1 PROJETO MOVIMENTO DAS MULHERES EMPREENDEDORAS: limites e possibilidades da política de geração de emprego e renda para mulheres artesãs no Ceará. Hayeska Costa Barroso1 RESUMO A partir de uma discussão sobre as políticas de geração de emprego e renda para as mulheres, a presente pesquisa analisa os limites e as possibilidades de um projeto governamental para mulheres artesãs no Ceará, enfocando particularmente a gênese de tais políticas, seus objetivos e atuais configurações no mercado de trabalho. O projeto analisado, baseado em uma perspectiva empreendedorista, é considerado uma política de emprego ativa. Contudo, sua realização está limitada à inserção das mulheres no mercado de trabalho de maneira informal, sem direitos trabalhistas, limitando-se à intermediação de exposições sazonais de artesanato. Palavras-chave: Política de emprego e renda, Mercado de trabalho, Gênero. ABSTRACT From a discussion on the politics of generation of employment and income for the women, the present inquiry analyses the limits and the means of a government project for women craftswomen in the Ceará, emphasizing particularly the origin of such politics, objectives and current configurations in the labor market. The project analysed, based on a perspective to undertake, is considered an active employment politic. However, his realization is limited by the insertion of the women in the labor market of informal way, without labor rights, contenting with the intermediation of seasonal exhibitions of craftwork. Key words: Politics of generation of employment and income, Labor Market, Gender. 1 INTRODUÇÃO As mudanças na sociedade nos âmbitos social, político, cultural e econômico foram determinantes para a constituição das mulheres enquanto sujeitos sociais públicos e ativos na luta pela conquista de direitos de cidadania. A cidadania para as mulheres esteve relegada historicamente em virtude de sua limitação ao 1 Graduanda. Serviço Social. Universidade Estadual do Ceará - UECE; Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Governo do Estado do Ceará - STDS. E-mail: [email protected] São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 2 espaço privado, do lar, doméstico. No atual contexto neoliberal de metamorfoses do trabalho, variadas atividades de geração de trabalho e renda emergiram dos anos 1990, principalmente revestidas enquanto políticas públicas de efetivação da cidadania em todas as suas dimensões. A autonomia das mulheres, condição sine qua non para o exercício de sua cidadania, é apontada por várias autoras (SILVEIRA, 2006; SOARES, 2006; SORJ, 2006) como concebida através de políticas de geração de trabalho e renda, que possibilitem sua autonomia pessoal e econômica. A falta de autonomia econômica expressa na capacidade de gerar própria, coloca as mulheres em uma situação mais vulnerável e aumenta a possibilidade de que importantes grupos de mulheres caiam na pobreza, caso sejam modificadas suas circunstâncias familiares e, portanto, há necessidade de políticas que reforcem a autonomia econômica das mulheres. (SOARES, 2006, p. 120). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD (2006), no Brasil a população ocupada aumentou quase que em 2,5 milhões de pessoas, na qual a ocupação feminina obteve seu maior acréscimo desde 1992. Se em 2004 o nível de ocupação feminina era de 45,6%, em 2006 alçou aos 46,4%. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2000) a presença feminina no trabalho assalariado corresponde a pouco mais de 41% da população economicamente ativa (PEA) do Brasil. Consoante Bruschini (2000) alguns dos indicadores dessas transformações são: a queda das taxas de fecundidade, o envelhecimento da população, o aumento do número de famílias chefiadas por mulheres, a expansão da escolaridade, os novos valores relativos ao papel das mulheres na sociedade brasileira e a redemocratização do país. Não se pode desconsiderar que tais mudanças além de seus determinantes econômicos de mercado, são também resultado de transformações demográficas, culturais e sociais que vêm ocorrendo no país e têm afetado às mulheres e às famílias brasileiras. Na verdade, “a consolidação de tantas mudanças é um dos fatores que explicariam não apenas o crescimento da atividade feminina, mas também as transformações no perfil da força de trabalho desse sexo” (BRUSCHINI, 2000). A partir de uma discussão sobre as políticas de geração de emprego e renda para as mulheres, a presente pesquisa analisa os limites e as possibilidades de um projeto governamental para mulheres artesãs no Ceará, qual seja o Projeto São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 3 Movimento das Mulheres Empreendedoras (PMME). O projeto analisado, baseado em uma perspectiva empreendedorista, é considerado uma política de emprego ativa. Contudo, sua efetivação está limitada à inserção das mulheres no mercado de trabalho de maneira informal, sem direitos trabalhistas, limitando-se à intermediação de exposições sazonais de artesanato em logradouros públicos e na orla marítima de Fortaleza. Para tanto, o percurso metodológico consistiu num estudo bibliográfico criterioso acerca das questões de gênero, mercado de trabalho, políticas públicas de geração de emprego e renda, seguido de análise documental na instituição responsável pelo PMME e em dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e de observação participante nas reuniões dos grupos de mulheres em questão. 2 POLÍTICAS DE GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA PARA MULHERES A origem das políticas de emprego deve ser compreendida segundo Gimenez (2001) deve ser compreendida como uma manifestação política das sociedades contemporâneas em fazer frente aos problemas produzidos pela dinâmica da acumulação capitalista, especialmente em face à tendência geral da existência de um contingente de força de trabalho no capitalismo. As contradições inerentes à relação capital – trabalho na sociedade capitalista contemporânea coloca a questão do desemprego, à não disposição de meios de subsistência e renda, como uma das grandes preocupações no âmbito da proteção social e da garantia dos direitos fundamentais dos indivíduos. Ao longo dos anos 80 e 90 temos a desregulamentação do mundo do trabalho, uma progressiva “flexibilização” do trabalho, o desmonte dos direitos trabalhistas, seguido do crescimento da informalização. Diante das escassas e incertas condições de emprego regular, as múltiplas formas de ocupações precárias foram utilizadas como um novo parâmetro de emprego possível, mediante novas lógicas nos processos e condições de trabalho como conseqüência das novas estruturas de acumulação capitalista. O emprego flexível e a informalidade surgem como alternativas para a saída do desemprego, cada vez em índices maiores, de modo a se adequar às novas demandas do mercado. Os governos, a fim de contrabalançar os efeitos São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 4 negativos desse cenário, passam a estruturar políticas programas de proteção, inclusive os de geração de emprego e renda. num mercado onde a informação é imperfeita – como é o caso do mercado de trabalho – o governo é um agente que assume importância maior e pode atuar visando fornecer melhores condições e iguais oportunidades de acesso ao emprego a todas as categorias ou pelo menos minimizar as barreiras existentes a determinados grupos sociais através de políticas de emprego, seja através de políticas passivas (compensatórias), seja através de políticas ativas. (MONTE, 2006, p. 154) Contudo, as políticas de emprego logo se reduziram a políticas de mercado de trabalho, uma vez que o problema do desemprego tem sido enfrentado, predominantemente, por iniciativas voltadas estritamente às relações que dizem respeito ao mercado de trabalho. Segundo Pochmann (2000), há dois tipos de políticas de emprego: as ativas representam um conjunto de medidas direcionadas à elevação da quantidade de postos de trabalho, principalmente as medidas que atuam sobre os fatores determinantes da demanda da mão-de-obra; e as compensatórias que são ações que objetivam impedir a redução do nível de emprego e favorecer o tratamento social dos que não possuem emprego. As primeiras teriam, dentre suas medidas, o objetivo de ampliar programas sociais e complementares da renda e ações para segmentos específicos do mercado de trabalho (pessoas com deficiência, jovens, mulheres). O programa por ora em análise pode ser caracterizado como política de emprego ativa. Os principais desafios à implementação de políticas públicas para mulheres, segundo Godinho (2004) estão fundamentados na perspectiva de transformação das condições concretas que permitam às mulheres reverter sua condição de desigualdade, principalmente no sentido de promover propostas que possibilitem a ampliação das condições de autonomia pessoal e auto-sustentação das mulheres de forma a favorecer o rompimento com os tradicionais ciclos de dependência e subordinação, propiciando sua autonomia pessoal e econômica, encarada como condição para o exercício da cidadania. Tornar-se cidadão e cidadã, nesse sentido, passa a significar a integração individual ao mercado, como consumidor e como produtor. Num contexto no qual o Estado se isenta progressivamente de seu papel de garantidor de direitos, o mercado é oferecido como uma instância substituta/alternativa para a cidadania. Se São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 5 legitimar os direitos não responde às demandas capitalistas e acaba por tornar-se um entrave para as necessidades prementes do mercado, o Estado coopta-os e revesti-os sob a forma de políticas sociais. A ênfase gerencialista e empreendedorista transita da área da administração privada para o âmbito da gestão estatal com todas as implicações despolitizadoras delas decorrentes. Mais especificamente para as mulheres, tal realidade se configura tanto no âmbito objetivo quanto no subjetivo a partir da recorrência de: a valorização da auto-estima, na medida em que essas experiências (empreendedoristas) recolocam os trabalhadores em atividade para sustento próprio e da família, o que é ainda mais ressalvado no caso das mulheres na periferia (primeira experiência de trabalho realizado fora de casa, conseguindo associar com a vida familiar, mediação para maior autonomia pessoal – diminuição dependência financeira)”. (BARBOSA, 2007, p. 96). Atualmente, esse debate nas políticas públicas se dá a partir da seguinte perspectiva: as mulheres como beneficiárias de políticas de combate à pobreza. Contudo, tem-se julgado que se pode ampliar o espaço da cidadania feminina tãosomente atendendo a carências construídas sexuadamente (LAVINAS, 2004, p. 145). 3 CONHECENDO O PROJETO MOVIMENTO DAS MULHERES EMPREENDEDORAS O Projeto Movimento das Mulheres Empreendedoras (PMME) foi concebido no final do ano de 1999, a partir da necessidade de se atribuir maior efetividade aos resultados observados nas avaliações sistemáticas dos cursos profissionalizantes propostos pelo Plano de Qualificação do Estado. A essa época, na região do bairro Pirambu, localizado a leste da capital cearense, vários grupos organizados de mulheres demandaram apoio técnico-financeiro e assistencial do poder público estadual para a realização de iniciativas de geração de renda. A maioria dessas mulheres era proveniente dos cursos profissionalizantes ministrados no Centro Comunitário Miriam Porto Mota e enfrentavam grandes dificuldades para sua inserção no mercado de trabalho, visto que, para tanto, há necessidade de outras estratégias para além da qualificação profissional. São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 6 Dessa forma, o projeto foi visto como possibilidade para a organização das mulheres capacitadas de forma a garantir oportunidades de estruturação de negócios produtivos e auto-sustentáveis. Foi adotada como diretriz o apoio técnico e gerencial aos participantes dos cursos e moradores da comunidade, na condição de autônomos ou desempregados, subsidiando-os na identificação de alternativas, adoção de estratégias eficientes de comercialização e ampliação da renda familiar. Buscava-se valorizar espaços que favorecessem a possibilidade de desenvolvimento de potencialidades humanas, de modo a estimular que cada pessoa seguisse seu próprio caminho, crescesse e se auto-conhecesse, a fim de conquistar autonomia, liberdade e responsabilidade sobre seu auto-gerenciamento, tornasse empreendedorista. Tal perspectiva, contudo, não nos parece aceitável, por exemplo, identificar o microempresário com o clássico capitalista empreendedor: criativo, rico, gerador de empregos, independente e poderoso. Nessa mesma linha raciocínio, também não nos parece aceitável a comparação oficial dos trabalhadores por conta própria com os artesãos – uma caricatura de mau gosto com uma pitada de sadismo. (MALAGUTI, 2001, p. 81). O PMME efetiva-se em 10 Centros Comunitários2 – unidades descentralizadas efetivadoras da política de Assistência Social pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), no que concerne à proteção social básica, localizadas nos principais bairros periféricos de Fortaleza3. Administrativamente, é de responsabilidade da STDS, sob a supervisão da Coordenadoria de Proteção Social Básica e Segurança Alimentar e Nutricional e do Núcleo de Ações Sócio Assistenciais (NASA). O objetivo geral do Projeto, em sua versão original (1999), é favorecer o protagonismo da mulher artesã, por meio de ações de capacitação e acompanhamento sócio-familiar, na perspectiva da validação de projetos pessoais e 2 3 Centros Comunitários são equipamentos sociais, instância do Governo do Estado do Ceará de prestação de serviços à população de baixa renda onde são desenvolvidos Programas e Projetos do Sistema de Trabalho e Ação Social. Entre suas principais atividades, destacam-se: grupos de convivência para idosos, grupos de adolescentes gestantes, grupos produtivos/artesanais, cursos de qualificação profissional, expedição de documentos básicos, assessoramento às organizações sociais/entidades comunitárias. Seu público alvo consiste em crianças, adolescentes, idosos e adultos tendo como foco a intervenção junto às famílias. Os Centros Comunitários estão presentes nos seguintes bairros de Fortaleza: Antônio Bezerra (Conjunto São Francisco), Jardim das Oliveiras (Conjunto Tancredo Neves), Cais do Porto (Farol), Pirambu, Aldeota (Conjunto São Vicente de Paula), João XXIII, Dias Macedo, Barra do Ceará (Goiabeiras), Meireles e Vicente Pinzon (Conjunto Santa Terezinha). São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 7 coletivos, focados na descoberta de soluções inovadoras na vida pessoal, comunitária e produtiva. Dentre os objetivos específicos, temos: realizar oficinas temáticas variadas a fim de contribuir para o autodesenvolvimento da mulher artesã; viabilizar oportunidades de geração de renda para trabalhadoras autônomas; apoiar técnica e financeiramente as mulheres trabalhadoras em iniciativas de organização de grupos de interesses, visando à modernização da produção e adequação às tendências de consumo; viabilizar capacitação técnico-operacional e acompanhamento contínuo junto aos grupos de mulheres, para implantação de associações e/ou cooperativas nas áreas de abrangência dos Centros Comunitários; realizar feiras artesanais em praças e logradouros públicos como revitalização dos espaços públicos; realizar reuniões/encontros sistemáticos para deliberar sobre o encaminhamento de interesse coletivo através da composição de um Grupo Gestor. Já no Formulário de Informações Complementares (2002), com número de Inscrição 547/02, documento constando de uma avaliação do PMME três anos após sua concepção, aponta como objetivos mais importantes contribuir para o desenvolvimento integral da mulher empreendedora, motivando-a a assumir comportamentos éticos, críticos, autônomos, criativos e solidários, que possibilitem, num processo de sinergia grupal, a descoberta de soluções inovadoras na vida pessoal, comunitária e produtiva; e, viabilizar oportunidades de ocupação e geração de renda para trabalhadoras autônomas, participantes do Programa de Educação Profissional ou iniciativa similar, cadastradas na Central de Artesanato do Estado e/ou identificadas e mobilizadas nos próprios bairros localizados nas áreas de abrangência dos Centros Comunitários da Secretaria do Trabalho e Ação Social (atual STDS). A perspectiva de tal iniciativa era estimular cada grupo de mulheres para uma condição de empoderamento, caracterizada pela construção de identidades positivas que fortalecessem o auto-desenvolvimento e se voltassem para a dimensão comunitária. Para além do aspecto estritamente econômico, o PMME intencionava trabalhar a subjetividade humana com as mulheres participantes, reafirmando a centralidade do trabalho como condição de liberdade e não apenas do mercado. Contudo, como veremos, muito pouco da idéia inicial resistiu às tendências do mercado neoliberal e às contradições inerentes ao pressuposto empreendedorista. A metodologia adotada para o desenvolvimento do projeto esteve sedimentada em reuniões reflexivas denominadas “encontros marcados”, supervisionados e acompanhados por 01 técnico de nível superior, realizadas semanalmente em cada Centro Comunitário, constituindo espaço primário de São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 8 construção da imagem e de uma pseudoidentidade das mulheres participantes enquanto empreendedoras. Os “encontros marcados” ensejavam momentos em qua se avaliavam as dificuldades dos grupos, a programação de eventos a cumprir, a exeqüibilidade das atividades previstas, o alcance das estratégias adotadas, a contribuição prática dos parceiros, a capacidade operacional do PMME para responder ás demandas emergentes do mercado, e verificar a freqüência, a qualidade e o nível de participação dos atores envolvidos. Atualmente, o Projeto Movimento das Mulheres Empreendedoras se encontra em delicada situação, em virtude de rearranjos institucionais internos no interior mesmo da STDS. Ao longo de seu desenvolvimento, o PMME teve seus objetivos iniciais desvirtuados, de modo que suas configurações recentes remontam e se reduziram a aspectos mercadológicos e de intermediação de feiras de comercialização de artesanato. Assim, tivemos uma perda mesmo de identidade da proposta primeira. Institucionalmente o PMME aguarda transferência para a Coordenadoria do Trabalho, em detrimento de sua saída do âmbito da Proteção Social Básica. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Projeto Movimento das Mulheres Empreendedoras, embora considerado uma iniciativa exitosa por parte de seus idealizadores, tem mostrado sérios sinais de falência de seus objetivos primeiros, principalmente em relação a dois pontos: a organização política das mulheres participantes e o modo de sua inserção no mercado de trabalho. A concepção do projeto não considerou as mulheres enquanto sujeitos e sim como atores, desconsiderou sua capacidade de organização política coletiva para além de interesses imediatos de emprego e renda. O estímulo à autonomia não fora trabalhado desde o princípio e hoje o que se tem é uma cidadania regulada, tutelada pelas amarras institucionais. A vinculação a sindicatos de artesãos e no Centro de Artesanato Cearense – CeArt – ilustrou uma pseudo organização política. O ideal empreendedorista mostrou sua falta de consistência assim quando da chegada dos períodos de “baixa estação”, nos quais se carecia de espaços para exposição e vendas de produtos artesanais, na ausência de público turístico para a comercialização. Além disso, as “mulheres empreendedoras” não São Luís – MA, 25 a 28 de agosto 2009 9 receberam capacitações continuadas, nem tão pouco foram incentivadas nem esclarecidas quanto à importância do registro profissional enquanto autônomas. Ainda assim, as condições às quais se viram submetidas em tempos de chuvas colocavam-nas inteiramente vulneráveis às mudanças climáticas. Enfim, embora tenha sido considerado uma política de geração de emprego e renda ativa, o PMME fracassou diante de suas próprias contradições, inerentes próprias à relação capital e trabalho, a partir da lógica neoliberal em vigor, através da qual todos são responsáveis pelo seu fracasso e/ou sucesso. O Estado cada vez mais isento, o mercado cada vez mais atuante. E as políticas públicas cada vez mais individuais, privadas. REFERÊNCIAS BRUSCHINI, Cristina. Gênero e trabalho no Brasil: novas conquistas ou persistência da discriminação? (Brasil, 1985/95). In: ROCHA, Maria Isabel Baltar da. (org.). Trabalho e gênero: mudanças, permanências e desafios. São Paulo: NEPO/UNICAMP, 2000, p. 13-58. CARLOTO, Cássia Maria. Gênero, políticas públicas e centralidade na família. Serviço Social e Sociedade. São Paulo, ano XXV, n. 86, jul. 2006. 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