsões O/W é independente da freqüência somente se o óleo é nãocondutor e não-polar (PAL, 1994). A figura 16 mostra os gráficos da condutividade elétrica versos dados da freqüência para três emulsões diferentes. A figura 16 (a) mostra os dados para uma emulsão O/W 70% preparada de água destilada e uma mistura tetracloreto Nujolcarbono (fase óleo), a figura 16(b) mostra os dados para uma emulsão O/W 70% preparada de um solução aquosa de KCl 0.05 N e uma mistura de tetracloreto Nujolcarbono, figura 16(c) mostra os dados para uma emulsões O/W 70% preparada de água destilada e nitrobenzeno. Como pode ser observada, a condutividade elétrica para emulsões O/W é independente da freqüência quando o óleo é não-polar (a mistura de tetracloreto Nujol-carbono), mas estes mostram que um aumento considerável a freqüências altas quando o óleo é polar em sua natureza (nitrobenzeno). 37 FIGURA 16 Condutividade elétrica vs. dados de freqüência para três emulsões diferentes de O/W (PAL, 1994). O método de condutância de monitoramento da composição foi recentemente investigado por PAL para emulsões O/W fluindo através de uma tubulação. Um sensor eletrodo especial na forma de estrela foi usado para monitorar a condutância de emulsões em fluxo. O diagrama esquemático do eletrodo sensor (célula de condutância) é mostrado na figura 17. Os dados de calibração para a célula de condutância foram obtidos pela passagem de soluções de condutividade conhecidas pela célula de condutância. 38 FIGURA 17 Célula de condutância em linha (PAL, 1994). Emulsões de óleos minerais refinados em água de fornecimento foram preparados em um tanque de mistura equipado com misturadores de altas tensões de cisalhamento. As emulsões preparadas no tanque foram bombeadas pela célula de condutância que tem forma de estrela e a leitura do medidor condutância foi gravada em função da concentração do óleo. Dois tipos diferentes de emulsões foram preparadas. Em um tipo, não foi adicionado nenhum tipo de emulsificante químico (surfactante) foi adicionado de modo que as emulsões produzidas eram instáveis com respeito a coalescência, as emulsões separavam em fase óleo e fase água prontamente, se deixadas em repouso por algum tempo. No outro tipo, um emulsificante não-iônico (Triton X-100) foi adicionado, e consequentemente as emulsões produzidas eram muito estáveis em relação a coalescência. Para as emulsões instáveis, a concentração de óleo foi variada de 0 até 84,32% por volume. As emulsões eram do tipo O/W até o ponto de inversão (77.53% por volume de óleo) onde a emulsão O/W invertia em uma emulsão W/O. As emulsões instáveis foram preparadas por cisalhamento com quantidades conhecidas de óleo e solução surfactante aquosa (1% por peso). As emulsões produzidas foram do tipo O/W em toda a gama de concentração da fase dispersa (óleo) investigada (0-72,21% por volume). Não ocorreu inversão de emulsão O/W para W/O neste tipo de emulsão. 39 A figura 18 mostra o gráfico da condutância da emulsão em função da concentração de óleo para emulsões instáveis. Inicialmente, o valor de condutância diminui levemente com o aumento da concentração de óleo. No entanto, em uma concentração de óleo de aproximadamente 77,53% por volume, uma súbita queda no valor de condutância ocorre devido a inversão da emulsão O/W para W/O. FIGURA 18 Condutância como uma função da fração do volume de óleo para emulsões O/W instáveis (sem surfactante) (PAL, 1994). Os dados de condutividade para ambos os tipos de emulsão, emulsões O/W estáveis e instáveis, são comparadas com o modelo de Wagner na figura 19. 40 FIGURA 19 Comparação do dado experimental com o modelo de Wagner para a condutividade elétrica de emulsões O/W. (PAL, 1994). Assim, o método da condutância é um método viável e preciso para medida de composição de emulsões. Este método, no entanto, é geralmente aplicável somente a emulsões do tipo O/W. Este método também é sensível a variações na condutividade da fase continua, o qual pode sofrer mudanças em muitas aplicações. 41 6 O Sensor 6.1 Descrição do sensor Dentre os métodos descritos acima para a medida da composição de emulsões, definiu-se como método base para o desenvolvimento do sensor, o método elétrico baseado na resistividade/condutividade. Qualitativamente, resistividade é a medida de dificuldade que um determinado material impõe à passagem de uma dada corrente elétrica, ou, o inverso, a condutividade é a facilidade com que a corrente elétrica passa através de um certo material. A resistividade é designada por (ρ), dada em ohm.m e a condutividade (σ), dada em Siemens por metro (S/m), sendo a relação entre elas ρ=1/σ. Numericamente, a resistividade é igual à resistência (em ohms) medida entre os lados opostos de um cubo do material que se deseja medir (BORGES, 2002). A partir do esboço do protótipo do sensor (figura 20), este pôde ser construído utilizando-se dos seguintes materiais: - tubo de cobre de 20 mm de diâmetro; - vareta de latão de 9,5 mm; - dois T aquaterm de CPVC, de ½” de diâmetro; - duas espigas; - Multímetro analógico; - Materiais auxiliares: funil de separação, mangueiras de silicone, carteira escolar comum. 42 FIGURA 20 Esquema do protótipo do sensor 6.2 Descrição do Experimento Toda a parte experimental deste trabalho foi realizada no laboratório do Instituto de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá, mais especificamente na oficina de soldagens. A primeira montagem da bancada foi realizada da seguinte forma: posicionouse o sensor na horizontal sobre uma mesa, nas extremidades das espigas de entrada e saída do sensor foram conectadas mangueiras de silicone. A mangueira de entrada foi conectada ao funil de separação, e a mangueira de saída foi posicionada em um balde para recolher toda a água utilizada no circuito, uma vez que inicialmente o aparato estava operando em circuito aberto. A água era coletada da torneira, armazenada em béqueres, e colocada no funil de separação sempre que o nível da água baixava. Iniciaram-se os testes com a passagem contínua de água pura (à temperatura ambiente), tomando-se o cuidado de sempre retirar o ar contido nos tubos e nas 43 mangueiras, para que sejam amenizados os erros nas leituras. A leitura inicial da resistência da água foi de 0,23 k ohms. Com a leitura da água estabilizada, foram geradas emulsões de O/W com as concentrações de óleo variando de 100 a 400 ppm. Essas emulsões foram geradas utilizando-se o óleo Albacora, cuja densidade é de aproximadamente 880 kg/m3. cabe aqui ressaltar, que todas as emulsões usadas nestes experimentos foram geradas em um liquidificador comum, e o tempo de mistura foi de 3 minutos. As leituras estão descritas na tabela 3. TABELA 3 Leituras iniciais com emulsões preparadas com óleo Albacora. Leitura água pura Concentração da Leitura do sensor k ohms emulsão [ppm] k ohms 0,23 100 0,68 0,32 100 0,58 0,32 100 0,51 0,31 200 0,66 0,30 300 0,97 0,32 400 0,99 Após esta primeira bateria de testes, percebeu-se a necessidade de uma limpeza do sensor, pois poderia estar ocorrendo acúmulo de óleo nas paredes deste. A limpeza do aparato foi feita com a passagem contínua de querosene, seguido de água com detergente, e por fim, com a passagem de água quente. Para o teste seguinte, foram geradas duas emulsões de 100 ppm de óleo Jubarte, cuja densidade é aproximadamente 953 kg/m3. Espera-se que as emulsões geradas com o óleo Jubarte possuam maior estabilidade, ou seja, apresentem uma separação de fases mais lenta do que as emulsões geradas com o óleo Albacora, pois estava ocorrendo um acúmulo relativamente grande de óleo Albacora nas paredes do liquidificador. As leituras estão apresentadas na tabela 4. 44 TABELA 4 Leituras feitas com emulsões preparadas com óleo Jubarte. Leitura água pura Concentração da Leitura do sensor k ohms emulsão [ppm] k ohms 0,54 100 0,84 0,51 100 0,80 TABELA 5 Leituras para análise da estabilidade das medidas com água pura. Leitura com água pura em k ohms Tempo para estabilizar a medida 1,18 14’ 35’’ 1,04 05’ 10’’ 1,00 06’ 35’’ 0,94 03’ 02’’ 0,97 04’ 28’’ 0,90 06’ 00’’ 0,90 05’ 08’’ Os dados da tabela 5 são referentes às leituras realizadas para avaliar o comportamento da estabilidade nas medidas com a água pura, pois a cada bateria de testes, mesmo com a limpeza do aparato, as leituras com esse mensurando variaram muito, e estabilizaram-se em um valor diferente daqueles medidos anteriormente. Notou-se que o método usado para a reposição da água no funil de separação não estava gerando uma vazão constante, e que esse fato poderia estar influenciando na estabilidade das leituras da água. Para comprovar este fato e tentar solucionar esse problema, toda a bancada foi posicionada próxima a uma torneira, e com o auxílio de 45 uma mangueira, fez-se a ligação direta desta com o funil, tornando-se possível um fornecimento de água constante. Foram estabelecidas duas posições de abertura da torneira obtendo-se desta forma, uma vazão baixa e uma vazão alta. As leituras realizadas encontram-se na tabela 6. TABELA 6 Leituras para análise da estabilidade das medidas com água pura utilizando-se vazão baixa e vazão alta. Leituras com vazão Baixa Leituras com vazão alta k ohms k ohms 0,52 0,39 0,51 0,35 0,54 0,33 0,51 0,38 0,56 0,36 0,54 0,40 A partir da nova montagem da bancada, foram geradas emulsões com concentrações variando de 100 a 400 ppm. As leituras obtidas estão representadas na tabela. 7. Cabe ressaltar que todas as emulsões utilizadas no restante dos experimentos são geradas a partir do óleo Jubarte. TABELA 7 Leituras realizadas com emulsões geradas de óleo Jubarte, e com vazão constante. Leituras com água Concentração da emulsão Leitura do sensor k ohms [ppm] k ohms 0,44 100 0,89 0,44 100 0,79 0,48 200 0,89 0,34 200 0,77 0,37 300 0,83 0,38 300 0,86 46 0,36 400 0,75 0,39 400 0,81 Notou-se que mesmo com a mudança da posição da bancada a estabilidade ainda não respondia de forma constante. Para tentar melhorar a questão da instabilidade nas leituras, instalou-se uma bomba centrífuga no aparato, para que a água circulasse em um circuito fechado, e desta forma, fosse possível conseguir uma vazão constante. O novo esquema pode ser visto na figura 21. FIGURA 21 Bancada com a bomba centrífuga instalada. Na figura, os números representam: 1 representa o sensor; 2 o recipiente de depósito de água ou emulsão; 3 a bomba centrífuga; 4 o multímetro. 47 Com a bomba instalada e ligada, adicionou-se uma amostra de 3 L de água pura no recipiente de depósito de água do novo aparato, e foram realizados medidas (tabela 8) com intervalos de 3 minutos entre elas, com o propósito de avaliar a estabilidade das leituras do sistema operando com a bomba. Transcorridos os 50 minutos da análise anterior, foram feitas 4 medidas com intervalos regulares de 10 minutos cada, como pode ser observado na tabela 9. Podese notar que a estabilidade foi alcançada nos 10 minutos finais, porém, deve-se considerar os 50 minutos anteriores, pois após esse período, a amostra já estava relativamente homogênea. Mas cabe ressaltar que no processo como um todo, ou seja, onde o aparato estaria operando 24 horas por dia, esse tempo não tem relevância. TABELA 8 Leituras realizadas em intervalos de tempo regulares de 3 minutos, objetivando análise da estabilidade das leituras do sistema operando com a bomba. VALORES OBTIDOS k ohms 0,255 0,258 0,265 0,273 0,282 0,295 0,309 0,328 0,360 0,392 0,323 0,310 0,303 0,303 0,310 48 0,338 TABELA 9 Leituras realizadas em intervalos de tempo regulares de 10 minutos, objetivando análise da estabilidade das leituras do sistema operando com a bomba. VALORES OBTIDOS k ohms 0,371 0,534 0,526 0,526 Antes de iniciar a bateria de teste com as emulsões, e após a estabilidade na leitura (0,272 k ohms), foi realizado um último um teste para avaliar a repetibilidade do sistema. Esse teste é realizado na seguinte seqüência: primeiramente a leitura deve estar estável; em seguida, aciona-se o sistema e faz-se a leitura; desliga-se o sistema e cronometra-se 20 segundos; o sistema é acionado novamente, e nova leitura é realizada. Todas as leituras encontram-se na tabela 10, e a partir delas, pode-se dizer que o sistema responde com boa repetibilidade. TABELA 10 Leituras realizadas no teste de repetibilidade. Leituras em k ohms 0,275 0,270 0,278 0,278 0,275 Por fim, foi iniciada a bateria de testes na qual o mensurando é a emulsão. Para esta bateria de testes, foram usadas emulsões de concentração 20, 40, 100 e 400 ppm. 49 De maneira geral, o teste segue a seqüência descrita abaixo: • Gerar a emulsão; • Ligar o aparato, adicionar a amostra de 2 L de água pura, cronometrar 3 minutos, e registrar a leitura a leitura.; • Acrescentar uma amostra de 200 mL da emulsão, cronometrar 3 minutos, e registrar a leitura. Esse procedimento é realizado 5 vezes para cada emulsão gerada, e em cada teste (foram feitos testes em triplicata). As tabelas 13, 14, 15, 16, 17 e 18 com os resultados obtidos a partir desta última bateria de testes encontram-se em Anexo. 50 7 Características da Água Neste capítulo serão feitos comentários a respeito de padrões de qualidade de água para laboratório, bem como alguns fatores que afetam as características de pureza da água. 7.1 Padrões de qualidade de água para laboratório De acordo com BREDA (2001), a água de abastecimento urbano (“água de torneira”) não tem pureza suficiente para muitas aplicações específicas com uso em laboratório, preparação do banho de hemodiálise, produção de medicamentos e alguns produtos químicos específicos, produção de determinados componentes eletrônicos, alimentação de caldeiras, sistemas de geração de vapor, sistemas de refrigeração, etc. No caso específico de pesquisas e análises em geral, os pesquisadores analíticos comumente estão envolvidos com elementos e compostos presentes ao nível de ppb (partes por bilhão) na água e outros materiais. Os métodos analíticos usados em pesquisa biológica são freqüentemente sensíveis a vários contaminantes, particularmente metais pesados, matéria orgânica dissolvida e microrganismos. A cromatografia líquida de alta resolução (HPLC-High Performance liquid Cromatography) requer água ultrapura para calibração das linhas base do detector. Para atender a crescente sensibilidade exigida em suas pesquisas, várias organizações profissionais têm estabelecido padrões de qualidade de água. Esses grupos, nos Estados Unidos, incluem o National Committee for Clinical laboratory Standards (NCCLS- Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios Clínicos), o College of American Pathologists (CAP- Colegiado dos Patologistas Americanos), a Association for Advancement of Medical Instrumentation (AAMI-Associação para o 51 Avanço da Instrumentação Médica) e a American Society for Testing and Materials (ASMT- Sociedade Americana para Ensaios e Materiais); a nível internacional, têm-se, entre outros, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e órgãos específicos da Comunidade Econômica Européia. Como exemplo, o NCCLS especificou quatro tipos de água, de acordo com suas respectivas aplicações, que são definidos a seguir: - Água Tipo I: pode ser considerada como a água de qualidade “ideal”, isto é, a água com a melhor qualidade possível de ser obtida com a tecnologia disponível atualmente para tratamento e purificação de água. Deve ser usada em métodos de análise que requeiram mínima interferência e máxima precisão e exatidão (absorção atômica, espectrometria de emissão de chama, traços de metais, procedimentos enzimáticos sensíveis traços de metais, eletroforese, cromatografia líquida de alta resolução, fluorometria entre outros); preparação de soluções padrão e de soluções tampão; processos onde a presença de microrganismos deve ser mínima. A água Tipo I deve ser usada no momento em que é produzida, não deve ser estocada, pois sua resistividade diminui, podendo ocorrer lixiviação de metais e/ou compostos orgânicos do frasco de estocagem e também desenvolvimento/ contaminação bacteriana. - Água Tipo II: métodos analíticos e processos onde é tolerada a presença de bactérias: reagentes em geral, sistemas de microbiologia e métodos/processos aos quais não é necessário o uso da água do tipo I e da água para aplicações especiais. - Água Tipo III: para lavagem de vidrarias em geral, produção de água de maior grau de pureza e preparação de culturas bacteriológicas. - Água para Aplicações Especiais: utilizada em procedimentos que requerem a remoção de contaminantes específicos – remoção de traços orgânicos para cromatografia líquida de alta resolução. As tabelas 11 e 12 a seguir mostram os padrões de qualidade de água dos tipos I, II e III, e os principais padrões de qualidade de água tipo I adotados por três respeitadas instituições dos EUA – o NCCLS, o CAP e a ASTM: 52 TABELA 11 Especificações do NCCLS para Água Grau Reagente (BREDA,2001). TABELA 12 Padrões de Água Tipo I adotados nos EUA (BREDA, 2001). NOTA: A resistividade e a condutividade de água do tipo I devem ser medidas em linha; a medição em recipientes pode dar resultado falso nesse caso específico (BREDA, 2001). 53 7.2 Principais contaminantes presentes na água A capacidade única que a água tem de dissolver, até certo ponto, quase todos os compostos químicos e suportar praticamente todas as formas de vida significa que os abastecimentos de água não tratada contêm muitos contaminantes. As principais categorias de impurezas que se encontram na água não tratada incluem: partículas em suspensão (incluindo colóides), sais inorgânicos dissolvidos, compostos orgânicos dissolvidos, microrganismos, e gases dissolvidos (ELGALABWATER). 7.2.1 Partículas em suspensão A matéria em suspensão na água inclui lodo, detritos dos canos e colóides. As partículas coloidais (que podem ser orgânicas ou inorgânicas) não estão verdadeiramente em solução ou em suspensão e dão origem a névoa ou turvação da água. O grau de contaminação coloidal pode ser determinado por um teste de índice de sujidade ou por turbidimetria.No teste de índice de sujidade, faz-se passar a água não tratada por um filtro normal e mede-se a velocidade de entupimento. Quanto maior for a velocidade de entupimento, maior é a quantidade de contaminação coloidal. O método turbidimétrico determina o teor do total de sólidos em suspensão na água não tratada fazendo passar um feixe de luz através da água e medindo a proporção de luz difundida pelas partículas em suspensão (ELGALABWATER). 7.2.2 Inorgânicos Dissolvidos As substâncias inorgânicas em solução incluem sais causadores de dureza (Ca ++ e Mg++), derivados de estratos rochosos; os bicarbonatos de cálcio e magnésio dão origem à “dureza temporária”, enquanto os sulfatos e cloretos provocam “dureza permanente”. As outras impurezas inorgânicas presentes na água incluem: dióxido de carbono, que se ioniza quando dissolvido na água e forma ácido carbônico de reduzida acidez; sais de sódio; silicatos lixiviados dos leitos arenosos dos rios; compostos 54 ferrosos de canos enferrujados; íons cloreto e fluoreto, de estações de tratamento de água; íons alumínio, manganês, cobre, e outros. O total de sólidos dissolvidos (TSD) é o resíduo em ppm obtido pelo método tradicional de evaporar uma amostra de água até secar e aquecer a 180ºC. Este resíduo inclui colóides, compostos orgânicos não voláteis e sais que são estáveis a esta temperatura. Os sais inorgânicos constituem, de longe, a maior parte dos resíduos, e o TSD é usado como indicador do nível total de compostos inorgânicos presentes em águas de alimentação. Pode ser medido diretamente ou calculado multiplicando a condutividade da água em µS/cm a 25ºC por 0,7 (ELGALABWATER). 7.2.2.1 Condutividade/Resistividade A condutividade e resistividade elétrica são parâmetros geralmente usados para a pureza relativa da água. A condutividade é usada como medida da qualidade da água não tratada ou de grau primário, e a resistividade é o inverso da condutividade, como citado anteriromente. A condutividade é mais adequada para água com grande quantidade de íons, e a resistividade é mais adequada para água com poucos íons dissolvidos. Os sais inorgânicos em solução consistem em cátions, de carga positiva, e ânions, de carga negativa, e transmitem uma corrente elétrica quando é aplicada uma tensão entre dois elétrodos na água. Quanto maior o número de íons presentes, maior será a corrente, maior será a condutividade e menor será a resistividade. Os valores de condutividade inferiores a 2 µS/cm têm de ser medidos em linha, já que a água de elevada pureza absorve rapidamente contaminantes do meio envolvente, especialmente dióxido de carbono; e como resultado, a sua condutividade aumenta. A condutividade e a resistividade dependem da temperatura. A 25ºC, a água totalmente pura tem uma resistividade de 18,2 MΩ-cm (uma condutividade de 0,055 µS/cm) devido aos íons de hidrogênio e hidróxidos presentes. Porém, uma água de boa qualidade deve ter um pH entre 6,3 e 7,2, e uma resistividade acima de 6000 Ohms Um aumento da temperatura da água resultará numa condutividade mais alta e numa resistividade mais baixa. Isto não deve ser interpretado como uma deterioração da qualidade da água tratada. Se a temperatura subir 1ºC, a condutividade da água da 55 rede de alimentação aumentará cerca de 2%, enquanto a da água ultrapura aumentará 6% (ELGALABWATER). 7.2.3 Compostos orgânicos dissolvidos As impurezas orgânicas da água resultam da decomposição de matéria vegetal, principalmente os ácidos húmico e fúlvico, e da agricultura, do fabrico de papel, bem como de resíduos domésticos e industriais. Estes incluem detergentes, gorduras, óleos, solventes e resíduos de pesticidas e herbicidas. Também pode haver resíduos de revestimentos internos de tubulaçãoes, conexões e tanques de estocagem, decorrentes da lixiviação de tais superfícies (ELGALABWATER). 7.2.4 Microrganismos As águas superficiais contêm uma grande variedade de microorganismos, incluindo bactérias, protozoários, algas e outros. No entanto, dado que a maior parte da água de laboratório vem de estações de tratamento municipais, e é muito tratada para remover microorganismos, os principais microorganismos de interesse são as bactérias. Um nível bacteriano típico para um abastecimento de água de laboratório potável é de dez unidades formadoras de colônias por mililitro (CFU/ml ou inferior). As bactérias são mantidas a este nível reduzido através da utilização de níveis residuais de cloro ou de outros desinfectantes. Quando os desinfectantes são removidos durante um processo de purificação, as bactérias têm a oportunidade de se desenvolver (ELGALABATER). 56 7.2.5 Gases Dissolvidos O oxigênio e o dióxido de carbono são os dois gases mais comuns em águas naturais. O dióxido de carbono tem o comportamento de um ânion fraco e é removido por resinas de permutas aniônicas fortemente básicas. O oxigênio dissolvido também pode ser removido por desgasificação ou por resinas de permuta aniônica na forma de sulfito e o nível de oxigênio dissolvido na água de alimentação pode ser controlado com eletrodos específicos. Esses gases, como citado anteriormente, têm efeito sobre a condutividade (ELGALABWATER). 57 8 Resultados Como forma de interpretação dos resultados obtidos (tabelas de 13 a 18), foram gerados os gráficos das figuras 22 a 27 representados abaixo. Cada tabela representa os experimentos realizados num mesmo dia. Nos três primeiros gráficos a emulsão inicialmente gerada era de 20 ppm, e esta foi sendo diluída ao longo do experimento variando de 1,82 ate 6,67 ppm.. Cabe dizer também que se realizarmos um “shift” nas curvas, ou seja, trouxermos essas curvas para o valor referência, tem-se uma maior aproximação dessa curvas. Esse deslocamento das curvas tem a finalidade de se tentar representar o impacto que o óleo exerce sobre a água. Para a realização desse “shift”, subtraiu-se de cada ponto na curva o valor da água de referência medida no início de cada experimento. Para o gráfico de 40 ppm (variação da concentração de 3,64 a 13,33 ppm), foram realizados apenas dois experimentos, mas pode-se dizer que a resposta do sensor a esta concentração é relativamente boa se comparada àquela para concentração inicial de 20 ppm. No gráfico para concentrações iniciais de 100 ppm, tem-se a variação da concentração de 9,09 a 33,33 ppm. Percebe-se que para essas concentrações, as respostas do sensor são melhores e as curvas estão mais próximas. Com a realização do “shift” das curvas, essas se tornaram mais próximas ainda. Para o gráfico de concentração inicial de 400 ppm, a concentração variou de 36,36 a 133,33 ppm e as respostas do sensor também foram melhores. As curvas também se tornaram mais próximas após o deslocamento dessas para o valor referência. A partir do exposto acima, pode-se dizer que: -há variância nas medidas com aumento o da concentração, mas não há repetibilidade nas leituras para testes com mesmas concentrações de óleo; 58 -o sensor responde melhor às concentrações na faixa de 9 a 33 ppm, sendo esta a faixa de maior interesse visto que a legislação ambiental brasileira exige que a concentração em todas as tubulações de esgoto seja menor do que 20 ppm. Portanto, diante disto, pode-se dizer que o sensor não é muito recomendável para leitura de concentrações muito pequenas, uma vez q neste caso a influência de outros fatores será maior do que a concentração; -há uma tendência à linearidade das leituras, como pode ser visto nos gráficos. Resultados para emulsão de concentração inicial de 20ppm (Parte I) Leituras (k Ohms) 0.45 0.4 0.35 Experimento 1 0.3 0.25 Experimento 2 Experimento 3 Referência 1 Referência 2 Referência 3 0.2 0.15 0.1 0.05 0 0 1.5 3 4.5 6 7.5 Concentração Nominal [ppm] FIGURA 22 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 20 ppm (Parte I). 59 Resultados obtidos para emulsão de Leituras (k ohms) concentração inicial de 20 ppm (ParteII) 0,5 Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 0,4 0,3 Referência 1 Referência 2 Referência 3 0,2 0,1 0 0 1,5 3 4,5 6 7,5 Concentração nominal [ppm] FIGURA 23 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 20 ppm (Parte II). Leitura (k ohms) Resultados para emulsão de concentrações iniciais de 20 e 40 ppm 0,4 E1-20 ppm 0,3 E2- 20 ppm 0,2 E3- 40 ppm 0,1 E4- 40 ppm 0 -0,1 0 2,5 5 7,5 10 12,5 Concentração Nominal [ppm] 15 Ref. 1- 20 ppm Ref. 2- 20 ppm Ref. 3- 40 FIGURA 24 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 20 e 40 ppm. 60 Resultados para emulsão de concentração inicial 100 ppm Leituras (K Ohms) 0.6 0.5 Experimento 1 0.4 Experimento 2 Experimento 3 0.3 Referência 1 0.2 Referência 2 Referência 3 0.1 0 0 9 18 27 36 Concentração Nominal [ppm] FIGURA 25 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 100 ppm. Resultados para emulsão de concentração inicial de 400 ppm (Parte I) Leituras (k Ohms) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 50 100 150 Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Referência 1 Referência 2 Referência 3 Concentração Nominal [ppm] FIGURA 26 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 400pm (Parte I). 61 Resultados para emulsão de concentração inicial de 400 ppm (Parte II) Leituras (K Ohms) 0.7 0.6 Experimento 1 0.5 Experimento 2 0.4 Experimento 3 0.3 Referência 1 0.2 Referência 2 Referência 3 0.1 0 0 30 60 90 120 150 Concentração Nominal [ppm] FIGURA 27 Curva dos resultados obtidos dos experimentos com emulsões de concentração inicial de 400ppm (ParteII). 62 9 Comentários Finais Um dos objetivos deste trabalho foi o de desenvolver o protótipo de um sensor que monitorasse continuamente a concentração de óleo presente em amostras de água. Pode-se dizer que o sensor desenvolvido responde às variações de concentração de óleo na água, porém não há repetibilidade e linearidades nas leituras obtidas para uma mesma concentração de óleo, como pode ser observado nas tabelas em Anexo e no capítulo referente aos resultados. Ao iniciarem os testes, a dificuldade em se obter a estabilidade nas leituras com o mensurando água foi um problema que parecia ser apenas inicial, mas que se tornou de grande importância, pois esteve presente até o fim dos experimentos. Algumas tentativas com o intuito de minimizar essa questão foram feitas: instalação de uma bomba centrífuga ao sistema para que este trabalhasse em circuito fechado e com vazão constante; substituição do multímetro inicialmente utilizado e, troca da bateria do multímetro. Percebeu-se que a dificuldade em se estabilizar as leituras pode ter como causas: • A vazão, que no início dos experimentos não podia ser considerada como constante, uma vez que a água circulava em circuito aberto, e era reposta manualmente com o uso de béqueres; • Possíveis variações diárias das características físicas e químicas da água da COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) companhia que faz o abastecimento de água da UNIFEI - essas variações podem ser na resistividade da água bem como da concentração de sais, os quais têm influência neste parâmetro. • O acúmulo de óleo nas paredes do sensor, o que pode influenciar de certa forma na estabilidade, pois conforme a água vai circulando no sensor, pode haver desprendimento lento de óleo, o que causa uma variação na resistividade da água. Mesmo com a limpeza do sensor após cada teste com emulsão, utilizando-se para isto detergente, 63 querosene e água fervendo, o acúmulo de óleo ainda poderia estar ocorrendo, exercendo ainda influência na estabilidade das leituras. Esse acúmulo de óleo nas paredes do sensor pode ter como causa a geometria do sensor. Uma distância menor entre os eletrodos ou a uma redução no comprimento do sensor poderia reduzir esse acúmulo de óleo. Outro fato a ser considerado é a concentração da emulsão. Durante o processo de geração da emulsão, uma parte do óleo se impregnou nas paredes do copo do liquidificador alterando a concentração inicialmente conhecida. Portanto, não se pode afirmar que a concentração utilizada nos testes é a inicialmente considerada (ou seja, não se pode afirmar que essa é uma concentração real), uma vez que não se sabe quanto de óleo ficou impregnado nas paredes do liquidificador. Deveriam ter sido feitas leituras comparativas com raio infravermelho para que se pudesse conhecer a real concentração da emulsão que estava sendo usada nos experimentos. De acordo com o que foi exposto acima, pode-se dizer que apesar dos problemas encontrados, a resistividade parece promissora como comparador de qualidade de água, ou seja, se compararmos o valor lido com um valor referência é possível dizer se a água possui uma contaminação maior ou menor que a referência, e desta forma, poderia ser criado um instrumento que auxiliaria no monitoramento. 64 10 Recomendações para trabalhos futuros - Modificar a geometria do sensor, e para isto, duas hipóteses são sugeridas: o uso da geometria descrita no texto (seção 5.1.2, página 37, na figura 17), ou o uso de tubos concêntricos de diâmetros menores. No primeiro caso, aumentar-se-ia a área de contato entre os eletrodos e o mensurando (emulsão ou água), melhorando-se assim a leitura. Para o segundo caso, diminuir-se-ia a distância entre os eletrodos, reduzindose a altura da lâmina d’água, aumentando-se desta forma a velocidade de escoamento da amostra, e por conseqüência, a quantidade de óleo que se acumularia nas paredes do sensor. - Realizar testes para utilizando água de pureza conhecida, para que se possa avaliar o grau de influência das variações das características físicas e químicas da água nas leituras, uma vez que a água usada nos experimentos era proveniente da COPASA, e estas características poderiam estar variando ao longo de um mesmo dia, e ao longo dos dias em que os experimentos foram realizados. 65 Anexo- Tabelas TABELA 13 Leitura realizadas com emulsões de 20 ppm (Parte I). Experimento E1 E1 E1 E1 E1 E1 mL de água 2000 2000 2000 2000 2000 2000 mL de emulsão 0 200 400 600 800 1000 Concentração emulsão [ppm] 0 20 20 20 20 20 Leitura k ohms 0,303 0,319 0,329 0,337 0,347 0,360 Concentração Nominal [ppm] 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E2* E2* E2* E2* E2* E2* 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 20 20 20 20 20 20 0,308 0,303 0,303 0,308 0,315 0,326 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 0,314 0,304 0,301 0,302 0,304 0,302 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E3* 2000 0 20 E3* 2000 200 20 E3* 2000 400 20 E3* 2000 600 20 E3* 2000 800 20 E3* 2000 1000 20 * Grande acumulo de óleo no copo do liquidificador. 66 TABELA 14 Leituras realizadas com emulsões de 20 ppm (Parte II). Experimento E4 E4 E4 E4 E4 E4 mL de água 2000 2000 2000 2000 2000 2000 mL de emulsão 0 200 400 600 800 1000 Concentração da emulsão [ppm] 0 20 20 20 20 20 Leitura k ohms 0,284 0,303 0,315 0,338 0,377 0,427 Concentração Nominal [ppm] 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E5 E5 E5 E5 E5 E5 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 20 20 20 20 20 20 0,259 0,266 0,270 0,285 0,292 0,309 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 20 20 20 20 20 20 0,271 0,274 0,275 0,278 0,285 0,289 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E6* 2000 0 E6* 2000 200 E6* 2000 400 E6* 2000 600 E6* 2000 800 E6* 2000 1000 * Troca de bateria do multímetro. 67 TABELA 15 Leituras realizadas com emulsões de 20 e 40 ppm. Experimento E7 E7 E7 E7 E7 E7 mL de mL de água emulsão 2000 0 2000 200 2000 400 2000 600 2000 800 2000 1000 Concentração da emulsão [ppm] 0 20 20 20 20 20 Leitura k ohms 0,323 0,319 0,322 0,327 0,336 0,343 Concentração Nominal [ppm] 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E8 E8 E8 E8 E8 E8 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 20 20 20 20 20 20 0,294 0,301 0,307 0,317 0,328 0,337 0,00 1,82 3,33 4,62 5,71 6,67 E1 E1 E1 E1 E1 E1 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 40 40 40 40 40 40 0,287 0,291 0,297 0,308 0,321 0,330 0,00 3,64 6,67 9,23 11,43 13,33 E2 E2 E2 E2 E2 E2 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 40 40 40 40 40 40 0,289 0,289 0,295 0,304 0,315 0,331 0,00 3,64 6,67 9,23 11,43 13,33 68 TABELA 16 Leituras realizadas com emulsões de 100 ppm. Experimento E1 E1 E1 E1 E1 E1 mL de água 2000 2000 2000 2000 2000 2000 mL de emulsão 0 200 400 600 800 1000 Concentração emulsão [ppm] 0 100 100 100 100 100 Leitura k ohms 0,334 0,358 0,388 0,425 0,463 0,500 Concentração Nominal [ppm] 0,00 9,09 16,67 23,08 28,57 33,33 E2 E2 E2 E2 E2 E2 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 0 100 100 100 100 100 0,311 0,334 0,364 0,394 0,420 0,459 0,00 9,09 16,67 23,08 28,57 33,33 E3 E3 E3 E3 E3 E3 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 100 100 100 100 100 100 0,289 0,306 0,333 0,356 0,376 0,395 0,00 9,09 16,67 23,08 28,57 33,33 69 TABELA 17 Leituras realizadas com emulsão de 400 ppm (Parte I). Experimento E1 E1 E1 E1 E1 E1 ML de água 2000 2000 2000 2000 2000 2000 mL de emulsão 0 200 400 600 800 1000 Concentração emulsão [ppm] 0 400 400 400 400 400 Leitura k ohms 0,448 0,53 0,647 0,721 0,814 0,909 Concentração Nominal [ppm] 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 E2 E2 E2 E2 E2 E2 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 0 400 400 400 400 400 0,342 0,367 0,398 0,445 0,528 0,59 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 E3 E3 E3 E3 E3 E3 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 0 400 400 400 400 400 0,401 0,416 0,431 0,468 0,559 0,639 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 70 TABELA 18 Leituras realizadas com emulsão de 400 ppm (Parte II). Experimento E4 E4 E4 E4 E4 E4 mL de água 2000 2000 2000 2000 2000 2000 mL de emulsão 0 200 400 600 800 1000 Concentração emulsão [ppm] 0 400 400 400 400 400 Leitura k ohms 0,441 0,466 0,486 0,52 0,586 0,635 Concentração Nominal [ppm] 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 E5 E5 E5 E5 E5 E5 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 0 400 400 400 400 400 0,396 0,414 0,423 0,44 0,469 0,517 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 E6 E6 E6 E6 E6 E6 2000 2000 2000 2000 2000 2000 0 200 400 600 800 1000 0 400 400 400 400 400 0,34 0,368 0,4 0,446 0,521 0,568 0,00 36,36 66,67 92,31 114,29 133,33 71 Referências Bibliográficas AVRANAS, A., ZOUBOULIS, A.I. (2000) Treatment of oil-in-water emulsions by coagulation and dissolved-air flotation. Colloids and Surfaces: Physicochemical Engineering Aspects. p. 153-161 BARBOSA, A.A. (2002). Diretrizes para Elaboração de Relatórios, Dissertações e Monografias do curso de Engenharia Ambiental. Itajubá, UNIFEI. BORGES, W. R. (2002). 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