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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O PROCESSO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
Por: Flávia Silveira da Silva
Orientador
Prof. Geni Lima
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O PROCESSO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Orientação Educacional e Pedagógica.
Por: Flávia Silveira da Silva
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que tem cuidado de
mim
com
tanto
amor,
me
deu
fé
e
esperança. Permitindo a realização de mais
uma etapa na minha vida.
A minha família pelo apoio e incentivo para o
meu crescimento profissional.
As
colegas
do
curso
pela
força
que
impulsionou na elaboração deste trabalho.
Aos professores que se dedicaram, e
contribuíram significativamente para o meu
aprendizado.
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DEDICATÓRIA
Dedico primeiramente ao meu filho Pedro
Lucas, que embora muito pequeno, tentou
entender as horas que a mamãe precisava se
dedicar ao trabalho. Sei que desde já está
aprendendo o valor do ensino na vida de uma
pessoa.
Ao meu esposo que sempre esteve ao meu
lado com muita paciência e amor.
A todos que buscam dignidade e qualidade da
educação em nosso país.
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RESUMO
Neste trabalho procurou-se enfocar a importância da família para o processo da
aprendizagem escolar, principalmente a sua influência no desenvolvimento das
crianças, podendo contribuir para o sucesso ou o fracasso ao longo de sua vida
escolar. Entendemos que a criança em desenvolvimento irá sofrer fortes influências
da família, pois é nela que se encontra o referencial de valores, crenças,
comportamentos e costumes. Podendo influenciar de maneira positiva ou negativa
neste processo da aprendizagem. Não só a família, mas a escola também precisa
entender a importância da família e buscar meios de inseri-la no cotidiano escolar de
seus filhos. O Orientador Educacional é o profissional que poderá trazer a sua
contribuição de maneira muito significativa, promovendo o envolvimento das famílias
com o aprendizado de suas crianças e desenvolvendo a parceria com a escola,
buscando a solução de problemas que possam surgir. Sendo assim, o capítulo I traz
os diferentes modelos de famílias que foram surgindo ao longo do tempo devido às
transformações sociais e econômicas da sociedade e os reflexos dessas mudanças
na escola. No capítulo II é abordado a influência da família no desenvolvimento da
criança, e como ela pode contribuir tanto para o sucesso ou como para o fracasso
escolar. O capítulo III, procura enfocar como deve ser olhar e o fazer do Orientador
Educacional diante das mudanças na família, e as ações que podem ser
desenvolvidas para envolver as famílias no processo da aprendizagem escolar de
suas crianças. Ao final desta pesquisa, a conclusão promove a análise e reflexão, de
todos que de alguma maneira estão envolvidos com o processo da aprendizagem
escolar, e na busca de uma educação de qualidade.
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METODOLOGIA
Trabalho de caráter teórico, que será desenvolvido através de pesquisa
bibliográfica, voltada para a análise de livros, revistas e artigos publicados na
internet relacionados à família e sua influência no processo da aprendizagem
escolar e a contribuição da Orientação Educacional na relação família e escola. Bem
como ações que podem ser desenvolvidas pelo Orientador, visando um melhor
envolvimento das famílias com o desenvolvimento da vida escolar de suas crianças.
Trazendo questões de suma importância para o conhecimento de estudantes e
profissionais voltados para a educação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO I – FAMÍLIA: DIFERENTES MODELOS E
10
GRANDES MUDANÇAS.
CAPÍTULO II – A FAMÍLIA E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO
17
DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
CAPÍTULO III- O ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA
27
CONTRIBUIÇÃO NA RELAÇÃO FAMÍLIA /ESCOLA.
CONCLUSÃO
36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
38
ÍNDICE
40
8
INTRODUÇÃO
Desde o início da humanidade, a família tem sido colocada como pilar
principal da sociedade, exercendo forte influência no desenvolvimento da
criança até a fase adulta. Sendo colocado sobre ela o peso de estruturar ou
desestruturar todo o processo de aprendizagem de um indivíduo.
Pois é na família que se encontra todo referencial de valores,
comportamentos, crenças e costumes. É no âmbito familiar que a criança inicia
seus primeiros estágios de aprendizagem, que mas tarde se estende à escola.
È possível perceber as mudanças ocorridas na família ao longo do
tempo, devido a diversas transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais. Assim, podemos ver o reflexo dessas mudanças na escola, que
muitas vezes se encontra perdidas, sem conseguir exercer o papel de educar
para a cidadania e preparar para o mercado de trabalho. Quando tenta assumir
o papel da família. E pais atribuindo à escola o total dever de ensinar e educar,
sem ao menos buscar participar da vida escolar de seus filhos.
Por isso, o problema dessa pesquisa se resume em como a família
influência no desenvolvimento da aprendizagem escolar, e quais os aspectos
envolvidos neste processo.
O objetivo geral desta pesquisa é enfocar a importância da família no
processo da aprendizagem escolar de crianças no primeiro seguimento do
Ensino Fundamental.
Tendo relacionados à pesquisa, os seguintes objetivos específicos:
- Destacar a influência que a família pode exercer para o sucesso
ou fracasso da vida escolar de seus filhos.
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- Demonstrar como o Orientador Educacional pode contribuir para envolver a
família na vida escolar de suas crianças. E sua atuação como mediador na
relação família e escola.
- Analisar quais os processos envolvidos na construção da aprendizagem.
A delimitação dessa pesquisa se dá através de um estudo teórico,
trazendo uma abordagem de como as famílias de hoje têm influenciado no
desenvolvimento de suas crianças no início de sua vida escolar, e como o
Orientador Educacional poderá inseri-la no cotidiano da escola.
A metodologia utilizada nesta pesquisa foi uma análise bibliográfica, e
esta será estruturada em capítulos.
Nesta pesquisa, tentaremos trazer uma contribuição para profissionais
na área de Orientação Educacional, bem como a todos envolvidos no contexto
escolar. Para uma maior conscientização da importância da família estar
envolvida com a escola e o desenvolvimento da aprendizagem, principalmente
no início da vida escolar.
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CAPÍTULO I
FAMÍLIA: DIFERENTES MODELOS E GRANDES
MUDANÇAS
A família não é algo biológico, algo natural ou dado, mas um produto de
diferentes formas históricas de organização entre os humanos que, aos poucos,
foram sendo institucionalizadas na forma de organização familiar. (PRADO, 2009)
O termo família, originado do vocábulo latino “famulus”, revela a ideologia
patriarcal e androcêntrica implícita em sua origem: “ famulus quer dizer escravo
doméstico, e família, o conjunto de escravos pertencentes a um mesmo homem.”
Com o tempo, o termo família passou a significar um grupo social cujo chefe
mantinha sob seu poder a mulher,os filhos e certos números de escravos, com
direito sobre eles. (FRANCESCHINI e PORTELLA, 2011)
As famílias foram se organizando e se modificando ao longo da história, e
hoje, apresentam diversos modelos.
1.1 - Os diferentes modelos de famílias hoje
Segundo o dicionário Aurélio (2001), a família é conceituada como grupo
de pessoas aparentadas,do mesmo sangue e origem que vivem na mesma
casa,particularmente o pai,a mãe e os filhos.Esse é o modelo de família
nuclear,constituída apenas pelo casal e seus filhos.
Desde crianças vemos esse modelo em diversos meios como, livros,
filmes, na televisão, mesmo que a vivência seja de outra maneira.
A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros
moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as
gerações.
Esse é um modelo que foi instituído desde o princípio da humanidade,
quando o homem uniu-se a uma mulher para a procriação e continuação da
espécie humana na Terra. O homem como o provedor da família e a mulher
como aquela que auxilia, cuida da casa e dos filhos.
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Segundo sociólogos e demógrafos, uma mãe com seus filhos sem a
participação de um pai, não constitui uma família, mas sim uma família natural ou
incompleta.
O modelo de família e a sua composição variam conforme o tipo de
sociedade e a época vivida.
A família não é um simples fenômeno natural. Ela é uma instituição
social variando através da História e apresentando até formas e
finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo
social que esteja sendo observado. (PRADO, 2009, p.12)
Como toda instituição social, ela apresenta aspectos positivos, pois
desenvolve a sociabilidade, o afeto e a solidariedade. Mas apresenta também, a
imposições normativas de usos e costumes, que muitas vezes geram conflitos
no âmbito familiar.
Mas com todas as mudanças sociais, históricas, culturais e econômicas
ao longo do tempo; aparecem então, diferentes modelos de famílias.
Existem famílias de pais únicos ou mono parental, trata-se de uma
variação do modelo nuclear, devido a fenômenos sociais como o divórcio, óbito,
abandono de lar ou adoção de crianças por uma só pessoa.
Há um modelo mais ampliado, trata-se da família extensa, em que existe
uma extensão das relações entre pais e filhos para avós ou outros parentes mais
próximos.
Muito além dessas duas estruturas básicas e principais, temos outros
modelos de famílias, reflexos das mudanças sociais e culturais do nosso tempo.
Como as famílias comunitárias e as famílias arco-íris, também chamadas de
famílias alternativas.
Na família comunitária, o papel dos pais é descentralizado, sendo as
crianças responsabilidade de todos os membros adultos, qualquer que seja o
grau de parentesco. Educando coletivamente essas crianças, na tentativa de
resolver diversos problemas.
E as famílias arco-íris ou famílias homossexuais são o mais atual modelo,
é aquela constituída por pessoas homossexuais e os seus filhos, que na maioria
12
dos casos foram adotados ou frutos de uniões anteriores. Ou ainda, no caso de
duas mulheres com filhos por inseminação artificial.
De acordo com Prado (2009), outra forma de família seria aquela
baseada numa união livre, em que mesmo com a presença de filhos, não há uma
legalização civil e nem formalização religiosa. Sendo muito comum nas camadas
de baixa renda, muita das vezes ligada a uma estratégia de sobrevivência.
Buscam-se também, uma maneira de poder desfazer a união a qualquer
momento que houver uma insatisfação de ambas as partes, sem precisar passar
pelas questões envolvidas num divórcio.
Podemos observar os diferentes modelos de famílias hoje, que é
resultado de adaptações e tentativas de resolver grandes mudanças ocorridas na
sociedade. Além de mudanças ocorridas devido a problemas gerados por
divórcios, óbitos, abandonos etc.
Independente de diversas mudanças e modelos, a família continua
sendo um núcleo fundamental na sociedade. É através da família que o Estado
também pode exercer o seu controle sobre os indivíduos, dependendo do
momento histórico e econômico que esta sociedade está vivendo.
Sendo que cada família terá o seu modo de vida dentro das normas
estabelecidas pelo Estado.
Uma família é não só um tecido fundamental de relações mas
também um conjunto de papéis socialmente definidos.A
organização
da
vida
familiar
depende
do
que
a
sociedade,através de seus usos e costumes,espera de um
pai,de
uma
mãe,dos
filhos,de
membros,enfim.(PRADO,2009,p.24)
todos
os
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1.2- As mudanças ocorridas na família e seus reflexos na escola
Podemos facilmente observar hoje, neste presente século, que a
família veio sofrendo grandes mudanças. Que os diferentes modelos de famílias
foram surgindo e se adaptando as próprias mudanças culturais, sociais e
econômicas da sociedade ao longo do tempo.
A família tem como função proporcionar e garantir o pleno
desenvolvimento de um indivíduo, desde o seu nascimento até a fase de sua
independência. Nesse desenvolvimento envolve dar proteção, afeto, educação,
promover a sociabilidade, zelar pela saúde e o bem estar.
Mas o que temos visto é a inversão de valores e a negligência da
família em desempenhar a sua função. Sendo a escola, o lugar que vai receber
diretamente os reflexos dessas mudanças e os problemas que ocorrem nessas
famílias.
Como afirma Prado:
Hoje, os laços entre os membros da família nuclear se enfraquecem,
porque a responsabilidade coletiva da família enquanto núcleo
através do qual se realizam projetos em comum diminui cada vez
mais. (2009, p.28)
Assim, a família acaba colocando na escola a total responsabilidade
de educar seus filhos em todos os aspectos, se ausentando de suas
responsabilidades.
A escola, como colocado na LDB (1996), tem a função de promover
a cidadania e a qualificação para o trabalho.
Portanto, a escola não pode assumir para si a função da família, pois
ela se retira das suas obrigatoriedades sociais que é a formação e qualificação
do aluno para o mundo do trabalho ou para o universo da cidadania. (
ALMEIDA,2011,p.148)
È claro que a escola também é lugar de se aprender valores, como a
solidariedade, o respeito às diferenças. Mas ela não tem a força que a família
14
tem na formação pessoal desses valores. Pois o exemplo e a orientação familiar
terão mais importância no desenvolvimento da criança.
Observamos por exemplo, famílias em que a mãe é sozinha com seus
filhos, trabalham a semana toda fora e só aparece em casa no final de semana.
Quem vai educar esses filhos? A escola?
Outro exemplo são crianças criadas por avós, sem muito contato com a
mãe ou o pai, que se ausentam das suas responsabilidades, colocando um peso
a mais para os idosos. Que muitas vezes não tem condições físicas e
emocionais para lidar com as diversas fases da infância e adolescência. Essas e
outras situações serão refletidas na escola.
Realmente ela acaba tentando de alguma maneira amenizar os
problemas gerados pela falta ou negligência dos pais dessas crianças. Que na
maioria das vezes, começam a apresentar problemas de comportamento e
aprendizagem. Portanto, a escola muitas das vezes, se encontra perdida no seu
papel de educar e formar, devido às variações que temos de famílias.
Se é negligência da escola não trabalhar com valores humanos e
deixar esta responsabilidade somente para as estruturas familiares,
também é negligência da escola assumir esta formação de valores e
deixar para outros a formação para a habilidade e a competência da
qual o aluno também precisa, tanto quanto a formação de valores
para a interação social. (ALMEIDA, 2011, p.149)
Pensando assim, podemos entender que se a escola assumir o papel
da família, por ela se apresentar desestruturada, estará abrindo mão do seu
papel de garantir condições para o desenvolvimento social e profissional na
vida de seus alunos.
A família e a escola nessa era moderna têm travado uma luta, a
família atribui à escola toda a função de educar. E a escola culpa a família
pelos problemas que surgem por negligência ou ausência no papel de educar.
Hoje, é de extrema importância que a família e a escola sejam
parceiras no ato de educar. Precisam buscar compreender que o processo de
15
educação deve ser algo partilhado, uma depende da outra para alcançar um
melhor objetivo no futuro.
De acordo com Almeida:
O Pai precisa de ajuda no sentido de educar. A mãe precisa ser
auxiliada no sentido de educar. A escola precisa ser alertada no
sentido de educar, e a sociedade precisa ser despertada no sentido
também de educar. (ALMEIDA, 2011, p.150)
A escola precisa compreender toda essas mudanças na estrutura
das famílias e procurar olhar de uma maneira, que possa entender que muitos
problemas de comportamentos e aprendizado não devem ser atribuídos
somente as famílias. Pois a escola complementa a educação que começa na
família.
Muitas vezes é mais fácil a escola, por não conseguir realizar um
diagnóstico ou um acompanhamento, responsabilizar a família. Por acreditar
que toda a base dos problemas vivenciados pelo aluno na escola e até na
sociedade, sejam reflexos de uma família com problemas.
Uma família dita como “desestruturada” nem sempre é sinônimo de aluno
problemático, assim como, um aluno pode apresentar diversos problemas e
estar inserido numa família bem estruturada socialmente e intelectualmente.
(ALMEIDA, 2011)
Assim é de grande importância repensar o papel da família e a sua
importância, e o papel que a escola está assumindo, sem muitas das vezes ter
condições sociais e até mesmo intelectuais. Deve-se pensar até que ponto sua
participação se faz necessária na interação com as famílias.
Caso esse dois elementos, Família e Escola, não assumam as
rédeas da boa educação, as portas das oportunidades irão se
fechando,transformando a falta de educação em uma grande barreira
para a ascensão social, elevando as gerações à condição de
desamparados socialmente. (CHRAIM, 2009, p.10)
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Portanto, podemos entender que a escola precisa estar preparada
para dar auxilio e apoio para os diversos tipos de famílias que se apresentam
neste presente século.
As famílias têm passado por um momento de perdas de referenciais,
convive com mudanças e transformações sociais constantes. As mudanças nos
padrões de diferenças de gerações, de responsabilidade e autoridade dos pais;
a diversificação de arranjos familiares nos leva a grandes interrogações diante
do futuro. Além de dúvidas e dilemas no que se refere à educação dos filhos na
atualidade. (PORTELLA, FRANCESCHINI, 2006)
De acordo com Chraim (2009), a degradação dessas duas bases,
Família e Escola aumentam o índice de criminalidade, insatisfação e
insegurança social.
È preciso a família e a escola refletir como melhorar a educação e a
formação de nossos filhos, para um futuro melhor na sociedade.
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CAPÍTULO II
A FAMÍLIA E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
2.1- A influência da família no desenvolvimento da criança
De acordo com Sampaio (2011), é no ambiente familiar que a
criança inicia suas primeiras aprendizagens. Quando aprende primeiro a sugar,
depois rolar,engatinhar,comer de colherinha, dizer as primeiras palavras,a
andar. Todo esse desenvolvimento é presenciado primeiramente pela família,
que precisa dar-lhe estímulos, para que a criança conquiste cada vez mais
novas habilidades.
Não importa o modelo da família e nem os elementos que a
compõem. O importante é a dinâmica de cada família, principalmente os laços
afetivos, que terão fortes influências em todo o processo de desenvolvimento
dessa criança.
Chraim diz:
È na base familiar que a criança começa a construir sua real
identidade, que será formada a partir das experiências e da forma
como aprendeu a lidar com as informações que recebe.
(...)a base familiar forma a personalidade da criança por meio da
carga genética,das características pessoais, das influências do meio
onde vive e, principalmente,da interação entre esses fatores que
norteiam seu caráter.(2009, p.26 e 27 )
A criança vai evoluindo gradativamente em todos os aspectos, físico,
emocional e intelectual. E na primeira infância, que ocorre entre 0 a 6 anos de
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idade, que ela vive um estágio de dependência de adultos muitas da vezes
responsáveis ou não, dentro de seu ambiente familiar.
É o período da inconsciência, da fantasia e do mundo do faz-deconta. Está aprendendo a conhecer o mundo ao seu redor, testando seus
limites, desenvolvendo sua atenção, trabalhando sua memória e compreensão.
Mas para que todo o desenvolvimento infantil tenha êxito, é de fundamental
importância a participação da família, de uma maneira efetiva e comprometida.
O comprometimento dos adultos proporciona às crianças, que se
apresentam nessa fase, uma educação sadia, com responsabilidade
e afeto, para que sintam seguras na sua formação. (CHRAIM, 2009,
p.39)
Como a família é a primeira sociedade que a criança tem contato, ela
precisa ser capaz de dar segurança, afeto e encorajamento. Para que essa
criança seja capaz de se desenvolver em um adulto preparado para conviver
de maneira harmoniosa dentro do universo social.
Os pais serão sempre pontos de referência para a aprendizagem da
criança.
Por isso, é importante que a família estimule o pensamento desta
criança, ajudando-a a pensar com autonomia,ouvindo seus questionamentos e
permitindo que faça suas escolhas,colocando os limites necessários.
(SAMPAIO, 2011)
Sabe-se que os primeiros estágios de aprendizagens se dão na
família e que, mas tarde se entende à escola.
Segundo Visca (1991, p.68) estas aprendizagens se dividem em
quatro estágios: primeiro o da protoaprendizagem, que é o da interação da
criança com a mãe, onde começa as relações de dependência e vínculos; o
segundo estágio é o da deuteroaprendizagem, em que o sujeito que alcançou a
protoaprendizagem, adquire maior contato com o grupo familiar e uma visão
dos objetos animados e inanimados.
Já o terceiro estágio, que ainda ocorre antes do ingresso na escola,
é chamado de aprendizagem assistemática, elaborada a partir da relação entre
o sujeito e a comunidade onde está inserido. O quarto estágio é o da
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aprendizagem sistemática, que é o da interação do sujeito com as instituições,
principalmente a escolar. Onde irá adquirir conhecimentos fundamentais para
sua formação.
De acordo com Sampaio:
Antes de entrar na escola, a criança deveria receber seus
primeiros estímulos em casa, tendo contato com livros compatíveis
com sua idade, lego e outros brinquedos de encaixe, massa de
modelar, tintas, músicas e poesias com rimas. (...) A criança deveria
estar, continuamente, neste contato com objetos que pudessem
ajudá-la no desenvolvimento de habilidades motoras, lingüísticas,
musicais, lógicas. (2011, p.74)
Quando existem estímulos e incentivos da família, a criança se
desenvolve de maneira sadia e com mais possibilidades de sucesso nas fases
posteriores a de sua infância.
A criança que cresce num ambiente repleto de estímulos e
incentivos a aprendizagem, terão chances de um bom desenvolvimento
intelectual. Ao contrário, se essa criança não é estimulada principalmente
afetiva e intelectualmente ela poderá apresentar uma série de dificuldades ou
atrasos no seu desenvolvimento ao longo do tempo.
Segundo Jean Piaget, a criança passa por vários estágios de
desenvolvimento
cognitivo,
onde
ela
atravessa
diferentes
formas
de
pensamento. Se ela não for motivada no devido período em que se encontra,
implicará em um possível atraso no seu desenvolvimento.
È de grande importância o reconhecimento dessas etapas do
desenvolvimento cognitivo, que estão classificados em: período sensório-motor
(do nascimento até os dois anos de idade),período pré-operatório(de 2 até 7 ou
8 anos),período operatório concreto(dos 7 aos 12 anos) e o período operatório
formal(a partir dos 12 anos).
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No período sensório-motor, a criança não tem consciência do eu e do
outro. Ela alterna momentos de tensão e relaxamento em busca de momentos
que lhe agradem e fugindo dos desagradáveis. Está na evolução da percepção
e da motricidade. Nesta fase é de fundamental importância o estímulo dos pais,
oferecendo objetos para que sejam manipulados pela criança, trabalhar a
coordenação motora, a fala. Para que essa criança apresente um
desenvolvimento satisfatório na fase seguinte, a do período pré-operatório.
Neste nível, a criança começa a ter a percepção da realidade em sua
volta, pois já existe uma representação ou simbolização. Mas ainda não é
capaz de acompanhar as transformações e de descentrar o pensamento. Ela já
consegue se relacionar de maneira mais direta com a família e o ambiente
externo, e muitas crianças já estão inseridos em creches ou escolas.
È de fundamental importância a interação da família com essa
criança que está na fase de aprendizagens diversas. Bem como, a sua
participação e contribuição na vida escolar.
Pois se houver uma defasagem cognitiva nesse período, essa criança
poderá ter problemas na aprendizagem. E na fase do operatório concreto,
poderá apresentar dificuldades em resolver problemas matemáticos, interpretar
textos, entender conteúdos de sua idade. (SAMPAIO, 2011, p.45)
O terceiro nível de desenvolvimento, o operatório concreto, é o
período em que a criança já apresenta a capacidade de pensar de forma mais
ordenada e reversível diante das transformações a sua volta. Deverá ter a
capacidade de resolução, assimilação e interpretação. Nesse estágio, tanto a
família como a escola precisam participar de maneira efetiva, para poder
intervir se houver um problema de aprendizagem, de maneira que possa ajudar
essa criança a melhorar o seu desenvolvimento cognitivo.
Já o último nível, que se inicia por volta dos 12 anos em diante, é uma
fase de transição da vida infantil para a adolescência. È o período operatório
formal, também chamado de hipotético-dedutivo, isto é, ele opera uma inversão
entre o real e o possível. Há uma dedução lógica e formulação de hipóteses à
medida que possam atuar concretamente sobre diferentes objetos. (SAMPAIO,
2011, p.48)
21
Nesta fase, o incentivo dos pais na busca de informações, da leitura e
escrita será de grande importância. Pois o compromisso com as atividades,
tanto na família como na escola, será um indicativo para o sucesso da vida
acadêmica.
Segundo Chraim:
Se a aprendizagem começa na base familiar onde os pais formam o
caráter, os valores, o respeito pelas leis, a hierarquia; agora, é a vida
escolar que vai complementar esse crescimento, ao informar,
transmitir conhecimentos, reforçar o sentido de cidadania, dando
reforços às responsabilidades sociais por meio da vida acadêmica.
(2009, p. 45)
Se a base familiar for bem alicerçada e consistente, a criança terá mais
chances de manter um bom desenvolvimento intelectual, como conseqüência,
sucesso nas diversas fases de sua vida escolar.
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2.2- A família e sua influência para o sucesso ou fracasso da vida
escolar
Sabemos que a vida familiar é o primeiro elo de aprendizagens
significativas na vida de um indivíduo. E que a família consiste em uma matriz
psicossocial para o desenvolvimento de seus membros.
Assim, o sucesso ou o fracasso dos inúmeros papéis que vamos
exercer ao longo de nossa história, dependerá em grande parte, de nossas
relações dentro do sistema familiar. (FRANCESCHINI e PORTELLA, 2011)
A maneira como cada indivíduo aprende é construído desde as
primeiras experiências infantis. Fernandez (1990) fala da aquisição de
aprendizagens, como as de se alimentar, a autonomia no andar, no correr e no
uso de objetos, os quais estabelecem padrões de conduta para experiências
futuras, mas que são aprendidas na fase infantil. Mas nada disso determina
como a criança aprenderá, e quais serão seus sucessos ou fracassos.
Quando a criança chega à fase escolar, onde ela começa a se
envolver e participar de novas aprendizagens, a participação da família será de
fundamental importância. Pois muitas das vezes, a escola sinaliza para família
as dificuldades da criança no processo de aprendizagem e a família nada faz.
Essa conduta acaba gerando sucessivos fracassos na sua vida escolar.
Podemos entender, que quando uma criança recebe estímulos, e seus
pais acompanham de maneira efetiva todo o processo de educação, ajudando
nas atividades, participando das reuniões e sempre se comunicando com os
professores. Essa criança terá um melhor desempenho escolar.
Já quando essa criança tem pais ausentes ou um vínculo familiar ruim,
ela também acaba apresentando uma baixa auto-estima e conseqüentemente
alguns distúrbios de aprendizagens.
Entende-se que quando a criança tem um bom vínculo familiar, ela
apresentará um bom relacionamento com seu grupo escolar.
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A influência da família é decisiva para o bom desempenho da vida
escolar das crianças.
Sampaio diz:
Observamos, pois, que a base se dá na família. É por meio dela que
o
sujeito
se
estrutura,
cria
vínculos
afetivos,
inicia
seu
desenvolvimento cognitivo e emocional. Não é na escola que o
desenvolvimento começa como pensam, erroneamente, muitos pais,
e grande parte dos problemas e conflitos entre escola e família reside
aí, quando alguns pais querem atribuir somente à escola o dever de
ensinar e educar, sem participar desta educação. (2011, p.76)
As crianças que possuem pais extremamente ausentes, geralmente
vivenciam sentimentos de insegurança, carência afetiva e desvalorização, que
poderá gerar obstáculos na aprendizagem escolar. E conseqüentemente, fracassos
(repetências e distorção idade/série) ao longo da vida escolar.
Muitas das vezes, esse fracasso é colocado diante da família, que atribui
a escola e aos professores por não se empenharem na tarefa de educar e transmitir
todo o conhecimento necessário que sua criança precisa, se ausentando da sua
responsabilidade. Muitos pais acabam sendo negligentes ou ocultando problemas
vivenciados dentro de seus lares, que não são revelados. Como agressões físicas,
pai alcoolizado ou usuário de drogas, separações e ameaças. Que trazem graves
problemas emocionais, que poderão causar sérios prejuízos no processo da
aprendizagem dessa criança.
De acordo com Visca “crianças com uma forte alteração emocional, se
produz uma involução intelectual com perdas nas estruturas cognitivas, em uma
ordem de sucessão inversa à de sua construção”. (1991, p.50)
Crianças pequenas necessitam do acompanhamento dos pais, que
devem se esforçar para acompanhar e ajudar nas atividades, demonstrar atenção é
um fator muito importante. Assim como o diálogo e a afetividade entre os pais e a
criança.
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O vínculo afetivo familiar deve ser cultivado desde a primeira infância,
colocando-se a disposição para ajudar nas tarefas escolares sempre que o filho
precisar. Se não há envolvimento e nem diálogo, não tem como conhecer a maneira
de pensar dos filhos, como eles estão aprendendo ou o que lhes incomodam.
(SAMPAIO, 2011)
Quando se pensa no sucesso escolar de muitos alunos, logo se associa a
participação eficiente da família. Que investe na educação de seus filhos, dando
apoio direto e compensando nas eventuais dificuldades. Geralmente observamos
que são famílias dotadas de recursos econômicos e culturais, apresentam níveis de
escolaridade maior.
Podendo oferecer recursos como computador ligado à internet e livros
como apoio no processo da aprendizagem escolar. Trazendo como conseqüência, a
probabilidade de uma vida acadêmica de sucesso.
Já o fracasso escolar, como a face oposta do sucesso, tem sido sempre
associado no âmbito escolar; como o resultado de famílias que apresentam baixa
renda, baixo nível de escolaridade e problemas como negligência, violência, falta de
afetividade e diálogo.
Mas também, não podemos deixar de pensar, naquelas famílias que
mesmo com toda a sua deficiência, se esforçam e tentam oferecer atenção e apoio
para suas crianças. Que poderão construir um futuro acadêmico de sucesso.
Quando se trata de sucesso ou fracasso escolar, além do fator família, há
diversas implicações envolvidas. Pois no processo da aprendizagem escolar, assim
como a interação da família é fundamental, vemos que a escola precisa exercer a
sua responsabilidade de transmitir conhecimentos necessários para uma boa
formação e assumir o papel de formar cidadãos comprometidos com a vida social.
Assim como a família, é a primeira sociedade onde a criança começa os
seus primeiros contatos com a convivência humana, a escola irá complementar ao
longo dos anos, o desenvolvimento intelectual e social. Uma grande parte de nossa
vida é vivida na escola de forma sistemática, e aprendemos a conviver e viver com
as diversas informações, com o grupo escolar e suas diversidades.
De acordo com Chraim, “se a família e a escola não amparam suas
crianças, logicamente a mãe “rua” os adotará e, conseqüentemente, as drogas
passarão a fazer parte de suas vidas com muita naturalidade. ”(2009, p. 58)
25
Então, podemos observar que muitas crianças já no início da sua vida escolar, ficam
perdidas em meio à escola e a família. Pois se a família negligência essa criança e a
escola não oferecem possibilidades para a permanência e continuidade da vida
escolar, a possibilidade ao fracasso e a marginalização social será muito maior.
Escola e família precisam ter o mesmo objetivo: fazer a criança se
desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem. Assim, é
possível conseguir uma significativa diminuição da evasão, da violência, e um
melhor rendimento escolar.
Segundo Tiba (1996, p.178) “é dentro de casa, na socialização familiar,
que um filho adquire,aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter
saúde social (...)” Um ambiente familiar de acolhimento e afeto é fundamental para o
bom desenvolvimento, para que não haja muitos problemas nas fases do
aprendizado escolar.
Mesmo aquelas famílias compostas por membros com baixo nível de
escolaridade, é possível tentar reverter à probabilidade do fracasso escolar de suas
crianças. Medidas simples como: falar sobre a importância dos estudos para a vida
profissional e pessoal, demonstrar apoio e interesse pelo cotidiano escolar, mesmo
que não tenha como ajudar nas atividades.
Entendemos que a educação familiar é um fator muito importante na
formação da criança, desenvolvendo a criatividade, a ética e a cidadania, refletindo
no processo da aprendizagem.
Conforme diz Gokhale:
(...). A educação bem sucedida da criança na família é que vai
servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento
produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a
influência
mais
poderosa
para
o
desenvolvimento
da
personalidade e do caráter das pessoas. (apud LOPES e
VIVALDO, 2007)
È necessário um envolvimento entre família e escola, para a construção
de uma educação de qualidade, criando possibilidades para o sucesso no
desenvolvimento escolar. Dentro de todos os fatores que envolvem o processo da
aprendizagem escolar, a família é e sempre será o fator de maior influência.
26
Algumas atitudes dos pais podem favorecer o sucesso de seus filhos
como:
- fale sempre bem da escola para criar em seu filho uma expectativa
positiva em relação aos estudos;
- procure saber o que ele aprendeu e como se relacionou com todos;
- conheça bem a escola, o professor e converse sobre a criança e o
desenvolvimento dela na escola;
- crie o hábito de observar os materiais escolares e sempre que possível
ajude nas lições de casa;
- quando o filho estiver com problemas, compartilhe-os com a escola sem
omitir fatos e nem julgar atitudes;
- mantenha uma relação de respeito, carinho e consideração com todos
os professores;
- reforce sempre a auto-estima e a autoconfiança de seu filho; (REVISTA
NOVA ESCOLA, JULHO 2006)
Pequenas atitudes dos pais diante de seus filhos e com a escola, podem
contribuir de maneira muito significativa para um melhor desenvolvimento da
aprendizagem.
27
CAPÍTULO III
O ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA
RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
3.1As perspectivas do Orientador Educacional diante das
mudanças na família
Diante de tantas mudanças que vieram ocorrendo nos aspectos da
família, e que continuam na própria sociedade, com transformações sócio-culturais,
econômicas e comportamentais. È de fundamental importância que o profissional da
Orientação Educacional, possa entender e ter um olhar voltado para essas
mudanças que ocorreram na família e que vão influenciar diretamente no processo
da aprendizagem escolar. Sabemos que neste processo, envolve a participação de
todos, aluno, professor, família e profissionais especialistas como o Orientador
Educacional.
Conforme declara a Lei Orgânica do Ensino Secundário (Decreto-Lei n°
4.424 de 09/04/42):
É função do Orientador Educacional, mediante a necessária
observação, cooperar, no sentido de cada aluno se encaminhe,
convenientemente, nos estudos e na escolha de sua profissão,
ministrando-lhe
esclarecimentos
e
conselhos
sempre
em
entendimento com sua família. (Art. 81)
Conforme declara o artigo acima, o Orientador Educacional precisa
trabalhar dentro de todas as atribuições de sua função, mas sempre voltado para o
entendimento com as famílias. Pois, é através da família que ele poderá encontrar
as causas de alguns problemas de aprendizagem, bem como, buscar maneiras de
contribuir através da orientação, com ações voltadas para a relação da família com o
processo da aprendizagem escolar de seus filhos.
28
O Orientador Educacional, hoje, precisa ter sua perspectiva voltada para
a realidade das diferentes famílias presentes no meio escolar e ter a sua atuação
voltada para esta realidade.
Conforme declara Prado:
É, sem dúvida, importante que o orientador educacional tenha a sua
ação orientada pela reflexão permanente do seu fazer, buscando
identificar os sinais que apontam para a necessidade de mudança. È
preciso estar preparado para o desafio do novo século, há de se
associar à reflexão uma atitude de busca constante de solução para
as questões do dia-a-dia da escola e da vida na sociedade. (2009,
p.72)
Há, portanto, a necessidade de uma nova abordagem de Orientação,
voltada para as exigências e necessidades do mundo moderno. Onde se apresenta
também, diversos modelos de famílias com seus diferentes comportamentos,
valores, crenças e costumes. “A Orientação Educacional, por certo, procurará
compreender e ajudar o aluno inserido no seu próprio contexto, com sua cultura e
seus próprios valores.” (GRINSPUN, 1998, p.14) È necessário que a Orientação
esteja voltada para a construção do aluno e não apenas para resolver possíveis
problemas que estejam ocorrendo.
Durante toda a história da Orientação Educacional, o trabalho do
Orientador era muito voltado apenas para resolver problemas de comportamentos e
aprendizagem do educando, quando o professor não dava conta de resolver. È de
fundamental importância a contribuição da Orientação para ajudar a resolver
conflitos, mas é preciso um olhar e um fazer voltado para realidade do educando,
que está inserido em outro momento histórico. (GRINSPUN, 1998)
O orientador deve procurar conhecer as diferentes realidades no contexto
familiar, e os seus reflexos no cotidiano escolar. Procurando elaborar suas ações,
para ajudar e orientar todos os envolvidos no processo da aprendizagem: aluno,
família, professor, especialistas etc.
29
Grinspun sustenta que:
É necessário que o Orientador educacional seja capaz de:
- analisar com a equipe as contradições da escola e as diferentes
relações que exerçam influência na aprendizagem;
- estruturar seu trabalho a partir da análise e da crítica da realidade
social, política e econômica do país;
- fundamentar cientificamente sua ação, buscando novas teorias a
partir de sua prática. (GRINSPUN, 1998)
È de suma importância o Orientador Educacional ampliar sua visão diante
da realidade em que se encontra a escola e todos os que estão inseridos nela direta
ou indiretamente, para poder estruturar o seu trabalho, buscando alternativas de
atuação junto aos alunos, professores, famílias e comunidade, no intuito de melhorar
o desenvolvimento da criança ou do adolescente. Principalmente analisar as
diferentes relações que influenciam diretamente o processo da aprendizagem,
dentre todas, as relações familiares.
(...) apesar dessa interferência intensiva da escola na educação das
crianças, a instituição social mais importante continua sendo a
família, razão pela qual a OE não pode tomar o lugar desta e nem se
contrapor a ela na educação dos filhos. Deve, porém, procurar
colaborar estritamente com ela. Por este motivo, uma das principais
áreas de atuação do Or.E., senão a principal, é a familiar.
(GIACAGLIA e PENTEADO, 2010, p.148)
Conforme declara Giacaglia e Penteado na citação acima, a Orientação
educacional deve ter como a sua principal área de atuação, a família. Contribuindo
de maneira efetiva na relação família e escola, se colocando como um elo entre
esses dois elementos de grande influência no desenvolvimento da vida escolar.
30
Dentro desta realidade, Prado declara que:
Diante dos desafios proposto pela pós-modernidade, caberá a nós
repensar
as inúmeras perspectivas
de ação,
do orientador
educacional, compondo um quadro que nos leve à necessidade de
traçar um novo perfil para esse profissional do ensino, voltado para
novas perspectivas de atuação, buscando trabalhar com uma
proposta embasada no real, em contraponto com a realidade
proclamada. (PRADO, 2009, p.101)
Cabe ao Orientador traçar o seu plano de ação, conforme as
necessidades atuais. Com suas perspectivas voltadas para trabalhar juntamente
com professores, alunos, famílias e a escola num todo, com objetivo de atender as
necessidades do educando, de forma global em relação aos aspectos cognitivos,
sociais e afetivos.
31
3.2 Ações do Orientador Educacional para envolver as famílias no
desenvolvimento da vida escolar de suas crianças.
Diante dos mais variados tipos de famílias com quem o Orientador
Educacional deverá interagir. E de acordo com a caracterização dos tipos de
famílias de cada escola, o O.E. deverá planejar suas ações para envolver as famílias
com a vida escolar de suas crianças, devido a necessidade e importância para um
melhor rendimento escolar, e um bom desenvolvimento da aprendizagem.
A primeira estratégia que deve ser elaborado pelo O.E. , têm como
principal finalidade, buscar um maior conhecimento dessas famílias que compõem o
meio escolar. É preciso levantar algumas informações necessárias, para conhecer
as famílias e seus diversos aspectos, até como um meio para conhecer e
compreender o aluno. Assim terá maior facilidade para se criar um canal de
comunicação entre o O.E. e a família.
Essas informações devem ser coletadas por meio de questionários, que
deverão ser respondidos pelos pais ou responsáveis, mas que terão maior eficiência
se for respondido no início do ano, no momento da matrícula ou na primeira reunião
a ser realizada, evitando que esse questionário quando levado, possa ser perdido ou
esquecido. Esse primeiro passo é fundamental para se criar uma interação e um
maior conhecimento entre a escola e a família.
Sabemos que muitos pais ou responsáveis não podem comparecer na
escola, devido a sua rotina de trabalho, mas o Orientador precisa estar atento a essa
realidade e tentar facilitar a vinda desses pais á escola, criando alternativas e
condições para que essa interação aconteça. E tentar mostrar a importância dessa
comunicação, para o desenvolvimento da aprendizagem escolar de suas crianças.
Há também o caso de pais que não querem ou não gostam de ir à escola,
pois na maior parte das vezes já foram convocados muitas vezes para tratar de
problemas de rendimento ou mau comportamento dos seus filhos, tirando do O. E. a
possibilidade de tratar de outros assuntos importantes relacionados ao cotidiano
escolar.
32
Alguns pais precisam de ações que incentivem o seu comparecimento na
escola, além dos fatos relativos apenas sobre a vida escolar do aluno. Como uma
possibilidade de incentivo, seria a realização de eventos abertos ao público, que
atrai a comunidade e os pais que estão nelas inseridos, realizando festas e
comemorações, fazendo com que a escola se torne um meio de propagar a cultura.
Diante desta possibilidade de ação do Orientador Educacional, Giacaglia
e Penteado sustentam que:
Embora a organização de festas escolares e de atividades
extraclasse não seja sua responsabilidade, ele tem nelas a
oportunidade de manter contatos com os pais e a comunidade,
facilitando assim sua atuação. Tais eventos – pelo seu caráter festivo
e de lazer- contribuem para desvincular a idéia de que a presença de
pais na escola significa reclamação sobre o aluno. (2010, p. 161)
È muito importante na relação escola-família, mostrar que a presença dos
pais na escola, não está simplesmente restrita a reclamações e punições. Mas que
essa integração ajuda a mostrar para as famílias e a comunidade que sua presença
na escola é fundamental para uma melhor comunicação, promovendo a cooperação
para o desenvolvimento da vida escolar.
Outra ação muito empregada pelo O. E. é a realização de reuniões, tanto
com alunos ou com os pais. Essas reuniões devem ser bem planejadas, pois
conforme a realidade atual, muitos pais não dispõem de tempo para participar.
Sabemos que é difícil manter contato individual com todas as famílias dos alunos. As
reuniões costumam ser um meio, mas prático e freqüente de integração da escola
com a família, devem ser bem planejadas para que haja maior eficiência e
participação.
È necessário observar alguns requisitos para se obter maior eficácia.
Destacam-se: boa organização e planejamento, periodicidade, datas, duração e
escolha de horários favoráveis à presença dos pais, pontualidade, elaboração de
pautas com a temática de interesse geral, convocação por escrito e local adequado.
(GIACAGLIA e PENTEADO, 2010)
33
Conforme a realidade de cada escola pode-se realizar essas reuniões a
cada bimestre, tendo como um dos objetivos principais tratarem sobre o rendimento
escolar de seus alunos, os resultados obtidos nas avaliações, possíveis problemas
de aprendizagem, e também ressaltar os pontos positivos, as metas alcançadas e
que se deseja alcançar para o próximo bimestre.
De acordo com Giacaglia e Penteado:
Ao se definir a melhor data para serem marcadas as reuniões
previstas, devem-se levar em conta fatores como o tipo de escola, os
hábitos da comunidade, a proximidade dos feriados e outros que
possam interferir na freqüência dos pais ou responsáveis. Assim
como há preocupação com o número de reuniões, deve haver
também com a duração delas. (2010, p.247)
È importante que o horário seja bem definido, pois muitos pais acabam
ficando impedidos de comparecer, mesmo que desejassem. Deve se evitar que
sejam muito longas e cansativas, para não desestimular os pais para as próximas
que ocorrerem.
Outra ação que pode ser empregada pelo Orientador Educacional, para
promover a participação da família com a escola, são as palestras. Um recurso que
pode ser usado na escola, direcionada a todos, como apenas para determinados
grupos, como somente para os pais ou para os alunos. Dependendo do assunto a
ser abordado.
As palestras são ótimos meios de promover a comunicação sobre
diversos assuntos e temas. Para que se alcance o objetivo, é necessário que o tema
da palestra seja de interesse do grupo destinado, tratado de forma adequada à
platéia, bem elaborado e fundamentado. E que o palestrante seja alguém com
requisito para falar do assunto de maneira que venha alcançar a platéia com
eficiência.
34
A partir das informações colhidas através dos diversos recursos e das
ações descritas, o Orientador Educacional terá a possibilidade de conhecer as
famílias, promover a integração com a escola, manter a comunicação e a
colaboração dos pais, contribuindo para um melhor desenvolvimento da vida escolar
dos alunos.
Para um melhor desenvolvimento do trabalho em Orientação Educacional,
em relação à família, Giacaglia e Penteado (2010) apresentam os seguintes
objetivos que devem fazer parte do planejamento do orientador:
- colaborar com a família no desenvolvimento e educação do aluno.
- contribuir para o processo da integração escola-família-comunidade,
atuando como elemento de ligação e comunicação entre todos.
- Desenvolver atitudes favoráveis à efetiva participação dos pais na tarefa
educativa.
- Orientar os pais ou responsáveis quanto à realização das lições de casa
e quanto à ajuda que eles podem dar, ou que não devem fazê-lo, na
realização de tais tarefas.
- Identificar possibilidades e disponibilidades de colaboração por parte dos
pais em relação à escola.
- Orientar os pais para que tenham atitudes corretas em relação aos
estudos dos filhos.
- Identificar possíveis influências do ambiente familiar que possam estar
prejudicando o desempenho do aluno na escola e atuar sobre elas.
- Realizar palestras para orientações dos pais com relação a problemas
do interesse deles na educação de seus filhos e na prevenção de
problemas freqüentes entre alunos.
35
- Promover grupos de discussão sobre esses problemas.
- Promover atividades que possam trazer as famílias dos alunos à escola.
Podemos entender que o papel do orientador educacional “na dimensão
contextualizada diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno,
trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu
desenvolvimento.” (GRINSPUN, 1998)
36
CONCLUSÃO
Como podemos observar, a família ao longo do tempo veio sofrendo
diversas mudanças, com o surgimento de diferentes modelos resultados de
transformações históricas, econômicas e sociais que ocorreram na sociedade. A
família como pilar da sociedade continua sendo referencial e influência na vida dos
sujeitos que nela estão inseridos. Ela é a base para o desenvolvimento do indivíduo
desde o nascimento, pois os primeiros estímulos e vivências iniciam-se primeiro no
meio familiar e mais tarde na escola.
Entendemos que a criança em desenvolvimento irá sofrer fortes
influências da família, que pode influenciar de maneira positiva ou negativa no
processo da aprendizagem, que também será refletido na escola, onde a criança
adquire novos conhecimentos.
A criança que cresce num ambiente familiar com estímulos, afetividade e
incentivos terão maior possibilidade de um bom desenvolvimento intelectual. Mas
quando há negligência e falta de incentivo por parte da família, ela poderá
apresentar dificuldades e problemas ao longo do processo da aprendizagem escolar.
Conclui-se que todo o processo da aprendizagem escolar, não está
restrito simplesmente à escola e como ela pode interferir. Mas envolve muito mais a
participação da família e como ela pode influenciar no desempenho escolar. O
sucesso ou o fracasso da vida escolar dependerá em grande parte, da relação
dentro do sistema familiar. Uma família que estimula e participa efetivamente da vida
escolar de seus filhos, dando auxílio sempre que possível nas tarefas,
comparecendo na escola, participando de reuniões e eventos, interagindo com a
escola, estará contribuindo para um melhor aprendizado de seus filhos, e criando
possibilidades para uma vida escolar de sucesso.
Concluímos também, que a escola precisa entender a importância da
família e buscar meios de inseri-la em seu cotidiano. Sendo de fundamental
importância o trabalho do Orientador Educacional nessa relação. Em que se faz
necessário um olhar voltado para as diversas realidades presentes no meio escolar,
quanto aos modelos de famílias, seus valores, crenças e costumes.
Como um elemento de ligação entre a escola e a família, o Orientador
precisa planejar o seu trabalho de maneira que possa integrar a família e obter a sua
37
colaboração no processo da aprendizagem de suas crianças. Tendo como objetivos,
o bem-estar, o desenvolvimento e a formação do educando.
O Orientador Educacional precisa planejar sua ação com a finalidade de
criar estratégias para uma maior comunicação com as famílias e tentar trazer os pais
à escola, fazendo com que possam participar desde o planejamento do projeto
político pedagógico até as decisões da escola.
O conhecimento da família e uma comunicação efetiva entre ela e a
escola, e a realização de um trabalho de orientação eficiente, são essenciais para o
desenvolvimento de uma vida escolar de sucesso.
Acredito que somente com pais, professores e uma equipe pedagógica
comprometida com o futuro desta geração, é que poderemos colaborar para uma
educação de qualidade, formando cidadãos comprometidos com a vida social.
38
BIBLIOGRAFIA
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aquilo que os seus pais sonharam? 3ª ed. Rio de Janeiro: Wak
editora, 2011.
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para ensinar. Rio de Janeiro: Wak editora, 2009.
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Artes Médicas, 1990)
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Orientação Educacional na prática: princípios, histórico, legislação,
técnicas e instrumentos. 6ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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Família e Aprendizagem: uma relação necessária. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Wak editora, 2011.
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14. www. Scielo.br/pdf/cp/n110/n110a06.pdf , acesso: 22/07/2012.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
02
AGRADECIMENTO
03
DEDICATÓRIA
04
RESUMO
05
METODOLOGIA
06
SUMÁRIO
07
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I
FAMÍLIA: DIFERENTES MODELOS E GRANDES MUDANÇAS
10
1.1Os diferentes modelos de famílias
10
1.2As mudanças ocorridas na família e seus reflexos na escola
13
CAPÍTULO II
A FAMÍLIA E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DA
17
APRENDIZAGEM ESCOLAR
2.1 A influência da família no desenvolvimento da criança
17
2.2 A família e sua influência para o sucesso ou fracasso
23
da vida escolar
CAPÍTULO III
O ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA CONTRIBUIÇÃO
27
NA RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
3.1As perspectivas do Orientador Educacional diante das
27
mudanças na família
3.2 Ações do Orientador Educacional para envolver as
31
famílias no desenvolvimento da vida escolar de suas crianças.
CONCLUSÃO
36
BIBLIOGRAFIA
38
ÍNDICE
40
41
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universidade candido mendes pós-graduação “lato sensu” avm