METODOLOGIA DO
TRABALHO ACADÊMICO
METODOLOGIA
DO TRABALHO
ACADÊMICO
IMES
Instituto Mantenedor de ensino Superior Metroplitano S/C Ltda.
Presidente ♦ William Oliveira
Samuel Soares
Germano Tabacof
Superintendente Administrativo e Financeiro ♦
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦
Superintendente de Desenvolvimento e>>
Planejamento Acadêmico ♦
Diretor Administrativo e Financeiro ♦
Pedro Daltro Gusmão da Silva
André Portnoi
FTC - EAD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Diretor Geral ♦
Diretor Acadêmico ♦
Diretor de Desenvolvimento e Inovações ♦
Diretor Comercial ♦
Diretor de Tecnologia ♦
Gerente de Desenvolvimento e Inovações ♦
Gerente de Ensino ♦
Gerente de Suporte Tecnológico ♦
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦
Coord. de Produção de Material Didático ♦
Reinaldo de Oliveira Borba
Marcelo Nery
Roberto Frederico Merhy
Mário Fraga
Jean Carlo Nerone
Ronaldo Costa
Jane Freire
Luis Carlos Nogueira Abbehusen
Osmane Chaves
João Jacomel
EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:
♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Autor (a) ♦ Maria das Graças Cardoso Moura
Supervisão ♦ Ana Paula Amorim
Coordenação de Curso ♦ Letícia Machado
♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos
Equipe ♦ André Pimenta, Antonio França Filho, Angélica de
Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Amanda Rodrigues, Bruno Benn,
Cefas Gomes, Clauder Frederico, Francisco França Júnior,
Hermínio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais,
Lucas do Vale, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte e
Ruberval da Fonseca.
Editoração ♦ Angélica de Fátima Silva Jorge
Ilustração ♦ Angélica de Fátima Silva Jorge
copyright © FTC EAD
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,
da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância.
www.ead.ftc.br
Sumário
O CONHECIMENTO HUMANO E A CIÊNCIA
07
O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO
07
Ser Humano, Conhecimento e Saber
07
Tipos de Conhecimento
09
Concepções, Natureza e Dimensões da Ciência
12
Características, Objetivos e Funções da Ciência
14
Atividade Complementar
16
METODOLOGIA CIENTÍFICA E UNIVERSIDADE
18
Método e Estratégia de Estudo e Aprendizagem
19
Leitura e Análise de Textos
25
Técnica para Sublinhar; Técnica para Esquematizar;
Técnica para Fichar;Técnica para Resumir
33
A Metodologia Científica aplicada às Ciências Sociais
33
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CONHECIMENTO
40
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
40
Estrutura e Redação de Trabalhos Acadêmicos
40
Estrutura e Redação de Trabalhos Acadêmicos;
Redação Científica ( Normas da ABNT )
42
Seminário, Painel e Mesa Redonda
48
Cases, Palestra, Conferência e Congresso
49
3
A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES
50
Conceito de Pesquisa Científica. Finalidades e
Requisitos da Pesquisa Científica
50
Linguagem Científica; Tipos de Pesquisa Científica;
Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa
54
Projeto de Pesquisa Científica; Relatório de Pesquisa
59
Monografia
66
Referências Bibliográficas
79
Apresentação da Disciplina
Estimados Alunos ,
A humanidade tem passado por mudanças significativas a partir das últimas décadas,
precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da
imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando
o conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não
assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento.
Frente às sucessivas mudanças que vem ocorrendo no mundo, evidenciamos a necessidade do homem estar preparado para as demandas sociais, o mercado de trabalho, o
conhecimento pluricultural, as novas tecnologias da informação etc. Por isso, investir no
estudo e na pesquisa, enfim, na construção do conhecimento, no desenvolvimento do espírito
científico e do pensamento crítico e reflexivo é o mais seguro método para alcançarmos o
progresso da ciência e da humanidade.
Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos
conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando
a instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científicos importantes e
necessários para a sua vida profissional. Desta forma, ela visa contribuir na formação/desenvolvimento/aprimoramento do espírito crítico-reflexivo acerca das diferentes possibilidades
do conhecer e formular acadêmica e profissionalmente proposições fazendo uso, de modo
sistemático, da Metodologia do Trabalho Acadêmico.
Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos
que serão trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os
conhecimentos necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos
vivendo nos últimos tempos.
Desejo discernimento, iniciativa e realizações.
Profª. Ana Paula Amorim
5
O CONHECIMENTO HUMANO
E A CIÊNCIA
O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO
SER HUMANO, CONHECIMENTO E SABER
No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que não nos damos conta
da sua complexidade. Desde cedo, os mestres nos falam da necessidade de aprender a
conhecer o mundo e posteriormente da necessidade de autoconhecimento.
Assim, entramos na engrenagem do conhecimento do mundo, considerado real,
sem colocar em pauta o que significa conhecer. Todavia, à medida que nos defrontamos,
na relação com o mundo, com os vários campos e formas de conhecimento, entramos
num emaranhado de conceitos.
Você já parou para pensar que estamos adquirindo
conhecimento?
Se levarmos em consideração que aprendemos e adquirimos conhecimento com
as relações, e que estamos constantemente interagindo, seja com pessoas ou até mesmo
conosco, é fácil perceber que conhecer é uma forma de estar no mundo.
Partindo da etimologia da palavra, o termo conhecimento vem do latim cognoscere,
que significa conhecer pelos sentidos. Desta forma, conhecimento é o atributo geral que têm
os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização
biológica e no sentido de sua sobrevivência. É o pensamento que resulta da relação que se
estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido.
Analisando a palavra francesa connaissance, podemos observar que conhecimento
é nascer (naissance) com (con). Os homens se marcam como diferentes dos outros seres
exatamente pela capacidade de conhecer. Diferentemente dos outros animais, os homens são
os únicos seres que possuem razão, capacidade de relacionar e ir além da realidade imediata.
O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e o processo do
conhecimento mostra aos seres humanos que eles jamais são alguma
coisa pronta na medida em que estão sempre nascendo de novo, quando
têm a coragem de se mostrarem abertos diante da realidade.
7
Parece complexo, não é?
Metodologia
do Trabalho
Mas, observe: os sujeitos têm a capacidade de fazer conhecimento,
usar conhecimento, posicionar-se diante do conhecimento. Pensando desta
forma, começamos a desmistificar essa complexidade.
Acadêmico
O conhecimento é o atributo geral que têm os seres vivos de reagir
ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização
biológica e no sentido de sua sobrevivência. O ser humano, utilizando
suas capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia. Desta forma, a
informação, assim como a prática de vida, resulta em conhecimentos.
Capacidade dos seres humanos quanto ao conhecimento
Vejamos! O sujeito PRODUZ conhecimento
quando ele está criativamente no mundo, ou
seja, quando ele faz conhecimento. O fazer
conhecimento implica exatamente em estar
despojado de certezas absolutas acerca da
realidade e estar aberto não só para reavaliar uma
verdade da realidade como também reavaliar sua
própria capacidade no trabalho do conhecer.
Quando passa a USAR o conhecimento,
o sujeito está simplesmente no mundo, ou
seja, a realidade ao conhecimento que já está
pronto. E, da mesma maneira, aquele que usa
não exercita sua capacidade de renovação de
visões da realidade, ficando estacionária não
só a maneira de se relacionar com a realidade, mas também a possibilidade daquele “nascer”,
porque esse uso passa a ser apenas o consumir o que está pronto. Toda utilidade técnica
propõe um consumo de conhecimento.
Quando passa a POSICIONAR-SE diante do conhecimento, ou seja, quando age
criticamente no mundo, o sujeito relaciona o fazer e o usar do conhecimento de maneira
dialética, porque o conhecimento é feito pelos seres humanos, é utilizado por eles e,
fatalmente, de qualquer maneira, utilizado em função deles.
Vejamos no quadro abaixo uma síntese de como ocorre o conhecimento no homem.
À primeira vista pode
até parecer complicado, mas
é só impressão...
Lembre-se que,entender o
conhecimento é entender
a nossa realidade. Logo,
nos deparamos com ele
a todo instante, sem nos
darmos conta.
8
TIPOS DE CONHECIMENTO
O conhecimento consiste numa relação “sui generis” entre a consciência cognoscente e o
objeto conhecido. Mediante a imagem, a consciência cognoscente se identifica com o objeto. Cumpre
observar que o fenômeno do conhecimento, embora pareça simples, envolve uma multiplicidade
de atos. Em primeiro lugar, os sentidos apreendem ou produzem ou evocam imagens. Tanto mais
complexo o fenômeno do conhecimento, mais longo é o caminho indutivo ou dedutivo percorrido
para se chegar a uma conclusão. O raciocínio denomina-se, especialmente, “discursivo” porque a
mente discorre, corre, flui, move-se, caminhando do antecedente ao conseqüente.
Entretanto, além da forma discursiva do conhecimento racional, incumbe apreciar a
questão relativa ao conhecimento intuitivo, isto é, imediato ou sem passagem de antecedente para
conseqüente, sem comparações. ´Intuere” significa ver; intuição é uma espécie de conhecimento que,
pela sua característica de atingir o objeto sem “meio” ou sem os intermediários das comparações,
assemelha-se ao fenômeno do conhecimento sensorial, especialmente da visão.
A intuição sensorial existe com toda evidência, pois os sentidos não analisam, não
comparam, não julgam; o conhecimento que se tem da temperatura da água de uma vasilha surge
imediatamente, tão logo se a toque com a mão; o prazer ou a dor que se experimenta é um dado de
experiência interna apreendido imediatamente. Além da intuição sensorial de experiência interna e
externa, existirá uma forma de conhecimento relacional, intelectual, espiritual, também intuitivo?
A evidência lógico-metafísica dos primeiros princípios lógicos, éticos ou estéticos, bem
como as relações transcendentais do ser, são apreendidas imediatamente, sem necessidade
de “meio”, sem discurso, sem movimento. E, quando se fala de intuição como modo de
conhecimento, entende-se a intuição intelectual, e não a sensorial. Por outro lado, não seria
exato falar-se em intuição racional, pois razão implica não só no fato geral do conhecimento,
mas também no seu modo de conhecer raciocinando, isto é, discorrendo, correndo,
fluindo, movendo-se do antecedente conhecido à procura do conseqüente supostamente
desconhecido ou ainda não explicitado no processo de conhecimento.
Deve-se ressaltar que o conhecimento intuitivo não substitui outros modos de
conhecimento; ele pode ser de suma valia na vida prática e nas convicções pessoais de cada
um. Mas, por ser de ordem dominantemente subjetiva, não pode aspirar à autonomia ou ao valor
objetivo do conhecimento científico ou do conhecimento racional discursivo, cujas conclusões,
demonstradas, têm valor geral e objetivo. Ademais, todo conhecimento intuitivo deve submeterse, posteriormente, ao tribunal da razão discursiva ou da experimentação científica.
No que se refere ao conhecimento racional, podemos categorizálo em quatro: senso comum ou popular; ciência ou científico; filosofia
ou filosófico; e teologia ou religioso.
Apesar desta separação “metodológica” e categórica, no processo de apreensão da
realidade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias. Por sua vez, estas formas
de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado ao estudo da física,
pode ser praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos
aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
Antes de definirmos cada um deles, é preciso indagar-nos:
Qual a contribuição que cada tipo de conhecimento traz?
De um modo ou de outro, cada tipo de conhecimento
agrega valor ao ser humano.
9
Vamos a eles....
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Acadê
Conhecimento Popular
Denominado de popular ou senso comum, resulta do modo espontâneo e corrente de
conhecer. É o conhecimento do dia-a-dia e se obtém pela experiência cotidiana.
Suas características são: superficial, isto é, conforma-se com a aparência; sensitivo e
valorativo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária; subjetivo,
pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos; assistemático, pois
esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização das idéias; acrítico, pois
a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma
crítica; assistemático, por basear-se na “organização” particular das experiências próprias
do sujeito cognoscente e não em uma sistematização das idéias; verificável, visto que está
limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia; e,
finalmente, falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer
a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a
existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.
Conhecimento Científico
É o conjunto organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, em
especial obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio.
Diversamente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científico não
atinge simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, ele é caracterizado pela
capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de
predizer com segurança eventos futuros. Ele explica os fenômenos e não só os apreende.
O conhecimento científico é crítico, rigoroso, objetivo, nasce da dúvida e se consolida
na certeza das leis demonstradas. É real (factual) porque lida com ocorrência ou fatos;
constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua
veracidade ou falsidade conhecida através da experiência; é sistemático, já que se trata de
um saber ordenado logicamente; é verificável, visto que as afirmações (hipóteses) que não
podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência; é falível, em virtude de não ser
definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições
e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Conhecimento Filosófico
O primeiro sábio que utilizou a palavra “Filosofia” foi Pitágoras, no século VI a.C. Em sentido
etimológico, Filosofia significa devotamento à sabedoria / amigo da sabedoria, isto é, interesse
em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e sobre o mal.
Para Aristóteles, a Filosofia era a ciência de todas as coisas pelas últimas causas, isto
é, pelas causas e razões mais remotas e que, por isso mesmo, ultrapassam as possibilidades,
o campo e o método das ciências particulares, a estas incumbe a investigação das causas
próximas observáveis e controláveis pelos recursos do método científico ou experimental.
10
É importante destacar que a Filosofia usa princípios racionais, procede de acordo
com as leis formais do pensamento, tem método próprio, predominantemente dedutivo, nas
suas colocações críticas. Portanto, ela indaga, traça rumos, assume posições, estrutura
correntes que inspiram ou dominam mentalidades em determinados períodos, mas que, em
seguida, perdem vigor diante de novas concepções, que geralmente hostilizam as anteriores,
à maneira das correntes literárias, das artes em geral ou das religiões.
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses
que não poderão ser submetidas à observação, “as hipótese filosóficas baseiam-se na
experiência, portanto este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação”;
por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das
hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem refutados, ao contrário do que ocorre no
campo da ciência; é racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente
correlacionados; é sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação
coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade; é infalível
e exato, já que seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo
teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado
pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre
o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana.
Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a
ela atende, a ciência, ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só
admite o que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente
os fatos. A Teologia não demonstra o dogma; apela para a autoridade divina que o revelou;
exige fé; a ciência demonstra os fatos e só se apoia na evidência dos fatos.
Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem
sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são
consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências
não são verificáveis: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado. Assim, o conhecimento religioso parte do princípio de que as “verdades” tratadas
são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade.
O conhecimento religioso vai favorecer atitudes éticas em busca do bem comum.
Vale salientar que a processualidade do saber, quer científico quer filosófico, de forma
alguma vem denegrir a ciência e a filosofia; pelo contrário, vem reconhecer seu verdadeiro
estatuto. Só se sentem denegridos os cientistas e filósofos obtusos e dogmáticos, porque,
no fundo, não querem ver morrer seus ídolos. E tudo isso nada tem a ver com ceticismo,
pois o cético simplesmente não acredita na possibilidade de conhecimento. Aqui se trata
apenas de revelar os limites do conhecimento, nunca de negar sua possibilidade.
Tanto o conhecimento vulgar como o científico, tanto o conhecimento filosófico como
o teológico alimentam o mesmo propósito e lutam pelo mesmo objetivo, que é o de chegar
à verdade sobre o homem e sobre o Universo, sobre o ser e sobre cada uma das realidades
que constituem infinitos segmentos da natureza.
Para compreender efetivamente os tipos de conhecimento, relacionando-os, analise
atentamente o quadro a seguir.
11
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Fonte: SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos
e técnicas de pesquisa científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.
CONCEPÇÕES, NATUREZA E DIMENSÕES DA CIÊNCIA
“Ciência sem consciência não é
senão a ruína da alma”.
(Rabelais)
O homem sempre empreendeu esforços em busca da verdade, da compreensão do real,
da explicação de sua natureza interna e da natureza externa que o cerca, sempre buscando dar
conta das questões sobre seu surgimento, seu papel no planeta, enfim, a razão da sua existência,
a melhor maneira de superar os desafios. Nas diferentes dimensões do conhecimento humano,
o homem apresenta respostas e avança quanto à compreensão do mundo.
Visto que a ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justificações
positivas e convincentes, nesse conteúdo iremos analisar a natureza da ciência, conceituando
seu aspecto lógico como método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já
conhecidos ou a serem investigados.
A ciência aumentou sobremaneira a capacidade de instrumentalização do homem.
Desenvolvendo tecnologias avançadas, liberou a mão de obra para atuar na área de serviços
e pesquisas científicas. À medida que a ciência avança, o indivíduo se torna cada vez mais
capaz de dominar as circunstâncias à sua volta.
12
Então...
Etimologicamente, a ciência deriva do latim scientia, isto é, conhecimento, arte,
habilidade. Ela pode ser entendida como uma sistematização de conhecimentos,
um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento
de certos fenômenos que se deseja estudar.
Para Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos
ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência
a objetos de uma mesma natureza.
Para Freire-Maia (1991) a ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias,
leis, modelos, etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua
ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial
(metodologia científica).
Desses conceitos emana a característica de apresentar a ciência como um pensamento
racional, objetivo, lógico e confiável.
Não existe uma concepção única de ciência. Podemos dividi-la em períodos históricos, cada
um com modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção de mundo, de ciência
e de método, destacando-se três grande concepções: a ciência grega, que abrange o período que
vai do século VIII a. C. até o final do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até o início do
século XX; e a ciência contemporânea, que surge no início deste século até nossos dias.
Com os gregos, a ciência é conhecida como filosofia da natureza. Tinha como única
preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem.
A concepção de ciência moderna opõe-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso.
Propõe como caminho do conhecimento, o caminho da ciência, através do experimentar,
do medir e comprovar. Surge o cientificismo, isto é, a crença de que o único conhecimento
válido era o científico e de que tudo poderia ser conhecido pela ciência.
A visão contemporânea de ciência na incerteza e na ruptura com o cientificismo
(dogmatismo e a certeza da ciência). É o contexto de crise da ciência e da ruptura do paradigma
cartesiano, fundamentado na experiência e adotando a indução e a confirmabilidade para
constatar a certeza de seus enunciados.
E então, mãos à obra! Lembre-se que quanto mais informações adquirimos
mais condições temos de construir conhecimento. Portanto, busque investigar
um pouco mais acerca dessas concepções de ciência: ciência grega, ciência
moderna e ciência contemporânea. Aproveite para descobrir outras concepções
de ciência que não estão citadas aqui.
Natureza / Dimensão da Ciência
Além da mente humana e como um
impulso livre, cria-se a ciência. Esta se renova, assim
como as gerações, frente a uma atividade que
constitui o melhor jogo do “homo ludens”
(Jacques Barzun)
13
Para compreendermos a natureza e dimensão da ciência, observemos
a figura abaixo:
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Em se tratando de analisar a natureza da ciência, podem ser explicitadas duas dimensões,
na realidade inseparáveis, ou seja, a compreensiva (contextual ou de conteúdo) e a metodológica
(operacional), abrangendo tanto aspectos lógicos quanto técnicos. Pode-se conceituar o aspecto
lógico da ciência como o método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos
ou a serem investigados; em outras palavras, pode-se considerar que o aspecto lógico constitui
o método para a construção de proposições e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma
descrição, interpretação, explicação e verificação mais precisas.
Podemos ainda considerar a natureza da ciência sob três aspectos. São eles:
CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS E FUNÇÕES DA CIÊNCIA
As ciências caracterizam-se por possuírem:
a) objetividade ou finalidade - preocupação em distinguir a característica comum
ou as leis gerais que regem determinados eventos;
b) função - aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da
relação do homem com o seu mundo;
c) objeto - subdividido em material, aquilo que se pretende estudar, analisar,
interpretar ou verificar, de modo geral; formal, o enfoque especial, em face das
diversas ciências que possuem o mesmo objeto material.
14
Suas principais características são:
• É racional;
• Representa a realidade;
• Promove uma discussão sistemática e questionadora;
• É analítica;
• É coerente;
•Exige investigação e utiliza-se de métodos científicos;
• É comunicável.
Pode-se classificar as ciências em duas grandes categorias: formais e empíricas. As
primeiras tratam de entidades ideais e de suas relações, sendo a Matemática e a Lógica as
mais importantes. As segundas tratam de fatos e de processos, incluem-se nesta categoria
ciências como a Física, a Química, a Biologia, a Psicologia. As ciências empíricas, por sua
vez, podem ser classificadas em naturais e sociais. Dentre as ciências naturais estão: a
Física, a Química, a Biologia, a Astronomia. Dentre as ciências sociais estão: a Sociologia,
a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Psicologia, a História.
De maneira geral, a ciência possui características e exigências comuns a serem
consideradas. São elas:
Conhecimento pelas causas (racionalismo)
Implica em conhecer pelas causas. Se o cientista observa a chuva, ele quer
saber porque chove, dispensando a influência dos deuses. Utiliza-se o raciocínio
analítico, lógico e despojado de impactos emocionais. Trata-se da racionalização
do conhecimento.
Profundidade e generalidade de suas condições
O conhecimento pelas causas é o modo mais íntimo e profundo de se atingir o
real. A ciência não se contenta em registrar fatos, quer também verificar a sua
regularidade, a sua coerência lógica, a sua previsão, etc. A ciência generaliza
porque atinge a constituição íntima e a causa comum a todos os fenômenos da
mesma espécie. A validade universal dos enunciados científicos confere à ciência
a prerrogativa de fazer prognósticos seguros.
Objeto formal
A finalidade da ciência é manifestar a evidência dos fatos e não das idéias.
Procede por via experimental, indutiva, objetiva; suas demonstrações consistem
na apresentação das causas físicas determinantes ou constitutivas das realidades
experimentalmente controladas. Não se submete a argumentos de autoridade,
mas tão-somente à evidência dos fatos.
Controle dos fatos
Ao utilizar a observação, a experiência e os testes estatísticos tenta dar um
caráter de exatidão aos fatos. Embora os enunciados científicos possam ser
passíveis de revisões pela sua natureza “tentativa”, no seu estado atual de
desenvolvimento, a ciência fixa degraus sólidos na subida para o integral
conhecimento da realidade (Ruiz, 1979, pp. 124 a 126).
15
Exige investigação e a utilização de métodos
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Investigar implica em pesquisar, e a ciência ocorre à base de questionamentos,
buscas e descobertas. Na ciência, a investigação é também a disposição
do pesquisador em submeter-se a um rigor metodológico.
É comunicável
Os estudos e resultados das investigações científicas devem ser
comunicados à sociedade. Para tal, o cientista deve fazer uso das
definições, conceitos e termos a fim de representar fielmente as idéias
que quer expressar.
Objetivos e Funções da Ciência
Os objetivos da ciência são determinados pela necessidade que o homem tem de
compreender e controlar a natureza das coisas e do universo. Delineados os objetivos, cabe
à ciência realizar suas três funções, a saber: descrever, explicar e prever os dados que
permeiam a realidade em estudo.
Segundo Ferrari (1982), a ciência ainda deve proporcionar “aumento e melhoria
de conhecimento; descoberta de novos fatos e fenômenos; aproveitamento espiritual;
aproveitamento material do conhecimento”.
O papel da Ciência:
• Aumento e melhoria do conhecimento;
• Descoberta de fatos e fenômenos;
• Aproveitamento espiritual e material do conhecimento;
• Estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.
Atividades
Complementares
1.
Agora que você já aprendeu o que é conhecimento e como ele pode ser
categorizado, relacione as principais características de cada um dos diversos tipos de
conhecimento. Vamos lá! É importante que teste sua memória. Olhar no texto...não vale!
16
2.
Você já aprendeu os tipos de conhecimento e suas principais características. Agora
que você já se apropriou desses conceitos e características já pode construir sua própria
concepção de conhecimento. Para você, como o homem adquire conhecimento e de que forma
ele pode usar desse conhecimento em prol de uma sociedade mais justa e equilibrada?
3.
Agora que você já compreendeu o que é ciência, e já se apropriou de alguns
dos seus elementos e características, já é possível fazer algum juízo de valor acerca
da ciência. Portanto, descreva as principais concepções de ciência e as características
que as diferem umas das outras.
4.
Na medida em que evoluímos no tempo, tem sido cada vez mais evidente o nível
de casos em que estamos inseridos, seja social seja individual. Mesmo com a evolução e
os avanços da ciência, a humanidade ainda tem sofrido uma série de epidemias que se
alastram assustadoramente e uma série de crises sociais que parecem não ter fim. Será
que a ciência tem se desvirtuado da sua função principal? Expresse sua reflexão sobre esse
questionamento num texto de 05 linhas.
17
5.
Qual o real papel da ciência? Com base no texto e na sua construção acerca
da vida como um todo, expresse sua opinião em um texto de 05 linhas.
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
METODOLOGIA CIENTÍFICA
E UNIVERSIDADE
Metodologia Científica não é um simples conteúdo ministrado através de um componente
curricular. É uma disciplina que está intimamente relacionada com o estudo crítico dos fatos.
Ela estuda e avalia os métodos disponíveis e suas implicações, além de avaliar as técnicas de
pesquisa. De modo geral, ela é uma reunião de procedimentos utilizados por uma técnica.
Trata-se de fornecer aos estudantes um instrumental indispensável para que
sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa
em qualquer área do conhecimento. Portanto, trata-se de se aprender fazendo, como
sugerem os conceitos mais modernos da Pedagogia.
É através da Metodologia Científica que ocorre o contato entre o conhecimento
e a análise crítica, possibilitando a ampliação do saber, posicionando-o no plano sóciohistórico e político. Vale considerar que a Metodologia Científica não aponta soluções,
mas indica o caminho para encontrá-las.
O que se deve fazer na medida do possível, é seguir rigorosamente as regras
definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - para elaboração de
trabalhos científicos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é
da desatenção do autor.
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indiretamente, a uma
Academia de Ciências, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca
incessante do saber científico. Neste sentido, a Metodologia Científica tem uma importância
fundamental na formação do profissional. Se os alunos procuram a Academia para buscar
saber, precisamos entender que Metodologia Científica nada mais é do que o “estudo
dos caminhos do saber”, se entendermos que “método” quer dizer caminho, “logia”
quer dizer estudo e “ciência” quer dizer saber.
Visto que essa disciplina permite o questionamento da realidade, ela tem função
também de oferecer suporte à Pesquisa Científica. Desta forma, ela pode ser entendida
como uma abstração, observando-se a relação intrínseca entre o conhecer e o intervir.
A sua maior importância está na apresentação e exame de diretrizes para a eficácia
do estudo e da aprendizagem. Ela está sincronicamente relacionada com o principal objetivo
da universidade que é ensinar e divulgar o procedimento científico.
Portanto, para adquirir o método de estudo mais adequado e conveniente, o estudante
deve fazer uso dos fundamentos e estratégias da Metodologia Científica, a fim de sistematizar
o conhecimento que o orientará no processo de investigação para tomadas de decisão
oportunas na busca do saber e na formação do seu espírito crítico.
18
MÉTODO E ESTRATÉGIA DE ESTUDO E APRENDIZAGEM
Estudar corresponde a trabalhar. Exige empenho responsável e dedicação generosa.
Conseqüentemente, pressupõe sacrifícios e escolhas conscientes. Quem de fato quer estudar
deve estabelecer uma hierarquia de valores em sua vida.
Já vimos anteriormente que o vocábulo metodologia vem do grego “methodos” (meta
+ hodos = caminho), em latim “methodus”, e indica um caminho para chegar a um fim ou a
um determinado resultado. Nos estudos, a metodologia pretende oferecer ao estudante os
instrumentos necessários e úteis para obter êxito no seu trabalho intelectual, tornando assim
essa atividade menos pesada e mais eficiente.
Agir metodologicamente é condição básica de qualquer pesquisa científica, por mais
elementar que seja. Trata-se efetivamente de um conjunto de processos que o espírito humano
deve empregar na investigação e demonstração da verdade. Não devemos considerar o método
como o essencial, lembrar que ele é um instrumento intelectual, um meio de acesso, enquanto
a inteligência, junto com a reflexão, descobre o que os fatos realmente são.
Um estudo é eficaz quanto se torna significativo, isto é, quando os
novos conhecimentos e informações são assimilados pessoalmente e
confrontados e integrados no complexo de conhecimentos já existentes,
podendo ser reutilizados em outras situações. Assim, o estudo contribui
para a formação integral da pessoa e de sua maturação.
Levando em consideração esse aspecto, é importante que
aprendamos algumas técnicas para estudar. Alguma vez você
já parou e se questionou quanto ao seu método de estudo? Já
se perguntou se a falta de compreensão de uma determinada
leitura está associada a como você está estudando?
Pois então...
Vamos destacar o método correto de estudo e, após análise, você verá se o
faz corretamente.
Fundamentos do Método do Estudo
Entre duas pessoas que tenham o mesmo grau de escolaridade, processos cognitivos
semelhantes e graus de motivação semelhantes, certamente aquele que fizer uso de um método
de estudar compatível terá melhor rendimento. A eficiência do estudo depende de método, mas o
método depende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequando-o as suas necessidades e
convicções. Podemos citar como pontos essenciais para eficiência nos estudos o que se segue:
a) finalidade: desenvolver hábitos de estudo eficientes que não se restrinjam apenas
a determinado setor de atividade ou matéria específica;
b) abrangência: servir de instrumento a todos os que tenham as mesmas necessidades
e interesses, em qualquer fase de desenvolvimento e escolaridade, podendo aperfeiçoarse à medida que o indivíduo progride, através de seus próprios recursos.
19
Fatores Condicionantes do Estudo
O ofício de estudar requer algumas qualidades específicas que podemos sintetizar
na seguinte trilogia: constância, paciência e perseverança. A constância vence
Metodologia
as impressões de falso cansaço que freqüentemente se apoderam do espírito
do Trabalho
e do corpo. A persistência, no entanto, faz as articulações se desenferrujarem,
Acadêmico
os músculos se revigorarem, a respiração se dilatar, de repente, um novo ânimo
empurra para frente; coisa semelhante pode acontecer com os estudos, em vez
de ceder diante dos primeiros sintomas de fadiga, o estudante deve romper
para frente, forçar a saída da energia interior. E a paciência para aguardar com
amor o natural resultado dos esforços desenvolvidos.
É regra de ouro não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu
ritmo próprio e suas limitações. O presunçoso é aquele que se julga superior ao que realmente é
e pode ser, contenta-se com aparências e facilmente é vítima de auto-ilusão. Conhecer os reais
limites pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Quando o
trabalho é fruto do próprio esforço, então é que tem valor, mesmo não atingindo inteiramente a
qualidade acadêmica exigida. Deve-se desistir da tentação de sempre querer comparar-se com
os outros. O que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o
que contribui efetivamente para minha realização humana.
Portanto, as condições físicas e as do seu ambiente de estudo devem ser favoráveis,
possibilitando o trabalho atento e tranqüilo. Criar melhores condições físicas de estudo é
melhorar o seu rendimento. Veja agora alguns fatores e dicas que podem melhorar o seu
desempenho nos estudos:
Fatores Externos:
• Ambiente: Procurar, se possível, um lugar sossegado. O quarto de estudo deve ser bem
arejado e iluminado. Na escrivaninha do estudante devem ser afastados todos os objetos
que podem distrair. O que não pode faltar é um bom dicionário, papel ou fichas, lápis,
borracha e caneta. Uma boa iluminação para estudos à noite, também, é de fundamental
importância. Cada um deve averiguar suas próprias condições de concentração, criando em
torno de si uma “zona de silêncio” que o capacite para o trabalho intelectual. Lembremos
sempre que o silêncio é indispensável para concentração. Logo, rádio, gravador e músicas
gritantes são completamente descartados.
20
• Intercâmbio: É de grande utilidade reunir-se de tempos em
m
tempos com colegas estudantes para trocar experiências
de estudo, confrontar resultados, preparar um exame ou
um debate em aula. Esse tipo de intercâmbio abre novos
horizontes, estimula o esforço e esclarece dúvidas. Vale
ressaltar que, os encontros de estudos devem ser encarados
com seriedade, com tarefas e objetivos determinados, a fim de
e
não se desviar com bate-papos desnecessários.
• Saúde: Questões psicossomáticas influem diretamente nos
estudos. Às vezes tratam-se de casos relativamente simples
de serem resolvidos. Assim, por exemplo, sonolência
constante em períodos de estudos pode ter como motivação
a inadequação do horário de estudo ou tipo de alimentação
efetuada antes do estudo.
• Aspectos Gerais: Conserve-se em boas condições de saúde; cuide dos problemas
físicos porventura existentes e que dificultam a sua atividade de estudar; cuide de sua
higiene pessoal para manter a boa saúde (usando alimentação completa e equilibrada,
comendo lenta e moderadamente, praticando diariamente exercícios físicos, equilibrando
trabalho com repouso e lazer); procure tomar melhores as condições do seu local de
estudo; antes de iniciar o seu estudo, providencie todo o material de que vai necessitar
e arrume-o convenientemente; adquira o hábito de estudar no lugar certo.
Fatores Internos:
• Autodisciplina: No campo da formação intelectual nada se faz sem autodisciplina.
A concentração – elemento primordial nos estudos – depende em boa parte dela, pelo
fato de exigir força de vontade e tenacidade na ação. Sem esta disposição firme e
empenho decidido não adianta absolutamente nada oferecer subsídios metodológicos,
acompanhamento pessoal nos estudos ou técnicas sofisticadas de aprendizagem.
• Motivação: Um fator absolutamente central no estudo é a motivação, ou seja, uma
disposição interior que nos impulsiona a adotar e manter um estilo de vida e um
comportamento que expressam e concretizam valores tidos com importantes. Sem
objetivos concretos, que devem ser constantemente lembrados, corremos o risco de
desanimar diante das primeiras dificuldades que se apresentam, enquanto a experiência
de fracasso provoca uma profunda frustração psicológica. Ao contrário, uma forte
motivação garante um estudo perseverante e bem-sucedido.
• Senso de realismo: É requisito fundamental não empreender nada além da capacidade
pessoal. Cada um tem seu ritmo próprio e suas limitações. Conhecer os reais limites
pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Deve-se
21
desistir da tentação de sempre querer comparar-se com os outros. O que eu
mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o que
contribui efetivamente para minha realização humana.
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
• Aceitação de críticas: O espírito intelectual se traduz no espírito de observação,
no gosto pela precisão e pelas idéias claras, na imaginação ousada, mas regida pela
necessidade de prova, na curiosidade que leva a aprofundar as questões, na sagacidade
e poder de discernimento. Na formação desta mente intelectual a crítica desempenha
um papel primordial. Criticar é julgar, distinguir, analisar para melhor poder avaliar os
elementos da problemática levantada. Em si, nada tem de negativo, pelo contrário, é
elemento imprescindível em toda verdadeira pesquisa científica. O espírito crítico deve
ser formado ao longo dos anos de estudos. Impor-se uma honesta autocrítica e disporse a acolher com benevolência as críticas de outros, principalmente dos educadores,
contribui largamente para o progresso nos estudos. Críticas que partem da sincera
preocupação do fazer o outro crescer incentivam o estudante a sempre dar o melhor
de si, enquanto omissões ou elogios, feitos com o receio de ferir sensibilidades, só
conduzem ao comodismo e à falta de empenho pessoal.
A aprendizagem
O “todo” ajuda a aprender as partes, não são as partes que ajudam a aprender o
“todo”, portanto não se deve procurar aprender por “pedaços”. Toda aprendizagem é uma
“estrutura” que deve ser assimilada globalmente, portanto, deve-se pensar sempre em termos
de totalidade e relação das partes entre si.
Um estudo eficiente passa necessariamente por três etapas que, articuladas, levarão
o educando a atingir com mais eficiência a aprendizagem desejada, denominada aqui de
síncrese, a primeira etapa, análise, a etapa intermediária, e síntese, a etapa final.
• Síncrese - Antes de começar o estudo, marcar o objetivo, dizer a si mesmo até
onde vai chegar, realizar pequenos objetivos de cada vez. Os planos muito arrojados
terminam por desencorajar. Começar o estudo por uma “visão de conjunto” sincrética
ou global, como quem lê uma carta de um fôlego, vá até o fim, não pare no meio,
em seguida faça um resumo do que ficou, não pensando que isto foi aprendizagem.
Todo trabalho que não é encadeado facilmente se perde. Aprender mediante uma
esquematização lógica, pois a inteligência é que é o verdadeiro instrumento da
aprendizagem, é fundamental.
• Análise – Na fase analítica, procura ver e compreender todos os detalhes. Mas
ficando nisso não há aprendizagem, são apenas informações, sem, contudo virá
perder a noção de conjunto adquirida na fase da síncrese. No esquema analítico,
procura-se criar um esquema utilizando diagramas, esboços dos assuntos, flechas,
círculos, quadros onde entrem todos os detalhes, de modo que se coloque em ordem
crescente ou decrescente os itens do texto, valorando cada um deles. A melhor forma
para isso é você quem vai decidir.
• Síntese – Nesta etapa deve-se procurar as leis que regem o fenômeno, procurar os
princípios, as causas e estabelecer os pontos-chaves. Conclusões, regras, definições,
princípios, esquemas, diagramas são sínteses.
22
Estudar é, pois, ir do sincrético (global) pelo analítico (pesquisa e investigação) para
o sintético. Ninguém pode fazer isso por ninguém, se o fizer estará traindo a boa-fé do
estudante, só a pessoa pode aprender, ninguém aprende por ninguém.
Veja o quadro abaixo. De forma resumida, é possível perceber os passos básicos
para uma boa compreensão de texto.
Planejamento e Organização
Não se pode esperar ter êxito nos estudos sem planejamento e organização. O
planejamento diz respeito ao tempo disponível, enquanto a organização se refere à utilização
eficiente deste tempo em termos de estudo. Estudo exige, por sua própria natureza,
autodisciplina e disponibilidade. Devemos garantir o espaço de tempo necessário para a
atividade intelectual através de um horário elaborado a partir da situação pessoal. Elaborar
um “Quadro de Horário” prevendo a distribuição do tempo dedicado ao estudo é um excelente
recurso para otimização do tempo, possibilitando o acompanhamento das tarefas a médio
e longo prazo. Também no sentido de contribuir na organização das atividades seria bom
elaborar um “Quadro de Tarefas”, possibilitando acompanhar as atividades.
Regras gerais de estudo:
As regras que se seguem ajudam a melhorar o rendimento do estudo. Conheça-as
e use-as com bom senso.
• estude individualmente, salvo se tiver a certeza de que estudando com outros você
aumenta a própria eficácia (discutindo pontos de dúvidas, por exemplo);
• tenha idéia clara dos resultados que você deseja alcançar e afaste do seu pensamento
tudo o que seja alheio ao seu estudo;
• aprenda os conceitos, princípios e regras gerais antes de tentar aplicá-los;
• destaque os aspectos importantes de sua tarefa, seja ela qual for, e considere-os de
acordo com essa importância;
• faça constantes revisões, aproveitando tais oportunidades para eliminar os
seus pontos fracos;
• procure resolver as suas dificuldades sozinho, mas não deixe de pedir auxílio se
perceber que ele é mesmo necessário;
• distribua bem os seus esforços durante o estudo, ou seja, estude por etapas a matéria
muito vasta, importante ou difícil. Distribua as etapas por mais de um período de estudo;
23
• aprenda a matéria estudada de modo a poder reduzi-la a uma unidade;
• aplique o aprendido, usando sempre que lhe seja possível.
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Se você adotar as técnicas aqui expostas, em pouco tempo terá aprendido a aprender.
Seu estudo renderá mais, terá maior eficácia. Mas as regras apresentadas não devem escravizálo. Você deverá dominá-las e aplicá-las como um senhor, usando-as em seu proveito.
Agora, segue uma dica muito importante para que todas essas regras gerais de estudo
tenham uma maior relevância:
Não se esqueça de que os bons resultados do seu estudo dependem
de sua capacidade de concentrar-se. A concentração é um dos grandes
segredos da superioridade intelectual. Concentrado, você estará
desperto, ativo e consciente, pronto para compreender, aprender e
pensar. Aí está a chave do sucesso: use-a!
Para ter uma visão mais ampla, observe o quadro abaixo.
24
LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS
É preciso ler, e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não
saberá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental
para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas.
O processo de aprendizagem, no que tange às atividades estudantis, depende,
dentre outros elementos, da capacidade de leitura e assimilação reflexiva dos conteúdos
trabalhados. As leituras necessárias e justificáveis podem ser realizadas de modo proveitoso
e com menor grau de esforço quando efetuadas com base em algumas técnicas. O que é
uma leitura proveitosa, que técnicas podemos fazer uso, que cuidados devemos ter para
maior proveito serão agora objeto do nosso estudo.
Elementos da Leitura
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada
vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação,
disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes
sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência;
quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu.
25
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de
comunicações, principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda
é, fundamentalmente, através da leitura que se realiza o processo de
transmissão/aquisição do conhecimento. Daí a importância capital que se
atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável. Aprender a ler não
é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma
disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem
ser adquiridos através da prática, da experiência.
Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores
vêem o mundo. Para entendê-los é indispensável não só penetrar em seu
conteúdo básico, mas também ter sensibilidade e espírito de busca, para
identificar, em cada texto lido, os vários níveis de significação e as várias
interpretações das idéias expostas por seus autores.
Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas:
podem ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados
que contêm, ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científicos,
incluindo seminários, trabalhos escolares, monografias, etc.
Modalidades de Leitura
A realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se
estabelece entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As nossas leituras têm
origens e objetivos bastante diferenciados. Assim, há leituras de pura informação, como noticiários,
jornais, revistas; leituras de passatempo, como revistas em quadrinhos, romances etc.; leituras
literárias que são, antes de tudo, uma comunicação íntima entre o texto e o leitor.
No caso específico de leituras acadêmicas, trata-se de uma linguagem científica que
se caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. Ela é fundamentalmente informativa
e técnica, firma-se em dados concretos, a partir dos quais analisa e sintetiza, argumenta
e conclui. A objetividade e racionalidade da linguagem científica a distingue de outras
expressões, igualmente válidas e necessárias.
O que é mais presente é a leitura de estudo ou informativa, pois visa à coleta de
informações para determinado propósito, destacando-se três objetivos predominantes:
• certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que
apresenta e as informações que oferece;
• correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o
problema em pauta;
• verificar a validade dessas informações.
Etapas da Leitura
• Decodificação - Tradução dos sinais gráficos em palavras;
• Intelecção - Percepção do assunto, emissão de significado ao que foi lido;
• Interpretação - Apreensão das idéias e estabelecimento de relações entre o texto
e o contexto.
• Aplicação - Função prática da leitura, de acordo com os objetivos que se propôs.
26
Finalidades da Leitura
Informação com ou sem objetivo da aquisição
de conhecimentos.
• Leitura informativa – cultura em geral.
• Leitura formativa – aquisição ou
ampliação de conhecimentos.
Motivação para Leitura
A leitura pode ser feita com diferentes
finalidades. Em outras palavras, você está
lendo para adquirir conhecimentos suficientes
para o levarem ao sucesso.
A seleção dos seus textos de leitura deve ser feita a partir daí. As técnicas
de leitura que você deverá usar serão escolhidas também a partir dessa finalidade
principal. Portanto:
• Determine inicialmente a principal finalidade da leitura mantendo as unidades de
pensamento, avaliando o que se lê;
• Escolha os textos (livros, apostilas, etc.) tendo em vista a finalidade principal da leitura;
• Use as técnicas de leitura mais indicadas à finalidade fixada e aos textos a ler;
• Proceda à leitura com objetivo determinado, preocupando-se com o conhecimento
de todas as palavras, utilizando, para isso, glossários, dicionários especializados da
disciplina ou mesmo dicionário geral;
• Interrompa a leitura, quer periódica quer definitivamente, se perceber que as
informações não são as que esperava ou não são mais importantes;
• Discuta, freqüentemente, o que foi lido com colegas, professores e outras pessoas.
Condições para uma Leitura Proveitosa
Para um estudo proveitoso de um texto, de um artigo ou de um livro, com boa
assimilação de seu conteúdo, alguns passos se fazem necessários:
a) atenção - aplicação cuidadosa e profunda da mente, buscando o entendimento,
a assimilação dos conteúdos básicos do texto;
b) intenção - interesse ou propósito de conseguir algum proveito por meio da
leitura;
c) reflexão - consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos os
ângulos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relações;
d) espírito crítico - ler com espírito crítico significa fazê-lo com reflexão, não admitindo idéias
sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar,
27
e) análise - divisão do tema em partes, determinação das relações existentes
entre elas, seguidas do entendimento de toda sua organização;
Metodologia
do Trabalho
f) síntese - reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendose ao resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for
secundário e acessório, sem perder a seqüência lógica do pensamento.
Acadêmico
Técnicas de Leitura
A leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem, que
pressupõe uma teoria que fundamente o método; uma estratégia a ser empregada; um conjunto
de técnicas; e treinamento. Não há, portanto, soluções miraculosas, é preciso que o interessado
conheça os métodos, verifique a sua real contribuição e, através do treinamento, adquira hábitos
de leitura tecnicamente mais adequados.
Antes de iniciar uma leitura, e particularmente antes de iniciar o período de treinamento,
é importante observar as seguintes condições:
a) ambiente sossegado;
b) luz em posição correta;
c) procurar ler sempre no mesmo local e no mesmo horário (isso ajuda a
condicionar o organismo);
d) posição correta do livro: a mais indicada é a que forme um ângulo próximo de 90
graus com o tórax, a uma distância aproximada de 30 cm dos olhos (estes devem
alcançar um ângulo de visão tal que toda a extensão da linha seja abarcada, sem
movimento ocular);
e) não ler tendo pensamentos que o preocupam e possam obstruir freqüentemente a
dinâmica da leitura: não trabalhar com duas idéias ao mesmo tempo (acaba não havendo
definição de nenhuma);
f) ler com propósito definido e com decisão.
Quem tem possibilidade de fazer leitura oral, convém que, de vez em quando, a exercite.
A leitura oral é sempre indicada quando, após ler e reler um parágrafo ou trecho, ainda não se
conseguiu captar-lhe o sentido. Lembre-se que:
a) o “bom leitor” é capaz de ler alto (caso não tenha impossibilidade física ou de outra
procedência), com clareza e expressão;
b) lê sem tropeços;
c) todos o entendem e ele gosta do que lê;
d) sabe fazer as pontuações e modulações com naturalidade e agrado;
e) o “bom leitor” revela-se pela leitura oral, porque não lê, mas interpreta através da
leitura oral.
Maus Hábitos de Leitura
A maioria dos chamados “maus hábitos” de leitura está relacionado com o emprego dos
olhos. Certos hábitos em si não são nem “bons” nem “maus”, mas passam a sê-lo a partir do
momento em que seu uso prejudica a leitura; isso, provavelmente, vai variar de pessoa para
pessoa, de situação para situação.
28
Eis alguns:
a) Movimentos labiais durante a leitura silenciosa - geralmente são indício de leitura
vagarosa: quem o faz está falando para si mesmo, quer tenha consciência disso, quer
não. Está lendo palavras e não conjunto de palavras de uma só vez. É possível que
o leitor não saiba que move os lábios enquanto lê. É fácil verificá-lo: basta colocar
o dedo indicador sobre os lábios enquanto estiver lendo – sentirá se os lábios se
movem ou não;
b) Movimento da cabeça durante a leitura – este é um defeito apontado unanimemente
pelos autores de técnicas de leitura. Quem move a cabeça enquanto lê está fazendo
com a cabeça o que os olhos deveriam fazer;
c) Percurso do dedo ao longo da linha durante a leitura – é a prática mais controvertida,
inclusive há cursos de leitura dinâmica cuja técnica fundamental é recomendar e
treinar o leitor a ler percorrendo com o dedo a linha que se lê. Por outro lado, outros
condenam a prática alegando que o percurso do dedo, particularmente através de
movimento – parada – movimento – parada ..., está substituindo o movimento que
os olhos deveriam fazer. É difícil decidir quem tem razão. Fica a critério de cada um
verificar o que lhe é mais proveitoso;
d) Hábito de ler os sinais e letras e não as idéias – já foi observado em investigações que
o “bom leitor” geralmente não constata muitos erros gráficos, trocas de letras, deslizes
de ortografia, concordância, etc. Justamente por que lê idéias e não palavras.
Análise de texto
Tendo efetuado a leitura de maneira adequada você pode avançar para a etapa
subseqüente do processo de aprendizagem, que perpassa a análise e interpretação.
Vale destacar que podemos e devemos ter criticidade sobre aquilo que lemos ou
ouvimos, usando do nosso discernimento para identificar o necessário, justificável e essencial,
do circunstancial, esporádico e superficial, pois, ainda que sejamos pelos condicionantes sociais
e acadêmicos obrigados a reproduzir certos conhecimentos, não podemos perder a noção de
análise e reflexão sobre todas as coisas.
Sendo assim, comecemos então a destacar o que é analisar. Analisar significa estudar,
decompor, dissecar, dividir, interpretar. De acordo com esse conceito citado, não nos parece
claro que a todo instante estamos analisando?
A análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade
e implica o exame sistemático dos elementos; portanto, é decompor um todo em suas partes
a fim de poder efetuar um estudo mais complexo, encontrando o elemento-chave do autor,
determinando as relações que prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a maneira
pela qual estão organizadas e estruturadas as idéias de maneira hierárquica.
Através da análise iremos observar os componentes de um conjunto, perceberemos
suas possíveis relações, ou seja, passaremos de uma idéia-chave para um conjunto
de idéias mais específicas.
29
e) reconhecer o valor do material, separando o importante do secundário;
f) desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas;
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
g) encontrar as idéias principais ou diretrizes e as secundárias;
h) perceber como as idéias se relacionam;
i) identificar as conclusões e as bases que as sustentam.
A análise de texto tem como objeto:
a) aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto;
b) reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto;
c) interpretar o texto, familiarizando-se com idéias, estilos, vocabulários;
d) chegar a níveis mais profundos de compreensão;
A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de
leitura. Unidade é um setor do texto que forma uma totalidade de sentido. Assim, pode-se
considerar um capítulo, uma seleção ou qualquer outra subdivisão. Toma-se uma parte
que forme certa unidade de sentido para que se possa trabalhar sobre ela. Dessa maneira,
determinam-se os limites no interior dos quais se processará a disciplina do trabalho de
leitura e estudo em busca da compreensão da mensagem.
De acordo com essa orientação, a leitura de um texto, quando feita para fins de
estudo, deve ser feita por etapas, ou seja, apenas terminada a análise de uma unidade é
que se passará à seguinte. Terminado o processo, o leitor se verá em condições de refazer
o raciocínio global do livro, reduzindo-o a uma forma sintética.
Etapas da Análise e Interpretação de Textos:
O que devo identificar num texto?
Recomendações Esquemáticas:
Recomendações
a) Evite pensar preconceituosamente;
b) É preciso distinguir fatos de opiniões;
c) Evite concluir quando tem insuficiência de dados e quando ainda não formulou
todas as hipóteses possíveis;
d) Pensamentos e opiniões devem ser comprovados.
30
Tema - idéia central ou assunto tratado
pelo autor, o fenômeno que se discute
no decorrer do texto. Em primeiro lugar,
busca-se saber do que fala o texto. A
resposta a esta questão revela o tema ou
assunto da unidade.
Problema - apreensão da problemática,
aquilo que “provocou” o autor, isto é,
pode ser visto como o questionamento
de motivação do autor.
Tese - a idéia de afirmação do autor
a respeito do assunto. Captada a
problemática, a terceira questão surge
espontaneamente: o que o autor fala
sobre o tema, ou seja, como responde
à dificuldade, ao problema levantado?
Que posição assume, que idéia defende,
o que quer demonstrar? A resposta a
esta questão revela tese, proposição
fundamental: trata-se sempre da idéia
mestra, da idéia principal defendida pelo
autor naquela unidade.
Objetivo - a finalidade que o autor
busca atingir. Que mensagem ele espera
transmitir com o texto. O objetivo pode
estar explícito ou implícito no texto.
Idéias centrais - idéias principais do texto.
A cada parágrafo podemos selecionar
idéias centrais ou secundárias.
a) Para uma análise textual (Superficial)
• Estabeleça as várias unidades de leitura;
• Leia rapidamente o texto completo, assinalando na margem as palavras
desconhecidas e pontos que requerem melhor esclarecimento;
• Esclareça o sentido das palavras desconhecidas e as eventuais dúvidas que tenham
surgido no texto;
• Faça um esquema do teor do texto estudado;
• Se possível, informe-se melhor sobre o autor e o texto.
b) Para uma análise temática
• Releia o texto por unidade de leitura, de modo reflexivo, com o propósito de aprender
o conteúdo;
• Procure no texto completo as respostas para perguntas do tipo: de que trata esse
texto? O que mantém a sua unidade global?
• Examine cada elemento do texto identificando se faz parte do esboço do texto
ou se é um elemento que, apesar de importante, rico ou bem documentado é, no
máximo, um elemento complementar ou secundário;
• Só encerre a análise temática quando estiver seguro de que o esquema definitivo
que produziu realmente expressa o pensamento do autor.
c) Para uma análise interpretativa (Raízes)
• Não se deixe tomar pela subjetividade, dramaticidade ou persuasão do texto;
• Relacione as idéias do autor com o contexto filosófico e científico de sua época e
da atualidade;
• Faça uma leitura das entrelinhas a fim de inferir o que não está explícito no texto;
• Adote uma posição crítica, a mais objetiva possível, com relação ao texto;
• Faça o resumo do que estudou;
• Discuta o resultado obtido no estudo.
31
d) Para uma problematização: discussão do texto
• Levantar e debater questões explícitas ou implícitas no texto;
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
• Debater questões afins sugeridas pelo leitor.
e) Para uma síntese pessoal: reelaboração pessoal
• Desenvolver a mensagem mediante retomada pessoal do texto e
raciocínio personalizado;
• Elaborar um novo texto, com redação própria, com discussão e reflexão
pessoais.
32
TÉCNICA PARA SUBLINHAR; TÉCNICA PARA
ESQUEMATIZAR; TÉCNICA PARA FICHAR;
TÉCNICA PARA RESUMIR
Sistematização do Conhecimento
A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo
do conhecimento justifica-se pela compreensão da importância da interação e transformação
recíprocas entre as diferentes áreas do saber. Essa compreensão crítica colabora para a
superação da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a pesquisa e o
ensino como processo reprodutor de um saber parcelado que conseqüentemente muito tem
refletido na profissionalização, nas relações de trabalho, no fortalecimento da predominância
reprodutivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global de sociedade.
Portanto, faz-se necessária a produção e a sistematização do conhecimento, no
sentido de ampliar as possibilidades de minimizar a complexidade do mundo em que
vivemos. Neste sentido, a interdisciplinaridade aparece como entendimento de uma nova
forma de institucionalizar a produção do conhecimento, possibilitando a articulação de novos
paradigmas, as determinações do domínio das investigações, as pluralidades dos saberes
e as possibilidades de trocas de experiências.
A seguir, verificaremos as diversas técnicas de sistematizar o conhecimento e as suas
devidas aplicações práticas. Vamos a elas!
Técnica para Sublinhar
A leitura informativa, também, denominada de leitura de estudo, como visto, pretende,
através das técnicas, evidenciar ao estudante como deve ele proceder para melhor estudar
e absorver os conteúdos e significados do texto. As sucessivas etapas são o caminho a ser
percorrido. Para tanto, mais duas outras técnicas são necessárias: saber como sublinhar e
como fazer os resumos da parte lida.
Em primeiro lugar, devemos compreender que cada texto, capítulo, subdivisão ou
mesmo parágrafo tem uma idéia principal, um conceito fundamental, uma palavra-chave que
se apresenta como fio condutor do pensamento. Como geralmente não se destaca do restante,
descobri-lo é a base de toda a aprendizagem. Na realidade, em cada parágrafo deve-se captar
esse fator essencial, pois a leitura que conduz à compreensão é feita de tal modo que as idéias
expressas são organizadas numa hierarquia para se descobrir a palavra-chave. Ao descobrir,
concretizar e formular as idéias diretrizes dos parágrafos, encontra-se todo o fio condutor que
dá unidade ao texto, que desenvolve o raciocínio que demonstra as proposições.
Por sua vez, a idéia-mestra não se apresenta desprovida de outras, que revelam
pormenores importantes, gravitando ao seu redor, como uma miniatura do sistema solar.
Nas proximidades da idéia principal aparecem argumentos que a justificam, analogias que
a esclarecem, exemplos que a elucidam e fatos aos quais ela se aplica. É por esse motivo
que o bom leitor utiliza o recurso de sublinhar, de assinalar com traços verticais às margens,
de utilizar cores e marcas diferentes para cada parte importante do todo.
Normas para Sublinhar
a) Leitura integral do texto;
b) Esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras;
c) Releitura do texto, para identificar as idéias principais;
d)Não sublinhar após a primeira leitura;
33
e) Ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contêm a idéia-núcleo e
os detalhes mais importantes. Não se sublinha a mesma palavra novamente;
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
f) Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes, usando dois
traços para as palavras-chave e um para os pormenores mais significativos,
assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais
importantes, com dois os tópicos importantíssimos;
g) Assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de
discordância, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis;
h) Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas;
i) Ler o texto sublinhado com continuidade e plenitude de um telegrama.
Técnica para Esquematizar
Depois de assinalar, com marcas ou cores diferentes, as várias partes constitutivas do
texto, após sucessivas leituras, devemos proceder à elaboração de um esquema que respeite a
hierarquia emanada do fato de que, em cada frase, a idéia expressa pode ser condensada em
palavras-chaves; em um parágrafo. A idéia principal é geralmente expressa numa frase-mestra; e
finalmente, na exposição, a sucessão das principais idéias concretiza-se nos parágrafos-chaves.
No esquema, devemos levar em consideração também que as idéias secundárias têm de
ser diferenciadas entre si. Portanto, depois de desprezar as não importantes, deve-se procurar
as ligações que unem as idéias sucessivas, quer sejam paralelas, opostas, coordenadas ou
subordinadas, analisando-se sua seqüência, encadeamento lógico e raciocínio desenvolvido.
Dessa forma, o esquema emerge naturalmente do trabalho de análise realizado.
Assim, teríamos através do esquema uma radiografia do texto, pois nele aparece
apenas o “esqueleto”, ou seja, as palavras-chaves, sem necessidade de se apresentar frases
redigidas. Deve ser elaborado com base na hierarquia das palavras, frases e parágrafoschave que, destacados após várias leituras, devem apresentar ligações entre as idéias
sucessivas para evidenciar o raciocínio desenvolvido.
O esquema é utilizado como trabalho preparatório para o resumo, para
memorizar mais facilmente o conteúdo integral de um texto. Utiliza-se de setas,
linhas retas ou curvas, círculos, colchetes, chaves, símbolos diversos. Pode ser
montado em linha vertical ou horizontal, é importante que nele apareçam as
palavras que contêm as idéias principais, de forma clara, compreensível.
Normas para Esquema
a) seja fiel ao texto;
b) aponte o tema do autor, destaque títulos, subtítulos;
c) seja simples, claro, distribuindo organicamente o conteúdo;
d) subordine idéias e fatos, não os reúna apenas;
e) faça uma distribuição gráfica do assunto, mediante divisões e subdivisões que
representem a sua subordinação hierárquica;
f) construa o esquema através de chaves de separação ou por listagens itemizadas
com diferenciação de espaço e/ou classificação numérica para as divisões e
subdivisões dos elementos;
34
g) lembre-se que o esquema tem, também, um conteúdo pessoal. Cada parágrafo
do texto possui a idéia central e as idéias secundárias.
Técnica para Fichar
Fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou pesquisa. À medida
que o pesquisador tem em mãos as fontes de referência deve transcrever os dados em fichas,
com o máximo de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação
do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para outro. Até certo
ponto, leva o indivíduo a pôr ordem no seu material. Possibilita ainda uma seleção constante
da documentação e de seu ordenamento.
Fichas
Para o pesquisador, a ficha é um instrumento de trabalho imprescindível. Como o
investigador manipula o material bibliográfico, que em sua maior parte não lhe pertence,
as fichas permitem: a) identificar as obras; b) conhecer seu conteúdo;c) fazer citações; d)
analisar o material; e) elaborar críticas.
O sistema de ficha é atualmente utilizado nas mais diversas instituições para serviços
administrativos e nas bibliotecas, onde, para consulta do público, existem fichas de autores,
de títulos, de séries e de assuntos, todas em ordem alfabética. Apresentam vantagens como:
a) fácil manipulação; b) permite ordenação; c) ocupa pouco espaço; d) fácil de transportar;
e) possibilita obter a informação exata, na hora necessária.
ári
ria
a.
Composição/Estrutura das Fichas
A estrutura das fichas, de qualquer tipo,
compreende três partes principais: cabeçalho,
referência bibliográfica e corpo ou texto, a indicação
da obra (quem, principalmente, deve lê-la) e o local
em que ela pode ser encontrada (qual biblioteca).
• cabeçalho - compreende o título genérico, título específico, número de classificação
da ficha, e a letra indicativa da seqüência (quando se utiliza mais de uma ficha, em
continuação). Esses elementos são escritos na parte superior da ficha, em duas
linhas: na primeira, consta apenas, à esquerda, o título genérico remoto, na segunda,
em quatro quadrinhos, da esquerda para a direita, o título genérico, o título específico,
o número de classificação e o código indicativo da seqüência;
• referência bibliográfica - deve sempre seguir normas da ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas. Para proceder-se corretamente é importante consultar
também a Ficha Catalográfica da obra, que traz todos os elementos necessários e,
na ausência dela, a folha de rosto e outras partes do livro, até obter as informações
completas. Quando se trata de revistas e outros periódicos, muitas vezes os
elementos importantes da referência bibliográfica localizam-se na lombada. No caso
de jornais, a primeira página é que fornece a maioria das indicações;
• corpo - o conteúdo que constitui o corpo ou texto das fichas varia segundo o tipo
e finalidade da ficha;
35
• indicação da obra - onde poderá ser utilizada (quer para estudos, pesquisa
em determinada área ou para campos específicos);
Metodologia
do Trabalho
• local - onde pode ser encontrado o livro, pois é possível que uma obra,
depois de fichada, seja necessário voltar a consultá-la.
Acadêmico
O conteúdo das fichas será delineado pelo
propósito da ficha, podendo ser: a) bibliográfica;
b) citações; c) resumo ou conteúdo; d) esboço;
e) comentário ou analítica.
Ficha Bibliográfica
Também denominada de ficha de indicações bibliográficas, trata da reunião de elementos
que permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados
em diversos tipos de material, sendo fundamentalmente os seguintes: autor, título, número
da edição (da segunda em diante); local de publicação; editora; data da publicação; outras
informações (campo do saber; tema; aspectos significativos). Essas indicações bibliográficas
obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Constituem-se,
também, num grande auxílio no momento de colocar as obras em ordem alfabética, para
organizar a bibliografia de um trabalho. Recomenda-se:
a) ser breve - quando se desejam maiores detalhes sobre a obra, o ideal é a ficha de
resumo ou conteúdo, ou, melhor ainda, a de esboço. Na ficha bibliográfica algumas
frases são suficientes;
b) utilizar verbos ativos - para se caracterizar a forma pela qual o autor escreve,
as idéias principais devem ser precedidas por verbos, tais como: analisa, compara,
contém, critica, define, descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere.
c) evitar repetições desnecessárias - não há nenhuma necessidade de colocar
expressões como: esse livro, esta obra, este artigo, o autor.
Ficha de Citações
Enquanto se realiza a leitura analítica ou interpretativa das fontes bibliográficas convém
selecionar trechos de alguns autores, que poderão (ou não) ser usados como citações no
trabalho ou servir para destacar idéias fundamentais de determinados autores, nas obras
consultadas. Deve-se observar os seguintes cuidados:
a) toda citação tem de vir entre aspas - é através desse sinal que se distingue
uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita
que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do fichador os pensamentos
nela contidos;
b) após a citação deve constar o número da página de onde foi extraída - isso
permitirá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfica;
c) a transcrição tem de ser textual - isso inclui os erros de grafia, se houver. Após
eles, coloca-se o termo sic, em minúsculas e entre parênteses ou colchetes;
36
d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da
omissão três pontos precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto
e entre parênteses, no meio;
e) a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizandose uma linha completa de pontos;
f) a frase deve ser complementada, se necessário - quando se extraí uma parte
ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um
esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes;
g) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado
- muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa.
Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da
obra da qual foi extraída a citação.
Ficha de Resumo
Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo
dos aspectos essenciais da obra. Caracteriza-se por:
a) não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição
abreviada das idéias do autor;
b) não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com
suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor;
c) não é longa, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica, que por sua
vez é menos extensa do que a do esboço;
d) não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra; lendo a obra, o estudioso
vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo
a essência do texto.
Técnica para Resumir
Um resumo é uma apresentação breve, concisa e seletiva de um texto que permite
ao destinatário tomar conhecimento de um documento sem a necessidade de ler as partes
componentes. Nele destacam-se os elementos de maior interesse e importância, identificando
as idéias principais do autor e da obra. Um resumo precisa explicitar a abordagem implícita, o
valor dos achados e a originalidade, se houver. A finalidade de se resumir consiste na difusão
das informações contidas em livros, artigos, teses, etc., permitindo, a quem o ler, resolver sobre
a conveniência ou não de consultar o texto completo.
O como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha. Ele pode
ser uma apresentação de um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a
leitura do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo tanto a metodologia e
as finalidades quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utilização em trabalhos
acadêmicos, dispensando, assim, a leitura posterior do texto original; uma análise interpretativa
de um documento criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.
37
Como Resumir
Levando-se em consideração que quem escreve obedece a um plano
lógico através do qual desenvolve as idéias em uma ordem hierárquica, ou
Metodologia
seja, proposição, explicação, discussão e demonstração, é aconselhável,
do Trabalho
em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto, tentando captar o plano
Acadêmico
geral da obra e seu desenvolvimento.
A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questões principais: de que
trata este texto? o que pretende demonstrar? Com isso, identifica-se a idéia central e o
propósito que nortearam o autor.
Em uma terceira leitura, a preocupação é com a questão: como disse? Em outras
palavras, trata-se de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo
significa a compreensão das idéias, provas, exemplos, etc. que servem como explicação,
discussão e demonstração da proposição original (idéia principal). É importante distinguir a
ordem em que aparecem as diferentes partes do texto. Geralmente, quando o autor passa
de uma idéia para outra, inicia novo parágrafo.
Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chaves e entendida a relação
entre as partes essenciais, pode-se passar à elaboração do resumo.
Tipos de Resumo
Com efeito, um resumo pode ser de três tipos:
a) Resumo descritivo ou indicativo
Nesse tipo de resumo descrevem-se os
principais tópicos do texto original e indicamse sucintamente seus conteúdos.
b) Resumo informativo ou analítico
É o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3
ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos,
citações, exemplificações abundantes,
mantendo-se, porém, as idéias principais.
c) Resumo crítico
Consiste na condensação do texto
original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão,
mantendo as idéias fundamentais, mas
permite opiniões e comentários do autor
do resumo sobre o trabalho e não sobre
o autor; pode se centrar na forma (com
relação aos aspectos metodológicos),
do conteúdo (análise do teor em si do
trabalho), do desenvolvimento (da lógica
utilizada na demonstração) e da técnica
de apresentação das idéias principais.
38
Normas Gerais para Resumir
a) evitar começar a resumir antes de levantar o esquema do texto ou de preparar
as anotações da leitura;
b) apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra;
c) não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
d) respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados;
e) empregar linguagem clara e objetiva;
f) evitar a transcrição de frases do original;
g) apontar as conclusões do autor;
h) deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular.
39
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
CONHECIMENTO
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Estrutura e redação de trabalhos acadêmicos;
redação Científica (Normas da ABNT)
Toda atividade pressupõe o uso de normas que visam auxiliar e uniformizar os
procedimentos, melhorando a comunicação de modo geral, além de imprimir qualidade
e facilitar o intercâmbio de informações. Desta forma, a normalização ou o conjunto de
procedimentos padronizados se aplica à elaboração de documentos técnicos e científicos,
organizando conteúdo e forma destes documentos de forma geral.
No caso específico de redação de trabalhos acadêmicos, esta deve atender a algumas
características para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do
leitor sejam eficazes. Alguns dos princípios básicos desta interação que deve existir entre
autor e leitor são os seguintes:
a) Clareza de expressão: Todo o texto escrito deve ser perfeitamente compreensível
pelo leitor. Este não deve ter nenhuma dificuldade para entender o texto. As sentenças
estão bem construídas? As idéias estão bem encadeadas? Há uma seqüência
adequada na apresentação dos seus resultados e de sua argumentação? Leia
cuidadosamente o que escreveu, como se você fosse o seu leitor.
b) Objetividade na apresentação: Convém selecionar os conteúdos que farão
parte do seu texto. Selecione a informação que você dispõe e apresente só o que
for relevante. Elabore um relato lógico, objetivo e, se possível, retilíneo, tanto das
observações como do raciocínio. Isto é ainda mais importante em um artigo, em que
a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor.
c) Precisão na linguagem: A linguagem científica deve ser precisa. Cuidado com termos
vagos ou que podem ser mal interpretados. As palavras e figuras que entrarão no seu
texto devem ser escolhidas com cuidado para exprimir o que o você tem em mente
d) Utilização correta das regras da língua: Escrever erradamente pode resultar
de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, informe-se melhor, consulte
dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca
Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com
desleixo. Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor.
Trabalho Científico
Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas
e com os fins a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só
para a ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também
servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.
40
Os trabalhos científicos, originais, devem permitir a outro pesquisador, baseado nas
informações dadas:
a)reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão
e sem ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor;
b)repetir as observações e julgar as conclusões do autor;
c) verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar
às conclusões.
Aponta-se como trabalhos científicos, aqueles que apresentam uma das seguintes
características:
a) Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas,
estruturas e funções e variações, dados ecológicos, etc.;
b) Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando
uma das mais férteis modalidades de investigação, por submeterem o fenômeno
estudado às condições controladas da experiência;
c)Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à
produção de conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de
hipóteses, teorias, etc.
Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações
primárias ou secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e
com os objetivos propostos.
A seguir, apresentamos algumas normas atualizadas para elaboração de trabalhos
científicos, retiradas da própria ABNT.
41
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Estrutura e redação de trabalhos acadêmicos;
redação Científica (Normas da ABNT)
Resenha
“Resenhar significa fazer uma relação
das propriedades de um objeto, enumerar
cuidadosamente seus aspectos relevantes,
descrever as circunstâncias que o envolvem”.
Fiorini e Platão apud Medeiros, 2003.
A Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos.
Resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo,
na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.
Pode ser conceituado, também, como um resumo crítico, contudo, mais abrangente,
além de reduzir o texto, permite opiniões e comentários, incluindo, ainda, julgamentos de
valor, tais como comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância
da obra com relação às outras do mesmo gênero (ANDRADE, 1995).
É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer
comparação com outras obras da mesma área, e maturidade intelectual, para fazer avaliação
e emitir juízo de valor (ANDRADE, 1995).
Sua finalidade é informar ao leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado
no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas
teorias. A resenha visa, portanto, apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra.
42
Elementos de uma resenha
• Reais: reuniões e acontecimentos em geral;
• Textuais: livros, peças teatrais, texto, filmes e, etc.
Aspectos Gerais (da Resenha)
• Desenvolve a capacidade de síntese, interpretação e crítica;
• Utiliza-se a linguagem na terceira pessoa;
• Conduz o leitor para informações puras;
• Resenha é diferente de Resumo. Ela admite juízo valorativo, comentário, crítica,
enquanto o resumo pode abolir tais elementos.
Estrutura da Resenha Crítica
a) Referência Bibliográfica:
• Autor. Título da obra. Local da edição, Editora, Data. Número de páginas.
b) Credenciais do autor:
• Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, cargos
exercidos e obras publicadas.
c) Resumo da obra (digesto):
• Resumo das principais idéias expressas pelo autor;
• Descrição sintetizada do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a obra.
d) Conclusões da autoria:
• Podem ser separadas no final da obra ou apresentadas no final dos capítulos.
Caso não se apresentem separadas do corpo da obra, o resenhista, analisando
o trabalho, deve indicar os principais resultados obtidos pelo autor.
• Indica os resultados obtidos pelo autor;
• Quais as conclusões a que o autor chegou?
43
e) Metodologia do autor:
• Método de abordagem;
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
• Método de procedimento;
• Modalidade empregada;
• Técnicas utilizadas.
f) Crítica do resenhista (apreciação da obra):
• É o momento de posição pessoal do resenhista:
• Julgamento da obra do ponto de vista metodológico (coerência entre a posição
central e a explicação, discussão e demonstração; adequado emprego de métodos
e técnicas específicas).
• Qual a contribuição da obra?
• Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista?
g) Indicações do resenhista:
• A quem é dirigida a resenha (estudantes, especialistas, leitores em geral)
• Fornece subsídios para o estudo de que disciplina(s)?
• Pode ser adotada em que tipo de curso?
Artigo Científico
O artigo científico consiste na apresentação sintética dos resultados da pesquisa ou
estudo realizados a respeito de uma questão, contendo idéias novas ou abordagens que
complementam estudos já feitos, observando-se a sua apresentação em tamanho reduzido,
o que limita de constituir-se em matéria para dissertação, tese ou livro.
O objetivo principal de um artigo é o de ser uma maneira rápida e sucinta de divulgar,
em revistas especializadas, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias
que serviram de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados
alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de pesquisa ou análise de
uma questão (KOCHE, 1997, p. 149).
44
A arte de escrever artigos científicos constrói-se no dia-a-dia, através da experiência
e da cultura. Para se fazer um bom artigo científico deve-se fazer uma descrição seqüencial
dos componentes típicos de um documento desta natureza.
O artigo científico comunica idéias e informações de maneira clara e concisa. Sua
característica principal é ser publicado em periódicos científicos.
Quanto à análise de conteúdo, os artigos estão divididos nos seguintes tipos:
• Artigo de divulgação: É o relato analítico de informações atualizadas sobre um
tema de interesse para determinada especialidade. Não requer necessariamente
uma revisão de literatura retrospectiva.
• Artigo de revisão: São conhecidos como “reviews”. Os artigos de revisão com
enfoque histórico devem obedecer a uma ordem cronológica de pensamento.
A estrutura e a apresentação de um artigo científico se modificam de uma revista
para outra.
A ABNT apresenta na NBR 6022 (antiga NB 61) algumas condições exigíveis para
orientar colaboradores e editoras de publicações periódicas, no sentido de uma apresentação
racional e uniforme dos artigos nela contidos.
Considera-se como didático para a elaboração de um artigo científico a estrutura que
segue abaixo:
• Título (Title). Descreve de forma lógica, rigorosa, breve e gramaticalmente correta
a essência do artigo. Por vezes, opta-se por títulos com duas partes.
• Autor e filiação (Author and affiliation). Indicação do nome do autor (ou autores) e
da instituição a que pertence(m). É freqüente indicar também o endereço de correio
eletrônico.
• Resumo (Abstract). Não deve exceder 200 palavras e deve especificar de forma
concisa, mas não telegraficamente. O resumo não é uma introdução ao artigo,
mas sim um descrição sumária da sua totalidade, na qual se procura realçar os
aspectos mencionados. Não se devem citar referências bibliográficas no resumo.
Convém lembrar que um resumo pode vir a ser posteriormente reproduzido em
publicações que listam resumos (de grande utilidade para o leitor decidir se está ou
não interessado em obter e ler a totalidade do artigo).
• Palavras-chaves (Keywords). Por vezes é pedido que um artigo seja acompanhado
por um conjunto de palavras-chaves que caracterizem o domínio ou domínios em
que ele se inscreve. Estas palavras são normalmente utilizadas para permitir que
o artigo seja posteriormente encontrado em sistemas eletrônicos de pesquisa. Por
isso, deve-se escolher palavras-chaves tão gerais e comuns quanto possível.
• Introdução (Introduction). A introdução fornece ao leitor o enquadramento para
a leitura do artigo e deve esclarecer a natureza do problema cuja resolução se
descreve no artigo.
• Corpo do artigo (Body of the paper). Constitui a descrição, ao longo de vários
parágrafos, de todos os pontos relevantes do trabalho realizado.
• Conclusões (Conclusions). Devem ser enunciadas claramente e deverão cobrir
o que é que o trabalho descrito no artigo conseguiu e qual a sua relevância, e as
vantagens e limitações das propostas que o artigo apresenta.
•Agradecimentos (Acknowledgments). Um artigo científico resulta, com freqüência,
do empenho de muita gente, para além dos que o assinam como autores
45
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
elementos da equipe e amigos que contribuíram, de uma forma ou
outra, para a sua existência e qualidade. É neste ponto de um artigo
científico (entre as “Conclusões” e as “Referências”) que se colocam os
“Agradecimentos”.
• Referências (References). Trata-se de uma listagem dos livros, artigos ou
outros elementos bibliográficos que foram referenciados ao longo do artigo.
Papers
Paper consiste em um “pequeno artigo científico ou texto elaborado para
comunicação em congressos sobre determinado tema ou sobre os resultados de
um projeto de pesquisa. Deve possuir a mesma estrutura formal de um artigo”
(MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993, p. 71).
Comunicações Científicas
A comunicação científica, segundo Asti Vera (1976, p. 164), “é uma informação
limitada pela sua extensão pelas normas estabelecidas pelo local onde é apresentada”
(congressos, jornadas, sociedade científica, seminários, semanas de estudos e outros
eventos científicos), “na qual se expõem os resultados de uma pesquisa original”, inédita e
criativa, a ser posteriormente publicada em anais ou revistas científicas.
A comunicação científica deve trazer informações científicas novas e atualizadas de um
tema ou problema ou conter revisão crítica dos estudos realizados, mas “não permite, devido
à sua redação, que os leitores possam verificar tais informações: as notas simplesmente
informam” (SALVADOR, 1982, p. 23).
A comunicação é considerada um trabalho informativo devido ao tempo limitado do
relato da informação em eventos científicos e também aos resultados da pesquisa que,
muitas vezes, ainda estão em andamento.
Ao apresentar a comunicação, o pesquisador deverá enfatizar o que está estudando,
os procedimentos metodológicos, formulando de forma precisa, clara e simples o tema
investigado e a síntese completa das principais informações e/ou argumentos ao público
apresentados (MARCANTONIO; SANTOS;LEHFELD, 1993, p. 71).
Tendo em vista os princípios da comunicação, esta não precisa se deter muito em
desenvolvimento analítico, o importante é apresentar a idéia, a teoria ou o experimento
realizado de maneira bem fundamentada (ASTI VERA, 1976, p. 164).
Embora a comunicação científica seja predominantemente uma apresentação oral,
pode o pesquisador pretender publicá-la sobre a forma escrita.
Para tal, deve-se cuidar da linguagem, da forma e da estrutura de sua apresentação,
exigindo um rigor metodológico e aparato técnico comuns a todo tipo de trabalho científico.
Relatório
O relatório consiste na apresentação final de estudo, pesquisa e atividade em que, além dos
dados coletados, o autor comunica resultados, conclusões e recomendações a respeito do assunto
trabalhado. Para Keller e Bastos (1991, p. 74), o relatório é constituído dos seguintes elementos:
a) apresentação: capa e folha de rosto;
46
b) resumo: Ver texto “Artigo científico”;
c) introdução: inclui objetivos, justificativas e hipóteses trabalhadas;
d) metodologia: inclui técnicas utilizadas, universo (população) da pesquisa e amostra;
e) embasamento teórico: teoria que sustenta o trabalho, levantamento de estudos
já realizados sobre o assunto e definição de conceitos;
f) apresentação dos dados coletados e análise dos mesmos;
g) interpretação dos dados coletados e analisados;
h) conclusão: decorrência natural da análise e interpretação dos dados;
i) recomendação e sugestões: indicações práticas extraídas das conclusões;
j) apêndice: materiais ilustrativos elaborados pelo autor do relatório;
k) anexo: materiais ilustrativos não elaborados pelo autor do relatório;
l) referências bibliográficas: relação das obras e documentos consultados, de
acordo com as normas atuais da ABNT.
Memorial
Trata-se de uma autobiografia que descreve, analisa e critica acontecimentos sobre a
trajetória acadêmico-profissional e intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência.
Deve incluir todas as fases do autor, enfatizando-se as fases mais significativas e importantes. Devese destacar as experiências mais relevantes, fazendo-se um comparativo entre a vida profissional
e a vida pessoal, evidenciando-se as influências de uma para com a outra e vice-versa.
O memorial deve ser iniciado com uma breve introdução, evidenciando a finalidade
da elaboração do mesmo. Deve-se incluir em sua estrutura informações significativas, como
formação do autor, atividades tecno-científicas e artístico-culturais importantes, produções
científicas, dentre outras. O texto do memorial deve ser escrito na primeira pessoa do singular.
Estrutura de um Memorial:
a) Capa e folha de rosto – deve conter nome, título (memorial), local, ano;
b) Sumário – deve vir logo depois da folha de rosto;
c) Corpo do memorial – apresenta-se de forma narrativa. Deve-se inserir comentários
sobre as diversas etapas da vida pessoal, acadêmica e profissional do autor. As folhas
devem vir numeradas com algarismos arábicos.
Apresentação Gráfica de um Memorial (formatação)
a) Formato do papel – recomenda-se a utilização de papel A4 (210x297mm);
b) Digitação – margens: superior, inferior e esquerda = 3cm e inferior = 2cm;
c) Entrelinhamento do texto – 1,5 linha;
47
d) Fonte e tamanho da letra – preferencialmente Times New Roman
ou Arial 12;
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
e) Paginação – Numerar as páginas com algarismos romanos minúsculos
no centro inferior, sendo que a capa e a folha de rosto não são contadas e
não recebem número. As folhas textuais são numeradas com algarismos
arábicos, no canto superior direito, ou centralizada ao pé da folha. A primeira
folha de texto é contada, mas não numerada.
Seminário, painel e mesa redonda
Seminário
O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate,
constituindo-se numa das técnicas mais eficientes de aprendizagem, quando convenientemente
elaborado e apresentado. A pesquisa, especialmente a bibliográfica, é o primeiro passo,
requisito indispensável na elaboração do seminário. A pesquisa leva à discussão do material
pesquisado, mas, para que os objetivos sejam alcançados, não se pode dispensar o debate.
Objetivos do seminário:
• aprofundar o estudo a respeito de determinado assunto;
• desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise sistemática dos fatos, através
do raciocínio, da reflexão, preparando o aluno para a elaboração clara e objetiva
dos trabalhos científicos.
O seminário possibilita:
• Ensinar pesquisando;
• Revelar tendências e aptidões para a pesquisa;
• Ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual;
• Ensinar a coletar material para análise e interpretação crítica de trabalhos mais
avançados;
• Ensinar a trabalhar em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual
entre os educandos;
• Ensinar a sistematizar fatos observados e a refletir sobre eles;
• Levar a assumir atitude de honestidade e exatidão nos trabalhos efetuados;
• Dominar a metodologia científica geral.
48
Palestra e conferência
Palestra
A palestra é uma atividade pedagógica centrada em exposição oral acerca de
um tema ou assunto. Objetiva suscitar, motivar, esclarecer e divulgar, em linhas gerais,
a experiência e o trabalho desenvolvido pelo palestrante acerca de um dado tema ou
assunto. A palestra caracteriza-se enquanto atividade na qual o palestrante desenvolve de
modo metódico e estruturado o tema ou assunto, sem aprofundar-se, ainda que de modo
esclarecedor e contributivo para a sua audiência, evidenciando a relevância de tais estudos
e/ou experiências.
A duração considerada adequada para uma palestra e esclarecimento de possíveis
indagações é de 1:30 min (uma hora e trinta minutos), que poderão ser dirigidas durante ou
ao final da palestra, como melhor convier ao palestrante.
Conferência
Conferência é uma exposição científica, oral, acerca de um determinado tema, realizada
por especialista, de modo simples e direto, permitindo ao público compreender e assimilar
melhor o que está sendo exposto. Ao término da conferência, o conferencista poderá facultar aos
participantes a formulação de indagações sobre os pontos que desejam esclarecer. A duração
considerada adequada para a conferência deve ser de 1h (uma hora), em razão de indagações
dirigidas pela platéia ao conferencista. Considera-se 30’ min (trinta minutos) um tempo ideal
para exposição, pois o alongar da mesma torna-a cansativa, com perda de interesse.
49
A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Conceito de Pesquisa Científica. Finalidades
e Requisitos da Pesquisa Científica
Conceito, Finalidades e Requisitos da Pesquisa Científica
Aquilo que se sabe quando ninguém nos interroga,
mas que não se sabe mais quando devemos
explicar. É algo sobre o que se deve refletir. E
evidentemente algo sobre o que, por alguma
razão,dificilmente se reflete.
WITTGESTEIN apud MEDEIROS, 2003, p. 56.
Pode-se definir pesquisa como um processo formal e sistemático, controlado e
crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo
do conhecimento. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informações suficientes
para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal
estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento
reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer
a realidade ou para descobrir verdades parciais. O desenvolvimento de um projeto de
pesquisa compreende seis passos:
1.Seleção do tópico ou problema para a investigação;
2. Definição e diferenciação do problema;
3. Levantamento de hipóteses de trabalho;
4. Coleta, sistematização e classificação dos dados;
5. Análise e interpretação dos dados;
6. Relatório do resultado da pesquisa.
Linguagem Científica
Há, de modo geral, uma tendência a descuidar-se da linguagem quando se redige um
trabalho científico ou técnico, talvez sob a alegação de que não se trata de trabalho literário.
Importa respeitar, ao menos, os seguintes aspectos fundamentais:
a) correção gramatical: convém sempre solicitar a contribuição de um conhecedor
da língua e da gramática para nos auxiliar;
b) exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científica;
c) cuidado em evitar parágrafos extensos, construir períodos com no máximo duas ou três
50
linhas, bem como parágrafos com cinco linhas cheias, em média, e no máximo oito;
d) preocupação em redigir com um estilo capaz de equilibrar a simplicidade com o
movimento, evitando o colóquio excessivamente familiar e vulgar, os recursos retóricos;
e) simplicidade do texto: com palavras conhecidas de todos é possível escrever de maneira
original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem articuladas;
f) linguagem direta, pois conduz mais facilmente o leitor à essência do texto, dispensando
detalhes irrelevantes e indo diretamente ao que interessa, sem rodeios;
g) precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo;
h) impessoalidade: contribui grandemente para a objetividade da redação dos trabalhos
científicos, devendo-se usar verbos nas formas que tendem à impessoalidade;
i) não começar períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem usar
repetidamente a mesma estrutura de frase;
j) evitar longas citações e relatar o fato com o menor número possível de palavras;
k) recorrer aos termos técnicos somente quando absolutamente indispensáveis e,
nesse caso, colocar o seu significado entre parênteses;
l) evitar palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentem transmitir ao leitor
mera idéia de erudição;
m) ser rigoroso na escolha das palavras do texto, desconfiando dos sinônimos
perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões;
n) encadear o assunto de maneira suave e harmoniosa, evitando a criação de um
texto no qual os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos
estanques, sem nenhuma fluência entre si.
Técnicas de Pesquisa
Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou
arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza
inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos.
As técnicas de pesquisa podem ser categorizadas em três grandes grupos: documentação
indireta; documentação direta; e observação direta intensiva, a seguir delineadas.
• Documentação indireta: Toda pesquisa implica o levantamento de dados de
variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregados.
É a fase da pesquisa realizada com intuito de recolher informações prévias
sobre o campo de interesse. Esse levantamento de dados, primeiro passo de
qualquer pesquisa científica, é feito de duas maneiras: pesquisa documental
(ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias).
a) Pesquisa documental: a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem
ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois.
51
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo,
desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias,
teses, etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética
e audiovisuais: filme e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em
contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto.
Esses documentos permitem ao cientista o reforço paralelo na análise de
suas pesquisas ou na manipulação de suas informações.
b) Pesquisa bibliográfica: A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias,
•Documentação direta: A documentação direta constitui-se, em geral, no
levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Esses
dados podem ser obtidos de duas maneiras: através da pesquisa de campo
ou da pesquisa de laboratório.
a) Pesquisa de campo: Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de
conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual
se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda,
descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.
b) Pesquisa de laboratório: A pesquisa de laboratório é um procedimento de
investigação mais difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será
ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específico, preciso e
ambientes adequados.
Níveis de Pesquisa
Outro modo de delinear os diferentes tipos de pesquisa é considerar o nível de
progresso decorrente da pesquisa, assim como do uso de conhecimentos já a disposição,
da utilização dos mesmos e da constituição desse conhecimento inovador.
• Pesquisa Bibliográfica: A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material
já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora
em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza,
há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. As
pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das
diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas
quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
• Pesquisa Documental: A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa
bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes.
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições
dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de
materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que ainda podem ser
reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa
documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica, cabendo considerar
que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo por
material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental as fontes são
muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos “de primeira
mão”, que não receberam nenhum tratamento analítico, e os “de segunda mão”,
que, de alguma maneira, já foram analisados.
• Pesquisa Experimental: De modo geral, o experimento representa o melhor
52
exemplo de pesquisa científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste
em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes
de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a
variável produz no objeto.
•Estudo de Caso: O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo
e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros
delineamentos considerados. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas
pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais
de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou
reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em
que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado
em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as informações disponíveis fossem
suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes de comunidades de base
e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica em algum desses
tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado.
• Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia, em
virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas
ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios
como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos.
A despeito, porém, destas críticas, vem sendo reconhecida como muito útil, sobretudo
por pesquisadores identificados por ideologias “reformistas” e “participativas”.
• Pesquisa Participante: A pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação,
caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações
investigadas. Há autores que empregam as duas expressões como sinônimas.
Todavia, a pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de
caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez,
envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a
ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a
primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao
homem criar, trabalhar e interpretar a realidade, sobretudo a partir dos recursos que
a natureza lhe oferece.
Fases da Pesquisa Científica
• Escolha do Tema: tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho
de definir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa.
Nesse caso, deverá ser freqüentemente revisto.
• Levantamento de Dados: Para obtenção de dados podem ser utilizados três
procedimentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos.
A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais
e relevantes relacionados com o tema.
• Formulação do Problema: Problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no
conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma
solução. Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos.
Na formulação de um problema deve haver clareza, concisão e objetividade.
53
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
• Definição dos Termos: O objetivo principal da definição dos termos é
torná-los claros, compreensivos e objetivos e adequados. É importante
definir todos os termos que possam dar margem a interpretações errôneas.
O uso de termos apropriados, de definições corretas contribui para a melhor
compreensão da realidade observada.
• Indicação de Variáveis: Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser
feita também a indicação das variáveis dependentes e independentes. Elas
devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma operacional.
• Delimitação da Pesquisa: Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação.
A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto – selecionando um tópico, a fim de
impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão – porque nem
sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se desenrola.
• Seleção dos Métodos e Técnicas: Os métodos e as técnicas a serem empregados
na pesquisa científica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da
formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra.
• Organização do Instrumental de Pesquisa: A elaboração ou organização dos
instrumentos de investigação não é fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante
no planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre pesquisa científica oferecem
esboços práticos que servem de orientação na montagem dos formulários, questionários,
roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros aspectos, além de dar
indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma pesquisa.
Linguagem Científica; tipos de pesquisa científica;
pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa.
Tipos de Pesquisa
A pesquisa é denominada de pura quando busca o progresso da ciência, procura
desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com suas aplicações
e conseqüências práticas. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e objetiva
à generalização, com vistas à construção de teorias e leis.
A pesquisa aplicada, por sua vez, apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa
pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento; todavia,
tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e conseqüências
práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos voltada para o desenvolvimento
de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa realidade circunstancial.
De modo geral é este o tipo de pesquisa a que mais se dedicam os psicólogos, sociólogos,
assistentes sociais e outros pesquisadores sociais.
As pesquisas podem ainda ser classificadas segundo diferentes categorias. Podemos,
entretanto, distinguir três níveis de pesquisa descrição, classificação e explicação. A
classificação mais adotada, na atualidade, classifica as pesquisas em três tipos: estudos
exploratórios, estudos descritivos e estudos que verificam hipóteses causais.
• Pesquisas Exploratórias: Têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer
e modificar conceitos e idéias, com vistas à formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa,
estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente,
54
envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e
estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas quantitativas de coleta
de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas. São desenvolvidas
tais pesquisas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo,
acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando
o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses
precisas e operacionalizáveis.
• Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo primordial a descrição das características
de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma
de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas
de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm
por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade,
sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde, etc. Pesquisas que se
propõem estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as
condições de habitação de seus habitantes, etc. Algumas pesquisas descritivas vão
além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo
determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa descritiva
que se aproxima da explicativa.
• Pesquisas Explicativas: Têm como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de
pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o
porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco
de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento
científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isto
não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor,
porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam
obter explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de
outra, descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno
exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. As pesquisas explicativas
nas ciências naturais valem-se quase que exclusivamente do método experimental.
Nas ciências sociais, em virtude das dificuldades já comentadas, recorre-se a outros
métodos, sobretudo ao observacional. Nem sempre se torna possível a realização
de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas,
sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle,
chegando mesmo a ser designadas “quase-experimentais”.
Pesquisa Quantitativa
Adequada quando se deseja conhecer a extensão (estatisticamente falando) do objeto
de estudo, do ponto de vista do público pesquisado. Aplica-se nos casos em que se busca
identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos, comportamentos,
seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição. Ou seja, o método
quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e aparente. Seus resultados
podem refletir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus segmentos, de acordo
com a amostra com a qual se trabalha.
O instrumento de coleta de dados mais utilizado é o questionário, que pode conter questões
fechadas (alternativas pré-definidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre).
55
Técnicas Utilizadas na Pesquisa Quantitativa
A metodologia quantitativa, de modo geral, é a mais utilizada em pesquisa
de mercado e opinião. Esta metodologia permite mensurar opiniões, reações,
Metodologia
sensações, hábitos e atitudes, etc., de um universo (público-alvo) através de
do Trabalho
uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada.
Acadêmico
As amostras podem ser aleatórias ou por cotas (estratos pré-definidos de
sexo, idade, classe social, região, etc).
O método quantitativo orienta para a utilização de questionários estruturados
predominantemente elaborados com questões fechadas (lista de respostas pré-codificadas).
Em toda pesquisa quantitativa, sem exceção, é necessário calcular a margem de erro
para o grau de confiança que se pretende, podendo, assim, tomar decisões com segurança.
A pesquisa quantitativa é realizada a partir de entrevistas individuais, apoiadas por
um questionário convencional (impresso) ou eletrônico (computador ou Pocket PC).
As entrevistas são conduzidas por um entrevistador ou através de auto-preenchimento.
Algumas técnicas de abordagem utilizadas são:
• Face a face: Entrevistas realizadas pessoalmente junto ao entrevistado. Estas
entrevistas, dependendo do objetivo da pesquisa, podem ser realizadas no domicilio,
no local de trabalho, em pontos de fluxo (abordagem de indivíduos em trânsito)
ou em local pré-definido, preparado para realização de entrevistas com indivíduos
recrutados previamente.
• Por telefone: Entrevistas realizadas via telefone, assistenciadas por um questionário
eletrônico formatado para receber as informações diretamente no sistema de
processamento. Esta técnica garante um controle de qualidade ainda maior que
as demais técnicas de abordagem, pois, além de permitir o acompanhamento
simultâneo das entrevistas (através de escuta programada), é possível também
realizar uma crítica eletrônica em tempo real, evitando inconsistências de aplicação do
questionário. Outras vantagens asseguradas são o prazo e o custo, que normalmente
tendem a ser menores.
• Pela Internet: Entrevistas realizadas junto a um público especifico que
comprovadamente tenha acesso à internet. Esta técnica permite agilidade na
fase de coleta e processamento de dados, além de garantir ao entrevistado total
impessoalidade no registro das informações.
• Auto-Preenchimento: Até pouco tempo a única maneira utilizada era o questionário
impresso, enviado para um grande número de pessoas (em virtude do baixo índice
de retorno de questionários preenchidos) de um determinado segmento. Com os
recursos tecnológicos, este método passou a ser realizado, também, através de
palm e internet.
• Arrolamento: Esta técnica, na realidade, é um levantamento ou contagem de
eventos, realizado através da observação e registro de informações de transeuntes,
veículos ou equipamentos urbanos, seja de caráter público, empresarial ou
domiciliar. Normalmente usa-se esta técnica quando queremos saber, por exemplo,
qual o número diário de freqüentadores de um shopping center, ou qual o número
de consumidoras que foram atraídas por uma promoção em um supermercado,
ou quantos supermercados, farmácias, postos de gasolina, etc. existem em uma
determinada região geográfica. O instrumento de coleta pode ser através de planilha
de preenchimento linear, gravador, palm (coletor de dados) ou um contador mecânico
utilizado especialmente para este fim.
56
Na pesquisa quantitativa, a fim de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística
nos dirão se os resultados obtidos são significativos ou mero fruto do acaso.
A pesquisa qualitativa é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de
parâmetro para definição do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já
diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de mercados, levantamento de
preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões sobre temas políticos,
econômicos, sociais, dentre outros aspectos.
Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo têm início com
a definição dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida, faz-se o levantamento
amostral do universo, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração e aplicação
de pré-teste para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração,
cruzamento e tabulação dos dados; e, por fim, elaboração de relatórios para análise estratégica.
Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito
diferentes. Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários
ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos
experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem,
em geral, ao pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para
todas as ciências, calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas
se recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma
das ciências da natureza e devam legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis
que venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais.
Um segundo marco que separa a pesquisa qualitativa dos estudos experimentais
está na forma como apreende e legitima os conhecimentos. A abordagem qualitativa
parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma
interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados,
conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo
de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não
é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos
criam em suas ações.
Aspectos da Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa tem alguns aspectos característicos, tais como:
a) A delimitação e formulação do problema - o problema, na pesquisa qualitativa,
não é uma definição apriorística, fruto de um distanciamento que o pesquisador se
impõe para extrair as leis constantes que o explicam e cuja freqüência e regularidade
pode-se comprovar pela observação direta e pela verificação experimental. O problema
decorre, antes de tudo, de um processo indutivo que se vai definindo e se delimitando
na exploração dos contextos ecológico e social, onde se realiza a pesquisa; da
observação reiterada e participante do objeto pesquisado e dos contatos duradouros
com informantes que conhecem esse objeto e emitem juízos sobre ele.
b) O pesquisador - é parte fundamental da pesquisa qualitativa. Ele deve,
preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para assumir uma
atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar explicações nem
conduzir-se pelas aparências imediatas, a fim de alcançar uma compreensão
57
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
c) os pesquisados - na pesquisa qualitativa todas as pessoas que participam
da pesquisa são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos
e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam.
Pressupõe-se, pois, que elas têm um conhecimento prático, de senso comum
e representações relativamente elaboradas que formam uma concepção de
vida e orientam as suas ações individuais;
d) os dados - os dados não são coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em um
instante de observação. Eles se dão em um contexto fluente de relações: são “fenômenos”
que não se restringem às percepções sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma
complexidade de oposições, de revelações e de ocultamentos. Na pesquisa qualitativa todos
os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações
e sua ocasionalidade, a freqüência e a interrupção, a fala e o silêncio.
Algumas pesquisas qualitativas não descartam a coleta de dados quantitativos,
principalmente na etapa exploratória de campo ou nas etapas em que estes dados podem
mostrar uma relação mais extensa entre fenômenos particulares.
Técnicas de Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a descoberta
de fenômenos latentes, tais como a observação participante, pesquisa-ação e pesquisaintervenção, história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não-diretiva, estudo
de caso etc., que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas,
se baseia na racionalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em seu contexto
ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografias e analisando documentos obtémse um volume qualitativo de dados originais e relevantes, não filtrados por conceitos
operacionais, nem por índices quantitativos.
A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas técnicas não deve construir
um modelo único e exclusivo. A pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do
pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada
ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da
investigação. O pesquisador deverá, porém, expor e validar os meios e técnicas adotados,
demonstrando a cientificidade dos dados colhidos e dos conhecimentos produzidos.
58
Projeto de Pesquisa Científica; Relatório de Pesquisa
O projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e
apresentação da pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o
investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos,
sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância.
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos
objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação
para a elaboração do relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, portanto,
deve responder às clássicas questões: o quê? por quê? para quê e para quem? onde?
como, com quê, quanto e quando? quem? com quanto?
Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em
primeiro lugar, exigem-se estudos preliminares que permitirão verificar o estado da questão que
se pretende desenvolver sob o aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal
esforço não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integração
na teoria existente e a análise do material já disponível será incluída no projeto, sob o título de “revisão
da bibliografia”. A seguir, elabora-se um anteprojeto de pesquisa, cuja finalidade é a integração
dos diferentes elementos em quadros teóricos e aspectos metodológicos adequados, permitindo
também ampliar e especificar os quesitos do projeto, a “definição dos termos”. Finalmente, preparase o projeto definitivo, mais detalhado e apresentando rigor e precisão metodológicos.
59
Pesquisa-Piloto ou Pré-Teste
Uma vez terminado o projeto de pesquisa definitivo, a tentação de iniciar
imediatamente a pesquisa é muito grande. Todas as etapas foram previstas, as
Metodologia
hipótese enunciadas, as variáveis identificadas, a metodologia minuciosamente
do Trabalho
determinada, incluindo as provas estatísticas a que serão submetidos os dados
Acadêmico
colhidos; portanto, por que não começar incontinente a coleta de dados?
A aplicação da pesquisa-piloto é um bom teste para os pesquisadores. Finalmente, o
pré-teste permite também a obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados, podendo,
inclusive, alterar hipóteses, modificar variáveis e a relação entre elas. Dessa forma, haverá maior
segurança e precisão para a execução da pesquisa.
Estrutura do Projeto de Pesquisa
• Capa: Constituída pelos seguintes elementos:
a) entidade
b) título (e subtítulo, se houver) - denominação do projeto.
• Sumário: Relacionar nos itens e subitens que compõem o projeto, com o respectivo
número da página onde o mesmo pode ser encontrado.
• Apresentação: Composto por dois elementos chaves, Quem apresenta, que deverá
efetuar um breve histórico e experiências desenvolvidas e realizadas pela Organização e
pela Coordenação responsável, e O que apresenta, que também será composto por um
breve histórico da atividade em questão e O que espera com tal apresentação.
• Objeto: Composto pela caracterização do O que é a atividade ou trabalho científico de
maneira sucinta, óbvia e lúcida.
• Finalidade: Composto pelo termo Para que é tal trabalho científico, descrito no seu
contexto geral e específico.
a) Objetivo Geral
b) Objetivos Específicos
• Justificativa / fundamentos: Versa acerca do O por quê da existência da atividade
proposta, evidenciando ainda os fundamentos, quer teóricos, quer práticos que o
sustentam.
• Método: Versa acerca de como será realizada a atividade, o modo, a maneira.
• Recursos: Busca atender às indagações acerca de com quem, com quanto e com que
será realizado, desdobrando-se nos seguintes elementos:
a) Humanos
b) Financeiros
c) Técnicos (conhecimento teórico/prático científico)
d) Materiais
- De consumo
- De uso permanente
• Bibliografia: Relacionar as fontes consultadas, indicadas e/ou existentes afeitas ao
assunto desenvolvido no projeto em questão.
60
• Anexos: Relacionar e inserir os formulários citados no corpo do projeto e que serão
utilizados no desenvolvimento das atividades propostas pelo mesmo.
• Capa de fundo: Contendo a identificação e o contato do autor/realizador
Elementos do projeto de pesquisa
Apesar de haver uma série de formulações de projeto de pesquisa, é preciso que o
pesquisador saiba que a estrutura apresentada tem sido utilizada nos últimos anos com grande
aproveitamento por grande parte dos pesquisadores orientados pelos autores deste livro.
A critério do orientador, o projeto de pesquisa pode incluir ou suprimir algum elemento, para
que ocorra uma aproximação do projeto com o assunto da pesquisa.
Durante a elaboração da redação do projeto ou de qualquer pesquisa científica, a linguagem
empregada deve ser impessoal, evitando o uso de termos como: ‘eu acho’; ‘meu/minha’, e ‘mostro
com isso que...’. Esses termos podem ser substituídos por: ‘o autor entende que...’ e ‘a pesquisa
mostra que...’.
A estrutura de um projeto de pesquisa é composta dos elementos a seguir, que são discutidos
com exemplos:
1. Tema
2. Justificativa do tema
3. Objetivo geral
4. Objetivo específico
5. Formulação do problema da pesquisa
6. Formulação da hipótese da pesquisa
7. Metodologia da pesquisa
8. Definição dos termos da pesquisa
9. Bibliografia
10. Cronograma
11. Custos
1. Tema
O tema nada mais é do que o assunto, ou seja, o objeto da pesquisa. Ele pode ser
identificado a partir de uma necessidade pessoal ou externa — da curiosidade do pesquisador ou
do coordenador da pesquisa, dos desafios da própria teoria ou das propostas de outros trabalhos
científicos.
Na formulação do tema da pesquisa, deve-se considerar que a redação do trabalho pode
sofrer mudanças de acordo com o desenvolvimento da pesquisa, ou seja, o título final pode ser
constantemente revisto (Ruiz, 1980:60).
E importante que o título final seja o mais completo possível, podendo, dessa forma, refletir
o que é tratado na pesquisa. Não é preciso se preocupar com o número de palavras que venham
a compor esse título.
Quanto à delimitação do tema, isso ocorre em função da necessidade de a pesquisa
apresentar um aprofundamento em um ponto específico.
61
2. Justificativa do tema
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
O pesquisador deve expor as razões para a elaboração da pesquisa. Esse
item contribui para a aceitação da pesquisa por parte do coordenador ou da entidade
interessada, que possivelmente financiará a pesquisa. A justificativa do tema envolve
motivos de ordem teórica e prática e pode ser apresentada da seguinte forma:
•Tendo-se em vista a necessidade de provar a contribuição da pesquisa para o avanço do
conhecimento, torna-se necessária a demonstração do estágio atual do tema.
• Esse posicionamento do tema pode ser feito a partir da apresentação do estudo de vários
autores que tenham trabalhado o referido assunto, citando os avanços ocorridos, assim
como o estágio em que se encontra o tema.
• Deve-se apresentar também a contribuição e o provável avanço que ocorrerá
com o desenvolvimento da pesquisa, seja no campo teórico seja no prático.
É a partir desse acréscimo ao conhecimento já existente que será definida a
execução ou não do projeto.
• A justificativa pode ser também para um avanço de ordem pessoal, pois o avanço do
profissional na área acadêmica poderá ser de suma importância na qualidade do futuro
trabalho que ele desenvolverá profissionalmente. Deve ser ressaltada a importância da
pesquisa num contexto mais amplo. Muitas vezes determinados temas só adquirem
importância dentro de um conjunto maior de situações.
• Muitas vezes as pesquisas servem para confirmar determinadas realidades ou encontrar
soluções para um problema existente no dia-a-dia das pessoas ou das comunidades.
Muitos trabalhos são desenvolvidos para resolver problemas restritos a pequenos grupos ou
comunidades. Embora não tenham repercussão de descobertas científicas, resolvem problemas
que não são englobados na generalidade dos casos.
3. Objetivo geral
Procura dar uma visão geral do assunto da pesquisa. Mostrar o significado desse
assunto em relação ao conhecimento do conteúdo mais abrangente está relacionado
à apresentação do tema.
A redação do objetivo geral deve conter dados que relatem o assunto da pesquisa sem se
preocupar em mostrar o que se pretende identificar com o desenvolvimento do trabalho.
E importante que o pesquisador desenvolva uma redação dentro da teoria do objetivo geral,
embora nada impeça que ele imprima ao texto suas próprias características.
4. Objetivo específico
Está intrínseco ao objetivo geral; porém, nessa fase há necessidade de se expor o motivo
específico da pesquisa, seu ponto central. Em outras palavras, o pesquisador deve identificar a
questão de profunda relevância da investigação científica de maneira que seja o que se deseja
mostrar dentro do tema proposto.
Nessa fase também o texto escrito identifica o conteúdo da pesquisa, ou seja, o que se
pretende responder com o desenvolvimento da monografia. Assim, o pesquisador deve se preocupar
em expor o ponto central e os elementos que o cercam.
Em geral, o primeiro parágrafo da redação contém o elemento-central, muitas vezes
com o título da pesquisa nas entrelinhas.
62
5. Formulação do problema da pesquisa
Identifica a dificuldade específica que se pretende resolver por intermédio da pesquisa. Em
geral, o problema é elaborado em forma de pergunta, sendo possível uma investigação sistemática,
crí¬tica e operacional. Está diretamente relacionado ao objetivo específico, ou seja, pode-se valer
do conteúdo do primeiro parágrafo para formular o problema da pesquisa.
6. Formulação da hipótese da pesquisa
É uma possível solução antecipada para o problema da pesquisa. Uma afirmativa
não-verdadeira que somente o resultado final da pesquisa vai aceitar ou não. Pode-se
formular várias hipóteses.
7. Metodologia da pesquisa
A metodologia da pesquisa informa os meios empregados na coleta dos dados para
posterior apresentação destes na pesquisa. Ou seja, estabelece o procedimento do pesquisador
para o levantamento das informações, que pode ser por meio de questionário, formulário, teste,
pesquisa de mercado, entrevista, dados estatísticos, livros, jornais, revistas, entre outros. A seguir,
um exemplo da redação desse item.
Exemplo: “A presente pesquisa emprega dados bibliográficos com base histórica e
contemporânea, bem como dados estatísticos dispostos em tabelas e gráficos, para
auxiliar na interpretação das informações.”
8. Definição dos termos da pesquisa
Nessa fase é necessário fazer um levantamento dos termos que deixam dupla
interpretação na pesquisa e discutir seu significado com apoio bibliográfico. Esse
levantamento inclui os termos espe¬cíficos do assunto pesquisado, que muitas vezes
podem ser encontrados nos dicionários especializados.
9. Bibliografia
Relacionar todas as fontes consultadas para a elaboração do projeto de pesquisa, podendo
ser livro, jornal, revista, boletim, ensaio, entrevista, questionário e outros elementos.
10. Cronograma
Todo trabalho científico pressupõe planejamento, que normalmente envolve
recursos materiais e humanos e exige prazos estabelecidos, tendo-se em vista o
acompanhamento durante sua execução.
É importante definir cada fase do trabalho para que prováveis atrasos na
execução sejam devidamente corrigidos. Isso permite constatar se a data estabelecida
no cronograma está sendo cumprida ou não.
Um projeto de pesquisa envolve várias etapas, e é importante estabelecer os períodos
necessários para sua execução.
Deve-se ressaltar que toda pesquisa pode ser executada por uma pessoa ou por um grupo,
ocorrendo, no último caso, execução de etapas simultâneas.
63
As várias etapas de uma pesquisa, a título de exemplo, podem
ser as seguintes:
Metodologia
do Trabalho
• Elaboração do projeto
Acadêmico
A partir da idéia inicial, ponto de partida do trabalho, o pesquisador
deverá fazer uma pesquisa preliminar que servirá de base para a
elaboração do projeto.
Essa primeira fase é importante para se ter o conhecimento do nível do
desenvolvimento do assunto a ser pesquisado.
Cabe ressaltar que a elaboração do projeto pode envolver uma gama enorme de recursos;
daí a necessidade de aprovação da idéia inicial para sua conclusão.
• Execução do projeto
Após a sua aprovação, o projeto será executado dentro de uma programação previamente
estabelecida. Caso ele seja de grande amplitude, pode utilizar-se o critério de fazer um teste,
utilizando uma pesquisa-piloto que terá como finalidade captar eventuais problemas, determinando,
muitas vezes, o redirecionamento do trabalho ou sua paralisação.
Cabe frisar que a execução de um projeto terá tantas etapas quantas forem necessárias,
tendo-se em vista um melhor acompanhamento e controle. Essas etapas deverão constar do
cronograma juntamente com os devidos prazos de execução.
No desenvolvimento do trabalho, os dados obtidos, se for o caso, serão codificados e
tabulados. Eles deverão ser devidamente analisados para que se tenha uma interpretação e uma
conclusão extremamente precisas.
A apresentação dos resultados deve ser feita da forma mais clara e precisa possível, evitandose ambigüidades e falsas interpretações. Essa apresentação deve estar sempre subordinada às
normas que regem a apresentação de trabalhos científicos.
Na maioria dos projetos, os trabalhos são desenvolvidos em equipe, havendo
sempre a necessidade de um coordenador para responder pelo grupo, propiciando um
desenvolvimento harmonioso, pois, quando se tem muitos nomes envolvidos, é importante
não ferir a suscetibilidade dos integrantes.
O cronograma envolve datas e etapas de apresentação parcial do relatório juntamente
com os resultados daquele momento da pesquisa. Apresenta dois parâmetros básicos, que são
a data de início do projeto e a data para sua entrega, ou seja, do relatório final, sendo este último
negociável de acordo com possíveis dificuldades durante o desenvolvimento da pesquisa.
Pode ocorrer coincidência de datas entre as etapas, ou seja, execução simultânea
de etapas.
Devem ser estabelecidas as respectivas datas para cada etapa, de acordo com o prazo
para a execução do trabalho. Essas datas podem ser semanais, mensais, bimestrais e assim por
diante, dependendo das características da pesquisa.
O período projetado deve ser apresentado no cronograma com uma linha contínua, e a
execução do trabalho com uma linha tracejada, ou qualquer tipo de legenda que permita identificar
duas situações diferentes.
A apresentação dos relatórios parciais poderá acontecer logo após o término da execução
de cada uma das fases mencionadas, bem como a dos demais relatórios.
64
Abordagens metodológicas
O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho
a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Método e técnica
• MÉTODO significa o traçado das etapas fundamentais da pesquisa,
• TÉCNICA significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos
peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método.
Desenvolvimento histórico
A preocupação em descobrir
• conhecimento religioso
• conhecimento filosófico
• senso comum
Método científico
• descobrimento do problema
• colocação precisa do problema
• procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
• tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados
• invenção de novas idéias
• obtenção de uma solução
• investigação das conseqüências da solução obtida
• prova (comprovação) da solução
• correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da
solução incorreta
Concepção atual do método
• descobrimento do problema
• colocação precisa do problema
• procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema
• tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados
• invenção de novas idéias
• obtenção de uma solução
65
• investigação das conseqüências da solução obtida
• provas (comprovação) da solução
Metodologia
do Trabalho
• correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na
obtenção da solução incorreta
Acadêmico
Relatório de pesquisa
O relatório de pesquisa é composto de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
A Introdução descreverá, em termos gerais, os objetivos e a finalidade do estudo realizado. É
uma breve formulação histórica sobre o tema-problema, acompanhada da justificativa pela escolha
do problema, com a delimitação (indicação) do campo de pesquisa.
Apresenta, também, o roteiro do projeto, divisão do trabalho, idéias principais que são
discutidas e conclusões relevantes.
Monografia
Do ponto de vista etimológico, MONOGRAFIA forma-se do grego monos (um só) e graphein
(escrever). Deste modo, é comum definir-se monografia como o estudo por escrito de um só tema
exaustivamente estudado e bem delimitado. Mas, dependendo dos objetivos e da metodologia
adotada, o trabalho pode ser apresentado de maneiras distintas: dissertação científica, memória
científica, tese doutoral e outras. É o tipo de relato mais usado nas pesquisas científicas.
Pode ser definida como tratamento escrito de um tema específico que resulte da interpretação
científica, com escopo de apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência.
Podemos também defini-la como um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente
valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia.
Objetivos da Monografia
A monografia tem como objetivo externo satisfazer a uma avaliação acadêmica, visando à
obtenção do grau pretendido.
Como objetivo interno, podemos destacar a manifestação da própria personalidade e a
comunicação por escrito do resultado de uma descoberta pessoal.
66
Características da Monografia
• Trabalho escrito, sistemático e completo;
• Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela;
• Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso;
• Tratamento em profundidade;
• Metodologia científica;
• Contribuição importante e pessoal para a ciência.
Tipos de Monografia
A monografia pode ser dividida em três tipos: análise teórica, análise teórico-empírica e
estudo de caso.
• Análise Teórica
Evidencia uma organização coerente de idéias originadas de bibliografia de autores
consagrados que escreveram sobre o tema escolhido pelo aluno.
Pode ser desenvolvida como uma análise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo
já existente, a partir de um esquema conceitual bem definido.
• Análise Teórico-Empírica
Nesta categoria a monografia pode analisar a correspondência entre um caso real e modelos/
teorias. Pode ser ainda a descrição dos resultados de teste de modelos ou teorias a partir de dados
primários e secundários.
Técnicas: coleta de dados por meio de questionários estruturados e/ou semi-estruturados
e análise dos dados quantitativos e qualitativos.
67
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
• Estudo de Caso
Sugere uma análise específica da relação entre um caso real e hipóteses, modelos
e teorias.
68
Etapas de uma Monografia
a) Escolha do assunto – fase de questionamento e de definições dos objetivos.
É o momento de delimitação do tema sugerido como problema. É a partir do
estabelecimento do problema básico que se inicia o trabalho.
b) Pesquisa bibliográfica – fase do levantamento bibliográfico e seleção da literatura
pertinente, supondo conhecimento das fontes.
c) Documentação – fase da coleta dos dados capaz de oferecer solução ao problema
colocado. Para isto se faz necessário elaborar fichas de documentação (bibliográfica
e assunto). Nesta fase já se pode delinear um plano provisório do trabalho a fim de
nortear as leituras e a crítica do material encontrado.
d) Crítica da documentação – fase de exame do material, geralmente múltiplo
e disperso. A análise dos dados coletados depende da diretriz que se segue
para interpretar a autenticidade das fontes e o valor interno dos conteúdos. Os
pressupostos dependem dos seus critérios de verdade.
e) Construção – fase da síntese, capaz de dar unidade ao material coletado. Do
ponto de vista da estrutura textual, o trabalho deve ter três etapas: Introdução,
Desenvolvimento, Conclusão. Aí será desenvolvido o raciocínio demonstrativo do
tema em questão. Nesta fase poderá haver a revisão do plano provisório do trabalho
porque muitas vezes o estudo feito ilumina a compreensão do tema de tal modo que
há necessidade de cortes e acréscimos. Agora se estabelece o plano definitivo.
f) Redação – fase de elaboração literária do texto a ser apresentado. É preciso
lembrar que as fichas usadas servirão apenas de suporte para a elaboração do
texto. Trata-se de uma nova redação, abrangente, capaz de revelar a mensagem
mediante um fio condutor que une todos os dados coletados.
69
Estrutura do Trabalho Monográfico
• Capa;
Metodologia
do Trabalho
• Folha de rosto;
• Dedicatória (opcional);
Acadêmico
• Agradecimentos (opcional);
• Epígrafe (opcional);
• Resumo;
• Abstract;
• Sumário;
• Introdução;
• Revisão bibliográfica;
• Metodologia;
• Fundamentação teórica;
• Texto principal;
• Conclusão;
• Anexos;
• Notas;
• Referências.
Capa: deverá conter apenas os dados indispensáveis à identificação do trabalho;
título em destaque, autor e imprensa (local, editor e data);
Folha de rosto: A página de rosto deve conter os elementos identificadores da
obra, na seguinte ordem:
• Na parte superior, o nome completo do autor, sem abreviaturas, em maiúsculas e
centralizado;
• Título real do trabalho com subtítulos, se houver, separados por dois pontos, em
maiúsculas e centralizados;
• Número do volume, caso haja mais de um;
• Nota indicando a natureza do trabalho e seu objetivo acadêmico (ou grau
pretendido), nome da instituição e área de concentração (a 3cm do título/subtítulo
e a 9 cm da borda lateral esquerda)
• Nome do orientador e do co-orientador, se houver, precedidos da respectiva titulação;
• Nome do local (cidade) centralizado;
• Ano de entrega (depósito) do trabalho, centralizado.
Dedicatória: folha em cuja parte final o autor dedica a sua obra.
70
Agradecimentos: folha dedicada aos agradecimentos àqueles que contribuíram
para a realização do trabalho (orientadores, pessoas, entidades).
Resumo: constitui-se numa síntese dos pontos relevantes do trabalho. Deve
ressaltar de que trata o trabalho, seus objetivos, metodologia empregada e conclusões.
Escrito em linguagem clara e objetiva. Deve ter, no máximo, quinze (15) linhas.
Abstract: é a versão, em língua inglesa, do resumo.
Sumário: fornece a enumeração das principais divisões, seções e outras partes
que compõem o trabalho, na mesma ordem em que se sucedem no texto, com a indicação
das páginas iniciais de localização. Caso haja mais de um volume, em cada qual deve
figurar o sumário completo da obra. Não deve ser confundido com índice, mais comum em
livros e localizado ao final do documento, com o objetivo de remeter ao texto. Segundo a
NBR 6034, índice é uma “lista de entradas ordenadas segundo determinado critério, que
localiza e remete para as informações contidas num texto”. O sumário deverá ser localizado
imediatamente após as folhas de rosto, dedicatórias e agradecimentos.
As seções devem ser numeradas em algarismos arábicos, da introdução até
à conclusão e/ou recomendações. Listas, resumo, abstract, anexos e referências
bibliográficas não são considerados capítulos, por isso não recebem numeração de
seção. As seções preliminares não recebem paginação e não figuram no sumário.
Para maiores detalhes, ver a norma NBR-6027 da ABNT. É aconselhável o uso
do sistema de numeração progressiva para numerar as divisões e subdivisões do texto,
conforme a norma NBR-6022 da ABNT.
No caso do trabalho ser apresentado em mais de um volume, cada um deve conter o
sumário geral da obra, bem como seu próprio sumário, ocupando páginas consecutivas.
Obs: a mesma formatação e
caracteres gráficos usados
na indicação de capítulos e
seções do texto devem ser
mantidos no sumário.
Introdução: fornece uma visão global do trabalho. Devem constar na Introdução a
definição do tema e delimitações do assunto tratado; revisão inicial da literatura; objetivos
de pesquisa, objeto de estudo e esclarecimentos acerca das etapas do trabalho.
Revisão bibliográfica: deve constar uma reflexão sobre as leituras já realizadas
acerca do assunto estudado, as quais servem de embasamento teórico para a pesquisa.
Metodologia: nesta parte o aluno indica os procedimentos metodológicos utilizados
para alcançar os objetivos propostos no trabalho. Deve evidenciar as estratégias empregadas
em cada etapa da pesquisa.
Fundamentação teórica: explicitam-se e justificam-se os argumentos e/ou os
procedimentos teóricos e técnicos utilizados.
71
Texto principal: nesta etapa o aluno deve desenvolver o assunto, discutir as
hipóteses, explicar os problemas e apresentar os argumentos e as soluções.
É o corpo do trabalho, a parte mais importante da pesquisa.
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Conclusão: é a síntese do trabalho. Deve apresentar, de forma clara e
precisa, as conclusões a que o autor chegou e reflexões críticas sobre
os resultados obtidos. Evidenciar também, nesta etapa, as hipóteses
confirmadas e refutadas.
Anexos: nesta parte deve constar material informativo adicional, tabelas e outros
documentos que ilustram e/ou serviram de referência para a pesquisa.
Em notas devem constar esclarecimentos adicionais julgados convenientes,
enumerados em ordem crescente, na seqüência do corpo do trabalho. As notas podem
ser apresentadas no rodapé, ao fim de cada página do trabalho ou no final do trabalho,
antes das referências bibliográficas.
Nas referências o aluno apresenta as indicações completas das obras utilizadas
durante as etapas de elaboração do projeto experimental. Essas indicações devem estar
no fim do trabalho, em ordem alfabética.
As referências envolvem a apresentação em ordem alfabética, dos sobrenomes dos
autores das obras citadas ou indicadas, no decorrer do trabalho. Com elas permite-se a
identificação, no todo ou em parte, das fontes citadas no texto, podendo ser documentos
impressos ou registrados. Segundo a NBR 6023, a referência é constituída de elementos
indispensáveis à identificação do documento, fonte de consulta ou utilização.
Quanto à ordenação, cabe esclarecer que a ordem alfabética tem sido sempre
recomendada em trabalhos acadêmicos, ainda que seja comum em outros tipos de
trabalhos a apresentação por ordenação numérica, cronológica ou geográfica.
No caso de várias obras do mesmo autor, da segunda em diante pode-se substituir o
nome do autor por um traço, feito com seis toques ininterruptos, seguido de ponto. O mesmo
procedimento pode ser adotado para a referenciação de edições diferentes da mesma obra;
nesse caso, substituem-se o autor e o título, cada qual, por seis toques, seguidos de ponto.
Elementos da Referência
- Autor
Autor pessoal
Em obra com até 3 autores mencionam-se todos na entrada, na ordem em que
aparecem na publicação, separados por ponto e vírgula ( ; ) seguido de espaço.
Ex.:
ROHMANN, Chris
HESKETT, J. L.; SASSER, W. E.; CHRISTOPHER, W. L.
Quando há mais de três autores, menciona-se somente o primeiro seguido da
expressão et al.
Ex.:
SERRA, José et al.
Organizador (Org.), compilador (Comp.), coordenador (Coord.), editor (Ed.)
Ex.:
BRADLEY, Keith (Coord.)
DRUMMOND, Helena (Ed.)
72
Autor entidade/evento
Obras com responsabilidade de entidade (órgãos governamentais, empresas,
congressos, seminários, etc.) têm entrada pelo seu nome próprio, por extenso.
Ex.:
CONSELHO FEDERAL DE BIOLOGIA
CONFERÊNCIA ANGLO-BRASILEIRA DE Gestão Ambiental
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia
Quando a entidade coletiva tem uma denominação específi ca (sigla) que a
identifica, a nível nacional e/ou internacional, pode se indicar diretamente sua sigla.
Ex.: IBGE
FIOCRUZ
Autoria não determinada
Quando não for possível identificar a autoria da obra, a entrada deve ser feita pelo
título, transcrevendo a primeira palavra com letras maiúsculas.
Ex.
HIGH technology. Beverly Hills: Sage, 1985.
- Título
O título deve ser transcrito conforme figura na publicação, em negrito. O subtítulo
deve ser acrescentado desde que contenha informação essencial sobre o conteúdo do
documento, sem negrito.
Em títulos demasiadamente longos, pode-se suprimir algumas palavras, desde
que a supressão não incida sobre as primeiras e não altere o sentido. A supressão é
indicada por reticências.
- Edição
Indicar a edição ou versão, exceto a primeira, em algarismos arábicos, após o título.
A abreviatura da palavra edição é de acordo com o idioma da publicação.
Ex.:
2. ed.
3. ed. rev.
5th ed.
- Local
Indicar o nome da cidade tal como aparece na publicação. Quando há mais de
uma cidade para a mesma editora, indicar a primeira ou mais destacada. Não sendo
possível determinar o local, indicar entre colchetes.
73
Exemplo: [S.l.]
Local identificado como provável, indicar entre colchetes.
Exemplo: [Porto Alegre]
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
- Editora
Indicar o nome da casa publicadora ou editora, suprimindo elementos que designem
natureza jurídica ou comercial.
Ex.:
Campus (para Editora Campus)
Elsevier
Quando há mais de uma editora, mencionar a mais destacada. Se as editoras
estiverem com igual destaque, indica-se a primeira. As demais podem ser registradas
com os respectivos locais, se necessário.
Quando a editora é a mesma instituição responsável pela autoria e já tiver sido
mencionada, não é indicada.
Não sendo possível determinar a editora, indicar entre colchetes. Exemplo: [s.n.]
Quando o local e a editora não puderem ser identificados na publicação, utilizamse ambas as expressões, abreviadas e entre colchetes. Exemplo: [S.l.: s.n.]
- Data
Indicar a data sempre em algarismos arábicos.
Se nenhum ano for determinado, registar um ano aproximado entre colchetes.
Ex.:
[1973 ou 1974]
um ano ou outro
[1993?]
para ano provável
[2000]
para ano certo não indicado no item
[199 ]
década certa
[199 ?]
década provável
[18--]
século certo
[18--?]
século provável
[ca. 1960]
data aproximada
- Indicação de número de páginas ou volumes
Quando a publicação só tiver um volume, indicar o número de páginas ou folhas
seguido da abreviatura p. ou f.
Ex.: 169 p.
175 f.
74
Quando a publicação tiver mais de um volume, indicar o número destes, seguidos
da abreviatura v.
Ex.: 5 v.
Indicar números inicial e final de páginas, separados por hífen e antecedidos da
abreviatura p.
Ex.: p. 7 78
Quando a publicação não for paginada ou paginada irregularmente, indicar em nota:
Ex.:Não paginada.
Paginação irregular
- Indicação de materiais especiais
Indicar o número de unidades físicas do material e a designação específica. Se
necessário, indicar entre parênteses outras especificações.
Ex.: 1 fita de vídeo
1 CD-ROM
1 disquete 3.5”
- Área de Notas
Sempre que necessário à identificação da obra, as notas devem ser incluídas ao
final da referência, sem destaque tipográfico.
• Séries e coleções
Transcrever os títulos de séries e coleções com sua numeração entre parênteses,
tal como figuram na publicação.
Ex.: (Documentos, 5)
(Texto para Discussão, n. 33)
• Notas de Dissertação e Tese
Dissertação (Mestrado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em
Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2001.
• Outras notas
Inclui bibliografia.
Aceito para publicação.
Não paginado.
75
Ordenação das Referências
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
As referências bibliográficas devem ser apresentadas em ordem
alfabética de autor e título (sistema alfabético) para todo tipo de documento
consultado, devendo ser incluídas após a conclusão do trabalho. devem
ser alinhadas à margem esquerda, sem recuo na segunda linha, com
espaço simples e não devem ser numeradas.
Autor repetido
O nome do autor de várias obras referenciadas pode ser repetido e as referências
organizadas em ordem cronológica.
Ex.:
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 4.
ed. São Paulo: Makron Books, 1993. 920 p.
______. Teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
2000. 416 p.
Eventualmente, o nome do autor de várias obras referenciadas sucessivamente
pode ser substituído, nas referências seguintes à primeira, por um traço (equivalente a
seis espaços) e ponto.
Autor com diversos documentos publicados no mesmo ano
Ordenam-se várias obras de um mesmo autor, editadas no mesmo ano, acrescentando
se a letra minúscula após o ano de publicação, conforme indicado nas citações do texto.
Ex.:
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos
humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999a. 457 p.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos:
fundamentos básicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999b. 194 p.
Autor e título repetidos
O título de várias edições de um documento deve ser listado obedecendo à ordem
seqüencial das edições.
Ex.:
MOTTA, Fernando Cláudio Prestes. Teoria geral da administração: uma
introdução. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 1977. 213 p.
______. ______. 7. ed. São Paulo: Pioneira, 1979. 213 p.
76
77
Capítulos, paginação, citações e indicação bibliográfica
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
Capítulo: cada capítulo inicia em uma nova folha. O título deve ser
digitado cerca de 3,0 cm da borda superior do papel e o texto cerca de 5
espaços após o título. A numeração é feita com algarismos romanos.
Paginação: as páginas são numeradas com algarismos arábicos, postos
no ângulo superior direito do papel. A contagem da numeração inicia na
folha de rosto.
Citações:
• citação livre - ocorre quando se reproduzem idéias ou informações de um texto,
sem, entretanto, transcrever as próprias palavras do autor.
• citação textual - é a transcrição (ipsis litteris) de um texto que integra um livro
ou documento. É usada para enriquecer o trabalho e permite ao leitor verificar o
alcance e a propriedade da pesquisa bibliográfica.
78
Referências
Bibliográficas
AMARAL, Hélio Soares do. Comunicação, pesquisa e documentação: método e técnica de
trabalho acadêmico e de redação jornalística. Rio de Janeiro : Graal, 1981.
ANTUNES, Celso. A Grande jogada: manual construtivista de como estudar. Petrópolis, RJ
: Vozes, 1996.
ASTI VERA, Armando. Metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Globo, 1976.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N.A.S. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para
a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2004, 152 p.
CARDOSO, Clodoaldo M., DOMINGUES, Muricy. O trabalho científico: fundamentos filosóficos
e metodológicos. Bauru, SP : Jalouti, 1980.
CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa. São Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1978.
CHALMERS, A.F. O Que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
DANIELLI, Irene. Roteiro de estudo de metodologia científica. Brasília : Horizonte, 1980.
DEMO, P. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987. 118 p.
FOUREZ, G. A Construção das Ciências: Introdução à filosofia e à ética das ciências.
Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,
1995. 319p.
FRAGATA, Júlio S. I. Noções de metodologia: para elaboração de um trabalho científico. 3.
ed. Porto : Tavares Martins, 1980.
FREIRE-MAIA, Newton. A Ciência por dentro. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991.
GALLIANO, A. Guilherme (Org.) O método científico: teoria e prática. São Paulo : Brasiliense,
1986.
GIL, Antonio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
GOODE, William J. & HATT, Paul K. Métodos em pesquisa social. São Paulo : Nacional,
1969.
KERLINGER F. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual.
São Paulo : EPU/EDUSP, 1980.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática
da pesquisa. 14ª ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 1997.
LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 2. ed. rev. e aum. São Paulo:
Atlas, 1991.
LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3ª rev.e
ampl. São Paulo: Atlas, 1991
79
LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. de A. Metodologia do trabalho científico:
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações
e trabalhos científicos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.
Metodologia
do Trabalho
Acadêmico
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas,
2004. 305 p.
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2001. 219 p.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento
e execução de pesquisas; amostragens e técnicas de pesquisa; elaboração, análise e
interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1986.
MARINHO, Inezil Penna. Introdução ao estudo da metodologia científica. Brasília : Brasil, s. d.
MATOS, H.C.J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para o estudo. 13 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. 135 p.
MATOS, Henrique Cristiano J. Aprenda a estudar: orientações metodológicas para o estudo.
4ª ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 1997.
MORAL, Ireneo Gonzales. Metodologia. Santander : Sal Terrae, 1955.
OLIVEIRA, Silvio L. de Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisa, TGI, TQC,
monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997.
PAULI, Evaldo. Manual de metodologia científica. São Paulo : Resenha Universitária, 1976.
RIBEIRO, Marco Aurélio de P. A Técnica de estudar: uma introdução às técnicas de
aprimoramento do estudo. Petrópolis, RJ : Vozes, 1997.
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo : Atlas, 1985.
SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2002. 335 p.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo : Cortez, 1985.
TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGraw-Hill
do Brasil, 1982.
Referências
Eletrônicas
http://obeco.planetaclix.pt/rkurz95.htm
http://pontodeencontro.proinfo.mec.gov.br/estudar.htm#exp
http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf
http://www.cidade.usp.br/educar2003/?teia/imperio/relatodeconversas
http://www.creapa.com.br/servicos/ABNT/abnt.htm
http://www.hottopos.com.br/vidlib2/Notas.htm
http://www.pfilosofia.pop.com.br/03_filosofia/03_01_convite_a_filosofia/convite_a_filosofia.htm
80
http://www.pfilosofia.pop.com.br/03_filosofia/03_07_leia_tambem/leia_tambem_16.htm
http://www.revistapatio.com.br/patioonline/patio.htm
http://www.scielo.com
http://www.suigeneris.pro.br/filo_epistemologia.ht
http://www.topgyn.com.br/conso12a/conso12a09.htm
http://www.topgyn.com.br/conso12a/conso12a09.htm
http://www.uespi.br/download/prop/normastcc/normas_para_TCC_ou_tese_na_UESPI.
DOC
http://www.unesco.org.br/noticias/opiniao/index/index_2003/pilares_educacao/mostra_
documento
http://www.unifev.edu.br/canais/pos_graduacao/material/cidadania.pdf
www.ecientificocultural.com/ECC2/artigos/metcien1.htm
www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm
www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm - 38k
www.professoralex.pop.com.br/download/lakatos1.doc
www.sapereaudare.hpg.ig.com.br/ciencia/texto06.html
www.uepb.edu.br/eduep/rbct/sumarios/pdf/inteligencias_multiplas.pdf
81
FTC - EAD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ead.ftc.br
www.uniasselvi.com.br
www.ead.ftc.br
Download

TRABALHO ACADÊMICO