0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Adriana Pascale Viana de Moraes Renata Jacomini Junqueira de Andrade Sidney Rodrigues Junior EMPREENDEDORISMO Microlins Formação Profissional Lins/SP LINS – SP 2008 1 ADRIANA PASCALE VIANA DE MORAES RENATA JACOMINI JUNQUEIRA DE ANDRADE SIDNEY RODRIGUES JUNIOR EMPREENDEDORISMO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob orientação da Prof.ª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro e orientação técnica da Prof.ª Especialista Ana Beatriz Lima. LINS – SP 2008 2 M818e Moraes, Adriana Pascale Viana de; Andrade, Renata Jacomini Junqueira de; Rodrigues Junior, Sidney Empreendedorismo / Adriana Pascale Viana de Moraes; Renata Jacomini Junqueira de Andrade; Sidney Rodrigues Junior. Lins, 2008. 82p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins – SP para graduação em Administração, 2008 Orientadores: Máris de Cássia Ribeiro; Ana Beatriz Lima CDU 658 1. Empreendedor. 2. Empreendedorismo. 3. Visão. 4. Transição. I Título. CDU 658 3 ADRIANA PASCALE VIANA DE MORAES RENATA JACOMINI JUNQUEIRA DE ANDRADE SIDNEY RODRIGUES JUNIOR EMPREENDEDORISMO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovada em: ______/______/______ Banca Examinadora: Prof.ª Orientadora: Máris de Cássia Ribeiro Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP-SP. Assinatura: ______________________________________ 1º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ______________________________________ 2º Prof(a): _______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ______________________________________ 4 MENSAGEM Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis, as pedras do caminho se tornam montanhas, os fracassos se transformam em golpes fatais. Mas, se você tiver grandes sonhos... seus erros produzirão oportunidades, seus medos produzirão coragem. Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história... Quantos projetos você deixou para trás? Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos? Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la. Augusto Cury 5 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia à Deus, onde minha fé, junto ao incentivo e apoio do meu marido e meus filhos foram o estímulo e a importância de toda minha caminhada. Aos meus pais, minhas referências, a minha família e a todos que me acompanharam por mais essa conquista. E por fim ao meu avô e alguém em especial que me ajudou a confiar nos meus sonhos, acreditando que sempre haverá o amanhã. Adriana Dedico à minha família, meu esposo e meus filhos que me incentivaram e apoiaram durante esses 4 anos de crescimento e conquistas. Ao meu pai, que sempre foi um exemplo de vida para mim, enfim à toda minha família que sempre esteve em minha vida torcendo por essa vitória. Renata 6 AGRADECIMENTOS A Deus, Pois sem ele nada somos e nada podemos. Acreditamos que Ele esteja sempre presente na vida de cada um de nós, guiando-nos e carregando-nos nas muitas vezes que não conseguimos caminhar sozinhos. Aos nossos familiares, Por estarem sempre ao nosso lado, principalmente nas dificuldades. Pelo carinho, compreensão e paciência durante esse período de nossas vidas, servindo de estímulo para levarmos adiante este sonho. Aos nossos amigos do Unisalesiano, Por seu bom-humor, alegria de viver e otimismo diante das vezes que estávamos desanimados e essa energia fez com que acreditássemos que iríamos vencer. 7 À todos os funcionários do Unisalesiano, Pelo respeito e carinho com que fomos tratados. Às nossas orientadoras, Máris e Ana Beatriz e a todos os professores, Que não mediram esforços para nos transmitir conhecimento e colaborarem para nosso crescimento acadêmico e pessoal. Por estarem sempre nos apoiando em nossas dificuldades com palavras de estímulo e autoconfiança e fazendo-nos refletir o ser administrador. À Microlins, Por nos receber de braços abertos, em especial à Sara Alves, dona da franquia de Lins, que não poupou esforços para que pudéssemos realizar este trabalho. Ao José Carlos Semenzato, por sua atenção e prontidão em nos receber e de maneira simples e clara contar toda a sua trajetória. Adriana, Renata e Sidney 8 RESUMO O modelo de ensino, dirigido à criação de empregados para grandes empresas, esgotou-se diante das profundas alterações nas relações de trabalho e da produção. Ao ter seu eixo deslocado para os pequenos negócios, as sociedades se vêem induzidas agora a formar empregadores, pessoas com uma nova atitude diante do trabalho e com uma nova visão do mundo. Mas não basta que exista a motivação para empreender, é necessário que o empreendedor esteja preparado para isso, ou seja, que conheça formas de análise de negócio, do mercado e de si mesmo para perseguir o sucesso com passos firmes e saber colocar a sorte a seu favor. Ressalta-se a importância da visão do empreendedor como agente de mudança, possuidor de componentes essenciais, mobilizando capital, agregando valor a recursos naturais, produzindo bens e administrando os meios para incrementar o seu negócio. Deve-se isso ao seu gosto pela diversidade, critério de organização, controle, comprometimento e disposição em assumir riscos. A empresa escolhida para a realização da pesquisa foi a Microlins Centro de Formação Profissional que teve seu início em 1991, em Lins, no interior de São Paulo. Focada inicialmente no segmento de ensino da informática, sofre influência do mercado competitivo e através da visão empreendedora de seu proprietário, José Carlos Semenzato, parte para a criação do centro de formação oferecendo atualmente mais de quarenta cursos profissionalizantes e contando com aproximadamente 750 franquias. Como resultado da pesquisa, ficou evidente a importância da visão empreendedora para a transição de uma simples escola de informática para um Centro de Formação Profissional, tornando a empresa mais competitiva. Palavras-chave: Empreendedor. Empreendedorismo. Visão. Transição. 9 ABSTRACT The model of teaching, aimed at creation of employees for big companies became exhausted in face of profound changes in relations between work and production. By taking its focal point moved to small business, companies are now induced to train employers, people with distinct attitude in face of work and with a renewed vision of the world. But motivation to undertake is not enough, it is necessary that the enterpriser to be ready for that, in other words, knows how to analyze the business, of the market and himself, to pursue the success with firm steps, and also take advantage of luckiness. It is emphasized the importance of vision of the entrepreneur as an agent of change, possessing the essential components, mobilizing capital, adding value to natural resources, producing goods and managenning the means to increase his business. This is due to his inclination for diversity, criterion of organization, control, commitment and willingness to take risks. The company chosen to accomplish the research was Microlins Vocational Training Centre, which was initiated in 1991 in Lins, an interior town of Sao Paulo. Focused initially in the segment of teaching’s technology, was influenced by the competitive market and though entrepreneurial vision of its owner, Jose Carlos Semenzato, idealized the creation of the training centre, currently offering over then forty professional training courses, and counting with approximately 750 franchises. As a result of the search, it became clear the importance of entrepreneurial vision for the transition from a simple school of information technology into a Centre of Vocational Training, becoming the company more competitive. Keywords: Entrepreneur. Entrepreneurship. Vision. Transition. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Primeira escola de informática .................................................... 18 Figura 2: Foto de uma, das dezoitos unidades do interior da escola Microlins ..................................................................................................... 19 Figura 3: Foto exterior da Editora Raízes ................................................... 20 Figura 4: Foto interna da Editora Raízes .................................................... 20 Figura 5: Logomarca do Centro de Formação Profissional ........................ 21 Figura 6: Foto da inauguração Máster da Grande São Paulo .................... 22 Figura 7: Foto da Microlins Franchising de São José do Rio Preto ........... 23 Figura 8: Foto do curso de instalador e reparador de linhas telefônicas .... 24 Figura 9: Fundação Xuxa Meneghel .......................................................... 25 Figura 10: Instituto Casa da Gente ............................................................. 25 Figura 11: Foto do grupo formado na UCM ................................................ 28 Figura 12: Logomarca atual das franquias ................................................. 29 Figura 13: Primeiro selo da ABF ................................................................ 29 Figura 14: Foto do estúdio da Microlins SAT ............................................. 30 Figura 15: Selo comemorativo dos 15 anos da Microlins ........................... 31 Figura 16: As três características básicas do empreendedor .................... 46 Figura 17: O processo empreendedor na visão de Timmons .................... 49 Figura 18: Fatores que influenciam no processo empreendedor ............... 50 Figura 19: Matriz da Microlins Franchising ................................................. 61 Figura 20: Alunos com Semenzato na matriz ............................................. 62 Figura 21: Pedro Furquim ........................................................................... 64 Figura 22: Alunos com sócios na matriz ..................................................... 66 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Empresas da Holding Microlins ................................................. 32 Quadro 2: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor ............................................................................................ 38 11 Quadro 3: Tabela empreendedores iniciais por gênero no Brasil 2001 a 2007 ............................................................................................................ LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIAGE: Centro Integrado de Gestão Empreendedor GEM: Global Entrepreneurship Monitor GERA: Holdiding-Global Entrepreneurship Reserach Association IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MBA: Master in Business Administration SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TEA 1: Empreendedores em Estágio Inicial 40 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15 CAPÍTULO I - A EMPRESA MICROLINS ....................................................... 17 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA................................................................... 17 1.1 1991 – o ano em que tudo começou .................................................. 17 1.2 1992 – o começo da divulgação Microlins .......................................... 18 1.3 1994 – o início das primeiras escolas próprias Microlins .................... 18 1.4 1996 – nasce a editora raiz................................................................. 19 1.5 1997 – da escola de informática ao centro de formação profissional . 21 1.6 1998 – as primeiras másteres Microlins.............................................. 22 1.7 2000 – o ano das telecomunicações .................................................. 23 1.8 O antes e depois da rede Microlins .................................................... 24 1.8.1 Merchandising .................................................................................... 24 1.8.2 Responsabilidade social ..................................................................... 25 1.8.3 Novos cursos ...................................................................................... 26 1.9 2002 – mais de 400 franquias em todo Brasil..................................... 26 1.9.1 Encaminhamento ao mercado de trabalho ......................................... 27 1.9.2 Lançamentos ...................................................................................... 27 1.9.3 Universidade corporativa Microlins ..................................................... 27 1.10 2003 – Ano da expansão .................................................................... 28 1.10.1 O primeiro selo de excelência............................................................. 29 1.11 Microlins – ensino via satélite ............................................................. 30 1.12 2006 – quinze anos de história Microlins ............................................ 31 1.12.1 Grupo Microlins................................................................................... 32 1.13 Missão ................................................................................................ 33 1.14 Visão................................................................................................... 33 CAPÍTULO II - EMPREENDEDORISMO ......................................................... 34 13 2 CONCEITUANDO EMPREENDEDORISMO...................................... 34 2.1 A origem e evolução do empreendedorismo ...................................... 34 2.1.1 Introdução........................................................................................... 34 2.1.2 Idade média ........................................................................................ 35 2.1.3 Século XVII ......................................................................................... 36 2.1.4 Século XVIII ........................................................................................ 36 2.1.5 Séculos XIX e XX ............................................................................... 37 2.2 A educação e o empreendedorismo ................................................... 41 2.3 Ser empreendedor.............................................................................. 44 2.3.1 Características do empreendedor....................................................... 45 2.3.2 Elemento de suporte da visão do empreendedor ............................... 47 2.3.3 A decisão de ser empreendedor......................................................... 48 2.4 Carreiras empreendedoras do futuro.................................................. 52 2.4.1 Novas concepções empreendedoras ................................................. 53 2.4.1.1 Intrapreneurs (empregados empreendedores)..................................... 53 2.4.1.2 Extrapreneurs....................................................................................... 54 2.4.1.3 Entrepreneurs (empresários) ............................................................... 54 2.4.1.4 Spin-off................................................................................................. 54 2.4.1.5 Proprietários gerentes de pequenas empresas.................................... 55 2.4.1.6 Operadores de microempresas ............................................................ 55 2.4.1.7 Os autônomos ...................................................................................... 55 2.4.1.8 Supportpreneurs................................................................................... 55 2.4.1.9 Interpreneurs ........................................................................................ 56 2.4.1.10 Networkpreneurs (empreendedores em rede de negócios) ............... 56 2.4.1.11 Negopreneurs (empreendedores de negócios).................................. 56 2.4.1.12 Familypreneurs (empreendedores em negócios de família) .............. 57 2.4.1.13 Technopreneurs (empreendedores de tecnologia)............................. 57 2.4.1.14. Ecopreneurs (empreendedores em ecologia) ................................... 57 2.4.1.15 Gerontopreneurs ................................................................................ 57 2.4.1.16 Coopreneurs (empregadores em negócios cooperativos).................. 58 2.4.1.17. Groupreneurs (empreendedores de consórcio)................................. 58 2.4.1.18 Sociopreneurs (empreendedores sociais).......................................... 58 2.4.1.19 Netpreneurs (empreendedores em tecnologia da informação) .......... 58 2.4.1.20 Webpreneurs (empreendedores em negócios da Internet) ................ 59 14 CAPITULO III - PESQUISA ............................................................................. 60 3 INTRODUÇÃO ................................................................................... 60 3.1 Relato e Discussão sobre Empreendedorismo na Microlins Centro de Formação Profissional...................................................................................... 60 3.1.1 Semenzato: um perfil puramente empreendedor................................ 60 3.1.2 A transição de escola de informática para centro de formação profissional ....................................................................................................... 62 3.2 Sistema de franquias: o caminho do empreendimento Microlins........ 68 3.2.1 A universidade corporativa ................................................................. 70 3.2.2.1 reinamento de Formação de Executivos de Franquia Microlins ......... 71 3.2.2.2 Iron manager Microlins ....................................................................... 71 3.2.2.3 Renovare Microlins ............................................................................. 72 3.3 Parecer final sobre o caso .................................................................. 72 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................... 74 CONCLUSÃO .................................................................................................. 75 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 76 APÊNDICES .................................................................................................... 78 15 INTRODUÇÃO O empreendedorismo tem sua origem na reflexão de pensadores econômicos do século XVIII e XIX, conhecidos defensores do laissez-faire ou liberalismo econômico. Esses pensadores econômicos defendiam que a ação da economia era refletida pelas forças livres do mercado e da concorrência. Atualmente o empreendedorismo tem sido visto como um engenho que direciona a inovação e promove o desenvolvimento econômico. (SCHUMPETER apud DOLABELA, 1999) O termo empreendedor – do francês enterpreneur – significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Na verdade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma idéias em realidade para benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma idéia simples e mal-estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado. O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias. (SCHUMPETER apud DOLABELA, 1999, p.67 ) Embora não haja certeza sobre ser ou não ser possível ensinar empreendedorismo, existe um ponto em que estudiosos concordam: é possível aprender a ser empreendedor, mas, como em algumas outras áreas, através de métodos diferentes dos tradicionais, enfatizando-se características comportamentais da criatividade, do pensamento difuso, da parceria definitiva dos dois lados do cérebro, do conhecimento autônomo, pró-ativo, do aprender a aprender. Com o objetivo de verificar a importância da visão empreendedora para a transição dos negócios da Microlins foi realizada uma pesquisa na Microlins Centro de Formação Profissional sediada em Lins, no interior de São Paulo. Inaugurada em 1991, focada inicialmente no segmento de ensino da 16 informática, sofre influência do mercado competitivo e parte para a criação do centro de formação oferecendo atualmente mais de 40 cursos profissionalizantes. A pergunta problema que norteou a pesquisa foi: Até que ponto a visão empreendedora da empresa Microlins foi o fator decisivo em seu período de transição de escola de informática para um Centro Profissional? Em resposta a pergunta problema surgiu a seguinte hipótese: A visão empreendedora é fator decisivo na tomada de decisão em todas as ações desenvolvidas pela empresa Microlins para atingir competitividade e conquistar mercado. Para a realização da pesquisa utilizou-se dos métodos de observação sistemática, histórico e estudo de caso especificado minuciosamente no Capitulo III deste trabalho. O trabalho está assim estruturado: O Capitulo I aborda sobre a evolução histórica da empresa em estudo. O Capitulo II discorre sobre a fundamentação teórica do Empreendedorismo. O Capitulo III demonstra a pesquisa realizada na Microlins. Finalmente, a proposta de intervenção e as considerações finais foram resultantes de uma comparação entre a teoria descrita e a pesquisa realizada na empresa. 17 CAPÍTULO I A EMPRESA MICROLINS 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA A Microlins, uma empresa fundada em Lins, interior de São Paulo, tem se consagrado como a maior e melhor rede de escolas profissionalizantes do país. Todo este crescimento, esta consolidação no mercado e este sucesso devem-se ao trabalho de uma grande equipe, bem como à dedicação e visão de mercado de uma pessoa muito especial, empreendedora, que fez da Microlins, uma pequena escola de informática, o maior centro profissionalizante do país. Esta pessoa é seu fundador, José Carlos Semenzato que, com uma idéia e muita persistência, transformou um sonho em realidade. E, em contrapartida, o sonho de toda a família. 1.1 1991 – o ano em que tudo começou No mês de junho do ano de 1991, em uma pequena cidade no interior de São Paulo nasce a Microlins, uma escola de microinformática focada no ensino dos principais programas de computação da época. A cidade de Lins, com um pouco mais de 70 mil habitantes, é sede da primeira escola Microlins, adquirida por José Carlos Semenzato e composta por apenas quatro microcomputadores PC 4.77 usados, carteiras de segunda mão e uma turma de quinze alunos. Formado em Processamento de dados, José Carlos troca o cargo de programador de sistemas de uma construtora pela escola. Nessa época, José Carlos não imaginava a grandiosidade do negócio que estava por vir. 18 Em menos de dois anos, portanto, já era possível constatar que a Microlins estava caminhando rumo ao sucesso, pois, em pouco mais de uma década e meia, transformou-se na maior empresa de cursos profissionalizantes do País. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 1: Primeira escola de informática 1.2 1992 – o começo da divulgação Microlins Buscando divulgar a marca Microlins para toda a cidade de Lins e com isso conquistar mais alunos para a escola, José Carlos Semenzato desenvolveu várias ações. Uma delas foi o sorteio de um microcomputador feito em parceria com uma rádio local. 1.3 1994 – o início das primeiras escolas próprias Microlins Em 1994, a Microlins comemora a inauguração de dezoito unidades nas cidades do interior de São Paulo: Cafelândia, Promissão, Penápolis, Birigui, Araçatuba, Adamantina, Marília, Paraguaçu Paulista, Tupã, Assis, Palmital, Bauru, Jaú, Lençóis Paulista, Avaré, São José do Rio Preto, Olímpia e 19 Votuporanga. Já com diversas unidades próprias operando com sucesso absoluto, a Microlins dá início ao sistema de franqueamento de seu método e marca, nascendo então, a Microlins Franchising. Pelo sistema de franqueamento iniciou-se a transformação das unidades próprias em franquias. Em 1995, a Microlins participa pela primeira vez da ABF Franchising Expo, a mais importante feira do segmento de franchising no Brasil. Organizada anualmente pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. A feira reuniu cerca de 200 expositores em busca de parceiros que desejavam ingressar no mundo das franquias. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 2: Foto de uma, das dezoitos unidades do interior da escola Microlins 1.4 1996 – nasce a editora raiz Como o número de escolas e franqueados não parava de crescer, percebeu-se a necessidade de apostilas e os impressos Microlins seguirem uma padronização e que esses materiais fossem produzidos em grande quantidade. Tudo começa em 1996, de uma forma empírica para depois ser uma outra empresa, uma editora de porte industrial, para atender a demanda dos 20 franqueados Microlins. Nasce assim a Editora Raízes, em parceria com José Rafael Rosa Pacini, experiente empresário do setor gráfico, proprietário da Garagem Cópias de Lins há mais de 30 anos. Desde o começo, a Editora Raízes sempre primou pela qualidade e bom atendimento, organizando a produção, venda e distribuição das apostilas e materiais da Microlins, além de publicar livros e imprimir materiais para clientes da região. Nesse ano, a Microlins chega a 65 franquias e, devido ao grande crescimento, José Carlos Semenzato convida Célia Regina Volponi para assumir a área administrativa da editora, já que ela havia trabalhado antes para a Microlins. Posteriormente, Célia torna-se sócia da Editora Raízes. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 3: Foto exterior da Editora Raízes Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 4: Foto interna da Editora Raízes 21 1.5 1997 – da escola de informática ao centro de formação profissional Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 5: Logomarca do Centro de Formação Profissional O ano de 1997 é muito especial para a Microlins. A empresa consolida sua posição como a maior rede de escolas profissionalizantes do Brasil, saltando de 25 para 130 franquias, crescimento este decorrente do “boom” da tecnologia. O computador passa a ser uma ferramenta importante e as pessoas começam a procurar cursos para aumentar os conhecimentos, conseqüentemente, crescendo a procura pelos cursos de informática. Por essa razão, abriram-se muitas escolas de informática oferecendo os mesmos serviços que a Microlins. Para que a Microlins pudesse se diferenciar no mercado, Pedro Furquim, consultor especializado em Marketing, teve a idéia de a Microlins deixar de ser uma escola de informática para se tornar um Centro de Formação Profissional, oferecendo assim diversas opções de cursos profissionalizantes. Apesar da excelente receptividade que o mercado tinha ao produto “curso de informática”, a Rede Microlins não se estagnou e desenvolveu novos produtos. O resultado desse processo foi o lançamento do curso de Capacitação Profissional em Rotinas Administrativas que, no primeiro ano, matriculou 29 mil alunos em todo o país. Atualmente, em meio aos mais de 40 cursos disponíveis na rede 22 Microlins destacam-se os de Informática, Capacitação Profissional em Rotinas Administrativas, Telefonista, Recepcionista, Operador de Telemarketing, Turismo, Hotelaria, Info-Linux, Web Designer, entre outros. 1.6 1998 – as primeiras másteres Microlins No ano de 1998, nascem as Másteres Franquias Microlins. Contrato assinado com Sidney Eduardo Kalaes, que assume a Máster da Grande São Paulo, iniciando com aproximadamente 20 franquias, e com Mauro Dias que assume a Máster Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Máster Franquia Microlins oferece ao franqueado um suporte regional para que ele obtenha total sucesso no negócio. Esse suporte vai desde a escolha do ponto, padronizações e até orientações de como administrar a franquia. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 6: Foto da inauguração Máster da Grande São Paulo Com o objetivo de intensificar o crescimento para fora do estado de São Paulo, José Carlos Semenzato concede a Antonio Brizoti e Antonio Brizoti Júnior as Másteres Interior de São Paulo, Sul de Minas e Norte do Paraná, momento em que eles administravam quatro franquias da Rede na região de São José de Rio Preto/SP. 23 Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 7: Foto da Microlins Franchising de São José do Rio Preto No ano de 1999, a Microlins Franchising, localizada em Lins/SP, mudouse para São José do Rio Preto, em busca de uma cidade com maior infraestrutura, bons profissionais e, ao mesmo tempo, com qualidade de vida. 1.7 2000 – o ano das telecomunicações Preocupada em atender a demanda de acordo com as necessidades do mercado, a Microlins lança uma série de cursos profissionalizantes no setor de telecomunicações. No período, o Brasil passa por um “boom” na área de telefonia devido a algumas privatizações e cresce de forma considerável a procura por profissionais da área. O instalador e reparador de linhas e aparelhos, por exemplo, tem como objetivo ensinar métodos de instalações de novas linhas de telefones, diretamente nos postes das companhias telefônicas, e também reparar defeitos encontrados desde as centrais até a entrada das linhas nas casas dos assinantes. Foram mais de 30 mil profissionais qualificados pela Microlins para o mercado. 24 Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 8: Foto do curso de instalador e reparador de linhas telefônicas 1.8 O antes e depois da rede Microlins Visando o crescimento contínuo, visto que a Rede Microlins nessa época contava com 14 franquias próprias, José Carlos Semenzato convida Antonio Brizoti e Antonio Brizoti Júnior para tornarem-se sócios da Microlins Franchising. No ano de 2001, a Microlins comemorou seus 10 anos de história. 1.8.1 Merchandising Segundo José Carlos Semenzato, se a Microlins é querida e desejada em todo País, é porque, com sua visão de futuro, convenceu seus sócios a investirem em propagandas na mídia nacional nos programas de auditório. Em 2001, a marca Microlins pode ser vista nos programas: “Domingo da Gente”, apresentado pelo cantor Netinho, transmitido pela Rede Record, e “Domingo Legal” no SBT, apresentado por Gugu Liberato. José Carlos Semenzato considera esse momento um dos mais decisivos na história da Microlins. 25 1.8.2 Responsabilidade social A Responsabilidade Social sempre foi preocupação constante da Microlins e, em 2001, surge a oportunidade de agregar sua marca a ações sociais com grandes parceiros como a Fundação Xuxa Meneghel, Instituto Casa da Gente, dos apresentadores Xuxa e Netinho, respectivamente, e Fundação Cafu, do jogador Cafu. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 9: Fundação Xuxa Meneghel Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 10: Instituto Casa da Gente Nestas parcerias, a Microlins disponibiliza para cada instituição uma escola de formação profissional para que as crianças carentes atendidas por essas entidades tenham a oportunidade de aprender nos cursos 26 profissionalizantes. Além da filiação às entidades, as franquias Microlins mantêm convênios locais com entidades assistenciais, doando alimentos, agasalhos, remédios, entre muitos outros benefícios. Ações como essas consolidam a marca Microlins em todo o mercado nacional. 1.8.3 Novos cursos Em 2001, a Microlins lançou o curso de Turismo e Hotelaria. O lançamento do curso veio ao encontro da grande expansão dessa carreira. A profissão Turismo é uma profissão em constante crescimento, que movimenta cerca de 45 bilhões de dólares por ano no Brasil e emprega 6 milhões de pessoas, direta e indiretamente. É uma espécie de símbolo do setor de serviços, cuja importância cresce no ritmo em que a tecnologia avança e elimina empregos na indústria. 1.9 2002 – mais de 400 franquias em todo Brasil Uma oportunidade de negócio altamente rentável, em constante crescimento, com baixo investimento, marca forte e com credibilidade no mercado. Estes são alguns fatores que fazem com que a marca Microlins atinja 450 franquias espalhadas pelo Brasil e mais de 600 mil alunos qualificados. Com base no crescimento da Empresa, a Rede Microlins recebe homenagem como uma das 10 maiores empresas de destaque de 2002. Entre 200 empresas, 10 foram selecionadas como as que mais se destacaram durante o período em “Estratégias Vencedoras”, de acordo com uma pesquisa feita pelo Cemaq – Centro de Metrologia e Qualidade Industrial. A rede Microlins foi citada 1,8 milhões de vezes pelos pesquisadores, dentro do quesito Cursos, não ficando muito atrás de empresas que já 27 possuem uma marca muito forte no mercado como a Nestlé, citada 2,2 milhões, e o Mc Donald’s, com 2,3 milhões de citações. 1.9.1 Encaminhamento ao mercado de trabalho No ano de 2002, tem início o “Programa de Encaminhamento ao Mercado de Trabalho”, um dos diferenciais da Microlins. Este projeto tem como objetivo encaminhar os alunos Microlins para empresas parceiras que estejam recrutando mão-de-obra qualificada. 1.9.2 Lançamentos O leque de cursos da Microlins ganha, em 2002, quatro integrantes: Inglês New Generation, Capacitação em Vendas, Garçom e Barman. Estes cursos são desenvolvidos para atender a uma crescente demanda de pessoas que procuram se profissionalizar, com qualidade, para entrar no mercado de trabalho. 1.9.3 Universidade corporativa Microlins Em 2002, a Microlins inaugura a Universidade Corporativa Microlins (UCM), com o objetivo de oferecer um novo conceito em soluções para treinamento e recursos humanos. Desenvolvida por profissionais altamente capacitados, responsáveis atualmente pela sua operação, a UCM oferece para a equipe de másteres, franqueados e colaboradores, todo o conhecimento desenvolvido e aperfeiçoado pela Microlins ao longo dos anos e um suporte permanente na administração e expansão do negócio com manuais, treinamentos presenciais 28 e via satélite, audioconferência, vídeotreinamentos, entre outros. O site “Universidade Corporativa Microlins” oferece para os franqueados um suporte virtual e exclusivo. Entre os links disponíveis no site destacam-se “Programas de Treinamento”, “Videotreinamento” e “Materiais”, dos quais o franqueado pode fazer o download do “MARF – Manual de Avaliação e Rotina da Franquia”, o “Manual de Avaliação de Instalações” e o “Manual de Padronização da Franquia”. Por meio dessa formação, todo o trabalho da Rede reverte-se em um diferencial qualitativo para os alunos. Isto vem ao encontro da missão da Microlins de prepará-los efetivamente, para ingressarem no mercado de trabalho. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 11: Foto do grupo formado na UCM 1.10 2003 – Ano da expansão No dia 16 de agosto de 2003, é inaugurada a sede da Microlins Franchising em São José do Rio Preto, localizada em uma área nobre da cidade em um terreno de 1447 metros quadrados. O prédio abriga toda estrutura da Microlins Franchising. 29 Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 12: Logomarca atual das franquias O ano de 2003 é marcado pela expansão da Microlins por todo Brasil. Nesse ano, a empresa consolidou sua marca inaugurando franquias em todos os estados brasileiros. 1.10.1 O primeiro selo de excelência Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 13: Primeiro selo da ABF Em 2003, a Microlins conquista o primeiro Selo de Excelência cedido pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. 30 A empresa é reconhecida pela qualidade e excelência em sua atuação como empresa franqueadora. O selo de excelência em franchising é o resultado de um processo minucioso de avaliação que tem como objetivo estimular a melhoria do nível de atuação das empresas franqueadoras, valorizando as melhorias práticas e o profissionalismo das empresas que atuam dentro do sistema de franquias. 1.11 Microlins – ensino via satélite Com o rápido crescimento do Grupo Microlins, surge a necessidade de uma comunicação em tempo real que facilite os treinamentos dos franqueados e colaboradores em todo o Brasil, nascendo então o Microlins SAT, com um investimento de R$ 15 milhões. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 14: Foto do estúdio da Microlins SAT O empreendimento é criado exatamente para ser ferramenta tecnológica para uso de todas as empresas do Grupo Microlins, encurtando com isso as distâncias territoriais. O Microlins SAT transmite aulas ao vivo, palestras e cursos ministrados por alguns dos mais conceituados profissionais de diferentes áreas de atuação, 31 permitindo interatividade com os alunos. Além disso, possibilita treinamentos e comunicação da franqueadora com os franqueados e suas equipes, agilizando o processo e reduzindo custos operacionais. No sistema Microlins SAT, é utilizada a tecnologia de transmissão via satélite de última geração, implementada pela Comsat, uma das maiores empresas de comunicação via satélite do mundo, que permite aos alunos interagirem em tempo real, por videoconferência, chat, e-mail e webforum com o estúdio onde está o palestrante ou professor. 1.12 2006 – quinze anos de história Microlins Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 15: Selo comemorativo dos 15 anos da Microlins No ano de 2006, a Microlins comemorou seus 15 anos de existência, tendo mais de 700 franquias localizadas em todo o território brasileiro e mais de 2 milhões de alunos formados. Por mês, 50 mil novos alunos fazem parte dessa Rede. O conhecimento de mercado e a visão de futuro do seu fundador, José 32 Carlos Semenzato, fizeram da Microlins o maior centro profissionalizante do país. De uma simples escola de informática, que oferecia aos seus alunos apenas os programas de informática da época, a Microlins transformou-se em um centro profissionalizante que oferece mais de 40 opções de cursos e uma estrutura toda voltada para a capacitação dos alunos e o encaminhamento deles ao mercado de trabalho. A Microlins está mudando a vida de milhares de jovens e adultos em todo o Brasil, seguindo sua nobre missão de transformar os sonhos de seus alunos em realidade, através da educação, formação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho. 1.12.1 Grupo Microlins Visando perenizar o negócio e centrar todos os esforços dos sócios em 2006, quando a Microlins completou 15 anos, decidiu-se por centralizar todos os negócios em um único Grupo. Desta forma, o Grupo Microlins conta hoje com participação nas seguintes empresas: EMPRESA NÚMERO DE FRANQUIAS Microlins Franchising 700 franquias no Brasil Instituto Embelleze 140 franquias no Brasil Number One Idiomas 100 franquias no Brasil Editora Microlins fornecedor do material impresso Fonte: elaborado pelos autores, 2008 Quadro 1: Empresas da Holding Microlins Pelo terceiro ano consecutivo, a Microlins Franchising recebeu da ABF Associação Brasileira de Franchising, o Selo de Excelência, sendo reconhecida 33 pela qualidade e excelência em sua atuação como empresa franqueadora. 1.13 Missão Transformar os sonhos dos alunos em realidade, através da educação, formação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho. 1.14 Visão Realizar sonhos e cultivar a cidadania através da formação profissional, agregando valores perceptíveis para o país, para clientes, acionistas e parceiros. 34 CAPÍTULO II EMPREENDEDORISMO 2 CONCEITUANDO EMPREENDEDORISMO Empreendedorismo designa os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. Empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar, principalmente, aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades de organização, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços; gerando um novo método com o seu próprio conhecimento. (WIKIPEDIA, 2008) Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal. (SEBRAE, 2007a, p.15) 2.1 A origem e evolução do empreendedorismo 2.1.1 Introdução O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Geralmente, essas invenções são frutos de inovação, de algo inédito ou de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém antes ousou olhar de outra maneira.Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes de pessoas com características especiais que são 35 visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e empreendem.(DORNELAS, 2005) Em determinados predominaram, em desenvolvimento períodos, virtude tecnológico, de de alguns contextos conceitos administrativos sócio-políticos, desenvolvimento e culturais, de consolidação do capitalismo, entre outros, os quais foram determinantes para a evolução das teorias administrativas. No momento, acredita-se que o empreendedorismo irá cada vez mais mudar a forma de fazer negócio no mundo, devido ao avanço tecnológico, à economia e aos meios de produção e serviços, de modo que há necessidade de se formalizar os conhecimentos, propiciando assim o surgimento de um número cada vez maior de empreendedores. A palavra enterpreneur é de origem francesa, literalmente traduzida, significa aquele que está entre ou intermediário; ou também definido como aquele que assume riscos e começa algo novo. O uso mais antigo da palavra enterpreneur registra-se na história militar francesa, no século XVII, referindo-se a pessoas que se comprometiam em conduzir expedições militares. No contexto empresarial, diz respeito a alguém que compra bens e serviços, a certos preços, com a intenção de vendê-los a preços incertos no futuro. (SEBRAE, 2007b) Segundo Sebrae (2007b), um primeiro exemplo de definição de empreendedorismo pode ser creditado a Marco Pólo, que tentou estabelecer rotas comerciais para o Extremo Oriente. Como intermediário, o empreendedor Marco Pólo assinava um contrato com uma pessoa de recursos para vender suas mercadorias. Enquanto o capitalista corria riscos passivamente, o aventureiro empreendedor assumia o papel ativo no negócio, suportando todos os riscos físicos e emocionais. Quando o empreendedor era bem-sucedido e completava a viagem, os lucros eram divididos, cabendo ao capitalista a maior parte (75%), enquanto o empreendedor ficava com o restante (25%). 2.1.2 Idade média 36 Na Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava grandes projetos de produção. Em tais projetos, esse indivíduo não corria riscos, simplesmente administrava o projeto usando os recursos fornecidos, geralmente pelo governo do país. Um empreendedor da Idade Média era a pessoa encarregada das obras arquitetônicas, como castelos e fortificações, prédios públicos. (DORNELAS, 2005) 2.1.3 Século XVII Os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como geralmente os preços eram prefixados, quaisquer lucros ou prejuízos eram exclusivos do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor – aquele que assumia riscos -,do capitalistaaquele que fornecia o capital.(DORNELAS, 2005) 2.1.4 Século XVIII No século XVIII, a pessoa com capital foi diferenciada daquela que precisava de capital. Em outras palavras, o capitalista foi diferenciado do empreendedor e, provavelmente, devido, ao início da industrialização que ocorria no mundo. Muitas invenções desenvolvidas durante esse período eram reações a essas mudanças. Como exemplo, tem-se as pesquisas relacionadas à eletricidade e à química, de Thomas Edison, que desenvolveu novas tecnologias e era incapaz de financiar suas invenções. Tais pesquisas só foram 37 possíveis com o auxílio de investidores que financiaram os experimentos. (DORNELAS, 2005) 2.1.5 Séculos XIX e XX No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram freqüentemente confundidos com gerentes ou administradores (o que ocorre até os dias atuais), sendo meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. Dornelas (2005), faz uma breve análise das diferenças e similaridades entre administrador e empreendedor: Todo empreendedor necessariamente deve ser um bom administrador para obter o sucesso, no entanto, nem todo bom administrador é um bom empreendedor. O empreendedor tem algo a mais, algumas características e atitudes que o diferenciam do administrador tradicional. (DORNELAS, 2005, p. 30) A seguir o quadro que sintetiza o desenvolvimento da teoria e do termo empreendedor: · Origina-se do Francês: empreendedor · 1961: David McClelland – o significa aquele que está entre ou empreendedor é alguém dinâmico que estar entre. corre riscos moderados. · Idade Média: o empreendedor · 1964: Peter Druker – o empreendedor participante e pessoa encarregada de maximiza oportunidades. projetos de produção em grande escala. · SÉCULO XVII: o empreendedor é a · 1975: Albert Shapiro – o empreendedor pessoa que assumia riscos de toma iniciativa, organiza alguns lucro(ou prejuízo)em um contrato de mecanismos sociais e econômicos e valor fixo com o governo. aceita riscos de fracasso. 38 continuação ·1725: Richard Cantilon define · 1980: Karl Vésper – o empreendedor é empreendedor como a pessoa que visto assume riscos é diferente da que economistas, psicólogos, negociantes e fornece capital. políticos. ·1803: Jean Batiste Say – os lucros do · 1983: de modo Gifford diferente Pinchot – por o intra- empreendedor separados do lucro de empreendedor é um empreendedor que capital. atua dentro de uma organização já estabelecida. ·1876: Francis Walker -distinguiu entre os · 1985: Robert Hisrich – o que forneciam fundos e recebiam juros empreendedorismo é o processo de e aqueles que obtinham lucro com criar habilidades administrativas. dedicando algo diferente o tempo e e com o valor, esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes conseqüentes e recebendo recompensas as da satisfação econômica e pessoal. ·1934: Joseph empreendedor Shumpeter é um – inovador o e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada. Fonte: SEBRAE, 2007a, p. 9 Quadro 2: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor No Brasil, o movimento do empreendedorismo começa ganhar importância, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, onde os empreendedores são os grandes propulsores da economia. O primeiro curso na área de empreendedorismo de que se tem notícia surgiu em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. A disciplina Novos Negócios fazia parte da especialização em Administração para graduados. Em 1984, o curso foi estendido à graduação e, em 1989, criou-se o Centro Integrado de Gestão Empreendedor (CIAGE); a partir daí, o ensino do empreendedorismo foi inserido nos cursos de mestrado, 39 doutorado e MBA. (SEBRAE, 2007b) O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) surgiu em 1972 para estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento do Brasil. É uma entidade privada e de interesse público, apóia a abertura e a expansão dos pequenos negócios e transforma a vida de milhões de pessoas por meio do empreendedorismo. O Sebrae tem uma missão clara e focada no desenvolvimento do Brasil através da geração de emprego e renda pela via do empreendedorismo. É uma entidade privada sem fins lucrativos que tem como missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte. (SEBRAE, 2008) Com iniciativas pioneiras, tem como foco estimular o empreendedorismo no país onde micro e pequenos negócios são essenciais para o desenvolvimento do Brasil, sendo necessário que atuem em um ambiente institucional no qual se estimule a criação de empresas formais, competitivas e sustentáveis. O Sebrae atua fortemente na busca desse ambiente, pois acredita que o desenvolvimento do país passa necessariamente pela geração de emprego e renda por meio do empreendedorismo. No Brasil, de acordo com o IBGE, existem 14,8 milhões de micro e pequenas – 4,5 milhões formais e 10,3 milhões informais – que respondem por 28,7 milhões de empregos e por 99,23% dos negócios do país. O trabalho do Sebrae nesse segmento transforma a vida das pessoas e auxilia o desenvolvimento sustentável de diversas comunidades, de forma comprometida com a construção de um país melhor e de uma sociedade mais justa e equilibrada. (SEBRAE, 2008). De acordo com Dornelas (2005), no ano de 1998, foi criado o projeto GEM-Global Entrepreneurship Monitor, uma iniciativa conjunta do Babson College, nos Estados Unidos, e da London Businnes School,na Inglaterra, com o objetivo de se medir a atividade empreendedora dos países e se observar seu relacionamento com o crescimento econômico.Trata-se de uma iniciativa pioneira, sem precedentes e que tem trazido novas informações a cada ano sobre o empreendedorismo mundial e também em nível local para os países participantes. O GEM BRASIL (2008) é o maior estudo independente sobre a atividade empreendedora, cobrindo mais de 50 países consorciados, o que representa algo em torno de 95% do PIB e 2/3 da população mundial. O GEM BRASIL 40 (2008) atualmente é administrado por uma Holdiding-Global Entrepreneurship Reserach Association (GERA) e está fortemente ligado a suas duas instituições fundadoras, a London Business School e a Babson College, Boston com a proposta de compartilhar o conhecimento disponível e evidenciar ainda mais a importância dessa atividade como propulsora de desenvolvimento social e econômico. Segundo o relatório de 2007 do GEM BRASIL (2008), o Brasil tem se mantido ao longo desses anos sem perda de continuidade em relação aos outros países participantes, apresentando uma taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) 1 de 12,72 no momento da pesquisa,posicionando-se na 9ª colocação entre os 50 países participantes. E essa taxa de 12,72 representa que, a cada 100 pessoas, cerca de 13 desenvolviam alguma atividade empreendedora, representando assim importante papel no cenário mundial. Em 2007, as mulheres representavam 52% dos empreendedores no Brasil, invertendo uma tendência histórica quando considerado o período 20012007, quando os homens em 2001 representavam 71% contra as mulheres 29%. Gênero 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2001-2007 Homem 47,6 56,2 50,0 56,6 53,2 57,6 70,9 56,3 Mulher 52,4 43,8 50,0 43,4 46,8 42,4 29,1 43,7 Fonte: GEM BRASIL, 2008 Quadro 3: Empreendedores iniciais por gênero no Brasil 2001 a 2007 A necessidade é o fator de motivação para a mulher iniciar o empreendimento. Enquanto 38% dos homens empreendem por necessidade, essa proporção aumenta para 63% para as mulheres, o que indica que elas buscam alternativa de empreendimentos para completar a renda familiar, ou ainda porque, nos últimos anos,vêm assumindo cada vez o sustento do lar como chefe de família. A mudança na expectativa de vida média do brasileiro, que era no ano de 1910 de 34 anos e atualmente está em média 73 anos, explica o fenômeno 41 de os brasileiros, na fase de sua aposentadoria, estarem abrindo novos negócios. O desejo é uma longevidade e uma expectativa de que manter-se na ativa traduz-se a efetividade de uma velhice mais saudável,quando muitos estudos relacionam a aposentadoria precoce ao encurtamento da vida. Segundo dados do GEM BRASIL (2008), no ano de 2007, 17,5% dos brasileiros à frente de negócios em estágio inicial tinham entre 45 e 54 anos, quando em 2001 eles representavam apenas 7% do total.Só em 2005, a instituição calcula que 20847 pessoas com mais de 50 anos abriram negócios no de São Paulo. Hoje a aposentadoria passou a ser encarada como uma oportunidade de recomeçar, diferente dos anos de 1960 a qual era sinônimo de descanso, e nos anos de 1970 e 1980 como um direito. Empreender aos 50 tem algumas vantagens, mas está sujeito às mesmas armadilhas comuns entre todos os calouros de empreendedorismo, como não estudar o mercado em que vai entrar ou não incluir o planejamento de gastos, o montante necessário de gastos para o capital de giro. Nessa faixa etária, está totalmente exposto o romantismo do negócio próprio o qual é pertencente aos mais jovens. A decisão em empreender não é mais apenas uma fantasia, sendo assim a sua concepção em empreender tem mais chance de sucesso, porque em geral são mais cautelosos e estudam melhor a concorrência e também costumam a ter em seu favor o traquejo na gestão de pessoas e uma rede de contatos estabelecida ao longo da carreira, o chamado networking. (ROGAR, 2008) Passado mais de 15 anos, pode-se dizer que o Brasil entra nesse novo milênio com todo o potencial para desenvolver um dos maiores programas de ensino de empreendedorismo de todo o mundo, comparável apenas aos Estados Unidos, onde mais de 1500 escolas ensinam empreendedorismo. 2.2 A educação e o empreendedorismo O espírito empreendedor é algo inerente ao ser humano, sendo importante estimulá-lo. O Brasil pertence a uma cultura empreendedora pouco difundida e as escolas e universidades ensinam os estudantes a serem 42 empregados, não empregadores. O sistema de ensino e a família incutem em seus alunos a síndrome do empregado, dando ênfase à tecnologia, formando empregados para um mercado que praticamente não existe mais, sendo nociva na atual dinâmica da economia, submetendo todos os indivíduos a se tornarem iguais, sem a capacidade de empreender, ser igual a todo mundo. O ensino do empreendedorismo deve ser introduzido da pré-escola à universidade e deve ter como objetivo o desenvolvimento humano e social, sendo um instrumento de geração e distribuição de riqueza, proporcionando assim o crescimento econômico do país. O empreendedorismo é uma proposta que todo curso de graduação deve adotar, bem como Sociologia, Jornalismo, Medicina, Letras, Música, Turismo, Relações Públicas, Biologia, entre outras. Dolabela (2005) recusa-se a usar a palavra ensinar no sentido de transferir conhecimento. Ele ressalta que: Ensinar é mais do que isso, não é possível transferir conhecimento empreendedor, como é possível se fazer com Geografia ou História. Empreendedorismo não é um tema cognitivo. Diz respeito à cultura, valores, crenças e forma de ser. Aprende-se a ser empreendedor através da convivência com pessoas que sinalizam positivamente para os valores empreendedores, como criatividade, inovação, rebeldia, autonomia, independência, auto-suficiência, enfim, de protagonismo. São esses valores que devem ser desenvolvidos. (DOLABELA, 2005) Portanto, educar na área empreendedora é desenvolver algo que já existe, é tornar útil e dinâmico um potencial já existente, onde, de alguma maneira, muitos possam ter deixado de ser empreendedores em virtude de dois obstáculos sérios, a escola e a família impedindo assim o desenvolvimento desse potencial. A escola geralmente propõe uma educação com um aprendizado de perguntas e respostas que dificulta a criação de uma mente brilhante e criativa, sendo assim um entrave ao empreendedorismo, pois tira da mente e da personalidade das crianças e jovens a curiosidade nata do inovador, do criativo. Basta contemplar algumas horas uma criança, ela cria um mundo ao seu redor apenas com gravetos e caixas. Crianças sonham, vivem epopéias em suas mentes e sonhos e assim que começam a falar e a discernir o mundo 43 ao seu redor, elas não se cansam de perguntar o porquê das coisas. Por isso, tendo como base esses conhecimentos, a educação deveria preservar o sentimento de busca pelo novo, de conhecer o desconhecido, o sentimento de que atrás da próxima porta existe uma oportunidade nova, de encontrar soluções onde no primeiro momento elas não existem e, com certeza, teria como resultado muito mais empreendedores. Equivocadamente muitas escolas, professores e pais querem que seus filhos “saibam fazer” em vez de “saber ser”. Fórmulas prontas, conceitos decorados, tornam jovens acomodados, sem a energia necessária para enfrentar o mundo real. A educação deveria ter a missão de formar indivíduos que buscam constantemente seu autoconhecimento e auto-aperfeiçoamento, respeitando individualidades e limitações, enaltecendo virtudes, forças e talentos. O papel da escola é aplicar as modernas técnicas pedagógicas para estimular este desenvolvimento, além de incentivar que seus mestres, pais, propiciem às crianças e jovens as condições de perenizar e consolidar caráter, personalidade, atitudes e comportamentos de empreendedores de sucesso. (MEDEIROS, 2006) Empreender é um processo existencial, sem regras nem dicas. O indivíduo deve se conhecer, ter auto-estima, ser proativo, definir um sonho e construir a concepção de futuro para então identificar oportunidades. A grande questão é que os estudantes não são preparados para empreender. O sistema tradicional de formação para o emprego não trabalha o autoconhecimento, a auto-estima, a emoção, o sonho, a internalidade, exigências do mundo empreendedor. (DOLABELA, 2005) A atitude empreendedora deve ser incentivada, porque todos nascem com vontade de fazer uma coisa diferente ou própria. Todas as instituições universitárias devem oferecer disciplinas dedicadas ao estímulo Empreendedorismo. É imprescindível inserir a cultura empreendedora no ambiente acadêmico e é algo que já está sendo alcançado, pois, segundo Dolabela, empreender significa conceber o futuro e transformar essa concepção em realidade. O ensino tradicional mais inibe do que incentiva, porque tem uma ênfase no conteúdo e tem a resposta no professor, enquanto que o empreendedor é muito mais voltado ao auto-aprendizado. Parece um jogo de palavras: o 44 empreendedorismo pode ser aprendido, mas é difícil de ser ensinado. O professor entra na sala e cria um processo de aprendizagem em que o centro é o aluno. (COZZI apud UNIVERSIA, 2005) A educação empreendedora deve reconhecer que todo ser humano tem capacidade empreendedora e para isso, ninguém precisa mudar sua forma de ser, sendo concebível o auto-aprendizado. Este não resume ao domínio de teorias, tecnologias, processos e instrumentos, mas no desenvolvimento de algumas habilidades para lidar com o contexto cultural, altamente mutante. Entendendo esse comportamento, algumas pesquisas detectam que é uma ferramenta importantíssima, mas o alcance do sucesso só é possível com a união de perseverança, criatividade e capacidade de identificar oportunidades, porém a maneira de se ensinar essas características ainda não foram descobertas, pois elas fluem espontaneamente em quem está no processo de realização: a emoção da busca. “A habilidade estratégica do empreendedor é aprender a aprender”. (DOLABELA, 2003, p.44) 2.3 Ser empreendedor O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar sonho em realidade. Quando consegue promover o próprio sustento por meio do próprio trabalho está sendo empreendedor. O mundo tem passado por muitas transformações em curtos períodos de tempo e essas mudanças revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Tais mudanças são frutos de inovação, de algo inédito ou de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém antes ousou olhar de outra maneira. Há pessoas ou equipes com características especiais, tais como: visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e empreendem. Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser 45 mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. (DORNELAS, 2005) O papel do empreendedor sempre foi fundamental na sociedade, mas nos dias atuais ele se torna imprescindível, pois o avanço tecnológico tem sido de tal ordem que requer um número muito maior de empreendedores. Segundo Dornelas (2005, p.22) “a economia e os meios de produção e serviço se sofisticaram de maneira que hoje existe a necessidade de se formalizar conhecimentos, que no passado eram obtidos empiricamente.” Os empreendedores estão eliminando barreiras comerciais e culturais, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. A nova economia e a era da Internet, têm mostrado que boas idéias inovadoras, know-how, um bom planejamento e, principalmente, uma equipe competente e motivada são ingredientes poderosos que, quando somados no momento adequado, acrescidos do capital podem gerar negócios grandiosos em curto espaço de tempo. Há 15 anos era considerado loucura, um jovem recém-formado aventurar-se na criação de um negócio próprio, pois os empregos oferecidos pelas grandes empresas, bem como a estabilidade alcançada nos empregos em repartições públicas eram muito convidativos. Com a mudança de cenário, os profissionais experientes, os jovens à procura de uma oportunidade no mercado de trabalho e as escolas de ensino de administração revisaram alguns conceitos sobre esta nova realidade. Mudar a visão sobre algum assunto, redirecionar ações e repensar conceitos levam algum tempo até gerarem resultados práticos. 2.3.1 Características do empreendedor Segundo Dornelas (2005) os empreendedores de sucesso: a) são visionários; b) tomam decisões; c) fazem a diferença; 46 d) sabem explorar ao máximo as oportunidades; e) são dedicados; f) são otimistas e apaixonados pelo que fazem; g) são independentes e constroem o próprio destino; h) ficam ricos; i) são determinados e dinâmicos; j) são líderes e formadores de equipes; k) são bem relacionados (networking); l) são organizados; m) planejam, planejam, planejam; n) possuem conhecimento; o) assumem riscos calculados e p) criam valor para a sociedade. Necessidade de realização Disposição para assumir riscos Autoconfiança Fonte: CHIAVENATO, 2008, p.10 Figura 16: As três características básicas do empreendedor Adicionalmente, segundo Chiavenato (2008) três características básicas identificam o espírito empreendedor: a) necessidade de realização: os empreendedores apresentam elevada necessidade de realização em relação às pessoas da população em geral, em muitos casos, o impulso empreendedor torna-se evidente desde cedo, até mesmo na infância; b) disposição para assumir riscos: o empreendedor assume variados riscos ao iniciar seu próprio negócio – riscos financeiros decorrentes 47 do investimento do próprio dinheiro e do abandono de empregosseguros e de carreiras definidas; riscos familiares ao envolver a família no negócio; riscos psicológicos pela possibilidade de fracassar em negócios arriscados; c) autoconfiança: quem possui autoconfiança sente que pode enfrentar os desafios ao seu redor e tem domínio sobre os problemas que enfrenta. Os empreendedores de sucesso são pessoas independentes que enxergam os problemas inerentes a um novo negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para superar tais problemas. O empreendedor, em resumo, é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades, ele transforma idéias em realidade para benefício próprio e para benefício da comunidade. Segundo Chiavenato (2008) por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, habilitam-no a transformar uma idéia simples e mal-estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado. Mas não basta buscar oportunidades, é necessário que o empreendedor se aprofunde nas informações do seu negócio, como também não adianta estabelecer metas objetivas se ele não for perseverante na sua conquista. O empreendedor precisa ter profundo comprometimento emocional com seu negócio e o segredo está nele desenvolver todas essas características no seu conjunto, pois elas constituem a essência do espírito empreendedor. 2.3.2 Elemento de suporte da visão do empreendedor Segundo Fillion (apud DOLABELA, 2003) o empreendedor age para realizar sua visão sobre cinco elementos de suporte: a) conceito de si: é a forma como a pessoa se vê, a imagem que tem de si mesma. No conceito de si estão contidos os valores de cada um, sua forma de ver o mundo, a motivação. O indivíduo precisa 48 saber quem é para ter consciência do que vai criar, pois a empresa é uma extensão do ego; b) conhecimento do setor: significa saber tudo sobre ele – tecnologia, mercado, ambiente (legal, demográfico, político, social, econômico), mas principalmente entender como funciona o negócio, qual a sua dinâmica. Abrir uma empresa em um setor desconhecido é aventura, e não empreendedorismo; c) rede de relações: as relações que o empreendedor desenvolve são o fator mais influente na evolução da visão, elas podem ser de vários níveis: pessoas da família, amigos, conhecidos, internet. O empreendedor estabelece relações com base na sua visão; d) energia: é o tempo reservado às atividades profissionais e também a intensidade com que elas são executadas, a energia despendida poderá conferir mais liderança e capacidade de estabelecer relações; e) liderança: é a capacidade do empreendedor de convencer apoiadores (sócios, colaboradores, financiadores, fornecedores, clientes) de que é capaz de conduzí-los a uma situação favorável no futuro. Há uma permanente relação de interdependência entre a visão e os elementos de suporte, todos eles se alteram permanentemente, fazendo com que o empreendedor e sua visão estejam em constante mudança, redefinição, recriação. 2.3.3 A decisão de ser empreendedor Segundo Timmons (apud DORNELAS, 2005) o empreendedor prioriza a análise de três fatores fundamentais do processo. O primeiro fator é a oportunidade, que deve ser avaliada para que se tome a decisão de continuar ou não com o projeto. O segundo fator é a equipe empreendedora, ou seja, quem; além do empreendedor, estará atuando em conjunto neste projeto. E mais, estas pessoas que formam a equipe empreendedora têm perfil complementar? Finalmente, quais são os recursos, como e aonde esta equipe 49 irá consegui-los? É muito importante que a questão relativa à análise dos recursos necessários para o início do negócio seja a última a ser feita, para evitar que o empreendedor e sua equipe restrinjam a análise da oportunidade, a primeira das tarefas a ser realizada. Na verdade, às vezes a formação da equipe ocorre até antes da identificação da oportunidade, porém o mais comum nos casos de sucesso é a identificação da oportunidade, formação da equipe e captação dos recursos. O empreendedor deve ter em mente ainda que nem sempre a equipe inicial estará completa e que após a captação dos recursos necessários esta pode e deverá ser complementada. A Figura 17 apresenta esses três fatores essenciais para a existência do processo empreendedor. O planejamento, por meio de um plano de negócios (business plan), é a ferramenta do empreendedor, com a qual sua equipe avalia oportunidades, identifica, busca e aloca os recursos necessários ao negócio, planeja as ações a serem tomadas, implementa e gerencia o novo negócio. Obviamente, muitas incertezas estarão presentes ao longo de todo o processo, e a equipe empreendedora deverá saber lidar com os riscos de forma calculada, analisando as várias possibilidades existentes e as possíveis conseqüências para o negócio e para eles mesmos. Comunicação Forças externas Oportun idade Recurs os Liderança Mercado de capitais Ambiguidade Criatividade Equipe Incerteza Fonte: DORNELAS, 2005, p.46 Figura 17: O processo empreendedor na visão de Timmons A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer por acaso. Isso pode 50 ser verificado perguntando-se a qualquer empreendedor: o que o levou a criar sua empresa? Não haverá surpresa se a resposta for: não sei, foi por acaso... Segundo Dornelas (2005), essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa. O processo empreendedor inicia-se quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio. A Figura 18 exemplifica alguns fatores que mais influenciam esse processo durante cada fase da aventura empreendedora. Fatores sociológicos Networking Equipes Influência dos pais Família Modelos de sucesso Fatores Pessoais Realização pessoal Assumir riscos Valores pessoais Educação experiência inovação evento inicial Ambiente Oportunidade Criatividade Modelos(pessoas)de sucesso implementação Ambiente Competição Recursos Incubadoras Políticas públicas Fatores organizacionais Equipe Estratégia Estrutura Cultura produtos crescimento Ambiente Competidores Clientes Fornecedores Investidores Bancos Advogado Recursos Políticas públicas Fonte: DORNELAS, 2005, p.41 Figura 18: Fatores que influenciam no processo empreendedor O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas com a criação de novas empresas. Em primeiro lugar, o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor. Em segundo, requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço necessário para fazer a empresa crescer. E em terceiro, que riscos calculados sejam assumidos e decisões críticas tomadas; é preciso ousadia e ânimo 51 apesar de falhas e erros. O empreendedor revolucionário é aquele que cria novos mercados, ou seja, o indivíduo que cria algo único, como foi o caso de Bill Gates, criador da Microsoft, que revolucionou o mundo com o sistema operacional Windows. No entanto, a maioria dos empreendedores cria negócios em mercados já existentes, não deixando de ser bem-sucedidos por isso. Segundo Dornelas (2005) as quatro fases que envolvem o processo empreendedor são: a) identificar e avaliar a oportunidade; b) desenvolver o plano de negócios; c) determinar e captar os recursos necessários; e d) gerenciar a empresa criada. Identificar e avaliar uma oportunidade é a parte mais difícil. Existe uma lenda segundo Dornelas (2005), de que a oportunidade é como um velho sábio barbudo, baixinho e careca, que passa ao seu lado. Normalmente ele não é nota passando... Ele parece sem graça e sem importância nenhuma mas, quando se percebe que ele pode ser útil, tente-se desesperadamente alcançá-lo, mas já é tarde e ele já foi embora. Isso acontece muitas vezes e ai está a diferença dos empreendedores de sucesso, pois estes agarram este “velho” logo no primeiro instante, usufruindo o máximo que podem de sua sabedoria. E como distinguir um velho sábio daquele que não traz algo de valor? Aí entra o talento, o conhecimento, a percepção e o feeling do empreendedor. Muitos acreditam que isso ocorre por sorte. No entanto, muitos também dizem que sorte é o encontro da competência com a oportunidade. A segunda fase do processo empreendedor – desenvolver o plano de negócios – talvez seja a que dê mais trabalho para os empreendedores de primeira viagem. Ela envolve vários conceitos que devem ser entendidos e expressos de forma escrita, em poucas páginas, dando forma a um documento que sintetiza toda a essência da empresa, sua estratégia de negócio, seu mercado e competidores, como vai gerir receitas e crescer. Determinar os recursos necessários é conseqüência do que foi feito e planejado no plano de negócios. Já a captação dos recursos pode ser feita de várias formas e por meio de várias fontes distintas. Há alguns anos, as únicas 52 possibilidades de se obter financiamento ou recursos, no Brasil, eram recorrer aos bancos e as economias pessoais, à família e aos amigos. Atualmente, com a globalização das economias e os mercados mundiais, e com a recente estabilização econômica do país, o Brasil passou a ser visto como um celeiro de oportunidades a serem exploradas pelos capitalistas. Estes mesmos que preferiam aplicar suas divisas no mercado financeiro, que lhes proporcionava retornos imbatíveis. Começa a ser comum encontrar a figura do capitalista de risco no país e, principalmente, do angel, ou anjo – investidor pessoa física – que prefere arriscar em novos negócios a deixar todo seu dinheiro aplicado nos bancos. Isso vem ocorrendo nos setores onde as empresas podem crescer rapidamente, como o de empresas de tecnologia, e já está mudando todo um paradigma de investimentos no Brasil, o que é saudável para o país e para os novos empreendedores que estão surgindo. Gerenciar a empresa parece ser a parte mais fácil, mas não é bem assim. Cada fase do processo empreendedor tem seus desafios e aprendizados. Às vezes, o empreendedor identifica uma excelente oportunidade, elabora um bom plano de negócios e “vende” a sua idéia para investidores que acreditam nela e concordam em financiar o novo empreendimento. Quando é hora de colocar as ações em prática, começam a surgir os problemas. Os clientes não aceitam tão bem o produto, surge um concorrente forte, um funcionário-chave pede demissão, uma máquina quebra e não existe outra para repor, enfim, problemas vão existir e precisarão ser solucionados. Aí é que entra o estilo de gestão do empreendedor na prática, que deve reconhecer suas limitações e saber, antes de qualquer coisa, recrutar uma excelente equipe de profissionais para ajudá-lo a gerenciar a empresa, implementando ações que visem a minimizar os problemas, e identificando o que é prioridade e o que é crítico para o sucesso. 2.4 Carreiras empreendedoras do futuro Nos próximos anos, a compreensão do termo carreira irá mudar radicalmente e muitas carreiras irão se tornar bem mais empreendedoras. A 53 sociedade que não embutir o conceito de empreendedorismo no currículo escolar será incapaz de se manter com grau de desenvolvimento, pois quanto mais indivíduos uma sociedade tem, mais criativa e inovadora ela se tornará, e isso lhe dará mais valor. Há inúmeros caminhos diferentes em carreiras empreendedoras e nos próximos anos, os indivíduos estarão mais bem habilitados a selecionar o caminho certo para eles ou mudar de um caminho para outro. A melhor previsão para o sucesso do negócio é o nível de especialização da pessoa no setor, sendo mais difícil ser vitorioso em um negócio se alguém escolher um campo que não conhece, pois a faceta de uma carreira empreendedora é a uma combinação de Know-how, conhecimento próprio e visão do futuro. No passado, uma carreira empreendedora significaria, normalmente trabalhar num pequeno negócio. Atualmente há novas formas de empreendedorismo, incluindo negócios da família, microempresas, autoemprego, empreendedorismo ecológico, empreendedorismo tecnológico, cooperativa, empreendedorismo de grupo, empreendedorismo social, assim como outros tipos de empreendedorismo no setor dos grandes negócios, como os que estão se tornando cada vez mais comuns. 2.4.1 Novas concepções empreendedoras 2.4.1.1 Intrapreneurs (empregados empreendedores) São pessoas criativas que projetam e inovam dentro do ambiente de trabalho. Assim, necessitam de suporte e têm que construir um bom sistema de relacionamento.Há duas categorias, a primeira inclui pessoas que incorporam a visão de alguém e trabalham ativamente para realizá-la, os facilitadores; e a segunda categoria inclui aqueles que projetam e implementam visões emergentes, modificando a visão central do proprietário do negócio, chamados de os visionários. Todo mundo, em algum ponto de suas vidas, tem a 54 oportunidade de ser um intrapreneurs, que são os agentes de mudança, que atuam empresarialmente nas organizações as quais não possuem, mas para as quais trabalham. (CARRIER apud SEBRAE, 2007a, p.24) 2.4.1.2 Extrapreneurs São pessoas que lançam negócios como uma extensão do trabalho que costumam fazer para seus empregadores.São pessoas que tenham sido empregados empregadores, planejando e gerenciando projetos, envolvidos em mudanças, transformando-se assim em Extrapreneurs, montando o próprio negócio.Continuam a aplicar os comportamentos que aprenderam, ao longo dos anos, mas, desta vez, para seu benefício. 2.4.1.3 Entrepreneurs (empresários) Empresários são pessoas que focam suas energias na inovação e no crescimento, criando empresas ou desenvolvendo coisas novas numa empresa já existente (novos produtos, novos métodos, novos mercados). Os empresários almejam crescimento pessoal e organizacional. Eles necessitam aprender continuamente porque seu trabalho é complexo, estando em constante evolução. 2.4.1.4 Spin-off O termo refere-se ao processo que engloba a pessoa que quer criar um novo negócio e que recebe ajuda de uma outra organização ou negócio. É uma maneira de reduzir riscos, sendo assim uma forma de criação associada, a qual tenderá a ser mais popular nos próximos anos. 55 2.4.1.5 Proprietários gerentes de pequenas empresas Proprietários gerentes de pequenas empresas precisam ser versáteis, precisam ser capazes rapidamente.Necessitam de resolver dominar todos problemas os e tomar elementos decisões básicos de gerenciamento, sendo capazes de incorporar práticas de gerenciamento efetivo dentro de suas atividades diárias. 2.4.1.6 Operadores de microempresas Seu trabalho é parecido com aquele dos proprietários gerentes de pequenas empresas, só que em escala menor. Há poucos recursos para atingir suas metas, sendo a maior vantagem o conhecimento do campo de trabalho e de seu tempo. 2.4.1.7 Os autônomos Um autônomo trabalha essencialmente sozinho, apenas ocasionalmente com outras pessoas.Alguns se tornam autônomos por livre escolha e outros são forçados por não encontrarem trabalho.Tal diferença pode afetar o tipo de aprendizado necessário, entretanto, todos devem aprender a administrar seu tempo e achar meios de se reciclar.Os mais bem-sucedidos são extremamente flexíveis, um estilo de vida equilibrado assegurando assim manter motivação e produtividade. 2.4.1.8 Supportpreneurs 56 São os que dão suporte para novas associações e negóciosexistentes.Exemplos de carreiras possíveis incluem consultorias, serviços de suporte a novos empresários, assistência com preparação de planos de negócios, tutorias, juntas de aconselhamento, de famílias, de diretores. 2.4.1.9 Interpreneurs São os intermediários, geralmente representados por contadores e advogados, agora especializados em negociações intercomerciais. Interpreneurs devem ser peritos em negociação, estando aptos a preparar e atualizar planos estratégicos de gerenciamento. 2.4.1.10 Networkpreneurs (empreendedores em rede de negócios) São pessoas que ajudam a melhorar o poder de negociação dos pequenos negócios com os fornecedores, para incrementar sua capacidade. É comum hoje ter indivíduos começando uma rede, trazendo os participantes e criando uma carreira para eles, enquanto continuam a gerenciar a rede e a desenvolvê-la. 2.4.1.11 Negopreneurs (empreendedores de negócios) São as pessoas que compram e vende empresas. A maioria é especialista em recuperação do empreendimento. Agem comprando empresas quebradas ou quase quebradas; negociam acordos com fornecedores e iniciam uma recuperação. Têm poucas despesas iniciais e lucros substanciais quando vendem os negócios. 57 2.4.1.12 Familypreneurs (empreendedores em negócios de família) São controlados pela família ou parentes do proprietário majoritário. A sucessão é sempre a maior preocupação, mas um negócio de família proporciona às pessoas jovens uma excelente oportunidade de demonstrar suas qualificações empreendedoras e de aprender sobre gerenciamento. 2.4.1.13 Technopreneurs (empreendedores de tecnologia) São inventores que estão promovendo seus próprios produtos, geralmente promovem seus produtos no mercado mundial, pois seus clientes estão em setores pequenos e altamente especializados. E novas tecnologias causam impactos não somente no próprio setor, mas também nos métodos organizacionais e nos estilos de vida individuais.Facilitam a globalização. 2.4.1.14. Ecopreneurs (empreendedores em ecologia) Em emergência para proteger e ter um equilíbrio ambiental, os ecopreneurs deverão estar aptos a identificar nichos específicos, diferenciandose a si mesmos e a seus produtos, criando assim um grande e novo setor industrial. 2.4.1.15 Gerontopreneurs Com a perspectiva da expectativa de vida ter aumentado, a demanda por serviços a idosos está se tornando cada vez mais importante, criando assim um mercado promissor.Muitos autônomos e microempresas estão 58 trabalhando neste setor. 2.4.1.16 Coopreneurs (empregadores em negócios cooperativos) Um empreendimento cooperativo proporciona um caminho alternativo para a criação, gerenciamento e desenvolvimento de uma organização. Os benefícios dos métodos cooperativos podem encorajar grupos de indivíduos e empreendimentos a se juntarem em torno de um projeto comum. Os criadores dos empreendimentos cooperativos devem aprender a gerenciar as diferenças. 2.4.1.17. Groupreneurs (empreendedores de consórcio) São pessoas que juntam forças para formar um empreendimento grupal ou coletivo, só que não é uma cooperativa. Muitas dessas organizações existem no setor de lazer, e grupos de autônomos e microempresas tornam-se mais comuns. 2.4.1.18 Sociopreneurs (empreendedores sociais) São pessoas em atividades voluntárias representando assim papéis empreendedores, são organizações sem fins lucrativos criando ou inovando uma atividade já existente. Sendo uma nova forma de trabalho, este é um excelente caminho, de baixo risco, para aprender sobre empreendedorismo e contribuir de uma forma útil ao mesmo tempo. 2.4.1.19 Netpreneurs (empreendedores em tecnologia da informação) 59 São empreendedores tecnológicos, mas numa categoria que está se tornando cada vez mais separada, não sendo dirigido por empreendimentos existentes. Uma tendência que se tornará mais forte no futuro. 2.4.1.20 Webpreneurs (empreendedores em negócios da Internet) Proprietários de pequenas empresas especializadas em design, monitoramento, desenvolvimento e gerenciamento de sites da Web, os webpreneurs estão projetando e lançando produtos especialmente para serem vendidos na Internet ou tornando-se corretores ou varejistas de todos os tipos de produtos e serviços. Empreendedores que vencem são aqueles que se concentram nos seus objetivos, preservando seus valores, evitando ser desonestos. Você sempre colhe o que semeia, e os resultados que obtém dependem da energia que você investe. (SEBRAE, 2007a, p.30) Recentemente, a sociedade vagarosamente ficou ciente dos limites de recursos naturais e do governo, estando já ciosa de que precisa erradicar os excessos do passado. Diante disso, os empreendedores do presente e do futuro devem representar um papel de participação e contribuição para o desenvolvimento da sociedade, para que esta seja melhor que a de seus antepassados. Empreendedores são pessoas que criam riquezas, e a sociedade deve estar apta a identificá-los, reconhecê-los e apoiá-los. Eles são a máquina motriz do nosso desenvolvimento. Progredimos muito nesse sentido, entretanto muito deve ser feito ainda, especialmente na Educação. (SEBRAE, 2007a, p. 30) 60 CAPITULO III PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Foi realizada uma pesquisa de campo no período de fevereiro a outubro de 2008 na empresa Microlins – Centro Profissional com o objetivo de verificar a importância da visão empreendedora para a transição dos negócios. Para a realização da pesquisa, utilizou-se dos seguintes métodos: Estudo de Caso: foi realizado um estudo de caso, na Microlins Centro Profissional, analisando os aspectos relacionados ao empreendedorismo. Observação Sistemática: foram observados e acompanhados os aspectos relacionados ao empreendedorismo para o desenvolvimento do Estudo de Caso. Histórico: foram observados os dados sobre a evolução histórica da Microlins, no tocante ao empreendedorismo como suporte para o desenvolvimento do Estudo de Caso. Utilizou-se também das seguintes técnicas para o desenvolvimento da pesquisa: Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A); Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B); Roteiro do Histórico da Microlins Centro Profissional (Apêndice C); Roteiro de Entrevista para o Proprietário da Empresa (Apêndice D). Segue relato e discussão da pesquisa. 3.1 Relato e Discussão sobre Empreendedorismo na Microlins Centro de Formação Profissional 3.1.1 Semenzato: um perfil puramente empreendedor 61 O pequeno prédio de dois andares, instalado no número 1.000 da avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, na cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, parece ser apenas mais um edifício de escritórios como muitos outros existentes pelo Brasil afora. O que poucos sabem, porém, é que naquele endereço despretensioso funciona a sede da Microlins Franchising, o maior Centro de Formação Profissional do país, com mais de 700 franquias e um faturamento estimado de 500 milhões de reais em 2007. É dali que José Carlos Semenzato, 40 anos, controla a expansão do negócio de que está no comando há 17 anos, desde a cidade de Lins - daí o nome de Microlins. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 19: Matriz da Microlins Franchising São metas arrojadas para um período de retomada do crescimento da economia, como o que se vive hoje no país, mas sem ousadia não se vai a lugar algum, afirma Semenzato (2008). Nascido em Cafelândia, também no interior paulista, Semenzato não tem diploma universitário, apenas formação técnica em processamento de dados. Filho de um pastor evangélico e casado com Samara, iniciou sua carreira profissional em uma copiadora e, aos 17 anos, atuou como operador de computador numa construtora e logo em seguida, assumiu a função de programador e de analista de sistemas. Aos 18, ministrava aulas de processamento de dados paralelamente a seu emprego, no curso de segundo grau Técnico e também na Microlins. 62 Com uma personalidade centralizadora, administra os negócios à moda antiga. Seus funcionários rezam pela cartilha do trabalho medido através de resultados e não há conselho consultivo para tomada de decisões estratégicas. Sua equipe é composta principalmente por gente que tem experiência prática. Semenzato é enérgico quando necessário, mas sabe que a ferro e a fogo não se chega a lugar nenhum. Libertar o empreendedor que existe dentro de nós implica aceitar que empreender é uma capacidade da espécie humana. Natural, como qualquer outra. No entanto, se sua origem pode ser tão simples, não o é o processo de superar o mito de que a capacidade empreendedora só existe em alguns poucos iluminados. (DOLABELA, 2003, p. 42) Fonte: Elaborada pelos alunos, 2008 Figura 20: Alunos com Semenzato na matriz 3.1.2 A transição de escola de informática para centro de formação profissional Desde a infância desejava sair da periferia e dar uma condição melhor de vida para sua família, sempre acreditou na intuição, no feeling. Acredita que tem a questão de gestão, mas em toda a sua jornada foi o feeling que o guiou na maioria das tomadas de decisões e, onde não seguiu sua intuição, perdeu e está pagando até hoje. 63 Semenzato afirma que desconhecia sua veia empreendedora até trocar o cargo de programador de sistemas pela escola de informática quando, no ano de 1991, com 24 anos, surgiu a oportunidade de comprá-la. Era uma pequena escola que ficava nos fundos da casa de seu antigo proprietário, na cidade de Lins, interior de São Paulo. Comprou-a por US $5000,00 a prazo, com quatro computadores XT 4.77 MHZ usados e carteiras de segunda mão e não mais do que 15 alunos. E com orgulho fala que, em dois meses, tinha 200 alunos, ficando também surpreso, pois sua única experiência na área comercial era vender coxinhas, que sua mãe Alzira fazia. Ela dizia que o poder de convencimento dele era grande, já que com a venda dos salgadinhos, comprou um fusca 1978 usado. A Microlins começou a crescer e a conquistar as principais cidades da região onde foi fundada e um ano depois já estava com 17 unidades próprias, era o boom da informática. A primeira prova de seu perfil empreendedor foi com a mudança do governo, a implantação do plano real e a política de juros altos tornando-se as dívidas impagáveis e sua receita não sendo o suficiente para saldá-las. Semenzato, como muitos empresários, foi aconselhado a fechar as portas de seu negócio, mas ao contrário do que o bom senso recomendava, resolveu seguir em frente e como ele mesmo diz, perdeu o nome, a conta bancária, o crédito, mas não o sonho. E descobriu que quem não acredita no próprio sonho morre na praia, mas sua vontade de vencer sempre foi maior e, como ninguém vive de sonho, foi atrás tentando superar as dificuldades em busca de alternativas de sobrevivência. “A atividade empreendedora completa-se somente quando o sonhador age, buscando a realização do sonho.” (DOLABELA, 2003, p.36) No final de 1994, Semenzato começou a repassar cada escola das 17 para parceiros, surgindo assim o sistema de franchising da Microlins, que na verdade veio muito mais por necessidade que por fruto de planejamento, dizendo que se tivesse planejado não teria dado certo. O retorno do negócio gira por volta de 12 meses, pois o investimento não é alto. O retorno do investimento é bom, desde que você tenha paciência, pois, tudo que você começar tem que terminar, carrego comigo, porque quando começamos não foi fácil, todo mundo falava para desistir, para não continuar, mas não desisto, pois vou continuar , eu gosto, eu 64 quero. É o que devo passar para meus colaborados, sempre começar e terminar. (DÉCIO, 2007) O seu feeling o ajudou a chegar onde está, teve a ajuda de seus colaboradores e ainda tem, mas sua intuição fez acreditar que seria a hora de inovar, arriscar. Porém só arriscou porque em um determinado momento, atento ao mercado e seguindo sua intuição, sentiu a importância de mudanças em sua empresa, visto que a concorrência estava muito acirrada no tocante às escolas de informática e que se ele não inovasse, logo seria mais um entre tantos outros que ofereciam a mesma coisa: cursos de informática. Muito bem informado no mercado, José Carlos ouviu falar do consultor de marketing Pedro Furquim, foi até seu escritório e deixou um cartão pedindo que Pedro entrasse em contato com ele. Através de uma consultoria, Pedro fez uma análise do ambiente de mercado, do potencial da empresa e do perfil arrojado de seu proprietário, vislumbrando a necessidade de um redirecionamento dos negócios. Chegou-se à conclusão que a diferenciação estaria em ampliar o leque de cursos oferecidos pela Microlins abocanhando assim uma outra fatia de mercado que estava esquecida: as pessoas que precisavam de uma qualificação para conseguir o primeiro emprego. Fonte: MICROLINS, 2008 Figura 21: Pedro Furquim José Carlos é a prova definitiva de que alguém sem absolutamente 65 nada consegue fazer alguma coisa importante no Brasil, um sujeito simples, em um emprego de remuneração baixa, de repente vê uma oportunidade, abraça essa oportunidade, vai em direção à realização do seu projeto sabendo que vai enfrentar dificuldades, não tem paciência de esperar o curso normal das coisas, atropela alguns processos, se expõe demasiadamente à riscos e em um determinado momento consegue fazer decolar seu projeto. Possui alguns temperos interessantes como a coragem de mudar quando as coisas vão bem, pois normalmente as pessoas só mudam quando algo está ruim, aí tem que mudar mesmo. (PEDRO FURQUIM, abril de 2008) O consultor mostrou para José Carlos que a informática é um aprendizado autodidata, quer dizer, à medida que um membro da família aprende a utilizar um programa, transmite esse conhecimento para os demais membros de sua casa e assim esse usuário passa a não depender mais de um curso. Ele enxergou que a tendência para as escolas de informática era a estagnação. O SENAC, na época, começou a abandonar o ensino profissionalizante e passou a se voltar para as Universidades, foi aí que a Microlins, através de seu consultor, percebeu esse nicho de mercado que estava aberto. O que aconteceu? A Microlins passou a acenar para as pessoas de classe C, D e E com uma proposta de colocação no mercado de trabalho. Outra brecha vislumbrada por José Carlos foi a mídia televisiva. Nos anos de 1996 e 1997, havia alguns programas como o do Gugu no SBT que apresentava pessoas que iam ao programa para ganhar algo de que necessitavam e o empresário viu e percebeu que isto era muito barato e encontrou na televisão a possibilidade da Microlins não só satisfazer o desejo do público, mas também a oferecer outros prêmios. José Carlos achou que estava comunicando-se com seus alunos mas, na realidade, estava encontrando futuros franqueados que acharam a empresa atrativa para investimento. Não foi só a transição de escola de informática para Centro de Formação Profissional que alavancou a Microlins, mas também o uso da mídia que até pouco tempo era muito barato. Foi assim que a Microlins passou de 80 para 300 franquias em pouco tempo e depois disso a empresa deslanchou. Outros ingredientes importantes: José Carlos cercou-se de sócios diferentes dele, como o Sr. Rafael e a Célia, que são mais controladores, têm pés no chão, porque o empresário é muito voraz, muito agressivo e não sabe 66 fazer nada mais ou menos. Os sócios tiveram uma importância crucial para equilibrar essa ambição com sensatez. Essa sociedade começou da seguinte maneira: José Carlos foi funcionário do Sr. Rafael na Garagem Cópias mais ou menos aos 16,18 anos. Saiu de lá e foi trabalhar na Cermaco como analista de sistema e, nessa época, conheceu Célia que era contadora da empresa. Quando José Carlos adquiriu a Microlins, Sr. Rafael, através da Garagem Cópias, passou a ser fornecedor das apostilas didáticas. A Microlins cresceu, abrindo franquias próprias na região em parcerias, como o caso de Antônio Brizoti que é sócio da Franholding até hoje. Chamou Célia para trabalhar na franqueadora como controller. Em 1996, José Carlos viu a necessidade de montar uma editora, visto que o volume de apostilas era muito grande. Convidou Sr. Rafael para ser sócio, pois devia a ele e não tinha como saldar essa dívida. Fonte: Elaborada pelos alunos, 2008 Figura 22: Alunos com sócios na matriz Segundo Sr. Rafael, José Carlos sempre transmitiu muita segurança, sendo muito hábil no seu poder de persuasão e foi assim que ele também passou a acreditar nos sonhos do empreendedor. A editora foi crescendo e José Carlos convidou Célia para trabalhar lá para estruturá-la técnica e administrativamente. Em um determinado momento, José Carlos fez uma composição de 67 sócios. Segundo Célia, ele é muito ágil, enxerga sempre o futuro, está sempre tendo idéias diferentes, reinventando e tem uma forma simplista de resolver as coisas. Quando ela saiu da franqueadora, José Carlos devia-lhe o fundo de garantia e, como não podia pagá-la, propôs-lhe sociedade na editora com 5%. Em 2006, houve uma fusão formando a Holding, todos passaram a ser sócios de todo o grupo tendo José Carlos como majoritário, Antônio Brizoti, Brizoti Junior, Rafael e Célia. Segundo Célia, para conviver com José Carlos tem-se que aceitar essa liderança nata que ele possui, sua forma intuitiva de fazer as coisas não medindo esforços para realizar seus sonhos e seus projetos. Possui uma capacidade de superação fantástica, que faz com que os problemas sejam encarados naturalmente como parte do cotidiano. Seu foco é a solução, para tudo ele encontra solução, pode não ser a melhor, mas tem uma solução. Outro ponto foi que os concorrentes demoraram muito para conseguir imitar a Microlins ou criar um produto novo para tentar superá-la. Segundo Pedro Furquim, o perfil de José Carlos tem muito a ver com seu sucesso, pois é uma pessoa muito atenta às oportunidades, rápido para captá-las e com energia transformadora, vislumbra negócios promissores. O desenvolvimento do empreendedor supõe as seguintes capacidades: sonhar; agir, persistir e se emocionar na busca da realização do sonho e estabelecer as conexões autocriativas entre os dois primeiros momentos (sonhar e realizar). (DOLABELA, 2003, p.36) Hoje, os novos desafios da franqueadora, segundo Furquim são: a) reinventar-se, por exemplo, descobrir uma versão, um modelo da empresa para cidades com menos de 30000 habitantes; b) não tem mais novidade, a Microlins logo vai ser imitada e pode até ter uma imitação melhor que a original; c) o governo está colocando muito dinheiro em profissionalização via ONGs, então cada vez mais o que a Microlins oferece tem de graça no mercado; d) tendência irreversível de ensino a distância, o desafio será concorrer com este tipo de ensino. Segundo Furquim, este tipo de empreendedorismo baseado na intuição tem um lado nocivo que é uma certa resistência em investir em gestão, por 68 exemplo, resistência em investir na tecnologia SAP. O consultor tem que alertar para a situação porque essa resistência tende a levar a empresa a não se cercar de bons aparatos de gestão, a pensar que já chegou nessa posição sem tais investimentos, seguindo o feeling e isso vai continuar dando certo sempre. “José Carlos é brilhante, é rápido, sabe antever situações, é extremamente negociador, tem privilégios mentais”. (PEDRO FURQUIM, 2008) Segundo Furquim 2008, do ponto de vista do empreendedorismo, deve ser observado com admiração, porém, o case de sucesso do José Carlos e que se repete em outros cases como o dele, reflete algumas coisas que o empreendedor precisa ter. Em um determinado momento, ele precisa parar de se comportar como um barquinho de velas abertas seguindo ao sabor dos ventos e precisa aprender a ser grande e aí precisa se valer dos recursos que os grandes têm para competir com eles. Precisa ter as melhores consultorias jurídicas, tributárias e de TI, precisa de apoio especializado nas diversas áreas e apoio de alto nível para competir com gente de alto nível. A tendência é o empreendedor ficar baseado no seu feeling, e isso é perigoso porque o feeling vai até um certo ponto , a intuição é importante mas baseada em informação. Se tiver informações e mesmo assim estiver em dúvida, aí sim seguir a intuição, mas não se pode achar que a intuição vai levar sempre para os melhores caminhos. A Microlins, no ponto em que está, precisa de informações especializadas para tomar decisões mais aguçadas, lidar com sutilezas mais refinadas e para se chegar nestas sutilezas é necessário informação especializada. 3.2 Sistema de franquias: o caminho do empreendimento Microlins Semenzato acredita que sem o sistema de franchising não teria chegado ao sucesso. Segundo ele, o sistema pulveriza os riscos, pelo fato de o dono estar colado no balcão da franqueada, cuidando da operação. Talvez onde comece um dos segredos do sucesso, pois com a distância, tendo filiais no 69 Belém e Rio Grande do Sul, jamais se consegue gerar a qualidade,a entrega do serviço, treinar e preparar pessoas. E através do sistema franchising, o franqueado tem que cuidar do negócio, da loja com qualidade total, seguindo os manuais da rede, a padronização e o franqueador com a inovação em busca de novos produtos, pesquisando a satisfação do mercado local, do mercado nacional vendo tendências de futuro, ou seja, havendo uma divisão de tarefas tendo no meio entre franqueado e franqueador, o máster, que é o mediador entre o que a franqueadora deseja e o que o franqueador necessita, é quem apóia, quem cobra e quem treina o franqueado. Através da máster, o franqueado fala com o franqueador constantemente, encurtando as distâncias e sendo com certeza o seu grande sucesso. As empresas que optam pelo sistema de franchising têm muito mais chance de sobrevivência porque o franqueador já testou, já experimentou, já tirou os obstáculos, possibilitando assim a chance de sucesso do empreendimento. Enquanto a taxa de mortalidade de um empreendimento comum é de 80% a de uma franchising é de 9%. Segundo Décio 2008, franqueado da Microlins na cidade de Birigui há 11 anos, destaca: A relação da franquia com a franqueadora é tranqüila, temos abertura para idéias, mesmo seguindo os padrões da rede, tem- o suporte desde o treinamento até aos materiais utilizados para os cursos, seguindo o padrão da rede. O controle é feito através de um sistema on-line que faz todo o controle em tempo real, como o número de matrículas, faturamentos, cancelamentos de matrículas, inadimplência e outros. (DÉCIO, 2008) De acordo com Semenzato (2008): a) acreditar no próprio sonho é o primeiro passo para chegar ao sucesso.Quem deixa de sonhar se perde pelo caminho e tem mais de 60% de possibilidade de fracassar; b) ser mais forte que todos os obstáculos. Só chega ao sucesso quem acreditar que o amanhã será melhor do que hoje. Preservar significa, também, saber lidar com os fatores não ligados diretamente ao seu negócio, a sua maior competência; c) ter paciência, diálogo aberto e transparência para criar boas parcerias, que são indispensáveis a um empreendimento bem estruturado; 70 d) aprender dizer não ao crescimento e aos novos investimentos para garantir a construção de uma base sólida. Nem sempre o que é bom para a concorrência é ideal para a sua empresa e vice-versa; e) ter a capacidade para enxergar uma tendência e antecipar as necessidades do seu consumidor, sair na frente e driblar a concorrência; f) a reciclagem constante é essencial para que a rede consiga ir além do que o manual de franquia determina; g) os Másteres são indispensáveis à multiplicação do modelo de negócio num país continental como o Brasil; h) no mundo dos negócios, não é o maior que engole o menor. É o mais rápido que devora o mais lento; i) sou um eterno inconformado.Se atingir uma meta, imediatamente procuro outro objetivo para gastar energia. Apesar de conduzir a empresa com firmeza, o empresário afirma não economizar nos investimentos, na reciclagem da equipe: investe cerca de 15% do faturamento da rede em treinamento. 3.2.1 A universidade corporativa A Microlins Franchising, por meio das atividades da Universidade Corporativa Microlins, procura oferecer todo o know-how para sua equipe de másteres, franqueados e colaboradores de uma empresa sólida, que atua há 15 anos no mercado de franchising. O objetivo do franqueador é preparar, atualizar e orientar o franqueado para a abertura, operação e expansão do seu negócio. As atividades são realizadas através de um suporte permanente com manuais, treinamentos presenciais, áudio-conferência e vídeos-treinamento, entre outros. A Universidade Corporativa Microlins foi implantada, em 2002, com a proposta de oferecer um novo conceito em soluções para treinamento e recursos humanos. A Universidade foi desenvolvida por profissionais altamente capacitados, responsáveis atualmente pela sua operação, e tem como objetivo 71 garantir que a franqueadora assuma seu papel na coordenação da educação de toda sua equipe, alinhando as competências dos cerca de nove mil funcionários em todo o país com os interesses da empresa e vice-versa. O site da Universidade, desenvolvido pela rede, oferece para os franqueados um suporte virtual que pode ser acessado através de uma senha. Entre os links disponíveis no site destacam-se o Programa de Treinamento, VídeosTreinamento e Materiais que podem ser baixados pelo franqueado. Segundo o diretor de operações da Microlins Franchising, Daniel Guedes, o grande diferencial é oferecer a franqueados e colaboradores treinamentos por meio dos quais eles possam se sentir seguros e aptos para gerenciar o novo empreendimento. Merecem destaque, os treinamentos oferecidos pela Microlins. 3.2.2.1Treinamento de Formação de Executivos de Franquia Microlins Oferecido para os novos franqueados da rede, com duração de seis dias, enfoca todo o suporte técnico e operacional para a abertura e início da operação de suas franquias. Durante a realização, são abordados temas, rigorosamente selecionados, imprescindíveis ao gerenciamento inicial do negócio, como seleção e locação do imóvel, constituição da empresa, recrutamento e seleção de funcionários, sistema de gestão, produtos Microlins, perfil do papel dos colaboradores, gestão de marketing e campanha de inauguração. 3.2.2.2 Iron manager Microlins Neste treinamento, o gerente comercial, que exerce um papel fundamental para a rentabilidade da franquia, conhecerá na prática todas as ferramentas para solução dos principais desafios enfrentados pelos colaboradores da área comercial. Os participantes têm oportunidade de adquirir 72 experiência dentro de temas como: o que os franqueados e másteres esperam do gerente, técnicas de contratação, liderança de equipe, conceitos de marketing e planejamento e treinamento dos profissionais que atuam nas mídias diretas de cada franquia. 3.2.2.3 Renovare Microlins O Renovare foi criado com o objetivo de oferecer para os franqueados uma nova visão operacional na gestão do negócio, proporcionando para os participantes uma programação diversificada, que desenvolve todas as áreas operacionais da franquia com vivências, exercícios práticos e atividades com acompanhamento de psicólogos que auxiliam na auto-avaliação do profissional e no direcionamento de uma nova etapa. O treinamento apresenta todas as inovações para a gestão e tem no respaldo psicológico um dos pontos forte, pois ajuda na busca de soluções para alguns bloqueios que impedem o crescimento do negócio, por meio de atividades que neutralizam os fatores negativos. Os participantes têm oportunidade de renovar suas experiências no gerenciamento da franquia em áreas como finanças, retenção de alunos, inadimplência e conceitos de marketing. Além disso, podem vivenciar e conhecer o planejamento de vendas, desenvolvimento e treinamento dos profissionais que atuam nas mídias diretas de cada unidade. 3.3 Parecer final sobre o caso Diante da pesquisa, ficou evidente que a visão empreendedora de José Carlos Semenzato foi o grande diferencial da Microlins. Com seus sonhos e poder de realização, conseguiu transformar um pequeno negócio em uma grande empresa que capacita pessoas para o mercado de trabalho pela qualificação e profissionalização. 73 Por ser empreendedor, enxergou antecipadamente as necessidades do país, porque hoje têm-se empregos sobrando, porém, faltam profissionais adequados para executar funções específicas. O perfil de José Carlos reúne todas as competências e habilidades empreendedoras fundamentais para a organização alcançar o sucesso. Enfim, a pergunta problema que norteou a realização da pesquisa foi respondida e a hipótese de que a visão empreendedora foi fator decisivo no processo de transição dos negócios da Microlins foi comprovada. 74 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A partir da pesquisa realizada na Microlins sobre empreendedorismo, observou-se que mesmo sendo uma empresa forte no mercado existem alguns desafios que ela precisa estar apta a enfrentar, portanto, propõe-se que: a) a empresa crie diferencial no modelo de franquia para atender as cidades com menos de 30000 habitantes; b) desenvolva estratégias competitivas para enfrentar os outros Centros de Formação Profissional; c) trabalhar com o ensino a distância visando enfrentar a concorrência. Diante dessa nova realidade de mudanças econômicas e sociais, a visão empreendedora é primordial para que se consiga visualizar oportunidades de crescimento e manutenção de uma estrutura concreta e bem-sucedida no mercado. 75 CONCLUSÃO Ao término da realização deste trabalho chegou-se à conclusão de que o empreendedor tem papel fundamental na sociedade atual. Diante da teoria e da pesquisa apresentada, nota-se que o empreendedorismo é condição essencial para a inovação e o desenvolvimento econômico. Características como: necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança identificam o espírito empreendedor. A rapidez do processo decisório e a capacidade do fazer acontecer consistem em dois principais atributos da rota e do sucesso de qualquer empreendimento nestes próximos anos. Evidentemente acrescentam-se a sensibilidade para os negócios, o tino financeiro e a capacidade para identificar oportunidades, transformando idéias em realidade para benefício próprio e para a comunidade. O assunto não está esgotado, podendo servir de base para o aprofundamento de outras pesquisas. 76 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando empreendedor. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. asas ao espírito DOLABELA, F. Empreendedorismo: educação não prepara para o mercado. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\imprensa.hmt>. Acesso em: 22 abr. 2008. ______. Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura, 1999. ______. A minha relação com o empreendedorismo. [s.l.], 2004. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\Fernando Dolabela.mht>. Acesso em: 22 abr. 2008. ______. Empreendedorismo uma forma de ser: saiba o que são empreendedores individuais e coletivos. Brasília: AED, 2003. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. GEM BRASIL. Programa empreendedorismo. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.gembrasil.org.br/home>. Acesso em: 17 jun 2008. MEDEIROS, E. E. A educação e o empreendedor. [s.l.], 2006. Disponível em: <http://www.gembrasil.org.br/index.php>. Acesso em: 17 jun 2008. MICROLINS. Microlins formação profissional. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.microlins.com.br>. Acesso em: 08 set. 2008. SEBRAE. Sebrae: um agente do desenvolvimento. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/institucional/sebrae-um-agente-dodesenvolvimento/BIA_1129/integra_bia>. Acesso em: 17 jun. 2008. SEBRAE. Disciplina de empreendedorismo. São Paulo: Manual do aluno, 2007a, 67 p. 77 SEBRAE. Disciplina de empreendedorismo. São Paulo: Manual do professor, 2007b, 140 p. SEMENZATO, J. C. Giro business. [s.l., s.d.]. Disponível <http://www.via6.com/topico.php?tid=120774>. Acesso em: 22 abr. 2008. em: ROGAR, S. Com 50 anos e sem patrão. Revista Veja, Abril, n. 27, p.90-93, jul. 2008. UNIVERSIA. Aulas com pitadas de empreendedorismo. [s.l.], 2005. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\Aulas com pitadas de empreendedorismo - Administradores_com_br.mht>. Acesso em 22 abr. 2008. WIKIPEDIA. Empreendedorismo. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreendedorismo>. Acesso em: 17 jun. 2008. 78 APÊNDICES 79 APÊNDICE A – Fotos Foto 1: Fachada Microlins Foto 2: Valores Microlins 80 Foto 3: Recepção da matriz Microlins Foto 4: Aluno na recepção Microlins 81 Foto 5: Área interna Microlins Foto 6: Alunos no estoque da Microlins 82 Foto 7: Material didático Microlins Foto 8: Alunos com a Franqueada de Lins, Sara