1
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS NA CONSTRUÇÃO DE
FUNDAÇÃO PROFUNDA (TUBULÕES) – UM ESTUDO DE CASO
ELIO STADIKOWSKI
FOZ DO IGUAÇU – PR
2010
ii2
ELIO STADIKOWSKI
TRABALHOS
EM
ESPAÇOS
CONFINADOS
NA
CONSTRUÇÃO DE FUNDAÇÃO PROFUNDA (TUBULÕES) –
UM ESTUDO DE CASO
Trabalho
Final
de
Graduação
apresentado à banca examinadora da
Faculdade Dinâmica de Cataratas –
UDC, como requisito parcial para
obtenção de grau de Engenheiro
Ambiental.
Orientador: Ms. Iedo L. Madalozzo
Foz do Iguaçu – PR
2010
iii3
TERMO DE APROVAÇÃO
UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS
TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS NA CONSTRUÇÃO DE FUNDAÇÃO
PROFUNDA (TUBULÕES) – UM ESTUDO DE CASO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL
Elio Stadikowski
Orientador: Prof. Ms. Iedo Lourenço Madalozzo
Conceito Final
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Daniel Alberto Salinas Casanova
Prof. Especialista Jorge Oscar Darif
Foz do Iguaçu, 05 de Julho de 2010.
4
iv
Dedico este trabalho à Deus pela vida
e sabedoria e oportunidade de poder
estudar, A minha família, pela
compreensão nos momentos
de
dedicação desta grande jornada, ao e
demais colegas. E a todas as pessoas
que de alguma forma colaboraram
neste trabalho.
5v
AGRADECIMENTOS
-
Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho;
-
A Deus que nos auxilia em todos os momentos de nossa vida;
-
Ao Professor Orientador Ms Iedo Lourenço Madalozzo, pela assistência,
incentivo na elaboração deste trabalho de pesquisa;
-
A todos os professores que ao longo do curso transmitiram seus conhecimentos
e aos demais funcionários da instituição de ensino UDC;
-
Aos colegas de turma que de forma amiga, dedicada contribuíram nesta
caminhada do aprendizado;
-
A minha família pela compreensão dos momentos ausentes para a dedicação
plena ao curso.
-
Ao colega de turma Eliel Aparecido Rocha que de forma amiga, dedicada
contribuiu nesta caminhada.
6
vi
“Quanto à sensação de segurança perante os homens,
o poder e o domínio são bens dados pela natureza, a
partir dos quais podemos proporcionar-nos segurança."
(Epícoro)
7
vii
RESUMO
STADIKOWSKI, ELIO (2010) Trabalhos em espaços confinados na construção de
fundação profunda , Um Estudo de Caso, Foz do Iguaçu, 2010.
O espaço confinado também faz parte do setor da construção civil, seja na
construção de valas, fundações e um tipo em especial a fundação profunda,
denominado de tubulão. Existem muitas variáveis que podem interferir nos trabalhos
nestes espaços, pela própria dificuldade de acesso, pelas situações de riscos
ambientais conhecidos, como os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e
acidentes, além dos riscos intrínsecos aos ambientes desconhecidos, denominados
de espaços confinados, seja nas condições atmosféricas, nas questões da
explosividade, toxidade, ou seja , podem ocorrer mudanças nestes ambientes que
colocam em potencial os riscos ao trabalhador, além das análises do tipo de solo
que pode incorrer de uma situação de perigo para o trabalhador, no caso de
engolfamento ou soterramento. A NR 33, busca propiciar subsídios, procedimentos e
condições para que evite ao máximo a ocorrência de acidentes nestes meios. Neste
trabalho de pesquisa através de um estudo de caso sobre a construção de um
hipermercado, anexo ao shopping JL em foz do Iguaçu/PR, buscou demonstrar as
particularidades do espaço confinado, os documentos necessários, como a PET, os
monitoramentos e medições da atmosfera, a importância da capacitação e do
treinamento, visando principalmente à redução ao máximo os riscos de acidentes ao
trabalhador e o acompanham e o dos ensaios simples de reconhecimento do solo
(SPT), tendo como objetivo maior a observação da utilização dos EPI´s, os métodos
de comunicação empregada nos trabalhos e o tipo de solo, no qual incorre sobre os
aspectos de segurança do trabalhador.
Palavra chave: espaços confinados, segurança do trabalho, Fundação Profunda,
Tubulão
viii8
ABSTRACT
STADIKOWSKI, ELIO (2010) Work in confined spaces in the construction of deep
foundation, A Case Study, Foz do Iguaçu, 2010.
Confined spaces is also part of the construction industry, whether in the construction
of ditch, foundations and one type in particular the deep foundation, named pipe.
There are many variables that can interfere with work in these spaces, by the
difficulty of access, by known environmental risk situations, such as physical,
chemical, biological, ergonomic and accidents, and risks inherent to unknown
environments, called confined spaces is atmospheric conditions, the issues of
explosive, toxic, or changes may occur in these environments that pose potential
risks to the worker, beyond the analysis of soil type that may incur a danger to the
worker in case of engulfment or burial. The NR 33, search providing grants,
procedures and conditions to avoid the most accidents from occurring in such media.
In this research work through a case study on the construction of a hypermarket, JL
attached to shopping in Foz do Iguaçu / PR, sought to demonstrate the features of
the confined space, the necessary documents, such as PET, the monitoring and
measurements of the atmosphere the importance of capacity building and training,
aiming at the reduction to the minimum the risk of injury to the employee and the
accompanying tests and simple recognition of the soil (SPT), having as main
objective to observe the use of PPE, methods communication employed in the work
and the type of soil, which incurs about of safety aspects of the worker.
Keyword: Confined Spaces, work Safety, Deep Foundation, and Pipe
9ix
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................. vii
ABSTRACT.......................................................................................................... viii
1- INTRODUÇÃO................................................................................................. 15
1.1. Objetivo Geral ....................................................................................... 16
1.2. Objetivos Específicos ............................................................................ 16
2- REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 17
2.1. A Norma Regulamentadora – 33 - Histórico.......................................... 17
2.2. Segurança do Trabalho e Espaços Confinados ................................... 18
2.3. Condição Ambiental de Segurança e Riscos Ambientais...................... 19
2.4. Gerenciamento de Riscos ..................................................................... 20
2.5. Trabalhos em Espaços Confinados – NR 33 ........................................ 23
2.6. Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaço Confinado . 26
2.7. Perigos em Espaços Confinados .......................................................... 28
2.8. Permissão de Entrada em espaços Confinados e Procedimentos de
Segurança ............................................................................................. 30
2.9. Acidentes em Espaços Confinados no Brasil ........................................ 32
2.10. Treinamento dos Trabalhadores.......................................................... 34
2.11. Monitoramento do ambiente referente ao espaço confinados............. 36
2.12. Identificação e sinalização dos espaços confinados ........................... 39
2.13. Solo e fundação .................................................................................. 40
2.13.1. Solo ............................................................................................. 40
2.13.2. Classificação e sondagens dos solos.......................................... 41
2.13.3. Investigação geotécnicas – geológicas solo................................ 43
2.13.4. Definição de fundações ............................................................. 45
2.13.5. Classificações das fundações ................................................... 46
2.13.6. Tubulões de fundações ............................................................. 47
3. MÉTODOS E MATERIAIS .............................................................................. 51
3.1. Metodologia de Pesquisa ...................................................................... 51
3.2. Avaliação Quantitativa........................................................................... 52
3.2.1. Agentes físicos .............................................................................. 53
3.2.1.1. Ruído .................................................................................... 53
3.2.1.2. Calor ..................................................................................... 54
3.2.1.3. Umidade relativa do Ar ......................................................... 56
3.2.1.4. Medições da concentração de oxigênio e outros gases
tóxicos ou explosivos............................................................ 57
x10
3.3. Ventilação do espaço confinado para execução dos trabalhos............. 58
3.4. Equipamentos de proteção coletiva e individual.................................... 59
3.5. Pessoal de supervisão e vigia ............................................................... 61
3.6. Treinamento .......................................................................................... 62
3.7. Autorização de entrada no espaço confinado ....................................... 62
3.7.1. Procedimento de permissão de entrada no espaço confinado ....... 62
3.8. Iluminação ............................................................................................. 63
3.9. Sistema de comunicação ...................................................................... 64
3.10. Identificação e sinalização dos espaços confinados ........................... 65
3.11. Ensaio de SPT .................................................................................... 66
4- ANÁLISES DOS DADOS E RESULTADOS .................................................. 70
4.1. Medições da Atmosfera Referente ao Espaço Confinado ..................... 70
4.1.1. Medições dos parâmetros físicos ................................................... 70
4.1.1.1. Medições de ruídos ............................................................... 71
4.1.1.2. Medições de calor e umidade relativa do ar .......................... 72
4.1.1.3. Medições de concentração de oxigênio ............................... 73
4.1.1.4. Medições da concentração de inflamáveis, gases e vapores
tóxicos ................................................................................... 74
4.2. Avaliações Qualitativa .......................................................................... 75
4.2.1. Avaliação dos EPI´s ........................................................................... 75
4.2.2. Avaliação dos Procedimentos de execução dos trabalhos................. 75
4.3. Ensaio de sondagem de simples reconhecimento dos solos – SPT .... 77
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 81
6- SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 86
11
xi
LISTAS DE FIGURAS
Figura 01 – Riscos de acidentes em espaços confinados.................................... 22
Figura 02 – Ambientes caracterizados como espaços confinados....................... 24
Figura 03 – Monitoramento da atmosfera em espaços confinados ...................... 37
Figura 04 – Monitoramento individual do ambiente ............................................. 38
Figura 05 – Sinalização de perigo, espaço confinado .......................................... 39
Figura 06 – Sinalização na entrada do espaço confinado ................................... 40
Figura 07 – Sondagem SPT ................................................................................. 42
Figura 08 – Estrutura de uma edificação.............................................................. 45
Figura 09 – Estaca hélice contínua ...................................................................... 47
Figura 10 – Desenho esquemático de uma fundação profunda .......................... 48
Figura 11 – Fundação profunda ........................................................................... 49
Figura 12 – Localização da área construída do hipermercado............................. 52
Figura 13 – Medidor de Ruído - Decibelímetro..................................................... 54
Figura 14 – Termômetro de índice de bulbo úmido – Termômetro Globo............ 55
Figura 15 – Medição de umidade relativa do ar - Termohigrômetro..................... 56
Figura 16 – Medidor de concentração de oxigênio............................................... 57
Figura 17 – Medidor de Explosividade ................................................................. 58
Figura 18 – Sistema de ventilação ....................................................................... 59
Figura 19 – Trabalhador com EPI e isolação de área de trabalho - EPC............. 60
Figura 20 – EPI – Cinto de segurança ................................................................. 60
Figura 21 – Supervisor ou vigia no acesso da tubulação ..................................... 61
Figura 22 – Iluminação no interior do tubulão ...................................................... 64
Figura 23 – Sistema de comunicação .................................................................. 65
Figura 24 – Sinalização referente ao espaço confinado....................................... 66
Figura 25 – Ensaio SPT ....................................................................................... 67
Figura 26 – Amostra de solo retido no amostrador .............................................. 68
Figura 27 – Palestra sobre segurança em espaços confinados ........................... 76
Figura 28 – Sinalização de perigo, espaço confinado .......................................... 77
Figura 29 – Esquema de perfuração do ensaio SPT............................................ 78
Figura 30 – Amostra de solo retirada do tubulão.................................................. 79
Figura 31 – Mapa do terreno e locação das fundações ....................................... 80
12
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estados da Compacidade e de Consistência dos Solos ................... 43
Tabela 2 – Resistência e Tipos do Solo .............................................................. 69
Tabela 3 – Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente (NR15) .. 71
Tabela 4 – Medição de ruído................................................................................ 72
Tabela 5 – Limites de tolerância para Oxigênio .................................................. 73
13
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Abreviatura
Ms. – Mestre
Profo. – Professor
Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normais técnicas.
ASO – Atestado de Saúde Ocupacional
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
DB (A) – Decíbel na Escala de compensação (A).
EPC – Equipamento de Proteção coletivo.
EPI – Equipamento de Proteção individual.
IBTUG – Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo.
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.
NBR – Norma Brasileira.
NIOSH – National Institute of Occupational Safety and Health.
NR – Norma Regulamentadora.
NTS – Norma Técnica de Segurança do Trabalho (Itaipu Binacional).
OSHA – Occupatienal Safety end Health Administration.
PET – Permissão de entrada e Trabalho.
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos de Acidentes
xiv
14
SESMT – Serviço Especializado em engenharia de segurança e medicina do
trabalho.
SPT – Standard Penetration Test.
15
1 INTRODUÇÃO
Atualmente estudos e novas tecnologias trouxeram ao ser humano
um grande avanço em todos os campos de atividade do trabalho, sendo manual ou
aos modernos sistemas de produção e aos novos modelos construtivos, com o
decorrer do tempo, o trabalho tornou um campo complexo e um número cada vez
maior de pessoas e máquinas envolvido no processo. Paralelamente, as leis e
normas foram se desenvolvendo e adequando para garantir ao trabalhador melhores
condições de trabalho, como: higiene, segurança e conforto.
Em paralelo às questões econômicas e sociais, as questões
ambientais são de fundamental importância dentro dos estudos de implantação do
projeto, ou seja, através de uma equipe multidisciplinar, envolvendo além de
projetistas, o engenheiro civil, engenheiro ambiental e engenheiro de segurança do
trabalho, podem antecipar certas situações que colocar em riscos a saúde do
trabalhador .
A análise geológica é de fundamental importância para qualquer
embasamento técnico, em se tratando de fundações, no tocante análise do solo,
nesta fase do processo o engenheiro ambiental em conjunto com o engenheiro civil
pode contribuir para uma melhor avaliação do processo, ou seja, consiste em uma
disposição da superfície do solo, através de métodos indiretos (geofísica) e métodos
diretos (sondagem mecanizada, poços e trincheiras), que permite a mensuração
quanto à qualidade do solo para o projeto de fundação profunda (tubulões).
O presente estudo propõe-se a analisar as condições de trabalho na
construção de fundações profundas, ou seja, tubulões, para um hipermercado na
cidade de Foz do Iguaçu, PR , sob a ótica da engenharia ambiental, bem como as
16
condições em que o trabalhador da construção civil está sujeito, no que diz respeito
a espaços confinados.
Neste contexto este trabalho de pesquisa se justifica por expor o
trabalho da construção de fundações profundas (tubulões), definido como espaço
confinado e busca a verificar através dos ensaios do solo, acompanhar e sugerir
ações no que diz respeito às medidas de saúde e segurança para o trabalhador
neste tipo de atividade laboral e do exposto demonstrar a importância em adotar
uma gestão de segurança para o ambiente de trabalho em estudo e o bem estar dos
trabalhadores.
1.1 OBJETIVO GERAL
Apresentar os principais riscos que representa a perfuração manual
de fundações profundas (tubulões) na construção de um hipermercado em Foz do
Iguaçu/PR e as questões ambientais a que estão expostos os trabalhadores, bem
como os tipos de EPI s necessários para este tipo de trabalho no ambiente em
questão e os aspectos de segurança envolvidos no processo, ou seja, trabalhos em
espaços confinados.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Relacionar os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho;
b) Verificar a utilização dos EPI´s e medidas de segurança adotadas para o trabalho
em fundações profundas;
17
c) Verificar através das análises do solo e do ensaio de SPT para a construção de
tubulões a influência do solo nos aspectos de segurança do trabalhador no
interior dos tubulões.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A NORMA REGULAMENTADORA – 33 - HISTÓRICO
Em 26 de outubro de 2005, foi criado o Grupo Técnico Tripartite
(GTTP) e aprovado em reunião. Grupo este composto por trabalhadores,
empregadores e governo, o grupo promoveu um rápido amadurecimento, com o
posicionamento das instituições e o fortalecimento da NR-33, menciona as diretrizes
para trabalhos em espaços confinados, conforme o engenheiro de segurança do
trabalho da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho - (FUNDACENTRO) Francisco Kulcsar Neto, a aprovação do processo
referente a NR 33 foi muito rápido, devido a preocupação com a saúde e segurança
do trabalhador neste ambiente em questão. (FUNDACENTRO,2006).
Assinada pelo ministro do trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que
aprova a Norma Regulamentadora 33 de Segurança e Saúde no Trabalho em
Espaços Confinados e a publicação no Diário oficial da União ocorreu em 28 de
Dezembro de 2006 (MTE - BRASIL, 2006).
Esta Norma tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos
para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação,
monitoramento, treinamentos e controle dos riscos existentes, de forma a garantir
permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou
indiretamente nos espaços confinados (MTE - BRASIL, 2006).
19
2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO E ESPAÇOS CONFINADOS
No Brasil, há no mínimo duas definições legais para espaços
confinados: a da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a do
Ministério do Trabalho (MTE). Na Norma Brasileira NBR – 14.787/2001 – Trabalho
em Espaços Confinados, define-se espaço confinado como qualquer área não
projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída e
na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos
e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver.
Para a proposta da Norma Regulamentadora da Portaria nº 33 do Ministério do
Trabalho, espaço confinado será qualquer área não projetada para ocupação
humana que possua ventilação deficiente para remover contaminantes, bem como a
falta
de
controle
da
concentração
de
oxigênio
presente
no
ambiente
(ARAÚJO,2006).
Segurança do trabalho é a ciência que atua na prevenção dos
acidentes do trabalho decorrente dos fatores de risco operacional, ou seja, o
acidente que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (SALIBA 2008).
Ferreira
(1999)
descreve
como
acidente
de
trabalho,
um
acontecimento, fortuito, imprevisto, causal ou não, ou então - acontecimento infeliz
que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria e ruína.
Dalcul (2001) salienta que até mesmo as normas de segurança em
vigor, por si só, não estão sendo suficientes para manter um ambiente de trabalho
livre de situações de risco, uma vez que muitas das suas exigências não são
20
cumpridas. As dificuldades para sua implementação passam por reclamações que
questionam inconsistências de alguns de seus itens, quando analisados em relação
à realidade brasileira. Estas questões são mostradas em trechos de reportagens,
tais como as de Moura, que salientam:
“A grande dificuldade para o cumprimento dessas normas é o
convencimento de que a prevenção de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais é um investimento que interfere diretamente na
produtividade e qualidade do produto produzido ou serviço prestado”
(MOURA, 1999, p. 63).
2.3 CONDIÇÃO AMBIENTAL DE SEGURANÇA E RISCOS AMBIENTAIS
De acordo com a Norma Brasileira (NBR) 14280/99, condição
ambiente de segurança é a condição do meio que causou o acidente ou contribuiu
para a sua ocorrência.
Caponi (2004) descreve que riscos ambientais é uma combinação
da probabilidade de ocorrência de evento perigoso e a severidade de ferimentos ou
danos para a saúde das pessoas causadas por um evento, portanto o risco, por sua
vez, associa-se à exposição às fontes de perigo como eventos, sistemas,
instalações, processos e atividades, caracterizando-se em função da freqüência em
que ocorrem estas exposições e das suas conseqüências.
De acordo com a Norma regulamentadora 9, NR-9 - Programas de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) no seu anexo IV – MAPA DE RISCO temse a obrigatoriedade de elaboração deste instrumento, onde estão especificadas as
diretrizes para o desenvolvimento dos trabalhos. A NR-5 atribui também à Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) a função de elaborar o MAPA DE RISCO
no ambiente laboral, com a colaboração do Serviço Especializado em Engenharia de
21
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) se este existir, devendo haver
inspeção e reformulação do mapa a cada nova gestão da CIPA. (BRASIL, 2006).
A NR 9 classifica os principais riscos ocupacionais em grupos, de
acordo com a sua natureza e a padronização das cores são as seguintes:
- GRUPO 1 - VERDE - RISCOS FÍSICOS: Ruídos; Vibrações; Radiações
Ionizantes; Radiações não ionizantes; Frio; Calor; Pressões anormais;
Umidade.
- GRUPO 2 - VERMELHO - RISCOS QUÍMICOS: Poeiras; Fumos; Névoas;
Neblinas; Gases; Vapores; Substâncias compostas ou produtos químicos
em geral.
- GRUPO 3 - MARROM - RISCOS BIOLÓGICOS: Vírus; Bactérias;
Protozoários; Fungos; Parasitas; Bacilos.
- GRUPO 4 - AMARELO - RISCOS ERGONÔMICOS: Esforço físico intenso;
Levantamento e transporte manual de peso; Exigência de postura
inadequada; Controle rígido de produtividade; Imposição de ritmos
excessivos; Trabalho em turno e noturno; Jornadas prolongadas; Monotonia
e repetitividade; Outras situações de estresse físico e/ou psíquico.
- GRUPO 5 - AZUL - RISCOS DE ACIDENTES: Arranjo físico inadequado;
Máquinas e equipamentos sem proteção; Ferramentas inadequadas ou
defeituosas; Iluminação inadequada; Eletricidade; Probabilidade de incêndio
ou explosão; Armazenamento inadequado; Animais peçonhentos e outras
situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.
De acordo com a NR 9. o Mapa de Riscos tem como objetivos:
a) reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de
segurança e saúde no trabalho na empresa;
b) possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre
os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção
Ponzetto (2005) descreve que os riscos ambientais são capazes de
causar danos à saúde e à integridade física do trabalhador em função de sua
natureza, intensidade, suscetibilidade e tempo de exposição.
2.4 GERENCIAMENTO DE RISCOS
.
Araújo (2006) menciona que o gerenciamento de riscos é de
fundamental importância, pois auxilia a tomada de decisão na área de Segurança e
22
Saúde e permitir melhor alocação de recursos, além de subsidiar o processo de
definição de medidas de controle, podendo avaliar quais riscos são toleráveis e
quais
devem
ser
controlados.
Estes
dados
também
devem
subsidiar
o
estabelecimento dos objetivos e programas, direcionando os recursos para as áreas
mais importantes, o que resulta em uma melhoria na relação custo-benefício.
Tavares (2005) descreve que administrar riscos é dar proteção aos
recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, quer pela eliminação ou
redução de riscos, quer pelo financiamento dos riscos remanescentes, conforme
seja economicamente mais viável; O gerenciamento de riscos implica em uma
definição e implementação de processos básicos, tais como: identificação de riscos,
análise de riscos, avaliação de riscos e tratamento de riscos por meio de: prevenção,
eliminação/redução, financiamento dos riscos.
De acordo com Araújo (2006) a empresa, baseando-se na
identificação de perigos e avaliação de riscos, deve identificar quais são os
processos que podem contribuir para a eliminação dos perigos ou para a redução
dos riscos, e estabelecer os controles necessários, considerando diversos fatores,
entre eles: o nível de risco existente, os custos, a praticidade do controle e a
possibilidade de se introduzir novos perigos, a fonte (perigo), o meio e o homem, e
quanto mais próximos os controles estiverem das fontes mais eficientes e efetivos
eles serão.
Conforme a NR 33.3.1 (2006) a gestão de segurança e saúde deve
ser planejada, programada, implementada e avaliada, incluindo medidas técnicas de
prevenção, medidas administrativas e medidas pessoais e capacitação para trabalho
em espaços confinados.
23
Ainda seguindo a mesma Norma regulamentadora NR 33.3.2.4
Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de incêndio ou explosão em
trabalhos a quente, tais como solda, aquecimento, esmerilhamento, corte ou outros
que liberem chama aberta, faíscas ou calor, já no item 3.2.5 da mesma norma
descreve em adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de inundação,
soterramento, engolfamento, incêndio, choques elétricos, eletricidade estática,
queimaduras, quedas, escorregamentos, impactos, esmagamentos, amputações e
outros que possam afetar a segurança e saúde dos trabalhadores, conforme figura
1.
Principal ocorrência na construção de
tubulões
Figura 1: risco de acidente em espaços confinados
Fonte: Munhoz (2000)
24
2.5 TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS – NR33
Conforme a NR 33 item 33.1.2, Espaço Confinado é definido como
qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que
possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente
para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento
de oxigênio.
Munhoz (2000) menciona que os empregados que devem entrar em
espaços confinados para realização de seu trabalho devem ser treinados para que
possam identificar todos os tipos de espaços confinados e devem executar todas as
avaliações de segurança necessárias antes de adentrar na área definida como
espaço confinado.
De acordo com Neto (2007) os riscos nas operações em espaços
confinados nos diversos segmentos econômicos podem atingir os trabalhadores, o
meio ambiente, a comunidade e o patrimônio das empresas. Por apresentarem
riscos
específicos
estas
atividades
são
contempladas
por
Normas
Regulamentadoras que determinam precauções com os Espaços Confinados.
Ainda segundo Neto (2007) apesar das NR’s, com freqüência é
noticiado na imprensa acidentes graves ou fatais em ambientes de trabalho
classificados como espaços confinados.
Os motivos de acesso a espaços confinados são diversificados
(Figura 2), mas prendem-se, em regra, com trabalhos de construção do espaço,
limpeza, pintura, manutenção e reparação (MUNHOZ,2000).
25
Figura 2: Ambientes Caracterizados como Espaços Confinados
Fonte: Munhoz (2000)
A NBR 14787/2001 menciona que antes de um trabalhador entrar
num espaço confinado, a atmosfera interna deverá ser testada por trabalhador
autorizado e treinado, com instrumentos de leitura direta, calibrado e testado antes
do uso, adequado para o trabalho em áreas potencialmente explosivas,
intrinsecamente
seguro,
protegido
contra
emissões
eletromagnéticas
ou
interferências de radiofreqüência, calibrados e testados antes da utilização para as
seguintes condições: concentração de oxigênio, gases e vapores potencialmente
tóxicos, contaminantes do ar potencialmente tóxicos (ABNT- NBR 14787/2001).
A NR 18.20 no qual trata de trabalhos em Locais Confinados, no
item 18.20.1 menciona que nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos
26
de asfixia, explosão, intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas
medidas especiais de proteção, a saber:
a) treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a que estão
submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de
risco;
b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão
realizar suas atividades sem a utilização de EPI adequado;
c) a realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção
prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados;
d) monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explosão e
intoxicação no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado sob
supervisão de responsável técnico;
e) proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado;
f) ventilação local exaustora eficaz que faça a extração dos contaminantes e
ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente,
garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar;
g) sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos
no interior de espaços confinados;
h) uso de cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que
possibilitem meios seguros de resgate;
i) acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na
aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares;
j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, dois deles devem ser treinados para
resgate;
27
k) manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autônomo
para resgate;
l) no caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da
execução do trabalho.
2.6 GESTÕES DE SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS
CONFINADOS
Araújo (2006) descreve que as organizações devem garantir que
suas operações e atividades sejam realizadas de maneira segura e saudável para
os seus empregados, atendendo aos requisitos legais de saúde e segurança,
regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e Normas Regulamentadoras
que tratam de Segurança e Saúde ocupacional. Assim, o sistema de gestão atua no
comprometimento e atendimento aos requisitos legais e regulatórios, podendo trazer
inúmeros benefícios tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista
motivacional.
Lapa (2001) considera a gestão de segurança e saúde, através da
garantia da integridade física e da saúde dos funcionários, como fator de
desempenho que deve ser incorporado à gestão do negócio empresarial.
Ainda cita Araújo (2006) que os controles implementados devem ser
capazes de identificar e avaliar as causas associadas aos acidentes e incidentes.
Principalmente, a avaliação e o exame dos incidentes, pois fornecem dados que, se
devidamente tratados através de uma visão sistêmica, podem fornecer subsídios
importantes para a prevenção de possíveis acidentes, onde as empresas devem
estar livres de riscos inaceitáveis de danos nos ambientes de trabalho, garantindo o
28
bem estar físico, mental, e social dos trabalhadores e partes interessadas. Para
minimizar ou eliminar tais prejuízos, muitas organizações desenvolvem e
implementam sistemas de gestão voltados para a segurança e saúde ocupacional.
De acordo com a Norma Regulamentadora 33, a gestão de
segurança e saúde deve atender os seguintes itens:
33.3.1 - A gestão de segurança e saúde deve ser planejada, programada,
implementada e avaliada, incluindo medidas técnicas de prevenção, medidas
administrativas e medidas pessoais e capacitação para trabalho em espaços
confinados.
33.3.2 - Medidas técnicas de prevenção:
a) Identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de
pessoas não autorizadas;
b) Antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
c) Proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e mecânicos;
d) Prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem;
e) Implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos
atmosféricos em espaços confinados;
f) Avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada de trabalhadores,
para verificar se o seu interior é seguro;
g) Manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização
dos trabalhos, monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
confinado;
29
h) Monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas onde os
trabalhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar
se as condições de acesso e permanência são seguras;
i) Proibir a ventilação com oxigênio puro;
j) Testar os equipamentos de medição antes de cada utilização; e
k) Utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme,
calibrado e protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de
radiofreqüência.
Razento et al (2005) descreve que através de um plano de proteção
contra acidentes de trabalho procura-se fazer com que os trabalhadores tenham
acesso às informações sobre a sua segurança e de terceiros, de uma forma clara e
simples, sobre os procedimentos corretos de trabalho e também possam dispor de
dispositivos e equipamentos que assegurem a realização de tarefa em altura
atribuída dentro das normas de segurança. A elaboração de um plano de prevenção
contra queda de altura e acesso as ambientes caracterizados como confinados seja
efetuado por profissional habilitado em segurança do trabalho, deve contemplar,
entre outras medidas, inspeção prévia do local, descrição técnica das medidas de
prevenção nas obras, obrigatoriedade de treinamento no local da obra e divulgação
geral do plano a todos os trabalhadores que realizem as tarefas em altura na obra
ou serviço.
2.7 PERIGOS EM ESPAÇOS CONFINADOS
Os perigos existentes em espaços confinados podem ser divididos
em duas categorias (SANTOS 2008):
30
a) Perigos Atmosféricos
− Atmosfera deficiente de oxigênio;
− Atmosfera enriquecida de oxigênio;
− Atmosfera tóxica ou irritante.
b) Perigos Físicos:
− mecânicos;
− elétricos;
− de soldagem ou corte;
− térmicos;
− de engolfamento;
− do tráfego e pedestres.
A Norma Regulamentadora, NR 9 - Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA), do Ministério do Trabalho, classifica os riscos ambientais
como os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho
que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição
são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (MANUAIS..., 2003).
Os riscos ambientais se classificam em (SALIBA et al., 1998):
a) riscos físicos: são aqueles que compreendem, dentre outros, o ruído, vibração,
temperaturas extremas, pressões anormais, radiação ionizante e não ionizante;
b) riscos químicos: são aqueles que compreendem, as névoas, neblinas, poeiras,
fumos, gases e vapores;
c) riscos biológicos: são aqueles que compreendem, entre outros, as bactérias,
fungos, helmintos, protozoários e vírus.
Para Torreira (2002), a atmosfera de um espaço confinado pode ser
extremamente perigosa devido à perda do movimento do ar natural, podendo se
31
tornar deficiente de oxigênio, inflamável ou tóxica. Diz ainda que a maioria das
substâncias (líquidos, gases, vapores, névoas, materiais sólidos e poeira) deve ser
considerada perigosa no interior de um ambiente confinado. O autor cita como
exemplo da procedência de substâncias tóxicas, nestes ambientes, a remoção de
elementos não desejáveis ou limpeza do local, que podem liberar qualquer
substância que tenha sido absorvida pelas paredes, gerando gases no momento da
remoção/limpeza, cita também, a limpeza com solventes e trabalhos que incluem
solda, corte, pintura, raspagem, trabalhos com areia, desengraxamento e outros.
2.8 PROGRAMA DE PERMISSÃO DE ENTRADA EM ESPAÇOS CONFINADOS E
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA
Conforme
Araújo
(2006)
vários
organismos
internacionais
elaboraram guias e/ou manuais regulamentando o trabalho em ambientes
confinados e estabelecendo critérios para a elaboração de um programa de
permissão de entrada. Estes manuais contem informações sobre perigos, medidas
preventivas e procedimentos de emergência para o caso de ocorrência de acidentes,
entre outras informações pertinentes.
De acordo com Santos (2008), todo espaço confinado deve ser
considerado perigoso, e por essa razão, deve requerer uma permissão de entrada
escrita e assinada por um supervisor, que contenha a lista de todos os
procedimentos de segurança informados ao trabalhador antes de sua entrada.
A OSHA (1993) sugere que um programa para espaços confinados
deve abordar os seguintes elementos: Identificação de riscos, controle de riscos,
sistema de permissão, equipamentos especializados, autorização de empregados,
32
teste e monitoramento, controle de contratados, procedimentos de emergência,
informação e treinamento.
A NBR 14.747 e a NR 33 prevê os requisitos para a elaboração de
um Programa de Permissão de Entrada em Espaço Confinado, distribuídos em oito
itens como segue:
1. Manter permanentemente um procedimento de permissão de entrada que
contenha a permissão de entrada, arquivando-a.
2. Implantar as medidas necessárias para prevenir as entradas não autorizadas.
3. Identificar e avaliar os riscos dos espaços confinados antes da entrada dos
trabalhadores.
4. Providenciar treinamento periódico para os trabalhadores envolvidos com espaços
confinados sobre os riscos a que estão expostos, medidas de controle e
procedimentos seguros de trabalho.
5. Manter por escrito os deveres dos supervisores de entrada, dos vigias e dos
trabalhadores autorizados com os respectivos nomes e assinaturas.
6. Implantar o serviço de emergências e resgate mantendo os mesmos sempre à
disposição, treinados e com equipamentos em perfeitas condições de uso.
7. Providenciar exames médicos admissionais, periódicos e demissionais – ASO –
Atestado de saúde ocupacional, conforme NR 7 do Ministério do Trabalho.
8. Desenvolver e implementar meios, procedimentos e práticas necessárias para
operações de entradas seguras em espaços confinados, incluindo, mas não limitado,
aos seguintes:
− manter o espaço confinado devidamente sinalizado e isolado, providenciando
barreiras para proteger os trabalhadores que nele entrarão;
− proceder a manobra de travas e bloqueios, quando houver necessidade;
33
− proceder a avaliação da atmosfera quanto à presença de gases ou vapores
inflamáveis, gases ou vapores tóxicos e concentração de oxigênio; antes de efetuar
a avaliação da atmosfera, efetuar o teste de resposta do equipamento de detecção
de gases;
− proceder à avaliação da atmosfera quanto à presença de poeiras, quando
reconhecido o risco;
− purgar, inertizar, lavar ou verificar o espaço confinado, para eliminar ou controlar
os riscos atmosféricos;
− proceder à avaliação de riscos, físicos, químicos, biológicos e/ou mecânicos.
2.9 ACIDENTES EM ESPAÇOS CONFINADOS NO BRASIL
Neto (2007) menciona que os acidentes envolvendo trabalhadores
no Brasil são em geral devido ao despreparo e a desinformação podendo ser as
principais causas do aumento de óbitos, principalmente a ocorrência do efeito
dominó, ou seja, na ânsia de socorrer a primeira pessoa acidentada, outros colegas
e até mesmo profissionais prevencionistas entram nesses locais desprovidos de
qualquer equipamento ou técnica de proteção, tornando-se igualmente vítimas. Para
alterar este quadro é importante reconhecer os riscos inerentes ao ambiente, quanto
a sua origem e a sua natureza.
No Brasil, de acordo com Campos (2004), em 25/02/2008 o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publica a alteração da NR 28 com multas
para a NR 33, bem como um ementário da NR 33 (portarias 38 e 39), mesmo com
as fiscalizações e alterações na legislação os acidentes continuam ocorrendo como
mostra os exemplos a seguir:
34
a- dois trabalhadores terceirizados morreram soterrados com o rompimento do silo
de uma agroindústria localizada em Rio Verde/GO, no dia 12 de fevereiro, a base
teria se rompido e com o vazamento da soja a estrutura desabou, como os
armazenamentos de grãos são interligados, o primeiro puxou o outro, que também
se rompeu e ameaçou cair. Os operários trabalhavam com outras 10 pessoas na
montagem do silo que fica ao lado do que se rompeu. A estrutura do silo, que foi
construída recentemente, podia armazenar 720 toneladas de grãos, e naquele
estava com 60% da capacidade, cerca de 400 toneladas, foi preciso um guindaste
para segurar a estrutura e impedir a queda do segundo silo, a grande quantidade de
soja e a ameaça de novo desabamento dificultaram o resgate que durou seis horas.
(REVISTA PROTEÇÃO 208 – ABRIL/2009);
b- Faxinal/pr - um trabalhador foi parcialmente soterrado na tarde desta terça-feira,
20, no município de faxinal, a 50 quilômetros de Apucarana, a vítima cavava uma
fossa no pátio da delegacia quando ocorreu o desmoronamento. Ele foi socorrido
pelo corpo de bombeiros comunitário e encaminhado para o hospital com ferimentos
médios. Segundo informações da tribuna do norte, ele estava a quatro metros
abaixo do nível do solo e foi soterrado até a altura do tórax. a defesa civil do
município informou que o solo está muito úmido devido às chuvas dos últimos dias e
isto provocou a queda das paredes da fossa em construção. O resgate da vítima
demorou cerca de 40 minutos. (REVISTA PROTEÇÃO 208 – ABRIL/2009);
c- dois bombeiros morreram soterrados ao tentar resgatar o corpo de um pedreiro,
em Bauru/SP, no dia 15 de abril. O pedreiro escavava uma fossa de 10 metros de
profundidade, quando um reservatório de resíduos ao lado cedeu e o soterrou. os
bombeiros trabalhavam para resgatar o corpo da vítima, quando ocorreu um
segundo deslizamento de terra (REVISTA PROTEÇÃO 209 – MAIO/2009).
35
Taciano e Liung (2005) destacam que o índex de acidentes de
trabalho em escavação na indústria da construção civil é elevado no Brasil. Segundo
dados do Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, conforme
Anuário anteriormente mencionado, a atividade econômica de perfuração e
execução de fundações destinadas à construção civil colocou-se em 14º lugar entre
as 560 existentes, considerando freqüência, gravidade e custos dos acidentes de
trabalho no período 1997-1999. Outros dados revelam que os soterramentos estão,
ao lado de quedas e eletrocussão, entre os principais tipos de acidentes de trabalho
fatais ocorridos na indústria da construção civil. Há no país, várias ações na justiça
do
trabalho
contra
empregadores,
engenheiros
e
mestres
de
obras
responsabilizando-os civil e criminalmente por acidentes de trabalho ocorridos
nestas atividades.
2.10
TREINAMENTO DOS TRABALHADORES
Segundo a NBR ISO 10015 (ABNT, 2001), antes de se iniciar o
planejamento, convém que sejam determinados e listados alguns itens relevantes
que possam vir a restringir processo de treinamento. Esses itens devem ser usados
na seleção dos métodos a serem adotados no treinamento, na escolha do
fornecedor do treinamento e na elaboração da especificação do programa de
treinamento.
Para a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a empresa deve
estabelecer um procedimento para identificar e prover as competências necessárias
para se exercer cada um dos cargos existentes, podendo considerar as seguintes
fontes:
36
- Demandas relacionadas aos objetivos e programas de gestão de Segurança e
Saúde no Trabalho;
- Requisitos legais e outras exigências;
- Procedimentos e instruções de segurança;
- Resultados de avaliações de desempenho de equipes;
- Identificação dos perigos e avaliação dos riscos;
- Antecipação das necessidades de sucessão de gerentes e da força de trabalho;
- Alterações em processos, ferramentas e equipamentos.
As competências podem ser estabelecidas em documentos, que é
utilizado como base para a realização de novas contratações, mudanças de funções
e para a identificação de necessidades de novos treinamentos, para a garantia de
que não haja pessoas inabilitadas realizando atividades.
A NR 33 preconizam a capacitação do trabalhador em no mínimo
16hs e treinamento do supervisor no mínimo 40hs para execução de atividades em
locais confinados. (NR 33, 2006).
A NR 18 (2006) menciona que todos os trabalhadores devem
receber treinamento admissional e periódico, visando a garantir a execução de suas
atividades com segurança e no que diz respeito a espaços confinados, o trabalhador
deve receber treinamento e orientação quanto aos riscos a que estão submetidos, a
forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco.
Chiavenato (2000) menciona que o treinamento é o processo
educacional de curto prazo aplicada de maneira sistemática e organizada, através
das quais as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função
de objetivos definidos, envolvendo transmissão de conhecimentos específicos
37
relativos ao trabalho, atitudes frente a aspectos da organização, da tarefa e do
ambiente, e desenvolvimento de habilidades.
2.11
MONITORAMENTO
DO
AMBIENTE
REFERENTE
AO
ESPAÇO
CONFINADO
A NBR 14787/2001, no item 4.5 descreve que antes de um
trabalhador adentrar em um espaço confinado, a atmosfera interna deverá ser
testada por trabalhador autorizado e treinado, com um instrumento de leitura direta,
calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas potencialmente
explosivas, intrinsecamente seguro, protegido contra emissões eletromagnéticas ou
interferências de radiofreqüências, calibrado e testado antes da utilização para as
seguintes condições:
a) concentração de oxigênio;
b) gases e vapores inflamáveis;
c) contaminantes do ar potencialmente tóxicos.
A alínea K da NR 33.3.2 descreve que se deve monitorar
continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas onde os
trabalhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar
se as condições de acesso e permanência são seguras, como mostra a figura 3.
38
Figura 3: Monitoramento da Atmosfera em Espaço Confinado
Fonte: OSHA (2005)
Conforme NBR 14787/2001, deverão estar disponíveis os seguintes
equipamentos, sem custo aos trabalhadores, funcionando adequadamente e
assegurando a utilização correta:
a) Equipamento de sondagem inicial e monitorização contínua da atmosfera,
calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas
potencialmente explosivas, conforme.
b) Os equipamentos que forem utilizados no interior dos espaços confinados com
risco de explosão deverão ser intrinsecamente seguros e protegidos contra
interferência eletromagnética e radiofreqüência, assim como os equipamentos
39
posicionados na parte externa dos espaços confinados que possam estar em
áreas classificadas.
De acordo com a empresa Tecniquitel, quando se realizam trabalhos
em espaços confinados é importante relembrar que as concentrações de
substâncias perigosas podem-se alterar durante o trabalho. Este fator pode ser
influenciado por fugas de contaminantes (por exemplo, fugas em tubos de gás) ou
devido ao próprio trabalho que está sendo realizado (substâncias orgânicas
libertadas durante processos de limpeza). Neste último caso, a monitorização
pessoal deve ser realizada de forma contínua durante o trabalho em espaços
confinados, como o demonstrado na figura 4.
Figura 4: Monitoramento Individual do Ambiente
Fonte: OSHA (2005)
40
2.12
IDENTIFICAÇÃO E SINALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS CONFINADOS
Norma Regulamentadora nº 26, NR-26 descreve que a sinalização
de segurança, tem como objetivo fixar cores que devem ser usadas em locais de
trabalho para a prevenção de acidentes, identificando os equipamentos de
segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas
indústrias para condução de líquidos e gases, e advertindo contra riscos. A palavra
de Advertência, como “PERIGO”, usada para indicar que apresenta alto risco (Figura
5).
Figura 5: sinalização de Perigo, Espaço Confinado
Fonte: NR 33
De acordo com a NR-33.3.2, Medidas Técnicas de Prevenção, no
item “a”: identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de
pessoas não autorizadas e dentro da mesma Norma nas Medidas Administrativas,
41
no item “b”, menciona em manter sinalização permanente junto à
entrada do espaço confinado, conforme figura 6.
Figura 6: sinalização na entrada no espaço confinado
Fonte: Arquivo Técnico Itaipu Binacional
2.13
SOLO E FUNDAÇÃO
2.13.1 Solo
Caputo (1988) descreve que a necessidade do homem trabalhar
com os solos, encontra sua origem nos tempos mais remotos, podendo-se mesmo
afirmar ser tão antiga quanto a civilização. Recordem-se, entre outros, os problemas
de fundação e de obras de terra que terão surgido quando as grandes construções
representadas pelas pirâmides do Egito, os templos da Babilônia, a grande muralha
da china, os aquedutos e as estradas do Império Romano.
42
Conforme Caputo (1988) apud Aguiar (2006), os solos são materiais
que resultam do intemperismo ou meteorização das rochas, por desintegração
mecânica ou decomposição química. Por desintegração mecânica, através de
agentes como água, temperatura, vegetação e vento, formam-se os pedregulhos e
areias (solos de partículas grossas) e até mesmo os siltes (partículas
intermediárias), e, somente em condições especiais, as argilas (partículas finas). Por
decomposição química entende-se o processo em que há modificação química ou
mineralógica das rochas de origem. O principal agente é a água e os mais
importantes mecanismos de ataque são a oxidação, hidratação, carbonatação e os
efeitos químicos da vegetação. As argilas representam o último produto do processo
de decomposição.
A análise do solo encontrado na área de construção conforme laudo
da sondagem de simples reconhecimento dos solos foram a Argila siltosa pouco
arenosa de cores marrom claro avermelhada, com estratificações brancas, pretas e
esverdeada, pigmentos brancos e pretos, com consistência de mole para dura
(ALMEIDA, 2009).
2.13.2 Classificação e Sondagens dos Solos
De
acordo
com
Lazzari
(2006),
sondagem
de
simples
reconhecimento é um procedimento geotécnico capaz de amostrar o solo e que,
associado a um ensaio de penetração dinâmica do amostrador (percussão), mede a
resistência
do
solo
ao
longo
da
profundidade
perfurada,
conhecido
internacionalmente como SPT (Standard Penetration Test), conforme a figura 7.
43
Figura 7: Sondagem SPT
Fonte : Lazzari (2006)
De acordo com a NBR 7250/ 82, os solos na natureza são quase
sempre constituídos pela mistura em proporções variadas das frações argila, silte,
areia e pedregulho. Para sua classificação devem ser utilizados os critérios definidos
anteriormente e concluindo-se pela descrição do solo conforme o comportamento da
fração predominante, a saber: de solos grossos (pedregulhos e areias) e de solos
finos (siltes e argilas), conforme a tabela 1.
44
Tabela 1: Estados de compacidade e de consistência dos solos
SOLO
AREIAS E SILTES
ARENOSOS
ARGILA E SILTES
ARGILOSOS
ÍNDICE DE RESISTÊNCIA À
PENETRAÇÃO - N
DESIGNAÇÕES
< 4
Fofa (o)
5a8
Pouco Compacta (o)
9 a 18
Medianamente Compacta (o)
19 a 40
Compacta (o)
> 40
Muito Compacta (o)
< 2
Muito Mole
3A5
Mole
6 A 10
Média (o)
11 A 19
Rija (o)
> 19
Dura (o)
Fonte: NBR 7250/82
2.13.3 Investigações geotécnicas-geológicas
De acordo com a norma NBR 9061/85 as investigações são
necessárias para a determinação das condições geológicas e dos parâmetros
geotécnicos do terreno onde será executada a escavação. Devem ser executadas
de acordo com as normas ABNT aplicáveis, levando-se em consideração as
peculiaridades da obra.
Ainda segundo a mesma norma a área de trabalho deve ser
previamente limpa, devendo ser retirados ou escorados solidamente árvores, rochas,
equipamentos, materiais e objetos de qualquer natureza, quando houver risco de
comprometimento de sua estabilidade durante a execução de serviços; Além disso,
as escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de
profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos
de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos
45
trabalhadores, quando houver possibilidade de infiltração ou vazamento de gás, o
local deve ser devidamente ventilado e monitorado.
A norma NBR 9061/85 descreve que o monitoramento deve ser
efetivado enquanto o trabalho estiver sendo realizado para, em caso de vazamento,
ser acionado o sistema de alarme sonoro e visual.
A NR 18, NR 33, bem como a NBR 9161/85 consideram como
requisitos de segurança os seguintes itens:
a- o equipamento de descida e içamento de trabalhadores e materiais utilizado na
execução de tubulões a céu aberto deve ser dotado de sistema de segurança
com travamento.
b- a escavação de tubulões a céu aberto, alargamento ou abertura manual de base
e execução de taludes, deve ser precedida de sondagem ou de estudo
geotécnico local.
c- em caso específico de tubulões a céu aberto e abertura de base, o estudo
geotécnico será obrigatório para profundidade superior a 3 (três) metros.
Conforme a NBR 9061/85, as condições de estabilidade das
paredes de escavações devem ser garantidas em todas as fases de execução e
durante a sua existência, devendo-se levar em consideração a perda parcial de
coesão pela formação de fendas ou rachaduras por ressecamento de solos
argilosos, influência de xistosidade, problemas de expansibilidade e colapsibilidade.
A verificação de estabilidade deve atender aos seguintes casos:
a) ruptura localizada do talude;
b) ruptura geral do conjunto;
c) ruptura de fundo;
d) ruptura hidráulica.
46
2.13.4 Definição de fundação
De acordo com Rodrigues (2004) a estrutura de uma obra é
constituída pelo esqueleto (Figura 8), formado pelos elementos estruturais, tais
como: lajes (cinza), vigas (vermelho), pilares (verde) e fundações (azul), etc.
Fundação é o elemento estrutural que tem por finalidade transmitir as cargas de uma
edificação para uma camada resistente do solo. Existem vários tipos de fundações e
a escolha do tipo mais adequado ocorre em função das cargas da edificação e da
profundidade da camada resistente do solo. Com base na combinação destas duas
análises optar-se-á pelo tipo que tiver o menor custo e o menor prazo de execução.
Fundação
Figura 8: Estrutura de uma edificação
Fonte: Rodrigues (2004)
47
2.13.5 Classificação das fundações
Para Rodrigues (2004), de acordo com a profundidade do solo
resistente, onde está implantada a sua base, as fundações podem se classificadas
em:
• fundações superficiais (diretas): quando a camada resistente à
carga da edificação, ou seja, onde a base da fundação está implantada, não excede
a duas vezes a sua menor dimensão ou se encontre a menos de 3 m de
profundidade;
• fundações profundas (indiretas) são aquelas cujas bases estão
implantadas a mais de duas vezes a sua menor dimensão, e a mais de 3 m de
profundidade.
Aguiar (2006) ainda descreve que a fundação profunda, a qual
possui grande comprimento em relação a sua base, apresenta pouca capacidade de
suporte pela base, porém grande capacidade de carga devido ao atrito lateral do
corpo do elemento de fundação com o solo, como demonstrado na figura 9. A
fundação profunda, normalmente, dispensa abertura da cava de fundação,
constituindo-se, por exemplo, em um elemento cravado por meio de um bate-estaca.
48
Figura 9: Estaca hélice contínua
Fonte: Aguiar (2006)
2.13.6 Tubulões de fundação
De acordo com Aguiar (2006), os tubulões são elementos estruturais
de fundação profunda, geralmente, dotados de uma base alargada, construídos
concretando-se um poço revestido ou não, aberto no terreno com um tubo de aço de
diâmetro mínimo de 70 cm de modo a permitir a entrada e o trabalho de um homem,
pelo menos na sua etapa final, para completar a geometria da escavação e fazer a
limpeza do solo. Divide-se em dois tipos básicos: os tubulões a céu aberto,
normalmente, sem revestimento e não armados no caso de existir somente carga
vertical e os a ar comprimido ou pneumático. O fuste do tubulão é sempre cilíndrico
enquanto a base poderá ser circular ou em forma de falsa elipse. Deve-se evitar
trabalho simultâneo em bases alargadas de tubulões, cuja distância entre centros
49
seja inferior a duas vezes o diâmetro ou dimensão da maior base, devido a
desmoronamentos, como demonstrado na figura 10.
Figura 10: Desenho Esquemático de uma Fundação Profunda
Fonte: Rodrigues (2004)
A fundação profunda, a qual possui grande comprimento em relação
a sua base, apresenta pouca capacidade de suporte pela base, porém grande
capacidade de carga devido ao atrito lateral do corpo do elemento de fundação com
o solo (Figura 11). A fundação profunda, normalmente, dispensa abertura da cava
de fundação, constituindo-se, por exemplo, em um elemento cravado por meio de
um bate-estaca (RODRIGUES, 2004).
50
Figura 11: Fundação Profunda
Fonte: Rodrigues (2004)
Berberian (1999) apud Soares (2002) citam alguns fatores que
explicam o extenso uso de tubulões:
•
Durante a escavação, é possível classificar o solo retirado e compará-lo às
condições de projeto;
•
O diâmetro dos tubulões e as profundidades de assentamento das bases podem
ser modificadas durante a escavação, para compensar as condições iniciais de
previsão do solo;
•
Podem ser escavados através de matacões e camadas muito resistentes;
•
Os custos de mobilização e desmobilização são menores, quando comparados à
utilização de bate-estacas e outros equipamentos;
51
•
Pode suportar a carga de cada pilar em um fuste único, não sendo necessário o
uso de diversas estacas;
•
Não produz vibrações, quando a escavação é manual, ou produz muito pouca
quando mecânica.
52
3
MATERIAL E MÉTODO
3.1 METODOLOGIA DE PESQUISA
Este trabalho foi efetuado mediante a consultas bibliografias
referentes ao assunto, sendo a maior fonte de consulta as legislações como normas
da ABNT 14787/2001, Norma Regulamentadora 33 (NR 33), NR18.20, norma ABNT
NBR 9061/85 e informações técnicas de empresas especializadas em trabalhos em
espaços confinados.
Esta pesquisa foi desenvolvida através do acompanhamento da
construção de um hipermercado anexo ao shopping JL Cataratas, localizada em Foz
do Iguaçu/PR com uma área construída de 1500 m2 cada pavimento, em um total de
6 pavimentos, obtendo uma área total construída de 9000 m2, onde devido às
dimensões do empreendimento e tipo de solo foi construído uma fundação do tipo
fundação indireta, ou seja fundação profunda (tubulões) e análise do solo na área
construtiva (Figura 12).
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi adotado os seguintes
procedimentos:
•
aquisição de conhecimentos sobre gestão da empresa
construtora no que diz respeito à segurança na tipologia do trabalho;
•
visitas às instalações e análise da documentação alusivas
ao trabalho em espaços confinados e coleta de dados onde buscou-se o
enriquecimento do conhecimento sobre o assunto;
•
medições dos riscos físicos através de instrumentações e
análises baseadas nas normas pertinentes, como a NR 15.
53
Com base nos dados coletados, e informações adquiridas através de
observações
participativas,
relatório
fotográfico,
avaliações
quantitativas
e
qualitativas para interpretar os resultados, através do qual se delineará análise final
do projeto.
Área da construção do
hipermercado anexo ao
shooping JL
Figura 12: localização área construída do hipermercado
Fonte: www.google earth.com
3.2 AVALIAÇÕES QUANTITATIVAS
Trata-se de uma abordagem estruturada para quantificar e
compreender valores medidos para análises comparativas em relação aos limites de
tolerâncias preconizados na norma NR 15.
54
3.2.1 Agentes Físicos:
3.2.1.1
Ruído
A presença do ruído em um ambiente de trabalho pode lesionar o
sistema de audição dos trabalhadores e causar perda da audição, quando os
níveis de ruídos são excessivos.
O risco de perda auditiva varia para cada pessoa começa a ser
significativo quando o trabalhador é submetido continuamente a um nível de
exposição diária ao ruído superior a 80 dB(A). O ruído diminui o nível de atenção e
aumenta o tempo de reação do indivíduo frente a estímulos diversos e isso favorece
o crescimento do número de erros cometidos e de acidentes que repercute
negativamente na qualidade e produtividade do trabalho.
O instrumento utilizado para as medições de ruído, no qual indica
uma leitura direta é o decibelímetro, como mostra a figura 13. A avaliação do ruído
deve ser feita com medições que devem considerar o nível de ruído e o tempo de
exposição do trabalhador durante as atividades laboral, conforme preconiza a NR
15.
55
Figura 13: Medidor de Ruído – Decibelímetro
3.2.1.2 Calor
A avaliação do calor, deve se levar em consideração todos os
parâmetros que influem na sobrecarga térmica a que estão submetidos os
trabalhadores. Para tanto, é necessário quantificar cada um destes parâmetros e
considerá-los de forma adequada, obtendo, assim, resultados finais que expressem
as condições reais de exposição.
A legislação brasileira, através da portaria 3.214 de 8 de junho de
1978, referente à Norma Regulamentadora 15 (NR-15), anexo 3, do ministério do
trabalho, estabelece que a exposição ao calor deve ser avaliada através do índice
de bulbo úmido – termômetro de globo (IBUTG). Consiste em um índice de
sobrecarga térmica, definido por uma equação matemática que correlaciona alguns
56
parâmetros medidos no ambiente de trabalho. A equação, para o cálculo do índice,
varia em função da presença ou não de carga solar, no momento da medição,
conforme é apresentada a seguir:
Ambientes internos ou externos sem carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg
Onde:
tbn = temperatura de bulbo úmido natural
tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco.
Para o estudo da pesquisa foi utilizado um instrumento de leitura
direta, ou seja, o valor medido diretamente no instrumento no qual quantifica o valor
de sobre carga térmica a que o trabalhador está sujeito, com mostra a figura 14.
Figura 14: Termômetro de Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo
Conforme ANEXO Nº 3, item 3 da NR 15 as medições devem ser
efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais
57
atingida, devido as proporções físicas do tubulão foi efetuado as medidas em três
posições do tubulão.
3.2.1.3 Umidade Relativa do Ar
De acordo com a NR15, Anexo nº 10, item 1 menciona que as
atividades ou operações em locais alagados ou encharcados, com umidade
excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão
considerados insalubres em decorrência de laudos de inspeção realizada no local de
trabalho.
O instrumento utilizado para esta etapa de medição foi o
termohigrômetro, com leitura direta da umidade relativa do ar, conforme a figura 15,
no qual pelo valor de umidade relativa do ar não apresenta riscos para o trabalhador.
Figura 15: Medição da Umidade Relativa do Ar – Termohigrômetro
58
3.2.1.4- Medições de Concentração de Oxigênio e outros gases tóxicos ou
Explosivos
O instrumento de medição direta referente à concentração de
oxigênio no ambiente para esta medição pode ser utilizado o instrumento oxímetro,
analógico, foi utilizado o detector multi-gases, para a verificação de explosividade,
mesmo sabendo que devido às características físicas e ambientais da localidade do
trabalho, é de praxe efetuar a medição da explosividade do ambiente, como mostra
os instrumentos nas figuras 16 e 17.
Figura 16: medidor de concentração de oxigênio – oxímetro- analógico
59
Figura 17: Medidor de Explosividade
3.3 VENTILAÇÃO
DO
ESPAÇO
CONFINADO
PARA
EXECUÇÃO
DOS
TRABALHOS
Para atender os procedimentos de execução das atividades em
espaços confinados, a norma regulamentadora 33.3.2 no item g menciona para
manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização
dos trabalhos, monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
confinado (Figura 18).
Para o caso de construções de tubulões para o sistema de
fundações da construção do hipermercado não foi necessário atendendimento da
norma quanto a sistemas de ventilação mecanizada, devido os trabalhos ser
executados a céu aberto.
60
Figura 18: Sistema de Ventilação
Fonte: Munhoz (2000)
3.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL (EPC- EPI)
Para o trabalho de execução de tubulões, como acordado em
contrato de trabalho a responsabilidade do fornecimento de equipamentos de
proteção coletivo e ou individual foi de responsabilidade de empresa pretadora dos
serviços da construção do hipermercado, com a supervisão do setor de Segurança e
Higiene do trabalho, através do técnico de segurança do trabalho, como:
•
Cinto de segurança tipo pára- queda com talabarte foi necessário a utilização,
pois para os trabalhos de construção do tubulão como escavação manual, com
descida na posição vertical, o trabalhador permanecia içado no processo de
descida;
•
Máscaras, roupas, calçados de segurança ou bota e capacete, como mostra a
figura 19 e 20.
61
EPC: isolamento da área
EPI: luva e capacete
Figura 19: trabalhador com EPI e isolação de área de trabalho EPC
Figura 20: EPI- cinto de segurança
62
3.5 PESSOAL DE SUPERVISÃO E VIGIA
Como preconiza a NR33.3.4.6 e 33.3.4.7, o supervisor ou vigia
acompanhou todo o trabalho, permanecendo junto ao acesso de descida do tubulão,
mesmo não recebendo treinamento específico para vigia, o mesmo foi orientado
quanto algum problema eminente de acidente no interior do tubulão, agir e informar,
onde também utilizou todos os equipamentos de segurança necessários, para a
atividade em questão, como mostra a figura 21.
Supervisor ou vigia
Acesso ao
tubulão
Figura 21: Supervisor ou Vigia no Acesso da Tubulação
63
3.6 TREINAMENTO
Para os trabalhos em espaços caracterizados como confinados é
necessários por norma (NR 33.3.5) a capacitação dos trabalhadores e supervisores,
a carga horária é de 16 horas para os trabalhadores que ingressam no ambiente
confinado e para supervisores ou vigias é de 40 horas.
No trabalho em questão, não foi observado a NR33, foi constatado
que a equipe de trabalho não realizou treinamentos referentes a trabalhos em
espaços confinados, como preconiza a NR 33.2.1 no item e, no qual é de
responsabilidade da empresa: garantir a capacitação continuada dos trabalhadores
sobre os riscos, as medidas de controle, de emergência e salvamento em espaços
confinados e ainda como é mencionado no item da NR33.3.5.8: Ao término do
treinamento deve-se emitir um certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo
programático, carga horária. A especificação do tipo de trabalho e espaço confinado,
data, local da realização do treinamento, com as assinaturas dos instrutores e do
responsável técnico.
3.7 AUTORIZAÇÃO DE ENTRADA NO ESPAÇO CONFINADO
3.7.1 Procedimento de Permissão de Entrada
Conforme a NBR 14787/2001, antes que a entrada seja autorizada,
o empregador, ou seu representante com habilitação legal, deverá documentar o
conjunto de medidas necessárias para a preparação de uma entrada segura.
Ainda de acordo com a mesma norma o supervisor deve assinar a
permissão de entrada para autorizá-la e estará disponível para todos os
64
trabalhadores autorizados, pela sua fixação na entrada ou por quaisquer outros
meios igualmente efetivos.
A norma NR 33.3.3 no item e, menciona adaptar o modelo de
Permissão de Entrada e Trabalho, previsto no Anexo II desta NR, às peculiaridades
da empresa e dos seus espaços confinados, deve: preencher, assinar e datar, em
três vias, a Permissão de Entrada e Trabalho antes do ingresso de trabalhadores em
espaços confinados; possuir um sistema de controle que permita a rastreabilidade
da Permissão de Entrada e Trabalho; entregar para um dos trabalhadores
autorizados e ao Vigia cópia da Permissão de Entrada e Trabalho; encerrar a
Permissão de Entrada e Trabalho quando as operações forem completadas, quando
ocorrer uma condição não prevista ou quando houver pausa ou interrupção dos
trabalhos; manter arquivados os procedimentos e Permissões de Entrada e Trabalho
por cinco anos; disponibilizar os procedimentos e Permissão de Entrada e Trabalho
para o conhecimento dos trabalhadores autorizados, seus representantes e
fiscalização do trabalho; designar as pessoas que participarão das operações de
entrada, identificando os deveres de cada trabalhador e providenciando a
capacitação requerida; estabelecer procedimentos de supervisão dos trabalhos no
exterior e no interior dos espaços confinados; assegurar que o acesso ao espaço
confinado somente seja iniciado com acompanhamento e autorização de supervisão
capacitada;
3.8 ILUMINAÇÃO
De acordo com a NR 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve
haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à
65
natureza da atividade. Sendo ainda conforma a NR 17.5.3.1. A iluminaçâo geral
deve ser uniformemente distribuída e difusa.
Na mesma norma 17.5.3.2. descreve que a iluminação geral ou
suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos
incômodos, sombras e contrastes excessivos, conforme figura 22.
Figura 22: iluminação no interior do tubulão
3.9 SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
A NR 33.3.2.1 descreve que os equipamentos fixos e portáteis,
inclusive os de comunicação e de movimentação vertical e horizontal, devem ser
adequados aos riscos dos espaços confinados.
De acordo com a NBR14787/2001, item 6 na alínea c: equipamento
de comunicação, adequado para trabalho em áreas potencialmente explosivas.
66
Apesar de todo aparato tecnológico, ainda se utiliza meios rústicos
para a comunicação entre o trabalhador dentro da tubulão referente a fundação
profunda e o meio externo, supervisor, onde foi efetuado através de uma corda de
sisal ou através de alteração na voz ( gritos) como mostra a figura 23.
Corda de
sisal
Figura 23: sistema de comunicação
3.10
IDENTIFICAÇÃO E SINALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS CONFINADOS
De acordo com a Norma Regulamentadora nº 26 (NR-26) foi
instalado próximo a área de risco placa advertindo contra riscos.
De acordo com a NR-33.3.2, Medidas Técnicas de Prevenção, no
item “a”: identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de
pessoas não autorizadas, bem como a NR-33.3.3, Medidas Administrativas, no item
67
“c”, menciona em manter sinalização permanente junto à entrada do espaço
confinado, conforme figura 24.
Figura 24: Sinalização Referente à Espaço Confinado
3.11
ENSAIO DE SPT
Sondagem
de
simples
reconhecimento
é
um
procedimento
geotécnico capaz de amostrar o solo e que, associado a um ensaio de penetração
dinâmica do amostrador (percussão), mede a resistência do solo ao longo da
profundidade perfurada, conhecido internacionalmente como SPT (Standard
Penetration Test), conforme a figura 25 foi efetuado por uma empresa contratada
especializada no assunto, onde emitiu o laudo baseado em nas normas técnicas da
ABNT.
68
Figura 25: Ensaio SPT
A cada metro de ensaio realizado, recolhe-se a amostra de solo
deformada, que fica retida no interior do amostrador que é bipartido, conforme figura
26, a qual permanece embalada em lugar seco e a sombra para posterior verificação
(LARAZZI, 2006).
69
Figura 26: amostra de solo retido no amostrador
Fonte: Larazzi (2006)
De acordo com a NBR 6484/2001 o ensaio de SPT é um ensaio
característico para verificar a resistência do solo, no qual pode ser manual ou
através de equipamentos, onde através da análise dos resultados dos ensaios pode
avaliar qual a resistência do solo e o seu tipo, conforme tabela 2.
70
Tabela 2: resistência do solo e tipo do solo
SOLO
AREIAS E SILTES
ARENOSOS
ARGILA E SILTES
ARGILOSOS
Fonte: NBR 6484/2001
ÍNDICE DE RESISTÊNCIA À
PENETRAÇÃO - N
DESIGNAÇÕES
< 4
Fofa (o)
5a8
Pouco Compacta (o)
9 a 18
Medianamente Compacta (o)
19 a 40
Compacta (o)
> 40
Muito Compacta (o)
< 2
Muito Mole
3A5
Mole
6 A 10
Média (o)
11 A 19
Rija (o)
> 19
Dura (o)
71
4
ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS
Neste tópico do trabalho de pesquisa decidiu-se por apresentar cada
resultado acompanhado das respectivas análises dos dados tabulados referentes às
medições efetuadas para a entrada no ambiente caracterizado como confinados, ou
seja os tubulões referente a fundação profunda para construção do hipermercado
anexo ao shopping JL, onde se comparou os valores obtidos com valores referentes
ao limites de tolerâncias abordados na NR 15, ou seja, uma avaliação quantitativa,
bem como avaliar qualitativamente os dados não mensuráveis verificados no
trabalho de pesquisa, bem como os resultados geotécnicos dos ensaios de SPT.
A NR15.1.5 menciona que o Limite de Tolerância, para fins da
Norma é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a
natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do
trabalhador, durante sua vida laboral, também verificou-se através do mapa de
situação do terreno referente ao ensaio SPT, embasados na norma NBR 6484/2001.
4.1 MEDIÇÕES DA ATMOSFERA REFERENTE AO ESPAÇO CONFINADO
4.1.1 Medições dos Parâmetros físicos
Nesta subseção, são abordadas todas as medições referentes ao
monitoramento efetuados antes da entrada ao espaço caracterizado confinado.
A NR 33.3.2.3 menciona que as avaliações atmosféricas devem ser
realizadas fora do espaço confinado.
72
As medições foram efetuadas nos tubulões, durante as escavações
manuais do alargamento da base
4.1.1.1
Medições de Ruído
Conforme a NR15, no ANEXO Nº 1, item 1, entende-se por ruído
contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tolerância, o ruído
que não seja ruído de impacto, conforme tabela 3.
Tabela 3: Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente (NR15)
NÍVEL DE RUÍDO DB
(A)
M ÁXIM A EXPOSIÇÃO DIÁRIA
PERM ISSÍVEL
85
8 horas
86
7 horas
87
6 horas
88
5 horas
89
4 horas e 30 m inutos
90
4 horas
91
3 horas e 30 m inutos
92
3 horas
93
2 horas e 40 m inutos
94
2 horas e 15 m inutos
95
2 horas
96
1 hora e 45 m inutos
98
1 hora e 15 m inutos
100
1 hora
102
45 m inutos
104
35 m inutos
105
30 m inutos
106
25 m inutos
108
20 m inutos
110
15 m inutos
112
10 m inutos
114
8 minutos
115
7 minutos
Fonte: NR15 – Anexo nº 1
73
Os valores medidos do nível de pressão sonora em dB(A) com o
decibelímetro é mostrado a tabela 4.
Tabela 4: Medição de Ruído
Medição de Ruído (dB(A)
Valores Medidos
Tempo de Exposição
Ambiente externo
76
8 horas
Interior da tubulão a 6m
profundidade
70
3,5h cada período de
trabalho
Avaliando os valores medidos em comparação com o Anexo nº 1 da
NR15, podemos concluir que está dentro dos limites de tolerância da norma, não
ocasionando danos à saúde do trabalhador, apesar dos valores abaixo do tolerável
em relação ao tempo máximo de exposição, não sendo necessária a utilização de
EPI´s.
4.1.1.2
Medições de calor e umidade relativa do ar
As medições de temperatura e umidade relativa do ar foram
efetuadas no ambiente externo e interno ao tubulão, através de um instrumento
digital Termohigrômetro, onde como resultado apresentou valores que não oferece
riscos ao trabalhador, pois como atenuante, o trabalho é a céu aberto nos meses de
agosto a setembro de 2009 e sem a incidência de raios solares, pois trata de
trabalho no interior do tubulão. Não efetuado a medição através do índice de bulbo
74
úmido – termômetro de globo (IBUTG) por não possuir o instrumento no momento do
ensaio.
Como os valores podemos destacar que o trabalhador pode
executar suas atividades como trabalho contínuo, como preconiza na Norma
Regulamentadora nº15.
Valor medido - Umidade Relativa do Ar: 66,8%
Temperatura externa ao tubulão: 24,3ºC
Temperatura interna ao tubulão: 22,28ºC
4.1.1.3
Medições de concentração de oxigênio
A Norma NR15 no seu ANEXO Nº 6 no subitem 1.3.15.5, alínea C
descreve que a qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza
estabelecidos no subitem 1.3.15.6, como mostra a tabela 5, através da utilização de
filtros apropriados, colocados entre a fonte de ar e a câmara de trabalho, campânula,
tubulações.
Tabela 5: Limites de Tolerância para oxigênio
CONCENTRAÇÃO DE
OXIGÊNIO
CONSEQUÊNCIAS
23,5
Atmosfera enriquecida
21
Atmosfera normal
19,5
Concentração mínima para acesso seguro
12 a 16
Queda na pulsação, tonturas, descordenação
10 a 11
Distúrbios respiratórios
6 a 10
Inconsciência, desmaios
<6
Morte
Fonte: www.taskservice.com.br, adaptado pelo autor da pesquisa
75
A medição efetuada com instrumento de medições de multi gases e
oxímetro de leitura direta, estando conforme preconiza a norma, no qual estabelece
concentração de oxigênio entre 19 a 21%, no qual foi liberado para os trabalhos, não
oferecendo risco ou dano ao trabalhador.
Mesmos os trabalhos sendo executado a céu aberto, efetuou a
medição para estar em conformidade com a Norma NR 15.
Os valores medidos constantes na PET (Permissão de Entrada e
Trabalho), indica um valor de:
Concentração de O2 = 20,9%
4.1.1.4
Medições da Concentração de Inflamáveis, Gases / Vapores Tóxicos
Por se tratar de um tubulão, e escavação a céu aberto onde há
diferenças de cotas, ou seja, diferenças de níveis ( trabalho abaixo do nível do solo)
e consequentemente existe uma ventilação natural, efetuaram-se as medições
quanto às concentrações de Gases, Vapores Tóxicos, através de instrumento de
medições de multi-gases e não detectou qualquer tipo de gás ou vapores tóxicos,
que pudessem colocar em riscos ou danos o trabalhador.
Valores medidos, constantes na PET:
•
Inflamáveis:..........................................0% LIE (Índice Baixo de Explosividade);
•
Gases, Vapores Tóxicos: ....................0 ppm;
76
4.2 AVALIAÇÃO QUALITATIVA
Neste tópico do trabalho de pesquisa foi necessária uma avaliação
qualitativa, para se obter embasamentos das questões de ordem não mesuráveis e
pela análise do autor do trabalho de pesquisa se detectou algumas anomalias e em
alguns pontos considerados dentro do esperado, dentre os quais foram avaliados: os
procedimentos
técnicos,
medidas
de
segurança,
documentações,
questões
ergonômicas.
4.2.1 Avaliação dos EPI´s
Em se tratando de trabalhos em espaços confinados como
caracteriza a escavação de tubulões, os EPI´s, no qual foram utilizados, sapatos,
luvas, cinto de segurança, corresponderam ao que preconiza a NR 33 e a NR 6 que
trata exclusivamente sobre os EPI´s.
4.2.2 Avaliação dos Procedimentos de execução dos trabalhos
Os procedimentos avaliados neste trabalho se tratam de processos
técnicos, medidas de segurança e capacitação dos trabalhadores.
a) As medidas administrativas de segurança, não foram atendidas conforme a
Norma Regulamentadora 33, ou seja, em caso de emergência não havia
pessoal preparado para o atendimento de primeiros socorros.
77
b) Treinamento foi um ponto que deixou a desejar, houve apenas uma palestra
alusiva ao assunto, espaços confinados, seus riscos e os EPI´s necessários,
conforme figura 27.
Figura 27: palestra sobre segurança em espaços confinados
c) Diante de novas tecnologias em relação a sistemas de comunicação, para o
trabalho em si, foi adotado um sistema arcaico e atrasado, como corda de
sisal e alterações na voz (gritos).
d) Sinalização foi cumprida conforme descrito na NR 33, conforme figura 28.
78
Figura 28: sinalização de perigo, espaço confinado
4.3 ENSAIO DE SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO DOS SOLOSSPT
O ensaio foi realizado pela empresa de Fundações da cidade de
cascavel-PR, onde foram executados 3 furos SP-01, com profundidade de 13m e 80
cm linear, no furo SP-02 com 11m e 50cm e SP-04 com 16m e 50cm lineares de
perfuração.
As extrações de amostragem de solo foram executadas de metro a
metro, mediante a utilização de barrilete amostrador do tipo TERZACHI PECK, como
demonstrado na figura 29.
79
Figura 29: esquema de perfuração do SPT
Fonte: Empresa de Fundações LTDA
De acordo com a Empresa de Fundações, como resultados das
análises de solo, através de três furos de sondagem de reconhecimento,
apresentaram camadas distintas e homogêneas, variando com a profundidade de
ocorrência, sendo argila Siltosa pouco arenosa de cores marrom claro e marrom
avermelhada, com estratificações brancas, pretas e esverdeado, pigmentos brancos
e pretos, com consistência variando de mole a dura, como mostra a figura 30.
80
Figura 30: amostra de solo retirado do tubulão
Conforme os resultados da análise do solo quanto à compacidade e
resistência, obtendo a consistência de mole a dura, não há problema de risco de
soterramento ou engolfamento para o trabalhador na execução do alargamento da
base do tubulão, e tão pouco a necessidade de se colocar escoras de madeiras.
Pode se ainda destacar a ocorrência da não realização do furo SP03, devido à constatação de um poço desativado, consequentemente o furo foi
relocado e refeito, sob nomenclatura de SP-04, como demonstrado na figura 31.
81
Relocado devido à
presença de uma fossa
desativada
Figura 31: Mapa do terreno e locações das fundações
Fonte: Empresa de Fundações LTDA
82
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo de caso referente ao trabalho de fundações profundas, ou
seja, tubulões foi analisar as metodologias de segurança do trabalho empregadas
para a execução das atividades principalmente por se tratar de um ambiente
caracterizado como confinado, bem como o emprego das normas de segurança
alusivas a este tipo de trabalho e a análise do solo através do ensaio de resistência
e compacidade (SPT), no qual poderia acarretar riscos para o trabalhador.
Diante do exposto, foram constatadas algumas condições e
situações que não estavam em conformidade com as referidas normas, como a
NR33, NBR 14787/2001, no que tange a equipe de Higiene e Segurança do
Trabalho, ou seja, em caso de emergência, não estavam preparados para a
ocorrência.
Para este tipo de trabalho mesmo sendo um ambiente confinado e
um trabalho considerado fatigante, o ambiente não colocou o trabalhador em risco,
por se tratar de trabalho em céu aberto, onde a circulação natural de ar ocasionada
pela diferença de cotas, não havendo necessidade de monitoramento in loco, ou
seja, instrumento de medição da atmosfera junto com o trabalhador.
Em relação à capacitação dos trabalhadores, fica um alerta do autor
deste trabalho o quão é importante incorporar no planejamento estratégico da
empresa, o Treinamento, como forma de motivação, conhecimento profissional,
valorização do ser humano, principalmente para ambientes confinados, onde agrega
conhecimentos na importância da segurança do trabalho e solidifica os alicerces da
responsabilidade social, com a melhoria da qualidade de trabalho.
83
Através deste trabalho constatou que a NR 33.3.2.5 se preocupa
coma segurança do trabalhador, no qual solicita em adotar medidas para eliminar ou
controlar os riscos de inundação, soterramento, engolfamento, incêndio, choques
elétricos, eletricidade estática, queimaduras, quedas, escorregamentos, Impactos,
esmagamentos, amputações e outros que possam afetar a segurança e saúde dos
trabalhadores.
A NR 18, que regulamenta as medidas de segurança no ambiente
do trabalho da construção civil, menciona alguns cuidados, principalmente na
construção que pode envolver soterramentos, engolfamentos, como:
•
18.6.20. Na execução de tubulões a céu aberto, aplicam-se as disposições
constantes no item 18.20 – Locais confinados;
•
18.6.21. Na execução de tubulões a céu aberto, a exigência de escoramento
(encamisamento) fica a critério do engenheiro especializado em fundações ou
solo, considerados os requisitos de segurança;
•
18.6.22. O equipamento de descida e içamento de trabalhadores e materiais
utilizado na execução de tubulões a céu aberto devem ser dotados de sistema de
segurança com travamento. (118.159-9 / I4);
•
18.6.23. A escavação de tubulões a céu aberto, alargamento ou abertura manual
de base e execução de taludes, deve ser precedida de sondagem ou de estudo
geotécnico local. (118.160-2 / I4);
•
18.6.23.1. Em caso específico de tubulões a céu aberto e abertura de base, o
estudo geotécnico será obrigatório para profundidade superior a 3 (três) metros.
(118.161-0 / I4).
Para o delineamento do trabalho de pesquisa, houve um estudo
bibliográfico sobre a Norma regulamentadora NR33, a Norma NBR 14878/2001 e
84
sobre os ensaios de compacidade e consistência dos solos através das sondagens
de simples reconhecimento dos solos (SPT), a norma ANBT 6484/2001, para
adquirir o conhecimento das medidas de prevenção ao trabalhador em relação a
trabalhos referentes a espaços confinados, na construção de fundações profundas,
onde se adota a escavação do alargamento da base da fundação manualmente. O
trabalho de pesquisa também observou através do seu autor que a norma NR 33
descreve no seu principal teor os cuidados e medidas para com a atmosfera do
ambiente, bem como a adoção de medidas para eliminar ou controlar os riscos que
possam afetar a segurança e saúde dos trabalhadores, como faz a NR18, no qual
aprofundam em outros problemas de forma mais clara e incisiva, mencionando os
riscos e procedimentos necessários para evitá-los.
Um dos pontos frágeis do sistema de trabalho constatado pelo autor
da pesquisa foi a metodologia da comunicação entre trabalhador e vigia, onde foi
sugerido implantação de sistemas mais eficiente e eficaz, inclusive com
monitoramento
do
trabalhador
dentro
do
espaço
confinado,
através
de
radiofrequência.
Por fim, com uma abordagem global de um ambiente da construção
civil bem como a análise geotécnica do solo, no que diz respeito a compacidade e
consistência do solo principalmente na que diz respeito a soterramento ou
engolfamento e a atuação dos técnicos de segurança do trabalho da empresa,
buscando a proteção do trabalhador em fornecer subsídios necessários para a
realização dos trabalhos dentro dos prazos estabelecidos, observando as normas
técnicas e de segurança inerentes ao trabalho realizados, obteve êxito na conclusão
dos trabalhos sem ocorrência de incidentes, bem como acidentes, assim a
abordagem da pesquisa mostrou além das situações inerentes aos riscos que os
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trabalhos em ambiente confinados podem oferecer, sem esquecer dos riscos físicos
que não podem ser subjugados em tais ambientes, podendo amplificar os riscos
inerentes aos espaços confinados.
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6
SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Este trabalho de pesquisa pelas análises e resultados efetuados
pode contribuir e sugerir para que novos trabalhos futuros, no qual envolve os
espaços confinados em construções de fundações profundas ou outras atividades
que possa haver espaço caracterizado como confinado, que se faça uma análise de
melhorias dos procedimentos e medidas de segurança, durante a execução das
atividades laborais, adotar treinamento para emergência e resgate, em relação a
treinamentos, exigir que os trabalhadores sejam capacitados / treinados com
antecedência, adotar simulações e treinamento de resgate, quando realização de
trabalhos em espaços confinados, prever estudos sobre o sistema de comunicação
entre trabalhador e vigia mais adequados e os custos para a implantação de uma
gestão correta de segurança do trabalho.
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Trabalhos em Espaços Confinados na Construção de