ESPAÇOS PROJETADOS A
PARTIR DA EXTENSÃO
AS EXPERIÊNCIAS DO NÚCLEO DE
PROJETOS ARQUITETÔNICOS E URBANOS
EVANDRO FIORIN
(COORD.)
ESPAÇOS PROJETADOS
A PARTIR DA EXTENSÃO
Conselho Editorial Acadêmico
Responsável pela publicação desta obra
Prof. Dr. Marcelo Messias (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Eliane Ferrari Chagas (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Célia Aparecida Stellutti Pacchioni (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Susimary Aparecida Trevizan Padulla (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Claudemira Azevedo Ito (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Neide Barroca Faccio (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Eliane Ferrari Chagas (FCT/Presidente Prudente)
Prof. Dr. Paulo Roberto Brancatti (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Maria Cristina Risk (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Maria Rita Masselli (FCT/Presidente Prudente)
Prof. Dr. Renilton José Pizzol (FCT/Presidente Prudente)
Profa Dra Lúcia Martins Barbatto (FCT/Presidente Prudente)
Sra Sandra Regina Albuquerque (FCT/Presidente Prudente)
Sr Regina Aparecida Espigarolli Silva (FCT/Presidente Prudente)
a
evandro fiorin
(coord.)
ESPAÇOS PROJETADOS
A PARTIR DA EXTENSÃO
AS EXPERIÊNCIAS DO
NÚCLEO DE PROJETOS
ARQUITETÔNICOS E URBANOS
© 2014 Editora UNESP
Cultura Acadêmica
Praça da Sé, 108
01001-900 – São Paulo – SP
Tel.: (0xx11) 3242-7171
Fax: (0xx11) 3242-7172
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[email protected]
CIP – Brasil. Catalogação na Publicação
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
E73
Espaços projetados a partir da extensão [recurso eletrônico] : as experiências
do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos – Unesp / Presidente Prudente /
organização Evandro Fiorin. – 1. ed. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2014.
recurso digital
Formato: ePDF
Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-7983-529-2
1. Urbanismo. 2. Arquitetura. 3. Livros eletrônicos. I. Fiorin, Evandro.
14-13139
CDD: 711.4
CDU: 711.4
Este livro é publicado pelo Programa de Publicações da Pró-Reitoria de Extensão Universitária
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
AGRADECIMENTOS
À Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UNESP, pelo apoio incondicional para o funcionamento do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos
(NAU) da UNESP/campus Presidente Prudente (SP) e pela publicação deste
e-book. Ao presidente da Comissão Permanente de Extensão Universitária da
Faculdade de Ciências e Tecnologia prof. dr. Marcelo Messias, à profa dra Neide
Barrocá Faccio, parecerista no envio da proposta para o edital deste e-book, a
Regina Aparecida Espigarolli Silva, com quem sempre podemos contar na Seção
Técnica Acadêmica, aos responsáveis pela idealização do NAU, aos colegas docentes que participaram dos projetos aqui apresentados, aos alunos do Curso
de Arquitetura e Urbanismo da UNESP/campus Presidente Prudente (SP) que
integraram o NAU como bolsistas ou voluntários, especialmente a Alex Daniel
Ribeiro Pátaro, pelo tratamento das imagens, e a Bruno Vinícius da Palma
Novaes, responsável pelo projeto gráfico do original apresentado.
SUMÁRIO
Prefácio 11
Apresentação do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos
(NAU) da UNESP e as inter-relações entre o ensino, a
pesquisa e a extensão em Arquitetura e Urbanismo 13
Evandro Fiorin
Parte I – Projetos habitacionais 25
1.Casa de Borracha de Pneu 27
Evandro Fiorin
Fernando Sérgio Okimoto
Carlos Eduardo Soares de Sousa
Hiwersen Angelo Gnocchi Godoy
Marina Mello Vasconcelos
Paula Aparecida Santini de Almeida
Suellen Ferreira da Costa
Victor Martins de Aguiar
2. Habitar o viaduto: intervenção em
área urbana da cidade de Bauru (SP) 35
Elizabeth Mie Arakaki
Evandro Fiorin
8 evandro fiorin
Ana Carolina Álvares Capelozza
Luciana Akie Sasaki
Suellen Ferreira da Costa
Victor Martins Aguiar
3.30th Century House – Habitação pré-fabricada
em concreto armado 45
Evandro Fiorin
Diego Marangoni dos Santos
4.Vila das Bananeiras 51
Evandro Fiorin
Marcelo Gonçalves Hasimoto
Artur Felipe da Costa Rosa
Emanuela Mayumi de Campos Komatsu Leite de Souza
Parte II – Projetos institucionais 59
5. Um anteprojeto com ideias de sustentabilidade: o edifício
dos ateliês do curso de Arquitetura e Urbanismo da
UNESP/campus Presidente Prudente (SP) 61
Evandro Fiorin
Fernando Sérgio Okimoto
Hélio Hirao
Cristina Maria Perissinotto Baron
Diego Marangoni dos Santos
Evidio Lucas Minzone
Gustavo Favaretto Martinez
Marcella Silva Fratantônio
Mariana Garcia Junqueira
Nathália Maule Brigido
Victor Martins de Aguiar
9
espaços projetados a partir da extensão
6.Anteprojeto arquitetônico do Centro de Visitantes do
Parque Estadual Morro do Diabo em
Teodoro Sampaio (SP) 73
Evandro Fiorin
Diego Marangoni dos Santos
7.Anteprojeto arquitetônico do Salão das Almas, Capela e
Claustro para a Congregação das Irmãs da Copiosa
Redenção de Presidente Prudente (SP) 81
Evandro Fiorin
Isadora Campos de Oliveira
Pedro Henrique Benatti
8. Biblioteca Mediateca Pública em
Presidente Prudente 89
Evandro Fiorin
Alex Daniel Ribeiro Pátaro
Pedro Henrique Benatti
Fabrizio Lucas Rosati
Isadora Campos de Oliveira
Parte III – Outros projetos 99
9.Frestas urbanas: estrutura arquitetônica/
escultura urbana 101
Evandro Fiorin
Gustavo Favaretto Martinez
Bruno Celso Gobette Rodrigues
Deivis Augusto Nachif Fernandes
Marcelo Batista Pigioni
César Fabiano Fioriti (Colaborador)
10 evandro fiorin
10.Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio:
cobertura retrátil multifuncional 105
Evandro Fiorin
Alex Daniel Ribeiro Pátaro
Luiz Gustavo da Silva Chagas
Pedro Henrique Benatti
11.Projeto de Programação Visual da
Carreta Cultural UNESP 113
Evandro Fiorin
Bruno Vinícius da Palma Novaes
Pedro Henrique Benatti
Victor Martins Aguiar
12.Projetos de Mobiliário 119
Evandro Fiorin
Bruno Vinícius da Palma Novaes
Pedro Henrique Benatti
Sobre o organizador 127
Prefácio
Neste livro buscamos apresentar as experiências que estão sendo realizadas no
Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos (NAU) da UNESP, o qual desenvolve trabalhos voltados à comunidade em geral, na área de espaços construídos,
junto à universidade pública. O NAU é um projeto de extensão cadastrado na
Pró-Reitoria de Extensão da UNESP desde 2007 e está sob nossa coordenação a
partir de 2011. Uma responsabilidade social que fez vingar muitos frutos, tendo
como consequência diversos prêmios e distinções.
Os projetos sobre os quais nos temos detido no NAU compõem um importante compêndio, que gostaríamos de dividir com o leitor. Nele buscamos discutir, inicialmente, as inter-relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em
Arquitetura e Urbanismo, a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo NAU, nos últimos anos, para, posteriormente, elencar e apresentar, em três partes distintas,
as ramificações da atuação do NAU, a saber: projetos habitacionais, projetos institucionais e outros projetos, montando um portfólio de alguns dos trabalhos
mais emblemáticos desenvolvidos.
Nesse sentido, palavras, imagens e projetos se compõem como um único
texto a ser lido pelos diversos entrelaçamentos que estão presentes nas inúmeras
possibilidades e processos criativos que tangem o pensar e o fazer um projeto de
Arquitetura e Urbanismo, aqui pautados pelas experiências realizadas na extensão universitária. Um convite à leitura para os estudantes de Arquitetura e
Urbanismo, os docentes e arquitetos e os leitores em geral, preocupados com
a construção do espaço em que vivemos, a nossa cultura e sociedade.
Prof. dr. Evandro Fiorin
Professor assistente doutor da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP/campus Presidente Prudente (SP)
Coordenador do NAU
APRESENTAÇÃO DO NÚCLEO DE PROJETOS
ARQUITETÔNICOS E URBANOS (NAU)
DA UNESP E AS INTER-RELAÇÕES ENTRE
O ENSINO, A PESQUISA E A EXTENSÃO EM
ARQUITETURA E URBANISMO
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Introdução
O Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos (NAU) da Faculdade de
Ciências e Tecnologia (FCT) – UNESP/campus Presidente Prudente colabora
para consolidar o Curso de Arquitetura e Urbanismo reforçando sua inserção
social e comunitária, uma vez que sua produção se orienta para a realização de
projetos voltados a instituições municipais, estaduais, entidades civis e religiosas, autarquias, fundações, organizações sem fins lucrativos, comunidades e
prefeituras municipais da região do Oeste Paulista, com a finalidade de aprimorar a qualidade de vida da população.
Com seu viés extensionista, o aluno da graduação tem a possibilidade de
exercitar a futura profissão em um espaço que permite aos docentes e discentes,
bolsistas e voluntários, serem sobretudo parceiros no desenvolvimento de pesquisas e da concepção projetual. Desse modo, busca desmistificar a aprendizagem de projeto de Arquitetura e Urbanismo, diante da dicotomia existente
entre o que ensina e o que aprende, pois estimula e tem como pressuposto uma
maior troca de experiências, já que o aluno da graduação que participa de quaisquer das atividades projetuais deixa de ser um mero aprendiz para se tornar um
agente importante, pois adquire responsabilidades.
Ao desenvolver um projeto de Arquitetura e Urbanismo que tem como finalidade colaborar com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, esse aluno
1. Professor assistente doutor da Faculdade de Ciências e Tecnologia –­ UNESP/campus Presidente Prudente (SP) e coordenador do NAU.
14 evandro fiorin
pode ter contato com quem irá habitar o espaço do seu projeto e participa de algumas das suas mazelas sociais, em determinados casos – o que torna a atividade
de ensino-aprendizagem mais politizada; assim, é cobrado a buscar alternativas
que sejam de baixo custo, o que motiva uma pesquisa mais acurada do que será
desenvolvido, podendo chegar a criticar modelos convencionados. O mais importante é que esse aluno vai fazendo da prática de projeto uma atividade que
suplanta o desenho hipotético da sala de aula-ateliê, ao assumir as responsabilidades sobre as decisões que o arquiteto toma nessa nova prancheta em contato
com a coletividade.
Devemos destacar que esse processo de trabalho considera o perfil do professor de projeto de Arquitetura não mais como o projetista de escritório, que faz
da sala de aula um braço de sua prática profissional; nem daquele perfil de
docen­te politicamente engajado que sobrepõe o tempo da pesquisa ao do projeto,
mas cujo resultado nunca sai do papel. O “novo professor” é, sobretudo, um
pesquisador-educador e seu local de trabalho é junto dos laboratórios, dos grupos
de pesquisa, dos escritórios-modelo e dos núcleos de extensão, o que possibilita
garantir um retorno à comunidade do conhecimento que se produz na univer­
sidade (Veloso & Elali, 2003, p.100).
No caso do NAU, o atendimento às diferentes entidades da sociedade civil é
efetivado por meio de parcerias, convênios e termos de compromisso; no entanto, buscamos também a participação em concursos nacionais e internacionais
de ideias de Arquitetura e Urbanismo, tendo em vista a possibilidade de estender
a um número cada vez maior de pessoas a oportunidade de ter acesso à melhoria
da qualidade de vida, através do fomento de projetos de Arquitetura e Urbanismo experimentais e que primem pela postura político-crítica em relação às
nossas cidades.
Da mesma forma, também buscamos participar de exposições e congressos
científicos, com a publicação dos trabalhos de acordo com as políticas editoriais,
de modo a difundir um pensamento de pesquisa voltado à prática do projeto de
Arquitetura e Urbanismo. Mediante os resultados obtidos até o momento, tais
como menções honrosas, premiações e divulgações na mídia especializada
impres­sa e digital dos trabalhos, acreditamos estar construindo algumas inter-relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em Arquitetura e Urbanismo e
contribuindo para a geração de novas ideias.
15
espaços projetados a partir da extensão
Objetivos
O NAU tem por objetivo desenvolver projetos de edificações ou de intervenções urbanas para segmentos sociais diversos e busca, a partir de suas elabora­
ções, articular e integrar docentes (responsáveis pelo referido projeto de extensão
e colaboradores) e discentes (bolsistas e voluntários), de maneira que seu espaço
se transforme em uma espécie de ateliê-experimental, voltado ao ensino-aprendizagem de projeto de Arquitetura e Urbanismo, à pesquisa de novas tecnologias
e soluções, ao necessário engajamento da universidade em atividades voltadas à
comunidade, com ideais sempre articulados à prática da atuação profissional do
arquiteto urbanista.
Metodologia
Além da manutenção, organização e funcionamento do espaço físico, cinco
dias por semana, as atividades do NAU giram em torno da feitura de projetos de
Arquitetura e Urbanismo em fluxo contínuo. Apesar de as atividades de elaboração de projetos de Arquitetura e Urbanismo terem cronogramas variáveis,
dependendo da demanda, temos como prerrogativa o desenvolvimento de um
máximo de projetos por bimestre, para que não haja atraso nos prazos de entrega.
Estabelecidas as demandas, os docentes se engajam como articuladores de
cada projeto de Arquitetura e Urbanismo, sem que detenham o controle sobre os
mesmos. Nesse caso, a participação dos alunos que recebem bolsa da universidade
passa a ser colaborativa, em uma série de ações. Em alguns casos, eles podem
desenvolver projetos complexos debatendo questões conjuntamente, fazendo
surgir soluções experimentais. Amparado na concepção de pesquisa-ação (Thiollent, 1986, p.16), o método empírico é bastante utilizado, mas não prescinde da
verificação de sua validade diante das referências arquitetônicas e urbanísticas
consolidadas. Nessa proposição, primamos sempre pelas respostas criativas e
críticas ao statu quo, desde que bem fundamentadas, principalmente aquelas alternativas projetivas passíveis de reduzir as desigualdades sociais (Dagnino, 2007).
Assim, os bolsistas do NAU desenvolvem as atividades projetuais em conjunto com os seus docentes, tornando a prática do ensino-aprendizagem em
Arqui­tetura e Urbanismo não hierarquizada, realizando levantamentos e pesquisas necessárias à elaboração de cada proposta, atendendo a comunidade em
geral e organizando os grupos de trabalho envolvendo discentes voluntários. Os
alunos contemplados com bolsa da Pró-Reitoria de Extensão da UNESP/Fundação para o Desenvolvimento da UNESP (Fundunesp) são também respon­
16 evandro fiorin
sáveis pelo funcionamento permanente do espaço físico, abrindo-o ao público,
recebendo e respondendo a mensagens e telefonemas, organizando pastas, material de desenho e as entradas e saídas de projetos de Arquitetura e Urbanismo.
Resultados
Na qualidade de projeto de extensão financiado pela Pró-Reitoria de Extensão da UNESP, o NAU é atuante desde a sua criação, em 2007. Vale ressaltar,
desde esse período, a participação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, por
intermédio das ações do NAU, nas categorias estudantis das Bienais Internacionais de Arquitetura de São Paulo realizadas em 2007, 2009, 2011.2
No entanto, o processo de inter-relação entre ensino, a pesquisa e a extensão
que destacaremos aqui, se refere ao início do segundo semestre de 2010. Desde
então, algumas das práticas mais importantes dos últimos anos também resultaram em menções honrosas, exposições, catálogos, publicações de artigos científicos e contribuições significativas aos campi da UNESP. Assim, aqui, relatamos
as ações em seu conjunto e, as que julgamos mais relevantes, serão tratadas individualmente nos capítulos seguintes.
Figura 1 – Parque das Águas
(Bienal de 2007)
Fonte: Arquivos do NAU, 2007.
2.No trabalho enviado para a VII Bienal Internacional de Arquitetura participaram os docentes
profa dra Cristina M. P. Baron, profa msc. Alessandra Martins Navarro e os discentes Adriana L.
Junquer, Anna Marina Alonso, Délcio Marques, Diego Verri e Juliana Ruffato. Em 2009 foram
enviados dois trabalhos para a VIII Bienal Internacional de Arquitetura, no que, destacamos aqui
participaram a profa dra Cristina M. P. Baron (orientadora) e os discentes Luciana Raunaimer,
Adriano Marcel Sekine e Lucas Baganha Caritá. No trabalho enviado para a IX Bienal Internacional de Arquitetura participaram os docentes profa dra Cristina M. P. Baron, prof. dr. Evandro
Fiorin e profa dra Arlete Maria Francisco e os discentes Artur Felipe da Costa Rosa, Danilo da
Silva Barbosa, Felipe Paulino Dubiela, Marcos Paulo Bento de Freitas e Pétilin Assis de Souza.
17
espaços projetados a partir da extensão
Figura 2 – Carton (Bienal de 2009)
Fonte: Arquivos do NAU, 2009.
Figura 3 – Uma língua, vários
sotaques (Bienal de 2011)
Fonte: Arquivos do NAU, 2011.
Em 2010, a pedido dos dirigentes da Saúde Integral do Trabalhador (Sitra)
da UNESP, sob a coordenação do prof. Evandro Fiorin, foi desenvolvido o logotipo da entidade pelo bolsista Gustavo Favaretto Martinez; também foi realizado
um estudo preliminar para expansão do Centro de Convivência Infantil (CCI)
da UNESP/campus Presidente Prudente, com participação de vários alunos do
curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo. Além disso, foram realizados:
o anteprojeto para o Museu da Cartografia da UNESP/campus Presidente Prudente; o anteprojeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico para o novo bloco
de salas de aulas do Discente VII do Curso de Arquitetura e Urbanismo da
UNESP/campus Presidente Prudente, que contou com a colaboração de vários
docentes e discentes do referido curso de graduação;3 e o envio do projeto da
Casa de Borracha de Pneu para o Concurso de Tipologias Sustentáveis de Habi3.Esse projeto contou com a participação dos docentes: profa dra Cristina M. P. Baron, prof. dr.
Hélio Hirao, prof. dr. Evandro Fiorin e prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto e dos alunos de
graduação em Arquitetura e Urbanismo Evidio Lucas Minzone, Gustavo Favaretto Martinez,
Mariana Garcia Junqueira, Marcella Silva Fratantônio, Nathália Maule Brigido e Victor Martins de Aguiar. Posteriormente, esse projeto foi publicado e apresentado no VI Encontro
Nacio­nal e IV Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis em Vitória,
Espírito Santo, e, na mesma oportunidade, na Bienal de Sustentabilidade.
18 evandro fiorin
Figura 4 – Novo projeto do Bloco de Salas de Aula do Discente VII da FCT-UNESP
Fonte: Arquivos do NAU, 2011.
tação, promovido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
do Estado de São Paulo (CDHU) e Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB),
Depar­tamento São Paulo, recebendo uma menção honrosa.4
No ano de 2011 foi encaminhado um projeto para o 6o Prêmio de Pré-Fabricados de Concreto, promovido pela Associação Brasileira de Cimento Portland
(ABCP) e IAB e realizado o desenvolvimento do projeto do Bloco de Salas de
Aulas do Discente VII, ver Figura 4. Além disso, houve a participação no Concurso de Esculturas Urbanas da Tetra Pak e a proposta enviada foi selecionada,
construída e exposta na praça Victor Civita, em São Paulo.5 Importante ressaltar
aqui que a concepção inicial da proposta enviada surgiu de um trabalho desenvolvido em uma disciplina da graduação, que, posteriormente, foi mais bem desenvolvido no NAU. Pela sociedade civil, a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) de Presidente Prudente solicitou o desenvolvimento, para o Fórum de
Presidente Prudente, de um estudo preliminar para ampliação do estacionamento.6 No campus da FCT-UNESP foram realizados estudos preliminares para
4.Esse projeto contou com a participação dos docentes prof. dr. Evandro Fiorin e prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto e dos discentes Suellen Ferreira da Costa, Paula Aparecida Santini de
Almeida, Marina Mello Vasconcellos, Carlos Eduardo Soares de Sousa, Hiwersen Angelo
Gnocchi Godoy e Victor Martins de Aguiar.
5.Na proposta enviada para o Concurso Esculturas Urbanas da Tetra Pak, os autores do trabalho
foram Gustavo Favaretto Martinez, Bruno Celso Gobette Rodrigues, Deivis Augusto Nachif
Fernandes, Marcelo Batista Pigioni, sob a orientação do prof. dr. Evandro Fiorin e colaboração
do prof. dr. César Fabiano Fioriti.
6.Nesse anteprojeto para ampliação do estacionamento do Fórum de Presidente Prudente trabalharam os discentes Gustavo Favaretto Martinez, Bruno Celso Gobette Rodrigues, Deivis Augusto Nachif Fernandes, Marcelo Batista Pigioni, sob a supervisão do prof. dr. Evandro Fiorin
e da profa dra Arlete Maria Francisco.
19
espaços projetados a partir da extensão
Figura 5 – Academia da Terceira Idade (ATI) da FCT-UNESP
Fonte: Arquivos do NAU, 2011.
Figura 6 – Laboratório Interdisciplinar do Curso de Pedagogia do Ibilce-UNESP
Fonte: Arquivos do NAU, 2011.
o circuito de caminhada e a Academia da Terceira Idade (ATI) (construída) (Figura 5) solicitados pela Sitra; readequação e novo layout do espaço físico das salas
das seções técnicas de referência e aquisição da biblioteca e dos laboratórios do
Curso de Física da UNESP/campus Presidente Prudente; o projeto da refuncionalização da Antiga Sede da Associação dos Servidores Administrativos (ASA)
da UNESP/campus Presidente Prudente; e, em complementação ao projeto do
Museu da Cartografia, foi projetada uma cobertura para acesso lateral e uma
esca­da-rampa de união do prédio Docente III com a Central de Laboratórios do
20 evandro fiorin
Departamento de Cartografia. Para o campus da UNESP de São José do Rio
Preto apresentamos um anteprojeto para o Laboratório Interdisciplinar do
Curso de Pedagogia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce)
(Figura 6).7
No ano de 2012 podemos ressaltar a participação em um concurso de ideias
para o Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires (Figura 7), com a fina­
lidade de promover e estimular a inspiração e inovação para as artes na capital
argentina.8 Além disso, buscamos trabalhar em parceria com algumas entidades
sem fins lucrativos, para as quais foram desenvolvidos projetos arquitetônicos
importantes: o da cobertura da quadra poliesportiva para a Casa da Sopa Francisco de Assis – Associação Assistencial e Educacional Espírita (Casofa), em
Presidente Prudente; e para a Fundação Florestal do Estado de São Paulo, com o
Centro de Visitantes do Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio
(SP).9
Em 2013 estudamos propostas para o Projeto de Programação Visual da
Carreta Cultural UNESP, espécie de protótipo móvel que poderia levar ações
culturais aos diversos campi da nossa universidade espalhados pelo estado de São
Paulo. Uma ideia foi encaminhada à Pró-Reitoria de Extensão da UNESP. Além
dessa proposta trabalhamos coletivamente no projeto para uma nova sede da
Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção (Figura 8), incluindo salão, capela
e claustro, próximo ao Instituto Brasileiro do Café, em Presidente Prudente
(SP).10 Cabe ainda ressaltar o recebimento do primeiro lugar no Prêmio Alcoa de
Inovação em Alumínio desse ano, com o protótipo Cobertura Retrátil Multifuncional (Figura 9), o mais importante reconhecimento do trabalho dos bolsistas e
voluntários do NAU até o momento.
7. Todos esses projetos para os campi citados da UNESP foram supervisionados pelo prof. dr.
Evandro Fiorin, tendo como bolsistas o aluno Diego Marangoni dos Santos e, posteriormente,
os alunos Alex Daniel Ribeiro Pátaro e Luiz Gustavo da Silva Chagas. O projeto para o Ibilce
foi solicitado pelo prof. dr. Fábio Fernandes Villela.
8.Esse projeto foi elaborado pelos discentes Artur Felipe da Costa Rosa, Danilo da Silva Barbosa,
Marcelo Gonçalves Hasimoto e Felipe Paulino Dubiela, sob a orientação do prof. dr. Evandro
Fiorin e do prof. dr. Hélio Hirao.
9.O desenvolvimento desse projeto foi realizado mediante recursos oriundos de outro projeto de
extensão, devido a sua complexidade. Teve como coordenador o prof. dr. Evandro Fiorin e
como bolsista o aluno Diego Marangoni dos Santos. O anteprojeto foi publicado em revistas
especializadas em Arquitetura e Urbanismo e apresentado em congressos ligados à questão da
sustentabilidade ambiental.
10.Esses projetos desenvolvidos em 2013 contaram com a participação dos alunos Pedro Henrique
Benatti, Bruno Vinicius da Palma Novaes, Isabela Campos de Oliveira e Victor Martins de
Aguiar, sob a coordenação do prof. dr. Evandro Fiorin.
21
espaços projetados a partir da extensão
Figura 7 – Vertigo, concurso de ideias para o MAC-Buenos Aires
Fonte: Arquivos do NAU, 2012.
Figura 8 – Reunião com as irmãs da Copiosa Redenção em 2013
Fonte: Arquivos do NAU, 2013.
Figura 9 – Protótipo da Cobertura Retrátil Multifuncional do Prêmio Alcoa de Inovação
em Alumínio
Fonte: Arquivos do NAU, 2013.
22 evandro fiorin
Considerações finais
No primeiro semestre de 2013 buscamos elaborar um projeto para a nova
sede do NAU com a intenção de que este possa se localizar próximo do bloco
novo de salas de aulas do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNESP/
campus Presidente Prudente. Com uma proposta arquitetônica que busca aga­
salhar a ideia de inter-relação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, esse espa­ço,
imaginado em um exercício projetual, é constituído por áreas coletivas de trabalho entreabertas para as esplanadas do campus de Presidente Prudente, de
maneira a acolher não apenas os alunos da universidade, mas também a comu­
nidade em geral. Com essa proposição esperamos que esse novo local de trabalho seja um lugar onde os alunos possam fazer suas pesquisas em periódicos
especializados e no acervo de projetos do próprio NAU, trocar informações com
bolsistas, tomar contato com a comunidade atendida e, principalmente, dimensionar uma nova atmosfera para o ensino de Arquitetura e Urbanismo, associando a pesquisa e a extensão.
A possibilidade de existência de um espaço de “pesquisa-ação” para a elaboração de projetos de Arquitetura e Urbanismo em uma universidade pública é
uma oportunidade única para que docentes arquitetos e urbanistas, em regime
de trabalho de tempo integral e dedicação exclusiva, possam exercitar o seu ofício
junto com os futuros profissionais. Além disso, a tarefa do arquiteto urbanista
traz, como instrumentação ética, o compromisso de trabalhar em prol da comunidade, exaltando o papel social que está presente em sua profissão, na construção do ambiente humano e de uma sociedade menos “desigual” nas cidades
que nos cercam (Baron et al., 2012a; 2012b). Nesse sentido, a oportunidade de
buscar novas metodologias de ensino-aprendizagem em projeto de Arquitetura e
Urbanismo passa, justamente, pelo exercício de um fazer projeto que seja coletivo, em todos os sentidos da palavra. Aliar essa dimensão prática a uma ação
que traga benefícios sociais reais para a sociedade civil é um anseio que pode ser
possível quando as inter-relações entre o ensino e a extensão coexistem. Uma
condição que, quando imbuída pela motivação de se fazer novas descobertas,
açambarcadas pelo espírito da pesquisa, pode reverter em ganhos cada vez
maiores.
Referências bibliográficas
BARON, C. M. P. et al. Complex-Cidade: o planejamento e o projeto urbano na
proposta pedagógica e nas pesquisas do Curso de Arquitetura e Urbanismo da
23
espaços projetados a partir da extensão
Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP/campus Presidente Prudente
(SP). In: II ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA
E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO. Natal,
2012. Anais do... Natal: UFRN, 2012a.
BARON, C. M. P. et al. O planejamento e o projeto urbanos na proposta de revisão
do projeto político pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Fa­
culdade de Ciências e Tecnologia da UNESP/campus Presidente Prudente (SP).
In: XXXI ENCONTRO NACIONAL SOBRE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO (Ensea). São Paulo, 2012. Anais do... São Paulo: Abea,
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DAGNINO, R. Os estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade e a abordagem da
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FIORIN, E. Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos. In: ARAÚJO, M. A.
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tônicos e Urbanos da UNESP (NAU). In: XVIII ENCONTRO DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO DA UNOESTE. Anais do... Presidente Prudente:
Unoeste, 2013.
_____. Inter-relações entre o ensino, a pesquisa e a extensão em Arquitetura e Urbanismo a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de Projetos Arquite­
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2013.
_____, AGUIAR, V. M., BENATTI, P. H. Construir espaços em prol da comu­
nidade: a experiência do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos – NAU,
7o Congresso de Extensão da Unesp, 1a e 2a Etapas, UNESP, 2013.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2008.
VELOSO, M., ELALI , G. A. A pós-graduação e a formação do (novo) professor de
Projeto de Arquitetura. In: LARA, F., MARQUES, S. (Org.). Desafios e conquistas da pesquisa e do ensino de projeto. Rio de Janeiro: EVC, 2003. p.94-107.
Parte I
PROJETOS HABITACIONAIS
1
CASA DE BORRACHA DE PNEU
1
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto3
Carlos Eduardo Soares de Sousa4
Hiwersen Angelo Gnocchi Godoy4
Marina Mello Vasconcelos4
Paula Aparecida Santini de Almeida4
Suellen Ferreira da Costa4
Victor Martins de Aguiar4
Neste trabalho apresentamos as concepções arquitetônicas de uma tipologia
de habitação de interesse social sustentável que julgamos ser passível de construção e adaptação em diversas condições geográficas do estado de São Paulo.
Optamos, diante da necessidade iminente da reutilização de pneus, em conceber
uma proposta estético-construtiva como alternativa possível para o problema.
Assim, partimos da ideia de adotar a borracha de pneu em quatro condições
espe­cíficas: como argamassa na mistura de cimento, areia, água com adição de
borracha de pneu granulado; como revestimento externo em algumas paredes
da edificação na forma de laminados de borracha de pneu para servir como isolante térmico; como tarjas de borracha de pneu entrecruzadas e armadas em painéis para compor um brise-soleil protegendo as aberturas e paredes da edificação;
como composição de um jardim vertical: pneus cortados pela metade, funcio-
1. Projeto premiado em 20 de setembro de 2010 em São Paulo, com menção honrosa no Concurso Público Nacional de Arquitetura para Tipologias de Habitações de Interesse Social Sustentável promovido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado
de São Paulo (CDHU) e Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo (IAB-SP).
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
4.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
28 evandro fiorin
nando como bolsas ou vasos fixados na parede. Essas múltiplas formas de aplicação da borracha de pneu na habitação definiram ações sustentáveis pensadas
numa ordem estrutural, estético-construtiva, de conforto térmico, acústico,
lumi­noso e no paisagismo. Nesse sentido, a planta esguia e o gabarito longilíneo
remetem, por analogia, à banda de rodagem do pneu. Portanto, propositalmente, nos terrenos sugeridos pelo edital do Concurso Público Nacional de
Arqui­tetura Habitação para Todos, a saber, em Ribeirão Preto, Atibaia e Santos,
optamos por configurar implantações retilíneas e delgadas. Nesse caso, a laje de
cobertura, em vez do tradicional telhado, é adotada no projeto como reserva
dispo­nível de um quintal a céu aberto, protegida pela argamassa com agregado
de borracha. Dessa tipologia habitacional que projetamos, conjecturamos outras diversas, derivadas do tipo, podendo este ser disposto em lote individual
ou coletivo, geminado ou separado.
Objetivos
A proposta arquitetônica partiu da ideia de utilizar materiais geralmente
descartados, tais como pneus, para a construção de uma tipologia habitacional
que contemplasse uma disposição espacial com dois ou três dormitórios, sala,
cozinha, banheiro e área de serviço. Assim, nesse projeto podem ser utilizados
tanto os “tijolos feitos com cimento e pedaços de pneu como agregado”, ou
blocos estruturais, também encontrados no mercado da construção civil, além de
telhas ecológicas (nas tonalidades verde, azul e vinho) para vedação lateral e um
sistema de brise-soleil para amenizar o calor, estruturados em uma trama feita de
borracha de pneu.
Metodologia
Adotamos a possibilidade de reuso dos pneus inservíveis como agregado
ao concreto na confecção da estrutura da habitação de interesse social e, também,
como isolante térmico na constituição de um brise-soleil em algumas das paredes
da edificação. Testamos as possibilidades de implantação em algumas áreas de
diferentes cidades do estado de São Paulo.
29
espaços projetados a partir da extensão
Resultados
Inicialmente definimos a borracha de pneu como material a ser trabalhado
em âmbito construtivo e estético. Nesse sentido, optamos por utilizar os pedaços de borracha de pneu como um agregado que substitui a brita na confecção
dos tijolos e também como vedação externa de algumas partes da construção de
um projeto de habitação de interesse social. De outra forma, a borracha de pneu
também serviu para configurar lâminas que, entrecruzadas, puderam se constituir como malha que formata um grande brise-soleil, ou seja, proteção contra
incisão direta de raios solares na edificação. Dessa tipologia habitacional que
projetamos (Figura 10), conjecturamos outras diversas, podendo estas ser dispostas em lote individual ou coletivo, geminadas ou separadas. Adotamos como
cobertura, a laje plana impermeabilizada. Nessa ideia vemos uma maneira de
maximizar o uso do terreno, prevendo a cobertura como um quintal suspenso.
Sendo assim, na cidade de Ribeirão Preto (SP), essa laje plana poderia servir
como uma área de lazer; em Atibaia (SP), como solário; e, em Santos (SP), como
um grande pátio. É importante ressaltar que a proposta seguiu as normas e as
determinações de metragem quadrada mínima requeridas pela Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.
Considerações finais
Apresentamos neste trabalho as concepções arquitetônicas de uma tipologia
de habitação de interesse social sustentável que julgamos passível de construção
e adaptação em diversas condições geográficas do estado de São Paulo. Em se
tratando da necessidade iminente de reutilização de pneus, concebemos uma
proposta estético-construtiva como alternativa possível para o problema. Este
trabalho é fruto de um concurso nacional de ideias e dispõe de um vasto material
gráfico. Este projeto foi premiado com menção honrosa, na categoria casas térreas, no Concurso Público Nacional de Arquitetura Habitação para Todos promovido pela CDHU e IAB-SP.
30 evandro fiorin
Figura 10 – Perspectiva explodida da Casa de Borracha de Pneu
Fonte: Autores, 2010.
Figura 11 – Elevações da Casa de Borracha de Pneu
Fonte: Autores, 2010.
31
espaços projetados a partir da extensão
Figura 12 – Planta da Casa de Borracha de Pneu
Fonte: Autores, 2010.
32 evandro fiorin
Figura 13 – Cortes longitudinais da Casa de Borracha de Pneu
Fonte: Autores, 2010.
Figura 14 – Perspectiva renderizada da Casa de Borracha de Pneu
Fonte: Autores, 2010.
33
espaços projetados a partir da extensão
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Fórum Ambiental da Alta (Tupã: Anap/UNESP), v.6, n.1, p. 89, 2010.
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2011. Dis­po­nível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/­
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SIEPLIN, P., FIORIN, E., OKIMOTO, F. S. Projeto da UNESP de PP é premiado
em concurso. O Imparcial. Presidente Prudente, p.2B, 23/9/2010.
2
HABITAR O VIADUTO:
INTERVENÇÃO EM ÁREA URBANA
DA CIDADE DE BAURU (SP)
1
Profa dra Elizabeth Mie Arakaki2
Prof. dr. Evandro Fiorin3
Ana Carolina Álvares Capelozza4
Luciana Akie Sasaki4
Suellen Ferreira da Costa4
Victor Martins Aguiar4
Cada vez mais a cidade se expande. A urbe se espraia e novas áreas são
incor­poradas à malha urbana. É um processo que parece não ter fim, sempre
para além das linhas que delimitam o mapa urbano. Os centros áureos de outrora, com “belas lojas, hotéis chiques, bares requintados foram cedendo lugar a
pontos sombrios, pensões suspeitas, locais de bêbados e prostitutas”, como
afirma Archimedes Raia (2008) sobre o caso bauruense. A dinâmica espacial de
segregação criada pelas elites que se moveram no espaço urbano suscita a inversão das áreas de maior status dentro da cidade: a periferia torna-se agora mais
aprazível, com suas residências de alto padrão, enquanto o centro perde importância e se deteriora.
Os programas de renovação urbana financiados pelo Estado e pelo capital
imobiliário buscam novas soluções para áreas degradadas, muitas vezes sem considerar o passado. O investimento nessas regiões “revitalizadas” acaba por expulsar moradores de menor renda que ali constituíram suas vidas, resultando
1.Concurso Nacional de Ideias – Reforma Urbana/Fenea.
2.Docente substituta do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP.
3.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
4.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
36 evandro fiorin
num processo de gentrificação, que Paul Singer (1979) explica da seguinte
manei­ra:
Não tendo poder aquisitivo para continuar na zona renovada, são obrigados a se
mudar, o que significa o mais das vezes maior distanciamento do trabalho,
quando não perda do mesmo, pagamento de aluguel mais elevado (porque a
reno­vação urbana reduz a oferta de alojamentos baratos) e a perda de relações de
vizinhança, o que, para pessoas pobres e desamparadas, pode ser o prejuízo mais
trágico. Em última análise, a cidade capitalista não tem lugar para os pobres.
(Singer, 1979, p.33)
Na verdade, é como se a história desses locais não mais importasse. Talvez a
definição que Rem Koolhaas (1995) faz de Cidade Genérica venha a calhar aqui:
A Cidade Genérica é a cidade liberada da escravidão do centro, da camisa de
força da identidade. A Cidade Genérica despreza este círculo vicioso de dependência: é nada mais que uma reflexão das necessidades de hoje e da capacidade
de hoje. É a cidade sem história. É bastante grande para todos. É cômoda. Não
requer manutenção. Se ela torna-se muito pequena, ela somente se expande. Se
ela fica velha, somente se autodestrói e se renova. (Koolhaas, 1995, p.1.249-50)
A questão principal deste projeto gira em torno da seguinte indagação: qual
cidade estamos criando ao ratificar a deterioração de áreas dentro da própria
urbe, principalmente zonas centrais que, sem qualquer redesenho urbanístico,
estão se tornando “lugares fantasmas”?
Pensando nessa problemática fazemos uma reflexão projetual sobre o centro
da cidade de Bauru, município localizado no centro-oeste paulista.
Assim como todas as cidades que tiveram seu crescimento populacional e
econômico advindo da ferrovia (Ghirardello, 2008), em Bauru, quando o automóvel passou a ser o principal meio de locomoção na década de 1950, a região
ferroviária, que ocupava grande parte do centro da cidade, começou a perder
impor­tância e significado.
Tentando evitar a degradação da área central, na década de 1990 houve a
abertura do calçadão da rua Batista de Carvalho, sendo proposta a primeira revitalização da área central. Porém, as áreas ao redor da estação ferroviária continuaram se desvalorizando. Com o aumento populacional, a cidade se expandiu,
foi implantado um shopping center, que colaborou na promoção e valorização do
eixo Norte-Sul da cidade, ao longo da avenida das Nações, incluindo aí o parque
Vitória Régia, um dos seus cartões-postais.
37
espaços projetados a partir da extensão
Nas últimas décadas, várias foram as tentativas de repensar o centro da
cida­de de Bauru, através de projetos arquitetônicos e urbanos, alguns deles
elabo­rados por importantes arquitetos (Gomes, 2005) e outros pelos próprios órgãos municipais. Houve também a experiência do poder público de tentar a
sobreposição dos trilhos construindo um grande viaduto.
Nesse sentido, o projeto que propomos pretende intervir nesse viaduto parcialmente construído, de aproximadamente 720 metros de comprimento, que
deveria ligar a área central da cidade a Vila Falcão, Vila Quaggio e Jardim Bela
Vista, mas que, até o momento da elaboração deste projeto, não havia sido terminado. Nos últimos anos, o viaduto inacabado tinha sido alvo constante de protestos na cidade, principalmente dos moradores e estudantes, pois a população
estava inconformada com o descaso da obra inconclusa.
Objetivos
Apresentamos um projeto que busca a apropriação do espaço físico da parte
superior desse viaduto inacabado, pois, como ainda há passagem de trens no
local, não haveria possibilidade de intervenção no nível da ferrovia. Sugerimos
então, a construção de habitações coletivas sobre o grande pontilhão inconcluso.
Assim, o trabalho pretende rediscutir o paradigma dos antigos projetos corbusierianos, pensados para a cidade do automóvel, pondo-os em xeque. Alude-se,
então, à possibilidade de “habitar o viaduto”, como um lugar do tempo lento, da
moradia e da permanência.
Metodologia
Para que o projeto pudesse ser elaborado, o primeiro passo foi o levantamento da área em questão. Nesse sentido, realizamos uma visita de campo, tirando fotografias, coletando mapas, fazendo croquis, além de produzir algumas
entrevistas. Com esse material, pudemos apreender melhor o lugar e sua relação
com o entorno. O principal sentimento ao observar a grandiosa obra de engenharia que se constitui de quatro pedaços inacabados desse viaduto é o de incômodo. Ou seja, o que faríamos nele? Como poderíamos tirar partido dessa
grande massa de concreto embrutecida, que leva nada a lugar nenhum? Decidimos, então, que iríamos torná-lo habitável, tomar posse desse espaço dando
condições para que essa infraestrutura urbana se transformasse em um desenho
de cidade.
38 evandro fiorin
As referências arquitetônicas utilizadas para a elaboração do projeto foram:
desde a Ponte Vecchio de 13455 (século XIV), passando pelas propostas urbanísticas de Le Corbusier para São Paulo e Rio de Janeiro,6 até os projetos habita­
cionais de escritórios de Arquitetura contemporâneos como MVRDV e BIG.7
Resultados
As habitações foram dispostas ao longo do pontilhão de maneira que sua
função de passagem não se perdesse, porém, agora, o pedestre é quem dita o
passo desse percurso. O projeto limita-se ao viaduto para que a sua estrutura não
seja perdida, pois a ideia é apropriar-se dele sem escondê-lo, mantendo a horizontalidade do conjunto, descortinando, do alto, a bela vista da cidade.
Figura 15 – Proposta projetual das habitações coletivas sobre o viaduto inacabado
Fonte: Autores, 2011.
As tipologias são diferenciadas para cada tipo de grupo doméstico: solteiros,
casais, monoparentais, idosos e deficientes físicos (Figura 16); baseando-se nas
5.Data referente à sua reconstrução após destruição pelas cheias de 1333.
6. Projetos de 1929. Cf. Le Corbusier, 2004.
7. MVRDV: escritório com sede em Roterdã, na Holanda, fundado em 1991; BIG (Bjarke Ingels
Group): escritório dinamarquês fundado em 2006. Ambos premiados por projetos na área de
habitação coletiva. O estudo dos exemplos citados foram de grande importância para as discussões acerca do projeto, pois pudemos perceber as mudanças das necessidades da sociedade ao
longo do tempo, comprovando novos paradigmas de uma cidade dinamicamente mutável, que
precisa ser pensada nos moldes atuais de comportamento e tecnologia e não mais apenas seguindo a tríade vitruviana, ou mesmo o pensamento corbusieriano.
39
espaços projetados a partir da extensão
necessidades de cada um desses grupos emergentes, tendo como referência os
estudos realizados pelo grupo Núcleo de Estudos de Habitares Interativos
(Nomads) do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo (IAU-USP).
A estrutura da edificação é feita no sistema de construção seca steel frame
(Figura 17), com a colocação de placas cimentícias para revestimento. A edificação segue a modulação das dimensões das placas já existentes no mercado,
pois, dessa forma, estaríamos otimizando os prazos e custos totais com a edificação. No total, foram propostas 55 habitações, divididas em:
a) Solteiro/divorciado = 22, com 28,80 m² cada.
b)Deficiente físico = 6, com 34,60 m² cada.
c)Casal sem filhos = 14, com 34,80 m² cada.
d)República/casal com filhos/idoso = 7, com 57,60 m² cada.
e) Monoparental/casal com filhos = 6, com 60 m² cada.
Figura 16 – Disposição interna sugerida para cada uma das tipologias apresentadas
Fonte: Autores, 2011.
40 evandro fiorin
Figura 17 – Esquema do sistema construtivo em steel frame com a adição das placas
cimen­tícias
Fonte: Autores, 2011.
Figura 18 – Proposta projetual das habitações coletivas sobre o viaduto inacabado e
ciclo­via
Fonte: Autores, 2011.
41
espaços projetados a partir da extensão
A ligação entre os “pedaços” construídos do viaduto foi pensada através de
passarelas de viga vierendeel, que teriam como piso e teto uma grelha metálica
que permite a passagem tanto pelo interior da estrutura quanto por cima da
mesma, onde também seriam criados espaços de contemplação e vertigem. A escolha foi por causa da transparência permitida pela estrutura, já que o projeto
deseja marcar os vazios estruturais. Ao longo de todo o viaduto, exceto nas passarelas, propomos uma ampliação da pista com a mesma grelha metálica utilizada nas passarelas, para a implantação de uma ciclofaixa – de um dos lados – e
de uma via para pedestres do outro lado, fortalecendo assim o conceito da lentidão do tempo, de permanência, de observação.
Propusemos também dois parques, um em cada extremidade do pontilhão.
Por possuir certa declividade, o parque seria implantado de modo escalonado,
através de deques de madeira (Figura 19), com bancos e vegetação, criando espaços de convívio e de lazer, tentando resgatar as relações de vizinhança, de amizade, de coletividade. No cume de cada um desses parques, a proposta é a
implantação de pequenos estabelecimentos comerciais (no total sete) para marcar
a transição entre o espaço de lazer e as habitações. Além, é claro, de fazer alusão à
principal atividade econômica da cidade de Bauru.
Figura 19 – Proposta projetual do parque sobre o viaduto inacabado
Fonte: Autores, 2011.
42 evandro fiorin
Considerações finais
Este projeto foi inicialmente pensado em sala de aula e, posteriormente,
reela­borado no NAU para o Concurso Nacional de Ideias para a Reforma Urbana sobre o tema “A reforma urbana, o ordenamento territorial no Brasil e seus
conflitos nos municípios de pequeno e médio porte” organizado por Federação
Nacional dos Estudantes de Arquitetura (Fenea)/Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura (Enea) em 2011, é apenas uma proposição de infinitas outras possibilidades que poderiam ser elaboradas para o local. Também foi
apresentado no II Seminário de História e Tecnologia da Habitação (Sehthab) –
“Habitação no século XXI: sustentabilidade, experiências e tendências”, em
Poços de Caldas (MG), na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(PUC-Minas). Sendo assim, o que vale ressaltar é a discussão acerca da cidade
contemporânea, bem como o rumo das nossas cidades e de seus territórios deteriorados. A mesma velocidade de informações e acontecimentos que conecta
tudo, também pode destruir a singularidade dos indivíduos com os novos pretextos da modernização. A história é necessária para que não se cometam os erros
passados, portanto não deve ser apagada. Nosso trabalho é o de olhar para dentro
da cidade e para todas as suas “feridas” que ficaram expostas durante o processo
de urbanização e crescimento, devendo estas ser parte das soluções nas propostas
que o arquiteto e urbanista busca para a nossa realidade urbana, uma procura por
alternativas possíveis, em uma constante ressignificação dos preceitos modernistas, e por possibilidades de intervir em áreas urbanas de modo diverso, sem
criar uma “arquitetura do espetáculo”.
Referências bibliográficas
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riorada da cidade de Bauru (SP). In: II SEHTHAB – SEMINÁRIO DE HIS­
TÓ­RIA E TECNOLOGIA DA HABITAÇÃO NO SÉCULO XXI:
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43
espaços projetados a partir da extensão
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(Org.). A produção capitalista da casa (e a cidade) no Brasil industrial. São Paulo:
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3
30th CENTURY HOUSE –
HABITAÇÃO PRÉ-FABRICADA
1
EM CONCRETO ARMADO
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Diego Marangoni dos Santos3
O projeto para essa casa pré-fabricada pretende ser um pequeno fragmento
do que poderá ser o mundo do terceiro milênio. Uma casa que deve ser compatível com o ser humano do futuro: consciente de suas ações e de suas implicações.
O meio ambiente, qualquer que seja a escala observada, define quem somos,
como agimos e como pensamos. É um fato e, portanto, imune a qualquer opinião
sustentada por pontos de vista que não sejam científicos. É a Epigenética.4
A casa pode ser, talvez, a menor escala em termos de meio ambiente e por si
só desempenha enorme papel no comportamento humano, seja de maneira
1.6o Prêmio Nacional de Pré-Fabricados de Concreto – Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
4. “Um dos primeiros cientistas a sugerir que os hábitos de vida e o ambiente social em que uma
pessoa está inserida poderiam modular o funcionamento de seus genes foi Moshe Szyf, professor de Farmacologia e Terapêutica da Universidade McGill, no Canadá. Szyf também foi
pioneiro ao afirmar que essa programação do genoma – que ocorre por meio de processos bioquímicos batizados de mecanismos epigenéticos – seria um processo fisiológico, uma espécie de
resposta adaptativa ao ambiente que começa ainda na vida uterina” (Toledo, 2013). Disponível
em <http://agencia.fapesp.br/16965>. Acesso em 15/5/2013. Os mecanismos epigenéticos
envolvem modificações químicas do próprio DNA e podem ser responsáveis por: permutação,
bookmarking, imprinting genômico, silenciamento de genes, inativação do cromossomo X, position effect, reprogramação, transvecção, o progresso de carcinogênese, muitos efeitos de teratógenos, regulação das modificações de histona e heterocromatina, e limitações técnicas afetando
partenogênese e clonagem.
46 evandro fiorin
nega­tiva, através da dificuldade de acessos e de organização dos espaços, do desconforto térmico e acústico, que contribuem substancialmente para o aumento
do estresse diário, ou de maneira positiva, facilitando os acessos e a organização
dos espaços, proporcionando conforto térmico, gerando economia, através do
uso de energia limpa, boa alimentação e garantindo o reuso de bens tão preciosos
como a água. Também deve ser apta a se reorganizar para as nossas atividades
mais diversas e em constante troca e adaptação com o seu entorno imediato.
Um ambiente livre das influências negativas, não importa em qual escala o
observemos, contribui massivamente para esculpir e moldar nosso “reservatório
gênico” da melhor maneira possível. Portanto, a nossa casa é também uma entidade educadora, que demanda determinadas atividades diárias que devem ser
desempenhadas por nós e que, pouco a pouco, nos ensina a usar racionalmente os
recursos naturais da Terra.
Essa consciência e a tecnologia são os nossos meios para garantir que as próximas gerações continuem a usufruir dos recursos naturais que ainda possuímos
em abundância, para que consigam ter uma vida com ganhos de qualidade significativos.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi realizar um projeto composto por elementos
pré-moldados de concreto para uma casa que fosse sustentável, especialmente
para participar de um concurso nacional de Arquitetura, o 6o Prêmio Nacional
de Pré-Fabricados de Concreto para Estudantes de Arquitetura promovido pelo
IAB-SP e pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Metodologia
Para a realização deste projeto foram estudados os sistemas estruturais em
concreto armado especificados pelas bases do referido concurso e conceitos relativos à sustentabilidade ambiental, ao meio social e à Epigenética (Szif et al.,
2008). Como pressupostos, não imaginávamos a estrutura de concreto armado,
sempre predeterminada em seus módulos, como um fator limitador da possibi­
lidade de adaptabilidade dessa nova casa à vida das pessoas e às preocupações
ambientais. Assim, a estrutura passava a ser para o projeto uma espécie de “cadeia” de “DNA” onde deveríamos propor situações em aberto, passíveis de mudança, adaptabilidade e interação. Espaços capazes de sofrer, também, os “efeitos
47
espaços projetados a partir da extensão
colaterais” (Campos et al., 2008) da ação humana. A elevação frontal conta com
aberturas articuláveis que captam energia solar (figuras 20 e 25), as laterais da
casa podem se abrir por completo no piso inferior, uma horta pode ser feita nos
fundos da casa e, também, a laje superior servir como espaço para uma pequena
plantação como meio de prover a subsistência humana, além de contar com captação de água pluvial para reuso, coleta seletiva e uso de bicicleta como meio de
transporte.
Resultados
A 30th Century House foi pensada para ser inserida em lotes estreitos, neste
caso 7,5 m × 22,5 m. Uma construção limpa. A residência foi projetada para
abrigar uma pessoa solteira ou um casal, conta com espaços amplos e racionalmente integrados e contém os seguintes ambientes: espaços para plantar, comer,
viver, higienizar, dormir, descansar e trabalhar, contabilizando 100,45 m². Há a
possibilidade de uma tipologia acessível, onde a escada pode ser substituída por
um elevador. Os demais espaços da residência são amplos o bastante para atender
as necessidades de um cadeirante.
Figura 20 – Elevação frontal 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
48 evandro fiorin
Figura 21 – Elevação lateral 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
Figura 22 – Plantas da 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
49
espaços projetados a partir da extensão
Figura 23 – Corte longitudinal da 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
Figura 24 – Corte transversal da 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
50 evandro fiorin
Figura 25 – Perspectiva explodida da 30th Century House
Fonte: Autores, 2011.
Considerações finais
A realização do projeto desta residência foi uma oportunidade importante
para desenvolver conceitos ligados à sustentabilidade ambiental, aliado a conceitos de uma nova vertente da Biologia, a Epigenética, em um programa determinado por um sistema estrutural bastante fechado. Apesar de o projeto enviado
ao referido concurso não ter sido premiado, pudemos ter a oportunidade de
desenvolver dispositivos de captação de energia limpa e subsistência familiar
para um maior desempenho energético, que ainda não havíamos pensado anteriormente.
Referências bibliográficas
CAMPOS, A. et al. (Org.). Espaços colaterais. Belo Horizonte: ICC, 2008.
SZIF, M., MCGOAN, P., MEANEI, M. J. The Social Environment and the Epigenome. Environ Mol Mutagen, 49(1), p.46-60, jan. 2008.
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Agência Fapesp. 2013. Disponível em <http://agencia.fapesp.br/16965>. Acesso
em 15/5/2013.
4
VILA DAS BANANEIRAS
1
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Marcelo Gonçalves Hasimoto3
Artur Felipe da Costa Rosa3
Emanuela Mayumi de Campos Komatsu Leite de Souza3
Neste projeto vislumbramos a oportunidade da crítica ao modelo habitacional de baixo custo no país. A maioria das experiências ligadas à habitação de
interesse social no Brasil é resultado de um padrão que já deveria ter sido exaurido, pois ignora as reais necessidades sociais, não levando em conta aspectos
culturais e climáticos, caracterizando-se por uma tipologia monótona e segre­
gacionista. Além disso, a implantação dos conjuntos habitacionais em áreas
periféricas das cidades gera problemas relacionados ao transporte público, acessibilidade urbana e abre caminho para a especulação imobiliária (Maricato,
1997a; 1997b). Na proposta projetual que apresentamos propomos unidades
habi­tacionais dispostas em pequenas vilas, no centro da cidade, onde os moradores possam criar uma íntima relação de vizinhança e sejam interconectados
por um pátio central que se abre para a rua. Nessa disposição espacial buscamos
proporcionar um lugar de encontro numa clara ligação com o contexto urbano
existente. As casas não possuem um fechamento total, não existem muros, assim
podem tornar o fluxo interior de cada módulo habitacional parte da vida do
bairro. Nesse âmbito, o coletivo e o privado se mesclam nesse projeto, criando
um modo de viver dotado de experimentações não convencionais que se abrem à
pluralidade.
1. Participação no Prêmio Bim.bon.
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
52 evandro fiorin
Objetivos
A preocupação com as relações socioespaciais é algo primordial nesta proposta. Relações entre os usuários da vila e destes com a cidade. Em um contexto
onde os conjuntos habitacionais são marginalizados em função da distância dos
centros urbanos e os muros se fazem cada vez mais presentes e imponentes em
nossa sociedade (Caldeira, 2000), entendemos a importância de diluir algumas
dessas barreiras socioespaciais nesse projeto. Nossa proposta não contempla
cerca­mentos e consideramos a possibilidade de lotes diferentes para a implantação da vila tendo em vista terrenos localizados em um centro urbano já consolidado. As áreas de vivência do conjunto trabalham como um elo entre a vila e a
cidade, uma vez que a circulação é livre. A própria vila é altamente integrada,
visto que os módulos residenciais são dispostos um de frente para o outro e entre
eles há um pátio interno. Imaginamos relações de vizinhança que fugiriam aos
padrões, pois não se resumiriam a uma troca de olhares por entre um muro ou
guarda-corpo (Hertzberger, 1999), ou numa conversa nas calçadas. Esse pátio
coletivo (Figuras 26 e 27), para o qual as habitações são voltadas, poderia aguçar
também as relações táteis, olfativas, visuais e auditivas, que ficariam mais aguçadas, já que os usuários podem se “encontrar” a todo instante. Incentivamos
esses encontros e choques, pois entendemos que estes são de vital importância
para a vida urbana.
Metodologia
Tendo em vista a necessidade de redução das dimensões dos espaços de moradia para o barateamento dos custos determinados pelo Prêmio Bim.bon, ao
qual submetemos esse projeto no ano de 2013, criamos grandes áreas de convivência externa, estimulando encontros e trocas de informações. A cobertura das
casas superiores e parte das inferiores também se torna área para convivência,
estabelecida a partir de platôs vegetais e pisoteáveis (Figura 30), que, além do
caráter humano ligado à vivência desses espaços, ainda pode proporcionar algumas soluções para redução da temperatura interna das casas. A proposta foi
pensada a partir de um lote em Presidente Prudente, cidade no interior do estado
de São Paulo, porém, com a possibilidade de difusão de seus princípios pelo território brasileiro.
53
espaços projetados a partir da extensão
Resultados
Buscamos aliar as questões sustentáveis a sistemas construtivos não muito
habituais. Estruturas simples de pórticos de aço sustentam toda a residência de
forma racional e garantem uma construção mais rápida pela industrialização
de seu feitio. O sistema estrutural ampara os fechamentos leves (figuras 26 e 27),
que promovem certa privacidade à habitação.
Figura 26 – Pátio e espaços internos integrados, Vila das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
Figura 27 – Espaços comuns da habitação, Vila das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
Um aspecto pouco considerado nos conjuntos habitacionais para habitação
de interesse social é a ampliação do núcleo familiar. No projeto proposto, essas
áreas de expansão podem comportar mais cômodos extras, módulos que seguem
54 evandro fiorin
o padrão estabelecido pela residência já existente – podendo variar no comprimento conforme a necessidade da família em questão. Essas alterações na residência se darão sem uma forma de controle, variando desde o material até o
layout (com uma única imposição em relação à largura). Entendemos essa condição como algo positivo, um configurador de identidade dessa comunidade.
Com o intuito de relacionar o projeto com o entorno urbano consolidado,
nossa proposta é passível de instalar-se em grande parte dos lotes que configuram a malha urbana. A ideia é que os módulos possam ser dispostos das mais
diversas maneiras, conforme o lote escolhido exija. Esse processo é, também,
possibilitado pela estrutura de aço, que trabalha como um exoesqueleto dos módulos residenciais. No instante em que a estrutura se instala no terreno, o módu­lo
pode encaixar-se de uma maneira harmoniosa. A inexistência de muros demanda
uma relação aberta com o entorno e pode garantir uma espacialização que se
adapta às condições do lugar.
Nesse projeto, uma questão a ser discutida são os sistemas de captação e tra­
ta­mento de esgoto existentes nas nossas cidades, os quais promovem o desequilíbrio no bom desenvolvimento urbano, além de graves problemas socioambientais.
Diante dessa problemática, que nos aflige, decidimos utilizar alguns dispositivos
oriundos da permacultura, os quais podem ser bastante úteis: as bacias de evapotranspiração e os círculos de bananeira (figuras 28 e 29), para tratar as águas
cinza (pias, tanques e chuveiros).
Figura 28 – Espaços de inter-relação entre as edificações, círculo de bananeiras, Vila das
Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
55
espaços projetados a partir da extensão
Figura 29 – Esquema do sistema de permacultura para o tratamento das águas cinza, Vila
das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
Além de ser funcional, esse tipo de sistema criará uma área verde de convivência entre os moradores com um eficiente índice de conforto térmico, já que se
forma uma área bastante úmida devido à transpiração da vegetação. Assim, o seu
baixo custo de instalação e manutenção proporcionará a aplicação comunitária
desses sistemas e a não utilização de produtos químicos.
Figura 30 – Platôs vegetais e pisoteáveis, Vila das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
56 evandro fiorin
Figura 31 – Cobertura, Vila das Bananeiras, detalhe da passarela
Fonte: Autores, 2013.
Figura 32 – Perspectiva explodida, Vila das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
57
espaços projetados a partir da extensão
Figura 33 – Esquema construtivo, Vila das Bananeiras
Fonte: Autores, 2013.
Considerações finais
Com o projeto desenvolvido, tentamos apontar possibilidades de criar unidades habitacionais inseridas no meio urbano com qualidades socioambientais,
com sistemas construtivos racionais e meios técnicos mais acessíveis, principalmente no intuito de tentar melhorar o modo de viver e ocupar a cidade. Nessa
proposta não há um público-alvo específico, já que foi enviada para um concurso
de Arquitetura com demandas próprias, no sentido de fomentar novas ideias
para uma possível futura aplicação à sociedade. O referido projeto não foi premiado e segue sendo uma tentativa de esboçar algumas possibilidades espaciais
para uma área ainda tão carente de efetivas transformações que é o da habitação
de interesse social no Brasil.
Referências bibliográficas
CALDEIRA, T. P. R. Cidade dos muros: crime, segregação e cidadania em São
Paulo. São Paulo: Editora 34, 2000.
CÍRCULO de Bananeiras. SeteLombas. Disponível em <http://www.setelombas.
com.br/2006/10/circulo-de-bananeiras/>. Acesso em 17/2/2013.
HERTZBERGER, H. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MARICATO, E. Brasil 2000: qual planejamento urbano? Cadernos IPPUR (Rio de
Janeiro), ano XI, n.1 e 2, p.113-30, 1997a.
_____. Habitação e cidade. 3.ed. São Paulo: Atual, 1997b.
PARTE II
PROJETOS INSTITUCIONAIS
5
UM ANTEPROJETO COM IDEIAS DE
SUSTENTABILIDADE:
O EDIFÍCIO DOS ATELIÊS DO CURSO DE
ARQUITETURA E URBANISMO DA UNESP/
CAMPUS PRESIDENTE PRUDENTE (SP)
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Prof. dr. Fernando Sérgio Okimoto2
Prof. dr. Hélio Hirao2
Profa dra Cristina Maria Perissinotto Baron2
Diego Marangoni dos Santos3
Evidio Lucas Minzone3
Gustavo Favaretto Martinez3
Marcella Silva Fratantônio3
Mariana Garcia Junqueira3
Nathália Maule Brigido3
Victor Martins de Aguiar3
O anteprojeto para a Central de Salas de Aulas VII que abriga os ateliês do
Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP/campus de Presidente Prudente foi elaborado por uma equipe inter­
disciplinar, formada por arquitetos, engenheiros e discentes do Curso de
Arquitetura e Urbanismo, junto ao Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos da mesma unidade. O projeto consistiu em um exercício projetual de
cará­ter extensivo, mas que pleiteia para si, também, um teor de pesquisa, sobre1.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
62 evandro fiorin
tudo pela busca de ideias de sustentabilidade a serem trabalhadas na construção
da universidade. O seu desenvolvimento se deu em duas etapas. A primeira
aconteceu em 2010 e será apresentada aqui, explicitando os objetivos e metodologia adotada. A segunda parte deste trabalho projetual foi realizada no ano de
2011 e consistiu na lapidação do anteprojeto ora apresentado, também desenvolvido pelo NAU, com a finalidade de encaminhamento para licitação de projeto executivo, que foi contratado e será construído nos próximos anos, com
modificações.
Objetivos
O objetivo da realização desse anteprojeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico para um novo bloco de salas de aula do Discente VII era o de colaborar
com novas ideias no âmbito do edifício, da ocupação do entorno e da paisagem
da UNESP/campus Presidente Prudente e, nesse sentido, o público-alvo seria a
própria comunidade acadêmica. Também buscávamos contribuir com algumas
alternativas construtivas em variadas escalas de intervenção, as quais pudessem
informar novos projetos desenvolvidos pela UNESP como um todo.
Metodologia
Implantação, história, memória e imaginário
A escolha do local para a Central de Salas de Aulas VII busca suas diretrizes
de implantação no primeiro Plano Diretor de Ocupação Territorial da unidade. A
edificação abrigará, além dos ateliês do Curso de Arquitetura e Urbanismo, salas
de aulas para os demais cursos – doze ao todo –, e um espaço de apoio às edifi­
cações discentes do entorno, proporcionando o encontro entre os graduandos dos
diversos cursos, bem como aos visitantes do Centro de Museologia e Arqueologia
(Cemaarq).
A existência de um eixo estruturador, a partir da edificação da Diretoria da
Faculdade, cruza a gleba principal do campus e serve como ponto de partida
da proposta do grupo de professores e alunos. Apesar das transformações es­
paciais da unidade, ao longo dos anos, com a anexação de terrenos do entorno,
construção de uma série de edificações e equipamentos para atender o crescimento da Faculdade de Ciências e Tecnologia, a proeminência histórica desse
eixo marcante é reconhecida. Dessa maneira, a sua função de caminho de
63
espaços projetados a partir da extensão
pedestres é valorizada, bem como outras preexistências do lugar, que servem
como referências para a ação projetual.
Nesse sentido, consideramos o Zoneamento Funcional do campus levando
em conta o agrupamento dos blocos de salas de aulas IV, V e VI, conformando um
sistema que tenta articular todos esses edifícios através de praças de convívio. A
proximidade com o Centro de Museologia e Arqueologia (Cemaarq) favorece a
diversidade de usos compatíveis pelos inúmeros visitantes que recebe todos os
meses e busca estabelecer um vínculo com a memória da cidade e da região, em
virtude desse acervo. Sobre o referido museu, uma caixa d’água, ainda por terminar, a qual deveria ter servido como mirante, contém um potencial de refe­
rencial formal dentro do campus Presidente Prudente, especialmente pela sua
verticalidade; por esse motivo, é respeitada, na opção pela horizontalidade do
projeto.
Os caminhos e as linhas do desejo existentes no sítio também foram considerados no “desenho” da Central de Salas de Aula VII. Nesse caso, todos foram
mantidos tangenciando e cruzando o edifício, buscando dar qualidades espaciais
para a implantação ao respeitar os valores afetivos das pessoas que percorrem o
lugar, numa maneira de revelar não apenas uma “imagem” dessa paisagem, mas,
fundamentalmente, seu “imaginário”.
Assim, a concepção projetual trabalha tanto os espaços construídos como os
não construídos, levando em conta o uso e a apropriação socioespacial existente,
como a proposição de novas perspectivas de vivências e sensações a serem absorvidas pelos seus usuários. Considera, portanto, a história, a memória e o imaginário social para definir os novos “desígnios” desse espaço (Figura 34).
Nesse sentido, ao pensarmos o projeto de integração de uma praça já existente às outras duas projetadas, além da grande praça parcialmente coberta no
térreo do edifício proposto, fortalecemos a relação entre os espaços naturais e
construídos configurando ambientes que visam ao melhor aproveitamento das
áreas disponíveis, para que estas possam ser facilitadoras de sociabilidade. Portanto, reforçamos os usos habituais e as apropriações socioespaciais desse campus
multidisciplinar, fazendo com que novos ambientes surjam e, então, estudantes
de diversos cursos possam utilizar os mesmos espaços garantindo a riqueza dos
encontros, a diversidade e o acaso.
Assim, os percursos e a permanência nesse lugar favorecem a percepção da
heterogeneidade da Paisagem Natural e Construída (Cullen, 1987; Ashihara,
1982; Prinz, 1984), proporcionando visuais ao usuário, em função de ambientes
específicos, carregados de expressão, lembranças e significados.
De tal modo, na proposta concebida, os vários tempos estão registrados nas
intervenções espaciais que caracterizam e reforçam as identidades (Lynch, 2006)
64 evandro fiorin
locais. Da mesma forma, as forças do lugar (Baker, 1998), com sua sutil topografia, insolação e paisagem natural passam a ser consideradas no processo das
tomadas de decisões projetuais, podendo levar as pessoas, de simples usuários a
protagonistas desse contexto.
Figura 34 – Campus da UNESP – Presidente Prudente: o eixo (vermelho), as praças de
convívio (azul), a Central de Salas de Aula VII (verde) e o Cemaarq (amarelo)
Fonte: Autores, 2010.
Diante disso, as ideias do projeto paisagístico (Figura 35) aproveitam os elementos naturais existentes, acrescentando outros com o objetivo de identificar
espaços abertos e garantir ambiências que favoreçam o convívio de todas as pessoas. Os caminhos possuem vegetações características que marcam o trajeto com
agrupamento de plantas frutíferas e arbustos com determinada coloração.
Nessa proposta, a grande praça parcialmente coberta da Central de Salas de
Aula VII (Figura 36), funciona como polo articulador dos vários percursos;
inter­conecta os possíveis caminhos – o eixo estruturador –, além dos outros edifícios construídos em várias épocas. Assim, as palmeiras, as árvores, os arbustos
e as forrações são estrategicamente pensados para valorizar a diversidade: no uso
de diferentes espécies, cores e aromas. Trajetos multifacetados, entrelaçados pela
paisagem natural e construída.
65
espaços projetados a partir da extensão
Figura 35 – Os caminhos interligando as praças, identidades com plantas frutíferas e
arbus­tos
Fonte: Autores, 2010.
Figura 36 – A praça da Central de Salas de Aula VII, o edifício, os espaços abertos e de
encontro e o paisagismo
Fonte: Autores, 2010.
66 evandro fiorin
O edifício: heranças arquitetônicas e a construção do lugar
O projeto da grande praça parcialmente coberta da Central de Salas de Aula
VII deve ser entendido como marco zero da proposta projetual que se esboça.
Um polo articulador dos vários percursos da comunidade acadêmica ou daqueles estudantes de escolas da cidade e região que visitam mensalmente o
museu. Nesse sentido, busca conformar uma grande cobertura para abrigar os
alunos e visitantes como continuidade dos espaços externos. O espelho d’água
que a inter­penetra reforça esse sentido. Parte da praça está sob o edifício e a
outra recebe sol. Nesse caso, projetamos um espaço sombreado/ensolarado,
configurado também por uma escadaria-rampa em uma de suas laterais, onde os
alunos e visitantes podem se sentar, conversar, ou assistir a um acontecimento
inesperado. Tal proposição abre caminho para que a rampa não seja apenas um
lugar de passagem e o grande vão livre ganhe um sentido contemporâneo que,
em vez de um espaço ocioso, proporcione possibilidades, permitindo, assim, a
“imprevisibilidade dos usos” (Ferrara, 2000; Hertzberger, 1999); ver Figura 37.
Figura 37 – O edifício e a grande praça parcialmente coberta, vista da escadaria-rampa
Fonte: Autores, 2010.
Assim, a grande praça parcialmente coberta deve ser lida como um espaço
de encontros, onde podem acontecer vários dos eventos do campus. Nesse caso,
buscamos construir a praça aberta e parcialmente coberta, como um projeto tentacular que impele a uma convivência espacial nova, mais solta e menos condicionada aos “limites da Arquitetura”, justamente por se interconectar com os
diversos passeios, pensando nas possibilidades de mediação e integração com
a paisagem natural e construída da universidade do interior de São Paulo.
67
espaços projetados a partir da extensão
Na parte superior da Central de Salas de Aula VII, os ventos predominantes,
vindos do sudeste em Presidente Prudente, preconizaram a disposição espacial
do novo edifício em paralelo ao eixo estruturador do campus. Nesse sentido,
grandes panos de vidro se abrem para essa face, enquanto na elevação noroeste é
projetada uma grande varanda protegida por brises (Figura 38). Esse dispositivo
de controle da incidência de raios solares reticula a fachada sob a vontade de
constituir um enorme muxarabi contemporâneo que faz referência à história da
Arquitetura colonial e moderna brasileira e à tradição do emprego de brises no
primeiro bloco de salas de aula construído na unidade. Além disso, também abre
possibilidades para que, em virtude do uso desse sistema estrutural, o edifício
não seja visto como uma grande massa de concreto. Essa preocupação tenta reler
o paradigma da chamada Arquitetura paulista: de caixa opaca que repele a cidade à proposta de uma estrutura que se pretende porosa, assimilando as características climáticas da região.
Dessa maneira, a grande varanda suspensa na elevação noroeste, tal como a
grande praça, se projeta como espaço de encontros, ponto de parada e exposição
de trabalhos. Levando em conta as lições dos mestres paulistas, recebe um
grande banco longilíneo rente ao parapeito dos brises. Nele, os passantes podem
se sentar, conversar ou apreciar as pranchas de projetos realizados nas disciplinas
do Curso de Arquitetura e Urbanismo a serem expostas nas paredes externas das
salas de aula. Uma promenade que pode ser capaz de mostrar uma parte da produção da escola, enquanto enquadra a paisagem exterior pelos rasgos propositalmente abertos nos painéis de brises.
Figura 38 – A varanda do pavimento superior e os brises
Fonte: Autores, 2010.
68 evandro fiorin
Diante disso, o privilégio dos espaços aerados e a proteção do edifício pelos
“painéis leves” dos brises são parte do empenho de uma interpretação da nossa
realidade social, econômica e ambiental.
Desse ponto de vista, são fontes de nosso interesse algumas soluções encontradas em projetos do Grupo Arquitetura Nova, a maior adaptação do projeto à
realidade que nos cerca, a exemplo dos trabalhos de Zanine Caldas e Severiano
Porto, e o aprendizado com as obras do arquiteto João Filgueiras Lima, já que se
mostraram muito criativas, levando em conta as nossas atuais possibilidades materiais e construtivas. Contudo, sem que todas estas se transformem em modelos
a serem reproduzidos.
Resultados
Nesse processo projetual primamos pela responsabilidade na concepção do
ambiente construído. Todas as propostas foram discutidas no contexto global e
não apenas per si, crítica comum às buscas, quase frenéticas, por itens de redução
do consumo energético, por pontos para certificações que, por vezes, não trazem
reais benefícios. Desse ponto de vista foram analisadas e consideradas as dimensões culturais, sociais, políticas, econômicas e ambientais para a viabilidade da
execução do projeto (Edwards, 2004).
Além dos elementos já mencionados anteriormente – que demonstram a
preocupação com as questões do lugar e com os valores locais já estabelecidos –,
buscou-se resgatar o uso integral e intenso do espaço universitário. Uma dimensão em que os usuários possam buscar a informação e a formação através
da convivência, da vizinhança, das manifestações e da participação. Suas praças,
caminhos e espaços internos serão utilizados por toda a comunidade acadêmica e
visitantes, visto que, atualmente, existe tal carência. Do ponto de vista do espaço
interno, o projeto propõe salas de estudos coletivos abertas e ocupadas 24 horas
por dia. Admite as questões contemporâneas relativas à segurança dos usuários
ou ao patrimônio público, porém não reduz as potencialidades do projeto em virtude disso.
O edifício segue o plano político da unidade ao se aproximar dos demais
blocos de salas de aulas, organizando os usos destes e do restaurante universitário, atualmente em construção nas cercanias. Além disso, não se distancia dos
espaços de pesquisa e extensão universitária, tão presentes nas universidades públicas e tão necessárias no processo da formação. Entretanto, apesar de con­
templar alguns parâmetros para o melhor desempenho de uma edificação, a
experiência projetual não supõe a obtenção de uma certificação, mas, sobretudo,
69
espaços projetados a partir da extensão
uma postura político-crítica sobre a questão, nas tomadas de decisão responsáveis pela concepção do ambiente construído.
É importante compreender as limitações econômicas que a universidade
tem. A Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente, com 52 anos
de existência, passou, em 2003, de cinco cursos para doze e essa ampliação aconteceu em toda a instituição. Esse fato promoveu demandas por infraestrutura
humana e física para além dos limites dos cofres da instituição, fazendo com que
as limitações econômicas sejam ainda mais proeminentes. Assim, optou-se por
uma materialidade e técnicas construtivas simples e correntes, desde que não
promovessem deficiências ou baixa qualidade arquitetônica (Figura 39).
Figura 39 – Elevação noroeste, sistema estrutural, brises
Fonte: Autores, 2010.
O sistema estrutural convencional em pilares, vigas e lajes de concreto armado facilita a contratação do serviço no mercado da construção civil que tem
atuado na unidade. O mesmo pode ser dito do fechamento em blocos de concreto
celular, cada vez mais difundido, ao mesmo tempo em que promove vedações de
elevado isolamento térmico e acústico, mesmo com a proposta de revestimento
tradicional de cimento e areia. A orientação da implantação, os ventos predominantes, as aberturas propostas, a cobertura, os brises e a circulação a noroeste
promovem um invólucro para esse sistema estrutural e de vedação que acondiciona as ambiências internas.
70 evandro fiorin
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, o município de Presidente Prudente registrou a maior média de temperatura em São Paulo no verão
de 2011: 31 graus. Por mais eficiente que o sistema de ventilação e isolamento
térmico seja, seria difícil não planejar o uso de um sistema predial de condicionamento de ar para os dias quentes. Assim, a proposta prevê a utilização de um
sistema de condicionamento térmico regulado pela geotermia; isto é, uma ventilação forçada por um sistema de serpentina a 3 metros de profundidade resfriará
o ar injetado nos ambientes internos da edificação, sabendo-se que a temperatura do solo nessa profundidade varia de 14°C a 18°C. A praça principal proposta como articuladora dos edifícios e espaço de convivência terá, ao longo dos
caminhos, nichos de estar com espelhos d’água que servirão tanto como reguladores do microclima local quanto como dissipadores de calor nas tomadas de ar
para a ventilação geotérmica (Figura 40).
Figura 40 – Espelhos d’água/geotermia: captação e traçado
Fonte: Autores, 2010.
A cobertura, com aproximadamente 2 mil metros quadrados, poderá ser utilizada para a captação e drenagem das águas pluviais e direcionada para o armazenamento e posterior reaproveitamento em demandas da própria edificação e
das praças lindeiras. Uma parte dessa área foi destinada para a instalação de painéis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica suficiente para os usos de
iluminação noturna, de emergência e de segurança.
Em relação à circulação, para a pavimentação necessária foi proposto o uso
de pisos intertravados de alta permeabilidade e, nos bolsões, pisos vazados, como
os concregramas. Estão previstos os pisos direcionais e de alerta para portadores
71
espaços projetados a partir da extensão
de deficiências visuais, bem como elementos para a promoção de acessibilidade e
mobilidade universais, como o elevador acessível, as dimensões dos ambientes
e as texturas de pisos adequadas.
As redes físicas e lógicas da edificação deverão ser projetadas segundo os
mais atuais padrões de eficiência, por exemplo, as instalações elétricas eficientes
que separam iluminação de circulação geral e de trabalhos individuais e não
aquelas que ficam totalmente ligadas, mesmo com poucos usuários. Nesses
termos, prevê-se uma eficiência energética que minimizará o impacto da edificação no microclima local e custeio geral da unidade no que se refere ao consumo
de energia elétrica.
Considerações finais
A presente proposta projetual foi apresentada em 2010 à diretoria da unidade de Presidente Prudente e encaminhada aos órgãos competentes da universidade em 2011. Nesse mesmo ano, foi cadastrada como atividade de extensão
para análise do mérito. Dessa forma, buscamos fomentar o debate para que as
futuras edificações das 24 unidades da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” sejam pautadas pelas condições climáticas e tradições locais
de cada um dos campi espalhados por cidades do estado de São Paulo.
Em se tratando de um anteprojeto, essa proposta projetual ainda carece da
mensuração de sua real contribuição à comunidade acadêmica, a ser avaliada em
pesquisa de pós-ocupação do edifício construído. Entretanto, os resultados conseguidos na formalização de um anteprojeto puderam ser finalizados, foram
apresentados na III Bienal de Sustentabilidade José Lutzemberger, em Vitória
(ES), nas dependências da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e, em
uma etapa posterior, desenvolvidos, licitados e contratados na forma de um projeto executivo, dentro de um cronograma que diz respeito ao programa de novos
edifícios da instituição.
Referências bibliográficas
ASHIHARA, Yoshinobu. El diseño de espacios exteriores. Barcelona: Gustavo Gili,
1982.
BAKER, Geoffrey H. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
72 evandro fiorin
EDWARDS, Brian. Guia básico de la sostenabilidad. Barcelona: Gustavo Gili, 2004.
FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Significados urbanos. São Paulo: Edusp, 2000.
FIORIN, E. et al. Um projeto com a ideia de sustentabilidade: o edifício dos ateliês
do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNESP/campus Presidente Prudente
(SP). In: VI ENCONTRO NACIONAL e IV ENCONTRO LATINO­
‑AMERICANO SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS (Elecs). Vitória (ES), 2011. Anais do... v.1. Vitória: Antac, 2011.
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
PRINZ, Dieter. Urbanismo II: configuração urbana. Lisboa: Presença, 1984.
6
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO
DO CENTRO DE VISITANTES DO
PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO EM
TEODORO SAMPAIO (SP)
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Diego Marangoni dos Santos2
A realização deste trabalho se propôs a pensar um anteprojeto arquitetônico
de caráter sustentável e inovador destinado à sede do Parque Estadual Morro do
Diabo, na cidade de Teodoro Sampaio, no extremo oeste do interior do estado
de São Paulo. O Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP/campus Presidente Prudente foi
contatado pelo Ministério Público Estadual para elaborar uma proposta projetual para a construção desse novo edifício, a ser financiado pela receita de multas
ambientais aplicadas. Dessa forma, o Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos da UNESP/campus Presidente Prudente foi incumbido de tal tarefa.
Objetivos
Realização de um anteprojeto arquitetônico de caráter sustentável e inovador, cujo programa contemplasse: auditório com capacidade para 250 pessoas; galerias para um museu natural interativo; sala de projeção 3D; sala para
práticas de ciências aplicadas e didáticas especiais; biblioteca; hall de expo­sições;
copa/cozinha; sanitários; almoxarifado e administração, para o Parque Estadual
1.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
2.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
74 evandro fiorin
Morro do Diabo, na cidade de Teodoro Sampaio. Este anteprojeto é uma resposta projetual a uma demanda requerida pela administração do referido
parque, de modo a acomodar e receber seus visitantes de forma mais adequada.
Metodologia
Nesse sentido, foi cadastrado um projeto de extensão na Pró-Reitoria de
Exten­são da UNESP, de maneira que pudéssemos dar cabo de toda a sua realização. Aprovada a proposta pela universidade, visitamos o local, quando tivemos a oportunidade, nos levantamentos de campo, de sermos apresentados à
beleza natural da região, com suas exuberantes fauna e flora. Experimentamos
a caminhada em trilhas educativas existentes no parque e conhecemos a clareira
onde seria erguido o novo centro de visitantes. Na ocasião, pudemos perceber
um grupo de escolares visitando o parque. Imaginamos que esse seja um dos
públicos-alvo na proposição desse projeto e, dessa forma, um caráter educativo
deveria ser explicitado desde os elementos construtivos até o que fosse exposto.
Por isso, primamos pela “honestidade” dos materiais construtivos, de tal sorte
que estes ficassem à mostra, bem como pela adoção de sistemas de aproveitamento dos recursos naturais existentes na região, e que estes tivessem seu funcio­
namento facilmente desvendado e, assim, pudessem demonstrar o uso extensivo
da ventilação cruzada, a iluminação natural, o aproveitamento da água da chuva,
a geração de energia a partir da captação da luz solar, dentre outras questões.
Diante dessas preocupações, elaboramos um anteprojeto que tivesse como finalidade educar e pudesse se integrar à paisagem, em sua estética “aberta” (Figura
41) e em suas tecnologias sustentáveis de construção.
Resultados
O resultado foi um anteprojeto em sintonia com o sítio, visto que: pode se
manter como uma arquitetura porosa, em virtude da permeabilidade conseguida por painéis móveis em suas elevações; visa recuperar em alguns espaços
internos a vegetação do local como um continuum espacial; tende a se assentar
em uma grande clareira do parque, que pode ser recomposta, em sua cobertura,
como nova espacialidade dessa grande esplanada a céu aberto. Nesse sentido,
externamente, o anteprojeto prima em se constituir como uma continuidade do
terreno em sua cobertura, internamente, pela presença do verde, e, lateralmente,
pela busca de uma ligação com o exterior, através do uso de lâminas pivotantes,
75
espaços projetados a partir da extensão
que controlam a entrada de ventilação e luminosidade em toda a sua extensão. O
anteprojeto também foi dotado de uma grande praça coberta por uma pérgola de
placas fotovoltaicas e de alguns sistemas de captação da água da chuva, além
de outras preocupações, tais como o emprego dos tijolos oriundos das olarias da
Região Oeste do estado de São Paulo. Todas essas questões estão ligadas a uma
ideia mais ampla de sustentabilidade, mediada pela simbiose do edifício com o
lugar.
Figura 41 – Espelhos d’água da praça interna do Centro de Visitantes
Fonte: Autores, 2012.
76 evandro fiorin
Figura 42 – Plantas e cortes longitudinais do Centro de Visitantes
Fonte: Autores, 2012.
77
espaços projetados a partir da extensão
Considerações finais
Este anteprojeto arquitetônico para um centro de visitantes, apesar de ter
sido desenvolvido mediante um projeto de extensão específico para sua realização, utilizou as dependências do NAU. Foi uma experiência bastante rica,
tendo em vista as visitas realizadas ao Parque Estadual Morro do Diabo e a
reper­cussão do referido projeto, publicado em um importante periódico especializado on-line. O referido anteprojeto foi encaminhado à Fundação Florestal do
Estado de São Paulo, administradora do parque, para que apenas fizesse parte
dos seus arquivos, já que a mesma declinou, durante o processo da assinatura do
aditivo ao convênio que mantinha com a UNESP, o prosseguimento da realização do anteprojeto que apresentamos aqui. Nesse sentido, a finalização dessa
proposta nos pareceu necessária para que pudéssemos, ao menos, terminar uma
rica experiência de pesquisa projetual aplicada a uma futura possibilidade de extensão à comunidade dessa Arquitetura voltada à educação ambiental.
Figura 43a – Cortes transversais do Centro de Visitantes
Fonte: Autores, 2012.
78 evandro fiorin
Figura 43b – Elevação Leste do Centro de Visitantes
Fonte: Autores, 2012.
Figura 44 – Elevação Oeste do Centro de Visitantes
Fonte: Autores, 2012.
79
espaços projetados a partir da extensão
Referências bibliográficas
CALMONA, S., FIORIN, E., SANTOS, D. M. Morro do Diabo. O Imparcial.
Presidente Prudente, 24/7/2013.
FIORIN, E., SANTOS, D. M. . Recepção no Morro do Diabo/Painéis móveis definem centro de visitação no Parque Morro do Diabo, SP. Projeto Design, v.401,
p.34-, 2013.
_____. Anteprojeto do Centro de Visitantes do Parque Estadual Morro do Diabo em
Teodoro Sampaio (SP). In: VII ENCONTRO NACIONAL e V ENCONTRO
LATINO-AMERICANO DE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS – ENECS E ELECS 2013. Anais do... Curitiba: UFPR, 2013.
7
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DO SALÃO
DAS ALMAS, CAPELA E CLAUSTRO PARA A
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS DA COPIOSA
REDENÇÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE (SP)
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Isadora Campos de Oliveira2
Pedro Henrique Benatti2
A oportunidade de projetar uma instituição religiosa é uma tarefa ímpar
para os profissionais arquitetos. Desde a Antiguidade, a concepção arquitetônica
sempre esteve ligada à projetação do templo e do túmulo. As grandes catedrais
são testemunhos desse período, também ícones do ressurgimento das cidades
europeias e de uma revolução tecnológica na Arquitetura, tal como os arcobotantes que possibilitaram as torres e grandes vitrais no período gótico e a lanterna
e cúpula de Brunellesqui no Renascimento (Gombrich, 1999, p.225; Caramella,
1998). Também no Brasil, a Arquitetura sacra barroca teve seu papel emble­
mático na organização do espaço urbano de muitas cidades, especialmente as
minei­ras, sendo considerada patrimônio cultural da humanidade, por sua exuberância e inventividade. No entanto, com o advento da modernidade, surgem
novas demandas atreladas ao processo de industrialização. No pós-guerra europeu, a habitação de interesse social, “máquina de morar”, passa a ser um dos
principais objetos de discussão para os saltos tecnológicos e as mudanças urgentes requeridas pelas cidades (Le Corbusier, 2000; 2004). Mesmo assim, os
grandes nomes da Arquitetura moderna desse período não deixaram de dar sua
contribuição para a Arquitetura religiosa. Le Corbusier, na Capela de Ron-
1.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
2.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
82 evandro fiorin
champ, concebe uma obra paradigmática de concreto, pontilhada por vitrais
colo­ridos, uma “máquina de emocionar” (Müller, 2005). Também Oscar Niemeyer, na Catedral de Brasília (Niemeyer, 1993), consegue conciliar modernidade e tradição em um edifício magnífico de concreto armado e luz (Ferrara,
2002, p.111). Uma combinação arquitetônica agudizada em muitos outros trabalhos, como nos exemplos das capelas projetadas pelo arquiteto japonês Tadao
Ando (Ando, 2003). Essas são lições que servem de incentivo aos discentes e
docentes envolvidos na concepção do anteprojeto para o Salão das Almas, Capela
e Claustro da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção em Presidente Prudente. No salão, um espaço religioso, de oração, principalmente, lugar de reunião do homem, na escala do “caminho humano” (Zevi, 1996, p.71). A luz
descortina esse espaço de encontros que se abre quase por inteiro para uma
grande esplanada, de onde é possível contemplar a cidade. A grande praça aberta
é pontuada pela capela, lugar semipúblico, protegido pela marquise-passarela
que delineia o processo de transição para o ambiente de reclusão das irmãs, o
claustro iluminado pelo pátio central. Em uma tradição secular dos antigos conventos brasileiros, essa abertura zenital agora distribui ambientes comunicantes
nesse interior, onde as atuantes irmãs podem realizar suas atividades diárias de
modo prático, assistir a filmes religiosos e enviar suas preces pela Internet.
Objetivos
Realização de um anteprojeto arquitetônico para um salão de celebrações,
uma capela e o claustro para a Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção em
Presidente Prudente. Este trabalho foi desenvolvido mediante demanda, pelo
fato de a referida congregação ter recebido, como doação da Prefeitura Municipal
de Presidente Prudente (SP), uma área próxima ao antigo Instituto Brasileiro do
Café. O NAU foi procurado pela congregação para realizar um anteprojeto para
que fosse enviado e aprovado pela Câmara Municipal de Presidente Prudente
(SP). As irmãs da Copiosa Redenção vivem em uma casa tradicional na cidade e
recebem, semanalmente, dezenas de pessoas da comunidade prudentina nas celebrações que promovem.
Metodologia
O partido do projeto para a construção pavilhonar, destinada ao Salão das
Almas (Figura 47), lugar de oração e de culto, se orienta no eixo leste-oeste.
83
espaços projetados a partir da extensão
Assim, a entrada é marcada pelo sol poente e o altar é demarcado por um pano de
vidro que descortina o sol nascente. Nesse sentido, a luz inunda o conjunto ritualizando uma arquitetura de linhas simples e que tem como preconização a economia de meios e o barateamento da construção. Uma passarela metálica une a
construção pavilhonar, pontilhada nas laterais por 14 pequenas aberturas que
representam a via crucis; a capela, que recebe luz zenital; e o claustro, espaço
intros­pectivo e de reclusão, inundado de luz por um pátio central. A concepção
levou em conta as lições dos grandes mestres da Arquitetura anteriormente citados, tendo em vista o caráter comunitário da futura construção. Nesse sentido,
além de ritualizar algumas percepções dessa Arquitetura, preocupamos-nos com
os custos e a capacidade da referida congregação de angariar os recursos necessários para que o projeto saia, de fato, do papel, já que o futuro edifício será concretizado por meio de doações.
Resultados
Tendo em vista a elaboração de um anteprojeto arquitetônico, acreditamos
que o NAU cumpre com sua destinação extensionista. Sem que o referido projeto existisse, não seria possível conseguir doações para sua construção, nem a
aprovação da construção pelos órgãos competentes. Ao ter um anteprojeto nas
mãos, a congregação das irmãs pode, efetivamente, pleitear recursos, advindos
das mais variadas fontes, fiéis e admiradores da sua obra religiosa, que colabora
para a recuperação social e familiar de dependentes químicos, atendendo a vários
outros chamados como: cuidado de meninas em situação de risco, idosos, creche,
pastoral, casa de retiros e evangelização através da pregação de retiros.
Figura 45 – Plantas do 1o e 2o pavimentos/implantação da Congregação das Irmãs da
Copiosa Redenção
Fonte: Autores, 2013.
84 evandro fiorin
Figura 46 – Implantação da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção
Fonte: Autores, 2013.
Figura 47 – Salão das Almas
Fonte: Autores, 2013.
85
espaços projetados a partir da extensão
Figura 48 – Cortes e elevações da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção
Fonte: Autores, 2013.
86 evandro fiorin
Figura 49 – Elevações da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção
Fonte: Autores, 2013.
Considerações finais
A experiência da pesquisa projetual se torna uma oportunidade de revisitar a
luz na Arquitetura, bem como a própria história de concepção de edifícios de
cunho religioso. No âmbito da extensão universitária, a elaboração deste anteprojeto para uma organização sem fins lucrativos se apresenta como tentativa de
dar conta das demandas reais que estão envolvidas no feitio de uma arquitetura
que precisa ter custo reduzido, ser eficiente energeticamente no uso da luz, mas,
ao mesmo tempo, de grande importância simbólica nas experiências do espaço
construído para uma comunidade. Ao que tudo indica, esse anteprojeto está servindo ao fim que o originou. Esperamos que possa ser construído e que traga
benefícios tanto para as irmãs da congregação e fiéis como para a comunidade
prudentina que é beneficiada pelas ações filantrópicas da Copiosa Redenção.
87
espaços projetados a partir da extensão
Referências bibliográficas
ANDO, T. Tadao Ando: conversas com Michel Auping. Barcelona: G. Gili, 2003.
CARAMELLA, E. História da Arte: fundamentos semióticos. Bauru: Edusc, 1998.
FERRARA, L. D. Design em espaços. São Paulo: Rosari, 2002.
GOMBRICH, E. H. A história da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
LE CORBUSIER. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2000.
_____. Precisões sobre um estado presente da Arquitetura e do Urbanismo. São Paulo:
Cosac & Naify, 2004.
MÜLLER, F. Ronchamp e la Tourette: machines à emovoir. Vitruvius. Arquitextos
058.01. 2005. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/
arquitextos/05.058/485>. Acesso em 13/9/2013.
NIEMEYER, O. Conversa de arquiteto. Rio de Janeiro: Revan, 1993.
ZEVI, B. Saber ver a Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
8
BIBLIOTECA MEDIATECA PÚBLICA EM
PRESIDENTE PRUDENTE
1
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Alex Daniel Ribeiro Pátaro3
Pedro Henrique Benatti3
Fabrizio Lucas Rosati3
Isadora Campos de Oliveira3
A Estrada de Ferro Sorocabana foi um dos principais elementos responsáveis pela ocupação do Oeste paulista, o que impulsionou o surgimento da cidade
de Presidente Prudente (Abreu, 1972). O núcleo original da cidade se desenhou
ao redor da estação ferroviária, com suas praças, igrejas e edifícios represen­
tativos, onde hoje é o centro principal. Desse modo, a ocupação das terras privilegiadas, do ponto de vista topográfico, poupou as áreas de fundo de vale e as
várzeas alagáveis (Arakaki, 2010). Na década de 1970, ao mesmo tempo em que
se observa a decadência do transporte ferroviário e, consequentemente, a obsolescência do setor, assistimos a um intenso processo de expansão urbana e a
adequa­ção da cidade às necessidades de infraestrutura, somadas às ideias de
moder­nização e progresso que norteavam as ações do poder público das cidades
médias do interior (Baron, 2011). Nessa época, foram idealizados planos urbanos, o que incluía a criação de um grande parque linear em uma dessas áreas de
fundo de vale, ao longo do córrego do Veado. Uma ação de melhoramento que
originou o chamado Parque do Povo de Presidente Prudente – uma extensa área
verde que permanece no coração da cidade, com quase três quilômetros de extensão. Notoriamente é o espaço público mais popular do município. Numa clareira desse lugar utilizado como área de lazer por grande parte dos moradores
1.6o Concurso Centro Brasileiro da Construção em Aço para Estudantes de Arquitetura (CBCA).
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
90 evandro fiorin
dessa cidade com aproximadamente 200 mil habitantes, escolhemos projetar a
Biblioteca Mediateca Pública. Um edifício que se constrói como extensão vertical do parque e em uma espécie de simbiose entre o programa proposto e a paisagem prudentina. Dessa maneira, a membrana arquitetônica que constitui todo
o projeto é um componente estrutural que permite as trocas entre o interior e o
exterior, mas também a construção de um sistema arquitetural biomimético, que
assimila da natureza um aprendizado. Este anteprojeto foi enviado ao 6o Concurso Centro Brasileiro da Construção em Aço para Estudantes de Arquitetura
(CBCA).
Objetivos
O objetivo da realização deste anteprojeto de uma biblioteca mediateca no
Parque do Povo, em Presidente Prudente, foi a participação no 6o Concurso
CBCA de Estudantes de Arquitetura. O trabalho não foi premiado, mas se mostrou um rico exercício projetual para os alunos bolsistas e voluntários envolvidos
no NAU.
Metodologia
A superestrutura de lâminas de aço entrecruzadas que projetamos é dotada
de um átrio que permite criar várias aberturas e passagens de ar, podendo conseguir uma diminuição do uso do ar-condicionado, através do fomento à ventilação cruzada, propiciando um “efeito chaminé”. Assim, a “ideia de conforto”
(Schmid, 2005) permeia as reflexões sobre o ambiente construído que propusemos. Nesse sentido, as disposições espaciais buscam se estruturar de maneira
solta no espaço interno, facilitando os acessos e a condução do vento, através
dessa membrana ora entreaberta, ora protegida por chapas de aço corten. Com
esse intuito, o projeto dessa biblioteca mediateca tem como objetivos se produzir
como um sistema arquitetônico (Montaner, 2009), um ecossistema arquitetural
que, ao mesmo tempo, pode abrigar funções programáticas, bem características
a um projeto edificado, e se construir como uma espécie de extensão da cidade
na escala da paisagem – um espaço agradável, dotado de jardins internos e externos, microclima propício às atividades de leitura e de contemplação das áreas
verdes, dentre outras possibilidades, a partir do parque suspenso presente em
sua cobertura; uma espécie de compensação pela utilização do espaço da clareira
existente que o edifício ocupa no Parque do Povo. Por esse motivo, a sua arqui-
91
espaços projetados a partir da extensão
tetura busca como partido ser análoga a uma estrutura viva, um porífero. Nesse
caso, as lâminas de aço entrecruzadas, soldadas e/ou parafusadas, projetadas e
construídas a partir de cortes precisos, apenas possíveis através dos novos sistemas de fabricação digital (Celani, 2008), conseguem criar aberturas sempre
diversas e variáveis, permitindo, controlando e garantindo a porosidade do espaço, para fazer com que o edifício “respire” e receba o máximo de iluminação
natural. Ao mesmo tempo, as células de captação da luz solar presas à membrana estrutural podem funcionar como pequenas estruturas mitocondriais para
produzir energia. Nessa proposição, alguns fundamentos arquitetônicos podem
ser repensados à luz das novas tecnologias disponíveis, tanto do ponto de vista
da otimização que está presente nos novos processos de elaboração de um projeto como da construção de uma arquitetura paramétrica. Nesse caso, o sistema
estrutural não é pensado de maneira tradicional, já que não existem vigas e pilares, mas uma única malha de quadros rígidos – uma colmeia de aço, mais espessa junto aos nós para enrijecer a estrutura. Uma construção pré-fabricada,
sem perdas; precisa, porque será produzida com medidas exatas e construída
sob um esquema de montagem a seco, mais conciso.
Resultados
Como se tratou de um concurso de ideias de Arquitetura, não temos um público preciso a ser atingido. Imaginávamos um projeto que pudesse servir como
experiência. Nos resultados obtidos, damos enfoque aqui ao volume do edifício e
às possibilidades de modificação do mesmo, por decorrência do dia e da noite,
(figuras 50 e 51).
Figura 50 – Perspectiva noturna da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
92 evandro fiorin
Figura 51 – Perspectiva diurna da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
Figura 52 – Planta térrea da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
93
espaços projetados a partir da extensão
Figura 53 – Plantas do primeiro e segundo pavimentos da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
94 evandro fiorin
Figura 54 – Planta do terceiro pavimento, o Jardim, da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
Figura 55 – Corte radial da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
95
espaços projetados a partir da extensão
Figura 56 – Corte radial da Biblioteca Mediateca, com detalhe da rampa de acesso
Fonte: Autores, 2013.
Figura 57 – Elevação leste da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
Figura 58 – Elevação norte da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
96 evandro fiorin
Figura 59 – Elevação oeste da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
Figura 60 – Elevação sul da Biblioteca Mediateca
Fonte: Autores, 2013.
Considerações finais
Nessa proposta arquitetônica buscamos antever novas possibilidades para a
arquitetura produzida no país: respeitando o contexto e o entorno, configurando
um ambiente urbano que fosse mais agradável, sustentável e eficiente do ponto
de vista energético, mas, principalmente, baseado na ideia de uma construção
limpa, capaz de traduzir os anseios estético-construtivos do nosso tempo.
97
espaços projetados a partir da extensão
Referências bibliográficas
ABREU, Dióres Santos. Formação histórica de uma cidade pioneira paulista: Pre­
sidente Prudente. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, 1972.
ARAKAKI, Elizabeth Mie. A paisagem e os trilhos no Oeste Paulista: o caso de Presidente Prudente. São Paulo, 2010. Tese (doutorado) – Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
BARON, Cristina Maria P. Habitação e cidade em Presidente Prudente. São Carlos,
2011. 221f. Tese (doutorado em Arquitetura) – Escola de Engenharia de São
Carlos – Universidade de São Paulo.
CELANI, G. Prototipagem rápida e fabricação digital para Arquitetura e construção: definições do estado da arte no Brasil. Cadernos de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie,
2008. Disponível em <http://www.mackenzie.br/dhtm/seer/index.php/cpgau​
/article/viewFile/244/103>. Acesso em 18/7/2013.
MONTANER, J. M. Sistemas arquitectónicos contemporáneos. Barcelona: G. Gili,
2009.
SCHMID, A. L. A ideia de conforto. Curitiba: Pacto Ambiental, 2005.
PARTE III
OUTROS PROJETOS
9
FRESTAS URBANAS:
ESTRUTURA ARQUITETÔNICA/
ESCULTURA URBANA1
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Gustavo Favaretto Martinez3
Bruno Celso Gobette Rodrigues3
Deivis Augusto Nachif Fernandes3
Marcelo Batista Pigioni3
Prof. dr. César Fabiano Fioriti4
Este projeto foi previamente desenvolvido na disciplina Introdução ao Projeto do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNESP/campus Presidente
Pruden­te. O objetivo era o de conceituar as ideias de cheio/vazio, por meio da
elaboração de uma estrutura arquitetônica a céu aberto. Depois de pronta, a proposta se mostrou bastante adequada para participação no Concurso Esculturas
Urbanas promovido pela Tetra Pak/Ministério da Cultura, no ano de 2011.
Nesse sentido, o projeto foi reelaborado junto ao NAU especialmente para participação no referido concurso.
Objetivo
Desenvolvimento de um protótipo (inicialmente concebido com tapumes de
madeira e erguido na UNESP/campus Presidente Prudente) a partir dos requi1.Concurso Esculturas Urbanas Tetra Pak – projeto selecionado e construído.
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
4.Colaborador deste projeto e docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de
Ciências e Tecnologia – UNESP.
102 evandro fiorin
sitos do edital do Concurso Esculturas Urbanas da Tetra Pak e criar uma escultura urbana usando placas de plástico e alumínio oriundas do processo de
reciclagem das caixas longa vida que pudesse concorrer no referido concurso e
pleitear ser construída na praça Victor Civita em São Paulo. Nesse sentido, havia
uma demanda pedagógica que foi incentivada a se transformar em um projeto de
pesquisa passível de ser aplicado à realidade, uma escultura/estrutura que pudesse ser exposta ao ar livre.
Metodologia
Neste projeto, a produção oriunda da graduação migra para a pesquisa e na
prática de trabalho do NAU pôde se transformar em objeto que se estende à
comu­nidade. Este projeto é resultado de uma inter-relação entre o ensino da graduação, a pesquisa e a extensão universitária em Arquitetura e Urbanismo. No
ensino de fundamentos de projetos, colabora para compreender as questões tectônicas, da arquitetura como estrutura (Figura 61). Na pesquisa, pleiteia por soluções que possam operacionalizar aspectos estético-construtivos de um material
reciclado, de aparência rude, mas com grande poder de minimizar os impactos
ambientais quando passível de reutilização. E, na extensão, como escultura, que,
independente de sua utilização, pode despertar a fruição do espectador no espaço
de uma praça, por exemplo.
Figura 61 – Alunos com o protótipo da disciplina terminado
Fonte: Autores, 2010.
103
espaços projetados a partir da extensão
Resultados
O projeto foi pré-selecionado entre os 15 classificados pela comissão organizadora da Tetra Pak, dentre 51 trabalhos recebidos de todo o país. O projeto executivo recebeu apoio de R$ 1.000,00 para ser viabilizado. O mesmo foi enviado e
aguardou parecer final do júri. No dia 13 de junho, a premiação de Frestas urbanas foi confirmada, os discentes autores do trabalho receberam R$ 3.000,00 e
o projeto dos alunos foi construído e exposto na praça Victor Civita, em São
Paulo, junto com outros 14 premiados.
Considerações finais
O desenvolvimento deste projeto em uma disciplina da graduação do Curso
de Arquitetura e Urbanismo e, posteriormente, sua viabilização pela participação e premiação em um concurso nacional pôde revelar uma experiência única,
de entrelaçamento entre ensino, pesquisa e extensão. Um projeto que rendeu
frutos e foi construído.
Figura 62 – Alunos e escultura construída na praça Victor Civita
Fonte: Autores, 2011.
104 evandro fiorin
Figura 63 – Escultura urbana na praça Victor Civita
Fonte: Autores, 2011.
Referências bibliográficas
CINDY, B., FIORIN, E., MARTINEZ, G. F. Alunos terão projeto exposto em SP.
O Imparcial. Presidente Prudente, p.6B, 29/4/2011.
MARTINEZ, G. F., GOBETTE, B., FERNANDES, D., PIGIONI, M. Frestas
urbanas. Folder da Exposição do Concurso Esculturas Urbanas. São Paulo: Ministério da Cultura; Tetra Pak, 2011.
_____, GOBETTE, B., FERNANDES, D., PIGIONI, M. Frestas urbanas. Esculturas Urbanas. Exposição na praça Victor Civita em São Paulo, 4/8-2/10/2011.
São Paulo: Ministério da Cultura; Tetra Pak.
10
PRÊMIO ALCOA
DE INOVAÇÃO EM ALUMÍNIO:
1
COBERTURA RETRÁTIL MULTIFUNCIONAL
Prof. dr. Evandro Fiorin2
Alex Daniel Ribeiro Pátaro3
Luiz Gustavo da Silva Chagas3
Pedro Henrique Benatti3
Este projeto foi realizado para participação no 11o Prêmio Alcoa de Inovação
em Alumínio, no ano de 2013. Está preocupado com a melhoria do transporte e
proteção das cargas nas rodovias, ferrovias e hidrovias do país, além da opção de
garantir maior segurança aos materiais empregados na construção civil, dentre
outras possibilidades. A cobertura retrátil multifuncional que propomos pode
auxiliar na tarefa de um melhor acondicionamento de matérias-primas, da produção agrícola e dos bens manufaturados a serem deslocados de um lugar para
outro ou simplesmente estocados em local determinado. Uma estrutura articulada, feita de perfis de alumínio, aliada a um sistema móvel que se desloca em
cima de trilhos, que poderão ser fixados nas laterais de caminhões, vagões de
trem, balsas hidroviárias, canteiros de obras ou mesmo no solo, para atividades
que necessitem de cobertura ou abrigo.
Um país de dimensões continentais como o Brasil ainda não desenvolveu de
forma eficiente a logística do transporte de cargas pelos diversos tipos de modais.
E também não dispõe de muitas alternativas de proteção para os inúmeros canteiros de obras da construção civil, diante das novas construções para a Copa do
Mundo e para as Olimpíadas, por exemplo. A proteção de cargas de diferentes
1.1o lugar na Categoria Estudantes.
2.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
106 evandro fiorin
modais demanda muito tempo e esforço de múltiplas pessoas para acontecer, o
que acarreta um incremento no valor final do produto. Materiais estocados sem
devida cobertura nos compartimentos de carga de carrocerias de veículos, vagões
de trem, balsas hidroviárias ou canteiros de obras ficam sujeitos a intempéries,
ou seja, suscetíveis a danos.
Objetivos
Pensando nos casos emblemáticos citados anteriormente e diante da neces­
sidade e das problemáticas existentes buscamos desenvolver o projeto de uma
“cobertura retrátil multifuncional” como alternativa para uma maior segurança
no transporte de mercadorias pelas rodovias, ferrovias e hidrovias, acoplando-a à
carroceria de caminhões, vagões de carga e barcaças, bem como funcionando
para proteger das intempéries os materiais de construção e a mão de obra do setor
de engenharia e arquitetura brasileiros.
Metodologia
Uma nova resolução de no 441 do Contran, que veio a complementar o artigo
n 102 do CTB, determina que as cargas transportadas em rodovias no país sejam
cuidadosamente protegidas. A cobertura retrátil multifuncional que projetamos
pode vir a solucionar esse problema de forma prática, por ser leve, esteticamente
bonita e funcionalmente adequada para o fim a que se destina, evitando que cada
frete tenha que ser cuidadosamente embalado, já que o projeto que desenvolvemos opera como se fosse uma capota conversível. Além disso, os trabalhadores
da construção civil estão sempre à mercê do tempo, sem ter um abrigo para se
proteger da chuva. Essa cobertura é portátil, servindo em muitos casos para outros fins de proteção em diversas atividades ao ar livre.
A maior parte do projeto pode ser construída com peças já disponíveis no
mercado, basicamente de perfis extrudados em alumínio, porcas, parafusos, rodinhas em poliuretano rolamentadas (Figura 64). São sistemas já conhecidos,
passíveis de produção em escala industrial e de funcionamento simples, por isso,
o gasto com matéria-prima, mão de obra e investimento necessário tanto para
pesquisa e desenvolvimento como para futura comercialização do produto pode
ser considerado baixo. Além disso, o produto, por simplificar a tarefa e otimizar
o tempo de seus consumidores, traz lucro, aumenta a produção (por encurtar o
tempo da tarefa) e reduz os possíveis riscos físicos para o trabalhador e os
o
107
espaços projetados a partir da extensão
prejuízos causados por intempéries e perdas de mercadorias, tais como grãos,
por exemplo.
Resultados
Algumas aplicações dessa cobertura retrátil multifuncional podem ser acopladas em caminhões no transporte rodoviário, balsas no transporte hidroviário,
vagões de trem no transporte ferroviário, proteção de materiais de construção em
canteiros de obras, coberturas retráteis portáteis para diversos fins, como campanhas de vacinação ao ar livre. O projeto não foi efetivamente construído, mas
apresenta um grande potencial de aplicação.
Considerações finais
O Projeto Cobertura Retrátil Multifuncional dos alunos Alex Daniel Ribeiro Pátaro, Luiz Gustavo da Silva Chagas e Pedro Henrique Benatti, orientados pelo prof. dr. Evandro Fiorin do Curso de Arquitetura e Urbanismo da
(UNESP/campus Presidente Prudente, venceu o 11o Prêmio Alcoa de Inovação
em Alumínio na categoria Estudantes.
O evento de premiação aconteceu em São Paulo no Innova Convention
Center, no dia 23 de outubro de 2013 e contou com a presença do presidente da
Alcoa para América Latina e Caribe, Franklin L. Feder. Entre os estudantes
concorrentes estavam 17 estados participantes, 49 instituições de ensino, 22
cursos, entre eles, Arquitetura e Urbanismo, Design, Engenharia Ambiental,
Engenharia de Produção, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Pós-Graduação em Design.
O projeto vencedor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNESP/
campus Presidente Prudente concorreu com 221 estudantes e 88 projetos de todo
o país. A equipe vencedora de Presidente Prudente recebeu um prêmio de
R$ 15.000,00 para os estudantes e R$ 5.000,00 para o professor orientador, além
de R$ 8.000,00 em materiais didáticos. Esse prêmio, mais do que estímulo, demonstra o empenho dos bolsistas e voluntários do NAU pelos diversos projetos
de que participamos ao longo dos últimos anos.
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Figura 64 – Vista explodida do sistema construtivo e vista lateral do sistema de rolamento
da cobertura retrátil multifuncional
Fonte: Autores, 2013.
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espaços projetados a partir da extensão
Figura 65 – As várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil
sendo utilizada em canteiro de obras
Fonte: Autores, 2013.
Figura 66 – As várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: utilidade em
transportes ferroviários
Fonte: Autores, 2013.
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Figura 67 – As várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura sendo
empregada em transportes hídricos
Fonte: Autores, 2013.
Figura 68 – As várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil
multifuncional seria útil também em situações emergenciais
Fonte: Autores, 2013.
111
espaços projetados a partir da extensão
Figura 69 – As várias disposições da cobertura retrátil multifuncional: cobertura retrátil
sendo manipulada por carregador de caminhões
Fonte: Autores, 2013.
Referências bibliográficas
FIORIN, E. et al. 11o Catálogo do Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio. São Paulo:
Alcoa, 2013.
_____. Projeto da UNESP vence Prêmio Alcoa de Inovação. Portal do Governo do
Estado de São Paulo – Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2013.
_____. Projeto da UNESP vence Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio. Portal
UNESP. São Paulo: UNESP, 2013.
_____. Minuto Unesp217. Projeto da UNESP vence Prêmio Alcoa de Inovação em
Alumínio. São Paulo: UNESP, 2013.
MURAD, M. P. et al. Projetos para produção de água em regiões áridas e cobertura
retrátil multifuncional são os campeões do 11o Prêmio Alcoa de Inovação em
Alumínio. Portal Alcoa. São Paulo: Alcoa, 2013.
OLIVEIRA, E. et al. Cobertura retrátil multifuncional. Techne: Revista de Tecnologia da Construção (São Paulo), v.200, p.1, 2013.
PASTORINI, A. et al. Alunos da UNESP conquistam prêmio por projeto inovador.
O Imparcial. Presidente Prudente, p.2b, 27/10/2013.
PATIRE, D. et al. Projeto de cobertura leva Prêmio Alcoa. Jornal UNESP. São
Paulo, p.14, 1o/12/2013.
SILVEIRA, B. et al. Cobertura retrátil multifuncional. O Imparcial. Presidente Prudente, p.6c, 30/10/2013.
11
PROJETO DE PROGRAMAÇÃO VISUAL DA
CARRETA CULTURAL UNESP
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Bruno Vinícius da Palma Novaes2
Pedro Henrique Benatti3
Victor Martins Aguiar3
Durante a primeira metade de 2013 estivemos desenvolvendo uma proposta
de programação visual para a Carreta Cultural UNESP para ser utilizada pela
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade e pelo Instituto de Artes da UNESP/
campus São Paulo. Esse veículo é um módulo difusor de diversas expressões
artís­ticas estruturado nos princípios da mobilidade e multifuncionalidade.
Objetivos
Em um primeiro momento, o projeto de programação visual da carreta foi
pensado para atender iniciativas culturais promovidas pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UNESP, o que seria de considerável repercussão, já que
a instituição de ensino tem presença em 24 cidades do estado de São Paulo. Posteriormente, imaginamos que o veículo também pudesse atender as demandas
artístico-culturais do Instituto de Artes da UNESP, de maneira que apresen­
tações diferenciadas pudessem ser difundidas nesse caminhão itinerante, sem
necessitar de acoplamentos.
1.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
2.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e bolsista do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
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Metodologia
Inicialmente buscamos demarcar a identidade visual da UNESP na carreta
de um caminhão já existente, de modo que os tradicionais triângulos da sua logo
ganhassem cores diferentes, explorando as variações e combinações possíveis a
partir do desenho original (Montenegro, 2004). Outra possibilidade foi a de
agregar imagens que fossem convencionais do mundo das artes à logomarca da
UNESP (figuras 70 e 71). Nas propostas de programação visual, ora o caminhão
é imaginado na cor azul, fazendo alusão à própria cor da universidade, ora na cor
branca, dando mais destaque ao desenho criado para a carreta (Pedrosa, 1982),
ver figuras 72 e 73. Diante da oportunidade de desenvolver o projeto de programação visual do exterior do caminhão, também imaginamos como seria o interior da carreta cultural lastreados na experiência de outro projeto já desenvolvido
(Sousa, 2010). Nesse sentido, pensamos que o interior deveria ser o mais bem
aproveitado possível e que o baú do caminhão se abrisse. Ideia que foi também
entendida como uma maneira de aumentar a área útil que a carroceria poderia
oferecer – algo de grande valia em caso de exposições –, também como uma
forma de criar uma espécie de palco capaz de dar suporte às atividades teatrais,
musicais ou cinematográficas (Figura 74).
Figura 70 – Os triângulos coloridos da Carreta Cultural UNESP
Fonte: Autores, 2013.
115
espaços projetados a partir da extensão
Figura 71 – Imagens do mundo das artes da Carreta Cultural UNESP
Fonte: Autores, 2013.
Figura 72 – O caminhão azul e os triângulos coloridos na Carreta Cultural UNESP
Fonte: Autores, 2013.
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Figura 73 – O caminhão branco e os triângulos coloridos na Carreta Cultural UNESP
Fonte: Autores, 2013.
Figura 74 – Palco da Carreta Cultural UNESP aberta
Fonte: Autores, 2013.
117
espaços projetados a partir da extensão
Resultados
Os resultados contemplaram uma série de imagens em proposições que variam em tonalidades de cor e temáticas abordadas, levando em consideração
princípios do design gráfico brasileiro (Melo, 2006; Aguiar, 2006). O projeto de
programação visual não foi executado, nem a ideia da carreta cultural. Esperamos que tais propostas possam colaborar com a universidade no sentido de
dar respostas a um público-alvo bastante diversificado nas várias cidades do interior paulista em que a UNESP se faz presente. Nossa intenção foi a de contribuir para atualizar a identidade visual da UNESP, partindo de uma leitura
semiótica (Ferrara, 1982) da logomarca da universidade, em proposições que
fossem mais lúdicas, por se tratar de um projeto que pode agasalhar esse caráter.
Considerações finais
O projeto de programação visual da Carreta Cultural UNESP buscou contemplar outra vertente de trabalho do NAU. Levando em conta, também, uma
experiência adquirida em outros trabalhos de orientação na graduação, como o
projeto que recebeu menção honrosa no 23o Concurso Nacional de Trabalhos
Finais de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Opera Prima 2011, de auto­ria
do aluno Carlos Eduardo Soares de Sousa, com orientação do prof. dr. Evandro
Fiorin, a proposta avançou no sentido da compreensão dos espaços do veículo
automotivo.
Referências bibliográficas
AGUIAR, J. B. C. da. Desenho gráfico. São Paulo: Senac, 2006.
FERRARA, L. D. Estratégia dos signos. São Paulo: Perspectiva, 1982.
MELO, C. H. de. (Org.). O design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac Naify,
2006.
MONTENEGRO, G. A. A invenção do projeto. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
PEDROSA, I. Da cor à cor inexistente. Brasília: Editora Universidade de Brasília,
1982.
SOUSA, C. E. S. de. Arquitetura itinerante. Presidente Prudente, 2010. Trabalho de
conclusão (graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Ciência e
Tecnologia – UNESP.
12
PROJETOS DE MOBILIÁRIO
Prof. dr. Evandro Fiorin1
Bruno Vinícius da Palma Novaes2
Pedro Henrique Benatti3
Ao longo de sua atividade, o NAU não tem se preocupado somente com as
escalas do edifício ou da cidade, mas também com os usuários dos espaços e seus
desenhos interiores. Nascem, assim, alguns projetos para mobiliário, como a
participação no concurso para o Salão de Design 2009 em Bento Gonçalves, no
Rio Grande do Sul. Nessa oportunidade, participaram quatro equipes com projetos de iluminação (prof. orientadores: Alessandra Martins Navarro, Claudemilson dos Santos e Cristina Maria P. Baron), e o projeto de um móvel de autoria
da discente Luciana Raunaimer foi selecionado entre os dez finalistas.
Retomando essa tradição, no período que destacamos neste livro, vale ressaltar alguns desenhos de mobiliário feitos para o Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da UNESP/campus Presidente Prudente e um
móvel para o Salão das Almas no anteprojeto arquitetônico para a sede da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção em Presidente Prudente (SP).
Objetivo
Desenhos de mobiliário para o Departamento de Planejamento, Urbanismo
e Ambiente da UNESP/campus Presidente Prudente e desenvolvimento de um
1.Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e coordenador do NAU.
2.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP e bolsista do NAU.
3.Discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia –
UNESP.
120 evandro fiorin
móvel para o Salão das Almas no anteprojeto arquitetônico para a sede da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção em Presidente Prudente. Ambos os
projetos foram solicitados, tanto por parte da unidade universitária quanto pela
entidade filantrópica, e são fruto de uma demanda existente.
Metodologia
Nosso processo de concepção das peças de mobiliário tende a levar em consideração, a princípio, os ensinamentos dos grandes mestres modernos do funcionalismo (Gropius, 1972), mas, também, uma pesquisa histórica sobre o design
no século XX (Fiel, 2001). Essa retrospectiva crítica nos coloca diante da possibilidade de “mesclar” os preceitos do passado moderno com a nossa realidade
(Moraes, 2006), em um processo de concepção que vai ganhando, aos poucos, a
sua própria identidade. Nesse âmbito, partimos de algumas indagações descritas
no livro de Bruno Munari (1982) para iniciar o desenho de mobiliário para a
nova sala de reuniões do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da UNESP/campus Presidente Prudente e para o Salão das Almas da
Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção em Presidente Prudente.
O desenho da mesa da sala de reuniões foi composto por um conjunto de
peças móveis concebidas de modo que pudessem ser arranjadas de diversas
manei­ras, experimentando novas formas de composição de cada módulo com
função determinada e permitindo, assim, que os usuários obtivessem uma mesa
multifuncional que atendesse às necessidades de cada ocasião. Basicamente, a
mesa poderia ser disposta de nove maneiras diferentes, em um arranjo e rearranjo com inúmeras outras possibilidades (Figura 75).
O móvel requerido pelas irmãs da Copiosa Redenção de Presidente Prudente busca praticidade e multiplicidade de funções. Seu objetivo principal é
comportar livros e servir como estante expositora para venda de exemplares de
cunho religioso. O diferencial desse projeto são as aberturas laterais, que, na verdade são banquetas retráteis, engenhosamente planejadas para não entrar em
conflito com as prateleiras internas do móvel e para servir, também, como um
local de leitura. O objeto foi pensado com o intuito de causar surpresa ao espectador/usuário, pois se trata de um volume monolítico (1,00m × 1,00m × 1,00m),
todo branco. Tal serenidade é quebrada no momento em que o móvel se abre revelando, então, um interior de cor vermelho vibrante (Figura 78).
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espaços projetados a partir da extensão
Resultados
Tivemos como resultado do desenho de mobiliário para a sala de reuniões do
Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente a proposta que apresentamos a seguir:
Figura 75 – Desenho de mobiliário para o Departamento de Planejamento, Urbanismo e
Ambiente e suas várias configurações
Fonte: Autores, 2013.
122 evandro fiorin
Figura 76 – Detalhamento (1) de mobiliário para o Departamento de Planejamento,
Urba­nismo e Ambiente
Fonte: Autores, 2013.
123
espaços projetados a partir da extensão
Figura 77 – Detalhamento (2) de mobiliário para o Departamento de Planejamento,
Urba­nismo e Ambiente
Fonte: Autores, 2013.
Nas figuras seguintes mostramos o projeto móvel para o Salão das Almas da
Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção.
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Figura 78 – Móvel para o Salão das Almas da Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção de Presidente Prudente
Fonte: Autores, 2013.
Figura 79 – Configuração do móvel para o Salão das Almas da Congregação das Irmãs da
Copiosa Redenção de Presidente Prudente
Fonte: Autores, 2013.
125
espaços projetados a partir da extensão
Figura 80 – Detalhamento do móvel (1) para o Salão das Almas da Congregação das
Irmãs da Copiosa Redenção de Presidente Prudente
Fonte: Autores, 2013.
Figura 81 – Detalhamento (2) do móvel para o Salão das Almas da Congregação das
Irmãs da Copiosa Redenção de Presidente Prudente
Fonte: Autores, 2013.
126 evandro fiorin
Figura 82 – O volume do móvel para o Salão das Almas da Congregação das Irmãs da
Copiosa Redenção de Presidente Prudente
Fonte: Autores, 2013.
Considerações finais
Os projetos de mobiliário desenvolvidos pelo NAU tiveram como pressupostos a preocupação com a flexibilidade dos espaços. Nos dois casos apresentados, essa tendência é bastante clara, no modo como os módulos podem se
intercambiar e formar novas espacializações. Essa preocupação tenta refutar algumas imposições do desenho do passado moderno mesclando-o com a nossa
realidade, podendo trazer uma maior liberdade ao usuário. Até agora, os projetos
de mobiliário desenvolvidos não foram realizados.
Referências bibliográficas
FIELL, C., FIELL, P. Design do século XXI. Colônia: Taschen, 2001.
GROPIUS, W. Bauhaus: Novaarquitetura. Perspectiva: São Paulo, 1972.
MORAES, D. de. Análise do design brasileiro: entre mimese e mestiçagem. São
Paulo: Blucher, 2006.
MUNARI, B. ¿Cómo nascen los objetos? Apuntes para una metodología proyectual.
Barcelona: G. Gili, 1981.
SOBRE O ORGANIZADOR
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/campus Bauru (SP) (1998), com bolsa de Iniciação Científica
Pibic-CNPq em Semiótica da Arte e Arquitetura (1997-1999), mestrado em
Arqui­tetura e Urbanismo – área: Tecnologia do Ambiente Construído pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (2003) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo – área: Projeto, Espaço e Cultura pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2009) e
estágio de pós-doutorado em curso na Faculdade de Arquitetura da Univer­
sidade do Porto (2014). Atualmente é professor assistente doutor em regime de
dedicação integral da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
junto à Faculdade de Ciências e Tecnologia – campus Presidente Prudente (SP),
locado no Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente e coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo, onde leciona disciplinas de Projeto. Também é coordenador do Núcleo de Projetos Arquitetônicos e Urbanos
da UNESP/campus Presidente Prudente (SP) e é líder do Grupo de Pesquisa:
Projeto, Arquitetura e Cidade. Tem experiência na elaboração de projetos em
diversas escalas de intervenção, além de edificações para entidades comunitárias, filantrópicas, assistenciais, religiosas, fundações, governos estaduais e
muni­cipais e habitação de interesse social, tendo recebido premiações, menções
honrosas e distinções em concursos nacionais de arquitetura e urbanismo, inovação e sustentabilidade. Atua nos seguintes temas: arquitetura e cidade contemporâneas; percepção, usos e representações de novas espacialidades; projetos
experimentais em arquitetura e urbanismo
SOBRE O LIVRO
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 28,3 x 47,9 paicas
Tipologia: Horley Old Style 10,5/14
2014
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Tulio Kawata
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espaços projetados a partir da extensão