Projeto: Avaliação do Programa Institutos Nacionais de
Ciência e Tecnologia
Descrição do Produto:
Relatório do estudo de caso do INCT de Observatório
das Metrópoles
Consultora: Fernanda Antônia da Fonseca Sobral
Brasília, DF
Dezembro, 2012
Sumário
1. Introdução ...................................................................................3
2. Objetivos e procedimentos metodológicos..............................4
3. O Observatório das Metrópoles..................................................6
4. Quadro Resumo.........................................................................17
1. Introdução
O estudo de caso que é objeto do presente relatório aborda um dos INCTs que
foi selecionado pela equipe do CGEE, incluído na área de Ciências Humanas e
Sociais, ou seja, o INCT de Observatório das Metrópoles, e pretende contribuir
para a elaboração de indicadores adequados à avaliação da dimensão
específica de interação com a sociedade, ainda que trate também de questões
mais gerais (como trajetória, contexto institucional) que podem influenciar essa
questão.
Inicialmente, deve se chamar a atenção para o fato de se tratar de um estudo
de caso e, por essa razão, os seus resultados não podem ser generalizáveis.
Em segundo lugar, trata se de uma dimensão de avaliação relativamente nova
e cujos indicadores nem sempre são quantificáveis pois muitos dos processos
que geram resultados pelos INCTs são processos informais ou trocas de
conhecimentos de forma intangível.
Mesmo considerando a diversidade entre os INCTs, o Documento de
Orientação do Programa enfatiza a “Transferência de Conhecimentos para a
Sociedade”, buscando fortalecer e ampliar a utilização ampla dos resultados
das ações de C&T&I em benefício da sociedade em geral como uma
orientação para todos os INCTs. Nesse sentido, o Programa incentiva parcerias
diversificadas e aplicações que levem a impactos condizentes com o
desenvolvimento sustentável, em suas múltiplas dimensões: econômica, social,
ambiental, cultural. Ou seja, é importante ter em mente que a transferência do
conhecimento é exigida para todos, ainda que as parcerias e as formas de
transferência possam se diferenciar a depender do perfil do INCT.
2. Objetivos e procedimentos metodológicos
Dessa forma, o estudo de caso pretende dar uma visão geral da trajetória e
das atividades dos INCTs mas, principalmente:

identificar resultados alcançados e/ou em perspectiva, bem como as
formas existentes ou potenciais de aplicação de resultados da pesquisa
dos INCTs selecionados por usuários não acadêmicos interessados, tais
como governo, ONGs e movimentos sociais;

identificar as articulações do INCT com políticas públicas e outros atores
sociais;

identificar os mecanismos de transferência do conhecimento para a
sociedade, como participação em formulação e implementação de
políticas públicas e seu planejamento, consultorias, educação em
ciência e difusão de conhecimento, a educação científica da população
em geral, entre outros aspectos;

identificar os principais subsídios para políticas públicas;

identificar a existência das redes de relacionamento dos pesquisadores
do INCT com potenciais usuários não acadêmicos;

identificar em que medida essas redes de relacionamento são anteriores
à criação dos INCTs;

verificar a visão dos coordenadores sobre a relevância/papel do
Programa INCT nessas articulações e transferências de conhecimentos
para a sociedade;

verificar
como
os
resultados
de
pesquisa
são
comunicados
disseminados ou transferidos para fora da academia;

verificar quais as formas de uso dos resultados que tendem a
predominar;

avaliar a importância das modalidades de difusão e transferência dos
resultados e das atividades organizadas pelo INCT que podem levar
potenciais usuários não acadêmicos a participar da pesquisa ou utilizar
resultados da pesquisa;

identificar os elementos do contexto que incentivam ou dificultam o uso
não acadêmico dos resultados.
Visando alcançar os objetivos delimitados, foram utilizados os seguintes
procedimentos:

Análise da documentação (projeto submetido e relatório de atividade),

Realização de entrevista com o coordenador do INCT a partir de roteiro
semiestruturado (apresentado no produto 1),

Realização de visitas para auxiliar na verificação dos itens citados
anteriormente e de outros indicadores que se mostrarem importantes;
nessa visita, foi realizado um encontro com pesquisadores dos INCT no
qual foram
feitas algumas perguntas
(que
vários participantes
responderam) referentes à sua participação no INCT e à transferência
do conhecimento gerado pelo INCT para a sociedade .
3. O Observatório das Metrópoles
O Observatório das Metrópoles é um grupo que funciona em rede, reunindo
instituições e pesquisadores dos campos universitário, governamental e não
governamental que trabalham sobre os impactos metropolitanos da mudança
de
modelo
de
desenvolvimento.
Caracteriza-se
como
um
programa
plurinstitucional e pluridisciplinar (Geografia, Ciências Sociais, Economia,
Direito) que procura aliar suas atividades de pesquisa e ensino com a missão
social de realizar e promover atividades que possam influenciar as decisões
dos atores que atuam no campo da política pública, tanto na esfera do governo,
como da sociedade civil.
A equipe constituída no Observatório vem trabalhando há 17 anos, reunindo
hoje 159 pesquisadores (dos quais 97 principais) e 59 instituições dos campos
universitário (programas de pós-graduação), governamental (fundações
estaduais e prefeitura) e não-governamental (7 ONGs), sob a coordenação
geral do IPPUR -Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. As Instituições reunidas hoje no
Observatório das Metrópoles vêm trabalhando de maneira sistemática sobre 11
metrópoles e uma aglomeração urbana: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Recife, Salvador, Natal, Fortaleza,
Belém e a aglomeração urbana de Maringá.
3.1 A Trajetória do INCT
Como já mencionado anteriormente, grupo do Observatório das Metrópoles
existe há 17 anos e já recebeu financiamento do PRONEX e do programa
Institutos do Milênio. Trata-se de uma rede composta de pesquisadores de
programas de pós-graduação que atuam na área de estudos urbanos
regionais. Essa rede, que se consolidou como INCT, se associou por afinidade
temática, mas também por afinidade na concepção de planejamento urbano,
enquanto prática científica visando a geração de conhecimento para a
sociedade. Tal característica tem suas origens numa necessidade do próprio
campo que está sempre se defrontando com as práticas sociais.
Segundo
entrevista com o coordenador, a área de Planejamento Urbano tem um objeto
de estudo e uma prática ainda que o diálogo com o mundo prático (ONGs,
movimentos sociais, etc) não o transforme num campo técnico, na medida em
que se preserva a autonomia de pensamento. Ou seja, o INCT se constituiu a
partir de afinidades de concepção teórica e prática definida como uma
necessidade do próprio campo, devendo se ressaltar que a questão da
transferência do conhecimento para a sociedade, um dos objetivos dos INCTs,
já é uma tradição do grupo e da área, ainda que o INCT tenha reforçado essa
tendência. Segundo depoimentos, as interações com a sociedade são
“históricas, mas foram ampliadas com o INCT”.
Quanto à entrada de grupos não consolidados e descentralizados, ela se deu
sobretudo pela necessidade de estudos comparativos, que é uma tendência
internacional. A diversidade de realidades urbanas representa uma dificuldade
para os estudos comparativos, na medida em que requerem uma concepção
téorico-prática e uma base de informações comum. Porém, resolvida essa
condição de padronização, a criação de núcleos locais, na medida em que
trazem
leituras próprias do fenômeno em estudo, estão enriquecendo o
trabalho. O grupo começou seus estudos concentrado no Sudeste, com a
participação de SP, Rio e BH, mas com o financiamento do Instituto do Milênio
já houve ampliação para Curitiba, Porto Alegre e Recife e, a partir do INCT,
contam atualmente com 15 núcleos. Também o próprio desenvolvimento do
trabalho e a entrada de grupos emergentes foi suscitando demandas locais de
estudos, como, por exemplo, a questão da metropolização via turismo, que é
um tema nascido a partir das realidades locais ( Fortaleza, Recife) e o tema
referente à metropolização e política trazido por Belo Horizonte e Porto Alegre.
Assim, a ampliação da rede possibilitou também a ampliação temática.
O fato de ser uma rede que reúne programas de pós-graduação também é um
facilitador de entrada de grupos emergentes, pois muitas pessoas vêm fazer
pós-graduação em núcleos do Sudeste, mas, quando retornam, organizam um
novo núcleo no seu estado de origem e assim, vai se ramificando o INCT,
trazendo como resultado o “atravessamento das assimetrias regionais” por
meio do trabalho conjunto com pesquisadores de diferentes regiões. Há uma
maior compreensão das várias realidades locais, que por sua vez, vão
ganhando maior experiência e excelência de pesquisa. Ou seja, a necessidade
de estudos comparativos, os programas de financiamento com destaque para o
INCT e a formação pós-graduada tem contribuído para a multiplicação dos
grupos locais e, consequentemente para a descentralização das atividades
desse INCT.
3.2 Gestão/governança da rede
A gestão da rede apresenta dificuldades. As distâncias não são completamente
superadas pelas tecnologias de informação e comunicação, sendo fundamental
a manutenção da mobilização contínua. Acresce o fato de que se trata de uma
rede extensa e com diversidade, não incluindo apenas o Sudeste, como uma
opção do próprio INCT. Assim, é necessário haver um espaço para organizar o
trabalho da rede e expressar as dificuldades nas reuniões (semestrais ou
anuais) do Comitê Gestor e dos coordenadores dos núcleos, pois a rede
precisa também se materializar num corpo físico, apontando a importância de
reuniões periódicas. O Comitê Gestor lidera e mobiliza a rede no que se refere
ao encaminhamento dos projetos e gestão de recursos. Há sinergia nesse
Comitê, mas com desigualdade de inserções, alguns membros funcionando
mais que outros. Nas reuniões de coordenadores, são definidos os produtos e
os prazos, embora alguns trabalhos tenham se atrasado em função do atraso
nos dados do Censo.
A gestão do INCT se dá de uma forma vertical (coordenação central e
coordenadores dos núcleos locais) e de uma forma horizontal por projeto ou
termo de referência. Nos núcleos locais, a organização é territorial, já na
organização por projeto ou termo de referência, a articulação é nacional. Essa
dupla organização torna mais dinâmica a interação entre os participantes e
possibilita uma melhor compreensão do todo e do específico, melhorando,
consequentemente, a qualidade da produção do INCT. Porém, nem sempre as
lógicas estão em sintonia, além do fato de que os projetos se ampliaram tanto
que os coordenadores locais não conseguem dar conta de todas as atividades.
O grande facilitador da gestão da rede é a existência de um modelo
metodológico comum incluindo a utilização de uma base de dados única.
Também é elaborado um plano de trabalho por atividade e por produto. A
própria rede foi sendo ampliada pela metodologia utilizada que é assimilada
pelos participantes por meio de cursos oferecidos pelo INCT.
3.3 Alterações a partir do INCT
Embora haja uma grande dificuldade de atribuição de causalidade, ou seja, de
demonstrar efetivamente as possibilidades de contribuição dos resultados de
um programa como o dos INCTs para a alteração das atividades de pesquisa
de um grupo, sobretudo no caso do Observatório de Metrópoles que já
participou de outros grandes programas de financiamento como PRONEX e
Institutos do Milênio, não resta dúvida de que a internacionalização, a
ampliação, o amadurecimento e/ou consolidação da rede de pesquisa
se
devem principalmente a esse programa, segundo os seus participantes.
Foi citado nas entrevistas que, a partir da tensão existente entre o pensamento
do universo acadêmico do Sul com o do Norte e, recentemente, das
semelhanças e diferenças entre esses tipos de pensamento, foi sendo
construída uma teoria urbana da América Latina, com muito diálogo e alguns
convênios já estabelecidos. Não se trata apenas de participação em
congressos, mas de um expressivo protagonismo acadêmico na América
Latina que tem se ampliado na medida em que as próprias universidades
participantes estão se internacionalizando. Também pessoas formadas em
outros países, têm vindo fazer estágios pós-doutorais no Brasil atraídos pelas
atividades do INCT.
No que concerne à rede de pesquisa, ainda que tenha sido criada antes
mesmo do INCT , ela foi ampliada e consolidada pelo financiamento do INCT e
de forma orgânica, ou seja, aos poucos foi sendo construída uma metodologia
e , consequentemente, uma teoria comum.
Outro aspecto abordado foi a maior institucionalidade possibilitada pelo INCT
diferentemente dos outros programas de financiamento, gerando uma maior
segurança, e, assim, uma maior capacidade de pensar o futuro de uma linha de
pesquisa. Também o fato de “ser um INCT” traz status e prestígio,
possibilitando a participação e a aprovação em outros editais para
financiamento. Embora o financiamento pelo programa INCT seja reduzido em
função das inúmeras atividades desenvolvidas, este tem sido útil também para
a “alavancagem de recursos”, pois a maioria dos editais atuais valoriza as
atividades em rede.
Há também uma alteração nas atividades de pesquisa influenciado pelo INCT
que é de grande importância, inclusive para o fomento da ciência e tecnologia:
a construção de um pensamento transversal sobre um determinado tema. Há
atualmente 37 áreas e subáreas que se conectam com a questão das
metrópoles, mas essa fragmentação dos saberes dificulta a construção de um
conhecimento totalizante e aprofundado sobre as metrópoles. A experiência do
INCT tem sido uma aprendizagem no sentido da construção de um
pensamento urbano que permite superar essas fragmentações e, por outro
lado, tem sensibilizado gestores de C&T no sentido de fomentar temas e
problemas e não necessariamente áreas e subáreas.
Outros aspectos citados referem-se à transferência do conhecimento para a
sociedade e à difusão do conhecimento. Embora a relação com a sociedade e
com o poder público tenha sido uma marca do Observatório das Metrópoles
desde as suas origens, houve um aprofundamento dessa relação, na medida
em que ela é um dos objetivos do programa INCTs. Por exemplo, embora o
grupo já oferecesse há dez anos cursos para formação de quadros não
acadêmicos antes mesmo do INCT (inicialmente na Baixada Fluminense para
conselheiros municipais), houve um salto de escala, ampliando-se para outras
cidades .
Acresce-se ainda que a exigência de difusão pelo programa INCT requereu a
melhoria das atividades de divulgação científica, por meio de organização do
site e do boletim informativo, como também pela criação de revista eletrônica.
Dessa forma, houve a contratação de um profissional da área de comunicação
que deu um tratamento mais jornalístico ao boletim semanal do Observatório
que passou a ser referência na área, apontando a implementação do
jornalismo científico ou a profissionalização das atividades de divulgação
científica.
3.3 Novas parcerias
A partir da constituição do INCT, foram estabelecidas diversas parcerias, seja
com pesquisadores e instituições internacionais já indicadas no tópico anterior
do relatório, seja com órgãos do governo em diferentes esferas, organizações
não governamentais e outros INCTs.
Citou-se a relação estreita com o Ministério das Cidades, tendo pesquisadores
do grupo participado da elaboração da proposta de saneamento e da
construção do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Também foi referida a
relação com o Movimento Nacional da Reforma Urbana e com o Observatório
dos Consórcios Públicos. Há um protagonismo dos diferentes núcleos locais
que respondem a demandas de governos estaduais e municipais, como é o
caso do tema referente à metropolização e política em Belo Horizonte e Porto
Alegre. Geralmente nas reuniões locais há a participação de membros do
governo e da sociedade. Embora a sede e a origem do INCT esteja no Rio de
Janeiro, neste estado, as ações de transferência do conhecimento para a
sociedade se restringem à Baixada Fluminense.
Além disso, foi estabelecida uma parceria com o outro INCT sobre
“Administração de Conflitos” dada a afinidade temática na medida em que o
meio urbano aporta muitos conflitos de proximidade e dada a importância de
aprendizagem das metodologias qualitativas. Tanto que a proposta de
avaliação do programa “Minha Casa, Minha Vida“ terá á participação dos dois
INCTs a partir de óticas diferenciadas. Ou seja, a parceria com o INCT sobre
“Administração de Conflitos” vai possibilitar uma aprendizagem e uma
complementação metodológica, pois este INCT tem grande experiência em
metodologia qualitativa ao passo que o Observatório de Metrópoles se destaca
nas metodologias quantitativas.
3.4 Experiências de interação com usuários não acadêmicos antes do
INCT ou geradas e reforçadas pelo INCT
Depois de 1988, com a aprovação da nova Constituição, houve uma mudança
na concepção de planejamento urbano que ficou conhecida como projeto de
Reforma Urbana que depois deu origem ao Estatuto da Cidade em 2008.
Esses fatores influenciaram os rumos do grupo de pesquisa, evidenciando a
importância também do contexto sociopolítico, além do próprio programa de
financiamento, na orientação das atividades de pesquisa. Desde o período da
Constituinte, havia uma demanda de conhecimento muito grande que era
atendida sobretudo de forma militante. Com o PRONEX, essa atividade se
tornou permanente e passou a ser uma atividade de pesquisa e ensino. A
colaboração com usuários não acadêmicos passou a se efetuar de forma mais
profissional. Hoje, com o INCT, há uma ideia mais consciente do papel que o
grupo desempenha e deve desempenhar com organizações não acadêmicas.
Atualmente é “um trabalho militante objetivado”, no sentido de colocar na
agenda pública o tema referente às metrópoles. O recorte entre o usuário
acadêmico e não acadêmico se torna cada vez mais fluido. Há a rede de
pesquisa do Observatório das Metrópoles e há a rede dos movimentos sociais
que tem até contribuído para a ampliação dos temas das pesquisas.
De uma forma geral, pode se afirmar que anteriormente a relação com a
sociedade era fruto de um engajamento e que agora se estrutura numa política
assentada em torno de alguns vetores:

formação, agora em caráter nacional, de conselheiros municipais e
agentes
setoriais,
desenvolvimento
de
por
meio
material
de
oferecimento
didático
de
específico
cursos
com
(impresso
e
vídeo);esse programa de formação já realizou 10 cursos espalhados
pelas metrópoles do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Recife e
formou cerca de 1.200 conselheiros e lideranças municipais.

assessoria a movimentos sociais e órgãos governamentais ;

participação em redes sociais como Forum das Cidades, Comitês
Populares da Copa do Mundo, além de se constituírem em rede de
pesquisa;

participação em outras esferas públicas como o Conselho Nacional das
Cidades, Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos
Deputados, Comitê Popular de Monitoramento de Mega Eventos e
conselhos locais;
3.5 Difusão dos resultados das pesquisas
Os depoimentos sobre as atividades do INCT destacaram a inovação trazida
pela profissionalização das atividades de divulgação científica, com a
atualização do portal, do boletim informativo e a criação de revista eletrônica.
Mas constata-se também a criação de sites dos núcleos locais, além do portal
central.
O
Portal
Observatório
das
Metrópoles
(www.observatoriodasmetropoles.net) sobre a questão metropolitana brasileira
disponibiliza, utilizando diversas ferramentas, os resultados do de trabalho de
pesquisa, destacando-se o METRODATA e Servidor de Mapas, com uma dupla
finalidade: de um lado, possibilitar a utilização de indicadores padronizados
sobre os temas habitacionais, demográficos, ambientais e fiscais pelas equipes
da rede; de outro lado, subsidiar, pelo acesso (via internet) uma ampla e
diversificada gama de atores – governamentais ou da sociedade –envolvidos
na discussão das políticas públicas nas áreas metropolitanas, na medida em
que, no METRODATA, os dados podem ser transformados em mapas sociais e
tabelas simplificadas de indicadores. O número de acessos está cada vez
maior e o público dos boletins e do site, que era predominantemente
acadêmico, está se diversificando. Por exemplo, cada vez mais técnicos da
CEF estão se utilizando do conteúdo do site e dos boletins. Outra novidade é
que o boletim e o site eram anteriormente muito concentrados nas informações
do Sudeste e agora têm uma “cara nacional”, o que permite maior integração
da rede de pesquisa. O Boletim também está se mobilizando no sentido de
trazer notícias dos movimentos sociais.
O Observatório das Metrópoles também começou a pautar a própria imprensa.
Por exemplo, há uma parceria com o jornal “Estado de São Paulo” para
publicações semanais sobre a temática metropolitana. Também estão
organizando junto com o jornal “O Globo” um conjunto de matérias sobre essa
mesma temática.
3.6 Resultados e Impactos das atividades do INCT
Os resultados e impactos mais destacados referem-se ao avanço do
conhecimento, à formação de recursos humanos acadêmicos e não
acadêmicos ( estes últimos já descritos em tópico anterior) e à formulação de
políticas públicas.
No que concerne à formação de recursos humanos acadêmicos, é digno de
nota o número de alunos que começaram suas atividades como iniciação
científica e atualmente estão fazendo pós-graduação dentro das atividades de
pesquisa do INCT e outros que fizeram sua pós-graduação e atualmente estão
em estágio pós-doutoral. Algumas características do INCT favorecem esse
resultado expressivo na formação: a capacitação no “fazer pesquisa”, inclusive
nas metodologias que estão sendo desenvolvidas, a possibilidade de
convivência com pesquisadores de diferentes níveis e a questão da
continuidade da rede de pesquisa, pois o fato do INCT ser um programa com
duração de cinco anos muda muito o engajamento nas atividades de pesquisa.
Alguns dos participantes assim se referem: “a formação como pesquisador
deu-se no Observatório”. A atração de muitos estudantes pelo INCT se deu
pelas novas metodologias desenvolvidas e utilizadas, sobretudo quantitativas,
pela pesquisa interdisciplinar e pelo trabalho com várias metrópoles brasileiras.
Assim, uma das grandes conquistas do INCT tem sido dar uma formação
adequada, ou seja, associar uma boa formação básica à atividade de pesquisa
dada a dinâmica coletiva da infraestrutura de pesquisa. A possibilidade de
incluir as pessoas desde o início de sua formação numa atividade de pesquisa
é da maior importância. Porém, a inserção das pessoas depois da sua
formação concluída ainda é insuficiente, mesmo com os concursos públicos
possibilitados pelo REUNI, o que aponta a necessidade de uma política de
absorção de recém-doutores.
Também o “atravessamento das assimetrias regionais”, já citado anteriormente,
se deveu sobretudo à formação na pós-graduação. Se, por um lado, a
formação de recursos humanos é um dos resultados esperados dos INCTs, por
outro, é interessante evidenciar a importância desse resultado para o impacto
na redução das desigualdades regionais.
Quanto aos subsídios para a formulação de políticas públicas, podemos
enumerar as seguintes contribuições, embora algumas tenham iniciado antes
mesmo da existência do INCT, conforme se pode ver a seguir:
(i) na elaboração do tema “A Dimensão Territorial do Desenvolvimento
Nacional no Plano Plurianual PPA 2008‐2011;
(ii) no “Planejamento Governamental de Longo Prazo” do Ministério do
Planejamento e do Programa Urbano do Ministério das Cidades, este
traduzido na produção e publicação de 14 volumes que apresentam o
diagnóstico da questão metropolitana;
(iii) na participação no Fórum Nacional da Reforma Urbana e no Conselho
Nacional das Cidades, esferas de mediação entre o Governo e Sociedade Civil
nas quais o INCT tem procurado desenvolver ações de difusão dos
conhecimentos e informações sobre a dimensão metropolitana da questão
urbana brasileira;
(iv) na elaboração de estudos para o PLANSAB, Plano Nacional de
Saneamento Básico, um dos instrumentos da implementação da Lei nº
11.445/2007, que regulamenta a prestação dos serviços. Sua elaboração
envolve os órgãos do Governo Federal que atuam no Saneamento Básico e as
entidades representativas dos diferentes interesses da sociedade em relação
ao saneamento básico no País;
(v) na elaboração do programa governamental “Minha Casa, Minha Vida“, que
é fruto de uma política do poder público e do movimento associativo, tendo os
estudos do INCT chegado à conclusão que o sistema cooperativo é o mais
eficiente, elemento decisivo para incentivar essa política.
(vi) no monitoramento dos impactos da preparação das grandes cidades para
mega eventos junto com o Comitê Popular de Monitoramento de Mega
Eventos.
Podem também ser citadas inúmeras outras contribuições nas escalas estadual
e municipal onde existem Núcleos da Rede.
Segundo as entrevistas realizadas, os gestores governamentais e os
movimentos sociais receberam do INCT principalmente argumentos para
sustentar políticas, estratégias, decisões, ações. Mas também receberam
dados para subsidiar as políticas por meio do programa Geometrópoles que
organiza e disponibiliza as informações para os atores envolvidos com a
política urbana de uma forma geográfica, ou seja, por meio de mapas
interativos, que são uma peça fundamental na difusão do conhecimento.
3.7. Contexto Institucional
Segundo o coordenador do Observatório das Metrópoles, há uma defasagem
entre a importância dada ao INCT pela política desenvolvida pelo MCT&I e as
dificuldades enfrentadas dentro da própria instituição, como, por exemplo, falta
de espaço físico. A visão dos gestores da universidade está muito voltada para
o cotidiano. Não se pensa que o INCT pode ser “uma forma de renovar a forma
de fazer pesquisa”. Falta um trabalho de convencimento das universidades de
que esses programas de financiamento podem renovar algumas atividades na
universidade, embora nem todos os INCTs tenham esse problema.
4. Quadro Resumo
Trajetória do INCT

17 anos de existência do grupo de pesquisa;

Financiamento do PRONEX e dos Institutos do
Milênio;

Transferência do conhecimento para a sociedade
como uma tradição do grupo e da área de
Planejamento Urbano.
Gestão/governança da
rede
Dificuldades:

Rede extensa e diversa (com participantes de
várias regiões);

As TICs não conseguem resolver totalmente as
necessidades
de
comunicação
entre
os
membros da rede;
Formas de superação das dificuldades:

Reuniões periódicas do comitê gestor e dos
coordenadores dos núcleos;

Gestão
vertical
(coordenação
central
e
coordenações locais) e gestão horizontal (por
projeto);

Alterações a partir do

INCT
Modelo metodológico comum como facilitador.
Internacionalização da rede com destaque para a
América Latina;

Ampliação, consolidação e amadurecimento da
rede a partir de um modelo metodológico comum;

Maior institucionalidade do grupo;

Construção de um pensamento transversal sobre
o tema;

Profissionalização das atividades de divulgação
científica;

Profissionalização
das
colaborações
com
usuários não acadêmicos.
Novas parcerias

Com pesquisadores de outros países;

Com o Ministério das Cidades;

Com ONGs e movimentos sociais;

Com
governos
estaduais
e
municipais
(inicialmente restrito à Baixada Fluminense);

Com o INCT de “Administração de Conflitos”
visando
complementação
metodológica
para
ambos INCTs.
Experiências de

interação com usuários
não acadêmicos antes do
INCT ou geradas e
Cursos de formação para conselheiros municipais
e agentes setoriais;

Assessoria
a
órgãos
movimentos sociais e ONGs;
governamentais,
reforçadas pelo INCT

Participação em redes sociais, conselhos, fóruns,
etc;
Difusão dos resultados

das pesquisas
Atualização do portal do Observatório e do
boletim informativo;

Criação de revista eletrônica;

Criação de sites locais;

Disponibilização de informações no portal por
meio da ferramenta Metrodata;

Estabelecimento de parcerias com jornais para
divulgação de matérias concernentes ao tema.
Resultados e Impactos

Avanço do conhecimento;
das atividades do INCT

Formação de recursos humanos acadêmicos e
não acadêmicos;

Formação contínua em pesquisa;

Descentralização das atividades de pesquisa a
partir
da
ampliação
de
núcleos
locais,
possibilitada pela formação na pós-graduação e
pela metodologia comparativa;

Ampliação das temáticas de estudo em função da
ampliação dos núcleos locais;

Profissionalização da colaboração com usuários
não acadêmicos;

Profissionalização das atividades de divulgação
científica;

Subsídios
na
formulação
e
de
programas
governamentais referentes ao tema do INCT ;

Alavancagem de recursos financeiros;

Sensibilização dos gestores de CT&I para o
fomento de temas transversais.
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Relatório completo do CGEE - Observatório das Metrópoles