A GESTÃO INTEGRADA EM UM CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO César Augusto Fernandes de Souza São Paulo (SP) – Brasil, e-mail: [email protected] Prof. César Augusto Fernandes de Souza Mestre em Educação Física, Pós-Graduado em Administração Esportiva, Especialista em Administração de Centros de Lazer e Graduado em Educação Física. Experiência na área de gestão de clubes esportivos. Atualmente é Docente no Ensino Universitário e Coordena um Núcleo de Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de São Paulo (São Paulo – Brasil) Resumen: A cidade de São Paulo tem uma área física de 1.525 Km², demonstrando uma completa ausência de planejamento quanto ao seu crescimento, seja do ponto de vista urbanístico ou de preservação ambiental e tal desorganização associada a uma população média de 10,5 milhões de habitantes, resultou na criação de inúmeros bolsões de miséria e exclusão social. Analisando as desigualdades sociais existentes na sociedade brasileira, sobretudo na cidade de São Paulo, faz-se a necessidade de uma política específica, por parte do Estado, de combate à pobreza e redistribuição de oportunidades. Nesse sentido, a construção dos CEUs no município de São Paulo ofereceu, de forma integrada, o atendimento a população que buscava uma Educação numa perspectiva mais ampla nas áreas mais desprovidas da cidade, isto é, áreas com grande densidade demográfica, alto grau de exclusão social e forte demanda escolar. Foram pesquisadas 168 áreas para a construção desses equipamentos, sendo que a escolha deu-se em função do grau de exclusão e demanda escolar. O ponto inicial do projeto foi aproveitar o conceito de “praça de equipamentos” das periferias, ponto de encontro da comunidade local. Um conceito similar – de Escola Parque – que foi idealizado na década de 50, pelo educador Anísio Teixeira. Os Centros Educacionais Unificados foram criados oficialmente pelo Decreto Municipal n.º 42.832, em 06 de Fevereiro de 2001, sendo que, dos 45 CEUs construídos na cidade de São Paulo, 21 deles foram implantados na gestão Marta Suplicy (2001/2004) e 24 na gestão José Serra/ Gilberto Kassab (2005/2008), sendo que suas áreas somam 536.324 m², onde estudam mais de 120 mil alunos do Ensino Fundamental, Educação Infantil e Educação de Jovens e Adultos. O projeto dos CEUs foi concebido, desde sua origem, como uma proposta inter-setorial, somando a atuação de diversas áreas, como: meio ambiente, educação, emprego e renda, participação popular, desenvolvimento local, saúde, cultura, esporte e lazer. Para a sua criação e implementação um processo investigativo foi desenvolvido para tal, proporcionando um mapeamento da realidade local, das condições sócio-culturais-econômicas-geográficas e históricas da região, resultando em um importante acervo para a elaboração de futuros planos de ações. O projeto arquitetônico do CEU, desenvolvido, inicialmente, pelo arquiteto Alexandre Delijaicov e pela equipe do Departamento de Edificações da Secretaria de Serviços e Obras (SSO) causou alguma polêmica, uma vez que, suas concepções eram contrárias eram sobretudo provenientes de visões elitistas. Ele favorecia o desenvolvimento de programas urbanísticos regionais ao mesmo tempo em que tinha o cuidado com o meio ambiente. O projeto arquitetônico do CEU “apresenta uma logística que favorece a integração das diversas unidades educacionais, culturais e esportivas, reunidas em um mesmo espaço, facilitando a comunicação interna e com a comunidade local” (PMSP/SME, 2003:5). A concepção do CEU pressupõe oferta de Educação de qualidade, possibilitando o desenvolvimento integral para crianças, adolescentes, jovens e adultos. Estão incluídas a Educação formal, não-formal e as atividades sócio-culturais, esportivas e recreativas como outras formas de aprendizagem. O trabalho envolve educação, cultura, esporte e lazer e todas as ações que impliquem inclusão social, integrando os aspectos cognitivos, socioculturais, físicos e afetivos. As ações administrativo-pedagógicas propõem uma gestão compartilhada com a comunidade local, por meio do Conselho Gestor e do Colegiado de Integração, atuando como pólo de desenvolvimento 97 e promovendo a articulação e organização no que se refere aos programas sociais e às ações de interesse local. Além disso, possuem enorme potencial de integração entre as diversas secretarias municipais. O Equipamento proporciona educação integral e integrada, nas diferentes modalidades de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos. Em cada unidade instalada oferece à população os seguintes equipamentos: Salas de Atividades no CEI (Centros de Educação Infantil – antigas Creches), Salas da EMEI (Escolas Municipais de Educação Infantil), Salas de Aula de EMEF (Escolas Municipais de Ensino Fundamental), Laboratório de Ciências, Laboratório de Informática, Teatro, Cozinhas, Refeitórios, Pátios Internos, Salas de Recepção, Biblioteca, Diretoria e Secretaria, Piscinas, Vestiários Femininos e Masculinos, Quadra Coberta e Descobertas, Telecentro, Sala Multiuso, Estúdios, Sala de Dança, Ateliê de Artes, Foyer/ Exposições, Padaria e Pista de Skate. Em termos práticos para os munícipes, o objetivo do CEU é atender à demanda local, oferecendo às escolas do entorno a possibilidade de melhor uso do seu tempo e espaço e acesso aos equipamentos culturais e esportivos utilizados nos horários complementares às aulas como uma extensão do horário escolar e nos fins de semana. O Centro Educacional Unificado (CEU) é mantido pela Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) e vinculado à Secretaria Municipal de Educação (SME), para desenvolvimento de ações articuladas e harmônicas de natureza educacional, social, cultural, esportiva. Ele faz parte do sistema educacional mantido pela PMSP e, por isso, orienta-se pelas diretrizes estabelecidas pela SME. Por sua natureza multidimensional, o CEU é administrado pela SME, por meio de ações articuladas com as secretarias municipais de Educação, de Esportes, de Cultura e demais secretarias articuladas pelo gabinete da SME. Considerando o que trata o 4.º capítulo do Regimento Padrão do CEU, sobre a necessidade de todos os núcleos e unidades desenvolverem ações e projetos de forma intencionalmente educacionais, é de fundamental importância que as diferentes equipes setoriais desenvolvam um trabalho integrado e articulado. Tal fato é favorecido pela organização administrativa prevista no Projeto CEU, na qual se privilegia uma estrutura horizontal em que Gestor, Coordenadores, equipes de trabalho, alunos e demais usuários tem o espaço de participação garantida no Conselho Gestor e no Colegiado de Integração. O Centro Educacional Unificado Alvarenga, criado em 09/12/2003, com 70.000 m² e área construída de 14.077 m², possui na sua estrutura organizacional, o Núcleo de Esporte e lazer do CEU Alvarenga, composto por um Coordenador de Núcleo de Esporte e Lazer, dois Coordenadores de Projetos de Esporte e Lazer e oito Especialistas em Informações Técnicas, Culturais e Desportivas. Estando subordinados à Gestão, ouvidas as orientações técnicas da Secretaria Municipal de Educação, da Coordenadoria de Educação, e articula-se com os profissionais dos demais Núcleos de Ação (Educacional e Cultural), das Unidades Educacionais Regulares (CEI, EMEI e EMEF), dos equipamentos e dos espaços para planejamento, implantação, execução e avaliação de projetos internos e externos do CEU. Nesse sentido, para o pleno desenvolvimento de uma proposta integrada e democrática, o Núcleo de Esporte e Lazer se articula para gestão de suas ações e projetos, principalmente quanto à elaboração da grade de atividades, projetos de formação de público e cidadania e utilização dos espaços comuns como: Sala de dança, Sala Multiuso, Foyer, Pátio e Biblioteca. Esta questão espacial é de suma importância, pois um mesmo espaço serve de local para atividades distintas, como por exemplo, a Sala de dança que comporta atividades relacionadas à aulas de dança, teatro, ginástica (fitness), ginástica geral e artística. Assim como o Foyer, serve de local para a prática de oficinas de danças típicas e também como espaço para acomodar os espectadores de um show ou peça teatral. Além da questão espaço-temporal destinada ao conjunto de atividades oferecidas, faz-se também a necessidade de uma articulação quanto ao público que se pretende atingir, uma vez que não é aconselhável a proposição de atividades distintas para públicos semelhantes em termos de gênero, perfil ou faixa etária em um mesmo horário de realização. Outro aspecto também relevante quanto à gestão do Equipamento, é o atendimento das Comunidades Internas e Externas, seja no aspecto formativo, formação de público para o entretenimento, qualificação profissional ou valorização da cidadania. Nesse sentido, devemos entender a Comunidade Interna como todos os alunos regularmente matriculados em uma das Unidades de Ensino do próprio CEU, ou seja, alunos oriundos da CEI, EMEI ou EMEF. Quanto à Comunidade Externa, classificamos este público como os alunos das escolas municipais do entorno, da rede estadual ou particular, bem como os demais munícipes. 98 Contudo, a determinação das atividades a serem oferecidas ao público em geral deverá estar pautada em um calendário integrado com os demais Núcleos e Unidades Escolares, para que o estabelecimento de um evento esportivo não conflita com quaisquer outros eventos, sejam culturais, educacionais ou de lazer. Por último, ressaltamos o gerenciamento dos profissionais ligados à atividade fim, isto é, o processo educacional por meio do esporte e do lazer. Neste ponto, o Núcleo de Esporte e Lazer busca a otimização dos espaços disponíveis no CEU como os profissionais Especialistas em Educação Física, respeitando os perfis de cada um, tendo como pressuposto para o estabelecimento das atividades, um estudo da demanda. Além disso, existe um freqüente diálogo entre o Estado e a Sociedade Civil quanto a outras possibilidades de parcerias, seja com organizações não-governamentais, entidades educacionais e profissionalizantes e a própria comunidade em geral. 99