Programa de Pré-Iniciação Científica da Universidade de São Paulo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Escola Técnica Engenheiro Agrônomo Narciso de Medeiros Escola Técnica de Registro RELATÓRIO RESULTADOS DO PROJETO DE PESQUISA EXPERIÊNCIAS DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO VALE DO RIBEIRA/SP QUILOMBO IVAPORUNDUVA (ELDORADO/SP) Agosto de 2013 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Índice 1. Introdução _________________________________________________ 04 2. Objetivos específicos da pesquisa ____________________________ 06 3. Método de trabalho _________________________________________ 07 4. Descrição dos resultados da pesquisa _________________________ 09 4.1 Turismo _______________________________________________ 09 4.2 Juventude _____________________________________________ 17 4.3 Práticas Culturais e Identidade _________________________ 26 4.4 Arte ___________________________________________________ 33 4.5 Política ________________________________________________ 36 5. Considerações finais __________________________________________ 40 6. Equipe de trabalho ___________________________________________ 42 7. Instrumentos de pesquisa _____________________________________ 43 2 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Fotos: Elisandra Carina Amendola, Lineu Norio Kohatsu, Mayne Alves de Araujo e Valéria Silva. 3 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 1. Introdução O turismo é uma atividade considerada de suma importância para o desenvolvimento de muitos países devido ao seu potencial de geração de trabalho e renda, pois envolve a utilização de uma gama de bens e serviços, voltados para a satisfação das diferentes necessidades dos turistas, com uma força significativa de distribuição de recursos e uma demanda de investimento menor que outras atividades econômicas. Segundo o autor Oscar de La Torre (1992), o turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural. Desta forma o turismo também é considerado um promotor da interação e relações entre pessoas, seja entre os que viajam, no caso os próprios turistas, ou entre comunidade receptora e visitantes. Também é um fenômeno cultural, pois amplia o conhecimento e o entendimento dos viajantes com relação às diversas culturas, permitindo assim tanto a valorização como o respeito entre culturas diferentes. O turismo de base comunitária tem como principais características a participação, a cooperação, a autogestão, a valorização da cultura e do modo de vida, a conservação da natureza e a distribuição dos recursos gerados. Neste tipo de turismo, os empreendedores, os gestores e os maiores beneficiários da atividade são os membros da comunidade, que organizados de forma coletiva ou em núcleos familiares prestam na localidade onde vivem diferentes serviços aos visitantes. Este relatório apresenta os resultados da pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária no Vale do Ribeira, São Paulo, Brasil” realizada de setembro de 2011 a setembro de 2012, tendo como foco as informações levantadas junto ao Quilombo Ivaporunduva, subdivididas em cinco temas: Turismo, Juventude, Práticas Culturais e Identidade, Arte e Política. O estudo teve como objetivos descrever as experiências de turismo de base comunitária de três comunidades do Vale do Ribeira/SP – Marujá (município de Cananéia), Aldeia Guarani Mbya Pindo-ty (município de Pariquera-Açu) e Ivaporunduva (município de Eldorado) - identificando as estratégias, os resultados alcançados e a relação com o mercado turístico; investigar se essas experiências têm como efeito o desenvolvimento de processos sociais de enraizamento nas comunidades e sistematizar as recomendações e lições aprendidas para que possam servir de 4 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva modelos e/ou ser aplicadas em outras localidades da região e do país. Além disso, pretendeu-se ainda qualificar em pesquisa científica alunos e professores das Etecs de Iguape e Registro e fomentar a integração e a articulação dos docentes do Instituto de Psicologia da USP na gestão da pesquisa e dos subprojetos que o integram. Para a realização da pesquisa, firmou-se uma parceria entre as Escolas Técnicas de Iguape e Registro, vinculadas ao Centro Paula Souza, o Instituto de Psicologia da USP e o Programa de PréIniciação Cientifica da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, que tem como objetivo aproximar os alunos do ensino médio de escolas públicas da Universidade. O Ivaporunduva é um remanescente de quilombo, localizado no município de Eldorado, possui 85 (oitenta e cinco) famílias e uma população aproximada de trezentos e vinte pessoas. Foi a primeira comunidade quilombola do Estado de São Paulo a receber o título da terra. Tem como principal atividade econômica a produção e comercialização da banana. Apresenta o Ecoetnoturismo 1 como uma alternativa complementar de renda para os seus moradores2. Entre as atividades desenvolvidas estão o atendimento de grupos de visitantes, principalmente escolas, para os quais são apresentadas palestras sobre temas específicos como a história e modo de vida dos quilombos e conflitos socioambientais na região, também são oferecidos serviços de alimentação, hospedagem, comercialização de artesanatos, oficinas culturais e trilhas. Com experiência de cerca de dez anos, a oferta dos serviços e a gestão da atividade turística é realizada de forma coletiva por meio da Associação Quilombo de Ivaporunduva. 1 Turismo voltado para o conhecimento do modo de vida de comunidades tradicionais, aliado a conservação da natureza. PUPO, P. S. Comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. Em: MARTINS, A. B. M; SANTOS, A. O; PAIVA, V. (Orgs.). Promovendo os Direitos de Mulheres, Crianças e Jovens de Comunidades Anfitriãs de Turismo do Vale do Ribeira. São Paulo, Instituto Ing_Ong de Planejamento Socioambiental/Ministério do Turismo, 2009. 2 5 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 2. Objetivos específicos da pesquisa Descrever como a associação comunitária do Ivaporunduva define e busca seus objetivos, delibera sobre os meios de alcançá-los, executa sua política interna e divide os benefícios obtidos do turismo; Identificar a forma de administração dos empreendimentos turísticos comunitários presentes na comunidade; Compreender as manifestações culturais, históricas e artísticas da comunidade e suas relações com o turismo de base comunitária; Analisar o desenvolvimento das manifestações culturais como efeito de processos sociais de enraizamento nas comunidades; Identificar a visão e perspectivas dos jovens do Quilombo Ivaporunduva sobre a vida, trabalho e cultura; Investigar se a visão e perspectivas dos jovens sobre a vida, trabalho e cultura possui relação com o turismo de base comunitária desenvolvido na comunidade; Verificar se e como ocorrem as relações afetivo-sexuais envolvendo turistas e moradores no âmbito da prática do turismo no Quilombo Ivaporunduva; Analisar como a comunidade promove a saúde, bem como a prevenção de DST/AIDS3 e do uso abusivo de álcool e outras drogas; Descrever e relacionar o processo de formação da consciência política vivenciado nesta comunidade com o desenvolvimento do turismo de base comunitária; Levantar as histórias de repressão vividas por estas comunidades, no período de 1964 a 2011; Fomentar a interdisciplinaridade dos cursos da Etec, bem como a integração e articulação dos docentes da USP e das Etecs na gestão dos subprojetos de pesquisa. Promover a qualificação em atividades de pesquisa para jovens e professores do ensino médio profissionalizante. 3 DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis e a AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 6 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 3. Método de trabalho Para a realização da pesquisa, o projeto foi estruturado em subprojetos com foco em diferentes frentes relacionadas ao Turismo de Base Comunitária como: formas de organização do trabalho e dos trabalhadores dos empreendimentos de turismo de base comunitária; manifestações culturais, artísticas e religiosas das comunidades anfitriãs de turismo; formas de participação social, transmissão da memória, formação de consciência política e exercício de liderança nas comunidades; lazer, sociabilidade e envolvimento dos jovens com o turismo e os turistas. Estes subprojetos foram coordenados em duplas por professores do Instituto de Psicologia da USP e da ETEc de Iguape com a participação de alunos bolsistas de Pré-Iniciação Científica vinculados aos cursos técnicos de Agropecuária, Turismo Receptivo, Meio Ambiente, Administração (Etec de Registro) e Informática. Segue abaixo os títulos dos subprojetos: 1. Autogestão e enraizamento nos empreendimentos de turismo de base comunitária no Vale do Ribeira; 2. Pesquisa da arte em comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira: descrevendo práticas artísticas passadas e presentes; 3. Formação da consciência política e turismo: levantamento de histórias de repressão nas comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira no período de 1964 a 2011; 4. Relacionamentos afetivo-sexuais e prevenção de DST/AIDS entre turistas e jovens nativos de comunidades anfitriãs de turismo do Vale do Ribeira; 5. Práticas culturais e enraizamento: a perspectiva dos moradores do quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira, sobre o turismo de base comunitária; 6. Olhares dos jovens do quilombo Ivaporunduva e da comunidade caiçara Marujá sobre a vida, trabalho e cultura. 7. Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira/SP. Como método foi utilizado o estudo descritivo qualitativo com levantamento bibliográfico sobre os temas de interesse da pesquisa, observação de campo na comunidade e entrevistas com lideranças locais, jovens, adultos, idosos, artesãos e profissionais de turismo. Primeiramente, os alunos bolsistas estudaram sobre a comunidade a partir de textos da internet, livros, vídeos e dissertações de mestrado e trabalhos de conclusão de curso. Também foi 7 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva incentivada a apresentação do conhecimento empírico dos alunos sobre a região do Vale do Ribeira, comunidade e temas estudados. Posteriormente, foi discutido em reuniões com os supervisores (professores da Etec) o modo de realizar a pesquisa. A partir das pesquisas bibliográficas sobre a região, a comunidade e os temas do subprojeto, foram elaboradas questões de interesse dos alunos sobre o Ivaporunduva. No dia 01 de abril de 2012 houve a primeira visita técnica à comunidade para observação de campo e nos dias 16 e 17 de junho do mesmo ano foram realizadas as entrevistas. Para a realização da observação de campo foi utilizado por todos os subprojetos instrumento norteador que continha a definição dos aspectos a serem observados. Os alunos também puderam observar e anotar, livremente, outros aspectos que lhes chamaram atenção. Para as entrevistas foram elaborados roteiros semi-estruturados com questões que foram debatidas com os demais integrantes do grupo bem como com supervisores e orientadores (Professores do IPUSP). Foram entrevistados um total de 56 pessoas, entre jovens, artesãos, artistas, participantes do grupo de turismo, idosos, lideranças e agente de saúde. Cabe ressaltar que os entrevistados foram esclarecidos dos objetivos e procedimentos do estudo, e assinaram um termo de consentimento de entrevista. No termo constam os direitos do entrevistado em relação ao material coletado, bem como a garantia de sigilo e anonimato. Em seguida foi necessário que os alunos realizassem a transcrição das entrevistas, categorização e a análise dos dados recolhidos para comparação entre as entrevistas e formulação de conclusões. No dia 15 de setembro de 2012, foi realizada a apresentação dos resultados da pesquisa na pousada comunitária, no Ivaporunduva, para validação dos entrevistados e demais moradores e complementação de informações. 8 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4. Descrição dos resultados da pesquisa 4.1 Turismo Neste item serão apresentados os resultados da pesquisa realizada pelos alunos dos Subprojetos Autogestão e enraizamento nos empreendimentos de turismo de base comunitária no Vale do Ribeira e Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira/SP. Foram entrevistadas sete pessoas que atuam diretamente na prestação de serviço ao visitante e uma artesã. Neste item também são apresentadas algumas informações coletadas no subprojeto Relacionamentos afetivo-sexuais e prevenção de DST/AIDS entre turistas e jovens nativos de comunidades anfitriãs de turismo do Vale do Ribeira. Surgimento do turismo na comunidade Dois entrevistados informaram a origem do turismo de base comunitária no quilombo. Um relatou que o turismo surgiu em 1997, desde o início a proposta já era de integrar a comunidade e o trabalho era realizado em cima dos aspectos étnico – culturais, com foco na cultura, na tradição, na história do quilombo, no cotidiano da comunidade. O público era de alunos que passavam um dia na comunidade. Após a construção da pousada houve expansão com as pessoas podendo vir conhecer o quilombo e dormir na pousada. Outra entrevistada disse que o turismo ocorre na comunidade há dez anos. Começou quando era um “barracãozinho” na vila ainda, as mulheres, as senhoras que faziam a comida tinham que fazer na própria casa e trazer no barracão para servir, então ali foi surgindo a ideia de melhorar a estrutura. Foi elaborado um projeto do governo para a construção da pousada, poderia ser casas populares, por exemplo, mas a comunidade decidiu que queria um lugar onde pudesse receber os turistas, com uma boa cozinha, com boas condições para as pessoas trabalharem e que fosse aproveitado por todos, pois o recurso também não era muito. Percebe-se que desde o início o trabalho com turismo foi realizado em conjunto, havia uma vontade comum que reflete o fato de que essa comunidade pensa e discute sobre o seu futuro e age no sentido de realizá-lo. Opinião sobre o turismo na comunidade Sobre o que a comunidade demonstra achar do turismo de base comunitária, foi falado por duas entrevistadas que houve um medo inicial, uma preocupação com a vinda de pessoas diferentes 9 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva que poderiam até prejudicar a comunidade. Foi citado inclusive que houve atrito, por parte de algumas pessoas, mas foi explicado como o turismo poderia acontecer de forma organizada e até hoje os moradores são consultados. Outro entrevistado diz gostar do turismo, pois considera uma atividade importante para o Ivaporunduva, ele ressaltou que os outros moradores também gostam e preparam a comunidade para a recepção de visitantes. Serviços oferecidos Em relação aos serviços oferecidos aos visitantes no quilombo, percebeu-se uma grande diversidade de atrativos culturais e uma boa estrutura para acomodar os turistas. A comunidade possui uma pousada com capacidade para 60 pessoas – dez quartos com seis leitos cada – também disponibilizam serviços de camareira, alimentação e monitoria. Trabalham com o turismo cultural, e oferecem em seu cardápio comidas típicas. Os entrevistados indicam o barreamento de casas, a produção da banana orgânica e do palmito, e a confecção do artesanato como algumas das atividades oferecidas aos turistas, além de outros serviços ofertados pelos empreendimentos locais – bares com mesa de sinuca, venda de bebidas e alimentos. Para um melhor conhecimento da cultura quilombola, os visitantes contam com uma palestra feita por dois responsáveis (Ditão e Setembrino), um tour pela comunidade que inclui a visita à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, além do contato com atividades tradicionais como a apresentação de técnicas antigas de caça e pesca e o trabalho realizado com plantas medicinais. Percebe-se que a comunidade possui uma oferta diversificada de serviços, que atendem as necessidades dos visitantes atuais. Perfil dos Turistas Com relação ao perfil do turista que visita a comunidade do Ivaporunduva, a maior parte são estudantes de escolas de classe média alta, da cidade de São Paulo. Também recebem visitantes estrangeiros, como americanos, por meio de agências de turismo. A comunidade adotou como público alvo escolas pela facilidade de controle deste tipo de público, e sendo esta também uma maneira de formar cidadãos conscientes, capazes de respeitar todas as culturas e assim ajudar no desenvolvimento das comunidades tradicionais. Também foram citados como público de visitantes adultos, pesquisadores, grupos de professores, idosos, moradores da região e advogados. 10 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Os entrevistados informaram ainda que o turista, quando conhece a comunidade, elogia e parece gostar bastante dos roteiros, das atividades agrícolas e do cotidiano, da palestra, de mexer nas casas de barro, da natureza do local que ainda é rara e preservada. Também foi comentado que parte dos visitantes são bagunceiros e curiosos, alguns não interagem muito, ficam mais entre eles. Um entrevistado ainda ressaltou que alguns visitantes acham o lugar muito quieto. Os turistas são, algumas vezes, percebidos como ‘chatos’, pois reclamam dos insetos e do relevo local (picadas e morros), mas de qualquer maneira, sempre respeitam as regras explicitadas pela comunidade e , segundo as respostas, a maior parte deles fica satisfeito com a visita. Agendamento e pagamento das visitas Os agendamentos das visitas realizadas na comunidade são feitos por meio do telefone (orelhão comunitário) e e-mail. Também foi comentado que alguns grupos utilizam o serviço de agências de turismo, esta última entra em contato para agendar a visita. Em relação ao pagamento das visitas, é, geralmente, realizado à vista, um entrevistado afirmou que aceitam cheques, mas não aceitam cartões de crédito ou débito. Organização do turismo Cinco dos sete entrevistados do subprojeto Autogestão e enraizamento nos empreendimentos de turismo de base comunitária no Vale do Ribeira afirmaram que as decisões em relação ao turismo são tomadas em assembleia com toda a comunidade. Foi, inclusive, em assembleia que se decidiu formar uma coordenação para atender o turismo e também definiu-se o turismo cultural como segmento a ser trabalhado, voltado para estudantes, devido à facilidade de controle deste tipo de público. Segundo os entrevistados, cabe a coordenação de turismo executar as decisões definidas em assembleia. O grupo de turismo é responsável por organizar as atividades para receber os visitantes e tem autonomia para decidir os assuntos da área de turismo. Conclui-se que a assembleia é soberana e um importante espaço de tomada de decisão, pois possibilita a participação de todos, mesmo aqueles que não estão diretamente envolvidos com o turismo opinam sobre esta atividade, que de alguma forma atinge a comunidade em geral. Organização do grupo de turismo O grupo de turismo envolve cozinheiras, monitores, palestrantes, camareiras, pessoal de limpeza e coordenadora. Existe rodízio de cozinheiras e monitores, para que todos possam trabalhar. Para a 11 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva realização da palestra sobre o Ivaporunduva apenas duas pessoas da comunidade são responsáveis. O pessoal de limpeza e camareiras formam um grupo fixo. Um dos entrevistados afirmou que grande parte da comunidade está envolvida com o turismo, cerca de 90%, seja de forma direta ou indireta. Qualificação para o trabalho com turismo Dois entrevistados disseram que não fizeram curso para o trabalho, o conhecimento que possuem foi adquirido com o tempo, ou também por meio de atuação voluntária dentro da área de interesse no turismo. Outros dois disseram que os conhecimentos foram transmitidos de pai para filho, como no caso do trabalho na cozinha, a maior parte das cozinheiras aprende com sua própria família. Também foi citado que os mais velhos foram aprendendo fora e trouxeram o conhecimento para a comunidade, pois, até então, o turismo não existia neste local, sendo algo novo para o Quilombo. Ainda foi relatado a realização de cursos como de artesanato e de monitor, e que após a participação nestes cursos, a pessoa já começa a atuar. Apenas um entrevistado disse que se qualificou para o turismo com um curso de turismo ambiental e, além disso, realizou estágio em cavernas. Também foi dito que quando se constrói algo passo a passo, em conjunto, a satisfação é ainda maior e que foram as dificuldades que geraram a necessidade de qualificação. Desta forma, percebe-se que o objetivo é sempre agregar todos da comunidade. Os moradores escolhem a área que se identificam mais, alguns iniciam com o trabalho voluntário, depois se especializam na área escolhida, algumas vezes por meio de cursos. Nota-se que existe a oportunidade de se qualificar para o trabalho e esta qualificação é realizada de diversas maneiras, tanto formal por meio de cursos e estágios ou informal com a troca de experiências entre os próprios moradores, o que permite certa autonomia da comunidade no sentido de formar as pessoas para a atividade turística. A importância do turismo na renda familiar e outras atividades de geração de renda Os entrevistados informaram que estão satisfeitos com a renda do turismo, alegam que a receita não é enorme, não “dá para ficar rico”, mas o dinheiro permite pagar as contas básicas como comida, roupa e também dá segurança e tranquilidade, pois ninguém é mandado embora e todos podem trabalhar. Também foi citado por uma artesã que o turismo complementa a renda do artesanato, outro ainda informou que devido à sazonalidade do turismo, ganha mais dinheiro com a venda da banana, e um terceiro disse que o turismo corresponde a mais de 50% da sua renda 12 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva mensal. Cinco dos entrevistados disseram que também trabalham com agricultura. Um comerciante comentou que vende pouco para os visitantes, mas ressaltou que todos vendem e então todos ganham. Um morador disse que no inverno pratica a apicultura como uma forma complementar de renda, outro informou não saber a sua renda total com o turismo, mas concorda ser de grande importância ter esse conhecimento. Quanto à relação do turismo e artesanato, também foi dito que o artesanato já existia, mas o turismo colaborou para o seu aprimoramento, por meio da qualificação dos artesãos para a exposição e comercialização dos produtos. Nota-se que a comunidade tem formas diversas de geração de renda, a maior parte dos moradores utiliza o turismo para complementar a renda mensal. Também ficou evidente a satisfação com a renda proveniente do turismo que vem proporcionando a sustentabilidade de uns e a complementação de renda de outros e permite inclusive certa estabilidade. Administração dos empreendimentos turísticos Apenas três entrevistados responderam como são administrados os empreendimentos turísticos no quilombo. Um deles informou que a compra de alimentos para a pousada é feita na cidade próximo a data de receber os visitantes, mas quando têm maior tempo para organizar a visita, utilizam o alimento da própria comunidade. Os produtos típicos, como doces, são comprados na comunidade. Em relação à manutenção da pousada, um entrevistado disse que é feita geralmente antes das férias, quando diminui o número de visitantes. As pessoas que atendem os visitantes recebem uma diária pelo serviço prestado. A utilização da renda recebida pelo turismo é decidida em assembleia, a população escolhe onde o dinheiro será investido. Outro entrevistado diz que a compra para os bares são feitas individualmente, em pedidos diretos para firma, e a mesma, realiza a entrega. Existe uma divisão de grupos como já citada anteriormente, sendo a pousada administrada pela associação. Preço dos serviços e produtos Em relação ao preço dos produtos e serviços oferecidos na comunidade, nos empreendimentos individuais (bares) cada empreendedor toma suas decisões, impõe suas escolhas, portanto decide seu preço, geralmente de acordo com o seu custo. Já na pousada, por ser administrada de forma coletiva, o preço e outras decisões são tomadas em assembleias. Para a definição de preço dos serviços de hospedagem e alimentação também é 13 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva realizado um levantamento na região. A refeição e hospedagem possuem um valor fixo por pessoa. Também é cobrada uma taxa de visitação por grupo que visita a comunidade. Existe uma tabela de preço de diária por serviço prestado na pousada, por exemplo, monitor, cozinheira, ajudante de cozinha, limpeza. Um entrevistado afirmou que tem uma diferenciação nos preços para escolas públicas e escolas particulares. Divulgação do empreendimento Dois entrevistados disseram que o quilombo é divulgado por meio de site e e-mail. Um aspecto importante que colabora na divulgação da comunidade é a proximidade do PETAR - Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, pois as escolas que vão para este parque incluem a visita ao quilombo em seu roteiro. Também foi citado que a comunidade tem uma parceria com o Instituto Socioambiental, que realizou o projeto Circuito Quilombola do Vale do Ribeira, inclusive desenvolveu este com recursos do Ministério do Turismo. Existe um encarte de excelente qualidade deste circuito que divulga a história, atrações, atividades, serviços e formas de acesso do Ivaporunduva e de outras comunidades quilombolas. Dois entrevistados que possuem comércio, disseram não utilizar meios de divulgação do seu empreendimento. Verifica-se que além dos meios mais comuns de divulgação, como site, e-mail e folhetos a comunidade ainda investe em parcerias que colaboram com a sua promoção. Grau de satisfação com o trabalho Percebeu-se que todos os entrevistados possuem um alto grau de satisfação com o seu trabalho, quando solicitou-se uma avaliação de zero a dez, as notas foram todas iguais ou maiores a oito, o que comprova a satisfação com o turismo e com as outras atividades que realizam dentro da comunidade. Um entrevistado disse que não tem como dar nota para a sua vida e a sua satisfação dentro da comunidade, disse apenas que é feliz e que o quilombo é a sua vida. Outro afirmou que para ele é a melhor coisa, que não faz o trabalho por interesse do dinheiro, faz por interesse em divulgar a comunidade e mudar a visão das pessoas sobre o Vale do Ribeira, de uma região muito pobre, o nordeste do Estado de São Paulo, para uma região que tem muita água, que tem mata, muita caverna, que não é pobre, que o que falta é investimento público. Com base nas respostas fica evidente o contentamento das pessoas com o trabalho e a vida no quilombo. Considerando a nossa sociedade atual, podemos dizer que são pessoas privilegiadas, pois vivem onde gostam e estão satisfeitos com o seu trabalho. 14 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Interferência do turismo na cultural local Grande parte dos entrevistados afirmou que o turismo não interferiu na cultura da comunidade. Foi dito, inclusive, que esta atividade ajudou no resgate da cultura, das tradições, isso porque o turismo étnico–cultural apresenta o conteúdo que existe na comunidade, e desta forma “a cultura revive com o turismo”. Também foi citado que a comunidade divide bem as coisas, o que não permite grande interferência do turismo no dia a dia dos moradores e que foi acertada a escolha de se trabalhar com o público específico de estudantes. Um terceiro entrevistado salientou que algumas coisas se perderam na comunidade, deixaram de ser praticadas, mas não devido ao turismo, por esquecimento mesmo. Acredita-se que a baixa interferência do turismo na comunidade é uma consequência do desenvolvimento de uma atividade bem planejada. O que o turismo proporciona além da renda Todos os entrevistados garantiram que, além de renda, o turismo trouxe para a comunidade muitas outras realizações como a melhora na autoestima, a troca de experiências, o conhecimento de novas culturas, a realização pessoal e a divulgação da comunidade. Também foi relatado que o turismo é uma forma de vender outros produtos da comunidade como artesanato e a banana. Um entrevistado ainda salientou que o turismo é um instrumento para desenvolver a comunidade. Mudanças e perspectivas para a própria vida e da família Depois que a comunidade começou a trabalhar com o turismo, a vida da população teve muitas melhorias. Os entrevistados informaram que o turismo ajudou principalmente na renda, as pessoas tiveram a oportunidade de colocar o filho em uma faculdade, comprar moto, carro, ter TV SKY. Além disso, trouxe a oportunidade das pessoas entenderem seu valor histórico e sua origem. Também foi relatado que o turismo ajudou na preservação da natureza e na qualificação dos moradores que buscaram se preparar para atender os visitantes. Todos tem interesse em continuar vivendo no quilombo, também acreditam que as coisas vão melhorar cada vez mais, pois já avançaram bastante. Acreditam que haverá um maior desenvolvimento econômico da comunidade, tanto pelo turismo como a banana, pois estão planejando comercializar para redes de supermercado. Sobre projetos, ideias, soluções percebidas na comunidade, foi ressaltado que para o futuro do Ivaporunduva, deve-se investir em oportunidade de qualificação e estudo para os jovens e os 15 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva projetos a serem desenvolvidos na comunidade devem sempre consideram a sustentabilidade. Também foi citada a necessidade da melhoria da estrada de acesso. Autogestão, economia solidária, empreendedorismo, cooperativismo, visão do trabalho. Ficou evidente que o trabalho desenvolvido por esta comunidade seja o turismo, a agricultura ou o artesanato ocorre por meio da autogestão, pois tudo é decidido de forma coletiva, não existem chefes e as atividades são organizadas em grupos de trabalho. A economia solidária ocorre na prática, o foco do desenvolvimento é o ser humano, a qualidade de vida das pessoas, existe também uma preocupação com o meio ambiente e a preservação da cultura. O cooperativismo está presente, com o incentivo a produção e comercialização dos produtos de todos os moradores de forma igualitária, como por exemplo, por meio de rodízios para prestação de serviços turísticos e cotas para venda da banana. Com relação ao empreendedorismo, percebe-se que a comunidade atua principalmente com o empreendedorismo social - entendido como iniciativas que provocam mudanças sociais, visando buscar soluções para os problemas da comunidade, problemas ambientais e até mesmo econômicos4 – pois verificou-se o planejamento coletivo de ações e projetos de acordo com as necessidades da comunidade e também a busca de recursos e parceiros para a execução dos mesmos, bem como a avaliação dos resultados. Com relação a visão do trabalho na comunidade, notou-se que os moradores trabalham para a realização familiar e comunitária, o que contribui para o enraizamento e desenvolvimento local. De uma forma geral, pode-se concluir que a comunidade do Quilombo Ivaporunduva atua na prática o que pede a teoria em relação ao turismo de base comunitária, dando oportunidade e renda aos moradores, desenvolvendo estruturalmente e economicamente a comunidade, sem perder a sua essência, sua cultura. 4 De acordo com Melo Neto e Froes apud Aveni (2010). 16 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4.2 Juventude O entendimento do papel do jovem dentro do turismo de base comunitária é muito importante para que as atividades desenvolvidas na comunidade continuem a ser realizadas futuramente. Devido esta importância alguns subprojetos realizaram suas pesquisas por meio de entrevistas com os jovens, esses subprojetos foram: Olhares dos jovens do quilombo Ivaporunduva e da comunidade caiçara Marujá sobre a vida, trabalho e cultura. Para conhecer a perspectiva dos jovens quilombolas sobre vida, trabalho e cultura foram entrevistados onze jovens, três do sexo feminino e oito do sexo masculino. Relacionamentos afetivo-sexuais e prevenção de DST/AIDS entre turistas e jovens nativos de comunidades anfitriãs de turismo do Vale do Ribeira. Foram entrevistadas quatorze pessoas, onze jovens (sete do sexo masculino e quatro do sexo feminino) e três informantes-chave (agente de saúde e conselheiros municipal de saúde). Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no Quilombo Ivaporunduva. Foram entrevistados cinco jovens de quatorze a dezoito anos, sendo três meninos e duas meninas. Cabe ressaltar que alguns jovens foram entrevistados pela equipe de alunos de dois ou até mesmo dos três subprojetos acima citados. Olhares dos jovens sobre vida, trabalho e cultura A rotina dos jovens do quilombo Ivaporunduva é muito parecida com a rotina dos jovens da cidade, jovens estudantes, normalmente, vão à escola e depois jogam futebol ou ajudam nas atividades da casa ou sítio. Os que não estão mais estudando, geralmente, trabalham na roça ou com artesanato e nas horas vagas jogam futebol, acessam a internet e participam de festas. Não existem diferenças significativas entre as atividades realizadas pelos jovens do sexo masculino e feminino. As entrevistas revelaram que há uma variação sobre a idade com a qual os jovens começam a trabalhar, normalmente inicia-se aos doze anos de idade, em atividades na roça, na banana, no artesanato e com o turismo, e que a maioria dos jovens participa espontaneamente dos mutirões realizados na comunidade. 17 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Segundo os entrevistados, os jovens da comunidade contraem matrimônio a partir dos treze anos de idade até mais ou menos os trinta anos, sendo que a maioria casa-se no cartório e no religioso. Os menores de idade só podem casar-se no cartório ou no religioso após atingir a idade permitida. Após a análise dos dados, constatou-se que quase a metade dos jovens não soube explicar o significado do termo quilombola, os outros relacionaram o termo aos “escravos que saiam das senzalas e fugiam para o mato”, aos que nasceram no quilombo, aos moradores do Ivaporunduva, a um lugar ou um povoado de origem Africana ou ainda à cultura local. A palavra quilombola representa as pessoas que eram escravas em propriedades agropecuárias e que fugiam, formando comunidades que se chamavam quilombos. Hoje são considerados quilombolas os descendentes destes que ainda vivem nestas comunidades. Especificamente nas entrevistas realizadas pelo subprojeto “Identidade, território e participação”, a cultura quilombola foi identificada pelos jovens como a dança, as coisas antigas, morar no quilombo, ter um conhecimento sobre o que foi passado adiante pelos mais velhos e trabalhar juntos. Dos cinco jovens entrevistados neste subprojeto, somente um respondeu que não sabia informar o que é cultura quilombola. Todos os entrevistados se consideram quilombolas, inclusive o que não sabia informar o que é cultura quilombola, tendo como justificativa a história, pelos pais serem quilombolas, por gostar de viver no local. Ao perguntar se gostam desta cultura, todos responderam que sim, esclarecendo que é interessante, que isso os faz se sentirem bem, que se desenvolvem mais com a cultura, e também por causa das festas e por conhecer todos da comunidade. Desta forma, comparando com os estudos realizados sobre o tema, conclui-se neste subprojeto que a maioria dos jovens entrevistados sabe o que é esta cultura e se reconhece e gosta de ser quilombola. A história da comunidade é de grande interesse para os rapazes e moças segundo as respostas apresentadas. As fontes estimuladoras são os pais e o Sr. Ditão, liderança local. A transmissão das histórias é feita oralmente. No que diz respeito ao impacto gerado pela educação que os pais receberam sobre eles, houve discordância de alguns, pois, eles questionam os pais quando não concordam. Os jovens que alegaram que a educação dos pais gera impacto sobre eles, se basearam nos princípios e nos valores transmitidos. 18 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Todos os entrevistados afirmaram ter religião e serem praticantes, cada qual com certa frequência, e eles pretendem perseverar as tradições religiosas, difundindo-as para as gerações futuras para que elas não desapareçam. Para os católicos as tradições religiosas são as missas, festas em louvor há alguns santos e o grupo da pastoral da igreja. Para os evangélicos as tradições são os cultos. A chegada da energia elétrica no quilombo ocorreu antes do nascimento de quase todos os entrevistados, portanto, os que conheciam a realidade sem a energia elétrica disseram que houve melhoras significativas como a fábrica de banana, a economia com velas e lampiões, a possibilidade de estender as conversas até tarde e se entreter com a televisão. Muitos acreditam que não teve perda dos valores culturais. Em relação à modernidade, a maioria respondeu que gosta, devido à tecnologia, a internet, pois ajuda na comunicação, aprendem muitas coisas, sabem as novidades. Também foi citado que a modernidade influencia as pessoas e possibilita uma “evolução” no modo de vida. Ainda foi relatado sobre as melhorias que a modernidade traz como a construção da ponte de acesso ao bairro. Um entrevistado afirmou que, às vezes, a modernidade atrapalha, pelo fato de deixar as pessoas mais preguiçosas para o trabalho. Percebe-se que a modernidade traz aspectos positivos à comunidade, é um meio de contato com o ambiente externo e influencia no modo de vida das pessoas, inclusive de forma negativa. Quase 73% dos entrevistados do subprojeto “Olhares dos Jovens sobre vida, trabalho e cultura” declararam que notam diferenças entre a cultura da comunidade e a cultura dos turistas. Todos afirmaram que valorizam mais a cultura quilombola, mas a maioria acredita que a presença dos turistas influencia a cultura da comunidade, pois alguns jovens tentam imitar o comportamento e utilizar as mesmas roupas que os turistas. Também foi citado que o turismo colaborou para a socialização, devido à diminuição da vergonha a partir do contato com os turistas. Os turistas costumam obedecer as regras da comunidade, são raros os casos de desobediência. Os entrevistados declararam que os jovens da comunidade costumam sair da comunidade para estudar, mas, apenas alguns voltam para a comunidade e muitas vezes não aplicam o que aprenderam dentro da comunidade. Quando o jovem decide casar com alguém fora da comunidade, ele pode voltar com a família. A maioria dos entrevistados afirmou que se uma jovem sai da comunidade e volta grávida, ela é aceita pela comunidade e muitos afirmaram que 19 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva não houve casos na comunidade, mas ao entrevistar uma jovem, ela disse que a comunidade não aceita muito bem, já que aconteceu com ela, percebendo assim que a olhavam diferente. Os dados revelam que dos jovens que moram na comunidade, a maioria pretende continuar estudando. Apesar da maioria dos entrevistados declararem que pretendem ir embora do Ivaporunduva, eles disseram que gostam de morar na comunidade, destacando como vantagem a ausência da violência, a liberdade e sossego que o local proporciona e a sua história e como desvantagem foi apresentado, principalmente a falta de opções de oportunidade profissional, e os problemas de transporte, pois o ir e vir da cidade até o Quilombo é limitado, além da falta de sinal de celular e até “poucas meninas” foi dito por um jovem. Também foi comentado que sentem saudades quando estão longe da comunidade. Com relação à frequência com que os jovens visitam outros locais e quais são estes locais, os entrevistados afirmaram que só saem do quilombo de vez em quando, geralmente em municípios próximos para festas, ou em lugares mais distantes em excursões acadêmicas. Ao perguntar se os jovens se sentem reprimidos quando saem da comunidade, eles responderam que não, com exceção de um jovem que desabafou ser visto diferente quando está em outras localidades. Sobre o que os mantém vivendo na comunidade, a maioria dos entrevistados respondeu que são os amigos, a família, a cultura e as raízes. Desta forma percebe-se que os jovens gostam de viver no Ivaporunduva, principalmente devido aos laços de família, relações de amizade e também sua cultura e história, porém, por falta de opção, principalmente de trabalho, eles pensam em deixar o local. O território é valioso para os jovens do Ivaporunduva, o direito as terras prevalece superando até mesmo o dinheiro, porque para eles a terra traz o sustento, o local para construir a moradia e, também pode ser utilizada de modo sustentável como investimento e assegurar um futuro próspero. A maioria dos jovens entrevistados, falou que na comunidade existem regras específicas, tendo em vista que as respostas foram muito variadas, constatou-se que a comunidade possui muitas regras, mas os jovens não possuem clareza sobre elas. Ao serem questionados sobre qual pessoa da comunidade os jovens mais confiam, a maioria declarou que confia mais nos pais. 20 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Os jovens querem que os lideres melhorem a comunidade, poucos exemplificaram quais seriam as melhorias desejadas; entre os que especificaram destacou-se melhorias de infraestrutura e que o jovem possa participar mais das decisões que são tomadas na comunidade. Dentre onze jovens entrevistados, apenas quatro se veem como futuro líder da comunidade e, entre estes, somente um não pretende ir embora da comunidade. As melhorias na infraestrutura da comunidade apontadas pelos jovens estão relacionadas às estradas (pavimentação), a quadra e a escola, pedem também uma torre de celular para melhoria da comunicação, focando na tecnologia. Um dos entrevistados ainda disse que gostaria que não houvesse tecnologia na comunidade, por gostar das coisas como eram antigamente. Observou-se que a maior parte das reivindicações está relacionada com o contato da comunidade e o exterior. Com relação à participação em atividades na comunidade seja cultural, social ou econômica, obteve-se respostas como atuação, às vezes, no turismo, participação em algumas das reuniões da associação dando opiniões, atuação junto aos esportes, colaboração com compras e vendas na comunidade, e ainda não atuar em nada, mas com interesse em aprender mais coisas. Nota-se que os jovens não são muito atuantes em atividades coletivas, pois a participação não é muito frequente, entretanto, dizem participar de algumas atividades, o que demonstra a existência de abertura e oportunidade para a participação dos jovens. Supõe-se que os jovens não se envolvem tão frequentemente nas atividades da comunidade devido ao estudo. As perspectivas futuras apresentadas foram graduar-se ou obter a realização profissional em diversas áreas do conhecimento com o propósito de assegurar o sustento familiar, observou-se que as graduações que mais despertam interesse dos entrevistados são engenharia ambiental, engenharia civil, gestão ambiental, agronomia e pedagogia, mas também foram citados os cursos de direito, veterinária e engenharia mecânica. O sonho de vida da maioria dos entrevistados é ter uma formação acadêmica de nível superior, realizar-se profissionalmente e ter uma família. Na questão sobre a visão de futuro do subprojeto “Identidade, território e participação”, considerando o que o jovem estará fazendo daqui a quinze anos, além das afirmações sobre os estudos acima citadas, um entrevistado disse que vai trabalhar em outro lugar, pois não quer trabalhar no quilombo, outro disse querer estudar, mas depois retornar para a comunidade já formado e trabalhar por perto, outra jovem disse que almeja ser jogadora de futebol e uma entrevistada quer comprar sua casa própria. 21 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Turismo Dentre os entrevistados do subprojeto “Olhares dos Jovens sobre vida, trabalho e cultura”, 54,4% declararam que participam de alguma atividade relacionada ao turismo, 18% declararam que às vezes participam e 27% não participam e não desejam participar. Já no subprojeto “Identidade, território e participação”, na pergunta sobre a participação específica no turismo, dos três que afirmaram não participar, dois disseram ter interesse, um destes disse que não atua com turismo por ser muito jovem. Também foi enfatizado por um jovem entrevistado que não trabalha com turistas por falta de oportunidade. Apesar do interesse dos jovens pelo turismo, nenhum deles declarou pretender graduar-se ou qualificar-se em cursos relacionados com a área. As principais atividades turísticas realizadas pelos que participam são como guia na comunidade, acompanhante para apresentar as técnicas antigas de caça, monitor ambiental e confecção de artesanatos. Ainda foi perguntado aos entrevistados adultos que trabalham diretamente com o turismo sobre o envolvimento dos jovens com esta atividade. Como resposta confirmou-se a opinião dos jovens, pois foi citado que eles participam esporadicamente, que alguns não se identificam com os setores da comunidade e procuram a graduação fora, para depois retornar ou não a comunidade. Duas entrevistadas ainda disseram que os jovens gostam de participar, uma citou que eles querem aprender para ganhar dinheiro. Também foi falado que os jovens participam fazendo artesanato, mas não comercializam. Sobre o lado bom do turismo, foi apontado o contato com os turistas, conversar sobre a vida no quilombo, poder brincar com as crianças, as novidades que o turismo traz, a troca de conhecimento. Também foi falado que é essencial para a renda e trabalho dos moradores, mas um entrevistado afirma que não é a única forma de tê-la. Ainda sobre os benefícios que o turismo traz à comunidade, foi citada a pesquisa e informação, o ensino da história e da cultura, a comercialização de produtos internos, a divulgação da comunidade, além da diversão e muita amizade. É unanime que o turismo é uma atividade rentável. O turismo não traz nada de ruim aos olhos da maior parte dos entrevistados. Como aspectos negativos foi comentado que o turismo tira a tranquilidade, traz o conhecimento sobre a vida fora da comunidade, que não querem muitas mudanças por medo de drogas e um terceiro citou que o turismo pode despertar o interesse na exploração de ouro enterrado pelos escravos. 22 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Sobre as mudanças no comportamento da comunidade desde que o turismo começou, três entrevistados afirmam que mudou para melhor, um citando a organização e outros dois a socialização, devido à diminuição da vergonha a partir do contato com os turistas. Dois afirmam não ter alterado nada. Quando questionados se há um rompimento de algumas atividades que faziam, alguns acreditam que não há rompimento das atividades da comunidade e que o turismo ajuda a valorizar a cultura local, outros alegam que sim, que as pessoas deixam suas atividades cotidianas para atender os turistas. Na maioria das vezes os turistas e moradores não interagem livremente, já que há o estabelecimento prévio das atividades que os visitantes irão participar. O maior ou menor contato pessoal com os turistas depende da função que se exerça na estrutura do trabalho local, por exemplo: os monitores e educadores ambientais lidam diretamente com os turistas. Caso o turista permaneça mais tempo na comunidade, aumenta sua chance de contato e vínculo de amizade com moradores diversos. Conclui-se que a participação dos jovens na área turística não é muito forte, mas estes consideram o turismo importante para a comunidade, devido, principalmente, a renda e a troca cultural, além disso, a maioria possui expectativas positivas com relação esta atividade e acredita que ela vai melhorar. Uso de álcool e outras drogas Não é comum, entre os turistas ou moradores (adolescentes e/ou jovens), haver solicitação, oferta ou utilização de álcool e/ou outras drogas ilícitas. Contudo, houve relatos do uso experimental (maconha e cocaína), sendo o consumo de álcool o mais mencionado, principalmente em contextos de festas e feriados (ex: na festa junina a bebida é totalmente gratuita). Não há festa específica que propicie uso de bebidas alcoólicas, contudo em algumas festas, o álcool é vendido e o consumo ocorre também entre os adolescentes e jovens. Situações de overdose, pelo uso abusivo álcool e/ou outras drogas não são comuns, mas foi citado situações de emergência médica, devido a complicações pelo excesso de álcool. O acesso às drogas (lícitas ou não) é dificultado, entre outros motivos, pela distância em relação aos centros urbanos para compra dessas substâncias. 23 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Ações de prevenção ao consumo abusivo de substâncias são realizadas pela escola e na própria comunidade. Encontro Afetivo Sexual A ‘paquera’ ou o relacionamento afetivo sexual entre turistas e moradores é coibido, segundo a orientação ética da estrutura de trabalho estabelecida pela comunidade. Em detrimento desta orientação, dificilmente ocorre relacionamentos afetivos sexuais ou gravidez envolvendo moradores e turistas. O tema aborto é pouco discutido na comunidade, deste modo suspeitamos que alguns adolescentes e/ou jovens, não sabem o que é aborto. Todas as mulheres que engravidaram acabaram assumindo seus respectivos filhos e quem, por acaso, fez aborto, não explicitou o fato, deste modo, não há conhecimento sobre a prática de aborto na comunidade. Entre os métodos contraceptivos utilizados (como a pílula do dia seguinte, o preservativo, anticoncepcional e o Dispositivo Intra Uterino), o preservativo foi o mais citado e conhecido. Não há conhecimento sobre exploração sexual, comércio sexual ou propostas de trocas sexuais (namorar, ficar ou transar) por benefícios (dinheiro, presente, drogas etc.), envolvendo os adolescentes e/ou jovens da comunidade e os turistas. Não há moradores homossexuais, contudo receberam turistas, os quais acreditaram ser homossexuais. Nesses casos, o tratamento foi igualitário, contudo alguns adolescentes e/ou jovens, zombaram por meio de piadas, sem deixar-se perceber pelos turistas. Acesso as informações sobre DST/AIDS/HIV e os serviços de saúde Os conhecimentos e/ou informação sobre prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis DST/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS / Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV e métodos contraceptivos foram, na maioria das vezes, adquiridos na escola. Houve relatos de uso de preservativo na primeira relação sexual e o não uso, em geral, foi justificado pelo sentimento de vergonha e por falta de conhecimento. Apesar da disponibilidade de preservativos e/ou informações na Unidade Básica de Saúde – UBS, não há aderência no acesso, seja por proteção da imagem (todos vão saber) ou ainda, preconceito (as mães não deixam suas filhas acessaram, pois acreditam que estariam incentivando o sexo; os homens não buscam o serviço, pois acreditam que não precisam de informações sobre sexo). 24 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Assim, há certo incômodo, vergonha, em pegar preservativos na UBS, alguns optam por comprar porque os vendedores são desconhecidos. Outros acreditam que o preservativo distribuído gratuitamente não é de boa qualidade. A UBS oferece os seguintes serviços: disponibiliza os preservativos, distribui medicamentos (ex: pressão), realiza exames (de pré-natal, papanicolau etc.), atendimento clínico (ex: controle de hipertensão, diabetes etc.), acompanha pacientes acamados. O atendimento médico ocorre uma vez por semana, sendo necessário não somente aumentar os recursos humanos (faltam médicos e dentistas) como também, melhorar a estrutura física e a organização da dispensação de medicamentos (falta de medicamento). A resolutividade do serviço é questionada, pois relataram que ao verificarem os sintomas, sempre encaminham para o hospital mais próximo para o tratamento. Ações de promoção e prevenção de saúde, realizadas na maioria das vezes pelos agentes comunitários de saúde, são direcionadas especialmente para os idosos (pressão, diabetes etc.). Raramente, as palestras e os folhetos envolvem DST/AIDS e são voltados aos jovens. Para a testagem de DST e HIV é preciso buscar o Hospital do município de Eldorado ou de Registro, após agendamento por meio da UBS. O exame deve ser solicitado e após um mês o resultado é obtido. A comunidade utiliza-se também da medicina tradicional na vida cotidiana: há um benzedeiro, o qual faz remédios caseiros; muitas pessoas usam as ervas para curar algumas doenças mais comuns; contudo, a parteira não atua mais, as gestantes são mandadas para hospitais de Eldorado ou Pariquera-Açú. 25 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4.3 Práticas culturais e identidade Abaixo serão apresentados os resultados da pesquisa realizada pelos alunos do Subprojeto Práticas culturais e enraizamento: a perspectiva dos moradores do quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira, sobre o turismo de base comunitária, que teve como objetivo verificar algumas das práticas culturais dos moradores da comunidade do quilombo Ivaporunduva, sua influência na conformação dos processos identitários e as possíveis influências do turismo de base comunitária em sua constituição. A pesquisa teve como foco, principalmente, os aspectos históricos, religiosidade e modos de organização do trabalho. Foram entrevistadas nove pessoas do sexo masculino: jovens entre quinze e vinte cinco anos, uma liderança, adultos, idosos e agricultores. As memórias coletivas possibilitam visualizar as histórias e as experiências vividas em comunidade. Essas experiências passadas através das gerações e vivenciadas no cotidiano são a continuação no processo identitário de um povo, uma comunidade. Em Ivaporunduva, o que se percebe é que as memórias estão sendo relembradas em períodos diferentes. Não é uma história linear. Todos sabem que seus ancestrais foram trazidos da África no período colonial, mas não sabem de que região. Foram trazidos para este lugar por mineradores em busca de metais preciosos principalmente do ouro. Conta-se o período em que os negros ali foram obrigados a morar servindo a dona da mineração como escravos. Com o falecimento da mesma continuaram ali e outros que escaparam das lavras se esconderam e seus descendentes ainda permanecem no local. Outra parte da história é mais recente. A luta pela permanência na terra, pela proteção do meio ambiente ameaçado pela possibilidade de construções de barragens no rio Ribeira, o que levaria a uma inundação de uma área de terra muito extensa e acarretaria prejuízos a todos os moradores ao longo do rio. Com a eminente ameaça as comunidades se organizaram, formaram líderes, que junto com outras organizações de defesa dos direitos de permanência da terra e da natureza, possibilitaram a posse legítima do território dos seus antepassados. Os adultos entrevistados dizem que as histórias são contadas para que os jovens não percam sua identidade e seus costumes, porém os jovens não se atentam para a necessidade de preservar essa memória para o futuro. Os jovens entrevistados parecem não ter ideia da importância de conhecer todas as histórias vividas dos seus ancestrais. O conhecimento está mais ligado ao que é ensinado nas escolas, embora eles saibam que são descendentes desse povo escravo, isso parece distante do seu cotidiano. Quando questionado se há alguma coisa do que os pais lhe contaram que aconteceu no passado vivenciado hoje na comunidade na família, um jovem diz: ‘não tem 26 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva nada do tempo dos escravos, antigamente era difícil’. Parte da história e da religiosidade ficou com os mais velhos, estes com medo da repressão procuraram guardar para si e não passar para seus descendentes, hoje são poucos os que falam sobre o assunto. No que se refere à religião, cinco entrevistados são católicos tendo como santo de devoção Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos que é também a padroeira da comunidade. Somente um é evangélico. Os adultos sabem rezar o terço, dois dos jovens sabem e cantam pelo menos um canto de origem afro, participam das celebrações e colaboram para a animação dos cantos (hinos), sabem que existem orações especificas para o momento das refeições, para antes de dormir e ao levantar, porém elas não são muito praticadas. Os jovens participam dos encontros religiosos católicos, todos os jovens disseram que querem continuar as celebrações para possibilitar a continuidade no futuro. As orações mais utilizadas são Pai Nosso, Ave Maria, ladainha que são recitadas ou cantadas na reza do terço, o responsio ou responsório e uma oração de suplica ao santo de devoção, o mais comum é Santo Antonio, para resolver um problema ou encontrar um objetivo perdido, sendo muito usado pelos benzedores. O ritual do batismo é o católico com a tradição do uso de roupas brancas se possível, poucas crianças são batizadas quando são bebes, espera-se a criança crescer para que ele possa escolher quem será o seu padrinho. Na cerimônia do casamento se a família tem posses pode fazer uma festa com mais pompa. Nos velórios são rezados os terços, feito a recomendação do corpo. Segundo um entrevistado “Vi muitas pessoas cantar isso se chama hino, cantam em cima de morto, porém hoje é difícil, só cantam quando estão bêbados”. As orações comuns do catolicismo introduzidas por europeus são as mais praticadas. Dos rituais africanos só existe o que é incorporado à missa da padroeira, onde os cantos e hinos entoados são em ritmo afro, as pessoas se vestem com roupas e colares coloridos, os cantos são animados por instrumentos de percussão. Tanto a história, quanto a religiosidade são formadores de identidade, embora eles digam que dos negros não tem nada - quando perguntado se havia alguma coisa das culturas africanas um Senhor respondeu: “Dos negros não tem nada” - existe dentro de cada um desejo de continuar com os trabalhos de recepção ao turismo, não só por motivos financeiros, mas pela oportunidade de contar e mostrar a história mesmo que seja em fragmentos, pois esses fragmentos dá aos moradores de Ivaporunduva uma identidade com o território que no passado foi um quilombo. O 27 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva fato de conservarem as tradições católicas impostas a seus ancestrais e incorporar a eles alguns aspectos afros dá a eles uma identidade afrodescendente. A permanência na terra onde seus antepassados iniciaram o processo de aquilombolamento os remete a serem denominados quilombolas. Tudo isso dá maior consistência a história de vida da comunidade e promove o interesse das pessoas a conhecer essa realidade através do turismo onde as famílias são o alvo de interesse dos visitantes. As lutas são lembradas como forças que possibilita e incentiva a busca por reconhecimento. Consideram-se inseridos na história de luta e do reconhecimento garantido pela permanência na terra desde o nascimento. Cinco dos entrevistados trabalham com o turismo, um é aposentado. Os que trabalham com turismo procuram mostrar ao turista sua identidade quilombola através das histórias de vida da comunidade. Às vezes apresentam a roda de capoeira, e as práticas religiosas através de pacotes vendidos aos turistas de acordo com a data dos eventos religiosos, como, por exemplo, as festas juninas. Com relação ao tema organização do trabalho, segundo os relatos concedidos, são os próprios integrantes da família que organizam suas atividades. Não há uma regra que fundamente a existência de uma hierarquia, já que todas as famílias em conjunto organizam as atividades da comunidade por meio de reuniões onde decidem coletivamente: venda de produtos, onde deve ser investido o dinheiro, quais são as próximas metas etc. O surgimento da organização do trabalho na comunidade teve inicio pela necessidade dos “antigos”, por que se eles não se organizassem não haveria como eles sobreviverem em meio a tanta dificuldade. A comunidade sempre se organizou desta maneira, mas no passado os moradores eram ainda mais unidos do que atualmente, realizavam bastante o puxirão, um dos moradores o define desta forma: “No puxirão é, você vai de casa em casa convida todos para trabalhar para você de acordo com o seu trabalho e quantidade de dias. Vamos pensar que seu trabalho vai gastar 50 pessoas e dura 50 dias então você convida 50 pessoas. Você vai gastar ainda mais aí geralmente é sábado. Vem para sua casa e você espera com um cafezão com muita fartura. Ai nós tomamos o café e vamos para a roça e quando é meio dia você chega lá com a comida. Todos nós almoçamos por sua conta. À tarde terminamos o serviço ou não terminamos, vamos tudo embora para sua casa tomamos um banho trocamos de roupa. Você traz a janta para nós risca o som lá e nós ó...(dança um forrozão).” (entrevistado) 28 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Ou seja, o puxirão é uma atividade que une a comunidade. Antigamente essa prática era mais presente, hoje em dia a forma de organização de trabalho coletivo mais utilizado é o mutirão, como se apresenta no relato que segue: “O mutirão nasceu na cidade com essas associações de estado. É um agrupamento de pessoas para fazer casas. O mutirão é aquele trabalho que junta sei lá 30, 40 ou 50 pessoas ou muito mais pessoas. Todos eles vão de manhã e levam sua marmita, trabalham o dia inteiro, fazem o serviço e voltam para casa só isso só... Então o beneficiário daquele trabalho pode ser o conjunto ou pode ser individual. Eu conheço um trabalho desse lá na região de Tucuruvi, São Paulo, onde eles fizeram várias casas e um prédio de quatro andares. Isso é o mutirão. Por exemplo, eles fazem 500 apartamentos, aí eles fazem um sorteio pro pessoal do mutirão e cada um pegava um apartamento. Vamos ter que fazer para todos as pessoas até que todos sejam beneficiados. Fizeram uma rua do prédio, eu conheço lá por que minha prima mora lá. Então desse sistema que é o mutirão.” (entrevistado). Com isso pode-se observar que já é uma prática que une menos as pessoas e a comunidade, desta forma vem perdendo seus costumes aos poucos. Mas, aparentemente, já estão buscando resgatar esses costumes por que existe certa consciência sobre sua importância. Algumas práticas culturais permaneceram durante o passar do tempo pela organização da comunidade, e suas preocupações em mantê-las. Permanece por exemplo a cultura de plantar com saraguá, definida do seguinte modo: “O que é saraguá? Boa pergunta, a vó dela sabe, a vó dela planta com saraguá, uns chamam de xuxo. É uma vara com mais ou menos esse diâmetro, mais ou menos com uns dois metros. Ai você bate no chão abre um buraco e joga três sementes de milho, então o saraguá é essa máquina”. (entrevistado) Com esse dado pode-se dizer que em relação às práticas culturais ligadas à agricultura algumas estão bem preservadas, por que após tanto tempo ainda se utiliza um instrumento antigo, ou seja, não por uma questão financeira e sim por uma questão cultural. Vê-se aí a importância da cultura, é também possível observar sua importância na seguinte fala: “Então a questão não é o pensamento econômico é o pensamento da manutenção da cultura então o valor é cultural.” (entrevistado) Observa-se como o entrevistado enfatiza a questão do valor cultural, como sabe de sua importância, sua pretensão de preservá-la e isso é passado de pai para filho. Durante os últimos anos, os jovens vêm se interessando mais, se envolvendo mais, como ele mesmo diz no parágrafo abaixo: 29 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva “A fixação do pessoal daqui começou nos últimos 10 anos. As pessoas começaram a sair... Eu achei assim... O mais surpreendente foram os estudantes que foram daqui pra São Paulo. O resto vieram tudo. Tão aqui os estudantes que foram... É tão todos... Uma boa parte formados.” (entrevistado) A fixação acaba sendo um aspecto muito positivo para a comunidade. O mundo se inicia pelos jovens. E se tem jovens da comunidade que estão interessados em permanecer no quilombo, significa que a cultura da comunidade tende a se manter no cotidiano dos moradores, mesmo encontrando diversas dificuldades para conservar essas práticas. Segundo o entrevistado: “Depois a gente passou a mexer com banana, bananal essas coisas, aí já foi ficando as coisas melhor por que a gente já plantava assim perto de casa, aí não tem muito trabalho pra tá saindo, ai hoje em dia o povo aqui tudo mexe com banana.” (entrevistado) Nesse parágrafo pode-se observar que com o tempo as coisas foram melhorando e o turismo é uma parte significativa dessa melhora. Pode-se afirmar que o turismo teve sim influencia na comunidade, mas, principalmente, nos aspectos positivos, por que devido a sua boa organização não deixou que ocorresse nada indesejável. Ainda percebe-se que o turismo não influencia e nem está influenciando na forma deles se organizarem, pois antes da implantação do turismo eles se organizaram, discutiram sobre o assunto. Desta forma estavam preparados para a chegada do turismo e a cada dia buscam se adaptar. Abaixo encontra-se parte dos resultados obtidos pelos alunos do subprojeto Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira/SP, principalmente, informações referentes à relação dos moradores com o local onde vivem, levantadas junto aos idosos e pessoas que trabalham com turismo. Foram entrevistados cinco idosos, de 54 a 78 anos, sendo três homens e duas mulheres. Com relação ao trabalho atual, todos os idosos entrevistados responderam que atuam com a produção agrícola seja para própria subsistência ou para o comércio. Dois ainda são comerciantes, uma entrevistada trabalha na cozinha da pousada, uma pessoa trabalha com obras e outra com artesanato. Segundo as entrevistas realizadas, as pessoas mais velhas da comunidade geralmente não atuam com turismo. Um entrevistado informou que não atua diretamente, mas participa dando opinião, também foi citado que não atuam com turismo devido a problemas de saúde ou por não terem a qualificação necessária. Um entrevistado disse ainda que somente os membros 30 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva da associação trabalham com turismo. De modo geral, percebe-se que todos os idosos ainda trabalham, sendo a agricultura uma importante atividade para este público, diferente do turismo. Sobre as mudanças da comunidade durante o tempo de vida no local, foram citadas a internet, construção do galpão, pousada, energia, a associação de bairro, título da terra, estradas, posto de saúde, escola, eletrodomésticos, a ponte de acesso e, ainda, que não havia casa de cimento nem o comércio. Uma entrevistada disse que não sente praticamente que houve mudança, pois esperava mais enriquecimento com a ponte. Nesta questão também foram citados por um entrevistado alguns problemas da comunidade como o alagamento com a chuva, necessidade de melhoria da merenda escolar, que os vereadores têm que fazer mais coisas, e que os computadores estão disponíveis para parte da comunidade. Percebe-se nas entrevistas que a comunidade já avançou bastante e os entrevistados reconhecem isso, apesar de comentarem alguns aspectos que ainda precisam ser melhorados. Na questão sobre o que acham do turismo, todos responderam que consideram bom, tendo como justificativa que trouxe melhorias para a comunidade e, principalmente, a renda. Com relação a gostar de viver no quilombo, todos responderam que gostam muito. Foram ditas frases como: “Amo o quilombo”, “só saio da comunidade no caixão”, “Quero viver aqui até quando morrer” e “não trocaria por nada”. Como justificativa foi dito que gostam do local devido à tranquilidade, segurança, liberdade, família, e um entrevistado falou da natureza. Todos se sentem em casa no quilombo, pelo fato de morar desde que nasceu ou poder trabalhar quando quer ou ainda por estar tudo em família. Ao perguntar se gostariam de viver em outro lugar, todos responderam que não, além disso, disseram que sentem saudades quando saem da comunidade. Foram ditas as seguintes frases: “quando sai, não vê a hora de voltar”, “não fica longe mais de três dias” e “não pode ficar dois dias longe de casa”. Um entrevistado ainda disse que sente falta, mas fica longe sem problema e outro que não gosta de ficar muito fora, por causa da poluição. Com relação à identidade quilombola, quando foi perguntado se sentem que o quilombo é parte da sua identidade, todos responderam que sim, devido à luta pela comunidade, pela descendência, por terem nascido e sido criados no local. O que mantém os entrevistados vivendo na comunidade é a alegria, a diversão, a família, casa própria, amigos, trabalho, costume, viver no meio rural e na natureza. Percebe-se pelas respostas que a vida dos moradores idosos é completa, pois, aparentemente, tem tudo o que precisam para serem felizes. 31 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva A visão dos entrevistados sobre o futuro da comunidade indica mais recursos para a juventude, crianças e idosos, inclusive ginástica para os idosos; opções para os jovens continuarem na comunidade que desperte o interesse e eles queiram permanecer porque se não, “a comunidade acaba”; mais trabalho; assistência médica; estudo e desenvolvimento. Conclui-se que os idosos entrevistados se identificam muito com o local onde vivem e são extremamente enraizados no Ivaporunduva, a partir do que já foi conquistado por esta comunidade, os entrevistados conseguem vislumbrar um futuro interessante, melhor e possível para eles e seus descendentes. Para cinco pessoas que trabalham diretamente com turismo foi perguntado se gostam de viver no quilombo, todos afirmaram que sim, justificando que não trocariam este local por qualquer outro, alguns até disseram que já saíram, mas não se adaptaram e decidiram retornar. Quanto a viver em outro local, os entrevistados não querem, um disse que sairia somente para se qualificar, que inclusive já saiu para estudar, mas tinha um objetivo definido e depois retornou, outro informou que já teve uma experiência ruim em outro local, também foi falado sobre a violência fora e ainda outro citou que o seu salário é satisfatório. Vale ressaltar que uma entrevistada disse que não quer sair, mas para os filhos quer um futuro melhor. Todos informaram que quando saem da comunidade, mesmo por poucos dias, sempre sentem saudades e querem retornar logo. Percebese que os entrevistados sentem que o quilombo faz parte da sua identidade, seja pela história, resistência, coletividade, raiz, vivência, por ser o seu povo e o local onde sempre viveram. Sobre o que os mantém vivendo no quilombo, foi dito: a liberdade, as raízes, não depender de ninguém, não ter patrão, o costume, por não gostar de outro modo de vida, a tranquilidade, não precisar pagar tantas contas, poder se expressar e saber o seu valor e o desafio de lutar por um mundo melhor e por objetivos coletivos, uma vez que quando se tem objetivos em comum é muito mais gratificante. Desta forma percebe-se que as pessoas que trabalham com turismo (pelo menos os entrevistados) assim como os idosos gostam muito de viver no Ivaporunduva, se identificam e tem raízes no local. 32 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4.4 Arte Neste item serão apresentados os resultados obtidos pelos alunos do subprojeto Pesquisa da arte em comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira: descrevendo práticas artísticas passadas e presentes. Em reuniões com os professores, supervisor e orientador, os alunos levantaram questões relacionadas a curiosidades sobre a comunidade e como a arte é desenvolvida no local. Assim, chegou-se a conclusão que seriam entrevistados cinco artistas, entre eles, músicos e artesões para entender algumas questões como: Curso e aprendizagem, para saber se os artistas já haviam participado de curso e oficinas oferecidos à comunidade; Motivo e tempo, para entender qual o motivo de fazer a música e o artesanato e o tempo que se dedicam à atividade; Tema e Ritmo, para compreender se o tema das músicas e do artesanato estão ligados a vida cotidiana e quanto aos instrumentos, se a batida é acelerada ou lenta. Inspiração, para compreender a relação da música e do artesanato com a natureza, o dia a dia, o trabalho e as histórias da comunidade; Principal fonte de renda, se a arte é a principal fonte de renda ou há outra atividade mais lucrativa para sobrevivência do artista; Trabalho coletivo ou individual, compreendendo o modo de se fazer a arte, inclusive um centro de artesanato, oficinas onde realizam o trabalho coletivo ou individual; Lugares de exposição, para entender se a arte é exposta em um lugar específico, se a comunidade participa de alguma feira ou show; Instituições, se há uma instituição que apoia ou se há o financiamento para o trabalho com a arte; E finalmente, Arte e Turismo, para entender a relação da arte com o turismo e se o turismo ajuda na divulgação da arte. Análises As análises descritas abaixo foram realizadas a partir das entrevistas, no entanto com a reunião de Devolutiva da Pesquisa houve complementação dos dados. Cursos e aprendizagem: 33 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Artesanato: A maioria dos entrevistados fez o curso para confecção de artesanato com a fibra de bananeira, um curso ministrado pela SUTACO - Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Governo do Estado de São Paulo) em parceria com a ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Universidade de São Paulo). A partir deste curso, muitas artesãs ensinaram para outras pessoas o modo de trabalhar com a fibra de bananeira e a confecção de artesanatos. Essa ação ajuda a entender por meio da arte o sentido de mutirão e comunidade. Outros entrevistados aprenderam seus trabalhos com os pais e ainda confeccionam peças com materiais extraídos da natureza. Música: O único músico entrevistado aprendeu a compor música sozinho. Motivo e Tempo: Artesanato: Os artesãos produzem o artesanato por motivos financeiros já que não há muitas alternativas de trabalho na comunidade. No entanto, há aqueles que ainda fazem como prática cultural do modo de vida, aplica-os em sua vida cotidiana e/ou para sua renda. Quem se motiva a fazer o artesanato, se organiza em sua própria casa e o faz sem um tempo pré-estabelecido, a rotina de trabalho só acontece quando há encomendas. Música: segundo o entrevistado, a música representa uma atuação política na demarcação das terras de quilombo. Tema e Ritmo: Artesanato: Os tipos de peças são variadas, desde objetos de cozinha (jogo americano, colher de pau, descanso de panela), bijuterias (brincos, colares, pulseiras), bolsas, potes, até chaveiros e portas-moeda. Utiliza-se de materiais da natureza como fibra de bananeira, bambu em gomos e sementes como olho de cabra, de guapiruvu, além de fazer uso da taboa. Música: Os temas se referem ao cotidiano da comunidade, em especial eventos marcantes que fizeram parte da história do quilombo. Já os ritmos, baseiam-se na moda de viola e sertanejo. Inspiração: Artesanato: Alguns se inspiram para ter maior renda e assim um modo de vida melhor. As que fazem peças de taboa se inspiram no seu modo de vida passado, quando utilizavam a peça para dormir. Música: Os músicos se inspiram por ver o que se passa na comunidade em seu cotidiano, relatando a história da comunidade, eventos que marcaram lutas e vitórias. 34 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Principal fonte de renda: a principal fonte de renda dos entrevistados é a agricultura, plantam banana orgânica, mas também há aqueles que trabalham com o turismo e o artesanato para complementação de renda. Trabalho coletivo/individual: As artesãs trabalham sozinhas, cada uma em sua residência, mas existem momentos como de grandes encomendas que as faz consequentemente trabalhar na pousada em grupo ou dividem o trabalho com outras comunidades quilombolas, algumas trabalham coletivamente para retirar a matéria prima. Também existe o Grupo de Trabalho de Artesanato responsável por organizar esta atividade na comunidade (encomendas, comercialização, compra de materiais, entre outros). Lugares de exposição: Os artesãos levam seus materiais para comercialização na pousada da comunidade, no evento Revelando São Paulo na cidade de São Paulo e em outras feiras culturais. Os músicos se apresentam em bares, festivais de cidades próximas e com outros grupos quilombolas. Instituições que apoiam: Os artesãos são apoiados pelo ISA - Instituto Socioambiental e ITESP Instituto de Terras do Estado de São Paulo que ajudam a levar as peças artesanais para as feiras e exposições. Os músicos não tem apoio. Arte e Turismo: Todos os artistas produzem artesanato para obter uma complementação da renda familiar. O turismo ajuda na divulgação do artesanato. A pousada é o principal local de venda e exposição dos trabalhos. É oferecida aos visitantes uma oficina de confecção de artesanatos de fibra de bananeira, para que o mesmo tenha o conhecimento sobre como este artesanato é produzido. Um dos artistas disse que a música é um atrativo para os turistas e quando eles pedem para ele tocar influencia-o a continuar cantando, pois se sente valorizado. 35 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4.5 Política Neste item serão apresentados os resultados da pesquisa realizada pelos alunos dos subprojetos Autogestão e enraizamento nos empreendimentos de turismo de base comunitária no Vale do Ribeira; Formação da consciência política e turismo: levantamento de histórias de repressão nas comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira no período de 1964 a 2011 e Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no quilombo Ivaporunduva, Vale do Ribeira/SP. Foram entrevistados idosos, jovens e lideranças. Organização comunitária Fundada em 1994, a Associação Quilombo de Ivaporunduva tem como missão lutar pelos interesses e direitos sociais, culturais e territoriais assegurados aos remanescentes de quilombos, a partir do artigo n° 68 da Constituição Federal de 1988. Para tanto a entidade desenvolve ações e iniciativas, autonomamente ou com apoio de parceiros, voltadas à manutenção e valorização da identidade cultural, à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (Pupo, 2009). Com base no que foi dito por um entrevistado, a comunidade já era bem organizada antes da criação da associação, pois já ocorria um trabalho coletivo para sobrevivência dos moradores, portanto a criação da associação foi a transformação do modelo de gestão coletiva que a comunidade já praticava para uma instituição jurídica devido às exigências legais. A Associação é formada por toda a comunidade e possui uma coordenação com 10 (dez) integrantes, cada liderança tem sua função específica, entre eles: coordenador, vice-coordenador, tesoureiro, vice-tesoureiro, secretário, vice-secretário, três pessoas do conselho fiscal e um superintendente, todos com mandato de 2 (dois) anos, eleitos por meio de votação. A função das lideranças é lutar pela melhoria da qualidade de vida da comunidade. Todas as pessoas que se destacam na comunidade por um projeto coletivo participam como liderança. Segundo um entrevistado “o poder maior não é da coordenação, e sim, da assembleia geral, na qual todas as famílias fazem parte”. Portanto a assembleia geral é soberana na associação, é o espaço no qual é decidido o que deve ser posto em prática ou não. As ações na comunidade são realizadas através de um plano, que é definido para um ano e inclui onde o dinheiro será aplicado, além de propor 36 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva novas formas de comércio para o quilombo. Também existe um estatuto da comunidade que norteia as ações e o regimento interno está sendo elaborado. A participação na associação passa a ser obrigatória a partir dos 18 (dezoito) anos de idade, aos 16 (dezesseis) a participação é facultativa. Existe uma boa atuação por parte das mulheres quilombolas nas atividades da associação, como apresentado no depoimento abaixo. Olha, se nós soubesse a força que nós temos. Nós já conseguimos muitas coisas, briga grande, briga para escola... Mulher não tem muita força no braço mais tem força para conseguir as coisas. Na prefeitura, porque não tinha água encanada e conseguimos colocar água encanada para todo mundo aqui. O barco que só tinha um barqueiro, que não era suficiente. Mas quando precisa a força da mulher, por que os homens estão meio parados, a gente se reúne e vai. Não tem médico, se reunimos e vamos lá, na educação geralmente tem alguns probleminhas mais a gente se reúne e vai lá e consegue. (Entrevistada) É cobrada uma mensalidade por família, que auxilia nos fundos da associação, o valor é de 1% do salário mínimo. A divisão de terras para morar e plantar na comunidade é designada pelo estatuto de área da comunidade. Todo território do quilombo é propriedade da associação e cada família quilombola tem direito a ter um pedaço de terra. Também é entendido que, se uma nova família é formada e não tem um lugar para construir sua casa, o quilombo deve ceder uma área para essa família. Com relação ao trabalho, existem três setores produtivos dentro da comunidade – Agricultura, Turismo e Artesanato. Existe oportunidade de trabalho para todos, o morador se integra no setor que tem maior interesse ou vocação, muitas vezes atuando em mais de um setor. Cada setor é organizado por meio de grupos de trabalho e possui um coordenador. Verificou-se que a comunidade desenvolve atividades de forma cooperativa, pensando e agindo para criar oportunidades para todos. Estimula também que as pessoas trabalhem com o que sabem e tem interesse, de forma a buscar satisfação pessoal e atender as necessidades coletivas. Percebe-se que a comunidade prioriza a discussão e o planejamento, e a divisão de grupos é uma maneira eficiente de organizar a execução das ações planejadas para atender as necessidades de cada setor. A relação do quilombo com o poder público é de cobranças, exigem que as políticas públicas sejam aplicadas. Representantes do Ivaporunduva participam de fóruns regionais, estaduais e nacionais 37 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva de defesa dos direitos dos quilombolas. Foi comentado que possuem contato direto com o Governo Federal, inclusive um representante do Ivaporunduva fica constantemente em Brasília. Organizam-se politicamente porque sabem que esse é a único caminho para que os seus direitos na sociedade sejam reconhecidos e executados com êxito. Também ficou evidente a relação de cooperação, de parceria com outras comunidades quilombolas. Formação da consciência política “Os jovens aprendem a participar desde criança”. Jovem entrevistado Foi explicado por um entrevistado que, inicialmente, os moradores do Ivaporunduva não possuíam conhecimentos relacionados a associações, não sabiam o funcionamento legal e não entendiam o papel deste tipo de instituição junto aos órgãos púbicos. Desta forma, obtiveram auxílio de algumas pessoas e instituições, principalmente da Igreja, na pessoa do Padre Antonio Dias. Foram realizadas atividades de formação de lideranças, com conteúdos sobre a política do Brasil, criação de associação, entre outros, assim as pessoas puderam se preparar para realizar as atividades necessárias. Foi ressaltada a importância das pessoas entenderem o seu papel, saberem o que precisam fazer como coordenador, como vice para então poderem participar da associação, foi comentado “como você vai cuidar daquela coisa, se você não sabe”. Tendo esse conhecimento, depois que as pessoas estavam mais informadas, a comunidade começou a caminhar e aos poucos, pode trabalhar de forma autônoma. Também foi citado por uma entrevistada que as lideranças perceberam que não teriam força se trabalhassem sozinhas, isoladas, em uma só comunidade, então passaram a auxiliar as comunidades quilombolas vizinhas. Começaram a trabalhar com a formação política, orientando a organização, ensinando como montar uma associação, como conseguir o título da terra, para assim se preparem para a defesa e luta em conjunto. Segundo um entrevistado “A maior luta foi por causa das barragens”. Até hoje é grande a preocupação de não desenvolver somente o Ivaporunduva, mas também as outras comunidades ao redor, pois como foi dito, quando as comunidades crescem juntas elas têm muito mais força. Foi relatado que desde o início a comunidade percebeu que precisaria investir no estudo dos jovens para que eles pudessem ajudar a comunidade. Sendo assim, houve o incentivo a alguns jovens para estudarem em São Paulo, com o apoio da comunidade. Alguns se qualificaram e voltaram para o Ivaporunduva, outros não. Também ocorreu o incentivo para um grupo estudar na escola agrícola de Iguape (ETEC de Iguape), os jovens fizeram cursos técnicos e voltaram para 38 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva auxiliar a comunidade. Outro entrevistado, mais velho, comentou que atualmente uma das maiores preocupações dos moradores do Quilombo é o desinteresse dos jovens, disse também que antigamente a participação destes era maior. Ainda foi comentada a importância do incentivo dos pais e das lideranças para os jovens lutarem por suas comunidades e a possibilidade de aos poucos, “devagarzinho”, os jovens descobrirem o que gostam de fazer e como podem colaborar, como segue “Se você não gosta de participar disso, vamos lá fazer outra coisa que você goste. Você vai conseguindo animar ele em uma atividade e ai vai influenciando”. Ainda foi falado que alguns jovens saem da comunidade, mas continuam lutando “lá de fora” para ajudar os que vivem no Ivaporunduva. Com relação à atuação das mulheres, foi explicado que antigamente havia um grupo somente de mulheres, inclusive com uma coordenação própria, mas aos poucos, as mulheres deste grupo foram se misturando aos outros grupos da comunidade, segundo uma entrevista, porque “a luta é uma só”. Repressão na comunidade Na época da ditadura militar brasileira, instalada em 1964, não houve repressão militar na comunidade, apenas existiu o medo dos moradores, devido a passagem dos militares a procura de Carlos Lamarca que tinha estado pela região. Entretanto, a questão da repressão é logo associada a luta contra as barragens. Sem dúvida essa disputa entre construir ou não barragens no Rio Ribeira de Iguape, é uma forma de repressão, causa bastante insegurança na comunidade, pois os moradores são torturados com o medo de perderem as suas terras. Para tentar resolver essa ameaça, eles se uniram a outras comunidades, que também podem ser prejudicadas com a construção das barragens, para lutarem contra estas obras, e até hoje eles conseguiram impedir. A legislação ambiental também foi citada como uma forma de reprimir atividades que anteriormente eram realizadas. Uma entrevistada apontou ainda como repressão a atuação de fazendeiros, há anos atrás, antes da titulação da terra, para comprar a terra dos moradores. Disse que os fazendeiros “enrolavam” os moradores, pagavam um preço injusto, “a gente não tinha estudo, via um dinheirinho e achava que era muito dinheiro e aceitava”, e aos poucos os residentes estavam vendendo cada pedacinho da terra. 39 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 5. Considerações Finais Depois de 12 meses de trabalho, da realização de pesquisa bibliográfica sobre os temas relacionados ao projeto, de visitas à comunidade para observação e entrevistas, verificou-se alguns aspectos que contribuem para o sucesso da experiência de turismo de base comunitária no Ivaporunduva, como segue abaixo: O histórico de participação e luta pela terra propiciou um amadurecimento dos comunitários ou pelos menos de parte destes, no sentido de saber exatamente o que é importante e necessário para sua comunidade; A presença de lideranças fortes com uma visão de futuro e preocupação com a formação de novas lideranças; A clareza sobre a importância do jovem para o futuro da comunidade; A evidência de uma identidade cultural coletiva bem fortalecida; O estudo encontrou variações nos relatos dos moradores a respeito de seu apego ao lugar em função de suas faixas etárias, havendo graus mais elevados de apego entre os moradores idosos e menos elevados entre os adolescentes. A participação no projeto de turismo de base comunitária relaciona-se com alto nível de apego, independentemente da faixa etária do respondente; A atividade do turismo é percebida como propiciadora de novas interações, envolvendo os turistas e moradores da comunidade, de acesso às informações, aprendizado mútuo e outras culturas; O turismo cultural e histórico, dirigido pela própria comunidade, é um segmento importante no contexto social que influencia a busca pela manutenção tanto da história como da identidade; A opção pelo turismo, incluindo a forma como o mesmo deve ser organizado, foi decidida pela comunidade e não por instituições externas que veem no turismo uma solução para geração de renda para comunidades que vivem em áreas rurais e naturais, as parcerias são bem vindas e necessárias, mas a decisão é sempre da comunidade; O interesse pela qualificação com relação ao turismo e cursos correlatos não só para o atendimento, mas também para ter uma maior compreensão de como o mercado turístico funciona; 40 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva O entendimento sobre a necessidade de dar oportunidade a todos de se envolverem na atividade turística e a definição de regras para a concretização disso; A formação de um fundo comunitário com recursos advindos também da atividade turística e; A existência de espaços participativos de planejamento, avaliação e monitoramento de resultados e proposição de novos caminhos, portanto trata-se de uma comunidade dinâmica em constante transformação. 41 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 6. Equipe de trabalho Alunos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Adriana Ribeiro Andressa da Silva Sincaruck Audrey Harumi Imasato Beatriz Aparecida Oliveira de Queiroz Brenda Pioker Viveiros Cesar Custodio Clauthion Gomide Passos Eduarda Viana Nunes da Silva Elisa Faustino de Aguiar Elissandra Pereira Sanches Gian Fernandes Gonçalves Izabel Cristina Carneiro 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. Izabel Cristina Pellerin Lucas De Sena Xavier Mayne Alves de Araujo Monica Elias Ribeiro Nayara Stefany Pereira Nicholas Vieira de Sousa Patricia Einik de Oliveira Raminy Stefanie Pereira da Costa Regiane Vieira Mota Sidnei Pereira Rosa Teresinha Teixeira Ramos da Silva Weverton Souza Teixeira Supervisores: 1. 2. 3. 4. Alessandra Blengini Mastrocinque Martins Daniela Galvão Vidoto Elisandra Carina Amendola João Batista Estevam Orientadores: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Alessandro de Oliveira dos Santos Arley Andriolo Bernardo Parodi Svartman Gustavo Martinelli Massola Lineu Norio Kohatsu Luis Guilherme Galeão da Silva Ricardo Casco Valéria Silva Vera Silvia Facciolla Paiva 42 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 7. Instrumentos de pesquisa Subprojeto: Auto Gestão e Enraizamento nos empreendimentos de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP Roteiro de entrevistas – Comunidade do Ivaporunduva - Público empreendedores Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: Orientador: Supervisora: Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a organização do turismo na comunidade, como ocorre a administração dos comércios, quais são as formas de renda e o grau de satisfação dos moradores em relação ao trabalho e vida nesta comunidade. Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo no Ivaporunduva; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Profissão/trabalho: Escolaridade: Estado civil: Quanto tempo vive na comunidade: Nome do empreendimento turístico que trabalha: 43 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Perguntas 1. 2. 3. 4. 5. Quais são os serviços oferecidos aos visitantes (estabelecimento/prestador de serviço)? Qual é o perfil do turista que visita a comunidade? Você participa da Associação de Moradores, de que forma? Como é definida a área/setor que a pessoa vai trabalhar na comunidade? Tem opção de escolha? Como são tomadas as decisões na comunidade relativas à organização do turismo? Você se lembra de alguma situação importante relacionada a isso? 6. O GT de turismo e outros GTs se organizam como? Quantas pessoas integram o GT de Turismo? Como é possível participar? 7. De que forma são divididas as atividades para receber visitantes, por exemplo, alimentação, limpeza, serviços de guia, palestra, manutenção da pousada? 8. Como você se qualificou/qualifica para o trabalho com o turismo? 9. Você trabalha somente com o turismo ou desenvolve também outras atividades de geração de renda? Quais? Qual é importância do turismo na sua renda mensal (porcentagem)? 10. Como os empreendimentos turísticos comunitários (pousada/restaurante) são administrados? Como são efetuadas as compras para abastecer o empreendimento? Número de funcionários, setores, estoque, fluxo de caixa – receitas e despesas, manutenção. Qual é a rentabilidade mensal, alta e baixa temporada (líquido)? 11. Preços dos produtos e serviços. Como os preços são definidos? 12. Qual é a forma de agendamento e pagamento das visitas e serviços utilizados? 13. Como você divulga o seu serviço/empreendimento? 14. Qual é o grau (de 0 a 10) de satisfação com o seu trabalho? 15. Com o turismo houve o rompimento de algumas atividades que faziam parte da cultura da comunidade? 16. O que o turismo traz além da renda para as famílias? 17. Quais foram as mudanças na sua própria vida e na da sua família depois da organização do turismo de base comunitária. 18. Quais são os projetos, ideias, soluções e oportunidades de negócios percebidos na comunidade? Você já tentou/colocou alguma ideia desta em prática? Comente a experiência. 19. Existe interesse seu e de sua família em continuar vivendo neste bairro? Como você vê a vida futura na comunidade em relação ao trabalho e a geração de renda? ∏ Fechamento da entrevista Estamos terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar referente aos assuntos tratados? Obrigado por você ter participado e por ter compartilhado suas experiências conosco! 44 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Auto Gestão e Enraizamento nos empreendimentos de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP Roteiro de entrevistas – Comunidade do Ivaporunduva - Público liderança Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: Orientador: Supervisora: Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a organização do turismo na comunidade, como ocorre a administração dos comércios, quais são as formas de renda e o grau de satisfação dos moradores em relação ao trabalho e vida nesta comunidade. Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo no Ivaporunduva; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Profissão/trabalho: Escolaridade: Estado civil: Quanto tempo vive na comunidade: 45 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Perguntas 1. Como funciona a Associação de Moradores, quais são seus objetivos e quantos membros possui? Como foi o processo para construir a associação? Quais foram/são as dificuldades da associação? (As decisões são tomadas em assembleia, o presidente é eleito a cada 2 anos, não é permitida a reeleição). 2. Quais são as formas de participação na associação? (Nas assembleias, nos setores produtivos, participação individual, por exemplo, venda de produtos da roça). 3. Quando começa a participação dos moradores na democracia da comunidade? Quando você começou a participar e por quê? (A participação nas reuniões da associação é incentivada, inclusive para as crianças, pensando nos futuros líderes). 4. Como são tomadas as decisões na comunidade e se são respeitadas? Você já participou de uma decisão importante? Qual? (em assembleias) 5. Como é feito o planejamento/organização do bairro com relação ao turismo, meio ambiente e necessidades dos moradores? 6. Existem atividades que são feitas coletivamente, por exemplo, atividades/projetos de geração de renda? (Mutirões e puxirões) 7. Existem apoiadores/parceiros (saúde, educação, meio ambiente, turismo, entre outros) da comunidade? Quais são e de que forma atuam? (Instituto Socioambiental é um dos parceiros) 8. Como é a relação entre o estado (prefeitura, governo estadual e federal) e a comunidade? 9. Como a comunidade foi introduzida no mercado do turismo? 10. Quantas pessoas envolvidas diretamente com o turismo na comunidade? (Estima-se que 40% da população está envolvida diretamente no atendimento ao turista). 11. Qual é a renda anual gerada a partir do turismo? 12. Como são administrados os recursos recebidos do turismo? Existe um caixa único? Como o $ é dividido? (Do recurso recebido da visita, é realizado o pagamento da diária de cada prestador de serviço, monitor – R$ 40,00, cozinheira – R$ 30,00, o restante fica para a associação?) 13. Como é a relação com o mercado emissivo – agências e escolas? 14. Existem normas para a visitação na comunidade? Quais são? Os turistas costumam obedecer? Você se lembra de algum caso sobre isso que queira comentar? 15. Como é feita a divulgação do turismo do bairro? 16. Como se dá a relação de gerações da família na continuidade do trabalho com turismo na comunidade? Na sua família quem começou a trabalhar com o turismo? 17. Quais são os desafios/dificuldades do turismo na comunidade? 46 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 18. O que o turismo traz além da renda para as famílias? 19. Com o turismo houve o rompimento de algumas atividades que faziam parte da cultura da comunidade? 20. Você sabe o que é turismo de base comunitária? Por que a escolha de trabalhar com este tipo de turismo? 21. Qual o valor que você atribui para terra e para o dinheiro? 22. Quais as vantagens e desvantagens da realização/execução do trabalho de forma comunitária e sem patrão? Observação: Tentar identificar o conhecimento sobre o conceito de autogestão e economia solidária. Fechamento da entrevista Estamos terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar referente aos assuntos tratados? Obrigado por você ter participado e por ter compartilhado suas experiências conosco! 47 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Olhares dos jovens do quilombo Ivaporunduva e da comunidade caiçara Marujá sobre a vida, trabalho e cultura. QUESTIONÁRIO Objetivos: Identificar a visão e perspectivas dos jovens do quilombo Ivaporunduva e da comunidade caiçara Marujá sobre a vida, trabalho e cultura; Investigar se a visão e perspectivas dos jovens do quilombo Ivaporunduva e da comunidade caiçara Marujá sobre a vida, trabalho e cultura possui relação com o turismo de base comunitária da comunidade e como esta relação aconteceu; Estimular o protagonismo juvenil e promover discussões e reflexões acerca dos modos de vida na comunidade de origem, das expectativas dos jovens em relação aos estudos (ensino médio, técnico e superior), das perspectivas de trabalho e das experiências e necessidades de cultura e lazer; Realizar o registro fotográfico da comunidade pelos próprios jovens com o objetivo de promover uma discussão sobre o modo como se auto-representam e como estabelecem uma interlocução com “o olhar do pesquisador”, assim problematizar as possibilidades e/ou limites na relação entre as tradições da comunidade e o uso de novas tecnologias. Comunidade: Data: Entrevistador: Entrevistado: Data nasc.: Nº entrevista: Local nasc. Local nasc. Pai: Local nasc. Mãe: INSTRUÇÕES: Entrevistar 5 jovens do sexo feminino e 5 jovens do sexo masculino; Apresentação: o Meu nome é...., sou aluno do Centro Paula Souza, do curso técnico em Agropecuária/Administração; o Estamos participando de um projeto em pareceria com a USP e o Centro Paula Souza que tem como objetivo conhecer a visão dos jovens da comunidade sobre vida, trabalho e cultura; o Realizaremos 35 perguntas, se você não estiver gostando da entrevista você pode nos falar e desistir se quiser. Durante a entrevista se mudar para assuntos que não são abordados nas questões eu direcionarei a entrevista retomando o questionário; o Durante a entrevista eu farei algumas anotações, mas eu estarei prestando atenção no que você fala; o Nós estaremos realizando a gravação da entrevista, mas somente o pessoal da equipe terá acesso a mesma, pois ela é sigilosa; o A entrevista durará aproximadamente 30 minutos; o Quando o projeto terminar, voltaremos aqui para apresentar os resultados. Questionário Questões 1. Você sabe o que significa o termo “quilombola”? Se sim, quem explicou para você? 2. Como é a rotina dos jovens na comunidade? 2.1 Como é a sua rotina? Instruções / Temas Caso não: Comunidades quilombolas são grupos étnicoraciais, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e com ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Atividades: estudo, trabalho, lazer... Atividades desenvolvidas durante a semana e no final de semana, horários, local... 48 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 2.2 Como a tecnologia influência esta rotina? Quais as tecnologias disponíveis na comunidade? 3. Quais as ocupações que as moças da comunidade realizam que os moços não participam, mesmo que eles tenham a mesma idade e vice-versa? 4. Qual a mudança que você gostaria que acontecesse na comunidade? 5. Como são as punições na comunidade, vocês utilizam regras/leis específicas da comunidade? 5.1Se sim, quais? 6. Os jovens costumam sair da comunidade para estudar? 6.1 Você pretende continuar estudando? Em que área? 6.2 Sim. 7. Quando o jovem sai da comunidade para estudar ele costuma retornar logo após o término do curso? 7.1Eles, normalmente, buscam emprego fora da comunidade? 8. Qual o papel que os graduados ou técnicos assumem na comunidade? Quais as atividades diferentes que os moços e moças realizam mesmo que eles tenham a mesma idade? Infraestrutura, relacionamento entre as pessoas, oportunidades, Opções de trabalho, lazer ou estudo... Nível técnico ou superior; Eles se esforçam para ajudar os demais que não estudaram? Eles exercem a profissão? Essas pessoas se dedicam as atividades que exercem? 9. Quando os jovens saem para estudar e acabam casando, eles podem retornar com a nova família? 10. Como é a aceitação da comunidade se a jovem sai e volta grávida? 11. Qual a faixa etária que os jovens costumam casar? É necessário 11.1 autorização dos pais, do líder ou de outra pessoa da comunidade? 11.2 Eles realizam alguma cerimônia religiosa? Casam-se no cartório? 12. Com que idade os jovens começam a trabalhar? Quais as funções ou trabalhos que eles executam? 13. A comunidade realiza mutirões? 13.1 Se sim, os jovens estão sempre presentes? 14. Qual a pessoa da comunidade em quem você mais confia? Por quê? 15. O que você espera dos lideres comunitários? A quem você recorre quando tem duvidas ou problemas; 16. Você se vê como um futuro líder? 16.1 Você considera líder de alguma atividade que vocês realizam no dia-a- Você gostaria de ser um líder? Ações que eles deveriam fazer/ter ou não; A maneira com que as decisões são tomadas; 49 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva dia? 17. Você acha que os jovens têm perspectivas de continuar aqui na comunidade? 17.1Por quê? 18. Você pretende ir embora da comunidade? Quando? Para onde? Por quê? 19. Você acha que faltam oportunidades para os jovens na comunidade? 19.1 Isto impossibilita a realização de suas expectativas? 20. Você gosta de viver/morar aqui? Quais são as vantagens e desvantagens? Os jovens querem continuar morando aqui? Oportunidades: trabalho, educação, lazer, atendimento na saúde; Expectativas: dificuldades, barreiras ou limitações que impedem você de realizar seus objetivos; 21. Quais são suas expectativas ou perspectivas para o futuro? 22. Você acha que sua comunidade é pacífica ou violenta? Como você se vê no futuro? Como você gostaria de estar? Quais são seus objetivos? Existem conflitos ou crimes? Quais? 23. Você se interessa pela história da sua comunidade? Você quer ou já quis saber “O que seus pais ou avós faziam? Por que vocês moram aqui? Por que seguem determinados costumes?” Eles contavam história do passado da comunidade... 24. Seus pais estimulam o seu interesse em conhecer a história da comunidade? 24.1 Como? 25. Você acha que a educação que seus pais receberam geram impacto sobre você? 26. Você possui alguma religião? 26.1Se sim, você participa das celebrações religiosas da comunidade? 26.2 Você pretende continuar participando das tradições religiosas para que elas não desapareçam da comunidade? 27. Você se sente reprimido/intimidado quando frequenta outros lugares fora da comunidade? 27.1 Se sim, isso faz você desejar ser diferente? Por quê? 28. Qual o valor que você atribui para a terra? E para o dinheiro? Comparando a terra e o dinheiro qual é o mais importante para você? 29. Qual a consequência da chegada da energia elétrica na comunidade? O que mudou nos hábito/costume? O que deixaram de fazer ou passaram a fazer com a eletricidade? O que compraram 50 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 29.1 Houve perda de alguns valores culturais com a chegada dessa nova tecnologia? 30. Você participa das atividades turísticas desenvolvidas na comunidade? Por quê? 30.1 Se sim, em quais? 30.2 Se não, gostaria de participar? de novo? 31 Você nota muitas diferenças entre a cultura dos turistas e a da comunidade? 31.1 Qual você valoriza mais? Quais os costumes dos turistas que são diferentes dos de vocês? E com relação ao comportamento? 32 Você acha que a presença do turista na comunidade influencia a cultura local? Os turistas costumam obedecer as regras ou normas da comunidade? As pessoas buscam fazer ou imitam os turistas? 34 Você possui expectativas com relação ao turismo? Você acha que o turismo continuará na comunidade? Você pretende trabalhar com isso? 35 O que o turismo traz para além da renda para as famílias? Há um rompimento de algumas atividades que faziam parte da cultura da comunidade? Benefícios e desvantagens? 36 Qual o seu sonho? 33 Trabalha em algum lugar? Ajuda ou participa de alguma atividade? As regras ou normas são informadas e aceitas pelos turistas? 51 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva SUBPROJETO - RELACIONAMENTOS AFETIVO-SEXUAIS E PREVENÇÃO DE DST/AIDS ENTRE TURISTAS E JOVENS NATIVOS DE COMUNIDADES ANFITRIÃS DE TURISMO DO VALE DO RIBEIRA Apresentação a) Apresentação pessoal (estudante da ETEC do curso ........); b) Integrante do projeto que visa qualificar em atividades de pesquisa; c) O tema de estudo é: RELACIONAMENTOS AFETIVO-SEXUAIS E PREVENÇÃO DE DST/AIDS ENTRE TURISTAS E JOVENS NATIVOS DE COMUNIDADES ANFITRIÃS DE TURISMO DO VALE DO RIBEIRA (comunidades do Marujá (Cananéia/SP), Aldeia Guarani Mbya-Pindoty (Pariquera-Açu/SP) e Ivaporunduva (Eldorado/SP); Aspectos éticos: Informar: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado está ciente que ajudará com sua participação tanto para a formação do estudante, para a pesquisa acima citada e para a política de prevenção às DST AIDS, uso abusivo de drogas e exploração sexual; - ao final da pesquisa poderá tirar dúvidas sobre o tema e sobre a pesquisa, bem como receberá materiais informativos sobre o tema; - Tempo aproximado de entrevista 30 minutos QUESTÕES PARA INFORMANTE CHAVE DA COMUNIDADE INSTRUÇÕES / TEMAS Dados pessoais Nome: Idade: Comunidade: Profissão: Escolaridade: Estado civil: Filhos(as): TURISMO Quando você pensa em turismo, qual a primeira coisa Levantar sentidos e significados associados ao turismo. que vem à cabeça? Investigar os impactos do turismo em relação: aos O que você acha do turismo na sua comunidade? moradores locais, às tradições religiosas, à saúde, à O que o turismo traz de bom e de ruim? cultura, à economia local. Como é o turista que frequenta a sua região? Verifique a faixa etária, sexo, cor/raça, local de origem, tipo – grupo, família, escola - e interesses dos Você tem trabalhado ou algum contato com turistas; turistas/grupos de turistas? Como tem sido essa Percepção do encontro com o(s) turista(s). Como experiência para você? ele(a) se sente percebido(a) pelo(a) turista? USO DE ÁLCOOL E DROGAS INSTRUÇÕES / TEMAS Você sabe/já ouviu falar de algum turista pedir/oferecer Encontro entre morador(es) e turista(s)- Descreva a cena narrada. drogas para adolescentes e jovens da região? Verifique quais são os locais de uso descritos pelo Com você isso já aconteceu? Se aconteceu com você, entrevistado e qual é a percepção sobre a idade dos conte. jovens (adolescentes ou mais velhos); É comum os adolescentes e jovens da comunidade beber, Verifique o local onde se deu a cena e qual foi a fumar ou utilizar alguma outra droga? Quais drogas usam resolução da emergência. normalmente? Com que frequência e em que contextos Verifique se os órgãos da saúde ou educação fazem (situação)? ações em relação a isso. Você já utilizou alguma droga? Se sim, conte. Aprofunde se ocorre o uso entre adolescentes e jovens Você já viveu ou ouviu falar de alguma situação de turistas e/ou da comunidade. emergência médica devido ao consumo excessivo de drogas pelos turistas? Conte como e onde foi. Existem ações de prevenção de uso abusivo de álcool e drogas para os moradores desta comunidade? Existem 52 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva festas na comunidade nas quais ocorre o uso de álcool e/ou drogas (são vendidas ou oferecidas)? Depois da prática do turismo houve a intensificação da violência e do uso de drogas e álcool? ENCONTRO AFETIVO SEXUAL INSTRUÇÕES / TEMAS Você sabe de algum caso de envolvimento sexual entre Descrição de cena Explorar se há especificidades do namoro no contexto morador e turista? Pode contar como foi? do turismo. Estar atento se há ou não relato de uso de camisinha, métodos contraceptivos e uso de drogas. Algum(a) turista já se interessou por um amigo/ou por Descrição de cena você? E um amigo/ou você já se interessou por algum(a) Estar atento se há ou não relato de uso de camisinha, turista? Conte uma situação em que isso aconteceu. métodos contraceptivos e uso de drogas. Já aconteceu algum caso de gravidez envolvendo moradores(as) e turistas na sua comunidade? Conte uma Descrição de cena Estar atento se há ou não relato de uso de camisinha, situação. métodos contraceptivos e uso de drogas verifique o Verifique se é comum o uso de preservativos (amigos e o que pensam sobre aborto.. próprio entrevistado) Estar atento para diferenças de significados entre Como é tratado o assunto do aborto, na sua “namoros de verão”, prostituição não intencional no comunidade? contexto do turismo e prostituição Você sabe/já ouviu falar de situações em que o(s) (programa seria aqui marcar encontro para turista(s) fazem convites para namorar/ficar/transar, prostituição).Investigar se há rede de prostituição. oferecendo algo em troca (presentes, baladas, drogas)? Averiguar se há discriminação / preconceito com o Você sabe se algum jovem da sua região às vezes faz grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) “programa” com os(as) turistas? Você sabe se existe alguma organização/rede de “programas” na cidade onde você mora? Na comunidade como são tratados os homossexuais? Há casos que conhece, conte um. ACESSO AS INFORMAÇÕES DST AIDS/HIV E SERVIÇOS DE SAÚDE Você já ouviu falar em DST / HIV / AIDS? O que sabe sobre o assunto? Acredita que os jovens conhecem e utilizam métodos de prevenção ao HIV/AIDS e contraceptivos? Acredita que os jovens utilizam métodos de prevenção ao HIV/AIDS e contraceptivos na primeira relação? Pode contar se você utilizou? Se alguém quiser fazer o exame de HIV onde tem que ir? Quais serviços de saúde existem na comunidade? Qual é sua opinião sobre o serviço de saúde na sua comunidade? Têm específicos para tratamento de DST/AIDS? São realizadas ações de promoção de saúde e de prevenção, exames médico DST/AIDS e HIV pelos serviços de saúde ou agentes comunitários? (do governo estadual, municipal ou pela própria comunidade). Como é a relação entre a medicina tradicional e a medicina atual, na comunidade? Quando alguém da comunidade fica doente, são dados remédios naturais ou de farmácia? Utilizam-se de curandeiros, rezadeiras, parteiras, pajés etc.? INSTRUÇÕES / TEMAS Questionem onde os jovens conseguem as informações em relação ao HIV/AIDS e prevenção das DST. Averiguar se sabem que adolescentes maiores de 12 anos podem fazer testes de HIV sem anuência dos pais. Questione sobre programas específicos ou informações dadas pelos agentes comunitários de saúde (ACS) ou Programa Saúde da Família (PSF), além dos serviços como Unidade Básica de Saúde / Programa de DST/AIDS Municipal. Verifique ações de saúde da comunidade em relação a gravidez e DST/HIV. Medicina tradicional – qualquer ação ou remédio utilizado pela comunidade sem prescrição médica ou indicação de agentes de saúde – conhecimentos passados oralmente de geração para geração utilização de pajés, curandeiro, parteira, rezadeira etc. Verifique se são passados conhecimentos sobre medicamentos naturais (ervas medicinais) ou outras formas de cura e tratamento (rezas, simpatia etc.). 53 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva QUESTÕES FINAIS A gente está terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de perguntar ou de saber? Ficou alguma dúvida dos temas que a gente conversou? INSTRUÇÕES / TEMAS Processo de encerramento da entrevista Todas as dúvidas devem ser sanadas em relação a pesquisa, bem como DST/AIDS; Se não souber responder diga: - Irei verificar e logo te O que você achou da entrevista? informo sobre esse assunto; (poderá tirar dúvida com os supervisores da pesquisa e posteriormente retorne Obrigado por você ter participado e por ter ao entrevistado com as respostas) compartilhado tantas experiências suas. O entrevistado deverá receber os informativos e preservativos; Roteiro perguntas específicas para Profissional de Saúde: Quais são suas impressões sobre a gravidez na adolescência no município? Quais são suas impressões sobre as DST/AIDS no município? Você sabe quantos casos notificados existe no município? Quais são suas impressões sobre o uso de álcool e drogas no município? O município compra e distribui preservativo? Por que sim ou por que não? O município realiza ações de prevenção às DST e uso de álcool e drogas e exploração sexual? Se você fosse fazer alguma ação de prevenção o que faria? 54 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Pesquisa da arte em comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira: descrevendo práticas artísticas passadas e presentes DADOS BÁSICOS Nome: Número Cadastro: Data de nascimento: Local de nasc: Escolaridade: Sexo: Estado civil ou conjugal: Religião: Raça/cor: Núm. membros da família: Endereço atual: Tel. Contato: Endereço eletrônico: BIOGRAFIA DO ARTISTA 1- Quanto tempo mora no quilombo? 2345- Como começou a trabalhar com o artesanato ou música? Como aprendeu arte, música, dança, etc.? Por qual motivo resolveu trabalhar com artesanato? Como é o processo de trabalho? 6- Quais os cursos feitos por você e quem ministrou? 7- Você trabalha sozinha ou em grupo? 8- Como é feita a divisão de trabalho em relação as peças? TRABALHO ARTÍSTICO Local de trabalho: Técnica e materiais: quais são os materiais utilizados para a produção do artesanato? Para artesanato - Temas, formas, cores: Relação com outras comunidades: 1- Como é a interação com outros quilombolas na produção artística? -divisão de trabalho: - visão e inovação: ARTE E VIDA SOCIAL Arte é sua fonte de renda principal: SIM ( ) / NÃO ( ) Além da música e do artesanato, você faz outras atividades. Se sim, qual a principal? 55 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Quanto sua atividade artística representa para a renda familiar (em relação pais, filhos, etc.) ( ) cerca de 25% ( ) cerca de 50% ( ) cerca de 75% ( ) 100% Que dizem seus admiradores (categorias da recepção): Lugares de exposição: Lugares de comercialização: Obras de destaque na sua opinião: Instituições que ajudam na divulgação de suas obras: Escritos e registro de seu trabalho artístico (usar verso): RELAÇÃO DA ARTE E TURISMO NA COMUNIDADE • Qual a contribuição do turismo para a sua arte? •Como o turista influencia sua arte? (pontos positivos e negativos) •Você nota muitas diferenças entre a cultura dos turistas e a da comunidade? Qual você valoriza mais? •Você esta satisfeito com o trabalho e a renda do turismo? Por quê? •Como o turismo ajuda ou ajudou no desenvolvimento do artesanato? 56 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Práticas culturais e enraizamento: a perspectiva dos moradores do quilombo Ivaporunduva, no Vale do Ribeira/SP, sobre o turismo de base comunitária Questionários: Temas: Memórias /Religião Público: jovens 1. O que seus pais lhe contavam sobre seu povo? 2. Do que seus pais e avós lhe contavam, o que é ainda vivido em sua família ou na comunidade? 3. Das lutas do seu povo, qual foi o que mais marcou e se faz presente na história de vida do seu povo? 4. A posse da terra trouxe para seu povo mais segurança? 5. Você esta inserido em que parte da história, a da luta ou do reconhecimento do seu povo? 6. Qual a religião praticada pela comunidade? 7. Nas celebrações religiosas tem um ritual tradicional afro? 8. Você participa dessas celebrações? 9. Você sabe cantar um canto religioso afro? 10. Você conhece alguma oração feita nas celebrações afros? 11. Durante a quaresma e semana santa existe alguma celebração ou rituais específicos? 12. Qual seu santo de devoção? 13. Durante as refeições existe alguma oração própria para esse momento? 14. Como você vê o jovem na vida comunitária, religiosa e cultural? 15. Você de alguma forma pretende continuar as celebrações afros para que ela não desapareça com o tempo na vida do seu povo? Público: adultos 1. O povo que passou a morar neste lugar veio de que lugar da África? 2. Sabe de que forma seu antepassados chegaram a este lugar? 3. Porque escolheram este lugar? 4. As perseguições sofridas são lembradas hoje como forças ou fraquezas? 5. Sua família sempre morou aqui? 6 Lembra algum fato que ocorreu na comunidade que tornou a comunidade mais unida? 7 Qual a religião praticada pela comunidade? 57 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 8 Na África existe ate hoje várias culturas, em qual cultura seu povo esta enraizado? 9 Dessa cultura o que ainda existe nas celebrações? 10 Quais rituais ainda influenciam na religião da comunidade? 11 Como é o ritual do batismo? É usado roupa diferente? 12 Como é o ritual do casamento? 13 Como é vista a morte, como se faz o velório ou guardamento? 14 Nas missas são também praticados os rituais afros? Temas: organização do trabalho, práticas culturais e turismo Perguntas-guias para a entrevista (lembrando que são guia para a entrevista, foram utilizadas mais como tópicos de assuntos). Público: agricultores 1. Como é o trato das culturas? 2. Existe a preservação do jeito de tratar as culturas? 3. Como é o trabalho hoje na comunidade? 4. Você concorda com a maneira que é dividida o trabalho hoje em dia? Público: Liderança 1. Os turistas atrapalham as atividades do dia-a-dia? 2. Os jovens estão envolvidos com os trabalhos da comunidade? 3. Como é o trabalho hoje na comunidade? 4. Você concorda com a maneira que o trabalho é dividido hoje em dia? 5. Os turistas respeitam o sistema de trabalho da comunidade? 6. Os turistas influenciam na organização do trabalho? 58 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Formação da consciência política e turismo: levantamento de histórias de repressão nas comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira no período de 1964 a 2011 Perguntas realizadas para lideranças na comunidade do Ivaporunduva 1) Qual o papel dos jovens aqui dentro da comunidade? 2) E como é a forma de passar a cultura para os mais jovens da comunidade? É passado naturalmente? 3) E qual o papel das mulheres aqui dentro da comunidade? 4) Com a política adotada para o turismo da comunidade o que pode-se perceber que mudou nas pessoas que vivem na comunidade? Isso é bom ou ruim? 5) Quando vocês participam das atividades da comunidade sentem-se mais enraizados como quilombolas? 6) Agora falando um pouco da ditadura militar, você souber de alguma história daqui da comunidade, que contada na época da ditadura militar? 7) Quais os serviços, os governos oferecem para a comunidade. Na área da saúde e educação? 8) O que vocês acham que a comunidade necessita ou deve melhorar para que ela possa se desenvolver mais e melhor? 9) A organização e desenvolvimento do turismo trouxeram benefícios para a comunidade ou não? Quais? 10) Vocês sofrem repressão vinda do turismo na comunidade? 11) Como vocês se organizam para manter se no parque? 12) Como surgiu a ideia de unir o turismo com a unidade de conservação? 13) Mas teve alguém que agitava para funcionar essas coisas? Uns dois ou três? 14) E como o turismo entra na comunidade? Como ele começou a entrar? Houve uma necessidade? 15) A senhora comentou um pouco sobre as barragens. O nosso tema fala um pouco sobre a repressão militar, mas a senhora considera essa barragem que queriam construir como repressão? 16) A partir dessa necessidade de vocês estarem se organizando como que vocês começaram a se organizar politicamente? Como que vocês viram a necessidade de ter uma associação legalizada, ou seja, criar uma organização? 17) E quando surgiu a necessidade de vocês estarem se organizando melhor? Por exemplo, para vocês montarem uma associação que existe aqui. Como surgiu essa necessidade? 18) Bom na visão da senhora como é o envolvimento das pessoas que fazem parte da comunidade? Perguntas realizadas para os jovens na comunidade do Ivaporunduva 1) Como vocês participam das decisões da comunidade ? 2) Vocês interagem com a comunidade? Como? 3) Hoje vocês jovens são repreendidos de alguma forma? 4) O que você entende de política? O que é política para você? 59 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 5) Vocês procuram saber sobre as histórias da comunidade? 6) Como funciona a organização da juventude na comunidade? 7) Você comentou que deveria ter algumas mudanças. Você acha que essas mudanças deveriam partir de quem? Do governo, prefeitura, um pouco de vocês? O que você acha que vocês poderiam fazer, e o que a prefeitura e governo deveriam fazer? 8) O que você sabe dizer sobre política? 9) Mas são as próprias pessoas que decidem, mas se ele não tiver família e quiser vir morar aqui. 9a) Qual o lado bom e ruim do turismo? 10) Vocês acham que não tem nada de ruim por que existe uma organização já formada de como trabalhar com o turismo. Mas se vocês não tivessem, você acha que daria para trabalhar com o turismo? Poderia ser pior? Se vocês não tivessem preparado como seria? 11) Esse gosto de participar já vem desde criança ou você já vem sendo incentivado pelos pais? Ou por alguém de dentro da comunidade, como funciona? 12) E a maioria dos jovens, é igual a você? 13) Que tipo de oportunidades você acha que eles têm aqui? 14) Você disse que queria estar. Então existe historias que a comunidade costuma contar sobre como era aqui na comunidade? 15) Tocando nesse assunto. Você acha que tem alguma diferença por você morar em um quilombo? 16) O nosso já praticamente já fechou também, mas eu queria ate perguntar a grosso modo. O que é política para você? 17) Não assim pode falar o que vir na mente. Do que é política. 18) Certo então você acha que política é aquela que contribui ajudando uma sociedade. Aqui dentro você acha que vocês trabalham, muito, pouco, como é? 19) E você acha que essa política desse vereador ajuda você no que ou deveria ajudar e não ajuda? 20) Agora não pensando nessa política,mas pensando em uma política de organização, de vocês se organizarem de uma forma para lidar com o turismo. Como foi isso? Principalmente no lado de vocês, o que faz com que vocês trabalhem com o turismo. Perguntas realizadas para idosos na comunidade do Ivaporunduva 1) Você se lembra de quando o Brasil era governado pelos militares? 2) Quais foram as interferências no tempo da ditadura? 3) A senhora(a) sentiu-se prejudicada depois da criação das unidades de conservação? 4) Na sua juventude, os jovens eram mais participativos, em questão da política? 5) Na sua juventude como funcionava a organização política de vocês? 6) De que maneira a repressão militar os afetou? 7) Vocês costumam contar histórias sobre a repressão militar para os mais jovens? 8) Para vocês que vem acompanhando o desenvolvimento da comunidade, qual a melhor forma para a comunidade se desenvolver? 9) Que tipo de recordação vocês tem do período da ditadura? 10) Existem repressões que vocês enfrentam na atualidade? 60 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Subprojeto: Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no Quilombo Ivaporunduva. Roteiro de entrevistas – Quilombo Ivaporunduva - Público liderança Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a relação das pessoas com o lugar onde vivem, se gostam, se sabem a história, se valorizam a cultura, o que acham do turismo. Para o aluno, especificamente, aprender a pesquisar. Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo na comunidade; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - o aluno fará anotações durante a entrevista; - tempo aproximado de entrevista 30 minutos. Aproximadamente 10 questões. Será um bate-papo. - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Escolaridade: Quanto tempo vive na comunidade: Profissão/trabalho: Estado civil: Perguntas 1. Quantas pessoas formam o grupo de liderança, além do presidente? 2. Cada líder tem a sua função específica, quais são? 3. De forma geral, como é feita a organização da comunidade? 61 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva 4. Como são organizadas as ações da comunidade? Em assembleias, votações, debates, reuniões ou outra forma e, como a comunidade participa, ativamente ou não? 5. Como as lideranças atuam para garantir um bom futuro para a comunidade? 6. Como é a relação do governo (municipal, estadual e federal) com o Quilombo Ivaporunduva? 7. Como é feita a divisão de terras para morar e plantar na comunidade? 8. Como foi o processo de implantação do turismo nesta comunidade? 9. No que o turismo colabora para a comunidade? 10. O turismo interfere de alguma forma (positivamente ou negativamente) nas práticas culturais (rituais, danças, agricultura,lendas, culinária, entre outras)? 11. Você gostaria de viver em outro lugar? Por quê? 12. Você sente saudades quando está longe daqui? 13. Você sente que o quilombo é parte da sua identidade? 14. O que te mantém vivendo/morando no quilombo Ivaporunduva? Fechamento da entrevista Estamos terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar referente aos assuntos tratados? Obrigado por você ter participado e por ter compartilhado suas experiências conosco! Subprojeto: Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no Quilombo Ivaporunduva. Roteiro de entrevistas – Quilombo Ivaporunduva - Público jovens Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a relação das pessoas com o lugar onde vivem, se gostam, se sabem a história, se valorizam a cultura, o que acham do turismo. Para o aluno, especificamente, aprender a pesquisar. 62 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo na comunidade; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - o aluno fará anotações durante a entrevista; - tempo aproximado de entrevista 30 minutos. Aproximadamente 15 questões. Será um bate-papo. - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Profissão/trabalho: Escolaridade: Estado civil: Quanto tempo vive na comunidade: Perguntas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. O que é a cultura quilombola? Você se considera um quilombola? Você gosta dessa cultura? O que pensa sobre a modernidade (tecnologia, informática, comportamento, marca, moda, namoro, jornais, TV e música)? E o que ela significa para você, te afeta de alguma forma? Com que frequência você visita outros locais? E quais são estes locais? Você participa de alguma atividade na comunidade (cultural, social ou econômica)? Qual atividade? Você gosta? Os mais jovens podem participar das decisões políticas e financeiras da comunidade? Você participa do turismo? Como? Para você qual o lado bom e o lado ruim do turismo aqui? Desde que o turismo começou você tem notado alguma mudança na maneira que a comunidade se comporta? Qual é a importância do turismo para você? Como você se vê daqui a quinze anos? O que você estará fazendo e como estará vivendo? (aqui os alunos podem, depois, explorar a resposta, fazendo perguntas mais específicas sobre coisas que não aparecerem, por exemplo: você ainda estará vivendo no quilombo, onde estará trabalhando, como o que etc.) Você gosta de viver no quilombo? Você gostaria de viver em outro lugar? Por quê? Você sente saudades quando está longe daqui? Você sente que o quilombo é parte da sua identidade? Por quê? O que te mantém vivendo/morando no quilombo Ivaporunduva? 63 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Fechamento da entrevista Estamos terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar referente aos assuntos tratados? Obrigado por você ter participado e por ter compartilhado suas experiências conosco! Subprojeto: Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no Quilombo Ivaporunduva. Roteiro de entrevistas – Quilombo Ivaporunduva - Público: pessoas que trabalham com turismo Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a relação das pessoas com o lugar onde vivem, se gostam, se sabem a história, se valorizam a cultura, o que acham do turismo. Para o aluno, especificamente, aprender a pesquisar. Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo na comunidade; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - o aluno fará anotações durante a entrevista; - tempo aproximado de entrevista 30 minutos. Aproximadamente 15 questões. Será um bate-papo. - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. 64 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Profissão/trabalho: Escolaridade: Estado civil: Quanto tempo vive na comunidade: Função que desempenha no turismo: Perguntas 1. Qual a origem do turismo de base comunitária no Ivaporunduva? 2. O que a comunidade demonstra achar do turismo de base comunitária? Gostam ou não? 3. As pessoas são escolhidas para trabalhar com o turismo? Ou as pessoas que escolhem se querem trabalhar ou não com o turismo. 4. Qual é o envolvimento dos jovens nesta atividade? 5. Você está satisfeito com o trabalho e a renda do turismo? Por quê? 6. Como o turismo ajuda/ajudou no desenvolvimento do artesanato? (Artesãos) 7. O que o turista demonstra quando conhece a comunidade? 8. Você pretende ganhar dinheiro com o turismo? 9. Como você se vê daqui a dez ou quinze anos? O que você estará fazendo e como estará vivendo? 10. Você gosta de viver no quilombo? 11. Você gostaria de viver em outro lugar? Por quê? 12. Você sente saudades quando está longe daqui? 13. Você sente que o quilombo é parte da sua identidade? 14. O que te mantém vivendo/morando no quilombo Ivaporunduva? Fechamento da entrevista Estamos terminando a entrevista, tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar referente aos assuntos tratados? Obrigado por você ter participado e por ter compartilhado suas experiências conosco! Subprojeto: Identidade, território e participação: um estudo psicossocial sobre a experiência de turismo de base comunitária no Quilombo Ivaporunduva. Roteiro de entrevistas – Quilombo Ivaporunduva - Público idosos Nome dos entrevistadores: Dia: Horário de início: Horário de término: Local: 65 Resultados da Pesquisa “Experiências de Turismo de Base Comunitária do Vale do Ribeira/SP” – Quilombo Ivaporunduva Apresentação dos pesquisadores Nome dos entrevistadores, curso, Etec, cidade de origem, subprojeto Objetivos do subprojeto: verificar a relação das pessoas com o lugar onde vivem, se gostam, se sabem a história, se valorizam a cultura, o que acham do turismo. Para o aluno, especificamente, aprender a pesquisar. Acordos para a entrevista Informar que: - o nome e demais dados de identificação pessoal não serão divulgados; - a utilização das informações ocorrerá sem a revelação da identidade do informante; - o entrevistado poderá interromper a qualquer momento a entrevista; - o entrevistado deve ficar ciente que sua participação ajudará na formação do estudante e na pesquisa; os dados gerais serão analisados e apresentados na comunidade, podendo auxiliar na melhoria da organização do turismo na comunidade; - se houver dúvida com relação às perguntas e respostas, o entrevistado e o entrevistador deverão pedir maior explicação; - caso a conversa saia do foco, o entrevistador retomará o assunto; - o aluno fará anotações durante a entrevista; - tempo aproximado de entrevista 30 minutos. Aproximadamente 10 questões. Será um bate-papo. - entregar o termo de consentimento para o entrevistado assinar. Entrevista Obs: ligar o gravador e organizar papel e caneta Dados pessoais do entrevistado Nome completo: Idade: Escolaridade: Quanto tempo vive na comunidade: Profissão/trabalho: Estado civil: Perguntas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Quais são os trabalhos que os senhores executam hoje? Qual foi a mudança da comunidade desde quando você mora aqui até hoje? O que você acha do turismo na comunidade? Na comunidade, as pessoas mais velhas são ativas ou não no turismo, se sim, quais as funções desempenham? Você gosta de viver no quilombo? Você gostaria de viver em outro lugar? Você se sente em casa aqui? Você sente saudades quando está longe daqui? Você sente que o quilombo é parte da sua identidade? O que te mantém vivendo/ morando no quilombo Ivaporunduva? Qual a sua visão sobre o futuro da comunidade? Fechamento da entrevista 66