Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Comissão de Honra Presidente da República Ministro da Ciência e Ensino Superior Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Secretário de Estado Adjunto e da Educação Embaixador de Cabo Verde Reitor da Universidade Nova de Lisboa Presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical Professor Doutor António Manuel Hespanha Professor Doutor Artur Teodoro de Matos Professor Doutor Joaquim Romero de Magalhães Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia Presidente do Instituto Camões Presidente do Instituto Portugues de Apoio ao Desenvolvimento Presidente da Cãmara Municipal de Lisboa Presidente da Cãmara Municipal de Oeiras Banif Sumol 2 Apresentação Comissão Científica Maria Emília Madeira Santos (Departamento de Ciências Humanas /Instituto de Investigação Científica Tropical) João Paulo Oliveira e Costa (Centro de História de Além Mar/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa) Consuelo Varela (Escuela de Estudios Hispano Americanos – Sevilha – CSIC) Isabel Castro Henriques (Departamento de História/Faculdade de Letras/Universidade de Lisboa) Iva Maria Cabral (Serviços de Documentação e Informação Parlamentar/Assembleia Nacional de Cabo Verde) José Damião Rodrigues (Universidade dos Açores – Centro de História de Além Mar/) Luiz Felipe de Alencastro (Université de Paris 4/Sorbonne – Centre d’Etudes du Brésil et de l’Atlantique Sud) Maria Beatriz Nizza da Silva (Universidade de São Paulo) Maria do Socorro Ferraz (Universidade Federal de Pernambuco) Rosa Cruz e Silva (Arquivo Histórico Nacional de Angola) Stuart B. Schwartz (Yale University) 3 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Comissão Executiva Miguel Jasmins Rodrigues (Departamento de Ciências Humanas /Instituto de Investigação Científica Tropical) André Teixeira (Centro de História de Além Mar/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa) Ângela Domingues (Departamento de Ciências Humanas /Instituto de Investigação Científica Tropical e Centro de História de AlémMar) Lêda Oliveira (Universidade do Algarve) Maria Manuel Torrão (Departamento de Ciências Humanas /Instituto de Investigação Científica Tropical) Ana Rita Domingues (Centro de História de Além Mar/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa) Pedro Lage Correia (Centro de História de Além Mar/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa) . Secretariado Cátia Carvalho e Maria do Céu Diogo (Centro de História de Além Mar/Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa) Sofia Lopes (Instituto de Investigação Científica Tropical) 4 Apresentação Apresentação A lusofonia define-se hoje como património comum de um conjunto de países situados nas duas margens do Atlântico e que, de uma ou de outra forma, surgem no contexto do que era então o império português do Atlântico, que não gozando nunca do privilégio de agente único neste cenário, acabou por deixar como património comum, entre tantas outras coisas, a língua portuguesa. O estudo desta realidade merece, desde há largo tempo, a atenção de muitos investigadores e parece particularmente importante incentivar e promover a troca de experiência e conhecimento entre as diferentes historiografias nacionais presentes neste espaço, salvaguardando as suas diferentes tradições como factor de enriquecimento mútuo de todas elas. O Antigo Regime (séculos XV-XVIII) neste espaço atlântico, tem como uma das principais entidades integradoras o que poderemos chamar Império Português do Atlântico, tornando assim necessário tanto o seu estudo enquanto conjunto, como o de cada uma das suas partes e sectores constitutivos. A época em apreço assiste, no entanto, e neste mesmo contexto espacial, à presença de várias outras potências europeias, que procuram também protagonizar, de formas várias, o papel de ponto central de império, tornando-se assim indispensável incluí-las na análise desta temática. Como em vários outros domínios existe já um significativo trabalho feito, mas que nem sempre se encontra amplamente divulgado e, por acréscimo, é sempre mais o que falta fazer… Incentivar a definição de projectos futuros, seja qual for o seu âmbito, e promover a sua divulgação no conjunto da comunidade científica lusófona, parece assim constituir uma questão central que passa tanto pela organização de linhas e equipas de investigação, como pela criação e difusão de adequados instrumentos de trabalho, nomeadamente no que concerne seja aos fundos documentais, seja aos respectivos inventários. Finalmente, embora se tenha vindo a assistir a um crescente número de contactos entre as várias historiografias nacionais presentes neste espaço, parece necessário pensar também a criação de uma plataforma organizada de intercâmbio. A organização do congresso pretende dar continuidade a este tipo de iniciativa, alargando a plataforma de intercâmbio agora proposta a um e-journal e a outros espaços de divulgação e debate científico. No sentido de cumprir este propósito, pretende-se ainda dar uma periodicidade regular às reuniões internacionais e criar outras a nível intermédio. A Comissão Executiva 5 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Sessão de abertura Presidente: Leopoldo Guimarães – Reitor da Universidade Nova de Lisboa Simoneta Luz Afonso – Presidente do Instituto Camões Fernando Ramôa Ribeiro – Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia João Sàágua – Director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Maria Emília Madeira Santos – Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica Tropical - Comissão Científica do Congresso João Paulo Oliveira e Costa – Director do Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Ângela Domingues (em representação de Jorge Braga de Macedo, Presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical) Miguel Jasmins Rodrigues – Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica Tropical - Comissão Executiva do Congresso Intervenção Inicial: Permitir-me-ão que, em primeiro lugar, em meu nome pessoal e em nome da Comissão Executiva, agradeça ao magnífico Reitor e ao Presidente do Conselho Directivo desta Faculdade a cedência graciosa das instalações em que decorre o congresso, bem como às entidades cujo apoio permitiu a sua realização: Instituto Camões, Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, Fundação para a Ciência e Tecnologia, Câmaras Municipais de Lisboa e Oeiras, BANIF, Grupo Sumol e Romeira Flores. Seja-me ainda permitido, a título pessoal, manifestar os meus agradecimentos ao Centro de História de Além Mar, na pessoa do seu Director, Professor João Paulo Oliveira e Costa, pelo empenho com que ultrapassou largamente o seu papel de co-organizador do congresso tanto mais que sem o contributo do CHAM, o projecto poderia correr o risco de não se realizar. Não quero deixar de referir expressamente a colaboração voluntária de todos aqueles que, quer durante a preparação, quer nos próximos quatro dias, de uma forma menos visível, mas indispensável, irão garantir o bom funcionamento do Congresso, bem como de todos os membros da Comissão Científica, cuja colaboração e empenho foram determinantes na organização deste Congresso. Finalmente, cumpre-me também uma palavra de especial agradecimento a todos quantos 6 Apresentação consideraram valer a pena participar e cuja presença tanto nos honra e incentiva. Na conferência inaugural deste congresso, o Professor António Manuel Hespanha, importante referência para muitos de nós, quer pela concordância quer pela discordância, irá falarnos das motivações que levam os investigadores a colocar certas questões e não outras, ou, por outras palavras, à importância do presente para a interrogação do passado. Por mim, em meu nome pessoal e em nome da organização deste congresso, preocupar-me-ei com as que se prendem com as condições técnicas, metodológicas e materiais do que, repetindo a frase de um velho mestre, é o ofício de historiador. De novo por outras palavras, como preparar-nos, desde já, para um futuro tão próximo que é já quase presente. Na verdade, o ofício de historiador ainda continua, de algum modo, a exercer-se segundo as velhas regras de um artesanato que se exerce com tanto mais proficiência quanto mais denso é o calo de artesão, quanto mais anos, longos anos, se levou a ganhá-lo. Tal ofício, assente num trabalho altamente qualificado e executado com a maior perfeição, tem, no entanto, cada vez mais dificuldades em competir, no plano da produtividade, num mundo crescentemente marcado por modos de vida e tecnologias que se baseiam na divisão do trabalho, na organização, na comunicação, na cooperação, na convergência de esforços… E falo aqui de uma organização e cooperação entre pares, e não propriamente do velho ofício, com mestres, companheiros e aprendizes. Refiro-me, portanto, a uma cooperação segundo a escala em que hoje temos que trabalhar e utilizando também as metodologias que as ciências da informação nos facultam, e as tecnologias próprias do mundo da comunicação em que nos movemos. O congresso terá tanto mais significado quanto conseguir constituir-se como um primeiro passo dessa caminhada: contribuir para a organização dos investigadores em torno do espaço atlântico de Antigo Regime, tema que será abordado de forma aprofundada no seu último painel. A Comissão Executiva está desde já particularmente satisfeita com o largo número de adesões que a iniciativa suscitou, e também por se ter conseguido um tão amplo número de comunicações e, em particular, um tão apreciável número de contributos provenientes do mundo lusófono e de investigadores que sobre ele se debruçam. Se mais não houvesse, seria já muito gratificante. Mas a ambição é, de facto, ir mais longe, e fazer com que o Congresso constitua o ponto de partida para a construção de um espaço organizado de cooperação, debate de ideias e formação. São em grande número, até devido à riqueza dos nossos arquivos para o estudo da temática que hoje aqui nos une, os investigadores estrangeiros entre nós, oriundos de espaços que inclusivamente ultrapassam os da lusofonia, mas que pelo seu objecto de estudo acabam por nela se mover. Portugal tem assim o importante papel de os acolher, de lhes criar condições de trabalho, de os integrar de forma efectiva, de se enriquecer com todos os contributos, através da convergência, da mobilização de esforços, da promoção do debate, da discussão, da troca de ideias, tudo isto de forma organizada, de modo a promover a integração dos que cá estão, criar condições para os que gostariam de vir (tantas vezes forçados a desistir ou optar por destinos alternativos), e garantir a manutenção de laços com os que por cá passaram. Neste domínio, acredito que a presença, na própria Comissão Executiva, de alguém que prepara em Portugal as suas provas de doutoramento, não só aviva a consciência e a premência desta necessidade, como corresponde a um passo, embora modesto, no caminho e na definição do rumo que pretendemos trilhar. 7 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Excelentíssimos Senhores Presidente do Instituto Camões, Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Presidente do Conselho Directivo, magnífico Reitor, reiteramos o agradecimento por todo o apoio até agora concedido. Temos fortes expectativas de poder, num futuro próximo, agradecer-vos muito mais… Miguel Jasmins Rodrigues António Manuel Hespanha – Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa Conferência de abertura: PDF texto Porque nos interessa hoje o Atlântico de ontem? António Manuel Hespanha Faculdade de Direito – Universidade Nova de Lisboa É sempre avisado supor que algum interesse nos dirige a vontade de saber. Frequentemente, é mais importante desvendar esses interesses subterrâneos do que contar o que acabámos por descobrir por causa deles; já que eles marcam tanto as respostas como as perguntas. Na primeira metade do séc. XIX, o Atlântico interessou os europeus e os americanos que se perguntaram sobre a possibilidade de nações bi-hemisféricas; ou seja, foi tematizado, longitudinalmente, sob o impacto da crise do sistema colonial euro-americano e das revoluções independentistas que se seguiram. Na segunda metade do século, tema atlântico foi o da escravatura e do tráfico negreiro, vórtice cujo impacto se fez sentir até ao Índico e ao mar da China. A partir dos finais do século, depois de abolida a escravatura nos Estados Unidos, em Cuba e no Brasil, o Atlântico é o cenário de outra grande diáspora, desta vez sobretudo europeia, mas também com prolongamentos indianos, chineses e japoneses. Na II Guerra Mundial e durante décadas do pós-guerra, o Atlântico torna-se no núcleo de um paradigma político e quase civilizacional, mais ou menos equivalente ao chamado "Mundo Livre". Mas, paradoxalmente, o tema da escravidão e da diáspora africana volta a ser evocado, já nos anos sessenta, sob a inspiração do movimento das independências africanas. Tingindo-se, de novo, este inocente mar, com sombras doridos e acusadoras, que obscureciam essa glória de berço (e prometido futuro) da liberdade. As comemorações hispano-portuguesas dos Quintos Centenários deslocaram, de novo, a imagem do Atlântico para o período dos "encontros civilizacionais". Terminadas as comemorações e feitas delas balanços contraditórios, perdida -neste mundo globalizado- a centralidade do Atlântico, que é que nos leva a nós -portugueses, espanhóis, brasileiros, angolanos, caribenhos, norte-americanos, franceses e ingleses, entre outros- a pensar a história do Atlântico, como especial cadinho de sociedades e cenário de poderes? Porventura, apenas porque todos somos daqui, deste lado do mundo; porque foi o Atlântico que nos uniu (ou nos desuniu). Esta resposta parece, porém, demasiado óbvia e simplista. Seguramente, a memória do passado espevita ainda, por outras razões, os nossos interesses. 8 Apresentação Questões, não resolvidas, de identidades; contas, mal saldadas, de responsabilidades; projectos, mal explicados, de hegemonias; sentidos, mal esconjurados, de fracassos e perdas; nostalgias, mal saciadas, de grandezas perdidas. Muito de tudo isto pode ser mais pressentido do que positivamente descrito e explicado. Mas um esforço profundo de catarse poderia ajudar-nos muito a todos. Sendo que a história também ganhava com isso. Aproveitar-se-á esta conferência inaugural para ensaiar um par de ilustrações de como algumas intenções subliminares podem condicionar a história que se faz hoje deste espaço Atlântico. Da esquerda para a direita: Miguel Jasmins Rodrigues, Maria Emília Madeira Santos, Ângela Domingues, Fernando Ramôa Ribeiro,Leopoldo Guimarães, João Sàágua, Simoneta Luz Afonso, António Manuel Hespanha, João Paulo Oliveira e Costa 9 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Painel: A organização dos investigadores e Sessão de encerramento Moderador: Ângela Domingues – Departamento de Ciências Humanas – Instituto de Investigação Científica Tropical - Comissão Executiva do Congresso. Comunicação de encerramento: O Congresso Internacional O espaço atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades propôs-se reunir, durante quase uma semana, um grupo de competentes especialistas na área da História do Atlântico, composto por historiadores, mas também por cientistas de outras áreas das Ciências Sociais e Humanas, e considerar o tema numa perspectiva pluridimensional e interdisciplinar. Este esforço conjugado contribuiu para clarificar e explicar melhor a complexidade de processos transcontinentais que modificaram, de forma profunda e definitiva, os indivíduos, as nações e as sociedades que neles tomaram parte. Durante largo período de tempo este oceano teve um papel mais importante do que o de mera “estrada de ligação” entre as grandes massas continentais. Esta placa giratória não se limitou a unir três continentes - a América, a Europa e a África -, permitindo a circulação de pessoas, produtos, capitais, serviços e ideias e dando origem a uma economia triangular que definiu os seus vértices nos reinos europeus, nas colónias americanas e nos portos negreiros. É, portanto, certo que através deste oceano circulavam indivíduos - não só africanos, como conquistadores brasílicos, colonos reinóis, lançados, degredados, vendedores de cachaça e «multidões de gente grosseira»; transportavam-se mercadorias; traziam-se motivações económicas e ambições políticas; transplantavam-se técnicas de destruição, mas também de construção; adaptavam-se novas culturas que alteravam os hábitos alimentares regionais e 10 Apresentação também homens europeus que no Brasil se «ambientavam» aos climas adversos africanos e, nas duas margens do oceano, adaptavam experiências colonizadoras a realidades específicas. Como se isso não bastasse, a centralidade deste espaço possibilitou ainda a incorporação do Novo Mundo na economia internacional. Foi por este oceano que se estabeleceram as ligações entre a Europa e o Oriente, através da navegação articulada com outro oceano, o Índico; através dele construíram-se e fortaleceram-se relações de complementaridade e identidade colonial entre as duas margens do Atlântico Sul. Este Congresso assumiu-se também como mais um resultado da parceria frutuosa estabelecida, desde há algum tempo, entre o Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa e o Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica Tropical que têm sabido desenvolver e consolidar trabalho em áreas de investigação afins, nomeadamente por iniciativa do fundador do CHAM, Professor Doutor Artur Teodoro de Matos, e do actual director, Professor Doutor João Paulo Oliveira e Costa. Contudo, foi vontade dos organizadores do Congresso que esta iniciativa não se limitasse a acontecimento episódico. Apesar de existirem associações de história nacionais e supranacionais que organizam os seus membros em torno de uma temática, um período de tempo ou um personagem, e que têm uma função catalizadora de mérito reconhecido na divulgação de livros e revistas especializados, na realização de encontros científicos e exposições, actividades de formação e promoção de debates, reconheceu a Comissão Executiva do Congresso que os investigadores especializados em Ciências Sociais e Humanas dos países da CPLP e outros se podiam agrupar ou reagrupar numa organização ou fórum dedicada ao estudo da História do Atlântico. Nesse sentido, criámos a Associação Científica Internacional O Atlântico lusófono de Antigo Regime, cujos membros fundadores serão todos os que tendo participado neste congresso o desejem, e composta por associados individuais e colectivos/institucionais. O objectivo da Associação consiste em, através da institucionalização da História do Atlântico, promover a interacção entre os membros desta rede, fomentando o debate científico de acordo com a maior diversificação possível de abordagens, perspectivas e metodologias e, assim: 1. Promover um melhor conhecimento do espaço atlântico; 2. Fazer uma abordagem interdisciplinar ao estudo do Atlântico. 3. Incentivar a conceptualização de novos temas; 4. Partilhar os recursos intelectuais e a investigação entre os membros da rede; 5. Fomentar orientações académicas e trocas institucionais entre investigadores. Com o intuito de dar cumprimento a destes objectivos, a Associação propõe-se divulgar os projectos que se executam nesta área, quem os executa e em que instituições decorrem e as publicações que originam, por forma a ultrapassar um isolamento que se pretende que seja cada vez menor entre os investigadores das Ciências Sociais do Atlântico Lusófono, beneficiando as pessoas que trabalham em áreas afins e entidades académicas e de investigação. A Associação ambiciona ser, particularmente, um “espaço” privilegiado de uma interacção colegial - porque é importante que os resultados de projectos concluídos sejam apresentados, que pontos de situação de trabalhos em curso sejam debatidos e que novos colegas a trabalhar em temas semelhantes se conheçam; um “espaço” partilhado por todos os investigadores - os que 11 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades incidem as suas perspectivas de análise na expansão europeia no Atlântico, na construção e fortalecimento de impérios poderosos e no desaparecimento de pequenas sociedades, nos colonos, nos colonizadores e nos colonizados; nos conquistadores e nos conquistados, de acordo com o amplo leque de perspectivas que o trabalho conjunto de historiadores, antropólogos, sociólogos, linguistas, historiadores de arte, da geografia, da cartografia histórica, da ciência, pode perspectivar. Ângela Domingues Jorge Braga de Macedo – Presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical Maria Fernanda Bicalho – Universidade Federal Fluminense Iris Kantor – Universidade de São Paulo José Manuel dos Santos Perez – Universidade de Salamanca Miguel Jasmins Rodrigues – Departamento de Ciências Humanas – Instituto de Investigação Científica Tropical Maria Iva Cabral – Serviços de Documentação e Informação Parlamentar da Assembleia Nacional de Cabo Verde 12 Apresentação Moções aprovadas Moção nº 1 Os investigadores reunidos no Congresso Internacional O espaço atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades, considerando a necessidade e a vantagem da criação de uma plataforma permanente de contactos, aberta a todos os que desenvolvem trabalho ou se interessam pela referida temática, decidem criar uma associação científica, sem fins lucrativos, destinada a promover a discussão, o debate, a troca de ideias e de informação. Esta iniciativa terá como base as duas instituições associadas à realização deste Congresso: o Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica Tropical e o Centro de História de Além-Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A Comissão Executiva deste Congresso responsabiliza-se, num curto espaço de tempo, a constituir uma Comissão Instaladora com investigadores representativos de países lusófonos e outros que se dedicam ao estudo desta temática. As tarefas da Comissão Instaladora serão as seguintes: 1. Apresentar uma proposta de estatutos a divulgar através da Internet, recolhendo e incorporando as sugestões dos investigadores que queiram participar na elaboração do texto definitivo; 2. Proceder a todas as diligências necessárias à constituição legal da referida associação; 3. Promover debates, mesas redondas, conferências; 4. Desenvolver e implementar formação pós-graduada, tendo como destinatários estudiosos oriundos sobretudo de países lusófonos, podendo, para o efeito, celebrar protocolos com as entidades adequadas; 5. Angariar os meios necessários à construção e manutenção de um portal que constitua adequado veículo de ligação e intercâmbio entre os investigadores e estudiosos da temática em questão. O mandato desta Comissão Instaladora durará até à realização do 2º Congresso, durante o qual deverá ter lugar a eleição dos corpos sociais estatutariamente previstos. Lisboa, 5 de Novembro de 2005 Moção nº 2 No âmbito do ponto 5 da Moção nº 1, relativo à construção e manutenção de um portal, deverá ser criada uma revista electrónica, vocacionada para a publicação de trabalhos originais, mas também para a ampla divulgação de trabalhos já existentes e que, actualmente, chegam com dificuldade ao público do mundo lusófono. A referida revista deverá tentar obter integração nas listas de referência, dotando-se, para o efeito, de um adequado corpo de consultores científicos. A revista deverá dispor de um Conselho de Redacção, cuja constituição ficará a cargo da Comissão Instaladora mencionada na moção nº 1, representativa dos investigadores especialistas desta matéria. 13 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Miguel Jasmins Rodrigues, enquanto Presidente da Comissão Executiva deste Congresso desempenhará as funções de secretário da revista. Lisboa, 5 de Novembro de 2005 Moção nº 3 Considerando o interesse da discussão, do debate e da troca de ideias presencial, os investigadores reunidos no Congresso Internacional O espaço atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades, propõem desde já a organização de um segundo congresso, que deverá ficar a cargo de uma comissão executiva constituída, desde já, por Maria Fernanda Bicalho, da Universidade Federal Fluminense, por Íris Kantor, da Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo, e por Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais, que deverá ter lugar ao longo do ano de 2008, no Brasil, e desenvolverão os melhores esforços no sentido de as instituições em que estão integrados apoiarem e suportarem esta iniciativa. Sugerem igualmente que seja dada continuidade e periodicidade a este evento, propondo aos países africanos de língua oficial portuguesa presentes neste Congresso que se candidatem à organização e realização de um terceiro congresso. Lisboa, 5 de Novembro de 2005 ADENDA: Na sequência da leitura desta moção, o investigador Lourenço Gomes, Director Departamento de História da Escola Superior de Educação de Cabo Verde, com o apoio investigadora Iva Maria Cabral, Directora dos Serviços de Documentação e Informação Assembleia Nacional de Cabo Verde, ofereceu-se para auscultar as autoridades cabo-verdianas sentido de tentar organizar o 3º Congresso, a realizar em Cabo Verde em 2010, por ocasião aniversário da independência 14 do da da no do Apresentação Da esquerda para a direita: Miguel Jasmins Rodrigues, Jorge Braga de Macedo, João Paulo Oliveira e Costa, Maria Emília Madeira Santos 15 Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades Secretariado de Apoio ao Congresso Da esquerda para a direita: Maria d’Ávila, André Teixeira, Ana Torradinhas, Ana Rita Domingues, Maria do Céu Diogo, Cátia Carvalho, Isabel Almeida 16