UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA CLÍNICA . HEITOR PONTES HIRATA IMPLICAÇÕES DO BULLYING NO STRESS EM ESCOLARES DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Rio de Janeiro 2008 pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! HEITOR PONTES HIRATA IMPLICAÇÕES DO BULLYING NO STRESS EM ESCOLARES DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Trabalho de monografia apresentado ao departamento de psicologia clínica como parte dos requisitos para obtenção do título de psicólogo pelo curso de formação de psicólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientadora: Profª Drª Lucia Emmanoel Novaes Malagris Rio de Janeiro, 08 de Agosto de 2008. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 2 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! . UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS INSTITUTO DE PSICOLOGIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA CLÍNICA IMPLICAÇÕES DO BULLYING NO STRESS EM ESCOLARES DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Trabalho de monografia apresentado ao departamento de psicologia clínica como parte dos requisitos para obtenção do título de psicólogo pelo curso de formação de psicólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, _____ de Agosto de 2008. Conceito e/ ou grau: ___________ ____________________________________________________ Profª Drª Lucia Emmanoel Novaes Malagris Orientadora ____________________________________________________ Profª Ana Lila Lejarraga Chefe do Departamento de Psicologia Clínica ____________________________________________________ Heitor Pontes Hirata Autor pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 3 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! DEDICATÓRIA A todas as pessoas que já enfrentaram ou enfrentam o problema do bullying em suas vidas. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 4 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! AGRADECIMENTOS Aos meus pais Ilma e Shigueru por todo apoio ao longo do curso de graduação, seja ele moral ou financeiro. Aos meus irmãos Breno e Ulisses Pontes Hirata pela ajuda nos momentos em que precisei. À minha orientadora Lucia Emmanoel Novaes Malagris que sempre me incentivou e reconheceu o meu trabalho seja nas monitorias ou no estágio em pesquisa. Ao meu supervisor de estágio Bernard Pimentel Rangé pelas orientações valiosas em termos profissionais e possibilidade de crescimento dentro da área de clínica cognitivocomportamental. À professora Hebe Signorini Gonçalves pela indicação de algumas leituras e por me ajudar a pensar o conceito de violência de um outro modo. Ao Dr. Aramis A. Lopes Neto pela gentileza e disponibilidade, além de também pelo livro de sua autoria que foi de grande ajuda na realização deste trabalho. Aos meus pacientes da Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ sem os quais eu nunca teria obtido a experiência em psicologia clínica. Às minhas amigas, amigos e colegas de estágio ao longo do tempo pelo companheirismo e cumplicidade. Em especial para Eduarda Larrúbia Franco, Nivea Maria Machado de Melo, Ana Carolina de Sousa Santos Pinto, Pamela Abdon Guimarães Pimentel, Sthefani Nogueira Saraiva, Camila Martiny Costa, Lianna de Oliveira Nunes, Jessye Almeida Cantini, Débora Ventura Bezerra e Emmy Uehara Pires. Aos colegas da turma 2003/01 que estiveram mais próximos nesses anos de faculdade. Em especial para Mariana Mendes Vieira de Sousa, Juliana Hampshire C.S. Lopes, Pricila Rivera Di Tomasso, Bárbara Jéssica P. dos Reis, Daniele Muniz de Lima, Angela Viviane S. de Oliveira e Priscilla Lourenço Leite. Aos colegas mais novos de outros períodos Felipe Nunes de Lima e Viviane Bello Cardoso pela amizade ao longo de parte do percurso com os votos de sucesso quando se tornarem psicólogos. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 5 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! EPÍGRAFE Katie abriu a porta da sala de aula e entrou. Enquanto ia com Sophie para as carteiras, sentiu um soco nas costas e cambaleou para frente, quase caindo. - Você se acha o máximo né? Rosnou uma voz atrás dela, e o coração de Katie encolheu. Shaneek. Um segundo depois sentiu as lágrimas brotando nos olhos enquanto a mão de Shaneek agarrava seu cabelo e o puxava com uma violência selvagem. - Eu já não disse? Quando eu te chamar você tem que vir! – rugiu Shaneek. Além da dor, a mente de Katie estava num rodamoinho. O que tinha feito agora para irritar Shaneek? - Quebra a cara dela! – veio o grito de Carleen, e então Katie sentiu uma dor aguda na perna quando Shaneek chutou-a com força. Por favor, me ajude, pensou Katie. Alguém por favor me ajude. Olhou as outras garotas na sala, mas elas estavam desviando o olhar. Sophie. Becky. Até Alisa. Alisa, que Katie achava que gostava dela. Outro chute e Katie gritou de dor. - Como eu disse que era seu nome? – perguntou Shaneek. - Galinhona – murmurou Katie, aterrorizada. Não conseguia entender. O que estava acontecendo? Por que os apelidos? Por que aqueles ataques? - Me deixe em paz... Por favor – implorou. A única resposta foi um tapa na cara, dado por Shaneek. E depois outro. E em seguida um soco que a lançou no chão. Dor. Tudo era dor. Estava no inferno. (Clarke, 2006, p. 13-14). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 6 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! RESUMO O fenômeno bullying se caracteriza por atos violentos que ocorrem de forma repetitiva causando desequilíbrio de poder entre pares. O estudo sobre o tema começou na década de 60, estendendo-se ao restante da Europa nos anos seguintes. No Brasil, as primeiras importantes pesquisas iniciaram com cerca de quinze a vinte anos de atraso. No entanto, na última década os trabalhos a respeito do tema têm crescido em quantidade, o que aponta um olhar mais consistente da comunidade acadêmica em relação a este assunto. Estudo recente realizado pela ABRAPIA aponta que 40,5% de estudantes dentro de uma amostra significativa de escolas do Rio de Janeiro estão envolvidos com o fenômeno de alguma forma, o que corrobora a importância de se lançar um olhar sobre tema. O presente trabalho se constitui em uma revisão bibliográfica de parte da literatura existente sobre bullying e correlaciona o fenômeno com o stress, um outro assunto que tem sido muito desenvolvido nos últimos anos no Brasil e no mundo. As repercussões nas diferentes áreas durante a infância e adolescência são abordadas. Serão também discutidas as possíveis conseqüências do bullying na idade adulta à luz das teorias que embasam as terapias cognitivocomportamentais. Tais conseqüências estão também relacionadas à formação de crenças que podem aumentar a predisposição do indivíduo a interpretar situações de modo disfuncional, o que constitui um estressor interno. Por último é feito um breve apanhado sobre intervenções anti-bullying em contexto escolar e clínico com enfoque cognitivocomportamental. Palavras-chave: Bullying, stress, estudantes, conseqüências pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 7 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! ABSTRACT The bullying phenomenon is characterized by violent acts that occur on a repetitive causing imbalance of power between peers. The study on the topic began in the decade of 60, extending to the rest of Europe in the following years. In Brazil, the first major research started with about fifteen to twenty years of delay. However, in the last decade the work concerning the issue are growing in number, which indicates a more consistent look of the academic community regarding this matter. A recent study conducted by ABRAPIA indicates that 40.5% of students in a significant sample of schools in Rio de Janeiro are involved with the phenomenon in any way, which confirms the importance of launching a glance at issue. This work is a literature review of the existing literature on bullying and correlates the phenomenon with stress, another issue that has been developed in recent years in Brazil and the rest of the world. The impacts on different areas during childhood and adolescence are discussed. Will be also discussed the possible consequences of bullying in adulthood in the light of the theories that embase the cognitive-behavioral therapy. Such consequences are also related to the formation of beliefs that may increase the willingness of individuals to interpret situations so dysfunctional, which is an internal stressor. Lastly will be done a brief look at anti-bullying interventions in school and clinical contexts with focus on cognitive-behavioral approach. Key-words: Bullying, stress, students, consequences pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 8 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! SUMÁRIO Introdução___________________________________________________________11 1. Aspectos conceituais acerca do bullying_________________________________13 1.1. Definição de bullying____________________________________________ 13 1.2. Modalidades de bullying__________________________________________15 1.2.1. Bater, surrar e outras agressões físicas__________________________15 1.2.2. Xingar e apelidar__________________________________________ 15 1.2.3. Ameaçar e intimidar_______________________________________ 16 1.2.4. Excluir e isolar____________________________________________ 16 1.2.5. Quebrar ou furtar objetos___________________________________ 17 1.2.6. Humilhar e causar constrangimento em público__________________ 17 1.2.7. Extorquir________________________________________________ 17 1.2.8. Cyberbullying_____________________________________________17 1.3. Histórico do fenômeno___________________________________________ 18 1.4. Aspectos culturais e sociais________________________________________20 1.5. Atores sociais envolvidos no bullying________________________________23 1.6. Raiva, hostilidade e bullying_______________________________________26 2. Conseqüências do bullying na infância e adolescência______________________ 28 2.1. Área social_____________________________________________________28 2.2. Área familiar___________________________________________________ 30 2.3. Área acadêmica_________________________________________________31 2.4. Área da saúde__________________________________________________ 31 3. O stress___________________________________________________________33 3.1. Definição de stress______________________________________________ 33 3.2. Fases do stress__________________________________________________35 3.3. O stress na criança e no adolescente_________________________________36 pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 9 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 3.4. As possíveis conseqüências do stress________________________________38 3.4.1. Conseqüências físicas______________________________________ 38 3.4.2. Conseqüências psicológicas__________________________________40 4. Implicações entre bullying e stress_____________________________________ 42 5. Conseqüências na vida adulta_________________________________________44 5.1. Condicionamento clássico________________________________________44 5.2. Condicionamento operante_______________________________________ 45 5.3. Teoria social cognitiva__________________________________________ 46 5.4. Modelo cognitivo______________________________________________ 47 5.5. Teoria dos esquemas____________________________________________50 5.5.1. A desconexão/ rejeição e o bullying escolar____________________ 52 5.5.2. Autonomia/ desempenho prejudicados e o bullying escolar________ 52 5.5.3. Limites prejudicados e o bullying escolar______________________ 53 5.5.4. Orientação para o outro e o bullying escolar____________________ 53 5.5.5. Supervigilância/ inibição e o bullying escolar___________________ 54 6. Intervenções para casos de bullying na infância e adolescência______________ 55 6.1. O programa de prevenção e combate ao bullying de Dan Olweus_________ 55 6.1.1. Medidas aplicadas à escola de modo geral______________________56 6.1.2. Medidas aplicadas em sala de aula____________________________57 6.1.3. Medidas individuais_______________________________________ 57 6.2. Programas brasileiros____________________________________________58 6.2.1. Educar para a paz__________________________________________58 6.2.2. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes_______________________________________________ 59 6.3. A terapia cognitivo-comportamental e o bullying_______________________60 6.4. O treino de controle do stress e o bullying____________________________ 64 7. Conclusão________________________________________________________ 66 Referências Bibliográficas______________________________________________ 68 pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 10 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! INTRODUÇÃO O fenômeno bullying, apesar de ser muito estudado em escolas, pode ocorrer em diversos lugares ou meios sociais como empresas, hospitais, casas de repouso, prisões, família, relacionamentos etc (Middelton – Moz & Zawadski, 2007). Ele sempre existiu em todos os tipos de instituição, inclusive na escola desde a sua criação (Fante & Pedra, 2008). No entanto, o estudo sobre o fenômeno começou a ganhar dimensões a partir de casos ocorridos no início da década de 1980, nos países escandinavos, especialmente na Noruega, onde foram reportados casos de suicídios que ocorreram provavelmente em decorrência do bullying (Fante, 2005). Desde então, os estudos sobre o fenômeno começaram a ser feitos. Eles tiveram como pioneiro o pesquisador Daniel Olweus. Nos dias atuais, diversos casos de bullying são noticiados pela mídia. Se fizermos uma busca por notícias utilizando as palavras chave “notícias” e “bullying”, encontraremos mais de 700.000 notas em jornais ou revistas eletrônicos. Destas, muitas noticiam casos de mortes como ocorreu no ano de 1999 no condado de Jefferson, Colorado, Estados Unidos no Instituto Columbine ou conforme aconteceu recentemente no caso do estudante sulcoreano que matou 32 pessoas na Universidade de Virginia, EUA. O grande número de casos reportados pela mídia reflete não só a importância do fenômeno e suas conseqüências, assim como a sua alta freqüência nas escolas de todo o mundo. Pesquisas realizadas na Espanha e em países da América Latina como o Brasil, México, Argentina e Chile apontaram que o próprio Brasil é o país que mais possui ocorrências de bullying escolar (Fante & Pedra, 2008). Isto nos permite refletir o quanto nosso país carece de políticas públicas de combate ao fenômeno e o quanto nossa cultura auxilia na perpetuação dos comportamentos violentos entre escolares. A ocorrência de violência nas escolas tornou-se, antes de tudo, um grave problema social (Abramovay & Rua, 2004). A elaboração deste trabalho se revelou importante principalmente pela escassez de material sobre o tema na área de psicologia clínica e da saúde no Brasil principalmente. Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos a respeito do fenômeno bullying na área de educação, sociologia, serviço social e até mesmo da psicologia dentro de abordagens como a sócio-histórica e psicanalítica. A compreensão do tema do ponto de vista cognitivocomportamental ainda é pouco estudada. Este material poderá servir de apoio para estudos pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 11 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! futuros. Pretendeu-se, portanto, fazer uma revisão bibliográfica e pontuar alguns questionamentos a respeito da temática do bullying e suas implicações no stress em crianças e adolescentes durante a idade escolar. A primeira parte deste trabalho abordará os aspectos conceituais do fenômeno bullying. Esta sessão irá descrever conceitos, histórico e outros pontos estruturais que ajudam no entendimento do tema. O segundo bloco de informações será dedicado às possíveis conseqüências do bullying na infância e adolescência. Em seguida será abordado o stress, suas repercussões em crianças e adolescentes e relações com o bullying. O capítulo seguinte traçará interseções entre o fenômeno e a psicopatologias possíveis na idade adulta à luz dos conceitos da terapia cognitivo-comportamental. Por fim, propostas de intervenções em âmbito escolar já reconhecidas, incluindo as cognitivo-comportamentais, serão apresentadas de acordo com a bibliografia existente sobre o tema. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 12 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 1. ASPECTOS CONCEITUAIS ACERCA DO BULLYING 1.1 Definição de bullying A palavra bullying é de origem inglesa, não possuindo uma tradução exata para a língua portuguesa. Em outros idiomas pode ser traduzida conforme menciona Fante (2005) quando pontua que o termo mobbing tem sido utilizado em países como Noruega e Dinamarca e Mobbning na Finlândia e Suécia. Em vários países do mundo há um termo correspondente ao bullying: harcèlement quotidién na França; prepotenza na Itália; yijime no Japão; agressionen unter shülern na Alemanha; acoso y amenaza entre escolares na Espanha e, em Portugal, maus-tratos entre pares. Na maioria dos países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, o termo empregado é bullying (Fante, 2005). Diversos autores definem o vocábulo, encontrando-se definições muito parecidas. Podemos encontrar na maior parte da literatura o significado da palavra como sendo “comportamentos agressivos entre pares ocorrentes de forma repetitiva, ao longo do tempo, com intenção de causar danos físicos e/ ou psicológicos a alguém. Tal agressão pode ocorrer individualmente ou em grupo” (Olweus, 1993, p.9). Por esta definição ser a utilizada pelo psicólogo norueguês Dan Olweus, que iniciou as pesquisas sobre o fenômeno no contexto escolar, muitos outros autores adotaram-na. Constantini (2004) enfatiza a importância de se distinguir o bullying de conflitos ou brigas normais da idade escolar. Os verdadeiros atos de intimidação, preconceitos e ameaças ocorrem de forma distinta e costumam ser voltados para indivíduos mais vulneráveis que, impossibilitados de se defender, acabam sendo levados a condições de sofrimento psicológico, isolamento e marginalização (Constantini, 2004). Tal fato nos possibilita dizer que para determinado ato ser considerado bullying, é necessário haver desequilíbrio de poder (Fante & Pedra, 2008). Os comportamentos que compreendem atos de bullying podem ser variados. Entre eles estão: xingamentos, humilhação, propagação de boatos ou fofocas, exposição ao ridículo, transformação em bode expiatório, acusações, isolamento, socos, agressões, ameaças, ofensas de cunho sexual, étnico, de gênero e orientação sexual (Middelton-Moz & Zawadski, 2007). Teixeira (2006) acrescenta a esta lista os comportamentos de apelidar, perseguir, furtar e quebrar objetos pessoais. Apesar do foco deste, como em muito outros pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 13 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! trabalhos sobre o tema, ser em bullying no contexto escolar, o fenômeno pode se apresentar em diversos espaços onde haja relações interpessoais como no trabalho (Hadikin & O’Driscoll, 2000), hospitais, casas de repouso, prisões, quartéis (Constantini, 2004), relacionamentos (Middelton-Moz & Zawadski, 2007) e famílias – aparecendo nas pesquisas, muitas vezes, como violência familiar. A forma de apresentação do fenômeno pode ser diferente conforme o sexo de quem o pratica. A participação dos meninos nos atos de bullying tem se mostrado maior de acordo com índices de pesquisas em países que desenvolvem estudos sobre o assunto (Fante & Pedra, 2008). No entanto, em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), no município do Rio de Janeiro, com 5482 alunos, os meninos obtiveram apenas 1% a mais em participação no fenômeno, o que sugere que as meninas também possuem expressiva representação em relação ao bullying. Simmons (2004) descreve uma série de atitudes que são tomadas pelas meninas ao praticarem o bullying como boatos, fofocas, comportamentos não-verbais que sugerem reprovação etc. A agressão feminina é mais oculta e fere mais a auto-estima aos poucos. Algumas vezes elas podem utilizar a amizade que têm umas com as outras para, futuramente, praticarem o bullying (Simmons, 2004). A autora ressalta, no entanto, que nem todas as amizades femininas têm este destino, mas que, em estudos realizados por ela, essas evidências se mostraram importantes (Simmons, 2004). Entre os meninos, observa-se que os comportamentos agressivos estão mais relacionados com ações físicas (bater, surrar, empurrar etc) e verbais (xingar, humilhar, ameaçar), o que acaba sendo também um dano psicológico (Fante, 2005). Garbarino, Eckenrode e Bolger (2000) escreveram sobre o maltrato psicológico no contexto familiar. Para os autores, este vocábulo é bastante difícil de se definir. No entanto, algumas condutas podem ser atribuídas ao termo: desdenhar, aterrorizar, isolar, explorar, negar resposta emocional ou descuidar (Garbarino, Eckenrode & Bolger, 2000). Apesar do trabalho dos autores ser voltado aos estudos em violência familiar, podemos trazer esta contribuição para o campo escolar, tendo em vista que a família e a escola são duas instituições essenciais para desencadear os processos evolutivos dos indivíduos (Dessen & Polonia, 2007). A violência psicológica, portanto, pode resultar na destruição de uma série de competências da criança que varia desde capacidade de pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 14 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! comunicação até sentimento de confiança em si mesmo (Garbarino, Eckenrode & Bolger, 2000). Esta questão será abordada mais adiante. 1.2. Modalidades de bullying A seguir serão apresentados brevemente alguns tipos de comportamento relacionados ao bullying. Estas são algumas das principais manifestações. Outras formas específicas podem ocorrer em qualquer contexto escolar. 1.2.1. Bater, surrar e outras agressões físicas É um comportamento mais típico dos meninos. Estes aproveitam, por serem mais fortes do que suas vítimas, para realizar as agressões físicas (Fante, 2005). Dentro da pesquisa realizada pela ABRAPIA em 2002 e 2003 com 5.482 estudantes da rede pública e particular, o comportamento de agredir apareceu em 21,3% dos casos totais de bullying de acordo com respostas dos autores (Lopes Neto & Saavedra, 2008). Este dado é importante para verificarmos que a agressão física é bastante prevalente. Os pais podem verificar se algo neste sentido está ocorrendo vendo se os filhos apresentam ferimentos não justificados ou roupas constantemente rasgadas ou danificadas. 1.2.2. Xingar e apelidar São formas muito comuns de bullying. Vale relembrar que estas formas de agressão verbal de fato só podem ser consideradas como bullying caso ocorram de forma repetitiva e deliberada causando desequilíbrio de poder conforme definição de Olweus (2004). Algumas diferenças são importantes de serem colocadas aqui. A primeira é entre o apelido aceito por quem o recebe como uma forma amigável de ser tratado. Caso o dono do apelido não se importe ou concorde com o mesmo, ou até goste, não há desequilíbrio de poder que feche um critério diagnóstico de bullying (Olweus, 2004.). Dificilmente um apelido muito pejorativo será aceito por quem o recebe, o que faz geralmente com que este acabe sendo pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 15 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! considerado como bullying. Cerca de 51, 7% dos autores do fenômeno utilizam este recurso intimidador (Lopes Neto & Saavedra, 2008). 1.2.3. Ameaçar e intimidar A ameaça e intimidação são duas formas de bullying que geralmente vêm acompanhadas de outras modalidades. A presença do colega agressor por si só é um elemento intimidador. A ameaça pode aparecer como um artifício do agressor para que sua vítima não conte nada a ninguém. Pode ser estendida às testemunhas também. A intimidação é uma das principais responsáveis pelo comprometimento da qualidade do clima escolar (Fernández, 2005), uma vez que o torna tenso, o que acaba por ser uma fonte de stress importante. 1.2.4. Excluir e isolar A exclusão é um ato de bullying silencioso, difícil de ser percebido por quem vê de fora e, portanto, pouco provável de ser denunciado. É geralmente um comportamento realizado por meninas (Simmons, 2004). Os impactos são exclusivamente psicológicos e fazem com que a vítima não se sinta mais pertencente ao grupo. Com o tempo ela pode acabar se isolando mais o que pode ser um facilitador para outras formas de bullying, uma vez que o fenômeno ocorre com mais freqüência em indivíduos isolados socialmente (Constantini, 2004). O comportamento de isolar pode ocorrer sempre que uma criança é estigmatizada pelos demais seja por uma característica em especial ou por ser diferente da maioria. Formas corriqueiras de isolar são: deixar de fazer trabalhos com a vítima, não falar com ela, impedir que ela se expresse, ameaçar amigos em potencial da vítima forçando-os a não se tornarem amigos da mesma etc. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 16 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 1.2.5. Quebrar ou furtar objetos Esta modalidade aparece como menos freqüente de acordo com a pesquisa da ABRAPIA. Cerca de 4, 8% dos agressores admitiram realizar esse tipo de comportamento. A quebra ou perda constante de objetos é um fator bastante visível para os pais no sentido de desconfiar que os filhos estejam passando por situações de bullying na escola (Teixeira, 2006). Estas podem estar acompanhadas de outras formas de agressão. 1.2.6. Humilhar e causar constrangimento em público É uma prática que envolve principalmente exposição do outro a situações muito desagradáveis e constrangedoras, tendo seu efeito potencializado caso seja em público. Há notícias em relatos de autores sobre bullying que é legitimado por professores (Chalita, 2008). Nestes casos, as marcas psicológicas da humilhação podem se tornar muito mais profundas, uma vez que o professor, como figura de autoridade que representa, participa da agressão (Chalita, 2008). A própria omissão dos professores frente ao bullying pode ser muito maléfica. Com isso há o reforço da turma face à abstenção ou aprovação do educador em relação ao bullying. 1.2.7. Extorquir A extorsão pode ocorrer como uma forma de ameaça, tendo a diferença de envolver dinheiro. Caso a vítima não traga certa quantia ou lanches para o (s) agressores, ela sofrerá conseqüências que podem variar da agressão física à difamação ou difusão de boatos pela escola ou em meios digitais (Fante, 2005). 1.2.8. Cyberbullying O cyberbullying consiste na utilização dos dispositivos tecnológicos como Internet, celulares, websites, blogs etc para divulgar conteúdos difamatórios ou que provoquem malestar em uma vítima (Fante & Pedra, 2008). Os episódios causados pelo cyberbullying pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 17 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! podem ser particularmente humilhantes uma vez que um grande número de pessoas tem acesso às imagens, fofocas ou difamações propagados pela Internet. Além disso, a agressão pode ser feita de forma anônima, o que torna a descoberta dos bullies muito mais difícil (op.cit.). Recursos como os blogs, e-mails, Orkut e Messenger são verdadeiras armas nas mãos de crianças ou adolescentes que desejam ferir ou causar constrangimento em colegas sem se expor. Desta forma, mensagens difamatórias, ofensas on-line e montagens desrespeitosas podem circular com grande facilidade dentro da comunidade escolar (Lopes Neto & Saavedra, 2008). O cyberbullying, portanto, acaba por ser uma continuação do bullying ocorrido nas escolas, uma vez que atinge a vítima dentro de sua própria residência. Por ser algo muitas vezes realizado de forma anônima, impede completamente que a vítima se defenda, fazendo com que ela seja alvo de chacota na escola por conta também do que foi colocado na rede a seu respeito (Fante, 2007). 1.3. Histórico do fenômeno Apesar de estar sendo tratado com mais atenção na atualidade, o bullying não é um fenômeno tão recente. Fante (2005) considera esta temática tão antiga como a própria escola. A partir da década de 1970, os primeiros estudos foram realizados na Europa, mais especificamente na Suécia, onde os problemas entre agressores e vitimas na escola foram estudados. A grande repercussão do estudo fez com que os demais países escandinavos olhassem para a questão que, então, passou a ser considerada merecedora de mais atenção. No início da década de 1980, um jornal noticiou o suicídio de três crianças com idades entre 10 e 14 anos. Testemunhas confirmaram o fato das crianças terem sido submetidas ao bullying. O caso gerou grande revolta na população norueguesa, o que fez o Governo realizar uma campanha nacional contra problemas entre agressores e vítimas na escola. Dan Olweus, também na Noruega, desenvolveu uma grande pesquisa envolvendo alunos, pais e professores. A finalidade era estudar o contexto no qual a criança estava inserida e, com isso, diagnosticar e diferenciar casos de bullying de brincadeiras corriqueiras típicas do desenvolvimento do indivíduo. Os resultados apontaram para uma proporção de uma a cada sete crianças como sendo vítima de bullying. Tal resultado incentivou o governo a pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 18 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! promover campanhas anti – bullying que reduziram em 50% os casos do fenômeno nas escolas norueguesas. Este fato instigou governantes de outros países da Europa a criarem programas de intervenção nas escolas de suas federações. Em 1999, nos Estados Unidos, os estudantes Eric Harris, 18 e Dylan Klebold, 17, realizaram um massacre na Columbine High School, uma escola secundária pública num subúrbio de Denver, Colorado. Foram mortos 12 alunos e um professor, além de outras pessoas serem feridas. Após a chacina, os estudantes cometeram suicídio. Especulam-se diversas causas a respeito do ocorrido, mas poucas são as versões que tratam da questão do bullying neste caso (Fante, 2005). Harris e Klebold pertenciam a famílias de classe média alta, eram adolescentes considerados típicos dentro da escola. No entanto, a falta de gosto pelos esportes, além das provocações e ridicularizações por parte dos atletas da escola, geraram repercussões maiores que o esperado. Desta forma os alunos traçaram um plano de vingança de modo a extravasar seu ódio e revolta. Alguns atletas que zombavam da dupla foram executados. Outras vítimas que pouca ou nenhuma relação tinham com a história, acabaram mortas ou feridas. Os EUA é um país que carrega um grande número de mortes dentro de escolas (Marques, 2007). Apenas no ano letivo de 1997-1998 ocorreram 42 homicídios em escolas americanas (Fernandes, 2004). O massacre de Columbine não foi o primeiro, apesar de ter sido um dos mais divulgados até mesmo através do documentário Tiros em Columbine do cineasta Michael Moore (2002). No Brasil, Fante (2005) cita dois casos ocorridos nos estados de São Paulo e da Bahia, nos municípios de Taiúva e Remanso, respectivamente. No primeiro, ocorrido em 2003, um rapaz de 18 anos foi até a escola onde estudava, feriu oito pessoas incluindo alunos, professores e funcionários. Em seguida se suicidou. Ele fora vítima de colegas durante mais de uma década. Um ano depois, na cidade baiana Remanso, um adolescente de 17 anos, que era humilhado constantemente, matou duas pessoas e feriu outras três. Antes de se suicidar foi desarmado. Ele sofria bullying (Fante, 2005). Outras tragédias semelhantes já ocorreram em diversas outras partes do mundo incluindo países como Canadá, Argentina, Alemanha e Espanha. Algumas autoridades já estão desenvolvendo programas de prevenção e intervenção quanto ao bullying. No entanto, pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 19 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! infelizmente, muitos lugares ainda carecem de programas de qualidade para se enfrentar o fenômeno, o que possibilita o aumento do histórico deste tema. É o caso do Brasil. 1.4 Aspectos culturais e sociais Artigos e capítulos de livros há algum tempo já trazem discussões e reflexões acerca dos componentes culturais e sociais que perpassam pela temática do bullying. Alguns tópicos relativos ao campo social contribuem com a manifestação do fenômeno como famílias pouco estruturadas emocionalmente, perda dos valores sociais, exacerbação do consumismo e do valor estético, estimulação da competitividade exagerada cada vez mais cedo etc (Oda, 2006). Para um desenvolvimento mais completo a respeito deste tópico, fazse necessário recorrer a alguns autores das ciências sociais, em especial da antropologia e sociologia. Homens de culturas diferentes têm uma percepção distinta a respeito dos fatos, o que faz com que pessoas de outras partes do mundo pensem de formas alternativas sobre uma série de costumes (Laraia, 1986). A cultura sendo um importante componente a respeito de nossa visão de mundo, certamente também pode influir na maneira como as minorias são definidas e tratadas dentro de determinada sociedade. Isto está na base da discussão sobre o fenômeno bullying, uma vez que a realização de comportamentos violentos na escola estão ligados, em parte, a aspectos sócio-culturais nos quais os indivíduos estão imersos (Beaudoin & Taylor, 2006). Como anteriormente enfatizado, o bullying se dá principalmente por desequilíbrio de poder, ou seja, quando o mais forte atua sobre o mais o que aparenta ser mais fraco (Fante, 2005). No Brasil, a origem ou posição social são fatores que influenciam muito na maneira como as pessoas são vistas ou tratadas. Como afirma Almeida (2007, p. 75) “cada um deve saber qual o seu lugar na sociedade e se comportar de acordo com ele”. Como muitos valores são passados entre as gerações, as relações de poder existentes na sociedade são transmitidas e interiorizadas pela criança, tendo a escola um importante papel neste processo (Durkheim, 1978). O sociólogo francês Pierre Bourdieu colocou esta questão através da idéia de que a escola tende a promover a conservação social, ou seja, “fornece a aparência de legitimidade às igualdades sociais” (Bourdieu, 1998, p.41). Tal transmissão de pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 20 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! valores, em alguns casos, pode contribuir para a manutenção de uma cultura do desrespeito às diferenças. Alguns discursos culturais são colocados por Beaudoin e Taylor (2006) como presentes na prática do bullying. São eles: o patriarcalismo, o individualismo, o capitalismo, o adultismo, o racismo, a homofobia e o sexismo (Beaudoin & Taylor, 2006). O patriarcado, presente na maior parte das culturas em todo o mundo, possivelmente atua sobre as causas do bullying em relação aos meninos. Um discurso patriarcalista defende a idéia de que pessoas do sexo masculino precisam demonstrar poder, força e autoridade. Assim, comportamentos do tipo “durão”, não-sentimental, independente e pouco ligado a cuidados são incentivados (Beaudoin & Taylor, op.cit.). Como já vimos na definição de bullying, há desequilíbrio de poder, onde um indivíduo supostamente mais forte domina um outro mais fraco. Estabelece-se, assim, uma relação de autoridade e domínio, presente em um discurso patriarcalista. Já o individualismo concentra-se na idéia da satisfação das necessidades individuais em detrimento dos interesses do outro. O sucesso pessoal, a privacidade e o locus de controle interno são muito valorizados (op.cit.). Sennett (1988) explora a questão da individualidade através do que denominou “tiranias da intimidade”. O sociólogo norteamericano explora desde o século XVIII como se davam as percepções a respeito do homem dentro do domínio público. Há a ênfase em relação à crítica ao modelo liberal e à doutrina capitalista que intensificaram as relações entre sujeito e objeto, constituindo assim o declínio da vida pública. Deste modo, há a necessidade do homem moderno em demonstrar dentro da esfera pública traços de sua vida íntima, ou seja, aquilo que ele representa como indivíduo (Sennett, 1988). Tal necessidade resulta em um narcisismo desvairado dentro da sociedade onde vivemos. Tamanho enfoque no “eu” provavelmente causa nas pessoas déficits importantes em habilidades sociais empáticas. Estas, por definição, são expressas como resposta a demandas que se constituem pela necessidade afetiva alheia (Del Prette & Del Prette, 2004). A empatia possui grande importância no que diz respeito ao estabelecimento de relações saudáveis e ajustamento psicossocial. A sua falta constitui um agravante dos comportamentos anti-sociais e agressivos (Pavarino, Del Prette & Del Prette, 2005). Um outro discurso cultural importante que está presente na manutenção do bullying é o adultismo, que atribui demasiado poder aos adultos sobre as crianças, fazendo com que pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 21 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! elas não tenham espaço para se expressar, gerando rebeldia e agressividade (Beaudoin & Taylor, 2006). O capitalismo, por sua vez, é a doutrina econômica dominante no mundo e ,portanto, presente na maior parte das culturas. Seus princípios baseiam-se na competitividade, na conquista por resultados superiores ao dos colegas e na dicotomia “vencedor x perdedor” (op.cit.).Tais aspectos geram tensão entre os indivíduos fazendo com que compitam cada vez mais e, segundo Strieder & Negri (2006), a agressividade está na base do espírito competitivo. O racismo, homofobia e sexismo também são aspectos sócio-culturais importantes que perpassam pela temática do bullying, uma vez que, através dessas idéias, há a marginalização e estigmatização de grupos específicos (Beaudoin & Taylor, 2006). Staub (2003) aponta a influência das dificuldades nas condições de vida como um fator contribuinte ao comportamento violento. Associado a este ponto, as características da cultura também exercem seu peso em relação ao tema (Staub, 2003). De fato, os dois componentes parecem estar interagindo fortemente entre si principalmente nos casos em que a cultura suporta grande discriminação das minorias e manutenção das desigualdades sociais enraizadas na estrutura social (op.cit.). Certamente não podemos generalizar esta condição proposta pelo autor tendo em vista a alta prevalência de casos de bullying também em países ricos e com menos desigualdades sociais (Nascimento, 2007). Todos esses aspectos apontados anteriormente contribuem para a origem e manutenção de uma série de comportamentos relacionados à prática do bullying. Botelho e Souza (2007) fazem menção ao ato de apelidar. Esta é uma conduta que está ligada principalmente a padrões estabelecidos culturalmente. Por exemplo: “balofo”, “gordo” e “baleia” são inspirados no padrão de beleza associado à magreza ou ao corpo considerado como belo. Desta forma, tudo aquilo que é desviante à norma é passível de estigmatização e preconceitos. Erving Goffman, sociólogo canadense, escreveu um importante livro a respeito do conceito de estigma. Ele se refere ao termo como sendo um atributo profundamente depreciativo que confirma a “normalidade” de outrem (Goffman, 1988). Realiza também a distinção de três tipos de estigma: os relacionados às abominações do corpo, ou seja, deformidades físicas; ligados à culpa de caráter individual – tudo relativo à vontade fraca, paixão tirânica ou não natural. Nesta categoria enquadra-se a pessoa que está pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 22 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! desempregada, o homossexual, viciados, ex-presidiários etc. Ainda, em um terceiro grupo, estão os estigmas de raça, nação e religião, cuja denominação é auto-explicativa. A análise de Goffman é importante para se pensar a temática do bullying principalmente por causa da questão implícita no próprio conceito do fenômeno ligado ao desequilíbrio do poder. Uma pessoa estigmatizada possui desvantagem (seja física, ou por ser de determinada raça ou religião) em relação a alguém que pertence ao grupo dos “normais” (Goffman, 1988). Desta forma, há a identificação social dos estigmatizados e também daqueles que estão dentro da norma. Quem sofre do estigma possui menos credibilidade perante todos e está predisposto a seguir com o papel de vítima no decorrer do tempo (Goffman, 1988). O estigma também pode ser um fator importante no que diz respeito à atratividade que aquela criança ou adolescente representa para os agressores que irão identificá-la como um alvo potencial para sues comportamentos hostis e violentos. 1.5. Atores sociais envolvidos no bullying Quando estamos tratando de fenômeno bullying, temos que ter em vista as partes envolvidas na dinâmica do processo. A existência de conflitos e tensões é comum assim como ocorre em qualquer espaço onde haja seres humanos interagindo (Fante, 2005). No entanto, é preciso saber identificar e diferenciar comportamentos gerados por conta de tensões do cotidiano e atos de bullying (Fante & Pedra, 2008). Caso identifiquemos um determinado tipo de conduta como sendo parte de bullying, há a necessidade de traçar os papéis, ou seja, quem é o agressor ou bully e quem é (ou são) a (s) vítima (s). Apesar destas partes serem as mais envolvidas, os alunos que testemunham também fazem parte do processo. Fante (2005) chama de espectador esse aluno que presencia o ato de bullying sem o sofrer ou praticar. Estas pessoas representam a maior parte dos alunos envolvidos. Um engano muito comum é considerar que as testemunhas não sofrem. De fato elas podem até se divertir vendo um colega ser alvo de “brincadeiras”, mas em muitos casos, o clima de tensão é tamanho, que muitos espectadores permanecem em silêncio e temem se tornar a próxima vítima (Fante, 2005). Desta forma, temos a Figura 1. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 23 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! Figura 1 – Atores sociais envolvidos no bullying. Baseado em Fante (2005). No esquema acima podemos observar que há três classificações diferentes de vítimas. Esta classificação é feita por Fante (2005). As vítimas típicas são aquelas que recebem as agressões e muitas vezes possuem características peculiares que chamam a atenção dos agressores. Podem ser crianças ou adolescentes mais tímidos e fracos fisicamente, com poucas habilidades sociais ou acima do peso, ou seja, que carregam alguma espécie de estigma, conforme foi colocado anteriormente segundo a análise de Goffman (1988). A vítima provocadora difere da típica principalmente pela postura de não passividade perante as agressões. Ela tenta responder de alguma forma os insultos, porém de forma ineficaz. Sua postura é tipicamente imatura, costumando ser uma criança ou adolescente hiperativo e dispersivo (Fante, 2005). A vítima agressora, por sua vez, é aquela que reproduz as agressões em outros colegas, geralmente vítimas típicas. Um aspecto importante a ser ressaltado a respeito das vítimas em geral é o fato delas de alguma forma atraírem os agressores. Isto porque, muitas vezes, as crianças ou adolescentes que sofrem bullying são mais tímidas, pouco hábeis socialmente, fracas, menores que a maioria etc (Lopes Neto, 2005). A auto-estima também é um componente importante a ser destacado nas vítimas que geralmente a tem como muito baixa. André e Lelord (1999) definem auto-estima como sendo o “olhar-juízo” que projetamos sobre nossa pessoa, sendo isto de fundamental importância para o bem-estar psicológico (André & pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 24 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! Lelord, 1999). Desta forma, a vítima de bullying além de já ter a auto-estima abalada passa a tê-la mais rebaixada ainda em decorrência dos constantes xingamentos, apelidos e outras violências pelas quais é submetido (Lopes Neto, 2005). Um outro ponto importante nos remete à reflexão do porquê das vítimas serem alvo de violência na escola. Lopes Neto (2005) aponta alguns fatores como proteção excessiva no ambiente familiar, infantilização e papel de “bode expiatório”. Os agressores são aqueles sujeitos que vitimizam os colegas mais fracos e indefesos. A causa de sua agressividade pode ser explicada por diversos fatores. Assim como no estudo de vários aspectos da mente e vida humana, como inteligência, afetividade, sexualidade, personalidade etc, o estudo da agressividade perpassa pela dualidade inato x adquirido (Ramírez, 1999). Apesar de alguns estudiosos darem ênfase a um aspecto ou a outro, a maioria dos cientistas prefere a posição integrativa para explicar a agressividade humana, ou seja, adotam a posição de que os fatores biológicos e sócio-culturais interagem entre si fornecendo uma série de explicações a respeito de determinadas condutas ou estilos de vida (Strüber, Lück & Roth, 2006). Alguns genes já foram identificados como influenciadores do comportamento humano e da personalidade. O 5-HTT é um exemplo. Tal gene é o responsável pela codificação da proteína transportadora do neuromodulador serotonina. O polimorfismo, ou seja, a apresentação do gene em outras configurações, pode ter influência sobre como a pessoa reage ao stress (Canli, 2008). Por outro lado, os aspectos sócio-culturais também possuem seu peso tendo isso sido abordado no tópico anterior. As testemunhas são alunos que presenciam os atos de violência ocorridos. Muitas vezes, o simples fato de estarem inseridos no clima de tensão causado pelo bullying já faz com que estes estudantes se sintam intimidados, fazendo com que a qualidade do clima escolar seja prejudicada (Fernández, 2005). Apesar de muitos autores não mencionarem outros elementos como participantes do fenômeno bullying, como os professores, funcionários, pedagogos, psicólogos e pais, estes são peças chave no trabalho de prevenção e combate à violência nas escolas (Fante, 2005; Constantini, 2004; Rodríguez, 2007). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 25 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 1.6. Raiva, hostilidade e bullying Beck (2000) em seu livro Prisoners of hate, the cognitive basis of anger, hostility and violence, escreveu a respeito dos processos mentais envolvidos nos comportamentos violentos e hostis. Ele afirma que os agressores possuem uma espécie de preconceito positivo a respeito de si mesmos e um preconceito negativo no que se refere aos seus adversários. Desta forma, as pessoas que dirigem algum tipo de comportamento hostil a um alvo, realizam algum tipo de interpretação distorcida a respeito de determinada característica ou competência daquela pessoa (Beck, 2000). Trazendo a contribuição do autor à temática do bullying, podemos propor que, através da questão do estigma já abordada anteriormente, o agressor alimenta o preconceito negativo a respeito de seus alvos, realizando assim, interpretações ligadas a idéias hostis frente às suas vítimas. Desta forma, o desencadeamento de violência ocorre como proposto por Beck (2000) a seguir na figura 2: Figura 2 – O desencadeamento da hostilidade e violência. Baseado em Beck (2000). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 26 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! A hostilidade advinda dos agressores constitui um importante fator para se entender o mecanismo do bullying, mas certamente a raiva e sentimentos relativos à agressão são gerados na própria vítima e nas testemunhas, havendo, portanto, a criação de um clima de constante tensão que reflete no progresso acadêmico e social de muitos (Fante, 2005). Não se pode atribuir ao agressor causas biológicas por seus comportamentos antisociais, salvo em condições psicopatológicas (Ramírez, 1999). No entanto, podemos apontar alguns aspectos biológicos relacionados à raiva e ao ódio. Os estudos sobre o cérebro foram impulsionados a partir da década de 90, denominada década do cérebro, em que muitos estudos a respeito do cérebro humano receberam investimentos e atenção de pesquisadores especialmente dos Estados Unidos (Lemgruber, 2003). Incluídos nesses estudos, estão as pesquisas sobre emoções e, entre elas, encontra-se a raiva. Joseph LeDoux, importante neurocientista estadunidense, dedicou grande parte de sua vida acadêmica aos estudos sobre as emoções. Segundo ele, os estados emocionais se mantiveram preservados ao longo de nossa história evolutiva como ferramentas para satisfazer a necessidade de sobrevivência e cumprimento de imperativos biológicos (LeDoux, 1998). Lemgruber (2004) utiliza o termo “kit de sobrevivência afetivo” ao se referir às emoções, tendo em vista a importância delas na sobrevivência e no manejo dos dados da realidade de forma adaptativa. A autora complementa, ainda, que a raiva é um afeto importante que, caso utilizado de forma adequada, pode dar origem a melhores condições de vida para as pessoas (Lemgruber, 2004). Não podemos, portanto, considerar que a manifestação da raiva seja algo necessariamente ruim. A importância de se discorrer sobre a raiva dentro da temática do bullying, se deve ao fato de que esta é uma das emoções mais presentes no fenômeno. Tanto agressores quanto vítimas e testemunhas podem ser tomados por esse sentimento que se manifesta diante de situações que sugiram provocação, injustiça, insulto ou maldade (Lipp, 2005). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 27 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 2. CONSEQÜÊNCIAS NO BULLYING NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA O fenômeno bullying, assim como qualquer outra manifestação de violência que ocorra de forma repetida, deixa suas marcas que perpassam por diversas áreas na vida do indivíduo. Em crianças e adolescentes há a possibilidade de se encontrar prejuízos no âmbito social, familiar, ocupacional e da saúde. Nos adultos, as interações no ambiente de trabalho e a dinâmica familiar no futuro podem ser comprometidas (Fante, 2005). Será abordado agora, separadamente como são os impactos do bullying em cada área da vida de crianças e adolescentes. Cabe ressaltar que esta divisão está feita apenas com fins didáticos, pois na prática todas essas conseqüências geram dificuldades paralelas na vida do indivíduo, o que constitui a complexidade das repercussões do fenômeno que certamente merecem mais atenção de pesquisadores e autoridades. 2.1. Área Social O ser humano por natureza é um ser social. Poucas espécies no reino animal dependem tanto de seus semelhantes como os homo sapiens. Estamos sempre nos relacionando com nossos semelhantes ou, no mínimo, esperando algum tipo de contato (Rodrigues, 1977). Podemos supor, então, que qualquer dano ocorrido na área social é um grande ônus na vida de uma pessoa. Os prejuízos na área social para vítimas de bullying é notável, principalmente pelo fato de haver isolamento no decorrer do tempo após o início das agressões (Fante, 2005). A auto-estima abalada e sentimento de não-pertencimento ao grupo fazem o estudante se sentir minoria dentro da escola. Por minoria estabelecemos relação não com o aspecto quantitativo do termo, mas com a questão das relações de poder implicadas. Assim, as vítimas consideram que agressor é uma figura superior a elas, mais digna de respeito até mesmo porque o agressor de fato conquista admiração de alguns colegas (ibid). A impunidade e o descaso das testemunhas, professores ou pais, que muitas vezes sequer tomam conhecimento dos fatos, faz o indivíduo se sentir desamparado frente à situação e, muitas vezes, pode haver aprendizagem das relações sociais como sendo sofridas. Ou seja, as pessoas não despertam confiança nem amizade, o que influi diretamente na forma como pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 28 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! as crianças e adolescentes vítimas de bullying vão enxergar o meio social seja na escola ou fora dela. Estudos realizados por neurocientistas da Universidade do Texas dirigidos pelo Dr. Thomas Insel descobriram, no ano de 2006, importantes informações acerca do mecanismo neural envolvido na resposta do medo e stress associado à agressão e intimidação. De acordo com a pesquisa, o isolamento social que ocorre quando um rato é exposto a situações de ameaça se deve às memórias armazenadas relacionadas ao episódio de perigo. Tais recordações estão ligadas ao sistema límbico, que é o sistema cerebral que regula os estados emocionais. Assim, um rato exposto continuamente a episódios de intimidação produz com maior intensidade uma proteína denominada Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (FNDC), que é essencial para a maturação neuronal. Tal substância sendo produzida em maior quantidade no sistema mesolímbico possivelmente indica uma maior intensidade no mecanismo neurofisiológico ligado às emoções. Neste caso, por observação do comportamento dos ratos estudados, verificou-se amedrontamento em relação aos ratos intimidadores e também frente aos ratos que inicialmente não representavam nenhuma ameaça. Infere-se, portanto, que bullying praticado entre os ratos aumentou resposta de medo e isolamento social e isso foi explicado neurofisiologicamente pelo referido estudo. Deste modo, um fator relacionado à área social foi explicado com aparatos bioquímicos, o que corrobora a questão do bullying ser multifatorial, ou seja, estar relacionado a fatores tanto sociais, culturais e psicológicos, quanto biológicos. O isolamento referido no trabalho dos pesquisadores da Universidade do Texas nos remete a um outro ponto de grande relevância na área social: as habilidade sociais. Segundo Del Prette e Del Prette (2005), elas são de extrema importância para o desenvolvimento de interações entre os indivíduos. Na infância já podem ser expressas tais habilidades e são elas que permitem o cultivo de uma rede de amigos da qual a criança irá se apropriar. Caso haja o isolamento, isto pode ser decorrente da falta das habilidades sociais ou do próprio bullying, mas este, por fazer a criança se isolar, também é um fator que prejudica o desenvolvimento de suas relações interpessoais (Fante, 2005). Del Prette e Del Prette (2005) assinalam, ainda, a preocupação de profissionais da área de saúde mental e educação acerca das habilidades sociais, uma vez que há correlação entre o déficit delas e uma série pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 29 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! de problemas psicológicos tais como delinqüência juvenil, desajustamento escolar, suicídio, problemas conjugais e síndromes clínicas como a depressão e a esquizofrenia. Outra conseqüência importante do bullying, mas desta vez nos agressores, é a questão da delinqüência. Fante e Pedra (2008) relatam que agressores têm maior possibilidade de se envolver em atos criminosos e violência doméstica. Isto é reforçado por Fox e colaboradores (2003) que apresentam dados de estudos longitudinais sobre meninos que praticaram bullying e futuramente cometeram crimes. Assim sendo, os autores colocam que a prevenção do bullying é prevenção do crime (Fox et al, 2003). Eles incentivam ainda os investimentos em políticas públicas educacionais que visem a redução do comportamento violento nas escolas. 2.2. Área Familiar Sabe-se que a influência da família pode ser importante para a formação de um agressor, uma vez que algumas características familiares propiciam os comportamentos agressivos (Holmes & Holmes-Lonergan, 2004). No entanto, pouco se fala sobre as conseqüências que o bullying pode trazer às famílias. Nichols e Schwartz (2007) afirmam que, dentre os terapeutas familiares, há a opinião de que a família é um sistema que funciona para além das características individuais de seus pertencentes. Deste modo, o problema de um membro pode afetar todo o sistema familiar (Souza, 1997). O bullying, portanto, por ser um fator de stress para a criança ou adolescente na família, gera stress também dentro de casa. Comportamentos como silêncio excessivo, recusa em falar o que acontece na escola e choros freqüentes podem ser sinais de que algo vai errado na escola (Fante, 2005), atingindo também os pais ou outros responsáveis. Deste modo, a criança participa cada vez menos do convívio familiar. Como muitas vezes não fala a respeito do problema, pode se confundir o problema que tem raiz na escola, com algum transtorno do desenvolvimento ou timidez excessiva. Lopes Neto (2005) cita ainda a questão do comprometimento da relação familiar em decorrência da falta de crédito que os pais podem ter em relação aos relatos dos filhos que contam sobre o bullying em casa, uma vez que a criança ou adolescente se sente traído (Lopes Neto, 2005). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 30 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 2.3. Área Acadêmica O bullying, segundo Fante (2005), pode ter como uma das conseqüências, o desenvolvimento de dificuldades de aprendizagem e declínio do rendimento escolar. As razões para isso são de supor facilmente, uma vez que as ameaças, apelidos pejorativos, agressões e outras formas de intimidação recorrentes provocam reações de ansiedade importantes nos indivíduos que podem afetar seu desempenho (Fante, 2005). O mecanismo da ansiedade é adaptativo e as estruturas mais primitivas do cérebro humano estão envolvidas nas reações de ansiedade (André, 2007). Desta forma, caso um aluno perceba o clima ameaçador, para ele será de grande serventia sentir-se ansioso em relação aos seus agressores, para poder fugir ou enfrentá-los caso haja necessidade. Essa atenção despendida à situações de perigo acaba por ser desviada de assuntos relacionados ao cotidiano acadêmico. Fonseca (1995) propõe um modelo interativo dos fatores que influenciam no processo de aprendizagem humana. Assim, o autor sugere que condições externas influenciam tanto quanto a qualidade do ensino, o professor que leciona e as condições internas da criança, especialmente dentro do que se refere ao seu desenvolvimento cognitivo (Fonseca, 1995). Deste modo, humilhações, ameaças e desencorajamentos podem estar na base de uma série de dificuldades de aprendizagem que a criança possa apresentar (op.cit.). Não raro algumas escolas enviam seus alunos para fazer exames neuropsicológicos como se houvessem lesões cerebrais em nível estrutural ou funcional que justifiquem um prejuízo no aprendizado. Por esta razão é importante a investigação das variáveis sociais, familiares e interpessoais ao se realizar o exame (Tabaquim, 2003). 2.4. Área da Saúde O bullying, segundo alguns autores que o estudam, como Fante (2005), Lopes Neto e Saavedra (2008), podem ter conseqüências importantes no que diz respeito ao desenvolvimento de problemas de saúde. Dentre esses problemas estão incluídos tanto transtornos psicológicos quanto problemas físicos. Hawker e Boulton (citados por Salmivalli, 2005) realizaram estudos longitudinais que comprovaram desenvolvimento de depressão, transtorno de ansiedade social e transtorno de ansiedade generalidada no pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 31 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! decorrer de vinte anos. Apesar dessas conseqüências se manifestarem mais em longo prazo, outras referências citam a manifestação de transtornos psicológicos como a depressão infantil, ansiedade social ou até mesmo o suicídio na infância ou adolescência (Fante, 2005; Lopes Neto, 2005). Rigby (2001) citado por Salmivalli (2005) aponta problemas físicos detectados em pesquisa com adolescentes australianos vitimizados. Dentre eles encontramse: dores de cabeça, dores de estômago e problemas de garganta. Três anos após a pesquisa, os elevados níveis de stress podem ter tido efeitos importantes no que se refere ao agravamento dessas enfermidades (Rigby, 2001 citado por Salmivalli, 2005). Licinio e Wong (2006) consideram que o bullying tem um impacto prejudicial sobre o bem-estar mental da criança. Os autores enfatizam mais a depressão como conseqüência do que transtornos de ansiedade. Alguns comportamentos compensatórios também podem surgir em decorrência do abuso sofrido na escola. Fante (2005) relata um caso em que isto fica muito claro. A história é de uma menina que sempre tirava boas notas e recebia atenção e admiração por parte dos professores da escola. Ela, então, despertou inveja e raiva em alguns colegas que passaram a inventar que a menina era homossexual. Desta forma, todas as amigas se afastaram dela. Com o tempo, a adolescente ficou sozinha e isolada. Depois de adulta, passou a ter comportamentos de sensualidade exacerbados chegando a ser até vulgares. Isto porque precisava demonstrar feminilidade e delicadeza. Teixeira (2006) coloca que crianças e jovens vítimas de bullying experimentam grande sofrimento que pode interferir significativamente no desenvolvimento social, emocional e acadêmico. Acrescenta ainda que as conseqüências podem ser: baixa autoestima, fobia escolar, abandono dos estudos e até suicídio. O medo de ser avaliado negativamente e ridicularizado em situações posteriores também pode desenvolver quadros de fobia social (Teixeira, 2006). No Brasil ainda são muito escassos os estudos que correlacionam as variáveis bullying e problemas de saúde tanto físicos quanto mentais. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 32 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 3. O STRESS 3.1. Definição de stress A palavra “stress” tem uma série de origens, uma delas, da engenharia, e inspirou Hans Selye, ao utilizar o termo para se referir ao desequilíbrio sofrido pelo organismo frente a certos estímulos A idéia surgiu ao observar que o que ocorria com o organismo era semelhante ao que ocorria com a matéria inanimada quando sob tensão excessiva. Fazendo a analogia com uma ponte que pode se romper quando submetida a carga excessiva, o organismo também poderia sofrer danos quando submetido a excesso de tensão (Selye, 1965). O stress é uma reação natural do organismo animal. Ele é global e envolve sintomas psicológicos e físicos diante de situações que excitem, emocionem, confundam e/ou façam a pessoa muito feliz (Lipp & Novaes, 1996). Ele ocorre em geral frente a estímulos ou situações que exijam uma certa disposição para lidar com desafios (Lipp, Malagris & Novais, 2007). O stress pode afetar crianças, adolescentes ou adultos independentemente da faixa etária e condição socioeconômica (Lipp, Malagris & Novais, 2007). Os primeiros estudos sobre o assunto ocorreram na década de 1920 quando o fisiologista austríaco Hans Selye descreveu o stress como um estado de tensão patogênico do organismo (Lipp, 2004). Atualmente podemos encontrar definições mais atuais para o termo como sendo uma reação psicofisiológica muito complexa que tem, em sua gênese, a necessidade de o organismo lidar com algo que ameaça sua homeostase ou equilíbrio interno (Lipp, 2004). Deste modo, qualquer variável que faça com que seja necessária a adaptação pode ser considerada um estressor, uma vez que desestabiliza o funcionamento do organismo (Lipp & Rocha, 2007). Tais variáveis podem ser externas (divórcio, mortes, prisão, aposentadoria, mudança de trabalho ou cidade etc) ou internas (pensamentos disfuncionais, falta de assertividade, raiva, alexitimia etc). A reação neurobiológica responsável pelo mecanismo de stress está ligada a duas vias neuronais principais: o eixo HPA e o sistema límbico (Almeida, 2003). O eixo HPA envolve três estruturas principais: o hipotálamo, a glândula pituitária ou hipófise e a glândula adrenal ou supra-renal. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 33 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! O hipotálamo é uma área subcortical, diencefálica muito importante quanto ao papel regulatório das funções endócrina, visceral e do sistema nervoso autonômico, o SNA (Kandel, Schwartz & Jessel, 1997). Este está subdividido em sistema nervoso simpático e parassimpático. A atividade simpática é a responsável pelos sintomas de ansiedade como sudorese intensa, taquicardia, aspecto pálido, respiração ofegante etc. A parassimpática, ao contrário, é responsável pelo retorno ao estado de homeostase ou equilíbrio (Lent, 2004). O hipotálamo também regula os níveis hormonais de substâncias ligadas ao stress. Esta regulação ocorre através da ligação, através do pedúnculo hipofisário, com a glândula pituitária, localizada em uma cavidade na base do cérebro (Bear, Connors & Paradiso, 2002). Esta glândula coordena o funcionamento de diversas outras glândulas, assim como de funções orgânicas como a secreção de GH (hormônio do crescimento), prolactina e ocitocina (para secreção de leite), endorfinas (que causam bem-estar) entre outros (Purves et al, 2005). Dentro da questão do stress, nos interessa explorar a ligação da hipófise com a glândula supra-renal e a secreção dos adrenocorticotrópicos (ACTHs). A glândula suprarenal está localizada no abdômen, mais especificamente acima dos rins e, dentre outras funções, libera os hormônios corticosteróides que são também neuromoduladores (adrenalina e cortisol) muito ligados à resposta do stress (Bear, Connors & Paradiso, 2002). O sistema límbico ou somato-autônomo é constituído por diversas estruturas do cérebro como o próprio hipotálamo, o hipocampo, a amídala, a ínsula, o córtex cingulado anterior e o tronco encefálico. É um dos principais responsáveis pela regulação das emoções. A conexão entre o eixo HPA e o sistema límbico, permite a associação entre respostas de ansiedade/ stress e estados emocionais positivos ou negativos (LeDoux, 1998). Outras estruturas além das citadas e muitos mecanismos estão associados ao stress e suas implicações físicas e psicológicas. Diversos estudos têm sido realizados dentro de diversas disciplinas. Dentro da psicologia, uma importante e mais recente contribuição dentro do Brasil foi a descoberta do modelo quadrifásico do stress, proposto por Marilda Lipp da PUC-Campinas. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 34 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 3.2 Fases do stress Os estudos de Hans Selye envolveram a criação de um modelo denominado trifásico do stress. De acordo com ele, o stress se divide em três fases: a fase de alerta, de resistência e de exaustão. A primeira é relativa ao nível de ansiedade normal que precisamos para realizar as nossas atividades do cotidiano como acordar, atravessar a rua, conversar, dirigir etc. Sem um pouco de stress não há o gasto de energia necessário para se gerar produtividade (Lipp, 2003). Apesar de haver o aumento do desempenho com um pouco de stress, a homeostase, ou seja, o equilíbrio interno do organismo é quebrado. O retorno a esse estado demanda esforço do corpo e da mente e, caso não haja tal retorno, o organismo pode passar para a segunda fase, a fase de resistência, onde há maior secreção de hormônios ligados à ansiedade. Assim, o organismo necessita utilizar muita energia para estabelecer o equilíbrio. Desta forma, as repercussões acarretadas podem variar desde leve falta de memória até maior vulnerabilidade a vírus e bactérias (Lipp, 2005). Apesar de haver maior desgaste nesta fase, a produtividade ainda é mantida. Por último, de acordo com o modelo de Selye, há a fase de exaustão, que é caracterizada pela quebra total de reservas energéticas do organismo, acarretando conseqüências físicas e psicológicas graves como problemas gastro-intestinais e cardíacos, depressão, transtorno do pânico e muitos outros (Lipp, 2003). Pesquisas realizadas na PUC de Campinas na década de 90 por Lipp, permitiram a identificação de uma nova fase entre a fase de resistência e a fase de exaustão: a quase-exaustão. Esta se caracteriza por um desgaste bastante importante quanto às reservas do organismo, mas ainda há possibilidade de se responder a algumas demandas de forma satisfatória, ao passo que na fase de exaustão o indivíduo encontra-se muito comprometido. Na fase de quase-exaustão algum bem-estar ainda pode ser experimentado (Lipp, 2003). O modelo de Lipp sobre o stress é denominado de quadrifásico (Lipp, 2005) O estudo das fases do stress se torna importante principalmente para se trabalhar com instrumentos de medida do stress como o Inventário de Sintomas do Stress para Adultos de Lipp (Lipp, 2005). O conhecimento de tais fases é fundamental ao pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 35 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! profissional de saúde que trabalhe com psicologia da saúde e stress justamente para se fazer o diagnóstico correto e encaminhar o paciente ao tratamento adequado. 3.3 O stress na criança e no adolescente Um mito questionável dentro do senso comum é que criança não experimenta stress (Lipp, 1998). A não identificação e tratamento podem trazer conseqüências importantes para as crianças em termos de aprendizagem e desenvolvimento sadio. A forma do stress se manifestar na criança pode ser através de dores de barriga, introversão, dores de cabeça, desânimo, cansaço, pesadelos etc (Lipp, 1998). As fontes de stress na criança podem ser das mais diversas como excesso de atividades, divórcio dos pais, problemas na escola, morte ou doença na família etc (Lipp, 2000). Dentre estes fatores podemos, certamente, incluir o bullying. Uma questão importante acerca da origem do stress infantil é a socialização. Com o intuito de educar e formar indivíduos adequados socialmente, os pais muitas vezes ensinam formas de pensar que, em algumas ocasiões, podem ser disfuncionais para a criança (Tricoli & Bignotto, 2004). É o caso daquelas famílias que educam seus filhos para serem “perfeitas”, “boazinhas” ou “destacadas”. Isso, sem dúvida, é uma demanda significativa geradora de stress na infância que pode ser evitada (Tricoli & Bignotto, 2004). No entanto, isto depende da estrutura da família e das crenças que os pais têm a respeito do mundo, das pessoas e dos problemas da vida. O desenvolvimento de crenças compartilhadas dentro dos sistemas familiares ocorre de acordo com a influência cultural de uma certa localidade (Walsh, 2005). Assim, não só dentro de casa, mas também dentro de uma estrutura social, a criança recebe orientações sobre como se comportar perante os outros, o que pode ser muito benéfico desde que essas mensagens não sejam muito enfatizadas (Tricoli & Bignotto, 2004). David Elkind, um importante estudioso norte-americano do stress infantil, coloca que muitas pressões e atribuições forçam um encurtamento e apressamento da infância. Desta forma, constantes demandas a respeito de sucesso, sociabilidade, destaque e decisões fundamentais acabam por ser geradores de stress importantes nas crianças nos tempos atuais (Elkind, 2004). Além das demandas excessivas e cobrança pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 36 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! por um amadurecimento mais veloz por parte dos pais, a escola também ocupa um papel essencial na gênese do stress infantil, principalmente quando há mudança de escola, professores, colegas e séries (Lipp, 2000). É de extrema importância o profissional da área de educação estar atento ao ritmo de cada criança dentro de sala de aula, uma vez que cada um possui seu tempo para realizar as tarefas e aprender conteúdos novos (Tricoli, 2000). Ignorar este fato significa aumentar cada vez mais o stress dos estudantes, pois eles perceberão que não estão alcançando expectativas de forma satisfatória (op.cit.). Aos mesmos profissionais, é recomendado manter atenção a respeito do fenômeno bullying nas escolas, já que ele pode constituir um fator estressante bastante importante. Quando tratamos do tema “stress” devemos ter em mente que ele pode afetar pessoas de qualquer condição sócio-econômica, profissão e faixa etária (Lipp, 1998). Desta forma, sabemos que ele pode se manifestar tanto em crianças, como foi abordado acima, quanto em adolescentes e adultos. Neste momento a ênfase será dada no stress do adolescente. A adolescência, do latim adolescere (crescer) é justamente a fase constituída por mudanças significativas. Tais modificações se aplicam tanto ao âmbito físico, em decorrência dos diversos hormônios que são agora lançados no organismo do adolescente, quanto no que se refere às demandas sociais. Ao adolescente, como já deixou de ser criança, é cobrada mais responsabilidade, compromisso e decisões importantes acerca de sua vida. Na realidade, o adolescente de fato não é mais uma criança, mas também não chega a ser um adulto (Marcelli & Braconnier, 2007). Essa dicotomia muitas vezes é fonte de diversos conflitos psicológicos para este indivíduo que está passando por um ritual de passagem dentro de diversos campos. Assim ele precisa se readaptar dentro das instituições às quais pertence como a família e a escola (op.cit.). Tantas mudanças são, sem dúvida, fontes importantes de stress. A pouca experiência em relação à vida aliada a muitas questões que passam desde as transformações pessoais até tópicos como consumismo, carreira, opção sexual, relações interpessoais etc, torna o adolescente um dos indivíduos mais propícios a sofrer com o stress (Lipp, Malagris & Novais, 2007). Outro ponto importante diz respeito ao encorajamento que a sociedade e a família promovem para que as crianças pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 37 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! cresçam rapidamente, o que David Elkind (2004) denomina infância pressionada, mas, ao mesmo tempo, quando as crianças se tornam adolescentes, muitos ainda os tratam como crianças (Lipp, Malagris & Novais, 2007). Desta forma, o paradoxo entre a exigência da infância e a infantilização na adolescência constitui também um estressor importante. Dentro da escola há uma grande concentração de indivíduos que estão passando por este período de transição e, portanto, o espaço escolar pode se constituir em um grande estressor para alunos, professores, funcionários e todos os envolvidos com a instituição. Há, então, a grande necessidade de se gerenciar o stress dentro da escola para se evitar tensões, dentro das quais pode se incluir o bullying. 3.4. As possíveis conseqüências do stress Conforme já mencionado anteriormente, o stress é uma reação natural do organismo e necessário à nossa sobrevivência. Chegar à fase de alerta e retornar à homeostase pode ser algo muito benéfico em termos de produtividade (Lipp, 2004). No entanto, quando o stress atinge níveis mais elevados e não há um controle sobre a situação, algumas conseqüências tanto físicas quanto psicológicas podem ser manifestadas (Lipp, 1998). 3.4.1. Conseqüências físicas Apesar dos estudos sobre as conseqüências do stress serem relativamente recentes, alguns trabalhos desenvolvidos especialmente na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) apontam dados importantes acerca da compreensão do assunto. Lipp (2000) enfatiza que a produção de corticosteróides pela glândula supra-renal passa a ser muito elevada em situações de stress contínuo. Tal reação, conforme já abordado, ocorre em indivíduos independentemente da faixa etária. Desta forma, o stress excessivo e prolongado promove alterações no sistema imunológico, propiciando a contração de doenças causadas por vírus, bactérias ou outros agentes desencadeadores de doenças (Lipp, 2000). Fases mais avançadas do pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 38 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! stress podem propiciar o aparecimento de problemas como hipertensão arterial (Lipp & Rocha, 2007), diabetes (Lipp, 2000), úlceras gastroduodenais (Malagris, 1996), problemas cardiovasculares (Moreno Júnior, Melo & Rocha 2003), doenças dermatológicas (Pinto, 1996; Steiner & Perfeito, 2003), doenças bucais (Moraes, 2003), dores músculo-esqueléticas (Cohen, Almeida & Peccin, 2003) e disfunções sexuais (Costa, 2003). Assim, pode-se perceber que crianças, adolescentes ou adultos com altos níveis de stress têm grandes possibilidades de apresentarem problemas que podem interferir de forma significativa em seu desempenho, tendo em vista que o estado físico pode ser comprometido. Isto é demonstrado na curva de Yerkes-Dodson que está a seguir na figura 3, adaptada de Izquierdo (2002, p. 65): Figura 3 – Curva de Yerkes-Dodson. Adaptada de Izquierdo (2002). De acordo com a curva acima, podemos perceber que um nível muito baixo de stress proporciona uma baixa performance, uma vez que precisamos nos estressar um pouco para ter vigor e energia para enfrentar os desafios (Lipp, 2003). A fase de alerta, portanto, está situada em pontos onde se pode perceber uma performance alta. Na fase de resistência, apesar das reservas do organismo estarem começando a se exaurir, a pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 39 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! produtividade ainda é mantida, estando ela situada na curva em pontos altos de performance. Já nas fases de quase-exaustão e exaustão, o rendimento cai de forma significativa de modo inversamente proporcional ao nível de stress. É justamente neste ponto que os problemas físicos acima mencionados começam a se manifestar de forma mais severa (op.cit.). Lipp (2005) cita os sintomas físicos decorrentes da fase de exaustão como, por exemplo, tontura freqüente, úlcera, enfarte, hipertensão arterial continuada etc. A particularidade de alguns problemas ocasionados na fase de exaustão é que uns podem ser letais, enquanto outros podem ser doenças que irão acompanhar o indivíduo por toda a vida como é o caso da hipertensão. 3.4.2. Conseqüências psicológicas A curva de Yerkes-Dodson acima apresentada também pode ser aplicada aos problemas psicológicos. Assim, alguns sintomas psicológicos são mais típicos de cada fase do stress, sendo agravado dependendo do estágio em que a pessoa se encontre (Lipp, 2005). Na fase de alerta, alguns sintomas como aumento súbito de motivação ou entusisamo súbito podem ser encontrados, o que não chega a ser um problema para a pessoa caso ela consiga retornar à homeostase (Lipp, 2003). Caso isso não seja possível e os estressores permaneçam, sintomas como sensibilidade emotiva e irritabilidade excessiva, diminuição da libido e dúvida quanto a si próprio podem se manifestar, constituindo um agravamento da situação deste indivíduo estressado que, em termos técnicos, se traduz nas fases de resistência e quase-exaustão. O diagnóstico situado em uma fase ou outra irá depender da quantidade de sintomas tanto físicos quanto psicológicos que o paciente relatar no Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (2005). Em longo prazo, transtornos psicológicos como o transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada ou depressão podem ser desencadeados caso fases avançadas do stress sejam mantidas sem se tomar alguma providência. Seligman (1977) descreve uma série de experimentos em que submete cães a situações de stress intenso através de choques e privações. Tal situação após algum tempo gerou uma condição de desamparo, que fez com que a motivação para responder pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 40 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! dos cães fosse aos poucos destroçada e a capacidade de aprendizagem reduzida. Em seres humanos, tais conseqüências são aplicáveis a partir de problemas como imprevisibilidade de perigo e malogro infantil (Seligman, 1977). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 41 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 4. IMPLICAÇÕES ENTRE BULLYING E STRESS Já foram abordados, em capítulos anteriores, os conceitos de bullying e stress. Segundo Lipp (2005) algumas escolas podem constituir um ambiente que favoreça o stress, uma vez que é um espaço onde a competitividade é estimulada, o desejo de se inserir em um grupo é constante e a necessidade do bom desempenho é cobrada por pais, professores e pela própria criança (Beaudoin & Taylor, 2005). Pereira e Davide (2005) realizaram uma pesquisa em Portugal para levantar os fatores dentro da escola que estavam correlacionados ao stress. As autoras afirmam que ele tem sido amplamente associado à mudança de escolas (Pereira & Davide, 2005). Além deste fator, outros três domínios foram identificados pelas autoras. O primeiro deles foi o acadêmico, ou seja, relativo à pressão pelo sucesso. O segundo se refere à relação com os professores e com as regras da escola. O terceiro é ligado à relação entre colegas (Pereira & Davide, 2005). Em relação a este último ponto, as autoras do estudo identificaram nas crianças pesquisadas o receio quanto a não ser aceito ou sofrer bullying, que também é uma constante fonte de preocupação, ou seja, uma fonte de stress interna. Dentre os acontecimentos ligados ao bullying mais indutores de stress dentro do contexto escolar, Pereira e Davide (2005) apontam, segundo pesquisa que realizaram, o roubo dentro das escolas, ter medo de armas na escola e ser castigado por um professor. As pesquisadoras afirmam que receber apelidos e ser incomodado por estudantes mais velhos são acontecimentos freqüentes dentro das escolas que pesquisaram (Pereira & Davide, 2005). Oliveira e Antonio (2006) descrevem o bullying como um estressante psicossocial, ou seja, que gera stress dentro do contexto social. Os autores apontam a importância que as relações sociais têm durante o período da adolescência, uma vez que há a identificação do jovem como pertencente ao grupo. Assim, caso não haja tal simpatia com os semelhantes e, pelo contrário, ocorram atitudes agressivas e violentas, uma grande frustração é experimentada pelo estudante (Oliveira & Antonio, 2006). Tricoli (2004) afirma que na adolescência a homeostase já é rompida em decorrência das intensas mudanças. No entanto não são todos que vivenciam tais modificações da mesma forma (Tricoli, 2004). A esta capacidade de ser mais ou menos resistente às adversidades ou mudanças, dá-se o nome de resiliência. Assis, Pesce e Avanci pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 42 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! (2006) a definem como a interação entre dois extremos: o da adversidade e o da proteção. Desta forma, por mais que o indivíduo sofra com as adversidades, caso ele possua uma predisposição a se fortalecer diante dos obstáculos, pode ser considerado resiliente (Assis, Pesce & Avanci, 2006). O conceito de resiliência nos permite entender, portanto, o porquê de algumas pessoas serem mais afetadas que outras no que diz respeito ao bullying escolar. Conforme Lipp (2004) há fontes internas e externas de stress. A violência na escola pode ser considerada uma fonte externa, uma vez que cria um ambiente escolar desfavorável à aprendizagem, estabelecimento de amizades e tranqüilidade (Fernández, 2005). Paralelamente o bullying também pode ser considerado uma fonte interna, uma vez que faz com que a vítima tenha sua auto-estima rebaixada muitas vezes (Sánchez, 2006), o que pode corroborar crenças de desamor, inadequação e desvalor conforme teoria desenvolvida por Beck (1976). A importância em se estabelecer uma relação entre bullying e stress, é de grande importância, uma vez que, conforme já exposto, os efeitos do stress podem ser bastante prejudiciais à saúde física e psicológica da criança. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 43 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 5. CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA ADULTA As conseqüências do bullying não se restringem à infância e adolescência. Após a saída da escola, muito do que foi aprendido durante todos os anos pode permanecer de alguma forma na memória dos indivíduos. Fante (2005) afirma que pessoas envolvidas em bullying podem continuar a sentir as repercussões do fenômeno nos anos posteriores aos acontecimentos. Desta forma, alguns prejuízos ligados a relacionamentos afetivos e profissionais assim como constituição de família podem estar presentes (Fante, 2005). A autora acrescenta, ainda, que a saúde física e mental pode sofrer danos em longo prazo (Fante, 2005). Para discorrer a respeito dos danos mentais que podem perdurar durante a idade adulta, serão utilizadas algumas teorias e conceitos que embasam as terapias cognitivo-comportamentais. 5.1. Condicionamento clássico O condicionamento clássico é um mecanismo que foi desenvolvido à luz dos trabalhos do fisiologista russo Ivan Petrovitch Pavlov datados do final do século XIX e início do século XX. Esta teoria foi pioneira dentro dos estudos relativos à aprendizagem estudada de forma sistemática (Aubin, 2008). O condicionamento clássico ocorre por etapas. Primeiramente há a apresentação de um estímulo incondicionado, ou seja, que produz resposta reflexa por parte do organismo. Em seguida, um estímulo neutro é pareado com um estímulo incondicionado. Em um terceiro momento, o estímulo anteriormente neutro, passa agora a ser condicionado, uma vez que elicia a resposta reflexa por parte do organismo (Gazzaniga & Heatherton, 2005). As Obras Escolhidas de Pavlov (1980) explicam o mecanismo com mais detalhes. A relevância desta teoria para a temática do bullying é notável uma vez que diversos condicionamentos no espaço escolar podem ocorrer. A resposta incondicionada de medo é natural de nosso organismo (André, 2007). Assim, quando um estudante é sistematicamente ameaçado ou agredido (estímulo incondicionado), ele irá experimentar sensação de medo ou ansiedade intensos (resposta incondicionada). A partir dessas experiências, sempre que o agressor (estimulo condicionado) se aproximar ele apresentará a resposta de medo (resposta pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 44 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! condicionada). Dependendo do caso, pode acabar generalizando, ou seja, sentindo o medo frente a outras pessoas além do agressor para outros colegas e, assim, isolar-se cada vez mais. As conseqüências em longo prazo podem se refletir em dificuldades de relacionamento pessoal e de ajuste nos ambientes familiar e ocupacional (Fante & Pedra, 2008). Dependendo da gravidade das agressões para as vítimas, estruturas do sistema límbico como o hipocampo e a amígdala podem sofrer alterações em seu desenvolvimento, resultando em desajuste emocional mais tarde (Fante, 2007). 5.2. Condicionamento operante O condicionamento operante é uma teoria desenvolvida pelo psicólogo Burrhus Frederic Skinner entre as décadas de 30 e 60 do século XX com base nos estudo da lei do efeito de Thorndike (Gazzaniga & Heatherton, 2005). Skinner, assim como Pavlov, é um importante teórico a ser estudado em Psicologia da Aprendizagem. Suas idéias são de extrema importância para se compreender como e por que o ser humano realiza seus comportamentos de uma maneira e não de outra. Segundo o autor, a manutenção de muitos do comportamento animal e humano se dá em função das conseqüências deste no ambiente (reforço) (Skinner, 1980). Assim, um reforço é tudo aquilo que aumenta a freqüência de determinada resposta (Skinner, 2003). Ele pode ser positivo quando há o acréscimo de um estímulo reforçador (ex.: água, comida, satisfação etc) ou negativo quando há a eliminação de um estímulo aversivo como um ruído desagradável, por exemplo (Moreira & Medeiros, 2007). Segundo pesquisa da ABRAPIA realizada em escolas do município do Rio de Janeiro com uma significativa amostra de mais de 5.000 estudantes, 694 pessoas assumiram serem autores de bullying. Dentro destes, 9,2% relataram se sentir bem e 35,3% disseram achar o bullying engraçado (Lopes Neto & Saavedra, 2008). Tanto se sentir bem quanto achar graça ou se divertir com esse tipo de conduta podem ser considerados reforçadores ao comportamento agressivo, o que aumenta a sua probabilidade conforme a teoria de Skinner. Em longo prazo, uma criança ou adolescente que é constantemente reforçado ao realizar comportamentos agressivos pode se tornar um adulto que aprendeu a conseguir o que pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 45 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! deseja através do insulto, da violência e hostilidade. Desta forma, valores como tolerância à diversidade, compaixão e empatia ficam comprometidos (Fante, 2007). 5.3. Teoria social cognitiva A teoria social cognitiva foi desenvolvida por Albert Bandura, psicólogo canadense, a partir da década de 1960. Segundo esta teoria, o ser humano é o agente de sua própria vida e funcionamento (Bandura, 2008). Desta forma, “as pessoas são auto-organizadas, proativas, auto-reguladas e auto-reflexivas, contribuindo para as circunstâncias de suas vidas, não sendo apenas produtos dessas condições” (Bandura, 2008, p. 15). Bandura foi um dos primeiros autores a introduzir o papel da cognição no estudo do comportamento, uma vez que até o momento anterior à sua teoria, predominava o behaviorismo radical. Esta linha teórica, também denominada análise do comportamento, os processos cognitivos são comportamentos inobserváveis (Moreira & Medeiros, 2007). Bandura não aborda a questão da agressão como sendo inata. Para o autor, os atos violentos necessitam não só serem aprendidos, como também treinados (Kristensen, Lima, Fernin, Flores & Hackmann, 2003). Para um entendimento maior sobre este ponto, se faz necessário definir o conceito de modelação. Este, segundo Bandura (1979), significa aprendizagem através da observação do modo de se comportar de um modelo. Assim sendo, uma criança pode aprender comportamentos agressivos através do constante testemunho de cenas agressivas entre os pais, jogos violentos ou programas violentos oferecidos nas programações da televisão (Linn, 2006). O aprendizado de tal tipo de conduta pode, sem dúvida, favorecer a ocorrência do bullying escolar, mais especificamente através da criação de nos agressores (Holmes & Holmes-Lonergan, 2004). Em longo prazo, tantos modelos ensinando o comportamento agressivo pode resultar em um adulto que reproduza as agressões em suas futuras famílias, o que gera um aumento no número de casos de violência doméstica (Fante, 2007). Dois outros conceitos importantes a serem abordados da teoria de Bandura são o de auto-eficácia e o de expectativa de eficácia. O primeiro, segundo o autor que o elaborou, diz respeito à percepção dos indivíduos no que se refere às suas habilidades para organizar e colocar em prática comportamentos exigidos para se chegar a um certo nível de pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 46 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! desempenho (Bandura, 1977). Conforme mencionado anteriormente, a teoria social cognitiva parte do pressuposto da perspectiva agêntica (Bandura, 2008). Isto quer dizer que os indivíduos são dotados de capacidades primordiais que os possibilitam a controlar, em alguma medida, o ambiente e os aspectos que influenciam suas vidas (Bandura, 1986 citado por Azzi & Polydoro, 2006). Um conceito que está por trás deste controle é a expectativa de eficácia, que envolve crenças a respeito de como as pessoas se sentem, pensam, motivam e comportam (Souza. 2005). Bandura (1977) afirma que as expectativas de eficácia determinam, além de outros fatores, o quanto as pessoas irão conseguir manter o esforço ao lidar com situações estressantes. Assim, caso a expectativa de eficácia esteja alterada, o manejo frente a situações de stress pode se tornar prejudicado. Levando-se em conta que o bullying escolar é uma importante fonte de stress em alunos (Pereira & Davide, 2005), muitas crianças que sofrem as ações do fenômeno tornam-se crianças estressadas que irão ter sua expectativa de eficácia alterada, o que irá prejudicar o manejo do stress das mesmas. Caso essas crianças não recebam o apoio adequado, podem correr o risco de se tornarem adultos vulneráveis emocionalmente e estressados (Lipp, 2000). Isto, por sua vez, irá causar problemas em várias áreas da vida dessas pessoas, conforme já mencionado em importantes pesquisas sobre stress (Lipp, 1998; Lipp, 2004). 5.4. Modelo cognitivo Assim como Bandura realizou seus trabalhos iniciando a inclusão dos processos cognitivos na compreensão do funcionamento humano, o psiquiatra estadunidense Aaron Tim Beck, desenvolveu o modelo cognitivo das perturbações emocionais na década de 1960. Beck era psicanalista e percebeu que os métodos que estava utilizando não eram eficazes para o tratamento de pacientes deprimidos (Falcone, 2001). Assim, desenvolveu uma inovadora concepção a respeito de como é o funcionamento de pessoas com transtornos psicológicos, cunhando o termo terapia cognitiva (Knapp, 2004). O pressuposto básico do modelo cognitivo é que nossa cognição influencia nossas emoções e comportamentos (A.T. Beck, 1979). Além disso, nossos pensamentos podem ser monitorados e alterados, promovendo, desta forma, a mudança comportamental (Dobson & Dozois, 2006). Os pensamentos passíveis de monitoração são aqueles que ocorrem no pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 47 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! momento exato de uma determinada situação. A estes, Beck denominou pensamentos automáticos – PA (A.T. Beck 1979). A partir dos PA, podemos acessar níveis da cognição mais profundos como as crenças intermediárias e centrais, que são constituídas a partir de diversas experiências que tivemos ao longo de nossas vidas, desde a infância, sobre nós mesmos, os outros e o mundo (J. Beck, 1997). As experiências que fazem parte da construção de crenças que os indivíduos têm decorrem dos seus ambientes familiares até as escolas onde estudaram e os lugares que freqüentaram no decorrer de suas vidas confirmando as idéias que eles têm sobre as coisas (J. Beck, 1997). As crenças intermediárias são como regras que guiam o modo de funcionamento do indivíduo, sendo menos rígidas que as crenças centrais (Greenberger & Padesky, 1999). Estas estão mais enraizadas e são ativadas toda vez que um pensamento automático é disparado em face de uma situação que confirme a validade da crença disfuncional (J. Beck, 1997). Com base na breve explicação anterior, podemos supor que as situações de bullying escolar contribuem na formação de crenças disfuncionais do indivíduo a respeito de si mesmo, das pessoas e do mundo. Isto se manifesta em sintomas clínicos importantes como déficit em auto-estima, ansiedade excessiva, falta de assertividade e outras habilidades sociais, déficit em resolução de problemas etc (Sánchez, 2006). A Figura 4 ilustra o um exemplo do modelo cognitivo de Beck e a constituição de crenças da vítima a partir do bullying escolar. Figura 4 – Exemplo de possível modelo cognitivo de uma vítima de bullying escolar. Baseado em J. Beck (1997) e Fante (2005). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 48 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! No esquema acima visualizamos exemplos de crenças disfuncionais que podem fazer parte da vida do indivíduo que sofreu o bullying durante a fase escolar. Tais crenças podem acompanhar a pessoa por anos, atrapalhando-a em diversos segmentos de sua vida, uma vez que é uma “verdade” que as pessoas “sabem” sobre elas que é disfuncional (Beck, 1997). A violência à qual o aluno foi submetido, seja em forma de apelidos pejorativos constantes ou agressões físicas, são acontecimentos que servem como evidências que contribuem para o desenvolvimento de crenças disfuncionais ou a apóiam. O bullying, no caso, pode ser um fator predisponente, ou seja, que predispõe a pessoa a desenvolver algum tipo de transtorno (Kirk, 1997). Este pode ser desde um transtorno de humor como a depressão maior; de ansiedade como a fobia social ou ansiedade generalizada (Fante & Pedra, 2008) ou até mesmo um transtorno alimentar como a anorexia e bulimia nervosa que podem ter, como parte dos motivos de desenvolvimento, os comentários pejorativos ocorridos repetidamente ao longo da infância (Galvão, Pinheiro & Somenzi, 2006). De acordo com o exemplo de modelo cognitivo acima ilustrado, a pessoa com as crenças centrais supostas provavelmente poderia ter dificuldades interpessoais, problemas em relacionamentos afetivos e temor em assumir cargos mais elevados no contexto profissional (Fante & Pedra, 2008). Os agressores ou bullies também podem ser prejudicados por seus atos violentos durante sua fase de desenvolvimento. Segundo Fante e Pedra (2008), há uma considerável possibilidade do vitimizador reproduzir seus comportamentos anti-sociais na idade adulta caso não sejam estabelecidos limites a ele. Desta forma, pode se predispor esta criança, que pode já ter um transtorno comportamental como o transtorno desafiador opositivo ou transtorno de conduta (Teixeira, 2006), a desenvolver um transtorno de personalidade na idade adulta como, por exemplo, o transtorno de personalidade anti-social ou narcisista. Isto porque seus valores ligados à compaixão e empatia são pouco ou nada desenvolvidos (Fante & Pedra, 2008), mas, por outro lado, habilidades ligadas à manipulação e assédio por sedução podem ser altamente desenvolvidas, uma vez que são altamente adaptativas durante a fase de desenvolvimento do agressor (Dautenhahn & Woods, 2003). A seguir, a Figura 5 ilustra um possível modelo cognitivo de um autor de bullying escolar com base em J. Beck (1997), Fante (2005) e Lopes Neto e Saavedra (2008). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 49 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! Figura 5 - Exemplo de possível modelo cognitivo de um autor de bullying escolar. Baseado em J. Beck (1997), Fante (2005) e Lopes Neto e Saavedra (2008). A partir do esquema acima, podemos perceber que as crenças constituídas por autores de bullying podem ser extremamente prejudiciais tanto para eles próprios como para todos que com ele conviverem seja em ambiente familiar, profissional ou social. O modelo cognitivo e a terapia cognitiva, conforme visto, pode ser de grande ajuda na compreensão da dinâmica dos envolvidos no fenômeno bullying. A bibliografia integrando as duas áreas é praticamente inexistente, o que reforça a importância de mais pesquisas envolvendo estes campos. Conforme visto acima, os comportamentos violentos repetidos durante a fase de desenvolvimento podem contribuir na construção de crenças que irão compor a personalidade de indivíduos adultos. A seguir será abordada uma outra teoria que pode nos ajudar na compreensão deste processo: a teoria dos esquemas. 5.5. Teoria dos esquemas A teoria dos esquemas foi proposta por Jeffrey Young como uma extensão da terapia cognitiva clássica proposta por Aaron Beck. A razão de sua criação é que a terapia cognitiva beckiniana possui algumas limitações no que diz respeito ao trabalho com pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 50 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! pacientes mais crônicos, como aqueles com transtornos de personalidade (McGinn & Young, 2005). A abordagem focada nos esquemas tem influências de diversas linhas como a terapia cognitivo-comportamental, construtivismo, das relações objetais, gestalt e psicanálise, integrando todas essas teorias de maneira unificadora e consistente (Young, Klosko & Weishaar, 2008). Esta abordagem integrada trabalha com alguns construtos baseados no modelo cognitivo de Beck, o qual já foi abordado anteriormente. A expansão proposta por Young trabalha com cinco tópicos teóricos: esquemas iniciais desadaptativos, esquemas de um domínio (subdivisões dentro de um domínio), manutenção de um esquema, evitação e compensação do mesmo (Young, 2003). Os esquemas iniciais desadaptativos (EID) dizem respeito a pontos altamente estagnados e recorrentes que são desenvolvidos no decorrer da infância, sendo amplificados durante a vida do indivíduo, imprimindo em sua vida um grau de disfuncionalidade importante (Young, 2003.). Este mesmo autor afirma que a maior parte dos EID “são crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo em relação ao ambiente” (Young, 2003, p. 16). Por serem tão difíceis de mudar, é que podemos atribuir a importância dos esquemas ao desenvolvimento e manutenção dos transtornos mentais, em especial dos transtornos de personalidade (Riso & McBride, 2007). Young, Klosko e Weishaar (2008) afirmam que a disfuncionalidade do esquema provavelmente irá surgir em momentos mais tardios da vida do indivíduo, uma vez que as pessoas irão difundir e reafirmar os esquemas através de suas vivências e relações interpessoais. Ao contrário das crenças intermediárias, que são estruturas cognitivas condicionais e mais maleáveis (J. Beck, 1997), os EID são mais rígidos por serem incondicionais (Young, 2003). Assim, o indivíduo atua no mundo de forma a sempre confirmar seus esquemas, uma vez que são incontestáveis. O questionamento deles causa no indivíduo bastante desconforto (Young, 2003). Young (2003) relaciona a formação dos esquemas à estrutura familiar. Por exemplo, para a construção de esquemas de um domínio de desconexão e rejeição (quando a pessoa acredita que as expectativas de estabilidade, carinho e aceitação não serão satisfeitas), o autor o associa à família de origem negligente, agressiva ou imprevisível. Tomando por base que o ambiente escolar também é de extrema importância no desenvolvimento do ser humano e que as interações familiares não são as únicas fontes de influências (Bee, 2003), pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 51 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! podemos supor que a construção dos esquemas cognitivos também recebam contribuições das relações ocorridas na escola. Estas relações estão ocorrendo em maior quantidade principalmente em decorrência da crescente inserção da mulher no mercado de trabalho que, por vezes, acaba forçando que a criança seja cada vez mais deixada aos cuidados de instituições educacionais (Martins Filho, 2007). Deste modo, não podemos deixar de analisar o impacto que as relações interpessoais escolares têm sobre os indivíduos. Young (2003) propõe os domínios de esquemas desadaptativos que são: desconexão e rejeição, autonomia e desempenho prejudicados, limites prejudicados, orientação para o outro e supervigilância e inibição. A seguir será feita uma breve correlação entre esses domínios e situações ligadas ao bullying escolar. 5.5.1. A desconexão/ rejeição e o bullying escolar O domínio de desconexão e rejeição diz respeito à falta de expectativas que uma pessoa tem em relação ao atendimento das necessidades de segurança, cuidado, empatia, aceitação e respeito (McGinn & Young, 2005). Segundo Young (2003), os esquemas relativos a este domínio são: abandono/instabilidade; desconfiança/abuso, privação emocional, defectividade e vergonha e isolamento social/alienação. A família de pessoas com este tipo de esquema geralmente proporciona ao indivíduo um cenário de frieza, poucos vínculos, muitas rejeições, abusos, explosões e continência (McGinn & Young, 2005). Caso esse tipo de ambiente seja reproduzido também nas escolas através de atos de exclusão e intimidação principalmente, o esquema desadaptativo de desconexão e rejeição pode ser reforçado, podendo servir como um modo do indivíduo de conceber as pessoas como abusivas e rejeitadoras na vida adulta. 5.5.2. Autonomia/ desempenho prejudicados e o bullying escolar Este domínio se refere a pessoas que são oriundas de um ambiente familiar que afeta a autonomia do indivíduo, ou seja, ele se percebe menos competente caso esteja longe da família vivendo de forma independente (Young, 2003). Assim, a família que origina esse domínio é geralmente intrusiva, superprotetora e/ ou não consegue reforçar a criança caso pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 52 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! ela alcance um bom desempenho independente em suas tarefas (McGinn & Young, 2005). Seus esquemas são: dependência/ incompetência, vulnerabilidade, emaranhamento e fracasso (Young, 2003). Para além do ambiente familiar, os comportamentos de demonstrar que a criança é inadequada através de apelidos ou estigmatização ou até mesmo a falta de reforço por parte de professores face às conquistas da criança podem contribuir, em parte, para a formação desse tipo de esquema. 5.5.3. Limites prejudicados e o bullying escolar Este domínio tem como esquemas merecimento/ grandiosidade e autodisciplina/ autocontrole insuficientes (Young, 2003). Desta forma, as pessoas que o possui têm dificuldades em respeitar os direitos alheios, cooperar e assumir compromissos. As famílias destes indivíduos são calcadas na falta de limites e permissividade excessiva além de indulgência e falta de direção (McGinn & Young. 2005). Tais características são bastante relacionadas ao perfil dos autores de bullying que, segundo Coloroso (2004) os classifica como pessoas que podem procurar causar desequilíbrio de poder, ter intenções de causar danos e intimidação, não respeitando o espaço do outro. Isto pode estar associado à falta de limites em casa e, caso não o recebam também na escola, podem ter sua condição ligada ao esquema de limites prejudicados amplificada. 5.5.4. Orientação para o outro e o bullying escolar O domínio “orientação para o outro” e seus esquemas – subjugação, auto-sacrifício e busca de aprovação/ reconhecimento - está relacionado, conforme afirma Young (2003), à família de origem geralmente calcada na aceitação a todo custo em relação aos outros e supressão das próprias necessidades e emoções em prol de terceiros. Dentro do contexto escolar, esta questão pode estar associada às testemunhas. Coloroso (2004) divide as testemunhas em três tipos: as desengajadas, as possíveis defensoras e as defensoras. As primeiras são aquelas que fingem que nada acontece. As segundas não gostam do bullying, mas nada fazem para mudar. As últimas são aquelas que ajudam ou tentam ajudar a vítima de alguma forma (Coloroso, 2004). Há ainda aquele pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 53 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! estudante que por ter necessidade de ser aceito em um grupo, conforme ocorre na adolescência (Bee, 2003), acaba abrindo mão de seus valores pessoais para participar do bullying. Por vezes isso pode até servir como uma defesa, de modo que esta pessoa não passe de testemunha à vítima (Fante, 2005). Assim, pessoas que abrem mão de suas necessidades e valores, como esse tipo de testemunha mencionado, podem ter seu domínio de orientação ao outro reforçado, o que irá trazer algumas conseqüências na idade adulta (McGinn & Young, 2005). 5.5.5. Supervigilância/ inibição e bullying escolar Os esquemas pertencentes a este grupo envolvem negatividade/ vulnerabilidade ao erro, excesso de controle/ inibição emocional, padrões inflexíveis/ crítica exagerada e caráter punitivo (Young, 2003). As pessoas pertencentes a este domínio costumam controlar demasiadamente seus sentimentos, impulsos e escolhas em nome da evitação do erro ou do atendimento de regras e expectativas (McGinn & Young, 2005). A família de pessoas dentro deste domínio costumam ser severas, punitivas, perfeccionistas e podem considerar o prazer e a alegria como menos importantes do que desempenho e regras (Young, 2003). Dentro do contexto escolar as características ou atos estigmatizados da vítima que são condenados pelo(s) agressor(es), podem fazer o indivíduo aprender que seu modo de ser ou de se expressar é inadequado ou infeiror, o que é um fator comum em pessoas que sofreram bullying, resultando, muitas vezes, em dificuldades interpessoais (Fante, 2005). Conforme percebemos, as conseqüências do bullying podem ser exploradas à luz de diversas teorias que embasam as psicoterapias cognitivo-comportamentais. Deste modo, é possível também que apliquemos estes conhecimentos à prática da TCC, seja em contexto clínico ou institucional, conforme sugerem Sánchez (2006), Doll e Swearer (2006) e Alexander (2007). No capítulo seguinte serão expostas algumas intervenções anti-bullying de algumas partes do mundo e também do Brasil. Intervenções em âmbito clínico também serão enfocadas de acordo com a abordagem cognitivo-comportamental. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 54 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 6. INTERVENÇÕES PARA CASOS DE BULLYING NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Desde que o bullying escolar começou a ser estudado por Dan Olweus na Noruega,na década de 80 as pesquisas sobre o assunto começaram a ser iniciadas (Fante, 2005). Os estudos auxiliaram os especialistas a entender melhor o fenômeno e a identificálo dentro das escolas. Anos de dedicação foram necessários para que se pudesse traçar um campo de pesquisa consistente que mostrasse à comunidade científica a relevância do problema (Smith, Pepler & Rigby, 2004). Em seguida será exposto o programa clássico anti-bullying de Dan Olweus e intervenções para o fenômeno bullying no Brasil. Serão abordadas também algumas intervenções clínicas e em contextos educacionais a partir da abordagem cognitivo-comportamental. 6.1. O programa de prevenção e combate ao bullying de Dan Olweus Conforme já exposto, Dan Olweus foi o pioneiro em território mundial dentro dos estudos sobre o bullying escolar. Seus primeiros trabalhos a respeito de intervenções antibullying ocorreram na década de 80, inicialmente na cidade de Bergen na Noruega e, em seguida, em Oslo, capital do mesmo país (Olweus, 2004). Com o tempo, as amostras que o pesquisador utilizou em suas pesquisas eram bastante significativas, já que eram compostas por cerca de 130.000 alunos de mais de 700 escolas norueguesas. O programa de Olweus serviu de base para muitos outros projetos criados posteriormente no mundo todo (Gaitán, Ramuzgo & González, 2006). Os principais componentes do programa de Olweus estão presentes em sua obra clássica Bullying at School: what we know and what we can do (Olweus, 1993). Como metas, o programa pretende “reduzir, ao máximo possível, senão completamente, problemas existentes entre agressores e vítimas dentro e fora da escola, assim como prevenir o desenvolvimento de novos problemas” (Olweus, 1993, p. 65). As intervenções propostas pelo autor se dividem em três tipos: medidas para se aplicar na escola de modo geral, na sala de aula e individualmente (Olweus, 1993). Primeiramente ele coloca que, como pré-requisito, todos, ou seja, professores, alunos, pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 55 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! direção e os pais das crianças da escola onde o programa será aplicado devem estar alertas e comprometidos com o trabalho a ser realizado (Olweus, 2004). 6.1.1. Medidas aplicadas à escola de modo geral Uma primeira medida aplicada a todos é a fase de avaliação, que é feita através da aplicação do questionário de agressores e vítimas, elaborado pelo próprio pesquisador (Olweus, 1986 citado por Olweus, 2004). Feita a decisão a respeito da implementação do programa, um dia de conferência é realizado. O objetivo deste dia é estabelecer um plano de intervenção específico para a escola onde o trabalho será realizado (Olweus, 1993). Participam desta atividade os professores, diretores, coordenadores, psicólogos, enfermeiros, além de outros funcionários que porventura trabalhem na escola e pais e alunos selecionados (Olweus, 1993). Neste passo, é de extrema importância que “sejam criados passos que se refiram ao compromisso coletivo e responsabilidade pelo programa escolhido” (Olweus, 1993, p. 70). Um outro ponto importante que consta no programa do psicólogo norueguês é a vigilância consistente durante o horário do recreio e intervalos. Isto porque muitos dos casos de bullying ocorrem justamente nesses momentos e a presença de um adulto supervisionando inibe a prática (Olweus, 1993). Caso seja possível, é sugerido também que a escola tome providências no sentido de criar espaços de recreação mais atraentes às crianças e adolescentes com o intuito de manter todos em contato com atividades positivas ao invés de pensar no bullying (Olweus, 1993). Conforme já foi mencionado anteriormente, em alguns casos é difícil denunciar a agressão para diretores, professores ou outros responsáveis. Isto porque o medo de represálias vem à tona (Fante, 2005). Para sanar este problema, a criação de um telefone de contato pode ser útil. Esta medida consiste em um funcionário da escola, psicólogo ou pedagogo geralmente, dedicar algumas horas de seu expediente para atender ligações, que são denúncias anônimas de atos de bullying (Olweus, 1993). Outras estratégias gerais previstas no programa são as reuniões de pais e profissionais da escola; grupos de professores e círculo de pais. Tais medidas servem para discussão do andamento do programa; desenvolvimento de redes sociais entre alunos, uma vez que o pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 56 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! isolamento social propicia o bullying, grupos de estudos sobre textos ou livros a respeito do tema etc. Isto tudo é importante para que haja manutenção e debate sobre tudo que foi acertado anteriormente (Olweus, 1993). 6.1.2. Medidas aplicadas em sala de aula Além da importância de se adotar medidas que englobam toda a escola, o combate ao bullying deve ser reforçado na sala de aula. Isto pode ser feito através de acordos e atitudes como elogiar e chamar atenção quando necessário. O desenvolvimento de grupos de estudos cooperativos para estimular, além da aprendizagem, o espírito colaborativo, a empatia e laços sociais entre os alunos também constitui estratégia interessante (Olweus, 1993). Deve também ser feito o esclarecimento com os alunos sobre o que significa o bullying e quais podem ser suas conseqüências. A partir disso, é firmado um acordo baseado em três pilares: “não intimidar outros alunos; tentar ajudar aos que sofrem agressões e se esforçar para integrar os alunos que se isolam com facilidade” (Olweus, 1993, p. 82). 6.1.3. Medidas individuais As medidas individuais são mais focais e voltadas aos agressores, vítimas e seus pais. Ao se falar com um agressor sobre os episódios de bullying, isto deve ser feito de forma assertiva e deve-se deixar claro que comportamentos violentos não são e não serão tolerados na escola (Olweus, 1993). Alguns alunos podem se mostrar desafiadores e se opor ao discurso do professor que intervém, assim como podem tentar minimizar sua participação através de discurso manipulador. Em caso de serem muitos os agressores, deve se falar com eles individualmente e depois em grupo, reafirmando a questão da não tolerância às agressões no ambiente escolar (Olweus, 1993). Falar com a vítima também é uma atitude que se faz necessária. Este tipo de aluno agredido geralmente é tímido, ansioso e inseguro. Neste caso, mostrar a ele que pode ser protegido e acolhido pelos responsáveis da escola pode constituir uma grande ajuda (Olweus, 1993). Além disso, muitas vezes por medo de represálias, as vítimas temem falar pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 57 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! com os pais para que eles tomem algum tipo de atitude. O estabelecimento de uma parceria entre esses pais (também os pais dos agressores) e a escola é de grande ajuda para os problemas da vítima (Olweus, 1993). Uma outra aliança que pode ser feita é entre os alunos que são testemunhas do bullying e a própria escola, uma vez que eles estão convivendo tanto com as vítimas quanto com os agressores. Assim, podem servir de colaboradores ao trabalho anti-bullying (Olweus, 1993). 6.2. Programas Brasileiros 6.2.1. Educar para a paz O programa educar para a paz foi desenvolvido pela educadora Cleodelice Aparecida Zonato Fante do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre Bullying Escolar (CEMEOBES) de Brasília no início dos anos 2000. Fante (2005) afirma que, a respeito da questão de intervenção anti-bullying, há a necessidade da conscientização da existência e das conseqüências do fenômeno à comunidade escolar. Aparentemente parece uma questão óbvia, mas muitas escolas ainda não estão preparadas para lidar com esta temática justamente por não estarem a par de que a violência entre escolares constitui um ponto muito peculiar e sério não só em relação ao desempenho acadêmico das crianças e adolescentes, mas também para a constituição saudável da subjetividade dos estudantes (Fante, 2005). Assim sendo, a educadora Cleodelice Fante e colaboradores elaboraram o programa Educar Para a Paz a partir de muitos anos de experiência na área do magistério e de extensas pesquisas no campo da educação (Fante, 2005). Os objetivos principais são que os alunos sejam conscientizados do fenômeno e suas conseqüências, a fim de perceberem que tipos de pensamentos e emoções estão na base deste tipo de comportamento. Com isto, se interioriza valores humanos e se desenvolve a capacidade de empatia, além de se estabelecer o comprometimento dos alunos com o bem-estar comum. O primeiro passo, segundo o programa, é a aceitação de que o bullying é um fenômeno real. Isto se mostra importante devido à possível negação que algumas escolas podem demonstrar ao abordar o assunto (Fante, 2005). Isto acaba por ser uma atitude pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 58 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! agravante no que diz respeito à propagação da violência dentro da escola (Fante, 2005). Quanto mais cedo for feita a intervenção, maiores são as chances de resultados serem mais eficazes e duradouros. Em seguida é feita uma reflexão a respeito do que significa a violência escolar e através de que tipos de comportamento ela pode se manifestar. Isto é importante para que haja identificação das situações de violência que, muitas vezes podem passar despercebidas (Fante, 2005). Outro ponto importante é a escolha de comissões, coordenador e tutores do programa. Esta equipe é composta por professores, diretor, coordenadores, alunos e pais. Este grupo irá intervir e participar do processo de conscientização e das reuniões relativas ao andamento do programa assim como ajudarão na observação do comportamento entre os estudantes para possível identificação de bullying escolar. Deste modo, é feito um serviço investigativo através de observações e aplicação de instrumentos; divulgação dos indicadores e confecção do material explicativo e apresentação do diagnóstico escolar. A etapa seguinte diz respeito à modificação da realidade escolar propriamente dita e isto ocorre por meio de estratégias gerais (medidas de supervisão e observação dos alunos engajados no programa; serviço de denúncia e encontros semanais para avaliação), estratégias individuais (redação “minha vida escolar” e “minha vida familiar”; entrevista pessoal e em grupo com vítimas e agressores), estratégias em sala de aula (apresentação do estatuto contra o bullying; projetos solidários e investigações semanais) e estratégias familiares (encontros de pais e tutores, orientações sobre convivência familiar e grupos de pais solidários). Ao final de todos esses passos, é feito um novo diagnóstico a respeito da realidade escolar para verificação dos resultados e revisão/ manutenção do programa (Fante, 2005). Alguns pontos do programa Educar para a Paz são bastante semelhantes com a proposta de Dan Olweus realizada na Europa. 6.2.2. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes O Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes foi desenvolvido pela ABRAPIA nos anos de 2002 e 2003 e foi aplicado em escolas do município do Rio de Janeiro, que participaram também da pesquisa que permitiu o levantamento do número de estudantes envolvidos com o fenômeno bullying. Lopes Neto e pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 59 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! Saavedra (2008) afirmam que, na fase de intervenção, o relacionamento com as escolas foi importante para o sucesso do programa. O entendimento por parte das instituições como imposição não seria positivo, uma vez que cada escola possui suas próprias características (Lopes Neto & Saavedra, 2008). Depois de aceita a participação das escolas no programa, o trabalho começou a ser desenvolvido. Os autores afirmam que a aplicação do trabalho variou de uma escola para outra em decorrência das peculiaridades de cada uma. No geral o programa contou com métodos de conscientização, através de panfletos educativos para alunos, pais e professores. Tal medida auxilia no entendimento do fenômeno como algo que acontece no cotidiano das relações escolares (Lopes Neto & Saavedra, 2008). Além do trabalho educativo realizado, reuniões constantes com membros da escola eram feitos com a equipe da ABRAPIA, o que permitia troca de informações e orientação dos profissionais ao público escolar (Lopes Neto & Saavedra, 2008). Infelizmente em muitas escolas o investimento em programas anti-bullying é muito pouco, o que dificulta o combate ao fenômeno. Lopes Neto e Saavedra sugerem que, para além de um programa realizado em determinado momento na escola, o Programa de Redução de Comportamentos Agressivos deve fazer parte do plano político-pedagógico de cada escola (Lopes Neto & Saavedra, 2008). A implementação do programa em escolas do município do Rio de Janeiro conquistou resultados em tais instituições de ensino, servindo como exemplo e inspiração à elaboração de outros programas em escolas do Rio de Janeiro e Brasil. A pesquisa completa com mais informações, os autores publicaram em obra recente e atualizada (Lopes Neto & Saavedra, 2008). 6.3. A terapia cognitivo-comportamental e o bullying Além das estratégias criadas para implementar em escolas sugeridas pela área da educação (Fante, 2005) e pediatria (Lopes Neto & Saavedra, 2008), podemos somar a contribuição da psicologia através das intervenções cognitivo-comportamentais. A seguir será feita uma explanação a respeito dessa abordagem para que seja possível a compreensão pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 60 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! de como ela pode ser útil nos casos de bullying conforme alguns autores já descrevem (Doll & Swearer, 2006; Sánchez, 2006). A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterápica que teve início entre os anos 60 e 70 do século XX, quando os processos cognitivos começaram a ser incorporados às técnicas comportamentais (Costa, 1997). A TCC tem em sua base, portanto, princípios comportamentais e cognitivos. No que se refere aos princípios comportamentais, é importante lembrar que embora tenha sido Watson o fundador do Behaviorismo (Baum, 2006), as contribuições de Skinner, principal representante do Behaviorismo Radical, são fundamentais para a compreensão das estratégias comportamentais que compõem a TCC. Importante lembrar que os estudos de Watson tiveram como base os experimentos de Ivan Pavlov do final do século XIX o qual trabalhou com cães chegando ao chamado condicionamento clássico. Pavlov concluiu que ao associar dois estímulos (incondicionado e neutro) iria provocar o condicionamento de uma resposta, antes apenas presente frente ao estimulo incondicionado, frente ao estímulo neutro, agora chamado de estímulo condicionado. Esses estudos são importantes por explicarem o desenvolvimento de uma série de comportamentos desadaptativos. A TCC inclui estratégias comportamentais de tratamento que se baseiam nesse tipo de condicionamento (Rangé, 2001). Já os estudos de Skinner foram formulados a partir de experiências feitas por Edward Thorndike também do final do século XIX. Este pesquisador realizou uma série de experimentos com gatos, observando que após emitirem diversas respostas, os felinos, então, passavam a manifestar apenas uma: aquela que era seguida da possibilidade de acesso ao alimento (Falcone, 2006). Tal fenômeno ficou conhecido como lei do efeito, que postula que dentre as várias respostas emitidas em uma mesma situação, aquela que é seguida de satisfação do desejo do animal será a mais fortemente conectada com a situação (Glassman & Hadad, 2006). A lei do efeito de Thorndike foi precursora à teoria do condicionamento operante de Skinner, o qual desenvolveu uma série de experimentos nos quais concluiu que o comportamento do indivíduo é mantido em termos de freqüência devido às suas conseqüências, de modo que tais conseqüências reforçam o comportamento que as causou. Os estudos sobre condicionamento operante explicam também uma série de pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 61 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! comportamentos desadaptativos e a TCC possui técnicas comportamentais baseadas nesse entendimento. Outro importante autor para o desenvolvimento da abordagem cognitivocomportamental foi Albert Bandura que caracterizou a psicologia social cognitiva. Alguns aspectos essenciais da teoria de Bandura estão em sua publicação Modificação do Comportamento (1969). Os conceitos mais importantes da teoria de Bandura são: modelação (repetição de comportamento através da observação), experiência vicariante, auto-eficácia e expectativa de desempenho. Estes conceitos são muito importantes em um contexto de psicoterapia, uma vez que podem ser utilizados para se basear substancialmente uma formulação de caso cognitivo-comportamental como no caso das adicções, por exemplo (Aubin, 2008). Na década de 60, alguns modelos de psicoterapia cognitiva começaram a surgir como o treinamento auto-instrucional de Donald Meicheinbaum e a terapia racional emotiva de Albert Ellis (Dobson & Dozois, 2006). Este último foi um importante autor para o advento da terapia cognitiva tal como ela é hoje. Ellis publicou A Guide to Rational Living em 1961 onde escreveu sobre a angústia e ansiedade como resultados de pensamentos irracionais. O indivíduo passando a pensar racionalmente e aprendendo a aceitar a realidade provavelmente não sofreria tanto. Isto não quer dizer que a pessoa deva ser passiva diante das circunstâncias, mas também não seria racional ela ter pensamentos tão derrotistas conforme ocorre com os indivíduos que têm crenças irracionais (Ellis, 1962). As idéias de Ellis influenciaram significativamente o criador do modelo cognitivo mais difundido atualmente: Aaron Beck. O modelo cognitivo de Beck (1976) já foi exposto em capítulo anterior. O método de trabalho da terapia cognitivo-comportamental está calcado no empirismo colaborativo, ou seja, paciente e terapeuta trabalham em equipe para atingir o objetivo da terapia (Costa, 1997). Para alcançá-lo, é feita uma lista de metas, elaborada pelas duas partes. A abordagem, conforme mencionado anteriormente, é mais diretiva do que outras abordagens, muito embora não seja superficial, visto o aparato teórico por trás da prática da TCC, em especial a teoria dos esquemas de Young (2003) e o modelo cognitivo de Beck (1976), que lida com a modificação de estruturas profundas como as crenças centrais (Beck, 1997). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 62 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! As aplicações da terapia cognitivo-comportamental são bastante abrangentes, conseguindo abarcar uma série de problemas, incluindo depressão (Beck, 1997; Greenberger e Padesky, 1999; Fennell, 1997); transtorno do pânico (Barlow & Cerny, 1999); transtorno obsessivo-compulsivo (Cordioli, 2006; Cordioli, 2008; Rangé; Asbahr, Moritz & Ito, 2001); transtorno de estresse pós-traumático (Caminha, 2005); transtornos de personalidade (Beck, Freeman e Davis, 2005; Young, 2003); transtorno de ansiedade generalizada (Deffenbacher, 2003; Dugas & Robichaud, 2007); fobias específicas (Costa & Lanna, 2001); fobia social (Picon & Knijnik, 2004); dependência química (Luz Júnior, 2004; Rahioui & Reynaud, 2008); transtornos alimentares (Appolinário & Duchesne, 2001; Duchesne, 2006); stress emocional (Lipp e Malagris, 2001); jogo patológico (Prieto, 2001; Tavares & Rossini, 2008); transtornos do sono (Buela-Casal & Sanchéz, 2001); disfunções sexuais (Carey, 2003); transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (Duchesne & Mattos, 2001); tricotilomania (Opdyke & Rothbaum, 2003); esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (Beck & Alford, 2000); ansiedade frente a provas e concursos (José, Álvares, Sauer & Pergher, 2008) etc. A TCC ainda pode se adequar a diferentes públicos como crianças (Friedberg & McClure, 2004; Stallard, 2004; Stallard, 2007; Caminha & Caminha, 2007); grupos (White & Freeman, 2003; Bieling, McCabe, Antony et al, 2008); casais (Dattilio & Padesky, 1998); idosos (Bertrand, 2001), portadores de deficiências (Glat, 2001) e intervenções em contextos educacionais (Mennuti, Freeman & Christner, 2006), incluindo situações de bullying e coerção (Doll & Swearer, 2006; Sánchez, 2006). As intervenções cognitivo-comportamentais em casos de bullying possuem uma particularidade que é centrar-se na dinâmica escolar, uma vez que o fenômeno ocorre na interação entre pares (Doll & Swearer, 2006). No entanto, ações efetivas anti-bullying incluem também intervenções em casa e na comunidade onde a escola está inserida, uma vez que podem ocorrer episódios de violência fora da escola também (Doll & Swearer, 2006). Sánchez (2006) descreve uma intervenção em caso de bullying onde separa o tratamento por etapas. Tais etapas envolvem entrevistas com pais, entrevistas com a paciente, aplicação de escalas para avaliação, formulação do caso, treinamento de habilidades sociais, trabalho de auto-estima através de reestruturação cognitiva, relaxamento, treino assertivo e psicoeducação que envolve reuniões dos pais com responsáveis do colégio para explicar a situação que está ocorrendo (Sánchez, 2006). pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 63 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! As intervenções cognitivo-comportamentais para casos de bullying podem se mostrar eficazes tanto para a criança vítima do fenômeno quanto para as agressoras, assim como para a escola, pais e professores que aprendem a lidar com situações de indisciplina (Doll & Swearer, 2006). Smallwood, Christner e Brill (2007) sugerem propostas de intervenções cognitivo-comportamentais em escolas a partir de três níveis: universal, secundário e terciário (Smallwood, Christner & Brill, 2007). O primeiro é aquele que tem como alvo a escola inteira, ou seja, no caso do bullying, uma intervenção como o programa de Dan Olweus seria considerado como sendo deste nível. Os autores apontam este tipo de trabalho para outros problemas como uso de drogas, gravidez na adolescência, suicídio e promoção de competência (Smallwood, Christner & Brill, 2007). As intervenções em nível secundário restringem-se a estudantes específicos que estejam em situação de risco particulares dentro do contexto escolar (Smallwood, Christner & Brill, 2007), que no caso do bullying pode ser uma vítima prestes a cometer um suicídio ou até mesmo uma chacina. As intervenções em nível terciário, por sua vez, foca os estudantes com sintomas psicológicos. A terapia cognitivo-comportamental em grupo pode auxiliar esses alunos através de um programa de aconselhamento promovido pela própria escola (Smallwood, Christner & Brill, 2007). Assim, problemas como raiva, ansiedade excessiva com provas ou outras situações, depressão (Smallwood, Christner & Brill, 2007) podem ser trabalhados, além de isolamento social (Simmerman & Christner, 2007) e até mesmo adolescentes com síndrome de Asperger em contexto escolar (Livanis, Solomon & Ingram, 2007) que muitas vezes podem ser alvos de bullying (Dubin, 2007). Pode-se perceber, portanto que a terapia cognitivo-comportamental pode ser aplicada a contextos educacionais para ações anti-bullying ou não. No Brasil este tipo de intervenção ainda não é muito utilizado, sobretudo porque ainda há muito pouco conhecimento nessa área em vários países. 6.4. O treino de controle do stress e o bullying Foi visto anteriormente que o bullying pode atuar como uma variável que contribui significativamente para o desenvolvimento do stress crônico em crianças e adolescentes. Já foi enfatizada também a importância das estratégias de combate ao bullying dentro das pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 64 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! escolas. No entanto, uma outra abordagem terapêutica pode auxiliar vítimas e testemunhas do fenômeno a não chegar a fases mais avançadas do stress: o treino de controle do stress aplicado a crianças (Lipp, 2000). Lipp (2000) afirma que o stress na infância pode ser diagnosticado e controlado, evitando assim, o desenvolvimento de problemas maiores. Tricoli (2000) sugere medidas preventivas em relação ao stress. Isto inclui uma série de fatores por parte de professores como: cuidar do próprio stress, ser claro e paciente, reconhecer o trabalho bem feito de alunos, conhecer melhor os estudantes, estimular a superação de obstáculos, evitar ser agressivo, respeitar a individualidade, orientar na solução de problemas etc (Tricoli, 2000). Todas essas medidas são úteis não só para se evitar o stress em crianças, como também para fazer elas se sentirem mais valorizadas. Outra técnica fundamental neste contexto é o relaxamento infantil para que as crianças aprendam desde cedo a manejar as reações de stress (Tricoli, 2000). Como medidas a serem adotadas pela diretoria das escolas, o incentivo à prática de esportes com base na competitividade positiva e criação de espaços reservados ao convívio entre os alunos podem ser de grande ajuda para o combate ao stress (Tricoli, 2000). Uma alimentação farta em nutrientes necessários ao enfrentamento do stress é necessária (Lipp, Malagris & Novais, 2007). Esta dieta deve incluir uma série de vitaminas e sais que irão repor o que foi gasto pelo organismo ao reagir ao stress (Lipp, 1998). Todas essas medidas que compõem o treino de controle do stress - estratégias cognitivo-comportamentais, técnicas de relaxamento, alimentação e atividade física - são de grande ajuda para a promoção de bem-estar das crianças em ambiente escolar, o que pode conseqüentemente favorecer a redução da agressividade e stress excessivo (Lipp, 2000), que podem ser fatores conseqüentes e predisponentes ao bullying. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 65 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! 7. CONCLUSÃO Ao longo deste trabalho pôde-se perceber que o fenômeno bullying é muito amplo, abrangendo uma série de áreas de estudo desde as ciências sociais como a sociologia e a antropologia até a psicologia, neurociências e educação. Os impactos que o bullying pode ter na vida de escolares de ensino fundamental e médio são importantes de serem notados pela sociedade em geral, que deve repensar a questão do bullying ser apenas brincadeira ou adversidades naturais da fase de desenvolvimento, as quais devem ser vencidas pela própria criança ou adolescente sozinho. De fato, o gerenciamento do stress e aprendizado quanto a lidar com situações estressantes é extremamente benéfico para a formação de adultos saudáveis que saibam manejar o stress de forma adequada. No entanto, caso haja um estressor externo que, conforme foi visto, pode causar o desenvolvimento de crenças disfuncionais, que irão se manifestar como pensamentos automáticos disfuncionais (estressores internos), deve haver intervenções para que as conseqüências do fenômeno não alcancem a vida adulta. Os programas de prevenção e combate ao bullying já criados podem ser implementados nas escolas assim como as estratégias cognitivo- comportamentais podem ser utilizadas. Lipp (2000) afirma que uma sociedade composta por adultos saudáveis é bom em termos de produtividade. Para que essa sociedade exista, devemos estar atentos não só ao modo como as crianças e adolescentes aprendem a lidar com o stress, mas também como elas estão construindo suas relações interpessoais e lidando com a agressividade e os estímulos incessantes de uma sociedade cada vez mais pautada em valores da pós-modernidade. O trabalho com crianças estressadas é de extrema importância para se evitar o desenvolvimento ou agravamento de transtornos psicológicos na infância (Malagris & Castro, 2000). As intervenções anti-bullying favorecem a redução do stress na medida em que criam um clima escolar menos tenso e mais propício ao aprendizado. Todos que lidam com educação devem estar atentos a respeito dos atos violentos, pois eles fazem parte da natureza humana. Eles estão presentes nas nossas pequenas relações do cotidiano (Hirigoyen, 2008). Negar a sua existência pode apenas abrir mais espaço para que o fenômeno ecloda de maneiras mais visíveis e problemáticas. Conforme Lopes Neto e Saavedra (2008) enfatizam, os programas de combate ao bullying escolar devem fazer parte do plano político-pedagógico de cada escola, pois assim as ações antipdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 66 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! bullying farão parte do dia a dia dos estudantes que aprenderão em cada momento a interiorizar os valores de empatia, solidariedade, amizade e respeito ao próximo, o que Chalita (2008) propõe como pedagogia da amizade. A terapia cognitivo-comportamental pode fazer parte deste tipo de planejamento, podendo dar suas contribuições de forma significativa conforme os trabalhos de Doll e Swearer (2006), (Simmerman & Christner, 2007) e (Smallwood, Christner & Brill, 2007) demonstram. Podemos finalizar afirmando que a promoção de uma cultura do respeito dentro das escolas ajudaria muito na promoção da saúde mental, controle do stress e qualidade de vida das crianças, adolescentes e futuros adultos de nossa sociedade. pdfMachine Is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! 67 Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, if you can print from a windows application you can use pdfMachine. Get yours now! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abramovay, M.; Rua, M.G. (2004). Violência nas Escolas. Brasília: Unesco. Abreu, C.N.; Guilhardi, H.J. (2004). Terapia comportamental e cognitivo-comportamental: práticas clínicas. São Paulo: Roca. Alexander, J. (2007). A Agressividade na Escola – Bullying: um guia essencial para pais. Lisboa: Presença. Almeida, A.C. (2007). A Cabeça do Brasileiro. Rio de Janeiro: Record. André, C. (2007). 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