Capítulo 1 Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! Deus é capaz de incendiar até mesmo madeira imersa em água. Galhos velhos e secos também podem arder por Deus tal como aconteceu com a sarça de Moisés! Aleluia! Eu não oro “Deixa-me ser consumido por ti, querido Senhor!”, pois não quero ser um monte de cinzas. A surpreendente característica da sarça era que ela não se consumia. Muitos dos servos do Senhor estão se consumindo, e a razão disso é outro tipo de fogo. Em vez disso, eu digo: “Deixa-me continuar a arder por Ti, querido Senhor”. A chama do altar nunca deve se extinguir. Sem fogo não existe Evangelho. O Novo Testamento começa com fogo; a primeira coisa dita acerca de Cristo, pela Sua primeira testemunha, tinha a ver com fogo. João Batista, sendo ele mesmo uma “luz ardente e brilhante”, declarou: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mateus 3.11.) João, o batista, apresentou Jesus, Aquele que batiza. João Batista ficava nas Porém, o batismo dele tinha uma grande diferença. águas frias do Jordão, João utilizava água, um elemento físico, mas Cristo batizando; usaria um elemento espiritual, o Espírito Santo. mas Jesus, o Água e fogo – que tremendo contraste! Não que João Batizador, batiza de Batista tivesse uma religião diluída (embora enconum rio de fogo. tremos isso por toda a parte, frequentemente combinada com gelo!). João Batista ficava nas águas frias do Jordão, batizando; mas Jesus, o Batizador, batiza de um rio de fogo. A obra notável de João era o batismo, e ele disse às multidões que a obra notável de Jesus também seria batismo. Jesus, Aquele que batiza no Espírito Santo. Depois de se tornar um crente, essa é a maior experiência de Cristo para a sua vida. 18 Evangelismo por Fogo Incendiários O Evangelho é como um isqueiro. O Espírito Santo não nos é dado apenas para nos ajudar a pregar sermões eloquentes; Ele é dado para incendiar os corações dos homens. E a não ser que Cristo nos incendeie, não poderemos trazer fogo à terra. “Sem mim nada podeis fazer”, diz o Senhor (João 15.5). Jesus instruiu os discípulos a não fazerem nada “até que do alto … [fossem] revestidos de poder” (Lucas 24.49). Quando esse poder veio, o Espírito revelou-Se em forma de línguas de fogo pousando sobre cada um deles. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. (Atos 2.3) Inicialmente, Jesus havia enviado os discípulos em pares (Lucas 10.1). Isso me faz lembrar de Sansão enviando raposas de duas em duas, transportando tochas acesas para provocar um incêndio nas lavouras, nos vinhedos e nos olivais do inimigo (Juízes 15). Os discípulos também foram enviados de dois em dois, condutores da tocha divina, incendiários de Deus, devastando os territórios do diabo com o Evangelho de fogo. Eles eram os novos Elias, trazendo fogo do céu. O fogo é a insígnia do Evangelho, o sinal do Filho do Homem. Apenas Jesus pode batizar com fogo. Até o fogo cair, o evangelismo e as atividades da igreja podem ser muito rotineiros e sem entusiasmo. Discursos de púlpito, homilias, considerações moralistas ou pregações sobre como você acha que a economia do país deveria ser – tudo isso é obra glacial. Nenhuma faísca divina gera combustão no gelo. Ninguém volta em chamas para casa. Em contraste, os dois que ouviam a Jesus na estrada de Emaús, voltaram para casa com os corações ardendo (Lucas 24.32). Tenho certeza de que Ele não lhes falou de política, nem deu sugestões ou conselhos; isso não faria o coração deles queimar. Jesus veio para “lançar fogo sobre a terra” (Lucas 12.49). A missão de Jesus não é um piquenique em um dia de feriado – Satanás está decidido a não deixar que seja; ele é um destruidor. O Senhor envia os Seus servos com uma advertência contra perigos físicos: Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. (Mateus 10.28) Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 19 Mas o que é um mero ferimento físico comparado a uma vida incendiada com o gozo e o descanso de Jesus? O que é o perigo corporal comparado à coroa da vida ou à obra maravilhosa que Ele nos dá para fazer? Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. (Mateus 10.8) O Sinal do Filho do Homem O fogo é a insígnia do Evangelho, o sinal do Filho do Homem. Apenas Jesus pode batizar com fogo. Quando vemos tais batismos, essa é a evidência de que Ele, e mais ninguém, está operando. É a marca distintiva da Sua atividade e da verdadeira fé cristã. Envolva-se em tais atividades, e sentirá o calor. O profeta Elias confirmou tal ponto: O Deus que responder por fogo, esse é que é Deus. (1 Reis 18.24) Somente um Deus poderia fazer isso. Elias tinha certeza de que Baal não seria capaz. Qual é a leitura do seu termômetro espiritual? Será que pelo menos está funcionando? Você está gelado? Será que existem altares frios na igreja? Adoração sem calor? Doutrinas aquecidas apenas por fricção? Existem teologias e ensinos tão incombustíveis quanto o chumbo. Sabemos que existem por aí livros religiosos que só proporcionam calor se lançados na fogueira. Tais itens que esfriam a nossa fé não têm nada a ver com o Cristo do Pentecostes; afinal, tudo em que Ele toca pega fogo. Jesus derrete o gelo. Os esforços de algumas igrejas para criar um pouco de entusiasmo são, espiritualmente, como esfregar dois gravetos um contra o outro. Falsa Munição O fogo de Deus é especial; na verdade, ele é único. Apenas o fogo de Deus era permitido no altar de Moisés, e não o fogo produzido por qualquer meio humano. Nadabe e Abiú fizeram fogo e acenderam com ele o seu incenso; esse fogo foi chamado de “fogo estranho”. Então fogo divino saiu de diante do Senhor, engolindo esse fogo estranho e provocando a morte dos sacerdotes rebeldes (Levíticos 10.1,2). 20 Evangelismo por Fogo Hoje, existe muito fogo estranho sendo oferecido no altar do Senhor. Também há evangelhos estranhos que não são, de maneira alguma, o Evangelho, mas teologias de incredulidade, pensamentos e filosofias de homens, criticismo e teorias. Neles não há nenhum traço do calor da glória do céu. Nada nessas teologias produz combustão; só produzem controvérsia. O que jaz por trás de tudo isso é algo que o meu amigo Paul C. Schoch me salientou. Ele citou para mim Mateus 16.23, onde Jesus dirigiu-se a Satanás quando falava com o apóstolo Pedro. Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus e sim das dos homens. Os pensamentos existem em dois níveis opostos. Existem os pensamentos de Deus e os pensamentos dos homens. Os altos e os baixos, como Deus disse em Isaías 55.8,9: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. Satanás pensa como os homens; ele simplesmente não pode entender a perspectiva de Deus. Isso é estranho quando nos lembramos quem Lúcifer originalmente era – um anjo junto do trono de Deus, o “querubim da guarda” (Ezequiel 28.14). Jesus esmagou a cabeça da serpente e acredito que tenha infligido algum dano cerebral ao diabo! Ele está desorientado. Inicialmente, Lúcifer era cheio de sabedoria, mas hoje, como Satanás, o adversário, o acusador dos irmãos, esse príncipe das potestades do ar (Efésios 2.2) está aturdido com o que Deus está fazendo e, especialmente, pelo que o Tais itens que esfriam Senhor fez na cruz. Esse tipo de confusão é causado a nossa fé não têm pelo pecado. nada a ver com o Cristo do Pentecostes; afinal, tudo em que Ele toca pega fogo. E da mesma forma que Satanás pensa como os homens, eles também pensam como ele. Eles também acham que a cruz é loucura e não entendem as Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 21 coisas de Deus, como o apóstolo Paulo enfatizou. A princípio, o apóstolo Paulo também não conseguia “ver” isso. Uma fúria fria contra os crentes consumialhe o coração. Ele era como um “homem-dragão”, respirando ameaças de morte. Cheio de zelo, sua mente estava repleta de engenhosa incredulidade. Todavia, quando creu no Senhor Jesus, as escamas caíram de seus olhos. Fico imaginando se o inferno não teria vontade de enviar espiões ao Reino de Deus só para ver quais segredos existem ali. De qualquer maneira, os demônios não entenderiam esses segredos. O inferno está completamente desnorteado. Para Satanás, o sacrifício de Cristo é uma trama planejada por Deus para a Sua própria vantagem. O diabo devora os outros; essa é a sua natureza má. Se fôssemos lutar contra o diabo no nível do pensamento humano, teríamos de lembrar que ele pensa como o homem pensa. Satanás inventou um xadrez humano e ele tem jogado esse jogo por milhares de anos. O diabo antecipa todas as nossas jogadas e pode nos preparar um xeque-mate dez jogadas antes; sua experiência vem desde o tempo de Adão e ele sabe cada truque da ingenuidade humana no tabuleiro. Não podemos produzir fé pela sabedoria de palavras. O diabo consegue sempre contra-argumentar o que dizemos. O Evangelho não teve a sua origem na mente de alguém. Não foi nenhum professor universitário que o deu a nós. Temos de nos mover na dimensão divina, onde o Inimigo não pode nos seguir. O diabo não é páreo para a mente do Espírito Santo. Se planejarmos, pregarmos, testemunharmos e evangelizarmos como homens, Satanás nos vencerá. Ele sabe como lidar com a psicologia e a propaganda. A resposta é: mova-se no Espírito e pregue o Evangelho tal como ele é. Dessa maneira, o arquienganador ficará confuso e não será capaz de acompanhar o jogo. O diabo nem sequer conhece o alfabeto do Espírito Santo. Vemos isso constantemente nas nossas campanhas evangelísticas, pois abrimos completamente os cultos ao Espírito Santo. E os resultados são emocionantes. Países inteiros são desafiados pelo tremendo poder de Cristo. Onde as falsas religiões e doutrinas de demônios antes haviam prevalecido, agora são abalados e destruídos. Nenhum pregador pode fazer isso, por mais popular e esperto que seja. Tal sucesso acontece apenas quando Deus age a Seu modo. Quando Ele entra na batalha, acontece uma tremenda vitória. Ele pode, quer, e será bemsucedido – sempre que Lhe permitirmos assumir o comando. 22 Evangelismo por Fogo Essas “barreiras rompidas” são parte das bênçãos dos últimos tempos que o Senhor prometeu. O dia de Pentecostes continuou – não parou em Jerusalém, pois é para “até aos confins da terra” (Atos 1.8). Eu lhe faço este desafio: Comece a operar no nível do Espírito e verá a libertação do Senhor. Esse tipo de evangelismo quebrará a coluna vertebral de Satanás em todo o mundo, e ele será destruído. É esse fogo santo que não pode ser imitado. Munição Verdadeira e com Poder Quando uma arma é carregada com bala de festim, o estampido e o coice são exatamente os mesmos produzidos por uma bala de verdade. Pode-se observar uma diferença no resultado do uso de uma bala verdadeira e de uma falsa, mas não no barulho que produzem. A munição falsa não deixa marca no alvo porque nunca consegue alcançá-lo. A bala real, entretanto, pode perfeitamente atingir o alvo. Não estamos interessados em simples estampido e coice, empolgação e manifestações espetaculares do Evangelho, mesmo que isso atraia centenas de milhares de pessoas. Queremos ver algo real atingir o centro do alvo. As multidões podem vir, mas devemos, pela fé, permitir que o Espírito Santo libere uma verdadeira descarga de poder de fogo a fim de que algo aconteça. Multidões nascem de novo, vidas são completamente transformadas, as igrejas estão cheias, o inferno vazio, e o Céu, povoado. Aleluia! Deus não envia o Seu fogo apenas para que possamos nos divertir com meia dúzia de experiências emocionais, embora este fogo também produza esse glorioso efeito. O poder do Espírito Santo produz cultos avivados, mas estar apenas contente e batendo palmas não satisfaz os Mas estar apenas desígnios de Deus. O Espírito Santo opera com um contente e batendo propósito eterno. palmas não satisfaz os desígnios de Deus. O Espírito Santo opera com um propósito eterno. Penso nisso quando vejo uma dessas locomotivas velhas a vapor, quase extintas, resfolegando. Esses cavalos de ferro são como criaturas vivas, respirando fumaça por causa do fogo no seu estômago. Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 23 O trabalho do foguista é alimentar o fogo e manter uma boa produção de vapor. Quando a pressão sobe, ele se volta para o maquinista e diz: “Liberar a pressão!” Então o condutor da locomotiva pode O propósito real fazer uma das seguintes coisas: ou puxa a alavanca do do Pentecostes é apito, ou gira a alavanca que conduz a energia para os conseguir que em pistões. O apito expelirá vapor até não restar mais, cada igreja as rodas fazendo-se ouvir num raio de muitos quilômetros. continuem seu Porém, se a energia é dirigida para os pistões, o vapor movimento em direção pode girar as rodas com muito menos espalhafato, a Deus, transportando, sem atrair a atenção para si. Então o comboio começa assim, o Evangelho a andar, transportando a sua carga mundo a fora. por toda a terra. Graças a Deus por esse apito; ele é muito importante. Entretanto, se tudo o que o vapor conseguisse fazer fosse soprar o apito, de nada valeria acender o fogo debaixo da caldeira e fazê-la trabalhar. O fogo do Espírito Santo traz poder. Pouco importa o barulho – vamos usar esse poder para dar continuidade à obra. O trovão é justificado depois de um relâmpago. O propósito real do Pentecostes é conseguir que em cada igreja as rodas continuem seu movimento em direção a Deus, transportando, assim, o Evangelho por toda a terra. Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. (Marcos 16.15) A igreja de Jesus Cristo é uma igreja que “age”, não uma igreja que “cruza os braços”. Olhe para fora dela, para os lugares nos continentes onde o nosso Senhor está movendo. Alguns estão olhando para dentro, examinando demoradamente a sua própria alma, incapacitados pela introspecção. Jesus já salvou você – não tenha medo; comece agora mesmo a ajudá-Lo a salvar outros. Se o Espírito Santo veio, então levante-se e vá em frente. É Ele quem faz a obra, não eu, ou você. Ai de mim se não pregar o Evangelho. (1 Coríntios 9.16) E ai daqueles para os quais falharmos em pregá-lo! 24 Evangelismo por Fogo A Era Cristã é a Era de Fogo Deixe-me fazer-lhe uma pergunta. Por que razão Jesus foi exaltado à direita de Deus? Mesmo nos melhores comentários existe muito pouco escrito a este respeito; a ascensão de Cristo parece ser um estudo negligenciado. Será que é um assunto de tão pouca importância assim? Jesus disse que a Sua ascensão seria algo vantajoso para nós: “Vos convém que eu vá …” (João 16.7). Ele nos disse que, a menos que Ele fosse para o Pai, a experiência mais essencial nunca poderia ser nossa. Sem a ascensão do Senhor, jamais seríamos batizados no Espírito. Olhemos para tudo quanto Jesus fez. João diz que as Suas obras foram tantas que, se todas elas fossem escritas, o mundo inteiro não poderia conter esses livros. Então, o que será que Ele não fez quando estava aqui no mundo? João Batista nos deu a resposta quando disse que Ele nos batizaria “com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3.11). E sabemos que Ele nunca fez isso enquanto estava na Terra. Jesus veio do céu e tinha de retornar para lá por intermédio da cruz e do túmulo, antes que a parte final da Sua missão pudesse começar. Nada do que Jesus fez no mundo poderia ser descrito como batismo no Espírito Santo e com fogo. Em nenhuma das Suas obras poderosas – na Sua pregação, no Seu ensino, nas Suas curas ou na Sua morte e ressurreição – Ele batizou com o Espírito Santo. Jesus fez muito pelos Seus discípulos; Ele lhes deu autoridade para realizarem missões de cura. Todavia, Ele foi embora sem batizá-los no Espírito Santo. Tal batismo não poderia ter acontecido enquanto Ele não partisse para o Pai. Na verdade, o Senhor não apenas disse isso, mas também fez questão de enfatizar. Ele entrou na glória para assumir essa Sua nova tarefa: a tarefa de batizar no Espírito Santo; e esta é a razão pala qual Ele ascendeu ao Pai. O Antigo Testamento não menciona absolutamente nada sobre tal batismo. É uma “coisa nova” de Deus. É claro que agora Jesus nos concede muitas outras bênçãos; Ele é o nosso Sumo Sacerdote, o nosso Advogado, o nosso Representante. Todavia, Ele mesmo não mencionou essas obras; Ele apenas descreveu o envio do Espírito. Se batizar no Espírito Santo é a Sua obra, qual o significado disso? Isso significa que tudo o que diz respeito a Ele e ao Evangelho deve caracterizar-se pelo fogo; deve arder. Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 25 Após a Sua ascensão, e não antes, o Espírito Santo desceu: “E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles” (Atos 2.3). Anos atrás os altares do Tabernáculo de Moisés e do Templo de Salomão eram abrasados pelo fogo puro do Céu; no Pentecostes, as chamas no Cenáculo vieram da mesma fonte celeste. Jesus tem todo o poder às Suas ordens; Ele esta na sala de comando. Línguas de Fogo Podemos nos perguntar: Se batizar no Espírito Santo é a Sua obra, qual o significado disso? Isso significa que tudo o que diz respeito a Ele e ao Evangelho deve caracterizar-se pelo fogo; deve arder. É necessário que haja fogo: … nos que testemunham e nos que trabalham. … naqueles que pregam. … na verdade que pregamos – “Não é a minha palavra fogo?” (Jeremias 23.29). … no Senhor que pregamos – “Porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hebreus 12.29). … no poder para pregar – “línguas, como de fogo” (Atos 2.3). … no Espírito pelo qual nós pregamos – “com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3.11). Deixe-me mostrar-lhe agora alguns conceitos muito importantes sobre o fogo de Deus: 1. Todo sacrifício deve ser consumido por fogo Houve dois sacrifícios no Monte Carmelo. Um foi realizado pelos sacerdotes de Baal, e o outro, por Elias. O primeiro, o sacrifício feito para Baal, nunca ardeu; não houve fogo sobre ele. O sacrifício estava lá, e os sacrificadores estavam desejando ardentemente. Eles oraram a Baal durante todo o dia e cortaram-se com facas para mostrar quão desesperada era a sua sinceridade. E eles clamavam em altas vozes e se retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem sangue. (1 Reis 18.28) 26 Evangelismo por Fogo Eles envolveram-se nisso com tudo o que tinham, mas mesmo assim o seu sacrifício não trouxe o fogo. Se o diabo pudesse ter trazido do inferno uma fagulha ou duas para criar uma labareda, com certeza ele o teria feito; mas o altar simplesmente permaneceu frio. Todavia, o fogo também não caiu sobre o sacrifício oferecido por Elias simplesmente porque o profeta preparara um sacrifício; o fogo veio quando Elias orou e creu. No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo saiba que tu, SENHOR, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles. Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. (1 Reis 18.36-38) A fé traz a vitória. Sabemos que é verdade que Elias preparou tudo como devia; ele seguiu à risca as instruções de Moisés. Entretanto, o fogo não desceu unicamente por causa da sua obediência; foi a sua fé que trouxe a chama. Deus enviou o fogo apenas sobre o sacrifício; assim, não fazia o menor sentido mandar o fogo sem que houvesse sacrifício. Cristãos de poltrona nunca vão receber o fogo. Não existe este negócio de ungido “esquentador de banco”. Às vezes, algumas pessoas oram pelo fogo quando não estão, de maneira alguma, rendidas a Deus e, consequentemente, fazem pouco por Ele. Eles investem pouco tempo ou dinheiro e não se esforçam nem um pouco. Se eles tivessem o fogo de Deus, o que iriam fazer com ele? Será que iriam simplesmente ficar sentados em casa e tirar proveito disso? O fogo não é para nos livrar das dificuldades enfrentadas em nossa tarefa de ganhar o mundo – é para nos dar poder para pregar o Evangelho, apesar das dificuldades. É o fogo que conta; preparar um sacrifício e apresentá-lo não é o suficiente. Deus não vai salvar almas e curar os doentes enquanto não colocarmos tudo no altar para Ele – isso é verdade, mas não é por causa do nosso sacrifício que Ele Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 27 o faz. Ele opera as Suas maravilhas de salvação e cura por causa da Sua misericórdia e graça. A bondade de Elias não gerou o súbito relâmpago que queimou tudo quanto estava sobre o altar. O fogo não proveio da sua santidade. Os seus dízimos e ofertas não podem comprar nem mesmo uma minúscula chama de vela da tocha celeste. O fogo de Deus vem, não por causa do nosso sacrifício, mas por causa do sacrifício de Cristo. Portanto, graças ao Senhor, o fogo é para todos. E esse fogo do reavivamento não é uma recompensa para pessoas boas; é um presente de Deus. E por que lutar por ele? As pessoas costumam falar sobre “pagar o preço”; entreDeus enviou o fogo tanto, é “pagar um preço demasiado alto por algo apenas sobre o que é dado gratuitamente”. O fogo vem pela fé. sacrifício; assim, não 2. A verdade precisa ser batizada no fogo fazia o menor sentido mandar o fogo sem que houvesse sacrifício. Cristãos de poltrona nunca vão receber o fogo. Não existe este negócio de ungido “esquentador de banco”. Às vezes podemos estar totalmente certos em relação a alguma coisa mas, ainda assim, errados de qualquer forma. Podemos insistir no “corpo da verdade”, mas esse corpo poderá ser um cadáver frio. Jesus não somente disse, “Eu sou o caminho e a verdade”; Ele também falou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (João 14.6). Deus disse que poria em Sião “um resplendor de fogo flamejante” (Isaías 4.5 – Almeida Corrigida e Revisada Fiel). Jesus testificou que João Batista era como uma “lâmpada que ardia” (João 5.35); todas essas imagens são de luz e calor. O Evangelho é um evangelho ardente, e isso independe de o mundo ignorante escarnecer dele. Sinceramente, não sei como pregar os “oráculos de vida” de Deus (Atos 7.38 – Sociedade Bíblica Britânica) sem estar cheio de vigor. O Evangelho é, e deve ser, estar em chamas. Pregar o Evangelho de um modo frio e monótono seria simplesmente ridículo. Certa ocasião, uma senhora me disse que havia um “demônio” dentro dela, embora ela fosse uma cristã nascida de novo. Então eu lhe disse: “As moscas só vão pousar sobre um fogão frio, e em um fogão frio podem até ficar por um longo tempo! Ponha o fogo do Espírito Santo em sua vida e esse demônio sujo não se atreverá a tocar em você; se o fizer, irá queimar seus dedos imundos”. O Evangelho fornece o seu próprio poder abrasador. Portanto, é natural que um pregador seja cheio de fogo. 28 Evangelismo por Fogo O Fogo de Deus em Jesus Na experiência humana, o fogo de Deus traduz-se em paixão – o tipo de paixão que vimos em Jesus. Contudo, Ele não demonstrou a Sua paixão somente em Suas palavras. Quando o Senhor Jesus estava indo a Jerusalém, pela última vez, lemos o seguinte: Estavam de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões. (Marcos 10.32) Eles viram como Ele estava com pressa. Lucas expressa esta situação da seguinte forma: E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém. (Lucas 9.51) Vemos que, de algum modo, o fogo na Sua alma era evidente na maneira como Ele andava. Quando eles chegaram, Jesus viu a profanação no templo, e os discípulos tiveram mais uma evidência do Seu sentimento e paixão, e recordaram-se das palavras do salmista: “O zelo da tua casa me consumiu” (Salmo 69.9). Foi uma demonstração irada de amor, e não uma fúria fria. Jesus não era um fanático desmiolado; Ele amava a casa de Seu Pai e Seu desejo era ver as pessoas no Templo, adorando com liberdade e felicidade. Entretanto, o mercantilismo que estava sendo praticado ali dentro Uma mensagem tinha estragado tudo. Então o Seu coração transborardente, e nada, a não dou como um vulcão, e o fogo da Sua alma fez com ser isso, deveria ser que Ele limpasse o templo. As Suas ações deixaram apresentada ao mundo. as pessoas apavoradas e muitos fugiram dali. Todavia, Não precisa ser fogos “Vieram a ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou” de artifício; (Mateus 21.14). os “tições” não precisam ser fanáticos. De qualquer forma, era exatamente isso o que Ele queria fazer mesmo, e essa foi a razão pela qual Sua ira adquiriu a temperatura de uma fornalha acesa. A Sua indignação tinha como objetivo a alegria. Por causa de Jesus as crianças cantaram “Hosana!”. Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 29 Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se … (Mateus 21.15) Esta é a única ocasião nas Escrituras em que a empolgação por causa de Deus é repreendida; a única vez em que o silêncio foi exigido nos átrios do Senhor. E o silêncio foi exigido pelos fariseus – o louvor ao Senhor estava abafando o barulho das suas caixas registradoras. A música do dinheiro havia silenciado! Essas reações são todas partes do quadro do “fogo do Senhor”. Um Museu de Figuras de Mármore Uma mensagem ardente, e nada, a não ser isso, deveria ser apresentada ao mundo. Não precisa ser fogos de artifício; os “tições” não precisam ser fanáticos. Porém, tudo o mais sobre a igreja deveria refletir a luz ardente de Deus: “No Seu templo tudo diz: Glória!” (Salmo 29.9). Lemos que Deus faz dos Seus ministros “labaredas de fogo” (Hebreus 1.7); portanto, o Seu povo deve ser tocha. Todos – testemunhas, ministros, oficiais da igreja, líderes, obreiros, professores e pessoal administrativo – deveriam resplandecer com o Espírito Santo, como braseiros numa rua escura e fria, e não apenas os evangelistas. As reuniões administrativas deveriam ter tanto o fogo do Espírito Santo como um culto de reavivamento – talvez mais ainda. Um peixe tem a mesma temperatura da água em que nada. Muitos cristãos são como peixes – eles não têm mais calor do Espírito do que o mundo frio e incrédulo que os rodeia. Os homens são criaturas de sangue quente; foi assim que o Senhor nos fez. Foi também assim que Ele decidiu que levássemos as Boas-Novas – com calor! O Senhor não nos envia porque temos dignidade e cabeça fria; tampouco nos escolheu por causa da nossa compostura. Ele nos envia como brasas vivas do altar, como testemunhas da ressurreição, para testificar que encontramos o Deus do Pentecostes. Eu já ouvi sermões que bem poderiam ser comparados a uma palestra sobre a arte de embalsamar os mortos. Será que tal conversa poderia fazer alguém lembrar o Jesus vivo? Nem Jesus, nem Pedro ou Paulo nunca deixaram congregações sentadas como estátuas de mármore num museu. 30 Evangelismo por Fogo A lógica pode ser inflamada e mesmo assim continuar a ser lógica, como a lógica de Isaías e Paulo, por exemplo. A lógica não precisa pertencer ao período glacial. O fogo implica fervor, não ignorância. Aprenda por todos os meios, mas não se isso for algo que apague o fogo de Deus. Lembre-se: o esplendor vem antes da inteligência. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. (Marcos 12.30) O Senhor quer que tenhamos um coração “em chamas”, e que irradiemos alegria, entusiasmo e amor. A dignidade humana assume um novo significado quando as pessoas são arrebatadas no louvor a Deus. Você já teve o privilégio de ver cinquenta mil pessoas chorando, acenando, saltando e gritando de alegria por causa de Deus? O que mais poderíamos esperar que acontecesse quando uma mãe levanta-se no nosso púlpito, testificando que o filho acabou de ser curado de uma surdez ou de uma cegueira congênita, ou talvez até mesmo de membros atrofiados? Frequentemente, tenho visto testemunhos desses milagres; é uma cena gloriosa, o clímax da experiência humana. É descrédito para nós se permanecemos completamente frios quando os coxos andam e os cegos veem. Tal comportamento reservado não é inteligente – é orgulho estúpido. Dance! – Isso é bem mais apropriado para tais momentos. Devemos ficar alegres na presença do Senhor! Jesus disse: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão. (Lucas 19.40) Olho para todos esses preciosos homens e mulheres, negros e brancos, muitos dos quais estavam tão tristes poucos momentos antes, de pé no culto, mãos apertadas pela emoção ou erguidas em adoração, olhos brilhando com lágrimas de alegria, rostos voltados para Deus, lábios movendo-se em gratidão maravilhosa, e digo para mim mesmo: “Como eles são bonitos!” Em tais momentos, eu gostaria de ser um artista para eternizar tais cenas. É uma catástrofe quando a chamada dignidade vem antes do nosso deleite em Deus! Capítulo 1: Quando o Fogo Premeditado Não é Crime! 31 Se Deus não toca nos nossos sentimentos, o diabo certamente o fará. E como é que Deus pode convencer os pecadores de seus pecados, e ajudá-los a se arrependerem, se eles não se sentirem tocados? Como é que Ele pode lhes garantir a alegria de terem seus pecados perdoados sem lhes Eu já ouvi sermões transmitir alguma sensação em sua alma? Creio sinceramente que o trabalho de um evangelista é que bem poderiam ser comparados a uma atear fogo no espírito humano. palestra sobre a arte de embalsamar os mortos. Será que tal conversa poderia fazer alguém lembrar o Jesus vivo? Nem Jesus, nem Pedro ou Paulo nunca deixaram congregações sentadas como estátuas de mármore num museu. A salvação é mais do que escrever o nome das pessoas numa linha pontilhada. O cristianismo não é um clube ao qual elas se associam. A salvação é uma cirurgia espiritual. Qual é o perdão que proclamamos? Que tipo de perdão Jesus deu? O tipo de perdão da verdadeira misericórdia. Esse perdão fez com que um paralítico voltasse a andar e derreteu a dureza do coração de uma prostituta, fazendo com que ela lavasse os pés do Mestre com as suas lágrimas. Foi o tipo de perdão que fez com que as pessoas amassem mais. O perdão que Jesus trouxe foi o tipo que as levou a fazer algo extravagante, como dar uma festa, como Levi fez. Esse tipo de perdão fez com que Maria quebrasse um vaso de nardo puro nos pés do Senhor, perfume este que valia uma pequena fortuna; e também fez com que Zaqueu se desfizesse de boa parte dos seus bens em favor dos outros. Os discípulos ficaram tomados de alegria quando foram capazes de expulsar demônios, mas Jesus disse-lhes que isso não era razão para que se alegrassem. Alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus. Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo. (Lucas 10.20,21) Pedro ouviu o Mestre dizer essas palavras e aprendeu a lição. Mais tarde, Pedro escreveu o seguinte a respeito dos crentes: A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma. (1 Pedro 1.8,9) 32 Evangelismo por Fogo Regozijar à meia voz? Adorar com sussurros? Participar em celebrações silenciosas? Não é bem isso o que a palavra “exultai” significa nesse versículo; o significado é “exultar, gritar, ser arrebatado”. Tente fazer isso sem emoção, sem fogo! O fogo do Espírito Santo é para valer, e tem de fluir por intermédio da igreja de Jesus Cristo como sangue nas veias. O povo de Deus em chamas, e a igreja, como um todo, ardendo, ganhará para Ele esta nossa geração perdida.