UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
NADIA MARIA MACHADO DOS SANTOS ROCHA
A divulgação do conhecimento sobre saúde bucal através de professores do ensino
fundamental e dos agentes comunitários de saúde no município de Valença: uma
contribuição para o aprimoramento da informação
Rio de Janeiro
2007
NADIA MARIA MACHADO DOS SANTOS ROCHA
A divulgação do conhecimento sobre saúde bucal através de professores do ensino
fundamental e dos agentes comunitários de saúde no município de Valença: uma
contribuição para o aprimoramento da informação
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá,
como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Saúde da Família.
Orientador Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra
Rio de Janeiro
2007
NADIA MARIA MACHADO DOS SANTOS ROCHA
A divulgação do conhecimento sobre saúde bucal através de professores do ensino
fundamental e dos agentes comunitários de saúde no município de Valença: uma
contribuição para o aprimoramento da informação
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá, como
requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Saúde
da Família.
Orientador Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Dr. Carlos Gonçalves Serra
Universidade Estácio de Sá
____________________________________
Prof. Dr. Hesio de Albuquerque Cordeiro
Universidade Estácio de Sá
____________________________________
Prof. Dr. Marcos Antonio Albuquerque de Senna
Universidade Federal Fluminense
Ao meu esposo Genaro E. Rocha,
as minhas filhas Natália e Nayara e
a minha mãe Ismar (in memorian).
AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Genaro por ter estado ao meu lado, me apoiando, dando forças e
sempre com paciência. Compreendendo todos os momentos difícieis. O meu amor e
o meu carinho.
Obrigada.
À Deus
Por existir em minha vida.
Às minhas filhas Natália e Nayara
Obrigado por estar ao meu lado tentando compreender a minha ausência na maior
parte do dia, para poder conseguir finalizar o meu trabalho.
Ao Professor Carlos
Pela serenidade, amizade, paciência e carinho que sempre estiveram presentes no
decorrer da orientação deste estudo. Agradeço por ter aceitado construir este
projeto junto comigo, ajudando-me a ser uma profissional melhor.
À amiga Elizete
Pela amizade, disponibilidade de escuta e a grande ajuda na coleta de dados.
Obrigado por poder contar contigo.
À secretária Aline e demais professores da Universidade
Por me darem forças para continuar, e pela paciência que tiveram comigo.
Aos Agentes Comunitários de Saúde e Professores que participaram da pesquisa de
boa vontade, possibilitando a elaboração da mesma.
LISTA DE SIGLAS
ACD
Auxiliar de Consultório Dentário
ACS
Agente Comunitário de Saúde
CEB
Câmara de Educação Básica
CNSB
Conferência Nacional de Saúde Bucal
CNE
Conselho Nacional de Educação
CEP
Comitê de Ética em Pesquisa
ETIS
Escola de Formação Técnica em Saúde
FAE
Fundação de Assistência ao Escolar
GIEDISE
Grupo Informal de Estudos sobre Saúde Escolar
INEP
Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa
LDB
Lei de Bases e Diretrizes da Educação
MEC
Ministério de Educação e Cultura
MS
Ministério da Saúde
OMS
Organização Mundial de Saúde
ONG
Organização Não Governamental
OPS
Organização Pan-americana de Saúde
PACS
Programa de Agente Comunitário de Saúde
PAS
Programa Agente de Saúde
PSF
Programa de Saúde da Família
PEP
Pólo de Educação Permanente
SGTES
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
SIAB
Sistema de Informação Atenção Básica
SEEC
Secretaria do Estado de Educação e Cultura
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO
10
2
INTRODUÇÃO
13
3 SAÚDE GERAL: SUA INTERRELAÇÃO COM A SAÚDE BUCAL
3.1 POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICAS: A SAÚDE BUCAL COMO UM
DIREITO
3.2 SAÚDE BUCAL E O PSF
4 A ESCOLA E A EDUCAÇÃO
4.1 CONCEPÇÕES QUE ORIENTAM O ENSINAR E O APRENDER
4.2 EDUCAÇÃO PARA SAÚDE
4.3 A ESCOLA COMO MULTIPLICADORA DA SAÚDE BUCAL
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COMO AGENTE
MULTIPLICADOR SOBRE SAÚDE BUCAL
5.1 PROCESSO DE QUALIFICAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE
SAÚDE
5.2 PROCESSOS DE TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
19
24
30
33
35
43
50
5
6
6.1
6.2
6.3
METODOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
LOCAL DO ESTUDO
TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXO A
ANEXO B
56
59
66
69
69
69
70
73
88
90
97
103
RESUMO
Este estudo buscou identificar o conhecimento dos professores do ensino
fundamental e dos agentes comunitários de saúde sobre saúde bucal, entendida
como parte fundamental da saúde geral, bem como, contribuir para o aprimoramento
destas informações através de um material pedagógico de auxílio a esses
profissionais, preparado a partir das opiniões e sugestões dos participantes. Foram
entrevistados 154 professores do ensino fundamental e 96 Agentes Comunitários de
Saúde do Programa Saúde da Família (PSF) e Programa de Agente Comunitário de
Saúde (PACS) do Município de Valença/RJ, através de estudo qualitativo,
exploratório e descritivo, a partir de entrevistas semi-estruturadas. A entrevista foi
dividida em duas fases. Na primeira fase da análise foi levantada a necessidade da
elaboração de um material didático com informações básicas sobre saúde bucal. Na
segunda fase foi apresentado aos profissionais um croqui deste material com base
nos resultados obtidos: tanto os ACS quanto os professores do ensino fundamental
consideraram por unanimidade (100%) que este material seria uma excelente
ferramenta didática, porque “esclarece dúvidas e possibilita melhor entendimento do
assunto”.
Palavras-chave: Saúde Bucal. Agente Comunitário de Saúde. Professor do Ensino
Fundamental. Educação em Saúde.
ABSTRACT
This research study is to identify the teachers´ knowledge of the fundamental
teaching and of the Health community agents on buccal health known as a
fundamental part of the general health, as well as, to contribute with the improvement
of this information through a pedagogical material as aid for these professionals,
beginning with the opinion of the participants' suggestions. 154 teachers of the
fundamental teaching and 96 health community agents from the Family Health
program (PSF) and community agent's of the health program (PACS) of the
municipal district of Valença/RJ were interviewed through the qualitative study,
exploratory and descriptive, starting from semi-structured interviews. The interview
was divided in two phases. The first phase of the analysis was brought to attention
the necessity of having a proposal of a didactic material with basic information about
buccal health. In the second phase it was presented to the professionals as
information booklet that demonstrated that the material is of great use for these
professionals through the obtained results.
Key-words: Buccal health. Health Community Agents. Teacher of the Fundamental
Teaching. Education in Health.
APRESENTAÇÃO
“É preciso educar para a saúde levando em conta todos os aspectos envolvidos na
formação de hábitos e atitudes que acontecem no dia-a-dia da escola. Por esta
razão, a educação para a Saúde será tratada como tema transversal, permeando
todas as áreas que compõem o currículo escolar” (BRASIL, 2000 p. 245).
Esta citação sintetiza o pensamento que estrutura os Parâmetros Curriculares Nacionais
(2000) em Saúde, deixando clara a necessidade da formação do professor de ensino fundamental,
para que este seja capaz de orientar seu aluno na educação para saúde.
Os discursos referentes à educação para saúde são crescentes, exigindo cada vez mais que
se desenvolvam programas e projetos compatíveis com as exigências e necessidades da população
brasileira. Sob este enfoque, os educadores se vêem frente a novos desafios para o desenvolvimento
de novas ações educativas em saúde.
A minha primeira experiência como profissional da saúde ocorreu no Município de Valença,
distrito de Juparanã, na Escola Estadual Djalma Macedo. Neste estabelecimento de ensino pude
observar a dificuldade que os professores apresentavam com relação ao tema Saúde Bucal.
Naquela ocasião, convidaram-me para visitar as salas de aula para que os alunos fizessem
perguntas no sentido de esclarecer suas dúvidas sobre os dentes, a língua, etc., todas, relacionadas
à cavidade bucal. Pude, então, perceber que a professora apresentava tantas dúvidas quanto os
alunos e, ao final da visita, fui surpreendida com a seguinte pergunta: por que os dentistas nunca
falaram isso?
Assim, a partir daí, passei a me preocupar em como passar estas informações de forma
simples e clara, para os professores. Certamente isto os ajudaria em seu trabalho diário como
docente e formador de cidadãos.
Atualmente, trabalhando no posto de saúde da prefeitura do município, em permanente
contato com os agentes comunitários de saúde (ACS), comecei a observar seu trabalho com a saúde
bucal e, ao conversar com alguns deles sobre sua prática de saúde relacionada a estas questões,
percebi deficiências no conhecimento e ausência de material didático que pudesse ajudá-los na
transferência destas informações.
Neste trabalho procurei diminuir as dificuldades desses profissionais, e também dos
professores do ensino fundamental através da proposta de um material didático, entendendo que é
na idade escolar que se fundamenta e se consegue programar estratégias e ações voltadas para
saúde, visando conseguir que a criança adquira hábitos saudáveis e auto-estima.
A importância deste material didático está no fato de que na sua elaboração, pretende-se
levar em conta as necessidades de conhecimento, no campo da saúde bucal, que serão apontadas
pelos profissionais envolvidos na educação em saúde no ensino fundamental e nas comunidades
cobertas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
A idéia de preparar o professor para desenvolver estratégias e implementar as ações baseiase, fundamentalmente, na premissa que ele é responsável pelo melhor preparo do aluno no
enfrentamento da vida. Dessa forma, estaremos reconhecendo a importância da contribuição desse
profissional na formação da personalidade, dos conceitos e dos hábitos do aluno (BRASIL – MS/PCN,
2000).
O professor com sua didática, experiência e sensibilidade, reúne total condição de absorver
informações, adaptá-las e traduzi-las para seus alunos.
Sabe-se que tanto o professor como o agente comunitário de saúde não substituem o
profissional de saúde, mas são referências para os alunos e para a população cadastrada no território
do Programa Saúde da Família. Com relação aos professores, através de métodos lúdicos e
interativos, conseguem motivar a criança de forma que esta retenha informações necessárias para a
adoção futura de hábitos saudáveis.
Ao transmitir noções básicas de saúde, o professor e o agente comunitário de saúde estarão
ajudando não só a si próprios como também, proporcionando as crianças e aos moradores da
comunidade, respectivamente, condições necessárias para proteger suas vidas.
Diversos pesquisadores têm ressaltado a relação positiva existente entre educação,
informação e os cuidados com a saúde bucal. Mostram que o desconhecimento sobre higiene bucal
representa um fator a ser considerado, uma vez que a informação, embora disponível na mídia, na
maioria das vezes, não chega a todas as camadas da população da mesma forma e, dificilmente, é
apreendida de modo a produzir conhecimento e autonomia em relação aos cuidados com a saúde.
Atentando para isso, observamos que é preciso valorizar os programas de saúde bucal educativos,
que levantem e interpretem as necessidades das populações de menor acesso aos serviços de
saúde odontológicos (PAULETO, 2005).
2 INTRODUÇÃO
A escola está se tornando um espaço ideal para promoção de saúde, por ser essencialmente
educativo, vem sendo estimulada a ultrapassar a prática cognitivista para alcançar um novo foco de
atuação, preocupada com a formação do indivíduo como um todo (GONÇALVES et al, 2004). Esta
visão integral deve ser também estendida, e absorvida, de acordo com suas especificidades de
formação, aos agentes comunitários, que têm sob sua responsabilidade outros grupos etários da
população.
Nesse início de século, a promoção de saúde tem se apresentado como uma das mais
promissoras estratégias para enfrentar a grande quantidade de problemas de saúde que afetam as
populações humanas e seu entorno, partindo, assim, de uma percepção ampla do processo saúdedoença e do que a determina. Para seu enfrentamento e resolução, propõe-se a articulação dos
saberes técnicos e populares como também a mobilização de recursos institucionais e comunitários
públicos e privados (BUSS, 1998).
Respaldando-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394 de 20 de
dezembro de 1996, a Escola de Educação Infantil vem se caracterizando como um nível de ensino de
fundamental importância, já que as crianças podem e devem ser trabalhadas quanto à formação de
hábitos saudáveis e à busca pela qualidade de vida (GONÇALVES et al., 2004), pois é na idade
escolar que elas obtêm o pilar de seus conhecimentos e comportamentos e adquirem a
responsabilidade e a capacidade de observação, atuação e pensamento.
Assim, as escolas constituem o ambiente ideal para gerar nas crianças a consciência da
importância da saúde física e mental e transferir-lhes princípios essenciais, entre eles o ensino da
convivência harmônica e o respeito a princípios e formas distintos dos seus. É a partir deste período,
quando a criança adquire hábitos higiênicos, que, muitas vezes, se prolongarão por toda a vida, que
ela identifica o potencial de seu corpo e desenvolve habilidades e aptidões para cuidar da sua saúde
e contribuir no cuidado de sua família e comunidade (JANUÁRIO, 2004).
Através da escola, procura-se fazer com que as escolhas mais saudáveis transformem-se em
escolhas mais fáceis, utilizando para isso a educação como instrumento de transformação, fazendo
com que toda ação educativa favoreça a reformulação de hábitos, o acolhimento de novos valores e o
estímulo à criatividade. Para que ocorra a educação em saúde é necessário que os profissionais
estejam comprometidos neste processo, que obtenham conhecimento do que é educação e como ela
se processa (BASTOS apud PEREIRA, 2003).
Deve-se destacar que a atenção à saúde da criança deve ter como ponto principal o
crescimento e o desenvolvimento que lhe conceda especificidade e vulnerabilidade própria. Nessa
idade da vida, a atenção à saúde deve ter como centro, estratégias que contribuem para a superação
dos danos físicos, mas que também, ao enfrentarem seus determinantes, favoreçam o cuidado total
no sentido do cuidado totalizador, ao contrário da fragmentação ou da soma de ações especializadas
(GONÇALVES, 2004).
Embora as doenças bucais não se apresentem inicialmente como uma ameaça à vida, elas
constituem-se em importantes problemas de saúde pública, pois, além da sua alta prevalência,
também causam danos aos indivíduos e à comunidade, como dor, desconforto e limitações funcionais
e sociais afetando a qualidade de vida dos mesmos (SANTOS, 2002).
A cavidade oral é comumente reconhecida como o maior portal de comunicação entre o
mundo externo e o interno. A boca não é um órgão isolado, pois se apresenta inserida em um
organismo vivo, que possui inervação e vascularização, sendo fonte de vida, como também de
doenças. Este é um ponto para o qual convergem as preocupações dos profissionais de saúde bucal,
no sentido de demonstrar e ratificar que a boca faz parte de um só organismo e não pode, portanto,
ser descolada desta totalidade orgânica. Assim, como é possível deixar de pensar que uma parte que
está contida em outra pode ter vida própria sem interferir em todo o corpo? (BASILIO, 2003).
Vários esforços vêm sendo realizados para solucionar os problemas causados pela cárie
dental e doença periodontal, já que essas são as doenças bucais mais comuns que acometem a
população brasileira (SANTOS, 2002). Entretanto, sabe-se hoje que é muito mais fácil controlar o
aparecimento dessas doenças do que ter que trata-las após seu surgimento (SANTOS, 2003).
Prevenir, portanto, é a maneira mais econômica e eficaz de se conseguir evitar a instalação e o
desenvolvimento dessas doenças, segundo Dinelli e colaboradores (apud SANTOS, 2003).
Para que as pessoas tenham conhecimento de como conservar a saúde, é necessário mais
que uma explicação sobre as causas das doenças e de como evitá-las, exigindo, simplesmente, que
aprendam. É preciso desenvolver a vontade de aprender, despertar a atenção, o interesse e criar
condições internas favoráveis à aprendizagem. Se conseguirmos atingir esse objetivo, o aluno
dedicará o melhor de seu tempo e de seu esforço cuidando de sua saúde bucal (PETRY, 2003).
Através do professor do ensino fundamental, se conseguirá alcançar as crianças e os
adolescentes, que se apresentam na fase de busca do equilíbrio físico-psíquico-social, apresentando
comportamentos extremos, ora exacerbados pelas suas atitudes positivas, ora mostrando-se
francamente negligentes com seus cuidados à saúde bucal (TOMITA, 2001).
É de fundamental importância para esta proposta de trabalho, o entendimento que os
métodos educacionais devam constituir um maior aporte de conhecimentos sobre saúde bucal, que
se traduzem em alterações efetivas quanto ao auto cuidado, levando a melhora dos níveis de saúde
bucal (TOMITA, 2001).
Os indivíduos, uma vez educados e motivados, tornam-se receptivos e cooperadores com as
medidas que lhe são prescritas. Mas, muitas vezes, as influências sociais, culturais e governamentais
ocasionam uma verdadeira inversão de valores, tornando muito difícil a mudança de hábito. E é por
isso que a continuidade da motivação é que será responsável pela sedimentação dos conhecimentos,
pois, se não for dessa forma, de nada adiantarão os esforços iniciais, que se perderão com o tempo.
Para Corona (1999), a utilização de agentes auxiliares de educação, como pais, professores e
agentes comunitários de saúde, devem ser cada vez mais estimulados, a fim de que se consiga
estabelecer uma condição adequada de saúde (SANTOS, 2003).
Considerando o professor como um agente multiplicador, pela sua importância na formação
da personalidade e dos conceitos de vida de cada criança, e que esta passa dois terços do seu dia na
escola, sob a responsabilidade do professor, as unidades escolares devem ser consideradas e
enfocadas, também, como promotoras de saúde, pois o que a sociedade entende por saúde está
sempre presente na sala de aula e no ambiente escolar (BRASIL – MS/PCN, 2000).
A antiga Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº. 5692/71) introduziu
formalmente no currículo escolar um conjunto de temas da saúde, sob a denominação genérica de
Programas de Saúde, tendo como objetivo,
“Levar a criança e o adolescente ao desenvolvimento de hábitos saudáveis quanto à
higiene pessoal, alimentação, prática desportiva, ao trabalho e ao lazer, permitindolhes a sua utilização imediata no sentido de preservar a saúde pessoal e a dos
outros” (BRASIL – MS/PCN, 2000, p.258).
Com relação aos agentes comunitários de saúde, o Ministério da Saúde, através do
Departamento de Gestão da Educação em Saúde, vê a interação deste agente com a escola básica,
no que se refere aos conhecimentos sanitários e sobre o SUS, como importante para a formação e o
desenvolvimento desses futuros trabalhadores de saúde, pois a capacitação de profissionais de
outras áreas relacionadas à saúde favoreceria a articulação intersetorial entre saúde e educação
(BRASIL – MS/SGTES, 2003).
Nesse sentido, o papel do agente comunitário de saúde torna-se fundamental, visto que este
indivíduo está no cotidiano dos lares, e é quem vivencia tanto os problemas de saúde quanto os
sociais. Este agente é o primeiro a ter acesso às pessoas e sua participação poderá provocar
mudanças qualitativas nesse processo (SILVA & RODRIGUES, 2000).
A Odontologia, atualmente, considera a educação em saúde como uma das ações mais
importantes da sua prática, porque pode contribuir com a preservação e promoção da saúde do
paciente. Entretanto, o processo de educação, muitas vezes, limita-se a dizer aos pacientes como
devem proceder e não como ter condições de tomar suas próprias decisões. Isto decorre, talvez, do
fato da odontologia possuir um forte apelo técnico, em virtude da natureza da sua prática, que visa,
fundamentalmente, recuperar a forma e a função dos elementos dentários, deixando de lado,
inúmeras vezes, as questões envolvendo as demais estruturas da cavidade bucal, conhecidos por
tecidos moles, ou seja, gengiva, mucosa oral, assoalho da língua (GUTERMAN, 2005).
Assim, de uma forma geral, os profissionais de Odontologia apresentam dificuldade de
comunicação com os pacientes, pois, normalmente, deixam de utilizar termos de conteúdos didáticopedagógicos, para usar outros muito técnicos, impossibilitando, desta maneira, a compreensão da
informação pela população.
Quando se pretende fazer uma abordagem educacional, deve-se ter em mente o
enraizamento de diversos conceitos incorporados e construídos durante toda uma vida. Assim, não
será numa simples aula ou palestra que se poderá conseguir educar alguém, no sentido de mudança
de hábitos ou de rotinas.
Sobre esta questão, Costa & Albuquerque (1997, p.252) discutindo as questões de ordem
pedagógica no processo educativo, afirmam:
“... Para quem é educador é importante lembrar que não basta o domínio da
técnica, do conteúdo, do que ensinar. Mais importante que isso é como ensinar; o
que, por sua vez, implica o mínimo de formação pedagógica, para que se consiga o
objetivo final, que deverá ser a transformação da realidade a partir da modificação
do comportamento, via novos conhecimentos”.
Dessa maneira, o professor e o agente comunitário de saúde tornam-se extremamente
importantes nessa comunicação com os usuários. Portanto, a atenção à saúde bucal deve envolver
todos os determinantes do processo saúde-doença bucal e transcender o âmbito odontológico, para
abranger a saúde como um todo. Isso requer a articulação e coordenação de ações multisetoriais,
desenvolvidas pela sociedade.
Este trabalho visou à preparação de um material didático que pudesse auxiliar o professor do
ensino fundamental e os agentes comunitários de saúde na transmissão de informações sobre saúde
bucal e, para isto, elaborou-se um material didático de apoio para esses profissionais do Município de
Valença. Para a construção desta ferramenta foi feito, inicialmente, um levantamento entre estes
profissionais a fim de se conhecer sua aceitação e utilidade na prática diária. Em função disto, em um
segundo momento, foi apresentado o material didático com alguns conteúdos de saúde bucal com a
finalidade de saber se contemplava suas necessidades para a transmissão desses conhecimentos.
Através das entrevistas com aplicação de questionários semi-estruturados tanto no primeiro momento
quanto no segundo, verificamos não só sua aceitação como o interesse e o entusiasmo em receber o
material proposto.
3. SAÚDE GERAL: SUA INTERRELAÇÃO COM SAÚDE BUCAL
Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1960 conceituou saúde como um estado de
completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade. Esta definição
imediatamente ganhou universalmente foros de aceitação, pois considera a saúde como um estado
suscetível de gradações.
A partir deste conceito, foram sendo criadas outras definições para saúde, como, por
exemplo, a de AURÉLIO (2004) que diz ser a saúde o estado do indivíduo cujas funções orgânicas,
físicas e mentais se acham em situação normal; estado do que é sadio ou são; força, robustez;
disposição do organismo; disposição moral ou mental, no qual o autor WYLIE (1970) acrescenta “(...)
perfeita e continuada (...)”; SPENCER (1980) conceituou saúde como sendo uma perfeita adaptação
de um organismo ao seu ambiente.
Segundo SIGERIST (2001) apud (PEREIRA, 2003, p.119), a definição se alonga da seguinte
maneira:
“...Nós todos vivemos em um ritmo determinado pela natureza, cultura e hábitos. Dia
e noite se alternam num fluxo sem fim e nós próprios nos conformamos a esse ritmo,
acordando e dormindo, trabalhando e cansando... Um ritmo inalterado significa
saúde... a doença então interrompe abruptamente esta estrutura” (apud PEREIRA,
2003, p. 119).
Com relação a este conceito, ainda encontramos Hoyman (apud BASTOS e colaboradores,
2001, p. 284), apontando que “saúde é um ajustamento pessoal ótimo para uma vida completa,
frutífera e criativa”.
A visão de saúde definida por Fritjof Capra (1982, p.117) em “O ponto de mutação”
compreende a saúde como um fenômeno multidimensional, que envolve aspectos físicos,
psicológicos e sociais, todos interdependentes. Esta idéia baseia-se na concepção sistêmica da vida,
na qual os organismos vivos são sistemas auto-organizadores, que têm um alto grau de estabilidade,
que é dinâmica e caracterizada por flutuações contínuas, múltiplas e interdependentes.
Portanto, a saúde é uma prática de bem estar, que resulta num equilíbrio dinâmico,
envolvendo aspectos físicos e psicológicos do organismo em interação com o meio ambiente natural
e social (LAURELL, 2003).
Essas definições incluem, portanto, várias dimensões como a individual, social, econômica e
cultural. Assim, a percepção de saúde e doença de cada indivíduo estará ligada a sua forma de
perceber a vida, que por sua vez acontece em contextos diversos, marcados por diferenças culturais,
sociais, econômicas e individuais.
Nesse sentido, de acordo com Chaves (1986) a saúde bucal é um estado de normalidade e
eficiência funcional dos dentes e das estruturas de suporte, e também das partes circundantes da
cavidade bucal e das várias estruturas relacionadas à mastigação e ao complexo maxilo facial. A
saúde bucal, como estado de harmonia, normalidade ou higidez da boca, só tem significado quando
acompanhada, em grau razoável de saúde geral do indivíduo.
Segundo o mesmo autor “Saúdes parciais constituem objeto de programas especializados das
diversas profissões da saúde e estes programas só têm sentido quando desenvolvidos
harmonicamente, quando integrados em um programa global de saúde pública”.
“A criança e o adolescente têm o direito à proteção à vida e a saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência” (Lei n.
8069, cap. I do direito à vida e à saúde, 1990).
Saúde Bucal é muito mais do que um problema exclusivo do dentista, mas de toda comunidade
e assim deve ser abordado (GISH & SMITH, 2000).
Para os dentistas e pesquisadores, está se tornando rotina considerar o impacto da saúde
global sobre a saúde bucal. Assim, uma detalhada anamnese torna-se um componente importante
para orientar todo o tratamento dentário de rotina (ALMEIDA JR., 1922).
Hoje, apesar de menos estudada, existe a preocupação de que a presença de uma infecção
bucal ou uma disfunção possa ter impacto na saúde total ou geral do indivíduo. Assim, o tratamento
de uma doença dentária existente poderá melhorar o estado de saúde global do paciente se for
interrompido o caminho da doença oral para a doença sistêmica (Idem, 1922).
Muito tem sido feito para tentar minimizar os índices epidemiológicos na saúde bucal. Sabemos
que os problemas de odontologia são medidos através de indicadores, coeficientes ou proporções,
que mostram a freqüência com que ocorrem certas doenças e certos eventos na comunidade,
podendo incluir ou não uma indicação do grau de severidade da doença (CHAVES, 1986).
No caso da ocorrência da cárie dentária, utiliza-se o índice CPO-D, que é a média do número
total de dentes permanentes, cariados, perdidos e obturados em um grupo de indivíduos (apud
CHAVES, 1986).
De acordo com a OMS (1991) a prevalência de cárie dentária é classificada com base nos
valores do CPO-D, da seguinte forma: 0,1 a 1,1 a prevalência é muito baixa; 1,2 a 2,6 - baixa; 2,7 a
4,4 - moderada; 4,5 a 6,5 - alta e igual ou maior que 6,6 a prevalência é muito alta (apud CHAVES, p.
24-53,1986).
A partir da OMS, o Ministério da Saúde iniciou, no ano 2000, o levantamento epidemiológico de
saúde bucal envolvendo dois mil trabalhadores (cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário e
agentes comunitários de saúde) com a participação de 250 municípios. Foram examinadas 108.921
pessoas, entre crianças (18 a 36 meses e 5 a 12 anos), adolescentes (15 a 19 anos), adultos (35 a 44
anos) e idosos (65 a 74 anos). Assim encontraram os seguintes índices de CPO-D (gráfico 1):
crianças até 12 anos 2,8; adolescentes até 19 anos 6,2; adultos até 44 anos 20,1 continuando a
aumentar na população de idosos, chegando a 27,8, constatando-se, dessa forma, com nitidez, os
altos índices de CPO-D na população brasileira e a continua necessidade em se fazer educação
permanente .
Gráfico 1: Médias de CPO-D e participação dos componentes de acordo com a idade. Brasil, 2003.
Fonte: Projeto SB Brasil, 2003: resultados principais (BRASIL, 2003).
Dessa forma, o Ministério da Saúde organizou um documento que apresenta diretrizes, através
da portaria nº. 267 de 06/03/2001, para reorientação na organização da atenção à saúde bucal no
âmbito do SUS, tendo como meta a produção do cuidado à saúde bucal (BRASIL – MS/PNSB, 2004).
Essas diretrizes respondem a uma concepção de saúde centrada na promoção da boa
qualidade de vida e intervenção nos fatores que as coloquem em risco e vise atender ao usuário na
produção de conhecimento, responsabilização e autonomia e fazer com que a integralidade seja
percebida através do estímulo à construção de uma consciência sanitária, percebida como direito a
ser conquistado (Idem, 2004).
As diretrizes mostram que para adequação do processo de trabalho no modelo de atenção
básica, o item da intersetorialidade requer ações de promoção de saúde na atuação da escola, no
local de trabalho, no comércio, na mídia, na indústria, no governo, etc. para que essas ações se
tornem mais efetivas (Idem, 2004).
Após adequar o processo de trabalho, deve-se seguir para as ações de saúde bucal, inserindo
a promoção e a proteção à saúde, que transcende a dimensão meramente técnica do setor
odontológico, fazendo a integração da saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva (Idem,
2004).
Desenvolver políticas públicas saudáveis, como incentivar a fluoretação das águas, fazer uso
de dentrifícios fluoretados, assim como trabalhar educação em saúde, permite que o cidadão
combata a automedicação, a medicalização e a excessiva dependência aos profissionais ou serviços
de saúde (Idem, 2004).
As atividades de educação em saúde bucal podem ser realizadas pelo cirurgião dentista (CD),
pelo técnico em higiene dental (THD), pelo auxiliar de consultório dentário (ACD) e pelo agente
comunitário de saúde (ACS), principalmente nas visitas domiciliares, assim como nas escolas,
creches, asilos e espaços institucionais, como será comentado posteriormente (Idem, 2004).
As
definições
de
saúde,
exemplificadas
anteriormente,
têm
sido
ampliadas
consideravelmente, assim como a definição de saúde bucal, onde as infecções ou doenças da
cavidade oral exigem a mesma atenção que as outras doenças de outras partes do corpo.
Por ser a saúde bucal e a saúde geral um conflito de toda sociedade, definiremos também
saúde pública, pois esta deverá cumprir seu papel diante da sociedade.
Saúde pública pode ser entendida como:
1. “... ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida e promover a
saúde e a eficiência física e mental mediante esforços organizados da comunidade
para o saneamento do meio, o controle das doenças transmissíveis, a educação dos
indivíduos sobre higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e de
enfermagem para o tratamento preventivo e diagnóstico precoce das enfermidades,
o desenvolvimento de um mecanismo social que assegure a cada indivíduo um nível
de vida adequado à conservação da saúde, organizando estes benefícios de tal
modo que cada cidadão se encontre em condições de gozar de seu direito natural à
saúde e longevidade” (WINSLOW apud CHAVES, 1986, p.11).
“2. “... o diagnóstico científico e o tratamento dos problemas de saúde das
comunidades como entidades” (CHAVES, 1986, p. 9).
3. “... saúde do povo considera a saúde coletiva de um grupo, de uma
comunidade, de uma nação” (Ibid, p. 9).
Conscientizar a população da importância da saúde bucal e da manutenção de uma boa
higiene pode evitar algumas doenças que levam à morte. É isso mesmo: o dente pode matar..., a
boca não é um órgão isolado do corpo humano, e deve ser vista como parte integrante deste, e que é
influenciado pelo mesmo, na qual suas patologias terão implicações para todo o organismo
(ARMOND et al., 2001).
Um exemplo disto é o diabetes que pode apresentar complicações a partir de uma cavidade
bucal contaminada com doença cárie e doença periodontal.
3.1 POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA: A SAÚDE BUCAL COMO UM DIREITO
Nos anos 50, a assistência odontológica era prestada principalmente por desembolso direto
dos cidadãos. A prática odontológica era privada e seguia os padrões assistenciais da medicina
reproduzindo o modelo da Escola Norte Americana (Cordon, 1981). O modelo educacional
privilegiava o individualismo podendo ser caracterizada como cientificista ou flexneriano.
Mendes apud Narvai (1994) comenta que os outros elementos estruturais ou ideológicos
dessa prática odontológica excluíam a causa social, porque eram baseados apenas na causa
biológica (biologismo), na analogia do corpo com a máquina (mecanicismo), na atenção urbanocêntrica e nos hospitais centrais (centralização dos recursos nos hospitais – características
hospitalocêntrica), no fracionamento do conhecimento com as especialidades, na associação da
qualidade à tecnologia de alta sofisticação, na ênfase curativa e na exclusão das práticas alternativas.
Em 1923, a Lei Eloy Chaves criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS), que se
constituíram na primeira experiência de seguro para trabalhadores do setor privado, sendo,
primeiramente, para os ferroviários, depois marítimos e portuários. Com as CAPS teve início a
Previdência Social, baseada no modelo de seguro social, segundo o qual só tinham direito aos
benefícios sociais, incluindo a saúde, aqueles trabalhadores do mercado formal, que pagavam sua
contribuição através da folha salarial. Dessa forma, a partir de 1926, só os trabalhadores formais,
seus filiados e dependentes é que tinham acesso à assistência médica, odontológica e farmacêutica
(COHN, apud SERRA, 1998).
Este modelo, excludente desde seu nascimento e de privilegiamento da assistência médica
privada, através de contratos e convênios com serviços privados, permaneceu até a Constituição de
1988.
Em convênio com o governo americano, foi criado em 1942, o Serviço Especial de Saúde
Pública (SESP) em várias regiões de Minas Gerais, Amazonas e Espírito Santo, serviços baseados
em postos permanentes como centros de saúde e postos rurais. Visavam uma organização
regionalizada e hierarquizada da rede, formando uma estrutura básica de serviços de saúde pública,
onde desenvolviam o trabalho de assistência odontológica e médica somente em determinadas
áreas, com o objetivo de sanear o ambiente e assistir as populações na zona da borracha e do
minério (MERHY, 2005, p.197).
As ações coletivas de saúde Bucal do Ministério da Saúde limitavam-se aos programas de
fluoretação das águas de abastecimento público.
Ainda na década de 50, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), introduziu a assistência
planejada, voltada para os escolares, rompendo de certa forma com a rigidez da demanda
espontânea do modelo hegemônico de atenção odontológica, mas, apesar disso, as características
flexnerianas foram mantidas (ZANETTI, 1996).
Essa assistência para escolares teve como principal instrumento teórico o sistema
incremental, que foi definido como:
“Um modelo que visa o completo atendimento dental de uma população
determinada, eliminando suas necessidades acumuladas e posteriormente
mantendo-a sob controle, segundo critérios de prioridades quanto a idades e
problemas” (PINTO 1989, p.43-45).
Na tentativa de resolver os problemas da cárie dental no Brasil, o sistema incremental,
modelo americano de atenção às minorias, foi importado e adotado pela Odontologia brasileira, sem,
entretanto, levar em conta as grandes diferenças existentes entre os dois países. Dessa forma, o
Sistema Incremental não deu o resultado esperado já que não chegou a formular nenhuma estratégia
universal que atingisse toda a população brasileira, porque se voltava restritamente para a
população-alvo, não atingindo toda população exposta ao risco de adoecer. Enfim, o modelo excluiu
parte da população que necessitava do modelo assistencial (NARVAI apud ZANETTI et al, 1996).
Zanetti et al. (1996, p.25) descrevem o sistema incremental como:
“(...) O incremental desenvolveu-se enquistado nas escolas, criando um sistema de
privilégios e benesses, que acabou por favorece o cirurgião-dentista
descompromissado com o serviço público e afeto a favores clientelistas; uma vez
que a lógica foquista mantinha-o à parte do sistema de saúde (se é que este sistema
existia), sem qualquer monitoramento ou acompanhamento de seu trabalho pelos
mecanismos de controle social, que foram criados no setor saúde.
Consequentemente, a programação do SESP não se vinculou à unidade de saúde,
mas à escola e suas demandas (...)” (ZANETTIi et al. 1996, p.25)
Através de estudos sobre a assistência odontológica pública no Brasil, entre o período de
1950 e 1980, Oliveira e colaboradores (1999) constataram que o Sistema Incremental foi o modelo
gerencial que se estabeleceu prioritariamente nos programas de saúde escolar.
Apesar de ter representado um grande avanço na época, se mostrou um modelo superado,
tanto pela sua eficácia como pela sua abrangência e cobertura. O Sistema Incremental era
estabelecido pelo paradigma curativo-reparador, aumentando assim o número de dentes restaurados,
mas sem causar nenhum impacto sobre os níveis de doença bucal, além disso, trata-se de um
modelo excludente, onde se priorizava os escolares de 7 a 14 anos de idade (OLIVEIRA, 1999).
A partir das deficiências do Sistema Incremental, surgiu uma nova abordagem da prática
odontológica denominada Saúde Bucal, que vem contemplar a saúde bucal integral para a
comunidade escolar.
Narvai (1992) em relação a isso comenta:
“... as proposições de prática odontológica da saúde bucal coletiva opõem-se
frontalmente à hegemonia da odontologia de mercado. (...) A saúde bucal coletiva
tem procurado constituir-se em referência de uma práxis capaz de recuperar, para o
trabalho em odontologia, suas dimensões política, social, comunitária, preventiva e
integral, indispensáveis às práticas no campo da saúde que tenham como horizonte
sociedades democráticas e solidárias, nas quais as questões de saúde-doença
tenham, efetivamente, relevância pública e assim sejam consideradas pelo Estado e
pelo conjunto da sociedade.” (NARVAI, 1992 p.104).
Paim e Almeida Filho apud Soares (2004) comentam que na década de 60, ocorreu o debate
sobre extensão e cobertura dos serviços de saúde, sendo ampliada na década de 70. Em 1997, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu o direito à saúde e a responsabilidade da
sociedade em garantir os cuidados básicos de saúde, consignando o ano 2000 como o ano da saúde
para todos.
Em 1978, a Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde em Alma-Ata,
promovida pela OMS, reafirmou a saúde como um direito do homem e como responsabilidade política
dos governos e, ainda, estabeleceu a Atenção Primária à Saúde como uma privilegiada estratégia de
operacionalização das metas de saúde para todos, incluindo no discurso elementos da saúde
comunitária (SOARES, 2004.p.6).
A luta pelo fim das desigualdades no acesso à saúde ainda permanece, agora voltada para a
implantação plena do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse movimento pelos direitos sociais
também se buscou meios para identificar os principais problemas do país na área da saúde bucal. E
essa discussão ocorreu por ocasião da I Conferência Nacional de Saúde Bucal (CNSB), em função
das condições de saúde bucal e o estado dos dentes dos brasileiros, que conformam imagens cruéis
do corpo humano.
Na I Conferência Nacional de Saúde Bucal ocorrida em 1986, no mesmo ano da VIII
Conferência Nacional de Saúde, discutiram-se questões gerais de saúde no Brasil. Dentro deste
processo amplo e democrático a I CNSB discutiu a saúde como direito de todos e dever do Estado e
consagrou a saúde bucal como “parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo,
diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente,
transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, acesso aos serviços de saúde e à informação”,
inserindo, dessa maneira, de forma definitiva a saúde bucal no SUS (BRASIL, 1986). Portanto, a
Saúde Bucal, torna-se responsabilidade do Estado, uma vez que está intimamente vinculada à
melhoria de fatores sociais, políticos e econômicos (BOTAZZO, 1994).
A partir desta conquista ocorreu, a II CNSB realizada em 1993, que se apresentou articulada
à IX CNS (1992) e onde foram discutidos problemas decorrentes da resistência governo federal em
efetivar a participação da sociedade nas decisões e processos de gestão do SUS, como também
avançar na descentralização das ações e serviços.
Na II CNSB foram aprovadas diretrizes e estratégias políticas para a saúde, reconhecida
como “direito de cidadania”, e indicadas às características de “um novo modelo de atenção à saúde
bucal” e dos recursos humanos necessários. Propôs-se também criar condições, para o
financiamento e seu controle social, por meio dos conselhos de saúde; defender a descentralização
das ações como “garantia de universalidade do acesso e equidade da assistência odontológica,
interligados a outras medidas de promoção de grande impacto social” (BRASIL, 1990).
A III CNSB realizada em 2003, como parte inseparável do processo que caracterizou a XII
CNS, também adotou seu tema central: “Saúde: um direito de todos e dever do Estado – A saúde que
temos o SUS que queremos” (BRASIL, 2004).
Acompanhada pelo agravamento das condições de vida do povo brasileiro, pela continuidade
de gravíssimos problemas sociais, e, também, pelas enormes dificuldades para fazer as mudanças
reclamadas pela maioria da população, a III CNS é realizada num contexto onde a expectativa dos
brasileiros se voltava para as reivindicações históricas, que pudessem ser, enfim, concretizadas,
entre elas as relacionadas à saúde e à saúde bucal (Idem, 2004).
3.2 SAÚDE BUCAL E O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
O PSF é um modelo voltado para a proteção, promoção e recuperação da saúde,
atendimento as famílias, através da atenção integral e contínua a todos os membros da família.
Criado em 1994 incorporou e ampliou a atuação os agentes comunitários de saúde (BRASIL, 1994).
Apresenta como objetivo o melhoramento do estado de saúde da população, mediante a
construção de um modelo assistencial de atenção baseado na promoção, proteção, diagnóstico
precoce, tratamento e recuperação da saúde, em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS
e dirigido aos indivíduos, à família e a comunidade. Dessa forma pretende alterar o perfil dos
problemas de saúde-doença da cavidade bucal das populações domiciliadas nos territórios de
abrangência das equipes do PSF (Idem, 1994).
É importante que os profissionais de uma equipe de PSF apresentem um olhar integral sobre
o indivíduo, sua família, a comunidade e as questões ambientais, sociais e econômicas que
influenciam o estado de saúde da população da área de cobertura, tais como: educação,
abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, processo de urbanização, etc (Idem,
1994).
Assim as ações e serviços resultam de um adequado conhecimento da realidade da saúde de
cada localidade. (Idem, 1994).
Um dos aspectos fundamentais da Estratégia de Saúde da Família está no processo de
trabalho em uma equipe multiprofissional, introduzindo o “novo”, afrontando valores, lugares e
poderes consolidados pelas práticas dos modelos que o antecederam (BRASIL, 2004).
As ações e serviços de saúde bucal no Brasil se caracterizavam em sua maioria por ações
curativas e mutiladoras e com acesso restrito, pois abrangiam na grande maioria escolares na faixa
etária de seis a doze anos e os adultos com acesso apenas nos serviços de urgência (BRASIL,
2006).
Pensando em reorganizar o modelo de atenção à saúde e ampliar o acesso às ações de
saúde bucal e podendo garantir a atenção integral aos indivíduos e as famílias através da Portaria
GM/MS nº. 1.444 em 28 de dezembro de 2000ª Equipe de Saúde Bucal passou a fazer parte da
Estratégia Saúde da Família (BRASIL, 2006).
São designadas como atribuições comuns a todos os profissionais das Equipes de Saúde da
Família e de Saúde Bucal participar do processo de territorialização e mapeamento da área de
atuação da equipe identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos, inclusive aqueles
relativos ao trabalho, e da atualização contínua dessas informações, priorizando as situações a serem
acompanhadas no planejamento local; realizar o cuidado em saúde da população adscrita, dando
prioridade ao âmbito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas,
associações, entre outros), quando necessário; realizar ações de atenção integral, garantir a
integralidade da atenção por meio da realização de ações de promoção da saúde, prevenção de
agravos e curativas; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações
programáticas e de vigilância à saúde; realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de
notificação compulsória e de outros agravos; realizar a escuta qualificada das necessidades dos
usuários em todas as ações, participar das atividades de educação permanente (grifos nossos).
A Portaria 648 de 28 de março de 2006 apresenta também as seguintes atribuições: realizar
diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o planejamento e a programação
em saúde bucal; realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo as
urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais; realizar a atenção integral em saúde bucal individual e
coletiva a todas as famílias; encaminhar e orientar usuários, quando necessário; coordenar e
participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da
Equipe de Saúde da Família; realizar supervisão técnica do THD e ACD; e participar do
gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento do USF (BRASIL, 2006).
4 A ESCOLA E A EDUCAÇÃO
“A Educação é um processo rico e enriquecedor, pois contém o germe da crítica,
reflexão e consciência” (Arthur da Távola).
Diferentes práticas educativas têm sido utilizadas, no processo ensino-aprendizagem junto
aos indivíduos. Conforme as concepções, formações individuais ou sociais, diversas serão as práticas
e diferentes as conseqüências e resultados. Faz–se necessário bem conhecê-las para se estar
consciente daquilo que se faz e se pode fazer. Compreender porque se está fazendo algo, porque se
está usando determinadas estratégias e não outra é fundamental para um trabalho sério e produtivo.
As escolas são constituídas em função das diversas concepções pedagógicas que norteiam o
processo educativo. Concepções estas que serão explicitados a seguir, bem como a opção por uma
escola libertadora como local ideal para o estabelecimento de uma escola promotora de saúde.
A educação pode se dar de modo informal, assistemático ou difuso, ou de maneira formal e
sistemática. “Quanto mais se vive, mais se aprende”, é um ditado popular que define bem a educação
informal, ou seja, é aquela que acontece no decorrer da vida diária, ocorre através do aprendizado de
cada grupo social. Não existe um planejamento, um local ou uma hora determinada para o
aprendizado, todas as pessoas, sem exceção participam dessa forma de educação. Um exemplo
desse tipo de educação seriam as comunidades isoladas, onde não existe escola (OLIVEIRA, 1989).
A educação formal é aquela ordenada, que visa a transmissão de um determinado
conhecimento de técnicas ou modos de vida, ou seja, é a escola. Aquela especificamente organizada
para transmitir às crianças a herança cultural da sociedade (OLIVEIRA, 1989). É aquela que será
visada no presente trabalho.
A escola tem se constituído como centro importante do processo educativo, da convivência e
do crescimento dos indivíduos, exercendo sobre eles grande influência em suas etapas formativas,
mas que são de grande importância em suas vidas (OPS, 1998).
A escola é também uma instituição onde há um conjunto de normas e procedimentos
padronizados, valorizados pela sociedade, na qual seu objetivo principal é a socialização do
indivíduo, a transmissão de aspectos determinados pela cultura. Também pode ser vista como um
conjunto de alunos, professores e funcionários que desenvolvem um processo contínuo de
cooperação, onde o principal objetivo é o de transmitir determinada cultura (OLIVEIRA, 1989).
As instituições escolares expressam a maneira pela qual é compreendido o processo de
ensino aprendizagem norteadas pelas práticas pedagógicas. O trabalhar com os diferentes conteúdos
pode estar priorizando o ensinar ou o aprender, a transmissão ou a construção do conhecimento. A
multiplicidade de significações que podem estar presentes nas enunciações do professor, e a
diversidade do auditório formado pelos alunos conduzem a diferentes estados de construção de
conhecimento pelos indivíduos. A compreensão dos fundamentos, das conseqüências pedagógicas
das diversas tendências que envolvem o ensinar e o aprender permitem a análise e escolhas de
como se trabalhar o conhecimento de maneira consciente e com resultados mais efetivos (FREITAS,
1994).
4.1 CONCEPÇÕES QUE ORIENTAM O ENSINAR E O APRENDER
A concepção pedagógica tradicional no mostra que o conhecimento pré-existe ao sujeito,
estando no mundo externo. O sujeito, aquele que aprende se comporta como mero receptor é uma
“tabula rasa” sobre a qual devem ser despejados os conhecimentos. Os conhecimentos que o aluno
traz consigo, suas concepções de mundo são desconsideradas (FREITAS, 1994).
As ações de ensino são centradas na exposição do conhecimento pelo professor. O
importante é o ensinar e aquele que ensina o professor, tem um papel destacado. O professor
assume funções de ensinar e corrigir a matéria previamente selecionada, de vigiar e aconselhar os
alunos. É a autoridade máxima, um organizador de conteúdos e estratégias de ensino, portanto o
responsável e condutor do processo educativo (PEREIRA, 2003).
Bordenave (1999) sistematiza essa corrente pedagógica, tanto em nível individual quanto
social. Em nível individual, há o hábito de tomar notas e memorizar, a passividade do aluno e falta de
atitude crítica, há profundo respeito quanto às fontes de informação, sejam elas professores ou
textos, distância entre teoria e prática e falta de “problematização” da realidade. Em nível social, há a
adoção inadequada de informações científica e tecnológica de países ditos desenvolvidos, adoção
indiscriminada de modelos de pensamento elaborados em outras regiões, individualismo e falta de
participação e cooperação, falta de conhecimento da realidade e conseqüentemente, imitação de
padrões intelectuais estrangeiros, submissão à dominação e ao colonialismo e manutenção da
divisão de classes sociais. Esta concepção fundamenta a escola tradicional (PEREIRA, 2003).
Podemos definir a concepção pedagógica tradicional como sendo a “ditadura”.
Ditadura porque o mais importante são as ações do professor, ele é o mantenedor do saber,
ele é autoridade máxima, o guia exclusivo do processo educativo.
Nessa concepção todas as imposições geram alunos pacíficos, alunos que aprende pouco, e
muitas vezes o que aprendem não facilitam sua inserção e atuação na sociedade.
Portanto tal concepção foi adotada tempos atrás, quando todos aceitavam tudo que era
imposto, mas hoje, tal concepção não deve ser adotada, pois, vemos que as crianças de modo geral
estão mais críticas. Todas as imposições feitas pelos pais ou professores, e até mesmo por algum
adulto em geral, sempre tem um “questionamento”, sempre fazem uma perguntinha básica, por quê?
E com certeza todo questionamento tem que ser respondido com consciência, para que tal “criança”
fique satisfeita com a resposta.
A concepção que se refere a pedagogia renovada inclui várias correntes com o mesmo
princípio norteador de valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social. (Movimento chamado
Escola Nova: John Dewey, Montessori, Piaget, Anísio Teixeira e a Pedagogia não-diretiva de Carl
Rogers). O centro da atividade escolar não é o professor nem os conteúdos disciplinares, mas o
aluno como ser ativo e curioso. O mais importante não é o ensino, mas o processo de aprendizagem.
Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do
que o saber propriamente dito (ZACHARIAS, 2006).
O professor é um facilitador do desenvolvimento livre e espontâneo do indivíduo. Deve partir
do aluno, o processo da busca pelo conhecimento. Cabe ao professor organizar e coordenar as
situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos, para
desenvolver capacidades e habilidades intelectuais de cada um. O professor estimula a motivação
dos alunos, despertando neles a busca pelo conhecimento, o alcance das metas pessoais, metas de
aprendizagem e desenvolvimento de competências e habilidades. O processo de ensino é
desenvolvido para proporcionar um ambiente favorável ao auto desenvolvimento e valorização do
“eu” do aluno (ZACHARIAS, 2006).
A educação centrada no estudante como diz Rogers é a democrática, aquela em que o
estudante tendo responsabilidade de si próprio consegue ser uma pessoa responsável, auto
determinada, com iniciativa e ainda preparado para se adaptar às novas situações e problemas
(ROGERS apud PERREIRA, 2003).
Um passo muito importante é o de ajudar as pessoas a analisarem seus problemas, pois
assim elas passam a ter controle sobre suas próprias vidas e ao mesmo tempo gera um sentimento
de dedicação, de vontade e capacidade de mudança. Essa corrente tem influenciado algumas
práticas de ensino, especialmente a educação infantil, o campo da orientação educacional e da
psicologia escolar (PEREIRA, 2003).
Vemos agora, uma concepção voltada totalmente para o aluno, o aluno aprende através de
suas experiências ou pelo que descobre por si mesmo. Tal concepção faz com que o professor seja
apenas um facilitador no processo.
A idéia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos acabou em muitos casos por
desconsiderar a necessidade de um trabalho planejado, perdendo-se de vista o que se deve ensinar
e aprender (ZACHARIAS, 2006).
Portanto, temos fatos a serem discutidos como, por exemplo, a desconsideração do trabalho
planejado, no qual perdemos de vista o que deve ser ensinado e aprendido.
Tal desconsideração vem nos mostrar falhas nessa concepção, pois o aluno não deve
sempre aprender sozinho, ele deve ter em suas mãos algo planejado, para que em cada fase de sua
vida aprenda algo importante e que tenha valor.
Dessa forma, podemos dizer que para o processo ensino-aprendizagem se dê de maneira
eficaz, é necessária a junção dos ensinamentos do professor e a capacidade do aluno de discernir o
que é necessário para ele.
A pedagogia por condicionamento ou tecnicismo se concentra no modelo da conduta
mediante um jogo eficiente de estímulos e recompensas capaz de “condicionar” o aluno a emitir
respostas desejadas pelo professor. Inspira-se nas teorias behavioristas (Skinner, Gagné e Bloon) da
aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino (ZACHARIAS, 2006).
Nesta tendência, a escola funciona como modeladora do comportamento através de técnicas
próprias. A educação escolar compete à organização do processo de aquisição de habilidades,
atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários aos indivíduos para que estejam integrados
ao sistema social global. O interesse escolar é a produção de indivíduos competentes (no âmbito da
técnica) para o mercado de trabalho (ZACHARIAS, 2006).
Para Bordenave, as conseqüências da pedagogia por condicionamento ou modelagem da
conduta são em nível individual: aluno ativo, emitindo respostas que o sistema permitir; alta eficiência
da aprendizagem de dados e processos; o aluno não questiona os objetivos, nem o método,
tampouco participa em sua seleção; o aluno não tem oportunidade de criticar os conteúdos do
programa; o tipo e a oportunidade dos reforços são determinados pelo programador do sistema;
tendência ao individualismo e à competitividade, o aluno mais rápido ganha em status e em acesso a
materiais ulteriores; há tendência a renunciar à originalidade e à criatividade individual, as respostas
corretas são preestabelecidas (BORDENAVE apud PEREIRA, 2003).
O que iremos analisar, portanto, é que o professor é um especialista na produção de
indivíduos competentes para o mercado de trabalho e nada mais. O papel do professor não é passar
os conhecimentos necessários ao processo ensino-aprendizagem, mas mostrar as técnicas que irão
levá-los a progredir dentro da sociedade.
A propósito, tal concepção trouxe alguns problemas para o processo ensino-aprendizagem,
pois tanto o professor, quanto o aluno não eram valorizados, e sim a “técnica”.
Dessa forma, não podemos ter um professor apenas técnico, e nem um aluno pacífico, que
dê respostas prontas, mas devemos ter um professor que ensina de forma clara e precisa, e um aluno
que aprende o que é necessário e ao mesmo tempo em que saiba discutir sobre todos os assuntos
que o cerca.
Todas
as
concepções
acima
citadas
apresentam-se
fragmentadas
e
a-históricas
considerando o sujeito, que está a conhecer, de forma abstrata e descontextualizada. Não são
consideradas as circunstâncias sociais que o envolvem. Na perspectiva sócio-histórica e libertadora
de Paulo Freire (pedagogia crítica), o conhecimento é construído numa relação dialética entre sujeito
e objeto, isto é, entre o indivíduo e o meio em que ele vive na época e na sociedade em que ele vive.
Portanto trata-se de uma relação não só com objetos a serem conhecidos, mas é principalmente uma
relação entre pessoas, entre sujeitos. A relação do sujeito e conhecimento não é uma relação direta,
mas mediada. Essa mediação se processa via um outro, via linguagem, logo o conhecimento se
constrói nas relações interpessoais. A construção do conhecimento individual é resultado das
interações entre os indivíduos mediados pela cultura (FREITAS, 1994).
Essa concepção é mais focada no Brasil, no final dos anos 70 e no início dos anos 80 com a
abertura política. Ocorreram, nessa época, intensa mobilização dos educadores com intuito de buscar
uma educação crítica, a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, que visavam
superar as desigualdades sociais. A pedagogia libertadora de Paulo Freire, a pedagogia crítico-social
dos conteúdos, a pedagogia sócio-histórica, são buscadas com intuito de desvelar a realidade,
questionando as relações do homem com a natureza e com os outros homens (PEREIRA, 2003).
Nesta pedagogia, o método de ensino é realizado de forma educativa, através dos grupos de
discussão. O professor está no mesmo nível de importância em relação aos alunos. O método se
baseia na relação dialógica entre professor e alunos. Para Freire (2001), é através do diálogo que se
dá a verdadeira comunicação, onde os interlocutores são ativos. Alunos e professores participam de
uma construção compartilhada do saber. Na sala de aula não há lugar para o ensinar e o aprender de
forma isolada. Toda ênfase é colocada no ensinar/aprender como um processo único do qual
participam igualmente professores e alunos. O professor é aquele que, detendo mais experiência,
funciona intervindo e mediando a relação do aluno com o que está a conhecer. Ele está sempre
atuando como elemento de ajuda, de intervenção, trabalhando junto com o aluno numa construção
compartilhada do conhecimento. O desenvolvimento é olhado prospectivamente, o que importa são
os processos de aprendizagem. O professor atua de forma explícita, provocando avanços que não
ocorreriam espontaneamente. O que ocorre na escola, a intervenção do professor e sua ajuda
através de explicações, demonstrações, exemplos, orientações, instruções, fornecimento de pistas
são ingredientes importantes do processo de ensino que levam o aluno ao desenvolvimento
(FREITAS, 1994).
Bordenave (1999) aponta as seguintes repercussões dessa pedagogia: em nível individual, o
aluno está constantemente ativo, observando, formulando perguntas, expressando opiniões e
percepções. Ele fica motivado pela percepção de problemas reais cuja solução é buscada e a
aprendizagem está ligada a aspectos significativos da realidade. O desenvolvimento de habilidades
intelectuais de observação, análise, avaliação, compreensão é buscado, bem como o intercâmbio e
cooperação entre os demais membros do grupo. Em nível social, a população é conhecedora de sua
própria realidade e há reação a valorização excessiva do forâneo. Há criação de métodos e
instruções originais adequados a própria realidade com redução da necessidade de líderes, pois
líderes são emergenciais, há criação e ou adaptação de tecnologia viável e culturalmente compatível
(BORDENAVE, 1999).
O processo de ensino-aprendizagem nesta pedagogia segue esquematicamente os seguintes
passos: primeiramente parte da observação de um aspecto selecionado da realidade. A observação
da realidade permite aos alunos expressar suas percepções pessoais, efetuando uma primeira leitura
ingênua da realidade. Na segunda fase, os alunos separam da observação inicial o que é importante,
do superficial ou contingente, identificando os pontos-chave do problema. Num terceiro momento há a
teorização do problema. É questionado o porquê das coisas observadas. Recorre-se, então aos
conhecimentos científicos, possibilitando a teorização a partir dos fatos contidos no dia-a-dia, no
cotidiano do aluno. O aluno é levado a entender o problema além de suas manifestações empíricas
ou situacionais, mas também segundo os princípios teóricos.
Confrontando a realidade com a
teorização o aluno se direciona a uma quarta fase: a formulação de hipóteses de solução para o
problema em estudo. O aluno utiliza a realidade para aprender com ela ao mesmo tempo em que se
prepara para transformá-la. Na última fase, o aluno pratica as soluções encontradas mais viáveis e
aplicáveis. Ele aprende a generalizar o aprendido para utilizá-lo em outras situações diferentes e a
discriminar em que circunstâncias são possíveis ou convenientes a aplicação (BORDENAVE, 1999).
As tendências pedagógicas expostas acima expressam uma representação de homem e de
sociedade. Embora tenham sido colocadas em uma seqüência didática é importante verificar que elas
coexistem em nossa realidade.
Embora haja críticas a cada uma delas é indiscutível que a prática educativa norteada pela
pedagogia crítica é a mais adequada ‘a prática educativa em saúde. Promovendo a valorização do
saber do educando e sua instrumentalização para a transformação da realidade e de si mesmo,
possibilita-se a participação ativa do sujeito nas ações de saúde, assim como o desenvolvimento
contínuo de suas habilidades humanas. Os desenvolvimentos das potencialidades dos indivíduos e
da coletividade convergem para uma sociedade mais democrática, estando em concordância com os
princípios e diretrizes da Promoção da Saúde (PEREIRA, 2003).
Esta concepção irá buscar a aprendizagem a partir do meio em que o indivíduo vive, fazendo
com que os alunos sejam mais críticos. Os educadores irão buscar a educação crítica a serviço das
transformações sociais, econômicas e políticas visando à superação da desigualdade social.
Nesse ponto os educadores irão mostrar a realidade que cercam os alunos, fazendo com que
eles possam refletir sobre todas as mazelas que a sociedade está vivendo.
O mais importante dessa concepção é a discussão, porque todos os problemas serão
discutidos de forma íntegra tanto pelo professor, quanto pelo aluno no mesmo nível de conhecimento.
Dessa forma, o que podemos observar e discutir através dessa concepção, é que ela, possui
alguns esquemas para se desenvolver, ou seja, ela precisa de regras e passos a ser seguidos para
que toda a discussão seja elaborada e que realmente tenha efeito.
4.2 EDUCAÇÃO PARA SAÚDE
A educação e a saúde são espaços de produção e aplicação de saberes destinados ao
desenvolvimento humano (PEREIRA, et al. 2003).
Para educar, há necessidade de se entender o processo ensino-aprendizagem. “A definição
de ensinar é ampla: ‘como fazer com que as pessoas aprendam’ e a de aprendizagem como o
processo pelo qual a conduta se modifica em resultado da experiência” (KVETHE apud PETRY,
2003). São as características da forma de ensinar que irão definir o tipo de aprendizagem e seus
efeitos na educação (PETRY, 2003 p. 372).
Educar não significa simplesmente transmitir ou adquirir conhecimentos. “Existe, no processo
educativo, um arcabouço de representações de sociedade e de homem que se quer formar”. As
novas gerações, através da educação, adquirem os valores culturais e reproduzem ou transformam
os códigos sociais de cada sociedade. Não há um processo educativo asséptico de ideologias
dominantes, sendo necessário se refletir sobre o sentido e o valor da educação na e para a
sociedade (PEREIRA, 2003, p. 123).
A prática educativa em saúde é voltada para o desenvolvimento de capacidades individuais e
coletivas, visando à melhoria da qualidade de vida e saúde, onde se busca não apenas os processos
de intervenção da doença, mas processos de intervenção onde o indivíduo e a coletividade
disponham de meios para a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde (PEREIRA, 2003).
Para Costa & Lopes (1996) a educação em saúde consiste em um conjunto de práticas e
saberes voltados para prevenção das doenças e promoção da saúde (ALVES, 2005).
Com a educação em saúde, o conhecimento científico originado no campo da saúde, torna-se
um recurso para que se alcance a vida cotidiana das pessoas, a fim de que, atingida a compreensão
dos condicionantes do processo saúde-doença, ofereça subsídios para a aceitação de novos hábitos
e conduta de saúde (ALVES, 2005).
Entende-se por educação em saúde quaisquer combinações de experiências de
aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações que conduzam à saúde. É importante combinar
múltiplos determinantes do comportamento humano, com múltiplas experiências de aprendizagem e
de intervenções educativas. O delinear distingue o processo de educação de saúde de quaisquer
outros processos que contenham experiências não programadas de aprendizagem, apresentando-se
como uma atividade sistematicamente planejada, onde medidas comportamentais são adotadas por
uma pessoa, grupo ou comunidade para alcançar um efeito intencional sobre a própria saúde
(CANDEIAS, 1988).
A educação em saúde constitui, na prática, uma fração das técnicas voltadas para a saúde,
prendendo-se especificamente à habilidade de organizar logicamente o componente educativo de
programas que se desenvolvem seja na escola, local de trabalho, ambiente clínico ou na comunidade
(CANDEIAS, 1988).
Na educação para a saúde, o trabalho pedagógico deve estar centrado na saúde e não na
doença, tendo por finalidade subsidiar a construção de valores e a compreensão das práticas
favoráveis ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. Hábitos, estilos de vida e atitudes perante
diferentes questões relativas à saúde, devendo ser valorizados e empregados as mais variadas
fontes de informação (CANDEIAS, 1988).
Ao longo da aprendizagem, o desenvolvimento de conceitos adquire importância cada vez
maior para permitir que os alunos adquiram uma atitude crítica frente aos desafios em suas relações
como o ambiente físico e social, transformando, assim, hábitos e reavaliando as crenças e os tabus
que eles trazem consigo.
Nessa perspectiva, educar para a saúde tem como finalidade a busca permanente da
compreensão dos seus determinantes, bem como a capacitação do indivíduo para a utilização de
medidas práticas, que estejam ao seu alcance, para a promoção, a proteção e a recuperação da
saúde, entre as quais se incluem os direitos ao acesso aos serviços de saúde, hábitos de autocuidado, relações com o meio etc.
Por ser a educação um instrumento de transformação social, seja ela formal ou cidadã, esta
deve ser fundamentada na criatividade de forma que a proposta leve a um processo de reflexão
sobre a realidade, através da ação-reflexão. De acordo com o autor Petry é a atitude que o educando
toma, através da auto-reflexão, para mudar sua própria realidade. Este processo reflexivo está
inserido na proposta de uma educação baseada na criatividade (PETRY, 2003).
Assim, a educação em saúde, para formar a consciência sanitária, precisará ser pensada
como capaz de propagar nas pessoas a noção crítica das causas reais de seus problemas e, ao
mesmo tempo, criar rapidez de compreensão para atuar no sentido da mudança. Ao resgatar essa
independência de cada indivíduo sobre seu próprio corpo e o conhecimento das causas reais do
adoecimento, trabalhando a relação entre causa e efeito, procura-se, com empenho, remover o
caráter fatalista das doenças (PETRY, 2003).
O processo educativo tem por objetivo as mudanças de comportamento necessárias à
manutenção, recuperação e promoção de saúde. É importante que o profissional que trabalha em
educação, se lembre que os valores podem ser modificados, mas que estes se formam lentamente e
que também de modo lento serão reformulados (CHRISTEN, 1984). Com isso, devemos reforçar
repetidamente as mensagens motivacionais, pois mesmo que essas informações tenham sido
completas e adequadas, requererá certo tempo para que seja amadurecida e incorporada pelo
paciente (PETRY, 2003).
As transformações podem ser adquiridas através de diferentes níveis, dos quais os mais
importantes são: cognitivo, onde a informação deverá ser de forma lógica, clara e direta, usando
linguagem de acordo com a cultura da criança. O nível afetivo é aquele que se mostra preocupado
com a saúde do indivíduo, havendo uma relação de confiança entre profissional e a criança, e, por
último, o psicomotor, onde a criança vai executar o que foi transmitido a ele, por exemplo, controle do
biofilme dental através da higiene bucal (PETRY, 2003).
Para ajudar nessas transformações, não podemos ignorar a ocasião, aproveitando a
preocupação com determinado assunto ou acontecimento para servir de motivação para criança.
Podendo também utilizar recursos motivacionais como:
-
Prazer – Como já foi dito anteriormente as coisas ensinadas de forma agradável são melhores
aceitas, com mais resultados positivos.
-
Apercepção (assimilação de novas experiências) – relacionar o novo ensinamento com algo
que já é familiar à vida da criança.
-
Instinto – considerado uma das melhores formas de motivação, pois relaciona o objeto de
ensino com os instintos naturais da criança (PETRY, 2003).
Para implementar programas de saúde bucal coletiva, necessita-se apreender a realidade de
cada indivíduo, assim como definir as necessidades de sua comunidade, seus problemas e sua
cultura (CORDÓN, 1997).
Os hábitos e comportamentos familiares, muitas vezes demonstram como há dificuldade na
mudança de comportamento. As mães não reconhecem a cárie dentária e a doença periodontal como
enfermidades, como apresentam Misrachi e Sáez apud Soares (2004), onde avaliam as crenças,
valores e as práticas populares em relação à saúde bucal, em uma população de baixo nível sócioeconômico, acreditando que os dentes só duram até a quinta década de vida, não podendo modificar
esse fato (SOARES, 2004 pág 18).
Mohr (2002), fazendo uma análise de como a educação em saúde é desenvolvida por
professores de ciências do ensino público fundamental de Florianópolis/SC, observou que os
objetivos pretendidos pelos professores eram completamente alheios ao conceito holístico de saúde,
fixando-se na transmissão de conceitos isolados. A autora concluiu que é necessário re-orientar a
educação em saúde em três aspectos: axiológico, epistemológico e metodológico. O primeiro,
axiológico, deveria permitir que a educação para a saúde fosse desenvolvida como parte integrante
da alfabetização científica. No aspecto epistemológico, os conteúdos deveriam ser organizados de
forma a permitir enfoques interdisciplinares, ao mesmo tempo em que deveriam ter significado para
os alunos, valorizando suas vivências e privilegiando sua forma de relacionar-se com o mundo.
Nascimento (1998) em estudo com professores de Ciências do ensino fundamental buscou
mudar a compreensão dos mesmos sobre educar em saúde. Para tanto, ela usou uma metodologia
que incluiu relatos de vivências pessoais, revisão de bibliografia e debates abertos envolvendo temas
do cotidiano, alimentação e higiene, saúde, meio ambiente, questões de cidadania e direito ao acesso
à saúde. A autora observou que, houve uma mudança na forma de conceituar e trabalhar com
educação em saúde, abrindo novas possibilidades de desenvolvimento nessa área. Também concluiu
que é necessário criar espaços de reflexão permanente e construção de conhecimentos na área de
saúde escolar.
Botazzo (1994) afirma que a saúde bucal coletiva deve direcionar-se para o social como o
lugar de produção das doenças bucais e aí organizar tecnologias que visem não a “cura” do paciente
naquela relação individual biológica, mas sim a diminuição e o controle sobre os processos mórbidos
tomados em dimensão coletiva.
Ainda representam um desafio muito grande as propostas com o foco no coletivo, por um
lado, pelo fato da formação na área da saúde bucal dirigir-se para o individual e, por outro, devido à
existência apenas de uma pequena parte do investimento feito em ciência e tecnologia direcionada
aos problemas de saúde bucal com relevância para a saúde pública (PAULETO, 2005).
Partindo deste contexto, a educação em saúde como prática social voltada para o coletivo
abre a possibilidade de promover a ampliação das práticas de promoção da saúde bucal no espaço
público. Soares (1988) afirma que muitas medidas preventivas permitem combater a cárie e a doença
periodontal e, entre elas estão a higiene bucal, fluoretação e alimentação não-cariogênica, que
constituem medidas eficazes para fazer frente aos problemas bucais. Entretanto, para que tenham
êxito, precisam fundamentar-se em programas educativos.
Na década de 1920, a criação do Instituto de Hygiene de São Paulo, atual Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo, teve o intuito de preparar técnicos para o provimento
de cargos no setor de saúde pública e do ensino científico da Higiene. Essa instituição foi
responsável pela formulação da política sanitária estadual, objetivando, de forma decisiva, a
educação sanitária. Este instituto também articulou estratégias voltadas para a veiculação da idéia da
inserção do ensino da higiene no universo escolar, seja atuando na formação de professores
primários e de agentes de saúde pública, sejam pela produção de impressos destinados as crianças
das escolas primárias e os seus mestres (ROCHA, 2003).
Concebiam-se os problemas sanitários como problemas de ordem educativa. A escola
primária era vista como instituição, “a cuja força e poder deveriam recorrer os higienistas”. Havia o
entendimento que não bastava sanear o ambiente e que o homem alheio à higiene era o maior viveiro
de germes patogênicos, e o mais ativo popularizador de moléstias. “Só ele mesmo, pela sua própria
vontade, aquecida pela educação moral e orientado a pela instrução higiênica, poderá estancar a
fonte morbígena” (ALMEIDA JÚNIOR, 1922).
Assim, pode-se pensar que a escola primária, agindo em massa, lenta e continuamente,
graças a sua universalidade e obrigatoriedade é susceptível de alcançar a todos, no tempo e no
espaço. Da mesma maneira, coerente com esse entendimento, uma nova abordagem da saúde
somente será efetiva se estiver voltada para o bem-estar de toda a comunidade e articulada através
do envolvimento entre educação e saúde.
4.3 A ESCOLA COMO MULTIPLICADORA DA SAÚDE BUCAL
Cyrini e Pereira (1999) analisaram programas de saúde escolar, cuja preocupação seria de
uma ação ampla. Esses programas geralmente oferecem uma prática assistencialista, ou seja, onde
predominam subprogramas isolados, como assistência odontológica, oftalmológica, psicológica, etc.
Esta pesquisa demonstrou que a saúde escolar reproduz o paradigma que prioriza o indivíduo, e
parte dele, em detrimento da coletividade e do todo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) fazem diferença entre ensinar saúde e educar
para saúde, isto é: ensinar saúde faz com que a informação seja isolada, valorizando a anatomia e a
fisiologia para explicar a saúde e a doença. Essa abordagem é denominada biologismo, não tendo se
revelado eficaz nos procedimentos e atitudes necessários à promoção de saúde; o educar para
saúde, ao contrário, se apresenta centrado na saúde e não na doença, tendo por finalidade subsidiar
a construção de valores e a compreensão das práticas favoráveis ao crescimento e desenvolvimento
saudáveis (BRASIL/PCN, 2000).
Dessa forma, o educar para saúde busca permanentemente a compreensão dos seus
determinantes, como também a capacitação do indivíduo para a utilização de medidas práticas, que
estejam ao seu alcance, para a promoção, proteção e a recuperação da saúde (SOARES 2004).
Para Harris (1990, p.31), do Grupo Informal de Estudos e Discussões sobre saúde escolar de
São Paulo (GIEDISE), Saúde Escolar seria:
“Um conjunto de atividades desenvolvidas por uma equipe multiprofissional,
envolvendo inclusive o professor, que visam promover e recuperar a saúde do ser
humano em idade escolar que esteja dentro ou fora da escola, da maneira mais
precoce possível, através de ações educativas e assistenciais que levam em conta
suas origens e realidade de vida, interagindo com recursos institucionais disponíveis
na comunidade assim como a família, buscando influir de maneira decisiva no
ambiente físico e emocional da escola, no processo de ensino de saúde e na
assistência integral à saúde pessoal da criança” (Harris, 1990, p.31).
Esta definição incentiva as ações integradas, envolvendo a participação da comunidade
escolar (professores, direção e funcionários da escola) e seu entorno (famílias e comunidade como
um todo) (SOARES, 2004.).
Assim, a escola envolvida neste processo, deveria buscar discutir questões sociais, políticas,
econômicas e educacionais relacionadas à saúde e à doença de maneira ampla e democrática, tendo
uma participação ativa, estimulando a criança a se interessar pela saúde bucal por meio de aulas,
pesquisas, elaboração de textos, fazendo entrevistas com dentistas, participando de dramatizações,
etc. (SOARES, 2004, p. 20 e 44).
Já Ferriane e colaboradores (1990) analisaram o Programa de Assistência ao Escolar,
financiado pela Fundação de Assistência ao Escolar (FAE), e observaram que não foram
desenvolvidas ações de educação em saúde em nenhum momento. O programa limitou-se a ações
individuais e curativas (apud SOARES, 2004).
Segundo Narvai (1992), um programa de assistência ao escolar, em relação à odontologia,
deveria envolver duas fases: preventiva e curativa. Porém, segundo o autor, a primeira ainda está
limitada a programas de fluoretação das águas de abastecimento público e bochechos semanais com
soluções de flúor, sem dar maior ênfase ao componente educativo. Quanto à fase curativa, ela está
centrada no atendimento individual, sendo que as ações se limitam a períodos de tratamento (curativo
restaurador) seguidos de períodos de espera de formação de novas cáries.
Narvai ainda acrescenta que existem concepções distintas entre assistência e atenção
odontológica: a assistência refere-se ao conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos dirigidos a
consumidores individuais, estejam estes doentes ou não. Já a atenção envolve um conjunto de ações
que além de incluir a assistência odontológica individual não se esgotam nela.
Nesse sentido, SOARES (2004) afirma também que a atenção tem por objetivo a manutenção
da saúde bucal da população por meio de ações de alcance coletivo.
Segundo Sossai apud Conceição (1994, p.33):
(...) é inegável que grande parte dos programas de Saúde Escolar ainda estão
voltadas quase que exclusivamente para ações de medicalização, como realizações
de exames laboratoriais (de fezes), distribuição de medicamentos, realização de
testes de acuidade visual e fornecimento de óculos, tratamento dentário, distribuição
de merenda” (Conceição, 1994, p.33).
Portanto, a atenção à saúde bucal deve envolver todos os determinantes do processo saúdedoença bucal e transcender o âmbito odontológico, para abranger a saúde como um todo. Isso requer
a articulação e coordenação de ações multisetoriais, desenvolvidas pela sociedade.
A escola tem se constituído como centro importante do processo educativo, da convivência e
do crescimento dos indivíduos, exercendo sobre eles grande influência em suas etapas formativas,
mas que são de grande importância em suas vidas (OPS, 1998).
A escola é também uma instituição onde há um conjunto de normas e procedimentos
padronizados, valorizados pela sociedade, na qual seu objetivo principal é a socialização do
indivíduo, a transmissão de aspectos determinados pela cultura (OLIVEIRA, 1989).
As instituições escolares expressam a maneira pela qual é compreendido o processo de
ensino-aprendizagem norteado pelas práticas pedagógicas. O trabalhar com os diferentes conteúdos
pode estar priorizando o ensinar ou o aprender, a transmissão ou a construção do conhecimento. A
multiplicidade de significações que podem estar presentes nas enunciações do professor, e a
diversidade do auditório formado pelos alunos conduzem a diferentes estados de construção de
conhecimento pelos indivíduos. A compreensão dos fundamentos, das conseqüências pedagógicas
das diversas tendências que envolvem o ensinar e o aprender permitem a análise e escolhas de
como se trabalhar o conhecimento de maneira consciente e com resultados mais efetivos (FREITAS,
1994).
A escola torna-se uma condição favorável para alcançar objetivos específicos, como o
desenvolvimento da saúde escolar, auto-estima, habilidades e comportamento saudável, pois é nessa
época da vida que a criança passa por uma fase crítica em seu desenvolvimento (BUSS, 1998).
Três componentes são essenciais para a promoção de saúde no âmbito escolar: educação
para a saúde com enfoque integral, compreendendo desde o amor próprio até a habilidade de
adquirir hábitos higiênicos e escolher formas de vida saudáveis, tendo por objetivo ultrapassar o
âmbito da sala de aula, priorizando técnicas participativas que incluem as discussões em grupos, o
estudo de casos e os projetos de trabalho comunitário. A criação de ambientes saudáveis,
apresentando um ambiente agradável, onde não haja violência verbal, física ou psicológica,
agressões, ou seja, um lugar envolvente, seguro, limpo, com estrutura apropriada, fundamental para
a obtenção de um clima emocional e interações sociais, capaz de propiciar a melhoria do bem estar,
produtividade dos alunos e dos profissionais da instituição escolar. A provisão de serviços de saúde,
onde a informação didática deve ser acompanhada de reconhecimento de profissionais da saúde,
como o médico, dentista, facilitando a detecção mais precoce de deficiências ou doenças.
Toda escola que promova saúde deve utilizar recursos para que se consiga facilitar o
aprendizado da criança, como: empregar vocabulário simples e claro; fazer uso de slides, modelo de
gesso, espelhos, cartazes e vídeos; esclarecer os termos desconhecidos; sempre que possível usar
exemplos, para conseguir o entendimento; explicar que nós estamos sempre em processo de
mudança de comportamento, e que a educação poderá esclarecer melhor; colocar sempre em prática
a informação transmitida, para que o aprendizado seja ativo, participativo; realizar o ensino de
técnicas em etapas, para que este ocorra sem falhas e evolua; o próprio aluno poderá, junto ao
profissional, avaliar, através da prática, seu desempenho; respeitar a individualidade de cada um,
onde alguns terão mais facilidade no aprendizado e outros terão mais dificuldade; aplicar tarefas
estimulativas, como dramatização, cartazes, esculturas, desenho, certificando-se que o aluno
consegue aprender sozinho (PETRY, 2003).
Segundo o Informe Estatístico de 1997 do SEEC/INEP/MEC (Secretaria de Estado de
Educação e Cultura/ Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa/ Ministério de Educação e Cultura,
1997) constam matriculados no Ensino Fundamental 33.131.270 alunos, no ano de 1996, atendidos
por 1.180.618 professores em 179.953 escolas da rede pública de ensino do Brasil. No Estado do Rio
de Janeiro em 2002 foram matriculados 2.474.530 alunos e na cidade de Valença 19.441 alunos no
Ensino Fundamental. No ano de 2006 na rede municipal pública de Valença foram matriculados na
educação infantil 2127 alunos, de 1ª a 4ª série 4127 alunos, de 5ª a 8ª série 1121, na educação de
jovens e adultos 345 alunos e na creche 525 chegando a um total de 8.243 alunos (BRASIL/SME,
2007).
A pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS-1996) mostra que 93% das crianças
e adolescentes freqüentam, com alguma regularidade, a escola no Brasil.
Depois do “lócus familiar”, esses números mostram a escola como local privilegiado para o
desenvolvimento de ações de informação e educação em saúde, trazendo como objetivo o
desenvolvimento de estilos de vida saudáveis, condutas de baixo risco e a compreensão de que
saúde é mais do que somente ausência de doença, mas é o resultado de condições adequadas de
saneamento, habitação, educação, geração de renda, alimentação, segurança, lazer, cultura e outro
(BRASIL/CNS, 1986).
A Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo reúne duas características
peculiares com relação ao papel da escola na formação da cultura da saúde. A de produtora e
reprodutora de conhecimento e de práticas pessoais e sociais, apresentando espaço privilegiado das
vivências da infância e adolescência, que é um período decisivo no desenvolvimento de atitudes,
hábitos, comportamentos e valores (BRASIL/ SESP, 2005).
Com esse pensamento a secretaria de educação orienta para o ensino e aprendizagem em
saúde através das diretrizes reconhecendo que os conteúdos de saúde devem ser incluídos nas
diferentes áreas curriculares; valorizando a promoção da saúde na escola para todos os que nela
estudam e trabalham; fazendo entender que o desenvolvimento da auto-estima e da autonomia
pessoal é fundamental para a promoção da saúde; considerando a importância do desenvolvimento
de estilo de vida saudável como opção viável e atraente para a prática de ações que promovam a
saúde; oferecendo educação continuada em Educação para a Saúde com participação de
educadores que possam contribuir para a elaboração do projeto político pedagógico de acordo com a
realidade local e ou regional onde está inserida a escola e incentivando a adoção de um modelo de
saúde que inclua a interação dos aspectos físicos, psíquicos, sócio-culturais e ambientais (Idem,
2005).
5
O
AGENTE
COMUNITÁRIO
DE
SAÚDE
E
SUA FUNÇÃO
MULTIPLICADORA
DE
INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE BUCAL
As propostas do Movimento da Reforma Sanitário, consagradas na VIII Conferência Nacional
de Saúde, culminaram com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a na inserção, na
Constituição de 1988, da Saúde como direito de todos, isto é, como um direito de cidadania, além do
entendimento mais ampliado do processo saúde e doença, que abrange entre outras coisas,
educação, alimentação, moradia, meio ambiente, renda, transporte, lazer, liberdade e acesso aos
serviços de saúde. As ações preventivas no campo da saúde pública, bem como ações educacionais
envolvendo a escola, comunidade e agente de saúde foram assumidas pelo Estado.
Todas as mudanças para alterar qualitativamente as ações de saúde, se apresentaram
insuficientes, tornando assim necessária a busca de novos saberes e práticas que tornassem viável a
implementação do SUS e, posteriormente, alcançar sua efetividade (BRASIL/MS, 1991).
Com a grande seca ocorrida na Região Nordeste, especificamente no Ceará, no ano de 1991,
surgiu o primeiro Programa de Agentes de Saúde do Ceará, incluído no plano de Governo Estadual,
tendo como objetivo criar oportunidade de emprego para as mulheres na área da seca e ao mesmo
tempo contribuir para queda da mortalidade infantil (TOMAZ, 2002).
O programa possibilitaria
envolver, em curto prazo, um grande número de moradores destas áreas em atividades de promoção
da saúde, com remuneração garantida pelo governo federal, através da verba liberada para
emergência.
Em 1991, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi instituído pelo
Ministério da Saúde em vários estados do país, tomando como modelo a experiência do Ceará, com
o Programa de Agente de Saúde (PAS), e de outros estados, com atenção primária de saúde, com
repasse de recursos e normatização comum para todos (SILVA & RODRIGUES, 2000). Com isso o
Programa de Agentes Comunitários foi um das primeiras estratégias para começar a mudar o modelo
de assistência à saúde. Foi a partir do trabalho do ACS cadastrando famílias e identificando seus
principais problemas de saúde que os serviços de saúde puderam oferecer uma assistência mais
voltada para família, de acordo com a realidade e os problemas de cada comunidade (BRASIL/MS,
2000).
Ficou definido pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias Municipais de Saúde, que os
agentes comunitários de saúde, não necessitariam apresentar nível de escolaridade apenas saber ler
e escrever além de residir há pelo menos dois anos na comunidade onde atuaria; ter idade mínima de
18 anos e ter disponibilidade de tempo integral para exercer suas atividades.
Por ter a estratégia se expandido por todo o Estado, com sucesso, em março de 1994, o
Ministério da Saúde, incorporou outros profissionais ao PACS, criando o Programa Saúde da Família
(PSF) como estratégia para reorganização da atenção básica no país.
Com a incorporação desses trabalhadores nas equipes de saúde da família ocorreu o
reconhecimento de sua identidade profissional e de seus direitos trabalhistas e sociais. Dessa forma
os agentes comunitários de saúde se organizaram em busca do reconhecimento legal de sua
profissão propiciando a edição do Decreto Federal nº. 3189/99 que fixa as diretrizes para o exercício
de suas atividades, onde culminou na publicação da Lei Federal nº. 10.507 de 10 de julho de 2002
que criou a profissão de Agente Comunitário de Saúde, estabelecendo novos critérios de
escolaridade e qualificação, onde foi questionada pelo Ministério Público do Trabalho a forma de
seleção e contratação dos agentes comunitários de saúde. A Medida provisória nº. 297 de 09 de
junho de 2006 regulamentaram a Emenda Constitucional nº. 51 de 14 de fevereiro de 2006 que torna
possível a admissão do agente comunitário de saúde por meio de processo seletivo público,
passando dessa forma a ser a legislação de referência para o exercício das atividades desse
trabalhador (BRASIL/MS/ME, 2004). Assim, surgiu um trabalhador com uma interface intersetorial no
campo da ação social e da saúde, exclusivo no âmbito da SUS, sob a supervisão do gestor local em
saúde (JAEGER, 2003).
O ACS integra as equipes do PACS e PSF, através de ações educativas em saúde, realiza
atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde nos domicílios e coletividade, em
conformidade com as diretrizes do SUS. Suas atividades são estendidas ao acesso às ações e
serviços de informação e promoção social e de proteção da cidadania (JAEGER, 2003).
Atuando neste contexto, como membro da equipe de saúde, o agente comunitário de saúde
em suas funções excede o campo da saúde, na “medida em que, para serem realizados requerem
atenção a múltiplos aspectos das condições de vida da população, situados no âmbito daquilo que se
convenciona chamar de ação intersetorial” (BRASIL/MS/ME, 2004).
Com a implantação do Programa Saúde da Família pelo Ministério da Saúde, ficou evidente
que os agentes comunitários de saúde se constituem como a melhor ligação entre o serviço de saúde
e a comunidade (SILVA & RODRIGUES, 2000).
Atualmente os agentes comunitários de saúde estão presentes em comunidades urbanas e
rurais em todo país, somando um total aproximado de 190.000 trabalhadores, acompanhando, em
média, 550 pessoas de sua comunidade (BRASIL/MS/ME, 2004).
O Ministério da Saúde reconhece o PACS como uma estratégia imprescindível para
contribuição do aprimoramento e na consolidação do SUS, a partir da reorientação da assistência
ambulatorial e domiciliar.
5.1 PROCESSOS DE QUALIFICAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÙDE
Ainda nas diretrizes operacionais, o ACS deve ser capacitado para prestar assistência a
todos os membros das famílias acompanhadas, de acordo com as suas atribuições e competências,
entre outras, realizando atividades de educação em saúde bucal na família, com ênfase no grupo
infantil (ALBUQUERQUE, 1997).
O agente comunitário de saúde aparece como trabalhador da saúde, onde atua, pertencendo
à esfera pública, mas que também adentra a casa dos moradores da sua área de atuação,
participando do cotidiano dessas pessoas e, portanto, da sua vida íntima e privada.
Diante disso, o agente comunitário se torna essencial fazendo a consolidação entre o serviço
de saúde e as famílias.
Para Arendt (1979, p. 182):
O “espaço público é fundamentalmente como o espaço da palavra e da ação, do
ponto de vista da sociabilidade e da comunicação, um mundo onde é possível ser
ouvido e visto. É no espaço público que se institui, segundo a autora, uma forma
específica de sociabilidade regida pela pluralidade humana, expressa no diálogo e
na possibilidade de manifestação de diferenças para alcançar o senso comum”
(ARENDT apud COHN, et al., 2005, p. 168-185).
Os agentes comunitários de saúde, assim, é que reconstituem esse diálogo, a partir das
questões trazidas por eles da esfera privada para o serviço de saúde, ou seja, para a esfera pública.
Mas nem sempre essas questões da comunidade, da vida familiar se transformam em ações do
Estado, em geral, o que presenciamos é a manutenção de atividades, de acordo com um protocolo
definido (COHN, et al, 2005).
Foi desenvolvido um estudo no Projeto Qualis/PSF, no município de São Paulo, sobre o ACS,
no qual foi identificado que o agente comunitário não dispõe de instrumentos e tecnologia como
também de saberes para as diferentes dimensões esperadas do seu trabalho. Dessa forma, esse
profissional acaba trabalhando com o senso comum, com a religião e menos com os saberes e
recursos das famílias e da comunidade, devido essa insuficiência de material (SILVA & DALMASO,
2002).
Face ao novo perfil de atuação do ACS, o documento do Ministério da Saúde (1999), enfatiza
que sejam escolhidos formas mais abrangentes e organizadas de aprendizagem, pressupondo que
os programas de capacitação referentes a esses trabalhadores, se voltem mais para uma ação
educativa crítica para assegurar o domínio de conhecimentos e habilidades específicas para o
desempenho de suas funções (apud SILVA & DALMASO, 2002).
Ao realizar ações e interações, os ACS, no seu trabalho, passam por situações em que a
área da saúde ainda não desenvolveu nem um saber sistematizado, nem instrumento apropriado de
trabalho e gerência que consiga abranger, desde a abordagem da família, o contato com situações de
vida precária que estabeleçam as condições de saúde, até o posicionamento frente à desigualdade
social e a busca da cidadania (Idem, 2002).
O Ministério da Saúde regula a formação do ACS por meio da Lei de Diretrizes e Bases, (lei
9394/96), estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional e em seus artigos 39 e 42
tratam da educação profissional. Assim como a resolução n. 228 de 08 de maio de 1997 constitui
grupo de trabalho para acompanhamento do Programa Nacional de Educação e Qualificação
Profissional na área da saúde, apresentado pelo Ministério da Saúde aprovado pelo Conselho
Nacional de Saúde.
Com a Portaria n. 198 de 03 de fevereiro de 2004, foi instituído pelo Ministério da Saúde a
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do SUS para formação e
desenvolvimento dos recursos humanos que atuam na área da saúde, justificando ser
responsabilidade constitucional a organização de Recursos Humanos para saúde. A Educação
Permanente é compreendida como estratégia de aprendizagem a partir da problematização do
processo de trabalho incorporando o aprender e o ensinar no dia a dia das organizações do trabalho,
portanto a Educação Permanente deve basear-se na reflexão crítica sobre as práticas reais,
utilizando-se a metodologia da problematização, pois tem mais oportunidade de conduzir
transformações das práticas profissionais e da organização dos serviços (BRAIL/MS/PEP, 2004).
Ribeiro e Motta (2005) comentam em seu artigo a Educação Permanente como Estratégia na
Reorganização
do
Serviço
de
Saúde,
que
apesar
da
importância
da
Educação
Continuada/Permanente estar em crescimento apresenta-se vaga quanto ao seu papel na
reorganização dos modelos assistenciais e na reestruturação das formas de intervenção educativa no
interior dos serviços de saúde apesar de estar sempre em pauta nas Conferências de Recursos
Humanos, deixando claro nos documentos dessas Conferências uma caracterização vaga dos
processos de educação continuada/permanente no que diz respeito às suas dimensões
metodológicas, organizacionais e estratégicas.
Com a Educação Continuada/Permanente, o agente comunitário de saúde e a ESF irão
alcançar resultados satisfatórios no seu trabalho de forma a atender às necessidades trazidas pelo
dinamismo dos problemas (ANDRADE, 2001).
A educação continuada além de possibilitar o aperfeiçoamento profissional é um importante
mecanismo da própria concepção de equipe e de vínculo dos profissionais com a população. Para
melhor adequação entre os requisitos da formação e as necessidades de saúde da população
atendida a educação permanente deve iniciar-se desde o treinamento introdutório, assim como atuar
através de todos os meios pedagógicos e de comunicação disponíveis, de acordo com as realidades
de cada contexto (ANDRADE, 2001).
Zarifian (1999) apud MS (2004,) desenvolveu um conceito de competência baseado em uma
visão de trabalho que inclui capacidades, atividades e contextos, tratando, assim, da combinação de
conhecimentos, diretrizes, experiências e qualidades pessoais usadas de forma efetiva e própria em
atos individuais e coletivos. Este conceito diz que “competência é a capacidade de enfrentar
situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa e responsabilidade,
segundo uma inteligência prática sobre o que está ocorrendo e com capacidade para coordenar-se
com outros atores na mobilização de suas capacidades".
Da habilitação técnica, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) orienta a política de
educação profissional, apontando para a elevação da escolaridade e para uma concepção de
formação que proporciona compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber
tecnológico (Lei Federal nº. 9394/96, Decreto Federal 5154/2004, Parecer do Conselho Nacional de
Educação/Câmara de Educação Básica (CNE/CEB) nº. 16/99 e Resolução CNE/CEB nº. 04/99)
valorizando a formação dos trabalhadores como um componente de reajuste da força de trabalho, de
forma a contribuir para a efetivação da política nacional de saúde, caracterizando a necessidade de
elevação da escolaridade e dos perfis de desempenho profissional, levando a possibilidade de
aumentar a autonomia intelectual dos trabalhadores e o domínio de conhecimento técnico-científico
(BRASIL/MS, 2004).
Além disso, deve atentar também para as necessidades indicadas pelo Sistema Único de
Saúde, que determina que os profissionais tenham capacidade de atuar em diferentes setores, de
forma a promover a melhoria dos indicadores de saúde e sociais, em qualquer nível do sistema. O
Ministério da Saúde também acredita na capacidade do profissional no auto-planejamento, no
gerenciamento de tempo e espaço de trabalho, de exercitar a criatividade de trabalhar em equipe, de
interagir com os usuários dos serviços, de ter consciência da qualidade e das implicações éticas do
seu trabalho (BRASIL/MS/ME, 2004). Dados obtidos pelo Ministério da Saúde mostram o perfil destes
trabalhadores acerca da escolaridade, onde aproximadamente 60% possui ensino médio completo ou
incompleto, 18%, o ensino fundamental completo e 22% estão por concluir o ensino fundamental, e
também mostra que todos os agentes comunitários de saúde inseridos no SUS já passaram por
algum processo de qualificação/capacitação (Idem, 2004).
A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, criada
pelo decreto nº. 4.726, de 09 de junho de 2003, tem um papel fundamental na qualificação
profissional dos agentes comunitários de saúde, passando a exercer o papel de formulação das
políticas orientadoras da formação, desenvolvimento, distribuição, regulação e gestão dos
trabalhadores de saúde no Brasil. Dessa forma, o Ministério da Saúde se responsabilizou na
formação, desenvolvimento e educação permanente dos trabalhadores de saúde em todos os níveis
de escolaridade. Construíram o Referencial Curricular para o Curso Técnico de Agente Comunitário
de Saúde onde lançou as bases nacionais para a realização da qualificação técnica dos agentes
comunitários de saúde, respeitando as diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional, tendo sido estruturado em um Plano de Curso, conforme previsto no artigo 10 da
Resolução CNE nº. 04/99 (Idem, 2004).
O curso de técnico de agente comunitário de saúde é ministrado em três módulos da seguinte
forma: etapa formativa I, que é a formação inicial onde todos os agentes comunitários de saúde
inseridos no Sistema Único de Saúde, independente da escolarização; etapa formativa II, que inclui
os concluintes da etapa I, com atestado de realização ou com certificado de conclusão concomitante
do ensino fundamental; e a etapa formativa III, que envolve os concluintes das etapas formativas I e
II, com certificado de conclusão ou atestado de realização concomitante com ensino médio.
O Departamento de Gestão e da Educação na Saúde é organizado em três coordenações
gerais que são: Ações estratégicas em educação na saúde, abrangendo a educação superior em
saúde; Ações Técnicas em Educação na Saúde que abrange a educação técnica em saúde e as
Ações Populares de Educação na Saúde envolvendo a educação popular em saúde. Essas ações
trabalham as especificidades desses três campos, alimentando sua articulação por meio de
fundamentos como a relação entre educação e o trabalho, a mudança nas políticas de formação e
nas práticas de saúde e a produção e disseminação de conhecimento.
O Departamento de Gestão e Educação na Saúde (2004) propõe a adoção da educação
permanente como estratégia fundamental para a recomposição das práticas de formação, atenção,
gestão, formulação de políticas e controle social no setor da saúde (BRASIL/ MS/SGTES, 2004).
Com relação à formação dos agentes comunitários de saúde, a Escola de Formação Técnica
em Saúde (ETIS) é uma instituição pública, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde, que tem por
objetivo a formação de profissionais de nível técnico na área de saúde, dando prioridade aos
trabalhadores do SUS, ou em processo de admissão. Uma das principais preocupações da ETIS é
oferecer material didático aos alunos e professores do curso de habilitação de técnicos em ACS a fim
de dar suporte às práticas pedagógicas. O curso de técnico em ACS é dividido em três módulos,
organizados por áreas de conhecimentos (ALVES, 2006).
Demonstra-se dessa forma a importância do agente comunitário de saúde no contexto de
mudanças das práticas de saúde, seu papel social perante as comunidades e seu papel perfil de
escolaridade constituem uma base sólida, onde se sustentam a imprescindível e pertinente formação
profissional (BRASIL/MS/ME, 2004).
Com relação à saúde bucal, no município de Bauru, São Paulo, os agentes comunitários de
saúde recebem orientação em saúde bucal voltadas somente para as gestantes e crianças,
encaminhando-as para o posto de saúde, não havendo, assim, uma programação definida para a
comunidade e, tampouco, recebem capacitação para o desenvolvimento de atividades visando
promover saúde bucal.
Como o SUS preconiza a integralidade, observa-se a necessidade de ampliar o
espectro de promoção de saúde bucal para os demais grupos etários.
O PACS desencadeia um processo de mudança nos usuários como mudanças de
consciência enfocando sobre a prática solidária de cidadania, dando repercussão na qualidade de
vida dessa população. O estímulo ao desenvolvimento de ações de promoção, proteção e educação
em saúde bucal se mostra necessário, assim como a capacitação profissional, ampliando, com isso, a
conscientização da população quanto a essa importante questão da saúde (LEVY et al, 2004).
5.2 PROCESSOS DE TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
Através da portaria nº. 1886/GM de 18/12/1997 foram aprovadas normas e diretrizes do
PACS, presentes nos termos do Anexo I. Entre as prerrogativas de responsabilidades do município,
está a de “garantir as condições necessárias para o processo de capacitação e educação
permanente do ACS”, sob a responsabilidade do instrutor-supervisor com a participação e
colaboração de outros profissionais do serviço local de saúde.
Em 28 de março de 2006, através da Portaria n. 648, o Ministro de Estado da Saúde,
estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o PSF e
PACS. A partir desta portaria os ACS também assumiram como atribuições o desenvolvimento de
ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita, considerando as
características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
coletividade; orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis assim como
cumprir com as atribuições atualmente definidas para os ACS em relação à prevenção e ao controle
da malária e da dengue, conforme a Portaria n. 44/GM, de 3 de janeiro de 2002. Não sendo permitido
ao ACS desenvolver atividades nas unidades básicas de saúde, desde que vinculadas às atribuições
da Portaria n. 648 de 28 de março de 2006.
Diante das suas inúmeras atribuições e entre os diferentes atores sociais de um programa de
saúde, foi reconhecido que o agente comunitário de saúde é uma “peça” importante que atua fazendo
a relação entre o poder público e a comunidade (ALBUQUERQUE, 1997).
Em sua atuação o ACS deve estar atento a quatro importantes verbos que se refletem em
suas ações, como: identificar, encaminhar, orientar e acompanhar. Para que o ACS identifique um
problema ou uma situação é necessário atenção e que este tenha recebido treinamento para saber
ouvir e para reconhecer fatores de risco e sinais de alerta a fim de encaminhar as pessoas
corretamente à Unidade de Saúde; O encaminhamento apresenta-se como uma ação do agente
comunitário que necessita muito cuidado e atenção, pois não é somente enviar a pessoa para a
Unidade de Saúde, muitas vezes significa conduzir, ir com a pessoa, caso esta não tenha condições
de ir sozinha; orientar é uma ação realizada diariamente devido ao fato de que o ACS deve examinar
com cuidado os diferentes aspectos de um problema junto com a pessoa de forma a encontrar as
melhores soluções, e, acompanhar que seria dar assistência às pessoas da sua comunidade que
estão em situação de risco, como as gestantes, idosos, hipertensos, diabéticos e outros. A soma de
todas as ações do ACS faz com que seu trabalho seja gratificante, levando-a resultados satisfatórios
(BRASIL/MS, 2000).
A ambigüidade é um aspecto sempre presente no papel assumido pelos agentes
comunitários de saúde, que se dividem entre a inserção na comunidade e o compromisso
profissional, já que muitas vezes a comunidade busca no agente comunitário de saúde não só os
serviços de saúde, mas a atenção, a conversa, até mesmo para ajudar em problemas enfrentados
pela família ou pelo bairro.
O ACS, a partir da concepção de competência, deve possuir: iniciativa, aptidão para
desenvolver ações por conta própria; responsabilidade para responder pelas ações; autonomia de
aprender a pensar, criticar, defender, argumentar, concluir e antecipar, mesmo não tendo o poder
para mudar uma realidade ou normas já estabelecidas.
O ACS deve possuir também a capacidade de articular e mobilizar conhecimentos,
relacionando-o com o contexto, colocando-o em ação para enfrentar situações do processo de
trabalho, como também saber coordenar-se com outros atores, estabelecendo movimentos de
solidariedade, compartilhando situações e acontecimentos do trabalho. Enfim as competências
profissionais de um ACS tratam da combinação de conhecimentos, destrezas, experiências e
qualidades pessoais usadas de forma efetiva e apropriadas em resposta às várias circunstâncias.
Atuando como apoio aos indivíduos e coletivos sociais, os ACS devem identificar as situações
de risco em saúde, assim como participar da orientação, acompanhamento e educação popular em
saúde, estendendo as responsabilidades das equipes locais de saúde, através de ações sobre a
prevenção e solução de problemas de saúde, motivando práticas de promoção da vida em
coletividade e de desenvolvimento das interações sociais (JAEGER, 2003).
A realidade da dimensão do trabalho do ACS é expressa por cada competência proposta e
representa um eixo estruturante de sua prática. A competência profissional incorpora quatro
dimensões do saber, o: saber-fazer, expressas nas habilidades; saber-conhecer, manifestado nos
conhecimentos; saber-ser, através das atitudes; e o saber conviver que se apresenta no coordenar-se
com os outros (Idem, 2003).
O saber-ser, como competência para os ACS, incorpora o interagir com os indivíduos e seu
grupo social, sempre o coloca em equipe de trabalho em prol da organização e eficiência das práticas
de saúde, e, enfim pensar criticamente seus direitos e deveres como trabalhador (Idem, 2003).
Desse modo as competências se expressam pela capacidade de reflexão crítica e mudança
ativa em si mesmo e nas suas práticas profissionais (Idem, 2003).
6 METODOLOGIA
6.1 CARACTERIZAÇÕES DO ESTUDO
Esta pesquisa configura um estudo de caráter qualitativo, exploratório – descritivo, que
buscou através da análise do conhecimento dos professores do ensino fundamental e dos agentes
comunitários de saúde uma base para elaboração de um material didático sobre informações em
saúde bucal.
6.2 LOCAL DE ESTUDO
O Município de Valença situa-se na região sudeste do Estado do Rio de Janeiro, na região do
Médio Paraíba, apresentando uma área total de 1.305,8 quilômetros quadrados. O principal acesso à
sede é pela RJ-145, que acessa a BR 393 em Barra do Piraí e a via Dutra mais ao sul, em Piraí,
dando um total aproximado de 170 quilômetros até a capital. De acordo com censo demográfico de
2000, possui 66.308 habitantes estando divididos em 06 distritos, a saber: Valença – 1º distrito;
Juparanã – 2º distrito; Santa Isabel – 3º distrito; Pentagna – 4º distrito; Parapeúna – 5º distrito e
Conservatória – 6º distrito.
Os serviços de saúde se compõem de rede pública estadual e municipal – privada lucrativa e
filantrópica. Apresenta uma gestão semiplena de Atenção Básica. O Município possui 04 Hospitais,
sendo 03 filantrópicos e 01 estabelecimento universitário de pesquisa, que faz também atendimento
ambulatorial.
Valença dispõe de 32 postos de Atenção Básica sendo 24 com atendimento médico e
odontológico e 08 somente com atendimento médico. Todos possuem salas de vacinação e curativo.
Consta ainda de 03 prontos socorro.
Em agosto de 2000 o município implantou o Programa de Agentes Comunitários de Saúde,
com uma equipe de 141 agentes comunitários, sob a supervisão de cinco enfermeiras, que faziam
uma cobertura de 100% da população municipal. A partir de outubro de 2005, com a qualificação do
Município de Valença para o desenvolvimento do PSF foram deslocados 51 ACS para fazerem parte
das equipes. Hoje o município consta com 06 equipes de PSF.
O município dispõe de 49 escolas públicas municipais, onde trabalham 504 professores da
pré-escola e do ensino fundamental e 141 agentes comunitários de saúde (PSF/PACS) distribuídos
em oito áreas em todo o município.
6.3 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO
A técnica de investigação escolhida para a 1ª fase foi a coleta dos dados empíricos através
da aplicação de questionário semi-estruturado, procedimento que permitiu obter informações contidas
na fala dos atores através de fatos e situações vivenciadas por eles. O exame destes questionários
permitiu a extração de variáveis comuns para análise.
Desta maneira para organizar os dados empíricos obtidos, fizemos à leitura e releitura das
entrevistas, com propósito de organizá-las, dividi-las e sintetizá-las, objetivando apreensão dos
aspectos mais relevantes, e das frases que se repetiam ou que tivessem destaque.
O tamanho amostral mínimo foi definido em 154 professores do ensino fundamental (30,5%)
e 96 ACS (68%). Foram entrevistados professores nas escolas da zona urbana (centro e periferia),
sendo 36 professores no centro e 85 na periferia e 33 na zona rural. Com relação aos ACS as
entrevistas foram realizadas nas suas áreas de atuação no Município, sendo 66 do PACS e 30 do
PSF.
O número de professores foi determinado a partir do momento em que se atingiu um
percentual considerado mínimo e significativo para a análise proposta, dadas as dificuldades de
acesso aos professores na sua totalidade. Em relação aos ACS o percentual foi significativamente
mais alto em função da maior facilidade de contato.
Em abril de 2006, enviamos o projeto de pesquisa nº. 268 ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Estácio de Sá, aprovado em setembro de 2006 (Anexo A). A partir daí
iniciamos a coleta de dados. Apresentamos-nos, através de reuniões isoladas, aos agentes
comunitários de saúde e aos professores do ensino fundamental como dentista e pesquisadora.
Nesta oportunidade explicamos os objetivos da pesquisa e o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo A), informando que no desenvolvimento do estudo todos os dados poderiam ser
retirados a qualquer momento sem nenhuma penalidade. Dessa forma, obtivemos o consentimento
destes profisssionais.
Para alcançar os objetivos propostos utilizaremos a seguinte metodologia:

Coleta de dados:
1- Dados secundários:
Levantamento bibliográfico referente ao tema.
2- Dados primários:
Entrevistas com aplicação de questionários semi-estruturados entre os professores de ensino
fundamental e agentes comunitários de saúde.
No primeiro momento os questionários tiveram por objetivo avaliar se um material didático
contendo informações sobre saúde bucal seria bem aceito e considerado útil no sentido de ampliar os
conhecimentos básicos desses profissionais sobre estas questões para a sua futura transmissão. Em
um segundo momento já com a avaliação feita e com a apresentação de um croqui do instrumento
didático, os questionários aplicados tiveram por objetivo saber se a ferramenta elaborada estava de
acordo com as expectativas dos entrevistados.
A estrutura da pesquisa, dessa forma, foi constituída de duas partes: identificação da
aceitação e possível utilização de um material didático e avaliação da qualidade do seu conteúdo. O
material didático está no anexo B.
Os dados foram coletados no período de outubro a novembro de 2006, nas escolas
municipais e na sala dos agentes comunitários de saúde, assim como nas Unidades do PSF.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quadro 1 apresenta algumas características da amostra estudada, professores e agentes
comunitários de saúde.
Sexo
Escolaridade
Caracterização
F
M
1º grau
incompleto
1º grau
2º grau
3º grau
Pósgraduação
Total
PROFESSOR
148
6
-
-
65
75
14
154
ACS
89
7
07
30
55
04
-
96
TOTAL
237
13
07
30
120
79
14
250
%
94,8
5,2
2,8
12
48
31,6
5,6
100
Quadro 1. Caracterização dos professores e agentes comunitários de saúde por sexo e escolaridade.
Pelos dados apresentados no quadro acima, observamos que a totalidade dos entrevistados é do
sexo feminino (94,8%).
Ao resgatarmos os primórdios do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, verificamos que
essa experiência iniciou-se no Estado do Ceará e que priorizava a contratação de mulheres,
baseando-se no fundamento de que as mulheres sofreriam um processo de melhoramento da sua
condição social, através do trabalho remunerado de um salário mínimo e, possivelmente,
estimulariam um posicionamento mais ativo de outras mulheres da comunidade que coabitam. Além
disso, outro fator importante para esta escolha era a possibilidade de promover a educação em saúde
com o grupo materno-infantil, buscando alcançar o objetivo de reduzir a mortalidade dessa
população, através do aumento do índice de aleitamento materno e prevenção da desidratação,
resultante da diarréia (MINAYO ET AL. APUD, LUDARNELO, 2004).
Acreditamos que não seja possível desacreditar, considerando os resultados desse programa,
que esses profissionais sendo mulheres, mães, filhas, vizinhas e comadres, melhoram as suas
condições de vida e de suas famílias e contribuem para uma evolução de suas comunidades. Esta
expectativa mantém-se forte na estrutura do programa atual, embora a participação de homens traga
novos encontros e novos olhares, repercutindo na promoção da saúde das famílias (LUDARNELO,
2004).
Da mesma forma podemos considerar que tendo um número significativo de mulheres entre ACS
e professores do ensino fundamental no Município de Valença, a divulgação de informações em
saúde bucal possa ter um forte impacto na melhoria das condições de saúde bucal das suas famílias
e na própria comunidade em que vivem.
Segundo Tomaz (2002), tomando como ponto de discussão a ampliação do papel do agente
comunitário de saúde na evolução PACS/PSF e considerando que o ACS saiu do foco maternoinfantil para a família e a comunidade, além das exigências de novas competências no campo político
e social, este autor defende que é necessário que este profissional tenha um grau de escolaridade
mais elevado para poder dar conta das suas atribuições.
Em relação aos professores, profissão designada pelos pais às suas filhas e que, por manterem
uma tradição, inerente aos que, culturalmente, se situam em escalões elevados (proprietários
agrícolas, industriais...), concorreram, dessa forma, para que a profissão se feminilizasse,
constituindo um corpo docente maioritariamente por mulheres (CAVACO, 1990).
De acordo com os dados colhidos, observou-se que 100% dos entrevistados devolveram o
questionário preenchido. O levantamento envolveu professores com a seguinte formação: 65
(42,20%) com segundo grau completo (curso normal), 75 (48,70%) com terceiro grau completo e 14
(9,10%) com pós-graduação, e com relação a formação dos ACS: 07 (7,29%0 com primeiro grau
incompleto; 30 (31,25%) com primeiro grau completo; 55 (57,29%) com segundo grau completo e 04
(4,17%) com terceiro grau completo.
Apresentamos na tabela 1 abaixo, a representação dos agentes comunitários de saúde segundo
sua vontade em participar do projeto para aquisição de conhecimentos básicos em saúde bucal,
através de um material didático, ficando explícito a aceitação da proposta.
PACS
PSF
02
03
04
01
06
07
08
09
TOTAL
%
Adquirir, transmitir e/ou
adquirir e transmitir
conhecimento
15
13
24
05
06
02
06
09
80
83,3
Gostar do trabalho
01
01
01
-
-
-
-
-
03
3,13
Mostrar realidade da
comunidade
01
-
01
-
-
-
-
-
02
2,12
Achou interessante
-
02
03
-
-
01
-
-
06
6,25
Após reunião e por acreditar
no trabalho no trabalho da
pesquisadora
03
-
01
-
-
01
-
-
05
5,2
Total
20
16
30
05
06
04
06
09
96
100
Tabela 1: Distribuição dos ACS segundo os motivos que levaram a participar do projeto, Valença,
2006.
Esta tabela mostra que 83,3% dos Agentes Comunitários de Saúde tinham vontade em
adquirir conhecimento para então transmiti-los a comunidade.
Segundo Jaeger (2003) como foi dito anteriormente, o ACS integra as equipes do PACS e
PSF, através de ações educativas em saúde, realizando atividades de prevenção de doenças e
promoção da saúde nos domicílios e coletividade, em conformidade com as diretrizes do SUS.
A tabela 2, mostra a caracterização do professor do ensino fundamental segundo os motivos
que os levaram participar do projeto de preparo para aquisição de conhecimentos básicos em saúde
bucal.
ZONA URBANA
ZONA RURAL
%
CENTRO
PERIFÉRIA
RURAL
TOTAL
Adquirir, transmitir e/ou adquirir e
transmitir conhecimento
31
59
20
110
71,4
Gostar do trabalho
04
20
07
31
20,21
Mostrar realidade da comunidade
-
06
03
09
5,8
Falta de higiene
-
01
03
04
2,59
35
86
33
154
100
TOTAL
Tabela 2: Distribuição dos professores segundo os motivos que levaram a participar do projeto,
Valença, 2006.
Da mesma forma que os ACS, 71,4% dos professores do ensino fundamental demonstraram seu
compromisso em adquirir conhecimento para transmiti-los a seus alunos.
Como demonstram Santos (2004), o professor é muito mais do que um facilitador ou assistente;
ele é o próprio conhecimento que se mostra ao aluno. Esse compromisso é intransferível,
insubstituível e impossível de ser subestimado, demonstrando assim não a denominada pedagogia
“tradicional”, mas a enorme responsabilidade que tem o docente, na perspectiva de que a qualidade
do processo educativo está essencialmente relacionada à qualidade de formação do professor e à
competência deste profissional na sua relação com o conhecimento de que se professa detentor.
Segundo Moyséis (2003), os desafios da odontologia no Brasil, sob o ponto de vista do
enfrentamento das injustiças e da busca da justiça social, devem ser vistos sobre três critérios:
melhorar os indicadores da saúde, especificamente para os grupos mais vulneráveis da população;
tornar mais accessíveis a toda população, os benefícios que a ciência e a tecnologia ainda reservam
para os mais privilegiados; avançar radicalmente na agenda de mudanças proposta pelo SUS.
Neste sentido, as tabelas 1 e 2, relativas a 1ª fase do trabalho mostram que tanto os ACS quanto
os professores do ensino fundamental estão imbuídos da vontade de divulgar está informação,
atributos pessoais que proporcionam seu crescimento humano, como mostram as inúmeras falas
colhidas durante as entrevistas com estes profissionais:
“A oportunidade de me informar, e virar um multiplicador de informações dentro de meu
meio de trabalho” (Zona Urbana, Periferia).
“As novidades e orientações que um pesquisador pode trazer ao meu trabalho, e
possibilidades de melhorar a saúde de meus alunos” (Zona Urbana, Periferia).
“Sendo o objetivo principal da odontologia moderna o bem estar físico e emocional, a
história enquanto ciência humana tem total amparo e identificação, pois também é objetivo
da História, a busca do bem estar do homem” (Zona Urbana, Periferia).
“A saúde bucal é de extrema importância, e deve ser conhecido o quanto antes. E nada
melhor que iniciado nos primeiros anos de vida” (Zona Urbana, Centro).
“Falta de conhecimento, e com a orientação fazer e orientar a higiene” (Zona rural).
“Para ampliar meus conhecimentos e poder passá-los de maneira correta para meus
alunos” (Zona Urbana, Centro).
“Tudo que é mostrado com entusiasmo a fim de melhorar a saúde, deve ser recebido como
carinho e consideração. Eu achei muito importante e gostei muito do projeto”.
“Para melhorar, crescer profissionalmente e adquirir mais conhecimento para melhorar o
meu trabalho” (PSF 09).
“Buscar maiores informações sobre saúde bucal para orientar melhor a comunidade” (PSF
01).
Propor-se a um trabalho “novo” também significa enfrentar novos desafios, conhecer a si
mesmo e o outro e ainda admitir o quão é sabedor de determinado conhecimento. Os ACS e
professores do ensino fundamental demonstram falta de informação, de recursos, de preparo como
também suas dificuldades em trabalhar conteúdos relacionados à saúde bucal e selecionar os
mesmos. As tabelas 3 e 4 abaixo deixam claro essas dificuldades, ratificadas a seguir com as falas de
alguns dos entrevistados.
ZONA URBANA
ZONA RURAL
CENTRO
PERIFERIA
RURAL
TOTAL
%
Falta de
informação/recursos/conhecimentos
18
51
21
90
58,44
Falta de higiene
17
28
11
56
36,36
Outros (medo, falta de profissional, estilo de
vida, não sabe, apoio familiar)
01
07
-
8
5,20
Total
36
86
32
154
100
Tabela 3: Entendimento do professor sobre as possíveis causas das pessoas apresentarem
problemas relacionados à cavidade bucal. Valença, 2006.
PACS
PSF
TOTAL
2
3
4
1
6
7
8
9
10
13
20
01
04
01
03
03
55
57,30
Falta de higiene
Outros (medo, falta de
profissional, estilo de vida,
não sabe)
08
02
09
04
02
02
02
05
34
35,40
02
01
01
-
-
01
01
01
07
7,30
Total
20
16
30
05
06
04
06
09
96
100
Falta de informação/recurso/
conhecimento
%
Tabela 4: Entendimento dos ACS sobre as possíveis causas das pessoas apresentarem problemas
relacionados à cavidade bucal. Valença, 2006.
“Falta material e informação para uma segura aula” (Zona Urbana, Centro).
“A falta de tempo e a dificuldade de adaptar esse conteúdo dentro das minhas aulas, pois
acho que a prática tem que sobrepor os conteúdos”.
“Muitas vezes nos falta conhecimento suficiente para abordar o assunto de forma mais
complexa”.
“Não ter material apropriado para explicar na prática a escovação correta”.
“Falta de preparação para transmitir as informações e falta de material didático”.
“A falta dos sérios danos que isso pode causar.
De acordo com a Lei nº. 9394/96 (LDB) os cursos e programas de formação inicial e continuada
o
de trabalhadores, referidos no inciso I do art. 1 , incluídos a capacitação, o aperfeiçoamento, a
especialização e a atualização, em todos os níveis de escolaridade, poderão ser ofertados segundo
itinerários formativos, objetivando o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social
(BRASIL, 1996).
No gráfico 2 e 3, tanto ACS (67,7%) quanto os professores (95,5%) do ensino fundamental
demonstram que não foram capacitados para desenvolver questões relacionadas à saúde bucal,
ficando visível a despreocupação da lei em relação a este tema.
Z. urb.
Z. urb.
centro
periferia
Z. rural
Gráfico 2: Você foi preparado (a) para transmitir informações em saúde bucal durante seu curso de
formação de professor? Valença/RJ, 2006.
60
50
40
30
Sim
20
Não
10
0
PACS PSF
Gráfico 3: Você foi preparado (a) para transmitir informações em saúde bucal durante seu curso de
formação de ACS? Valença/RJ, 2006.
É comentado por Cordón (1997) que, em um programa de saúde bucal, as ações realizadas pelo
dentista são efetivamente importantes, mas a educação em saúde é fundamental para dar
continuidade ao sucesso obtido pelo tratamento. Essa educação deve incluir o conhecimento da
importância da fluoretação da água, de evitar o consumo de alimentos com alto teor de açúcar (doces
e refrigerantes), da escovação correta dos dentes etc. Nesse sentido, o autor comenta que um
programa de saúde bucal deve ter objetivos em curto, médio e longo prazo, isto é, deve ultrapassar a
visão meramente curativa.
As tabelas 5 e 6 mostram que os conhecimentos sobre saúde bucal dos professores do ensino
fundamental e ACS são insuficientes para o desempenho do seu trabalho como multiplicadores
dessas informações.
Sim
Não
Conhecimentos
básicos/com material de
apoio
Total
ZONA URBANA
CENTRO
PERIFERIA
01
03
35
78
ZONA RURAL
RURAL
03
30
TOTAL
07
143
%
4,55
92,85
-
04
-
04
2,60
36
85
33
154
100
Tabela 5: Auto percepção sobre o conhecimento necessário em saúde bucal. Valença, 2006.
PACS
2
3
-
PSF
4
1
6
7
8
9
TOTAL
%
4
05
5
-
01
-
17
17,70
Sim
02
Não
18
16
26
-
1
04
05
09
79
82,30
Total
20
16
30
05
06
04
06
09
96
100
Tabela 6: Auto percepção sobre o conhecimento necessário em saúde bucal. Valença, 2006
Esse alto percentual de 92,85% dos professores e 82,30% dos ACS mostra a falta de
conhecimento é ratificado pela própria fala dos entrevistados.
“A falta de informação para as famílias e até mesmo para os professores para orientar seus
alunos em determinados casos às vezes grave”.
De acordo com o Parâmetro Curricular Nacional (2000) “é preciso educar para a saúde levando
em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que acontecem no dia-adia da escola. Por esta razão, a educação para a saúde será tratada como tema transversal,
permeando todas as áreas que compõem o currículo escolar” (BRASIL, 2000).
Segundo as tabelas 7 e 8, apesar das respostas serem superpostas, fica caracterizado de forma
evidente a necessidade da construção de um material didático,
ZONA URBANA
ZONA RURAL
CENTRO
PERIFERIA
RURAL
TOTAL
%
Seria ótimo/muito interessante/com alegria...
31
67
33
131
85,06
Seria excelente material pedagógico
01
05
-
06
3,90
-
04
-
04
2,60
Só acrescentaria conhecimento
03
01
-
04
2,60
Seria um multiplicador de informações
01
04
-
05
3,24
-
04
-
04
2,60
36
85
33
154
100
Seria de grande ajuda
Não respondeu
Total
Tabela7: Como você contemplaria uma publicação sobre saúde bucal, voltada para o
desenvolvimento de sua competência? Valença, 2006.
PACS
PSF
2
3
4
1
6
7
8
9
Seria ótimo / muito
interessante
19
14
30
05
06
04
06
09
Não faz falta
01
Outros (não respondeu, não
entendeu,...
Total
-
02
20
16
30
-
-
-
-
05
06
04
06
TOTAL
%
93
96,9
01
1,0
02
2,1
96
100
09
Tabela 8: Como você contemplaria uma publicação sobre saúde bucal, voltada para o
desenvolvimento de sua competência? Valença, 2006.
Tanto professores do ensino fundamental quanto ACS confirmam a necessidade da produção
deste material para superação da suas dificuldades em relação à saúde bucal. 85,06% dos
professores acharam que seria ótimo e muito interessante; 3,9% consideraram excelente material
pedagógico; 2,6% disseram que seria de grande ajuda ao seu trabalho e que só acrescentaria
conhecimento; 3,24% poderiam ser multiplicadores de informação. Os ACS 96,9% acharam ótima a
idéia de um material didático e que seria muito interessante para ajudá-los no trabalho.
Os resultados também são ratificados pelas falas dos entrevistados selecionados abaixo:
“Seria importante, pois é uma orientação profissional, pesquisada e direcionada ao nosso
ambiente de trabalho” (PACS).
“Com grande louvor, pois será justamente fornecendo qualquer material de apoio, que se
cria condição do início de uma transformação” (PACS).
“Todo tipo de informação é bem vinda, quanto mais melhor. Estamos abertos a receber e a
colaborar para o desenvolvimento desta competência” (Zona Urbana, Periferia).
“Com bastante alegria e interesse, pois é um assunto que desperta a minha curiosidade em
alguns pontos e seria um aprimoramento dos conhecimentos que tenho”.
“Com alegria, é bom saber que dá para fazer uma transformação” (Zona Urbana, Periferia).
“Acho que seria interessante termos na escola uma publicação que nos ajude no sentido de
esclarecer sobre saúde bucal mais detalhadamente” (Zona Urbana, centro).
“Acho muito importante, e no momento estamos precisando” (Zona Urbana, centro).
“Com grande alegria, pois seria um material de pesquisa” (Zona Urbana, centro).
A partir dos dados obtidos na primeira fase da pesquisa, foi elaborado um material didático
(anexo B) e apresentada aos agentes comunitários de saúde e professores do ensino fundamental,
centrada na necessidade que estes profissionais demonstraram em obter algum material didático
para ajudá-los em sua jornada de trabalho.
Na segunda fase da pesquisa, apresentamos um croqui do material didático para que fosse
analisado pelos entrevistados, a fim de que o material seja adaptado de forma a ajudar o trabalho
desses profissionais e atingindo o objetivo de conscientizar a comunidade que a saúde bucal é um
direito de todos, capacitando-as para a utilização dos meios e práticas de promoção, proteção e
recuperação da saúde.
Assim as tabelas 9 e 10 explicitam a necessidade desses profissionais obterem um material de
apoio para suprir suas dificuldades relacionadas ao tema saúde bucal.
PACS
PSF
2
3
4
1
6
7
8
9
TOTAL
%
Sim
20
16
30
05
06
04
06
09
96
100
Não
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Total
20
16
30
05
06
04
06
09
96
100
Tabela 9: Necessidade de material de apoio para professores. Valença/RJ, 2006.
ZONA URBANA
CENTRO
PERIFERIA
RURAL
TOTAL
%
Sim
35
86
33
154
100
Não
-
-
-
-
-
Total
35
86
33
154
100
Tabela 10: Necessidade de material de apoio para ACS. Valença/RJ, 2006.
Assim, segundo as tabelas acima, ficou evidente que todos os agentes comunitários de saúde e
professores do ensino fundamental, isto é, 100% dos entrevistados definiram o material apresentado
como esclarecedor de dúvidas, trazendo informações importantes, portanto, ótima ferramenta
didática, porque se mostra de forma clara, objetiva e de fácil compreensão, como demonstrado a
seguir na fala desses atores.
“Esclarece dúvidas e possibilita melhor entendimento do assunto” (Zona Urbana, Centro).
“Porque usa uma linguagem compreensível e assuntos que nos alertam a determinados
sintomas. Podemos assim orientar melhor os nossos alunos” (Zona Urbana, Periferia).
“Porque neste material encontramos o que necessitamos para realizarmos a prevenção
necessária” (Zona Urbana, Periferia).
”Ela traz informações importantes em relação à conscientização e importância da saúde
bucal” (Zona Urbana, Centro).
“Porque ela é clara e bem objetiva” (Zona Urbana, Centro).
“Porque informa sobre assuntos que eu tinha dúvidas e não sabia as respostas. Agora eu
sei pelo material” (Zona Urbana, Centro).
“O material está bem esclarecedor e fácil de entender, para podermos esclarecer dúvidas e
informações aos alunos e responsáveis” (Zona Urbana, Centro).
“Porque o material ajuda na transmissão de conhecimentos básicos de saúde bucal através
de uma linguagem clara e precisa” (Zona Urbana, Centro).
“Desperta o indivíduo a buscar uma melhor qualidade de vida” (Zona Urbana, Periferia).
“Veria como um avanço que já deveria existir na nossa área uma vez que a boca é a porta
de entrada para o nosso corpo e, muitas vezes é ela quem denuncia se há algo de errado
acontecendo nesse mesmo corpo” (PACS ÁREA 02).
“Consideraria esse material de um grande valor uma vez que temos pouca coisa nesse
sentido” (PACS ÁREA 08).
“Seria muito importante termos um livro” (PACS ÁREA 02).
Por último, pediu-se aos professores e ACS sugestões e a identificação de falhas no croqui
apresentado, para que o material didático a ser elaborado em definitivo possa realmente auxiliar o
trabalho desses sujeitos do estudo. Abaixo, as falas selecionadas desses atores demonstram sua
satisfação com o material apresentado a eles.
“Não há falhas e deveria ser parte do currículo das escolas. Parabéns!” (Zona urbana,
periferia).
“Achei este material muito bem elaborado, preocupado em conscientizar o professor da
sua importância no auxílio da saúde bucal de seus alunos, de orientá-los de maneira
correta. São textos de fácil entendimento, leitura prazerosa. No início, achei que seria
chato, mas durante a leitura foi ficando cada vez mais interessante. Adorei! Pretendo ler
mais sobre o assunto. Quanto as falhas, não consegui identificá-las” (Zona urbana,
periferia).
“Não vejo falhas, só qualidade principalmente quando falam sobre o câncer bucal, as
deficiências das vitaminas, em sala de aula podemos estender para uma boa alimentação,
sobre doenças quando falam das necessidades especiais. As informações complementam
nosso trabalho, podendo puxar para os problemas sociais, pobreza, etc. existentes na
sociedade” (Zona Rural).
“O material foi muito bem elaborado e de fácil entendimento, as sugestões de atividades a
serem desenvolvidas com os alunos são ótimas e bem criativas e adaptáveis a todos os
níveis do primeiro segmento do ensino fundamental” (Zona urbana, centro).
“No momento ela enriqueceu meus conhecimentos e me alertou sobre a grande importância
da higiene bucal para a saúde bucal para a saúde humana” (Zona urbana, periferia).
“O material é ótimo” (PSF 08).
“Com certeza é de suma importância para o trabalho do agente comunitário de saúde
outros que queiram conhecer melhor o assunto” (PSF 09).
“O material na minha opinião é ótimo, o que eu sempre defendi não é apenas o
conhecimento didático, mas também o dinâmico que aliado ao didático formam ingredientes
essenciais para mobilizar comunidades, despertando nelas o interesse pela questão da
saúde bucal” (PACS ÁREA 02).
“Porque nela você pode ter muitos conhecimentos; como é importante no tratamento bucal,
porque através das ilustrações você pode ver como é a realidade” (PACS ÁREA 04).
“Gostei muito do material, ele contém informações importantes que precisam ser
transmitidas as famílias que visito para que sejam evitadas as complicações ocorrentes dos
problemas bucais” (PACS ÁREA 04).
“Este material abrange de uma forma clara e simples questões que nos facilitariam o nosso
dia a dia” (PACS ÁREA 03).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição de 1988, não só ratificou o princípio proposto na VIII Conferência Nacional de
Saúde em 1986 pelo Movimento Sanitário Brasileiro, como o consagrou, afirmando no seu artigo 196
que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Este princípio constitucional, bandeira que
presidiu e impulsionou este importante movimento político e social no Brasil, teve sua reafirmação na
1ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (1ª CNSB), ocorrida em Brasília em 1986. Nessa
Conferência, os dentistas que participaram intensamente das lutas pelas mudanças na Saúde,
registraram definitivamente no relatório final que a saúde bucal é parte integrante e inseparável da
saúde geral do indivíduo e, portanto, também depende de fatores determinantes e condicionantes
não biológicos como, entre outros, moradia, alimentação, trabalho, distribuição de renda, transporte,
educação e o acesso aos bens e serviços essenciais.
Dessa maneira, deve-se entender que as ações a serem desenvolvidas na Atenção Básica
sejam efetivadas e calcadas numa sólida política de educação permanente, capaz de produzir
profissionais com conhecimentos, habilidades e competências, que lhes permitam compreender e
atuar no SUS com segurança técnica, espírito crítico e compromisso político (BRASIL, 2006).
Tendo em vista os objetivos que nos nortearam nesta pesquisa, ressaltamos que qualificações
dos agentes comunitários de saúde e professores do ensino fundamental deixam a desejar, e que
esses profissionais estão sedentos por conhecimento em saúde bucal, conforme referido em suas
respostas à pesquisa. Através delas afirmam a necessidade de obterem conhecimentos e
informações para contribuírem na redução dos problemas relacionados às doenças na cavidade oral.
Partindo da premissa de que nas várias áreas do currículo escolar existem, implícita ou
explicitamente, ensinamentos a respeito de temas transversais, pode-se afirmar que, por outro lado, a
complexidade dos mesmos como, por exemplo, a saúde bucal, faz com que nenhuma dessas áreas,
isoladamente, seja suficiente para explicá-la, porque, ao contrário, a problemática dos temas
transversais atravessa os diferentes campos do conhecimento.
Entretanto, as experiências pedagógicas brasileiras mostram a necessidade de que tais questões
sejam trabalhadas de forma contínua, sistemática, abrangente e integradas e não, apenas, com
determinadas áreas ou disciplinas. Dessa forma esses temas, como saúde bucal, devem interagir e
estar presentes em todas as áreas e disciplinas, passando a fazer parte do convívio escolar.
Pelos relatos dos agentes comunitários de saúde e professores do ensino fundamental, pode-se
perceber que, mesmo tendo havido algum tipo de informação sobre saúde bucal, o que foi fixado é
muito pouco, o que sugere a necessidade de um material didático em auxílio a essa educação em
saúde nesse campo, realizada de forma constante com emprego de uma metodologia mais
interessante.
Dessa maneira, fica visível a necessidade de um trabalho de capacitação para melhor frisar a
importância do tema saúde bucal, através da discussão e reflexão do mesmo, para que, assim, possa
ser viabilizada a continuidade dos programas implantados pelos municípios, ONGS, etc.
Embora sozinha a educação não tenha força suficiente para possibilitar a saúde desejável à
população, pode, por outro lado, proporcionar elementos que capacitem os indivíduos, de forma que
possam ganhar autonomia e conhecimento na escolha e busca de condições de vida mais saudáveis
que se constituem numa conquista consciente dos direitos de cidadania.
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ANEXO A
Consentimento do Conselho de Ética
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto: A divulgação do conhecimento sobre saúde bucal através de professores do
ensino fundamental e dos agentes comunitários de saúde no município de Valença:
uma contribuição para o aprimoramento da informação.
Responsável: Nadia Maria Machado dos Santos Rocha
RG: 05745467-0 IFP
Instituição onde será realizada a pesquisa: Secretaria Municipal de Educação de
Valença-RJ, nas Unidades Escolares Municipais.
Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da RES. CNS 196/96 e suas
Complementares e como esta instituição tem condições para o desenvolvimento
deste projeto, autorizo sua execução.
Nome:______________________________________________________________
Cargo:__________________
Data:______/_______/_______
___________________________
Assinatura
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM SAÚDE DA FAMÍLIA
INSTRUMENTO PARA PESQUISA - QUESTIONÁRIO

IDENTIFICAÇÃO
Nome do Educandário:...............................................................................................................
Professor:....................................................................................................................................
Disciplina na Instituição:.............................................................................................................
Nível de Formação
( ) Educação Superior ( ) Especialização ( ) 2º Grau - Curso Normal
( ) Mestrado

( ) Doutorado
ACEITAÇÃO DO PROJETO
1. O que o levou a aceitar participar do projeto de preparo para aquisição de conhecimentos básicos
em Saúde Bucal?_____________________________________________________
2. Quais as razões que você acha que levam as crianças a apresentarem problemas relacionados a
doenças na cavidade bucal?_______________________________________
3. Durante as aulas você acha que seus alunos demonstrariam o mesmo interesse se os assuntos
relacionados à saúde bucal fossem abordados da mesma forma que os outros conteúdos
programáticos são apresentados?_____________________________________
4.Você foi preparada(o) para transmitir informações em saúde bucal durante seu curso de formação
de professor?___________________________________________________________

REALIZAÇÃO DO PROJETO
5. Quais as dificuldades que você acha para trabalhar os conteúdos relacionados à saúde bucal com
seus alunos?______________________________________________________
6. O que você acha que leva os alunos do ensino da Pré-escola e Fundamental a não terem o hábito
de higiene bucal?_____________________________________________________
7. Como você selecionaria os conteúdos relativos à saúde bucal a serem aplicados para seus
alunos?_______________________________________________________________
8. Você teria condições de diversificar os tipos de atividades escolares realizadas durante o ano letivo
associando conhecimentos em saúde bucal?______________________________
9. Que tipos de atividades seriam trabalhados?____________________________________
10. Você acha que a dificuldade do ensino em saúde bucal colabora para que o aluno não
desenvolva hábitos saudáveis? ________________________________________________
11. Quais são essas dificuldades?______________________________________________
12. Você acha que seu conhecimento a respeito de saúde bucal é suficiente para atender as dúvidas
de seu aluno?____________________________________________________
13. Como você contemplaria uma publicação sobre saúde bucal, voltada para o desenvolvimento de
sua competência? (Se é interessante ter um livro ou cartilha ou manual para você ter aonde tirar sua
dúvidas sobre saúde bucal)____________________________
INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO

IDENTIFICAÇÃO
Nome do ACS:.........................................................................................................................
Unidade que trabalha...............................................................................................................
Área de Atuação:......................................................................................................................
Nível de Formação
( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau incompleto
( ) 1º grau completo ( ) 2º grau completo

( ) 3º grau completo
ACEITAÇÃO DO PROJETO
1- O que o levou a aceitar participar do projeto de preparo para aquisição de conhecimentos básicos
em Saúde Bucal?____________________________________________________
2- Quais as razões que você acha que levam as pessoas a apresentarem problemas relacionados a
doenças na cavidade bucal?_______________________________________
3- Você foi preparada(o) para transmitir informações em saúde bucal durante seu curso de formação
de ACS?_________________________________________________________
REALIZAÇÃO DO PROJETO
4- Quais as dificuldades que você acha para trabalhar os conteúdos relacionados à saúde bucal com
morador de sua micro área?__________________________________________
5- Como você selecionaria os conteúdos relativos à saúde bucal a serem aplicados para os
moradores de sua micro área?________________________________________________
6- Você acha que a dificuldade na transmissão de conhecimento em saúde bucal colabora para que o
morador de sua micro área não desenvolva hábitos saudáveis?______________________
7- Quais são essas dificuldades?______________________________________________
8- O ACS recebe algum tipo de capacitação voltada para saúde bucal?________________
9- Se a resposta for positiva, que tipo de capacitação?_____________________________
10-Por quem é feita essa capacitação?_______________________________________
11-Os ACS recebem material impresso ou outro tipo de material relacionado a saúde bucal para
auxiliar no seu trabalho?___________________________________
12-Você acha que seu conhecimento a respeito de saúde bucal é suficiente para atender as dúvidas
do morador de sua área de atuação?________________________________
13-Você saberia informar porque a correta higienização da boca é importante?__________________
14-Você, ACS saberia para onde encaminhar uma pessoa, caso ocorresse algum tipo de emergência
ou urgência?_______________________________________________
15-Como você contemplaria uma publicação sobre saúde bucal, voltada para o desenvolvimento de
sua competência? (Se é interessante ter um livro ou cartilha ou manual para você ter aonde tirar sua
dúvidas sobre saúde bucal) ___________________________
INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO
Nome do Educandário:...............................................................................
Professor:.............................................................................
Disciplina na Instituição:................................................................
Nível de Formação
( ) Educação Superior
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) 2º Grau - Curso Normal
( ) Doutorado
1- O que o levou a aceitar participar do projeto de preparo para aquisição de conhecimentos básicos
em Saúde Bucal? __________________________________________________________________
2- O material didático apresentado contempla suas necessidades?
( ) Sim
( ) Não
Por quê?_____________________________________________________
3- Você já conhecia e/ou transmitia alguma(s) questão (ões) apresentada (s) neste material didático?
( ) Sim
( ) Não
Qual (ais)? _______________________________________________
4- Se a resposta for sim, onde adquiriu o(s) conhecimento(s)? ___________________________
5- Com relação às ilustrações, ficam claras as informações que o material didático pretende passar?
( ) Sim
( ) Não
Por quê? ________________________________________________________
6- Gostaria que você opinasse sobre este material didático, apontando suas falhas e questões
importantes que no seu entendimento, deveriam constar no texto.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO
Nome do ACS:_________________________________________________
Unidade que trabalha:___________________________________________
Bairro ou distrito:_______________________________________________
Área de Atuação:_______________________________________________
Nível de Formação
( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau incompleto
( ) 1º grau completo ( ) 2º grau completo
( ) 3º grau completo
1 O que o levou a aceitar participar do projeto de preparo para aquisição de conhecimentos básicos
em Saúde Bucal? ________________________________
2 O material didático apresentada contempla suas necessidades?
( ) Sim
( ) Não
Por quê?_____________________________________________________
3 Você já conhecia e/ou transmitia alguma(s) questão (ões) apresentada(s) neste material didático?
( ) Sim
( ) Não
Qual (ais)? _____________________________________________________
4 Se a resposta for sim, onde adquiriu o(s) conhecimento(s)? ___________________________
5 Com relação às ilustrações, ficam claras as informações que o material didático pretende passar?
( ) Sim
( ) Não
Por quê? ________________________________________________________
6 Gostaria que você opinasse sobre este material didático, apontando suas falhas e
importantes que no seu entendimento, deveriam constar no texto.
________________________________________________________________
________________________________________________________________
questões
ANEXO B: Material didático para ser utilizado pelos professores e agentes
comunitários de saúde
MATERIAL DIDÁTICO DE SAÚDE BUCAL COMO
AUXÍLIO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE E PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Valença-RJ
2007
INTRODUÇÃO
Hoje, a Odontologia moderna tem como seu principal objetivo o bem estar físico e
emocional das pessoas. E, para alcançá-los torna-se fundamental a educação familiar a
respeito de saúde bucal e métodos preventivos para se evitar a instalação da doença cárie e
da doença periodontal.
Os pesquisadores têm enfatizado a importância da educação e da informação sobre
os cuidados com a saúde bucal. É preciso fazer com que os programas odontológicos
educativos cheguem às populações de menor acesso aos serviços de saúde odontológicos,
visto que o desconhecimento sobre cuidados necessários de higiene bucal representa um
fator a ser considerado. (PAULETO ET AL, 2001).
Tendo em vista que a odontologia se volta para promoção de saúde, o professor e o
agente comunitário de saúde tornam-se fundamentais na transmissão dos conhecimentos
em saúde bucal para os alunos e familiares.
A elaboração da cartilha tem o intuito de facilitar a adoção de estratégias para
transmissão desses conhecimentos pelos professores, profissionais da saúde e,
especialmente pelos agentes comunitários de saúde, nas salas de aula ou no campo de
trabalho desses profissionais, pois se sabe que hábitos criados na infância jamais serão
esquecidos. A escola, nesse sentido, constitui-se no ambiente favorável para alcançar
objetivos específicos como desenvolvimento da saúde, auto-estima, habilidades e
comportamentos saudáveis.
Tanto o professor quanto o agente comunitário de saúde apresentam-se como
facilitadores do desenvolvimento livre e espontâneo do indivíduo. Embora deva partir do
indivíduo o processo de busca pelo conhecimento, cabe, entretanto, ao professor e ao
agente comunitário de saúde organizar e coordenar as situações de aprendizagem,
adaptando suas ações às características individuais dos indivíduos, para desenvolver
capacidades e habilidades intelectuais de cada um.
A cavidade oral mantém a comunicação entre dois mundos: o externo e o interno é a
porta de entrada do nosso organismo. Possui vascularização e inervação sendo fonte de
vida e de doenças. Ela está inserida em um organismo vivo, podendo assim interferir com o
todo. (ARMOND, 2001).
A prática educativa em saúde é voltada para o desenvolvimento de capacidades
individuais e coletivas, visando à melhoria da qualidade de vida e saúde, onde se busca não
apenas os processos de intervenção da doença, mas processos de intervenção onde o
indivíduo e a coletividade disponham de meios para a manutenção ou recuperação do seu
estado de saúde (PEREIRA, 2003).
A intenção é apresentar esta cartilha ao Município para um possível financiamento e
viabilização da mesma junto a Secretaria de Educação e a Secretaria de Saúde.
CAPITULO I
PONTOS BÁSICOS SOBRE A CAVIDADE ORAL E SUAS ESTRUTURAS
1-
A Cavidade Bucal (Também cavidade oral ou simplesmente boca)
A cavidade bucal é delimitada pelo palato (céu da boca) na sua parte superior, pelo
assoalho da língua na parte inferior da boca, pela mucosa jugal (bochechas) lateralmente
(direita e esquerda), assim como pela faringe através do istmo das fauces (garganta)
posteriormente e se comunicando com o meio externo através de uma abertura entre os
lábios superiores e inferiores e dentes na sua porção anterior.
Dentro dessas delimitações, encontramos no interior da cavidade oral, dentes,
gengivas, mucosa bucal, língua, ductos (que são as saídas do fluxo salivar das glândulas
sublinguais e parótidas) e osso alveolar. Os dentes, osso alveolar e gengivas (livre e
inserida) se localizam em duas arcadas: a arcada superior, no maxilar superior ou maxila e a
arcada inferior no maxilar inferior ou mandíbula. A cavidade oral (ou bucal) é revestida pela
membrana mucosa bucal.
A gengiva faz parte da mucosa bucal que recobre os processos alveolares da maxila
e da mandíbula como também circunda o colo dos dentes.
Para que o dente permaneça firme na boca, existem estruturas para suportá-lo.
Essas estruturas de suporte são: o ligamento periodontal, o cemento e o chamado processo
alveolar.
De acordo com Carranza (1997), o ligamento periodontal é a estrutura de tecido
conjuntivo que envolve a raiz prendendo-a ao osso.
O ligamento periodontal tem por funções:
Proporcionar um meio flexível para proteger os vasos e nervos de injúrias por forças mecânicas;
Transmitir forças oclusais (de cima para baixo) ao osso;
Fixar o dente ao osso;
Manter a gengiva em adequada relação com os dentes;
Resistir ao impacto das forças oclusais (na mastigação pode-se avaliá-las com facilidade);
Proporcionar nutrientes para o cemento, osso e gengiva através dos vasos sanguíneos.
O cemento é o tecido calcificado que forma a camada mais externa da raiz.
O processo alveolar é o osso alveolar que forma na arcada superior a maxila e na
arcada inferior a mandíbula e suporta os alvéolos dentários (onde o dente fica).
Quando há perda do dente o processo alveolar desaparece gradualmente (observar as
pessoas desdentadas, que têm as gengivas muito baixas nas regiões onde houve perdas
dentárias).
2- Os Dentes
O dente é um elemento que está inserido no corpo humano, localizado na cavidade
oral (boca). Faz parte do organismo não podendo ser visto como se estivesse sozinho.
O dente é composto por quatro diferentes camadas: o esmalte, a dentina, a polpa e o
cemento, e está implantado dentro do osso. O esmalte é a camada externa, esbranquiçada,
muito dura, resistente ao desgaste, impermeável e bom isolante térmico. Tem a função de
proteger a dentina.
O esmalte é formado por cristais de apatita, água e material orgânico (incluindo proteínas e lipídeos).
A integridade do esmalte depende da composição e do comportamento químico dos fluídos
circundantes (pH, concentração de cálcio, fosfato e flúor em solução).
A Dentina é permeável, pouco resistente ao desgaste e é boa condutora de eletricidade,
ou seja, quando a dentina está exposta ao meio bucal às pessoas sentem dor, incomodo e
sensibilidade no dente.
Por ser o esmalte muito duro, muito mineralizado ele se torna muito friável (quebradiço) e a dentina
que apresenta resiliência (mais maleável) protege o esmalte da fratura.
A polpa dentária é formada por um tecido conjuntivo diferenciado, ricamente inervado,
vascularizado e responsável pela vitalidade do dente; da vida ao dente.
Está diretamente ligado ao sistema circulatório e aos tecidos periapicais através do feixe vásculonervoso que entra e sai pelos forames apicais (ponta da raiz).
A outra camada do dente é o cemento que se apresenta localizado na região que forma a
raiz e está ligado ao osso alveolar através de fibras. (MONDELLI, 1979).
No decorrer da vida as pessoas apresentam duas dentições: a primeira e a dentição
decídua, também conhecida como dentes de leite ou dentes temporários e a segunda
dentição recebe o nome de dentes permanentes.
O dente permanente fica posicionado
abaixo do dente decíduo
Dente permanente
Erupção Dente permanente
Por volta dos seis meses de idade começa nascer os primeiros dentes decíduos da
criança que estarão todos
presentes na arcada por volta dos dois anos de idade
completando assim um total de 20 dentes decíduos, dez na arcada superior e dez na
arcada inferior. São denominados de incisivo central, incisivo lateral, caninos, 1º molar e 2º
molar.
Perto dos seis anos de idade nasce atrás do 2º molar decíduo outro molar, muitas vezes antes dos
incisivos esfoliarem (caírem), fazendo com que os pais achem que é mais um dentinho de leite que
está nascendo, já que não caiu nenhum dente decíduo O molar que nasceu aos seis anos de idade é
o 1º molar permanente, também conhecido como molar dos seis anos. É um dente que não irá trocar,
dessa forma deverá permanecer na boca até que a criança se torne adulto e depois idoso.
Infelizmente muitos pais ainda acham que o dente decíduo não é importante, pois
eles vão cair e irá nascer outro no lugar. Mas se eles não fossem importantes porque Deus
os criaria?
Os dentes decíduos ajudam na fala da criança (fonemas); na mastigação, auxiliando
assim a digestão dos alimentos; serve de guia para os dentes permanentes nascerem na
posição correta; estimulam o crescimento em altura do osso que sustenta os dentes; na
estética, pois muitas crianças quando possuem os dentes destruídos apresentam problemas
psicológicos e além de todas essas importâncias o dente decíduo tem por função fazer com
que a criança se torne um adulto responsável pela sua dentição.
Os dentes permanentes são em um total de 32, sendo 16 na arcada superior e 16 na
arcada inferior. São denominados: incisivo central, incisivo lateral, canino, 1º pré-molar, 2º
pré-molar, 1º molar, 2º molar, 3º molar ou siso.
Época de erupção (nascimento) e esfoliação (queda) dos dentes decíduos (algumas
crianças podem adiantar ou atrasar).
ERUPÇÃO
Incisivos Centrais
Dentes
Dentes
superiores
inferiores
8 meses
6 meses
ESFOLIAÇÃO
Incisivos
Dentes
Dentes
superiores
inferiores
7 - 8 anos
6 – 7 anos
8 – 9 anos
7 – 8 anos
Centrais
Incisivos Laterais
10 meses
9 meses
Incisivos
Laterais
Caninos
20 meses
18 meses
Caninos
11 - 12 anos
9 – 10 anos
1º Molar
16 meses
16 meses
1º Molar
10 – 11 anos
10 – 11 anos
2º Molar
29 meses
27 meses
2º Molar
11 – 12 anos
11 – 12 anos
Após a esfoliação (queda) dos dentes decíduos, começam a erupcionar (nascimento)
os dentes permanentes. Vejamos na tabela:
Dentes superiores
3-
Dentes Inferiores
Incisivos Centrais
7 – 8 anos
6 – 7 anos
Incisivos Laterais
8 – 9 anos
7 – 8 anos
Caninos
11 – 12 anos
9 – 11 anos
1º Pré-molar
10 – 11 anos
9 – 11 anos
2º Pré-molar
10 – 12 anos
10 – 12 anos
1º Molar
6 – 7 anos
6 – 7 anos
2º Molar
12 – 13 anos
11 – 12 anos
3º Molar ou Siso
17 – 30 anos
17 – 30 anos
Gengiva
De acordo com Lõe, Listgarten e Terranova ( in: MACDONALD) a gengiva é a parte da
membrana mucosa oral que recobre o processo alveolar e as porções cervicais dos dentes.
Em seu estado normal deve se apresentar na cor rosa pálido, sem presença de
sangramento com a superfície com aspecto granulado. A gengiva é divida em gengiva livre,
que fica situada mais próxima do dente e, em gengiva inserida a cima da gengiva livre (lado
oposto ao dente).
4-
Língua
É uma massa muscular presa ao osso hióide, ágil e versátil. É essencial para
mastigação, deglutição, paladar e fala.
A língua é o maior local da sensação gustativa (relativa a paladar) apresenta quatro tipos de
papilas: filiforme, fungiforme, foliada e a circunvalada. As fungiformes na ponta da língua contêm
botões específicos para a sensação adocicada, nos lados da ponta são para o salgado, foliadas nas
laterais são para o amargo e as circunvaladas são para o azedo.
5-
Saliva
Normalmente o esmalte do dente interage com os fluídos bucais, ou seja, o esmalte
realiza troca iônica (explicar um pouco, até em nota de rodapé) constante com a saliva.
A saliva age como remineralizador do esmalte, quando este ainda se apresenta intacto,
ou seja, enquanto o dente não furou ou quebrou. Como isso acontece?
A saliva que se apresenta supersaturada de cálcio e fosfato e contém agentes tamponantes do
ácido (como bicarbonato, fosfato), difunde-se pela placa (é importante explicar de forma simples este
conceito para ficar mais fácil o entendimento mais completo adiante) neutralizando os ácidos do
microorganismo e assim repara o esmalte que estava sendo danificado (MCDONALD, 1985).
6- Ossos Alveolares ou processo alveolar
È o osso que forma a maxila, contendo 10 dentes no período da dentição decídua e 16
dentes na dentição permanente, e a mandíbula com a mesma quantidade de dentes que a
maxila.
CAPÍTULO II
AS DOENÇAS MAIS COMUNS DA CAVIDADE ORAL
Vimos como é a cavidade bucal saudável. A partir desse momento tentaremos mostrar
algumas patologias (doenças) que ocorrem na cavidade bucal que podem ser controladas
pelo próprio indivíduo a partir o momento que obtiver os conhecimentos de como elas
ocorrem e suas causas.
O dente relacionado ao organismo poderá causar: cegueira temporária, pertubações gástricas, artrite,
endocardite bacteriana, entre outros.
1-
Cárie
Você sabia que a cárie é uma doença? É isso mesmo, a cárie é uma doença infecto
contagiosa, ou seja, ela é transmitida de uma pessoa para outra através do indivíduo
contaminado. Vamos dar um exemplo.
Algumas mães têm o costume de provar a comida antes de dá-la a seu filho. Isso não é
bom, caso está mãe apresente dentes cariados, pois, através da colher, ela poderá
transmitir a bactéria causadora da doença.
A cárie dentária “é um processo dinâmico que ocorre nos depósitos bacterianos (placa
bacteriana na superfície dos dentes), resultando em uma alteração do equilíbrio entre a
superfície dentária e o fluído da placa que com o passar do tempo leva à perda mineral do
esmalte” (PAULETO, 2001).
Os principais fatores de risco são: culturais, sócio-econômico, falta de acesso ao flúor,
deficiente controle mecânico (escovação deficiente) da placa bacteriana (que também pode
levar não só a doença cárie como também a doença periodontal), consumo excessivo e
freqüente de açúcar, xerostomia (diminuição na produção de saliva) (Brasil, 2006).
ATENÇÃO:
“No Brasil, quase 27% das crianças de 18 a 36 meses e 60% das crianças de 05
anos de idade apresentam pelo menos um dente decíduo com experiência de cárie;
Na dentição permanente, quase 70% das crianças de 12 anos e cerca de 90% dos
adolescentes de 15 a 19 anos apresentam pelo menos um dente permanente com
experiência de cárie;
Entre adultos e idosos é ainda mais grave; a média de dentes atacados pela cárie
entre os adultos (35 a 44 anos) é de 20,1 dentes e 27,8 dentes na faixa etária de 65 a 74
anos. A análise destes dados aponta também para perdas dentárias progressivas e
precoces: mais de 28% dos adultos e 755 dos idosos não possuem nenhum dente funcional
em pelo menos uma arcada” (BRASIL, 2006, p.40).
Como ocorre?
A ação de microorganismos sobre carboidratos (composto orgânico; várias moléculas de glicose,
maltose juntas) resulta em ácidos que levam a descalcificação da porção inorgânica e sendo
acompanhada ou seguida por uma desintegração da estrutura orgânica do dente. (MCDONALD,
1985).
Dessa forma qualquer microorganismo acidogênico (substância em solução aquosa é capaz de
libertar íons hidrogênio) na superfície dos dentes contribui para o processo de fermentação que leva a
descalcificação do esmalte.
Como foi citado a cima a integridade do esmalte depende do equilíbrio entre pH (composto
químico que indica se uma solução é ácida ou alcalina), cálcio, fosfato e flúor, pois existem trocas
iônicas entre os componentes do dente e o fluído bucal. Quando por alguma razão, por exemplo,
chupar uma bala, este equilíbrio é rompido, poderá ser observado o desenvolvimento da cárie
dentária, que é representada pela desmineralização do esmalte ou cemento.
Como age o microorganismo streptococcus? (microorganismos são micróbios aos seres vivos
que só se podem ver com o auxílio de um microscópio. Normalmente, se refere aos organismos que
se encontram na água, nos alimentos, dentro de outros organismos ou no meio ambiente e que
podem causar doenças ao homem, aos animais e as plantas).
O principal alimento (substrato metabólico) dos microorganismos é a sacarose. Forma uma placa
com característica viscosa e dota-se de capacidade adesiva especial aos dentes. Os ácidos
produzidos em grandes quantidades pelas bactérias descalcificam e corroem a estrutura mineral do
esmalte, levando a causar cavidades extensas e destruindo o dente por completo
Dito de forma bem simples, o que ocorre é que desde que o dente erupciona (nasce) o esmalte
perde e ganha cálcio e fosfato. O meio bucal deve apresentar um pH igual ou maior que 5,5, assim a
saliva se encontra supersaturada, ou seja, apresenta mais íons cálcio (Ca++) e fosfato (PO4) que o
dente. Então a saliva passa esses íons para o esmalte deixando-o mais mineralizado.
Quando o indivíduo ingere açúcar os microorganismos metabolizam esta sacarose e produzem
ácidos provocando a queda do pH abaixo de 5,5 e a saliva entrará em subsaturação, a saliva
apresentará menos íons cálcio e menos fosfato que o dente. Assim o dente perderá cálcio e fosfato,
ficando menos mineralizado. Ocorre a desmineralização do dente.
1.1- Manchas brancas também pode ser cárie.
A doença cárie não é somente aquela que se apresenta escura e com cavitação (o
esmalte do dente está quebrado, com buraco) do esmalte, ela pode aparecer primeiro em
forma de manchas brancas opacas e sem brilho, normalmente próximas à gengiva. Essas
lesões brancas são denominadas cárie em atividade e o processo de desmineralização do
esmalte já se iniciaram e, como ainda não romperam o esmalte, poderão ser
remineralizadas, se acudidas a tempo.
Manchas brancas ativas
O microorganismo reconhecido como mais virulento e cariogênico recebe o nome de
streptococcus mutans.
- Você sabia que o straptococus mutans não está presente na cavidade bucal do recém-nascido,
o microorganismo somente é detectado após a erupção dos dentes decíduos. Este tipo de bactéria
somente se adere em tecidos duros, e antes dos dentes nascerem toda a cavidade é revestida
somente por tecido mole (mucosa).
1.2- Cáries de mamadeira
O desenvolvimento da cárie de mamadeira está associado ao consumo freqüente de
leite, sucos, refrigerantes ou quaisquer outros líquidos contendo açúcar fermentável,
oferecidos à criança ao longo do dia e da noite, o que leva a destruição rápida dos dentes
decíduos. Ocorre normalmente em crianças muito pequenas em média com 16 a 25 meses
de vida.
1.3- Abscesso
Abscesso é coleção localizada de pus. Pode ocorrer em dentes com cáries profundas, que
atingem a polpa, necrosando-a (matando-a). O dentista deverá ser procurado o mais rápido
possível, afim de que seja tratado para que não evolua para uma doença mais séria
chamada celulite (inflamação do tecido celular), que compromete a vida do indivíduo.
O indivíduo nunca deverá se medicar por conta própria, mas enquanto aguarda a ida ao
dentista poderá fazer bochechos com água morna e sal, pois isto ajuda a circunscrever a infecção
(puxam a infecção para um só ponto), melhorando a drenagem (que é a remoção do pus).
É extremamente proibido o uso de qualquer produto pelo lado de fora da face, pois isto poderia
fazer com que o abscesso drenasse, provocando uma abertura na face do indivíduo. Pelo mesmo
motivo não se deve colocar compressas ou saco de água quente do lado externo do rosto.
1.4- Mordida aberta
O uso da chupeta como também chupar o dedo, faz com que os dentes se
posicionassem de forma errada na arcada, e o palato (céu da boca) fica fundo dificultando a
respiração e a língua começa a se projetar entre os dentes superiores e inferiores e a
criança passa a respirar pela boca, causando ressecamento da boca (cavidade oral),
deixando os dentes propícios ao ataque dos microorganismos, além de não deixar a criança
se alimentar corretamente, já que os dentes não conseguem cortar os alimentos. Veja figura
abaixo:
2- Gengivite
É uma inflamação que envolve somente os tecidos gengivais próximos aos dentes. A
inflamação fica somente na gengiva livre (que é aquela que fica solta e quando usamos o fio
dental, este deve entrar suavemente embaixo dessa gengiva).
Como saber se a gengiva está doente?
Através da cor e da presença de sangramento. O sangramento é sinal de que alguma coisa
não vai bem com a gengiva. Apesar de muitas pessoas ainda pensarem que a gengiva sangrar é
normal não é não. Vamos raciocinar juntos. Quando temos um ferimento na pele do nosso corpo, a
primeira atitude a ser tomada é limpar o ferimento e colocar um curativo para não infeccionar, não
inflamar, enfim não entrar bactérias. Pois bem, o mesmo ocorre com a gengiva quando está com
sangramento. É como se fosse um ferimento aberto, expondo o seu organismo ao meio externo. Do
mesmo modo que o sangue sai, também poderá entrar bactérias, que poderão cair na corrente
sanguínea, se alojando em qualquer um dos seus órgãos causando prejuízo a sua saúde.
Vamos dar alguns exemplos de prejuízos que as bactérias podem causar quando se alojam em
algum órgão que não seja o seu habitat.
- Endocardite bacteriana – quando a bactéria se aloja no coração;
- Cegueira temporária – quando se aloja nos olhos;
- Pertubações gástricas – quando se alojam no estomago;
Além desses locais, elas também podem se alojar nas articulações, pulmões e nervos.
Gestante com gengivites podem estar mais propensas a partos prematuros ou terem
bebês de menor peso ao nascer. A gengivite também pode aumentar o nível dos líquidos
biológicos que estimulam o parto. Por este motivo, a gestante deve ser acompanhada pelo
dentista durante o pré-natal e após o parto.
A mulher tem necessidades especiais em relação à saúde bucal nas diversas fases
da vida. As mudanças nos níveis de hormônio que ocorrem na puberdade, seguidas da
menstruação, gravidez e menopausa tornam as gengivas mais sensíveis à placa bacteriana.
3- Periodontite
O principal fator etiológico de risco causador da periodontite é a higiene oral precária.
Com a higiene insuficiente há formação da placa bacteriana.
Placa bactériana
Gengivite
a) Placa dental: é um biofilme (película) associado ao hospedeiro (homem). São depósitos
moles que formam o biofilme aderido à superfície do dente ou outra superfície dura na
cavidade oral, inclusive restaurações removíveis ou fixas. A placa dental pode ser
classificada em supragengival ou subgengival.
A placa bacteriana supragengival é encontrada acima ou ao nível da margem
gengival. A placa bacteriana subgengival é encontrada abaixo da margem gengival entre o
dente e o tecido gengival do sulco.
A placa dental é composta principalmente por microorganismo. Estima-se que mais de 325
espécies bacterianas diferentes possam ser encontradas na placa.
A placa dental quando não é removida pode causar gengivite, periodontite e também cárie.
Formam a placa: bactérias, microorganismos não bacterianos (fungos, plasma,
protozoários e vírus), células do hospedeiro (células epiteliais, macrófagos e leucócitos),
materiais orgânicos (polissacarídeos, proteínas, glicoproteínas e material lipídico) e
inorgânicos (derivados da saliva, fluídos do sulco gengival e produtos bacterianos).
Os principais componentes inorgânicos da placa são o cálcio e o fosfóro, com quantidades de
outros minerais tais como sódio, potássio e flúor. À medida que o conteúdo mineral aumenta a massa
da placa torna-se calcificada e forma o cálculo.
Como a placa se forma?
Um ou dois dias com medidas precárias de higiene bucal, a placa dental já poderá
ser vista pelo indivíduo. A placa se apresenta branca, amarelada ou acinzentada. Como o
próprio movimento dos tecidos e dos alimentos sobre os dentes, parte da placa é removida,
a placa observada no terço gengival, se acumula, não sendo removida durante a
mastigação.
As placas não se acumulam somente próximo à gengiva, mas também se formam em
fendas, sulcos e fissuras que aparecem na estrutura do dente. É também lugar preferencial
das placas ao redor de dentes mal alinhados e abaixo de restaurações com excesso.
O ritmo de formação da placa varia dentre os indivíduos,
e a higiene bucal e fatores do hospedeiro, tais como a dieta
e quantidade de fluxo salivar são fatores determinantes
para sua formação.
Perda óssea, levando à perda do elem ento dentário.
b) Formação da Película Dental.
A fase inicial no desenvolvimento da placa e a formação da película dental na
superfície do dente. Essa película é derivada de componentes salivares e do fluído gengival,
assim como de produção de células bacterianas e dos tecidos do hospedeiro, cobrindo
todas as superfícies da cavidade oral, inclusive todas as superfícies dos tecidos, dos dentes,
das restaurações removíveis e fixas, com uma película de glicoproteínas.
Essa película, inicialmente, tem a função formar uma barreira protetora, promovendo
lubrificação para as superfícies e prevenindo o ressecamento dos tecidos. Mas, apesar
dessa importante função, a película também fornece um substrato ao qual as bactérias do
meio conseguem se aderir.
Como isso acontece? Nos tecidos ocorre uma descamação constante das células epiteliais,
assim as bactérias não conseguem se aderir, mas nos tecidos duros (como os dentes) em poucas
horas as bactérias se aderem e acumula-se progressivamente, formando a placa dental.
Os primeiros e principais microorganismos a se aderirem são do tipo gram positivos,
tais como: actinomyces viscosus e streptococus sanguis. Após essa aderência das bactérias
ocorre o amadurecimento da placa através do crescimento das espécies aderidas, assim
como pela colonização e crescimento de espécies adicionais.
Essas primeiras bactérias da espécie gram positiva facultativa, necessitam de
oxigênio para sobreviver, e quando estas não são removidas, há a sucessão do meio
ecológico para um meio privado de oxigênio, ou seja, se aderem às bactérias gram
negativas, anaeróbicos (não necessitam de oxigênio para sobreviver) e passam a
predominar. Exemplos de
bactérias
anaeróbicas: prevotella intermédia, neisseria,
porphyromonas gingivalis, actinobacillus e actinomycetemcomitans (Aa), a mais virulenta e
difícil de ser combatida.
A partir da aderência de bactérias gram negativas inicia-se a formação das placas
subgengivais, onde essas bactérias encontram meio propício, a partir daí o sulco gengival
que se apresenta banhado de fluído gengival, como células inflamatórias, servindo de
nutrientes para as mesmas.
Um periodonto saudável desenvolve gengivite dentro de 3 a 4 dias, mediante uma ausência
de rigorosa higiene oral.
O tecido gengival está constantemente sujeito a agressões bacterianas e mecânicas.
A resistência a essas ações é dada pela saliva, pela superfície epitelial e pelos estágios
iniciais da resposta inflamatória.
Da mesma forma que ocorre em outras infecções, as interações hospedeirobactérias determinam à natureza e a extensão da doença resultante.
Quando uma bactéria específica, na placa, cresce até números significativos e produz fatores
de virulência além do nível individual de tolerância do paciente, o equilíbrio muda de saúde para
doença.
c) Cálculo Dental ou Tártaro
O cálculo é uma massa aderente, calcificada ou em processo de calcificação, que se
forma sobre a superfície dos dentes naturais e próteses (é a calcificação do biofilme –
placa).
Existem fatores locais e iatrogênicos (que ajudam a
criar problemas) que ajudam no desenvolvimento das
gengivites e doenças periodontais, como: restaurações e
próteses defeituosas, assim como tratamento ortodôntico,
que dificulta a higienização, impactação alimentar, dentes
perdidos e não substituídos (leva a inclinação dos dentes
vizinhos fazendo com que haja impactação do alimento
no espaço interproximal (entre os dentes), má oclusão,
respiração bucal, uso de tabaco, irritação química,
radiação.
Da mesma forma algumas doenças sistêmicas apresentam manifestação no
periodonto. Normalmente estas doenças não iniciam a peiodontite destrutiva crônica, mas
podem acelerar sua progressão e aumentar a destruição tecidual. São elas:

Doenças nutricionais:
I.Dieta – dietas macias, apesar de adequadas nutricionalmente podem levar ao acúmulo de
placa e formação de cálculos. Já os alimentos duros e fibrosos fazem à limpeza da
superfície, reduzindo a quantidade de placa e gengivite, mesmo sendo a dieta nutricional
inadequada.
Fontes de alimento para os microorganismos como açúcar na dieta e carboidrato influência
no crescimento das bactérias.
II.
Deficiência de vitamina D ou calciferol – a vitamina D é essencial para absorção de
cálcio, fazendo o equilíbrio entre cálcio-fósforo. Sua deficiência poderá levar a osteoporose
dos maxilares (maxila e mandíbula). A vitamina D é recebida através do sol no horário de
até as 10 horas e a partir das 16 horas aproximadamente.
III.
Deficiência de vitamina B – deficiência no complexo de vitamina B leva a alterações
bucais como gengivite, glossite, glossodinia, quelite angular (inflamação na comissura dos
lábios) e inflamação de toda mucosa bucal.
IV.
Deficiência de vitamina C – apresentam a doença escoburto que se manifestam
clinicamente com inchaço gengival e amolecimento dos dentes, entre outros.

Diabetes mellitus: é uma doença que eleva o nível de glicose no sangue e a
excreção de açúcar na urina. Sua manifestação bucal se apresenta como: queilose (fissura
no canto da boca) e uma tendência para sequidão e fissuras, sensação de queimação,
diminuição do fluxo salivar e alterações na flora da cavidade bucal com predomínio de
câncida albicans, estreptococus hemolíticos e estafilococus. A redução do mecanismo de
defesa aumenta a suscetibilidade a infecções, levando a doença periodontal destrutiva. Os
pacientes diabéticos também apresentam grande tendência à formação de abscessos,
periodontoclasia diabética, aumento de volume gengival, pólipos gengivais, proliferação
polipóide gengival e amolecimento dos dentes.

Gravidez: a gravidez por si só não causa gengivite. Pacientes com gengivite crônica
apresentando leve sangramento antes da gravidez ficam preocupados com aumento da
tendência ao sangramento. Melhorando a higiene bucal com remoção da placa adquire-se a
melhora. A gravidez leva a uma alteração hormonal que junto com a higiene deficiente
poderá levar ao aparecimento da gengivite.

Doenças Cardiovasculares: com a idade mais avançada, ocorre a deficiência
circulatória induzida por transformações vasculares podendo aumentar a suscetibilidade do
paciente à doença periodontal.
Essas são apenas algumas das doenças sistêmicas mais conhecidas que
podem levar a alterações na doença periodontal.
4- Câncer Bucal
É um tipo de câncer que acomete a boca, mais frequentemente no lábio
inferior, mas também pode ocorrer dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas
amígdalas ou nas glândulas salivares.
Existem algumas situações que favorecem o aparecimento do câncer na
cavidade bucal. São chamados fatores de risco, como: fumo, álcool, radiação solar, irritação
mecânica, como por exemplo, uma prótese removível mal adaptada, dentes quebrados,
higiene bucal deficiente. Estudos realizados mostraram que a agressão contínua da mucosa
por dentes fraturados e escovação deficientes contribuem para a elevação do índice de risco
cerca de 1,3 a 2,6 vezes, respectivamente.
É importante que as pessoas aprendam a fazer o auto-exame. De frente para o espelho
observe rosto, pescoço, bochechas, gengiva, língua, enfim toda cavidade bucal, observando
se há algo diferente que esteja durando mais de 15 dias, como: vermelhidão, manchas
brancas, caroços ou inchaço na bochecha que você sente ao passar a língua, feridas que
sangra com facilidade e parece não melhorar, dificuldade para mastigar ou para engolir, dor
sem razão aparente ou sensação de ter algo preso na garganta, mudança na voz, inchaço
que impede a adaptação correta da dentadura. Se observar alguma anormalidade, não
deixe de procurar o dentista ou médico.
Lesão branca
Traumatismo mecânico
Indivíduos que fazem parte dos fatores de risco são aqueles que: têm idade superior a
40
anos,
tabagistas
crônicos,
etilistas
crônicos,
desnutridos,
indivíduos
com
imunossupressão (AIDS), portador de prótese mal adaptada que sofra de irritação
concomitante, indivíduo com exposição crônica e prolongada à luz solar.
ATENÇÃO: Segundo estimativa de Incidência de Câncer no Brasil para 2006, realizada pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA), este tumor apresentará 10.060 casos estimados entre
homens e 3.410 entre as mulheres. Isto representará cerca de 6% e 2%, respectivamente,
em relação a todos os tipos de câncer, à exceção do câncer de pele não melanoma.
(Referência, ano).
5-Pacientes com Necessidades Especiais
São aquelas pessoas que necessitam de uma abordagem odontológica diferente por
possuírem alterações orgânicas, físicas, sociais ou emocionais. O atendimento odontológico
ao paciente com necessidades especiais deve sempre que possível ser realizado em
consultório, somente em casos muito especiais deverá ser encaminhado ao hospital. São
considerados pacientes com necessidades especiais os cardiopatas, hipertensos,
diabéticos, deficientes auditivos, deficientes visuais, mentais, pessoas com problemas
psiquiátricos ou neurológicos e aidéticos (portadores HIV).
6-
Osteoporose
É a diminuição da massa óssea, é silenciosa, não apresenta dor e descalcifica os ossos vão
deixando os ossos porosos, frágeis podendo se fraturar (quebrar) com facilidade.
Porque ocorre a osteoporose?
O estrogênio é o hormônio responsável pela fixação do cálcio na estrutura óssea. Com
a idade a quantidade desse hormônio diminui fazendo com que a pessoa perca cálcio dos ossos,
deixando-os propícios a fratura.
Na falta do estrógeno, os ossos maxilares (maxila e mandíbula) tornam-se porosos,
não suportando as forças da mastigação, provocando a mobilidade dos dentes, problemas gengivais
e enfim condenando o dente a extração.
Como prevenir?
- Ter uma alimentação rica em cálcio (leite e seus derivados, sardinha, couve cozida,
brócolis cozido, folha de beterraba, semente de girassol, amêndoas, mexerica, laranja, feijão branco,
etc.);
- Fazer exercícios físicos, como praticar esportes, caminhadas, etc.
Para manter a saúde dos maxilares é importante mastigar alimentos consistentes,
promovendo uma verdadeira ginástica mastigatória, assim mantém os ossos maxilares em
atividade, reduzindo a perda óssea.
OSSO NORMAL
7-
OSSO COM OSTEOPOROSE
Halitose
É o mau hálito ou alteração do hálito. A maioria dos casos de halitose tem
origem na cavidade bucal (boca).
As causas podem ser;

Locais: diminuição do fluxo salivar, doença periodontal, saburra lingual (crosta
esbranquiçada que cobre a face superior da língua), retenção de resíduos nos dentes,
lesões de cáries, abscessos, etc.;

Sistêmicas: alterações em fossas nasais, sinusite, processos alérgicos, rinites,
alterações intestinais, diabetes e alterações hormonais, disfunção renal, disfunção hepática,
alterações gástricas (apenas 5% dos casos de mau hálito tem origem no estômago), faringe,
alterações emocionais (estresse, depressão, ansiedade, fobias), alterações em outros
órgãos e outras patologias, deficiência de vitamina A e D;

Decorrentes de medicamentos: antidepressivos, tranqüilizantes, antihistamínicos,
descongestionantes, antihipertensivos (reduzem o fluxo salivar).
De alimentos: bebidas alcoólicas, alho, couve, brócolis, cebola, feijão, carne
vermelha, repolho, frituras, porque produzem gazes voláteis de enxofre.

Hábitos: técnica deficiente de higiene bucal, respiração bucal, períodos longos sem
ingerir alimentos.
CAPITULO III
A PROTEÇÃO DA CAVIDADE ORAL
Chegou à hora de sabermos como proteger a nossa cavidade bucal.
1-
Escova Dental
O método mais comum para a remoção de placas da cavidade bucal é através da
escovação dos dentes. Existem vários tipos e formas de escova dental, mas a ideal é aquela
que não provoca injúrias nos tecidos moles e duros da boca, assim como nas restaurações
dentárias. Outro requisito importante na escolha da escova dental e que a sua cabeça tenha
um tamanho proporcional ao tamanho da boca do indivíduo que irá usá-la para que a
escova consiga atingir todos os dentes da arcada. Exemplo; um indivíduo com a boca
pequena usa uma escova dental com a cabeça muito grande, ele não conseguirá atingir o
último dente da arcada superior, pois a escova se encostará ao osso da face não fazendo a
limpeza da parte de fora do dente, chamada vestibular do dente.
As escovas também são classificadas em macia, média e dura com base nas cerdas. A
escova ideal é a escova macia pela pouca tendência a causar trauma nos tecidos gengivais e por sua
melhor capacidade de limpeza interproximal (entre dois dentes), de cabeça pequena com as cerdas
de mesma altura e com cabo reto.
Escova elétrica
2-
Escovas dentais com formatos diferentes
Dentifrício ou Creme dental
Existe uma grande variedade de dentifrícios ou creme dental como são mais
conhecidos. Os dentifrícios exercem algumas funções na higiene bucal, como: removedores
de placa e de manchas controlam a formação de cálculos (mais conhecidos como tártaros),
ação anticárie e dessensibilizadora, através da ação de fluoretos e outros ingredientes.
O dentifrício ideal deverá conter fluoreto, triclosan (antibacteriano) e pirosfosfato
(anticálculo), ter baixo teor de abrasividade e ser portador do selo de aceitação da ADA (de
acordo com a idade, como será explicado abaixo).
Para se usar dentifrícios em crianças devem-se tomar alguns cuidados, pois se sabe que o
flúor em excesso poderá causar fluorose dental (excesso de flúor faz com que os dentes nasçam com
manchas /ranças que não são as manhas ranças causadas pela cárie).
Para bebês até 24 meses não se deve usar dentifrício fluoretado ou usar a quantidade na escova
equivalente ao tamanho de uma ervilha, já as crianças de 3 a 6 anos de idade, a quantidade de
dentifrício poderá ser a largura da cabeça da escova e, para as crianças acima dos 6 anos de idade o
dentifrício poderá ser colocado na posição do comprimento da cabeça da escova dental.
3-
Fio Dental
Apesar de a escova dental ser o método mais utilizado
para o controle mecânico da placa, ela não consegue
remover a placa nas proximais dos dentes, isto é, entre
dois dentes. Nesses casos o uso do fio dental é
fundamental.
Escova interdental, fio dental e passa fio.
Se a placa dental não for removida das faces denominadas de proximais (paredes
dos dentes que se encontram, ou seja, dois dentes seguidos um do outro apresentam
paredes que ficam quase encostadas uma na outra; é aonde passamos o fio dental) dos
dentes, o indivíduo poderá começar a
observar sangramento na gengiva.
4-
Flúor
A saliva sem a presença do flúor transfere cálcio e fosfato para o dente em forma de
hidroxiapatita. Na presença de flúor este ganho ocorre na forma de hidroxiapatita e
fluorapatita.
Desta forma, quando há ingestão de açúcar, o pH da saliva sofre uma queda para até 4,5, o
dente não recebe cálcio e fosfato na forma de hidroxoapatita pela saliva, como já vimos
acima, mas o dente tem ganhado através da fluorapatita.
O flúor atua durante a fase de desmineralização, na qual a saliva sozinha já não consegue repor os
minerais perdidos. Mas se a ingestão de açúcar permanecer por um período longo, apesar da
presença de flúor o dente continuará sendo desmineralizado podendo cavitar (quebrar o esmalte).
O flúor é considerado um medicamento, sendo assim como todo medicamento somente
deverá ser utilizado se houver a presença da doença, ou se houver a possibilidade de
contaminação pela bactéria, sempre avaliado pelo profissional competente. O flúor pode levar
à intoxicação, se usado descontroladamente e sem supervisão do profissional de saúde. O
frasco contendo flúor deve ser mantido fora do alcance das crianças. (MCDONALD, 1985).
O que fazer em caso de intoxicação?
Caso a criança beba todo o conteúdo de uma vez, deve-se provocar vômito, oferecer
leite e leva-la a um hospital.
ATENÇÃO: Em Valença o hospital de referência chama-se Hospital Geral José Fonseca,
situado à rua Coronel Leite Pinto, n. 105, Centro.
5-
Agentes Anti-sépticos
Para seu uso, espera-se que o indivíduo consulte seu dentista para saber qual lhe é
mais conveniente, pois alguns produtos contendo clorexidina, que são realmente efetivos,
requerem algumas restrições quanto ao seu uso.
6-
Instrução para higiene bucal praticada no lar e na escola. Como escovar os
dentes.
Como foi dito anteriormente, a escova deve ter a cabeça pequena, para alcançar todos
os dentes e cerdas macias para não causar injúrias aos tecidos moles.
Escovar os dentes é muito parecido com varrer a casa.
Vamos pensar juntos.
Quando varremos a casa, empurramos o lixo para
frente com a vassoura, então, levantamos a vassoura,
voltamos a posicioná-la atrás do lixo, e tornamos
a empurrar o lixo, e, assim, sucessivamente, até conseguirmos
limpar todo o lixo.
Entretanto, se empurrarmos a vassoura para frente e para trás o lixo vai, mas uma parte
dele volta. O correto não é assim.
Então, para comprovar, pegue uma vassoura faça o movimento e veja se não é assim que
ocorre?
O mesmo ocorre com a limpeza dos dentes. Assim, os passos certos para a escovação são:
Primeiro posicionamos a escova dental na arcada superior do lado esquerdo, sobre a
gengiva, com uma inclinação de aproximadamente de 45º e fazemos movimento de
varredura para baixo. A boca deve estar sempre aberta e a pessoa de frente com espelho.
Começamos a varrer o dente e a gengiva jogando o “lixo” (restos alimentares e a placa
bacteriana) para baixo. Repetimos o procedimento várias vezes para o mesmo grupo de
dentes (mais ou menos dois dentes de cada vez), e seguimos fazendo o mesmo com todos
os dentes até chega ao final do lado direito. A limpeza deve ser feita pelo lado de fora (face
vestibular) e depois pelo lado de dentro dos dentes (face palatina).
Fazemos o mesmo na arcada inferior, só que “varrendo” o dente de baixo para cima,
começando do lado esquerdo para o lado direito, pelo lado de fora (face vestibular) e depois
pelo lado de dentro (face lingual) dos dentes.
Na “mesa” (face de cima ou oclusal) dos dentes posteriores (pré-molares e molares)
fazemos a escovação da forma vaivém, não se esquecendo de inclinar a escova para limpar
a parte de trás do último dente (face distal do molar).
Não se esquecer de escovar a língua, pois como vimos anteriormente à língua é
tecido mole, onde as bactérias também gostam de se instalar.
Agora chegou a hora de usar o fio dental. Pegue um pedaço
de fio ou fita dental, enrole no dedo indicador de cada
mão, estique e introduza entre os dentes. É importante ao
levar o fio entre os dentes puxa-lo para um dos lados para
que o fio penetre entre o dente e a gengiva livre. Neste
momento, deve-se fazer o movimento de vaivém, retirar o fio, tornar a introduzi-lo entre os
mesmos dentes anteriores, desta vez com fio dental encostado na parede do outro dente
para que penetre entre o dente e a gengiva do outro dente. Repita a operação em cada
dente. Se você simplesmente colocar o fio dental entre os dentes, o fio apertará a ponta da
gengiva, esbranquiçando-a (isquemiando-a) sem remover os resíduos alimentares e a placa
que estiver por baixo da gengiva livre.
Muitas vezes as crianças perdem os dentes decíduos antes da hora, e para manter o
espaço para os dentes permanentes, necessita-se a colocação de uma prótese que
chamamos de mantenedor de espaço. No adulto também quando há perda dos dentes
naturais, esses são substituídos por próteses que podem ser removíveis (que podem ser
retiradas da boca para limpeza) ou fixas (que não saem da boca) e implantes, que devem
ser mantidos bem limpos, da mesma forma que os dentes naturais. Como fazer essa
higienização?
Nas próteses removíveis (prótese parcial removível) ou prótese total (dentadura)
usamos uma escova pequena (usada para limpar as unhas) e sabão neutro, as próteses
fixas e implantes devem usar escova dental, fio dental com a ajuda de um passa fio, como
também escovas unitufos ou interdental, encontrada nas farmácias e
supermercados. As crianças e adultos que usam aparelhos ortodônticos
também devem fazer uso de escova dental, fio dental com
passa fio, e escovas unitufos ou interdental.
7-
Hábitos Alimentares
a) Durante a gestação: o período da gestação é o momento ideal para que a mãe
comece a adquirir hábitos alimentares saudáveis e adquirir conhecimentos quanto a sua
saúde e a do seu filho. É importante que a gestante entenda que o consumo de açúcar na
sua forma natural, encontrado nas frutas e vegetais, permite que seu organismo receba
mineral.
b) Vitaminas e calorias: devem fazer parte integrante dos hábitos alimentares, enquanto
que os açúcares refinados não são facilmente reabsorvidos e não existe qualquer benefício
nutricional com seu uso, além de elevar os níveis de insulina no sangue. Pesquisas mostram
que as mães que não comem açúcar durante a gestação, têm bebês que rejeitam o açúcar,
após o nascimento. Enfim, a criança não conhece o açúcar, então por que adoçar o leite ou
suco oferecido ao seu filho?
c) Após o nascimento: Estimular na amamentação é fundamental, pois desenvolve:

os padrões musculares;

ajuda o desenvolvimento respiratório nasal;

auxilia no posicionamento da língua durante a deglutição, ajudando a prevenir
futuras má oclusões.
Deve-se desencorajar o uso de mamadeiras noturnas, pois desenvolvem hábitos
inadequados que poderão persistir por vários anos.
d)
Após a erupção (nascimento) dos dentes: É necessário acrescentar outros alimentos
na dieta da criança, alimentos sólidos com outros nutrientes.
Os alimentos podem ter efeito local, na cavidade bucal ou durante a formação dos
dentes. Existem alimentos que possuem nutrientes positivos e negativos. Os nutrientes
positivos são aqueles que contêm aminoácidos, vitaminas, minerais, utilizados para
construção de tecidos. Os nutrientes negativos são aqueles que retiram as reservas de
cálcio, magnésio, aminoácidos e vitaminas, como por exemplo, o café e a coca-cola. Os
nutrientes positivos devem permanecer sempre em maior quantidade que os nutrientes
negativos para que o organismo mantenha seu equilíbrio biológico. A criança que não
mantém esse equilíbrio biológico poderá desenvolver na cavidade bucal a cárie dentária ou
doença periodontal, dificultando o sucesso do tratamento dentário.
Tudo isso reduz o fluxo salivar e de quantidade de proteínas secretada por minuto
que como conseqüência retarda a erupção dos dentes como também poderá modificar sua
posição.
É importante saber que alimentos duros e fibrosos possuem ação detergente e de
limpeza, além de ajudar no crescimento dos maxilares.
Para facilitar o entendimento, vamos fazer uma comparação.
Sempre que uma criança tem pouco crescimento, o médico pediatra sugere aos pais
que a coloque para fazer exercício físico. Sabemos que o exercício físico estimula o
crescimento. Da mesma forma acontece com os maxilares. Se a criança ingerir alimentos
fibrosos e duros, como cenoura crua, cana, maça, ele terá que fazer mais força na
mastigação e dessa forma ele estará estimulando o crescimento dos maxilares, diminuindo
a possibilidade dos dentes nascerem apinhados por falta de espaço.
Os açucares da dieta são:

Sacarose – bolos, balas, frutas secas, ketchup e refrigerantes;

Glicose e frutose – mel e frutas;

Lactose – leite

Maltose – derivado da hidrólise do amido;

Tudo tem potencial cariogênico, mas a lactose é o que produz menor queda no pH da
placa bacteriana.

Amido – arroz, batata, pão. Apresentam baixo potencial cariogênico, mas quando
cozidos e ingeridos com freqüência podem causar cárie dentária.
8- Traumatismo
As lesões traumáticas podem ser classificadas de várias formas. É importante que o
professor e o agente comunitário de saúde conheçam algumas dessas classificações para
agirem de forma correta, caso necessário.

Trauma que provoque mobilidade no elemento dentário: em caso de trauma, onde o
dente apresenta alguma mobilidade e não apresentando nenhum outro ferimento, o
professor e/ou agente comunitário de saúde, deverá lavar a boca da criança, observar se há
sangramento. Seja qual for à situação, procurar conversar com a criança para que esta se
acalme, dizendo sempre que está tudo bem, que foi só um susto. Com as mãos lavadas
com sabão o professor e/ou agente comunitário encostará de leve o dedo no dente
traumatizado, se a mobilidade for discreta não necessitará de atendimento imediato, caso
não tenha nenhum dentista próximo, não deixar a criança comer alimentos duros e o dente
voltará à normalidade. Encaminhar a criança ao dentista. Nestes casos o local de referência
e o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas, situado à rua Oswaldo Terra nº. 108,
Centro.

Avulsão do dente: é quando o dente sai totalmente de dentro do alvéolo. O ideal é que
seja recolocado no alvéolo no mesmo instante, caso o responsável ou o próprio indivíduo
tenha coragem, senão um profissional deve ser procurado dentro de 15 a 30 minutos ou até
no máximo em duas horas para que possa ser implantado.
Caso haja sangramento (hemorragia), este deve ser estancado por compressão
direta ou aplicação de compressa de gelo no local.
Se durante o traumatismo a criança deglutir (engolir) o dente, deve-se encaminhá-la
ao médico, para que o dente seja localizado e, de acordo com o diagnóstico, tomar as
providências necessárias. Todos os casos de traumatismos devem ser encaminhados ao
CEO Centro de Especialidades Odontolólgicas situado à rua Dr. Oswaldo Terra ou ao
Hospital Geral José Fonseca, situado à rua Coronel Leite Pinto nº.105 – Centro.
Se o dente for levado para o dentista ou profissional da saúde devem-se seguir algumas condutas,
como:
- 1ª opção: não pegar o dente pela raiz;
- 2ª opção: preferencialmente o dente deverá ser mantido dentro da boca do paciente, alojado
embaixo da língua. A saliva mantém o dente hidratado;
- 3ª opção: colocar o dente dentro de um pote contendo soro fisiológico;
- 4ª opção: colocar o dente em um pote com leite.
Se o dente foi recolocado no alvéolo, este deverá ser mantido sob pequena pressão, assim
deve-se colocar uma gaze dobrada, onde o indivíduo deve morder em oclusão até chegar
ao consultório dentário.
OBS.: DENTES DECÍDUOS (OU DE LEITE) NÃO DEVEM SER REIMPLANTADOS.

Intrusão do dente: o dente entra no alvéolo. Neste caso somente o dentista pode avaliar,
mas o professor ou o agente de saúde deverá procurar próximo ao acidente para ver se
realmente o dente intruiu ou avulsionou (saiu totalmente da boca).

Extrusão do dente: é quando o dente não sai totalmente do alvéolo, mas ele se apresenta
com aparência de mais comprido do que o dente ao lado.
CAPÍTULO IV
SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS RELACIONADOS AO TEMA “SAÚDE BUCAL”,
PARA CADA DISCIPLINA DO ENSINO FUNDAMENTAL, QUE PODERÃO SER
APLICADOS EM SALA DE AULA.
PORTUGUÊS
-
Poderão ser usados versos, trovas, letras de músicas para interpretação de textos,
ou para comentários após a leitura.
-
Em outro momento poderão pedir aos alunos que criem suas próprias músicas,
versos ou textos que serão comentados ou cantados.
-
Preparo de jornais pela turma onde entrem temas com assunto relacionado à saúde
no interior da escola.
-
Poderão ser promovidos concursos de redação.
-
Criação de uma rádio escolar no qual os alunos passam informações sobre assuntos
relacionados com a escola e de como cuidar da saúde, isto orientado pelos professores.
Exemplos de temas, músicas, versos, etc.

MÚSICAS:
Meus dentinhos
Meus dentinhos, meus dentinhos
Eu vou escovar
Para cima e para baixo
Pra poder limpar.
Olha dona Cárie
Eu vou lhe avisar
Vá caindo fora
Aqui não é seu lugar
VOLTA AO REFRÃO
Meus dentinhos são fortes
Não vai deixá-la entrar
Três vezes ao dia eu vou escovar (música bate o sino).
REFRÃO
Adeus Cárie
Quem escova os dentes
Evita a cárie, meu bem
Por isso ouça o que o dentista diz
e tenha sempre um sorriso feliz
Ai, ai, ai
Vou evitar a cárie
Usando a escova, o flúor e o fio dental
Pra ter um sorriso legal. (música valsa da despedida)
(SANTOS, s/d, p.37)
Sorriso Lindo
Vou ensinar pra vocês
Como seu dentinho limpar
É só escovar direitinho
E o sorriso lindo verá.
Vamos pegar a escovinha
E a pasta de dente também
E o fio dental é o amigo
O trio que nos serve bem.
Os dentes de cima
É de cima pra baixo
Os dentes de baixo
É de baixo pra cima
Mas não é só isso
Tem os de trás também
Que como trenzinho
Vai fazendo vai e vem
Vamos lá escovar
Vamos lá que é tão bom
Vamos lá criançada
Repetir de novo a lição.
(Autor desconhecido)
TROVAS E VERSOS
Dentes mal escovados
Ficam com furinhos
Tome muito cuidado
Ali entram bichinhos.
Dentes Limpos
Todo dia bem cedinho
Eu escovo meus dentinhos
Pra ficarem bem limpinhos
Depois do almoço, limpo geral
Tomo banho e escovo meus dentes,
Tudo limpo, que legal!
Agora vou brincar
Depois de minhas mãos lavar
Esperando a hora de lanchar
E assim novamente
Meus dentes escovar.
A noite chega
Agora vou jantar.
E antes de dormir, adivinha?
Meus dentes novamente escovar.
(E.M. Décio Monteiro Soares,s/a).
245

TEXTO
Os Inimigos da Boca
A cárie e a doença periodontal são os problemas mais freqüentes em arcadas malcuidadas.
Ambas são causadas pela placa bacteriana, uma película que se forma sobre a superfície dos
dentes, onde se agregam as bactérias, atacando o esmalte (provocando cáries e a gengiva
(gengivite). A cárie pode ainda atingir outras estruturas, como nervos e ossos. Já a inflamação da
gengiva leva à sua retração e a sangramentos, expondo as raízes e abalando a estabilidade do
dente. Entre os 7 e os 10 anos a criança tem duas dentições: a decídua e a permanente. É nessa
época que as visitas periódicas ao dentista são fundamentais, para proteger os dentes com flúor e
selantes. O profissional também pode tirar dúvidas sobre a necessidade de aparelhos ortodônticos.
Entre 10 e 14 anos, a dentição permanente se completa (28 dentes). A tendência, nessa época, é
que o jovem relaxe nos tratos. A preocupação com a estética pode ajudar: a higiene protege os
dentes e oferece um hálito agradável, que não deve ser obtido com balas e chicletes. Muitas lesões
não diagnosticadas e não tratadas nessa fase podem manifestar-se de forma bem complicada no
futuro, caso de câncer na boca. Nas meninas pode ocorrer a gengivite da puberdade, por causa da
alteração hormonal pela qual elas passam. Muitos jovens começam a fumar nessa fase, o que causa
mau hálito e problemas na gengiva, além de todos os prejuízos que o cigarro traz para a saúde.
Caderno de Atividades. Out/2000.
INGLÊS
A disciplina de inglês pode traduzir o material que foi exemplificado para a disciplina de
português.
CIÊNCIAS
1- Experiências: Flúor com ovo.
Essa experiência poderá ser aplicada em crianças a partir dos 5 anos de idade até o idoso.
Material necessário:
- 1 ovo de galinha cozido de casca branca
- 1 copinho de café
- flúor em gel (encontrado em qualquer dental e algumas farmácias)
- 1 copo de vinagre
Colocar o ovo no copo contendo flúor em gel de forma que somente a metade do ovo esteja
em contato com o flúor, deixar 1 minuto.
246
Explicar que a casca do ovo está representando o esmalte do dente, por apresentar quase as
mesmas substâncias do esmalte do dente (cálcio e fósforo).
O vinagre representa a boca quando não é escovada.
Depois de passado 1 minuto, retira-se o excesso de flúor do ovo e coloque-o dentro do copo
com vinagre.
Resultado: Na metade do ovo que estava protegido com flúor, não houve alteração nenhuma na
casca, mas na outra metade que não tinha a presença do flúor aprecem bolinhas que representam a
desmineralização do esmalte.
2- Concurso com temas relativos à prevenção. Ex.: “Prevenção em Saúde Bucal”.
3- Feira de Ciências. Ex.: Promover o Dia da Escovação.
Poderá ser usada a experiência do flúor no ovo.
O professor poderá utilizar a aula de sistema digestivo para ensinar a cuidar dos dentes.
Lembrando para a criança que a digestão se inicia na cavidade bucal.
Nesta proposta de trabalho (Aula de sistema digestivo), o professor poderá um dia antes da
aula, solicitar aos alunos que levem para a escola escova de dente, creme dental e fio dental.
Comece a aula perguntando para que servem os dentes. Anote as respostas no quadro negro.
Pendure um pôster no quadro e leia com eles a lista de funções dos dentes, caso tenham
esquecido algum item. Explique que a mastigação tritura os alimentos, ajudando na digestão e
evitando dores gastrintestinais. A arcada dentária é fundamental para uma boa dicção e para formar
um bonito sorriso. Sua adequada limpeza evita doenças mais graves, como infecções que podem
começar pela boca e atingir outras partes do corpo.
Explicar os principais problemas que uma boca mal cuidada pode trazer. Além de atingir
outras partes do corpo humano.
Exemplos: gengivite, doença periodontal, cárie.
Aula do sistema Respiratório: o professor poderá acrescentar que a saliva protege os
dentes, pois contém flúor, cálcio e fósforo que são necessários para a proteção dos dentes.
A criança deve respirar pelo nariz pois respirando pela boca, reduz a quantidade de saliva,
deixando os dentes desprotegidos.
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
1- O professor de educação artística poderá através de massinhas, encontradas prontas ou
fabricadas na própria escola, modelar dentes ou a arcada dentária, aproveitando para ensinar o nome
dos dentes, quantidade de dentes decíduos, quantidade de dentes permanentes, porque não
devemos deixá-los estragar, porque devemos mantê-los na boca por toda a vida, etc.
Receita de Massinha
- 1 copo de farinha de trigo
- ½ copo de sal
- Acrescenta água até dar liga
247
- 1 gota de óleo, para não rachar
Depois que a modelagem estiver pronta, levar ao forno para secar.
Para pintar: guache ou tinta vermelha, rosa e branca.
Durante a pintura o professor poderá aproveitar para explicar que a gengiva saudável
apresenta a cor rosada e, que quando a gengiva está muito vermelha é porque ela está com
inflamação.
Receita de como fazer uma Boca com Sucatas
Material:
1 caixa de sanduíche em isopor representará a boca;
Canjica com grãos brancos e pelo menos um amarelo representando o dente com cárie;
Cola;
E.V.A. vermelho para fazer a língua.
Modo de fazer:
Abrimos a caixa de isopor, e nas bordas superior e inferior da caixa colamos os grãos de canjica um
ao lado do outro para formar os dentes na arcada. Na colocação dos “dentes” colocamos grãos
amarelos, para representar os dentes afetados pela cárie. Cortamos o E.V.A vermelho em forma de
língua, colando-a dentro da caixa de isopor.
Com esta boca confeccionada com sucata e outros materiais trabalhamos a higiene bucal.
Para tornar o ensino mais interessante realizamos paródias com o tema.
Sugestão da Profª. Luciana Palmeira R. Rosa.
Orientadora Pedagógica das Escolas Municipais de
Valença-RJ.
2- Preparar peças de teatro. O teatro poderá ser apresentado
pelas próprias crianças ou feitos com bonecos de fantoches,
preparados pelas própriascrianças.
O exemplo mostra roupas confeccionadas com caixa
de papelão cobertas com papel..... a escova dental
foi representada por uma caixa de sapato infantil e as
cerdas confeccionadas com garrafa desça.
CAIC – E.E. Djalma Macedo – Valença/RJ
Exemplo de uma história para Teatro de Fantoches
NARRADOR: Oi crianças. Nós estamos aqui hoje para contar para vocês uma estória muito
interessante, é sobre a Ritinha, uma menina que não gostava de escovar os dentinhos.
248
Era uma vez uma menina muito bonitinha, bonitinha mesmo, mas que sentia medo de ir ao
dentista.
- Vocês têm medo de dentista?
AGUARDA RESPOSTA DAS CRIANÇAS.
Ninguém precisa ter medo de dentista, pois ele é amiguinho de todo mundo.
- Vocês sabem por que devemos ir ao dentista?
AGUARDA RESPOSTA DAS CRIANÇAS.
Isso mesmo para cuidar da saúde da boquinha de vocês.
- Dentro da nossa boca existe um montão de bichinhos (seu nome é microorganismo), mas
nós não podemos vê-los, porque eles são tão pequenininhos que precisamos de um aparelho próprio
para enxergá-lo (chamado microscópio).
Bom vamos voltar a nossa estória.
Certo dia Ritinha estava dormindo...
MICROORGANISMO: - A Ritinha não gosta de escovar os dentes é agora que nós vamos atacar...
...e Ritinha acordou aos berros.
RITINHA: - Aaaaai! Mãaaaae tá doendo!
Sua mãe veio correndo e perguntou
MÃE: - Ta doendo o que Ritinha?
RITINHA: - Meu dentinho, ta doendo meu dentinho.
MÃE: - Meu Deus Ritinha eu já cansei de falar que é para você escovar o seu dentinho todos os dias,
mas você não me escuta.
RITINHA: - Mas eu não gosto de escovar dente.
MÃE: - Mas não é o caso de gostar ou não, é preciso.
RITINHA: - Aaaaaaiiiiiiii! Ta doendo, ta doendo muito mamãe!
MÃE: - Tá vendo, vamos se levante que eu vou te levar ao dentista.
RITINHA: - Dentista! Dentista não, não, não, não.
MÃE: - Mas minha filha, é preciso.
RITINHA: - Não, não, não.
MÃE: - Se você não for ao dentista, o seu dentinho não vai parar de doer.
RITINHA: - Tá bem, então eu vou.
E foram elas para o dentista, chegando lá...
MÃE: - Oi doutor, boa tarde, eu vim aqui trazer a Ritinha, pois ela está com muita dor no dente.
DOUTOR: - Boa tarde D. Maria, oi Ritinha, você quer entrar na minha sala para que eu possa dar
uma olhadinha no seu dentinho>
RITINHA: - Não, não quero entrar não, o senhor pode olhar aqui mesmo.
DOUTOR: - Ritinha você precisa entrar! Venha ver como minha sala é bonita, você vai ver que não
dói nada, pior é você ficar sentindo essa dor horrível.
RITINHA: - Está bem, eu entro... Mamãe to com medo (e se agarra na mãe).
DOUTOR: - Venha sente-se, vamos dar uma olhadinha.
- Nossa! Mas que horror, como esse dentinho está feio Ritinha.
249
- Você não escova os seus dentinhos?
RITINHA: - Não
DOUTOR: - Mas porque não?
RITINHA: Porque não.
DOUTOR: - Mas não pode Ritinha, você sabia que na nossa boca existe um montão de bichinhos que
vão destruindo os nossos dentinhos.
O doutor olha para as crianças e pergunta. – Vocês sabem como se chama esses bichinhos?
- Isso mesmo, quando nós comemos alimentos, principalmente bala, doces e outras coisas
mais, é que esses microorganismos ficam felizes pois são os alimentos que eles mais gostam.
- E vocês também gostam?
- Pois então, não é proibido comer açúcar, mas devemos comê-los somente após as
refeições e, em seguida escovar os dentinhos, nos intervalos das refeições devemos comer frutas
frescas.
RITINHA: - Mas e se eu não estiver com a minha escovinha de dente?
DOUTOR: - Você deve bochechar água para tirar o excesso de alimentos.
RITINHA: - Aaah!!!
MÃE; - Mas doutor não existe uma forma correta de escovar os dentes?
DOUTOR: - Existe sim D. Maria.
- Vocês sabem como escovar os dentes?
- Mas antes de ensinar a escovação, vamos conversar um pouco sobre os nossos
dentinhos?
RITINHA: - Vamos sim doutor. Eu quero aprender tudo sobre os meus dentinhos.
DOUTOR: Preparam-se cartazes ou figuras mostrando toda arcada dentária.
- Vocês sabem quantos dentes de leite (ou decíduos) vocês têm? [ Resposta: 20 dentinhos –
10 em cima e 10 em baixo].
- Depois que trocamos os dentes, sabem com quantos dentes ficamos. [Resposta: 32 – 16
em cima e 16 em baixo].
- Quando não escovamos os nossos dentinhos direito, nós o perdemos antes da hora e isso
causa uma grande desordem na nossa boquinha, os dentinhos que ficaram se aproximam um do
outro, porque eles gostam de ficar pertinho e aí o outro dentinho que está querendo nascer não
encontra o espaço certo e nasce em qualquer lugar, é por isso que devemos cuidar v]bem deles,
assim os dentinhos de leite servem de guia para os dentes permanentes, que são para a vida toda,
nascerem no lugar certo. (DESENHO COM AUSÊNCIA DE UM DENTE E OS VIZINHOS
INCLINADOS FECHANDO O ESPAÇO DO DENTE AUSENTE).
- Agora vamos aprender a escovar os dentes?
- Oooha! Os melhores amigos dos dentes! (CARTAZ
MOSTRANDO ESCOVA DE DENTE, CREME DENTAL,
FLÚOR, FIO DENTAL). Explica-se como fazer a escovação.
DOUTOR: - Viram como é fácil?
250
- É muito importante para a saúde da boquinha, trazer os dentes sempre limpinhos, porque
quando o dente fica cariado, pode trazer doenças par o nosso organismo. Além da cárie que também
é uma doença. (pode apresentar cartazes com dentes saudáveis e cariados mostrando a diferença).
DOUTOR: - Vocês sabem quantas vezes por dia devemos escovar nossos dentes?
(Aguarda resposta)
- E qual é a principal escovação do dia, se é a da manhã, da tarde ou da noite?
(Aguarda resposta)
- Por quê? (Resposta: da noite, porque à noite o fluxo salivar diminui deixando nossos
dentes desprotegidos).
MÃE: - Doutor aproveite para explicar para minha filha como o fio dental é importante?
DOUTOR: - Ah sim, lembrou muito bem D. Maria
- O fio dental é usado antes de escovar os dentes, pois ele retira os alimentos que ficam
entre os dentes...
_ Olha ai que guloso! Comendo fora de hora.
- Se ele escovar os dentes depois de comer não tem problema algum.
(Mostra figura com uma criança gordinha comendo).
MÃE: - E o flúor, doutor?
DOUTOR: - É para ajudar a proteger os dentinhos...
(complementa a explicação com o texto que aparece nesta cartilha)
DOUTOR: - Ritinha vamos colocar um remedinho no seu dentinho e
pronto, viu, não doeu nada, e você agora não vai sentir mais dor no seu
Dentinho, mas se você não escovar eles todos os dias, aí os bichinhos vão atacar novamente.
RITINHA: - Mamãe, meu dentinho não está mais doendo, que bom. Agora eu aprendi, nunca mais
vou deixar de escovar meus dentinhos, e vou sempre vir aqui no doutor para ele olhar o meu
dentinho. Pelo menos uma vez ao ano eu volto doutor, não é mamãe?
- E vocês amiguinhos, também aprenderam?
- Então vamos cantar uma musiquinha que ensina a escovar os dentinhos?
SUGESTÃO: Esta história pode ser representada pelos alunos das séries mais adiantadas e
apresentada para as crianças menores.
3- Marcador de livro com desenhos de dente, escova dental, flúor...
O marcador de livro pode ser confeccionado com cartolina ou E.V.A. branco.
251
4- Confeccionar porta-fio dental e enfeite para o lápis
O porta fio dental foi confeccionado com cartolina. Cada cartolina faz aproximadamente 50
portas fio dental. Coloca-se luva é enrolamos 2 pedaços de 30 cm de fio dental. Dobramos nas
marcas colocamos em saquinhos de sacolé e fechamos com grampo.
O enfeite de lápis é confeccionado em cartolina branca ou E.V.A. os olhinhos podem ser
comprados ou desenhados com caneta hidrocor, o lacinho é feito de papel crepon e o chapéu com
sobras de papel de presente. Atrás do dentinho colocamos um pedaço de cano transparente,
encontrado nas casas de hidráulicas.
MATEMÁTICA
O professor de matemática poderá aproveitar as suas aulas de adição, subtração, divisão e
multiplicação, como também a de metro, litro, volume, etc., por exemplo, somar dentes e não balas,
medir o comprimento do fio dental, trabalhar a quantidade de mililitros de flúor no lugar do
refrigerante.
Exemplos:
1-
Fulano de Tal estava na idade de trocar os dentes decíduos ou de leite ou temporários, pelos
dentes permanentes. Na arcada superior ( ou na parte de cima da boca) ele tinha 2 dentes
permanentes e 8 dentes de leite. Quantos dentes Fulano de Tal tinha na parte superior da arcada?
2-
Uma caixa de fio dental possui 50 metros de fio. ZZZ usou 10 metros em um mês para fazer a
limpeza dos seus dentes. Quantos metros ficaram na caixa? Quantos meses ele gastará para usar o
que sobrou?
EDUCAÇÃO FÍSICA
O professor de educação física poderá aproveitar exercícios do seu dia a dia adaptando-os a
temas relacionados à saúde bucal.
Exemplos:
1-
Gincana do flúor
Idade aproximada de 10 a 15 anos.
252
Formam-se duas filas com os alunos, à frente coloca um balde com água, que representará o flúor.
Para o primeiro aluno de cada fila entrega um dente confeccionado de isopor.
O primeiro aluno de cada fila após o sinal do professor correrá até o balde molhando o dente no
“flúor” volta e entrega para o segundo aluno da fila, indo para o final desta. O segundo aluno fará o
mesmo que o primeiro, até que o primeiro aluno retorne ao seu lugar do início do jogo. Ganhará a fila
em que o primeiro aluno retorne primeiro ao seu lugar de origem, ou seja, na frente da fila.
A partir dessa brincadeira o professor estará mostrando a importância do uso do flúor na proteção dos
dentes
2-
Festa Junina
Os alunos são dotados de criatividade e uma festa junina diferente, provavelmente os incentivaria
muito.
Exemplo: Casamento da escova com o Senhor Dental.
3- Conte e reconte
O professor coloca a turma sentada, retira de 4 a 5 alunos e pede para que se afastem da
turma, então o professor conta uma história (ex. como escovar os dentes) pede para a turma prestar
atenção e um aluno anotar a história se achar necessário. Então o professor repete a mesma história
para um dos alunos que se afastaram.
O professor chama 1 dos alunos que estava afastado, conta a mesma história que contou
para a turma. Pede então para que este aluno repita a história para o outro aluno que também estava
afastado e depois pede que este terceiro aluno repita para o quarto e assim sucessivamente até
terminar os alunos afastados.
A turma perceberá que a cada aluno que conta a história para o outro modificará a mesma,
contando do seu jeito, mudando os detalhes, aumentando ou diminuindo.
Ao final o professor poderá comentar com a turma o quanto é importante além de escutar os
amigos, procurar saber através de livros e pessoas mais esclarecidas como realmente as coisas são.
DICAS ODONTOLÓGICAS
É bastante interessante colocar em um mural ou local visível as dicas odontológicas e as
reflexões para que os alunos e as pessoas em geral leiam e reflitam sobre as dicas. Colocando uma
por vez, e sempre procurando tirar as dúvidas das crianças e dos adultos ou convidando dentistas
para esclarecê-las.
253
Você sabia que:
- É importante que você continue escovando os dentes de leite de seu filho até que ele possa fazê-lo
sozinho. (aproximadamente até aos seis anos);
- Não deve passar mel ou açúcar no bico da mamadeira ou da chupeta. Isso ajuda a causar muitas
lesões de cárie;
- Antibiótico: Mito ou Verdade?
Você sabia que o antibiótico não causa a doença cárie? Um desses antibióticos, a tetraciclina
pode fazer aparecer manchas no dente, mas não causa a doença cárie.
Tire suas dúvidas com seu dentista.
- A limpeza da boca do bebê começa nos primeiros dias de vida. Acostume seu bebê a sentir a boca
gostosa, criando assim o hábito da higiene bucal.
- A chupeta pode afetar o crescimento normal da maxila e da mandíbula.
- O cuidado com a saúde bucal de seu filho começa na gestação: mãe que come muito doce durante
a gravidez tem filhos que comem mais doces durante a infância, o que pode causar doença cárie. Por
isso, evite o açúcar.
- A amamentação é importante para criar os hábitos corretos de deglutição e também para estimular o
crescimento correto do maxilar.
- Deve limpar os dentes de seu filho, depois das mamadas e principalmente à noite, antes de dormir.
Não permita que seu filho durma com a mamadeira na boca. Isso pode causar a chamada “cárie de
mamadeira”.
- O sangramento gengival pode ser sinal de uma gengivite, e, que ela tem cura. Procure seu dentista
para se informar.
- Os dentes decíduos, conhecidos como dente de leite, são tão importantes quanto os dentes
permanentes, e que, eles devem permanecer sadios na boca até a idade aproximada de 12 anos,
quando é feita a troca dos últimos dentinhos de leite. Uma das tantas importâncias do dente de leite e
que Deus os criou para que os permanentes tivessem mais tempo para se calcificar e assim poderem
viver mais tempo na boca.
- Um dente aberto (estragado com buraco) afetado pela doença cárie, pode levar a uma doença do
coração chamada endocardite bacteriana aguda, entre tantas outras doenças.
- O sangue que passa no seu dedo da mão, dedo do pé, braço, pulmão, coração, rim, etc..., também
passa dentro do seu dente! Se informe mais sobre isso com seu dentista.
- Em caso de traumatismo no dente (queda de bicicleta, tombo,bolada,etc...) você precisa primeiro:
Observar se o dente saiu do alvéolo (está solto, caído na boca ou fora dela) em caso positivo:
recoloque-o no alvéolo, e procure o dentista o mais rápido possível, caso não tenha coragem,
coloque o dente em um copo com água, mas de forma alguma tente limpá-lo.
- A gestante deve procurar o dentista pediatra, antes de o bebê nascer, para obter informações de
como cuidar da saúde bucal do seu filho desde o nascimento.
- A doença periodontal (leva a mobilidade dos dentes) tem controle, é que você não precisa perder
seus dentes se souber como controlar a doença.
254
- Deve evitar comer doces entre as refeições? A doença cárie é considerada como um desequilíbrio
no processo de desmineralização e remineralização dos tecidos duros do dente.
Mas o que é isso?
Quando você come doce e fica muito tempo sem escovar os dentes, as bactérias utilizam a
sacarose (açúcar) para produzir ácido que ataca os tecidos (esmalte) dos dentes desmineralizandoos.
E como remineralizá-los.
Nós temos a saliva e o flúor, mas se você come o tempo todo não da tempo da saliva fazer o
trabalho dela. O seu dentista saberá te informar sobre o trabalho da saliva, pergunte para ele.
- A chupeta provoca a má posição dos dentes, como a mordida aberta que compromete a mastigação
e a fala.
- A mamadeira dificulta a criança a aprender o jeito certo de deglutir e de posicionar a língua e de
respirar pelo nariz.
- O estresse ajuda na proliferação da doença cárie e causa mal hálito. Dessa forma, além de uma boa
escovação é preciso manter a vida sob controle. Sorria!
PARA REFLETIR
- Você sabe quantos dentes você tem?
Qual a cor da sua gengiva? Vermelha ou rosa pálido?
Passe a língua em toda sua boca e sinta se está limpa ou se existe algo diferente?
- Ria muito! O estresse e emoções negativas causam aftas, bafo e problemas dentários.
- Ao levar seu filho ao dentista, você o chama com um sorriso como faz quando o chama para ir ao
parquinho brincar?
- O que você, mamãe e papai acham de fazer festa, tirar retrato, chamar o vovô a vovó, os titios e
padrinhos quando seu filho for escovar os dentes pela primeira vez, como costumam fazer no
primeiro banho! Pense nisso.
- Você sabia que és capaz de cuidar de sua própria saúde, e que você é responsável por ela?
- Não duvide: a má higiene da boca pode desencadear derrames, dores articulares, males do
coração, gastrite e doenças respiratórias.
- A biocibernética bucal (estuda o desenvolvimento da arcada dentária que se reflete em várias partes
do corpo) propõe que o bebê fique sentado na hora da amamentação. Essa posição, considerada a
mais natural, seria capaz de estimular adequadamente a formação dos ossos da cabeça e dos
dentes.
- A amamentação da ritmo para o corpo se desenvolver. Ex. movimentos da língua e do maxilar
teriam um papel no fortalecimento da coluna. Já a mamadeira, não estimula corretamente a sucção,
pode atrofiar a mandíbula e deixar pouco espaço para os dentes nascerem. Necessitando assim de
tratamento com aparelhos que controlam a posição da língua e a exercícios respiratórios para
fortalecer os músculos faciais.
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