E-BOOKS DE JIU-JITSU POR GRACIEMAG
A GUARDA BORBOLETA
#2
COM FLÁVIO ALMEIDA
TEXTO DE LUCA ATALLA
FOTOS E VÍDEOS DE IVAN TRINDADE
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E-BOOKS DE JIU-JITSU POR GRACIEMAG
A GUARDA BORBOLETA
#2
COM FLÁVIO ALMEIDA
TEXTO DE LUCA ATALLA
FOTOS E VÍDEOS DE IVAN TRINDADE
POR QUE FLÁVIO ALMEIDA? Flávio Almeida desenvolveu a base do seu Jiu-­‐Jitsu na segunda me-­‐
tade dos anos 1990, na matriz da Escola Gracie Barra, na Barra da Tijuca, RJ. Naquela época, a guarda borboleta* era o estilo de guarda mais praticado na academia, cujo representante Renzo Gracie, em 1993, havia vencido Ricardo De La Riva (Carlson Gracie) com uma inovadora (na época) raspagem usando o gancho por dentro. Renzo voltaria a usar esta arma em 1995 para derrotar Alexandre Paiva (Alliance) num desaRio de lutas casadas, e chegou a usar o movi-­‐
mento na sua estreia mundial no MMA, em outubro de 1995, contra Ben Spijkers, no World Combat Championship.
Uma leva de competidores da Gracie Barra se especializou neste tipo de guarda, atletas como Nino Schembri, Alexandre Soca, Renato Mi-­‐
ragaia, Bruno Fernandes, Marcelo Rezende e o irmão de Flávio, Ri-­‐
cardo “Cachorrão” Almeida, entre muitos outros. InRluenciado pelos companheiros de treino, Flávio naturalmente aprendeu e incor-­‐
porou este tipo de guarda no seu jogo, e se tornou um dos maiores especialistas de sua geração nesta manobra.
Em fevereiro de 2013, GRACIEMAG passou a tarde de uma sexta-­‐
feira esmiuçando o estilo com o craque, e o sumo extraído compõe este E-­‐book a seguir. O objetivo é mostrar como, mesmo por baixo, você é capaz de ser agressivo e partir da defesa para o ataque.
CONCEITO Em primeiro lugar, para esta guarda ter efeito, é preciso que você IMPORTANTE: O objetivo deste
E-book é ajudar o leitor a melhorar a
sua guarda borboleta. É importante
ressaltar que ninguém deve praticar
estes movimentos sozinho e sem a
ajuda de um instrutor graduado
não esteja com as costas coladas no chão. Neste caso, seu oponente vai ser capaz de trabalhar o peso em cima de você e diRicultar todas as suas alavancas, seja a necessária para a fuga de quadril, seja a ne-­‐
cessária para, com o uso de um dos ganchos, desestabilizar a base inimiga. Além disso, quanto mais inclinadas para trás suas costas es-­‐
tiverem, maior a possibilidade do adversário conseguir colocar você de costas no chão. Procure assim Ricar mais curvado para a frente do que inclinadão para trás.
*Curtinha sobre a
História do Jiu-Jitsu:
Os golpes de Jiu-Jitsu passaram por
uma revolução de NOMECLATURA
quando o Jiu-Jitsu se expandiu internacionalmente. Provavelmente esta mudança foi benéfica, pois os nomes passaram a designar mais facilmente os
golpes e situações. Não foi diferente
com a GUARDA BORBOLETA. Nos
anos 1990, no Brasil, nós chamávamos esta guarda simplesmente de
GUARDA DE GANCHO.
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COMO CHEGAR NA POSIÇÃO
Começamos na pior situação possível para esta guarda. Ou seja, suas costas coladas no chão, e o adversário com o peso do corpo e a gravidade a favor para manter você sem mobilidade.
1. Mantenha a calma para usar a alavanca, e não a força apenas.
2. Empurre o ombro do mesmo lado da cabeça do adversário, com o braço paralelo, apenas o suRiciente para abrir um espaço.
3. Entre com a mão cruzada, em forma de faca, por baixo da cabeça, encontrando o ombro empurrado.
4. Quando as duas mãos se encontrarem, estabeleça uma moldura, de forma que o seu braço cruzado esteja agora fazendo um ângulo reto entre antebraço e bíceps, na altura do cotovelo.
5. O objetivo não é empurrar o adversário, é apenas pará-­‐lo. Você vai impedi-­‐lo de manter o peso na parte de cima do seu corpo.
6. Aplique então a fuga de quadril que esperamos que você pratique no aquecimento de todas as aulas de Jiu-­‐Jitsu de sua vida! :) Se você cumpriu bem os passos acima, está pronto para sair da defesa para o ataque. Mas quais as opções mais comuns de pegadas?
DETALHE: Opa, não vá embora ainda
para o estudo de pegadas. Volte à cena
final e repare como os dois antebraços
em ângulo reto estabelecem três lados
de um retângulo que impede o
adversário de o colocar de costas no
chão. Esta moldura ou “frame” é
poderosíssima e impossível de ser
quebrado se o adversário não buscar
um outro ângulo para jogar o peso.
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OPÇÕES DE PEGADA
1) Pegada na faixa, com o braço colado às costas do adversário
Esta é a posição mais comum e dá um leque admirável de dese-­‐
quilíbrios, porém muitas vezes o adversário se antecipa e “esgrima” a mão primeiro. Como ele tem a gravidade a favor, é possível que ele consiga o objetivo.
2) Pegada na faixa, por cima do braço adversário
Se você trabalhar apropriadamente a fuga de quadril, a cabeça e o joelho, é possível ter uma grande alavanca de desequilíbrio mesmo com o braço por cima, e possivelmente ainda mais potência para aju-­‐
dar o gancho a levantar o adversário, quando for o momento.
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3) Pegada na gola, enrolando o braço adversário
Jiu-­‐Jitsu, lembre-­‐se, também é tempo. Por mais bem executada que seja a técnica, se você se atrasa, o adversário pode neutralizá-­‐la. E é o que acontece algumas vezes quando ele consegue esgrimar sua pegada e colocar novamente suas costas no chão. Você poderia recomeçar a técnica do início, mas uma alternativa muitas vezes eRiciente é conseguir enrolar o braço inimigo e fazer pegada na gola oposta. Esta pegada lhe dará alavanca para voltar a sentar.
4) Pegada na faixa, por baixo e pela frente
Esta pegada é indicada quando em vez do adversário tentar colocar o peso sobre você, ele tenta se livrar da sua guarda, levantando-­‐se. Você então mantém ele engajado na sua guarda e continua a domi-­‐
nar o seu quadril, abrindo alternativas de desequilíbrio.
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RASPAGENS E ATAQUES
O mais valioso de qualquer situação no Jiu-­‐Jitsu é sempre o conceito. Portanto, releia tudo que foi explicado até aqui, raciocine, e pratique. E pratique de novo. E de novo. O que vem a seguir é um bônus, somente EXEMPLOS de aplicações dos conceitos anteriores. Vamos percorrer os quatro tipos de pegadas que ilustramos, e mostrar uma posição para cada, com direito a um ataque duplo e um detalhe que faz TODA a diferença neste tipo de guarda.
Ah sim, além do conceito, detalhes fazem a mágica das posições, então preste atenção em particular no detalhe do “pé morto” logo na primeira situação a seguir.
RASPAGEM TRADICIONAL
Uma vez alcançada a posição de ataque, você precisa agir. Caso con-­‐
trário, seu adversário o fará, e provavelmente ou você voltará à es-­‐
taca inicial ou, ainda pior, terá sua guarda passada. Use o gancho do mesmo lado da pegada para erguer o quadril ad-­‐
versário, traga então ele para si, e num único movimento de gan-­‐
gorra, você deitará novamente e fugirá o quadril, trocando de lugar com seu adversário (você vai para cima, ele vai para baixo). DETALHE 1: O domínio da manga oposta à pegada adversária é im-­‐
portante não só para ajudar no desequilíbrio, mas principalmente para impedir o oponente de colocar a mão no chão e diRicultar a sua movimentação.
DETALHE 2: Pare de ler por um momento, reestabeleça o foco e preste atenção. Este detalhe abaixo sozinho vale este E-­‐Book IN-­‐
TEIRO. Sério. Eu mesmo usei efetivamente a guarda de gancho por anos sem saber esta pérola revelada a seguir por Flávio Almeida:
ATTENÇÃO: Desculpe não revelar
antes, mas foi de propósito, pois o
momento adequado é agora: outro
conceito importante é que a guarda
borboleta é de ataque. Se você se
portar passivamente, ficará bastante
vulnerável a uma passagem.
No momento do desequilíbrio, quando você está girando de baixo para cima, um pé atua como gancho erguendo o adversário, e o ou-­‐
tro chamamos de “pé morto”. Bem, de morto ele não tem nada, veja só. Em vez de ele Ricar esticado, se você usar a ponta dos pés para ro-­‐
tacionar o calcanhar e apontá-­‐lo para cima, vai aumentar o impulso do seu quadril em alguns quilowatts e a extensão do movimento em algumas polegadas. Este esforço extra pode diferenciar a completa raspagem de um simples desequilíbrio posteriormente defendido. »
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DICA TÁTICA:
Bem, este não é bem um detalhe
técnico, mas tático. Repare que Flávio
fez o movimento de raspagem usando
o gancho da perna esquerda.
DETALHE 3: Não esqueça de chutar a perna do gancho quase ao Rim do movimento para garantir o espaço necessário para você fugir de vez o quadril e passar de baixo para cima.
Ora, muitas vezes você não tem
escolha e tem que aproveitar a
situação que aparece, por isso você
deve praticar os movimentos para os
dois lados. Porém, o lado esquerdo foi
escolhido propositalmente. Pelo fato
que a maioria absoluta dos que fazem
este tipo de guarda normalmente usa
como gancho o pé direito (este escriba
incluído), a chance de você
surpreender o adversário aumenta se
você se especializar no movimento
usando o pé esquerdo.
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ATAQUE DUPLO
(chave de braço e omoplata)
A) CHAVE DE BRAÇO
A pegada por cima do braço também possibilita uma enorme varie-­‐
dade de raspagens, inclusive a anterior, mas optamos por exempliRi-­‐
car a pegada com uma opção de ataque duplo.
Quando o adversário consegue a “esgrima”, isto é, a opção de ter o braço dele por baixo do seu, provavelmente ele tentará se aproximar e jogar o peso, para colocar você novamente de costas no chão.
Esta posição já começa com um detalhe muito importante.
DETALHE: Repare que o pé direito de Flávio então se apoia no quad-­‐
ril adversário. Isto impede ele de se aproximar.
CONCEITO: Uma pausa para um conceito UNIVERSAL do Jiu-Jitsu.
A MELHOR FORMA DE MANTER A PESSOA DE CIMA AFASTADA, EM
QUALQUER SITUAÇÃO, É USANDO O PÉ NO QUADRIL.
Não importa o quanto o seu oponente seja pesado, ele precisa da força
dos quadris para se aproximar de você. Se você mantiver o pé no
QUADRIL, ele não gera movimento, e portanto força. Ou seja, ele não
consegue se aproximar.
Flávio então aproveita o impulso do adversário na sua direção (em-­‐
bora travado pelo pé no quadril), e imediatamente fecha o joelho esquerdo prendendo o braço inimigo entre o seu braço e joelho. Ele então retira o gancho e apoia o pé nas costas do oponente. Está tão justo que basta ele arquear o corpo para trás para ocasionar uma hiperextensão no braço direito do passador de guarda. Muitas vezes ele desiste no susto. 1
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B) OMOPLATA
Se for um passador experiente, é possível que ele use o único espaço que lhe resta para torcer o braço e aliviar o ajuste. Neste caso, a chave de braço perde o efeito, mas outra oportunidade é criada, a chave omoplata.
Basta você passar a perna esquerda por cima do ombro e fechar um triângulo com o pé atrás do joelho da perna direita. Continue então a fugir o quadril para fora e a sentar. Apesar de não ser o objetivo deste livro cobrir os detalhes da chave omoplata, vale ressaltar que manter o quadril do adversário afastado do seu vai dar mais eRiciência ao ataque.
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RASPAGEM COM A
MÃO NA GOLA
O adversário se antecipou e colocou você de volta com as costas no chão, sua pegada por cima. Você então optou por enrolar o braço di-­‐
reito dele e segurar a gola.
Esta opção de pegada (3) te dá alavanca para sentar e escapar o quadril, e com o gancho e o detalhe do “pé morto” (lembra?) você é capaz de raspar o oponente. Mas um detalhe extra vai fazer uma dif-­‐
erença brutal na execução do movimento.
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Pare por um momento, e concentre-­‐se na dica a seguir. Esta é a se-­‐
gunda vez que digo isto, mas este detalhe sozinho também vale a lei-­‐
tura deste livro. DETALHE: O “pé morto” agora, antes do início do movimento, vai fazer um X com o esquerdo, que está sendo usado como gancho. Ele então se apoia por fora da perna do oponente. » 5
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Primeiramente, isto fecha o caminho lateral do oponente para a passagem (e para matar o seu joelho – outro escudo importante na tarefa de manter o adversário afastado). Mas além da ação de defesa, este X pode atuar para ajudar o seu ataque. COMO?
Os seus dois pés, em X, dominam a coxa inimiga. Instantes antes de iniciar o desequilíbrio, você então estica as pernas, o que afasta o adversário e o tira do prumo, aumentando a alavanca da raspagem de gancho.
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RASPAGEM SEGURANDO
PELA FRENTE
Um dos maiores desafios do fazedor de guarda borboleta é quando ele encontra um adversário que quer evitar a aproxi-­‐
mação e prefere se afastar da sua guarda e o impedir de fazer suas pegadas. Neste caso, uma das melhores opções é a pegada 4, com o braço esticado segurando a faixa pela frente.
Esta pegada abre diversas opções de ataque e controle, pois você passa a dominar o quadril inimigo. É uma pegada apro-­‐
priada para ser usada como transição da guarda borboleta para a guarda X (o que por si só daria outro livro!). Mas Flávio demonstra como a pegada pode funcionar muito bem também em raspagem bastante similar às anteriores. Repare, no entanto, que apesar do passo a passo ser similar, a pegada abre um espaço maior para Flávio girar por baixo do oponente, o que dá mais eRiciência ao movimento.
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CONCLUSÃO Mesmo quando você secciona o Jiu-­‐Jitsu em um tipo especíRico de guarda (Jiu-­‐Jitsu -­‐> Guarda -­‐> Guarda aberta -­‐> Guarda borboleta), as opções são inRinitas, só limitada pela imaginação do praticante. Portanto, nunca foi o objetivo deste livro esgotar as possibilidades da guarda borboleta. Do contrário, nossa intenção é instigar o leitor a estudar e abrir a sua cabeça para conceitos e possibilidades. A par-­‐
tir daí, a prática e a criatividade serão capazes de construir um ver-­‐
dadeiro arsenal no assunto. Outra intenção deste livro, que você recebeu gratuitamente, é apre-­‐
sentar o trabalho que GracieMag faz há quase 20 anos em prol da di-­‐
fusão do conhecimento do Jiu-­‐Jitsu. Materiais neste estilo e quali-­‐
dade são publicados mensalmente. Portanto, se você está à procura de um Manual de Instruções do Jiu-­‐Jitsu, não deixe de assinar Gracie-­‐
Mag. É a ferramenta perfeita para complementar o estudo que você faz na sua academia, rotineiramente. http://graciemagshop.com.br
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