CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA. São Paulo 2009 2 LUIZ CARLOS DE MIRANDA JÚNIOR AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA. Dissertação de mestrado apresentada ao Centro Universitário SENAC, como exigência parcial para a obtenção do grau de Mestre em Sistema Integrado de Gestão – área de concentração: Segurança e Saúde do Trabalho. Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D. Sc São Paulo 2009 3 Miranda Júnior, Luiz Carlos de M672v AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA / Luiz Carlos de Miranda Junior – São Paulo, 2009. 170f.: il. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente) – Centro Universitário Senac, São Paulo, 2009. Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas de Gestão, Sustentabilidade. I.Autor II.Título CDD 363.7 4 Aluno mestrando: Luiz Carlos de Miranda Júnior AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA. Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D. Sc A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Mestrado, em sessão pública realizada em ___/___/______, considerou o candidato: ________________________________. 1) Examinador (a): ______________________________________ 2) Examinador (a): ______________________________________ 3) Presidente: _________________________________________ 5 Dedicatória Dedico esse trabalho aos meus mestres que muito me auxiliaram na avaliação crítica do mundo do trabalho e, em especial, às mulheres da minha vida: Eliana, minha esposa, e, Ana Luíza, minha filha, sempre compreensivas em relação aos meus projetos. 6 Agradecimentos Agradeço a Deus pela saúde. Ao meu orientador, Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, pelas importantes contribuições que permitiram a conclusão desse trabalho e a todos os amigos que sempre me incentivaram para que mais essa etapa fosse vencida. Especial agradecimento ao meu pai que através de seu exemplo impulsionou a buscar o melhor. sempre me 7 RESUMO A presente dissertação investiga a participação e a visão dos trabalhadores relativas ao desempenho de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho. A pesquisa foi desenvolvida a partir de revisão de literatura e utilização de questionário para avaliação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho. O estudo de caso foi realizado em uma empresa do setor elétrico a partir de pesquisa de campo, obtendo-se a visão qualitativa dos trabalhadores sobre aspectos que compõem o sistema de gestão. Da pesquisa realizada, resultaram sugestões de melhoria para o sistema de gestão. O trabalho conclui que é relevante a participação dos trabalhadores na concepção e aprimoramento de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho. Palavras-Chave: Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas de Gestão, Sustentabilidade. 8 ABSTRACT This essay deals with the workers’ participation and their opinions related to the performance of an occupational safety and health management system. The survey was based on the literature review and the questionnaire to evaluate the occupational safety and health management system. The case study took place in an electrical company with data based on field research, in which the workers’ quality evaluation about the management system aspects is obtained. Suggestions to improve the management system were taken from the survey. According to this essay, it may be stated that the workers’ participation in the definition and improvement of an occupational safety and health management system is relevant. Keywords: Management of Occupational Safety and Health, Management Systems, Sustainability. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores no Brasil desde a década de 70 ................................................ Figura 2 - 20 Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a década de 70 ............................................................................ 21 Figura 3 - TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006 ................ 28 Figura 4 - TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006 ................ 29 Figura 5 - Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores econômicos no Brasil ................................................................ 33 Figura 6 - Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST ............ 53 Figura 7 - PDCA e melhoria contínua em SST .......................................... 54 Figura 8 - Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado ........ 79 Figura 9 - Norma Regulamentadora 10 – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado ........................................... Figura 10 - 79 Choque Elétrico – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado ........................................................... 79 Figura 11 - Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança ................. 80 Figura 12 - Caderno do Diálogo Semanal de Segurança – DSS ................ 81 Figura 13 - Equipamentos de Proteção – tema desenvolvido para o Caderno do DSS ....................................................................... 81 Figura 14 - Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007 ........................ 82 Figura 15 - Tabulação respostas dadas para a questão 1 .......................... 87 Figura 16 - Tabulação respostas dadas para a questão 2 .......................... 88 Figura 17 - Tabulação respostas dadas para a questão 3 .......................... 89 Figura 18 - Tabulação respostas dadas para a questão 4 .......................... 90 Figura 19 - Tabulação respostas dadas para a questão 5 .......................... 91 Figura 20 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 .......................... 92 Figura 21 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de respondentes ............................................................................ 93 Figura 22 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 .......................... 94 Figura 23 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de respondentes ............................................................................ 95 10 Figura 24 - Tabulação respostas dadas para a questão 8 .......................... 96 Figura 25 - Tabulação respostas dadas para a questão 9 .......................... 97 Figura 26 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 ........................ 98 Figura 27 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria de respondentes ....................................................................... 99 Figura 28 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 ........................ 100 Figura 29 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 101 Figura 30 - Tabulação respostas dadas para a questão 12 ........................ 101 Figura 31 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 ........................ 102 Figura 32 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria de respondentes ....................................................................... 103 Figura 33 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 ........................ 104 Figura 34 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria de respondentes ....................................................................... 105 Figura 35 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 ........................ 106 Figura 36 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 107 Figura 37 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 ........................ 107 Figura 38 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria de respondentes ....................................................................... 108 Figura 39 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 ........................ 109 Figura 40 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 110 Figura 41 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 ........................ 110 Figura 42 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria de respondentes ....................................................................... 111 Figura 43 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 ........................ 112 Figura 44 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria de respondentes ....................................................................... 113 Figura 45 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 ........................ 114 Figura 46 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 115 11 Figura 47 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 ........................ Figura 48 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias 115 de eletricistas e técnicos ........................................................... 116 Figura 49 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 ........................ 117 Figura 50 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 118 Figura 51 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 ........................ 118 Figura 52 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 119 Figura 53 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 ........................ 120 Figura 54 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 121 Figura 55 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 ........................ 121 Figura 56 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria de respondentes ....................................................................... 123 Figura 57 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 ........................ 124 Figura 58 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 125 Figura 59 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 ........................ 125 Figura 60 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 126 Figura 61 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 ........................ 127 Figura 62 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria de respondentes ....................................................................... 128 Figura 63 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 ........................ 129 Figura 64 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias de eletricistas e técnicos ........................................................... 129 Figura 65 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 ........................ 130 Figura 66 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria de respondentes ....................................................................... 131 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro décadas .................................................................................... 19 Tabela 2 - Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados .......... 26 Tabela 3 - Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número Total de Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro.................... Tabela 4 - Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico Brasileiro – 1982 a 2007 ........................................................... Tabela 5 - 32 Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional de Segurança do DNV .............................................................. Tabela 6 - 31 47 Resultados da implantação de SGSST para as organizações segundo diversos autores ......................................................... 56 Tabela 7 - Questões do questionário aplicado .......................................... 61 Tabela 8 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser intensificado (ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa .......................... Tabela 9 - 134 Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no SGSST adotado pela empresa ................................................. 143 Tabela 10 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR) no SGSST adotado pela empresa ............................................ 149 Tabela 11 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser eliminado (ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa ....................... Tabela 12 - 151 Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos (trabalhadores próprios e de empresas contratadas) – Setor Elétrico Brasileiro ...................................................................... 154 13 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 16 1.1. Contexto geral .......................................................................... 16 1.2. Desenvolvimento industrial e infortunística .............................. 16 1.3. Situação problema .................................................................... 22 1.4. Questão de Pesquisa ............................................................... 22 1.5. Objetivo, justificativa e relevância ............................................. 23 1.6. Estrutura do trabalho ................................................................ 24 2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................... 26 2.1. O setor elétrico comparação com brasileiro, alguns infortunística outros setores associada e econômicos nacionais relevantes ................................................................. 2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho SGSST ...................................................................................... 2.3. 34 A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas de gestão em segurança e saúde do trabalho ......................... 2.4. 27 40 Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional com base em diretrizes do DNV e da OSHAS 18001 .......................................................................... 47 3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................. 58 4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica .... 68 4.1. Introdução ................................................................................. 68 4.2. Breve histórico da empresa ...................................................... 68 4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho …………………......................................................... 4.4. 69 Principais processos do sistema de gestão de segurança e saúde adotado pela empresa e resultados relevantes ............. 73 4.5. Pesquisa de campo e resultados .............................................. 82 4.6. Análise dos resultados .............................................................. 152 4.7. Recomendações a partir do estudo de caso ............................ 157 14 4.8. Considerações finais ................................................................ 158 5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS .. 160 REFERÊNCIAS ........................................................................ 162 ANEXOS ................................................................................... 166 Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – anverso ................................................................... 166 Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – verso ....................................................................... 167 Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – auxílio no entendimento dos itens e na avaliação .. 168 15 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APR - Análise Prevencionista de Risco BS - British Standards BSI - British Standards Institution BVQI - Bureau Veritas Quality of Standards CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CSST - Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE DSS - Diálogo Semanal de Segurança DNV - Det Norske Veritas EPC - Equipamento de Proteção Coletiva EPI - Equipamento de Proteção Individual GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho ISO - International Organization for Standardization MPS - Ministério da Previdência Social NRs - Normas Regulamentadoras do Capítulo V do Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário OC - Organismo Certificador OHSAS - Occupational Safety and Health Assessment Series PDCA - Plan, Do, Check, Act PST - Profissional de Segurança do Trabalho SAT - Seguro Acidente do Trabalho SEP - Sistema Elétrico de Potência SGSSO - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, o mesmo que SGSST SGSST - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho SST - Segurança e Saúde do Trabalho TF - Taxa de Freqüência de Acidentes TG - Taxa de Gravidade de Acidentes 16 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contexto geral A complexidade das organizações, assim como a velocidade da incorporação dos mais diversos aspectos que as partes interessadas em seus negócios impõem a elas, faz com que, atualmente, sistemas de gestão que possam auxiliar nesse processo tornem-se ferramentas indispensáveis. Para maior eficácia desses sistemas, é fundamental a participação dos trabalhadores desde sua concepção até as fases de operacionalização e revisão para a melhoria contínua. O presente trabalho propõe avaliação de um SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho e a verificação do nível de participação dos trabalhadores, implantado em uma empresa de grande porte, o que é feito com a aplicação de questionário de avaliação desenvolvido com base nos principais aspectos de um SGSST. A aplicação da metodologia proposta também resulta na obtenção de sugestões sobre as ações a serem tomadas para buscar o aperfeiçoamento do sistema e, consequentemente, de seus resultados. Espera-se com isso contribuir para melhoria de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho implementados pelas organizações, que com a utilização da ferramenta criada, poderão identificar o nível de conhecimento e participação de seus empregados no sistema, assim como obter suas propostas para a sua melhoria contínua. 17 1.2. - Desenvolvimento industrial e infortunística1 Inicia-se esta dissertação com uma citação de Brasil (2002) sobre a ocorrência de acidentes nas atividades laborais: “O mesmo trabalho que retirou o homem das cavernas e o colocou viajando em meio às estrelas tem interrompido projetos de vida individuais e familiares ao gerar sofrimentos físicos e mentais de várias ordens, além de impor prejuízos sem conta para a sociedade.” (2002, p.1) De fato, os acidentes do trabalho têm mutilado e tirado a vida de milhões de trabalhadores ao longo da história e produzido prejuízos imensos para a sociedade, muitas vezes impossíveis de se mensurar com exatidão. E isso se intensificou desde a revolução industrial, iniciada na Europa do século XVIII. Paralelamente ao desenvolvimento tecnológico e econômico que se iniciavam nos primórdios da revolução industrial, trabalhadores eram submetidos aos mais variados riscos de acidentes e agravos à saúde que ceifaram vidas ou determinaram a incapacidade para o trabalho de milhares de pessoas. Hunter (apud MENDES, 1996, p.7), afirma: “Toda a sorte de acidentes graves, mutilantes e fatais, além de intoxicações agudas e outros agravos à saúde, atingiram os trabalhadores, incluindo crianças de cinco, seis ou sete anos e mulheres, preferidos que eram – crianças e mulheres – pela possibilidade de lhes serem pagos salários mais baixos.” Famílias numerosas e extremamente pobres eram recrutadas nas grandes cidades inglesas como mão-de-obra fácil. Não somente os homens eram aceitos como trabalhadores, mas também suas mulheres e filhos e não havia quaisquer restrições quanto ao estado de saúde e desenvolvimento físico dessas pessoas indefesas (BRASIL, 2002). 1 Estudo dos acidentes de trabalho e suas conseqüências, incluídas as doenças ditas profissionais. 18 Assim, os trabalhadores, em sua grande parte crianças e mulheres, tiveram a saúde comprometida de forma extremamente grave. Os acidentes do trabalho passaram a ser rotina e tinham origem tanto pela inabilidade dos trabalhadores que não estavam habituados a operar máquinas e não eram orientados para tal, quanto pela ausência das proteções básicas de engrenagens e correias. Somado a isso, ambientes totalmente insalubres, sem ventilação e com níveis de ruído ensurdecedores agravavam o risco da ocorrência de acidentes (BRASIL, 2002). As precárias condições de trabalho vigentes à época e a inobservância a preceitos básicos de higiene do trabalho, capazes de evitar o adoecimento dos trabalhadores, não se justificavam na falta de conhecimento do nexo causal de diversas moléstias que acometiam os trabalhadores. Já no século XVII, os estudos de Bernardino Ramazzini2 evidenciavam a correlação entre várias atividades de trabalho e ambientes ocupacionais nos quais se desenvolviam com a saúde dos trabalhadores. Portanto, pode-se concluir que, se assim desejassem, os empreendedores da época poderiam ter proporcionado melhores ambientes de trabalho aos operários que não os conduzissem ao adoecimento. Infelizmente, não foi o que ocorreu. Segundo Berlinguer (2004), essa situação praticamente não se alterou durante muitas décadas na medida em que, não obstante estarem expostos a toda sorte de riscos nos ambientes de trabalho, a proteção dos trabalhadores não experimentou nenhuma celeridade. Ao se analisar a situação dos trabalhadores no século XIX, observa-se a continuidade da total inobservância das mais comezinhas regras de prevenção de acidentes e promoção da saúde. No Brasil, a história não foi diferente. Somente atrasada em alguns séculos, o que é evidenciado pela constatação de que a “revolução industrial brasileira” ocorreu a 2 Nascido na cidade italiana de Capri em 3 de novembro de 1633, o médico Bernardino Ramazzini deixou importante contribuição à medicina em seu trabalho sobre doenças ocupacionais chamado De Morbis Artificum Diatriba (Doenças do Trabalho) que relacionava os riscos à saúde ocasionados por produtos químicos, poeira, metais e outros agentes aos quais se expunham os trabalhadores de 52 ocupações estudadas pelo médico italiano (BERLINGUER, 2004). 19 partir do final da I Guerra Mundial e, infelizmente, também registrando números alarmantes de acidentes do trabalho. Atualmente, o Brasil apresenta um parque industrial moderno e que já o colocou como oitava economia mundial. Não obstante, tal modernidade não afastou o grande número de acidentes do trabalho que vitimam seus trabalhadores, como pode ser verificado na tabela 1. TABELA 1 – Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro décadas Médias por década Acidentes Trabalhadores Doenças Típico Total de Acidentes Trajeto Acidentes / 100 mil Óbitos trab. Óbitos / 100 mil trab. Óbitos / 10 mil acidentes Anos 70 12.428.828 1.535.843 36.497 3.227 1.575.566 13.696 3.604 30 23 Anos 80 21.077.804 1.053.909 59.937 4.220 1.118.071 5.388 4.672 22 42 Anos 90 23.648.341 414.886 35.618 19.706 470.210 1.998 3.925 17 85 Anos 00* 30.206.932 344.919 53.844 24.885 423.648 1.397 2.830 9 68 *dados até 2006 Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção 2008 (http://www.protecao.com.br/, acessado em 6 de setembro de 2008), a partir de dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social Como se pode verificar, os anos 70 foram aterradores no que se refere à ocorrência de acidentes do trabalho. Mais de um milhão e meio de acidentes registrados que resultaram na morte de três mil, seiscentos e quatro trabalhadores. O resultado foi de uma razão de trinta óbitos para cada cem mil trabalhadores registrados e a fatalidade de vinte e três óbitos para cada dez mil acidentes do trabalho registrados. O país não podia continuar nessa trajetória e no final da década o resultado dos esforços para prover o Brasil de um ordenamento legal em segurança e saúde do trabalhador foi coroado com a oficialização das Normas Regulamentadoras (NR) em Segurança e Saúde do Trabalho, aprovadas pela Portaria N0 3.214, de 8 de junho de 1978. 20 Não obstante o número de trabalhadores mortos em acidentes do trabalho tenha aumentado na década de 80, o arcabouço legal trazido pelas NRs contribuiu com a reversão do quadro sombrio à época, o que pode ser verificado pela diminuição das médias de acidentes do trabalho registradas nas décadas seguintes e, na presente década, com a diminuição do número de mortes no trabalho. Na Figura 1 está evidenciada a expressiva redução dos acidentes do trabalho comparada ao número de trabalhadores do mercado de trabalho formal registrada ao longo das últimas três décadas até meados da presente década. Ou seja, a sinistralidade3 diminuiu. 16000 14000 Quociente 12000 10000 8000 Acidentes/100 mil trabalhadores 6000 4000 2000 0 anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até 2006) Décadas Figura 1 – Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores no Brasil desde a década de 70 Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social Não obstante o resultado positivo registrado, a fatalidade aumentou como pode ser verificado na Figura 2. Enquanto o número de óbitos por cem mil trabalhadores diminuiu de forma relevante, o número de óbitos por 10 mil acidentes aumentou drasticamente. Ou seja, a fatalidade decorrente dos acidentes registrados aumentou substancialmente. 3 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho. 21 90 80 Quociente 70 Óbitos/100 mil trabalhadores 60 50 40 30 Óbitos/10 mil acidentes 20 10 0 anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até 2006) Décadas Figura 2 – Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a década de 70 Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social Embora não seja objeto do presente trabalho, algumas questões podem ser levantadas à luz desses dados: As ações adotadas pelo governo e sociedade brasileiros visando à prevenção de acidentes e doenças no país estariam realmente surtindo os efeitos desejados e diminuição dos acidentes do trabalho? Estaria havendo subnotificação dos acidentes do trabalho no Brasil tendo em vista que mesmo com a sinistralidade4 diminuindo a fatalidade não apresentou redução proporcional à redução dos acidentes? A aparente contradição originada pela análise dos números, menor número de acidentes relativo à força de trabalho e maior fatalidade relativa, seria o resultado da diminuição dos riscos nos ambientes de trabalho produzindo a eliminação dos acidentes de menor gravidade que, não tendo o mesmo efeito sobre os riscos de maior gravidade, não conseguiu modificar o cenário relativos aos acidentes mais graves? Nesse contexto, os SGSST – Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho podem se constituir em ferramentas de auxílio ao aperfeiçoamento 4 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho. 22 contínuo das ações voltadas à prevenção de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores e, além disso, também proporcionar às empresas economia nos custos relevantes decorrentes de acidentes e doenças. 1.3. Situação problema Conforme relatado anteriormente, os ambientes e os processos laborais no Brasil têm causado inúmeros acidentes, alguns com gravíssimas conseqüências. Com o objetivo de organizar de forma sistêmica as ações direcionadas à prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, empresas têm implantado sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho certificados ou não por terceira parte5. Vários autores que serão mencionados na revisão de literatura ratificam a importância de um sistema de gestão para que se obtenham melhorias substanciais e contínuas na prevenção de acidentes, nas relações de trabalho e mesmo na sustentabilidade das organizações. Outros autores, trabalhos e legislações versando sobre a contribuição e participação dos trabalhadores na construção e posterior administração de SGSST também são citados no capítulo de revisão da literatura. Pretende-se, com a pesquisa, desenvolver ferramenta que agregue a participação de trabalhadores na construção e administração de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho, contribuindo assim para o sucesso e melhoria desses sistemas. 1.4. Questão de pesquisa Para a elaboração da questão de pesquisa, parte-se da seguinte premissa: 5 Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas. 23 A participação dos trabalhadores na construção de um SGSST é um ponto relevante para o sucesso do sistema! A partir dela, pretende-se responder a seguinte questão: Como viabilizar a participação dos trabalhadores na construção, operacionalização e melhoria contínua de sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional? 1.5. Objetivo, justificativa e relevância O presente trabalho objetiva o desenvolvimento de sistemática de avaliação de SGSST - Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho através da verificação do nível de conhecimento e participação de trabalhadores nos mesmos. Esse objetivo foi alcançado com a utilização de um questionário versando sobre trinta aspectos relevantes de um SGSST, aplicado aos trabalhadores de uma empresa de grande porte. Também foram obtidas suas contribuições para a melhoria do sistema. Considerando os acidentes que continuam a ser registrados nos diversos setores da economia brasileira e a necessidade da reversão desse quadro, a implantação de um SGSST eficaz, capaz de contribuir para a eliminação dos acidentes e doenças originadas no trabalho, justifica a presente pesquisa. Também é relevante estabelecer metodologia capaz de avaliar os SGSST implantados, com base na participação dos trabalhadores, bem como levantar suas contribuições para a melhoria dos mesmos. 24 1.6. Estrutura do trabalho No capítulo 2, desenvolve-se pesquisa da literatura onde se evidencia a ocorrência de acidentes do trabalho nas empresas do setor elétrico brasileiro, comparativamente com a de outros relevantes setores econômicos nacionais. Também são estudados autores que tratam da importante contribuição dos SGSST para a busca da eficácia da gestão de segurança e saúde nas organizações, assim como outros que enfatizam a importância da participação dos trabalhadores para o sucesso das melhores práticas em segurança e saúde do trabalho. Ainda no capítulo 2, são abordados dois dos principais modelos de gestão em segurança e saúde ocupacional atualmente utilizados pelas empresas: o sistema SCIS - Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela DNV – Det Norske Veritas e a OHSAS 18001 – Occupational, Health and Safety Assessment Series. No capítulo 3, discute-se a estratégia do trabalho a ser realizado, com ênfase no questionário com trinta questões sobre saúde e segurança do trabalho, elaborado para avaliar o SGSST implantado, por meio da opinião dos trabalhadores e de suas contribuições para a melhoria do SGSST. No capítulo 4, faz-se um breve histórico da empresa onde o estudo de caso foi realizado, do SGSST por ela implementado, dos principais processos que o suportam e resultados obtidos. Nesse capítulo, também é descrita em detalhe a pesquisa de campo realizada, com ênfase nas respostas ao questionário, comentários sobre divergências entre os grupos de trabalhadores, objeto da pesquisa, e sugestões para a melhoria do sistema formuladas pelos trabalhadores. O capítulo 4 também se ocupa da análise dos resultados, recomendações decorrentes e considerações finais sobre o trabalho realizado. 25 Fechando a dissertação, o capítulo 5 traz as conclusões gerais obtidas e sugestões para pesquisas futuras correlacionadas que podem ampliar o entendimento sobre a construção e resultados de SGSST nas organizações que os adotam. 26 2. REVISÃO DA LITERATURA Nesse capítulo discorrer-se-á sobre a situação do setor elétrico em relação à ocorrência de acidentes do trabalho e sua comparação com alguns outros setores brasileiros. Também abordar-se-á a importância de um SGSST como ferramenta para a identificação dos riscos de acidentes e sua eliminação. Serão apresentados os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional com base na proposta da DNV6 – Dot Norsche Veritas e na OHSAS7 18001. Também serão mencionados autores que destacam em seus estudos a importância dos trabalhadores no processo de construção, manutenção e melhoria de SGSST. Na tabela 2 é ilustrada a integração e sintonia entre o problema, os objetivos, a questão e os fundamentos teóricos. TABELA 2 – Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados Problema Objetivos Questões Referências Autores Otimizar os Avaliação de Quais os benefícios SGSST lastreados Rocha; 2007 resultados dos Sistemas de Gestão que se pode obter a nas referências DNV Benite; 2004 SGSST adotados de Segurança e partir da implantação e OHSAS 18001 e De Cicco; 1999 pelas empresas com Saúde do Trabalho - de SGSST nas pesquisas realizadas. Fernandes; 2005 a participação ativa SGSST. empresas? fim de se obter a Desenvolver A participação dos Importância da Pereira; 2007 redução dos metodologia capaz de trabalhadores na participação dos Almeida; 2006 acidentes e agravos à agregar a construção de um trabalhadores em Borelli; 2006; saúde. participação dos SGSST pode ser SGSST. SCIS-DNV trabalhadores na considerada um construção, ponto relevante para operacionalização e o sucesso do Borelli; 2006 melhoria de SGSST. sistema? Como essa Deming; 1997 participação pode ISTAS; 2003 contribuir com a Drummond, 1994 melhoria continua do Convenção OIT 187 Rodrigues e Guedes; dos trabalhadores a 2003 SGSST? Fonte: Construída pelo autor a partir da revisão da literatura realizada 6 7 DNV: Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa – tradução livre). OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series. OHSAS 18001 27 2.1. O setor elétrico brasileiro, infortunística associada e comparação com alguns outros setores econômicos nacionais relevantes Acidentes ocorrem pela materialização de um perigo que apresenta uma dada probabilidade de se manifestar. Quanto maior a probabilidade da ocorrência, maior o risco do acidente ocorrer. Inicia-se esse item com essa consideração, pois no Brasil há uma confusão entre termos que estão claramente definidos na língua inglesa: hazard e risk. Segundo De Cicco (2004) o termo hazard tem sua tradução para perigo na língua portuguesa e significa fonte de dano potencial. Para o mesmo autor, risco, tradução do inglês risk, é a possibilidade de ocorrer algo que terá impacto nos objetivos que se quer atingir. Deve-se ainda considerar que, analisando as conseqüências que pode determinar, o risco pode se materializar sob a forma de impactos positivos ou negativos. Alinhados os conceitos, podemos afirmar que as atividades desenvolvidas no setor elétrico expõem seus trabalhadores a perigos e riscos expressivos. Dentre os principais perigos, destacam-se: quedas, em função das redes aéreas de transmissão e distribuição; choques elétricos, em função do produto principal do setor: a energia elétrica; queimaduras e outras lesões provenientes de arco elétrico (curto-circuito acidental); acidentes de trânsito devido ao grande número de veículos utilizados, dentre outros. Para evitar que os perigos transformem-se em acidentes, várias ações tem de ser implementadas, a saber: conhecimento do trabalhador em relação a esses perigos e riscos associados, treinamentos específicos para que se possa 28 desempenhar as atividades no SEP8 com o mínimo risco possível, utilização de equipamentos de proteção individual – EPI adequados e de qualidade, ferramentas e instrumentos especialmente desenvolvidos para as atividades, além de uma série de técnicas e dispositivos que têm o objetivo de evitar que o acidente ocorra ou, na hipótese de sua ocorrência, de minimizar as lesões decorrentes. Mesmo com todos os cuidados citados, os perigos mencionados têm sido causas de vários acidentes de trabalho. Lamentavelmente, número expressivo deles apresenta grande gravidade. Na Figura 3 são apresentadas as TF9 do setor elétrico brasileiro desde 1987 até 2006, onde se pode observar tendência geral de queda, que atinge um patamar quase constante de 2001 a 2005, caindo novamente em 2006. No entanto, a média ainda encontra-se elevada (6,35) comparando-se a outros setores da economia brasileira. Essa TF significa que a cada 157.480 horas-homemtrabalhadas no setor elétrico, um acidente com afastamento é registrado, incluídas também na taxa as doenças ocupacionais ou do trabalho. 8,00 7,31 7,15 7,00 6,51 6,00 6,35 6,48 6,27 6,26 6,77 6,09 5,90 6,35 6,24 5,82 6,00 5,41 5,29 5,11 5,12 5,00 5,03 4,00 4,20 3,45 3,00 TF Setor elétrico Média do setor 2,00 1,00 06 05 04 03 02 01 00 99 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 87 0,00 Figura 3 – TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006 Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS10 e CSST11 da Fundação COGE / ELETROBRÁS 8 SEP – Sistema Elétrico de Potência. 9 Taxa de Freqüência – TF = número − de − acidentes − com − afastamento total − de − horas − hom em − trabalhadas x 106, quociente entre o número de acidentes registrados e as horas totais trabalhadas. 10 11 GRIDIS – Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. CSST – Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE. 29 Quando analisadas as TG12 do setor elétrico, elas também são preocupantes. De natureza muito mais difícil de gerir, pois a gravidade das lesões decorrentes dos acidentes é algo imponderável, as TG não têm apresentado a mesma tendência de queda das TF, conforme se pode verificar na Figura 4. A média da TG de 778 ao longo dos anos considerados significa que em todos os anos houve acidentes graves que provocaram lesões incapacitantes prolongadas, definitivas ou, até mesmo, que levaram trabalhadores à morte. 1200 966 1000 903 886 809 905 903 802 879 759 800 751 728 600 746 686 672 763 638 688 778 719 504 T G S etor elétrico M éd ia d o setor 522 400 200 06 05 04 03 02 01 00 99 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 87 0 Figura 4 – TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006 Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS e CSST da Fundação COGE / ELETROBRÁS De forma sucinta, esse é o quadro da sinistralidade13 do setor elétrico brasileiro nos últimos 20 anos e mais preocupante ainda é o fato de que as TF e TG evidenciadas nas Figuras 3 e 4 se referem apenas aos trabalhadores próprios das empresas do setor de energia elétrica. Se forem incluídos os trabalhadores de empresas contratadas, as chamadas “terceirizadas”, analisando assim toda a força de trabalho do setor, as taxas em análise seriam muito superiores. 12 Taxa de Gravidade – TG = número − de − dias − perdidos + dias − debitados total − de − horas − hom em − trabalhadas x 106, quociente entre os dias perdidos por afastamentos decorrentes de acidentes e doenças mais os dias debitados por incapacidade permanente ou morte (extraídos da norma brasileira NBR 14.280 - Cadastro de Acidentes, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas). 13 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho. 30 A última década do século passado trouxe a globalização que, segundo Vieira (2005), embora normalmente associada a processos econômicos, como a circulação de capitais, também abrange fenômenos na esfera social, como a criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta, tais como: meio ambiente, crescimento populacional e direitos humanos. A visão neoliberal do capitalismo pode ser incluída no rol das importantes transformações sócio-culturais que influenciaram fortemente as empresas e, dentre várias alterações na relação capital-trabalho, intensificou o processo de terceirização de algumas das atividades antes desenvolvidas por trabalhadores próprios. No setor elétrico, esse fenômeno se verifica a partir de 1997. Com a privatização de parte das concessionárias do setor elétrico brasileiro, muitas atividades foram terceirizadas e, a julgar pelos acidentes registrados pelas empresas contratadas por essas concessionárias, a prevenção dos acidentes não está sendo privilegiada por essas empresas contratadas. Há que se avaliar essa situação sob a ótica crítica que propõe um repensar sobre o próprio fenômeno da privatização. Seria realmente a privatização o caminho para o desenvolvimento, melhores serviços e produtos oferecidos para a sociedade? Sobre a privatização, Vieira (2005) menciona: A abertura econômica, a integração dos mercados e a privatização têm sido apresentadas como a panacéia do desenvolvimento. As conseqüências sociais são graves: aumento do desemprego, queda dos níveis salariais, aumento da pobreza e da concentração de renda, conflitos sociais, degradação dos serviços públicos, deterioração da qualidade de vida, destruição ambiental. É certo que, atualmente, o cenário brasileiro nos oferece vários indicadores que se contrapõem às graves conseqüências apontadas por Vieira (2005). Os 31 indicadores de desemprego estão em queda, os salários tiveram ganho real ao longo dos últimos anos, sobretudo devido ao domínio da inflação que dilapidava seu valor, e boa parte dos serviços públicos estão sendo universalizados como nunca antes visto no país. Ou seja, a realidade parece não comprovar todas as afirmações de Vieira (2005) sobre os males da globalização e da privatização das empresas. Não obstante, no que se refere à infortunística, não há como negar a realidade que aponta para uma situação muito difícil e que precisa ser enfrentada pelas empresas terceirizadas e por aquelas que as contratam. Dados da Fundação COGE indicam preocupante situação relativa aos acidentes do trabalho com conseqüência fatal atingindo os trabalhadores das empresas do setor elétrico brasileiro. A tabela 3 evidencia a afirmação que, a princípio, atesta condições inadequadas com que a prevenção de acidentes está sendo administrada, sobretudo pelas empresas terceirizadas. TABELA 3 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número Total de Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro Ano Indicador 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 26 15 17 23 14 9 18 19 13 0,023% 0,015% 0,017% 0,024% 0,014% 0,009% 0,018% 0,019% 0,012% 49 49 60 55 66 52 57 74 59 - - - - 0,166% 0,067% 0,064% 0,067% 0,053% Acidentes com trabalhadores das empresas contratantes conseqüência fatal Percentual de óbitos sobre o número total de trabalhadores próprios Acidentes com trabalhadores de empresas contratadas (terceirizadas) - conseqüência fatal Percentual de óbitos sobre o número total de trabalhadores das empresas cotratadas (terceirizadas) Fonte: Construída pelo autor a partir da estatística 2007 elaborada pela Fundação COGE com base nas informações de 74 empresas do Setor Elétrico Brasileiro (dados das empresas contratadas disponíveis a partir de 2003) 32 Como se pode verificar, os percentuais de óbitos sobre o número total de trabalhadores são expressivamente maiores nas terceirizadas quando comparados às concessionárias. Há ainda que se mencionar que a ocorrência de acidentes fatais com trabalhadores do setor elétrico infelizmente sempre ocupou patamar muito preocupante desde antes das privatizações ocorridas. Na tabela 4 são apresentadas as TF de acidentes fatais ocorridos em períodos pré e pós privatização, onde se podem verificar taxas elevadas em ambos os períodos. Há que se excetuar o período onde não havia o controle do número de trabalhadores terceirizados (1998 a 2002) onde o cálculo das TF ficou prejudicado. O que certamente é incontestável é que, no período pós-privatização, os acidentes fatais acometeram mais os trabalhadores das empresas contratadas, ou seja, aqueles que desenvolvem as atividades que foram terceirizadas, como se pode concluir a partir dos dados da tabela 3. TABELA 4 – Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico Brasileiro – 1982 a 2007 Ano 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Acidentes Fatais Força de Trabalho % Fatais/FT Fatais/FT*1000 26 175095 0,000148 1,48 47 172788 0,000272 2,72 51 174825 0,000292 2,92 41 181681 0,000226 2,26 64 189644 0,000337 3,37 47 187890 0,000250 2,50 54 195141 0,000277 2,77 43 201130 0,000214 2,14 46 204780 0,000225 2,25 43 196788 0,000219 2,19 43 191325 0,000225 2,25 44 186237 0,000236 2,36 35 183380 0,000191 1,91 18 164117 0,000110 1,10 29 78446 0,000370 3,70 9 52452 0,000172 1,72 31 130698 0,000237 2,37 75 111166 0,000675 6,75 64 101720 0,000629 6,29 77 97148 0,000793 7,93 78 96741 0,000806 8,06 80 137048 0,000584 5,84 61 173563 0,000351 3,51 75 187274 0,000400 4,00 93 211976 0,000439 4,39 71 215735 0,000329 3,29 Fonte: Construída pelo autor com base nos dados da Fundação COGE TF 0,06 0,10 0,11 0,09 0,13 0,09 0,10 0,08 0,09 0,08 0,09 0,09 0,07 0,04 0,14 0,06 0,09 0,26 0,24 0,30 0,31 0,22 0,13 0,15 0,17 0,12 Estatais: trabalhadores próprios Transição pós-privatizações: trabalhadores próprios e terceirizados (sem controle do número dos terceirizados – cálculo prezudicado) Estatais e privatizadas: força de trabalho 33 Como anteriormente mencionado, os acidentes do trabalho registrados no setor elétrico brasileiro apresentam-se em patamar elevado e quase estável nos últimos anos. Não obstante, sua comparação com os acidentes registrados em alguns outros setores econômicos relevantes da economia nacional dá conta de que ele, o setor elétrico brasileiro, está longe de registrar os maiores números de acidentes. Na figura 5, são apresentados dados sobre a ocorrência de acidentes em alguns importantes setores da economia brasileira. Por se tratarem de números absolutos de acidentes e não de taxas, a comparação da sinistralidade14 entre os setores não é possível. No entanto, o que se quer demonstrar é a quase estabilidade da ocorrência de acidentes em altos patamares nas empresas desses segmentos entre os anos de 2004 e 2006. Acidentes 2004 a 2006 35.000 30.000 25.000 2004 20.000 2005 15.000 2006 10.000 5.000 – Distribuição de energia elétrica Fabricação produtos químicos Metalurgia básica Fabriação de produtos de metal Construção civil Figura 5 – Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores econômicos no Brasil Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do Ministério da Previdência Social (http://www.previdenciasocial.gov.br/aeps2006/15_01_03.asp, acessado em 25/10/2008) 14 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho. 34 Como se já não fosse suficientemente preocupante a estabilização do número de acidentes do trabalho no Brasil em altos patamares, dados recentemente disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social dão conta de que em 2007 houve um aumento de 27,5% de acidentes do trabalho em relação ao ano de 2006. Ainda segundo o MPS15, o aumento já é um reflexo das alterações na legislação que rege o SAT16 pois, 21,28% (179.600) dos acidentes registrados em 2007 (653.090) não foram comunicados pelas empresas, mas sim detectados com base no NTEP17 que faz o nexo causal entre os acidentes e doenças registrados e as atividades econômicas que lhes dão causa. Inúmeras são as razões para a preservação desse cenário, dentre elas a manutenção de uma visão de causalidade dos acidentes com base em teorias de culpabilidade que impedem que as reais causas dos acidentes sejam determinadas e eliminadas. Ou seja, é preciso buscar novas abordagens para o sério problema de infortunística brasileiro. De fato, modelos e pressupostos arraigados têm conduzido a gestão de SST ao esgotamento e há anos, não somente no setor elétrico brasileiro, mas também nos demais setores da economia nacional, o país encontra-se estacionado em um patamar desconfortável de ocorrência de acidentes do trabalho ou, pior, apresenta tendência de alta nos últimos anos. 2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho - SGSST A complexidade das organizações modernas exige gestão que permita a análise de dados complexos e numerosos para a tomada de decisões que, por sua vez, devem ser lastreadas em condutas éticas que, além de obviamente priorizarem o respeito à legislação vigente, também considerem questões ambientais e sociais envolvidas. 15 MPS: Ministério da Previdência Social. SAT: Seguro Acidente do Trabalho. 17 NTEP: NexoTécnico Epidemiológico Previdenciário. 16 35 Os modelos de gestão preconizados por normas nacionais e internacionais têm auxiliado as organizações nessa tarefa de relevância crescente na sociedade contemporânea. Desse modo, cuidar de forma criteriosa, adequada e com a preocupação da melhoria contínua de assunto vital para a preservação da qualidade de vida dos trabalhadores, como é o caso da SST, passou a ser estratégia empresarial que contribui para o sucesso e sustentabilidade organizacionais. Ratificando esta afirmação, Rocha (2007, p.14) observa: Com a evolução dos níveis motivacionais dos trabalhadores, juntamente com o fortalecimento dos sindicatos, nota-se que o tema segurança e saúde ocupacional (SSO), apesar de todo contexto negativo, vem desenvolvendo ao longo dos anos, uma importância significativa nas organizações, pois está havendo uma obrigatoriedade de atendimento a requisitos legais. O tema SSO cada vez mais é incorporado como uma parte importante na estratégia de negócio. Em alguns este tema (SSO) vem sendo incorporado como ponto de vulnerabilidade e de preocupações das organizações. Se bem trabalhadas essas questões podem transformar-se em oportunidades dentro de um planejamento estratégico, uma vez que estão em jogo, parâmetros essenciais de uma avaliação sustentabilidade empresarial que são: imagem (credibilidade e reputação); credibilidade junto às partes interessadas – os stakeholders; custos relacionados a perdas, inclusive decorrentes de acidentes; capital humano, principalmente. Nessa mesma direção que reforça a necessidade de adoção de SGSST, Benite (2004, p.13) escreve: da 36 As mudanças que vêm ocorrendo no contexto social, econômico, político e tecnológico no mundo e no Brasil, impõem às empresas a necessidade de novas estratégias e deixam evidente que os modelos de gestão tradicionais não são suficientes para responder aos novos desafios surgidos, devendo ser reavaliados. Ainda segundo Benite (2004), é responsabilidade das empresas revisarem seus sistemas de gestão frente à realidade de forma a tratar os problemas e desafios que lhes são apresentados de maneira inovadora e sistêmica, que lhes permita, ainda, a assimilação rápida de novas informações para aprimorar sua gestão. Ou seja, a adoção de sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho traz vantagens para as organizações que podem ser evidenciadas desde a eliminação ou controle de perigos até a melhoria de sua imagem junto à comunidade. Para De Cicco (1999), há um número crescente de organizações desejosas de demonstrar, junto aos seus “stakeholders”, seu comprometimento em relação à segurança e saúde de seus empregados e contratados. Ainda segundo o mesmo autor, as organizações preocupam-se de forma crescente com a demonstração de seu desempenho em SST, e o fazem através do controle dos riscos que podem conduzir a acidentes e doenças ocupacionais associados às atividades que desenvolvem e à luz da política, objetivos e metas de SST por elas estabelecidos (De Cicco, 1999). Ou seja, a preocupação com a segurança e a saúde dos trabalhadores é crescente e isso se tem evidenciado tanto pelas ações voluntárias das organizações visando a melhor gestão da questão, quanto pelas iniciativas dos governos com a adoção de novas e mais exigentes legislações. Nesse sentido, Fernandes (2005, p. 16) menciona: “No que tange às relações de trabalho, faz-se mister atentar para a implementação da gestão da segurança e saúde ocupacional na organização. Isso é ter uma atuação pró-ativa: conhecer com maior 37 amplitude o risco da atividade, ou seja, os potenciais passivos que podem inviabilizar a sustentabilidade da organização, tendo em vista que a segurança e a saúde do trabalho são “valores” garantidos através de legislação específica.” Ou seja, o respeito pela integridade física e saúde dos trabalhadores passa a transcender questões humanitárias e até mesmo econômicas para dizer respeito também à própria sustentabilidade das organizações. Nessa mesma linha, Rocha (2007, p.15), em sua dissertação de mestrado sobre sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional em indústria de fertilizantes, afirma: “A falta de uma abordagem preventiva de gestão quanto à SSO nessas indústrias, vem despertando preocupações em relação à sustentabilidade do negócio, juntamente com as questões ambientais. ... Desta forma, reforça-se que se deve desenvolver um modelo de Sistema de Gestão Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) que possa estabelecer novas práticas para a busca de uma excelência nesse ramo de atividade industrial, que se constitui num desafio que motivou a escolha deste tema.” Santos (2005, p.18) também contribui na mesma direção da importância dos SGSST para as organizações: “A gestão baseada nos princípios da sustentabilidade (meio ambiente, segurança, saúde ocupacional e qualidade total) está despontando entre as organizações como o modelo adequado para a compreensão de quão relevante é a implantação do gerenciamento dos riscos em saúde e segurança ocupacional.” Ainda sobre o tema, Luís Fonseca, diretor da APCER – Associação Portuguesa de Certificação, menciona no prefácio de trabalho de orientação sobre a OHSAS 18001 publicado pela entidade (Rodrigues e Guedes, 2003, p.1): 38 “Os elementos disponíveis relativos à Segurança e Saúde no Trabalho, evidenciam a necessidade das organizações em implementar Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho capazes de gerir os riscos, identificando os perigos, avaliando os riscos e, posteriormente, controlando os mesmos riscos.” Os sistemas de gestão de SST partem da política definida pela organização, definem os objetivos e metas a serem atingidos, avaliam a evolução dos trabalhos desenvolvidos na busca de tais objetivos e implementam revisão crítica a ser sistematicamente realizada pela alta administração das empresas com as decorrentes correções que se mostrarem necessárias. Com o uso do ciclo do PDCA18, procuram obter benefícios sistemáticos e duradouros em prol da prevenção de acidentes e da promoção da saúde dos trabalhadores. Atualmente, existem alguns sistemas de gestão voltados à SST e o BSI - British Standard Institution, órgão britânico responsável pela elaboração de normas técnicas, foi uma das primeiras organizações a propor um SGSST. Publicada em 1996, a BS19 8750 foi logo adotada por empresas de diversos países e serviu de base para a OHSAS20 18001, norma amplamente utilizada nos dias atuais. A BS 8750 preconizava que um SGSST deveria incluir: a composição de uma estrutura organizacional; o desenvolvimento de atividades de planejamento; a definição de responsabilidades de todas as partes envolvidas; as práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar e atingir os objetivos estabelecidos; 18 Ciclo do PDCA: ferramenta de gestão e solução de problemas criada por Walter A. Shewart, na década de 30, detalhada mais adiante. BS – British Standard. 20 OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series. 19 39 e a análise crítica visando a correções necessárias e melhorias para manter a política de SST da organização. Sobre os objetivos de um SGSST, Pereira (2007, p.3) apud Quelhas (2006) enfatiza: Este conjunto de ações, quando aplicado de forma adequada e equilibrada, nos setores de produção e serviços, tem como objetivo alcançar melhor produtividade nos resultados operacionais, melhoria no ambiente de trabalho, qualidade, inovação e preservação ambiental. As afirmações de Pereira (2007) dão conta da necessidade da adequada gestão da segurança e da promoção de saúde dos trabalhadores para que as empresas atinjam o sucesso e a maior produtividade. Não obstante, ainda há uma parte do empresariado que desconsidera os problemas nos ambientes de trabalho de suas empresas e que poderão ser causadores de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores. Para alguns, não são esses fatores os responsáveis pelos acidentes, mas a falta de preparo e atenção dos trabalhadores, sua desobediência em seguir as normas de segurança ou em utilizar os equipamentos de proteção que lhes são disponibilizados. Nessa linha, Almeida (2006, p.2) argumenta: Tradicionalmente as análises de acidentes do trabalho concluem atribuindo culpa às próprias vítimas e negando a existência de problemas ou disfunções nos sistemas que dão origem a esses eventos. Nas últimas décadas, surgem visões que questionam esse desfecho e destacam a ocorrência de acidentes como avisos da existência de disfunções sistêmicas, sinais da ocorrência de problemas incubados que precisam ser ouvidos e adequadamente interpretados pelos sistemas de gestão de saúde e segurança do trabalho (SGSST). Ainda à luz das argumentações que reforçam a importância da adoção de SGSST, Borelli (2006, p.1) menciona: 40 Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho - SGSST - é um processo estruturado que pode auxiliar as organizações a melhorar progressivamente o desempenho da segurança e saúde no trabalho. Toda essa alteração na gestão empresarial em relação à SST está alinhada com a crescente exigência legal e social em relação à preservação da segurança e saúde dos trabalhadores o que, além da manutenção de um direito inalienável dos mesmos, também evidencia alto grau de responsabilidade social das empresas. 2.3. A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas de gestão em segurança e saúde do trabalho Ouvir os trabalhadores e fazer com que conheçam e se conscientizem da importância de um SGSST para a melhoria da qualidade dos ambientes e métodos de trabalho são condições fundamentais, mas não suficientes para o sucesso. Mais do que isso, é preciso que cada trabalhador esteja comprometido com o processo desde sua implementação e que de forma permanente contribua para que, de fato, seja eficaz. Esse estágio não é alcançado somente com informações e treinamentos e sim com uma mudança de visão que conduza a todos a crer que a totalidade dos riscos e perigos presentes nos ambientes e atividades ocupacionais podem e devem ser identificados e eliminados ou, ao menos, mitigados. É necessário, portanto, que uma nova cultura seja incorporada por todos que compõem a organização. Nessa direção, Borelli (2006, p.1) menciona: Entretanto, para alcançar essa melhoria faz-se necessário que as organizações criem as condições para formar as competências que respondam adequadamente à necessidade de cumprir diferentes requisitos preconizados em procedimentos, diretrizes, guias, normas e especificações estabelecidos. Além disso, é importante que as 41 organizações criem as condições para que as questões da segurança e saúde estejam incorporadas ao seu jeito de ser, ou seja, sua cultura organizacional. É imprescindível que esses requisitos sejam permanentemente ajustados em função do aprendizado organizacional decorrente do funcionamento do sistema. Este ajuste irá assegurar que o SGSST adquira a maturidade necessária e se consolide ao longo do tempo, proporcionando à organização um instrumento cada vez mais consistente para que possa auxiliá-la na tarefa de identificar, analisar e controlar seus riscos com eficiência. De fato, os SGSST adotados pelas organizações pelo mundo afora foram alicerçados nos sistemas de gestão da qualidade anteriores a eles. Assim, suas estruturas básicas são muito similares e enquanto em um se buscam as causas dos problemas que comprometem a qualidade de produtos ou serviços, no outro o objetivo é identificar e eliminar causas de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores. Para o sucesso desses sistemas de gestão, a participação dos trabalhadores é fundamental. Não basta somente a participação, mas como já mencionado é mister que seja desenvolvida uma nova cultura organizacional que privilegie a segurança e saúde. Da cultura para elementos mais práticos do sistema, novamente a participação dos trabalhadores é fundamental. Sem seu envolvimento e cooperação é impossível a identificação de tantos fatores que podem dar origem a incidentes ou acidentes com a finalidade de eliminá-los, rompendo assim o encaminhamento que poderia transformá-los em acidentes. A importância da cooperação para que objetivos organizacionais sejam atingidos é evidenciada por Deming (1997) em sua obra “A nova economia para a indústria, o governo e a educação” e para que isso ocorra é necessário que as empresas, através de suas linhas de comandos e de seus processos formais estabelecidos, propiciem a real participação dos trabalhadores na gestão de assuntos críticos, como: a prevenção de acidentes e doenças do trabalho. 42 Para Deming (1997), a excelência somente será alcançada se houver a cooperação sobre os problemas de interesse comum entre as pessoas e departamentos das empresas e a necessária cooperação certamente passa pela oportunidade dos trabalhadores influenciarem a gestão das organizações. Agora nos apropriando das recomendações da publicação Sistemas de Gestión Medioambiental - Guía de actuación para trabajadores (2003) a participação dos trabalhadores se vê reforçada pela essencialidade a ela conferida, tanto na fase de implantação quanto na de funcionamento. Tanto assim que o regulamento europeu EMAS21 reconhece explicitamente em seu artigo 10 o papel dos representantes dos trabalhadores nos sistemas de gestão ambiental. Novamente aqui se estabelece paralelo para afirmar a necessidade inequívoca da participação dos trabalhadores em sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho a fim de que seu sucesso seja atingido. A mesma publicação enfatiza que, para se evitar o fracasso de um sistema de gestão, é preciso investir no capital humano22 e modificar numerosas práticas e processos, o que somente se pode fazer através da participação e cooperação dos trabalhadores. Essa, aliás, não é uma visão nova. A legislação italiana há muito determinou a participação dos trabalhadores na identificação de riscos em seus ambientes de trabalho, assim como na sua eliminação ou controle. Ela foi uma das fontes inspiradoras da Portaria n0 5 de 17 de agosto de 1992, expedida pelo Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho (atual Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho), que alterou a Norma Regulamentadora NR 9 da Portaria 3.214/78, tornando obrigatória a elaboração e a fixação, nos locais de trabalho, de mapa de riscos ambientais (Drummond, 1994). 21 EMAS - a UE Eco-Management and Audit Scheme (EMAS) é uma ferramenta de gestão para empresas e outras organizações para avaliar, reportar buscar a melhoria de seu desempenho ambiental. O sistema está disponível para a participação das empresas desde 1995 e era inicialmente restrito a empresas de setores industriais. 22 Capital Humano: conceito que tem origem durante década de 50 nos estudos de Theodore W. Schultz e que diz respeito à incorporação do capital aos trabalhadores, sobretudo na forma de conhecimento, o que atribuí vantagem competitiva às organizações. 43 Para reforçar a importância da participação dos trabalhadores na gestão da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, cita-se a opinião de Carlos Eduardo Moreira Ferreira, ex-Presidente da Fiesp/Ciesp e do Conselho Regional do Sesi (Drummond, 1994, p.5): O envolvimento dos trabalhadores na elaboração e implementação de medidas prevencionistas é uma maneira simples e prática de dar eficácia às iniciativas neste campo, já que deste modo se comprometem os principais interessados com a obtenção de resultados. E a prevenção não é uma questão que possa ficar na dependência da boa vontade de uns ou do senso de cooperação de outros, pois tem implicações econômicas e sociais extremamente relevantes. Deve ser tratada, por isso, com a mesma seriedade e o mesmo rigor dispensados aos demais fatores associados à gestão empresarial. Essa mesma linha que enfatiza a importância da participação dos trabalhadores está expressa na publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental – Guía de actuación para trabajadores (2003)” que inclusive incentiva que tais participações sejam inseridas nos acordos coletivos entre empresas e trabalhadores. Para que os sistemas de gestão atinjam seus objetivos, segundo o Guía de actuación (2003) e de acordo com a Ley de Prevención de Riesgos Laborales da Comunidade Européia, os trabalhadores devem: Receber informação sobre os riscos de seus ambientes e postos de trabalho, assim como sobre as medidas de proteção e prevenção e as emergenciais; Receber formação teórica e prática preventiva com atualização sempre que necessário; Ter o direito a formular propostas ao comitê de saúde e segurança com o objetivo de melhorar a saúde e segurança da empresa; Participar da discussão e encaminhamento de assuntos relativos à prevenção de acidentes do trabalho; 44 Ser submetidos a exames de saúde periódicos e relacionados com os riscos inerentes ao seu posto de trabalho; Ter o direito de denunciar para a inspeção do trabalho que as medidas preventivas adotadas não são suficientes para garantir a segurança; Ter o direito de recusa ao trabalho em condições de risco grave e iminente. Esclarece-se que o Guía se refere à gestão ambiental. Não obstante, as recomendações são perfeitamente aplicáveis a SGSST, objeto do presente trabalho. A mesma linha é adotada na publicação “Manual para negociadores y negociadoras em salud laboral” do Instituto Sindical de Trabajo, Ambiente y Salud (ISTAS, 2004) que trata da capacitação de trabalhadores para atuarem na negociação de aspectos relativos ao ambiente e saúde no trabalho. Mais uma vez é enfatizada a importância da participação dos trabalhadores, cooperando com as empresas na gestão de assuntos que lhes são vitais. Em adição às considerações sobre a importância da participação dos trabalhadores na construção, manutenção e melhoria de SGSST, cita-se a Convenção 187 da OIT23, cujas recentes alterações enfatizam a necessidade da mencionada participação. Para a OIT (Convention 187 ILO, 2006), a importância da participação dos trabalhadores na construção de melhores condições de trabalho é evidenciada logo no campo II. Objetivo, Artigo 2, item 3: 3. Cada membro, em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores, deverá rever periodicamente as medidas que poderiam ser tomadas para que ratifiquem as convenções pertinentes da OIT sobre segurança e saúde no trabalho. (grifo nosso) 23 OIT – Organização Internacional do Trabalho. 45 Como pode ser verificado, já na fase de ratificação das Convenções da OIT que abordam a questão da segurança e saúde ocupacionais, fica evidenciada a consulta a organismos de representação dos trabalhadores. Nessa mesma linha, o campo III. Política Nacional, Artigo 3, item 3, também privilegia a participação dos trabalhadores no desenvolvimento de uma política nacional: 3. Ao desenvolver a sua política nacional, cada membro deve promover, em conformidade com as condições nacionais e em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores, os princípios básicos, tais como: avaliação dos riscos ou perigos do trabalho; consultar na sua origem os riscos e ou perigos do trabalho; e desenvolver uma cultura nacional de prevenção em matéria de segurança e saúde que inclua informação, consulta e formação. (grifo nosso) Repete-se a mesma orientação de participação dos trabalhadores no campo IV. Sistema Nacional, Artigo 4, itens 1 e 3, alínea “a”: 1. Os membros devem criar, manter e desenvolver gradualmente e rever periodicamente um sistema nacional de saúde e segurança no trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de empregadores e trabalhadores. (grifo nosso) ... 3. O sistema de segurança e de saúde deverá incluir, se for o caso: a) um órgão consultivo tripartite ou organismos no âmbito nacional para abordar questões relativas à segurança e saúde no trabalho; (grifo nosso) O órgão tripartite mencionado deve ser formado por representantes dos Governos, Empresas e Trabalhadores e, embora o Brasil ainda não seja signatário da Convenção 187, já adota o tripartismo na discussão e encaminhamento de diversos assuntos relacionados à segurança e saúde ocupacionais. 46 Ainda mencionando a Convenção 187 da OIT e suas recomendações quanto à participação dos trabalhadores em temas relacionados à segurança e saúde ocupacionais, o campo V. Programa Nacional, Artigo 5, item 1, cita: 1. Cada membro deve formular, implementar, monitorar e rever periodicamente um programa nacional de segurança e saúde no trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de empregadores e trabalhadores. (grifo nosso) Ou seja, como não poderia deixar de ser, até mesmo pelo suporte da lógica e do bom senso, a importância da participação dos trabalhadores na construção de melhores e mais saudáveis processos e ambientes de trabalho, capazes de eliminar riscos a sua integridade física e a sua saúde, encontra amparo em diversos autores e organizações. Definitivamente, daquele que desenvolve suas atividades no cotidiano, seguindo os procedimentos estabelecidos, utilizando as ferramentas e equipamentos necessários nos mais diversos ambientes laborais é de se esperar contribuição singular e indispensável na construção, manutenção e melhoria de SGSST. Na seqüência, discute-se de forma sucinta dois sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho que foram a base da gestão implementada na empresa objeto do presente estudo. 47 2.4. Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional com base em diretrizes do DNV e da OSHAS 18001 DNV – Det Norske Veritas O SCIS – Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela DNV é uma ferramenta de avaliação da gestão de SST a partir da análise de 20 elementos essenciais a um SGSST, descritos na tabela 5: TABELA 5 – Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional de Segurança do DNV Elemento Descrição Objetivo Elemento 1 - São avaliados aspectos Mensurar a maturidade do Liderança e relacionados aos níveis de SGSST através da Administração comando, tais como: política geral, verificação do envolvimento coordenação do controle de perdas, dos níveis gerenciais eficácia de comitês de segurança e saúde, reuniões de gerenciamento do sistema, dentre outros Elemento 2 - Elemento que aborda desde a fase Verificar o nível de Treinamento da de levantamento de necessidades conhecimento dos requisitos Liderança de treinamento das lideranças, até do sistema, assim como sua revisões e atualizações necessárias aplicação por parte da liderança Elemento 3 – Aborda as inspeções planejadas Verificar a correta utilização Inspeções que devem ser efetivadas, assim das inspeções que permitem Planejadas e como seus resultados, relatórios, monitorar o SGSST e Manutenção análise e providências decorrentes identificar problemas a serem solucionados, assim como oportunidades de melhoria a serem adotadas Elemento 4 – Nesse tópico são discutidas a Verificar o cumprimento Análises e administração geral do sistema, rigoroso das tarefas críticas, Procedimentos de inventário de tarefas críticas e ponto-chave para o sucesso Tarefas Críticas identificação de perdas potenciais, do SGSST proposto dentre outros pontos 48 Elemento 5 – Aborda toda a estrutura de Avaliar o nível da Investigação de investigação de acidentes e investigação realizada para Acidentes/Incidentes incidentes e manutenção dos os incidentes e acidentes, respectivos relatórios fontes de identificação de falhas a serem corrigidas Elemento 6 – Aqui são discutidos os tipos de Determinar os trabalhos e Observação de observações que deverão ser atividades que serão Tarefas realizados, assim como a observados para sistemática de acompanhamento diagnosticar das observações e medidas preventivamente falhas a preventivas/corretivas propostas serem eliminadas e oportunidades de melhoria Elemento 7 – Esse tópico se destina a avaliar Avaliar o grau de Preparação para todos os recursos técnicos e preparação das equipes de Emergências humanos necessários ao atendimento às situações de atendimento a situações de emergência, assim como a emergência, tais como: equipes de adequação de materiais e emergência, experiências equipamentos adquiridas, planejamento pósevento, comunicações necessárias, dentre outros Elemento 8 – Trata da avaliação dos normativos e Identificar e avaliar a Regras e procedimentos que determinam o adequação dos Permissões de comportamento dos trabalhadores procedimentos criados para Trabalho quando desenvolvendo trabalhos trabalhos em condição de em condição de risco risco Elemento 9 – Detalha a análise das causas e Avaliar a pertinência das Análise de controles necessários e direciona as soluções adotadas para que Acidentes/Incidentes equipes de projeto as soluções os riscos de incidentes e elencadas acidentes sejam eliminados Elemento 10 – Aborda toda a gestão do Avaliar a adequação dos Formação e treinamento dos trabalhadores, treinamentos realizados com Treinamento dos desde o levantamento das os trabalhadores e a Empregados: necessidades até a comprovação absorção do conhecimento dos treinamentos e seus resultados 49 Elemento 11 – Item onde são avaliados os EPI no Avaliar a adequação e Equipamento de que se refere à adequação e qualidade dos EPI Proteção Individual - qualidade, assim como os registros disponibilizados para os EPI documentais necessários trabalhadores, assim como a gestão de sua entrega e utilização Elemento 12 – Onde é avaliada toda a gestão dos Identificar os programas Controle de Saúde e programas direcionados à criados pela organização Higiene Industrial promoção da saúde dos visando ao controle de trabalhadores, comunicações, agravos à saúde dos registros, etc trabalhadores e sua eficácia Elemento 13 – Elemento direcionado à verificação Avaliar aspectos básicos do Avaliação do de aspectos primordiais ao sucesso SGSST que são seus pilares Sistema do programa, tais como: controle de de sustentação e sem os perdas, cumprimento de padrões, quais não é possível atingir inspeções de percepção e registros os objetivos determinados Elemento 14 – Trata da identificação preventiva de Avaliar a eficácia da Engenharia e Gestão perigos e riscos associados a novos sistemática adotada para o das Modificações projetos ou modificações, tanto os estudo prévio de situações originados pelos equipamentos de risco que possam ser quanto aqueles derivados dos geradas pela modificação de procedimentos de trabalho, e do procedimentos, novos controle dos mesmos; projetos, etc Elemento 15 – Aborda as comunicações que Verificar a eficácia dos Comunicações devem ser efetivadas entre a sistemas de comunicação Pessoais organização e seus trabalhadores, estabelecidos entre a assim como a qualidade das empresa e seus mesmas na integração, formação e empregados, fundamental reciclagens dos mesmos para o sucesso do SGSST Elemento 16 – Avalia a eficácia das reuniões e a Verificar a efetividade dos Reuniões de Grupos participação de todos os resultados produzidos pelas profissionais envolvidos com os reuniões sobre o SGSST assuntos tratados Elemento 17 – Aborda as iniciativas da Avaliar a eficácia dos meios Promoção Geral organização para a difusão do criados pela organização sistema, tais como: quadros de para a promoção de seu aviso, estatísticas, prêmios de SGSST reconhecimento, promoção de ordem e limpeza, etc 50 Elemento 18 – Nesse item são verificadas desde a Verificar a pertinência dos Contratação e aptidão física e mental para o requisitos e verificações Colocação exercício das atividades relacionados aos riscos profissionais, passando pelos associados aos trabalhos exames médicos necessários e que serão desenvolvidos, orientações pré-admissionais que estabelecidos na fase de os trabalhadores devem receber seleção dos trabalhadores Elemento 19 – Elemento direcionado à busca da Avaliar a qualidade de Administração de qualidade de materiais adquiridos, materiais, equipamentos e Materiais e Serviços assim como à qualificação da mão- mão-de-obra envolvidos nos de-obra contratada para o processos produtivos, desenvolvimento de atividades intrinsecamente terceirizadas relacionados com a gestão da SST Elemento 20 – Item que verifica as ações da Levantar ações gerais Segurança Fora do organização para o fomento da voltadas à prevenção de Trabalho prevenção de acidentes e acidentes e promoção da incidentes fora do local de trabalho saúde desenvolvidas pela organização fora de seus ambientes do trabalho Fonte: Manual DNV, 2000 Cada um desses vinte elementos se subdivide em várias verificações que têm pontuações a elas associadas e que, na situação hipotética de um sistema perfeito, totalizaria mil pontos. Assim, quanto maior a pontuação obtida pela organização, mais maduro o SGSST por ela adotado. A utilização dos vinte elementos permite avaliar o estágio da empresa no que se refere à segurança e saúde do trabalho e evidenciar quais os pontos principais a serem aperfeiçoados, ou mesmo, implantados. Esse é o grande mérito da metodologia proposta pela DNV, o diagnóstico da situação atual apresenta um detalhado panorama do que precisa ser feito para que patamares mais adequados de segurança e saúde sejam atingidos. Aliás, a forma como é aplicado o sistema facilmente permite que se verifiquem em que elementos se encontram as principais oportunidades de melhoria: aqueles 51 com menor número de pontos em relação à pontuação total possível de ser atingida. Não se tratando de norma com a possibilidade de ser certificada, o sistema de pontuação se presta à comparação com outras organizações que aplicam o SCIS para a verificação do grau de maturidade do sistema e possibilidades de aperfeiçoamento. Também pode ser utilizado para avaliar a melhoria contínua da organização que o adota a partir da comparação de resultados obtidos ao longo do tempo. OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series - 18001 O crescente número de empresas com seus SGSST certificados nos últimos anos demonstram a correção da afirmação de De Cicco (1999) de que esse processo sofreria rápida aceleração. Não obstante, ainda nos dias atuais não há um modelo normativo para a gestão de SST no âmbito da ISO, ao contrário do que ocorreu com a qualidade e o meio ambiente. Assim, a OHSAS 18001, diretriz para a gestão de SST que surgiu em 1999, foi alçada a uma posição de destaque como a principal referência para as empresas que desejam aprimorar sua gestão de SST, como também obter a certificação desse processo. Embora não sendo uma norma oficialmente reconhecida, a OHSAS 18001 foi o resultado do trabalho de um grupo de organismos certificadores e entidades internacionais de normatização que se propôs a adaptar normas internacionais de gestão já existentes à época, direcionando-as para a gestão da SST. De Cicco (1999, p.5) relata: ...um grupo de Organismos Certificadores (BSI, BVQI, DNV, Lloyds, Register, SGS entre outros) e de entidades nacionais de normalização da Irlanda, Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia, reuniu-se na Inglaterra para criar a primeira “norma” para certificação de Sistemas de Gestão da SST de alcance global: a OHSAS 18001 ... 52 A norma OHSAS 18001 foi então oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution, entrando em vigor no dia 15 de abril de 1999 (De Cicco, 1999). Não se tratando de norma oficial nacional ou internacional, a certificação em conformidade com a OHSAS 18001 só é concedida por OC - Organismos Certificadores de forma não acreditada, ou seja, sem credenciamento por entidade oficial do OC para esse tema. Essa situação perdura até os dias atuais (De Cicco, 1999). Mesmo sem sê-lo, a OHSAS 18001 passou a ser utilizada como “norma” internacional por organizações do mundo todo, provendo elementos de um sistema de gestão de SST eficaz e possível de ser integrado a outros sistemas de gestão por elas já adotados. Assim, passará a ser referida como norma OHSAS 18001. Alicerçada na mesma proposta da melhoria contínua que inspirou as normas ISO 9001 e ISO 14001, a OHSAS 18001 apresenta cinco elementos com respectivos subitens, cuja premissa é auxiliar as empresas na gestão de SST. Na Figura 6 está exemplificado o modelo proposto pela OHSAS 18001. 53 Melhoria contínua Análise crítica pela administração Política de SST Planejamento Verificação e ação corretiva Implementação e operação Figura 6 – Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST Fonte: Construída pelo autor a partir de De Cicco (1999) Considerando esses elementos e respectivos subitens e ainda com a utilização do mundialmente conhecido ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act), também conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, as organizações procuram a melhoria sustentada e constante de suas ações para a prevenção de acidentes e a promoção da saúde. Para não deixar de mencionar, o ciclo do PDCA foi criado por Walter A. Shewart, na década de 30. Suas quatro fases envolvem importantes etapas para a gestão e solução de problemas, a saber: P – Plan: primeira etapa do processo onde o planejamento é realizado e são definidos os objetivos e metas, recursos e estratégias necessárias para atingi-los, além dos indicadores a serem acompanhados; 54 D – Do: etapa na qual se desenvolve a capacitação do pessoal envolvido, executam-se as ações propriamente ditas, assim como se iniciam a coleta de dados ; C – Check: essa terceira etapa preconiza o monitoramento dos resultados obtidos e sua comparação com os indicadores, objetivos e metas estabelecidos no planejamento, a fim de que se possa verificar o desenvolvimento do processo de gestão como um todo; A – Act: última etapa na qual, se necessário, age-se corretivamente a partir das verificações estabelecidas na fase anterior, dessa forma fechando-se o ciclo do PDCA com a, assim chamada, espiral da melhoria contínua (Pereira, 2007). Na Figura 7 é apresentado o esquema geral do ciclo do PDCA associado à melhoria contínua em SST que se pode obter a partir de sua aplicação. Figura 7 – PDCA e Melhoria Contínua em SST Fonte: Construída pelo autor a partir de Benite (2004) 55 Embora não se pretenda no presente trabalho detalhar a OSHAS 18001, seguemse os cinco elementos que norteiam a aplicação da norma com alguns comentários: (De Cicco, 1999) Elemento 1 – Política – definida pela alta administração, a política de SST deve estabelecer claramente os objetivos globais de segurança e saúde e o compromisso com a melhoria contínua; Elemento 2 – Planejamento – nessa fase as organizações devem estabelecer procedimentos para a identificação contínua de perigos com a conseqüente avaliação do risco associado, definir as medidas de controle necessárias, considerar os aspectos da legislação pertinente e outros requisitos entre partes, elencar os objetivos globais e setoriais de SST, assim como os programas de SST que serão implantados; Elemento 3 – Implementação e operação – a estrutura relacionada com o sistema de gestão de SST, bem como as responsabilidades de todos os envolvidos é objeto desse elemento, que também aborda o treinamento, conscientização e competência daqueles que terão interface com o sistema. Estratégias de comunicação, documentação e sua gestão, controle operacional e preparação para situações de emergência também devem ser abordados nessa etapa; Elemento 4 – Verificação e ação corretiva – a partir da monitoração e mensuração do desempenho do sistema, análise de acidentes, incidentes, nãoconformidades e ações corretivas/preventivas, assim como dos registros e relatórios gerados pelas auditorias internas e externas, estabelecem-se as ações corretivas a serem adotadas; Elemento 5 – Análise crítica pela administração – periodicamente a análise crítica é realizada para verificar a adequada e eficaz convivência do SGSST com as demais atividades da organização, alterando a política, se necessário, e definindo novos objetivos e metas a fim de garantir a continuidade do processo de melhoria contínua, preceito básico da OHSAS 18001. 56 Ainda a propósito de SGSST, independentemente do sistema normativo adotado como referência, na tabela 6 apresenta-se de forma sinóptica a visão de alguns autores sobre a implantação e conseqüentes resultados desses sistemas de gestão para as organizações. Pode-se observar a congruência dos autores sobre a contribuição de SGSST para a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores, para seu interrelacionamento e até mesmo para a produtividade. Também é mencionada por um dos autores a importância da criação de indicadores pró-ativos e do acompanhamento de seu desempenho para a otimização dos recursos e correção dos desvios para que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos. Finalmente, se pode verificar a menção de alguns dos autores à importância da participação dos trabalhadores como parceiros das empresas na construção e manutenção de um SGSST. TABELA 6 – Resultados da implantação de SGSST para as organizações segundo diversos autores Autor Resultados Benite Os SGSSTs propiciam a melhoria do desempenho em SST e trazem resultados (2004, significativos, podendo-se destacar: p.103) um ambiente de trabalho seguro e saudável com a conseqüente redução dos acidentes; a melhoria das relações de trabalho em virtude de um maior envolvimento dos trabalhadores nas definições dos processos da empresa; a melhoria das relações com os organismos fiscalizadores com a redução de ocorrências de notificações; a redução da probabilidade de passivos trabalhistas, resultante de uma melhor qualidade da documentação e de melhorias efetivas dos ambientes de trabalho. 57 Fernandes Possuir um sistema de gestão significa ter de uma forma organizada e modelada de (2005, controle e utilização dos recursos da organização, monitorando através de p.88) indicadores seu resultado. No planejamento desse sistema pode-se considerar a integração dos sistemas, de forma a eliminar sobreposição de controles, treinamentos e obter otimização de custos. Rocha Após a implementação do SGSSO, em um estudo de caso, numa empresa de (2007, fertilizantes, concluiu-se ser possível a forte regressão dos indicadores reativos e, p.67) simultaneamente, introduziu-se uma relação de parceria com os colaboradores, criando-se um forte desenvolvimento dos indicadores pró-ativos, saindo do cenário negativo em que atualmente se encontram as empresas desse setor. Medeiros O modelo de gestão integrada, apresentado nesse trabalho, caracteriza-se (2003, principalmente por propor o melhoramento contínuo da empresa levando em p.132) consideração tanto os fatores de performance exigidos pelos acionistas, como aqueles derivados de outras partes interessadas, que hoje, mais que nunca, absorvem e exigem das instituições, a qualidade dos produtos e serviços e o atendimento aos conceitos do desenvolvimento sustentável. Quinan Ao propor o desenvolvimento de um sistema de gestão de SST, que dê sustentação (2005, ao aumento de produtividade, com ênfase na cultura gerencial da empresa, p.104) valorizando os princípios de SST nas atividades cotidianas do setor produtivo, este trabalho alcança seu objetivo ao evidenciar a necessidade de uma mudança estratégica de paradigma da postura na empresa analisada, deixando de ser uma simples empreiteira, de relacionamento sazonal e temporário com o consumidor final, para se transformar numa prestadora de serviços com uma relação permanente e duradoura com seus clientes, adquirindo competitividade em seus negócios. Este estudo também cumpre com seus objetivos ao demonstrar que sistemas integrados de gestão com a visão de implementar gestão de SST necessitam deslocar do eixo administrativo para o setor produtivo as atividades prevencionistas contra as perdas, que nos processos organizacionais de trabalho, são causadas por meio dos comportamentos de riscos e ambientes de trabalho não adequados. Desta maneira se desfaz a abordagem tradicional de gestão de SST restrita apenas aos horizontes de conhecimento e competências de setores administrativos da empresa, como a conhecida área de recursos humanos, sugerindo-se que o setor de SESMT componha a área de suporte técnico gerido pelas gerências de produção responsáveis pelas áreas do setor produtivo em que são gerados os riscos. 58 3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA No capítulo anterior discutiu-se sobre a relevância dos SGSST para as organizações e a importância da participação dos trabalhadores nos sistemas adotados pelas empresas. Com a finalidade de avaliar os SGSST implantados, bem como verificar a participação dos trabalhadores com o levantamento de suas opiniões sobre o SGSST, desenvolveu-se pesquisa em empresa de grande porte do setor elétrico brasileiro. A pesquisa foi realizada com aplicação de questionário para diagnosticar a situação atual do SGSST na visão dos trabalhadores, assim como foi utilizada uma matriz visando a obter de forma organizada as sugestões dos trabalhadores para contribuir com a evolução do SGSST implantado na empresa. A aplicação do questionário seguiu as exigências legais no que diz respeito à ética em pesquisa e os respondentes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e de seu caráter de participação voluntária. Também houve a preocupação de esclarecimento quanto ao sigilo sobre as respostas dadas. A coincidência nas respostas dos trabalhadores, identificadas a partir de sua percepção sobre 30 itens relativos ao sistema, indica bom nível de conhecimento do SGSST implantado pela empresa. As respostas discrepantes identificam os gaps do SGSST em relação aos aspectos analisados. Já a coincidência de sugestões dos trabalhadores visando à melhoria dos aspectos que foram mal avaliados no questionário ratifica a importância da sua participação na construção e administração de um SGSST. A pesquisa de campo foi realizada em empresa concessionária de distribuição de energia elétrica com aproximadamente três mil empregados, dentre os quais em torno de mil e novecentos atuando em atividades operacionais. 59 Para a pesquisa, foi desenvolvido instrumento do tipo survey devido à pertinência das características desse método de pesquisa com os objetivos do trabalho. Segundo Babbie (2001), algumas das características gerais da pesquisa de survey são: Deve facilitar a aplicação cuidadosa do pensamento lógico; Os resultados de Surveys amostrais podem ser estendidos a população maior da qual a amostra foi inicialmente selecionada; As análises explicativas em pesquisas de survey se prestam a desenvolver proposições gerais sobre o comportamento humano; O método permite replicar um achado entre subgrupos diferentes, fortalecendo assim a certeza de que ele representa um fenômeno geral na sociedade; A pesquisa busca o máximo de compreensão com o menor número de variáveis possível; Deve-se sempre levar em conta que o ato de medir é um dos problemas da pesquisa em survey. A presença do pesquisador pode interferir nas respostas dos entrevistados. Assim, é mister que se tome o máximo cuidado para evitar tal interferência. Desenvolvido o instrumento de pesquisa, o questionário/matriz abordando trinta aspectos relativos ao SGSST adotado pela empresa foi aplicado, obtendo-se respostas qualitativas dos trabalhadores. Para tanto, os respondentes indicaram suas respostas com percentuais que variam de zero a cem por cento, a intervalos constantes de vinte e cinco. Os valores percentuais foram escolhidos após discussões com profissionais de segurança e saúde que tecerem críticas à versão inicial do questionário e julgaram que a adoção dos valores facilitaria o entendimento dos trabalhadores no momento das respostas. As correspondências dos valores numéricos em 60 relação às indicações de respostas normalmente utilizadas nesse tipo de pesquisa são: 0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% = não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo plenamente. Importante mencionar que o questionário inicialmente concebido contava com 22 tópicos a serem respondidos e que, após a avaliação dos profissionais de segurança e saúde anteriormente mencionados e suas importantes contribuições, o mesmo foi ampliado para 30 questões. A princípio algumas das questões podem parecer de difícil entendimento para a análise e resposta dos trabalhadores. Não obstante, a aplicação do questionário foi sempre supervisionada pessoalmente pelo pesquisador e o esclarecimento de dúvidas feito de forma imediata. Além disso, a boa formação educacional dos trabalhadores da empresa em estudo auxiliou de forma decisiva no resultado do trabalho. No desenvolvimento da pesquisa, também se teve o cuidado de realizar a aplicação do questionário nas diversas regiões de atuação dos trabalhadores para aumentar a representatividade da amostra obtida. Assim, considerando a característica dos serviços de uma empresa de distribuição de energia elétrica e a grande área de sua atuação, a pesquisa teve lugar em mais de uma dezena de cidades pertencentes a três grandes regiões operacionais onde a empresa, foco da pesquisa, atua. Em todas as ocasiões de aplicação do questionário, logo após a discussão inicial dos objetivos da pesquisa, foi enfatizada a importância das respostas serem dadas de forma sincera e que os questionários por eles devolvidos não deveriam conter os seus nomes, ou seja, a participação foi anônima. O anonimato pretendeu garantir a tranqüilidade dos participantes para que pudessem expressar de forma verdadeira suas opiniões a respeito dos itens abordados. 61 O objetivo foi o de evitar algum viés, efeito negativo que Babbie (2001) menciona como possível nesse tipo de pesquisa científica. Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão realizadas nos itens 4.6 e 4.7. Os trinta aspectos relacionados ao SGSST resultantes do trabalho de elaboração e que compõem o questionário/matriz estão descritos na tabela 7. TABELA 7 – Questões do questionário aplicado Assunto Questão Objetivo Política de SSO Há política de segurança e Questão formulada com o objetivo saúde claramente definida e de avaliar a opinião dos praticada por todos os trabalhadores sobre o entendimento colaboradores da e a prática da política de segurança organização? e saúde estabelecida Segurança como A segurança é um valor da Questão formulada com o objetivo valor organização expressado por de levantar a opinião dos organizacional todos os seus trabalhadores, trabalhadores sobre a importância independentemente do nível que os colaboradores da empresa hierárquico? dão à segurança, independentemente de seu nível hierárquico Normativos e Há normativos e orientações Questão formulada com o objetivo orientações sobre segurança claros e de de avaliar se os normativos conhecimento dos existentes abrangem a maioria das trabalhadores? atividades executadas pelos trabalhadores e se são compreendidos por eles Treinamento / Os trabalhadores são Questão formulada com o objetivo desenvolvimento adequadamente treinados de verificar a qualidade do dos trabalhadores para suas atividades antes de treinamento realizado iniciarem seu trabalho? Conscientização / Os trabalhadores estão Questão formulada com o objetivo motivação dos conscientizados e motivados de provocar a auto-avaliação sobre trabalhadores para para desenvolver suas a motivação dos trabalhadores para segurança atividades com segurança? a prática da segurança 62 Comportamento Os trabalhadores Questão formulada com o objetivo preventivo dos demonstram tal motivação de verificar a coerência entre a trabalhadores através dos comportamentos intenção e a prática expressados na prática? Comprometimento Os níveis de comando estão Questão formulada com o objetivo dos níveis de comprometidos com os de verificar a participação efetiva comando com a aspectos de segurança e dos níveis de comando em relação segurança externalizam tal ao SGSST comprometimento? Responsabilidades A liderança tem Questão formulada com o objetivo dos níveis de responsabilidades claramente de verificar se para os trabalhadores comando com a definidas em relação à estão claras as responsabilidades segurança segurança e prevenção de de seus líderes em relação à acidentes? segurança Segurança é A segurança dos Questão formulada com o objetivo estratégia trabalhadores é administrada de verificar a percepção da empresarial como estratégia empresarial interferência dos aspectos e interfere de forma decisiva relacionados com a segurança no nas decisões dia-a-dia das atividades realizadas organizacionais? na empresa Metas claramente São estabelecidas metas Questão formulada com o objetivo estabelecidas claras em relação à de verificar a existência e prevenção de acidentes e entendimento de metas discutidas com os relacionadas à prevenção de trabalhadores? acidentes EPI – Os EPI disponibilizados pela Questão formulada com o objetivo Equipamentos de empresa são de qualidade e de verificar a adequação geral dos Proteção Individual tecnicamente adequados aos EPI sob a ótica de seus usuários adequados trabalhos desenvolvidos? EPC – Os EPC disponibilizados pela Questão formulada com o objetivo Equipamentos de empresa são de qualidade e de verificar a adequação dos EPC Proteção Coletiva tecnicamente adequados aos sob a ótica de seus usuários adequados trabalhos desenvolvidos? Ferramentas e As ferramentas Questão formulada com o objetivo veículos disponibilizadas pela de verificar a adequação das adequados empresa são de qualidade e ferramentas sob a ótica de seus tecnicamente adequadas aos usuários trabalhos desenvolvidos? 63 Participação dos Há participação dos Questão formulada com o objetivo trabalhadores na trabalhadores na escolha e de verificar o envolvimento dos definição de EPI, avaliação técnica de EPI, trabalhadores nos processos de EPC e ferramentas EPC e ferramentas? decisão da empresa sobre a escolha de EPI, EPC e ferramentas Possibilidade de Trabalhadores têm a real Questão formulada com o objetivo interrupção do possibilidade de interromper de verificar a prática da política trabalho sob risco os trabalhos quando em estabelecida pela empresa condição de risco? Cumprimento das A empresa cumpre todas as Questão formulada com o objetivo exigências legais exigências legais relativas à de verificar a opinião dos segurança do trabalho trabalhadores sobre as obrigações relacionadas ao seu da empresa que lhe são familiares, trabalho? tais como: entrega de EPI, EPC e ferramentas adequadas, realização de exames médicos admissionais, periódicos e demissionais, treinamentos específicos, etc SESMT adequado O SESMT – Serviço Questão formulada com o objetivo Especializado em Segurança de verificar a eficácia do trabalho e Medicina do Trabalho é dos profissionais do SESMT junto adequado ao risco da aos trabalhadores empresa e conta com profissionais atuantes? Segurança com O nível de segurança das Questão formulada com o objetivo empresas empresas contratadas é o de identificar diferenças entre as contratadas mesmo que têm os condições de segurança de trabalhadores da trabalhadores próprios e contratante? contratados Segurança com a A empresa investe Questão formulada com o objetivo população suficientemente na de verificar o conhecimento e conscientização da opinião dos trabalhadores a população de modo geral no propósito das ações de prevenção que diz respeito aos riscos de de acidentes com a população suas redes e instalações? Comunicação A comunicação de fatos Questão formulada com o objetivo sobre SSO relativos à segurança e de verificar a facilidade e eficácia da saúde é adequada na comunicação empresa-trabalhador empresa e os meios relativa a assuntos de segurança e utilizados são eficazes? saúde 64 Auditorias internas São realizadas auditorias Questão formulada com o objetivo internas e seus resultados de verificar a percepção dos são eficazes? trabalhadores sobre a real contribuição das auditorias internas Auditorias externas São realizadas auditorias Questão formulada com o objetivo externas (de terceira parte) e de verificar a percepção dos seus resultados são trabalhadores sobre a real eficazes? contribuição das auditorias externas Investigação e A empresa possui um Questão formulada com o objetivo análise de sistema de investigação e de verificar o conhecimento e acidentes e análise de acidentes confiança dos trabalhadores a incidentes adequado e eficaz? respeito do sistema de investigação e análise dos acidentes registrados Gestão de As pessoas que assumem Questão formulada com o objetivo mudança de novas responsabilidades são de verificar se os trabalhadores pessoas treinadas em suas novas estão recebendo as informações tarefas e sobre os riscos necessárias ao desenvolvimento de inerentes a elas? novas atividades Integridade/qualida As instalações elétricas (o Questão formulada com o objetivo de das instalações ativo da empresa) são de verificar o estado de adequadas e se encontram conservação das instalações em bom estado de elétricas da empresa conservação? Gestão de As alterações ou mudanças Questão formulada com o objetivo mudança na nas instalações são de verificar se os trabalhadores são instalação prontamente incorporadas à informados das alterações que documentação e podem impactar nos aspectos de comunicadas a todos os segurança do trabalho trabalhadores, sobretudo aquelas que possam implicar em riscos? Análise de risco A empresa possui sistemática Questão formulada com o objetivo adequada de análise de risco de verificar a opinião dos capaz de evidenciar e trabalhadores sobre a eficácia das eliminar/controlar os riscos de APR – Análises Prevencionistas de acidentes antes da realização Riscos realizadas dos trabalhos? 65 Prontidão para A empresa possui planos de Questão formulada com o objetivo emergências emergência para situações de verificar o nível de conhecimento de acidentes e seus de planos de emergência e as trabalhadores estão prontos a responsabilidades dos aplicá-los? trabalhadores na sua implementação Exames médicos São realizados exames Questão formulada com o objetivo médicos periódicos e os de verificar se há retorno efetivo dos resultados são discutidos médicos relativo aos resultados dos com o trabalhador? exames realizados com os trabalhadores Qualidade de vida A empresa realiza ações de Questão formulada com o objetivo incentivo e promoção da de verificar se as ações de qualidade de vida dos promoção da qualidade de vida trabalhadores? estão realmente chegando até os trabalhadores Além das respostas aos 30 aspectos descritos, a pesquisa também buscou coletar sugestões dos trabalhadores e, para tanto, também se solicitou aos respondentes que opinassem sobre quais os fatores associados ao SGSST deveriam ser eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que, na visão deles, seja possível obter a melhoria contínua do sistema. Visando organizar as sugestões, as mesmas foram coletadas através de uma matriz que direciona as propostas para as quatro categorias anteriormente descritas: eliminar, reduzir, elevar e criar. A estrutura geral do questionário/matriz, que pode ser verificada no Anexo 1, teve como ponto de partida a proposta desenvolvida por W. Chan Kim e Renée Mauborgne (2005) em seu livro “A Estratégia do Oceano Azul”. Embora inicialmente concebida para a avaliação estratégica das empresas em cenários de grande concorrência, devido a sua simplicidade e com algumas adaptações, pareceu interessante para identificar os gaps do SGSST a serem vencidos. No citado livro, Kim e Mauborgne (2005) analisam empresas e suas estratégias para a sobrevivência no mercado altamente competitivo no qual estão inseridas. Os autores dividem as empresas entre aquelas que atuam em “oceanos 66 vermelhos”, ambientes altamente competitivos, com poucas inovações e oportunidades de conquistas e os por eles definidos como “oceanos azuis”, que se caracterizam por organizações que buscam ambientes inovadores e com oportunidades de crescimento. Os oceanos azuis surgem a partir de oportunidades identificadas pelas empresas que neles atuam e, na maior parte dos exemplos descritos no livro, estão relacionados à inovação e/ou descobertas. Para identificar/distinguir aspectos em que as organizações já atuam de forma eficaz daqueles em que há oportunidades de melhoria ou inovação, ou mesmo para que se possam criar oportunidades de atuação em pontos ainda não abordados, os autores propõem a utilização da Matriz de Avaliação. A Matriz estabelece a eficácia dos diversos pontos propostos para a discussão. Dessa forma, identifica as oportunidades de melhoria e auxilia na definição de alguns itens que merecem atenção e que podem conduzir as organizações a “oceanos azuis”. A partir desses conceitos adaptados à gestão de SST na empresa estudada, desenvolveu-se o questionário/matriz anteriormente descrito com a finalidade de verificar a abordagem e amplitude do SGSST implantado, assim como avaliar a participação efetiva dos trabalhadores no sistema e coletar suas contribuições. Finalizando esse capítulo, volta-se a enfatizar que todos os autores anteriormente citados (Benite (2004), Fernandes (2005), Rocha (2007), Medeiros (2003), Quinan (2005)) e que discorreram sobre SGSST, indicam a importante contribuição de sistemas de gestão de segurança e saúde na implementação e administração adequadas de ações que privilegiem a prevenção de acidentes e a promoção da saúde dos trabalhadores. As décadas que sucederam à industrialização do Brasil e, particularmente, o fenômeno da globalização trouxeram alterações substanciais na gestão de todo o sistema produtivo das organizações e para que se possa garantir condições salubres nos ambientes de trabalho, que incorporem metodologias e técnicas eficazes, torna-se imprescindível um sistema de gestão voltado à segurança e 67 saúde capaz de diagnosticar com exatidão os riscos aos quais os trabalhadores estarão expostos. O correto diagnóstico levará às medidas de eliminação e/ou mitigação dos riscos com maiores chances de prevenir a ocorrência de acidentes e doenças originadas a partir dos ambientes e processos de trabalho. Não se pode deixar de ressaltar aqui que a participação dos trabalhadores é fundamental nesse processo. Não apenas cumprindo normas e procedimentos de trabalho, mas sendo co-autores de toda a construção do SGSST adotado pela organização. Os autores anteriormente citados: Deming (1997), Drummond (1994), assim como a publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental - Guía de actuación para trabajadores (2003)” e a própria Norma Regulamentadora número 9, ao tratar da obrigatoriedade dos Mapas de Risco elaborados com a participação dos trabalhadores, corroboram a importância dos trabalhadores na construção de sistemas de gestão relacionados aos métodos e ambientes de trabalho. Nessa mesma linha, a afirmação de Cardella (2008) de que a gestão eficiente e eficaz é feita de forma que necessidades e objetivos das pessoas sejam consistentes e complementares aos objetivos da organização a que estão ligadas reforça a necessidade da participação dos trabalhadores que, através de suas experiências, podem contribuir de forma importante com um sistema de gestão consistente e condizente com a realidade da organização e, ao mesmo tempo, agregar constantemente modificações e atualizações que farão com que o SGSST esteja sempre alinhado com as necessidades presentes da organização. É esta a etapa que os autores costumam denominar melhoria contínua do sistema. 68 4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica. 4.1. Introdução De acordo com o discorrido no capítulo 2, infelizmente o setor elétrico brasileiro não se constitui exceção quando se trata da ocorrência de acidentes do trabalho, apresentando número relevante de acidentes, alguns gravíssimos que chegam a determinar o óbito do trabalhador. Esse importante setor da economia brasileira também sofreu profundas alterações nos últimos anos com a privatização de várias empresas concessionárias. Para buscar a melhoria da gestão visando à eliminação dos riscos decorrentes de suas atividades e, conseqüentemente, evitar os acidentes, empresas do setor elétrico adotaram SGSST, alguns com êxito inegável. Pretende-se nesse estudo de caso abordar uma grande empresa do setor elétrico privatizada no final da década de noventa e que adotou um SGSST visando à gestão das questões relativas à prevenção de acidentes e doenças de origem ocupacional. 4.2. Breve histórico da empresa Com uma longa história de atuação no setor elétrico, a empresa foi privatizada no final da década de noventa. Trata-se de uma distribuidora de energia elétrica, atuando em mais de duas centenas de municípios em área geográfica superior a 90 mil km2, atendendo a mais de 3 milhões de clientes. Na ocasião de sua privatização, a empresa contava com cerca de 7.000 funcionários e, dentre várias transformações trazidas pela privatização, a diminuição de seus empregados levou a empresa para cerca de 3.000 trabalhadores próprios. 69 Paralelamente a essa diminuição de empregados, foram sendo introduzidas novas metodologias de trabalho e equipamentos, além da terceirização de algumas atividades para que o serviço prestado pela empresa não tivesse solução de continuidade. Esses e outros fatores impactaram sobre a gestão organizacional em todos os aspectos e, especificamente no que se refere à segurança do trabalho, esse impacto foi muito ruim. Após cerca de três anos da privatização, no ano de 2000, sua TF de acidentes atingiu valor elevado (6,89), constituindo-se em um dos principais problemas organizacionais da empresa. Buscando a reversão da situação negativa, a empresa implantou um SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho ou, como também mencionado em publicações sobre o assunto, SGSSO – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, para sistematizar todas as suas ações com o objetivo de privilegiar a prevenção dos acidentes e a promoção da saúde. Somente com o auxílio de uma ferramenta estruturada de gestão, acreditava-se, fosse possível reassumir o controle sobre as causas imediatas e básicas que dão origem aos acidentes, eliminando-as ou controlando-as de forma a que não viessem a determinar acidentes ou doenças. 4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho A organização e gestão da segurança e saúde em uma empresa de serviços, onde a quase totalidade dos trabalhos de risco ocorrem em logradouros públicos, longe dos controles organizacionais mais formais, é um desafio de grandes proporções. Nessas condições, certamente são os trabalhadores que detêm o poder da decisão de trabalhar com atenção aos riscos, identificando-os para sua eliminação ou neutralização e, conseqüentemente, evitando acidentes deles decorrentes. 70 Sendo assim, é imprescindível que estejam muito bem familiarizados com os métodos de trabalho, ferramentas e equipamentos a serem utilizados e cuidados em geral a serem verificados. A construção compartilhada entre empresa e trabalhadores de um SGSST capaz de auxiliar na gestão desse importante aspecto foi a alternativa escolhida e que teve como alicerce duas importantes referências internacionais: DNV e OHSAS 18001. Início da implantação da gestão de segurança do trabalho e saúde com a utilização da metodologia DNV A empresa deu seus primeiros passos rumo à implantação de um SGSST com o uso das ferramentas propostas pelo SCIS – Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela DNV24. Dentre os vinte elementos propostos, alguns foram trabalhados prioritariamente para proporcionar a mudança de cultura necessária na ocasião. Foram eles: Treinamento da Liderança: os líderes receberam treinamento específico para conhecer o SCIS e suas responsabilidades para o sucesso do sistema de gestão que se pretendia implantar; Inspeções Planejadas e Manutenção: foram estabelecidas metodologias para as inspeções a serem realizadas, assim como para os seus desdobramentos, ações corretivas e/ou preventivas a serem adotadas; Análises e Procedimentos de Tarefas Críticas: realizadas com a finalidade de identificar as tarefas que envolviam riscos mais acentuados a fim de eliminá-los ou mitigá-los; Investigação de Acidentes/Incidentes: estabeleceu-se sistemática de investigação e análise de acidentes e incidentes simplificada para eventos mais 24 DNV – Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa - tradução livre). 71 corriqueiros e uma outra baseada na metodologia de árvore de causas25 para as ocorrências mais complexas; Observação de Tarefas: foi formado um grupo de trabalhadores das áreas operacional, engenharia e de segurança a fim de realizar a observação das tarefas realizadas e propor melhorias nos procedimentos, equipamentos e ferramental; Preparação para Emergências: estabeleceram-se planos para as principais situações de emergência passíveis de ocorrerem; Formação e Treinamento dos Empregados: todos participaram de discussão e treinamento sobre o SGSST que se pretendia implantar; Equipamento de Proteção Individual – EPI: implantou-se sistema de participação dos trabalhadores na definição e testes de EPI; Controle de Saúde e Higiene Industrial: revisou-se o PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, incluindo avaliações de caráter extraocupacional; Comunicações Pessoais: foram introduzidos sistemas e programas para facilitar a comunicação entre os trabalhadores visando à fluência das comunicações de quaisquer eventos relacionados a incidentes e acidentes e, até mesmo, a condições abaixo do padrão26; Reuniões de Grupos: incentivou-se a discussão de aspectos relacionados à prevenção de acidentes e à promoção da saúde por parte dos trabalhadores, no âmbito das CIPA27, assim como nos DDS28 e DSS29; 25 Árvore de Causas: metodologia desenvolvida pelo INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité para a investigação de acidentes e que auxilia na identificação de fatores que ficam sem explicação e demandam informações complementares, proporcionando que se estabeleça um maior número de fatores organizacionais envolvidos na gênese dos acidentes. 26 Condição abaixo do padrão: situação anormal que pode provocar incidente ou acidente. 27 CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 28 DDS: Diálogo Diário de Segurança. 29 DSS: Diálogo Semanal de Segurança. 72 Promoção Geral: intensificou-se a discussão das oportunidades de melhoria na prevenção de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores através dos veículos de comunicação disponibilizados pela empresa. O trabalho desenvolvido resultou na incorporação gradual do SGSST pela organização e seus trabalhadores e contribuiu com o início da reversão do quadro negativo de acidentes registrado. A organização muito particular de uma empresa de distribuição de energia elétrica fez com que o sistema DNV apresentasse algumas dificuldades para sua implementação completa e, concomitantemente, o referencial normativo OHSAS 18001 ganhava destaque cada vez maior no mundo todo, com a vantagem de ser possível a certificação de terceira parte. Dessa forma, a empresa optou por basear seu sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho na OSHAS 18001 que trazia também a vantagem adicional de possuir concepção similar aos normativos ISO 9001 e ISO 14001 já adotados pela mesma. A transição para a gestão de segurança do trabalho e saúde com base na OHSAS30 18001 Após um ano de trabalho de implantação do SGSST com base no SCIS/DNV, a empresa decidiu migrar para a OSHAS 18001, buscando a certificação de seu SGSST lastreado nesse referencial normativo. Essa decisão levou em consideração o fato do SCIS/DNV não permitir a certificação de terceira parte. Considerando que o SCIS/DNV é um sistema muito mais detalhado do que a proposta de gestão de segurança e saúde da OHSAS 18001 e que ele foi a base da construção da gestão de segurança e saúde adotada pela empresa, não houve nenhuma dificuldade nas adaptações necessárias à adoção da OHSAS 18001. A incorporação das ações que já haviam sido implementadas foi realizada e a sistemática de condução do SGSST, com foco na melhoria contínua prevista pela OHSAS 18001, passou a reger as novas ações e programas, o que possibilitou a 30 OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series. 73 certificação da empresa apenas alguns meses após sua tomada de decisão nesse sentido. 4.4. Principais processos do sistema de gestão de segurança e saúde adotado pela empresa e resultados relevantes Mais importante do que a certificação de terceira parte31, os resultados positivos que foram obtidos em decorrência dos sistemas criados e que contribuíram com a eficácia da gestão da segurança de saúde, assim como o decréscimo dos acidentes do trabalho registrado, ratificaram a escolha da empresa. Na seqüência, alguns dos sistemas e instrumentos adotados são descritos de forma sucinta. Detecção dos perigos e riscos de acidentes Com a implantação do SGSST, a empresa teve a oportunidade de revisar sua sistemática de detecção e análise de perigos e riscos e de propor medidas preventivas ou mitigadoras para todos eles. Mais de 900 perigos e riscos foram identificados e analisados com metodologia criada para considerar as medidas de controle já existentes e sua real eficácia. As poucas análises que resultaram na manutenção de uma situação de risco grave e iminente foram objeto de novos estudos com o objetivo de eliminação ou mitigação do fator ou fatores que qualificavam a situação como grave e iminente. Participação dos trabalhadores na identificação de perigos A participação dos trabalhadores no trabalho de identificação de perigos foi fundamental. Sua experiência e sólido conhecimento da execução das atividades muito auxiliaram os profissionais da engenharia e da segurança na identificação dos perigos e riscos decorrentes, assim como, na proposição das medidas preventivas ou mitigadoras a eles associadas. 31 Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas. 74 A própria identificação dos perigos e riscos associados às atividades desenvolvidas pelos trabalhadores somente foi possível no nível de detalhamento atingido a partir da participação dos mesmos em todas as etapas do trabalho desenvolvido. Além disso, também se criou um sistema de comunicação de eventos32, disponibilizado na intranet da empresa, que permite a todos os trabalhadores inserir informações sobre: condição abaixo do padrão33, acidente material34, acidente com veículos35, acidente pessoal36 e acidente com a população37. Assim, cada um dos trabalhadores pode agir como auditor do SGSST, informando qualquer situação irregular que possa gerar acidentes, assim como acidentes já ocorridos. Sistematização e padronização da realização das atividades A partir da revisão das atividades e identificação dos perigos e riscos, foi possível a elaboração de procedimentos de trabalho, considerando em todas as etapas os aspectos primordiais para garantir a prevenção de acidentes e a integridade física dos trabalhadores. Mais uma vez com a participação ativa dos trabalhadores, foram construídos mais de 300 procedimentos de trabalho que descrevem em detalhes as etapas a serem desenvolvidas e os cuidados a serem adotados em cada uma delas a fim de que acidentes sejam evitados. Foram eleitos monitores entre os trabalhadores que, representando seus pares, fizeram parte da equipe que construiu a padronização das atividades e, após isso, participaram diretamente do treinamento com seus colegas de trabalho em programas com cargas horárias superiores a 300 horas. 32 Eventos: situações que podem conduzir a acidentes (situações abaixo do padrão) ou acidentes já ocorridos. Condição abaixo do padrão: qualquer anormalidade identificada que pode levar à ocorrência de acidentes. Acidente material: acidente envolvendo danos apenas a equipamentos. 35 Acidente de trânsito com veículos da empresa. 36 Acidente pessoal: acidente envolvendo trabalhadores que provoca lesão em, ao menos, um deles. 37 Acidente com a população: acidentes com a população em geral envolvendo as redes de distribuição de energia elétrica. 33 34 75 No processo de melhoria contínua da avaliação de risco e para garantir que riscos não identificados à priori sejam considerados, foi criada a APR – Análise Prevencionista de Riscos. O instrumento consiste na verificação e identificação de possíveis riscos de acidentes em momento imediatamente anterior ao da execução do trabalho e no próprio local onde o mesmo irá ser realizado. Mais uma vez aqui são os trabalhadores em seus diversos locais de trabalho os responsáveis pela utilização eficaz desse importante instrumento. A participação dos trabalhadores no desenvolvimento de EPI e EPC São os trabalhadores os usuários das ferramentas, EPC38 e EPI39 nas atividades diárias que desenvolvem e, portanto, sua participação no estudo, avaliação e aprovação desses equipamentos não pode ser ignorada. Assim, a empresa objeto do estudo de caso desenvolveu metodologia para assegurar a participação ativa dos mesmos nesse processo e suas opiniões afetam de forma real as decisões tomadas. A título de exemplo descreve-se a seguir dois processos muito relevantes em que a participação dos trabalhadores muito contribuiu para o sucesso. Vestimenta FR – Fire Retardant40 A Norma Regulamentadora 10 – Serviços e Instalações em Eletricidade, através de sua revisão aprovada em 7 de dezembro de 2004, passou a exigir propriedades específicas das vestimentas utilizadas pelos trabalhadores expostos ao risco de arco elétrico. A exigência conferiu às vestimentas o “status” de EPI que, segundo o item 10.2.9.2 da NR-10, devem ser adequadas às atividades e contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. Com essas propriedades, os incrementos de proteção que se pretendeu dar ao trabalhador foram: 38 EPC: Equipamento de Proteção Coletiva. EPI: Equipamento de Proteção Individual. 40 FR: Fire Retardant (tecido que impede a propagação da chama). 39 76 Condutibilidade - o tecido adotado para a confecção das vestimentas não pode ser condutor de eletricidade e também deve minimizar a condução do calor; Inflamabilidade - o tecido não pode ser inflamável, ou seja, não pode manter a chama após cessar a fonte de calor; Influências eletromagnéticas - o tecido deve resistir ou atenuar a energia calorífica (energia incidente) originada pela ocorrência de arco elétrico. Decorrente disso, a empresa adotou para seus trabalhadores o tecido composto de 88% algodão e 12% nylon cujos fios recebem tratamento ignífugo41, anteriormente à trama do tecido. Após os testes realizados com um grupo de trabalhadores, a empresa iniciou a implantação da nova vestimenta e, concomitantemente à distribuição do EPI, fez chegar a cada um dos trabalhadores um questionário de avaliação de 18 características relacionadas a ele. Após três meses de utilização da nova vestimenta, prazo acordado para a devolução dos questionários respondidos, aproximadamente dois mil questionários chegaram até a área de segurança e saúde da empresa com várias propostas interessantes, a maioria delas objetivando a melhoria do conforto da nova vestimenta. Tal fato se explica devido à gramatura do novo tecido, superior em 50 gramas/m2, se comparada com o tecido anteriormente utilizado, característica necessária para que as novas propriedades exigidas sejam garantidas. Com o resultado dos questionários em mãos, a empresa passou a estudar alternativas que favorecessem ao conforto e, após alterar o layout das vestimentas, inclusive padrões e cores, submeteu o novo modelo mais uma vez aos trabalhadores, desta feita com aprovação quase unânime. Ou seja, mais uma vez nesse caso, a participação dos trabalhadores e o respeito as suas contribuições foram fatores que muito contribuíram para o sucesso da adoção da nova vestimenta. 41 Ignífugo: que dificulta ou obsta a combustão de materiais. 77 Cinto de segurança tipo paraquedista com linha da vida A exemplo das vestimentas, também a tecnologia que elimine o risco de queda dos trabalhadores do setor elétrico é uma exigência da NR-1042. Novamente, em todo o processo de desenvolvimento, testes e aprovação dos cintos de segurança tipo paraquedista com linha da vida que passaram a ser adotados, a participação dos trabalhadores foi intensa e fundamental. Suas sugestões e contribuições auxiliaram muito na concepção e projeto de um EPI realmente capaz de evitar acidentes relacionados à queda, segunda causa mais grave de acidentes na área de distribuição elétrica, na medida em que a maioria das redes elétricas brasileiras são aéreas. Não somente nessa fase do processo, mas também no treinamento de todos os eletricistas, a participação dos trabalhadores foi decisiva. Foram eles, os trabalhadores, que desenvolveram os treinamentos com seus colegas no momento de entrega do novo EPI. Disseminação sistemática de conhecimentos e informações sobre a prevenção de acidentes Paralelamente ao treinamento teórico e prático relativo à execução das tarefas realizadas pelos trabalhadores, iniciaram-se vários programas com o objetivo de disseminar conhecimento sobre a prevenção de acidentes e a promoção da saúde dos trabalhadores. Para tanto, as características do setor impuseram mais um desafio: como fazer chegar a informação e o conhecimento a trabalhadores que atuam de forma tão capilarizada. À exceção das atividades administrativas e de alguns trabalhos realizados em suas subestações, os serviços executados pela empresa ocorrem nos logradouros públicos dos municípios para os quais a empresa fornece energia elétrica. Trata-se, portanto, de uma atividade “extra-muros” em instalações que se 42 NR-10: Norma Regulamentadora 10. 78 encontram nas ruas: postes, transformadores, cabos, etc., localizados em mais de duas centenas de municípios. É evidente a dificuldade na disseminação rápida e eficaz de conceitos, conhecimentos e informações para um grupo de trabalhadores que atua pulverizado em mais duas centenas de municípios. Com isso, houve a necessidade de serem criados programas e ações capazes de fazer com que os objetivos de comunicação fossem atingidos sem a necessidade de estruturas formais, tais como: salas para reunião, projetores, cadeiras, etc. Assim, surgiram os programas que se passa a descrever de forma sucinta. Segurança ao Seu Lado Consistiu na confecção de cavaletes com lâminas que abordam temas relacionados à segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida. Após sua distribuição para os PST43 e membros das CIPA44, o material é utilizado para a divulgação e conscientização dos colaboradores durante os DSS45. Nas Figura 8, 9 e 10 apresenta-se o modelo concebido para o programa, assim como alguns temas abordados. 43 PST – Profissional de Segurança do Trabalho. CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 45 DSS – Diálogo Semanal de Segurança. 44 79 Figura 8 – Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Figura 9 – Norma Regulamentadora 10 – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado Figura 10 – Choque Elétrico – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Fonte: Empresa objeto do estudo de caso O material permite a realização de reuniões “em campo” e já foram registrados treinamentos e discussões até mesmo em vias públicas com o cavalete sobre o capô dos veículos operacionais da empresa. 80 Sinal Verde para a Segurança Programa que consistiu na atribuição de cartões a empregados que respeitam e cumprem os procedimentos de segurança descritos nas tarefas operacionais. Isso é aferido através de inspeções realizadas em campo. O cartão é composto de duas vias, superior e inferior, sendo a primeira arquivada no prontuário do empregado e a segunda, depositada em urnas existentes nas localidades que possuem CIPA46, a fim de que o trabalhador que o recebeu possa concorrer a prêmios sorteados mensalmente durante as reuniões das comissões. Na figura 11 é apresentado o layout do cartão concebido para o programa. empresa Figura 11 – Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança Fonte: Empresa objeto do estudo de caso O programa propicia a cobrança e a verificação constantes do cumprimento dos procedimentos operacionais e de segurança e inverte a tradição punitiva sobre os resultados de inspeções dessa natureza, premiando aqueles que seguem os padrões ao invés de punir os que deixam de segui-los. Mais uma vez aqui 46 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 81 enfatiza-se a participação dos trabalhadores, nesse caso membros das CIPA47 da empresa, um dos grupos responsáveis pela aplicação dos cartões. Diálogos Semanais de Segurança – DSS Com objetivos similares ao do programa Segurança ao Seu Lado, consiste na confecção de cadernos que abordam temas relacionados à prevenção de acidentes e promoção da segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida. Propositalmente, a disposição dos assuntos é intercalada, sugerindo alternância do conteúdo a ser semanalmente tratado. Tais cadernos são distribuídos aos PST48 e membros das CIPA, assim como a líderes de equipes e supervisores, para serem utilizados em DSS49. Nas figuras 12 e 13 é apresentado o caderno concebido para o programa. Figura 12 – Caderno do Diálogo Semanal de Figura 13 – Equipamentos de Proteção – Segurança – DSS tema desenvolvido para o Caderno do DSS Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Contando em sua primeira versão com 60 temas, o caderno permite a abordagem de temas semanais diferentes por mais de um ano, cujo objetivo também é o de discutir a prevenção de acidentes e a promoção da saúde de forma diferenciada e ágil. 47 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. PST – Profissional de Segurança do Trabalho. 49 DSS – Diálogo Semanal de Segurança. 48 82 Principal resultado obtido pela empresa A implantação do SGSST em 2001 e os projetos que foram concomitantemente iniciados fizeram com que os acidentes tivessem redução expressiva, tendência esta mantida nos anos subseqüentes. Nos últimos anos, as taxas de freqüência de acidentes registradas pela empresa a tem colocado abaixo do primeiro quartil quando comparadas às empresas de mesmo porte do setor elétrico brasileiro. Na figura 14, são apresentadas as TF50 dos últimos anos em que se pode verificar a expressiva diminuição da taxa associada à ocorrência de acidentes do trabalho, quando comparadas com o ano de 2000 (6,89), onde o SGSST ainda não havia sido implementado. Taxas de Freqüência de Acidentes 8,00 7,00 6,89 6,00 5,00 4,00 3,70 3,00 3,07 2,91 2,04 2,00 2,65 1,50 1,54 1,00 0,00 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 Figura 14 – Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007 Fonte: Empresa objeto do estudo de caso 4.5. Pesquisa de campo e resultados Kim e Mauborgne (2005) discorrem sobre gestão organizacional e trazem inovadora abordagem para a busca de oportunidades em mercados altamente competitivos que preconiza a participação dos envolvidos no processo para identificar caminhos ainda não trilhados pelos concorrentes. Segundo os autores, 50 TF: Taxa de Freqüência de acidentes do trabalho. 83 encontrar diferenciais garantirá o destaque necessário ao crescimento e perenidade das empresas. Analogamente, as empresas também precisam encontrar formas inovadoras para a identificação e eliminação/controle de riscos que podem conduzir os trabalhadores a acidentes ou doenças. De certa forma, Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho trouxeram inovação para a prevenção de acidentes adotando, dentre outras inovações, ferramentas e conceitos de sucesso já utilizados na gestão da qualidade das organizações e utilizando-os para atingir a melhoria das condições de trabalho em geral. No entanto, certamente não basta a implantação de sistemas modernos de gestão de SST que, em síntese, disponibilizam as ferramentas necessárias ao bom andamento do gerenciamento do assunto. Os mais elaborados sistemas não prescindem do comprometimento de todos os trabalhadores para que se atinja a eficácia esperada e tal comprometimento depende da participação direta dos mesmos. Novamente aqui se reporta a Almeida (2006) quando afirma que de forma geral as análises dos acidentes do trabalho acabam por atribuir culpa aos acidentados, muitas vezes não evidenciando os reais problemas e disfunções que dão origem aos infortúnios. Certamente, tal fato impede a determinação das causas básicas que devem ser gerenciadas para a não ocorrência de acidentes. Ora, se se deseja de fato determinar as causas reais dos acidentes para que se possa preveni-los, a participação dos trabalhadores neles envolvidos parece imperiosa. Nessa mesma linha de raciocínio, se se pretende alcançar a melhoria contínua de um SGSST no qual a participação dos trabalhadores é da maior relevância, os mesmos têm de se envolver em todo o processo, desde sua concepção até a 84 análise periódica que resulta na indicação do que deve ser alterado ou implantado. Assim, acredita-se que os trabalhadores muito tenham a contribuir com a análise crítica de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho, assim como com a identificação de oportunidades de agregar ações e programas para a obtenção de resultados ainda melhores do que os já alcançados. Esses foram as premissas que nortearam a concepção e aplicação do questionário/matriz cujos pontos primordiais foram discutidos anteriormente. Coleta de dados A coleta de dados ocorreu em várias oportunidades e em diversos municípios das regiões de atuação dos trabalhadores da empresa, após reunião de discussão e preparação já mencionada, e sempre garantindo o direito à recusa de algum trabalhador em participar. Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão realizadas nos itens 4.6 e 4.7. Definição da população-alvo Evidentemente, nesse tipo de abordagem, quanto maior é a população objeto da pesquisa, maior a confiabilidade dos resultados e sua coerência com a situação real estudada. Não obstante, com as dificuldades impostas pela própria rotina de trabalho do público-alvo, assim como as relativas à geografia de atuação da empresa pesquisada, obtiveram-se 219 respostas de eletricistas aos questionários aplicados. 85 Considerando que a empresa conta em seu quadro de empregados com cerca de 1.268 eletricistas, conseguiu-se uma amostra da opinião desses trabalhadores da ordem de 17,3% do total de empregados da empresa nessa atividade. Também foram obtidos 82 questionários respondidos por técnicos que também exercem atividades operacionais, no entanto, mais especializadas do que as desenvolvidas pelos eletricistas. O objetivo de colher a opinião desses trabalhadores, além de verificar suas visões e propostas de melhoria sobre o SGSST, foi também o de identificar as possíveis diferenças existentes entre a visão desses e a dos eletricistas. Esse segundo grupo de trabalhadores teve participação menos abrangente no processo de construção do SGSST, quando comparados aos eletricistas, participantes mais ativos, inclusive porque são eles os diretamente envolvidos com os principais riscos que as atividades desenvolvidas pela empresa apresentam. Comparados ao total de técnicos da área operacional da empresa (628), os 82 participantes representam 13,0% dos trabalhadores que atuam nessa atividade. Finalmente, aplicou-se o mesmo questionário a um grupo de empregados que fazem parte do corpo de gestão da empresa: 5 técnicos líderes, 4 engenheiros, 1 engenheiro líder e 8 gerentes. Os 18 trabalhadores que participaram da pesquisa representam 13,2% do número total do corpo de gestão da empresa que atua na área operacional (136). Evidentemente, o objetivo foi o de identificar as opiniões e sugestões do nível de gestão da empresa em relação ao SGSST implantado, assim como o de verificar possíveis discrepâncias em relação à visão dos demais trabalhadores. Com isso, totalizou-se 319 respondentes ao questionário elaborado, o que representa 15,8% dos trabalhadores atuando na área de distribuição e transmissão de energia elétrica da empresa objeto do estudo de caso (2.015). 86 Respostas aos questionários Como já mencionado, para a pesquisa do tipo survey utilizou-se um questionário/matriz abordando trinta aspectos relativos ao SGSST implantado pela empresa. Cada um desses aspectos foi avaliado de forma percentual pelos participantes (0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% = não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo plenamente), valores que, na opinião de cada respondente, representava o valor mais próximo da aderência ao aspecto avaliado. Nas próximas páginas, serão analisadas as respostas dadas e tecidos alguns comentários sobre os resultados. A título de simplificação e sem prejuízo da qualidade da análise, os aspectos em que houve consistente convergência das respostas de todas as três categorias de público-alvo trabalhadas (eletricistas, técnicos e níveis de gestão) serão analisados e comentados de forma global. Caso contrário, na divergência nas respostas, a análise será feita para cada grupo respondentes. Além disso, serão consideradas de forma agrupada as respostas como segue: Respostas direcionadas para 0% ou 25% serão consideradas ruins; Repostas direcionadas para 50% neutras; Respostas direcionadas para 75% ou 100% serão consideradas boas. Finalmente, considerar-se-á consistente a convergência de mais de 90% das respostas dadas a um dos 3 grupos mencionados: 0%-25%, 50% e 75%-100%, desta forma fazendo-se apenas a análise global das respostas, já mencionada. Seguem-se as respostas aos 30 itens que compõem o questionário. 87 Questão 1 – Política de SSO: Há política de segurança e saúde claramente definida e praticada por todos os colaboradores da organização? A figura 15 apresenta os resultados obtidos para a questão 1. TOTAL 100% 185 75% 112 50% 19 25% 0% 3 0 0 50 100 150 200 Figura 15 – Tabulação respostas dadas para a questão 1 Fonte: Questionário aplicado Noventa e três por cento das respostas dadas à questão 1 foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas no sentido de perceber a existência e efetividade da Política de SSO implantada pela empresa. Além disso, a ausência de propostas envolvendo a Política de SSO nas sugestões de melhoria formuladas pelos participantes da pesquisa atesta forte concordância destes com a política estabelecida. Questão 2 – Segurança como valor organizacional: A segurança é um valor da organização expressado por todos os seus trabalhadores, independentemente do nível hierárquico? A figura 16 apresenta os resultados obtidos para a questão 2. 88 TOTAL 220 100% 75% 88 50% 10 25% 1 0% 0 0 50 100 150 200 250 Figura 16 – Tabulação respostas dadas para a questão 2 Fonte: Questionário aplicado Noventa e sete por cento das respostas dadas à questão 2 foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência, indicando forte convergência das repostas no sentido da percepção de que a segurança é um valor da empresa. Novamente não há registro de sugestões de melhoria em relação a esse aspecto avaliado. Questão 3 – Normativos e orientações: Há normativos e orientações sobre segurança claros e de conhecimento dos trabalhadores? A figura 17 apresenta os resultados obtidos para a questão 3. 89 TOTAL 199 100% 97 75% 50% 13 25% 10 0% 0 0 50 100 150 200 250 Figura 17 – Tabulação respostas dadas para a questão 3 Fonte: Questionário aplicado Noventa e três por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência. Novamente houve forte convergência das repostas no sentido de referendar que normativos e orientações fazem parte do SGSST da empresa. Também não há menção a necessidade de melhoria para esse item. Questão 4 – Treinamento / desenvolvimento dos trabalhadores: Os trabalhadores são adequadamente treinados para suas atividades antes de iniciarem seu trabalho? A figura 18 apresenta os resultados obtidos para a questão 4. 90 TOTAL 166 100% 126 75% 50% 25 25% 2 0% 0 0 50 100 150 200 Figura 18 – Tabulação respostas dadas para a questão 4 Fonte: Questionário aplicado Noventa e dois por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência. Portanto, forte convergência das repostas, aprovando os treinamentos aos quais os trabalhadores são submetidos. De fato, somente para a formação básica dos eletricistas, o curso realizado tem carga horária de mais de 350 horas entre atividades teóricas e práticas e é muito bem avaliado pelos eletricistas. Não obstante a boa avaliação do item, há inúmeras sugestões de melhoria sobre treinamento, elencadas no item Sugestões de melhoria. Questão 5 – Conscientização / motivação dos trabalhadores para segurança: Os trabalhadores estão conscientizados e motivados para desenvolver suas atividades com segurança? A figura 19 apresenta os resultados obtidos para a questão 5. 91 TOTAL 166 100% 75% 126 50% 24 25% 0% 3 0 0 50 100 150 200 Figura 19 – Tabulação respostas dadas para a questão 5 Fonte: Questionário aplicado Coincidentemente, também esse item registrou noventa e dois por cento das respostas direcionadas a 75% ou 100% de aderência. Novamente, forte convergência das repostas relativas à conscientização e motivação para a segurança. Mesmo assim, houve algumas sugestões de melhoria em relação a esse aspecto, o que será verificado no item Sugestões de melhoria a seguir. Questão 6 – Comportamento preventivo dos trabalhadores: Os trabalhadores demonstram tal motivação através dos comportamentos expressados na prática? A figura 20 apresenta os resultados obtidos para a questão 6. 92 TOTAL 108 100% 159 75% 50% 44 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 Figura 20 – Tabulação respostas dadas para a questão 6 Fonte: Questionário aplicado Oitenta e quatro por cento das respostas a esse item foram direcionadas a 75% ou 100% e este é o primeiro dos itens até aqui abordados onde houve uma inversão do direcionamento das respostas, com a maioria dos 84% respondentes optando por 75% de aderência. Isto pode ser interpretado como indicativo de oportunidades de melhoria no que diz respeito ao comportamento preventivo dos trabalhadores e, o que é mais interessante, obtido, sobretudo, a partir da opinião majoritária dos próprios trabalhadores a área operacional. Ao serem analisadas as respostas por categoria de trabalhadores público-alvo da pesquisa, apresentadas na figura 21, observa-se a mesma tendência entre os respondentes do nível operacional, eletricistas e técnicos, coincidente com a visão dos gerentes participantes. Corroborando esse resultado, há algumas propostas de melhoria em relação a esse aspecto expressas no item Sugestões de melhoria a seguir. 93 ELETRICISTA 100% TÉCNICO 73 100% 75% 112 50% 0 50 100 150 0 25% 0 0 1 50% 3 0% 3 75% 14 25% 0 100% 39 50% 4 0% 26 75% 30 25% TÉCNICO LÍDER 1 0% 10 20 30 40 50 0 0 1 100% 1 2 100% 75% 2 75% 0 75% 50% 0 25% 0 0% 0 0 50% 0 25% 0 25% 0 0% 0 0% 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 4 3 100% 50% 3 GERENTE ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 2 1,5 5 0 2 4 6 Figura 21 – Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 7 – Comprometimento dos níveis de comando com a segurança: Os níveis de comando estão comprometidos com os aspectos de segurança e externalizam tal comprometimento? A figura 22 apresenta os resultados obtidos para a questão 7. 94 TOTAL 163 100% 113 75% 50% 35 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 Figura 22 – Tabulação respostas dadas para a questão 7 Fonte: Questionário aplicado Oitenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou 100% e também aqui é interessante abrirmos as respostas por categoria. Na figura 23, pode-se observar que parte expressiva dos trabalhadores operacionais (eletricistas e técnicos) apontou aderência de 50% para este item (15% dessa categoria e 10% do total de respondentes). Outros 50% da categoria de trabalhadores operacionais indicou a aderência de 75% para este item, o que representa 34% dos respondentes. Os 50% de aderência também foi indicado por dois entre oito gerentes que participaram da pesquisa (25% dos respondentes), o que pode ser traduzido como uma interessante e construtiva auto-crítica. Assim, fica evidente a oportunidade de se buscar avançar nesse aspecto, comprometimento dos níveis de comando com a segurança, fundamental para o sucesso e melhoria contínua de uma SGSST. Mais uma vez as propostas dos participantes evidenciam a total coerência dos resultados aqui discutidos na medida em que há várias sugestões de melhoria no 95 que se refere aos níveis de comando expressas no item Sugestões de melhoria a seguir. ELETRICISTA 100% TÉCNICO 100% 107 75% 0% 5 0% 0 0 50 100 0 0 150 10 ENGENHEIRO 20 4 75% 8 25% 3 100% 25 50% 25 25% 44 75% 84 50% TÉCNICO LÍDER 30 40 1 50% 0 25% 0 0% 0 50 0 1 100% 4 1 3 3 0 75% 0 75% 50% 0 50% 0 50% 25% 0 25% 0 25% 0 0% 0 0% 0 0% 0 2 3 4 5 0 0,5 1 4 100% 75% 1 3 5 GERENTE ENGENHEIRO LÍDER 100% 0 2 1,5 2 0 1 2 3 4 Figura 23 – Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 8 – Responsabilidades dos níveis de comando com a segurança: A liderança tem responsabilidades claramente definidas em relação à segurança e prevenção de acidentes? A figura 24 apresenta os resultados obtidos para a questão 8. 96 TOTAL 100% 169 75% 118 50% 24 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 Figura 24 – Tabulação respostas dadas para a questão 8 Fonte: Questionário aplicado Noventa por cento das respostas dadas a esta questão foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas. Interessante notar que, não obstante as respostas e respectivas discussões relativas à questão 7 indicarem a necessidade de intensificação do comprometimento dos níveis de comando para com a segurança, a visão da maioria dos participantes é de que suas responsabilidades (níveis de comando) em relação à segurança estão sim claramente definidas. Questão 9 – Segurança é estratégia empresarial: A segurança dos trabalhadores é administrada como estratégia empresarial e interfere de forma decisiva nas decisões organizacionais? A figura 25 apresenta os resultados obtidos para a questão 9. 97 TOTAL 100% 198 75% 92 50% 21 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 250 Figura 25 – Tabulação respostas dadas para a questão 9 Fonte: Questionário aplicado Noventa e um por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a 75% ou 100% de aderência. Novamente há expressiva convergência das respostas. Aparentemente, este resultado está lastreado nos programas e ações desenvolvidos pela empresa que dão ênfase ao seu compromisso para com a segurança e saúde de seus trabalhadores, compromisso esse indispensável ao sucesso de um SGSST, como evidenciado por vários autores já mencionados no presente trabalho. Mais uma vez aqui há coerência do resultado com as propostas dos trabalhadores. Não há indicações de melhorias para esse aspecto avaliado. Questão 10 – Metas claramente estabelecidas: São estabelecidas metas claras em relação à prevenção de acidentes e discutidas com os trabalhadores? A figura 26 apresenta os resultados obtidos para a questão 10. 98 TOTAL 100% 177 75% 106 50% 24 25% 0% 12 0 0 50 100 150 200 Figura 26 – Tabulação respostas dadas para a questão 10 Fonte: Questionário aplicado Oitenta e nove por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a 75% ou 100% de aderência e, portanto, o resultado está muito próximo aos 90% estabelecidos para a análise das respostas em conjunto, o que sugere não haver muito a avançar nesse aspecto. De fato, ao serem analisadas as respostas por categorias de participantes, indicadas na figura 27, nota-se predominância das respostas direcionadas aos 100% (55% dos respondentes), indicando o conhecimento e clareza das metas estabelecidas. Também não há sugestões em relação a esse tema no item Sugestões de melhoria a seguir. 99 ELETRICISTA TÉCNICO 119 100% 25% 50% 2 0% 0 0 50 100 0 0 150 20 4 75% 5 25% 10 0% 31 75% 18 50% 100% 44 100% 72 75% TÉCNICO LÍDER 40 1 50% 0 25% 0 0% 0 0 60 100% 100% 4 100% 1 0 75% 0 75% 50% 0 50% 0 50% 25% 0 25% 0 25% 0 0% 0 0% 0 0% 0 2 3 4 5 0 0,5 1 6 5 75% 1 4 GERENTE ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 0 2 1,5 2 1 0 2 4 6 Figura 27 – Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 11 – EPI – Equipamentos de Proteção Individual adequados: Os EPI disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos trabalhos desenvolvidos? A figura 28 apresenta os resultados obtidos para a questão 11. 100 TOTAL 222 100% 73 75% 50% 18 25% 0% 6 0 0 50 100 150 200 250 Figura 28 – Tabulação respostas dadas para a questão 11 Fonte: Questionário aplicado Noventa e dois por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência, indicando forte convergência das respostas. Não obstante, vale apenas evidenciar que as respostas dos eletricistas e técnicos a este item foram muito positivas, o que é de fundamental importância, pois são eles quem cotidianamente utilizam os EPI. Coincidentemente, noventa e dois por cento dessa categoria de respondentes (eletricistas e técnicos) atestaram a qualidade e adequação dos EPI, indicando aderências entre 100% e 75% de acordo com a figura 29. Necessário mencionar que mesmo com o reconhecimento da qualidade e adequação dos EPI, há várias sugestões a propósito da melhoria desses equipamentos, assim como da metodologia de sua escolha e análise no item Sugestões de melhoria a seguir. Natural que isso ocorra, na medida em que este é um aspecto que afeta de forma muito particular e intensa a rotina de trabalho dos trabalhadores de nível operacional da empresa (eletricistas e técnicos). 101 ELETRICISTA 100% TÉCNICO 150 75% 100% 56 50% 75% 9 0% 14 50% 4 25% 58 8 2 25% 0 0% 0 50 100 150 200 0 0 20 40 60 80 Figura 29 – Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 12 – EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva adequados: Os EPC disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos trabalhos desenvolvidos? A figura 30 apresenta os resultados obtidos para a questão 12. TOTAL 166 100% 132 75% 50% 16 25% 0% 5 0 0 50 100 150 200 Figura 30 – Tabulação respostas dadas para a questão 12 Fonte: Questionário aplicado 102 Noventa e três por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência, o que indica forte convergência das respostas a esse aspecto analisado. Necessário mencionar que há um forte direcionamento das respostas para os 75%, o que aponta para a possibilidade de melhorias, mesmo considerando a adequação geral dos EPC. As várias propostas feitas no item Sugestões de melhoria a seguir atestam esta conclusão. Questão 13 – Ferramentas e veículos adequados: As ferramentas disponibilizadas pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequadas aos trabalhos desenvolvidos? A figura 31 apresenta os resultados obtidos para a questão 13. TOTAL 61 100% 145 75% 50% 76 25% 34 0% 3 0 50 100 150 200 Figura 31 – Tabulação respostas dadas para a questão 13 Fonte: Questionário aplicado Apenas sessenta e cinco por cento dos participantes indicaram 75% ou 100% de aderência a este item, o que indica que deve haver várias oportunidades de melhoria associadas aos veículos e ferramentas disponibilizados pela empresa. Os 75% de aderência foram a escolha principal de quase todas as categorias de respondentes (45% dos respondentes) e a opção pelos 50% também foi relevante (24% dos respondentes). Interessante notar que, como expresso na figura 32, não 103 somente os eletricistas e técnicos, mais envolvidos com as ferramentas e veículos operacionais, mas também os níveis de comando (técnicos e engenheiros líderes, engenheiros e gerentes) responderam de forma a indicar que há medidas a serem tomadas para evolução da qualidade de veículos e equipamentos. O resultado desta tendência é que há várias propostas de melhoria elencadas pelos participantes da pesquisa no item Sugestões de melhoria a seguir. TÉCNICO ELETRICISTA 100% 100% 37 75% 105 50% 50 100 1 0 150 ENGENHEIRO 10 20 30 2 100% 75% 2 75% 25% 0 0% 0 40 0 0 100% 1 50% 0 50% 25% 0 25% 0 25% 0% 0 0% 0 0% 1,5 2 2,5 0 0,5 1 2 3 4 1 75% 0 1 1 GERENTE 50% 0,5 1 ENGENHEIRO LÍDER 100% 0 3 50% 9 0% 1 75% 20 25% 2 0 100% 32 50% 24 0% 20 75% 51 25% TÉCNICO LÍDER 1,5 2 4 1 0 0 2 4 6 Figura 32 – Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 14 – Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas: Há participação dos trabalhadores na escolha e avaliação técnica de EPI, EPC e ferramentas? A figura 33 apresenta os resultados obtidos para a questão 14. 104 TOTAL 100% 40 75% 113 50% 79 65 25% 0% 22 0 20 40 60 80 100 120 Figura 33 – Tabulação respostas dadas para a questão 14 Fonte: Questionário aplicado Apenas quarenta e oito por cento do público-alvo direcionou suas respostas para 75% ou 100%. Embora a prevalência neste item tenha sido os 75% (35% dos respondentes), há também forte direcionamento para os 50% e 25% analisados de forma conjunta (45% dos respondentes). Assim, é evidente a oportunidade de melhoria relativa à participação dos trabalhadores na escolha de EPI, EPC e ferramentas. Ao se analisar a figura 34, que contém as respostas por categoria de trabalhadores, fica evidente o posicionamento crítico dos trabalhadores operacionais em relação a sua participação no processo, à medida que juntos, eletricistas e técnicos, cravaram os 25% ou 50% no total de 38% do público-alvo objeto da pesquisa. Além disso, 22 deles acreditam que não há participação alguma de sua parte na definição de EPI, EPC e ferramentas. Isso representa 7% do total dessa categoria de público-alvo, o que não é desprezível. As várias propostas contidas no item Sugestões de melhoria a seguir atestam o resultado ora comentado. 105 ELETRICISTA 25 100% 72 75% 58 25% 18 25% 17 0 33 75% 50% 47 0% 10 100% 50% 40 60 80 100% 100% 2 75% 1 0% 0 0 0,5 1 1,5 20 30 40 2 1 0 0 1 2 2,5 100% 4 50% 0 50% 25% 0 25% 0 0% 0 0% 0 0,5 1 3 3 75% 1 0 2 GERENTE 0 75% 0 25% 1 ENGENHEIRO LÍDER 1 50% 75% 0% 10 ENGENHEIRO 1 25% 5 0 100% 50% 16 0% 20 TÉCNICO LÍDER TÉCNICO 1,5 1 0 2 4 6 Figura 34 – Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 15 – Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco: Trabalhadores têm a real possibilidade de interromper os trabalhos quando em condição de risco? A figura 35 apresenta os resultados obtidos para a questão 15. 106 TOTAL 100% 204 75% 70 50% 32 25% 0% 12 1 0 50 100 150 200 250 Figura 35 – Tabulação respostas dadas para a questão 15 Fonte: Questionário aplicado Oitenta e seis por cento do público-alvo respondeu 75% ou 100% em relação a este importante aspecto. A figura 36 detalha a resposta dos eletricistas e técnicos (nível operacional) e traz a preocupação em função de 44 trabalhadores terem relevantes dúvidas sobre a possibilidade de interromperem suas atividades em condição de risco. São 15% de trabalhadores que não estão tranqüilos em relação a essa decisão que pode, na prática, determinar a ocorrência ou não de um acidente. Embora não tenham sido apontadas sugestões sobre este aspecto, sem dúvida este é um tema a ser mais bem tratado e divulgado pela empresa. 107 ELETRICISTA TÉCNICO 100% 100% 135 75% 48 75% 50% 7 25% 10 0% 20 50% 25 25% 53 2 0% 1 0 50 100 0 0 150 20 40 60 Figura 36 – Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 16 – Cumprimento das exigências legais: A empresa cumpre todas as exigências legais relativas à segurança do trabalho relacionadas ao seu trabalho? A figura 37 apresenta os resultados obtidos para a questão 16. TOTAL 100% 183 75% 95 50% 33 25% 4 0% 4 0 50 100 150 200 Figura 37 – Tabulação respostas dadas para a questão 16 Fonte: Questionário aplicado 108 Oitenta e sete por cento indicaram os percentuais 75% ou 100% de aderência para este aspecto. A figura 38 mostra a variação de repostas por categoria de respondentes e podese notar que à exceção de quatro técnicos, que acreditam que a empresa não cumpre suas obrigações legais relativas à segurança envolvida com seus trabalhos, os demais profissionais apontam para uma situação adequada deste importante aspecto. Também é interessante mencionar a visão bastante crítica de um gerente, sobretudo porque faz parte das responsabilidades desse nível de empregados zelar pelo cumprimento da legislação de SSO aplicável à empresa. TÉCNICO ELETRICISTA 100% 125 75% 100% 67 50% 7 0 25% 0% 0 0 50 100 4 0 150 10 100% 4 100% 40 0 25% 0 0% 0 0 50 2 3 25% 0 25% 0% 0 0% 50% 25% 0 0% 0 5 100% 0 2 0 1 0 6 GERENTE 50% 50% 4 4 0 75% 3 30 50% 2 0 2 1 75% 75% 1 4 ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 0 20 100% 75% 24 50% 3 0% 47 75% 24 25% TÉCNICO LÍDER 0,5 1 1,5 1 0 0 1 2 3 4 Figura 38 – Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 17 – SESMT adequado: O SESMT – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho é adequado ao risco da empresa e conta com profissionais atuantes? 109 A figura 39 apresenta os resultados obtidos para a questão 17. TOTAL 100% 145 75% 132 50% 34 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 Figura 39 – Tabulação respostas dadas para a questão 17 Fonte: Questionário aplicado Também nesse aspecto, oitenta e sete por cento dos respondentes indicaram os percentuais 75% ou 100% de aderência. Interessante mencionar que, como demonstrado na figura 40, em relação a eletricistas e técnicos, houve um número expressivo de participantes elegendo os 75% de aderência (43% dessas categorias de trabalhadores). Ou seja, mesmo a empresa optando pelo dimensionamento de seu SESMT com um número superior de profissionais ao exigido pela NR-451 que rege o assunto, há uma percepção por parte do nível operacional de que isso não é suficiente. Embora não tendo sido registradas sugestões de melhoria para este aspecto, há que se considerar esse resultado para ações futuras na medida em que o nível operacional é o mais próximo dos profissionais que compõem o SESMT, sobretudo no que se refere aos técnicos de segurança. 51 NR-4: Norma Regulamentadora n0 4 – SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. 110 ELETRICISTA 100% TÉCNICO 97 75% 100% 89 50% 75% 25 25% 0 0 39 50% 8 0% 35 50 100 150 8 25% 0 0% 0 0 10 20 30 40 50 Figura 40 – Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 18 – Segurança com empresas contratadas: O nível de segurança das empresas contratadas é o mesmo que têm os trabalhadores da contratante? A figura 41 apresenta os resultados obtidos para a questão 18. TOTAL 100% 8 75% 56 50% 91 25% 128 0% 36 0 50 100 150 Figura 41 – Tabulação respostas dadas para a questão 18 Fonte: Questionário aplicado 111 Esse foi um dos aspectos com pior avaliação pelo público-alvo, com apenas vinte por cento dele indicando as aderências 75% ou 100%. As oitenta por cento respostas restantes ficaram assim distribuídas: 29% de respondentes apontaram a aderência de 50% (91 participantes); 40% de respondentes apontaram a aderência de 25% (128 participantes); 11% de respondentes apontaram a aderência de 0% (36 participantes). De fato, ao verificarmos as respostas por categoria de respondentes expressas na figura 42, nota-se baixíssima avaliação de todos em relação à segurança com as empresas contratadas, o que é totalmente corroborado, tanto pelas estatísticas de acidentes registradas pela empresa em relação a suas contratadas, quanto pelas propostas de melhoria contidas no item Sugestões de melhoria a seguir. Esse aspecto será mais discutido na conclusão do presente trabalho. TÉCNICO ELETRICISTA 100% 5 100% 75% 37 50% 91 20 26 40 60 80 75% 1 20 30 40 100% 0 100% 75% 0 75% 50% 2 50% 0 50% 25% 0 25% 0% 0 0% 1,5 0,5 1 2 2,5 1 2,5 0 3 2 3 0% 0 0,5 2 25% 1 0 1,5 GERENTE 2 1 0 0 75% 0,5 1 ENGENHEIRO LÍDER 0 0 2 0% 10 ENGENHEIRO 100% 1 25% 9 0 100 100% 50% 32 25% 0% 27 0 13 50% 25% 0% 2 75% 59 TÉCNICO LÍDER 1,5 0 0 1 2 3 4 Figura 42 – Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado 112 Questão 19 – Segurança com a população: A empresa investe suficientemente na conscientização da população de modo geral no que diz respeito aos riscos de suas redes e instalações? A figura 43 apresenta os resultados obtidos para a questão 19. TOTAL 100% 42 75% 109 50% 92 25% 65 0% 11 0 20 40 60 80 100 120 Figura 43 – Tabulação respostas dadas para a questão 19 Fonte: Questionário aplicado Novamente nesse caso a avaliação dos respondentes foi ruim. Apenas quarenta e sete por cento deles optaram pelas aderências 75% ou 100%. Houve forte direcionamento para as aderências 50% ou 25% (49%) e onze respondentes indicaram zero por cento de aderência. A figura 44 apresenta as opiniões por categoria de participante e todas apontam para uma inequívoca oportunidade de melhoria das ações da empresa em relação a este item. Isto é também corroborado pela estatística de acidentes elétricos envolvendo a população, assim como pelo expressivo número de propostas relativas ao tema e que estão expressas no item Sugestões de melhoria a seguir. O tema será retomado na conclusão do trabalho. 113 ELETRICISTA 100% TÉCNICO 31 100% 75% 68 75% 50% 69 50% 25% 45 0% 0 7 31 40 60 80 0 100% 0 0 25% 1 0% 5 10 20 30 0 0 40 ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 0% 3 50% 16 0 1 75% 23 0% 20 100% 25% 6 TÉCNICO LÍDER 100% 2 3 4 GERENTE 0 75% 75% 1 1 100% 3 75% 3 3 50% 0 50% 25% 0 25% 0% 0 0% 0 0 50% 25% 2 1 0% 0 0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 0 0 1 2 3 4 Figura 44 – Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado 114 Questão 20 – Comunicação sobre SSO: A comunicação de fatos relativos à segurança e saúde é adequada na empresa e os meios utilizados são eficazes? A figura 45 apresenta os resultados obtidos para a questão 20. TOTAL 87 100% 159 75% 64 50% 9 25% 0 0% 0 50 100 150 200 Figura 45 – Tabulação respostas dadas para a questão 20 Fonte: Questionário aplicado Setenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou 100% de aderência e a figura 46 mostra as respostas das categorias eletricistas e técnicos com percentual representativo, tendo elegido a aderência de 50% (21% dos respondentes dessas categorias), ou seja, há necessidade evidente de melhoria em relação à comunicação sobre SSO. 115 TÉCNICO ELETRICISTA 100% 100% 56 75% 75% 108 50% 8 0% 0 42 50% 47 25% 24 50 100 150 15 25% 1 0% 0 0 20 40 60 Figura 46 – Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 21 – Auditorias internas: São realizadas auditorias internas e seus resultados são eficazes? A figura 47 apresenta os resultados obtidos para a questão 21. TOTAL 80 100% 75% 150 50% 64 25% 23 0% 2 0 50 100 150 200 Figura 47 – Tabulação respostas dadas para a questão 21 Fonte: Questionário aplicado 116 Setenta e dois por cento do público-alvo indicou as aderências de 75% ou 100% para este aspecto. Assim, há pontos de melhoria possíveis, alguns indicados no item Sugestões de melhoria a seguir. Novamente nesse item a divergência mais marcante foi entre o nível operacional, como demonstram os dados da figura 48. Quarenta e sete por cento deste público-alvo apontou a aderência 75% contra apenas vinte e quatro por cento que indicou a aderência 100%. Outros vinte por cento desses grupos opinaram pela aderência de 50% e sete por cento deles apontaram os 25% de aderência, numa clara indicação de discordância em relação a esse aspecto. TÉCNICO ELETRICISTA 100% 100% 53 75% 99 75% 25% 9 0% 1 0 12 25% 14 0% 41 50% 52 50% 19 50 100 150 1 0 10 20 30 40 50 Figura 48 – Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 22 – Auditorias externas: São realizadas auditorias externas (de terceira parte) e seus resultados são eficazes? A figura 49 apresenta os resultados obtidos para a questão 22. 117 TOTAL 70 100% 123 75% 50% 85 25% 33 0% 8 0 50 100 150 Figura 49 – Tabulação respostas dadas para a questão 22 Fonte: Questionário aplicado Apenas sessenta por cento dos respondentes indicaram as aderências 75% ou 100% para este item. Como atestam os dados indicados na figura 50, novamente aqui os eletricistas e técnicos são a voz destoante e, a julgar pelas propostas de melhoria, embasadas em pontos concretos de falhas a serem corrigidas. Vinte e oito por cento dessas categorias de respondentes opinaram pela aderência de 50% e outros onze por cento apontaram os 25% de aderência. Nesse aspecto, há ainda um grupo não desprezível de três por cento que desconhece a realização das auditorias externas ou não acreditam em sua eficácia. 118 TÉCNICO ELETRICISTA 100% 75% 76 50% 14 11 0% 5 0 37 25% 22 0% 75% 50% 71 25% 17 100% 45 20 40 60 80 3 0 10 20 30 40 Figura 50 – Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 23 – Investigação e análise de acidentes e incidentes: A empresa possui um sistema de investigação e análise de acidentes adequado e eficaz? A figura 51 apresenta os resultados obtidos para a questão 23. TOTAL 120 100% 75% 134 50% 50 25% 14 0% 1 0 50 100 150 Figura 51 – Tabulação respostas dadas para a questão 23 Fonte: Questionário aplicado 119 Oitenta por cento dos trabalhadores participantes da pesquisa acredita plenamente (100% de aderência) ou quase totalmente (75% de aderência) no método de investigação e análise de acidentes e incidentes adotado pela empresa. Novamente as dúvidas mais significativas estão entre os trabalhadores do nível operacional, como demonstrado na figura 52. Vinte e um por cento deles apontaram as aderências 50% ou 25%, o que indica opiniões críticas em relação à investigação e análise dos acidentes/incidentes. TÉCNICO ELETRICISTA 75 100% 100% 96 75% 50% 25% 1 0 12 50% 10 0% 34 75% 37 25% 32 4 0% 50 100 150 0 0 10 20 30 40 Figura 52 – Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 24 – Gestão de mudança de pessoas: As pessoas que assumem novas responsabilidades são treinadas em suas novas tarefas e sobre os riscos inerentes a elas? A figura 53 apresenta os resultados obtidos para a questão 24. 120 TOTAL 99 100% 138 75% 50% 57 25% 22 0% 3 0 50 100 150 Figura 53 – Tabulação respostas dadas para a questão 24 Fonte: Questionário aplicado Setenta e quatro por cento dos entrevistados apontaram as aderências 75% ou 100% para este quesito e outra vez são os eletricistas e técnicos os que concluíram por menores aderências. Os dados da figura 54 dão conta de que vinte e cinco por cento deste público-alvo apontou as aderências de 50% ou 25%, o que indica que os treinamentos direcionados àqueles trabalhadores operacionais precisam sofrer análise a fim de que sejam identificadas as oportunidades de melhoria a serem implementadas. De fato, o item Sugestões de melhoria a seguir aponta uma série de propostas de melhoria para o treinamento dos trabalhadores em geral. 121 TÉCNICO ELETRICISTA 76 100% 92 75% 50% 19 25% 12 0% 35 75% 50% 36 25% 19 100% 0% 3 0 50 100 9 0 0 10 20 30 40 Figura 54 – Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 25 – Integridade/qualidade das instalações: As instalações elétricas (o ativo da empresa) são adequadas e se encontram em bom estado de conservação? A figura 55 apresenta os resultados obtidos para a questão 25. TOTAL 100% 49 75% 121 50% 96 25% 47 6 0% 0 50 100 150 Figura 55 – Tabulação respostas dadas para a questão 25 Fonte: Questionário aplicado 122 Apenas cinqüenta e três por cento dos entrevistados optaram pelas aderências de 100% ou 75% para este aspecto e entre quase todas as categorias abordadas na pesquisa foram registradas aderências de 50% ou 25%, numa clara indicação de que a empresa tem muito a melhorar em relação aos seus ativos. Dados indicados na figura 56 dão conta de que quarenta e oito por cento dos eletricistas e técnicos, trabalhadores que atuam diretamente nas instalações elétricas da empresa, apontaram aderências de 50%, 25% ou mesmo zero por cento para este importante aspecto. Interessante também mencionar que entre os gerentes que responderam à pesquisa, sessenta e três por cento indicou a aderência de 50% relativa à adequação do ativo da empresa. Ou seja, trata-se de preocupante convergência de opiniões que deve ser considerada e cujas contribuições visando à melhoria são muitas e estão explicitadas no o item Sugestões de melhoria a seguir. 123 ELETRICISTA 35 100% 10 0% 2 0 50 3 0 100 50% 0 25% 0 0% 10 20 30 40 1 0 1 ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 3 100% 100% 1 75% 3 75% 27 25% 37 0% 33 50% 64 1 100% 75% 81 75% 25% 9 100% 50% TÉCNICO LÍDER TÉCNICO LÍDER 100% 1 75% 0 75% 3 50% 0 50% 25% 0 25% 0 25% 0 0% 0 0% 0 0% 0 2 3 4 0 0,5 1 4 0 0 1 3 GERENTE 50% 0 2 1,5 5 0 2 4 6 Figura 56 – Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 26 – Gestão de mudança na instalação: As alterações ou mudanças nas instalações são prontamente incorporadas à documentação e comunicadas a todos os trabalhadores, sobretudo aquelas que possam implicar em riscos? A figura 57 apresenta os resultados obtidos para a questão 26. 124 TOTAL 51 100% 75% 109 50% 84 25% 66 0% 9 0 20 40 60 80 100 120 Figura 57 – Tabulação respostas dadas para a questão 26 Fonte: Questionário aplicado Neste item as aderências de 75% e 100% foram indicadas somente por 50% do público-alvo da pesquisa e os níveis operacionais mais uma vez foram os responsáveis pela avaliação pouco positiva verificada. A figura 58 apresenta as respostas de eletricistas e técnicos onde se pode verificar que cinqüenta e dois por cento dessas categorias de respondentes apontaram para aderências iguais ou inferiores a 50%, numa clara manifestação de que há espaço para melhoria desse aspecto. 125 TÉCNICO ELETRICISTA 35 100% 75% 65 75% 50% 65 50% 25% 17 20 0% 8 0 33 25% 46 0% 11 100% 20 40 60 80 1 0 10 20 30 40 Figura 58 – Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 27 – Análise de risco: A empresa possui sistemática adequada de análise de risco capaz de evidenciar e eliminar/controlar os riscos de acidentes antes da realização dos trabalhos? A figura 59 apresenta os resultados obtidos para a questão 27. TOTAL 149 100% 75% 117 50% 45 25% 0% 8 0 0 50 100 150 200 Figura 59 – Tabulação respostas dadas para a questão 27 Fonte: Questionário aplicado 126 Oitenta e três por cento dos participantes da pesquisa indicaram aderências de 100% a 75% para este item, portanto, boas avaliações em relação à metodologia de análise de risco adotada pela empresa. Não obstante, outra vez estão entre eletricistas e técnicos (níveis operacionais) as críticas mais contundentes, como pode ser verificado na figura 60, em que dezessete por cento deles apontaram aderências de 50% ou 25% para o item. Ou seja, também em relação a esse aspecto há oportunidade de melhoria. TÉCNICO ELETRICISTA 98 100% 50% 38 50% 25% 6 25% 5 0% 0% 0 36 75% 78 75% 37 100% 50 100 150 3 0 0 10 20 30 40 Figura 60 – Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado Questão 28 – Prontidão para emergências: A empresa possui planos de emergência para situações de acidentes e seus trabalhadores estão prontos a aplicá-los? A figura 61 apresenta os resultados obtidos para a questão 28. 127 TOTAL 84 100% 75% 132 50% 61 25% 35 0% 7 0 50 100 150 Figura 61 – Tabulação respostas dadas para a questão 28 Fonte: Questionário aplicado Sessenta e oito por cento do público-alvo optou pelas aderências de 100% ou 75% para este item e, como demonstrado na figura 62, as opiniões pouco favoráveis de alguns eletricistas e técnicos (níveis operacionais) ganharam a companhia das visões de alguns dos gerentes participantes da pesquisa. Sem sombra de dúvida, há oportunidades de melhoria para esse aspecto. 128 TÉCNICO ELETRICISTA 100% 75% 75% 88 50% 13 25% 27 0% 38 50% 47 25% 7 0% 4 2 0 0 20 40 60 80 10 20 30 40 3 75% 2 50% 0 25% 0 0% 0 0 1 ENGENHEIRO LÍDER 3 75% 0 75% 1 0 50% 0 50% 1 25% 0 25% 0 25% 1 0% 0 0% 0 0% 1 1 2 3 4 4 100% 50% 0 3 GERENTE 1 100% 1 75% 2 100 ENGENHEIRO 100% 100% 22 100% 53 TÉCNICO LÍDER 4 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6 Figura 62 – Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Questão 29 – Exames médicos: São realizados exames médicos periódicos e os resultados são discutidos com o trabalhador? A figura 63 apresenta os resultados obtidos para a questão 29. 129 TOTAL 170 100% 75% 92 50% 37 25% 18 0% 2 0 50 100 150 200 Figura 63 – Tabulação respostas dadas para a questão 29 Fonte: Questionário aplicado As aderências de 100% ou 75% foram apontadas por oitenta e dois por cento dos respondentes. Alguns eletricistas e técnicos avaliaram os exames médicos com menor favorabilidade, como pode ser verificado na figura 64. Dezoito por cento deles indicaram aderências iguais ou inferiores a 50% para este item. Há inúmeras propostas dos trabalhadores pesquisados relacionadas ao assunto no item Sugestões de melhoria a seguir. TÉCNICO ELETRICISTA 50% 50% 29 25% 0% 2 0 6 25% 16 0% 29 75% 61 75% 45 100% 111 100% 50 100 150 2 0 0 20 40 60 Figura 64 – Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias de eletricistas e técnicos Fonte: Questionário aplicado 130 Questão 30 – Qualidade de vida: A empresa realiza ações de incentivo e promoção da qualidade de vida dos trabalhadores? A figura 65 apresenta os resultados obtidos para a questão 30. TOTAL 116 100% 75% 135 50% 47 25% 17 0% 4 0 50 100 150 Figura 65 – Tabulação respostas dadas para a questão 30 Fonte: Questionário aplicado Setenta e nove por cento dos pesquisados indicaram as aderências de 100% ou 75% em relação às ações de qualidade de vida desenvolvidas pela empresa. Novamente os trabalhadores mais críticos encontram-se entre os de nível operacional (eletricistas e técnicos) e, importante mencionar, alinhados com alguns dos gerentes respondentes, como evidenciado na figura 66. 131 TÉCNICO ELETRICISTA 79 100% 50% 32 25% 33 75% 50% 11 0% 29 100% 95 75% 2 5 0% 50 100 2 0 10 2 75% 2 20 30 1 25% 0 0% 0 0 40 1 ENGENHEIRO LÍDER ENGENHEIRO 1 100% 100% 50% 13 25% 0 TÉCNICO LÍDER 100% 3 75% 0 5 100% 1 75% 75% 1 0 50% 0 50% 1 25% 0 25% 0 25% 1 0% 0 0% 0 0% 1 2 3 4 0 0,5 1 3 GERENTE 50% 0 2 1,5 0 0 2 4 6 Figura 66 – Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria de respondentes Fonte: Questionário aplicado Sugestões de melhoria A par da análise qualitativa dos 30 aspectos que, de forma geral, compõem o SGSST da empresa, também foi solicitado ao público-alvo que opinasse sobre as ações que deveriam ser tomadas para a melhoria do sistema. Com a finalidade de organizar as propostas dos empregados respondentes, as ações foram divididas em quatro grandes grupos: Elevar: campo onde os participantes do estudo puderam inserir sugestões sobre o que já tem sido feito e que deveria ser intensificado/elevado; Criar: campo a ser inseridas propostas do que não tem sido feito e que deveria ser implantado/criado; Reduzir: com o objetivo de identificar o que tem sido feito e que deveria ser reduzido; 132 Eliminar: espaço para que os participantes pudessem elencar o que tem sido feito e que deveria ser eliminado, pois, em sua opinião, tais ações não têm trazido benefício algum ao SGSST. A riqueza das observações obtidas aponta para um muito adequado conhecimento do SGSST adotado pela empresa e, mais importante, constitui-se em rico material para a análise e implantação de uma boa parte delas visando à melhoria contínua do sistema. Com o objetivo de melhor organizar as sugestões dos participantes do estudo, cada um dos grupos de propostas (Elevar, Criar, Reduzir, Eliminar) será dividido em subgrupos. Elevar Nesse campo, foram evidenciadas opiniões/sugestões abordando aspectos como: Relacionados às empresas contratadas – propostas de melhoria na gestão da relação da empresa contratante com suas contratadas que, na opinião dos trabalhadores, o que é evidenciado pelos resultados em termos da ocorrência de acidentes, merece atenção mais detalhada e cuidadosa. Relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos – onde se evidenciou a preocupação dos trabalhadores em relação às condições de qualidade de equipamentos, ferramentas e veículos utilizados diariamente por eles no desenvolvimento de suas atividades. Relacionados à estruturação organizacional – a composição e funcionamento da estrutura de segurança e saúde da empresa, assim como dos sistemas concebidos para suportar a gestão de SST foram objeto de considerações neste campo. 133 Relacionados à saúde e qualidade de vida – propostas de alteração e, em alguns casos, intensificação com os cuidados e programas focando a saúde dos trabalhadores foram os pontos abordados nesse item. Relacionados ao treinamento – a ampliação da carga horária direcionada aos treinamentos, a intensificação de treinamentos voltados ao atendimento a situações de emergência e a abordagem de alguns temas relacionados ao dia-adia dos trabalhadores foram os principais aspectos aqui levantados. Relacionados à segurança com a população – sugestões sobre ações voltadas à prevenção de acidentes com a população para a diminuição dos acidentes registrados foram elencadas nesse tópico. A necessidade é corroborada pelo grande número de acidentes envolvendo a população e as redes elétricas da empresa concessionária. Relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no SGSST – neste item, basicamente, foi solicitada maior participação dos trabalhadores em processos que impactam sobre o seu trabalho, como a escolha de EPI52, assim como maior reconhecimento do trabalho dos mesmos em prol da prevenção de acidentes. Relacionados à manutenção dos ativos (instalações elétricas) – importante aspecto para a prevenção não somente de acidentes com os seus trabalhadores próprios e terceirizados, como também com a população em geral, a intensificação da manutenção das instalações da empresa foi objeto de sugestão neste item. Relacionados à qualidade dos EPI – embora com uma metodologia de participação dos trabalhadores, houve a indicação da necessidade de se intensificar este processo. 52 EPI – Equipamento de Proteção Individual. 134 Outros aspectos ainda não mencionados – finalmente, foram mencionados aspectos mais genéricos que não permitem sua inserção em um subgrupo, nem por isso menos relevantes e que foram discriminados nesse campo. O presente trabalho não tem o objetivo de abordar em detalhes as sugestões e propostas feitas pelos trabalhadores. Não obstante, com o objetivo de registrar sua riqueza e pertinência, assim como para permitir análise futura de sua possibilidade de contribuição para a melhoria do SGSST adotado pela empresa, discrimina-se na tabela 8 as sugestões recebidas. TABELA 8 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser intensificado (ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa Aspectos Mais acompanhamento dos serviços de campo das empreiteiras; relacionados às empresas O nível de conscientização e acompanhamentos com relação às contratadas; contratadas Melhorar os acompanhamentos das contratadas; Segurança com contratadas e população; Inspeções nas empreiteiras; Fiscalização nas contratadas; Relacionamento com empreiteiras; Reuniões entre contratadas e a empresa contratante; Acompanhar serviços de contratadas, pois encontramos cada absurdo; Aumentar muito as inspeções nas contratadas; Grau de conscientização dos colaboradores quanto à segurança, principalmente as contratadas; Segurança com as contratadas, ter maior participação, adequação e cobranças; 135 Condições de vestimentas e ferramental das contratadas; Elevar o número de inspeções nas contratadas; Exigir treinamentos nas empresas contratadas, melhores inspeções; Segurança com contratadas; Segurança com empresas contratadas; Fiscalização de Empreiteiras (nível de comando); Aumentar a fiscalização das empresas contratadas (nível de comando); Segurança com empresas contratadas (nível de comando). Aspectos Melhorar a qualidade de veículos de trabalho para atender em qualquer local – relacionados à rural e urbano – pois os existentes são adequados somente para zonas qualidade de urbanas (pneus inadequados, escadas inadequadas); ferramentas, equipamentos e Ferramentas e veículos adequados; veículos Existem no mercado ferramentas mais completas facilitando o dia-a-dia dos colaboradores; O grau de preocupação com ergonomia e ferramental; Melhorar as manutenções nos veículos pelos terceiros; Melhorar a qualidade da manutenção dos veículos; A qualidade das oficinas de manutenção dos veículos; Compra de ferramenta; Ferramentas e veículos adequados; Melhorar as acomodações de ferramentas nos veículos de segurança com as empresas contratadas; 136 Acomodações de ferramentas dos veículos da companhia; Maior rigor na manutenção de veículos; Equipamentos hidráulicos adequados e compatíveis com as elevações de carga existentes na empresa; Compra de veículos mais aptos a serviços nas linhas vivas em condições de chuva; Melhores condições na área rural, com melhores equipamentos, veículos, binóculos, rádios; O investimento em equipamentos e ferramentas adequados para o dia a dia de trabalho; Melhorar a qualidade dos veículos (nível de comando); Ferramentas e veículos adequados (nível de comando); Melhorar veículos utilizados, em plano de substituição idade versus quilometragem (nível de comando). Aspectos Aproximação maior do SESMT corporativo dos descentralizados; relacionados à estruturação Difundir os conceitos das planilhas de controle: controle de perdas, análise de organizacional riscos, etc.; Peso da segurança na avaliação pessoal dos colaboradores; O nº de locais visitados pelas auditorias (principalmente EA’s53 2 e EA’s 3); Aumentar o número de inspeções em campo do técnico de segurança; Elevar a inspeção da rede urbana e rural, pois hoje praticamente é corretiva; Melhorar condições de trabalho dos profissionais de segurança do trabalho com maior apoio da área corporativa; Sistema de controle de perdas e gestão e riscos ocupacionais; 137 Entrosamento do PRS com demais departamentos na busca de um entendimento maior por parte dos líderes no que tange assuntos de segurança dos trabalhadores; Implementar mais rápido os EPI’s aprovados pelos trabalhadores como ex: a capa de chuva; Melhorar o canal de informação sobre os riscos de acidentes em nossas redes: elétricas da CIA para a população; Melhorar o canal de informações sobre os resultados das auditorias externas e seus resultados e suas providencias a serem tomadas; Comprimento da NR 10; Sistema de avaliação da pessoa envolvida na segurança do trabalho (técnicos); Concluir e implantar normas de segurança no sistema de transmissão; Aumenta a participação dos engenheiros de segurança junto às equipes em trabalhos no campo; Cumprimento das exigências legais; Ações preventivas contra acidentes; Incentivo dos líderes com gestão de segurança; Acompanhamento das equipes para técnico de segurança; Inspeções de assaltos; Convidar um número maior de eletricistas em reunião de CIPA; Acompanhamento do técnico de segurança, técnico líder e engenheiro com mais freqüência; O número de inspeções de segurança durante as tarefas executadas na rede elétrica por empreiteiras e contratadas; 138 Divulgar de forma adequada a todos os profissionais da área quando houver alguma mudança no padrão ou norma; Seguir à risca as normas da NR-10 (nível de comando); Comportamento preventivo dos trabalhadores (nível de comando); Contato entre engenheiros e médicos deveria ser maior com as equipes do interior/ campo (nível de comando); Visitas das áreas corporativas às regionais (nível de comando). Aspectos Voltar os periódicos LV, como exemplo esteira, cardiologia; relacionados à saúde e A qualidade dos exames médicos face à superficialidade dos exames que não qualidade de revelam a real situação do empregado; vida Nos exames periódicos para os eletricistas de LV, acrescentar os exames de eletro como antes; Ginástica laboral escritórios; Elevar qualidade dos protetores solares, ou seja, para grau de proteção real de 30 – Fator de Proteção Solar. Os protetores anteriores eram melhores; Exames médicos obrigatórios: cardiologia, dermatologia; Exame médico mais completo; Medicina no trabalho mais abrangente; Efetivamente elevar o grau da qualidade de vida, com programas mais adequados e horários mais flexíveis para participação, por exemplo, na academia; Fazer exames médicos mais completos; Quantidade de exames periódicos e aumentar programa de qualidade de vida; Fazer contato com funcionários afastados por motivo de doença; 139 Exames médicos mais completos; A quantidade de exames médicos; Qualidade dos exames médicos periódicos, voltando a ser realizados exames como vista, coração, que eram realizados antes da privatização; Os programas de qualidade de vida, com ginástica laboral, convênios com hotéis e pousadas, convênios com clubes; Número de exames médicos (ex: Cardiológico, eletroencefalograma); Inclusão de tipos dos exames médicos; Integridade do trabalhador; Qualidade de vida – reduzir a cobrança do horário de saída, aceitar que colaboradores tenham compromissos pós-horário de trabalho (nível de comando). Aspectos Palestras sobre medicina e segurança do trabalho; relacionados ao treinamento O nível de treinamento com relação ás situações emergenciais; Manter as reuniões de segurança como forma de divulgação de normas e diretrizes; Mais treinamento; Treinamento sobre conduta no trânsito. Ex: Reciclagem direção defensiva; Aperfeiçoar cursos e treinamentos para linha de frente; Treinamento de tarefas padronizadas (padrão); Treinamentos em equipamentos e subestações; Melhorar o treinamento do pessoal a novos equipamentos e ferramentas de trabalho; Treinamentos sobre segurança, “Elevar nunca é demais”; 140 Elaborar carga horária dos treinamentos; Comportamento preventivo dos trabalhadores, desenvolver campanhas mais eficazes, assim como, acompanhar e até punir determinados casos; Comportamento preventivo dos trabalhadores; Treinamentos mais eficazes e antes da entrada dos equipamentos novos em funcionamento; Reciclagens em cursos relativos à segurança (primeiros socorros); A conscientização dos colaboradores por ajuda comportamental; Elevar o nível de conscientização dos colaboradores quanto à segurança no trabalho; Treinamentos de manutenção em S/Es54; Treinamento para prontidão de emergências; Orientação sobre segurança; Treinamento quanto à aquisição de equipamentos novos; Treinamentos, capacitação, reciclagem para tarefas de risco; Melhor treinamento nas implantações de novas tecnologias; Treinamentos de novos equipamentos. (instalações). Aspectos Programas para conscientizar a população para o perigo de as crianças relacionados à soltarem pipas próximas à rede elétrica. Ex: escolas, comunidades; segurança com a população Ampliar informação à população, principalmente de baixa renda (nível de comando); Segurança com a população (nível de comando). 141 Aspectos Maior participação dos trabalhadores na escolha de ferramentas, veículos e relacionados ao materiais; reconhecimento e participação Consultar mais os eletricistas nas compras dos EPI’s, principalmente luvas de dos proteção de borracha (classe 2); trabalhadores no SGSST A participação dos eletricistas na definição de novas ferramentas e/ou materiais; Ações administrativas com colaboradores negligentes, imperitos, de tal modo a incomodar a todos, assim os colaboradores notariam uma ação mais forte, sobre esse assunto tão importante para a vida dos colaboradores; Quando na mudança de equipamento de trabalho, pesquisar com os profissionais que trabalham diretamente com o equipamento, antes de implantar o novo equipamento; A participação dos eletricistas nas escolhas dos EPI e EPD; A participação dos usuários na definição dos veículos; Incentivo dos colaboradores; Maior participação na escolha de EPI; Reconhecimento do colaborador; Teste de novos equipamentos de segurança em nossa área; O envolvimento das CIPA no dia-a-dia do trabalhador. Atualmente as CIPA estão um pouco distantes. Aspectos Manutenção em redes rurais e preventivas urbanas; relacionados à manutenção dos Manutenção e inspeção de redes; ativos (instalações Manutenção preventiva nas redes de distribuição; elétricas) Manutenção preventiva nas CDR’s e CDV’s; Manutenção na RDU, postes podres oferecendo perigos; 142 Melhorar a qualidade das redes elétricas bem como das ativas, ou seja, manutenção preventiva; Qualidade das instalações; Manutenção em nossas redes. Aspectos Melhorar nível de equipamento de segurança, como a proteção da luva de relacionados à borracha; qualidade dos EPI Melhorar qualidade de proteção das luvas de borracha; Qualidade de EPI’s e EPC’s; Modificar EPI, tais como luvas não adequadas para o procedimento; A visibilidade dos óculos de segurança evitando o embaçamento. Outros aspectos DSS – Diálogo Semanal de Segurança para DDS – Diálogo Diário de ainda não Segurança; mencionados Salário (três citações); O número de recrutamento interno para acesso aos cargos técnicos por parte dos eletricistas habilitados; Instalações adequadas a quantidade de pessoas da localidade e de acordo com as necessidades de cada região. Criar Como anteriormente mencionado, nesse campo o objetivo foi o de que os participantes da pesquisa evidenciassem aspectos que ainda não são abordados e que deveriam ser implementados para a melhoria do SGSST. As opiniões/sugestões foram direcionadas aos mesmos subgrupos criados a partir das propostas do que deveria ser intensificado, a saber: relacionados às empresas contratadas; relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos; relacionados à estruturação organizacional; relacionados à saúde e 143 qualidade de vida; relacionados ao treinamento; relacionados à segurança com a população; relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no SGSST; relacionados à qualidade dos EPI; relacionados a outros aspectos ainda não mencionados. Essa é uma situação que, sem dúvida, deve ser objeto de muita atenção por parte da empresa em estudo na medida em que a sugestão da criação de vários pontos importantes, e que serão explicitados na tabela 9, indicam ou que os trabalhadores não estão percebendo/evidenciando as ações já existentes ou que elas realmente ainda não foram implementadas. Portanto, é necessário examinar com atenção as propostas dos trabalhadores a fim de estudar sua viabilidade e, caso positivo, implementá-las com celeridade. Isso poderá contribuir muito com a melhoria contínua do sistema de gestão adotado pela empresa. TABELA 9 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no SGSST adotado pela empresa Aspectos Mecanismo para acompanhar pontualmente o trabalho das empreiteiras; relacionados às empresas Como indicado pelos gráficos, atuar nas empresas contratadas quanto á contratadas segurança; Metodologia para treinamento nas empresas contratadas como para funcionários próprios; Métodos de controle de riscos com empresas contratadas; Mais treinamento de segurança nas contratadas, inclusive com fornecimento dos materiais para curso; O responsável da empreiteira deve ser avisado sobre a linha desligada e assumir a responsabilidade total sobre seus homens, inclusive assinando a Ordem de Serviço. 144 Aspectos Método eficaz sobre trabalho em vegetação. Ex: Poda de árvores; relacionados à estruturação Grupo de estudos com colaboradores para equipes de LV (equipamento organizacional passo-padrão); Auditorias e inspeções internas sem datas definidas, sem aviso; Líder de equipe; Voltar a ter líder de equipe; Contratação de funcionários na área de eletricista – rede; Liderança de equipes,, principalmente equipes de LV; Liderança de equipes reduzidas. Ex: LM, LV; Mais técnicos de segurança por região. Não deixar um técnico cobrindo 2 regiões; Sistema de controle das inspeções obrigatórias por parte dos líderes (tipo follow-up) para controlar ações tomadas para solução das não-conformidades encontradas; Reuniões sistematizadas entre os profissionais de segurança do trabalho para troca de experiência e discussão de assuntos pertinentes; Definição da nova estrutura organizacional para redução de ansiedade; Videoconferência na área de segurança com todo o grupo de profissionais de segurança do trabalho ao menos uma vez por semana; Identificar os elementos (pessoas) mais propícios para acidentes e trabalhar neles de forma “individual”, principalmente na parte de conscientização, onde as palestras já não estão surtindo os efeitos desejados; Maior envolvimento nas questões de segurança envolvendo RH; Método de avaliação com critério para interrupção de condições inseguras; 145 Mecanismos de trabalho unindo o NR10 e a produtividade em campo; Fóruns de debates focados na elevação da produtividade, qualidade e comprometimento para com a empresa; Uma política de rodízio de trabalho na qual os empregados se inscrevessem em programas para mudar de área quando passassem muitos anos com uma mesma função; Rotatividade funcional, ou seja, de função e/ou atividade para que não fique repetitivo; Criar passo-padrão para as atividades do setor de manutenção de subestação (nível de comando); Criar plano de evacuação de emergência para todos os prédios (nível de comando); Sistema estatístico e de acompanhamento/ gestão do controle de perdas (nível de comando). Aspectos Reembolsar 100% do valor do programa vigilantes o peso se atingida a meta; relacionados à saúde e Fazer exames cardiológicos e neurológicos no periódico; qualidade de vida Fornecer café da manhã – frutas ao trabalhador; Torneios esportivos de outras modalidades: voleibol, basquete (com equipes mistas); Exame médico, ergométrico, eletrocardiograma – periodicamente; Exames cardiológicos; Um local para o descanso dos trabalhadores em sua hora de almoço; Um novo modelo de exame médico periódico; Exames mais específicos para os cargos; Como existe o programa (vigilantes do peso), deveria existir um programa para deixar de fumar; 146 Se houver reforma do prédio, se possível uma academia dentro da empresa; Melhorar os exames médicos; Colônia de férias para trabalhadores; Convênios com clubes, especialistas, pousadas que promovam qualidade de vida extensiva aos familiares; Planos efetivos de qualidade de vida – fazer o que prega (nível de comando). Aspectos Novos cursos sobre os equipamentos instalados constantemente em nossa relacionados ao rede; treinamento Mais tempo de treinamentos abrindo vagas para todos poderem estar autorizados a operar todos os equipamentos existentes na empresa; Formação dos eletricistas: deve ser feita com a real situação de nossas redes, ou seja, na rua; Mais habilidade no trabalho desenvolvido, mais segurança; Nas áreas pessoais para identificar e organizar veículos, trazendo assim qualidades para desenvolver mais trabalhos; Criar sistema de treinamento de equipamentos novos nas redes elétricas. (instalados nas redes); Treinamento prático de segurança no trânsito com aulas ao volante; Treinamento, adequação e inclusão de algumas tarefas ao passo padrão; Treinamento para situações de emergência; Metodologia de treinamento para novos equipamentos, redes e etc.; Plano de situação de emergência. Exemplo: condutor ao solo, brigada de incêndio. 147 Aspectos Segurança com a população; relacionados à segurança com a Um órgão interno permanente que discuta, em conjunto com as empresas que população se valem dos postes da empresa, para prestarem seus serviços, aspectos relativos à sua segurança (principalmente as de telefonia); Palestras e orientações para o público; Mecanismos para alertar a população sobre pipas, furtos, etc. (obs.: via televisão); Segurança com a população da nossa área com muros em áreas de risco; Conscientização com crianças de bairros de periferia. Aspectos Prêmio anual para colaboradores que foram referência em segurança; relacionados ao Incentivos; reconhecimento e participação Participação dos trabalhadores nas definições de EPI, EPC e ferramentas; dos trabalhadores no Um método em que os colaboradores possam analisar os EPI na prática para SGSST poder opinar sobre os mesmos e a sua aplicabilidade em campos; Comissão para análise de EPI com representação dos eletricistas e técnicos; Incentivo aos trabalhadores que se qualificam. Ex: Fazem curso de engenharia, pessoas que não estão tendo nenhuma oportunidade na empresa; Participação dos trabalhadores nas definições, envolver trabalhadores e líderes para definições para evitar gastos e definições que possam não ser adequadas às atividades; A empresa deveria, para qualquer tipo de atualização, modificação ou criação de EPI e EPC, coletar o maior número de opiniões dos colaboradores possível e não somente alguns, pois, em minha opinião, isso não ocorre em minha área e EA; Um canal para que o colaborador possa participar e opinar na compra destes equipamentos. 148 Aspectos Criar uniformes para a utilização em atividades que não envolvem riscos relacionados à elétricos. qualidade dos seccionamento de cercas divisórias de pastos; Ex: manutenção com óleo de equipamentos, serviços de EPI Uniforme descente para trabalhar; Bota cano longo para eletricista de distribuição; Novamente o bolso na camisa ou na calça no bolso lateral para colocar a caneta; Estudar a existência de outros tipos de tecidos FR que sejam menos quentes; Uniformes diferenciados para trabalhadores diferenciados, como pintura, trabalho com óleo, soldas; Inspeção regular de EPI / EPC. Outros aspectos Plano de revisão para os veículos das prefeituras; ainda não mencionados Ferramentas para melhor comunicação com os clientes. Reduzir Nesse campo, o objetivo foi o de que os trabalhadores participantes da pesquisa elencassem os aspectos a serem reduzidos, ou porque já cumpriram seus objetivos ou devido ao fato de não estarem resultando em ganhos concretos. A visão aqui é a de uma análise de custo-benefício, onde os esforços para a manutenção das ações/projetos não estão sendo positivos frente aos resultados obtidos. Nesse campo, as opiniões/sugestões se direcionaram exclusivamente aos subgrupos de aspectos relacionados à estruturação organizacional e aqueles relacionados à qualidade dos EPI. A tabela 10 apresenta as sugestões recebidas direcionadas a esses dois subgrupos. 149 TABELA 10 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR) no SGSST adotado pela empresa Aspectos e-mails e publicidade impressa; relacionados à estruturação Comunicação controle de perdas,via notes, ou seja, que as comunicações organizacional sejam direcionadas às áreas afins. Ex: Como colaborador da transmissão, creio ser suficiente receber as comunicações apenas das transmissões. Dos demais casos temos conhecimento nas CIPAs e na reunião de metas da regional; “Panelinhas” e competição interna; APR – Análise Prevencionista de Risco; Número de riscos criados pelo departamento de engenharia; Quantidade de corte realizado por dia; Abertura de garra viva para execução de manutenção em cabines de clientes; Tempo para avaliação e qualificação de materiais e fornecedores. Exemplo: cones; Autoconfiança excessiva; Normativas e orientações; Indicação de defeitos originados por falta de equipamentos; O volume de documentos a serem preenchidos em ligações, pois o colaborador “foca” no preenchimento de papel e deixa de observar várias ações ao seu redor; Tempo do técnico de segurança atrás da mesa; Viagens longas com indivíduos solitários em veículos pouco confortáveis na sua maioria; Utilização da faixa de sinalização; ter bom senso de usar nos serviços ou áreas que realmente necessitam; 150 Serviços sobre escada; Utilizar calço para veículos apenas em lugares em que precisar; Algumas burocracias que dificultam o trabalho dos eletricistas. Ex; quantidade de planilhas que têm que ser preenchidas antes e depois de cada tarefa; Fazer APR somente em casos atípicos. Ex.: trocar lâmpada: são 10 no dia e quase sempre no mesmo formato, sendo feito somente em caso específico. Aspectos Peso dos cones; relacionados à qualidade dos Falhas de EPIs (nível de comando); EPI Prazo de atendimento de uniformes. Sempre falta no interior (nível de comando). Eliminar Finalmente aqui são discriminadas as propostas de pontos que, segundo os trabalhadores, devem ser eliminados ou descontinuados. A premissa básica é a de que eles não estão contribuindo com o SGSST adotado pela empresa, constituindo-se, portanto, em trabalho inútil que em nada agrega para a melhoria contínua do sistema. As sugestões de eliminação se concentraram nos seguintes subgrupos estabelecidos: Aspectos relacionados às empresas contratadas; Aspectos relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos; Aspectos relacionados à estruturação organizacional; Aspectos relacionados à manutenção dos ativos (instalações elétricas) e Aspectos relacionados à qualidade dos EPI. Com o mesmo objetivo de registrar as propostas para análise detalhada em estudos futuros, a tabela 11 aponta todas as sugestões de eliminação recebidas. 151 TABELA 11 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa concernentes ao que deve ser eliminado (ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa Aspectos relacionados às Terceirização e sistema atual de avaliação. empresas contratadas Aspectos relacionados à Escada: por causa do peso, acima do que o colaborador é capaz, qualidade de ferramentas, causando danos à saúde; equipamentos e veículos Veículos ultrapassados para atividades. Aspectos relacionados à Escala: pois o colaborador deixa de sua vida fora da empresa; estruturação organizacional Acidentes; Abrir chaves facas com “loadbuster”, em manobras, pois são chaves sem manutenção e com alto risco; Burocracia; Centralização dos engenheiros de segurança em Campinas. (deveriam estar nas regionais); Políticas em que somente os funcionários são responsáveis pelos eventos; Analisar e planejar melhor as atividades – descontentamentos; Serviços sob chuva; Quando em um desligamento programado, os eletricistas da empresa assumem a responsabilidade de entregar a linha para a empreiteira, assinando a AES – Autorização para Execução de Serviço; Punição por falta de uso de algum EPI ou EPC e também por ter sofrido algum acidente; Técnico do PMO trabalhando individualmente; Atraso em entrega de EPI/EPC (nível de comando); 152 Trabalho individual. (nível de comando). Aspectos relacionados à Eliminar redes de cobre que oferecem maior risco ao trabalhador. manutenção dos ativos (instalações elétricas) Aspectos relacionados à Uniforme quente; qualidade dos EPI Mangas compridas do novo uniforme. 4.6. Análise dos resultados Comparando as repostas aos questionários com o estágio atual de desenvolvimento do SGSST, adotado pela empresa em estudo, pode-se concluir que há um excelente nível de conhecimento do sistema, tanto entre os níveis de comando quanto junto aos trabalhadores de nível operacional. Mais do que conhecer, as respostas evidenciam visão crítica muito salutar e que se manifesta em vários itens associados SGSST em que a população-alvo da pesquisa identifica falhas e oportunidades de agregar qualidade ao sistema. Considerando que o objetivo principal do presente trabalho foi o de criar uma sistemática de avaliação de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho, assim como verificar se a participação dos trabalhadores pode contribuir com a eficácia de um SGSST através da identificação de possibilidades de melhoria na ótica dos trabalhadores, a estratégia de aplicação do questionário foi a de dirigi-lo prioritariamente para eles. Apenas uma pequena parcela dos respondentes ocupa níveis de gestão dentro da organização estudada. Assim, a comparação das respostas desses dois grupos, operacional e de gestão, embora tenha sido realizada, fica um pouco prejudicada. Por outro lado, percentualmente, o número de participantes de nível de comando comparado às outras parcelas de trabalhadores que responderam ao questionário 153 permite comparação entre os públicos-alvos. Treze vírgula dois por cento (13,2%) de trabalhadores de nível de comando responderam ao questionário, enquanto treze por cento (13%) de técnicos e dezessete vírgula três por cento (17,3%) de eletricistas participaram. Assim, a seguir serão comparados alguns resultados. A maior parte das trinta questões sobre o SGSST que fazem parte do questionário foi respondida sem diferenças relevantes entre os trabalhadores de nível operacional e os de nível de comando. O resultado aponta para uma visão homogênea de vários aspectos relacionados ao sistema, assim como para a maturidade dos trabalhadores operacionais que têm clara visão das qualidades e deficiências do SGSST. Dois aspectos avaliados destacaram-se pela maior quantidade de respostas pouco favoráveis (0%, 25% ou 50%). São eles: Segurança com empresas contratadas; Segurança com a população. De fato, os resultados de acidentes com trabalhadores das empresas contratadas pela empresa objeto do estudo estão alinhados com os dados do setor elétrico como um todo que apontam para um grande número de acidentes com esses trabalhadores. Como indicado na tabela 12, a maior parte dos acidentes fatais entre trabalhadores no setor elétrico ocorre com aqueles das empresas contratadas pelas concessionárias de energia elétrica e não com seus empregados diretos. 154 TABELA 12 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos (trabalhadores próprios e de empresas contratadas) – Setor Elétrico Brasileiro Ano Indicador 1999 Acidentes com trabalhadores próprios - conseqüência fatal e respectivo percentual 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 26 15 17 23 14 9 18 19 13 (35%) (23%) (20%) (29%) (17%) (15%) (24%) (20%) (18%) 49 49 60 55 66 52 57 74 59 (65%) (77%) (80%) (71%) (83%) (85%) (76%) (80%) (82%) Acidentes com trabalhadores de empresas contratadas conseqüência fatal e respectivo percentual Fonte: Elaborada pelo autor a partir da estatística 2007 organizada Fundação COGE com base nas informações de 74 empresas do Setor Elétrico Brasileiro Portanto, a avaliação negativa em relação à segurança com os trabalhadores das empresas contratadas pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido é correta e demonstra percepção exata do problema por parte dos trabalhadores, operacionais e de nível de comando. O mesmo ocorreu em relação ao item que avaliava a opinião dos trabalhadores sobre a segurança com a população. Os setores de distribuição e de transmissão de energia elétrica dispõem suas instalações nos logradouros públicos em geral e, embora construídas seguindo normas nacionais de segurança que determinam, por exemplo, alturas mínimas de cabos elétricos para evitar o contato acidental, em algumas situações, tais instalações podem representar risco à população e suas atividades. Sobretudo quando são desrespeitadas normas básicas de segurança. Infelizmente e apesar das campanhas sistematicamente realizadas pelas empresas, tanto individualmente como através de suas entidades representativas, o número de acidentes com a população envolvendo instalações elétricas do SEP – Sistema Elétrico de Potência é muito alto. Anualmente, centenas de pessoas perdem a vida devido a acidentes com as redes elétricas de transmissão e distribuição, tendo como origem as mais distintas causas: Tentativa de roubo de cabos elétricos; 155 Tentativa de recuperação de pipas / papagaios que se enroscam nas redes elétricas; Toques acidentais de materiais metálicos utilizados na construção civil; Toques acidentais de antenas de televisão no momento de sua instalação; Toques acidentais de veículos nas redes elétricas (caçambas de caminhões, equipamentos agrícolas, tratores); Tentativa de rearmar redes elétricas, sobretudo em áreas rurais, sem os equipamentos, conhecimento e tecnologia adequados, etc. Mais uma vez fica evidenciada a correta visão do público-alvo objeto da pesquisa em relação a esse item e também aqui houve convergência de opiniões entre os trabalhadores de nível operacional e de comando. Outro aspecto desafiador em que se registraram várias opiniões negativas por todo o público-alvo da pesquisa foi o item que tratou da percepção das ações de qualidade de vida desenvolvidas pela empresa e que fazem parte do SGSST. Em relação a esse aspecto, há um grande desafio, pois se trata de iniciativa onde não há limites para se avançar. Por mais que se invista na qualidade de vida dos trabalhadores, sempre há muito mais a fazer. Ou seja, realmente é um desafio constante em que a favorabilidade unânime quase certamente não será atingida em tempo algum. Corrobora com essa avaliação negativa, o fato de a empresa objeto do estudo de caso atuar em mais de duas centenas de municípios o que, em si, dificulta a adoção de práticas homogêneas de promoção da qualidade de vida. Há municípios onde o efetivo de trabalhadores é muito pequeno, inviabilizando as mesmas práticas adotadas em instalações com maior número de empregados. 156 Outros dez itens avaliados apresentaram divergências importantes entre os respondentes. São eles: Ferramentas e veículos adequados; Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas; Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco; Auditorias internas; Auditorias externas; Investigação e análise de acidentes e incidentes; Gestão de mudanças de pessoas; Integridade e qualidade das instalações; Gestão de mudanças nas instalações; Exames médicos. Embora os níveis de comando tenham avaliado melhor todos os dez itens elencados, os trabalhadores operacionais demonstraram restrições a eles, o que tem importância fundamental para a melhoria do SGSST, pois são esses últimos que mais diretamente estão ligados à maioria dessas questões. Alinhadas à visão pouco favorável dos trabalhadores operacionais, várias sugestões de melhoria envolvendo os aspectos ora tratados foram listadas no item Sugestões de melhoria. Dessa forma, novamente é comprovada a exata visão dos mesmos a propósito das falhas apresentadas pelo SGSST, assim como sobre as medidas que podem ser tomadas para eliminá-las. 157 Ainda há que se mencionar que o sucesso de ações desenvolvidas pela empresa com a participação direta dos seus trabalhadores, tais como o desenvolvimento de EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva e EPI – Equipamentos de Proteção Individual, a adoção da APR – Análise Prevencionista de Riscos, a identificação e análise de riscos, dentre outras, atesta que a opção pelo desenvolvimento de seu SGSST compartilhado com os trabalhadores foi uma decisão acertada. 4.7. Recomendações a partir do estudo de caso Como mencionado anteriormente, sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho são implantados com o objetivo de auxiliar as organizações a gerenciar os riscos relacionados às suas atividades com possibilidade de provocar acidentes e/ou doenças em seus trabalhadores. Ao se verificar a relevante queda das TF – Taxas de Freqüência de acidentes apresentada pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido a partir da implementação de um SGSST em 2001, pode-se concluir que houve destacada contribuição do sistema para o controle dos agentes causadores de acidentes e doenças. Considerando como ponto de partida o ano de 2000, quando foi registrada TF = 6,89 e o resultado obtido em 2007 de TF = 1,50, atinge-se uma redução muito relevante de 78%. Por outro lado, os anos de 2006 (TF = 1,54) e 2007 (TF = 1,50) indicam o início de perigosa estagnação do número de acidentes que dá origem a TF. Assim, parecem imprescindíveis novas ações para a manutenção do comportamento de queda dos acidentes e, conseqüentemente, das TF registradas pela empresa. Nesse sentido, a adoção pela empresa de várias das propostas dos trabalhadores e que estão organizadas no item Sugestões de melhoria parece ser o mais adequado caminho a ser seguido a fim de proporcionar um novo ciclo de melhoria contínua do SGSST capaz de provocar a diminuição dos acidentes até um novo patamar ainda mais baixo. 158 4.8. Considerações finais A partir do final dos anos 90, inúmeras empresas brasileiras adotaram sistemas de gestão voltados à segurança e saúde de seus trabalhadores, seguindo uma tendência de diversos outros países preocupados com a ocorrência de acidentes do trabalho e que verificavam a necessidade de utilizar ferramentas associadas à melhoria contínua para a gestão da prevenção desses acidentes. Paralelamente à eficácia que os SGSST podem agregar às organizações, a adoção de um sistema de gestão lastreado em norma internacional com possibilidade de certificação de terceira parte também interessa para que fique demonstrada a sua preocupação com esse importante aspecto junto a seus “stakeholders” (partes interessadas ou públicos relacionados à organização). Corre-se, dessa forma, o risco de que os SGSST sejam implementados somente como instrumento de convencimento das partes interessadas de que as empresas estão realmente preocupadas com a prevenção de acidentes e promoção da saúde de seus trabalhadores, o que pode gerar sistemas que não tragam ganho na prática. O instrumento de pesquisa aplicado à empresa onde o estudo de caso foi realizado evidenciou expressivo nível de conhecimento de seus trabalhadores relativo ao SGSST por ela implantado e os resultados por ela apresentados apontam melhora significativa de seus indicadores de acidentes. Também as sugestões de melhoria do sistema, colhidas durante a pesquisa, indicam visão crítica muito consistente dos trabalhadores sobre o sistema implantado. Ou seja, obter resultados com a adoção de SGSST depende de ações que de forma alguma prescindem de uma análise muito criteriosa do que, de fato, está acontecendo, das ações que ainda estão surtindo efeitos positivos e do que precisa ser implementado para que se possa atingir os novos patamares desejados. 159 Nesse sentido, a experiência dos trabalhadores e de seu conhecimento das condições reais de realização dos processos nos quais atuam não podem ser deixados de lado no momento de compor um SGSST. Esta é, aliás, uma recomendação básica dos próprios sistemas de gestão atualmente adotados para que seja atingida uma nova, mais segura e mais saudável condição de trabalho nas diversas atividades desenvolvidas nas organizações modernas. Por tudo isso, a utilização de um instrumento capaz de diagnosticar os avanços e oportunidades de melhoria de um SGSST a partir da visão dos próprios trabalhadores responsáveis por sua condução coloca-se como primordial. O instrumento proposto, matriz de avaliação e sugestões, aplicado entre os trabalhadores da empresa objeto do estudo, cumpriu as importantes etapas de diagnosticar o estágio do SGSST na empresa com base em trinta aspectos relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores, além de levantar propostas de correção e melhoria por eles formuladas. Com pequenas adaptações visando a considerar especificidades de outras empresas, o instrumento pode ser utilizado em organizações de diferentes portes e atividades com a mesma finalidade de diagnóstico e busca da melhoria contínua dos SGSST que estas tenham implantado. 160 5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS Não por acaso, as referências normativas para a implantação de SGSST mais adotadas pelas empresas evidenciam a importância da participação dos trabalhadores na estruturação, implementação e administração de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. A participação dos trabalhadores desde a fase de concepção de um SGSST somente será possível através de instrumentos capazes de obter e organizar de forma sistematizada suas contribuições. A elaboração de uma matriz de avaliação e sugestões com itens associados aos principais aspectos do sistema a ser adotado, permitindo aos trabalhadores que expressem suas opiniões sobre o estágio atual de desenvolvimento de cada um desses tópicos e buscando obter propostas de ações para sua melhoria, parece ser uma boa estratégia para assegurar sua efetiva participação. Para garantir a participação com total liberdade, é importante que se explore com muita clareza os objetivos da participação dos trabalhadores no processo, assim como que a eles seja garantido o anonimato. A partir da análise das respostas dadas, assim como das sugestões para a adequação ou melhoria dos itens avaliados, pode-se apurar a amplitude e pertinência da visão dos trabalhadores sobre o sistema e adotar as propostas capazes de contribuir com mesmo. O acompanhamento dos resultados obtidos com a adoção das sugestões eleitas pode revelar sua contribuição para a melhoria contínua do sistema de gestão, tanto ao evidenciar maior eficácia da gestão da prevenção de acidentes e promoção da saúde dos trabalhadores, quanto ao contribuir para a continuidade da participação dos mesmos na medida em que os trabalhadores evidenciem suas propostas sendo implementadas. 161 Dessa forma, a participação dos trabalhadores passa a ser ponto de destaque e relevância para os SGSST adotados, reitera-se, como proposto pelos próprios documentos referenciais. A par disso, a metodologia adotada fez emergir a motivação dos trabalhadores para expor sua opinião baseada na experiência de quem vivencia cotidianamente o SGSST. Além da sua efetiva contribuição para a melhoria do sistema, a participação dos trabalhadores também foi relevante ao reforçar a importância dos mesmos para o sistema, o que acabou por elevar a moral do grupo que se sentiu, de fato, sujeito do processo de avaliação e busca da melhoria do SGSST. A utilização da matriz de avaliação e sugestões em outras empresas poderá garantir o papel relevante dos trabalhadores na construção e aperfeiçoamento de SGSST por elas adotados e essa é a melhor contribuição do presente trabalho. Para adiante, parece relevante desenvolver um novo estudo com o objetivo de verificar se a implantação das sugestões dos trabalhadores que foram adotadas na empresa objeto do estudo de caso, de fato, produziu a melhoria esperada para o SGSST. Futuramente, pode ser realizada pesquisa comparativa em empresa na qual o SGSST não tenha tido a participação ativa dos trabalhadores em sua construção e manutenção, a fim de se verificar os resultados e a qualidade do sistema implantado. 162 REFERÊNCIAS ALMEIDA, I.M. Abordagem Sistêmica de Acidentes e Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. Artigo publicado em InterfacEHS – Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. Número 2, dezembro de 2006. (disponível em www1.sp.senac.br/hotsites/emails/20061204_interfacehs.htm ), 2006. BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001. BENITE, Anderson Glauco. Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. São Paulo: O Nome da Rosa, 2004. BERLINGUER, Giovanni. Bioética Cotidiana. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004. BORELLI, Regina Naito Nohama. 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Rio de Janeiro: Record, 2005. 166 ANEXOS Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – anverso Cargo do Avaliador: Assunto avaliado Política de SSO Segurança como valor organizacional Normativos e orientações Treinamento / desenvolvimento dos trabalhadores Conscientização / motivação dos trabalhadores para segurança Comportamento preventivo dos trabalhadores Comprometimento dos níveis de comando com a segurança Responsabilidades dos níveis de comando com a segurança Segurança é estratégia empresarial Metas claramente estabelecidas EPI – Equipamentos de Proteção Individual adequados EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva adequados Ferramentas e veículos adequados Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco Cumprimento das exigências legais SESMT adequado Segurança com empresas contratadas Segurança com a população Comunicação sobre SSO Auditorias internas Auditorias externas Investigação e análise de acidentes e incidentes Gestão de mudança de pessoas Integridade/qualidade das instalações Gestão de mudança na instalação Análise de risco Prontidão para emergências Exames médicos Qualidade de vida 0% 25% 50% 75% 100% 167 Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – verso Matriz eliminar – reduzir – elevar – criar Caso deseje contribuir ainda mais, destaque que trabalhos ou ações deveriam ser eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que se possa atingir condições ainda melhores na prevenção de acidentes e segurança do trabalho. Elininar Elevar Reduzir Criar 168 Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – auxílio no entendimento dos itens e na avaliação Assunto Questão Objetivo Política de SSO Há política de segurança e saúde Questão formulada com o objetivo de avaliar claramente definida e praticada por todos a opinião dos trabalhadores sobre o os colaboradores da organização? entendimento e a prática da política de segurança e saúde estabelecida Segurança como A segurança é um valor da organização Questão formulada com o objetivo de valor expressado por todos os seus levantar a opinião dos trabalhadores sobre a organizacional trabalhadores, independentemente do importância que os colaboradores da nível hierárquico? empresa dão à segurança, independentemente de seu nível hierárquico Normativos e Há normativos e orientações sobre Questão formulada com o objetivo de avaliar orientações segurança claros e de conhecimento dos se os normativos existentes abrangem a trabalhadores? maioria das atividades executadas pelos trabalhadores e se são compreendidos por eles Treinamento / Os trabalhadores são adequadamente Questão formulada com o objetivo de desenvolvimento treinados para suas atividades antes de verificar a qualidade do treinamento dos trabalhadores iniciarem seu trabalho? realizado Conscientização / Os trabalhadores estão conscientizados e Questão formulada com o objetivo de motivação dos motivados para desenvolver suas provocar a auto-avaliação sobre a motivação trabalhadores para atividades com segurança? dos trabalhadores para a prática da segurança segurança Comportamento Os trabalhadores demonstram tal Questão formulada com o objetivo de preventivo dos motivação através dos comportamentos verificar a coerência entre a intenção e a trabalhadores expressados na prática? prática Comprometimento os níveis de comando estão Questão formulada com o objetivo de dos níveis de comprometidos com os aspectos de verificar a participação efetiva dos níveis de comando com a segurança e externalizam tal comando em relação ao SGSST segurança comprometimento? Responsabilidades A liderança tem responsabilidades Questão formulada com o objetivo de dos níveis de claramente definidas em relação à verificar se para os trabalhadores estão comando com a segurança e prevenção de acidentes? claras as responsabilidades de seus líderes segurança em relação à segurança Segurança é A segurança dos trabalhadores é Questão formulada com o objetivo de estratégia administrada como estratégia empresarial verificar a percepção da interferência dos empresarial e interfere de forma decisiva nas decisões aspectos relacionados com a segurança no organizacionais? dia-a-dia das atividades realizadas na empresa Metas claramente São estabelecidas metas claras em relação Questão formulada com o objetivo de estabelecidas à prevenção de acidentes e discutidas com verificar a existência e entendimento de os trabalhadores? metas relacionadas à prevenção de acidentes 169 EPI – Os EPI disponibilizados pela empresa são Questão formulada com o objetivo de Equipamentos de de qualidade e tecnicamente adequados verificar a adequação geral dos EPI sob a Proteção Individual aos trabalhos desenvolvidos? ótica de seus usuários EPC – Os EPC disponibilizados pela empresa são Questão formulada com o objetivo de Equipamentos de de qualidade e tecnicamente adequados verificar a adequação dos EPC sob a ótica de Proteção Coletiva aos trabalhos desenvolvidos? seus usuários Ferramentas e As ferramentas disponibilizadas pela Questão formulada com o objetivo de veículos adequados empresa são de qualidade e tecnicamente verificar a adequação das ferramentas sob a adequados adequados adequadas aos trabalhos desenvolvidos? ótica de seus usuários Participação dos Há participação dos trabalhadores na Questão formulada com o objetivo de trabalhadores na escolha e avaliação técnica de EPI, EPC e verificar o envolvimento dos trabalhadores definição de EPI, ferramentas? nos processos de decisão da empresa sobre EPC e ferramentas a escolha de EPI, EPC e ferramentas Possibilidade de trabalhadores têm a real possibilidade de Questão formulada com o objetivo de interrupção do interromper os trabalhos quando em verificar a prática da política estabelecida trabalho sob risco condição de risco? pela empresa Cumprimento das A empresa cumpre todas as exigências Questão formulada com o objetivo de exigências legais legais relativas à segurança do trabalho verificar a opinião dos trabalhadores sobre relacionadas ao seu trabalho? as obrigações da empresa que lhe são familiares, tais como: entrega de EPI, EPC e ferramentas adequadas, realização de exames médicos admissionais, periódicos e demissionais, treinamentos específicos, etc SESMT adequado O SESMT – Serviço Especializado em Questão formulada com o objetivo de Segurança e Medicina do Trabalho é verificar a eficácia do trabalho dos adequado ao risco da empresa e conta profissionais do SESMT junto aos com profissionais atuantes? trabalhadores Segurança com O nível de segurança das empresas Questão formulada com o objetivo de empresas contratadas é o mesmo que têm os identificar diferenças entre as condições de contratadas trabalhadores da contratante? segurança de trabalhadores próprios e contratados Segurança com a A empresa investe suficientemente na Questão formulada com o objetivo de população conscientização da população de modo verificar o conhecimento e opinião dos geral no que diz respeito aos riscos de trabalhadores a propósito das ações de suas redes e instalações? prevenção de acidentes com a população Comunicação sobre A comunicação de fatos relativos à Questão formulada com o objetivo de SSO segurança e saúde é adequada na verificar a facilidade e eficácia da empresa e os meios utilizados são comunicação empresa-trabalhador relativa a Auditorias internas eficazes? assuntos de segurança e saúde São realizadas auditorias internas e seus Questão formulada com o objetivo de resultados são eficazes? verificar a percepção dos trabalhadores sobre a real contribuição das auditorias internas 170 Auditorias externas são realizadas auditorias externas (de Questão formulada com o objetivo de terceira parte) e seus resultados são verificar a percepção dos trabalhadores eficazes? sobre a real contribuição das auditorias externas Investigação e A empresa possui um sistema de Questão formulada com o objetivo de análise de investigação e análise de acidentes verificar o conhecimento e confiança dos acidentes e adequado e eficaz? trabalhadores a respeito do sistema de incidentes investigação e análise dos acidentes registrados Gestão de mudança As pessoas que assumem novas Questão formulada com o objetivo de de pessoas responsabilidades são treinadas em suas verificar se os trabalhadores estão novas tarefas e sobre os riscos inerentes a recebendo as informações necessárias ao elas? desenvolvimento de novas atividades Integridade/qualid As instalações elétricas (o ativo da Questão formulada com o objetivo de ade das instalações empresa) são adequadas e se encontram verificar o estado de conservação das em bom estado de conservação? instalações elétricas da empresa Gestão de mudança As alterações ou mudanças nas Questão formulada com o objetivo de na instalação instalações são prontamente incorporadas verificar se os trabalhadores são informados à documentação e comunicadas a todos das alterações que podem impactar nos os trabalhadores, sobretudo aquelas que aspectos de segurança do trabalho possam implicar em riscos? Análise de risco A empresa possui sistemática adequada Questão formulada com o objetivo de de análise de risco capaz de evidenciar e verificar a opinião dos trabalhadores sobre a eliminar/controlar os riscos de acidentes eficácia das APR – Análises Prevencionistas antes da realização dos trabalhos? de Riscos realizadas Prontidão para A empresa possui planos de emergência Questão formulada com o objetivo de emergências para situações de acidentes e seus verificar o nível de conhecimento de planos trabalhadores estão prontos a aplicá-los? de emergência e as responsabilidades dos trabalhadores na sua implementação Exames médicos São realizados exames médicos periódicos Questão formulada com o objetivo de e os resultados são discutidos com o verificar se há retorno efetivo dos médicos trabalhador? relativo aos resultados dos exames realizados com os trabalhadores Qualidade de vida A empresa realiza ações de incentivo e Questão formulada com o objetivo de promoção da qualidade de vida dos verificar se as ações de promoção da trabalhadores? qualidade de vida estão realmente chegando até os trabalhadores