Patrícia de Lima Martins Paschoal 1. INTRODUÇÃO • Relevância da problemática ambiental 1.1. PROBLEMÁTICA AMBIENTAL Muitos dos problemas ambientais são provocados pela ação antrópica. Estes problemas afetam a: Fauna Flora Solo Águas Ar 1.2. PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS - Poluição do ar por gases poluentes gerados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias - Poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocada por despejos de esgotos e lixo, acidentes ambientais (vazamento de petróleo), etc; - Poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos) e descarte incorreto de lixo; - Queimadas em matas e florestas como forma de ampliar áreas para pasto ou agricultura; - Desmatamento com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira; - Esgotamento do solo (perda da fertilidade para a agricultura), provocado pelo uso incorreto; - Diminuição e extinção de espécies animais, provocados pela caça predatória e destruição de ecossistemas; - Falta de água para o consumo humano, causado pelo uso irracional (desperdício), contaminação e poluição dos recursos hídricos; - Acidentes nucleares que causam contaminação do solo por centenas de anos. Podemos citar como exemplos os acidentes nucleares de Chernobyl (1986) e na Usina Nuclear de Fukushima no Japão (2011); -Aquecimento Global, causado pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa; - Diminuição da Camada de Ozônio, provocada pela emissão de determinados gases (CFC, por exemplo) no meio ambiente. — Explosão demográfica: a população da Terra aumenta progressivamente ao mesmo tempo que diminui a capacidade da terra de produzir alimentos; aumenta a desnutrição das populações, diminui a qualidade de vida, aumenta a incidência de doenças; — Deterioração urbana: à medida que a população cresce desloca-se para os centros urbanos: disto resultam graves problemas de habitação, carência de equipamentos sociais, sérios problemas sanitários e assistenciais, especialmente nas periferias e correspondente deterioração da qualidade de vida. Diante de todos os acontecimentos que a sociedade humana tem presenciado, cientistas do mundo inteiro têm afirmado que estamos em meio a uma crise – uma crise ambiental! Desse modo surge como ferramenta imprescindível para essa mudança de comportamento a Educação Ambiental para difundir os conhecimentos científicos atuais com objetivo de promover as mudanças necessárias em busca de sustentabilidade. 2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2.1. Conceito: A Educação Ambiental consiste em processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem: valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. ( Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º). No Capítulo 36 da Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como o processo que busca: “(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)” (Capítulo 36 da Agenda 21). A educação ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização e capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca desenvolver técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre: 1. a gravidade dos problemas ambientais e 2. a necessidade urgente seriamente sobre eles. de nos debruçarmos 2.2 Princípios da Educação Ambiental Considerar o ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e artificiais, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico, histórico-cultural e estético) - - Construir-se num processo contínuo e permanente, iniciando na educação infantil e continuando através de todas as fases do ensino. - Empregar o enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, para que se adquira uma perspectiva global e equilibrada. A EA utiliza subsídios da Ecologia e diferentes áreas - Salientar a complexidade dos problemas ambientais e, conseqüentemente a necessidade de desenvolver o sentido crítico e as aptidões necessárias para resolvê-los - Examinar as principais questões ambientais em escala pessoal, local, regional, nacional, internacional, de modo que os educandos, profissionais tomem conhecimento das condições ambientais de outras regiões geográficas 2.3. Características da Educação Ambiental - Dinâmico integrativo Transformador Participativo - atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, Abrangente - extrapola as atividades internas da escola Transversal permeie os conteúdos, objetivos e orientações didáticas em todas as disciplinas 2.4. Legislação x Educação Ambiental No Brasil, existe uma lei específica que trata da educação ambiental. A Lei número 9.795 de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental, instituindo a política nacional de educação ambiental 2.5 Os 5 Rs da Educação Ambiental em Ação Repensar os hábitos de consumo e descarte Pense na real necessidade da compra daquele produto, antes de comprá-lo. Depois de consumi-lo, pratique a coleta seletiva, 2. Recusar produtos que prejudicam o meio ambiente e a saúde Compre apenas produtos que não agridem o meio ambiente e a saúde. Fique atento ao prazo de validade e nas empresas que têm compromissos com a ecologia. 3. Reduzir o consumo desnecessário Esta prática significa consumir menos produtos, dando preferência aos que tenham maior durabilidade e, portanto, ofereçam menor potencial de geração de resíduos e de desperdício de água, energia e recursos naturais. Adote a prática do refil. 1. Reutilizar e recuperar ao máximo antes de descartar Utilize os dois lados do papel e monte blocos de papelrascunho. Ofereça vários tipos de oficinas de sucata. Doe objetos que possam servir a outras pessoas. Reciclar materiais O processo de reciclagem reduz a pressão sobre os recursos naturais, economiza água, energia, gera trabalho e renda para milhares de pessoas. Seja no mercado formal ou informal de trabalho. EDUCAÇÃO AMBIENTAL A Educação Ambiental passa por fortes transformações ao longo do tempo, ganhando especial importância na atualidade em virtude da necessidade da sociedade de conscientizar a população e através desse conhecimento adquirido mudar hábitos. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da vida. Desde os primórdios existe relação: homem e natureza O processo degradativo do meio ambiente tem sido proporcional a evolução humana As inter-relações entre: população x recursos naturais x desenvolvimento têm sido objeto de preocupação social e de estudos científicos. A busca do homem por uma vida melhor (processo industrial e com a era tecnológica) está lhe trazendo doenças, problemas sociais e comprometendo seu futuro na Terra, já que suas ações são altamente degradantes. A humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a água que bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir florestas e os habitats animais. Todas essas destruições colocam em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. O consumo dos recursos naturais em bases insustentáveis resulta, na degradação dos sistemas: Físico Biológico Resulta no aumento do risco à saúde pública Social ( Forattini, 1992). Diante desse quadro, fica claro que meio ambiente e saúde são temas completamente indissociáveis ECOSSISTEMA X SAÚDE / DOENÇA 1. ECOSSISTEMA Ecossistema é um sistema biológico formado pela reunião de uma comunidade de seres vivos e de uma parte não viva, que é o meio onde essa comunidade vive e de onde retira matéria e energia para sua subsistência. 2. SAÚDE/DOENÇA A palavra saúde também deve ser compreendida de forma abrangente, não se referindo somente à ausência de doenças, mas sim ao completo bem-estar físico, mental e social de um indivíduo. SAÚDE/DOENÇA O artigo 3º da Lei nº 8.080/90 ( Lei Orgânica da Saúde), dispõe que "a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. SAÚDE/DOENÇA Assim o termo "saúde" engloba uma série condições que devem estar apropriadas para o bem estar completo do ser humano, incluindo o meio ambiente equilibrado É certo que qualquer dano causado ao meio ambiente provoca prejuízos à saúde pública e vice-versa. "A existência de um é a própria condição da existência do outro", razão pela qual o ser humano deve realizar suas atividades respeitando e protegendo a natureza. Resulta no aumento Dano ao meio do risco à saúde ambiente pública 3.Influências do ecossistema x saúde/doença Eis algumas das causas que ameaçam a sobrevivência do homem e põem em perigo a sua saúde: 3.1 Poluição e contaminação do ar das grandes cidades. A poluição do ar é gerada, principalmente, por veículos movidos a combustíveis fósseis (diesel e gasolina) e pelas indústrias que não usam sistemas de tratamento e filtragem de poluentes Problemas de curto prazo (nos dias de alta concentração de poluentes): - Irritação nas mucosas do nariz e dos olhos; - Irritação na garganta (com presença de ardor e desconforto); - Problemas respiratórios com agravamento de doenças pulmonares brônquio obstrutiva ( DPOC) ( enfisema pulmonar e bronquite; Problemas de médio e longo prazo (15 a 30 anos vivendo em locais com muita poluição): - Geração de problemas pulmonares e cardiovasculares; - Desenvolvimento de cardiopatias (doenças do coração); - Diminuição da qualidade de vida; - Diminuição da expectativa de vida (em até dois anos); - Aumento das chances de desenvolver câncer, principalmente de pulmão; - A inalação de metais pesados, presentes em áreas de muita circulação de veículos, pode provocar doenças do coração, Parkinson , Mal de Alzheimer, e distúrbio de ansiedade. - Enfraquecimento do sistema imunológico, diminuindo o poder de ação do organismo em combater vírus, bactérias e outros microrganismos. De acordo com pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo feita com cinqüenta controladores de trânsito da cidade (conhecidos como "marronzinhos"), não fumantes e sem doenças prévias. A conclusão foi que: 1. todos apresentavam elevação da pressão arterial e 2. variação da freqüência cardíaca nos dias de maior poluição atmosférica. 3. 33% deles possuíam condições típicas de fumantes, 4. como redução da capacidade pulmonar e 5. inflamação freqüente dos brônquios. As doenças respiratórias tem impacto na economia e no processo de desenvolvimento, pois causam absenteísmo nas escolas e no trabalho, sobrecarregando os serviços de saúde, entre outros. 3.2 Poluição e contaminação das águas : pelos esgotos, lixos. As principais doenças transmitidas pela água são: Diarréia infecciosa Cólera Leptospirose Hepatite Esquistossomose A cólera é uma doença infecciosa que ataca o intestino dos seres humanos. A bactéria Vibrio cholerae. A leptospirose é uma doença bacteriana, que afeta humanos e animais, causada pela bactéria do gênero Leptospira. É transmitida pela água e alimentos contaminados pela urinas de animais, principalmente o rato. É uma doença muito comum depois de enchentes, pois as pessoas andam sem proteção em águas contaminadas. Hepatite : É uma inflamação no fígado que pode ser provocada por vários tipos de vírus Esquistossomose: É também chamada Xistosa, ou doença do caramujo. Ela é provocada por um verme chamado esquistossomo. 3.3 Poluição e contaminação do solo: pelos esgotos, lixos, por substâncias químicas( agrotóxicos e fertilizantes) por metais pesados, resíduos das indústrias e outras substâncias; Pesticidas, benzeno, cromo e herbicidas são produtos cancerígenos que podem levar ao desenvolvimento de câncer. Os poluentes do solo, como mercúrio aumentam a possibilidade de danos irreversíveis nos rins, danos cerebrais e nervosos. A poluição do solo está fortemente ligada à poluição da água, pois quando o solo está contaminado, os poluentes passam para a água na superfície e subterrânea, levando à contaminação da água potável e a um surto de doenças transmitidas através dela, como cólera e desinteria. 3.4 Destruição da cobertura vegetal do planeta e erosão progressiva do solo; Com a desflorestação os solos ficam desprotegidos do vento e das chuvas (erosão do solo) o que provoca o arrastamento de minerais para outros locais. - Diminuição de oxigênio aumento de dióxido de carbono. Na fotossíntese as árvores consomem CO2 e produzem O2; logo se as cortarmos estaremos a aumentar os níveis de dióxido de carbono e a diminuir o oxigênio de que tanto necessitamos para viver . O aumento de CO2 é também provocado pela queima dos combustíveis fósseis. Os incêndios são muitas vezes usados como meio de desflorestação, o que aumenta ainda mais os níveis de dióxido de carbono. Do ponto de vista ambiental, as implicações decorrentes dos eventos climáticos extremos desencadeiam numa série de reações biológicas, em que ocorrências de doenças infecciosas e parasitárias afluem desta situação. “Mudanças climáticas deixam Brasil mais exposto a surtos de dengue” (Mudanças Climáticas e Ambientais e Seus Efeitos na Saúde: Cenários e Incertezas para o Brasil, da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em conjunto com o Ministério da Saúde e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em 2008). Podemos perceber além da migração humana forçada pelas novas condições climáticas e ambientais, doenças como Dengue, Malária, típicas a zonas tropicais, tendem a migrarem para zonas temperadas, tal dinâmica é referenciada pelo aumento da temperatura média do planeta. Mais calor, mais chuva, mais dengue O ciclo dessa doença pode ser expandido no país tanto pelo aumento da temperatura em certas regiões, quanto por conta das inundações causadas por chuvas que se tornarão mais frequentes em algumas localidades. Exemplo disso são os casos de dengue registrados no Sul do país, região com pouca tradição desses surtos. Devido ao aumento da temperatura! Fatores que contribuem para o aumento dos casos de Dengue Especialistas apontam vários fatores e falhas que ajudam no crescimento dos casos de Dengue no Brasil: A falta de controle do vetor da doença. Ambiental: Aumento da temperatura Desmatamento de matas e florestas. Falta de fiscalização sanitária. e O jornal "A Folha de S. Paulo" noticiou em 2010, que as enormes quantidades de substâncias químicas encontradas no ar, na água, nos alimentos e nos produtos utilizados rotineiramente estão diretamente relacionadas com uma maior incidência de câncer, de distúrbios neurocomportamentais, de depressão e de perda de memória. Tal reportagem também divulgou dados do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, apontando que dois terços dos casos de câncer daquele país tem causas ambientais. A Educação ambiental nesse contexto aborda não só a temática ambiental, como também a da saúde e da cidadania. Por meio de suas ações pode estimular a reflexão e contribuir para a mudança de valores e atitudes. Busca, ainda, desenvolver nas pessoas o senso de responsabilidade pela:. saúde da comunidade própria saúde Capacidade de participar da vida comunitária de uma maneira construtiva A educação em saúde A educação em saúde surge como estratégia para promover: saúde prevenção primária e secundária e deve ser uma prática social centrada na problematização do cotidiano, na valorização da experiência dos indivíduos e grupos, tendo como referência a realidade na qual eles estão inseridos A educação em saúde É a soma de todas as experiências que modificam ou exercem influência nas atitudes ou condutas de um indivíduo em relação à saúde e aos processos que necessitam ser modificados. Tem como objetivo: 1. estimular as pessoas (público em foco/população) a realizar ações de promoção à saúde - seja pela adoção de hábitos de vida saudáveis, seja pela utilização de forma correta e cuidadosa dos serviços de saúde à sua disposição 1. Estimula-se a consciência na tomada de decisões, tanto individual como coletivamente, buscando melhorar suas condições de saúde e as condições do meio ambiente.