XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL DA ELETROSUL
CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.
Tiago Lucimar da Silva (UFSC)
[email protected]
ELISETE DAHMER PFITSCHER (UFSC)
[email protected]
Sandro Vieira Soares (UFSC)
[email protected]
Durante décadas a degradação do meio ambiente e o uso dos recursos
naturais passaram despercebidos aos olhos de uma sociedade que
pouco se importava a fatores voltados para a responsabilidade social e
sustentabilidade ambiental. Atualmente no setor elétrico, órgãos
reguladores como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
conscientes dos relevantes impactos ambientais gerados pelo segmento
de transmissão e geração de energia, vêm se manifestando e apoiando
as empresas reguladas por este setor, a investir em ações voltadas a
compensação ambiental e responsabilidade social. Assim, a
problemática deste artigo fica resumida na seguinte questão-problema:
como está à sustentabilidade ambiental da empresa Eletrosul Centrais
Elétricas S.A. quanto aos aspectos e impactos ambientais? Desta
forma, o objetivo geral deste trabalho é analisar a sustentabilidade
ambiental da empresa transmissora/geradora de energia. Para isso, foi
realizado um estudo de caso, de natureza descritiva, com abordagem
quali-quantitativa. Embora a análise levante, mediante aplicação do
instrumento de intervenção SICOGEA - Geração 3, alguns
questionamentos considerados deficitários, que foram gerenciados
pelo Plano Resumido de Gestão Ambiental - 5W2H, a empresa
estudada apresentou bons índices de sustentabilidade ambiental.
Palavras-chaves: Responsabilidade social, sustentabilidade ambiental,
setor elétrico
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Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
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1 Introdução
A consciência da limitação dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente nas
duas últimas décadas alavancaram uma preocupação por parte de toda sociedade ao redor do
mundo e, impulsionou a necessidade de implementação de medidas socioambientais por parte
das empresas.
Esta preocupação acarretada pela sociedade a fatores ambientais dá ensejo a um tema
que vendo sendo discutido na atualidade e no ambiente empresarial: responsabilidade social.
Para Franco (1999, p. 38) “as empresas que protegem o meio ambiente são bens vistas pelo
consumidor e por investidores”. Desta forma, Duarte, Pfitscher e Voss (2010) entendem que
as empresas não devem estar somente focadas no seu retorno financeiro. Assumir a
preocupação com a questão social é um aspecto fundamental.
De acordo com Silveira e Pfitscher (2011), a proteção e recuperação do meio ambiente
através da regulamentação de dispositivos legais foi uma tentativa de reduzir e controlar a
utilização excessiva dos recursos naturais. Através de órgãos fiscalizadores, as alternativas
que buscam minimizar os impactos ambientais podem ser aprimoradas. (SILVEIRA;
CASAGRANDE; UHLMANN, 2010).
Atualmente no setor elétrico, órgãos reguladores como a Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), conscientes dos relevantes impactos ambientais gerados pelo segmento de
transmissão e geração de energia, vêm se manifestando e apoiando as empresas reguladas por
este setor, investir em ações voltadas para a compensação ambiental e responsabilidade social.
Assim, a problemática deste artigo fica resumida na seguinte questão-problema: como
está a sustentabilidade ambiental da Eletrosul Centrais Elétricas S.A. quanto aos aspectos e
impactos ambientais?
Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é analisar a sustentabilidade ambiental de
uma empresa transmissora/geradora de energia. Como objetivos específicos têm-se: conhecer
o processo de transmissão e geração de energia; identificar as ações causadoras do impacto
ambiental; e propor um plano resumido de gestão ambiental.
Justifica-se a realização desta pesquisa pelo fato do setor elétrico representar
relevância econômica para o país, da mesma forma, que é um setor que causa grande
interferência no e dependência do meio ambiente (LINS; OUCHI, 2007). Analisar a
sustentabilidade ambiental de uma empresa do setor elétrico, nada mais é, do que assumir um
caráter voltado para a responsabilidade social.
2 Metodologia da Pesquisa
Em relação ao enquadramento metodológico, o presente artigo é de natureza
descritiva, que, conforme Andrade (2005, p. 19-20), “neste tipo de pesquisa, os fatos são
observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador
interfira sobre eles”.
Quanto aos procedimentos técnicos foi adotado o estudo de caso. Para Yin (2001) a
necessidade de adoção pelos estudos de caso surge no intuito de compreender os fenômenos
sociais complexos.
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A coleta de dados foi realizada dentro da empresa através da aplicação de um relatório
de verificação contendo 60 questões, subdivididas em 6 critérios, adaptado conforme as
particularidades e segmento de atividade da empresa pesquisada.
No que se refere à abordagem da pesquisa, este trabalho caracteriza-se como qualiquantitativo. A abordagem qualitativa é utilizada em vários momentos no decorrer do artigo.
Da mesma forma, são analisados os aspectos estatísticos e a pesquisa ganha caráter
quantitativo.
A trajetória metodológica estruturou-se em duas fases: descrição do caso estudado e
análise da sustentabilidade ambiental através do Sistema Contábil Gerencial Ambiental
(SICOGEA - Geração 3) com proposta de implantação de um plano resumido de gestão
ambiental, nos critérios considerados deficitários, tendo como limitação as informações
obtidas com os entrevistados e o método de análise utilizado pelos pesquisadores.
3 Revisão da Literatura
Na tentativa de nortear esta pesquisa e apresentar conceitos inerentes ao tema,
abordam-se os seguintes tópicos na fundamentação teórica: responsabilidade social;
sustentabilidade ambiental e o setor elétrico; e gestão ambiental, com enfoque no modelo de
gestão ambiental chamado SICOGEA – Geração 3.
3.1 Responsabilidade social
O tema responsabilidade social corporativa está tendo repercussões e debates no meio
organizacional ao longo dos últimos anos (SMITH, 1994). Ao longo das duas últimas
décadas, a divulgação de aspectos sociais e ambientais por parte das grandes companhias vem
aumentando significativamente. Empresas de maior visibilidade e dimensão tendem a exibir
uma predisposição maior no que tange a divulgação de informações sociais e ambientais
(GRAY et al., 2001).
A responsabilidade social e ambiental está ligada com os princípios do
desenvolvimento sustentável, que enfatiza que as organizações devem tomar decisões não
apenas visando fatores financeiros, como lucros, dividendos, mais também promover ações
sociais e ambientais de curto e longo prazo. (GOKULSING, 2011).
As ações de responsabilidade social dão ênfase à melhoria do relacionamento das
empresas com seus diversos públicos. (MELO NETO; FRÓES, 1999). De acordo com Melo
Neto e Fróes (1999, p.93) “a responsabilidade social, assumida de forma consciente e
inteligente pela empresa, pode contribuir de forma decisiva para a sustentabilidade e o
desempenho empresarial”.
Segundo Franco (1999) as empresas ao protegerem o meio ambiente, são bem vistas
pela comunidade. Existe em alguns países fundos especializados para investir em
organizações que zelam pela proteção do meio ambiente.
3.2 Sustentabilidade ambiental e o setor elétrico
De acordo com Hinz, Valentina e Franco (2006), o grande consumo de recursos
naturais despertou nas empresas o interesse em incorporar em suas estratégias, o conceito de
sustentabilidade, devido às novas expectativas quanto as suas responsabilidades para com a
sociedade e por serem agentes fornecedores de recursos financeiros e tecnológicos essenciais
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para uma atuação mais ágil, decisiva e direta na amenização dos problemas ambientais e
sociais.
A cada ano que passa percebe-se que o impacto da interferência do homem sobre o
meio ambiente, está mais complexo e nocivo, tanto em termos quantitativos quanto
qualitativos. A problemática envolvendo a sustentabilidade assume neste novo século que
surge, um papel central na reflexão de alternativas que busquem estagnar este contexto
(JACOBI, 2003).
O uso da energia elétrica provoca dano ambiental superior a qualquer outra atividade
humana (exceto talvez a de reprodução) (SOUSA, 2000).
De acordo com Lins e Ouchi (2007, p. 8):
No setor de energia elétrica, a busca pela sustentabilidade está diretamente atrelada a
fatores fundamentais do negócio, tais como: (i) necessidade de altos investimentos
para a construção de usinas geradas, redes de transmissão e distribuição; (ii)
significativos impactos ambientais gerados por barragens e linhas de transmissão e,
e em menor escala, pela convivência da rede com o ambiente urbano; (iii)
externalidades sociais negativas causadas por deslocamentos de comunidades para a
construção de barragens e positivas quando se dá acesso a energia distribuída; e (iv)
atuação por meio de concessão de serviço público essencial para a sociedade.
3.3 Gestão ambiental
De acordo com Silveira e Pfitscher (2011), a gestão ambiental está relacionada
diretamente com a empresa, com sua atividade e com o meio onde está inserida. No que tange
o aspecto empresarial, a relação surge por meio das ações para gerir suas atividades afetando
o mínimo o meio ambiente. Com a atividade, pelo fato da geração de resíduos nocivos. Com o
meio onde está inserida, pois pode receber diretamente as conseqüências de suas ações.
Gerir uma empresa não envolve somente questões econômicas, financeiras e
patrimoniais. Há o comprometimento da mesma forma, com questões associadas a fatores
ambientais, sendo este um processo complexo (DUARTE; PFITSCHER; VOSS, 2010).
O conhecimento acerca da empresa e do meio ambiente permite aos usuários destas
informações gerenciarem os impactos ambientais causados por estas entidades. A gestão
ambiental visa dar suporte às ações desenvolvidas pela empresa a fim de amenizar os efeitos
nocivos ao meio ambiente e é divulgada através da contabilidade ambiental. (FREITAS;
RICHARTZ; PFITSCHER, 2009).
Através da gestão ambiental as entidades podem monitorar o impacto ambiental
proveniente de alguma atividade e receber amparo para que a conquista da qualidade
ambiental almejada possa ser alcançada. (KRAEMER; TINOCO, 2004). A utilização da
gestão ambiental no meio empresarial oportuniza a utilização de recursos naturais com
responsabilidade. (SILVEIRA; CASAGRANDE; UHLMANN, 2010).
Para fundamentar uma análise eficiente da forma pela qual a organização gere os
aspectos e impactos ambientais, utiliza-se nesta pesquisa, um método de apoio chamado
Sistema Contábil Gerencial Ambiental (SICOGEA). Silveira e Pfitscher (2011, p. 4) relatam
que “o objetivo desse sistema é gerar informações ao gestor sobre os impactos das suas ações
sobre o meio ambiente”.
O Sistema Contábil Gerencial Ambiental é dividido em três etapas: integração da
cadeia produtiva, gestão do controle ecológico e gestão da contabilidade e controladoria
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ambiental. Contudo, nesta pesquisa aborda-se apenas a terceira etapa. De acordo com
Pfitscher (2004), na terceira etapa é realizada a análise e investigação dos setores da entidade
através da mensuração de aspectos operacionais, econômicos e financeiros interagindo com o
meio ambiente, com o intuito de verificar as ações que influenciam no processo de decisão.
A terceira etapa do SICOGEA divide-se em três fases: investigação e mensuração;
informação; e decisão. A Figura 1 demonstra uma visão ampla dos processos que compõem
esta etapa do SICOGEA.
Figura 1: Estrutura da terceira etapa do SICOGEA
Fonte: Pfitscher (2004, p.119)
Na primeira fase desse processo (investigação e mensuração) faz-se necessário uma
lista de verificação, onde questões são direcionadas em critérios e subcritérios. (SILVEIRA;
PFITSCHER, 2011). Desta forma, Nunes et al. (2007), relatam que a elaboração dessa lista de
verificação e sua análise, estruturada pelo SICOGEA, possibilita o conhecimento as diversas
áreas da instituição.
A partir das ações propostas por este sistema buscou-se evidenciar o nível de
comprometimento da Eletrosul com o meio ambiente.
4 Resultados
A Eletrosul Centrais Elétricas S.A. é uma sociedade de economia mista de capital
fechado que atua nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica. É uma empresa
subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás e vinculada ao Ministério de
Minas Energia. Foi constituída em 23/12/1968 e autorizada a funcionar pelo Decreto nº
64.395, de 23/04/1969. Sua sede está localizada em Florianópolis/SC e suas atividades
abrangem os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Rondônia. Atende mais de 30,5 milhões de habitantes que correspondem,
aproximadamente, a 20% do mercado nacional de energia elétrica e cerca de 18% do Produto
Interno Bruto. (ELETROSUL, 2011).
4.1 Resultados obtidos com a aplicação do SICOGEA-Geração 3
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No presente estudo aplicou-se parcialmente a primeira fase da terceira etapa do
SICOGEA-Geração 3, que compreende uma lista de verificação adaptada à empresa
transmissora/geradora de energia elétrica. Conforme já comentado em tópicos anteriores, na
primeira fase desse processo (investigação e mensuração) faz-se necessário uma lista de
verificação, onde questões são organizadas em critérios e subcritérios, sendo que a terceira
etapa do SICOGEA-Geração 3 constitui a Gestão da Contabilidade e Controladoria
Ambiental.
A lista de verificação estruturou-se com 60 questões, subdividida nos seguintes
critérios/subcritérios conforme o Quadro 1:
Quadro 1: Critérios e Subcritérios da lista de verificação
Fonte: adaptado de Souza et al. (2011)
Cabe ainda ressaltar, que devido à estrutura organizacional da empresa estudada estar
dividida em departamentos/divisões, as questões foram direcionadas e respondidas pelas
pessoas/departamentos aptos a tais informações dentro da Eletrosul.
Avaliação da sustentabilidade da empresa e dos critérios que compõe o questionário
foi calculada conforme o Quadro 2.
Quadro 2: Avaliação da sustentabilidade da empresa
Fonte: adaptado de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004)
4.2 Critério 1 – Fornecedores
O cálculo da sustentabilidade do Critério 1 – Fornecedores, resultou num índice de
sustentabilidade de 77,78%, índice este que obtém uma avaliação boa segundo a classificação
de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004).
Grande parte dos fornecedores da Eletrosul possui certificações relacionadas ao meio
ambiente. Contudo, estas certificações ainda não são exigidas pela empresa em seus processos
licitatórios. Embora haja ainda o consumo de matérias-primas não oriundas de recursos
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renováveis dentro da empresa, as compras da instituição incluem alguns produtos recicláveis
como papel, cartuchos de tinta, material de expediente, entre outros.
4.3 Critério 2 – Processo produtivo e prestação de serviços
O critério 2 refere-se ao processo produtivo e prestação de serviços e está divido em
três subcritérios conforme o Quadro 3.
Quadro 3: Critério 2 - Processo Produtivo e Prestação de Serviços
Fonte: adaptado de Silveira e Pfitscher (2011)
No Subcritério A: Eco-eficiência no processo produtivo e de prestação dos serviços, o
departamento da empresa responsável por estas informações, menciona que para participar
dos leilões de transmissão/geração é necessário atender a legislação ambiental e os processos
de licenciamento. Portanto, a empresa leva em consideração os aspectos e impactos
ambientais, visando desta forma, a recuperação das áreas afetadas pela transmissão e geração
de energia.
A instituição utiliza materiais considerados ecologicamente corretos como resmas de
papel reciclado e materiais de expediente oriundos de recursos renováveis. Quanto aos
projetos alternativos para transmissão e geração de energia elétrica, a empresa investe e
destina recursos para serem aplicados em projetos com esta finalidade. Atualmente na
Eletrosul estão sendo desenvolvidos projetos na área de energia eólica e fotovoltaica (energia
solar).
4.4 Critério 3 – Indicadores contábeis
O Quadro 4 apresenta as questões relativas aos indicadores contábeis. Neste critério
foram levantados dois pontos considerados deficitários: lucro com investimentos em meio
ambiente e o fato da empresa possuir grande quantidade de resíduos que causam impacto
ambiental.
Quadro 4: Critério 3 – Indicadores Contábeis
Fonte: adaptado de Souza et al.(2011)
Existem na empresa, custos para controle, preservação e proteção ambiental, através
dos programas ambientais dos empreendimentos exigidos pelos órgãos ambientais. A
Eletrosul paga taxas, contribuições e demais gastos relacionados com a área ambiental.
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Finalizando o critério 3, o subcritério C, assim como os demais subcritérios
relacionados a indicadores contábeis, apresentou resultados considerados ótimos. Embora a
empresa possuir grande quantidade de resíduos que causam impactos ambientais, existe ações
dentro do ambiente organizacional relacionadas à divulgação da área ambiental, através de
folders, cartilhas, etc., que buscam amenizar, senão combater esses impactos.
4.5 Critério 4 – Indicadores gerenciais
O cálculo dos Indicadores Gerenciais resultou num índice de sustentabilidade de
85,56%, o que é considerado ótimo segundo a avaliação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004).
Neste indicador a empresa apresentou dois pontos considerados deficitários: ações
relacionadas à indenização de faixa de terra e o pouco conhecimento da teoria “Economia de
Comunhão”. Contudo, o primeiro é justificável pelo fato de ser um processo rotineiro nos
investimentos do setor elétrico. Embora conhecer pouco sobre a teoria “Economia de
Comunhão”, algumas ações desenvolvidas pela empresa já citadas anteriormente, ganham
características desta filosofia.
4.6 Critério 5 – Utilização do produto e serviço
O índice de sustentabilidade do critério Utilização do Produto e Serviço de 84% é
considerado ótimo segundo a avaliação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004). Pelo fato do
segmento da Eletrosul ser o de transmissão/geração de energia, e não ter a relação direta com
os consumidores finais deste serviço de utilidade pública, a empresa não possui um serviço
sobre questionamento da qualidade do produto, justificando a não aplicabilidade da questão
do questionário original. Tal serviço compete a empresas distribuidoras de energia e não as
companhias geradoras e transmissoras.
4.7 Critério 6 – Auditoria ambiental
O índice de sustentabilidade calculado para o Critério 6 – Auditoria Ambiental
resultou em 80,91%, índice este que segundo a classificação de Lerípio (2001) e Pfitscher
(2004) é avaliado como ótimo.
No critério 6, verifica-se que existe uma política para a qualidade ambiental do sistema
Eletrobrás adotado pela Eletrosul. Contudo, o plano de qualidade ambiental e o sistema
informatizado sobre questão da qualidade ambiental na instituição ainda se encontra em
situação “precária”.
4.8 Análise da sustentabilidade e desempenho ambiental
Com a lista de verificação respondida, faz-se necessário determinar o índice de
sustentabilidade ambiental da empresa estudada através da seguinte fórmula de cálculo
proposta pelo SICOGEA:
O resultado dessa equação indica o percentual de sustentabilidade ambiental da
empresa. Desta forma, os resultados obtidos são correlacionados aos parâmetros de avaliação
de sustentabilidade da empresa, conforme o Quadro 2.
Através da aplicação da fórmula supracitada foi possível calcular o índice de
sustentabilidade ambiental da Eletrosul. Este resultado é apresentado na Tabela 1.
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Tabela 1: Índices de sustentabilidade da empresa pesquisada
Fonte: Dados da pesquisa
Diante desta análise e segregando os seis critérios da lista de verificação, a avaliação
global da sustentabilidade da Eletrosul alcançou um índice de 85,30%, sendo considerada
ótima. Embora alguns itens apresentarem resultados deficitários, nenhum deles comprometeu
o resultado global dos critérios.
4.9 Plano resumido de gestão ambiental – 5W2H
Mediante análise da sustentabilidade ambiental da empresa concluída e levantamento
de alguns pontos críticos, faz-se necessário propor um plano resumido de gestão ambiental –
5W2H (What? Why? When? Where? Who? How? e How much?). O plano resumido de
gestão ambiental proposto pelo SICOGEA engloba medidas corretivas e ações de melhoria
dos pontos deficitários levantados na avaliação da sustentabilidade ambiental.
Os primeiros pontos deficitários foram levantados no Critério 1 – Fornecedores. O
Quadro 5 demonstra que embora já ocorra a utilização de matérias primas oriundas de
recursos renováveis, a instituição pode exigir cada vez mais de seus fornecedores produtos
com esta origem.
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Quadro 5: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 1
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
O terceiro ponto crítico constatado está relacionado à geração de resíduos perigosos
durante o processamento do produto. Grande parte das subestações são estruturadas com
transformadores e máquinas que geram resíduos nocivos - óleos e gases - ao meio ambiente e
aos serem humanos. No Quadro 6 evidencia algumas ações que podem amenizar este
problema.
Quadro 6: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 2: Subcritério A
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
No que se refere aos indicadores contábeis, o desempenho global deste critério foi
avaliado como ótimo, contudo, foi detectado um item que apresentou resultados regulares. A
empresa possui grande quantidade de resíduos como copos, papéis, dejetos da construção
civil, etc., que causam impactos ambientais.
Conforme o Quadro 7, verifica-se as melhorias a serem realizadas na instituição
referente ao Critério 3.
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Quadro 7: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 3: Subcritério C
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
No critério 4 – Indicadores Gerenciais, dois pontos são evidenciados como
deficitários. O primeiro está relacionado a ações judiciais referentes indenizações de faixa de
terra. Contudo, este é um processo de praxe nos projetos relacionados ao setor elétrico. O
segundo critério é decorrente da falta de conhecimento da teoria “Economia de Comunhão”
por parte da gestão da empresa e seus colaboradores. O Quadro 8 apresenta medidas
corretivas e ações de melhoria deste ponto deficitário levantado na avaliação da
sustentabilidade ambiental.
Quadro 8: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 4
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
Outro ponto crítico levantado está associado ao Critério 5 e refere-se ao consumo de
energia elétrica requerer atenção e cuidados por parte dos usuários. No Quadro 9 é
apresentado algumas ações que podem amenizar este problema.
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Quadro 9: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 5
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
Embora a avaliação da empresa no Critério 6: Auditoria Ambiental apresentar
resultados ótimos, foi levantado três pontos deficitários. No Quadro 10 é apresentado algumas
ações sugeridas.
Quadro 10: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 6
Fonte: adaptado de Leripio (2001)
Desta forma, após levantamento de alguns pontos deficitários encontrados mediante
lista de verificação, pode-se observar que existem várias ações que podem ser implantadas e
avaliadas pela entidade, no intuito de melhorar o índice de sustentabilidade ambiental
calculado pelo SICOGEA- Geração 3.
5 Conclusões
Mediante aplicação do SICOGEA – Geração 3, foi possível avaliar a sustentabilidade
ambiental de uma empresa do setor elétrico. A empresa estudada apresentou uma
sustentabilidade ambiental ótima, levando em consideração seu índice global de
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sustentabilidade ambiental, que atendeu a 112,6 (correspondente a 85,30%) dos 132 pontos
possíveis.
Através da aplicação da pesquisa, o processo de transmissão e geração de energia e
algumas de suas particularidades pôde ser conhecido. As ações causadoras do impacto
ambiental destes segmentos do setor elétrico estão relacionadas às construções de represas,
que afetam os fluxos dos rios e danifica as espécies vegetais e a fauna, bem como as
construções de linhas de transmissão, devastando áreas e destruindo o habitat de espécies
animais.
Embora a análise levantar alguns questionamentos considerados deficitários, todos os
6 (seis) critérios propostos apresentaram resultados avaliados como bom ou ótimo. Os pontos
que foram levantados como críticos, nocivos ao meio ambiente, foram gerenciados pelo Plano
Resumido de Gestão Ambiental – 5W2H.
A partir da adoção do 5W2H foi possível determinar e incrementar algumas ações
visando à melhoria do índice de sustentabilidade ambiental da Eletrosul, bem como amenizar,
senão extinguir, os danos causados por esta instituição ao meio ambiente.
Para futuros trabalhos recomenda-se a aplicação do SICOGEA – Geração 3 em
empresas de setores distintos, sejam elas a nível internacional, nacional ou regional. Também
se sugere aplicar esta metodologia em empresas do mesmo setor, contudo, de segmentos
distintos, podendo oportunizar a realização de um benchmarking.
O fato das empresas do setor elétrico estarem submetidas a órgãos reguladores como a
ANEEL, dá ênfase a uma pergunta problema a ser questionada em futuras pesquisas: Até que
ponto a sustentabilidade ambiental e responsabilidade social das empresas do setor elétrico é
influenciada pelo marco regulatório deste setor?
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análise da sustentabilidade ambiental da eletrosul centrais elétricas