RECURSOS GENÉTICOS
E AMEAÇAS PARA
A BIODIVERSIDADE:
A CONSERVAÇÃO DE
RECURSOS GENÉTICOS
CAMPESTRES
José F. M. Valls
Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia
Ilsi I. Boldrini & Silvia T.S. Miotto
Dep. Botânica/UFRGS
C
o
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s
e
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ló
g
ic
o
Conceituação preliminar:
Definições relevantes
[ Convenção da Diversidade Biológica, 1992 ]
[ Brasil  Decreto Legislativo nº 2, de 8.II.1994 ]
DIVERSIDADE BIOLÓGICA:
Significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos
e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que
fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,
entre espécies e de ecossistemas.
Conceituação preliminar:
Definições relevantes
[ Convenção da Diversidade Biológica, 1992 ]
[ Brasil  Decreto Legislativo nº 2, de 8.II.1994 ]
RECURSOS BIOLÓGICOS:
Recursos genéticos, organismos, ou partes destes, ou qualquer outro
componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou
valor para a humanidade
RECURSOS GENÉTICOS:
“Materiais genéticos” de valor real ou potencial
MATERIAL GENÉTICO:
Todo o material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra, que
contenha “unidades funcionais da hereditariedade”
BIODIVERSIDADE
RECURSOS BIOLÓGICOS
RECURSOS
GENÉTICOS
Conceituação: Campos sulinos, Pampa etc
Circunscrição: MMA, 2002. Biodiversidade Brasileira
Todas as formações campestres
não savânicas no sul do País,
passando pelo interior do Paraná
e de Santa Catarina, em meio à
região da floresta ombrófila mista
[floresta de Araucaria] até os
campos do sul do Rio Grande do
Sul, na região conhecida como
“Campanha gaúcha”
Pampa
Embora as definições adotadas pelo MMA prevaleçam, do ponto de vista
legal, no que se refere à condução de políticas públicas, há discordância de
pensamento e desencontros na nomenclatura descritiva dos segmentos
deste bioma extremamente heterogêneo
Fonte: Pillar, Valério De Patta (Coord. Geral). Workshop Estado
atual e desafios para a conservação dos campos. UFRGS, 2006.
Heterogeneidade e continuidade dos Campos do Cone Sul
Aparentemente
homogêneos, se
comparados aos
demais biomas,
os campos são
heterogêneos,
bastante distintos
mesmo dentro de
um mesmo Estado
e freqüentemente
vinculados a áreas
adjacentes dos
países vizinhos.
Heterogeneidade e continuidade dos Campos do Cone Sul
Aparentemente
homogêneos, se
comparados aos
demais biomas,
os campos são
heterogêneos,
bastante distintos
mesmo dentro de
um mesmo Estado
e freqüentemente
vinculados a áreas
adjacentes dos
países vizinhos.
Corredor internacional, definindo a fronteira Brasil-Uruguai (Bagé, RS)
A continuidade dos Campos do Cone Sul
Arroio Chuí, na fronteira Brasil-Uruguai Chuí, RS).
De modo geral, as
fronteiras políticas
entre Estados ou
países do Cone Sul
não se caracterizam
como barreiras
fitogeográficas ou
ecológicas, no que
tange à dispersão
da vegetação dos
campos regionais
Flora del Paraguay. Gramineae. Paniceae. Acroceras - Panicum
Recursos Forrageiros Nativos do Pantanal Mato-grossense
Flora Fanerogâmica de São Paulo. Gramíneas
Hatschbach’s Paraná Grasses
Gramíneas no Paraná
Flora Ilustrada de Santa Catarina. Gramíneas
Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul: Poeae, Danthonieae, Stipeae,
Bothriochloa, Panicum. Revisões de Andropogon, Aristida, Chloris,
Digitaria, Eragrostis, Gymnopogon, Paspalum, Spartina, Sporobolus.
Gramíneas Uruguayas
Flora Ilustrada de la Província de Entre Ríos. Gramíneas
Flora Ilustrada de la Província de Buenos Aires. Gramíneas
Flora Fanerogámica Argentina. Poaceae, Paniceae
Revisões de Eriosema, Galactia, Rhynchosia, Mimosa
Revisões de Aeschynomene, Desmodium, Machaerium, Myrocarpus
Recursos Forrageiros Nativos do Pantanal Mato-grossense
Flora Fanerogâmica de São Paulo. Leguminosas (em preparo)
Flora Analítica do Paraná
Flora Ilustrada de Santa Catarina. Mimosoideae
Flora Ilustrada de Santa Catarina. Cercideae e Detarieae.
Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul. Cajaninae, Adesmia, Lupinus.
Revisões de Aeschynomene, Desmodium, Centrosema, Clitoria,
Crotalaria, Lathyrus, Lupinus, Poiretia, Vicia, Chamaecrista, Senna.
Las Leguminosas en Uruguay y regiones vecinas
Flora Ilustrada de Entre Ríos. Leguminosas
Flora de la Província de Buenos Aires. Leguminosas
Revisões de Adesmia a Zornia
Espécies ameaçadas de extinção
Situação nos Campos do Cone Sul
O número de espécies dos Campos incluídas em listas oficiais,
como ameaçadas de extinção, é relativamente pequeno.
Parte disto se deve à composição complexa da vegetação campestre,
com muitas famílias, gêneros e espécies, cujo grau de conhecimento
é variado e, às vezes, superficial. Há inúmeros exemplos de espécies
listadas, apenas a partir de sua escassa representação em herbários,
situação que, em geral, não resiste a levantamentos bem conduzidos.
Por outro lado, à exceção de algumas espécies rupícolas, as plantas
campestres tendem a formar populações de muitos indivíduos, sendo
difícil enquadrá-las em critérios rigorosos de ameaça de extinção com
base na aferição de números de indivíduos.
Entretanto, espécies como Piptochaetium palustre e Thrasyopsis juergensii
(Gramineae) necessitam ser mantidas nas listas de espécies ameaçadas de
extinção. A inclusão da primeira é baseada no insucesso de várias tentativas
de seu reencontro no local bem definido onde foi originalmente coletada. A
inclusão da segunda é fundamentada na constatação, em visitas aos locais
de ocorrência conhecida, da redução, cada vez mais intensa, do já pequeno
número de seus indivíduos sobreviventes.
Ainda mais importante que manter tais espécies em listas, é essencial tratar
de medidas efetivas e eficientes para sua conservação. A aplicação de uma
“capa de proteção” na natureza, para populações de, às vezes, menos que
uns poucos metros quadrados, é irrealista. Sua conservação paralela ex situ
deverá ser estimulada, desde que a retirada de alguns propágulos para tanto
não comprometa, evidentemente, a sobrevivência das populações a campo.
É importante lembrar que o Brasil e seus países vizinhos são
participantes da “Global Strategy for Plant Conservation”, acordo
internacional com metas estabelecidas para 2010, que não parecem
estar sendo consideradas nas políticas públicas brasileiras, em
especial no que tange às obrigações relativas à conservação ex situ.
Por ser um país megadiverso e
berço da CDB, o Brasil estará
na mira das demais nações, no
que toca ao cumprimento dos
Compromissos assumidos para
implementação da Convenção
Diante de sua heterogeneidade e ainda pela continuidade das
extensões campestres dos vários países, os Campos do Cone
Sul não podem ser tratados de forma simplista, em especial no
que se refere à leviana definição de parâmetros artificiais
voltados à regulamentação de seu uso e conservação.
A política pública brasileira de padronização de lotações
animais, para fins de constatação do grau de produtividade,
com conseqüências sociais ameaçadoras embutidas,
é um exemplo de exercício grotesco de adivinhação,
que força ao uso excessivo dos campos naturais e
despreza sua maior peculiaridade econômica:
A capacidade de produzir carne, leite e lã,
a partir de vegetais não cultivados.
Este livro procura mostrar o absurdo de um enfoque reducionista que
estabelece parâmetros fixos de ocupação para os campos do Pampa gaúcho,
sem levar em conta uma série de fatores importantes, que variam de lugar
para lugar, de ecossistema para ecossistema e de fazenda para fazenda.
......................
Apesar de ser baixa a produção sustentável de carne, quando expressa
em quilos por hectare, ela é uma produção real porque o gado transforma
em alimento humano recursos que não nos são diretamente acessíveis.
Nós humanos não comemos pasto, muito menos palha seca.
Por isso, os modernos esquemas de "produção" com animais confinados,
que mais merecem o nome de "campos de concentração" de animais,
nada produzem, apenas transformam, mas com grande perda.
Alimentar gado, galinhas e porcos com grãos é dar-lhes alimento
subtraído ao consumo humano, é agravar o problema da fome.
José Lutzemberger, 1997 - Prefácio do livro
“Índices de Lotação Pecuária para o Estado do
Rio Grande do Sul”, editado pela FARSUL
Os campos são organismos vivos, capazes de produzir o que é impossível
em outros ambientes, pela atuação eficiente de dois sistemas bacterianos:
As bactérias nitrificadoras, capazes de disponibilizar para as plantas,
em formas assimiláveis, o nitrogênio captado do ar, e as bactérias do
rúmen, que permitem a transformação de celulose em proteína.
É frente a este contexto que a transformação de mentalidades ameaça de
extinção, não apenas a cada espécie campestre, mas às próprias áreas
valiosas e irrecuperáveis dos campos naturais do Cone Sul.
O campo deixa de ser considerado, como era antes, uma
fonte de riqueza e fábrica natural de produtos nobres.
E passa à condição de mero substrato, sobre o qual é
decidida a aplicação de “soluções econômicas” aventureiras,
desprovidas de respaldo técnico e, a longo prazo, insustentáveis.
Ex: Monoculturas anuais regadas a herbicidas e fertilizantes químicos.
“Reflorestamento” de grandes extensões que nunca foram florestais.
Investimentos colossais (multinacionais) de produção de celulose.
[Deixa-se de produzir carne a partir de celulose para produzir CELULOSE!]
A incidência dos processos avassaladores de redução das áreas dos mais
distintos segmentos dos Campos do Cone Sul realça um problema ainda
mais grave que a ameaça de extinção de espécies campestres:
É a perda de segmentos expressivos da variabilidade genética dessas
espécies, camuflada pela abundância relativa de outras de suas formas,
estas quase sempre representativas de linhagens com baixa variabilidade
(em geral apomíticas, nas gramíneas), que cobrem grandes extensões sem
diversidade, estendendo ao ambiente, em paralelo, grande vulnerabilidade.
É interessante destacar que a perda significativa de variabilidade
é um dos principais argumentos dos que defendem a inclusão de
Araucaria angustifolia e de Euterpe edulis em listas de espécies
ameaçadas, apesar da visível abundância de seus indivíduos.
A mesma consciência vem crescendo entre os agrostólogos, como
resultado do aprofundamento do conhecimento regional de duas das
principais famílias componentes da vegetação dos Campos do Cone Sul:
Gramíneas (Ex: Paspalum e Axonopus)
Leguminosas (Ex: Adesmia)
O conhecimento do gênero
Paspalum no sul do Brasil:
Sem dúvida, o gênero mais importante das
gramíneas dos Campos sulinos, o estudo
do gênero Paspalum foi desencadeado e
sempre liderado por Ismar Leal Barreto
Espécies exclusivas do
Rio Grande do Sul
12
Espécies do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina
9
Espécies exclusivas de
Santa Catarina
0
Espécies do Paraná e
Santa Catarina
11
Espécies exclusivas
do Paraná
10
Espécies presentes
nos três Estados
33
Total de espécies RS
54
Total de espécies SC
53
Total de espécies PR
54
Total de espécies na
Região Sul
75
A liderança de Ismar L. Barreto, responsável técnico pelo Projeto S3-Cr-11
“Estudo do campo nativo do Rio Grande do Sul”, resultou na agregação dos
profissionais dedicados ao estudo dos Campos Sulinos e fundou linhas de
pesquisa multidisciplinares até hoje sustentadas com entusiasmo na Região
Variação em Paspalum
Paspalum notatum, a gramínea que
cobre a maior área dos Campos sulinos
Estudos
filogenéticos
no gênero
Paspalum
Colaboração
UFRGS –
CENARGEN
Linhagens de Paspalum (gr. Plicatula)
Paspalum
redondense
Variação do modo de reprodução
em Paspalum
Paspalum
dilatatum
Linhagens de Paspalum (gr. Plicatula)
Variação em Paspalum glaucescens
no sul do Brasil, a partir de acessos
mantidos em banco de germoplasma
Acessos diplóides (2n=20)
Acessos tetraplóides (2n=40)
VGoSv 11243
Castro
PR
1210
VGoSv 11247
Castro
PR
1210
VGoMiSv 11116
Balsa Nova
PR
1110
VGoSv 11323
Guarapuava
PR
1100
VGoSv 11172
Balsa Nova
PR
1080
VGoSv 11180
Balsa Nova
PR
1080
VGoSv 11442
Palmas
PR
1050
VGoSv 11194
Palmeiras
PR
1120
VBdZa 10616
Abelardo Luz
SC
900
VGoSv 11431
Abelardo Luz
SC
900
VGoSv 11432
Abelardo Luz
SC
900
VGnMrBd 10643
Santo Ângelo
RS
280
VGoSv 11560
Mandirituba
PR
900
VMrFrLw 9741
Alegrete
RS
100
VGoSv 11351
Guarapuava
PR
910
VBoPrLg 4782
Osório
RS
15
VGoSv 11475
Água Doce
SC
1270
VBdDSv 10093
Torres
RS
15
VW 12442
Água Doce
SC
1140
VNSh 4063
Bom Jesus
RS
1050
VDGo 8233
Lages
SC
920
VDGo 8235
Lages
SC
920
DFi 154
Lages
SC
910
VGoSv 11433
Abelardo Luz
SC
900
VGoSv 11533
Campos Novos
SC
880
VGoMi 10753
Lagoa Vermelha
RS
850
VMrFr 9848
Ciríaco
RS
760
VGoMi 10741
Lagoa Vermelha
RS
700
VBoPrLg 4783
Osório
RS
15
Pozzobon & Valls, Euphytica 116: 251–256, 2000.
Filogenia sugerida para Paspalum dilatatum
P. dilatatum
“Torres” IJXVLC
P. dilatatum
“Vacaria” IIJJ
P.dilatatum
“Uruguaio” IIJJXX
P. dilatatum
“Uruguaiana”
IIJJX1X2
P. dilatatum
“Comum” IIJJX
P. dilatatum
Novos híbridos!
P. dilatatum
“Flavescens” IIJJ
P. dilatatum
“Virasoro” IIJJ
Poliploidização
P. intermedium
II
IJ
P. juergensii
JJ
Citogenética molecular em espécies de Paspalum dos Campos sulinos
Colaboração Fac. Agronomia Montevidéu, Cenargen, UFPe
a
c
b
d
Biótipos de Paspalum dilatatum: a. Virasoro; b. Comum; c,d. Torres
a
b
Paspalum (grupo Dilatata):
a, b. Paspalum urvillei
c. P. dilatatum “Torres”
c
Padrões de RAPD obtidos em Paspalum
(CASA et al. Journal of Heredity, v.93, p.300-302, 2002)
1. Paspalum intermedium, 2n=20; 2. P. juergensii, 2n=20
3. P. dilatatum ssp. flavescens, 2n=40
4-8. P. dilatatum Comum, 2n=50
9. P. dilatatum Uruguaiana, 2n=60
P. dilatatum
“Uruguaiana”
2n=60
Apomítico
P. dilatatum
“Uruguaiana”
2n=50
Híbrido natural
P. dilatatum
“Virasoro”
2n=40
Sexual
Novo biótipo pentaplóide do grupo Dilatata de Paspalum,
recentemente descoberto no Rio Grande do Sul
Com prim ento da Espigueta
6
P. dilatatum
“Uruguaiana”
5
4
V14253
V14930
V14949
3
2
P. dilatatum
“Virasoro”
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 12 13
Núm ero de Nervuras
Dispersão do comprimento de espigueta e do número
de nervuras da segunda gluma em representantes de um
novo biótipo pentaplóide do grupo Dilatata de Paspalum.
Novos biótipos de Paspalum do Sul do Brasil, detectados
através da análise mitótica e comparações morfológicas
rotineiras do germoplasma resgatado
Paspalum urvillei
x P. juergensii
2n = 30 (V14370)
P. dilatatum “Virasoro” x
P. dilatatum “Uruguaiana”
2n = 50 (V14253)
Leguminosas dos Campos do Cone Sul
Adesmia,
no Brasil,
gênero
exclusivo
dos Campos
sulinos
Adesmia,
no Brasil,
gênero
exclusivo
dos
Campos
sulinos
A disponibilização de 180 acessos de germoplasma das
17 espécies brasileiras do gênero vem proporcionando
estudos multidisciplinares intensos e colaborativos
Espécies forrageiras nativas destacadas pelo projeto Plantas do Futuro
Região Sul
-------------------------------------------------------------------------------------------------------Gramíneas:
Axonopus affinis, A. jesuiticus, A. obtusifolius, Botriochloa laguroides,
Bromus catharticus, B. auleticus, Coelorachis selloana, Dichanthelium
sabulorum, Echinochloa polystachya, Hemarthria altíssima, Ischaemum
minus, Paspalum almum, P. dilatatum, P. guenoarum, P. glaucescens, P.
jesuiticum, P. lividum, P. modestum , P. nicorae (=P. lepton), P. notatum,
P. pumilum, P. regnellii, P. rhodopedum, Poa lanigera, Schizachyrium
tenerum, Stipa setigera.
Leguminosas:
Adesmia bicolor, A. latifolia, A. securigerifolia, A. tristis, Desmodium
adscendens, D. barbatum, D. incanum, D. subsericeum, Indigofera
sabulicola, Macroptilium heterophyllum, Ornithopus micranthus,
Stylosanthes leiocarpa, Trifolium polymorphum, T. riograndense, Vigna
adenantha, V. luteola.
Observações finais:
1. A conservação, in situ e ex situ, de componentes dos Campos do Cone
Sul não é favor, mas compromisso nacional, derivado da adesão à CDB
2. O foco da conservação não deve restringir-se às espécies oficialmente
incluídas em listas das ameaçadas de extinção, mas, muito além disto
deve contemplar a conservação da variabilidade genética, ainda antes
que cheguem a ser incluídas em tais listas
3. Medidas de conservação ex situ devem contemplar o potencial de
restauração de comunidades
4. A maior ênfase certamente continuará em gramíneas e leguminosas,
mas deve ser aberto espaço para outras plantas campestres. Destas
outras plantas, as primeiras ações efetivas de conservação poderão
enfatizar aspectos utilitários, como o potencial medicinal ou ornamental,
mas não podem ser esquecidas as plantas de interesse ecológico para
processos de restauração de comunidades
Observações finais:
5. O manejo de áreas dos Campos do Cone Sul a serem conservadas in situ
deve prever a continuação de seu uso por rebanhos
6. O sucesso na atividade conservacionista é extremamente dependente
do conhecimento taxonômico. Mesmo diante da tendência à inversão
da lógica científica, em que chega a ser oferecido treinamento intenso
em ecologia para candidatos com escasso conhecimento taxonômico,
a formação de taxonomistas e o favorecimento à incorporação de sua
atuação em equipes multidisciplinares precisam ser estimulados por
políticas públicas de ciência e tecnologia
7. Além da taxonomia, o conhecimento genético e do modo de reprodução
são essenciais para qualquer análise populacional, o que enfatiza a
necessidade deste embasamento científico em qualquer proposta de
conservação ou restauração de comunidades vegetais.
Observações finais:
8. A Pós-graduação regional em Ciências Biológicas e Agrárias deve
apoiar o estudo das plantas campestres, no âmbito do Cone Sul
9. As tentativas de conservação dos campos, buscando atender aos
aspectos levantados acima também dependem da criação e aplicação
de regulamentos. Todavia, leis e regulamentos não têm condições de
impedir, por si só, perdas significantes de áreas campestres, nem de
segmentos de variabilidade útil das espécies de maior interesse.
E, especificamente na situação dos variados campos do Cone Sul,
principalmente onde são compartilhados por países vizinhos, ainda
há a questão da influência da heterogeneidade dos marcos legais
dos distintos países na possibilidade de concretização de trabalhos
necessariamente cooperativos.
“Os Ministros e Secretários de Estado de Meio Ambiente dos
Estados Partes do MERCOSUL, reunidos em Curitiba, Brasil, em
29 de março de 2006, durante a I Reunião Extraordinária de
Ministros de Meio Ambiente do MERCOSUL,... LEVANDO EM
CONTA que, embora significativos avanços venham sendo
alcançados nas diferentes iniciativas empreendidas, são
requeridos esforços conjuntos entre os países para enfrentar de
maneira mais efetiva o acelerado ritmo atual de perda da
biodiversidade...” e “...CONSCIENTES DE QUE tal objetivo, para
ser alcançado, requer o fortalecimento e a coordenação das
iniciativas nacionais de conservação, mediante um conjunto de
ações que permitam sua concretização...” estabelecem, “...como
visão de futuro, promover até 2010, nos Estados Partes, avanços
significativos na implementação da Estratégia de Biodiversidade
do MERCOSUL.”
Primeiro “Objetivo específico”
“Conservar e usar sustentavelmente ecossistemas, espécies e
recursos genéticos in situ, com ações complementares ex situ e
“on farm”, valorando adequadamente os componentes da
biodiversidade.”
A busca de resultados foi planejada ao longo de uma série de
diretrizes, que impõe compromissos, destacando-se os seguintes,
pela associação mais íntima ao presente tema:
Diretriz II.1: “Os Estados Partes desenvolverão ações integradas,
para a proteção dos ecossistemas e ecorregiões..., especialmente
em áreas consideradas estratégicas e críticas para a biodiversidade
e em áreas afetadas por processos significativos de conversão de
ecossistemas naturais para outros usos, ...”
II.2: “...promoverão a conservação in situ de espécies e/ou
populações compartilhadas, com o objetivo de promover sua
conservação e utilização sustentável, bem como dos processos
ecológicos e evolutivos a elas associados”...
II.3: “...desenvolverão ações para a consolidação de iniciativas de
conservação ex situ e “on farm” de espécies e variedades, assim
como de sua variabilidade genética, com ênfase nas espécies
ameaçadas e nas espécies com potencial de uso econômico e
social.”
IV.1: “...desenvolverão esforços conjuntos e sistemas integrados de
monitoramento e avaliação do estado da biodiversidade e das
pressões antrópicas que sobre ela recaem.”
IV.4: “...incentivarão o desenvolvimento de instrumentos e o
estabelecimento de medidas conjuntas, com o intuito de promover
a recuperação de ecossistemas degradados e de componentes da
biodiversidade, particularmente os compartilhados.”
Precisamos de mais e mais leis,
ou de maior objetividade e presteza
na dedicação ao atendimento dos
compromissos assumidos?
E qual será o efeito das
mudanças climáticas?
Ao menos nos campos baixos
litorâneos, já há influência de
tempestades mais intensas.
O estudo de seus efeitos e das
manifestações cíclicas de “El
Niño” precisa ser incluído no
monitoramento das condições
de conservação dos Campos
do Cone Sul, assim como de
seus componentes biológicos.
Download

a conservação de recursos genéticos campestres