ANÁLISE | Visão de raio-x Listagem de hardware ANÁLISE Visão de raio-x Que componentes fazem parte de seu computador? A ferramenta lshw revela detalhes do hardware que você talvez não encontre nem mesmo na especificação do fabricante. por Karsten Günther Q ualquer tipo de hardware detectado pelo kernel e seus módulos deixarão traços nos arquivos de log ou nos pseudo arquivos de sistemas /proc e /sys. Obter essas informações manualmente pode ser um processo que tomará muito tempo; sendo assim, algumas distribuições tentaram – com sucesso variado – tirar esse ônus dos ombros dos usuários. Em contraste a essas ferramentas, o lshw [1] trabalha bem em qualquer plataforma e exibe os resultados de uma forma inteligente. O nome lshw é o acrônimo para list hardware (listar hardware) e o aplicativo descobre todos os detalhes dos componentes do hardware, como CPU, módulos de memória ou interfaces IDE, que podem incluir placas de som, placas gráficas ou drives externos. A ferramenta pode ser executada em linha de comando e você precisará configurar algumas opções para controlá-la (tabela 1). O primeiro grupo de opções controla o formato da saída. Por padrão, as saídas do lshw são em texto plano para um terminal, a partir do qual é inicializado (listagem 1), o que é prático se você precisar arquivar a saída ou processá-la automaticamente (por exemplo, filtrar e processar as linhas de saída: lshw … | grep size …). A opção -xml fornece um completo e interessante documentado formatado em XML, que é útil para arquivamento em base de dados. Páginas HTML são preferíveis se você precisa de uma saída que seja mais amigável para leitura, sendo assim, a opção -html (em minúsculo) deve ser usada, nesse caso. O parâmetro -X inicializa uma interface gráfica. Para uma rápida visão geral, em vez das incrivelmente detalhadas informações que o lshw exibe por padrão, você pode usar as opções -businfo e -short. Detalhes Figura 1 A interface gráfica lshw-gtk facilita o acesso à árvore de informações; no entanto, esta não oferece suporte a todas as opções que estão disponíveis na ferramenta em linha de comando. 68 Sem privilégios de root, o lshw tem apenas acesso limitado as informações do sistema, então a saída de dados é igualmente pobre e deixa de exibir muitos detalhes importantes. Normalmente, você irá notar que será necessário alterar seu acesso para o usuário root (sudo lshw) para executar o comando. www.linuxmagazine.com.br Visão de raio-X | ANÁLISE Opção Descrição -html Gera saída em HTML -xml Gera saída em XML -short Exibe um pequeno sumário -businfo Gera saída com informações de barramento -X Usa a interface gráfica Ação Descrição -c, -C, -class class Exibe informações de classe -disable test Não executa testes -enable test Executa testes -quiet Esconde a barra de status -sanitize Esconde informações confidenciais -numeric Exibe Ids numéricos Tabela 1 Opções importantes do lshw As várias opções permitem que você modifique a saída para refletir suas necessidades. Para fazer isso, use classes (tabela 2) e execute alguns testes (tabela 3). A opção -sanitize diz ao lshw para substituir informações confidenciais (como números seriais e endereços IP) pela string [REMOVED], ou removido, em português. Essa opção será util se você quiser passar informações para um terceiro, como por exemplo, se você precisa fazer uma pergunta em um fórum. A opção -quiet evita que o lshw envie a saída da classe que ele está testando no momento para o terminal e a opção -numeric faz exatamente o contrário: ela exibe os IDs númericos de dispositivos PCI, USB e outros. O utilitário lshw exibe a saída para classes individuais em uma estrutura de árvore. Os “nós” são marcados com uma das quatro palavras-chaves: ➧ CLAIMED – (solicitado ou reclamado): um driver adequado existe e está carregado (o lshw frequentemente exibe a informação para isso diretamente). ➧ UNCLAIMED – (não solicitado ou não reclamado): classes para as quais (atualmente) não existem drivers. ➧ ENABLE – (habilitado): classes com drivers totalmente operacio- Linux Magazine #77 | Abril de 2011 nais (o lshw requentemente exibe a informação para isso diretamente). ➧ DISABLE – (desabilitado): existe um problema com o driver. Para interpretar os detalhes, você precisa que as saídas das seções size (tamanho) e capacity (capacidade) dependem da classe. Elas diferem dependendo se você estiver analisando uma CPU ou dispositivo de armazenamento (storage). A palavras-chave serial está relacionada aos números seriais dos dispositivos como discos rígidos, chips de memória, proces- sadores ou placas-mãe. Ela exibe o endereço MAC para dispositivos de rede e o GUID (identificador único) das partições. Discos rígidos com múltiplas partições lógicas aparecem várias vezes: como partições lógicas e nas partições estendidas que as contém. O lshw resume os recursos das classes na opção capabilities (recursos); novamente aqui a interpretação depende do tipo de dispositivo. Interface gráfica Uma interface gráfica está disponível para o lshw, chamada de lshw-gtk. Para inicializar a interface gráfica diretamente, digite seu nome ou inclua a opção -X no lshw. Uma visualização gráfica, em formato de árvore, das informações coletadas pelo lshw é o resultado exibido. A informação está aninhada em três camadas e um clique duplo leva você a próxima camada. Esse processo somente funciona para os itens exibidos em negrito, na tela, que é a forma que o lshw utiliza para indicar que o item subordinado existe. A esquerda, a janela exibe as informações. A interface gráfica não Classe Descrição address Endereços de memória para extensões de memória de vídeo ou ROM bridge PCI-to-PCI, AGP, PCMCIA bus Barramentos, sem nenhum hardware conectado communication Modem e porta serial disk Drivers (incluindo fíicos) display Componentes gráficos (sem o display) generic Outros componentes input Teclados, mouses e joysticks memory RAM, BIOS e firmware multimedia Som, TV e placas de vídeo network Bluetooth, Ethernet, FDDI e WLAN power Baterias e fontes de energia printer Impressoras e e dispositivos multifuncionais processor Controladora de CPU e RAID storage Controladora IDE e SCSI system Tipo de sistema: Laptop, Desktop, Servidor ou Computador tape Dispositivos DAT/DDS volume Sistemas de arquivos e partições Tabela 2 Classes 69 ANÁLISE | Visão de raio-x Listagem 1: Comando lshw 01 02 03 04 05 # lshw ... *-multimedia description: Audio device product: Azalia Audio Controller 06 vendor: Silicon Integrated Systems [SiS] 07 physical id: f 08 bus info: pci@0000:00:0f.0 09 version: 00 10 width: 32 bits 11 clock: 33MHz 12 capabilities: pm bus_master cap_list 13 configuration: driver=HDA Intel latency=0 maxlatency=11 mingnt=52 14 resources: irq:18 memory:d4200000-d4203fff 15 ... 16 *-usb:1 17 description: USB Controller 18 product: USB 1.1 Controller 19 vendor: Silicon Integrated Systems [SiS] 20 physical id: 3.1 21 bus info: pci@0000:00:03.1 22 version: 0f 23 width: 32 bits 24 clock: 33MHz 25 capabilities: bus_master 26 configuration: driver=ohci_hcd latency=32 maxlatency=80 27 resources: irq:21 memory:d4205000-d4205fff 28 *-usb:2 29 description: USB Controller 30 product: USB 2.0 Controller 31 vendor: Silicon Integrated Systems [SiS] 32 physical id: 3.3 33 bus info: pci@0000:00:03.3 34 version: 00 35 width: 32 bits 36 clock: 33MHz 37 capabilities: pm debug bus_ master cap_list 38 configuration: driver=ehci_ hcd latency=32 maxlatency=80 39 resources: irq:22 memory:d4206000-d4206fff 40 ... 70 Teste Descrição cpuid Analisa o ID da CPU cpuinfo Dados da CPU device-tree Árvore de dispositivos OpenFirmware (PowerPC) dmi Extensões DMI/SMBIOS ide Dispositivos legados IDE e ATAPI isapnp Extensões ISA PnP pci Dispositivos PCI e AGP pcmcia Extensões de cartão PCMCIA e PC memory Quantidade de memória heurética network Interfaces de rede scsi Dispositivos SCSI reais e simulados spd Detecção de presença de dispositivo serial [2] usb Todos os dispositivos USB Tabela 3 Testes suporta todos as opções de linha de comando e você precisa testar para localizar entradas específicas. Conclusão Com algum conhecimento básico de hardware e um pouco de paciência, o lshw acaba sendo uma ferramenta útil, pois possui controles simples. O usuário tem acesso a uma quantidade enorme de informações sobre o hardware utilizado na máquina local e, em alguns casos, o utilitário revela informações que as especificações do fabricante deixaram de mencionar. Além disso, ter uma boa conexão de Internet é aconselhável para que você possa usá-la para preencher as lacunas, mas o lshw já inclui uma generosa documentação de ajuda feita por especialistas, em suas saídas. O acesso a interface gráfica é fácil em um primeiro momento, mas, se depois você precisar executar a ferramenta em múltiplas máquinas, descobrirá que a linha de comando oferece uma abordagem mais elegante e completa. Depois de conectar um novo hardware, a detecção com o lshw rapidamente criará uma nova entrada em sua base de dados de informações de hardware, que não poderia ter sido criada se o mesmo tivesse falhado. O programa apenas mostrará o que o hardware revela sobre si próprio, sendo assim, os dados nem sempre estarão completos. No caso da placa ATI Radeon X1600, usada na máquina em meu laboratório, por exemplo, o lshw informou os dados corretos do produto para a porta padrão, mas somente a observação ATI Technologies Inc, ou seja, o nome do fabricante, para a segunda. Novamente, você precisa interpretar os detalhes corretamente se quiser obter resultados significativos. ■ Mais informações [1] Website do lshw: http:// ezix.org/project/ wiki/HardwareLiSter [2] Detecção de presença de dispositivo serial: http:// en.wikipedia.org/wiki/ Serial_presence_detect Gostou do artigo? tigo? Queremos ouvir sua opinião. Fale conosco em m [email protected] gazine.com br Este artigo no nosso osso site: e: http://lnm.com.br/article/5037 br/art 503 www.linuxmagazine.com.br Visão de raio-X | ANÁLISE Tem novidade na Coleção Academy! Principais comandos de configuração de um roteador Cisco Temas e configurações avançadas Segurança, dicas, truques e resolução de problemas Em março de 2010, a Cisco apresentou a plataforma de roteadores CRS-3, alegadamente a mais veloz do mundo (por enquanto), com um poder de processamento de 322 Terabits por segundo (Tbps). Este é o tipo de tecnologia que é desenvolvida a cada minuto, e que nos permite usufruir de ferramentas como áudio e vídeos online, transmissão de televisão via Internet, computação em nuvens, e tantas outras. Conhecer como funciona um roteador – peça chave no processo de transmissão de dados de um ponto a outro – e saber como configurá-lo para que desempenhe sua função com eficiência pode ser um grande diferencial na hora de lançar-se ao mercado em busca de um novo desafio. A demanda por profissionais com este conhecimento já está aí. O desafio agora é preparar-se adequadamente para supri-la. Este livro tem por objetivo apresentar ao leitor comandos e técnicas de configuração básica de roteadores Cisco visando atingir alguns objetivos específicos, tornando o profissional apto a instalar e configurar um roteador de maneira clara e precisa. Disponível no site www.LinuxMagazine.com.br Linux Magazine #77 | Abril de 2011 71