CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL:
ACOMPANHAMENTO DA SAFRA 2011/2012 - CENTRO-SUL
1ª Edição
Fevereiro de 2012
Universidade de São Paulo - USP
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ
Departamento de Economia, Administração e Sociologia
Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas - PECEGE
Coordenação:
CARLOS EDUARDO OSÓRIO XAVIER
DANIEL YOKOYAMA SONODA
LEONARDO BOTELHO ZILIO
PEDRO VALENTIM MARQUES
Equipe técnica:
ANA MARIA COVOLAM
CAMILA KRAIDE KRETZMANN
GUSTAVO JOSÉ SILVA MOREIRA
HAROLDO JOSÉ TORRES DA SILVA
HENRIQUE ROSA ANTUNES
JOÃO HENRIQUE MANTELLATTO ROSA
LISIANE ISSISAKI KAMIMURA
MARIA ALICE MÓZ CHRISTOFOLETTI
RICARDO DE CAMPOS BULL
RODOLFO MARGATO DA SILVA
WELLINGTON GUSTAVO BENDINELLI
PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: Acompanhamento
da safra 2011/2012 – Centro-Sul. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de
Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2012. 57 p. Relatório apresentado
à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
ISSN 2177-4358
SUMÁRIO
SUMÁRIO EXECUTIVO.......................................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
2. AMOSTRAGEM E METODOLOGIA ............................................................................... 13
3. RESULTADOS .................................................................................................................... 17
3.1 Indicadores de Produção .................................................................................................... 17
3.1.1 Fornecedores ................................................................................................................... 17
3.1.2 Usinas .............................................................................................................................. 18
3.2 Preços de insumos .............................................................................................................. 20
3.2.1 Agrícolas ......................................................................................................................... 20
3.2.2 Industriais ........................................................................................................................ 22
3.3 Custos ................................................................................................................................. 24
3.3.1 Fornecedores ................................................................................................................... 24
3.3.2 Usinas.............................................................................................................................. 31
3.3.2.1 Agrícola ..................................................................................................................... 31
3.3.2.2 Industrial e Administrativo........................................................................................... 37
4. EVOLUÇÃO DOS RESULTADOS DOS LEVANTAMENTOS DE CUSTO .................. 46
4.1. Fornecedores ..................................................................................................................... 46
4.2 Usinas ................................................................................................................................. 52
5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 56
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 58
3
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema de Custos. ............................................................................................................... 14
Figura 2. Distribuição da produtividade média (t/ha) para usinas. ........................................................ 18
Figura 3. Representação gráfica dos custos de produção e dos preços da cana-de-açúcar encarados
pelos fornecedores das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão para o
acompanhamento da safra 2011/12. ..................................................................................... 26
Figura 4. Margens da atividade canavieira na safra 2011/12 – Centro-Sul........................................... 27
Figura 5. Participação dos insumos no COE dos fornecedores de cana – Centro-Sul. ......................... 28
Figura 6. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo dos fornecedores de cana da
região Centro-Sul Tradicional. ............................................................................................. 29
Figura 7. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo dos fornecedores de cana da
região Centro-Sul Expansão. ................................................................................................ 30
Figura 8. Representação gráfica dos custos e preços de cana-de-açúcar, para a safra 2011/12,
considerando as usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão, em
R$/tc. .................................................................................................................................... 34
Figura 9. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região
Centro-Sul Tradicional, na safra 2011/12. ........................................................................... 35
Figura 10. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região
Centro-Sul Expansão, na safra 2011/12. .............................................................................. 36
Figura 11. COE, COT, CT e Preço médio para a região Centro-Sul Tradicional: a) Açúcar Branco e
Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado. ............................................................ 43
Figura 12. COE, COT, CT e Preço médio para a região Centro-Sul Expansão: a) Açúcar Branco e
Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado. ............................................................ 43
Figura 13. Indicadores de rentabilidade para os produtos industriais da região Centro-Sul Tradicional:
a) Açúcar Branco e Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado. ............................ 44
Figura 14. Indicadores de rentabilidade para dos produtos industriais da região Centro-Sul Expansão:
a) Açúcar Branco e Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado. ............................ 45
Figura 15. Evolução da produtividade agrícola da cana no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12 . 46
4
Figura 16. Evolução do teor de ATR por tonelada de cana no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12
.............................................................................................................................................. 47
Figura 17. Evolução dos preços pagos pelo CCT no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12........... 48
Figura 18. Evolução do custo da terra no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12. ........................... 48
Figura 19. Evolução dos custos e preços nominais da cana na região Tradicional: 2007/08 a 2011/12.
.............................................................................................................................................. 49
Figura 20. Evolução dos custos e preços nominais da cana na região de Expansão: 2007/08 a 2011/12.
.............................................................................................................................................. 50
Figura 21. Evolução do lucro/prejuízo da produção da cana: fornecedores das regiões Tradicional e
Expansão. ............................................................................................................................. 51
Figura 22. Custo total e preço médio para a cana – Comparativo entre safras. ..................................... 52
Figura 23. Custo total e preço médio para o Açúcar Branco – Comparativo entre safras. .................... 53
Figura 24. Custo total e preço médio para o Açúcar VHP – Comparativo entre safras. ........................ 53
Figura 25. Custo Total e Preço médio para Etanol Anidro – Comparativo entre safras. ....................... 54
Figura 26. Custo Total e Preço médio para o Etanol Hidratado – Comparativo entre safras. ............... 54
5
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Cidades e regiões em que os painéis foram realizados na safra 2011/12. .............................. 13
Tabela 2. Variáveis utilizadas no cálculo de custos de produção .......................................................... 15
Tabela 3. Principais parâmetros técnicos agrícolas dos fornecedores de cana-de-açúcar, para as regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. .................................................................. 17
Tabela 4. Mix de produtos utilizados nos modelos de custos regionais. ................................................ 19
Tabela 5. Produção relativa final dos produtos considerados nos modelos de custos regionais. ........... 19
Tabela 6. Preços médios, em R$ por unidade de medida, dos principais insumos agrícolas coletados,
nas sete mesorregiões que compõe a região Centro-Sul Tradicional, safra 2011/12 –
Fornecedor e Usina. .............................................................................................................. 20
Tabela 7. Evolução dos preços médios (R$) e taxas de crescimento dos principais insumos agrícolas
levantados na região Centro-Sul Tradicional (safras 2007/08 a 2011/12) – Fornecedores e
Usinas. .................................................................................................................................. 21
Tabela 8. Evolução dos preços médios dos principais insumos industriais coletados no Brasil (safra
2007/08 à safra 2011/12). ..................................................................................................... 23
Tabela 9. Reajustes de insumos industriais (%) e respectivos custos (R$/t) das usinas das regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. .................................................................. 23
Tabela 10. Premissas básicas adotadas no modelo de custos de cana de fornecedores, para as regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. .................................................................. 24
Tabela 11. Quantidade de ATR por tonelada de cana-de-açúcar (kg ATR/t) e preços do ATR (R$/kg
ATR) para as usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. .............. 24
Tabela 12. Custos de produção de fornecedores de cana-de-açúcar: regiões Centro-Sul Tradicional e de
Expansão – safra 2011/12. .................................................................................................... 25
Tabela 13. Premissas básicas adotadas no modelo de custos de cana das usinas, para as regiões CentroSul Tradicional e Centro-Sul Expansão. .............................................................................. 31
Tabela 14. Custos de produção de cana-de-açúcar de usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e
Centro-Sul Expansão para o acompanhamento da safra 2011/12. ....................................... 32
Tabela 15. Mínimos, máximos e médias de custos com manutenção industrial (R$/t), e as respectivas
participações dos grupos de materiais e serviços na composição desses custos, para usinas
das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. ............................................... 38
6
Tabela 16. Custos de produção agroindustrial do processamento de cana-de-açúcar: região Centro-Sul
Tradicional. .......................................................................................................................... 39
Tabela 17. Custos de produção agroindustrial do processamento de cana-de-açúcar: região Centro-Sul
Expansão. ............................................................................................................................. 40
Tabela 18. Custos de produção agroindustrial de açúcar e etanol: região Centro-Sul Tradicional. ...... 41
Tabela 19. Custos de produção agroindustrial de açúcar e etanol: região Centro-Sul Expansão. ......... 42
Tabela 20. Evolução dos custos totais de produção de cana-de-açúcar – fornecedores das regiões
Centro-Sul Tradicional e de Expansão (R$/t). ..................................................................... 51
Tabela 21. Evolução dos custos de produção de cana própria da usina, em R$/t. ................................. 55
Tabela 22. Evolução dos custos de produção do açúcar branco, em R$/t.............................................. 55
Tabela 23. Evolução dos custos de produção do açúcar VHP, em R$/t. ............................................... 55
Tabela 24. Evolução dos custos de produção do etanol anidro, em R$/m³. ........................................... 55
Tabela 25. Evolução dos custos de produção do etanol hidratado, em R$/m³. ...................................... 55
7
SUMÁRIO EXECUTIVO
O Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas – PECEGE,
vinculado a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ da Universidade de São
Paulo – USP, com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, divulga o
relatório final de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol para acompanhamento da safra
2011/12 na região Centro-Sul. Os levantamentos de tais custos de produção no Brasil são realizados há
cinco safras e possuem o objetivo de desenvolver uma pesquisa de extensão universitária que
possibilite a criação e divulgação de informações de interesse público que apóiem o desenvolvimento
das empresas do setor.
Iniciado para analisar a safra 2007/08, a série de levantamentos teve como objetivo original
calcular indicadores regionais de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol para as
grandes regiões sucroenergéticas brasileiras. Com a evolução dos trabalhos, novos objetivos foram
adicionados: i) definição de uma metodologia de contabilização de custos comum a todos os
participantes da pesquisa; ii) desenvolvimento de indicadores de desempenho de processos técnicos;
iii) caracterização de nível tecnológico, e; iv) criação de indicadores de preços pagos por uma cesta de
insumos de produção agroindustrial do setor sucroenergético brasileiro.
A série de levantamentos contou com a contribuição de quase duas centenas de instituições,
entre usinas, associações de fornecedores de cana-de-açúcar, sindicatos, federações, fabricantes de
equipamentos, centros de pesquisa, fornecedores de insumos e financiadores desses estudos. A todos
os apoiadores desse trabalho é disponibilizado acesso a análises técnicas e ferramentas sobre custos de
produção, assim como benchmarkings sobre as condições técnicas e econômicas da gestão de custos,
preços de insumos e processos produtivos.
Acompanhamento de custos da Safra 2011/2012 do Centro-Sul
O levantamento 2011/12 mediu os custos realizados, até outubro de 2011, por usinas e
fornecedores de cana da região Tradicional (delimitada pelos estados de SP, PR, RJ) e Expansão (GO,
MG, MS e oeste de SP). A amostra da pesquisa respondeu por aproximadamente um quinto da
produção no Centro-Sul do Brasil.
A safra 2011/12, quando comparada à anterior, foi marcada pela queda na produtividade da
lavoura, redução no teor de ATR e baixa taxa de utilização da capacidade industrial. O impacto direto
de tais fatores foi o aumento dos custos agroindustriais por unidade de produto, uma vez que se
processou 15,2% e 18,3% menos açúcares redutores utilizando a mesma capacidade industrial de uma
usina típica das regiões de Expansão e Tradicional, respectivamente. A variação de preços dos
produtos foi fator importante tanto para o aumento de custos, em função dos aumentos de preços da
matéria-prima e da remuneração da terra, como no aumento de rentabilidade. As variações nos preços
dos demais fatores de produção relevantes foram próximas a taxa de inflação da economia brasileira
em 2011, e, conseqüentemente, tiveram menor impacto no aumento de custos da safra 2011/12.
8
Apesar do sensível aumento de custos, os preços mais altos dos produtos, especialmente na
região Tradicional, permitiram que, pela primeira vez nos levantamentos PECEGE/CNA, em termos
médios, todos os agentes do setor sucroenergético do Centro-Sul conseguissem remunerar todos os
seus fatores de produção. A Tabela A destaca o resumo dos custos totais econômicos da cana na safra
2011/2012 e a Tabela B apresenta a divisão de custos operacionais por processo de produção agrícola
de fornecedores de cana-de-açúcar.
Tabela A. Custos de produção de cana-de-açúcar (R$/t) e margem de contribuição na safra 2011/12.
Custo operacional1
Custo econômico
Agente
Região
Margem econômica
(COT)
(CT)
46,48
56,29
35,6%
Fornecedor
Expansão
Fornecedor
Tradicional
52,50
70,63
4,9%
Usina
Expansão
55,09
60,52
21,4%
62,04
70,06
0,3%
Usina
Tradicional
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela B. Custos por etapa de produção de cana-de-açúcar (R$/ha) na safra 2011/12 dos fornecedores.
Etapa de produção
I – Lavoura*
Formação do canavial
Tratos culturais cana-planta
Tratos culturais cana-soca
Colheita
II – Remuneração da terra
III – Custos administrativos
IV – Depreciações total
Depreciação de máquina
V – Remuneração do capital
Custo total
Tradicional
Expansão
3.162,83
3.227,43
3.457,08
367,08
877,94
1.793,85
3.634,95
318,15
918,82
1.597,44
1.160,00
565,94
306,30
802,47
188,45
132,44
230,41
101,34
332,30
5.296,96
250,07
4.395,22
*A etapa e sub-etapas de produção I incluem os custos com depreciação de máquinas destacados na etapa IV
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Os resultados econômicos obtidos pela produção de açúcar e etanol também foram atraentes. Apesar da
grande melhora da remuneração média do mercado de etanol, a produção de açúcar permaneceu a mais rentável.
As Tabelas C e D apresentam o resumo de resultados dos principais produtos industriais.
1
No cálculo do Custo Operacional Total – COT são considerados os desembolsados realizados ao longo da safra (tais
como, mão-de-obra, insumos, materiais de escritório; etc), assim como depreciações de benfeitorias, máquinas e
equipamentos. O Custo Total - CT leva em conta também os custos de oportunidade do capital investido.
9
Tabela C. Custos de produção e margem de contribuição de açúcar VHP e branco (R$/t) na safra 2011/12.
Custo operacional
Custo econômico
Produto
Região
Margem Econômica
(COT)
(CT)
652,44
735,25
7,5%
Açúcar VHP
Expansão
681,31
776,36
28,1%
Açúcar VHP
Tradicional
704,32
787,47
26,2%
Açúcar Branco
Expansão
723,56
818,99
39,0%
Açúcar Branco
Tradicional
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela D. Custos de produção e margem de contribuição de etanol anidro e hidratado (R$/m³) na safra 2011/12.
Custo operacional
Custo econômico
Produto
Região
Margem Econômica
(COT)
(CT)
1.061,86
1.183,51
3,5%
Etanol anidro
Expansão
1.107,33
1.248,43
24,1%
Etanol anidro
Tradicional
988,23
1.101,58
3,1%
Etanol hidratado
Expansão
1.006,43
1.137,90
15,1%
Etanol hidratado
Tradicional
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Expansão
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
80
70
60
50
40
30
20
10
2007/08
Cana-de-açúcar - R$/t
A evolução dos custos totais de produção (CT) medidos pelo PECEGE/CNA e preços dos
produtos do setor sucroenergético é apresentada nas Figuras A, B e C.
Tradicional
CT
Preço médio
Figura A – Evolução custos totais (CT) e preço médio da cana de fornecedores do Centro-Sul.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
10
Açúcar VHP - R$/t
1.200
1.000
800
600
400
200
2010/11
2011/12
2010/11
2011/12
Expansão
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
-
Tradicional
CT
Preço médio
Figura B – Evolução custos totais (CT) e preço médio Açúcar VHP no Centro-Sul.
1.600
1.200
800
400
Expansão
CT
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
Etanol hidratado - R$/m³
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tradicional
Preço médio
Figura C – Evolução custos totais (CT) e peço médio do Etanol Hidratado no Centro-Sul.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
A continuidade dos levantamentos dos custos de produção da cana-de-açúcar, do açúcar e do
etanol permite um saudável e contínuo processo de aprimoramento metodológico e de criação de
credibilidade da parceria PECEGE/CNA junto aos agentes do setor sucroenergético. Destaca-se a
função desse estudo para difusão de métodos de cálculos de custos e análises setoriais, que têm se
tornado referências para identificação de agendas de governo, assim como contribuído para a análise e
comparação das boas práticas agroindustriais.
11
1. INTRODUÇÃO
A fim de dar seqüência às pesquisas de custos de produção do setor sucroenergético brasileiro,
o Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas – PECEGE, novamente em
parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, realizou no mês de novembro
de 2011 o 6º levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol do Brasil, mais
especificamente do Centro-Sul, tendo como referência o acompanhamento da safra 2011/12.
Assim, a pesquisa tem por objetivo apresentar um acompanhamento detalhado das principais
informações disponíveis sobre custos de produção agrícolas, industriais e administrativos, no sentido
de se obter um levantamento robusto tanto para fornecedores quanto para usinas.
Como os levantamentos de acompanhamento de safra são realizados durante a safra, ou seja,
em um período em que as informações de produção e custos das unidades sucroenergéticas estão em
consolidação, os questionários utilizados são mais objetivos e priorizam os indicadores mais relevantes
para a estimação dos custos de produção da safra. Esse estudo seguiu os mesmos procedimentos
descritos no levantamento de acompanhamento da safra 2010/11, e seguirá os mesmos procedimentos
de consolidação dos custos de fechamento de safra ao longo de 2012.
Além desta Introdução, o trabalho contempla análises descritivas sobre a Amostragem e
Metodologia (Seção 2) e Resultados (Seção 3), sendo que neste último podem ser encontrados
indicadores de produção (Subseção 3.1), preços de insumos (Subseção 3.2) e custos (Subseção 3.3),
divididos entre fornecedores e usinas. A Seção 4 apresenta a evolução dos resultados dos
levantamentos de custos. E, por fim, a Seção 5 aborda as principais conclusões.
Os resultados dos levantamentos anteriores (safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/2011 –
acompanhamento
Centro-Sul)
podem
ser
obtidos
através
do
site
do
PECEGE
(www.pecege.esalq.usp.br), bem como detalhes dos demais resultados obtidos pela pesquisa.
Por fim, a equipe do PECEGE agradece o apoio financeiro concedido pelas instituições:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
12
2. AMOSTRAGEM E METODOLOGIA
2.1 Amostra e coleta de dados
A amostra de usinas foi obtida por meio de preenchimento do questionário virtual no portal do
PECEGE, a partir de contatos iniciais via telefone e/ou e-mail. No que diz respeito às usinas, os
questionários continham consultas sobre indicadores de produção, custos e utilização de insumos, para
as áreas agrícola e industrial das unidades sucroenergéticas. Para o acompanhamento da safra 2011/12,
a amostra da pesquisa respondeu por aproximadamente um quinto da produção da região Centro-Sul.
Em relação aos fornecedores de cana-de-açúcar, a amostragem foi feita por meio de painéis, os
quais são apresentados na Tabela 1, discriminando-os de acordo com as grandes regiões de produção
consideradas no levantamento de informações.
Tabela 1. Cidades e regiões em que os painéis foram realizados na safra 2011/12.
Cidade (Painel)
Assis – SP
Campos dos Goytacazes – RJ
Catanduva – SP
Jacarezinho – PR
Jaú – SP
Piracicaba – SP
Porecatu – PR
Sertãozinho – SP
Araçatuba – SP
Goiatuba – GO
Maracaju – MS
Nova Olímpia – MT
Quirinópolis – GO
Rio Verde – GO
Uberaba – MG
Região
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Tradicional
Expansão
Expansão
Expansão
Expansão
Expansão
Expansão
Expansão
Fonte: Dados do PECEGE/CNA (2012).
13
2.2 Metodologia
A metodologia aplicada no estudo seguiu os procedimentos delineados por Marques (2009) e
Xavier et al. (2009), por meio do levantamento dos custos agrícolas (cana-de-açúcar) de fornecedores
autônomos e usinas, e de seus custos industriais (produção de açúcar e etanol).
A estimativa dos custos é feita a partir do esquema simplificado representado na Figura 1.
Figura 1. Esquema de Custos.
Fonte: PECEGE/CNA (2012), adaptado de Marques (2009) e Xavier et al (2009).
A Tabela 2 apresenta os grandes grupos de variáveis utilizadas nos modelos dos custos de
produção agrícola e industrial. A fim de torná-las aptas às estimativas de custos, as mesmas foram
padronizadas em forma de coeficientes técnicos, que, cada qual multiplicado pelo seu preço, resulta
em um valor monetário, em reais, equivalente ao custo da realização da respectiva operação. No
primeiro modelo (custo de produção agrícola), para o cálculo do COE, são consideradas as seguintes
variáveis: utilização de máquinas e/ou equipamentos; mão-de-obra; insumos; gastos com salários;
materiais de escritório; seguros (e/ou manutenção) de benfeitorias agrícolas; contas em geral (água,
luz, etc.); alimentação dos funcionários; serviços subsidiados para os funcionários; outros custos
14
administrativos relevantes; e, arrendamentos. Para o cálculo do COT são consideradas as depreciações
(segundo uma vida útil pré-determinada) de benfeitorias, de máquinas e equipamentos, e de
equipamentos de irrigação e fertirrigação, a partir do montante de capital investido. Por fim, o CT de
produção leva em conta os custos de oportunidade da terra própria e do capital investido. O primeiro
incide apenas sobre a terra cultivável, conforme os contratos de arrendamento de cada região. E o
segundo foi dividido em: capitais investidos na fundação da lavoura; equipamentos de irrigação e
fertirrigação; máquinas e implementos; e, benfeitorias.
Tabela 2. Variáveis utilizadas no cálculo de custos de produção
Custo
Custo
Operacional
Efetivo (COE)
Agrícola
(cana-de-açúcar)
Mecanização
Mão-de-obra
Insumos
Arrendamento
Administração
Industrial
(açúcar e etanol)
Mão-de-obra
Insumos
Manutenção
Administração
Custo
Operacional
Total (COT)
Depreciações
Remuneração do Proprietário
Depreciações
Custo
Operacional
Total (CT)
Remuneração da terra
Remuneração do capital
Custo de Oportunidade do
Capital
Administrativo
Mão-de-obra
Insumos e serviços
Capital de giro
Fonte: PECEGE/CNA (2012) adaptado de CONAB (2008), Marques (2009) e Xavier et al. (2009) .
*Para os cálculos, segue a metodologia de Marques (2009) e Xavier et al. (2009).
O segundo modelo (custo de produção industrial) parte da premissa de que os únicos produtos
produzidos pelas usinas são açúcar e etanol. O COE leva em conta os custos com mão-de-obra
(salários mensais, encargos trabalhistas e bônus de produtividade, considerando seus respectivos
cargos) – cuja divisão entre o açúcar e o álcool foi definida pelo rateio dos custos via ponderação da
quantidade total de ATR alocada para produção de cada produto; insumos (químicos, eletrodos de
proteção, sacaria e combustíveis, lubrificantes e eletricidade); manutenção, divida entre os grupos de
15
materiais e serviços contratados; e, administração, que inclui os custos administrativos do
departamento industrial das usinas (material de escritório, seguros, aluguéis, leasing de instalações,
serviços de consultorias, etc.).
Porém, para a mensuração dos valores de custos de depreciação industrial e de capital, a fim de
os investimentos manterem os mesmos valores, definiu-se que estes não incluem nenhum investimento
em caldeiras ou geradores de eletricidades, já que o último trata-se de um processo independente que
utiliza bagaço fornecido a custo zero e, por outro lado, supre com vapor e eletricidade, também a custo
zero, o processo produtivo de açúcar e etanol.
O COT industrial inclui, além do COE, a depreciação do investimento industrial, com
máquinas, equipamentos, veículos e edificações. Por fim, o CT adiciona ao COT o custo de
oportunidade do capital investido nas instalações industriais.
E, consideram-se os gastos com o departamento administrativo da usina, que incluem os
salários dos funcionários, custos de insumos e serviços desse departamento assim como a despesas
financeiras com capital de giro.
16
3. RESULTADOS
3.1 Indicadores de Produção
3.1.1 Fornecedores
Com base nos dados coletados nos painéis de acompanhamento da safra 2011/12, nota-se que
na região de Expansão os níveis de produtividade foram, em média, 13,3% superiores àqueles
informados na região Tradicional (81,33 tc/ha contra 71,75 tc/ha, respectivamente). Apesar disso, o
que mereceu atenção especial foi a grande queda de produtividade, em média, em comparação à safra
2010/11, de 7,7% e 10 %, nas duas regiões, respectivamente (Tabela 3).
Em termos de qualidade da cana, os valores médios da quantidade de ATR por tonelada de
cana no Centro-Sul mantiveram a tendência de recuperação desde a safra 2009/10, a qual sofreu com
altos índices de chuvas e baixos teores de sacarose na cana-de-açúcar.
Quanto à utilização de mudas no plantio, foram considerados valores iguais para ambas às
regiões, no total de 13,60 t/ha. Para a colheita, os níveis médios de mecanização foram de 91,0% para
a região de Expansão e de 51,0% para a Tradicional, prosseguindo com a tendência de aumento de
mecanização utilizada na colheita dos canaviais brasileiros.
Tabela 3. Principais parâmetros técnicos agrícolas dos fornecedores de cana-de-açúcar, para as regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Parâmetros
Produtividade
(t/ha)
agrícola
Raio médio (km)
Concentração de ATR da
cana (kg ATR/t)
Porcentagem de colheita
mecanizada
Porcentagem de colheita
manual
Região
Tradicional
Expansão
Tradicional
Expansão
Tradicional
Expansão
Tradicional
Expansão
Tradicional
Expansão
Mínimo
Máximo
Média
48,0
65,0
18,0
15,0
84,0
102,0
50,0
30,0
71,75
81,33
28,38
22,86
124,57
133,07
15%
70%
30%
0%
142,06
151,30
70%
100%
85%
30%
136,30
141,43
51%
91%
49%
9%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
17
3.1.2 Usinas
Neste tópico são apresentados os principais indicadores técnicos agroindustriais necessários
para definição das premissas dos cálculos de custos, sendo eles: produtividade média, concentração de
ATR da cana própria e de fornecedores, participação da cana própria na produção, área arrendada e
mix de produção. Nesse levantamento de acompanhamento, os demais indicadores agroindustriais
relevantes para o modelo de custos PECEGE/CNA foram mantidos iguais aos da safra 2010/11.
Na Figura 2 observa-se que apenas 22% das usinas da região Centro-Sul Expansão e 20% das
usinas da região Tradicional apresentaram produtividade dentro da média histórica medida nos últimos
levantamentos PECEGE/CNA, na faixa de 80 a 90 t/ha. A produtividade na região de Expansão variou
entre 43,16 t/ha e 83,84 t/ha, e média estimada foi de 72,00 t/ha. Já na região Tradicional, a
produtividade variou entre 50,33 t/ha e 87,00 t/ha, e apresentou média de 72,44 t/ha.
40%
33%
30%
22%
22%
22%
20%
23%
19%
19%
19%
12%
10%
8%
0%
< 65 65 - 70 75 - 80 80 - 85 < 65 65 - 70 70 - 75 75 - 80 80 - 85 85 - 90
Centro-Sul Expansão
Centro-Sul Tradicional
Produtividae (t/ha)
Figura 2. Distribuição da produtividade média (t/ha) para usinas.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
As principais causas da queda de produtividade foram: o clima (chuvas escassas no período de
abril a outubro de 2011), o alto florescimento de cana-de-açúcar nos estados de São Paulo, Minas
Gerais e Goiás e os baixos níveis de renovação dos canaviais nas últimas safras.
No que diz respeito à concentração de ATR por tonelada de cana produzida pela própria usina,
os maiores índices foram verificados na região de Expansão, apresentando em média 137,39 kg/t. Na
região Tradicional este valor foi de 131,37 kg/t. Ou seja, uma queda de teor de ATR de 2,2% na
primeira região e 4,4% na segunda, em relação à safra anterior. No caso da primeira região, 55,5% das
18
usinas amostradas apresentaram concentração entre 134 e 140 kg/t, enquanto que na outra região
54,0% das usinas apresentaram concentrações entre 125 e 135 kg/t.
Em relação à participação da cana própria das usinas sobre a produção total, observa-se que na
região Centro-Sul a participação representou 75% do total. Mais especificamente, na região Centro-Sul
Expansão e Tradicional as participações foram de 89% e 68%, respectivamente. Quanto à área
arrendada pela usina, verificou-se que na região Tradicional 74% da área de produção das usinas foi
em terras arrendadas, enquanto na região de Expansão foi 76%.
No tocante à produção agroindustrial, constata-se que o mix típico das usinas da região
Tradicional tornou-se mais açucareiro na safra 2011/12, passando de 49,45% para 54,65%. A
participação da produção de etanol, por outro lado na região Centro-Sul Expansão caiu de 63,69% para
51,53%. Quanto ao mix de produtos, não foram perceptíveis mudanças relevantes nos percentuais
produzidos dos tipos de produtos, como listado na Tabela 4. O resumo de produtividade dos produtos
agroindustriais é destacado na Tabela 5.
Tabela 4. Mix de produtos utilizados nos modelos de custos regionais.
Região
Açúcar
Etanol
Expansão
VHP
57,59%
Branco
42,41%
Anidro
32,40%
Hidratado
67,60%
Tradicional
61,03%
38,97%
49,05%
50,95%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 5. Produção relativa final dos produtos considerados nos modelos de custos regionais.
Expansão
Açúcar (Kg/t de cana)
VHP
Branco
134,87
134,32
Tradicional
132,20
Região
132,74
Etanol (L/t de cana)
Anidro
Hidratado
81,92
87,94
80,91
86,83
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
19
3.2 Preços de insumos
3.2.1 Agrícolas
Esta subseção apresenta as informações amostradas na safra 2011/2012 sobre preços de
insumos agrícolas coletados diretamente com os fornecedores e usinas de cana-de-açúcar, para as
mesorregiões que compreendem a região Centro-Sul Tradicional. Os valores obtidos foram gerados
com o apoio dos resultados do projeto de pesquisa “Cálculos de índices de inflação da agroindústria
sucroalcooleira na região produtora Centro-Sul Tradicional do Brasil” financiado pela FAPESP.
Ressalta-se, neste ponto, que os coeficientes técnicos referentes ao consumo específico médio de cada
produto foram mantidos constantes aos da última safra levantada.
Ao comparar os preços dos principais insumos agrícolas entre as regiões analisadas, no
acompanhamento da safra 2011/12 (Tabela 6), nota-se que os preços de corretivos, fertilizantes,
herbicidas e inseticidas são distintos entre as sete regiões amostradas. Os preços médios da tonelada
dos fertilizantes de cana planta e cana soca foram inferiores na região de Catanduva, enquanto que a
região de Araçatuba apresentou valores comparativamente superiores às outras regiões.
Tabela 6. Preços médios, em R$ por unidade de medida, dos principais insumos agrícolas coletados,
nas sete mesorregiões que compõe a região Centro-Sul Tradicional, safra 2011/12 –
Fornecedor e Usina.
Região Tradicional
Araçatuba Assis Catanduva
Jaú
Paraná Piracicaba Sertãozinho
Calcário (t)*
48,95
76,18
110,13
80,80
86,65
76,35
90,25
Corretivos
Gesso (t)*
50,90
94,80
85,90
81,80
107,15
62,40
96,80
Fert. Cana-Planta (t) 1.314,00 1.400,00 1.220,00 1.222,50 1.300,00 1.310,00
1.310,00
Fertilizantes
Fert. Cana-Soca (t)
1.328,00 1.228,33 1.126,00 1.221,00 1.183,33 1.170,00
1.170,00
Velpar K (Kg)
25,00
23,00
19,80
n.d
22,19
27,36
24,15
Gamit (l)
69,29
n.d
n.d
53,05
36,23
n.d
n.d
Glifosato (l)
8,79
6,17
5,35
n.d
5,07
5,54
10,79
Herbicidas
Volcane (l)
11,32
n.d
9,00
11,43
n.d
8,64
12,00
Plateau (Kg)
358,91
400,00
n.d
n.d
n.d
n.d
364,15
Butiron (l)
25,36
25,13
23,38
n.d
n.d
n.d
n.d
Combine 500 SC (l)
26,94
24,50
n.d
n.d
27,20
26,60
28,18
Inseticidas
Regent 800 WG (kg)
n.d
590,00
n.d
n.d
n.d
580,00
668,15
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Notas: n.d corresponde a valores não disponíveis.
* valores com frete
Categoria
Insumo
20
No que tange aos herbicidas, foram constatadas diferenças nos preços médios do Velpar K,
Gamit, Glifosato, Volcane, Plateau, Butiron e Combine 500 SC. O mesmo ocorreu para o principal
inseticida levantado, o Regent 800 WG. A seguir, a Tabela 7 analisa as evoluções dos preços médios
dos principais insumos agrícolas levantados desde a safra 2007/08 na região Tradicional.
Tabela 7. Evolução dos preços médios (R$) e taxas de crescimento dos principais insumos agrícolas
levantados na região Centro-Sul Tradicional (safras 2007/08 a 2011/12) – Fornecedores e
Usinas.
Categoria
Fertilizantes
Corretivo
Nematicidas
Herbicidas
Inseticida
Safra
Insumo
Taxa de
crescimento (a.a.)
Fert. Cana Planta (t)
2007/08
792,50
2008/09
1267,27
2009/10
1103,33
2010/11
1159,24
2011/12
1291,30
Fert. Cana Soca (t)
740,00
1061,95
1007,47
963,00
1208,93
9,24%
Calcário (t)
50,30
59,99
65,42
66,20
83,42
11,74%
Gesso (t)
52,45
53,57
63,37
65,50
80,55
11,17%
Furadan SC (l)
23,25
20,75
21,75
22,00
22,00
-0,52%
Combine (l)
33,00
30,15
27,61
26,41
26,68
-5,43%
Diuron (l)
n.d
29,60
17,80
8,55
14,56
-24,89%
Gamit (l)
41,20
37,40
40,85
34,00
52,86
4,11%
Hexaron (kg)
n.d
31,40
23,57
n.d
25,14
-5,72%
MSMA (l)
n.d
10,00
11,19
12,37
11,67
5,80%
Plateau (kg)
338,00
417,14
361,59
350,00
374,35
0,29%
Roundup (l)
10,00
10,91
7,20
n.d
9,04
-4,19%
Velpar K (kg)
29,35
31,34
28,80
22,06
22,66
-8,32%
Volcane (l)
11,50
11,00
10,70
8,77
10,48
-4,04%
Regent 800 WG (kg)
600,20
675,17
690,89
605,63
542,59
-3,06%
2,50
2,80
2,72
3,76
8,57%
Outros Insumos
2,60
Cotesia Flavipes (cp)
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Notas: n.d corresponde a valores não disponíveis.
9,28%
Os fertilizantes e corretivos agrícolas apresentaram crescimentos médios expressivos, acima de
10% a.a, muito acima do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) médio entre as safras 2007 e
2011, correspondente a um ano, que foi de 6,7%. No caso da categoria “Nematicidas” houve
decréscimo nos preços. O predomínio de reduções nos preços também ocorreu para os “Herbicidas” e
“Inseticidas”, com exceção do litro de Gamit, MSMA e do quilograma do Plateau, que tiveram
aumentos de 4,11% a.a, 5,80% a.a. e 0,29% a.a, respectivamente. Entre as safras de 2007/08 e
21
2011/12, o copo da Cotesia Flavipes, por sua vez, apresentou aumento médio de 8,57% a.a, quase dois
pontos percentuais acima da inflação.
3.2.2 Industriais
Esta subseção dedica-se à análise dos preços médios dos principais insumos industriais
utilizados pelo setor sucroenergético. Esses dados correspondem à média agregada das regiões CentroSul e Nordeste para as safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011, cujos valores foram
obtidos nas usinas por ocasião dos levantamentos de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e
etanol organizados pelo PECEGE. Não obstante, os preços médios para a safra 2011/2012 foram
coletados apenas com os fornecedores de insumos industriais para região a Centro-Sul Tradicional do
Brasil durante o mês de outubro/2011.
É possível analisar a evolução temporal dos preços médios dos principais insumos industriais,
desde a safra 2007/08 até a safra 2011/12, na Tabela 8. Observa-se que, tanto os eletrodos para picotes
quanto o fosfato utilizado no processo de geração de vapor, apresentaram aumentos significativos nos
seus preços (18,49% a.a. e 9,01% a.a., respectivamente), respectivamente 11,8% e 2,3% acima do IGPM. Em oposição a esse cenário, nota-se uma redução nos preços médios dos eletrodos de base e sobrebase, ácido fosfórico para tratamento de caldo e ácido sulfúrico para fermentação (-11,17% a.a., 11,06% a.a. e -7,47% a.a., respectivamente).
Os principais insumos industriais utilizados para o tratamento de caldo mantiveram uma
tendência de redução anual nos seus preços, conforme apontado no relatório de fechamento da safra
2010/11 do PECEGE/CNA. Esta situação, entretanto, não se configurou apenas para o anti-incrustante,
cujo preço médio apresentou aumento anual irrisório no período analisado (safra 2007/08 a 2011/12).
O resumo da variação dos preços dos insumos industriais e custos de utilização dos insumos
pelas usinas são expostos na Tabela 9. Os dados foram baseados na coleta de primários com usinas e
fornecedores de insumos, assim como na coleta de dados secundários para grupos de insumos cujos
preços são regulados. Em função das variações semelhantes, os dados de preços são apresentados de
forma agregada para as duas regiões.
22
Tabela 8. Evolução dos preços médios dos principais insumos industriais coletados no Brasil (safra
2007/08 à safra 2011/12).
Processo
Insumo
Unidade de
consume
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12*
Taxa de
crescimento
(a.a.)
6,30
5,05
5,10
5,10
-0,36%
Preço (R$/kg)
Recepção
Lubrificante
ml/t cana
4,67
Extração
Eletrodo (chapisco)
g/t cana
10,92
9,25
10,64
10,57
n.d
0,41%
Extração
Eletrodo (base e sobre-base)
g/t cana
12,46
17,89
12,41
9,48
n.d
-11,17%
Extração
Eletrodo (picotes)
g/t cana
20,87
19,35
30,13
31,70
n.d
18,49%
Extração
Eletrodo (facas, desfibrador)
g/t cana
21,21
57,05
27,56
23,03
n.d
-4,70%
Trat. caldo
Cal virgem
kg/t cana
0,23
0,20
0,23
0,13
0,28
0,00%
Trat. caldo
Anti-incrustante
kg/t açúcar
n.d
3,51
3,15
3,53
n.d
0,24%
Trat. caldo
Ácido Fosfórico
kg/t açúcar**
2,32
2,10
1,62
1,53
1,51
-11,06%
Trat. caldo
Enxofre
kg/t açúcar**
1,34
1,11
0,57
1,13
1,06
-4,34%
Fermentação
Ácido Sulfúrico
kg/m³
0,95
0,57
0,48
0,66
0,60
-7,47%
Fermentação
Dispersante
kg/m³
10,65
11,63
11,20
10,83
14,12
5,05%
Fermentação
Anti-espumante
kg/m³
5,86
5,60
6,07
6,68
6,70
4,53%
Fermentação
Anti-biótico
g/m³
179,84
212,82
234,09
204,75
170,40
-1,45%
Fermentação
Nutriente
kg/m³
2,13
1,74
2,70
2,03
n.d
3,01%
Destilação
Soda caustic
kg/m³
1,83
2,10
1,91
1,68
1,56
-5,24%
Geração vapor
Dispersante
g/t vapor
9,17
7,87
7,95
9,02
n.d
-0,39%
Geração vapor
Fosfato
g/t vapor
9,15
7,51
8,07
11,91
n.d
9,01%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Notas: * Os valores para a safra 2011/12 referem-se tão somente à região Centro-Sul Tradicional do Brasil coletados no
mês de outubro/2011.
** açúcar branco.
n.d corresponde à valores não disponíveis.
Tabela 9. Reajustes de insumos industriais (%) e respectivos custos (R$/t) das usinas das regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Custos médios em R$/t
Insumos
Químicos
Eletrodos
Combustíveis*
Lubrificantes
Energia elétrica**
Embalagem***
Reajuste médio
4,3%
-2,3%
4,8%
0%
7,2%
5,9%
Tradicional
Expansão
1,06
0,14
0,16
0,14
0,27
0,41
1,49
0,10
0,22
0,10
0,20
0,34
Fonte: Dados do levantamento PECEGE/CNA (2012), *ANP (2011), **ANEEL (2011), IPEADATA (2011).
23
3.3 Custos
3.3.1 Fornecedores
A fim de estimar os custos de produção da cana-de-açúcar dos fornecedores, as Tabelas 10 e 11
apresentam as premissas adotadas nos modelos desenvolvidos, que seguiram os mesmos
procedimentos da safra 2010/11. Destaca-se que o preço do ATR foi estimado como a média de safra
até novembro de 2011, reajustado em 6,64%, valor médio histórico de variação do preço do ATR entre
novembro e março.
Tabela 10. Premissas básicas adotadas no modelo de custos de cana de fornecedores, para as regiões
Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Descrição
Produção (t)
Produtividade (t/ha)
Cortes
Área útil total (ha)
Área própria (ha)
Área arrendada (ha)
Colheita mec. (%)
Raio médio (km)
Preço arrendamento (t/ha/ano)
Tradicional
9.825
75,00
6
131
116
15
54%
24,8
17,78
Expansão
30.842
78,08
5
395
254
141
95%
21,3
12,30
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 11. Quantidade de ATR por tonelada de cana-de-açúcar (kg ATR/t) e preços do ATR (R$/kg
ATR) para as usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Região
Tradicional
Expansão
ATR médio (kg/t cana)
138,50
142,66
ATR padrão (kg/t cana)
121,97
121,97
Preço ATR (R$/kg)
0,5349
0,5349
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Os custos de produção de cana-de-açúcar e os preços para os fornecedores indicam que, pela
primeira vez após levantamentos de cinco safras realizados pelo PECEGE, o resultado da atividade
canavieira foi lucrativo no Centro-Sul brasileiro como um todo (Tabela 12 e Figura 3).
24
Tabela 12. Custos de produção de fornecedores de cana-de-açúcar: regiões Centro-Sul Tradicional e de
Expansão – safra 2011/12.
Descrição
Mecanização
Mão de obra
Insumos
Fertilizantes
Corretivos
Herbicidas
Inseticidas (formicida, cupinicida)
Outros (fungicida, maturador, etc)
Arrendamento
Despesas administrativas
Contador
Tributos
Outras
Custo Operacional Efetivo (COE)
Depreciações
Formação do Canavial
- Mecanização
- Mão de Obra
- Insumos
Máquinas
Benfeitorias
Irrigação
Remuneração do proprietário
Custo Operacional Total (COT)
Remuneração da terra
Remuneração do capital
Formação do canavial
Irrigação/fertirrigação
Máquinas e implementos
Benfeitorias
Capital de giro – juros
Custo Total (CT)
Tradicional
R$/t
R$/ha
16,27
1.220,47
9,09
681,99
6,27
470,58
4,89
366,67
0,38
28,28
0,58
43,41
0,19
14,35
0,24
17,88
1,77
132,82
2,91
218,45
0,43
32,40
1,33
99,75
1,15
86,30
36,32
2.724,31
11,54
865,81
7,46
559,51
2,17
162,48
0,96
71,96
4,33
325,07
3,07
230,41
1,01
75,89
0,00
0,00
4,63
347,49
52,50
3.937,61
13,70
1.027,17
4,43
332,30
1,57
117,50
0,00
0,00
1,52
113,72
0,74
55,33
0,61
45,76
70,63
5.297,08
R$/t
19,26
3,11
7,21
5,30
0,66
1,09
0,03
0,13
3,67
1,32
0,21
0,70
0,40
34,56
10,82
9,13
2,11
1,40
5,62
1,30
0,40
0,00
1,10
46,48
6,61
3,20
1,64
0,00
0,65
0,30
0,62
56,29
Expansão
R$/ha
1.503,51
242,75
562,99
414,00
51,42
85,27
2,16
10,14
286,45
102,90
16,73
54,66
31,51
2.698,61
845,07
712,63
164,41
109,19
439,03
101,34
31,10
0,00
85,54
3.629,23
516,02
250,07
128,27
0,00
50,58
23,10
48,12
4.395,32
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Na região Tradicional houve em média uma sobra líquida de R$ 3,46/tc, cujos recebimentos
puderam cobrir custos desembolsáveis, depreciações e de oportunidade, enquanto que na região de
Expansão a sobra chegou a R$ 20,02/tc. Pode-se destacar que, apesar do aumento de praticamente
19,0% nos custos, em ambas as regiões, projeta-se um aumento significativo dos preços, fator
25
preponderante para a melhora da atratividade da atividade. Nota-se ainda que as quedas de
produtividade agrícola tratam-se do principal fator para o acentuado aumento de custos de produção,
situação que pode ser considerada como preocupante quando olhada no longo prazo, uma vez que
possíveis quedas de preços podem extinguir economicamente canaviais que permaneçam com baixas
produções.
80
R$/tc
60
76,31
74,08
70
18,13
9,81
50
40
16,18
11,92
30
20
36,32
34,56
Tradicional
Expansão
10
0
COE
COT
CT
Preço cana
Figura 3. Representação gráfica dos custos de produção e dos preços da cana-de-açúcar encarados
pelos fornecedores das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão para o
acompanhamento da safra 2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Na comparação das duas regiões contempladas nesse estudo, fica claro, novamente, a
disparidade entre o custo de terra entre uma e outra região. Enquanto que em estados como São Paulo
e Paraná o custo da terra girou em torno de R$ 1.160,00/ha, nos estados de fronteira agrícola esse valor
foi estimado em cerca de R$ 800,00/ha, ou seja, aproximadamente 30% abaixo dos estados
tradicionais. Isto possui um peso significativo na atratividade da produção de cana, sendo que a região
Tradicional segue tendo, a exemplo dos levantamentos anteriores, sua atratividade limitada pelo preço
desse fator de produção. Outros dois itens preponderantes na divergência de custos entre as regiões são
a remuneração do proprietário (quatro vezes maior na região Tradicional) e as depreciações de
maquinários (duas vezes superior na região Tradicional). Tais itens carecem de acompanhamento
rígido para que seu impacto negativo sobre a atratividade possa ser mitigado.
26
Derivada da relação entre preço e custos, emerge a análise das margens do setor (Figura 4).
Para fornecedores do Centro-Sul, as margens brutas variaram entre 104,0% e 121,0%. As margens
líquidas ficaram entre 41,0% e 64,0% e a medida de lucro/prejuízo da safra foi estimada entre 5% e
36%. Isto significa que:
a) Houve sobra de caixa para o produtor;
b) Depreciações e custos de oportunidade foram adequadamente remunerados;
c) Parte dessa sobra deve ser revertida em fundo para depreciações, uma vez que o parque de
máquinas e a lavoura devem ser reconstituídos ao longo dos anos;
d) Trata-se de um momento adequado para recuperar os canaviais, uma vez que as taxas de
renovação dos mesmos encontram-se limitadas nas últimas três safras.
140%
120%
120,79%
103,95%
100%
80%
64,17%
60%
41,11%
35,56%
40%
20%
4,89%
0%
Tradicional
Margem bruta - COE (%)
Expansão
Margem líquida - COT (%)
Lucro/prejuízo - CT (%)
Figura 4. Margens da atividade canavieira na safra 2011/12 – Centro-Sul.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Cabe também apresentar a participação dos insumos de produção dentro do custo operacional
efetivo de produção (Figura 5). Ao encontro dos resultados dos demais levantamentos, os fertilizantes
são a classe de insumos que mais peso possui sobre o total, seguidos das mudas, corretivos e
defensivos, que, em comparação à safra 2010/11, o gasto total com insumos cresceu 12,6%.
27
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Tradicional
Fertilizantes
Corretivos
Expansão
Herbicidas
Inseticidas
Mudas
Outros
Figura 5. Participação dos insumos no COE dos fornecedores de cana – Centro-Sul.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
As Figuras 6 e 7 apresentam os fluxogramas de custos agrícolas por estágio de produção,
importante parâmetro de comparação com outras medidas de custos disponibilizadas no mercado, para
as regiões Centro-Sul Tradicional e de Expansão, respectivamente. Os estágios considerados, tanto
para fornecedores quanto para usinas, foram: formação do canavial, tratos culturais de cana planta,
tratos culturais de cana soca e colheita, e os demais itens esquematizados são a remuneração da terra,
os custos administrativos, as depreciações e os custos de oportunidade vinculados ao capital
imobilizado. Vale ressaltar apenas que os custos das operações são apresentados em termos dos
valores de custos por hectare médio, ou seja, o item formação do canavial, que compreende o preparo
de solo e plantio, está dividido pelo número de cortes, assim como os tratos culturais de cana-planta,
enquanto os custos de tratos culturais de cana soca correspondem a 80% do valor nominal, uma vez
que esse estágio é realizado em 80% da área.
28
Figura 6. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo dos fornecedores de cana da região Centro-Sul
Tradicional.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Nota: Depreciações de máquinas e implementos agrícolas embutidas nos valores de custos dos estágios de produção: preparo do solo, plantio,
tratos culturais cana planta, tratos culturais cana soca e colheita. Além disso, cabe ressaltar que os valores apresentados (R$/ha e R$/ton)
para cada um desses estágios foram ponderados de acordo com as suas respectivas áreas.
29
Figura 7. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo dos fornecedores de cana da região Centro-Sul
Expansão.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Nota: Depreciações de máquinas e implementos agrícolas embutidas nos valores de custos dos estágios de produção: preparo do solo, plantio,
tratos culturais cana planta, tratos culturais cana soca e colheita. Além disso, cabe ressaltar que os valores apresentados (R$/ha e R$/ton)
para cada um desses estágios foram ponderados de acordo com as suas respectivas áreas.
30
3.3.2 Usinas
3.3.2.1 Agrícola
Esta subseção visa desenvolver o detalhamento dos custos de cana-de-açúcar das usinas –
agrícola, a partir das premissas adotadas na Tabela 13. Destaca-se que o preço do ATR foi estimado
seguindo os procedimentos apresentados no tópico 3.3.1
Tabela 13. Premissas básicas adotadas no modelo de custos de cana das usinas, para as regiões CentroSul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Descrição
Produção (t)*
Moagem (t)*
Participação de cana própria (%)*
Produtividade (t/ha)
Cortes*
Área útil total (ha)
Área própria (ha)
Área arrendada (ha)
Colheita mec. (%)*
Raio médio (km)*
Preço arrendamento (t/ha/ano)*
ATR médio (kg/t cana)
ATR padrão (kg/t cana)
Tradicional
1.620.000
2.400.000
67,5
72,44
5
22.372
5.910
16.462
64,4
25,92
18,15
131,37
121,97
Expansão
1.752.000
2.400.000
73,0
72,0
5
24.332
5.728
18.604
86,4
26,27
11,42
137,39
121,97
* Valores amostrados na safra 2010/11
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
A Tabela 14 mostra os resultados de custos de produção de cana-de-açúcar produzidos pela
própria usina, considerando grandes grupos de custos das duas regiões produtoras, com referência à
safra de acompanhamento 2011/12.
31
Tabela 14. Custos de produção de cana-de-açúcar de usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e
Centro-Sul Expansão para o acompanhamento da safra 2011/12.
Descrição
Mecanização
Mão-de-obra
Insumos
Arrendamento
Despesas administrativas
Custo Operacional Efetivo (COE)
Depreciações
Formação do Canavial
Máquinas
Benfeitorias
Irrigação
Custo Operacional Total (COT)
Remuneração da terra
Remuneração do capital
Formação do canavial
Irrigação/fertirrigação
Máquinas e implementos
Benfeitorias
CustoTotal (CT)
Tradicional
R$/t
R$/ha
17,16
1.243,42
10,56
764,96
5,63
408,08
12,03
871,26
2,41
174,50
47,79
3.462,22
14,25
1032,12
11,81
855,67
2,03
147,40
0,19
13,95
0,21
15,10
62,04
4.494,34
4,32
312,77
3,70
268,27
2,13
154,02
0,13
9,06
1,22
88,44
0,23
16,74
70,06
5.021,10
Expansão
R$/t
R$/ha
16,52
1.189,19
10,22
735,52
5,88
423,14
7,91
569,74
1,98
142,87
42,50
3.060,46
12,47
906,00
11,14
802,16
1,13
81,44
0,21
15,46
0,10
6,95
55,09
3.966,46
2,44
175,43
3,00
215,98
2,01
144,39
0,06
4,17
0,68
48,86
0,26
18,56
60,52
4.357,86
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Como resultados principais, os custos totais de produção de cana-de-açúcar, que englobam
todos os fatores econômicos de produção, incluindo custos de oportunidade da atividade, aumentaram
nas duas regiões pesquisadas. Ademais, verificou-se a expansão das diferenças entre os custos totais
das regiões. Os níveis de CT das usinas localizadas nas regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul
Expansão foram iguais a R$ 70,06/t e R$ 60,52/t, respectivamente. Na safra anterior, a título de
comparação, os valores de CT foram correspondentes a R$ 53,12/t e R$ 47,11/t.
Os aumentos generalizados dos custos agrícolas das usinas estão ligados essencialmente à
redução de produtividade e ao aumento de preços da cana-de-açúcar. As perdas de produtividade se
fizeram nítidas em todos os itens, particularmente nos itens de depreciação que, quando medidos em
32
termos de custos por produção unitários, ou seja, em R$/t, cresceram em 45,0% e 38,0%, nas regiões
Centro-Sul Tradicional e Expansão, respectivamente.
O impacto do aumento de preços da cana-de-açúcar refletiu-se nos sensíveis aumentos de
desembolsos com arrendamentos. Na região Centro-Sul Tradicional, os arrendamentos se tornaram o
segundo fator de produção mais impactante nos custos, logo após gastos com mecanização.
Arrendamentos e remuneração pelo uso de terras próprias permaneceram como o principal fator de
diferenciação entre os custos das regiões produtoras. Em síntese, devido à maior disponibilidade
relativa de áreas para a agropecuária, os valores de contratos de arrendamentos são menores na região
Centro-Sul Expansão e, conseqüentemente, possuem menor custo de oportunidade atrelado ao uso do
fator de produção terra, e por isso sua remuneração média referente à safra 2011/12 (R$ 10,35/tc) foi
bastante inferior aos custos incorridos na região Centro-Sul Tradicional, que atingiram R$ 16,35/tc,
basicamente em função do alto preço da cana-de-açúcar. A denominada remuneração do capital, por
sua vez, não apresentou diferenças regionais extraordinárias.
De maneira geral, as usinas típicas da região Centro-Sul experimentaram custos de produção de
cana-própria inferiores ao preço da cana-de-açúcar (Figura 8), ou seja, produzir cana-própria foi uma
atividade economicamente interessante nessa safra também para as usinas. Por outro lado, as
conseqüências da redução de produtividade foram a forte redução da oferta de cana, assim como a
diminuição dos rendimentos médios de máquinas e dos retornos esperados com os desembolsos em
insumos e mão-de-obra. A conseqüência direta foi que os custos de produção de cana de usinas da
região Centro-Sul Tradicional se aproximaram dos custos dos fornecedores, em média, tipicamente
mais elevados. Já na região Centro-Sul Expansão foram observados custos mais elevados para as
usinas do que aos fornecedores (R$ 60,29/tc contra R$ 56,29/tc, respectivamente).
33
80
70
60
R$/tc
50
8,02
73,49
70,27
5,43
14,25
12,59
40
30
20
47,79
42,50
Tradicional
Expansão
10
0
COE
COT
CT
Preço cana
Figura 8. Representação gráfica dos custos e preços de cana-de-açúcar, para a safra 2011/12,
considerando as usinas das regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão, em
R$/tc.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
A seguir, de forma sucinta, apresentam-se os fluxogramas de custos de produção discriminados
por processo/estágio e também por itens de custo (Figura 9 e Figura 10). Os estágios considerados são
os mesmos supracitados no item 3.3.1 Fornecedores.
34
Modelo agrícola da usina na região Tradicional
R$/ha
Formação do canavial
R$/ton
R$/ha
Remuneração da terra
1.184,03
R$/ton
855,67
11,81
Mecanização
395,69
5,46
Área própria
312,77
4,32
Mão de obra
226,37
3,12
Área arrendada
871,26
12,03
Insumos
233,60
3,22
R$/ha
Custos administrativos
Despesas administrativas
R$/ha
Tratos cult. cana planta
68,55
0,95
22,82
0,31
Mão de obra
21,51
0,30
Depreciação
Insumos
24,23
0,33
Tratos cult. cana soca
788,40
R$/ton
R$/ton
2,44
Benfeitorias
13,95
0,19
Irrigação/Fertirrigação
15,10
0,21
147,40
2,03
Máquinas e implementos
10,88
278,94
3,85
125,61
1,73
Remunerações de Capital
Insumos
383,85
5,30
Lavoura fundada
R$/ha
R$/ton
1.706,90
23,56
Mecanização
1.089,06
15,03
Mão de obra
617,84
8,53
0,00
0,00
R$/ton
268,27
3,70
154,02
2,13
9,06
0,13
Máquinas e implementos
88,44
1,22
Benfeitorias
16,74
0,23
Custo Total
5.075,38
70,06
Irrigação/Fertirrigação
Insumos
2,41
176,46
Mão de obra
Colheita
2,41
174,50
R$/ha
Mecanização
R$/ha
R$/ton
174,50
R$/ton
Mecanização
R$/ha
16,34
Figura 9. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Tradicional, na safra
2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Nota: Depreciações de máquinas e implementos agrícolas embutidas nos valores de custos dos estágios de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais cana
planta, tratos culturais cana soca e colheita. Além disso, cabe ressaltar que os valores apresentados (R$/ha e R$/ton) para cada um desses estágios foram
ponderados de acordo com as suas respectivas áreas.
35
Modelo agrícola da usina na região de Expansão
R$/ha
Formação do canavial
R$/ton
802,16
11,14
Mecanização
357,48
4,96
Mão de obra
184,15
2,56
Insumos
260,52
3,62
R$/ha
Remuneração da terra
10,35
Área própria
175,43
2,44
Área arrendada
569,74
7,91
R$/ha
Custos administrativos
Despesas administrativas
R$/ha
Tratos cult. cana planta
60,14
0,84
23,91
0,33
Mão de obra
13,99
0,19
Depreciação
Insumos
22,24
0,31
Benfeitorias
672,55
R$/ton
Máquinas e implementos
139,47
1,94
Mão de obra
132,18
1,84
Remunerações de Capital
Insumos
400,90
5,57
Lavoura fundada
R$/ton
1.696,59
23,56
Mecanização
1.107,25
15,38
Mão de obra
589,35
8,18
0,00
0,00
Insumos
R$/ton
103,85
1,44
15,46
0,21
6,95
0,10
81,44
1,13
R$/ha
Irrigação/Fertirrigação
Colheita
1,98
9,34
Mecanização
R$/ha
1,98
142,87
R$/ha
Irrigação/Fertirrigação
Tratos cult. cana soca
R$/ton
142,87
R$/ton
Mecanização
R$/ha
R$/ton
745,17
R$/ton
215,98
3,00
144,39
2,01
4,17
0,06
Máquinas e implementos
48,86
0,68
Benfeitorias
18,56
0,26
Custo Total
4.357,86
60,52
Figura 10. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Expansão, na safra
2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Nota: Depreciações de máquinas e implementos agrícolas embutidas nos valores de custos dos estágios de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais cana
planta, tratos culturais cana soca e colheita. Além disso, cabe ressaltar que os valores apresentados (R$/ha e R$/ton) para cada um desses estágios foram
ponderados de acordo com as suas respectivas áreas.
36
3.3.2.2 Industrial e Administrativo
Os custos agroindustriais são apresentados em valores nominais em detalhes nesta subseção.
Para seu cálculo, as premissas industriais da safra atual, tais como, moagem, configuração industrial e
perdas industriais foram mantidas iguais aos da safra anterior. As mudanças ocorreram nas premissas
de mix de produção e qualidade da qualidade da cana-de-açúcar, destacadas na seção 3.1.2 Usinas.
A premissa mais relevante para o cálculo de custos industriais na safra atual foi a ociosidade da
capacidade industrial, conseqüência da escassez de oferta de matéria-prima gerada pela redução de
produtividade agrícola. Para se considerar os efeitos da ociosidade de capacidade industrial instalada
foram incorporadas modificações no modelo de cálculo de custos. Esse modelo passou a considerar
uma taxa de utilização da capacidade industrial para o cálculo dos custos de depreciação e de
oportunidade do capital industrial imobilizado2. A razão dessa mudança é manter a base de produção
dos modelos médios regionais das safras anteriores, de 2,4 milhões de toneladas por safra. A taxa de
utilização da capacidade industrial na safra atual correspondeu a 85,5% e 86,7% da taxa da safra
2010/11 na região Tradicional e de Expansão, respectivamente.3 Como reflexo, houve o aumento de
18,2% nos custos de depreciação e custo de capital industrial.
Os demais fatores de custos operacionais industriais como manutenção, mão-de-obra e custos
administrativos também tiveram variações referentes, tanto em função da taxa de utilização da
capacidade industrial como também dos preços.
Os custos de manutenção industrial tiveram aumentos superiores a 10% em relação à safra
anterior e foram fortemente influenciados pela redução da taxa de utilização média da capacidade
industrial (Tabela 15). Os dispêndios médios com manutenção industrial foram mais altos na região de
Expansão, onde a usina representativa do modelo médio4 possuiu um custo 6,8% maior ao da usina
equivalente na região Tradicional. A concentração das empresas prestadoras de serviço de manutenção
às unidades do setor sucroenergético brasileiro na região Tradicional é um dos fatores destacados pelos
participantes da pesquisa.
2
Esses custos foram calculados como a razão os valores estimados para a safra 2010/11 e a da taxa de utilização da
capacidade industrial na safra 2011/12.
3
O procedimento para o cálculo da taxa de utilização da capacidade industrial é a razão entre a soma da moagem de todas
as usinas de cada região na safra atual e safra anterior.
4
A usina representativa do modelo médio regional considera a média válida para cada indicador da amostra. O critério de
validação utilizado para cada indicador de cada usina consiste em verificar se o valor declarado encontra-se dentro do
intervalo entre a média regional menos um desvio padrão da amostra e a média mais um desvio padrão da amostra.
37
Tabela 15. Mínimos, máximos e médias de custos com manutenção industrial (R$/t) para usinas das
regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão.
Item de custo
Manutenção
Estatística
Tradicional
Expansão
Mín
3,46
5,10
Máx
10,70
7,47
Méd
5,98
6,23
Modelo regional
5,30
5,66
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Os custos com mão-de-obra industrial e do departamento administrativos medidos por unidade
de processamento, ou seja, em reais por tonelada de cana processada, foram reajustados segundo os
valores médios dos dissídios salariais de 7,0% e 7,9% nas regiões de Expansão e Tradicional,
respectivamente. Os custos administrativos industriais e de departamento administrativo também
foram reajustados seguindo o mesmo dissídio salarial. Os custos com insumos industriais seguiram
variações supracitadas no tópico 3.1.2 Usinas, enquanto os demais grupos de custos foram mantidos
constantes.
Em relação aos modelos típicos de usinas das duas regiões pesquisadas, os resultados dos
custos de processamento agroindustrial da cana-de-açúcar estão nas Tabelas 16 e 17, das regiões de
Tradicional e de Expansão, respectivamente. Os mesmos são apresentados em reais e em reais por
tonelada de cana, além da participação relativa de cada departamento no custo final de processamento
da cana-de-açúcar.
Os custos de produção dos produtos finais açúcar branco, açúcar VHP, etanol anidro e etanol
hidratado são apresentados nas Tabelas 18 e 19 para as regiões Tradicional e de Expansão,
respectivamente. Em relação à safra 2010/11, todos os produtos tiveram aumento de custos entre 20%
e 25%. Na região Expansão, 15,8% do aumento foram em razão da redução de produtividade5,
enquanto na região Tradicional esse número chegou a 18,2%.
5
Estimada como a razão entre o total de ART processado em uma usina típica na safra 2011/12 e 2010/11, multiplicada
pela taxa de utilização do capital.
38
Tabela 16. Custos de produção agroindustrial do processamento de cana-de-açúcar: região Centro-Sul
Tradicional.
DESCRIÇÃO
Custo da cana
COE
Cana de fornecedores
COE cana própria
Depreciações
Remuneração do capital e terra
Custo industrial
Operação industrial
Mão-de-obra
Insumos
Químico
Eletrodos
Combustível
Lubrificante
Eletricidade
Embalagem
Manutenção
Material
Serviço
Administração industrial
Depreciação industrial
Custo de Capital industrial
Departamento administrativo
Mão-de-obra
Insumos e serviços
Capital de giro
Custo Total
Total Anual (R$)
171.284.811,23
135.194.943,65
57.737.845,98
77.457.097,67
23.090.764,19
12.999.103,39
59.306.863,45
29.094.893,13
9.621.222,56
5.222.895,98
2.539.031,52
338.453,96
386.328,00
327.430,48
655.988,57
975.663,44
12.722.181,82
7.633.309,09
5.088.872,73
1.528.592,78
9.976.826,97
18.706.550,57
21.755.571,85
7.440.951,69
5.123.870,77
9.190.749,39
252.347.246,53
R$/t
71,37
56,33
24,06
32,27
9,62
5,42
24,07
12,12
4,01
2,18
1,06
0,14
0,16
0,14
0,27
0,41
5,30
3,18
2,12
0,64
4,16
7,79
9,06
3,10
2,13
3,83
104,51
Participação
68,29%
23,04%
8,67%
22,35
15,39
27,60
100,00%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
39
Tabela 17. Custos de produção agroindustrial do processamento de cana-de-açúcar: região Centro-Sul
Expansão.
DESCRIÇÃO
Custo da cana
COE
Cana de fornecedores
COE cana própria
Depreciações
Remuneração do capital e terra
Custo industrial
Operação industrial
Mão-de-obra
Insumos
Químico
Eletrodos
Combustível
Lubrificante
Eletricidade
Embalagem
Manutenção
Material
Serviço
Administração industrial
Depreciação industrial
Custo de Capital industrial
Departamento administrativo
Mão-de-obra
Insumos e serviços
Capital de giro
Custo Total
Total Anual (R$)
155.485.810,30
123.917.043,55
49.449.404,13
74.467.639,42
22.045.084,70
9.523.682,05
60.792.547,22
31.104.725,96
9.896.634,05
5.857.473,31
3.581.778,82
236.725,12
532.464,00
232.041,90
469.260,00
805.203,47
13.584.000,00
8.150.400,00
5.433.600,00
1.766.618,61
9.711.722,66
18.209.479,99
27.649.835,19
10.756.291,91
7.702.793,89
9.190.749,39
243.928.192,70
R$/t
64,79
51,63
20,60
31,03
9,19
3,97
24,59
12,96
4,12
2,44
1,49
0,10
0,22
0,10
0,20
0,34
5,66
3,40
2,26
0,74
4,05
7,59
11,52
4,48
3,21
3,83
100,90
Participação
64,21%
24,37%
11,42%
100,00%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
40
Tabela 18. Custos de produção agroindustrial de açúcar e etanol: região Centro-Sul Tradicional.
DESCRIÇÃO
Custo da cana
COE
Cana de fornecedores
COE cana própria
Depreciações
Remuneração do capital e terra
Custo industrial
Operação industrial
Mão-de-obra
Insumos
Químico
Eletrodos
Combustível
Lubrificante
Eletricidade
Embalagem
Manutenção
Material
Serviço
Administração industrial
Depreciação industrial
Custo de Capital industrial
Departamento administrativo
Mão-de-obra
Insumos e serviços
Capital de giro
Custo Total
Açúcar
Branco R$/t
Açúcar
VHP R$/t
564,11
450,37
206,25
244,12
72,77
40,97
186,31
102,81
30,32
27,57
8,00
1,07
1,22
1,03
2,07
14,18
40,10
24,06
16,04
4,82
29,05
54,46
68,57
23,45
16,15
28,97
818,99
536,63
423,34
180,20
243,14
72,48
40,80
171,44
88,27
30,20
13,33
7,97
1,06
1,21
1,03
2,06
0,00
39,94
23,96
15,97
4,80
28,93
54,24
68,29
23,36
16,08
28,85
776,36
Etanol
Etanol Anidro
Hidratado
R$/m³
R$/m³
877,87
692,00
293,10
398,90
118,92
66,95
258,53
144,81
49,55
21,87
13,08
1,74
1,99
1,69
3,38
0,00
65,52
39,31
26,21
7,87
39,55
74,16
112,04
38,32
26,39
47,33
1.248,43
792,63
619,46
247,79
371,67
110,80
62,37
240,88
134,93
46,17
20,38
12,18
1,62
1,85
1,57
3,15
0,00
61,05
36,63
24,42
7,33
36,85
69,10
104,39
35,70
24,59
44,10
1.137,90
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
41
Tabela 19. Custos de produção agroindustrial de açúcar e etanol: região Centro-Sul Expansão.
DESCRIÇÃO
Custo da cana
COE
Cana de fornecedores
COE cana própria
Depreciações
Remuneração do capital e terra
Custo industrial
Operação industrial
Mão-de-obra
Insumos
Químico
Eletrodos
Combustível
Lubrificante
Eletricidade
Embalagem
Manutenção
Material
Serviço
Administração industrial
Depreciação industrial
Custo de Capital industrial
Departamento administrativo
Mão-de-obra
Insumos e serviços
Capital de giro
Custo Total
Açúcar
Branco R$/t
Açúcar
VHP R$/t
513,37
415,44
184,44
231,00
68,38
29,54
188,33
106,14
30,70
27,82
11,11
0,73
1,65
0,72
1,46
12,15
42,14
25,28
16,86
5,48
28,59
53,60
85,77
33,37
23,89
28,51
787,47
474,35
376,82
146,75
230,07
68,11
29,42
175,47
93,61
30,58
15,61
11,07
0,73
1,65
0,72
1,45
0,00
41,97
25,18
16,79
5,46
28,47
53,39
85,43
33,23
23,80
28,40
735,25
Etanol
Etanol Anidro
Hidratado
R$/m³
R$/m³
776,55
616,02
237,35
378,68
112,10
48,43
266,36
154,08
50,33
25,69
18,21
1,20
2,71
1,18
2,39
0,00
69,08
41,45
27,63
8,98
39,05
73,23
140,60
54,70
39,17
46,74
1.183,51
722,41
572,84
220,01
352,82
104,45
45,12
248,17
143,56
46,89
23,94
16,97
1,12
2,52
1,10
2,22
0,00
64,36
38,62
25,74
8,37
36,39
68,23
131,00
50,96
36,50
43,55
1.101,58
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
As Figuras 11 e 12 apresentam os indicadores de custos operacionais do açúcar e etanol, e
também os preços desses produtos, que foram os maiores já levantados nas pesquisas do
PECEGE/CNA, especialmente na região Tradicional. O aumento de preços do açúcar e etanol
impactou também no aumento preço da cana, uma vez que no modelo de pagamento de cana proposto
pelo CONSECANA, o preço da matéria-prima é definido como uma proporção dos preços dos
42
produtos finais da usina. Ou seja, os aumentos de preços do açúcar e etanol significaram em aumento
do custo de aquisição da sua matéria-prima.
1.200
1.600
1.138
1.000
994
600
400
95
102
95
101
622
580
Branco
VHP
200
1.310
1.200
R$/tc
R$/tc
800
1.550
141
158
800
400
0
131
148
949
859
Anidro
Hidratado
0
COE
COT
CT
Preço médio
COE
COT
(a)
CT
Preço médio
(b)
Figura 11. COE, COT, CT e Preço médio para a região Centro-Sul Tradicional: a) Açúcar Branco e
Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
1.200
1.600
1.000
600
1.200
791
83
97
83
97
607
556
Branco
VHP
R$/tc
800
R$/tc
1.225
994
200
0
113
141
911
847
Anidro
Hidratado
800
400
400
1.136
122
151
0
COE
COT
CT
(a)
Preço médio
COE
COT
CT
Preço médio
(b)
Figura 12. COE, COT, CT e Preço médio para a região Centro-Sul Expansão: a) Açúcar Branco e
Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
43
As Figuras 13 e 14 apresentam os indicadores de rentabilidade dos produtos industriais em cada
região que permaneceram em níveis atrativos. Entretanto, na safra atual, em função do aumento de
custos de produção, as taxas de rentabilidade das usinas da região de Expansão foram menores do que
às observadas na safra 2010/11.
100%
70%
83%
71%
80%
60%
50%
57%
53%
40%
40%
46%
39%
40%
63%
60%
28%
30%
30%
24%
15%
20%
20%
10%
0%
0%
Branco
VHP
Anidro
Hidratado
Margem bruta - COE (%)
Margem bruta - COE (%)
Margem líquida - COT (%)
Margem líquida - COT (%)
Lucro/Prejuízo - CT (%)
Lucro/Prejuízo - CT (%)
(a)
(b)
Figura 13. Indicadores de rentabilidade para os produtos industriais da região Centro-Sul Tradicional:
a) Açúcar Branco e Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
44
70%
64%
60%
50%
42%
41%
40%
26%
30%
21%
20%
8%
10%
0%
Branco
VHP
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
35%
34%
15%
15%
3%
4%
Anidro
Hidratado
Margem bruta - COE (%)
Margem bruta - COE (%)
Margem líquida - COT (%)
Margem líquida - COT (%)
Lucro/Prejuízo - CT (%)
Lucro/Prejuízo - CT (%)
(a)
(b)
Figura 14. Indicadores de rentabilidade para dos produtos industriais da região Centro-Sul Expansão:
a) Açúcar Branco e Açúcar VHP; b) Etanol Anidro e Etanol Hidratado.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
45
4. EVOLUÇÃO DOS RESULTADOS DOS LEVANTAMENTOS DE CUSTO
4.1. Fornecedores
A Figura 15 apresenta a evolução da produtividade média ao longo das cinco safras analisadas
pelo PECEGE/CNA. Nota-se uma clara tendência de queda desse parâmetro, principalmente na região
Tradicional, fator este que vem contribuindo fortemente para a limitação da atratividade econômica do
setor. Tal queda deveu-se, principalmente, pela falta de correta renovação dos canaviais desde a safra
2008/09, efeito este cumulativo para que os atuais patamares fossem observados.
Fica evidente que há uma necessidade de se inverter a curva de tendência de produtividade
agrícola, pois, caso contrário, situações de insustentabilidade econômica começarão a emergir nas mais
distintas realidades de produção de cana no Centro-Sul.
95
tc/ha
90
85
80
75
70
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
Produtividade (Tradicional)
Produtividade (Expansão)
Figura 15. Evolução da produtividade agrícola da cana no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Em contrapartida, a evolução do indicador de qualidade da cana-de-açúcar evidencia uma
recuperação dos níveis de ATR por tonelada de cana cultivada (Figura 16). Após 2009, ano com
excesso de chuvas e quantidade de ATR por tonelada de cana muito abaixo das médias históricas, a
tendência mostrou-se positiva, chegando a níveis próximos a 140,00 kg ATR/tc. Esta inversão
contribuiu positivamente para a rentabilidade da atividade nas safras 2010/11 e 2011/12.
46
150
kg ATR/tc
145
140
135
130
125
120
2007/08
2008/09
ATR (Tradicional)
2009/10
2010/11
2011/12
ATR (Expansão)
Figura 16. Evolução do teor de ATR por tonelada de cana no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Dois outros parâmetros de forte impacto sobre os custos de produção são o preço pago pelo
Corte, Carregamento e Transporte da cana e os custos de terras. Nesse sentido, no primeiro caso
percebe-se uma evolução descolada se comparados os dados das regiões Tradicional e de Expansão.
Na primeira região, nota-se uma aceleração maior do preço do CCT entre as safras 2008/09 e 2010/11,
fruto principalmente da escassez de serviços desse gênero, bem como da substituição da mão-de-obra
empregada no corte para outros setores da economia (Figura 17). Já na região de Expansão, o ritmo
observado foi mais lento, devido, sobretudo, ao aumento expressivo do corte mecanizado, o qual partiu
de cerca de 40,0% na safra 2007/08 para 95,0% na safra atual. Projeta-se que, com o gradual aumento
da mecanização na colheita observado nos estados de São Paulo e Paraná, haja um impacto de
desaceleração do aumento do custo com CCT na região Tradicional.
Em termos de custos de terras, a Figura 18 mostra que no período analisado os preços físicos
dos arrendamentos elevaram-se de forma pouco significativa. De fato, o que contribuiu para o
expressivo aumento do custo de se arrendar um hectare de terra foi o preço do ATR, consequência dos
bons preços praticados nos mercados de açúcar e etanol. Tal repasse fez com que os valores pagos pelo
hectare alugado mais que dobrassem no período de cinco safras, evidenciando a importância de um
bom planejamento econômico para decisões do tipo expandir área arrendada versus manter a quantia
de área própria/arrendada atual.
47
24
23
22
R$/t
21
20
19
18
17
16
15
2007/08
2008/09
CCT (Tradicional)
2009/10
2010/11
2011/12
CCT (Expansão)
Figura 17. Evolução dos preços pagos pelo CCT no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
20
1.200
18
1.100
16
1.000
900
12
800
10
700
8
R$/ha
tc/ha/ano
14
600
6
4
500
2
400
-
300
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
Preço físico arrendamento (Tradicional)
Preço físico arrendamento (Expansão)
Remuneração terra (Tradicional)
Remuneração terra (Expansão)
Figura 18. Evolução do custo da terra no Centro-Sul brasileiro: 2007/08 a 2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
48
Quanto à evolução dos custos de produção da atividade canavieira, observa-se uma brusca
elevação tanto de custos quanto de preços na safra 2011/12, decorrente, conforme já salientado, das
perdas de produtividade agrícola dos canaviais brasileiros – no primeiro caso – e dos bons preços
negociados nos mercados de açúcar e etanol (Figuras 19 e 20).
Ao menos em termos nominais, a tendência segue sendo ascendente para os custos de
produção. Em contrapartida, as taxas anuais de crescimento encontram-se próximas às taxas anuais de
inflação no Brasil, ou seja, em termos reais, não são notórios significativos aumentos nos custos de
produção da cana-de-açúcar. Ao contrário, na região de Expansão o que se observa é uma relativa
estabilidade em termos de custos reais de produção, fato que poderia apresentar trajetória descendente
R$/tc
não fossem os baixos níveis de produtividade observados nas últimas safras.
80
70
60
50
40
30
20
10
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
Tradicional
COE
COT
CT
Preço cana
Figura 19. Evolução dos custos e preços nominais da cana na região Tradicional: 2007/08 a 2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
49
R$/tc
80
70
60
50
40
30
20
10
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
Expansão
COE
COT
CT
Preço cana
Figura 20. Evolução dos custos e preços nominais da cana na região de Expansão: 2007/08 a 2011/12.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Reflexo da relação entre preços e custos é a margem da atividade, ou seja, o lucro ou prejuízo
aferido safra após safra. Como apontado anteriormente, as margens estão subindo ano após ano,
principalmente devido ao aumento dos preços recebidos pela cana. Em média, fornecedores da região
Tradicional tiveram, nas últimas cinco safras, prejuízo de 15,0%, enquanto que aqueles que produzem
cana na região de expansão experimentaram lucro de quase 1,0% (Figura 21). Contudo, ainda são
necessários mais dados para que qualquer conclusão acerca da atratividade de longo prazo da atividade
possa ser realizada. Nesse caso, um horizonte de no mínimo 10 safras poderia trazer à tona
questionamentos quanto à lucratividade da produção de cana em determinadas regiões do Centro-Sul
brasileiro.
50
35,6%
40,0%
30,0%
20,0%
10,1%
4,9%
10,0%
0,7%
0,0%
-10,0%
-6,9%
-20,0%
-30,0%
-8,0%
-15,0%
-27,5%
-24,8%
-20,4%
-18,9%
-15,0%
-40,0%
-50,0%
Tradicional
2007/08
2008/09
Expansão
2009/10
2010/11
2011/12
Média
Figura 21. Evolução do lucro/prejuízo da produção da cana: fornecedores das regiões Tradicional e
Expansão.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
A Tabela 20 destaca a variação média e a variação acumulada dos custos de produção da canade-açúcar dos fornecedores das regiões Tradicional e de Expansão. Para a primeira região, em média
houve um crescimento anual de 9,5% nos custos de produção, enquanto que na segunda este montante
foi de 5,5%. Já em termos acumulados, nos estados de São Paulo e Paraná a diferença entre as safras
2011/12 e 2007/08 foi de 46,8%, enquanto que nos estados de fronteira agrícola esta ficou em 28,9%.
Tabela 20. Evolução dos custos totais de produção de cana-de-açúcar – fornecedores das regiões
Centro-Sul Tradicional e de Expansão (R$/t).
Região
Tradicional
Expansão
2007/08
48,11
2008/09
51,45
Safra
2009/10
56,43
43,66
45,70
49,72
2010/11
59,33
2011/12
70,63
Variação
anual
9,5%
Variação no
período
46,8%
47,01
56,29
5,5%
28,9%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
51
4.2 Usinas
Nesta seção é apresentada a evolução dos custos de produção de cana produzida pela própria
usina, e produtos industriais seguindo a metodologia de custos atual.
As Figuras 22, 23 e 24 apresentam a evolução dos custos e do preço médio da cana, do açúcar
branco e VHP. Pode-se observar nessas figuras a manutenção da obtenção do lucro econômico desde a
safra anterior, tanto na região de Centro-Oeste de Expansão quanto na Tradicional.
A Figura 25 e a Figura 26 demonstram a evolução dos custos de produção de etanol anidro e
hidratado. Assim como no caso da produção de açúcar, no etanol, também persiste a tendência de
Expansão
COE
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
80
70
60
50
40
30
20
10
2007/08
Cana de açúcar - R$/t
aumento de custos e margens de lucro tanto na região Tradicional quanto na região de Expansão.
Tradicional
COT
CT
Preço Médio
Figura 22. Custo total e preço médio para a cana – Comparativo entre safras.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
52
Expansão
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
Açúcar Branco - R$/t
1.200
1.000
800
600
400
200
-
Tradicional
COE
COT
CT
Preço Médio
Figura 23. Custo total e preço médio para o Açúcar Branco – Comparativo entre safras.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Açúcar VHP - R$/t
1.200
1.000
800
600
400
200
Expansão
COE
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
-
Tradicional
COT
CT
Preço Médio
Figura 24. Custo total e preço médio para o Açúcar VHP – Comparativo entre safras.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
53
Expansão
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
Etanol Anidro - R$/m³
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
-
Tradicional
COE
COT
CT
Preço Médio
Figura 25. Custo Total e Preço médio para Etanol Anidro – Comparativo entre safras.
Expansão
COE
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
2007/08
2011/12
2010/11
2009/10
2008/09
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
2007/08
Etanol Hidratado - R$/m³
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tradicional
COT
CT
Preço Médio
Figura 26. Custo Total e Preço médio para o Etanol Hidratado – Comparativo entre safras.
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Nas Tabelas 21 a 25 destacam-se a variação média e a variação acumulada dos custos de
produção da cana produzida pela própria usina e os produtos industriais.
54
Tabela 21. Evolução dos custos de produção de cana própria da usina, em R$/t.
Região
Custo da safra
Variação
Variação no
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
anual
período
Expansão
47,31
46,79
45,72
47,11
60,29
5,0%
27,4%
Tradicional
43,69
46,30
45,07
53,12
69,31
11,2%
58,6%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 22. Evolução dos custos de produção do açúcar branco, em R$/t.
Região
Custo da safra
Tendência Variação no
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
anual
período
Expansão
484,51
556,99
635,79
639,25
787,47
11,7%
62,5%
Tradicional
475,99
535,47
686,30
675,05
818,99
14,1%
72,1%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 23. Evolução dos custos de produção do açúcar VHP, em R$/t.
Região
Custo da safra
Tendência Variação no
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
anual
período
Expansão
458,17
539,27
595,96
603,45
735,25
11,2%
60,5%
Tradicional
453,55
515,21
598,81
628,02
776,36
13,6%
71,2%
Tendência
Variação no
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 24. Evolução dos custos de produção do etanol anidro, em R$/m³.
Região
Custo da safra
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
anual
período
Expansão
774,56
927,93
972,15
958,61
1.183,51
9,2%
52,8%
Tradicional
763,66
886,50
996,20
984,74
1.248,43
11,5%
63,5%
Tendência
Variação no
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
Tabela 25. Evolução dos custos de produção do etanol hidratado, em R$/m³.
Região
Custo da safra
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
anual
período
Expansão
714,35
845,56
901,83
881,74
1.101,58
9,5%
54,2%
Tradicional
701,71
803,44
906,36
910,07
1.137,90
11,5%
62,2%
Fonte: PECEGE/CNA (2012).
55
5. CONCLUSÕES
Com base no 6º levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol do
PECEGE-CNA, são concluídos os seguintes pontos:

Fornecedores
o Na safra 2011/12, os preços a serem recebidos pela cana-de-açúcar devem ser
suficientes para cobrir todos os custos de produção em todo o Centro-Sul brasileiro;
o Pela primeira vez dentre os levantamentos realizados pelo PECEGE, a região
Tradicional experimentou rentabilidade positiva;
o Entretanto, em média, os custos de produção da cana na região de Expansão são
aproximadamente 15% mais baixos em comparação com a região Tradicional;
o Em termos reais, os custos de produção apresentam leve tendência ascendente na região
Tradicional e leve tendência descendente na região de Expansão;
o Finalmente, para que a situação econômica de fornecedores de cana do Centro-Sul não
seja comprometida nas próximas safras, é imprescindível que medidas para o aumento
da pífia produtividade agrícola observada atualmente sejam tomadas. Caso contrário,
possíveis quedas de preços do açúcar e do etanol, refletidos nos preços do ATR,
poderão levar a quebra de um grande número de produtores hoje em posição delicada na
atividade canavieira.

Usinas
o Fatores técnicos foram a razão fundamental de aumento de custos, enquanto a melhoria
de preços permitiu manutenção de boas margens de rentabilidade para o setor na safra
2010/11;
o A queda de produtividade agrícola da cana produzida pelas próprias usinas foi o
principal fator de impacto no aumento dos custos de produção na safra 2011/12;
o A queda da concentração de ATR por tonelada de cana própria no Centro-Sul também
contribuiu para o aumento dos custos, uma vez que reduziu a produtividade industrial;
56
o A redução de produtividade na região Tradicional tornou os custos de produção de cana
própria equivalente aos fornecedores, além de aumentar as diferenças de custos interregionais;
o A remuneração da terra permaneceu como o fator mais importante de diferenciação
entre as regiões produtoras do Centro-Sul;
o A forte redução da produtividade agrícola causou carência de oferta de matéria-prima
cuja conseqüência foi a baixa taxa de utilização da capacidade de produção industrial;
o A baixa taxa de utilização industrial causou impactos em fortes aumentos dos custos
relativos com manutenção, depreciação e capital industrial;
o A melhora dos preços praticados no mercado de etanol, consorciada com a evolução de
preços do açúcar apesar de impactar no aumento de custos, foi fator determinante para
manutenção de boas margens de rentabilidade do setor sucroenergético na safra
2011/12;
o O aumento do diferencial de preços entre a região Tradicional e de Expansão destaca os
desafios de desenvolvimento de mercado e infraestrutura de escoamento da produção na
fronteira de produção sucroenergética;
o A variação de preços dos fatores de formação dos custos de produção sucroenergéticos
seguiu próxima aos índices de inflação da economia brasileira e foram fatores
secundários para o aumento dos custos de produção na safra 2011/12.
57
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMNETO (CONAB). Metodologia de Cálculo de custo de
produção da CONAB. Disponível em: <www.conab.gov.br/conabweb>
MARQUES, P. V. (Coord.) Custo de Produção Agrícola e Industrial de Açúcar e Álcool no Brasil na
Safra 2007/2008. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de
Economia, Administração e Sociologia. 2009. 194 p. Relatório Apresentando a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
XAVIER, C.E.O.; ZILIO, L.B.; SONODA, D.Y.; MARQUES, P.V. Custos de produção de cana-deaçúcar, açúcar e etanol no Brasil: safra 2008/09. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão
de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2009. 79 p. Relatório
Apresentando à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA.
58
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Custo de Produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil