UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” REUSO DA ÁGUA POR ELAINE DE OLIVEIRA SILVA PINHEIRO ORIENTADOR: PROFº FRANCISCO CARRERA RIO DE JANEIRO Agosto – 2010 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL REUSO DA ÁGUA Apresentação de monografia Universidade Cândido Mendes à como condição prévia para conclusão do curso Pós-Graduação “Latu Sensu” em Gestão Ambiental. Por: Elaine de Oliveira Silva Pinheiro 2 OBJETIVOS Destacar a importância da reutilização da água diminuindo assim o consumo exagerado e sem responsabilidade ambiental e economia considerável. Esclarecer formas pelas quais são possíveis a reutilização da água. 3 AGRADECIMENTOS Ao corpo docente do Instituto A Vez do Mestre, ao professor orientador Francisco Carrera. Aos colegas de turma e pessoas que diretamente ou indiretamente contribuíram para confecção deste trabalho acadêmico. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia à Deus meu criador pelo Dom da vida. Ao meu esposo Livio Mamedir Pinheiro, que em todas as horas esteve ao meu lado dando-me todo suporte necessário. Aos meus pais Josafá e Maria pelo incentivo constante. 5 RESUMO A deteriorização ambiental do planeta é crescente, porém a escassez da água é um dos maiores problemas que todos terão que enfrentar brevemente. Com o reuso da água o caminho para o “sucesso” hídrico torna-se realidade sendo um passo importantíssimo. A conscientização com a economia da água deve ser divulgada de todas as formas e principalmente há necessidade em preservar os Recursos Naturais e neste caso a água e sua utilização. O reuso cotidiano da água nas residências bem como: água de lavagem de roupas podem ser reutilizadas para lavagem de canil, água de cozimento de alimentos se utiliza para fazer outros alimentos prevalecendo a qualidade nutricional, colher a água da chuva e armazenar, fechar torneiras se não estiver usando, lavar quintal quando chover, colocar baldes para colher água dos aparelhos condicionadores de ar. Atualmente a reutilização da água da chuva é uma realidade em muitos lugares bem como no Brasil e em outros países. No Brasil especificamente o Nordeste, sofre com a falta d’água. A utilização desse sistema gera uma economia do recurso natural e também financeiro. Enfim é possível reutilizar e as vantagens são muitas: economia, proteção do recurso hídrico, distribuição justa à população que não dispõe deste recurso, utilização responsável deste bem natural fundamental. 6 METODOLOGIA A presente monografia apresenta como metodologia a pesquisa bibliográfica exploratória e explicativa. Os dados utilizados para elaboração do presente estudo foram levantados através de fontes secundárias por meio da pesquisa bibliográfica. Foram a princípio coletados artigos científicos e materiais divulgados em sites pela Internet. A idéia principal partiu do interesse pelo assunto, por concluir a sua relevância. Assim foram realizadas as pesquisas com objetivo de identificar os fatores que determinam ou contribuem para a gestão do reuso da água. 7 INTRODUÇÃO A revolução industrial iniciou o crescimento econômico mundial inicialmente capitalista, o mundo após globalizado atualmente inclinando-se para a sustentabilidade. Mundialmente o consumo humano de água doce cresce assustadoramente. Muito embora o colapso do abastecimento seja uma realidade em muitos lugares, sobretudo em bairros da periferia de centros urbanos densamente povoados, ainda assim vive-se a ilusão de que a água é um recurso infinito. Tornou-se um agravante para a população mundial, a escassez deste recurso- a água. Com a demanda crescente e a constatação da poluição dos mananciais, as pessoas têm despertado preocupação de vários setores da sociedade na qual se mobiliza para tentar garantir uma relação mais harmônica entre as atividades e os recursos hídricos. A agenda 21 dedicou a importância ao reuso deste recurso com os participantes na ECO 92 realizada no Rio de Janeiro. O papel deste trabalho é abordar a reutilização da água em diversas esferas bem como a reutilização da água de chuva despertando o interesse para uma conscientização ecológica. 8 SUMÁRIO Introdução................................................................8 Capítulo I :Legislação.............................................10 1.1 Considerações Gerais..............................13 1.2 A Humaniadade .......................................14 Capítulo II : A Água..................................................15 2.1 A Água no Brasil.......................................16 2.2 A Água no Mundo....................................17 2.3 Ciclo da Água..........................................18 Capítulo III :Disponibilidade e Distribuição........20 3.1 Quantidade Comprometida.....................20 3.2 Alternativas................................................21 Capítulo IV : Reuso da Água da Chuva ..............22 4.1 Aproveitamento de Chuvas......................23 4.2 Tipos de reuso............................................24 4.3 Reuso Direto e Indireto.............................24 4.4 Aplicação da Água Reciclada...................25 4.5 Aproveitamento da Água da Chuva.........26 Conclusão.............................................................29 Bibliogáfia.............................................................30 9 CAPÍTULO I LEGISLAÇÃO De acordo com a Constituição Federal Capítulo VI Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Política Nacional de Recursos Hídricos Capítulo I Art.Iº A Política nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: A água é um bem de domínio público. A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. A gestão de recursos hídricos devem sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A gestão dos Recursos Hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Capítulo II Art 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 10 Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões. Art.1º 2º do Cap.I do Código de Águas. As águas públicas podem ser de us comum ou domiciliais. São água públicas de uso comum: • Os mares territoriais. Nos mesmos incluídos os golfos, baías, enseadas e portos. • As correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis. • As correntes de que se façam estas águas. • As fontes e reservatórios públicos. • As nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o put fluminis. • Os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade. Verificou-se, por intermédio dos Planos Diretores de Recursos Hídricos de bacias hidrográficas - em levantamento realizado a fim de se conhecer mais profundamente a realidade nas diversas bacias hidrográficas brasileiras, que há a identificação de problemas relativamente a questão de saneamento básico. Entretanto, não se consegue identificar atividades de reuso de água utilizado efluentes pós-tratado, isso deve-se ao fato, talvez, do ainda relativo desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem sócio-cultural. A primeira regulamentação que tratou de reuso de água no Brasil foi a norma técnica NBR – 13.696, de Setembro de 1997. Na norma o reuso é abordado como uma opção a determinação de esgoto de origem essencialmente doméstica ou com características similares. O artigo terceiro de Resolução nº 54 de 28 de Novembro de 2005, estabelece as modalidades de reuso de água: 11 I – reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso fins de irrigação, paisagística, lavagem de logradouros de públicos e veículos, desobstrução de tubulações, a incêndio dentro da área urbana. II – reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para a produção agrícola e cultivo de florestas plantadas. III – reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de projetos de recuperação do meio ambiente. IV – reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos, atividades e operações industriais e V – reuso na aqüicultura: utilização de água de reuso para a criação de animais a cultivo de vegetais aquáticos. Tornar flexível os suprimentos que existem para outros fins, atenção ao crescimento da população, economia urgente do recurso natural, atuar de maneira sistêmica na demanda e oferta de água. Implantação de indústria com conservação e prevenção do meio ambiente, são valiosas e incisivas de racionalização do usa da água. Mecanismos de cobrança da água, considerando as diferenças entre as diversas atividades econômicas bem como níveis sociais mas permitindo que todos os cidadãos participem na política estabelecida. Estabelecendo aspectos jurídicos do lançamento inadequado nos corpos d’água com excessivo teor poluidor, bem como estabelecer princípios de poluidor e usuário- pagador.TRAME,(2000). Segundo Garrido,(2000) cobrar pelo uso da água é uma ferramenta muito eficiente, a qual induz o usuário a utilizar este insumo de maneira racional. Outro aspecto fundamental e que deve ser utilizado junto a cobrança pelo uso da água e a outorga de direito pelo uso de recursos hídricos. Como diz KELMAN,(1997), A Lei 9433/97. Baseia-se na doutrina Ribeirinha ou seja, a água não pode ser privadamente apropriada bem como o 12 ar, a vida selvagem entre outros. Assim cria alguns Mecanismos para que possa moderar eventuais contradições entre os diferentes usuários de uma mesma Bacia. O mesmo autor a outorga de direito garante ao usuário o poder outorgante. O Governo Federal ou Estados. Sobre a concessão do pedido, o poder outorgante vai avaliar a disponibilidade quantitativa e também qualitativa em detrimentos aos demais usos da região, antes da aprovação do pedido. A outorga possui validade conforme citada na Lei Federal 9433/97 1.1 Considerações Gerais A água é limitada ao contrário do que muita gente pensa. Aparentemente seja barata e abundante. Atualmente, o sistemas de gerenciamento de água, mostra que uma em cada cinco pessoas no planeta não dispõe de acesso adequado a uma água limpa, potável e segura. Embora muitos acham que podem usá-la sem responsabilidade, a consciência desta natureza está mudando. Desde os lugares onde cai a chuva até a composição química dos oceanos, tudo está em fase de mudança. E essas mudanças estão nos forçando a fazer algumas perguntas difíceis sobre como e onde nós vivemos e trabalhamos. Desde criança todos nos lembramos das lições recebidas na escola: a água dos oceanos evapora e forma as nuvens. Essas nuvens deslocam-se sobre os continentes e produzem a chuva. A água da chuva corre para os lagos, rios ou para os aquíferos. A água dos lagos, rios e aquíferos então evapora e volta para a atmosfera ou flui para os oceanos, completando o ciclo.O ciclo da água. 13 1.2 Mas a humanidade atrapalhou esses planos. Ocorre que toda vez que interagimos com a água, nós a transformamos, mudamos sua direção ou alteramos o seu estado. Muito embora ela seja em si um recurso mundial, nós a tratamos como se fosse um assunto regional. Não há um mercado global para ela, e há pouca comercialização internacional. “Água diz respeito a quantidade, qualidade, espaço e tempo”, diz Ian Cluckie, professor de Hidrologia e Gerenciamento da Água na Universidade de Bristol, Inglaterra. “Se você tem ou não um grande problema, isso é coisa que depende inteiramente de onde você vive.” Entretanto, junto com a inovação, vem a inspiração. Utilizando avanços tecnológicos – redes de sensores sofisticados, medidores inteligentes, computação pesada e análise de dados avançada – nós podemos ser mais inteligentes sobre como gerenciamos a água de nosso planeta. Atualmente podemos monitorar, medir e analisar ecossistemas inteiros, desde rios e reservatórios até as bombas e canos em nossas casas. Podemos dar a toda e qualquer pessoa, organização, empresa, comunidade e nação que dependa de um suprimento contínuo de água limpa – ou seja, todos nós – uma visão única, confiável e atualizada do uso que fazem de sua água. Mas esta é apenas uma primeira gota. Só nos Estados Unidos, existem cerca de 53 mil agências que tratam do tema água. Mas não há coordenação entre essas agências, apesar do fato de que todas elas estão administrando um recurso compartilhado. Não há compartilhamento de dados, o que seria necessário para formar uma visão holística de toda uma bacia hidrográfica ou ecossistema de água. Por meio de uma combinação de tecnologia de coleta de informações e ferramentas analíticas, o gerenciamento global da água pode ser totalmente reformado ou, na verdade, recriado. Os esforços da IBM nessa área têm por objetivo preservar e proteger os recursos de água doce para beber, tomar banho, produzir energia elétrica e alimentos, fabricar equipamentos industriais e irrigar as plantações. 14 CAPÍTULO II A ÁGUA Sendo a água é um elemento composto por dois átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O), formando a molécula de H2O. Considerada uma das substâncias mais abundantes em nosso planeta e os estados físicos que a água pode ser encontrada são: sólido (geleiras), líquido (oceanos e rios), e gasoso (vapor d’água na atmosfera). A superfície terrestre encontra-se coberta por água, aproximadamente uns 70%. Muito embora, menos de 3% deste volume total é de água doce, sendo que a maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves das montanhas), restando uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas. Distribui-se da seguinte maneira no planeta Terra: - 97,5% da disponibilidade da água do mundo estão nos oceanos, ou seja, água salgada. - 2,5% de água doce e está distribuída da seguinte forma: - 29,7% aquíferos; - 68,9% calotas polares; - 0,5% rios e lagos; - 0,9% outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.). Foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, o Dia Mundial da Água, sendo comemorado no dia 22 de março. Toda espécie humana necessita da água para a sobrevivência, pois é totalmente fundamental. Foi comprovado que aproximadamente 80% de nosso organismo é composto por água. Muitos pesquisadores estão de acordo que a ingestão de água tratada é um dos mais importantes fatores para a conservação da saúde, além disso também é considerada o solvente universal, pois auxilia na prevenção das doenças (cálculo renal, infecção de 15 urina, etc.) e seguramente age na proteção do organismo contra o envelhecimento(RODRIGUES,1990). Infelizmente, está havendo um grande desperdício desse recurso natural, além de seu uso ser destinado principalmente para as atividades econômicas. Atualmente, 69% da água potável é destinada para a agricultura, 22% para as indústrias e apenas 9% usado para o consumo humano, na qual se percebe claramente que o uso tem sido em muitos casos com irresponsabilidade. Há várias preocupações, bem como a poluição hídrica se tornou outro fator agravante, os rios continuam poluídos por esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos hospitalares, agrotóxicos, entre outros elementos que alteram as propriedades físico-químicas da água. 2.1 Água no Brasil Aqui no Brasil existe um encantamento pois, se percebe em todo lado a exuberância e variedade na natureza.O Brasil é um país privilegiado com relação à disponibilidade de água, detém 53% do manancial de água doce disponível na América do Sul e possui o maior rio do planeta (rio Amazonas). Os climas equatorial, tropical e subtropical que atuam sobre o território, proporcionam elevados índices pluviométricos. No entanto, mesmo com grande disponibilidade de recursos hídricos, o país sofre com a escassez de água potável em alguns lugares, a escassez é tão acentuada que o sofrimento de brasileiros já virou notícias em vários países. A água doce disponível em território brasileiro está irregularmente distribuída: aproximadamente, 72% dos mananciais estão presentes na região amazônica, restando 27% na região Centro-Sul e apenas 1% na região Nordeste do país (LINHARES,1999). Ocorre outro fator agravante que é a ausência de saneamento básico nas residências da população brasileira. Pesquisa provaram que atualmente, 55% da população não tem água tratada nem saneamento básico. Políticas públicas devem ser desenvolvidas para reverter esse quadro. Pesquisas indicam que para cada R$ 1,00 investido em saneamento, o governo deixa de gastar R$ 5,00 em serviços de saúde, ou seja, são investimentos que 16 proporcionam qualidade de vida para a população e economia aos cofres públicos em curto prazo. Algumas maneiras de diminuir o desperdício de água: - Acabar com o pinga-pinga da torneira. Uma torneira gotejando, gasta, em média, 46 litros de água por dia; - Reduzir o consumo doméstico de água potável; - Não contaminar os cursos d’água; - Agir como consumidores conscientes e exigir que as empresas produzam detergentes e produtos de limpeza que diminuam a poluição do meio ambiente (biodegradáveis); - Aproveitar as águas da chuva, armazenado-as de maneira correta; - Fechar a torneira enquanto escova os dentes; - Evitar o desperdício, cuidando dos vazamentos de água, e não lavar as calçadas utilizando água potável; - Ao tomar banho, devemos desligar o chuveiro ao ensaboar, pois uma ducha chega a gastar mais de 16 litros de água por minuto. São pequenas todas essas mudanças de hábitos, no entanto, geram grandes diferenças. Todos devem fazer a sua parte, contribuindo para a preservação do bem mais valioso da Terra. 2.2 A água no mundo A quantidade de água doce no mundo estocada em rios e lagos, pronta para o consumo, é suficiente para atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do Planeta precisa. Porém apesar de parecer abundante, esse recurso é escasso: representa apenas 0,3% do total de água no Planeta. O restante dos 2,5% de água doce está nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas 17 calotas polares, geleiras, neve permanente e outros reservatórios, como pântanos, por exemplo (LINHARES,1997). Entretanto, se em termos globais a água doce é suficiente para “todos”, sua distribuição é irregular no território. Os grandes fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países desenvolvidos (LINHARES,1997). De fato o cenário de escassez se deve não apenas e tão somente à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Pois atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública (LINHARES,1997). 2.3 Ciclo da água O desenvolvimento do ciclo da água, também conhecido como ciclo hidrológico, consiste no processo dinâmico de diferentes estágios da água. Para melhor compreensão deste ciclo podemos iniciar sua explicação através da evaporação da água dos oceanos. O vapor resultante das águas oceânicas é transportado pelo movimento das massas de ar. Sob determinadas condições, o vapor é condensado, formando as nuvens, que por sua vez podem resultar em precipitação. A precipitação pode ocorrer em forma de chuva, neve ou granizo. A maior parte fica temporariamente retida no solo, próxima de onde caiu, e finalmente retorna à atmosfera por evaporação e transpiração das plantas. Uma parte da água resultante, escoa sobre a superfície do solo ou através do solo para os rios, enquanto que a outra parte infiltra profundamente no solo e vai abastecer o lençol freático. Estudiosos prevêem que em breve a água será causa principal de conflitos entre nações. Há sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Mas 18 também os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, vêem algumas de suas cidades sofrerem falta de água. A distribuição desigual é causa maior de problemas. Entre os países, o Brasil é privilegiado com 12% da água doce superficial no mundo (LINHARES,1997). Outro foco de dificuldades é a distância entre fontes e centros consumidores. É o caso da Califórnia (EUA), que depende para abastecimento até de neve derretida no distante Colorado. E também é o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento (de 3,9% para 7,2%) e o desperdício ainda assusta: 45% de toda a água ofertada pelos sistemas públicos. 19 CAPÍTULO III DISPONIBILIDADE E DISTRIBUIÇÃO Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País. O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água.(BLUM,2007) Mesmo na área de incidência do Semi-Árido (10% do território brasileiro; quase metade dos estados do Nordeste), não existe uma região homogênea. Há diversos pontos onde a água é permanente, indicando que existem opções para solucionar problemas socioambientais atribuídos à seca.(BLUM,2007) 3.1 Qualidade comprometida A água limpa está cada vez mais rara na Zona Costeira e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada: com desperdício - que chega entre 50% e 70% nas cidades -, e sem muitos cuidados com a qualidade. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de recurso natural renovável (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são 20 incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água. Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição: as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado. O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado. 3.2 Alternativas Após a Rio-92, especialistas observaram que as diretrizes e propostas para a preservação da água não avançaram muito e redigiram a Carta das águas doces no Brasil. Entre os tópicos abordados, ressaltam a importância de reverter o quadro de poluição, planejar o uso de forma sustentável com base na Agenda 21 e investir na capacitação técnica em recursos hídricos, saneamento e meio ambiente, além de viabilizar tecnologias apropriadas para as particularidades de cada região. A água disponível no território brasileiro é suficiente para as necessidades do País, apesar da degradação. Seria necessário, então, mais consciência por parte da população no uso da água e, por parte do governo, um maior cuidado com a questão do saneamento e abastecimento. Por exemplo, 90% das atividades modernas poderiam ser realizadas com água de reuso. Além de diminuir a pressão sobre a demanda, o custo dessa água é pelo menos 50% menor do que o preço da água fornecida pelas companhias 21 de saneamento, porque não precisa passar por tratamento. Apesar de não ser própria para consumo humano, poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de condomínios. Além disso, as novas construções – casas, prédios, complexos industriais – poderiam incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano (LINHARES,1997). O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública. 22 CAPÍTULO IV REUSO DA ÁGUA DA CHUVA A diminuição da água disponível, nos próximos anos, vai exigir que os condomínios, shopping centers e outros estabelecimentos adotem novos sistemas para otimizar o uso. Confira abaixo explicações sobre os dois sistemas que possivelmente serão os mais utilizados. Tratar águas provenientes de lavadores de veículos, peças, motores, etc... Este tratamento, além de ajudar a preservar o meio ambiente, poderá reduzir em até 90% os custos com águas. OBS: A água de reuso é ideal para os mesmos fins, ou seja, lavagem de carros, peças, motores, pisos, jardinagem e fins que não seja consumo humano e animal. 4.1 Aproveitamento de chuvas A reutilização ou o reuso de água ou o uso de águas residuárias não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há muitos anos. Existem relatos de sua prática na Grécia Antiga, com a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação. No entanto, a demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um tema atual e de grande importância. Neste sentido, deve-se considerar o reuso de água como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água. Dentro dessa ótica, os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros. Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e acrescenta uma dimensão econômica ao 23 planejamento dos recursos hídricos. O reuso reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à substituição da água potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática, atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada em alguns países é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal substituição é possível em função da qualidade requerida para um uso específico. Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de potabilidade. 4.2 Tipos de Reuso A reutilização de água pode ser direta ou indireta, decorrentes de ações Planejadas ou não: Reuso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração). 4.3 Reuso direto e indireto planejado da água Indireto: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico. O reuso indireto planejado da água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estará sujeito apenas a misturas com outros efluentes que também atendam ao requisito de qualidade do reuso objetivado. 24 Reuso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação. 4.4 Aplicações da Água Reciclada Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais. Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas. Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento. Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo. Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc. Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, Usos diversos: terras alagadas, aqüicultura, indústrias construções, controle de de pesca. poeira, dessedentação de animais. 25 4.5 Aproveitamento de Águas de Chuva As águas de chuva são encaradas pela legislação brasileira hoje como esgoto, pois ela usualmente vai dos telhados, e dos pisos para as bocas de lobo aonde, como "solvente universal", vai carreando todo tipo de impurezas, dissolvidas, suspensas, ou Simplesmente arrastadas mecanicamente, para um córrego que vai acabar dando num rio que por sua vez vai acabar suprindo uma captação para Tratamento de Água Potável. Claro que essa água sofreu um processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso hídrico, nem sempre suficiente para realmente depurá-la. Uma pesquisa da Universidade da Malásia deixou claro que após o início da chuva, somente as primeiras águas carreiam ácidos, microorganismos, e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente pouco tempo após a mesma já adquire características de água destilada, que pode ser coletada em reservatórios fechados. Para uso humano, inclusive para como água potável, deve sofrer evidentemente filtração e cloração, o que pode ser feito com equipamento barato e simplíssimo, tipo Clorador Embrapa ou Clorador tipo Venturi automático. Em resumo, a água de chuva sofre uma destilação natural muito eficiente e gratuita. Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico da água de chuva para beber. Já para Indústrias, onde a água é bem mais cara, é usualmente viável sim esse uso. O Semi árido Nordestino tem projetos onde a competência e persistência combatem o usual imobilismo do ser humano, com a construção de cisternas para água de beber para seus habitantes. - O que é: Coleta e armazenamento de água de chuva, para uso em lavagens de pisos e irrigação do jardim. 26 - Como funciona: • A água de chuva, coletada pelas calhas no telhado do prédio, é armazenada em uma cisterna no térreo ou subsolo. • Pode-se instalar um equipamento para filtrar esta água, se for necessário. • Instala-se um sistema de recalque (bomba d'água + encanamento), para enviar a água para as torneiras do térreo e subsolo. - Cuidados a tomar: • O telhado concentra grandes impurezas, principalmente quando há um longo período de escassez de chuva. Como opção, pode-se instalar um sistema de filtragem mecânica no reservatório. • O reservatório também pode ser um risco para a saúde dos moradores e funcionários, caso não adote uma manutenção periódica de limpeza e conservação. • A construção de um reservatório para a captação da água da chuva necessita de um sistema de recalque, deve ter um projeto de engenharia para que não desperte riscos de saúde e acidentes. - Além de gerar economia de água, o sistema também contribui para diminuir o problema das enchentes. - Na Europa, o sistema já é bastante usado em construções novas. - No Brasil, um caso de destaque é o do Shopping Aricanduva, em São Paulo (SP). A construção tem 62 mil m2 de telhado, e em uma chuva forte chega a captar 7 mil m3 de água. - Também já existem postos de gasolina e escolas adotando o aproveitamento da água das chuvas, para lavagem de carros e para descarga nos banheiros. - Em Florianópolis (SC) e São Paulo (SP), já há projetos de lei para tornar obrigatório o aproveitamento das águas de chuva em edifícios. 27 - Custo para o condomínio: cerca de R$ 6.000,00, incluindo equipamento e tanque de 3 mil litros. Não inclui instalação. - Empresas que implementam o sistema: 28 CONCLUSÃO Através de consultas bibliográficas e de sites específicos conclui-se que este assunto é extenso e o verdadeiro valor não se é dado. A população começa a se despertar para a importância de consumo racional e consciente porém percebe-se que nas grandes metrópoles ainda não há preocupação como deviam com os gastos excessivos deste recurso hídrico natural, ao ponto de ser uma questão cultural. Existem Leis que protegem este recurso hídrico. O recurso hídrico é finito, exatamente por esta razão, devemos preservar. Preservar bacias, preservar aqüíferos, preservar rios, lagos, lagoas, enfim preservar o Meio Ambiente. Existe a necessidade urgente de cada cidadão desenvolver uma consciência ecológica e com novos hábitos motivar outras pessoas para fazer o mesmo. 29 BIBLIOGRAFIAS Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – Resolução nº. 357, de 2005. BLUM, José Roberto Coppini, Reuso da Água. Editores Pedro Caetano Sanches Mancuso, Hilton Felício dos Santos – Barueri, S.P: Manole, 2007 Coletânea de Legislação Ambiental, Mini Códigos - Editora: Revista dos Tribunais de 2010 LINHARES, José – Biologia – Editora Guanabara,S.P - 1997. Artigos Eletrônicos Reuso de Água, extraído de WWW.ana,gov.br acessado em 24/4/2010 às 3:30h. Ambiente Brasil, extraído de WWW.ambiente.ambientebrasil.com.br acessado em 27/4/2010 às 10:00h. Reuso de Águas Residenciais, extraído de WWW.casaautonoma.com.br acessado em 13/5/2010 às 19:00h. 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