XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Tiago Lucimar da Silva (UFSC) [email protected] ELISETE DAHMER PFITSCHER (UFSC) [email protected] Sandro Vieira Soares (UFSC) [email protected] Durante décadas a degradação do meio ambiente e o uso dos recursos naturais passaram despercebidos aos olhos de uma sociedade que pouco se importava a fatores voltados para a responsabilidade social e sustentabilidade ambiental. Atualmente no setor elétrico, órgãos reguladores como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), conscientes dos relevantes impactos ambientais gerados pelo segmento de transmissão e geração de energia, vêm se manifestando e apoiando as empresas reguladas por este setor, a investir em ações voltadas a compensação ambiental e responsabilidade social. Assim, a problemática deste artigo fica resumida na seguinte questão-problema: como está à sustentabilidade ambiental da empresa Eletrosul Centrais Elétricas S.A. quanto aos aspectos e impactos ambientais? Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é analisar a sustentabilidade ambiental da empresa transmissora/geradora de energia. Para isso, foi realizado um estudo de caso, de natureza descritiva, com abordagem quali-quantitativa. Embora a análise levante, mediante aplicação do instrumento de intervenção SICOGEA - Geração 3, alguns questionamentos considerados deficitários, que foram gerenciados pelo Plano Resumido de Gestão Ambiental - 5W2H, a empresa estudada apresentou bons índices de sustentabilidade ambiental. Palavras-chaves: Responsabilidade social, sustentabilidade ambiental, setor elétrico XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1 Introdução A consciência da limitação dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente nas duas últimas décadas alavancaram uma preocupação por parte de toda sociedade ao redor do mundo e, impulsionou a necessidade de implementação de medidas socioambientais por parte das empresas. Esta preocupação acarretada pela sociedade a fatores ambientais dá ensejo a um tema que vendo sendo discutido na atualidade e no ambiente empresarial: responsabilidade social. Para Franco (1999, p. 38) “as empresas que protegem o meio ambiente são bens vistas pelo consumidor e por investidores”. Desta forma, Duarte, Pfitscher e Voss (2010) entendem que as empresas não devem estar somente focadas no seu retorno financeiro. Assumir a preocupação com a questão social é um aspecto fundamental. De acordo com Silveira e Pfitscher (2011), a proteção e recuperação do meio ambiente através da regulamentação de dispositivos legais foi uma tentativa de reduzir e controlar a utilização excessiva dos recursos naturais. Através de órgãos fiscalizadores, as alternativas que buscam minimizar os impactos ambientais podem ser aprimoradas. (SILVEIRA; CASAGRANDE; UHLMANN, 2010). Atualmente no setor elétrico, órgãos reguladores como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), conscientes dos relevantes impactos ambientais gerados pelo segmento de transmissão e geração de energia, vêm se manifestando e apoiando as empresas reguladas por este setor, investir em ações voltadas para a compensação ambiental e responsabilidade social. Assim, a problemática deste artigo fica resumida na seguinte questão-problema: como está a sustentabilidade ambiental da Eletrosul Centrais Elétricas S.A. quanto aos aspectos e impactos ambientais? Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é analisar a sustentabilidade ambiental de uma empresa transmissora/geradora de energia. Como objetivos específicos têm-se: conhecer o processo de transmissão e geração de energia; identificar as ações causadoras do impacto ambiental; e propor um plano resumido de gestão ambiental. Justifica-se a realização desta pesquisa pelo fato do setor elétrico representar relevância econômica para o país, da mesma forma, que é um setor que causa grande interferência no e dependência do meio ambiente (LINS; OUCHI, 2007). Analisar a sustentabilidade ambiental de uma empresa do setor elétrico, nada mais é, do que assumir um caráter voltado para a responsabilidade social. 2 Metodologia da Pesquisa Em relação ao enquadramento metodológico, o presente artigo é de natureza descritiva, que, conforme Andrade (2005, p. 19-20), “neste tipo de pesquisa, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles”. Quanto aos procedimentos técnicos foi adotado o estudo de caso. Para Yin (2001) a necessidade de adoção pelos estudos de caso surge no intuito de compreender os fenômenos sociais complexos. 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. A coleta de dados foi realizada dentro da empresa através da aplicação de um relatório de verificação contendo 60 questões, subdivididas em 6 critérios, adaptado conforme as particularidades e segmento de atividade da empresa pesquisada. No que se refere à abordagem da pesquisa, este trabalho caracteriza-se como qualiquantitativo. A abordagem qualitativa é utilizada em vários momentos no decorrer do artigo. Da mesma forma, são analisados os aspectos estatísticos e a pesquisa ganha caráter quantitativo. A trajetória metodológica estruturou-se em duas fases: descrição do caso estudado e análise da sustentabilidade ambiental através do Sistema Contábil Gerencial Ambiental (SICOGEA - Geração 3) com proposta de implantação de um plano resumido de gestão ambiental, nos critérios considerados deficitários, tendo como limitação as informações obtidas com os entrevistados e o método de análise utilizado pelos pesquisadores. 3 Revisão da Literatura Na tentativa de nortear esta pesquisa e apresentar conceitos inerentes ao tema, abordam-se os seguintes tópicos na fundamentação teórica: responsabilidade social; sustentabilidade ambiental e o setor elétrico; e gestão ambiental, com enfoque no modelo de gestão ambiental chamado SICOGEA – Geração 3. 3.1 Responsabilidade social O tema responsabilidade social corporativa está tendo repercussões e debates no meio organizacional ao longo dos últimos anos (SMITH, 1994). Ao longo das duas últimas décadas, a divulgação de aspectos sociais e ambientais por parte das grandes companhias vem aumentando significativamente. Empresas de maior visibilidade e dimensão tendem a exibir uma predisposição maior no que tange a divulgação de informações sociais e ambientais (GRAY et al., 2001). A responsabilidade social e ambiental está ligada com os princípios do desenvolvimento sustentável, que enfatiza que as organizações devem tomar decisões não apenas visando fatores financeiros, como lucros, dividendos, mais também promover ações sociais e ambientais de curto e longo prazo. (GOKULSING, 2011). As ações de responsabilidade social dão ênfase à melhoria do relacionamento das empresas com seus diversos públicos. (MELO NETO; FRÓES, 1999). De acordo com Melo Neto e Fróes (1999, p.93) “a responsabilidade social, assumida de forma consciente e inteligente pela empresa, pode contribuir de forma decisiva para a sustentabilidade e o desempenho empresarial”. Segundo Franco (1999) as empresas ao protegerem o meio ambiente, são bem vistas pela comunidade. Existe em alguns países fundos especializados para investir em organizações que zelam pela proteção do meio ambiente. 3.2 Sustentabilidade ambiental e o setor elétrico De acordo com Hinz, Valentina e Franco (2006), o grande consumo de recursos naturais despertou nas empresas o interesse em incorporar em suas estratégias, o conceito de sustentabilidade, devido às novas expectativas quanto as suas responsabilidades para com a sociedade e por serem agentes fornecedores de recursos financeiros e tecnológicos essenciais 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. para uma atuação mais ágil, decisiva e direta na amenização dos problemas ambientais e sociais. A cada ano que passa percebe-se que o impacto da interferência do homem sobre o meio ambiente, está mais complexo e nocivo, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. A problemática envolvendo a sustentabilidade assume neste novo século que surge, um papel central na reflexão de alternativas que busquem estagnar este contexto (JACOBI, 2003). O uso da energia elétrica provoca dano ambiental superior a qualquer outra atividade humana (exceto talvez a de reprodução) (SOUSA, 2000). De acordo com Lins e Ouchi (2007, p. 8): No setor de energia elétrica, a busca pela sustentabilidade está diretamente atrelada a fatores fundamentais do negócio, tais como: (i) necessidade de altos investimentos para a construção de usinas geradas, redes de transmissão e distribuição; (ii) significativos impactos ambientais gerados por barragens e linhas de transmissão e, e em menor escala, pela convivência da rede com o ambiente urbano; (iii) externalidades sociais negativas causadas por deslocamentos de comunidades para a construção de barragens e positivas quando se dá acesso a energia distribuída; e (iv) atuação por meio de concessão de serviço público essencial para a sociedade. 3.3 Gestão ambiental De acordo com Silveira e Pfitscher (2011), a gestão ambiental está relacionada diretamente com a empresa, com sua atividade e com o meio onde está inserida. No que tange o aspecto empresarial, a relação surge por meio das ações para gerir suas atividades afetando o mínimo o meio ambiente. Com a atividade, pelo fato da geração de resíduos nocivos. Com o meio onde está inserida, pois pode receber diretamente as conseqüências de suas ações. Gerir uma empresa não envolve somente questões econômicas, financeiras e patrimoniais. Há o comprometimento da mesma forma, com questões associadas a fatores ambientais, sendo este um processo complexo (DUARTE; PFITSCHER; VOSS, 2010). O conhecimento acerca da empresa e do meio ambiente permite aos usuários destas informações gerenciarem os impactos ambientais causados por estas entidades. A gestão ambiental visa dar suporte às ações desenvolvidas pela empresa a fim de amenizar os efeitos nocivos ao meio ambiente e é divulgada através da contabilidade ambiental. (FREITAS; RICHARTZ; PFITSCHER, 2009). Através da gestão ambiental as entidades podem monitorar o impacto ambiental proveniente de alguma atividade e receber amparo para que a conquista da qualidade ambiental almejada possa ser alcançada. (KRAEMER; TINOCO, 2004). A utilização da gestão ambiental no meio empresarial oportuniza a utilização de recursos naturais com responsabilidade. (SILVEIRA; CASAGRANDE; UHLMANN, 2010). Para fundamentar uma análise eficiente da forma pela qual a organização gere os aspectos e impactos ambientais, utiliza-se nesta pesquisa, um método de apoio chamado Sistema Contábil Gerencial Ambiental (SICOGEA). Silveira e Pfitscher (2011, p. 4) relatam que “o objetivo desse sistema é gerar informações ao gestor sobre os impactos das suas ações sobre o meio ambiente”. O Sistema Contábil Gerencial Ambiental é dividido em três etapas: integração da cadeia produtiva, gestão do controle ecológico e gestão da contabilidade e controladoria 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. ambiental. Contudo, nesta pesquisa aborda-se apenas a terceira etapa. De acordo com Pfitscher (2004), na terceira etapa é realizada a análise e investigação dos setores da entidade através da mensuração de aspectos operacionais, econômicos e financeiros interagindo com o meio ambiente, com o intuito de verificar as ações que influenciam no processo de decisão. A terceira etapa do SICOGEA divide-se em três fases: investigação e mensuração; informação; e decisão. A Figura 1 demonstra uma visão ampla dos processos que compõem esta etapa do SICOGEA. Figura 1: Estrutura da terceira etapa do SICOGEA Fonte: Pfitscher (2004, p.119) Na primeira fase desse processo (investigação e mensuração) faz-se necessário uma lista de verificação, onde questões são direcionadas em critérios e subcritérios. (SILVEIRA; PFITSCHER, 2011). Desta forma, Nunes et al. (2007), relatam que a elaboração dessa lista de verificação e sua análise, estruturada pelo SICOGEA, possibilita o conhecimento as diversas áreas da instituição. A partir das ações propostas por este sistema buscou-se evidenciar o nível de comprometimento da Eletrosul com o meio ambiente. 4 Resultados A Eletrosul Centrais Elétricas S.A. é uma sociedade de economia mista de capital fechado que atua nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica. É uma empresa subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás e vinculada ao Ministério de Minas Energia. Foi constituída em 23/12/1968 e autorizada a funcionar pelo Decreto nº 64.395, de 23/04/1969. Sua sede está localizada em Florianópolis/SC e suas atividades abrangem os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Atende mais de 30,5 milhões de habitantes que correspondem, aproximadamente, a 20% do mercado nacional de energia elétrica e cerca de 18% do Produto Interno Bruto. (ELETROSUL, 2011). 4.1 Resultados obtidos com a aplicação do SICOGEA-Geração 3 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. No presente estudo aplicou-se parcialmente a primeira fase da terceira etapa do SICOGEA-Geração 3, que compreende uma lista de verificação adaptada à empresa transmissora/geradora de energia elétrica. Conforme já comentado em tópicos anteriores, na primeira fase desse processo (investigação e mensuração) faz-se necessário uma lista de verificação, onde questões são organizadas em critérios e subcritérios, sendo que a terceira etapa do SICOGEA-Geração 3 constitui a Gestão da Contabilidade e Controladoria Ambiental. A lista de verificação estruturou-se com 60 questões, subdividida nos seguintes critérios/subcritérios conforme o Quadro 1: Quadro 1: Critérios e Subcritérios da lista de verificação Fonte: adaptado de Souza et al. (2011) Cabe ainda ressaltar, que devido à estrutura organizacional da empresa estudada estar dividida em departamentos/divisões, as questões foram direcionadas e respondidas pelas pessoas/departamentos aptos a tais informações dentro da Eletrosul. Avaliação da sustentabilidade da empresa e dos critérios que compõe o questionário foi calculada conforme o Quadro 2. Quadro 2: Avaliação da sustentabilidade da empresa Fonte: adaptado de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004) 4.2 Critério 1 – Fornecedores O cálculo da sustentabilidade do Critério 1 – Fornecedores, resultou num índice de sustentabilidade de 77,78%, índice este que obtém uma avaliação boa segundo a classificação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004). Grande parte dos fornecedores da Eletrosul possui certificações relacionadas ao meio ambiente. Contudo, estas certificações ainda não são exigidas pela empresa em seus processos licitatórios. Embora haja ainda o consumo de matérias-primas não oriundas de recursos 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. renováveis dentro da empresa, as compras da instituição incluem alguns produtos recicláveis como papel, cartuchos de tinta, material de expediente, entre outros. 4.3 Critério 2 – Processo produtivo e prestação de serviços O critério 2 refere-se ao processo produtivo e prestação de serviços e está divido em três subcritérios conforme o Quadro 3. Quadro 3: Critério 2 - Processo Produtivo e Prestação de Serviços Fonte: adaptado de Silveira e Pfitscher (2011) No Subcritério A: Eco-eficiência no processo produtivo e de prestação dos serviços, o departamento da empresa responsável por estas informações, menciona que para participar dos leilões de transmissão/geração é necessário atender a legislação ambiental e os processos de licenciamento. Portanto, a empresa leva em consideração os aspectos e impactos ambientais, visando desta forma, a recuperação das áreas afetadas pela transmissão e geração de energia. A instituição utiliza materiais considerados ecologicamente corretos como resmas de papel reciclado e materiais de expediente oriundos de recursos renováveis. Quanto aos projetos alternativos para transmissão e geração de energia elétrica, a empresa investe e destina recursos para serem aplicados em projetos com esta finalidade. Atualmente na Eletrosul estão sendo desenvolvidos projetos na área de energia eólica e fotovoltaica (energia solar). 4.4 Critério 3 – Indicadores contábeis O Quadro 4 apresenta as questões relativas aos indicadores contábeis. Neste critério foram levantados dois pontos considerados deficitários: lucro com investimentos em meio ambiente e o fato da empresa possuir grande quantidade de resíduos que causam impacto ambiental. Quadro 4: Critério 3 – Indicadores Contábeis Fonte: adaptado de Souza et al.(2011) Existem na empresa, custos para controle, preservação e proteção ambiental, através dos programas ambientais dos empreendimentos exigidos pelos órgãos ambientais. A Eletrosul paga taxas, contribuições e demais gastos relacionados com a área ambiental. 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Finalizando o critério 3, o subcritério C, assim como os demais subcritérios relacionados a indicadores contábeis, apresentou resultados considerados ótimos. Embora a empresa possuir grande quantidade de resíduos que causam impactos ambientais, existe ações dentro do ambiente organizacional relacionadas à divulgação da área ambiental, através de folders, cartilhas, etc., que buscam amenizar, senão combater esses impactos. 4.5 Critério 4 – Indicadores gerenciais O cálculo dos Indicadores Gerenciais resultou num índice de sustentabilidade de 85,56%, o que é considerado ótimo segundo a avaliação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004). Neste indicador a empresa apresentou dois pontos considerados deficitários: ações relacionadas à indenização de faixa de terra e o pouco conhecimento da teoria “Economia de Comunhão”. Contudo, o primeiro é justificável pelo fato de ser um processo rotineiro nos investimentos do setor elétrico. Embora conhecer pouco sobre a teoria “Economia de Comunhão”, algumas ações desenvolvidas pela empresa já citadas anteriormente, ganham características desta filosofia. 4.6 Critério 5 – Utilização do produto e serviço O índice de sustentabilidade do critério Utilização do Produto e Serviço de 84% é considerado ótimo segundo a avaliação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004). Pelo fato do segmento da Eletrosul ser o de transmissão/geração de energia, e não ter a relação direta com os consumidores finais deste serviço de utilidade pública, a empresa não possui um serviço sobre questionamento da qualidade do produto, justificando a não aplicabilidade da questão do questionário original. Tal serviço compete a empresas distribuidoras de energia e não as companhias geradoras e transmissoras. 4.7 Critério 6 – Auditoria ambiental O índice de sustentabilidade calculado para o Critério 6 – Auditoria Ambiental resultou em 80,91%, índice este que segundo a classificação de Lerípio (2001) e Pfitscher (2004) é avaliado como ótimo. No critério 6, verifica-se que existe uma política para a qualidade ambiental do sistema Eletrobrás adotado pela Eletrosul. Contudo, o plano de qualidade ambiental e o sistema informatizado sobre questão da qualidade ambiental na instituição ainda se encontra em situação “precária”. 4.8 Análise da sustentabilidade e desempenho ambiental Com a lista de verificação respondida, faz-se necessário determinar o índice de sustentabilidade ambiental da empresa estudada através da seguinte fórmula de cálculo proposta pelo SICOGEA: O resultado dessa equação indica o percentual de sustentabilidade ambiental da empresa. Desta forma, os resultados obtidos são correlacionados aos parâmetros de avaliação de sustentabilidade da empresa, conforme o Quadro 2. Através da aplicação da fórmula supracitada foi possível calcular o índice de sustentabilidade ambiental da Eletrosul. Este resultado é apresentado na Tabela 1. 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Tabela 1: Índices de sustentabilidade da empresa pesquisada Fonte: Dados da pesquisa Diante desta análise e segregando os seis critérios da lista de verificação, a avaliação global da sustentabilidade da Eletrosul alcançou um índice de 85,30%, sendo considerada ótima. Embora alguns itens apresentarem resultados deficitários, nenhum deles comprometeu o resultado global dos critérios. 4.9 Plano resumido de gestão ambiental – 5W2H Mediante análise da sustentabilidade ambiental da empresa concluída e levantamento de alguns pontos críticos, faz-se necessário propor um plano resumido de gestão ambiental – 5W2H (What? Why? When? Where? Who? How? e How much?). O plano resumido de gestão ambiental proposto pelo SICOGEA engloba medidas corretivas e ações de melhoria dos pontos deficitários levantados na avaliação da sustentabilidade ambiental. Os primeiros pontos deficitários foram levantados no Critério 1 – Fornecedores. O Quadro 5 demonstra que embora já ocorra a utilização de matérias primas oriundas de recursos renováveis, a instituição pode exigir cada vez mais de seus fornecedores produtos com esta origem. 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Quadro 5: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 1 Fonte: adaptado de Leripio (2001) O terceiro ponto crítico constatado está relacionado à geração de resíduos perigosos durante o processamento do produto. Grande parte das subestações são estruturadas com transformadores e máquinas que geram resíduos nocivos - óleos e gases - ao meio ambiente e aos serem humanos. No Quadro 6 evidencia algumas ações que podem amenizar este problema. Quadro 6: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 2: Subcritério A Fonte: adaptado de Leripio (2001) No que se refere aos indicadores contábeis, o desempenho global deste critério foi avaliado como ótimo, contudo, foi detectado um item que apresentou resultados regulares. A empresa possui grande quantidade de resíduos como copos, papéis, dejetos da construção civil, etc., que causam impactos ambientais. Conforme o Quadro 7, verifica-se as melhorias a serem realizadas na instituição referente ao Critério 3. 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Quadro 7: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 3: Subcritério C Fonte: adaptado de Leripio (2001) No critério 4 – Indicadores Gerenciais, dois pontos são evidenciados como deficitários. O primeiro está relacionado a ações judiciais referentes indenizações de faixa de terra. Contudo, este é um processo de praxe nos projetos relacionados ao setor elétrico. O segundo critério é decorrente da falta de conhecimento da teoria “Economia de Comunhão” por parte da gestão da empresa e seus colaboradores. O Quadro 8 apresenta medidas corretivas e ações de melhoria deste ponto deficitário levantado na avaliação da sustentabilidade ambiental. Quadro 8: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 4 Fonte: adaptado de Leripio (2001) Outro ponto crítico levantado está associado ao Critério 5 e refere-se ao consumo de energia elétrica requerer atenção e cuidados por parte dos usuários. No Quadro 9 é apresentado algumas ações que podem amenizar este problema. 11 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Quadro 9: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 5 Fonte: adaptado de Leripio (2001) Embora a avaliação da empresa no Critério 6: Auditoria Ambiental apresentar resultados ótimos, foi levantado três pontos deficitários. No Quadro 10 é apresentado algumas ações sugeridas. Quadro 10: 5W2H – Plano resumido de gestão ambiental – Critério 6 Fonte: adaptado de Leripio (2001) Desta forma, após levantamento de alguns pontos deficitários encontrados mediante lista de verificação, pode-se observar que existem várias ações que podem ser implantadas e avaliadas pela entidade, no intuito de melhorar o índice de sustentabilidade ambiental calculado pelo SICOGEA- Geração 3. 5 Conclusões Mediante aplicação do SICOGEA – Geração 3, foi possível avaliar a sustentabilidade ambiental de uma empresa do setor elétrico. A empresa estudada apresentou uma sustentabilidade ambiental ótima, levando em consideração seu índice global de 12 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. sustentabilidade ambiental, que atendeu a 112,6 (correspondente a 85,30%) dos 132 pontos possíveis. Através da aplicação da pesquisa, o processo de transmissão e geração de energia e algumas de suas particularidades pôde ser conhecido. As ações causadoras do impacto ambiental destes segmentos do setor elétrico estão relacionadas às construções de represas, que afetam os fluxos dos rios e danifica as espécies vegetais e a fauna, bem como as construções de linhas de transmissão, devastando áreas e destruindo o habitat de espécies animais. Embora a análise levantar alguns questionamentos considerados deficitários, todos os 6 (seis) critérios propostos apresentaram resultados avaliados como bom ou ótimo. Os pontos que foram levantados como críticos, nocivos ao meio ambiente, foram gerenciados pelo Plano Resumido de Gestão Ambiental – 5W2H. A partir da adoção do 5W2H foi possível determinar e incrementar algumas ações visando à melhoria do índice de sustentabilidade ambiental da Eletrosul, bem como amenizar, senão extinguir, os danos causados por esta instituição ao meio ambiente. Para futuros trabalhos recomenda-se a aplicação do SICOGEA – Geração 3 em empresas de setores distintos, sejam elas a nível internacional, nacional ou regional. Também se sugere aplicar esta metodologia em empresas do mesmo setor, contudo, de segmentos distintos, podendo oportunizar a realização de um benchmarking. O fato das empresas do setor elétrico estarem submetidas a órgãos reguladores como a ANEEL, dá ênfase a uma pergunta problema a ser questionada em futuras pesquisas: Até que ponto a sustentabilidade ambiental e responsabilidade social das empresas do setor elétrico é influenciada pelo marco regulatório deste setor? Referências ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. DUARTE, E.; PFITSCHER, E. D.; VOSS, B. L. Sustentabilidade Ambiental: Estudo de Caso em uma Empresa do Ramo de Pintura Eletrostática a Pó. XIII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais - SIMPOI. 2010, São Paulo. ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. A empresa. Disponível <http://www.eletrosul.gov.br/home/conteudo.php?cd=857> Acesso em: 16 de Agosto de 2011. em: FRANCO, H. A contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, 1999. FREITAS, C. L.; RICHARTZ, F.; PFITSCHER, E. D. 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