GERAÇÃO DO DESERTO GUIDO WILMAR SASSI RESUMO POR SEÇÕES Quarta Parte: Santa Maria ADVERTÊNCIA: Para melhor absorver a história, ofereceu-se, aqui, uma sucinta recontagem da obra ‘Geração do Deserto’ de Guido Wilmar Sassi. Recomenda-se a leitura integral da obra. A recontagem foi feita separando-se as seções de cada parte. As páginas referidas são as do início de cada seção de: Geração do Deserto, Guido Wilmar Sassi. Editora Movimento- 4ªedição. CHEFIA DO BANDO Elias Morais- chefe maioral; Chico Alonso- chefe civil; Adeodato: ministro da guerra; e D. Rocha Alves: é o Imperador que reina sem governar. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 1- P. 101 Não existem mais os redutos de Taquaruçu e de Caraguatá. Há a descrição dos motivos pelos quais era inexpugnável o reduto de Santa Maria, dentre esse ressalta a vegetação e os acidentes geográficos. Também é ressaltada a ação dos bombeiros (tropa de vigilância nos caminhos entre os redutos). Renovam-se as esperanças. Nas cercanias do novo reduto estão: a fazenda de Rocha Alves, Tapera dos Granemann, um desfiladeiro, um itaimbé (despenhadeiro),um taquaral, peraus e pinheiros. Há outros redutos menores em Canoinhas e Caçador. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 2- P. 102 Tibúrcio ribas (o leproso) encontra o cadáver de um soldado com o dinheiro do soldo do acampamento. Como as cédulas são proibidas no reduto, Tibúrcio resolve escondê-las de todos ( até de Tavinho, companheiro e amigo). Quando a guerra acabasse, planejava ele comprar a cura. As moedas cunhadas com GS (Guerra Santa) eram o único dinheiro válido no acampamento. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 3- P. 103 Com o dinheiro foi-se embora a serenidade de Tibúrcio. Agora ele vivia com medo de ser descoberto ou roubado. Passa a desconfiar até de Tavinho (o cego). Numa noite acorda com as mãos do cego a apalpá-lo, como a procurar por algo. Tavinho, quando surpreendido, diz que tentara acordá-lo por ter ouvido barulho. Tibúrcio procura à volta, mas ninguém é encontrado, então mais desconfiou do companheiro. Assim resolveu costurar o dinheiro dentro das ombreiras do paletó. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 4- P. 105 Doquinha pede a Adeodato moedas da Guerra Santa, diz ter direito a elas também. Mais e mais se aproxima de Adeodato e finge-se de amigo. Seu interesse é mostrar-se leal a Adeodato que é um dos chefes e vinha crescendo em poder (Elias, sempre atarefado com o povo, Chico Alonso e Adeodato são os ‘grandes’ do reduto) Doquinha prepara um plano contra Boca Rica a quem odeia e inveja. Deseja ter a posição de destaque conquistada pelo outro, cobiça a beleza da mulher do outro, quer vingança por duas surras recebidas como punição pelos roubos praticados por Doquinha. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 5- P. 107 Tavinho e Tibúrcio tinham salvo-conduto para transitar tanto nas tropas quanto nos redutos. O cego a todos distraia com sua viola, suas modinhas, sua declamação e sua conversa. Isso garantia aos dois comida e pousada em ambas as facções dessa disputa. Todavia eles espionavam os soldados para os pelados. Tibúrcio, a pretexto da doença, dormia afastado dos demais e aproveitava para comer guloseimas compradas, às escondidas de Tavinho, à beira das estradas. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 6- P. 108 O plano de vingança de Doquinha consistia em seduzir Belmira, esposa de Boca Rica, para torná-lo motivo de zombaria no reduto. O plano, contudo, sai às avessas: a aproximação custa-lhe uma paixão fervorosa pela mulher. Esta pede a ele pequenos favores , e ele vê nisso uma compartilhamento de emoções que não há por parte da moça. Decide, então, fazer-lhe a proposta. Para isso precisaria de dinheiro, pois tencionava comprar- -lhe um mimo. O sentimento, nascido da inveja por Boca Rica, toma proporções imensas e governa todas as ações de Doquinha. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 7- P. 110 Tavinho está desconfiado das atitudes de Tibúrcio, pois enquanto este dorme pesadamente, o cego investiga os restos e percebe que o leproso o está enganado. De onde viria o dinheiro para comprar aquelas guloseimas. O que Tavinho recebia de esmola ou donativos era dividido entre os dois, mas o trabalho era feito por ele. Tibúrcio não tinha o direito de enganá-lo. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 8- P. 110 De Conrado Lamão (o ferreiro germânico), Doquinha ganhou duas rosetas velhas de espora. Adeodato não lhe arranjara dinheiro, então poliuas esporas com saliva, gastou-lhe os cantos arredondando-as nas pedras e pinheiros e com canivete gravou no cento GS (a sigla das moedas do reduto). Não lhe custou muito passá-las à frente, mesmo com o orifício no centro de cada uma, afinal de tudo se faziam as moedas da monarquia. Obteve, destarte, duas moedas com as quais comprou um lenço branco com franjas vermelhas para presentear Belmira. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 8- P. 110 Tentou seduzir Belmira com o presente, mas ela não aceitou. Furiosa ao perceber a intenção do presente, ela o expulsou de casa. Nesse momento chegou Boca Rica, que num acesso de fúria, tenta matar Doquinha. Liveira é quem salva Doquinha o qual foi levado a Elias. Comprovada a inocência de Belmira (não se tolerava traição), Doquinha foi condenado a 50 varadas. O castigo lhe foi aplicado por Boca Rica, que desnudando-o bateu-lhe nas nádegas. A surra foi acompanhada por Belmira. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 9- P. 113 Morre Chico Alonso e Adeodato assume também a chefia civil. Ele ordena um ataque a Curitibanos, mas o Coronel Chiquinho estava na capital com a família. Adeodato faz a promessa de caçá-lo até o inferno. Adeodato cobiça a viúva de Chico Alonso e, com Frei Manuel, urde uma explicação para se livrar da má sorte do reduto naqueles dias: era o azar! De maneira que cada um deles se livre dos principais obstáculos ao poder decidem que a fonte do azar era Seu Zebinho (adversário de Frei Manuel) e a esposa de Adeodato ( empecilho ao desejo deste pela viúva). Ambas fontes da má sorte são executadas. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 9- P. 113 Em seus desmandos, Adeodato desrespeita diversas mulheres, casadas ou não, e ninguém tem coragem de confrontá-lo ou de opor-se aos sua tirania. O reduto perde duas figuras de apoio: Coronel Henrique de Almeida (fora ele quem dera a espada de José Maria) que por pressão ou conveniência passa a apoiar os peludos na Guerra do contestado. Perde também o valente Henrique Welland (o Alemãozinho), jagunço corajoso que fora capturado pelos soldados e passa a servir de palhaço para divertir os militares. Mané Rengo critica Adeodato para Liveira. A desculpa dada pelo monge para a cupidez de Adeodato era que a luxuria era a provação daquele. Mané diz que queria uma provação desse tipo, pois a dele era pelejar com peludos, comer e dormir mal. A do outro era varia de parceiras sexuais. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 10- P. 115 Tavinho descobre onde Tibúrcio esconde o dinheiro e se enche de cobiça. Che a pensar em matá-lo. Só desiste pelas complicações que antevia. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 11- P. 116 Pelados encetam novo ataque a Curitibanos ordenado por Adeodato. O motivo era que os soldados estavam impedindo a comunicação do lado norte de Santa Maria com os redutos menores. Isso deixava a Vila de curitibanos desprotegida. Elias está assoberbado de trabalho (a falta de remédios, provisões, planejamento militar e pregações), às vezes, deixa entrever pessimismo. Ele prega sobre a busca de Moisés pela Terra Prometida e compara a Guerra Santa do Contestado à busca de Canaã. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 11- P. 116 Assim os pelados seriam a GERAÇÃO DO DESERTO, impura e pecadora a qual ficaria pelo cominho branqueando seus ossos nas areias do deserto para que a geração seguinte pudesse ter a terra prometida. Caso se purificassem de todo o Mal, também eles entrariam nela. Mané Rengo divide essa mesma percepção com Elias e depois pergunta a Liveira sobre o motivo de sua luta. Liveira diz que luta pelos seus filhos. Ele estava comprando a terra que sustentaria os filhos não a suor como fizera seu pai, mas a sangue. Mané Rengo, não tendo filho natural, diz que naquele instante soube por que lutava. No início, pensara estar lutando porque o governo tomara suas terras e isso era injusto. Agora sabe o porquê: luta por Valentim, por Luzia, por Liveira, Júlia e seus afilhados, Tadeu e Gracinda. Todos filhos que não lhe saíram das entranhas, mas nascidos do amor. Curitibanos só não vira cinzas, pois os ‘bombeiros dos pelados’ avisam da aproximação dos soldados. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 12- P. 118 Relembram uma das profecias de José Maria: “chegará o dia de homem brigar com pinheiro e pinheiro brigar com homem". E Gracinda Melo lembra de sua pequena serraria e exorta os jagunços contra a Lumber. À noite eles incendeiam galpões da Lumber. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 13- P. 120 Terminado o incêndio das serraria da Lumber, os jagunços seguiram com o processo de vandalismo na estação ferroviária de Calmon. Ali mataram o telegrafista e mais duas pessoas e depois incendiaram a estação. Por engano, o capitão Costa Matos, simpatizante dos espoliados (pelados) foi morto por Venuto Baiano. Elias manda executar o autor do ‘crime’. Do rio de Janeiro, para debelar a guerra, veio o General Setembrino. Ele se aquartela em Curitiba. Setembrino divide sua tropa em três colunas e a polícia de Santa Catarina uniu-se a esse exército. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 13- P. 120 Dois aviões foram requisitados e acabaram, depois sendo usados. Com isso o Contestado entra para a História como a primeira guerra a usar aviões em combate (embora o uso tenha sido bastante tacanho). Os jagunços interpretam os rumores sobre o uso do avião como outra das profecias de José Maria: ‘um gavião de aço’. Em batalha, um dos aviões cai, matando o piloto, o outro sofre pane e estava fora da guerra. O que resulta em um tempo para os jagunços agirem. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 13- P. 120 Adeodato consulta Frei Manuel sobre o ‘azar’ do reduto. O culpado ‘escolhido’ dessa vez fora Aleixo Gonçalves (fazendeiro e político de prestígio). Este foi morto friamente por Adeodato. As visões de José Maria passam a ser frequentes. E quem afirma abertamente não tê-lo visto é executado por Adeodato. Seu poder cresce no reduto de Santa Maria. Ele passa a ser aclamado e homenageado nas ‘visitas’ diária de José Maria. Adeodato agora é reverenciado como santo: São Joaquim de Palmas. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 14- P. 122 Os meninos do reduto passam a ser recrutados para a guerra. Na luta são de pouca valia, pois são fracos e inexperientes. Mané Rengo acha a convocação uma barbaridade, mas admite que não há outro jeito e sofre pela convocação de Valentim. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 15- P. 124 Oito dias de chuva consecutiva inervam os soldados e os jagunços. Júlia e Liveira demonstram estarem cansados da guerra Quando a chuva amaina, os soldados avançam lentamente, por conta da lama. Os jagunços atiram do alto dos pinheiros. Suas balas eram usualmente deformadas com cruzes na ponta, o que adultera a trajetória., mas, caso acertassem provocariam um ferimentos horríveis capazes de assustar sobremaneira os recrutas do exército. Os mais velhos também assustados comparam esta guerra a de Canudos. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 15- P. 124 A Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos, foi outro confronto entre o Exército Brasileiro e integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso. Este liderado por Antônio Conselheiro. A batalha durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, em terras conhecidas por seu status de latifúndio. Os soldados percebem que a metralhadora não é eficiente em mata fechada. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 16- P. 125 Boca Rica estava de tocaia no tronco de uma imbuia, dez soldados se aproximavam. Doquinha tinha subido num pinheiro antes do gaúcho atocaiar-se e lhe esperava um descuido. Boca Rica afastou a cabeça do esconderijo para vigiar os soldados ainda afastados. Doquinha acertou-o, desceu do pinheiro e aos socos arrancou-lhe os dentes de ouro, mas o tiro dado para Boca rica alerta os soldados que o viram o viram subir novamente no pinheiro. Um cabo alvejou-lhe o crânio de raspão, derrubando-o. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 16- P. 125 Pensaram que Doquinha tinha morrido, e o cabo revistou-o e, encontrando os dentes ensanguentados, com nojo os atira longe. Os outros soldados procuraram pelos dentes mais foi impossível encontrá-los Quando se afastaram, Doquinha se arrastou para o reduto. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 17- P. 127 Urgel de Danoa perdeu o cargo de Ministro da fazenda, por não conseguir suprir com mantimentos o reduto. Deram esse cargo para outro mais velho na crença. Elias ainda ameaçou-lhe tirar a honra de Par de França. Agora estava sob as ordens de Jesuíno, jagunço muito menos preparado, pois nem conhecia as picadas e atalhos. Enraivecido Gegé ataca o tronco de uma árvore, o fação resvala e corta um dos pulsos. Isso o assusta, porquanto ele nunca se ferira em batalha, já que seu corpo fora fechado pelo monge. Estava com raiva, com dor e em dúvida em relação à sua fé. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 18- P. 129 Ricarte Branco ainda não tem cruz alguma em sua arma. Seus amigos acreditam que sua mira é ruim, pois não duvidam de sua bravura. Ele não se nega a missão alguma. Nas pelejas com arma branca é hábil na defesa, embora fraco no ataque. Na verdade, o que ele teme é acertar um dos seus. Em cada peludo, vê gente do reduto e hesita em ferir. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 19- P. 130 Tavinho pega varíola é fica isolado por duas semanas. Depois procura por Tibúrcio, mas este morrera de tifo. Agora sua preocupação é desenterrar o defunto, para retirar o dinheiro que ele acreditava, pelo toque enquanto o outro dormia, estar escondido nas ombreiras. À noite, ele cavava em possíveis sepulturas, porquanto são tantos os mortos que ninguém se lembra exatamente onde fora enterrado. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 20- P. 131 O ferimento de Gegé está inflamado, e isso o leva a duvidar do bálsamo de ferrabrás. Duvida, por isso, do patuá o qual lhe deveria manter o corpo fechado, duvida da ressurreição e da aparição do monge ‒ ele mesmo havia inventado que o vira pois quem dissesse ainda não ter visto, era considerado impuro de coração, e os não puros eram punidos. Abre o patuá e encontra um papelucho escrito. Era uma oração e ele duvida também dela. Fica enraivecido e se sente enganado. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 21- P. 133 Tavinho aproveita as noites sem lua para cavar. Dorme de dia e segue sua empreitada à noite. As violações não passam despercebidas: alguns acham que é tatu de rabo mole. Delminda (a parteira) crê que seja lobisomem, mas essa ideia não é aceita, pois não é ‘coisa de crente’. Elias aventa a possibilidade de serem soldados ou inimigos dos mortes. Por isso planejam cobrir as sepulturas com pedras ou colocarem sentinelas, mas não há contingente para nenhuma das alternativas tamanho é o trabalho de manter o reduto ‘de pé’. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 22- P. 134 Gegé comandando dez homens sai à procura de mantimentos por ordem de Jesuíno. Um bombeiro lhe conta que que vem logo atrás um carroção de mantimentos para o exército com apenas seis homens de escolta. Vê nisso a possibilidade de regressar com honra ao reduto, então Jesuíno, como deveria fazer. Mas era uma armadilha e foram recebidos à bala logo à frente. Gegé é tomado, pela primeira vez, por medo e se acovarda, chora tal qual criança. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 23- P. 136 Tavinho aproveita a noite de chuva para cavar, encontra finalmente Tibúrcio, rouba-lhe o dinheiro e tenta voltar para o seu catre. Eles, contudo, perde-se caindo num itaimbé. Os jagunços o encontram morto e com dinheiro. Julgam-no traidor, mutilam seu corpo e queimam o dinheiro. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 24- P. 137 Gegé chega desmoralizado ao reduto. Dos onze companheiros voltam apenas seis. Ele foi julgado por desobediência (não avisara Jesuíno de seus planos) à 50 chibatadas e à destituição da honra de Par de França. Ele recebe o castigo sem gemer uma única vez. Carolina o banha com salmoura e quer passar o bálsamo de ferrabrás. Ele não aceita e chama de porcaria, mostra o patuá e o papel da oração. Ela crê que isso seja blasfêmia e pede a ele cuidado. Ele afirma não ter medo de Elias ou de Adeodato. Ela zomba dele pela paúra frente os soldados. Ele ameaça bater-lhe e ela o enfrenta. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 25- P. 138 Ricarte Branco sonha estar matando, sem temer, inúmeros soldados, mas ao caírem os mortos se transformam em gente amiga. Durante o sono se debate, e Ana o acorda. Eles detesta a noite que traz o remorso de ter matado Coco. E sente que também esse pecado fora purgação de um primeiro: a violação da ‘virgem’. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 26- P. 139 No reduto, não havia mais moça casadoiras e os homens abundavam. Havia viúvas, mas essas esperavam a ressureição dos maridos, por isso não queriam casar-se com outro. A necessidade sexual dos homens estava preocupando Adeodato que não pode resolver e consultou Elias e Frei Manuel. Frei Manuel mandou dizer às viúvas que ficassem esperando os maridos, no escuro, para que o espírito destes viesse satisfazer a necessidade. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 26- P. 139 Gegé desconfia que Carolina o trai com amigos e inimigos, mas perdeu a coragem de agir e crê que a perda dessa se deve à destruição do patuá. Há negociações para a rendição do reduto, mas Elias impõe ao governo a condição de que se devolva as vida de todos os mortos na Guerra Santa. Isso para avivar a raiva nos caboclos. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 27- P. 141 Por hábito, Elias e Mané Rengo, ao entardecer, sentam-se para ler a Bíblia e de tão usado o livro parece escolher as passagens mais lidas, como a passagem da Terra Prometida. Elias identifica-se com Moisés. Bandidos e bandoleiros se uniam a gente do reduto, desvirtuando a causa e o comportamento. Há fome e doença. Os propósitos da demanda já não se equivalem ao peso de tantas mortes de tantos sofrimentos e Elias se sente responsável e vê-se na função de mitigar a dor das gentes. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 27- P. 141 A Bíblia diz que entre a geração do deserto há impuros e, por isso sobre todos recai a ira do Senhor. Moisés morre em Moabe. Elias sentem-se sem forças. Mané Rengo também se identifica com Moisés. Este andara quarenta anos e não alcançara Canaã. Mané Rengo também não crê que o terra prometida. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 28- P. 142 Gegé busca auxílio com Frei Manuel. Já recebera punição duas vezes pela covardia. Assim, procurara Elias para confessar os seus temores, mas este estava muito ocupado e Gegé não achou brecha para contar-lhe. Frei Manuel lhe explicou que o que fizera(abrir o patuá) fora um sacrilégio. E Gegé busca nesse fato explicação para sua covardia. O bálsamo decerto precisava de mais tempo para agir ou sua falta de fé o impedira de agir. Ao desejar um resultado imediato começara um ciclo de quebra de fé. O bálsamo estava funcionando, sim. Pois nada mais aplicara no pulso e o machucado estava cicatrizando. O frei faz um novo patuá com o próprio pano de sua batina e ele sente crescer a sua fé. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 29- P. 144 Morre o Ricarte Branco. Os soldados avançavam de tapera até a Guarda do Santo. De lá não passavam, pois os jagunços montavam guarda atocaiados no mato. Ricarte Branco estavam de Guarda, quando viu um soldado. Ouviu uma voz que mandava que atirasse. Não havia ninguém consigo, então desconfiou que fosse a mesma voz que o mandara atirar em Coco, imaginando-o um peludo. Ele resiste à voz dessa vez, não pode arriscar a matar um amigo. O soldado parece não sofrer de remorso algum: atira e acerta Ricarte. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 30- P. 145 As mulheres começam a receber a visita do ‘espírito’ de seu marido. Jovina (viúva de Coco) afirma a Belmira, a qual ainda não recebera a visita de Boca Rica, que sem dúvida era o seu marido quem deitara com ela: tinha a mesma forma, o mesmo cheiro e fora o mesmo desempenho. Belmira espera por Boca rica. A casa na mais completa escuridão como era o exigido. Um vulto entra. Eles afoitamente se entregam ao ato sexual, mas a porta ficara entreaberta na passagem do ‘vulto’. Isso permite a passagem da luz e Belmira abre os olhos. É Doquinha. Eles lutam. Ela impede a consumação. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 31- P. 147 Belmira é castigada, como outras mulheres, ela já não crê na junção de sua carne com o espírito do marido e declara isso. Adeodato fica furioso pela descrença na incorporação dos mortos, pois vê nisso a própria descrença nele e aplica severo castigo a elas , até que desesperadas de dor e medo. As mulheres proclamem crer na incorporação do espírito. Doquinha recebe permissão para visitar Belmira novamente. Sem cuidado algum para manter a farsa da incorporação, ele deita em seu catre e inicia o estupro. Ela, desiludida e machucada do açoitamento, não reage às carícias nem à violência física e verbal. Tendo-a inerte, ele torna-se impotente e acredita que o fantasma de Boca Rica se interpusera aos dois. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 32- P. 150 Adeodato pergunta a Doquinha se Belmira cooperara na noite anterior. Doquinha diz que não houvera o ato sexual, pois ele não conseguira. Ele vira objeto de zombaria de todos. Também não tenta uma nova relação, porquanto psicologicamente ficara impotente. Em uma batalha, ele se joga na frente dos soldados e, com gestos, obscenos desafia-os. Recebeu uma bala na testa . QUARTA PARTE: SANTA MARIA 33- P. 152 Com quatro anos de guerra e os soldados sitiando o reduto, a fome começa a fazer vítimas. Chega ao acampamento dos peludos a notícia da rendição dos pelados. Os soldados entram no reduto e encontram apenas crianças, velhos e enfermos. Os veteranos entre os soldados entendem que isso não passara de uma estratégia: livrar-se do ‘peso morto’, a fim de que sobre mais comida para os que pudessem lutar. Os tabus alimentares (carne de cobra, cavalo, cão, mula, corvo e raposa) foram abolidos pela fome. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 34- P. 153 Ocorreu um eclipse. O monge José Maria Profetizara que haveria três dias de escuridão, depois o mundo se acabaria. Para enfrentar a escuridão, dever-se-ia acender as velas bentas por José Maria. Delminda lembrou-se da profecia e acendeu sua vela. O povo apavorado reuniu-se para rezar. Foi inútil Elias explicar que era um eclipse e deveriam aproveitar a escuridão para atacar os soldados. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 34- P. 153 No dia seguinte, nova escuridão. Dessa vez por uma tempestade de granizo. O evento fortaleceu ainda mais a interpretação de Delminda: era a profecia se realizando. Ainda mais que, como dissera o monge, morreram animais e plantas. No terceiro dia, nublado e muito cedo, Delminda levanta-se. Ela aguarda o fim do mundo. Já não há mais vela benta para espantar a escuridão. Um estrondo fura-lhe os tímpanos. Novo disparo e ela morre de susto. Para ela, o mundo acabara mesmo. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 35- P. 155 A estrada conduzia o obuseiro (canhão) ficou pronta à custa de muita morte. A arma, por ser uma peça pesada, demorou a ser posicionada. Frei Manuel organizou uma procissão para evitar o massacre que todos pressentiam. Três voltas a multidão deu no Quadro Santo, quando o primeiro tiro atingiu o reduto espalhando em explosão mortos e feridos. Os jagunços se protegeram, os tiros continuaram, mas esmo. Até que pararam se o artilheiro havia sido ferido ou se acabara a munição: ambos as coisas ocorreram. Nessa mesmo dia, morre Dom Rocha Alves de tifo. Nem cruz seu sepulcro teve. Exausto, Elias registrou sua morte. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 36- P. 156 Era preparativo para ataque na manhã seguinte. Gegé não sentia medo, sentia dúvida ainda. Mas logo, logo teria respostas: se a oração lhe fechara o corpo, se haveria ressurreição. AS espera lhe trouxera calma: passado, presente e futuro. Saiu para dar uma volta mesmo contra o conselho de todos quanta encontrara no reduto. Sentou-se a uma pedra pôs a arma junto ao ouvido e para testar seu corpo fechado, apertou o gatilho. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 37- P. 158 Morre Elias de Morais quando os soldados adentraram o Quadro Santo. Agora único chefe, Adeodato conduz o reduto com tirania. Para poupar comida, manda matar as crianças. Júlia, Tadeu e Gracinda vão morar com Mané Rengo em busca de proteção, pois Liveira estava lutando na Guarda do Santo. Mané sabe que precisa vigiar as ações, não dos soldados, mas dos jagunços. Em todos os dias, há sorteio entre os mais fracos para determinar que será fuzilado. Para que os lamentos dos que vão morrer não sejam ouvidos pelos soldados, Adeodato manda tocarem sanfonas e violas. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 37- P. 158 Para que os lamentos dos que vão morrer não sejam ouvidos pelos soldados, Adeodato manda tocarem sanfonas e violas. Jovina (viúva de Coco e grávida da ‘incorporação espiritual’), apesar de implorar por sua vida e pela do filho que trazia em si, é morta brutalmente por Adeodato que trazia um sorriso mau nos lábios. Ela recebe um tiro no rosto e outro no ventre. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 38- P. 159 Os homens de Estillac Leal avançam todos os dias até o desfiladeiro do Quadro. Avante não conseguiram ir. Escasseavam os obuses (munição para os canhões). As valentia dos jagunços contrabalanceava o poder das armas, mas não conseguia fazer os soldados recuarem até a Tapera. O cheiro de morte no reduto fazia os soldados pensarem que poderiam avançar, pois ninguém mais estava vivo para revidar. O Capitão Potiguara aproximava-se pelo norte, vencidos os pequenos redutos ‒ Maria Rosa peleara até a morte em Caraguatá, o Capitão vencera também em Rio Caçador. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 37- P. 158 Chegando a Guarda do Santo, foi atacado pelos jagunços, mas Estilliac Leal viera em seu socorro. A sede de vingança dominava os soldados que pelo caminho iam degolando os pelados. Adeodato some. Ricarte Preto é empossado como líder de improviso e morre de pé, costas contra um pinheiro cravejado de balas, enquanto tenta retardar o avanço dos peludos. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 39- P. 161 Liveira, Júlia, Tadeu, Gracinda, Mané Rengo, Luzia e Valentim fogem pela mata. As mulheres carregam trouxas com os parcos pertences. Mané leva Tadeu ao colo, Liveira carrega Gracinda ardendo em febre, é o tifo. O pai nada comenta sobre o estado da menina, mas recusa-se a largá-la, mesmo nas pequenas paradas do grupo em fuga, dizendo não estar cansado. Quando ele coloca a menina no chão, Mané pergunta se ele cansou e se oferece para segurá-la um pouco. Liveira responde que não seria preciso, pois ela já estava morta. Sozinho, Liveira cava uma cova rasa para a filha. Eles seguem adiante. Júlia tem os olhos secos. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 40- P. 162 Liveira, recusa-se a seguir adiante, pois diz não poder abandonar os companheiros. Ele pede a Mané Rengo que prossiga levando sua família para o outro lado do rio. Atravessariam numa vau que Valentim conhecia. Diz ao amigo que, com a ajuda de Deus, terminada a batalha ele seguiria ao encontro da família. Eles combinam uma senha: Mané Rengo, para avisar que a travessia fora feita com sucesso, dispararia sua arma cujo barulho Liveira conhecia. Liveira volta, sua intenção é atrasar os soldados para que o grupo tenha possibilidade de fugir. Ele é alvejado, mas não abandona a vida. Continua atirando contra os soldados e aguardando ouvir a senha de Mané Rengo. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 40- P. 162 Júlia ouviu o tiro dado contra o marido e, num acesso de loucura, abandona o grupo e volta para encontrar Liveira. É baleada e morta antes de poder vê-lo ou poder ser vista por ele. Mané Rengo, Luzia, Tadeu e Valentim seguem desesperados. Luzia mal acompanha os passos dos outros, mas o marido não a deixa desistir: carregando Tadeu e apoiando Luzia atravessam o rio. Porém Mané é baleado por um soldado que o vê margeando o rio do outro lado. Ele atira contra o soldado e o acerta. QUARTA PARTE: SANTA MARIA 40- P. 162 Era o som que Liveira precisava ouvir. Ele morre em paz pensando que a família conseguira salvarse. Mané, bastante ferido e pressentindo que outros soldados viriam por ali, pede a Valentim que proteja a família. Ele fica na barranca para impedir a tiros que os soldados atravessem o rio. Luzia, Tadeu e Valentim se afastam da margem oposta. Soldados aparecem e Mané atira contra eles, mas é atingido e morre. Os soldados recuam por não conhecerem a vau do rio.