A CIÊNCIA COMO CULTURA: IMPLICAÇÕES NA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Um projecto de cooperação luso-brasileiro* Maria Eduarda Moniz dos Santos Centro de Investigação em Educação da F. C. da Universidade de Lisboa – Portugal [email protected] Denise de Freitas** Depto de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos – Brasil [email protected] Cecília Galvão Centro de Investigação em Educação da F. C. da Universidade de Lisboa - Portugal [email protected] Haydée Torres de Oliveira*** Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos – Brasil [email protected] RESUMO Este trabalho reporta-se ao projecto “A ciência como cultura: implicações na comunicação científica. Procura contribuir para um currículo não disciplinar de pós-graduação. Orienta-se no sentido de uma ciência para o cidadão, partindo de uma reflexão crítica sobre a forma como os currículos mais tradicionais e os media apresentam a ciência. Dá particular relevo a problemas comunitários reais, em que a ciência é uma componente indispensável à tomada de decisão dos cidadãos. Valoriza o aprender a pensar, o aprender a aprender, o diálogo de saberes e de racionalidades, ferramentas indispensáveis a uma adequação à aprendizagem ao longo da vida. Centra-se em conhecimentos para a acção. Em termos de realização, escolheram-se problemas comunitários controversos, situados no Brasil e em Portugal. As intervenções pedagógico-investigativas centraram-se numa sequência de actividades de âmbito CTS implementadas no decurso do desenvolvimento de duas disciplinas curriculares de carácter optativo de programas de pós-graduação de Brasil e Portugal. Nesta comunicação, para além de algumas linhas de força teóricas, propormo-nos discutir o valor das actividades desenvolvidas e das suas implicações para a elaboração de um “novo” modelo curricular. INTRODUÇÃO Esta comunicação propõe-se fundamentar e fazer um balanço preliminar de um projecto lusobrasileiro em curso de realização. Um projecto que visa introduzir inovações curriculares sustentadas por conteúdos e metodologias facilitadoras de uma educação cidadã. É nossa intenção facultar elementos de reflexão que contribuam para atenuar a opacidade de ideais, conceitos, operacionalizações e práticas relacionadas com a elaboração de um modelo de currículo de pós-graduação, bem como precisar e sistematizar certas “verdades” que, por parecerem evidentes, não deixam por isso de ser mais ou menos descuradas. A comunicação compreende quatro partes. Na primeira, são facultados alguns elementos de reflexão em aspectos de índole teórica que fundamentam o projecto. Uma segunda parte, reporta-se a breves referências à metodologia seguida nas intervenções pedagógico-investigativas. Numa * A equipa que compõe este projecto é formada, além desses autores, pelos pesquisadores: Pedro G. R. dos Reis do CIE da FC da Universidade de Lisboa - Portugal; Alberto Villani e Jesuína L. A. Pacca da Universidade de São Paulo /USP-Brasil; Elisabeth Barolli da Universidade Estadual de Campinas/ UNICAMP- Brasil; Alice H.C. Pierson e Vânia G. Zuin da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar – Brasil. ** Com apoio parcial do CNPq e da CAPES *** Com apoio da CAPES 1 terceira parte apresenta-se uma breve sinopse das actividades de intervenção a que recorremos com grupos de pós-graduação no tratamento de temas/problemas, directa ou indirectamente, relacionados com interacções de Ciência/Tecnologia/Sociedade (CTS). Finalmente, destacamos um projecto de inovação curricular que foi emergindo no decurso das intervenções-piloto. Trata-se da proposta de uma nova disciplina de opção que se afasta de opções estritamente disciplinares. 1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO Os desafios curriculares do projecto “Ciência como cultura” inserem-se numa tentativa de inovação epistemológica. Têm em conta que o novo “ethos” social é muito exigente em competências cognitivas; a sociedade actual baseia-se, cada vez mais, no uso intensivo do conhecimento. Confrontações sociais, face a injustiças cognitivas, começam a constituir um factor de desestabilização do “velho” modelo epistemológico que ainda nos domina. Vivemos num tempo em que, timidamente, se divisam os contornos de uma nova ordem que compromete a lógica centralizadora e o entendimento homogéneo do mundo que a ciência tem vindo a impor. Uma ordem mais propensa à realização das liberdades de informação e comunicação dos cidadãos. Quando as certezas epistemológicas expressas pelo positivismo modernista estão a dar lugar à multiplicidade de dúvidas da pós-modernidade, erguem-se saberes e princípios epistemológicos que questionam a racionalidade da ciência moderna de raiz iluminista e que se orientam para um diálogo de saberes e para racionalidades distanciadas de posturas empiristas, fora do círculo unitário do projecto positivista (Santos, M-E, 2005a: 59). Neste sentido, a análise da “sociedade de risco” de Beck (1992) augura que, na “modernidade tardia”, já estão a surgir novas relações entre ciência e cidadãos. Por sua vez, na visão de Irwin (1998), a pós-modernidade, a par de alguns equívocos, abre algumas esperanças ao perspectivar a emergência de uma “ciência cidadã”. Uma ciência que não se limita a respostas à resolução universal de problemas, que tem em conta os contextos em que os problemas são gerados, que dá voz aos cidadãos, que valoriza os conhecimentos empíricos das pessoas afectadas por ameaças ambientais e que esbate fronteiras entre laboratório e sociedade. Uma ciência que se abre a interacções CTS. O novo “ethos” social é marcado por orientações transnacionais de política educativa. São elas que estão a definir linhas de rumo para uma educação cidadã1 a nível internacional. 1 Sobre o conceito de educação cidadã - uma educação vocacionada para aprender a ser, a conviver, a ouvir os outros, a protelar juízos, a harmonizar o nosso interesse com o interesse colectivo, a respeitar os direitos humanos, a gerir dificuldades, a negociar, a comunicar, a argumentar, a apreciar o valor do conhecimento, da democracia, da solidariedade, da equidade, da tolerância, do empenhamento na construção colectiva do bem 2 • Uma política que não se alheia de que na sociedade actual é cada vez mais forte o desenvolvimento interligado da ciência e da tecnologia, mas que os nossos currículos tendem a ignorar. Continuam apostados na rigidez disciplinar e não dão relevo às complexas relações CTS. Tal, dificulta a inserção do conhecimento científico na cidadania, constitui uma barreira a uma progressiva aproximação da ciência aos cidadãos; • Uma política que, ao preconizar uma educação cidadã, tem vindo a contribuir para que o sentido do conceito recorrente de cidadania e das questões que levanta tenham reemergido como centro dos actuais debates públicos. “Debates particularmente agudizados pelo recrudescer desenfreado do individualismo, da liberalização, da dessocialização, da razão iluminista, da tecnociência e da tecnocracia” (Santos, 2005a: 14). São estas e outras dificuldades que o projecto luso-brasileiro “Ciência como cultura” se propõe enfrentar através de desafios à inovação curricular. O currículo é um problema central em educação mas tem que ser repensado. Na realidade escolar resulta de frequentes propostas sectoriais que provêm de especialistas de diversas disciplinas. Ao privilegiar listagens de temas e de tópicos com uma organização e uma sequencialidade tradicionalmente consagradas pelas disciplinas, surge fragmentado e afastado de uma unidade conceptual e axiológica. Face a tais constatações, o nosso projecto contrapõe aos tradicionais projectos curriculares, concebidos com a finalidade de armazenar uma elevada quantidade de conhecimentos na vida escolar, propostas curriculares que sirvam não só para aprender mas também para aprender a aprender. Estas têm a pretensão de se inserir num projecto curricular global de formação de cidadãos, com uma dinâmica unitária, e em particular, num modelo de formação pós-graduada de cidadãos-professores. A sua concepção pressupõe que: (a) se ganha tempo na implementação de um currículo ‘perdendo-o’ na sua preparação; (b) um projecto curricular só se constrói verdadeiramente no seu processo de desenvolvimento; (c) este desenvolvimento mais do que num projecto radica numa rede de projectos diferenciados mas aparentados, articulados horizontal e verticalmente e vocacionados para resolução de problemas práticos; (d) a unidade da rede é marcada por uma consistência teórica coerente, por uma intencionalidade dominante e por um equilíbrio curricular entre diferentes tipos de conhecimento a oferecer à opção livre, porque esclarecida, dos aprendentes. Assim, é numa rede de projectos cuja intenção básica é preparar melhor o cidadão para lidar com as realidades tecnocientíficas da vida actual, a desenvolver em cursos comum e de um mundo melhor… - ver Carvalho et al (Eds), (2005), Clarke (1996), Heater (2004), Santos, M-E (2005a) e Valente (2001). 3 de pós-graduação em Portugal e no Brasil, que assentam os nossos desafios a mudanças curriculares de tipo CTS. A nossa intenção majorante é valorizar o estatuto CTS no currículo escolar. No currículo de Ciências Físicas e Naturais no 3º ciclo do Ensino Básico em Portugal (Galvão, 2002), a perspectiva CTS é uma presença marcante, tendo por objectivo a educação dos jovens, num equilíbrio curricular de valorização da ciência, da tecnologia e da sociedade em ligação estreita. Mais uma razão para que cursos de pós-graduação fomentem a discussão fundamentada, alertando e dando argumentos a cidadãos que se querem preparados para uma sociedade em mudança. Caminhar no sentido de uma “educação cidadã” é a pulsão pedagógica que nos move. Tal exige currículos substancialmente diferentes dos tradicionais e uma clara ideia da cidadania para que se pretende caminhar. Ora, no mundo em que nos movemos é evidente a omnipresença e o entrecruzamento de diferentes, e mesmo contraditórias, concepções de cidadania. “O termo é usado por todos pensando coisas diferentes. São-lhe atribuídos significados que variam com interpretações mais ou menos ingénuas, com a ideologia e com o entendimento das características que ‘fazem’ um cidadão” (Santos, M-E, 2005a: 18). Por outro lado, como todos sabemos, a cidadania é um conceito em construção historicamente situado. Corresponde a uma cultura a construir e a “ciência como cultura” é chamada a intervir activamente nessa construção. A sua evolução segue de muito perto a “teoria geracional dos direitos humanos”2. A “cidadania clássica”, legou-nos uma dimensão de participação política que atravessa todos os aspectos de vida na polis. A “cidadania moderna”, cuja forma mais universal é a cidadania liberal, consolidou-se em termos de linguagem de direitos. Legou-nos, a par de direitos de primeira e de segunda gerações valores universais: liberdade, igualdade e justiça social. Actualmente, no contexto da ordem pós-tradicional, face ao predomínio da lógica da monocultura, à exaltação liberal do individualismo abstracto, à identificação de direitos civis a direitos de mercado, à progressiva desvalorização dos direitos sociais, à minoração da relação cidadania/conhecimento, à falta de credibilidade da ciência, ao declínio da solidariedade entre os cidadãos…, começam a configurar-se formas pós-liberais de cidadania que, todavia, enfrentam fortes obstáculos3. Formas mais apostadas numa integração cognitiva e cultural do que numa integração política e que requerem uma auto- 2 Para aprofundar perspectivas da educação no séc. XXI, a “teoria geracional dos direitos humanos”, o universo conceptual de cidadania e marcos históricos que marcam a evolução do conceito ver Santos, M-E. (2005a e 2005b). 3 Para além de obstáculos epistemológicos, ver outros obstáculos no caminho para uma cidadania renovada em Santos, M-E. (2005a). 4 construção do ser e do saber. Uma construção que não pode, todavia, prescindir dos outros nem de prestações institucionais. A “nova” cidadania procura diluir uma política de homogeneidade cívica. Apela ao direito a uma diversidade que se correlaciona, estreitamente, com a valorização da intermulticulturalidade. Mais do que a cidadania tradicional, valoriza a dimensão ambiental das relações sociais e a relação cidadania/conhecimento, de forma a dar resposta ao “cisma” ciência-cidadãos. Reclama “novos direitos” e a construção do “conhecimento emancipação” (conhecimento como ferramenta para a emancipação do cidadão), baseado numa solidariedade de saberes. Propõe-se ampliar direitos, outrora apenas centrados no homem, de forma a garantir, também, a integridade do “património comum da humanidade” e o reconhecimento jurídico dum princípio de responsabilidade para com as gerações futuras. A reconfiguração da cidadania a nível global é, em grande parte, fruto da cidadania ambiental4. Uma cidadania em construção com o fulcro em questionamentos socioambientais, que privilegia as dimensões de participação e de solidariedade de cidadão para cidadão, a comunicação dialógica e o pragmatismo da gestão de uma individualidade que se vai estruturando, intersubjectivamente, de forma activa e flexível, numa grande quantidade de situações. Que sobrepõe a valores materialistas uma ética socioambiental - uma “ética de futuro” que respeite os limites objectivos do planeta que habitamos e a responsabilidade pelas gerações futuras e pelos outros seres vivos que dependem de nós. Uma cidadania que alarga os limites da solidariedade em termos espaciais (apoio ao terceiro Mundo), em termos temporais (solidariedade com as gerações vindouras), em termos inter-espécies (direitos naturais para os não humanos, particularmente no respeitante à biodiversidade) e em termos inter-culturais (reconhecimento e respeito pela diversidade cultural). A construção de uma nova cidadania não é alheia à emergência de uma nova matriz social e tecnológica da ciência, ao novo “ethos” da ciência em ruptura com o paradigma positivista em que se tem apoiado a ciência e a cidadania modernas. Debater as profundas transformações na “matriz social e tecnológica da ciência”, que as mudanças em curso estão a fazer emergir, é um ponto crucial deste projecto. A construção de uma cidadania cultural, crítica e activa demanda, como estratégia epistemológica, ancorar os conhecimentos em ciência e sobre ciência em perspectivas CTS eticamente orientadas. Faz 4 As características da nova cidadania e do seu motor - a cidadania ambiental são desenvolvidas em Santos M-E (2005a). 5 parte do nosso sentido cívico analisar, compreender e reavaliar uma mudança que reclama rupturas com um paradigma em que se tem apoiado a ciência e a cidadania modernas. Num mundo profundamente transformado pela ciência e pela tecnologia, quando a tecnociência se tornou objecto de conflito social e de debate político, é crucial repensar a ciência, a tecnologia, o mercado, o estilo de vida a que nos habituámos, bem como o sistema de valores e de crenças que nos rege (Santos, M-E, 2005a:60). Já há seis décadas, Haldane (1943, apud Santos, 2005a) alertava: “a democracia não pode ser total, numa altura em que a ciência afecta continuamente as nossas vidas, sem um conhecimento mais alargado da ciência”. De facto, a ideologia democrática supõe que os cidadãos possam influenciar as decisões políticas que afectam as suas vidas e tal exige uma alfabetização científica e tecnológica. "Para ser um indivíduo autónomo e um cidadão participativo numa sociedade tecnicizada é preciso ser técnica e cientificamente alfabetizado" (Fourez, 1985: 23). Repensar a ciência demanda um afastamento da lógica da monocultura – da via cognitiva de construção da cidadania que tem vindo a privilegiar epistemologicamente a forma de conhecimento que se costuma designar por ciência moderna. Implica ter em atenção, para além de conhecimentos substantivos de ciência e de tecnologia, conhecimentos sobre ciência e não descurar semelhanças e diferenças entre o “modo 1” e o “modo 2” de produção da ciência5. Requer reflectir sobre a força de mercado arrogante em que a ciência se tem vindo a tornar e sobre o aprofundamento do fosso de credibilidade ciência-cidadãos. Exige reflectir sobre o estatuto e propósitos da tecnociência e questionar, como refere López-Cerezo (2004:6) “os usos políticos do conhecimento científico, o valor económico da inovação tecnológica e dilemas éticos de algumas tecnologias”. Um modo de pensar que recusa o modelo mecano-produtista: progresso científico → progresso técnico → desenvolvimento económico → progresso social, que se afasta da racionalidade científica, típica do positivismo, que abre caminho à construção de novas racionalidades e que tem em conta uma “constelação” de conhecimentos interactivos. Repensar a ciência exige romper com “o campo de extermínio unitário”, vulgarmente designado por projecto positivista. À lógica da monocultura, imposta por doutrinas iluministas contrapõe a solidariedade e o diálogo de saberes, de culturas e de racionalidades. Requer uma reaproximação ao senso comum. Demanda um entrelaçar de saberes e de práticas 5 As relações entre o “modo 1” e o “modo 2” de produção da ciência são analisadas neste Colóquio na Comunicação (Pacca et.al. 2006) Ver, também, Santos, B. (1989 e 2000), Santos, M-E. (1999 e 2001) e Reigner, A. (2003). 6 científicas com saberes e práticas não científicas. A “ruptura epistemológica” formulada por Bachelard, que Santos, M-E. (1998) aprofundou e que, separando a ciência do senso comum, foi imprescindível para constituir a ciência, progressiva e desnecessariamente, lançou os outros saberes do cidadão para o descrédito e subjugação à ciência – “epistemologia do lixo” (Santos, B,. 1989). Daí os apelos deste autor a uma “nova ruptura epistemológica”, que rompa com a distância entre conhecimento científico e senso comum e que proporcione condições epistemológicas e sociais de emergência de novas concepções multiculturais e de uma pluralidade de conhecimentos. A educação CTS6 é, quanto a nós uma via privilegiada de educação cidadã. CTS implica uma temática estruturante e de síntese que serve de esqueleto à estrutura curricular que nos propomos ajudar a construir. Funciona no nosso projecto como ideia mãe geradora de múltiplos itinerários de preparação para o exercício da cidadania. Como refere Santos, M-E (1999; 2001 e 2005d), esta área de conhecimento é integradora a vários níveis, e não meramente a nível de conteúdos; é geradora de encontros das lógicas disciplinares com a lógica do senso comum e de debates em torno de valores. Atravessa vários campos do saber, é de carácter holístico, comporta tópicos controversos, é comum a muitas situações vivenciadas, tem grande significado socioambiental, revela interesse actual e prático, faculta elementos para análises, sínteses, avaliações e articula-se a questões de cidadania. Corresponde a uma forma aberta do cidadão atingir o “conhecimento emancipação” (Santos, B., 1989). Perspectiva-se para a solução de problemas concretos, tem potencialidades para evidenciar a complexidade e o imbricamento desses problemas e de facultar uma representação mais clara e global do mundo. Afasta-se da racionalidade científica típica do positivismo e abre caminho à construção de novas racionalidades. Propõe-se refundamentar o saber sobre o mundo, não expulsando a razoabilidade nem a afectividade e fazendo ressaltar a importância da contextualidade. Os processos envolvidos nesta perspectiva implicam, como dizem Galvão e Freire (2004) saber olhar inteligentemente para o que nos rodeia, mudando o que pensamos sobre nós e sobre os outros, caminhando para uma consciência no seu plano mais complexo e elaborado. A importância das interacções CTS é, hoje, reconhecida internacionalmente. Tais interacções implicam uma racionalidade CTS e são essenciais a uma apreciação da ciência como 6 Sobre o ensino numa perspectiva CTS, ver Aikenhead (1994), López-Cerezo (2004), Martins (1995) e Santos, M-E. (1994, 1999 e 2001), Solomon (1994) e Yager & Lutz (1995). 7 elemento da cultura e para que o cidadão possa dar sentido a problemáticas socioambientais. A racionalidade CTS insere a construção da cidadania no ensino disciplinar; intenta reconfigurar o ser através do saber. Procura ultrapassar o fosso cognitivo ciência-cidadãos e o défice escolar para capacitar o cidadão para funcionar melhor na sociedade; para aprender a lidar efectiva e funcionalmente com questões científicas e tecnológicas que afectam as suas vidas. Presta especial atenção a situações que permitam debates éticos e culturais. Opõe-se ao cientismo e à tecnocracia. Convoca diferentes matrizes de racionalidade (científica, tecnológica, social, cultural...), questiona-as, dialoga com todas, mas diferencia-se delas. Abre-se ao campo da acção, à diversidade e à diferença. Ao apontar para uma diversidade de perspectivas e para uma “constelação” de conhecimentos interactivos, insere-se numa “aventura” epistemológica radicada num diálogo de saberes. Ao demarcar-se de ópticas vincadamente académicas, aproxima-se de ópticas baseadas nas realidades quotidianas. Ao configurar mudanças na compreensão do mundo potencializa diferentes formas de exercitar a cidadania. As interacções CTS abrem-se a questões do tipo: porque é que a ciência e a técnica já não se ufanam da sua modernidade? Porque é que a tecnociência é, crescentemente, posta em causa por grupos de cidadãos? Porque é que estes passaram a exigir-lhe explicações, e a impor-lhes normas de actuação? Porque é que a progressão da ciência e da técnica, em clara aceleração, vai produzindo uma crescente influência negativa na configuração da sociedade, nos planos económico, político, simbólico-cultural e na forma de exercer a cidadania? Porque é que promete aos industriais grandes lucros? Porque é que negoceia com o estado protecção, subsídios e bolsas em troca de prestígio internacional e do reforço dos poderes civis e militares?... (Santos, M-E., 2005a: 108) 2. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO As metodologias de intervenção do projecto “Ciência como cultura” propõem-se capitalizar na “aprendizagem ao longo da vida”. Uma forma de entender a educação que actualmente adquiriu estatuto de prioridade política. Investem no “aprender a aprender” como conhecimento estratégico para continuar a aprender. Giram em torno de estratégias do pensar e de argumentar como caminho para a autonomia cidadã. Procuram ultrapassar graves problemas abertos na nossa realidade escolar: (a) separação de entre referências teóricas e práticas escolares, o que contraria a apropriação conjunta de um campo de saberes e de práticas bem como o recurso à teoria como instrumento de reflexão antes, durante e depois das práticas; (b) hábitos de proporcionar um conjunto de teorias, como "dádiva" inicial, que os aprendentes tentam, melhor ou pior, pôr em prática, sem oportunidade de devolução dos resultados aos proponentes. Tal não se presta à regulação da "dádiva" nem a uma validação externa da prática ensaiada; (c) apresentação de propostas pontuais e sectoriais no campo 8 curricular sem uma lógica curricular coerente; (d) esperar-se tudo, ou quase tudo, da mediação escolar, sem evocação de situações vividas e sem questionar concepções previamente construídas nem práticas cristalizadas num conjunto de hábitos automáticos; (e) não proporcionar situações interactivas que permitam a cada um assumir o poder de dirigir a sua própria formação. Ou seja, não levar o aprendente a assumir um projecto profissional objectivado, como meio de apropriação da formação e de funcionalização de propostas teóricas; (f) entendimento da prática docente apenas como instrumento de aplicação da teoria e não como instrumento de investigação do professor em formação…. Um ponto central das metodologias das intervenções pedagógico-investigativas reside na sua natureza desestruturante. Propomo-nos levantar e analisar resistências e dificuldades relacionadas com a educação pela ciência. Resistências de conjugar conhecimentos em ciência e sobre ciência com formas de exercer e exercitar a cidadania. O nosso projecto “valoriza a educação sobre ciência, não descura a educação em ciência e dá particular atenção à educação pela ciência” (Santos, 2001:16)7. Propõe-se contribuir para desestruturar a forma tradicional de apresentação da ciência pelos currículos disciplinares e pelos mass-media, dissociando a ideia de currículo da ideia de disciplinaridade. Uma ideia que funciona como lugar de fechamento, de rigidez, de desenraizamento do meio e logo de desajustamento sociocultural. Porém, a inovação curricular que temos pela frente não se faz à margem das disciplinas. Reconhece que as disciplinas são um obstáculo a inovações curriculares, mas não um obstáculo intransponível. Entende ser irrealista ignorar a força que ainda têm nos currículos escolares. Para além de múltiplos defeitos, têm virtualidades que, bem aproveitadas, podem vir a desempenhar um papel decisivo na mudança curricular. Este projecto põe em questão as disciplinas mas passa por elas; pela sua reformulação. Propõe-se chamar á consciência os seus aspectos inconsistentes para promover insatisfação e desconstrução. Simultaneamente, procura abrir caminho à reorganização estrutural com propostas que se pretendem inteligíveis, plausíveis e fecundas. Em todo este processo as necessidades e experiências culturais dos aprendentes, são entendidas como cruciais, como ponto de partida para um entendimento progressivo da ciência como cultura. Ao inovar por dentro das disciplinas, empenhamo-nos na sua modificação interna. Uma mudança que se pretende racionalmente preparada. Ao propor, a curto prazo, como opção de 7 Para aprofundar a construção do conceito de tecnociência, as relações entre o ethos da ciência moderna e o da ciência pósmoderna, as relações entre Educação em Ciência, Educação sobre Ciência e Educação pela Ciência e mitos ancestrais sobre a ciência, cultivados particularmente pelo ensino escolar ver Santos, M-E. (1999 e 2001). 9 um curso de pós-graduação, disciplinas curriculares que se confrontam com o tratamento de problemas radicados na investigação na acção, temos como meta a auto-transformação disciplinar de forma a contribuir a longo prazo para um currículo não disciplinar. Para além de conhecimentos, o nosso contributo para a construção de um currículo de pós-graduação aberto, flexível, estimulante, diversificado e de natureza cultural e ética, tem como intenção estimular modos de pensar e de construir ideias, privilegiando o desenvolvimento de competências e de processos intelectuais. Derrubar fronteiras entre diferentes disciplinas escolares e entre estas e saberes não escolares é a pulsão cognitiva que nos move. Pretendemos inovar nos modos de conhecer e na orientação para incrementar a solidariedade e intercomunicação de saberes. e de culturas. Apontamos para uma reflexão epistemológica sobre o saber e sobre a estrutura disciplinar, preparando, racional e intencionalmente, uma mudança na lógica disciplinar que compense e atenue as insuficiências da especialização disciplinar. Tal exige manter um estado de vigilância interdisciplinar permanente relativamente ao ambiente epistemológico e pedagógico total que nos envolve. Pretende-se conquistar, pouco a pouco, uma inteligibilidade mais integrada que se coadune com uma articulação consciente das lógicas disciplinares à lógica interdisciplinar8. 3. CAMINHOS PEDAGÓGICO-INVESTIGATIVOS EM ANÁLISE As intervenções pedagógico-investigativas centraram-se numa sequência de actividades de âmbito CTS implementadas no decurso do desenvolvimento de duas disciplinas curriculares de carácter optativo de programas de pós-graduação. Uma, no 1º semestre do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (Brasil). Outra no 2º semestre do Programa de Mestrado em Educação da FCUL (Portugal). No desenvolvimento destas actividades procurámos: a) problematizar as relações ciência e cultura; b) confrontar diferentes modos de produção da ciência, o ethos da ciência moderna e o ethos da tecnociência, a cidadania clássica com a cidadania moderna e estas com discursos pós-modernos de cidadania; c) conjugar conteúdos científicos, permeados de valores e de princípios, a experiências de vida, a conceitos prévios, a saberes práticos, a aprendizagens vicariantes. 8 Resultados de pesquisa que apresentam inovações curriculares tendo em vista a adopção de metodologias interdisciplinares na formação profissional, foram desenvolvidos no âmbito de outros projectos e podem ser encontrados em Freitas et al. (2001); Oliveira & Freitas (2004) 10 Ressalvando especificidades próprias de cada disciplina, as actividades tiveram sequências semelhantes no Brasil e em Portugal: 1. Recolha de dados num site didáctico, de autoria de um dos pesquisadores da equipa portuguesa (BioQuest: http://www.nonio.eses.pt/bioquest/), cuja proposta pedagógica é discutir questões controversas numa perspectiva CTS, nomeadamente, o impacto socioambiental gerado pela construção de uma barragem (Barragem do Alqueva) no Alentejo. Em resposta à questão colocada pelo site, os estudantes recolheram informações sobre os aspectos sociais, económicos, políticos, ambientais, culturais, científicos e tecnológicos por meio da leitura de textos de carácter técnico, científico, jornalístico… Com base neste estudo, posicionaram-se em relação à construção ou não da barragem em três momentos correspondentes a níveis distintos de construção do pensar, individualmente, em pequenos grupos e num debate aberto com o grupo de pósgraduação os pesquisadores. 2. Debate acerca de aspectos relacionados com a Ciência, Educação científica e Cidadania a partir de uma situação sociocientífica veiculada por um recurso mediático - um filme, produzido nos USA em 2000 - Erin Brockovich, uma mulher de talento. Esta actividade é analisada por Pierson et al (2005). 3. Debate com o fulcro numa exposição teórica e numa reflexão subsequente apoiada por tópicos de discussão. A exposição teórica incidiu em diferentes modos de produção da ciência, na comparação do ethos da ciência moderna com o ethos da tecnociência e na contrastação entre a cidadania clássica e a cidadania moderna e destas com discursos pós-modernos de cidadania. Os textos de apoio versaram sobre: (1) Conhecimento do conhecimento científico e cidadania; (2) Autosocioconstrutivismo e cidadania; (3) Cidadania: um conceito em construção; (4) Cidadania ambiental; (5) Obstáculos epistemológicos à relação ciência/cidadãos; (6) Epistemologia do lixo (Santos, M-E., 2005c) 4. Discussão centrada em textos literários e em textos científicos para estabelecer relações CTS. A partir de excertos de textos literários: “Ode Marítima” de Fernando Pessoa, “Galileo”, “Lição sobre a água”, “Pedra filosofal” e “Lágrima de preta” de António Gedeão, “Jangada de Pedra” de José Saramago, “Rios de púrpura” de Jean-Christophe Granger, “Cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Marques, discutiu-se a importância do conhecimento científico para a compreensão de enredos literários, quer de natureza poética quer de prosa. A partir 11 de excertos de textos científicos como “Sentimento de Si” de António Damásio e de “Mais rápido que a luz” de João Mageijo, discutiu-se a importância da literatura para a compreensão de conceitos científicos. Estes textos foram a base de uma discussão teórica sobre a necessidade de entender hoje em dia o conhecimento como múltiplo, abrangente e complexo. Recorreu-se a teorias do pensamento complexo e da neurobiologia para fundamentar este ponto de vista. 5. Debate centrado na interface ficção/realidade, despoletado por um filme brasileiro de 2003 - “Narradores de Javé”. O filme retrata o drama de moradores de uma pequena comunidade ameaçada pela construção de uma central hidroeléctrica. A análise do conteúdo das narrativas dessa população ribeirinha permitiu evidenciar rupturas e continuidades com o projecto da Barragem de Alqueva. Esta actividade das questões CTS, priorizou relações do contexto sócio-histórico-cultural. 6. Análise de narrativas biográficas recolhidas por entrevistas que evidenciam projectos de vida, os quais remetem para projectos socioambientais e de inovação curricular. Tal análise foi suportada pelo visionamento de um vídeo com depoimentos de vários profissionais de alguns sectores da sociedade: “catador” de lixo; professor; estudante; pesquisador; médico. Posteriormente, os estudantes foram convidados a estabelecer conexões com implicações da ciência na vida quotidiana e na formação para a cidadania, bem como sobre a produção de conhecimentos e saberes no contacto com diferentes culturas, ou aspectos culturais específicos. No Brasil a temática CTS foi inserida numa disciplina Diferentes concepções de trabalho científico e suas implicações no ensino de Ciências e Matemática que tinha por objectivo discutir as diferentes concepções epistemológicas de professores e alunos acerca da natureza da ciência e da construção do conhecimento científico. Em Portugal a disciplina de opção Trabalho de Projecto tinha entre outros objectivos dois que possibilitaram mais directamente a articulação com os eixos deste projecto: 1) Analisar situações reais de desenvolvimento de projectos, identificando virtualidades e constrangimentos; 2) Proporcionar intercâmbio de diferentes visões culturais proporcionadoras de uma análise mais abrangente e integrada do mundo, constituindo referentes de cidadania. 4. UM PROJECTO EM VIAS DE CONCRETIZAÇÃO Como resultado deste primeiro ensaio realizado em disciplinas inseridas de forma tradicional nos currículos de pós-graduação, nas quais se realizaram actividades curriculares 12 inovadoras propomos, na continuidade do projecto, avançar de forma a superar uma organização curricular demasiado fechada em si mesma, tendo em vista uma utopia mais global: aproximação da construção de um modelo curricular teórico-metodológico cujo aspecto central seja a ciência como cultura. Para isso, estamos propondo rupturas mais profundas na estrutura e dinâmica de uma disciplina, de carácter interdisciplinar, que está sendo proposta no âmbito de seis Programas de Pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar): Educação; Ecologia e Recursos Naturais; Filosofia; Ciências Sociais e Engenharia de Produção e Engenharia Urbana. Trata-se de uma disciplina intitulada “Ciência, Cultura e Ambiente” que tem como objetivos: a) elaborar uma interpretação crítica e ontológica do mundo atual em suas dimensões científicas e tecnológicas, nomeadamente, evidenciando aspectos ambivalentes da ciência e da tecnologia e os efeitos profundos da tecnociência no ambiente, não só na sua dimensão natural como na dimensão social e humana; b) confrontar diferentes contextos culturais de produção de conhecimento; c) confrontar diferentes modos de produção da ciência, o ethos da ciência moderna e o ethos da tecnociência, a cidadania clássica com a cidadania moderna e estas com discursos pós-modernos de cidadania; d) relacionar as abordagens de meio ambiente e sociedade e problematizar as relações ciência/cultura/ambiente; e) evidenciar as dificuldades e barreiras conceituais e subjetivas que comprometem as mudanças de relação indivíduo, sociedade e natureza. Suas temáticas centrais são: 1. Desafios e barreiras conceptuais, sociais e subjetivas que comprometem as mudanças de relação indivíduo, sociedade e natureza. 2. Os modos de produção da ciência: o ethos da ciência moderna e o ethos da tecnociência. Aspectos ambivalentes da ciência e da tecnologia e os efeitos profundos no ambiente e na sociedade. 3. Outros contextos culturais de produção de conhecimento. 4. As abordagens de meio ambiente e sociedade e suas múltiplas relações com o conhecimento. 5. Génese da cidadania atual. Influência da cidadania ambiental e implicações na atuação profissional e no quotidiano. Para o desenvolvimento da disciplina, teremos quinze encontros presencias de quatro horas de aula cada mais duas horas semanais para estudo livre. A dinâmica adoptada para o estudo das temáticas centrais será feita em dois momentos: no interior de cada área de 13 conhecimento; em grupos interdisciplinares, de diferentes áreas de conhecimento. O conhecimento explicitado e produzido pela comunidade de sala de aula será elaborado também em três níveis: a) estudo individualizado dos temas mediado pela orientação dos professores de cada programa, por textos (científicos, literário, jornalístico e outros), artigos, sites, filmes, obras de arte etc.; b) reflexão colectiva no âmbito da mesma área e inter-áreas envolvendo estudantes e professores dos seis programas de pós-graduação; c) produção de sínteses individuais ou em pequenos grupos (ora disciplinares, ora multidisciplinares) Como produto espera-se que a comunidade de sala de aula – professores e alunos dos diferentes programas – construam portfólios, artigos e uma colectânea a ser disponibilizada para os programas e a utilização em outras disciplinas. REFLEXÕES CONCLUSIVAS a) Desafiar a “ciência tal qual se faz”, no sentido de encontrar novas formas de operar na sociedade do conhecimento e implementar inovações curriculares através da “ciência tal qual se diz” são formas de preparar o cidadão para processos auto-reflexivos e decisórios. b) Questionar a racionalidade da ciência moderna de raiz iluminista e orientar os currículos para um diálogo de saberes e para racionalidades distanciadas de posturas empiristas e fora do círculo unitário do projecto positivista é uma forma de contribuir para a educação cidadã. c) Encarar a ciência como cultura condiciona significativas reconceptualizações referentes à forma de olhar o desenvolvimento curricular e constitui um meio excelente para a promoção da cidadania. Põe em causa o “velho” modelo epistemológico que ainda nos domina e que tem vindo a privilegiar epistemologicamente a forma de conhecimento que costuma designarse por ciência moderna. A ciência como cultura ao privilegiar o “conhecimento emancipação” é uma ferramenta crucial para reposicionar o ser através do saber; d) Um projecto curricular de natureza CTS é fundamental, para a educação do cidadão comum, que, confrontado com a explosão tecnológica, precisa de se defender de uma alienação consumista e de se tornar mais competente e menos dependente no usufruto das inovações tecnológicas e na participação nas decisões das comunidades que envolvem juízos fundamentados. e) Pensar, de forma holística e interdisciplinar, nos problemas CTS, tendo em conta os diferentes aspectos desses problemas, sem os reduzir a uma dimensão apenas, seja ela, ecológica, ética, cultural, económica, política ou social é um aspecto fundamental de inovações curriculares dirigidas para a educação cidadã. As relações CTS pondo em jogo conceitos, atitudes e valores fundamentais, são particularmente relevantes no âmbito das dimensões epistemológica, ética e social do desenvolvimento curricular REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aikenhead, G. (1994). What is STS science teaching? In J. Solomon & G. Aikenhead (Eds), STS education: International perspective on reform (pp. 47-59). New York: Teachers College Press.~ Beck, U. (1992). Risk society: toward a new modernity. Londres: Newbury. 14 Carvalho et al (Eds). (2005). Educar para a cidadania como dimensão do currículo escolar. Porto: Porto Editora. Clarke, P. (1996). Deep citizenship. London: Pluto Press. Freitas, D; Villani, A.; Pierson, A.H.C (2001). A formação de professores em ciências: Freire dialogando com a Psicanálise. Pro-posições Campinas 12 (1), p.47-62. Fourez, G. (1985). Pour une éthique de l' enseignement des sciences. Bruxelles: Vie Ouvrière. Galvão, C. (Coord.), Neves, A., Freire, A. M., Lopes, A. M., Santos, M. C., Vilela, M. 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