issn 0004-2749 versão impressa Arquivos Brasileiros de Oftalmologia Arquivos brasileiros publicação oficial do conselho brasileiro de oftalmologia novembro/dezembrO 2010 d e 73 06 Biometric findings in angle-closure glaucoma | nov-dez 2010 | v.73 n.6 p.483-568 Optical Scheimpflug morphometry in glaucoma Congenital and acquired monocular vision Triggers for litigation in Ophthalmology Endophthalmitis after cataract surgery indexada nas bases de dados medline | embase | isi | SciELO Capa Oftal 73.6.indd 1 20/12/2010 19:12:36 1* 1** A Quinolona MAIS PRESCRITA O Anti-inflamatório de PRIMEIRA ESCOLHA2 *A potência anti-inflamatória local dos corticosteróides oculares deve ainda ser investigada completamente, previamente sugerindo o estudo que o acetato de prednisolona 1% tem maior efeito anti-inflamatório nas ceratites. **Acetato de Prednisolona 1% e dexametasona álcool 0.1% são os corticosteróides tópicos mais comuns usados para controlar a inflamação pós-operatória. Referências Bibliográficas: 1- M A Awan, P K Agarwal, D G Watson, Charles N J McGhee, G N Dutton. Penetration of topical and subconjunctival corticosteroids into human aqueous humour and its therapeutic significance. Br J Ophthalmol 2009 93: 708-713 originally published online March 16, 2009. doi: 10.1136/bjo.2008.154906. 2- Close_Up MAT JULHO/2010. Zypred® gatifloxacino 0,3%, acetato de prednisolona 1%. INDICAÇÕES: ZYPRED® é indicado para o tratamento de infecções oculares e tratamento e prevenção das infecções e inflamações oculares em pacientes submetidos à cirurgias oculares. CONTRAINDICAÇÕES- ZYPRED® é contraindicado em pacientes com história de hipersensibilidade ao gatifloxacino, a outras quinolonas ou a qualquer dos demais componentes do produto, e também em infecções oculares purulentas agudas, herpes simplex superficial aguda (ceratite dendrítica), vaccinia, varicela e muitas outras doenças virais da córnea e conjuntiva, tuberculose ocular e doenças fúngicas do olho. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES- ZYPRED® é de uso tópico ocular. Foi relatada a formação de catarata subcapsular posterior após o uso prolongado de corticosteroides oftálmicos tópicos. Os pacientes com história de ceratite por herpes simplex devem ser tratados com precaução. Nas doenças que causam afinamento de córnea podem ocorrer perfurações com o uso de esteroides tópicos. Em infecções oculares purulentas, o uso de esteroide tópico pode mascarar ou aumentar a infecção existente. O uso de medicamento esteroide em presença de herpes simplex requer precaução e deve ser acompanhado de freqüentes exames com microscópio com lâmpada de fenda. Como tem sido relatado o aparecimento de infecções fúngicas com o uso prolongado de esteroides tópicos, deve-se suspeitar de invasões fúngicas em qualquer ulceração da córnea, quando o esteroide foi usado ou está em uso. O uso de corticosteroides tópicos pode provocar o aumento da pressão intra-ocular em certos pacientes, o que pode ocasionar dano ao nervo óptico e falhas no campo visual. É aconselhável a monitorização freqüente da pressão intraocular. Assim como para outros antiinfecciosos, o uso prolongado do gatifloxacino pode resultar em superinfecção por microorganismos não sensíveis, incluindo fungos. Se ocorrer superinfecção o uso deve ser descontinuado e deve ser instituído tratamento alternativo. Sempre que o julgamento clínico indicar, o paciente deve ser submetido a exame com dispositivos de ampliação de imagem, tais como lâmpada de fenda, biomicroscopia e, se apropriada, coloração com fluoresceína. Os pacientes devem ser informados que ocorreram reações de hipersensibilidade mesmo após uma única dose, e que devem interromper o tratamento imediatamente e contatar o seu médico ao primeiro sinal de erupção cutânea ou de reações alérgicas. Gestação e Lactação: Categoria de risco na gravidez: C (FDA - USA). Não foram observados efeitos teratogênicos em estudos realizados em ratos ou coelhos após administração oral de gatifloxacino em doses de até 50 mg/kg/dia (aproximadamente 1.000 vezes maior do que a máxima dose recomendada para uso oftálmico). Não foram realizados estudos controlados com a prednisolona em gestantes. No entanto, os estudos experimentais mostraram que os corticoides, em geral, apresentam ação teratogênica em camundongos, tendo ocorrido aumento da incidência de fenda palatina nos animais tratados com aplicação tópica ocular repetida de corticosteroides. Considerando que não foram realizados estudos controlados em mulheres durante a gestação, ZYPRED® (gatifloxacino e prednisolona) deve ser utilizado durante a gravidez apenas se os potenciais benefícios para a mãe justificarem os potenciais riscos para o feto. Este medicamento não deve ser utilizado durante a gravidez sem orientação médica ou do cirurgião dentista. O gatifloxacino é excretado pelo leite em ratos, mas não se sabe se esta substância é excretada pelo leite humano. Não se sabe se a aplicação tópica ocular de corticosteroides resulta em absorção sistêmica de quantidades suficientes para serem detectadas no leite humano. Portanto, recomendase cautela ao administrar ZYPRED® a mulheres durante a lactação. Pacientes idosos Não foram observadas diferenças de eficácia e segurança entre pacientes idosos e de outras faixas etárias, de modo que não há recomendações especiais quanto ao uso em idosos. Pacientes pediátricos A segurança e eficácia de ZYPRED® não foram estabelecidas em pacientes pediátricos. Pacientes com insuficiência renal ou hepática: ZYPRED® não foi estudado em pacientes com mau funcionamento dos rins ou do fígado e, portanto deve ser utilizado com cautela nesses pacientes. Pacientes diabéticos: Foi realizado um estudo aberto, comparativo, prospectivo, longitudinal, para avaliar a eficácia e segurança da combinação fixa de gatifloxacino a 0,3% + acetato de prednisolona a 1,0% em pacientes diabéticos. Ao terminar o estudo, o uso da combinação fixa de gatifloxacino + prednisolona permitiu uma redução do crescimento de bactérias em 27,3% em comparação com 22,7% permitido pelo uso o ciprofloxacino + prednisolona. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS- Não foram realizados estudos específicos de interações medicamentosas com ZYPRED® Entretanto, a administração sistêmica de algumas quinolonas produziu aumento das concentrações plasmáticas de teofilina, interferiu com o metabolismo da cafeína e aumentou os efeitos do anticoagulante oral varfarina e seus derivados, e foi associada com aumentos transitórios da creatinina sérica em pacientes tratados concomitantemente com ciclosporina sistêmica. Não são conhecidas interações do uso da prednisolona tópica oftálmica com outras substâncias. POSOLOGIA E MODO DE USAR- A suspensão já vem pronta para uso. Agite o frasco antes de usar. Este medicamento é de uso tópico ocular. Não encoste a ponta do frasco nos olhos, nos dedos e nem em outra superfície qualquer, para evitar a contaminação do frasco e do colírio. A dose usual para o tratamento das infecções oculares é de 1 gota aplicada no(s) olho(s) afetado(s), quatro vezes ao dia por até 7 dias. A dose usual para a prevenção e tratamento de infecção e inflamação no uso pós-cirúrgico ocular é de 1 gota aplicada no(s) olho(s) afetado(s), quatro vezes ao dia por até 15 dias.Entretanto, devido a diferenças de infecções o tempo de tratamento poderá ser modificado a critério médico. REAÇÕES ADVERSAS- As reações adversas oculares relatadas mais comumente com ZYPRED® (gatifloxacino e prednisolona), por ordem de frequência foram: Reação muito comum (>10%): ardor, irritação ocular, prurido e dor ocular. Reação comum (>1% e <10%): embaçamento / visão turva, desconforto ocular, lacrimejamento, sensação de corpo estranho, olho seco, irritação conjuntival, ceratite e conjuntivite papilar. Outras reações relatadas que ocorreram em aproximadamente 1 a 4% da população dos estudos foram: quemose, hemorragia conjuntival, olho seco, secreção ocular, irritação ocular, dor ocular, edema palpebral, cefaleia, vermelhidão ocular, diminuição da acuidade visual e alterações do paladar. Pela presença de prednisolona na composição do produto, podem ocorrer ardor intenso, prurido intenso, inchaço ou vermelhidão das pálpebras. Durante os estudos clínicos realizados com ZYPRED® nenhum sujeito de pesquisa abandou o tratamento em decorrência das reações adversas apresentadas. Este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso, notifique os eventos adversos pelo Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária -NOTIVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.” 10. SUPERDOSE: É pouco provável a ocorrência de superdose com o uso de ZYPRED® (gatifloxacino e prednisolona) já que um frasco de 6 ml de ZYPRED® suspensão oftálmica contém uma quantidade de gatifloxacino e de prednisolona significativamente menor que a dose diária indicada, respectivamente, para o gatifloxacino e prednisolona administrados por via oral. Se for ingerido acidentalmente ou intencionalmente, indica-se a ingestão abundante de líquido para diluir. Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações. Reg. ANVISA/MS 1.0147.0175 Farm. Resp.: Dra. Flávia Regina Pegorer CRF-SP nº 18.150. Allergan Produtos Farmacêuticos LTDA .Av. Guarulhos, 3272 - CEP 07030-000 Guarulhos - SP. CNPJ 43.426.626/0009-24 Indústria Brasileira - ® Marca Registrada. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA www.allergan.com.br BR/0055/2010 Data: 16/SET/2010 Lubrificantes Oculares Uma gota de alívio no seu dia-a-dia. NOVO! A linha de lubrificantes Adaptis traz alívio para a irritação ocular do dia-a-dia, causada pelo uso excessivo de monitores, poluentes e outros agentes. Existe um Adaptis ideal para cada caso: 0,5% e 1,0% – carboximetilcelulose de sódio 5,0 e 10,0 mg – hialuronato sódico 4 mg – ácido poliacrílico 2 mg Adaptis 0,5%: Reg. ANVISA N° 80192010033 Adaptis 1%: Reg. ANVISA N° 80192010033 Adaptis Fresh: Reg. ANVISA N° 80192010032 Adaptis Gel: Reg. ANVISA N° 80192010034 ADA_0008_anúncio 01.indd 1 [email protected] www.adaptltda.com.br 11/6/2010 16:45:40 4993-ANUNCIO ALREX 4:Layout 1 29.10.10 10:42 Página 1 Na Conjuntivite Alérgica Sazonal In fla P mia e r pe bia Hi o tof Fo dor Ar rido ru mação Mire na inflamação e trate todos os sintomas com Alrex ® ALREX® etabonato de loteprednol 2,0 mg/mL, INDICAÇÕES: É indicado para o alívio temporário dos sinais e sintomas da conjuntivite alérgica sazonal. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Deve ser agitado vigorosamente antes de usar. Manter ao abrigo da luz e umidade. Armazenar na posição vertical. Conservar em temperatura ambiente inferior a 25ºC. Não congelar. Evitar tocar a ponta do frasco conta-gotas para reduzir os riscos de contaminação do produto. Este medicamento, depois de aberto, somente poderá ser consumido em 28 dias. Os usuários de lentes de contato devem remover as lentes antes da aplicação do produto,e aguardar 10 minutos antes de recolocá-las.Este medicamento é contra-indicado na faixa etária infantil. REAÇÕES ADVERSAS: Incluem elevação da pressão intraocular, associada ou não com lesão do nervo óptico,diminuição ou perda da acuidade e do campo visual, formação de catarata subcapsular posterior, infecção ocular secundária por patógenos, incluindo herpes simples, e perfuração do globo ocular quando há afilamento da córnea e/ou esclera. Reações adversas oculares ocorrem em 5 a 15% dos pacientes em estudos clínicos incluindo embaçamento e visão anormal, queimação na instilação, quemoses, secreção, olho seco, epífora, sensação de corpo estranho, prurido, injeção e fotofobia. Outras reações adversas oculares ocorreram em 5% dos pacientes incluíram conjuntivite, anormalidades corneanas, eritema das pálpebras, ceratoconjuntivite, irritação/dor/desconforto ocular, papilar e uveíte. Reações adversas não oculares ocorreram em menos de 15% dos pacientes, e incluíram cefaléia, rinite e faringite. POSOLOGIA: Salvo prescrição contrária, aplicar uma gota no saco conjuntival quatro vezes ao dia. CONTRA-INDICAÇÕES: É um corticosteróide oftálmico contraindicado na maioria das enfermidades virais da córnea e da conjuntiva, incluindo ceratite epitelial por herpes simples, vacíniaevaricela,etambémeminfecçõesocularespormicobactériasedoençasmicóticas dasestruturasoculares. Hipersensibilidade aumdoscomponentes dafórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas interações medicamentosas no uso indicado (tópico ocular) VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. MS - 1.1961.0005 Impresso em Novembro/2010 5150 - Anuncio pagina simples zylet:Layout 2 17.09.10 14:12 Página 1 RESGATE confiável INDICAÇÕES:Zylet é indicado para condições oculares inflamatórias sensíveis a esteróides para as quais um corticosteróide é indicado e quando exista infecção ocular bacteriana superficial ou risco de infecção ocular bacteriana.Os esteróides oculares são indicados em condições inflamatórias da conjuntiva bulbar e palpebral, córnea e segmento anterior do globo ocular como conjuntivite alérgica,acne rosácea,ceratite puntata superficial, ceratite por herpes zoster, irite,ciclite e quando o risco inerente do uso de esteróides em determinadas conjuntivites infecciosas é aceito para se obter a diminuição do edema e da inflamação.Também é indicado em uveíte anterior crônica e ferimentos da córnea por queimaduras térmicas,por radiação ou químicas,ou penetração de corpos estranhos.O uso de um medicamento combinado com um componente antibiótico é indicado quando o risco deinfecçãoocularsuperficialéaltoouquandoháumaexpectativaqueumpotencialnúmerodebactériasperigosasestarápresentenoolho.Oantibióticopresentenesteproduto(tobramicina)éativocontraosseguintespatógenosbacterianoscomuns:estafilococos,incluindoS.aureuseS.epidermidis (coagulase positiva e coagulase negativa), incluindo cepas penicilina-resistentes; estreptococos, incluindo algumas espécies do Grupo A-beta-hemolítico, algumas espécies não hemolíticas e alguns Streptococus pneumoniae; Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebisella pneumoniae, Enterobacteraerogenes,Proteusmirabilis,Morganella morganii, amaioria dascepasdeProteusvulgaris,HaemophilusinfluenzaeeH.aegyptius,Moraxella lacunata,AcinetobactercalcoacetiusealgumasespéciesdeNeisseria.CUIDADOSEADVERTÊNCIAS:Conservaroprodutoemtemperaturaambiente. Nãocongelar. Consumir em28diasapósaberto.Nãodeixarogotejadortocarqualquersuperfície,pois istopodecontaminarasuspensão.Nãousarlentesdecontatogelatinosas.Ousoprolongadodecorticosteróidespoderesultaremglaucomacomdanoaonervoóptico,problemasnaacuidadevisual enoscamposdevisão,formaçãodecataratasubcapsularposterior, podesuprimir arespostaimunológicaeassim aumentaroriscodeinfecçõesocularessecundárias.Osesteróidesdevemserusadoscomcautela napresençadeglaucoma.Sensibilidadeàaplicaçãotópicadeaminoglicosídeospode ocorreremalgunspacientes.Seocorreremreaçõesdesensibilidade,descontinuarouso.Nasdoençascomafilamentodaescleraoudacórneapodemocorrerperfuraçõescomousodeesteróidestópicos.Emcondiçõespurulentasagudasdoolho,osesteróidespodemmascararoquadroouagravar ainfecçãopré-existente.Ousodeesteróidesocularespodeprolongarocursoeexacerbaraseveridadedediversasinfecçõesvirais doolho(incluindoherpessimples).Autilizaçãodecorticosteróidesnotratamentodepacientescomhistória deherpessimplesrequermuitacautela.Ousodeesteróides apóscirurgia dacataratapoderetardaracicatrizaçãoeaumentaraincidência deformaçãodepústulas.REAÇÕESADVERSAS:Incluemceratitepuntatasuperficial, aumentodapressãointra-ocular, queimaçãoeardência apósinstilação,distúrbiosdavisão,erupção,prurido,distúrbiosdelacrimejamento, fotofobia,depósitos corneanos,desconforto ocular, distúrbios na pálpebra e outros distúrbios inespecíficos do olho.O evento adverso não ocular relatado foi dor de cabeça.POSOLOGIA:Aplique uma ou duas gotas de Zylet no saco conjuntival do(s) olho(s) afetado(s) a cada 4 a 6 horas.Durante as primeiras 24 a 48 horas,a dosagem deve ser aumentada para cada 1 ou 2 horas.A freqüência deve ser gradualmente diminuída quando houver garantia de melhora dos sintomas clínicos.Reg.MS - 1.1961.0016 - VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. CONTRA-INDICAÇÕES: Na maioria das doenças virais da córnea e conjuntiva incluindo ceratite epitelial por herpes simples (ceratite dendrítica),vacínia e varicela,infecções micobacterianas e doenças fúngicas das estruturas oculares e também em indivíduos com hipersensibilidade conhecida ou suspeita a algum dos ingredientes da fórmula ou a outros corticosteróides.INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas no uso indicado (tópico ocular). Material destinado exclusivamente à classe médica Agosto/2010 Indicado para os casos de inflamação da superfície ocular associados à profilaxia ou tratamento da infecção bacteriana. an.Lacrifilm 21X28_mau.pdf C M Y CM MY CY CMY K 6/19/09 6:44:10 PM Venha para Porto Alegre viver este evento! XXXVI 5 A 8 DE SETEMBRO DE 2011 • P O RTO A L E G R E • FIERGS INFORMAÇÕES www.cbo2011.com.br ORGANIZAÇÃO Conselho Brasileiro de Oftalmologia WHOIZ DESIGN+IDENTIDADE CONGRESSO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA GERENCIAMENTO [email protected] www.ccmeventos.com.br 51 3028 3878 fone 51 3028 3879 fax PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) Publicação ininterrupta desde 1938 ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) CODEN - AQBOAP Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 6, p. 483-568, nov./dez. 2010 C ONSELHO A DMINISTRATIVO E DITOR -C HEFE Paulo Augusto de Arruda Mello Harley E. A. Bicas Roberto Lorens Marback Rubens Belfort Jr. Wallace Chamon Wallace Chamon E DITORES A SSOCIADOS E DITORES A NTERIORES Waldemar Belfort Mattos Rubens Belfort Mattos Rubens Belfort Jr. Harley E. A. Bicas Augusto Paranhos Jr. Carlos Ramos de Souza Dias Eduardo Melani Rocha Eduardo Sone Soriano Haroldo Vieira de Moraes Jr. José Álvaro Pereira Gomes Mário Luiz Ribeiro Monteiro Michel Eid Farah Paulo Schor Sérgio Felberg Suzana Matayoshi C ONSELHO E DITORIAL N ACIONAL Áisa Haidar Lani (Campo Grande-MS) Ana Luísa Höfling-Lima (São Paulo-SP) André Augusto Homsi Jorge (Ribeirão Preto-SP) André Messias (Ribeirão Preto-SP) Antonio Augusto Velasco e Cruz (Ribeirão Preto-SP) Arnaldo Furman Bordon (São Paulo-SP) Ayrton Roberto B. Ramos (Florianópolis-SC) Breno Barth (Natal-RN) Carlos Roberto Neufeld (São Paulo-SP) Carlos Teixeira Brandt (Recife-PE) Cristina Muccioli (São Paulo-SP) Denise de Freitas (São Paulo-SP) Eduardo Cunha de Souza (São Paulo-SP) Eduardo Ferrari Marback (Salvador-BA) Enyr Saran Arcieri (Uberlândia-MG) Érika Hoyama (Londrina-PR) Fábio Ejzenbaum (São Paulo-SP) Fábio Henrique C. Casanova (São Paulo-SP) Fausto Uno (São Paulo-SP) Flávio Jaime da Rocha (Uberlândia-MG) Galton Carvalho Vasconcelos (Belo Horizonte-MG) Ivan Maynart Tavares (São Paulo-SP) Jair Giampani Jr. (Cuiabá-MT) Jayter Silva de Paula (Ribeirão Preto-SP) João Borges Fortes Filho (Porto Alegre-RS) João Carlos de Miranda Gonçalves (São Paulo-SP) João J. Nassaralla Jr. (Goiânia-GO) João Luiz Lobo Ferreira (Florianópolis-SC) José Américo Bonatti (São Paulo-SP) José Augusto Alves Ottaiano (Marília-SP) José Beniz Neto (Goiânia-GO) José Paulo Cabral Vasconcellos (Campinas-SP) Keila Miriam Monteiro de Carvalho (Campinas-SP) Luís Paves (São Paulo-SP) Luiz V. Rizzo (São Paulo-SP) Marcelo Francisco Gaal Vadas (São Paulo-SP) Marcelo Jordão Lopes da Silva (Ribeirão Preto-SP) Marcelo Vieira Netto (São Paulo-SP) Maria Cristina Nishiwaki Dantas (São Paulo-SP) Maria de Lourdes V. Rodrigues (Ribeirão Preto-SP) Maria Rosa Bet de Moraes e Silva (Botucatu-SP) Marinho Jorge Scarpi (São Paulo-SP) Marlon Moraes Ibrahim (Franca-SP) Martha Maria Motono Chojniak (São Paulo-SP) Maurício Maia (Assis-SP) Mauro Campos (São Paulo-SP) Mauro Goldchmit (São Paulo-SP) Mauro Waiswol (São Paulo-SP) Midori Hentona Osaki (São Paulo-SP) Milton Ruiz Alves (São Paulo-SP) Mônica Fialho Cronemberger (São Paulo-SP) Moysés Eduardo Zajdenweber (Rio de Janeiro-RJ) Newton Kara-José Júnior (São Paulo-SP) Norma Allemann (São Paulo-SP) Norma Helen Medina (São Paulo-SP) Paulo E. Correa Dantas (São Paulo-SP) Paulo Ricardo de Oliveira (Goiânia-GO) Procópio Miguel dos Santos (Brasília-DF) Renato Curi (Rio de Janeiro-RJ) Roberto L. Marback (Salvador-BA) Roberto Pedrosa Galvão Fº (Recife-PE) Roberto Pinto Coelho (Ribeirão Preto-SP) Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira (Recife-PE) Rosane da Cruz Ferreira (Porto Alegre-RS) Rubens Belfort Jr. (São Paulo-SP) Sérgio Kwitko (Porto Alegre-RS) Sidney Júlio de Faria e Souza (Ribeirão Preto-SP) Silvana Artioli Schellini (Botucatu-SP) Suel Abujamra (São Paulo-SP) Tomás Fernando S. Mendonça (São Paulo-SP) Vera Lúcia D. Monte Mascaro (São Paulo-SP) Walter Yukihiko Takahashi (São Paulo-SP) I NTERNACIONAL Alan B. Scott (E.U.A.) Andrew Lee (E.U.A.) Baruch D. Kuppermann (E.U.A.) Bradley Straatsma (E.U.A.) Careen Lowder (E.U.A.) Cristian Luco (Chile) Emílio Dodds (Argentina) Fernando M. M. Falcão-Reis (Portugal) Fernando Prieto Díaz (Argentina) James Augsburger (E.U.A.) José Carlos Cunha Vaz (Portugal) José C. Pastor Jimeno (Espanha) Marcelo Teixeira Nicolela (Canadá) Maria Amélia Ferreira (Portugal) Maria Estela Arroyo-Illanes (México) Miguel N. Burnier Jr. (Canadá) Pilar Gomez de Liaño (Espanha) Richard L. Abbott (E.U.A.) Zélia Maria da Silva Corrêa (E.U.A.) ABO – ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA • PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA (CBO) Redação: Novo endereço: R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia - São Paulo - SP - CEP 04546-004 Fone: (55 11) 3266-4000 - Fax: (55 11) 3171-0953 - E-mail: [email protected] - Home-page: www.abonet.com.br A SSINATURAS - B RASIL : Membros do CBO: Distribuição gratuita. Não Membros: Assinatura anual: R$ 440,00 Fascículos avulsos: R$ 80,00 Foreign: Annual subscription: US$ 200.00 Single issue: US$ 40.00 Publicação: Divulgação: Tiragem: Expediente.pmd Ipsis Gráfica e Editora S.A. Conselho Brasileiro de Oftalmologia 7.700 exemplares 483 Editor: Wallace Chamon Gerente Comercial: Mauro Nishi Secretaria Executiva: Claudete N. Moral Claudia Moral Revisão Final: Paulo Mitsuru Imamura Editoria Técnica: Edna Terezinha Rother Maria Elisa Rangel Braga Capa: Ipsis Imagem da capa: Fotografia obtida com HRA Spectralis utilizando filtro aneritra em paciente com membrana epirretiniana. Foram feitas apenas correções da curva e nitidez, com software Adobe Lightroom 3.0. Autor da Fotografia: Ricardo Fernandes - Tecnologo Retina Clinic e UNIFESP. 20/12/2010, 11:15 PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) • ABO Arquivos Brasileiros de Oftalmologia www.abonet.com.br www.freemedicaljournals.com www.scielo.org www.periodicos.capes.gov.br • Copernicus www.copernicusmarketing.com www.scirus.com • LILACS Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde • ISI Web of Knowledge (SM) • MEDLINE D IRETORIA DO CBO - 2009-2011 Paulo Augusto de Arruda Mello (Presidente) Marco Antônio Rey de Faria (Vice-Presidente) Fabíola Mansur de Carvalho (1º Secretário) Nilo Holzchuh (Secretário Geral) Mauro Nishi (Tesoureiro) S OCIEDADES F ILIADAS AO C ONSELHO B RASILEIRO DE O FTALMOLOGIA P RESIDENTES E SEUS RESPECTIVOS Centro Brasileiro de Estrabismo Galton Carvalho Vasconcelos Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia Mário Ursulino M. Carvalho Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intra-Oculares Leonardo Akaishi Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular Suzana Matayoshi Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa Newton Leitão de Andrade Sociedade Brasileira de Ecografia em Oftalmologia Norma Allemann Sociedade Brasileira de Glaucoma João Antônio Prata Junior Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia em Oftalmologia Maria Regina Catai Chalita Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria Tania Mara Cunha Schaefer Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica Célia Regina Nakanami Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia Renato Luiz Gonzaga Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo Mario Martins dos Santos Motta Sociedade Brasileira de Trauma Ocular Nilva Simeren Bueno Moraes Sociedade Brasileira de Uveítes Moyses Eduardo Zajdenweber Sociedade Brasileira de Visão Subnormal Alexandre Costa Lima Azevedo Apoio: Expediente.pmd 484 20/12/2010, 11:15 PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 6, p. 483-568, nov./dez. 2010 SUMÁRIO | CONTENTS E DITORIAL | EDITORIAL 487 Funcionamento e desempenho do sistema de Revisão por Pares Operation and performance of the Peer-Review system Haroldo Vieira Moraes Jr., Eduardo Melani Rocha, Wallace Chamon N OMINATA | 489 L IST OF REVIEWERS Reconhecimento dos Revisores “ad hoc” ativos durante o ano de 2010 Recognition of active “ad hoc” reviewers during the year 2010 Wallace Chamon A RTIGOS O RIGINAIS 491 | ORIGINAL A RTICLES Influência da correção cirúrgica da catarata na percepção laborativa Influence of cataract surgical correction on working perception Newton Kara-Junior, Marcony Rodrigues Santhiago, Tais Renata Ribeiro Parede, Rodrigo França Espindola, Maysa Godoy Gomes Mazurek, Renato Germano, Newton Kara-Jose 494 Evolução e viabilização de um centro cirúrgico ambulatorial para cirurgias de catarata em larga escala em um hospital universitário Evolution and viability of an outpatient surgery center for cataract surgery on a large scale in a university hospital Newton Kara-Junior, Rodrigo França de Espíndola 497 Glaucoma anterior chamber morphometry based on optical Scheimpflug images Morfometria da câmara anterior no glaucoma avaliada pelas imagens de Scheimpflug Ruiz Simonato Alonso, Renato Ambrósio Junior, Augusto Paranhos Junior, Lisandro Massanori Sakata, Marcelo Palis Ventura 501 Processos judiciais em oftalmologia: análise de possíveis fatores desencadeantes Litigation in ophthalmology: analysis of possible triggers Wellington Santos, Helena Parente Solari, Marcelo Palis Ventura 505 Incidence of endophthalmitis after cataract surgery (2002-2008) at a Brazilian university-hospital Incidência de endoftalmite após cirurgia de catarata (2002-2008) num hospital universitário brasileiro Gustavo Barreto Melo, Paulo José Martins Bispo, Caio Vinícius Saito Regatieri, Maria Cecília Zorat Yu, Antônio Carlos Campos Pignatari, Ana Luisa Höfling-Lima 508 Effect of bevel position on the corneal endothelium after phacoemulsification Efeito da posição do bisel da caneta de facoemulsificação no endotélio corneano Eduardo Raskin, Jayter Silva Paula, Antonio Augusto Velasco Cruz, Roberto Pinto Coelho Sumario.pmd 485 22/12/2010, 11:56 511 New comparative clinical and biometric findings between acute primary angle-closure and glaucomatous eyes with narrow angle Novos achados comparativos clínicos e biométricos entre olhos com fechamento angular primário agudo e olhos glaucomatosos com seio camerular estreito Rafael Vidal Mérula, Sebastião Cronemberger, Alberto Diniz Filho, Nassim Calixto 517 Programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON: resultados do Hospital de Olhos do Paraná CBO/ALCON teaching method of phacoemulsification: results of Hospital de Olhos do Paraná Ana Flávia de Castro Fischer, Eduardo Machado Estevão Pires, Fernando Klein, Otávio Siqueira Bisneto, Eduardo Sone Soriano, Hamilton Moreira 521 O impacto da visão monocular congênita versus adquirida na qualidade de visão autorrelatada Impact of congenital versus acquired monocular vision as self-reported vision Marcelo Caram Ribeiro Fernandes, Guilherme Pellizzer Marin, Antonio Brunno Vieira Nepomucen, Fábio Marques do Nascimento, Eduardo Melani Rocha 526 Descrição do desenvolvimento neuropsicomotor e visual de crianças com deficiência visual Description of the neuropsychomotor and visual development of visually impaired children Telma de Araujo Souza, Vivian Estevam de Souza, Marcia Caires Bestilleiro Lopes, Silvia Prado Smit Kitadai R ELATOS 531 DE C ASOS | C ASE R EPORTS Dupla membrana de Descemet após ceratoplastia penetrante - abordagem cirúrgica durante a facoemulsificação: relato de caso Double Descemet’s membrane after penetrating keratoplasty - surgical approach during phacoemulsification: case report Eduardo Marback, Cristine Libório de Melo 534 Fibrohistiocitoma conjuntival simulando pterígio atípico na região amazônica: relato de caso Conjunctival fibrous histiocytoma simulating atipical pterygium in the Amazon region: case report Roberto Murillo Limongi de Souza Carvalho, Alexandre Taleb, Giulianna Limongi de Souza Carvalho, Marcos Ávila 537 Optic neuropathy secondary to cat scratch disease: case report Neuropatia óptica secundária a doença da arranhadura do gato: relato de caso Ricardo Evangelista Marrocos de Aragão, Régia Maria Gondim Ramos, Andreya Ferreira Rodrigues Bezerra, Roberto Briand Cavalcanti Júnior, Thiago Leite Albuquerque 539 Necrose de canto medial associado a hanseníase virchowiana: relato de caso Medial canthus necrosis associated with Hansen’s disease: case report Leiser Franco, Giulianna Limongi de Souza Carvalho, Haroldo Maciel Carneiro, Sebastião Alves Pinto, Roberto Murillo Limongi de Souza Carvalho A TUALIZAÇÃO C ONTINUADA 541 | CURRENT U PDATE Uso de células-tronco cultivadas ex vivo na reconstrução da superfície ocular Use of stem cells cultured ex vivo for ocular surface reconstruction José Reinaldo da Silva Ricardo, José Alvaro Pereira Gomes 548 Imunologia da retinocoroidite toxoplásmica Immunology of the toxoplasmic retinochoroiditis Cynthia Azeredo Cordeiro, Paula Rocha Moreira, Walderez Ornelas Dutra, Lucy Young, Wesley Ribeiro Campos, Fernando Oréfice, Antônio Lúcio Teixeira Júnior 5 5 3 I NSTRUÇÕES PARA OS 5 5 5 Í NDICE V . 73 - 2010 Sumario.pmd 486 A UTORES | I NSTRUCTIONS TO A UTHORS | I NDEX V . 73 - 2010 22/12/2010, 11:56 E DITORIAL | EDITORIAL Funcionamento e desempenho do sistema de Revisão por Pares Operation and performance of the Peer-Review system Haroldo Vieira Moraes Jr., Eduardo Melani Rocha, Wallace Chamon A revisão de manuscritos por especialistas no tema, e as sugestões deles incorporadas no trabalho ou usadas para rejeitá-los é chamada de revisão por pares (“peer-review system”). Esse recurso é usado de maneira regular desde o início do século XVIII, pela Medical Essays and Observations, de Edimburgo, Escócia e tem a sua efetividade reavaliada periodicamente(1). O sistema já foi definido como “uma negociação entre um autor e uma publicação acerca do âmbito de conhecimento que finalmente surgirão impressas”(2) ou como “uma avaliação, por peritos, da qualidade e pertinência da investigação de outros peritos do mesmo campo”(3). O sistema, também chamado de arbitragem científica, é considerado um dos pilares fundamentais da ciência, usado também para concessão de verbas para pesquisa e prêmios ou honrarias para pesquisadores. Na década de 80, do século XX, ele passou a ser parte da maioria das agências de fomento e revistas biomédicas do mundo. Dois fatores principais contribuíram para a sua incorporação formal no processo de publicação científica: o crescimento exponencial do número de artigos submetidos, e sua crescente especialização, fenômenos observados também no Brasil e já comentados nos ABO, anteriormente(4-5). Curiosamente, esse crescimento também demonstrou algumas fraquezas do sistema(6). Alguns estudos abordaram a fragilidade do processo de revisão por pares, mas poucos têm oferecido alternativas razoáveis ao modelo(7). As críticas estão relacionadas a diversos pontos; como o tempo gasto no processo, o cerceamento da liberdade do leitor de fazer sua crítica completa e pessoal, além do inevitável viés dos revisores. Naturalmente, a revisão por pares também não é suficiente para evitar a fraude que, para ser combatida, sempre necessitará de ferramentas mais sofisticadas e, principalmente, da análise crítica dos leitores. A maneira como o sistema é usado pode variar. Revistas prestigiadas como New England Journal of Medicine, The Lancet e outras aceitam entre 6 a 10% dos manuscritos submetidos. Algumas rejeitam até 50% dos artigos submetidos de imediato, por meio de revisões técnicas, não levando ao conhecimento de revisores especialistas na área, outras chegam a cobrar taxas apenas para fazer a análise, mesmo que acabe numa rápida rejeição do material, sem direito a reembolso. Na maioria das revistas, os revisores têm conhecimento de quem são os autores, no entanto, o anonimato do revisor normalmente só é quebrado se este assim o desejar. Como já observado pelo Prof. Harley Bicas, em editorial sobre rejeição de manuscritos, a decisão de rejeitar não é fácil de ser tomada, é passível de erro e a intenção dos ABO, ao tomar essa decisão é o melhor beneficio do leitor, procurando ser educativa para autores(8). Erros no processo de avaliação ocorrem dos dois lados, prova disso é que dentre as causas de rejeição ou pendência na literatura científica médica a inadequação da metodologia estatística é apontada como uma das mais freqüentes. Revistas importantes como Nature Medicine, chegaram a apresentar erros estatísticos em até 38% dos artigos publicados (9-10). Neste contexto, programas de apoio à capacitação de autores e revisores científicos têm sido oferecidos pelos ABO nos Congressos Brasileiros, nos últimos anos. Os ABO agradecem anualmente os seus revisores e depositam neles a perspectiva de evolução e participação na sua qualidade(11). Boas orientações para a execução dessa árdua e anônima tarefa existem na literatura(12). Algumas análises bibliométricas indicam que manuscritos enviados a dois ou mais revisores geralmente não obtêm concordância, sobre a qualidade do trabalho, maior do que seria ao acaso(13). Por outro lado, a priorização dada por revisores, publicando apenas manuscritos considerados “excelentes”, elevaria consideravelmente o fator de impacto da revista, devolvendo a responsabilidade sobre a qualidade ao autor, que envia os seus melhores manuscritos, e aos revisores que avaliam cuidadosa e rapidamente o que recebem. Na literatura internacional, o destino dos trabalhos rejeitados é a publicação em revistas de menor impacto, cerca de 18 meses após o envio inicial(14). Nos ABO é observado que muitos autores com artigos pendentes não voltam a enviar o artigo com as revisões feitas ou argumentos para não atender ao pedido do revisor. Nesse casos, o trabalho fica interrompido unilateralmente, faltando dos autores uma satisfação ao empenho da revista em contribuir com a melhora do manuscrito. O desfecho desejado seria atender aos questionamentos, enviar uma réplica aos editores ou abdicar Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 487-8 Editorial 73(6).pmd 487 22/12/2010, 11:59 487 F UNCIONAMENTO E DESEMPENHO DO SISTEMA DE R EVISÃO POR P ARES da intenção de publicação. Recentemente a política editorial dos ABO passou a excluir trabalhos pendentes com o autor por mais de três meses. Em resumo, o trabalho de revisão por pares é sujeito a críticas, que devem ser levadas pelos autores, editores e revisores, para aperfeiçoamento do sistema. O sistema, por sua vez deve persistir, pois ainda é a melhor maneira de assegurar que a boa informação científica chegue aos leitores, até que uma alternativa melhor seja comprovada. REFERÊNCIAS 1. Benos DJ, Bashari E, Chaves JM, Gaggar A, Kapoor N, LaFrance M, et al. The ups and downs of peer review. Adv Physiol Educ. 2007;31(2):145-52. 2. Goodman SN, Berlin J, Fletcher SW, Fletcher RH. Manuscript quality before and after peer review and editing at Annals of Internal Medicine. Ann Intern Med. 121(1):11-21, 1994. Comment in: Ann Intern Med. 1994;121()1):60-1. 3. Gitanjali B. Peer review - process, perspectives and the path ahead. J Postgrad Med. 2001;47(3):210-4. 4. Bicas HE, Dantas PE, Campos M, Muccioli C, Moral C. Sobre a editoração científica no Brasil e seu crescimento. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2008 [citado 2009 Jul 13];71(3):309. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abo/v71n3/ a01v71n3.pdf 5. Moraes Jr HV. Reflexões sobre bioética. Arq Bras Oftalmol. 1997;60:661-2. 6. Gallagher R. Taking on peer review. The Scientist. 2006;20(2):13. 488 Editorial 73(6).pmd 7. Turner L. Promoting F.A.I.T.H. in peer review: five core attributes of effective peer review. J Acad Ethics. 2003;1(2):181-8. 8. Bicas HEA. Sobre rejeições de trabalhos encaminhados à publicação. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(3):283-4. 9. Statistically significant. Nat Med. 2005;11(1):1. 10. McCook A. Is peer review broken? The Scientist. 2006;20(2): 26-34. 11. Muccioli C, Campos M, Goldchmit M, Dantas PEC, Bechara SJ, Costa VP. Revisão de artigos científicos: privilégio para poucos; benefício para todos. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2006 [citado 2010 Jun 12];69(1):5. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/abo/v69n1/27714.pdf 12. Turka LA. After further review. J Clin Invest. 2009;119(5):1057. 13. Rothwell PM, Martyn CN. Reproducibility of peer review in clinical neuroscience. Is agreement between reviewers any greater than would be expected by chance alone? Brain. 2000;123(Pt 9):1964-9. 14. Ray J, Berkwits M, Davidoff F. The fate of manuscripts rejected by a general medical journal. Am J Med. 2000;109(2):131-5. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 487-8 488 22/12/2010, 11:59 N OMINATA | L IST OF REVIEWERS Reconhecimento dos Revisores “ad hoc” ativos durante o ano de 2010 Recognition of active “ad hoc” reviewers during the year 2010 WALLACE CHAMON O processo de revisão por pares assegura a qualidade das publicações científicas e é condição “sine qua non” para o reconhecimento de um periódico. Esse processo se inicia pelo incansável trabalho dos revisores, que disponibilizam, gratuitamente, horas de trabalho altamente especializado na revisão e aprimoramento dos manuscritos enviados para publicação. Após a avaliação inicial dos Editores, os manuscritos enviados para os ABO são revisados por membros do seu Conselho Editorial e revisores “ad hoc”. Na estrutura de um periódico científico os revisores “ad hoc” são promovidos a membros do Conselho Editorial após o seu amadurecimento e demonstração do valor das suas avaliações. Até que essa promoção ocorra, esses revisores ficam anônimos, sendo reconhecidos ao final do ano com a publicação dos seus nomes. Com a implantação do novo sistema de envio de manuscritos, os ABO serão capazes de avaliar mais adequadamente a dedicação dos seus colaboradores durante o próximo ano e reformularão o seu Conselho Editorial no ano seguinte. Espero que possamos contar com alguns desses incansáveis revisores nesse Conselho. Por enquanto, fica aqui o nosso agradecimento aos revisores que colaboraram com os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia em 2010. Muito obrigado, Wallace Chamon REVISORES “AD HOC” ATIVOS DURANTE O ANO DE 2010: Acácio Alves de Souza Lima Filho Adriana Santos Forseto Amélia Kamegasawa Ana Estela Besteti Pires Ponce Sant’Anna André Okanobo Andréia Peltier Urbano Angelino Júlio Cariello Augusto de Queirós Duarte Bruno Castelo Branco Carlos Alexandre de Amorim Garcia Filho Carlos Eduardo Leite Arieta Célia Simões C. de Oliveira Sathler Cintia Sade de Paiva Cláudia Shiratori de Oliveira Consuelo Bueno Diniz Adan Denise de Vuono Chinzon Denise Fornazari de Oliveira Diane Ruschel Marinho Edison João Geraissate Filho Edmea Rita Temporini Edson Procianoy Eduardo Buchelle Rodrigues Eduardo Cunha de Souza Eric Pinheiro de Andrade Fabiano Cade Felício Aristóteles da Silva Fernando Cançado Trindade Fernando César Abib Flávia Augusta Attié de Castro Flávio Eduardo Hirai Francisco Assis Cordeiro Barbosa Francisco Eduardo Lopes de Lima Frederico Castelo Moura Gustavo Castro de Oliveira Helia Soares Angotti Hélio Angotti-Neto Italo Mundialino Marcon Jackson Barreto Júnior João Antonio Prata Júnior Joaquim Pereira Paes José Byron Vicente Dias Fernandes Joyce Hisae Yamamoto Juliana Maria Ferraz Sallum Leonardo Provetti Cunha Leopoldo Magacho Lineu Shiroma Lisandro Massanori Sakata Luciane Bugman Moreira Luciene Barbosa de Sousa Luís Alberto Carvalho Luís Antonio Vieira Luís Carlos Ferreira de Sá Luís Eduardo Morato Rebouças de Carvalho Luiz Carlos Molinari Gomes Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 489-90 Nominata.pmd 489 20/12/2010, 11:21 489 R ECONHECIMENTO DOS R EVISORES “ AD HOC ” ATIVOS DURANTE O ANO DE Luiz Henrique Soares Gonçalves Lima Luiz Vicente Rizzo Magno Antonio Ferreira Marcelo Hatanaka Marcos Carvalho da Cunha Maria de Lourdes Motta Moreira Villas Boas Maria Emília Xavier dos Santos Araujo Marisa Zamora Kattah Mariza Aparecida Polati Maurício Bastos Pereira Maurício Della Paolera Mauro Nishi Milton Nunes de Moraes Filho Milton Yogi Mirian Skaf Mirko Jankov Mônica de C. Alves Paula Nelson Alexandre Sabrosa Niro Kasahara Núbia Cristina Freitas Maia Patrícia Grativol Costa Patrícia Mitiko Santello Akaishi Paulo Gilberto Jorge Fadel Paulo Pierre Filho 490 Nominata.pmd 2010 Paulo Sérgio Horta Barbosa Pedro Carricondo Ramon Ghanem Ricardo Morschbacher Ricardo Suzuki Ricardo Themudo Lessa Waetge Roberto Freda Roberto Lauande Pimentel Roberto Mitiaki Endo Roberto Murillo Limongi de Souza Carvalho Ronaldo Boaventura Barcellos Rosa Maria Graziano Rubens Belfort Neto Ruth Rosenhek Schor Samuel Rymer Sandra Maria Canelas Beer Sebastião Cronemberger Seiji Hayashi Sérgio Vanetti Burnier Sérgio Henrique Teixeira Solange Rios Salomão Tânia Pereira Nunes Vinicius Coral Ghanem Wesley Ribeiro Campos Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 489-90 490 20/12/2010, 11:21 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Influência da correção cirúrgica da catarata na percepção laborativa Influence of cataract surgical correction on working perception NEWTON KARA-JUNIOR1, MARCONY RODRIGUES SANTHIAGO2, TAIS RENATA RIBEIRO PAREDE1, RODRIGO FRANÇA ESPINDOLA1, MAYSA GODOY GOMES MAZUREK1, RENATO GERMANO3, NEWTON KARA-JOSE1 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Analisar o benefício gerado nas atividades profissionais após a cirurgia de catarata. Métodos: Foi realizado um estudo prospectivo, randomizado, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Os pacientes foram submetidos à facoemulsificação (FACO) e à extração extracapsular (EECP). Resultados: A amostra foi composta de 205 pacientes, destes, 101 realizaram cirurgia pela técnica de facoemulsificação. A média de idade no grupo da facoemulsificação foi de 68,3 anos ± 9 anos e de 69,1 anos ± 8,5 anos no grupo da extração extracapsular (p=0,70). A porcentagem de pacientes empregados no grupo facoemulsificação foi de 16,83%, e no outro grupo de 13,46%. A maioria dos pacientes que não remunerados formalmente sentiu-se motivada a procurar trabalho. A maioria dos analisados relatou aumento da produtividade no trabalho após a cirurgia, 82,50% no grupo facoemulsificação e 78,60% no grupo extração extracapsular (p=0,20). Conclusão: A cirurgia de catarata por ambas as técnicas proporcionou melhora da produtividade no trabalho, e estimulou indivíduos economicamente inativos a procurar trabalho remunerado. Purpose: To analyze the benefits after cataract surgery in professional activities. Methods: A prospective, randomized study was conducted at the Clinical Hospital of the University of São Paulo. The patients had cataract surgery by phacoemulsification (PHACO) and by extracapsular extraction (EECP). Results: The sample consisted of 205 patients, 101 of these, submitted to phacoemulsification. The mean age in phacoemulsification group was 68.3 years ± 9 years and 69.1 years ± 8.5 years in extracapsular extraction group (p=0.70). The percentage of patients employed in phacoemulsification group was 16.83%, and in the extracapsular extraction group of 13.46%. Most patients who were not employed felt motivated to seek work. Most of the patients increased their productivity at work after surgery, 82.50% in the phacoemulsification group, and 78.60% in the other group (p=0.20). Conclusion: Cataract surgery of both techniques has improved the productivity at work and encouraged economically inactive individuals to seek employment. Descritores: Extração de catarata; Facoemulsificação; Catarata/complicações; Cegueira/prevenção & controle; Conduta na prática dos médicos; Lentes intraoculares; Acuidade visual; Percepção Keywords: Cataract extraction; Phacoemulsification; Cataract/complications; Blindness/prevention & control; Physician´s practice patterns; Lenses, intraocular; Vision acuity; Perception INTRODUÇÃO tualmente a cirurgia de catarata com implante de lente intraocular é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo(1-3). As técnicas mais utilizadas para a cirurgia de catarata são a extração extracapsular manual do cristalino (EECP) e a facoemulsificação (FACO). Avanços no tratamento têm exigido recursos cada vez maiores. Assim sendo, decisões em saúde pública devem ser baseadas na avaliação da eficiência de cada novo procedimento. Nos últimos anos, em todos os países desenvolvidos, tem ocorrido rápida mudança na técnica utilizada para a cirurgia de catarata, com aumento progressivo do número de cirurgia por facoemulsificação(4). A utilização dessa técnica no Sistema Público de Saúde de países em desenvolvimento, apesar de evidências na literatura quanto a seus benefícios clínicos, tem sido desestimulada pela comunidade internacional, devido aos altos custos(5-7). Embora o Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS) financie a cirurgia de catarata por FACO, existem questionamentos em relação às vantagens e desvantagens socioeconômicas na realização desse procedimento(8-10). Diante da escassez de informações na literatura, em relação aos aspectos socioeconômicos da cirurgia de catarata no Sistema Público de Saúde de países em desenvolvimento, foi realizado um estudo com objetivo de avaliar os benefícios gerados com a facectomia nas atividades profissionais. A Trabalho realizado no Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP. 1 2 3 Médico, Departamento de Oftalmologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brasil. Médico, Setor de Cirurgia Refrativa, Cleveland Clinic, Cleveland, OH - EUA. Estudante de medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Marcony Rodrigues Santhiago. 1700 13th st - 44114, Cleveland, OH, USA - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 29.05.2009 Última versão recebida em 31.10.2010 Aprovação em 02.11.2010 MÉTODOS Foi realizado estudo clínico analítico, prospectivo, randomizado, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), em pacientes atendidos em campanhas comunitárias (Projeto Catarata). Para compor a amostra, foram seguidos os seguintes critérios de inclusão: pessoas de ambos os sexos, entre 41 e 80 anos, portadores de catarata senil, com baixa acuidade visual (AV) bilateral (AV corrigida inferior a 20/40 - Snellen ou 0,3 logMAR, no olho de melhor visão); distância da moradia menor do que 100 km do HC-FMUSP; pressão intraocular inferior a 21 mmHg (sem tratamento) na avaliação inicial; e capacidade de com- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 491-3 73(6)02.pmd 491 20/12/2010, 11:23 491 I NFLUÊNCIA DA CORREÇÃO CIRÚRGICA DA CATARATA NA PERCEPÇÃO LABORATIVA preender e responder ao questionário a ser aplicado. O questionário, que foi validado previamente, foi aplicado por investigador mascarado quanto ao objetivo do trabalho. Os critérios de exclusão utilizados foram: restrições físicas ou clínicas, além do problema visual, capazes de limitar o desempenho do indivíduo para as atividades da vida diária e profissional; alterações oculares, além da catarata, que contribuíssem para a diminuição da acuidade visual; cirurgias oculares prévias; história clínica sugestiva de ambliopia; recusa em participar do estudo e assinatura do Termo de Consentimento; e não comparecimento à cirurgia ou aos retornos agendados. Os pacientes foram divididos, por sorteio, em dois grupos: Grupo 1 (n=101): pacientes submetidos à cirurgia de catarata pela técnica de FACO com implante de lente intraocular (LIO) dobrável acrílica Acrysof MA30AC (Alcon Laboratórios); e Grupo 2 (n=104): pacientes submetidos à cirurgia de catarata pela técnica de EECP, com implante de LIO rígida de polimetilmetacrilato (PMMA), modelo Cristal Tipo 02 (Alcon Laboratórios). Cada paciente recebeu um número de acordo com a sequência de seleção. A seguir, utilizando-se sorteio aleatório, foi realizada a alocação de cada número a um determinado grupo, a fim de evitar qualquer direcionamento de paciente para algum grupo específico. Os médicos envolvidos no estudo não participaram do sorteio, e tiveram conhecimento da modalidade cirúrgica a ser realizados momentos antes da cirurgia. Todas as cirurgias foram feitas por três cirurgiões adequadamente treinados, utilizando-se a tecnologia disponível no HC-FMUSP naquele momento. Apenas um olho de cada paciente foi operado. Todos os testes estatísticos foram realizados com auxílio do programa de computador SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 10.0 para WindowsTM (SPSS Inc, Chicago, IL, EUA). Os testes Chi-Quadrado e Mann-Whitney foram utilizados para a análise. O valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo em todos os testes. RESULTADOS Foram submetidos a cirurgia de catarata 205 pacientes, destes, 101 pela técnica de FACO e 104 pela técnica de EECP. A média de idade no grupo da FACO foi de 68,3 anos ± 9 anos e de 69,1 anos ± 8,5 anos no grupo da EECP (p=0,70). Quanto ao sexo, 35,3% e 44,1% dos pacientes eram do sexo masculino no grupo da FACO e EECP, respectivamente (p=0,40). A tabela 1 apresenta a distribuição ocupacional, por tipo de cirurgia. A porcentagem de pacientes empregados no grupo FACO foi de 16,83%, e no grupo EECP de 13,46%. A maioria dos sujeitos não empregados, em ambos os grupos, referiu que a dificuldade visual associada à catarata interferiu na sua situação ocupacional (Tabela 2). Na ocasião da alta pós-operatória, a maioria dos pacientes que não tinha remuneração formal, sentiu-se motivada a procurar trabalho (Tabela 3). A maioria dos pacientes relatou aumento da produtividade no trabalho após 180 dias da cirurgia (Tabela 4). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,20). DISCUSSÃO Na presente pesquisa, os dois grupos estudados eram homogêneos, quanto a idade, sexo e tipo de ocupação (Tabela 1). Outros estudos nacionais também observaram características semelhantes de pacientes selecionados para cirurgia de catarata em hospitais públicos(11-12). Tabela 2. Opinião sobre a influência da dificuldade visual na situação ocupacional dos indivíduos que não trabalhavam remuneradamente, nos grupos de facoemulsificação (FACO) e extração extracapsular (EECP) Opinião Situação Sim ocupacional Aposentado FACO EECP FACO EECP FACO EECP FACO EECP Do lar NE/NPE** PE* Não n % n 44 43 21 28 03 01 05 04 089,80 081,13 084,00 087,50 060,00 100,00 100,00 100,00 05 10 04 04 02 - Total % 10,20 08,87 16,00 12,50 40,00 - n % 49 53 25 32 05 01 05 04 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 *= procurando emprego; **= não empregado/nem procurando emprego Tabela 3. Opinião sobre a melhora da dificuldade visual como motivador na procura por emprego de acordo com a situação ocupacional nos grupos analisados Opinião Situação Sim motivou ocupacional n % Aposentado FACO EECP Do lar FACO EECP PE/NPE** FACO EECP PE* FACO EECP 44 47 22 31 05 01 04 03 089,80 088,68 088,00 096,88 100,00 100,00 080,00 075,00 Não motivou n Sem interesse Total % n % n 1 1,89 2 8,00 - 5 5 1 1 1 1 10,20 09,43 04,00 03,12 20,00 25,00 49 53 25 32 05 01 05 04 % 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 *= procurando emprego; **= não empregado/nem procurando emprego Tabela 1. Situação ocupacional de pacientes nos grupos de facoemulsificação (FACO) e extração extracapsular (EECP) Situação ocupacional FACO n % EECP n % Aposentado Do lar Empregado PE* NE/NPE** Empregados/total 49 25 17 05 05 53 32 14 04 01 48,04 43,86 54,84 55,56 83,34 16,83 51,96 56,14 45,16 44,44 16,66 13,46 Total n 102 057 031 009 006 % 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 *= procurando emprego; **= não empregado/nem procurando emprego 492 73(6)02.pmd Tabela 4. Opinião sobre a influência da cirurgia na produtividade dos pacientes empregados nos grupos de facoemulsificação (FACO) e extração extracapsular (EECP) Produtividade do trabalho n FACO % n % Aumentou Diminuiu Mesma Total 14 03 17 082,50 017,50 100,00 11 03 14 078,60 021,40 100,00 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 491-3 492 20/12/2010, 11:23 EECP K ARA -J UNIOR N, S ANTHIAGO MR, A maior proporção dos indivíduos analisados não exercia atividade profissional remunerada, 83,17% no grupo FACO e 86,54% no grupo EECP (Tabela 1), proporção semelhante à constatada por outros estudos(13-14). Estes pacientes relatavam que a atual situação de desemprego era influenciada pela dificuldade visual (Tabela 2). Após a realização da cirurgia, a maioria dos indivíduos não empregados, em ambos os grupos, declarou-se motivada a procurar trabalho, devido à melhora da condição visual (Tabela 3), resultado semelhante a outro estudo nacional(12). Segundo dados do IBGE em 2002, 36,0% da população brasileira acima de 50 anos eram economicamente ativa(12). Embora a média de idade dos indivíduos da amostra deste estudo fosse superior a 60 anos, é possível que a proporção dos sujeitos economicamente ativos (média de 15,21%, em ambos os grupos), seja inferior ao padrão nacional para aquela faixa etária. Esses indivíduos, apesar da melhora da condição visual após a cirurgia, poderão encontrar dificuldade em conseguir emprego, pelo fato de já terem sido excluídos do mercado de trabalho. Segundo alguns trabalhos(12,14-15), a cirurgia de catarata deve ser realizada antes que o paciente esteja visualmente incapacitado, pois a reintegração ao mercado de trabalho passa a ser um grande obstáculo. A cirurgia realizada antes que as dificuldades resultantes da baixa visão afastem o indivíduo do trabalho significa, também, uma ação preventiva da “cegueira econômica”. Convém enfatizar que em ambos os grupos, a maioria dos indivíduos que estavam trabalhando referiram melhora na produtividade após a cirurgia (Tabela 4). A recuperação visual após a cirurgia de catarata aumenta a produtividade do trabalhador e estimulam outros que não trabalhavam a procurar trabalho. Esse fato, já pode indicar o retorno ao Estado do investimento com a cirurgia, além de propiciar melhora na qualidade de vida dos pacientes. Assim, considerando a proporção reduzida de indivíduos que trabalhavam mediante remuneração, pode-se inferir que muitos sujeitos que poderiam ser economicamente ativos, já se incluíam na denominada “cegueira econômica”, ocasionando prejuízos para o país, sociedade, para o próprio indivíduo e sua família. Importante salientar que a amostra estudada foi composta por pacientes selecionados em projetos comunitários (Projeto-Catarata) realizados pelo HC-FMUSP, que visam minimizar E T AL . as dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com dificuldade visual por catarata. Assim, é possível que, na rotina do atendimento público, existam barreiras adicionais para acesso à cirurgia, retardando ainda mais o tratamento. CONCLUSÃO Nas condições desta pesquisa, a cirurgia de catarata por ambas as técnicas, proporcionou melhora do desempenho no trabalho, e estimulou indivíduos economicamente inativos a procurar trabalho remunerado. REFERÊNCIAS 1. Javitt JC, Wang F, West SK. Blindness due to cataract: epidemiology and prevention. Annu Rev Public Health. 1996;17:159-77. 2. Ellwein LB, Kupfer C. Strategic issues in preventing cataract blindness in developing countries. Bull World Health Organ. 1995;73(5):681-90. 3. Thylefors B, Négrel AD, Pararajasegaram R, Dadzie KY. Global data on blindness. 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Ophthalmic Surg Lasers. 1998;29(8):643-8. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 491-3 73(6)02.pmd 493 20/12/2010, 11:23 493 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Evolução e viabilização de um centro cirúrgico ambulatorial para cirurgias de catarata em larga escala em um hospital universitário Evolution and viability of an outpatient surgery center for cataract surgery on a large scale in a university hospital NEWTON KARA-JUNIOR1, RODRIGO FRANÇA DE ESPÍNDOLA1 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Analisar a evolução do número de cirurgias realizadas no centro cirúrgico ambulatorial de um hospital universitário e avaliar sua viabilidade financeira durante e após a interrupção da Campanha Nacional de Catarata em 2006. Métodos: Foi realizado um estudo analítico retrospectivo entre 2005 e 2009 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) em que foram avaliados a viabilidade econômica do centro cirúrgico ambulatorial, o número de cirurgias de catarata realizados e o número de cirurgiões presentes diariamente naquela unidade. Resultados: Seria necessária a realização de pelo menos 400 procedimentos mensais para garantir a viabilidade financeira do centro cirúrgico ambulatorial. Este número ficou abaixo do esperado nos anos de 2008 e 2009 (média de 370,6 e 390,1 cirurgias respectivamente). O número de estagiários de catarata diminuiu de 13 em 2005 para 3 em 2009. Conclusão: O principal fator para a redução no número de cirurgias de catarata realizadas no centro cirúrgico ambulatorial após 2006 foi a dificuldade de acesso da população necessitada ao hospital, decorrente de restrições à realização de projetos de triagem. A maior utilização das salas cirúrgicas por outras clínicas e a diminuição na admissão de novos cirurgiões, adequaram e viabilizaram o centro cirúrgico ambulatorial para a nova realidade políticoeconômica. Purpose: To analyze the number of surgeries performed in outpatient surgical center at a university hospital and to assess its financial viability during and after the interruption of the Cataract National Campaign in 2006. Methods: Retrospective analytical study between 2005 and 2009 at the Clinical Hospital of the University of São Paulo (HC-FMUSP) which evaluated the economic viability of the outpatient surgical center, the number of cataract surgeries performed and the number of surgeons present daily in that unit. Results: It would be necessary to perform at least 400 procedures monthly to ensure the financial viability of the outpatient surgical center. This number was lower than the expected in the years of 2008 and 2009 (average of 370.6 and 390.1 surgeries respectively). The number of cataract fellows decreased from 13 in 2005 to 3 in 2009. Conclusion: The main factor for the reduction in the number of cataract surgeries performed in the outpatient surgical center after 2006 was the difficulty of access of the population to the hospital due to restrictions on the development of screening projects. The increased use of the operating rooms by other clinics and the decrease in the admission of new surgeons, made the outpatient surgical center appropriate and viable for the new political-economic reality. Descritores: Extração de catarata; Otimização; Facoemulsificação/economia; Hospitais de ensino; Cegueira/prevenção e controle Keywords: Cataract extraction; Optimization; Phacoemulsification/economics; Hospital, teaching; Blindness/prevention & control INTRODUÇÃO catarata é considerada a principal causa de cegueira, sendo responsável por cerca da metade do número de cegos no mundo, cerca de 20 milhões de pessoas. Devido ao aumento da população idosa, estima-se que a prevalência da cegueira por catarata duplique até o ano de 2010(1). A cirurgia da catarata apresenta alta eficiência, favorável custo-benefício no tratamento da doença e na reabilitação visual do indivíduo e oferece grande impacto para a sociedade(2-5). Em 1998, por iniciativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), do Governo Federal (Ministério da Saúde) e com o auxílio das escolas de medicina, foi instituída a Campanha Na- cional de Catarata (CNC). O acesso ao tratamento foi facilitado com a realização de Projetos-Catarata em todo o país e o Governo Federal determinou que o financiamento das cirurgias pelo SUS fosse em forma de “extra-teto” para as instituições credenciadas, garantindo o financiamento de todas as cirurgias realizadas(4,6-7). Com o intuito de colaborar com a política nacional e a necessidade social de diminuir a prevalência da cegueira por catarata, além do interesse em melhorar as condições de ensino da cirurgia, foi criado, em um hospital universitário, em 1999, um centro cirúrgico ambulatorial (CCA). Esta unidade era especializada em cirurgias de catarata por facoemulsificação em larga escala, oferecendo à população necessitada tratamento com os melhores insumos disponíveis e oportunidade de treinamento supervisionado e de qualidade para novos cirurgiões. Em 10 anos de funcionamento, 201 oftalmologistas foram treinados no CCA para realizar cirurgias de catarata(8). Contudo, em 2006 o Governo Federal alegando falta de verba, descontinuou o repasse “extra-teto” e desestimulou a realização dos Projetos Catarata(4). O objetivo deste estudo é analisar a evolução do número de cirurgias realizadas no CCA e avaliar sua viabilidade financeira, durante e após a mudança da política governamental. A Trabalho realizado no Setor de Catarata, Departamento de Oftalmologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brasil. 1 Médico, Setor de Catarata, Hospital das Clinicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço de correspondência: Rodrigo França de Espíndola. Praça das Hortências, 70 - Cond. Portal de Itu - Itu (SP) - CEP 13301-689 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 17.06.2010 Aprovado em 05.11.2010 494 73(6)05.pmd Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 494-6 494 20/12/2010, 11:34 K ARA -J UNIOR N, E SPÍNDOLA RF MÉTODOS Foi realizado estudo clínico analítico retrospectivo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). O CCA possui área útil de 250,71 m², com 5 salas cirúrgicas em funcionamento 5 dias por semana, 12 horas por dia, sendo que a primeira e a última hora de funcionamento são reservadas, respectivamente, para admissão e preparo do paciente, e para limpeza do local. Portanto, o período disponível para a realização das cirurgias é de 10 horas. Os equipamentos e insumos utilizados rotineiramente para cirurgia de catarata no CCA são: 4 microscópios cirúrgicos (Zeiss III, Carl Zeiss), 1 microscópio cirúrgico (Opto, São Carlos), 2 facoemulsificadores Infiniti (Alcon Labs, Fortwoth, TX), 2 facoemulsificadores Legacy ( Alcon Labs, Fortwoth, TX ) 2 autoclaves (Statin), “pacote cirúrgico” pré-montado contendo todos os insumos necessários e descartáveis (Alcon Custom Pack, Alcon Labs, Fortwoth, TX), lente intraocular acrílica dobrável (Acrysof Type 7: Alcon Labs, Fortwoth, TX) para facoemulsificação e viscoelástico dispersivo (Viscoat - Alcon Labs, Fortwoth, TX). Quanto aos recursos humanos, estão presentes no CCA 42 residentes do Serviço: residentes de primeiro (R1), segundo (R2) e terceiro anos (R3); além dos residentes estrangeiros, que são admitidos anualmente para cumprir um programa de estágio com duração de três anos. Todos os residentes participam uma vez por semana das atividades do CCA. Há também a participação de médicos preceptores; ex-residentes; estagiários do Setor de Catarata e os coordenadores de cada dia cirúrgico. As variáveis analisadas foram: quantidade mínima de cirurgias (facoemulsificação) necessária para garantir a viabilidade econômica do CCA; número de cirurgias realizadas no CCA; e número de cirurgiões presentes diariamente no CCA. Estão diariamente presentes no CCA: 3 residentes de cada ano (R1, R2 e R3), um preceptor ou ex-residente, o coordenador do dia cirúrgico, além de um número variável de estagiários do Setor de Catarata. O número de estagiários que ingressaram no Setor de Catarata, permanecendo por pelo menos dois anos na Clínica, variou anualmente em decorrência da necessidade de atendimento à demanda cirúrgica do Serviço (Tabela 2). Cada estagiário opera uma vez por semana no CCA. A tabela 3 mostra o número de oftalmologistas presentes diariamente no CCA. DISCUSSÃO Calcula-se que foram realizadas em média, entre 1996 e 1998, 132 mil cirurgias de catarata por ano, financiadas pelo SUS. Considerando-se que o Brasil necessitaria de 570.000 cirurgias de catarata por ano para não aumentar o número de cegos, nota-se que aquela proporção é insuficiente até mesmo para compensar novos casos surgidos no período, o que aumenta a prevalência de deficiência visual e cegueira(4). Em 1998 a CNC mobilizando mais de 3.500 oftalmologistas, realizou nos 3 anos subsequentes uma média anual de 263 mil cirurgias de catarata, praticamente o dobro dos anos anteriores, quantidade esta que foi aumentando até atingir em 2005, a marca de 311 mil cirurgias. Para que esse número adicional de cirurgias fosse possível, bastou o Projeto-Catarata facilitar em todo o país o acesso ao tratamento. Ao Governo Tabela 1. Distribuição do número de cirurgias realizadas anualmente no centro cirúrgico ambulatorial (CCA) a partir do ano de 2005 Ano RESULTADOS AVALIAÇÃO DA NÚMERO DE CIRURGIÕES PRESENTES DIARIAMENTE NO CCA VIABILIDADE ECONÔMICA DO CCA Estudos anteriores analisaram gastos com recursos humanos e materiais, e inferiram que o custo fixo de uma sala cirúrgica do CCA por dia foi de R$ 588,13(8-9). Avaliando que era possível realizar 16 cirurgias por dia (facoemulsificação) em uma sala do CCA, foi estimado o custo fixo relativo por cirurgia de R$ 36,75. Assim, considerando o custo variável de cada cirurgia de R$ 468,63 e o reembolso do Sistema Único de Saúde (SUS) para cada procedimento de R$ 643,00, na situação de otimização máxima do CCA, o lucro para o hospital com cada cirurgia era de R$ 137,62(8). Neste contexto, ao reduzir a eficiência do CCA realizandose 8 cirurgias por sala, o custo fixo por cirurgia passaria a ser de R$ 73,51 e o lucro do hospital seria de R$ 100,87 por procedimento. No caso da realização de 4 cirurgias por sala, o custo fixo seria de R$ 147,03, o que reduziria o lucro do hospital para R$ 27,33. Desta forma, infere-se que “4” seria o número mínimo de cirurgias por sala, que propiciaria lucro ao hospital e, consequentemente, viabilidade financeira. Baseado nas características físicas, nos recursos humanos e materiais do CCA, bem como no custo financeiro das cirurgias, e considerando que as 5 salas cirúrgicas fossem destinadas à facoemulsificação, seria necessária a realização de pelo menos 400 cirurgias mensais para garantir a viabilidade financeira do CCA. NÚMERO DE CIRURGIAS ANUALMENTE REALIZADAS NO CCA O número de cirurgias realizadas anualmente no CCA a partir de 2005 está demonstrado na tabela 1. Número de cirurgias (média mensal) 2005 2006 2007 2008 2009 5.078 4.950 6.092 4.447 4.668 (423,2) (412,5) (507,7) (370,6) (390,1) Tabela 2. Número de estagiários que ingressaram anualmente no Setor de Catarata Ano Número de estagiários 2005 2006 2007 2008 2009 04 13 19 17 03 Tabela 3. Distribuição do número de oftalmologistas presentes diariamente no centro cirúrgico ambulatorial Ano Número de oftalmologistas 2006 2007 2008 2009 14 17 18 15 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 494-6 73(6)05.pmd 495 20/12/2010, 11:34 495 E VOLUÇÃO E VIABILIZAÇÃO DE UM CENTRO CIRÚRGICO AMBULATORIAL PARA CIRURGIAS DE CATARATA EM LARGA ESCALA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Federal, coube permitir que o financiamento das cirurgias pelo SUS fosse em forma de “extra-teto” para as instituições credenciadas(4-6). O Serviço de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, por exemplo, elevou o número de médicos residentes de 5 para 14 ao ano e aumentou o número de cirurgias de catarata realizadas anualmente de 836 em 1998, para 5.078 em 2005. Estimulou a produtividade dos médicos e do pessoal auxiliar envolvido no atendimento, otimizou o centro cirúrgico e facilitou o acesso da população necessitada ao hospital por meio de mutirões continuados (Projetos-Catarata)(9). Em 2006, o Ministério da Saúde descontinuou a CNC sob alegação de falta de verbas para custear o número adicional de cirurgias (“extra-teto”). Os hospitais voltaram a ter cotas limitadas para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Essa medida causou impacto negativo na progressão do número de cirurgias realizadas anualmente no país. Em 2006 foram computadas somente 171.831 facectomias realizadas pelo SUS(4), reduzindo assim, a utilização da capacidade instalada para cirurgia de catarata nos hospitais públicos e voltando a impor mais uma barreira ao acesso da população necessitada à cirurgia corretiva: a limitação da oferta cirúrgica. Economia em saúde pública não se faz gastando menos, mas gastando-se melhor, e as vantagens socioeconômicas para o governo e para a sociedade da cirurgia de catarata por facoemulsificação já foram evidenciadas em outros estudos(5,10). Assim, acredita-se que a priorização do financiamento federal para cirurgia de catarata pelo SUS seja mais uma opção política do que técnica. Embora, no plano nacional a quantidade de facectomias realizadas pelo SUS tenha diminuído após o fim da CNC(4), observou-se que o número de cirurgias de catarata realizadas pelo CCA nos dois anos seguintes ao encerramento da campanha pouco variou (Tabela 1). O motivo foi o sucesso de parcerias firmadas pelo hospital universitário com prefeituras de cidades vizinhas e organizações não governamentais para financiamento de cirurgias. Contudo, foi em 2008 com a proibição da realização de mutirões para triagem e captação de portadores de catarata nas dependências do hospital, que o acesso da população necessitada ao tratamento foi dificultado, e o número de cirurgias realizadas diminuiu drasticamente (Tabela 1). Na época de vigência da CNC, as 5 salas do CCA eram utilizadas para cirurgia de catarata na maior parte do tempo. A partir de 2008, para evitar prejuízo econômico ao hospital, as facectomias foram concentradas em duas salas, e as demais utilizadas por outras clínicas cirúrgicas. 496 73(6)05.pmd Também para adequar-se ao novo cenário em 2009, o número de estagiários que ingressaram no Setor de Catarata foi reduzido de 17 para 3, diminuindo de 18 para 15 o número de oftalmologistas diariamente presentes no CCA (Tabelas 2 e 3) e, consequentemente, reduzindo a atuação na formação de recursos humanos. Nas condições propostas para este estudo, conclui-se que, o principal fator para a redução no número de cirurgias de catarata realizadas no CCA da instituição em questão, após a suspensão da CNC, foi a dificuldade de acesso da população necessitada ao hospital, decorrente de restrições à realização de projetos de triagem. A maior utilização das salas cirúrgicas por outras clínicas e a diminuição na admissão de novos cirurgiões, adequaram e viabilizaram o CCA para a nova realidade político-econômica. Porém, é possível que estas soluções apresentadas para sustentabilidade financeira da capacidade cirúrgica instalada não tenham sido exequíveis em outras instituições que, estimuladas pelos incentivos da CNC, tenham ampliado sua estrutura física e de recursos humanos, resultando em possível prejuízo financeiro, o que poderia dificultar a aceitação de futuras ações de incentivo à cirurgia de catarata por parte dos gestores hospitalares. REFERÊNCIAS 1. Leaming DV. Practice styles and preferences of ASCRS members-1998 survey. J Cataract Refract Surg. 1999;25(6):851-9. 2. Gillies M, Brian G, La Nauze J, Le Mesurier R, Moran D, Taylor H, Ruit S. Modern surgery for global cataract blindness: preliminary considerations. Arch Ophthalmol. 1998;116(1):90-2. Review. 3. Singh AJ, Garner P, Floyd K. Cost-effectiveness of public-funded options for cataract surgery in Mysore, India. Lancet. 2000;355(9199):180-4. 4. Kara-José Junior N, Cursino M, Whitaker E. 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Using gonioscopy, the ACA was graded using the Shaffer Classification (SC) by a single experienced examiner masked to the Pentacam HR findings. Narrow angle was determined in eyes in which the posterior trabecular meshwork could not be seen in two or more quadrants on nonindentation gonioscopy (SC Grade 2 or less). Pentacam HR images of the nasal and temporal quadrants were evaluated by custom software to automatically obtain anterior chamber measurements, such as: anterior chamber angle (ACA), anterior chamber volume (ACV) and anterior chamber depth (ACD). Results: Based on gonioscopy results, 74 (60.07%) eyes of patients classified as open-angle (SC 3 and 4) and 38 (33.93%) eyes of patients classified as narrow-angle (SC 1 and 2). Noncontact morphometry with Scheimpflug images revealed a mean ACA of 39.20 ± 5.31 degrees for open-angle and 21.18 ± 7.98 degrees for narrow-angle. The open-angle group showed significant greater ACV and ACD values when compared to narrow-angle group (ACV of 193 ± 36 mm3 vs. 90 ± 25 mm3, respectively, p<0.001; and ACD of 3,09 ± 0,42 mm vs. 1,55 ± 0,64 mm, respectively, p<0.0001.). In screening eyes with open-angle and narrow-angle with the Pentacam ACA of 20o (SC Grade 2) using the ROC curves, the analysis showed 52.6% of sensitivity and 100% of specificity. Conclusions: The Pentacam showed ability in detecting eyes at risk for angle closure analyzing ACV and ACD. Objetivo: Comparar os resultados da gonioscopia com as medidas morfométricas do segmento anterior obtidas pela tomografia (Pentacam High Resolution - HR), utilizando imagens ópticas de Scheimpflug na avaliação do ângulo da câmara anterior (ACA). Métodos: Realizado estudo transversal com avaliação de 112 olhos de 74 pacientes avaliados no Setor de Glaucoma da Universidade Federal Fluminense, submetidos ao exame da gonioscopia e do Pentacam HR. Na gonioscopia o ACA foi classificado utilizando a Classificação de Shaffer (SC), realizado por um único examinador experiente, e seus resultados foram comparados às medidas do Pentacam HR. Ângulos estreitos foram classificados nos olhos em que a malha posterior trabecular não foi observada em dois ou mais quadrantes na gonioscopia tradicional (SC Grau 2 ou menor). As imagens dos quadrantes nasal e temporal obtidas pelo Pentacam HR foram avaliadas por um software personalizado que obtêm automaticamente as seguintes medidas da câmara anterior: ângulo da câmara anterior (ACA), volume da câmara anterior (ACV) e profundidade da câmara anterior (ACD). Resultados: Com base nos resultados gonioscopia, 74 (60,07%) olhos foram classificados como ângulo aberto (SC 3 e 4) e 38 (33,93%) olhos foram classificados como ângulo estreito (SC 1 e 2). A morfometria de não contato com as imagens Scheimpflug revelou uma média de ACA 39,20 ± 5,31 graus nos ângulos abertos e 21,18 ± 7,98 graus nos ângulos estreitos. O grupo classificado como ângulo aberto mostrou medidas significativamente maiores de ACV e ACD quando comparado ao grupo de ângulo estreito (ACV de 193 ± 36 mm3 vs 90 ± 25 mm3, respectivamente, p <0,001 e ACD de 3,09 ± 0,42 mm vs 1,55 ± 0,64 mm, respectivamente, p<0,0001). Na diferenciação dos olhos com ângulo aberto e olhos com ângulo estreito no Pentacam, a análise das curvas ROC demonstraram que na medida de 20o (SC Grau 2) resultaram em 52,6% de sensibilidade em 100% de especificidade. Conclusões: O Pentacam HR mostrou habilidade em detectar os olhos com risco de fechamento angular na analise do ACV e do ACD. Descritores: Câmara anterior; Córnea/anatomia & histologia; Gonioscopia/métodos; Processamento de imagem assistida por computador/métodos Keywords: Anterior chamber; Cornea/anatomy & histology; Gonioscopy/methods; Image Processing, computer-assisted/methods Work carried out at the Glaucoma Service - Department of Ophthalmology - Universidade Federal Fluminense - Antonio Pedro University Hospital with the cooperation of Renato Ambrósio Eye Institute. 1 2 3 Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal Fluminense - UFF - Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Physician, Department of Ophthalmology, Instituto de Olhos Ambrósio - Rio de Janeiro (RJ) Brazil. Physician, Department of Ophthalmology, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Endereço para correspondência: Ruiz Simonato Alonso. Avenida das Américas, 489 Bloco B - Casa 5 - Rio de Janeiro (RJ) - CEP 20631-000 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 20.01.2010 Última versão recebida em 05.09.2010 Aprovação em 29.10.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Ítalo Mundialino Marcon sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. INTRODUCTION rimary angle-closure glaucoma (PACG) is a pathologic condition considered to be the result of some characteristics of the anterior segment of the eye(1-2). Studies of biometric eye characteristics have shown primary PACG to be accompanied by narrow anterior chamber angle, shallow anterior chamber, lens abnormal thicker with steeper curvature of the anterior surface, anterior lens position, reduced corneal diameter, and a shorter axial length(3-5). Among these biometric features, the narrow anterior chamber angle is thought to be the most important because a long-standing narrow angle or appositional closure may predispose to peripheral anterior synechiae formation causing uncontrollable rise in intraocular pressure (IOP)(6-8). In routine clinical use, different classification systems are used to evaluate and quantify the anterior chamber angle. The gold standard is the Goldmann contact lens examination and the classifications introduced by Shaffer. The value of gonios- P Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 497-500 73(6)06.pmd 497 20/12/2010, 11:40 497 G LAUCOMA ANTERIOR CHAMBER MORPHOMETRY BASED ON OPTICAL S CHEIMPFLUG copic angle grading systems has been shown; however, based on anatomic landmarks, the numerical estimation of the anterior chamber angle remains subjective and highly dependent on the examiner’s judgment and experience. Reproducible quantification by different examiners is often difficult to assess. Thus, an imaging technique that is largely independent of the operators’ judgment is desirable(9). The evaluation of gonioscopic findings is subjective, semiquantitative(10-14). Although gonioscopic grading systems and biometric gonioscopy allow semiquantitative measurements of the anterior chamber angle (ACA) width, a precise and objective assessment is not possible with gonioscopy. Other methods to evaluate the ACA like ultrasound biomicroscopy (UBM) and optical coherence tomography (OCT) have been shown to represent the ACA width objectively and quantitatively, but it is time-consuming and relatively operator dependent to determinate ACA values(15-19). In this transversal clinical study, non-contact morphometry measures obtained with Scheimpflug images in HR Pentacam (Oculus, Germany) was compared with the traditional gonioscopic method, the Shaffer Grade Classification (SC). In Scheimpflug principle, the images of the anterior eye are obtained with a camera perpendicular to a slit beam, creating an optic section of the cornea and lens. As with all optical and acoustic techniques, correction of the image distances needs to be made for the refractive index and the curvature of intervening surfaces(20-21). The digital Scheimpflug photograph, therefore, decreases in size perpendicular to the direction of the optical axis, reducing the curvature radius and increasing depths and thicknesses along this axis compared with the original photograph. The more recent instrumentation, HR Pentacam, has been designed to rotate around the visual axis, capturing multiple images to create a three-dimensional image of the anterior chamber(22-23). METHODS An experienced examiner (RSA) performed complete ophthalmologic examination, including best-corrected visual acuity measurement in Snellen chart, refraction, keratometry, slit lamp biomicroscopy, intraocular pressure with Goldmann applanation tonometry, and direct ophthalmoscopy using Volk fundus lens. The study was performed in accordance with the ethical standards laid down in the 1964 Declaration of Helsinki and was approved by the Fluminense Federal University, Niteroi RJ Institutional Review Board. Informed consent for participation was obtained from each patient before the study. All participants, subjects evaluated at the Glaucoma Department, Fluminense Federal University, underwent gonioscopy and a slit lamp-adapted HR Pentacam system (Oculus, Germany) in a dark room, on the same day. Gonioscopy was performed using a slit lamp angled at 45° (magnification 20) performed in a darkened room with a Goldmann 3-mirror contact lens (Haag-Streit, Bern, Switzerland), with topical anesthesia (Anestalcon®/Proximetacaine Cloridrate - Alcon, Brazil). Before placement, a drop of 1% methylcellulose was placed on the corneal curve of the lens for optical continuity. All patients had both eyes examined at 360°, and the inferior, superior, nasal and temporal measurements were tabulated. Gonioscopy was performed after all other testing so as not to adversely influence any measures, and the angle was assessed without compression. To determinate the ACA we used grade system according to Shaffer Classification (SC) (Table 1)(3). Nasal and temporal angles were studied owing to ease of access in the horizontal meridian. Furthermore, to reduce the 498 73(6)06.pmd IMAGES influence of the peripheral iris structures, all measurements are performed with the same lighting conditions used for gonioscopy and the best incidence image with high quality was further analyzed. The ACA, ACV and ACD measurements were obtained in each Pentacam image. All measurements were performed automatically with the Pentacam custom software that enabled the creation of an angle and measured the distance between the optical signals with the highest reflectivity at the tissue using iris and posterior cornea surface as the reference plans. The horizontal line (nasal and temporal), and only the smaller angle of the two measurements (nasal and temporal) was automatically adopted. Then HR Pentacam morphometry was compared with the clinical parameters of gonioscopic grading using Shaffer Classification. The efficacy of the Pentacam parameters in screening for open-angle and narrow-angle eyes was studied using receiving operator characteristic (ROC) curves, and the most efficient parameter of the Pentacam and its threshold value to discriminate the open-angle and narrow-angle were determined by partition analysis. ACA, ACD, and ACV were analyzed separately in those analyses. In all analyses, a P level of less than 0.05 was considered to be statistically significant. The statistical comparison to evaluate the association between the individual clinical parameters and HR Pentacam goniometry was performed with Kappa test and linear regression analysis(24-25). RESULTS A hundred and twelve eyes of sixty patients were prospectively included. The study included 74 (66.07%) eyes of patients classified as open-angle and 38 (33.93%) eyes of patients classified as narrow-angle classified in Shaffer gonioscopic grade. The mean age of the patients was 51±12 years (range, 2172 years old). The female-male ratio was 32:28. Intraocular pressure mean was 20 ± 09 mmHg (range, 10-34 mmHg) using Goldmann applanation tonometry. Anterior chamber angle average using noncontact morphometry with Scheimpflug images using Pentacam HR was 35° ± 90 (range, 3.1°- 51.9°). For individual groups ACA mean was 39.20 ± 5.31 SD for open-angle and 21.18 ± 7.98 SD for narrow-angle. Results show there was a moderate agreement (Kappa Test 0.513, p<0.001) comparing the traditional parameters and Pentacam considering open-angle and narrow-angle. Kappa Table 1. Grade system according to Shaffer gonioscopic classification Shaffer grade 4 35°-45° Wide open angle in which all structures were visible up to the iris root and its attachment to the anterior ciliary body. Shaffer grade 3 20°-35° Wide open angle up to the scleral spur. In grades 3 and 4, no risk of angle closure existed. Shaffer grade 2 20° Angle was narrow with visible trabecular meshwork. In this angle width, a possible risk of closure existed. Shaffer grade 1 10° Occurs when the angle was extremely narrow up to the anterior trabecular meshwork and the Schwalbe line, with a high risk of probable closure Shaffer grade 0 0° The angle was closed with iridocorneal contact and no visibility of the ACA structures. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 497-500 498 20/12/2010, 11:40 A LONSO RS, A MBRÓSIO J UNIOR R, test was also used to correlate individually Shaffer classification compared with Pentacam results and the anterior chamber angle calculated by Pentacam HR has moderate relationship with examiner performing in narrow-angle (Grade 1) and open-angle (Grade 4). Intermediate angles (Shaffer Grade 2 and 3) have poor agreements comparing the two methods (Table 2). Anterior chamber volume and anterior chamber depth values demonstrates difference statistically significant comparing open-angle and narrow-angle groups classified in Shaffer Grade and Pentacam values; 193 ± 36 mm 3 SD ACV for open-angle and 90 ± 25 mm3 SD ACV for narrow-angle (p<0.0001) and 3.09 ± 0.42 mm ACD for open-angle and 1.55 mm ± 0.64 SD ACD for narrow-angle (p<0.0001). The efficacy of the Pentacam parameters to screen out the open-angle (SC Grade 3 and 4) and narrow-angle (SC Grade 1 and 2) eyes as defined above were studied using ROC curves. According to the partition analysis, when ACA was used as the reference to classify the open-angle and narrow-angle eyes value of 20o using the Pentacam, results in 52.6% sensitivity and 100% specificity. When ACV was used as the reference and partition analysis showed that those eyes were most effectively partitioned with an ACD threshold of 2.6 mm using the Pentacam, resulting in 100% sensitivity and 82.4% specificity. DISCUSSION Principal objective of gonioscopy is the visualization of the anterior chamber angle, parameter is determined whether the angle is open, and the most important closed and occludable. In PACG, gradual asymptomatic angle closure results in diminished aqueous outflow through the drainage angle of the eye and a subsequent rise of the intraocular pressure (IOP). Gonioscopic angle grading systems has been demonstrated to be consistent, but the subjective nature of grading of ACA and the lack of clearly defined cutoffs between normal and abnormal angles make comparisons difficult. Furthermore, gonioscopy grades provide only rough estimates, and the various angle grades can merge into one another, with a great variability in the normal appearance of the angle recess. Pentacam is an imaging technology that provides quantitative data regarding of anterior chamber characteristics and may serve as a useful adjunct for glaucoma diagnosis and monitoring reducing chances of this error bias. Scheimpflug methods are noninvasive; the low resolution in the first technical methods precluded an exact visualization of the angle structures and the scleral spur with possible optical distortions(26-27). Early studies that compared ultrasonography and gonioscopy revealed a high variability and a weak correlation in the assessment of the angle width using ultrasonography, a high variability was found, particularly in patients with narrow angles, which was partly related to plateau iris configurations. Table 2. Kappa test results: Shaffer gonioscopic classification compared with the anterior chamber angle calculated by Pentacam HR Shaffer 1 Kappa value Shaffer 2 Shaffer 3 Shaffer 4 0.412 0.199 0.031 0.545 P-value/Kappa <0.001 0.031 0.740 <0.001 IC 95%/Kappa SUP: 0.562 INF: 0.262 SUP: 0.380 INF: 0.018 SUP: 0.217 INF: -0.154 SUP: 0.721 INF: 0.369 E T AL . Pavlin et al. introduced high resolution UBM, which enabled the recognition of the scleral spur as a highly reflective structure compared with the tissues of the ciliary body and cornea. This reference point of the human ACA configuration was proposed for more reproducible determinations and revealed a high correlation between gonioscopy and UBM in the determination of the angle width and peripheral iris curvature. However, the interobserver reproducibility varied considerably in UBM and was also affected by subjective interpretation of the visualized anatomic landmarks. Therefore, previous authors have concluded that contact UBM may not become the standard method for characterizing the ACA, since it is too costly and time-consuming(28-30). The ACA represents the area of the trabecular meshwork and is important to classify assess aqueous outflow facility. Acute angle-closure glaucoma is considered to result from an abnormal biometric configuration of the anterior eye segment directly linked to ACA. Ocular biometric traits involve a shallow anterior chamber, a thick lens, an anterior lens position, a short axial length, a small corneal diameter, and a small radius of corneal curvature, all resulting in small and crowded anterior eye segments. Current guidelines recommend that in angles with less than 20° an occlusion is possible, whereas in angles with less than 10° occlusion is probable. The Van Herick grading system is a clinical method for evaluating the risk of angle closure on the basis of peripheral anterior chamber depth using only a slit lamp. The procedure is simple and requires no direct contact with the ocular surface, but the classification is highly subjective. In mass screening judgment should preferably be based on quantitative and highly reproducible data obtained using an examiner-independent method or apparatus. Scanning peripheral anterior chamber depth analyzer is another recently developed device for screening eyes with a narrow angle. This noncontact apparatus allows for quantitative assessment of the ACD at 0.4-mm intervals from the visual axis to the temporal side within 1 second. This device has 97.6% sensitivity and 83.5% specificity in screening eyes with angle closure glaucoma or high-risk eyes(31-32). Thus, angle closure is an anatomic disorder, and HR Pentacam imaging of the anterior eye segment might improve detection of angle close vulnerable eyes noninvasively crossing morphometric parameters like ACV and ACD. The evolution in HR Pentacam will increase the sensitivity to detect relevant changes and will be particularly important in narrow or closed angles with low ACA and ACV. Our results revealed the correlation in occludable and narrow or closed angles, which further improved the diagnostic accuracy in these conditions. The results suggest that the determination of the ACV with traditional clinic parameters was more effective in detecting open angles when compared with the HR Pentacam morphometry. Therefore, HR Pentacam goniometry with its noncontact format and improved handling could be used as an objective screening method on a population basis and could be implemented in epidemiologic studies of the ACA and ACD. Further refinements with reduced costs and adaptation in a portable system will make HR Pentacam goniometry more affordable for these purposes. Noncontact HR Pentacam goniometry was helpful in evaluating the anterior chamber structures and could improve the noninvasive clinical assessment and treatment of patients with glaucoma. Although like other technologies, Scheimpflug non contact images cannot completely replace microscopic evaluation of the ACA anatomy and pigmentation with a gonioscopic lens, it has the potential to supplement quantification with current gonioscopic gra- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 497-500 73(6)06.pmd 499 20/12/2010, 11:40 499 G LAUCOMA ANTERIOR CHAMBER MORPHOMETRY BASED ON OPTICAL S CHEIMPFLUG ding systems and as a screening modality for the presence of an occludable drainage angle, developments will enable a combined rapid measurement of the central corneal thickness, assessment, anterior chamber volume and anterior deep measures with improved imaging in the evaluation of patients with glaucoma. One of the advantages of the Pentacam over other noncontact instruments such as optical pachymetry is that the ACV, ACD and ACA, as well as the corneal thickness and corneal topography can be obtained at the same time. In summary, some differences were founded in clinical classification in Pentacam results. Our findings suggest that the determination whether the angle is open, closed and occludable is directly and more closely related to anterior chamber angle and anterior chamber depth. The most likely explanation for the results comparing ACA with the two methods is that Pentacam HR software systematically superimposes ACA compared with traditional gonioscopic method, although additional image processing factors could partially explain these results as well. The implications of our results are that improved and novel morphometric information of anterior segment may be available from Scheimpflug images that could enhance glaucoma decision-making and possibly improve outcomes. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 497-500 500 20/12/2010, 11:40 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Processos judiciais em oftalmologia: análise de possíveis fatores desencadeantes Litigation in ophthalmology: analysis of possible triggers WELLINGTON SANTOS1, HELENA PARENTE SOLARI2, MARCELO PALIS VENTURA2 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Analisar os possíveis fatores de desencadeamento de processos judiciais na área de oftalmologia. Método: Estudo retrospectivo de 70 casos de processos judiciais cíveis em oftalmologia. Foram avaliados em cada processo, a anamnese, o exame oftalmológico, os dados do paciente no momento do incidente, sexo, idade, diagnóstico inicial e diagnóstico da causa do processo, número de consultas antes e após o fato desencadeante, a realização de exames pré-operatórios mínimos de acordo com os protocolos da Cooperativa Estadual de Serviços Administrativos em Oftalmologia - COOESO, termo de consentimento informado, as folhas de descrição do procedimento, de enfermagem, de materiais e medicamentos do centro cirúrgico, do anestesista, da alta hospitalar e o valor da indenização. Resultados: Dos 70 casos analisados, com relação à acuidade visual final, 45 (64,3%) apresentavam amaurose. Quanto às condições prévias ao tratamento, os diagnósticos foram: catarata 46 (65,7%), ametropias 12 (17,1%), trauma ocular 8 (11,4%), glaucoma 3 (4,3%) e descolamento de retina 1 (1,4%). Com relação às principais complicações secundárias ao tratamento efetuado que deram motivação à lide, os diagnósticos foram: descolamento de retina 37 (52,8%), acuidade visual insatisfatória pós cirurgia de catarata 12 (17,1%), irregularidades corneanas após cirurgia refrativa 8 (11,4%), endoftalmites 4 (5,7%), desconforto com óculos prescritos 4 (5,7%) e atrofia bulbar 4 (5,7%). O número de consultas antes do início do processo foi de até duas em 67,1% dos casos. Os processos decorrentes de cirurgia representaram 94,3% da amostra. Termo de consentimento informado não foi utilizado em 63% do total de casos cirúrgicos. Os valores de indenização pagos foram menores do que 50 mil reais em 72,7%. Conclusões: Foram fatores importantes relacionados aos processos judiciais oftalmológicos: amaurose, tratamento cirúrgico, descolamento de retina, número reduzido de consultas pré-operatórias e ausência de termo de consentimento. Descritores: Imperícia; Consentimento livre e esclarecido; Oftalmologia/legislação & jurisprudência; Responsabilidade legal; Procedimentos cirúrgicos refrativos/legislação & jurisprudência Purpose: To analyze the possible predisposing factors of lawsuits involving ophthalmologists. Methods: Retrospective study of 70 lawsuits involving the practice of Ophthalmology. The patient’s gender, age, medical and ophthalmic history were reviewed. The eye disorder that generated the prosecution, the pre-existing ophthalmic diagnosis, the preoperative exams and the operating room data were also analyzed. The informed consent form, the outcome of the litigation and the value of compensation were recorded. Results: Blindness was reported in 45 (64.3%) of the 70 lawsuits and was the principal eye disorder related to litigation. The pre-existing eye diseases associated with legal claims were: cataracts in 46 (65.7%) lawsuits, refractive errors in 12 (17.1%), ocular trauma in 8 (11.4%), glaucoma in 3 (4.3%) and retinal detachment in 1 (1.4%) lawsuit. The major surgical complications that possibly motivated the patient to sue the ophthalmologist were retinal detachment in 37 (52.8%) lawsuits, poor visual acuity after cataract surgery in 12 (17.1%), corneal disorders following refractive surgery in 8 (11.4%), endophthalmitis in 4 (5.7%), discomfort with refractive prescriptions in 4 (5.7%) and ocular atrophy in 4 (5.7%) lawsuits. Ophthalmic surgery was involved in 94.3% of the 70 prosecutions analyzed. Two or less visits to the ophthalmologist preceding the surgical or refractive event leading to legal dispute were recorded in 67.1% of the lawsuits. A pre-surgical Informed consent form was not used in 63% of the 66 surgical procedures leading to litigation. 62.9% of the lawsuits were unfavorable to the Ophthalmologist and the amount of compensation was less than R$ 50,000 in 72.7% of these legal claims. Conclusions: Blindness, surgery, retinal detachment, few pre-operative ophthalmic visits and the lack of informed consent forms were possible risk factors associated with lawsuits in the field of Ophthalmology. Keywords: Malpractice; Informed consent; Ophthalmology/legislation & jurisprudence; Liability, legal; Refractive surgical procedures/legislation & jurisprudence INTRODUÇÃO cenário atual do exercício de medicina no Brasil apresenta um quadro que chama a atenção e os desafios a serem enfrentados não se comparam com aqueles que as gerações anteriores de médicos tiveram de lidar. Nos últimos anos assistiu-se a um expressivo aumento do número de Escolas de Medicina, algumas criadas para atender finalidades empresariais e não para atender às demandas sociais. Além disso, observou-se a consolidação das empresas conhecidas como “planos de saúde” no sistema de atendimento médico. O progresso tecnológico foi fantástico, mas ao mesmo tempo em que ampliou as condições de melhores diagnósticos e curas, multiplicou severamente os custos dos cuidados com a saúde(1). E, ao que parece, copiou-se o modelo Norte-Americano da indústria de ações judiciais contra médicos, já que a Medicina assim o permite, por ser ciência imprecisa, de dúvidas e incertezas. O número de processos judiciais cíveis na área médica tem aumentado muito nos últimos 10 anos. Na oftalmologia, as áreas O Trabalho realizado na Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 1 2 Médico, Ciências Médicas, Universidade Federal Fluminense - UFF - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Médico, Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal Fluminense - UFF - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Endereço para correspondência: Marcelo Palis Ventura. Rua Mariz e Barros, 459 Niterói (RJ) - CEP 24220-120 - E-mail: [email protected] Trabalho realizado como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. Recebido para publicação em 25.04.2010 Última versão recebida em 07.11.2010 Aprovação em 15.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Carlos Teixeira Brandt sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 501-4 73(6)07.pmd 501 20/12/2010, 11:45 501 P ROCESSOS JUDICIAIS EM OFTALMOLOGIA : ANÁLISE DE POSSÍVEIS FATORES DESENCADEANTES em que mais têm ocorrido processos são as das subespecialidades de catarata e cirurgia refrativa(2-4). Apesar do aprimoramento das técnicas e do avanço do conhecimento, os médicos não se inteiraram dos progressos sociais e dos direitos do paciente, hoje chamado de consumidor, pela Lei 8.078/90, onde o médico é considerado prestador de serviços, embora o novo Código de Ética Médica - Resolução CFM 1931/2009, discorde desta denominação(5). A descrição exígua nos prontuários, aliada ao fato de pouco se esclarecer ao paciente sobre os riscos inerentes dos procedimentos, na “Era da Informação”, têm permitido o aumento da incidência de processos(6-8). O objetivo deste estudo foi analisar os possíveis fatores desencadeantes de processos judiciais na área de oftalmologia. Tabela 1. Acuidade visual inicial e final com correção Acuidade visual Acuidade visual inicial (n 70) Acuidade visual final (n 70) 20/40 ou melhor 20/60 a 20/400 Amaurose Não avaliada 39 (55,7%) 23 (32,9%) 1 ( 1,4%) 7 (10,0 %) 20 (28,6%) 5 (07,1%) 45 (64,3%) Zero Tabela 2. Procedimentos realizados que deram origem aos processos Tipo de procedimento MÉTODOS Estudo retrospectivo de 70 casos de processos judiciais cíveis que envolveram médicos oftalmologistas, baseados em perícias realizadas no período compreendido entre 2002 e 2008, no Estado do Rio de Janeiro. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. Os critérios de inclusão foram: processos médicos oftalmológicos transitados em julgado, com autorização por escrito dos juízes consultados. Foram excluídos aqueles em que inexistia o prontuário do paciente nos autos do processo. Foram avaliados em cada processo os dados demográficos dos pacientes no momento do incidente, a anamnese, o exame oftalmológico, o diagnóstico inicial, o tratamento realizado, o diagnóstico da causa do processo, o número de consultas antes e após o fato desencadeante, a realização de exames pré-operatórios mínimos de acordo com os protocolos da Cooperativa Estadual de Serviços Administrativos em Oftalmologia (COOESO)(9), termo de consentimento informado, folha de descrição do procedimento, folha de enfermagem, folha de materiais e medicamentos do centro cirúrgico, folha do anestesista, folha de alta hospitalar e o valor da indenização (abaixo de 50 mil reais, de 50 mil até 100 mil reais, acima de 100 mil reais). A analise dos dados foi realizada em conjunto com o Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense RESULTADOS Dos 70 casos analisados 27 (38,6%) eram de mulheres e 43 (61,4%) eram de homens. As idades variaram de dois meses a 83 anos, com média de 46,7 anos e desvio padrão de 18,5 anos. Os dados da acuidade visual inicial e final estão descritos na tabela 1. Com relação ao motivo da consulta inicial os resultados encontrados foram: 46 casos de catarata (65,7%), 8 casos de cirurgia refrativa, 8 casos de trauma ocular, 4 casos de prescrição de óculos, 3 casos de glaucoma e 1 caso de descolamento de retina. Destes, 66 (94,3%) pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico e 4 (5,7%) a tratamento clínico. Os procedimentos realizados e as complicações decorrentes que deram motivação a lide estão detalhados nas tabelas 2 e 3. O número de consultas realizadas antes do procedimento que deu origem ao processo foi de até duas em 47 pacientes (67,1%) e mais de duas em 23 pacientes (32,9%). O número de consultas após o procedimento desencadeante foi de até duas em 23 (32,9%) pacientes e mais de duas em 47 (67,1%). Com relação às condições dos exames pré-operatórios de acordo com os protocolos da Cooperativa Estadual de Serviços 502 73(6)07.pmd Facectomia Cirurgia refrativa 46 (65,7) 8 (11,4) Cirurgia de trauma ocular 8 (11,4) Prescrição de óculos 4 (05,7) Cirurgia de glaucoma 3 (04,3) Descolamento de retina 1 (01,4) Tabela 3. Complicações decorrentes do procedimento realizado Complicações Número de casos (n 70) (%) Descolamento de retina 37 (52,8) Acuidade visual insatisfatória após cirurgia de catarata 12 (17,1) Alterações corneanas após cirurgia refrativa 8 (11,4) Endoftalmites 4 (05,7) Desconforto com óculos prescritos 4 (05,7) Atrofia bulbar 4 (05,7) Acuidade visual insatisfatória após cirurgia de glaucoma 1 (01,4) Administrativos em Oftalmologia - COOESO, os dados dos prontuários foram classificados como satisfatórias em 42 (63,6%), insatisfatórias em 22 (33,3%) e inexistentes em 2 (3%). Os resultados relativos à documentação pertinente ao ato cirúrgico foram os seguintes: termo de consentimento estava presente em 25 (37,9%) e ausente em 41 (63,1%); descrição cirúrgica dos procedimentos realizados foi adequada em 54 (81,8%), inadequada em 9 (13,6%) e ausente em 3 (4,6%); folha de descrição de material cirúrgico estava adequada em 58 (87,9%), inadequada em 6 (9,1%) e ausente em 2 (3%); folha de anestesia estava adequada em 50 (75,8%), inadequada em 7 (10,6%) e ausente em 9 (13,6%); e a folha de alta hospitalar estava adequada em 58 (87,9%), inadequada em 4 (6,1%) e ausente em 4 (6,1%). Do total de 70 processos estudados 44 (62,9%) resultaram em indenização para os pacientes e 26 (37,1%) processos não resultaram em indenização. Dentre os casos em que houve indenização 32 (72,7%) foram com valores menores que R$ 50 mil reais, 10 (22,7%) com valores entre 50 mil e 100 mil reais e 2 (4,5%) com valores maiores que 100 mil reais. O quadro 1 apresenta de forma resumida a correlação entre os resultados das sentenças judiciais e os principais parâmetros desfavoráveis ao médico. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 501-4 502 Número de casos (%) 20/12/2010, 11:45 S ANTOS W, S OLARI HP, Quadro 1. Resultados das sentenças judiciais e suas relações com os principais parâmetros desfavoráveis ao médico Parâmetros desfavoráveis Sentença desfavorável ao médico (n 44) Sentença favorável ao médico (n 26) 01 Amaurose 44 Tratamento cirúrgico 44 21 Ausência termo de consentimento 41 01 Procedimento inicial evoluindo para descolamento de retina 37 Zero Até 2 consultas antes do fato desencadeante 36 03 DISCUSSÃO Estatísticas recentes apontam para um aumento expressivo no número de processos contra médicos no Brasil. Dentre as causas deste aumento podemos citar as mudanças nas características do brasileiro como consumidor, estando mais consciente e exigente. Estas mudanças têm relação com um processo semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos, descrito como “indústria do erro médico”, com julgamentos envolvendo grandes cifras, gerando mudanças na relação médico-paciente(6,10-11). Em processos médicos, os juízes se baseiam nas informações fornecidas por peritos, dando veredictos a respeito de assuntos que vão além de seu campo de conhecimento. Os peritos que participam destes processos podem emitir laudos muito distantes da realidade científica, prejudicando a classe médica, portanto a existência de protocolos e normatizações específicos pode ajudar a minimizar a subjetividade dos pareceres(12). Através da análise de processos médicos oftalmológicos, este estudo determinou as principais características relacionadas aos médicos, aos pacientes e às condições oftalmológicas que geraram as ações litigiosas. Múltiplos fatores de risco foram associados a um aumento da probabilidade de processo médico. Diversos estudos analisaram as principais características de casos que evoluíram para processos judiciais. A literatura demonstra que as causas mais comuns têm associação com cirurgias, sendo a catarata o principal diagnóstico, mas também apontam outras causas como as cirurgias refrativas e de glaucoma. A maior parte dos casos decorre de resultados insatisfatórios e não de erro médico(10,13-14). Em nosso estudo, esta insatisfação pode ser claramente identificada quando comparamos a acuidade visual inicial que era de 20/40 ou melhor em 55,7% dos pacientes, evoluindo para amaurose em 64,3%, indicando que o resultado visual tem papel importante como fator de risco. Em concordância com dados da literatura, dentre as condições que levaram à consulta inicial, os quadros relacionados à cirurgia correspondiam à maior parte dos casos, sendo a catarata a causa mais comum (65,7%), seguida de casos com indicação de cirurgia refrativa (11,4%), enquanto ametropias, trauma ocular, glaucoma e descolamento de retina, foram encontrados como fatores desencadeantes de processos médicos em menor escala. Dados recentes indicam que a incidência de processos judiciais tem aumentado, principalmente para procedimentos cirúrgicos eletivos. Apesar das cirurgias refrativas serem apontadas como causa crescente de queixas judiciais em outros países, em nosso estudo este procedimento representou 11,4% dos casos. Dados da literatura mostram que em geral há maior risco quando o cirurgião tem grande volume cirúrgico ou história prévia de processos médicos(15-17). E T AL . Quanto ao tipo de tratamento, cirúrgico ou clínico, nos casos estudados, a cirurgia correspondeu a 94,3%, sendo a grande maioria associada à facectomia. Estes dados indicam a importância de um cuidadoso preparo pré-operatório, no qual deve ser incluído o desenvolvimento de uma boa relação-médico paciente, o domínio consistente da técnica empregada, condições adequadas de infraestrutura para a realização do procedimento e o correto preenchimento da documentação médica. Dentre as causas clínicas que originaram a lide, a mais prevalente foi a insatisfação com os óculos prescritos, nesta série, esta foi a motivação de todos os casos não cirúrgicos. Considerando-se que a maior parte dos atendimentos oftalmológicos diários consiste em queixas refrativas, estes resultados indicam a necessidade de um exame refracional cuidadoso, visando evitar insatisfação e risco de processos judiciais. Quanto às complicações secundárias ao tratamento efetuado, os diagnósticos também indicaram grande associação com resultado cirúrgico, sendo o de maior incidência o descolamento de retina após cirurgia de catarata, seguido de acuidade visual insatisfatória também após cirurgia de catarata e alterações corneanas após cirurgia refrativa. Outros autores relatam resultados similares(10,16-18). Quanto ao número de consultas prévias ao início do processo, observou-se que a maioria dos casos teve no máximo dois atendimentos antes do fator desencadeante e que após o ocorrido, houve o oposto, com 67,1% dos pacientes comparecendo a mais de duas consultas. Estes dados parecem indicar que o paciente que teve menor contato com o médico antes do procedimento tem maior probabilidade de entrar com um processo judicial, e que a tentativa de compensar esta deficiência após um procedimento mal sucedido parece não ter efeito no sentido de evitar um processo judicial. Analisando-se as condições dos exames pré-operatórios de acordo com os protocolos da COOESO, observa-se que um número considerável de casos foi qualificado como insatisfatório (33,3%) ou até inexistente (3%). Estes dados são condizentes com o fato de que uma boa avaliação pré-operatória auxilia no diagnóstico da patologia principal e de condições associadas, diminuindo, portanto os riscos operatórios ou servindo ao menos para fornecer uma melhor orientação ao paciente. A avaliação pré-operatória cuidadosa também reforça a relação médico-paciente, na medida em que demonstra o cuidado e atenção dispensados pelo médico. O termo de consentimento informado não foi utilizado em 63,1% do total de casos cirúrgicos, embora a obrigatoriedade deste documento seja regulamentada por lei. A resolução do Conselho Federal de Medicina, número 1931 de 2009, no capítulo IV sobre direitos humanos, no seu artigo 22 fala que é vedado ao médico deixar de obter consentimento do paciente ou do seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte(19). Esta permissão que deverá ser assinada pelo paciente previamente ao procedimento proposto, é obrigatória, e deverá ter explicações detalhadas sobre os possíveis efeitos colaterais e eventuais resultados adversos baseados em dados da literatura médica, como resultados de grandes séries e consensos. Analisando-se os processos a maioria resultou em indenização (62,9%), sendo os valores pagos menores do que 50 mil reais em 72,7% dos casos, os valores acima de 100 mil reais corresponderam a apenas 4,5% dos processos. Estas informações indicam que parte destes processos judiciais nem sempre geram prejuízos financeiros consideráveis e raramente atingem altas cifras, apesar disto há o desgaste decorrente da situação e as perdas financeiras indiretas, que poderiam ser evitadas com uma maior atenção à relação médico-paciente, à documentação dos atendimentos e Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 501-4 73(6)07.pmd 503 20/12/2010, 11:45 503 P ROCESSOS JUDICIAIS EM OFTALMOLOGIA : ANÁLISE DE POSSÍVEIS FATORES DESENCADEANTES procedimentos, e ao correto preenchimento do termo de consentimento informado. Alguns autores(10),descreveram as principais características de casos judiciais que evoluíram para altos valores indenizatórios nos Estados Unidos. Em concordância com nosso estudo, além da catarata ser o principal diagnóstico, casos que evoluíram para amaurose corresponderam a maior parte dos processos. Ainda de acordo com estes autores, fatores que influenciaram a decisão de procurar a justiça foram registros alterados, pouca documentação e problemas com termos de consentimento. Em nosso estudo, dos 44 casos que apresentaram sentenças desfavoráveis aos médicos, 41 não tinham termo de consentimento. Neste sentido, é importante notar que a defesa médica pode ser afetada por fatores não-clínicos como registros incompletos ou termos de consentimentos inapropriados. Outros autores(17), em estudo contendo dados a respeito de 120 anos de defesa a processos legais contra oftalmologistas do Reino Unido, indica que a principal causa de processos é a cirurgia de catarata, embora os maiores valores indenizatórios tenham sido relacionados as complicações associadas às cirurgias refrativas. O código de ética médica de 2009, no capitulo X sobre documentos médicos, descreve no seu artigo 87 que é vedado ao médico deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente, e complementa no parágrafo primeiro, que o prontuário deve conter os dados clínicos necessários para boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina(5). É importante enfatizar que a defesa do profissional médico estará fundamentada nos registros contidos no prontuário, no termo de consentimento informado, nas folhas de descrição da cirurgia e em todos os demais documentos pertinentes ao ato que devem estar rigorosamente preenchidos com letra legível e sem rasuras. Portanto, uma boa descrição do caso poderá mostrar nos tribunais que o profissional agiu dentro das normas técnicas, dispensando os cuidados e zelo necessários para obter o melhor resultado para o paciente. Além disso, junto aos autos, no corpo do processo, deverão ser apresentadas provas documentais baseadas em dados da literatura médica que demonstram a possibilidade da complicação ocorrer no procedimento realizado, e que o paciente havia sido informado quando assinou o termo de consentimento. CONCLUSÃO Em suma, foram fatores importantes relacionados aos processos judiciais oftalmológicos, amaurose, tratamento cirúrgico, descolamento de retina, número reduzido de consultas pré-operatórias e ausência de termo de consentimento. 504 73(6)07.pmd REFERÊNCIAS 1. Carvalho JCM. Responsabilidade civil médica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Destaque; 2002. 2. Lindstrom R. Lasik and PRK malpractice predictors. Ophthamology. 2004; 111(6):1265-6. Comment in: Ophthalmology. 2003;110(11):2137-46. 3. Deustsche RA, Holzer JF. Cataract surgery associated with majority of malpractice action against ophthalmologists. Ophthalmic Mutual Insurance Company. OMIC Digest [Internet]. 1991. [cited 2010 Jan 12]. 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Main data assessed were: number of cataract surgeries performed, incidence of endophthalmitis, microbiological outcome (aqueous and/or vitreous culture and Gram staining), and antimicrobial susceptibility testing of the positive cases. Results: Seventy-three eyes of 73 patients (43 females and 30 males) developed endophthalmitis after 24,590 cataract surgeries. The incidence decreased from 0.49% in 2003 to 0.17% in 2006 and stabilized afterwards. Coagulase negative Staphylococci (CoNS) and Streptococcus viridans (56.5% and 15%, respectively) were the most common bacterial isolates. Culture and Gram stain were negative in 36.9%. CoNS presented susceptibility rates of 80%sensitivity to oxacillin, 90% to fourth-generation quinolones and 100% to vancomycin. Conclusions: The rate of endophthalmitis, diagnostic ability of conventional laboratory investigation, microbial isolates and antibiotic susceptibility are in accordance with other findings of the literature. Despite using prophylactic antibiotic drops, it was possible to identify cases that were susceptible to the antibiotics topically applied. Objetivo: Relatar incidência, técnica diagnóstica e características microbiológicas de endoftalmite numa instituição universitária no Brasil. Métodos: Todos os casos de endoftalmite pós-operatória presumida de 2002 a 2008 foram incluídos. Os principais dados avaliados foram: número de cirurgias de catarata realizadas, incidência de endoftalmite, resultado microbiológico (bacterioscopia e cultura de aquoso e vítreo) e teste de sensibilidade antibiótica dos casos positivos. Resultados: Setenta e três olhos de 73 pacientes (43 do sexo feminino e 30 do masculino) desenvolveram endoftalmite após 24.590 cirurgias de catarata. A incidência reduziu de 0,49% em 2003 para 0,17% em 2006 e estabilizou-se depois disso. Staphylococcus coagulase-negativa (SCoN) e Streptococcus viridans (56.5% e 15%, respectivamente) foram os isolados bacterianos mais comuns. Cultura e bacterioscopia foram negativas em 36,9%. SCoN apresentou taxas de sensibilidade de 80% à oxacilina, 90% às quinolonas de quarta geração e 100% à vancomicina. Conclusões: A taxa de endoftalmite, a capacidade diagnóstica das técnicas laboratoriais convencionais, os microrganismos isolados e a sensibilidade aos antibióticos estão em acordo com outros achados na literatura. Apesar do uso profilático de colírio antibiótico, foi possível identificar casos de infecção em que as bactérias eram sensíveis aos antibióticos usados topicamente. Keywords: Endophthalmitis/ epidemiology; Endophthalmitis/etiology; Endophthalmitis/diagnosis; Endophthalmitis/microbiology; Cataract extraction/adverse effects Descritores: Endoftalmite/epidemiologia; Endoftamite/etiologia; Endoftalmite/diagnóstico; Endoftalmite/microbiologia; Extração de catarata/efeitos adversos INTRODUCTION nfectious endophthalmitis following cataract surgery still is a devastating condition, despite major improvements in surgical techniques in the last decades. Most series report on an incidence rate ranging from 0.05% to 0.4% in different studies worldwide(1). Most cases are caused by Gram-positive microorganisms present in the conjunctiva and the eyelid. Prophylactic procedures include the use of preoperative and postoperative antibiotics and preoperative povidone. Its management requires a prompt intervention, such as a vitreous tap followed by intravitreal injection of antibiotics or vitrectomy(2). Herein, we present the rates of endophthalmitis at a university setting in Brazil, where surgeries are predominantly performed by residents and fellows. Additionally, we compare these rates prior and after the introduction of fourth-generation quinolones as postoperative prophylactic drops. I Study carried out at the Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. 1 2 3 4 Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP São Paulo (SP), Brazil. Biomedical, Special Laboratory of Clinical Microbiology, Department of Medicine, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Biomedical, Ocular Microbiology Laboratory, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Physician, Special Laboratory of Clinical Microbiology, Department of Medicine, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Correspondence address: Gustavo Barreto de Melo. Rua Botucatu, 822 - São Paulo (SP) - CEP 04023-062 - Email: [email protected] Recebido para publicação em 20.06.2010 Última versão recebida em 08.11.2010 Aprovação em 15.11.2010 Esse estudo teve apoio da FAPESP e da CAPES. Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. José Beniz Neto sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. METHODS This was a retrospective study based on the medical records of the Departments of Ophthalmology and Ocular Microbiology Laboratory (LOFT) at the Federal University of São Paulo, Brazil. Data from patients who had been previously submitted to cataract surgery (alone or combined with trabeculectomy) Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 505-7 73(6)08.pmd 505 20/12/2010, 11:49 505 I NCIDENCE OF ENDOPHTHALMITIS AFTER CATARACT SURGERY (2002-2008) were examined and presented with presumed infectious endophthalmitis from 2002 to 2008. The following data were assessed: number of cataract surgeries performed per year and number of endophthalmitis cases, gender, age, interval from surgery to diagnosis, prophylactic use of antibiotics eye drops, microbiological outcome (aqueous and/or vitreous culture and Gram staining), and antimicrobial susceptibility testing of the positive cases. The incidence of endophthalmitis was established per year and for the whole period of the study based on its clinical diagnosis. It should be stated that all patients were operated on and followed at the same institution. Patients operated on elsewhere were excluded from this analysis. Antibiotic drops were administered 30 minutes before surgery and for 7 days afterwards (q.i.d.). The patients were submitted to either vitreous/aqueous tap or vitrectomy followed by intravitreal injection of antibiotics. Intraocular specimens were collected and cultured on blood agar, chocolate agar, fastidious anaerobic thioglycolate broth, and Sabouraud agar for aerobic and anaerobic bacteria, and fungi. Gram stain and acid-fast stain were performed immediately. A positive culture was defined as either separate colonies of the same organism on two or more separate culture plates or confluent growth at the site of inoculation. Antimicrobial susceptibility testing was performed by the disc diffusion method. Current version of CLSI document M-100, published annually, was used for zone diameter interpretation. RESULTS Seventy-three eyes of 73 patients (43 females and 30 males) developed presumed postoperative endophthalmitis after cataract surgery alone (71 cases) or combined with trabeculectomy (2 cases) from 2002 to 2008 at our institution. Demographic data are disclosed in table 1. Most patients were elderly and were under antibiotic drops after surgery until the development of the infection. Mean time interval from surgery to clinical diagnosis was 8.5 days. In the period of time of this study (2002-2008), 24,590 cataract surgeries were performed at our setting, keeping a regular distribution yearly. Incidence of presumed endophthalmitis varied from a peak of 0.49% in 2003 to a trough of 0.17% in 2006. The rate of endophthalmitis decreased by half when the last 3 years were compared to the 2 initial years. Detailed data are presented in table 2. Overall incidence of endophthalmitis was 0.29%. Microbiological techniques were able to confirm 63% of the clinically suspected cases. Bacterial species identified are disclosed in table 3. Coagulase negative Staphylococci (CoNS) were responsible for 56.5% of all positive cases from 2002 to 2008; Streptococcus viridans was positive in 15% of the identified cases; Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa and Staphylococcus aureus corresponded each to 4% of these cases; other microorganisms were identified in one case each. Among all 73 presumed cases of endophthalmitis, 27 (36.9%) were negative either in culture or in Gram staining. Antimicrobial susceptibility testing was performed for every positive case of infectious endophthalmitis. None of the Gram-positive isolates were resistant to vancomycin. Five samples of CoNS, and 2 of Staphylococcus aureus were resistant to oxacillin. Among these, one sample of CoNS was also resistant to gatifloxacin and another one to moxifloxacin. These patients were under prophylactic drops of moxifloxacin postoperatively. No other sample of bacteria isolated from these endophthalmitis cases was resistant to the fourth-generation quinolones. It is important to state that during the period of time 506 73(6)08.pmd AT A B RAZILIAN UNIVERSITY - HOSPITAL Table 1. Demographic data from the cases (n=73) Age (mean±SD) Gender Interval (days) between surgery and diagnosis (mean ± SD) Prophylactic postoperative use of antibiotic drops 67.6 ± 11.4 30 43 8.5 ± 10.11 Yes No Not available 57 01 15 assessed in this study, antibiotic susceptibility with fourth-generation quinolones was applied to 10 positive samples. Therefore, there was an 80%-sensitivity to this class of antibiotic (90% to gatifloxacin and 90% moxifloxacin each). DISCUSSION The incidence of endophthalmitis following cataract surgery has varied over the last decades as described in the literature. In the 1970s, it was 0.32%; 0.16% in the 1980s; 0.08% in the 1990s; and showed a trend to increase in the early years of the 21st century, reaching 0.26%(1). The increased rate of endophthalmitis after cataract extraction has been temporally associated with the use of sutureless clear cornea incisions. This may be caused by wound defect (including wound leakage), early postoperative hypotony (leading to the inflow of the eyelid microorganisms) and possibly the lack of the conjunctiva covering the corneal incision. The overall rate of endophthalmitis at our setting from 2002-2008 (0.29%) was very similar to the one reported on this systematic review of the literature. Interestingly, this rate significantly decreased by half from 2002 and 2003 to the following years. Within this period, there was no significant difference in surgical techniques in worldwide phacoemulsification that could explain these data. We hypothesize two possible explanations. First, the phacoemulsification teaching method changed at our institution. Previously, residents that had never done a phacoemulsification would simply begin operating on patients with the assistance from the first to the last step. Later on and nowadays, the residents have to do their first surgeries by performing the last steps, such as corneal suturing and IOL implantation. Only after acquiring some experience, they can perform initial steps and the whole surgery. It is believed that this method might have decreased the rate of surgical complications. However, the impact of the new teaching methodology has not been assessed into details and there are no published data from our service to clearly support this theory. Another possible explanation to a decreased incidence in the latest years is the use of fourth-generation quinolones. They have been routinely used as a postoperative prophylaxis since 2004/2005. And besides, they have been donated to the patients for the postoperative period. Although this association is hardly proven, another study showed a marked reduction in endophthalmitis incidence with fourth-generation quinolones in comparison to the third-generation ones(3). One might expect our incidence would be higher than the average since the majority of the cataract surgeries are performed either by residents or fellows. It is well known that surgical complications, such as posterior capsule disruption with vitreous loss, are significant risk factors for the development of this infection. It is also expected that surgeons-intraining be responsible for more cases developing complication(4). However, a small case series did not show an increa- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 505-7 506 Male Female 20/12/2010, 11:49 M ELO GB, B ISPO PJM, E T AL . Table 2. Number of performed cataract surgeries, presumed endophthalmitis cases, culture-proven cases and incidence of endophthalmitis per year and overall rates Year Number of surgeries Presumed endophthalmitis Culture-proven cases Incidence (%) 2002 03876 18 11 0.46 2003 03663 18 13 0.49 2004 03596 10 05 0.28 2005 03248 08 05 0.24 2006 03572 06 04 0.17 2007 03164 06 04 0.19 2008 03471 07 04 0.20 Overall 24590 73 46 0.29 Table 3. Microbiological characterization for the whole period of the study (2002-2008). Percentage refers only to the positive cases Bacterial species n Coagulase negative Staphylococci 26 56.5 7 15.2 2 04.3 2 04.3 2 04.3 Streptococcus viridans Proteus mirabilis Pseudomonas aeruginosa Staphylococcus aureus Streptococcus pneumoniae β-hemolytic Streptococcus (group G) Morganella morganii Enterococcus spp Haemophilus spp Acinetobacter Weeksella virosa Positive Gram staining/negative culture Negative culture/Gram staining Total positive cases Total % 1 02.1 1 02.1 1 02.1 1 02.1 1 02.1 1 02.1 1 02.1 1 02.1 27 NA 46 100 73 NA NA= not applicable sed incidence of endophthalmitis after cataract surgery performed by residents(5). We believe that our results, although presenting an average rate of infection according to the systematic review of literature, is probably higher than it could be due to the higher rate of surgical complications found in surgeries performed by surgeons-in-training. Laboratory investigation was able to diagnose 63% of the presumed infectious endophthalmitis cases. This is in accordance with most studies, in which culture sensitivity varies from 30 to 80%(6-7). The sensitivity is increasingly higher with vitreous tap and vitrectomy in comparison to aqueous tap(6). CoNS are the most common causative microorganisms of infectious endophthalmitis in most series, usually followed by Streptococci(8-9). This was exactly what we found in our study. In the Endophthalmitis Vitrectomy Study, for example, 70% of the causative microorganisms were CoNS and about 9% were Streptococci and Staphylococcus aureus each(8). A previous study published by our group also showed a similar distribution of microorganisms regarding all cases of endophthalmitis, including the endogenous and traumatic ones(9). Despite the lack of clear evidence favoring the use of prophylactic postoperative antibiotics, they are commonly used in most clinical settings. However, this may trigger antibiotic resistance. In two previous studies, it was shown that 68% of CoNS were sensitive to third generation quinolones(10-11). We showed a 92%-susceptibility to ciprofloxacin in our previous report(9). In our current series, we found an 80%-susceptibility of CoNS to oxacillin, and a 90%-sensitivity to gatifloxacin or moxifloxacin. In summary, this study provides information on a large series of endophthalmitis in a single-center from 2002 to 2008. Overall incidence was 0.29% and showed a marked decrease from 2004 on; laboratory investigation was able to diagnose 63% of the presumed infectious cases; CoNS were the most common microorganisms; and there still is a high rate of antibiotic susceptibility in our institution. These data are consistent with other studies in worldwide literature. One of the main points raised by this report and whose answer remains unknown is how prophylactic antibiotic drops can influence the rate of infectious endophthalmitis. Other important issue is the low sensitivity of the conventional laboratory diagnostic techniques. The clinical application of molecular diagnostic tools should be taken into account. These topics should be addressed in future studies. REFERENCES 1. Taban M, Behrens A, Newcomb RL, Nobe MY, Saedi G, Sweet PM, McDonnell PJ. Acute endophthalmitis following cataract surgery: a systematic review of the literature. Arch Ophthalmol. 2005;123(5):613-20. 2. Kim JY, Ali R, Cremers SL, Henderson BA. Perioperative prophylaxis for postcataract extraction endophthalmitis. Int Ophthalmol Clin. 2007;47(2):1-14. 3. Jensen MK, Fiscella RG, Moshirfar M, Mooney B. Third- and fourth-generation fluoroquinolones: retrospective comparison of endophthalmitis after cataract surgery performed over 10 years. J Cataract Refract Surg. 2008;34(9):1460-7. Comment in: J Cataract Refract Surg. 2009;35(2):206; author reply 207-9. J Cataract Refract Surg. 2009;35(2):206-7; author reply 207-9. 4. Blomquist PH, Rugwani RM. Visual outcomes after vitreous loss during cataract surgery performed by residents. J Cataract Refract Surg. 2002;28(5):847-52. 5. Hollander DA, Vagefi MR, Seiff SR, Stewart JM. Bacterial endophthalmitis after resident-performed cataract surgery. Am J Ophthalmol. 2006;141(5):949-51. 6. Donahue SP, Kowalski RP, Jewart BH, Friberg TR. Vitreous cultures in suspected endophthalmitis. Biopsy or vitrectomy? Ophthalmology. 1993;100(4):452-5. 7. Goldschmidt P, Degorge S, Benallaoua D, Basli E, Batellier L, Boutboul S, et al. New test for the diagnosis of bacterial endophthalmitis. Br J Ophthalmol. 2009;93(8): 1089-95. 8. Han DP, Wisniewski SR, Wilson LA, Barza M, Vine AK, Doft BH, Kelsey SF. Spectrum and susceptibilities of microbiologic isolates in the Endophthalmitis Vitrectomy Study. Am J Ophthalmol. 1996;122(1):1-17. Erratum in: Am J Ophthalmol. 1996 Dec;122(6): 920. 9. Bispo PJM, Melo GB, d’Azevedo PA, Höfling-Lima AL, Yu MCZ, Pignatari ACC. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 505-7 73(6)08.pmd 507 20/12/2010, 11:49 507 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Effect of bevel position on the corneal endothelium after phacoemulsification Efeito da posição do bisel da caneta de facoemulsificação no endotélio corneano EDUARDO RASKIN1, JAYTER SILVA PAULA1, ANTONIO AUGUSTO VELASCO CRUZ1, ROBERTO PINTO COELHO1 ABSTRACT RESUMO Purpose: To compare the extent of corneal endothelial (CE) cell loss changes in two groups of eyes submitted to phacoemulsification, with the conventional bevel-up tip position in one eye and with the bevel-down tip position in the fellow eye. Methods: This prospective clinical trial comprised 25 patients with bilateral cataracts subjected to lens removal by phacoemulsification with the conventional bevel-up tip position (GI) in one eye and with the bevel-down tip position (GII) in the fellow eye. The nuclei were graded clinically on the basis of hardness. The endothelial cell count (ECC) was evaluated preoperatively and 1, 3 and 6 months postoperatively. Total surgical time, effective ultrasound time and complications were also compared between the groups. Statistical analysis was performed by the Tukey Studentized Range test, with repeated measures for the selected periods. For the other parameters a paired t test was used. Data are presented as mean ± SD, with the level of significance set at p<0.05. Results: The mean effective ultrasound time was 8.08 ± 6.75 seconds in group I and 7.00 ± 5.75 seconds in GII (P=0.1792) and total surgical time was 10.01 ± 2.46 minutes in GI and 9.86 ± 2.17 minutes in GII (p=0.6267), respectively. The paired t test revealed no statistical differences between the groups. Complications were also similar between the groups. Mean endothelial cell count loss was 6.9% in GI and 2.8% in GII at one month; 6.9% in GI and 3.6% in GII at three months and 11.9% in GI and 7.6% in GII at six months postoperatively. Comparison of endothelial cell count (ECC) showed a statistically significant difference between the groups during the postoperative period. Conclusion: The conventional bevel-up tip position has a negative effect on corneal endothelial cells compared with the bevel-down position. Since the results of other surgical parameters were similar, the bevel-down tip position should be considered as an option in non-complicated phacoemulsification. Keywords: Cataract extraction; Phacoemulsification/methods; Endothelium, corneal/surgery; Comparative study Objetivo: Comparamos duas técnicas de cirurgia de catarata. A técnica cirúrgica tradicional, em que direciona a abertura do bisel da ponteira de facoemulsificação para o endotélio corneano, com a técnica oposta, onde a reversão da posição de abertura permite o direcionamento da energia de emulsificação para o núcleo. Estudamos seus efeitos sobre a córnea e possíveis complicações. Métodos: O trabalho foi divido em quatro tempos: pré-operatório e após 30, 60 e 180 dias. Os pacientes foram divididos em dois grupos: o grupo 1, tratado com a técnica cirúrgica tradicional, com a abertura da ponteira direcionada para o endotélio, e grupo 2, que recebeu tratamento com técnica oposta, direcionada diretamente para o núcleo ou para os fragmentos nucleares. Após as cirurgias, foram estudados: perda endotelial após 30, 60 e 180 dias, tempo total de cirurgia e tempo efetivo de faco. Resultados: Os resultados intraoperatórios apresentaram o tempo efetivo de facoemulsificação no GI teve média de 8,08 segundos (DP=6,75) e no GII, média de 7,0 segundos (P=0,1792) e o tempo total de cirurgia de 10,01 ± 2,46 minutos no GI e 9,86 ± 2,17 minutos no GII (p=0,6267) respectivamente. O teste pareado não revelou diferença estatística entre os grupos. As complicações foram similares nos dois grupos. A média de perda de células endoteliais foi de 6,9% no GI e 2,8% in GII com um mês; 6,9% no GI e 3,6% no GII com três meses e 11,9% no GI e 7,6% no GII com seis meses de pós-operatório. Conclusão: Concluímos que a variação da manobra apresentada é segura e pode minimizar perdas no endotélio corneano, podendo ser uma opção na cirurgia da catarata, de acordo com as preferências pessoais do cirurgião. INTRODUCTION ince the introduction of phacoemulsification as a technique to remove cataracts in 1967(1), endothelial cell loss has been a major concern of surgeons(2-3). Several intraoperative factors have been implicated in endothelial cell damage such as ultrasound (US) power, heating, irrigating solutions, intraocular lens (IOL) implantation, air bubbles, and inadvertent contact with instruments or nuclear fragments(4-6). In most phacoemulsification techniques, US energy is directed at the corneal endothelium (CE) due to the bevel-up tip position. The direction of the energy load could be an important reason for cell loss. Theoretically, the down position of the tip would induce less turbulence and better contact between the cataract and the phacoemulsification tip(7-10). Although beveldown techniques have been already described, there is no well long-term controlled study comparing the effect of bevel tip position on the CE and other surgical parameters. S Work carried out at the Department of Ophthalmology, School of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Brazil. 1 Physician, Ophthalmology Departament, School of Medicine of Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto (SP), Brazil. Correspondence address: Roberto Pinto Coelho. Av. Independência, 2.509 - Ribeirão Preto (SP) - ZIP code: 14025-390 - E-mail: [email protected] None of the authors has financial or proprietary interest in any material or method mentioned. Recebido para publicação em 07.03.2010 Última versão recebida em 14.10.2010 Aprovação em 24.10.2010 508 73(6)09.pmd Descritores: Extração de catarata; Facoemulsificação/métodos; Epitélio posterior/cirurgia; Estudo comparativo METHODS The study was previously approved by the local University Hospital Ethics Committee and written informed consent was obtained from each patient after explanation of the nature of the study. Twenty-five consecutive patients ranging in age from 42 to 84 years (mean ± SD= 64.7 ± 12.5 years) with fifty bilateral and symmetric senile cataracts were included in this study. According to the lens opacity classification system III (LOCS III)(11), 13 patients had NO3 NC3 and12 patients had NO4 NC4 classification. Preoperative patient assessment included: best corrected visual acuity (BCVA), biomicroscopy, intraocular pressure (appla- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 508-10 508 20/12/2010, 11:54 R ASKIN E, P AULA JS, nation tonometry), specular microscopy (SM), keratometry, biometry, and fundus examination with a binocular ophthalmoscope. Exclusion criteria were: corneal endothelial count of less than 1500 cells/mm2, corneal scarring, corneal dystrophy, glaucoma, uveitis, previous intraocular surgery, ocular trauma, and diabetes mellitus. The position of the bevel tip in the first eye operated upon was randomized for each patient. For the second eye of the same patient the position of the tip was necessarily the opposite one. Thus, two groups of eyes paired according to bevel tip position were obtained for the 25 patients: group 1 (GI) bevel-up, and group 2 (GII) - bevel-down. All surgeries were performed by the same surgeon (E.R.) with the phaco chop technique. Briefly, pupils were dilated preoperatively with 1% tropicamide and 2.5% phenylephrine hydrochloride peribulbar anesthesia, and BSS Plus was employed as the infusion liquid in all eyes. A temporal 2.75 mm clear corneal incision was made and dispersive viscoelastic material was inserted. Phacoemulsification with a 0.9 mm, 30 degrees MicroTip (Alcon) was performed with the Legacy 20,000® unit (Alcon Laboratories). It starts with the phaco tip positioned with the bevel downward in the central area of the lens, so that it penetrates 2/3 inside when the breaking maneuver is being performed. The Nagahara hook is inserted into the bag opposite to the phaco tip. By rotating the lens, several pieces of nucleus are broken (“chopped”) in the whole circumference. In all eyes, a three-piece IOL (AcrySof, Alcon) was implanted in the bag using the Monarch II delivery system. Postoperatively, all patients received the topical combination of tobramycin 3.0 mg/ml-dexamethasone 1.0 mg/ml (Tobradex®) q.i.d. for 2 weeks. The follow-up period was six months. SM was performed again one, three and six months postoperatively. Effective US time, total surgical time and complications were also recorded. Statistical analysis of changes in endothelial cell count (ECC) between the preoperative and postoperative period was performed by the Tukey Studentized Range test, with repeated measures for the selected periods. For the other parameters a paired t test was used. Data are presented as mean ± SD, with the level of significance set at p<0.05. E T AL . DISCUSSION A significant decrease in endothelial cell density and increase in corneal thickness during cataract surgery have been reported in several studies(2-6). Biochemical factors such as reactive oxygen species have been recently implicated in CE cell damage(12). However, during phacoemulsification mechanical factors related to fragmentation of lens material are unavoidable. Direct mechanical cutting (“jackhammer effect”) and implosion of microcavitation bubbles produce extreme although brief instances of heat and pressure(13). The causes of endothelial injury have been related to these mechanical effects of US, as well as to the movements of lens fragments and air bubbles, and high fluid turbulence in the anterior chamber(14-16). All of these factors could directly damage a thin layer of mucinous material on the posterior surface of CE(17). To protect the endothelium during cataract surgery, viscoelastic material maintains the anterior chamber depth, cushions the endothelium from the insertion of an IOL and acts as a barrier against the turbulent surgical environment(18-19). Other technologies and techniques have also improved cataract surgery, with reduction of the US energy produced(20-23). The few authors who have described variations in the position of the phacoemulsification tip(7-9) have suggested that bevel facing down would cause less turbulence of lens fragments and a better contact between cataract tissue and the phaco tip. In addition, this technique variation could prevent CE damage, improving the efficacy of the procedure. Although these studies showed significant differences regarding endothelial cell loss, the effect of bevel position as an isolated factor was not consistently studied. Changes in both bevel position and in other surgical details were used and their effects on CE may have been attributable to any of these factors(7-9). In order to study the effects of bevel position and of US waves on CE, an artificial model was employed(10). Nevertheless, no differences were detected according to bevel position and the experimental situation was completely different from a real surgery. The present study involved a randomized paired eye and showed a significantly greater ECC loss in phacoemulsification with the conventional bevel-up tip position when compared RESULTS The paired t test revealed no statistical differences between the groups for mean effective US time (GI= 8.08 ± 6.75 and GII= 7.00 ± 5.75 seconds) (p=0.1792) or mean total surgical time (GI= 10.01 ± 2.46 and GII= 9.86 ± 2.17 minutes) (p=0.6267). Complications were also quite similar between the groups (Table 1). Mean endothelial cell count loss was 6.9% in GI and 2.8% in GII at one month; 6.9% in GI and 3.6% in GII at three months and 10.8% in GI and 7.6% in GII at six months postoperatively. The mean cell loss was 10.8% in GI and 7.6% in GII (Figure 1). Comparison of ECC by the Tukey Studentized Range test showed statistically significant differences between the groups during the postoperative period (Table 2). Table 1. Intraoperative and postoperative complications Complication Group I Group II Posterior capsule rupture 1 0 Exacerbated postoperative inflammation 0 1 Transitory macular edema 1 1 Posterior capsule opacification 6 6 Figure 1. Mean endothelial cell count for GI (bevel-up tip position) and GII (beveldown tip position) patients with time. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 508-10 73(6)09.pmd 509 20/12/2010, 11:54 509 EFFECT OF BEVEL POSITION ON THE CORNEAL ENDOTHELIUM AFTER PHACOEMULSIFICATION Table 2. Comparison of endothelial cell count (mean + SD) at all time points studied Group I Bevel-up Period 2554.5 ± 385.6 2589.8 ± 385.3 0.404 1 month postoperatively 2378.4 ± 461.4 2516.5 ± 421.1 0.032 3 months postoperatively 2378.4 ± 351.0 2496.9 ± 413.0 0.003 6 months postoperatively 2252.0 ± 310.7 2393.2 ± 321.5 0.002 REFERENCES 1. Kelman CD. Phaco-emulsification and aspiration. A new technique of cataract removal: a preliminary report. Am J Ophthalmol. 1967;64(1):23-35. 2. 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Moreover, we believe that the bevel-down position is an easier technique which can facilitate the attachment of the lens fragments. The safety of this approach could be an important concern. A posterior direction of the US wave could rupture the posterior capsule and dislocate pieces of the nucleus to the vitreous cavity. On the other hand, with this technique, the epinucleus could act as a barrier, preventing these complications in both techniques. Our study supported this hypothesis since no differences in complications were observed between these two approaches. As other surgical parameters showed similar findings, we concluded that both techniques may be used, according to the surgeon preference. As bevel-down tip position had fewer negative effects on the corneal endothelium, it should be considered as a safe option in non-complicated phacoemulsification. 510 Group II Bevel-down 7. Kohlhaas M, Klemm M, Kammann J, Richard G. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 508-10 510 20/12/2010, 11:54 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES New comparative clinical and biometric findings between acute primary angle-closure and glaucomatous eyes with narrow angle Novos achados comparativos clínicos e biométricos entre olhos com fechamento angular primário agudo e olhos glaucomatosos com seio camerular estreito RAFAEL VIDAL MÉRULA1, SEBASTIÃO CRONEMBERGER2, ALBERTO DINIZ FILHO1, NASSIM CALIXTO2 ABSTRACT RESUMO Purpose: To compare, clinically and biometrically, affected and fellow acute primary angle-closure (APAC) eyes and glaucomatous eyes with narrow angle (NA). Methods: Comparative case series; 30 patients with APAC and 27 glaucomatous patients with NA were evaluated. Keratometry (K), central corneal thickness (CCT), lens thickness (LT), axial length (AL) and anterior chamber depth (ACD) were measured. Parameters defined as lens posisiton (LP) and relative lens position (RLP) were calculated. Results: Biometric difference between APAC-affected and fellow eyes was found only in LP (P=0.046). When fellow eyes were compared to glaucomatous eyes with NA, differences were found in ACD (P=0.009), AL (P=0.010), and LT/AL (P=0.005). The comparison between APAC-affected and glaucomatous eyes with NA showed significant differences in almost all biometric parameters, except for LT (P=0.148) and RLP (P=0.374). We found that the logistic regression model (LRM), built with three parameters (K, CCT and LT/AL), higher than 0.334 could be a reasonable instrument to differentiate APAC eyes from glaucomatous eyes with NA. Conclusions: This study showed that APAC-affected and fellow eyes have similar biometric features, and glaucomatous eyes with NA have a less crowded anterior segment. The LRM built showed promising results in distinguishing APAC from glaucomatous eyes with NA. Objetivo: Comparar, clinica e biometricamente, olhos acometidos por fechamento angular primário agudo (FAPA) com seus contralaterais e olhos com glaucoma primário de ângulo aberto e estreito. Métodos: Série de casos comparativos; 30 pacientes com FAPA e 27 glaucomatosos com ângulo estreito (AE) foram avaliados. Olhos afetados por FAPA e seus contralaterais foram analisados. Ceratometria (K), espessura corneana central (ECC), espessura do cristalino (CR), diâmetro antero-posterior do olho (AXL), e profundidade central da câmara anterior (PCA) foram medidos. PC (posição do cristalino) e PRC (posição relativa do cristalino) foram calculadas. Resultados: Diferença biométrica entre olhos afetados por FAPA e seus contralaterais foi encontrada somente na PC (P=0,046). Quando os olhos contralaterais foram comparados com os olhos glaucomatosos com AE, diferenças foram encontradas na PCA (P=0,009), AXL (P=0,010), e CR/AXL (P=0,005). A comparação entre os olhos afetados e os olhos glaucomatosos com AE mostrou diferenças significativas em quase todos os parâmetros biométricos, exceto na CR (P=0,148) e PRC (P=0,374). Verificamos que o modelo de regressão logística (MRL), construído com 3 parâmetros (K, ECC e CR/AXL), quando apresenta valores maiores de 0,334 pode ser um instrumento razoável para diferençar olhos com FAPA de olhos glaucomatosos com AE. Conclusões: O presente estudo mostrou que olhos afetados por FAPA e seus contralaterais apresentam características biométricas similares, e olhos glaucomatosos com AE apresentam um segmento anterior menos aglomerado. O MRL construído mostrou resultados promissores para diferençar olhos com FAPA de olhos glaucomatosos com AE. Keywords: Glaucoma, angle-closure; Anterior chamber; Biometry Descritores: Glaucoma de ângulo fechado; Câmara anterior; Biometria INTRODUCTION t is estimated that 66.8 million people are affected by primary glaucoma worldwide, and nearly half of these is due to primary angle-closure glaucoma (PACG)(1). Acute primary angle-closure (APAC) is a potentially blinding form of the disease. The incidence of APAC is particularly high in Asiatic populations(2-3). Ocular biometric studies have shown that APAC eyes, compared to normal eyes, have shorter axial length (AL)(4-9), shallower anterior chamber(4-5,7-9), smaller radius of anterior corneal curvature(10), smaller radius of posterior corneal curvature(11), smaller radius of anterior lens curvature(12), thicker lens(8,13), more anterior lens position (LP)(14), and higher lens thickness (LT) to ocular axial length ratio(15). One study has demonstrated that APAC eyes have higher central corneal thickness (CCT), shallower anterior chamber depth (ACD), thicker lens and more anterior LP compared to sub acute and chronic PACG(16), and other study has verified that shallower ACD and shorter AL are found in APAC eyes compared with primary openangle glaucoma (POAG) eyes(17). Some researchers concluded that affected eyes, compared to fellow eyes, have shallower ACD(16-18), more anterior LP(18), less cortical opacity(18), and lower relative lens position (RLP) values. However, our knowledge about the pathophysiology of the angle closure is still incomplete. So, we decided to perform a clinical and biometric comparison among eyes that have an anatomic feature in common (narrow angle), eyes with the diagnosis of primary open-angle glaucoma (POAG) with I Work carried out at the Glaucoma Service, São Geraldo Hospital, Clínicas Hospital, Federal University of Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brazil. 1 2 Physician, Glaucoma Service, São Geraldo Hospital, Clínicas Hospital, Federal University of Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brazil. Physician, Discipline of Ophthalmology, Medicine School, Federal University of Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brazil. Correspondence address: Rafael Vidal Mérula. Rua Espírito Santo, 1.315 - Apto. 402 - Juiz de Fora (MG) - CEP 36016-200 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 13.03.2010 Última versão recebida em 25.10.2010 Aprovação em 13.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Roberto Pedrosa Galvão Filho sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 73(6)10.pmd 511 22/12/2010, 12:05 511 N EW COMPARATIVE CLINICAL AND BIOMETRIC FINDINGS BETWEEN ACUTE PRIMARY ANGLE - CLOSURE AND GLAUCOMATOUS EYES WITH NARROW ANGLE narrow angle (NA), affected and fellow eyes of patients with APAC. METHODS Patients were recruited from the Glaucoma Service of São Geraldo Hospital of the Federal University of Minas Gerais (FUMG) from September, 2005 to June, 2007. The study was carried out after approval from the FUMG Research Ethics Committee and informed consent was obtained from all patients. The following criteria were used to define cases of APAC: 1) presence of at least two of the following symptoms: ocular or periocular pain, nausea and/or vomiting, previous history of intermittent blurring of vision with halos; and 2) presenting intraocular pressure (IOP) of more than 28mmHg (Goldmann applanation tonometry) and the presence of at least three of the following signs: conjunctival injection, corneal epithelial edema, mid-dilated unreactive pupil, and shallow anterior chamber; and 3) the presence of a closed angle in the affected eye, verified by gonioscopy. Exclusion criteria used were the following: no nuclear sclerosis defined as Lens Opacities Classification System (LOCS) II less than grade 2 (NC2, NO2)(19); secondary glaucoma; plateau iris configuration (PIC) (ultrasound biomicroscopy examination, performed in all eyes, must show the ciliary processes anteriorly located, closing the ciliary sulcus, and providing structural support behind the peripheral iris); unresolved APAC due to unresponsiveness to medical treatment; and previous surgical procedure in one or both eyes. The group of NA was composed by patients with the diagnosis of POAG with narrow angle. The criteria used to define POAG with narrow angle were: 1) IOP higher than 21 mmHg; and 2) presence of glaucomatous optic neuropathy defined by at least two of the following items, cup-disc asymmetry between fellow eyes greater than 0.2, rim thinning, notching, cup/disc ratio (C/D) equal or more than 0.7, optic disc haemorrhage or retinal nerve fiber layer (RNFL) defect; and 3) glaucomatous visual field defects detected by automated perimetry evaluated by means of Octopus 1-2-3 (moderate criteria of Caprioli)(20); and 4) narrow open angle evaluated by gonioscopy. Exclusion criteria used were the following: no nuclear sclerosis defined as LOCS II less than grade 2 (NC2, NO2)(19); secondary glaucoma; PIC as described above; signs of previous glaucoma acute attack, such as sectorial iris atrophy, “glaukomflecken”, or peripheral anterior synechia; corneal opacity in both eyes; requirement of surgical procedure to control IOP; and previous surgical procedure in both eyes. If no exclusion criteria were found in any eye, the right eye was preferably evaluated. Gonioscopy was done by one of the authors (R.V.M.) and confirmed by another investigator (S.C.), using a Goldmann 3 mirror goniolens, and a Zeiss four-mirror goniolens to perform indentation gonioscopy, in the undilated state under room light illumination (approximately 240 lux,) and dark (approximately 0.1 lux) conditions which were uniform for all examination. The gonioscopy classification currently used by the Glaucoma Service, both in primary gaze and under indentation, was adopted in this study and applied under room light illumination: 1) wide open angle (angle totally open); 2) intermediate open angle (when it was possible to see until scleral spur, but it was not possible to identify the ciliary band); 3) narrow open angle (when it was only possible to identify the anterior part of the trabecular meshwork); 4) closed angle (it was not possible to identify any structure). The angle was fully gonioscopically evaluated (360°), and the classification of at least 270° of the angle was adopted to label the gonioscopy of each eye. More than 60 hours after the acute attack was resolved with reduction of IOP, improvement of corneal clarity and absence 512 73(6)10.pmd of symptoms, the APAC-affected and fellow eyes were evaluated. Laser peripheral iridotomy was performed in both affected and fellow eyes just after examination. Clinical examination consisted of history, visual acuity with and without optical correction, biomicroscopy, gonioscopy and eye fundus examination. Biometric parameters were captured by A-mode contact ultrasonography (DGH 5100e; DGH Technologies, Exton, USA) and consisted of ACD, LT and AL, additionally, CCT and average keratometry (K) value from vertical and horizontal measurements were evaluated by an ultrasonic pachymetry (DGH 5100e; DGH Technologies, Exton, USA) and Bausch & Lomb keratometer, respectively. Measurements were performed until three consecutive readings with a standard deviation of ≤ 0.05 mm were obtained for A-mode ultrasonography parameters and with a standard deviation of ≤ 5 μm were obtained for ultrasonic pachymetry. Ratio between LT and AL was defined as LT/AL, lens position (LP) was defined as ACD+1/2LT and relative lens position (RLP) was defined as LP/AL. Statistical analysis was performed using 13.0 SPSS. We have used frequency histograms and the following tests: one-sample Kolmogorov-Smirnov, Student’s t, paired Student’s t, MannWhitney U, Wilcoxon and Pearson’s chi-square. A p value of less than 0.05 was considered statistically significant. Three variables (K, CCT and LT/AL) in which the differences between APAC fellow and NA eyes were at least marginally statistically significant (p value lower than 0.10) were used to build a logistic regression model, aimed to predict the risk of APAC. The criteria of selection of variables to the model have taken into account marginal significance (p<0.10) and also to avoid situations of collinearity - independent variables should be actually uncorrelated. The calibration of this model was performed with the aid of Hosmer&Lemeshow test, and three variables - K, CCT and LT/AL remained in the model specified below: ln (P/1 - P) = β0 + β1K + β2CCT + β3LT/AL where ln - natural logarithm P - probability of the event β - value of regression coefficients Receivers operating characteristic (ROC) curves were calculated using MedCalc Software for Windows (Medalc Software, Inc., Mariakerke, Belgium). Receiver operating characteristic curves of the logistic regression model and all parameters in which statistical differences were found between APAC fellow and NA eyes were constructed. The best relation sensitivity/specificity was assessed by the definition of cut-off points. RESULTS One thousand four hundred and forty-three patients were attended at the glaucoma service from September, 2005 to June, 2007. Thirty patients (7.9%) from the 380 emergency cases had the diagnosis of APAC, so an incidence of 78.9/1000 emergency patients were attended. No patient showed bilateral APAC during the study. Twenty-seven patients with the diagnosis of POAG with NA were included in this study. The demographic features of the 57 subjects who were included in the study are shown in table 1. NA patients were older than APAC patients (p=0.006), however, no difference was found in the other parameters. Table 2 shows the clinical characteristics, gonioscopy, KM and CCT. Except for C/D ratio (p=0.103), the other clinical features were significantly different between the two subgroups of APAC. On the contrary, just C/D was statistically different (p<0.001) when fellow eyes were compared to NA Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 512 22/12/2010, 12:05 M ÉRULA RV, C RONEMBERGER S, higher than the value of NA eyes (p=0.034). There was no significant difference between APAC-affected and fellow eyes when CCT was evaluated (p=0.571), however NA eyes demonstrated a thinner CCT, with statistical significance, when compared to APAC-affected eyes (p=0.015) and fellow eyes (p=0.023). Table 3 shows the ocular echobiometric parameters. Statistically significant difference between the APAC-affected and fellow eyes was found only in the LP (p=0.046). When fellow eyes were compared to NA eyes, statistical differences were found in ACD (p=0.009), AL (p=0.010), and LT/AL (p=0.005). The comparison between APAC-affected and NA eyes showed significant differences in all biometric parameters, except for LT (p=0.148) and RLP (p=0.374). Keratometry, CCT and LT/AL in which the differences between APAC fellow and NA eyes were at least marginally statistically significant (p<0.10) were used to construct the logistic regression model, and they showed â values of 0.335 (Confidence Interval (CI) 95%: 0.026-0.744), 0.021 (CI 95%: 0.001-0.040), and 4.294 (CI 95%: 0.611-8.747), respectively, and p values of 0.080, 0.036 and 0.039, respectively. The highest value of the area under the ROC curve was found in the logistic regression model (0.80 ± 0.06) (Table 4, Figures 1-3). The logistic regression model higher than 0.334 eyes. With statistical difference, the APAC-affected eyes had a higher K value than fellow eyes ( p =0.027) and NA eyes (p=0.010), also the K value of the fellow eyes was statistically Table 1. Demographic characteristics of APAC and NA patients APAC n = 30 NA n = 27 P value 58.9 ± 9.3 65.9 ± 9.0 0.006 a Gender % Male % Female 23.3 (07) 76.7 (23) 25.9 (07) 74.1 (20) Race % Leukodermic % Feodermic % Melanodermic 60.0 (18) 36.7 (11) 03.3 (01) 48.1 (13) 40.8 (11) 11.1 (03) Family history of glaucoma % Positive % Negative 23.3 (07) 76.7 (23) 18.5 (05) 81.5 (25) Age (yrs) E T AL . 0.820 b 0.438 b 0.656 b APAC= acute primary angle closure; NA= narrow angle; a= independent samples Student’s t test; b= chi-square test Table 2. Clinical characteristics, gonioscopy, keratometry and paquimetry of APAC-affected and fellow eyes, and NA eyes; and significance (p values) among various groups Group statistics Uncorrected visual acuity (logMAR) P-value (dependent) P-value (independent) Affected n = 30 Fellow n = 30 NA n = 27 Affected vs fellow Fellow vs NA Affected vs NA +1.39 ± 1.28 +0.37 ± 0.57 +0.40 ± 0.32 <0.001 a <0.112d <0.001 d a d <0.001 d Corrected visual acuity (logMAR) +1.19 ± 1.41 +0.14 ± 0.55 +0.14 ± 0.27 <0.001 Spherical equivalent (dioptres) +0.53 ± 1.48 +1.09 ± 1.41 +1.28 ± 1.95 <0.001 a <0.718d <0.109d C/D +0.40 ± 0.16 +0.37 ± 0.13 +0.60 ± 0.21 <0.103 b <0.001 e <0.001 e <0.100 c <0.001 c <0.001 c 23.3 (07) 76.7 (23) 43.3 (13) 56.7 (17) 100 (27) 00.0 (00) <0.002 c <0.001 c <0.001 c 10.0 33.3 50.0 06.7 13.3 76.7 10.0 00.0 70.4 25.9 03.7 00.0 Gonioscopy Primary Position of Gaze % Narrow open angle*(n) % Closed angle*(n) Under Indentation % Wide open angle*(n) % Intermediary open angle*(n) % Narrow open angle*(n) % Closed angle*(n) Keratometry (dioptres) CCT (μm) (03) (10) (15) (02) (04) (23) (03) (00) <0.099 (19) (07) (01) (00) 45.30 ± 1.88 45.05 ± 1.82 44.08 ± 1.48 <0.027 b <0.034e <0.010e 535 ± 35 533 ± 33 514 ± 26 <0.571 b <0.023e <0.015e Values are means±SD; APAC= acute primary angle closure; NA= narrow angle; C/D= cup disc ratio; *= refer to text; CCT= central corneal thickness; a= Wilcoxon paired test; b = paired Student’s t test; c= chi-square test; d= Mann Whitney independent test; e= independent samples Student’s t test Table 3. Biometric characteristics of APAC-affected and fellow eyes, and NA; and significance (p values) among various groups Group statistics Anterior chamber depth (mm) Lens thickness (mm) P-value (independent) Fellow n = 30 NA n = 27 Affected vs fellow Fellow vs NA Affected vs NA 02.42 ± 0.28 02.48 ± 0.31 02.71 ± 0.32 0.052 b 0.009 e 0.001 d 04.73 ± 0.29 a 0.105 e 0.148 e 0.010 e 0.006 e 0.005 e 0.004 e 04.85 ± 0.32 Axial length (mm) P-value (dependent) Affected n = 30 21.74 ± 0.97 04.88 ± 0.36 21.83 ± 0.87 0.539 22.44 ± 0.87 0.330 b b Lens thickness/axial length ratio (LT/AL) 02.23 ± 0.16 02.24 ± 0.18 02.11 ± 0.15 0.861 Lens position (mm) 04.84 ± 0.26 04.92 ± 0.30 05.07 ± 0.31 0.046 b 0.059 e 0.004 e Relative lens position 00.22 ± 0.13 00.22 ± 0.11 00.23 ± 0.14 0.134 b 0.807 e 0.374 e a b d e APAC= acute primary angle closure; NA= narrow angle; = Wilcoxon paired test; = paired Student’s t test; = Mann Whitney independent test; = independent samples Student’s t test Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 73(6)10.pmd 513 22/12/2010, 12:05 513 N EW COMPARATIVE CLINICAL AND BIOMETRIC FINDINGS BETWEEN ACUTE PRIMARY ANGLE - CLOSURE AND GLAUCOMATOUS EYES WITH NARROW ANGLE Figure 1. Receiver operating characteristic (ROC) curve of the logistic regression model (LRM) and average keratometry (K). Figure 2. Receiver operating characteristic (ROC) curve of anterior chamber depth (ACD) and ratio lens thickness/ axial length (LT/AL). Figure 3. Receiver operating characteristic (ROC) curve of axial length (AL) and central corneal thickness (CCT). could be a promising indicator to discriminate eyes with morphological characteristics similar to APAC fellow eyes from eyes with POAG with narrow angles, and probably, for prophylactic LPI (Table 4). 514 73(6)10.pmd DISCUSSION To the best of our knowledge, this is the first study that compared clinical characteristics, gonioscopy, K, CCT and echobiometric parameters among APAC-affected and fellow Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 514 22/12/2010, 12:05 M ÉRULA RV, C RONEMBERGER S, E T AL . Table 4. The sensitivity, specificity and area under ROC curve of the logistic regression model and biometric data in predicting the risk of APAC LRM > 0.334 K > 44.00 ACD ≤ 2.61 LT/AL > 2.09 AL ≤ 22.54 CCT > 523 Sensitivity (%) 83.3 70.0 76.7 80.0 80.0 70.0 Specificity (%) 70.4 55.6 63.0 55.6 59.3 70.4 0.80 ± 0.06 0.66 ± 0.07 0.69 ± 0.07 0.72 ± 0.07 0.70 ± 0.07 0.68 ± 0.07 Area under ROC curve (mean ± std deviation) APAC= acute primary angle closure; LRM= logistic regression model; K= average keratometry; ACD= anterior chamber depth; LT/AL= lens thickness/axial length ratio; AL= axial length; CCT= central corneal thickness eyes, and eyes with the diagnosis of POAG with NA (NA eyes group). Except for the age, both groups had similar demographic characteristics (Table 1). The APAC patients had a mean age of 58.9 ± 9.3 years which was lower than the mean age of the NA patients (65.9 ± 9.0 years) (p=0.003). This difference could be considered a limitation of this study owing to the fact that some changes in the structure of the eye occur when people grow old(21-22). However, the differences in the anatomical features between the 6th and 7th decades, which are the decades of the majority of patients included in this study, are not so significant(21,23-24). In this study, we have made several novel observations about APAC and narrow angle eyes. First, the hypermetropic spherical equivalent values were lower in the APAC-affected group than in the fellow group with statistical difference (Table 2). Perhaps it could be explained by the fact that APACaffected eyes showed steeper corneas than the fellow eyes (Table 2). In agreement with other studies(14,25), the hypermetropic spherical equivalent was the most common refraction finding in angle-closure glaucoma patients, however, this paper is the first suggesting a correlation between spherical equivalent and K in patients with narrow angles. The NA eyes demonstrated a higher C/D than the other groups with statistical difference (Table 2). This is probably related to the fact that POAG is a chronic disease with a later diagnosis. Although all the groups had narrow or closed angles, gonioscopic classification was only similar in primary position of gaze between APAC-affected and fellow eyes (Table 2). In our study, APAC-affected and fellow eyes had similar CCT values; however, both had thicker corneas compared to NA eyes. Some authors reported that the CCT was significantly greater in acute angle-closure eyes in comparison to chronic angle-closure and normal eyes(16). The echobiometric features in our series of patients with APAC were similar to other study reports(8-9,16-18,21,23-25). In agreement with other studies(6,8,26), we found that echobiometric characteristics of eyes with angle closure were well correlated with their fellow eyes, which are known to have a high incidence of APAC if left untreated (Table 3). One author documented that without treatment, 58 of 113 patients developed an acute attack in the contralateral eye, one third of these occurring in the first year(27). Another author reported that 43 of 72 second eyes not treated with LPI went on to develop some form of angleclosure glaucoma(28). The ocular echobiometric data of APAC-affected eyes compared to NA eyes showed statistically significant differences in almost all features except for LT and RLP (Table 3). The APAC-affected eyes had shallower anterior chamber, shorter AL, more anterior LP and higher values of LT/AL than NA eyes (Table 3). These characteristics have already been found in other studies that compared PACG with normal controls or POAG subjects(4,7-8,14,17). However, when APAC fellow eyes were compared to NA eyes statistically significant differences were found only in three parameters: ACD, AL and LT/AL (Table 3). However, the shorter AL and the higher values of LT/AL in APAC fellow eyes compared to NA eyes could explain the shallower ACD in fellow eyes. It is known that the APAC fellow eyes should be treated with LPI in order to avoid an acute crisis of angle-closure(27-28), nevertheless, this treatment is not free of complications and side effects. Several provocative tests have been employed to try to identify patients at risk of developing acute angleclosure glaucoma, but most of them are either not very sensitive(29-30) or time-consuming, and thus not suitable as screening procedures in general practice. Some authors suggested that an increase of a single parameter (LT/AL) is correlated with a decrease in duration in time to the need for LPI(30). Therefore, we decided to use three parameters (K, CCT and LT/AL) to build a logistic regression model, with the aim to predict the risk of APAC in the fellow eye, and as a result, try to identify the eyes with narrow angle which we should perform LPI treatment. The logistic regression model with values above 0.334 can distinguish an APAC fellow eye from a NA eye with 83.3% of sensitivity and 70.4% of specificity, and could be at least a reasonable indicator for prophylactic LPI among the eyes evaluated in this study (Table 4). As a matter of fact, more studies are necessary to validate and improve the efficacy of this logistic regression model. Some authors reported that the biometric values of optimal sensitivity and specificity calculated from a comparative evaluation of PACG patients and nonglaucomatous subjects were AL less than 22.80 mm (76%-sensitivity, 80%-specificity), ACD less than 2.70 mm (94%-sensitivity, 94%-specificity), or ACD/AL ratio less than 0.12 (94%-sensitivity, 89%-specificity), which could be good indicators for LPI; however, the control group did not have narrow angle(7). A possible limitation of this study is that some eyes with APAC (only the affected eyes) were using topical myotics and it could interfere in some parameters such as ACD and LT. As a matter of fact, topical myotic was avoided if possible and, in some cases, its use was interrupted 6 to 8 hours before the examinations. Other topical ocular hypotensive medications were preferably used. In conclusion, APAC-affected eyes showed lower hypermetropic spherical equivalent values and steeper corneas than fellow and NA eyes; moreover, APAC-affected and fellow eyes had thicker corneas than NA eyes. This study shows that APACaffected and fellow eyes have similar biometric features. The logistic regression model built with three variables (K, CCT and LT/AL) to try to predict the risk of APAC among patients with narrow angle may be a valuable tool. However, comparisons with a higher number of patients from different countries and longitudinal studies are required to further its validity and utility. REFERENCES 1. Quigley HA. Number of people with glaucoma worldwide. Br J Ophthalmol. 1996;80(5):389-93. Comment in: Br J Ophthalmol. 1996;80(5):385-6. Br J Ophthalmol. 1997;81(1):93. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 73(6)10.pmd 515 22/12/2010, 12:05 515 N EW COMPARATIVE CLINICAL AND BIOMETRIC FINDINGS BETWEEN ACUTE PRIMARY ANGLE - CLOSURE AND GLAUCOMATOUS EYES WITH NARROW ANGLE 2. Seah SK, Foster PJ, Chew PT, Jap A, Oen F, Fam HB, Lim AS. Incidence of acute primary angle-closure glaucoma in Singapore. An island-wide survey. Arch Ophthalmol. 1997;115(11):1436-40. 3. Lai JS, Liu DT, Tham CC, Li RT, Lam DS. Epidemiology of acute primary angle-closure glaucoma in the Hong Kong Chinese population: prospective study. Hong Kong Med J. 2001;7(2):118-23. 4. Lowe RF. Aetiology of the anatomical basis for primary angle-closure glaucoma. Biometrical comparisons between normal eyes and eyes with primary angleclosure glaucoma. Br J Ophthalmol. 1970;54(3):161-9. 5. Alsbirk PH. Primary angle-closure glaucoma. Oculometry, epidemiology, and genetics in a high risk population. Acta Ophthalmol Suppl. 1976;(127):5-31. 6. Lowe RF. 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J Ocul Pharmacol. 1990;6(4):279-83. 34º Simpósio Internacional Moacyr Álvaro - SIMASP 17 a 19 de fevereiro de 2011 Maksoud Plaza Hotel São Paulo - SP Informações: E-mail: [email protected] Site: www.oftalmologiaunifesp.com.br 516 73(6)10.pmd Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 511-6 516 22/12/2010, 12:05 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLE S Programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON: resultados do Hospital de Olhos do Paraná CBO/ALCON teaching method of phacoemulsification: results of Hospital de Olhos do Paraná ANA FLÁVIA DE CASTRO FISCHER1, EDUARDO MACHADO ESTEVÃO PIRES1, FERNANDO KLEIN2, OTÁVIO SIQUEIRA BISNETO1, EDUARDO SONE SORIANO3, HAMILTON MOREIRA4 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Analisar os resultados obtidos com a aplicação do programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON no curso de especialização em oftalmologia do Hospital de Olhos do Paraná. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo analítico dos resultados das cirurgias de catarata realizadas pelo programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON que utiliza o método “reverso” em pacientes provenientes do ambulatório do SUS do Hospital de Olhos do Paraná. O programa consta da progressão dos alunos por cinco etapas chamadas de “check points”, sendo analisadas as intercorrências per-operatórias em cada um deles, bem como as pós-operatórias. Resultados: Do total de 84 olhos operados, 77 (91,67%) apresentaram acuidade visual (AV) final de 20/40 ou melhor. Entre as intercorrências, a principal delas foi a rotura de cápsula posterior (RCP) e ocorreu em 11 (13,09%) dos 13 (15,48%) olhos que apresentaram algum tipo de complicação. Conclusão: O método “reverso” proposto para o ensino de facoemulsificação pelo programa CBO/ALCON se mostra uma forma de ensino adequada, para o médico residente e seu instrutor, e principalmente para o paciente, devido ao baixo índice de complicações. Purpose: To analyze the results obtained with a new phacoemulsification teaching method in the specialization course of Hospital de Olhos do Paraná. Methods: A retrospective study evaluated the results of a “reversal” method used in the CBO/ALCON teaching program at the Hospital de Olhos do Paraná. The method is based on the student progression through five checkpoints starting from the end of the surgery towards the beginning and analysis of intra- and postoperative complications at each one of the checkpoints. Results: Of 84 operated eyes, 77 (91.67%) presented final visual acuity of 20/40 or better. Among the complications, the main one was the posterior capsular rupture and occurred in 11 (13.09%) of 13 (15.48%) eyes with complications. Conclusion: The “reversal” teatching method used in the CBO/ALCON teaching program is appropriate to the student, his instructor, as well as to the patient. Descritores: Oftalmologia/educação; Facoemulsificação; Acuidade visual; Extração de catarata/efeitos adversos; Competência clínica; Aprendizagem Keywords: Ophthalmology/education; Phacoemulsification; Visual acuity; Cataract extraction/adverse effects; Clinical competence; Learning INTRODUÇÃO catarata é anatomicamente definida como qualquer opacificação do cristalino que difrate a luz, acarretando efeito negativo na visão, que pode variar desde uma pequena diminuição da acuidade visual até mesmo a cegueira. É a principal causa tratável de cegueira em todo o mundo(1-4). Segundo a Organização Mundial de Saúde, há 45 milhões de cegos no mundo, dos quais 40% são devidos à catarata(5). Várias são as causas da catarata: trauma, associação com doenças sistêmicas ou uso de drogas, consequência de outras doenças e as possíveis desordens congênitas, sendo a senilidade a mais comum delas. Assim, estima-se que 10% da popula- ção norte-americana têm catarata e que esta prevalência aumenta em 50% no grupo etário de 65 a 74 anos, enquanto em pessoas acima de 75 anos a incidência aumenta para 75%(6). A cegueira por catarata incapacita o indivíduo, aumenta sua dependência, reduz sua condição social e resulta em aposentaria profissional precoce(7). A única forma de reabilitar essa população é através de um procedimento cirúrgico, que pode ser realizado por diversas técnicas, sendo as mais utilizadas a facoemulsificação e a extração extracapsular do cristalino(5,8-12). A facoemulsificação (palavra derivada do grego phacos, cristalino) consiste na fragmentação e aspiração do cristalino opacificado por meio de uma pequena incisão utilizando-se energia ultrassônica e um sistema de emissão e aspiração de fluidos(13). Do ponto de vista técnico, há inúmeros motivos que fazem da facoemulsificação a técnica mais utilizada em cirurgias de catarata no mundo, entre eles, podemos citar a menor incisão, menor trauma ao olho, maior rapidez e segurança no ato cirúrgico, além da recuperação visual ser rápida(9,14-18). Porém, a facoemulsificação, é mais complexa e demorada no seu aprendizado, em especial na prevenção e tratamento das possíveis complicações advindas desta complexidade tecnológica(19-20). O ensinamento cirúrgico representa um desafio, tanto para o orientador, que leva à sala cirúrgica sua experiência e o conhecimento de como lidar com as situações inesperadas, A Trabalho realizado no Hospital de Olhos do Paraná - Curitiba (PR), Brasil. 1 2 3 4 Médico, Hospital de Olhos do Paraná - Curitiba (PR), Brasil. Aluno de Medicina, Universidade Positivo - Curitiba (PR), Brasil. Médico, Instituto de Catarata - INCAT - Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brasil. Médico, Hospital de Olhos do Paraná - Curitiba (PR) - Brasil; Universidade Federal do Paraná UFPR - Curitiba (PR) - Brasil. Endereço para correspondência: Fernando Klein. Rua Dr. Faivre, 63 - Apto. 104 Curitiba (PR) - CEP 80060-140 - Email: [email protected] Os autores não tem interesse comercial em nenhum dos produtos citados neste estudo. Recebido para publicação em 31.03.2010 Última versão recebida em 24.08.2010 Aprovação em 24.10.2010 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 517-20 73(6)14.pmd 517 20/12/2010, 12:35 517 PROGRAMA CBO/ALCON: DE E N S I N O DE F A C O E M U L S I F I C A Ç Ã O R E S U L T A D O S DO quanto para o cirurgião iniciante, que está tentando aprender os passos básicos de um procedimento(20). Desta forma, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em parceria com a empresa Alcon®, criou um programa de ensino da facoemulsificação, adaptado do método de ensino usado em residências no Japão, com o propósito de capacitar os serviços de residência, melhorando sua infraestrutura e oferecendo apoio didático através da aplicação de um método de ensino padronizado. O presente estudo tem o objetivo de analisar os resultados obtidos com a aplicação do programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON no curso de especialização em oftalmologia do Hospital de Olhos do Paraná. O PROGRAMA DE ENSINO Como a facoemulsificação é uma cirurgia etapa dependente, os passos iniciais tem grande importância, pois problemas em sua realização trazem, frequentemente, o comprometimento de todo o procedimento. Por essa razão, foi adotado o método “reverso”, de modo que o aluno inicia seu aprendizado pelas etapas finais da cirurgia, enquanto o instrutor avança no procedimento de forma didática, utilizando a técnica de “stop and chop”. O aprendizado é dividido em três blocos: inicialmente com ensino teórico, na sequência com treinamento cirúrgico em wet lab e, finalizando, com o treinamento cirúrgico no paciente, assistido pelo instrutor. Este último bloco de treinamento consta de cinco etapas, chamadas de “check points”. Após ter realizado no mínimo quatro cirurgias, de maneira satisfatória, o aluno prossegue para o próximo “check point”. As etapas são apresentadas a seguir (Tabela 1), relacionando os passos realizados pelo instrutor e pelo aluno. HOSPITAL DE OLHOS DO PARANÁ MÉTODOS Realizou-se um estudo retrospectivo analítico, com os pacientes provenientes do ambulatório do SUS do Hospital de Olhos do Paraná submetidos à cirurgia de catarata através do programa de ensino de facoemulsificação CBO/ALCON, no período compreendido entre 10 de março a 1 de dezembro de 2009. O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Positivo, em 18 de março de 2010. Participaram do programa três residentes do segundo ano do curso de especialização em oftalmologia do Hospital de Olhos do Paraná, sempre orientados pelo mesmo instrutor. Foram incluídos todos os pacientes examinados que haviam apresentado baixa acuidade visual (BAV) progressiva devida somente à catarata, respeitando-se os critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. Os critérios de inclusão foram: pacientes que apresentavam prontuário médico completo para obtenção dos dados a serem analisados como: idade, sexo, acuidade visual (AV) pré e pós-operatória, relato da presença ou não de complicações per ou pós-operatórias e em qual momento da cirurgia elas ocorreram. A catarata deveria apresentar algumas características específicas como: ser do tipo nuclear, de densidade de duas a três cruzes, com subcapsular associada somente quando esta não prejudicasse de forma significativa a visualização do reflexo vermelho e que não apresentasse extensos pontos de aderência à cápsula posterior. Os critérios de exclusão foram: pacientes com prontuários incompletos, que não retornaram para refração pós-operatória ou com comorbidades anatomofuncionais prévias à cirurgia. Após a cirurgia, os pacientes que não apresentaram intercorrências eram avaliados em consulta ambulatorial nos dias 1º, 7º e 30º de pós-operatório, quando então eram submetidos à refração final e recebiam alta. Aqueles que apresentaram in- Tabela 1. Passos realizados pelo instrutor e pelo aluno em cada etapa Instrutor Aluno Check points Passos de cada etapa 1) Incisões 1.1 Paracentese 15º 1.2 Incisão límbica de 2,75 mm 2) Injeção de viscoelástico 3) Capsulorrexe 3.1 Abertura e início 3.2 Volta intermediária 3.3 Finalização 4) Hidrodissecção e hidrodelineação 5) Stop and chop do núcleo do cristalino 1 2 3 4 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 6) Irrigação e aspiração de remanescentes corticais 8) Inserção da LIO dobrável com auxílio de um injetor 9) Aspiração de viscoelástico 10) Sutura com fio nylon 10.0 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 517-20 518 2 3 4 5 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 7) Injeção de viscoelástico no saco capsular e na câmara anterior 73(6)14.pmd 1 5.1 Sulco 5.1.1 Confecção de metade do sulco 5.1.2 Rotação do núcleo 5.1.3 Finalização do sulco 5.2 Fraturas 5.2.1 Fratura do sulco 5.2.2 Fratura (chop) do primeiro heminúcleo 5.2.3 Fratura (chop) do segundo heminúcleo 5.3 Conquista 5.3.1 Conquista do primeiro quadrante 5.3.2 Conquista do segundo quadrante 518 Check points 20/12/2010, 12:35 F ISCHER AFC, P IRES EME, tercorrências, tanto no per quanto no pós-operatório, foram avaliados com maior frequência, conforme a evolução de cada caso. As cirurgias foram realizadas com o aparelho de facoemulsificação ALCON LEGACY Everest®. As lentes intraoculares (LIO) utilizadas eram de silicone dobráveis, de 6,0 mm de diâmetro, ou dobráveis de acrílico hidrofóbico de 6,0 mm de diâmetro, e o viscoelástico utilizado foi a metilcelulose 2%. Concluído o processo de aprendizagem dos residentes e finalizados os atendimentos dos pacientes que participaram do projeto, os dados selecionados foram agrupados e analisados. RESULTADOS Dos 100 prontuários selecionados, foram incluídos 68 pacientes (84 olhos), de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Os 32 prontuários restantes foram excluídos devido à falta de dados suficientes para o trabalho ou por serem pacientes portadores de comorbidades como diabetes e glaucoma. A idade dos pacientes variou de 30 a 85 (média de 67,9 ± 13,6 anos), sendo 28 (41,18%) do sexo masculino e 40 (58,82%) do sexo feminino. A melhor acuidade visual, corrigida, no período pré-operatório, variou de visão de conta dedos a 20/30, e no pósoperatório, de 20/200 a 20/20 (Gráfico 1). Do total de 84 olhos operados, 77 (91,67%) apresentaram acuidade visual (AV) final de 20/40 ou melhor. Entre as intercorrências, a principal delas foi a rotura de cápsula posterior (RCP) e ocorreu em 11 (13,09%) dos 13 (15,48%) olhos que apresentaram algum tipo de complicação. Ocorreu RCP em 2 olhos (2,38%) no “check point”1, 2 olhos (2,38%) no “check point” 2, 2 olhos (2,38%) no “check point” 3, 1 olho (1,19%) no “check point” 4 e 4 olhos (4,76%) no “check point” 5 (Gráfico 2). Dentre os casos em que a acuidade visual final pós-operatória foi igual ou pior que 20/60, totalizando 7 olhos (8,33%), 3 olhos apresentaram rotura de cápsula posterior como única intercorrência; 1 olho apresentou rotura de cápsula posterior seguido de endoftalmite no segundo dia de pós-operatório, sendo o paciente submetido à vitrectomia via pars plana e antibioticoterapia intravítrea após coleta de material para Gráfico 1 . Estratificação da AV pré e pós-operatória com melhor correção óptica. Gráfico 2 . Número de complicações por rotura de cápsula posterior em cada check point. E T AL . cultura, apresentando Staphylococus aureus como patógeno, evoluindo com acuidade visual final de 20/60; 1 olho apresentou no pós-operatório tardio opacidade difusa de córnea (20/60); 1 olho apresentou rotura de cápsula posterior com luxação de fragmento cortical do cristalino na câmara vítrea, obtendo acuidade visual final de 20/80 e 1 olho apresentou rotura de cápsula posterior com luxação do núcleo cristalino na câmara vítrea, sendo submetido à vitrectomia via pars plana posteriormente, evoluindo com acuidade visual final de 20/200. Dentre outras intercorrências, 1 olho apresentou erro de cálculo do grau da lente intraocular à biometria devido à presença de estafiloma posterior, sendo submetido ao novo cálculo biométrico e troca da lente intraocular, evoluindo com acuidade visual final de 20/40; 1 olho apresentou glaucoma inflamatório pós-operatório, sendo tratado clinicamente, obtendo controle satisfatório da pressão intraocular, evoluindo com acuidade visual final de 20/25. A tabela 2 mostra a quantidade de intercorrências intra e pós-operatórias, assim como as concomitâncias de eventos que se apresentaram em um mesmo olho. DISCUSSÃO A cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico oftalmológico mais comumente realizado no Brasil, sendo a facoemulsificação a técnica mais utilizada devido a diversos fatores como possibilidade de microincisão tunelizada com aplicação de lente intraocular (LIO) dobrável (diminuindo astigmatismo induzido), menor tempo cirúrgico e dano corneoendotelial, possibilitando uma recuperação pós-operatória mais rápida(1-4). Portanto, um treinamento qualificado da técnica deve ser um dos principais objetivos de qualquer programa de residência de oftalmologia. Por ser uma cirurgia passo-dependente, foi adotado neste programa de ensino proposto pelo CBO, o método “reverso”. Os possíveis benefícios de se ensinar pelo método “reverso” incluem: aplicação de um método de ensino padronizado, redução do número de complicações nas etapas iniciais do procedimento cirúrgico e, consequentemente, o paciente apresentar um melhor resultado. Neste estudo, as cirurgias foram divididas em cinco “check points”, de acordo com os passos cirúrgicos, sempre na tentativa de diminuir o número de complicações. Observou-se um menor número de intercorrências per-operatórias nos primeiros “check points” (1 ao 4) em relação ao último(5). Embora o número de intercorrências tenha sido maior, não existem dados para afirmar que as RCPs ocorridas no último “check point” tiveram pior evolução, mas provavelmente ocorreram porque o aluno já realizava todos os passos da cirurgia. Ainda não há publicado nenhum estudo com a aplicação do método de ensino “reverso” para compararmos aos nossos resultados, mas alguns estudos demonstraram as complicações ocorridas em relação ao tempo de aprendizado. Em 1998, alguns autores(21) apresentaram a redução estatisticamente significativa do número de complicações cirúrgicas nas 50 últimas cirurgias de facoemulsificação realizadas por residentes quando comparadas com as 50 primeiras. Enquanto, no estudo de outros autores(22) não houve diferença estatisticamente significativa entre as complicações per-operatórias nas primeiras e últimas cirurgias. Várias complicações per-operatórias podem ocorrer no aprendizado da facoemulsificação, sendo a rotura de cápsula posterior (RCP) a mais frequente(14-15,23-24). A tabela 3 mostra os resultados dos principais estudos que comparam a porcentagem de rotura de cápsula posterior nos Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 517-20 73(6)14.pmd 519 20/12/2010, 12:35 519 PROGRAMA DE E N S I N O DE F A C O E M U L S I F I C A Ç Ã O CBO/ALCON: R E S U L T A D O S DO HOSPITAL DE OLHOS DO PARANÁ Tabela 2. Relação de intercorrências intra e pós-operatórias Olho 01 02 03 04 05 06 07, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 Intra-operatória Pós-operatória RCP RCP RCP + luxação de fragmento na câmara vítrea RCP + luxação do núcleo na câmara vítrea RCP Endoftalmite Opacidade difusa da córnea Erro de biometria Glaucoma inflamatório - * RCP= rotura de cápsula posterior Tabela 3. Porcentagem de rotura de cápsula nos olhos submetidos à facoemulsificação, em diferentes trabalhos publicados Autor (24) Dantas et al. Tarbet et al.(25) Lambert et al.(14) Robin et al.(26) Prasad et al.(27) Neustein et al.(28) Estudo atual Ano Nº de olhos RCP* Nº (%) 1995 1995 1997 1998 1998 1998 2009 050 300 048 300 102 100 084 12 ( 18,0) 17 ( 5,6) 05 ( 10,0) 40 ( 13,3) 06 ( 5,6) 13 ( 14,1) 11 (13,09) *RCP= rotura de cápsula posterior olhos submetidos à facoemulsificação. Neste estudo, a porcentagem de RCP (13,09%) ficou dentro da média em comparação a outros trabalhos publicados(14,25-28). Nos “check points” iniciais (1 e 2), as roturas de cápsula posterior ocorreram provavelmente devido ao implante da LIO de silicone, através de injetor, que apresentava uma abertura muito brusca dentro da câmara anterior. O único caso de endoftalmite ocorreu devido a um instrumento cirúrgico contaminado, o qual foi enviado para cultura, sendo encontrado Staphylococcus aureus em sua superfície, assim como encontrado na cultura do vítreo coletado do paciente. Os resultados deste estudo corroboram com uma tendência atual de que o ensino de facoemulsificação deva ser encorajado para residentes com pouca ou nenhuma experiência com técnica de extração extracapsular do cristalino (EEC), pelo método “reverso”, com supervisão de um cirurgião experiente. CONCLUSÃO O método “reverso” proposto para o ensino de facoemulsificação pelo programa CBO/ALCON se mostra uma forma de ensino adequada, para o médico residente e seu instrutor, e principalmente para o paciente, devido ao baixo índice de complicações. REFERÊNCIAS 1. Martorell Alemañy J, Villar Valdés R. Oftalmología. La Habana: Editorial Ciências Médicas; 2003. 2. West S. Epidemiology of cataract: accomplishments over 25 years and future directions. Ophthalmic Epidemiol. 2007;14(4):173-8. 3. Rutzen AR, Ellish NJ, Schwab L, Graham PJ, Pizzarello LD, Hemady RK, Maldonado MJ; Cambodia Eye Survey Group. Blindness and eye disease in Cambodia. Ophthalmic Epidemiol. 2007;14(6):360-6. 4. Tabin G, Chen M, Espandar L. Cataract surgery for the developing world. Curr Opin Ophthalmol. 2008;19(1):55-9. 5. Snellingen T, Evans JR, Ravilla T, Foster A. Surgical interventions forage-related cataract. Cochrane Database Syst Rev 2002;(2):CD001323. 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Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 517-20 520 20/12/2010, 12:35 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES O impacto da visão monocular congênita versus adquirida na qualidade de visão autorrelatada Impact of congenital versus acquired monocular vision as self-reported vision MARCELO CARAM RIBEIRO FERNANDES1, GUILHERME PELLIZZER MARIN1, ANTONIO BRUNNO VIEIRA NEPOMUCEN1, FÁBIO MARQUES EDUARDO MELANI ROCHA1 DO NASCIMENTO1, RESUMO ABSTRACT Objetivos: Quando a visão de um olho está preservada (visão monocular) e há alto risco, baixo prognóstico e/ou recursos limitados para a cirurgia do olho contralateral, não é claro se o beneficio da binocularidade supera o da reorientação para visão monocular. O objetivo é quantificar o impacto da qualidade de visão referida entre a condição binocular e monocular e, nesse último caso, entre congênita e adquirida. Métodos: Pacientes com acuidade visual (AV) com AV>0,5 em cada olho foram submetidos ao questionário estruturado de 14 perguntas (VF-14), onde a pontuação de 0 a 100 indica o nível de satisfação do paciente com sua visão, variando de baixo a alto respectivamente. Dados epidemiológicos e pontuações dos quatro grupos foram registrados e submetidos à análise estatística. Resultados: A entrevista pelo VF-14 com 56 indivíduos revelou que a pontuação mais alta foi similar entre os controles e os portadores de visão monocular congênita, e níveis intermediários e baixos foram obtidos por indivíduos com visão monocular adquirida e cegos bilaterais, respectivamente (p<0,001). As atividades mais difíceis para os indivíduos com visão monocular adquirida foram identificar letras pequenas, reconhecer pessoas, distinguir sinais de trânsito e assistir TV. Conclusão: O estudo confirmou que a perda da visão tem impacto desfavorável no desempenho referido das atividades sendo maior na visão monocular adquirida do que na congênita. Os dados sugerem que medidas de reabilitação devem ser consideradas para melhorar a qualidade da visão em doenças intratáveis ou de alto risco ou de baixo prognóstico. Purpose: When the vision in one eye is preserved (monocular vision) and there is high risk, low prognosis and/or limited resources to the fellow eye surgery, it is unclear if the benefit of binocularity outweighs the reorientation for monocular vision. The goal is to quantify the impact of the quality of vision of both binocular and monocular condition, and in this latter case, between congenital and acquired. Methods: Patients with visual acuity (VA)>0.5 in each eye underwent a structured questionnaire of 14 questions (VF-14), which the score 0-100 indicates the level of patient satisfaction with their vision, ranging from low to high respectively. Epidemiological data and scores of the four groups were recorded and analyzed statistically. Results: The interview by the VF-14 with 56 subjects revealed that the highest score was similar between controls and patients with congenital monocular vision, and low and intermediate levels were obtained by individuals with acquired monocular vision and bilaterally blind, respectively (p<0.001). The more difficult activities for individuals with acquired monocular vision were to identify small print, recognize people, to distinguish traffic lights and watch TV. Conclusion: The study confirmed that the vision loss has an adverse impact on the performance of such activities being higher in congenital than in acquired monocular vision. The data suggest that rehabilitation measures should be considered to improve the quality of vision in intractable diseases, high risk or low prognosis. Descritores: Visão monocular; Baixa visão; Cegueira/epidemiologia; Acuidade visual; Qualidade de vida; Visão binocular; Questionários Keywords: Vision, monocular; Vision, low; Blindness/epidemiology; Visual acuity; Quality of life; Vision, binocular; Questionnaires INTRODUÇÃO s causas mais frequentes de baixa de visão potencialmente reversíveis com cirurgia estão relacionadas à catarata e opacidade de córnea(1-2). Atualmente a cirurgia mais realizada em todo o mundo é a cirurgia de catarata(3). Da mesma forma o transplante sólido mais realizado é o de córnea(4). Por outro lado, estima-se que entre 5 e 9% da população tenha baixa de visão ou cegueira monocular(1-2). Os diagnósticos relacionados e também a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos variam em diferentes regiões do mundo(5-6). Da mesma forma, os riscos envolvidos e o prognóstico cirúrgico variam com indivíduos e as combinações de doenças(7). Contudo, os prejuízos individuais e coletivos de baixa de visão, principalmente monocular, versus os benefícios conquistados com sua reabilitação, nunca foram sistematicamente avaliados. A cirurgia no segundo olho em caso de doenças bilaterais ou a reabilitação de um olho acometido por um problema óptico em caso de olho contralateral sadio não são consensos e permanecem objeto de estudo(8-9). A decisão passa por diversos aspectos, entre eles, acesso ao tratamento, disponibilidade de recursos, potenciais riscos de intervenção e sobrevida do resultado alcançado(10-11). Os cirurgiões de catarata que advogam a cirurgia bilateral simultânea justificam sua conduta, alegando que o sistema visual humano é binocular por natureza e que a percepção de profundidade monocular, usando paralaxe ou estratégias aprendidas não são suficientes na percepção dos pacientes(12-13). A recente discussão no Brasil de considerar incapaz o paciente com visão monocular e, portanto, sujeito a benefícios previdenciários, somado ao envelhecimento da população e à A Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (SP), Brasil. 1 Médico, Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo - USP Ribeirão Preto (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Eduardo Melani Rocha. Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes, 3.900 - Ribeirão Preto (SP) CEP 14049-900 - E-mail: [email protected] Apoio financeiro: FAPEA, CNPq. Recebido para publicação em 17.06.2010 Aprovação em 15.11.2010 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 521-5 73(6)15.pmd 521 22/12/2010, 12:09 521 O I M P A C T O D A V I S Ã O M O N O C U L A R C O N G Ê N I T A V E R S U S A D Q U I R I D A NA Q U A L I D A D E DE V I S Ã O A U T O R R E L A T A D A perda de visão monocular por trauma, tornam o tema de interesse comunitário, além do interesse clínico em prever o real beneficio do tratamento ao paciente(14). Estudos anteriores com esse objetivo avaliaram pacientes antes e depois do tratamento, sendo, em sua maioria, amostras não aleatórias, não-mascaradas ou sem especial atenção ao potencial de adaptação à visão monocular, portanto limitações e vieses, favorecendo a intervenção, não são descartados(15-17). Pelas razões apresentadas, o objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da visão monocular na qualidade de visão referida por pessoas com cegueira monocular, congênita e adquirida, no desempenho de suas atividades diárias, comparado a pacientes com visão normal e cegos binoculares, usando o questionário “Visual Function-14” (VF-14)(18). MÉTODOS Após a avaliação e aprovação da comissão de ética em pesquisa e obtenção do consentimento esclarecido dos pacientes, foram entrevistados 56 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, distribuídos nos grupos: cego binocular (cuja visão reduzida, seja congênita ou adquirida, não oferece apoio satisfatório na execução das atividades questionadas no VF-14), monocular congênito (cujo aprendizado de atividades se fez com a visão de um único olho), monocular adquirido (cujas atividades foram aprendidas e executadas com a visão binocular, até um período recente, não inferior a 3 anos) e controle com visão normal. O questionário VF-14 consiste de 14 perguntas que correspondem a atividades às quais o entrevistado respondeu quanto a sua dificuldade em realizá-las. A resposta foi quantificada (nenhuma dificuldade, pouca, moderada, muita ou incapaz). O item foi excluído do cálculo de pontuação quando o indivíduo não realizava a atividade ou a impossibilidade de realizá-la era por outra razão que não o déficit visual. Os resultados foram obtidos em valores de 0 (incapaz de realizar qualquer atividade) a 100 (realiza todas as atividades com muita facilidade), em intervalos de 20. Dessa forma, pontuações mais altas estão relacionadas a um melhor desempenho visual. Foi também perguntado ao entrevistado sobre a intensidade do seu problema (nenhum, pouco, moderado, muito) e quanto a sua satisfação com a visão (péssimo, muito insatisfeito, insatisfeito, satisfeito, muito satisfeito). Os dados analisados foram aspectos epidemiológicos dos grupos, número de pontos obtidos no questionário VF-14 (Anexo 1), acuidade visual em cada olho e do tempo de perda da visão nos casos com cegueira mono e binocular. A inclusão se limitou a pacientes maiores de 18 anos, recrutados no Ambulatório de Oftalmologia e a controles, entre os acompanhantes saudáveis ou membros da equipe do hospital. A definição do problema como congênito ou adquirido foi feita pela história e dados do prontuário médico. A definição de cegueira foi a adotada pela Organização Mundial de Saúde, de acuidade visual <0,1 ou 20/200. Foram excluídos pacientes com outras doenças crônicas que levassem a limitação da qualidade de vida (cognitiva, motora, Anexo 1. Questionário VF-14 Nome: Registro: Data de nascimento: Diagnóstico: AV: Você tem alguma dificuldade, mesmo com óculos para: Pergunta Não Pouca 1. Ler letras pequenas, como bula de remédio ou lista telefônica? 2. Ler jornal ou livro? 3. Ler título de um livro ou letras grandes no jornal ou os números de telefone? 4. Reconhecer pessoas no outro lado da rua? 5. Ver degraus, escadas ou calçadas? 6. Ler sinais de transito, placas de rua ou destino de ônibus? 7. Fazer trabalhos manuais como bordar, costurar, cortar com tesoura? 8. Preencher cheques ou formulários? 9. Jogar jogos como bingo, dama, dominó, jogo de cartas? 10. Participar de esportes como futebol, tênis, vôlei ou boliche? 11. Cozinhar? 12. Assistir TV? 13. Dirigir durante o dia? 14. Dirigir durante a noite? Perguntas extras 1. Você tem algum problema com a visão (nenhum, pouco, moderado, muito, muito mesmo) 2. Qual e o grau de satisfação com a visão (péssimo, muito insatisfeito, insatisfeito, satisfeito, muito satisfeito) OBS: 522 73(6)15.pmd Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 521-5 522 22/12/2010, 12:09 Moderada Incapaz Resultado F ERNANDES MCR, M ARIN GP ou uso de duas ou mais medicações sistêmicas) ou que pudessem indiretamente influenciar a realização das tarefas elencadas e portanto as respostas. Foram também excluídos pacientes sem percepção luminosa bilateral ou perda de visão há menos de três anos. Para análise estatística, a acuidade visual obtida com a melhor correção foi convertida para a escala logMAR. Acuidade visual de conta dedos foi atribuída 0,02, de movimento de mãos, 0,01 e de percepção luminosa 0,005 na escala decimal e a partir daí convertidas também para logMAR. As médias e desvio-padrão foram calculados levando em conta a visão do melhor olho, assumindo que a visão binocular seria próxima da visão desse olho. Para melhor entendimento de leitores não familiarizados com a escala logMAR, as médias foram também expressas na escala decimal. Foi feita a estatística descritiva dos grupos para comparação. A análise estatística dos pontos foi feita comparando as médias das notas obtidas no VF-14 entre os grupos por ANOVA, seguido de teste post-hoc de Bonferroni, e nos casos com perda adquirida, por correlação da nota com o tempo de acometimento. A mesma estatística por ANOVA foi usada na comparação da melhor visão entre os quatro grupos. RESULTADOS Os pacientes dos diferentes grupos tiveram distribuição etária e por sexos registrados, sendo o grupo de cegueira monocular adquirida mais velho e com predominância masculina (Tabela 1). A acuidade visual média foi similar entre controles e os dois grupos de cego monocular, e obviamente inferior no grupo de cegos binoculares (p<0,01, ANOVA e teste post hoc Bonferroni) (Tabela 1). O tempo médio de perda da visão entre os indivíduos com visão monocular adquirida foi de 5,3 ± 1,0 anos e nos cegos binoculares foi de 12,7 ± 4,0 anos. As atividades profissionais foram variadas dentro e entre os grupos. O tempo de escolaridade foi similar entre os grupos, com 6,8 ± 3,0 nos controles, 5,5 ± 3,5 nos indivíduos com visão monocular congênita, 6,6 ± 3,7 nos indivíduos com visão monocular adquirida e 6,6 ± 2,9 nos cegos binoculares. E T AL . As principais doenças causadoras de baixa de visão, nesse levantamento foram doenças da córnea e da retina, seguidas por ambliopia e glaucoma (Tabela 2). Em relação à pontuação no VF-14, os grupos tiveram pontuações marcadamente diferentes, exceto o grupo monocular congênito, que referiu pontuação semelhante ao grupo controle. As seguintes médias e desvio-padrão foram observadas: 95,5 ± 4,0 para o grupo controle, 96,4 ± 3,8 para o grupo de cegos monoculares congênitos, 64,1 ± 20,3 para o grupo com cegueira monocular adquirida e 15,4 ± 9,5 para o grupo de cegos binoculares (p=0,0005, com diferença entre os grupos confirmada pelo teste post hoc de Bonferroni) (Figura 1). A satisfação referida com a visão e a existência de problemas com a visão, ambas aferidas também pelo VF-14, revelou boa correlação entre esses parâmetros e entre eles e a pontuação total nas questões do VF-14. Entre os controles, todos referiram satisfação e nenhum referiu problemas, no grupo de visão monocular congênito, os mesmos 13 referiram satisfação e ausência de problemas e 1 referiu insatisfação e problema com a visão e entre os cegos binoculares, apenas 1 entre 14 indivíduos, referiu satisfação e ausência de problemas. O grupo com cegueira monocular adquirida apresentou também, como na pontuação do VF-14, maior variabilidade interna ao referir satisfação com a visão, com apenas 6, entre 14, afirmando satisfação e todos os 14 referiram graus variados de problemas com a visão. Entre os cegos binoculares, algumas respostas indicaram relativa facilidade para realizar tarefas como cozinhar e praticar esporte, mas na grande maioria dos casos, o questionário revelou dificuldade moderada ou grande na maioria das atividades. O grupo com visão monocular congênita teve 2 respostas de relativa dificuldade para letras pequenas e atividades manuais, no restante as respostas foram máximas ou próximas disso em todos os itens aplicáveis. No grupo de visão monocular adquirida, a distribuição de respostas foi heterogênea, porém os itens que tiveram maior frequência de dificuldade foram as relacionadas a letras pequenas, reconhecimento de pessoas à distância, sinais de trânsito e ver TV. As perguntas que tiveram maior frequência de respostas “Não se aplica” (entre 29 e 50%) e, portanto, foram desconsi- Tabela 1. Dados epidemiológicos dos pacientes entrevistados para qualidade de visão pela condição de visão monocular e binocular (idade e acuidade visual logMAR expressos em média ± desvio padrão). A acuidade visual média foi também expressa na escala decimal Grupo Idade Sexo F: M Acuidade visual logMAR Acuidade visual escala decimal Controle 38,3 ± 14,2 8:7 0,0 ± 0,0 1,0 Cego monocular adquirido 59,5 ± 20,2* 3:10 0,16 ± 0,15 0,7 Cego monocular congênito 40,8 ± 16,6 7:7 0,02 ± 0,04 0,9 Cego binocular 55,0 ± 18,4 7:8 1,30 ± 0,40* 0,02* *= p<0,05 (ANOVA, post hoc Bonferroni) Tabela 2. Causas de baixa de visão entre pacientes entrevistados para qualidade de visão pela condição de visão monocular e binocular Controle Cego monocular adquirido Cego monocular congênito Cego binocular Ambliopia 00 00 08 00 Glaucoma 00 00 01 06 Opacidade de córnea 00 07 00 06 Alteração de retina 00 04 05 02 Catarata 00 01 00 00 Neuropatia óptica 00 01 00 00 Total 15 13 14 14 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 521-5 73(6)15.pmd 523 22/12/2010, 12:09 523 O I M P A C T O D A V I S Ã O M O N O C U L A R C O N G Ê N I T A V E R S U S A D Q U I R I D A NA Q U A L I D A D E DE V I S Ã O A U T O R R E L A T A D A Figura 1. Pontuação no questionário de qualidade de visão VF-14, entre pacientes entrevistados para qualidade de visão em indivíduos controles (C), com cegueira binocular (CB), portadores de visão monocular congênita (MC) e visão monocular adquirida (MA). deradas no cálculo da pontuação desses indivíduos foram as relacionadas a jogos, esportes, condução de automóvel de dia e a noite. DISCUSSÃO O presente estudo procurou avaliar o impacto da visão monocular no desempenho de atividades que dependem da visão em indivíduos normais, cegos monoculares congênitos, monoculares adquiridos e cegos binoculares pelo questionário VF-14. A observação de que a visão monocular congênita tem menor efeito sobre a qualidade da visão do que a adquirida sugere que a execução das tarefas que exigem participação da visão, pode ser aprendida. O estudo mostrou que visão de perto e reconhecimento de faces, sinais e TV são os maiores obstáculos em pessoas com visão monocular. Isso tem aplicação prática nas decisões relacionadas a trauma monocular, cujo tratamento cirúrgico para reverter as opacidades ópticas de córnea e/ou do cristalino é possível, porém de alto custo ou baixo prognóstico. Considerando que o trauma ocular é a causa mais frequente de perda de visão na população geral e que isso acontece majoritariamente em homens em idade produtiva, em face dos achados atuais(19-20), podemos avaliar que o efeito reabilitador da não intervenção e da reeducação para a nova condição pode ser tão ou mais produtivo em termos individuais e coletivos do que intervenções caras, sucessivas e de baixo prognóstico. Um estudo recente, envolvendo um grupo grande de latinos ou descendentes, residentes nos Estados Unidos da América, usando o NEI-VFQ-25 mostrou que a baixa de visão está diretamente relacionada à qualidade de vida, e que diferentes doenças apresentam impacto diferente em diversos aspectos da vida cotidiana(21). O estudo também examinou o efeito da baixa de visão monocular e observou que essa condição afetou até 10 dos 14 domínios estudados, em comparação a controles, porém, não separou casos congênitos de adquiridos. Assim, a decisão sobre intervenções oculares, deve ser individualizada, levando em conta as características do paciente, riscos e benefícios do tratamento. Dificilmente tantas variáveis poderiam ser alocadas em algoritmos de protocolos de conduta, como existem para algumas condições sistêmicas. É interessante notar que diante das respostas obtidas, fica a recomendação para considerar treinamentos de reabilitação 524 73(6)15.pmd à nova condição visual, individualizando as maiores dificuldades em cada caso e oferecendo treinamento específico, também, a pacientes com baixa de visão monocular. Atualmente, apenas pacientes com dificuldade binocular, são rotineiramente enviados para programas de treinamento e reabilitação. A ferramenta usada nesse estudo, o VF-14, já foi usada anteriormente no Brasil, porém apresenta limitações(22-23). A primeira a ser mencionada é de apurar apenas atividades diretamente relacionadas à visão e assim, não avaliar aspectos da qualidade de vida. Ficamos sem saber se a qualidade vida de pacientes cegos monoculares congênitos é similar a de pacientes com boa visão binocular. O que confrontaria estudos que advogam cirurgias de catarata bilaterais simultâneas(13). Outra limitação é pelo fato do questionário não ter passado por todas as etapas de validação. No nosso estudo, o VF-14 foi traduzido para o português, traduzido de volta para o inglês e essa versão manteve as características originais. Porém, a coleta de dados na população local, para avaliar a consistência das respostas, e a conclusão da validação, ainda não foram feitas, como recomendado para ferramentas usadas para qualidade de vida(24-25). Por último, o estudo não procurou estratificar os grupos por complexidade de atividades laborais ou doenças, o que poderia indicar que em algumas delas, a visão monocular é um fator limitante. CONCLUSÃO A baixa de visão monocular adquirida e binocular tem impacto desfavorável na qualidade de visão, porém é significativamente mais intensa na binocular. O estudo sugere que em casos monoculares medidas terapêuticas ou de reeducação podem ter impacto similar, porém essa afirmação merece estudo específico. REFERÊNCIAS 1. Schellini SA, Durkin SR, Hoyama E, Hirai F, Cordeiro R, Casson RJ, et al. Prevalence and causes of visual impairment in a Brazilian population: the Botucatu Eye Study. BMC Ophthalmol. 2009;9:8. 2. Salomao SR, Cinoto RW, Berezovsky A, Araújo-Filho A, Mitsuhiro MR, Mendieta L, et al. Prevalence and causes of vision impairment and blindness in older adults in Brazil: the Sao Paulo Eye Study. Ophthalmic Epidemiol. 2008;15(3):167-75. 3. Steinberg EP, Javitt JC, Sharkey PD, Zuckerman A, Legro MW, Anderson GF, et al. The content and cost of cataract surgery. Arch Ophthalmol. 1993;111(8):1041-9. 4. Moffatt SL, Cartwright VA, Stumpf TH. 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Available from: http://www.proqolid.org/ 5º Congresso da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria-SOBLECO 15 a 17 de abril de 2011 Estação Embratel Convention Center Curitiba - PR Informações: Creative Solution Tels.: (11) 5575-0254 e 5539-2186 Site: www.creativesolution.com.br Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 521-5 73(6)15.pmd 525 22/12/2010, 12:09 525 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Descrição do desenvolvimento neuropsicomotor e visual de crianças com deficiência visual Description of the neuropsychomotor and visual development of visually impaired children TELMA DE ARAUJO SOUZA1, VIVIAN ESTEVAM DE SOUZA2, MARCIA CAIRES BESTILLEIRO LOPES3, SILVIA PRADO SMIT KITADAI4 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor e visual de crianças com deficiência visual. Métodos: Foram avaliadas 45 crianças, de ambos os gêneros, em um período de 6 meses. As crianças foram distribuidas em dois grupos de estudo: experimental e de controle. Dessa forma aplicou-se a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor e da funcionalidade visual. Resultado: No grupo controle 86,66% da amostra estava inadequado quanto ao comportamento da coordenação, entretanto, todos os aspectos analisados estavam inadequados. As diferenças entre os grupos mostraram-se significativas, já que valores como p<0,05 foram evidenciados, tanto no comportamento da funcionalidade visual, quanto no desenvolvimento neuropsicomotor. Conclusão: Na amostra estudada, observou-se que os deficientes visuais caracterizavam-se por apresentar atraso global, do desenvolvimento, principalmente no comportamento da coordenação. Purpose: To assess the neuropsychomotor and visual development of visually impaired children. Methods: Fourty-five children of both genders were evaluated in a 6-months period. The children were distributed into two study groups: experimental and control. The neuropsychomotor development and visual efficiency were evaluated in the two groups. Results: In the control group, 86.66% of the sample was inappropriate on the coordination behavior, however, all aspects were considered inadequate. The differences among the groups were significant, since p values<0.05 were evidenced in the visual efficiency behavior as well as in the neuropsychomotor development. Conclusion: It was observed in the studied sample that the visually impaired were characterized by a global delay in the neuropsychomotor development, mostly in the coordination behavior. Descritores: Desenvolvimento infantil; Acuidade visual; Transtornos psicomotores; Doenças do sistema nervoso Keywords: Child development; Visual acuity; Psychomotor disorders; Nervous system diseases INTRODUÇÃO integridade do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) depende da organização dos sentidos pelo sistema nervoso central, sendo este a base para potencializar o desenvolvimento das habilidades humanas, do comportamento e da aprendizagem(1-4). O DNPM realiza-se pelo prazer da criança em experimentar algo novo, como uma aquisição motora ou sensorial. A deficiência visual infantil pode então propiciar eventuais atrasos nesse tipo de desenvolvimento(5). No processo de desenvolvimento infantil normal, a visão promove a integração das atividades motoras, perceptivas e mentais, ou seja, estabelece uma relação na qual a diminuição das capacidades vitais leva a uma série de comprometimentos em outras áreas do comportamento da criança, causados geralmente pela privação de certos estímulos. Sendo assim, no decorrer dos primeiros anos de vida a integração, a sintetização e a interpretação das informações fornecidas por outros canais perceptivos devem ser amplamente exploradas nestas crianças(6-7). A representatividade da deficiência visual permite considerar que, todos os anos, cerca de 500.000 crianças menores de 16 anos de idade ficam cegas no mundo, sendo que aproximadamente 90% delas residem em países em desenvolvimento(8-9). A cegueira infantil representa 3,9% dos casos de cegueira no mundo(5,10-11). Em função das necessidades destas crianças, os profissionais da área de reabilitação têm procurado desenvolver aspectos conceituais que as caracterizem, orientando-as para o treinamento e a intervenção precoce de acordo com os princípios da medicina de reabilitação e de habilitação(12-13). Por parte dos fisioterapeutas, faz-se necessária a compreensão das características intrínsecas deste grupo para a efetiva intervenção, já que o déficit de integração sensorial pode comprometer o desenvolvimento(14-16). O presente estudo foi desenvolvido tendo por objetivo avaliar o DNPM e também o desenvolvimento visual de crianças com deficiência, já que pesquisas específicas sobre estes aspectos ainda são escassas. A Trabalho realizado no Departamento de Reabilitação Visual, Universidade de Santo Amaro UNISA - São Paulo (SP), Brasil. 1 2 3 4 Fisioterapeuta, Ambulatório de Estimulação Visual Precoce, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Fisioterapeuta, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Fisioterapeuta, Ambulatório de Estimulação Visual Precoce, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil; Universidade de Santo Amaro - UNISA - São Paulo (SP), Brasil. Médica, Universidade de Santo Amaro - UNISA - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Telma da Araújo Souza. Rua Mairipotaba, 52 - São Paulo (SP) CEP 02977-060 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 09.08.2009 Última versão recebida em 26.10.2010 Aprovação em 03.11.2010 526 73(6)16.pmd MÉTODOS O presente estudo observacional, de corte transversal, realizou-se após a aprovação do comitê de ética da Universidade de Santo Amaro, em 2007, sob o número 104/2007. Foi desenvolvido no Ambulatório de Habilitação e Reabilitação Visual por um período de seis meses seguindo os princípios da Declaração de Helsinque. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 526-30 526 20/12/2010, 12:43 S OUZA TA, S OUZA VE, Foram avaliadas individualmente 45 crianças com idade entre 0 e 36 meses (média total de 22,9 meses) de ambos os sexos, cujos pais/responsáveis/cuidadores consentiram na utilização dos dados por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os participantes foram submetidos a duas avaliações: de DNPM, por meio da tabela elaborada com base na literatura de Arnold Gesell (Anexo 1)(7), composta por quatro escalas comportamentais: motora, de coordenação, de linguagem e social; e de visão funcional, utilizando-se a tabela da American Foundation for the Blind (AFB)(17). Para a aplicação das avaliações foi necessária aproximadamente 1 hora. Os participantes foram distribuídos em dois grupos (experimental e de controle) conforme os critérios de inclusão: crianças sem doenças sistêmicas associadas e sem diagnóstico médico de atraso do DNPM, sendo que no grupo experimental as crianças deveriam apresentar deficiência visual bilateral diagnosticada. Todas as crianças avaliadas permaneceram no estudo. De acordo com os critérios adotados, o grupo controle constituiu-se de 30 participantes (com média de 24,1 meses), enquanto o grupo experimental apresentou apenas 15 crianças (com média de 21,7 meses), sendo que os integrantes deste já realizavam estimulação visual precoce por um período médio de 8,6 horas. Os materiais utilizados e as atividades realizadas foram específicos e baseados na idade cronológica referenciada nas tabelas. Os resultados obtidos ao término da avaliação permitiram considerar se os comportamentos das crianças estavam adequados ou não à sua faixa etária. Caso estivessem inadequados, seria necessário continuar a avaliação voltando às fases anteriores, a fim de se obter a idade comportamental apropriada. Na análise dos resultados todos os comportamentos foram considerados. Para a análise da representatividade estatística, os dados deste estudo foram analisados através do teste t de Student e da Análise de Variância (ANOVA), sendo que os valores considerados significativos apresentaram nível de significância de 95% (p<0,05). RESULTADOS Os valores absolutos obtidos na análise do grupo experimental permitem considerar que o desempenho da coordenação apresentou-se atrasado, ou seja, inadequado quando comparado aos outros, fato referente ao número da amostra totalizando 13 crianças (86,66%). Na tabela 1 nota-se o atraso do DNPM do grupo experimental em todos os comportamentos analisados, em comparação com o grupo controle. Os valores obtidos no comportamento social mostraram-se mais elevados, porém com relevância significativa (p=0,04). Na avaliação da visão funcional tabela 2 notou-se novamente p<0,05. A comparação entre os diferentes comportamentos advindos do Teste de Análise de Variância (ANOVA) não evidenciou diferença estatística significativa entre os comportamentos de um mesmo grupo (experimental), sendo p>0,05; em contrapartida, as diferenças apareceram quando houve comparação com a média de comportamento do grupo controle (p<0,05), sendo os dados descritos na tabela 3. Um dos achados da pesquisa, não relacionado com o objetivo principal, demonstra que a catarata congênita é o acometimento ocular mais frequentemente encontrado no grupo experimental, totalizando 9 crianças, fato também referenciado na literatura(18-21). (motoras, linguísticas, cognitivas e sociais)(22-23). Com base nos dados coletados neste estudo, comprova-se que as crianças com deficiência visual apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e na visão funcional em comparação com as crianças sem comprometimento, o que também foi confirmado no estudo desenvolvido por Cioni et al.(24). Os resultados mostraram que o desempenho da coordenação foi o mais comprometido no grupo experimental, o que está de acordo com os achados das pesquisas relacionadas às manifestações que ocorrem nos primeiros anos de vida e que são pobremente experimentadas(24-25). A deficiência visual limita a ação da criança em seu ambiente, o aprimoramento de seus atos motores e a sua vivência em atividades interativas com objetos, ou seja, altera o ambiente através do qual o processo de aprendizagem se desenvolve(14-16,26). Segundo Glass, o impacto das alterações visuais pode interferir negativamente no estabelecimento de um contato social eficaz, uma vez que as expressões faciais, os gestos e o contato ocular têm um importante papel na comunicação e na interação social(27). A socialização da criança advém do primeiro grupo social ao qual ela pertence, a família, que possui grande responsabilidade na formação afetiva e também pessoal. Quanto ao comportamento social, a análise estatística mostrou valores mais próximos do limite de significância p=0,04. Na literatura, tem-se mostrado que as crianças portadoras de deficiência visual demonstram dificuldades sociais e emocionais que atingem suas famílias, causando assim impactos em termos de qualidade de vida(28-30). Estudos demonstram a preocupação primária com a socialização, porém, comparando este trabalho com o desenvolvido por Navarro e colaboradores, a questão do comportamento da coordenação aparece de forma mais expressiva(31). A tabela do DNPM normal (demonstrada e utilizada neste estudo) possui validação de uso, pois foi possível observar que os atos comportamentais das crianças pertencentes ao grupo controle, em relação à idade cronológica, foram compatíveis; fato notório durante a coleta de dados. Esse fato demonstra ainda a homogeneidade das escalas avaliadas (motora, de coordenação, de linguagem e social), confirmação referida nos resultados após o teste de Análise de Variância. Desta forma, a tabela pode ser utilizada como método de avaliação de crianças com deficiência visual, visto que outros instrumentos de avaliação precoce para essa faixa etária, que envolvem todos os aspectos conceituais similares aos da tabela aplicada, não estão inclusos na prática clínica(25). Tabela 1. Resultados obtidos após teste de comparação dos grupos, referente ao desenvolvimento neuropsicomotor Comportamento Sig (p<0,05) Motor Coordenação Linguagem Social 0,00* 0,00* 0,00* 0,04* *= presença de diferença estatística significante Aplicação do teste t de Student Tabela 2. Resultados obtidos após teste de comparação dos grupos, referente à funcionalidade visual Comportamento DISCUSSÃO Os transtornos de integração sensorial causam alterações no desenvolvimento em diversas áreas comportamentais E T AL . Sig (p<0,05) Eficiência visual 0,00 * *= presença de diferença estatística significante Aplicação do teste t de Student Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 526-30 73(6)16.pmd 527 20/12/2010, 12:43 527 DESCRIÇÃO D O D E S E N V O L V I M E N T O N E U R O P S I C O M O T O R E V I S U A L DE C R I A N Ç A S C O M D E F I C I Ê N C I A V I S U A L Anexo 1. Tabela do desenvolvimento neuropsicomotor de Gesell 4 semanas 12 semanas 16 semanas 24 semanas 28 semanas 36 semanas 40 semanas Motor Sem controle de cabeça Controle de cabeça Postura simétrica Controle de tronco Senta com apoio Senta Senta sozinho Mãos fechadas Desaparecimento da maioria dos reflexos primitivos Rolar para os lados em bloco Paraquedas lateral e para frente Equilíbrio sentado breve Quatro apoios Rasteja Reflexo tônico Criança mais ativa cervical assimétrico Mão na linha média Preensão palmar Leva pé a boca Em pé com apoio Se mantém em pé e dá passos com apoio Flexão, abdução e rotação externa de membros Inferiores Paraquedas anterior Rola independente Dissociação de eixos corporais Balança em pé Rola parcialmente para os lados Senta com breve equilíbrio Andar de lado Coordenação Solta objetos imediatamente Inicia coordenação olho-mão Coordenação olhomão e mão-boca Aproxima e pega Balança e bate brinquedos Preensão digital radial Pinça (polegar e indicador) Mão a boca Puxa roupa/objetos Tateia, arranha e agarra Pega perto Aproxima e agarra com uma das mãos Deixa cair e pega Segura a mamadeira Braços se agitam Mantém objeto a mão Mantém mão livre Segura 2 objetos Aproxima objetos Resgata objetos caídos Pega e olha Descobre peso, tamanho, forma e textura Empurra, apalpa e dedilha Noções de em cima/embaixo, dentro/fora e junto/separado Linguagem Sem expressão Arrulha Arrulha Rosna e guincha Som vocalizado polissílabo Imita os sons Pequenos ruidos Risos Risos Resmunga Som ao chorar Compreende o não Vocalizações como “da-da”, “ma-ma” e “nha-nha” Gorgoleja e gritos estridentes Social Atento ao rosto humano Resposta facial Sorri socialmente Resposta vocal espontânea Olha a própria imagem e sorri Segura mamadeira e come biscoito sozinho Percepção de contorno Dependente de fralda Exige um maior convívio social Dependente de fralda Interpreta expressões faciais Persistência de Receio de vozes alcance de desconhecidas objetos distantes Discriminação de estranhos Dependente de fralda Aquieta-se quando pego no colo Dependente de fralda Dependente de fralda Imita alguns movimentos como bater palmas e dar tchau Timidez Dependente de fralda Dependente de fralda Papéis, brinquedos de borracha macia que façam barulho Brinquedos que balancem (cavalinho de pau) brincar de esconder (cobrir o rosto) Brinquedo Luz e brilho, tem interesse pelas cores vermelha e laranja 528 73(6)16.pmd Gosta que cantem e fale com ele, aprecia briquedos que estão ao seu alcance Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 526-30 528 20/12/2010, 12:43 S OUZA TA, S OUZA VE, E T AL . (Continuação) Anexo 1. Tabela do desenvolvimento neuropsicomotor de Gesell 48 semanas 60 semanas 72 semanas 84 semanas 96 semanas 144 semanas Anda com rapidez Corre bem Corrida em bloco Anda em círculos Agacha-se ao brincar Sobe e desce com uma mão fixa Sobe e desce escadas sozinho Pula Apoio unipodal com equilíbrio momentâneo Marcha em postura ereta Anda em triciclo Motor Engatinha com independência Anda com independência Marcha com apoio Marcha insegura sem apoio Ajoelha Cair súbito Engatinha para subir escadas Sobe e desce escadas a sua maneira Corre para frente Anda de costas Marcha sem postura ereta Sobe e desce escadas usando os membros inferiores alternadamente Capacidade de manobrar Marcha com braços pra fora e para trás Coordenação Coloca as mãos dentro de objetos Ajuda a virar uma folha Retira objetos com facilidade Segura objetos pelo cabo Dá objetos e espera devolução imediata Inicia o largar Segura lápis Inicia o empilhar Arrasta, empurra, puxa, deixa cair, segura com rudeza Coloca as coisas nos lugares Rabisco espontâneo Alinha objetos Indicação de figuras Imita rabisco Imita risco vertical e circular Encaixe quadrado Encaixe circular Pontapé em bola Dá função a objetos Imita riscos horizontais Familiarizada com 3 formas: círculo, quadrado e triângulo Desabotoa e abotoa botões Recebe e joga uma bola Empilha bem Linguagem Produz som com objetos Usa jargões como ta-ta e au-au Vocalizações como “eh” e “tá” Para e gesticula Usa palavras como Nomeia objetos acabou, obrigada, tchau-tchau e oba e cantarola repetitivamente Interessa-se por Une duas conclusões “oh” palavras Nomeia figuras Começa a contar e enumera objetos até 3 Uso de pronomes é meu Adora falar não Vocabulário de 6 palavras ou mais Situações teatrais para experimentar novas palavras Frases e perguntas com 3 palavras Compara 2 objetos Social Bebe no copo e come com a mão Ciúme e simpatia Imita outras pessoas Não aceita o não Criança egocêntrica Coopera ao vestir-se Regula esfíncteres durante o dia Puxa pessoa para mostrar algo Prefere brincar sozinha, não coopera muito Maior controle de esfíncteres Pode inibir-se com não e se envergonhar Sensível a sugestões visuais e auditivas com significado social Prefere que lhe deêm a comida Come sozinho mas derrama Período de timidez Inicio de controle de esfíncteres Imita atividades domésticas Vasilha De encaixe Dependente de fralda Se alimenta sozinha sem derramar Assume responsabilidades (guardar as coisas no lugar) Vai ao banheiro sozinha Sensível a elogios e gosta de agradar e obedecer Sabe esperar sua vez Observa expressões faciais para descobrir o que significa Distingue dia e noite Briquedos Música e “onde está o bebê?” Brinquedos que se encaixem Passear Papel, livros ilustrados e música Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 526-30 73(6)16.pmd 529 20/12/2010, 12:43 529 DESCRIÇÃO D O D E S E N V O L V I M E N T O N E U R O P S I C O M O T O R E V I S U A L DE C R I A N Ç A S C O M D E F I C I Ê N C I A V I S U A L Tabela 3. Medidas dos valores obtidos após comparação dos comportamentos analisados no grupo experimental e controle Comportamentos (grupos) Motor (experimental) Sig (p<0,05) Coordenação (GE) Linguagem (GE) Social (GE) Média de GC 0,89 0,98 1,00 0,01* Coordenação (experimental) Motor (GE) Linguagem (GE) Social (GE) Média de GC 0,89 0,99 0,70 0,00* Linguagem (experimental) Motor (GE) Coordenação (GE) Social (GE) Média de GC 0,98 0,99 0,90 0,00* Social (experimental) Motor (GE) Coordenação (GE) Linguagem (GE) Média de GC 1,00 0,70 0,90 0,04* *= significância estatística Aplicação do teste de analise de variância CONCLUSÃO Crianças com deficiência visual apresentam atraso global no desenvolvimento neuropsicomotor e na visão funcional em comparação com as crianças sem esse tipo de deficiência. Referente aos comportamentos abordados na avaliação notou-se, no entanto, que o comportamento da coordenação foi o mais comprometido. REFERÊNCIAS 1. Umphred DA. Fisioterapia neurológica. 2ª ed. 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A case of inadvertent retention of Descemet’s membrane after penetrating keratoplasty for Fuchs dystrophy is reported. The challenges to remove it during cataract surgery are commented, as well as a proposal of a new surgical approach. Descritores: Lâmina limitante posterior da córnea/cirurgia; Lâmina limitante posterior da córnea/patologia; Transplante de córnea; Transplante de córnea/ efeitos adversos; Ceratoplastia penetrante; Relatos de casos; Humano; Feminino; Idoso Keywords: Descemet membrane; Descemet membrane/surgery; Descemet membrane/pathology; Corneal transplantation; Corneal transplantation/ adverse effects; Keratoplasty, penetrating; Case reports; Human; Female; Aged INTRODUÇÃO persistência da membrana de Descemet (MD) da córnea receptora é uma complicação conhecida e não intencional em ceratoplastia penetrante(1-3). O aspecto biomicroscópico é de duplicação da câmara anterior, sendo comum ocorrer diminuição na transparência da membrana ao longo do tempo levando à piora na acuidade visual(2,4-5). Nosso objetivo é relatar um caso de persistência de MD após ceratoplastia penetrante, que foi removida posteriormente durante a facectomia. A pressão intraocular estava dentro do padrão da normalidade em ambos os olhos. À oftalmoscopia do OE notava-se apenas diminuição da transparência dos meios. Devido à diminuição da transparência da MD, foi proposta sua remoção durante a facectomia. A cirurgia foi realizada com incisão auxiliar temporal superior pelo leito da córnea receptora e incisão principal no limbo nasal superior. A cápsula anterior foi corada com azul de tripano e a porção posterior da dupla câmara anterior foi refeita com substância viscoelástica. Tentamos sem sucesso remover a MD primeiro com o vitreófago, depois fazendo uma abertura central com um cistótomo invertido e tentando manobra de “descemetorrexe” invertida (Figura 2 A) e por último, novamente com o vitreófago após a abertura da MD. A abertura feita com o cistótomo permitiu passagem de bolha de ar para o compartimento anterior da dupla câmara. Ao repor o viscoelástico notamos deslocamento da bolha de ar para fora do olho através de um segundo defeito na MD, afortunadamente próximo da incisão principal (Figura 2 B). Este defeito foi alargado com a cânula do viscoelástico, permitindo a secção da porção superior da MD e realização de “descemetorrexe” com pinça de capsulorrexe no remanescente da membrana (Figura 2 C e D). Foi então realizada facoemulsificação e implante de lente intraocular sem intercorrências. O pós-operatório transcorreu bem, com botão corneano doador mantendo-se transparente (Figura 1B). Após a adaptação de lente de contacto gás permeável, atingiu acuidade visual de 20/30. A RELATO DO CASO Paciente feminina, 73 anos, com história de distrofia de Fuchs e ceratoplastia penetrante no olho esquerdo (OE) há 10 meses, encaminhada com diagnóstico de catarata e relato de dupla câmara anterior após a ceratoplastia. Apresentava acuidade visual corrigida de 20/300 em OE. O exame biomicroscópico do OE revelou botão corneano com boa transparência geral, estroma compacto com mínima opacificação paracentral em média profundidade. Além de catarata nuclear densa, havia a presença de câmara anterior dupla pela persistência da MD receptora, a qual exibia algumas dobras, depósitos pigmentares e diminuição de transparência difusamente (Figura 1 A). O olho direito exibia córnea gutata. Trabalho realizado no Instituto de Olhos Freitas, Salvador, Bahia. 1 2 Médico, Hospital Universitário Professor Edgard Santos, Universidade Federal da Bahia UFBA, Salvador (BA). Brasil. Médico, Instituto de Olhos Freitas, Salvador (BA), Brasil. Endereço para correspondência: Eduardo Marback. Rua Eduardo José dos Santos, 147 - Sala 808 - Salvador (BA) - CEP 41940-455 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 26.07.2009 Aprovação em 28.02.2010 DISCUSSÃO A presença de espessamento corneano parece ser um fator facilitador à separação lamelar com maior chance de retenção não intencional da MD durante ceratoplastia penetrante(1-2,5). A separação pode ocorrer também por uma injeção inadequada de viscoelástico com viscodissecção não intencional da MD do Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 531-3 73(6)01.pmd 531 23/12/2010, 11:39 531 D UPLA MEMBRANA DE D ESCEMET APÓS CERATOPLASTIA PENETRANTE : ABORDAGEM CIRÚRGICA DURANTE A FACOEMULSIFICAÇÃO : RELATO DE CASO A B Figura 1. A) Dupla câmara anterior - córnea (seta branca), membrana de Descemet retida (seta cinza) e cápsula anterior do cristalino (seta negra); B) Aspecto no 7º dia de pós-operatório. A B C D Figura 2. A) Após a punção, tentativa de “descemetorrexe” invertida; B) Bolha de ar saindo da porção anterior da dupla câmara por defeito próximo da incisão (setas); C) Tesoura seccionando membrana de Descemet retida; D) “Descemetorrexe” sendo completada com pinça. receptor(6). Em nossa paciente, provavelmente o mecanismo facilitador para a retenção da MD durante a ceratoplastia penetrante foi o edema corneano induzido pela distrofia de Fuchs. Embora a persistência da MD do receptor possa ocasionalmente levar a toque endotelial e comprometer o botão doador, quando existe perfuração da mesma que permita a livre passagem de aquoso é possível manter a transparência do botão(1-6). Com base neste achado, a persistência da MD já foi inclusive utilizada como forma de proteger o endotélio do botão doador na presença de óleo de silicone em olho afácico(3). A indicação para a remoção da MD residual quando existe dupla câmara anterior sem compromisso para o botão receptor, baseia-se então na diminuição da transparência da MD levando a consequente piora na acuidade visual que tem ocorrido entre 3 meses a 1 ano de pós-operatório, ou pela possibilidade da MD servir como suporte para possível crescimento e manutenção de membranas inflamatórias(1,3,6). 532 73(6)01.pmd Para restabelecer a visão em pacientes com diminuição da transparência da MD residual, já foi relatada a abertura de orifício central pela aplicação de YAG laser(4,6). Entretanto, tal procedimento nem sempre é possível, supostamente pela diminuição na tensão superficial da membrana que ocorre pelas microperfurações existentes em casos com dupla câmara anterior(2-3). Nesta situação a única opção é a remoção cirúrgica. Esta já foi realizada em conjunto com a facectomia, bem como através da remoção de duas suturas da ceratoplastia e introdução de pinça de capsulorrexe na porção anterior da dupla câmara, através da junção entre botão doador e receptor (2,5). Em nosso caso, não queríamos reabrir a incisão na interface entre a córnea receptora e o botão doador. Alguns autores, relataram caso semelhante ao nosso no qual utilizaram um bisturi 15º para abrir a MD próximo a incisão principal e depois realizar “descemetorrexe” com agulha para remover a MD(2). Não sabemos explicar porque não foi possível a remoção da MD com Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 531-3 532 23/12/2010, 11:39 M ARBACK E, M ELO CL. o vitreófago, especulamos que tenha sido pela consistência do tecido. Por medo de possível lesão no endotélio do botão doador, não usamos a técnica proposta por Chen et al. optando ao invés por realizar punção na porção central da MD onde a profundidade da porção anterior da dupla câmara usualmente é maior(2). Analisando de forma retrospectiva, acreditamos que tecnicamente talvez fosse mais fácil realizar abertura na região central da MD onde esta está mais distante do endotélio doador, colocar viscoelástico coesivo entre a MD residual e este, então realizar abertura da MD próxima da incisão principal com lâmina ou agulha, talvez com o apoio de segundo instrumento pela incisão auxiliar. Em suma, apresentamos um caso raro de retenção da MD pós ceratoplastia penetrante, salientando os fatores facilitadores desta complicação e propondo uma nova abordagem cirúrgica quando a remoção da mesma for realizada durante a cirurgia de facoemulsificação. AGRADECIMENTO Ao Dr. Eduardo Sone Soriano, pelas valiosas sugestões ao discutir o caso. REFERÊNCIAS 1. Henderson JW, Wolter JR. Separation of Descemet’s membrane in keratoplasty. Am J Ophthalmol. 1968;65(3):375-8. 2. Chen YP, Chai PC, Chen PY, Lin KK, Hsiao CH. Retained Descemet’s membrane after penetrating keratoplasty. J Cataract Refract Surg. 2003;29(9):1842-4. 3. Thyagarajan S, Mearza AA, Falcon MG. Inadvertent retention of Descemet membrane in penetrating keratoplasty. Cornea. 2006;25(6):748-9. 4. Lazar M, Loewenstein A, Geyer O. Intentional retention of Descemet’s membrane during keratoplasty. Acta Ophthalmol (Copenh). 1991;69(1):111-2. 5. Sinha R, Vajpayee B, Sharma N, Titiyal JS, Tandon R. Trypan blue assisted descemetorhexis for inadvertently retained Descemet’s membranes after penetrating keratoplasty. Br J Ophthalmol.. 2003;87(5):654-5. 6. Masket S, Tennen DG. Neodymium:YAG laser optical opening for retained Descemet’s membrane after penetrating keratoplasty. J Cataract Refract Surg. 1996;22(1): 139-41. Comment in: J Cataract Refract Surg. 1996;22(6):652. XXXVI Congresso Brasileiro de Oftalmologia 5 a 8 de setembro de 2011 Centro de Convenções da FIERGS Porto Alegre - RS Informações: CCM Eventos Tels.: (51) 3086-9115 E-mail: [email protected] Ste: www.cbo2011.com.br Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 531-3 73(6)01.pmd 533 23/12/2010, 11:39 533 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Fibrohistiocitoma conjuntival simulando pterígio atípico na região amazônica: relato de caso Conjunctival fibrous histiocytoma simulating atipical pterygium in the Amazon region: case report ROBERTO MURILLO LIMONGI DE SOUZA CARVALHO1, ALEXANDRE TALEB1, GIULIANNA LIMONGI DE SOUZA CARVALHO1, MARCOS ÁVILA1 RESUMO ABSTRACT Relatamos um caso inédito na literatura brasileira de fibrohistiocitoma conjuntival descoberto durante projeto comunitário de larga escala realizado pela equipe do Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás na região amazônica. Paciente do sexo feminino, leucoderma, de 38 anos de idade, apresentava lesão vascularizada no olho direito no canto medial da conjuntiva bulbar e carúncula com extensão para o limbo e invadindo cerca de 2 mm da córnea medial com configuração semelhante a um pterígio. O exame histopatológico revelou lesão constituída por células fusiformes, com arranjo estoriforme e células histiocitárias gigantes. A imunohistoquímica revelou forte positividade para vimentina e as células neoplásicas foram negativas para AE1/ AE3, HMB 45, proteína S 100. O diagnóstico histopatológico foi de fibrohistiocitoma. A evolução poderá demonstrar o crescimento tumoral e a possibilidade de lesão maligna. An inedited case in the Brazilian literature of conjunctival fibrous histiocytoma discovered during a wide scale community project accomplished by the team of the Center of Reference in Ophthalmology of the Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás in the Amazon region is reported. A 38 year-old caucasian woman presented with a vascularized lesion on the medial portion of the bulbar conjunctiva and caruncular region of the right eye with extension for the limbus and invading about 2 mm of the medial cornea resembling a pterygium. Pathologic findings revealed that the lesion was constituted by spindle-shaped cells, with storiform arrangement, and large histocytelike cells. The immunohistochemistry revealed strong positivity for vimentin and the neoplastic cells were negative for AE1/AE3, HMB 45, S 100 protein. The histopathologic diagnosis was fibrous histiocytoma. The evolution demonstrated the tumoral growth and the possibility of a malignant lesion. Descritores: Histiocitoma fibroso benigno; Pterígio; Neoplasias da túnica conjuntiva/diagnóstico; Imuno-histoquímica; Vimentina; Relatos de casos; Humano; Feminino; Adulto Keywords: Histiocytoma, benign fibrous; Pterygium; Conjunctival neoplasms/ diagnosis; Vimentin; Immunohistochemistry; Case reports; Human; Male; Adult INTRODUÇÃO ibrohistiocitomas representam um grupo heterogêneo de tumores mesenquimais compostos por uma mistura de elementos fibroblásticos e histiocíticos em quantidades variáveis e em diferentes graus de diferenciação(1). O acometimento ocular ocorre frequentemente na órbita, porém raramente pode acometer a conjuntiva(2-7). Neste presente relato descrevemos um caso inédito na literatura brasileira de um fibrohistiocitoma conjuntival em uma mulher de 38 anos de idade, natural da região amazônica, diagnosticado durante Projeto Catarata realizado pela equipe do Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás no município de Almeirim - Pará. Este relato é de interesse por duas razões: em primeiro lugar, descreve os sinais clínicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos de patologia pouco conhecida que é o fibrohistiocitoma conjuntival; segundo, mostra a importância do papel social dos Projetos Comunitários de Catarata desenvolvidos em locais de difícil acesso desprovidos de assistência oftalmológica. F Trabalho realizado no Departamento de Cirurgia Plástica Ocular do Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas do Estado de Goiás - CEROF/HC. 1 Médico, Setor de Plástica Ocular, Centro de Referência em Oftalmologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brasil. Endereço para correspondência: Roberto Murillo Limongi de Souza Carvalho. Av. T-47 q31 L3/5 Ed. Monte Carlo - Apto. 1.102 - Setor Bueno - Goiânia (GO) - CEP 74210-180 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 23.09.2009 Última versão recebida em 20.12.2009 Aprovação em 25.12.2009 534 73(6)03.pmd RELATO DE CASO Paciente do sexo feminino, leucoderma, com 38 anos de idade, apresentou-se à consulta com queixa de olho vermelho e baixa de acuidade visual há cinco meses no olho direito. Ao exame a acuidade visual corrigida era de 0,3 no olho direito e 1,0 no olho esquerdo. A pressão intraocular era 10 mmHg em ambos olhos. O olho esquerdo apresentava biomicroscopia, exame ocular externo e oftalmoscopia indireta normais. No olho direito não havia qualquer alteração coriorretiniana na oftalmoscopia binocular indireta. A biomicroscopia revelava lesão vascularizada no olho direito localizada no canto medial da conjuntiva bulbar e carúncula, com extensão para o limbo e invadindo cerca de 2 mm da córnea medial com configuração semelhante a um pterígio, porém a região equivalente à cabeça do “pterígio” apresentava superfície pedunculada (Figura 1). A motilidade ocular estava preservada e não foi encontrada proptose. O restante do exame oftalmológico estava dentro da normalidade. A aparência grosseira da massa simulava um pterígio atípico, porém não se enquadrava em nenhum dos tumores conjuntivais mais conhecidos. A paciente foi submetida a exérese local da lesão que infiltrava o estroma corneano. A peça cirúrgica foi colocada em formol e encaminhada para análise no Laboratório de Patologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS O espécime obtido da excisão consistia de fragmento de conjuntiva de forma irregular, medindo 0,9 x 0,6 x 0,5 cm, coloração acastanhada e consistência elástica. O exame histo- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 534-6 534 20/12/2010, 19:21 C ARVALHO RMLS, T ALEB A, patológico revelou lesão constituída por células fusiformes, exibindo por vezes arranjo estoriforme com atipias nucleares leves e presença de raras células histiocitárias gigantes (Figura 2). A atividade mitótica era moderada com cerca de 8 mitoses por 10 campos de grande aumento (40x). Os principais diagnósticos diferenciais, à histopatologia, eram carcinoma sarcomatóide e melanoma. A imuno-histoquímica revelou forte positividade para vimentina. As células neoplásicas foram negativas para AE1/ AE3, HMB 45, proteína S 100. DISCUSSÃO O fibrohistiocitoma tem sido relatado como o tumor orbitário mesenquimal mais comum em adultos, entretanto a ocorrência deste tumor em conjuntiva e limbo corneoescleral raramente é relatada na literatura mundial(5). Acredita-se que o fibrohistiocitoma se desenvolva a partir de uma célula mesenquimal pluripotente a qual tem a capacidade de se diferenciar tanto em fibroblastos como em histiócitos(3). Clinicamente, o fibrohistiocitoma conjuntival pode consistir em nódulo circunscrito ou difuso com margens mal definidas, geralmente amarelado, róseo ou vermelho, levemente elevado e medindo entre 2 e 8 mm no seu maior diâmetro(3,7). Neste caso, a lesão se mascarava na forma de um pterígio atípico, mantendo-se levemente elevada na região limbar, porém adquirindo forma pedunculada na região que se estendia E T AL . sobre a córnea. Alguns autores já relataram o primeiro caso de fibrohistiocitoma de conjuntiva que apareceu em um paciente que apresentava pterígio(8). O diagnóstico diferencial do fibrohistiocitoma conjuntival deve ser feito com dermóide, dermolipoma, neurofibroma, leiomiossarcoma, histiocitose X, rabdomiossarcoma, hemangiopericitoma, melanoma amelanótico e lesões linfoproliferativas. O diagnóstico definitivo é estabelecido após exame histológico e imuno-histoquímico da lesão. O exame histopatológico deste caso apresentou células fusiformes com arranjo estoriforme entremeadas com células histiocitárias, estando em acordo com os casos já relatados na literatura mundial(8-9). O estudo imuno-histoquímico demonstrou forte positividade para vimentina (filamento citoplasmático intermediário encontrado na maioria de células mesenquimais) e negativo para proteína S 100 e citoqueratinas. Tais achados permitiram afastar as possibilidades de melanoma e carcinoma e o diagnóstico final foi de fibrohistiocitoma conjuntival. Outros autores em estudo clínico-patológico de 150 casos de fibrohistiocitoma de órbita, classificaram este tipo de tumor em três grupos: benignos, localmente agressivos e malignos, baseados em critérios histopatológicos. Eles descreveram o comportamento biológico das lesões orbitárias que se correlacionavam intensamente com a classificação histopatológica(5). Em outro trabalho autores também reportaram em sua série de casos duas formas clínicas bem definidas de fibrohistiocitoma conjuntival: benigno e maligno, baseados nos acha- OD Figura 1. Aspecto externo da lesão (“ em forma de cogumelo”). Figura 2. Exame histológico mostrando células alongadas com padrão estoriforme. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 534-6 73(6)03.pmd 535 20/12/2010, 19:21 535 FIBROHISTIOCITOMA C O N J U N T I V A L S I M U L A N D O P T E R Í G I O A T Í P I C O NA R E G I Ã O A M A Z Ô N I C A : R E L A T O DE C A S O dos histopatológicos e na evolução clínica(9). Podemos dizer que o quadro histológico do nosso caso é condizente com o diagnóstico de fibrohistiocitoma. As atipias celulares e a superficialidade da lesão sugerem benignidade. Porém, as mitoses estão em número mais elevado do que o observado em lesões benignas. É necessária a correlação com a clínica e a evolução para definirmos a possibilidade de lesão maligna(8-9). Como este tumor foi diagnosticado durante Projeto Catarata em agosto de 2000 na região amazônica, ainda não estão disponibilizados os achados de acompanhamento da lesão. É possível a verificação de malignidade com recidiva local ou até mesmo metástase. Este caso fortalece a importância dos Projetos Oftalmológicos Comunitários de atendimento em larga escala de reabilitação visual que podem detectar patologias oculares de potencial cegante que ameaçam a sobrevida do paciente. REFERÊNCIAS 1. Enzinger FM, Weiss SW. Malignant fibrohistiocytic tumors. In: Enzinger FM, Weiss SW, editors. Soft tissue umors. 3rd ed. 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Am J Ophthalmol. 2006;142(6):1036-43. 36º Congresso Brasileiro de Retina e Vítreo 20 a 22 de abril de 2011 Estação Embratel Convention Center Campo Grande - MS Informações: Tel.: (11) 3849-0379 E-mail: [email protected] Site: www.retina2011.com.br 536 73(6)03.pmd Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 534-6 536 20/12/2010, 19:21 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Optic neuropathy secondary to cat scratch disease: case report Neuropatia óptica secundária a doença da arranhadura do gato: relato de caso RICARDO EVANGELISTA MARROCOS DE ARAGÃO1, RÉGIA MARIA GONDIM RAMOS1, ANDREYA FERREIRA RODRIGUES BEZERRA1, ROBERTO BRIAND CAVALCANTI JÚNIOR1, THIAGO LEITE ALBUQUERQUE1 ABSTRACT RESUMO Optic neuropathy due to cat scratch disease is a relatively infrequent occurrence associated with macular star formation and is characterized by sudden painless loss of vision mostly unilateral. Bartonella henselae is well recognized as the etiologic agent in cat scratch disease. Ocular complications of the disease occur in up to 10% of patients and include neuroretinitis. Ocular bartonelosis is usually self-limited with complete or near-complete recovery of vision in otherwise healthy patients. A case of a boy with neuroretinitis caused by B. henselae is reported. Neuropatia óptica associada à doença da arranhadura do gato é relativamente infrequente, está associada com formação de estrela macular e caracterizase por perda visual súbita sem dor na maioria das vezes unilateral. Bartonella henselae é o agente etiológico da enfermidade. As complicações oculares da doença ocorrem em mais de 10% dos casos, entre elas está a neurorretinite. Bartonelose ocular é uma doença autolimitada com completa ou quase completa recuperação da acuidade visual em pacientes imunocompetentes. Relatamos o caso de um adolescente com neuroretinite causada por B. henselae. Keywords: Optic nerve diseases; Cat-scratch disease; Macula lutea; Macular edema; Papilledema; Retinitis; Case reports Descritores: Doenças do nervo óptico; Doença da arranhadura de gato; Mácula lutea; Edema macular; Papiledema; Retinite; Relatos de casos INTRODUCTION ptic neuropathy refers to a clinical disorder characterized by sudden-to-chronic loss of vision in one or both eyes due to optic nerve dysfunction that might be idiopathic, ischemic, primary demyelinating, infectious, or inflammatory in etiology(1). Neuroretinitis is a form of optic neuropathy, characterized by acute painless visual loss in association with optic disc swelling and macular stellated exsudate. It is tipically unilateral and has an excellent prognosis regardless of treatment. Optic neuropathy due cat scratch disease is a relatively infrequent occurrence caused by Bartonella henselae. Other infectious causes include syphilis, Lyme disease, viruses and diffuse unilateral subacute neuroretinitis. Cat scratch disease has been reported in the literature for more than half a century as a syndrome of regional lymphadenopathy and fever. However, it has been only a quarter of a century since Bartonella henselae was identified as the etiologic agent. They are small, fastidious, intracellular Gram-negative bacilli that are aerobic and oxidase-negative(2). Cats are the major reservoir for B. henselae, with up to half of domestic cats having antibodies to B. henselae. The cat flea is responsible for the major mode of transmission between cats. Once transmitted to humans, following the scratch or bite of a kitten or adult cat, B. henselae invades hematopoietic progenitor cells. The response to infection depends on the immune status of the infected host. The typical cat scratch disease is characterized by lymphadenopathy with fever, benign and self-limited, with no other signs or symptoms(3). Other manifestations are less common (hepato-esplenomegaly, granulomatous hepatitis, osteomyelitis, encephalitis, glomerulonephritis, endocardites, and pneumonia). The ocular involvement occurs in 10% of the cases (4). The most common ocular manifestations is the Parinaud syndrome that consist of fever, regional lymphadenopathy, and follicular conjuntivitis, followed by the neuroretinitis (2). We describe a case of ocular bartonellosis in one adolescent, with unilateral sudden painless vision loss and neuroretinitis. O Study carried out at Ophthalmology Service, Hospital Universitário Walter Cantídeo, Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brasil. 1 Physician, Opthalmology Service, Hospital Universitário Walter Cantídio, Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza (CE), Brazil. Correspondence address: Ricardo E. Marrocos de Aragão. Rua Osvaldo Cruz, 2.335 Fortaleza (CE) - CEP 60125-151 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 11.04.2009 Última versão recebida em 26.09.2009 Aprovação em 06.02.2010 CASE REPORT A 17-year-old healthy boy suddenly noticed a painless vision loss in his right eye. He denied pain on eye movements and had no systemic or neurological complaints. Measured visual acuity was counting fingers at 1 meter in the right eye (OD) and 20/20 in the left eye (OS). The swinging flashlight test showed a prominent right relative afferent pupillary defect. The fundoscopy in the left eye was unremarkable but in the right eye revealed a diffusely swollen, hyperemic optic disc, serous detachment extending from the disc to the macula, and macular exudates in a stellate pattern (Figure 1 OD). The patient referred scratches on the left arm by a kitten two weeks before his eyesight was affected. Dyschromatopsia was seen in right eye. Chest x-ray, complete blood count with differential was normal. Erythrocyte sedimentation rate was 4 mm. Rheumatoid factor, Venereal Disease Research Laboratory test (VDRL), and fluorescent treponemal antibody absorption test (FTAABS) were negative. Tuberculin skin test was 6 mm. Serologic tests to toxoplasmosis, cytomegalovirosis and HIV 1 and 2 were negative. Cerebrospinal fluid studies revealed normal cell count, normal chemistries, and absent oligoclonal bands. Magnetic resonance images of the head and orbits were normal. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 537-8 73(6)12.pmd 537 23/12/2010, 11:40 537 OPTIC NEUROPATHY SECONDARY TO CAT SCRATCH DISEASE: CASE REPORT OD OS Figure 1. Disc edema and macular star in the OD and normal OS. The patient started a 3-week course of oral 100 mg Doxycycline once daily. Bartonella henselae IgG was positive at a titer of 1:1024. Three weeks after the presentation, visual acuity improved to 20/160 OD. The prominent right relative afferent pupillary defect persisted. The optic disc swelling was markedly reduced and the macula stellate exsudates remained. Six weeks after the initial presentation, his visual acuity improved to 20/25. The pupillary response was normal. The optic disc swelling diminished and the macular stellate remained in the temporal side. DISCUSSION Optic neuropathy can be due to various causes that show significant overlap in clinical presentation and clinical examination(1). The Optic Neuritis Treatment Trial has shown that intravenous administration of high-dose steroids decreases the risk of progression of optic neuropathy to multiple sclerosis within 2 years of follow-up(5). The diagnosis of the underlying cause of optic neuropathy should be established as soon as possible. The diagnosis of B. henselae infection is clinical, with laboratory evaluation to confirm the initial suspicion(2). The most common posterior segment ocular complication of B. henselae infection is the neuroretinitis(2). Neuroretinitis is characterized by acute visual loss due to optic nerve edema associated with macular exudates in a starlike pattern. The macular star formation may not develop until 1 to 2 weeks after the initial presentation(6). The exact prevalence of neuroretinitis by B. henselae infection is unknown(7). On MRI, the optic-globe nerve junction is highly specific for B. henselae as cause of optic neuropathy. The macular exudates take months to resolve, and even after resolution, patients may experience abnormal color vision and evoked potentials, subnormal contrast sensitivity, residual disc pallor, afferent pupillary defects, retinal pigment changes, and mildly decreased visual acuity(2,8). There are reports of ocular Bartonella disease with optic disc edema and retinal detachment without the classic macular stellate exudative(9). Other posterior segment presentations of B. henselae infection include panuveites, central retinal artery and vein occlusion, neovascular glaucoma, macular hole, choroiditis, retinal microgranulomas, serous macular detachment, 538 73(6)12.pmd multifocal chorioretinitis, and papillary vasoproliferative changes(3-4,10). Whether immunocompetent individuals with ocular cat scratch disease need treatment is debatable since the natural progression is for complete recovery within a few months. However, systemic antibiotics do seem to shorten the disease duration and speed visual recovery. Alternatives to azythromycin include rifampicin, ciprofloxaxin, gentamicin, and trimethoprim-sulfamethoxazole, in order of increased effectiveness(2). Although the prognosis is on the whole good there may be residual loss of visual acuity, disc pallor, afferent pupillary defects and retinal pigmentary changes. Early signs that help to distinguish B. henselae-associated papillitis and/or neuroretinitis from other forms of anterior optic neuropathy are therefore important for both diagnosis and therapy(9,11). REFERENCES 1. Schmalfuss IM, Dean CW, Sistrom C, Bhatti MT. Optic neuropathy secondary to cat scratch disease: distinguishing MR imaging features from other types of optic neuropathies. AJNR Am J Neuroradiol. 2005;26(6):1310-6. Comment in: AJNR Am J Neuroradiol. 2005;26(6):1303-4. 2. Florin TA, Zaoutis TE, Zaoutis LB. Beyond cat scratch disease: widening spectrum of Bartonella henselae infection. Pediatrics. 2008;121(5):e1413-25. 3. Gray VA, Michels KS, Lauer KA, Samples JR. Bartonella henselae infection associated with neuroretinitis, central retinal artery and vein occlusion, neovascular glaucoma, and severe vision loss. Am J Ophthalmol. 2004;137(1):187-9. 4. Asensio-Sánchez VM, Rodríguez-Delgado B, García-Herrero E, Cabo-Vaquera V, García-Loygorri C. [Serous macular detachment as an atypical sign in cat scratch disease]. Arch Soc Esp Oftalmol. 2006;81(12):717-9. Spanish. 5. Lana-Peixoto MA. Neuro-Oftalmologia. Sistema sensorial: parte I - Revisão 19971999. Arq Bras Oftalmol. 2002;65(1):118-36. 6. Bhatti MT, Asif R, Bhatti LB. Macular star in neuroretinitis. Arch Neurol. 2001;58(6): 1008-9. 7. Donnio A, Buestel C, Ventura E, Merle H. Neurorétinite à Bartonella henselae: maladie des griffes du chat. J Fr Ophtalmol. 2004;27(3):285-90. 8. Chai Y, Yamamoto S, Hirayama A, Yotsukura J, Yamazaki H. Pattern visual evoked potentials in eyes with disc swelling due cat scratch disease-associated neuroretinitis. Doc Ophthalmol. 2005;110(2-3):271-5. 9. Wade NK, Levi L, Jones MR, Bhisitkul R, Fine L, Cunningham ET Jr. Optic disk edema associated with peripapillary serous retina detachment: an early sign of systemic Bartonella henselae infection. Am J Ophthalmol. 2000;130(3):327-34. 10. Albini TA, Lakhanpal RR, Foroozan R, Holz ER. Macular hole in cat scratch disease. Am J Ophthalmol. 2005;140(1):149-51. 11. Reed JB, Scales DK, Wong MT, Lattuada CP Jr, Dolan MJ, Schwab IR. Bartonella henselae neuroretinitis in cat scracht disease. Diagnosis, management, and sequelae. Ophthalmology. 1998;105(3):459-66. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 537-8 538 23/12/2010, 11:40 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Necrose de canto medial associado a hanseníase virchowiana: relato de caso Medial canthus necrosis associated with Hansen’s disease: case report LEISER FRANCO1, GIULIANNA LIMONGI DE SOUZA CARVALHO1, HAROLDO MACIEL CARNEIRO2, SEBASTIÃO ALVES PINTO3, ROBERTO MURILLO LIMONGI DE SOUZA CARVALHO4 RESUMO ABSTRACT O caso em relato aborda uma etiologia rara para necrose de canto medial da pálpebra com comprometimento do sistema canalicular em uma paciente em tratamento para hanseníase virchowiana. O exame histopatológico da lesão necrótica evidenciou reação inflamatória granulomatosa com acúmulo de histiócitos e presença de bacilos álcool-ácido resistentes. Após tratamento medicamentoso a paciente apresentou uma evolução favorável com recuperação espontânea da arquitetura do canto medial, porém com destruição total do sistema canalicular. In the present case we deal with a medial eyelid necrosis and injury of the canalicular system in a patient in treatment for lepromatous leprosy. Histology of the necrotic lesion showed granulomatous inflammatory reaction with accumulation of histiocytes and presence of alcohol-acid resistant bacilli. After medical treatment, the patient had a spontaneous recovery of the medial canthus architecture but with complete destruction of the canalicular system. Descritores: Necrose/etiologia; Hanseníase virchowiana/complicações; Relatos de casos Keywords: Necrosis/etiology; Leprosy, lepromatous/complications; Case reports INTRODUÇÃO a literatura oftalmológica encontramos registros de necrose palpebral por diversas causas como traumas, infecções ou cirurgias. Quando a etiologia é infecciosa há necessidade de abordagem diferenciada, pois, na maioria das vezes é preciso o tratamento do processo agudo para posterior reparo cirúrgico das prováveis sequelas. O caso em relato aborda uma etiologia rara para necrose de canto medial da pálpebra com comprometimento do sistema canalicular que apresentou uma evolução favorável em seu acompanhamento. Até onde sabemos, ainda não foram descritos casos semelhantes na literatura oftalmológica brasileira. mos nenhuma alteração na biomicroscopia ou no exame de fundo de olho. A ectoscopia revelava lesão ulcerada no canto medial com aspecto necrótico e presença de material purulento rígido e aderido à lesão (Figura 1 A). A paciente relatava estar em tratamento para hanseníase há quatro meses com esquema tríplice (dapsona 100 mg, rifampicina 300 mg e colfasimina 100 mg). Na ocasião realizamos a colheita de material nas bordas da lesão e solicitamos os seguintes exames: bacterioscopia, Gram, citologia e cultura em meios de ágar-sangue e ágar-Sabourad. Indicamos o uso oral de ciprofloxacina 1g/dia e colírio de gatifloxacina 0,3% 1/1 hora. Após alguns dias o paciente retorna com resultado bacterioscópico, Gram e citologia inconclusivos e não houve crescimento de germes na cultura. O material para exame histopatológico foi obtido através da retirada de pequeno fragmento (3x3x2 mm) da borda temporal da lesão necrótica do canto medial, e evidenciou reação inflamatória granulomatosa com acúmulo de histiócitos. Ao Fite-Faraco: presença de bacilos álcool-ácido resistentes (2+/3+) Figura 2 A) em globias compatível com hanseníase virchowiana (Figura 2 B). Após 60 dias de tratamento apresentou regeneração importante das pálpebras do ponto de vista estético, com melhora dos sintomas irritativos; no entanto, queixava-se de lacrimejamento (Figura 1 B). Ao exame verificamos estenose total dos canalículos superior e inferior. Foi então proposta a reconstrução canalicular através da conjutivodacriocistorrinostomia com tubo de Lester Jones. N RELATO DE CASO Paciente de 52 anos, feminino, procedente de Goiânia-GO com queixa de hipermia conjuntival e ardor no olho esquerdo (OE) há vinte dias que evoluiu com lesão purulenta em canto medial deste olho envolvendo as pálpebras superior e inferior. Ao exame oftalmológico não apresentava alterações na acuidade visual e o globo ocular estava calmo. Não verifica- Study carried out at Department of Plastic and Ocular Surgery, Ophthalmology Reference Center, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil. 1 2 3 4 Ophthalmology Reference Center, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás UFG - Goiânia (GO), Brazil. Department of Anesthesiology, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG Goiânia (GO), Brazil. Department of Pathology, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG Goiânia (GO), Brazil. Department of Plastic and Ocular Surgery, Ophthalmology Reference Center, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil. Endereço para correspondência: Leiser Franco de Moraes Filho. Rua 227-A, nº 234 Apto. 1.001 - Setor Universitário - Goiânia (GO) - CEP 74610-155 E-mail:[email protected] Recebido para publicação em 13.06.2009 Última versão recebida em 08.03.2010 Aprovação em 26.03.2010 DISCUSSÃO A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, endêmica em certas áreas subdesenvolvidas, causada pelo Mycobacterium leprae, parasita intracitoplasmático do macrófago, atingindo preferencialmente pele e/ou nervos periféricos. Existe uma correlação bem nítida entre as formas clínicas da doença e o grau de imunidade específica do paciente; sendo assim, encontramos duas formas polares: a tuberculóide onde o in- Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 539-40 73(6)13.pmd 539 22/12/2010, 12:21 539 NN E C R O S E DE C A N T O M E D I A L A S S O C I A D O A H A N S E N Í A S E V I R C H O W I A N A : R E L A T O DE C A S O A A B B Figura 1. A) Necrose de canto medial e envolvimento do sistema canalicular. B) Após recuperação espontânea. divíduo consegue desenvolver defesas contra o microrganismo apresentando um quadro benigno e a virchowiana, quando o sistema imunológico não consegue conter a multiplicação do M. leprae, apresentando a forma multibacilar com quadro clínico mais exuberante(1-2). De acordo com a literatura, os pacientes hansenianos apresentam as seguintes alterações oculares: atrofia parcial da íris, ceratite, diminuição da força do músculo orbicular, lagoftalmo, madarose, nódulo iriano, neurite supraorbitária, diminuição da sensibilidade da córnea e xeroftalmia (3). As alterações palpebrais na hanseníase de longa duração já foram descritas tais como madarose parcial de cílios e supercílio e ptose ciliar(4). O nosso caso mostra uma paciente com diagnóstico de hanseníase virchowiana sem lesões cutâneas, diagnosticada por apresentar espessamento neural e alteração da sensibilidade na região inervada e presença de M. leprae no exame baciloscópico, que evoluiu com uma lesão necrótica do canto medial das pálpebras superior e inferior do olho esquerdo. A presença de bacilos ácido-álcool resistentes já foi demonstrada na conjuntiva, vítreo e retina de olhos enucleados(5), porém a presença de bacilos verificada em material colhido em topografia do sistema canalicular provocando a estenose total do mesmo, como relatamos neste caso, ainda não foi descrita na literatura nacional. A hanseníase virchowiana pode apresentar algumas variedades: forma a difusa e a histióide. Na forma difusa pode ocorrer um quadro raro de ulcerações cutâneas provocadas por pro- 540 73(6)13.pmd Figura 2. Exame histopatológico com coloração Fite-Faraco: A) Reação inflamatória granulomatosa. B) Presença de BAAR. cesso de vasculite, também conhecido por “fenômeno de Lúcio”(6). Entendemos que esta paciente possa ter apresentado um quadro singular de vasculite localizada no canto medial do olho esquerdo que evoluiu com necrose desta área. Apesar disso, a paciente apresentou recuperação espontânea com aspecto estético satisfatório do canto medial do olho esquerdo. REFERÊNCIAS 1. Barros JM. Aspectos clínicos do comprometimento ocular na lepra. São Paulo: Melhoramentos; 1939. 2. Barros JM. As complicações oculares da lepra. Rev Bras Leprol. 1945;14:103-5. 3. Costa MS, Gallo MEN, Nery JAC, Bechimol E. Avaliação oftalmológica em hanseníase multibacilar. Arq Bras Oftalmol. 1999;62(6):701-3. 4. Guimarães FC, Cohen JM, Cruz AAV. Alterações palpebrais na hanseníase de longa duração. Arq Bras Oftalmol. 1996;59(4):379. 5. Oréfice F, Miranda D, Boratto LM. Encontro de bacilos da doença de Hansen na conjuntiva, corpo vítreo e retina em um olho enucleado de paciente portador da forma Virchowiana. Arq Bras Oftalmol. 1990;53(1):17-9. 6. Rea TH, Ridley DS. Lucio’s phenomenon: a comparative histological study. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1979;47(2):161-6. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 539-40 540 22/12/2010, 12:21 A TUALIZAÇÃO C ONTINUADA | CURRENT UPDATE Uso de células-tronco cultivadas ex vivo na reconstrução da superfície ocular Use of stem cells cultured ex vivo for ocular surface reconstruction JOSÉ REINALDO DA SILVA RICARDO1, JOSÉ ALVARO PEREIRA GOMES1 RESUMO ABSTRACT Lesões na superfície ocular podem atingir as células-tronco do limbo e causar deficiência límbica. A deficiência límbica é caracterizada pela conjuntivalização, que pode ser definida como a invasão do epitélio conjuntival sobre a córnea. Este processo é acompanhado por graus variáveis de alterações corneanas, como neovascularização, inflamação, erosões recorrentes, defeitos epiteliais persistentes, destruição da membrana basal do epitélio e cicatrização estromal. Frequentemente, estas alterações estão associadas à diminuição da acuidade visual, fotofobia e desconforto ocular. O melhor tratamento para essa afecção não é conhecido e possibilidades variam em casos uni ou bilaterais. Entre os tratamentos disponíveis, o transplante de limbo autólogo ou alógeno é um dos mais utilizados. Para melhorar os resultados dos transplantes alógenos, alguns pesquisadores utilizam o transplante de epitélio da córnea cultivado em laboratório pela expansão ex vivo de células-tronco epiteliais límbicas. Mas devido à limitada disponibilidade de tecido autólogo do limbo e o risco de complicações associadas à imunossupressão em transplante de tecido alógeno, pesquisas de outras opções de células-tronco cultivadas ex vivo têm sido descritas em fase experimental e clínica. Essa revisão descreve os novos tipos de células-tronco cultivadas ex vivo, seus resultados atuais e potencialidades futuras. Lesions on the ocular surface can destroy the stem cells from the limbus and cause limbal stem cell deficiency. The limbal stem cell deficiency is marked by conjunctivalization, which can be defined as the invasion of conjunctival epithelium over the cornea. This process is accompanied by varying degrees of corneal changes such as neovascularization, inflammation, recurrent erosions, persistent epithelial defects, destruction of basement membrane of epithelium and stromal healing. Often, these changes are associated with poor visual acuity, photophobia and ocular discomfort. The best treatment for this disease is not known and varies in unilateral or bilateral cases. Among the treatments available, transplantation of limbal autograft or allograft is one of the most used. To improve the outcome of allotransplantation, some researchers use the transplantation of corneal epithelium cultured in the laboratory by ex vivo expansion of limbal stem cells, but due to limited availability of autologous tissue from the limbus and the risk of complications associated with immunosuppression in allogeneic tissue transplantation, researches of others options of stem cell cultured ex vivo have been described in experimental and clinical stage. This review describes the new types of stem cells cultured ex vivo, their current results and future potential. Descritores: Células-tronco adultas/transplante; Âmnio; Técnicas de cultura de células/métodos; Células epiteliais/transplante; Ceratoconjuntivite/cirurgia; Limbo da córnea/citologia; Resultado de tratamento Keywords: Adult stem cells/transplantation; Amnion; Cell culture techniques/ methods; Epithelial cells/transplantation; Keratoconjunctivitis/surgery; Limbus cornea/cytology; Treatment outcome INTRODUÇÃO s superfícies externas da córnea e da conjuntiva são recobertas por epitélios altamente especializados, que são derivados de células precursoras genotipicamente diversas. Ambos são epitélios do tipo escamoso estratificado não-queratinizado, formados por camadas de células que continuamente se renovam e se regeneram. As camadas basais contêm células-tronco (CTs) semiquiescentes capazes de autoregeneração e também de criar outras células que se diferenciam e migram para a superfície externa, quando cessa a divisão celular(1). Esses epitélios são separados entre si por uma zona de transição conhecida como limbo. Acredita-se que as paliçadas de Vogt localizadas no limbo contenham estruturas chamadas criptas epiteliais límbicas que representam o nicho das CTs epiteliais corneanas(2). Por outro lado, o nicho das CTs da conjuntiva humana está localizado na camada basal das conjuntivas palpebral, bulbar e forniceal, embora com maior concentração de CTs no fórnice superior. Essas CTs da conjuntiva dão origem a dois tipos de células: as células epiteliais da conjuntiva e as células caliciformes(3). O limbo apresenta características especiais. O epitélio é formado por 10 a 12 camadas de células, a camada de Bowman está ausente e a membrana basal do epitélio fica diretamente em contato com o estroma, formado por fibras colágenas menos organizadas, vasos sanguíneos, nervos, células de Langherans e melanócitos. As CTs do limbo localizam-se na camada basal do epitélio límbico juntamente com células amplificadoras transitórias (TACs)(4). Além dessas características anatômicas, as CTs sofrem a influência de citocinas, que exercem um controle regulatório ainda pouco conhecido. De acordo com a sua função, as citocinas podem ser divididas em três tipos(5): Tipo I: secretadas no epitélio com receptores no estroma (TGFα,IL-1β, PDGF). Tipo II: secretadas e com receptores no epitélio e estroma (IGF-1,TGFβ1,TGFβ2, b-FGF). Tipo III: secretadas no estroma, enquanto seus receptores são encontrados no epitélio (KGF, HGF). Segundo Tackács, muitos destes fatores (KGF, HGF, NGF, TGFβ1,TGFβ2, b-FGF) têm sido identificados na membrana amniótica humana, o que pode favorecer o crescimento de células epiteliais in vitro(4). Esse mecanismo molecular exerce A Trabalho realizado no Centro Avançado de Superfície Ocular (CASO); Setor de Doenças Oculares Externas e Córnea, Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. 1 Médico, Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: José Reinaldo da Silva Ricardo. R. Apiacais, 600 Apto. 123 - São Paulo (SP) - CEP 05017-020 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 19.08.2010 Última versão recebida em 14.10.2010 Aprovação em 25.10.2010 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 73(6)11.pmd 541 20/12/2010, 13:16 541 USO DE C É L U L A S - T R O N C O C U L T I V A D A S E X V I V O NA R E C O N S T R U Ç Ã O D A S U P E R F Í C I E O C U L A R controle regulatório sobre a diferenciação celular do epitélio da córnea que ocorre com as células migrando em duas direções, uma vertical em direção a superfície do epitélio e a outra horizontal em direção ao centro da córnea. Nesta população de células limbo-corneanas, o tamanho se correlaciona com a diferenciação celular e a capacidade proliferativa. As CTs são as menores em tamanho, com alta relação núcleo: citoplasma, com maior densidade celular na camada basal, e também apresentam características de ciclo celular lento(4). Devido à ausência de um marcador específico para CTs, procura-se diferenciar globalmente o seu fenótipo por marcadores positivos e negativos (Tabela 1)(6). DEFICIÊNCIA total bilateral, a ausência de tecido límbico autólogo saudável torna necessária a obtenção de uma fonte externa de CTs epiteliais corneanas. Essa fonte pode ser obtida pelo transplante de limbo do anel corneoescleral de olhos viáveis de cadáver (KLAL) ou do limbo e conjuntiva de doador cadáver (c-CLAU) e do transplante alógeno de conjuntiva de doador vivo relacionado (Ir-CLAU) (parentes de primeiro grau)(8). Outra opção usada no tratamento da deficiência límbica é o transplante de membrana amniótica, associado ou não ao transplante de limbo alógeno (de doador cadáver)(9). Nos casos de deficiência límbica parcial, o transplante de membrana amniótica é suficiente para reconstruir a superfície ocular, sendo, entretanto, necessário associar o transplante de limbo nas deficiências límbicas totais. Apesar do transplante de limbo alógeno, seja de doador cadáver ou de doador vivo, ter sido um marco no tratamento da deficiência límbica bilateral, torna-se claro que o entusiasmo inicial tem se retraído com a observação de que muitos desses enxertos acabam falindo a longo prazo, o que contrasta com a excelente sobrevida dos enxertos autólogos(10). Como alternativa para os casos bilaterais, novas técnicas de cultivo de CTs vêm sendo desenvolvidas. LÍMBICA E SUAS CAUSAS A integridade da superfície ocular e sua capacidade de autoregeneração dependem da presença de um número adequado de CTs. Diversas afecções podem destruir as CTs do limbo e causar deficiência límbica, parcial ou total(7). Prabhasawat et al., baseados nos seus achados de citologia de impressão, estabeleceram uma classificação da deficiência límbica em duas categorias distintas: 1- Aplasia ou perda total das célulastronco límbicas devidas à destruição; e 2- Perda gradual das células-tronco límbicas devida ao suporte estromal insuficiente (Figura 1)(7). Os pacientes incluídos na primeira categoria têm história clínica identificável de destruição do limbo e consequente perda das células germinativas límbicas, como por exemplo, nas queimaduras químicas oculares, síndrome de Stevens Johnson, penfigóide ocular cicatricial, múltiplas cirurgias ou crioterapia na região do limbo, ceratopatia induzida por lente de contato, ceratites infecciosas graves e toxicidade induzida por antimetabólitos. Os incluídos na segunda categoria não apresentam história prévia de destruição, mas evoluem com perda gradual da função das células-tronco límbicas, provavelmente devida ao suporte insuficiente do microambiente estromal límbico, como por exemplo, na aniridia, ceratite associada a deficiências endócrinas múltiplas, ceratopatia neurotrófica (neural ou isquêmica), desordens inflamatórias periféricas e limbites crônicas, ceratopatia induzida por irradiação, pterígio e idiopáticas. BIOENGENHARIA TECIDUAL UTILIZANDO CÉLULAS-TRONCO EXPANDIDAS EX VIVO A medicina regenerativa ou terapia celular procura empregar CTs embrionárias ou adultas, direcionando sua diferenciação no sentido de um tecido específico para repor ou reparar tecidos lesados. Com os avanços da bioengenharia de tecidos, tornou-se possível reproduzir o tecido desejado no laboratório para ser transplantado. CTs cultivadas ex vivo do limbo, mucosa oral, conjuntiva e membrana amniótica já foram transplantadas em humanos. OBTENÇÃO DE TECIDO E CULTIVO EM LABORATÓRIO O primeiro passo para o cultivo de células ex vivo é realizar a biópsia. O tamanho da biópsia e o local dependem da técnica empregada e da origem das CTs. A biópsia de limbo varia de 1-3 mm2 x 2 mm2 (6mm2), podendo ser realizada no olho contralateral saudável, de doador HLA compatível ou de cadáver. A biópsia de conjuntiva varia de 2 mm2 x 3 mm2, obtida geralmente do fórnice superior. No caso da biópsia de mucosa oral, o tamanho varia de 2-3 x 9 mm2(11). Essas biópsias TRATAMENTO DA DEFICIÊNCIA LÍMBICA O tratamento da deficiência límbica unilateral é o transplante autólogo de limbo (CLAU)(8). Já na deficiência límbica Tabela 1. Resumo da distribuição dos marcadores das células-tronco epiteliais na córnea e no limbo Limbo Basal Suprabasal Basal P63 +++ ± - - ABCG-2 +++ ± - - Integrina α9 +++ ± - - Integrina β1 +++ + +++ ++ EGFR +++ + +++ ++ A-enolase - +++ + ++ + Integrina α6 +++ + ++ + - +++ + +++ Nestina 73(6)11.pmd Suprabasal E-caderina - +++ + +++ Conexina 43 - +++ + +++ K3 - +++ +++ +++ K19 +++ + +++ +++ Fonte : Chen 542 Córnea Marcadores 6 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 542 20/12/2010, 13:17 R ICARDO JRS, G OMES JAP. A B C D E F G H I Figura 1. Pacientes com deficiência límbica secundária a aplasia ou destruição das células-tronco límbicas: queimadura química (A), síndrome de Stevens-Johnson (B), múltiplas cirurgias (C), e penfigóide ocular cicatricial (D). Deficiência límbica secundária a perda gradual das células-tronco límbicas devido ao suporte estromal insuficiente: síndrome poliglandular autoimune (E), estafilococcia (F), idiopática (G), aniridia (H) e pterígio (I). podem ser cultivadas ex vivo de duas formas: sistema de cultura em explante e suas variações, e sistema de cultura em suspensão (Figura 2)(11). O sistema de cultura em explante utiliza a membrana amniótica, que atua como um substrato e carreador para as células cultivadas (Figura 3). A membrana amniótica pode ser epitelizada ou desepitelizada através de várias técnicas como a digestão enzimática, tratamento químico ou mecânico. Há controvérsias em relação a utilizar membrana amniótica com ou sem seu epitélio na expansão ex vivo das CTs do epitélio corneano para reconstrução da superfície ocular. Alguns trabalhos mostram os benefícios da membrana intacta, pois mantém as células em um estado indiferenciado, com um maior potencial de CTs, porém com limitada formação de estruturas de adesão, o que pode comprometer a viabilidade das células transplantadas. Por outro lado, outros autores observaram melhores resultados com a membrana desepitelizada, com formação de epitélio mais confluente e com maior número de estruturas de adesão, o que aumenta a segurança do procedimento(12). A composição do meio de cultura é muito importante no cultivo celular. Os meios de cultura contêm nutrientes e mitógenos que estimulam as CTs epiteliais a proliferarem e migrarem do explante para cobrir a superfície da membrana amniótica, o que ocorre entre 14-28 dias (Tabela 2). Soro fetal bovino ou outros produtos de origem animal são usados em todos os estudos. Para reduzir os riscos de transmissão de vírus e príons, alguns autores substituíram o soro bovino por soro autólogo do paciente com sucesso(11). Um processo adicional chamado “air-lifting” é usado por alguns pesquisadores. Este processo requer que o nível do meio de cultura seja baixado ao nível da superfície do epitélio. Isto promove a estratificação e diferenciação do epitélio(11). O sistema de cultura com explante e fibroblastos 3T3 de camundongos é uma variação da técnica de cultura em explante(13). Ela usa uma camada adicional de fibroblastos 3T3 isolados de embriões de camundongos. Tanto a membrana amniótica quanto os fibroblastos 3T3 inibem a diferenciação das células corneanas in vitro, o que permitem a expansão da população de CTs(11). O sistema de cultura em suspensão utiliza a enzima dispase para digerir o colágeno da membrana basal com consequente liberação das células epiteliais do estroma da biópsia colhida e a tripsina para separar as células epiteliais límbicas entre si. A suspensão de células é então colocada sobre um substrato que pode ser a membrana amniótica ou disco de cultura com fibroblastos 3T3 de camundongos em meio de cultura específico. Quando a confluência é atingida, as células são transferidas para superfície ocular através de carreadores como a membrana amniótica, lentes de contato, gaze de parafina, campo de colágeno ou gel de fibrina(11). A evidência da presença de CTs é baseada nas seguintes características: habilidade das células formarem colônias em meio de cultura (somente CTs possuem essa habilidade); análise imuno-histológica do tecido mostrando a formação de um epitélio bem formado, com estruturas típicas e expressando marcadores de epitélio; e regeneração do epitélio corneano e sobrevida a longo prazo em olhos com deficiência límbica total. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 73(6)11.pmd 543 20/12/2010, 13:17 543 USO DE C É L U L A S - T R O N C O C U L T I V A D A S E X V I V O NA R E C O N S T R U Ç Ã O D A S U P E R F Í C I E O C U L A R Figura 2. Após a realização da biópsia, o explante tecidual pode ser cultivado em dois sistemas de cultura. No sistema de cultura em explante, o explante tecidual é cultivado sobre membrana amniótica e meio de cultura com ou sem uma camada alimentadora de fibroblastos 3T3. No sistema de cultura em suspensão, o explante tecidual é submetido à digestão enzimática de dispase e tripsina. As células em suspensão podem ser cultivadas sobre membrana amniótica ou placa de cultura com adição de camada alimentadora de fibroblastos 3T3. A B C Figura 3. Exemplo de cultivo de células-tronco da conjuntiva expandidas em laboratório. Biópsia realizada no fórnice superior (A). Explante tecidual sendo colocado sobre membrana amniótica desepitelizada presa ao insert de cultura e meio de cultura DMEN: F12 (B). A expansão das células epiteliais sobre a membrana amniótica é observada no microscópio de contraste de fase invertido (C). TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO EPITELIAIS LÍMBICAS EXPANDIDAS EX VIVO Pellegrini et al. foram os primeiros a publicarem os resultados da expansão ex vivo de suspensão de CTs epiteliais do limbo no tratamento da deficiência límbica em humanos(14). Posteriormente, vários autores(14-24) publicaram trabalhos com bons resultados (Tabela 3). Esta técnica tem vantagens teóricas sobre o tratamento convencional. Em relação à CLAU e Ir-CLAU, a biópsia límbica requerida é substancialmente menor. Isto minimiza o risco de indução de deficiência límbica no olho doador e ainda mantém o limbo viável para que uma nova biópsia possa ser realizada futuramente. Outra vantagem sobre KLAL e Ir-CLAU é reduzir o risco de rejeição devido à ausência de células de Langerhans apresentadoras de antígeno nas células cultivadas ex vivo. Contudo, no caso de deficiência límbica bilateral, a alternativa é usar uma fonte alógena de células límbicas, com necessidade de imunossupressão sistêmica, ou usar outra fonte autóloga de células epiteliais. 544 73(6)11.pmd Segundo Shortt et al., quando analisados os resultados dos trabalhos com dados suficientes para interpretar os critérios de sucesso do transplante de células do limbo cultivadas ex vivo para o tratamento de deficiência límbica, uma melhora dos parâmetros clínicos foi encontrada em 131 (77%) de 170 olhos (variação de 33-100%)(11). Alguns autores demonstraram que o padrão imunocitoquímico e histopatológico dos epitélios cultivados ex vivo transplantados eram compatíveis com o fenótipo corneano(11). TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO EPITELIAIS DA MUCOSA ORAL EXPANDIDAS EX VIVO Vários pesquisadores publicaram os resultados da reconstrução da córnea na deficiência límbica bilateral total utilizando tecido da mucosa oral autóloga cultivada ex vivo (Tabela 4)(25-28). A taxa de sucesso relatada foi de 67 a 100%. Uma vantagem do uso dessas CTs é poder prescindir da imunossupressão. No entanto, alguns problemas com essa técnica ainda persistem. A taxa de neovascularização corneana periférica, que pode Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 544 20/12/2010, 13:17 R ICARDO JRS, G OMES JAP. interferir nos resultados de possíveis transplantes, é muito alta, mas sem progressão para conjuntivalização e diminuição da acuidade visual. Em certas doenças autoimunes, como o penfigóide ocular cicatricial, a mucosa oral pode teoricamente secretar um antígeno de membrana basal, fazendo essa fonte de tecido menos desejável neste grupo de pacientes. Por último, o uso de tecido de origem ocular é sempre preferível sobre tecido de origem não-ocular(11). como alternativa ao transplante de epitélio corneano(30). Eles mostraram que o transplante de células epiteliais da conjuntiva cultivadas ex vivo tinham resultados clínicos equivalentes ao transplante de células epiteliais límbicas cultivadas ex vivo. (Figura 4). TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO EPITELIAIS DA MEMBRANA AMNIÓTICA HUMANA EXPANDIDAS EX VIVO Parmar et al.(31) publicaram os resultados do transplante de células epiteliais da membrana amniótica humana na reconstrução da superfície ocular de 3 pacientes com defeito epitelial persistente secundário a queimadura química (1) e ceratopatia neurotrófica (2). Eles conseguiram restaurar o epitélio corneano em todos os casos. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO EPITELIAIS DA CONJUNTIVA EXPANDIDAS EX VIVO Em 1999, Pellegrini et al. conseguiram identificar CTs conjuntivais uniformemente distribuídas na conjuntiva bulbar e dos fórnices(3). Esses autores também evidenciaram a presença de células caliciformes em culturas de células amplificadoras transitórias, sugerindo uma origem comum à das células epiteliais conjuntivais, porém com diferenciação mais tardia. Como o transplante de células conjuntivais teve sucesso em reconstruir algumas doenças da superfície ocular(29), Ang et al. testaram em modelos de coelhos com deficiência límbica a possibilidade de utilizar a cultura de epitélio conjuntival humano TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO DA POLPA DO DENTE DE LEITE (CTPD) As CTPD expressam positividade para marcadores de CTs mesenquimais e, no seu estado indiferenciado, expressam um grupo de marcadores de superfície celular embrionários(32). Devido ao enorme potencial de diferenciação epitelial das CTPD resolvemos testar essas CTs na deficiência límbica. Numa primeira fase, obteve-se a diferenciação das CTPD em células epiteliais com características de CTs epiteliais límbicas. Estudos ultraestruturais, imuno-histoquímicos e moleculares demonstraram que estas células, quando cultivadas em meio de cultura apropriada, apresentam morfologia e expressão antigênica epitelial progenitora (positividade para citoqueratina 3, 18, p63, conexina 43 e ABCG2)(33). Numa segunda fase, após o transplante em olhos de coelhos com deficiência límbica, as córneas foram avaliadas por microscopia óptica e eletrônica e por imunofluorescência com uso de microscopia confocal para caracterização celular. Os achados comprovaram que as CTPD transplantadas foram incorporadas na superfície corneana e diferenciaram-se em células com fenótipo epitelial que expressavam antígeno das CTPD humanas e antígenos epiteliais (citoqueratina 3, 18, p63 e beta-1)(34). Atualmente está em andamento protocolo para o uso dessas CTs em pacientes com deficiência límbica total. Tabela 2. Componentes básicos e suplementos de meio de cultivo de células epiteliais Componentes (unidade) Concentração DMEM:Ham’s F12 1:1 Soro bovino fetal (%) 5-10 Soro autólogo do paciente (%) 10 EGF (ng/ml) 5-10 Insulina (ng/ml) 2,5-5 Transferrina (μg/ml) 5 Selenito de sódio (ng/ml) 5 Hidrocortisona (μg/ml) 0,1-0,5 Toxina colérica subunidade A (ng/ml) 30-100 DMSO (%) 0,5 Triiodotironina (nmol/ml) 2 Penicilina/estreptomicina (IU/ml) 10 Gentamicina (μg/ml) 50 Anfotericina B (μg/ml) 1,25 TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO DE OUTRAS LINHAGENS Células-tronco de outras origens também podem servir como fonte autóloga no tratamento de doenças da superfície ocular. Além da mucosa oral, conjuntiva e dente de leite, Tabela 3. Estudos que utilizaram transplante de células epiteliais límbicas cultivadas ex vivo no tratamento de deficiência límbica em humanos Autor/ano Número de olhos/ pacientes Origem do tecido Imunossupressor Etiologia Taxa de sucesso Seguimento (meses) Pellegrini14 1997 2/2 Auto Não Queimadura 2/2 (100%) 24 Schwab15 1999 19/18 Auto/Alo Não Múltiplas 12/19 (63%) 10 (2-24) Tsai16 2000 6/6 Auto Não Múltiplas 6/6 (100%) 15 (12-18) Rama17 2001 18/18 Auto Não Queimadura 14/18 (78%) 17,5 (12-27) Kolzumi18 2001 13/11 Alo Sim Múltiplas 12/13 (92%) 11,2 (9-13) Daya19 2005 10/10 Alo Sim Múltiplas 7/10(70%) 28 (12-50) Sangwan 20 2006 88/86 Auto Não Múltiplas 57/78 (73,1%) 29,5 (25-34) Nakamura21 2006 9/9 Auto/Alo Sim Múltiplas 9/9 (100%) 18,3 (3-40,5) Shortt 22 2008 10/10 Auto/Alo Sim Múltiplas 7/10 (70%) 8,7 (6-13) Gomes23 2009 1/1 Alo Sim Idiopática 1/1 (100%) 12 113/112 Auto Não Queimadura 76,6% 120 Rama24 2010 Auto= autólogo; Alo= alógeno Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 73(6)11.pmd 545 20/12/2010, 13:17 545 USO DE C É L U L A S - T R O N C O C U L T I V A D A S E X V I V O NA R E C O N S T R U Ç Ã O D A S U P E R F Í C I E O C U L A R Tabela 4. Estudos que utilizaram transplante de células epiteliais da mucosa oral cultivadas ex vivo no tratamento de deficiência límbica em humanos Autor/ano Número de olhos/pacientes Origem Imunossupressor Etiologia Taxa de sucesso 4/4 6/4 15/12 10/10 Auto Auto Auto Auto Não Não Não Não M M M M 4/4 (100%) 6/6 (100%) 10/15 (67%) 10/10 (100%) 25 Nishida 2004 Nakamura26 2004 Inatomi272006 Ang28 2006 Seguimento (meses) 14 (13-15) 13.8 20 12.6 Auto= autólogo; M= múltiplas etiologias A B C Figura 4. Após o cultivo das células-tronco epiteliais da conjuntiva em laboratório, o paciente com deficiência límbica é submetido à ceratectomia superficial (A). As células-tronco expandidas sobre a membrana amniótica são transferidas para a superfície corneana preparada (B). A membrana amniótica cultivada é recoberta com uma membrana amniótica com função protetora e suturada com nylon 10-0 (C). alguns estudos vêm utilizando outras fontes como as células mesenquimais da medula óssea(35), a epiderme(36) e o folículo piloso(37). Blazejewska et al.(37) relataram a transdiferenciação das células-tronco do folículo piloso em células corneanas in vitro. Eles observaram padrão imunocitoquímico e morfologia celular compatível com células corneanas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo com um grande número de estudos experimentais na reconstrução da superfície ocular por vários grupos, algumas questões ainda precisam ser respondidas. A quantidade de CTs presentes na cultura de células ex vivo ainda não foi determinada O comportamento dessas células transplantadas no paciente ainda não é conhecido. Mesmo com trabalhos mostrando a restauração do epitélio corneano após o tratamento de córneas com deficiência límbica total, isto não é uma evidência direta que CTs do limbo transplantadas tenham sobrevivido. De fato, Daya et al.(19) demonstraram por análise de PCR, que olhos que receberam CTs epiteliais do limbo de doadores não apresentavam mais o DNA do doador entre 7 a 9 meses após o transplante, mas que o epitélio era reposto pelas células do hospedeiro. A renovação do epitélio corneano, provavelmente, é mantida a longo prazo, pela ativação de CTs do limbo residuais latentes que podem ser estimuladas a se multiplicarem após transplante de células límbicas ex vivo. Como alternativa, o epitélio transplantado de alguma forma pode fornecer estímulos quimiotáticos para células progenitoras circulantes na corrente sanguínea ou diretamente a partir da medula óssea para preencher a superfície ocular com mais células. Estudos recentes mostram que existem células oligopotentes localizadas na região central da córnea(38-39). Essas células podem ser responsáveis pela manutenção do epitélio corneano a curto e médio prazo nos casos que não tenham lesão deste epitélio. No caso de lesão, a capacidade de regeneração 546 73(6)11.pmd dessas células é superada, sendo necessária a existência de CTs do limbo para renovar o epitélio. Esse conceito é importante no transplante de células epiteliais cultivadas ex vivo, porque o tipo de CTs transplantadas, oligopotente ou pluripotente, pode determinar a sobrevida das células transplantadas a longo prazo. Os componentes estruturais e funcionais do nicho das CTs do limbo ainda não são totalmente conhecidos. A descoberta de fatores-chaves deste nicho que controlam o comportamento das CTs do limbo pode permitir a aplicação nos meios de cultura ex vivo e tornar o cultivo dessas CTs mais eficientes. Infelizmente, ainda não existem marcadores moleculares definitivos para identificar as CTs. O P63 e o ABCG2 são, no momento, os candidatos líderes para essa função. Um maior tempo de seguimento, padronização dos critérios de sucesso utilizados nos trabalhos, desenvolvimento de um método que detecte essas células transplantadas, definição de quais as melhores indicações para essa técnica, qual a melhor fonte de CTs autólogas para serem transplantadas nos casos bilaterais, ainda precisam ser definidos. É preciso comparar os resultados do transplante de células epiteliais cultivadas ex vivo com ceratopróteses tipo I e II, que vêm apresentando avanços no tratamento de pacientes com deficiência de células-tronco do limbo(40). Apesar dessas incertezas, os trabalhos vêm demonstrando excelentes resultados no uso das células-tronco cultivadas exvivo na reconstrução da superfície ocular. Até o momento, essa técnica é empregada em caráter experimental, mas diante dos resultados obtidos, esse procedimento tem um enorme potencial para se tornar a opção de escolha no tratamento de pacientes com doenças da superfície ocular, principalmente nos casos de deficiência límbica total. REFERÊNCIAS 1. Revoltella RP, Papini S, Rosellini A, Michelini M. Epithelial stem cells of the eye surface. Cell Prolif. 2007;40(4):445-61. 2. Dua HS, Shanmuganathan VA, Powell-Richards AO, Tighe PJ, Joseph A. Limbal epithelial crypts: a novel anatomical structure and a putative limbal stem cell niche. Br J Ophthalmol. 2005;89(5):529-32. Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 541-7 546 20/12/2010, 13:17 R ICARDO JRS, G OMES JAP. 3. Pellegrini G, Golisano O, Paterna P, Lambiase A, Bonini S, Rama P, De Luca M. Location and clonal analysis of stem cells and their differentiated progeny in the human ocular surface. J Cell Biol. 1999;145(4):769-82. 4. Takács L, Tóth E, Berta A, Vereb G. 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Toxoplasma gondii infection is an important cause of ocular disease in both immunocompromised and immunocompetent subjects. The pathogenesis of retinochoroidal lesion associated with this infection is not fully understood. In this review, the role of the immune system in the control of Toxoplasma infection, especially in the eye, is discussed. Descritores: Toxoplasmose ocular/imunologia; Coriorretinite; Uveíte; Toxoplasma/imunologia; Autoimunidade/imunologia; Linfócitos T reguladores/imunologia; Citocinas/imunologia Keywords: Toxoplasmosis, ocular/immunology; Chorioretinitis; Uveitis; Toxoplasma/immunology; Autoimmunity/immunology; T-lymphocytes, regulatory/ immunology; Cytokines/immunology INTRODUÇÃO toxoplasmose é uma zoonose causada pelo Toxoplasma gondii, um parasita intracelular obrigatório, com ampla distribuição geográfica e alta prevalência sorológica mundial(1). No Brasil, a prevalência de infecção por toxoplasmose em adultos varia de 50 a 80% dependendo da região estudada(1-2). A infecção pode ser congênita por via transplacentária ou adquirida, ocorrendo através da ingestão ou manipulação de carne crua ou mal-passada contendo cistos teciduais, ou água ou comida contendo oocistos eliminados em fezes de gatos infectados(3-4). A infecção toxoplásmica em humanos é frequentemente subclínica, ou seja, apresenta-se assintomática ou com sintomas inespecíficos, como os de um resfriado comum, sem determinar qualquer comprometimento ocular. No entanto, pode tornar-se clinicamente evidente, evoluindo, por exemplo, com retinocoroidite em indivíduos imunossuprimidos ou não. A retinocoroidite toxoplásmica é reconhecidamente a causa mais comum de uveíte posterior e pode deixar sequelas graves, incluindo a perda completa da visão(2,5-7). Os fatores que controlam a ocorrência, a gravidade e a recorrência da doença ocular não são bem compreendidos, embora uma variedade de componentes, incluindo a susceptibilidade genética do hospedeiro, o estado nutricional e do sistema imune, a carga parasitária, o genótipo do parasita têm sido sugeridos como possivelmente envolvidos no desenvolvimento da infecção(8-9). Muitas questões sobre a doença permanecem ainda intrigando oftalmologistas e infectologistas. A resposta à antibioticoterapia combinada ou não com corticóides varia amplamente entre os pacientes. A apresentação clínica também é bastante heterogênea, sendo que alguns pacientes apresentam episódio de inflamação mínima, enquanto outros têm múltiplas recorrências de uveíte grave, levando à perda da visão(6,10). A resposta imune provavelmente apresenta um papel relevante na evolução da doença e possivelmente na resposta à terapia convencional(10). Neste artigo, fazemos uma revisão sobre a resposta imune na toxoplasmose, com ênfase no acometimento ocular da doença. A Trabalho realizado na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil. 1 2 3 4 Retina Department, Massachusetts Eye and Ear Infirmary, Harvard Medical School, Boston, MA, EUA. Departamento de Oftalmologia, Setor de Uveítes, Hospital São Geraldo, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil. Departamento de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil. Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil. Endereço para correspondência: Cynthia A. Cordeiro. Beacon Street - 1595 - Apto. 12 Brookline, MA 02445 EUA - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 06.12.2008 Última versão recebida em 15.09.2010 Aprovação em 17.10.2010 548 73(6)04.pmd RESPOSTA IMUNE NA TOXOPLASMOSE O Toxoplasma gondii, parasita intracelular, induz uma resposta imune consistente e duradoura que busca o controle da proliferação dos taquizoítos. A resposta imune inata, representada por macrófagos, células “natural killer” (NK) e células polimorfonucleares atuam na primeira linha de defesa do organismo(11). IMUNIDADE INATA O parasita estimula diretamente os macrófagos a produzirem citocinas como interleucina (IL)-1β, IL-12 e fator de necrose tumoral α (TNF-α). Essas citocinas atuam em sinergia para induzirem as células NK a produzirem interferon ϒ (IFN-ϒ). O IFN-ϒ, por sua vez, estimula a atividade microbicida dos macrófagos. Os mecanismos efetores dos macrófagos incluem a produção de radicais tóxicos de oxigênio e intermediários do nitrogênio, produtos do metabolismo do ácido araquidônico pela via da 5-lipoxigenase e a degradação do triptofano intracelular do parasita. Esses eventos atuam como primeira linha de defesa na resistência à infecção pelo T. gondii antes do desenvolvimento da resposta imune adquirida mediada por células T(12-13). Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 548-51 548 20/12/2010, 13:25 C ORDEIRO CA, M OREIRA PR, IMUNIDADE ADQUIRIDA CELULAR A imunidade celular, mediada pelos linfócitos T, atua como mecanismo de defesa contra microrganismos que sobrevivem dentro de fagócitos ou células não-fagocíticas infectadas, onde estão protegidas de anticorpos. Em resposta à estimulação antigênica, os linfócitos T auxiliares (Th), caracterizados pela presença do marcador de superfície antígenos CD4, liberam citocinas, cuja função é estimular a proliferação e a diferenciação dos linfócitos, incluindo os linfócitos B, e dos macrófagos. Os linfócitos T citotóxicos eliminam células infectadas por vírus e outros microrganismos intracelulares que se replicam no citoplasma das mesmas(14). Os linfócitos Th são divididos nas subpopulações Th1 e Th2, distinguidas pelo padrão seletivo de produção de citocinas. Células de perfil Th1 secretam preferencialmente IL-2 e IFN-ϒ e contribuem na resistência aos patógenos intracelulares(15). O IFN-ϒ estimula a atividade microbicida dos macrófagos, cuja forma de atuação já foi descrita acima. IL-2 induz as células citocina-ativadas de fenótipo das células NK ou células T CD8 que são citotóxicas contra células-alvo infectadas pelo T. gondii (11). Cabe destacar que a atividade protetora das células T CD8 é mediada parcialmente através da produção de citocinas, como IFN-ϒ, mas um efeito citotóxico direto contra o parasita também foi relatado, assim como a citotoxicidade mediada pelo complexo de histocompatibilidade maior (MHC) tipo I contra as células infectadas pelo T. gondii (11). As células de perfil Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13 e são responsáveis pela defesa contra infecções por helmintos e artrópodes, e por reações alérgicas. Estão associadas com “downregulation” da resposta imune celular (16). Na infecção toxoplásmica, as citocinas de perfil Th2 podem promover a multiplicação parasitária; entretanto, elas também podem ser recrutadas para controlar a resposta imune pró-inflamatória prejudicial (11). Um distinto grupo de células Th, as células Th17, produtoras de IL-17, foi recentemente descrito e essas células apresentam um papel crucial na indução de injúria tecidual autoimune. Embora IL-17 não seja necessária para o desenvolvimento da imunidade adquirida ao T. gondii, sua ausência impede a migração precoce dos neutrófilos para os sítios de infecção o que pode ser fatal para o hospedeiro(12). IMUNIDADE ADQUIRIDA HUMORAL Como parasita intracelular obrigatório, a imunidade mediada por células é a principal defesa do hospedeiro contra a infecção pelo T. gondii. De toda a forma, a infecção estimula também a produção de anticorpos IgG, IgM, IgA e IgE que, além de serem utilizados para o diagnóstico da infecção pelo parasita, parecem contribuir na primeira barreira de defesa. Taquizoítas extracelulares cobertos pelos anticorpos e complemento podem ser lisados pela via clássica do complemento ou destruídos dentro dos fagócitos. Esses mecanismos, no entanto, não oferecem proteção contra os parasitas vivos que estão no interior das células. Anticorpos como IgA secretória podem interferir na interação inicial do parasita com a célula do hospedeiro nas membranas mucosas(11,13,17). PLAQUETAS As plaquetas podem apresentar um papel na defesa do hospedeiro contra o T. gondii. Na ausência de anticorpos, plaquetas humanas são citotóxicas contra os taquizoítas. Esta citotoxicidade coincide com aumento significativo na liberação de tromboxane A2 e outros metabólitos do ácido araquidônico(11). ET AL . RESPOSTA IMUNE NA TOXOPLASMOSE OCULAR O olho é um local imunologicamente privilegiado e sua resposta imune local é suprimida para prevenir a destruição tecidual(18). Embora existam muitos estudos referentes à imunologia da toxoplasmose sistêmica, poucos estudos foram realizados com relação à resposta imune na toxoplasmose ocular humana. A patogênese do processo inflamatório na toxoplasmose ocular permanece obscura, mas diversas teorias vêm sendo levantadas na tentativa de explicar esse processo. AUTOIMUNIDADE A contribuição da autoimunidade contra antígenos da retina no dano tecidual presente na toxoplasmose ocular é ainda controversa. Anticorpos contra antígenos da retina(19) assim como células T de pacientes com toxoplasmose ocular que proliferam in vitro frente a antígenos de retina(20-21) têm sido relatados, porém estes também são detectados em indivíduos sadios normais(22). Estudo recente com pacientes com toxoplasmose ocular com número variado de lesões oculares sugere que a presença de uma resposta immune celular contra autoantígenos retinianos pode ser um fator de proteção contra doença ocular grave(23). ÓXIDO NÍTRICO (NO) E L-TRIPTOFANO Estudos são controversos com relação ao papel do óxido nítrico (NO) no controle da replicação parasitária. Em modelo animal demonstrou-se aumento da inflamação na coróide, retina e vítreo em infecções crônicas sob tratamento com inibidor de NO. Entretanto, em um estudo in vitro com células do epitélio pigmentar da retina humano não se observou o papel do NO no controle da replicação parasitária. Em contraste, observou-se que o L-triptofano, aminoácido essencial para o crescimento do T. gondii, parece estar envolvido no mecanismo de controle da replicação parasitária(19). IMUNIDADE CELULAR Uma série de estudos foi realizada para investigar o papel das citocinas no controle da infecção ocular pelo Toxoplasma gondii, tanto em modelo animal, quanto em humanos. Citocinas em modelos animais O papel das citocinas na retinocoroidite toxoplásmica tem sido estudado em modelos animais, nos quais tem sido proposto que citocinas apresentam um importante papel no controle da doença. Camundongos infectados pelo T. gondii desenvolveram inflamação ocular focal e envolvimento do epitélio pigmentar da retina. O tratamento desses animais com anti-IFN-ϒ ou anti-TNF-α resultou em um aumento das lesões oculares, associadas principalmente com os taquizoítas(24). Outro estudo demonstrou, no entanto, que a estimulação de endotélio vascular retiniano de camundongos infectados com IFN-ϒ, TNF-α e IL-1β inibiu o crescimento do parasita dentro destas células(25). Esses resultados sugerem que IFN-ϒ e TNF-α são elementos cruciais no controle do crescimento parasitário, que está diretamente associado ao desenvolvimento das lesões oculares. IFN-ϒ é um importante mediador inflamatório com atividades antitoxoplasma. Foram usados camundongos com deficiência da produção desta citocina como modelo de hospedeiro imunocomprometido. Uma maior carga parasitária foi observada na retina, coróide e nervo óptico dos camundongos com essa deficiência. Taquizoítas foram observados nos imunodeficientes e bradizoítas nos animais selvagens. A angiofluoresceinografia demonstrou vazamento nos capilares retinianos dos hospedeiros imunodeficientes(26). Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 548-51 73(6)04.pmd 549 20/12/2010, 13:25 549 IMUNOLOGIA DA RETINOCOROIDITE TOXOPLÁSMICA A interleucina-10 (IL-10) é uma citocina com importante propriedade anti-inflamatória e imunossupressora. Para entender o papel da IL-10 na retinocoroidite toxoplásmica, foram comparados camundongos com deficiência funcional do gene desta interleucina e camundongos controles selvagens (sem qualquer deficiência) após injeção intraperitoneal do parasita. Aumento da infiltração celular e necrose foram observados no tecido ocular dos hospedeiros imunodeficientes em relação aos controles(27). Foi investigado também o papel da interleulcina-6 (IL-6) em olhos de camundongos infectados pelo parasita, comparando a progressão da doença e o desenvolvimento da resposta imune local em camundongos selvagens e em camundongos com deficiência da produção dessa interleucina. Os hospedeiros imunodeficientes desenvolveram uma inflamação mais grave da retina, vítreo e úvea associada com o aumento do número de parasitas(28). Citocinas em humanos Realizou-se um estudo para avaliar a produção de citocinas pelas células mononucleares do sangue periférico, em resposta ao antígeno do Toxoplasma gondii em pacientes brasileiros. Os indivíduos foram divididos em quatro grupos: com toxoplasmose ocular congênita, com toxoplasmose ocular adquirida, soropositivos e soronegativos. Pacientes com diagnóstico de toxoplasmose ocular adquirida apresentaram maiores níveis de interleucina-1 (IL-1) do que indivíduos assintomáticos. Por outro lado, indivíduos assintomáticos secretaram significativamente mais interleucina-12 (IL-12) e IFN-ϒ do que os indivíduos com toxoplasmose ocular adquirida. Esses dados sugerem que a resistência ao desenvolvimento de lesões oculares está associada com a habilidade de produzir IL-12 e IFN-ϒ, e que a susceptibilidade à ocorrência de lesões está possivelmente relacionada com uma maior produção de IL-1. Já os pacientes com toxoplasmose ocular congênita secretaram significativamente menos IL-12 e IFN-ϒ em resposta ao antígeno parasitário do que os pacientes com a doença adquirida. A resposta diminuída ao antígeno pelas células T dos indivíduos com toxoplasmose ocular congênita sugere que as células T específicas para o T. gondii podem ter sido destruídas ou “anergizadas” pela exposição ao antígeno do parasita no período pré-natal(29). Um estudo francês também avaliou a produção de citocinas (IFN-ϒ, IL-10 e IL-4) por células mononucleares do sangue periférico, após cultura, expostas ao antígeno do T. gondii. Essas células foram coletadas de indivíduos portadores de toxoplasmose ocular congênita, adquirida ou indeterminada, indivíduos com sorologia positiva, mas sem lesão ocular e indivíduos com sorologia negativa. Não foi encontrada diferença significativa na produção dessas citocinas entre os indivíduos. Sugere-se que o achado contrário ao estudo anterior(29) se deva a diferenças em alguns fatores, como tempo de cultura das células sanguíneas, carga parasitária na cultura e carga parasitária na infecção congênita(30). Cultura de células do epitélio pigmentar da retina de humanos foi utilizada para investigar a resposta celular primária das células retinianas à replicação intracelular do T. gondii, através da medida dos níveis secretados de IL-1, IL-6, fator estimulador de colônias de granulócito-macrófago (GM-CSF) e molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1). Os níveis dessas moléculas aumentaram progressivamente com o tempo e em correlação com o número de células infectadas, assim como com a concentração intracelular do parasita, sugerindo um papel imunorregulatório dessas moléculas no processo fisiopatológico da toxoplasmose ocular(31). 550 73(6)04.pmd Os resultados desses estudos demonstram a importância das citocinas na modulação da resposta imune na toxoplasmose ocular e sugere que a deficiência na produção de determinadas citocinas pode acarretar um aumento das lesões oculares, associado a um maior número de parasitas. Quimiocinas As quimiocinas e seus receptores são importantes elementos envolvidos no recrutamento de células do sistema imune por quimiotaxia além de atuar também na ativação de leucócitos, na angiogênese, hematopoiese, doenças inflamatórias e apresentar mecanismos antimicrobianos. Elas podem ser secretadas em resposta a patógenos, dentre eles o T. gondii. Nas doenças oculares, principalmente nas uveítes, estas proteínas estão sendo identificadas como importantes mediadores da resposta inflamatória(32). Infecção das células de Muller com T. gondii in vitro levou a um aumento dos níveis das quimiocinas CCL2, CCL5 e CXCL8 pelas células do endotélio vascular retiniano(12). Recentemente, um estudo do nosso grupo avaliou o nível sérico de cinco quimiocinas (CCL2, CCL11, CXCL8, CXCL9 e CXCL10) em pacientes com retinocoroidite toxoplásmica ativa e controles. A intensidade do processo inflamatório foi avaliada pela graduação da opacidade vítrea, tamanho da lesão ativa e presença de vasculite retiniana. Observou-se aumento significativo dos níveis da quimiocina CXCL8, envolvida com o recrutamento preferencial de neutrófilos para tecidos inflamados, nos pacientes. Além disso, essa quimiocina apresentou-se particularmente aumentada entre os pacientes com vasculite retiniana, com lesões de maior diâmetro e houve diminuição dos seus níveis após o tratamento. Esse estudo demonstra a importância desta quimiocina na patogênese da toxoplasmose ocular, podendo ser usado como marcador de atividade da doença(33). Susceptibilidade genética Em modelos murinos, fatores genéticos do hospedeiro são críticos na determinação de susceptibilidade assim como de gravidade da toxoplasmose ocular experimental. Estes fatores genéticos podem estar dentro ou fora do complexo principal de histocompatibilidade. Em humanos a associação de genes dos antígenos de histocompatibilidade (HLA, human leukocyte antigens) e toxoplasmose ocular é insignificante(34). Polimorfismo de genes que codificam citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-12 e IFN- ϒ e citocinas anti-inflamatórias como IL-10 e TGF-β têm sido associado a várias doenças(35-36). Assim, recentemente, nosso grupo investigou alguns polimorfismos de genes que codificam citocinas relacionados à resposta imune na retinocoroidite toxoplásmica: IL-10, TNF-α e IL-1. Ao ser analisado o polimorfismo do gene responsável pela produção da IL-10, no locus -1082, associado à menor da produção desta citocina, observou-se que a presença do alelo A está associado com a ocorrência da retinocoroidite toxoplásmica(37). Este resultado sugere que indivíduos infectados e portadores deste polimorfismo apresentam um maior risco de desenvolverem a doença, em comparação com indivíduos infectados, mas sem o polimorfismo. O polimorfismo do gene responsável pela produção do TNF-α, no locus -308 G/A está associado a um aumento da produção desta citocina inflamatória. Com relação à retinocoroidite toxoplásmica, não foram encontradas associações significativas deste polimorfismo com a ocorrência da doença, ao compararmos indivíduos infectados com e sem a doença, e com a recorrência da doença(38). A família da interleucina 1 é dividida em IL-1α e IL-1β, que são citocinas inflamatórias e IL-RA, que é uma molécula Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 548-51 550 20/12/2010, 13:25 C ORDEIRO CA, M OREIRA PR, anti-inflamatória. Já foi demonstrado que o polimorfismo do gene produtor da IL-1α, no locus -889, leva a um aumento da produção dessa citocina. Não foi observada associação entre este polimorfismo e a ocorrência da retinocoroidite toxoplásmica. Mas, em uma análise entre os pacientes com um ano ou mais anos de acompanhamento, foi observada associação deste polimorfismo com a recorrência da doença(39). Esse resultado sugere que pacientes portadores deste polimorfismo apresentam um maior risco de recorrência da doença do que os pacientes sem o polimorfismo, devido a um aumento da produção da IL-1α. O polimorfismo do gene produtor de IL-1β, no locus +3954, também está associado ao aumento da produção desta citocina inflamatória. Nesse estudo, não foram observadas associações deste polimorfismo com a ocorrência ou recorrência da doença(39). O polimorfismo do gene responsável pela produção do IFN-ϒ, no locus +874 T/A, está associado a um aumento da produção desta citocina inflamatória. Em um estudo com pacientes com retinocoroidite toxoplásmica, não foram encontradas associações significativas deste polimorfismo com a ocorrência da doença, ao compararmos indivíduos infectados com e sem a doença(40). CONCLUSÃO Uma série de estudos vem confirmando a relevância de elementos da resposta imune na patogênese da retinocoroidite toxoplásmica. Parece ser necessário um controlado balanço entre as citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias na determinação da ocorrência e da gravidade da doença. Além disso, evidências recentes demonstram que predisposição genética pode ser relacionada tanto com a ocorrência, quanto com a recorrência da doença. REFERÊNCIAS 1. Oréfice F. Uveíte: clínica e cirúrgica: texto e atlas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2005. 2. Bonfioli AA, Orefice F. Toxoplasmosis. Semin Ophthalmol. 2005;20(3):129-41. 3. Bahia-Oliveira LM, Jones JL, Azevedo-Silva J, Alves CC, Orefice F, Addiss DG. Highly endemic, waterborne toxoplasmosis in north Rio de Janeiro state, Brazil. Emerg Infect Dis. 2003;9(1):55-62. 4. Montoya JG, Liesenfeld O. Toxoplasmosis. Lancet. 2004;363(9425):1965-76. Comment in: Lancet. 2004;364(9434):579. 5. Rothova A. Ocular manifestations of toxoplasmosis. Curr Opin Ophthalmol. 2003; 14(6):384-8. 6. Koo L, Young LH. Management of ocular toxoplasmosis. 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São aceitos trabalhos originais, em português, inglês ou espanhol, sobre experimentação clínica e aplicada, relatos de casos, análises de temas específicos, revisões de literatura, cartas ao editor ou comentários contendo críticas e sugestões sobre as publicações, devendo ser categorizados pelos seus autores. Artigos com objetivos meramente propagandísticos ou comerciais não serão aceitos. Todos os trabalhos, após aprovação prévia pelos editores, serão encaminhados para análise e avaliação de dois ou mais revisores, sendo o anonimato garantido em todo o processo de julgamento. Os comentários serão devolvidos aos autores para as modificações no texto ou justificativas de sua conservação. Somente após aprovação final dos revisores e editores, os trabalhos serão encaminhados para publicação. 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Todos os trabalhos, assim que submetidos à publicação, deverão ter obrigatoriamente os seguintes formulários encaminhados à Secretaria dos ABO pelo correio: • cessão de direitos autorais; • contribuição de autores e patrocinadores; • declaração de isenção de conflitos de interesses; • comprovante de aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição onde foi realizado o trabalho, quando referente a Artigos Originais. Os formulários poderão ser obtidos para impressão na página do ABO online (www.aboonline.com.br) link Formulários e Cartas. A falta de qualquer destes documentos implicará na retenção do artigo na Secretaria Editorial aguardando até que os mesmos sejam recebidos para que se dê a liberação do trabalho para análise. PREPARO DO ARTIGO REQUISITOS TÉCNICOS 1. O texto deve ser digitado em espaço duplo, fonte tamanho 12, margem de 2,5 cm de cada lado, com páginas numeradas em algarismos arábicos, iniciando-se cada seção em uma nova página, na sequência: página de identificação, resumo e descritores, “abstract” e “keywords”, texto (Introdução, Métodos, Resultados, Discussão/ Comentários), Agradecimentos (eventuais), Referências, tabelas, figuras e legendas. 2. Página de identificação: Deve conter: a) Título do artigo, em português (ou espanhol) e Título em inglês, que deverá ser conciso, porém informativo; b) nome completo de cada autor, sem abreviações, com o mais elevado título acadêmico e afiliação institucional (nome completo da instituição que está filiado) ou, na falta deste, o título obtido na própria especialidade ou nível do curso universitário. Recomenda-se que o número de autores seja limitado a 5 para Relato de casos e a 8 para Artigos originais; c) indicação do departamento e nome oficial da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído; d) nome, endereço, telefone e e-mail do autor a quem deve ser encaminhada correspondência; e) fontes de auxilio à pesquisa (se houver). I NSTRUCTIONS TO A UTHORS 3. Resumo e descritores: Resumo em português (ou espanhol) e Abstract em inglês, de não mais que 3.000 caracteres. Para os artigos originais, deve ser estruturado, destacando os objetivos do estudo, métodos, principais resultados apresentando dados significativos e as conclusões. Para as demais categorias de artigos, o resumo não necessita ser estruturado, porém deve conter as informações importantes para reconhecimento do valor do trabalho. Especificar cinco descritores, em português e em inglês, que definam o assunto do trabalho. Os descritores deverão ser baseados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) publicado pela BIREME, traduzidos do MeSH (Medical Subject Headings) da National Library of Medicine e disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios Clínicos, o número de registro na base de Ensaios Clínicos (http:/ /clinicaltrials.gov)*. 4. Texto: a) Artigos originais: devem apresentar as seguintes partes: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão/Comentários, Conclusões e Referências. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrescritos, evitando-se a citação nominal dos autores. As citações no texto deverão ser numeradas sequencialmente em números arábicos sobrescritos, devendo evitar a citação nominal dos autores. O trabalho deverá ter no máximo 3.000 palavras, 4 imagens, 4 tabelas e conter até 30 referências; b) Relatos de casos: devem apresentar Introdução, com breve revisão da literatura, relato do caso, mostrando os exames importantes para o diagnóstico e o diferencial, se houver, Comentários e Referências. Ele deverá ter no máximo 1.500 palavras, 2 imagens, 2 tabelas e conter até 10 referências; c) Em artigos de Atualização (sobre um tema, um método, etc.), nos de proposições teóricas, comunicações, análises de temas específicos ou com outras finalidades, divisões diferentes podem ser adotadas, devendo conter um breve histórico do tema, seu estado atual de conhecimento e as razões do trabalho; métodos de estudo (fontes de consulta, critérios), hipóteses, linhas de estudo, etc., incluindo Referências. O manuscrito deverá ter até 4.000 palavras, 4 imagens, 4 tabelas e conter até 40 referências; d) Cartas ao Editor devem ser limitadas a duas páginas. 5. Agradecimentos: Colaborações de pessoas que mereçam reconhecimento mas que não justificam suas inclusões como autores e, ou por apoio financeiro, auxílio técnico, etc. 6. Referências: Em todas as categorias a citação (referência) dos autores no texto deve ser numérica e sequencial, na mesma ordem que foram citadas e identificadas por algarismos arábicos entre parênteses e sobrescrito. A apresentação deverá estar baseada no formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors "Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" atualizado em outubro de 2008, conforme exemplos que se seguem. Os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela List of Journal Indexed in Index Medicus, da National Library of Medicine e disponibilizados no endereço: http://www. ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez Para todas as referências, cite todos os autores, até seis. Nos trabalhos com mais autores, cite apenas os seis primeiros, seguidos da expressão et al. EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS : Artigos de Periódicos Costa VP, Vasconcellos JP, Comegno PEC, José NK. O uso da mitomicina C em cirurgia combinada. Arq Bras Oftalmol. 1999;62(5):577-80. Livros Bicas HEA. Oftalmologia: fundamentos. São Paulo: Contexto; 1991. Capítulos de livros Gómez de Liaño F, Gómez de Liaño P, Gómez de Liaño R. Exploración del niño estrábico. In: Horta-Barbosa P, editor. Estrabismo. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1997. p. 47-72. Anais Höfling-Lima AL, Belfort Jr R. Infecção herpética do recém-nascido. In: IV Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira; 1980 Jul 28-30, Belo Horizonte, Brasil. Anais. Belo Horizonte; 1980. v.2. p. 205-12. 553 Normas.pmd 553 20/12/2010, 17:31 Teses Schor P. Idealização, desenho, construção e teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo [doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1997. Documentos Eletrônicos Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por vigabatrin. Arq Bras Oftalmol. [Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31]; 63(5): [cerca de 4 p.]. Disponível em: http://www.abonet. com.br/abo/abo63511.htm Artigos de periódicos eletrônicos em pdf Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por vigabatrin. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31]; 63(5):387-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abo/v63n5/ 9631.pdf Artigos de periódicos eletrônicos com Digital Object Identifier (DOI) Oliveira BF, Bigolin S, Souza MB, Polati M. Estrabismo sensorial: estudo de 191 casos. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2006 [citado 2009 Fev 9]; 69(1):71-4. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext& pid=S0004-27492006000100014&lng=en DOI 10.1590/S0004-2749200 6000100014 7. Tabelas: A numeração das tabelas deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas deverão ter título e cabeçalho para todas as colunas. No rodapé da tabela deve constar legenda para abreviaturas e testes estatísticos utilizados, e a fonte bibliográfica quando extraída de outro trabalho. 8. Figuras (gráficos, fotografias, ilustrações, quadros): O arquivo deve conter a identificação das figuras, como por exemplo: Gráfico 1, Tabela 1, Figura 1. No caso de figuras desmembradas (Figura 1A, 1B) deverão também ser identificadas uma em cada arquivo. Os gráficos, figuras e tabelas deverão ser encaminhados em arquivo separado do texto, apenas sendo indicada sua localização no corpo do artigo. Apresentar gráficos simples e de fácil compreensão. Uniformizar o tamanho e o conteúdo (corpo e formato das letras) dos gráficos e tabelas. Fotografias e ilustrações deverão ter boa resolução e enquadramento apenas dos elementos importantes. Preferencialmente em formato JPG, podendo ser enviadas também em PDF, TIFF/GIF, EPS. A resolução precisa ser acima de 300 dpi. Observar a importância do enfoque porque serão submetidas à redução para uma ou duas colunas na diagramação do texto. Cada figura deve vir acompanhada de sua respectiva legenda em espaço duplo e numerada em algarismo arábico, correspondendo a cada item e na ordem em que foram citados no trabalho. Será cobrado do Autor do artigo, o excedente de imagens e tabelas coloridas que ultrapassarem o número máximo estipulado pela revista. 9. Abreviaturas e Siglas: Devem ser, também, precedidas do correspondente nome completo ao qual se referem, quando citadas pela primeira vez, ou quando nas legendas das tabelas e figuras. Não devem ser usadas no título e no resumo. 10. Unidades: Valores de grandezas físicas devem ser referidos nos padrões do Sistema Internacional de Unidades, disponível no endereço: http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si/si.htm 11. Linguagem: É essencial que o trabalho passe previamente por revisão gramatical, evitando-se erros de concordância, pontuação, etc. Quando o uso de uma palavra estrangeira for absolutamente necessário, ela deve aparecer entre aspas (exceto a expressão et al, na referência). Agentes terapêuticos devem ser indicados pelos seus nomes genéricos evitando-se, tanto quanto possível, as citações de marcas comerciais; cabe(m) ao(s) autor(es) a responsabilidade por elas. Quando forem citados instrumentos e/ou aparelhos de fabricação industrial é necessário colocar o símbolo (sobrescrito) de marca registrada ® ou ™. ENVIO DO TRABALHO Os trabalhos deverão ser enviados pelo sistema de gerenciamento eletrônico de artigos científicos disponível no endereço eletrônico www.aboonline.com.br. Após as correções sugeridas pelos revisores, a forma definitiva do trabalho deverá ser encaminhada online (ícone "trabalho com as modificações") acompanhada de carta indicando as modificações realizadas ou o motivo pelos quais não estão sendo incorporadas. Artigos ressubmetidos que não vierem acompanhados da carta aos revisores ficarão retidos aguardando o recebimento da mesma. *Nota importante: Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, em apoio às políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto, somente aceitará para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http:// clinicaltrials.gov, no site do Pubmed (www.pubmed.com) ou no registro do SISNEP - http://portal.saude.gov.br/sisnep/pesquisador. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Mais informações e detalhamentos estão no endereço eletrônico www.aboonline.com.br - <Informações aos Autores> subitem <Instrução para Submissão online>. Endereço para correspondência: Arquivos Brasileiros de Oftalmologia R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar Vila Olímpia - São Paulo - SP CEP 04546-004 554 Normas.pmd 554 20/12/2010, 17:31 Í NDICE POR ASSUNTO ( DESCRITORES ) V. A Acetato de triancinolona uso terapêutico, 129 Ácido hialurônico análogos & derivados, 92 uso terapêutico, 92 Acuidade visual, 77, 111, 129, 135, 165, 171, 189, 244, 266, 323, 338, 354, 373, 379, 399, 454, 462, 491, 517, 521, 526 classificação, 96 | S UBJECT INDEX ( KEYWORDS ) 73 - 2010 Artrite reumatóide quimioterapia, 250 prevenção & controle, 141, 266, 315, 358, 433, 491, 494 Astigmatismo, 70 cirurgia, 165, 323 Atitude frente a saúde, 116, 141 Células epiteliais transplante, 541 Células ganglionares da retina, 28, 225 Atividades cotidianas, 399 Células-tronco, 447, 474 Atrofia óptica, 182, 409 Células-tronco adultas transplante, 541 Adaptação fisiológica, 204 Autoimunidade imunologia, 548 Avaliação de eficácia-efetividade de intervenções, 419 Adenocarcinoma, 467 Avanço da doença, 141 Adenoma, 33 Azitromicina uso terapêutico, 433 Adesivo tecidual de fibrina, 350 Ceratectomia fotorrefrativa, 70, 165 métodos, 323 Ceratite congênita, 285 microbiologia, 315 Ceratocone, 333, 363, 454 Ceratoconjuntivite cirurgia, 541 Adesivos teciduais uso terapêutico, 120 B Administração em saúde, 276 Ceratoconjuntivite sicca/terapia, 197 Ceratomileuse assistida por excimer laser in situ, 323 Adulto, 179, 186, 189, 288, 377, 438, 462, 534 Baixa visão, 282, 521 classificação, 266 epidemiologia, 266 etiologia, 266 reabilitação, 266 Agentes antibacterianos, 125 Banco de olhos, 254 Agentes corantes, 294 Bevacizumab uso terapêutico, 146, 285 Cetorolaco de trometamina administração & dosagem, 338 Biomecânica, 333 Chlamydia trachomatis, 235 Biometria, 511 Ciclosporina uso terapêutico, 40 Administração tópica, 329 Adolescentes, 231 Agentes neuromusculares uso terapêutico, 405 Ambliopia, 52 terapia, 367 Blefarospasmo, 405 diagnóstico, 469 epidemiologia, 469 etiologia, 469 quimioterapia, 469 Amostragem, 343 Análise de sobrevida, 193 Anestesia, 329 Angiografia, 370 Brasil, 343 epidemiologia, 271 Animais, 81 Ceratoplastia penetrante, 531 Ceratotomia radial, 70, 165 Blefaroptose diagnóstico, 161 Âmnio, 541 Ceratoplastia endotelial com remoção da membrana de Descemet, 291 Anoftalmia cirurgia, 81 Citocinas imunologia, 548 Citomegalovírus, 16 Clorambucil uso terapêutico, 40 Cloroquina efeitos adversos, 28, 384 Coagulação por laser, 338 C Anormalidades do olho, 464 Anormalidades induzidas por radiação, 373 Antibioticoprofilaxia, 219 Anticorpos monoclonais, 111 Câmara anterior, 497, 511 ultrassonografia, 9, 155 Competência clínica, 517 Comunicação, 141 Capacitação, 282 Conduta na prática dos médicos, 491 Capacitação em serviço, 66 Conglomerados espaço-temporais, 271 Carcinoma adenóide cístico, 33 Conhecimentos, atitudes e prática em saúde, 116, 414 Conjuntiva, 350 microbiología, 125 Antígenos de diferenciação 443 Carcinoma mucoepidermóide, 33 Aprendizagem, 66, 517 Catarata complicações, 491 fisiopatologia, 244 Artéria retiniana anormalidades, 88, 189 Cegueira epidemiologia, 521 Aparelho lacrimal, 33 Coloboma diagnóstico, 464 Campos visuais, 231, 354, 409 Antígenos CD5, 443 Anti-hipertensivos uso terapêutico, 116 Coelhos, 22, 81 Conjuntivite alérgica diagnóstico, 235 Consentimento livre e esclarecido, 501 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 555 23/12/2010, 11:40 555 Í NDICE - V . 73 - 2010 Contração muscular, 204 Doenças da íris, 155 Contratura fisiopatologia, 204 Doenças do aparelho lacrimal cirurgia, 33 Controle de qualidade, 276 Doenças do nervo óptico, 231, 537 diagnóstico, 320, 354 Cooperação do paciente, 116, 141 Doenças do sistema nervoso, 526 Coriorretinite, 548 Córnea, 333, 363 anatomia & histologia, 497 cirurgia, 22 lesões, 92 microbiologia, 315 Corpo vítreo, 111, 179, 338 fisiologia, 92 Corpos estranhos no olho, 438 Criança, 282, 433 Doenças endêmicas, 271 Doenças oculares quimioterapia, 294 Doenças palpebrais, 469 terapia, 120 Doenças retinianas prevenção & controle, 28 quimioterapia, 294 Doenças sexualmente transmissíveis, 288 Drenagem, 405 Cristalino fisiopatologia, 9 Espasmo hemifacial, 405 Espectroscopia de ressonância magnética, 377 Estrabismo, 377 cirurgia, 379 história, 379 Estudo comparativo, 508 Estudos retrospectivos, 40, 60, 419 Exenteração orbitária, 467 Expressão gênica, 447 Extração de catarata, 219, 244, 399, 419, 491, 494, 508 educação, 66 efeitos adversos, 505, 517 métodos, 92 Extracción de catarata, 125 E Cuidadores, 271 Cuidados pós-operatórios, 244 Cuidados pré-operatórios, 125, 244 D Degeneração macular, 111, 146, 219 complicações, 77 Degeneração retiniana, 179, 474 Dengue complicações, 175 Descolamento retiniano etiologia, 88 Desenvolvimento infantil, 526 Diabetes mellitus, 240, 414 Diabetes mellitus tipo 2 epidemiologia, 259 Diagnóstico diferencial, 443, 469 Diplopia, 377 Disco óptico, 320, 354 anormalidades, 459 patologia, 231 Displasia ectodérmica, 285 Distribuição espacial da população, 358 Distúrbios distônicos, 405 Ectopia do cristalino cirurgia, 135 Edema macular, 186, 373, 537 efeito de drogas, 129 quimioterapia, 338 Eletrofisiologia, 225 F Facoemulsificação, 171, 244, 491, 517 economia, 494 métodos, 508 Fator A de crescimento do endotélio vascular, 146, 373 Eletrorretinografia normas, 225 Fatores de risco, 60, 259 Eletrorretinograma, 384 Feminino, 467, 531, 534 Encefalite, 175 Fibras nervosas, 28, 462 Endoftalmite diagnóstico, 505 epidemiologia, 505 microbiologia, 505 etiologia, 505 Fístula carótido-cavernosa, 370 Endoftalmitis, prevención & control, 125 Endoscopia, 419 Endotélio posterior transplante, 291 Entrópio terapia, 120 Fatores socioeconômicos, 433 Fluorcarbonetos uso terapêutico, 77 Fotografia métodos, 231 Fraturas orbitárias, 438 Fundo de olho, 231 Fungos isolamento & purificação, 315 G Enucleação ocular, 81, 193 Epidemiologia, 414 Epitélio anterior, 447 Gases uso terapêutico, 77 Géis, 81 Doador de tecidos, 291, 254 Epitélio posterior, 22 cirurgia, 508 Doença da arranhadura de gato, 537 Erros de refração, 52, 57 Doenças da córnea, 291, 333, 447 terapia, 197 Esclera, 428 Glaucoma, 186, 370, 459 cirurgia, 419 diagnóstico, 231, 320, 354 quimioterapia, 116 Esclerite etiologia, 250 quimioterapia, 250 Glaucoma de ângulo aberto diagnóstico, 346 quimioterapia, 141 Doenças da coróide químioterapia, 294 556 Esotropia cirurgia, 379 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 556 23/12/2010, 11:40 Í NDICE - V . 73 - 2010 Glaucoma de ângulo fechado, 155, 511 diagnóstico, 354 ultrassonografia, 9 Infecções por Chlamydia, 235 Infecções por HIV, 16 Inflamação, 377 Gonioscopia, 155 métodos, 497 Masculino, 179, 189, 288, 373, 377, 438, 462 Infraestrutura sanitária, 271 Granulomatose de Wegener quimioterapia, 250 Inibidores da angiogênese uso terapêutico, 77, 146, 373 administração & dosagem, 219 H Injeções, 77, 111, 219, 338, 373 Instituições de saúde, 276 Hanseníase virchowiana complicações, 539 Malformações arteriovenosas intracranianas complicações, 88 diagnóstico, 88 Medidas, 320 Medula óssea, 474 Meia-idade, 315, 373, 467 Melanoma, 193 secundário, 464 Membrana de Descemet, 22 Hemianopsia, 409 Interleucina-2 uso diagnóstico, 443 Hemoglobina A glicosilada, 259 Internato e residência, 66 Metástase neoplásica, 467 Hemorragia retiniana, 77, 175 Internet utilização, 320 Miastenia gravis diagnóstico, 161 Microscopia métodos, 9 Hemorragia vítrea etiologia, 88 Interpretação de imagem assistida por computador, 354 Hidroxicloroquina efeitos adversos, 28, 384 Intervalos de confiança, 343 Higiene pessoal, 271 Intervenção precoce (educação), 282 Hipermetropia, 70 Íris Microscopia acústica, 171 Miopia cirurgia, 323 Mitomicina, 70 uso terapêutico, 165 fisiopatologia, 9 Hiperopia, 165 Membrana neovascular sub-retiniana, 146 Monitorização fisiológica, 346 Hipertensão ocular, 129, 346 L Histiocitoma fibroso benigno, 534 Músculos anatomia & histologia, 204 Homocistinúria, 135 Lágrimas, 405 Hospitais de ensino, 494 Lâmina limitante posterior da córnea cirurgia, 531 patologia, 531 Humanos, 77, 179, 186, 189, 288, 315, 373, 377, 438, 462, 467, 531, 534 Movimentos oculares, 204 Músculos oculomotores, 377 cirurgia, 379 fisiologia, 204 Lasers de excimer, 323 Lente de contato, 428 I N Lentes intraoculares, 135, 171, 491 Idade gestacional, 47, 60 Idoso, 531 Imperícia, 501 Implante de lente intraocular, 244 Implante de prótese, 135 Implantes orbitários, 81 Imunofluorescência, 235, 433 Imuno-histoquímica, 443, 534 Lentivírus genética, 447 Necrose etiologia, 539 Limbo da córnea citologia, 541 Neoplasias da coróide, 464 secundária, 467 Linfangioma cirurgia, 84 Neoplasias da túnica conjuntiva diagnóstico, 534 Linfócitos T reguladores imunologia, 548 Neoplasias gástricas, 467 Linfoma, 373 Neoplasias orbitárias, 33 cirurgia, 84 Imunossupressores, 40 uso terapêutico, 250 M Infecções oculares, 288 etiologia, 16 Infecções oculares bacterianas, 235, 315 microbiologia, 219 Infecções oculares parasitárias, 182, 462 Infecções oculares virais, 175 Infecções oportunistas relacionadas com a AIDS, 16 Neoplasias oculares, 33 Neoplasias uveais, 193 Mácula lútea, 186, 537 Neovascularização corneana quimioterapia, 285 Maculopatia induzido quimicamente, 384 Neovascularização coroidal, 77 Malformações arteriovenosas complicações, 88 diagnóstico, 88 Neovascularização de coróide, 111 Nervo óptico parasitologia, 182 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 557 23/12/2010, 11:40 557 Í NDICE - V . 73 - 2010 Neurite óptica, 182, 462 etiologia, 175 Neurossífilis, 288 Ritmo circadiano fisiologia, 346 Processamento de imagem assistida por computador métodos, 497 Processos fisiológicos oculares, 204 O Sarcômeros fisiologia, 204 Promoção da saúde, 57 Oclusão da artéria retiniana, 189 Prostaglandina F, sintética, 186 Oclusão da veia retiniana, 77 Pterígio, 350, 534 epidemiologia, 343 Óculos, 57 S Programas de rastreamento, 52 Satisfação dos consumidores, 276 Saúde ocular, 57, 433 Segmento anterior del ojo, 125 Oftalmologia, 300 educação, 323, 517 legislação & jurisprudência, 501 Seguimentos, 33 Q Oftalmopatias, 423 Qualidade de vida, 399, 521 Oftalmoscopia, 179, 354, 459 Questionários, 399, 405, 521 Olho imunologia, 150 Quiasma óptico, 409 Sensibilidade e especificidade, 52, 161 Serviço Hospitalar de Emergência, 423 Serviços de saúde comunitária, 276 Serviços médicos de emergência, 423 Sífilis, 288 Olho seco, 428 R Opacidade da córnea congênito, 367 Optometria, 363 instrumentação, 96 Otimização, 494 Síndrome, 88, 285, 377 Recém-nascido, 47, 60 Síndrome de Behçet, 40 Recidiva, 350 Síndrome de imunodeficiência adquirida, 16, 150 Recidiva local de neoplasia, 467 Síndrome de Marfan, 135, 171 Recursos audiovisuais, 282 Síndrome de Stevens-Johnson terapia, 428 Redação, 300 Referência e consulta, 423 Síndrome do olho seco, 405 terapia, 197 Pálpebras, 329 Refração ocular, 323 Sistemas de liberação de medicamentos, 294 Papiledema, 537 Relações médico-paciente, 116, 141, 423 Papilite, 175 Relatórios de pesquisa, 300 Soluções oftálmicas, 116 farmacologia, 329 Percepção, 491 Perfil de saúde, 414 Relatos de casos, 77, 84, 88, 175, 179, 182, 186, 189, 193, 282, 285, 288, 367, 370, 373, 377, 438, 459, 462, 464, 467, 531, 534, 537, 539 Perimetria, 111, 409 Responsabilidade legal, 501 Peso ao nascer, 60 Resultado de tratamento, 541 Piscadela, 329 fisiologia, 329 Retina, 28, 182, 231 efeito de drogas, 338 efeitos de radiação, 373 P Polietilenos, 81 Porosidade, 81 Povidona yodada, 125 Pré-escolar, 52, 282, 433 Preservação de tecido, 254 Retinite pigmentosa genética, 179 Pressão intraocular, 129, 141, 338, 370, 419 fisiologia, 346 Retinopatia da prematuridade epidemiologia, 47, 60 etiologia, 47 Procedimentos cirúrgicos oftalmológicos, 135, 379 educação, 66 Retinopatia diabética, 129, 240, 259, 414 quimioterapia, 338 Procedimentos cirúrgicos refrativos, 165, 323, 363 legislação & jurisprudência, 501 558 Retinite, 16, 288, 537 diagnóstico, 182 parasitologia, 462 Subluxação do cristalino, 135, 171 Substância própria, 454 Surdez congênita, 285 T Técnicas de cultura de células métodos, 541 Técnicas de diagnóstico oftalmológico, 320, 354 instrumentação, 244 Tecnologia de baixo custo, 57 Temperatura baixa uso diagnóstico, 161 Tendões cirurgia, 377 Terapia a laser, 182 Retinose pigmentar, 474 Terapia antirretroviral de alta atividade, 16 Revisão, 315 Terapia de genes, 447 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 558 23/12/2010, 11:40 Í NDICE - V . 73 - 2010 Terminologia, 300 Tracoma, 235 diagnóstico, 433 epidemiologia, 271, 358, 433 quimioterapia, 433 Testes de visão instrumentação, 244 Tomografia métodos, 354 Transgenes/genética, 447 Tomografia de coerência óptica, 28, 182, 189, 409, 459, 462 Tomografia óptica, 111 U Uveíte, 288, 548 terapia, 40 Uveíte posterior, 16 Transfusão de sangue, 47 Transplante autólogo, 350 V Tonometria ocular, 346 Transplante de córnea, 22, 254, 367, 454, 531 efeitos adversos, 531 métodos, 291 Topografia da córnea, 333, 363 Transtornos da motilidade ocular, 377 Toxina botulínica tipo A, 405 Transtornos psicomotores, 526 Toxoplasma imunologia, 548 Veia retiniana anormalidades, 88 Traumatismos maxilofaciais cirurgia, 438 Vimentina, 534 Toxoplasmose ocular, 150 congênito, 443 diagnóstico, 443 imunologia, 443, 548 Tumores de vasos linfáticos, 84 Túnica conjuntiva microbiologia, 219 Valores de referência, 225 Vasos retinianos, 189 Visão binocular, 377, 399, 521 Visão monocular, 399, 521 Vitrectomia, 294 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 559 23/12/2010, 11:40 559 S UBJECT INDEX ( KEYWORDS ) | Í NDICE POR ASSUNTO ( DESCRITORES ) V. A Abnormalities, radiation-Induced, 373 Acquired immunodeficiency syndrome, 16, 150 73 - 2010 Autoimmunity immunology, 548 Cell culture techniques methods, 541 Azithromycin therapeutic use, 433 Child, 282, 433 Child development, 526 Activities of daily living, 399 Child, preschool, 52, 282, 433 Adaptation physiological, 204 Chlamydia trachomatis, 235 B Adenocarcinoma, 467 Behçet syndrome, 40 Chlorambucil therapeutic use, 40 Administration, topical, 329 Bevacizumab therapeutic use, 146, 285 Chloroquine adverse effects, 28, 384 Adolescents, 231 Biomechanics, 333 Chorioretinitis, 548 Adult, 179, 186, 189, 288, 377, 438, 462, 534 Biometry, 511 Adult stem cells transplantation, 541 Birth weight, 60 Choroid neoplasms, 464 secondary, 467 Aged, 531 Blepharoptosis diagnosis, 161 Choroidal diseases drug therapy, 294 Blepharospasm, 405 diagnosis, 469 drug therapy, 469 epidemiology, 469 etiology, 469 Choroidal neovascularization, 77, 111, 146 Blindness epidemiology, 521 prevention & control, 141, 266, 315, 358, 433, 491, 494 Cold temperature diagnostic use, 161 Adenoma, 33 AIDS-related opportunistic infections, 16 Amblyopia, 52 therapy, 367 Amnion, 541 Anesthesia, 329 Angiogenesis inhibitors administration & dosage, 219 therapeutic use, 77, 146, 373 Circadian rhythm physiology, 346 Clinical competence, 517 Angiography, 370 Blinking, 329 physiology, 329 Coloring agents, 294 Animals, 81 Blood transfusion, 47 Communication, 141 Anophthalmos surgery, 81 Bone marrow, 474 Community health services, 276 Botulinum toxin type A, 405 Comparative study, 508 Brazil, 343 epidemiology, 271 Confidence intervals, 343 Anterior chamber, 497, 511 ultrasonography, 9, 155 Anterior eye segment, 125 Conjunctiva, 350 microbiology, 125, 219 Anti-bacterial agents, 125 Antibodies, monoclonal, 111 Antigens, CD5, 443 Conjunctival neoplasms diagnosis, 534 C Antibiotic prophylaxis, 219 Conjunctivitis, allergic diagnosis, 235 Carcinoma, adenoid cystic, 33 Carcinoma, mucoepidermoid, 33 Consumer satisfaction, 276 Antigens, differentiation, 443 Caregivers, 271 Anti-hypertensive agents therapeutic use, 116 Carotid-cavernous sinus fistula, 370 Antiretroviral therapy, highly active, 16 Case reports, 77, 84, 88, 175, 179, 182, 186, 189, 193, 282, 285, 288, 367, 370, 373, 377, 438, 459, 462, 464, 467, 531, 534, 537, 539 Arteriovenous malformations complications, 88 diagnosis, 88 Arthritis, rheumatoid drug therapy, 250 Contact lenses, 428 Cataract extraction, 125, 219, 244, 399, 419 education, 66 methods, 92 Cataract complications, 491 physiopathology, 244 Astigmatism, 70 surgery, 165, 323 560 Coloboma diagnosis, 464 Attitude to health, 141 Cataract extraction, 491, 494, 508 adverse effects, 505, 517 Audiovisual aids, 282 Cat-scratch disease, 537 Contracture physiopathology, 204 Control of quality, 276 Cornea, 333, 363 anatomy & histology, 497 injuries, 92 microbiology, 315 surgery, 22 Corneal disease, 291, 333, 447 therapy, 197 Corneal neovascularization drug therapy, 285 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 560 23/12/2010, 11:40 Í NDICE - V . 73 - 2010 Corneal opacity congenital, 367 Ectopia lentis surgery, 135 Eyelid diseases, 469 therapy, 120 Corneal stroma, 454 Electrophysiology, 225 Eyelids, 329 Corneal topography, 333, 363 Electroretinogram, 384 Corneal transplantation, 22, 254, 367, 454, 531 adverse effects, 531 methods, 291 Electroretinography F standards, 225 Emergency medical services, 423 Female, 467, 531 Emergency Service, Hospital, 423 Fibrin tissue adhesive, 350 Cytokines immunology, 548 Encephalitis, 175 Fluorescent antibody technique, 235, 433 Endemic diseases, 271 Cytomegalovirus, 16 Fluorocarbons therapeutic use, 77 Endophthalmitis diagnosis, 505 epidemiology, 505 etiology, 505 microbiology, 505 prevention & control, 125 Cyclosporine therapeutic use, 40 D Deafness congenital, 285 Follow-up studies, 33 Fundus oculi, 231 Fungi isolation & purification, 315 Endoscopy, 419 Endothelium, corneal, 22 surgery, 508 transplantation, 291 Dengue complications, 175 Descemet membrane, 22, 531 pathology, 531 surgery, 531 Entropion therapy, 120 Descemet-stripping endothelial keratoplasty, 291 Epidemiology 414 Diabetes mellitus, 240, 414 Epithelial cells transplantation, 541 Diabetes mellitus, type 2 Epithelium corneal physiology, 447 epidemiology, 259 Diabetic retinopathy, 129, 240, 259, 414 drug therapy, 338 Esotropia surgery, 379 Diagnosis, differential, 443, 469 Evaluation of the efficacy-effectiveness of interventions, 419 Diagnostic techniques, ophthalmological, 244, 320, 354 Eye immunology, 150 Diplopia, 377 Eye abnormalities, 464 Disease progression, 141 Eye banks, 254 Doadores de tecidos, 254 Eye diseases, 423 drug therapy, 294 Doctor-patient relations, 116 Drainage, 405 G Gases therapeutic use, 77 Gels, 81 Gene expression, 447 Gene therapy, 447 Gestational age, 47, 60 Glaucoma, 186, 370, 459 diagnosis, 231, 320, 354 drug therapy, 116 surgery, 419 Glaucoma, angle-closure, 155, 511 ultrasonography, 9 Glaucoma, open-angle diagnosis, 346, 354 drug therapy, 141 Gonioscopy, 155 methods, 497 Eye enucleation, 81, 193 Drug delivery systems, 294 Eye foreign bodies, 438 Dry eye, 428 Eye health, 57, 433 Dry eye syndrome, 405 therapy, 197 Eye infections, 288 etiology, 16 Dystonic disorders, 405 Eye infections, bacterial, 235, 315 microbiology, 219 H Health administration, 276 Health facilities, 276 Health infraestructure, 271 Health knowledge, attitudes, practice, 116, 414 Eye infections, parasitic, 182, 462 Health profile, 414 Eye movements, 204 Health promotion, 57 Early intervention (education), 282 Eye neoplasms, 33 Hemianopsia, 409 Ectodermal dysplasia, 285 Eyeglasses, 57 Hemifacial spasm, 405 E Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 561 23/12/2010, 11:40 561 Í NDICE - V . 73 - 2010 Hemoglobin A, glycosylated, 259 Histiocytoma, benign fibrous, 534 Keratoconjuntivitis sicca therapy, 197 Keratoconus, 333, 363, 454 HIV infections, 16 Keratomileusis, laser in situ, 323 Homocystinuria, 135 Hospital, teaching, 494 Human, 77, 179, 186, 189, 288, 315, 373, 377, 438, 462, 467, 531, 534 Hyaluronic acid analogs & derivatives, 92 therapeutic use, 92 Hydroxichloroquine adverse effects, 28, 384 Hyperopia, 70, 165 Mass screening, 52 Maxillofacial injuries surgery, 438 Keratotomy, radial, 165 Measures, 320 Ketorolac tromethanine administration & dosage, 338 Melanoma, 193 secondary, 464 L Lacrimal apparatus, 33 Laser coagulation, 338 Laser therapy, 182 Microscopy methods, 9 Microscopy, acoustic, 171 Midlle aged, 315, 373, 467 Mitomycin, 70 therapeutic use, 165 Monitoring, physiologic, 346 Muscle contraction, 204 Image interpretation, computer-assisted, 354 Laser, excimer, 323 Image processing, computer-assisted methods, 497 Learning, 66, 517 Muscles anatomy & histology, 204 Immunohistochemistry, 443, 534 Lens, crystalline physiopathology, 9 Myasthenia gravis diagnosis, 161 Immunosuppressive agents therapeutic use, 40, 250 Lens, intraocular, 135, 171, 491 Myopia surgery, 323 Infant, newborn, 47, 60 Lens implantation, intraocular, 244 Lens subluxation, 135, 171 Inflammation, 377 Informed consent, 501 Injections, 77, 111, 219, 338, 373 Inservice training, 66 Interleukin-2 diagnostic use, 443 Internet utilization, 320 Internship and residency, 66 Intracranial arteriovenous malformations complications, 88 diagnosis, 88 Intraocular pressure, 129, 141, 338, 370, 419 physiology, 346 Lentivirus genetics, 447 N Leprosy, lepromatous complications, 539 Necrosis etiology, 539 Liability, legal, 501 Neoplasm metastasis, 467 Limbus cornea cytology, 541 Neoplasm recurrence, local, 467 Low cost technology, 57 Nerve fibers, 28 pathology, 462 Lymphangioma surgery, 84 Nervous system diseases, 526 Lymphatic vessel tumors, 84 Neuromuscular agents therapeutic use, 405 Lymphoma, 373 Iris Neurosyphilis, 288 M physiopathology, 9 O Macula lutea, 186, 537 Iris diseases, 155 K Macular edema, 186, 373, 537 drug effects, 129 drug therapy, 338 Macular degeneration, 111, 146, 219 complications, 77 Keratitis congenital, 285 microbiology, 315 Maculopathy chemically induced, 384 Magnetic resonance spectroscopy, 377 Keratoconjunctivitis surgery, 541 562 Marfan syndrome, 135, 171 Keratoplasty, penetrating, 531 Lacrimal apparatus diseases surgery, 33 I Malpractice, 501 Male, 179, 189, 288, 373, 377, 438, 462, 534 Ocular hypertension, 129, 346 Ocular infections, viral, 175 Ocular motility disorders, 377 Ocular physiological processes, 204 Ocular toxoplasmosis, 150 Oculomotor muscles, 377 physiology, 204 surgery, 379 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 562 23/12/2010, 11:40 Í NDICE - V . 73 - 2010 Postoperative care, 244 Ophthalmic solutions, 116 pharmacology, 329 Povidone-iodine, 125 Ophthalmologic surgical procedures, 135, 379 education, 66 Ophthalmology, 300 education, 323, 517 legislation & jurisprudence, 501 Ophthalmoscopy, 179, 354, 459 Preoperative care, 125, 244 Prostaglandin F, synthetic, 186 Prosthesis implantation, 135 Psychomotor disorders, 526 Pterygium, 350, 534 epidemiology, 343 Optic atrophy, 182, 409 Optic chiasm, 409 Retinitis, 16, 288, 537 diagnosis, 182 parasitology, 462 Retinitis pigmentosa, 474 genetics, 179 Retinopathy of prematurity epidemiology, 47, 60 etiology, 47 Retrospective studies, 40, 60, 419 Review, 315 Public assistance, 276 Risk factors, 60, 259 Optic disc, 320, 354 abnormalities, 459 pathology, 231 Q Optic nerve parasitology, 182 S Quality of life, 399, 521 Optic nerve diseases, 231, 537 diagnosis, 320, 354 Questionnaires, 399, 405, 521 Sampling studies, 343 Sarcomeres physiology, 204 Optic neuritis, 182 etiology, 175 pathology, 462 R Sclera, 428 Optical coherence tomography, 189 Rabbits, 22, 81 Optimization, 494 Radial keratotomy, 70 Scleritis drug therapy, 250 etiology, 250 Optometry, 363 instrumentation, 96 Recurrence, 350 Sensitivity and specificity, 52, 161 Reference values, 225 Sexually transmitted diseases, 288 Referral and consultation, 423 Socioeconomic factors, 433 Refraction, ocular, 323 Space-time clustering, 271 Refractive errors, 52, 57 Stem cells, 447, 474 Refractive surgical procedures, 165, 323, 363 legislation & jurisprudence, 501 Research reports, 300 Stevens-Johnson syndrome therapy, 428 Orbit evisceration, 467 Orbital fractures, 438 Orbital implants, 81 Orbital neoplasm, 33 surgery, 84 Residence features, 358 P Retina, 28, 182, 231 drug effects, 338 radiation effects, 373 Papilledema, 175, 537 Patient compliance, 116, 141 Stomach neoplasms, 467 Strabismus, 377 history, 379 surgery, 379 Survival analysis, 193 Perception, 491 Retinal artery abnormalities, 88, 189 Syndrome, 88, 285, 377 Perimetry, 111, 409 Retinal artery occlusion, 189 Syphilis, 288 Personal hygiene, 271 Retinal degeneration, 179, 474 Phacoemulsification, 171, 244, 491, 517 economics, 494 methods, 508 Retinal detachment etiology, 88 Photography methods, 231 Photorefractive keratectomy, 70, 165 methods, 323 Physician-patient relations, 141, 423 Retinal diseases drug therapy, 294 prevention & control, 28 Retinal ganglion cells, 28, 225 Retinal hemorrhage, 77, 175 T T-lymphocytes, regulatory immunology, 548 Tears, 405 Tendons surgery, 377 Physician´s practice patterns, 491 Retinal vein abnormalities, 88 Polyethylenes, 81 Retinal vein occlusion, 77 Tissue adhesives therapeutic use, 120 Porosity, 81 Retinal vessels, 189 Tissue donors, 254, 291 Terminology, 300 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 563 23/12/2010, 11:40 563 Í NDICE - V . 73 - 2010 Tissue preservation, 254 Treatment outcome, 541 Tomography methods, 354 Triamcinolone acetonide therapeutic use, 129 epidemiology, 266 etiology, 266 rehabilitation, 266 Vision, monocular, 399, 521 Tomography, optical coherence, 28, 182, 409, 459, 462 U Tomography, optical, 111 Tonometry, ocular, 346 Uveal neoplasms, 193 Toxoplasma immunology, 548 Uveitis, 288, 548 therapy, 40 Toxoplasmosis, ocular congenital, 443 diagnosis, 443 immunology, 443, 548 Uveitis, posterior, 16 Visual acuity, 77, 111, 129, 135, 165, 171, 189, 244, 266, 323, 338, 354, 373, 379, 399, 454, 462, 517, 521, 526 classification, 96 Visual fields, 231, 354, 409 Vitrectomy, 294 Vitreous body, 111 , 179, 338 physiology, 92 V Trachoma, 235 diagnosis, 433 drug therapy, 433 epidemiology, 271, 358, 433 Vascular endothelial growth factor A, 146, 373 Training, 282 Vision acuity, 491 Transgenes genetics, 447 Vision, binocular, 377, 399, 521 Transplantation, autologous, 350 564 Vision tests instrumentation, 244 Vitreous hemorrhage etiology, 88 Vimentin, 534 Vision, low, 282, 521 classification, 266 W Wegener granulomatosis drug therapy, 250 Writing, 300 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 564 23/12/2010, 11:40 Í NDICE V. A Akaishi P .............................................................................. 271 Albuquerque TL ............................................................. 537 Almeida GA ........................................................................ 193 Almeida Júnior P ............................................................ 438 Alonso RS ........................................................................... 497 Alves JM ............................................................................... 150 Alves LD ............................................................................... 225 Amadei LPP ...................................................................... 467 Ambrósio Júnior R .............................................. 333, 497 Andrade AO ........................................................................... 9 Andrade EP ........................................................................ 129 POR AUTOR | A UTHOR INDEX 73 - 2010 Bezerra HL .......................................................................... 235 Colombo-Barboza MN .............................................. 244 Bicas HEA ...................................................................... 5, 379 Coral SA ................................................................................ 146 Bispo PJM .......................................................................... 505 Coral-Ghanem R ............................................................ 350 Bonamigo EL ................................................................... 259 Coral-Ghanem V ............................................................ 350 Borges FP ........................................................................... 329 Cordeiro CA ....................................................................... 548 Bottos J ................................................................................ 323 Cordeiro R .......................................................................... 343 Brandt CT ............................................................................ 219 Correa MC .......................................................................... 146 Brasil MVM ......................................................................... 186 Brasil OFM .......................................................................... 186 Bressanim GL ..................................................................... 77 Brito RV .................................................................................. 81 Burnier Júnior MN ......................................................... 443 Costa-Cunha LVF ................................................. 409, 462 Cronemberger S .................................. 9, 155, 346, 511 Cunha AAF ......................................................................... 193 Cunha LP ............................................................................ 462 Cursino SRT ......................................................................... 33 Angelini PF ......................................................................... 320 Aoki L ..................................................................................... 469 C D Aquino Júnior G ............................................................... 81 Cade F ................................................................................... 397 Araf D ...................................................................................... 81 Calixto N .................................................... 9, 155, 346, 511 Aragão REM ............................................................ 175, 537 Arana E ............................................................................ 22, 28 Arana J .................................................................................... 28 Arana LA ................................................................................ 28 Araújo F .................................................................................. 28 Arieta CE ............................................................................... 397 Arraes C ................................................................................ 171 Arraes J .................................................................................. 171 Arruda GV ........................................................................... 197 Ávila M .................................................................................. 534 Assae OM .............................................................................. 81 Ávila MP ............................................................................... 419 Campos M ......................................................................... 323 Campos MEJ .................................................................... 231 Campos WR ...................................................................... 548 Carani JCE ........................................................................... 300 Cardoso GP ....................................................................... 338 Cariello AJ ................................................................ 315, 405 Carneiro HM ..................................................................... 539 Dal Pizzol MM .................................................................. 285 Dalben I ................................................................................ 433 Damasceno RWF ............................................................ 33 Daniotti AF ......................................................................... 259 Dantas PEC .......................................................................... 33 De Novelli FJ ..................................................................... 146 De Stefano VS .................................................................. 363 Di Cesare S .......................................................................... 443 Carricondo PC ................................................................... 66 Dias AFG .................................................................... 129, 414 Carvalho DM .................................................................... 419 Diniz JR ................................................................................. 219 Carvalho GLS .......................................................... 534, 539 Diniz MFA ........................................................................... 219 Carvalho RMLS ..................................................... 534, 539 Diniz Filho A ........................................................... 155, 511 Carvalho RS ....................................................................... 423 Dourado E .......................................................................... 438 Casella AMB ...................................................................... 182 Dutra WO ............................................................................ 548 B Castro CMMB ................................................................... 219 Barbosa ADM ..................................................................... 47 Castro DDM ...................................................................... 282 Barbosa CP ........................................................................ 320 Cavalcante AFS ............................................................... 288 Barbosa JC ........................................................................... 60 Cavalcanti Júnior RB .................................................... 537 Endriss D .................................................................... 135, 171 Barreira IMA ....................................................................... 175 Caye L .................................................................................... 285 Espíndola RF ........................................................... 491, 494 Barreiro TRMP ................................................................. 428 Cecchetti DFA .................................................................. 141 Barros JC .............................................................................. 343 Chamon W .......................................... 5, 7, 107, 487, 489 Beckhauser AP .................................................................. 28 Cibils D .................................................................................. 125 Bedran MFSL .................................................................... 459 Cibils P ................................................................................... 125 Fabiani J ............................................................................... 397 Belfort Júnior R ...................................................... 182, 443 Coelho RP .......................................................................... 508 Farah ME ................................................................... 182, 294 Berezovsky A .................................................................... 225 Colombo-Barboza GN ............................................... 244 Faria e Arantes TE ............................................................. 16 Berti TB .................................................................................. 146 Colombo-Barboza LR ................................................. 244 Farias CC .............................................................................. 428 Bezerra AFR ........................................................................ 537 Colombo-Barboza MM ............................................. 244 Felberg S .............................................................................. 405 E F Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 565 23/12/2010, 11:40 565 Í NDICE - V . 73 - 2010 Fernandes MCR .............................................................. 521 Helal Júnior J .................................................................... 288 Lima LNC ............................................................................. 175 Ferraz DA ............................................................................... 77 Hida WT ............................................................................... 244 Lima VC ................................................................................ 354 Ferraz LB .............................................................................. 358 Hilgemberg E ................................................................... 259 Lino BT .................................................................................. 179 Ferraz LCB .......................................................................... 433 Hirata CE ................................................................................ 40 Lobato F .............................................................................. 171 Ferreira DM ........................................................................ 155 Höfling-Lima AL ................................................... 315, 505 Lopes MCB ........................................................................ 526 Figueirêdo ES ..................................................................... 92 Hokazono K ...................................................................... 373 Lourenço JLG .................................................................... 57 Figueirêdo PFR ................................................................. 92 Holanda AGS .................................................................... 467 Lourenço RM ................................................................... 343 Figueirêdo RS ..................................................................... 92 Figueiredo W ...................................................................... 57 Fischer AFC ........................................................................ 517 Fonseca EC ........................................................................ 197 Lovato FV ........................................................................... 464 Lubisco Filho H ............................................................... 464 I Lucci LMD .......................................................................... 161 Igami TZ ............................................................................... 377 Fonseca Júnior NL ........................................................ 161 Fontes BM .......................................................................... 333 Fortes ACFM ....................................................................... 66 Lucena AR .......................................................................... 271 Luco C ................................................................................... 397 Lui ACF .................................................................................. 254 J Lui Neto A ........................................................................... 254 Fortes Filho JB .................................................................. 464 Jankov II MR ..................................................................... 291 Franco L ............................................................................... 539 Jardim D .............................................................................. 333 Frasson M ........................................................................... 179 Jorge R ................................................................... 60, 96, 474 Freda R .................................................................................. 285 Jost BS ................................................................................... 259 Freitas BP ............................................................................. 189 Jovanovic V ...................................................................... 291 M Macedo AC .......................................................................... 92 Machado MC ........................................................... 57, 276 Magalhães FP .................................................................. 354 Furlanetto E ....................................................................... 350 Magalhães V ..................................................................... 150 Furtado JM ........................................................................ 397 K Magnani AC ...................................................................... 464 Kac MJ ................................................................................... 370 Maia HS ................................................................................ 186 G Kac SI ...................................................................................... 370 Maia M .................................................................................. 294 Galvão Filho R ................................................................. 367 Kanamura MS .................................................................... 52 Maia Júnior OO ............................................. 88, 189, 240 Garcia CR ............................................................................... 16 Kara-José N .................. 57, 66, 70, 165, 276, 423, 491 Malavazzi GR .................................................................... 244 Garcia DM ................................................................ 231, 329 Kara Júnior N .................................... 399, 423, 491, 494 Mallmann F ....................................................................... 363 Gehlen ML ......................................................................... 250 Kaspar HM .......................................................................... 125 Malta RFS ............................................................................ 409 Germano R ........................................................................ 491 Kim C ..................................................................................... 447 Marback E .......................................................................... 531 Ghanem EA ............................................................... 70, 165 Kitadai SPS .......................................................................... 526 Marback EF ........................................................................ 189 Ghanem MA ..................................................................... 350 Klein F .................................................................................... 517 Marback RF ....................................................................... 399 Marback RL ....................................................................... 189 Ghanem RC .............................................................. 70, 165 Gigante E ............................................................................. 379 Marin GP ............................................................................. 521 Gomes JAP .............................................................. 428, 541 Lacava AC ........................................................................... 384 Martinez FE .......................................................................... 60 Gomes MB ......................................................................... 454 Lansingh V ......................................................................... 125 Martins AGS ...................................................................... 370 Gomes PRP ....................................................................... 467 Lansingh VC ..................................................................... 397 Matayoshi S ...................................................................... 469 Gonçalves WA ................................................................... 60 Laspina F ............................................................................. 125 Matos MAG ............................................................. 150, 219 Guedes LM ........................................................................ 354 Lavezzo MM ................................................... 52, 358, 373 Matos MHBR .................................................................... 266 Lavinsky F ........................................................................... 111 Mattos Neto RB .............................................................. 443 Lavinsky J ........................................................................... 111 Mazurek MGG ................................................................. 491 Leitão KCF ........................................................................... 219 Medeiros A ......................................................................... 367 Hajnal M ................................................................................ 66 Lima FEL .............................................................................. 419 Medina FM .......................................................................... 88 Hasimoto AR ...................................................................... 28 Lima HC ............................................................................... 266 Medina FMC ..................................................................... 276 Goldchmit M .................................................................... 377 H 566 Marculino LGC ................................................................ 377 L Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 566 23/12/2010, 11:41 Í NDICE - V . 73 - 2010 Medina NH .............................................................. 358, 433 Meira-Freitas D ................................................................. 354 Mello Filho PAA ............................................................... 294 Melo AR ............................................................................... 438 Melo CL ................................................................................ 531 O R Oguido APMT ................................................................. 182 Rabelo LP ........................................................................... 175 Olbrich Neto J .................................................................. 358 Ramos RMG ..................................................................... 537 Olivalves E ............................................................................. 40 Ramos Filho JA ............................................................... 141 Oliveira FC ........................................................................... 405 Raskin E ................................................................................ 508 Oliveira GC .......................................................................... 405 Regatieri CVS .................................................................... 505 Oliveira LA .......................................................................... 447 Rehder JRCL ..................................................................... 161 Oliveira RF ........................................................................... 350 Reis ACA ............................................................................... 338 Oréfice F ............................................................................... 548 Reis RSM .............................................................................. 338 Osaki MH .................................................................. 120, 405 Resnikoff S ......................................................................... 397 Osaki T ................................................................................... 120 Rezende MP ........................................................... 129, 414 Osaki TH ............................................................................... 120 Ribeiro RM ......................................................................... 250 Oshima A .................................................................. 129, 414 Ricardo JRS ........................................................................ 541 Melo DH .............................................................................. 467 Melo GB ............................................................................... 505 Melo Júnior LA ................................................................ 323 Melo Júnior LAS .................................................... 107, 363 Mérula RV ............................................................ 9, 155, 511 Messias A ............................................................................... 96 Messias AMV .................................................................... 474 Meyer I .................................................................................. 367 Missen MMD .................................................................... 146 Rife L ......................................................................................... 22 Miyamoto C ...................................................................... 443 Miyazaki FH ....................................................................... 250 P Monteiro MLR ............................................ 240, 409, 462 Rocha EM ...................... 116, 141, 197, 217, 487, 521 Rocha GMS ....................................................................... 459 Paccola L ............................................................................... 60 Rocha HCDR .................................................................... 244 Padovani CR ......................................... 52, 343, 358, 433 Rocha JA ............................................................................. 219 Paiva L ................................................................................... 367 Rodrigues EB .......................................................... 259, 294 Paranhos Júnior A .......................... 107, 320, 354, 497 Rodrigues MLV ................................... 60, 116, 141, 231 Morita C ....................................................................... 77, 240 Parcero CMFM ................................................................ 189 Rodrigues NHT ............................................................... 193 Motta AAL .......................................................................... 240 Parede TRR ........................................................................ 491 Rolim H ................................................................................ 367 Moura FC ............................................................................ 409 Parra AGM .......................................................................... 250 Rosenblatt MI ................................................................... 447 Mourão PC .......................................................................... 66 Passos RM .......................................................................... 315 Muccioli C ............................................................................ 16 Paula JS ........................................................... 116, 141, 508 Muller MEW ...................................................................... 414 Pereira FBA ........................................................................ 175 Müller TPS ............................................................................ 84 Pereira FJ ............................................................................... 84 Sacai PY ............................................................................... 225 Pereira JM ........................................................................... 225 Sakata LM ........................................................................... 497 Picanço BC ........................................................................ 193 Salomão SR ....................................................................... 225 Pierre Filho PTP ............................................................... 467 Samudio M ........................................................................ 125 Nahas TR ............................................................................. 469 Pignatari ACC ................................................................... 505 Sano FT ................................................................................ 254 Nakashima Y .................................................................... 288 Pinto SA ............................................................................... 539 Sano ME .............................................................................. 254 Nascimento FM .............................................................. 521 Pires EMS ............................................................................. 517 Sano RY ............................................................................... 254 Nascimento VP ............................................................... 240 Polo J .................................................................................... 454 Santhiago MR ................................................................. 491 Nehemy MB ..................................................................... 179 Pontes FSL ........................................................................... 33 Santos GIV .......................................................................... 235 Nepomucen ABV .......................................................... 521 Prata TS ................................................................................ 354 Santos MEX ....................................................................... 414 Netto JA ............................................................................... 193 Preti RC ................................................................................ 240 Santos MS .......................................................................... 428 Moraes HHA ..................................................................... 438 Moraes Júnior HV .......................................................... 487 Moreira H ......................................................... 22, 454, 517 Moreira PR ......................................................................... 548 N Nagatsuyu DT .................................................................. 141 Santos RR ............................................................................. 33 Nicoletti AGB .................................................................... 469 Nikolic L ............................................................................... 291 Nishiwaki-Dantas MC ......................................... 33, 254 S Q Santos TS ............................................................................ 438 Santos W ............................................................................. 501 Nóbrega MJ ...................................................................... 146 Quadrado AA ................................................................... 377 Saraceno JJF ....................................................................... 16 Nosé W ................................................................................. 333 Queiroz ACC ...................................................................... 179 Sato ET .................................................................................. 282 Nunes RP ............................................................................ 146 Quiroga LP ......................................................................... 125 Scheid K ............................................................................... 285 Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 567 23/12/2010, 11:41 567 Í NDICE - V . 73 - 2010 Schellini SA ............................................. 52, 343, 358, 433 Sousa LB .............................................................................. 447 Velarde GC ......................................................................... 333 Schirr G .................................................................................. 28 Sousa RLF ............................................................................. 52 Velasco e Cruz AA ..................... 84, 96, 271, 329, 508 Schor P ............................................................ 313, 320, 363 Souza EC .................................................................... 182, 462 Ventura M ................................................................ 135, 171 Schumann RF .................................................................. 47 Souza MB ............................................................................. 40 Ventura MP .................................................. 186, 497, 501 Schwab IR .......................................................................... 447 Souza MEMN ................................................................... 219 Vianna RNG ...................................................................... 338 Serracarbassa PD ................................................ 129, 414 Souza TA .............................................................................. 526 Vieira MF .............................................................................. 414 Shinsato RN ........................................................................ 60 Souza VE .............................................................................. 526 Vital Filho J .......................................................................... 33 Shiratori CA ........................................................................ 343 Souza-Dias CR ................................................................. 204 Voltarelli JC ......................................................................... 474 Silva ACL .............................................................................. 346 Silva AMTCP ...................................................................... 266 Stanley J ............................................................................... 125 Stillitano I ............................................................................ 323 W Silva FA .................................................................................. 459 Silva FTBGC .......................................................................... 40 Silva LR .................................................................................. 116 Silva NA ................................................................................ 459 Silva TAG ................................................................................ 81 Siqueira ACP ..................................................................... 428 Siqueira AL ........................................................................... 22 Wasilewski D ....................................................................... 22 T Silva FLN .............................................................................. 288 Takahashi WY ........................................ 77, 88, 240, 373 Y Taleb A .................................................................................. 534 Tamaki-Castro C .............................................................. 282 Yamamoto JH ................................................................... 40 Teixeira Júnior AL ........................................................... 548 Yamamoto MM .............................................................. 40 Temporini ER .......................................................... 300, 399 Yamazaki E ......................................................................... 323 Tolentino MJ .................................................................... 111 Young L ............................................................................... 548 Siqueira Bisneto O ......................................................... 517 Tonietto AP ........................................................................ 464 Yu MCZ ..................................................................... 315, 505 Siqueira MAV ................................................................... 454 Trindade SP ......................................................................... 84 Siqueira RC ......................................................................... 474 Z Skare T ........................................................................... 28, 250 V ZaghettoJM ........................................................................ 40 Solari HP .............................................................................. 501 Valete CO ............................................................................... 47 Zambon F .......................................................................... 288 Soriano ES .......................................................................... 517 Van den Berg A ............................................................... 244 Zin A ....................................................................................... 397 Smith R ................................................................................... 22 Editada por IPSIS GRÁFICA E EDITORA S.A. Rua Dr. Lício de Miranda, 451 CEP 04225-030 - São Paulo - SP Fone: (0xx11) 2172-0511 - Fax (0xx11) 2273-1557 Diretor-Presidente: Fernando Steven Ullmann; Diretora Comercial: Helen Suzana Perlmann; Diretora de Arte: Elza Rudolf; Editoração Eletrônica, CTP e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A. Periodicidade: Bimestral; Tiragem: 7.700 exemplares 568 Publicidade CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia São Paulo - SP - CEP 04546-004 Contato: Fabrício Lacerda Fone: (5511) 3266-4000 - Fax: (5511) 3171-0953 E-mail: [email protected] Arq Bras Oftalmol. 2010;73( 6): 555-68 indice novo 73(6).pmd 568 23/12/2010, 11:41 C M Y CM MY CY CMY K