Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders Relações intergeracionais: parceria formativa entre professores e estagiários Eixo temático 2: Formação de professores e cultura digital Michelle Cristina Bueno1 Agências Financiadoras: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) sem bolsa Este trabalho trata de uma pesquisa de caráter exploratório desenvolvida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) sem bolsa, bem como no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Com a investigação pretende contribuir à formação inicial docente, a partir da compreensão das relações estabelecidas entre estagiários de cursos de licenciatura e professores da Educação Básica, que os recebem em suas salas de aula. A pesquisa objetiva oferecer subsídios para uma compreensão mais clara sobre os processos formativos presentes nas relações intergeracionais (SARTI, 2009) no magistério e, portanto, nos estágios supervisionados de prática de ensino, bem como identificar e analisar: os momentos iniciais de interação entre professores e estagiários durante o estágio supervisionado de prática de ensino; o modo como as relações intergeracionais são construídas e vividas diariamente por estagiários e professores; os tipos de vínculos que então se estabelecem; bem como as aprendizagens profissionais que ocorrem, para professores e estagiários, durante tais interações Dessa forma, a pesquisa foi realizada sob uma perspectiva qualitativa que, segundo Marli André (1995), busca os significados atribuídos pelos sujeitos às suas 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de biociências, Departamento de Educação, Campus de Rio Claro) – e-mail: [email protected] Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders ações e interações. O trabalho, nesse sentido, orienta-se para a apreensão e a descrição dos significados culturais dos sujeitos. No caso desta investigação, entende-se que tal caminho metodológico seja capaz de permitir o estabelecimento de relações mais dialéticas entre o que acontece nas relações intergeracionais estabelecidas entre os estagiários, docentes titulares e os referenciais teóricos eleitos para o estudo. Para a realização do trabalho de campo, foram escolhidas duas duplas compostas por professores dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), os quais são convidados a receber estagiários do curso de Pedagogia com o propósito de estabelecerem uma relação de parceria docente com seus estagiários, alunos do primeiro semestre no 3º Ano em Licenciatura de Pedagogia de uma Universidade Pública do Estado de São Paulo. Esses docentes possuem características heterogêneas, tendo apenas como critério de seleção a disponibilidade para receber os estagiários, para que esses possam vivenciar diversos aspectos que permeiam o ambiente escolar (CUNHA, 1992; SARTI, 2009). Durante essa primeira etapa de entrevistas, foi possível conhecer um pouco melhor cada sujeito. A Professora A, que atua no magistério (ensino fundamental) há 21 anos, estaria, segundo classificação proposta por Huberman (1992), possivelmente no “meio da carreira”, que costuma ser uma “fase com múltiplas facetas”, na qual alguns professores se questionam sobre a monotonia da vida cotidiana e outros sentem um certo desencanto “subseqüente aos fracassos das experiências ou das reformas estruturais em que as pessoas participam energicamente, que desencadeia a “crise” (HUBERMAN, 1992, p.43). Já a professora B, tem dez anos de carreira entre a Educação Infantil e Fundamental. De acordo com a proposta de Huberman, estaria em uma fase de “estabilização” profissional, marcada por um acentuado comprometimento profissional e sentimento de independência. E as estagiárias A e B são alunas do 3º ano de Pedagogia de uma Universidade Estadual localizada em uma cidade no interior do Estado de São Paulo. Após a realização desta primeira etapa da entrevista, iniciaram-se as observações nas datas marcadas com as Professoras. As observações ocorreram em cinco dias consecutivos e ao encerrar as observações, foi realizada a segunda etapa das entrevistas. Além disso, as informações sobre o modo como as professoras focalizadas Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders vivenciam atualmente o magistério foram reunidas especialmente por meio de entrevistas, atividade inicial da pesquisa e que foi realizada também no final do estágio. Já as observações fizeram-se necessárias, a fim de identificar relações e vivências que foram construídas no decorrer do estágio entre os sujeitos e também compreender melhor a importância das interferências, diálogos, conversas presentes nas relações intergeracionais (professoras e estagiárias) à formação docente. Nesse sentido, a análise da primeira entrevista foi pautada em três aspectos centrais. O primeiro consistiu em conhecer melhor o perfil do estagiário, suas visões sobre diversos aspectos escolares que trazem com eles e suas expectativas. O segundo foi analisar o perfil do professor colaborador a fim de compreender melhor como vivencia atualmente o magistério, como ocorreu seu próprio processo de formação e suas expectativas esperadas referente ao estagiário. Já o terceiro aspecto consistiu em analisar a concepção de ambos e entender melhor a visão de cada um sobre estágio como formador e o que cada um espera da relação professor x estagiário e vice-versa. Portanto, a partir do conjunto de dados reunidos foi possível identificar o tipo de experiência vivida por cada uma das estagiárias no contexto da escola e como essas vêm integrando sua formação profissional em curso, no interior de uma geração profissional. Pode-se notar que, nessa relação intergeracional houve trocas e experiências com intensidades e maneiras distintas, uma vez que, no Brasil são raros os vínculos entre as instituições de formação e as escolas que se colocam à disposição em receber esses aprendizes, bem como sugerindo que não há um padrão formativo, e que a formação é uma experiência subjetiva, embora vivida no coletivo com os outros. No caso da estagiária A, que recebeu um acompanhamento de sua prática por parte da professora titular (mesmo sendo de uma hora/aula por encontro), pôde ter uma vivência mais intensa no estágio. Ela planejou a aula e percebeu que certos alunos não respondiam ao esperado. Enquanto isso a estagiária B relata certa insatisfação ao dizer: “Eu pretendia ter dado mais aulas, um contato maior com o planejamento, mas enfim,” por não ter vivenciado uma prática intensa, tendo uma vivência maior através de observações, portanto, a partir desses dados faz-nos refletir sobre a necessidade de estudos sistematizados de novas configurações em função de um acompanhamento dessas Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders práticas, uma vez que estamos lidando com uma formação que terá impactos sociais importantes, pois cada educador influencia diretamente na formação de seus muitos alunos, educando-os a cada ano de exercício de seu ofício. Dessa forma, é muito importante que nessa pré-profissionalização tenha um acompanhamento da prática por alguém mais experiente, de outra geração profissional, que seja responsável efetivamente por esta prática de caráter formativo, uma vez que os sujeitos desta pesquisa revelam o quanto o estágio e as experiências que permeiam essa formação inicial são significativos nesse processo de inserção profissional. Palavras-chave: Formação de Professores, Estágio Supervisionado, Relações Intergeracionais.