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2ª Antologia Poética- Literária
AVBL
Academia Virtual Brasileira de Letras
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Edição Histórica
Editora AVBL
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Editora AVBL
www.avbl.com.br - www.editora.avbl.com.br
www.virtualismo.avbl.com.br - www.ebooks.avbl.com.br
e-mails: [email protected] - [email protected]
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
LETRAS, AVBL – Academia Virtual Brasileira
2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica
AVBL -- Bauru/SP
Editora AVBL, 2006. -- Bauru/SP
189p. il. 15 X 21 cm.
ISBN 85-98219-09-6
1. Poesia Brasileira. 2. Contos Brasileiros I. Título.
06-1109
CDD-869.91
Copyright © AVBL - 2006
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SUMÁRIO
Apresentação
Prefácio
5
7
AUTORES
Ana Paula Correa – Guarulhos/SP – Brasil
Ana Suely Pinho Lopes – Brasília/DF – Brasil
Cássia Vicente – Jataí/GO – Brasil
Ceres Marylise – Vitória da Conquista/BA – Brasil
Clélio Costa Carreira – Campinas/SP – Brasil
Clevane Pessoa – Belo Horizonte/MG – Brasil
Eduardo Gomes – Salvador/BA – Brasil
Edvaldo Rosa – São Paulo/SP – Brasil
Ermindo Gomes Rocio – Manaus/AM – Brasil
Fátima Cardoso – Recife/PE – Brasil
Fátima Fontenele – Salvador/BA – Brasil
Genaura Tormin – Goiânia/GO – Brasil
Gerson F. Filho – Rio de Janeiro/RJ – Brasil
Heldemarcio Ferreira – Recife/PE – Brasil
Iracema Zanetti – Belo Horizonte/MG – Brasil
João Carlos (Rother) – Osasco/SP – Brasil
João Sevivas – Catro Daire – Portugal
José Carlos da Silva Primaz – Albufeira – Portugal
Leni Chiarello Ziliotto – Serafina Corrêa/RS – Brasil
Manuel C. Amor – Rio Maior – Portugal
Márcia Cavalliere – São João de Miriti/RJ - Brasil
Marcial Salaverry – Santos/SP – Brasil
Margot de Freitas Santos – Juiz de Fora/MG – Brasil
Maria Inês Simões – Bauru/SP – Brasil
Maria José Zanini Tauil – Rio de Janeiro/RJ – Brasil
Maria Loussa – Goiana/GO – Brasil
Maria Luiza S. Castelari – Nova Andradina/MS – Brasil
Marici Bross – São Paulo/SP – Brasil
Masé Frota – Rio de Janeiro/RJ – Brasil
Meg Klopper – Niterói/RJ – Brasil
Mifori – São José dos Campos/SP – Brasil
Millie – Balneário Camburiú/SC – Brasil
Nanci Rossi Faria – Santo André – SP – Brasil
Nídia Vargas Potsh – Tijuca/RJ – Brasil
9
11
15
17
21
25
29
33
37
41
45
47
51
55
59
63
67
71
75
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87
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105
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119
123
127
131
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Natália do Vale – Leça do Balio – Portugal
Odete Ronchi Baltazar – Florianópolis/SC – Brasil
Oscar Calixto – Maceió/AL – Brasil
Pedro Valdoy – Lisboa – Portugal
Pilar Casagrande – Rio Claro/SP – Brasil
Pinhal Dias – Amora – Portugal
Rivkah Cohen – Brasília/DF – Brasil
Rosimeire Leal da Motta – Vila Velha/ES – Brasil
Sandra M. Julio – Sorocaba/SP – Brasil
Sandra Ravanini – Campinas/SP – Brasil
Sarah Rodrigues – Belém/PA – Brasil
Shirlei Mello – Indaiatuba/SP – Brasil
Solange Rech – Florianópolis/SC – Brasil
Sonia Emidia Santos Maciel – Capim Grosso/BA – Brasil
Teka Jorge – São Paulo/SP – Brasil
Yara Nazaré – Brasília/DF – Brasil
Informações
135
139
141
145
149
151
155
157
159
161
165
169
173
177
181
185
189
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APRESENTAÇÃO
Segunda Antologia Poética-Literária AVBL – Edição Histórica.
AVBL – Academia Virtual Brasileira de Letras fundada em
09/05/2001. Nosso empenho: difundir a Literatura Virtual e
divulgar novas criações que venham definir nossa Época
Literária. Além dos sites que transmitem nossas idéias e
ideais, também nos preocupamos em registrar nossa
participação nas escritas através do mundo "real" em 2004
lançamos pela AVBL nossa Primeira Antologia Poética - Edição
Histórica, onde reunimos 118 autores de 16 países em quatro
continentes, no Brasil participaram 45 cidades de 16 estados.
Inovação na arte, na agilidade da comunicação através da
Internet. Em 2005 publicamos a Antologia Literária
"Virtualismo - Escola de Autores, Escritores e Poetas Virtuais
(Do Virtual para o Real) outro marco dentro desta nova Época
Literária.
É maravilhoso quando colocamos nossas vidas em um sonho,
mais ainda quando observamos que este sonho se torna
realidade. Não podemos nos esquecer que a cada etapa, a
cada desenvolvimento de nossos projetos contamos com
pessoas que possibilitam nossa caminhada e neste caminhar,
os escritores, leitores e amigos são todos incentivos mágicos
que nos conduzem para realizações. Agradecemos pela
colaboração e participação de todos, quer seja na publicação
ou na leitura desta Antologia e de nossos Sites-Projetos, onde
cada poesia cada texto é colocado de maneira a engrandecer
nossa Literatura “Real” e “Virtual”.
A todos, agradecemos e boa leitura.
Maria Inês Simões
Membro Efetivo e Fundadora da AVBL
www.avbl.com.br
www.ebooks.avbl.com.br
www.virtualismo.avbl.com.br
www.editora.avbl.com.br
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"SER Poeta Virtual é desvendar segredos de linguagens-sentimentos
em época atual. É transformar escritas-poesias-pensamentos,
em bytes deste momento. UniveRsaL!"
Maria Inês Simões
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PREFÁCIO
Por todo sentimento, por toda magia, pura poesia. Acumulada
e então exposta nesses versos, complexos, arrumados, outros
dispersos.
Paira o amor, na emoção da letra do poeta. Que multiplicado
entre personagens, são pura poesia.
Quando chegou aquele momento onde o coração extravasou
paixão deixando fluir o lírico caldo de sensações, que leva ao
sonho, que arranha o profano, e na insanidade do momento
toca o céu.
Como se o infinito fosse logo ali, do outro lado da ilusão.
Os lugares onde descansam, nessas páginas a sua espera, a
paixão, o amor à saudade, e toda sensação, que só precisam
dos teus olhos para que cheguem e se instalem, para acariciar
a alma.
Um magnífico momento para alimentar o espírito, que se
desidrata, na aridez dos momentos atuais.
Trafegue, navegue, viaje, no conteúdo fértil e generoso.
Uma dádiva, ofertada por todo aquele que por pena ou prêmio,
tornou-se um escriba de Deus.
Gerson F. Filho.
Membro Efetivo e Fundador da AVBL
www.avbl.com.br
www.poesiapoesias.com.br
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"SOMOS e vamos. SER, sendo e sido. Até onde a alma alcança.
Pois, não de matéria se faz à esperança. Mas de toda palavra.
Que abraça. Um coração de criança."
Gerson F. Filho
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ANA PAULA CORRÊA
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/anapaulacorreia.htm
Guarulhos/SP – Brasil
OCASO
Ontem o que me disse?
Que nesses dias que seguirão
A tua saudade em mim não insiste,
E que eu não escute as vozes do coração.
Hoje lhe digo em verso
Que minha paixão não vingou,
Que não me aqueceu o teu abraço,
Que nos meus sonhos já não te vejo.
Amanhã o futuro se tornará presente,
Sua pessoa continuará ausente,
Minha cama cada vez mais quente,
E sem ninguém para me fazer contente.
Mas já que minhas lágrimas secaram,
E um mundo de ilusões nos separam.
Vou tentar esquecer-te de vez...
Tentar te esquecer mais uma vez.
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SOU FRASE? QUEM SABE!
Para mim um ponto não basta.
Não sou final, um ponto e vírgula talvez;
Todo o meu corpo fala
Sou palavra, cada pedaço, toda vez.
O trema no tremor das mãos cinqüentonas.
Circunflexo na circunferência dos olhos.
Tenho um til viúvo no coração,
Que assedia a cedilha em seus sonhos.
Sou exclamação da cabeça aos pés!
A interrogação, em mim, adereço se faz.
Onde a cabeça sempre a quer,
E na alma, seria tenaz?
Redimo as reticências nos contos...soltos...
Craseando a duras penas essas mãos compulsivas
Dois pontos, na outra linha, parágrafo,
Abre aspas, travessão:
“- Quero aqui fazer um parênteses (vírgula), aguda é a dor que sinto
em não fazer aquilo que me é suscito” (fecha aspas).
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ANA SUELY PINHO LOPES
www.usinadeletras.com.br e www.bdb.org.br
Brasília/DF – Brasil
DOMINGO
Teatro vazio, palco vasto
Rio em vagos passos
Anônimo ator, cenas incertas
Cortinas desviadas
Busca do m’encontro.
Tentativa de preencher um canto
No anônimo monólogo do domingo
Busca do se perder
Risco do se achar!
ENTREGA AO DESTINO
As asas do destino
confundem ausência
e pendor da emergência.
liberdade em gritos
libera desejos presos
de sonhos acordados
vivos e irreais!
Na busca incansável
vôo imaginário
o coração acredita ser possível
num céu deslumbrante
o misterioso tornar-se alçável.
CEARÁ - BRASÍLIA
E tudo acontece quando começo a sonhar...
O céu de Brasília se torna o mar do Ceará e navego em suas nuvens...
Sem o mar do Ceará, vôo no céu de Brasília e fujo em suas ondas.
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LICENÇA IMAGINÁRIA
Seres verdadeiros
Almas irreverentes
Nós mesmos...
Alimento desejos
Fantasias
C’licença para nós
Noutra realidade sonhada
Apenas enganos,
Próximos,
Fantasiando um viver
Olhares lânguidos,
Mãos aquecidas,
Pensamentos curvos,
Toque côncavo-convexo
Por que sim?
Por que não?
Encontros de braços,
Abraços de almas.
Confusas palavras,
desejos, lugares,
sem hora para acontecer...
Pura fantasia!
CRESCENDO
Chão molhado de sentimentos,
Solidão voluntária,
Abraços sem braços,
Canção sem letra,
Estrada sem fim,
Início da maturidade!
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SÔNIA
Saudade
Sonho da eternidade
desejo de encontrar o passado.
Paixão pelo vivido,
ouvido,
aprendido.
O aperto que não pode se libertar,
As graças pelo feito, pelo não feito.
A gratidão especial pela convivência,
O carinho pelo ensinamento,
Pelo visto,
A grandeza de espírito,
O exemplo de ser humano.
A certeza de que fostes dos maiores presentes de Deus!
Resta,
Agradecer e viver seus ensinamentos!
TEMPO
Vez ou outra
Rumo a estrada dos desejos
Flutuantes curvas em tempo
Incessante ânsia de beijos
Longa viagem penso
O hoje que ainda é quase nada
O vento dirige ao relento e
Marca o velocímetro do eterno
Ao alcance do seu limite
É o sonho real
Presente no presente!
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POETAS
Poetas resgatam o passado
Gritam o silêncio
de corações vazios
e silenciam a suave melodia
de almas completas
Poetas recriam a vida
Quando dentro de si
A arte de viver
Representa o final
do espétaculo vivo
Poetas celebram os poetas
a cada verso escrito
Substantivam o atrito
De ternuras infinitas.
Ana uma singela homenagem a sua obra Encontros Encantos .
(Leandro Alves)
NATAL
Enigmas, paradigmas,
Recuo, encontro,
Solidão, escuta,
Olhar para dentro, nós, fora, outros,
Reclusão, inclusão,
Aprendizagem, de ficar bem para estar melhor para o Próximo!
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CÁSSIA VICENTE
www.cassiavicente.com
Jataí/GO – Brasil
Faço da poesia
exercício diário
de você..
AQUELE DIA
Depois daquele dia
não pude mais dormir
tua voz ecoa em meus ouvidos
ouvindo nas entrelinhas
uma melodia triste
entoando o canto
"porque você partiu?..."
Depois daquele momento
tão feliz que senti
meu coração chora
por um dia ter ido embora...
Depois daquelas palavras
que ainda soam gostosas
não deixei mais de pensar
"porque foi que desisti?..."
Depois daquele momento
meus dias não são mais os mesmos
minha calma se transformou em espera
porque tem que ser assim?...
Poderia ter deixado
as lembranças do passado
guardadas dentro do peito
no entanto sem perceber que seria tanto
deixei escapar pra dentro do coração
um contentamento descontente...
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- 16 -
Minh'alma está em êxtase
teu perfume a deixou assim...
....perfumada...
TRANSPARENTE
Um dia...você apareceu...
do nada ressurgiu
tão transparente
que não tive dúvidas
era você de volta pra mim...
Pra mim...transparente...
colocou teus sentimentos
tão claros...tão a prova
que não pude duvidar
fez renascer em mim...você!
Você! que de repente...apareceu
num oi...com toda graça
que só você tem
me fez sorrir...sentir...
que ainda ha tempo de ser feliz...
Ser feliz...
...só pra nós dois...
pros outros...ah! deixa pra lá
prefiro pensar em nós...
transparentes ao brilho de nós dois...
...Gostar de você
não é um simples gostar
é um verdadeiro amar!
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- 17 -
CERES MARYLISE
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=537
Vitória da Conquista/BA – Brasil
SOU...
Sou tragédia secular que assombra a humanidade,
Língua áspera de areia que lambe o rosto da paz
E a primeira a cuspir minha flecha de amazona.
A que disfarça ambições dos senhores insensatos,
E ecoa entre as masmorras, cativas da ignorância.
O mundo inteiro ouviu, o soar dos meus tambores
E o céu, muitos gemidos, sufocados nas trincheiras.
Finquei em cada nação, a cor da minha bandeira
Deixando em cada lugar, só espanto e cicatrizes,
Que conheceram de perto, minhas noites sem fronteiras.
Lutei contra todo acordo, disseminei muitas dores.
Parindo todos os filhos, reguei meu sangue na Terra.
E assim eu sigo amando, feliz a cada conflito
Que acontece nos campos, nas ruas e nas famílias...
Sou todo tipo de GUERRA e cresço sem me dar trégua.
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- 18 -
COM AS PALAVRAS
Com as palavras,
fiz caminhos poderosos,
permiti silêncio e diálogo
para encurtar distâncias.
Com as palavras,
ultrapassei horizontes,
passei por terras e mares
e segui mais adiante.
Com as palavras,
aprendi toda a História,
temperei a minha pátria,
expus o avesso sem glória.
Com as palavras,
combati desigualdades
e provei do gosto amargo,
defendendo a liberdade.
Com as palavras,
entendi da humanidade,
e a cada dia me espanto
com suas faces, disfarces.
Com as palavras,
me reviso a cada instante,
e ainda me refaço
como simples caminhante.
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- 19 -
DÁI-NOS ALMA, SENHOR!
Lágrima escondida na clausura
Dos olhos já cansados do infinito.
A que não cura o silêncio e a amargura,
Que não é queixa e não emite um grito.
Aquela que não dá trégua e consolo.
A que fere, cega e atormenta.
A que não tenta mostrar-se e ficar nua
E faz a pena interminável e lenta.
Cântaros secos a assomar aos olhos
Estáticos, vazios e sem brilho.
Que enche o coração e o consome
Na dor que chega sem mandar aviso.
Manancial retido na garganta
Que no silêncio do ser não se dilui.
Onde não nasce o alívio da esperança
Mas sempre vem aos olhos e não flui.
A que não podem ver porque escondida
Na angústia incessante e rotineira.
É preciso meu Deus, que haja alma!
Mas muitos não têm alma para vê-la.
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- 20 -
TRISTE NOITE DE ANO NOVO
Nesta noite em que todos comemoram
A morte de um ano insuportável,
De desordens e tantas incertezas,
As mãos se buscam ainda em efusão
Para um desejo de paz alvissareira.
Passam pessoas vestidas de loucura,
Paira no ar o hálito dos ébrios,
Parece que a cidade está histérica...
Esta é a noite em que todos se esquecem
Das contas, das partidas, das tristezas.
E aos pobres homens dormindo nas calçadas,
Dizem palavras de alento aos infelizes
Como se o tempo marcado pelos homens
Mudasse realmente cada história,
E apagasse todas nossas cicatrizes.
Ó tempo que és o último e o primeiro,
Tu que passas entre cinzas e enfeites,
Tu que avanças com ruídos, tempestades,
Tu que não morre, nem carrega nossas cruzes,
Põe nos meus olhos outra forma de acolher-te!
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CLÉLIO COSTA CARREIRA
Campinas/SP – Brasil
A JANELA DO CASARÃO
Quando criança olhava o mundo, aquele mundo lá, sobre a serra.
Olhava da janela da casa da minha avó, ali eu nasci, ali quase todos os
nossos nasceram.
Um casarão enorme com janelas enormes, janelas que mostravam
quase tudo que meus olhos de menino podiam ver.
Daquela janela da sala, ao lado da porta, sobre a poltrona, eu via: Vi
muitos dias nascerem, vi a lua, a grama crescer, vi os frutos da
mangueira amadurecerem ao sol de verão, de lá, via os Homens, morro
acima, qual formigas, caminhando indo não sei onde, via as carroças
com seus burros, pesadas, levando talvez esperanças.
Muitas crianças brincavam no descampado ao lado do rio, vi as
enchentes, nas chuvas, e, as brincadeiras no barro.
Vi muitas vezes minha doce mãe subir a trilha que levava ao casarão,
seus passos jovens, já me pareciam pesados e sofridos então, quantas
histórias ali se contou, à beira daquela janela nas noites frias do inverno
da serra.
Ali eu vi o mato e as crianças crescerem, muita gente nasceu e morreu
ali. A janela era tudo naquela época , de lá se via o mundo de lá se
viam os sonhos, de lá se via no horizonte um mundo, meu, melhor.
Ali eu cresci, criança de muitos sonhos olhados daquela janela, ainda
hoje recordo, o reboco preto de umidade e fungo da casa velha, muitas
imagens do futuro estavam ali estampadas, muita coisa aconteceu
daquilo que vi dali, dentre aqueles batentes fortes: coisas boas e ruins
são vistas e lembradas ainda.
Tinha ate um manso filete de água límpida que alimentava duas
grandes piscinas, entre os brilhos da água, quais diamantes, corriam
sonhos vindos de longe, de não sei onde, sonhos não sei de quem,
hoje não correm mais, os sonhos findaram tal como a água que sumiu
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 22 -
Hoje, tanto tempo depois, ainda me sinto olhando por aquela janela,
vejo muito daqueles sonhos ainda não realizados, parecem infindos,
não sei, talvez acabem um dia, nem sei como.
É como se ainda estivesse lá, ainda menino naquelas roupas rotas, já
usadas, de outras crianças, ainda dá para ver a camisa branca sem
alguns botões e os pés descalços, ainda dá para ver os sonhos que
passavam por ali muito daquilo se apagou na memória muito daquilo se
viveu e está por viver ainda, muitos daquela gente ainda cruzarão todos
os caminhos traçados.
Os batentes ficaram corroídos, há de ser o preço a ser pago, O pedágio
da passagem das vidas que por ali fluíam Certamente todos deixaram
suas marcas ali marcas da vida, marcas dos sofrimentos de todos
marcas de todas as felicidades vividas.
Aquela janela era mágica, sem dúvida.
LÁGRIMAS FRIAS
Céu de estrelas incontáveis
a pino as três Marias imponentes no céu sem lua
O vento frio açoita a mata densa
porteira aberta,
os galhos da paineira se movem
os bambus se vergam e emitem um som triste
mata triste e silenciosa
alma triste e silenciosa
uma gota de água salgada corre a face
a luz apagada no poste, outrora acesa
prenúncios do fim de uma era
dores infindas
dores dos sonhos não vividos
das felicidades não sentidas
das esperanças tolhidas
lágrimas
novas lágrimas frias
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PIANO
As flores na sala, o piano com as fotos da família
minha cabeça em seu colo macio, a lembrança
muitos sonhos
tudo gravado, tudo o que os meus olhos puderam ver
um piano mudo a espera dos seus dedos longos
a espera da música que nunca será tocada
nunca será ouvida
um silêncio, o silêncio de suas palavras
muitas vezes desperto-me com seu doce carinho
tem um dom, nao usa
seus cabelos sempre presos
toques suaves
seus
detalhes de adorno enfeitam a minha vida
dão luz, cativam-me
encantam-me
mesmo na distância sinto sua presença
vive em mim
revive em mim a cada momento
a brisa mansa traz sempre o seu perfume
o cheiro da sua pele fresca
os quadros nas paredes
a paisagem dos telhados vista da janela
seu jeito manso de dizer meu amor
uma porta
um caminho de ir-se.
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- 24 -
OUTONO 2
Manhã linda de sol e clima ameno,
a brisa leve deste outono balança a copa das arvores
derrubando as folhas secas.
O chão se mistura com frutos e folhas da velha figueira
pássaros de muitas espécies se nutrem dos pequenos figos
e muitas vezes ensurdecem o ambiente com suas brigas.
Um tanto de minha angústia se mistura ao canto das aves
um tanto da minha tristeza se faz presente no ar fresco,
aperta o peito, numa mistura de ansiedade e prazer,
mistura de alegria com sua ausência.
Os olhos se fecham e o perfume de sua pele invade.
Invade,
entra com o ar pelo meu peito e inunda,
sua imagem toma conta de meus sentidos,
sinto-me torpe, pleno de sua presença,
e sonho : sonho a saudade;
sonho a vontade;
sonho a saudade:
só a saudade,
só saudade.
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- 25 -
CLEVANE PESSOA DE A. LOPES
http://www.clevanepessoa.net/blog.php
Belo Horizonte/MG – Brasil
POR QUE?
(para Eduardo)
Belo Horizonte,MG,14/11/2005
Porque partiste antes que
eu reafirmasse meus votos,
novamente o amor chegasse
as juras eu renovasse,
um novo tempo nascesse,
qual estrela que morresse
e anos- luz depois brilhasse?
Encontro marcado,
desejo incendiado,
e o fogo apagado
e o sonho negado,
registro de morte.
Adeus sem adeus,
sei que nossos eus
depois desse corte,
hão de se reunir...
Então até breve,
na alma,a neve
faz tempestade
bloqueia caminhos,
mas eu caminho...
Todo o carinho
guarda-me a alma,
lembro,calma,
o prazer
o ser,
o ter...
Por que não pude partir
contigo no mesmo instante
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- 26 -
em que a Morte,a bipartir,
nosso coração ,que amante
ao outro estava colado
arrancou-te aqui da terra?
Qual o ciclo que se encerra?
Ah,não seguir lado a lado
traz um vazio constante...
Na cabeça,um grande nó,
agora que sigo só,
a saudade a atormentar,
um século num instante...
Por que?...
NECESSIDADE
Amanhar
A terra do amor
(promete
messe de flor
e parece mar!)...
TRÊS POETRIX,NUM MIX
(I)
Pés de fada
passos no ar:
asas de luz.
(II)
Pés nas mãos:
pesos de seda
pele a pele.
(III)
Pés de bebê:
quinta-essência
do cetim.
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- 27 -
ACTO
Olhar desfocado
lábio intercalado
(boca em completude
suores em açude,
saliva em fio/riacho escorre)
Peito infla
coração rufla
mamilo cresce
adaga intumesce
você, garfo, eu colher.
gemo/arfo
homem/mulher
fusão.
Con/fusão
fuso horário
da petit- mort:
orgasmo
o gamo
a gazela
o hierogamus...
Os órgãos,
os grãos ocultos,
a produção
dos micro organismos
potencializados
dizem Amém...
A MEU PAI, LOURIVAL PESSOA DA SILVA
Quando nasci, minha doce mãe adolescente
com a franqueza das mulheres nordestinas,
me disse feia - veias azuis na cabecinha,
um jeito talvez, de pessoa inacabada mas meu pai, vendo feliz, suas duas meninas,
me disse linda, ao segurar-me ao colo:
"Já nasceu de olhos arregalados,
olhando o mundo e me namorando"
dizia em solo cantante
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- 28 -
(repetido anos a fio
à magricela que eu era)
Segurava-me - contava ela - todo cheio de cuidados
aconchegada ao seu cheiro de homem e de ternura
Por causa desse decreto masculino,
Do protótipo de primeiro namorado
em minha alma feminina,
cresci numa aura de beleza genuína,
tornei-me essa mulher, de si, segura
sem nenhum medo do bicho macho...
Da sua rede, aprendi a distinguir
certas constelações e estrelas,
olhando para o céu noturno faiscante,
e tornada, por ele, numa eterna viajante
do imaginário e do real... geografia ao vivo
e todas as regras de ortografia,
o prazer de ser, aprender e saber,
oriundos das boas-vindas do primeiro dia
Sou assim, dada a entender e respeitar as gentes
porque jamais uma garota
foi de tal modo respeitada.
Sem ser desconfiada, sou prudente,
mas confiante
na bondade alheia...
Exijo apenas lealdade, pois ele dizia
que mentira é coisa mais que feia
e não se trai sequer à própria pessoa...
Por ele, quis crescer, ser eu mesma,
Sempre vendo nas criaturas, uma coisa muito boa...
Hoje, octogenário, olha-me com os olhos esverdeados
e me entende, sem que eu precise dizer nada...
O impossível
é imprevível
só até acontecer...
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- 29 -
EDUARDO GOMES
www.egomes.com.br – [email protected]
Salvador/BA - Brasil
VIÚVA NEGRA!
Quero gozar do prazer dos teus beijos,
Mesmo que me espreites com o teu tridente deletério!
O teu mistério é o teu amor e o teu desejo,
De devorar todo o calor do meu viver!
No devaneio de tua teia paradisíaca,
Estou no meio do descompasso do meu coração!
A tua ceia é o meu leito de vida e de morte,
Sou seu consorte, que enfrenta a morte por teu tesão!
Aracnídea rainha de deleite nocivo...
Mortífera amante de negro sorriso...
Sou o mercenário, que vende a vida pelo teu coito!
És meu calvário! Meu veneno convidativo!!!
Nos armários dos sobrados tempestivos,
Ou no canto das muralhas, sou um morto vivo!
18/08/2001
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 30 -
JESUS EM CONTRIÇÃO!
Senhor, do amor, vivi num turbilhão,
E por ti, senti sofreguidão!
Pois em meu mundo, segundo,
Era teu, o meu pendão!
Senhor, o ardor, me inflama o coração,
E escrevi, mil versos de paixão!
Um andarilho, teu filho,
Do deserto, que atormenta a minha razão!
Senhor, estou, feliz por ter o pão,
E olhar e amar esta feição!
Por ser da terra, materna,
A semente que brotou desta união!
Senhor calor e paz em comunhão,
Em prantos eu canto num refrão!
Pois no exílio, teu filho,
Entendeu que o amor é a salvação!
03/04/2000
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- 31 -
MEU RÉQUIEM!
Selem minha cripta,
N’argamassa pura!
Velem minha lisura,
Nu’a cerimônia atípica!
Lágrimas d’eternas,
Nos peitos d’amarguras,
Ferem ad candura,
Nossas almas fraternas...
Cantem-me o réquiem de Mozart,
E o prelúdio de La Traviata...
Nu’a voz doce; doce de mulher, Tereza Stratas!
Celebrem minha morte, um brindice,
Num porto rubro; rubro d’amor!
Que sentirei vosso pesar, vosso adeus...
26/06/2003
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- 32 -
CAPITALIZANDO IMBECIS!
Ao 11 de setembro de 2001!!!
Das frontes e das pontes desta batalha inglória,
Urge a história de nossas vias errantes!
Partidários dos metais que ante a massa insurgem-se,
Lutam por erários ante a, prevaricações carnais!
Nos anais da ignorância que os exasperam,
Vivem honorários dos artifícios involutivos!
Embriagados pelo coito cujo dinheiro resvala,
Em antítese desprovêem os raquíticos!
De malícias imbecis e capitalizações cegas,
Cedem as pregas para as regras do imponderável!
Calvário cujo inventário prediz parca sabedoria!
Alegorias das origens mais servis,
Da submissão da sapiência à intolerância,
Na ganância mesmo guardam a própria gala!
25/09/2001
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 33 -
EDVALDO ROSA
www.sacpaixao.net
São Paulo/SP – Brasil
AMADA MINHA AMADA!
A mada, encosta a tua face em meu peito,
M ascara teu pranto com meus afagos,
A rranca de teu seio as tuas dores, tuas mágoas...
D errama em mim as suas lágrimas,
A pós sequeas com um sorisso em tua face!
M imosa flor em teus cabelos,
I nda que uma flor solitária,
N ão te esqueças da beleza dela,
H oje morrendo presa em suas madeichas,
A flor mesmo assim seu perfume exala!
A ssim se dores te corroem o peito,
M uda a forma de encarrar a vida,
A inda que ela não se modifique com um passe de mágica,
D esperta teu olhar para o que te cerca,
A mor estou a teu lado, lado a lado na longa jornada!
28/03/2006
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 34 -
ANELO DE MINHA ALMA!
Sinto em mim
o calor de teu olhar enrubescer a minha face,
meus olhares submergir em tua luz,
minha voz tornar-se murmurios,
ante a tua voz!
Meu coração a sair pela boca,
quando a tua tez se deixa tocar pelos dedos meus...
Quando meus braços, feito laços
procuram circundar-te o corpo teu!
Fim de noite,
dia amanhecendo!
Sinto o teu perfume invadir-me!
E a tua presença, em todo o meu campo de visão...
É nosso primeiro encontro,
que se renova com todo encanto,
a cada novo instante em que estamos juntos,
e me sinto feliz!
É esta felicidade,
o mais profundo anelo de minha alma,
o desejo incontido de meus sentidos,
de meu coração, que só em ti se acalma!
29/04/2006
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 35 -
MEU CORPO É TUA CASA!
Meu amor estou a tua espera,
desde a hora da partida,
na verdade nem devias ter ido embora,
e agora só espero a tua vinda!
Batem á porta insistentemente,
minha mente sente que és tú lá fora,
meus olhos encharcam-se em lágrimas,
quando veem que não é você que bate á porta!
A campainha grita loucamente,
meus ouvidos te presentem
como que se ouvir-te ouvisem agora!
Que silêncio, profundo de morte,
quando chegando á porta não estas presente!
Estou em meio as cortinas,
meio escondida, para ver-te
antes que me vejas...
Uma sombra passa pelos meus olhos focados lá fora,
meus olhos se enchacam de lágrimas...
Choram por ver chegar a hora de nosso encontro...
Apresso o passo,
não quero perder-te,
correndo chego á porta,
antes que bata, ou a campainha toque,
que possa com sua chave abrir a porta,
minha casa já esta aberta para a sua presença,
entre, entre sem demora,
meu corpo é tua casa,
entre e se refresca,
Entra e fique á vontade!
02/12/2005
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 36 -
ENTREGA!
Ofereci meu peito desnudo,
para a sua face recostar-se!
Sentindo o perfume de seus cabelos,
meus sentidos tocar e inflamar!
Num movimento continuo
sou eu que recosto a teu colo,
a sentir o movimento de seus seios, embalar-me!
E o som forte de sua vida,
a me ninar!
Me abraças,
e entre o nó de seus membros,
tú me acolhes e guarda!
Subito, mirados nossos olhares,
vemos para alêm de nós...
E nossos lábios se tocam,
e nossas bocas se consomem,
sob um longo e profundo beijo!
E nós nos recolhemos, um no outro,
e nos esquecemos, um no outro, após...
Sem tempo, de pensar no tempo,
em que nos consumimos um no outro,atados.
Por um beijo molhadissimo de carinho e desejo!
13/10/2005
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 37 -
ERMINDO GOMES ROCIO
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/ermindogomesrocio.htm
Manaus/AM – Brasil
A VIDA E O ROCIO
Assim como o rocio que na calada da noite,
recende o ar com o cheiro da terra molhada,
mesmo ausente teu perfume se faz presente,
trazendo mil recordações de ti minha amada.
Aviva a tua presença tal qual a noite que cai,
meus pensamentos divagam e eu me ponho,
ao bruxulear lume da lua que aos pouco vai,
a me transportar para meu mundo de sonho.
Do arrebol preluzem os raios de sol – amanhece.
Obumbram meus olhos ao se abrirem à realidade,
você se foi e como a lua meu coração entristece,
A Lua porque ao nascer o sol já se vai ao poente,
eu porque com o raiar do dia acordo para verdade:
Só com a Lua em meus sonhos, há tenho presente.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 38 -
A VIDA E O OUTONO
É outono, as folhas secam, suspiram, e desmaiam...
Lá no alto das árvores, estremecem, e descem,
incógnitas tremulantes, descrevendo no espaço,
suas últimas ondulações.
No chão imóveis, retornam ao eterno berço,
ressequidas e enrugadas, como que cansadas,
e esgotadas de uma dura existência.
Quem passa as ouvem estalarem suplicantes sob os pés,
como a gemer de dor e angustia...
Quem sabe elas não choram, e lamentam a viçosa juventude,
quando sob a cálida luz das estrelas sentiam o vento acariciar-lhes as
faces?
quando soberanas da estação qual um verde e pujante tapete cortavam
o céu azul, desafiando orgulhosas o soberano sol de verão?
Sim elas choram e lamentam o brilho ofuscante do sol que não mais
verão...
pois que já serão pó no próximo verão... É outono, as folhas caem...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 39 -
A VIDA E A UTOPIA
Embriagado sou de teu perfume,
suspiro te-la em amoral amplexo,
desejo este perdido no sonial lume,
deste meu estranho sonho desanexo.
Inebriado por todos teus sabores,
provo todas as matizes do prazer,
nesta volúpia envolvente de cores,
delibo o néctar na taça do teu ser.
Mera quimera deste sonho complexo,
embalado numa utopia de mil traços,
do amor que só sobrou um cadexo.
Assim se dos devaneios vou vivendo,
aconchegado á noite em teus abraços,
escarmentado na vida vou morrendo.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 40 -
A VIDA E O VENTO
Sou vento, sou poderoso,
sopro folhagens, rasteiro,
sopro os cumes, altaneiro,
corro planícies, alteroso,
Ondulo areias nas praias,
às ondas lego mil ósculos,
sou forte venço obstáculos,
se calmo balanço catraias.
Assim procuro meu destino,
o coração suspirando ao leu,
sussurra por teu amor bizantino.
Condenado calço meu escarpes,
como brisa fraca, sob este céu,
desolado, sucumbo aos teus pés.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 41 -
FÁTIMA CARDOSO
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/fatimacardoso.htm
Recife/PE – Brasil
COGNOME ANJO
SEM ASAS
MERGULHO NA ETERNIDADE,
ENCONTRO AMORES LUCIDOS,
DESEJOS ADORMECIDOS,
PUDORES APODRECIDOS.
ENTRE TEIAS DA INTOLERÃNCIA
AMARRO MINHAS ALGEMAS.
VOO ENTRE LAGRIMAS ,
DESCARTO FRUSTAÇÕES,
LASTIMO TODAS AS DESILUSÕES.
SOU LUXO,
SOU ROMANTICA,
SOU DIVA,
PORQUE TENHO QUE TER PACIÊNCIA ,
AGUENTAR A VULGAR INDIFERENÇA,
ESPALHADA POR AÍ...
SOU ANJO...LUCIFER TALVEZ...
PECADO - ORIGINAL- DESEJO REVELAR O INUTIL DE TI EM MIM
NA VIDA ,NA ALMA, NA RAZÃO.
MISTERIO ABSOLUTO
DOS PRAZERES QUE CONCEDO
AOS HOMENS POR DINHEIRO
BIZARRAS CRIATURAS
QUE NO AUJE DA LUXURIA
COGNOMINARAM-ME ...
_ANJO_
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 42 -
MINHA VERDADE
NÃO QUERO UMA VIDA INDOLENTE
QUERO SER INDECENTE
ME PERDER EM GOZO E PAIXÃO
NA MAIS SEDUTORA LIBERTINAGEM
SENTINDO DESEJOS INCONTROLAVEIS
A LIBIDO SERÁ MINHA LINGUAGEM
PRA TE CHAMAR " AMOR..."
VIVENDO PRAZERES SEM CRETINAGEM
ORGASMOS MULTIPLOS SELVAGEM
DESFRUTO CONTIGO
O MAIS LOUCO ,
PROFUNDO,
DESPUDORADO,
TESÃO...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 43 -
O QUE É O AMOR ?
AMOR NÃO SE APRENDE
AMOR NÃO SE COMPREENDE
AMOR SE VIVE
ALUCINADAMENTE
AMOR NÃO SE PEDE,
AMOR SE CONCEDE,
AMOR SE ENTREGA,
AMOR É CORPO COM CORPO,
É COISA DE PELE,
É ENERGIA
É LUZ,
É CONSUMAÇÃO,
É PRAZER,
É LOUCURA.
AMOR É TUDO
AMOR É NADA
PRA QUE ENTENDER,
PRA QUE QUESTIONAR,
AMOR NÃO SE CHAMA,
AMOR ACONTECE,
SE O AMOR É SURDO,
SE O AMOR É CEGO,
BARGANHE O AMOR
BANDIDO AMOR
AMOR COMPRADO,
AMOR VENDIDO,
AMOR SEM ESCRÚPULO,
AMOR ,AMOR
CHAMA QUE SE ACENDE,
CENTELHA QUE SE APAGA...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 44 -
QUEM SOU EU ?...
HOJE
VAGUEIO PELO MUNDO
NA TERRA DO NADA
NÃO SEI QUE FIZ PRA ME SENTIR TÃO SOLITÁRIA
NO MEIO DA MULTIDÃO
NÃO FAÇO PARTE DESSE MUTIRÃO,
SOU AQUELA QUE VIVE SEM NUNCA
TER NASCIDO.
POR QUE O MUNDO ME ESQUECEU ?...
SOU UM CÓDIGO,
SOU UM NÚMERO
SEM IDENTIDADE,
SOU NADA
AMARGO AS TENTATIVAS QUE FIZ
PARA SOBREVIVER.
NO MEU PEITO SÓ FLEXAS
DISPARADAS PELOS HOMENS
PARA AUMENTAR A MINHA DOR
EU SOU AQUELA
QUE O MUNDO NEM CONHECEU
E SE CONHECEU
JÁ ESQUECEU...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 45 -
FÁTIMA FONTENELLE
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/fatimafontenelle.htm
Salvador/BA – Brasil
VOCÊ NÃO ME AMOU
Você nunca me amou
como disse
como me fez acreditar
não foi pelo nosso encontro
que você esperou
e não cavalgou
o alazão dos sonhos
ao contrário
aguardou, machucou
movido a tua covardia
a espóra
não me amou
nem depois
nem hoje
nem nunca
acreditei todas as vezes
quando rompia as noites
ao teu lado
mas não me amavas
nenhum tempo
nenhuma hora
do tamanho que se pode medir
acredito sim
que já me machucou
mesmo antes de nos termos
visto
você nunca me amou
sou pra você
como versos sem cores
esquecidos por ai afora
sem nenhum sabor
por isso lamento mas
você não me amou.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 46 -
AMIGO
Não perca a razão
Não se entregue a paixão
Não se degenere
Por causa de tesão
Procure pensar com lucidez
Faça como a águia
Que aos quarenta anos
nasce para uma nova vida
um novo amanhecer
E rasga o horizonte
com o vôo de renascimento
Assim seja você
Renasça todos os dias
Não esqueça suas origens
E viva de maneira intensa
Porque é rápido a partida
E você nem sabe pra onde
Porque na realidade mesmo
Você nem sabe quem é
Viva com algo de seu
a escolha do seu caminho
Assim aprenderá também
que teu amigo de hoje
poderá ferir-te muito um dia
Assim sendo o teu melhor amigo
é aquele que tu vês, refletido
no teu espelho.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 47 -
GENAURA TORMIN
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/genauratormin.htm
Goiânia/GO – Brasil
ACALANTO PARA ISABELLA
A chuva molhava a terra,
Exaurindo o cheiro de relva.
O dia chegou colorido, debulhado em sorrisos.
A tarde se fez amena, se fez terna...
Nas asas do vento, no colo da brisa,
Chegava a Isabella, a bela Isa,
A filha da minha filha, a minha neta!
Uma centelha do amor, um botão em flor.
Palavras inexistem, são arcaicas, obsoletas.
Só as lágrimas afagam sentimentos acalentados
No silêncio etéreo de um sonho tão bonito.
Uma visita antecipada de um anjo querido,
Prestes a sair do paraíso
Para fazer parte da nossa família.
Doce personagem onírica,
Onde a inocência desenhava-lhe o rosto redondo,
De olhos azuis, a balbuciar pequenas palavras.
Desde então, na ânsia da espera,
Fiquei a vê-la no espelho do meu coração,
Na gostosura de sabê-la neta,
Estrofe do meu poema, lira de minha canção.
O sonho virou realidade! Chegou a Isabella!
A estampa doce de gentinha miúda.
E pude ver envolta em panos,
A mesma criança do meu sonho
Qual novelo de lã, floco de algodão...
Imagem tão bem guardada
Nas retinas e no coração.
Esgueiram-se murmúrios de felicidade.
Posso mirar-lhe os olhos,
Duas safiras, dois luzeiros,
De paz e alegria, mensageiros.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 48 -
SÍNDROME DO NINHO VAZIO
Na primavera nasceu a nossa filha, linda, sadia, uma flor!
Um sonho realizado, o meu corolário de amor.
Arrumei o cabelo, maquiei o rosto,
E vesti um penhoar bordado de vermelho
Para conhecê-la no berçário,
Embora já trocássemos carinhos diários.
O coração bateu forte e o meu ser enterneceu-se.
Sem poder conter o pranto, postei-me a agradecer.
O meu presente era ela: o bebê mais lindo daquele dia,
Feito de amor, com as fímbrias da alma em harmonia,
Sob a guarda do coração enamorado.
Da primeira palavra, eu não posso esquecer.
Quando a descobri de pé, sorrindo para mim;
Os primeiros passos, o primeiro dentinho...
Ah, isso, nunca esqueci, até parece que estou a ver.
E a vida virou uma primavera, cheia de anjinhos.
Mais três irmãozinhos vieram para nos fazer companhia
E encher a nossa vida de alegria.
Lembro-me do primeiro dia de aula, da palavra MAMÂE,
Desenhada com a sua letrinha, das redações, dos poemas,
Das bonecas nas casinhas... e dela, como professorinha,
A ensinar aos irmãozinhos com tanto carinho.
Do sucesso na escola, dos passeios de veraneio,
Do papai Noel que dava moedinhas.
Entusiasmados, eles guardavam nos cofrinhos.
Que alegria era a nossa família!
Depois, eles cresceram: faculdade, bacharelado...
E nós torcendo em cada vitória, chorando nas formaturas,
Nas aprovações de concursos, nas investiduras de cargos...
Sentíamo-nos também vencedores,
Pois a felicidade dos filhos sempre foi a nossa realização.
E como esses filhos cresceram!
Em tamanho e em valores, fazendo-nos felizes.
A cada ano, um deixava o aconchego do lar,
Para o próprio caminho palmilhar
Ao lado de um grande amor.
Até que o último filho partiu.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 49 -
O ninho ficou vazio, solitário...
Desapareceram as risadas, as conversas,
O afeto de todo fim de tarde.
Esconderam-se, feito estrelas em noites de chuva.
Tudo ficou triste, nem a lua ficou por companhia.
Somente saudades daquele convívio, daquela alegria...
Agora, a "síndrome do ninho vazio".
Um tédio ambulante passeia pela casa,
Os ecos se formam pelos cantos em soluços inaudíveis.
As camas sem hóspedes, sem donos...
As luzes não se acendem mais.
Tudo ficou desnecessário!
Falta a alegria, falta o vozerio...
Há um gosto de saudade impregnado no ar.
À mesa, as cadeiras desocupadas,
Parecem encharcadas de abandono.
Os talheres não mais têm vida,
Não tamborilam sobre a mesa.
Tudo se resumiu em dois lugares marcados.
Justamente como começamos: eu e seu pai.
Hoje, mais experientes,
Pois conseguimos superar as dificuldades,
Vivenciar a dor e encaminhar vocês
Na trilha do bem, na trilha do amor.
Resta-nos o sentimento de dever cumprido.
Embora longe dos nossos cuidados,
Do nosso carinho, do afeto diário,
Sempre seremos nós os pais de vocês.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 50 -
VINÍCIUS
Minha criança querida,
Astro dos sonhos meus,
Galho de minha árvore,
Filho do filho meu.
Feito floco de algodão,
Bochechas de leite e mel,
Você é uma fofura,
Presente vindo do Céu.
És filhote-passarinho,
Em elos de alegria,
No universo destes versos,
Em que tu és poesia.
Encantas a minha vida
Nos veios da emoção,
Entrelaçado em abraços,
Juntinho do coração.
Escreverás a história
De um tempo que já passou,
De uma vovó poetisa
Que a você muito amou.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 51 -
GERSON F. FILHO
www.poesiapoesias.com.br
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
NÓS.
Porque eu perguntaria o porquê do infinito,
Se toda essa intensidade que eu pressinto,
Vem de ti, grande parte, para assim constituir;
Uma imensa e verdadeira morada de amor.
Indo até onde o sonho de tão sonhado se ignora.
Pois de tudo, nada mais importa, nada mais exorta.
Porque já não mais se separa a noite da aurora.
Não é mais possível procurar aresta no equilíbrio.
Porque para ser totalmente teu, tu foste só minha.
E para ser totalmente minha, ultrapassamos a linha.
O limite que estabelecia a identidade de nós dois.
Sendo assim nós; totalmente, e tudo, ficamos a sós.
Fazendo meu, teus lábios em eterno e doce sorriso,
Fazendo-me teu, com a certeza do rubor do arrebol.
ÊXTASE.
Quero!
Escorregar,
Para dentro dos teus desejos.
E finalmente topar;
Com o receio,
Dos teus anseios.
Para assim desnudá-los.
Quando o prazer fluir,
E no eco escutar então,
O grito!
Contido no rompante,
Dos trajes do recato.
Um olhar perdido,
Entre lençóis...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 52 -
O SILÊNCIO DE UM AR.
O que tanto de firmamento,
Curva-se ao encantamento?
São todos os tantos minutos,
De vela insuflada ao vento.
Enquanto o tempo balança,
E toda monotonia alcança.
O desejo gira em cata-vento.
Procura rumo, e esperança.
Quanto de idílio por verdade.
No carinho da bruma fria.
No hálito quente da saudade.
Aonde a recordação aquece,
Por todo silêncio de um ar,
Murmurando tua voz em prece.
NÚCLEO.
Flutua em furta-cor
Todo desejo e o ardor,
Da hora mais bela.
Da vírgula singela.
Que se dispõe em riso.
Como se fosse preciso,
Conhecer o sorriso,
De um intenso amor.
Aquele que só por ausência,
Alimenta a vontade.
De ser só saudade.
A falta de motivo,
Que ocupa um coração.
A queda sem precipício.
O silêncio e a multidão...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 53 -
MEU BEM.
Meu bem,
Moro no teu olhar.
Entre reflexos, pálpebras,
E todo limite do sonhar.
Entre véus, brumas.
Aonde a monotonia,
Se oculta; na sombra,
De uma intensa saudade.
Onde o verso,
Fica mais pesado.
Aonde a rima do poeta,
Esse desajeitado,
Escorre dos teus olhos,
Devido a uma ausência,
Que encharca, o teu,
E o meu coração.
Mais uma vez,
No canto aonde ecoa,
O suave cântico,
De uma solidão...
Meu bem...
INSUSTENTÁVEL.
Aturdir parâmetros,
Com critérios em exaspero,
Minha receita ímpar!
Para uma imersão total.
Nesse magma de pensamentos.
Que ao eclodir na alma,
Incendeia a razão.
Paixão!
Tudo aquilo,
Que não cabe em si.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 54 -
EXAGERO.
Tempo.
Que me supera.
Tempo, que me devora.
Devoro-te também,
Bem aonde tu não tens,
Discernimento.
Na introdução do sonho;
Inserido nas letras,
Que escrevo.
Porque quando penso,
Vejo o alvorecer da a hora.
E o anoitecer,
De todo consenso.
Esgarçando propositalmente,
Toda lógica,
Só por contentamento.
RODA, BOLA E ILUSÃO.
Hoje brinquei de bola.
Cai no chão, não fui embora.
Porque no céu algo convida,
É um papel! É uma pipa.
Cantei cantiga cantei em roda.
Corri no tempo, corri agora.
Atrás do sorriso que foi ao vento
Atrás do sonho da estória.
Busquei no grito, o infinito.
Fazendo eco com o assovio.
Só para mexer com tudo isso.
Para mostrar que o amor e lindo.
Nascendo num beijo doce,
Da criança que vive sorrindo.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 55 -
HELDEMARCIO FERREIRA
www.paralerepensar.com.br/heldemarcio.htm
Recife/PE – Brasil
VISÕES
por Heldemarcio Leite Ferreira
O olho enxerga
A fé que é cega
A paixão que é cega
E o ódio que me cega
Ante a dura realidade
O olho enxerga
Mentiras ditas como verdades
Nascendo em frase dissimulada
A flor que jaz na alma amargurada
Padecendo em ressentimento
O olho enxerga
O cristalino do tempo
Na transparência das horas
A lágrima que ainda não choras
Retida em rancor mais profundo
O olho enxerga
O caminhar pelo mundo
Na tessitura da vida
A beleza da alma escondida
No poema que a ausculta
O olho enxerga
Aquilo que a mente oculta
Na quadratura dos cantos
A solidão nos recantos
Adormecidos do coração
O olho enxerga
O que nega a emoção
Das palavras sem consistência
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 56 -
O sentido da conveniência
Expresso em fatos distorcidos
O olho enxerga
Pedaços de sonhos perdidos
Dispersos pela amplidão
Prazeres que surgem e se vão
E que levam ao fundo do nada
O olho enxerga
A busca obstinada
Pelas coisas que não têm sabor
A ausência carente do amor
Na tristeza que não termina
O olho enxerga
A luz em meio à densa neblina
Mostrando o caminho seguro
A porta que encerra o futuro
Até onde a vista alcança.
LABIRINTO
por Heldemarcio Leite Ferreira
Meus olhos
na imensidão
d´outro oceano
se perdem
distantes
no arco (da) íris.
Meu coração
ex- cravejado
de saudade
na pulsação
bruta das dores
se dilata.
E as horas
passam...
sobre mim
Elas sempre
vem e vão
como marés.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 57 -
Eis o mistério
de todo ser
preso em si mesmo
num labirinto
a abrir portas
e buscar saídas.
Eis a sentença
a ser cumprida
de vir ver a vida
do lado de fora
e achar-se por dentro
em algum sentido.
ESPELHOS
por Heldemarcio Leite Ferreira
Pelo visto tudo é imagem,
cenas projetadas na memória
Impressões virtuais do real
refletidas em densa miragem
Marcas indeléveis do olhar
sob o disfarce de uma lágrima
Expandindo sinais do espírito
do etéreo além, do alumbrar
Vagas palavras, grãos de luz
divagam em tantas reflexões
Dispersas e esparsas visões
sobre todos os cantos do poeta
Agora o tempo a tudo contem
e o futuro se anuncia luminoso
Como "lâmina/animal - espelho
que tudo reflete e nada retem".
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VISIONÁRIO
por Heldemarcio Leite Ferreira
Faço arder meus poemas
Como quem guia seus versos
Por essas veredas sem luz
Onde meus passos errantes
Procuram por terras azuis
Quando imagens de antes
Refletem o que sou, serei e fui
Porque o destino adiante
É como um rio que flui.
Faço em palavras cruzadas
Para que sejam lidos com alma
Diante do espelho que oferece
Para quem vê além das imagens
Sobre o todo que permanece
Aonde vão levar as tais viagens
Depois que o corpo se entorpece
Por isso, reflito em mensagens
Visões que o tempo não esquece.
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IRACEMA ZANETTI
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/iracemazanetti.htm
Belo Horizonte/MG – Brasil
ALEGRIA, ALEGRIA, ALEGRIA
Alegria, Alegria, Alegria, palavra que exprime um sentimento,
Que nos faz ver as cores da vida por um novo prisma!
Alegria é o estado natural de euforia de dois seres apaixonados!
É a alma, o coração as lágrimas de felicidade...
De uma mulher ao tornar-se mãe!
Alegria é ver crianças sorrindo, irmãos se abraçando!
Ouvir o canto das águas e os passarinhos fazendo coro.
Alegria é andar descalça sobre a relva molhada...
É sentir o perfume das flores do campo...
Tomar banho de cachoeira e avistar entre as árvores...
Um raio de sol curioso!
Alegria é sentar à beira de um lago,
Dar migalhas de pão nas boquinhas dos peixinhos!
Alegria é passar férias na fazenda e acordar com o canto do galo...
Sentir o cheiro do pão exalar do forno à lenha!
Subir nas árvores, comer pitanga, amora e jabuticaba no pé!
E, se as férias forem na praia... Andar descalça na areia,
Subir ao topo dos morros... Avistar a linha do horizonte...
E imaginar como será o outro lado de lá!
Alegria é despencar num mergulho louco nas águas verdes do mar...
Pegar onda como jacaré, sentar no alto dos rochedos,
À espera da rebentação nos molhar da cabeça aos pés...
Mergulhar à procura de estrelas do mar, deitar nas areias da praia...
Esperar a lua nascer e sob sua luz...Namorar, namorar, namorar!
Hoje eu gostaria de ver uma revoada de pombos correio,
Que nem mais se ouve falar.
Segurar a mão da minha netinha... E com ela gritar:
Alegria, Alegria, Alegria...
Sem saber se rir ou chorar, mas saber com certeza...
Amar, Amar e Amar...!
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MINHAS DECLARAÇÕES
Não sinto que teu amor seja fugaz!
Fugaz é o momento que passa breve
E ligeiro, quando estamos lado a lado!
Teu amor não me embaralha,
Nunca me perderia de mim mesma,
Para ser somente "Amor"
O amor que me pedes é muito pouco!
Sou amor absoluto!
Possuo o toque de amor em minhas mãos,
Em meus dedos, em meus braços...
Em minha boca, em meu olhar!
Meu corpo possui todo o amor que desejar!
A luz de meus olhos são faróis a clarear...
Os caminhos de amor que nos esperam...
Em todas as dimensões!
Amo-te tanto, que o meu amor não condenso...
Mas o expando eternidade afora!
Não engulo o que resta de mim...
Sei que estou inteira!
Uno-me a ti intrinsecamente, para juntos...
Nos perdermos de amor literalmente!
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MEDO
Se ainda sentes em meu sorriso a esperança...
Por que em tua mente a cristalizaste?
Se tu sentes tanto medo...
Por que sempre escolhes caminhos a esmo?
Volta, desvia-te das florestas escuras
Que te causam desespero...
O tempo não espera somente à noite
Espera às madrugadas!
Os passos que passam e ouves...
São teus próprios passos!
No espaço passa a noite...
Só teu medo é que não passa...
Solidão porquê...?
Se meu sorriso esperançoso ainda vês?
Não é meu o grito que ouves
Nas sombras da noite...
É o eco que te responde...
Exageras... Olhos cegos não vêem...
Mas os teus mesmo nas trevas me fitam!
Deixa o tempo, a noite, teus passos...
Deixa tudo passar...
Vem me buscar, meu desejo é te ajudar!
Vem aquecer-me agora...
Na hora, no tempo na noite...
Faze teu passo que passa, voar!
Eis o tempo de a esperança retornar!
Cristais já não existem...
Tua memória os dissolveu.
Da noite que não passa...
Restamos tu e eu!
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AH COMO EU GOSTARIA
Ah como eu gostaria de ser dona de teus pensamentos,
De teus desejos, de teu sono e sonhos...
Gostaria de ser o ar que respiras,
Para continuar eternamente dando-te vida!
Gostaria de ser teu alimento, para dar-te vigor,
Pelo resto de teus dias!
Gostaria de ser a fonte de água fresca e cristalina...
Para saciar tua sede e manter em ti mais vida ainda!
Gostaria de ser teu perfume, entranhar em tua pele,
E sentir em teu corpo meu próprio aroma!
Gostaria de ser a luz-guia de teus olhos...
Para levá-lo a ver o sol, a chuva, o mar, o céu a lua...
Gostaria de ser tuas mãos para tirar as pedras
Dos teus caminhos e te apontar a direção do paraíso...
Gostaria de ser teu coração, sentir teu ouvido sobre ele,
Atento ao som descompassado a cada pulsar de vida!
Gostaria de ser cada parte de ti para sentir se a chama
De teu amor por mim ainda brilha como devia...
Mas morrem aqui os meus desejos,
Por eu não poder ser nada do que queria!
Porém, posso querer, e ser tua...
Pelo resto dos meus dias...!
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JOÃO CARLOS (ROTHER)
www.poetarebelde.com
Osasco/SP – Brasil
LEITO VAZIO
Lágrimas de um sonho lembrado
Matando aos pouco meu viver,
Sentindo o amor de um passado
Solidão terrível de o meu padecer.
As noites passam e a paz que almejo
Ficou retida no leito da desilusão.
Leito ao qual estou atado com desejo
Por tantas noites de amor e paixão.
Quando em meu coração penetraste
Lágrimas alegres rolaram de emoção,
Para agora descobrir que ousaste
Entregar meu amor a esta escuridão.
Hoje sou o baralho de um jogador,
Que na derrota, seu amor chama.
Queria ser a garrafa do bebedor,
Mitigando a sede de quem ama.
Pelas mentiras que hoje são realidades
Clamo pelo meu tempo que foi vadio.
Ainda cercado de dor e saudades
Leito solitário... Teu lado continua vazio.
MEU REFLEXO
Meu reflexo na vidraça escura,
Imagens de vidas que me subjugam.
Reflexos de amores em desventura,
Lágrimas que meus olhos enxugam!
Meu reflexo de rosto carcomido,
Transformado em ínfima fumaça
De arrogante orgulho desmedido,
Hoje apenas uma inútil carcaça!
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Meu reflexo de gargalhada demente,
Esfumaçado tempo que perdura!
Sombra de um passado pungente,
Retratado em uma negra pintura!
Meu reflexo de corações parelhos,
De imponderáveis palavras sonoras
E imagens refletidas nos espelhos
Reflexos vazios, ausente de auroras!
PALAVRAS AO VENTO
Existência de palavras trágicas
Que florescem na influência
De sons nas bocas mágicas
Das inocentes consciências.
Palavras solfejadas sem energia,
Sussurradas nos ouvidos acolhedores.
Murmúrios de amor e harmonia,
Antes e durante enredos vencedores.
Vozes roucas parecendo espinhos
Mas transbordando de saudade.
São palavras feitas de carinhos,
Companheiras fiéis da felicidade.
A beleza do amor está na natureza
Dos sons que florescem no nascimento,
Afastando para muito longe a tristeza
De impuras palavras jogadas ao vento.
PASSADO E FUTURO
Proponho nos encontrarmos no futuro,
Para que possamos falar do passado,
Já que o presente continua impuro,
De palavras e traições manchado.
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Proponho que ele seja um lugar sem calor,
Sem luz e sem estrelas, apenas escondido,
Para que possamos conclamar nossa dor,
Os risos alegres de choro contido.
Proponho ainda, que seja na rua,
Numa esquina qualquer, olhando
A tua vestimenta linda, mas nua
De queixumes e amor implorando.
Proponho, que hoje no presente,
Seja tudo esquecido ou lembrado.
Que meu amor hoje indolente,
Seja o presente, quando for passado!
FARRAPO HUMANO
Criatura de corpo atormentado
Que te fundes no leito da rua,
Teu sofrido espírito dilacerado
Tem apenas a proteção da lua!
Desiludido da vida e esquecido
Na penumbra alada, ser abstrato,
Amante da bebida de sabor perdido,
De lembranças vivas do anonimato!
Amas a profana garrafa que levas
Nos braços, do futuro em acolhida.
Vives neste sujo mundo das trevas
Que te tira o futuro nesta vida.
Desceste ao insano poço profundo
Farrapo humano iluminado pela lua!
Sem ódios nem amores deste mundo,
Repousa nos excrementos da rua,
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TENTEI
Tentei matar minha inspiração,
Para pesadelo tornar-se sonho,
espargindo luz à escuridão
E às palavras negras que componho.
Tentei não escrever o indecifrável
Para as dores do mundo amenizar,
Mas ele continua implacável
E a guerra continua a matar.
Tentei escrever temas de amor
Que brilhassem nos meus floreios,
Tentei sobrepujar a dor
Perdi amigos nos meus anseios.
Tentei até ser jardineiro do mundo,
Plantando flores para poder amenizar
O sofrimento, a dor e o ódio profundo.
Tentei, com meus versos, a dor cicatrizar.
Tentei tudo para acabar com a ambição,
Mas sou apenas um visionário incapaz,
Cuja ilusão era sonho, apenas emoção,
Pois o mundo continua matando a Paz.
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JOÃO SEVIVAS
Catro Daire/Portugal
EU SEI
Neste dia eu sei
Todos os dias foram dias
Cheios de noites
Neste dia eu sei
Todas as noites foram noites
Cheias de dias
Nesta noite deste dia
Eu sei
Neste dia desta noite
Eu sei
Tu és o meu dia
Tu és a minha noite
Tu és toda poesia
Eu sei
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OS DEDOS
Vê os meus dedos dobrados
Vê esses senhores
Que nunca se dobraram por ninguém
Não olhes para eles
Vê antes o que eles viram
Sente depois o que eles sentiram
Não são meus, são teus
Não os quero, toma-os leva-os e decifra
Esta dor feita escrita
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MARINHEIRO
Cansado de nada fazer e tudo inventar amarro o barco e vou para o
cais ver as gaivotas
Desafiadoras dizem-me que não há tempestadades
Uma taberna pega-me na mão e dá-me um copo a cheirar a maresia,
engulo duas pataniscas
É o anzol que me chama, para onde? Não sei
Disforme tudo me sai dos olhos e eu não caibo em mim
Tiro o lápis e o quadriculado secos de sal enquanto pouso a boina,
companheira amiga que me lê o suor
Escrevo e as palavras navegam sem destino, deixai-as correr, como as
gaivotas sem praia
Olho o vento e o meu barco é um banco mais sábio do que eu e sigo,
como sempre, a olhar as letras como Estrelas de um céu que não é
meu onde entram e saem cometas, bússolas, gente
No meu canto encontro alguma paz, quero esquecer, esquecer-me
Ser um peixe, uma pedra, um barco, uma rede
É difícil estar aqui
O meu lugar não sei aonde é, se calhar entre as ondas
E bebo mais dois copos de sede
As gaivotas gritam, o mar agita, o vento sopra
O meu barco chama por mim, quer enfrentar, o doido, quer enfrentar
O quê? Não sei
Caem do céu, vêm do mar, dos meus olhos, bátegas de vida
Vou desamarrar o barco e morrer em qualquer porto
Levo o mesmo lápis o mesmo quadriculado, o mar nem me viu
Recolhi-me no barco em silêncio, mais âncora, mais fundo e temi o
vento
Abri todas as garrafas, bebi o sabor, todo o cheiro desse mar que me
vencia em gotas de água que rasgavam
As velas do beliche dos meus olhos e subi a custo entre vagas traídas
que me culpavam
Os braços seguiam à frente, a boca beijava a doçura de outra água
Cobri os lábios de dentes, subi ao leme agarrei-me e abri o peito onde
todas as letras se afogavam
O sentido, a leitura era outra, temi repetir o que antes me enganara
Olhei o barco de gasta madeira, os dedos eram os mesmos, mas o mar
estava ali
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Salpicava-me mordia-me, as ondas cobriam-me, desnudavam-me,
nada era igual
Prendi nas mãos todas as estrelas e corri para a praia onde as gaivotas
filosofavam a loucura
Saborando a companhia do mar, do barco, das ondas, do vento, da
chuva
Da boina e das mãos que abriam a mesma página da vida
A SOLIDÃO
A solidão é uma flor
Leva-nos a mão, dá-nos o silêncio
É cinzenta e triste a cheirar a céu
A solidão não é da terra ou do chão
É mais casa sem janelas
Bocados de boca sem ar e sem bocas
Nem véus, ela é mais poeira
Cortinas, repoeteiros, persianas
E menos pestanas, olhos e horizontes
A solidão é uma jeira sem terra
Uma refeição sem slimento, um prato sem comida
Um garfo sem dentes
A solidão é um desgaste, um bocado de nuvens trituradas pelo humano
A solidão é um dia que não acaba
Na escuridão da noite
Aonde os hábitos se lavam entre as estrelas
E tudo se repete
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JOSÉ CARLOS DA SILVA PRIMAZ
Albufeira – Portugal
POR AMOR
Sinto lágrimas quentes,
... correndo p’lo meu rosto
Sinto aquela força louca,
... apertando no meu peito
Sinto angústia,
Sinto tristeza e tanta, tanta, dor ...
Mas também sinto a paz e o calor
Das Sagradas Palavras tão Amadas,
Abençoadas,
Que me ajudam, a sentir, e compreender
O que neste mundo, por mim, Ele tanto passou,
O que é sofrer e... morrer,
Por todos nós,
Por Amor !
(J. Carlos – Setembro 2005 )
( Um sentimento, Um desejo, Uma recordação,
por o BÁB o Arauto da Fé Bahá’i )
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SER POETA É ...
Ser poeta é, sentir na alma, um eterno fogo sempre arder,
É sentir a dor no coração, de tanto nesta vida, já sofrer,
É sentir, como será morrer, de um grande e belo amor ...
Ser poeta é, ver no nada, todo o encanto e a beleza da poesia,
É sentir no peito, o desejo de viver entre a dor e alegria,
É sentir dentro de si, a paciência, no momento de sentir a própria dor ...
Ser poeta é, neste mundo amar quem nunca, neste mundo, nos amou,
É sentir a dor, de que alguém nos ama, e depois nos abandonou,
É sentir que em cada verso, da sua alma, um pouco lá vai deixar ...
Ser poeta é, querer ser aquilo, que nesta vida, eu não sou,
É sentir na fantasia dum sonho, só realidade, naquilo que sonhou,
É sentir e continuar a amar alguém, que nos vai abandonar ...
Ser Poeta é ...
É encontrar na vida, os sons duma linda e bela sinfonia,
É sentir e ver em tudo, os versos e a beleza da poesia,
É ver o mundo, com lentes coloridas, no olhar ...
É morrer e é viver,
É desejar e é não ter,
É amar, e é... sofrer !
(J. Carlos – Novembro 2005 )
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DESEJO DO MEU DESEJO
Ó Desejo do meu Desejo... que neste mundo encontrei
Deixa que meus olhos, nos teus olhos, se afundem,
e deixa os nossos corpos, com doçura, se abraçarem ...
Deixa que o meu corpo, com o teu corpo, se confundem,
num desejo louco, para sempre, neste mundo, se amarem.
Deixa que o meu sorriso, mil alegrias, te transmitam,
e deixa as minhas palavras, com mil histórias, te enternecer ...
Deixa que mil carícias, afaguem o teu rosto, e mal se sintam,
para que teus olhos se cerrem de doçura e de prazer .
Deixa que meus olhos, mergulhem no verde lago do teu olhar
e aceita que minhas mãos afaguem, com ternura, os teus cabelos ...
Deixa que os meus lábios, dos teus bebam, até a minha sede saciar
para que o meu corpo, em mil contactos, estremeça com o teu .
Para sentir vibrar teu corpo no êxtase do desejo
e sentir teus lábios quentes, os meus incendiar,
Deixa soltar teu fogo e teu amor, que eu não vejo
para, nessa fogueira ardente, para sempre, me queimar.
Deixa que, nos tempos que nos restam, os meus braços te abracem
para, viver-mos a alegria do momento, antes de vir o nosso anoitecer,
depois deste tempo da beleza, que nos foge, e já nos deixa lentamente
...
Deixa então, desejo meu, que nossos corpos ternamente se enlacem
e se fundam, no êxtase da loucura e do prazer,
para sempre se unirem, e juntos, viverem também eternamente.
(J. Carlos – Setembro 2005 )
( E um dia, naquele dia, naquela praia, para sempre,
eternamente, nos encontramos )
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- 74 -
DESEJOS
Desejei que mil rosas desprendessem suas pétalas
para, docemente, atapetarem o caminho onde pisaste
Desejei que a brisa espalhasse o amor de Tuas palavras
para chegarem às longínquas terras, por onde não andaste
Desejei que mil moitas de alfazema existissem
e perfumassem suavemente o ar que respiraste
Desejei andar nas mesmas pedras do caminho
e beijar o pó do chão, por onde um dia Tu passaste.
Desejei sofrer na minha carne, as dores que Tu tanto sofreste
e sentir o amor do mundo, que foi o Teu maior desejo;
Desejei viver a vida triste, que neste mundo, Tu viveste
foi um desejo; foi aquilo porque, afinal, eu tanto almejo.
Desejar que Teus ensinamentos, não mais me abandonassem,
são desejos, desejos que neste mundo eu quis sentir,
para que, as Tuas Sagradas Palavras, nunca me deixassem
Desejar, que elas sejam, para sempre, a razão do meu viver,
são desejos para que no dia em que, deste mundo, eu partir
à muito, muito tempo, eu já tenha deixado de sofrer.
( J. Carlos – Setembro 2005 )
( Na tristeza, Na angústia, Na dor ...
o desejo sincero de que os ensinamentos e as bençãos
de Bahá’u’lláh nunca me abandonem)
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LENI CHIARELLO ZILIOTTO
www.lenichiarello.com.br
Serafina Corrêa/RS – Brasil
ESPERANÇA
O fogo canta a lenha.
Com o vento vem a palavra
soprada com cuidado...
Passam pelo céu do momento
lembranças de justiça
de criança crescida
sentada hoje no colo do mundo
no ritmo do mar
com desejos embalados
na sinfonia do olhar.
***********************************************
HORIZONTES
Fecham-se portas,
quando teus projetos são outros,
quando teu futuro é mais.
Outros caminhos são a glória,
novos rumos são teu ideal...
Não chores o que não foste,
tudo é para ser mais...
O brilho do sol sempre é...
após a noite sem luz,
A lua sempre brilha,
mesmo atrás de nuvens negras.
A força do universo
está na alma verdadeira.
A beleza da vida é nossos sentimentos.
A felicidade é o amor maior,
amor ao teu semelhante.
Olha para cima,
lá estão as estrelas,
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lá é teu lugar.
Se o vento fechou a janela,
bateu na tua cara,
é o grande sinal,
este mundo já não te merece.
És muito mais!
***********************************************
OPÇÃO
Faz tempo, muito tempo,
que minha mão não faz o movimento do coração,
não registra minha emoção.
Tem tempo de espera
Tem tempo de poda
Tem tempo de produção
Não tenho mais tempo
Não tenho tempo para o sol
Não tenho tempo para a lua
Não tenho tempo para ficar nua
Faz tempo, muito tempo,
que não tenho tempo...
Meus filhos se foram,
eu continuo sem tempo
para um beijo de bom dia,
para um pai nosso ou ave-Maria.
Quem não perdeu tempo foi o tempo...
Cantou o tempo todo
ao som da chuva,
perfumou o ar
ao movimento de cada primavera.
Sorriu para a vida
com o canto dos pássaros,
refrescou os pés
que dedicaram tempo ao orvalho.
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O tempo viveu seu tempo.
Eu?
Não percebi
que perdi meu tempo,
dedicando tempo
a um tempo
que não segurou meu tempo
e,
em tempo,
decidi dar um tempo.
Sento-me,
neste momento,
na varanda,
olho o sol se pondo,
respiro fundo esse tempo,
percebo meu amor sorrindo.
Vivo,
em tempo,
um bom tempo.
***********************************************
CAMINHO
Sua ideologia,
como sempre
tendenciosa
não ingênua,
encara-me todo dia,
cobra-me toda hora,
como você quer que eu seja.
São os seus interesses!
Você me quer, como você quer!
Sua sagacidade
não demonstra sua dominação,
não diz, de cara,
que me quer como vassala,
que não aceita contestação,
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me deturpa
me inverte
me inventa
sofisticadamente me toma
me domina
em nome de Deus
em nome do prazer
em nome de um carinho
em nome de um nome
em nome de um sonho.
Essa sua força que me toma por força
esconde-se no dizer: sou sua serva
das minhas necessidades,
algumas vitais,
outras banais...
Me passa a conversa,
diz que salva minha alma,
me faz uma cruz na testa,
se diz meu escravo
- com pose de rei Sua ideologia prende você a você mesmo
e,
como cientista
fiel à sua ideologia,
afasta-se da simplicidade
do bom senso
do sensível
do inteligente
do óbvio,
não se permite ver-me
aqui
querendo um beijo
um passeio na lua
um jeito de ficar nua
minha alma na sua.
Resta-me olhar
o olhar
do seu olhar.
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- 79 -
MANUEL C. AMOR
Rio Maior – Portugal
QUEBRA ROTINA
Se hoje eu não tivesse acordado às seis e quarenta e cinco
quando deveria ter acordado pontualmente
às seis e quarenta.
Se hoje ao acordar não tivesse sentido aquele antigo amargo na boca
que me obriga ainda estremunhado
àquela corriqueira e velha operação matinal de bocejar o sabor
dentífrico.
Se não tivesse acendido o primeiro cigarro do dia
enquanto numa clandestina ansiedade esperava
que a primeira chávena de café se enchesse
Se não tivesse sentido o stress matinal
de ter que sair de casa pontualmente às sete e quarenta e cinco
Se não tivesse lembrado de repente que hoje é sexta-feira
dia de todos os acontecimentos agoirados,
e de todas as santas bruxas e duendes se acoitarem
no bolso esquerdo da minha camisa branca
Se nada tivesse acontecido
Talvez estivesse na Constelação das Labaredas
Rindo-me
De todas as rotinas que obriguei a alterar.
Abril 2006
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- 80 -
PARTO NA AVENTURA SONHADA
Parto na aventura sonhada de ser marinheiro
vogando ao sabor da chuva
no domínio de todos os mares que escondem sereias
de cabelos reluzentes
nas noites assombrosas de lua cheia.
Meu destino é o sem destino de um qualquer cais,
onde me esperas e espero encontrar-te
anunciada aventura dos lençóis enrugados
borrascas nocturnas, amor raivoso,
violento,
intermitente na pressa da partida inevitável
que eu não me demoro em parte alguma.
Passo e não peço lágrimas
nem despedidas desaguando nos nossos corações.
levo comigo rostos múltiplos,
cheiros acres, bocas de ouro
para poder compartilhar a estrela da manhã.
Out. 2005.
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- 81 -
ROMANCE
Olho nos teus olhos
Digo: amo-te.
Fazes muxoxo
Baixas teu olhar
Ficas calada.
Levantas os olhos
Olhas nos meus olhos
Perguntas: verdade?
Fico calado.
Criando ambiente.
Olho nos teus olhos
Digo: verdade.
Fixas teu olhar no meu
Nos teus lábios
Sai uma voz trémula:
A quantas já disseste isso?
Desvio dos teus olhos os meus
Fixo os copos em cima da mesa
Na minha cabeça interrogo-me
Quantos já te disseram isso?
Ficamos calados
Pego na tua mão.
Tu seguras a minha
Partimos o meio do salão
Rodopiar no som da rumba.
Luanda 1988
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- 82 -
QUOTIDIANO
Quando chegas trazes sorrisos imanentes
nos teus olhos abstractos.
Fico sem sentido para te beijar
Ou perguntar se está bom tempo lá fora
Ou se vistes cravos a chorar nesta tarde de Abril.
Mesmo assim digo: Amor.
Tu dizes olá.
Mentalmente envio-te mil beijos. Beijos que recusas
e acusas-me de te não beijar.
Sentas-te no sofá, fechas os olhos
finges que partes num voo em fuga de ti mesma..
Sei que não te acompanho nesse voo.
Não faço parte do mapa dos teus itinerários
Mas não digo nada para que as palavras
não percam o sentido
nem transformem insolúvel a questão desta vida
desavinda «com o mundo que há neste mundo»
Abril 2006
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- 83 -
MÁRCIA CAVALLIERE
[email protected]
São João de Miriti/RJ – Brasil
CANTO EM CONTO
Eu estava lá. Viva. A brisa de janeiro acariciava meu rosto e enchia de
oxigênio meus pulmões enraizados de jequitibá. Nada mais importava.
Só nós dois. Dos trilhos, o estalar das faíscas misturava-se com os
matizes da paisagem de Santa Teresa. Arcos da Lapa. O balançar do
bondinho. Como mãos a balançar um berço. As mãos sagradas,
abençoadas, dos braços afáveis do Cristo Redentor.
O convite das curvas. Sinuosas. Insinuantes. Como doce morena
deitada à beira-mar exibindo o seu delicioso Pão de Açúcar. Que nada!
Os homens preferem as louras! Geladas, a bem da verdade. E
acompanhados dos amigos. De copo. De corpo. No campo, o abraço
apertado. Emocionado. A peitada de macho. Vai mais, vai mais, vai
mais, garotinho! Entrou. Gooooool!!! Faz a festa !
Faz a festa! Quem é o pai da criança? O craque da camisa número 10.
E no Maraca. O gigante que bate um bolão. E brilha a minha estrela
solitária. Te procuro na multidão rubro-negra. Retoco a maquiagem. Póde-arroz. Passo apressada. Com licença. Com licença. E ensurdeço na
bandinha do Bangu. Bate aquela fome. Uma parada pro bacalhau.
Meu olhar seco ainda te procura. Mas é hora da sesta. Então, lembrome das tardes reais, ou melhor, imperiais, quando no Jardim Botânico
brincávamos apaixonados ao redor de tuas palmeiras centenárias.
Muitas vezes, sentados na relva fria, teu carinho me aquecia nas
cordas de um violão: Você é linda, mais que demais. Você é linda, sim.
Onda do mar, do amor que bateu em mim. Sem dúvida, formávamos
um par perfeito. Dulcinéia e Dom Quixote. Julieta e Romeu. Lua e Sol
num eclipse total. De tanto amor meu coração explodia em canções e
deixava as notas gravadas nas calçadas.
Melodias emprestadas. Eu sei. Confesso. Por meu bom Noel. Não o da
barba branca, mas Rosa. Por isso dizem que as rosas não falam,
simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti. Ah!!! É
verdade!
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- 84 -
Mas então... a decepção. Dribles do coração. Como susto de espelho
que se quebra, de repente, estalei. Acabei no chão, aos cacos. Te vi
nos braços de outras mulheres. Garotas de Ipanema. Musas do
Carnaval. Rainhas de baterias. Luiza Brunet. Até na Confeitaria
Colombo você foi visto com a princesinha do mar.
Volto pra casa abatida. Desencantada da vida. No metrô, a próxima
estação. Central do Brasil. Confusão. Meu coração partido faz
baldeação. Não dá pra evitar. Revoltada, resolvo revidar. Foi quando eu
fui pra Califórnia.
Viver a vida sobre as ondas. Porém, ser artista de cinema não estava
no roteiro do meu destino. Escritora, talvez. Então, o que deveria ser
muito mais do que um sonho, virou um pesadelo sem você, pois, longe
de ti, tudo parou. Ninguém sabe o que eu sofri. Descobri que amar é
um deserto e seus temores.
De súbito, eu, carioca da gema, quebrei a casca e despertei pra vida,
que é bonita. É bonita e é bonita! Percebi, ainda a tempo, que a
poligamia era a tua melhor virtude. Afinal, quem poderia te conhecer e
não te amar? É inevitável. Me arrependi.
No quarto, travesseiros soltos. Roupas pelo chão. Deixei os lençóis
macios e o menino do Rio deitado. Dormindo. Lindo! Mas não poderia
ficar. Não era paixão. Era dor de traição.
Pego o avião e no compasso do Tom, volto pra casa. Minha alma
canta. Vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudade! Afinal,
esquecer detalhes tão pequenos de nós dois era impossível.
Reencontro você, numa atitude sedutora, encantadora! Ginga maneira.
Reuniu tua gente boa, hospitaleira e me recebeu com alegria.
Esbanjando calor pra lá de quarenta graus você chegou bem pertinho e
me disse baixinho:Fica. Fica comigo. Não pude resistir a essa
empreitada final. Era muito calor humano!
Das juras de amor que trocamos, uma ficou gravada na areia molhada
de Copacabana. Estará sempre guardada na minha lembrança: Eu sei
que vou te amar. Por toda a minha vida eu vou te amar. Meu grande
amor, Riomar. Rio que não é rio e que é mais mar que o mar. É amar.
Esse Rio me atravessa...
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VÓ BELINHA
Querubina de nascimento, Belinha por apelido, avozinha do coração.
Lembro-me bem de, ainda pequena, ficar aos pés daquela velhinha de
olhos azuis, de corpo franzino, de pele enrugada e coque de fios
brancos bem no alto da cabeça. Vovó, mesmo.
Sempre que vinha à nossa casa, trazia, agarrado às mãos, um saco de
papel e, dentro dele, umas bananadas açucaradas deliciosas. Eram as
minhas favoritas! Mal sabia ela que não só adoçava a minha boca mas,
também, meu coração.
De vez em quando, no meio da tarde, ouvíamos palmas - pois nunca
tocava a campainha - e em seguida, um gritinho rouco: "Ô, de casa!" Eu
saía em disparada, de cabelos longos ao vento, para abrir o portão,
pois já sabia que era ela. Então lhe dizia:
_ A bênção, vó!
_ Deus te abençoe, mô filo! (Era sua maneira mais encantadora e
carinhosa de me chamar) . Tome aqui; vovó trouxe pra você!
Então, me entregava, toda contente, o saquinho das bananadas. E no
abraço apertado que lhe dava, nem precisava agradecer. Entrávamos.
No aconchego da sala, seus poemas me encantavam e me faziam
viajar no pensamento. Mesmo quando sua mente, já cansada, falhava e
ela ficava se esforçando para puxar da memória algumas partes que
lhe fugiam, ainda assim, meu coração batia mais forte e me ardia no
peito a expectativa de ouvir seus versos até o final. Muitas vezes,
corria, com minha mãozinha de criança, a copiar os poemas, que me
declamava com tanto entusiasmo, na intenção de aprender a declamálos também.
Suas visitas eram sempre assim: um momento de muita alegria!
E quando íamos à sua casa? Ah! Aí a festa era completa! Naquele
quintal enorme, de terra, em meio a plantas e flores, brincávamos de
pique-esconde, amarelinha, pular corda, passar o anel; essas coisas
que são privilégio só da infância. Mas a melhor parte era ouvir a vovó
dizer: "Criançada, vem lanchar, porque saco vazio não pára em pé!"
(Ah, a vovó! Ditados e frases feitas eram a sua especialidade!)
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- 86 -
Ao entrarmos naquela casinha de quarto, sala, banheiro e cozinha que
mais parecia de boneca, branquinha, de janelas azuis, tão
aconchegante, que delícia era ver a mesa forrada com uma toalha
xadrez vermelho e, sobre ela, bolo de fubá, biscoitos amanteigados,
bolinhos de chuva e café com leite quentinho! Sinto tanta saudade!
Certo dia, minha mãe chega à casa e me diz: "Vem, filha! Precisamos
pedir a Deus pela vovó. Ela se sentiu mal de madrugada e foi levada,
às pressas, para o hospital." Na minha ingenuidade de criança não
entendi a gravidade do problema.
Nas muitas vezes que fomos ao hospital, fiquei como que perdida, sem
explicações precisas.
Até que um dia, sua vozinha rouca me deixou órfã; órfã de voz de avó;
órfã de versos encantados, de bananadas açucaradas.
Naquele momento, pude perceber que, quando um corpo dorme no
subterrâneo, sua alma sobe como um rojão e explode em versos.
Foi assim que aprendi a amar a poesia. Com ela, a minha avó Belinha.
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MARCIAL SALAVERRY
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca2/marcialsalaverry
Santos/SP – Brasil
A ARTE DE ESCREVER
A Arte de escrever,
é a melhor fuga que pode haver...
Enquanto estamos escrevendo,
não estamos sofrendo,
dos problemas, vamos esquecendo...
Só para a arte estamos vivendo.
Para outros tempos nos transportamos,
para outros mundos nos mudamos...
Não sabemos mais onde estamos,
em nosso interior mergulhamos.
É uma doce loucura,
que acaba com qualquer tortura...
Alivia a nossa mente,
não nos deixa ficar demente.
Assim, fora da realidade,
nossa única verdade
é aquilo que escrevemos,
e das letras nós fazemos
nossa arma justiceira,
e até acabamos com a bandalheira...
Escrevemos o que sonhamos...
e depois quando acordamos,
estamos com as baterias recarregadas,
as dificuldades serão melhor enfrentadas...
Enquanto estivemos a sonhar,
nossas forças conseguimos recuperar.
Poetas... artistas... escritores...
Não abandonemos nossos pendores.
Se esse talento temos...
não o abandonemos.
Se nosso destino é escrever,
é o que devemos fazer.
Vamos continuar a escrever,
para o mundo entreter...
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Escrevendo... sempre escrevendo,
continuaremos vivendo...
Mesmo após nossa passagem,
quando estivermos em outra viagem...
Nossos nomes serão falados...
Sempre seremos lembrados...
ESPIRITO SEMPRE JOVEM
Se o corpo mostra os sinais do tempo,
é apenas ligeiro contratempo,
somente pelo corpo sentido...
O tempo já vivido,
é apenas uma viagem,
enquanto dura esta passagem...
Temos que nos manter em atividade,
pois a vida é nossa felicidade...
Se o corpo se cansa,
o espírito descansa...
se o corpo diz para,
o espirito diz vai para...
Idade é algo relativo,
para quem se mantém ativo,
tendo sempre disposição
e amor no coração...
Essse é o grande segredo,
que da velhice nos tira o medo...
Manter a alma jovem,
em permanente estado de amor...
Amar a vida,
amar na vida,
amar toda a vida,
amar durante toda a vida...
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MARGOT DE FREITAS SANTOS
http://margotfreitassantos.zip.net/inicio/index.html
Juiz de Fora/MG – Brasil
MÁSCARA
Ontem fui fantasia, hoje sou realidade.
A verdade em minh`alma brota.
Já não tenho medo, venci barreiras,
Da máscara, só ficou a interioridade!
Sem ocultar minha real identidade,
Peregrinando cantarei meus versos.
Pelo mundo, emanarei sensibilidade,
Posso não agradar, pode ser o inverso.
Emoção e paixão levarei na bagagem.
Quero crescer, quero florescer.
Se ontem fui Margot F & S,
Hoje sou Margot de Freitas Santos.
Renascida, transparente,
Sem máscara para me esconder!
MULHER
Você é parte da natureza,
É a mais bela obra do Criador!
Você é força que impulsiona a vida,
É a sublimação do verdadeiro amor!
Você é terra onde a semente brota,
Você é ar que mantém a vida,
Você é água que deságua em prantos,
Você é fogo que aquece a vida.
Você mulher... fantasia e razão ,
Tão diferente ao mesmo tempo igual,
Você é candura, é luz que brilha,
É realidade sem petrificar o coração!
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MENINO DO SINAL
Menino quando te vejo
Parado naquele sinal,
Em tua face, percebo
Uma alegria que não é real.
Menino quando te vejo
Com malabares na mão,
Sinto um arrepio e percebo
Como a vida é desigual.
Poucos segundos...
É o tempo que tens
Para tentar convencer,
E míseras moedas recolher!
Quisera poder um dia
Não mais te encontrar ali
E feliz, seguir sorrindo.
Sonhando! Acreditando!
Que um futuro de esperança
Tenha nascido para ti.
CRIANÇA CIGANA
Não sou mais uma criança
Que vivia a sonhar,
Sob o alpendre da janela
E um grande brilho no olhar.
Mas guardo a recordação,
Ao ver as famílias ciganas
Bem perto de minha casa,
Por uns tempos pernoitar.
E quando a noite chegava
O som do violino ecoava,
Das frestas da minha janela,
Extasiada, inerte, eu ficava.
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A fogueira clareava a noite
Ciganos em roda cantavam,
No meio a mais bela cigana
Ao som do violino dançava.
Minha imaginação flutuava
Deixando a fantasia emanar,
Imaginando ser eu a cigana
Ao som do violino a dançar!
Ah! Como tenho saudades
De momentos da infância,
Das frestas daquela janela
Que me deixavam sonhar.
GANGORRA DOS SONHOS
Noite...silêncio. A cidade dorme.
Saudades me fazem companhia!
Divago...sublime monólogo,
Falo...escuto...respondo...retruco!
O tempo corre. Não permite paradas.
Mas a memória, essa é minha aliada,
Com ela, posso parar o tempo.
E resgatar as relíquias guardadas.
Minha gangorra! Ah! Que saudade!
Base de ferro cravada no chão.
Correntes fortes levavam-me ao céu
Cobrindo de sonhos o meu coração.
Minh`alma clama o leve balanço.
Brisa suave no rosto sentir.
E no remanso misterioso do vai e vem,
De novo sonhar! De novo sorrir!
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FOLHA SECA
Qual árvore frondosa, um dia foste.
Folhas verdejantes, tua alma,
Caule viçoso, tua estrutura,
Flores perfumadas, tua alegria.
O cotidiano, de ti roubou a alegria.
Folhas verdejantes, mutaram...secaram.
Sugaram-te a seiva, trazendo a agonia.
Foste secando, esfacelando...ruindo.
Teu corpo...como o caule reclinou.
Folhas secas, rodearam teu corpo.
Mas o coração pulsava, guerreava.
Descompassado, insistia...exasperava.
As folhas secas adubaram teus pés,
As lágrimas alimentaram tuas raízes.
Fortaleceste, reergueste...floriste.
Mulher! Árvore frondosa... ressurgiste!
BUSCANDO O AMOR
Dei asas a imaginação
e comecei a sonhar,
rompi com a realidade
sem pressa consegui voar.
Planei por campos floridos,
imitando com esplendor
a delicadeza sincronizada
do pequenino beija flor.
Voei! Planei!
Sem pressa procurei,
o amor queria encontrar.
Voltei. Vou esperar.
Um dia me encontrará!
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MARIA INÊS SIMÕES
www.misimoes.virtualismo.com.br
Bauru/SP – Brasil
PEQUENOS CONTOS
SUOR
Dói o corpo enquanto goteja água salgada por entre frestas de um ser
que nestas arestas finge viver a vida feliz. Dói à consciência entre a
demência dos filhos perdidos, pede clemência mastiga a raiva desta
imprudência e vive assim. Procura refúgio no vício, no lixo a cata da
lata que vende em troca do luxo de ter o ar que respira. Inspira
podridão nesta dimensão onde é o bicho dos bichos na luta na caça e
sem raça se deixa vencer é só mais um ser...
TEMPOS MODERNOS X TEMPOS ANTIGOS
Conheci a gata no orkut, uma fera... linda. Na foto a deusa da perfeição.
Loura, cabelos longos, olhos azuis, corpo estrutural. Marcamos
encontro, final de semana passado. Maior decepção. Se te conto, pura
enganação photoshop na certa, a garota tinha cabelos curtos, olhos
claros mas nem tanto, gordurinhas para todos os lados. O que me
intriga é como alguém pode se submeter a uma lipo-virtual e propagar
imagem falsa do real. Diante de mim vi outra pessoa. Cara, mas me
bastava saber que o cérebro ainda era o mesmo e isso me instigava.
Atração fatal assim mesmo. Ah!!! Esse PC nunca muda...
FALANDO DE WEB
Aquele F(d)P travava o sistema, nada de inserir, nada de deletar, nada
de tocar. Nada de rodar midis ou wavs naquelas noites solitárias, onde
o teclado se fazia magistral, mas era apenas virtual. A imagem
trabalhada fazia festa por si naquele sorriso imperdível. Quem não viu
aquele sorriso e se encantou? Mas o F(d)P travava e não dava
recursos do trabalho ser terminado, mas quem disse que deveria ser
acabado? Em um provedor de memórias existe um site pela metade.
Ficou o sorriso mal acabado. As recordações de um sonho por estar. E
uma alma não desnuda por ser. O jeito é voltar ao trabalho.
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MAIS UMA VEZ...
Magricela queria dar só mais um recado. Odeiooooo este desgraçado,
que em noites de estrelas e buscas eternas disse que era seu amor,
bandido... Vai saber o que queria, sentir-se importante? Pra quê? Se
não pode mais sentir os meus passos. Desagrado? Sei que não
comporto o que mais poderia ser apreciado... Não sou vazia. E vamos
em frente. Foi só mais um desacerto, um conserto que não deu certo. A
música não tocou e a fantasia não rolou. Só ficou no desejo. Que pena
seria tão interessante conquistar as estrelas, pisar planetas
inexplorados. E ficar ao seu lado. O que fazer se o tempo contrário,
contradisse o sentido do querer. Mais uma vez...
VIDAS PASSADAS
Aquelas aquarelas são bicolores. Não sentia o ontem, o hoje era a
razão e o amanhã o coração. Só pensava nele. “Quem sabe um dia”
pensava Mira, não que quisesse conquistar o até então inconquistável.
Mas pensava nele como se pensa naquele sonho que não aconteceu
por não ser colorido, talvez tenha passado despercebido. Ela não
queria que fosse assim. Aguardaria as cores, todas elas quando
chegasse à hora de dizer sim.
PROCURA
Se os sábios e intelectuais não te dizem nada, procura a verdade nas
folhas que caem, nas flores que nascem e nos animais que
perambulam, procura na semente que vinga e naquela que morre
porque assim tinha que ser, não deixe de ler o poeta, por mais
pequenino que seja ele sente a vida e chora por ela, não olhe as
bandeiras elas nada sabem, apenas tremulam embaladas pelos ventos,
quando há vento. Observa onde existe serenidade acompanhada de
sonhos, não se deixe enganar, sonhos não são objetivos e existe uma
larga distância entre os dois. Faça sempre o que diz seu coração e
sempre procure a verdade dentro dele, o coração também se engana,
sou prova viva desta afirmação. A paixão confunde, nada faça movido
por este sentimento, quanto muito se entregue a ele mas com a
consciência de que será ferido. O amor é verdadeiro, e por ele vença
você mesmo, seu mais terrível inimigo.
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MARCA
Não seria fácil se fosse profunda, superficial tatuagem do tempo.
Imigrante oculta de um pesadelo, só você. Não reside em tempo
seguro, pensamento em sobrevôo real aflição. Perturba o sonho na
“rimação”. Nada, a não ser uma marca usada de um contratempo.
Naquela hora, naquele espaço, naquele universo. Sem teto, em flagelo
de conquista planetário-imaginário, visões rasas, meteóricas, nada
mais. Formada de aspectos e espectros cultivados neste solo mãe
gentil. Em céu azul-jeans desbotado na liberdade de expressão, sem
verdades, sem raízes. Apenas imagens de mentiras e contradições.
SER HUMANO
- Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Enganei um bobo na casca do ovo
- Ei que brincadeira é esta...
- Toma lá dá cá
- E como se brinca?
- É fácil, olha no olho e imita o outro, sorria igual, fale igual, minta igual,
toque igual, sonhe igual, beije igual, seja igual.
- Isso é fácil?????? É nada eu não conseguiria.
- Claro que consegue, quer tentar?
- Vamos lá.
- Gosto muito de você.
- Gosto muito de você.
- Quero sair com você.
- Quero sair com você.
- Veja um motel, vamos?
- Não pergunte duas vezes.
- Perdeu... Não repetiu kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
- Ahããããããããããããã começa de novo.
- Você tem que aprender a repetir.
- Não posso ter fala própria?
- Não... Já disse... Minta igual...
- Gosto muito de você.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Enganei um bobo na casca do ovo...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
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TEORIA DO CAOS
Uma borboleta bateu suas asas, a partir deste movimento em algum
lugar formou-se um tornado. Uma simples caipira amou um homem da
cidade, com todas as suas forças com toda a sua alma, com todos os
seus sonhos, com todas as suas esperanças. Em cada toque a pureza
transformação. Em cada beijo um ser em ebulição. E fizeram amor. O
mundo ainda existe???. Penso... Onde a teoria do caos teria falhado.
Com certeza não falhou...
LINDINHO
Dê ctrl + C, cola em mim. Ctrl + v, copia assim. Imagens perfeitas
sonhos, ilusões e poesias. Na programação vida a fim. Ctrl + Alt + Del
ai vem o perigo. Um projeto apenas no virtual. Alguém se cansou,
finalizar o antigo e velho sistema. Mudam-se os tempos. Tudo fica mais
claro. Era só um programa. Travou o processo. Reset...
PILOTANDO O MUNDO
Pise no freio o tempo continua acelerado. Que frio faz em pleno verão.
As chuvas e os tornados já mataram sem direção. Não existe raça, cor
ou país. Todos sofrem no planeta aprendiz. De que adianta ter
governantes, homens que se dizem de ação? E ai vem o comando do
cão, metralhando o povo inocente. Exigindo favores indecentes. Ou dá
ou morre e conseguem assim. O piloto sumiu, com certeza entregou o
cargo a outra realeza. E os tripulantes? Já aceitaram a desgraça. Cair
em pleno vôo ou dirigir em massa esta grande ameaça. Até que
enfim?...
ELL@
Poesia e tecnologia, paixões iguais. Seus beijos e desejos puramente
virtuais. O “toc Toc” do ICQ com hora marcada, o som de e-mails
chegando, coração em disparada. Ell@ queria o outro, sem assimilação
formatou vida perfeita. Em contradição. Castelos, areias, palavras.
Emoção! Ele era o “sem” limite de sua imaginação.
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MARIA JOSÉ ZANINI TAUIL
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
www.coracao.bazar.nom.br
SONETO DO ADEUS
A quanto minha dor resiste?
mesma chama rubra, mesmo arder
Jesus, Senhor! Que noite imensa e triste!
Faz-me dormir, pois preciso esquecer
Os galos anunciam a alvorada
Andorinhas prontas a amanhecer
Já levanta a noite espreguiçada
Outro dia pra chorar e pra sofrer
E já na tarde alta o sol poente
Sozinha na janela a contemplar
Os trágicos perfis do horizonte
Outra noite e você já bem distante
A tropeçar na sua errante sombra
Eu a lembrar teu lenço branco a acenar
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- 98 -
SONETO DE ASSÉDIO
Erguendo as mãos em gestos recolhidos
E por querer-te assim, sem que me queiras
Em ti vivem a roçar os meus sentidos
E a intuição ainda diz que me desejas
Ando atrás de ti sem que me vejas
Rasgo versos na noite e sei de cor
Sinto teu cheiro onde quer que estejas
E nunca se amará ninguém melhor
O teu olhar sobre mim hoje é mais terno
A vida, meu amor, vamos vivê-la
Curtos momentos podem ser eternos
E se sou a noite, sem estrelas e luar
Abra dentro de mim o sol nascente
E no lago de meu corpo vem nadar
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- 99 -
SONETO DE DES (AMOR)
Meu sonho foi tão bom…foi tão bonito
Mas voou pra longe, qual gaivota mansa
Embora mintas bem... não te acredito
Contigo morre o sonho e a esperança
Vislumbrei nos teus olhos desleais
Teu coração, que é de puro granito
Digo-te adeus...já não te quero mais
E entre sentimentos negros me agito
Foste tudo, foste nada...a desgraça
Aquele que vive e que já morreu
Aprendi que na vida tudo passa
Surpreende, no entanto, fantasia louca
De envolver-te num ardente abraço
E por um segundo... sugar a tua boca!
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- 100 -
SONETO DAS ESTAÇÕES
Por quantas primaveras, por quantos verões
Nos perguntamos sempre em vozes magoadas
Entre enchente, vazantes ou ondas tribuladas
O amor a rolar entre outonos... mares eternos
Presa em abraços sob esses céus tão ternos
Repouso no teu corpo bronze de verão
Em meus beijos escutas, minha voz te excita
Dentro de nós bramem líquidos de paixão
Tua alma, assim, meu coração aprisiona
E o teu, em mim palpita, canta, geme e chora
O triste estribilho de nossa canção de amor
E quando tu vais embora, tua voz persiste
Surda, lenta, ofegante e quente...sempre triste
Em meus ouvidos nos invernos a cantar: te amo!
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- 101 -
MARIA LOUSSA
http://www.santosloussa.com
Goiana/GO – Brasil
ES-CRE-VER
Escrever foi o que sempre quis.
As palavras declaram nossa emoção
e o que diz o coração.
Nossos sentimentos, lamentos
e desabafos, sem medo de ser feliz.
Escrever nos faz sentir melhor
eliminam bloqueios, rancores
dissabores, que nos entristecem
e crescem se não falecem.
Escrever descreve o mosaico e
o prosaico que a vida oferece, aquece
com fatos tristes e alegres
e nosso dia-a-dia fortalece.
Escrever é olhar e encarar esse realismo,
pintar a aquarela da arte
encantar com o lirismo
do mundo que faço parte.
Minhas mãos escrevem fatos reais
da existência vivida.
Não sou poeta, mas vivo em festa
sou apaixonada pela vida.
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- 102 -
VIVER
É participar
descobrir
ser e estar em cada instante
verdadeiro por inteiro.
É ser livre
mesmo em pensamentos
vivenciar o amor
procurando, cada dia, ser melhor.
É cantar,
é sorrir,
ser criança na simplicidade
no coração cultivar a bondade.
É ter fé
sabendo que novo dia
surge para enfrentar
para viver e sonhar.
Viver é ter vida
entendendo o significado de tudo
ser o que você é
sem nenhum receio qualquer.
Não existe nenhuma receita
cada um vive o que sente
alguns estão na aurora
outros já vão embora.
Enquanto se vive planta-se sementes
germinam, crescem, florescem
os frutos, nem todos colherão
o trabalho de suas mãos.
Viver é constituir família
ter filhos e com eles brincar
ser amigo, proporcionando prazer
sem pensar em algo receber.
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- 103 -
Viver é escutar
é também enxergar
tudo que a vida oferece
consciente que nada esquece.
Viver
é ter gratidão
por toda graça recebida
com alegria no coração.
A ÚLTIMA VIAGEM
Depois de um cansativo dia de trabalho, Julio volta para casa com
aquela preocupação de reencontrar bem sua esposa e seus filhos.
Na cidade grande sabe-se quando sai de casa, mas nunca se sabe
exatamente quando chega, em face o trânsito intenso, às vezes até
congestionado, pela ocorrência de algum acidente.
Júlio mora em Luzarina e trabalha em Belo Horizonte - MG., numa
subestação da Linha Férrea RRFSA. Faz esse percurso de 200 Km
diariamente, há alguns anos. O meio de transporte mais acessível
financeiramente para Júlio é através do velho Trem de Ferro.
Julio saíra de seu trabalho com destino à sua cidade e como ele,
muitos outros procuravam esse meio de transporte seguro e
econômico.
O trem balança e alguns passageiros até cochilam, cansados pela
labuta do dia.
Depois de algum tempo de viagem, Júlio, felizmente conseguiu um
lugar para se sentar. Alguns dos seus companheiros de trabalho
ficaram na primeira estação. Ele prossegue viagem, pois desceria na
última estação, ou seja, em Luzarina, onde tomaria outra condução, um
ônibus talvez ou uma Van que o levaria até a sua casa.
Durante a viagem e em meio tantas pessoas, nosso personagem
observa jovens e adultos numa movimentação permanente, pois o
Trem estava cheio. Entre essas muitas pessoas ele destaca um rosto
de mulher. Seu semblante lhe chamou a atenção tendo em vista a
ansiedade que refletia. Tinha sobre seus ombros uma sacola de
plástico com alguns poucos pertences.
Aquela mulher, de certa forma chamou tanto a atenção de Julio que
não mais a perdeu de vista. Em seguida, observa em suas mãos uma
lanterna. Ela esticava seu braço como quem queria focalizar, em cada
parada, alguém que parecia estar procurando.
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- 104 -
Em cada parada, por mais rápida que fosse aquela mulher
avidamente procurava alguém.
Para se seguir o desenvolver dos acontecimentos, é preciso deixar
fluírem os pensamentos e cumprir o que está estabelecido. É preciso
ter coragem e abrir mão de valores. É preciso aceitar as novas
maneiras de ser e estar. Para se seguir a trilha traçada, além de
coragem é preciso ter fé, disciplina, sabedoria e paciência.Aprendendo
vivemos, e vivendo estamos a aprender. Você precisa ser você mesmo,
isto é, ser autêntico.
Júlio, no trajeto desta sua viagem não parou de preocupar com
aquela mulher, que até então não sabia quem era e quem ela tanto
procurava. Seria um filho, o marido ou outro familiar?
A mulher, por sua vez ignorava a presença de Julio, pois seu
pensamento estava na pessoa de sua procura, no possível e almejado
encontro.
Chega o momento em que ambos se aproximam, tecem um diálogo
e essa senhora se identifica com o nome de Lina e declara que procura
por seu filho que há anos não se encontram. Tivera informações que
seu filho morava naquela cidade de Luzarina.
Agora aproximava a chegada na estação final. Todos os
passageiros se preparam para o desembarque. Todos motivados em
seus pensamentos, as conversas mantidas, o sono despertado. Cada
um deixa sua poltrona e vislumbra lá fora um cenário não comum.
Acontecera horas atrás uma exposição de artesanatos, e muitos ainda
guardavam o material que não fora vendido.
De longe a D. Lina parece perceber a presença de um moço, cujas
características eram as de seu filho, apesar de estar bem mais velho.
À medida que aproximava, aumentava a certeza. De repente, D.
Lina ao receber o lindo sorriso do filho, é tomada por uma eletrizante
emoção, corre em sua direção, precipitando-se nas escadarias da
estação de alto a baixo. Estendida no solo, sem voz, rapidamente
aproximam-se dela seu filho e o suposto amigo, Júlio. É chamado com
urgência o Serviço de Bombeiros. Os minutos que se seguiram foram
como uma eternidade! O Serviço de Bombeiros após os primeiros
socorros de praxe, levou D. Lina para o Serviço Médico mais próximo.
Não havia mais muito a ser feito, D. Lina veio a falecer em face uma
hemorragia interna. Júlio e Ulisses, o filho de D. Lina, puderam
compartilhar solidariamente de suas experiências e tornaram-se
grandes amigos. Seus dias seguintes foram de reflexões.
Assim é a vida: para muitos, esta foi uma viagem usual. Para D. Lina
foi a última viagem. À medida que os anos passam vamos tomando
conhecimento do mundo e suas adversidades e também oportunidades.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 105 -
MARIA LUIZA S. CASTELARI
Nova Andradina/MS – Brasil
== UMA LAGRIMA QUE CAI ==
MEUS OLHOS ESTÃO TRISTES,
MINHA ALMA SEM ACALENTO,
MEU CORPO MOLHADO DE CHUVA,
GELADO, SEM PROTEÇÃO AO RELENTO...
EM MINHA FRENTE
UMA PORTA FECHADA,
LÁ DENTRO UM CORAÇÃO...
PEDINDO QUE ME AFASTE,
PONDO FIM AO SOFRIMENTO
POR UM AMOR PROIBIDO
QUE COM BRAVURA ENFRENTO!!
MEUS OLHOS QUE ESTAVAM TRISTES,
AGORA CHORAM, EU SEI PORQUE...
AS LAGRIMAS E OS PINGOS DA CHUVA,
MISTURAM-SE SEM PERCEBER
E JUNTAS FORMAM ENXURRADAS,
AS RUAS Á PERCORRER.
O SOM EMITIDO POR ELAS
FALAM DE UM AMOR IMPOSSÍVEL,
O AMOR ENTRE EU E VOCÊ!!
A CHUVA QUE É PIEDOSA
LOGO SE RETIROU,
DEIXANDO APENAS AS LÁGRIMAS
TESTEMUNHANDO MINHA DOR!!
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- 106 -
== PRECISO DE UM AMIGO ==
DEUS!!
PORQUE PERMITES A TRISTEZA?
AS INCERTEZAS DO CORAÇÃO...
DEIXANDO UM FILHO TEU Á SOFRER,
SEM DECISSÃO...
DEUS!!
PORQUE ESTA LAGRIMA?
QUE DOS MEUS OLHOS CAEM...
MOLHANDO MINHA FACE,
SALGANDO MINHA BOCA,
DEIXANDO-ME SÓ INSATISFAÇÃO!!
ESTOU TRISTE!!
NÃO SEI, SE É POR TÍ, NÃO SEI SE É POR MIM..
OU POR ALGUÉM, SERÁ?
NÃO SEI!!
NÃO TENHO COM QUEM FALAR.
UM OMBRO, UM COLO, UM ACONCHEGO,
UM AMIGO, PRA ME ESCUTAR!!
ENTÃO TE PROCUREI,
PRÁ PODER TE DIZER
DEUS!!
PRECISO MUITO DE VOCÊ.
SEI QUE PODES ME ENTENDER,
ME OUVIR, ME ACONSELHAR.
VAÍS ME CARREGAR NO COLO,
ATÉ TUDO SE ACALMAR!!
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- 107 -
== QUARTA ESTRÊLA ==
QUANDO PEDI Á DEUS, PARA ELA ME PROTEGER,
TAMBÉM PEDI COISAS BOAS, ASSIM INCLUÍ VOCÊ!!
E ELE ME RESPONDEU.
POSSO LHE DAR QUALQUER COISA,
QUALQUER COISA QUE DESEJAR...
MAS, NÃO ME PEÇAS FILHOS,
ESSES NÃO POSSO LHE DAR!!
NÃO FIQUE TRISTE COMIGO,
POIS, VOU FAZE-LÁ ENTENDER...
VOCÊ, NÃO ESCOLHE OS FILHOS,
SÃO ELES QUE ESCOLHEM VOCÊ...
SÓ ELES DECIDIRÃO, O NINHO PARA ONDE VÃO!!
ENTÃO O TEMPO PASSOU,
VOCÊ ESCOLHEU NOSSO NINHO
E COMO MÃE, ME ACEITOU.
FIQUEI TÃO FELIZ COM ISSO,
QUE NOVAMENTE PROCUREI DEUS!!
PEDI QUE ME AJUDASSE,
E SER MÃE ME ENSINASSE...
MAS, DEUS SORRINDO ME DISSE.
NÃO TENHO RECEITA DE MÃE!!
O ÚNICO INGREDIENTE QUE POSSO LHE ENTREGAR,
É ABRIR SEU CORAÇÃO, PARA QUE POSSA AMAR, AMAR E
AMAR!!
O RESTO, AVIDA OFERECE, NÃO TENHA MEDO DE TENTAR...
TENS COLO, TENS BRAÇOS E ABRAÇOS, NADA MAIS VAIS
PRECISAR!!
POR ISSO AQUI ESTOU, PRÁ LHE FALAR, OBRIGADA!!
POR TER ESCOLLHIDO-ME COMO MÃE...
TAMBÉM QUERO DEIXAR, Á SUA DISPOSIÇÃO, PARA QUANDO
PRECISAR,
MEU COLO, MEU ABRAÇO E TAMBÉM MEU CORAÇÃO.
QUE APRENDEU Á TI AMAR, AMAR E AMAR!!
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- 108 -
== COMO EU AMO VOCÊ ==
AGORA TE VENDO ASSIM ACHO QUE POSSO DIZER,
ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ!!
SEUS POEMAS, TUDO FIZERAM
PARA QUE ISSO ACONTECESSE,
NÃO FUI CAPAZ DE EVITAR...
ENTÃO TOMEI CORAGEM E AQUI ESTOU,
FALANDO-TE DO MEU AMOR!!
DESSA COISA QUE ME ARREBENTA,
QUE TORTURA MEU CORAÇÃO,
ESSA DISTÂNCIA ENTRE NÓS DOIS,
DEIXANDO-ME ASSIM, SEM CHÃO...
VOCÊ, ACHA QUE É AMIZADE,
EU TENHO CERTEZA QUE NÃO!!
SOU SALVA PELAS PALAVRAS,
QUE POR E-MAIL CHEGAM Á MIM.
É COMO OUVI-LAS DE TEUS LÁBIOS,
É COMO SE ESTIVESSE AQUI!!
ELAS TEM CHEIRO, TEM COR
E LENDO-AS DE VAGARZINHO,
POSSO SENTIR SEU CALOR!!
OUVIR ATÉ A TUA VOZ,
DIZENDO PALAVRAS DOCES, TRANSMITINDO AMIZADE
SEM FALAR DO SEU AMOR!!
MAS, O QUE ME IMPORTA, É SABER QUE PENSAS EM MIM..
MESMO QUE SEJA ASSIM...
E COMO JÁ LHE FALEI,HOJE TOMEI CORAGEM,
VIM AQUI PRÁ TE DIZER..
NOSSA, COMO EU AMO VOCÊ!!
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- 109 -
MARICI BROSS
www.maricibross.com
São Paulo/SP – Brasil
AUSÊNCIAS
Ausências, tristes ausências
Boas ou más, na memória estão
Esquecer ou não
É coisa do coração.
Coisa de alma.
Enfim, ai estão
E com carinho guardemos
As boas, que trazem
O ente querido ao nosso coração.
Se esta pessoa é querida
Com certeza em nosso coração
Faz sua morada
Pois sua ausência
É o mais doce lembrar.
Um lembrar de alegria.
Um lembrar de amor
Que gostamos e relembramos
SP- 08-06-04 –1:13h
JANELA DA VIDA
Meu olhar vagueia
Num horizonte sem fim
Vai longe e alcança
Belos momentos, tão bem vividos
São momentos de vida
São momentos de amor
Momentos tão vividos
E que lá estão
Os contemplo de minha janela
De minha Janela da Vida.
SP 08-04-04 - 10:32h
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- 110 -
FIOS DE CABELO
Fios de cabelo
São pedaços de mim.
São sonhos e devaneios
Da noite que se foi
São alentos de saudade
São partículas de sonhos
São o estar e o ficar
Nesta vontade louca
De contigo ficar.
São momentos
Trazem saudades
De você, e teu amor.
Pra que partir,
Se contigo quero ficar.
SP, 06-05-05 11:55h.
DESAFIOS
Desafios de uma vida
Desafios que participo
São energias que os movem
São caminhos que trilhamos.
São espaços de luz
A nos impulsionar
Num seguir de grande luta
Num seguir para a vitória.
Num seguir de vencer.
Chegar...Atingir
Nesta vida
A que nos propomos
Num ato de perseverança
Num ato de amor.
SP, 21-04-06.
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- 111 -
MASÉ FROTA
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
www.sonhosempoesia.com
! MEU PASSADO / MEU PRESENTE !
Recolho-me em silêncio amigo...
nele vejo refletir lembranças marcantes
tatuadas com marcas indeléveis nitidamente
sentidas, provocando suspiros inesperados
em pensar o quanto fomos e o quanto
ainda sentimos ,ao entrelaçarmos
nossos olhares inesperadamente !
Nossos encontros antes tão aguardados...
planejados com muito amor na ansiedade
de nos encontrarmos,
me deixavam à toda hora ,
em idas e vindas, porém acalmadas
quando em pressentimentos
chegavas sem demora !
Teu olhar penetrante conseguia...
estontear-me , quando tua imagem eu via ,
confirmando assim o quanto por ti me apaixonara,
provocando no coração batidas aceleradas ,
um sabor diferente que na boca acentuou-se
*um quase ...agridoce .*
Nestas lembranças saudosas...
filme presente ... do meu passado
retornando-o ... encontro-me ainda jovem,
zelando e aninhando com amor e paixão...
na ideal temperatura em câmara a conservação ,
para que fique sempre eternizado...e guardado
Meu Jovem Coração !
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- 112 -
! AMORES EM DESAFIOS !
Rodeando aos ventos...Abandono-me ao relento!
Envolvo-me em ventanias... entre amores, desejos
Desalinhos... contornando desafios em direções
Bravias,contra marés em espirais ondas de ilusões.
Temporais causais ocasionaram dores,desamores...
Guardei no estaleiro ,os" velejadores"pensamentos
Desnorteados em ondas marinhas , onde os amores
Acolhidos acomodaram-se no cais dos sentimentos.
Aguardei que o fluxo em refluxo... como retaguarda
Amenizasse... para retornar sonorizadas harmonias
Ressoando melodias ,submergindo-os em ventanias.
Finalmente ... Paira o Sol não mais em tempestade
Encaminhando rumos em marés amenas que virão
Guardando meu amor... fazendo jus ao teu coração.
ALMA & POESIA
Alma ... na poesia se faz presente
Poesia... nela deita-se e faz da alma
Calorosamente ativar os sentimentos
Unindo corações embalando a mente.
Dores... alegrias, despertam latentes
Expressam e desconhecem o linguajar
Dispersando de esguelha o veraz sonhar
Revivendo do passado, efêmero presente.
Poesia...naprimazia dita o que nela sente
Seguindo as noites decorrer na escuridão
Espera; o fulgor do dia como sobrevivente.
Deleito-me em ideais casualmente no tempo
Harmonizo o enredo, conduzo-me à inspiração
Palavras oportunamente batem forte o coração.
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- 113 -
!...TRISTEZA...!
Escuta agora este desabafo
Meu amor próprio está ferido
Mágoas que sinto, muito ardem
Sonhos vivos em descompassos.
Resolvi...
Procurar agora, amainar meu coração,
Encontrando meus primeiros passos...
À preencher este vazio,
acolhendo nova paixão.
Desisti...
De ser prisioneira,sem poder andar,
Cheia de amor como regalo a entregar...
Delírios indivisíveis em doação.
Recolhida...
Acariciei sentimentos e procurei me amar,
O silêncio ouviu meus pensamentos...
Aquecendo meu corpo,e minh´alma a abraçar .
Tristeza...
Nem me apercebi...mas
O tempo passou ! Transformou !
E eu não vi !!!
ESPELHO DO AMOR
Pensamentos perfurados
Absorvidos em turbilhão
no espiral do Tempo!
Amores venerados
em vermelhaços de emoção
Desbotados com o Tempo!
Queixumes encasulados
a espera do perdão
Na fusão do Tempo!
Obstáculos contornados
Agasalhados no coração
Aleatoriamente no Tempo!
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- 114 -
! FANTASIAS DA MADRUGADA !
Silêncio nas manhãs ...
Pressinto que vais despertando
Meu olhar absorvido no teu corpo
matreiro em desejos mil, embriaga-me
alimentando e perfilando loucas imaginações
retidas em minha mente reavivando emoções
com teu cheiro... em sublimado ardor.
Meus sonhos apostos...
surgem sem demora, ardentes
pretensões vorazes ... querentes
exaltados... desnudando meus desejos
explodindo fantasias que ora vivi em emoções
d´uma madrugada em vigília de paixões...
Torna-se inevitável...
que te fale baixinho devaneando
compassos ritmados...descompassadas
loucuras ansiosas em deleite... segredando
meus pensamentos a colorir tua mente...
Nossos espaços rescendem
a fragrância do viver...
... unindo-se a dançar ...
completando e rodopiando em transes...
secretas alternâncias a nos favorecer
Agora em cadências sapientes ...
! Frenéticos para Amar !
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- 115 -
MEG KLOPPER
www.megklopper.recantodasletras.com.br
Niterói/RJ – Brasil
ALBATROZ - SER LUZ
Minh'alma vagueou pra te encontrar
Para ver a luz do seu olhar...
Te abraçar, te acariciar
Te abrir, te fechar, te estontear
E no silencio do teu sono te abraçar
Tal e qual chuva miudinha a molhar
Deixei minha lágrima pingar
Correr pelo seu rosto, te afagar
Minhas mãos intrépidas a te tocar
Meu coração carente a te chamar
Como albatroz, seguindo por além-mar
Buscando no mesmo lugar, sem pestanejar
Armadilhas do destino, assaz, cruel a castigar
Arrebatada, mas crescendo a cada despertar
Sempre atenta para não desanimar
Os predadores ficam a espreitar
Um desatino, uma virada, um cochilar
O Albatroz não fecha os olhos para descansar
Dorme de olhos abertos, resiste até a noite terminar
Firme e forte, continua incólume a confiar
É sentinela reverente, não se importa em se alimentar
Não quer saber quãos perigos irá enfrentar
Não procura presas fáceis nem deseja se abrigar
Não quer lugar seguro para dormir, para deitar
Não quer remédios para sua dor ou suas chagas curar
Seus olhos petrificados ficam abertos a congelar
A ferida que tem não está a se mostrar
Ela dói, mas ele não deixa de sonhar
Imagina o dia que ainda vai chegar
Em que calmo e tranqüilo poderá voar
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- 116 -
Elevando-se alto para a paz conquistar
Sua alma prisioneira de um corpo livre a louvar
A imensidão do céu,do oceano, a preamar
Pássaro solto, esperto, aconchego, lar
É luz, é vida, é herói que sabe lutar
Suas asas firmes encostam n'água a desafiar
Sua sorte é não poder chorar
A natureza não lhe deu lágrimas para derramar
Dia após dia, lua após lua se mantém firme a procurar
O que será que ele quer achar?
Será determinação para continuar?
Uma casa para morar?
Quem cruze as suas águas e se afogue no seu mar?
É isso que ele está há muito a esperar...
Uma companhia para que possa conviver e amar
Eu sou uma fêmea Albatroz a reinar
Num mundo de sonhos, de arte, de amores a desfilar
De luzes, de cores, querendo atravessar
Em meu cadafalso interno nunca deixo de tentar
A esperança que me move, me faz caminhar
Sua imagem vem em meus sonhos passear
O meu desejo utópico e idéias que rompem meu pensar
E eu, desgarrada de toda sorte, ansiando avistar
Que a luz de outros olhos venham me iluminar
Como a dança das águas ao luar
Refletindo um mundo de estrelas a brilhar
Tremeluzindo na cadência das ondas, pra lá e pra cá
Chegará o dia, afinal, e tudo vai se ajeitar
E eu poderei em suas águas navegar
Um lampejo, um sonho,
um lindo despertar
Continue à eternidade,
Águia soberana, Águia do Mar!
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 117 -
É NOITE...
A noite nascia, findo o crespúsculo, alforria!
Embalsamada era a tarde por estros de fantasia
Expressão de amor, sentimento puro que inebria
Salve musas, pórticos, odes e mágica poesia!
Véu que esconde a noite, de soslaio encapuzada
Entoa o som de harpas, cordoalha de Inspiração
Vaga por caminhos diversos, empoeirada e cansada
É isso, estamos a sós eu, o tempo e a solidão
Falamos de vento, de brisa, de lua e de mar
Exaltamos à natureza, relva, folha seca, raiz
Como o bailar de ÉVORA que, de pés desnudos,
Em meio a lama mole da terra, dança feliz
Acendam as luzes, a noite chegou erma lá fora
No palco das letras, ouço choro de recém-nascido
Na escuridão surgem estrelas livres e reluzentes
A lua cheia, cândida orbita, cio dos animais contentes
Na madrugada, mostre o seu rosto desconhecido
Salve Jorge! Mate o dragão, cavalheiro destemido!
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 118 -
AMOR A DOIS
Meu amor, segurei a tua mão
Acelerei sua respiração
Vi o seu olhar, escutei seu coração..
No meu covo íntimo, senti sua emoção
Sussurrei em seu ouvido
e com esse teu jeito, garrido e sentido,
Parecendo um desconhecido,
Te contei sonhos já vividos.
A noite rompeu a madrugada e se fez dia
Minh'alma eu despi, me embeveci
Me encantei... Te conheci
No melhor dia que vivi
Joguei fora a cautela, a timidez
Me enchi de euforia, te senti
Quando finalmente em seus braços
Mulher, amada, amante me descobri
Saí da utopia e vivi a realidade..
Descobri sua verdade
Vi a cor do teu calor
Saciei minha vontade
Ouvi o teu gemido
Fiz de mim o seu abrigo
Você sentiu prazer comigo
Eu me embalei e me embolei contigo.
Diante da noite encapuzada...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 119 -
MIFORI
São José dos Campos/SP – Brasil
http://geocities.yahoo.com.br/mifori_poemas/index.htm
LÁGRIMAS DE EMOÇÃO
O que estava acontecendo
Era mais que eu imaginara:
Tantas vezes eu sonhara
Que com ele fazia amor.
Mas, jamais pensara,
Que chegar àquele nível
De ternura e intimidade,
Fosse tão maravilhoso!
Carinhos!... Doce caricia!
Um novo e delicioso tormento,
Que eu queria mais e mais.
No brilho do seu olhar
A doçura pressenti
E a emoção de um grande amor.
Lágrimas nublaram meus olhos.
Em seus braços protetores
Abandonei-me feliz.
TROVAS SOBRE ONDAS
Nas ondas do vento vem
uma brisa refrescante
que quando atingem meu bem
torna-o um ser edificante.
Ondas que induzem verdades
dão vida, alegram ,comandam
os ritmos na sociedades
que sabem por onde andam.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 120 -
NUANCES DE AMOR
Logo se acostumaram
Às luzes da cidade
E neste dia esqueceram
De contemplar as estrelas.
Não mais viram
O esplendido luar.
Sem tempo pra namorar,
Deixaram de sentir as belezas
De um alvorecer,
De um pôr-do-sol,
De apreciar a linda natureza.
Trocaram o prazer de viver
Pelos bens materiais.
E sem os bens imateriais
Tornou-se triste o seu entardecer!
PALAVRAS DITAS AO VENTO
Resolvi dizer
Com tempo
Ao vento,
Antes que passasse
Sem me ouvir,
Sem me ver
Que todos merecem
Viver,
Experimentar,
A magia de amar.
Que os desejos
E as fantasias
Que brotam nos corações,
São ardentes paixões,
Emoções que surpreendem
Corajosos homens,
Valorosas mulheres,
Que se encontram
Na procura,
Na luta,
Por um grande amor.
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- 121 -
EVOLUÇÕES
Virgindade não é mais
a condição de pureza,
conceito errado, jamais
impedirá a realeza.
Se tu gostas de transar,
toma cuidado também.
Preservativo é pra usar
com amor, como convém.
Algo sério é o casamento.
Não sociedade falida.
Não veja esse sacramento,
como uma união desvalida.
ACEITAÇÃO
Impõe meu ato aceitar
com atitude confiante,
se souberes conquistar,
só com carícias constantes.
Há que cultivar o amor
como a rosa que floresce,
na fartura e no louvor
carinhos, assim, mereces.
Serei teu lírio flutuante
neste lago cristalino,
com o vento refrescante,
adormeço no teu ninho
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 122 -
FIM DE OUTONO
A temperatura
Diminuíra sensivelmente.
Mesmo assim,
Os raios de Sol
Deixaram o entardecer
Muito bonito!
E a noite surgiu...
Maravilhosa!
Assuntos triviais
Davam leveza
Ao clima entre nós.
Tal como a natureza,
Nos sentimos
Belos e formosos.
E ao invernarmos,
Os sonhos se realizaram.
Como senhora do mundo,
Leve como um beija-flor
Voando perto do Sol,
Eu naveguei nas nuvens,
Sem rumo...
Nas asas da paixão.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 123 -
MILLIE
www.millie.art.br
Balneário Camburiú/SC – Brasil
adeus...
transporto-me mansamente nas asas do amor
para dizer-te adeus...
olho-te
e vejo que estas sonhando...
dormes com a felicidade estampada na face
e a paz no coração...
quero despedir-me sem acordar-te
falarei baixinho e meu beijo selará este adeus...
se ouvires o meu pranto
por favor não me olhes...
preciso encontrar coragem agora
pois ainda és dono do meu coração...
mas a hora é esta
e não posso mais adiar...
escolhi este dia de chuva
pois minhas lágrimas se diluirão nela...
meu amor...
deixo-te as estrelas cintilando
para que continues sonhando...
o mar azul com grandes ondas
celebrando nossa paixão...
esta praia de areias quentes
onde marcas ainda falam do nosso amor...
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- 124 -
deixo-te ainda...
minhas letras traduzidas em versos
sempre louvando nosso amor...
o calor do meu abraço
refugio das tuas aflições...
e este grande amor
que guardarei na eternidade...
Millie - SC 17/10/2006
lágrimas de poeta...
lágrimas de poeta
são letras perdidas no tempo...
a dor da paixão
traduzida em versos...
o silêncio
cantado em prosa...
a saudade
derramada em poemas...
lágrimas de poeta
são vazios n'alma...
desertos de emoções
sem canções...
mares sombrios
sem o canto das sereias...
praias desertas
sem noites de luar...
lágrimas de poeta...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 125 -
uma explosão da dor
perdida nos labirintos do amor...
mas enquanto um poeta sonhar
haverá lágrimas a rolar...
Millie - SC 07/10/2006
labirinto de emoções...
e quando a incógnita surgiu
fechei os olhos e deixei-me ir...
como encontrar-me?
é uma pergunta dificil de responder...
a saudade levou-me a conhecer novos caminhos
e deslizar num labirinto de emoções...
o que aconteceu?
preciso recordar por quantas vidas passei...
por quantas veredas andei
quantos caminhos cruzei...
quantas luas pratearam o meu mar
em quantas constelações pude sonhar...
tantas vezez deitada ao sol sonhei amar
e nas areias quentes tentei não chorar...
senti o silêncio da eternidade
e refiz o caminho das estrelas...
e ao perceber tua presença amada
encontrei-me neste labirinto de emoções...
e revivendo no brilho da luz do universo
voltei aos teus braços para ser feliz...
Millie - SC 26/09/2006
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- 126 -
não posso mais calar...
não sei o que a vida me reserva
nem quanto tempo pra falar
preciso contar-te agora
o que não posso mais calar...
dizer-te do meu amor
da solidão que me trás
falar da saudade imensa
que a tua falta me faz...
gritar minha verdade ao mundo
sem mais nada me importar
dizer o quanto te amo
e sem ti não quero ficar...
chorar no silêncio da noite
deixar as lágrimas rolar
sentir vontade de um beijo
que nunca vai chegar...
não posso mais calar
nesta noite de luar
quando meu coração morre
por tanto te amar...
recolho pedaços de mim
que ao mar entregarei
junto com a dor pungente
que aqui eu deixarei...
parto na certeza
de algum dia te reencontrar
e em qualquer tempo ou dimensão
voltaremos a nos amar...
Millie - SC 24/07/2006
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- 127 -
NANCI ROSSI FARIA
http://meusretalhos.blig.ig.com.br
Santo André – SP – Brasil
LEMBRANÇAS DO MEU PAI
(Tributo ao pai)
Fiquei pensando ... durante dias ... queria muito escrever e fazer do
meu jeito, uma homenagem a ele ... que se foi e deixou na minha vida,
um vazio difícil de preencher. Não sabia como começar ...É tão fácil e
ao mesmo tempo difícil falar de alguém especial!! Fácil, porque são
muitas as lembranças, vozes, sons e cheiros ... difícil é resumir tudo
isso!
Bom ... preciso começar de alguma forma. Não tenho lembranças do
colo, do afago, do beijo, sentimentos por onde todos começam suas
narrativas!
Era muita timidez, aquela coisa de "pai não se aproxima demais da
filha". O que vão pensar? Um abraço, um beijo, no aniversário, no
Natal, tá de bom tamanho!!
Lembro de um pai sempre trabalhando, com pouco ou nenhum
tempo livre, querendo suprir as necessidades da casa. Fazia sua parte
do homem, do provedor, que sonhava com um futuro melhor para sua
família. E hoje, pensando como adulta, o respeito por isso, era o que
acreditava e o fazia se sentir bem, mas a criança sentia sua falta; nunca
nos levava prá passear; não conversava nem brincava. Mas, o carinho
do olhar, a preocupação com nossa saúde, higiene, a segurança do lar,
sempre foi presente ... Ia para o trabalho às cinco da manhã, deixava
na mesa, a sopinha de café com leite e pão, prá filha mais velha, eu,
que me levantava junto, ele fechava a porta e jogava a chave por
debaixo dela quando saia, e eu sempre dizia: Vai com Deus! E ele,
solene respondia: Fica você com Ele!
Aos sábados, descontraído, sonhando em voltar para o interior,
cantava, acompanhando Tonico e Tinoco num programa de rádio
(talvez por isso eu ame a música sertaneja). Ele sempre foi meu herói,
meu modelo, meio que distante, mesmo assim, difícil foi achar alguém
do mesmo sexo que se aproximasse dessa visão esteriotipada!
Trabalhou muitos anos (todos que me lembro!), cuidando de um
poço artesiano, junto a um grande amigo, o pai de Jerry Adriani, só Jair
na época, garoto gordinho e cantador e que depois, por longo tempo se
tornou meu ídolo, meu sonho! Esse sonho se foi, dando lugar a outros.
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- 128 -
Sou sonhadora, herança que meu pai me deixou. E hoje, emocionada,
pulando muitos pedaços de história, pois ela é longa demais, penso
que, depois de todos os tropeços da vida, da descoberta de que ele não
foi tão herói assim, já não importa quem meu pai tenha sido, o que
importa é a minha lembrança e meu amor por quem ele foi ... e é essa
lembrança que me faz seguir adiante, sempre honesta e sincera,
emotiva e humana, cheia de esperança e principalmente agradecida
por ele ser MEU PAI !
ago./04
VIDA
(Tributo a mãe)
Vida, sofrida, dolorida
quando se vão nossas flores
perde-se o chão, as cores,
nosso jardim se enche de dores.
Vida, transitório e difícil existir
quando se sabe o que está por vir
esquece-se da alegria, dos sonhos
o chôro vem, não se sabe mais sorrir.
Quando alguém muito amado
essa vida precisa deixar
não há palavra que possa segurar
a vontade enorme de chorar.
Vida de provas e expiações
aprendizados batendo a nossa porta
mas essa não é a verdadeira
é a outra, a plena que importa.
Só resta agradecer o tempo permitido
o crescimento mútuo, o doce conviver
esperando o feliz reencontro
no embalo do seu eterno acalanto.
Prá você mãezinha, com todo amor que cabe no meu coração.
Segue na Luz e em Paz minha querida Bela !!!
nov./05
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- 129 -
TRIBUTO AO AMOR MAIOR!
(Tributo ao filho)
Num lindo entardecer de setembro, Deus achou por bem, além da
primavera, me enviar o maior de todos os presentes. Você meu filho
querido.
Um bebê tranquilo, saudável e risonho. Sem febres, mau humor,
dores de barriga.
O tempo correu, célere.
Num abrir e fechar de olhos, esse bebê se tornou uma criança
feliz, arteira e dorminhoca.
Mais uma piscadela, e eu me via às voltas com um «aborrecente»
questionador, e inquieto ... "porque não, não é resposta", lembra ???
Como num estalar de dedos, me defrontei com o homem
responsável, íntegro, batalhador e amigo, que sabe e não tem vergonha
de amar, sonhar e chorar.
Me lembro de todos os momentos felizes que me deu, dos não tão
felizes também, como por exemplo, gostar tanto da quinta série e
repeti-la por três vezes. Queria sumir, morrer,
(coisa de mãe
professora).
Criança danada!!!
Lembro muito bem dos sustos, das quedas, pontos em todo lugar do
corpo, literalmente, da cabeça aos pés.
Mais tarde, morria quando você demorava prá chegar, renascia ao
te ver voltar, sorriso no rosto, são e salvo, remexendo meus cabelos e
dizendo "fica fria, tô aqui ..."e meu coração desmanchava num abraço.
Recordo ainda do pavor em te deixar alçar vôo, e da alegria que
senti quando percebi que já sabia voar!
Dos nossos momentos de enorme carinho e companheirismo, e
também das brigas homéricas.
Dos sorrisos e lágrimas que compartilhamos...
da irritante metaleira no último volume... do choro convulsivo ... das
sonoras gargalhadas ...
Das idas ao Morumbi, e eu, chorando aqui, te procurando na tela da
televisão.
Irreverente, tolerância "zero", talvez como eu !
E de tantas e tantas outras recordações que hoje na minha memória
passeiam.
Se for escrever tudo, é claro que dá um livro (quem sabe um dia ...),
mas sei também que você não gosta de ler!
Resumindo ... então !!!
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- 130 -
Sempre achei que você fosse um anjo, que Deus mandou prá tornar
meus dias muito mais felizes.
E como todo anjo, você precisava e buscava sua anjinha, prá te
acompanhar rumo ao futuro, à felicidade, ao céu.
E ela apareceu, disfarçada de menina, com coração e cabeça de
mulher.
E como já disse tantas vezes, Deus não me deu uma filha, mas
muito esperto, percebeu a mancada, reparou a tempo, e me mandou a
Fabi, minha nora, minha amiga, minha filha, meu amor.
Meu filho, meu anjo, que assim como eu, ama o Mar, ama música,
ama a vida, ama sonhar !
Nunca o considerei só meu, você é filho da Lua (Jaci) nasceu dela e
do meu coração.
E hoje, quando vocês meus anjos se casam, nós duas de mãos e
corações entrelaçados, rogamos a Deus,
que lhes traga, e vocês conservem, essa almejada Felicidade !!
Te amo muito meu filho !
Te amo minha filha, seja bem-vinda !
Que benção ter "reencontrado" vocês!
Com muito ORGULHO ...
... sua mãe.
08/05/04
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- 131 -
NATÁLIA DO VALE
www.nataliavale.com
Leça do Balio – Portugal
CIRCUITO DO “AMOR”
Ao “Amor” fiz um convite,
Para um circuito fazermos,
Apelando ao seu intuito,
De forma a não nos perdermos.
Começámos pelas crianças
Frágeis, sós e abandonadas,
Sempre me enchendo de esperanças,
Que assim fossem, um pouco acarinhadas.
A viagem seria longa e dura,
Neste “Mundo” de perdidos,
Mas nele o “Amor” perdura,
Auxiliando os desprotegidos.
Mas o meu “Amor” reclamou,
De tantas desgraças lhe mostrar,
Ele desejava e encontrou,
Alguém, especial, a quem amar.
Carinho e ternura recebi,
Desse amor apaixonado,
Hoje, abençoo aquele convite,
Ao “Amor” efectuado.
05.02.2006
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- 132 -
“LEMBRANÇAS DA MINHA TERRA”
Lembranças de terras longínquas,
Que não mais tornarei a ver,
Aquelas terras vermelhas,
Que um dia me viram nascer…
Na minha memória permanecerão,
Pela recordação a ela ligada,
Terra que abandonei com emoção,
Terra minha… muita amada.
Lembranças de lindos pôr de sol
Abrasadores, quentes e assinalados
Que mais pareciam um lençol,
Laranja, vermelhos e acetinados…
Jamais se apagarão em mim,
Lembranças tão fortes e marcantes,
Pois fizeram parte de mim…
Da minha vida, em todos os instantes.
Hoje, resta-me a saudade,
De uma terra abandonada,
Que permanecerá p’ra eternidade,
E será sempre bem lembrada.
Nela ficaram as lembranças,
Da minha meninice e adolescência,
Mas não perdi as esperanças
De a ela voltar e ali lembrar,
Histórias que para as contar,
Irão ser rebuscadas
No mais ínfimo da minha consciência.
04.12.2005
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- 133 -
NO ALCANCE DA LIBERDADE
Com a liberdade sonhei um dia
Quando as grilhetas meus punhos cortavam,
No porão do negreiro que partia
Da terra natal que todos adoravam.
Presa da fé que depositara
Em promessas de uma vida melhor,
Oh, tristeza! Logo ali verificava,
Eram vãs e tudo seria ainda pior.
Escravatura, comércio vil,
De seres humanos viris,
O lucro foi sua finalidade
Nem que para isso
Todos ficassem privados
De sua Liberdade…
Quando finalmente alcançada,
Velha e cansada me sentia,
Era tarde… e já não sentia
A tão ansiada Felicidade
Por ter alcançado a Liberdade.
18.05.2005
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- 134 -
PUZZLE DA VIDA
Num “puzzle”
Se tornou a minha vida,
Cujas peças tento encaixar,
Sinto-me completamente perdida,
Sem saber onde as colocar.
É um desafio que aceito,
Fazendo tudo a meu jeito,
Seguindo valores a preceito,
Com uma enorme dor no peito…
Peça a peça escolherei,
Aquelas que mais amei,
Prontamente as colocarei,
E não mais as perderei.
Neste conjunto total,
Os amigos são também
Peças do puzzle que, por sinal,
Eu prezo muito bem.
Uma a uma, lentamente,
Vou vendo com o coração,
Seu encaixe é permanente,
Com carinho e emoção.
E neste puzzle da vida,
Hei-de por fim encontrar,
A chama que andava perdida,
Por não ter a quem amar.
10.02.2006
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- 135 -
NÍDIA VARGAS POTSH
Tijuca/RJ – Brasil
www.nidiavargaspotsch.ebooknet.com.br
O SINALEIRO DA ESPERANÇA!
Rejeição!
Recolhimento do eu,
num silencio total,
numa dor surda,
num prantear solitário,
do vazio de um coração ...
Geringonça que fere,
migalha minguada de desamor,
magoando fundo,
esfiapando a alma,
em toda e qualquer direção.
Tal e qual um camaleão de muitas cores,
repleto de novos amores,
perverso no seu entrelaçar mimético ...
Rejeição!
Coração pendente em debandada pro nada.
Sente-se doente, com a vista velada,
a procura de uma solução, um caminho
para se resguardar ... se reerguer ...
As dificuldades do presente,
o faz repensar o passado,
em busca de um outro sentido para viver.
Quem sabe, nesse ínterim, possa ouvir,
como o canto de uma cigarra,
o Sinaleiro da Esperança,
tocando harmoniosamente,
como num leve e breve sussurrar,
a melodia de um novo e belo amor ...
Rio, 12/06/2004
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- 136 -
VISÃO FRAGMENTADA ...
Espelho de enigmas
onde meu interior reflete
ousadamente ...
Mostra o outro lado,
a face oculta, obscura,
que ninguém mais vê.
Insensato é querer saber
e procurar-me em ti,
porque pouco me revelas
a cerca do meu destino ... do meu eu ...
Tudo não passa
de uma visão efêmera,
onde o olhar fixou-se apenas
num breve, triste e palido reflexo
daquilo que ousei ser um dia ...
Rio, 2003.
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- 137 -
NOSSO TEMPO, SE FOI ...
Olhe em minha direção
perceba com o coração,
com o âmago da sua alma,
o quão pueril este amor que se perdeu ...
Doeu e doeu muito fundo, profundo,
percorreu entranhas esmigalhadas de dor,
de ressentimentos, mágoas, rancores ...
De tantos amores,
só este ficou a maltratar.
Quem sabe,
por ser o desejado e ser o rejeitado,
por ser o esperado e ser o excluído?
Não, não olhe mais para mim, agora.
Nosso tempo, se foi!
Escorreu feito água da chuva
em ralo quebrado,
pingando pra fora de mim ...
Rio, 10/03/2006
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- 138 -
ETERNOS DESAFIOS ...
Viver!
Emoção incontida
a cada amanhecer ...
Sobreviver!
Emoção extravasada
a cada entardecer ...
Tempos difíceis,
momentos decepcionantes,
onde descrenças e desilusões
calam fundo em nossos corações
já tão machucados ...
Para onde a Roda da Vida nos leva?
Mentiras, artimanhas,
falsidades, engôdos,
são a tônica da época,
do jeitinho desavergonhado para muitos ...
A infeliz lei da vantagem
que só prejuízo nos traz.
Nossa luta, por vezes inglória,
haja jogo de cintura,
está em sair dignamente
de tudo isso que nos apresentam
como sendo prática verdadeira e certa.
Deveria ser vetado o direito
de ferir ou brincar
com as emoções
e os sentimentos alheios.
Mas sem ferir ou machucar nosso semelhante,
será possível sair desta, me pergunto?
Ou por "tabela" seremos respingados,
se não entrarmos nesta "famigerada dança" ?
Fica a dúvida cruel ...
Mais do que a dúvida,
a certeza de que
uma luta insana nos espera ...
VIVER,
nos tempos atuais,
eis o nosso
ETERNO DESAFIO !!!
Rio, 29/03/2006
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- 139 -
ODETE RONCHI BALTAZAR
Florianópolis/SC – Brasil
www.odetepoesias.com.br
O CÉU QUE INVENTAS
Escrevo cristais em papéis
que voam para a tua fronte,
mas não me decifras...
mesmo quando
caem em gotas
na tua boca.
Calado,
não me dizes dos amores que espero
ou das alegrias que quero.
Sequer me convidas
para a festa
que em segredo preparas
para teus amores incertos.
Sequer me levas em tuas asas
nos vôos que intentas,
solitário anjo,
que me visita
nas minhas insônias...
(tantas...)
Dá-me, por favor, uma linha
do teu destino
para que eu possa bordar,
finalmente,
teu nome
junto ao meu
neste céu que ora inventas...
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- 140 -
CANTIGA PARA UM AMOR IRREAL
Contigo,
meus dedos ligeiros,
dividem palavras e acentos,
neste mundo inconsistente:
partitura inacabada
de promessas,
bebidas nas noites insones...
Lugar de solitários arpejos,
afônicos versos,
murmúrios e desejos,
querendo ter asas reais.
Impossível vôo,
impossível reverso,
nessa minha vida
tão cheia de ais.
Fosses um pouco mais
e serias
a minha manhã de sol.
Fosses um pouquinho só a mais
e serias
minha canção em dó...
Mas és tão pouco!
Só quase...
Inda não és,
e não serás, tampouco.
Agora, me vou:
já esperei demais
por este amor sem beijos.
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- 141 -
OSCAR CALIXTO
www.oscarcalixto.com
Maceió/AL
ENTRE AS NOTAS DO PIANO
Busco
Entre as notas do piano
Criar um acorde que se não me engano
Fará lembrar nosso amor este ano
Uma música que seja forte, mas que seja romântica
A bem da verdade que ela seja quântica
Para dizer através do som produzido
Quem nem sempre é fácil ser seduzido
Que seja então a música como o poema
De preferência igual àqueles que não tenham métrica
Pois sem métrica é o sabor da vida de quem ama
E quem ama não se engana:
O amor não tem um pingo de ética
Ele chega, se acomoda e não informa
Por quanto tempo permanece
E até se esquece
De dizer que pode ir embora
Enquanto a gente fica fora de forma
E passando os dias, a gente se engana
Mas o amor tem seus motivos
É sempre eclético e aparece em várias formas
O amor é um ser elucidativo
Porém, é inútil dizer que nem sempre ele é cativo
Pois quem se apaixona não se engana:
Apenas ama e ama
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 142 -
ALGO ROMÂNTICO
Hoje
Quero te dizer algo romântico
Não importa o que eu diga
Quero que seja romântico
Que não seja apenas um poema que descreve
Mas algo que libere todo o seu eu
Para mim
Dizer-te de todo o amor que sinto
De todo o carinho
Que guardo bem perto de ti
Dizer de como fico contente quando te vejo
E que quando te desejo
Apenas um beijo
Me leva a caminhos sem fim
Hoje
Já não sou o mesmo de ontem
E certamente não serei o mesmo amanhã
Talvez me sinta um outro de mim a cada dia,
A cada final de dia, a cada manhã
No divã, eu me consulto em agonia
Procurando dentro de mim
Alguma outra alegria
Mas a minha patologia
É saudade de você
Todo o resto é só sintoma ou fantasia
Hoje
Quero acordar ao seu despertar
E permanecer assim até novamente
Teu sono chegar
Zelando por ti
Para que nada nessa vida perturbe
O seu descansar
Hoje
Eu quero seu amor para mim
E sobre o futuro não quero pensar
Quero apenas te dizer algo romântico
Do tamanho do quanto de eterno
Essa vida puder conservar
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 143 -
CAIXA REGISTRADORA OU PEDAÇOS DE MIM
Você
Que me rebaixou
Que me jogou na lata do lixo
Que me fez render-me em seu capricho
Que derramou sobre mim seu veneno insano
Que me embebedou com seu ódio de caráter mundano
Você
Que me enganou
Que me usou e me fez um rabisco
Que nunca me deu rosas e acabou-me com isso
Que me fez deixar de ser o que fui num passado promisso
Que desatou sobre mim seu lamento muquirano e não soube fazer
nada além disso
Você
Que me logrou
Que me desistimulou e deixou-me elíptico
Que me veio com prosa e me fez acreditar que eu era paralítico
Que me sujou com sua lama podre e me fez pensar que a cama é
lugar para ficar catalíptico
Você me encerrou e merece ser paga, ser paga por isso
Eu
Que me ocultei
Que me deixei enganar e me fiz rebaixar
Eu que nem sei, que nem sequer me amei por tanto tempo te amar
Que me joguei nos braços do pranto e ainda assim minhas rosas quis
te dar
Eu agora deixo de tentar me indagar
Quero que recolha seu passado de mim
Quero que me recorte dos seus planos
E abra esta porta sem danos para darmos início ao fim
Que nunca mais me olhes do jeito que me olhas aqui
E, ao partir, que não te recordes de nada que vivemos enfim
Tudo o que foste e o que não foste, tudo isso serás para mim
O tanto que amei e deixei de amar, tudo isso me trará algum jasmin
E eu, que não seu, viverei leve e solto assim
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 144 -
Provando que a verdade de quem realmente se gosta
É querer amar-se primeiro e aos outros por fim.
UM CANTO PARA A LUA
Poder olhar pra ti, lua
Inteira, sem sombra, nua
É poder sair de mim um instante
E fazer de tudo que eu pense
Um verso que eu cante.
Sob teus raios, embebidos na pele,
Descanso meu corpo totalmente entregue.
Sob tua claridade, lua
Eu não sou mais poeta,
Sou apenas seta, meta correta, uma rua.
Quem dera todos os raios que surgissem no mundo fossem de ti, oh lua
Pois embanhado em teus braços estaria eternamente
E crente
Que um homem que chora e principalmente aquele que sente
Não pode ser o mesmo que os outros, se estiver ele solto na tua rua,
Eu me entregaria para ti, lua.
Entregaria minha alma por inteiro,
Deixaria me levares para o espaço,
Onde tudo que eu faço se tornaria leve
E onde, em breve, eu me tornaria um astro
E circularia em torno de ti.
Quão bom seria ser teu satélite,
Estar em tua órbita e, inerte,
Deixar que meus pensamentos sobre ti se diluíssem
E eu me tornasse parte de um mundo celeste.
Onde o motivo de toda minha poesia seria você.
E tudo que em rima eu dissesse, seria apenas um canto pra você.
Minha lua
Nua
Rua sua
Eu sou
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 145 -
PEDRO VALDOY
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca3/pedrovaldoy.htm
Lisboa – Portugal
ECOS
Os ecos
soam como campainhas
através de montanhas
e rasgam o silêncio
Atravessam minha alma
ensanguentada
pelo ardor de um amor
perdido na penumbra
São laivos de esperança
no sentir de neblinas
cobertas pelo coração
amargurado e sentido
Os ecos ressoam
e transportam uma amada
esquecida pelo tempo
na ausência de uma rosa
São a esperança
de um regresso prematuro
talvez desejável
para quem te amou.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 146 -
A AMIZADE
A amizade
deve ser como um rio
que se renova
se expande
A verdadeira amizade
continua
mesmo em alturas
de tempestade
As horas sentem-se
nos corações dos amigos
na cavalgada longínqua
na serenidade dos tempos
Por tempos difíceis
ela é perene
como uma rosa que chora
como um dilúvio.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 147 -
POETA PERDIDO
Sou um poeta
que anda na solidão
dos tempos
por terras desbravadas
à procura
de meu amor eterno
Sou alguém esquecido
a ver o Sol
a beijar as areias da praia
por tempos incógnitos
pela maravilha
dos sons dos rouxinóis
pelas abelhas delicadas
com seus beijos
à flor natureza
Procuro o rouxinol do amor
por terras de Portugal
em ruas atapetadas de cetim
e sentir o odor da natureza
coberta de nenúfares
para o beijo intransponível
inesquecído.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 148 -
PRIMAVERA
As folhas nasciam
no milagre da natureza
com a chegada das andorinhas
e do céu o vento cantava
Sentia-se no ar
o odor das flores
beijadas pelas abelhas
na maravilha de um jardim
As crianças brincavam
no brilho do ar
no encanto da estação
serena e tranquila.
ONDULAÇÃO
(Poetrix)
O navio dançava
nas ondas com suavidade
e a festa ia animada.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 149 -
PILAR CASAGRANDE
www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca3/pilarcasagrande.htm
Rio Claro/SP – Brasil
CONFISSÃO
De que serve a existência sem amores
Sobre este grande amor de eternos prantos?
A vida sem amor não tem encantos,
É um jardim melancólico e sem flores.
Todos os atrativos que há na terra,
Tesouros, glórias, colossais riquezas,
Não tem as seduções, nem as belezas,
Que o olhar da amada criatura encerra.
Hoje mais do que nunca eu te desejo,
Formoso lírio de meiguice estranha.
Hoje que o teu desvelo me acompanha
Nesta penosa lida em que me vejo.
Quantas venturas e felicidades
Nos esperam sorrindo alegremente
Como há de ser o nosso lar contente
Sem aflições, sem dor, sem ansiedades.
Entre mútuos sorrisos e carinhos,
Sempre os mesmos afagos permutando,
As nossas almas viverão gorjeando,
Como um casal de passarinhos.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 150 -
A RESSURREIÇÃO DO POETA
Nem o condor nos píncaros dos montes,
Nem as nuvens dourando os horizontes,
No êxtase do arrebol;
Nada igualou teu pensamento altivo,
O teu verso era um braseiro vivo,
Era o espectro do sol.
A terra mãe chamando por teu nome,
Na saudade que o tempo não consome,
Esperava-te em vão;
Mas a morte, estendendo-te as mãos frias,
Não julgava, talvez, que voltarias,
Nesta ressurreição!
A poesia é a expressão suprema da coragem,
Que importa o horror da tétrica voragem
Da perpétua mudez,
Se ao fim da longa estrada percorrida,
Tivesse o poeta mais do que uma vida,
Morresse ele outra vez?
Foste grande em espírito e bondade,
Mas agora és maior na eternidade,
Pela glória do Ser.
Se a terra foi teu culto e o teu anseio,
Dorme feliz no seu gelado seio,
Pois teus versos para sempre vão viver...
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 151 -
PINHAL DIAS
www.pinhaldias.com
Amora – Portugal
"DENTRO DE MIM A POESIA"
Dentro de mim a poesia
Veloz coração que bate
Ao ritmo de bom compasso!
É sangue que corre na alma
Fluído, manejado em pura veia…
A Poesia toda ela assim reage,
Sonetando! Cantando amor!
Foi o poeta, foi "BOCAGE"!
Na primária… um menino mimado!
Em redacções fiquei honrado
Não é segredo, nem mistério!
Um livro amigo me foi presenteado!
Enviado p'lo Ministério!
Em 1959...
Esta veia que laureia...
Mel em sua colmeia!
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- 152 -
NOSSA LÍNGUA! SEMPRE! CAMONIANA!
Tempos houve! Não satisfez a prisão!
Cumpriu p'la metade em penas de lei!
Sempre lá escreveu a bem da nação,
Neste mérito! Foi solto p'lo Rei.
Camões! Ele sempre via mais por um…
Eloquentes que usam sempre dois…
Hoje famoso! E tem seu premium!
Cumprida nossa história depois.
Não é necessário por termos dois olhos
P'ra escrever muitos versos aos molhos
À nossa querida Pátria Lusitana.
Camões brilhando com olhos da mente
Foi um grande poeta realmente
Nossa língua! Sempre! Camoniana!
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 153 -
PÉS DESCALÇOS QUE FALAM POR SI
Sejam pés brancos, amarelos ou negros
São sempre pés dignos de sua caminhada!
Dos pés bem calçados aos descalços
Deviam ser pés bem tratados,
Muito bem conservados.
Pés descalços que falam por si!
Fazem realçar em plástico moldado,
Por atilhos, tiras entre dedos
Bem se livram de enredos
Caminhando o dia inteiro
Por serem pés iluminados!
Livres! Pés de mensageiro!
Com sua imagem de pobreza
Vingam outros em riqueza!
Fortes e fracos mas, são afirmados!
Ainda hoje co-habitam entre nós
Pés descalços que falam por si!
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 154 -
UM SER QUE VIVE!
Foi num passado
Mal ou bem aproveitado!?
Que nem sempre dita tudo!
Muitas ficam por contar...
Não sentindo essa vergonha
Bem ela se verga com humildade.
Então! Satisfaço a caridade!
Ao dosear essa lembrança
Fica a nostalgia!
De certos sonhos...
Vividos!
Quimeras de alguns...
Mal foram convertidos!
Pendulado, nessa sonância
Idealizados outros...
Sonhos que foram perdidos!
Em estrada de mendigos
Indagando os seus castigos!
Catalogando certas aventuras
Que resvalaram em bermas
Predestinadas desventuras...
Será isto um valor Kármico?
Este Kármico ficará em história
A história que é montada
Narrada no dia seguinte...
A vida me fez crer
Por tudo! Em aprender!
Vivendo!
Neste mundo saber estar!
Conjugando o verbo amar!
Um ser que vive!
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- 155 -
RIVKAH COHEN
www.rivkah.com.br
Brasília/DF – Brasil
INJUSTIÇADOS
Tal qual
pedra jogada,
vamos fazendo marola.
Umas nos importamos,
outras nem mais lembramos,
mas não deixaram de espirrar,
ficarem lá,
fazerem bolas,
provocarem ondas..
Qualquer hora,
assim como quem não quer nada,
meio sonsa,
uma se mostra,
traz o passado de volta
e olha nós,
nos achando injustiçados!
Afinal,
estávamos tão comportados!
E como feras agimos,
falamos
e seguimos,
nunca lembrando das pedras..
rivkahcohen
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- 156 -
PENSANDO EM VIVER
Quantas vezes
uma grande mão
tirou meu chão?
Uma,duas ou foram seis?
Olha, não foi fácil!
Uma dor
que transpassava
e muito,
muito,
maior que eu!
No início
olhava assustada
para aquele grande precipício
e a vontade
era de ficar parada
e deixar doer..
Mas o mundo
que julgava ter acabado
estava alí
e tudo continuava,
apesar de mim!
Engatinhando
e não
enxergando quase nada
recomeçava
minha caminhada
até me refazer.
Hoje olho e acho graça
quando alguma coisa
quer me fazer sofrer..
Eu
que não sou boba
nem nada,
não ando
mais desarmada
e com essa carapaça,
agora,
posso pensar em viver!
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- 157 -
ROSIMEIRE LEAL DA MOTTA
http://www.rosimeire.xpg.com.br/
Vila Velha/ES
INTÉRPRETE DO CORAÇÃO
Combinação harmoniosa e expressiva de sons.
Melodia agradável aos ouvidos.
A platéia acompanha hipnotizada,
a fragrância da música que lhe desperta os sentidos.
Espalham-se na atmosfera acordes suaves e envolventes!
Emanação aromática que faz bailar em pensamentos.
Dominação perfeita das notas musicais!
O vento desarrolhou o frasco do salão.
O perfume instrumental atravessou fronteiras.
Aplausos soaram no palco fortemente,
quando o violino chorou emocionado
ao revelar os sentimentos daquele que o tocava.
NAS MÃOS DE DEUS
Sendo senhor de si e de suas ações,
partiu pelas estradas da vida.
Abandonou o porto onde ancorava seu navio.
O mapa já estava traçado,
contudo, recusava-se a aceitar.
Não deu ouvidos àquela voz interior que lhe acenava.
Rejeitou os conselhos dos seus pais.
Cruzou oceanos e continentes.
Travou combate consigo mesmo.
Vazio. Perdeu-se.
Maturidade. Sabedoria.
Regressou ao lar paterno.
Amanheceu um novo dia.
Renasceram os seus sonhos...
Rebelde que lutava contra o seu destino,
entregou suas armas.
Ninguém foge dos planos de Deus,
o que Ele determina, assim será!
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- 158 -
GOTAS DE SENTIMENTOS
Pequena porção de sentimentos.
Pingo.
Escorre aos poucos de um conta-gotas interior.
A quantidade é ministrada pela alma.
A dose é adequada ao momento.
Uma pitada de alegria e outra de tristeza,
temperando as emoções,
colorindo o espírito.
Respira fundo.
O meu “eu” é tímido e romântico.
Aroma de lavanda envolve o ambiente.
Cor-de-rosa.
O coração abraça a vida.
Expressão viva da existência!
Sensibilidade à flor da pele!
Gotas de mim em forma de letras,
deslizam por este papel...
ENSINAMENTOS DO SOFRIMENTO
Lesões produzidas na alma
por impacto de instrumento perfurante.
Feridas abertas com perda de substâncias:
amor-próprio e lágrimas escorrem pela face...
Chagas, aparentemente, incuráveis.
Princípio imaterial da vida
marcado por cicatrizes extensas.
O “eu” total foi esmagado.
A natureza moral e emocional
conheceram experiências traumatizantes.
Todo o seu ser foi provado na fornalha da aflição.
A tempestade e a guerra interior se acalmaram.
Houve uma purificação na fonte da existência.
Amanheceu um novo dia.
Nasceu em si, uma pessoa com um outro olhar!
Compreendeu os ensinamentos do sofrimento.
Aprendeu a sorrir!
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- 159 -
SANDRA M. JULIO
www.estrelasluzindosaudade.com.br
Sorocaba/SP – Brasil
MAIS UM DIA...
Nos cruzamos numa esquina qualquer do tempo...
Bebi do teu olhar o doce licor da magia...
Tua voz reverberou sonhos e devaneios.
Hoje, como num balé, as lembranças do teu rosto despiram meu olhar.
Desalinharam todas as emoções e pousaram num horizonte, onde a
saudade calou ecos dos tresloucados desejos, que passeavam em
minh’alma carente.
Numa introspectiva cumplicidade aconcheguei-me nos braços da
noite... Chorei um amor impossível, depois me embriaguei de solidão.
Na vigília das horas, paredes nuas aguardavam decisões...
Deitei-me aos meus pés implorando respostas, senti o vento num
esquecido afago desalinhando meus cabelos e as lágrimas tentando
afogar o turbilhão de ânsias que ecoavam vacilantes pelos labirintos do
meu ser.
Folhearam-me amorosamente as horas, sinalizando caminhos e
dedilhando o contorno dos meus medos, deveres e obrigações...
Pelo silêncio transbordaram estéreis esperanças...
Despontou o primeiro raio de sol, assim dobrei incertezas e atrevidas
lembranças, coloquei nos lábios um sorriso (imaginando teu beijo),
guardei teu retrato e segui na incerteza de mais um dia.
10/04/06
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- 160 -
LÚDICO AMOR...
Sonhos floriram em minh’alma...
Quando o outono se fez primavera,
Desabrochando utópicas fantasias...
Doces frutos d’um antigo tempo,
Ali, entre os seios da noite
Dormitava um futuro de ilusões...
Onde o ímpeto da adolescência
Esquecia medos e seguia...
Despertaram-me os gritos do silêncio...
Sorrateiros, percorreram secretos desejos,
Desnudaram realidades e seguiram...
Deixando em mim, uma cascata de paz.
Ainda adormeço no aconchego das tuas asas,
Ouvindo os sussurros de estrelas...
Que a cada noite despertam,
Embriagando-me deste lúdico amor.
01/03/06
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- 161 -
SANDRA RAVANINI
http://www.recantodasletras.com.br/autores/deltadevenus
Campinas/SP
A NOITE DOS CRISTAIS QUEBRADOS
(Dedicado à Rivkah Cohen e ao povo Judeu)
Nada mais há nos dizeres que já foram ditos,
tanto brio nos castiçais, ao bento pão sagrado
no calafrio, se na noite dos cristais quebrados,
a chacina açoitava a benção dos ritos.
Por que descrevo a velha história tão gasta,
enquanto Déborah cria, quando por pouco creio eu,
o que foi feito de Ana diante da Suástica,
brilhou a estrela de Davi, se Isaac morreu?
O trem, noite e dia bebia sangue dos farrapos,
um frio inimigo ia levando os decanos,
os coturnos esmagavam os pobres capachos,
no conluio da farda, calava-se o Vaticano.
Àqueles judeus com seus salmos e cantos de paz,
se choram as Saras no campo de concentração,
um terminal pensamento na câmara de gás,
de volta ao pó, os muitos Cohens na cremação.
Pranteiam os corpos das jovens e filhas violadas,
lágrimas vãs, foi o choro na Ravina da Vovó,
rasteando os andrajos na fé dos algemados;
sem dó!... Seqüelas e memórias, Levy morreu só!
Voam in memoriam partículas da nobre Raquel,
nas lembranças tão tristes dum ébrio entardecer,
trilham agora as raízes dos filhos de Israel,
noutros campos que não semeiem o canto “Heil Hitler”
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- 162 -
ESTRELA DOS MEUS SONHOS
Tinha nas mãos uma doce lua em contemplação,
deitando um caudal de luz cessando toda tortura,
nos olhos cheio de estrelas irrigando tanto chão,
reverdecendo desertos finando quantas agruras.
Inda quão pouco tinha de olhos tão cálidos,
num êxtase puro sorvendo um beijo ébrio,
amanhecendo em tal fetiche aclamado
em trejeitos hipnóticos, mil risos sóbrios.
Será o soberano astro Sol em despedida
emanando odores nos vapores da fermenta,
ou um pratear alquimista na junção da liga
com beijos ao vento fazendo a lua ciumenta?
Será redenção na face do perdão, um sublime pôr
em cantatas de anjos secando fontes de rebeldia,
ou um coração cego na vastidão de tanto amor
na isenta nudez d’alma rasteando a utopia?
Só sei que guardarei daquela linda tarde,
o flerte ao relento florindo brisa campestre,
atando tal vão na complexão das tuas partes,
no renascer já distante do hálito cipreste.
Surgem afora ares numa liberta revoada,
levito no som da orquestra o enredo do amor;
luzam estrelas culminando em sonho colorado
num compêndio final ante autor e o criador!
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- 163 -
DEVANEIOS
Não sei qual febre de ausência me serve de console,
quando eu aporto no berço dos meus quantos devaneios,
nas constelações que dentro de mim explodem o teu nome,
nas campinas que eu sonho dormem todos os meus receios.
Dista o corpo da alma se do cromo vista o cruzeiro,
pois no encontro deito à beira-mar em plenitude,
numa seiva que escorre dos meus olhos tanto anseio,
quando noutros olhos vertem as lágrimas do meu açude.
Então seca o pranto quando descanso nesse outeiro,
beijo a solitude e num páramo faço o leito,
bebo orvalho e ouço nuvens pelos alpes que vagueio,
sinto um festival de estrelas no solo do teu peito.
CANÇÃO DA PAZ
Canto a harmonia branca apaziguando todas as raças,
a purificação dos credos em silenciosa oração matinal,
a pele de todas cores, num arco-íris em estado de graça,
tais vozes de mil crianças, entoando um coro angelical.
A verde bandeira da natureza em defesa dos animais,
as mãos do caboclo repartindo o grão saciando a fome,
o brilho de um olhar infantil voltando ao seio dos pais,
os mares despoluídos, canto anil em meu e em teu nome.
Ao pássaro que à arca retornou com o ramo de oliveira,
a suave poesia feito um incenso como as flores-de-jesus,
a música divina retirando todo guerreiro da trincheira,
e a canção da paz estiando o pranto com chuvas de luz.
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- 164 -
MINUANO
É minha a boca que cala o amor, o ódio e a dor;
mata-me o espelho uns olhares: são os meus, meu Deus!
De onde herdei o dom do silêncio e do penhor
se a indigna moeda olha os meus olhos vendo um réu?
Os cílios em flor desabrocham em orvalho
noturno: são as lágrimas legadas ao breu;
enquanto a alma beija o cisne em canto, eu calo
a língua, e apago a labareda do apogeu.
Sou a voz da cachoeira afogando um adeus,
a fala excluída e os ecos de mares distantes,
esmaecendo o coral... tão ébrio como dantes.
Soa uma luz afora e creio que nela vou eu,
vôo na cor da aurora azul, vejo o mirante,
a alba em anil... poeira ao minuano, eu somente.
RÉPLICA
Vêem como eu vozeio minha tamanha tristeza,
se nem o encontro do rio e do mar me acalma?
Quando afogo-me no dissabor de quantas proezas,
tão incerta embriago-me no sal de minha alma.
De onde vem tanta tristeza feito revelia,
qual impulso suicida da hora amordaçada?
Pego dela o que resta e num gesto sinfonia,
ergo braços num protesto e encerro a toada.
Sabe-se lá donde gotejo constante incerteza,
naufrago no côncavo mistério sem um convexo,
enveredo na ramagem duma fria profundeza,
e entristeço outra vez se vejo meu reflexo.
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- 165 -
SARAH RODRIGUES
http://cliente.argo.com.br/~sarahrodrigues
Belém/PA – Brasil
TEU RISO
De tua face
O meu rosário
Tece o nu
Da minha face
E como se me enlaçasse
Vem a tua face
A dizer-me do
Inevitável encanto
Que em mim
Se crava e que
De ti perfuma...
Nada é breve
Sempre que te vejo
O meu olhar
Se perde na paixão
E o coração
Se desarruma...
Teu riso é a luz
Do meu...
Tão e tanto
Que por encanto
O meu sorriso
É teu!
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- 166 -
MINHA BELÉM
Belém – menina morenacheia de orgulho e de brio.
Bela, formosa, serena
qual lindo sonho de rio.
Teus chãos parecem mais vastos!
-Há no teu peito gemidosTeus horizontes mais bastos
de mistérios escondidos...
Ao contemplar noite e dia
teu Ver-o-Peso bonito,
penso que o céu é baía
e a baía, o infinito!
Apraz-me ver a revolta,
das tardes nesta cidade,
da chuva que vai e volta
num murmurar de saudade...
No ar o teu cheiro cheiroso,
cheiro de Patichouli,
no braço, o abraço gostoso,
na boca, o gosto açaí.
No teu Teatro da Paz,
a platéia se derrama
e aplaude aquele que faz
a boa comédia e o drama.
Toda noite tem seresta,
no cantinho dos artistas,
o Bar do Parque faz festa
para os da terra e os turistas.
O Presídio São José,
hoje Pólo Joalheiro,
foi convento e foi até,
morada de prisioneiro.
Lá, ouvi soluços sem pousos,
gemidos e muito mais...
Umas, querendo os esposos;
outras, querendo seus pais!
Casa das Onze Janelas,
que outrora fora hospital,
hoje parecem mais belas
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- 167 -
numa aquarela imortal.
Com aquele porte nobre
que o Guará e a Garça têm,
no Mangal o rico e o pobre
são recebidos tão bem!
No mês de outubro, na data
do Círio de Nazaré,
olho a Berlinda enfeitada
com rosas de amor e fé.
Ante a imagem peregrina,
da Virgem, com devoção,
reza o povo à Mãe divina,
todos num só coração.
A emoção me faz chorar,
me fascina e me detém,
ao ver Maria passar
abençoando Belém!
Terra de moças faceiras,
que nos encanta e seduz.
És Cidade das Mangueiras,
cheia de verde e de luz!
PAI!
Pai! Quando tu partiste desta vida,
morri de angústia por te ter ausente,
e hoje a saudade é lágrima dorida,
como se falecesse de repente.
Agradeço-te pai! O amor, a vida,
e dou graças a tudo em minha mente,
porque és hoje no céu a paz sentida.
a lembrança do meu maior presente.
Deus! Protege com vosso amor profundo
esse amigo, o melhor, que achei no mundo,
que do meu coração ele não sai!..
Para que eu fique assim, postas as mãos,
e eu veja em minha mãe e em meu irmãos
a imagem sempre viva de meu pai!
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- 168 -
SER UM POETA? UM LOUCO?
O que dizer daquele que derrama
no turbilhão da vida, o pensamento?
Direi que sua loucura é verde flama
a sucumbir da estória, o sentimento?
O poeta e a loucura: o casamento
da vida que de vidas, nos proclama
um riso dentro da alma como um vento
a nos soprar os sonhos de quem ama.
Ser louco e ser poeta é ser somente
o que de certas lutas, o presente.
O que de certos dons, uma resposta.
Dentre este ser poético do louco,
o louco do poeta é sempre pouco,
já que de tudo a gente gosta.
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- 169 -
SHIRLEI MILANE DE MELLO
www.shirleibomdia.blig.ig.com.br
São Paulo/SP – Brasil
COMO FOI?
Será que me apaixonei por seu sorriso?
Será que comecei a te amar no seu olhar?
Talvez me encantei com teu jeito de falar
Talvez me enfeiticei com seu modo de andar
Observando seus porques me perguntei porque também
Observando seus talvez me interessei em ir além
Te conhecendo pouco a pouco quis mais te conhecer
Te conhecendo mais um pouco tive medo de perder
Perder o seu sorriso que tanto me encantou
Perder seu jeito meigo que muito me emocionou
Queria te ter perto, ter para mim o seu calor
Queria te ter longe, não sentir todo esse amor
MENSAGEM DA ERA DE AQUÁRIO
Os homens estarão em estado natural quando olharem para os rios e
sentirem-se parte deles.... Sentirem-se como a água que corre para o
mar; Quando olharem as flores dos campos e perceberem nelas um
oceano de paz, uma porta para se integrarem conscientemente com a
verdade; Quando ouvirem o canto dos pássaros e compreenderem o
que eles dizem sobre a sabedoria manifestadora do sol, da
benevolência das chuvas e da vasta natureza do universo; Quando
lerem nos olhos dos animais que eles estão pedindo um agrado e
palavras carinhosas; Quando, de olhos fechados, continuarem a
perceber as cores do universo; Quando com um simples gesto de suas
mãos acalmarem a ira dos homens ou o desespero das pessoas
doentes; Quando uma palavra de amor e um sorriso, iluminarem o
caminho de todos; Quando se conscientizarem do estado natural, do
estado sem ego... Serão iguais aos rios, mares, flores, pássaros:
vastos, plenos como o universo e conscientes do Divino Ser...
Quando os homens retornarem a consciência do Divino conhecerão o
real significado do Amor Supremo.
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- 170 -
DESEJO
Se no mundo eu soubesse que existisse um coração
que só por mim palpitasse, de amor em terna expansão
no meu peito findariam as mágoas e bem feliz eu seria então.
E se esse homem fosse lindo, lindo como os anjos são
se tivesse a tez morena e olhos com expressão
verdes, verdes que matassem e que morressem de paixão
impondo, sempre tiranos, um jogo de sedução.
Se seus cabelos fossem escuros, lá loiros é que não!
E se quedassem revoltos ao encontro de minha mão
se a fronte pura e serena brilhasse de emoção
se tivesse os lábios rubros e beijasse com paixão.
Se a voz fosse harmoniosa como da harpa a vibração
se fosse suave e chorosa que geme na solidão
apaixonada e sentida como do bardo a canção.
E se esse homem formoso que me aparece em visão,
com espírito contente em busca de inspiração,
possuísse uma alma ardente fosse de amor um vulcão
por ele daria tudo... a vida, o céu, a razão!!!!
ACIMA DA TEMPESTADE
Você já voou acima da tempestade? Quando o mundo parece estar
ruindo, caindo aos pedaços, a escuridão riscada por raios o barulho
ensurdecedor dos trovões e a vida parece estar acabando, Então o
mundo se eleva e você se vê entre as nuvens a escuridão à sua volta
com medo de ser atingido por um raio distraído...
De repente tudo muda você olha ao redor e não há nuvens nem raios
o barulho dos trovões está distante tão distante como uma lembrança
de infância. E tudo que resta da tempestade existe abaixo de você
sem poder te tocar. Você sabe que uma hora terá que descer, enfrentar
a chuva e o frio mas por enquanto só fica ali aproveitando a calmaria a
tranquilidade de pairar acima de seus temores acima da escuridão....
Você já se sentiu assim? Como voando acima da tempestade? Me sinto
assim em minha vida por alguns momentos, agora como se eu
estivesse apenas flutuando sobre as nuvens, raios e trovões que
existem povoam meu momento... Olho de cima para minha vida e sei
que tenho que descer enfrentar meus monstros de frente mas fico por
aqui aproveitando por mais um instante a calma e a paz de voar por
sobre a tempestade.
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- 171 -
MEU SUSTENTO...
Dizer que estou com saudades já até virou rotina talvez nem
te convença mais, mas, desculpe dizer novamente,
só que realmente estou com saudade!
Ultimamente mais que o normal, se é que é possível,
me falta sua voz, seu riso, seu sorriso sincero ou semblante sério
sua presença mesmo ausente, mesmo distante fisicamente,
sempre foi um dos pilares da minha existência.
Mesmo não te vendo te sabia próximo,
mesmo não nos falando te sabia ali...
Mas hoje eu me sinto desamparada, perdida, esquecida, carente...
Provavelmente é algo momentâneo, algo bobo, irracional, que o faria
dizer: “Gatinha, calma, isso passa, a vida é assim, não desanima, ergue
a cabeça, sorria, vá em frente”
Mesmo que não falasse nada disso, só sorrisse ou só me olhasse,
o que preciso é sua presença física, preciso de um abraço, pegar suas
mãos... preciso, necessito sua voz, contando problemas,
ou falando da vida, banalidades...
Sinto falta de alguém, você, me puxar para o real e me fazer ver que eu
sou maior, mais forte, que os problemas, pessoas, que me deprimem.
Mesmo que nunca tenha te dito claramente
você sempre foi meu porto, um tipo de âncora,
a referência quando me sentia perdida minha estrela,
meu guia, o norte, o dia...
Quando me perdia em suposições e sonhos
te saber ai me dava vontade de continuar...
e faz tanto tempo que nos falamos,
que ouvi sua voz, mas hoje, mais que sempre,
mais que antes estou sozinha, com saudade
pode parecer estranho, engraçado, mas tem momentos que sinto que
só você me entende ou então compreende e mesmo sem concordar
procura opinar sem me ferir
Sei que também deve ter seus problemas mas,
se tiver um tempinho, me manda um oi
algo onde eu possa me sustentar algo que me garanta
que ainda está ai para mim e que me diga que eu possa seguir,
continuar sabendo que se precisar de um ombro para chorar
eu o terei em você, meu amigo, criança, consolo,
apoio no toque do violão, “Vitrine Viva” da vida,
esperança, caminho, brincadeiras, carinho, amor...
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- 172 -
PARA VOCÊ LEMBRAR DE MIM
Para você lembrar de mim seu coração não me esquecer
escrevo esta poesia pensamento todo em você
Na confusão do dia a dia, na indecisão de uma dúvida
seus olhos iluminam o caminho a seguir
Mesmo separados pelo tempo, a distância entre nós
sem estarmos nunca juntos, quando quiser pensar em mim
lembre dos sorrisos derramados, os versos não declamados,
as madrugadas em silêncio, apenas no toque das mãos,
que ficavam entrelaçadas imaginando uma continuação
de um romance inexistente, só real na imaginação
Para você lembrar de mim, seu coração poder recordar
meus lábios esperando um beijo seu, nos encontros de amigos,
na dor de qualquer coisa, ou ciúme bobo que senti, quando não te vi ali
não te soube ao lado meu
Meus olhos buscando você, para me apoiar na caminhada
O tempo é como inimigo: tão rápido quando estou contigo
tão lento quando não te vejo, aprofundando esta ferida
causada pela sua ausência....
Quisera por toda eternidade escrever os sentimentos de você...
Para você lembrar de mim, seu coração não me esquecer
escrevi esta poesia e a dedico a você!
INDECISÃO
Medo de amar, medo de achar
E de perder...
De repente posso encontrar
E ser feliz.
Mas, amor, será que existe?
Não será ilusão que persiste
Em querer me alucinar?
Paixão... Não será imaginação?
Ter você me completa,
Mas a idéia de te perder me desperta
Então, eu paro e penso: Te dispenso!!
Sem querer que você vá
Porque eu sei que vou te amar...
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- 173 -
SOLANGE RECH
Florianópolis/SC – Brasil
FAZ-TE AO LARGO
Não sejas o barco inerte
que enferruja, preso ao cais,
temendo a noite e a procela.
Faz-te ao largo
- mangas arregaçadas,
braços firmes no remo sem medo de te expor.
Ajusta as velas,
arrosta o nevoeiro.
É possível que, além dele,
num mundo que não se vê,
o teu amor te espere
preso a um resto de naufrágio.
Faz-te ao largo
antes que o náufrago sucumba
e percas o teu amado.
Ousa, enfrenta, arroja-te,
sente o pulsar do cosmo,
que viver é definir-se,
viver tem gosto de briga.
Ah!, não sabes quanto é estéril
a vida dos barcos que apodrecem
sozinhos, mudos e tristes,
sempre a olhar para o nada.
SAUDADE
Saudade, às vezes me espanto
por te sentir tão pesada.
Como pode pesar tanto
um saco cheio... de nada?
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- 174 -
IMENSO AMOR O MEU
Imenso amor o meu, de tal jaez
Que minha alma, liberta da couraça
Do egoísmo, da mágoa, da aridez,
Vive no espaço que esse amor lhe traça.
Dia após dia, mês depois de mês,
Sigo teus passos, preso à tua graça.
És a resposta a todos os porquês
E a afirmação de que nem tudo passa.
Quando disseste “vem comigo”, eu vim
Pois eras a esperança, eras meu sonho
Mais divino, mais puro, mais pudico.
Como a lei natural impõe um fim,
Morra eu, que de matéria me componho,
Mas nunca morra o amor que te dedico.
SÓ PODE SER O AMOR
Uma dor, que não dói mas me machuca,
Nó que não corto por gostar que prenda,
Saudade que aparece sem agenda,
Cadeia que eu me fiz, minha arapuca.
Lição que não ensina mas educa,
Segredo que a razão jamais desvenda,
Paz que enche de perfume a minha tenda,
Febre sem causa, comichão maluca.
Este bem, este mal, que me freqüenta,
Que ora é calma, ora é fúria de tormenta,
Que faz de mim um bobo sonhador,
Tem nome, sim, e eu desvairado o sigo,
Sem saber se é meu prêmio ou meu castigo,
Pois é tudo isto, e muito mais, o amor.
------------------------------------------------------------------------------2ª Antologia Poética-Literária / Edição Histórica – AVBL
- 175 -
SALMO DO POETA
O poeta florescerá para bem do homem.
Ele há de retemperar a esperança
quando a multidão se sentir desnutrida,
carente do pão da palavra.
Com a bíblia dos seus versos
e o cajado da mensagem,
o poeta guiará a humanidade,
fazendo prazerosa a travessia da vida.
Seus poemas serão antídoto para a ignomínia,
porque vergastarão a mentira,
restaurando a crença no puro e no belo.
O poeta há de ser como o galho do chorão
que, ao se debruçar sobre as águas do rio,
recupera a seiva em época de estiagem.
E assim alimentado, alimentará o seu povo.
Eterno embaixador de deuses intemporais,
o poeta não clamará no deserto,
mas na alma angustiada das gentes.
ANJO
Aos poucos, fui tomando este jeito de anjo.
A culpa é da poesia,
que me obriga a viver nas nuvens
para melhor tecer as palavras.
CONTABILIDADE
Acostumado a viver de poesia,
contabilizo como haveres financeiros
as rimas ricas.
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- 176 -
O PREÇO DO AMOR
Enganas-te, mortal, quando tu pensas
Que no campo do amor só nascem flores.
Ervas daninhas há, de negras cores,
Na forma de ciúmes e de ofensas.
A paixão anula o ego, abala as crenças,
E vai contigo aonde acaso fores.
Porém, quão fortes sejam os temores,
Mais as amarras se apresentam densas.
Pois, para compensar os desenganos,
Deus Cupido permite a nós, humanos,
O amor pleno em momentos bem fugazes.
Se podes reparar mágoas e danos
E tens o amor para lembrar mil anos,
Chorar tristeza é mal que tu te fazes.
SONETO DA PAIXÃO ETERNA
Bem sei o quanto a minha amada é linda
Pois dessa formosura me alimento
E são muitos os versos que eu invento
No afã de preparar a sua vinda.
Talvez ela nem venha (dor infinda!)
Ou se mostre incorpórea como o vento,
Beijando as minhas faces num momento,
Só para apaixonar-me mais ainda.
Ah! – se pudesse crer... Reencarnação!
É que o ardor com que vivo essa paixão
Não cabe dentro de uma só jornada.
Eu morto, o anjo dirá: “Amigo, à lida.
Vai viver esse amor em nova vida,
Pois sabemos quão bela é tua amada!”
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- 177 -
SONIA EMIDIA SANTOS MACIEL
Capim Grosso/BA – Brasil
RESPLANDECE
Chore...
Deixe extravasar teu sentimento.
Permita que teu espírito se tranqüilize.
Sorria...
Torne a esperança o teu lema.
Faça com que o teu eu se sinta feliz.
Cante...
Liberte tua voz para o mundo.
Arranque toda dor que te sufoca.
Ouse...
Enfrente com coragem os obstáculos.
Arrisque até mesmo o que parece impossível.
Sonhe...
Acredite que virão sempre dias melhores.
Deseje alcançar até o inatingível.
Perdoe...
Elimine todo ressentimento que te deprime.
Mantenha o teu coração sereno.
Ame...
Compartilhe com o outro lágrimas e risos.
Fiquem em paz consigo e com o mundo.
Viva...
Busque na tua essência a sabedoria.
Brilhe e faça resplandecer a tua luz em outras vidas.
10.06.2001
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- 178 -
TEMOS NOSSOS SONHOS
Siga seus sonhos
Eles lhe levarão
Na direção mais certa
Para a sua conquista
É preciso coragem
Renúncia, doação
E humildade dentro do coração
Siga-os então...
Voe o mais alto
Que você puder
Diga a si mesmo:
Nunca perco a fé
Vença os tropeços
Levante e siga a intuição
E lembre que com os sonhos vem a emoção,
Mas... encontre a razão
Siga em frente
Esqueça o que passou
Ou leve contigo
O que de bom restou
Deixe que o vento
Sopre a teu favor
E lembre que com os sonhos, também, vem a dor
Mas ...se encontre no amor
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- 179 -
AMA ME COMO SE FOSSE MINHA PRIMEIRA VEZ
Chega devagar
Olha em meus olhos
Abraça-me docilmente
Beija-me carinhosamente
Despe-me calmamente
Toca-me suavemente
Diz-me palavras de amor
Ama-me como se fosse a minha primeira vez
E que esse momento venha sem medo, sem furor, sem dor
Torna-me uma deusa e/ou uma mulher num desabrochar de uma flor
Seduz com o teu olhar o meu entregar
E quando o fogo do desejo arder de não mais pudermos controlar
Entrelaça o meu corpo num encantador arrebatar
E leva-me a descobrir o verdadeiro extasiar
Prova meu néctar, saboreia meu mel
E leva-me ao nosso céu.
E que esse rito seja o início
Da passagem pro infinito
Da libertação de um grito
Contido no íntimo do mais íntimo
23/06/2001
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- 180 -
SENTIMENTO ETERNO
Você é a marca do amor que em mim começa
E estará onde ele termina e jaz
Pois em todos os momentos de minha vida
De agora até que eu morra
Este sentimento por ti permanecerá
Você me faz voar sem asas
Me faz sonhar os sonhos mais impossíveis
Me faz guardar os segredos mais irreveláveis
Me faz despir os complexos mais dissimulados
Me faz repensar nos valores mais absolutos
Me faz imaginar momentos outrora não vividos
Me faz explodir os desejos mais contidos
Me faz ousar me permitir...
Me faz ter tua companhia mesmo na dor de tua ausência
Me faz chorar de saudade mesmo tendo tua presença
Me faz sentir na essência do amor prazer e dor
Me faz criar poesias com e sem rima
Me faz revelar momentos de auto-estima
Me faz enxergar o mundo e a mim mesma através dos teus olhos
O mundo, com seus encantos e desencantos diante dos homens
A mim mesma, como um ser frágil diante do amor e de Deus.
Em mim há muito de você
Desfazer-me de você é o mesmo que desfazer-me
Perdendo você estarei perdendo a mim mesma
Este sentimento que tenho por ti será eterno
Porque tu és e serás
O único que permitirei permanecer no meu coração e na minha alma,
Para sempre...
16.01.2001
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- 181 -
TEKA JORGE
www.tekajorge.com.br
São Paulo/SP – Brasil
RENASCIDA
Passaram os anos e as horas estão cada dia mais curtas.
Tenho a impressão que tudo se passou com outrem.
As situações efêmeras já não me abalam.
A minha alegria de hoje é real e pura
Cada momento é verdadeiro
longo ou curto intenso imortal.
Em minha alma, gravadas estão lembranças lindas
Realidades ocultas que deixarei um dia aqui
Vivência de uma nova era infinda e bela
Oportunidade concedida e única
Maturidade sofrida sentida
vida pregressa vida atual
Voltei transformada e liberta de um passado triste
Reatei meus laços com minha caminhada
Observei os passos dados e o que faltava
Imaginei o que fazer ainda de mim
Deixei de lado a minha dor
continuei enfim realizei sim.
Renascida aprendi com as histórias que vivi
É possível continuar e até desanimar
Tropeçar , mas levantar sorrir
estou aqui assim tão firme
porque não faz de mim a vida o que quiser
mas faço eu dela o que puder.
Digo aos que amam o que sinto, sem vergonha
Nada falo se não for preciso
Sinto as flores e o seu perfume
Olho as pessoas como nunca as tivesse visto
Sorrio com as crianças elas são parte de mim
Dou bom dia ao sole boa noite a lua
Espero sempre feliz um novo dia
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- 182 -
O COMEÇO
O dia estava tranqüilo e tão ensolarado,
Tudo parecia estar em seu lugar
As pessoas agindo de maneira comum
Móveis e objetos me olhavam de forma mais sensível
Que a mesmice dos dias passados
Quem podia imaginar que até a noite
Nada de tão diferente estava para acontecer
Continuei em meus afazeres rotineiros
Meu peito doía de solidão e abandono
Como se estivesse a me despedir de coisas
Do meu jeito olhei tudo e cada coisa como a me despedir
Fui ao jardim e vi minhas azaléias
Brancas e rosas parecerem tão normais
O sol brilhava forte em minha testa
Comecei agindo, limpando e cozinhando ,
as mesmas atitudes de todos os dias
pareciam automáticas, e eu uma daquelas mulheres robóticas
Sequer podia imaginar que tudo mudaria tão rápido
Minha cabecinha quase infantil nada atingia
Tinha certeza de que esse era meu lugar e minha moradia
Meus olhos nada viam além
Meus filhos alimentados me esperavam brincando
Tomei banho , perfumada e feliz, sorri
Brinquei com os dois, contei-lhes uma história
O sono chegou e cantei para adormecerem e sonhar
Deitei e tão cansada cochilei profunda e mansamente
Foi quando ele chegou com cheiro de rua e chorei
ao escutar palavras que não entendia desmaiei
Bem de longe podia ainda ouvir sua voz alta e rude
Dizia para eu acordar e parar de fingir
Voltar, ficar e explicar o que tinha feito o dia inteiro
E quanto mais sua voz se levantava,
O meu medo aumentava e foi aí que
Sem nada perceber ou querer
Parei de ouvir sua voz e comecei a ver meu corpo
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- 183 -
O MEDO
Aconteceu tudo tão rápido que de repente sem perceber
Eu estava enxergando meu corpo solto no ar
Flutuava como se estivesse voando solta
Me vi branca e de tão branca não me enxergava
Assustada queria entender onde estava ou para onde iria
Mas não existia nada perto de mim
Só névoas sem fim
Passeava pelas nuvens que de tão alvas e transparentes
me fizeram sentir parte do firmamento
A sensação demorada e cheia de medo ocultou o tempo
Tentava andar e não conseguia porque estava solta
uma mistura de medo e liberdade infinita
Mas mesmo sem entender nada me deixei levar
Nas névoas sem fim
Comecei a perceber que entre as nuvens tinham árvores
Enormes e em seus galhos longos muitos flocos brancos
As árvores se abriram e entre elas um caminho
Mas não era de terra, mais parecia algodão
Um vulto claro iluminado pegou minha mão
Entramos nesse caminho andando devagar
E meu medo passou
E nesse instante percebi realmente que não estava aqui
Em cada lado desse caminho vi pessoas parentes
Entes queridos que também estavam ali
Eu olhava tudo com deslumbramento e alegria
Tive a certeza de estar morta e salva
Feliz segui em frente curiosa
Ouvi uma voz
Fixei meus olhos atentamente precisava ver se sonhava
Mas era verdade eu estava vivenciando tudo
Meus avós e outros espíritos sorriam para mim, foi
quando o ancião que ainda segurava minha mão pediu que eu
parasse mas eu queria seguir, chegar perto daquelas duas crianças
que sorriam e me chamavam; - mamãe , somos nós seus filhos , e
foi aí que chorei então .
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- 184 -
AMADA
Quando abro meus olhos nas manhãs mesmo com sono
Viajo sempre em minhas orações plangentes e fortes
Divago no retrospecto de minha vida certa ou errada
Acabo de rezar e meu coração se enche de amor
Como se cada prece se completa num abraço
Então me sinto lépida e rápida me levanto.
Quanta coisa acontecida, e certamente farta.
Que situações seriam estas que me faltaram.
Revigorada em minha alegria de viver
Agradeço por quanto sou amada.
Solto meus cabelos e sinto o beijo do vento.
Vivo minha vida simplesmente como sou.
Da mesma forma a vida me retorna
Intensamente relembro situações.
Comuns ou não, o que tem, já não importa.
Sei que estou vivendo minha vida como ela é.
Sou passageira, peregrina, que retém lembranças.
Mas o que com certeza eu tenho em minha alma,
Jamais sabotei meus sentimentos,
Certamente fui e sou ainda muito amada.
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- 185 -
YARA NAZARÉ
www.yaranazare.com
Brasília/DF – Brasil
NUVEM TRANSPARENTE
Diante de um quê de tristeza
A mulher, olhar fixo nas estrelas
Derrama uma lágrima sorrateira
Que aflora na sua face rosada
Pelas suas marcas de expressão
Que o passar do tempo inexorável
Desenhou com toda perfeição.
Seu rosto esboça um terno sorriso
E seu semblante volta a serenar
Em instantes esquece a dor sentida
Pois no peito traz a doce esperança
De que dias melhores vão chegar.
Percorre pelos caminhos floridos
Nas alamedas enfeitadas de cores
No ar sente o aroma das flores
Seu íntimo deseja com veemência
Ter vida tranquila, alegre e feliz.
No céu as nuvens transparentes
Permitem que veja pássaros a voar
Sob a luz do sol que brilha a dizer...
Calma! Felicidade existe em todo lugar
E tu mulher, enxuga esta tua lágrima
Tenhas sempre contigo a certeza
A felicidade para ti logo chegará!
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- 186 -
NOSSO SÓTÃO
No sótão da nossa morada
Guardo somente as lembranças
Dos momentos bem vividos
Releio tuas ternas palavras
Escritas no papel amarelado
Pelo tempo já transcorrido.
Contemplo pela janela
A nossa estrada florida
Onde por ela passamos
Arquitetando os planos
De realizar nossos sonhos
E tantas vezes trocamos
Carícias e juras de amor.
Observo a chuva miúda
Caindo gota por gota
Regando o nosso jardim
Faz co que exale o cheiro
De terra molhada e fértil
Que realça a riqueza
Do colorido das flores
Que nós dois plantamos
Com sementes escolhidas
E hoje colhemos os frutos
De um doce e terno viver
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- 187 -
ALEGRATA
Ando em largas passadas
Canso e diminuo com calma
O ritmo dos meus passos
Em busca de um caminho
Que me leve ao lugar desejado.
Não, não quero ir "pra Pasárgada"
O poeta Manuel Bandeira já foi
E muito contente, por lá ficou
Com tudo de bom que encontrou.
Mas já fiz a minha escolha
Seguir as cores do arco-íris
Para chegar em Alegrata
E se ela existe... não sei
Mas com certeza a inventei
Em momento de lucidez!
Não importa se lá não tem...
A rainha com falsa demência
Nem um lendário peixe-boi
Pra suas histórias me contar.
Não, não vou me importar
Se o rei um amigo já tem.
O que sei é que lá terei
O que sempre procurei.
Um sorriso estampado
Em cada face animada
Um brilho de intensa alegria
Em cada olhar que avistar
A sinceridade sendo a base
Dos seres que vivem lá.
Seres de todas as cores
Que falem o idioma de amores
Mesmo sem grande saber...
Sendo em qualquer remoque
O que importa é querer ser!
Em Alegrata estarei segura
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- 188 -
Com o processo a garantir
O direito de eu ser feliz.
De escolher com liberdade
Ser insana ou comedida
Viver longe da mesquinhez
Sem tristeza, sem melancolia.
E quando o dia se findar
Como o poeta, vou deitar
Agradecer, sorrir e sonhar...
Que em Alegrata estou a chegar!
A ROSA
Ainda guardo a rosa
Daquela noite de encantos
Que abrandou o meu pranto
De saudade da espera.
Guardei-a entre as páginas
Do meu livro preferido
E já ressecada pelo tempo
Ainda guarda o perfume
E as lembranças distantes
Da lida e troca de carícias
Dos momentos bem vividos
Dos sorrisos divididos
Foram... e são tantos...
Tão presentes em nós dois!
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TÍTULO: 2ª ANTOLOGIA POÉTICA-LITERÁRIA
EDIÇÃO HISTÓRICA - AVBL
Autores: Diversos
189 páginas
COORDENAÇÃO-GERAL
Maria Inês Simões e Gerson F. Filho
CAPA
Maria Inês Simões
Ruth Lara Godoy
EDITORA AVBL
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Editora AVBL - Rosimeire Leal da Motta